103
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS LÍQUIDO CRISTALINOS CONTENDO ÓLEO DE AÇAÍ (Euterpe oleraceae Mart. ) RAYANNE ROCHA PEREIRA BELÉM- PA 2015

OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE SISTEMAS LÍQUIDO …repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/7521/1/... · sistemas de liberação prolongada de fármacos. O objetivo deste trabalho

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

PROGRAMA DE POacuteS- GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

RAYANNE ROCHA PEREIRA

BELEacuteM- PA

2015

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

PROGRAMA DE POacuteS- GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

BELEacuteM- PA

2015

Autor (a) Rayanne Rocha Pereira

Orientador(a) Joseacute Otaacutevio Silva Juacutenior Carrera

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Farmacecircuticas aacuterea de concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do

Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal do Paraacute como

requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

2

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Biblioteca do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede ndash UFPA

Pereira Rayanne Rocha

Obtenccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute (Euterpe

oleraceae Mart) Rayanne Rocha Pereira orientador Joseacute Otaacutevio Silva Juacutenior Carrera mdash

2015

102 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Paraacute Instituto de Ciecircncias da

Sauacutede (ICS) Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas (PPGCF) Beleacutem

2015

Inclui bibliografias

1 1 Cristais liacutequidos 2 Oacuteleos vegetais 3 Euterpe oleraceae Mart 4 Liberaccedilatildeo

prolongada - Faacutermacos 5 Procetyl AWS

CDD 22 ed 6153

21

3

RAYANNE ROCHA PEREIRA

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas aacuterea de

concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal

do Paraacute como requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

Aprovada em _______________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

ProfordmDrordm Antocircnio Manoel da Cruz Rodrigues

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

ProfordfDrordf Roseane Maria Ribeiro Costa

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

Prof Dr Joseacute Otaacutevio Carreacutera Silva Juacutenior (Orientador)

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

4

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais MARIA DE JESUS e CLOVES FILHO e agrave minha segunda

matildee ADALZIRA GAtildeLVAtildeO pelo amor e apoio incondicional

Agrave meu irmatildeo JOAtildeO pelo apoio e ombro amigo de todas as horas

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAacute

INSTITUTO DE CIEcircNCIAS DA SAUacuteDE

PROGRAMA DE POacuteS- GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FARMACEcircUTICAS

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

BELEacuteM- PA

2015

Autor (a) Rayanne Rocha Pereira

Orientador(a) Joseacute Otaacutevio Silva Juacutenior Carrera

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias

Farmacecircuticas aacuterea de concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do

Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal do Paraacute como

requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

2

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Biblioteca do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede ndash UFPA

Pereira Rayanne Rocha

Obtenccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute (Euterpe

oleraceae Mart) Rayanne Rocha Pereira orientador Joseacute Otaacutevio Silva Juacutenior Carrera mdash

2015

102 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Paraacute Instituto de Ciecircncias da

Sauacutede (ICS) Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas (PPGCF) Beleacutem

2015

Inclui bibliografias

1 1 Cristais liacutequidos 2 Oacuteleos vegetais 3 Euterpe oleraceae Mart 4 Liberaccedilatildeo

prolongada - Faacutermacos 5 Procetyl AWS

CDD 22 ed 6153

21

3

RAYANNE ROCHA PEREIRA

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas aacuterea de

concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal

do Paraacute como requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

Aprovada em _______________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

ProfordmDrordm Antocircnio Manoel da Cruz Rodrigues

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

ProfordfDrordf Roseane Maria Ribeiro Costa

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

Prof Dr Joseacute Otaacutevio Carreacutera Silva Juacutenior (Orientador)

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

4

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais MARIA DE JESUS e CLOVES FILHO e agrave minha segunda

matildee ADALZIRA GAtildeLVAtildeO pelo amor e apoio incondicional

Agrave meu irmatildeo JOAtildeO pelo apoio e ombro amigo de todas as horas

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

2

Dados Internacionais de Catalogaccedilatildeo-na-Publicaccedilatildeo (CIP)

Biblioteca do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede ndash UFPA

Pereira Rayanne Rocha

Obtenccedilatildeo e caracterizaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute (Euterpe

oleraceae Mart) Rayanne Rocha Pereira orientador Joseacute Otaacutevio Silva Juacutenior Carrera mdash

2015

102 f

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) ndash Universidade Federal do Paraacute Instituto de Ciecircncias da

Sauacutede (ICS) Programa de Poacutes- Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas (PPGCF) Beleacutem

2015

Inclui bibliografias

1 1 Cristais liacutequidos 2 Oacuteleos vegetais 3 Euterpe oleraceae Mart 4 Liberaccedilatildeo

prolongada - Faacutermacos 5 Procetyl AWS

CDD 22 ed 6153

21

3

RAYANNE ROCHA PEREIRA

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas aacuterea de

concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal

do Paraacute como requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

Aprovada em _______________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

ProfordmDrordm Antocircnio Manoel da Cruz Rodrigues

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

ProfordfDrordf Roseane Maria Ribeiro Costa

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

Prof Dr Joseacute Otaacutevio Carreacutera Silva Juacutenior (Orientador)

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

4

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais MARIA DE JESUS e CLOVES FILHO e agrave minha segunda

matildee ADALZIRA GAtildeLVAtildeO pelo amor e apoio incondicional

Agrave meu irmatildeo JOAtildeO pelo apoio e ombro amigo de todas as horas

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

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Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

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TIDDY G J T Surfactant ndash water liquid crystal phases Phys Rep North ndash Holland v 57 n 1 p 1-46 1980 TONELI J T C L MURR F E X M Park K J Estudo da reologia de polissacariacutedeos utilizados na induacutestria de alimentos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Campina Grande Especial v 7 n 2 p 181-204 2005 TYLE P Liquid crystals and their applications in drug delivery In ROSOFF M Controlled of drugs polymers and aggregate systems New York VCH publishes p 125-162 1989 USP United States Pharmacopoeia 23 ed Rockville United States Pharmacopeial Convention 1990 p1703-1705 VIEIRA V M M OHAYON P Innovation for pharmaceuticals and drugs state of the art in Brazil and RampD policies In XXIX EnANPAD 2005 2005 Brasiacutelia- DF Anais do XXIX ENANPAD 2005 Rio de Janeiro ANPAD 2005 v 1 p 1-15 VILHA A M CARVALHO R Q Desenvolvimento de novas competecircncias e praacuteticas de gestatildeo da inovaccedilatildeo voltadas para o desenvolvimento sustentaacutevel estudo exploratoacuterio da Natura Cadernos EBAPEBR - Ediccedilatildeo Especial 2005 WALIA M RAWAT K BHUSHAN S PADWAD Y S SINGH B Fatty acid composition physicochemical properties antioxidant and cytotoxic activity of apple seed oil obtained from apple pomace Journal SCIENCE Food Agriculture v 94 p 929-934 2014 WANG H ZHANG G DU Z LI Q WANG W LIU D ZHANG X Effect of temperature on dynamic rheological behavior of discontinuous cubic liquid crystal Journal of Colloid and Interface Science v 300 p 348-353 2006 WANG Z DIAO Z LIU F LI G ZHANG G Microstructure and rheological properties of liquid crystallines formed in brij 97wateripm system Journal Colloid Interface Science v 297 p 813-818 2006

WORTEL V A L VERBOOM C WIECHERS J W TAELMAN M-C LEONARD S TADROS T Relaccedilatildeo entre Caracteriacutesticas Sensoriais e Reoloacutegicas Cosmeticsonline Disponiacutevel em lt httpwwwcosmeticsonlinecombrctdossieltAt_608_Relacaopdfgt Acesso em jaacute 2015

ZHENG M WANG Z LIU F MI Q WU J Study on the microstructure and rheological property of fish oil lyotropic liquid Crystal Colloids and Surfaces A Physicochem Eng Aspects n 385 p 47ndash 54 2011 ZILIO S C Oacuteptica moderna fundamentos e aplicaccedilotildees Editora instituto de fiacutesica de Satildeo Carlos 1ordm ed 2009 307 p ZIMMER A MILAK S Glycerol monooleate liquid crystalline phases used in drug delivery systems International Journal of Pharmaceutics n 478 p 569-587 2015

102

3

RAYANNE ROCHA PEREIRA

OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS

LIacuteQUIDO CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute

(Euterpe oleraceae Mart )

Dissertaccedilatildeo apresentada ao Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas aacuterea de

concentraccedilatildeo Faacutermacos e Medicamentos do Instituto de Ciecircncias da Sauacutede da Universidade Federal

do Paraacute como requisito para o tiacutetulo de Mestre em Ciecircncias Farmacecircuticas

Aprovada em _______________

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________

ProfordmDrordm Antocircnio Manoel da Cruz Rodrigues

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

ProfordfDrordf Roseane Maria Ribeiro Costa

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

_________________________________________________

Prof Dr Joseacute Otaacutevio Carreacutera Silva Juacutenior (Orientador)

Instituiccedilatildeo Universidade Federal do Paraacute

4

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais MARIA DE JESUS e CLOVES FILHO e agrave minha segunda

matildee ADALZIRA GAtildeLVAtildeO pelo amor e apoio incondicional

Agrave meu irmatildeo JOAtildeO pelo apoio e ombro amigo de todas as horas

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

4

DEDICATOacuteRIA

Aos meus pais MARIA DE JESUS e CLOVES FILHO e agrave minha segunda

matildee ADALZIRA GAtildeLVAtildeO pelo amor e apoio incondicional

Agrave meu irmatildeo JOAtildeO pelo apoio e ombro amigo de todas as horas

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

5

AGRADECIMENTOS

Aacute Deus por guiar meus passos em todos os momentos da minha vida

especialmente nos mais difiacuteceis

Aos meus pais Cloves Filho e Maria de Jesus pela compreensatildeo e

apoio Por todo amor dedicaccedilatildeo e sacrifiacutecios que culminaram em todas as

conquistas da minha vida A meu irmatildeo Joatildeo Iago pela indispensaacutevel presenccedila e

amizade Aacute minha matildee Adalzira Galvatildeo pelo incentivo e apoio

Agrave meu orientador Prof Drordm Joseacute Otaacutevio Carrera Silva Juacutenior pela

orientaccedilatildeo concedida apoio e confianccedila em mim depositados pelos ensinamentos

respeito compreensatildeo e paciecircncia nesses dois anos de convivecircncia

Aacute professora Prof Drordf Roseane Maria Ribeiro Costa por gentilmente

disponibilizar o Laboratoacuterio de Controle de Qualidade para realizaccedilatildeo de anaacutelises

fiacutesico-quiacutemica e microbioloacutegica do oacuteleo

Ao Prof Drordm Antonio Manoel da Cruz pelo apoio e disponibilidade durante

as anaacutelises reoloacutegicas e a execuccedilatildeo da cromatografia gasosa

Ao Prof Carlos Emmerson pela disponibilizaccedilatildeo do laboratoacuterio de

Oleoquiacutemica da UFPA

Ao professor Paulo Gorayeb por disponibilizar o laboratoacuterio de Petrografia

da UFPA onde foram realizadas as anaacutelises em microscoacutepio de luz polarizada

Agrave professora Jaqueline Rodrigues pelo apoio e amizade durante sua

estadia como professora visitante na UFPA

Agrave professora Kariane Mendes Nunes pela dedicaccedilatildeo apoio e amizade

durante a execuccedilatildeo deste trabalho

Aos meus queridos amigos do laboratoacuterio PampD medicamento e cosmeacutetico

Luan Russany Diego Tais Juliana e Laiacutes pela amizade e apoio E em especial agrave

Denise colega de classe e de laboratoacuterio

Aos colegas que ingressaram junto comigo no mestrado pela troca de

experiecircncias em especial ao Valdicley

Agraves secretaacuterias do curso de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Farmacecircuticas

da UFPA Brasiacutelia e Cliciane pelo apoio e paciecircncia durante esses dois anos de

trabalho

Aos colegas do Laboratoacuterio de Controle Qualidade Nathalia Tais

Kallene Taylon Elane Lorena pelo apoio e amizade

6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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6

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e

Tecnoloacutegico(CNPq) pela bolsa concedida

Enfim a todos que contribuiacuteram direta e indiretamente para a realizaccedilatildeo

deste trabalho meus profundos agradecimentos

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

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Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

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102

7

RESUMO

PEREIRA RR OBTENCcedilAtildeO E CARACTERIZACcedilAtildeO DE SISTEMAS LIacuteQUIDO

CRISTALINOS CONTENDO OacuteLEO DE ACcedilAIacute (Euterpe oleraceae Mart ) 2015

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) Universidade Federal do Paraacute 2015

A Euterpe oleraceae Mart eacute uma palmeira amazocircnica conhecida popularmente como accedilaiacute A partir da polpa do fruto de accedilaiacute pode-se extrair o oacuteleo fixo constituiacutedo principalmente de aacutecidos graxos mono e poli-insaturados Esse oacuteleo eacute uma promissora mateacuteria-prima para a induacutestria farmacecircutica onde pode ser aproveitado por suas atividades bioloacutegicas e como mateacuteria-prima no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Os cristais-liacutequidos satildeo exemplos de sistemas de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos O objetivo deste trabalho foi desenvolver sistemas liacutequido cristalino contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa e o Procetyl AWS como tensoativo Inicialmente o oacuteleo de accedilaiacute foi analisado quanto a suas caracteriacutesticas fiacutesico-quiacutemica A cromatografia gasosa revelou o aacutecido oleico (4758) aacutecido palmiacutetico (2406) e aacutecido linoleico (1358) como os principais constituintes A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica mostrou valores de acidez iodo saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade dentro dos limites e padrotildees recomendados A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas do oacuteleo de accedilaiacute A termogravimetria do oacuteleo de accedilaiacute evidenciou um uacutenico evento que possivelmente deve-se agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos este evento localiza-se na faixa de temperatura de 24171 agrave 48114ordmC O tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi de 1179h Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo realizados com o oacuteleo de accedilaiacute e com o tensoativos natildeo mostrou indiacutecios de interaccedilatildeo quiacutemica ou degradaccedilatildeo resultante da mistura binaacuteria entre o oacuteleo e o Procetyl AWS Foram preparadas 36 formulaccedilotildees com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio entre estas formulaccedilotildees foram identificadas mesofases hexagonal e cuacutebica A anaacutelise reoloacutegica evidenciou comportamento pseudoplaacutestico (nlt1) com caracteriacutesticas plaacutesticas que remetem aos fluidos de Bingham O estudo de estabilidade realizado durante 30 dias natildeo revelou qualquer sinal de instabilidade dos sistemas avaliados A realizaccedilatildeo desse trabalho demonstrou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute uma mateacuteria-prima promissora no desenvolvimento de sistema de liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos

Palavras-chave cristal liacutequido Oacuteleo de accedilaiacute Euterpe oleracea Mart Sistemas de

liberaccedilatildeo de faacutermacos Procetyl aws

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

8

ABSTRACT

PEREIRA RR ATTAIMENT AND CHARACTERIZATION LIQUID CRYSTAL

(Euterpe oleraceae Mart ) CONTAINNING ACcedilAIacute OIL Universidade Federal do

Paraacute 2015

The Euterpe oleracea Mart is an Amazonian palm tree popularly known as acai

From the pulp of the acai fruit can extract the fixed oil consisting mainly of fatty mono

and polyunsaturated acids This oil is a promising raw material for the pharmaceutical

industry which can be exploited by their biological activities and as a raw material in

the development of sustained drug delivery systems Liquid crystals are examples of

sustained drug delivery systems The objective of this study was to develop liquid

crystalline systems containing acai oil as the oil phase and the Procetyl AWS as

surfactant Initially acai oil was analyzed for its physical and chemical characteristics

Gas chromatography revealed oleic acid (4758) palmitic acid (2406) and

linoleic acid (1358) as major constituents The physicochemical characterization

showed values of acidity iodine saponification refraction and density within the

limits and recommended standards Spectroscopy in the infrared region showed

characteristic bands of acai oil Thermogravimetry accedilai oil showed a unique event

that possibly due to the degradation of fatty acids this event is located in the

temperature range of 24171 to 48114ordmC The acai oil induction time was 1179h

The pre-formulation studies with acai oil and the surfactants showed no evidence of

chemical interaction or resulting degradation of binary mixture between the oil and

the Procetyl AWS Formulations were prepared 36 with the aid of ternary diagram

between these formulations were identified hexagonal and cubic mesophases The

rheological analysis showed pseudoplastic behavior (n lt1) with plastic characteristics

that refer to the Bingham fluids The stability study conducted over 30 days did not

reveal any signs of instability of the evaluated systems The realization of this study

demonstrated that the acai oil is a promising raw material in the development of

sustained drug delivery system

Palavras- chave liquid crystal Accedilaiacute oil Euterpe oleracea Mart Drug delivery

Procetyl AWS

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

9

Lista de Ilustraccedilotildees

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria B) E oleraceae 25

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A

C) esmeacutetica C D) esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal

35

Figura 3 Esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase

cubica b) fase hexagonal e c) fase lamelar

37

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

microemulsionados e micelares

37

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos 41

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacutegua Procetyl AWS oacuteleo de accedilaiacute 49

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute

e fungos (1) no oacuteleo de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D)

controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg 80 2- (A)

Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

54

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em

amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A) S aureus (B) P aeruginosa e (C) E

coli

54

Figura 9 Cromatograma do oacuteleo de accedilaiacute 58

Figura 10 Espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 59

Figura 11 Tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute 61

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute 62

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute 63

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWS 64

Figura 15 Espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl

AWSreg e da mistura binaacuteria

64

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWS 66

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

10

Figura 17 Anaacutelises por DSC do Procetyl AWS oleo de acai e mistura binaacuteria 67

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristal

liacutequidos) E (emulsatildeo) e EI (emulsatildeo instaacutevel)

71

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalinos 76

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 79

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de

Temperatura

83

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas

faixascdeCtemperatura

85

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de

temperatura

87

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

90

Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

91

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102

11

Lista de tabelas

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama

ternaacuterio

50

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute 55

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea

Mart por cromatografia

gasosa

57

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho

correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 5 Dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do

oacuteleo de

accedilaiacutehelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip

63

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo da regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWS

65

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama

ternaacuterio

69

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos helliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphelliphellip 71

Tabela 8 Resultado do pH da formulaccedilotildees 78

Tabela 9 Valores dos iacutendices de consistecircncia das formulaccedilotildees 79

