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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA FERNANDO HENRIQUE G. DA SILVA Obtenção e uso de hidrogênio em célula de combustível para geração de energia limpa de fontes renováveis. LORENA 2013

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

FERNANDO HENRIQUE G. DA SILVA

Obtenção e uso de hidrogênio em célula de combustível para geração de energia limpa de fontes renováveis.

LORENA

2013

FERNANDO HENRIQUE G. DA SILVA

Obtenção e uso de hidrogênio em célula de combustível para geração de energia limpa de fontes renováveis.

Trabalho de conclusão de curso em graduação em Engenharia Industrial Química apresentado na Escola de Engenharia de Lorena – Universidade de São Paulo, sob a supervisão do Departamento de Engenharia Química e orientação do Professor Mestre Antônio Carlos da Silva.

LORENA

2013

DEDICATÓRIA

Dedico a todos que me apoiaram e tiveram paciência comigo em todos

esses anos de curso.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais, Fernando Jorge e Elisabete Sartore, que

sempre foram minha fonte de segurança e tranquilidade, me apoiando nas horas

mais difíceis e acreditando em mim durante todos esse anos de curso. Não há

como medir toda minha gratidão que tenho por eles.

Minha filha que me inspira a buscar sempre o melhor de mim para que um

dia eu seja seu super-herói.

Meu orientador Antônio Carlos por me dar o suporte necessário para que

este trabalho tenha sido realizado.

Aos professores e mestres que conheci na faculdade, que passaram seus

conhecimentos, mesmo que não tenha sido completamente absorvido por mim,

mas que me colocaram nos caminhos dos estudos fazendo sempre que eu saiba

onde buscar o conhecimento.

À todos os amigos que passaram por mim desde o inicio da faculdade, que

me proporcionaram ótimos momentos de diversão e descontração, além daquelas

ajuda necessária nos estudos, antes das provas, sem eles a faculdade não seria

completa.

À Victória Figueiredo que se mostrou muito mais que uma amiga nos

últimos anos, acreditando no meu potencial e me dando conforto nas horas

difíceis.

À todos mencionados aqui, meu muito obrigado. Foram e são de extrema

importância para minha vida.

“Demore o tempo que for para ver o que você quer da vida e depois que decidir, não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir”

Profeta Zaratustra nas palavras do Professor Clóvis de Barros

RESUMO

SILVA, Fernando H. G. Obtenção e uso de hidrogênio em célula de

combustível para geração de energia limpa de fontes renováveis. 2013. Tese

de Graduação. Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo,

2013.

O hidrogênio pode ser usado em células de combustível como fonte de energia

podendo ser usado no setor industrial, residencial e de transportes. Neste

trabalho é apresentado como o hidrogênio pode ser obtido, armazenado,

distribuído e utilizado em células de combustível. A célula de combustível também

é estudada, mostrando os tipos existentes, onde são usados nos dias de hoje,

qual o tipo de célula de combustível é mais adequado para cada situação de uso

mostrando, assim, uma tecnologia já estudada há muitos anos, mas ainda

necessitando de mais pesquisas e investimentos para que seu uso em massa

com custos reduzidos, seja aplicada amplamente em um futuro próximo.

Palavras-chave: Hidrogênio. Célula de combustível.

ABSTRACT

SILVA, Fernando H. G. Obtaining and the use of hydrogen into fuel cell to

clean power generation from renewable sources. 2013. Tese de Graduação.

Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, 2013

Hydrogen can be used in fuel cells as an energy source in industrial, residential

and transport sector. In this work will be presented as hydrogen can be obtained,

stored, distributed and used in fuel cells. The fuel cell will also be studied, showing

the existing types, which are used these days, what type of fuel cell is most

appropriate for each situation of use. This technology has been studied for many

years, but still requiring more research and investment to that massive use with

little cost, is widely applied in the near future.

Keywords: Hydrogen. Fuel cell.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Fontes, processos de produção e tecnologias de conversão e utilização

do hidrogênio para fins energéticos...................................................... 19

Figura 2 - Protótipo do reformador de etanol, para célula a combustível do tipo

PEMFC 500W. ..................................................................................... 22

Figura 3 - Protótipo do reformador de etanol, para célula a combustível do tipo

PEMFC 5000W. ................................................................................... 23

Figura 4 - Unidade estacionária MCFC de 300 kW da Full Cell Energy .............. 35

Figura 5 - Unidade estacionária SOFC de 220 kW da Siemens.......................... 35

Figura 6 - Sistema de back-up da empresa Plug Power...................................... 36

Figura 7 - Modelo FCX Clarity, movido com célula de combustível, fabricado pela

montadora Honda. ............................................................................... 38

Figura 8 - Célula de combustível utilizado pela montadora Honda...................... 38

Figura 9 - Motor do modelo FCX Clarity da montadora Honda............................ 39

Figura 10 - Funcionamento de uma célula de combustível tipo PEMFC.............. 42

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Poder calorífico de diferentes combustíveis. ...................................... 18

Tabela 2 - Quantidade de protótipos desenvolvidos por montadoras

automobilísticas. ................................................................................ 37

LISTA DE SIGLAS

PEMFC Proton Exchange Membrane Fuel Cell

SOFC Solid Oxid Fuel Cell

H2 Gás hidrogênio

O2 Gás oxigênio

H2O Água

TiO2 Dióxido de titânio

CO Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

C2H5OH Etanol

CH4 Metano

Unicamp Universidade de Campinas

CENEH Centro Nacional de Referência em Energia do Hidrogênio

NASA National Aeronautics and Space Administration

ºC Grau Celsius

K Kelvin

ΔH Variação de entalpia

kJ/mol Quilojoules por quantidade de matéria

UV Ultra-violeta

SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO .................................................................................................. 13

2- JUSTIFICATIVA ................................................................................................ 15

3- OBJETIVO ........................................................................................................ 16

3.1 - Objetivo geral ................................................................................................ 16

3.2 - Objetivo específico ........................................................................................ 16

4- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 17

4.1- O Hidrogênio .................................................................................................. 17

4.2- Produção de Hidrogênio e Suas Tecnologias ................................................ 18

4.2.1- Eletrólise da Água ....................................................................................... 20

4.2.2- Processo de Reforma ................................................................................. 21

4.2.3- Reformador de Etanol ................................................................................. 22

4.2.4- Reformador de Gás Natural ou Outros Hidrocarbonetos ............................ 23

4.2.5- Fotobiológico ............................................................................................... 24

4.2.6- Gaseificação de Biomassa e Pirólises ........................................................ 24

4.2.7- Outros Meios de Produção ......................................................................... 25

4.3- Distribuição de Hidrogênio ............................................................................. 25

4.4- Armazenamento de Hidrogênio ..................................................................... 27

4.4.1- Hidrogênio Líquido ...................................................................................... 29

4.4.2- Hidrogênio Comprimido .............................................................................. 30

4.4.3- Hidretos Metálicos em Baixa e Alta Temperatura ....................................... 30

4.4.4- Hidretos Alcalinos ....................................................................................... 31

4.4.5- Microesferas ............................................................................................... 32

4.4.6- Nanotubos de Carbono ............................................................................... 32

4.4.7- Metanol ....................................................................................................... 33

4.4.8- Gasolina e Outros Combustíveis Fósseis ................................................... 33

4.5- Aplicações do Hidrogênio .............................................................................. 33

4.5.1- Aplicações Estacionárias ............................................................................ 34

4.5.2- Aplicações Automobilísticas ........................................................................ 36

5- METODOLOGIA ............................................................................................... 40

6- RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 41

6.1- A Célula de Combustível ............................................................................... 41

