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O Mecanismoda VidaConsciente
O M
ecan
ismo da Vida Con
sciente
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
Carlos Bernard
o Gonzlez Pecotche RAUMSOL
LOGO
SOFIA
www.editoralogosofica.com.br
O Mecanismo da Vida Consciente
O autor consagrou sua vida obra fecunda que realizou em prol da superao humana. Criou uma cincia, a Logosofia, e instituiu um mtodo nico em seu gnero.
Nasceu no dia 11 de agosto de 1901 em Buenos Aires, onde tambm veio a falecer, em 4 de abril de 1963. Seu esprito, muito cedo ainda, reagiu contra a rotina dos conhecimentos e sistemas usados para a formao da cultura, por sua falta de conexo com o mundo interno do homem e, aps profundas investigaes, guiado por uma original concepo, encontrou a rota de transcendentais conhecimentos. Dotados estes de uma virtude construtiva inegvel, ensaiou com eles, nos primeiros tempos de sua obra, o mtodo que logo se consagraria, em virtude de sua prpria eficcia.
No fim do ano de 1930, fundou a primeira Escola de Logosofia, na cidade de Crdoba, onde permaneceu anos ensinando os conhe-cimentos desse novo saber. Posteriormente, passou a residir em Rosrio.
O labor realizado ao longo dos sete anos em que esteve radicado nessa cidade contribuiu para firmar as bases de sua obra, que atual-mente se mostra consolidada. Em 1939, fixou definitivamente residncia na Capital Federal.
A conscincia deve ser enriquecida pelo homem com os conhecimentos que tendam ao seu aperfeioamento e o capacitem para cumprir a alta finalidade humana, que a posse dos grandes segredos visveis umas vezes e invisveis outras que envolvem e interpenetram sua prodigiosa existncia sobre a Terra.
Paralelamente ao desenvolvimento do trabalho direto realizado com seus discpulos, o movimento logosfico, por ele dirigido, foi tomando, ano aps ano, maior impulso, contando atualmente com importantes centros de cultura, destinados a praticar e difundir a nova cincia, na certeza de pr ao alcance do homem um meio extraordinariamente real e efetivo de alcanar o conhecimento de si mesmo e penetrar nas profundezas dos arcanos da vida humana e universal.
A Instituio fundada no ano de 1930, que funciona atualmente com o nome de Fundao Logosfica Em Prol da Superao Humana, estendeu-se j por diversos continentes, com presena oficializada em vrios pases.
Os anos de incessante labor, transcorridos at 1956, data da edio original em espanhol desta obra, permitiram ao autor oferecer, em cada uma de suas pginas, o testemunho vivo dos resultados at ento obtidos pela Logosofia. Atualmente, tais resultados vm ganhando crescente volume e expressividade.
O Mecanismo da Vida Consciente
O autor consagrou sua vida obra fecunda que realizou em prol da superao humana. Criou uma cincia, a Logosofia, e instituiu um mtodo nico em seu gnero.
Nasceu no dia 11 de agosto de 1901 em Buenos Aires, onde tambm veio a falecer, em 4 de abril de 1963. Seu esprito, muito cedo ainda, reagiu contra a rotina dos conhecimentos e sistemas usados para a formao da cultura, por sua falta de conexo com o mundo interno do homem e, aps profundas investigaes, guiado por uma original concepo, encontrou a rota de transcendentais conhecimentos. Dotados estes de uma virtude construtiva inegvel, ensaiou com eles, nos primeiros tempos de sua obra, o mtodo que logo se consagraria, em virtude de sua prpria eficcia.
No fim do ano de 1930, fundou a primeira Escola de Logosofia, na cidade de Crdoba, onde permaneceu anos ensinando os conhe-cimentos desse novo saber. Posteriormente, passou a residir em Rosrio.
O labor realizado ao longo dos sete anos em que esteve radicado nessa cidade contribuiu para firmar as bases de sua obra, que atual-mente se mostra consolidada. Em 1939, fixou definitivamente residncia na Capital Federal.
Paralelamente ao desenvolvimento do trabalho direto realizado com seus discpulos, o movimento logosfico, por ele dirigido, foi tomando, ano aps ano, maior impulso, contando atualmente com importantes centros de cultura, destinados a praticar e difundir a nova cincia, na certeza de pr ao alcance do homem um meio extraordinariamente real e efetivo de alcanar o conhecimento de si mesmo e penetrar nas profundezas dos arcanos da vida humana e universal.
A Instituio fundada no ano de 1930, que funciona atualmente com o nome de Fundao Logosfica Em Prol da Superao Humana, estendeu-se j por diversos continentes, com presena oficializada em vrios pases.
Os anos de incessante labor, transcorridos at 1956, data da edio original em espanhol desta obra, permitiram ao autor oferecer, em cada uma de suas pginas, o testemunho vivo dos resultados at ento obtidos pela Logosofia. Atualmente, tais resultados vm ganhando crescente volume e expressividade.
O Mecanismoda VidaConsciente
1
LTIMAS PUBLICAES DO AUTOR
Intermedio Logosfico, 216 pgs., 1950. (1)Introduccin al Conocimiento Logosfico, 494 pgs., 1951. (1) (2)Dilogos, 212 pgs., 1952. (1)Exgesis Logosfica, 110 pgs., 1956. (1) (2) (4) El Mecanismo de la Vida Consciente, 125 pgs., 1956. (1) (2) (4) (6) La Herencia de S Mismo, 32 pgs., 1957. (1) (2) (4)Logosofa. Ciencia y Mtodo, 150 pgs., 1957. (1) (2) (4) (6) (8)El Seor de Sndara, 509 pgs., 1959. (1) (2)Deficiencias y Propensiones del Ser Humano, 213 pgs., 1962. (1) (2) (4)Curso de Iniciacin Logosfica, 102 pgs., 1963. (1) (2) (4) (6) (7) (8)Bases para Tu Conducta, 55 pgs., 1965. (1) (2) (3) (4) (5) (6)El Espritu, 196 pgs., 1968. (1) (2) (4) (7) Coleccin de la Revista Logosofa (tomos I (1), II (1), III (1)), 715 pgs., 1980.Coleccin de la Revista Logosofa (tomos IV, V), 649 pgs., 1982.
(1) Em portugus.(2) Em ingls.(3) Em esperanto.(4) Em francs.(5) Em catalo.(6) Em italiano.(7) Em hebraico.(8) Em alemo.
15a edio2013
O Mecanismoda VidaConsciente
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
Ttulo do originalEl mecanismo de la vida conscienteCarlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
TraduoFiliados da Fundao Logosfica do Brasil
Projeto GrficoRex Design
Produo GrficaAdesign
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Gonzlez Pecotche, Carlos Bernardo, 1901-1963. O mecanismo da vida consciente / Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche (Raumsol) ; 15. ed. So Paulo : Logosfica, 2013. Ttulo original: El mecanismo de la vida consciente ISBN 978-85-7097-089-3
1. Conscincia 2. Logosofia I. Ttulo.
CDD-15313-01067 -149.9
ndices para catlogo sistemtico:1. Conscincia : Processos mentais : Psicologia 1532. Logosofia : Doutrinas filosficas 149.93. Mente : Processos intelectuais conscientes : Psicologia 1534. Processos mentais conscientes : Psicologia 153
Copyright da Editora Logosfica
www.editoralogosofica.com.br www.logosofia.org.brFone/fax: (11) 3804-1640Rua General Chagas Santos, 590-A - SadeCEP 04146-051 - So Paulo-SP - Brasil,
da Fundao LogosficaEm Prol da Superao Humana
Sede central: Rua Piau, 762 - Santa EfigniaCEP 30150-320 - Belo Horizonte-MG - Brasil
Vide representantes regionais na ltima pgina
SUMRIO
Prlogo 09
I
Nervosismo ambiente.
Fracasso das correntes intelectuais que no curso do tempo se moveram em torno da figura humana.
A Logosofia assinala erros e anuncia o despontar de uma nova aurora para o homem. 15
2
Busca infrutfera do saber.
A Logosofia abre novas possibilidades para as atividades da inteligncia e do esprito. 21
3
Nova rota para a realizao da vida e destino do homem.
Importncia das defesas mentais na preservao e conduo
da vida. 31 4
Causa primeira ou criao do cosmo.
A lei de evoluo gravitando no processo de superao consciente.
Referncia aos processos da Criao. 39
5
Noes que preparam a investigao interna.
Vida e destino do homem. 47
6
Trs zonas acessveis ao homem: interna, circundante e transcendente. 55
7
Mtodo logosfico.
Aspectos de sua aplicao ao processo de evoluo consciente. 59
8Sistema mental.
As duas mentes.
Interveno do esprito no funcionamento e uso do sistema mental.
Atividade combinada das faculdades da inteligncia. 73
9
Gnese, vida e atividade dos pensamentos.
O pensamento como entidade autnoma.
Funo do pensamento-autoridade. 79
10
O esprito.
Sua manifestao e influncia na vida do homem.
Verdadeira funo do esprito. 89
11
Campo experimental.
Experincias internas e externas.
Necessidade de orientaes precisas e certas
na experincia individual consciente. 99
12
O humanismo como aspirao recndita do ser.
Projees do humanismo logosfico. 105
13
A mstica, atitude sensvel da alma.
Aspectos diversos de sua configurao esttica. 111
14
O homem pode ser seu prprio redentor.
Evitar o cometimento de faltas ou erros um princpio de redeno. 117
Parte final 121
Prlogo
Quando se focalizam temas de to vital impor-tncia para o conhecimento dos homens, necessrio
respaldar as palavras com uma garantia indiscutvel. Em
nosso caso, essa garantia fica estabelecida desde o instante
em que declaramos com as evidncias mais formais da
experincia que tem confirmado reiteradamente nossas
asseveraes que os conhecimentos inseridos neste
livro tm sido rigorosamente aplicados na vida de cente-
nas de estudiosos, com o mais auspicioso dos xitos. Isto
servir para destacar que o que vem expresso em suas
pginas no so belas palavras nem ilusrias conjectu-
ras, semelhantes s contidas naquela literatura a que os
divulgadores da filosofia oriental e ocidental, antiga e
moderna, tanto nos haviam acostumado. No se trata de
uma teoria a mais que se acrescenta ao enorme acervo
9
conhecido, mas sim de uma realidade que opera sobre
os entendimentos, apresentando concluses precisas,
fatos irrefutveis e verdades irremovveis. a nossa uma
nova concepo do homem e do Universo, a qual, por
sua profundidade, lgica e alcance, se converte de fato
em Cincia da Sabedoria. Esta cincia capaz de trans-
formar, com seu mtodo original, a vida dos homens,
dando-lhe um contedo, uma amplitude e possibilidades
jamais desfrutadas at hoje no seio da famlia humana.
