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Trabalho projeto da Unidade Curricular de Dinâmicas Sectoriais
“O papel do Leasing, Renting e Factoring enquanto
instrumentos financeiros para a Indústria 4.0”
Adriana Oliveira nº 76573
João Regalo nº 76394
Luís Alves nº76563
Docente: Professor Doutor Sandro Mendonça
abril 2017
1
ÍNDICE
1. Sumário Executivo ........................................................................................................ 2
2. Introdução ..................................................................................................................... 3
3. Revisão da teoria ........................................................................................................... 6
3.1. Leasing ................................................................................................................... 6
3.1.1. Definição e evolução do leasing em Portugal ..................................................... 6
3.1.2. Características do Leasing ................................................................................ 11
3.1.3. Vantagens e desvantagens do leasing ............................................................... 13
3.2. Renting ................................................................................................................. 15
3.2.1. Definição e evolução do Renting Automóvel ................................................... 15
3.2.1. Características do Renting ................................................................................ 17
3.2.2. Vantagens e Desvantagens do Renting Automóvel .......................................... 18
3.3. Factoring .............................................................................................................. 19
3.3.1. Definição de Factoring ...................................................................................... 19
3.3.2. Principais modalidades de Factoring ................................................................ 20
3.3.3. A importância do Factoring Internacional ........................................................ 21
3.3.4. Enquadramento do Factoring Internacional em Portugal e na Europa ............. 23
4. Indústria 4.0 e a Economia Digital ............................................................................. 25
4.1. Indústria 4.0 vs Leasing ....................................................................................... 25
4.2. Renting e a Economia Digital .............................................................................. 32
4.3 Factoring Internacional, Reverse Factoring e a emergência da economia digital 36
5. Análise dos resultados................................................................................................. 38
5.1. Metodologia utilizada .......................................................................................... 38
5.1.1. Leasing vs Indústria 4.0 .................................................................................... 38
5.2 Renting Automóvel ............................................................................................... 44
5.3 Factoring ............................................................................................................... 47
6. Conclusão .................................................................................................................... 47
7. Referências Bibliográficas .......................................................................................... 55
ANEXOS ........................................................................................................................ 59
2
1. Sumário Executivo
As revoluções tecnológicas quebram com a realidade existente, transformando a
sociedade e a economia.
Neste segmento, é importante perceber de que forma a maturidade digital afeta a
tomada de decisões, quando os vários intervenientes recorrem a algum tipo de fonte
de financiamento.
O presente trabalho representa o fruto de uma colaboração entre a ALF (Associação
Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting) e o ISCTE – Business School, o qual
demonstra as virtudes da interação universidade-indústria no âmbito dos desafios que
a metamorfose tecnológica apresenta à economia portuguesa. Surge no contexto de
um trabalho académico do Mestrado em Economia da Empresa e da Concorrência
(unidade curricular de Dinâmicas Sectoriais) que foi aplicado e dirigido a um assunto-
problema sentido pelo tecido produtivo nacional.
Agradecimentos: este trabalho é o culminar de um incansável apoio da Dra.
Margarida Ferreira, Secretária Geral da ALF e do Dr. Sandro Mendonça, Professor
Auxiliar e Investigador Integrado do departamento de Economia do ISCTE – IBS.
Palavras-chaves: Leasing, Renting, Factoring, Indústria 4.0, Economia Digital e
Internacionalização.
3
2. Introdução
O leasing, o factoring e o renting ocupam um lugar importante enquanto instrumentos
de financiamento das empresas, sendo por isso objeto de diversas pesquisas. Como se
pode observar no gráfico da figura 1, as pesquisas pessoais informais na Internet
durante os últimos dez anos demonstram bem a popularidade destas agendas de
negócio.
O desenvolvimento deste trabalho partirá de estudos críticos sobre estes instrumentos
financeiros que apoiam a delimitação dos conceitos de leasing, renting e factoring e
das suas especificidades.
Estas formas de financiamento permitem que o sistema económico funcione com
maior fluidez, e que exista uma transferência dos riscos entre os agentes económicos.
Estes três instrumentos fazem parte da asset-based finance, muito usada nas PMEs
para fazer face às necessidades de working capital, melhorando as relações
comerciais globais e fomentando o investimento (OCDE 2015). Na Europa, verificou-
se um crescimento da utilização de asset-based finance na última década, resultado da
crise mundial de crédito de 2007-2008 (OCDE 2015).
O estudo “The Use of Leasing Amongst European SMEs”, conduzido pela Oxford
Economics e elaborado para a Leaseurope, analisa a evolução da utilização do leasing
e do renting enquanto instrumentos de financiamento do investimento das PMEs em
Figura 1: Buscas na internet (fonte: Google ngrams)
4
nove sectores de atividade em oito países europeus1. Esse estudo sobre a utilização de
leasing e renting por PMEs, foi estendido à realidade portuguesa 2 pela mão do
professor Ricardo Ferreira Reis, que se efetivou pelo Centro de Estudos Aplicados da
Universidade Católica Portuguesa para a ALF.
No âmbito dos estudos académicos em Portugal, destaca-se a dissertação de mestrado
de Patrícia Rodrigues Gomes intitulada por “Fenómenos de Ciclicidade nas
Dinâmicas de Crescimento do Leasing e do Factoring”, onde a autora procura
perceber e demonstrar de que forma o comportamento da economia e as suas
alterações determinam o comportamento do negócio do leasing e do factoring. Neste
estudo, a autora concluiu que o dinamismo do leasing não pode ser dissociado do
ciclo económico de cada país, ou seja, há uma correlação entre a dinâmica da
produção de leasing com a dinâmica da economia. O que faz sentido, na medida em
que o investimento é uma variável determinante e intrínseca quer para o PIB de cada
país, quer para a produção de leasing, e qualquer variação dessa variável estratégica
compromete quer o PIB quer o leasing. Destaca-se também a dissertação de mestrado
de Sofia Rodrigues Gomes intitulada por “Externalização versus Internalização das
Operações de Leasing e Factoring: Vantagens e Desvantagens”. É de realçar ainda a
dissertação de mestrado de Maria da Luz Silva sob o título de “A Função da Locação
Financeira”, onde a autora enfatiza os aspetos mais significativos destes instrumentos
financeiros, assente numa análise clara, sobre as suas genealogias e evolução, dando
destaque às suas funções jurídicas, económicas e financeiras. No que concerne ao
Renting, a dissertação da Andreia Oliveira intitulada por “O Renting e o problema da
sustentabilidade das empresas”, alude as problemáticas das alterações da mobilidade e
a constante preocupação com o meio ambiente que definem novos modelos de
negócio. Por fim, outro estudo académico importante nestas temáticas é a dissertação
de mestrado de Roberto Miguel Gato de Almeida, intitulado por “O Leasing e o
Factoring no financiamento das PME: Dificuldades e Restrições”, em que o autor
expõe as dificuldades e restrições existentes no relacionamento entre as PMEs e as
instituições financeiras, nomeadamente as sociedades de leasing e factoring.
1 No estudo da Leaseurope foram analisados os seguintes países: França, Espanha, Reino Unido, Itália,
Holanda, Suécia, Alemanha e Polónia. 2 The Use Of Leasing Amongst European SMEs, Leaseurope, 2015.
5
O presente trabalho tem como objetivo reunir e disponibilizar mais informação acerca
destas temáticas do leasing, renting e factoring, não muito abordadas no nosso país,
principalmente na relação com a revolução tecnológica atual.
6
3. Revisão da teoria
3.1. Leasing
3.1.1. Definição e evolução do leasing em Portugal
A genealogia do leasing encontra-se na antiguidade, com o aparecimento das
primeiras civilizações organizadas, em que se emprestavam alfaias agrícolas em troca
de dinheiro. Foi evoluindo até ao comum arrendamento de terras, casas e
propriedades. Foi utilizado para acelerar as revoluções industriais, contribuiu para a
construção de caminhos de ferro e para a propagação do automóvel enquanto veículo
de transporte. Depois da 2ª Guerra Mundial, onde o leasing se tornou importantíssimo
para uma rápida recuperação das economias, foi criado nos EUA a USL (United
States Leasing) que serviu de base para o leasing moderno, ou seja, foi o
aparecimento de uma sociedade especializada em comercializar locações financeiras.
Sob a égide do crescimento económico dos Estados Unidos, as maiores sociedades
financeiras americanas expandiram-se por toda a europa, criando diversas delegações
e associando-se a outras instituições financeiras, o que permitiu o desenvolvimento do
leasing, enquanto instrumento de crédito com vantagens para o mundo empresarial,
que suportou o desenvolvimento e as inovações da tecnologia. Neste período, no auge
das locações financeiras, surgem também sociedades financeiras em diversos países
europeus, tais como: em França, em Itália, em Espanha, em Inglaterra e na Alemanha.
Este conceito de leasing só chegou a Portugal nos anos 70 do século XX, com a
criação de dois Decretos-Lei3 para regulamentar o leasing. A partir daí existiu uma
expansão do uso do leasing em Portugal e um aparecimento de sociedades financeiras
especializadas no leasing, principalmente nos anos 80 e 90.
3 Em Portugal este produto financeiro surge com a primeira regulação que data de 1979 sob o Decreto-
Lei 135/1979 de 18 de maio, do regime jurídico das sociedades financeiras e, sob o Decreto-Lei
171/1979 de 6 de junho, do regime jurídico do contrato de locação financeira. De acordo com este
último, o contrato de locação financeira consiste num contrato em que o locador financia um bem
(móvel ou imóvel, tangível ou intangível), mediante instruções do locatário, por um prazo pré-
estabelecido, a troco de uma renda acordada e periódica. O locatário tem o direito económico de
utilizar o bem e, findo o contrato, pode optar pela renovação ou cessação do mesmo, ou ainda pela
aquisição do bem pagando o valor contratualmente estabelecido (valor residual).
7
Ao longo da história, o leasing contribuiu para um maior crescimento das economias
pois é um meio que ajuda a aumentar a liquidez dos indivíduos ou das empresas
através do faseamento no tempo, dos custos com a aquisição ou utilização de bens
necessários.
Comumente, o leasing é uma locação financeira que tem na sua essência a cedência
de um bem/ativo por parte de uma instituição financeira a outra entidade, durante um
determinado horizonte temporal, mediante o pagamento de uma renda e, geralmente,
com uma opção de compra no término do contrato.
A Associação Portuguesa de Leasing, Factoring e Renting (ALF 2017), define o
leasing como sendo:
[um] contrato em que o locador (empresa de Leasing) cede ao
locatário (Cliente), mediante o pagamento de uma renda, a utilização
temporária de um bem, móvel ou imóvel, adquirido ou construído por
indicação do cliente e que este poderá comprar no final do período de
tempo acordado no contrato, por um preço pré-determinado (valor
residual).
De acordo com o professor dr. Ricardo Ferreira Reis, o leasing é:
um produto financeiro em que a Locadora (empresa de leasing) cede
ao Locatário (cliente), mediante o pagamento de uma renda, a
utilização temporária de um bem, móvel ou imóvel, adquirido ou
construído por indicação do cliente e que este poderá adquirir no
término do contrato, por um valor residual pré-determinado. (Reis,
2013: 7)
No ordenamento jurídico português, o leasing, enquanto locação financeira, está
contemplado no Decreto-Lei 149/1995 4 , de 24 de junho, e é definido como um
contrato pelo qual um locador se obriga, mediante retribuição (de uma renda), a ceder
a um locatário, o gozo temporário de coisa móvel ou imóvel, adquirida ou construída
por indicação deste e que poderá ser adquirida num determinado prazo convencionado
4 Artigo 1.º do Decreto-Lei 149/1995.
8
sob um preço previamente estabelecido (normalmente o valor residual). Por outras
palavras o leasing consiste numa modalidade de financiamento através do qual o
locador (sociedade de leasing), concede ao locatário (cliente), de acordo com as suas
instruções, um bem móvel ou imóvel, mediante um pagamento de uma renda, por um
determinado prazo pré-estabelecido, ficando o cliente com uma opção de compra no
final desse prazo, perante o pagamento do valor residual do bem.