6.2- Tipos de Células de Combustível .................................................................. 43

6.2.1- Célula de Combustível Alcalina (AFC) ........................................................ 43

6.2.2- Célula de Combustível do Tipo Ácido Fosfórico (PAFC) ............................ 43

6.2.3- Célula de Combustível do Tipo Carbonato Fundido (MCFC) ...................... 43

6.2.4- Célula de Combustível do Tipo Óxido Sólido (SOFC) ................................ 44

6.2.5- Célula de Combustível do Tipo Membrana de Troca de Prótons (PEMFC) 44

6.2.6- Célula de Combustível do Tipo Metanol Direto (DMFC) ............................. 45

6.3- Discussão ...................................................................................................... 45

7- CONCLUSÃO ................................................................................................... 46

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 47

13

1- INTRODUÇÃO

O hidrogênio há muito tempo é considerado um ótimo substituto para o uso

de combustíveis fósseis como a gasolina, diesel, querosene, gás natural e carvão

mineral. Seu uso em células de combustível pode ser a alternativa para gerar

energia que é usada em residência, industrias, automóveis, aviões etc. É um

combustível menos poluente, mais eficiente, prático e com algumas facilidades de

produção e distribuição (KENSKI, 2003).

A descoberta da célula de combustível se deu em 1801 por Humphrey

Davy, porém, o primeiro a realizar estudos, experiências e construções relevantes

foi William Grove (1811-1896), utilizando eletrodos de zinco e platina imersos em

sulfato de zinco e ácido nítrico respectivamente, que foi denominada "Célula de

Grove" (NETO, 2013).

A decomposição da água nos gases hidrogênio e oxigênio por meio da

eletricidade foi descrito em 1800 pelos ingleses William Nicholson e Anthony

Carlisle. Com esse processo, William Grove descobriu como combinar os gases

para gerar eletricidade e água em 1839, 40 anos antes do motor a combustão

(KENSKI, 2003).

Células de combustível já são bastante utilizadas hoje em dia e podem ser

adquiridas, infelizmente não a um preço muito acessível. Como exemplo de

utilização temos a Agência Nacional Aeroespacial Americana (NASA), para o

fornecimento de energia e água em suas missões tripuladas, a cervejaria

japonesa Asahi Brewery que construiu uma estação de geração estacionária de

energia para fornecer eletricidade em sua planta industrial, o Primeiro Banco

Nacional de Omaha, nos Estados Unidos, que fez a instalação do sistema para

evitar blecautes de energia o que significaria perda de dados e lucros, além de

diversos protótipos de veículos produzidos por montadoras como General Motors,

Ford, Toyota e Daimler-Chrysler. Em todos estes exemplos, a grande vantagem é

a não emissão de gases poluentes como o dióxido de carbono que contribui para

o aquecimento global com o efeito estufa (NETO, 2013).

A eficiência das células de combustível torna esse tipo de muito atraente

também. Enquanto um motor a combustão pode chegar, no máximo, a 25% de

conversão do combustível em energia, enquanto em carros movidos com o uso

de célula de combustível, a eficiência alcança 35% com facilidade, podendo

14

chegar até 60%. Em sistemas estacionários, esse número chega a 92%, já que o

calor gerado também pode ser usado para converter em energia (NETO, 2013).

O hidrogênio é o grande combustível para as células, podendo ser obtido

de diversas fontes. Aqui abordaremos pela hidrólise da água e pelo processo de

reforma do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, abundante aqui no Brasil

(KENSKI, 2003).

Uma das grandes problemáticas do hidrogênio é o seu transporte e

armazenamento. Em seu estado gasoso ocupa muito espaço, com perigo de

vazamentos e explosão, já no estado líquido é necessário muita energia, pois é

preciso alta pressão e temperatura de -253ºC. Porém, novas técnicas tem sido

pesquisadas, como na forma de hidretos e por nano fibra de grafite pode guardar

65% de sua massa em hidrogênio, em desenvolvimento desde 1997 pela

Northeastern University, nos Estados Unidos (NETO, 2013).

15

2- JUSTIFICATIVA

Com o aumento do uso de combustíveis fósseis e as questões ambientais

sendo cada vez mais importantes para o futuro do planeta, a procura de

alternativas para a geração de energia de forma limpa e sustentável se mostra

importante, tanto para a natureza como para a economia mundial. O hidrogênio

usado em célula de combustível se mostra como uma boa alternativa para os

combustíveis fósseis, para tanto estudos sobre o tema devem ser realizados para

que seja possível sua aplicação de modo viável.

16

3- OBJETIVO

3.1 - Objetivo geral

• Apresentar as tecnologias atuais para utilização de hidrogênio para

a geração de energia limpa.

3.2 - Objetivo específico

• Estudar os processos de obtenção de hidrogênio.

• Estudar as diferentes tecnologias de célula de combustível.

• Estudar as aplicações do hidrogênio em célula de combustível para

a geração de energia.

• Apresentar as tecnologias presentes hoje e o que pode ser feito

para o futuro, com o aumento de pesquisas e investimentos para o

desenvolvimento e aperfeiçoamento visando sua utilização em

sistemas de maior sustentabilidade.

• Avaliar as vantagens de cada método, apresentando os setores

onde podem ser utilizados.

17

4- REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1- O Hidrogênio

Assim como compostos carbônicos, o hidrogênio pode se utilizado como

combustível. O eletroquímico John Bockris enunciou pela primeira vez, em 1970,

que o hidrogênio seria o combustível do futuro e que a economia mundial seria

baseada no hidrogênio. Júlio Verne, em seu romance "A Ilha Misteriosa" de 1874

menciona também o hidrogênio como combustível do futuro (HINRICHS, 2010).

A justificativa para tais afirmações e previsões é de que o hidrogênio, ao

combinar-se com oxigênio formando água, libera uma quantidade significativa de

energia, como podemos acompanhar pela tabela 1. Aplicações onde sua leveza é

fator importante para seu uso como combustível, fez com que nas missões

Saturno com o objetivo de alcançar a Lua e nos ônibus espaciais, denominados

Space Shuttles, o hidrogênio fosse usado para a ignição e propulsão dos foguetes

(HINRICHS, 2010).

O hidrogênio pode gerar energia elétrica através de células de combustível.

Estas células de combustível são alimentadas continuamente por hidrogênio, que

entra em contato com eletrodos, onde se decompõe em próton e elétron. Estes

elétrons seguem para um circuito externo, formando uma corrente elétrica e,

assim, fornecendo energia para equipamentos. Em 1996, a empresa Mercedes-

Benz apresentou seu protótipo de veículo movido por célula de combustível,

seguida de outras montadoras que seguem a pesquisa e desenvolvimento de

carros com essa tecnologia. Em Vancouver, no Canadá, e em Chicago, nos

Estados Unidos, ônibus utilizando células de combustível desenvolvidas pela

empresa canadense Ballard Power Systems, circulam pela cidade (BAIRD, 2011).

Ao reagir com o oxigênio formando água, todo combustível libera uma

quantidade determinada de energia, que pode ser medida pela diferença entre o

poder calorífico superior e poder calorífico inferior, denominado calor de

vaporização. Esta diferença representa a quantidade de energia necessária para

converter combustível líquido em gasoso, bem como para sua conversão água

em vapor (BAIRD, 2011).

18

Tabela 1 - Poder calorífico de diferentes combustíveis.

