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O político e o empresário

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A política é um esgoto a céu aberto. Há alguns poucos bem-intencionados, que precisam lutar muito para se destacar e conquistar espaço, e os que praticam os maus hábitos políticos e ascendem por um motivo simples: a compra de votos e de apoios, que garante a vitória de candidaturas descomprometidas com a população, voltadas para os interesses de poucos abastados. O jovem empreiteiro Marcos Aroeira começou desde cedo a superfaturar obras e intermediar propinas, ganhando muito dinheiro do setor público. Antônio Murilo e Thiago Pedreira, dois jovens carismáticos e inteligentes, foram introduzidos na política suja por obra e graça do destino. Ambos fizeram o que os figurões costumam fazer: desprezaram as necessidades do povo e trabalharam em favor dos que já estão transbordando de bens e de oportunidades e querem ainda mais. Resultado: descaso com o povo e muitos esquemas desonestos.

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  • talentos da literatura brasileira

    so Paulo, 2016

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  • O poltico e o empresrioCopyright 2016 by Flvio Batista RezendeCopyright 2016 by Novo Sculo Editora Ltda.

    gerente editorialLindsay Gois

    editorial

    Joo Paulo PutiniNair FerrazRebeca LacerdaVitor Donofrio

    aquisies

    Cleber Vasconcelos auxiliar de produoEmily Reis

    preparao

    Alline Salles (AS Edies)

    diagramao

    Joo Paulo Putini

    capa

    Dimitry Uziel

    reviso Fernanda Guerriero Antunes

    NOVO SCULO EDitORA LtDA.Alameda Araguaia, 2190 Bloco A 11o andar Conjunto 1111 CEP 06455 000 Alphaville industrial, Barueri SP Brasiltel.: (11) 3699 7107 | Fax: (11) 3699 7323www.novoseculo.com.br | [email protected]

    texto de acordo com as normas do Novo Acordo Ortogrfico da Lngua Portuguesa (1990), em vigor desde 10 de janeiro de 2009.

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (cip)(Cmara Brasileira do Livro, sp, Brasil)

    Rezende, FlvioO poltico e o empresrioFlvio RezendeBarueri, SP: Novo Sculo Editora, 2016.

    (Coleo talentos da literatura brasileira)

    1. Fico brasileira. i. ttulo. ii. Srie.

    15 11034 cdd 869.3

    ndice para catlogo sistemtico:1. Fico : Literatura brasileira 869.3

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  • A famlia a clula mater da sociedade, disse o grande Rui

    Barbosa. No h como pensar na materializao desta obra sem o

    apoio que recebi de minha famlia. Minha esposa, Manuela, que me

    apoiou desde o incio do projeto e que continua apoiando, crendo ser

    uma boa obra, foi minha grande incentivadora; sem seu incentivo,

    este livro no existiria. Meus queridos filhos, Priscilla e Matheus, os

    quais me fazem crer que o amor realmente o sentimento que vale a

    pena sentir. Meus pais, Joo e Snia, a quem muito devo por terem se

    dedicado e ainda se dedicarem de forma amorosa e descomprometida

    a minha pessoa. Minha irm, Tatiane, que me ajuda a ver os acon-

    tecimentos de forma irreverente e engraada. Meus sobrinhos, Ane e

    Joo Pedro, que me fazem estender o amor que sinto pelos filhos; meu

    cunhado, Geysson, uma pessoa honrada a quem muito admiro. Sou

    um homem abenoado por ter tido o privilgio de possuir uma Famlia

    que me ama e me ampara. De todos os tesouros que existem no pla-

    neta Terra, certamente, a Famlia o maior de todos! A essa Famlia

    que tanto amo e que tanto me ama, dedico esta obra.

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  • Prlogo

    O destino algo que est alm da nossa com-preenso. Quem poderia imaginar que trs jovens do interior, de origem modesta, alcan-ariam o estrelato na poltica e nos negcios

    com o setor pblico? Estar no lugar certo e na hora certa algo que real-

    mente abre as portas para boas oportunidades. O proble-ma que nem sempre os bons princpios permanecem e o homem acaba se tornando fruto do meio no qual con-vive. Ambiente perverso pode fazer homens perversos e promover a multiplicao da maldade.

    Criados com bons princpios, os trs jovens se mete-ram num meio em que preciso ter muita ideologia para escapar das tentaes e da maldade que se criam ao andar com aqueles que pouco se importam com o ser humano, e, no convvio com a podrido, eles mesmos se deixaram levar por caminhos escorregadios que beneficiam poucos e prejudicam muitos.

