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UIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CETRO DE TECOLOGIA DEPARTAMETO DE EGEHARIA ELÉTRICA CETRO DE EGEHARIA ELÉTRICA OPERAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ RAISSA FROTA CARNEIRO DA CUNHA Fortaleza Junho de 2011

Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

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Page 1: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

U�IVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CE�TRO DE TEC�OLOGIA

DEPARTAME�TO DE E�GE�HARIA ELÉTRICA

CE�TRO DE E�GE�HARIA ELÉTRICA

OPERAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

RAISSA FROTA CARNEIRO DA CUNHA

Fortaleza

Junho de 2011

Page 2: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

ii

RAISSA FROTA CARNEIRO DA CUNHA

OPERAÇÃO DO SISTEMA ELÉTRICO DE DISTRIBUIÇÃO DO ESTADO DO CEARÁ

Monografia apresentada para a obtenção dos

créditos da disciplina Trabalho de Conclusão

de Curso do Centro de Tecnologia da

Universidade Federal do Ceará, como parte das

exigências para a graduação no curso de

Engenharia Elétrica.

Área de concentração:

Sistema Elétrico de Potência

Orientador: Prof. Gabriela Helena Sergio

Bauab

Fortaleza Junho de 2011

Page 3: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

iii

Page 4: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

iv

“O importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre”

(Waldenar Valle Martins)

Page 5: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

v

A Deus,

Aos meus pais, Inês e Deodato,

A minha irmã e meu irmão,

Aos meus familiares,

A todos os amigos.

Page 6: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

vi

AGRADECIME�TOS

A Deus e Nossa Senhora, a quem devo minha vida, vitórias e conquistas; por terem

ouvido minhas preces e orações, dando-me força e paciência para continuar.

À minha família pela compreensão e solidariedade para com meus problemas, dúvidas

e medos. Em especial à minha mãe, Inês, que está sempre me ajudando e aconselhando; ao

meu pai, Deodato, pelo apoio e disponibilidade; aos meus irmãos, Priscila e Paulo, pela

paciência e respeito que tiveram comigo; ao meu namorado pela compreensão nas horas de

ausência e angústia.

A todos familiares e amigos que me deram apoio e incentivo para continuar a

caminhada pela vida, na busca de conquistar meu espaço, e pelos inúmeros momentos de

alegria que serviram como fonte de energia.

Aos professores do Departamento de Engenharia Elétrica, pelos ensinamentos

transmitidos nas disciplinas, em especial à Professora Gabriela Helena Sergio Bauab, que me

recebeu de braços abertos para a realização desta monografia.

A todos os colegas da Coelce, que estiveram sempre à disposição para dar explicações

e idéias.

A todos os amigos que fiz ao longo do curso de graduação, pela sempre agradável

companhia nas madrugadas de estudo, farras e viagens, tornando esses anos inesquecíveis.

Obrigado a todos!

Page 7: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

vii

Cunha, R. F. C. e “Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará”,

Universidade Federal do Ceará – UFC, 2011, 70p.

A reestruturação do Sistema Elétrico de Potência se traduz pela criação de novos órgãos institucionais responsáveis por: regular e fiscalizar os Agentes de geração, transmissão, distribuição e os consumidores conectados ao sistema elétrico; operar o Sistema Interligado Nacional (SIN); realizar o balanço de compra e venda de energia, dentre outras funções. Pretende-se, com essa monografia, mostrar parte do trabalho realizado pela Coelce em relação às três fases da operação do sistema elétrico de distribuição. Na pré-operação são realizados estudos sobre o comportamento do sistema; em tempo-real realiza-se toda a supervisão, comando e ações operativas; e na pós-operação são analisadas as ocorrências com maior detalhamento e elaborados relatórios. Nesse trabalho serão enfatizadas as medidas adotadas na pós-operação, abordando, também, a atuação do Esquema Regional de Alívio de Cargas e o blecaute ocorrido em fevereiro de 2011.

Palavras-Chave: Sistema Elétrico, Recomposição, Centro de Operação, Subestação.

Page 8: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

viii

Cunha, R. F. C e “Electrical Operation System of Distribution in the State of Ceará”, Universidade Federal do Ceará – UFC, 2011, 70p. The restoration of the Electric Power System is translated by the creation of new institutional agencies responsible for: regulating and supervising the Agents of generation, transmission, distribution and consumers connected to the electrical system, operate the National Interconnected System (SIN); do the balance of purchase and sale of energy, among other functions. This work is intended to show part of the work done by Coelce about the three phases of the operation of the electric distribution system. In the pre-operation are studies on the behavior of the system, in the real-time takes place all the supervision, control and operational actions, and the post-operation events are analyzed in more detail and reported. This work will be emphasized the measures adopted in the post-operation, covering also the activities of the Regional Relief Scheme Charges and blackout occurred in February 2011s the in restoration reliably and satisfactorily the energy system.

Keywords: Electrical System, Restoration, Operation Center, Substation.

Page 9: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

ix

SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ..................................................................................................... xi

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................. xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................................. xiii

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1

1.1 OBJETIVO ................................................................................................................. 2

1.2 ESTRUTURA DO TRABALHO ............................................................................... 2

CAPÍTULO 2

SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA ................................................................................... 4

2.1 SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊNCIA BRASILEIRO ........................................... 4

2.2 ESTRUTURA INSTITUCIONAL DO SETOR ELÉTRICO .................................... 6

2.3 REDE BÁSICA .......................................................................................................... 8

2.4 PADRÕES DE QUALIDADE DA ENERGIA ELÉTRICA ..................................... 9

2.5 SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CEARÁ ........................................................ 11

CAPÍTULO 3

OPERAÇÃO DO SISTEMA DE SUBTRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DO

ESTADO DO CEARÁ ............................................................................................................. 15

3.1 TOPOLOGIA DO SISTEMA DE SUBTRANSMISSÃO ....................................... 15

3.2 DEFINIÇÃO DE INTERRUPÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA ............................ 17

3.3 CENTRAL DE RELACIONAMENTO ................................................................... 17

3.4 SISTEMA DE AUTOMAÇÃO PARA SUBESTAÇÕES ....................................... 17

3.5 OPERAÇÃO DO SISTEMA .................................................................................... 19

3.5.1 PRÉ-OPERAÇÃO ............................................................................................ 19

3.5.2 TEMPO REAL ................................................................................................. 22

3.5.2.1 CENTRO DE OPERAÇÃO DA COELCE .......................................... 22

3.5.2.2 OPERADOR DE SISTEMA ................................................................ 23

3.5.2.3 CENTRO DE CONTROLE DO SISTEMA ......................................... 24

3.5.2.4 CONFIGURAÇÃO DA INTERFACE DO SISTEMA SCADA ......... 27

3.6 EXEMPLO DE INTERRUPÇÃO DE ENERGIA EM ALIMENTADOR .............. 29

CAPÍTULO 4

PÓS-OPERAÇÃO .................................................................................................................... 33

4.1 REUNIÃO DE OCORRÊNCIA SIGNIFICATIVA ................................................ 33

4.2 REUNIÃO DE ANÁLISE DE OCORRÊNCIA ...................................................... 36

Page 10: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

x

4.3 RELATÓRIO DE OCORRÊNCIAS REITERADAS .............................................. 36

4.4 INDICADORES DE CONTINUIDADE ................................................................. 40

4.5 SISTEMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO .............................................................. 48

4.5.1 ESQUEMA REGIONAL DE ALÍVIO DE CARGAS - ERAC ....................... 49

CAPÍTULO 5

BLECAUTE OCORRIDO EM FEVEREIRO DE 2011 .......................................................... 55

5.1 ANÁLISE DO BLECAUTE DE FEVEREIRO DE 2011 ........................................ 55

5.2 RESTABELECIMETO DO FERNECIMENTO DA ENERGIA ............................ 60

5.2.1 RECOMPOSIÇÃO NA COELCE ................................................................... 61

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 65

APÊNDICE A

SISTEMA DE MONITORAMENTO DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS ....................... 69

Page 11: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

xi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Esquemático de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica .. 4

Figura 2 - Malha de Interligação do SIN com Horizonte para 2012 .......................................... 5

Figura 3 - Estrutura institucional do Setor Elétrico .................................................................... 7

Figura 4 - Nova reestruturação do Sistema Elétrico de Potência ............................................... 8

Figura 5 - Mapa do Sistema Elétrico da Coelce com as linhas de transmissão ........................ 12

Figura 6 - Mapa do Sistema Elétrico da Coelce dividido por área ........................................... 13

Figura 7 - Diagrama unifilar de um sistema de subtransmissão em anel ................................. 15

Figura 8 - Alimentador com configuração radial simples ........................................................ 16

Figura 9 - Alimentador com topologia radial com recurso ...................................................... 16

Figura 10 - Hierarquia do Sistema Digital de Automação da Coelce. ..................................... 18

Figura 11 - Arquitetura e interface de comunicação com o Sistema Elétrico .......................... 19

Figura 12 - Estrutura organizacional da operação .................................................................... 23

Figura 13 - Layout do Centro de Controle do Sistema ............................................................. 25

Figura 14 - Centro de Controle do Sistema .............................................................................. 27

Figura 15 - Tela do Sistema Digital para Automação .............................................................. 29

Figura 16 – Parte do Diagrama Unifilar do alimentador 01C3 da subestação de Cascavel ..... 30

Figura 17 - Endereço de parte dos encontros de alimentadores e chaves para manobras ........ 31

Figura 18 - Modelo do relatório analisado na Reunião de Ocorrência Significativa ............... 34

Figura 19 - Comparativo dos melhores índices de DEC no Brasil em 2010 ............................ 45

Figura 20 - Comparativo dos melhores índices de FEC no Brasil em 2010 ............................ 45

Figura 21 - Comparativo das causas que mais contribuirão para o DEC da Coelce ................ 46

Figura 22 - Comparativo das causas que mais contribuirão para o FEC da Coelce ................. 46

Figura 23 - Percentual de Ressarcimento por Nível de Tensão e por Indicadores em 2010 .... 48

Figura 24 - Data prevista para levantamento de cargas ............................................................ 50

Figura 25 - Situação do ERAC em 16 de dezembro de 2009 (Sistema Nordeste) ................... 53

Figura 26 – Mapa da interligação do Nordeste em 2011 .......................................................... 56

Figura 27 – Esquemático das linhas de transmissão da UHE de Luiz Gonzaga. ..................... 57

Figura 28 - Porcentagem da carga cortada de acordo com a causa .......................................... 59

Figura 29 - Restabelecimento do Sistema Elétrico após blecaute ............................................ 61

Figura 30 - Tela do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento ................................................... 70

Page 12: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

xii

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou superior a 69 kV e inferior a 230

kV ............................................................................................................................... 9

Tabela 2 - Pontos de conexão em Tensão Nominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV ............ 9

Tabela 3 - Pontos de conexão em Tensão Nominal igual ou inferior a 1 kV (380 V/220 V) .. 10

Tabela 4 - Valores de referência das Distorções Harmonicas Totais ....................................... 10

Tabela 5 - Lista das subestações da Coelce divididas de acordo com os Regionais ................ 14

Tabela 6 - Comparativo das ocorrências significativas por ano ............................................... 37

Tabela 7 - Maiores Saídas Reiteradas em 2010 ........................................................................ 37

Tabela 8 - Principais causas separadas por Regional ............................................................... 40

Tabela 9 - Parte dos Índices de Continuidade por Conjunto do Estado do Ceará (1° Trimestre

de 2011 ..................................................................................................................... 42

Tabela 10 - Compensação paga pela Coelce no primeiro trimestre de 2010 de acordo com a

ANEEL .................................................................................................................... 43

Tabela 11 - Compensação paga pela Coelce em 2010 ............................................................. 43

Tabela 12 - Metas dos indicadores individuais ........................................................................ 44

Tabela 13 - Limites dos Indicadores Individuais - Urbano ...................................................... 44

Tabela 14 - Limites dos Indicadores Individuais - Não urbano ............................................... 44

Tabela 15 - Evolução do DEC na Coelce de 2008 a 2011 ....................................................... 47

Tabela 16 - Evolução do FEC na Coelce de 2008 a 2011 ........................................................ 47

Tabela 17 - Configuração: Sistema/Efeito ............................................................................... 48

Tabela 18 - Estágios de atuação dos relés ................................................................................ 51

Tabela 19 - Atuações do ERAC no ano de 2010 no Sistema Elétrico da Coelce ..................... 53

Tabela 20 - Recomposição das cargas no Estado do Ceará ...................................................... 62

Page 13: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica

ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica

ANSI American �ational Standards Institute

ART Aracati

AT Alta Tensão

B1 Barramento 1

B2 Barramento 2

BCR Barra do Ceará

BT Baixa tensão

CCEE Câmera de Comercialização de Energia Elétrica

CCR Centro de Controle Regional

CCRJ Centro de Controle Regional de Juazeiro do Norte

CCRS Centro de Controle Regional de Sobral

CCS Centro de Controle do Sistema

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CO Centro de Operação

COELCE Companhia Energética do Ceará

CPE Cauípe

CRON Centro de Operação Regional Norte

CSL Cascavel

CTA Central de Teleatendimento

DEC Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

DIC Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora

DIT Demais Instalações de Transmissão

DMIC Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão

DTNI Defeito Temporário Não Identificado

DTT Distorção Harmônica Total de Tensão

EAT Extra Alta Tensão

ECE Esquema de Controle de Emergência

ECS Esquema de Controle de Segurança

EPE Empresa de Pesquisa Energética

ERAC Esquema Regional de Alívio de Cargas

ERRC Esquema Regional de Restauração de Cargas

FEC Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

FIC Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto de Conexão

Page 14: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

xiv

IO Instrução de Operação

LDAT Linhas de Distribuição de Alta Tensão

LT Linhas de Transmissão

MME Ministério de Minas e Energia

MT Média Tensão

ONS Operador Nacional do Sistema Elétrico

PAP Paraipaba

PCM Pecém

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PPS Proteção contra Perda de Sincronismo

PRODIST Procedimentos de Distribuição

PRT Porto

P.U. Por Unidade

QEE Qualidade de Energia Elétrica

RDO Relatório Diário de Ocorrência

RDP Relatório Diário para Análise

SAC Sistema de Ajuda a Condução

SCADA Supervisory Control And Data Acquisition

SDA Sistema Digital para Automatização

SE Subestação

SEP Sistema Elétrico de Potência

SEP Sistema Especial de Proteção

SIN Sistema Interligado Nacional

STARNET Sferics Timing And Ranging �ETwork

TA Tensão de Atendimento

TL Tensão de Leitura

TC Tensão Contratada

UAM Unidade de Apoio à Manutenção

UAMC Unidade de Apoio à Manutenção de Canindé

UAMI Unidade de Apoio à Manutenção de Iguatu

UAML Unidade de Apoio à Manutenção de Limoeiro do Norte

UAT Ultra Alta Tensão

UCP Unidade de Controle de Posição

UCS Unidade de Controle da Subestação

UECE Universidade Estadual do Ceará

UHE Usina hidrelétrica de Energia

UNLV Universidade de Nevada em Las Vegas

USP Universidade de São Paulo

Page 15: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

xv

UTR Unidade Terminal Remota

Page 16: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

I�TRODUÇÃO

A energia elétrica é de suma importância para o desenvolvimento de um país. Existe

uma relação direta entre aumento do consumo de energia elétrica e o processo de

desenvolvimento.

Nos anos 80, após a construção de duas obras de geração, a hidrelétrica de Itaipú e o

Programa Nuclear Brasileiro, houve a interrupção de novas obras pela insuficiência de

recursos financeiros, devido a crise.

Com o processo de privatização do setor elétrico, no ano de 1995, houve uma retomada

dos investimentos no sistema elétrico, criando um mercado livre para contratação de energia.

Devido a falta de infraestrutura do setor elétrico e uma crescente demanda de energia,

houve racionamento de energia elétrica no País, entre maio de 2001 e fevereiro de 2002.

Provocando uma crise financeira nas empresas do setor elétrico. O objetivo do plano de

privatização era criar uma estrutura totalmente privada, capaz de investir na modernização e

interligação do sistema elétrico nacional, porém esses investimentos são caros e custosos,

demorando em torno de dez anos ou mais para reverter o capital investido, que acarretaria no

aumento substancial das tarifas. O plano de privatização não foi concretizado em sua

totalidade, o governo teve que intervir contribuindo com a infraestrutura do setor de geração

para regular o valor das tarifas [1].