Combustível Poder Calorífico Superior

(25⁰C e 1 atm)

Poder Calorífico Inferior

(25⁰C e 1 atm)

Hidrogênio 141,86 kJ/g 119,93 kJ/g

Metano 55,53 kJ/g 50,02 kJ/g

Propano 50,36 kJ/g 45,6 kJ/g

Gasolina 47,5 kJ/g 44,5 kJ/g

Gasóleo 44,8 kJ/g 42,5 kJ/g

Metanol 19,96 kJ/g 18,05 kJ/g

Fonte: SANTOS 2008

Em comparação com os demais combustíveis, o hidrogênio apresenta o

maior valor energético, pois é o mais leve e não possuir átomo pesados de

carbono. Este é o fator principal para que o hidrogênio seja muito usado nas

missões espaciais. A energia liberada na combustão do hidrogênio é cerca de 2,5

vezes maior em comparação aos demais combustíveis, fazendo com que a

massa necessária para uma mesma quantidade de energia seja apenas 1/3 da

massa de hidrocarbonetos (SANTOS, 2013).

Em células de combustível, o hidrogênio é o combustível ideal a ser

utilizado, apesar da pouca infraestrutura atual para sua produção de fontes

primárias. A escolha do processamento do combustível, estacionário ou a bordo,

e o tipo de combustível primário depende da disponibilidade no combustível, sua

aplicação e do tipo de célula de combustível a ser utilizada. Outro fator para a

preferência do uso em células de combustível é sua alta reatividade eletroquímica

no ânodo e sua oxidação produzir água, o que faz ser ambientalmente correta

(SANTOS, 2013).

4.2- Produção de Hidrogênio e Suas Tecnologias

O hidrogênio é o elemento mais leve e mais simples da tabela periódica,

sendo também o mais abundante do universo. Em 1784, Henry Cavendish

demonstrou que reagindo ácido clorídrico ou ácido sulfúrico com zinco ou ferro

produz gás hidrogênio que, com uma centelha elétrica, explode produzindo água.

19

Anos depois, Antoine Lavoisier explicou os resultados de Cavendish, fazendo a

denominação deste gás de "hidrogênio", nome de origem grega que significa

"formador de água", derrubando a ideia estabelecida há anos que água era

formada apenas por um elemento (SANTOS 2013).

O hidrogênio não é encontrado livre na natureza, estando sempre ligado a

outros elementos. Tendo isto, o hidrogênio não pode ser considerado como fonte

primária de energia, mas sim como uma fonte intermediário, já que é necessário o

emprego de energia em uma fonte primária para sua obtenção, ou seja, ele é

apenas um vetor energético (SANTOS 2013).

O melhor método para sua produção vai depender da pureza e quantidade

desejada. Fontes de energia como eletricidade, calor e luz devem ser

empregadas nas tecnologias existentes para que se inicie o processo de

produção (SANTOS 2013).

A figura 1 esquematiza quais são as fontes primárias, os processos e onde

pode se utilizar o hidrogênio obtido.

Figura 1 - Fontes, processos de produção e tecnologias de conversão e utilização

do hidrogênio para fins energéticos. Fonte: CENEH (2009)

20

4.2.1- Eletrólise da Água

Método que utiliza energia elétrica para separa os elementos que formam a

água, oxigênio e hidrogênio, alcançando 95% de rendimento segunda a reação:

2 H2O + eletricidade → 2 H2 + O2 (1)

Inventado nos final dos anos 80 e patenteado em 1999, o eletrolisador com

membrana de troca de prótons é um método de obtenção de hidrogênio não

agressivo ao meio ambiente. Alternativas para obtenção de eletricidade para se

usar neste processo são muito, como a energia eólica, solar, a energia não

utilizada produzida por usinas hidrelétricas e nucleares (BAIRD, 2011).

Protótipos de usinas na Alemanha e Arábia Saudita, que utilização

eletricidade a partir da energia solar são capazes de produzir hidrogênio com uma

eficiência de 7%. Em plantas eólicas, hidrelétricas e nucleares, pelas

impossibilidade de estocar energia elétrica produzida e não consumida

imediatamente, esta energia pode ser desviada para produzir hidrogênio a partir

da eletrólise da água (BAIRD, 2011).

Segundo BAIRD, 2011, a melhor maneira possível de eletrolisar a água

seria a absorção direta da luz solar pela água, porém não há métodos eficientes e

práticos para realizar tal decomposição, já que a água por si só não absorve luz

na região do UV ou do visível. Com o auxilio de algumas substâncias adicionadas

à água, a decomposição pode ocorrer, infelizmente as substâncias encontradas

nos tempos atuais não mostraram eficiência e não são recuperáveis ao final do

processo, tornando assim um hidrogênio de fonte não renovável. Um exemplo de

substância capaz de converter a energia solar em gás hidrogênio pela eletrólise

da água é o dióxido de titânio, TiO2, que é estável a luz solar, barato mas, puro,

absorve apenas a radiação UV. A mistura de TiO2 com carbono, a eficiência pode

passar de 8% da energia do sol pois o carbono passar a absorver a radiação na

região da luz visível. Sua grande vantagem é de produzir hidrogênio com alto grau

de pureza, no entanto, é necessário grande quantidade de energia para seu

funcionamento.

21

4.2.2- Processo de Reforma

Processo de produção de hidrogênio que utiliza combustíveis com pontos

de ebulição abaixo de 250⁰C e pesos entre o metano e nafta. Consiste na

conversão termoquímica, podendo ser catalisada ou não de hidrocarbonetos

gasosos, líquidos ou sólidos (LOPES, 2009).

A reforma de etanol pode ser definida como a conversão termoquímica, catalisada

ou não, do etanol gerando um gás de síntese rico em hidrogênio, podendo ser,

segundo LOPES, 2009, feita de 3 formas:

[...] 1) Reforma-vapor: o combustível pré-condicionado é injetado com vapor superaquecido num leito de reação. Salienta-se que o pré-condicionamento do combustível é determinado pelo seu aquecimento, e no caso dos combustíveis aditivados por odorificantes, em geral a base de compostos de enxofre, sua pré-purificação. É uma reação endotérmica lenta, cujo calor necessário provém em geral da queima de parte do próprio combustível utilizado no processo de reforma em leito distinto, colocados em contato térmico. Resultam geralmente em sistemas com maior volume devido às trocas térmicas necessárias e são aplicados para hidrocarbonetos leves e de peso molecular intermediário. 2) Oxidação parcial: compreende uma oxidação parcial, ou incompleta, do combustível. Uma quantidade sub-estequiométrica de oxidante, ar ou oxigênio, é utilizada. Esta reação de oxidação é exotérmica e conduz os insumos e o leito de processo a altas temperaturas, responsável pela reforma e decomposição térmica da fração não oxidada do combustível. Para algumas aplicações, pode-se utilizar catalisadores. Processos não catalíticos para reforma de gasolina, por exemplo, necessitam temperaturas de aproximadamente 1.300 K (1.027 °C). Esse tipo de reação possui vantagens, como o uso de um reformador mais compacto e leve. 3) Reforma autotérmica: é a combinação dos processos anteriores em um único leito. A reforma-vapor absorve parte do calor e a água gerada pela reação de oxidação parcial, resultando em um processo levemente exotérmico, cuja característica está apenas atrelada à compensação das perdas térmicas de um sistema real.

O reformador é geralmente compacto, de partida mais rápida e mais eficiente quanto ao aproveitamento do calor, além de operar em temperaturas mais baixas, o que possibilita a utilização de materiais e ligas metálicas mais baratas, sendo necessário a utilização de isolamentos térmicos adequados. Este conceito de reforma vem sendo admitido para implementação de sistemas compactos e de menor custo, que podem viabilizar mais rapidamente a disseminação da tecnologia do hidrogênio.

