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O Piranha dos Fuzileiros Navais

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Tecnologia & Defesa visita o 6º GLMF/CIF, a unidade de ponta da Artilharia do Exército Brasileiro, hoje totalmente concentrada no Planalto Central

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Tecnologia & Defesa visitou

a unidade de ponta da

Artilharia do Exército Brasileiro,

hoje totalmente concentrada

no Planalto Central

Exército Brasileiro

6º GLMF/CIF, o

“Grupo Astros”

Lançamento efetuado por um LMFcamuflado nas arvores do cerrado

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ma das estrelas de primeira gran-deza da indústria de defesa doBrasil, o Sistema Astros foi o re-

sultado de estudos durante mais de 30anos, realizados pela então Escola Téc-nica do Exército (ETE), atual InstitutoMilitar de Engenharia (IME), e que cul-minou no lançador de foguetes XLF-40.Depois, toda a tecnologia desenvolvidafoi repassada pelo Exército Brasileiro (EB)à Avibras Indústria Aerospacial S/A, em-presa com larga e consagrada experi-ência na área, que a aprimorou e aca-bou criando Sistema ASTROS II,acrônimo para “Artillery SaturationRocket System”, de grande sucesso nomercado internacional. Foi logo adquiri-do pelo Iraque (que o utilizou em com-bate em diversas ocasiões), ArábiaSaudita (15 baterias), Catar (1 bateria)e Malásia (3 baterias, mais recentes e,portanto, uma versão mais moderna dosistema, com sistema de navegação porGPS), além da Força Terrestre brasileira(1 bateria inicial sediada em Brasília).

Em 2003, pelo Plano Básico deReestruturação do Exército, decidiu-sea centralização de todas as baterias deSistema de Artilharia de Foguetes AS-TROS II em um único grupo, aquarte-lado próximo ao Distrito Federal. Atéentão, o EB tinha em atividade cincobaterias sediadas em Brasília (DF),Cruz Alta (RS), Praia Grande (SP),Niterói (RJ) e Macaé (RJ).

Assim, o 6º Grupo de LançadoresMóveis de Foguetes (6º GLMF/CIF) foicriado em setembro de 2003, tendo ini-ciado suas atividades em 31 de dezem-bro de 2004, na cidade de Formosa (GO),mais precisamente dentro do Campo deInstrução de Formosa (CIF), a maiorárea de treinamento do Exército, com1.040 km2.

O 6º GLMF é oriundo do 6º Grupo deArtilharia de Costa Motorizada (GACosM),do qual herdou a denominação de “Gru-po José Bonifácio”. Contudo, ao absor-ver o acervo documental e histórico do8º GACosM e da 3ª BiaLMF, passou a os-tentar a denominação histórica “GrupoJosé Bonifácio e Presidente ErnestoGeisel”, mas extra-oficialmente é conhe-cido como “Grupo Astros”.

Dentre as razões que levaram a essagrande mudança, com a conseqüenteconcentração do equipamento em ape-nas uma unidade destacam-se a neces-sidade de otimização na logística e ma-nutenção de um meio bélico sofisticado;a possibilidade de se conduzir treinamen-tos e monitoramento de resultados den-tro de um campo de instrução com maisde 70 km de extensão (área exigida para

Veículo lançador de foguetes (LMU) . O container é coberto por umencerado para não ficar exposto a um calor excessivo

Hélio Higuchi e Paulo Roberto Bastos Jr.

Foto

s: H

élio

Hig

uchi

MUDANÇAS

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utilização de um sistema de armaspoderoso como o ASTROS II é sem-

pre cercado por um minucioso planeja-mento, até porque é uma arma de Corpode Exército, mas o seu modo de opera-ção é quase sempre o mesmo:1 - A bateria inteira fica, inicialmente, ocul-ta na retaguarda.2 – Recebida a ordem de ação, os AV-LMUsaem, separadamente, em direção aoponto de disparo, normalmente a nove qui-lômetros de distância do local original (pe-rímetro de operação de 27 km²) e seposicionam para o lançamento. No EB es-ses veículos são guarnecidos por quatrohomens: o chefe de peça e artilheiro éum sargento que fica posicionado no ladodireito da cabine; motorista; cabo apon-tador e soldado municiador para calçar,nivelar e fechar a blindagem do veículo(o motorista e o sargento usam pistolas

