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Carlos Alexandre Nascimen O Poema da Alma Ferida São Paulo - 2013 nto a

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Carlos Alexandre Nascimento

O Poema

da

Alma Ferida

São Paulo - 2013

Carlos Alexandre Nascimento

erida

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Copyrigth © Carlos Alexandre Nascimento

Projeto gráfico:

Editora Ixtlan

Diagramação:

Márcia Todeschini

Ilustrações e capa:

Gabriel Polizello

Nascimento, Carlos Alexandre

O Poema da Alma Ferida – São Paulo/SP - Ed. Ixtlan, 2013.

ISBN: (em andamento) 1.Literatura brasileira 2.Título CDD B869

Proibida a reprodução total ou parcial

dos textos para qualquer fim, sem autorização prévia e por escrito do autor. Os infratores serão punidos na forma da lei.

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Prefácio

m um jardim florido, o descer do jardineiro a buscar seus frutos e não encontrar, pela tempes-tade voraz; traz despedaçadas pétalas ao chão, de

um jardim de flores em tempos de amores.

E o arrancar dos espinhos de uma alma ferida enraizada em rancores, no exalar do perdão pelas pétalas ao chão; dei-xa aberto o caminho pro retorno do pássaro ao ninho junto ao jardineiro amado, recolhendo então; o temporão exalado do perdão revelado.

Adentre por este jardim e descubra seus segredos mais ocultos; de uma alma ferida por paixões proibidas em esta-ções de amores, ao envolver-se em conflitos pelas guerras vividas em tempos de baixas, sobre indeléveis cicatrizes no ser. E surpreenda-se em seu poema escondido no final da escrita, tendo a mão que domina a pena pelas longas linhas percorridas de um ditador dominante, ver ao som do marte-lo malhete; dar seu veredicto final.

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Dedicatória

Aos prezados leitores, pela honra de compartilharmos juntos este momento tão singular de uma pausa na pauta da vida para a leitura de um poema.

E em especial àquela que trouxe à existência este inefá-vel dom de poder dar-me a oportunidade de expressão; a você Fátima, mãe tão amada, o meu muito obrigado.

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Sumário

Prefácio ................................................................................... 3

Capítulo 01 - Um novo lar ....................................................... 9

Capítulo 02 - A valsa ............................................................. 13

Capítulo 03 - Pétalas da Paixão ............................................ 17

Capítulo 04 - Mamom ........................................................... 21

Capitulo 05 - A noiva ............................................................. 25

Capitulo 06 - O silêncio quebrado ........................................ 29

Capitulo 07 - Este mundo tenebroso .................................... 35

Capitulo 08 - Alto preço cobrado ......................................... 39

Capítulo 09 - Tempo de perdão ............................................ 41

Capitulo 10 - O concerto final ............................................... 45

Capitulo 11 - O verdadeiro lar .............................................. 47

Capitulo 12 - O poema da alma ferida ................................. 49

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Capítulo 01

Um novo lar

ançada por mãos rústicas de minhas raízes mais antigas em solo fértil fui gerada. Adentrando pelos torrões dos sulcos abertos e expostos ao calor do

dia, onde minha existência a cobrir meu corpo nu no seio da terra mãe; exprime ardentes sentimentos de frescor saciados em desejos de vingar.

Fragilmente sinto o tocar das águas como um refrigério a fortalecer-me, encorajando minhas fracas raízes a germinar. E buscando sustento nas profundezas umedecidas da terra, vou ligada por um simples cordão onde o tempo forma-me lentamente em solidão.

Dia após dia, solitária e esquecida no ventre da terra mãe; brota a menina semente em tempos que passam como o vento a assobiar suas estações. Trazendo árduo anseio pela liberdade, uma olhadela pelo lado de fora; por saber que o momento desejado havia chegado por fim.

Sustentastes meus olhos vigilantes prontos para serem abertos ó agricultor amado, por contemplar-me ainda in-forme sem lhe ser nada encoberto, quando no oculto fui formada sendo entretecida como rede nas profundezas da terra. Alimentada por sentimentos através da seiva de meus progenitores e já desde tão tenra compreendida por ti amado

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meu. E por saberes de minha existência ainda inocente; pos-so hoje louvar-te por entenderes tanta guerra dentro de mim.

Então, o romper das entranhas abre caminhos aos so-nhos, expelindo toda timidez pelo principiar da jornada, di-ante do raiar da luz resplandecida aos meus olhos atentos, por contemplar perfeita sintonia em harmonia; ao ouvir me-lodias de existência. E recebendo o calor dos troncos como colunas inabaláveis a proteger; ganhando forças cresce len-tamente o pequeno raminho.

Vagas lembranças de ti tenho ó frágil rebento de coração ainda puro, mostrando teu singular valor por veres teus an-cestrais em conflitos dentro de seus casulos, revelando-te sua natureza caída. Sim, suas raízes na verdade eram então raízes de absinto, em fel de amargura. Por isso teu coração se enterneceu; por veres violência e assédio, deixando-te dissabores em tua formação obstruída por bloqueios confli-tantes, a fazer-te consciente em desejos agora impuros.

O sufocar do plantio redundado pela maldade alheia; abre portas aos fungos devoradores dos pensamentos viciosos, dando lugar aos desvarios delirantes de vontades permissi-vas, apagando aos poucos a chama da semente vingada.

Tenras lágrimas de questionamentos que rolam pelo si-lêncio agora ouvido, por não haver mais respostas, refletidos em alto-defesa de um mundo solitário e oculto em sentimen-tos vazios. E por contemplar uma floresta de espinhos dian-

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te dos olhos; se esconde pouco a pouco a menina semente em descobertas estarrecedoras.

Mundo tenebroso de ilusões variáveis em sentimentos hostis; onde caminhos que nos parecem perfeitos se trans-formam em finais inesperados de dissabores para a alma, por estarmos já enlaçados em nossos devaneios, por saber agora de uma inocência que se foi, deixando-nos conscientes dian-te de nossos amargos erros. Onde o secar do paladar pelo engano dos efêmeros prazeres que definham a alma; faz murchar todo ramo em causticante sol de moléstias.

