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ótima pesquisa sobre o turismo em Nova Olinda -ce
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O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA
EM NOVA OLINDA- CE.
Antony Alves
2007
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
2
“ A Antonio do Ó, legítima representante de nosso artesanato
local e aos demais artistas nova olindenses”.
(o autor).
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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“ Mesmo diante do conceito da intensa individualização das relações sociais, podemos vivenciar em Nova Olinda o
seu sentido contrário: o coletivo !”
Antony Alves
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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Sumário
I – O Turismo de Base Comunitária em
Nova Olinda Ce...........................................05
II - A experiência do pesquisador no seio
da família.....................................................16
III - As Riquezas Turísticas de Nova Olinda-
Ce.................................................................33
IV - As riquezas artesanais........................42
V - Os Fatores econômicos e sociais do
sucesso do Turismo de Base Comunitária
de Nova Olinda –Ce....................................47
I - O Turismo de Base Comunitária em
Nova Olinda-Ce.
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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Nova Olinda é uma cidade do interior
do ceará cuja história política não
ultrapassa meio século. Com pouco mais
de 12 mil habitantes e cravada no
caminho que leva a outras regiões e
estados vizinhos, possui em seu pequeno
território, uma grande quantidade de
riquezas naturais, que desde o inicio dos
anos 70 vem sendo continuamente
explorada e tem se tornando a principal
fonte de renda de várias famílias que
residem junto a sua sede e comunidades
rurais. Entre estas riquezas podemos
destacar a pedra de Santana e a gipsita.
A primeira , explorada de forma semi-
artesanal e a segunda, industrialmente.
Porem , existem outros recursos que
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também se transformaram em fonte de
renda , como as grandes olarias e
fabricas de tijolos. Todos estes recursos
tem contribuído para a sustentabilidade
econômica de seus munícipes.
Desde o inicio de sua administração
política, a cidade vem sendo bem
conduzida economicamente, isto pode ser
verificado no seu índice de
desenvolvimento humano, fazendo com
que , nos últimos anos , várias famílias
que residem em cidades de sua
circunvizinhança se mudem para lá. A
cidade conta com o melhor sistema de
atendimento de saúde da região cariri-
oeste, como também a melhor
infraestrutura de atendimento ao turismo
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do interior. Isso vale destacar que as
seguidas boas administrações políticas
que a conduziram ,também souberam
aproveitar bem o seu potencial atrativo.
No entanto, o auge de sua infraestrutura
foi atingido somente na administração de
Afonso Domingos Sampaio, cuja mãe era
artesã, fez com que o mesmo se
empenhasse em trazer recursos para o
lado cultural da cidade e promoveu o seu
crescimento intelectual através da
educação de qualidade, cujo
reconhecimento vem sendo confirmado
em sua integra. Esse empreendedorismo
vem logrando êxito e o município hoje
poderá ser polo indutor do turismo devido
ao seu pioneirismo em produzir um
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turismo diferente do que vem sendo
oferecido em diversas capitais do país.
Uma das maiores dificuldades por que
passa a cultura local pode ser atribuído à
crescente preocupação com a destruição
de nossa arte local, devido aos modismos
praticados pela economia capitalista que
conduziu a nossa sociedade à
mecanização de suas relações sociais. A
luta continua pela sobrevivência dentro
desse sistema econômico continuamente
em crise, levou as pessoas que não
detém os meios de produzir a venderem a
sua força de trabalho. Com isso, o
precioso tempo de ócio, tão necessário à
produção artística foi se perdendo. Outro
importante fator foi a televisão , que
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promoveu grandes campanhas de
fetiches de consumo.
Continuamente, a cultura artística
regional vem se empedrecendo ,
tornando-se cada vez mais mecânica e
sem razão de existir, dando lugar
somente à cultura de consumo. Pequenas
comunidades como Nova Olinda foram
continuamente bombardeadas por
costumes que não eram seus, a
identidade nordestina firmada na
agricultura e na simplicidade vem dando
lugar à informatização de grupos dentro
de redes sociais na internet. Ao invés
disso, grupos sociais de contato humano
vem sendo cada vez mais desprezados.