A reestruturação do setor energético levou o sistema a uma complexidade de operação.

As falhas intrínsecas no modelo anterior acabaram por elevar os riscos. Para diminuir esses

riscos, houve a criação de novas entidades como, a Empresa de Pesquisa de Energia (EPE),

com a finalidade de estudar o planejamento energético, sendo fundamental para assegurar a

continuidade do abastecimento e/ou suprimento de energia ao menor custo, com o menor

risco e com os menores impactos sócio-econômicos e ambientais para a sociedade; e a

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), promovendo leilões de compra e

venda de energia elétrica.

A mudança física, que aconteceu no sistema elétrico, é representado pela nova estrutura,

em que grandes blocos de cargas e de geração do Brasil se conectam formando o Sistema

Integrado Nacional (SIN), promovendo o intercâmbio de energia entre áreas. Ligando regiões

com déficit de geração (cargas consumindo uma maior quantidade de energia do que o

sistema de geração é capaz de disponibilizar), em outras regiões com geração disponível

(gerando mais energia do que é consumido).

Alguns problemas foram detectados com a interligação do sistema elétrico: altas perdas

Page 17: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

2

elétricas ocasionadas devido a grandes distâncias percorridas pelas linhas de transmissão,

complexidade do sistema de proteção, tornando-o mais difícil de coordenar. Para isso, foram

criados os Sistemas Especiais de Proteção (SEP) para isolar áreas com problemas, não

levando o sistema a um colapso geral. Muitos investimentos foram realizados seguindo essa

linha. As concessionárias de distribuição de energia elétrica tiveram que adquirir uma

tecnologia para se adequar ao sistema promovendo a correta atuação do SEP.

Uma atuação correta do Esquema Regional de Alívio de Cargas (ERAC), que faz parte

do Sistema Especial de Proteção, foi o blecaute ocorrido em fevereiro de 2011, que desligou

praticamente todo o Nordeste, deixando os consumidores sem fornecimento de energia.

1.1 – OBJETIVO

O grande desafio, hoje, é fornecer energia elétrica com excelência. Padrões de qualidade

de energia mais rígidos, legislação cada vez mais rigorosa, entidades fiscalizadoras, a própria

concorrência entre as distribuidoras faz com que as empresas busquem melhorias na

qualidade dos serviços prestados.

As concessionárias de distribuição de energia elétrica, estão sob a fiscalização de

entidades regulatórias na questão do fornecimento de energia elétrica com qualidade,

sujeitando estas distribuidoras a ressarcimentos à clientes pelo não cumprimento das metas

estipuladas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Este trabalho justifica-se

pelo destaque da importância da correta operação do sistema elétrico e da análise de falhas do

sistema, evitando o não fornecimento de energia aos consumidores ou o fornecimento da

mesma fora do padrão de qualidade.

O objetivo desse estudo é apresentar os esforços realizados pela distribuidora do Estado

do Ceará, no que diz respeito aos processos de pré-operação, ações tomadas em tempo-real

para a recomposição do sistema, e providências adotadas para manter o sistema em perfeito

estado pós-falha no sistema elétrico.

1.2 – ESTRUTURA DO TRABALHO

Esse trabalho foi dividido em cinco capítulos, da seguinte maneira: o primeiro capítulo

apresenta uma descrição do objetivo e justificativa de estudo deste problema.

No capítulo 2 é apresentada uma visão geral da reestruturação do Sistema Elétrico de

Potência Brasileiro, incluindo as mudanças institucionais, em que se definem as

Page 18: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

3

responsabilidades dos novos órgãos reguladores, bem como a dos Agentes conectados ao

Sistema Interligado Nacional; são apresentados conceitos de qualidade de energia, e é

introduzido o sistema elétrico do Estado do Ceará.

No capítulo 3, é feito um detalhamento dos processos realizados pela Coelce para a

operação do sistema. São descritas desde a pré-operação, em que se realizam estudos de

adequação e planos de operação, até o trabalho realizado em tempo-real, apontando as

divisões internas da empresa e a tecnologia utilizada nos Centros de Operação da Coelce.

O capítulo 4 expõe algumas medidas tomadas para a análise das ocorrências do sistema,

revelando a importância do trabalho de pós-operação. Incluindo relatórios, análises e

mudanças necessárias ao sistema, para que haja o cumprimento das metas estabelecidas pela

ANEEL. No final do capítulo é feito um esclarecimento de como atua o Esquema Regional de

Alívio de Cargas no Nordeste (ERAC).

O capítulo 5 traz uma explicação sobre o blecaute ocorrido em fevereiro de 2011, em

que, praticamente, todo o Nordeste brasileiro ficou sem energia, assim como a sequência de

restabelecimento das cargas.

Para finalizar, são apresentadas as conclusões, mostrando que o trabalho desenvolvido

pela distribuidora de energia elétrica é de suma importância, trazendo resultados positivos

para a empresa e consumidores.

Page 19: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

4

CAPÍTULO 2

SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊ�CIA

A nova configuração do setor elétrico brasileiro teve propostas soluções e alternativas

que serviram como base para o novo modelo interligado. Tendo como objetivo aumentar a

confiabilidade do sistema elétrico, reduzir tarifas e criar condições favoráveis ao

desenvolvimento.

2.1 - SISTEMA ELÉTRICO DE POTÊ�CIA BRASILEIRO

O Sistema Elétrico de Potência (SEP) é o conjunto dos sistemas de geração, transmissão

e distribuição de energia elétrica no Brasil.

Figura 1 - Esquemático de geração, transmissão, distribuição e consumo de energia elétrica [17].

Para o perfeito funcionamento do sistema existem algumas condições imprescindíveis

que estão relacionadas com a qualidade da energia, sendo elas: frequência e magnitude da

tensão, que devem ser constantes, bem como o sistema deve ter confiabilidade,

disponibilidade e segurança. Para que isso ocorra, existe um conjunto de normas e órgãos

destinados à fiscalização do custo econômico, ambiental (os impactos ambientais devem ser

os mínimos possíveis) e da qualidade da energia.

O SEP deve fornecer energia para todos consumidores e alimentar todas as cargas do

sistema. Para atender a esses requisitos com qualidade no fornecimento, uma solução

encontrada foi a conexão dos sistemas elétricos regionais de todo o Brasil, criando o Sistema

Interligado Nacional (SIN). A interligação das regiões elétricas é feita por linhas de

transmissão (LT) de 500 kV e 750 kV.

Page 20: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

5

Essa interligação ocorreu devido à geração da energia no Brasil ser proveniente, em

maior parte, de usinas hidrelétricas, formando assim, grandes blocos fornecedores de energia

localizados distantes de blocos de consumidores de energia.

O Sistema Interligado Nacional é classificado como um sistema hidrotérmico, com

predominância de usinas hidroelétricas. O objetivo do SIN é fazer com que as áreas geradoras

se comuniquem entre si, possibilitando a troca de energia quando se fizer necessário, visando

aproveitar ao máximo os recursos energéticos do país, a fim de minimizar todas as áreas

escuras, otimizar recursos e reduzir o investimento para a produção de energia (que são

bastante elevados).

De acordo com os dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), apenas 3,4% da

produção de energia elétrica do Brasil não fazem parte do SIN, referentes a pequenos sistemas

isolados localizados na região amazônica. O SIN é constituído pelas regiões elétricas Sul,

Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte [4].

A Figura 2 mostra o Sistema Interligado Nacional no horizonte de 2012, com as

interligações previstas para este ano:

Figura 2 - Malha de Interligação do SI� com Horizonte para 2012[5].

Page 21: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

6

A interligação trouxe muitas vantagens ao SEP; algumas delas foram: a melhoria na

confiabilidade (continuidade no fornecimento, mesmo com falhas), a estabilidade, a

disponibilidade do sistema (com o aproveitamento máximo dos recursos) e a economia. As

desvantagens estão relacionadas à perda de energia pelas linhas de transmissão, devido as

grandes distâncias; e caso ocorra um distúrbio em uma região, todo o sistema poderá ser

afetado, tornando a proteção do Sistema Elétrico de Potência mais complexa.

O critério de segurança adotado pelo Sistema Interligado Nacional é o “n-1”, ou seja,

mesmo com a perda de uma linha e/ou componente do circuito, o sistema continua operando

sem interrupção de carga e com padrões confiáveis de qualidade.

2.2 - ESTRUTURA I�STITUCIO�AL DO SETOR ELÉTRICO

O Brasil passou por um processo de reestruturação do Sistema Elétrico de Potência,

criando um novo marco regulatório com alguns pontos importantes: a energia, agora, é

vendida em um mercado livre; foram criadas leis e órgãos reguladores; desestatizaram-se as

concessionárias de geração e distribuição criando um mercado competitivo de energia elétrica

[2].

Em 1992, foi criado pela segunda vez o Ministério de Minas e Energia (MME), sua

primeira criação foi em 1960, porém o mesmo foi extinto em 1990, passando seus assuntos de

interesse para o Ministério da Agricultura, que é um órgão do Poder Executivo Federal. O

MME tem sob sua competência assuntos relacionados a:

• Geologia, recursos minerais e energéticos (como o aproveitamento da energia

hidráulica do País);

• Mineração e metalurgia;

• Petróleo, combustível e energia elétrica, incluindo a nuclear.

O MME criou a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para realizar o planejamento da

expansão do sistema elétrico, muito importante para garantir o abastecimento de energia à

sociedade [6].

Em 1996, houve a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), cuja

função é regular e fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização da

energia elétrica, segundo as diretrizes do Governo Federal, contribuindo para o

desenvolvimento de um mercado de energia, proporcionando o equilíbrio entre agentes e

sociedade [7].

Page 22: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

7

Em 1998, foi criado o Operador Nacional do Sistema Elétrico, que está sob regulação e

fiscalização da ANEEL, responsável por coordenar e controlar a geração e transmissão no

SIN. Suas principais atribuições são planejamento, programação, supervisão e controle da

operação dos sistemas eletroenergéticos nacionais e das interligações internacionais.

Figura 3 - Estrutura institucional do Setor Elétrico [8].

Para o perfeito funcionamento do modelo reestruturado do setor elétrico implantado,

foram criados novos agentes institucionais, entre eles a Câmera de Comercialização de

Energia Elétrica (CCEE), que também está subordinada à ANNEL, para a comercialização de

energia elétrica no Sistema Interligado Nacional. A CCEE é responsável pelos contratos de

compra e venda de energia para seu balanço final, onde o consumidor pode escolher ser livre

(comprando energia diretamente dos produtores independentes), por meio de leilões públicos;

ou ser consumidor cativo, comprando energia das distribuidoras. Assim, ficou estabelecido o

livre acesso à rede por terceiros, tanto consumidores em alta tensão, como produtores

independentes.

Page 23: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

8

Figura 4 – �ova reestruturação do Sistema Elétrico de Potência [8].

2.3 - REDE BÁSICA

A Rede Básica é composta por linhas de transmissão e equipamentos que trabalham em

tensão igual ou superior a 230 kV, além das Demais Instalações de Transmissão (DIT), que

são as linhas disponibilizadas às centrais de geração e às concessionárias vinculadas à

prestação de serviço público. Os níveis de tensão padronizados são de 600 kV em corrente

contínua e em corrente alternada são:

• Ultra Alta Tensão (UAT): 750 kV;

• Extra Alta Tensão (EAT): 500 kV, 440 kV e 345 kV;

• Alta Tensão (AT): 230 kV.

Também faz parte da Rede Básica o sistema de Distribuição Primário. Este sistema é de

propriedade de concessionárias, que são supridas pela Rede Básica, e por produtores

independentes. A Rede Básica é responsável por abastecer os centros urbanos com níveis de

tensão de distribuição padronizados pelos Procedimentos de Distribuição (PRODIST),

elaborados pela ANEEL:

• Alta tensão (AT): Tensão entre fases cujo valor eficaz é inferior a 230 kV e igual

ou superior a 69 kV. Com valores padronizados de 138 kV e 69 kV;

• Média Tensão (MT): Tensão entre fases cujo valor eficaz é superior a 1 kV e

inferior a 69 kV. Padronizados em 34,5 kV e 13,8 kV;

• Baixa tensão (BT): Tensão entre fases cujo valor eficaz é igual ou inferior a 1

kV. Com padronização no sistema trifásico de 380 V/220 V e 220 V/127 V e no

sistema monofásico de 440 V/220 V e 254 V/127 V [9][10].

Segundo o site de notícias da presidência federal, “A Rede Básica de transmissão de

energia do Brasil atingiu 95,8 mil quilômetros (km) em 2010, com a entrada em operação de 2.524 km

Page 24: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

9

de linhas. Com esse acréscimo, a malha de transmissão cresceu em 2,7% em relação à que existia em

2009, quando contava com 93.295,3 km” [11].

O consumidor conectado em tensão igual ou superior a 230 kV deve seguir os

Procedimentos de Rede regidos pelo ONS, que tem como objetivos estabelecer critérios,

requisitos técnicos e responsabilidades do ONS e dos Agentes do setor elétrico.

2.4 - PADRÕES DE QUALIDADE DA E�ERGIA ELÉTRICA

O módulo oito do PRODIST regula os padrões de Qualidade de Energia Elétrica (QEE),

qualidade esta que mede quão bem a energia pode ser usada pelos consumidores, com

continuidade de suprimento e conformidade com os parâmetros de operação segura. Os

aspectos considerados para avaliar a qualidade do produto em regime permanente ou

transitório são:

1. Tensão em regime permanente: estabelece os limites adequados para os níveis

de tensão adotados pelas concessionárias:

Tabela 1 – Pontos de conexão em Tensão �ominal igual ou superior a 69 kV e inferior a 230 kV.

Tensão de Atendimento (TA)

Faixa de Variação da Tensão da

Leitura (TL) em Relação à Tensão

Contratada (TC)

Adequada 0,95TC≤ TL≤ 1,05TC

Precária 0,90TC≤ TL< 0,95TC ou

1,05TC< TL≤ 1,07TC

Crítica TL<0,90TC ou TL>1,07TC

Tabela 2 – Pontos de conexão em Tensão �ominal superior a 1 kV e inferior a 69 kV.

Tensão de Atendimento (TA)

Faixa de Variação da Tensão da

Leitura (TL) em Relação à Tensão

Contratada (TC)

Adequada 0,93TC≤ TL≤ 1,05TC

Precária 0,90TC≤ TL< 0,93TC

Crítica TL<0,90TC ou TL>1,05TC

Page 25: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

10

Tabela 3 – Pontos de conexão em Tensão �ominal igual ou inferior a 1 kV (380 V/220 V).

Tensão de Atendimento

(TA)

Faixa de Variação da Tensão da Leitura

(TL) em Relação à Tensão Contratada (TC)

Adequada (348≤ TL≤ 396)/(201≤ TL≤ 231)

Precária (327≤ TL< 348 ou 396< TL≤ 403)/

(189≤ TL< 201 ou 231< TL≤ 233)

Crítica (TL<327 ou TL>403)/(TL<189 ou TL>233)

2. Fator de potência: deve estar compreendido entre 0,92 e 1,00, tanto indutivo

como capacitivo. O cálculo do fator de potência é obtido pela formula abaixo,

onde P e Q são potência ativa e reativa, respectivamente:

3. Harmônicos: são distorções nas formas de onda da tensão e corrente em relação

à onda senoidal da frequência fundamental. Os valores de referência das

distorções harmônicas totais estão listados na tabela abaixo:

Tabela 4 – Valores de referência das Distorções Harmonicas Totais.

Tensão �ominal do Barramento Distorção Harmônica Total de

Tensão (DTT) [%]

VN ≤ 1 kV 10

1 kV < VN ≤ 13,8 kV 8

13,8 kV < VN ≤ 69kV 6

69 kV < VN ≤ 138 kV 3

4. Desequilíbrio de tensão: é a alteração dos padrões trifásicos do sistema. A

porcentagem de desequilíbrio de tensão é calculada pela equação abaixo, com

valor de referência igual ou inferior a 2%:

Onde V- e V+ são as magnitudes das tensões de sequência negativa e positiva

(valor eficaz), respectivamente.