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees 87

12

Lista de Siglas e abreviaturas

ANVISA Agecircncia Nacional de Vigilacircncia Sanitaacuteria

a0 Aacuterea do grupamento polar

AOCS American Oil Chemistsrsquos Society

CL Cristal liacutequido

CLL Cristais liacutequidos liotroacutepicos

CMC Concentraccedilatildeo micelar criacutetica

COX-1 Enzima ciclooxigenase 1

COX-2 Enzima ciclooxigenase 2

DSC Calorimetria experimental exploratoacuteria

DTA Anaacutelise teacutermica diferencial

DXR Dexorribucina

E Emulsotildees

EHL Equiliacutebrio hidroacutefilo lipofilo

EI Emulsotildees instaacuteveis

FAMES Fatty acid metyl esters

FID Flame Ionization Detectation

IC-50 Concentraccedilatildeo inibitoacuteria

Lc Comprimento da cadeia

MLP Microscopia de luz polarizada

Nc nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica

Nd nemaacutetica uniaxial discoacutetica

N2 Nitrogecircnio

OSI oxidative stability index

PBLG Poli-y-benzil-L-glutamato

PEC Paracircmetro de empacotamento criacutetico

13

Ph Potencial hidrogenionico

RDC Resoluccedilatildeo da Diretoria Colegiada

SANS Espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo

SAXS Espalhamento de raios- X a baixo acircngulo

SLI Sistema liacutequido isotroacutepico

T Temperatura

T Tempo

TEP Testes de estabilidade preliminar

TG Termogravimetria

V Volume de porccedilatildeo apolar do tensoativo

∆H Variaccedilatildeo de entalpia

∆T Variaccedilatildeo de temperatura

14

Lista de Siacutembolos e Unidades

Cm Centiacutemetro

mgml Miligrama por mililitro

cm-1 Centiacutemetro inverso

Mμ Micrometro

ordmC Graus celcius

ordmCmin Graus por minutos

N Normal

molL Mol por litro

M Metro

mg KOHg Miligramas de hidroacutexido de potaacutessio

por grama

Mm Miliacutemetro

mLmin Mililitro por minuto

Ml Mililitro

Rpm Rotaccedilatildeo por minuto

pp Peso peso

gI2100g Gramas de iodo por 100 gramas

gmL Gramas por mililitro

J Joule

mWmg Milivolts por mg

15

Lista de Equaccedilotildees

Equaccedilatildeo 1 Iacutendice de acidez46

Equaccedilatildeo 2 Iacutendice de iodo46

Equaccedilatildeo 3 Iacutendice de saponificaccedilatildeo47

Equaccedilatildeo 4 Densidade relativa47

Equaccedilatildeo 5 Modelo de Ostwald-De-Walle52

16

Sumaacuterio

1 INTRODUCcedilAtildeO 19

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 22

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia 22

22 Euterpe oleraceae Mart 23

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos 24

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea 26

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae 27

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais 28

231 Cromatografia gasosa 28

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho 29

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT 30

24 Anaacutelises teacutermicas 31

3 Cristais liacutequidos 33

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos 39

311 Microscopia de luz polarizada 39

312 Reologia 39

3 OBJETIVOS 42

31 OBJETIVO GERAL 42

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 42

4 MATERIAL E MEacuteTODOS 43

41 Material 43

413 Material vegetal 43

42 Meacutetodos 43

17

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 43

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

43

42111 Preparo da Amostra 43

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias 43

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos 44

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

44

42122 Staphylococcus aureus 44

42123 Pseudomonas aeruginosa 45

42124 Escherichia coli 45

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo

do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 45

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 45

42211 Iacutendice de acidez 45

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo 46

42213 Densidade Relativa 47

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo 47

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 47

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 48

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat 48

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 48

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 49

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos 49

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

49

18

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz

polarizada 51

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico 51

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos 52

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP) 52

5 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 53

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute 53

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra 53

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute 55

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute 55

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa 56

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute 58

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT 60

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute 61

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo 64

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos 68

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica 76

56 Estudos de estabilidade 78

6 CONCLUSOtildeES 89

REFEREcircNCIAS 91

19

1 INTRODUCcedilAtildeO

A Amazocircnia eacute considerada a principal fonte de biodiversidade do mundo Satildeo

inuacutemeros os insumos inovadores de interesse para a induacutestria farmacecircutica

Aproveitar esses recursos de maneira sustentaacutevel incorporando tecnologia e

agregando valor aos produtos eacute satisfatoacuterio para o crescimento da regiatildeo aleacutem de

manter os recursos proporcionados pelo ecossistema (BARATA 2005 FERREIRA e

SAMPAIO 2013)

Satildeo vastos os recursos de origem vegetal na Amazocircnia estes tecircm sido

amplamente estudados como fonte de moleacuteculas ativas como protoacutetipos para o

desenvolvimento de novos faacutermacos e como fontes de mateacuterias-primas usadas

como adjuvantes farmacecircuticos (KUNLE et al 2012) Nesse acircmbito pode-se citar

os oacuteleos vegetais mateacuterias-primas importantes no desenvolvimento de

medicamentos e detentores de susbtacircncias ativas como polifenoacuteis carotenoacuteides

vitaminas entre outros (SANTOS et al 2011)

Os oacuteleos fixos tais como os extraiacutedos do accedilaiacute (Euterpe oleracea Mart)

pracaxi (Pentaclethra macroloba) castanha-do-Paraacute (Bertholletia excelsa) andiroba

(Carapa guianensis) babaccedilu (Orbignya oleiacutefera) buriti (Mauriti aflexuosa) muru-

muru (Astrocaryum murumuru) tucumaacuten (Astrocaryum tucuma) e ucuuacuteba (Virola

spp) satildeo insumos de grande valor para produccedilatildeo de novos medicamentos

alimentos e cosmeacuteticos sua utilizaccedilatildeo fora dos limites da Amazocircnia valoriza a

regiatildeo e impulsiona a economia local (COSTA et al 2013)

A espeacutecie Euterpe oleraceae Mart conhecida popularmente como accedilaiacute eacute

uma palmeira muito comum nos Estados do Paraacute Amazonas Tocantins Maranhatildeo

e Amapaacute O accedilaiacute fornece uma bebida rica em vitaminas sais minerais aacutecidos graxos

essenciais flavonoides e polifenoacuteis Muito consumida nos estados nativos no resto

do Brasil e atualmente tem se popularizado na Europa e na Ameacuterica do Norte

(NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-PALENCIA et al 2008a)

A partir da polpa do accedilaiacute extrai-se o oacuteleo fixo de accedilaiacute que semelhante ao

suco possui uma variedade de polifenoacuteis conhecidos principalmente por sua

propriedade antioxidade anti-inflamatoacuteria e antiiproliferativa (BORGES et al 2013)

Aleacutem disso o oacuteleo eacute constituiacutedo de aacutecidos graxos essenciais com potencial de

emprego em uma diversidade de formulaccedilotildees farmacecircuticas e cosmeacuteticas

(MANTOVANI et al 2003 PACHECO-POLENCIA et al 2008 SANTOS et al

2011)

20

O uso de oacuteleos vegetais no desenvolvimento de sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos nanoestruturados vem sendo constantemente reportados na literatura

(ANDRADE et al 2007 MORAIS et al 2008 BERNARDI et al 2011 SANTOS et

al 2011) O desenvolvimento de sistemas nanoestruturados como as

nanoemulsotildees as nanocaacutepsulas nanopartiacuteculas cristais liacutequidos entre outros

permite o aumento da eficiecircncia de faacutermacos utilizados na terapecircutica atual a

reintroduccedilatildeo de outros anteriormente descartados por suas propriedades

indesejaacuteveis e o aprimoramento de novos faacutermacos antes que seja utilizados na

terapecircutica Isso porque esses sistemas podem promover alteraccedilotildees nas

caracteriacutesticas de solubilidade do faacutermaco diminuiccedilatildeo dos efeitos adversos eou

colaterais aumento da eficaacutecia terapecircutica proteccedilatildeo do faacutermaco frente a fatores de

degradaccedilatildeo tais como a luz e o calor entre outras aplicaccedilotildees (ALICE et al 2011)

Cristais liacutequidos constituem uma fase intermeacutediaria entre soacutelidos e liacutequidos

exibindo propriedades de ambas as fases Eles tecircm a capacidade de fluir como os

liacutequidos e mostram a organizaccedilatildeo molecular semelhante aos soacutelidos Por essa

razatildeo satildeo tambeacutem chamados de mesofases meso significa intermediaacuterio Cristais

liacutequidos formados pela adiccedilatildeo de solventes satildeo chamados cristais liacutequidos

liotroacutepicos e esses satildeo ampalmente estudados como sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos (HYDE 2001 OTTO 2009)

Cristais liacutequidos liotroacutepicos podem ser considerados micelas ordenadas com

arranjo molecular caracterizado por regiotildees hidrofoacutebicas e hidrofiacutelicas alternadas

Conforme o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo estruturas liacutequido-cristalinas

podem ser formadas como as mesofases lamelares hexagonais e cuacutebicas

(FORMARIZ et al 2005) O emprego de fases liacutequido cristalinas como sistema de

liberaccedilatildeo de faacutermacos satildeo promissores devido sua microestrutura e propriedades

fiacutesico-quiacutemicas Vaacuterias moleacuteculas com diferentes propriedades fiacutesico- quiacutemica

podem ser solubilizados em grande quantidade tanto na fase aquosa como na fase

oleosa podendo portanto veicular faacutermacos lipo e hidrossoluacuteveis

Assim o objetivo desta pesquisa foi o desenvolvimento de sistemas liacutequido

cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como fase oleosa Para isso avaliamos as

caracteriscticas fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute a fim de reconhecer sua estabilidade

teacutermica oxidativa seu perfil de aacutecido graxos e seu estado de conservaccedilatildeo Apoacutes o

21

estudo do oacuteleo partimos para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

caracterizaccedilatildeo e por fim a avaliaccedilatildeo de sua estabilidade preliminar

22

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Desenvolvimento sustentaacutevel e Inovaccedilatildeo tecnoloacutegica na Amazocircnia

Atualmente a inovaccedilatildeo tecnoloacutegica tem sido reconhecida como um fator

diferencial na competitividade entre as empresas e paiacuteses aleacutem de ser capaz de

promover a melhoria econocircmica de uma regiatildeo A inovaccedilatildeo farmacecircutica pode ser

resultado da parceria e da transferecircncia de conhecimento entre a universidade e o

setor produtivo por vezes utilizando recursos naturais (VIEIRA e OHAYBON 2006

MATOS e BLAIR 2014)

A floresta Amazocircnica maior centro de biodiversidade do mundo eacute capaz de

fornecer uma grande gama de ingredientes inovadores para a induacutestria farmacecircutica

(BLOISE 2003) Concretizar esse cenaacuterio passa pelo estabelecimento de

mecanismos econocircmicos diferenciados que integrem governos empresas e

academia de maneira que estes setores se aproveitem desses recursos de maneira

natildeo predatoacuteria apoiando-se no conceito de desenvolvimento sustentaacutevel (MATOS e

BLAIR 2014)

Apesar de palco de grandes processos extrativos e grande fonte de recursos

naturais a Amazocircnia eacute uma regiatildeo economicamente subdesenvolvida Por isso

reconsiderar a utilizaccedilatildeo dessas riquezas a partir das perspectivas do

desenvolvimento sustentaacutevel eacute de fundamental importacircncia (LASMAR e MACULAM

2005) Desenvolvimento sustentaacutevel pode ser conceituado como ―o desenvolvimento

que atende agraves necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

futuras geraccedilotildees de atenderem suas proacuteprias necessidades (COMISSAtildeO MUNDIAL

SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO 1991)

Segundo Carvalho e Carvalho (2011) o desenvolvimento de um paiacutes ou de

uma regiatildeo esta relacionado com a capacidade de utilizar o conhecimento cientiacutefico

de forma criativa e produtiva para inovar e aplicar na praacutetica o conhecimento

tecnocientiacutefico na soluccedilatildeo de problemas de uma regiatildeo isso constitui o principal

componente de sucesso para geraccedilatildeo de novos produtos processo e serviccedilos

Desenvolver produtos de qualidade de maneira sustentaacutevel na maior

diversidade bioloacutegica do mundo aleacutem de agregar valor ao produto nacional ajuda a

preservar o meio ambiente e impulsiona social e economicamente as comunidades

locais (BARATA 2005) O exemplo disso esta no sucesso do setor de perfumaria

23

higiene pessoal e cosmeacuteticos que vem utilizando extratos vegetais oacuteleos fixos e

essenciais resinas e outros produtos extraiacutedos da floresta amazocircnica (VILHA e

CARVALHO 2005)

No campo da pesquisa e desenvolvimento de medicamentos os recursos

vegtais satildeo de grande relevacircncia tendo em vista a utilizaccedilatildeo das substacircncias ativas

como protoacutetipos para o desenvolvimento de faacutermacos e como fonte de mateacuterias-

primas farmacecircuticas ou ainda de medicamentos elaborados exclusivamente agrave

base de drogas vegetais os fitoteraacutepicos (KUNLE et al 2012)

Ainda no campo da pesquisa e desenvolvimento de faacutermacos esse produtos

vegetais podem ser utilizados no desenvolvimento de sistemas nanoestruturados

para liberaccedilatildeo prolongada de faacutermacos Esta eacute uma opccedilatildeo menos onerosa e mais

raacutepida cronologicamente que o isolamento de substacircncias ativas ou a introduccedilatildeo de

um novo farmaco no mercado (MORAES et al 2008 SANTOS et al 2011

CARVALHO et al 2013) Sistemas nanoestruturados como as nanoemulsotildees

microemulsotildees cristais liacutequidos nanocaacutepsulas entre outros promovem algumas

alteraccedilotildees nas caracteriacutesticas dos faacutermacos e favorecem sua aplicaccedilatildeo do ponto de

vista clinico e em escala industrial (CHIME et al 2013)

Assim perante ao que foi exposto observa-se que a utilizaccedilatildeo de recursos

amazocircnicos de maneira racional eacute importante para o desenvolvimento social e

econocircmico da regiatildeo Agregar valor tecnoloacutegico aos produtos da regiatildeo amazocircnica

sem esquecer de preservar os recursos do ecossistema aliando pesquisa e

inovaccedilatildeo farmacecircutica eacute uma maneira de produzir novos sistemas de liberaccedilatildeo de

faacutermacos introduzindo dessa forma novos medicamentos no mercado e ampliando o

leque terapecircutico para o consumidor

22 Euterpe oleraceae Mart

A E oleraceae pertence agrave familia Arecaceae que eacute uma das maiores famiacutelias

do reino vegetal Era conhecida anteriormente como Palmae e engloba cerca de 200

gecircneros e 2600 espeacutecies distribuiacutedas principalmente em aacutereas tropicais e

subtropicais (ALVES e CARVALHO 2010) Dentro dessa famiacutelia o gecircnero Euterpe

reuacutene a cerca de 28 espeacutecies e esta distribuiacutedo pela Ameacuterica Central e do Sul e por

toda bacia Amazocircnica A E oleraceae junto com a E precatoacuteria e E edulis satildeo as

espeacutecies que ocorrem com maior frequecircncia (NOGUEIRA et al 1995)

24

Por muito tempo o palmito extraiacutedo dessas palmeiras representou uma

importante fonte de renda para o setor agroindustrial brasileiro poreacutem atualmente o

fruto eacute o principal produto de interesse esse eacute conhecido popularmente como accedilaiacute

juccedilara accedilaiacute do Paraacute accedilaiacute de touceira entre outros nomes (BARRETO et al 2012)

O accedilaiacute apoacutes um processo de despolpamento manual ou mecacircnico produz

uma bebida cremosa que tem estado no centro da alimentaccedilatildeo da populaccedilatildeo

amazocircnica durante seacuteculos (MENEZES et al 2008) O consumo dessa bebida na

Amazocircnia eacute realizado de diversas maneiras pode ser combinado com outros

alimentos regionais ou ainda na forma de sorvetes cremes mingaus geleacuteias e

licores (NASCIMENTO et al 2008) A partir do ano 2000 essa fruta ganhou

notoriedade no resto do Brasil nos Estados Unidos Austraacutelia Japatildeo e paiacuteses

europeus Esse sucesso deve-se principalmente a seu alto valor nutricional Ele eacute

rico em minerais vitaminas e componentes antioxidantes e apresenta propriedades

antioxidantes e anti-inflamatoacuterias sendo por isso conhecido como super-fruta

(HEINRICH et al 2011)

221 Distribuiccedilatildeo geograacutefica e aspectos botacircnicos

O accedilaizeiro ocorre espontaneamente nos estados brasileiros do Paraacute

Maranhatildeo Amapaacute Mata Atlacircntica e Tocantins (NOGUEIRA et al 1995 BORGES et

al 2013) Fora do Brasil pode ser encontrado na Guiana Guiana Francesa

Suriname e Venezuela Entretanto as maiores aacutereas ocupadas por essa espeacutecie

ocorre na Amazocircnia oriental brasileira mais precisamente no estuaacuterio do Rio

Amazonas (NOGUEIRA et al 1995)

Accedilaizais nativos densos e quase homogecircneos satildeo encontrados em terrenos

constantemente inundado e terra firme E desenvolvem-se melhor em lugares com

chuvas abundantes e bem distribuiacutedas durante o ano (OLIVEIRA et al 2000)

As plantas adultas da E oleracea tem estipes de 3 a 20 m de altura e 7 a 18

cm de diacircmetro As folhas satildeo compostas pinadas com arranjo espiralado de 40 a

80 pares de foliacuteolos As inflorescecircncias do tipo cacho possui flores estaminadas e

pistiladas A disposiccedilatildeo das flores eacute ordenada em triacuteades de tal forma que cada flor

feminina fica ladeada por duas flores masculinas O fruto produzido pela E

oleraceae o accedilaiacute eacute uma drupa caracterizada pela forma esfeacuterica com diacircmetro de

25

10 a 05 cm e cor violaacutecea quase negra a palmeira frutifica a partir do terceiro ano

(CABO e MORAIS 2000)

Aleacutem da E oleraceae a E precatoria eacute outra espeacutecie de accedilaiacute muito comum

na Amazocircnia Essa eacute muito parecida com a E oleraceae tanto nos aspectos

botacircnicos quanto na constituiccedilatildeo quiacutemica Mas podem ser diferenciada pelo

seguinte haacutebito a E precatoacuteria normalmente cresce isoladamente como mostra a

Figura 1 por isso eacute conhecido pelo nome popular de accedilaiacute solitaacuterio (KANG et al

2012)

Figura 1 Palmeiras de accedilaiacute A) E precatoacuteria e B) E oleraceae (KANG et al 2012)

