Upload
others
View
1
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
1
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ
DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
MARIA DEUSANI PRATES
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
MARINGÁ
2014
2
MARIA DEUSANI PRATES
A UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NA
EDUCAÇÃO: DESAFIOS E POSSIBILIDADES
Artigo apresentado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná, Departamento de Políticas e Programas Educacionais, Coordenação Estadual do PDE para o cumprimento do primeiro período do Plano Integrado de Formação Continuada. Orientação: Profª Drª Patrícia Lessa dos Santos
(DFE/ UEM)
MARINGÁ- PR
2014
3
RESUMO Este trabalho apresenta como objetivo geral os subsídios teóricos e metodológicos que refletem sobre a mediação pedagógica na aprendizagem com o uso da tecnologia, de forma que esta não se sobreponha à função precípua do(a)s docentes frente a reflexões que levem os(as) estudantes a apropriar-se dos conteúdos programáticos de forma consequente, levando-os a desenvolver a capacidade de discernir como e quando utilizar os recursos midiáticos. Esta pesquisa exploratória de cunho bibliográfico discute formas de subsidiar docentes para o aprimoramento das práticas pedagógicas utilizando recursos disponíveis na escola, mais precisamente o computador e internet, discutindo as possibilidades de utilização no âmbito pedagógico. Constitui interesse desta produção fomentar a discussão sobre os principais recursos tecnológicos e suas aplicações na prática pedagógica, apresentando as possibilidades de intervenção e reflexão sobre a evolução tecnológica em sua relação com a educação e as implicações na prática docente. . Palavras-chave: Educação. Tecnologia. Comunicação.
Palavras-chave: Educação. Tecnologia. Comunicação
ABSTRACT
This paper presents a general purpose which is theoretical and
methodological subsidies that reflect on the mediation in learning with the use of
technology, so that it does not overlap the principal function of the teachers facing
reflections that take the students to ownership of the syllabus consistently, leading
them to develop the ability to discern when and how to use the media resources. This
reserach discusses ways to subsidize teachers to enhance teaching practices
utilizing resources available at the school, more precisely the computer and internet,
discussing the possibilities of use in educational context. It is interest of this
production to foster discussion about the key technological resources and their
applications in teaching practice, presenting the possibilities of intervention and
reflection on technological developments in relation to education and the implications
for teaching practice.
Key words: Education. Technology. Comunication.
4
1. INTRODUÇÃO
Vivemos em uma época em que a tecnologia é uma realidade presente em
todos os setores da sociedade. A acelerada renovação dos recursos tecnológicos
propicia mudanças nas formas de comportamento e relacionamento no cotidiano e
principalmente na apropriação do conhecimento.
Neste contexto, o campo educacional se encontra desafiado a cumprir sua
função de socializadora do conhecimento propriamente dito, garantindo o acesso
com qualidade a todas as pessoas, adaptando-se aos avanços tecnológicos, na
esperança de que essa adaptação, garanta a qualidade do ensino e da
aprendizagem.Porém proponho refletir neste trabalho sobre os condicionantes para
a realização de tal intento,como assinala o autor:
É importante não nos esquecermos de que a tecnologia possui um valor relativo: ela somente terá importância se for adequada para facilitar o alcance dos objetivos e se for eficiente para tanto. As técnicas não se justificarão por si mesmas, mas pelos objetivos que se pretenda que elas alcancem que no caso serão de aprendizagem. (MORAN, 2006, p. 144).
A escola, inserida num contexto social, com grandes pressões para melhorar
a qualidade do ensino é questionada sobre a precária utilização ou da não das
tecnologias de informação para a otimização do processo pedagógico.
As práticas educativas assinalam necessidades urgentes de revisão das
metodologias e dos instrumentos de apoio na condução dos conteúdos
programáticos abordados, construindo novas concepções pedagógicas sob a
influência do uso das novas tecnologias principalmente o computador e internet, que
são ricos em recursos audiovisuais desencadeando entrecruzamento de imagens,
sons, textos através de diversos softwares educativos de apoio aos conteúdos
curriculares que estimulam a aprendizagem.
