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O IMORTAL JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 666 Agosto de 2009 R$ 1,50 “A vida é imortal, não existe a morte; não adianta morrer, nem descansar, porque ninguém descansa nem morre.” Marília Barbosa “Nascer, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, tal é a lei.” Allan Kardec Celso Martins ............................ 13 Crônicas de Além-Mar .............. 12 De coração para coração ............. 4 Divaldo responde ...................... 15 Editorial ....................................... 2 Emmanuel .................................... 2 Espiritismo para as crianças ..... 14 Estudando a série André Luiz ..... 5 Eugênia Pickina ........................ 12 Grandes vultos do Espiritismo .... 7 Histórias que nos ensinam ........ 13 Jane Martins Vilela ................... 13 Joanna de Ângelis ....................... 2 José Viana Gonçalves ............... 12 Leda Maria Flaborea ................. 10 Palestras, seminários e outros eventos ............................ 11 Rogério Coelho ......................... 15 Waldenir Aparecido Cuin .......... 15 Ainda nesta edição 18ª Semana Espírita de Londrina Em exame, a divindade de Jesus Cristo José Carlos Monteiro de Moura examina, em uma matéria especial, o tema divindade de Je- sus, que, de acordo com os dogmas da Igreja, não foi gerado ou cria- do por Deus e, como este, sempre existiu. A deificação de Jesus não pas- sa, no entanto, de uma cópia mal acabada das crenças e tradições das religiões primitivas, entre as quais se colocam aquelas que faziam parte dos costumes hebraicos. Os judeus trouxeram do cativeiro a ideia de que os filhos dos deuses ou até mesmo os deuses, depois de gerados por virgens e fecundados pela própria divindade, costuma- vam viver entre os homens. Nisso residiria a principal explicação para o dogma da imaculada conceição. Nos relatos dos quatro evange- listas não existe uma só palavra que autorize ou justifique a ideia de que Jesus seja Deus. Ele sempre se co- locou na condição de seu filho, res- saltando que também nós partici- pamos dessa situação, ou seja, so- mos de igual modo filhos do Cria- dor. Págs. 8 e 9 Mais de duas mil pessoas participaram do tradicional evento Astolfo Dutra realiza sua 58ª Semana Espírita Realizou-se de 11 a 18 de ju- lho, com o apoio da AME – Ali- ança Municipal Espírita de Astolfo Dutra, a 58ª Semana Es- pírita de Astolfo Dutra (MG), uma das mais antigas semanas espíritas, cujo advento em nosso País está comemorando 70 anos. No evento deste ano foi lem- brado por todos o centenário de nascimento de Anita Borela de Oli- veira, que nasceu em Leopoldina (MG) em 5 de janeiro de 1909. Destacado vulto do Espiritismo na Zona da Mata mineira, Anita Borela dá nome a várias instituições espí- ritas em Minas e no Paraná. Diferente das Semanas Espí- ritas de outros lugares, a Semana Espírita de Astolfo Dutra mantém em seu formato as reuniões mati- nais realizadas a céu aberto, em que todos podem dar suas opini- ões. Trata-se do chamado Reabas- tecimento Espiritual. Além das palestras noturnas, a Semana apresentou também três Seminá- rios vespertinos. Pág. 6 A opinião d´O Imortal Assusta-nos quando espíritas emitem opiniões acerca da moro- sidade do processo e concentram suas críticas no comportamento dos espíritas, como se fôssemos mais falhos que o comum dos ho- mens. Obras diversas, publicadas nos últimos anos, vêm insistindo nessa tecla, dando a impressão de que seu objetivo não é incentivar mas denegrir os espíritas. Edito- rial, pág. 2 Compre uma pizza e ajude o Lar Marília Barbosa Todos os meses, às quartas-fei- ras, às 20h30, em Cambé, o Centro Espírita Allan Kardec promove um ciclo de palestras, com palestran- tes especialmente convidados. No corrente mês de agosto, os pales- trantes serão: no dia 5, José Miguel Silveira (Londrina); dia 12, Doroteia Cristina Ziel Silveira (Londrina); dia 19, Carlos Augusto de São José (Curitiba); e dia 26, Eugenia Pickina (Londrina). O Lar Infantil Marília Barbosa realiza no dia 29 de agosto, sába- do, uma promoção de pizzas em prol da instituição. O horário para entrega das pizzas será das 10h às 13h, na Rua Dinamarca, nº 1288, em Cambé. Para as pessoas que residem em Londrina, haverá um ponto de entrega na Rua Alagoas, nº 760, na Loja Maçônica Regeneração III. O custo de cada pizza é de R$ 12,00. Mais informações pelo telefone (43) 3254-3261 com Maria José e também pelo e-mail: [email protected]. Pág. 11 A última entrevista de José Antonio Castilho José Antonio Castilho (foto), que faleceu no dia 23 de julho último, concedeu-nos se- manas atrás aquela que acabou se tornando sua última entrevis- ta na presente existência, na qual fala, com o entusiasmo de sempre, sobre uma fase áurea do trabalho de divulgação do Espiritismo por meio das feiras e dos clubes de livros. Publicar essa entrevista é para todos nós motivo de muito júbilo e uma homenagem ao saudoso amigo. Pág. 16 Promovida pela União das Sociedades Espíritas de Londri- na (USEL), com apoio da Fede- ração Espírita do Paraná (FEP) e da 5ª União Regional Espírita (5ª centes também participaram das atividades oferecidas por meio da 9ª Semaninha Espírita, da 5ª Semana Jovem e da 3ª Mostra da Juventude. De acordo com a organiza- ção do evento, nove palestran- tes passaram pela casa, 14 gru- pos artísticos se apresentaram antes e depois de algumas pa- lestras, sendo quatro deles co- rais compostos por crianças e adultos. Os grupos participaram também da 5ª Noite Cultural, realizada no dia 12, domingo. Ao todo, cerca de 2,5 mil pes- soas passaram pelo centro e puderam prestigiar palestras que abordaram os mais variados temas de interesse do público espírita e leigo. Pág. 3 URE), realizou-se de 11 a 19 de julho a 18ª Semana Espírita de Londrina (foto). Além do público adulto, cen- tenas de crianças, jovens e adoles-

O IMORTAL · parte dos costumes hebraicos. Os judeus trouxeram do cativeiro a ideia de que os filhos dos deuses ou até mesmo os deuses, depois de gerados por virgens e fecundados

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O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA

Diretor Responsável: Hugo Gonçalves Ano 56 Nº 666 Agosto de 2009 R$ 1,50

“A vida é imortal,não existe a morte;não adianta morrer,

nem descansar,porque

ninguém descansanem morre.”

Marília Barbosa

“Nascer,morrer,renascerainda e

progredircontinuamente,

tal é a lei.”Allan Kardec

Celso Martins ............................ 13Crônicas de Além-Mar .............. 12De coração para coração ............. 4Divaldo responde ...................... 15Editorial ....................................... 2Emmanuel .................................... 2Espiritismo para as crianças ..... 14Estudando a série André Luiz ..... 5Eugênia Pickina ........................ 12Grandes vultos do Espiritismo .... 7Histórias que nos ensinam ........ 13Jane Martins Vilela ................... 13Joanna de Ângelis ....................... 2José Viana Gonçalves ............... 12Leda Maria Flaborea ................. 10Palestras, seminários eoutros eventos ............................ 11Rogério Coelho ......................... 15Waldenir Aparecido Cuin .......... 15

Ainda nesta edição

18ª Semana Espírita de LondrinaEm exame, a divindadede Jesus Cristo

José Carlos Monteiro deMoura examina, em uma matériaespecial, o tema divindade de Je-sus, que, de acordo com os dogmasda Igreja, não foi gerado ou cria-do por Deus e, como este, sempreexistiu.

A deificação de Jesus não pas-sa, no entanto, de uma cópia malacabada das crenças e tradições dasreligiões primitivas, entre as quaisse colocam aquelas que faziamparte dos costumes hebraicos. Osjudeus trouxeram do cativeiro aideia de que os filhos dos deuses

ou até mesmo os deuses, depois degerados por virgens e fecundadospela própria divindade, costuma-vam viver entre os homens. Nissoresidiria a principal explicação parao dogma da imaculada conceição.

Nos relatos dos quatro evange-listas não existe uma só palavra queautorize ou justifique a ideia de queJesus seja Deus. Ele sempre se co-locou na condição de seu filho, res-saltando que também nós partici-pamos dessa situação, ou seja, so-mos de igual modo filhos do Cria-dor. Págs. 8 e 9

Mais de duas mil pessoasparticiparam do tradicional evento

Astolfo Dutra realiza sua58ª Semana Espírita

Realizou-se de 11 a 18 de ju-lho, com o apoio da AME – Ali-ança Municipal Espírita deAstolfo Dutra, a 58ª Semana Es-pírita de Astolfo Dutra (MG),uma das mais antigas semanasespíritas, cujo advento em nossoPaís está comemorando 70 anos.

No evento deste ano foi lem-brado por todos o centenário denascimento de Anita Borela de Oli-veira, que nasceu em Leopoldina(MG) em 5 de janeiro de 1909.Destacado vulto do Espiritismo na

Zona da Mata mineira, Anita Boreladá nome a várias instituições espí-ritas em Minas e no Paraná.

Diferente das Semanas Espí-ritas de outros lugares, a SemanaEspírita de Astolfo Dutra mantémem seu formato as reuniões mati-nais realizadas a céu aberto, emque todos podem dar suas opini-ões. Trata-se do chamado Reabas-tecimento Espiritual. Além daspalestras noturnas, a Semanaapresentou também três Seminá-rios vespertinos. Pág. 6

A opinião d´O ImortalAssusta-nos quando espíritas

emitem opiniões acerca da moro-sidade do processo e concentramsuas críticas no comportamento

dos espíritas, como se fôssemosmais falhos que o comum dos ho-mens. Obras diversas, publicadasnos últimos anos, vêm insistindo

nessa tecla, dando a impressão deque seu objetivo não é incentivarmas denegrir os espíritas. Edito-rial, pág. 2

Compre uma pizza e ajudeo Lar Marília Barbosa

Todos os meses, às quartas-fei-ras, às 20h30, em Cambé, o CentroEspírita Allan Kardec promove umciclo de palestras, com palestran-tes especialmente convidados. Nocorrente mês de agosto, os pales-trantes serão: no dia 5, José MiguelSilveira (Londrina); dia 12,Doroteia Cristina Ziel Silveira(Londrina); dia 19, Carlos Augustode São José (Curitiba); e dia 26,Eugenia Pickina (Londrina).

O Lar Infantil Marília Barbosarealiza no dia 29 de agosto, sába-

do, uma promoção de pizzas emprol da instituição. O horário paraentrega das pizzas será das 10h às13h, na Rua Dinamarca, nº 1288,em Cambé.

Para as pessoas que residem emLondrina, haverá um ponto deentrega na Rua Alagoas, nº 760, naLoja Maçônica Regeneração III. Ocusto de cada pizza é de R$ 12,00.Mais informações pelo telefone (43)3254-3261 com Maria José e tambémpelo e-mail: [email protected]ág. 11

A última entrevista de JoséAntonio Castilho

José Antonio Castilho(foto), que faleceu no dia 23 dejulho último, concedeu-nos se-manas atrás aquela que acabouse tornando sua última entrevis-ta na presente existência, naqual fala, com o entusiasmo desempre, sobre uma fase áureado trabalho de divulgação doEspiritismo por meio das feirase dos clubes de livros. Publicaressa entrevista é para todos nósmotivo de muito júbilo e umahomenagem ao saudoso amigo.Pág. 16

Promovida pela União dasSociedades Espíritas de Londri-na (USEL), com apoio da Fede-ração Espírita do Paraná (FEP) eda 5ª União Regional Espírita (5ª

centes também participaram dasatividades oferecidas por meioda 9ª Semaninha Espírita, da 5ªSemana Jovem e da 3ª Mostrada Juventude.

De acordo com a organiza-ção do evento, nove palestran-tes passaram pela casa, 14 gru-pos artísticos se apresentaramantes e depois de algumas pa-lestras, sendo quatro deles co-rais compostos por crianças eadultos. Os grupos participaramtambém da 5ª Noite Cultural,realizada no dia 12, domingo.Ao todo, cerca de 2,5 mil pes-soas passaram pelo centro epuderam prestigiar palestrasque abordaram os mais variadostemas de interesse do públicoespírita e leigo. Pág. 3

URE), realizou-se de 11 a 19 dejulho a 18ª Semana Espírita deLondrina (foto).

Além do público adulto, cen-tenas de crianças, jovens e adoles-

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O IMORTALPÁGINA 2 AGOSTO/2009

EditorialEMMANUEL

O trecho abaixo, que compôsum dos parágrafos do editorial dejulho último, foi impresso com fa-lhas que não permitiram sua cor-reta leitura:

“Mas, em que, segundo o Es-piritismo, consiste a salvação?Salvação é salvar-se do mundoda materialidade e de suas bai-xas vibrações, permitindo-segalgar degraus que levem a re-giões espiritualmente mais ele-vadas e menos sujeitas à influ-ência da matéria.”

Aproveitando o ensejo destaerrata, gostaríamos de discorrermais sobre o assunto numa pers-pectiva um pouco diferente.

É claro que a salvação estádecisivamente ligada à chamadareforma íntima, dependendo denossos esforços o desligarmo-nos dos laços que nos prendemà herança de orgulho e egoísmoque cultivamos em milênios deexistência. E a senha é única einfalível: caridade, que implicaa prática da benevolência, da in-dulgência e do perdão. Mas, de-vido a essa herança, a conquistadessas três virtudes não é tarefafácil.

A fim de ser preservado e man-tido, o corpo exige cuidados vári-os, desde a higiene à conservaçãodas peças que o constituem, sem oque inumeráveis males lhe pertur-bam o equilíbrio, interrompendo-lhe a existência.

Assim também a alma. Res-ponsável pela organização somá-tica, é a geradora de forças quefacultam a vida física, exigindo,por conseqüência, atendimento

Encontrarás no caminho os com-panheiros que não conseguiram guar-dar o talento mediúnico na altura quea responsabilidade lhes conferiu.

À maneira dos que não sabem vi-ver retamente, quando chamados àmordomia do ouro ou ao cetro do po-der, desequilibram-se mentalmente,criando para si próprios o labirinto emque se desvairam.

Começam abandonando a disci-plina profissional, que julgam vexa-tória. Debandam de pequeninos deve-res familiares que, naturalmente cum-pridos, formam o alicerce das tarefasmaiores. E transformam-se em jogueteda fascinação que os inutiliza.

Julgam-se, então, mensageirosespeciais. Ausentam-se deliberada-mente do estudo. Abraçam exotismoscontundentes. Acreditam-se na condi-ção de intérpretes das mais altas per-sonalidades da História.

Não admitem advertências. Su-põem dominar o passado e o futuro.Profetizam. Pontificam.

Mas, detendo exagerada conceitu-ação de si mesmos, não percebem quese fazem marginais, cristalizados emlongos processos obsessivos, aosquais atraem amigos invigilantes paradeslumbrá-los, a principio, e arrojá-los, depois, à desilusão.

*Em verdade, não podemos evitar que

irmãos nossos se prendam a semelhan-tes situações perigosas e lastimáveis.

SalvaçãoO fato é que muitos, no meio

espírita, esperam por milagres ejulgam que, com menor esforço,seria possível conquistar, em pou-co tempo, o que é trabalho paramuitas existências.

É certo que, a cada acerto, ascoisas tornam-se mais fáceis, eo processo como que se acelera.Mas ninguém se desfaz do ho-mem velho da noite para o dia.Desse modo, não surpreende queem dois mil anos de Cristianis-mo encontremo-nos na situaçãoatual.

Gabriel Delanne (Espírito), ementrevista concedida a André Luiz,afirmou que tudo corre bem no to-cante à marcha do Espiritismo. Elaprossegue como esperado. AndréLuiz indagou, então, se nesse rit-mo as coisas não estariam, por as-sim dizer, lentas demais. E o notá-vel escritor respondeu que não, queé assim mesmo, porque a obra deeducação é individual, de homempara homem. Ela pode demorar, ecom efeito demora, sim, mas é de-finitiva.

Por causa disso assusta-nosquando espíritas emitem opiniõesacerca da morosidade do proces-

so e concentram suas críticas nocomportamento dos espíritas,como se fôssemos mais falhosque o comum dos homens. Obrasdiversas, publicadas nos últimosanos, vêm insistindo nessa tecla,dando a impressão que seu obje-tivo não é incentivar mas dene-grir os esforços das pessoas quemuito já fizeram em nome doCristo e da Doutrina e prosse-guem trabalhando pelo bem co-mum, embora possam revelardefeitos que só o tempo é capazde lapidar.

A obra de salvação exige queos progressos atingidos sejamefetivos, concretos, internaliza-dos.

Adquirir fé e conhecimento éum dos passos, mas não garante aconquista das virtudes que nos li-bertarão, em definitivo, do círculovicioso da materialidade.

As virtudes da benevolência,da indulgência e do perdão só po-dem ser alcançadas com a abnega-ção. E é vencendo nosso orgulho,nosso egoísmo e nossa vaidade quenos entregaremos ao próximo eserviremos a ele, tal como Jesus ofaria.

Um minuto com Joanna de Ângelisespecial, sem o que se lhe desar-ticulam os equipamentos sutis,fazendo-a tombar no desfaleci-mento ou na alucinação com to-dos os prejuízos disso decorren-tes.