26

222 Componentes ativos da Euterpe oleracea

Diversos trabalhos tecircm mostrado a alta atividade antioxidante in vitro do accedilaiacute

explicado pela sua elevada concentraccedilatildeo de compostos fenoacutelicos como por

exemplo os flavonoides incluindo as antocianinas e os aacutecidos fenoacutelicos Essas

substacircncias satildeo geralmente associadas agrave promoccedilatildeo de sauacutede e prevenccedilatildeo de

doenccedilas degenerativas (LICHTENTHAumlLER et al 2005 PACHECO-PALENCIA et

al 2009) Outro interesse eacute o uso das antocianinas como corantes naturais em

vista do grande nuacutemero de exigecircncias que existe sobre o uso de corantes artificiais

(PAZMINO-DURAN et al 2001) Aleacutem disso os polifenoacuteis podem ser usados como

agentes antioxidantes e antimicrobianos em alimentos e produtos farmacecircuticos (EL-

HELA e ABDULLAH 2010)

A antocianinas representam os principais flavonoides encontrado na polpa da

E oleraceae (PACHECO-POLENCIA et al 2009) Estas satildeo o maior e mais

diversificado grupo de flavonoides derivam da via do fenilpropanoide e satildeo

pigmentos responsaacuteveis pelas cores laranja rosa vermelha violeta e tons de azul

das frutas e flores (BRAVO 1998)

A principal funccedilatildeo bioloacutegica atribuiacuteda as antocianinas eacute a sua atividade

antioxidante As antocianinas satildeo derivadas estruturalmente das antocianidinas Haacute

cerca de 20 antocianidinas que diferem entre si pela posiccedilatildeo dos grupos hidroxilas e

metoxilas em torno de seu anel flaviacutelico A glicolisaccedilatildeo do anel flaviacutelico das

antocianidinas ou a substituiccedilatildeo por cadeias aromaacuteticas ou alifaacuteticas gera centenas

de antocianinas (BRAVO 1998)

As antocianinas jaacute descritas na polpa de E oleraceae satildeo cyanidin-3-

glucoside e cianidina-3-rutinosiacutedeo que estatildeo em maior quantidade (PACHECO-

PALENCIA et al 2009) a peonidina-3-rutinosiacutedeo pelargonidina 3-glicosiacutedeo (DEL

POZO-INSFRAN 2004) cianidina 3-sambubiosideo peonidina 3-glicosideo

(SHAUSS et al 2006a)

Essas substacircncias natildeo satildeo encontradas no fruto verde sua siacutentese ocorre

durante o processo de maturaccedilatildeo do fruto A cianidin-3-glicosideo e cianidin-3-

rutinosideo podem ser detectadas em um estaacutegio intermediaacuterio da maturaccedilatildeo e a

cianidina 3-O-sambubiosideo pelargonidina 3-O-glicosideo peonidina 3-O-

glucosideo peonidina 3-O-rutinosideo apresentam-se acima de seu limite de

27

detecccedilatildeo apenas quando o fruto encontra-se completamente maduro (GORDON et

al 2012)

Outros flavonoides importantes reportados na polpa de E oleraceae satildeo

homoorientina orientina isovitexina (GALLORI et al 2004) (2S3S)-

dihiidrocaempferol 3-O-β-D-glicosideo (2R3R)-dihiidrocaempferol 3-O-β-D-

glicosideo velutina 540-dihiidroxi-73050-trimetoxiflavone (KANG et al 2011)

Os aacutecidos fenoacutelicos tambeacutem tem sido referidos com frequecircncia na polpa de E

oleraceae satildeo eles protocatecuico p-hidroxibenzoico vanillico siringico e ferulico

(PACHECO-PALENCIA et al 2008b)

Cerca de 50 da polpa seca tem constituiccedilatildeo lipiacutedica (SILVA e ROGEZ

2013) Essa fraccedilatildeo lipiacutedica o oacuteleo fixo de accedilaiacute eacute constituiacutedo preminantemente por

aacutecidos graxos mono e poli-insaturados e apresenta-se como umvalioso subproduto

em virtude de suas propriedade sensoriais singulares como sua cor verde escura

em razatildeo da alta quantidade de clorofilas e seu grande potencial agrave sauacutede (PIOTKIN

1984)

Estudos anteriores a respeito do oacuteleo fixo de accedilaiacute revelaram que o aacutecido

oleico aacutecido palmiacutetico aacutecido linoleicosatildeo os principais aacutecidos graxos de sua

composiccedilatildeo os aacutecidos esteaacuterico e palmitoleico satildeo retratados em quantidades

vestigiais (LUBRANO et al 1994 SILVA e ROGEZ 2013) E pelo menos cinco

fitoesteroacuteis jaacute foram relatados no oacuteleo β- sitosterol estigmasterol δ-5- avenasterol

campesterol e o colesterol (LUBRANO et al 1994)

A exemplo da polpa o oacuteleo fixo tambeacutem apresenta polifenoacuteis em sua

constituiccedilatildeo segundo Pacheco-Polencia et al (2008a) pode-se encontrar no oacuteleo

os mesmos metaboacutelitos fenoacutelicos existentes na polpa com excessatildeo das

antocianinas essas ficam retidas na porccedilatildeo hidrofiacutelica por esse motivo o oacuteleo

apresenta coloraccedilatildeo verde pois sem a cor carcateriacutestica das antocianinas o verde

das clorofilas sobressai

223 Atividade bioloacutegica da E oleraceae

O accedilaizeiro eacute uma palmeira que se destaca entre as palmeiras que

ornamentam a flora amazocircnica e tem sido usado para a subsistecircncia dos habitantes

rurais Diferentes partes da planta tecircm sido amplamente utilizados na medicina

popular Por exemplo o oacuteleo do fruto tem accedilatildeo antidiarreacuteica e a raiz combinada com

28

Carica papaya Citrus sp (limatildeo) e Quassia amara funciona como um agente anti-

malaacuterico (COISSON et al 2005 AGRA et al2007 FAVACHO et al 2010)

Ultimamente consideraacutevel interesse cresceu em torno das propriedades

farmacoloacutegicas do accedilaiacute que incluem atividade antiproliferativa anti-inflamatoacuteria

antioxidante e cardioprotetora (LICHTENTHAtildeLER et al 2005 PACHECO-

PALENCIA et al 2008b BORGES et al 2013)

Ribeiro et al (2010) avaliaram a atividade antiproliferativa da polpa de accedilaiacute

nas seguintes dosagens 333 100 e 1667 gde polpa de accedilaikg do animal em

tratamentos agudos e subagudos concluiacuteram que o accedilaiacute natildeo causou genotoxidade

na medula oacutessea dos ratos tratatados ou ceacutelulas de rim e fiacutegado aleacutem disso

desempenhou papel na inibiccedilatildeo da genotoxicidade pela DXR Matheus et al (2006)

investigaram a atividade antiinflamatoacuteria- in vitro dos extratos etanolico acetato de

etila e de n- butanol das flores e do fruto (1ndash300mgmL) e observaram atividade

antiinflamatoria do accedilaiacute atraveacutes da inibiccedilatildeo dos efeitos de oacutexido nitrico produzido por

macroacutefagos Shauss et al (2006b) constataram atividade efeito inibitorio moderado

com valor de IC50-696 mgmL para COX-1 e 1250 mgmL para COX-2

23 Ensaios fiacutesico-quiacutemicos para caracterizaccedilatildeo de oacuteleos vegetais

As propriedades fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos vegetais satildeo dependentes de sua

constituiccedilatildeo graxa Existem vaacuterias teacutecnicas de anaacutelise dos oacuteleos vegetais algumas

mais simples como as titulaccedilotildees aacutecido-base que resultam nos valores dos iacutendices

de acidez iodo saponificaccedilatildeo e peroacutexidos E algumas teacutecnicas que dependem de

equipamentos sofisticados para suas realizaccedilatildeo exemplos a ser citados satildeo a

cromatografia gasosa as espetrocopias as anaacutelises teacutermicas o iacutendice de

estabilidade oxidativa entre outras (GUNGSTONE 2004)

231 Cromatografia gasosa

A cromatografia gasosa eacute a teacutecnica mais utilizada na determinaccedilatildeo do perfil

de aacutecidos graxos dos oacuteleos vegetais Essa eacute a principal teacutecnica de anaacutelise de

produtos volaacuteteis ou volatilizaacuteveis Os aacutecidos graxos possuem possuem baixa

volatilidade o que torna possiacutevel sua anaacutelise por cromatografia gasosa somente

depois da etapa de derivatizaccedilatildeo onde os grupos carboxiacutelicos satildeo constituiacutedos em

29

grupos mais volaacuteteis os metil-eacutesteres (GUNGSTONE 2004 SILVA et al 2009

SOLIacuteS- FUENTES et al 2010 COSTA et al 2013 WALIA et al 2014)

Os compostos a serem separados satildeo arrastados por um gaacutes inerte (fase

moacutevel) atraveacutes da fase estacionaacuteria esse gaacutes inerte eacute normalmente o gaacutes heacutelio

nitrogecircnio ou hidrogecircnio A fase estacionaacuteria pode ser um soacutelido ou um liacutequido que

propicia a distribuiccedilatildeo dos componentes da mistura entre as duas fases atraveacutes de

processos fiacutesicos e quiacutemicos tais como a adsorccedilatildeo diferenccedilas de solubilidades

volatilidades ou partilha Os aacutecidos graxos emergem da coluna em tempos

diferentes e satildeo detectados por meios que convertem a concentraccedilatildeo dos

componentes arrastados pela fase moacutevel em um sinal eleacutetrico que por sua vez eacute

registrado O detector por ionizaccedilatildeo de chamas (Flame Ionization Detectation- FID) eacute

o mais utilizado na analise de aacutecidos graxos (GUNGSTONE 2004)

232 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho

A caracterizaccedilatildeo quiacutemica de oacuteleos pode ser realizada aleacutem da cromatografia

gasosa por teacutecnicas espectroscoacutepicas tal como a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho Esta eacute uma teacutecnica auxiliar natildeo sendo conclusiva na anaacutelise da

constituiccedilatildeo dos oacuteleos A espectroscopia no infravermelho fornece evidencias da

presenccedila de vaacuterios grupos funcionais na estrutura orgacircnica devido agrave interaccedilatildeo das

moleacuteculas ou aacutetomos com a radiaccedilatildeo eletromagneacutetica em um processo de vibraccedilatildeo

molecular (FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013 JADVINIA et al

2013)

As ligaccedilotildees covalentes que constituem as moleacuteculas orgacircnicas estatildeo em

constantes movimentos axiais e angulares A radiaccedilatildeo no infravermelho faz com que

aacutetomos e grupos de aacutetomos de compostos orgacircnicos vibrem com amplitude

aumentada ao redor das ligaccedilotildees covalentes que os ligam O processo eacute

quantizado poreacutem o espectro vibracional costuma aparecer como uma seacuterie de

bandas porque a cada mudanccedila de niacutevel de energia vibracional corresponde uma

seacuterie de mudanccedilas de niacuteveis de energia rotacional desta forma as linhas se

sobrepotildeem dando origem agraves bandas observadas no espectro As posiccedilotildees das

bandas no espectro podem ser apresentadas em nuacutemero de ondas utilizando a

unidade centiacutemetro inverso (400- 400cm-1) ou em microcircmetros (25- 16 μm)

(SILVERSTEIN 2006 FONSECA e YOSHIDA 2009 COSTA et al 2013)

30

233 Estabilidade oxidativa- RANCIMAT

Maacutes condiccedilotildees de processamento e armazenamento como exposiccedilatildeo agrave luz agrave

altas temperaturas ao ar atmosfeacutericos e a microorganismos favorecem a

deterioraccedilatildeo dos oacuteleos vegetais A proacutepria constituiccedilatildeo dos oacuteleos como a

composiccedilatildeo de aacutecidos graxos o grau de insaturaccedilotildees a presenccedila de proacute e

antioxidantes tambeacutem afetam a estabilidade oxidativa Esse processo de

deterioraccedilatildeo eacute referido como auto-oxidaccedilatildeo (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010)

A auto- oxidaccedilatildeo de lipiacutedios procede atraveacutes de um mecanismo radicalar e

envolve trecircs etapas iniciaccedilatildeo propagaccedilatildeo e terminaccedilatildeo A iniciaccedilatildeo compreende a

formaccedilatildeo de um radical livre a partir de uma fonte energeacutetica (luz calor O2 entre

outros) (OSTROWSKA-LIGEZA et al 2010 PARDAUIL et al 2011)

O radical livre formado pela quebra homoliacutetica da ligaccedilatildeo e muito reativo pois

possui uma deficiecircncia de eleacutetrons na camada de valecircncia e procura fazer novas

ligaccedilotildees quiacutemicas para se estabilizar Este radical pode reagir com o oxigecircnio

atmosfeacuterico formando novos radicais livres principalmente o radical peroacutexido A

formaccedilatildeo desses radicais pode ser repetida em cadeia por milhares de vezes O

radical peroacutexido livre eacute um forte iniciador de novos radicais livres com a formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos que satildeo considerados produtos primaacuterios da oxidaccedilatildeo essa eacute a

etapa de propagaccedilatildeo da auto-oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Na terminaccedilatildeo os radicais formados podem se ligar entre si formando os

mais diversos produtos inativos para a reaccedilatildeo em cadeia como hidrocarbonetos

aldeiacutedos aacutelcoois eacutesteres etc Estes satildeo denominados produtos secundaacuterios da

oxidaccedilatildeo Os aldeiacutedos satildeo tambeacutem suscetiacuteveis agrave oxidaccedilatildeo e transformam-se em

aacutecidos Os aacutecidos livres formados a partir de produtos secundaacuterios satildeo ditos

produtos terciaacuterios da oxidaccedilatildeo (GUNGSTONE 2004)

Existem meios de verificar e avaliar o grau de oxidaccedilatildeo dos oacuteleos vegetais

satildeo eles iacutendice de peroacutexidos anaacutelise sensorial determinaccedilatildeo de dienos

conjugados valor de carbonila anaacutelise de volaacuteteis entre outras E existem meios

para determinar a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo Nestes testes a amostra

geralmente eacute submetida a condiccedilotildees que aceleram sua oxidaccedilatildeo tais como

elevaccedilatildeo de temperatura adiccedilatildeo de metais aumento da pressatildeo de oxigecircnio

estocagem sob luz e agitaccedilatildeo (ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

31

Entre os meacutetodos que avaliam a suscetibilidade do oacuteleo agrave oxidaccedilatildeo o

Rancimat eacute um dos mais utilizados Desenvolvido por Hardon e Zurcher ele fornece

o iacutendice de estabilidade oxidativa de oacuteleos vegetais baseando-se no aumento da

condutividade A anaacutelise eacute realizada da seguinte maneira um fluxo de ar atravessa o

oacuteleo que esta numa temperatura entre 100 a 140 ordmC e depois borbulha em aacutegua

deionizada esse ar eacute capaz de arrastar aacutecidos graxos de cadeia curta produto da

oxidaccedilatildeo lipiacutedica como o aacutecido foacutermico que aumentam a condutividade da aacutegua

(ANTONIASSI 2001 GUNGSTONE 2004)

O Rancimat apresenta os resultados em tempo de induccedilatildeo que eacute o periacuteodo

necessaacuterio para que a amostra atinja grau de oxidaccedilatildeo detectaacutevel pelo aparelho

Quanto maior for o tempo em horas mais estaacutevel eacute amostra (ANTONIASSI 2001)

24 Anaacutelises teacutermicas

As anaacutelises teacutermicas eacute definida como ―grupo de teacutecnicas por meio das quais

uma propriedade fiacutesica de uma substacircncia eou de seus produtos de reaccedilatildeo eacute

medida em funccedilatildeo da temperatura eou tempo enquanto essa substacircncia eacute

submetida a um programa controlado de temperatura e sob uma atmosfera

especiacutefica( IONASHIRO e GIOLITO1980)

As teacutecnicas termo analiacuteticas mais utilizadas satildeo TG (termogravimetria) DTA

(anaacutelise teacutermica diferencial) seguido de DSC (calorimetria exploratoacuteria diferencial)

(SILVA et al 2007) No estudo de oacuteleos vegetais e nas ciecircncias farmacecircuticas em

geral estas teacutecnicas satildeo uacuteteis na caracterizaccedilatildeo avaliaccedilatildeo de pureza

compatibilidade de formulaccedilatildeo farmacecircutica identificaccedilatildeo de polimorfismo

estabilidade e decomposiccedilatildeo teacutermica de faacutermacos e medicamentos (OLIVEIRA et

al 2011)

A TG fornece informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees de massa em funccedilatildeo do

tempo eou temperatura sob determinadas condiccedilotildees atmosfeacutericas A DTG eacute a

derivada primeira da curva TG Nestaa perda de massa eacute observada atraacuteves de

picos essa representaccedilatildeo torna o resultado mais faacutecil de ser compreendido

(DECOMUNE 1999) Na aacuterea farmacecircutica o uso dessa teacutecnica estaacute relacionada

com a determinaccedilatildeo de pureza e de umidade identificaccedilatildeo de pseudopolimorfismo

na avaliaccedilatildeo da estabilidade de faacutermacos mateacuterias- primas e medicamentos e em

estudos de cineacutetica de degradaccedilatildeo (OLIVEIRA et al 2011)

32

A DSC eacute a teacutecnica de anaacutelise teacutermica na qual se mede a diferenccedila de energia

fornecida agrave substacircncia e a um material de referecircncia (termicamente estaacutevel) em

funccedilatildeo da temperatura enquanto a substacircncia e o material de referecircncia satildeo

submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de temperatura (SILVA et al 2007) As

curvas DSC obtidas nesse sistema mostram picos ascendentes que caracterizam

eventos exoteacutermicos enquanto os descendentes eventos endoteacutermico Na aacuterea

farmacecircutico seu uso esta relacionado com a caracterizaccedilatildeo teacutermica e determinaccedilatildeo

da pureza de faacutermacos estudos de compatibilidade entre os constituintes da

formulaccedilatildeo e identificaccedilatildeo de polimorfismo com determinaccedilatildeo das entalpias de cada

forma cristalina (BAZZO e SILVA 2005)

A DTA eacute a teacutecnica pela qual a diferenccedila de temperatura (∆T) entre a

substacircncia e o material de referecircncia (termicamente estaacutevel) eacute medida em funccedilatildeo da

temperatura enquanto ambos satildeo submetidos a uma programaccedilatildeo controlada de

temperatura (OLIVEIRA et al 2011) A temperatura eacute medida por termopares

conectados aos suportes metaacutelicos das caacutepsulas de amostra e do material de

referecircncia ambos contidos no mesmo forno As variaccedilotildees de temperatura na

amostra satildeo devidas agraves transiccedilotildees entaacutelpicas ou reaccedilotildees endoteacutermicas ou

exoteacutermicas As curvas DTA representam os registros de ∆T (diferenccedila de

temperatura) em funccedilatildeo da temperatura (T) ou do tempo (t) de modo que os

eventos satildeo apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os

eventos exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos (SILVA et al 2007)