Sedento pela chuva serôdia; passa-se o tempo a envelhe-cer todo o tronco, que expelindo suas lascas por não se cur-var ante a dureza dos ventos tempestuosos; faz deixar feri-das irreversíveis fazendo tombar o robusto tronco sobre o estrondar barulhento da soberba da vida.

Diante do reconhecimento de uma fragilidade de imper-feições, revelando então todo profundo caule; aquela planti-nha outrora tenra, precisa novamente do refrigério do viti-cultor amado, como em tempos passados quando no oculto foi formada.

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Capítulo 02

A valsa

egaste-me com balsamo de gileade no teu pomar de variedades mil, em meio a videiras e figueiras, fazendo-me crescer entre as mais belas frutíferas

arvores e murtas de teu jardim em esplendor.

Alimentastes meus sentimentos mais profundos e ocultos, desejosos pelas tuas palavras adocicadas ao paladar feito fa-vos de mel. Para que possa meu coração desnudado em a-mores por ti ser revigorado, pelo alimento agora doado ó jardineiro amado. Portanto, pronto está meus anseios domi-nados a exalar-te minha fragrância pelos frutos a ti cedidos.

Revela-te em tua formosura redentor meu e neste ama-nhecer radiante ao saíres de teu tálamo em esplendor; pas-seie pelo teu pomar e aspire desejoso pelos meus frutos ex-celentes, atraentes a teus olhos, Senhor meu. Envolva-me com tuas mãos sobre tua sombra exprimindo a ti toda minha alegria por saber sobre teu Senhorio; por ser retirado de mi-nhas entranhas todo meu cilício, vergonhas amargas e tama-nhas envoltas em fel de absinto. Redundado agora por ti, em inefáveis sorrisos de um resgate a sons de folguedo. Não te detenhas mais querido de minha alma, assopre sobre teu jardim para que assim se exale a ti meus frutos excelentes.

Envolto em êxtase, baila então entrelaçados em amores

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nosso coração em sintonia perfeita, onde o amor e a verdade se encontraram pelos gramados verdejantes, a sentir prazeres jamais vistos por tamanha revelação concedida. Eras tu en-tão meu guia e tutor fazendo-me entender os verdadeiros princípios e valores em toda simplicidade concedida, que como colírio para meus olhos; exalo deslumbres a contem-plar o verdadeiro sentido da vida.

Um brinde ao amor, pois eis ai o primeiro fruto cedido, onde no obscuro mundo negro da maldade pelos pecados de maldição; jazia em trevas um coração sombrio, cheio de pe-çonha mortal. Mostrando apenas uma fachada de flores, ocultando o interior escondido de um lar obstruído, arruina-do pelo engano. Onde não importa em que lugar frutifica-mos, se em oásis ou desertos, jardins ou penedos, florestas ou pântanos. O certo é que desde que nossos primeiros pais pecaram em desobediência, arruinando assim toda uma exis-tência pela morte herdada; assim todos somos iguais, “onde o pai não paga pelo filho, nem o filho paga pelo pai, mas a alma que pecar essa morrera”, diz o Senhor. E a morte pas-sou a todos os homens porque todos pecaram.

E onde está o pecado não há amor verdadeiro, mas sim conspirações de morte e ódio, sendo que toda falta de com-preensão faz frutificar sentimentos vazios. Portanto; pronto está meu coração a ceder-te toda minha rendição em louvo-res, por saber que me escolhestes ainda no ventre de minha mãe, sendo protegida e guardada por ti, quando derramaste teu verdadeiro amor sobre mim. Ensinando-me teus cami-

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nhos de delicias, enxertando em minha alma toda cura para minhas chagas mortíferas, fazendo cicatrizar toda dor agora esquecida.

Sim, brindemos ao amor, o maior dom concedido, o vin-culo da perfeição, o verdadeiro âmago de toda uma existên-cia, sendo a máxima expressão integra de um coração agora enriquecido. Onde o querer bem a tudo e a todos traz senti-do verdadeiro à vida por entender que vivemos e morremos em função ao próximo.

Bailemos até ao anoitecer, pois sombrias trevas se apro-ximam. Entre as murtas e videiras há também cardos e espi-nhos a ferir meus pés formosos por anunciar boas novas a um mundo tenebroso. Como o despertar de um sonho em prazeres para a alma, sufocado pelos espinhos amargos; sin-to toda dor a castigar-me, eram os ataques perniciosos da maldade separando toda harmonia de um coração envolto em amores. Dardos inflamados do maligno atirados através das bestas certeiras, manuseadas pelas mãos dos ancestrais, onde nossos maiores inimigos seriam nossos próprios fami-liares; a lançarem palavras mordazes e persuasivas de dissa-bores para a alma. Fazendo parar o escudo da fé, prostrado pela decepção alheia ao ver toda rejeição pela decisão toma-da.

No âmbito do aconchego de nossa recâmara, repousa en-tão toda dor de separações a exprimir sentimentos de mago-as, rancores incrustados por densas barreiras de divisões, onde nossos casulos nos afastam de estarmos ao redor da

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mesa. Fazendo-nos esquecer dos prazeres de um sorriso amigo e o apertar das mãos junto ao calor dos abraços fra-ternais.

Ó muralhas de divisões, como vencer-te ante tamanha falta de compreensão, por não entenderes que meu amado é melhor que vãs tradições expostas por ti? Ó agricultor que-rido, como fazê-los entender sobre meu amor por tuas pala-vras adocicadas feito mel ao paladar? Ó minha alma, por hora aquieta-te a exalar ao teu rei toda longanimidade como um fruto pela dor da separação e espera; onde teus olhos cheios de esperança possam ver fechar tuas pálpebras em paz, pela certeza de veres todos os teus, um dia sendo remi-dos no seio de um lar cristão.

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Capítulo 03

Pétalas da Paixão

antasmas que perturbam, por distanciares de ti meus desejos e não ver-te mais. Tendo agora os olhos cegos assombrados pelos meus temores; sen-

timentos externos como bombardeios na alma, sobrevindo ao coração feito um alvo a receber seus impactos, deixando vulnerável todo castelo exposto pelas catapultas do amor.