22

4.2.3- Reformador de Etanol

A produção de hidrogênio a partir do etanol segue as seguintes reações:

C2H5OH + H2O → 4 H2 + CO (2)

CO + H2O → H2 + CO2 (3)

Neste processo, realizada por equipamentos mostrados nas figuras 2 e 3, o

etanol reage com vapor de água em alta temperatura gerando hidrogênio e

monóxido de carbono. Este monóxido pode reagir com mais vapor de água

também em alta temperatura em uma reação de simples-troca, denominada shift,

fazendo com que aumente ainda mais o rendimento do processo (LOPES, 2009).

No Brasil, sendo grande produtor de etanol a partir da cana-de-açúcar,

investimentos na pesquisa e desenvolvimento desta tecnologia podem ser bem

atrativos, fazendo com que o país tenha um diferencial de referência mundial. O

grande desafio deste processo é avaliar e determinar quais catalisadores podem

apresentar o maior taxa de conversão para produção de hidrogênio, o mais

favorável para o deslocamento de equilíbrio (LOPES, 2009).

Figura 2 - Protótipo do reformador de etanol, para célula a combustível do tipo

PEMFC 500W. Fonte: LOPES (2009).

23

Figura 3 - Protótipo do reformador de etanol, para célula a combustível do tipo

PEMFC 5000W. Fonte: LOPES (2009).

4.2.4- Reformador de Gás Natural ou Outros Hidroca rbonetos

LOPES, 2009 estudou este método que consiste em produzir hidrogênio,

monóxido de carbono e dióxido de carbono a partir de gás natural (metano) ou

outros hidrocarbonetos expondo-os em altas temperaturas. Esta tecnologia é

muito utilizada em escala industrial, seguindo a reação:

CH4(g) + H2O(g) → CO(g) + 3 H2(g) (4)

Para maior rendimento, o monóxido de carbono reage com vapor de água,

produzindo dióxido de carbono e hidrogênio, do mesmo modo como é feito com o

etanol, segundo a reação:

24

CO(g) + H2O(g) → CO2(g) + H2(g) (5)

O rendimento global do processo é entre 70 e 90%, sendo o método mais

econômico de se obter gás hidrogênio, porém, apresenta desvantagens. As

principais são a emissão de gás carbônico no ambiente, utilizar apenas

combustíveis fósseis que não são renováveis e que a unidade energética do

hidrogênio produzido acaba saindo mais cara em comparação a unidade

energética produzida da combustão das fontes primárias (LOPES, 2009).

4.2.5- Fotobiológico

Tecnologia que emprega micro-organismos fotossintetizantes que, em sua

atividade metabólica, são capazes de produzir hidrogênio. Com grau de

engenharia e catalisadores presentes hoje é possível atingir rendimentos de até

24%. Sua grande vantagem é produzir gás hidrogênio de modo limpo e barato, no

entanto, ainda é necessário estudos para aperfeiçoamento e melhoria no

rendimento do processo (LOPES, 2009).

4.2.6- Gaseificação de Biomassa e Pirólises

Investidores americanos descobriram, em 1996, duas enzimas resistentes

a calor, uma proveniente de profundas aberturas vulcânica do oceano Pacífico,

onde a partir da molécula glicose o gás hidrogênio é liberado, e outra de escórias

de carvão queimando sem chama. Ambas, sendo resistentes a calor, podem ser

usadas para a produção de hidrogênio, fazendo com que a reação de obtenção

ocorra em uma maior velocidade (LOPES, 2009).

A celulose, um polímero da glicose, pode ser a fonte de hidrogênio para

que estas enzimas. Tal celulose pode ser fornecida de pedaços e aparas de

madeira e papel usado (LOPES, 2009).

A biomassa (madeira, resíduos agrícolas, mato de limpeza de florestas,

resíduos de aglomerados, madeira etc.), podem sofrer processo de pirólise de

baixa temperatura resultando na produção de hidrogênio, catalisada por estas

25

enzimas resistentes a calor. Para combustíveis fósseis, esta tecnologia também

está disponível atualmente (LOPES, 2009).

4.2.7- Outros Meios de Produção

Em fevereiro de 2000, na reunião anual da Associação Americana para o

Avanço da Ciência, foi anunciada a descoberta de um tipo de alga que, em

condições altamente controladas, podem produzir gás hidrogênio, numa

proporção de 3cm3 de gás para cada litro de cultura da alga. O grupo de ciências

que apresentou a descoberta estuda modos de aumentar o rendimento, sendo

possível melhora-lo em até dez vezes (LOPES, 2009).

Pela reação, já mencionada, de metal pouco reativos como zinco e ferro

com ácidos clorídrico e sulfúrico ou, por metais mais reativos como sódio e cálcio

com água (LOPES, 2009).

Pelo processo de Haber, usado na indústria de produção de amônia,

também pode-se usar para gerar gás hidrogênio (LOPES, 2009).

4.3- Distribuição de Hidrogênio

O hidrogênio pode ser produzido no local onde é necessário, em pequenas

quantidades, ou em plantas especializadas, em grande escala. A produção em

grande quantidade é benéfica para o seu valor em escala e a localização

industrial pode ser nas proximidades de grandes oferta de água, necessário para

que seja possível sua produção. Processos a partir de biomassa e carvão só

podem ser empregados em larga escala (SANTOS, 2013).

Produção em pequena escala pode ser obtida com facilidade a partir

energia solar, energia elétrica, gás natural e outros meios. Problemas em relação

a transporte e energia são reduzidos. Devido a ausência de uma planta produtora

em larga escala e sim, de pequenas unidades produtoras, a quantidade de

equipamentos utilizados é significavelmente maior, fazendo com que os custos,

principalmente no que diz respeito a produção, seja maior comparado a produção

em grande quantidade. Para quantidade ainda menores de hidrogênio, como para

mover um carro munido com célula de combustível, combustíveis fósseis podem

26

ser processados a bordo, porem, este tipo de sistema possui custos elevados e

são complexos (SANTOS, 2013).

Produção, meios de transporte, estruturas, armazenamento, estações de

abastecimento, métodos de conversão do hidrogênio em energia são fatores que

influenciam nas infraestrutura de energia com base no hidrogênio.

Nos dias de hoje, cerca de 83% da produção de hidrogênio é feita no

próprio local de consumo, de modo descentralizado, minimizando ineficiências e

altos custos com transportes de energia. Os 17% restantes da produção são

transportados por garrafas, tanques e "pipelines" (SANTOS, 2013).

O sistema de "pipelines" usado no transporte do hidrogênio gasosos é

semelhante ao usado para o transporte de gás natural. Este sistema leva o gás

hidrogênio das plantas produtoras em larga estala até centros fortemente

industrializados onde será consumido, bem como sua circulação e distribuição no

interior das fábricas. Como exemplos, temos os Estados Unidos. Grupos

multinacionais como Air Liquide Group, Air Products Chemicals Inc. e Praxair Inc,

atuando nos estados de Louisiana, Indiana, Texas e Califórnia, possuem uma

rede de 752km com tubos de 12 polegadas (30,42cm) de diâmetro (SANTOS,

2013).

Fazendo uma comparação entre o gás hidrogênio e o gás natural,

mantendo as mesmas condições, em termos de volume, devido às diferenças

energéticas, um volume três vezes maior de gás hidrogênio deve ser bombeado

para que se consiga quantidades equivalente de energia (SANTOS, 2013).