9mm e o cabo e o soldado um fuzil Pára-FAL de 7,62mm). O AV-LMU conta aindacom uma metralhadora antiaérea .50 e seislan-çadores de granadas fu-mígenas.3 - Antes de cada lançamento, o AV-METanalisa as condições meteorológicas sol-tando um balão descar-tável de análisepara aferir informações como a velocida-de do vento e umidade relativa do ar, re-passando esses dados, que são válidospor um período de duas horas, ao AV-UCF.4 - O AV-LMU lança um foguete-guia, equi-pado com uma série de dispositivos espe-ciais, que é acompanhado pelo AV-UCF, ecuja função é direcionar os outros fogue-tes da barragem. Entretanto, passa comoutra trajetória, propositadamente, paranão identificar o local de lançamento.5 - O AV-UCF analisa a trajetória do foguete-guia, passa as coordenadas do alvo cor-rigidas para os AV-LMU e dá a ordem de fogo.

6 – A barragem é lançada em cerca de16 segundos.7 - Quando o foguete alcança sua altitu-de máxima, o propelente acaba e elesegue a trajetória como se fosse um pro-jétil de Artilharia de tubo. Suas aletassão projetadas para fazê-lo girar comose fosse a partir de um cano raiado. Nocaso dos foguetes SS-40 e SS-60, quan-do atingem 3.000 metros de altura, aogiva se abre e espalha sub-muniçõesde 75mm sobre uma vasta área.8 – Depois que a salva é disparada, osAV-LMU saem rapidamente da área, di-rigindo-se para outro ponto para seremrecarregados, aguardando novas or-dens. Isso também se devido àvulnerabilidade representada pela altaassinatura termal depois do tiro e pelafumaça expelida pelos foguetes duran-te o lançamento.

Em ação!

o disparo de foguetes com segurança);e a criação de uma doutrina de empre-go e um centro de treinamento operacio-nal e de manutenção do equipamento.

A escolha de Formosa também sedeu por estar situada no centro do Bra-sil o que possibilita um deslocamentorápido para qualquer ponto do País. Emais, as condições climáticas da região(baixa umidade relativa do ar) são pro-pícias para a manutenção e conserva-ção, notadamente dos componenteseletrônicos.

Situado na área sudoeste do CIF,que é, inclusive, utilizado pela própriaAvibras para testes, avaliações, etc, o6º GLMF/CIF foi especialmente projeta-do e construído para abrigar o ASTROSII. Algumas de suas instalações aindaestão sendo finalizadas, mas isso nãotem impedido os trabalhos de desen-volvimento doutrinário.

O 6ºGLMF/CIF está localizado na parte sudoeste doCampo de Instruções de Formosa(GO)

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Todas as viaturas integrantes do sis-tema e recebidas pelo EB foram para ládeslocadas e são: 19 lançadores (LMU);10 municiadores (RMD); 02 unidadescontroladoras de fogo (UCF); 01 oficina(OFV); e 04 viaturas meteorológicas (MET).

Além desses veículos a unidade foidotada de outros, orgânicos, tais comojipes, caminhões para transporte, guin-cho e cisterna, ambulâncias e furgõespara ligação.

No momento, encontram-se em con-dições operacionais duas baterias de LMFcompostas, cada uma, por seis LMU, trêsRMD , uma UCF e duas MET e uma bate-ria de Comando e Serviços com o únicoOFV e outros veículos de apoio.

Uma terceira bateria de LMF está emformação, aguardando a implantação umanova turma de operadores e apoiologístico. Porém, para que venha a ter efi-ciência plena, será necessário adquirirmais um veículo UCF, o qual possui o equi-pamento capaz de monitorar e direcionarcorretamente o tiro de toda uma bateria.

Conforme o planejamento, tambémfoi ativado o Núcleo do Centro de Instru-ção de Foguetes, que forma o pessoal quevai trabalhar com o ASTROS II. Ali sãoministrados os estágios para oficiais, sar-gentos e cabos e conta com um CBT(Computer Basic Training),um simuladorque ensina, passo a passo, a operaçãodo veículo lançador. Está prestes a acon-tecer a adoção de um CBT para manu-tenção e municiamento dos veículos.

