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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
ORÇAMENTO FAMILIAR: ORGANIZAR-SE PARA POUPAR
Autora: Maria Renilda de Lorena1
Orientadora: Raquel Lehrer2
Resumo: O presente trabalho faz parte integrante do curso do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, promovido pela Secretaria de Estado da Educação do
Paraná. Este trabalho tem como objetivo principal aprofundar os conhecimentos sobre a
Matemática Financeira aliada à prática dos estudantes do 3º ano do Colégio Estadual de
Marmeleiro, fazendo com que consigam o equilíbrio financeiro necessário para honrar seus
compromissos, e melhorar sua qualidade de vida. Portanto, neste trabalho faremos uma
contextualização de conteúdos para que desenvolvam noções de como aplicar da melhor
forma possível seus recursos para atingir seus objetivos. Estudar termos e conceitos de
educação financeira que envolvam vocabulário econômico tais como: financiamentos,
descontos, juros simples e composto, compras à vista e a prazo, cartões de crédito e débito,
cheque especial, planejamento, renda, investimento, consumo, amortização e outros, para
compreender o funcionamento das finanças, selecionando informações, tomando decisões
com base nessas informações para agirem de acordo com os objetivos a atingir da forma mais
eficiente e propor um modelo de planejamento e organização financeira, através de uma
planilha orçamentária.
Palavras-chave: Educação Financeira, Orçamento Familiar, Planejamento.
1 INTRODUÇÃO
Diariamente nos deparamos com notícias como estas: “Gastos com
cartão de crédito são os mais altos dos últimos meses”, “Quantidade de
cheques sem fundo aumentou consideravelmente”, “ Endividamento do
brasileiro é recorde”, e a cada dia que passa as notícias de inadimplência das
famílias brasileiras são as mais alarmantes.
1
Professora PDE do Colégio Estadual de Marmeleiro, Marmeleiro- PR. maria.lorena@ seed.pr.com.br 2 Doutora em Matemática pela Universidade de Brasília – UnB. Professora da Universidade Estadual do
Oeste do Paraná - UNIOESTE
Um ponto decisivo para estas questões é a facilidade do crédito, fazendo
com que as pessoas supram cada vez mais seus desejos de maneira
desenfreada, sem fazer uma análise do quanto é necessário possuir um bem
ou querer este bem.
As agências de propaganda nos bombardeiam diariamente com objetos
de consumo, principalmente relacionados à tecnologia, sem os quais não
poderemos ser felizes. A classe mais jovem é mais vulnerável a estas
mensagens de CONSUMO X FELICIDADE , o que acarreta gastos bem acima
da renda disponível na família, gerando problemas graves e estresse. Isso só
será resolvido através de uma organização financeira. Segundo Macedo:
Planejamento financeiro é o processo de gerenciar seu dinheiro com o objetivo de atingir a satisfação pessoal. Permite que você controle sua situação financeira para atender necessidades e alcançar objetivos no decorrer da vida. Inclui programação de orçamento, racionalização de gastos e otimização de investimentos ( MACEDO, 2007, p.26) .
Manter suas dívidas sob controle é essencial para o seu planejamento
financeiro. É ter consciência de que existem dívidas que são consideradas
investimentos a longo prazo, como por exemplo, os financiamentos estudantis,
carros ou motos,etc. É verificar seu orçamento e se a parcela cabe no seu
bolso, então é um investimento positivo. Agora, dívidas com cartão de crédito e
cheque especial, são dívidas que com o passar do tempo vão se acumulando e
são mais difíceis de serem quitadas e podem levar a inadimplência.
Principalmente os mais jovens, quando entram no mercado de trabalho,
tem a sensação de euforia ao receber os primeiros salários, e passam a gastar
sem controle nenhum, submetidos a uma corrente de consumo alavancadas
pelas propagandas. Então, quando percebem já estão endividados, pois não
tem controle sobre os seus gastos, comprometendo totalmente seu salário, não
tendo uma reserva monetária para alguma situação emergencial que possa
ocorrer. Então, planejar seu orçamento, fazendo uma planilha para organizar
suas receitas e despesas, irá com certeza ajudar a equilibrar sua vida
financeira. Conforme Frankenberg:
O que mais almejamos na vida é a felicidade, saúde e tranqüilidade financeira. Felicidade é apenas um estado de
espírito, que depende unicamente de nós mesmos. Saúde, infelizmente, em algumas vezes independe de nossa vontade. Tranquilidade financeira não depende da sorte, mas quase que exclusivamente de um bom planejamento financeiro. Entramos aqui em um fator realmente importante. Eu não sou de filosofar. Sou um homem prático. Acho que nosso país necessita, além da educação formal, da educação financeira, porque muita coisa em nossa vida depende dela (FRANKENBERG, 2006,p.25).