As associações começaram a dar lugar ao
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crescente individualismo praticado pelo
sistema capitalista, talvez pelo temor da
força que represente uma oposição ao
mesmo, os sindicatos rurais que
promoviam o contato entre os sertanejos
não desenvolvem mais a cultura da união-
força , mas tão somente praticam a
política do capital e reduzem suas
atividades apenas na promoção de
direitos básicos como aposentadorias e
salários-maternidade entre outros. Até
mesmo os mais inflamados ativistas
tiveram de vender sua força de trabalho
intelectual para a manutenção de sua
sobrevivência. Em Nova Olinda, o que
pude observar através desta pesquisa
realizada entre as forças sindicais e de
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acordo com o depoimento do Sr. Zezé,
atual presidente o sindicato rural de Nova
Olinda, é que todos os benefícios
anteriormente citados necessitam de
mediação social junto a fontes de
influencias políticas locais e regionais, e
que até mesmo essas forças políticas
também tentavam unir a população idosa
a formarem grupos sociais para a sua
promoção e não conseguiam mais que
satisfazer a necessidade econômica, que
uma vez satisfeita, ou seja, após
receberem o benefícios, seus
sindicalizados abandonavam os grupos
de luta e se distanciavam do resto. Todos
estes fatores sociais conduziam o lento
desenvolvimento artístico e cultural e
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social de Nova Olinda diretamente para
intensa individualização dos seus
métodos.
Continuamente, a falta de segurança
pública por que passa todo o estado
nacional, sempre noticiada e mostrada na
televisão, como também através de outros
meios de comunicação, veio a atingir a
identidade de socialização humana nos
últimos anos ,conduzindo-se à separação
e distanciamento no seio das relações
sociais de Nova Olinda, assim como no
resto do mundo. Esta tendência
influenciou também a produção artística e
com ela o turismo era cada vez mais
pauperizado.
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O pequeno efetivo policial contendia
com o crescente número ocorrências e o
elevado crescimento de comunidades
sem atenção social e a demanda
maximizada de pobreza que precisava ser
administrada fez com que a população
começasse a repensar a formação de
grupos de ajuda mútua. Tomando a
frente, a secretaria de ação social de
Nova Olinda , num grande esforço de
empreendedorismo, passou a considerar
a atividade de produção artística como um
meio capaz de eliminar o ócio e produzir
sustentabilidade, graças à sua boa
administração através de psicólogos e
assistentes sociais, empreendeu-se
atividades de resgate dessa união social e
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com isso, a base comunitária de nossa
cidade começou a se solidificar, esta
solidez começou a ocorrer através da
integração maior dos grupos como a
Associação dos artesãos de Nova Olinda
e os grupos de artesanatos promovidos e
incentivados pelo CRAS local e da
Fundação Casa Grande e com esse novo
associativismo é que passaram a realizar
o atendimento das necessidades mais
básicas de sobrevivência, isto é , quase
em regime de “mutirão da sobrevivência
artística”.
Por isso, por ocasião desta união
informal da sociedade novaolindense é
que todos querem ver como funciona este
projeto modelo de turismo de base
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comunitária, principalmente o turista
acadêmico , onde as ciências sociais
encontram-se com este fenômeno que
Nova Olinda proporciona, seu
pioneirismo, e por se tratar de uma cidade
sem grande expressão de quantitativo
populacional , aumentam ainda mais o
fascínio de pesquisadores e estudiosos
de varias partes do país e do mundo.
Com isso, essa opção tem se tornado
uma referencia em varias partes do
planeta.
Todo este sucesso também se deve a
capacidade que este povo possui de se
associar entre si, apesar de estar dentro
de um sistema individualista, e passar
pelas dificuldades de integração acima
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citadas, este projeto intriga ainda mais
tais estudiosos sociais que a visitam.
- Como vencer o individualismo
social dos últimos tempos ?
II - A experiência do pesquisador no
seio da família.