*Desse modo, antes de qualquer

atividade, ao iniciar-se o dia, re-serva-lhe alguns minutos para a suasustentação. Faze uma pequenaleitura de página otimista e

No campo doutrinárioSe outras formações religiosas vi-

vem juguladas pela autoridade terres-tre que lhes frena os impulsos, encon-tramos na Doutrina Espírita o pensa-mento claro e espontâneo da fé viva,favorecendo sementeiras e searas pre-ciosas do livre-arbítrio.

Diante, pois, dos amigos que nãosouberam situar os compromissosmedianímicos em lugar justo, obser-vemos quão duro será, para nós, de-sertar do serviço constante no burila-mento interior, aprendendo, ao mes-mo tempo, nos desajustes que mos-tram tudo aquilo que nos cabe evitar.

Em seguida, se possível, ajudemo-los com a palavra evangélica; entretan-to, se essa medida não pode ser postaem prática, à face das circunstâncias quenos obrigam a emudecer, lembremo-nosde que é nossa obrigação trabalhar sem-pre mais, na expansão de nossos princí-pios, para que se faça luz nos coraçõese nas consciências.

E caminhemos adiante, no esfor-ço de tudo melhorar cada dia, com acerteza de que, segundo o Cristo, cadacriatura, hoje e sempre, onde estiver,receberá, invariavelmente, de acordocom as suas obras.

JOANNA DE ÂNGELIS,mentora espiritual de Divaldo P.Franco, é autora, entre outros li-vros, de Episódios Diários, doqual foi extraído o texto acima.

consoladora, que te fixe clichêsmentais positivos e agradáveis.Medita um pouco no seu conteúdovalioso, como a imprimi-lo nas te-las delicadas da memória, de modoque dele te impregnes, estabelecen-do uma disposição favorável àslutas que enfrentarás.

Encerra esses minutos comuma prece, através da qual inten-tes sintonizar com o pensamentoda sabedoria universal, haurindoinspiração e forças no amor deDeus. Equipado com estas ener-gias, terás atendido, em terapiapreventiva, a tua realidade eter-na – o eu espiritual – podendo,então, partir para os primeirosconfrontos da experiência do teunovo dia.

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EMMANUEL, que foi o mentorespiritual de Francisco Cândido Xaviere coordenador da obra mediúnica dosaudoso médium mineiro, é autor, entreoutros livros, de Seara dos Médiuns,do qual foi extraído o texto acima.

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O IMORTALAGOSTO/2009 PÁGINA 3

Não podia haver tema maispropício para o primeiro dia da 18ªSemana Espírita de Londrina: “OInício da Vida”. A palestra, profe-rida pelo médico e presidente daAssociação Médico-Espírita doParaná, Laércio Furlan, deu iní-cio ao evento que este ano tevepor tema “Evolução Espiritual:Desafios do 3º Milênio”.

Promovida pela União dasSociedades Espíritas de Londri-na (USEL), com apoio da Fede-ração Espírita do Paraná (FEP),por meio da 5ª União RegionalEspírita (5ª URE), a 18ª SemanaEspírita de Londrina levou maisde 2 mil pessoas no Centro Espí-rita Nosso Lar entre os dias 11 a19 de julho. Além do públicoadulto, centenas de crianças, jo-vens e adolescentes também par-ticiparam das atividades ofereci-das pelo evento por meio da 9ªSemaninha Espírita, da 5ª Sema-na Jovem e da 3ª Mostra da Ju-ventude.

De acordo com a organizaçãodo evento, nove palestrantes pas-saram pela casa, 14 grupos artís-ticos se apresentaram antes e de-pois de algumas palestras, sendoquatro deles corais compostospor crianças e adultos. Os gruposparticiparam também da 5ª Noi-te Cultural, realizada no dia 12,domingo. Ao todo, cerca de 2,5mil pessoas passaram pelo cen-tro e puderam prestigiar palestrasque abordaram os mais variadostemas de interesse do público es-pírita e leigo.

Para a coordenadora daUSEL, Marinei Ferreira Rezende,o evento atingiu as expectativas

FERNANDA [email protected]

De Londrina

Semana Espírita reúne mais de 2 mil em Londrina

espíritas de Londrina enviaramsuas crianças para participar dasatividades do evento, que foramrealizadas todos os dias nos mes-mos horários em que eram reali-zados as palestras e os semináriospara os adultos. De acordo comuma das coordenadoras da 9ªSemaninha, Jenai Cazetta, o pes-soal da juventude participou “empeso” na recepção das crianças eno apoio à coordenação geral.

“As crianças participaram detrês oficinas: Saber – em que foicontada uma história e o tema ex-plicado; Construir – que foi, basi-camente, uma oficina de arte; eMúsica. Na maioria dos dias, a ofi-cina da música ficou a cargo dosjovens: Francisco, Henrique, Gus-tavo e Bruna”, informou Jenai. Acoordenação contou também comapoio da evangelizadora Elaine deMartini.

A 1ª Semana Espírita de Lon-drina realizou-se em julho de 1992,por iniciativa do Centro Espírita

Em sua 18ª edição, o evento promovido pela USEL contou com a participação de nove palestrantese 14 grupos artísticos que levaram cerca de 2,5 mil pessoas ao Centro Espírita Nosso Lar

Nosso Lar, que transferiu a respon-sabilidade de sua realização, já noano seguinte, à USEL. Quase vin-te anos depois, o evento continuaganhando credibilidade pelos espí-ritas de Londrina e região.

Como ocorre todos os anos,todas as casas espíritas de Londri-na se envolvem nas atividades, sen-do que em cada dia da Semanaduas ou três delas ficam com a res-ponsabilidade de coordenar as ati-vidades do dia, totalizando destavez a participação de 21 entidades.

Entre as palestras, o públicopôde prestigiar temas extremamen-te relevantes para o aprimoramen-to do conhecimento espírita, alémde terem sido apresentadas, tam-bém, palestras importantes para opúblico leigo.

O médico e professor aposen-tado da Universidade Federal doParaná (UFPR) Laércio Furlanapresentou aos convidados a im-portante campanha “Vida, Sim ÀGravidez – Não ao Aborto”. Ele

proferiu uma verdadeira aula deciência médica em sua palestra deabertura do evento, mostrando atodos que todos os autores daembriologia definem que “a vidahumana começa na concepção”.Quando a mulher engravida o

perispírito da criança estápresente no corpo dela

Segundo Furlan, pesquisas jácomprovaram que a mulher quesofre um aborto sente-se vazia epassa a apresentar quadrosdepressivos. “A recomendaçãoespírita às mulheres que comete-ram o aborto é que não se marti-rizem pelo ato já feito. Conver-sem com o filho e peçam perdãoa ele procurando retomar umaamizade, porque uma das coisasmais graves do aborto é a obses-são, que geralmente é uma obses-são realizada em equipe. A mãeprecisa fazer uma reconciliaçãocom seu filho porque acreditamosque no momento da concepçãojá existe vida”, explicou Furlan.

O médico lembrou tambémalguns fatos impressionantesregistrados no mundo que envol-vem casos de embriões congela-dos por vários anos que foramfecundados e possibilitaram onascimento de crianças extrema-mente saudáveis e perfeitas. “EmIsrael existe um caso de um em-brião que foi congelado por 13anos e que foi responsável pelonascimento de gêmeos. Quandoa mulher engravida o perispíritoda criança está presente no cor-po dela. Nós médicos espíritasqueremos colocar a alma na Me-dicina e hoje ficamos felizes aover que só no Brasil existem cin-co faculdades com disciplinascomo Ciência e Espiritualidade”,finalizou. (Continua na pág. 10desta edição.)

da organização. Segundo ela, a 18ªSemana Espírita superou a quanti-dade de público do ano passado.“Notamos que havia pessoas dife-rentes e os temas foram polêmicose era justamente esse o objetivo:despertar o espírita para os desafiosque teremos de saber vivenciar. Umtema levou a outro, desde o inícioda vida até a felicidade, que é a metada nossa evolução. Falamos dostranstornos emocionais, que levamao desequilíbrio, do aborto e dos dis-túrbios da sexualidade, assuntos quetemos de esclarecer, e tudo isso navisão espírita. Sentimos também aparticipação de muitos leigos o quefez nosso objetivo ser alcançado”,disse ela.A 9ª Semaninha Espírita reuniu330 crianças de 5 a 12 anos de

idadeCom o tema central “Pequenas

Lições”, a 9ª Semaninha Espíritareuniu 330 crianças de 5 a 12 anosde idade. Pelo menos cinco centros

Vista geral do público numa das noites da SemanaLaércio Furlan, à esq., com Hugo, Marineie vários confrades, logo após sua palestra

Teltz Cardoso de Farias ao lado deTerezinha Demartino Coral Hugo Gonçalves, de Cambé Coral Espírita Nosso Lar

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O IMORTALPÁGINA 4 AGOSTO/2009

De coração para coração

Tema ainda pouco discuti-do em nosso meio, o tratamen-to espírita da obsessão deveriamerecer uma maior atenção dosdirigentes e palestrantes espí-ritas, motivo pelo qual decidi-mos examiná-lo neste espaço,na forma de perguntas e respos-tas:

1. De que decorre a obsessão?A obsessão decorre sempre

de uma imperfeição moral, quedá ascendência a um Espíritomau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causamoral preciso é se contraponhauma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-seo corpo; para garanti-la contra aobsessão, tem-se que fortalecera alma; donde, para o obsidia-do, a necessidade de trabalharpor se melhorar a si próprio, oque as mais das vezes basta para

livrá-lo do obsessor, sem o so-corro de terceiros. Segundo Kar-dec, a obsessão quase sempreexprime vingança tomada porum Espírito e cuja origem fre-quentemente se encontra nas re-lações que o obsidiado mantevecom o obsessor em precedenteexistência.

2. Como no processo atua oEspírito causador da obses-são?

Na obsessão, o Espírito per-turbador atua exteriormente,com a ajuda do seu perispírito,que ele identifica com o do en-carnado, ficando este enlaçadopor uma espécie de teia e cons-trangido a proceder contra a suavontade. Na possessão, em vezde agir exteriormente, o Espíri-to atuante se substitui, por assimdizer, ao Espírito encarnado;toma-lhe o corpo para domicílio,

sem que este, no entanto, sejaabandonado pelo seu dono, poisque isso só se pode dar pelamorte. A possessão é, pois, sem-pre temporária e intermitente,porque um Espírito desencarna-do não pode tomar definitiva-mente o lugar de um encarnado,pela razão de que a união mole-cular do perispírito e do corposó se pode operar no momentoda concepção.

3. É possível neutralizar ainfluência de um Espírito infe-rior?

Sim. E, agindo com esse pro-pósito, o indivíduo estará preve-nindo a obsessão. Para tanto é ne-cessário, conforme ensina a ques-tão 469 d´O Livro dos Espíritos,fazermos o bem e colocar toda anossa confiança em Deus.“Guardai-vos – acrescentou obenfeitor que respondeu referidaquestão – de atender às sugestõesdos Espíritos que vos suscitam osmaus pensamentos, que soprama discórdia entre vós outros e quevos insuflam as paixões más.Desconfiai, especialmente, dosque vos exaltam o orgulho, poisque esses vos assaltam pelo la-dro fraco.”

4. O passe magnético é im-portante no tratamento da obses-são?

Sim. Nos casos graves de ob-sessão, como o obsidiado ficacomo que envolto e impregnadode um fluido pernicioso do qualtem dificuldade de desembaraçar-se, é preciso a atuação de um flui-do bom, capaz de neutralizar omau fluido, o que pode ser obti-do por meio da terapêutica do

Considerações sobre o tratamento da obsessãoASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO - [email protected]

De Londrina

Renato nos pergunta: – Cos-tuma-se dizer, naturalmente, filo-sofia de Platão, doutrina de Marx,concepção de Hegel. Podemostambém chamar o Espiritismo dedoutrina kardecista ou kardecis-mo?

Não. Quem o diz é o próprioKardec, em “O que é o Espiritis-mo”, cap. I, segundo diálogo.

Com efeito, observa o Codi-ficador, há entre o Espiritismo eoutros sistemas filosóficos estadiferença capital: que estes sãotodos obra de homens, mais oumenos esclarecidos, ao passo que,no que respeita à Doutrina Espí-rita, ele não tem o mérito da in-venção de um só princípio.

Diz-se: a filosofia de Platão,de Descartes, de Leibnitz. Nun-ca se poderá dizer: a doutrina deAllan Kardec; e isto, felizmente,pois que valor pode ter um nomeem assunto de tamanha gravida-de?

O Espiritismo tem auxiliaresde maior preponderância, ao ladodos quais o Codificador se con-siderava simples átomo.

Quando alguém, nos dias atu-ais, diz ser kardecista, usa, pois,um vocábulo inadequado, embo-ra compreendamos por que al-guns agem assim. No mesmoequívoco incorre quem recorre àpalavra kardecismo, utilizando-ano lugar de Espiritismo.

O Espiritismo responde

passe magnético que, como infor-ma André Luiz, é sempre valiosono tratamento ministrado aos en-fermos de qualquer classe. Ob-sessor e obsidiado são enfermosda alma e por isso beneficiam-semuito com o passe magnético.Dificilmente, porém, basta umaação mecânica para que o malseja debelado. É preciso atuarsobre o ser inteligente causadorda obsessão, ao qual devemosfalar com autoridade. Essa auto-ridade, não a possui quem nãotenha superioridade moral, quedecorre do aprimoramento espi-ritual do socorrista. Quanto mai-or o aprimoramento moral, mai-or a autoridade. E isso tambémnão é tudo: para assegurar aextinção do processo obsessivo,é indispensável que o obsessorseja, por meio de instruções ha-bilmente ministradas, convenci-do a renunciar aos seus desígni-os, a perdoar e a desejar o bem,arrependendo-se dos prejuízoscausados à sua vítima.

5. Quando a tarefa da desob-sessão se torna mais fácil?

A tarefa torna-se mais fácilquando o obsidiado, compreenden-do a situação, procura auxiliar comsua vontade e com suas preces otrabalho em curso. Se, porém, elenão fizer a parte que lhe cabe noprocesso, as dificuldades do trata-mento serão muito grandes, sobre-tudo se ele se ilude com as quali-dades do seu obsessor e se comprazno erro a que foi conduzido. Kar-dec trata disso no cap. 28, item 81,de “O Evangelho segundo o Espi-ritismo”, no qual destaca a insufi-ciência do magnetismo em tais ca-sos.

6. A prece é um recurso im-portante na terapia desobsessi-va?

Sim. A prece, em todos os ca-sos de obsessão, é e será sempreo mais poderoso meio de que dis-pomos para demover o obsessordos seus propósitos maléficos.Em todos eles, no entanto, a prá-tica do amor e da caridade cons-titui o recurso mais valioso, umavez que somente o amor, tal comonos foi ensinado e exemplificadopor Jesus, é capaz de harmonizarindivíduos que se odeiam, pon-do fim às ideias de vingança, àsperseguições e aos sofrimentosdaí decorrentes.

7. Quais são os principais re-cursos espíritas que podemosutilizar no tratamento da obses-são?

Sete são os principais recur-sos espíritas na tarefa da desob-sessão:• Conscientização, por parte doobsidiado e de seus familiares, deque a paciência é fator essencialno tratamento e que as imperfei-ções morais do obsidiado consti-tuem o maior obstáculo à suacura• Fluidoterapia (passes magnéticos,radiações e água magnetizada)• Prece e vigilância permanente• Laborterapia• Renovação das ideias através daboa leitura, de palestras e da con-versação elevada• Culto evangélico no lar• Doutrinação do Espírito obses-sor, em grupos mediúnicos espe-cializados, em cujas reuniões apresença do enfermo não é neces-sária e pode até mesmo lhe serprejudicial.

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O IMORTALAGOSTO/2009 PÁGINA 5

de Luna explicou-lhe: “Talvez o ami-go não tenha ponderado bastante. Oorganismo espiritual apresenta em simesmo a história completa das açõespraticadas no mundo”. A oclusão in-testinal que o vitimou derivava de ele-mentos cancerosos e estes, por suavez, de algumas leviandades de Andréno campo da sífilis. A moléstia tal-vez não assumisse características tãograves se seu procedimento mental noplaneta estivesse enquadrado nosprincípios da fraternidade e da tem-perança. Seu modo especial de agir,muita vez exasperado e sombrio, cap-tara destruidoras vibrações nos que orodeavam. A ausência de autodomí-nio, a inadvertência no trato com aspessoas, a quem muitas vezes eleofendeu sem refletir, conduziam-nocom frequência à esfera dos seres do-entes e inferiores. Foi isso que agra-vou o seu estado. Todo o aparelhogástrico fora destruído à custa de ex-cessos de alimentação e de bebidasalcoólicas. A sífilis devorou-lhe ener-gias essenciais. O suicídio, embora in-consciente, era incontestável. (NossoLar, págs. 31 a 35.)

Texto para leitura8. O desespero da fome – Pergun-

tando a si mesmo se não enlouquece-ra, André encontrava a consciênciavigilante. Persistiam as necessidadesfisiológicas, sem modificação. A fomecastigava-lhe todas as fibras e, nadaobstante, o abatimento progressivo nãoo fazia cair em exaustão. De quandoem quando, deparavam-se-lhe verdu-ras que pareciam agrestes, em tornode filetes d’água a que se atirava se-quioso. Muita vez André sugou a lamada estrada, e recordou o antigo pão decada dia, vertendo copioso pranto.(Cap. 2, pág. 23.)