( 1 )

( 2 )

;²² QP

Pfp

+

=

.100%+

−=

V

VFD

Page 26: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

11

5. Flutuação de tensão: é uma variação irregular (aleatória) do valor eficaz da

tensão, que causa o efeito de cintilação luminosa em determinados aparelhos

utilizados pelos consumidores alimentados em baixa tensão;

6. Variações de tensão de curta duração: são irregularidades (desvios)

significativas no valor eficaz da tensão em curtos intervalos de tempo. Os

afundamentos e elevações de tensão são tratados separadamente;

7. Variação de frequência: para existir o equilíbrio carga-oferta, o sistema de

distribuição deve operar em regime permanente dentro dos limites de 59,9 Hz e

60,1 Hz [12].

2.5 - SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DO CEARÁ

Estão conectadas na Rede Básica 64 concessionárias privadas ou estatais, sendo que as

estatais podem ser de domínio municipal, estadual ou federal. As concessionárias levam

energia para, aproximadamente, 47 milhões de unidades consumidoras, das quais 85% são

cargas residenciais, envolvendo todo o País [13].

A distribuição da energia elétrica no Estado do Ceará está sob responsabilidade da

concessionária Companhia Energética do Ceará (Coelce): “Sociedade anônima de capital aberto

desde 1995, é controlada pela Endesa, por meio da holding Investluz S.A., que detém 56,6% do capital total e

91,66% do capital votante. A companhia foi privatizada em 1998 e ganhou o direito de concessão pelo prazo de

30 anos, a partir daquela data. Em outubro de 2007, ocorreu uma reorganização societária da Endesa S.A,

sediada na Espanha, que é controladora indireta da Coelce. Desde então as empresas Enel e Acciona

assumiram o controle acionário da Endesa S.A” [14].

De acordo com o contrato de distribuição da Coelce, a concessionária tem direito de

operação exclusiva por 30 anos (contados a partir de 1998), com a obrigação de fornecer

energia elétrica a consumidores, com tarifas homologadas pela ANEEL e nos níveis de

qualidade definidos nas normas específicas, atendendo a todo o mercado cearense, incluindo

populações de baixa renda e áreas rurais.

A concessionária está obrigada a possuir equipamentos, instalações e métodos

operativos com tecnologia apropriada que garanta a continuidade, a eficiência e a segurança

na prestação dos serviços, incluindo a modicidade das tarifas.

Page 27: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

12

A energia elétrica deve ser distribuída com continuidade, podendo ser cessada somente

com aviso prévio ou em situação de emergência, sendo passível a aplicação de multa para a

concessionária se está ultrapassar o limite estabelecido pela ANEEL.

A concessionária também é obrigada a realizar obras para que o fornecimento de

energia elétrica chegue até o ponto de conexão da distribuidora com a instalação elétrica da

unidade consumidora, sem ônus para o cliente [15].

Faz parte do sistema elétrico da Coelce uma linha de transmissão de 230 kV com

extensão de 2.850 km; 245 linhas de distribuição de alta tensão (LDAT) em 69 kV com

extensão de 4.456,45 km; 366 alimentadores operando em 13,8 kV com extensão de

77.884,48 km e 45.448,38 km de linha de distribuição de baixa tensão (380 V/220 V).

Figura 5 – Mapa do Sistema Elétrico da Coelce com as linhas de transmissão.

A demanda máxima registrada em 2010 foi de 1.615,3 MW, totalizando 2.822.190

clientes, divididos em: 40 clientes recebendo energia em alta tensão, 7.869 clientes

conectados em média tensão e 2.814.281 clientes recebendo energia elétrica em baixa tensão

(dados obtidos em março de 2011).

Page 28: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

13

O sistema da Coelce é dividido territorialmente em oito áreas: Norte, Atlântico, Centro

Norte, Leste, Centro Sul, Sul, Região Metropolitana e Fortaleza capital.

“Sua área de concessão abrange os 184 municípios cearenses, que possuem uma população de mais de 8

milhões de habitantes, em um território de 149 mil quilômetros quadrados. Sua sede está localizada na capital,

Fortaleza, 2,8 milhões de clientes, dos quais 2,1 milhões são da classe residencial, 5,9 mil da categoria

industrial, 151,3 mil comerciais e 35,7 mil institucionais.” [14]. O mapa abaixo mostra como a Coelce

faz a divisão territorial do Estado do Ceará:

Figura 6 – Mapa do Sistema Elétrico da Coelce dividido por área.

Eletricamente, o estado é dividido em dez Regionais (conjunto de subestações):

Milagres, Tauá, Icó, Banabuiú, Russas, Delmiro Gouveia, Pici, Fortaleza, Cauípe e Sobral,

cada Regional tem uma subestação de mesmo nome. Essas subestações são pontos de

suprimento da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).

Atualmente, a Coelce possui um total de 105 subestações de distribuição, sendo 85

delas automatizadas e 20 não automatizadas. Dessas subestações, 99 são subestações

disjuntoras próprias, três são seccionadoras automatizadas e três são compartilhadas.

Page 29: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

14

Cada Regional abastece as subestações consoante informa a tabela abaixo:

Tabela 5 – Lista das subestações da Coelce divididas de acordo com os Regionais.

REGIO�AL SUBESTAÇÕES AUTOMATIZADAS

Milagres Brejo Santo, Juazeiro do Norte, Mauriti X

Balanço, Barbalha, Crato, Lavas da Mangabeira

Tauá Crateus, Antonina do Norte, Campo Sales, Monbaça,

Independência, Parambu X

Tauá, Nova Olinda, Araripe

Icó Curupati, Várzea Alegre X

Orós, Jaguaribe, Icó, Cedro, Iguatu, Acopiara

Banabuiú Solonópole, Senador Pompeu, Juatama, Quixadá, Quixeramobim, Boa Viagem, Mosenhor Tabosa,

Morada Nova, Barra do Figueiredo X

Russas Tomé, Jaguaruana, Aracati, Icapuí, Limoeiro do Norte X

Russas I, Tabuleiro de Russas

Delmiro Gouveia

Varjota, Dias Macedo, Tauape, Maguary I, Maguary II, Aldeota I, Aldeota II, Água Fria, Papicu, Mucuripe,

Moinho dias Branco (seccionadora) X

Pici Barra do Ceará, Bonsucesso, Bom Jardim, Jurema, Parangaba, Pici, Presidente Kennedy I, Presidente

Kennedy II X

Fortaleza

Jabuti, Coluna, Cascavel, Beberibe, Pacajus, Aquiraz, Messejana, Mondubim, Distrito Industrial I, Distrito

Industrial II, Acarape, Baturité, Guaramiranga, Maranguape, Schincariol (seccionadora)

X

Cauípe

São Luis do Curu, Umarituba, Canindé, Paraipaba, Apuiarés, Caucaia, Pecém, Inhuporanga, Trairi, Porto II

(seccionadora) X

Umirim

Sobral

Cariré, Araras I, Nova Russas, Ibiapina, Tianguá, Viçosa, Inhuçu, Caracará, Amontada, Itapajé, Itapipoca,

Sobral I, Massapê, Coreaú, Marco, Acaraú, Cruz X

Baixo Acaraú, Granja, Camocim

Dando continuidade ao nosso estudo, veremos as três fases da Operação do Sistema

Elétrico. Serão abordados alguns estudos realizados: na pré-operação, para que não ocorra

falta de energia e o planejamento realizado para que a reconstituição do sistema aconteça de

forma rápida e segura após uma interrupção; as medidas que devem ser tomadas em tempo

real (desde o momento de verificação da ocorrência até o total restabelecimento das cargas);

bem como a pós-operação, com a análise criteriosa da ocorrência objetivando evitar que

novas ocorrências sejam registradas.

Page 30: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

15

CAPÍTULO 3

OPERAÇÃO DO SISTEMA DE SUBTRA�SMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DO

ESTADO DO CEARÁ

Neste capítulo serão apresentadas as características da rede elétrica administrada pela

Coelce, assim como as ações desempenhadas na pré-interrupção (estudos objetivando o bom

desempenho do sistema) e ações em tempo real visando o restabelecimento do fornecimento

de energia elétrica a seus clientes, destacando os setores da empresa responsáveis por estas

atividades.

3.1 – TOPOLOGIA DO SISTEMA DE SUBTRA�SMISSÃO

O sistema de subtransmissão é a parte da rede localizada entre o sistema de transmissão

e as subestações de distribuição. A topologia adotada no sistema de subtransmissão da Coelce

é em anel, ou seja, subestações e linhas em paralelo, interligadas formando malhas. Na Figura

7 notamos um paralelismo, tanto de subestações (SE) como de linhas de transmissão (LT).

Figura 7 - Diagrama unifilar de um sistema de subtransmissão em anel.

Page 31: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

16

Derivando das subestações abaixadoras (que fazem a transformação de 69 kV para 13,8

kV) estão os alimentadores de distribuição, que suprem, no perímetro urbano, diretamente ou

por meio de seus ramais, os transformadores de distribuição e os consumidores conectados em

13,8 kV. Existem dois tipos de alimentadores: o urbano, descrito acima, e rural. O

alimentador rural tem uma configuração diferente, pois, normalmente, é um alimentador

longo com poucos clientes e cargas localizadas no fim do alimentador.

Os alimentadores são divididos em troco principal e ramais. O tronco principal

transporta a maior parcela da corrente de carga, sendo o circuito principal. Este possui

religadores de linha, seccionalizadores, chaves, dentre outros. Os ramais são derivações do

tronco do alimentador.

A Coelce utiliza dois tipos de configurações na rede de distribuição: o radial simples e o

radial com recurso. O tipo radial simples é utilizado em áreas com baixa densidade de carga,

tendo somente um sentido de circulação da corrente.

Figura 8 - Alimentador com configuração radial simples.

O alimentador radial com recurso é o mais adotado no sistema da Coelce, por sua maior

confiabilidade, devido aos encontros com outros alimentadores. É utilizado em áreas com

maior densidade de cargas e para cargas essenciais como hospitais, fábricas, shoppings

centers, estações de tratamento de esgoto e outras. Para exemplificar, tem-se a Figura 9 e o

diagrama unifilar do alimentador 01C3 (codificação da empresa), apresentado na Figura 16

[16][17].

Figura 9 - Alimentador com topologia radial com recurso.

Page 32: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

17

3.2 - DEFI�IÇÃO DE I�TERRUPÇÃO DE E�ERGIA ELÉTRICA

A Resolução N0 520 da ANEEL define interrupção de energia elétrica em uma unidade

consumidora como sendo a descontinuidade do neutro em qualquer uma das fases do circuito

elétrico. Define, também, ocorrência emergencial como um evento que coloca em risco a

segurança e a qualidade do serviço fornecida pela concessionária [18].

Ou seja, tanto interrupção como ocorrência emergencial caracterizam uma falta de

energia ao consumidor, em que o fornecimento de energia elétrica é interrompido; é o

desligamento temporário da energia elétrica para conservação e manutenção da rede elétrica,

e/ou em situações de caso fortuito ou força maior [19].

3.3 - CE�TRAL DE RELACIO�AME�TO

A ANEEL obriga as concessionárias a terem uma Central de Teleatendimento (CTA),

disponibilizando atendimento telefônico gratuito para seus solicitantes em toda área de

concessão, devendo estar disponível todos os dias, durante 24 horas. A Coelce possui a

Central de Relacionamento que disponibiliza aos consumidores o serviço telefônico citado,

registrando as ligações e fornecendo informações para seus clientes.

A Central de Relacionamento é responsável por receber e direcionar as ligações de

reclamação por falta de energia aos Centros de Operação (CO), responsáveis pelo

atendimento. Esse serviço é muito importante para a identificação das ocorrências de falta de

energia em baixa tensão, já que, na maioria das vezes, a Coelce toma conhecimento dessas

ocorrências por meio desse sistema de telefonia.

Já as interrupções de energia em média e alta tensão são percebidas pela Coelce nos

Centros de Operação, por meio de um sistema de automação.

3.4 - SISTEMA DE AUTOMAÇÃO PARA SUBESTAÇÕES

Atualmente, a automação nas subestações da Coelce é realizada pelo Sistema Digital

para Automatização (SDA). A operação deste sistema realiza uma sequência de manobras de

forma automática, autônoma e remota, sendo possível, por alguns equipamentos, como os

relés digitais, que têm o funcionamento baseado em microprocessadores. A supervisão e o

controle destes equipamentos ficam concentrados nos Centros de Operação. O SDA funciona

de forma hierárquica dividida em quatro níveis de automação:

Page 33: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

18

• Nível 0 – Nível do equipamento; corresponde ao próprio processo, ou seja, ao

comando do equipamento que se faz no modo local;

• Nível 1 - Corresponde às Unidades de Controle de Posição (UCP), alojadas nos

painéis de controle que ficam na casa de comando ou dentro da subestação (são

os relés, os automatismos locais e os intertravamentos); é a visualização ou

atuação direta sobre os equipamentos de campo;

• Nível 2 – Corresponde à Unidade de Controle da Subestação (UCS),

encarregada de realizar as funções de comando, automatismo, registro de

eventos e outros; é um computador local, Unidade Terminal Remota (UTR), que

agrupa todas as informações da subestação;

• Nível 3 – Corresponde ao Centro de Operação (CO). Utiliza o sistema

Supervisory Control And Data Acquisition (SCADA), software desenvolvido

para supervisão e controle do sistema eletroenergético, que realiza a interface

homem-máquina tanto nos CO como nas subestações (monitores de vídeo,

impressoras, painéis, dentre outros).

Figura 10 - Hierarquia do Sistema Digital de Automação da Coelce.

A interface proporcionada pelo SCADA permite visualizar a topologia da rede elétrica e

os dados coletados em campo via Unidade Terminal Remota (UTR) (equipamento composto

por software e hardware, instalado nas subestações, que é interligado ao sistema de

telecomunicações, realizando o telecontrole e a telesupervisão do processo), bem como

controlar e comandar equipamentos e instalações automatizadas. O Centro de Operação da

Coelce utiliza como base de dados o Sistema de Ajuda a Condução (SAC), sistema

Page 34: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

19

computacional responsável por coletar e armazenar dados do sistema elétrico, enviar

comandos remotamente e fazer a integração com o SCADA. Um dos objetivos do SAC é

impedir a duplicidade na entrada de informações, integrando, assim, todos os sistemas

necessários para a operação. O sistema SCADA permite a consulta dos dados disponibilizados

pelos sistemas remotos, possibilitando a interação com os equipamentos telecomandados. A

figura abaixo mostra como funciona a relação SAC, SCADA e operador, em que o SCADA é

somente a interface utilizada para acessar o SAC:

Figura 11- Arquitetura e interface de comunicação com o Sistema Elétrico.

3.5 - OPERAÇÃO DO SISTEMA

A operação do sistema não é somente o trabalho do operador no momento que acontece

a contingência no sistema (tempo-real), é toda a infraestrutura existente que dá apoio aos

Centros de Operação para manter o sistema em perfeitas condições de funcionamento. Ë

divida em pré-operação, tempo-real e pós-operação.