    Antnio Murilo, thiago Pedreira e Marcos Aroeira foram para a administrao pblica usando a intelign-cia que Deus lhes deu. Sendo pobres, se fizeram grandes

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  • 8entre os ricos. S que essa grandeza serviu para a rendio aos princpios dos maus ricos e eles foram o mais do mes-mo, levando adiante o projeto daqueles que so extrema-mente egostas e antidemocrticos.

    O grupo que trabalhou em favor dos jovens nem mesmo gosta da democracia, pois a democracia algo do povo, e essa gente tem asco pelo povo. Seus redutos so isolados, a vida deles est muito distante da realidade de uma gente sofrida que quer o mnimo de dignidade e nada mais. Por no gostarem da democracia, a estratgia deles consiste em comprar os polticos e ter os mandatos financiados por eles na palma de suas mos para fazerem o que bem entenderem contra a coletividade e em favor de si mesmos.

    Nesse meio, surgem os que saem do povo e permane-cem com o povo, mas ainda raridade. O povo tem gran-de parte nisso, pois acaba fazendo o jogo da elite ao des-prezar a democracia e o voto direto nos representantes.

    O dinheiro dita os rumos dos que estabelecem para si um preo, o qual custa a prpria dignidade e a desgraa alheia de muita gente. Bom ser o dia em que o povo en-tender que, ao seguir cegamente uma lgica lanada pelas elites que dominam e querem sempre dominar, sua vida continuar nas mos dessa gente e no haver progresso que atinja as massas, e sim a manuteno da opresso e da explorao.

    Os jovens que tinham em suas mos a oportunidade de fazer algo em favor do povo escolheram o caminho de jogar contra esse povo, mesmo se fazendo amigos daqueles que seriam esmagados pelos atos de quem se preocupa muito mais com a eleio seguinte e com o

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  • 9capital poltico do que com os que sofrem e padecem pelo descaso do poder pblico, administrado por aque-les que enxergam no povo apenas algo a ser explorado.

    Nesse meio, os maus prosperam e os bons lutam. O resultado sempre vai depender da participao popular. O povo ainda no entendeu o verdadeiro valor da represen-tatividade. Quando entender, muita coisa boa vai aconte-cer; enquanto isso, os esquemas estaro frente das pro-postas e dos projetos e o sistema continuar a defender os privilegiados e atacar os necessitados.

    S a boa poltica pode mudar isso. Vamos em frente!

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    1. Predestinao

    Cada um tem um destino marcado desde o mo-mento do nascimento. Para alguns, uma estre-la diferente brilha quando chegam ao mundo. O nascimento de Marcos Aroeira da Silva foi

    um evento muito importante em uma pequena cidade do interior de Gois. claro que essa importncia toda, num primeiro momento, foi dada apenas pelos seus pais, sendo um casal muito correto e com bons princpios. Pequenos comerciantes, honestos e ntegros, tinham poucos amigos, os quais eram sinceros e leais. Pessoas verdadeiramente do bem! Eram o senhor Anastcio e a senhora Joana.

    Marcos Aroeira da Silva o primognito de quatro irmos, todos homens. Desde criancinha, com um olhar esperto e sempre atento aos detalhes, j indicava que se-ria o mais bem-sucedido de sua famlia e do bairro onde morava na pequena cidade de itapuranga. Com oito anos, j iniciou a vida de trabalhador. Vendia queijo nas ruas de sua cidadezinha. Muito comunicativo, sempre convencia seus fregueses a comprarem o produto que seus pais produziam com muito capricho e competncia.

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    O queijo, muito diferenciado, com um sabor inigualvel, vendia por si s. S que o carisma do pequeno vendedor conquistava tanto os clientes que eles, a cada dia que pas-sava, aumentavam as encomendas.

    Seus outros trs irmos tambm trabalhavam na pe-quena indstria da famlia. Eram pequenos, porm ti-nham grandes responsabilidades. A famlia era sempre organizada e correta. O patriarca Anastcio, um verdadei-ro exemplo de moral e integridade, e sua companheira, muito correta em tudo o que fazia.

    Com o passar dos anos, aquela famlia ia se destacan-do na cidade. Seus queijos eram referncia e o principal vendedor continuava encantando os fregueses. Um cami-nho para o sucesso! Com 17 anos, Aroeira conquistou um fregus ilustre: o prefeito da cidade.