9. O efeito da prece – Não raro,era-lhe imprescindível ocultar-se dasenormes manadas de seres animales-cos, que passavam em bando, quaisferas insaciáveis. Eram quadros deestarrecer! Foi quando começou a re-cordar que deveria existir um Autor daVida, fosse onde fosse. Essa ideia con-fortou-o. Ele, que detestara as religi-ões no mundo, experimentava agora anecessidade de conforto místico. E,quando as energias lhe faltaram detodo, quando se sentiu absolutamentecolado ao lodo da Terra, sem forçaspara reerguer-se, pediu ao SupremoAutor da Natureza lhe estendesse mãospaternais, em tão amargurosa emer-gência. Quanto tempo durou a

Continuamos a apresentar o tex-to condensado da obra “Nosso Lar”,de André Luiz, psicografada pelomédium Francisco Cândido Xaviere publicada pela editora da Federa-ção Espírita Brasileira.

Questões preliminaresA. Que efeito teve a prece na

reabilitação de André Luiz?R.: Quando as energias lhe falta-

ram de todo, quando se sentiu abso-lutamente colado ao lodo da Terra,sem forças para reerguer-se, AndréLuiz pediu ao Supremo Autor daNatureza lhe estendesse mãos pater-nais naquela amargurosa emergência.Então, de imediato, graças ao efeitoextraordinário da oração, as neblinasespessas se dissiparam e alguém sur-giu, como um emissário dos Céus.Era o ministro Clarêncio que, sorrin-do, lhe disse: “Coragem, meu filho!O Senhor não te desampara”. (NossoLar, págs. 23 e 24.)

B. Quais foram os primeirossocorros recebidos por André?

R.: Inicialmente, transportadonum alvo lençol que funcionava àguisa de maca improvisada, André foilevado a um lugar por ele ignorado.Conduzido a confortável aposento deamplas proporções, ricamente mobi-liado, ofereceram-lhe um leito aco-lhedor. Em seguida serviram-lhe cal-do reconfortante, acompanhado deágua muito fresca, que lhe pareceuportadora de fluidos divinos. (NossoLar, págs. 26 e 27.)

C. Que se verifica em “NossoLar” à hora do crepúsculo?

R.: Quando chega o crepúsculoem “Nosso Lar”, em todos os núcle-os da colônia de trabalho estabelece-se uma ligação direta com as precesda Governadoria. De onde estava,André pôde contemplar ao fundo, emtela gigantesca, um prodigioso qua-dro de luz quase feérica. Obedecen-do a processos adiantados de televi-são, surgiu o cenário de um templomaravilhoso. Sentado em lugar dedestaque, um ancião coroado de luzfixava o Alto, em atitude de prece.Era o Governador da colônia. (NossoLar, págs. 28 a 30.)

D. Por que André foi conside-rado suicida?

R.: O próprio médico Henrique

rogativa? André não sabe precisar;sabe apenas que a chuva de lágrimaslavou-lhe o rosto e que todos os seussentimentos se concentraram na pre-ce dolorosa. (Cap. 2, pág. 23.)

10. Aparece Clarêncio – É pre-ciso, diz André, haver sofrido muitopara entender todas as misteriosas be-lezas da oração. É necessário haver co-nhecido o remorso, a humilhação, aextrema desventura, para tomar comeficácia o sublime elixir de esperan-ça. Foi em seguida à prece que as ne-blinas espessas se dissiparam e alguémsurgiu, como um emissário dos Céus.Um velhinho simpático sorriu-lhe en-tão, paternalmente: “Coragem, meufilho! O Senhor não te desampara”.Era Clarêncio. (Cap. 2, pág. 24.)

11. Em “Nosso Lar” – Transpor-tado num alvo lençol que funciona-va à guisa de maca improvisada,André foi levado a um lugar por eleignorado. Clarêncio, que se apoiavanum cajado de substância luminosa,deteve-se à frente de grande portaencravada em altos muros, cobertosde trepadeiras floridas e graciosas.Haviam chegado a “Nosso Lar”. Àmedida que avançavam, André pôdeidentificar preciosas construções, si-tuadas em extensos jardins. Condu-zido a confortável aposento de am-plas proporções, ricamente mobilia-do, ofereceram-lhe um leito acolhe-dor. Em seguida serviram-lhe caldoreconfortante, acompanhado de águamuito fresca, que lhe pareceu porta-dora de fluidos divinos. Aquela por-ção de líquido reanimou-o inespera-damente. (Cap. 3, pp. 26 e 27.)

12. Preces coletivas – Quandochega o crepúsculo em “Nosso Lar”,em todos os núcleos da colônia detrabalho estabelece-se uma ligaçãodireta com as preces da Governado-ria. André estava em seu quartoquando divina melodia penetrou orecinto, renovando-lhe as energiasprofundas. Com dificuldade eleagarrou-se ao braço fraternal que lhefora estendido e dirigiu-se a enorme

salão, onde numerosa assembleiameditava em silêncio. Ao fundo, emtela gigantesca, desenhava-se prodi-gioso quadro de luz quase feérica.Obedecendo a processos adiantadosde televisão, surgiu o cenário de tem-plo maravilhoso. Sentado em lugarde destaque, um ancião coroado deluz fixava o Alto, em atitude de pre-ce. Era o Governador da colônia.(Cap. 3, pp. 28 e 29.)

13. Energias renovadas – To-das as residências e instituições de“Nosso Lar” estavam orando com oGovernador, através da audição e davisão a distância, quando uma abun-dante chuva de flores azuis derra-mou-se sobre André e o amigo queo assistia; mas eles não conseguiramdetê-las nas mãos, pois desfaziam-se de leve, ao tocar-lhes a fronte,experimentando todos singular reno-vação de energias ao contacto daspétalas fluídicas. A primeira prececoletiva, em “Nosso Lar”, operara noex-médico completa transformação.(Cap. 3, pp. 29 e 30.)

14. Suicídio – No dia imediato,ele quis levantar-se, gozar o espetá-culo da Natureza cheia de brisas e deluz, mas não o conseguiu. Tornou-seclaro que sem a cooperação magnéti-ca do enfermeiro ser-lhe-ia impossí-vel deixar o leito. Mais tarde, exami-nado por Henrique de Luna, este la-mentou tivesse ele “vindo pelo suicí-dio”. André protestou, dizendo: “Lu-tei mais de quarenta dias, na Casa deSaúde, tentando vencer a morte. So-fri duas operações graves, devido aoclusão intestinal...” O médico espi-ritual explicou-lhe então que aoclusão radicava-se em causas pro-fundas: “Talvez o amigo não tenhaponderado bastante. O organismo es-piritual apresenta em si mesmo a his-tória completa das ações praticadasno mundo”. (Cap. 4, pp. 31 e 32.)

15. Origem da doença – Aoclusão derivava de elementos cance-rosos e estes, por sua vez, de algumasleviandades dele no campo da sífilis.

MARCELO BORELA DEOLIVEIRA

[email protected] Londrina

A moléstia talvez não assumisse ca-racterísticas tão graves, se o seu pro-cedimento mental no planeta estives-se enquadrado nos princípios dafraternidade e da temperança. Seumodo especial de agir, muita vez exas-perado e sombrio, captara destruido-ras vibrações nos que o rodeavam. Acólera é um manancial de forças ne-gativas para nós mesmos. A ausênciade autodomínio, a inadvertência notrato com as pessoas, a quem muitasvezes ofendeu sem refletir, conduzi-am-no com frequência à esfera dosseres doentes e inferiores. Foi isso queagravou o seu estado. Todo o apare-lho gástrico fora destruído à custa deexcessos de alimentação e de bebidasalcoólicas. A sífilis devorou-lhe ener-gias essenciais. O suicídio era incon-testável. André jamais poderia supor,noutro tempo, que lhe seriam pedidascontas de episódios simples, que cos-tumava considerar como fatos semmaior significação. (Cap. 4, pp. 32 e33.)

16. Aflição nada resolve – En-vergonhado, André chorou, masClarêncio o consolou, explicando quesua posição era a do suicida incons-ciente e que centenas de criaturas seausentam diariamente da Terra, nasmesmas condições. “Aproveita os te-souros do arrependimento, guarda abênção do remorso, embora tardio,sem esquecer que a aflição não re-solve problemas”, acrescentou o bon-doso ministro. (Cap. 4, pp. 34 e 35.)

Frases e apontamentos impor-tantes

XV. Acreditaria que a morte docorpo nos conduziria a planos de mi-lagres? Somos compelidos a traba-lho áspero, a serviços pesados e nãobasta isso. Se temos débito no plane-ta, por mais alto que ascendamos, éimprescindível voltar, para retificar,lavando o rosto no suor do mundo,desatando algemas de ódio e substi-tuindo-as por laços sagrados de amor.(Lísias, cap. 5, pág. 38.) (Continuana página 10 desta edição.)

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(2ª Parte)

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O IMORTALPÁGINA 6 AGOSTO/2009

O IMORTAL na internetAlém de circular com seu formato impresso, o jornal O

Imortal pode ser visto também na internet, bastando para issoacessar o site www.oconsolador.com, em cuja página inicialhá um link que permite o acesso do leitor às últimas ediçõesdo jornal, sem custo algum.

Para contactar a Redação do jornal, o interessado deve uti-lizar este e-mail: [email protected].

Com o apoio da AME – Ali-ança Municipal Espírita de AstolfoDutra, realizou-se de 11 a 18 dejulho a 58ª Semana Espírita deAstolfo Dutra (MG), uma dasmais antigas semanas espíritas,cujo advento em nosso País estácomemorando 70 anos (fotos).

No evento deste ano foi lem-brado por todos o centenário denascimento de Anita Borela deOliveira, que nasceu em Leopol-dina (MG) em 5 de janeiro de1909. Destacado vulto do Espiri-tismo na Zona da Mata mineira,Anita Borela dá nome a váriasinstituições espíritas e sua biogra-fia integra o site da revista. OConsolador.

Diferente das Semanas Espí-ritas de outros lugares, a SemanaEspírita de Astolfo Dutra mantémem seu formato as reuniões ma-tinais realizadas a céu aberto, emque todos podem dar suas opini-ões. Trata-se do chamado Rea-bastecimento Espiritual. Ao finaldas palestras realizam-se os tra-dicionais números artísticos, compoesias, teatro e música.

As palestras daSemana Espírita

Foram realizadas este ano oitopalestras, todas à noite, confor-me o seguinte programa:

Dia 11, às 19h30, na CabanaEspírita “Abel Gomes” – RuaManoel Hipólito, 101. Orador:Armando Falconi Filho – Juiz deFora – MG. Tema: “Auto Estimae Saúde”.

Dia 12, às 19h30, na Funda-ção Espírita “Abel Gomes” – RuaPáscoa Benini, 255. Orador:Roosevelt Pires – Cataguases –MG. Tema: Livre.

Semana Espírita portuense lembrao centenário de Anita Borela

Dia 13, às 19h30.Orador: Leir de SáSttorti – Rio de Janeiro– RJ. Tema: “O Adven-to do Espírito de Verda-de – Amai-vos e Instrui-vos Cap.VI-ESE”.

Dia 14, às 19h30.Oradora: Helenice daCruz Machado Bella –Leopoldina – MG. Tema:“Consciência Espírita”.

Dia 15, às 19h30.Oradora: Rita Core –Laje do Muriaé – RJ.Tema: “A Busca da Fe-licidade”.

Dia 16, às 19h30.Oradora: Maria CristinaBarcelos – Cataguases –MG. Tema: “Templo daAlma”.

Dia 17, às 19h30.Orador: Dr. RicardoBaesso de Oliveira –Juiz de Fora – MG.Tema: “Quando tudo não é o bas-tante”.

Dia 18, às 19h30. Orador: Ar-mando Falconi Filho – Juiz de Fora– MG. Tema: “Construa sua vidacom mais sabedoria”.

Os Seminários este

ano foram trêsTrês Seminários compuseram a

programação deste ano, todos noperíodo da tarde. Eis os temas e osexpositores que os ministraram:dia 13, das 14h30 às 16 h - CentroEspírita “Anita Borela de Olivei-ra” - expositor: Leir de Sá Sttorti(Rio de Janeiro, RJ) - tema: “Me-diunidade”; dia 15, das 14h30 às16h - Cabana Espírita “Abel Go-mes” - expositora: Rita Core (Lajedo Muriaé, RJ) - tema: “A Arte deConviver”; dia 17, das 14h30 às 16h. Centro Espírita “SebastiãoMartins Diogo” - expositor: Ar-mando Falconi Filho (Juiz de Fora,

MG) - tema: “Triunfo Pessoal”(com base no livro homônimo deJoanna de Angelis, psicografadopor Divaldo Pereira Franco)

Coordenado por ArthurBernardes de Oliveira e tendopor local o pátio da FundaçãoEspírita Abel Gomes, o Reabas-tecimento Espiritual realizou-sedas 9 às 11h da manhã, confor-me o seguinte programa: 2ª fei-ra – Há demônios? (“O Céu e oInferno”); 3ª feira – Há penaseternas? (“O Livro dos Espíri-tos”, questão 1009); 4ª feira –Basta o arrependimento? (“OLivro dos Espíritos”, questões990 e seguintes); 5ª feira – Bas-ta crer em Jesus? (Evangelho deJoão, cap. 6:47); 6ª feira – Du-ração das penas futuras (“O Li-vro dos Espíritos”, questões1003 e 1004); sábado – Manhãcom Armando Falconi Filho(Revisão da semana).

ALOISIO [email protected]

De Astolfo Dutra, MG

Aspecto geral do público noauditório da Fundação Espírita

Armando Falconi Filho (de pé) foium dos destaques da semana espírita

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O IMORTALAGOSTO/2009 PÁGINA 7

Grandes Vultos do EspiritismoMARINEI FERREIRA REZENDE - [email protected]

De Londrina

Pedro Lameira de Andrade

Filho de Boaventura PlácidoLameira de Andrade e CarolinaLevereuth de Andrade, Lameira deAndrade nasceu no bairro de VilaIsabel, na cidade do Rio de janeiro,em 16 de setembro de 1880. Aos 17anos de idade, perdeu seu pai e, aten-dendo a um convite de seu padrinho,foi para São Paulo, ingressando noColégio Mackenzie, onde se formouem Teologia. Contudo, antes de or-denar-se pastor protestante, teve al-gumas divergências com o Reitor, doque resultou seu afastamento.

Exímio tenor, casou-se em 1904com D. Elvira Silveira, pianista eprofessora de Pedagogia e Psicolo-gia da Escola Normal. Desse casa-mento tiveram seis filhas. Nessa épo-ca ele era também professor de por-tuguês, grego e latim, lecionando naescola da Força Pública, atual Polí-cia Militar de São Paulo. Ingressan-do na Faculdade de Direito de S.Paulo, formou- se em 1912. Dessadata em diante deixou de lecionarpara consagrar-se à profissão de ad-vogado, tendo montado escritórioem São Paulo.

A desencarnação de sua filhamais velha deixou-o desolado e re-voltado, passando a descrer de tudo.Aconselhado por amigos, procurouo Espiritismo, doutrina que lhe trou-xe o consolo e a certeza da imortali-dade da alma e de onde nunca saiu.

Na década de 1920, Lameira deAndrade já antevia a necessidade dainstrução como fator decisivo paraa libertação do Espírito, através doconhecimento da verdade, por issosonhava com a fundação de escolasprimárias e ginásios que viessem afuncionar alicerçados nos postuladosda Doutrina Espírita. Nos idos de1928-29, com vistas ao desenvolvi-mento de um programa nesse senti-

Na experiência atualA evolução é a transição do ser

da condição de escravo à condiçãode senhor do próprio destino.

Almas milenarmente necessitadassomos agora discípulos do bem. E ain-da no estágio da experiência atual, porvezes, inconscientes e distraídos, seaprendemos, fazemos segredo do quesabemos; se ganhamos, erguemos omonopólio do que temos; se nos emo-cionamos, disfarçamos o que sentimosem prejuízo dos semelhantes.

Por isso, frequentemente, nossosEspíritos, cegos – não vêem as bên-çãos da Providência; surdos – nãoouvem as vozes que cascateiam daAltura; mudos – não confessam aspróprias faltas.

Cumpre-nos considerar, entre-tanto, que ninguém adita um milí-metro de imperfeição perene à obraImperecível de Deus, da qual parti-

vida humana de braços dados comelas...

Se trouxeres a consciência arpo-ada pelo remorso, não te entreguesinerme ao aguilhão com que te pren-de a cabeça. Busca refazer o desti-no, ajudando os outros, hora apóshora, sem te esqueceres de que, se osorriso é idioma internacional, o ge-mido também o é...

E auxiliando, age com presteza,de vez que o remédio que chega atra-sado, torna-se fraco para combater adoença que já progrediu...

Auscultemos intuitivamente obáratro do pretérito, no pélago de nósmesmos, pois a culpa, em forma detentação, se nos imiscui no presen-te, até o resgate final dos própriosdébitos, contudo, ainda, assim, arri-ma-te no trabalho e asserena-te naesperança, porque, mesmo nas maisdensas trevas, ninguém vive órfão dasolidariedade Divina.

Lameira Andrade (Espírito)cipamos inevitavelmente, desde quefomos criados, porquanto toda mani-festação impura tem a duração de umátimo, à frente da Eternidade.

Desse modo, não te amofinesquanto às condições difíceis em quete encontras, na romagem terrestre,sejam elas quais forem.

Se a Lei concede o corpo confor-me o espírito, não olvides que as me-lhores posições, perante o mundo, sãoaquelas que nos oferecem as inibiçõesfísicas, as dificuldades de nascimen-to, as heranças fisiológicas de amargoteor, as lutas e os obstáculos incessan-tes, as adversidades e provações su-cessivas, pois somente no círculo des-sas desvantagens aparentes é que su-peramos os nossos antigos defeitosmorais e nos candidatamos às Estân-cias Resplandecentes da Vida Maior.

