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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · crítica mediante a circulação e recepção do gênero na escola e na comunidade escolar. ... observador ou narrador personagem

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

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DIFICULDADES DE LEITURA: COMPREENDENDO A FUNCÃO SOCIAL DO

GÊNERO CRÔNICA

VANUSA DE SOUZA

Produção Didático-pedagógica (Unidade Didática ) apresentada ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob a orientação da Professora Maria Elena Pires Santos da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Foz do Iguaçu.

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAISPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL

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FOZ DO IGUAÇU

2013

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO

PRODUÇÃO DIDÁTICO – PEDAGÓGICA

TURMA: PDE/2013

Título: DIFICULDADES DE LEITURA: COMPREENDENDO A FUNÇÃO SOCIAL DO GÊNERO CRÔNICA.

Autora Vanusa de SouzaDisciplina/ Área Língua PortuguesaEscola de Implementação do Projeto e sua localização

Colégio Estadual Alberto Santos Dumont – Ensino Fundamental e Médio – Ramilândia – PR

Município da Escola Ramilândia – PRNúcleo Regional de Educação

Foz do Iguaçu

Professor Orientador Maria Elena Pires SantosInstituição de Ensino Superior

UNIOESTE – Foz do Iguaçu

Resumo No mundo pós-moderno é possível afirmar que, por causa da internet, nunca se leu tanto, mas, é fato que a qualidade desse tipo de leitura é bastante questionável. Só dentro da sala de aula, diante de diferentes gêneros, que se encontra uma parcela bastante significativa de alunos que simplesmente não entende o que lê. Enfrentamos um grande problema nas escolas, pois se o educando não consegue interpretar, refletir sobre os fatos mais importantes dos gêneros que lê, dificilmente conseguirá bons resultados de aprendizagem, haja visto que tais fatores interferem em todas as disciplinas, ou seja, não se refere somente à Língua Portuguesa. O drama das dificuldades de leitura, está tão presente em sala de aula que é preciso repensar algumas práticas e buscar subsídios para compreender o que pode ser feito.Ao escolher a temática, sobre a função social do gênero crônica, buscamos refletir sobre sua importância no contexto escolar e na sociedade, pois a leitura na vida dos sujeitos representa uma fatia significativa de sua interação com o mundo. Sendo assim, faz-se necessário desenvolver um trabalho escolar sobre esse gênero, uma vez que almejamos uma educação de qualidade, para que

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os indivíduos possam interagir com seus conhecimentos através da leitura, oralidade, escrita e análise linguística.

Palavras-chave Leitura, compreensão, interação, crônica.Formato do Material Didático

Unidade Didática.

Público Alvo Alunos do Nono Ano do Ensino Fundamental.

1) APRESENTAÇÃO:

Inicialmente, a elaboração dessa unidade didática apresenta como propósito o foco na

formação de leitores que não apenas decodifiquem os signos linguísticos. Para tal, se faz

necessário que o professor atue como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras

significativas no intuito de concebermos um leitor crítico, com condição de interpretar textos

complexos e, estabelecer relações entre eles, com profundidade e abrangência, tomando como

princípio fundamental uma concepção dialógica de linguagem.

Para provocar uma leitura prazerosa, essa unidade didática propõe um trabalho com o

gênero textual crônica, por tratar-se de temas do cotidiano, com marcas atuais que projetam

um novo olhar sobre os diferentes acontecimentos, permitindo ao leitor um processo dialógico

em que, percebe o papel social que o gênero desempenha, com suas ideologias e contribuições

intertextuais.

Sabemos que para muitos alunos o acesso à leitura, ainda é muito restrito, somente o

espaço escolar torna-se único responsável para o estímulo a essa aprendizagem. Logo, é

preciso, enfatizar para os alunos o grande valor do gênero crônica, bem como os possíveis

questionamentos e relações de inferências que podem ser feitas em sua prática social,

refletindo também sobre os seus elementos temáticos e estilísticos, além de oportunizar a

socialização de diferentes interpretações possíveis, no sentido de desenvolver uma postura

crítica mediante a circulação e recepção do gênero na escola e na comunidade escolar.

Portanto, essa unidade didática será aplicada com os alunos do nono ano do Ensino

Fundamental, seguindo o Plano de Trabalho docente de Gasparin (2009), que parte de uma

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Prática Social Inicial, em que há o anúncio do gênero crônica, bem como sua vivência

cotidiana, contexto de produção e função social. Após, será trabalhada a Problematização,

com as dimensões conceitual, política, social do conteúdo, etc. Na terceira etapa chega-se a

Instrumentalização, onde se propõe sugestões de atividades de leitura, interpretação, análise

linguística e composição de vários textos do gênero citado. Na sequência, a proposta sugere a

síntese mental do aluno ( Catarse ), em que o educando demonstra que se apropriou do

conteúdo estudado e que domina sua leitura e compreensão, e finalmente conclue-se com a

Prática Social Final, em que as intenções e ações do aluno são efetivadas, com

aprofundamento de escrita, leitura, estudo e pesquisa sobre o gênero. Nesse sentido, é possível

oportunizar um trabalho diferenciado do gênero em estudo, permitindo a socialização de

crônicas, que auxiliarão nossos alunos na inserção da prática das atividades.