Para melhor interpretação do funcionamento de uma locação precisamos de
compreender 3 conceitos:
• Locatário - é a quem o bem é cedido e, por conseguinte, terá de pagar uma
renda (ao Locador);
• Locador - Proprietário inicial do bem;
• Renda - quantia monetária que o Locatário terá de pagar pelo usufruto do bem.
O leasing necessita do envolvimento de três agentes económicos, os quais são: o
fornecedor do bem, o locador que é quem financia a utilização do bem (normalmente
sociedade de locação financeira ou instituição de crédito) e o locatário, que pretende
possuir o direito económico do bem. Assim, para o locatário acaba por ser um
instrumento de financiamento para os seus investimentos, para o locador um
instrumento de concessão de crédito e na ótica do fornecedor, acaba por ser um
instrumento de venda. Consiste, assim, num contrato de alienação e aquisição de
ativos, ao qual está intrínseco um financiamento, de médio ou longo prazo, com a
vantagem de ser simples e de rápida decisão.
De acordo com a ALF, o circuito da operação de leasing processa-se nos seguintes
termos: o locatário (seja este publico ou privado), que toma uma decisão de
investimento, escolhe o equipamento e o seu fornecedor. Após escolha concretizada,
ambos os agentes (locatário e fornecedor) estabelecem o respetivo preço de aquisição
do equipamento, o seu prazo de entrega, garantias, etc. Seguidamente, é apresentada
uma proposta de operação à locadora, para que esta a analise. Após análise da
proposta, a locadora comunica a sua decisão ao locatário e caso este aceite as
condições apresentadas é emitido um contrato de locação financeira. Por fim, na
sequencia da receção dos documentos contratuais devidamente assinados por ambas
as partes, a locadora estabelece com o fornecedor um contrato de compra e venda do
9
equipamento, objeto do contrato, que será posteriormente cedido ao locatário. No
final do contrato, o locatário pode optar por adquirir o equipamento pelo valor
acordado no contrato, pode celebrar um novo contrato de locação financeira ou
restituí-lo à locadora.
O contrato de leasing tem uma função financeira inerente, na medida em que o
locatário financeiro ao submeter uma proposta à apreciação do locador, tem como
intuito obter um crédito para usufruto de um determinado ativo, e adquirir esse
mesmo ativo no final da locação. Por conseguinte, o locador financeiro analisa
minuciosamente a capacidade financeira do locatário, normalmente através de rácios
como a solvabilidade, para assim lhe conceder um crédito na forma de leasing. A
concessão do leasing, normalmente, desenhasse da seguinte forma: o locador adquire
um determinado ativo pretendido pelo locatário e disponibiliza-o ao locatário,
amortizando o valor de aquisição através das rendas que recebe desse mesmo
locatário. De referir que esta atividade financeira é exercida, única e exclusivamente,
por sociedades de locação financeira, instituições bancárias e instituições financeiras
de crédito acreditadas para tal5.
5 Cfr. Art. 4.º e 8.º do Regime Geral das Instituições de Crédito, aprovado pelo Decreto-Lei n.º
298/1992, de 31 de dezembro.
Figura 2: Importância do leasing na economia portuguesa (fontes de informação: ALF, Banco de
Portugal e INE)1.
10
No que concerne à evolução do leasing em Portugal, este apresenta-se cada vez mais
como um complemento favorável ao tradicional financiamento bancário. Tem
assumido uma importância progressiva no panorama da economia nacional, conforme
se pode verificar pela figura 2.
Avaliando o gráfico da figura, observa-se uma quebra acentuada no total da produção
de leasing em percentagem do PIB de cerca de 2,5% para 1,0% no período
compreendido entre 2010 a 2012, fruto das políticas de austeridade impostas pelo
resgate financeiro a Portugal. Após esse período, em que o país procura sair da grave
crise económico-financeira iniciada em 2009, verifica-se um crescimento deste rácio,
ainda que muito ténue, de 1,0% para 1,3% no período compreendido entre 2012 a
2015.
Uma queda ainda mais acentuada se verificou no total da produção de leasing em
percentagem do financiamento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF)6. Este
rácio passou de 13,6% em 2010 para 6,0% em 2012, ou seja, uma queda para menos
de metade em apenas dois anos. Tal como se sucedeu com o rácio anterior (produção
de leasing em % PIB), a queda neste rácio deveu-se às políticas de autoridade
ocorridas nesse período. Contudo, entre 2012 a 2015 verificou-se um crescimento
considerável no total da produção de leasing em percentagem do financiamento da
FBCF entre os 6,0% e os 8,3%.
Por fim, verifica-se que o crédito concedido em percentagem do crédito interno foi
decrescente ao longo de todo o período considerado, na medida em que o acesso a
este ficou mais dificultado.
Estes valores reduzidos convergem com as conclusões realçadas pelo professor
Ricardo Ferreira Reis, que indicam que parte considerável dos investimentos
realizados pelas empresas são suportados por capitais próprios.
6 Fonte ALF (2017).
11
Figura 3: Evolução da produção do leasing português durante o período de 2010 a 2015.
No que concerne à evolução do leasing em Portugal, como se constata pela análise do
gráfico da figura 3, há também um decréscimo significativo do sector de produção de
leasing entre 2010 e 2012, cuja justificação se deve à tenebrosa atmosfera económica
provocada pelas dificuldades económico-financeiras que prevaleceram no panorama
internacional. Após esse período mais sombrio, o sector de produção de leasing tem
vindo a recuperar, acompanhando o crescimento, ainda que ténue, do nível de
investimento em Portugal.
Segundo fonte de informação da ALF, em Portugal, durante o ano de 2016, o leasing
mobiliário foi responsável por investimentos no valor de 1.127.693.000 euros em
viaturas (cerca de 1,128 mil milhões de euros) e 591,322 milhões de euros em
equipamentos (que diz respeito ao restante mobilizado, excluindo viaturas).
Relativamente ao leasing imobiliário, este foi responsável por investimentos na ordem
dos 742,139 milhões de euros em imóveis. Estes últimos dados demonstram
claramente a tendência de crescimento do sector do leasing, após um período de
maior contenção proveniente da crise económico-financeira que afectou o país.
3.1.2. Características do Leasing
Segundo a ALF, o leasing permite financiar dois tipos de bens em que ambos têm os
seus próprios prazos e montantes de financiamento como se pode observar na figura
seguinte.
12
Figura 4: Características do leasing.
O que move muitas empresas a recorrerem a esta forma de financiamento é
comummente a isenção de vultosas quantias para um investimento inicial. Por vezes,
este é o único instrumento de crédito disponível à empresa, para que esta adquira um
equipamento que de outra forma não seria possível, facilitando assim a sua gestão de
planeamento, de modo a desenvolver-se tecnologicamente e, por conseguinte,
aumentar a sua eficiência na produtividade. (Terry, 1975)
Na ótica do professor James S. Schallheim, as motivações para recorrer ao leasing
passam por: poupanças fiscais, poupanças financeiras, redução de custos de transação
e de informação e pela partilha do risco entre os agentes. (Schallheim, 1994)
Para os professores Clifford W Smith e Lee Macdonald Wakeman, a política fiscal
tem um peso muito grande, quer na decisão do locatário na adesão ao leasing, quer no
interesse do locador em disponibilizar o mesmo.
Contudo, para além dos benefícios fiscais, os professores destacam ainda mais alguns
determinantes que influenciam na tomada decisão na aquisição de um bem recorrendo
ao leasing.
13
• Existem incentivos financeiros inerentes ao contrato de leasing, em que
um contrato a médio e longo prazo compromete o locatário a utilizar um determinado
ativo durante o seu tempo de vida útil, atenuando assim o problema da substituição
desse ativo.
• Existe, por vezes, um incentivo à utilização do leasing, por parte da
gestão, na medida em que o custo da dívida é menor que o custo dos capitais próprios.
Em condições normais, em situação de falência, os credores (locadores) têm
prioridade em relação aos acionistas no reembolso de capital e juros. Por conseguinte,
os credores assumem um menor risco do que os acionistas e, como tal, exigem uma
rendibilidade menor para os recursos que disponibilizam à empresa. Sendo os
recursos alheios menos dispendiosos que os recursos próprios, existe, como referido,
um grande incentivo à utilização de leasing para a maximização dos lucros da
empresa.
• Outro determinante que tem influência direta na decisão de utilização do
leasing prendesse com o período esperado de utilização do ativo. Num cenário em que
o período de vida útil do ativo for superior ao período que a empresa espera utilizá-lo,
e se os custos de transferência de propriedade forem consideráveis, pode ser vantajosa
a utilização de um contrato de leasing, em alternativa à aquisição desse ativo. (Smith
and Wakeman, 1985).
3.1.3. Vantagens e desvantagens do leasing
O leasing, face a outros instrumentos de crédito, tem como grande vantagem permitir
que o locatário escolha e usufrua de determinado ativo sem ter de o adquirir afetando
elevados recursos financeiros na sua aquisição. Por conseguinte, esses recursos
financeiros podem ser afetados a outros investimentos estritamente necessários à
prossecução da atividade económica do locatário. Assim, as empresas recorrendo a
este instrumento financeiro, como alternativa e até mesmo como complemento7 ao
financiamento bancário, conseguem satisfazer as suas necessidades de investimento.
7 É interessante notar “que as empresas que recorrem ao leasing, também recorreram mais a
empréstimos bancários do que as que não o fizeram. Esse aspeto parece indicar que o leasing não é
tanto utilizado como forma alternativa ao financiamento bancário, mas como forma complementar.”
(Reis, 2011: 15)
14
O leasing oferece condições contratuais flexíveis e adaptáveis à capacidade de
tesouraria da empresa, isto é, permite que a locação se adapte de forma a antecipar as
receitas geradas pela utilização do ativo, de modo a que o investimento seja
autossustentável. (ALF, 2017)
Por vezes, a opção pelo leasing recai pelo facto de este instrumento financeiro
financiar a cem por cento equipamentos que de outra forma seriam inalcançáveis para
determinada empresa. (Terry, 1975)
O leasing pode ser vantajoso, no que concerne à partilha de risco e à redução da
estrutura de dívida, devido à existência de arbitragem tributária entre o locador e o
locatário.
Outra das grandes vantagens do leasing, é que o acesso a este acaba por ser mais fácil
uma vez que o colateral (garantia) a prestar é o próprio bem, e de acordo com a
jurisprudência, a propriedade jurídica do bem locado fica na posse do locador até ao
final do contrato. O leasing permite ainda facilitar as empresas nos seus encargos de
exploração ou necessidades de tesouraria, ostentando, por vezes, rendas mais baixas
que qualquer seguro financeiro. (Leaseurope, 2015)
Uma das grandes desvantagens do leasing na ótica do locatário, prende-se pelo facto
de este não possuir a propriedade jurídica do bem locado, uma vez que esse bem
funciona como colateral ao contrato, ou seja, em caso de incumprimento, o locador
pode tomar posse do bem e não o pode alienar.