E lá estava então àqueles olhos cor da tempestade, seme-lhante ao entardecer, arrancando suspiros em minha alma; devaneios de paixão fazendo ruir toda razão. Deixando en-ferma minha carne pela invasão inesperada de um sentimen-to dominado pela arrebatadora emoção dos sentidos, ao ver em um jardim de flores em tempos de amores; seus olhos vermelhos juntos aos meus e o despedaçar das pétalas do amor, fazendo desmoronar todo castelo erguido pela verda-de.

Seria então uma aventura somente, ou delírios que tomam conta dos meus pensamentos ofuscados em desejos lascivos, deixando-me fora do eixo em atitudes excêntricas, pertur-bando toda convivência de um lar feliz?

Como entender os sentimentos quando por eles somos assaltados em paixões proibidas, sobrevindo como alimento ao ego, abrindo portas de fantasias e expondo caminhos de

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amargos espinhos entrelaçados em cipós de amores, sobre densa floresta escura?

Paixões solitárias onde ninguém jamais saberá pela ver-gonha exposta, senão somente tu, ajudador meu, criador das emoções, onde agora posso revelar-te meus segredos mais ocultos, pela decisão desejada. Porem tuas palavras me de-tém, acalentando todo meu ser por deixar transparecer sobre mim teus desígnios e pensamentos de paz.

Ó mundo de lentilhas, como trocar por ti toda riqueza concedida de um lar em delícias por efêmeros prazeres mo-mentâneos que definham a alma? Ó coração enfermo aquie-ta-te a ouvir todas as revelações agora manifestas por amor de ti;

Vinde e argui-me. Então responder-te-ei em uma pausa para meditação; em Sequidão de estio, o refrescar-se em sin-gular cisterna é trazer cascatas para a alma. Onde o trans-bordar das águas em tempos de seca; traz renovo ao solo infrutífero pela singeleza do coração, em reconhecimento ao Oasis sobre ti circundado.

Volvei-vos dos pensamentos egoístas, alimentados pelo ego de uma enferma carne cega. Antes que se derrame pelas praças tuas fontes cristalinas, regai de pensamentos amáveis sobre teu manancial saciável, protegendo teu ninho de amo-res das aves de rapina a rondar-te.

Atentai ó terra para a palavra do senhor; por que se pren-deriam os sentimentos em laços de estultícias, pelas algemas

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que levam cativos desejos impuros, se o esquadrinhar das veredas patente fica, diante dos olhos que examinam as nó-doas do coração?

Embrutecida está minha alma como um animal perante ti pela razão perdida, como cavalos sem freios. Sendo então direcionada por teu espírito consolador; posso hoje rogar a ti ó senhor, pelo que por amor do teu nome guia-me e enca-minha-me por veredas direitas, em diretrizes de caminhos aplanados, apagando toda transgressão cometida contra teus olhos, pois conheces minha formação no oculto dos peca-dos meus. No intimo conheço agora tua sabedoria, portanto em voz de júbilo te louvarei; Tu és meu baluarte e coluna da verdade. Portanto por não haver mais duvidas em meu cora-ção; em tuas veredas recrearei meus pensamentos, ocultando meus sentimentos em teus tabernáculos secretos.

Fortifica-te na graça e no conhecimento ó minha alma, pois há ciladas no meio do caminho neste áspero deserto de provações sem fim. “Tira água para o tempo do cerco. Entra no lodo e pisa o barro, pega na fôrma para os tijolos”. Pois prestes estás a submergir nos desejos da concupiscência dos olhos e soberba da vida, em toda altivez ao seres atraída para o poder.

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Capítulo 04

Mamom

esado por balança justa, em angustias pela avareza de um coração em ganâncias e desejando valores que lesam o bolso do jornaleiro inocente; pisa os

pés soberbos a verdadeira virtude do amor. Colhendo em celeiros riquezas pelos olhos que nunca se fartam e tendo virtudes trocadas; caminha o vencido em grilhões, pelo en-gano do forte conquistador.

Assim matamos e morremos, traindo e sendo traídos, em conspirações e discórdias na contenda das línguas dos ho-mens, quando envolvidos em jogos de interesses, por con-quistas a qualquer preço. Afligidos em trabalhos até anoite-cer, por não nos contentarmos com um bocado somente e com ele o descanso da alma. Sendo que somos acrescenta-dos por Ele enquanto dormimos. E por tamanha insensatez, afastados estamos das verdadeiras riquezas que se perdem, a deixar somente rastros de insensibilidade, pela triste distân-cia percorrida à procura de um deus estranho chamado Ma-mom; a raiz de todo mal, cujo nome é dinheiro.

E vendendo a fé em barganhas nos apriscos com palavras fingidas, fazendo do rebanho negócios; faz blasfemar todo o caminho da verdade, os cegos guias condutores, cujo deus é o ventre.

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O abandonar dos caminhos asmos, faz abraçar com dolo a mentira, por preferir antes o momento, que os verdadeiros tesouros escondidos guardados em vasos de barro, e com ele o acalentar das mãos do oleiro. Sim, o momento parece ser tudo o que temos; por ele ferimos e somos feridos, em sen-timentos soberbos e egoístas. Elevando o ego às alturas, es-tando autoconfiantes em toda opulência radiante do forte braço da carne, até ouvir bradar a voz do alto, quebrando assim todo tronco desse cedro do Líbano robusto. Cuja co-pa arranha as nuvens, fazendo tombar sua sombra sem saber quem suas riquezas levariam.

Infrutífero estava pela ambição desejada, sufocado pela extorsão alheia, submergido em ruínas de loucas concupis-cências nocivas para a alma, por pensar que no intimo do coração teria habitação eterna e não veria a corrupção. Po-rem estava como um animal que perece sem entendimento perante ti, quando a inveja adornava-me como um colar. Vendo um mundo de valores trocados, priorizando o ter pelo abandono do ser. E tendo os pés nos troncos, troca-mos um quinhão conquistado com preço de sangue, pelas alfarrobas dos que comem em pocilga. Restando então so-mente a misericórdia, por não haver mais renovação ao ar-rependimento e sim uma certa expectação de juízo.