Diante do cenário atual e perspectivas futuras torna-se necessário e até
inevitável o planejamento financeiro.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A concepção pedagógica do Colégio Estadual de Marmeleiro é
embasada na perspectiva denominada histórico-crítica. A matemática sobre a
ótica histórico-crítica é vista como um saber não acabado, mas construído ao
longo da história, sobre a influência de estímulos e necessidades sociais de
várias culturas, que contribuíram até a atualidade com o desenvolvimento da
matemática que hoje conhecemos.
Na perspectiva histórico-crítica aprender matemática não é o simples
desenvolver das habilidades de cálculos ou de memorização, pois o aluno deve
aprender matemática atribuindo sentido e significado às suas idéias; o aluno
aprende quando é capaz de precisar, estabelecer relações, justificar, analisar e
criar.
A matemática está presente na sociedade tecnológica em que vivemos e
a encontramos sob vários pontos de vista, no nosso cotidiano, aí a
necessidade de um ensino comprometido com a formação cidadã do aluno.
A proposta da inserção da Matemática Financeira no currículo do Ensino
Médio, encontra embasamento nas leis que regulamentam o ensino básico no
Paraná. Vale salientar a preocupação dos professores do estado do Paraná
percebida nas Diretrizes Curriculares de Matemática para a Educação Básica
da Secretaria de Educação do Estado do Paraná ( DCMEM/SEED ), sobre a
importância do ensino da Matemática Financeira, onde fica destacada como
sendo ela essencial para a formação dos alunos do Ensino Médio. Destaca-se
ainda neste documento a importância da Matemática Financeira no cotidiano
de quem lida com dívidas ou crediários, ou seja, no cálculo de prestações.
Neste sentido é necessário ampliar o que habitualmente se entende como
conteúdos básicos da Matemática Financeira para o Ensino Médio:
Porcentagem, Sistemas de Juro Simples e Composto. De acordo com a
concepção dada nestas Diretrizes, devem ser subentendidos como conteúdos
básicos da Matemática Financeira a porcentagem, o Juro Simples, o Juro
Composto e Anuidades.
Citamos um trecho das Diretrizes Curriculares para a Educação Básica
do Paraná.
“É importante que o aluno do Ensino Médio compreenda a matemática financeira aplicada aos diversos ramos da atividade humana e sua influência nas decisões de ordem pessoal e social. Tal importância relaciona-se o trato com dívidas, com crediários à interpretação de descontos, à compreensão dos reajustes salariais, à escolha de aplicações financeiras, entre outras. (DCE- 2008. p. 61).
Neste contexto, a Matemática Financeira se apresenta como uma
excelente alternativa para compor o currículo do Ensino Médio, visto que ela é
contextual por excelência, é atual e necessária para a formação de um
indivíduo crítico, pois ela dá subsídios necessários para a tomada de decisões
importantes para a sua vida. O fato de vivermos num país capitalista em
desenvolvimento e que sofre os efeitos da globalização da economia tornam
essa importância ainda maior.
Shilling, destaca a ocorrência dessas desigualdades sociais promovidas
pelo capitalismo financeiro:
Trata-se de transferência de renda, do sul ao norte,
transferência de riqueza, do cidadão comum ao especulador.
Pois o sistema atual, alavancado pelo predomínio do consumo
sobre a produção, é uma forma de transferência de renda e
riqueza, produzindo incessantemente novas desigualdades
( SHILLING, 2007, p. 34).