A Logosofia inaugurou a era da evoluo consciente e,
graas ao processo de superao que seus preceitos estabe-
lecem, cada um poder alcanar as mximas prerrogativas
concedidas ao seu ser psicolgico, mental e espiritual e,
ao mesmo tempo, conhecer as potncias criadoras de sua
mente, que so os agentes diretos e insubstituveis do equi-
lbrio, da harmonia e da potestade individual.
No veio esta cincia para ensinar o que se sabe, mas
sim o que se ignora; tampouco veio indicar o caminho
do aperfeioamento a quem j o tenha percorrido, nem
proporcionar a felicidade aos que j a desfrutam. Feita
essa ressalva, este livro poder ser lido sem prevenes,
porque cada qual saber, diante dos novos conceitos e
afirmaes, colocar-se no lugar da escala hierrquica
que a seu juzo lhe corresponda por sua evoluo, sem se
considerar includo entre os que, caracterizando estados
mentais e psicolgicos determinados, tomamos para
referncia e estudo nesta obra.
A enorme dessemelhana que existe entre uma
e outra mente no impede que nosso ensinamento
se manifeste com prodigiosa adaptabilidade a cada
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
10
entendimento, mas, como lgico, as mentes educa-
das na disciplina e na cultura conseguem assimil-lo
mais rapidamente, sempre que no estejam anquilosa-
das por preconceitos ou por crenas inculcadas s vezes
desde a infncia, j que, ao no existir flexibilidade
mental, o ensinamento sofre graves inconvenientes
em sua funo construtiva. No tampouco suficiente
credencial, para abranger os grandes contedos da sabe-
doria logosfica, uma mente ilustrada e culta, ou uma
mente adestrada no campo da cincia, da literatura ou
da arte, se essa mente, por fora de s insistir no trato
com as coisas externas, j se tiver tornado fria e insen-
svel. O conhecimento logosfico no deve ser apenas
compreendido, mas tambm sentido no fundo da alma;
e compreensvel que assim deva ocorrer, porque ele
dirigido ao interior do ser. Ali, no mundo interno do
indivduo, onde a verdade do seu contedo se mani-
festa, captada pela sensibilidade, que sempre se antepe
razo. A capacidade receptiva da sensibilidade mais
rpida e eficaz; percebe velozmente a proximidade de
uma verdade, antecipando-se razo e ao entendimento
em seus lentos e refinados procedimentos analticos,
motivo pelo qual se poderia consider-la como o radar
psicolgico do homem, capaz de captar ou de denun-
ciar verdades prximas ou distantes.
Dentre os detalhes que poderiam chamar a ateno
do leitor, vamos destacar um que consideramos de
interesse e importncia. A verdade logosfica por natu-
reza indivisvel, de modo que, se falamos de evoluo,
devemos reportar-nos a cada um dos pontos capitais
O Mecanismo da Vida Consciente
11
do ensinamento; por exemplo: mente, sistema mental,
mtodo, pensamento, etc. O mesmo ocorre quando
tentamos tratar isoladamente de qualquer desses temas:
no podemos prescindir dos demais, pois esto todos to
estreitamente ligados que se torna impossvel isol-los.
Isso d ideia da singularidade e unidade de nossa cincia.
Sem esta advertncia, talvez no se pudesse compreen-
der por que, nos estudos de Logosofia, seguida uma
ordem diferente da comum. Sabemos, e a experincia o
tem demonstrado, que quem penetra nos conhecimen-
tos que expomos encontrar mais bem esclarecida esta
ressalva, que rompe com a rotina e mostra essa singula-
ridade que acabamos de mencionar.
As exposies que O MECANISMO DA VIDA CONS-
CIENTE oferece ao leitor tm por finalidade estender o
movimento logosfico de superao, bem como o escla-
recimento dos pensamentos e ideias que o alentam, a
todos os campos da atividade humana, em particular
os da inteligncia, a cujo juzo a Logosofia submete as
verdades que lhe so consubstanciais.
Um quarto de sculo de fecundas experincias e reali-
zaes, documentadas na prpria conscincia de cada
logsofo que abraou confiante as excelncias de nossa
concepo, o testemunho mais fidedigno e legtimo
que o autor pode oferecer ao mundo, para que a huma-
nidade se oriente decidida pelo nico caminho que pode
conduzir os homens paz de seus espritos, ao enobre-
cimento de suas vidas e fraternidade universal, que
para as aspiraes humanas um ansiado desiderato.
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
12
Diante da desorientao ou, melhor ainda, do caos
espiritual que assola grande parte do mundo, produto
da efervescncia de ideias extremistas que ameaam
a independncia mental do indivduo e sua liber-
dade, que seu direito imanente, e diante do esforo
dos que governam a poltica mundial, empenhados
em encontrar formas de convivncia e de paz, temos
trabalhado sem descanso na procura de solues reais
e permanentes, comeando pela substituio de certos
conceitos totalmente inapropriados para a vida atual.
Nossos esforos estiveram dedicados a guiar o entendi-
mento humano, levando-o ao encontro dessas solues
dentro do prprio ser, isto , dentro da esfera individual
primeiro, para que o homem possa contribuir depois,
junto com outros semelhantes igualmente munidos
de to inestimveis elementos de juzo, para o grande
esforo comum por resolver os complexos e tortuosos
problemas que afligem a humanidade.
O tempo e a nossa perseverana em levar avante um
movimento de tal transcendncia diro se havero de
ser as geraes presentes, ou as do futuro, as que melhor
respondam ao nosso chamado, dispondo-se a ver, provar,
sentir, experimentar e desfrutar os benefcios de um
descobrimento to essencial para o homem de nossos
dias: O MECANISMO DA VIDA CONSCIENTE.
O Mecanismo da Vida Consciente
13
1Nervosismo ambiente.
Fracasso das correntes intelectuais que no curso do tempo se moveram em torno da figura humana.
A Logosofia assinala erros e anuncia o despontar de uma nova aurora para o homem.
To logo se observa a voragem da poca atual, com seu nervosismo ambiente calamidade psicolgica
resultante da ltima conflagrao blica , comprova-se
que no imenso cenrio do mundo tudo se move, dana,
gira vertiginosamente, s vezes com caracteres ciclni-
cos. Contemplado de certo ngulo, assemelha-se a um
imponente bal em perptua mudana, cujas figuras
centrais cumprem maravilhosamente suas funes core-
ogrficas, mas no podem ir alm da simulao alada de
seus movimentos.
Com no pouco assombro, temos visto as corren-
tes intelectuais multiplicarem-se atravs dos tempos, e
mais ainda nos dois ltimos sculos, especialmente as
15
que se relacionam com os domnios do pensamento e
da psicologia humana, sem que de sua seleo tenham
surgido ideias de evidente acerto a respeito da conduo
do homem em suas ntimas aspiraes de aperfeioa-
mento. Na realidade, dessa confuso de teorias, dessa
deslumbrante erudio posta em jogo nas especula-
es filosficas, metafsicas e psicolgicas, nada restou
de efetivo, embora obrigue s geraes que estudam,
isso sim, a estar em dia com o exposto pelos filsofos e
pensadores antigos e contemporneos. Nada se perdeu,
entretanto; a classe dileta e estudiosa, que conhece ao
p da letra tudo o que foi publicado e dito at o presente
sobre o assunto, tem uma oportunidade magnfica: a de
estabelecer a diferena substancial que existe entre os
valores da ilustrao a que acabamos de nos referir e os
do conhecimento transcendente, de efeitos reais e perma-
nentes, dos quais trataremos ao longo destas pginas.
Transportando a imagem para o grosso da comuni-
dade, vamos encontr-la vivendo no ritmo agitado j
descrito, mas com o acrscimo de um desalinho mental
pouco edificante. As folhas de papel impresso so
devoradas por ela com insacivel avidez. Seu intelecto
pareceria, inclusive, ter adquirido um certo sincro-
nismo, e at mesmo semelhana, com as rotativas que
fazem girar os gigantescos cilindros da imprensa. Os
livros so lidos ali apressadamente, umas vezes com
frenesi, e outras para matar o tempo segundo a frase
habitual , sem se pensar que, ao faz-lo, a vida se vai
destruindo aos poucos, porque tempo que se perde
vida que passa sem perspectivas de recuperao.
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
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A mediocridade atual referimo-nos aos grupos
bastante numerosos que no alcanaram uma formao
cultural respeitvel configura uma linha ziguezague-
ante e curiosa, que vai desde o ensaio at a audcia. Acaso
j no se viu que muitos, animados pelo volumoso acervo
de noes esparzidas nas mais variadas publicaes,
acreditam ser possvel manejar os sculos, as pocas, as
culturas e os conjuntos das mais complicadas abstraes,
como se se tratasse de meros conceitos perfeitamente
determinados em seus alcances e contedos? No temos
visto tambm, por exemplo, o espetculo risvel que seus
lustrosos pensamentos, desgastados pelo uso, apresen-
tam? Com justa razo se pode afirmar que determinadas
faanhas no so para qualquer um ... Por outra parte,
entre os que leem muito e escrevem, esto aqueles que
costumam apossar-se ingenuamente de frases e palavras,
em troca do mnimo esforo que a leitura requer. Quanto
custa, s vezes, despojar-se dos hbitos instintivos do smio
e tambm dos da raposa, que engorda custa do vizinho!
lamentvel observar a frondosidade e exubern-
cia de muitas mentes ocupadas quase continuamente
em gerar pensamentos desta ou daquela espcie, ou
de ambas ao mesmo tempo, transfundidos em hbrido
elemento intelectual. Todo esse enxame mental se
nutre nas flores da iluso, de onde extrai sinttico
mel. As formosas flores da realidade jamais so vistas
nos campos tericos. No plano das altas possibilida-
des humanas, a realidade no permite que a fico,
por mais elevada que seja a sua artificiosa arquitetura
mental, transponha os umbrais de seu mundo, onde as
O Mecanismo da Vida Consciente
17
mentes evoludas tomam direto e ntimo contato com
as grandes concepes universais ou ideias-me, que
engendram pensamentos luminosos.