As teacutecnicas termo analiacuteticas tem sido usadas em diversas aacutereas entre elas na

cosmetologia onde satildeo utilizadas tanto nos estudos de preacute- formulaccedilatildeo quanto no

controle de qualidade das mateacuterias- primas Os oacuteleos fixos e essenciais gorduras

ceras e aacutecidos graxos livres satildeo mateacuterias-primas amplamente utilizadas na aacuterea

cosmeacutetica em funccedilatildeo de suas caracteriacutesticas de emoliecircncia e hidrataccedilatildeo da pele

fabricaccedilatildeo de perfumes ou mesmo como fonte para siacutentese de outros produtos

Diversos trabalhos citaram a anaacutelise teacutermica como meacutetodo de caracterizaccedilatildeo de

avaliaccedilatildeo do comportamento teacutermico e da estabilidade podendo ser empregada no

controle de qualidade de mateacuterias-primas e produtos (COSTA et al 2013 COSTA

et al 2013 SILVA et al 2007)

33

3 Cristais liacutequidos

A pesquisa sobre cristais liacutequidos comeccedilou em 1888 quando o botacircnico

austriacuteaco Friederich Reinetzer observou que o material conhecido como benzoato de

colesterila apresentava dois pontos de fusatildeo Pouco tempo depois em 1889 Otto

Lehmann observou que o oleato de amocircnio e o p-azoxi-fenetol fundiam passando

por um estado intermediaacuterio no qual o liquido era birrefrigente Fundamentado nesta

observaccedilatildeo Lehmann conclui que a diferenccedila entre cristais liacutequidos e cristais soacutelidos

resumia-se ao grau de fluidez (TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990)

Atualmente sabe-se que os cristais liacutequidos representam um estado

intermediaacuterio entre soacutelidos e liacutequidos por isso satildeo tambeacutem denominados

mesofases Satildeo caracterizados pela perca total ou parcial da ordem posicional

caracteriacutestica dos soacutelidos poreacutem manteacutem a ordem orientacional de suas moleacuteculas

Apresentam propriedades oacuteticas anisotropia birrefringecircncia e dicromismo tiacutepicas do

estado cristalino e fluidez do estado liquido Constituem portanto uma fase fluida

ordenada ou seja cristais liacutequidos ou mesofases (TYLE 1989 CIOCA e CALVO

1990)

A anisotropia eacute uma tendecircncia direcional de uma propriedade fiacutesica de um

material ou seja a variabilidade ou distribuiccedilatildeo espacial dos objetos de um sistema

ocorre mais intensamente em uma direccedilatildeo e menos intensamente em outra direccedilatildeo

(CAMARGO et al 2001) A birrefringecircncia apresentada pelos cristais liacutequidos eacute

resultado de sua anisotropia esses materiais reagem agrave polarizaccedilatildeo como um prisma

o faz em relaccedilatildeo ao comprimento de onda (ZILIO 2009 )

O dicromismo ocorre quando um componente de luz polarizada eacute absorvido

mais fortemente que o outro Em parte ele irradia para o cristal liacutequido quando este

eacute iluminado com luz natural A coloraccedilatildeo que apresenta quando submetido ao

microscoacutepio polarizado eacute resultado da estrutura ordenada das moleacuteculas que por

sua vez eacute semelhante agravequela dos cristais verdadeiros Quando a luz eacute branca uma

mistura de todas as cores reluz sobre um cristal liacutequido a maioria das cores

consegue atravessaacute-lo e uma pequena faixa de comprimento de onda eacute refletida e o

cristal parece com a cor desses comprimentos de onda (CHORILLI 2007)

Os cristais liacutequidos satildeo classificados em termotroacutepicos e liotroacutepicos Os

cristais liacutequidos termotroacutepicos satildeo induzidos pela mudanccedila na temperatura e em

menor grau a pressatildeo (COLLINGS e HIRD 1997) Esses foram classificados em

34

1922 por Friedel de acordo com suas propriedades moleculares e ordem posicional

em trecircs categorias esmeacuteticos nemaacuteticos e colesteacutericos (Figura 2) (BECHTOLD

2005)

Os cristais nemaacuteticos satildeo um fluido unidimensionalmente ordenado em que

os longos eixos moleculares estatildeo na meacutedia orientados ao longo de um vetor n (o

diretor) (Figura 2A) (COLLINGS e HIRD 1997 ELY et al 2007) Eles podem

apresentar duas fases nemaacuteticas uniaxiais de acordo com a simetria da moleacutecula

utilizada nemaacutetica uniaxial calamiacutetica ou ciliacutendrica (Nc) no caso de uma moleacutecula

alongada ou nemaacutetica uniaxial discoacutetica (Nd) no caso de uma moleacutecula achatada

(em forma de disco)(BECHTOLD 2005)

Os colesteacutericos assim como os nemaacuteticos natildeo apresentam ordem posicional

de longo alcance mas apresentam ordem orientacional Localmente os colesteacutericos

se assemelham aos nemaacuteticos a diferenccedila eacute que a ordem orientacional eacute em uma

escala maior varia seguindo uma conformaccedilatildeo helicoidal conforme mostra a Figura

2E (COLLINGS e HIRD 1997)

As fases esmeacuteticas satildeo diferenciadas por apresentarem uma ordem

posicional ao longo de uma dimensatildeo onde as moleacuteculas estatildeo organizadas em

camadas perioacutedicas com ordem orientacional bem definida no interior das camadas

o que difere as fases esmeacuteticas entre si (COLLINGS e HIRD 1997) Na fase

esmeacutetica A as moleacuteculas estatildeo orientadas com seu eixo de simetria normal ao plano

das camadas (Figura 2B) Jaacute na fase esmeacutetica C a orientaccedilatildeo meacutedia das moleacuteculas

estaacute inclinada com um acircngulo q em relaccedilatildeo agrave normal (Figura 2C) Existe ainda a

fase esmeacutetica B que pode ser considerada uma fase cristalina por apresentar

ordem posicional em trecircs dimensotildees E por fim a fase esmeacutetica C esta eacute composta

por moleacuteculas quirais a diferenccedila para a fase esmeacutetica C usual eacute que existe uma

rotaccedilatildeo da direccedilatildeo de inclinaccedilatildeo em torno do eixo que coincide com a direccedilatildeo

normal agraves camadas mantendo fixo o acircngulo q (Figura 2D)(BECHTOLD 2005)

35

Figura 2 Cristais liacutequidos termotroacutepicos A) fase nemaacutetica B) fase esmeacutetica A C) esmeacutetica C D)

esmeacutetica C E) esmeacutetica helicoidal (BECHTOLD 2005)

Os cristais liacutequidos liotroacutepicos (CLL) foram observados pela primeira vez em

1950 por Elliot e Ambrose eles observaram a formaccedilatildeo de uma fase liacutequida

birrefringente dissolvendo-se poli-y-benzil-L-glutamato (PBLG) em clorofoacutermio

(BECHTOLD 2005) Essa categoria de cristal liacutequido contecircm no miacutenimo dois

componentes quiacutemicos o solvente e uma moleacutecula orgacircnica A moleacutecula orgacircnica

deve apresentar alguma complexidade caso contraacuterio o solvente simplesmente

dissolveria a moleacutecula natildeo formando assim nenhuma estrutura apenas uma

soluccedilatildeo molecular (HYDE 2001) Tensoativos apresentam a complexidade

requerida para a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos liotroacutepicos Por apresentarem ambas

as regiotildees lipofiacutelicas e hidrofiacutelicas quando adicionados em aacutegua tecircm sua regiatildeo

hidrofiacutelica hidratada e sua regiatildeo lipofiacutelica evitada Esse comportamento eacute

responsaacutevel pela auto-organizaccedilatildeo dessas moleacuteculas que resulta em estruturas

complexas (LAWRENCE 1994)

Os CLL satildeo classificados em trecircs tipos baacutesicos de acordo com sua

organizaccedilatildeo molecular em mesofases lamelar hexagonal e cuacutebica (TYDE 1980)

(Figura 3) Esses sistemas podem ser encontrados em diversas regiotildees do

organismo humano tais como cereacutebro muacutesculos a retina entre outros No passado

esses sistemas tinham sua aplicaccedilatildeo limitada agrave induacutestria quiacutemica poreacutem nos uacuteltimos

anos ganhou vastas aplicaccedilotildees na siacutentese de nanomateriais em reaccedilotildees quiacutemicas

na recuperaccedilatildeo de petroleo terciaacuterio na terapia gecircnica e como sistemas drug

36

delivery a literatura relata sua aplicaccedilatildeo como veiacuteculo de drogas de natureza

lipofiacutelica e hidrofiacutelica (GUO et al 2010 ZHEN et al 2011)

A formaccedilatildeo dos CLL eacute um processo espontacircneo dependente da

concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema (WANG et al 2006) Devido agrave natureza

anfifiacutelica as moleacuteculas do tensoativo exibem duas propriedades importantes diminuir

a tensatildeo interfacial e a capacidade de autoorganizaccedilatildeo O desenvolvimento de uma

soluccedilatildeo micelar e a posterior organizaccedilatildeo dessas micelas em fases liacutequido

cristalinas depende da concentraccedilatildeo de tensoativo no sistema A mudanccedila de uma

soluccedilatildeo monomolecular para uma soluccedilatildeo micelar ocorre quando o tensoativo atinge

a concentraccedilatildeo micelar criacutetica (CMC) nesse ponto comeccedila a ocorrer a micelizaccedilatildeo e

o aumento da concentraccedilatildeo de tensoativo acima da CMC promove a organizaccedilatildeo

dessas micelas formando os CLL (LAWRENCE 1994 MALONE et al 2010)

A formaccedilatildeo destas estruturas leva em consideraccedilatildeo a composiccedilatildeo do

sistema presenccedila de sais de oacuteleos e de co-tensoativos assim como a temperatura

e geometria do tensoativo (ALAM e ARAMAKI 2014) Um modo simples de tratar

com a geometria eacute usar o conceito de paracircmetro de empacotamento criacutetico (PEC)

O PEC depende da aacuterea do grupo polar (cabeccedila) a0 bem como do volume de sua

parte apolar V e o comprimento da cadeia Lc O valor de a0 eacute governado por

forccedilas hidrofiacutelicas repulsivas atuando entre a cabeccedila polar e as forccedilas hidrofoacutebicas

atrativas atuando na interface aacutegua-hidrocarboneto Interaccedilotildees esteacutericas cadeia-

cadeia e a penetraccedilatildeo do oacuteleo determinam V e Lc O valor do PEC dado por Va0Lc

determina o tipo de agregado que formaraacute espontaneamente na soluccedilatildeo

(NAGARANJAN 2002)

Quando os valores de PEC satildeo inferiores a 13 eacute provavel que haja formaccedilatildeo

de esferas tais como micelas e a fase cuacutebica Os valores de PEC entre 13 e frac12

pode-se inferir a possivel formaccedilatildeo fase hexagonal e valores de PEC Entre frac12 e 1 eacute

possiacutevel o desenvolvimento de fase lamelar (Figura 4) Portanto com aumento da

concentraccedilatildeo de moleacuteculas anfifiacutelicas ocorre a transiccedilatildeo da fase como esta

representado na Figura 4 Dependendo da lipofilicidade do solvente e o EHL do

tensoativo pode ocorrer a formaccedilatildeo de fase hexagonal (mais hidrofiacutelico) ou fase

hexagonal reversa (mais lipofiacutelico) (OTTO 2008)

37

Aumento da concentraccedilatildeo das moleacuteculas de tensoativo

Figura 3 esquema da transiccedilatildeo de fase dos cristais liacutequidos liotroacutepicos a) fase cubica b) fase

hexagonal e c) fase lamelar (adapatado de OTTO 2008 figuras disponiacuteveis em

httpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

Figura 4 Influecircncia do PEC sobre a formaccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos microemulsionados e

micelares (adapatado de BORNE 2001 figuras disponiacuteveis

emChttpwwwparticlesciencescomnewstechnical-briefs2012cubic-phase-particles-in-drug-

deliveryhtml acessado em fev2015)

38

Os cristais liacutequidos satildeo sistemas termodinamicamente estaacuteveis a distinccedilatildeo

entre suas fases dos CLL eacute determinada pelas diferentes organizaccedilotildees moleculares

A fase lamelar eacute formada por camadas paralelas e planas de bicamadas de

tensoativo separadas por camadas de solvente formando rede unidimensional

(Figura 3C) Jaacute na fase hexagonal os agregados satildeo formados pelo arranjo de

cilindros longos originando estruturas bidimensionais (Figura 3B) Na fase HI (fase

hexagonal normal) as moleacuteculas do tensoativo se agrupam em micelas ciliacutendricas

circulares com aacutegua preenchendo o volume entre os cilindros enquanto que na fase

HII (fase hexagonal reversa) os cilindros contecircm canais de aacutegua circundados pelas

cabeccedilas polares do tensoativo e a porccedilatildeo oleosa localizada ao redor dos cilindros

(TYDE 1980 HYDE 2001 FORMARIZ et al 2005)

A fase cuacutebica apresenta estrutura mais complexa e com maior dificuldade de

ser identificada que as demais (Figura 3A) Ela tem arranjo tridimensional e

normalmente eacute classificada em fase cuacutebica bicontinua (VI) e fase cubica micelar A

primeira consiste no domiacutenio contiacutenuo de aacutegua dividindo-se em duas bicamadas

contiacutenuas de tensoativo a segunda eacute a cuacutebica micelar (II) que consiste em micelas

de tensoativo arranjadas em forma cuacutebica e separadas por uma fase aquosa

contiacutenua Com base em estudos de cristalografia de raios-X a fase cuacutebica

bicontinua pode ser diferenciada em trecircs fases a dupla de diamantes treliccedila (Pn3m

Q224) a fase cuacutebica de corpo centrado (Im3m Q229) e da rede Gyroid (Ia3d Q230)

(GUO et al 2010 CHEN et al 2014)

Nas uacuteltimas deacutecadas houve um aumento do interesse no emprego de cristais

liacutequidos como sistemas drug delivery Isso porque essas estruturas oferecem

diversas vantagens agrave formulaccedilatildeo aumentam a estabilidade de emulsotildees promovem

liberaccedilatildeo controlada de substacircncias ativas protegem substacircncias incorporadas em

suas matrizes da degradaccedilatildeo teacutermica ou fotodegradaccedilatildeo sendo utilizados como

excipientes para proteger oacuteleos vitaminas e antioxidantes promovem aumento da

retenccedilatildeo de aacutegua no estrato coacuterneo proporcionando aumento na hidrataccedilatildeo

cutacircnea satildeo capazes provocar mudanccedilas na estrutura do estrato coacuterneo facilitando

a difusatildeo dos ativos veiculados (BRINON et al 1999 MORAIS et al 2008)

39

31 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos sistemas liacutequido- cristalinos

A identificaccedilatildeo das mesofases eacute realizada com auxiacutelio da microscopia de luz

polarizada Outras teacutecnicas como espalhamento de raios- X a baixo acircngulo (SAXS)

espalhamento de necircutrons a baixo acircngulo (SANS) medidas reoloacutegicas microscopia

eletrocircnica de transmissatildeo e ressonacircncia magneacutetica nuclear tambeacutem satildeo

frequentemente utilizados para caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica destas estruturas

(TYLE 1989 CIOCA e CALVO 1990 CHORILLI et al 2009)

311 Microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada estaacute entre as teacutecnicas mais utilizadas na

identificaccedilatildeo dos cristais liacutequidos Sob um plano de luz polarizada uma substacircncia

pode ser classificada como anisotroacutepica ou isotroacutepica A amostra eacute anisotroacutepica se

for capaz de desviar o plano de luz incidente como eacute o caso dos arranjos hexagonal

e lamelar ou isotroacutepica se natildeo desviar a luz como eacute o caso do arranjo cuacutebico O

arranjo hexagonal eacute revelado pela presenccedila de estrias quando o plano de luz

polarizada incide sobre a amostra O arranjo lamelar apresenta-se com vaacuterias

camadas (lamelas) sobrepostas formando estruturas denominadas ―cruzes-de-

malta (HYDE 2001 CHORILLI et al 2009)

312 Reologia

A reologia estuda a deformaccedilatildeo e o escoamento de materiais ou seja modo

como os materiais respondem agrave aplicaccedilatildeo de uma tensatildeo (BARNES 2000) A

caracterizaccedilatildeo reoloacutegica dos sistemas liacutequido cristalinos fornece informaccedilotildees sobre

o niacutevel de complexidade interna das mesofases Assim agrave grosso modo pode-se

dizer que a fase lamelar apresenta-se como um liacutequido viscoso a fase hexagonal

tem viscosidade aparente de um gel e a fase cuacutebica eacute altamente viscosa (TIDDY

1980 HYDE 2001)

Os fluidos satildeo classificados de acordo com seu comportamento reoloacutegico por

meio da anaacutelise da relaccedilatildeo entre tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo

para condiccedilotildees de temperatura e pressatildeo conhecidas Quando uma forccedila eacute aplicada

a um fluido diferentes padrotildees de resposta ocorrem e dependendo do

40

comportamento desse fluido ele pode ser classificado como fluido newtoniano e

natildeo-newtoniano (BARNES 2000)

Os fluidos newtonianos satildeo aqueles onde embora a viscosidade possa variar

com a pressatildeo ou a temperatura natildeo variam com a taxa de deformaccedilatildeo ou com o

tempo (Figura 5) Os oacuteleos vegetais e a aacutegua satildeo exemplos de fluidos newtonianos

(BARNES 2000) Os fluidos natildeo newtoniano satildeo caracterizados por uma relaccedilatildeo

natildeo linear entre a tensatildeo de cisalhamento e a taxa de deformaccedilatildeo (BARNES 2000

LEE et al 2009)

Os fluidos natildeo-newtonianos podem ainda ser classificados em funccedilatildeo da sua

dependecircncia do tempo (Figura 5) Aqueles fluidos que natildeo variam em funccedilatildeo do

tempo satildeo classificados como pseudoplaacutesticos dilatantes e plaacutestico de Bingham Os

fluidos dependentes do tempo satildeo denominados tixotroacutepicos e reopeacuteticos

(CHHABRA 2010)