Isso tudo resultou de uma coopera-ção com o Centro de Instrução de Avia-ção do Exército e representou uma con-siderável economia, pois com apenasR$38mil foi possível implantar o conjun-to e uma sala de aula virtual com capa-cidade para 12 alunos.

Antes do 6º GLMF/CIF, apenas a ma-nutenção de primeiro escalão era feita

em cada unidade. Com a centralizaçãoem Formosa, já é possível a manuten-ção de até terceiro escalão e, em breve,haverá a capacitação para a de quartoescalão, estágio que inclui mesmo ausinagem de peças de reposição.

Outro ponto positivo da localizaçãoda unidade é a maior flexibilidade paratreinamentos com lançamento de fogue-tes, freqüentemente, e sem a necessi-dade de deslocamento de um contingen-te dispendioso. Em 2007 já foram reali-zados pelo menos cinco exercícios de tiroreal empregando todos os tipos de fo-guetes adotados no EB (SS-30, SS-40 eSS-60). No final de outubro, pela primeiravez, um desses exercícios, presenciadopela reportagem de T&D, contou com aparticipação de uma aeronave R-99B do2º/6ºGAv da FAB. Na oportunidade, oavião monitorou as coordenadas do alvo

e o disparo dos foguetes, a assinaturatermal dos veículos (antes e após o tiro)tendo constatado também que são pre-cisos rádios mais potentes nos carrospara facilitar a comunicação direta en-tre ambos os meios. O mais importanteenquanto resultado é o fato de que umbinômio projetado e fabricado no Brasil,formado pelo R-99B e as baterias do Sis-tema ASTROS II, representam uma efi-caz combinação.

Dentro do objetivo de planejamentona obtenção de parâmetros para o des-locamento de baterias, desde o PlanaltoCentral para as mais diversas regiõesdo País, quando necessário, foram exe-cutados vários testes de embarque etransporte, dentro das condições e op-

Sala de CBT(Computer Basic Training) do Centro de Instrução de Foguetes,com um simulador virtual e capacidade simultânea para até 12 alunos

Painel do chefe do carro, com console para coordenadas de tiro e disparo (1) edetalhe do disparador manual dos foguetes do LMU. Em caso de pane elétrica do console interno é

possivel direcionar manualmente através de um visor ótico localizado na parte traseira (2)

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ATUALIDADE

EM OUTRAS REGIÕES

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“Os elos do Sistema”

Os veículos remuniciadores(RMD), são equipados com

um guincho munck

A viatura meteorológica(MET) analisa as

condições climáticasdurante o processo de

preparação do tiro

Unidadecontroladora defogo (UCF), comcapacidade paramonitorar uma

bateria de até oitoLMU. O EB possui

apenas doisveículos desses,sendo desejável

mais umpara equiparuma terceira

bateria

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Veículo BásicoNomeclatura AV-VBAModelo Caminhão blindado 6x6 Tectran/Mercedes-Benz 2028A/38

(WDB 624 304)Motor Mercedes-Benz OM 422I (422916), 8 cilindros, 280cvBlindagem Chapa de aço 6 mm, conforme norma MIL-A-46100CPneus 14,00x20, com toróide e 18 lonas (apropriado para areia e terra,

mas não para asfalto), várias marcas principalmente Michelin

Dimensões Comprimento 8790 mmLargura 3340 mmAltura 3598 mmPeso (somente a viatura) 12.650 kgPeso de Combate 22.000 kg

Velocidade Máxima Asfalto 100 km/hTerreno irregular 27 km/h

Rampa Máxima Asfalto 60°Terreno irregular 35°

Autonomia Asfalto 500 kmTerreno irregular 300 km

s baterias do Sistema ASTROS IIsão compostas por veículos cujas

diferentes carrocerias são colocadas so-bre um veículo básico, o qual é um ca-minhão militar Tectran/ Mercedes-Benz2028A/38, com cabine blindada, deno-minado AV-VBA, que pode receber qual-quer um dos três tipos de carroceria:

Lançadora Múltipla Universal (AV-LMU): comporta quatro contêineres defoguetes que podem ser lançados em16 segundos a uma elevação de 0º a70º e com azimute de 0º a 60º para cadalado. Na parte traseira possui um siste-ma de direção de tiro manual para ca-sos de pane no sistema eletrônico.