Uma das problemáticas do uso de pipelines para o transporte de

hidrogênio é, devido a sua pequena molécula, pequenas aberturas como nas

juntas ou em soldas mal executadas, podem facilitar o vazamento do gás.

Reações químicas entre o metal dos tubos e o hidrogênio também pode ocorrer,

fazendo com que o metal se desgaste e facilite fugas do gás. Tubulações de

cimento, plástico, mistura de gás hidrogênio com outros gases e adições de

inibidores de reação são os métodos usados para reduzir este desgaste por

reação química (SANTOS, 2013).

O deslocamento do gás hidrogênio segue a lei dos gases e sua

estocagem, tanto tanque como nas pipelines, deve obedecer esta lei em relação a

temperatura, volume e pressão. Também pode ser distribuído em sua forma

gasosa por meio de tanques, com pressão variando entre 150 e 400atm, por meio

27

de caminhões, vagões e barcos. Para distâncias acima de 1600km, o hidrogênio é

transportado em sua forma líquida, evaporando-se conforme vai sendo usado

(SANTOS, 2013).

Em sua forma líquida, por meio reservatórios ou tanques resfriados e muito

bem isolados para evitar aquecimento e vazamentos, o transporte do gás

hidrogênio também pode ser feita através de trens, barcos e caminhões

(SANTOS, 2013).

4.4- Armazenamento de Hidrogênio

O aspecto primordial a ser levado em consideração no armazenamento de

hidrogênio, bem como qualquer outro combustível, é o fator da segurança.

Quando a energia necessária para o funcionamento de um veículo não é

armazenado em baterias, os tanques onde são estocados os combustíveis que

serão convertidos devem oferecer condições ideais de segurança e garantir o

bom abastecimento do sistema (BAIRD, 2011).

No caso especial do hidrogênio, estudos recentes da Agência Nacional

Norte-Americana de Padrões, compararam o uso de hidrogênio com outros

combustíveis vindos do petróleo, como gasolina e gasóleo, mostrando que o

hidrogênio possui valores igualmente ou melhores à outros combustíveis e, claro,

altamente inflamável e explosivo. Sua chama propaga-se verticalmente em vez de

se espalhar na horizontal. Isto acontece devido à sua baixa densidade (BAIRD,

2011).

Quanto ao armazenamento, deve-se levar em consideração o espaço

disponível. Nas cidades de Chicago, nos Estados Unidos e Vancouver, no

Canadá, os ônibus movidos com células de combustível, o gás hidrogênio é

estocado no teto do veiculo, na forma gasosa comprimida, alcançando 550km de

autonomia. Também na forma comprimida, é estocado em habitações que

utilizam célula de combustível. Ambos os casos apresentam grande espaço para

este tipo de estocagem (BAIRD, 2011).

Cada tipo de armazenamento requer condições especificas para casa

caso, como na forma líquida, necessitando de temperaturas abaixo de -253⁰C ou

na forma de hidretos, onde é preciso o aquecimento acima de 300⁰C para que

ocorra a liberação do hidrogênio (SANTOS, 2013).

28

O hidrogênio puro é o combustível ideal para o gerar energia em célula de

combustível, mas seu custo de obtenção ainda é elevado e seu manuseio e

transporte, mesmo que em estado líquido, exige normas rigorosas de segurança.

Sua estocagem em forma líquida requer muita energia, já que seu ponto de

ebulição é de apenas -253ºC na pressão de 1atm, além da necessidade de mais

energia para manter esta temperatura. Esse tipo de armazenamento só é usado

em situações onde sua baixa densidade compensa esse gasto de energia, como

nas missões espaciais (KENSKI, 2003).

Armazenado na forma de gás comprimido, do mesmo modo que é feito

com o gás natural,8 o gás hidrogênio apresenta a grande desvantagem da

quantidade a ser estocada para liberar a mesma energia em comparação ao gás

natural. Por consumir 75% menos oxigênio que o gás natural, consequentemente,

libera 75% menos energia.Para efeito ilustrativo, vamos comparar o uso de

hidrogênio em um automóvel movido a célula de hidrogênio, com eficiência de

50% em uma viagem de 400km, mesma distância de um automóvel movido a

gasolina com tanque entre 40 e 50 litros. Nestas condições, seriam necessários

4kg de gás hidrogênio, que ocupam:

• 45000 litros ou 45m3, equivalendo a um cubo de 3,6m de lado ou um balão

de 5m de diâmetro, se o gás estiver sob a pressão atmosférica normal;

• 225 litros, equivalente a 5 tranques de gasolina normal, sob forma

comprimida a 200atm;

• 56 litros em forma líquida mantido a -253ºC em pressão de 1atm;

• 35-75 litros na forma de hidretos metálicos, se um sistema eficiente fosse

desenvolvido (KENSKI, 2003).

A forma de hidreto metálico é a forma mais segura e prática de estocar

hidrogênio. Metais e ligas metálicas são capazes de absorver hidrogênio, como

uma esponja absorve água, e liberar com o aquecimento gradual do metal ou da

liga metálica. Este fenômeno é possível pois o hidrogênio não reage com o metal

formando moléculas, e sim, ficando no interior da rede cristalina que se expande

para incorporar os átomos de hidrogênio. O grande desafio das pesquisas atuais

é encontrar uma liga que seja leve o suficiente para ser utilizada em carros, por

exemplo. Os atuais metais e ligas usadas possuem uma densidade muito próxima

ao do hidrogênio líquido, como o híbrido de titânio e hidrogênio.

29

As característica principais da estocagem de hidrogênio na forma de

hidreto são:

• a rapidez e reversibilidade de absorver hidrogênio;

• após vários ciclos de uso, não se tornar frágil;

• operar em temperatura de 0-100ºC e pressão de 0-10atm;

• não seja tão densa;

• ocupe pequenos volumes (ideal seria 4kg em 65 litros) (KENSKI, 2003).

4.4.1- Hidrogênio Líquido

Em seu estado líquido, o hidrogênio apresenta vantagens como uma maior

facilidade no transporte, por ser possível o fornecimento de quantidades maiores,

e uma capacidade de armazenamento superior por unidade de volume, porem,

fazer este gás em temperatura ambiente se liquefazer, na temperatura de -253⁰C,

é necessário uma grande quantidade de energia, tornando-se um processo caro e

que pode ocorrer perda de 40% da energia contida no hidrogênio, entretanto,

ainda é um modo atrativo de se estocar, pois necessita de pequenos espaços,

ideal para o uso em aviões e veículos, usando tanques menores. Novamente

fazendo uma comparação com a gasolina, um tanque de hidrogênio contendo a

mesma quantidade de energia de um tanque de gasolina, pode ser de 4 a 10

vezes menor (SANTOS, 2013).

Sua liquefação é lenta, fazendo com que, caso ocorra algum vazamento,

os riscos de inflamação e explosão sejam menores (SANTOS, 2013).

Os estudos na manipulação e uso do hidrogênio encontram-se avançados

nos dias de hoje, fazendo com que essa seja a forma mais usada para o uso nas

células de combustíveis usadas em automóveis (SANTOS, 2013).

30

4.4.2- Hidrogênio Comprimido

Usando tanques ou cilindros de diversos tamanhos e materiais,

normalmente alumínio ou carbono, este método de armazenamento utiliza

tecnologia semelhante ao de gás natural (SANTOS, 2013).

Ideal para o fornecimento em indústrias e estabelecimentos que

necessitam de pequenas quantidades de hidrogênio ou onde espaço não é um

fator limitante, sendo amplamente usado nas células de combustíveis de

automóveis, ônibus, estabelecimentos comerciais, industriais e residenciais, onde

o consumo de hidrogênio não é alto e é variável (SANTOS, 2013).