Este trabalho pretende refletir em que medida as interferências midiáticas
disponíveis na escola podem e devem contribuir para o avanço significativo da
aprendizagem. Pretende-se através deste estudo repensar o papel das tecnologias
da informação e comunicação como suporte metodológico que possa alavancar
5
reflexões acerca dos encaminhamentos dos conteúdos programáticos ministrados,
sem abrir mão do papel preponderante do docente como mediador critico frente a
tais recursos.
A partir de nossa experiência nos encaminhamentos da prática pedagógica
no Colégio Estadual João XXIII em Maringá,percebemos dificuldades ou rara
utilização das tecnologias da informação e comunicação na prática
educativa.Propaga-se atualmente discussões oriundas de vários setores da
sociedade com a pretensa intenção de apontar as fragilidades metodológicas da
escola,supostas causadoras da crise na qualidade do ensino atualmente.
Quais elementos considerar para a intermediação pedagógica efetiva das
tecnologias da informação e comunicação, especialmente do computador e Internet,
na prática educativa? Qual a definição de Conhecimento para os (as) educadores
(as) no contexto histórico atual? As tecnologias por si só, possibilitam acesso ao
conhecimento ou a um amontoado de informações?
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO NA EDUCAÇÃO
Segundo Teruya (2006) a revolução na tecnologia da informação atualmente,
teve suas raízes nos Estados Unidos da América, precisamente, no Vale do Silício,
na Califórnia, Estados Unidos, uma região na qual está situado um conjunto de
empresas implantadas a partir da década de 50, com objetivo de gerar inovações
científicas e tecnológicas, precisamente, produção de circuitos eletrônicos, na
eletrônica e informática.
A organização do trabalho humano, pautava-se na intensificação da divisão
do trabalho como forma de extração de maior produtividade (fordismo e taylorismo)
para atender a demanda na linha de montagem para produção.
Para Teruya (2006), eram requeridos aos trabalhadores treinamento focados
em pequena parte da produção e especializava-se na mecanização sem esperar
grandes raciocínios dos operários, culminando na década de 70, os cursos
profissionalizantes que deslancharam em alta velocidade para atender as
necessidades das fábricas.
Com o acirramento da concorrência entre os grandes capitalistas tendo como
fio condutor o extremo avanço da micro eletrônica em patamares acentuados,
ocorreram fusões de grandes empresas relacionadas às tecnologias de informação
6
e comunicação, sob o domínio do capital estrangeiro,entre eles o norte americano,
europeu e japonês.
De acordo com Nagel (2002) o controle das informações e a comunicação
geral estava nas mãos de poucos na iniciativa privada e consequentemente, o
comando e controle de grande parte das informações e conhecimentos veiculados .
Essa reorganização da economia da sociedade capitalista, se configurou no
novo modelo econômico que possibilitou a difusão de ideias, conteúdos, que
pudessem uniformizar a ideologia do pensamento único resultando numa nova
forma de pensar, que exigiria um novo perfil de trabalhador um novo tipo de
qualificação profissional.
Esse novo perfil, demandou maior tempo de escolaridade, atualização
permanente e facilidade de adaptação aos mecanismos da flexibilização e
adaptabilidade como imperativos para sobreviver nesse modelo produtivo.
Essas mudanças modificam toda estrutura de ações relacionadas ao
consumo, estimulando em escala global os apelos à satisfação das necessidades
humanas e criando outras. Todo ideário de sustentação dessa nova ordem pautava-
se no individualismo exacerbado, competência, e foco na alta produtividade em
menos tempo.