Apesar de a Fundação possuir vários
quartos dentro de seu prédio, a
cooperativa da COOPAGRAN – com sede
na mesma, viu que a demanda de
visitantes e estudiosos que vinham se
hospedar em Nova Olinda era tão grande
que não se dava mais conta , resolveu
levar os visitantes para dentro das casa
de pais de alunos da Fundação, que
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resolveram criar a referida cooperativa, e
no inicio, estruturaram quartos dentro de
suas casas com as cores e a identificação
da marca Fundação Casa Grande, e
passaram a conduzir turistas e visitantes
para o seio familiar. Esta ação atraiu o
interesse de estudiosos sociais,
principalmente os acadêmicos de
pesquisa, entre eles , antropólogos
sociais vieram verificar como se realiza
este turismo que tem sido considerado um
sucesso e atraia cada vez mais pessoas
de várias partes do país. A reportagem
realizada através da rede Globo de
televisão consumou este sucesso, um
verdadeiro documentário mostrou os
prodígios que se criavam nesta casa, que
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levaram a impressionar apresentadores
como Regina Casé e Luciano Huck que
vieram verificar como era o projeto e
ficaram admirados com o investimento,
entre eles que foi realizado no teatro que
funciona dentro da fundação, cujo nome
identifica-se na memória de nossa região ,
pois foi construído na forma dos
engenhos de cana de açúcar.
Com isso, o pesquisador verifica o
projeto e hospeda-se dentro da casa do
nativo. Alí, ele pode participar da reunião
familiar, vai sentar-se à mesa na hora das
refeições e na Oe tratado como uma fonte
de ganhar dinheiro , mas como um
membro da casa , até mesmo o sotaque é
capaz de adquirir se passar muitos dias. A
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intimidade é intensa, pois atividade
intimas como banho, sono e alimentação
são realizadas em conjunto com a família
que o recebe. Também pode verificar
como é a educação e a formação do
comportamento social das crianças que
participam do projeto. Existem famílias
que podem receber até 05 visitantes de
cada vez.
O pesquisador é capaz de observar o
funcionamento da relação que a família
tem com o restante do grupo, de sua
integração social a partir do projeto e fora
dele, vai então verificar como fatores
como o sistema econômico e de relações
sociais interfere em seu funcionamento,
como também as heranças culturais
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indígenas presentes em suas mais intimas
ações. Por isso , o turismo que podemos
verificar nesta cidade vem intimas ações,
sua religiosidade e seus mais íntimos
costumes. Adquire a identidade de sua
herança cultural, de forma que , como
mero expectador não poderia absorver
em abstração, agora é participante de sua
própria pesquisa e seu método será cada
vez mais enriquecido através desta
vivencia intima. Essa experiência, é sem
precedentes a maior formadora de
conceito de conhecimento da sociedade,
sendo que este não pode ser definido em
sua totalidade, pois cada mente é um
mundo em si, no entanto poderá se
aproximar de uma explicação bem mais
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convincente do que a fria observação
política ou a mórbida experiência
econômica que não pode explicá-lo sem
que recorra a um fato isolado. Certa vez,
uma pesquisadora relatou que esta
experiência que estava vivenciando era a
meia importante de sua vida. Na casa de
um nativo, ela nunca havia tomado um
banho de cuia , e sentia falta do chuveiro
elétrico, contou que esta experiência fez
com que passasse a verificar o mundo de
outra forma, pois nunca havia passado
por tanta dificuldade. Por outro lado, se
impressionava com as pessoas da casa
onde estava contando que não tinha ideia
da importância que a Fundação possuía
na vida das mesmas. Por fim, levava de
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Nova Olinda uma impressão positiva em
termos de conhecimento, quando disse
que havia aprendido mais aqui, do que
em vários livros de cultura, ela ressaltava
que a experiência vivida é mais válida que
a experiência abstrata, não
desmerecendo-se o fator de
intelectualidade, a concretização de uma
forma abstrata de explicação leva ao
sentido natural e distancia a artificialidade
que vivemos nos últimos anos.