Os fluidos pseudoplaacutesticos representam a maior parte dos fluidos natildeo-

newtonianos (TONELI et al 2005) Eles satildeo caracterizados pela diminuiccedilatildeo de sua

viscosidade aparente com o aumento da taxa de cisalhamento Os plaacutesticos de

Bingham caracterizam-se por apresentarem uma tensatildeo inicial ou residual

necessaacuteria para induzir o fluxo Os fluidos dilatantes satildeo reconhecidos quando haacute

aumento da viscosidade aparente em frente ao aumento da taxa de deformaccedilatildeo

(BARNES et al 1993)

Os fluidos tixotroacutepicos e reopeacuteticos satildeo dependentes do tempo (Figura 5) O

primeiro caracteriza-se por apresentar um decreacutescimo na viscosidade aparente com

o tempo de aplicaccedilatildeo da tensatildeo No entanto apoacutes o repouso tendem a retornar agrave

condiccedilatildeo inicial de viscosidade O grau de tixotropia eacute avaliado pela aacuterea resultante

entre a curva ascendente e descendente do reograma denominada histerese (LEE

et al 2009) Os fluidos reopeacuteticos caracterizam por presentarem aumento da

viscosidade quando eacute exercida sobre eles uma taxa de deformaccedilatildeo tal como os

tixotroacutepicos quando essa forccedila eacute retirada eles tendem agrave voltar ao estaacutegio inicial

(CHHABRA 2010)

41

Figura 5 Representaccedilatildeo graacutefica dos fluidos newtonianos e natildeo- newtonianos (CHHABRA 2010)

Em vista de tudo que jaacute foi exposto pode-se afirmar que o estudo reoloacutegico

dos produtos farmacecircuticos eacute importante desde a fase de desenvolvimento

farmacoteacutecnico ateacute a liberaccedilatildeo do ativo no organismo vivo (LEE et al 2009)

Pianoviski et al (2008) realizaram estudos reoloacutegicos em suas formulaccedilotildees agrave bases

de oacuteleo de pequi a fim de avaliar a estabilidade fiacutesica do material e avaliar seu

comportamento reoloacutegico quanto agrave pseudoplasticidade e agrave tixotropia jaacute que estas

satildeo caracteriacutesticas vantajosas para emulsotildees cosmeacuteticas Ferreira e Rocha Filho

(2011) assim como Morais et al (2008) utilizaram a mesma metodologia com a

intenccedilatildeo de obter as mesmas informaccedilotildees Em frente ao exposto observa-se que a

reologia eacute de grande utilidade para as ciecircncias farmacecircuticas

Te

nsatilde

o d

e c

isa

lham

ento

42

3 OBJETIVOS

31 OBJETIVO GERAL

Obter e caracterizar sistemas liacutequidos cristalinos contendo oacuteleo de accedilaiacute como

fase oleosa com a finalidade de emprega-los como sistema de liberaccedilatildeo prolongada

de faacutermacos

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS

Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute- determinaccedilatildeo dos iacutendices de iodo

acidez saponificaccedilatildeo refraccedilatildeo e densidade

Avaliaccedilatildeo por espectroscopia na regiatildeo do infravermelho (FT-IR)

Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

Avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute-Rancimat

Anaacutelise teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

Estudos de preacute-formulaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

Construccedilatildeo do diagrama de fases

Caracterizaccedilatildeo das estruturas liacutequido- cristalinas por microscopia de luz

polarizada (MLP) e reologia

Estudo de estabilidade fiacutesica dos sistemas liacutequido cristalinos

43

4 MATERIAL E MEacuteTODOS

41 Material

413 Material vegetal

O oacuteleo de accedilaiacute foi adquirido da empresa Beraca Sabaraacute situada no municiacutepio

de Santa Barbaacutera do Oeste Satildeo Paulo Foi adquirido 1 Kg de oacuteleo este foi

fracionado em frascos ambacircr em quantidades de 150 mL e hermeticamente

fechados armazenados sob atmosfera inerte de nitrogecircnio sob temperatura de 25

plusmn2ordmC

O tensoativo utilizado nas formulaccedilotildees foi o PPG- 5- ceteth-20 aacutelcool cetiliacuteco

etoxilado (20 oacutexidos de etileno) e propoxilado (5 oacutexidos de propileno) conhecido

comercialmente como Procetyl AWSreg e comprado atraveacutes da empresa Mapric

(Croda 2002)

42 Meacutetodos

421 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

4211 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos na amostra

O teste de contagem geral de microorganismos foi realizado conforme a

Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) utilizando o meacutetodo de

pour -plate

42111 Preparo da Amostra

A amostra de oacuteleo de accedilaiacute previamente solubilizada em Tweenreg 80

(LabSinth) foi diluiacuteda em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) nas diluiccedilotildees de 110

1100 e 11000

42112 Determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para bacteacuteria aacutegar

nutriente (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x 200mL) Foram

44

preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e 11000 incubadas

agrave 37ordm numa estufa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) por 4 dias e

observado a presenccedila ou natildeo de crescimento bacteriano

42113 Determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

Para a execuccedilatildeo do meacutetodo de determinaccedilatildeo da presenccedila de fungos

adicionou-se 1mL da amostra e 20mL do meio de cultura seletivo para fungos aacutegar

sabourand dextrose (Kasvi) liquefeito agrave plusmn 45ordmC esteacuteril em placas petri (100x

200mL) Foram preparadas trecircs placas de petri para cada diluiccedilatildeo 110 1100 e

11000 incubadas numa estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm por 7

dias e observado se houve crescimento bacteriano

4212 Pesquisa e identificaccedilatildeo de microorganismos patoacutegenos nas amostras

Os testes de pesquisa de microorganismos patoacutegenos foram realizados

conforme descrito na Farmacopeacuteia Brasileira parte I (2005) e Pinto et al (2003) pelo

meacutetodo de semeadura em meio soacutelido por estrias em superfiacutecie com auxiacutelio do

swab

Inicialmente foi realizada a diluiccedilatildeo 110 da amostra misturada com Tweenreg

80 em caldo peptona caseiacutena soja (Kasvi) mantida em incubadora agrave 37ordmC por 24

horas Apoacutes esse periacuteodo a amostra foi semeada em meios especiacuteficos para

Staphylococcus aureus Pseudomonas aeruginosa e Escherichia coli como descrito

a seguir

42122 Staphylococcus aureus

A pesquisa de S aureus foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecida no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de petri que conteacutem o meio de crescimento aacutegar sal manitol- vermelho de

fenol (Kasvi) usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada em

uma estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) agrave 37ordm C durante 48 horas

45

42123 Pseudomonas aeruginosa

A pesquisa de P aeruginosa foi realizada da seguinte maneira transferiu-se

com auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja

para uma placa de petri contendo o meio de crescimento aacutegar cetrimida (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C em uma

estufa incubadora Quimis (modelo Q316m4) durante 48 horas

42124 Escherichia coli

A pesquisa de E coli foi realizada da seguinte maneira transferiu-se com

auxilio do swab a amostra teste enriquecido no caldo peptona caseiacutena soja para

uma placa de Petri contendo o meio de crescimento aacutegar Mac Conkey (Kasvi)

usando o meacutetodo de estrias em superfiacutecie A placa foi incubada agrave 37ordm C durante 48

horas

Todos os testes microbioloacutegicos foram realizados em vidrarias esterilizadas

em autoclave e todos os procedimentos foram feitos em uma capela de fluxo laminar

(Fluxo ndashBIO SEG 09 GRUPO VECO)

422 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos anaacutelise na regiatildeo do infravermelho (FT-IR) e comportamento teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

4221 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

42211 Iacutendice de acidez

O iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado segundo o protocolo da

American Oil Chemistsrsquos Society AOCS Cd3d-63

O procedimento consistiu em pesar 02g da amostra em um frasco

erlenmeyer de 125mL e 50mL de uma soluccedilatildeo eacuteter etiacutelico etanol etiacutelico (11)

previamente neutralizada com KOH 01N Em seguida foram adicionadas 2 gotas de

fenolftaleiacutena e a soluccedilatildeo foi titulada com KOH 01N ateacute coloraccedilatildeo roacutesea que

permaneceu por aproximadamente 30 segundos o iacutendice de acidez foi calculado

com auxilio da Equaccedilatildeo 1

46

Equaccedilatildeo 1

IA=

Onde IA eacute o iacutendice de acidez n eacute o volume de hidroacutexido de potaacutessio 01N

gasto na titulaccedilatildeo e m a massa da amostra

42212 Iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo

Os iacutendices de saponificaccedilatildeo e de iodo foram determinados pelo meacutetodo

indireto de acordo com os protocolos AOCS Cd 1c- 85 e AOCS Cd 3a- 94

respectivamente

Seguindo o meacutetodo AOCS Cd 1c- 85 o iacutendice de iodo foi calculado da

seguinte maneira (Equaccedilatildeo 2)

Equaccedilatildeo 2

Iacutendice de iodo = ( aacutecido palmitoleico x 0950) + ( aacutecido oleico x 0860) + ( aacutecido

linoleico x 1732) + ( aacutecido linolecircnico x 2616)

Seguindo a AOCS Cd 3a- 94 o iacutendice de saponificaccedilatildeo foi calculado atraveacutes

da equaccedilatildeo matemaacutetica abaixo

Equaccedilatildeo 3

IS=

( )

Onde

PM= peso moleacutecula (ou massa molar) meacutedio dos aacutecidos graxos (gmol)

3= nuacutemero de aacutecidos graxos por triacilglicerol

561= peso molecular do KOH (gmol)

1000= conversatildeo de g para mg

9209= peso molecular do glicerol (gmol)

18= peso molecular da aacutegua

47

42213 Densidade Relativa

A densidade do oacuteleo de accedilaiacute foi determinado agrave temperatura ambiente de

24ordmC atraveacutes do meacutetodo do picnocircmetro O picnomecirctro com capacidade de 5mL

previamente calibrado limpo e seco

A quantidade de 5mL da amostra foi transferida para o picnomecirctro caso

necessaacuterio foi retirado o excesso de amostra e conferido a temperatura A massa da

amostra foi obtida atraveacutes da diferenccedila de massa do picnocircmetro cheio e vazio A

densidade relativa eacute igual a razatildeo entre a massa da amostra liacutequida e a massa da

aacutegua ambas na mesma temperatura A densidade foi calculada com auxilio da

Equaccedilatildeo 4 O ensaio foi feito em triplicata A determinaccedilatildeo da densidade foi

realizada conforme a metodologia proposta pela Farmacopeacuteia Brasileira (2010)

Equaccedilatildeo 4

Densidade relativa a 25ordmC =

Onde A refere-se agrave massa do picnomecirctro com oacuteleo B agrave massa do

picnometro vazio e C eacute a massa da aacutegua agrave temperatura de 24ordmC

42214 Iacutendice de refraccedilatildeo

Para a determinaccedilatildeo do iacutendice de refraccedilatildeo utilizou-se o refratocircmetro de Abbeacute

marca Jena acoplado a um banho teacutermico (Thermo Haake) com temperatura

controlada A leitura foi feita na temperatura de 297degC obedecendo o protocolo

AOCS Cc7-25

4222 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por cromatografia gasosa

A composiccedilatildeo de aacutecidos graxos foi determinada pela conversatildeo de aacutecidos

graxos em eacutesteres metiacutelicos (FAMEs) Os aacutecidos graxos foram convertidos no seu

eacutester metiacutelico correspondente por meio de saponificaccedilatildeo e esterificaccedilatildeo com KOH

em metanol (01molL) e aacutecido cloriacutedrico em metanol (012molL) (RODRIGUES et al

2010) Os FAMEs foram detectados utilizando cromatografia gasosa (Varian modelo

CP 3380) equipado com um detector de ionizaccedilatildeo de chama e com uma coluna

capilar CP-Sil 88 (comprimento 60 m diacircmetro interno 025 mm espessura 025

mm Varian Inc EUA) As condiccedilotildees de operaccedilatildeo foram heacutelio como gaacutes de arraste

com vazatildeo de 09 mL min um detector FID a 250 deg C um injetor (split razatildeo de

48

1100) a 250 deg C um volume de injeccedilatildeo de 1 μL A temperatura programada da

coluna 4 min a 80 deg C e um aumento subsequente a 205 deg C a 4 deg C min Os picos

de aacutecidos graxos individuais foram identificados por comparaccedilatildeo dos tempos de

retenccedilatildeo com os de misturas conhecidas de padratildeo de aacutecidos graxos Os resultados

foram expressos em porcentagem relativa do total de aacutecidos graxos

4223 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute foi

realizada em um espectrofotocircmetro com transformador de Fourier (Shimadzu

Corporation IR Prestige 21 Cat No 206-73600-36- Kyoto-Japan) utilizando discos

de KBr na regiatildeo espectral de 4000 a 500 cm-1(COSTA et al 2013)

4224 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- Rancimat

O indice de estabilidade oxidativa (OSI) foi avaliado por um Rancimat 743

Metrohm (Herissau Suiccedila) agrave 100degC sob fluxo de ar de 20L h utilizando- se 5g de

oacuteleo seguindo o meacutetodo AOCS Official Method Cd 12b-92

4225 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

O oacuteleo de accedilaiacute foi submetido as anaacutelises termoanaliacuteticas TG

(termogravimetria) DTA (anaacutelise teacutermica diferencial) e DSC (calorimetria diferencial

exploratoria) A TG e a DTA foram realizadas simultaneamente em um analisador

teacutermico Shimadzureg (modelo TGA 50) o DSC foi realizado em um Shimadzu DSC-

60

As anaacutelises foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees foram pesados de 5 a

10 mg da amostra em um cadinho de alumiacutenio para as anaacutelises de DSC esses

cadinhos foram hermeticamente fechados As anaacutelises foram realizadas em

atmosfera de nitrogecircnio (50mL min) e razatildeo de aquecimento de 10ordmC min numa

faixa de temperatura de 25 a 550ordmC Os caacutelculos de perda de massa e variaccedilatildeo de

entalpia foram realizados com auxilio do programa TA 60w Shimadzureg (NUNES et

al 2009 COSTA et al 2013)

49

423 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

A caracterizaccedilatildeo do Procetyl AWSreg e da mistura com o oacuteleo de accedilaiacute por

espectroscopia (IV) na regiatildeo do infravermelho e calorimetria exploratoacuteria diferencial

(DSC) foi realizada da seguinte maneira o IV e as naacutelises teacutermicas foram feitas nas

mesmas condiccedilotildees relatadas nos itens 4213 e 4215 respectivamente ( Silva

Junior 2000 Costa et al 2013)

A mistura binaacuteria consistiu na combinaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute e procetyl na

proporccedilatildeo de 11 As anaacutelises em IV foram realizadas nas condiccedilotildees citadas no

ponto 4211

As anaacutelises em DSC foram realizadas nas seguintes condiccedilotildees 25degC a 550

ordmC sob atmosfera dinacircmica de nitrogecircnio (5000 mLmin) e razatildeo de aquecimento de

5 ordmCmin usando cadinho de alumiacutenio (Costa et al 2013)

424 Obtenccedilatildeo e Carcaterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos

4241 Construccedilatildeo do diagrama ternaacuterio Procetyl AWSreg aacutegua oacuteleo de accedilaiacute

O diagrama ternaacuterio foi construiacutedo a partir do oacuteleo de accedilaiacute Procetyl AWSreg e

aacutegua variando-se a concentraccedilatildeo de tais substacircncias de 10 em 10 totalizando o

nuacutemero de 36 formulaccedilotildees a Figura 6 mostra o diagrama ternaacuterio onde o ponto P

representa uma formulaccedilatildeo com 50 de oacuteleo de accedilaiacute 30 de Procetyl AWSreg e

20 de aacutegua e a Tabela 1 mostra as concentraccedilotildees de todas as 36 formulaccedilotildees

(SILVA JUacuteNIOR 2000)

Figura 6 Diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de accedilaiacute

50

Tabela 1 Concentraccedilotildees das amostras no diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Oacuteleo Tensoativo

Aacutegua

1 80 10 10

2 70 20 10

3 70 10 20

4 60 30 10

5 60 20 20

6 60 10 30

7 50 40 10

8 50 30 20

9 50 20 30

10 50 10 40

11 40 50 10

12 40 40 20

13 40 30 30

14 40 20 40

15 40 10 50

16 30 60 10

17 30 50 20

18 30 40 30

19 30 30 40

20 30 20 50

21 30 10 60

22 20 70 10

23 20 60 20

24 20 50 30

25 20 40 40

26 20 30 50

27 20 20 60

28 20 10 70

29 10 80 10

30 10 70 20

31 10 60 30

32 10 50 40

33 10 40 50

34 10 30 60

35 10 20 70

36 10 10 80

51

As formulaccedilotildees foram preparadas pelo meacutetodo da inversatildeo de fases a

mistura de oacuteleo e tensoativo foi aquecida em banho-maria agrave temperatura de 70-

75ordmC na qual foi adicionada aacutegua receacutem destilada aquecida na mesma temperatura

O sistema foi agitado manualmente com auxiacutelio de um bastatildeo de vidro ateacute o

resfriamento As formulaccedilotildees foram avaliadas macroscopicamente apoacutes 24h de

preparo (Silva Juacutenior 2000 Morais et al 2008)

4242 Caracterizaccedilatildeo dos sistemas liacutequido cristalinos por microscopia de luz polarizada

A microscopia de luz polarizada eacute uma teacutecnica raacutepida e de faacutecil acesso para a

identificaccedilatildeo dos arranjos liacutequidos cristalinos A anaacutelise foi realizada apoacutes 24 horas

do preparo das formulaccedilotildees com auxilio do modelo Leica Leitz DM RXE com

capturador de imagens Moticam 2000 O procedimento adotado foi o seguinte

adicionar em uma lamina uma aliacutequota da formulaccedilatildeo e cobri-la com uma lamiacutenula

apoacutes esse procedimento a lacircmina foi submetida agrave anaacutelise de microscopia polarizada

As amostras foram analisadas sob lentes de aumento de 5 10 e 20 vezes (Silva

Juacutenior 2000)

4243 Determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico

As anaacutelises reoloacutegicas foram realizados em um reomecirctro Brookfield modelo

RS plus Rheometer Spindle placa- placa Rp3- 25 Gap de 1mm ( Lauda Re 2006)