A pressão de armazenamento em tanques e cilindros varia de 200 a 250

atm para tanques de 50 litros e 500 a 600atm em locais onde é necessário o uso

em larga escala (SANTOS, 2013).

A grande vantagem do gás hidrogênio comprimido são as perdas

energéticas de apenas 5%, variando de acordo com a eficiência dos

compressores e da capacidade de fluxo (SANTOS, 2013).

4.4.3- Hidretos Metálicos em Baixa e Alta Temperat ura

Metais puros ou com alta porcentagem de pureza combina-se, sob alta

pressão, com hidrogênio, seguindo a equação global:

M + H2 ↔ MH2 (6)

Quando o gás hidrogênio atinge a superfície do metal, sob alta pressão, os

átomos são separados e, devido ao seu tamanho diminuto de átomo, ocupam

espaços vazios na estrutura, entre os átomo do metal. Depois que o hidrogênio é

ligado ao metal, sua liberação ocorre com o fornecimento de calor, que pode ser

fornecido pela aquecimento da própria célula de combustível em uso (SANTOS,

2013).

Neste tipo de armazenamento, a densidade é maior em comparação ao

gás comprimido, mais seguro ao de gasolina, pois a pressão no tanque é ínfima

fazendo com que se evite vazamentos rápidos, alem do fator temperatura, que

diminui conforme o hidrogênio é liberado, fazendo com a reação seja interrompida

31

caso ocorra vazamentos. Sendo assim, este tipo de estocagem se mostra

eficiente quando usado um metal de boa absorção (SANTOS, 2013).

No entanto, este tipo de armazenagem apresenta alguns problemas. A

relação energia/peso é baixa, o tamanho dos tanques são 10 vezes maiores e 30

vezes mais pesados em comparação á um tanque de gasolina com a mesma

quantidade de energia. A variação de temperatura, o aquecer para a liberação do

hidrogênio e o resfriamento que ocorre a medida que acontece a reação, fazendo

com que haja desgaste dos metais e hidretos, diminuindo assim, sua vida útil. A

pureza do metal usada é outro fator importante, pois não deve apresentar

impurezas para que não ocorra reações paralelas, principalmente com relação a

produção de água, oxigênio e monóxido de carbono indesejáveis, que podem

reagir com o tanque e danifica-lo (SANTOS, 2013).

Por ser um sistema de baixa pressão, seu uso é indicado para aplicação

portáteis que utilizam célula de combustível (SANTOS, 2013).

4.4.4- Hidretos Alcalinos

Este método de armazenamento é uma variação do anterior, apresentando

algumas vantagens.

Componente de lítio, hidróxido de potássio e sódio são as substâncias

normalmente usadas para a conversão de hidretos. Estes reagem com água e

liberam hidrogênio, não sendo necessário o fornecimento de calor (SANTOS,

2013).

Nos dias de hoje, o processo mais utilizado e desenvolvido envolve

hidróxido de sódio, recolhido do refugo de outras indústrias como a de petróleo,

tecidos, plástico e papel (SANTOS, 2013).

Para a formação do hidreto, o oxigênio é removido do hidróxido de sódio

com o auxilio de calor seguindo a reação:

2 NaOH + calor → NaH + 2 O2 (7)

Com o hidreto solidificado, ele pode ser coberto, guardado e transportado

para onde será utilizado com facilidade. Em seguida, pode ser cortado no

32

tamanho deseja e mergulhado em água para que o hidrogênio seja liberado,

segundo a reação:

NaH(s) + H2O(l) → NaOH(l) + H2(g) (8)

O hidróxido de sódio resultante desta última reação é recuperado e usado

novamente para gerar mais hidreto. O hidrogênio é liberado sob pressão e de

forma rápida (SANTOS, 2013).

Suas vantagens são semelhantes ao dos hidretos metálicos, sem

necessidades de temperaturas extremamente baixas ou altas pressões, em

adição, elimina a necessidade de altas temperaturas, o alto grau de pureza dos

reagentes e a facilidade de controle de reação por meio dos reagentes envolvidos

e, suas desvantagens, também são semelhantes aos hidretos metálicos como seu

alto peso, alem de elevada dureza, dificultando o corte das pedras de sódio

(SANTOS, 2013).

4.4.5- Microesferas

Sob alta pressão e alta temperatura, o hidrogênio passa pelas paredes de

pequenas esferas de vidro e fixado lá com o abaixamento da temperatura,

podendo ficar guardado em condições ambiente sem perdas de hidrogênio, que é

liberado posteriormente com o aquecimento das esferas. Esta tecnologia ainda se

encontra em desenvolvimento, com pesquisa para aumentar a taxa de liberação

de hidrogênio com a fragmentação das esferas (SANTOS, 2013).

4.4.6- Nanotubos de Carbono

Tecnologia anunciada em dezembro de 1996 por pesquisadores das

Universidade Nordeste de Boston. Consiste em pequeno tubos cristalinos que,

sob uma pressão 300% de sua massa, é capaz de armazenar hidrogênio.

Segundo a universidade, um volume igual de um tanque de combustível

convencional de uma veículo, os chamados "nanotubes" podem fornecer uma

autonomia de 8000km. Caso as pesquisas avancem, um dia pode ser possível

comprar pequenos cilindros de "nanotubes" carregados de hidrogênio no

33

supermercado e reabastecer seu veículo, ou mesmo usar estações de

reabastecimento (SANTOS, 2013).

4.4.7- Metanol

Combustível líquido rico em hidrogênio, tem sido estudado para que seja

usado em veículos alimentando células de combustível de forma direta com alta

eficiência, já que no processo de extração de hidrogênio do metanol se perde

muita energia e a eficiência é muito baixa (SANTOS, 2013).

Porem, este combustível apresenta diversos problemas. É facilmente

confundido com etanol, por terem aparência semelhante, é altamente corrosivo, o

que dificulta o transporte e extremamente venenoso, podendo causar danos

sérios ao meio ambiente e a saúde de pessoa e animais em caso de vazamentos.

Uma solução para se utilizar o metanol de forma segura pode sair muito cara

(SANTOS, 2013).

4.4.8- Gasolina e Outros Combustíveis Fósseis

A indústria do petróleo já investiu muito na pesquisa de se usar gasolina,

nafta e outros hidrocarbonetos como fonte de hidrogênio, retirando este elemento

da constituição dos combustíveis fósseis (SANTOS, 2013).

Assim como o metanol, problemas no processamento de hidrocarbonetos e

questões ambientais, tornam um meio pouco atrativo para a obtenção de

hidrogênio numa economia baseada neste gás, como o tempo de aquecimento de

um processador, que pode levar 30 minutos e a liberação de gases nocivos, como

CO e NOx (SANTOS, 2013).

4.5- Aplicações do Hidrogênio

O hidrogênio pode ser usado tanto em motores de combustão interna como

em células de combustível para a geração de energia. A tecnologia de motores de

combustão interna já é bem desenvolvida, porem, sua eficiência é baixa se

compararmos com a eficiência da célula de combustível (LOPES, 2009).

34

O uso de célula de combustível é ampla, podendo ser aplicado em

dispositivos portáteis que necessitam de baixas potências, da ordem de décimos

de watts, até grandes estação de distribuição de energia ou industriais

estacionarias, onde a potência alcança megawatts (LOPES, 2009).

4.5.1- Aplicações Estacionárias

A célula de combustível do tipo PEMFC é a mais adequada para aplicação

estacionaria, utilizando hidrogênio puro proveniente metanol, etanol ou gás

natural, podendo ser utilizado a rede de distribuição já existente em alguns locais

de gás natural (LOPES, 2009).