Outra desvantagem do leasing está relacionada com o bem locado, quando este se
trata de software, muitas vezes patenteado ou que requer algum tipo de licenciamento,
ou quando se trata também de equipamento tecnológico específico a determinada
empresa. Em caso de incumprimento do locatário, a locadora coloca-se numa situação
de não poder vender o equipamento ou adaptar o software.
15
3.2. Renting
3.2.1. Definição e evolução do Renting Automóvel
Segundo a ALF, o renting automóvel é:
“uma oferta integrada de serviços que tem por base o aluguer
operacional de um veículo novo para um determinado prazo e
quilometragem, mediante o pagamento de uma renda fixa onde o
cliente apenas suporta a depreciação da viatura estimada no contrato.
Incluí todos os serviços necessários ao seu normal funcionamento e à
sua conservação.”
O mesmo dirige-se a empresas ou entidades equiparadas, administração pública e
particulares.
Por outro lado, o Renting de Pesados (ou AOV/Aluguer Operacional/Locação
Operacional), consiste (ALF, 2017):
“num aluguer operacional de um Veículo Pesado novo, para um
determinado prazo e quilometragem, em que se assegura a
manutenção e reparação da mesma, mediante o pagamento de uma
renda mensal fixa.”
“Disponibilizam-se diversos serviços de gestão da frota e
habitualmente os contratos têm um prazo entre os 24 e os 72 meses.”
Este instrumento pode ser utilizado nas seguintes viaturas:
• Tractores (vulgo “Camiões”);
• Semi-reboques (vulgo “Atrelados”).
Citando a autora Andreia Oliveira (2013), com base nos dados fornecidos pela ALF, a
“LeasePlan, a Locarent, a ALD Automotive, a Arval e a Finlog são as empresas com
mais veículos nas frotas de renting disponíveis em Portugal possuindo cerca 107 mil
16
veículos para um total de aproximadamente 118 mil, ou seja, cerca de 90% do
mercado em Portugal”.
Dados indiciam que este instrumento de financiamento é uma solução que o mercado
nacional tende cada vez mais a adotar (Figura 5).
Figura 5: Evolução da produção do renting português durante o período de 2010 a 2015.
Como é possível constatar pela análise do gráfico, existiu, no entanto, um decréscimo
significativo do sector de produção de renting entre 2010 e 2012. Citando o prof.
Ricardo Reis (2013), isto revela que no que concerne ao renting, o mesmo “sofreu
ainda mais com a retração do investimento, do que o próprio investimento.”
Após o período da crise económico-financeira, o sector de produção de renting
demonstra uma tendência crescente relativamente ao número de viaturas ligeiras
adquiridas.
Segundo fonte de informação da ALF, em Portugal, o renting foi responsável pela
aquisição de 31.840 viaturas ligeiras em 2016, no valor de cerca de 624 Milhões de
euros.
17
3.2.1. Características do Renting
Segundo o Prof. Ricardo Reis (2013), “o Leasing Operacional em Portugal e
conhecido como Renting e e um aluguer que tem principal expressão e consolidação
nas viaturas ligeiras. O Renting rege-se pela Lei do Código Civil e as empresas de
Renting (gestoras de frota) são empresas comerciais.”
Geralmente, o período de contrato é compreendido entre os 12 e os 60 meses, no
entanto existe a opção do prazo ser estendido.
Também, em regra geral, as quilometragens não deverão ser superiores a 180.000 Km
para veículos a gasolina e a 200.000 Km para veículos a gasóleo.
O renting rege-se pelo seguinte esquema de rendas:
Figura 6: Esquema de rendas (ALF, 2017)
Uma das principais vantagens do Renting é a sua própria característica. Dado que se
trata de um contrato de locação operacional, o locatário poderá usufruir do bem sem
que este esteja contabilizado no seu ativo, nem, por outro lado, no seu passivo como
financiamento. Neste sentido, o valor do usufruto do bem é apenas contabilizado
mensalmente como um gasto, entrando apenas nas Demonstrações de Resultados da
empresa. Deste modo, a empresa consegue reduzir os seus financiamentos, ajudando a
libertar linhas de crédito para outras áreas mais relevantes.
Para saber mais características a nível fiscal e contabilístico consultar o anexo I, com
base nas informações proporcionadas no site da ALF.
Regime Fixas, antecipadas ou postecipadas.
Termos Constantes.
Periocidade Mensais.
18
3.2.2. Vantagens e Desvantagens do Renting Automóvel
A gestão integral de serviços de valor acrescentado é uma das vantagens mais
significativas no modelo de renting, diferenciando-o claramente do leasing e do
financiamento para aquisição de viatura própria (Leaseplan, 2017).
No seguinte quadro é possível observar as inúmeras vantagens que o Renting
enquanto forma de financiamento pode proporcionar:
Renting de Ligeiros Renting de Pesados
A empresa pode concentrar de forma mais
intensa os seus recursos na sua atividade;
O cliente pode ajustar a frota às suas
necessidades em cada momento;
Frota sempre atual e operacional (contratos de
aluguer a partir de 12 meses);
Serviços de assistência 24 horas por dia,
durante todo o ano;
Eliminação de riscos operacionais
(desvalorização, manutenção corretiva);
Melhor qualidade de serviço por via do acesso
a uma rede de fornecedores preferencial;
Gestão profissional concentrada numa única
entidade;
Pagamento mensal de uma única factura de
valor fixo, pela viatura e serviços incluídos;
Equipa uma empresa com uma frota automóvel
moderna;
Redução de custos através do acesso às
condições celebradas pela empresa gestora de
frota;
Simplificação e facilidade na gestão da frota;
Aconselhamento proactivo relativamente à
política de frota e a medidas de redução de
custos.
Manutenção de uma frota moderna e atual;
Não existe entrada inicial e o cliente apenas
paga a componente da vida útil do veículo
que utiliza;
Serviço flexível e adaptável à evolução do
negócio;
Os custos variáveis transformam-se em
custos fixos através de rendas mensais fixas;
Serviços de manutenção e reparação do
Pesado bem como outros complementares:
tratamento de seguros, pneus, impostos,
veículo de substituição, gestão de
combustíveis, etc.;
Riscos associados à venda do veículo no
final do contrato integralmente transferidos
para a Renting (locadora).
Figura 7: Vantagens do Renting (ALF, 2017)
19
Trata-se de uma solução cómoda como foi possível observar, uma vez que, a entidade
locadora assume parte da responsabilidade burocrática, técnica e fiscal.
A desvantagem prende-se com o facto de o consumidor não ficar proprietário da
viatura, ou seja, apenas aluga o automóvel.
Por outro lado, segundo um estudo elaborado pela Deco Proteste (2014), esta não é
uma solução indicada para todas as pessoas (anexo II). Para quem pretender conduzir
um carro de gama mais alta e não ficar com o automóvel no final do contrato esta é
uma forma de financiamento mais adequada.
3.3. Factoring
3.3.1. Definição de Factoring
Segundo Klapper (2006), o factoring é um tipo de financiamento em que as empresas
vendem os seus créditos a receber, a troco de um discount e recebem a quantia
adiantadamente. Klapper (2006) ainda afirma que o “factoring pode ser
particularmente atrativo em sistemas fiscais com fracas leis de comércio ou deficiente
aplicação das mesmas”.
Fiordelisi e Molyneux (2004) retratam o factoring como “a complete financial
package which combines credit protection, credit management, accounts receivable
bookkeeping and collection services”. Esta designação aponta que o factoring pode
ser mais que uma simples transferência de créditos, existindo a possibilidade da
existência de uma gama de serviços complementares que, dependem das exigências
da empresa que vende o crédito.
Segundo a OCDE (2015), “Factoring also differs from conventional bank lending and
asset-based lending, in that it does not generate debt on the firm’s balance sheet and
there are no loans to repay. By selling accounts receivables to a factor, the firm is
able to rapidly convert accounts receivable into another asset, cash.”
Marc Auboin, Harry Smythe e Robert The (2016) expõem no seu paper uma
interessante demonstração de Soufani (2002), que analisou o factoring no Reino
Unido. O autor verificou que no sector privado do Reino Unido, cerca de 80% das
20
transações diárias recorriam a crédito bancário ou trade credit (onde se incluí o
factoring). Os autores revelam que testes econométricos evidenciam que quanto maior
a dificuldade de cedência de crédito por parte dos bancos, maior o uso de factoring.
Klapper (2006) avança que a proporção média de factoring sobre o PIB é de 1.01%
nos países com produto mediano, enquanto que nos países com produto de elevado
rácio é de 2.56%.
Um contrato de factoring pode assumir variadas características e serviços associados,
dependendo das necessidades do Aderente ou dos requisitos exigidos pelo Fator.
Segundo Almeida (2014), podemos designar as entidades de um contrato de factoring
como:
• Fator - entidade que disponibiliza o contrato, compra o crédito e presta os
restantes serviços;
• Aderente ou Cedente – a entidade que cede o crédito ao Fator;
• Comprador ou Devedor – responsável pela liquidação do crédito (cliente
do Aderente).
Independentemente da especificidade do contrato, que pode incluir serviços
personalizados de apoio ao Aderente (tais como o apoio jurídico, estudos de risco de
crédito, entre outros), é de considerar que os principais componentes de um produto
são: o financiamento; os serviços de gestão de cobrança dos créditos e a cobertura dos
riscos inerentes à cedência de crédito (Silva, 2009).
3.3.2. Principais modalidades de Factoring
A complexidade de cada contrato, muitas das vezes personalizado, explica a
existência de diversas modalidades de Factoring. Mesmo assim, vamos explicar
sucintamente os seguintes conceitos que consideramos mais relevantes no âmbito do
comércio nacional: Factoring com recurso; Factoring sem recurso; Full Factoring;
Confirming ou Reverse Factoring.
“O Factoring pode ser realizado “sem recurso” ou “com recurso” contra o Aderente.”,
refere Klapper (2006), que ainda sublinha “Nos países desenvolvidos aparentemente o
21
factoring é mais usado sob a forma de “não recurso”. A diferença nestas duas
modalidades assenta na capacidade de o fator ficar responsável (“sem recurso”) ou
não (“com recurso”) perante os créditos não pagos pelos Devedores.
Silva (2009) retrata o Full Factoring como “o desenho de produto de Factoring mais
completo. Ou seja, o aderente junta num mesmo produto os três componentes
essenciais do Factoring: serviço de gestão e cobrança dos créditos, cobertura dos
riscos comerciais decorrentes da insolvência e/ou incumprimento por parte dos
devedores e antecipação de fundos com base na carteira de créditos tomados.”
Por Confirming ou Reverse Factoring, entende-se como um instrumento inserido na
Supply Chain Finance. Mais concretamente, o Reverse Factoring é um meio para uma
empresa facultar condições favoráveis de pagamento aos seus fornecedores, ao
“confirmarem” ao fator as suas entregas e pagamentos. Tipicamente, as instituições de
fator apenas aceitam empresas de baixo risco para esta modalidade de Factoring
(Klapper, 2006; Van der Vliet, 2013; OCDE, 2015). Nicolas Hurtrez e Massimo
Gesua’ sive Salvadori (2010) identificaram num relatório da Mckinsey que o Reverse
Factoring é uma forma arbitrária do crédito “by relying on the stronger credit rating
of the buyer, SME suppliers get liquidity at better terms”.
3.3.3. A importância do Factoring Internacional
O Factoring também tem a capacidade de ser um instrumento que possibilita às
empresas exportar e importar, reduzindo riscos para quem cede o crédito em relações
comerciais em países diferentes.