Aproximadamente 05 g de amostra a 25ordmC (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) As

medidas foram feitas a velocidades de rotaccedilatildeo progressivamente mais altas (1ndash100

rpm) para obter-se a curva ascendente e o procedimento foi repetido no sentido

inverso com velocidades progressivamente mais baixas (100ndash1 rpm) para obter-se a

curva descendente

Todos os experimentos foram realizados em triplicata As curvas

ascendentes de fluxo foram analisadas segundo o modelo de Ostwald-De-Walle (Lei

da Potecircncia) -segundo equaccedilatildeo 5

52

Equaccedilatildeo 5

τ = k γn

Onde

τ = tensatildeo de cisalhamento

k = iacutendice de consistecircncia

γ = gradiente de cisalhamento

n = Iacutendice de fluxo

425 Estudos de estabilidade dos sistemas liacutequido cristalinos

4251 Testes de estabilidade preliminares (TEP)

Os sistemas liacutequidos cristalinos apoacutes vinte quatro horas de sua manipulaccedilatildeo

foram submetidos a testes de estabilidade preliminares (FERRARI e ROCHA-FILHO

2011)

Apoacutes 24 horas aproximadamente 5g das amostras foram pesadas e

centrifugadas numa rotaccedilatildeo de 3000 rpm por 30 minutos (FERRARI e ROCHA-

FILHO 2011)

As amostras que natildeo separaram de fase foram submetidas agrave condiccedilotildees estresse

em diferentes temperaturas Onde aproximadamente 50g de cada formulaccedilatildeo

armazenadas durante um mecircs nas seguintes condiccedilotildees

Temperatura ambiente 25plusmn 2ordmC (controlada diariamente atraveacutes de um

temometro Equiterm max- mi Thermohygro)

Geladeira 4plusmn 2ordmC (Venex Eletrodomestic LTDA)

Estufa 45ordmC plusmn 2ordmC (Estufa 502 Fanem SP- BR)

As formulaccedilotildees foram submetidas agraves temperaturas citadas por um periacuteodo de

trinta dias e as anaacutelises realizadas no 1ordm 7ordm e 30ordm dias

As anaacutelises relizadas foram a determinaccedilatildeo do pH reologia e microestrutura do

cristal liacutequido

Os valores de pH foram determinado com auxilio de um potenciometro-

HANNA Instruments (modelo H1221) inserindo-se o eletrodo diretamente na diluiccedilatildeo

aquosa 110 (pp) das amostras (PIANOSVIKI et al 2008) Este teste foi realizado

em triplicata

53

5 Resultados e Discussatildeo

51 Controle de qualidade microbioloacutegico do oacuteleo de accedilaiacute

511 Determinaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos mesoacutefilos e patoacutegenos

na amostra

A anaacutelise microbioloacutegica da mateacuteria- prima vegetal eacute um modo de avaliar as

condiccedilotildees de coleta extraccedilatildeo e estocagem pelo qual o vegetal foi submetido uma

vez que esses processos podem ser porta de entrada para microorganismos natildeo

patogecircnicos e patogecircnicos (BUGNO et al 2005) Microorganismos fermentadores

como os fungos microorganismos patogecircnicos como o Staphylococcus aureus

Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa entre outros podem alterar as

caracteristicas fiacutesico- quiacutemicas dos oacuteleos aleacutem de provocar danos em seus

usuaacuterios como impetigo foliculite pneumonia conjuntivite entre outras

(RODRIacuteGUEZ-GOacuteMEZ et al 2013)

Os aspectos regulatoacuterios sobre os limites maacuteximo de microorganismos na

material- prima vegetal tecircm variaccedilotildees entre os paiacuteses e por vezes dentro do proacuteprio

paiacutes Contudo os testes utilizados de controle de qualidade microbioloacutegico do

material vegetal normalmente segue as especificaccedilotildees para produtos natildeo- esteacutereis

(SILVA JUacuteNIOR et al 2011) A Farmacopeia Brasileira exige a ausecircncia de S

aureus E coli P aeruginosa e Salmonella Aleacutem de requisitar limites de 103

UFCmL de fungos e leveduras 103 UFCmL de enterobactaeacuterias e bacteacuterias gram-

negativas e 105 UFCmL de bacteacuterias aeroacutebias

As analises de cotrole de qualidade microbiologico do oacuteleo de acaiacute revelou

que este natildeo esta contaminado pois natildeo foi observado crescimento microbiologico

de nem a presenccedila de microorganismos patoacutegenos Figuras 7 e 8

54

(1) (2)

Figura 7 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de bacteacuterias (1) em amostras do oacuteleo de accedilaiacute e fungos (1) no oacuteleo

de accedilaiacute 1- (A) 110 (B) 1100 (C) 11000 e (D) controle caldo TSB meio aacutegar nutriente e Tweenreg

80 2- (A) Controle amostra diluiacuteda (B) 11000 (C) 1100 e (D) 110

Figura 8 Avaliaccedilatildeo da presenccedila de microorganismos patogecircnicos em amostras do oacuteleo de accedilaiacute (A)

S aureus (B) P aeruginosa e (C) E coli

55

52 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico- quiacutemica perfil de aacutecidos graxos e comportamento

teacutermico do oacuteleo de accedilaiacute

521 Caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica dos oacuteleos vegetais fornece dados importantes

a respeito da natureza destes esses procedimentos podem ser realizados com

auxilio de equipamentos caros e sofisticados como exemploos espectrofotocircmetros

e cromatoacutegrafos Poreacutem existem anaacutelises quiacutemicas tradicionais realizadas

normalmente por meio de titulaccedilotildees estas apesar de requerer uma grande

quantidade de material quiacutemico e matildeo de obra dentro do laboratoacuterio fornecem

dados muito importantes sobre a natureza e controle de qualidade do oacuteleo em

questatildeo (GUNGSTONE 2004) como os mostrados pela Tabela 2

Tabela 2 Caracteriacutesticas fiacutesico- quiacutemicas do oacuteleo de accedilaiacute

Paracircmetros Meacutedia

Iacutendice de acidez mg KOH g 366

Iacutendice de iodo gl2100g 71

Iacutendice de refraccedilatildeo 146

Densidade gmL a 24degC 0952

Iacutendice de saponificaccedilatildeo mg KOH g 199

O iacutendice de acidez eacute um dos mais importantes paracircmetros de qualidade do

oacuteleo vegetal ele reflete o grau de rancidez hidrolitica resultado da deterioraccedilatildeo dos

triacilglicerois que resulta no aumento de aacutecidos graxos livres ocasionando

mudanccedilas sensoriais no oacuteleo como diferenccedilas na cor e no odor e

consequentemente nos produtos derivados deste oacuteleo (FERREIRA et al 2008

NEDHI 2013 SILVA et al 2009 WALIA et al 2014)

O valor do iacutendice de acidez do oacuteleo de accedilaiacute foi de 366 mg de KOH g de oacuteleo

Segundo a RDC 270 da ANVISA eacute recomendado valores abaixo de 4 mg de KOHg

para oacuteleos vegetais Alguns fatores podem favorecer o aumento do grau de rancidez

hidrolitica satildeo eles temperatura ar atmosfeacuterico luz e amadurecimento do fruto

56

Armazenar o oacuteleo de maneira correta para evitar sua deterioraccedilatildeo ocasionada por

estes fatores ajuda a aumentar a vida de prateleira do produto (MORETTO e FETT

1998) Mesmo assim oacuteleos vegetais extraiacutedos de polpa tal como o oacuteleo de accedilaiacute

apresentam maiores taxas de aacutecidos graxos livres porque a polpa apresenta

enzimas lipoliacuteticas que aceleram a degradaccedilatildeo dos triacilgliceroacuteis (COIMBRA e

JORGE 2011)

O iacutendice de iodo iacutendice de refraccedilatildeo e a densidade dos oacuteleos vegetais satildeo

paracircmetros fiacutesicos influenciados pelo grau de insaturaccedilatildeo dos aacutecidos graxos O valor

de iodo significa a meacutedia dos aacutecidos graxos insaturados presentes nos oacuteleos

vegetais No oacuteleo de accedilaiacute o iacutendice de iodo eacute de 71gI2100g valor semelhante aos

oacuteleos extraiacutedos da polpa de macauacuteba 76 gI2100g e do caroccedilo do bacuri 7404 gl2

100g (SILVA et al 2009 COIMBRA e JORGE 2011 WALIA et al 2014) A

densidade e o iacutendice de refraccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute foi 0950gmL e 146

respectivamente valores semelhantes aos encontrado por Pacheco- Palencia et al

(2008a) e Silva e Rogez (2013)

O valor de saponificaccedilatildeo eacute a medida do peso molecular meacutedio dos aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo Esse paracircmetro fornece informaccedilotildees importantes a

respeito de adulteraccedilotildees dos oacuteleos vegetais quando estes satildeo misturados com

mateacuteria insaponificaacutevel como oacuteleo mineral O valor de saponificaccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

foi de 199 mg KOHg Valor similar aos iacutendices de saponificaccedilatildeo dos oacuteleos de

girassol (18898 mg KOHg) oacuteleo de oliva (19193mg KOHg) e buriti (192mg KOHg)

(SILVA et al 2008 NEHDI 2013 WALIA et al 2014)

522 Determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute por

cromatografia gasosa

A anaacutelise da composiccedilatildeo de aacutecidos graxos por cromatografia gasosa constitui

um mecanismo importante para avaliar a autenticidade dos oacuteleos vegetais Estes

satildeo aacutecidos monocarboxilicos com cadeias de 8 a 24 aacutetomos de carbonos e vaacuterios

graus de insaturaccedilotildees Conforme a espeacutecie oleaginosa variaccedilotildees na composiccedilatildeo

quiacutemica do oacuteleo vegetal satildeo expressas por variaccedilotildees na relaccedilatildeo molar entre os

diferentes aacutecidos graxos presentes na estrutura do triacilglicerol (MORETTO FETT

1998) Por isso a determinaccedilatildeo do perfil de aacutecidos graxos pode ser visto como o

57

principal paracircmetro de autenticidade do oacuteleo vegetal e este procedimento eacute

geralmente realizado por meio de cromatografia gasosa (GUNGSTONE 2004)

A Tabela 3 apresenta a composiccedilatildeo e a Figura 9 apresenta o perfil de aacutecidos

graxos presentes no oacuteleo de accedilaiacute Como foi observado em outras pesquisas

(ROGEZ 2000 MANTOVANI et al 2003 NASCIMENTO et al 2008 PACHECO-

PALENCIA et al 2008a) o oacuteleo de accedilaiacute apresenta cerca de 70 de aacutecidos graxos

insaturados esses satildeo representados principalmente pelo aacutecido oleico (4758)

aacutecido linoleico (1358) e aacutecido palmitoleico (69)

Tabela 3 Composiccedilatildeo de aacutecidos graxos do oacuteleo de Euterpe oleracea Mart por cromatografia gasosa

Aacutecidos graxos Oacuteleo de accedilaiacute Oacuteleo de oliva Oacuteleo de abacate

Aacutecido oleico 181 4758 555-83 457

Aacutecido linoleico 182 1358 35-21 154

Aacutecido palmiacutetico 160 2406 75- 20 281

Aacutecido palmitoleico 161 694 03-35 91

Aacutecido miriacutestico140 175 - -

Aacutecido laacuteurico 120 477 - -

Traccedilos - - -

Brasil (1999)

Rogez (2000)

Alguns pesquisadores (ROGEZ 2000 NASCIMENTO et al 2008 SILVA e

ROGEZ 2013) compararam o perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute com o perfil

dos oacuteleos de oliva e de abacate Estes satildeo dois produtos vegetais muito apreciados

no mercado utilizados na induacutestria de alimentos e de cosmeacuteticos na forma in natura

e como mateacuteria- prima

Tal como os oacuteleos de abacate e de oliva o oacuteleo extraiacutedo da polpa do accedilaiacute

tambeacutem apresenta grande potencial de emprego em produtos cosmeacuteticos

farmacecircuticos e alimentiacutecios (FERRARI e ROCHA- FILHO 2011) Aleacutem de servir

como mateacuteria- prima o oacuteleo apresenta um leque de atividades farmacoloacutegicas jaacute

58

avaliadas em outros trabalhos tais como antiiproliferativa anti-inflamatoacuteria anti-

oxidante e hipocolisterilecircmica (SHAUSS et al 2006b BORGES et al 2011 KANG

et al 2012)

Figura 9 Perfil de aacutecidos graxos do oacuteleo de accedilaiacute

523 Espectroscopia na regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho tem o objetivo de identificar ou

mesmo determinar os grupos funcionais caracteriacutesticos dos compostos orgacircnicos

propiciando um conhecimento preliminar da sua estrutura quiacutemica A constituiccedilatildeo

quiacutemica dos oacuteleos vegetais em geral eacute muito parecida Estes satildeo compostos

principalmente por triacliglicerois tri-esteacuteres formados pela ligaccedilatildeo do glicerol com

trecircs moleacuteculas de aacutecido graxo (FONSECA e YOSHIDA 2009 JADVNIA et al 2013)

O espectro do oacuteleo de accedilaiacute apresentado na Figura 10 revelou uma banda em

3476 cm-1 que corresponde as vibraccedilotildees de grupamentos hidroxilas Um estiramento

em 3012 cm-1 caracteriacutestica das vibraccedilotildees de grupamentos CH com duplas ligaccedilotildees

sugestivo de cadeias insaturadas de aacutecidos graxos Um estiramento em 2935 cm-1

59

que corresponde a ligaccedilatildeo CH dando diagnoacutestico de cadeias carbocircnicas alifaacuteticas

saturadas Uma banda de alta intensidade em 1750 cm-1 corresponde a grupos

carbonilas presentes em aacutecidos carboxiacutelicos e eacutesteres (FERREIRA et al 2012

JAVDINIA et al 2013 COSTA et al 2013) O estiramento em 1162 cm-1 segundo

Fonseca e Yoshida (2009) sugere as ligaccedilotildees ester presentes nos triacilgliceroacuteis

(Tabela 4)

Figura 10 espectro da regiatildeo do infravermelho do oacuteleo de accedilaiacute

60

Tabela 4 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao oacuteleo de accedilaiacute

524 Estabilidade oxidativa do oacuteleo de accedilaiacute- RANCIMAT

A estabilidade oxidativa eacute um paracircmetro global de qualidade de oacuteleos

vegetais A partir da curva de condutividade (micros) vs tempo obteacutem-se um ponto que

corresponde ao iacutendice de estabilidade oxidativa ou o periacuteodo de induccedilatildeo esse

periacuteodo foi de 1179 h para o oacuteleo de accedilaiacute (Figura 11) de acordo com a ANP

No142012 o oacuteleo de accedilaiacute tem um tempo de induccedilatildeo aceitaacutevel que deve ser de no

miacutenimo 6 horas Abaixo desse pondo praticamente natildeo existe formaccedilatildeo de

compostos provenientes da oxidaccedilatildeo enquanto que acima do mesmo ocorre raacutepido

aumento da taxa de oxidaccedilatildeo do iacutendice de peroacutexidos da absorccedilatildeo de oxigecircnio e da

formaccedilatildeo de volaacuteteis (ANTONIASSI 2001) Os principais produtos resultantes da

oxidaccedilatildeo de oacuteleos vegetais satildeo os aacutecidos orgacircnicos principalmente o aacutecido foacutermico

aacutecido aceacutetico aacutecido caproico aacutecido propriocircnico aacutecido butiacuterico e aacutecido valeacuterico

(DEMAN et al 1987)

A suscetibilidade dos oacuteleos vegetais de sofrer oxidaccedilatildeo depende de vaacuterios

fatores os mais importantes satildeo grau de instauraccedilatildeo luz temperatura presenccedila de

antioxidantes e de proacute-antioxidantes (clorofila e metais) enzimas e microorganismos

Com exceccedilatildeo dos antioxidantes eles protegem os aacutecidos graxos da deterioraccedilatildeo

lipiacutedica (LEONARDIS e MACCIOLA 2012) todos esses fatores contribuem para a

Faixa de

absorccedilatildeo (cm-1)

Tipo de ligaccedilatildeo

3476 OH

3012 CH

2935 CH

1750 C=O

1448 -C=C-

1162 C-O

61

deterioraccedilatildeo lipiacutedica com consequente diminuiccedilatildeo do tempo de induccedilatildeo e do tempo

de prateleira do oacuteleo vegetal e dos produtos derivados desse (ANTONIASSI 2001)

Figura 11 tempo de induccedilatildeo do oacuteleo de accedilaiacute

525 Anaacutelises teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

A Figura 12 mostra as curvas de TG e DTG A curva TG (Figura 12) fornece

informaccedilotildees com relaccedilatildeo agraves variaccedilotildees da massa do oacuteleo de accedilaiacute em funccedilatildeo da

temperatura sob atmosfera inerte de N2 A DTG eacute a primeira derivada da curva TG

Nesta os ―degraus correspondentes agraves variaccedilotildees de massa da curva TG satildeo

substituiacutedos por picos que determinam aacutereas proporcionais agraves variaccedilotildees de massa

tornando as informaccedilotildees referentes agrave estabilidade teacutermica do oacuteleo de accedilaiacute

visualmente mais acessiacuteveis e com melhor resoluccedilatildeo (SILVA et al 2007)

A estabilidade teacutermica do oacuteleo foi determinada pelo intervalo de tempo que a

massa permaneceu inalterada esse intervalo durou ateacute a amostra atingir a

temperatura de 24171 ordmC A curva DTG mostra claramente um uacutenico pico

descendente resultado dessa perda de massa que ocorreu durante o intervalo de

temperatura de 24171 ordmC a 48114 ordmC com 99545 de perda e massa (Tabela 5)

Essa perda deve-se principalmente a degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos tipicamente

quanto maior for o grau de insaturaccedilatildeo do aacutecido graxo menor a estabilidade teacutermica

Portanto os aacutecidos oleico linoleico palmitoleico presentes no oacuteleo de accedilaiacute

provavelmente foram degradados antes que os aacutecidos laacuteurico palmiacutetico e miriacutestico

Isso ocorre porque o ponto de ebuliccedilatildeo dos aacutecidos graxos insaturados eacute menor em

relaccedilatildeo aos seus equivalentes saturados (SOLIacuteS-FUENTES et al 2010 COSTA et

al 2013)

62

A ∆H foi registrada pela curva de DTA Figura 12 A curva DTA representa os

registros da ∆H em funccedilatildeo da temperatura (T) de modo que os eventos satildeo

apresentados na forma de picos Os picos ascendentes caracterizam os eventos

exoteacutermicos e os descendentes os endoteacutermicos o oacuteleo de accedilaiacute apresentou apenas

um pico descendente caracterizando um evento endoteacutermico provavelmente

consequecircncia da decomposiccedilatildeo teacutermica da amostra (CHEIKH-ROUHOU et al 2007