Estuda as tuas facilidades do mo-mento que passa.

Quase sempre a obsessão entra na

do, ao lado de outros companheirosque estavam inspirados do mesmo ide-al, lutou arduamente para a implanta-ção de um instituto de ensino que ser-visse de modelo para as futuras orga-nizações do gênero. Seu sonho con-cretizou-se quando viu funcionar oLiceu Espírita Brasileiro, entidade queteve vida efêmera, durando poucomais de um ano. A semente ficou, po-rém, lançada.

Homem dotado de um dinamismoinvulgar, arrojado em seus cometimen-tos e animado de um idealismo inque-brantável, Lameira tornou-se figurabastante conhecida em todo o Brasil eprincipalmente no Estado de São Pauloe no Rio de Janeiro, em cujo cenárioteve a oportunidade de desempenharsua gigantesca tarefa.

A missão de Lameira de Andrade,no seio do Espiritismo, foi desenvolvi-da, em grande parte, ao lado do Dr.Augusto Militão Pacheco, renomadomédico e um dos grandes baluartes es-píritas da época. Através dos seus es-critos, das suas conferências, esse in-fatigável seareiro não media esforçosem suas peregrinações. Muitas cidadesbrasileiras foram por ele visitadas e seunome conseguiu empolgar grandes au-ditórios, pois sabia abordar, com rarodescortino, os ensinamentos evangéli-cos à luz da Doutrina Espírita.

Foi procurador do Abrigo Batuíra,do qual foi um dos fundadores. Du-rante 19 anos prestou inestimáveis ser-viços à Instituição Verdade e Luz.Embora não conhecesse pessoalmen-te o grande missionário que foi Antô-nio Gonçalves da Silva Batuíra suce-deu-o na direção da revista “Verdadee Luz”, fundada no ano de 1890. Foimembro da diretoria da Associação Es-pírita São Pedro e São Paulo, em quetrabalhou intensamente e com rarodevotamento, ao lado de grandesseareiros. Teve também marcante atu-ação no campo da assistência social.Em 12 de julho de 1936, ao ser funda-da a Federação Espírita do Estado deS. Paulo, Lameira de Andrade foi elei-to seu orador oficial, em sua primeiradiretoria, passando a representar aque-

la egrégia instituição em quase todasas solenidades promovidas pelas as-sociações espíritas do Estado. Na pró-pria Federação, ele era invariavelmen-te requisitado pelos frequentadorespara proferir palestras, que eram bas-tante concorridas.

Foi ainda sócio benemérito daCruz Azul de S. Paulo, tendo presta-do a esse organismo o fruto de seuesforço, dando viva demonstração doseu espírito magnânimo, sempre pron-to a servir e a cooperar na implanta-ção e desenvolvimento de obrasaltruísticas. Certa ocasião, chegada ahora designada para a realização deuma conferência sobre o tema “O Per-dão”, na Sede da Associação Verdadee Luz, chovia torrencialmente. Esta-vam na sede da instituição apenas oorador, Elói Lacerda, e outros doiscompanheiros. Vendo o salão vazio,Lameira aventou a ideia de fazer umaprece e encerrar a reunião, sugestãoprontamente repelida pelos presentes.A palestra foi proferida, portanto,

como se o salão estivesse repleto. Adeterminada hora entrou no recintouma pobre mulher, toda molhada, es-perando resguardar-se da chuva. As-sentando-se nas últimas cadeiras, pas-sou a prestar inusitada atenção às pa-lavras do conferencista.

Ao finalizar a palestra, ela apro-ximou-se do orador e lhe disse: “Gra-ças a Deus entrei nesta casa e ouvi suaspalavras. Eu estava decidida a come-ter um crime nesta noite. Entretanto,agora compreendo as razões de minhadesorientação e vou tomar rumo dife-rente, vou lutar contra as forças nega-tivas que quase me desviaram do ca-minho do bem”. Lameira abraçou-acomovido, alegrando-se intimamentepelo fato de ter servido de ponte paraque aquela criatura se reencontrasse eviesse a descortinar novos horizontes.

Lameira de Andrade viveu na Ter-ra pouco menos de 58 anos, desencar-nando vítima de um derrame cerebralque o prostrou em poucas horas. Masele soube aproveitar bem esses curtos

anos de trabalho, desenvolvendo ta-refa de gigante, no sentido de distri-buir, em profusão, tudo aquilo queera patrimônio de seu Espírito escla-recido e evangelizado. Ele soubeassimilar, em sua plenitude, osensinamentos de Jesus Cristo, nosentido de colocar a luz sobre ovelador. Foi o bom obreiro que sou-be restituir ao Senhor, em dobro, ostalentos recebidos.

Sua desencarnação no dia 1º demarço de 1938 representou irrepa-rável perda para os espíritas de SãoPaulo e do Brasil, uma lacuna quedificilmente seria preenchida.

Atuante também no plano espi-ritual, Lameira de Andrade partici-pou do livro “Ideal Espírita” (foto),obra psicografada por FranciscoCândido Xavier, na qual é autor damensagem intitulada “Na experiên-cia atual”, transcrita nesta mesmapágina. (Do livro Os Grandes Vul-tos do Espiritismo, de Paulo AlvesGodoy, Edições FEESP.)

(Do livro Ideal Espírita, Médium: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.)

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A divindade de Jesus

“Ouvistes que eu vos disse: Vou,e venho para vós. Se me

amásseis, certamente exultaríeispor ter dito: Vou para o Pai;porque o Pai é maior do que

eu.” – João, 14:28.

Já perdemos a conta das vezesem que temos ouvido, nas precesiniciais ou de encerramento de tra-balhos e atividades de inúmerasCasas Espíritas, o responsável porelas, depois de longas explanaçõesque acabam por se transformar emautênticas e extemporâneas pales-tras, a recitação piedosa e compun-gida da Ave Maria, com inconfun-dível ênfase para a parte que diz:Santa Maria, mãe de Deus.

Infelizmente, talvez em face denossa indigência espiritual, refle-tida numa manifesta intolerânciapor tudo aquilo que constitui he-rança da Igreja, causa-nos o maior

mal-estar e mesmo irritação algoque foi longa e exaustivamente re-futado por Allan Kardec, com basenas palavras de Jesus, extraídas dopróprio texto evangélico.

Ademais, contém um absurdoincomensurável e que atenta contraa mais rudimentar lógica: a mater-nidade divina! Não obstante, eleconstitui um dos dogmas da Igrejae sobre ele, à custa de ferro e san-gue, juntamente com outras aber-rações dogmáticas, a Igreja cons-truiu sua coercitiva teologia, intei-ramente distante e diferente de tudoaquilo que Jesus pregou evivenciou.

A deificação de Jesus não passade uma cópia mal acabada das cren-ças e tradições das religiões primi-tivas, entre as quais se colocamaquelas que faziam parte dos costu-mes hebraicos. Os judeus trouxeramdo cativeiro a ideia de que os filhosdos deuses ou até mesmo os deu-ses, depois de gerados por virgense fecundados pela própria divinda-de, costumavam viver entre os ho-mens (aí reside a principal explica-

ção para o dogma daimaculada concei-ção). Admitiam, tam-bém, a comunicaçãodireta entre Deus e oshomens, fato que sedava através do quechamavam de um es-pírito santo.

Além dessas duascrenças, inúmeras ou-tras foram absorvidaspelo Cristianismo,dentro de uma estra-tégia muito mais po-lítica do que religiosa,visando, sobretudo,conciliar os interessesdo Catolicismo nas-cente com o poder

constituído. Começava, assim, ocesarismo romano e a Igreja passa-va, segundo Emmanuel, a estar, nodecurso dos séculos, sempre comCésar.

Em 325, no Concílio de Niceia, adivindade de Jesus já havia sidoadotada, mediante violência e

ameaça de excomunhão

O Cristianismo – leia-se Catoli-cismo – acolheu de braços abertosas diversas trindades existentes emquase todas as religiões do passa-do, das quais a mais conhecida é aTrimurti Brâmane, composta deBrama, Vishnu e Siva, que convi-via com as da Acádia (Sin, Shamashe Istar), de Mâri (Anat, Dagan eAddu), da Suméria (An, En-Lil eEn-Ki), da Babilônia (Marduk(Baal) Shamash e Adad), da China(Fu, Lo e Cho) e da Cananeia (Baal,Vam e Môt).

Elas foram convenientementeadaptadas nas pessoas do Pai, doFilho e do Espírito Santo, ensejandoa criação do dogma da SantíssimaTrindade, o que ocorreu no Concí-lio de Constantinopla I, realizadoem 381 sob a tutela de Teodósio I.

Anteriormente, em 325, no Con-cílio de Niceia, a divindade de Je-sus já havia sido adotada, medianteviolência e ameaça de excomunhão.

Na oportunidade, foi formalmentecondenado o arianismo, seita fun-dada por Ário, sacerdote deAlexandria, cuja principal divergên-cia com os teólogos católicos era anegação da natureza divina do Mes-sias. Sustentava ele que o filho te-ria que, naturalmente, ser inferior aopai, razão por que Jesus era inferiore distinto de Deus. Para a IgrejaRomana, a questão era e é de fun-damental importância. A sua nega-tiva implica, segundo seus doutores,um profundo abalo na sua doutrina.Em sua HISTÓRIA DA IGREJA(Liv. José Olympio Editora, 1954,p. 43), o Padre Álvaro Negromonte– um dos mais intransigentes teólo-gos brasileiros do século passado -insurge-se contra o “astucioso he-rege” (Ário) e afirma que sua con-cepção “destruía os próprios fun-damentos do Cristianismo: a Trin-dade, a Eucaristia, a Redenção”.Todavia, paradoxalmente, esse pi-lar do Cristianismo de Roma so-mente foi acatado por 300 dos 2.084prelados que compareceram ao alu-dido concílio...

Nos relatos dos quatroevangelistas não existe uma só pa-lavra que autorize ou justifique aideia de que Jesus seja Deus. Elesempre se colocou na condição deseu filho, ressaltando ainda que tam-bém nós participamos dessa situa-ção. Jamais afirmou, admitiu ou in-sinuou uma outra espécie de rela-ção, e em suas palavras e ações nãose encontra qualquer indício de umapossível identidade física (melhorseria identidade ontológica) comDeus. Tudo não passa, pois, de merae fantasiosa criação humana.

Se Jesus fosse realmente Deus,não teria rejeitado o qualitativo

de bom, por se tratar de umatributo próprio da Divindade

PÁGINA 8 PÁGINA 9O IMORTAL AGOSTO/2009AGOSTO/2009

JOSÉ CARLOS MONTEIRODE MOURA

[email protected] Belo Horizonte

Nos relatos dos quatro evangelistas não existe uma só palavra que autorize ou justifique a ideia de que Jesus seja Deus. Ele sempre se colocou na condição de seu filho, ressaltando que também nós participamos dessa situação

Em OBRAS PÓSTUMAS (pp.126 a 138), Kardec teve o cuidadode enumerar cento e vinte sete pas-sagens evangélicas que infirmam,explícita ou implicitamente, a divin-dade de Jesus. Cento e vinte e três

se referem a episódios ocorridosdurante a sua vida, e quatro, a fatosverificados após a sua morte.

Esses textos dos Evangelhos es-tão distribuídos da seguinte manei-ra: 24 (vinte e quatro) em Mateus;12 (doze) em Marcos; 20 (vinte) emLucas e 67 (sessenta e sete) em João.(Veja o apêndice.)

Alguns são de uma clareza tãoevidente que até aqueles dotados deuma inteligência pouco desenvolvi-da não sentem qualquer dificulda-de em compreendê-los perfeitamen-te. Como exemplo, poderíamos in-vocar os capítulos 19:16 e 17, deMateus, 10:17 e 18, de Marcos, e18:18 e 19, de João, cujos conteú-dos são praticamente idênticos, con-tendo apenas ligeiras diferenças naredação: - “E eis que, aproximan-do-se dele um mancebo, disse-lhe:Bom Mestre, que farei para conse-guir a vida eterna? E ele disse-lhe:

Por que me chamas de bom? Nãohá bom senão um só, que é Deus.Se queres, porém, entrar na vida,guarda os mandamentos”.

A resposta dada por Jesus à ex-pressão Bom Mestre enseja algumasconclusões, a saber:

Primeira: A certeza da unicidadede Deus, afirmada peremptoriamen-te. Em linguagem ainda mais sim-ples, Ele disse: Só Deus é bom. Nãoexiste outro bom. Eu não sou Deus,logo não sou bom;

Segunda: Se Jesus fosse real-mente Deus, não teria rejeitado oqualitativo de bom, por se tratar deum atributo próprio da Divindade,principalmente se se levar em con-ta que Ele, por mais de uma vez,destacou a imperiosa necessidade desim ser sempre sim e o não, semprenão;

Terceira: A inferioridade natu-ral do Filho (Jesus) em relação aoPai (Deus), situação que a trindadesanta não acata.

Jesus é para o homem omodelo de perfeição moralque a Humanidade podepretender sobre a Terra

Poder-se-ia alinhar uma série deoutras afirmativas em que Jesus põeem relevo a sua inferioridade emrelação a Deus. Esse fato excluiqualquer semelhança, identificaçãoou confusão entre Deus, Pai e Cria-dor, e Jesus, filho e criatura, nãoobstante o seu superlativo grau deevolução espiritual, principalmen-te se levarmos em conta que, se al-guma coisa é inferior a outra, elasnão podem ser iguais.

Na questão no. 625 de O LIVRODOS ESPÍRITOS, a Espiritualidadeesclarece que Jesus foi “o tipo maisperfeito que Deus ofereceu ao ho-mem para lhe servir de guia e de

1 - DURANTE SUA VIDA

2 - APÓS SUA MORTE

ram por meio de falsos princípios,foi por se deixarem dominar, elesmesmos, por sentimentos muito ter-restres e por terem confundido asleis que regem as condições da almacom aquelas que regem a vida docorpo. Vários deram como leis di-vinas o que não eram senão leishumanas criadas para servir àspaixões e dominar os homens”.

Jesus, na verdade, em face desua elevadíssima postura espiritu-al, estava animado do espírito di-vino, mas isso não significa nemautoriza a conclusão de que era o

próprio Deus! É hora, pois, de osverdadeiros espíritas abandona-rem a igrejeira e atávica herançareencarnatória de atribuírem àMaria de Nazaré a estapafúrdiacondição de mãe de Deus. Precemesmo, só existe uma, aquela queJesus nos ensinou: O Pai Nosso.Todas as outras não passam defruto da imaginação humana equase todas se caracterizam mui-to mais pelo interesse e atrasadoimediatismo das ações dos ho-mens, quando não integram o seufolclore.

modelo” e Allan Kardec, em seuscomentários à resposta, propôs ànossa reflexão as seguintes consi-derações: - “Jesus é para o homemo modelo de perfeição moral que aHumanidade pode pretender sobrea Terra. Deus no-lo oferece como omais perfeito modelo e a doutrinaque ensinou é a mais pura expres-são de sua lei, porque ele estavaanimado do espírito divino e foi oser mais puro que apareceu sobre aTerra. Se alguns daqueles que pre-tenderam instruir o homem na leide Deus, algumas vezes a extravia-

ApêndiceTextos evangélicos que negam a divindade de Jesus, explícita ou implicitamente

(Dados retirados do livro OBRAS PÓSTUMAS)

José Carlos Monteiro de Moura

Jesus de Nazaré

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O IMORTALPÁGINA 10 AGOSTO/2009

Existe uma história muito bonitacontada pelo Irmão X, no livro Estanteda Vida, psicografada por F. C. Xavier,com o título “Parábola do Servo”, naqual ele narra as dificuldades pelasquais passa um Espírito nobre, até al-cançar a condição de Servo de Deus,isto é, daquele que traz, dentro de si,o Reino de Deus com a pureza e ahumildade que ele representa, às quaisJesus se refere no capítulo 8 de OEvangelho segundo o Espiritismo.

Nosso narrador fala, em verdade,do nosso caminhar e das ilusõesfantasiosas que criamos para fugir aocompromisso assumido, diante dasleis divinas, de sermos os gestores denossa própria evolução espiritual, úni-cos responsáveis pelas consequênciasde nossos atos, palavras ou ações quepodem nos impulsionar ou nos atra-sar nesse processo de crescimento.

Assim, segundo a história que obenfeitor espiritual narra, tornamo-nos,primeiramente, provedores, na medidaem que nos preocupamos somente comnossa apresentação pessoal, com a casaonde moramos, com o ano e o modelodo carro que temos e, até mesmo, como uso dos recursos materiais na práticado bem, através da distribuição de ali-mentos, remédios e agasalhos. É lou-

vável nosso comportamento, mas é ne-cessário que aprendamos a plantar asbênçãos do Amor.

E outra vez, retornamos ao plane-ta, em nova oportunidade, mas preo-cupados, ainda, com a opinião alheia.Muitas vezes, de posse de grandesvalores ou de cargos elevados, ajuda-mos a construir estradas, escolas, ca-sas, estimulamos as artes, ajudando,dessa forma, milhares de pessoas.Realizamos o que nos é possível, na-quele momento evolutivo, dentro danossa capacidade de entender o queseja amar ao próximo como a nós mes-mos. Entretanto, mesmo realizandomuito, somos, tão somente, adminis-tradores, porque não cultivamos a la-voura do Amor.