    O prefeito era fazendeiro, criador de gado e mui-to rico. Um homem sem escrpulos, mau, carismti-co e demagogo. Muitos opositores foram assassinados a mando dele, porm, devido grande incompetncia do sistema judicirio brasileiro e goiano, ele nunca foi investigado. At a Polcia tinha medo do homem. O povo de itapuranga comentava sobre os atos do pre-feito, que se chamava Jos Maranho de Souza, mais conhecido como Zezo, como ele mesmo fazia questo de ser chamado. Sua esposa, a primeira-dama, era uma senhora muito generosa que suportou, durante toda a vida, o seu algoz marido at sua morte. Ele foi vtima de um infarto fulminante enquanto se deleitava com uma de suas amantes na sede da maior fazenda da qual era proprietrio.

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    Quando o prefeito conversou com Marcos Aroeira, gostou demais daquele rapazinho de 17 anos. Viu nele um futuro brilhante e uma pessoa que poderia agregar muito sua carreira poltica. O prefeito no perdeu tem-po e abriu as portas para o jovem vendedor de queijos. Apresentou-o para gente importante. Deputados federais, estaduais, juzes, mdicos, enfim, o rapaz ficou muito co-nhecido entre a nata da sociedade em itapuranga e nas cidades vizinhas.

    Aos 18 anos, Aroeira j conhecia muita gente im-portante, e os que no eram considerados to impor-tantes. A prefeitura precisava executar obras, tinha a necessidade de bons fornecedores e de prestadores de servios. Foi a que comeou a carreira de empresrio do garoto.

    Pela pouca idade, no era interessante abrir uma em-presa e criar um CNPJ, mas, sim, convencer os outros a abrirem uma. to novo e j estava recrutando laranjas para seus negcios. Seu pai ficou pensativo quando ele falou sobre a necessidade de encontrar algum que fos-se proprietrio de uma pequena construtora, achou es-tranho e no gostou da ideia. No entanto, Aroeira, que se mostrava uma pessoa de carter, convenceu-o de que no estava se envolvendo com a poltica, e sim com a atividade empresarial, uma vez que no iria trabalhar di-retamente para o prefeito, mas como intermedirio na re-alizao de obras em benefcio da sociedade.

    O jovem Aroeira conseguiu convencer um bom mes-tre de obras da cidade a abrir uma empresa e fechar um grande contrato com a prefeitura para a reforma da sede administrativa. Ele acompanhou todo o processo de

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    registro da empresa do Sr. Joo, que prestou um excelente servio. A obra foi superfaturada e o Sr. Joo ganhou a parte dele e dividiu com o prefeito e com Marcos Aroeira, conforme o combinado.

    talvez o jovem no tivesse compreendido, mas ele estava iniciando uma vida profissional voltada para a corrupo, por meio de superfaturamento de obras e pagamento de propinas. O certo que, com esses e outros contratos intermediados junto prefeitura de itapuranga, muito dinheiro estava sendo recebido por ele. Sempre em dinheiro vivo. todo o valor recebido no passava nem perto de um banco para que no houvesse o risco de ser rastreado.

    Alguns anos depois, ele se endividaria muito com os bancos e pagaria juros para justificar o patrimnio conquistado. Com financiamentos e emprstimos, ele teria justificativa para provar que tudo foi adquirido por meio das receitas de suas empresas, que geravam lucros mensais suficientes para que todos os compromissos fi-nanceiros fossem pagos rigorosamente em dia. Utilizava sua simpatia peculiar junto aos gerentes dos bancos e sempre contratava os produtos oferecidos em troca dos emprstimos fraudulentos. As operaes do Aroeira fa-ziam a alegria dos bancrios pressionados pelos chefes a atingirem metas abusivas de vendas dos produtos de seguridade (seguro, capitalizao e previdncia).

    isso durou at ele completar 23 anos, quando o pre-feito morreu e o principal opositor ganhou as eleies. S que, a essa altura, ele j tinha uma impressionante rede de contatos e estava intermediando vrios contratos com outras prefeituras, at abrir sua pequena empreiteira, que

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    se tornou uma verdadeira mina de ganhar dinheiro com o setor pblico. claro que essa no a nica empresa que ele tem. Aroeira formou um verdadeiro imprio! Seu principal cliente? O setor pblico.

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