Teruya (2006) enfatiza que as novas formas de consumo mais avançadas são
acessadas por poucos, somente um pequeno grupo da população tem acesso a
informações midiáticas, que permite reflexões e troca de informações
esclarecedoras de dúvidas. Para a grande maioria resta acesso puramente técnico e
desumanizante.
Paradoxalmente, a era midiática, propagou a possibilidade de acesso às
informações a todos, porém, a iniciativa privada deteve o monopólio das principais
tecnologias de ponta, relegando aos outros setores da sociedade as tecnologias que
atendessem aos interesses de sobrevivência do Capital.
Neste universo, de hegemonia do paradigma das tecnologias da informação
e comunicação, o sistema de ensino é pressionado a pensar novos
encaminhamentos na formação do novo perfil do trabalhador para que esses se
adaptassem a nova produção econômica.
Conforme observa Barros (2008), no Brasil, a pressão internacional,
propostas pelas agencias multilaterais (BIRD/BID/ UNESCO/ Banco Mundial/ FMI)
foi grande na década de 90 e marcou os encaminhamentos para a educação com
7
medidas que atendessem as necessidades da reorganização produtiva, defendendo
outra concepção de conhecimento baseado na revolução tecnológica.
Destaca-se políticas educacionais deste período a implantação dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs).Essa ideologia foi sustentada pela
flexibilização, com ênfase na competição, eficiência e implantação da qualidade
total na educação, que trazia em seu bojo a formação de cidadãos competentes,
flexíveis, que se moldassem à nova ordem econômica, requerida pela revolução
tecnológica.
Mais uma vez foi exigida da Educação adequação ao controle das tecnologias
da informação e comunicação e sugestões de utilização dos vários recursos
tecnológicos para melhorar o processo ensino-aprendizagem sob pretexto de que
assim o acesso aos bens produzidos pela humanidade seria socializado.
Consideremos que, sempre que a questão da produção da vida está em
“xeque”, devido problemas estruturais, a educação é chamada a resolver, via
medidas paliativas, as questões estruturais que mascaram a organização social
como um todo.
3. AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS ESCOLAS
DO PARANÁ.
De acordo com Barros (2008) a partir da Constituição da República
Federativa do Brasil (1988), destaca-se o acesso às tecnologias da informação e
comunicação na educação como responsabilidade do Estado, assegurando em seu
artigo 5º, inciso XIV [...] ‘’ é assegurado a todos o acesso à informação’’ percebe-se
que, com base nestes princípios, que o Governo Federal implantou o Programa
Nacional de Informática na educação-(PROINFO).
Esse Programa foi implementado na década de 90, pautado em quatro
objetivos; melhorar a qualidade do processo ensino aprendizagem; possibilitar a
criação de uma nova mentalidade didática, para incorporar de forma adequada as
novas mídias; propiciar a educação voltada para o desenvolvimento científico e
tecnológico e educar para a cidadania global , numa sociedade desenvolvida
tecnologicamente.
Em 1996, foi implantado no Paraná, o Programa de Extensão Melhoria e
Inovação do ensino-(PROEM), com intuito de ofertar o ensino técnico e
profissionalizante, a compra dos computadores e periféricos eram atribuídos a
8
Associação de Pais, Mestres e Funcionários-(APMF) na feira de Informática na
cidade de Faxinal do Céu em 1999 conforme (BARROS,2008)
Ainda nesta década, foi acentuado o papel das políticas para Universidade do
Professor em Faxinal do Céu com a propagação dos multiplicadores socializando
experiências sobre implantação das tecnologias da informação e comunicação nos
outros estados do Brasil.
De 1997 a 2002, acirram-se as capacitações dos professores, pautados na
pedagogia dos projetos, utilizando o sistema operacional Windows e ênfase na
formação continuada na modalidade à Distância.
No Paraná, a adesão ao PROINFO ocorreu em 1997, com a criação
concomitante dos Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) com a função principal
de disseminação do uso das tecnologias da informação no processo de ensino-
aprendizagem nas diversas áreas do conhecimento.