Depois, nos são dadas outras no-vas oportunidades de voltar à maté-ria, e avançamos mais um pouco, tor-nando-nos, então, benfeitores, na me-dida em que, através de ganhos, po-demos assalariar empregados que nosrepresentem junto aos necessitados,distribuindo socorro, consolação, cri-ando instituições que abriguem asmisérias humanas. Todavia, apesar detodo o nosso empenho em dar condi-ções para que muitas pessoas possamajudar, em nosso nome, aos necessi-tados de todos os quilates, ainda nãoconseguimos semear o Amor.

Mas Deus, Pai de misericórdia,concede-nos mais retornos, até que

aprendamos a abandonar as ilusões. E,despreocupados com as aparências,com a posse de bens, renunciando atodas as vantagens que esses bens pos-sam trazer, sejam títulos, nome de fa-mília, recursos financeiros, ou posi-ção social, entregamo-nos, pessoal-mente, em benefício dos outros, pre-ferindo ser útil: sossegando afliçõesalheias, apagando discórdias que po-deriam levar a crimes, dissipando astrevas da ignorância, lutando para quea luz alcance as criaturas, levantandoos caídos da estrada da vida sem nosincomodarmos com a calúnia, a per-versidade ou a ingratidão. E agora,mais conscientes dos nossos compro-missos junto aos semelhantes, e, mes-mo acreditando que ainda não mere-cemos o título de servos, ei-nos atra-vessando o lugar onde o céu se encon-tra com a Terra e onde se inicia a cla-ridade celeste, cobertos de glória, co-roados em luzes.

Esta história do Irmão X convida-nos a profunda reflexão acerca da nos-sa preparação para avançarmos umpouco mais no nosso progressoespiritual. Hoje, ainda, precisamos debalizas que nos coloquem na rota cer-ta. Por isso, os ensinamentos de Jesussão tão importantes, pois não conse-guimos caminhar sozinhos por medode nos soltarmos das ilusões.

A passagem evangélica contida nocapítulo 8, citada acima, tão conheci-

Servos de DeusLEDA MARIA FLABOREA

[email protected] São Paulo

XVI. No arrependimento verda-deiro é preciso saber falar, para cons-truir de novo. (Lísias, cap. 5, pág.39.)

XVII. Toda medicina honesta éserviço de amor, atividade de socor-ro justo; mas o trabalho de cura épeculiar a cada espírito. (Lísias, cap.5, pág. 39.)

XVIII. A carne terrestre, ondeabusamos, é também o campo ben-dito onde conseguimos realizarfrutuosos labores de cura radical,quando permanecemos atentos aodever justo. (Lísias, cap. 5, pp. 39 e40.)

XIX. Quando as lágrimas não seoriginam da revolta, sempre consti-tuem remédio depurador. (Lísias,cap. 5, pág. 40.)

XX. Ninguém condena a sau-dade justa, nem pretende estancara fonte de sentimentos sublimes.Acresce notar, todavia, que opranto da desesperação nãoedifica o bem. (Clarêncio, cap. 6,pág. 44.)

XXI. As almas débeis, ante oserviço, deitam-se para se queixaremaos que passam; as fortes, porém,recebem o serviço como patrimôniosagrado, no qual se preparam, a ca-minho da perfeição. (Clarêncio, cap.6, pág. 44.)

XXII. Um espelho enfuscadonão reflete a luz. O Pai não precisade nossas penitências, mas conve-nhamos que as penitências prestamótimos serviços a nós mesmos.(Lísias, cap. 7, pág. 48.)

XXIII. A realização nobre exigetrês requisitos fundamentais: primei-ro, desejar; segundo, saber desejar;terceiro, merecer, ou, por outros ter-mos, vontade ativa, trabalho persis-

tente e merecimento justo. (Lísias,cap. 7, pág. 49.)

XXIV. O véu da ilusão é muitodenso nos círculos carnais. O ho-mem vulgar ignora que toda mani-festação de ordem, no mundo, pro-cede do plano superior. Nenhumaorganização útil se materializa nacrosta terrestre, sem que seus raiosiniciais partam de cima. (Lísias, cap.8, pp. 51 e 52.)

XXV. Na Terra quase ninguémcogita seriamente de conhecer a im-portância da água. O homem é desa-tento, há muitos séculos. Mas eleconhecerá, um dia, que a água, comofluido criador, absorve em cada laras características mentais de seusmoradores. A água, no mundo, nãosomente carreia os resíduos dos cor-pos, mas também as expressões denossa vida mental. (Lísias, cap. 10,pp. 61 e 62.)

XXVI. A ausência de preparaçãoreligiosa, no mundo, dá motivo adolorosas perturbações. (AndréLuiz, cap. 12, pág. 69.)

XXVII. O Umbral começa nacrosta terrestre. É a zona obscurade quantos no mundo não se re-solveram a atravessar as portasdos deveres sagrados, a fim decumpri-los, demorando-se no valeda indecisão ou no pântano doserros numerosos. (Lísias, cap. 12,pág. 70.)

XXVIII. Todas as multidões dedesequilibrados permanecem nasregiões nevoentas, que se seguemaos fluidos carnais. O dever cumpri-do é uma porta que atravessamos noInfinito, rumo ao continente sagra-do da união com o Senhor. (Lísias,cap. 12, pág. 70.) (Continua no pró-ximo número.)

A psicóloga clínica MaralbaAlmada, que tem formação emGestalterapia, terapia transpessoal,corporal e terapia regressiva intera-tiva, realizou uma intensa e produti-va palestra sobre “Transtornos Emo-cionais e Espiritismo”. Natural dePonta Grossa (PR) e vinculada aoCentro Espírita Luz Eterna, deCuritiba, Maralba explicou que todoo equilíbrio do corpo depende doequilíbrio dos centros energéticos,conhecidos por “chacras”. Segundoela, tudo o que acontece em um des-ses centros acaba se refletindo nosdemais. “Esses centros de força cap-tam a energia universal e a trazempara o nosso corpo, vitalizando-o,servindo essas centrais energéticaspara o equilíbrio ou desequilíbrio.”

Um fator que pode gerar dese-quilíbrio é a forma como

encaramos a realidade da vidaA especialista, que trabalhou por

20 anos no Hospital Espírita de Psi-quiatria Bom Retiro, esclareceu quenossas emoções podem ser destruti-

Semana Espírita reúne maisde 2 mil em Londrina

(Conclusão da reportagem publicada na pág. 3.)vas se as utilizarmos de formas equi-vocadas diante das situações da vida.“O equilíbrio depende de como essasforças são usadas. A forma como pen-samos gera nossas emoções e isso gerao nosso comportamento. A partir deum pensamento podemos entrar numaemoção que gera um comportamentoque pode ser positivo ou negativo. Porisso, precisamos ter muito cuidadocom aquilo que pensamos”, ressaltou.

Outro fator que determina o equi-líbrio ou desequilíbrio do ser humanoé a forma que é “encarada” a realida-de da vida. Segundo a psicóloga, anossa consciência tem o registro detoda nossa evolução e essas informa-ções vão sendo despertadas de acor-do com nossas necessidades. “O trans-torno mental é um momento em quehá uma crise mas ele pode ser curado.São padrões de uma reação humanadesencadeada pela tensão que apare-ce nas pessoas que já gastaram todassuas reservas psíquicas e se dá pelatentativa desesperada de resolução deum conflito interno”, disse.

Além dos palestrantes citados, a18ª Semana Espírita contou com aparticipação de Vanderlei Ferreira (RioGrande do Sul) que falou sobre“Aborto” e “Reencarnação para Evo-lução do Espírito”; Orson PeterCarrara (São Paulo), que abordou otemas “Causa e Casa Espíritas” e “Pi-lares da Evolução Ontem e Hoje comKardec”; o também gaúcho Teltz Car-doso Farias, que falou sobre “O Espi-ritismo e os Desafios do 3º Milênio” e“A Vida Futura ou a Vida após a Mor-te”; Francisco Gabilan (São Paulo),que abordou os temas “Distúrbios daSexualidade” e “O Espírita e o Ter-ceiro Milênio”; Cristian Macedo (RioGrande do Sul), que proferiu palestrasobre “Mudanças nas Obras de AllanKardec” e o seminário “Ligação Es-pírito – Matéria na Visão Kardequia-na”; Carlos Augusto de São José eMárcio da Cruz, ambos de Curitiba,que abordaram os temas “Deus – OSenhor da Vida” e “Felicidade – AMeta da Evolução”, respectivamente.(Fernanda Borges, de Londrina.)

da e tão mal interpretada, mostra-nosque precisamos ter pureza e humilda-de em nossos corações – como umacriança, símbolo tomado por Jesus –,deixando de vez esse coração que ain-da abriga sentimentos inferiores, quea criança ainda não tem.

O símbolo é importante porquetemos, de um lado, essa criança físicarepresentando a pureza de coraçãoque, para Jesus, quer dizer o “amor atodos os semelhantes”; enquanto que,do outro lado, temos o adulto, repre-sentando o sentimento contrário, ouseja, o egoísmo, que quer dizer o amorindividualista e apego a tudo que sig-nifique posse pessoal.

Por conta disso somos fracos, vi-ciosos, doentes da alma, crianças es-pirituais que precisam do Mestre paraque nos tornemos fortes, puros e sau-dáveis.

A consciência desse Amor – exis-tente em nós desde a nossa criação –,que nos transformará em Servos deDeus, requer exercício constante, inten-so e prolongado. Necessitamos superaro provedor, o administrador e o benfei-tor; é fundamental derrubarmos a mu-ralha que nos separa do Pai para alcan-çarmos, em definitivo, o título de Ser-vo. O modelo a ser seguido, Jesus; ocaminho a ser percorrido, a ação no bem;a bússola a ser seguida, o Evangelho.

Estudando a série André Luiz

Nosso LarAndré Luiz

(Conclusão do texto publicado na pág. 5.)

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Eventos no ParanáCambé – Todas as quartas-feiras, às20h30, o Centro Espírita Allan Kar-dec promove um ciclo de palestras,com palestrantes especialmenteconvidados. Neste mês de agosto, ospalestrantes convidados são: dia 5,José Miguel Silveira (Londrina); dia12, Doroteia Cristina Ziel Silveira(Londrina); dia 19, Carlos Augusto deSão José (Curitiba); e dia 26, EugeniaPickina (Londrina).– O Lar Infantil Marília Barbosa reali-za no dia 29 de agosto, sábado, umapromoção de pizzas em prol da insti-tuição. O horário para entrega das pizzasserá das 10h às 13h, na Rua Dinamar-ca, nº 1288, em Cambé. Para as pesso-as que residem em Londrina, haverá umponto de entrega na Rua Alagoas, nº760, na Loja Maçônica Regeneração III.O custo de cada pizza será de R$ 12,00.Mais informações pelo telefone (43)3254-3261 com Maria José e tambémpelo e-mail:[email protected]

Curitiba – Realiza-se nos dias 6 e 7de agosto o seminário “Evangeliza-ção no SAPSE”, coordenado pelaequipe do Departamento de Infânciae Juventude (DIJ) da Federação Es-pírita do Paraná (FEP). O evento serárealizado no Auditório da Sede His-tórica da FEP (Alameda Cabral, 300),das 19h30 às 21h30. Serão abordadosaspectos como a evangelizaçãoinfanto-juvenil das crianças das famí-lias assistidas e os recursos para aexecução da tarefa. O público prefe-rencial são os evangelizadores de in-fância, coordenadores de juventudese interessados em abraçar a tarefa.Outras informações com Darck pelotelefone (41) 3223-6174.– Membro da coordenadoria do Es-tudo da Doutrina Espírita da FEP, Cel-so Nunes Benedito realiza, no dia 8de agosto, o seminário “O Trabalha-dor e a Casa Espírita”. O evento acon-tece no Centro de Estudos EspíritasFrancisco de Assis (Rua Prefeito Ân-gelo Lopes, 1278 – Alto da Rua XV),das 15h às 19h. Serão apresentadosaspectos como o conhecimento daDoutrina: estudo sistematizado, co-nhecimento da causa, definição de ob-jetivos; comprometimento com a cau-sa: unificação, missão dos espíritas,os obreiros do Senhor, o dever. Maisinformações pelos telefones (41)3663-6221 e 9202-67818.

Londrina – Todos os domingos, às8h30 da manhã, espíritas e simpati-

Palestras, seminários e outros eventoszantes da Doutrina Espírita de Londri-na e região podem ouvir o programaAlém da Vida, transmitido pela RádioLondrina AM (560 kHz). O programa éproduzido por voluntários espíritas queabordam diversos temas de acordo coma Doutrina Espírita, além de transmitirmensagens de reflexão. – O Centro Espírita Nosso Lar de Lon-drina (Rua Santa Catarina, 429) come-çou no último dia 30 de julho novoscursos de Iniciação ao Espiritismo. Asaulas serão ministradas em duas turmas- às quintas-feiras às 20h e aos sábadosàs 14h. Pode participar qualquer pes-soa que estiver interessada em estudara Doutrina Espírita por meio das obrasde Allan Kardec. Mais informações po-dem ser obtidas pelo telefone 3322-1959. – O Centro Espírita Maria de Nazaré(Rua Girassol, 411 – Vila Ricardo) ne-cessita de voluntários para colaborarcom as atividades desenvolvidas nacasa. A instituição conta com o traba-lho de evangelização infantil, palestras,estudo da Doutrina Espírita, atendimen-to fraterno e assistência aos moradoresda região em parceria com o Clube dasMães Unidas. Mais informações pelotelefone 3323-1483 ou 9945-5623 comIgnez. – Realiza-se no dia 16 de agosto, do-mingo, às 17h, mais uma reunião doCírculo de Leitura “Anita Borela deOliveira”, que terá por local a residên-cia de José Diniz Saraiva.– Novos voluntários para a tarefa deevangelização infantil estão sendo re-crutados pela Comunhão Espírita Cris-tã de Londrina (Rua Tadao Ohira, 555– Jardim Perobal). As atividades deevangelização das crianças realizam-seno sábado, a partir das 14h30, e aos do-mingos, a partir das 8h30. Os interes-sados podem contactar Eunice Cazetta(tel. 3304-2792) ou Marinei FerreiraRezende (tel. 3324-6843).

Cascavel – Divaldo Franco falou na úl-tima quinta-feira, dia 30/07/09, peran-te um público numeroso, na Associa-ção Atlética Comercial, situada na RuaPresidente Juscelino Kubitschek, 1159,numa realização da 10ª URE/FEP.

Faxinal – Um seminário sobre o tema“Obsessão - Flagelo desconhecido” estáprogramado para ocorrer no dia 2 deagosto, no Centro Espírita Paz, Amor,Verdade, Justiça (Rua Sete de Setem-bro, 785). O evento, que será coorde-nado por Zenaide AparecidaSimões, membro da coordenação doEstudo da Doutrina Espírita da FEP,será realizado das 8h30 às 12h30 e con-tará com a abordagem dos seguintes tó-picos: natureza e propriedade dos flui-dos; a lei de sintonia e as influênciasespirituais; fundamentos da obsessão:definição, tipologia, causas, auto-ob-sessão; obsessão em família; as obses-sões coletivas; obsessões e suas inter-ferências na saúde; prevenção e trata-mento das obsessões: autoconhecimen-to, obsessão e os recursos do Centro Es-pírita. Mais informações pelos telefo-nes (43) 3461-3777 ou 9974-4961.

Foz do Iguaçu – Foi entregue no dia29 de julho o título de Cidadão Hono-rário de Foz do Iguaçu ao confradeDivaldo Pereira Franco. A solenidadeaconteceu no Centro de Convenções doHotel Foz do Iguaçu. O referido TítuloHonorário foi proposto pelo Presiden-te da Câmara Municipal de Foz, Sr.Carlos Juliano Budel, e aprovado porunanimidade pelos vereadores do mu-nicípio iguaçuense. – Realiza-se no dia 1º de agosto o se-minário “O Estudo da Doutrina Espíri-ta e a Juventude”, coordenado pelaequipe do DIJ/FEP. O evento ocorreráno Centro Espírita Paz, Amor e Cari-dade (Rua Quintino Bocaiúva, 1.156)e nele serão abordados aspectos como:de que forma estudar as Obras Básicasna Juventude; como tornar as aulas maisenvolventes, de forma a se transmitirao jovem a importância do estudo e suaaplicabilidade em seu dia a dia e comoutilizar dinâmicas com os jovens.

Francisco Beltrão – Um seminário so-bre o tema “Repensando o Lar” serárealizado no dia 16 de agosto, no Cen-tro Espírita Mensageiros da Paz (RuaAntônio Carneiro Neto, 1.212). Coor-denado pelo conselheiro da FEP, AlanRobertson Archetti, o evento ocorrerádas 14h30 às 18h30 e deve abordar te-mas como: compromissos afetivos;ambiente doméstico; estrutura famili-ar; alterações afetivas, desajustes e té-dios. Mais informações pelos telefones(46) 3224-5172 e 8803-9766.

Jacarezinho – Começa no dia 1º deagosto, às 20h, a XXX Jornada Espírita

de Jacarezinho. O evento será realizadono Centro Espírita João Batista (Mal.Deodoro, 701) e reunirá palestrantes dediversas cidades do Paraná e também doEstado de São Paulo. Na abertura, seráfeita exibição do filme “Bezerra deMenezes – O Diário de um Espírito”; nodia 8, a médium e escritora EuláliaBueno (Santos-SP) abordará o tema“Prova das Existências de Deus”; dia 15,o palestrante Wilson Reis Filho(Curitiba) falará sobre “Serenidade eFé”; dia 22; José Lázaro Boberg(Jacarezinho) fará uma palestra sobre“Os segredos das boas aventuranças” edia 29, a médium e escritora Célia XavierCamargo (Rolândia) encerrará o eventocom a palestra “A busca da perfeição”.Mais informações podem ser obtidas notelefone (43) 3525-0373. – O Centro Espírita “João Batista” (RuaMal. Deodoro, 701) promove reuniões eestudos todas as quintas-feiras das 20h às21 horas e aos domingos das 8h às 10horas. Também são realizadas atividadesde Educação Infanto-Juvenil aos domin-gos das 10h às 11 horas, sob a coordena-ção do professor Jean Carlos Moreno.