A definição de Klapper (2006) esclarece que o Factoring Internacional é um
instrumento que potencia o aumento do comércio internacional, e que atua de forma a
reduzir dificuldades de cedência de crédito, inerentes ao risco de crédito e ao risco das
taxas de câmbio.
Verificam-se vantagens deste instrumento, quer para o exportador quer para o
importador. O exportador consegue aumentar as suas vendas e ao mesmo tempo obter
proteção contra perdas em diversos mercados. Por outro lado, o importador consegue
comprar com maior facilidade e ter a possibilidade de comprar na sua moeda através
22
de um fator local. Isto acontece, porque no Factoring Internacional é efetuado um
acordo entre o fator nacional e o fator do país de origem do cliente ou do fornecedor
(Silva, 2009; Laura, 2010).
Um dos inconvenientes deste instrumento está relacionado com o custo de estarmos
perante dois fatores envolvidos (o nacional e o externo). Existe igualmente uma
dificuldade no emprego de Factoring por parte de empresas que não possuem um
historial de exportação, derivado dos critérios de aceitação que obrigam a existência
de determinado volume de vendas (Laura, 2010).
O Factoring Internacional tem acompanhado o fenómeno da globalização e pode ser
considerado como um meio facilitador das relações comerciais internacionais. A sua
capacidade para simplificar essas relações, diminuindo assimetrias de informação
entre os buyers e os suppliers, permite a abertura das relações comerciais a novos
mercados com maior segurança. Como vai ser abordado neste estudo, as mais
variadas economias mundiais têm vindo a estar cada vez mais integradas,
acompanhando a evolução tecnológica, e essa é uma tendência ainda com grande
margem de progressão segundo os papers como o de Marc Auboin, Robert Teh e
Harry Smythe (2016), bem como relatórios de empresas e instituições como a OCDE,
McKinsey, Blue Hill Research, Global Business Intelligence.
23
3.3.4. Enquadramento do Factoring Internacional em Portugal e na
Europa
Figura 8: Valores relativos ao Factoring doméstico e internacional nos países europeus em 2015
(fonte: FCI).
Figura 9: Rácio de Factoring Internacional em cada país europeu (fonte: FCI).
24
A Factor Chain International (FCI) é uma rede mundial que tem como associados
empresas ou instituições bancárias que prestam serviços de Factoring em mais de 90
países. Esta instituição coleciona dados dos seus associados e nessa sequência,
divulgamos o “estado” do Factoring em Portugal e na Europa, de forma a enquadrar a
realidade portuguesa com o que consideramos, apesar das diferenças, serem os casos
mais semelhantes possíveis.
As figuras anteriores ajudam a enquadrar a produção portuguesa de Factoring
relativamente ao panorama europeu. Na figura 9, constata-se que existe a primeira
linha do Factoring europeu com países como o Reino Unido, França, Alemanha, Itália
e Espanha. Portugal situa-se na segunda linha que é liderada pela Holanda, Bélgica e
Turquia.
O Factoring internacional em Portugal corresponde, relativamente a valores brutos,
13,09% da totalidade do Factoring produzido nacionalmente. A média europeia deste
rácio nos 27 países com maior volume de Factoring é de 18,63%, o que confirma uma
elevada importância do Factoring nacional em Portugal. A utilização do Factoring
internacional tem elevada expressão em países como a França, Alemanha, Bélgica,
Dinamarca e Áustria.
25
4. Indústria 4.0 e a Economia Digital
4.1. Indústria 4.0 vs Leasing
A primeira, a segunda e a terceira revoluções industriais foram resultado da
introdução da máquina a vapor nas linhas de produção, da integração da eletricidade
na produção e do aparecimento das tecnologias de informação e comunicação
respetivamente. O novo desafio atualmente lançado, passa pela introdução da internet
das coisas (Internet of Things), no sentido de interligar toda a cadeia de valor, abrindo
assim o caminho para uma quarta revolução industrial (Kagermann; Wahlster e
Helbig, 2013).
Figura 10: Evolução da Indústria (fonte da imagem: http://better-operations.com/2015/03/16/industry-
4-0-lean/).
26
De acordo com Kagermann, Lukas e Wahlster (2011 apud. Hermann, Pentek e Otto,
2015) o termo “Indústria 4.0” difundiu-se a partir de 2011 na feira de Hannover na
Alemanha, fomentado por empreendedores, políticos e académicos, que tinham como
objetivo estimular novas ideias para fortalecer a competitividade da indústria alemã.
Ainda que o termo “Indústria 4.0” tenha emergido predominantemente na Alemanha,
rapidamente se difundiu para outros países, embora com termos diferentes. Por
exemplo, nos Estados Unidos, segundo Fitzgerald (2013), o termo surgiu como
“Industrial Internet”, onde a integração de sensores, softwares e robots inteligentes
nas maquinarias permitiam prever, planear e controlar eficientemente a produção.
Segundo Schuh et al. (2014), a Indústria 4.0 consiste na digitalização e conexão de
todas as unidades produtivas, através de alguns componentes-chave como o Cyber-
Physical Systems, os robôs e máquinas inteligentes e o Big Data que, uma vez
conjugados permitem uma melhor qualidade de conexão, eficiência e descentralização
energética, dando origem ao que os autores denominam de industrialização virtual ou
fábrica 4.0.
A emergência da quarta revolução industrial surgiu, numa primeira fase, como uma
resposta germânica à desenfreada competitividade global pela baixa qualidade de
produtos produzidos massivamente, fruto dos baixos custos de produção. Pensou-se
que seria necessário não só baixar os custos de produção, o que é possível utilizando a
tecnologia de forma eficiente, como também acrescentar valor à cadeia de produção e,
por conseguinte, ao produto final. Surge, assim o novo paradigma industrial onde se
torna crucial pensar a industria como convergência entre produção industrial,
desenvolvimento tecnológico, inovação e recursos humanos altamente qualificados.
Segundo Brettel et al. (2014), as empresas industriais alemãs perceberam que os
consumidores não estavam dispostos a pagar preços mais altos por melhorias
incrementais de qualidade nos produtos, e optaram por ajustar a produção focadas em
produtos customizados e em responder de forma dinâmica aos mercados. Fomentar a
produtividade da indústria através da inovação e, dessa forma, competir com a
produção asiática massiva, seriam os principais objetivos estratégicos do governo
alemão.
27
No sentido de se criarem estratégias de produção dinâmicas e de customização, as
empresas industriais, destacam Brettel et al. (2014), transformaram-se em clusters, de
forma a reunirem competências e a promoverem a partilha de informações em tempo
real a toda a rede da cadeia de valor. De acordo com o engenheiro Mira Amaral, as
empresas deixaram “de oferecer produtos exclusivamente industriais para
proporcionarem também serviços associados (por exemplo a manutenção dos
equipamentos)”, alterando assim o paradigma industrial, passando a “produzirem cada
vez mais e de forma integrada”.
Segundo Blanchet et al. (2014), passadas três revoluções industriais que trouxeram
importantes disrupções nos processos industriais e resultaram num aumento
significativo da produtividade, a emergente Indústria 4.0 é o resultado da quarta
revolução industrial. Os autores destacam a ideia de uma indústria assente na
digitalização e na interligação de toda a cadeia produtiva na Indústria 4.0, que tem
como fomentadores quatro componentes-chave: os Cyber-Physical Systems 8 , as
máquinas e robôs inteligentes (que dão origem às smart factories), o aglomerado de
dados armazenados (Big Data) 9 e as tecnologias inteligentes de conectividade
(Internet of Things)10.
8 Os Cyber-Physical Systems (CPS) são sistemas inteligentes que permitem a conexão de operações
reais (mundo físico) com infraestruturas ou plataformas de computação e comunicação automatizada
(mundo digital). Esses sistemas incorporam capacidades cibernéticas ao mundo físico, seja em homens,
em infraestruturas ou plataformas, para transformar interações com este. Avanços no mundo
cibernético em comunicações, redes, sensores, computadores, armazenagem e controlo, assim como no
mundo físico em materiais, hardware, combustíveis renováveis, são rapidamente convertidos para
realizar essa classe de sistemas computacionais altamente colaborativos, que se apoiam em sensores e
atuadores para monitorizar e efetuar mudanças (Poovendran, 2010).
Brettel et al. (2014), destacam que a integração dos Cyber-Physical Systems e o aumento da
incrementação das tecnologias de informação e comunicação permitem que a engenharia digital de
produtos e de produção sejam processadas de forma equitativa.
9 Identificado como a matéria-prima do novo século por Blanchet et al. (2014), o termo “Big Data”
envolve todos os dados que necessitam ser armazenados, processados e analisados. Os autores
destacam ainda a tendência de um enorme crescimento dessa quantidade de dados, os meios à
disposição para o tratamento desses dados têm alterado como consequência da utilização da cloud e
outros métodos tecnologicamente evoluídos, dependendo todos eles de uma melhor qualidade de
conexão.
28
Por sua vez, Schuh et al. (2015) destacam quatro dinamizadores da Indústria 4.0,
responsáveis pelo aumento da produtividade: a globalização da tecnologia de
informação e comunicação, a existência de uma fonte de dados partilhados em tempo
real e em rede (na cloud), a automatização e a cooperação em toda a cadeia de valor.
A globalização da tecnologia de informação, que envolve essencialmente a
capacidade de armazenar e processar dados, numa cloud acedível a todos, é fruto do
forte desenvolvimento tecnológico, do constante aumento da velocidade dos
computadores e do aumento da capacidade de processamento destes. Esses aumentos
são também eles agentes dinamizadores que promovem as mudanças disruptivas nos
modelos de produção e de negócio das empresas.
Associada à globalização da tecnologia de informação, a existência de uma “única
fonte de dados” (cloud) é crucial para uma empresa incorporar, armazenar e gerar
todas as informações do ciclo de vida do produto ao longo da cadeia de valor. As
informações armazenadas nessa “única fonte de dados” devem ser mantidas para uma
melhor gestão do ciclo de vida do produto, a fim de se tornarem evidentes todas as
alterações no produto e na produção.
O terceiro dinamizador da Indústria 4.0, a automação, está diretamente associada às
tecnologias facilitadoras apresentadas seguidamente. As tecnologias inovadoras de
automação, como os Cyber-Physical Systems, tornam possível a produção ininterrupta
de produtos, aumentando, assim, a produtividade e eficiência.
A cooperação, identificada pelos autores, como o quarto dinamizador da Indústria 4.0,
envolve a conexão de todos os países, de todos os tipos de tecnologia e de todas as
10
A Internet das Coisas (Internet-of-Things-loT) está relacionada: com a rede global que interliga
objetos através de tecnologias de internet, com o conjunto de tecnologia necessária para criar essa
interface (incluindo, por exemplo, RFIDs, sensores e conectores, máquinas inteligentes, gadgets de
comunicação, etc.) e com conjunto de aplicações e serviços que permitem que essas tecnologias
estimulem a emergência de novos negócios e oportunidades de mercado (Miorandi et al., 2012). É a
rede de objetos físicos, sistemas, plataformas e aplicativos com tecnologia incrementada para
comunicar, sentir ou interagir com ambientes internos e externos à empresa. A IoT está na base da
Indústria 4.0.
29
atividades. Esta pode ser explorada pela comunicação e partilha de conhecimento e
know-how, que, ao mesmo tempo, estimula a troca de experiência dos recursos
humanos e contribui para o desenvolvimento de tecnologias inteligentes.