3.5.1 – PRÉ-OPERAÇÃO

Devido a cada alimentador, subestação e Regional ter uma instrução de recomposição, o

operador deve seguir algumas ações programadas. Ou seja, quando falta energia, deve-se

Page 35: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

20

seguir um documento que contém instruções definidas previamente. Esse documento é

baseado no modelo organizacional do ONS, unificando todos os documentos em um único

tipo de documento, denominado Instrução de Operação (IO). As Instruções de Operação são

documentos utilizados pelos operadores de sistema da alta e média tensão e pelos supervisores

dos Centros de Operação, incluem todas as ações e procedimentos que devem ser seguidos em

situações de operação normal e contingências. São subdivida em seis grupos, de acordo com

sua finalidade. As divisões da Instrução de Operação na Coelce são:

• Instrução de Operação de Esquemas Especiais: define as características do

esquema de controle de emergência que afetam as cargas da Coelce, sendo

dividido em:

o Subfrequência

o Subtensão

• Instrução de Operação de Diretriz Operativa: procedimento para recomposição

ou transferência das cargas dos pontos de suprimento da Coelce, nos aspectos de

interesse sistêmico definido pelo ONS;

• Instrução de Operação Normal: unifica os procedimentos a serem executados

pelos operadores em configuração normal do sistema,

• Instrução de Operação de Recomposição: estabelece os critérios a serem

seguidos pelos Centros de Operação para transferência de cargas afetadas, que

são:

o Geral

o Fluente

o Transformador

o Alimentador

• Instrução de Operação de Contingência: determina os passos a serem adotados

pelos Centros de Operação para o Gerenciamento das Cargas quando ocorre

subfrequência causada pelo carregamento dos transformadores;

• Instrução de Operação de Emergência Máxima: estabelece os procedimentos a

serem adotados diante de uma contingência de emergência máxima, definidos

como:

o Barramento

o Transformador

Page 36: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

21

Todas as subestações, automatizadas ou não automatizadas, têm um esquema de

reposição das cargas em caso de contingência e outro para a operação normal da instalação. A

IO de Operação Normal é utilizada para realizar manobras programadas ou de urgência para

liberação de equipamentos nas subestações. A IO de Recomposição de Alimentador, por

exemplo, contém todas as informações a serem utilizadas pelo operador para energizar uma

maior parcela possível das cargas afetadas no menor tempo em caso de uma ocorrência,

padronizando as ações dos operadores. Incluídos na Instrução de Operação de Recomposição

de Alimentador estão alguns anexos de suporte para facilitar e agilizar a ação dos operadores

com segurança, tais como:

• Diagrama unifilar do alimentador com todas as chaves, encontros com outros

alimentadores, tipos de encontros (faseados ou não), quantidade de clientes

conectados ao alimentador, religadores de linha (tem o mesmo princípio de

funcionamento de um religador de subestação), outros equipamentos

automatizados, principais pontos de referência, entre outras informações;

• Endereço de todas as chaves do alimentador;

• Carregamento dos transformadores e alimentadores da referida subestação;

• Análise de encontros de alimentadores, apresentando dados como valores de

corrente máxima e mínima.

Após percebida a abertura automática do religador, o operador deve seguir alguns

passos para isolar o defeito, deixando a menor quantidade de carga possível sem

fornecimento. Para isso, faz-se uso dos anexos (diagrama unifilar do alimentador e documento

com o endereço das chaves) para deslocar o operador da subestação e de rede para o ponto do

defeito. Caso haja equipamentos automatizados ao longo do alimentador, utilizá-los para

realizar a transferência das cargas para outro alimentador.

É importante receber informações de pessoas que possam auxiliar na localização do

defeito, que podem ser explosão, abalroamento, condições climáticas (chuva e vento), ou

outras causas. Existe o Sistema de Monitoramento de Descargas Atmosféricas, que indica as

condições meteorológicas e a incidência de raios, sendo uma importante ferramenta,

principalmente na época de chuvas, para identificar onde o raio incidiu e se atingiu algum

equipamento, ou caiu próximo a rede elétrica; tudo por coordenadas geográficas, pois todas as

instalações e equipamentos são georeferenciados. Resalta-se que não é permitido fechar anel

entre alimentadores defasados. Na Capital e Região Metropolitana, todos os encontros entre

Page 37: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

22

alimentadores são faseados, possibilitando o fechamento do paralelo entre os mesmos.

3.5.2 – TEMPO REAL

A operação em tempo-real, no Estado do Ceará, é realizada, supervisionada e controlada

pelo Centro de Controle do Sistema.

3.5.2.1 - CE�TRO DE OPERAÇÃO DA COELCE

Na Coelce, a operação do Sistema Elétrico em tempo-real é desempenhada pelos

Centros de Operação, divididos em Centro de Controle do Sistema (CCS), Centros de

Controle Regionais (CCR) e Unidades de Apoio à Manutenção (UAM). O CCS, em conjunto

com os CCR e UAM, supervisiona as fases da pré-operação, operação em tempo real e pós-

operação, realizadas no sistema de subtransmissão e distribuição, para conservar o

abastecimento de energia elétrica da região administrada pela Coelce.

O coração da Coelce é o Centro de Controle do Sistema (localizado em Fortaleza), cujo

trabalho é realizado em conjunto com os Centros de Controle Regionais e as Unidades de

Apoio à Manutenção, controlando, supervisionando, comandando e executando ações

operativas no sistema de alta, média e baixa tensão do Estado do Ceará. Centros esses

responsáveis pela autorização de desligamentos, intervenções nos equipamentos e por todas as

manobras executadas no sistema elétrico.

Cada Centro de Operação tem sua área de responsabilidade operacional; isso significa

que o sistema elétrico da Coelce é dividido em áreas de operação, de forma que um

determinado equipamento só pode pertencer a uma área de responsabilidade [20].

Os CCR e as UAM são responsáveis pelas regiões do interior do Estado, conforme

Figura 6 do capítulo 2, distribuídas da seguinte maneira:

• Centro de Controle Regional de Sobral (CCRS) - controla o Centro de

Distribuição Norte;

• Centro de Controle Regional de Juazeiro do Norte (CCRJ) - controla o Centro de

Distribuição Sul;

• Unidade de Apoio à Manutenção de Canindé (UAMC) - controla o Centro de

Distribuição Centro Norte;

Page 38: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

23

• Unidade de Apoio à Manutenção de Limoeiro do Norte (UAML) - controla o

Centro de Distribuição Leste;

• Unidade de Apoio à Manutenção de Iguatu (UAMI) - controla o Centro de

Distribuição Centro Sul [21][22].

Os CCR e UAM não podem assumir a área de responsabilidade da outra, o único que

pode assumir a responsabilidade de qualquer CCR e UAM é o próprio CCS, desde que seja

perante comunicação.

Figura 12- Estrutura organizacional da operação.

3.5.2.2 – OPERADOR DE SISTEMA

Durante uma ocorrência destacam-se: o operador do sistema, o operador de rede, o

operador de subestação e as equipes que são disponibilizadas para realizar a manutenção. O

operador de rede e o operador de subestação inspecionam e realizam manobras nos

equipamentos, tanto na rede de distribuição (conjunto de linhas e equipamentos usados para a

distribuição) como na subestação, respectivamente.

O operador do sistema precisa ter competência para analisar e tomar decisões seguras e

rápidas para minimizar ou erradicar a falta de energia, por meio de telecomandos (em

subestações automatizadas) ou orientações de execução de manobras para a recomposição do

sistema. Ou seja, efetuar os procedimentos para manter o sistema em perfeita condição

operacional, a fim de satisfazer aos requerimentos de qualidade e confiabilidade.

O papel do operador de sistema é muito importante, pois a rapidez do restabelecimento

de energia depende diretamente da sua atuação. Para realizar esse papel, é preciso ter um

vasto conhecimento do sistema elétrico e seus equipamentos, a exemplo de:

Page 39: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

24

• Saber os 10 pontos de suprimento da Chesf para a rede da Coelce;

• Conhecer os diagramas unifilares de operação, proteção e medição das

subestações e alimentadores;

• Conhecer o sistema de comando, controle e sinalização das subestações;

• Saber utilizar o Sistema de Ajuda a Condução (para subestações automatizadas).

Tanto em situação normal ou contingência, com o sistema energizado ou desenergizado,

o operador do sistema decide quais ações devem ser adotadas pelos operadores de subestação

e de rede: autorizar, ou não, a realização de trabalhos em equipamentos do sistema, solicitar a

abertura e fechamento em disjuntores e religadores da Coelce, da Chesf (junto ao Centro de

Operação Regional Norte - CRON) e ao ONS. Além disso, o operador do sistema tem como

responsabilidade preencher o relatório diário de ocorrências normais e significativas após

cada ocorrência [23].

3.5.2.3 – CE�TRO DE CO�TROLE DO SISTEMA

O Centro de Controle do Sistema (CCS) é o lugar da Coelce que telecomanda todo o

sistema (onde se pode alterar, à distância, o estado dos equipamentos). A comunicação entre

os Centros de Operação (CCS, CCR e UAM) e a Central de Relacionamento deve acontecer

nos dois sentidos, tanto a Central de Relacionamento deve passar informações que possam

agilizar a normalização das cargas aos Centros de Operação (CO), como os Centros de

Operação deve informar o que está acontecendo no sistema.

Por exemplo, tanto em subestações automatizadas como em não automatizadas obtém-

se um aviso de falta de tensão, cabendo ao operador avisar a atuação do equipamento (se

alimentador ou subestação - nas subestações não automatizadas informar o telealarme

acionado), o horário do início, o motivo (se estiver definido), se há interrupção de carga e qual

a previsão de normalização das cargas. Nas subestações não automatizadas, algumas dessas

informações vêm da equipe de manutenção, que passa ao Centro de Operação e esse repassa à

Central de Relacionamento. O operador do sistema deve avisar ao Centro de Operação da

Chesf e ao ONS as ocorrências que estejam sob suas responsabilidades operacionais.

A organização estrutural do Centro de Controle do Sistema é dividida em baixa, média e

alta tensão. Opera em baixa e média tensão somente na área de Fortaleza e Região

Metropolitana. As interrupções de baixa tensão nessas áreas são identificadas através das

Page 40: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

25

ligações de falta de energia encaminhadas pela Central de Relacionamento. Para essas

interrupções, o operador de baixa tensão tem o papel de filtrar as ocorrências e despachar as

equipes para a solução das mesmas.

As demais ocorrências de baixa e média tensão do Estado são atendidas pelos Centros

de Controle Regionais e Unidades de Apoio à Manutenção, dependendo do local onde ocorreu

a falta de energia. As ocorrências em média tensão do interior do Ceará podem ser delegadas

para o CCS com comunicação prévia entre operadores. A operação do sistema de alta tensão

de todo o Estado do Ceará é de responsabilidade do Centro de Controle do Sistema.

Figura 13 - Layout do Centro de Controle do Sistema.

Para explicar um pouco mais sobre o funcionamento do Centro de Controle do Sistema

da Coelce, foi entrevistado o supervisor Aderaldo Roberto Araujo, que forneceu as

informações seguintes.

Os operadores do CCS trabalham em regime de plantão de seis horas, onde cada

pessoa trabalha cinco dias e folga dois dias. O Centro de Controle do Sistema possui,

simultaneamente, dois operadores que atendem as ocorrências de baixa tensão em Fortaleza-

Capital, dois operadores de baixa tensão para a área metropolitana (Grande Fortaleza), um

operador de média tensão, um operador de alta tensão e um supervisor, todos sob o comando

do coordenador. Portanto, são necessários cinco operadores de alta e média tensão, cinco

supervisores, e dez operadores de baixa tensão para atender as regiões de Fortaleza (Capital e

Região Metropolitana), na escala de turnos. O coordenador trabalha em regime normal, oito

horas por dia, sendo substituído pelos engenheiros de sobreaviso nos finais de semana e

feriados.

Page 41: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

26

Tanto o coordenador como o engenheiro de sobreaviso devem acompanhar os

atendimentos das intervenções no sistema, obter informações sobre as programações no

sistema (tarefas que foram previamente definidas para acontecer naquele período), e verificar

o retorno da configuração normal do sistema, dentre outras funções.

Cada operador de alta e média tensão conta com uma infraestrutura composta de um

rádio, quatro telefones e cinco monitores à sua disposição. Todas as ligações, tanto as de rádio

como as de telefone, são gravadas e arquivadas por um período de cinco anos. Em cada posto

de operação é disponibilizado acesso ao SCADA. O Centro de Controle do Sistema possui

uma linha direta com a Chesf e duas com o ONS.

O comportamento adotado por um operador de média tensão é diferente do operador de

alta tensão. Em média tensão, a tarefa do operador de sistema é coordenar as manobras

executadas pelo pessoal da manutenção, para assegurar a eficiência e segurança e registrar as

manobras identificando o equipamento e a hora de sua operação.

Já o operador de alta tensão tem que estar preocupado com a rápida normalização das

cargas, isolando o defeito ou transferindo as cargas das subestações afetadas para outra

subestação. Se a interrupção de carga tiver duração igual ou superior a três minutos, haverá a

contabilização da mesma nos indicadores de continuidade.

Uma informação muito importante fornecida pelo operador entrevistado é que

nenhuma ocorrência é igual à outra, posto que são verificadas características singulares em

cada evento.

Page 42: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

27

Figura 14 - Centro de Controle do Sistema.

3.5.2.4 - CO�FIGURAÇÃO DA I�TERFACE DO SISTEMA SCADA

O sistema SCADA, utilizado nos Centros de Operação, tem uma configuração fixa, que

dispõe de algumas telas como: diagrama unifilar geral da subestação, vãos das subestações,

uma tela de alarmes e registro de eventos e uma tela de medições (tensão e corrente) com

informações on line. A tela que mostra o diagrama unifilar da subestação é a mais utilizada

pelos operadores, devendo conter todos os elementos do campo, tanto os estáticos (barras e

linhas) como os dinâmicos (chaves e disjuntores). A configuração utilizada na tela do

diagrama unifilar é padrão e especificada, sendo:

• Barras e linhas representadas por cores distintas, de acordo com o nível de

tensão:

o 230 kV – na cor amarela;

o 69 kV – na cor laranja;

Page 43: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

28

o 13,8 kV – na cor azul;

• Equipamentos dinâmicos devem fazer distinção entre seus estados:

o Equipamentos de disjunção na posição aberta são representados por um

quadrado vazado, com contorno na cor verde, e na posição fechado por

quadrado cheio na cor vermelha. Se o equipamento tiver religamento

automático, a representação é feita por uma barra ao lado do quadrado.

Quando estiver ativo, a representação é feita por barra cheia; se o

religamento estiver inativo por barra vazada;

o Chaves seccionadoras abertas são representadas na cor verde com

indicação de abertura; quando fechada é representada na cor vermelha

com indicação visual de fechamento.

Na tela do operador são apresentados somente os valores necessários, para que não haja

poluição visual. O valor de corrente mostrado é somente o da fase A, e o valor de tensão

mostrado é o entre fases (Vab) somente nas barras, apesar de todos serem medidos. Os

operadores têm acesso a esses dados por subtelas do sistema, disponíveis para consulta.

O comando de abrir/fechar um equipamento se dá por um click sobre o símbolo do

equipamento que se deseja modificar o estado, abrindo uma subtela que mostra as opções de

comando para aquele determinado equipamento. Essa mesma janela possui botões de

cancelamento e confirmação da execução do comando desejado.

A tela de alarmes deve: conter filtros de alarme de acordo com criticidade; ser

atualizada on line; mostrar um histórico com data, hora, minuto e segundos, identificação do

equipamento acionador do alarme, descrição da mensagem de alarme e mostrar a proteção

que atuou. Os alarmes têm cores diferentes de acordo com o nível de criticidade. Por

exemplo, o alarme de disjuntor e religador aberto, tanto de média como alta tensão, aparece

na cor vermelha, já o alarme de nível de tensão aparece na cor amarela. As cores também

informam por onde o equipamento foi comandado. Se a manobra for realizada manualmente

(feita em campo), o equipamento aparece na cor verde, se for comandado pelo operador do

sistema (nível 3) fica na cor azul. O alarme é percebido tanto visualmente, pois fica piscando

na tela, como sonoramente [24].

Todo e qualquer alarme que atua, mesmo sendo somente instantâneo, resulta em uma

solicitação feita pelo operador do centro ao operador de campo para que se faça uma inspeção

afim de analisar a linha e/ou subestação, na tentativa de identificar a causa da abertura do

equipamento.

Page 44: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

29

A figura abaixo mostra a tela usada nos centros de operação da Coelce.

Figura 15 - Tela do Sistema Digital para Automação.

3.6 - EXEMPLO DE I�TERRUPÇÃO DE E�ERGIA EM ALIME�TADOR

Como exemplo de uma Instrução de Operação de Recomposição de Alimentador em

tempo-real, será utilizado a do alimentador 01C3 de Cascavel (CSL).

Considerar-se-á inicialmente, a configuração normal do sistema, ou seja, o alimentador

não está transferido para outra subestação, e a subestação de Cascavel está sendo alimentada

pelo ponto de suprimento no qual foi realizado o estudo. Supondo que houve a atuação

automática do religador 21C3 (correspondente ao alimentador 01C3), o operador deve realizar

as ações descritas abaixo para restabelecer o fornecimento de energia. A inspeção do

alimentador em questão é divida em quatro trechos, e serão citados como exemplo dois desses

trechos:

• Trecho 1 – Possui 6,49 km de extensão, compreendendo: desde a saída do

alimentador 01C3 até a chave WG-2014; até a chave seccionadora GW-2138

Page 45: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

30

(encontro com alimentador 01C2/CSL); e a chave de encontro com alimentador

01C2/CSL na estrutura GU-2443;

• Trecho 2 – Com 1,70 km de extensão, envolve desde a chave WG-2014 até o

religador na estrutura WE-1268; da chave seccionadora de encontro com o

alimentador 01C4/CSL na estrutura WE-2120; até a chave localizada na

estrutura WG-2154.