Medianeira – O Centro Espírita Amore Perseverança promoveu no dia 29 dejulho, às 20h30, conferência proferidapelo confrade Divaldo Franco. O even-to, que teve o apoio da Federação Espí-rita do Paraná (FEP), foi realizado naSede Social do Clube União deMedianeira, na Rua Argentina, esquinacom Rua Amazonas.

Eventos em outras regiões do PaísBrasília – Estão abertas as inscrições parao 1o Congresso Espírita do Distrito Fe-deral, que será realizado no período de 9a 11 de outubro. O evento ocorrerá nasinstalações do Colégio Militar de Brasília:SGAN 902/904, Asa Norte. O Congres-so terá a participação dos expositoresAffonso Soares, Alberto Almeida, Anto-nio César Perri de Carvalho, Nestor JoãoMasotti e Wagner Gomes da Paixão, quefalarão sobre temas como “Atitude dohomem de bem diante do apelo do mun-do moderno”, “Esperanto”, “A evangeli-zação na construção do homem de bem”e “Chico Xavier: vida e obras”. Além depalestras, seminários e apresentação cul-tural, haverá um painel para esclarecimen-to de dúvidas. A inscrição pode ser feitaaté o dia 10 de setembro, por R$45,00;depois dessa data, até 9 de outubro, o va-lor será de R$60,00. A promoção é da Fe-deração Espírita do Distrito Federal, quedisponibiliza a programação completa docongresso na página www.fedf.org.br,

onde é possível ainda realizar a inscri-ção. Informações nas Casas Espíritas doDistrito Federal ou pelo telefone (61)3344-8237.– A TVCEI via satélite é o aconteci-mento espírita do ano. Após três anosfazendo televisão espírita pela internet,a TVCEI iniciou em junho último suastransmissões via satélite para todo oBrasil e América do Sul pelo sistemadigital. Informações sobre o assuntopodem ser obtidas no site do Conse-lho Espírita Internacional que é divul-gado na página inicial desta revista.

São Paulo – Estão abertas as inscri-ções para o 5o ENLIHPE – 5o

Encontro Nacional da Liga dos His-toriadores e Pesquisadores Espíritas–, que será realizado nos dias 26 e 27de setembro, no Centro de Cultura,Documentação e Pesquisa do Espiri-tismo Eduardo Carvalho Monteiro:Alameda dos Guaiases, 16, PlanaltoPaulista. O objetivo do encontro é darvisibilidade aos trabalhos em cursorealizados em ambiente acadêmicoque tangenciem temas de interesse domovimento espírita, e o assunto cen-tral desta edição é “A Temática Espí-rita na Pesquisa Contemporânea”.Esse evento incentiva também a pu-blicação e apresentação de trabalhosligados à recuperação da memória domovimento espírita, objetivo que mo-bilizou o fundador do CCDPE, Eduar-do Carvalho Monteiro, e que fez nas-cer a Liga de Historiadores e Pesqui-sadores Espíritas. Com a adesão emmassa dos convidados pela comissãoorganizadora, não haverá inscrição detrabalhos no 5o Encontro, pois oCCDPE não dispõe de um auditóriogrande, razão pela qual as vagas sãobastante limitadas. Faça sua inscriçãoe assegure sua participação nesteevento que tem tudo para possibilitaruma troca imensamente rica entre osparticipantes. As inscrições podem serfeitas no site http://www.ccdpe.org.br,e o investimento é de R$50,00.

Marília – Estão abertas as inscriçõespara o VI Congresso Nacional deSaúde e Espiritualidade, que a AMEfará realizar em Marília no períodode 5 a 7 de setembro. Os interessa-dos deverão acessar a página www.amesaopaulo.com. Para mais infor-mações, entre em contato [email protected] [email protected] ou(11) 5581-7089 ou, ainda, (14) 8123-0333.

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O IMORTALPÁGINA 12 AGOSTO/2009

ELSA [email protected]

De Londres (Reino Unido)

Quando fui convidada pelo amigoAstolfo Olegário a escrevermos uma crô-nica mensal, nossa primeira ideia foi co-locar o nome Terras de Além-Mar. Já naépoca, mantínhamos constante leitura dolivro de nosso querido Chico Xavier En-tre Irmãos de Outras Terras. Por isso, creioque o título desta crônica já é familiar paraa maioria dos espíritas que apreciam ler.

Confesso que só fui tomar conhe-cimento dessa obra exemplar quandopassei a residir em Londres. O AllanKardec Study Group mantinha esse li-vro em sua livraria. Ao lê-lo pela pri-meira vez em 1997, foi para mim umasurpresa inesquecível. Ao viajar parao exterior em 1994, levando um pou-co do conhecimento espírita, vi nesselivro um compêndio de informaçõescomo um manual para o viajor espíri-ta em demanda das terras de além-mar.A partir de 1998, passei a adquirir mais

de uma centena da mesma obra, e poronde passava, nos locais que visitava,deixava ali um exemplar. Muitos ami-gos dos países visitados devem lem-brar-se desse singela lembrança quedeixava por onde passava.

O livro Entre Irmãos de OutrasTerras, com psicografias de nosso que-rido Chico Xavier e Waldo Vieira, trans-mitidas por vários Espíritos diretamentenos idiomas francês, inglês, espanhol,em países e cidades diferentes, é real-mente um livro que deve acompanhar

Crônicas de Além-Mar

Entre Irmãos de Outras Terras

ELSA ROSSI, escritora e palestran-te espírita brasileira radicada em Lon-dres, é 2ª Secretária do Conselho Espí-rita Internacional, diretora do Departa-mento de Unificação para os Países daEuropa, organismo do Conselho Espí-rita Internacional e secretária da BritishUnion of Spiritist Societies (BUSS).

todos os viajores espíritas. Desta obra,destacamos todas as mensagens e asimprimimos para distribuiçãoininterrupta em todos os eventos orga-nizados pela BUSS – British Union ofSpiritist Societies.

Agora encontro outra entusiasta poresse livro, Vanessa Anseloni, doBaltimore Spiritist Society, que estáorganizando a tradução das mensagensque estão em português para o idiomainglês, trazendo-nos assim mais umaobra no idioma de que também tanto ne-cessitamos. As mensagens lá contidas,recebidas no Central Park, em Miami,Nova York etc. são de grande importân-cia para os irmãos de todas as terras.

O Seminário de Capacitação doTrabalhador Espirita programado peloConselho Espirita Internacional para oencontro com os trabalhadores da Eu-ropa e outros, realizado em Liège jun-tamente com a reunião do CEI e daComissão Executiva do CEI, foi de umbrilhantismo exemplar para todos nós.Vanessa apresentou o Centro Espirita,um modelo de trabalho e vários exem-plos do que se pode fazer com o objeti-vo de qualificar as pessoas, dando opor-tunidades a que irmãos espíritas pos-sam aprender o idioma local, melhoran-do desse modo suas condições paracolocar-se no trabalho em um mercadoque exige que a pessoa fale o idiomalocal. Até que isso aconteça, as pesso-as que não aprendem o idioma ficam

sujeitas à situação de subemprego, vi-vendo somente em núcleos da mesmaorigem, sem abertura no país em queresidem. Isso é um trabalho de carida-de que um centro espírita no exteriorpode promover.

Entre outros tópicos apresentados,a grande maioria inspirada na obra En-tre Irmãos de Outras Terras, a mensa-gem primeira do comportamento doespírita em viagem, disse Vanessa queesse livro deveria ser exposto em to-dos os aeroportos e em todos os idio-mas possíveis. Quiçá nós brasileiros,que estamos vivendo por hora empres-tados ou plantados em jardins nas Ter-ras de Além-Mar, ou mesmo no Brasil,possamos conhecer um pouco mais des-se livro-manual e presenteá-lo a todosque estejam por viajar ao exterior, a fimde que possam preparar-se um poucomais, colocando em sua bagagem, alémde passaportes e pertences outros, vá-rios exemplares desse livro para distri-buí-los por onde passarem, como ve-nho fazendo nestes 11 anos de residên-cia no Reino Unido.

Ação espírita e Espiritismo: umconvite à regeneração planetária

“Todo trabalho espírita é exigente epenoso, porque faz parte de uma

grande batalha – a da Redenção doMundo, iniciada pelo jovem carpintei-

ro Jesus, filho de Maria e José.”(Herculano Pires, 2000, p. 119.)

O Espiritismo, ao expressar a im-portância da díade amor-instrução, éuma Doutrina moderna e complexa, queabarca todo o campo do conhecimento,pois abrange a sequência epistemológicada ciência, filosofia e religião.

Como estamos entrando na EraCósmica, é proposta do Espiritismo arenovação do nosso mundo, à medidaque esclarece a verdade sobre o desti-no do ser humano, explicitando, prin-cipalmente por meio da mediunidade,a vida espiritual e o constante inter-câmbio entre Espíritos e encarnados.

Ao proclamar a caridade como avirtude libertadora, o Espiritismo in-centiva a transformação do egoísmo emamor pelos outros, porque nos alertasobre nossa espontânea inclinação paracaminhar em direção à transcendência,pois é desejo do Alto que nos torne-mos Espíritos puros. Então, aderir aosprincípios da Doutrina, ou ao jugo levede Jesus, pressupõe aceitar um convi-te: que nos tornemos conscientes e, exi-gindo mais de nós mesmos (e menosdos outros), nos arrisquemos a desen-volver quanto formos capazes os atri-butos de nossa inteligência e quecorrespondem às potências do Espíri-to – intelecto, vontade e afeto.

senvolvida por meio do afeto, da vigilân-cia e da mecânica da caridade.

Qual é o nosso desejo mais profun-do? Uma definição de saúde ligada aocampo da psique diz respeito ao cuidadocom o nosso propósito mais essencial, in-timamente endereçado ao aprimoramen-to da nossa condição humana – “onde estáo teu coração, aí está o teu tesouro”. E seo bem é o progresso, enquanto o mal é aignorância, três são os elementos afirma-dos pela Doutrina Espírita e que podemnos ajudar a nos melhorar e a cooperarcom a construção de um mundo melhor:“a) amor, b) trabalho; c) solidariedade”(Pires, 2000, p. 108).

Enquanto o amor educa para a in-dulgência e o acolhimento, rompendocom a prática nociva do egoísmo e dadiscriminação, o trabalho nos lança àtransição da dinâmica competitiva paraa dinâmica cooperativa, pois a “propo-sição espírita, nesse sentido, como foiem seu tempo a proposição cristã origi-nal, encarna os mais altos ideais da es-pécie, voltados para o trabalho comuni-tário em ação e fins” (idem, p. 115). Jáa solidariedade espírita se propaga “nocampo da assistência à pobreza, aosdoentes e desvalidos” (idem, p. 117),envolvendo não apenas a ambiência es-pírita, mas dizendo respeito a todas asformas de vida, alcançando, portanto,os planos superiores e os Espíritos be-nevolentes que, unidos a Deus e a Je-sus, trabalham pelo bem do Planeta Ter-ra, mundo destinado à regeneração.

Referência:PIRES, J. Herculano. Curso dinâ-

mico de Espiritismo – o grande des-conhecido. SP: Paidéia, 2000.

Esse convite pede humildade e disci-plina, pois, no final, seremos autoavaliados,sobretudo, pela tenacidade da nossa açãono bem e pela opulência de nossa coragem,porque nosso autoaprimoramento dependede uma atitude que nos afaste do comodis-mo, excitante dos apegos, segundo um com-portamento dirigido pelo personalismo.Além disso, inútil querer continuar no mes-mo patamar evolutivo, mas sujeito às expe-riências corpóreas na Terra. Na fase atualde transição da vida planetária, temos deatender aos conselhos dos bons Espíritospara não ficarmos obrigados às migraçõespara mundos inferiores, pois tal é a lei vi-gente nos mundos, igualmente submetidosa princípios inflexíveis.

Se compreendermos a necessidade danossa transformação moral, buscaremosvencer o egoísmo e os estados sombriosque em muitos momentos nos possuem enos fazem desorientados, pois um mun-do amoroso e luminoso só se faz possívelpor meio da ação de um ser humano igual-mente amoroso e luminoso – distinto edistante do ser humano infantilizado eocupado apenas com si mesmo.

O egoísmo e seus afins informam osaspectos negativos do ser humano, que ne-cessitam ser superados. Mas, a Doutrina Es-pírita sabe que métodos punitivos poucoservem ao processo transformador do ser.Ao contrário, no lugar de domesticar oucastrar o Espírito, o Espiritismo busca irra-diar a técnica simples do Cristo, que chamao ser humano a tomar pé na realidade, ex-perimentando suas tendências vocacionaise, ao mesmo tempo, livrando-o, pela ins-trução, das ilusões da supervalorização in-dividual. Assim, pela ação espírita, cada umde nós é convocado a pôr em prática asbenesses da vida de relação positiva, de-

EUGÊNIA PICKINA [email protected]

De Londrina

O amor

Certo poeta, amigo e escritor,Recomendou-me que eu mudasse o rumo

E que escrevesse para o seu consumoPoemas que cantassem vida e amor.

Belo conselho e enobrecedor!E sobre isso digo num resumo:

O amor é simplesmente o fio de prumoUtilizado pelo Criador!

Sem o amor não haveria o céu,Nem Terra e mar, nem doçura de mel...

(Perdão por estes devaneios meus)

Mas concluo, afirmando: O amor é tudo!Mesmo do mal é ele o grande escudo

Porque o amor, por excelência, é Deus!

JOSÉ VIANA GONÇALVESDe Campos dos Goytacazes, RJ

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O IMORTALAGOSTO/2009 PÁGINA 13

“Tratava-se de um homem, aindajovem, que deixava transparecer nosolhos, profundamente misericordio-sos, uma beleza suave e indefinível.”(Emmanuel, “Há Dois Mil Anos”)

O olhar de misericórdia, olhar deamor, olhar de bondade, olhar depaciência – olhos luminosos, refle-tindo a beleza do espírito, a pontode não se poder olhar em seu sem-blante sem sentir, na profundeza daalma, um toque desse amor.

Quando teremos esse olhar de pa-ciência? Quando a tivermos no eu in-terior, no ser real – porque o olharexpressa o espírito, suas conquistas,suas falhas.

“A lâmpada do corpo é o olho.Portanto, se o teu olho estiver são,todo o teu corpo ficará iluminado, masse o teu olho estiver doente, todo oteu corpo ficará escuro. Pois se a luzque há em ti são trevas, quão grandesserão as trevas!” (Jesus, EvangelhoSegundo Mateus, Cap. 6, vv. 22 e 23.)

Se olharmos com bons olhos aonosso redor, nos autoiluminamos; senossos pensamentos forem de amore paz, nós estaremos bem; e, ao con-trário, pensamentos sombrios geramsombras, refletindo isso no olhar, nosemblante.

É interessante como podemosenxergar o espírito se expressando norosto. Um dia desses atendemos auma menina de onze anos, linda, comum corpo já de mulher, como temacontecido muito com essa nossa ge-ração. Não que haja maturidade do

espírito, mas sim amadurecimentoprecoce do corpo, devido aos estí-mulos eróticos precoces, propagadosmuito no dia-a-dia do Brasil atual. Amenina tinha um rosto lindo, masuma expressão, no rosto, um expres-são de desafio, de rebeldia. Só paratestarmos se estávamos certa em nos-sa impressão, perguntamos à mãe ea ela própria se era calma. “De jeitonenhum”, disse a mãe, “é uma rebel-de em pessoa, tudo tem que ser dojeito que ela quer. Muito difícil!”

Ninguém que não tenha apren-dido manifestará aprendizado emdeterminado assunto. Virtudes sãoconquistas do espírito, em vidas su-cessivas, aprendizados de milêniosrefletindo-se na conduta, no modo deagir e no semblante, no olhar.

Reportamo-nos, aqui, à virtude dapaciência. Que paciência teve Jesus!Que olhar de misericórdia lançou so-bre seus algozes! Que olhar de com-preensão e amor para com a turbaensandecida, que aplaudia sua dor!

Diz Joanna de Ângelis, pelapsicografia de Divaldo P. Franco, quea paciência é o fator que representa,de maneira mais eficiente, o equilí-brio do homem que se candidata aqualquer mister.

Sem ela, diz Joanna, a irritaçãocomanda os feixes nervosos e dese-quilíbrios imprevisíveis irrompem namáquina física, comprometendo todae qualquer realização: “Mediante

exercícios regulares de reflexão econtenção dos impulsos da persona-lidade inferior, plasmarás condicio-namentos íntimos, que imprimemcalma e equilíbrio, culminando emharmonia interior, geradora da paci-ência.”

A paciência é confiante, gentil,otimista, sem que deixe de ser res-ponsável, séria, recatada...

Por esses apontamentos dessenobre espírito vemos que o aprendi-zado aqui nessa Terra ainda é muitonecessário, pois que as pessoas an-dam explosivas, irritadiças, comoessa menina de onze anos que cita-mos, o que nos mostra que a grandemaioria dos encarnados são aindacrianças em espírito.

Quando refletiremos essa paz noolhar, no semblante? Virtude a se al-cançar!