Além dos componentes já apresentados, que se apresentam como elementos
estruturais do processo produtivo no contexto da Indústria 4.0, outro elemento
característico desta nova fase é a industrialização virtual. Ela permite a criação de
protótipos e produtos virtuais que possibilitam previamente testar e aperfeiçoar o
produto antes mesmo de ele ser lançado no mercado, reduzindo assim recursos
anteriormente gastos com adaptações e testes anteriores ao lançamento de novos
produtos ou novos incrementos a produtos já existentes. Um bom exemplo é a
impressão 3D que possibilita a produção de protótipos muito mais rapidamente,
agilizando o desenho e prototipagem, reduzindo dessa forma o “time-to-market”.
A indústria 4.0 pode, por um lado ser uma ameaça como, por outro lado uma
oportunidade para as indústrias. As empresas das indústrias tradicionais certamente
que se depararão com novos processos e novos modelos de negócio industriais, que
vêm alterar o paradigma de produtividade e concorrência neste meio. Segundo
Blanchet et al. (2014), o desenvolvimento da Indústria 4.0 ocorrerá sob diferentes
níveis em diferentes indústrias, mas as alterações apresentadas nos parágrafos
seguintes, serão semelhantes.
No que concerne aos produtos, a Indústria 4.0 traz mais flexibilidade e dinamismo ao
processo de produção, o que resulta, portanto, em produtos customizados à medida do
cliente, com custos relativamente mais baixos.
Na Indústria 4.0, as empresas devem operar de forma dispersa, retirando as barreiras
entre informações e estruturas físicas, o que caracteriza o fenómeno chamado por
Blanchet et al. (2014) de “democracia industrial”. Esta nova abordagem favorece o
desenvolvimento e entrada no mercado de pequenas empresas e de empresas
especializadas. Essa disseminação dos negócios implica também em uma
reestruturação dos métodos e papéis dos recursos, cujas funções estão cada vez mais
interligadas. Visando isto, o pensamento multidisciplinar é fundamental, tanto na área
técnica quanto na área social, inserindo nas empresas um processo continuo de
aprendizagem, colaboração e competências transversais.
30
O culminar deste conjunto de tecnologia que torna possível a Indústria 4.0, a qual
explora todo o potencial da IoT a fim de manter a ligação entre o mundo físico e o
mundo digital, materializa-se nas fábricas inteligentes (Smart Factories).
Figura 11: Fábrica inteligente (fonte da imagem: https://3dprintingindustry.com/news/factory-future-
elysiums-industry-4-0-solution-101815/).
Nas fábricas inteligentes, a tecnologia e a digitalização são incrementadas nos
sistemas produtivos permitindo, por um lado, ganhos significativos de eficiência
(acima dos 10%) e de recursos e, por outro lado, a redução significativa dos custos de
produção (acima dos 20%). Os homens, as máquinas e as fábricas trabalham juntos,
conectados por interfaces inteligentes que permitem, por exemplo, o controlo de toda
a linha de produção a partir de qualquer ponto do planeta, o que possibilita dar uma
rápida resposta num eventual problema que surja.
O desenvolvimento da indústria 4.0 em Portugal envolve desafios que vão desde os
investimentos que incorporem toda a tecnologia necessária, à adaptação de layouts,
adaptação de processos, criação de novas especialidades, desenvolvimento de
competências e formação dos recursos humanos, até a forma de relacionamento entre
as empresas ao longo de toda a cadeia de valor, entre outros.
31
Para a realidade das pequenas e médias empresas do nosso país, o custo de
implementação é a principal barreira para estas se dotarem de tecnologias digitais
necessárias à industria 4.0. Segundo os resultados de um inquérito realizado pela
PWC no seu estudo “Indústria 4.0 – Construir a empresa digital”, sugerem que as
empresas industriais deverão investir cerca de 907 mil milhões de dólares por ano, até
2020. A maior concentração deste investimento centra-se nas tecnologias digitais, tais
como sensores e dispositivos de conectividade, gadgets e equipamentos tecnológicos,
softwares, licenças e aplicações (por exemplo, Manufacturing Execution Systems –
MES), robôs inteligentes e sistemas tecnológicos avançados, tais como o Cyber-
Phisical-Systems, entre outros.
Relativamente aos dados disponíveis, quer da Leaseurope no seu estudo “The Use of
Leasing Amongst European SMEs”, quer do professor Ricardo Ferreira Reis no seu
estudo “O Recurso ao Leasing pelas PMEs Portuguesas”, indicam que os bens
locados pelas PMEs no sector da industria são maioritariamente máquinas e
equipamentos industriais. No caso português, o professor, no seu estudo, estimou um
investimento total na ordem dos 5 milhões de euros em maquinaria (dados de 2011).
Recentemente, durante o ano de 2016 o leasing, como referido no primeiro capitulo,
foi responsável por investimentos na ordem dos 591,322 milhões de euros em
equipamentos. Parte desse montante foi canalizado para o sector da indústria, no
sentido de financiar a aquisição de equipamentos industriais e maquinarias. Contudo,
a Indústria 4.0 caracteriza-se pelo digital, incluindo muita robótica e muito software,
além da tradicional maquinaria e equipamentos associados à indústria. E é neste
contexto da Indústria 4.0 que se levantam os problemas do leasing, que como tem
vindo a ser referido sempre apoiou os investimentos industriais (quer ao nível da
aquisição de equipamentos, quer ao nível de instalações), porém não é comum este
instrumento financeiro apoiar a aquisição de software, devido a eventuais direitos de
autor, patentes ou licenças associadas. Por outras palavras, existe a possibilidade desta
nova revolução industrial trazer riscos acrescidos para o sector do leasing,
nomeadamente ao financiamento do software que, em caso de incumprimento do
locatário, coloca a locadora em situação de não o poder vender ou adaptá-lo a outros
locatários.
32
A questão que se coloca é: poderá o leasing ficar afastado do apoio à Indústria 4.0?
Numa visão mais empírica, faria sentido afastar o leasing enquanto fonte de
financiamento de novos projetos no âmbito da indústria inteligente. Uma grande
desvantagem deste instrumento financeiro, em caso de incumprimento, prendesse pelo
facto de não existir qualquer colateral associado. E assumindo que cada software é
adaptado a cada empresa, este ficará totalmente afastado da locação financeira. No
entanto, todo o restante equipamento envolvente, mesmo que possua licenças
associadas, pode perfeitamente ser adquirido pelas locadoras e ser cedido em locação
financeira, ficando a aquisição das licenças na responsabilidade do locatário. Em fase
de conclusão, o leasing não ficará, de todo, afastado da nova realidade industrial,
haverá apenas uma partilha do risco entre locador e locatário.
4.2. Renting e a Economia Digital
O que define indústria 4.0 é a conjugação de tecnologias disruptivas que sucedem ao
mesmo tempo, permitindo mudar totalmente muitas indústrias.
“Segundo um inquérito da PwC em 26 países em que se inclui
Portugal, os níveis de digitalização que estão hoje em média nos 33
a 35% vão crescer para 70 a 80% nos próximos três a quatro anos
tanto na produção, no mercado, como no controlo de gestão e
planeamento. Consideram ainda que as receitas das empresas vão
aumentar 3 a 4% devido à crescente digitalização, da maior
proximidade ao cliente, de mais e melhor informação estatística e
de dados para trabalhar melhor o mercado. Prevê-se que o
investimento na digitalização na Europa ronde os 140 mil milhões
nos próximos anos.11” In Jornal de Negócios, 12 de dezembro de 2016
As tendências globais – onde se incluem economia de partilha, urbanização e
consciência ambiental – estão a encorajar as pessoas a explorar alternativas à posse de
11 http://www.pwc.pt/pt/sala-imprensa/press-room/2016/reconfiguracao-industria.html, consultado em
31-03-2017.
33
veículos. As tendências estão a reconfigurar a mobilidade pessoal, observando-a para
além dos meios de transporte tradicionais (LeasePlan, 201712).
Deste modo, considera-se que a gestão de frotas tem sido justamente impactada pelo
ritmo acelerado da difusão tecnológica e da rutura nos modelos de negócio atuais.
Segundo o Eng. Luís Amaral, a “transformação digital permite por exemplo,
incorporar sensores nos veículos, possibilitando um modelo de negócio que consiste
em alugar por algum tempo automóveis ou outros veículos como motos (car
sharing).”
Segundo a Sofit13, podemos enumerar alguns recursos que proporcionam às empresas
facilidade nas suas tomadas de decisões:
• “A cloud computing permite o compartilhamento de informações, de
sistemas e de infraestrutura de TI, sem que a empresa precise de manter
uma estrutura de hardware local sofisticada.
• A hiperconectividade, não é à toa que recebe o prefixo “hiper”. Hoje, não
existe apenas uma conexão entre pessoas e sistemas; existe uma plena
ligação entre todos os recursos, e isso potencializa a gestão de negócios
que dependem de informações atualizadas a todo momento.
• A mobilidade é caracterizada pelo acesso a aplicações e a dados a partir
de qualquer dispositivo — computadores de mesa, smartphones e tablets
—, em qualquer hora e lugar.
• A Internet das Coisas é a materialização de tudo o que as inovações que
acabamos de citar: ela conecta todas as pessoas a todas as coisas — ou
seja, dados a pessoas; pessoas a dispositivos; sistemas a sistemas. De um
lado tem-se o usuário, que atua simultaneamente como fornecedor e
consumidor de informações. Do outro, têm-se equipamentos e
dispositivos que tratam esses dados e os apresentam de forma intuitiva
para o uso por quem se interessar” (Sofit, 2016).
12 https://www.leaseplan.pt/page/o-futuro-da-mobilidade, consultado 03-04-2017. 13 Empresa brasileira de software de gestão de frotas.
34
Na dissertação “O renting e o problema da sustentabilidade das empresas”, a autora
cita Hoogma (2012) que destaca que os benefícios que as tecnologias nos transportes
têm trazido, superam os custos das mesmas. Ou seja, existe um cenário em que a
aposta em I&D é essencial na resolução dos problemas dos transportes, sendo que é
possível averiguar algumas soluções específicas na área da gestão de frotas
automóveis (Figura 12).
Figura 12: Inovações na área da gestão de frotas automóveis (adaptado Sofit, 2016)
A gestão automatizada das frotas é uma nova realidade, e exemplo disso é o M2M14.
No entanto, é preciso entender as necessidades de cada empresa. Haverá uma grande
mudança de mentalidade e quebra de paradigmas, mas os benefícios forçarão essa
ideia a ganhar espaço (Sofit, 2016).
Redução de
Custos
Informações integradas e atualizadas são a peça-chave da economia trazida pela
gestão tecnológica de frotas. Isso acontece porque é possível ter bases de dados que
podem ser atualizadas em tempo real para direcionar decisões, como a compra de
14 https://www.ptempresas.pt/pme/solucoes/m2m-iot, consultado em 11-04-2017. Machine To Machine
refere-se a tecnologias que permitem obter informações e atuar sobre equipamentos sem necessidade
de intervenção humana.
•É uma tecnologia que permite monitorar o comportamento do motorista e obteroutras informações de interesse do operador coletada durante os trajetos. Atelemetria permite controlar multas, identificar situações que apresentem riscosde acidentes e enviar alertas de trânsito de modo a recalcular novas rotas, entreoutros inúmeros benefícios.
Telemetria
•As câmeras são instaladas nos veículos de modo monitorar toda aoperação e a fortalecer a segurança. Além do mais, este poderá serprogramado para automatizar novas rotas sempre que for coletadaalguma informação visual que indique riscos através de um softwarede roteirização.