Outra experiência que podemos
observar , é que artistas de televisão
chegam até Nova Olinda para
encarnarem papéis de suas futuras peças
, novelas e minisséries e com isso,
hospedam-se nestas casas de apoio ou
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ficam dentro da fundação. Entre eles a
atriz Mariana Ximenes e Cacá Araujo ,
que desfrutaram dos banhos de cuia e
outras de nossas especialidades e
também puderam aprender conosco e
nós com eles, num intenso choque
cultural onde o que chamamos de
civilidade se transforma em “tribalidade”
ou no verificar do termo próximo à
naturalização das atividades sociais. No
tocante, quis explicar que o termo só
engrandece a nossa herança, pois todos
fomos moldados pela economia em sua
intensa transformação social, sendo que
as relações de trabalho explicada por
autores com Marx e Engels fortalecem o
outro sentido do termo tribalidade , o
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aproximando da explicação de tirania,
quando explicitam a exploração entre os
homens , que é conduzida pelo egoísmo e
pela ganância. Esse fator é o que produz
distanciamento social, a partir da
separação de classes sociais onde os
grupos sociais são acomodados em
partes desiguais e a idealização do
trabalho passa a destruir este vinculo
familiar que outrora ressaltamos.
Outro fator que se pode absorver
da experiência de hospedagem com os
nativos é a sua herança tribal, donde se
pode observar a forma de ver e vivenciar
datas comemorativas e religiosidade,
principalmente de seu comportamento.
Pesquisadores apontaram que a
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religiosidade Nova Olindense , apesar de
ter suas bases nas religiões católica de
Roma, lá na Itália e da Igreja Evangélica
advinda de Lutero, também na Itália, é
repleta de crendices indígenas locais ,
que , mesmo com intensos bombardeios
de lavagem cerebral , continuam
presentes dentro de seus costumes mais
íntimos. Uma dessas formas pode ser
verificada no uso de ramos de folhas e
rezas não católicas pelas chamadas
“rezadeiras” que dizem retirar o chamado
“mau olhado” também conhecido como
“olho gordo” que faz as crianças ficarem
doentes. Dizem que os ramos de folhas
tem o poder de expulsar o demônio que
aflige o moribundo e levantar o moral.
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Entre estas, inúmeros mitos e
superstições são praticadas dentro do
interior das famílias, isto é , dentro de sua
individualidade, elas não são apenas
católicas , evangélicas ou
candomblecistas , mas um pouco de cada
“coisa”, ou seja, entenda-se aqui o termo
coisa como aposto capaz de resumir as
religiões das quais as pessoas dizem
participar e serem fiéis. Observar-se que a
ciência do mato também é mais eficaz
que a ciência das formulas de
medicamentos, pois muitos de nossos
ancestrais recorriam a chás de ervas e
porções mágicas para enfrentar e
combater doenças. Em Nova Olinda, para
tudo se tem um chá, um cozimento ou
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uma comida, que , unida a um ritual é
capaz de promover um milagre. Toda
essa individualidade é contada nas
experiências que os pesquisadores levam
e trazem em sua bagagem intelectual e
muitas vezes é também reduzida a textos
e podendo assim serem consumidas
como amostras de nossa cultura e
servirem de aprendizado a futuras
gerações que talvez se percam na
mecanização social. Este termo, entenda-
se, que através da descoberta da
internet, tem se tornado uma febre a
formação de grupos onde até mesmo
vizinhos passaram a se expressar através
da ferramenta do computador e passaram
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a formar novos grupos cada vez mais
formais e menos calorosos.
Ir para o interior da casa do
pesquisado é sem duvida contradizer-se
da moda acima citada, pois o calor
humano que podemos verificar dentro de
uma residência não é o mesmo que
podemos enxergar até mesmo dentro da
mais pura confissão que feita num e-mail,
onde a vergonha de expressar-se se pode
vencer .
Em paradoxo, o é ensinado na
Fundação onde as crianças desenvolvem
plenamente este intelecto e são capazes
de promover diálogos. Monólogos não
fazem parte da natureza humana, o
homem foi criado para se socializar e
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viver em grupos capazes de promover o
seu crescimento. Não obstante,
poderíamos afirmar que a internet não
seja necessária ao desenvolvimento
intelectual e social da comunidade, mas
deve se conter exageros, pois existem
pessoas que passam 24 em frente a uma
máquina e só interagem com ou através
dela, reduzindo-se o tão necessário
contato social.