Remuniciadora (AV-RMD): além damunição, a carroceria pode transportaroutro tipo de carga para apoio, e atrásleva afixado um pneu sobressalente.Junto à cabine existe um guincho, tipomunck, para auxiliar o manuseio dascargas e o remuniciamento;

Unidade Controladora de Fogo(AV-UCF): Possui capacidade demonitoramento de uma bateria de atéoito AV-LMU, com capacidade dearmazenamento de dados de coorde-nadas dos lançadores, pontos dereferencia, áreas de segurança e até 52alvos diferentes, levando em conta osdados meteorológicos. Pode monitorartoda a trajetória propulsada dos fogue-tes por meio de um radar. Está dotadade um sistema de transmissão de da-dos/ comunicações via rádio ou fio comcapacidade para até 08 ligações simul-tâneas e um sistema de alimentaçãoautônomo através de um gerador movi-do à gasolina de aviação (91 octanas),com autonomia para 6:30 horas (con-sumo de 10lt/hora).

Veículo Oficina Especializado (AV-OFVE): equipado com tudo o que é ne-cessário para a manutenção mecânica eeletrônica de campanha dos veículos edos foguetes, também montado sobre umAV-VBA, mas com carroceria fixa.

Outros componentes da bateria sãoo Veiculo Meteorológico (AV-MET),equipado com medidor Vaisala MarwinRawinsonde, finlandês, montado numacarroceria Tectran sobre uma camioneteFord de 3,5 toneladas, e o Veículo deComando e Controle (AV-VCC), compoderosos rádios e todo o ferramentalo planejamento de uma missão, monta-do em veículo blindado 4x4 AV-VBL, tam-bém produzido pela Tectran, com chas-sis Unimog Mercedes-Benz. Até agora,somente a Malásia adotou este carro.

O veículo oficina especializado(OFVE), preparado para fazer a

manutenção mecânica eeletrônica dos demais

componentes do Sistema.No detalhe interior, os recursos

para se trabalhar com oselementos eletrônicos

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ções encontradas. Assim, trabalhou-senas seguintes modalidades:

Aéreo - Em agosto de 2007, um AV-LMU foi embarcado num C-130H. O vãodemasiado baixo da porta traseira doavião obrigou a retirada da carroceriade lançadores para poder introduzir, pri-meiramente, o veículo e, depois, puxara carroceria e montá-la. Uma vez a bor-do, e apenas uma unidade por vez, opeso médio de 22 toneladas do carro nãopermite que o deslocamento a grandesdistâncias, pois se o C-130 chegar aodestino com os tanques alares vazios, aalta concentração de peso no centro dafuselagem pode causar um desgasteexcessivo nas asas. Na Força Aérea dosEstados Unidos, por exemplo, em tais si-tuações, o avião de transporte é reabas-tecido no ar antes do pouso para equili-brar a distribuição de peso. Como os C-130H da Força Aérea Brasileira não pos-suem equipamento de REVO, o trans-porte aéreo é recomendável somente empequenas e médias distâncias. Isso po-derá ser resolvido com o futuro EmbraerC-390, que terá maior área de carga e“pods” de REVO.

Ferroviário - Os veículos foram em-barcados facilmente em pranchas. To-davia, com a variedade de bitolas ferro-viárias e de viadutos e túneis com vãoinadequado para transportar os compo-nentes do Sistema ASTROS II, não foiconsiderado ideal.

Hidroviário - Durante testes com bal-sas esta modalidade mostrou-se muitoeficaz, sendo a opção mais viável princi-palmente na Bacia Amazônica e no Pan-tanal Mato-Grossense.

Rodoviário - O Brasil conta hojecom uma grande malha rodoviária, pos-sibilitando um rápido deslocamento aqualquer canto do País. Os veículos doASTROS II estão equipados com pneusMichelin 14x20, com 18 lonas e toróide.Esse pneumático do tipo QT (QualquerTerreno) é indicado para trafegar empisos de terra ou areia. A pouca quanti-dade de lonas e o toróide fazem comque haja um desgaste muito rápido emrodovias asfaltadas. A substituição dospneus, por enquanto, está descartada jáque o EB possui ainda um considerávelestoque daquele modelo.