A confuso reinante em matria de princpios e
conceitos relativos psicologia humana faz suspeitar,
com alguma razo, que nada ainda se pde tirar como
concluso de to trilhado e debatido tema. Isto no
tem constitudo obstculo para que, nesse meio tempo,
o quarto poder, e at o livro, inundem o mundo com
torrentes de frases e proposies, que um dia so susten-
tadas com veemncia e, no seguinte, substitudas por
outras, novas, mais ousadas talvez, para que o barulho
que provoquem, tal como um sino em repiques propa-
gandsticos, se torne auspicioso para os interessados em
difundi-las. Mas, quando centenas de livros e inumer-
veis artigos j abordaram um tema, este se converte em
algo assim como uma pedra muito gasta, sobre a qual
difcil talhar novas formas.
A Logosofia esculpe suas esculturas sobre pedra
virgem; mais propriamente ainda, utiliza a argila
humana, porm dando-lhe consistncia eterna. a
nica, fora de qualquer dvida, que descobre verda-
des e concretiza realidades at aqui desconhecidas a
respeito da conformao psicolgica do homem e do
aperfeioamento de suas qualidades.
Diante da abundncia de pensamentos desconexos,
de ideias abstratas, sem apoio possvel na razo que
as examina; diante do entrincheiramento das velhas
e das novas crenas, que, apesar disso, no resistem a
uma anlise sensata e consciente, a Logosofia desfralda
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
18
a bandeira revolucionria do pensamento contempo-
rneo, para dizer ao mundo que na mente humana, s
na mente humana, se h de achar a grande chave que
decifre todos os enigmas da existncia.
Nem sequer no campo das dedues e das analogias
puderam os pensadores de outrora e de hoje apro-
ximar-se dessas verdades. Perdidos no labirinto das
suposies e das hipteses, trataram, no h dvida,
de buscar todos os substitutos imaginveis do conheci-
mento de si mesmo, em vez de dirigir o entendimento
para concepes mais amplas da vida prpria. lgico
que, quando o prego invisvel, no existe possibi-
lidade de acert-lo ... Para v-lo, necessrio limpar o
entendimento de toda enganosa iluso de sabedoria;
ento, sim, ficar visvel o que a ignorncia fez crer
inexistente.
O Mecanismo da Vida Consciente
19
2Busca infrutfera do saber.
A Logosofia abre novas possibilidades para as atividades da inteligncia e do esprito
O que tem movido o homem, desde que usa a razo, a buscar a verdade? O que mais atrai seu enten-
dimento e deleita seu esprito? A que tem ele dedicado
seus maiores afs, empenhos e entusiasmos? O que
lhe exige maiores sacrifcios, provas de constncia,
pacincia e esforos? O saber.
O que mais o tem atormentado, entristecido e
desesperado? A ignorncia.
Nada tem tido, na verdade, maior significao e impor-
tncia para o gnero humano, na consumao de seus
altos destinos, do que o saber. Desde remotas pocas,
o homem correu atrs dele, buscando-o ali aonde sua
imaginao, sua intuio ou pressentimento o levaram.
Paralelamente a essa busca, nasceram em sua mente as
primeiras ideias e se gestaram os primeiros pensamentos.
Os avanos iniciais em busca do saber tiveram lugar
21
quando o ente humano, inquieto por excelncia, deu
rdea solta sua avidez, explorando e conquistando
terras. Nessa empresa, encontrou e descobriu muitas
coisas que despertaram nele maiores nsias de conhe-
cimento. Desde ento, foi constante sua preocupao
por alcanar o excelso pinculo da Sabedoria. Escalou
todas as alturas que pde, tanto em cincia e arte como
em filosofia e religio. Chegou, inclusive, a descobrir
os segredos da energia termonuclear, fabricando com
ela as armas mais tremendas e mortferas; entretanto,
para sua desventura, perdeu de vista o caminho que
haveria de lev-lo presena de seu Criador, repre-
sentado nos grandes arcanos da imensa realizao
universal. Esse caminho o da evoluo consciente,
que proporciona em seu percurso informes diretos
sobre tudo o que possa interessar ao esprito humano
a respeito de sua origem, existncia e destino, em
relao estreita com a Vontade Suprema.
Conhecendo-se a si mesmo, isto , explorando seu
mundo interno e descobrindo as maravilhas que nele
existem, o homem conhecer seu Criador, mas isso ser
de conformidade com seu avano em direo conquista
desse grande e transcendental desiderato.
A Logosofia e seu mtodo singular constituem a base
inaltervel do autoconhecimento. Cabe assinalar que
a essncia dos contedos logosficos foi extrada das
profundas observaes realizadas, tanto nas recnditas
sinuosidades do ente humano como na atividade inces-
sante do pensamento universal que alenta a Criao.
Da sua extraordinria fora energtica e dinmica, que
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
22
impulsiona o processo de evoluo consciente a partir
do instante em que o investigador, por prpria vontade,
aceita seguir as disciplinas logosficas, imprescindveis
para assegurar a eficcia do mtodo.
Muitos ensinamentos aparecem aqui tratados
sinteticamente e com palavras simples e adequa-
das, a fim de que o esforo no aprofundamento se
torne mais fcil e assegure os melhores resultados,
porquanto este livro foi especialmente preparado
para dar ao leitor uma impresso cabal da impor-
tncia dos referidos ensinamentos e vincul-lo de
fato ao pensamento do autor. No obstante, se se
deseje penetrar mais nos valores que a Logosofia
expe, podero ser encontrados nas demais obras
publicadas todos os elementos para a obteno de
uma ideia exata. Contudo, isso no bastar para
a formao logosfica; ser tambm necessrio
aprender como se aplica o ensinamento vida e
como se exercitam os conhecimentos, quer na
experincia pessoal, quer na alheia.
No ser demais dizer que, embora a Logoso-
fia se valha dos vocbulos correntes para dar a
conhecer este novo gnero de verdades, em sua
linguagem eles adquirem singulares e penetran-
tes significados, que diferem notadamente dos do
lxico de nossa lngua. Feita essa ressalva, dever
entender-se que, quando dizemos conscincia
e dela nos ocupamos, no o fazemos do ponto
de vista corrente, adquirindo a referida palavra
outro volume e esplendor. O leitor perceber
O Mecanismo da Vida Consciente
23
que tal fato se reproduz em relao a cada termo
importante: mente, pensamento, esprito, inte-
ligncia, razo, imaginao, intuio, vontade,
evoluo, e tantos outros que iro aparecendo no
curso de nossa exposio.
Essa variao introduzida na terminologia no
implica necessariamente uma desnaturalizao de
sua expresso etimolgica; muito pelo contrrio,
acrescentou-se aquilo que a juzo da Logosofia lhe
faltava, com o que seus contedos alcanam uma
amplitude que d vida e riqueza de expresso s pala-
vras. No podia ser de outra maneira, uma vez que
tudo original nesta cincia universal e nica.
Entre as particularidades que distinguem a concep-
o logosfica, cujo fundo e lgica se baseiam em
sua profunda verdade demonstrvel, a originalidade
, sem dvida alguma, uma das que mais comoo
produz no sentir humano. Cabe destacar aqui o poder
convincente dessa verdade, o qual consiste em que,
sendo to simples, ningum at hoje a havia desco-
berto. Contudo, onde mais fora nossa afirmao
adquire ao se experimentar a sensao de amplitude
que seus conhecimentos oferecem vida, ao que se
une a impresso de retido e solidez de seus valores
ticos. Todo ser racional e consciente, que toma
contato com nossa concepo, sente que ela toca e
comove sua prpria realidade interna, e que no s
satisfaz plenamente, com suas explicaes, os fatos
incompreendidos da vida, mas tambm responde, com
segurana, s indagaes pendentes, apresentando
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
24
inteligncia outras mais profundas, que em seguida
ajuda a transformar em conhecimentos.
Se ainda tiver ficado alguma dvida a respeito de tais
asseveraes, bastar para elimin-la o s enunciado de
suas concepes sobre o sistema mental, sobre a gnese,
atividade e autonomia dos pensamentos, e sobre o processo
de evoluo consciente, ao que ainda faltaria acrescentar
os conhecimentos que do verdadeira e elevada hierarquia
ao esprito e abrem inteiramente para o homem as portas
de sua redeno moral, proporcionando-lhe as mais justas
e viveis possibilidades de reabilitao, ao permitir-lhe
refazer sua vida sobre bases granticas e enriquec-la com
fecundas realizaes internas de superao individual.
A Logosofia traz uma mensagem que se plasma
numa nova gerao de conhecimentos, os quais, por
sua ndole e finalidade, diferem completamente das
verdades admitidas. No tem, pois, semelhana nem
parentesco de nenhuma natureza com os sistemas
ou teorias filosficas ou psicolgicas conhecidas.
Seu objetivo principal fazer o homem experimen-
tar a certeza de um mundo superior: o metafsico,
em cujos vastos e maravilhosos campos naturais
pode encontrar inesgotveis motivos de regozijo,
enquanto nele penetra e enriquece sua conscincia
com a abundncia dos novos e valiosssimos elemen-
tos que encontra em seus continuados esforos pela
superao integral de si mesmo e pela conquista do
bem. Esta realidade que a Logosofia faz o homem
viver o resultado de um processo de evoluo
que deve ser realizado com o imprescindvel e
O Mecanismo da Vida Consciente
25
insubstituvel concurso da conscincia individual
despertada para esse fim primordial.
Como se ter podido apreciar, a Logosofia no pretende
ensinar nada do que o homem j sabe, e sim do que
ignora. Essa simples declarao a libera de mencionar,
em seus textos, o que foi dito ou enunciado por aqueles
que, em suas respectivas pocas, se ocuparam em elucidar
as questes que, direta ou indiretamente, interessaram
inteligncia em suas pesquisas sobre os mistrios do esp-
rito e da psicologia humana.