No Capítulo IX de O Evangelhosegundo o Espiritismo, vemos, de“Um Espírito Amigo”, uma mensa-gem belíssima sobre a paciência, di-zendo que a dor é uma bênção queDeus envia a seus eleitos; “Não vosaflijais pois, quando sofrerdes, masbendizei, ao contrário, o Deus todo-poderoso, que vos marcou pela dorneste mundo para a glória no céu.”

Vendo por este prisma, aprenda-mos com a dor, como aprendeu onosso querido Jerônimo Mendonça,de Ituiutaba, MG, que este ano com-pleta 20 anos de desencarnação. Pa-

Conquista da paciênciaJANE MARTINS VILELA

[email protected] Cambé

ralítico, cego, dores por todo lado,esse gigante deitado foi um arautoda paciência e resignação. Seus olhosforam extirpados do corpo físico de-vido a doença gravíssima que o aco-meteu, uma artrite reumatoide difi-cílima, que atingiu até seu coração.Mesmo sem olhos, seu rosto era se-reno, pois aprendeu essa grande li-ção na dor, na paciência.

Hoje, espírito liberto, é luz. Refle-te luz, a ponto de, numa reuniãomediúnica, quando sentimos sua pre-sença enquanto ajudávamos na con-versação com os desencarnados, umespírito, encantado com o seu brilholuminoso, perguntou quem era aquelemoço que ali estava perto de nós, poishavia sido muito nosso amigo, e irra-diava tanta luz que ele não conseguiafitá-lo, tinha que abaixar os olhos. Esó conseguiu olhá-lo porque estava tãodesejoso de fazê-lo que Jerônimo, comhumildade, reduziu seu brilho.

É a luz conseguida numa vida desacrifícios. Olhar de luz ele tem hoje.

Quando estivermos em dor deaflição, pensemos em quem está piorque nós, olhemos com misericórdiacomo Jesus, nosso modelo e guia,olhava a humanidade sofrida.

Um dia seremos paz, um dia se-remos luz, um dia teremos um sem-blante de amor e serenidade.

Trabalhemos, pois, com amor, etenhamos paciência na vida, porquehaveremos de vencer.

Histórias que nos ensinam

Neste mês, vamos apresentar odepoimento de Divaldo Pereira Fran-co, registrado no livro “O Semeadorde Estrelas”, escrito por Suely Cal-das Schubert, no qual ele conta comose deu seu encontro com sua mentoraespiritual, Joanna de Ângelis.

O objetivo é mostrar osensinamentos deixados por esseEspírito elevado, e que serve paratodos nós.

Não registrarei aqui todo o tex-to, mas a parte que quero apresentarao leitor. E deixarei em negrito osmomentos que mais me marcaram.

Diz Divaldo: “No dia 5 de de-zembro de 1945, eu a vi por pri-meira vez (essa narrativa foi feitano mês de setembro de 1987)... Nãoa vi com as características de reli-giosa com que ela se vem apresen-tando nos últimos trinta anos, masvi uma claridade muito grande,próxima de mim e uma voz muitomeiga que me disse:

- Eu tenho a tarefa de caminharcontigo na atual existência corporale envidarei todos os esforços paraque a nossa tarefa se coroe de êxito.

Não te prometo as regalias enem as comodidades que, às vezes,entorpecem os sentidos e aniqui-lam os ideais.

Não espere de mim aquiloque o mundo pode te dar e quetu conseguirás com teu próprioesforço, mas eu te afianço ser ne-cessário que, na tua fidelidade àpalavra do Senhor, contes com a

JOSÉ ANTÔNIO V. DE [email protected]

De Cambé

minha presença de amiga na ra-zão direta em que eu possa con-tar contigo nas necessidades donosso programa.

Ainda me recordo que, naque-la mesma noite, eu perguntei:

- Como é o seu nome? ...(E depois de um pouco de diá-

logo, ela responde...)- Bem, tu me chamarás Joanna...

Eu fui Abadessa do Convento daLapa, aqui, em Salvador, e que deua vida nas lutas da Independênciada comunidade brasileira....

- Então ela se materializou di-ante de mim, e eu a vi, com umariqueza de detalhes talvez maior doque a que eu estou vendo nas pes-soas agora.

... Eu me comovi e me sentiprofundamente a ela vinculado,como se isto em mim, no momen-to, tivesse desabrochado. E pergun-tei-lhe:

- Por que a senhora não me dis-se antes?

- Tu eras imaturo. E a primeiralição de sabedoria que eu queria dar,era a da paciência. Quem pretendeservir a Jesus deve aprender com otempo e disciplinar a vontade...

E, no final do encontro, elaconcluiu:

“... Entre nós, os espíritos res-ponsáveis, uma tarefa passa a tervalor depois que os dez primei-ros anos são vividos com abne-gação. Porque até dez anos deatividades pode-se considerarum trabalho de entusiasmo...Mas quem é fiel em dez anos delutas, já merece uma promoção deresponsabilidade.

Deus

Escrevo esta página em agostode 2008. No dia 31 completarei, seDeus quiser (e não a 3 de setembro,como meu pai fez constar em meusdocumentos), sessenta e seis voltasem torno do Sol. E toda a vez queolho para o céu e o sol lá está quei-mando o dorso do camponês nos ca-naviais (estamos na era do automotormovido a etanol da Saccharysofficcinalis) ou bronzeando a peledos banhistas da famosa praia deIpanema – eu me lembro de umaquadrinha lida na minha infância dis-tante. Ah! Quem de nós não tem nocoração uma criança?

Lembro-me bem. Leopoldo Ma-chado ainda estava entre nós, emNova Iguaçu, RJ. Foi-se em agosto.O evento se deu na sede do CentroEspírita Fé, Esperança e Caridade.Era a noite (linda) de 18 de abril de1957! I Centenário de O Livro dosEspíritos!

Não sei se, adoentado, ele fez apalestra. Creio que sim. Mas eu merecordo de que, ao término da ses-

ne, garantindo a indústria e o co-mércio, propiciando-nos a existên-cia orgânica.

Igualmente, a sua luz, sobrema-neira, sobre as algas dos oceanos, e,em menor porção (apenas 20% daspoucas florestas que ainda não des-truímos), através da fotossíntese, fazcom que da água se formem os nos-sos alimentos, e ainda nos sobre,como subproduto, o oxigênio atmos-férico, no fenômeno contrário da fo-tossíntese que é a respiração aeróbica.

Bem sei que o leitor sabe distotudo muito mais do que eu... É que,depois dos 15 anos (que fiz aindaontem mesmo...), costumamos re-cordar verdades cediças. O sol – amelhor figura para nos mostrar aBondade, a Justiça, a Misericórdiado Criador, dizia o poeta no livro queganhei no C. E. Fé, Esperança e Ca-ridade em 1957. Fico por aqui comesta frase de autor desconhecido:“Acredito no sol, mesmo quando nãoilumina. Acredito no amor, mesmoquando não o sinta. Acredito emDeus, mesmo quando permanececalado.” (Caixa Postal 61003, VilaMilitar, Rio de Janeiro, RJ, CEP21615-970)

CELSO [email protected]

Do Rio de Janeiro

são solene, na presença de umas du-zentas pessoas, de uma enorme mesapeguei, de lembrança, como fizeramtodos os presentes, um exemplar deum livro psicografado pelo médiumFrancisco Cândido Xavier. Emboraestivesse na 4ª Série do GinásioIguaçuano (do casal de ex-alunos doLeopoldo, nas pessoas de Leonardo eesposa Elza Carielo de Almeida), nãome recordo mais o título da obra. Atéporque, durante quatro vezes, a fomedos cupins me devorou a bibliotecadoméstica.

E me recordo mais ainda. Haviauma quadrinha de Casimiro Cunhadizendo que sol nos dá a exata noçãoda existência de Deus. Passou-se otempo. Fiz-me adulto e, nas minhasleituras anárquicas, desorganizadas,feitas quase sempre de madrugada,com alguma música clássica em sur-dina, aprendi que a vida na Terra sedeve à energia radiante do Astro-Rei(perdão pelo lugar comum!).

Com efeito, o seu calor garante ociclo da água: nuvens, rios, mares,nuvens, rios, mares, com a chuva ger-minando as sementes, dessedentandoo gado, movendo as turbinashidroelétricas, promovendo a higie-

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O IMORTALPÁGINA 14 AGOSTO/2009

ConfiançaIsabela, menina viva e arteira,

estava sempre a fazer coisas erradase era repreendida pelos pais.

Como o pai ficava menos emcasa, por causa do trabalho, dificil-mente chamava sua atenção, mas,quando o fazia, ficava bravo e fala-va firme:

— Nunca mais faça isso, moci-nha!

Com medo, Isabela se encolhia,prometendo nunca mais fazer nadaerrado.

E, por isso, ela achava que o painão a amava.

O Dia dos Pais se aproximava ehaveria uma grande festa na escola etodas as crianças estavam eufóricas.

Haveria uma apresentação artís-tica, com músicas, danças e até umapeça de teatro. As mães fariam bolos,sanduíches e refrescos. Para finalizar,cada pai receberia um presentinhoconfeccionado pelo próprio filho.

Com antecedência, os alunos co-meçaram a enfeitar o salão com lin-das fitas e flores coloridas.

Isabela estava na maior expectati-va. Amava muito seu pai e queria de-monstrar seu amor por ele nessa festa.

nhor não vai à festa?— Claro que vou, filhinha!— E se não conseguir chegar a

tempo? Por que tem que viajar logoamanhã?...

O pai explicou-lhe que tinha ne-gócio urgente a realizar.

— Não posso deixar de ir. Mas,prometo-lhe que chegarei para a festa.

Naquela noite, Isabela não con-seguiu dormir direito. Pela suacabecinha passavam mil pensamen-tos: “Meu pai não gosta de mim. Seele me amasse e se preocupasse co-migo, não viajaria. Será que ele nãosabe quanto essa festa é importantepara mim?”

Na manhã seguinte, o pai despe-diu-se, abraçando a filha com cari-nho:

— Isabela, prometo que estareide volta no domingo.

Colocando a mala no carro, elepartiu.

Isabela passou aquele dia ensai-ando a peça e ajudando na arruma-ção do salão. Quando terminaram,estava lindo.

Ela voltou para casa cansada ecom fome. Jantou e dormiu em se-guida.

De manhã cedinho, o telefonetocou. Era alguém avisando que seupai havia sofrido um acidente. A mãeficou trêmula, aflita, tentando obternotícias do marido. Depois, com cui-dado, contou à filha:

— Isabela, seu pai teve um pe-queno acidente e o carro está comproblemas, mas não é nada. Logo eleestará aqui conosco.

— Meu pai não vem, mamãe...Ele não vem... Tenho certeza! — dis-se a garota pondo-se a chorar, apa-vorada.

A mãe abraçou-a com afeto,tranquilizando-a:

— Claro que ele vem, minha fi-lha. Confie em Deus, que também éPai. Vamos orar e tenho certeza deque o Senhor atenderá nossos pedi-dos.

— Eu não vou mais à festa, ma-mãe.

— Como não, filha? A festa foivocê que ajudou a preparar! E quemfará seu papel na peça teatral?

— Não sei e nem me importo.A mãe pensou um pouco e con-

siderou:— Isabela, você está demons-

trando que não confia nem em seu

Neste mês em que comemo-ramos o Dia dos Pais, desejamoshomenagear a todos os pais.

Como fica difícil parabenizarcada pai em particular, escolhe-mos nosso querido “paizinho”Hugo Gonçalves (foto) para asnossas homenagens.

Há mais de cinquenta anos sededicando à infância, juntamentecom nossa querida mãezinhaDona Dulce, agora no MundoEspiritual, ele criou e educou cen-tenas de crianças como filhas docoração no Lar Infantil MaríliaBarbosa, devotando a todas elascarinho e amor.

As filhas cresceram, casaram-se e lhe deram uma quantidadeenorme de netos que lhe enrique-ceram a existência.

Todavia, não são apenas osseus filhos biológicos, Cairbar eEmanuel, e respectivas esposas, ouos filhos do Lar Marília Barbosa,que constituem a sua família.

Grande quantidade de pesso-as, crianças, jovens, adultos e atéidosos o consideram como um

Feliz Dia dos Pais!

Em casa, três dias antes, ela avi-sou:

— Papai, no domingo tem umafesta na escola. Você vai, não é?

— Vou, sim.Nesse instante, o pai levou a mão

à cabeça, lembrando-se de algumacoisa, Olhou para a mãe, com expres-

são preocupada e disse:— Querida, amanhã vou ter que

viajar.Ao ouvir a notícia, a menina ar-

regalou os olhos surpresa e decepci-onada:

— Papai! Quer dizer que o se-

verdadeiro pai, pelas bênçãos queespalhou ao seu redor através dosconhecimentos da Doutrina Espí-rita e da sua aptidão para ajudaros necessitados do corpo e daalma, com desprendimento, dedi-cação e muito amor.

Assim, constituindo-me emporta-voz de todos os seus ami-gos, companheiros e filhos, de-sejo ser portadora da gratidão edo carinho de todos que o conhe-cem, homenageando-o neste Diados Pais.

“Paizinho” Hugo Gonçalves,receba um abraço bem apertadode quantos têm a honra e o pra-zer de conhecê-lo.

FELIZ DIA DOS PAIS!

pai nem em Deus, minha filha. Etambém que não tem respeito pelotrabalho dos outros. Sem você, seuscolegas não poderão apresentar apeça!

A menina ficou calada, pensati-va. Sua mãe tinha razão. Ela deveriaconfiar mais em Deus e também nopai que sempre fizera tudo por ela,que nunca a decepcionara. Elevan-do o pensamento, orou muito supli-cando a Deus que protegesse seu pai,que nada de mal lhe acontecesse eque ele voltasse bem para casa.

Todavia, as horas passavam e opai não chegava.

Na hora marcada, com o cora-ção apertado, foram para a festa.Começou a apresentação e os núme-ros foram se sucedendo. O último eraa peça.

Quando as cortinas se abriram,Isabela lançou um olhar pela assis-tência, esperando ver o pai. Mas emvão. Ele não tinha chegado. Compe-netrada, naquele momento ela sópensou no papel que estava repre-

sentando.Na última cena, Isabela iria di-

zer um texto dirigido aos pais. En-tão, ela se virou de frente para o pú-blico.

Nisso, surpresa e aliviada, ela viuseu pai no meio do povo. Com umcurativo na cabeça, mas risonho.

Em lágrimas, Isabela disse emvoz bem alta:

— Papai, você é muito importan-te na nossa vida. Nós o amamos econfiamos em você! FELIZ DIADOS PAIS!

Isabela, com o presente nasmãos, desceu do palco e correu parajunto do pai.

— Pensei que você não viesse,papai.

— Graças a Deus, estou aqui. Eujamais iria decepcioná-la, minha fi-lha.

Abrindo os braços, eles se abra-çaram com infinito amor, enquantoela agradecia a Deus por tê-lo devolta.

Tia Célia

Hugo Gonçalves

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O IMORTALAGOSTO/2009 PÁGINA 15

Bolsões de dores e escarcéus

“E serão lançados nas trevasexteriores onde haverá choro e

ranger de dentes” – Jesus(Mateus, 8:12).

A Doutrina Espírita é a grandemediadora da Luz do Mais Alto quenos leva à compreensão das maisvariadas situações, ensejando-nosestabelecer a conexão entre os “di-tos” do Senhor com os dolorosos ecruentos acontecimentos hodiernos...

Exemplifiquemos: Vemos hoje aconfirmação das palavras de Jesusquando disse (1) que era necessáriovir o escândalo, mas aquele que lheservisse de intermediário teria altopreço a pagar, ao observarmos a tris-te sina desses responsáveis por pre-téritos descalabros, pagando-os comdividendos de acerbos tormentos emsufocantes bolsões de dores e escar-céus. Tais bolsões espocam em vá-rios pontos da Terra, e hoje, maisdolorosa e ostensivamente, no Ori-ente Médio.

O Espírito Camilo ensina (2): “(...)O mundo terrestre está assinalado porincontáveis dessas zonas expiatóriasque são, por seu turno, regiões dereequilíbrio de prodigioso contingentede filhos de Deus que, durante muitotempo ainda estarão tentando atearfogo aos campos da Humanidade in-teira, ou estarão envolvidos em pro-cessos de barbarismos contra seu se-

melhante, batendo no peito como do-nos da razão e senhores da verdade.Deus, contudo, aguarda que na gran-de fogueira por eles mesmos monta-da, queimem-se, ainda que morosa-mente, os fluidos pestilenciais que vãodando margem ao aparecimento defluidos salutares.

“Para os olhos do homem co-mum, há povos ou etnias no mundoque jamais se acertam; grupos soci-ais que são, historicamente, belico-sos, odientos, odiados, negativos...Entanto, vale saber que já não são,obrigatoriamente, os mesmos Espí-ritos reencarnados no pretérito osque persistem nos gravames atuais;e que, nessas localidades, temos asreportadas regiões de reequilíbriopara onde indivíduos das mais di-versas procedências terrenas sãoconduzidos para que renasçam ali,considerando o estado da alma, osníveis de tormento, de ódio arraiga-do ou de beligerância a esvurmar dopróprio íntimo. Assim, aprenderãoa buscar a saúde interna, o equilí-brio da mente, cansando-se da lou-cura de ações irracionais, dos der-ramamentos de sangue, da sanha dadestruição degenerativa, desistindo,por fim, de tanto pranto derramadopelos pretensos inimigos, que nãopassam de irmãos seus, e, por si mes-mos, começarão a sensibilizar-secom as propostas de paz...