Todas as chaves e pontos de encontro descritos acima são facilmente visualizados na

Figura 16, abaixo.

Figura 16 – Parte do Diagrama Unifilar do alimentador 01C3 da subestação de Cascavel.

Page 46: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

31

Figura 17 - Endereço de parte dos encontros de alimentadores e chaves para manobra.

A transferência total das cargas do alimentador, tanto em horário de carga leve (corrente

com um valor de 67 A) como em horário de carga pesada (corrente de 156 A), se dá de forma

completa para o alimentador 01C4 da própria subestação, restabelecendo o suprimento da

região abastecida pelo alimentador 01C3 de Cascavel [25].

Após o restabelecimento da energia, é elaborado o Relatório Diário de Ocorrência

(RDO), que possui cronologicamente todas as atuações de equipamentos existentes no sistema

elétrico da Coelce durante as 24 horas de um dia, incluindo as significativas e as não

significativas.

Ocorrências significativas são aquelas com interrupção de carga que duraram mais de

um minuto. Já as ocorrências não significativas são aquelas que tiveram duração até um

minuto, com interrupção de carga, ou não.

Nessa etapa, também é feito um relatório mais detalhado, contendo somente as

ocorrências significativas, denominado Relatório Diário para Análise (RDP), elaborado pelo

supervisor que estava no momento da ocorrência. Este relatório apresenta a narrativa de todos

os acontecimentos, desde a interrupção de carga (com falhas e anormalidades que dificultaram

o serviço) até o restabelecimento completo das cargas, sendo utilizado nas reuniões diárias de

análise de ocorrência, em que são discutidas as contingências que foram verificadas no dia

anterior.

Além do restabelecimento do sistema, cabe ao operador realizar manobras de ações

programadas na rede (realização de manutenção em redes desenergizadas ou energizadas em

alta, média ou baixa tensão), energizar novas instalações, dentre outras. A operação de alta e

Page 47: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

32

média tensão compreende as ações de coordenação, supervisão, controle e execução da

operação em tempo real.

No capítulo a seguir, serão apresentadas as medidas tomadas pela Coelce na etapa da

pós-operação: as análises dos relatórios das ocorrências, as ações tomadas para evitar a

reincidência de interrupções pelo mesmo motivo, e caso ocorra, que o restabelecimento se dê

de forma mais rápida. Serão analisadas, ainda, as causas mais frequentes de interrupções no

fornecimento de energia e os indicadores de continuidade de energia elétrica.

Page 48: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

33

CAPÍTULO 4

PÓS-OPERAÇÃO

A etapa da pós-operação realiza tarefas posteriores a uma falta no sistema, buscando a

melhoria contínua no serviço de entrega de energia, segurança para os operadores, melhoria na

qualidade de serviço e nos índices de desempenho, evitando multas aplicadas pela ANEEL. A

Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) estabelece que as concessionárias devem ter um

índice de continuidade de fornecimento de energia elétrica. O não cumprimento dos índices na

qualidade de serviço de energia elétrica gera multa para a distribuidora.

Na pós-operação são realizadas análises das ocorrências e perturbações, cálculos dos

indicadores de qualidade, avaliação do desempenho da empresa, em que são detectados os

problemas e é sugerido melhorias para a operação do sistema. Essa fase consiste na identificação

da origem, causa, propagação e consequências ocasionadas pelas oscilações.

Há algum tempo, a Coelce desenvolve um trabalho de análise das ocorrências que

afetam o sistema, visando em uma constante melhora na entrega de energia. Estas análises são

feitas nas reuniões, podendo ser na Reunião de Ocorrência Significativa, que acontece

diariamente, ou na Reunião de Análise de Ocorrência, mais detalhada e específica.

4.1 - REU�IÃO DE OCORRÊ�CIA SIG�IFICATIVA

Um dos trabalhados que a Coelce realiza na pós-operação é a Reunião de Ocorrência

Significativa, realizada no dia seguinte a ocorrência no sistema. Nessa reunião são analisadas

todas as ocorrências significativas do dia anterior, com base no Relatório Diário para Análise

(RDP), com a finalidade de identificar os motivos da ocorrência, avaliar o desempenho das

pessoas envolvidas no restabelecimento, apontar soluções para os problemas encontrados e

recomendar ações corretivas e preventivas para que o sistema não sofra futuras ocorrências

pelo mesmo problema. Para a realização da reunião faz-se necessário a presença de:

• Área de Operação: engenheiro responsável pela análise (que não estava

envolvido no restabelecimento);

• Área de Manutenção: eletricistas e operadores de subestação e rede envolvidos

na normalização;

• Área envolvida: responsável pelo centro de operação da área afetada e o

operador responsável pela execução do trabalho;

Page 49: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

34

• Todos os funcionários com envolvimento direto ou indireto na ocorrência.

Nessa reunião são definidas recomendações para as áreas envolvidas diretamente, ou

não, na ocorrência. Pode ser gerada recomendação para a área diretamente afetada, como

realizar inspeção termográfica no alimentador até o ponto de defeito (vistoria completa do

alimentador utilizando um termostato), com a finalidade de localizar algum ponto quente nas

conexões ou outro defeito que possa ter resultado na ocorrência; ou a recomendação pode ser

enviada para outras áreas: área de planejamento (compra de um equipamento, criação de uma

nova linha); área de estudos (verificar ordem de ajuste da proteção); todas as áreas da

empresa. Todas as recomendações visam evitar que haja reincidência pelo mesmo motivo ou

defeito, identificando o fator causador, como uma forma de prevenção para manter em bom

estado as instalações.

As solicitações definidas na Reunião de Ocorrência Significativa são encaminhas para

os responsáveis, para estes tomarem as providências pertinentes. Depois de respondida a

recomendação, cabe à área responsável pela realização da ocorrência, analisar e aceitar, ou

não, a resposta ou providência realizada pelas áreas cuja recomendação foi solicitada. Se não

aceita, a resposta é contestada até que a mesma seja aceita.

Para exemplificar, o relatório feito pelo supervisor, será mostrada uma interrupção de

energia que ocorreu com o alimentador 01C3, da subestação (SE) de Cascavel (CSL), no dia

06 de maio de 2010, utilizando o mesmo diagrama unifilar apresentado na Figura 16 do

capítulo 3. Em que é narrado passo-a-passo do restabelecimento da energia.

Figura 18 – Modelo do relatório analisado na Reunião de Ocorrência Significativa.

Page 50: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

35

Lê-se acima: “Às 06:12h localizada cadeia de isoladores fase B danificada por descarga atmosférica,

na primeira estrutura após a chave seccionadora WI-1841. Proteção: 50/51�, 3acc, Icc=260A. Às 05:27h o

operador informou ao CCS que o telealarme da SE CSL estava acionado. O CCS verificou que na tela do SAC e

estava tudo normal na SE CSL e deslocou o operador para a referida SE. Às 05:29h o CCS conectou a IHM e

identificou o religador 21C3/CSL aberto. O CCS redirecionou o operador para a 1ª chave do PRS WG-2014. Às

05:32h a equipe 1723 se apresentou ao CCS em Cascavel e foi deslocada para a chave de encontro WE-2120

(01C3/CSL-01C4/CSL). Às 05:36h o operador chegou à chave WG-2014 e o CCS solicitou a sua abertura. Às

05:37h o operador informou a abertura da chave WG-2014 e o CCS fechou o religador 21C3/CSL sem sucesso,

atuando a proteção 51�. Às 05:38h o CCS deslocou o operador para a chave WI-1884, que fica antes da 1ª

chave do PRS. Às 05:42h a equipe 1723 chegou à chave WE-2120 e o CCS solicitou o seu fechamento. Às

05:43h foi fechada a chave WE-2120, transferindo parte do alimentador 01C3/CSL para o alimentador

01C4/CSL, normalizando 4.338 clientes. Às 06:04h o operador chegou à chave WI-1884 e o CCS solicitou a sua

abertura. Às 06:05h o operador informou a abertura da chave WI-1884 e o CCS fechou o religador 21C3/CSL,

normalizando 1.372 clientes”.

Os dados contidos no relatório feito pelo supervisor são:

• Departamento: aparece como DM, é a Região Metropolitana (Grande Fortaleza);

• Tensão envolvida: média tensão;

• Local afetado: se foi um Regional, uma subestação ou alimentador; no caso

analisado a ocorrência foi em um alimentador;

• Tempo: dividido em inicial, parcial (quando parte das cargas são restabelecidas)

e total (momento em que todas as cargas são normalizadas);

• Quantidade de clientes conectados ao alimentador;

• Potência;

• Responsabilidade do alimentador (se pertence à Coelce ou à terceiros);

• Descrição do que aconteceu.

Esses dados são analisados nas reuniões com o objetivo de identificar atos falhos das

pessoas responsáveis pelo serviço e problemas no sistema elétrico. Gerando assim as

recomendações. Para esta ocorrência as recomendações foram:

• Realizar inspeção minuciosa ao longo do alimentador até o ponto do defeito,

nessa inspeção, observam-se defeitos que possam ser detectados visualmente;

• Realizar inspeção termográfica no alimentador até o ponto do defeito;

• Informar o motivo de o rádio ter se danificado na hora da ocorrência. Essa

recomendação só foi feita devido a presença do operador e do eletricista que

Page 51: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

36

atuaram na ocorrência comentarem que ficaram sem comunicação, pois o rádio

não estar funcionando perfeitamente;

• Fazer a substituição do isolador danificado por um isolador polimérico

(melhorias no sistema);

• Avaliar a necessidade de instalar mais pára-raios ao longo deste alimentador

(necessidades do sistema).

4.2 - REU�IÃO DE A�ÁLISE DE OCORRÊ�CIA

É a análise mais detalhada da ocorrência, ocorre quando é solicitada, normalmente pelo

diretor da área técnica, incluídas oscilografias de relés, histórico de telemedidas, gravações da

comunicação verbal da operação, sequência de eventos da proteção; envolve todas as áreas

responsáveis. Normalmente, é solicitada para identificação de eventos indesejáveis (controle

de tensão e de frequência) quando o risco para o sistema ou pessoal foi alto, ou quando é

percebido erro por parte de algum responsável, colocando em perigo a segurança do sistema

ou de pessoal (desempenho insatisfatório), ou simplesmente pelo alto tempo no

restabelecimento das cargas. Após a reunião é elaborado um relatório com introdução

(descrição da ocorrência), análise dos documentos mencionados acima, análise do

desempenho da equipe, recomendações com prazos definidos para atendimento e conclusão

[26]. As recomendações estabelecidas nessa reunião têm prazo estipulado para sua realização

devido a sua urgência, pois algo mais sério aconteceu e deve ser resolvido logo.

4.3 - RELATÓRIO DE OCORRÊ�CIAS REITERADAS

Outro trabalho realizado quinzenalmente é o Relatório de Ocorrências Reiteradas, que

contendo todas as ocorrências significativas que aconteceram no sistema elétrico da Coelce,

incluindo subestações, alimentadores e linhas de transmissão.

Esse relatório é muito parecido com o Relatório Diário para Análise (RDP), com a

inclusão da causa do problema, formando um relatório mais completo e detalhado. A partir

desse relatório, são extraídas as maiores ocorrências reiteradas em: alimentador, subestação,

linha de transmissão, subestações que ficam sem energia por causa de problemas na rede

básica (em que a Coelce não é responsável pelo que ocasionou o problema), subestações que

ficam sem fornecimento de energia por problemas nas linhas de transmissão, e subestações

que tiveram ocorrências nos seus alimentadores (quantidade de vezes que os alimentadores de

Page 52: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

37

certa subestação sofreram interrupção, ou seja, a soma de todas as ocorrências que

aconteceram nos alimentadores da subestação). Os dados do ano corrente são comparados

com os do ano anterior, como mostra a Tabela 6.

A partir desse relatório, constatou-se um total de 982 ocorrências significativas em

média e alta tensão no ano de 2010, como é mostrada na Tabela 7.

Tabela 6 - Comparativo das ocorrências significativas por ano.

Ocorrências Significativas

Ano Quantidade 2008 1.237 2009 1.028 2010 982

Tabela 7 – Maiores Saídas Reiteradas em 2010.

Maiores Saídas Reiteradas em 2010

Instalação

Total de Saídas

Individual

Total de Saídas (> que 3 min.)

Total Global

Total Global (> que 3 min.)

Alimentador ART-01N2 9 9 590 461 Subestação BCR 3 2 91 43 SE devido a Rede Básica

CAT 5 / 4* 4 / 4* 194 / 144*

182/ 143*

SE devido a LT

PRT 6 3 107 55

SE por alimentador

PAR 20 18 590 461

Linha de Transmissão

02M4-CPE / PCM

5 2 61 28

*Saídas de subestações devido atuação do ERAC.

Em que:

• Total de Saídas Individual é o número de que cada instalação ficou fora;

• Total de Saídas (> que 3 min.) é a quantidade de vezes que certa instalação ficou

sem energia por um período maior do que três minutos (contabilizando para o

DEC e FEC);

Page 53: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

38

• Total Global é a soma das ocorrências de uma determinada instalação (por

exemplo, todos os alimentadores que ficaram sem energia) durante o ano de

2010;

• Total Global (> que 3 min.) é o Total Global das ocorrências com duração de

mais de três minutos durante o ano.

As 982 ocorrências correspondem à soma das instalações: alimentador, subestação,

subestação devido à Rede Básica e subestação devido à linha de transmissão. A análise das

ocorrências de subestação por alimentador é uma forma de agrupar as ocorrências dos

alimentadores. As ocorrências na linha de transmissão, que são problemas na própria linha,

contabilizados para saber qual linha têm mais problema, contabilizadas no item SE devido a

LT.

O alimentador ART-01N2 significa que é o alimentador 01N2 (codificação da empresa)

da subestação de Aracati (ART); e as subestações Barra do Ceará (BCR), Porto (PRT),

Paraipaba (PAR) e a LT 02M4-CPE/PCM é a linha 02M4 (codificação da empresa) que liga

Cauípe (CPE) a Pecém (PCM).

As causas mais frequentes das ocorrências no sistema da Coelce são apresentadas

abaixo, em ordem de maior frequência de acontecimento para menor:

• Atuação do Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC): ocorre quando a

atuação de alívio de cargas, tirando subestações por subfrequência no sistema;

• Defeito Temporário Não Identificado (DTNI): usado quando não se consegue

identificar a causa da incidência;

• Descarga atmosférica: oscilação causada por descargas atmosféricas;

• Terceiros acidental: incidente ocasionado por contatos acidentais (de pessoas,

equipamentos alheios à empresa ou terceiros), como pipas, bolas, objetos que

toquem na rede provocando o desligamento da rede. É importante não confundir

com vandalismo;

• Abalroamento: provocado por poste abalroado, quando um carro, ou outro

objeto, colide com um poste, danificando a rede elétrica;

• Demais instalações da transmissão não programada: usada quando houver

desligamento de cargas por problemas na rede básica, sem avariar o sistema; é

uma intervenção não programada de manutenção nos sistemas de rede básica,

afetando clientes;

Page 54: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

39

• Condutor partido: incidente provocado por condutor partido, sem que seja

identificada a causa que partiu o condutor;

• Defeito em isolador: usado quando a causa da incidência for defeito no próprio

material (isolador furado ou quebrado);

• Vandalismo: ações não acidentais, propositais, realizadas no sistema com o

objetivo de danificá-lo (disparos de caçadores, arame, pedra jogada na rede);

• Corpo estranho: quando um corpo estranho provocar avaria no sistema;

• Defeito interno cliente: quando um defeito no cliente tira, ou não, de operação

outras cargas conectadas ao sistema, precisando da intervenção de um

profissional da Coelce para normalizar os demais clientes;

• Árvore tombada: ocorrência ocasionada por uma árvore tombada;

• Defeito em pára-raios: oscilação ocorrida por defeito em pára-raios;

• Maresia: ocasionado pelas condições ambientais de salinidade, diminuindo o

nível de isolamento entre os componentes e a vida útil dos materiais;

• Outras falhas: usada quando não é possível associar a causa encontrada a uma

causa especificada pela Coelce;

• Desligamento emergencial: quando o incidente resultar do desligamento de

cargas para corrigir um problema emergencial;

• Pássaros: falta provocada por pássaro;

• Vegetação: ocorrência devido ao crescimento de árvores que entram em contato

com a rede;

• Transferência e retransferência de cargas: ocasionada por manobras de

transferência e retransferência de cargas;

• Vento: incidente causado por ventos fortes, pelo contato de condutores com

outros equipamentos (condutores ou partes metálicas);

• Animais: devido a animais que tiram de operação cargas do sistema;

• Jumper partido: usado quando o jumper partido provoca a ocorrência (jumper é

um condutor não submetido à tração, mantendo ininterrupta a energia elétrica);

• Queimadas: oscilações de tensão causada por queimadas.