Videomonitoramento
•É uma solução de segurança que apresenta uma função adicional: permite ocontrolo da Jornada de Trabalho e Tempo de Direcção de cada motorista. Nocaso do motorista de frotas, garante a obediência às leis que protegem otrabalhador, tal como a Lei do Descanso, através de relatórios via programas derastreamento.
Rastreamento
•É um software de gestão integrada que tem como principal responsabilidademedir o desempenho da organização. Funciona como uma central de dados,gerando gráficos com qualidade em informações de modo a que os gestoresconsigam diagnosticar situações e planear ações futuras. Ele controla oconsumo de combustível, o controlo de manutenções, custos de operação,equipas, contratos, controlo financeiro, fraudes ou uso indevido de veículos,etc.
Management Cockpit
35
novos veículos, fornecedores de suprimentos para manutenção ou peças para
reposição. Além disso, pode-se buscar informações sobre preços do litro do
combustível, permitindo planear o abastecimento dentro das rotas que serão
realizadas pelos veículos, aproveitando sempre os custos mais baixos.
Disponibilidade
de Frota
Tudo o que otimiza o planeamento é bem-vindo quando o assunto é gestão. Na
gestão de frotas, é fundamental ter o recurso principal disponível sempre que o
negócio exigir. Nesse sentido, é muito útil ter um sistema que organize as
informações, como previsão de revisões, disponibilidade de funcionários para a
realização de manutenção ou para assumir a direção em rotas agendadas, controlo
de stock de peças sobresselentes, alertas sobre a necessidade de troca de peças
próximas do fim do seu ciclo de vida útil. Tudo isso garantirá a disponibilidade dos
veículos e profissionais, e facilitará a alocação desses recursos na grade de trajetos a
serem executados.
Gestão de
Oficina
Com manutenções planeadas e a integração com o stock de peças, é possível tornar
a oficina muito mais eficiente, pontual e proativa. Ela passa a ter condições de
organizar a sua fila de atendimento de veículos, de acordo com a necessidade (datas
de vencimento da última revisão ou quebra imprevista de alguma peça). Pode contar
ainda com a disponibilidade dos itens de reposição necessários, já que sistemas de
gestão possuem funcionalidades para alertar quando se chega a um limite mínimo
de suprimentos.
Padronização
de processos
Empresas que fazem a gestão dos seus processos ganham em padronização. Com
isso, outros benefícios são agregados, como a identificação de gargalos, de
desperdícios e de pontos de melhoria. Com essas informações em mãos, os gestores
podem melhorar os fluxos de trabalho, trazer mais agilidade às etapas, automatizar
tarefas e reduzir o tempo de resposta ao cliente interno e externo.
Assertividade
na tomada de
decisão
Sistemas que permitem a monotorização de tudo o que se passa na empresa são um
grande diferencial, porque permitem estabelecer indicadores para medir o
desempenho. Com isso, é possível decidir sobre a necessidade de ajuste de rumos,
redirecionar estratégias e responder rapidamente a mudanças que o negócio venha a
enfrentar.
Figura 13: Benefícios da Tecnologia na Gestão de Frotas (Sofit, 2016)
Quanto à inserção das tecnologias no sector dos transportes, e tal como em todos os
sectores, o facto de serem muito dispendiosas e necessitarem de tecnologias
complementares, dificulta a sua introdução uma vez que os consumidores sentem o
seu elevado custo relativamente aos outros automóveis (Andreia Oliveira, 2013).
Outra condição que o futuro dos transportes incita, urge do facto de vivermos na era
da economia colaborativa e sustentável. Exemplo disso são os aplicativos
36
desenvolvidos como o Uber e o eCooltra. São ambas plataformas móveis que se
encarregam de conectar quem precisa de transporte.
No caso das frotas, as empresas de renting automóvel estão a direcionar o seu modelo
de negócio de modo a acompanhar as últimas tendências.
“Estamos a alargar a oferta da LeasePlan do renting de serviço
completo para uma variedade de soluções flexíveis e inovadoras. A
nossa empresa será uma “one-stop shop” para a mobilidade
empresarial disponibizando um conjunto de ofertas flexíveis e
customizáveis que incluem aluguer de curta duração, renting
tradicional, partilha de carro e gestão do parque automóvel.15”
Segundo a Sofit (2016), é possível ter plataformas colaborativas com foco
empresarial, nas quais veículos e condutores são registados para empresas que
procuram serviços mais personalizados como transporte de cargas ou de pessoas.
4.3 Factoring Internacional, Reverse Factoring e a emergência
da economia digital
Como foi explicado anteriormente, a globalização e o progresso tecnológico têm sido
fatores que potenciam um forte crescimento do comércio mundial. O factoring
internacional é um instrumento que atua como um meio facilitador para o comércio
internacional através dos benefícios para fornecedores e clientes aquando da
existência de assimetria de informação e do consequente risco elevado. O factoring
também pode ser visto como uma forma integrada na supply chain finance,
principalmente no caso da modalidade do reverse factoring. Estes instrumentos têm
custos de informação, necessitando de haver contratos entre duas factor, uma de cada
país, de forma a haver partilha de informação e do risco. A evolução tecnológica,
principalmente pela emergência da economia digital e da digitalização dos processos,
permite o aumento da eficiência, e os consequentes diminuição dos custos e expansão
do mercado.
15 https://www.leaseplan.pt/page/o-futuro-da-mobilidade, consultado em 02-04-2017
37
Num suplemento da Supply Chain Management Review lançado a 1 de março de
2017, podemos encontrar uma interessante entrevista a Jose Aguayo, product
manager for cash flow and payment solutions na UPS Capital, afirmando que
“Technology is allowing businesses to benefit from solutions that improve efficiencies
along the supply chain”. Ao mencionar as Fintech e o surgimento de plataformas de
pagamento que permitem transações à escala global por via da tecnologia das Cloud,
Aguayo menciona que “Companies are shifting away from the traditional, legacy
solutions such as letters of credit, to much more effective, less expensive payment
methods that enable cost reduction, improve payment velocity and improve supply
chain management in general.”
Estas evoluções têm sido muitas das vezes relacionadas com o aparecimento das
fintech, que através de plataformas com forte capacidade operacional, dispõem de
capacidade de avaliação de crédito instantâneo e de financiamento imediato e flexível.
Com estas aplicações, toda a complexidade processual é minimizada e torna os
processos bastante céleres. No entanto, as instituições tradicionais como bancos e
outras instituições financeiras têm muito a ganhar com a incorporação de sistemas de
automatização de processos e de digitalização dos mesmos. Ganaka Herath (2015)
constata, num inquérito da McKinsey, que 80% dos suppliers avaliam aspectos como
a quantidade de documentação, as ferramentas financeiras e a possibilidade de treino
como fatores chave para recorrerem à Supply Chain Finance. O melhoramento destes
sistemas nos bancos e nas instituições financeiras garantem assim um maior
ajustamento com as necessidades dos suppliers.
De seguida, será interessante expor um excerto de Aguayo sobre esta evolução na
área financeira, “These trends are allowing businesses to gain access to capital much
quicker and earlier in their supply chain”. Esta simplificação e agilização dos
processos traz um grande benefício para a vertente comercial das empresas, que
poderá assim focar-se nas suas práticas comerciais.
Ganaka Herath num relatório da McKinsey, afirma que, relativamente à supply chain
finance, as empresas bem-sucedidas vão ser os bancos ou fintechs que desenvolverão
uma forte aptidão operacional, bem como parcerias para alavancar em termos
geográficos, tecnológicos e de financiamento, e que continuem a inovar através de um
profundo conhecimento das necessidades dos buyers e suppliers.
38
5. Análise dos resultados
5.1. Metodologia utilizada
O objetivo deste trabalho passou por analisar a utilização do leasing, do factoring e do
renting enquanto fontes de financiamento, na ótica do financiador, perante o novo
cenário de industrialização “Indústria 4.0” e da digitalização. Por conseguinte,
procedeu-se à triagem do universo deste estudo tendo em atenção dois importantes
critérios de inclusão: i) instituições bancárias e instituições financeiras de crédito
especializado; ii) instituições associadas à ALF.
O segundo critério de inclusão teve um papel determinante para a obtenção dos dados
pretendidos. O recurso à mediação da ALF permitiu que os inquéritos chegassem de
forma mais eficiente e credível junto das instituições pretendidas para representarem a
amostra. É importante referir que esta associação representa 21 das 39 instituições
financeiras que disponibilizam leasing e/ou factoring em Portugal, e representa 8
instituições que disponibilizam renting.
No que concerne à recolha de dados, esta foi feita a partir de três inquéritos do tipo
misto, que conjugam questões abertas e questões fechadas e com respostas de escolha
múltipla, conforme anexos III, IV e V. A sua aplicação concretizou-se,
disponibilizando-se os inquéritos supracitados convenientemente adaptados aos
nossos estudos via web Survey, cujos respetivos links a ALF remeteu para as suas
associadas. Os questionários estiveram disponíveis no período compreendido entre 1 e
12 de abril de 2017.
Tendo por base as respostas obtidas, procedeu-se à análise quantitativa dos dados.
5.2. Leasing vs Indústria 4.0
Do universo em estudo constituído por 21 instituições financeiras, obtiveram-se 8
respostas, representando assim 38,1% das mais representativas instituições de crédito
especializado.
39
75.00%85.70% 85.70%
12.50%
Equipamento
mecânico de
manuseamento
Equipamento de
produção
Maquinarias ou
equipamento
industrial
Não financiou
nenhum
Gráfico 2 - Indique, por favor, se financiou via
leasing algum dos seguintes ativos em 2016:
Maquinaria e equipamento industrial.
De modo a aferir a relevância das PMEs enquanto segmento de clientes das
instituições em estudo, e tal como seria de se esperar, já que estas representam 99,9%
do tecido empresarial português, com cerca de 53,4% do total de volume de negócios
em Portugal (INE, 2013), 75% (6 das 8 inquiridas) das inquiridas considera as PMEs
como o mais importante segmento de clientes. Os restantes 25% (2 das 8 inquiridas)
consideram que todos os segmentos de clientes são importantes.
Figura 14: Questão 1 – Qual considera ser o mais importante segmento de clientes?
No que concerne ao tipo de bens financiados, e tendo em consideração o sector da
indústria, perguntou-se às locadoras se estas financiaram os seus clientes nos seus
investimentos em maquinarias e equipamentos industriais, equipamentos
informáticos, de comunicação ou outros equipamentos tecnológicos.
Figura 15: Questão 2 – Indique, por
favor, se financiou via leasing algum
dos seguintes ativos em 2016:
Maquinaria e equipamento industrial.
Como se pode observar no
gráfico 2 da figura 15,
praticamente todas as locadoras
financiaram os locatários seus
clientes nos seus investimentos em equipamentos mecânicos de manuseamento (e.g.
0.00%
75.00%
0.00%25.00%
Startups PMEs Grandes
empresas
Todas
Gráfico 1 - Qual considera ser o mais importante
segmento de clientes?
40
75.00%
0.00%
0.00%
37.50%
25.00%
Equipamento
informático/comunicação
Software informático
ERPs
Robôs/produtos autómatos
Não financiou
Gráfico 3 - Indique, por favor, se financiou
via leasing algum dos seguintes ativos em
2016: Equipamento informático ou de
comunicação ou outro equipamento
tecnológico.
máquinas empilhadoras), em equipamentos de produção e em maquinarias ou
equipamentos industriais. Apenas se registou uma locadora (12,50%) que não
apresentava qualquer financiamento em investimentos deste tipo de equipamentos.