No turismo de base comunitária
que encontramos em Nova Olinda ocorre
totalmente o contrário das relações
sociais do computador, é sem dúvida o
promotor de um verdadeiro contato social
capaz de aproximar pessoas e conduzir
relações a partir do dialogo e ao
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conhecimento através de troca de
experiências capazes de promover
crescimento intelectual. É também
diferente do turismo que muitos visitantes
internacionais procuram no Brasil, onde
corpos são vendidos, até mesmo antes de
sua chegada através da internet, e que
vem sendo duramente combatido por
nossas autoridades, o chamado “turismo
sexual”. Esta oferta do turismo de base
comunitária ainda é pequena se
comparada a esse, e precisa ser cada vez
mais financiado pelo governo, a fim de
que cidades como Nova Olinda passem a
ser polos capazes de receber demandas
cada vez maiores de turistas.
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Continuamente, na cidade de Nova
Olinda, é crescente a capacitação em
restaurantes e hotéis que a mesma
oferece ao visitante. O governo municipal,
através de ações realizadas em conjunto
com suas secretarias e órgãos do
governo estadual e federal tem realizado
este doloroso trabalho de mediação social
através de trabalho e cooperação de
intelectos. Com apoio do SEBRAE -CE,
restaurantes estão atendendo cada vez
mais ás exigências dos visitantes e,
graças ao brilhante trabalho da
administração municipal dos últimos
tempos é que podemos verificar que as
ruas da cidade já possuem placas de
sinalização turísticas, que também estava
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situado no rol das exigências do Ministério
do Turismo para cidades polos indutores
do turismo nacional.
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III - As Riquezas Turísticas de Nova
Olinda-Ce
Entre as principais riquezas naturais
que podem promover um turismo
ecológico em Nova Olinda se destacam A
Gruta do Olho d’água , a pedra da coruja ,
o Castelo encantado e a Ponte de Pedra
que são recobertas por mitos, como o que
se conta do olho d’água:
Existiu uma princesa por nome de
Maara, que possuía a arte semelhante as
da sereia e cabeça de cobra, ou seja,
representava a face da sedução e do
mal . Segundo depoimentos do povo
nativo, Maara era uma indiazinha má e o
seu o pai quis por um fim ás suas
maldades, lançando sobre ela uma
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maldição para que descesse às
profundezas das águas, transformando
Maara numa terrível serpente. A lenda
também fala que dessa forma, quando é
noite de São João e quando a lua está
cheia, os caboclos vêem uma princesinha
índia de cabelos negros longos e lisos
cantando uma canção de feitiço,
semelhante ao conto das sereias da
Hilíada e Odicéia. Maara estava levando
as pessoas más para o fundo das águas,
quando esse alguém ia tomar banho no
lago, sentia que alguma força semelhante
a mãos de menina o puxava para
baixo,enquanto a vitima afogava, ouvia o
seu canto, Maara servia também para que
os pequenos índios não fossem tomar
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banho no lago sozinhos, pois era a única
forma de detê-los da desobediência. Este
um mito propriamente indígena , que
possui uma forte ligação com os
elementos da natureza, como se os
mesmos fossem ligados por uma conexão
natural e se figura entre os formadores de
um costume nova olindense de educação
cívica. Quando o índio pisa o chão da
floresta, eles se tornam uma só alma
personificada, existiria uma ligação
natural entre o individuo e o lugar, entre o
povo e as árvores, entre as arvores e os
pássaros. Assim, o índio cuidava da
floresta para que ela não morresse e, por
conseguinte, a floresta dava ao índio as
condições ideais para a sua
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sobrevivência, ela o fazia através dos
seus produtos, que eram frutos, raízes,
folhas e o abrigo. A razão pela qual se
conjugam pensamentos sobre a virtude
indígena para uma educação ambiental
correta é justificada pela inexistência da
atividade capitalista em seu seio, no
sentido geral desse termo, que
representa, entre outras formas, uma
corrida desenfreada pelo enriquecimento,
nem que para isso, se tenha que destruir
toda natureza em sua volta. ( kariu, 2006)
Maara, por sua vez, era a forma que
o índio tinha de imposição de conduta
pelo medo, para que um fato por ter sido
contra o bem de um individuo ou um
grupo deveria receber uma punição
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exemplar. Este isolamento social de
Maara no fundo do lago, não podendo
desfrutar da grande morada dos espíritos
das matas, ensinava aos novos a não
fazer o mal aos outros indivíduos de sua
comunidade, para que não acontecesse
com eles o que aconteceu com esta
princesa índia , cuja face era de mulher,
mas o corpo era de serpente,
representando as muitas formas da
sedução maléfica, pois a cobra era vista
para os índios como o espírito mal da
floresta, tendo em vista que os mesmos
morriam quando eram picados por cobras
peçonhentas. Um fato mais contundente e
mais apoiado em acontecimentos reais
que pode ser apontado, embora tido
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como lenda é o que nos relata os índios
Kariris como os autores da façanha de
tapar as fontes de água com casacas de
coco e cachimbos, tidas como
encantadas, para que os sesmeeiros não
se apoderassem delas. Tratava-se de um
ritual , pois as fontes eram sagradas para
os índios, que acreditavam que houvesse
um verdadeiro encanto nas águas
nascentes vindas do interior de sua terra
sagrada, esse fato de águas saírem do
chão era uma verdadeira mágica.