De 2003 a 2009, ocorreram várias mudanças significativas na área de
tecnologia na educação nas escolas do Paraná, foi criado a Coordenação de Apoio
ao Uso de Tecnologias – (CRTE), com objetivo de aumentar os multiplicadores, os
assessores de tecnologia, implementando a vários cursos de instrumentalização
docente na área da informática incentivando e orientando as escolas para
incorporarem as tecnologias aliadas ao ensino- aprendizagem.
Contou-se com a divulgação da TV-Paulo Freire, a TV-Multimídia, O Portal
Dia-a-Dia Educação, e o Ambiente Virtual E-escola (plataforma Moodle). Destaca-se
nesse período a Coordenação Estadual da TV-Escola que organizava, gravava a
programação e disponibilizava a videoteca para que esta fosse utilizada como fonte
de informação reflexão e síntese por parte dos professores.
Com a mudança na Gestão Estadual em 2003, uma nova política pública na
área educacional foi implantada, foi criado o Programa Paraná Digital, com a
finalidade de adquirir laboratórios de Informática desenvolvimento de sistema
operacional Linux e conexão com Internet em todas as escolas públicas
estaduais.Acrescenta-se neste período a implementação do Portal Dia-a-Dia
Educação.Todas essas ações visaram atender as escolas para que estas se
adequassem a era midiática, conforme menciona o autor:
[...] o uso de tecnologias visa a promover a universalização do acesso à informação e às alternativas de comunicação, tendo como premissa à concepção de integração de tecnologias como meios para as diferentes linguagens, que contribuem com o aprimoramento da prática pedagógica e
9
a ampliação das possibilidades de formação continuada a distância [...] (BARROS,et al , 2008, p10).
Em 2007 foi criada a coordenação de multimeios para produzir conteúdos
digitais, pesquisa e soluções em software livre para integração das diversas mídias
com acesso pela comunidade escolar.O investimento na formação continuada foi
significativo: Curso E-Proinfo, atividades da Feira COMCIÊNCIA, formação do Pró-
funcionário etc.
Todos os esforços de implantação dos recursos tecnológicos nas escolas do
Paraná, direcionaram suas ações visando atender a formação docente e discente
que os fizessem superarem ações isoladas que não estivessem em consonância
com o projeto político pedagógico da escola e comprometida com a qualidade de
ensino e aprendizagem .
Assim, o uso das tecnologias da informação e comunicação nas escolas tem
se destacado ao longo do processo histórico como baluarte do progresso da
educação, porém como vimos a escola é chamada a rever sua metodologia a fim de
cumprir seu papel.
Não se as questiona se políticas públicas em longo prazo criam medidas que
fixam orientações e leis específicas que priorizam o acesso ao ensino público,
gratuito e de qualidade efetivamente.
A contribuição das novas tecnologias para a aprendizagem é inegável, pois o
computador é uma ferramenta que permite ao (a) usuário (a) estabelecer relações
com as informações e estas transformarem em busca do conhecimento necessário à
sua formação, porém como diz o autor:
Com efeito, a tecnologia apresenta-se como meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de aprendizagem. A tecnologia reveste-se de um valor relativo e dependente desse processo. Ela tem importância apenas como um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem de alguém. Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes (MORAN, 2000, p.139).
Conforme informações da (Companhia de Informática do Paraná), CELEPAR
(2013), no Paraná, a aposta na tecnologia como suporte ao processo ensino-
aprendizagem está acontecendo a passos largos, como é o caso da implantação do
uso dos Tablets, que estão sendo desenvolvidos sistemas como o Registro de
Classe Digital. Esta companhia divulgou que a solução vai permitir que o professor
10
realize o registro de classe (chamada, notas e conteúdos) diretamente pelo
computador ou dispositivo móvel durante a aula.