Seja qual for o meio utilizado, o 6ºGLMF/CIF tem estudos completos dedeslocamento para qualquer ponto doterritório nacional, que englobam des-de o tempo de viagem aos locais de re-abastecimento.

Observações:(1)O EB utiliza os modelos SS-30, SS-40 e SS-60. A Malásia pagou o desenvolvi-

mento do SS-80, que leva menos carga, mas tem um alcance maior.(2)Os modelos SS-150, FOG-MPM e TM (Tactical Missile, ex-AV/MT) ainda estão

em desenvolvimento.(3)Capacidade em relação a cada casulo. Cada AV-MLU possui quatro contêineres.(4)Relativa a cada foguete.A fabricante do sistema também oferece o AV-DMMC (Depósito de Munição Móvel

Climatizado), facilmente transportável, podendo acondicionar, cada um, até 16 casu-los de foguetes em condições ideais, independente do ambiente onde se encontram.

Em 1999, a Avibras apresentou o que seria a evolução do sistema, o ASTROS III,bem mais moderno, que utilizaria todos os aperfeiçoamentos do sistema de guiageme automação dos ASTROS II da Malásia, com um lançador baseado em um chassi 8x8da Daimler-Chrysler, com o dobro da capacidade dos AV-LMU atuais. O projeto, atéagora, só resultou em um “ mock-up”.

Modelo (2) Calibre Capacidade (3) Ogiva Alcance Área Preço atingida Unitário

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SS-09 TS 70mm 8 3 ~ 12 km

SS-30 127mm 8 25 kg HE 3 ~ 40 km US$ 20 a 30mil

N.da R.: A direção da revista e os au-tores agradecem ao tenente-coronelMarco Antonio Souto de Araújo, co-mandante do 6º GLMF/CIF, ao majorMarcelo Rodrigues Miranda e ao capi-tão Clebiano de Oliveira, a excepcio-nal acolhida naquela unidade militar.

Modelos de foguetes do Sistema Astros II adotadospelo Exercito Brasileiro: SS30,SS40 e SS60

SS-150 300mm 1 150 km

FOG-MPM 180mm 4 12 ~ 60 km

TM 300mm 1 350 km

SS-40 180mm 4 45 kg HE < 35 km 1,25 km2 US$ 80 mil

Cluster20 Sub- > 35 km 2,25 km2

munições

180 kg HE < 45 km 4 km2

SS-60 300mm 1 US$ 195 mil

Cluster 45 ~ 60 km 10,5 km2

65 Sub-munições > 60 km 16 km2

SS-80 300mm 1150 kg HE

25 ~ 90 kmCluster52 Sub-munições

Foguetes (1)

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ficial de Artilharia, com curso de Es-tado-Maior, o tenente-coronel Marco

Antonio Souto de Araújo serviu no Minis-tério da Defesa e na 1ª Brigada de Arti-lharia Antiaérea. Participou da implanta-ção do Sistema ASTROS II na Artilhariade Costa e de diversos intercâmbios comusuários de sistemas lançadores de fo-guetes de saturação de área, inclusivecom o Exército dos Estados Unidos.

Tecnologia & Defesa - Qual é aatual doutrina de utilização de fo-guetes de saturação dentro doExército Brasileiro (EB)?

Tenente-Coronel Marco AntonioSouto de Araújo: O EB vê o emprego defoguetes para saturação de área, no casoa Artilharia de foguetes, para ser subordi-nado ao mais alto escalão da Força Ter-restre empregado no teatro de operações.

T&D – Onde o 6ºGLMF se situadentro do organograma do EB?

Ten-Cel Marco Antonio: A unida-de é diretamente subordinada ao Co-mando Militar do Planalto, mas sugere-se seu emprego tático inicialmente cen-tralizado, em proveito da manobra domais alto escalão da Força Terrestre, emuma primeira fase da campanha. Umavez iniciadas as ações em terra, ondeas divisões normalmente ocupam suasposições no terreno, é recomendável adescentralização das baterias para aten-der as necessidades de apoio de fogono escalão divisão.

T&D - Depois de Formosa, comoficou a Artilharia de Costa?