Page 55: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

40

A tabela abaixo mostra as principais causas que aconteceram em cada Regional:

Tabela 8 – Principais Causas separadas por Regional.

Regional Quant. Ocorrências

Principais Causas

Saídas pela mesma causa

Atlântico 88 ERAC 14 Centro-Sul 76 DTNI 17 Fortaleza Capital

204 Abalroamento 30

Fortaleza Metropolitana

220 ERAC 32

Leste 133 * 22 �orte 99 ERAC 24

Centro-�orte 86 ERAC 33 Sul 79 DTNI 17

*Demais Instalações da Transmissão não Programada.

Algumas pessoas confundem falta, falha, defeito e perturbação. Falta é uma ocorrência

acidental ou defeito em um elemento do sistema, podendo resultar em falha no funcionamento

do elemento. A falha é ocasionada quando um elemento do sistema para de funcionar. Defeito

é uma anormalidade de funcionamento de uma instalação ou equipamento, diminuindo a

confiabilidade do equipamento. Curto-circuito são defeitos devido ao toque entre condutores

energizados ou entre um condutor energizado e a terra, criando arco elétrico, desequilíbrios de

tensão e corrente. Perturbação é um distúrbio que resulta em um desligamento forçado no

fornecimento de energia.

Esses relatórios são importantes, pois facilitam a identificação dos pontos fracos do

sistema, em que aspectos o sistema não é satisfatório e qual o motivo, proporcionando a

realização de um plano de investimento para melhorias no sistema.

Existe outro tipo de relatório que calcula os índices de continuidade de energia elétrica,

realizado para a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), mostrando se a Coelce

atende ou não os valores estipulados como limites de qualidade exigidos, diferentes destes

apresentados, que indicam melhorias para o fornecimento da energia.

4.4 – I�DICADORES DE CO�TI�UIDADE

Para as concessionárias, permissionárias de serviço público de distribuição e de

transmissão de energia elétrica, é muito importante manter a continuidade no serviço de

Page 56: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

41

distribuição de energia elétrica, pois existem metas estabelecidas pela ANEEL a serem

cumpridas nos enfoques de Duração Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora

(DEC) e Frequência Equivalente de Interrupção por Unidade Consumidora (FEC), para

conjuntos de unidades consumidoras.

Conjunto de unidades consumidoras é um grupo de unidades consumidoras da mesma

área de concessão definidos pela concessionária. Podendo abranger mais de um município ou

dividir o município em mais de um conjunto. Essa divisão tem que ser aprovada pela ANEEL

[27].

Para os indicadores citados abaixo, somente são contabilizadas as interrupções de longa

duração, tempo de interrupção igual ou superior a três minutos:

• Indicadores de continuidade coletivo:

o DEC é o intervalo de tempo (horas) que um consumidor percebe a

descontinuidade na distribuição de energia elétrica, em um período;

o FEC é a quantidade de interrupções que cada unidade consumidora do

conjunto considerado sofreu;

• Indicadores de continuidade individual:

o Duração de Interrupção Individual por Unidade Consumidora (DIC):

intervalo de tempo que ocorreu a descontinuidade de energia em uma

unidade consumidora;

o Duração Máxima de Interrupção Contínua por Unidade Consumidora

ou por Ponto de Conexão (DMIC): tempo máximo de interrupção em

um consumidor, limita o tempo máximo de cada interrupção para forçar

a distribuidora a não deixar o consumidor sem energia por um período

muito longo;

o Frequência de Interrupção Individual por Unidade Consumidora ou por

Ponto de Conexão (FIC): corresponde ao número de interrupções

ocorridas no consumidor.

A apuração ocorre de modo mensal, trimestral e anual dos indicadores DEC, FEC, DIC

e FIC, e de forma mensal para o DMIC. Não são contabilizadas as interrupções provocadas

por: falha nas instalações do próprio consumidor que não interrompa o fornecimento de

energia para outros clientes (se afetar terceiros será contabilizado para os que sofreram

interrupção); obras de interesse do cliente, não causando interrupção em terceiros; situação de

emergência (descrita em detalhes pela distribuidora); inadimplência do consumidor; furto ou

Page 57: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

42

de força maior, originadas na distribuidora, comprovada por documentos.

Para DIC, FIC e DMIC também não são consideradas as interrupções oriundas da

atuação do ERAC; as interrupções vinculadas ao racionamento de energia, quando instituído

pela União; ocorrências programadas na rede, em que os clientes são avisados previamente e

haja um cumprimento do horário de início e fim da interrupção pela concessionária; e por dia

crítico (quando a quantidade de ocorrências superar a média acrescida de três desvios padrões

dos valores diários, relativos aos 24 meses anteriores ao mês em curso) [27].

O não cumprimento das metas estabelecidas para DIC, FIC e DMIC é considerado

violação de padrão do indicador de continuidade individual, tendo como penalidade a

indenização ao consumidor afetado (compensar financeiramente, creditando o valor na futura

fatura), que deve ser paga até dois meses após o mês em que houve a interrupção.

Anteriormente, a penalidade por não cumprimento dos limites dos indicadores coletivos

(DEC e FEC) era multa. A partir de 2009, somente os indicadores individuais gerariam multa,

de acordo com o Procedimento de Distribuição (PRODIST), que estabelece o término da

multa por ultrapassagem dos indicadores coletivos. Havendo violação de mais de um

indicador individual, será indenizado (pago aos clientes) somente o indicador que possuir o

maior valor de compensação.

Apesar de cessada a aplicação de multa para o DEC e FEC, eles ainda devem ser

calculados para monitorar o desempenho das distribuidoras.

Tabela 9 - Parte dos Índices de Continuidade por Conjunto do Estado do Ceará (1° Trimestre de 2011)[28].

Conjunto �º Cons. DEC FEC

ACARAPE 26.870 3,73 2,44

ACARAÚ 22.605 4,63 2,17

ACOPIARA 21.150 4,20 5,82

AGUA FRIA 46.561 2,82 1,99

ALDEOTA 42.261 2,02 1,53

AMONTADA 15.391 4,32 1,81

ANTONINA DO NORTE 21.040 3,52 1,45

APUIARÉS 9.045 2,90 1,75

CASCAVEL 30.216 6,24 4,08

BEBERIBE 17.257 5,15 2,53

Consumidores: 2.815.070

Page 58: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

43

Pela tabela acima, percebe-se que os limites de DEC e FEC não são iguais para cada

conjunto de consumidores. Isso se deve ao fato de as cargas não estarem distribuídas

uniformemente pelo Estado. Quanto mais distante do centro (grupo de cargas) estiver o

consumidor, mais elevado será o custo do atendimento, para que a tarifa cobrada seja a

mesma para todos os consumidores, existem diferentes níveis de qualidade dentro de uma

mesma área de concessão [29].

De acordo com dados da ANEEL, a compensação paga, aos consumidores, pela Coelce,

no primeiro trimestre de 2010, é mostrada na Tabela 10, abaixo. E a compensação paga pela

Coelce, de acordo com esta, em todo o ano de 2010, é mostrada na Tabela 11.

Tabela 10 – Compensação paga pela Coelce no primeiro trimestre de 2010 de acordo com a A�EEL[30].

Região Distribuidora �º Compensações

Total

Compensação Total

R$

Nordeste COELCE 535.642 R$ 779.692,43

Tabela 11 – Compensação paga pela Coelce em 2010.

Região Distribuidora �º Compensações

Total

Compensação Total R$

�ordeste COELCE 1.158.435 R$ 1.820.556,00

Os limites estabelecidos pela ANEEL para os indicadores de continuidade individual

(DIC e FIC) são definidos de acordo com o DEC e FEC, respectivamente. Variando de acordo

com: o conjunto que o cliente está inserido; nível de tensão; divisão entre urbano e não

urbano. A meta destes indicadores é definida para o período mensal, trimestral e anual, o

DMIC é um indicador mensal que corresponde a 50% do padrão mensal do DIC. A tabela

abaixo, mostra um exemplo da meta dos indicadores para clientes abastecidos em tensão

menor ou igual a 1 kV:

Page 59: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

44

Tabela 12 – Metas dos indicadores individuais.

Para todos os conjuntos, existem metas definidas pela ANNEL. A Coelce possui, no

total, 99 conjuntos. Futuramente, os clientes serão divididos de acordo com a subestação a

qual estão conectados, e não mais por conjuntos. Para exemplificar, é apresentado o conjunto

Beberibe, estes dados estão disponibilizados no site da ANEEL [31]:

Tabela 13 – Limites dos Indicadores Individuais - Urbano.

COMPANHIA ENERGÉTICA DO

CEARÁ

DIC (em horas)

FIC (número de interrupções)

DMIC (em horas)

Conjunto DEC FEC ANUAL TRIM. MENSAL ANUAL TRIM. MENSAL MENSAL

BEBERIBE 23 18 27,48 13,74 6,87 15,45 7,72 3,86 3,97

Tabela 14 - Limites dos Indicadores Individuais - �ão urbano.

COMPANHIA ENERGÉTICA DO

CEARÁ

DIC (em horas)

FIC (número de interrupções)

DMIC (em horas)

Conjunto DEC FEC ANUAL TRIM MENSAL ANUAL TRIM. MENSAL MENSAL

BEBERIBE 23 18 49,42 24,71 12,35 33,08 16,54 8,27 6,79

De acordo com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee),

que agrupa 43 concessionárias em todo o País, o ranking das 10 melhores distribuidoras do

Brasil segundo os indicadores DEC e FEC foram [32]:

Page 60: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

45

Figura 19 – Comparativo dos melhores índices de DEC no Brasil em 2010.

Figura 20 – Comparativo dos melhores índices de FEC no Brasil em 2010.

Conforme mostra as Figuras 19 e 20, a Coelce aparece em terceiro lugar no índice de

DEC e em quarto lugar para o índice de FEC. Dentre as causas principais para os índices de

DEC e FEC na Coelce, destacam-se:

Page 61: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

46

Figura 21 - Comparativo das causas que mais contribuirão para o DEC da Coelce.

Figura 22 - Comparativo das causas que mais contribuirão para o FEC da Coelce.

Para comprovar que este trabalho desenvolvido pela Coelce está trazendo melhorias, é

apresentado o comparativo de DEC e FEC dos anos anteriores até o atual (serão mostrados os

valores acumulado, ou seja, a soma do valor de cada mês até obter o anual):

Page 62: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

47

Tabela 15 – Evolução do DEC na Coelce de 2008 a 2011.

DEC ACUM

JA� FEV MAR ABR MAI JU� JUL AGO SET OUT �OV DEZ

2008 0,98 1,54 2,67 3,48 4,17 4,72 5,30 5,91 6,43 7,07 7,57 8,18 2009 0,88 1,54 2,23 2,96 3,71 4,41 5,10 5,67 6,10 6,54 7,03 7,67 2010 0,66 1,15 1,89 2,58 3,13 3,66 4,19 4,70 5,26 6,04 6,69 7,54 2011 0,91 3,20 4,07 5,59 Meta 2011

0,69 1,36 2,09 2,78 3,40 3,96 4,53 5,08 5,64 6,18 6,76 7,34

Tabela 16 – Evolução do FEC na Coelce de 2008 a 2011.

FEC ACUM

JA� FEV MAR ABR MAI JU� JUL AGO SET OUT �OV DEZ

2008 0,71 1,17 2,09 2,64 3,19 3,63 4,11 4,65 5,10 5,80 6,27 6,78

2009 0,69 1,21 1,77 2,30 2,81 3,28 3,83 4,26 4,63 4,99 5,32 5,91

2010 0,57 0,95 1,46 1,90 2,35 2,73 3,13 3,61 4,14 4,73 5,20 5,61

2011 0,51 1,99 2,66 3,53

Meta 2011

0,48 1,44 1,99 2,45 2,82 3,15 3,45 3,74 4,05 4,35 4,65 5,51

Pode-se observar uma melhora com o passar dos anos.

A previsão para o DEC de 2011 é 8,62 e para o FEC é 6,05. Esses valores de previsão

estão mais altos do que os anos anteriores devido ao blecaute ocorrido no dia 03 de fevereiro e

aos problemas relacionados a Rede Básica. Juntos, esses eventos acrescentaram ao DEC 1,58

horas e ao FEC 1,54 interrupções. Se não fossem consideradas as oscilações devido a Rede

Básica no ano de 2011, o DEC seria 4,01 e o FEC 2,19.

No ano de 2010, a Coelce ressarciu 1.158.435 clientes pelo não cumprimento dos

limites estipulados para os indicadores DIC, FIC e DMIC. Estes clientes estavam conectados

em 13,8 kV e 69 kV (grandes clientes) e em baixa tensão, conforme mostra o diagrama

abaixo:

Page 63: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

48

Figura 23 - Percentual de Ressarcimento por �ível de Tensão e por Indicadores em 2010.

4.5 - SISTEMAS ESPECIAIS DE PROTEÇÃO

No ano de 2010, a causa que mais tirou alimentadores e subestações de funcionamento

foi o Esquema Regional de Alívio de Cargas (ERAC), realizado pelo Operador Nacional do

Sistema (ONS), com o objetivo de manter em equilíbrio geração e carga. O ERAC faz parte

de um sistema de proteção que desconecta automaticamente cargas quando a geração está

baixa, não sendo possível suprir todas as cargas ligadas à Rede Básica.

Tabela 17 – Configuração: Sistema/Efeito.

SISTEMA EFEITO

Geração Sistema Carga �ormal Normal Normal Condição Normal do Sistema

Normal Normal Subfrequência (ERAC)

�ormal

Normal Subtensão

�ormal Normal

Sobrefrequência / Sobretensão

�ormal

Normal Sobretensão

O sistema elétrico de potência tem que estar equilibrado entre geração e carga para o

perfeito funcionamento. Caso ocorra desequilíbrio na relação geração/sistema/carga os

elementos de proteção irão atuar para que o sistema não se danifique. Elementos, estes,

Page 64: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

49

pertencentes ao Sistema Especial de Proteção (SEP), sistemas automáticos de controle e

proteção, que devem ser instalados nas geradoras, transmissoras, e distribuidoras de energia

elétrica. O SEP possibilita o uso correto dos sistemas de geração, transmissão e distribuição,

dando uma maior confiabilidade à operação do Sistema Interligado Nacional (SIN), evitando

que perturbações levem o sistema a um colapso ou perda de estabilidade, aumentando a

segurança, pois um problema em uma área não irá afetar outras áreas. O SEP é dividido em:

• Esquemas de Controle de Emergência (ECE), que atuam no efeito:

o Subfrequência (ERAC);

o Subtensão;

o Sobrecarga.

• Esquemas de Controle de Segurança (ECS), que atuam na causa. É a chamada

Proteção por Perda de Sincronismo (PPS), atua a partir da detecção de perdas

múltiplas no sistema, evitando a propagação de distúrbios no sistema [33].

A proteção PPS é muito importante para o perfeito funcionamento do sistema

interligado, devendo atuar quando percebidas oscilações instáveis, com o objetivo de

preservar o restante das cargas, para que elas não sintam as oscilações e fiquem fora de um

possível colapso.

4.5.1 - ESQUEMA REGIO�AL DE ALÍVIO DE CARGAS - ERAC

Maior responsável pelas ocorrências no sistema do estado do Ceará em 2010.