Segunda essas informações o equipamento, dará aos docentes condições de
planejar seu trabalho, utilizar-se de ferramentas e aplicativos, organizar arquivos, ter
livros digitais, facilitar o registro de classe e acessar a Internet.
Com essa implantação, haverá um acompanhamento mais próximo aos
estudantes, possibilitando que o sistema identifique alunos (as) que estejam faltando
de modo consecutivo, gerando, assim, avisos para os pais ou responsáveis. O
sistema vai permitir também um melhor acompanhamento pedagógico dos
conteúdos que estão sendo aplicados em sala de aula e o controle de presença dos
professores conforme assinala Rubens Bufrem Riva, diretor de Tecnologia
Educacional de Curitiba:
A Secretaria da Educação do Paraná, já iniciou a capacitação de técnicos e multiplicadores que repassarão o conhecimento aos professores para uso dos Tablets. A meta da secretaria é levar internet em banda larga e sem fio para dentro de 25 mil salas de aula da rede estadual.Com o sistema(wifi)a, cada sala de aula terá um computador com projetor multimídia integrado,que permitirá ao professor projetar conteúdos educacionais em qualquer superfície, como uma lousa digital (PORTAL, 2013, web).
Não podemos perder de vista que os processos que envolvem a sociedade da
informação traz subjacente controle e organização com finalidades específicas e
que a chamada sociedade do conhecimento não socializa os bens produzidos pela
humanidade ao longo da história para todos e sim privilegia algumas classes sociais.
As principais organizações que se apropriam, organizam e comandam as
bases estruturais da informação:
[...] tem poderes ilimitados para determinar a informação que pode ser (re) passada à sociedade. Esses organismos, no entanto , mesmo quando reconhecidos como articulados por um poder político e econômico definido. Não estão sendo analisados, pelos educadores, em sua natureza privatista. Quando os educadores listam e apregoam as vantagens da sociedade do conhecimento, principalmente a futura e esperada “democratização da informação”, esquecem-se de que o conhecimento a ser socializado dependerá dos interesses privados dos organismos que sustentam essa mesma infraestrutura[...]NAGEL,2013,web)
4. IMPLICAÇÕES DA UTILIZAÇÃO DO COMPUTADOR E INTERNET NA
ESCOLA
Pensar a inserção das tecnologias da informação e comunicação nas
Escolas Públicas , com o pretenso objetivo de melhorar a metodologia docente e
11
otimizar o processo ensino-aprendizagem, torna-se um desafio no que compete a
qualidade da formação continuada dos docentes e também de múltiplos fatores
como menciona a autora:
[...] A relação entre educação e novas tecnologias requer novos posicionamentos ligados à políticas e à gestão da educação. Esses novos posicionamentos dizem respeito à delimitação clara do papel do Estado na educação; aos objetivos e finalidades da educação em face das novas demandas sociais; à estrutura organizacional das instituições de ensino de todos os níveis; ao financiamento da educação; à universalização e à democratização do acesso a esses novos ambientes tecnológicos, por onde também se dá e se faz educação [...] (KENSKI, 2012 p.95).
Crianças e jovens lidam com aparelhos eletrônicos e internet desde cedo e
estão habituadas a linguagem digital enquanto a escola ainda passa por mudanças,
adaptações quanto ao uso das tecnologias para o processo pedagógico.
Na sociedade atual, o conhecimento em informática passa a ser exigido
como forma de garantir a qualidade na educação, obrigando os docentes a se
adaptarem ao novo paradigma de conhecimento.
É preciso ter presentes vários condicionantes que assolam o cotidiano
escolar contribuindo com a ineficácia da aprendizagem como assegura Moraes
(1998) quando coloca que são muitas as causas da falência da escola pública, tais
como: não há foco na aprendizagem dos estudantes,os profissionais da educação
estão insatisfeitos com as condições de trabalho,a falta de qualificação necessária e
as políticas públicas não valorizam o trabalho dos docentes, espaços físicos
inadequados e outros itens de relevância para o funcionamento do escola.