Também nas cachoeiras, sabemos que
alguns velos d’àgua já foram descobertos
nessa situação, e que pesquisas mostram
que não foi apenas um caso isolado, mas
em vários ao longo da Chapada do
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Araripe, demonstrando o desespero do
povo em preservar suas raízes sagradas
(kariu, 2006).
O turismo de base comunitária de
Nova Olinda também recebe inúmeros
visitantes que preferem desfrutar de suas
riquezas ecológicas visitando os parques
ambientais. Este tipo de turismo ,
geralmente não gera hospedagem. São
pessoas que chegam apenas para se
refrescarem do calor e da intensidade dos
centros urbanos regionais. Outrora,
pesquisadores interessados na imensa
quantidade de fósseis que se pode
encontrar a céu aberto e que despertam
todo interesse de pesquisa geologia.
Ademais, também desfrutam, de sua
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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hospitalidade. Diversas universidades já
hospedaram salas de alunos em virtude
das riquezas geológicas dessa cidade. Se
comparado a numero de visitantes, a
oferta geologia de pesquisa de Nova
Olinda só perde para o atrativo da
Fundação Casa Grande. Essa oferta se
estende até Santana do Cariri, cidade
vizinha , que não soube explorar este
turismo, deixando Nova Olinda disparar
no cenário nacional e até mesmo
internacional atraindo visitante e
desenvolvendo seu turismo ecológico.
O turismo de pesquisa é sem duvida o
que mais se vê , e por também o que mais
atraiu pessoas, e consequentemente,
investimentos de toda ordem , para que
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se pudesse oferecer toda a estrutura do
potencial que ofertava-se ano após ano.
Com isso, a secretaria de turismo passou
a demandar toda ordem de serviço que
fosse necessário para agradar o visitante,
desde o atendimento até serviços
especializados ao turista.
Toda a cidade teve que se adaptar ao
grande numero de visitantes que recebe,
somente na Fundação Casa grande, em
seus livros de visitas podemos observar
que a média está entre 3 e 4 mil
estudantes do estado do Ceará, fora
outros visitantes diversos do meio
acadêmico , além de caravanas vindas de
outros estados. Para que fosse possível,
a fundação organizou um site na internet
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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que orienta seus frequentadores e pode
se preparar para recebê-los.
IV - As riquezas artesanais
O ícone máximo do artesanato de
Nova Olinda está centrado no “arte em
couro” cujo principal nome é o do mestre
Expedito Seleiro, que possui
reconhecimento nacional e até já foi
utilizado em coleção na São Paulo
Fashion week ( semana de moda de São
Paulo) com grande louvor, é uma marca
utilizada por artistas nacionais e
internacionais devido a riqueza de seu
acabamento. Entre suas peças mais
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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famosas está as sandálias que seu pai
produzia para Lampião, estas sandálias
eram quadradas para que não se pudesse
ver a direção de seus rastros. Entre
bolsas e até roupas produzidas com couro
fino, todas acabadas à mão do mestre.
A atividade de transformação de
pedras em objetos de arte ainda absorve
uma quantidade mínima de artesãos. As
fotos acima mostram várias formas de uso
da pedra, onde uma grande quantidade é
extraída na laje, outra onde é retirada em
pequena quantidade, e por fim na figura
do peixe e de animais diversos. Tem-se,
portanto, o uso correto. De modo que, o
individuo pode sobreviver apenas com a
retirada do que se obtém de matéria
ANTONY ALVES - O TURISMO DE BASE COMUNITÁRIA EM NOVA OLINDA- CE
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prima de uma forma correta podendo
sobreviver por centenas de anos somente
com o que se encontra na superfície do
solo é necessário preservá-lo e explorá-lo
conscientemente.