2) PRÁTICA SOCIAL INICIAL:

(2 horas/ aula)

a) Apresentação da situação:

Apresentar aos alunos como será desenvolvido o projeto de intervenção pedagógica

na escola, com os objetivos e justificativa. O mesmo será concretizado no decorrer de 32

horas aulas, compondo uma unidade didática.

b) Apresentação do gênero textual selecionado e razões para a escolha:

Para desenvolver este projeto foi selecionado o gênero textual crônica, por

caracterizar-se como um gênero atrativo e interessante, marcado geralmente por narrações,

com uma linguagem simples, com diferentes temas do cotidiano como escola, política,

família, amor, esporte, etc.

No enredo, normalmente aparece a estrutura: situação inicial, conflito, clímax do

conflito e desfecho. Também possui um reduzido número de personagens e muitas vezes as

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dimensões dos temas retratados apresentam um tom humorístico ou sarcástico, nos

proporcionando uma reflexão crítica e responsiva da situação exposta.

E finalmente, podemos perceber que a crônica pode apresentar-se com um narrador-

observador ou narrador personagem que retrata os acontecimentos sempre em torno de um

personagem principal.

- Conteúdo:

O gênero crônica.

- Vivência do conteúdo:

- Iniciar uma conversa perguntando aos alunos se eles já ouviram a palavra “crônica”.

- Em seguida, perguntar se eles já leram alguma crônica e se lembram da história.

- Fazer um levantamento geral sobre o gênero crônica.

- Após, fazer uma pesquisa de quais são os principais cronistas brasileiros.

Observação: Fazer a pesquisa no laboratório de informática.

- Perguntar se os alunos conhecem alguns dos autores cronistas pesquisados.

- Com o auxílio da professora destacar os cronistas mais renomados que aparecem nos

livros didáticos e nos encaminhamentos metodológicos do ensino do gênero crônica na

escola.

- Onde encontramos crônicas diariamente? Onde circula?

- Perguntar também se os alunos reconhecem a função social desse gênero.

- Solicitar aos alunos sugestões do que eles gostariam que fosse abordado no projeto em

relação à leitura de crônicas.

3) PROBLEMATIZAÇÃO DO GÊNERO:

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(4 horas/ aulas)

1-Dimensão conceitual:

- Pesquisar o vocábulo “crônica” no dicionário, para compreendermos seu significado.

2- Dimensão histórico-cultural:

- A crônica é um gênero discursivo que surgiu primeiramente em forma de “folhetim”.

- Qual a história do surgimento da crônica? Alguém conhece? Pesquise a história do

surgimento do gênero.

* Após os encaminhamentos da pesquisa, compartilhar informações.

Breve histórico do gênero crônica (Curiosidade como suporte para discussão entre o

professor e os alunos)

No Brasil, a crônica surgiu com Pero Vaz Caminha, com a publicação de uma carta, na

medida em que ele retratou ao rei de modo subjetivo como era a terra recém descoberta, os

índios, seus costumes, naquele momento de confronto entre a cultura européia e a cultura

primitiva, apresentando uma visão mais semelhante a de um cronista do que de um

historiador. A partir de Caminha, o registro circunstancial passa a ser o princípio básico da

crônica.

No pé de página da folha de jornal, a crônica era o folhetim, ou seja, uma “sessão

quase que informativa”, na qual se publicavam pequenos contos, pequenos artigos, ensaios

breves, poemas em prosa, tudo, enfim que pudesse informar os leitores sobre os

acontecimentos daquele dia ou daquela semana.

O traço de naturalidade no trabalho com a linguagem é que faz da crônica nos dias

atuais, um gênero textual atrativo e interessante para o início da prática escolar, visto que, por

meio de uma linguagem simples, trata dos fatos cotidianos, auxiliando no estabelecimento da

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dimensão das coisas e das pessoas, algumas vezes, com um viés humorístico, outras, com

lirismo e singularidade.

Observação: Conversar com os alunos sobre a diferenciação tênue e heterogênea dos

gêneros).

(Texto adaptado de ANDRADE, Maria Lúcia da Cunha Victorio de Oliveira. O

Gênero Crônica e a Prática Escolar. Disponível em:

<WWW.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/maluv 017. pdf>. Acesso em: 11 out. 2013.

3- Dimensão social:

- Após pesquisar, elaborar uma justificativa para a criação das crônicas em nossa

sociedade e sua importância para as pessoas.

- Quem costuma escrever crônicas?

- Quem costuma ler crônicas?

- Quais as características presentes nas crônicas?

- Qual a função sociocomunicativa da crônica?

- Definir quais os autores cronistas que nortearão os trabalhos no decorrer da

implantação da produção didático-pedagógica e quais os textos serão abordados.