Nesta óptica a Matemática Financeira é central para compreender o
debate sobre o capitalismo financeiro. Ela é fundamental para se tomar posição
crítica diante da “mídia do consumo facilitado”, tão presente no cotidiano dos
nossos alunos desarmados. Muitos são os apelos com tom de extrema
necessidade em consumir, sem nenhum esclarecimento sobre o custo do
dinheiro, deixando-se propositadamente informações do contrato de compra
como detalhes de rotina, e, portanto, “sem muita importância”.
A Matemática é fundamental na formação da cidadania. Para Miguel e
Miorim, é:
“... finalidade da educação matemática fazer o estudante
construir, (...) por intermédio do conhecimento matemático,
valores e atitudes de natureza diversa, visando à formação
integral do ser humano e, particularmente, do cidadão, isto é,
do homem público.” (MIGUEL E MIORIM, 2004, p. 71).
Assim, podemos destacar o que preconiza o artigo 2º da LDB 9394/96
(Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional), que determina que devemos
compor ambientes para que o ensino aprendizagem ocorra de forma a preparar
e educar os cidadãos tornando-os críticos, atuantes, que façam reflexões e que
tenham liberdade de escolha. Isto tudo denota como é importante considerar o
papel dado à escola na formação universal de um cidadão crítico e autônomo,
ou seja, um sujeito capaz de fazer uma leitura própria e fundamentada de
mundo, das relações de poder, do mundo do trabalho e de se entender como
um ser que pode interferir na busca de uma sociedade justa.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM),
ressaltam que: A Matemática no Ensino Médio tem um valor formativo, que
ajuda a estruturar o pensamento e o raciocínio dedutivo, porém também
desempenha um papel instrumental, pois é uma ferramenta que serve para a
vida cotidiana e para muitas tarefas específicas em quase todas as atividades
humanas.
Segundo Kiyosaki e Lechter :
Muitos dos jovens de hoje tem cartão de crédito antes de concluir o segundo grau e, todavia, nunca tiveram aulas sobre dinheiro e a maneira de investi-lo, para não falar da compreensão do impacto dos juros compostos sobre os cartões de crédito. Simplesmente, são analfabetos financeiros e, sem o conhecimento de como o dinheiro funciona, eles não estão preparados para enfrentar o
mundo que os espera, um mundo que dá mais ênfase à despesa
do que à poupança (KIYOSAKI E LECHTER, 2000, p.13).
No momento atual em que o trabalhador precisa e encontra “facilidades”
de endividamento, vale discutir os efeitos do capitalismo financeiro sobre a
classe trabalhadora. O sistema educacional institucionalizado tem o dever de
promover estas discussões que são fundamentais na formação dos nossos
alunos. Vivemos numa sociedade cheia de estímulos para consumir, de
mercadorias disponíveis a todo momento e um bombardeio de propagandas.
Muitas vezes nos sentimos atraídos por comprar algo em função das lojas que
facilitam os pagamentos, dividindo-o em várias parcelas. Podemos perceber,
pelas diversas propagandas com as quais nos deparamos no dia-a-dia, que as
lojas dão muito mais destaque no valor das parcelas do que ao valor final da
mercadoria e aos juros cobrados. A propaganda é um tipo de texto persuasivo
que tem como objetivo convencer o leitor a comprar um produto.
Trabalhar a Matemática Financeira, juntamente com a Educação
Financeira faz com que nossos alunos identifiquem a importância dos conceitos
aliados a vida prática, da importância de ter o controle financeiro, frente aos
imprevistos que podem surgir. Ao planejar nossas despesas, conseguimos
identificar quais despesas são realmente necessárias e quais partem apenas
do desejo de possuir este bem, evitando compras de produtos supérfluos.
O êxito financeiro é possível quando conseguimos equilibrar nosso
orçamento de maneira responsável, mantendo as receitas e despesas dentro
de nossas possibilidades e ainda sermos capaz de termos uma reserva para
emergências.