Em Nova Olinda existem artesãos
qualificados na arte de transformação da
pedra cariri. Sem mestre de grande
expressão, temos grandes artistas e com
eles, uma grande divulgação dessa arte
em conjunto com ações de empenho
administrativo ocorreu em meados dos
anos 90. Essa divulgação ocorreu por
parte de nossos governantes. Poderíamos
substituir a venda da lajota de segunda
qualidade, ou pelo menos diminuí-la em
entulho, o chamado matracão, e dessa
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forma, aumentando a demanda pelo
artesanato. O que usariam seria utilizado
pela enorme montanha de pedaços
inutilizados pelo corte da mesma. Com
esses mecanismos, a cultura da pedra
teria um lugar mais expressivo na sua
história. Relembramos que na década de
80 , quando a extração do calcário
laminado assumiu grande importância na
região, Nova Olinda figurava como um
dos maiores campos de extração da
pedra, conjuntamente com Santana do
Cariri, cuja formação geológica é
semelhante em muitos aspectos. Dessa
forma, com condições de solo perfeitas e
fáceis de escavação, as duas cidades
foram pioneiros na atividade de corte e
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polimento dessa pedra, transformando-a
em bem de uso, principalmente para
substituir a cerâmica ou a lajota de
cimento, cujos preços são menos atrativos
para o comércio local , como também pelo
fator estético da pedra que é envolvida
por fósseis da pequenas algas que mais
parecem pintadas pelas mãos de um
muito criação do grupo de acreditava ser
possível a implantação de um projeto tão
grandioso. Este projeto que marcou a vida
e os costumes de Nova Olinda durante os
anos 80 e impulsionou o aparecimento de
vários artistas e grupos de artistas, de
modo que a sua implantação divide a vida
cultural desse povo.
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V - Os Fatores econômicos e sociais do
sucesso do Turismo de Base
Comunitária de Nova Olinda –Ce.
Sem duvida, somente com a formação
de uma serie de fatores de ordem
econômica e social é possível realizar
turismo de base comunitária. Na nossa
experiência, tivemos que adaptar nossa
estrutura de atendimento com a
participação do comercio e da
administração municipal a fim de trabalhar
a estrutura de atendimento ao turista. A
intensa capacitação de restaurantes e
hotéis, dormitórios e casas de apoio para
se adequarem ao que o turista espera,
mesmo sem um grande investimento
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como a construção de um hotel 05
estrelas, fomos capazes de receber
pessoas e de promover todas as suas
necessidades. Atualmente possuímos 15
bons restaurantes e diversas cantinas que
atendem aos turistas com pratos típicos
regionais. Foram colocadas placas que
orientam os turistas aos nossos principais
atrativos. Hoje, Nova Olinda é uma cidade
segura com intenso efetivo policial,
apesar de existirem pequenas
ocorrências, são todas locais e nunca
tivemos problemas com nenhum turista ou
visitante. O povo é hospitaleiro e sabe
tratar bem seus visitantes. Na Fundação
Casa grande foram realizados grandes
investimentos parcerias de todo o mundo.
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É auto sustentável, capaz de receber
centenas de pessoas ao dia e conta com
atendimento todos os dias da semana.
Como ONG , vende pacotes de serviços
para diversas entidades como a TV
CULTURA e outros governamentais.
No social, o principal fator que explica
este sucesso é a capacidade de
socialização do povo , que detém uma
estatística que até se transformou em
temas de monografias nas áreas de
economia , que é a quantidade de
associações e cooperativas que possui,
segundo o cartório local, existe uma
associação para uma a cada grupo de 15
pessoas entre 18 e 30 anos, quase 80%
das pessoas faz ou fizeram parte de
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associação registrada, incluindo os
sindicatos podemos incluir os 100%. Com
isso, concluímos que o sucesso deste tipo
de turismo em Nova Olinda, somente é
possível enquanto os pensamentos ainda
forem coletivos.
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