* OBSERVAÇÃO: Apresentação da obra de Luís Fernando Veríssimo ( Comédias

para ler na Escola ), Moacyr Scliar ( Minha Mãe não dorme enquanto eu não chegar ), Luís

Fernando Elias com seu site de interação de crônicas, Fernando Sabino ( A companheira de

viagem ), Rachel de Queiroz ( As cem melhores crônicas brasileiras, seleção de Joaquim

Ferreira dos Santos ) e Lya Luft ( Pensar é transgredir ).

Esses serão os principais autores que terão suas crônicas em estudo, além dos

sugeridos pelos alunos para que o Projeto de Intervenção Pedagógica possa atingir o seu

objetivo.

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4- Dimensão política:

- Todas as crônicas são possíveis de serem compreendidas por uma pessoa leiga?

- Como a compreensão de uma crônica pode auxiliar o leitor no seu cotidiano?

Observação: Montar um mapinha conceitual com as respostas das questões para se

chegar a uma definição do gênero e do trabalho a ser desenvolvido.

* Dividir a turma em grupos e definir alguns temas para que pesquisem crônicas de

diversos autores ( exemplo: futebol, amor, escola, família, política, etc ). Cada grupo

assumirá um tema e terá a tarefa de compartilhar pelo menos uma crônica com os colegas

da turma na próxima aula para momento de leitura e conhecimento do gênero. ( pesquisar

na internet ).

4) INSTRUMENTALIZAÇÃO:

Módulo I

a) Atividade de leitura, compreensão e interpretação do texto: ( 4 horas/ aula )

A última crônica

(Fernando Sabino)

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao

balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta.

Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco

ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária

algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser

vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico.

Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas

palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e

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perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café,

enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: “Assim eu quereria o meu último

poema”.

Não sou poeta e estou sem assunto.

[...]

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se no livro “A Companheira de Viagem “, editora do autor –

Rio de Janeiro, 1965, p. 174

Primeiro momento:

Observação: Assistir ao vídeo da “Última Crônica” (Duração: 5 minutos e 40 segundos.

Disponível em: <http://fernandosabino.com.br>. Acesso em 11 out. 2013.

-Após ouvir o texto, conversar com os alunos sobre a compreensão inicial.

-Perceber com os alunos que o cronista se dispõe a uma tarefa árdua: escrever... O

autor está sem conteúdo, sem assunto, sem imaginação. De repente, ao tomar café em um

botequim, aparece uma forte imagem que o faz escrever sua última crônica. Um casal com

uma negrinha de aproximadamente três anos, bem humildes, que com uma lata de Coca Cola

e um pedaço de bolo, comemoram o aniversário da menina. Para o autor não haveria cena

melhor para escrever sua última crônica.

Segundo momento:

* Quem é o autor do texto?

* Onde e em que época foi veiculado o texto?

* O texto lido pode ser considerado uma crônica? Vamos descobrir a razão disso?

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* Discuta com seus colegas o tema abordado em “A última crônica”.

* Qual o papel social do autor? ( Quem é ele? )

* Para quem o autor escreveu essa crônica? Com que finalidade?

* Qual é a cena que o autor vê? Quais são os personagens que dela participam?

* Qual a esfera social de circulação?

* Quem é o possível interlocutor/leitor? Qual o seu lugar social?

* Segundo o autor, ele havia perdido a noção do essencial, o que isso representa?

* Como está estruturada a nossa sociedade? A cena vista pelo autor da crônica é real

ou fictícia?

* Por que o autor quereria sua última crônica pura como um sorriso do homem que

estava sendo observado na mesa? ( Mensagem do texto ).

* Em que parte do texto, o autor afirma que os homens do seu tempo são o assunto de

suas crônicas?

* Há no texto uma passagem que denota claramente a pobreza dos personagens. Qual?

Comente-a.

* Que sentimentos o autor expressa com a personagem menina, ao usar os

diminutivos: arrumadinha, negrinha, menininha, fitinha? Qual será a intenção do autor?

* Em uma crônica o narrador pode ser observador ou personagem. Qual é o tipo de

narrador da crônica em estudo?

* Existe alguma relação entre a situação vivida pela família da crônica e a de nossos

dias?

* Apesar das dificuldades financeiras, podemos destacar sentimentos nobres na

relação daquela família. Cite alguns:

* De que forma você comemora o seu aniversário?

* Você já comemorou um aniversário de forma estranha? Diferente do tradicional bolo

com velinhas?

b) Análise linguística:

* Há marcas de temporalidade na crônica?

* Identificar os adjetivos presente no texto ( relembrar o significado e destacar na

crônica ).

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* Pesquisar adjetivos pouco comuns que aparecem no texto, como por exemplo:

* Sôfregas:

* Pitoresco:

* Irrisório:

* Esquivos, etc.

* Função sociocomunicativa de alguns verbos no texto. Pesquisar e analisar alguns

exemplos:

* Visava:

* Quereria:

* Remexe:

* Limita-se, etc.