Como cincia dos conhecimentos que infor-
mam sobre as verdades transcendentes, a Logosofia
tem diante de si uma imensa tarefa a cumprir, ao
encarar a mente humana tal como ela aparece em
sua particular concepo. Seu trabalho, a ser reali-
zado nas mentes desde o momento em que tomam
contato com o ensinamento, requer grande consa-
grao e pacincia, surgindo da, com frequncia,
surpresas muito agradveis. Nessas terras mentais
semivirgens, que permitem ao arado logosfico
abrir profundos sulcos, costumam produzir-se
verdadeiros milagres de fertilidade. Por certo que
os beneficirios estando, como devem estar, dire-
tamente ligados ao processo desse cultivo sabero
administrar bens to apreciados como os do conhe-
cimento causal ou transcendente.
As mentes, como as terras de lavoura convenien-
temente trabalhadas, podem proporcionar excelente
rendimento, mas ser necessrio ter em conta que a
semente nelas lanada haver de ser oportunamente
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
26
renovada, para evitar que seu fruto seja exguo. Isto
significa que, depois de obter os primeiros resultados,
no convm confiar demasiadamente neles, devendo-
-se recorrer com a necessria frequncia fonte do
saber logosfico, a fim de reunir novos conhecimen-
tos, os quais, ao mesmo tempo que contribuiro para
enriquecer a terra mental, tambm a faro produzir
com maiores vantagens.
A Logosofia vem a ser, para a mente humana, o
semeador que oferece sua semente com generosidade
e abundncia. Ela fonte de energia e est abastecida
por sua prpria inspirao.
A isso adicionaremos como comentrio feito
margem, e especialmente dirigido aos que seguiram
disciplinas universitrias que, embora todo conhe-
cimento, seja da ndole que for, abra caminho para
o descobrimento de outros de anloga natureza, os
conhecimentos logosficos superam notavelmente essa
prerrogativa, pela variedade de sugestes que fazem
aflorar na mente, todas elas tendentes a concentr-la
num grande objetivo: o aperfeioamento individual e,
consequentemente, o de todos os semelhantes.
Existem duas posies ou atitudes bem definidas
que podem ser adotadas diante da cincia logosfica,
isto , duas formas de encarar seu estudo: a terica
(especulativa) e a vital (intensiva). Enganar-se-ia quem
pretendesse fazer confuso entre estas duas condutas,
porque em Logosofia tudo se descobre, at a mais leve
inteno, por ser a prpria conscincia individual a
que reage diante de qualquer atitude equivocada.
O Mecanismo da Vida Consciente
27
A primeira apenas vincula externamente ao pensa-
mento logosfico. Nessa posio, a inteligncia analisa
por fora o ensinamento e especula com ele; seu conte-
do essencial, exuberante de beleza e de elementos
de sabedoria, permanece ignorado pelo terico. A
especulao incompatvel com o verdadeiro saber,
que no combina com o trato superficial. Ainda que
se memorize com relativa facilidade o ensinamento,
isso no se ajusta s compreenses bsicas que dele
devem ser obtidas, pois falta o elemento vivo, priva-
tivo da experincia no campo logosfico. A atitude
especulativa a geralmente adotada pelo intelectual
que, acostumado s disciplinas universitrias, tudo
analisa com a interveno de um s polo, a intelign-
cia, mas sem o concurso do outro, a sensibilidade,
que amadurece e fixa internamente o conhecimento.
compreensvel, no obstante, que tal atitude
mental esteja de acordo com essas disciplinas, que
no se relacionam diretamente com a vida interna
de quem estuda. Tudo ali se resolve sob os cnones
de uma sistematizao j estabelecida; nem mesmo
os que passam por cima dela, enfrentando investi-
gaes de maior alcance, se afastam dessa linha de
conduta, na qual, como dissemos, para nada conta a
prpria vida interna, cheia de possibilidades, por ser
ela considerada, talvez, campo proibido para as habi-
lidades do talento. Pelas razes expostas, aceitar-se-
que a especulao no tenha lugar nas investigaes
sobre o prprio mundo interno.
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
28
A segunda atitude, que denominamos vital, assume
verdadeira importncia e carter neste gnero de
investigaes. As compreenses obtidas por meio de
meditados estudos so nela experimentadas mediante
sua aplicao ao processo interno de evoluo cons-
ciente, pois as revelaes transcendentais da concepo
logosfica devem ser assimiladas, e a absoro de sua
essncia tem de ser plena, para satisfazer s exigncias
do esprito. Isto exige dedicao e esforo, mas no deixa
de ser amplamente compensado com os resultados,
que representam vantagens enormes no encaminha-
mento definitivo das aspiraes humanas, em direo
s douradas metas da perfeio e da sabedoria.
O Mecanismo da Vida Consciente
29
3Nova rota para a realizao da vida
e destino do homem.
Importncia das defesas mentais na preservao e conduo da vida.
Desde tempos remotos, vimos escutando a voz de milhes de conscincias clamar pelo esclarecimento
de suas dvidas. Esquadrinhando com aguda penetra-
o os vaivns e alternativas do movimento histrico
atravs das pocas, de um lado encontramos as aspi-
raes humanas num constante anseio de respostas e,
de outro, o esforo s vezes desmedido dos filsofos e
pensadores por satisfaz-las. A era atual, caracterizada
desde os seus primrdios pelas chamadas lutas do esp-
rito, que chegaram aos extremos do encarniamento e
depois derivaram para uma pugna de idealismos, teorias
e crenas, ainda no nos ofereceu j o dissemos nada
de concreto a respeito do grande enigma da vida.
A Logosofia, como cincia da sabedoria, proclama
o achado das chaves que o decifram. Desde que se
31
deu a conhecer, traou sua rota e dela no se afastou
um pice ao longo de todo esse tempo intensa e fecun-
damente vivido. Ningum pde dizer que conhecia essa
rota, ainda que admitamos que se tenha tido dela uma
vaga ideia. A verdade que s agora, e graas ao mtodo
logosfico que no apenas assinala seu itinerrio, mas
tambm ensina a percorr-lo em toda a sua extenso ,
constitui ela uma completa realidade. Desnecessrio seria
dizer que, durante seu simblico percurso, facultado ao
homem avaliar e admirar as maravilhosas criaes ticas
e estticas da concepo logosfica.
Ao fixar sua posio diante das grandes questes que
no curso dos sculos foram apresentadas inteligncia
humana Deus, o Universo, as leis universais, os proces-
sos da Criao, o homem e seu destino , a Logosofia j
deixou expressa sua palavra, concretizada em verdades
de absoluta certeza e comprovao.
Ela abre as portas do pequeno, porm vasto mundo
interno o paradoxo aparente , guiando o entendi-
mento do homem para que descubra as riquezas nele
acumuladas. Sonho de sculos convertido em realidade
por obra destes conhecimentos que colocam a mente
humana em frente de si mesma, para que se estude e
se compreenda; para que saiba qual a causa do drama
que afligiu sua vida; e para que se inteire, de uma vez
por todas, de como nascem, de onde vm, como vivem,
se movem, se multiplicam, reagem e morrem os pensa-
mentos que ela abriga.
Devido ao abandono em que tem vivido durante
sculos em relao aos conhecimentos que haveriam
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
32
de auxili-lo, o homem um indefeso mental, cuja
precria lucidez intelectual o impede de discernir
e descobrir o mal justamente ali onde se apresenta
revestido de todas as aparncias do bem; e j sabemos
em que medida o fcil, o cmodo e as promessas
deslumbrantes enganam at mesmo o mais astuto. O
que menos se pensa nesses casos que no se pode
descobrir em instantes aquilo que deve ser fruto do
esforo e da dedicao honrosa da vontade individual.
Por fim, termina-se nos mais terrveis desenganos,
no desespero ou na encruzilhada sem escapatria da
delinquncia.
Quando se contempla o espetculo da ignorncia
humana atravs dos tempos, pode-se com razo
admitir que o homem, no tocante sua vida mental,
tem padecido um rude nomadismo, um constante
vagar de uma ideia a outra, caindo com frequncia
aprisionado na teia dos pensamentos de grupos ou
ideologias predominantes em cada poca. Esta obser-
vao no se aplica, como lgico, queles que
souberam manter-se livres em meio s opresses e
tiranias mentais que, s vezes, obscurecem at os
espritos mais bem prevenidos.
inquestionvel que as pessoas de saber tm maior
nmero de defesas mentais que as medocres e as igno-
rantes; porm, a preservao de uns poucos contra as
argcias do mundo implica acaso proteo para os
demais? Eis aqui algo em que ningum tem reparado,
se nos atemos persistente carncia desses elemen-
tos de defesa. No basta que os menos pretendam
O Mecanismo da Vida Consciente
33
orientar os mais, afetados pelas diversas formas que
assume a confuso reinante, pois isso seria de todo
insuficiente diante do impulso das correntes ideo-
lgicas extremadas, as quais adquirem, em muitos
casos, o carter de verdadeiras epidemias mentais.
Tampouco teria eco, no nimo atormentado de um
dos tantos milhes de seres que habitam o mundo,
o raciocnio que os mais capacitados desejassem
fazer-lhe. No; no disso que o homem necessita
com urgncia para amparar-se contra as tremendas
comoes psquicas, sociais e at morais que, com
frequncia, fazem estremecer os prprios alicerces
da sociedade humana. Cada homem necessita criar
suas prprias defesas mentais. Como? Adotando a
posio inabalvel que o faa invulnervel influn-
cia de qualquer pensamento sugestionador que tente
subjug-lo ou intimid-lo.
Feito o processo de conhecimento do sistema
mental que funciona em cada indivduo e do qual nos
ocuparemos em outro captulo e realizado tambm
o processo seletivo dos pensamentos, tal como indi-
camos em nosso ensinamento, o ente humano se
haver capacitado para ser o dono absoluto de seu
campo mental, sem se expor, como antes, domina-
o dos pensamentos alheios que, inevitavelmente,
causavam sria perturbao em sua vida. J no o
surpreendero as notcias difundidas com o obje-
tivo de alarmar e perturbar, nem ser surpreendido
tampouco pelas ideias extraviadas dos ressentidos
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
34
sociais, nem dos que buscam proslitos para esten-
der suas ideologias com pretenses de dominao
mundial, pois o homem que controla sua mente difi-
cilmente poder ser burlado ou influenciado por essa
classe de pensamentos.