Destacam-se algumas questões relevantes, tendo como fio condutor o
método de análise do real, superando uma visão romântica e alienada da realidade
e da educação, que nos permite sair do campo da história pessoal, desmistificar o
fetiche da ideologia liberal e refletir a totalidade procurando repensar a ênfase atual
na ontologia (ser humano) como ponto de partida para explicação da vida humana.
Na ânsia da sobrevivência do sistema econômico atual, o controle das
consciências, via educação aliado à ideia do Estado Mínimo respaldado pelos
princípios liberais, encaminha a solução para o déficit educacional atrelado a
utilização das tecnologias da informação e comunicação como forma única de
resolver os questões urgentes que permeiam a Escola.
Esse processo da elaboração da cons(ciência) tem a priori categorias
subjetivas que fetichizam a realidade a fim de manter a relação social vigente a um
12
custo social alarmante. E nesse patamar a autora assinala bem o papel da era
midiática e seus enredamentos:
[...] a rede global midiática, ao invés de homogeneizar o imaginário coletivo conduz ou reforça a subjetividade individual, de forma superficial e fragmentada pela cultura do excesso de imagens orientadas pelo narrador e pela música[...](TERUYA,2008 p.50).
O entrelaçamento e influência das tecnologias da informação e comunicação tem alcance significativo na superestrutura do sistema econômico atual, assegurando níveis de convivência social sem questionamentos e aparente naturalidade como assegura a autora:
[...] O poder da mídia no processo de produção do universo simbólico garante a manutenção e legitimação da cultura idealizada pelos grandes grupos econômicos. A comunicação midiática assegura a adesão, sem resistências ao pensamento hegemônico [...] (TERUYA, 2008 p.56).
Mais uma vez, vislumbramos ênfase da fé na pedagogia como salvadora da
sociedade uma vez que o “problema” é tratado puramente como questão
metodológica por si só e o sistema atribui à educação a responsabilidade de resolver
os problemas sociais que são advindos da própria organização social no qual a
escola está inserida.
As relações e práticas sociais recriam as concepções de Escola,
Conhecimento e Sociedade. A compreensão do funcionamento dessa estrutura
social possibilita compreendermos o processo educacional, como assinalam os
autores:
A transformação de práticas educacionais buscando caminhos para assegurar à escola o acompanhamento dos avanços e das descobertas tecnológicas deve estar diretamente articulada com uma política pública pautada em princípios de inclusão e universalidade de acesso, além de estar amparada por processos de gestão educacionais democráticos. Sem tais premissas, essa transformação tende a ser uma implemento restrito, pontual e, muitas vezes, utópico no que tange a qualquer perspectiva de melhoria de qualidade da educação [...] (BARROS,et al , 2008 p.17)
O uso do computador na escola facilita de fato o processo de aprendizagem,
pois apresenta o conteúdo programático de forma envolvente, utilizando recursos
tecnológicos como vídeos, redes, multimídias que permitem o rápido acesso as
informações novas de forma atrativa, porém com propõe (MORAN apud TERUYA,
2006 p.90, )[...] “nenhuma tecnologia salva o mau professor”.
O fato é que a incorporação da tecnologia no ambiente escolar, precede
intervenção docente, assinalando uma postura crítica em relação às informações e
ou conteúdos veiculados, desmistificando os enredamentos ocultados pela atração
13
midiática, recheada de recursos audiovisuais e interativos.A intermediação docente
é fundamental para a aprendizagem efetiva, pois:
Apesar da explosão dos meios de comunicação e da informação, as novas gerações convivem com ambientes maquilados pelos discursos vazios e destituídos do conhecimento que possibilita a formação da cidadania. Se o aluno não tiver um conhecimento prévio do conteúdo histórico que o tema exige, os recursos audiovisuais se tornam, no máximo, meros espetáculos sem nenhum sentido educativo (TERUYA, 2006, p 100).