Sendo uma vez iluminado por provar o dom celestial, participante do tesouro escondido dentro do vaso de barro e agora expondo o Senhor ao vitupério; tudo que resta então é ser o tronco queimado no fogo até ser apagado a memória

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de sua geração para sempre, por ter sido pesado em balança justa achando-se em grande falta.

Não obstante, o agricultor amado circundou, regou e pro-tegeu a raiz, até produzir novos brotos. Como um oleiro faz com o vaso a quebrar-se, trabalhando nele à sua maneira, sinto o mover de suas mãos a moldar todo o meu pobre barro desmanchado, por reconhecer que seus muros estão continuamente sobre mim a proteger-me, eis então o bem maior.

Regue-me com águas do espírito em teus caminhos de delicias e guie-me pelo teu imensurável conselho. Assim crescerei em sabedoria diante de ti, por saber que tu és meu regente amado a mostrar o caminho rumo ao horizonte da verdadeira riqueza. Por seres um farol que ilumina em lugar escuro e que nos leva sempre para o porto desejado.

Em verdade, toda diretriz em prudência traz calçados pa-ra os pés que pisam espinhos mortíferos, abrindo caminhos de segurança e paz àqueles que trilham sua jornada em obe-diência. Bendito reinício a luz do dia, onde não há tropeço, pelo conhecimento agora revelado ao sedento e ardente de-sejo da descoberta; onde os maiores tesouros escondidos, ainda se encontram na pureza de um coração reverente.

Jóias reveladas pelas lágrimas que caem, fazendas que co-brem o corpo nu pelo opróbrio tirado. Anel de selar em mãos calejadas, e o cetro do Rei estendido para comunhão; traz celebrações ao amor. Pois aprouve a Ele toda aceitação

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sem restrição, revelando assim a maior dádiva concedida.

Preparado está o meu coração, cantarei e glorificarei a ti pelas flores que brotam em uma nova estação. Assim é todo aquele que está próximo a ti, quando renovam suas folhas em tuas correntes de águas salutares, fortalecendo todo caule a frutificar suas frutas temporãs, quando te levantares no-vamente a buscares teus frutos excelentes. Toda compreen-são traz agora o comer do pão em singeleza de coração, co-lhendo-o todos os dias na labuta da lida em total confiança Naquele que é o dono de todo ouro e toda prata.

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Capitulo 05

A noiva

ntrelaçados corações de amizade, como tens fal-tado em meio escassez de solidão. Como tens faltado ó corações amigos que se fundem em sen-

timentos de amizade e companheirismo pelo caminho. En-tre pedras e espinhos, ermos e desertos sombrios, caminha-mos juntos em meio a uivos de pavor, portanto em teus re-banhos me deliciarei.

Tu és a coluna e esteio da verdade, amiga minha e amada minha. Alicerçada nesta rocha eternal como um diadema nas mãos de teu Senhor, quando foi lançada para tua elevação a pedra angular, fundamental rocha de esquina, sobre a qual cresces agora como um edifício bem firmado e inabalável, em obras e verdade. Onde toda família de Deus como um corpo bem ajustado come do mesmo pão e bebe do mesmo vinho, tendo os olhos fitos um no outro por não haver o fermento da maldade ao ver brilharem os olhos asmos da sinceridade.

Dourados campos de trigos exuberantes em esplendor, como olhar para ti e não se comover perante tamanha rou-pagem que vestes? Como contemplar-te em graciosa formo-sura e não apaixonar-se pelos teus cabelos dourados como ouro? Assim nos entregamos por completo em teus braços ó

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minha Irma mais velha, sem saber que entre teus palácios há também ervas daninhas e amargas; joio semeado pelo inimi-go, que não pode ser arrancado em presente momento opor-tuno.

Meigos olhos que acreditaram, o que fizeram contigo, que perdestes o vislumbre pelas vestes adornadas da noiva, se não há maculas em seu véu? Como não ouves a marcha nupcial ante o abrir das portas celestiais, convidando-te para o banquete? Sim, teus sentimentos entregues fora a outro, por não teres teus pés lavados ao pisar em campos sujos, tornando-te assim um ermo solitário.

O enganar da visão por distanciares de ti meu coração faz-me ver somente pelo outro lado da janela, onde tudo é embaçado pela vidraça empoeirada dentro de nosso arranha céu. E nada mais está em seu lugar, pelos fantasmas a rode-ar, quando o ofuscar da minha alma vagueia a procurar; per-feição em meu olhar.

Onde comprar colírio para que possa minha alma ver teus amores novamente? Passeie nos teus castiçais de ouro, sus-tentando com fogo teus candeeiros pelo azeite que de ti e-mana. Pois o torrão que fumega não se apagará. Em um mundo tenebroso de trevas poupáveis; arde a candeia que ilumina em lugar escuro, estirada sobre canas de um cande-labro em ouro de Ofir. E como esconder o pavio que fume-ga debaixo do alqueire? Assim somos edificados em montes e não em vales.

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Como o sol resplandece sobre a lua iluminando as noites frias de incertezas, assim o sol da justiça reflete sobre nossos corações; fazendo-nos resplandecer como astros nesse mundo ofuscado em densas trevas espirituais.

Recuperes tuas forças pela oração ao teu amado ó minha alma, pois os olhos de todos contemplam teus testemunhos a aguardar pela tua posição de luz do mundo.

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Capitulo 06

O silêncio quebrado

ompa teu silêncio sobre mim, pois desmancho em meus anseios sem ouvir o som festivo. Onde está o estrondar barulhento do trovão que não resvala

mais em ecos retumbantes as cortinas estreladas? Há quietu-de no rubro entardecer, trazendo consigo seus ventos gela-dos de um dia vazio em questionamentos, por não se ouvir mais o som barulhento das catadupas esmiuçando a penha.

Labirintos sem fim, por não ouvir-te mais. Ó espessas muralhas desafiadoras da insegurança; como vencer-te ante tamanha inércia, sem saber em que direção está o norte? Ó agricultor amado, por que te alongas de mim e mantém o-culta tua face ante os conflitos meus, deixando perturbar meus mais íntimos sentimentos?