3 IMPLEMENTAÇÃO PEDAGÓGICA
No dia 06 de fevereiro de 2014 durante a semana pedagógica, foi
apresentada a Proposta da Implementação da Produção Didático-Pedagógica
à Direção, à equipe pedagógica, aos professores e aos demais funcionários do
Colégio Estadual de Marmeleiro. No início das aulas o Projeto foi exposto aos
alunos a fim de apresentar, informar e sensibilizar a respeito da aplicação e do
desenvolvimento de todas as ações previstas destacando a relevância deste
projeto para a Escola, bem como para os alunos do 30 ano do Ensino médio. A
proposta foi apresentada de forma clara e objetiva e a grande maioria dos
presentes demonstrou grande interesse, acreditando ser de alta relevância
para o alunado em questão, pois é a partir de um planejamento bem
estruturado que se pode estabelecer metas para a melhoria da qualidade de
vida e efetivá-las.
A proposta foi desenvolvida no decorrer das aulas dos 30 anos do
Ensino Médio do Colégio Estadual de Marmeleiro, matutino e vespertino num
total de 65 alunos. Foi apresentado o projeto aos mesmos e em seguida
realizou-se uma tarefa exploratória para verificar quais eram os seus
conhecimentos sobre os principais termos usados na Matemática Financeira,
que visou identificar o conhecimento prévio do aluno em relação ao conteúdo
que seria trabalhado. Verificou-se que eles tinham algum conhecimento ou já
tinham ouvido falar nos termos juros simples e compostos, mas não os sabiam
diferenciar.
Após foi feito um teste para fazer a análise da vida financeira, como
sugestão dos meus colegas do GTR, o mesmo foi respondido juntamente com
a família pois os alunos não possuíam todas as informações. Foi muito
proveitoso, pois fez com que a família participasse na resolução da atividade
e fez com que os alunos conhecessem a realidade financeira de sua família, e
percebeu-se que a maioria tem problemas para administrar suas finanças.
Como a turma da manhã na sua grande maioria era composta por alunos da
cidade e a turma da tarde tinha em sua maioria alunos do interior foi possível
identificar que: os alunos da cidade não participam das decisões tomadas pela
família, eles não conversam sobre questões financeiras ou outras questões
pertinentes. Já a turma da tarde, dos que são oriundos do interior e são filhos
de agricultores, percebeu-se que eles participam ativamente das decisões
familiares tanto financeiras como outras.
Foram assistidos alguns vídeos como; Criança - A alma do negócio; A
importância do Educador na Saúde Financeira dos Jovens, e como sugestão
de um colega cursista do GTR: A História Secreta da Obsolescência
Planejada.
Após a exibição, houve a discussão dos temas abordados nos vídeos, e
foi interessante observar o ponto de vista dos alunos e ver em quais situações
eles se encaixavam. Foi possível também identificar a renda familiar como a
somatória dos valores recebidos pelos membros da família e reconhecer que
uma das vantagens do planejamento das despesas é o controle tanto do
orçamento (não gastar mais do que se ganha), quanto das emoções (não
comprar tudo o que se vê), permitindo o conhecimento das reais condições
financeiras para melhor administrá-las.
O estudo e o desenvolvimento da Matemática Financeira estão ligados
ao sistema econômico. No panorama atual é importante termos noções sobre o
funcionamento das operações financeiras para melhor podermos administrá-
las. Problemas do nosso cotidiano como as prestações, compras à vista ou a
prazo, aplicações e outros, são dúvidas que podem ser resolvidas com a ajuda
da Matemática Financeira.
Para isso, apresentamos os conceitos de juros simples e compostos,
bem como outros termos essenciais da Matemática Financeira com exemplos e
utilização das fórmulas, partindo da apresentação de uma contextualização da
Matemática Financeira com questões práticas envolvidas nas atividades.
O próximo passo foi trabalhar o Orçamento Doméstico. Para fazer o
orçamento doméstico foi necessário relacionar todos os gastos e quanto se
estima receber, numa planilha. As anotações dos gastos devem ser diárias,
para saber exatamente o que se gastou durante o mês. Todos os membros da
família precisam estar comprometidos com o orçamento e dispostos a
colaborar, senão, não dará certo o planejamento. É necessário que todos
entendam que para atingir os objetivos previstos, não se pode gastar o
dinheiro, não dá para comprar tudo o que se quer, mas sim dar prioridade ao
que é mais necessário.