COSTA et al 2013) Esse pico esta compreendido na faixa de temperatura de

25980 degC a 48323 degC ∆H= -1202 J (Tabela 5) Esse evento provavelmente

corresponde agrave degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos saturados e insaturados devido a

oxidaccedilatildeo quase que completa da amostra (COSTA et al 2013)

Figura 12 Curvas TG DTG e DTA referentes ao oacuteleo de accedilaiacute

63

Tabela 5 dados termogravimeacutetricos (TG) e termodiferenciais (DTA) do oacuteleo de accedilaiacute

Etapas de

decomposiccedilatildeo

Temperatura

inicial (degC)

Temperatura

final (degC)

Perda de

massa ()

∆H (J)

1 24171 48114 99541 -829

As anaacutelises de DSC do oacuteleo de accedilaiacute obtiveram resultados semelhantes as das

anaacutelises de DTA Como mostra a Figura 13 foi observado eventos na mesma faixa

de temperatura em que foi registrado perda de massa do oacuteleo Foi registrado dois

eventos endoteacutermico na curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute o primeiro estaacute na faixa de 300-

410degC com ∆H= 674jg e o segundo estaacute na faixa de 433-426degC com ∆H= 024Jg

Figura 13 Curva DSC do oacuteleo de accedilaiacute

64

53 Estudos de preacute-formulaccedilatildeo

O desenvolvimento de uma forma farmacecircutica eficaz segura e de qualidade

requer estudos de preacute-formulaccedilatildeo associado agrave Boas Praacuteticas de Fabricaccedilatildeo Esse

estudo eacute fundamental para o pesquisador conhecer as propriedades fiacutesico-quiacutemicas

dos excipientes e dos faacutermacos quando associados e aacute interaccedilatildeo dos mesmos

(PRISTA et al 2003)

O Procetyl AWSreg eacute um tensoativo natildeo-iocircnico da classe dos polioxietileinos e

polioxipropileno obtida pela reaccedilatildeo de um aacutelcool de origem natural com 20

moleacuteculas de oacutexido de etileno (OE) mais 5 moleacuteculas de oacutexido de propileno (OP)

(DI SERIO et al 2005) A Figura 14 mostra a cadeia carbonica do Procetyl AWSreg e

a figura 15 o espectro na regiatildeo do infravermelho do Procetyl AWSreg

Figura 14 Estrutura da cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg (KLEIN 2007)

Figura 15 espectros na regiatildeo do infravermelho do oleo de acaiacute Procetyl AWSreg e da mistura binaacuteria

65

Tabela 6 Bandas de absorccedilatildeo na regiatildeo do infravermelho correspondente ao Procetyl AWSreg

Faixa de absorccedilatildeo (cm-1) Tipo de ligaccedilatildeo

3496 OH

2902 C-H (alcanos)

1454 CH3

1250-950 C-O-O

As bandas do espectro na regiatildeo do IV do Procetyl AWSreg descritas na tabela

6 e mostradas na Figura 15 satildeo coerentes com a cadeia carbocircnica exposta na figura

14 O estiramento 3496 cm-1corresponde agrave hidroxila provavelmente procedente da

regiatildeo polar do tensoativo Ja as bandas na faixa de 2902 cm-1 e 1454 cm-1 eacute

devido agrave cadeia carbocircnica do Procetyl AWSreg As bandas consecutivas observadas

na figura 15 na faixa de 950- 1250 cm-1 satildeo provavelmente originadas a partir das

vibraccedilotildees dos grupamentos epoxi dos oacutexido de etileno (SILVERTEIN et al 2006)

A Figura 15 mostra os espectros da mistura do oleo de acaiacute e do Procetyl

AWSreg na proporccedilatildeo 11 Aleacutem de observar as bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais dos components da formulaccedilatildeo a espectroscopia na regiatildeo do

infravermelho auxilia na comprovaccedilatildeo de que natildeo houve interaccedilatildeo quiacutemica dessas

substacircncia quando misturadas Pois o espectro da mistura natildeo apresenta qualquer

banda que seja estranho ao oleo de accedilaiacute ou ao Procetyl AWSreg ele apenas repete

as bandas caracterIacutesticas dessas substacircncias (NUNES 2008)

Os estudos de anaacutelise teacutermica do Procetyl AWSreg mostraram que este possui

apenas um estaacutegio de decomposiccedilatildeo observado na Figura 16 Aproximadamente

989 da massa total do Procetyl AWSreg foi perdida no intervalo de temperatura de

34577 ordmC e 48638 ordmC como uma ∆H= - 401 J

66

Figura 16 Curva TG e DTG do Procetyl AWSreg

As analises teacutermicas do Procetyl AWSreg foram concluiacutedas quando este foi

submetido ao DSC A Figura 17 apresenta as curvas de DSC do oleo de accedilaiacute do

Procetyl AWSreg e da mistura dos dois numa proporccedilatildeo de 11 O Procetyl AWSreg

apresenta dois picos ascendente indicativo de evento exoteacutermico O primeiro pico

estaacute no intervalo de temperatura de 36869degC- 39551degC com ∆H= - 10 44 jg O

segundo pico estaacute no intervalo de temperatura de 40552degC- 42777ordmC com ∆H=

4299 jg

A curva de DSC do oacuteleo de accedilaiacute revela um uacutenico pico descendente

caracteriacutestico de eventos endodeacutermicos (Figura 17) Este pico estaacute compreendido no

intervalo de temperatura de 39855degC- 41063degC com ∆H= 674 Jg A mistura

binaacuteria do procetyl e do oacuteleo de acaiacute revela dois picos um ascendente caracteriacutestico

de eventos exoteacutermicos e um descendente caracteristico de eventos endoteacutermicos

O primeiro esta compreendido no intervalo de 33265degC- 37425degC com ∆H= 1521

Jg esses dados satildeo semelhantes aos observados na curva do Procetyl AWSreg

sozinho O segundo evento da curva da mistura binaacuteria ocorre no intervalo de

temperatura de 45266ordmC- 41541degC com ∆H= 6641 Jg esses dados satildeo

semelhantes aos dados observados quando analisou-se somente o oacuteleo de acaiacute

67

Portanto pode-se concluir que o Procetyl AWSreg e o acai natildeo interagem entre si ja

que natildeo foi observado nenhum evento na curva da mistura binaacuteria for a da faixa de

temperatura dos eventos observados no oleo de acai e no Procetyl AWSreg

Figura 17 Anaacutelises por DSC do oleo de acai Procetyl AWSreg e mistura binaacuteria

68

55 Obtenccedilatildeo de sistemas liacutequido cristalinos

O diagrama ternaacuterio eacute uma excelente ferramenta para investigaccedilatildeo de

sistemas liacutequido cristalinos atraacuteves dele eacute possiacutevel descrever graficamente os

diversos sistemas formados a partir da mistura dos trecircs componentes do diagrama

(CARVALHO et al 2013) A variaccedilatildeo das proporccedilotildees desses componentes ao longo

do diagrama permite a obtenccedilatildeo de um grande nuacutemero de formulaccedilotildees com

diferentes propriedades fiacutesico-quiacutemicas (CARVALHO et al 2013)

A modificaccedilatildeo progressiva da composiccedilatildeo dessas formulaccedilotildees

influenciam as propriedades termodinacircmicas do sistema minimizando sua energia

livre (KULKARNI 2012) As observaccedilotildees dessas propriedades e sua evoluccedilatildeo com a

composiccedilatildeo das formulaccedilotildees podem fornecer informaccedilotildees especiacuteficas sobre a

estrutura do meio De acordo com as condiccedilotildees e proporccedilotildees dos componentes do

diagrama pode-se delimitar regiotildees em que ocorre a formaccedilatildeo de sistema

homogecircneo de caracteriacutestica isotroacutepica (sistemas microemulsionados e cristais

liacutequidos de fase cuacutebica) anisotroacutepica (cristais liacutequidos de fase hexagonal e lamelar)

e sistemas emulsionados comuns (OLIVEIRA et al 2004)

Assim o diagrama ternaacuterio foi empregado com o objetivo de delimitar as

condiccedilotildees experimentais da formaccedilatildeo de cristais liacutequidos Ele foi construiacutedo variando-se

de 10 em 10 as concentraccedilotildees de aacutegua oacuteleo de accedilaiacute e Procetyl AWSreg obtendo-se 36

formulaccedilotildees Apoacutes 24 horas da manipulaccedilatildeo as emulsotildees foram inspecionadas

visualmente com o propoacutesito de investigar sua estabilidade fiacutesica caracteriacutesticas oacuteticas e

viscosas para entatildeo realizar-se um mapeamento preacutevio do diagrama ternaacuterio

Todas as emulsotildees apresentaram coloraccedilatildeo verde caracteriacutestica do oacuteleo de

accedilaiacute A respeito da viscosidade elas foram divididas em emulsotildees leitosas de alta

viscosidade sistemas de alta viscosidade com propriedades ressonantes sistemas de

meacutedia viscosidade com aspecto de gel e sistemas liacutequidos A Tabela 7 descreve todas as

caracteriacutesticas macroscoacutepicas das formulaccedilotildees 24 horas apoacutes a preparaccedilatildeo

69

Tabela 7 Resultado das formulaccedilotildees obtidas com auxiacutelio do diagrama ternaacuterio

Formulaccedilatildeo Resultados

1 Separaccedilatildeo de fases

2 Separaccedilatildeo de fases

3 Separaccedilatildeo de fases

4 Separaccedilatildeo de fases

5 Separaccedilatildeo de fases

6 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

7 Separaccedilatildeo de fases

8 Separaccedilatildeo de fases

9 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

10 Separaccedilatildeo de fases

11 Separaccedilatildeo de fases

12 Gel transluacutecido

13 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

14 Gel ressonante de alta viscosidade

15 Separaccedilatildeo de fases

16 Separaccedilatildeo de fases

17 Gel transluacutecido

18 Gel ressonante de alta viscosidade

19 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

20 Gel ressonante de alta viscosidade

21 Separaccedilatildeo de fases

22 Emulsatildeo liacutequida

23 Emulsatildeo liacutequida

24 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

25 Gel ressonante de alta viscosidade

26 Gel ressonante de alta viscosidade

27 Emulsatildeo leitosa

28 Separaccedilatildeo de fases

29 Emulsatildeo liacutequida

30 Emulsatildeo liacutequida

31 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

32 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

33 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

34 Emulsatildeo leitosa de alta viscosidade

35 Separaccedilatildeo de fases

36 Separaccedilatildeo de fases

70

A Figura 18 mostra o diagrama ternaacuterio aacuteguaProcetyl AWSreg oacuteleo de

accedilaiacute As aacutereas especificadas como SLI (sistema liacutequido isoacutetropico) CL (cristais

liacutequidos) natildeo mostraram sinais de instabilidade fiacutesica Diferente da aacuterea EI que eacute

constituiacuteda por formulaccedilotildees que apresentaram separaccedilatildeo de fases ou outro sinal de

instabilidade fiacutesica como floculaccedilatildeo ou cremeaccedilatildeo A aacuterea do diagrama identificada

como E corresponde agrave sistemas emulsionados comuns

Esses processos de instabilidade observados nas formulaccedilotildees da aacuterea EI

provavelmente foi produto das seguintes condiccedilotildees fraccedilatildeo volumeacutetrica inadequada

das fases categoria quiacutemica e concentraccedilatildeo inadequada do emulsificante tempo e

velocidade de agitaccedilatildeo inadequados e tempos de aquecimento e resfriamento

improacuteprios para os sistemas (SILVA JUacuteNIOR 2000)

71

Figura 18 Diagrama ternaacuterio- SLI (sistemas liacutequidos isotroacutepicos) CL (cristai liacutequidos) E (emulsatildeo) e

EI (emulsatildeo instaacutevel)

As formulaccedilotildees localizadas nas aacutereas do diagrama identificadas como CL e

SLI foram submetidas agrave anaacutelise por MLP Aquelas localizadas na aacuterea SLI satildeo

formulaccedilotildees liacutequidas e quando submetidas agrave microscopia de luz polarizada

comportam-se como materiais isotroacutepicos As formulaccedilotildees localizadas na aacuterea CL

desviaram o plano luz revelando estruturas birrefringentes com textura caracteriacutestica

de arranjos angulares na forma de ―estrias caracteriacutestica de cristais liacutequidos de fase

hexagonal (Figura 19) Algumas formulaccedilotildees presentes na aacuterea CL natildeo desviaram o

plano de luz polarizada poreacutem diferente das microemulsotildees apresentaram-se como

sistemas de alta viscosidade com ressonacircncia Tais caracteriacutesticas satildeo atribuiacutedas agrave

cristais liacutequidos de fase cuacutebica (CARVALHO et al 2013) A aacuterea do diagrama

ternaacuterio natildeo identificada eacute constituiacuteda por sistemas dispersos emulsionados

Por serem sistemas isotroacutepicos a fase cuacutebica natildeo eacute identificada por MLP por

isso vem-se empregando outras teacutecnicas como o espalhamento de raios-X a baixo

acircngulo (SAXs) com o objetivo de realizar esse procedimento de identificaccedilatildeo de

mesofases cuacutebicas de maneira mais segura Atraveacutes do SAXs obtecircm-se informaccedilotildees

72

sobre o tamanho forma quantidade e o arranjo dos objetos espalhados na amostra

As curvas de SAXS para sistemas liacutequido cristalinos exibem picos cujo nuacutemero e

razatildeo entre as distacircncias de correlaccedilatildeo permitem determinar o arranjo que os

aacutetomos formam na matriz (CHORILLI et al 2009 CARVALHO et al 2013)

A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos ocorre quando a concentraccedilatildeo do tensoativo eacute

superior a CMC os tensoativos com uma uacutenica cadeia de hidrocarboneto tendem a

formar cristais liacutequidos a partir da concentraccedilatildeo de 25 a 30 (MILAK e ZIMMER

2014) O tensoativo utilizado Procetyl AWSreg eacute classificado como natildeo-iocircnico da

classe dos polietilenos e polioxipropilenos e pode ser usado em preparaccedilotildees de uso

toacutepico e em mucosas segundo Rocha e Silva et al (2010) numa concentraccedilatildeo de

ateacute 60 sem provocar danos ao usuaacuterio

Neste trabalho foi observado a formaccedilatildeo de cristais liacutequidos nas

concentraccedilotildees de 20 a 50 de tensoativo as fases identificadas foram a hexagonal

e a cuacutebica As formulaccedilotildees F14 e F20 quando submetidas agrave MLP e natildeo desviaram o

plano de luz polarizada mas satildeo sistemas de alta viscosidade e apresentaram

ressonacircncia (Figura 19) Os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo reconhecidos pela

sua alta viscosidade e alguns autores os descrevem como geacuteis ressonantes porque

quando tocados tem a propriedade de ―vibrar (SILVA JUacuteNIOR 2000 WANG et al

2006)

De acordo com Alam et al (2010) existe pelo menos dois tipos de fase

cuacutebica descontiacutenua e bicontiacutenua A fase descontiacutenua ainda eacute fracionada em fase

micelar I1 e fase micelar reversa I2 A formaccedilatildeo de cristais liacutequidos cuacutebicos ocorre em

altas concentraccedilotildees de fase aquosa e geralmente quando o sistema eacute constituiacutedo

por tensoativos altamente hidrofiacutelicos tal como o Procetyl AWSreg que apresenta

EHL 16 (Croda 2002) O aumento da quantidade de aacutegua em torno das cabeccedilas

polares (oacutexido de etileno) do tensoativo tende a promover organizaccedilotildees mais

complexas e riacutegidas tal como as mesofases cuacutebicas Os mesmos autores Alam et

al (2010) afirmam que quando trata-se de um tensoativo mais lipofiacutelico geralmente

haacute formaccedilatildeo de um sistema micelar

As formulaccedilotildees F18 F25 e F26 semelhante a F14 e F20 satildeo sistemas de

alta viscosidade que quando tocados tambeacutem eacute observado a propriedade de

ressonacircncia poreacutem quando submetido agrave MLP observa-se ―estrias (Figura 19)

Normalmente a fase hexagonal eacute formada quando haacute altas concentraccedilotildees de

tensoativo estas formulaccedilotildees apresentam maiores concentraccedilotildees de tensoativo e

73

menor concentraccedilatildeo de fase aquosa que a F14 e F20 por isso sugere-se que estas

formulaccedilotildees F18 F25 e F26 podem estar em uma fase intermediaacuteria entre a fase

hexagonal e fase cuacutebica (Tabela 8) Propondo-se uma futura anaacutelise de SAXs para a

caracterizaccedilatildeo desses sistemas a fim de identificar a real mesofase de tais

sistemas

Tabela 8 Constituiccedilatildeo dos cristais liacutequidos

Formulaccedilotildees Tensoativo () Aacutegua () Oacuteleo de accedilaiacute

()

Mesofases

12 40 20 40 Hexagonal

14 20 40 40 Cuacutebica

17 50 20 30 Hexagonal

18 40 30 30 Cuacutebica hexagonal

20 20 50 30 Cuacutebica

25 40 40 20 Cuacutebicahexagonal

26 30 50 20 Cuacutebicahexagonal

Sugestivo de cuacutebica por apresentar ressonacircncia poreacutem eacute necessaacuterio avaliaccedilatildeo por

SAXS

Por fim as formulaccedilotildees F12 e F17 foram caracterizadas como sistemas

liacutequido cristalinos de fase hexagonal tanto pelas suas caracteriacutesticas

macroscoacutepicas aparecircncia de gel quanto pela suas caracteristicas microscoacutepicas

sistemas anisotroacutepicos com arranjos angulares com carcteriacutestica de ―estrias (Figura

19)

As mesofases hexagonal e cuacutebica obtidas satildeo de grande interesse como

sistemas drug delivery devido ao seu potencial excepcional como veiacuteculos de

drogas Estes sistemas satildeo capazes de veicular faacutermaco hidrofiacutelicos e lipofiacutelicos

Alguns autores relatam que estes sistemas possuem caracteriacutesticas natildeo-toacutexicas

biodegradaacuteveis e bioadesivas podendo ser por isso veiacuteculos de escolha para

sistemas drug delivery de uso gastrointestinal pulmonar nasal oral e retal

(CLOGSTON e CAFFREY 2005 GUO et al 2010) A formulaccedilatildeo 20 por apresentar

menor quantidade de tensoativos portanto ser mais segura melhor apresentaccedilatildeo

74

fiacutesica maior quantidade de aacutegua pouca quantidade de oacuteleo o que a torna mais

barata poderia ser explorada em outros estudos a fim de ser analisada suas

caracteriacutesticas bioadesivas e sua possibilidade de ser empregada como um sistema

de liberaccedilatildeo prolongada de drogas

F 12 ―estrias sistema anisotroacutepico F 14 campo escuro sistema isotroacutepic

F 17 ― estrias sistema anisotroacutepico F 18 ―estrias sistema anisotroacutepico

75

F 20 campo escuro sistema isotroacutepico F 25 ― estrias sistema anisotroacutepico