A utilização dos recursos midiáticos para o processo pedagógico é um
caminho sem volta, um processo irreversível, e isso vem ocorrendo ao longo da
história da humanidade desde o surgimento dos instrumentos mais antigos até os
mais sofisticados recursos tecnológicos atuais.
É preciso considerar como primordial o investimento maciço na formação
crítica dos educadores, em relação ao uso da tecnologia frente ao poder sedutor da
mídia que reforça o pensamento hegemônico e consolida sua ideologia, traduzidos
pela aparente neutralidade da Televisão e Internet.
Esses conteúdos veiculados precisam ser debatidos, questionados para
cultivar espíritos reflexivos críticos a fim de levar os conhecimentos historicamente
produzidos pela humanidade a todos os estudantes como assinala a autora:
A qualidade na mediação pedagógica se constitui num fator determinante
rumo ao sucesso da aprendizagem. As características da educação traduzem-se no
diálogo, troca de experiências, debates constantes e orientação nas carências e
dificuldades técnicas ou de conhecimento apresentadas pelos estudantes. Incentivar
dinâmicas do processo de aprendizagem, propor situações problemas, estimular
reflexões e conexões entre o conhecimento adquirido e novos conceitos, posicionar-
se e levar os estudantes a pensar questões éticas, sociais.
Levar estudantes a comandar as tecnologias em função de sua aprendizagem
e não ficar a mercê dos fortes apelos midiáticos veiculados pelos recursos
tecnológicos, como bem expõe TERUYA (2006, p.44) enfatiza a contribuição do (a)
educador (a) como direcionador (a) do processo de ensino propiciando uma conduta
crítica diante das visões alienadas e preconceitos apresentados pelos (a)
estudantes. Trata-se abrir um leque de novas possibilidades que permita criar e
inovar apropriando-se dos conhecimentos acumulados pela humanidade ao longo do
tempo.
14
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implementação deste trabalho concretizou-se através da implantação da
produção didática e curso presencial sobre o tema discutido, onde se pode obter os
encaminhamentos sugeridos para otimizar o processo ensino-aprendizagem.
A reunião com a Direção, equipe pedagógica e docentes no início do ano para
a divulgação da implementação do referido projeto e esclarecimentos das atividades,
objetivos e deste Projeto suscitou muito interesse e ao mesmo tempo curiosidade
quanto a concretude deste trabalho no cotidiano escolar.
Para realização deste trabalho foi proposto e executado curso de extensão
com certificação pela Universidade Estadual de Maringá com seis encontros
presenciais e dois encontros à distância com carga horária total de 32 horas para a
implementação das ações elencadas nesta na Unidade Didática proposta neste
Projeto. Em todos os encontros os participantes tiveram acesso ao roteiro do dia
bem como encaminhamentos práticos acerca da temática tratada.
O curso tratou de forma diversificada da presente temática, observando
questões práticas possíveis de serem articuladas no Plano de Trabalho Docente do
Ensino Fundamental e Médio bem como os condicionantes que emperram a
utilização da tecnologia como suporte pedagógico efetivo ao processo de ensino-
aprendizagem.
Na implementação deste curso teve-se o cuidado de direcionar muitas
práticas pedagógicas no laboratório de informática e também acessamos vídeos,
debates sobre o presente tema, possibilitando às(aos) cursistas momentos
diversificados de acesso ao tema estudado.
Neste curso contamos com a palestra que tratou de forma brilhante os
desafios e possibilidades que a tecnologia possibilita em nosso cotidiano escolar e
como isso afeta a socialização do conhecimento propriamente dito, e as implicações
entre mídia e educação.