A confiabilidade do sistemas faz com que seja instalado em residências e

locais onde seja necessário o fornecimento continuo de energia elétrica, como

setores de telecomunicações e armazenamento de dados e informações,

entrando em operação quando o fornecimento de eletricidade tradicional é

interrompido. Estes sistemas, conhecidos como back-up, já são usados nos

Estados Unidos e aqui mesmo no Brasil, com pequenas instalações que fornecem

até 5kW de potência e são usados cilindros para o fornecer o hidrogênio

necessário (LOPES, 2009). Um exemplo deste sistema podemos ver na figura 6.

Quando a geração de calor também se faz necessário, célula de

combustível do tipo SOFC e MCFC são mais utilizadas, pois operam em

temperaturas entre 600 e 1000 ºC. Este calor gerado é usado para aumentar a

eficiência da célula de combustível, gerando ainda mais energia. Instalações que

utilizam este tipo de célula de combustível geram potência entre 200kW e 4MW

(LOPES, 2009). Os sistemas de células de combustível são mostrados na figura 4

e 5.

35

Figura 4 - Unidade estacionária MCFC de 300 kW da Full Cell Energy. Fonte:

LOPES (2009).

Figura 5 - Unidade estacionária SOFC de 220 kW da Siemens. Fonte: LOPES

(2009).

36

Figura 6 - Sistema de back-up da empresa Plug Power. Fonte: LOPES (2009).

4.5.2- Aplicações Automobilísticas

Desde 2004, diversas montadoras desenvolveram dezenas de protótipos

de carros e ônibus movidos com célula de combustível, principalmente do tipo

PEMFC por operar em baixa temperatura, como apresentado na tabela 2. A

energia gerada pela célula de combustível alimenta motores elétricos que fazem

com que os veículos entrem em movimento (LOPES, 2009). As figuras 7, 8 e 9

mostram exemplo de veículo movido com célula de combustível, a célula utilizada

e o motor, respectivamente.

O uso e desenvolvimento desta tecnologia está cada dia se tornando mais

atraente. Com a produção de células de combustíveis aumentando, o custo

diminui, podendo chegar a preços entre 50 e 100 dólares por kW produzido, bem

inferior aos custo de uma instalação estacionaria, que gira em torno de 1500

dólares por kW produzido (LOPES, 2009).

37

Tabela 2 - Quantidade de protótipos desenvolvidos por montadoras

automobilísticas.

Montadora Quantidade de protótipos desenvolvidos

GM 13

Daimler-Chrysler 13

Honda 7

Toyota 7

Ford 6

Nissan 4

VW 4

Hyundai 3

Peugeot 3

Fiat 2

Mazda 2

Mitsubishi 2

Suzuki 2

Audi 1

Daihatsu 1

Esoro 1

Kia 1

Renault 1

Fonte: LOPES, 2009

Com a entrada de veículos movidos com célula de combustível no

mercado, postos de abastecimento de hidrogênio necessitam ser instalados de

modo que apresentem custo competitivos, assim como hoje existem os posto de

gasolina. Para que estes postos sejam instalados, acredita-se que o modo de

produção de hidrogênio seja descentralizados, tendo em vista uma facilidade

maior de obtenção de hidrogênio a partir de eletrólise e reformadores de gás

natural, metanol, etanol e diesel e estações instaladas nos próprios posto já que,

para uma produções centralizada, os custos com segurança e rede de distribuição

seriam elevados e a estocagem de grande quantidade de hidrogênio seria difícil

(LOPES, 2009).

38

Figura 7 - Modelo FCX Clarity, movido com célula de combustível, fabricado pela

montadora Honda. Fonte: HONDA (2013).

Figura 8 - Célula de combustível utilizado pela montadora Honda. Fonte: HONDA

(2013).

39

Figura 9 - Motor do modelo FCX Clarity da montadora Honda. Fonte: HONDA

(2013).

40

5- METODOLOGIA

A Metodologia adotada para este trabalho é a Pesquisa Bibliográfica,

compilando informações atualizadas sobre a produção e utilização de hidrogênio,

especificamente em células de combustível. Do ponto de vista dos objetivos foi

realizada uma pesquisa exploratória mostrando o estado da arte das tecnologias

que envolvem o hidrogênio, com abordagem qualitativa.

Para o desenvolvimento da pesquisa, foram visitados sites da internet

sobre o assunto, para direcionar a linha de pesquisa, que levaram a procurar

fontes científicas como artigos científicos, livros e teses de mestrado e doutorado,

principalmente da Universidade de Campinas, que apresenta um amplo estudo

sobre o assunto aqui apresentado e o Centro Nacional de Referência em Energia

do Hidrogênio, o CENEH, ligado ao Instituto de Física da Unicamp, sendo

responsável o Prof. Dr. Ennio Peres da Silva.

Graças a estas fontes, especificadas no item 9, que foi possível a

realização deste trabalho.

41

6- RESULTADOS E DISCUSSÃO

Observamos neste trabalho as tecnologias presentes hoje para a produção

de hidrogênio e seu uso para gerar energia através da célula de combustível.

Analises de viabilidade para implantação de plantas energéticas e cálculos

para investimentos podem ser feitos, bem como uma produção em massa,

esperando que o custo das células de combustível seja reduzido.

Para tanto, ainda se faz necessário uma apresentação sobre célula de

combustível neste trabalho.

6.1- A Célula de Combustível

A invenção da célula de combustível se deu no século passado, mas

passou a ser usada a partir dos anos 1960 pela NASA em seu projeto Gemini e

nos anos 1970 nas missões espaciais para fornecer energia e água aos

tripulantes dos veículos espaciais. Nos dias de hoje, o interesse em seu

desenvolvimento vem aumentando devido a sua razão potência/peso e sua

confiabilidade, pois não possui partes móveis. Com isso, sua aplicação para a

propulsão de veículos e aparelhos elétricos residências vem se tornando popular,

porem, seu alto custo, em média de U$ 500,00 para células de até 2W de

potência a U$ 7000,00 para células de 1kW de potência (FUELCELLSTORE,

2013), é um grande fator para que as células de combustível sejam amplamente

usadas, fator esse que pode ser amenizados com a usos de técnicas de produção

em massa (BAIRD, 2011).

A célula de combustível é um dispositivos semelhante a uma bateria ou

pilha comum, gerando corrente contínua por reações eletroquímicas, mas tem o

diferencial de poder ser alimentada continuamente, sem desgastes de eletrodos

como acontece nas baterias comuns. Essas alimentação é feita geralmente com

gás natural ou hidrogênio, reagindo com o oxigênio do ar, gerando potência

suficiente para alimentar pequenos aparelhos como celulares até grandes

indústrias em forma de várias células ligadas formando uma grande usina de

energia, com eficiência de 80%, podendo ser ampliada quando o calor gerado

pela célula for aproveitada para gerar mais energia elétrica (BAIRD, 2011).

42

A reação eletroquímica na célula de combustível pode ser comparada à

uma queima lenta do hidrogênio, seguindo a reação:

H2(g) + 1/2 O2 (g) → H20 ∆H= 242 kJ/mol (9)

Seu funcionamento consiste na entrada de gás hidrogênio pelo lado do

ânodo, onde o gás hidrogênio é decomposto em átomo de hidrogênio segundo a

equação de reação (10). Os elétrons geram eletricidade e os átomos de

hidrogênio passam pela membrana polimérica. O oxigênio entra pelo lado do

cátodo, reage com os átomos de hidrogênio segundo a equação de reação (11),

tendo como reação global a equação de reação (9) (BAIRD, 2011).