Com esta atividade foi possível promover a reflexão sobre gastos
desnecessários e sobre várias questões financeiras que permeiam uma família,
auxiliando num controle e num planejamento financeiro que podem ser
realizados a partir do conhecimento matemático como: construção de tabela,
operações com calculadoras simples, operações mentais e aproximadas, entre
outras.
A seguir fizemos a planilha orçamentária no Laboratório de Informática,
utilizando a planilha eletrônica. Os alunos digitaram seus orçamentos, fizeram a
somatória das despesas item por item, conforme a classificação anterior de
Receitas e Despesas por mês e calcularam o saldo em cada mês. A maioria
dos alunos já possuíam um conhecimento prévio sobre como trabalhar com
planilhas no computador, o que facilitou bastante nosso trabalho inicial. Os
alunos que já sabiam trabalhar com planilhas auxiliaram os colegas nas suas
dificuldades e este trabalho foi muito bom porque eles se sentiram valorizados.
Com essa atividade foi possível identificar que o maior problema das
famílias é comprometer a maior parte de seu salário em prestações e
desconsiderar os pequenos valores gastos no seu dia a dia , que no final do
mês acaba sendo um valor considerável.
Então a turma refletiu e debateu sobre a importância dos benefícios de
um plano financeiro mensal para melhor administrar a renda familiar e se
comprometeram, em forma de desafio, fazer com que a família comece a
diminuir em 5% as suas despesas para depositar o valor em poupança para
ser usado pela família.
Consideramos importante colocar uma atividade que não fazia parte do
projeto inicial, mas que foi trabalhada com os alunos e que acabou sendo a
atividade que eles mais se envolveram e que teve excelentes resultados.
A atividade consistia em administrar a vida familiar de uma família classe
média baixa composta inicialmente por um casal e dois filhos. Foi dividida a
turma em seis grupos, cada grupo recebeu dados iniciais dessa família
(número de moradores, trabalho, salário, receitas, despesas e outros ). Cada
grupo administrava essa família em épocas diferentes sendo que um grupo
dependia das informações do grupo anterior para dar sequência as próximas
etapas, precisavam aumentar a renda ( trabalhar mais, fazer cursos
profissionalizantes, e outros ), pagar as despesas ( aluguel, mercado, padaria,
escola, luz, água, telefone, transporte e outros). Utilizamos as redes sociais
como ferramenta auxiliar para lançar situações emergênciais que surgiam na
família para todos os grupos, já que normalmente eles passam muito tempo
utilizando-as.
Foi muito interessante ver como eles lidam com as situações,
principalmente as relacionadas com as finanças; a maioria dos grupos sabia
direitinho como fazer para economizar, como cortar os supérfluos, como
conseguir as coisas importantes. Vendo que a grande maioria das famílias não
estão preparadas para as situações de emergências e elas ocorrem
independente de nossa vontade, precisamos estar preparados para quando
isso ocorrer.
Para finalizar, houve a entrega de um relatório digitado após a
apresentação oral dos grupos envolvidos nessa atividade que participaram de
uma mesa redonda para discussão dos principais tópicos e das dificuldades
encontradas na realização deste trabalho.
As famílias dos alunos envolvidos nessa atividade relataram que houve
uma mudança significativa na maneira como eles se envolveram nas questões
relativas às finanças da família, querendo saber quais eram as receitas das
mesmas e as despesas e houve uma maior conscientização na hora de
comprar, fazendo primeiramente uma análise do quanto é necessário possuir
um bem ou querer este bem.
4 SOCIALIZAÇÃO DO PROJETO NO GTR
O Grupo de Trabalho em Rede (GTR) foi um momento de interagir a
respeito do projeto, da produção didática e sua implementação.
Iniciou-se com a apresentação dos participantes, que trouxeram
algumas informações sobre suas realidades, o local em que trabalham, as
turmas em que executam suas atividades, bem como suas expectativas quanto
ao curso. Houve um aprofundamento teórico apresentando-se o Projeto de
Intervenção Pedagógica na Escola " ORÇAMENTO FAMILIAR: ORGANIZAR-
SE PARA POUPAR „‟.
Eram vinte inscritos, três nunca participaram e dois não concluíram as
atividades propostas e quinze finalizaram o GTR com 100% de aproveitamento.