Figura 16: Questão 3 – Indique, por favor,
se financiou via leasing algum dos seguintes
ativos em 2016: Equipamento informático ou
de comunicação ou outro equipamento
tecnológico.
De forma semelhante, uma grande
parte das locadoras financiaram os
seus clientes nos seus investimentos
em equipamentos informáticos e de
comunicação. Conforme se pode observar no gráfico 3, 75% das inquiridas afirmou
ter cedido, em locação financeira, equipamentos informáticos e de comunicação.
Tal comportamento poderá indicar que as locadoras, ao depararem-se com este novo
conceito de industrialização inteligente e com a entrada das tecnologias de informação
no chão de fábrica, optaram também por apoiar os seus clientes na implementação das
iniciativas da Indústria 4.0, nomeadamente em tecnologias digitais (e.g. sensores de
alta precisão, dispositivos de conectividade, gadgets, entre outros), robôs e autómatos
inteligentes.
Um fator que importa considerar no acesso dos locatários ao Leasing, é a perceção,
por parte das locadoras de que, em caso de incumprimento, existem equipamentos que
acarretam riscos elevados. Tal perceção de risco acrescido, está associada ao facto de
as instituições financeiras afastarem os softwares e plataformas informáticas da
locação financeira.
Outro dado importante é a propensão, por parte das instituições financeiras, em
investirem montantes mais elevados na locação de maquinarias e equipamentos
industriais, do que nos equipamentos informáticos ou outros equipamentos
tecnológicos. Metade das inquiridas (50%) indica que o valor aproximado na locação
de ativo(s) como maquinaria(s) e equipamento(s) industrial(ais) se situa em média
entre 50.000 euros e 100.000 euros.
41
25.00%
37.50% 37.50%
0.00% 0.00%
0 - € 5000 € 5000 - €
20.000
€ 20.000 - €
50.000
€ 50.000 - €
100.000
Mais de €
100.000
Gráfico 5 - Indique, por favor, o valor aproximado
do(s) ativo(s) na categoria de "Equipamento
informático ou de comunicação ou outro equipamento tecnológico."
Apenas uma das instituições financeiras inquiridas (12,50%), indica que o valor
aproximado na locação de ativo(s) como maquinaria(s) e equipamento(s)
industrial(ais) se situa até aos 5.000 euros. Tal como outra das instituições financeiras
inquiridas (12,50%), indica que o valor aproximado na locação de ativo(s) como
maquinaria(s) e equipamento(s) industrial(ais) se situa acima dos 100.000 euros.
Figura 17: Questão 4 – Indique, por favor, o valor aproximado do(s) ativo(s) na categoria de
“Maquinaria e equipamento industrial.”
Figura 18: Questão 5 – Indique, por favor,
o valor aproximado do(s) ativo(s) na
categoria de “Equipamento informático ou
de comunicação ou outro equipamento
tecnológico.”
No que respeita a equipamento
informático ou de comunicação, ou
outro equipamento tecnológico os
montantes investidos, por parte das
locadoras, são muito mais reduzidos. Cerca de 37,50% das inquiridas indica que o
valor aproximado na locação de ativo(s) como equipamento(s) informático(s) ou
outro(s) equipamento(s) tecnológico(s), como robôs, se situa em média entre 5.000
euros e 20.000 euros. De forma semelhante, 37,50% das inquiridas indica que o valor
aproximado na locação deste tipo de ativos tecnológicos se situa em média entre
20.000 euros e 50.000 euros.
12.50% 0.00%
25.00%
50.00%
12.50%
0 - € 5000 € 5000 - € 20.000 € 20.000 - € 50.000 € 50.000 - €
100.000
Mais de € 100.000
Gráfico 4 - Indique, por favor, o valor aproximado do(s) ativo(s) na categoria de
"Maquinaria e equipamento industrial."
42
Apenas duas das instituições financeiras inquiridas (25%), indica que o valor
aproximado na locação de ativo(s) como equipamento(s) informático(s) ou outro(s)
equipamento(s) tecnológico(s) não vai além dos 5.000 euros.
Atendendo à questão de partida deste trabalho, no caso do leasing, considerou-se
pertinente questionar as instituições financeiras, atendendo à nova revolução
industrial “Indústria 4.0” caracterizada pela economia digital, se estas depreenderiam
que o acesso ao leasing seria mais dificultado.
Figura 19: Questão 6 – Na sua opinião, atendendo à nova revolução industrial “Indústria 4.0”
caracterizada ela economia digital, e como tal, tendo por base muito software, acha que o acesso ao
leasing será dificultado?
Perante esta questão, metade das inquiridas considera que o acesso ao leasing vai ser
mais dificultado. Será necessária uma seleção criteriosa dos clientes tendo em conta o
risco incorrido e haverá uma forte contenção ao financiamento de softwares e
plataformas tecnológicas ERPs.
Para as instituições financeiras de maiores dimensões, que corresponde a 25% das
inquiridas, a Indústria 4.0 não trará qualquer influência no acesso ao leasing.
O gráfico seguinte ilustra a percentagem de locadoras que, em certa medida,
concordam que incorrerão num risco acrescido no caso de apoiarem as empresas suas
25.00%
50.00%
25.00%
0.00%
Sim, será muito
dificultado
Sim, será um pouco
dificultado
Não, não terá
qualquer influência
Não sabe/não
responde
Gráfico 6 - Na sua opinião, atendendo à nova revolução
industrial "Indústria 4.0" caracterizada pela economia
digital, e como tal, tendo por base muito software, acha
que o acesso ao leasing será dificultado?
43
clientes na aquisição de tecnologias e softwares (sendo estes específicos a cada
empresa, ou de certa forma estando patenteados e com direitos de autor).
Das instituições inquiridas, mais de metade ou concorda plenamente, ou de algum
modo concorda que, em caso de incumprimento, os riscos são elevados ao apoiarem
as empresas na aquisição de softwares e tecnologia utilizados nas etapas de
desenvolvimento e produção da Indústria 4.0.
No entanto, há equipamentos e tecnologias personalizadas que poderão ser locadas,
desde que ponderadas garantias de modo a acautelar o risco acrescido, ou, de certa
forma, adaptar o plano financeiro ao acréscimo de risco (e.g. reforço das entradas
inicias, redução do valor residual do equipamento, ou outras).
Figura 20: Questão 7 – Será um risco acrescido para as locadoras apoiarem as empresas na aquisição
de tecnologias/softwares (sendo estas(es) específicos a cada empresa, ou de certa forma estando
patenteados e com direitos de autor).
Finalmente, é interessante neste estudo, ao contrário do que era previsto, verificar que
62,50% das instituições financeiras inquiridas destacar que haverá forma de contornar
os riscos associados ao leasing, enquanto instrumento de crédito especializado no
financiamento das empresas no contexto Indústria 4.0. A Indústria 4.0 inclui o
equipamento e o software associado. Com estas respostas pode-se depreender que
apenas o software e as plataformas ERPs ficaram um pouco afastadas da locação
25.00%
12.50%
37.50%
12.50% 12.50%
Concordo
plenamente
Concordo De algum modo
concordo
Não concordo Não sabe/não
responde
Gráfico 7 - Será um risco acrescido para as locadoras
apoiarem as empresas na aquisição de
tecnologias/softwares (sendo estas(es) específicos a cada
empresa, ou de certa forma estando patenteados e com
direitos de autor).
44
0%
0%
100%
0%
0 2 4 6 8
Startups
PMEs
Grandes empresas
Outro
Fonte: Elaboração própria
financeira, uma vez que dificilmente serão transmissíveis a terceiros (licenças de
utilização não são transmissíveis a terceiros).
Figura 21: Questão 8 – Se concordou com a afirmação anterior, e correndo o risco de incumprimento
do locatário, poderá o leasing ficar afastado do apoio à “indústria 4.0”?
5.2 Renting Automóvel
Figura 22: Segmento mais
importante para as empresas
de renting automóvel.
Referente ao renting
automóvel, das 8
associadas à ALF,
apenas 3 responderam ao questionário elaborado, representando cerca de 38% das
empresas deste setor.
Para estas associadas, verifica-se que o segmento de clientes mais importante é as
grandes empresas, o que vai de encontro com a questão abaixo analisada, onde
verificamos que o valor aproximado dos ativos na categoria de veículos a motor dos
locatários de Renting é mais de 100.000€.
12.50%
25.00%
62.50%
Sim, ficará afastado Sim, em certa medida será
melhorequacionado
Não. Haverá forma de
contornar osobstáculos
Gráfico 8 - Se concordou com a afirmação anterior, e
correndo o risco de incumprimento do locatário, poderá o
leasing ficar afastado do apoio à “indústria 4.0”?
45
Figura 23: Valor aproximado dos ativos na categoria veículos a motor.
Apesar das vantagens da fiscalidade verde propostas pelo governo nos últimos anos, a
percentagem das empresas a aderir às viaturas elétricas nos últimos dois anos é
reduzida, estando compreendida entre os 0 e os 15 por cento.
Figura 24: Percentagem das empresas a aderir às viaturas eléctricas nos últimos dois anos.
100%
Fonte: Elaboração própria
1. 0 - € 5000
2. € 5000 – € 20.000
3. € 20.000 - € 50.000
4. € 50.000 - € 100.000
5. Mais de € 100.000
100%
Fonte: Elaboração própria
0% - 15%
15% - 30%
30% - 45%
45% - 60%
60% - 75%
75% - 100%
46
Figura 25: Opinião sobre o nível de eficiência de gestão de frotas com a digitalização das mesmas.
Com base no inquérito realizado as associadas, verificamos que estas concordam que
o renting poderá investir na digitalização das frotas, uma vez que com o rápido
progresso das tecnologias/softwares, 33% afirmam como muito importante e 67%
acham importante o nível de eficiência de gestão de frotas com a digitalização das
mesmas.
No inquérito realizado, obtivemos ainda respostas às perguntas abertas elaboradas,
onde verificámos que, na sua maioria, as associadas entendem que a forma que as
locadoras poderão encontrar para acompanhar as últimas tendências de mobilidade
será por via da partilha de viaturas. Por outro lado, a principal preocupação sobre os
principais desafios da digitalização das frotas irá incidir sobre as políticas de proteção
de dados a adotar, uma vez que com a crescente utilização da partilha das viaturas,
esta deverá ser uma questão a ser ainda desenhada. Quanto à perspectiva da
digitalização das frotas para os veículos pesados verificamos algum desconhecimento
sobre esta matéria, representando uma possibilidade ainda remota e por explorar.
Figura 26: De que modo podem as locadoras acompanhar as últimas tendências de mobilidade.
33%
67%
0%
Fonte: Elaboração própria
Muito importante.
Importante.
Pouco importante.
47
Figura 27: Desafios do paradigma da digitalização das frotas de automóveis ligeiros.
Figura 28: Desafios do paradigma da digitalização das frotas de automóveis pesados.
5.3 Factoring
Relativamente ao Factoring, foi elaborado um questionário com o objetivo de
identificar a perspetiva das empresas relativamente ao aparecimento de novas
tecnologias na área financeira, bem como interação das mesmas com o fenómeno da
globalização. A amostra é relativamente significativa, 5 das 13 empresas do sector
responderam a este questionário.
Através das questões 1 e 2, podemos constatar que as PMEs são o cliente mais
habitual e o serviço mais representativo é o factoring nacional, tendo em conta as
sociedades de factoring da amostra.