Desvanece toda esperança de minha alma, como águas que escoam entre os dedos, derramadas sobre a face da terra que não se podem mais ajuntar, por aguardar pela tua salva-ção. Por que te manténs escondido de minhas emoções? Apressa-te a livrar-me, socorre-me depressa, pois laços de incertezas tem cercado toda percepção de minha afeição por ti. Porem minha alma confiada está nos teus feitos passados, pelos quais tomo sustento a enfrentar adversidades que aflo-ram o momento presente, não deixando duvidas sobre tuas

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proezas em pegadas eternizadas na areia, quando saías triun-fante com teus exércitos a hastear teu estandarte de vitória.

Encha minha aljava de forças, para que se atice fogo aos gravetos e acenda meus desejos aflorados, pelo alimento doado por ti amado meu. Adestre minhas mãos para a pele-ja, então irei à caça no inverno e trarei peles da montanha a cobrir meu corpo nu. Meus lábios sedentos buscam águas e não as há, sou como um pelicano no deserto desnudado pelo teu silêncio.

Prova-me como uvas de tua parreira mais frondosa, aspi-re o perfume de minhas vides em flor, exalando-te odores pelo bom vinho concentrado em fragrâncias aromáticas, de um que pisa o lagar sozinho, pois aprouve a ti a primazia dos primeiros frutos em toda provação nesse deserto escaldante. Embora chore a criança faminta pelo embornal do jornaleiro vazio, diante das cobranças do senhorio de mãos estendidas; todavia exultarei em confiança pela bondade de tua casa, tendo meus olhos fitos sobre teu amor, até ver meus sonhos se cumprirem em ti.

Silêncio sobre silêncio e o céu como cortinas de bronze sobre mim é tudo que tenho. Não há respostas em meus por quês, questionamentos de um até quando e pra que, em in-terrogações sem fim, sem saber e entender, se ficar ou ir sem rumo e que direção tomar. Tendo um se como condicional de companhia nas decisões indecisas da vida. Assim cami-nhamos sem sair do lugar, dando voltas no deserto sem sa-ber, semelhante a uma geração que se foi ao ver suas alpar-

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cas crescerem nos pés.

Até ver brilhar a lembrança da voz de trovão bradar sobre as nuvens, dissipando seus raios e saraivas, afugentando to-dos os fantasmas que assombram. E depois do ímpeto tem-pestuoso, das noites traiçoeiras de inverno que açoitam e flagelam a alma, pelo vácuo silêncio quebrado do assobiar dos ventos gelados; uma voz de bonança em uma pausa na pauta da vida solfejará;

Como o ourives prova o ouro, no lapidar de jóias raras, provado fostes em cadinho de barro sete vezes aquecido, até extrair de ti toda escória liberada no calor das emoções. Em fogo abrasador purificado ficastes, no despertar dos olhares em valores desejosos sobre ti, elevando em destaque teus desígnios concretizados, quando ainda não sabias se resistiri-as ou não sobre a bigorna retinindo perante o forte ataque das mãos calejadas do opressor.

Então provado fostes no frio noturno do deserto em tempestades, arrancando-te suspiros em inerente desejo de entrega, ao ver o raiar do sol escaldante em teus devaneios delirantes, mostrando-te nova fase ainda a superar, pelos longos passos no caminhar.

Porem teu amor pelas correntes das águas lhe conduzia sem saber, movendo moinhos projetados pelas mãos do arquiteto a provar-te. Mesmo entre os espinhos a ferir-te, expondo sulcos em teu corpo pelas cicatrizes perdurantes de um futuro distante; lá estavam teus olhos fitos no final da colheita, pelo atar dos molhos em alegria, vendo o fruto do

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trabalho colhido sem te deixares atrás olhar. E agora, lugar determinado ocupastes teus pés, vendo to-

das as barreiras serem prostradas ante o brado da fé, fazendo sucumbir o gigante amedrontador das incertezas, descorti-nando sobre teus olhos o estandarte de destaque da tua ha-bitação, entre as mais belas arvores do jardim em delícias, por teres agregado valores em tua aflição agora vencida pela tua obediência em amor.

Cinge-te pelos lombos a responder-me; onde está aquela criança que não precisa mais ser erguida, se o firmar dos artelhos traz confiança no seu caminhar? E quem acrescen-tou seu crescimento não podes então provar os ligeiros pas-sos airosamente a desfilar? Verdadeiramente o teu competir com cavalos sem saber, fizestes deixar na largada poeira em face inimiga, quando teus olhos almejavam somente o ven-cer, ante o alarido ardiloso da oposição, que competiam com os pés no chão. E quem aguçou teu entendimento fazendo-te crescer em graça e conhecimento, não podes hoje provar tua fé por obras em ação e verdades de coração?

Entremos juntos em questão; colhem-se frutos verdes e tenros as mãos do trabalhador mercante, sem que ele aguar-de o momento oportuno de satisfação do olhar, pelo plantio do grão jogado, retribuído agora em celeiros fechados; os abastados frutos maduros? E não pode o agricultor amado determinar estações sobre ti, para que não apresentes a Ele teus precoces frutos forçados? Ou não seria digno o viticul-tor de degustar dos graúdos grãos colhidos, em tempos de-terminados por Ele programados?

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Argui-me novamente, adentremos em um pleito juntos e desvendemos o sentido do ser; a mão que sustenta a pena, percorrendo longas linhas pelo ditador que a conduz e dei-xando seu rastro gravado no tempo; não seria a mesma mão, aspirando o apagar dos erros no ponto final da escrita; pelos trêmulos punhos de um ditador dominado, pelas linhas per-corridas?

Falhas mãos que ditam, sem deixar serem dominadas em linhas tortas de um final em questionamentos. Até quando preferiras o acabar das tintas nas folhas manchadas, que o bailar da pena em pauta harmônica, inspirando melodias de vivencias em danças festivas, pela direção das mãos que já foram furadas pela tua vida?