Ressaltando que a atuação do ERAC não é contabilizada nos índices de continuidade, pois são

problemas causados por perdas de blocos de geração, e não pelo sistema de distribuição da

concessionária. O ERAC é um dos Sistemas Especiais de Proteção mais importantes,

ocasionando interrupções no fornecimento de energia devido à perda de geração.

Atua pelo corte de carga no momento em que é sentida uma variação negativa na

frequência. Quando a geração não é suficiente para a quantidade de carga conectada ao

sistema, o nível de tensão aumenta, acarretando em uma diminuição na frequência do sistema,

que é padronizada em 60 Hz. Para que não ocorra o fenômeno de subfrequência, o ERAC atua

tirando algumas cargas do sistema. As cargas conectadas ao sistema são padronizadas para

trabalhar em 60 Hz; quando essa frequência não é atendida, ocorre o superaquecimento dos

aparelhos, diminuição da vida útil, entre outros problemas, para isso não acontecer o ERAC

atua tirando essas cargas do sistema elétrico.

Page 65: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

50

A atuação do ERAC é diferente para cada área geo-elétrica do Sistema Interligado

Nacional, pois os ajustes das divisões das cargas a serem rejeitadas dependem da área. O

Nordeste possui essa divisão em cinco estágios, totalizando 40% de toda a carga da região,

devendo estar disponível para a atuação do ERAC.

O ONS tem a responsabilidade de fiscalizar os montantes de cargas disponíveis para um

possível corte de cargas, identificando, se estes, estão conforme as exigências de cada área. Já

a concessionária deve fornecer dados reais (levantamento de cargas da sua área de concessão)

ao ONS. Esse levantamento de cargas é de suma importância para a realização do Relatório

Quadrimestral de Acompanhamento do Esquema Regional de Alívio de Carga, em que o ONS

atualiza os dados para o perfeito funcionamento do ERAC em uma futura atuação. Esse

relatório apresenta os estágios de atuação do ERAC causado por perda de geração, com os

respectivos montantes de carga que serão cortados em cada área do SIN.

O levantamento de cargas correto é necessário para definir os montantes de cargas que

serão cortados quando uma contingência for causada pela redução de suprimento, devendo ser

feito quadrimestral [35].

Figura 24 - Data prevista para levantamento de cargas.

Para a configuração da proteção, a concessionária deve adquirir os componentes

necessários (relés de subfrequência) para a atuação do ERAC

Os relés são configurados para operar de acordo com a faixa de frequência e o tempo de

duração desse desequilíbrio. O sistema não opera com uma frequência inferior a 57,5 Hz por

Page 66: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

51

mais de 0,5 segundos; a 58,5 Hz por mais de 10 segundos; não podendo atingir valores

inferiores a 57 Hz e, após a atuação do ERAC, a frequência deve se estabelecer em 59,5 Hz

em até 20 segundos. Na Coelce, os relés instalados para o Sistema Especial de Proteção

utilizam a taxa de variação da frequência no tempo, trabalhando da seguinte maneira:

Tabela 18 – Estágios de atuação dos relés.

Sistema Interligado

Estágio Ajuste (Hz/s)

Retaguarda Corte de carga ideal por Agente

(%)

Instantâneo Temporizado

1 0,7 57,3 Hz 58,5 Hz (10s) 6 2 1,1 57,2 Hz 58,5 Hz (11s) 7 3 1,5 57,1 Hz 58,5 Hz (12s) 11 4 1,7 56,8 Hz - 8 5 1,9 56,5 Hz - 8

É muito importante manter os dados atualizados para a correta atuação do ERAC, pois

se o ERAC atuar e a quantidade de carga prevista para ser desligada do sistema não for, ira

acontecer uma situação com pouca geração e muita carga, ocasionando um afundamento de

tensão e, possivelmente, um blecaute, que pode tomar grandes proporções.

O ONS permite que a concessionária faça rodízio entre as cargas desligadas pelo

ERAC, assim se a proteção atuar mais de uma vez, não resultará na interrupção do

fornecimento sempre para o mesmo consumidor [34].

A Coelce tem Instruções de Operação (IO) para o restabelecimento das cargas

desconectadas pelo ERAC, a Instrução de Operação de Esquemas Especiais (subfrequência e

subtensão). Para o ERAC, a ordem de religamento deve ser igual à ordem desligamento, ou

seja, primeiro o 1º estágio, depois o 2º e assim por diante, para garantir a segurança em caso

de nova queda de frequência pelo processo de restabelecimento.

Para o restabelecimento, existe a opção do Esquema Regional de Restauração de Cargas

(ERRC), ficando a critério de cada Agente usa-lo ou não. Nos ajustes dos relés, além de ter as

exigências mencionadas acima, deve haver uma faixa de tensão variando de 0,7 p.u. (por

unidade) a 1,4 p.u. A tensão mínima exigida para a restauração é 0,95 p.u.

A recomposição pode ser de forma automática ou manual (com comunicação do centro

de operação):

Page 67: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

52

• A recomposição automática acontece nos 1º e 2º estágios. Cada estágio é

dividido em dois blocos de cargas que será religado quando a frequência do

sistema for de, pelo menos, 60,05 Hz por um tempo superior a 10 segundos,

pois assim sabe-se que existe geração suficiente no sistema. Se houver nova

queda na frequência, o religamento automático é bloqueado;

• A recomposição com comunicação (manual) e fluente ocorre nos 3º, 4º e 5º

estágios. Para o religamento das cargas, a frequência deve ser 60 Hz e a tensão

1 p.u., por pelo menos um minuto. Os religamentos devem ter intervalos de um

minuto, entre um estágio e outro, e as condições de frequência e tensão

estabelecida. Se houver queda na frequência, as cargas deverão ser desligadas e

seu religamento só poderá ser ocorrer com a autorização do ONS [33][35].

No site do ONS está disponível o Acompanhamento do ERAC, apresentando o

levantamento das cargas, com as leituras do levantamento de cargas de 2009, visando dar

transparência ao processo para um correto desempenho do Sistema Especial de Proteção.

A Figura 25 mostra parte do levantamento de carga para a atuação do ERAC das

empresas do Nordeste, colhidos no dia 17 de dezembro de 2009 (como foi estipulado pelo

ONS), separados por carga (leve, média e pesada) e estágio (1º, 2º, 3º, 4º, e 5º). Os destaques

em amarelo representam as situações que não atendem aos critérios exigidos pelo ONS, com

uma margem de tolerância de 10%:

Page 68: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

53

Figura 25 - Situação do ERAC em 16 de dezembro de 2009 (Sistema �ordeste)[35].

Pelo acompanhamento realizado pelo ONS, foi verificado que a Coelce disponibiliza

corretamente o montante de carga total para corte, 40%, porem não disponibiliza a quantidade

de carga devida para o 2º estágio.

A atuação do Esquema Regional de Alívio de Cargas foi uma das principais causas que

mais ocasionou interrupção no fornecimento de energia elétrica no ano de 2010, pois atuou

quatro vezes, como mostra a Tabela 19 abaixo.

Tabela 19 – Atuações do ERAC no ano de 2010 no Sistema Elétrico da Coelce.

ATUAÇÕES DO ERAC

DIA DA ATUAÇÃO 10/fev 7/set 24/set 25/set DEMA�DA CORTADA

(MW) 1.376 191,2 111,2 330,4

CARGA CORTADA (%) 34,3 19,5 7,6 28,3 ESTÁGIOS ATUADOS até o

5º até o 3º

1º e 2º

até o 4º

CARGA QUE DEVERIA SER DESLIGADA (%)

40 24 13 32

SUBESTAÇÕES AFETADAS 36 36 17 55 TEMPO DE

RESTABELECIME�TO (minuto)

37

23

23

21

Page 69: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

54

Na tabela acima, o item subestações afetadas, representam a soma subestações das

próprias, pertencente à Coelce, e as de terceiros; o tempo de restabelecimento é o total (tempo

de recomposição da última carga), não significa que todas as subestações ficaram sem energia

por esse tempo.

É fácil ver que as atuações não tiraram a quantidade de carga estabelecida pelo ONS,

significando que houve atuação correta do ERAC, mas houve erro no levantamento das cargas

disponibilizadas, em razão das cargas estarem transferidas para outra subestação que não

possuía o relé de subfrequência.

Devido à Reunião de Análise de Ocorrência esse problema foi detectado e solucionado

através da recomendação à área de planejamento para a compra de mais relés.

Atualmente, esses relés estão instalados e preparados para atuar quando solicitado.

No próximo capítulo, será apresentado um exemplo de atuação do ERAC e todo o

esquema de restabelecimento do fornecimento de energia elétrica para a região Nordeste, após

o blecaute ocorrido em 03 de fevereiro de 2011.

Page 70: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

55

CAPÍTULO 5

BLECAUTE OCORRIDO EM FEVEREIRO DE 2011

Inicialmente, será feito um esclarecimento a respeito da diferença entre apagão e

blecaute. Apagão ocorre com a falta de geração de energia, quando não se tem geração

suficiente para abastecer as cargas. Para se evitar um apagão, uma das medidas é o

racionamento de energia (que ocorreu no Brasil nos anos de 2001 e 2002). Já blecaute é um

problema de ordem técnica, que provoca o corte de várias cargas ao mesmo tempo.

O que ocorreu na região Nordeste em 03 fevereiro de 2011 foi um blecaute, em que uma

falha técnica tirou do sistema cargas e alguns sistemas de geração, deixando sete estados às

escuras: Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe e parte

do Piauí, afetando uma população total de 40 milhões de pessoas. O estado do Maranhão não

foi afetado, por ser atendido pelas linhas de transmissão da Eletronorte e não da Companhia

Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf).

5.1 - A�ÁLISE DO BLECAUTE DE FEVEREIRO DE 2011

É importante saber o estado do sistema elétrico antes da ocorrência, a situação pré-falta,

em que o Nordeste (sem o estado do Maranhão) estava fazendo papel de importador de

energia. O consumo no Nordeste no momento do blecaute era de 8.883 MW (o consumo do

estado do Ceará nesse período estava em torno de 1.000 MW), com uma geração hidráulica de

5.369 MW, geração térmica de 130 MW e geração eólica de 147 MW. Nota-se que existe um

déficit na geração de 3.237 MW.

Portanto, nesse momento estava ocorrendo um grande intercâmbio de energia, com o

Sudeste fornecendo 813 MW para o Nordeste, e 974 MW para o Norte; o Norte estava

fornecendo 2.424 MW para o Nordeste. Isso só é possível devido ao Sistema Interligado

Nacional (SIN), que permite através das linhas de transmissão (LT) a interligação das regiões

elétricas brasileiras, possibilitando a troca interestadual de energia (criando assim as usinas

virtuais). Se o sistema não fosse interligado existiria a necessidade de construir novas fontes

de geração, o que custaria mais tempo e mais dinheiro.

Observando o mapa do Brasil com as suas linhas de transmissão (Figura 2 do capítulo

2) observa-se a linha de transmissão de 500 kV Bom Jesus da Lapa II, que interliga o Sudeste

com o Nordeste, e duas linhas de 500 kV Ribeiro Gomes e a Presidente Dutra que fazem a

conexão do Nordeste com o Norte. Ressaltando que a linha que liga São João do Piauí a

Page 71: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

56

Milagres estava indisponível, pois se encontrava em manutenção. Então, percebe-se que a

energia estava chegando através de três linhas de transmissão.

O blecaute foi originado na subestação de São Luíz Gonzaga, no município de Jatobá

em Pernambuco, de responsabilidade da Chesf. A Chesf tem a responsabilidade de fornecer

energia às concessionárias e essas de fazer a distribuição para os consumidores (companhias

estaduais).

Figura 26 – Mapa da interligação do �ordeste em 2011.

A figura acima mostra a origem da perturbação, marcada pelo círculo rosa, e as setas

azuis mostram onde foi a atuação da Proteção por Perda de Sincronismo (PPS).

O problema teve inicio quando a linha de transmissão, C1, que liga a Usina de Luíz

Gonzaga a Sobradinho na Bahia, desligou-se. A Figura 27 mostra o esquemático das linhas de

transmissão e seus disjuntores de linha e de retaguarda.

Às 23 horas e 08 minutos (horário local), houve a atuação acidental de falha de

disjuntor, abrindo os disjuntores de retaguarda, devido à uma falha no cartão magnético,

também chamado de cartela do relé (circuito integrado do relé). O mesmo apresentou

problema e emitiu um falso sinal, provocando o desligamento em série dos outros disjuntores.

Pela atuação da função 62BF do código definido pela American �ational Standards Institute

Page 72: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

57

(ANSI), que significa uma proteção contra falha de disjuntor (também chamado de 50BF), fez

com que todos os disjuntores de retaguarda abrissem para isolar o problema, tirando o

Barramento 1 (B1) do sistema.

Porém, nenhuma linha foi perdida, pois a configuração do barramento adotada é de um

disjuntor e meio, ou seja, cada entrada e saída de linha dispõe de um disjuntor e meio para o

transporte de energia. Essa configuração é mais segura, pois admite falha em um disjuntor

sem prejudicar o fornecimento de energia (chamado caminho reserva “n-1”).

Figura 27 – Esquemático das linhas de transmissão da UHE de Luiz Gonzaga.

`

Na sequência, técnicos do ONS entregaram a linha de transmissão para a Chesf para que

fosse realizada uma vistoria, a fim de detectar o problema, e que fosse feita uma manutenção.

Porém, nenhum problema foi detectado e a Chesf liberou a linha para o ONS fazer um teste

de religamento. O teste foi aceito e a linha ficou energizada em vazio, sem cargas conectadas.

Nesse momento o disjuntor da linha de transmissão foi fechado com sucesso, ficando somente

os disjuntores do barramento B1 abertos.

Como o problema não era na linha e o barramento B1 foi retirado do sistema, o

operador entendeu que o problema poderia estar no barramento B1 e, portanto, resolveu

religar a linha pelo Barramento 2 (B2), que, supostamente, não apresentava nenhum defeito,

sendo a forma mais rápida de recompor o sistema. Ás 23 horas e 21 minutos, o operador

fechou o disjuntor da linha C1 de Sobradinho, que se liga ao barramento B2. Porém, houve a

Page 73: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

58

atuação acidental de falha de disjuntor novamente, abrindo todos os disjuntores ligados ao

barramento B2. O problema se repetiu porque os dois disjuntores da linha C1 recebiam sinal

(trip) do relé que estava defeituoso. Assim, as seis grandes linhas de transmissão que

distribuem energia para todo o Nordeste ficaram fora do sistema, desligando a geração na

usina Luiz Gonzaga, gerando uma oscilação de potência no SIN, ocasionando uma

perturbação.

Tudo isso resultou em uma sequência de desligamentos. Para evitar que a perturbação se

propagasse para todo o Brasil, a primeira proteção a atuar foi a Proteção contra Perda de

Sincronismo (PPS), que faz parte do Esquema de Controle de Segurança (ECS). Esta atuou

abrindo os disjuntores de Teresina (interligação Norte/Nordeste), São João do Piauí e Bom

Jesus da Lapa (interligação Sudeste/Nordeste), que estão indicados na Figura 26, por setas

azuis, evitando a propagação de distúrbios, isolando a região Nordeste. Com isso, 3.200 MW

que estavam sendo importados das outras regiões deixaram de abastecer o Nordeste.

Com essa interrupção de energia, havia muita carga no sistema do Nordeste e pouca

geração. As cargas continuaram a ser alimentadas pelas linhas de 230 kV, fazendo com que as

máquinas diminuíssem a frequência para manter a potência. Tanto tensão quanto frequência

caíram para valores abaixo do limite permitido, fazendo atuar o Esquema Regional de Alívio

de Carga (ERAC) e subtensão, com a finalidade de preservar a integridade das linhas e

equipamentos. Com a subtensão houve, também, a rejeição natural de cargas (a carga se

desliga do sistema quando sente uma oscilação na tensão), atuando o sistema de proteção da

própria carga.

De acordo com o ONS, o máximo de carga que o ERAC pode cortar da região Nordeste

é 40% da carga total instalada. Nesse blecaute, a situação de corte de carga foi: 23% da carga

cortada pela atuação do ERAC, 24% por subtensão, 17% por ambos e 36% da carga

permaneceu (3.198 MW). Essas perdas ocorreram simultaneamente, com diferença de micro

segundos, tempo de atuação do Sistema Especiais de Proteção.