Quando o homem compreende que seus pensa-
mentos e ideias no so os veculos por meio dos
quais se manifestam o pensar e o sentir humanos,
como efetivamente deveria acontecer, e sim que os
homens mesmos se converteram salvo excees
em veculos dos pensamentos e ideias que povoam os
ambientes, sua atitude mais lgica, prudente e razo-
vel deve ser a de pr-se em guarda contra os perigos
dessa subverso dos valores essenciais do indivduo.
Acaso no temos visto corroborada essa subverso
nas ltimas dcadas? No a estamos vendo, ainda
hoje, em pases onde governam regimes totalitrios,
convertendo os homens em dceis instrumentos de
ideias extremistas e de pensamentos dissolventes,
que os incitam a percorrer o mundo para aprego-los,
como meros autmatos sem alma e sem sentimentos?
Queira-se ou no, a falta de conhecimentos que
signifiquem a adoo de uma conduta segura e infle-
xvel nesse particular a causa do mal-estar reinante,
da desorientao e da incerteza acerca do futuro da
sociedade humana.
Ao encarar os problemas da vida tem sido preocu-
pao bsica da Logosofia esta questo das defesas
mentais, por entender que vitalssima e porque o mal
O Mecanismo da Vida Consciente
35
assume uma gravidade tal, que de todo necessrio
trat-lo clinicamente digamos em seu prprio foco
de perturbao, em sua raiz e em sua causa. Somos
inimigos dos paliativos, que apenas contemplam as
circunstncias, e com os quais trata-se unicamente de
atenuar a dor. Eles no curam o mal, como o exige a
sade moral e psicolgica da humanidade.
As defesas mentais surgem iluminando a inteli-
gncia quando quem deseja conservar intacta sua
individualidade, como entidade consciente, aprende
a diferenar os dois setores em que a famlia humana
se divide: o dos que so donos de seus pensamentos
e governam suas vidas sob os ditames das prprias
inspiraes, e o daqueles que so vulgares serviais
dos pensamentos que arrastam o indivduo como
autmato repetimos pelas sinuosas sendas do erro,
do desvio e da infrao das leis penais e humanas.
Resumindo, ditas defesas surgem espontaneamente
como resultado da vida consciente.
No se dever esquecer que as debilidades humanas
contribuem para tornar mais crtica a vulnerabi-
lidade mental. Impe-se, pois, o fortalecimento da
vida, alertando os pensamentos que obedecem a
convices conscientes e profundas, para que cons-
tituam uma muralha intransponvel, protegendo-se
daqueles outros que atentam contra a paz e a segu-
rana internas. necessrio adestrar-se no exerccio
dessas atitudes, que a vontade haver de reforar em
cada caso, a fim de poder ampliar, sem limitaes, o
campo da liberdade individual; dizemos isso porque
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
36
a posse do domnio das situaes significa uma
verdadeira liberao, quando conseguida sob os
auspcios insubstituveis da confiana em si mesmo,
ou seja, das prprias defesas mentais.
O Mecanismo da Vida Consciente
37
4 Causa primeira ou criao do cosmo.
A lei de evoluo gravitando no processo de superao consciente.Referncia aos processos da Criao.
Ao tratar neste captulo de algumas partes da Cosmognese concepo logosfica do Universo ,
devemos esclarecer que o faremos vinculando o criado,
seja o que for, natureza humana em suas mais eleva-
das expresses do pensar e sentir. Desse ponto de vista
dever ser medida sua originalidade.
Ao estabelecer que a ideia da Criao universal se
plasmou na mente de Deus por um ato espontneo de
Sua Vontade, a Logosofia quer dar a entender que a Mente
Divina, o espao mental de onde surgiu o cosmo, a causa
primeira. O Verbo no podia manifestar-se seno depois
da concepo, como principal efeito; e atuou por imprio
da mesma Vontade Suprema. O Verbo , pois, o efeito, no
a causa, e adquire volume por fora da lei que o manifesta.
Na proporo que em honra nos cabe como sditos
dessa Criao, -nos dado produzir fatos semelhantes,
39
dentro das possibilidades de nossa mente e de nosso
verbo. A mente humana um fragmento da mente
universal; uma consequncia ou derivao da grande
causa original ou mente csmica, e causa primeira do
homem. Ela possui o poder criador da mente de Deus;
e o possui de conformidade com seu desenvolvimento,
o que equivale a dizer que o homem pode alcanar, por
meio da evoluo, as altas prerrogativas desse poder em
sua funo criadora. Esta concepo traduz a imagem
desse poder, ou seja, a sabedoria.
J dissemos, em outras oportunidades, que o homem
carente de saber no nada nem ningum. apenas um
zero no espao e, como tal, no representa valor algum.
A mais elevada prerrogativa do homem , pois, o saber,
e deve ser tambm a aspirao mxima do seu esprito.
As ideias-me ou concepes superiores que iluminam
o caminho das grandes explicaes, sempre buscadas
pela inteligncia humana, s acorrem s mentes capazes
de assimil-las. Associada essa imagem ao que antes foi
expressado sobre a causa primeira do homem, temos a
mente humana, fragmento da mente universal, elevada
ao mximo na concesso de seus atributos.
No rigor da verdade, a causa primeira da vida do
homem, ou melhor ainda, de seu ser consciente psico-
lgica e espiritualmente falando , sua mente. Ao dizer
isso, queremos assinalar que a mente o nico meio
usado pelo esprito para suas manifestaes inteligentes.
A Criao foi estruturada sobre a base de sistemas
e dispositivos csmicos que respondem totalmente
suprema inteligncia de Deus. Nela est plasmada a
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
40
vida universal do Criador. A Vontade Csmica se arti-
cula com absoluto equilbrio e harmonia, em todos os
movimentos que se realizam em sua incessante ativi-
dade. Esses movimentos so um constante convite
inteligncia do homem para que descubra neles os
segredos e o porqu da prpria evoluo rumo a seu
altssimo reino. Na contemplao, observao, medita-
o e estudo de cada uma das maravilhas dessa Criao,
podemos assimilar a parte de essncia que corresponde
nossa vida psquica, ou seja, vida de nosso esprito.
Admitir-se- que, sendo a concepo de Deus nica
e inabarcvel em virtude de seus ilimitados contornos
csmicos, cada ser humano deva realiz-la dentro de si
na medida em que seus conhecimentos lhe permitam
aproximar-se de sua Grande Imagem, compreendendo,
at onde lhe seja tambm possvel, a grandeza de sua
incomensurvel Sabedoria.
Deus no nem jamais pde ser o vingador implac-
vel que lana as almas ao inferno para sua desintegrao
definitiva, nem tampouco o pretendido Senhor Todo-
-Poderoso desta ou daquela religio. Crer em semelhante
utopia negar implicitamente sua Onipresena, Onipo-
tncia e Oniscincia.
Dentro da grande estrutura csmica, e como uma
expresso cabal e absoluta do Pensamento Supremo,
aparecem configuradas em suas respectivas jurisdi-
es as Leis Universais, regulando e regendo a vida
csmica tanto quanto a humana. Entre as mais direta
e estreitamente vinculadas ao homem, citaremos as
de Evoluo, Causa e Efeito, Movimento, Cmbio,
O Mecanismo da Vida Consciente
41
Herana, Tempo, Correspondncia, Caridade, Lgica e
Adaptao. Fizemos este enunciado apenas com o obje-
tivo de determinar as leis que a Logosofia se prope
a descrever e aprofundar em tratados de fundo. No
obstante, dedicaremos alguns pargrafos Lei de Evolu-
o, cujo grande objetivo reger todos os processos da
Criao, inclusive o que o homem realiza inconsciente-
mente. Assume esta lei importncia especial, quando
aplicada de forma consciente prpria evoluo, isto
, quando se tem pleno conhecimento de sua virtude
transformadora. muito provvel que nossas pala-
vras suscitem esta indagao: Por acaso no evoluem
conscientemente todos os seres que se preocupam em
melhorar sua situao fsica e espiritual? Isso nada
mais que um mergulho na superfcie, respondemos.
A evoluo consciente comea, em nosso conceito, com
o processo que conduz o homem ao conhecimento de
si mesmo. Estamos falando da evoluo ativa, fecunda
e positiva; no da lenta e passiva, que arrasta os seres
humanos para um destino comum.
S conhecendo nossa organizao psicolgica e
mental poderemos dirigir com acerto nosso processo
de evoluo. O esforo na intensificao desse conhe-
cimento nos conduzir ao melhor aproveitamento
das energias e ao aguamento de nossa percepo
interna, uma vez que nenhum aspecto ou detalhe da
vida interior haver de passar inadvertido obser-
vao perseverante e consciente. Isto nos ajudar
a aperfeioar tudo o que exista de aperfeiovel em
ns, o que implicar, alm de um maior acmulo de
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
42
conhecimentos, um avano real na evoluo. Numa
palavra, a lei nos permitir superar ao mximo os
meios para realizar, no menor tempo possvel, o
grande processo consciente da vida.
Para dar maior clareza a nossas palavras, utili-
zaremos esta imagem: suponhamos que nos vemos
precisados a percorrer uma distncia de mil quilme-
tros. Em tempos remotos essa distncia se fazia a p ou
no se fazia; depois se apelou para o cavalo, o camelo,
etc.; mais tarde para a carroa e a carruagem, e, avan-
ando o tempo, para o trem de ferro e o automvel;
ultimamente se utiliza o avio. Se pensarmos que essa
mesma distncia um dos tantos trechos de nossa
evoluo, concluiremos que, aperfeioando os meios,
chegaremos ao final de seu percurso em muito menos
tempo do que necessitaria aquele que usasse, por qual-
quer motivo, meios antiquados ou precrios.