* Destacar alguns substantivos presentes no texto.

c) Estrutura composicional:

* O cronista costuma ter a atenção voltada para os fatos do dia a dia ou veiculados em

notícias de jornal e os registra com humor, sensibilidade, crítica e poesia. Ao proceder assim,

qual dos seguintes objetivos o cronista espera atingir com o texto?

1 ( ) Informar os leitores sobre um determinado assunto.

2 ( ) Entreter os leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a refletir criticamente sobre a

vida e os comportamentos humanos.

3 ( ) Dar instruções aos leitores.

4 ( ) Tratar de um assunto cientificamente.

5 ( ) Argumentar, defender um ponto de vista e persuadir o leitor.

*Há quantos parágrafos no texto?

* Existe uma ordem na exposição dos fatos? Qual efeito de sentido essa ordem

provoca?

* O tema está claro, objetivo?

* Como podemos definir a construção estrutural da crônica?

* O texto chega a qual conclusão?

* Esta crônica é mais literária ou jornalística? Por quê?

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Módulo II:

a) Atividade de leitura, interpretação e compreensão ( 4 horas/ aula )

Vide Bula

Luiz Fernando Elias. (cardiologista e cronista nas horas vagas).

Há cerca de 10 anos publiquei este artigo no Jornal de Cajuru, num momento especial

para o país, quando o esquema colorido havia sido desmantelado, e havia grandes

expectativas quanto ao futuro político do Brasil.

Hoje aproveito para republicá-lo, como prévia para o Vide Bula II, que certamente

trará novos medicamentos, para quem sabe, desta vez, curar o paciente. Uma coisa é certa:

este já não está mais na UTI. Concordam?

O Brasil está doente. Êta frasezinha batida! Todo mundo está cansado de saber disso.

O diabo é: qual remédio?

Muito se tem tentado com drogas tradicionais, ou novidades, porém até agora

nenhuma teve o tão almejado efeito de curar este pobre enfermo.

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se: Disponível em: <http: //

WWW.almacarioca.com.br/cro 169 htm>. Acesso em 10 out. 2013.

Observação: O texto possui um léxico moderno, de grande bagagem cultural, cheio de conhecimentos que remetem ao contexto político da sociedade brasileira, devido às circunstâncias em que foi produzido.Através da leitura se percebe que há um grande número de palavras novas ou de novas acepções: neologismos, que dão origem a nomes de vários medicamentos com indicações e contra indicações. Essa crônica é extremamente sarcástica, nos faz refletir sobre a atual dimensão política brasileira. Esse é um exemplo típico de heterogeneidade, intergêneros: a forma que um gênero (Bula de Remédio), para a produção de outro gênero (crônica).

• Conversar com os alunos sobre essa criatividade de mistura dos gêneros.

*Produzir inferências:

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- Quem é Cajuru? Collor? Paulo Maluf? Etc...

* A quem essa crônica é direcionada, onde e quando foi escrita?

* Quem é o possível leitor/ interlocutor dessa crônica? Qual é o seu lugar social?

* Que práticas sociais ele representa, reproduz ou desafia?

* Que visões de mundo ele constrói ou desconstrói?

* Ao ler o texto, que conhecimentos prévios você precisou utilizar? ( isto é,

conhecimentos que não estão explícitos no texto, mas que são necessários para a sua

compreensão?).

b) Análise Linguística:

*Após a leitura da crônica, propor uma análise dos elementos coesivos que ligam os

parágrafos.

* Explorar a leitura expressiva, em voz alta, destacando o vocabulário com

neologismos.

* Montar um quadro sistematizando essas novas expressões. Verificar as

possibilidades de reinvenção que só a linguagem em interação permite. Ex:

Palavra de origem NeologismoPMDB PemedebonaOrestes Quércia OrestequercinaEstrela do PT EstrelapetinaFernando Henrique Cardoso F. H. Cardozina

*Pemedebona deriva de qual partido brasileiro? Pesquise siglas de partidos brasileiros

com respectivos significados. ( Utilizar o laboratório de informática ).

*Metaforicamente o Brasil está doente? O que isso significa? ( Trabalhar o sentido

conotativo: figurado )

* Quais recursos o autor utiliza para manifestar sua opinião sobre o sistema político

brasileiro?

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c) Estrutura composicional:

*O que é efeito colateral? Contra indicado? Que gênero apresenta esta estrutura

composicional?

* A quem essa crônica é direcionada, onde e quando foi escrita?

* Qual é o tema central da crônica?

* Você consegue perceber qual é o objetivo do autor ao escrever essa crônica?

Módulo III:

a) Atividade de leitura, interpretação e compreensão: ( 4 horas/ aula )

O lixo

Luís Fernando Veríssimo

Encontra-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que

se falam.

- Bom dia...

- Bom dia.

- A senhora é do 610.

- E o senhor do 612

- É.

- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...

- Pois é...

- Desculpa a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...

- O meu o quê?

- O seu lixo.

- Ah...

- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser [...]