Page 74: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

59

Figura 28 – Porcentagem da carga cortada de acordo com a causa.

O sistema elétrico do Nordeste permaneceu, somente, com 36% da carga total. Em

decorrência do elevado corte de carga, houve uma sobretensão em todo o sistema ilhado,

provocando sobretensão e sobrefrequência no sistema, gerando uma série de desligamentos de

bancos de capacitores, linhas de transmissão, compensadores síncronos e estáticos, inclusive

geradores. Houve o desligamento de quatro máquinas da Usina Hidrelétrica de Energia (UHE)

Xingó, três da UHE Paulo Afonso IV, permanecendo apenas uma unidade geradora em cada

usina. Desligou, também, geradores nas UHE Paulo Afonso I, II e III e Apolônio Sales.

Com o corte desses sistemas de geração, novamente operou a subtensão, acarretando

nova rejeição natural de carga no sistema ilhado. Até 23 horas e 29 minutos, o sistema elétrico

da região Nordeste continuou energizado com níveis de frequência e tensão baixos,

ocorrendo, nesse momento, o colapso de tensão.

Devido o problema ter atingido parcialmente Sobradinho, a transmissão e a geração

entre Sobradinho e Barreiras, na Bahia, e entre Sobradinho e São José do Piauí foram

mantidas, deixando o Sudoeste da Bahia e o Estado do Piauí fora do blecaute, sem interrupção

de carga.

Muito se discute se a decisão do operador foi correta ou não em religar a linha de

transmissão de Sobradinho. Sob a ótica da operação técnica, as manobras que foram

realizadas estavam corretas, mas, infelizmente, não deram resultados positivos. Alguns

culpam a Chesf por não estar em dia com a manutenção de seus equipamentos, já que o

problema começou em um de seus equipamentos. Porém, técnicos da Chesf afirmam que a

manutenção preventiva estava dia, sendo que a última manutenção foi realizada em outubro

de 2010. E reforçaram a tese de que não houve sobrecarga no sistema [34].

Page 75: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

60

5.2 – RESTABELECIME�TO DO FOR�ECIME�TO DA E�ERGIA

O restabelecimento do sistema se deu aos poucos. O primeiro Estado a voltar energia foi

o Ceará, por volta de meia-noite e 10 minutos (00h10min), por estar mais próximo ao Piauí,

onde o fornecimento estava normalizado. À 01 hora e 05 minutos, foi a vez da Bahia retomar

o fornecimento de energia, já que parte do Estado não foi afetado. Ás 03 horas e 10 minutos,

quase quatro horas depois do apagão, Natal foi a última capital a ter o fornecimento

restabelecido, por ser a mais distante das áreas não atingidas.

A recomposição começou cinco minutos após o corte total da carga do sistema isolado,

descrita em ordem cronológica dos acontecimentos.

À meia-noite e 34 minutos (00h34min), foi normalizada a linha de transmissão C2 de

Sobradinho/Luiz Gonzaga de 500 kV, energizando o barramento B1 de Luiz Gonzaga. O

barramento B2 foi energizado em seguida. Logo após, foram energizadas as linhas de

transmissão Luiz Gonzaga/Paulo Afonso IV, Teresina/Sobral e Sobral/Fortaleza, permitindo o

início da recomposição da região da cidade de Fortaleza. Uma unidade geradora da UHE Luiz

Gonzaga reiniciou sua geração na usina.

As linhas de transmissão Xingó/Paulo Afonso IV e Rio das Éguas/Bom Jesus da Lapa II

foram religadas. Pouco depois, foram normalizadas as linhas de transmissão Luiz

Gonzaga/Olindina/Camaçari permitindo o início da recomposição das cargas de Salvador. Na

usina Paulo Afonso IV foi sincronizada uma máquina iniciando a geração na UHE.

O restabelecido do tronco de 500 kV Luiz Gonzaga/Angelim II/Recife II, e do tronco de

230 kV Recife II/Goaninha/Mussuré, permitiram a energização das cargas da região de Recife

e de João Pessoa, respectivamente. Reconectou-se ao sistema, com sua geração, o complexo

de usinas Paulo Afonso.

Por causa de uma sobrecorrente, houve um desligamento na linha de transmissão

Sobradinho/Luiz Gonzaga (linha C2), seguido do desligamento automático de algumas

unidades geradoras da UHE Xingó e Luiz Gonzaga, ficando fora, também, a linha de

transmissão Luiz Gonzaga/ Olindina e a linha de transmissão Olindina/Camaçari II, sem causa

aparente. Porém, não houve interrupção de cargas, apenas uma dificuldade de sincronização

do sistema em Sobradinho.

Só às 02 horas e 11 minutos, foi normalizada a linha de transmissão Sobradinho/Luiz

Gonzaga, permitindo a continuidade da recomposição das instalações. Na sequência, foi

normalizada a linha de 500 kV Xingó/Messias e a linha de 230 kV Messias/Maceió,

contribuindo para o início da recomposição da região da cidade de Maceió. Energizada a linha

Page 76: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

61

de transmissão de 500 kV Xingó/Jardim, permitiu-se a recomposição da região de Aracaju.

Foi concluído o processo de energização do eixo 230 kV Angelim/Tacaimbó/Campina

Grande/Paraíso/ Natal II, restabelecendo a energia da região de Natal. Somente às 03 horas e

39 minutos foi liberado a tomada do restante das cargas em todas as subestações. Às 08 horas,

o problema na subestação de Luiz Gonzaga foi totalmente resolvido, com a troca da cartela

defeituosa do relé e o sistema de proteção restaurado.

A Figura 29 mostra a extensão do blecaute, com o horário de restabelecimento das

cargas. O horário usado na figura é o horário de Brasília, na descrição do texto foi usado

horário local (diferença de uma hora a menos).

Figura 29 – Restabelecimento do Sistema Elétrico após blecaute.

5.2.1 - RECOMPOSIÇÃO �A COELCE

A recomposição na Coelce se deu de forma rápida, sendo o primeiro Estado atingido a

restabelecer a energia. Isso foi possível devido a Instrução de Operação de Emergência

Page 77: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

62

Máxima, pela eficiência dos operadores do sistema e da equipe técnica e pela proximidade do

Estado do Ceará ao Estado do Piauí, que não foi atingido 100% pelo blecaute. A tabela abaixo

mostra de forma cronológica como se deu o restabelecimento das cargas da Coelce.

Tabela 20 – Recomposição das cargas no Estado do Ceará.

Regional Recomposição (hora e minuto)

Delmiro Gouveia 00:13 Fortaleza 00:33 Cauípe 00:34 Pici 00:49

Banabuiú 00:51 Sobral 00:53 Russas 01:00 Icó 01:08

Milagres 01:12 Tauá 01:33

À 01 hora e 33 minutos, todas as cargas da Coelce estavam restabelecidas,

comprovando a eficiência e a importância dos trabalhos citados nessa monografia.

Page 78: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

63

CO�CLUSÃO

A qualidade no fornecimento de energia é, hoje, um dos grandes desafios das

distribuidoras de energia elétrica. Cumprir as metas estabelecidas pelo órgão regulador

nacional, Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), distribuir energia com o mínino de

interrupções possível, restabelecer de forma rápida e segura o fornecimento para satisfazer o

cliente são alguns dos grandes desafios das concessionárias.

Ficou evidenciado, neste trabalho, que as medidas adotadas pela Companhia Energética

do Ceará (Coelce) visando à busca pela melhoria no atendimento a seus consumidores estão

trazendo resultados positivos.

O Sistema Elétrico de Potência deve estar sempre preparado para qualquer evento que

possa interromper o fornecimento de energia. Tanto os estudos realizados na parte de pré-

operação (elaboração de documentos, procedimentos e diretrizes que devem ser adotadas

pelos operadores do sistema em tempo-real) como o trabalho desenvolvido na pós-operação

(análise das oscilações sentidas no sistema, relatórios elaborados objetivando encontrar falhas

e propor melhorias) são medidas que fazem da Coelce uma das melhores empresas de

distribuição de energia elétrica do País. Percebeu-se a grande complexidade do processo de

recomposição, analisando-se a estrutura para que a operação em tempo-real seja satisfatória.

O resultado positivo desse planejamento é constatado pelas premiações realizadas pela

Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee): a Coelce foi

considerada, nos anos de 2006, 2007 e 2008, a melhor distribuidora de energia elétrica do

Nordeste, e em 2009 e 2010 obteve a melhor nota na avaliação pelo cliente e foi eleita a

melhor distribuidora de energia elétrica do Brasil [3].

Outra importante constatação pode ser observada pelo restabelecimento da energia após

o blecaute sofrido pelo Nordeste brasileiro, em fevereiro de 2011, sendo a Coelce a primeira

distribuidora a normalizar suas cargas, comprovando que todo o acompanhamento no

processo de proteção/restauração do abastecimento está fazendo diferença, trazendo melhorias

para o Estado do Ceará.

Esse é um trabalho contínuo, pois a cada dia as metas são mais desafiadoras, os limites

impostos pela ANEEL são menores, os clientes mais exigentes, tudo colaborando para a

necessidade de desenvolvimento constante por parte das concessionárias, tornando esse um

trabalho bastante enriquecedor e desafiador, o que força a busca por alternativas e tecnologias

que possam minimizar os problemas verificados na distribuição de energia elétrica por todo o

Brasil.

Page 79: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

64

Muitos são os benefícios notados pela realização das ações supracitadas, porém pode ser

feito mais. Uma possibilidade de desenvolvimento futuro é considerar todas as ocorrências,

incluindo as não significativas, tornando o Relatório de Ocorrências Reiteradas mais rico e

completo, contribuindo para o desenvolvimento da empresa.

Page 80: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

65

REFERÊ�CIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] Albuquerque, A. R., Fluxo de Caixa em Risco: Uma Nova Abordagem para o Setor de

Distribição de Energia Elétrica. Rio de Janeiro, Setembro de 2008. Dissertação de

Mestrado, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

[2] Marreco, J. M., Planejamento de Longo Prazo da Expansão da Oferta de Energia

Elétrica no Brasil sob uma Perspectiva da Teoria das Opções Reais. Rio de Janeiro,

Maio de 2007. Dissertação de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

[3] Disponível na URL: http://www.abradee.com.br/bd_vencedoras.asp, acessada dia

16/05/2011.

[4] Disponível na URL: http://www.ons.org.br/sala_imprensa/faq.aspx, acessada dia

23/03/2011.

[5] Disponível na URL: http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx, acessada

dia 23/03/2011.

[6] Disponível na URL: http://www.mme.gov.br/mme/menu/institucional/ministerio.html,

acessada dia 06/05/2011.

[7] Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução Normativa 417.

[8] Atlas de Energia Elétrica do Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL,

Editora Brasília, 2008, Brasília.

[9] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –

PRODIST. Introdução, Módulo 1. Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

[10] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –

PRODIST. Acesso ao Sistema de Distribuição, Módulo 3. Agência Nacional de Energia

Elétrica – ANEEL.

Page 81: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

66

[11] Disponível na URL: http://www.presidencia.gov.br/noticias/ultimas_noticias/2011/03/

rede-basica-de-energia-cresce-2-5-mil-km-em-2010-e-atinge-95-8-mil-km, acessada dia

24/03/2011.

[12] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –

PRODIST. Qualidade de Energia Elétrica, Módulo 8. Agência Nacional de Energia

Elétrica – ANEEL.

[13] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=48&idPerfil=2, acessada

dia 23/04/2011.

[14] Disponível na URL: https://www.coelce.com.br/sobrecoelce/conheca.aspx, acessada dia

25/03/2011.

[15] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=43&idPerfil=2, acessada

dia 13/04/2011.

[16] Normas Técnicas de Distribuição – NTD 1.02: Critérios para Projeto de Redes de

Distribuição. Companhia Energética de Brasília – CEB.

[17] Leão, R. P. S., Distribuição de Energia Elétrica. Apostila.

[18] Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução 520.

[19] Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução Normativa 414.

[20] Procedimento Operacional – POP-025/2011 R-07: Operação por Área de

Responsabilidade. Companhia Energética do Ceará – COELCE.

[21] Procedimentos de Distribuição de Energia Elétrica no Sistema Elétrico Nacional –

PRODIST. Procedimentos Operativos do Sistema de Distribuição, Módulo 4. Agência

Nacional de Energia Elétrica – ANEEL.

[22] Diretrizes e Critérios de Projeto – DCT-005/2009 R-00: Regulamento Marco para a

Operação do Sistema Elétrico da Coelce. Companhia Energética do Ceará – COELCE.

Page 82: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

67

[23] Procedimento Operacional – POP-017/2011 R-10: Autoridades e Responsabilidades do

Operador de Sistema. Companhia Energética do Ceará – COELCE.

[24] Especificação Técnica – E-PCM-008: Sistema Digital para Automatização de

Subestações. Endesa.

[25] Instrução de Operação – IO-RR-AL.CSL-CO/2011 R-14: Recomposição de

Alimentador SED CSL. Companhia Energética do Ceará – COELCE.

[26] Procedimentos de Rede. Análise da Operação, Submódulo 22.5. Operador Nacional do

Sistema – ONS.

[27] Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. Resolução 024.

[28] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/Indicadores_de_Qualidade/

visualizarDados.asp?Empresa=Cear%E1&Periodo=1:Trimestral&Ano=2011, acessada

dia 10/05/2011.

[29] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/arquivos/PDF/DIC%20FIC%20DMIC.

pdf, acessada dia 10/05/2011.

[30] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=680&idPerfil=2,

acessada dia 10/05/2011.

[31] Disponível na URL: http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/srd/indqual/default.cfm,

acessada dia 11/05/2011.

[32] Disponível na URL: http://www.abradee.com.br, acessada dia 11/05/2011.

[33] Disponível na URL: http://www.ons.org.br/operacao/sistemas_especiais_protecao.aspx,

acessado dia 11/05/2011.

[34] Procedimentos de Rede. Sistemas Especiais de Proteção, Submódulo 11.4. Operador

Nacional do Sistema – ONS.

[35] Acompanhamento do Esquema Regional de Alívio de Carga – ERAC Leituras de

15/04/2009, 19/08/2009 e 16/12/2009. Operador Nacional do Sistema – ONS.

Page 83: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

68

[36] Disponível na UR: http://www.chesf.gov.br/portal/page/portal/chesf_portal/paginas/

comunicacao/comunicacao_ultimas_noticias/conteiner_noticias?p_id_noticia=214803,

acessado dia 02/04/2011.

[37] Disponível na URL: http://www.zeus.iag.usp.br/coelce, acessado dia 11/05/2011.

Page 84: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

AP�DICE A SISTEMA DE MO�ITORAME�TO DE DESCARGAS

ATMOSFÉRICAS

Page 85: Operação do Sistema Elétrico de Distribuição do Estado do Ceará

70

Como foi observado ao longo deste trabalho, as causas de maior contribuição para o

DEC e FEC na Coelce são os Defeitos Temporários Não Identificados (DTNI) e as Descargas

Atmosféricas.

Infelizmente, em ocorrências ocasionadas por DTNI não há como se prever ou resolver,

pois não se sabe o que as causou, a única maneira de evitar DTNI é fazer manutenção e

inspeção continuamente.

Já as descargas atmosféricas estão sendo monitoradas e percebidas pela Coelce através

do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de Sistema de Monitoramento de

Descargas Atmosféricas. A Coelce, em conjunto com a Universidade Estadual do Ceará

(UECE), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Nevada em Las Vegas

(UNLV), implantou, em 2006, uma rede experimental de detecção de descargas atmosféricas

a longa distância, denominada Sferics Timing And Ranging �ETwork (STARNET), com o

objetivo de auxiliar as áreas de engenharia, operação e manutenção, permitindo a

identificação do local onde o raio incidiu e também prevendo tempestades.

Os operadores recebem por e-mail informações com a localização (em coordenadas

geográficas) das descargas atmosféricas e usando o aplicativo Google Earth é fácil observar

se o raio atingiu algum equipamento do sistema (pois toda a rede da Coelce é

georeferenciada), ou se caiu próximo a alguma instalação, danificando-a.

A grande vantagem desse sistema é que o operador direciona as equipes de campo para

o local específico, reduzindo consideravelmente o tempo de restabelecimento da energia e,

consequentemente, o DEC.

Figura 30 – Tela do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento [37].