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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1877 novembro/2014 Remanso Reunidas na casa de farinha, oito mulheres do Assentamento Nova Canaã conversam sobre os resultados dos grupos produtivos e fazem o monitoramento da comercialização. Ana Lúcia, Ana Francisca, Cícera, Luzimar, Maria de Lourdes, Maria Neli, Silvanira e Albertina contam que há mais de três anos se juntaram para organizar grupos produtivos na comunidade, que fica na zona rural de Remanso, Bahia. Inicialmente, eram cerca de 30 pessoas, homens e mulheres, que se dividiam entre o grupo da horta comunitária e o grupo de produção de sequilhos derivados da mandioca. Dona Albertina diz que com o defeito que deu no motor da bomba d'água algumas pessoas foram se afastando do grupo. Hoje são 19 na horta e seis no grupo dos sequilhos. A horta já faz parte da vida dessas mulheres agricultoras. Elas afirmam que, se por algum motivo precisarem se ausentar, ficam preocupadas com seus canteiros. A horta, que fica numa área de um hectare, é tarefa de todos os dias. E quando estão juntas a alegria é ainda maior. Quando aparecem pragas e insetos, usam uma mistura à base de nim, com álcool, alho e fumo. Não usam produtos químicos. Organização em grupos produtivos gera autonomia de mulheres no Assentamento Nova Canaã Horta comunitária garante sustento de agricultoras no Assentamento Nova Canaã.

Organização em grupos produtivos gera autonomia de mulheres no Assentamento Nova Canaã

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Mulheres do Assentamento Nova Canaã em Remanso, Bahia, contam experiências dos grupos da horta comunitária e de produção de sequilhos. Vendem pimentão, coentro, alface, cebolinha e abóbora para a Prefeitura do município, por meio do PNAE - Programa Nacional de Alimentação Escolar. A organização em grupos ajudou na renda e na autonomia das mulheres.

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Page 1: Organização em grupos produtivos gera autonomia de mulheres no Assentamento Nova Canaã

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1877

novembro/2014

Remanso

Reunidas na casa de farinha, oito mulheres do Assentamento Nova Canaã conversam sobre

os resultados dos grupos produtivos e fazem o monitoramento da comercialização. Ana Lúcia, Ana

Francisca, Cícera, Luzimar, Maria de Lourdes, Maria Neli, Silvanira e Albertina contam que há mais

de três anos se juntaram para organizar grupos produtivos na comunidade, que fica na zona rural

de Remanso, Bahia. Inicialmente, eram cerca de 30 pessoas, homens e mulheres, que se dividiam

entre o grupo da horta comunitária e o grupo de produção de sequilhos derivados da mandioca.

Dona Albertina diz que com o defeito que deu no motor da bomba d'água algumas pessoas foram

se afastando do grupo. Hoje são 19 na horta e seis no grupo dos sequilhos.

A horta já faz parte da vida dessas mulheres agricultoras. Elas afirmam que, se por algum

motivo precisarem se ausentar, ficam preocupadas com seus canteiros. A horta, que fica numa área

de um hectare, é tarefa de todos os dias. E quando estão juntas a alegria é ainda maior. Quando

aparecem pragas e insetos, usam uma mistura à base de nim, com álcool, alho e fumo. Não usam

produtos químicos.

Organização em grupos produtivos gera autonomia

de mulheres no Assentamento Nova Canaã

Horta comunitária garante sustento de agricultoras no Assentamento Nova Canaã.

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25 anos

Agroecologia e Cidadania

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Bahia

Realização

Aos domingos e quintas-feiras fazem a colheita para vender às segundas, quartas e sextas.

Com a diminuição da água do Lago do Sobradinho, o grupo mudou a horta para um lugar mais

próximo das margens do Lago, o que diminuiu um pouco a diversidade de produtos, mas ainda

assim não parou a produção de hortaliças. Vendem pimentão, coentro, alface, cebolinha e abóbora

para a Prefeitura do município, por meio do PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar.

Apesar de acharem que o recurso pago pela Prefeitura ainda é pouco, elas avaliam que é

muito bom ter um lugar certo para entregar. Somando com a renda do que é vendido na feira e na

própria comunidade, conseguem faturar individualmente uma média de 400 reais por semana.

Dona Maria de Lourdes reforça que, em 2013, a família viveu só do que tirou da horta, tanto

consumindo e como comercializando.

Para Cícera, a organização em grupos ajudou também na renda e na autonomia das

mulheres, que não precisam mais pedir dinheiro ao marido para comprar as coisas para casa.

Cícera lembra que antes não tinha conhecimento sobre como ter sua própria renda e o único

dinheiro que tinha era o auxílio de 15 reais do Bolsa Família. Hoje, tudo o que produz dá para

comer, vender e ainda doar o que sobra. A agricultora afirma que se fosse escutar os outros não

haveria nem o grupo da horta nem o dos sequilhos.

O grupo ressalta que essas conquistas não teriam acontecido sem os parceiros locais, como

o SASOP – Serviço de Assessoria as Organizações Populares Rurais, o IRPAA – Instituto Regional da

Pequena Agropecuária Apropriada e o STR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de

Remanso, que apoiam com acompanhamento técnico, mudas, sementes e atividades de formação.

O desejo delas agora é ter um sistema de gotejamento na horta, além de fortalecer o trabalho com

outras alternativas de comercialização.

Agricultoras fazem monitoramento do trabalho dos grupos produtivos Cuidar da horta diariamente é motivo de alegria para as agricultoras

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