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Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto. O texto na íntegra encontra-se na fonte: Disponível em

<http://literal.terra.com.br/verissimo/porelemesmo/porelemesmo_lixo.shtml?porelemesmo>.

Acesso em 14 out. 2013.

Originalmente publicada em O Analista de Bagé. L&PM, 1981.

Observação: Após a leitura da crônica, fazer um breve comentário sobre a compreensão inicial, sobre o assunto abordado que é sobre um homem e uma mulher que vivem solitários. Cada um em seu apartamento. Ambos sabem tudo da vida do outro pelo simples fato de observar o lixo que cada um produz e, à partir desse primeiro diálogo começa, o primeiro passo para um romance: um convite para jantar.

• Quem é o autor do texto?

• O narrador participa da história?

• Quem são os personagens da crônica?

• Onde os fatos acontecem?

• Em que época tudo aconteceu?

• Há alguma briga, discórdia, discussão entre os personagens?

• Você gostou do desfecho da história?

• A partir de que momento o homem decidiu conhecer a mulher?

• Você concorda que uma vez jogado na lata do lixo, tudo o que descartamos se

torna de domínio público? O que isso significa/

• É possível conhecer psicologicamente uma pessoa através do lixo que ela

produz?

b) Análise linguística:

- Na crônica há a presença marcante de substantivos. Encontre no texto pelos menos

cinco

• Comuns:

• Próprios:

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- Encontrar pelo menos quatro substantivos diminutivos na crônica e explicar que

efeitos de sentido isso provoca no leitor.

- Analise as possibilidades da partícula apassivadora “se” nos enunciados:

* Se você achasse:

* Se você soubesse:

- Observe o uso de pronomes pessoais e possessivos em primeira pessoa. Que sentido

isso provoca no texto?

c) Estrutura composicional;

• Qual é a descrição estrutural dessa crônica

( ) discurso direto ou

( ) discurso indireto?

• Há mais comentários afirmativos ou supositivos a respeito um do outro quanto

à observação do lixo produzido?

• Qual é o tema da crônica apresentada? Construa uma síntese, um breve

parágrafo com a ideia principal.

Módulo IV:

a) Atividades de leitura, interpretação e compreensão:( 4 horas/ aula )

Nesta crônica, o autor destaca o momento marcante do primeiro beijo e como isso

pode nos fazer refletir sobre sua importância no desenvolvimento emocional das pessoas. Não

importa como foi, ou como se imagina esse acontecimento, o que interessa são as marcas que

ficaram...

De volta ao primeiro beijo

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Moacyr Scliar

“O primeiro beijo é uma coisa muito falada. Sem dúvida é uma experiência muito

marcante, inesquecível. O primeiro beijo é uma maturação, uma descoberta. Ao mesmo

tempo, para alguns, ele pode ser um monstro assustador”, diz o cineasta Esmir Filho, diretor

de “Saliva”. O filme conta como Marina, uma garota de 12 anos, é pressionada a dar o seu

primeiro beijo no experiente Gustavo. Folhateen.

Tinha acabado de ler a matéria sobre o primeiro beijo, no pequeno apartamento em

que morava desde que ficara viúvo, anos antes, quando ( coincidência impressionante,

concluiria depois ) o telefone tocou. Era uma mulher de voz fraca e rouca, que ele de início

não identificou: - Aqui fala a Marília – disse a voz. Deus, a Marília! A sua primeira

namorada, a garota que ele beijara ( o primeiro beijo de sua vida ) décadas antes! [...]

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se no site: Disponível em:

<crônicasbrasil.blogspot.com.br/2007/06/de-volta-ao-primeiro-beijo – Moacyr.html>.

Acesso em 11 out. 2013.

• Como é descrito o primeiro beijo no trecho de matéria de jornal logo no início

da crônica?

• Quais são os personagens da narrativa?

• O Narrador é observador ou participa da história?

• Que fato marcante fez com que o personagem não esquecesse Marília?

• Onde acontece os fatos narrados?

• Qual é a problemática existencial presente no texto? Ex: Vida, amor,

envelhecimento, separação, sexualidade, rivalidades, etc.

• O desfecho da história teve um final feliz? Use argumentos para sua resposta.

b) Análise linguística:

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* Quais adjetivos recordam Marília de acordo com as lembranças do personagem? E

ao revê-la bem mais velha, que outros adjetivos a caracterizam?

* Analisar a predominância do tempo verbal ( pretérito ); qual pretérito é utilizado na

crônica?

c) Estrutura composicional:

* Qual o efeito de sentido provocado por esses verbos na sequência narrativa que você

acabou de ler?

a) Tinha acabado;

b) Anotou;

c) Chegando;

d) Olharam-se;

e) Identificou;

f) Esquecera, etc.

*Qual foi o objetivo do encontro dos personagens?

* O tema da crônica possui verossimilhança com a realidade da maioria dos seres

humanos?

* A narrativa é complexa, com a presença de diálogos, ou não?

* Os acontecimentos encadeiam-se de laços lógicos ou de laços afetivos?