Figura 29: Questão 1 – Qual o principal tipo
de clientes no factoring da sua empresa?
Figura 30: Questão 2 – Qual destes serviços
tem maior representatividade na sua empresa?
48
Nas questões 3, 4.A e 4.B, foi pretendido que as sociedades inquiridas pudessem,
entre as principais e distintas modalidades de factoring, reportar aquelas que
atualmente são mais importantes para a sua performance na atualidade e que podem
ser no futuro. As empresas da amostra tinham a possibilidade de escolher entre as
seguintes modalidades: Factoring com Recurso; Factoring sem Recurso; Bulk
Factoring; Full Factoring; Partial Factoring; Spilt Factoring; Split Risk Factoring e
Confirming (ou Reverse) Factoring. Devido à variedade e à possível
complementaridade das modalidades, na questão 3 foram solicitadas 2 respostas, no
máximo.
Os resultados mostram que atualmente, o Factoring com Recurso e o Confirming
Factoring são as modalidades mais cruciais para as empresas da amostra, sendo que o
Factoring sem Recurso e o Full Factoring também demonstram uma relativa
importância no âmbito geral.
Num contexto futuro, verifica-se uma forte perspetiva por parte das factor no
potencial do Confirming (ou Reverse) Factoring. Na questão 4.B, podemos verificar
que estas modalidades podem ser cruciais para o futuro desempenho da empresa.
Figura 31: Questão
3 – Das seguintes
modalidades de
factoring, quais
podem ser
consideradas
atualmente como as
mais cruciais para a
performance da sua
empresa?
Figura 32: Questão 4.A – Qual
destas modalidades a sua empresa
considera ter um potencial futuro
maior?
49
Figura 33: Resultados
interligados da Questão 4.A com a
Questão 4.B – Considera que a
modalidade que escolheu será
crucial para o desempenho futuro
da sua empresa?
Empresas 4.A 4.B
Empresa 1 Factoring Sem Recurso (ou sem direito de regresso) Sim
Empresa 2 Confirming ou Reverse Factoring Sim
Empresa 3 Confirming ou Reverse Factoring Sim
Empresa 4 Confirming ou Reverse Factoring Sim
Empresa 5 Confirming ou Reverse Factoring Não
Na questão 5, o objetivo é medir a importância que as sociedades atribuem a
tendências como a economia digital, globalização, mudanças na regulação do sector,
digitalização da documentação dos processos comerciais e o fortalecimento das leis
fiscais e da sua execução. Com o grau de importância concedido, elaborámos um
score que permite identificar as tendências mais relevantes (com um score avaliado
entre os valores de 0 a 20). Os resultados mostram que a economia digital
(Plataformas, Big Data, P2P Networks) e a digitalização da documentação e dos
processos comerciais são as tendências mais importantes. Tal pode ser verificado pelo
score (cuja classificação pode ser visualizada no gráfico) e na verificação das
respostas individualmente, onde é possível verificar que os graus de importâncias que
as empresas atribuem são de “Muita Importância” e “Extrema Importância”, não
havendo nenhuma resposta com classificação inferior. A globalização é a terceira
tendência com melhor score de importância, com um valor ainda significativo. As
restantes podem ser classificadas como tendências de alguma importância.
Figura 34: Questão 5 – Em relação ao sector do factoring, qual o grau de importância que
dá às seguintes tendências?
50
Na questão 6, foi pedido para ser exposta uma observação sobre a evolução da
economia digital na área financeira. Essas respostas foram residuais e inconclusivas
para este estudo.
Nas questões 7 e 8, podemos analisar a opinião e o posicionamento das entidades
financeiras da amostra, relativos à evolução da economia digital e ao aparecimento de
plataformas financeiras. Os resultados não são conclusivos relativamente à questão 7,
onde se verificam posições opostas relativamente a esta problemática. Na questão 8,
constata-se que 3 das 5 entidades atentam este fenómeno como uma oportunidade,
sendo que as restantes consideram que talvez o seja.
Figura 35: Questão 7 – Considera
esta evolução da economia digital,
e nomeadamente o aparecimento
de plataformas financeiras, como
uma ameaça ao sector do
factoring?
Figura 36: Questão 8 – Considera
que este fenómeno como uma
oportunidade para a sua empresa?
51
Por último, nas questões 9 e 9.1 verificámos que 4 das 5 empresas que responderam
ao questionário estão a ponderar a integração de uma plataforma e que, essas mesmas
empresas preferem parcerias com plataformas existentes e a construção de uma
plataforma interna.
Figura 37: Questão 9 – A sua empresa pondera ou já ponderou integrar uma plataforma?
Figura 38: Questão 9.1 – Se respondeu “sim” na última questão, qual será a forma de integração
que prefere ou preferiu na sua empresa?
52
6. Conclusão
Com a realização deste trabalho de investigação constataram-se vários aspetos
importantes relativamente aos três instrumentos financeiros. Desde logo, os sectores
do leasing, do renting e do factoring estão em tendência de crescimento e em clara
mudança de paradigma, quer com a reindustrialização do século XXI “Indústria 4.0”,
quer com a digitalização da economia mundial.
No que concerne ao leasing, enquanto fonte de financiamento de novos projetos no
âmbito da indústria inteligente, e ao focar a investigação nas instituições financeiras
que disponibilizam este produto financeiro, várias conclusões se podem retirar. Tendo
em conta o sector industrial, o mais comum é as instituições financeiras locarem bens
como maquinarias e equipamentos industriais de produção, equipamentos esses que
são também fundamentais à industrialização. Pode-se concluir também que o acesso
ao leasing vai ser mais dificultado no financiamento a determinados equipamentos
digitais e tecnológicos. Será necessária uma seleção criteriosa dos clientes, tendo em
conta o risco e haverá uma forte contenção ao financiamento de softwares e
plataformas tecnológicas ERPs. É, de certa forma evidente que, em caso de
incumprimento do locatário, os riscos para as locadoras são elevados se estas
apoiarem as empresas na aquisição de softwares e tecnologia utilizados nas etapas de
desenvolvimento e produção da Indústria 4.0.
No entanto, há equipamentos e tecnologias personalizadas que poderão ser locadas,
desde que ponderadas garantias de modo a acautelar o risco acrescido, ou, de certa
forma, adaptar o plano financeiro ao acréscimo de risco (e.g. reforço das entradas
inicias, redução do valor residual do equipamento, ou outras). Contudo haverá sempre
componentes de “hardware” que poderão ser financiados por leasing. Paralelamente,
o risco subjacente às operações que contenham componentes tecnológicos e
softwares, cuja valorização seja reduzida, em caso de eventual default do locatário,
poderá ser mitigado através de uma maior participação de capitais próprios
subjacentes à operação, ou através de prestação de garantias e colaterais adicionais
por parte do locatário.
53
Por fim, é praticamente unanime que o leasing não ficará, de todo, afastado desta
nova realidade industrial, haverá apenas uma partilha do risco entre locador e
locatário. Uma parte do equipamento poderá ser cedido em locação financeira por
parte do locador e tudo o que é software ficará sob a responsabilidade do locatário.
Face à questão do renting, perante a emergência da economia digital, existem várias
soluções que os vários intervenientes podem recorrer, como as plataformas
colaborativas que permitem a redução da despesa com a aquisição do bem, as
manutenções, as depreciações, etc. Uma das soluções para lidar com volumes tão
grandes de informações prende-se com o Big Data, que se caracteriza como um dos
fenómenos mais importantes da revolução digital. Porém, o mesmo gera grandes
preocupações no que diz respeito à segurança e proteção dos dados e informações.
Dentro dos resultados obtidos no que concerne ao questionário do renting,
conseguimos perceber que existem locadoras que acompanham as últimas tendências
e desenvolvimentos relacionados com a mobilidade. No entanto, em relação ao
mercado dos automóveis pesados conclui-se que é um factor estratégico a explorar.
Relativamente à consciencialização ambiental, as políticas verdes implementadas pelo
governo não têm acompanhado as tendências no que depreende sobre o assunto dos
veículos elétricos. A verdade, é que muitas vezes as pessoas tendem a ver medidas de
taxas acrescidas como medidas negativas, em vez de uma oportunidade de mudar
comportamentos.
Em suma, neste ramo, não há como e porquê ignorar as inovações disruptivas e as
tendências, demonstrando que existe a possibilidade de criarmos algo denominado de
renting i4.0, alinhando as propostas de valor com expectativas do mercado. Exemplo
disso é o car sharing que permite não só reduzir custos, como permite reduzir o
impacto sobre o ambiente, obtendo-se uma ecoeficiência.
Relativamente ao factoring, com as observações do questionário e com a bibliografia
do sector, podemos concluir que os progressos tecnológicos são vistos como um
assunto muito importante e onde as empresas do sector depositam atenções. As factor
que foram alvo de análise têm preferencialmente factoring nacional, o que é
perfeitamente normal ao verificarmos o enquadramento do factoring em Portugal e na
54
Europa. Os elevados custos do factoring internacional e a necessidade de burocracia,
requisitos e do uso de contratos com duas entidades factor, tornam o seu custo
elevado para a empresa exportadora. As empresas inquiridas no estudo visionam um
elevado potencial futuro do reverse factoring, que como parte integrante da supply
chain finance, demonstra uma enorme margem de progressão através da globalização
e dos progressos tecnológicos. A digitalização dos processos comerciais e existência
de plataformas financeiras capazes de análises rápidas, sem burocracia e com custos
bastante competitivos, são considerados como essenciais para fazer face às
necessidades dos clientes cada vez mais exigentes, e cuja globalização potencia a
existência de concorrentes cada vez mais eficientes.
55
7. Referências Bibliográficas
ALF. 2017. www.alf.pt.
ALF (2007), Associação Portuguesa de Leasing e Factoring, “O Leasing em
Portugal”.
Almeida, Roberto Miguel Gato de. “O Leasing e o Factoring no Financiamento das
PME: DIficuldades e Restrições.” Março de 2014.
Amaral, L. M. “O conceito de reindustrialização, indústria 4.0 e a política industrial
para o séculos XXI – o caso português.” CIP – Confederação Empresarial de
Portugal, Leiria, 2016.
Atzori, L., Iera, A., & Morabito, G. "The Internet of Things: A survey." in Computer
Networks, 54(15), 2787-2805, 2010.
Auboin, Marc , Harry Smythe, e Robert Teh. “Supply Chain Finance and SMEs:
Evidence from International Factoring Data.” August de 2016.
Bernardo, Davide Guerra. “Instrumentos de Financiamento para PME.” Outubro de
2015.
Blanchet et al. Industry 4.0: The new industrial revolution How Europe will succeed.
Think Act. Roland Berger: Munique, 2014.
Brealey, Richard A. e Myers, Stewart C. Princípios de Finanças Empresariais. 8ª ed.
Lisboa: McGraw-Hill, 2008.
Brettel, M. et al. "How Virtualization, Decentralization and Network Building Change
the Manufacturing Landscape: An Industry 4.0 Perspective. in International Journal
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www.leaseplan.pt, consultado em 08-03-2017 a 03-04-2017
59
ANEXOS
Anexo I: Descrição do Leasing (Fiscalidade, legislação e contabilidade)16
16 http://www.alf.pt/pt/renting consultado em 15-03-2017.
60
Anexo II: Estudo realizado pela DECO em 2014.
61
Anexo III: Questionário Leasing.
62
63
Anexo VI: Questionário Renting
64
65
Anexo V: Questionário Factoring
66
67