Durante as interações realizadas entre os professores cursistas, no
fórum e no diário, pode-se perceber que os participantes entenderam a
proposta do Projeto, tendo em vista que a Matemática Financeira é relevante e
imprescindível, foram inúmeras sugestões por parte dos colegas cursistas de
sugestões para se trabalhar este tema tão importante, e de unir a prática ao
conceito em sala de aula, fazendo com que os alunos percebam que a prática
não está separada da teoria, mas que andam junto para um melhor
entendimento.
Os professores mostraram-se interessados na metodologia proposta,
contribuindo com sugestões e experiências pessoais, que enriqueceram este
trabalho, os mesmos ressaltaram durante as discussões que as aulas de
Matemática Financeira podem servir de suporte para mudanças de
comportamento tanto do nosso educando quanto o de sua família fazendo com
que consigam o equilíbrio financeiro necessário para honrar seu
compromissos, e melhorar sua qualidade de vida, organizando suas finanças a
partir da definição de metas para obtenção de resultados, e compreendendo a
matemática como meio ou instrumento de realização pessoal.
Diante disso, vê-se a importância da interação entre o Professor PDE e
os demais professores da rede, pois possibilita a troca de experiências,
aperfeiçoando, assim, o estudo do Professor PDE, uma vez que, por meio
dessas interações, conhecem-se diferentes realidades e pontos de vista. Foi
apresentada a forma da aplicação do projeto na escola, mostrando alguns
resultados já obtidos do trabalho que está em andamento. Como nas demais
etapas do GTR, os cursistas contribuíram com atividades pertinentes ao
conteúdo proposto, trazendo comentários reflexivos a respeito da aplicabilidade
de algumas atividades, tendo em vista que as realidades educacionais são
diferentes, necessitando apenas de alguns ajustes para efetiva realização das
mesmas.
Foram apresentados os avanços e desafios enfrentados durante a fase
de implementação pedagógica. Relatou-se o perfil da turma, composta por
sessenta e cinco alunos adolescentes, apesar de bastante falantes, foram
participativos, o que permite afirmar que se obteve um retorno positivo.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta proposta de trabalho surgiu da necessidade de despertar em
nossos alunos o hábito de planejar sua vida financeira, pois percebemos a
dificuldade que eles tem ao lidar com questões relacionadas as finanças, por
falta de experiência e informações.
Quando o projeto foi elaborado houve uma discussão de qual seria o
tema trabalhado, e chegou-se a conclusão que este seria interessante já que
atualmente vivemos numa sociedade altamente consumista, e nós educadores
não podemos ficar alheios a essa realidade cada vez mais presente, temos a
obrigação de orientar nossos educandos sobre a necessidade de uma leitura
crítica de tudo que nos é informado.
No desenvolvimento deste trabalho, verificamos que podemos tornar
nossas aulas mais atraentes e significativas, utilizando os recursos da
informática, principalmente os das planilhas eletrônicas e trabalhando teoria e
prática de maneira integrada por meio de resolução de problemas, buscando
no cotidiano dos educandos, motivos que levem à utilização da Matemática
Financeira.
Na fase de implementação, foi confirmada a dificuldade que nossos
educandos possuem no trato com assuntos de ordem financeira, como a
compreensão do juro simples e composto, da taxa de juros embutida nas
prestações, da utilização de novas tecnologias, como computadores e
calculadoras para resolver problemas financeiros. Mas revelou também, o
interesse em aprender sobre o assunto, pois o mesmo é utilizado
constantemente no nosso cotidiano.
Acreditamos que a Educação Financeira deve ser trabalhada desde as
séries iniciais do ensino fundamental, pois é um assunto de extrema
importância para todos, e tendo a Matemática Financeira a característica de
aplicação no dia a dia, contribui com o aumento do interesse dos alunos pela
matemática em geral.
Este trabalho foi gratificante visto que houve participação efetiva por
quase a totalidade dos alunos juntamente com a família, com os colegas
professores que demonstraram interesse em participar de um curso voltado a
este tema para o próximo ano, já que os mesmos também encontram
dificuldades na hora de administrar suas finanças e com meus colegas
cursistas que demonstraram interesse e participaram ativamente das tarefas e
deram inúmeras sugestões.
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