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Capitulo 07

Este mundo tenebroso

udibriastes minha alma ó tapetes esverdeados, es-tendidos sobre os carmesins torrões da terra mãe, fazendo-me rolar pelos teus gramados verdejantes

e macios em esplendor, pela aparente liberdade sentida so-bre teus campos a passear. E colhendo suas flores em tons de alegria, no ajuntar dos ramalhetes no caminhar; despertas-tes minha alma em ilusões. Quando no assobiar dos pássaros a cantarolar, belas melodias em sons de ninar; deslumbra a criança que em teus braços baila, contente por não querer despertar.

Borboletas de cores mil que bailam na tela da vida, no pintar do pincel do artista, em misturas de cores exóticas; faz deixar anestesiados os olhos em êxtase, da alma que vagueia a sonhar. Pobre alma iludida, deslumbrada pelas flores no caminhar, colhendo néctares atordoantes dos polens a fasci-nar. Se assim persistires na jornada, que direção tua alma tomarás?

Lindas são tuas estrelas ó noites envolventes, de luar do-minante em aventuras de madrugadas quentes. Assim aden-tro em tuas portas, tendo um molho de chaves nas mãos. Passagens abertas de um mundo tenebroso sem regresso, por estar agora envolto por ti, ó lentilhas servidas na prisão.

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Como podes tu ó minha alma em algemas ser vencida, se avisada fostes para não se decepcionar? Agora sem alparcas nos pés como escrava do pecado em grilhões, caminha a alma errante, em calabouços conflitantes, acorrentada de pés no chão. No destilar do orvalho amanhece; como ébria des-pertada de um sono profundo, das noites lascivas de amar-gos sabores. Em repugnante sentimento de expurga, tendo lágrimas que caem ao chão; almeja a alma somente o alvejar da roupa manchada na carne, sobre sons de catadupas no coração.

Ardentes desejos insaciáveis, aprofundados em densas trevas espirituais de um mundo circundado em chamas, que explode em pecados conjugais. Pela normalidade de vidas, de uma humanidade caída; caminha a alma perdida em sór-didas maculas de irreversíveis feridas. No crepúsculo dos lençóis manchados, fora do lar solitário; o vazio ilhado no profundo invade. E nas noites e noites sem fim, de anos no esquecimento aprofundado em insensível sentimento mes-quinho; deixa a alma indeléveis seqüelas nos corações do-mésticos mais íntimos, dos que aguardam o findar do vôo distante e o regresso do pássaro ao ninho.

O que fizeste em minha alma ó campos verdejantes, fa-zendo-me voar longe do ninho em teus gramados exuberan-tes? E agora envolvida estou, com tuas flores em negros tons de prisões na mente, pela razão dissolvida que um dia se foi; no abraçar de paixões ensandecidas pela emoção ar-dente. Plantada nesse jardim de papoulas, fascinada com tua

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escarlata atraente, em tendo os olhos agora dormentes; pre-fere a alma o anestesiar dos sentidos, que a verdadeira paz na pureza do singular lírio dos vales e o repousar em segu-rança do carmesim da rosa de Saron.

E quem endureceu contra Ele e teve paz? Dura cerviz ir-reverente, prestes a ser quebrantada bruscamente sem haver cura. Por que deixastes a promessa do teu repouso ó alma cansada? Volta, volta ao teu regaço, retorna-te ao teu aprisco ó ovelha desgarrada, antes dos maus dias de descontenta-mento surpreenderes tuas lãs a serem tosquiadas, e então seres levada em balidos ao matadouro pelas mãos de teus tosquiadores preparados para o abate.

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Capitulo 08

Alto preço cobrado

entardecer de nubladas nuvens sobre o vento no rosto gelado; traz recolhidas as mãos no aquecer dos aposentos retirado em solidão. Sobre sono

profundo adormece o cansaço, em dias sem gostos de um paladar em desgosto. Ranzinzas palavras sussurradas entre os dentes e os olhos ardentes em anseios pelo silêncio rom-pido; traz o aprofundar da alma em pertinente disforia no oculto escuro do quarto fechado.

Não há prazeres em conversas conjuntas e sorrisos nos lábios de abraços amigos, somente o triste sentido envolto no aperto do peito vazio, sufocando o grito da alma em de-sejos de quietude. E pelo obscuro senso de cobranças na mente em lembranças; Traz a tona desvarios de uma enfer-ma carne em pecados, expurgando em angustias o âmago momento de serem confessados.

Perdão é toda palavra almejada, quando se aquietam em bonança suas utópicas ondas no quebrar das incertezas, em meio a um meditar no bravio mar do horizonte que emerge. Sobre lançadas cisternas profundas de ilícitas relações ocul-tas; brota enferma em silêncio doença sem cura. Noites de febre em dias apáticos, ligadas ao envelhecer dos ossos no bramido da cama em suor noturno e junto às dores na men-

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te que não cessam pelo cansaço de tosses freqüentes; traz a casa de lodo desejo ambíguo de partida, pelo ressequido bar-ro trincado a secar-se diante dos olhos que definham no es-pelho.

No leito de um coração em dor, debate a alma em cla-mor. Sobre rogos em lágrimas assustada pela surpresa ines-perada; como podes o perdão implorar, se ainda não apren-destes a perdoar? O lembrar de tempos passados em nódoas de amarguras; traz em mente assédios sofridos, lascas pelos podões arrancados, das mãos dos ancestrais mais antigos, fazendo tombar suas flores, em estações e tempos de amo-res.

Lembranças de frutos não cedidos, quando em realeza buscava o Senhor do pomar, o temporão do perdão sufoca-do, pelos espinhos a machucar. Ó frutos a ti não cedidos, Senhor do jardim ressequido, por que não exprimistes se-quer o aroma, de teus tenros brotos a florescer, embelezan-do o cenário aos olhos atentos; do senhor que aguardava suas flores em um novo amanhecer?

Porem no aproximar do agricultor amado ainda há espe-rança, no mergulhar das raízes profundas em vívidas fontes salutares de cura. Então, no ensejo de uma pausa na pauta da vida, a alma em derradeira sinfonia por fim solfejará;

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Capítulo 09

Tempo de perdão

meu Senhor do pomar; sobre rancores no coração errante a vagar, mergulhada em asqueroso abismo de jactâncias aos olhos que destilam gorduras no

ensoberbecer; assim caminha a minha alma pelo tapar dos ouvidos aos tutores não inclinar, tendo à mente em martírios de grandes conflitos que se atiram agora a ponderar; assim me derramo perante tua presença em lágrimas a implorar.