“Porque somos imortais, o Cri-ador vai-nos concedendo tempo de-vido para que todos nos possamosconscientizar do compromisso de

avançar pela senda do progresso, quenos trouxe à Terra, verificando, comassiduidade, como andam nossosimpulsos perniciosos, bem comonossos movimentos para Deus, nos-so teotropismo.

“Importantíssimo será envidar osmelhores esforços, a fim de que,além de não estarmos situados nes-sas zonas expiatórias, evitemos to-mar parte nesses bolsões de dorescom as palavras e ações lorpas oudevassas, tiranas ou irascíveis, comas quais quase sempre a pessoa con-tribui para o desequilíbrio geral, apartir do seu desarranjo particular.

“Quantos são os indivíduos quese especializaram em mentir cinica-mente, vida afora?! Ninguém mentecom cinismo se não for para preju-dicar ou enganar a terceiros. Quantosos que se qualificam vastamente nastécnicas de usurpar, de roubar, como sorriso de quem se julga superioraos usurpados? E ninguém o faz senão nutre velhaca rapina no âmagodo ser, desejoso de crescer no mun-

do material ainda que sobre os es-combros dos que lhes abrem portasda confiança. Quantos se esmeramem pautar o cotidiano pela agressi-vidade, pela violência, quer seja nolar quer seja no local de trabalho ouno circuito da vida social, esconden-do a própria fraqueza com o desres-peito ou desconsideração a terceiros?E ninguém age dessa forma se nãoguarda em si horrenda covardia, nãoencontrando espaço mental para arogativa de desculpa nem para o in-dispensável tratamento.

“Regiões de reequilíbrio, via ex-piação, há muitas pelo mundo. Res-ta-nos saber se não nos estaremoscandidatando a renascer em seusnúcleos, diante da distância ou daomissão que mantenhamos em rela-ção ao amor e ao bem.

“(...) Desde os velhos textos doprofeta Isaías (3), podemos encon-trar referências ao respeito que sedeve manter aos Estatutos Celestes,ali apresentados na simbologia per-tinente aos escritos bíblicos. Nos

mesmos escritos do profeta, há in-dicações de sofrimentos para todosquantos se tiverem voltado contra osreferidos Estatutos. A forma é curi-osa e enseja-nos interpretar, com oaclaramento que nos é conferidopela Doutrina Espírita, a fim de ex-trair entendimento compatível comos ensinos do Cristo postos ao al-cance do nosso discernimento.

“(...) Há que se aproveitar a pre-sente oportunidade reencarnatória,na Terra que se transforma emaprazível moradia sideral, a fim decooperarmos com o Cristo que tan-to investe nas possibilidades de pro-gresso do Seu rebanho, e para quenos tornemos agentes do amor e se-meadores da paz, nossa coroa su-blimada, nosso refúgio de luz”.

Referências(1) Mateus, 18:7.(2) TEIXEIRA, J. Raul. A CartaMagna da Paz. Niterói: FRÁTER,2000, cap. 2.(3) Is. 66:23 e 24.

ROGÉRIO [email protected]

De Muriaé, MG

Divaldo responde– Qual deve ser a atitude dos

dirigentes espíritas relativamente aessa enxurrada de obras mediúni-cas de origem duvidosa que têminfestado o mercado de publica-ções espíritas nos últimos tempos?

Divaldo Franco – Vivemos ummomento de grandes equívocos nasociedade, em face do tumulto queocorre em toda parte. Nesse sentido,há uma grande busca por notorieda-de, pela fama... Pessoas impreviden-tes, portadoras ou não de mediuni-dade, são tomadas de improviso portais inquietações e, porque entraramem contato com o Espiritismo, logose acreditam portadoras de faculda-des extraordinárias, em razão docampo fértil para a credulidade e tor-nam-se, de um para outro momento,psicógrafos, expositores, debatedo-res de relevo. Nunca será demais que

os dirigentes espíritas e todos nós es-tejamos vigilantes, observando as re-comendações da Doutrina, manten-do critérios cuidadosos, a fim de nãosermos enganados nem enganarmosa ninguém. Por outro lado, Espíritosperversos, adversários do Bem, apro-veitam-se do descalabro existente einspiram pessoas invigilantes, pre-sunçosas, falsamente humildes, masprepotentes, tornando-as portadorasde mensagens destituídas de auten-ticidade, que geram confusão e difi-culdades no movimento espírita. Al-guns desses descuidados irmãosautoelegem-se herdeiros de persona-lidades históricas e missionários doamor, utilizando-lhes indevidamenteo nome, apropriando-se da sua he-rança para o exibicionismo no ban-quete da fatuidade, o que é realmen-te lamentável.

(Extraído de entrevista concedida ao jornal O Imortal, publicada emmaio de 2008.)

Sigamos destemerosos

“Mantenhamos, pois, aconfortadora certeza de que toda

tempestade é seguida pelaatmosfera tranquila e de que não

existe noite sem alvorecer”.(Emmanuel, Fonte Viva,

psicografia de Francisco C.Xavier, item 41.)

Em todas as épocas da huma-nidade sempre existiram momen-tos difíceis e desafiadores, onde ador e o sofrimento feriram muitoos corações humanos.

Os homens, intuitivamente, sem-pre souberam que a perfeição e a fe-licidade esperam por eles mais adi-ante, mas ainda distante. O estudan-te sabe que mais à frente, depois deseus naturais esforços entre cadernose livros, logrará encontrar o diplo-ma que tanto almeja, mas por en-quanto convive com o sacrifício e arenúncia, em busca de mais e maislições que atestem a conquista quealmeja. Assim, estudantes que so-mos, no contexto das aulas da vida,por ora devemos seguir nosso ritmode lutas em busca de crescimento eamadurecimento espiritual.

Dessa forma, em nada contri-buirá o pessimismo para o nosso

sucesso. Antes, desenvolvamos a ca-pacidade de superação dos obstácu-los que interpõe os nossos sonhos derealização e sigamos sempre firmese determinados visando atingir osnossos objetivos.

Tomemos as dificuldades quesurgem frequentemente em nossocaminho por alavancas de motiva-ção e, ao invés de desânimo e abati-mento, arregimentemos forças e per-severemos no ideal abraçado.

Vasculhemos o nosso íntimo eprocuremos pelos nossos talentos,pensando em contribuir, de algumaforma, para a melhoria do mundo quenos abriga. Viveremos melhor e maisserenamente se nos preocuparmos emservir àqueles que a Providência Di-vina colocou ao nosso lado.

Francisco de Assis, quando sen-tenciou que “é dando que se rece-be” , estava ensinando a fórmula doprogresso e a receita definitiva decomo encontrar a paz que sonhamose a felicidade que sempre desejamos,pois que a vida devolve a cada cria-tura o que dela recebe. Seria comoum espelho que refletisse para nósmesmos, os gestos, atitudes e com-portamento que alimentamos.

Assim, se desejamos viver comtranquilidade, que ofereçamostranquilidade aos que conosco se-guem.

Se pretendermos passar nossosdias junto a criaturas ajustadas, idô-

neas e equilibradas, que cultivemostais virtudes em nosso âmago.

Se carregarmos no íntimo avontade de ser tratado com educa-ção e polimento, que sejamos edu-cados e polidos no relacionamen-to diário ao lado dos que vivemjunto de nós.

Se entendermos que a solidari-edade e o altruísmo devam campearno seio da coletividade, que nos es-forcemos para ser solidários e al-truístas por onde passamos.

Se almejarmos uma sociedadelivre da violência, da agressivida-de e dos desequilíbrios tão nefas-tos, que através dos nossos exem-plos grassemos a paz e a justiça.

Se quisermos um mundo me-lhor para aqueles que amamos, queajudemos a edificar esse sonho, aoinvés de esperar que os outros ofaçam.

Então, ao invés de esperar quetudo melhore e prospere, sigamosdestemerosos, fazendo a parte quenos compete, sem a preocupaçãode saber o que o nosso irmão estáfazendo.

A tarefa que nos é própria éproblema nosso; a do próximo éproblema dele. Nós respondere-mos, perante a justiça divina, pe-los nossos deveres; o outro respon-derá pelos dele.

Não deixemos de fazer a nossaparte.

WALDENIR APARECIDOCUIN

[email protected] Votuporanga, SP

O mundo terrestre está assinalado por incontáveis zonas expiatórias

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O IMORTALPÁGINA 16

O IMORTALJORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITARUA PARÁ, 292, CAIXA POSTAL 63CEP 86.180-970TELEFONE: (043) 3254-3261 - CAMBÉ - PR

José Antonio Castilho (foto),que faleceu no dia 23 de julho últi-mo, concedeu-nos semanas antes apresente entrevista, que publica-mos aqui em homenagem ao que-rido amigo que nos deixou. Nasci-do em Ubarana (SP), na épocacomarca de José Bonifácio (SP),ele residiu por muitos anos em SãoCarlos (SP), onde esteve sempreenvolvido com a divulgação do li-vro espírita, especialmente com atrajetória do boletim Divulgador doLivro Espírita. Espírita desde o iní-cio da década de 60, em Paranavaí(PR), foi autor de três livros, doisespíritas – “A Literatura Espírita –seu Estudo, sua Divulgação” e “ÉMelhor Colher Flores” – e um deépoca sobre a família Castilho:“Histórias dos Castilhos do Interi-or Paulista”, além do livreto “Aosque Amam os Suicidas”.

A presente entrevista é motivode muito júbilo e gratidão, porquetodos nós que o conhecemos e comele convivemos aprendemos mui-to com sua perseverança, sua coe-rência, sua coragem e seu alto sen-so de decisão e discernimento.

– Como surgiu a equipe doDivulgador do Livro Espírita? Equais eram os objetivos?

Em setembro de 1982, durantea 5a. Feira do Livro Espírita, naSociedade Espírita Obreiros doBem, em São Carlos, com outrosparticipantes. Com o passar dosanos foi aumentando a equipe. Oobjetivo sempre foi valorizar o li-vro, levá-lo à praça pública, no casoda Feira do Livro Espírita, ou decasa em casa, no caso do Clube doLivro Espírita.

– Que memórias marcantesgostaria de relatar aos leitores so-bre essa experiência?

Impossível destacar um entrecentenas de fatos. Todavia, o des-prendimento, a dedicação, a corageme o não-estrelismo marcaram semprea atuação do grupo. No início éra-mos cinco: Ailton Baleeiro (de Ser-

ORSON PETER [email protected]

De Matão, SP

tãozinho), José Carlos Ângelo Cintra(São Carlos), eu, Aldo (Ribeirão Pre-to) e Gilbertinho (Frutal). Mas é pre-ciso lembrar o papel do Arceu (Ara-ras), o principal incentivador da Feirado Livro. Algumas pessoas iam atéAraras, na sede do IDE, buscar livrospara fazer a feira. O Arceu dizia parapegar os livros que quisessem. Nãoexigia nenhuma assinatura em papelnenhum. O sujeito levava o livro emabsoluta confiança. Araras foi a prin-cipal sede da reunião do Divulgadordo Livro. Depois da reunião íamosalmoçar na “sala dos loucos”, o refei-tório do Hospital Antônio Luiz Sayão.O Arceu conta que uma vez foi divul-gar livros num sanatório de outra ci-dade. O cara que tomava conta do ele-vador não queria deixá-los sair de lá...

– Vendo hoje esses esforços dopassado, que resultados podem serenumerados?

A primeira pesquisa realizadaapontou um total de 40 Feiras doLivro Espírita, dali a seis meses jáatingíamos 500 feiras! Hoje é umarealidade nacional, numa expansãoextraordinária do trabalho. A Feiratornou-se um ponto de encontro dosespíritas locais, num trabalho alegree desinteressado.

– Vocês tinham idéia de queisso podia ter um alcance nacio-nal?

Não. Começamos na base do va-mos em frente, sem termos concebidonada. Na primeira reunião de fecha-mento do boletim Divulgador do Li-vro Espírita, não tínhamos preparadonada. Foi na casa do Aldo, em Ribei-rão Preto. Enquanto o pessoal ficoureunido lá, eu e o Gilberto preparamoso primeiro boletim da Feira do Livro,que ensinava a fazer uma Feira.

– No começo vocês ainda es-tavam construindo o formato ide-al, não?

Sim. A melhoria do tamanho e dovisual das barracas foi feita por Sertão-zinho. Copiamos. Nós criávamos umacoisa, o Ailton outra. O Cintra come-çou a chamar um orador para fazer aabertura. E assim por diante.

– Em que lugares foi feita a

divulgação?No interior de São Paulo, em

muitas cidades, desde as desta regiãoaté Presidente Prudente e RegenteFeijó, no oeste do estado. E maisPoços de Caldas, Ipatinga (MG),Cambé, Paranavaí (PR). Fiz uma reu-nião em Porto Velho, o Amélio fezem Macapá, fiz outra em Itabuna(BA). Era só para fazer uma pales-tra, mas acabei fazendo outra numcentro e outra em Vitória da Conquis-ta. O Zé, de Jequié, tinha vindo numareunião. Ele estava usando uma ca-miseta que dizia: “Suicídio, um erroirreparável”. Disse a ele: “Zé, não hánenhum erro irreparável”. Estou sem-pre atento aos detalhes.

– Qual o fato mais curioso ob-servado numa Feira do Livro?

Recebi uma mulher que queriaum livro para emagrecer. Eu disse:“Não tem. Mas tem para tirar coisapior – a raiva, o ódio”. Ela pegou elevou o Evangelho. Teve uma Feiraonde aceitei uma evangélica paravender livros. E ela vendeu. Era in-teligente, bem relacionada. Por queela foi vender? Ué, porque quis. Porque ela quis, não sei.

– Da experiência vivida, quesugestão pode ser dada para apri-moramento do trabalho de divul-gação espírita?

Atenção constante, nunca des-prezando as idéias de quem quer queseja.

– Podemos considerar o Clu-be do Livro Espírita uma iniciati-

va vitoriosa para a expansão dopensamento espírita? Por quê?

Sim. A Feira é uma festa na pra-ça. Une as pessoas com alegria edeixa o livro à vontade. São Carlosvende 5 mil livros, no entanto a aten-ção é dividida entre mil livros. Nãohá uma centralização de vendas. OCLE de São Carlos coloca 1.900 li-vros de um único título. Esgota edi-ções pequenas. É imbatível nesseaspecto.

– E a Feira do Livro Espírita,o perfil pode ser melhorado?Como?

Qualquer coisa nesse mundopode ser melhorada. É precisocriatividade e coragem para que nãofique estacionada.

– Conhece algum bom caso demudança de comportamento cau-sada por um livro espírita?

A equipe do Divulgador do Li-vro tinha um participante venezue-lano, o Alípio Gonzales. Ele contouque em Caracas (Venezuela) alguémjogou um Evangelho no lixo. Equem achou estava para se suicidar.

– De suas memórias navivência com a literatura espírita,o que mais lhe marca o coração?Que autores, obras e memórias lhesaltam à memória neste momentodiante da pergunta?

Léon Denis, Ernesto Bozzano,Yvonne Pereira, além, naturalmen-te, de Kardec. Prefiro a literatura deencarnados. A mediúnica exige fé.Considero nefasto o igrejismo.

– Comente sobre os clássicosdo Espiritismo.

Em nossa primeira Feira não tí-nhamos um bom critério para sele-cionar livros por assuntos. Incum-bi-me da tarefa de ir melhorandoessa questão. Os clássicos eram se-parados por autores. Aí os agrupeicomo devia, em “clássicos”. Modés-tia à parte, melhorei muita coisa naFLE, junto com o Ailton Baleeiro,de Sertãozinho, e o Cintra, de SãoCarlos. Difícil destacar autores. Lávai. Denis com sua filosofia suave,sua beleza, sua educação. Destaco“O Problema do Ser, do Destino e

da Dor”. Bozzano e sua incrívelcapacidade de pesquisa. “Animis-mo ou Espiritismo?” é o resumo detodos os outros. Nossa Yvonne Pe-reira com suas obras-primas“Devassando o Invisível” e “Re-cordações da Mediunidade”. “NoPaís das Sombras”, de ElizabethD’Esperance. Meu Deus! É a nata!

– Quais autores consideraimportantíssimos e pouco lidos?

Todos os clássicos. Denis,Bozzano, Aksakof, WilliamCrookes. Há um livro editado peloClarim chamado “Os Mortos Vi-vem”. É a história de um alemãoque foi a uma ilha desmascarar umamédium. Gostou tanto dela que aca-bou se casando. Este livro, porexemplo, não foi mais reeditado.

– Em sua opinião, qual o me-lhor método para popularizarainda mais a obra da CodificaçãoEspírita, ou seja, torná-la maisconhecida?

Desconheço os modernismos,mas sei que a Feira e o Clube es-tão na frente.

– Que recomendação faz aoleitor espírita?

Que não apenas leia. Que fixetoda a atenção no texto que está len-do. Ler é pouco. Tem de prestaratenção e fixar o que está lendo.Qualquer livro, não só o espírita.

– Qual outra questão gosta-ria de acrescentar a essa ordemde idéias?

O Atendimento Fraterno. Seuma pessoa chega ao Centro Espí-rita e alguém lhe propõe aplicar umpasse ou ouvi-lo durante uma hora,o que você acha? Obtive minhasmelhores conquistas ouvindo mui-to e falando pouco. Não acreditono passe para principiantes. Elesnão sabem nada do assunto.

– Suas palavras finais.Uma coisa é pouco falada: o

trabalho. Insuperável! A palestracriativa e bem humorada faz pro-dígios. Não troco Kardec por ne-nhum outro, no que se refere à co-ragem e ao discernimento.

“Qualquer coisa neste mundo pode ser melhorada”

AGOSTO/2009

Entrevista: José Antonio Castilho

José Antonio Castilho