Módulo V:

a) Atividades de leitura, interpretação e compreensão ( 4 horas/ aula ):

Talvez o último desejo

Rachel de Queiroz

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Pergunta-me com muita seriedade uma moça jornalista qual é o meu maior desejo para

o ano de 1950. E a resposta natural é dizer-lhe que desejo muita paz, prosperidade pública e

particular para todos, saúde e dinheiro aqui em casa. Que mais há para dizer?

Mas a verdade, a verdade verdadeira que eu falar não posso, aquilo que representa o

real desejo do meu coração, seria abrir os braços para o mundo, olhar para ele bem de frente e

lhe dizer na cara: Te dana!

Sim, te dana, mundo velho. Ao planeta com todos os seus homens e bichos, ao

continente, ao país, ao Estado, à cidade, à população, aos parentes, aos amigos e conhecidos:

danem-se! Vou para longe me esquecer de tudo, vou a Pasárgada ou a qualquer outro lugar.

Isso eu queria. Chegar junto do homem...

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto

O texto na íntegra encontra-se no livro: “As cem melhores crônicas brasileiras.

Seleção de Joaquim Ferreira dos Santos”. São Paulo: Objetiva, 2007. P. 74-76 ).

Comentário: A crônica se desenvolve em torno da descrição de um possível desejo da

autora, na passagem do ano de 1950. Em resposta a uma jornalista que lhe pergunta ‘qual o

seu maior desejo para o ano que se inicia’, a autora começa por detalhar o que seria seu real

desejo, na verdade, um inconfessável desejo, para depois, descrever sua rendição aos

imperativos do coração, a servidão do amor, que fatalmente guia o destino humano. Os

pormenores desse desejo e as razões pelas quais ele não pode ser acatado é que vai

marcando, passo a passo o percurso do texto.

• Quem é a autora do texto?

• Quando o fato foi narrado?

• É correto afirmar que os acontecimentos do texto pode referir-se ou não à pessoa física

de Rachel de Queiroz?

• Quem são os destinatários do texto?

• O texto se dirige a homens ou mulheres? Ou a ambos?

• Que tipo de relações sociais esse texto reflete ou provoca?

• Que visões de mundo ele constrói ou desconstrói?

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• Ao ler o texto, você sente que ele flui de forma suave, sem dificuldades de

compreensão, ou há momentos em que você precisa fazer um esforço para dar sentido

ao texto?

• Qual é a frase que desencadeia o ponto de partida para se desenvolver o tema do texto?

• Quais são os motivos que faz a autora não manifestar o seu maior desejo?

• Cite alguns fragmentos do texto que manifesta a ideia de total submissão às leis do

coração?

• O que você entendeu do final da crônica com a expressão: “Te dana coração”?

• Os acontecimentos encadeiam-se de laços lógicos, ou de laços afetivos?

b) Análise linguística:

* O que significa o uso recorrente da primeira pessoa do singular ( eu, me, meu, mim )

em todo o texto?

* A linguagem expressiva da confissão pessoal, inserida no domínio da literatura,

favorece o uso de metáforas e metonímias. O que significa essas expressões?

a) Abrir os braços para o mundo:

b) O sangue – ata laços que ninguém desata:

c) A amargura do cativeiro sem remédio.

* Encontre na crônica em análise palavras do vocabulário informal:

* Agora, busque no dicionário significado de palavras menos comuns, mais eruditas

que aparece no texto. Por exemplo: brado, carpir, apostrofar, mísero, etc.

* Busque dez substantivos no texto e descreva as características ( adjetivos ),

utilizados pela autora.

c) Forma composicional:

* Analise os verbos da crônica e escreva qual é o tempo verbal predominante.

* É correto afirmar que o texto é eminentemente

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( ) narrativo ou

( ) descritivo.

*Observe os últimos parágrafos do texto e verifique o uso constante da conjunção e,

ligando os parágrafos. Que outros elementos coesivos você utilizaria para ligar esses

parágrafos? Reescreva no caderno.

Importante: A crônica “Talvez o último desejo” revela intertextualidade, sobretudo no

sentido amplo do termo, pois se conforma à configuração estrutural do gênero e à outra do

tipo descritivo-narrativo de um relato. Analisemos por exemplo, quanto de outros textos está

presente no seguinte fragmento: rede branca armada debaixo da jaqueira, ficar balançando

devagar para espantar o calor, roer castanha de caju confeitada sem receio de engordar, e

ouvir na vitrolinha portátil todos os discos de Noel Rosa, com Araci e Marília Batista.

Depois abrir sobre o rosto o último romance policial de Agatha Christie e dormir docemente

ao mormaço.

Ainda, como exemplo de intertextualidade restrita, pode ser citada a alusão ao poema de

Manuel Bandeira “Vou-me embora pra Pasárgada”, além das referências já feitas a nomes

da realidade artística nacional.

Módulo VI:

a) Atividades de leitura, interpretação e compreensão ( 4 horas/aula )

Nós, os Brasileiros

Lya Luft

Uma editora europeia me pede que traduza poemas de autores estrangeiros sobre o

Brasil.