Qual escopo estirado na guerra ó mente a vaguear, pela razão defendida dos agravos que fica; sofre o pequeno fran-zino raminho, vituperado brotinho massacrado no lar. Sobre o seco veneno de espinhos mortíferos, me ponho a investi-gar; estímulos na mente sofridos, pelo deteriorado caminho perdido, em violento silêncio rogado, pelas mãos a sufocar. Ó Senhor dos sentimentos meus me ajudes a perdoar, àque-les que um dia meus pés guiaram em caminhos a atropelar; minha natureza ainda informe, pelos assédios sofridos no lar.

No corpo cicatrizes desenham suas marcas das chibatas cortantes, até hoje meus ouvidos escutam; suas tristes melo-dias dançantes, sobre sons de estalar. Quanta dor em casti-gos eu vi, o sangue suas marcas deixar, por isso ó Senhor dos meus sonhos que um dia bloqueados ficaram no ar, não

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deixando vingar a semente, pelo estalar das chibatas arden-tes, me ajudes a perdoar.

Ressentimentos que matam a alma, como podes guarita achar? Por tanto tempo escondido, pelo desprezo sofrido; raminho brotinho abandonado no lar. Cresceste ó semente solitária, sem referência de que fruto daria; se de videiras ou figueiras viçosas, ou se zambujeiro serias. E por seres então ó minha alma, enxertada em verdadeira oliveira, podes hoje sem medo, rogar ao Pai jardineiro; Senhor me ajudes a fruti-ficar, para assim poder perdoar.

Palavras mordazes de ressentimentos, cortando juntas e medulas no ser, em persuasivas perniciosas ditas. De despre-zos que conflitos trazem, palavras lançadas em rosto; quei-mando a alma em desgosto, pela expressão de lábios vil, em palavras amargas hostil. Correntezas de línguas contrárias, impossíveis de serem remadas; sobre vorazes palavras ditas como espadas aguçadas, difícil de serem domadas. Em guer-ras vividas pelo abrir das comportas de palavras chaves mal-ditas, expressas em horas indevidas, sobre fins de amargas verbalizações.

Suas dores causaram-me angustias, mataram meus so-nhos, sufocando sentimentos em muralhas intransponíveis de lamento. Pelas jogadas palavras de abandono ó meu Se-nhor da verdade, estando em um Lo-Debar distante, em um ermo solitário errante e por tantas palavras em fardos pesa-dos, ó meu Senhor amado; me ajude o perdão liberar.

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E no lar dividido que fica, por tantas palavras em calúnias ouvidas, em ver nos teus troncos antigos; o triste fim da se-paração, de vidas agora distantes em semblantes manchados na dor. E por não haver mais amor, desmancha a alma ao ver; o seio da terra mãe morrer.

Incrustado sentimento no coração, em ver suas raízes partir sem poder pedir perdão. Então o restar da alma so-mente; diante dos galhos secos adormecentes pela inespera-da partida, no fim da despedida; chora amarga a alma ferida, em lágrimas pedindo perdão.

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Capitulo 10

O concerto final

orme o sol em repouso no seu tálamo oculto e na tenda da noite sobre os olhos atentos do quarto escuro; vigia as pálpebras o profundo

silêncio do amanhecer. E no dançar das estrelas pingando do céu; sente a alma em suas lágrimas o gosto do fel. Sobre noi-te adentro, o frio relento deixa os olhos perdidos em seus pensamentos junto do coração e o lembrar do passado traz o triste pecado alto preço cobrado; pela aventura vivida de manchas na carne em maculas de dor.

Na mente conflitos em guerras sofridos pelo acusador e o desejo eminente sente a alma ardente anseio indizível pelo seu criador. Ó senhor que um dia minhas chagas levou sobre os ombros sofridos como meu redentor; uma cura somente, os meus olhos esperam, sobre teu refrigério como em bal-samo de amor.

Alvorece o momento em profundo silêncio e no enten-dimento o saber da resposta. No triste raiar do tímido olhar e sobre a brisa gelada em meu coração; uma noite é passada, no bailar das estrelas, desenhando em sua pauta o ultimo ato de uma melodia final. De olhares distantes em despercebi-dos relances pelas vidas que passam nos sorrisos sem graças e em um insensível aceno de um ultimo adeus; caminha a

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alma em derradeira chegada, discernindo o findar do labor dessa lida em um por do sol que se esconde; rumo volta pra casa.

Tempestades que chegam em meio a ímpetos ventos de um revolto momento pelo bravio mar e abalando a copa da velha arvore a chorar; sente a alma então no intimo do cora-ção o findar da labuta pro retorno ao lar. E ao estalar do machado a vê-la tombar, sobre o ruir do barulho ensurdece-dor; toda seiva se esvai, manchando o chão, aos olhos da candeia que apagando-se vão.

Ao ouvir bem baixinho o vacilar das batidas do seu cora-ção, faz a alma a Deus sua ultima oração; ó Senhor da minha alma, conhecedor dos corações, que esquadrinha e entende no mais intimo dos sentimentos as intenções da mente; em grande angustia nas trincheiras da vida, pela covardia do cer-co em envolvente desfecho do meu silêncio guardado; en-tendo agora, que as mãos que dominam a pena nas linhas da escrita, deve então perdoar; àquele que manchas deixou na pauta da vida, pelas longas linhas percorridas, por causa das mãos que um dia furadas foram pela minha vida...

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Capitulo 11

O verdadeiro lar

esertos de solos ressecados, transformados em Oásis paradisíacos, onde solos infrutíferos agora dão seus frutos, pelas correntes de águas a regar

teus campos verdejantes, florindo sua relva de espetaculares cores em tons de alegria, saciados pelas águas que de ti bro-tam, tudo por ter a alma exalado agradável aroma ao liberar o doce fruto do perdão temporão.