Ten-Cel Marco Antonio: As bateri-as Astros equipavam três unidades de Ar-tilharia de Costa, localizadas em Macaé(RJ), Niterói (RJ) e em Praia Grande (SP).Com a sua vinda para Formosa, estas uni-dades foram extintas, mas não foi extintoa filosofia de emprego de foguetes para adefesa do litoral. Isto continua vivo, e nósestamos trabalhando até em ações coor-denadas com a Escola de Artilharia deCosta e Antiaérea na formulação de pro-postas para melhor empregar a Artilhariade foguetes na defesa do litoral, pois étambém uma das nossas atribuições.

T&D - Qual é a avaliação ope-racional que o EB faz do sistemacomo instrumento de defesa de cos-ta e de campanha?

Ten-Cel Marco Antonio: Quanto aavaliação em campanha é uma pergun-ta simples de ser respondida, porque éum material que já foi testado com mui-to sucesso em combate real, principal-mente na Guerra do Golfo. Uma avalia-ção como instrumento de defesa de costa,é um processo que nós pretendemosresponder em curto prazo. Hoje, por

viços de manutenção com a Avibras eisso está sendo realizado e fluindo mui-to bem; nós temos técnicos dela traba-lhando conosco e temos também um es-critório (do EB) dentro da empresa.

T&D - A compra de munição écontinua?

Ten-Cel Marco Antonio: Quando daadoção do sistema, foi feita uma com-pra substancial de munição. Hoje temosmunição até o ano 2018. É uma decisãoque o EB vai encontrar mais adiante,hoje não é um problema.

T&D: Na América do Sul, váriosoutros países utilizam foguetes desaturação de área, como a Argenti-na (Pampero), o Chile (LARD-160),o Equador (RM-70), o Peru (BM-21Grad), o Uruguai (RM-70) e a Vene-zuela (LAR-160). Como o senhorclassificaria o ASTROS II em com-paração com os demais?

Ten-Cel Marco Antonio: Não tenhodúvidas em afirmar que, em termos delançadores de foguetes, o Brasil está emposição bem melhor do que os outros daAmérica do Sul. A razão principal está naqualidade do nosso material; ele só temconcorrente em termos de soluçãologística, operacional, e da capacidade dosfoguetes, com material MLRSestadunidense e russo, que não é o ma-terial adotado pelos vizinhos sul-ameri-canos. Estes são de calibre e desempe-nho inferior ao nosso. Além de tudo isso,é um produto de fabricação nacional, umaspecto dissuasório muito grande. O AS-TROS II, para o Brasil, têm um valor muitopositivo, pois trata-se de um material dealta tecnologia, testado em combate efabricado pela indústria nacional.

exemplo, nós temos capacidade de rea-lizar tiros na defesa de costa, mas aindanão com a eficácia que pretendemos,pois há a necessidade de termos algunsequipamentos de detecção e que calcu-le o tiro predito para uma maior eficá-cia. Estamos trabalhando neste sentido,visando suprir estas lacunas.

T&D - Qual a vida útil de arma-zenagem dos foguetes? Como sãoguardados?

Ten-Cel Marco Antonio: A vida útilde armazenagem é da ordem de dezanos, sendo que de cinco em cinco anosé necessário fazer uma revalidação. Sãoarmazenados em nossos paióis espalha-dos pelo País, mas hoje a própria em-presa desenvolveu um depósito clima-tizado, que capacita guardar os fogue-tes em qualquer lugar. Trouxemos aquia título de experiência um depósito des-ses e que tem apresentado um bom de-sempenho. Foram adquiridos uns dezdepósitos e espalhados pelo Brasil, quevirão futuramente para cá.

T&D - Qual é o futuro do ASTROSII? O EB planeja adquirir mais ba-terias? O ASTROS III foi avaliadopela Força?

Ten-Cel Marco Antonio: Eu imagi-no que a curto prazo não haja planospara adquirir mais baterias. A idéia prin-cipal é estruturarmos bem o que temoshoje. O Astros III não foi avaliado peloEB, mas pela própria Avibras, até pelasencomendas no mercado internacional.

T&D - Qual é a assistência que aAvibras fornece para a unidade?

Ten-Cel Marco Antonio: A unida-de tem um contrato de prestação de ser-

Entrevista com o comandante do “Grupo Astros”