Como sempre, eles falam da floresta amazônica, uma floresta muito pouco real, aliás.

Um bosque poético, com “mulheres de corpos alvíssimos espreitando entre os troncos das

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árvores e de olhos de serpentes hirtas acariciando esses corpos como dedos amorosos “. Não

faltam flores azuis, rios cristalinos e tigres mágicos.

Traduzo os poemas por dever do ofício, mas com uma secreta – e nunca realizada –

vontade de inserir ali um grãozinho de realidade.

Nas minhas idas (nem tantas) ao Exterior, onde convivi...

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se no livro de Lya Luft, Pensar é transgredir. Rio de

Janeiro: Record, 2009, p. 49-51.

COMENTÁRIO: Trata-se de uma crônica, sob a forma de um relato pessoal, entremeado,

no entanto, de comentários acerca da questão envolvida nesse relato: a imagem que os

estrangeiros têm do Brasil é irreal e fantasiosa. Os comentários que preenchem a crônica se

apóiam em experiências vividas pela autora, que assume, assim, em primeira pessoa, o

papel de narradora participativa. Aliás, o fato de todo o relato acontecer em primeira pessoa

já constitui um recurso reiterativo, um meio de marcar a coesão e a coerência do texto.

• O narrador é observador ou participa da história?

• De acordo com o texto, como os europeus veem o Brasil?

• Segundo os europeus o que se espera que os livros brasileiros relatem, de

acordo com a descrição da autora?

• Qual é o ponto de vista defendido pela autora já no parágrafo introdutório?

• É correto afirmar que os comentários da crônica se apoiam em experiências

vividas pela autora? Em caso afirmativo, comprove com pelo menos dois trechos do texto.

• Quais expressões que aparecem na sequência do texto que afirmam que a

imagem do Brasil para os estrangeiros é muito pouco real?

• Que trecho do texto dá a ideia de que o Brasil é o resultado de diferentes

culturas?

• Assim como os estrangeiros imaginam várias coisas sobre o Brasil, como você

imagina a cultura dos E.U.A, por exemplo?

• Logo nos primeiros parágrafos é possível identificar o tema do texto? Que

visões de mundo o texto constrói ou desconstrói?

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• Para quem esse texto é prioritariamente endereçado?

• Por que esse texto foi escrito?

b) Análise linguística:

* Perceber a presença marcante dos adjetivos na crônica. Identificá-los e descobrir

qual a sua função no texto.

* Que recurso lingüístico a autora utiliza para marcar os comentários do seu prévio

discurso e como vêm sinalizados?

* Identifique no final do texto o pronome indefinido que resume porque o Brasil é

tudo o que a autora comenta.

* O segmento “Mesmo que tentasse explicar”estabelece com o trecho anterior uma

relação de concessão. Que outro conectivo concessivo poderia substituí-lo?

* Quais os pronomes da primeira pessoa do plural que explicitam a nacionalidade da

autora?

c) Forma composicional:

* Identifique algumas repetições presentes no texto que auxiliaram na sua composição.

* Qual é o conectivo aditivo que dá continuidade ao décimo segundo ao décimo quarto

parágrafos do texto?

* O texto é predominantemente narrativo ou descritivo?

* Perceber com os alunos que os elementos que ligam os parágrafos são inovadores,

diferente dos elementos costumeiros que dão coerência e coesão ao texto.

* A crônica não deixa de apresentar um teor argumentativo, por isso há um ponto de

vista defendido pela autora já no parágrafo introdutório. Que recursos a autora utiliza para

fazer sua reflexão e apresentar a sua opinião?

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Módulo VII:

Sugestões de crônicas para leitura, interpretação e compreensão oral ( 2horas/aula ).

a) Sexta-Feira 13

Luís Fernando Veríssimo

- Não sou supersticioso – dizia, mas nas sextas-feiras 13 fazia o seguinte: não saía de

casa. Entende?

- Vamos que me acontece alguma coisa. Aí eu fico supersticioso.

Para proteger seu racionalismo, não se expunha. Não saía de casa. Não saía nem da

cama.

- Telefona para o trabalho. Diz que eu estou gripado.

A mãe ia telefonar...

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se no livro “Mais comédias para ler na escola”/ Luís

Fernando Veríssimo; apresentação e seleção de Marisa Lajolo – Rio de Janeiro: Objetiva,

2008, p. 113.

b) Mãe, por incrível que pareça, é só uma

Moacyr Scliar

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Um dia vão inventar uma mãe artificial. Inventam tudo, por que não mães? Aliás, já há

tentativas nesse sentido. Erik Erickson conta que o professor Harry Harlow tirou macacos de

suas mães verdadeiras logo após o nascimento e entregou-os a “mães”feitas de trapos e arame,

contendo uma mamadeira com leite, e aquecida a uma temperatura igual à dos macacos.

Os pequenos macacos cresceram e se desenvolveram, mas o que aconteceu com eles?