Reação anódica: H2(g) → 2 H+(aq) + 2 e- (10)

Reação catódica: 1/2 O2(g) + 2 H+(aq) + 2 e- → H2O(l) (11)

A Figura 11 ilustra seu funcionamento.

Figura 10 - Funcionamento de uma célula de combustível tipo PEMFC. Fonte:

http://celulasdecombustivel.planetaclix.pt/tipos.html, (2010).

As partes básicas da célula de combustível são o ânodos, por onde o

hidrogênio entra e perde seu elétron, este ânodo pode estar recoberto por

catalisador, uma membrana ou eletrólito e o cátodo, onde entra o oxigênio e, aos

encontrar com os íons de hidrogênio e os elétrons, forma a água (BAIRD, 2011).

43

6.2- Tipos de Células de Combustível

As células de combustível são classificadas de acordo com o tipo de

eletrólito e a temperatura que operam.

6.2.1- Célula de Combustível Alcalina (AFC)

Foram as primeiras a serem desenvolvidas e utilizadas em missões

espaciais tripuladas onde ocorra a disponibilidade de hidrogênio puro, sem a

presença de dióxido de carbono, mesmo que em pequenas quantidades, pois

este prejudica seu funcionamento. Sua eficiência energética pode alcançar 60% e

opera em diversas temperaturas (LOPES, 2009).

6.2.2- Célula de Combustível do Tipo Ácido Fosfóri co (PAFC)

Consideradas a primeira geração de célula de combustível, são as que

estão em processo de pesquisa mais avançado. Operam numa temperatura de

200 ºC e pressão de 8 atm, utilizando hidrogênio gerado na reforma de um

combustível e ar como reagente. São utilizadas em plantas energéticas de 50 a

200 kW em sua maioria, porem, plantas com alcance de 1 a 5 MW já são

construídas. As empresas UTC Fuel Cell nos Estados Unidos, Toshiba

Corporation, Mitsubishic Electric Corporation e Fuji Electric Corporation no Japão

são as principais fabricantes deste tipo de célula de combustível (LOPES, 2009).

6.2.3- Célula de Combustível do Tipo Carbonato Fun dido (MCFC)

São a segunda geração de célula de combustível. Operam entre 600 e

650ºC sendo mais eficientes que as do tipo PAFC. Tem a vantagem de não

necessitar de uma reformador de combustível externo, já que tal reforma ocorre

na própria célula, mas a corrrosividade do eletrólito de carbonato fundido

apresenta-se como sua desvantagem. Por operar em temperaturas mais altas,

usinas que utilizam este calor excedente podem chegar a 60% de eficiência na

44

geração de energia quando o gás natural é usado como combustível (LOPES,

2009).

6.2.4- Célula de Combustível do Tipo Óxido Sólido (SOFC)

Fazendo parte da segunda geração de células de combustíveis também.

Utilizando hidrocarbonetos como combustível, é a célula mais propícia para a

geração de eletricidade a partir dessa fonte, pois possui alta eficiência, admite

impurezas e também tem a capacidade de fazer a reforma dos hidrocarbonetos

combustíveis internamente, sem a necessidade de reformadores externos,

fazendo com que opere usando gás natural, gás de carvão, gasolina e álcool

como combustível já que aceita tanto hidrogênio como monóxido de carbono,

sendo esta sua grande vantagem (LOPES, 2009).

Sua desvantagem é a temperatura. Trabalhando entre 800 e 1000 ºC, com

mínimo de 650 ºC, necessita de tempo e queima de combustível para que essa

temperatura seja atingida, tornando-a inviável o seu uso em veículos, no entanto,

em usinas energéticas que trabalham continuamente, este fator não chega a ser

um problema (LOPES, 2009).

6.2.5- Célula de Combustível do Tipo Membrana de T roca de Prótons

(PEMFC)

Este tipo de célula de combustível utiliza como eletrólito uma membrana

sólida entre eletrodos porosos de carbono e seu catalisador é a platina. Opera em

diversas pressões e em temperaturas abaixo de 100 ºC, pois seu polímero

condutor de prótons necessita de água para obter a condutividade aceitável

(LOPES, 2009).

Empresas americanas como Ford e GM e japonesas como Toyota e Honda

já lançaram protótipos de carros utilizando este tipo de célula de combustível em

substituição aos tradicionais motores de combustão interna. Isto ocorre devidos

as suas características de partida rápida, operar em baixa temperatura e não

possuir membrana líquida, fazendo com que o setor automotivo seja o principal

para o uso das PEMFC. Outros setores de desenvolvimento são os de

eletroeletrônicos portáteis, como notebooks, laptops e celulares e fornecimento de

45

calor e energia para residências tendo o gás natural como fonte de hidrogênio

(LOPES, 2009).

6.2.6- Célula de Combustível do Tipo Metanol Diret o (DMFC)

Operando em temperaturas entre 50 e 100 ºC, fazendo o uso direto de

metanol como fonte de hidrogênio sem necessidade de reformador externo e

utilizando membrana de polímero fino similar ao da PEMFC, faz com que este tipo

de célula de combustível seja ideal para aplicações pequenas e médias, no

entanto, sua eficiência girando em torno de 25% fez com que seu

desenvolvimento fosse abandonado na década de 90. Entretanto, nos últimos 15

anos, houve um grande desenvolvimento em pesquisas e protótipos, atingindo a

eficiência de 40%, principalmente em aplicações veiculares, e gerando potência

20 vezes maior em comparação ao início da década passada. Levando em

consideração aplicações onde a energia é mais importante que a potência,

aparelhos portáteis como celulares e laptops são o foco de seu uso (LOPES,

2009).

6.3- Discussão

Como apresentado, a célula de combustível já é utilizada há muito tempo,

tendo seu desenvolvimento e aperfeiçoamento com o passar dos anos, com áreas

de aplicação cada vez mais amplas, desde em terra em grandes e pequenas

instalações, fixas ou portáteis, até aplicações espaciais, fornecendo energia, calor

e água à tripulantes em missões de exploração fora do planeta.

Também vimos que cada tipo de célula de combustível apresenta

vantagens e desvantagens distintas, fazendo com que estudos de formas de

aplicação sejam aprofundadas. Alguns tipos já são bem utilizadas, como a tipo

PEMFC em automóveis e os tipos SOFC e MCFC em estações estacionárias,

alcançando eficiência satisfatórias, ainda mais se o calor de operação for

aproveitado para gerar mais energia. Os demais tipos demandam maior estudo e

investimento para melhor performance para que sejam utilizados em outras áreas.

46

7- CONCLUSÃO

Foram apresentadas neste trabalho as tecnologias estudadas e atualmente

utilizadas para a produção e o uso de hidrogênio para gerar energia por célula de

combustível, bem como sua armazenagem, distribuição e aplicações. Problemas

e dificuldades foram levantados, fazendo pensar como podem ser solucionados

para que, em um futuro não tão longe, o hidrogênio venha substituir fontes de

energia agressivas ao meio ambiente, tendo seu uso ampliado. Para que o

hidrogênio seja usado, deixando de ser o "combustível do futuro" e vindo a ser o

"combustível do presente", as pesquisas para solucionar os problemas

apresentados devem continuar, bem como o aperfeiçoamento ainda maior da

tecnologia já presente, com a finalidade de abaixar custos, fazendo com que o

hidrogênio e a célula de combustível acessível, tornando assim, o principal

fornecedor de energia.

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REFERÊNCIAS

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