Os processos da Criao se pronunciam seguindo
uma ordem perfeita, tanto em suas manifestaes
visveis como nas invisveis, de modo que, obedecendo
ao Plano Supremo preexistente, eles se cumprem
com maravilhosa exatido. Desde a nebulosa at o
planeta, e desde os alvores do mundo at os nossos
dias, a Terra, com sua atmosfera e seus mares, teve
de cumprir processos de adaptao vida animada,
como teve tambm o homem de cumpri-los em sua
adaptao s necessidades de uma civilizao cada vez
mais avanada. Esses processos da Criao, estudados
do ngulo das projees humanas, e para a prpria
orientao do indivduo, oferecem possibilidades
O Mecanismo da Vida Consciente
43
inimaginveis na aplicao do mtodo logosfico ao
processo de evoluo consciente. No escapar a um
bom discernimento que este processo h de guardar
uma relao muito estreita com aqueles, e que dever
ser cumprido com o concurso indispensvel de conhe-
cimentos que levem rigorosamente a esse fim.
A criao do homem requereu, indubitvel, a
reunio de inmeros detalhes, cada qual mais impor-
tante, para que o ente humano, situado em posio
superior dos demais seres viventes, dispusesse de
todas as facilidades que possam ser dadas a uma cria-
tura dotada de inteligncia, sentimentos e vontade. O
desconhecimento da enorme quantidade de elemen-
tos que o completam em sua complexa estruturao
mental, psicolgica e espiritual, tem sido e causa
dos maiores dissabores e angstias por ele sofridos.
que a pretenso cientfica o levou sempre a estudar
em outros o que ele deveria ter procurado descobrir
dentro de seu mundo interno. Essa cmoda posio
de filosofar sobre os semelhantes, sem se preocupar
em inquirir seriamente a respeito de quanto ocorre
em cada recanto do seu prprio ser pensante e sens-
vel, interps uma espessa cortina de fumaa entre
as possibilidades e os anelos humanos de supera-
o. A veleidade, apossada da vida do homem, tem
reprimido todos os seus nobres impulsos de aperfei-
oamento individual; aperfeioamento que inclui,
necessariamente, o conhecimento de si mesmo,
apregoado pelo ilustre grego, que agora a sabedoria
logosfica ensina a realizar, guiando o homem pelo
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
44
verdadeiro caminho experimental exigido para sua
obteno. Fica, pois, estabelecido que o que at aqui
se manteve no plano do abstrato, o que permaneceu
inacessvel aspirao humana, hoje uma reali-
dade inteiramente alcanvel.
O Mecanismo da Vida Consciente
45
5 Noes que preparam a investigao interna.
Vida e destino do homem.
O homem, sua vida e seu destino so questes que tm merecido toda a ateno de nossa parte. A
concepo logosfica a respeito de uma amplitude e
clareza que resiste anlise e responde objeo com
toda a fora de sua lgica. Ante seus rochedos invul-
nerveis e irremovveis, as ondas da crtica se tornam
mansas, e mais de uma vez temos visto as guas densas
do mpeto se transformarem em branca espuma, aps
o choque com a realidade que as detm.
Ao falar aqui do homem, vamos nos referir ao prot-
tipo real do indivduo, ao ser inteligente e espiritual
que busca a gravitao de sua conscincia em tudo o
que pensa e faz; uma gravitao que haver de fazer-
-se efetiva quando o conhecimento de si mesmo for um
fato positivo e evidente nele. H aqueles que pensam
hav-la obtido por meio das disciplinas seguidas em
47
outros estudos, ao ampliar, por exemplo, sua viso nos
campos da cincia, da filosofia ou da arte. Entretanto,
e sem que isso represente menoscabo algum de seus
pontos de vista, vamos propor-lhes um cotejo a fundo
daquelas com as disciplinas e o mtodo de nossa cincia,
que expomos nestas pginas, de forma concisa e clara,
mais para dar uma ideia cabal dos fundamentos de sua
concepo do que com o intuito de especificar, linha por
linha e ponto por ponto, a diversidade de seus conte-
dos que reservamos para prximas obras.
Deus nos deu um ser dotado de todas as condies
necessrias para que faamos dele uma obra-prima,
graas ao constante aperfeioamento dessas condies;
aperfeioamento cuja obteno requer o auxlio de
conhecimentos que conduzam a inteligncia ao desco-
brimento de cada uma das facetas desse maravilhoso
diamante interno que todos possumos, e que s brilha
quando o polimos com conscincia de seu imenso valor.
No discutiremos que isto seja coisa sabida pelos que
atuam nas seletas esferas do pensamento, mas ainda
no tivemos notcia de que algum tenha institudo
um mtodo eficaz e seguro para guiar o semelhante
at o ponto onde se encontra esse diamante e, muito
menos, que tenha ensinado como ele deve ser polido.
Teria chegado a tanto o egosmo humano, ou ser que
devemos admitir, com sinceridade, que houve algo de
miragem nos que pensaram t-lo encontrado?
Essa joia da natureza humana se acha sepultada
nas prprias entranhas do ser, coberta e recoberta por
camadas protetoras, semelhana do mineral que se
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
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transforma em pedra preciosa; o nico que no pode
ser lapidado seno com o prprio p; o mais lmpido
de todos, que no pode ser riscado por nenhum corpo,
e cujas arestas cortam o cristal sem quebr-lo.
No se trata, pois, de realizar uma simples viagem
exploratria dentro de si mesmo, sem outra prepara-
o que a audcia pessoal, porque se erraria o caminho
aps pouco andar. imprescindvel estudar previa-
mente a topografia do campo psicolgico individual,
e para isso, com o objetivo de no se equivocar quanto
planimetria e ao nivelamento do terreno, a Logoso-
fia assinala suas partes mais acidentadas e mostra
as passagens difceis, proporcionando os respecti-
vos elementos para transp-las com xito. Disto nos
damos conta quando falamos dos pensamentos, das
deficincias, etc.
Embora o uso de tais elementos seja fator determi-
nante nessa realizao, tambm desempenham nela
um papel muito especial as energias internas inte-
ligentemente utilizadas. essencial que o homem
saiba que um acumulador de energias por exceln-
cia, tal como o prova sua constituio fsica, mental
e psicolgica, e que pode servir-se delas na aplica-
o de seus esforos ao prprio aperfeioamento,
sem gast-las; melhor ainda, aumentando-as com
esse procedimento. A Logosofia ensina a acumular
e concentrar essas energias destinadas a fortalecer o
esprito e a promover o ressurgimento do ser cons-
ciente em esferas superiores de evoluo. O contrrio
do que faz a maioria, que s acumula essa potncia
O Mecanismo da Vida Consciente
49
dinmica na medida necessria para viver e vegetar,
e, quando excede essa necessidade, gasta as reservas
em preocupaes, especulaes, ou em diverses de
toda ndole, que em nada beneficiam o ente real,
o ser ntimo, que clama por existir e governar seu
mundo mental-psicolgico, em consonncia com o
grande objetivo de sua existncia.
Para o comum dos homens, a vida o espao
compreendido entre o primeiro e o ltimo dia de
seu ser fsico. Pertence-lhes exclusivamente e podem,
portanto, fazer dela o que lhes apraz. Isto to
sabido como certo; o indivduo que assim pensa,
porm, conhece todos os usos que pode fazer dessa
grande oportunidade humana? Mais de uma vez no
o temos visto deplorar, entristecido, o tempo que sem
proveito lhe fugiu com a vida? No o temos visto insa-
tisfeito e desconforme com a existncia que levou? E
no tem ele atribudo m sorte seus padecimentos
e infortnios? Pois bem, que soluo lhe foi oferecida
para desfrut-la em seus amplos e elevados conte-
dos? Reconheamos honestamente que os ensaios
filosficos e as tentativas de outras ordens foram
insuficientes; mais ainda: em muitos casos, levaram
confuso e, da, decepo.
A vida um espelho onde se reflete o que o ser pensa
e faz, ou o que os pensamentos prprios ou alheios o
levam a fazer.
As almas que no se cultivam apresentam o triste
quadro de uma vida desolada, vazia e obscura; as que o
fazem preenchem, no h dvida, certas necessidades
Carlos Bernardo Gonzlez Pecotche RAUMSOL
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internas, mas distam ainda muito de alcanar seus apre-
civeis valores. Estamos nos referindo vida comum.
No mundo da concepo logosfica, a vida adquire um
sentido superior em todos os aspectos em que se confi-
gura. Diferentemente da primeira, que se vive fora, pois
suas preferncias e preocupaes so externas, a vida
animada pelo esprito logosfico vivida internamente
e num volume maior. Da que os fatos que assinalam
as diversas etapas do conhecimento de si mesmo deem
lugar a to intensas e profundas sensaes estticas, de
relevos tais que a arte no ousaria reproduzir.
No bastam, pois, nem a prtica de princpios
nobres e piedosos, nem todas as variaes do engenho
humano, para viver a vida na plenitude de sua fora
renovadora e no cumprimento dos altos objetivos
de bem para os quais foi ela instituda. A verdadeira
felicidade de viver se encontra quando vo sendo
conhecidos os extraordinrios e maravilhosos recur-
sos que ela contm; ou seja, ao se conhec-la por
dentro, so descobertas suas ignoradas possibilidades
e suas luminosas projees.
Transformado o ser psicolgica e espiritualmente
pelo influxo de conhecimentos to essenciais para
seu aperfeioamento, tambm seu destino se delineia
com outros contornos e oferece perspectivas de quali-
dade muito superior s que esperam o indivduo que
permanece alheio a estas verdades. Esse destino que
cada um pode forjar depende muito da realizao
interna e do avano no conhecimento de si prprio. ,
por conseguinte, o prprio ser quem voluntariamente
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pode mudar seu destino por outro melhor, quando sua
inteligncia se esclarece e busca outros horizontes em
que possa expandir sua vida, elevando-a por cima de
toda limitao. Esse destino o patrimnio espiritual
do homem; o arcano inviolvel que contm impresso o
processo secreto de sua existncia.
Diremos, por ltimo, que deficincia comum do
temperamento humano a carncia de iniciativa prpria.
A inrcia mental, consequncia da inatividade da funo
de pensar, mantm adormecida a capacidade criadora
da inteligncia. Correlativamente, e por natural gravita-
o, aparece a falta de estmulos. Aqui onde se observa
o precrio estado psicolgico de muitos que, sem saber
definir o que lhes sucede, nem a que atribuir o estan-
camento em que vivem, passam seus dias e amontoam
seus anos numa infecunda velhice. Faltos de condies
para abrir seus entendimentos ao exame das experin-
cias e situaes, sem o incentivo das ideias, nada que
no sejam os caprichos da sorte poder favorecer o
movimento feliz de seus pensamentos.