F 26 ― estrias sistema anisotroacutepico

Figura 19 Fotomicrografias dos sistemas liacutequido cristalino

76

56 Caracterizaccedilatildeo reoloacutegica

O conhecimento do comportamento reoloacutegico dos produtos farmacecircuticos eacute

essencial durante o desenvolvimento farmacoteacutecnico Pois vaacuterias etapas deste satildeo

influenciadas pela reologia da formulaccedilatildeo tais como o envase a homogeneizaccedilatildeo

a escolha da embalagem a remoccedilatildeo do roduto da embalagem antes da aplicaccedilatildeo e

ainda seu comportamento in vivo (LEE et al 2009)

A reologia da emulsatildeo eacute uma manifestaccedilatildeo direta da organizaccedilatildeo molecular

do sistema (TADROS 2013) Por isso a caracterizaccedilatildeo reoloacutegica junto com os

resultados da MLP permitiu uma melhor compreensatildeo sobre o niacutevel de organizaccedilatildeo

interna das formulaccedilotildees Atraveacutes da anaacutelise da Figura 20 que traz o comportamento

reoloacutegico dos sistemas liacutequido cristalinos observa-se que as curvas que traduzem o

comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees F14 F20 e F26 a tensatildeo de

cisalhamento varia de acordo com a forccedila de deformaccedilatildeo empregada

caracterizando um fluido natildeo- newtoniano (Figura 20)

Quando aplicada-se uma forccedila de cisalhamento nota-se que a viscosidade do

sistema diminui de acordo com o aumento da intensidade da forccedila esse fato e o

valor do iacutendice de fluxo (n) ser inferior a 1 eacute indicativo de pseudoplasticidade

Observa-se tambeacutem que para escoar essas formulaccedilotildees necessitam de uma

forccedila miacutenima para comeccedilar o escoamento denominado ponto de escoamento esse

comportamento eacute observado nos plaacutesticos de Bingham Segundo Barnes (2000)

esses fluidos se comportam como um soacutelido sob condiccedilotildees estaacuteticas e necessitam

de uma forccedila miacutenima para iniciar o escoamento Isso pode ser atribuiacutedo agrave formaccedilatildeo

de uma rede tridimensional (LEE et al 2009)

As formulaccedilotildees F18 e F26 quando analisadas natildeo foi possiacutevel verificar o

comportamento reoloacutegico por conta de sua alta viscosidade o reocircmetro utilizado

para anaacutelise natildeo teve condiccedilotildees teacutecnicas de prosseguir a anaacutelise e gerar um

resultado As formulaccedilotildees F12 e F17 quando foram submetidas a uma forccedila de

cisalhamento separam de fase e natildeo apresentam resultado conclusivo assim as

amostras natildeo seguiram no estudo

Segundo Wang et al (2006) os cristais liacutequidos de fase cuacutebica satildeo

suficientemente riacutegidos e natildeo fluem ateacute que seja aplicada uma forccedila sobre eles tecircm

sido referidos entre outras coisas como sistemas isotroacutepicos de alta viscosidade gel

viscoelaacutestico e geacuteis ressonantes Seu comportamento reoloacutegico eacute semelhante ao de

77

soacutelidos em razatildeo de sua organizaccedilatildeo tridimensional que tornam esses sistemas

altamente viscosos

As formulaccedilotildees revelaram aacuterea de histerese (Figura 20) A aacuterea de histerese

eacute o espaccedilo entre a curva descendente e a curva ascendente das curvas de fluxo

quanto maior for esta variaacutevel maior o grau de tixotropia do sistema Um material

tixotroacutepico tem sua viscosidade aparente diminuiacuteda quando aplica-se uma forccedila de

cisalhamento poreacutem com a diminuiccedilatildeo dessa forccedila a viscosidade aparente volta a

ser como era antes da aplicaccedilatildeo da forccedila (Lee et al 2009)

Figura 20 Reogramas das formulaccedilotildees F14 F20 e F26

78

Na dermocosmeacutetica a tixotropia eacute desejaacutevel pois os produtos tixotroacutepicos

tornam-se mais fluidos com aplicaccedilatildeo da taxa de cisalhamento isso ajuda a

espalhar o produto no local de aplicaccedilatildeo quando a forccedila eacute retirada o produto volta

ao normal evitando que este flua sobre a pele (PIANOSVIKI 2008) Produtos

tixotroacutepicos tambeacutem satildeo importantes sistemas de drug delivery pois tendem a

permanecer mais tempo no local da administraccedilatildeo aumentando a biodisponibilidade

sistecircmica do farmaacuteco (LEE et al 2009)

56 Estudos de estabilidade

De acordo com a Farmacopeia Americana (USP 2004) estabilidade pode ser

definida como a capacidade de um produto manter dentro de limites especificados

as mesmas propriedades e caracteriacutesticas que possuiacutea quando de sua fabricaccedilatildeo

durante o seu periacuteodo de armazenamento e uso

A estabilidade de produtos farmacecircuticos depende de fatores ambientais

como temperatura umidade e luz e de outros relacionados ao proacuteprio produto como

propriedades fiacutesicas e quiacutemicas de substacircncias ativas e excipientes farmacecircuticos

forma farmacecircutica e sua composiccedilatildeo processo de fabricaccedilatildeo tipo e propriedades

dos materiais de embalagem (BRASIL 2005)

Quando fala-se em sistemas emulsionados a instabilidade fiacutesica pode se

manifestar atraveacutes de trecircs maneiras cremeaccedilatildeo floculaccedilatildeo e coalescecircncia A

cremeaccedilatildeo eacute resultado da influecircncia de forccedilas externas sobre o sistema

emulsionado geralmente a forccedila gravitacional e centriacutepeta Essas forccedilas excedem o

movimento Browniano das gotiacuteculas que tendem a depositar-se na parte inferior

(sedimentaccedilatildeo) ou superior (cremeaccedilatildeo) da formulaccedilatildeo dependendo da densidade

destas em relaccedilatildeo agrave fase externa (TADROS 2013) A floculaccedilatildeo ocorre quando as

forccedilas de repulsatildeo entre as gotiacuteculas diminuem e estas se agrupam entretanto sem

aumentar de tamanho Diferente da cremeaccedilatildeo e da floculaccedilatildeo que satildeo processos

reversiacuteveis a coalescecircncia leva a total separaccedilatildeo das fases da emulsatildeo ocasionada

pela ruptura dos filmes em volta das gotiacuteculas que tendem a juntar-se em gotiacuteculas

maiores ateacute a total separaccedilatildeo de fases (PIANOVSKI et al 2008 TADROS 2013)

Agrave medida que as emulsotildees se tornam instaacuteveis suas caracteriacutesticas fiacutesico-

quiacutemicas variam Para verificar tais variaccedilotildees pode-se determinar o valor do pH

79

viscosidade densidade condutividade eleacutetrica umidade tamanho da partiacutecula

entre outros (ANVISA 2004)

Os testes de estabilidade preliminar satildeo importantes para auxiliar na triagem

de formulaccedilotildees A centrifugaccedilatildeo enquadra-se nesta categoria Quando centrifuga-se

um sistema emulsionado pode-se verificar se haacute possibilidade de haver coalescecircncia

ou cremeaccedilatildeo com aquele sistema jaacute que a centrifugaccedilatildeo simula a accedilatildeo da

gravidade sobre aquele sistema (FERRARI e ROCHA-FILHO 2011 TADROS

2013) Neste trabalho todas amostras que natildeo separaram no intervalo de 24 horas

foram submetidos a ciclo de centrifugaccedilatildeo aquelas que apresentaram separaccedilatildeo de

fases foram retiradas do estudo

A avaliaccedilatildeo macroscoacutepica tambeacutem se enquadra como um teste de triagem

As formulaccedilotildees satildeo analisadas quanto a sua aparecircncia fiacutesica isso natildeo significa

apenas avaliar sinais instabilidade fiacutesica mas tambeacutem sua esteacutetica Avalia-se

tambeacutem a cor e o odor das formulaccedilotildees por isso pode-se dizer que todas

apresentaram tons de verde algumas verde mais claro outras mais escuro Essa

tonalidade deve-se ao oacuteleo de accedilaiacute rico em clorofilas Todas as formulaccedilotildees tinham

o odor caracteriacutestico do oacuteleo de accedilaiacute e mesmo depois de 30 dias armazenadas em

estufa numa temperatura de 45ordmC o odor natildeo modificiou

A verificaccedilatildeo do pH foi outro teste de estabilidade preliminar este foi realizado

nas primeiras 24 horas e no 7ordm e 30ordm dias A Tabela 9 mostra o resultado do pH nas

primeiras 24 horas 7deg e 30deg dias atraacuteves desta tabela observa-se que

matematicamente natildeo houve muita variaccedilatildeo no pH das formulaccedilotildees com exceccedilatildeo

daquelas armazenadas em temperatura de 45ordmC Provavelmente isso aconteceu por

conta da temperatura de armazenamento segundo Masmoudi et al (2005) a

diminuiccedilatildeo do pH pode representar uma oxidaccedilatildeo da fase oleosa com formaccedilatildeo de

hidroperoacutexidos ou mesmo a hidroacutelise de trigliceriacutedeos levando agrave formaccedilatildeo de aacutecidos

graxos livres

A formaccedilatildeo de aacutecidos graxos livres depende das condiccedilotildees de

armazenamento da exposiccedilatildeo agrave luz do amadurecimento do fruto entre outros

Segundo Coimbra e Jorge (2011) o fato do oacuteleo de accedilaiacute ser extraiacutedo da polpa do

fruto contribui para o aumento do iacutendice de acidez isso porque na polpa haacute enzimas

que iniciam o processo de degradaccedilatildeo dos triacilglicerois mesmo antes da extraccedilatildeo

do oacuteleo O aumento do iacutendice de acidez pode ser acompanhado por alteraccedilatildeo nas

caracteriacutesticas organoleacutepticas do oacuteleo dependendo do niacutevel de oxidaccedilatildeo e

80

consequentemente da formulaccedilatildeo obtida atraveacutes deste poreacutem natildeo foi percebido

nenhuma alteraccedilatildeo de cor ou odor nas formulaccedilatildeo armazenadas na estufa

Tabela 9 Resultado do pH da formulaccedilotildees

Periacuteodo Amostra Temp Ambiente Estufa Geladeira

24 horas 14 65

plusmn0050

- -

20 72plusmn050 - -

26 68plusmn020 - -

7 dias 14 64plusmn030 721plusmn010 648plusmn0030

20 632plusmn040 7plusmn0010 694plusmn010

26 655plusmn020 718plusmn010 705plusmn0120

30 dias 14 705plusmn0080 57plusmn050 668plusmn030

20 702plusmn020 59plusmn050 71plusmn0210

26 699plusmn040 58plusmn0090 72plusmn020

A determinaccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees foi realizado

nas primeiras 24 horas e nos 7ordm e 30ordm dias As anaacutelises reoloacutegicas satildeo fundamentais

para se obter informaccedilotildees da estabilidade fiacutesica e consistecircncia do produto As

propriedades sensoriais dos produtos farmacecircuticos satildeo caracteriacutesticas

fundamentais e muitas destas estatildeo muitas vezes relacionadas com as

propriedades reoloacutegicas (WERTEL et al 2014)

A Tabela 10 apresenta os iacutendices de fluxo e de consistecircncia (k) das

formulaccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento Observa-se que o iacutendice de

consistecircncia eacute bem alto isso significa que tais formulaccedilotildees apresentam alta

viscosidade pois o iacutendice de consistecircncia representa a resistecircncia do fluxo ao

escoamento portanto quanto maior for este valor maior a viscosidade do sistema

(BARNES et al 2000)

81

Tabela 10 Valores dos iacutendices de fluxo e consistecircncia das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo Iacutendice de consistecircncia (k)

F 14 F 20 F 26

Ambiente

24 horas 451686 250875 723709

7 dias 408523 232900 682259

30 dias 393146 207925 694863

Estufa 7 dias 368418 229962 681427

30 dias 37072 220273 544948

Geladeira 7 dias 37026 314864 759427

30 dias 325887 250088 661199

Estatisticamente natildeo houve variaccedilotildees nos iacutendices de consistecircncia das

formulaccedilotildees em estudo ou seja os iacutendices de consistecircncia natildeo apresentaram

diferenccedila significativa (plt005) da primeira agrave uacutetima semana de armazenamento em

diferentes condiccedilotildees de temperatura (Tabela 10) Estes resultados configuram que

natildeo houve alteraccedilatildeo na viscosidade durante o periacuteodo de armazenamento

evidenciando a estabilidade fiacutesica das formulaccedilotildees durante o tempo armazenado

(PIANOVISKI et al 2008)

As Figuras 21 22 e 23 referem-se ao comportamento reoloacutegico das

formulaccedilotildees durante todo o periacuteodo de armazenamento nas diferentes condiccedilotildees

estabelecidas A anaacutelise dessas Figuras nos permite concluir que natildeo houve

alteraccedilatildeo do comportamento reoloacutegico das formulaccedilotildees durante o estudo de

estabilidadeObserva-se tambeacutem que todas as formulaccedilotildees mantiveram suas aacutereas

de histerese sem grandes alteraccedilotildees durante o periacuteodo de armazenamento nas

condiccedilotildees em que foram armazenadas

Outro ponto analisado foi as tensotildees de cisalhamento inicial Avaliou-se se

houve variaccedilatildeo entre as tensotildees de cisalhamento inicial das formulaccedilotildees

armazenadas em diferentes temperaturas Os resultados da ANOVA revelaram que

esses pontos satildeo significativamente diferentes (pgt005) ou seja existe diferenccedila

82

entre as tensotildees e o primeiro fator a ser levado em consideraccedilatildeo eacute a temperatura

esta tem influecircnca direta sobre o comportamento reoloacutegico dos fluidos

83

Figura 21 Reogramas da amostra F14 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

84

85

Figura 22 Reogramas das amostras F 20 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

86

87

Figura 23 Reogramas das amostras F26 submetidas agrave diversas faixas de temperatura

Tabela 11 Tensatildeo de cisalhamento (Pa) inicial das formulaccedilotildees

Condiccedilotildees Periacuteodo

Tensatildeo de cisalhamento (Pa)

F14 F20 F26

Ambiente

7 dias 504249 383026 914417

30 dias 546649 370250 886776

Estufa

7 dias 461954 347318 873520

30 dias 493404 236573 642286

Geladeira

7 dias 564249 371353 9122738

30 dias 523244 37025 854774

F14 7degdia de armazenamento (pgt005) F14 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F20 7ordm dia de

armazenamento (pgt005) F20 30ordm dia de armazenamento (pgt005) F26 7ordm dia de armazenamento

(pgt005) F26 30ordm dia de armazenamento

Portanto natildeo foi observado processos de instabilidade nas formulaccedilotildees em

estudo Isso pode ser atribuiacutedo agrave estabilidade das emulsotildees com cristais liacutequidos

estes aumentam a resistecircncia mecacircnica da interface oacuteleo aacutegua (PASQUALI et al

2008)

88

As fotomicrografias das formulaccedilotildees revelou campo escuro caracteriacutestico das

fases cuacutebicas Aleacutem disso observou-se que apesar de estarem armazenadas em

diferentes condiccedilotildees de temperatura durante o periacuteodo de 30 dias as formulaccedilotildees

ainda apresentavam ressonacircncia e seu comportamento reoloacutegico estava semelhante

ao observado nas primeiras 24 horas isso nos leva agrave ainda classifica-las como

mesofases cuacutebicas poreacutem acrescenta-se que haacute necessidade de anaacutelises por

SAXs

89

6 CONCLUSOtildeES

A caracterizaccedilatildeo fiacutesico-quiacutemica do oacuteleo de accedilaiacute revelou que este apresenta-se dentro

dos limites recomendados apresentando iacutendice de acidez 366mg KOHg iacutendice de iodo

de 71 gI2100g iacutendice de refraccedilatildeo 146 densidade 0952gmL e iacutendice de saponificaccedilatildeo

199mg KOHg

A cromatografia gasosa evidenciou que o oacuteleo de accedilaiacute eacute constituiacutedo principalmente de

aacutecido oleico linoleico e palmiacutetico

A espectroscopia na regiatildeo do infravermelho revelou bandas caracteriacutesticas dos grupos

funcionais existentes nas cadeias carbocircnicas dos aacutecidos graxos tais como grupamentos

carbonilas ligaccedilotildees carbono-hidrogecircnio de cadeias carbocircnicas saturadas e insaturadas e

ligaccedilotildees esteres presentes nos triacilgliceroacuteis

A avaliaccedilatildeo da estabilidade oxidativa do oacuteleo revelou eu este apresenta um tempo de

induccedilatildeo acima de 10 horas

A termogravimetria evidenciou apenas um evento provavelmente decorrente da

degradaccedilatildeo dos aacutecidos graxos localizado na faixa de temperatura de 24171 agrave

48114degC

Os estudos de preacute-formulaccedilatildeo natildeo revelaram qualquer indiacutecio de interaccedilatildeo quiacutemica entre

o oacuteleo de accedilaiacute e o Procetyl AWSreg

O diagrama de fases foi uma ferramenta uacutetil para a obtenccedilatildeo dos sistemas liacutequido-

cristalino ele permitiu demonstrar graficamente os diversos sistemas formados a partir

da interaccedilatildeo entre o oacuteleo o tensoativo e a aacutegua

Aleacutem de sistemas liacutequido cristalino foi observado uma aacuterea composta de sistemas

liacutequidos isotroacutepicos possivelmente satildeo microemulsotildees As microemulsotildees tabeacutem satildeo

sistemas de interesse no estudo de senvolvimento de medicamentos estas formulaccedilotildees

podem ser exploradas em um outro estudo

Fora identificadas mesofases lamelar e cuacutebicas estas apresentaram comportamento

reoloacutegico caracteriacutestico de fluidos pseudoplaacutesticos

A formulaccedilatildeo 20 apresentou as mais vantagens que as demais sendo esta mais barata

mais segura e com melhor apresentaccedilatildeo fiacutesica Esta formulaccedilatildeo tem grande potencial

para ser explorada em outros estudos

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Os estudos de estabilidade mostrara que os sistemas liacutequidos cristalinos mateacutem as

mesmas caracteriacutesticas fiacutesicas durante 30 dias de armazenamentos em diferentes

condiccedilotildees de temperatura

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