Doces palavras que curam feridas, que rompem barreiras desfazendo trincheiras de tempos em guerras vertidos em memoriais de paz. Em valores que elevam o cerne momento de um coração de mãos dadas com o amor; sentimento em elo que une e que gera singular anseio na alma em prazeres sublimes com o seu criador.

Alivio sentido, pelos grilhões caídos dos tornozelos feri-dos em marcas de dor. Ó alma exulta jubilosa em folguedos, pela alforria dos jugos em mordaças ao chão. Redundado agora em inefável descanso e tendo os olhos serenos de um ser perenal; saltita a alma em doce harmonia, no bater de miríades asas em sons de melodias dançantes, sobre santa sinfonia celestial.

Na verdade o perdão liberado lança fora toda a culpa da alma ferida. Pois se os pecados perdoados dos ofensores a

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agravar, traz perdão ao coração da alma outrora ferida, não resta então mais culpa de um julgamento previsto. Sendo que os delitos que nos são cometidos, quando não liberado o perdão pelos agravos sofridos, faz com que o pai agricul-tor também não perdoe a alma do pecador sofredor.

Então, toda compreensão ficou patente diante da alma que partiu com uma consciência pura ao ver findar toda a aflição, por um simples sentimento de perdão. E a alma por fim entendeu que o Agricultor amado, cogita meios para que não fique banido para sempre o seu desterrado.

Como um pródigo perdido em devaneios e luxurias que retorna ao lar depois de lançar suas pérolas aos porcos e ainda assim ser recebido com júbilos e tamboris em festas dançantes pelo pai de família; assim lançou-se luz ao enten-dimento da alma, tendo agora seus pés ocupado lugar de-terminado em destaque ao ver; que foi bom ter sido afligida, para ter um sentimento de reconhecimento em um coração outrora perdido em tanta falta de perdão. Sendo agora rece-bida como um verdadeiro filho no seio do pai amado. E por ter tido seus pecados então perdoados; compreendeu a alma por fim o grande mistério da Fé; a excelência do bendito fruto chamado perdão.

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Capitulo 12

O poema da alma ferida

o ajuntar dos seus pertences, no fundo dos guardados trancados, um papel amarrado jazia. E no desatar do cordão em revolto furacão; tu-

do seria mudado pela grande revelação de verdades em um jardim de flores. Já estando a alma em descanso dos que descem ao silêncio profundo em repouso no seio de paz, dizia o seu papel manchado então, a seguinte expressão di-ante dos olhos em lágrimas, dos que liam as linhas marcadas;

Há um mistério profundo, guardado no coração, pronto para ser revelado assim que o vaso for quebrado; no leito de enfermidade dos seios que me amamentaram, seus olhos queriam a verdade, porém meus lábios calaram, pelo soluço a interromper; ao ver fecharem seus olhos, sem a verdade saber.

Naquele dia tão frio, de um passado não muito distante; havia um jardim florido em flores exuberantes, colorindo a primavera, em belos tempos de amores. Porém uma flor foi colhida, antes de desabrochar, e pelas mãos calejadas de mi-nhas raízes antepassadas, eu o vi lançar; sua semente por terra, para não germinar.

Então, aquela flor tão fraquinha de tenra tombou nos espi-nhos, em pétalas que caem do jardim florido, sobre oculto leito

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escondido. Marcando o quarto fechado, em vermelho tapete estirado, de uma machucada rosa, tão meiga e despedaçada rosa; em essências derramadas ao chão.

E ouvindo o estalar das chibatas impondo insano poder de persuasão, sobre os olhos temerosos que viam o triste clamor em sussurros, das lágrimas em sons de desgostos serem derra-madas da rosa ferida. Tão meiga e despedaçada rosa, em ver-melhas pétalas caídas, deixando o jardim tão vazio, em tantas interrogações dos olhos ao ver, despedaçadas pétalas no cami-nho sem saberem o que dizer. E diante da rosa vermelha dos olhos cor da tempestade semelhante ao entardecer, que um dia eu vi morrer; assim em silêncio me calei, em anos e anos de espera, aguardando o confessar da demência, diante da loucura consumada, pelo excêntrico tronco robusto de minhas raízes passadas.

E aspirando anseios de vingança pela falta do meu per-dão; ferida, fiquei no caminho, machucada com tantos espi-nhos, em ver toda culpa cair, sobre meus inocentes ombros sofridos. Persuadida por uma confissão forjada no jardim de amarguras, arquitetada pelo mentor demente e em grandes pérfidas na mente ao dizer ser um acidente; ficou minha al-ma como culpada, da morte inesperada da meiga rosa ama-da.

Na verdade naquele jardim em flores havia espinhos de dissabores, por tantas palavras ouvidas lançadas por rosto em desgostos, dizendo que zambujeiro minha alma sempre seria; enxertada naquele jardim florido, como um ramo seco

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adotada, pelos seios que amamentaram; minha alma e a rosa amada. E então aos olhos de todos, em desdém sentimento de expurga, guardei em meu coração; tamanho sentimento banido, em tristeza e solidão de uma alma ferida em luta com o seu perdão.

Assim eu pinto esse quadro, no pintar do pincel do artis-ta, de um poema inacabado; sem saber o resultado, das mis-turas de cores exóticas. E aos olhos que contemplam o ver-melho da tela; tendo em mãos a pena que percorre as linhas no final da escrita, sobre os trêmulos punhos de um ditador dominado pelas linhas percorridas; deixo em aberto o seu veredicto final, para dar o resultado; pro descanso em me-mória, da meiga vermelha rosa; em repouso eternal.

Então, acabada leitura de um papel manchado em lágri-mas, toma a pena os trêmulos punhos, a percorrer as linhas marcadas. E entregando no final da escrita a carta selada nas mãos calejadas do tronco robusto, tendo os olhos em lágri-mas pela surpresa inesperada; Segue destino traçado ao mei-rinho aguardado, pronto a expor da bainha a espada desem-bainhada, para julgar a causa da bela rosa amada. E inspiran-do ao coração do ofensor ditador; o apagar dos erros no inicio da pena marcada, vendo o seu veredicto ser dado ao som do seco malhete julgado; anseia então o ditador domi-nante, o dirigir do final da escrita pelas mãos que outrora foram; furadas pela sua vida.

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Fim

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