O conhecimento logosfico edifica e impulsiona ao
mesmo tempo os afs de capacitao. Fundamenta-se
na realidade da vida humana e de tudo quanto existe,
e ensina a conduzir o pensamento por caminhos
seguros. Como ensinamento, desperta o entusiasmo e,
ao mesmo tempo que orienta o entendimento, propor-
ciona sugestes que so captadas pela mente e que
a inteligncia traduz em iniciativas. Eis a a grande
virtude comprovada por quantos dedicam parte de seu
tempo leitura, observao e estudo de nossa cincia.
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O homem deve ir sempre em busca daquilo que
no est na rbita dos conhecimentos comuns, a fim
de dilatar a vida rumo a campos fecundos, os quais,
dominados pelo saber e pela experincia, lhe permi-
tam alcanar progressivamente maior perfeio. Em
cada novo dia em que sua vida penetre, dever encon-
trar um incentivo para aproveit-la melhor, e tambm
algo que o inspire acerca do que deve fazer para que
os dias vindouros superem os atuais e lhe proporcio-
nem, ao serem vividos, o benefcio de sentir-se bem,
seguro e feliz.
O Mecanismo da Vida Consciente
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6Trs zonas acessveis ao homem:
interna, circundante e transcendente.
O ensinamento logosfico abre investigao, meditao e ao conhecimento do homem trs imensas
zonas perfeitamente delimitadas. Talvez se entenda
melhor se dissermos que essas trs zonas existem e
esto abertas a suas possibilidades, mas so pouco
menos que inacessveis para ele, pela ignorncia em
que permanece a respeito delas. A primeira pertence
por inteiro ao mundo interno, em sua maior parte
inexplorado, do qual s temos as vagas referncias ou
as aluses imprecisas dos que acreditaram haver pene-
trado nele. A experincia logosfica j demonstrou que
se requer muita percia para conhec-lo e domin-lo
em todas as suas nuanas e complexidades. o mundo
dos pensamentos enquanto mantidos sem se manifes-
tar fora da mente, ainda que atuando ativamente, seja
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a servio da inteligncia, seja com toda a autonomia;
tambm o mundo dos sentimentos, com os quais
convivemos em ntimo colquio, tal como ocorre com
os pensamentos; o mundo das sensaes de alegria e
prazer, de sofrimento e de dor, que so experimentadas
nas mltiplas variaes da vida; o das reaes positivas
e negativas, que surgem como consequncia das atitu-
des do semelhante ou de fatos que afetam o nimo, as
convices, as ideias, o prprio conceito, etc.; e , em
definitivo, o mundo de todos os movimentos e atos da
vontade conscientemente dirigidos para a finalidade
primordial da vida, expressa na realizao mxima de
suas possibilidades de perfeio.
A segunda zona pertence ao mundo circundante,
onde intervm o fator familiar, social e geral, e nele o ser,
adestrado logosoficamente, desenvolve suas atividades
comuns e confronta, em rdua e nobre luta, seus conheci-
mentos com os daqueles que atuam no meio ao qual est
vinculado acidental ou permanentemente. Para exerccio
e prtica da conduta que se v necessitado a desenvolver
em funo do dito adestramento, se lhe apresentam ali as
mais curiosas circunstncias, das quais recolhe valiosssi-
mos elementos para observao e superao individual.
E se tais circunstncias s vezes pem o logsofo diante
do semelhante que, surpreendido em sua inteno,
fica confundido pela serena segurana com que ele lhe
expressa seu pensamento (pensamento prprio), tambm
se promovem as situaes em que ambas as partes, de
inteligncia cultivada, se equiparam no domnio que
tm da cultura, s cabendo nelas o entendimento que
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aproxima e vincula os espritos em relacionamentos de
amizade geralmente duradouros.
E chegamos terceira dessas zonas: o mundo meta-
fsico, transcendente ou causal, onde o homem, guiado
sempre pelo conhecimento, encontra a justificao de
tudo o que antes lhe fora incompreensvel e descobre
os vastos desenvolvimentos do esprito, em conexo
direta com a evoluo consciente de seu prprio ser.
o mundo mental, o mundo imaterial, que preenche
todos os espaos do Universo e interpenetra at a mais
nfima partcula ultrassensivel. Povoado de imagens
maravilhosas que descobrem at os mais raros proces-
sos da Criao , ainda que invisvel para os olhos, a
mais perfeita das realidades existentes. Tudo ali se acha
intacto em sua concepo original; nenhum elemento
corruptvel das outras duas zonas ou mundos pode
lesar a imaculada pureza de suas difanas, mltiplas e
prodigiosas manifestaes.
Depreende-se do exposto que o ente humano
comum s conhece o mundo circundante, e mesmo
assim o conhece mal, causa inquestionvel de suas
limitaes, carncias e infortnios, ao passo que o
ente evoludo conhece os trs mundos e pode viver
neles porque sua inteligncia atua nos trs com
brilhantismo. O homem deve, pois, preparar o esprito
depurando sua mente, iluminando sua inteligncia e
enriquecendo sua conscincia com os conhecimentos
que, vinculando-o a essas trs zonas, lhe permitam
alternar nelas sem dificuldade, com sabedoria, hones-
tidade e limpeza moral.
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O leitor poder deduzir de nossas palavras a impor-
tncia que nossos conhecimentos tm para a vida do
ser humano, ao gui-lo atravs das escuras estepes da
ignorncia, at alcanar finalmente os frteis vales dos
conhecimentos causais.
Ao iluminar-se a inteligncia, por efeito de seu contato
direto com este novo gnero de verdades, a conscin-
cia comovida profundamente; as peas que deveriam
manter flexvel e elstica a atividade consciente, e que se
acham oxidadas pelo desuso, so substitudas, e outras
novas, de maior resistncia, tomam seu lugar; o mundo
metafsico deixa de ser uma fico e se apresenta como
uma realidade to mais consistente e verdadeira do que
a fsica. Nele, onde se internar j em perfeito uso da
razo e da conscincia, se poder compreender tudo
o que era antes incompreensvel ou permanecia em
obstinada e impenetrvel nebulosa.
Cada coisa requer rigorosamente uma preparao.
A natureza no d saltos; a do homem tampouco deve
faz-lo. Alcanar a conquista do ignoto matria de
um processo de evoluo conscientemente realizado,
que permite obter, medida que se v cumprindo, as
compreenses e conhecimentos necessrios para levar
adiante esse empenho.
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7Mtodo logosfico.
Aspectos de sua aplicao ao processo de evoluo consciente.
O mtodo logosfico se configura com caracteres prprios, tanto em sua fora construtiva como em sua
aplicao. Seu ensaio comea a portas fechadas, isto ,
no interior do ser humano, onde a reserva absoluta.
No nos referimos forma de usar o mtodo, que haver
de requerer imprescindivelmente o auxlio do preceptor,
mas sim aos episdios ntimos que comovem a sensibi-
lidade, ao mesmo tempo que se produzem as mudanas
saudveis do pensar e do sentir, sinal inconfundvel da
eficincia com que foi empregado.
No processo de evoluo integral consciente, o mtodo
uma instituio que prescreve as normas a seguir, desde
que no se violem seus claros e imodificveis preceitos.
Adot-lo dispor-se a mudar conceitos j gastos e extir-
par razes nocivas, de h muito consentidas, abrindo
caminho na vida interna corrente renovadora do pensa-
mento logosfico.
A Logosofia poder ser explicada de mil maneiras
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diferentes e entendida de outras mil, tambm dife-
rentes, mas, se no for experimentada e confirmada
pelo prprio indivduo, de acordo com seu mtodo,
no haver conscincia do saber que se obtm, e se
permanecer to alheio como antes realidade que
revelada inteligncia por esta incomparvel concep-
o do homem, de sua organizao psquica e mental
aperfeiovel, e da vida humana em suas mais amplas
possibilidades e dimenses.
Nosso mtodo to extraordinrio que opera em
cada indivduo segundo seu grau de evoluo e sua
configurao psicolgica, e , alm disso, to cons-
trutivo que, quanto mais a fundo usado, com mais
precisos caracteres aparecem observao as modifi-
caes que ele promove nas posies internas, tudo
o que acontece enquanto atua tambm como incen-
tivo, favorecendo em sumo grau a superao dos
estados de conscincia.
Indubitavelmente a Logosofia no resolve com
frmulas mgicas os problemas criados pelas dife-
rentes situaes da vida, nem destri por esse meio
os escolhos morais e psicolgicos da imperfeio, j
que, se isso fosse possvel, se invalidaria o esforo
consciente que o homem deve realizar para esclare-
cimento e eliminao deles; ela proporciona, porm
e isto o que vale , os elementos que propiciam
aquilo que cada um deve fazer para conseguir esse
fim. Dessa construtiva experincia, a inteligncia e
a vontade do ser saem fortalecidas. Na medida em
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que se exercita em to importantssima funo do juzo,
sente ele dentro de si o influxo de uma fora edificante,
que se traduz numa capacidade maior de resolver e de
atuar, concorde com as justas solicitaes do entendi-
mento superado. Da que tenhamos dito, h alguns
instantes, que a adaptao aos imperativos do processo
a que o homem conduzido pelo mtodo logosfico
atua como incentivo, auspiciando permanentemente a
superao da conscincia.
Os ensinamentos so ministrados aos cultores
deste novo saber em abundncia e sem aparente
ordem. O prprio mtodo leva a achar neles os
elementos que os unem e articulam em poderosos
conhecimentos. Isto possvel porque eles se entre-
laam em sua totalidade, de modo que a verdade em
que se fundamentam assoma e se manifesta em cada
um dos pontos tratados.
fato comprovado a adaptao do ensinamento
logosfico a todos os estados psicolgicos e tempera-
mentais, assim como aos diferentes graus de cultura
que cada um mostra possuir. A ningum est vedado
seu estudo e experimentao, desde que se tenha
presente que, pela primeira vez, se encara uma reali-
dade de to vigorosa contextura, capaz de cumprir,
de forma elevada e com fora incomparvel, a tarefa
de reconstruir a vida sobre a inabalvel base do
autoconhecimento.