Ficavam sentados, imóveis, com o olhar vago. Quando cutucados, mordiam a si

próprios, até sangrar – não tinham aprendido a experiência do outro, seja este outro a mãe,

irmão ou inimigo. Das fêmeas, poucas procriaram, e mesmos assim [...]

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se no livro: “Minha mãe não dorme enquanto eu não

chegar ( e outras crônicas )”de Moacyr Scliar. 11 ed. – Porto Alegre, 2009, p. 54.

c) Detalhes

Luís Fernando Veríssimo

O velho porteiro do palácio chega em casa, trêmulo. Como sempre que tem baile no

palácio, sua mulher o espera com café da manhã reforçado. Mas desta vez ele nem olha para a

xícara fumegante, o bolo, a manteiga, as geléias. Vai direito à aguardente.

Atira-se na sua poltrona perto do fogão e toma um longo gole de bebida, pelo gargalo.

- Helmuth, o que foi?

- Espera, Helga. Deixa eu me controlar primeiro.

Toma outro gole de aguardente.

- Conta, homem! O que houve com você? Aconteceu alguma coisa no [...]

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

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O texto na íntegra encontra-se site: leylapinheiro.blogspot.com/2011/04/crônicas-de-

humor-10.html. Acesso no dia 17/10/2013 às 17:42 h.

d) O homem trocado

Luís Fernando Veríssimo

O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na sala de recuperação. Há

uma enfermeira do seu lado. Ele pergunta se foi tudo bem.

- Tudo perfeito – diz a enfermeira, sorrindo.

- Eu estava com medo desta operação...

- Por quê? Não havia risco nenhum.

- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido um série de enganos...

E conta que os enganos começaram com seu nascimento. Houve uma troca de bebês

no berçário e ele foi criado até os dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o

fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto o erro, ele fora viver com seus

verdadeiros pais...

Para evitar constrangimentos causados pelos direitos autorais, disponibilizo apenas

fragmentos do texto.

O texto na íntegra encontra-se: Disponível em:

<http://literal.terra.com.br/verissimo/porelemesmo/porelemesmo_lixo.shtml?

porelemesmo>.Acesso em: 4 out 2013. Originalmente publicada em O Analista de

Bagé. L&PM, 1981.

5) CATARSE:

Síntese mental do aluno:

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Para demonstrar que o aluno se apropriou do conteúdo gênero crônica, e que domina

sua forma composicional, sugiro que sejam produzidos textos para serem publicados no jornal

da escola ou na página do facebook, que será criada somente para esses trabalhos.

6) PRÁTICA SOCIAL FINAL:

Tendo como ponto de partida, o trabalho inicial em grupo para pesquisa de crônicas

com diferentes temas, a prática final propõe um sarau com apresentação das crônicas, além de

leitura, estudo e pesquisa constantes do gênero para melhoria dos textos escritos.

REFERÊNCIAS:

ANDRADE, Maria Lúcia da Cunha Victorio de Oliveira. O Gênero Crônica e a Prática Escolar. Site: WWW.fflch.usp.br/dlcv/lport/pdf/maluv 017. pdf. Acesso no dia 11/10/2013 às 18:56 h.

ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: Parábola Editorial, 2010.

CAMPOS, Elizabeth Marques. Viva Português: Língua Portuguesa – Paula Marques Cardoso, Sílvia Letícia de Andrade – 2 edição – São Paulo: Ática, 2009.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico-Crítica. 2. Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

LUFT, Lya. Pensar é transgredir. Rio de Janeiro: Record, 2009, p. 49-51.

LUNARDELLI, Mariangela Garcia. Um haicai para o estágio, um estágio para o haicai: diálogos sobre o gênero discursivo e a formação docente inicial. 2012. 346 p. Tese (Doutorado em estudos da linguagem) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2012. p.64-70.

QUEIROZ, Rachel de. As cem melhores crônicas brasileiras. Seleção de Joaquim Ferreira dos Santos. São Paulo: Objetiva, 2007, p.74-76.

SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem – 2 ed. – Rio de Janeiro: Sabiá, 1972.

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SCLIAR, Moacyr. Minha mãe não dorme enquanto eu não chegar – 11 ed. – Porto Alegre, 2009.

http://fernandosabino.com.br acesso no dia 11/10/2013 às 16:20 h. )

http://literal.terra.com.br/verissimo/porelemesmo/porelemesmo_lixo.shtml?porelemesmo. Originalmente publicada em O Analista de Bagé. L&PM, 1981 acesso no dia 14/10/2013 às 15:20 h.

Site:crônicasbrasil.blogspot.com.br/2007/06/de-volta-ao-primeiro-beijo – Moacyr.html. acesso no dia 11/10/2013 às 19:53.

http: // WWW.almacarioca.com.br/cro 169 htm acesso em 10/10/2013.

----------------, Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para a Educação Básica, Curitiba, 2008.

VERÍSSIMO, Luís Fernando. Mais comédias para ler na escola. Apresentação e seleção de Marisa Lajolo; Rio de Janeiro: Objetiva, 2008.