Contamos também com palestra realiza por um profissional especializado
com apoio do CRTE- Coordenação Regional de Tecnologia na Educação, na área
da informática educativa que assinalou encaminhamentos possíveis de serem
realizados em sala de aula, com atividades práticas no laboratório de Informática do
15
Colégio afim de dirimir dúvidas quanto ao manuseio dos equipamentos
multimídia,computadores e programas educativos.
Ainda neste curso indicamos referências diversas sobre sites educativos
como possibilidades de serem implantadas no cotidiano escolar, com apoio dos
técnicos do CRTE com abordagens sobre a funcionalidade do Portal Dia-a-Dia
Educaçao, vídeo-aulas , Destacou-se a TV Multimídia que possui recursos para
entrada para DVD, VHS, caixas de som, entrada para cartão memória, e pen-
drive(dispositivo portátil de armazenamento de arquivos digitais), e também
assinalar o Tablet como mais um recurso para auxiliar o docente e lousa digital.
Indicamos a necessidade de implantar no espaço da na Hora Atividade
dos(as) Docentes da Educação Básica, discussão e referencias diversas que
discutam a presente temática com debates acerca das principais questões
levantadas pertinentes à tecnologia da informação e comunicação na educação.
Enfim, o presente trabalho atendeu sua principal finalidade que é subsidiar
de forma teórica e metodológica docentes da educação básica para que reflitam a
mediação consequente enquanto educadores num processo de ensino e
aprendizagem , levando estudantes a refletirem os apelos contidos na educação
midiática e como isso é construída pela sociedade atual e se manifesta na educação
como um todo.
A tecnologia da informação e comunicação, pode e deve ser um forte aliado
na formação estudantil, principalmente a ação do computador e da internet na
prática educativa. Vimos que a tecnologia por si só , não dá conta da formação
integral do ser humano, trata-se de um instrumento sedutor que os docentes devem
lançar mão e analisar criteriosamente, sua implementação em sala de aula
A escola deve propiciar na formação continuada, que os(as) professores(as)
reflitam a prática pedagógica acessando novas metodologias especialmente a
tecnologia da informação e comunicação, com vistas a alcançar a qualidade no
processo ensino-aprendizagem que se constitui no objetivo principal desta
instituição que é a socialização dos conhecimentos produzidos historicamente
acumulados ao longo da história humana .
16
Este trabalho possibilitou reflexões acerca da influência da tecnologia da
informação e comunicação e assinalou possibilidades no encaminhamentos práticos
referente a metodologia docentes como forma de contribuir para o enriquecimento
das aulas e consequentemente da qualidade do ensino na educação pública.
6. REFERÊNCIAS
BARROS, G.C: CANTINI, M.C: SANTOS E.;TONO C.C.As Tecnologias da Informação e Comunicação nas Escolas do Paraná.PUC /PR ,2008. Disponível em <http;//portaldoprofessor.mec.gov.br> Acesso em: 06/05/2013. KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. 9 ed.Campinas, SP: Papirus, 2012. MORAES, M.C.O paradigma educacional emergente.Campinas,SP: Papirus,1998. MORAN, J; M.Massetto M.T; BEHRENS, M.A. Novas Tecnologias e medicação pedagógica. Campinas, SP:Papirus, 2006. NAGEL, Lizia H. A Sociedade do Conhecimento no Conhecimento dos Educadores. Disponível em <http://www.uem.br~urutagua /04edu_lizia.htm> Acesso em: 27 /03/2013. OLIVEIRA, Vera B. de (org.) Informática em psicopedagogia. São Paulo: Editora SENAC: São Paulo, 1996. PORTAL DIAADIAEDUCAÇÃO. Educação capacita professores para uso de tablets. Disponível em<HTTP.www.educação.pr.gov.br/modules/noticias/article.php .? storyid=4139 de 28/01/>. Acesso em 25/04/2013. TERUYA, Teresa K.Trabalho e Educação na Era Midiática: Um estudo sobre o mundo do trabalho na era da mídia e seus reflexos na educação. Maringá/PR, Eduem, 2006.