Os conhecimentos logosficos so foras centrpe-
tas que atuam no mundo interno do ser atendendo
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a solicitaes do processo de evoluo consciente,
que comea desde que o postulante decide, com
firme resoluo, constituir-se no prprio campo
experimental como meio eficaz e seguro de compro-
var, passo a passo e experincia aps experincia,
as sucessivas transformaes que se vo operando
em seu ser, numa surpreendente superao moral e
psicolgica; isso equivale a dizer que, desde o incio
desse processo, ocorrem os reajustamentos que
fazem a inteligncia mais consciente e poderosa no
governo de suas faculdades e na consequente fiscali-
zao dos pensamentos.
Como natural, essa reativao das energias internas
encontra a mais ampla correspondncia por parte do
logsofo, que se adapta de bom grado s necessidades
reclamadas pela nova reordenao de sua vida e pela
misso a que deve destin-la. Sua progressiva forma-
o demandar lgico uma esmerada, profunda
e prtica preparao do esprito. este o mais srio e
valioso dos trabalhos que se possam imaginar a respeito
do conhecimento de si mesmo.
Prevendo as contingncias do esforo que deve
ser realizado, a Logosofia disps, ao longo de todo o
caminho a percorrer, uma cadeia de formosssimos
estmulos, que alentam a vida extraordinariamente,
a qual ampara o ser propenso ainda s sugestes da
novidade contra as fices, as miragens e as sedu-
es do meio exterior.
Ao aprofundar sua investigao no mundo da
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concepo logosfica, o homem percebe o contraste
que os pensamentos mostram ali ao seu entendi-
mento. Enquanto os pensamentos comuns alojados
em sua mente permanecem agrupados em conjuntos
heterogneos e discordes, sem acatar diretiva alguma
da conscincia, os que respondem nova concepo
se articulam em colaborao recproca, obedecendo
ao plano que tem por objetivo a evoluo do esprito.
Isto costuma dar lugar a duras contendas mentais
que, ao se resolverem de forma favorvel, levam no
final aos emocionantes momentos em que todos os
atos, pensamentos e palavras, estreitamente vincula-
dos na mesma atividade, aparecem convergindo em
recnditas aspiraes de aperfeioamento. A saud-
vel limpeza realizada evitar cair, da em diante, em
estados crticos de desorientao, desesperana, etc.
Os pensamentos so, para a Logosofia, os agentes
essenciais da existncia humana. Superados, conver-
tem-se em verdadeiras potncias do esprito. Havendo
conscincia disso, no perigaro jamais o equilbrio
nem a estabilidade psicolgica do indivduo que,
defendido dos desagradveis enredos prprios dos
estados mentais inferiores, saber tambm esgrimir
melhor suas defesas contra o complicado jogo dos
pensamentos que povoam os ambientes que frequente,
sem temer os perigosos enlaces com as ideias engano-
sas e os pensamentos vulgares.
Focalizemos agora o complexo psicolgico do ser
humano, ainda alheio s reformas que o processo
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de evoluo consciente pode promover nele. Esse
complexo se caracteriza por uma srie de conflitos
internos que ningum tem sabido explicar. A luta
do homem em tais condies se reflete nas profun-
das preocupaes que com frequncia o embargam.
Desde os dias da infncia at os de sua velhice, debate-
-se num mar de contradies, sem saber com certeza
onde est o verdadeiro e onde o falso. A vida para
ele uma perptua interrogao; e, se interrompe a
busca de conhecimentos, submerge-se na penumbra,
ligando-se vida vegetal pela imobilidade de suas
faculdades ou, melhor dizendo, de seu entendimento
superior, quando no vida animal, pela semelhana
que alcana com essa espcie quanto indolncia,
indiferena ou ao parasitismo de suas funes
mentais. Uma grande poro destes seres, mesmo
quando no sabem com certeza para onde dirigir
seus passos, sentem dentro de si uma inquietude
que os impele a prosperar nas ordens conhecidas da
vida. Encaminham em princpio seus objetivos para
a conquista de situaes folgadas no aspecto econ-
mico e social, sendo escassssimo o nmero dos que,
vislumbrando ou intuindo possibilidades maiores
para seu entendimento, elevam com tal critrio suas
aspiraes em busca de outros destinos.
Observando-os, vemos tambm que seu mecanismo
mental est regulado para o desenvolvimento de um
nmero determinado de atividades; precisamente as
que atendem a suas necessidades habituais. inegvel
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que existe neles uma limitao, uma rotina, dentro
da qual costumam organizar a vida. Entendimento,
razo, inteligncia e tudo quanto forma a engrenagem
mental est ali condicionado a um gnero de reflexes
das quais pareceria no poder afastar-se sem perigo
de sucumbir. A razo intervm nesses casos, atuando
na medida em que o entendimento o permite, pois
no tendo sido cultivada a inteligncia, o produto
do raciocnio nem sempre ultrapassa a compreenso
incipiente, prpria da mediocridade.
A evoluo consciente que o mtodo logosfico
propugna a cuja lei nos referimos nesta obra e em
mltiplas publicaes, estendendo-nos sobre sua
transcendncia , contempla essa situao particu-
lar de limitao no alcance mental e intelectual que
caracteriza a psicologia humana em sua expresso
comum, e dirige suas luzes para o desenvolvimento
das faculdades que se resumem na inteligncia, a
fim de que o ente humano enfrente seu primeiro
encontro com essa realidade e, convencido de sua
impotncia, resolva iniciar, com deciso e firmeza e
com toda a urgncia reclamada pelo tempo das horas,
um amplo processo de superao. Quando isto ocorre,
quando obedecendo aos ditames do mtodo logos-
fico, penetra no campo da experimentao prpria e
toma contato com os conhecimentos que lhe abriro
as portas desse novo e complexo mundo interno a
partir do qual lhe ser permitido alcanar os planos
do mundo transcendente , lgico que experimente
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sucessivas transies, que exigem ser superadas com
toda a regularidade. Queremos dizer que, ao mesmo
tempo que o campo mental se amplia e a inteligncia
se ilumina, ilustrada pelo potente fulgor de verdades
que se ignoravam, tudo deve mudar para o homem,
e muito especialmente sua prpria vida. Mudaro
os conceitos das coisas, mudaro as sensaes ao se
manifestarem em correspondncia com os novos
conceitos que o entendimento tenha conseguido
abarcar, mudaro as atitudes e mudar tambm a
conduta, em resposta exigncia de compreenses
cuja natureza obedece influncia das qualidades
que se vo cultivando.
de todo lgico que, ao penetrar no mundo trans-
cendente, deva o homem atuar em concordncia
com os deveres que tal mundo lhe impe, e que sua
vida toda deva transformar-se, espiritualizando-se na
essncia do pensamento, para refletir-se na clareza
da inteligncia; do contrrio, seria uma aparncia
ou uma fico que a realidade, qual pretendesse
surpreender, descobriria e fulminaria. O indgena
ou o inculto tomemos este exemplo que quisesse
participar de nosso meio social, seria repelido pela
fora compacta do ambiente que nos comum e fami-
liar, do mesmo modo que o medocre, indisciplinado
e carente de estudo se veria impossibilitado de parti-
cipar do ambiente cientfico, onde no encontraria
mais que o vazio ou o rechao dos que estivessem ali
tratando de temas de sua especialidade.
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No se deve em absoluto confundir a evoluo cons-
ciente, que implica, como deixamos expressado, uma
autntica renovao da vida, com os sucessivos vaivns
a que, em matria de mudanas, o ser se v obrigado
pelas circunstncias. No essa evoluo a que fora
o intelectual, por exemplo, a mudar de posio ante
a derrocada incessante das suposies e teorias que,
a seu juzo, assumiram hierarquia. Esta nos recorda
certos movimentos que se repetem indefinidamente
na msica. Dentro desse quadro psicolgico e mental,
cabe incluir igualmente os que se tm deixado cortejar
por um seleto ncleo de pensamentos. Acreditam haver
satisfeito assim a suas aspiraes de elevao espiritual
e procuram, da forma mais engenhosa, manej-los de
modo a infundir no semelhante a certeza de achar-se
diante de uma sumidade intelectual. Com eles, que
fecharam as portas de suas douradas manses, a fora
criadora e renovadora da concepo logosfica no
poder se comunicar.
Sentimo-nos, apesar de tudo, imensamente compen-
sados pelos que se aproximam sem receios de nenhuma
espcie fonte logosfica, em busca dos sbios ensina-
mentos que dela fluem. No em vo que esta nova
concepo da vida e do Universo vai conquistando, dia
aps dia, a simpatia e a adeso de grandes e pequenos;
da juventude, que tanto necessita destes conhecimentos;
das crianas e dos homens maduros; dos que cumprem
as mais variadas atividades na ordem fsica e comum;
do profissional e do operrio.
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A evoluo consciente de extraordinria importn-
cia para a vida do homem e requer, para ser realizada
sem maiores entorpecimentos, uma constante vigiln-
cia de si mesmo e uma consagrao quase diramos
plena a tudo o que diz respeito ao desenvolvimento
das faculdades da inteligncia e capacitao gradual
das potncias internas. Nesse processo que deve
abranger por inteiro a existncia, caso se aspire a
culminar em progressivas etapas de realizao cons-
ciente , acontecem determinados fatos que devem ser
conhecidos e tidos muito em conta, para no malograr
esforos estimveis, afs nobres e anelos da mais alta
valia e considerao.
Quem penetra no campo da realizao interna, ou
seja, da evoluo consciente ou superao integral, h
de encontrar-se em mais de uma ocasio no seguinte
caso: enquanto experimenta e confirma, mediante essa
experimentao, o valor inestimvel de certos conheci-
mentos ou ensinamentos que o beneficiam e estimulam
em alto grau; enquanto capta ou percebe pela sensibi-
lidade verdades de extraordinrio alcance para suas
possibilidades, a razo costuma no explicar isso, e s
vezes at se obstina em neg-lo, seja por no ter sido ela
o conduto por onde passaram essas percepes para o
mundo interno, seja por no atinar com a compreen-
so do porqu de tais fatos se produzirem desse modo,
enquanto ela que se supe reitora dos atos, da vontade
e do juzo permanecia quase alheia ao acontecido na
intimidade da vida do ser. Quantos existem que, depois
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de experimentar a realidade de uma felicidade perce-
bida, captada, e neles incorporada pe