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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
IMIGRAÇÃO ALEMÃ EM LONDRINA: REFLEXÕES DE PROFESSORESDIANTE DAS FOTOS DE THEODOR PREISING -1930
Reinaldo Nogueira Andre1
Regina Célia Alegro2
RESUMO
O artigo produzido faz parte das atividades do PDE/PR – Programa de Desenvolvimento Educacional,que visa apresentar os resultados obtidos durante a implementação do projeto de Intervenção pedagógicana Escola. Os estudos realizados sobre o tema: Imigração alemã: análise de fotos da coleção do MuseuHistórico de Londrina – Padre Carlos Weiss (1930). O trabalho explora a fotografia como documentohistórico embasado em autores como: Kossoy, 2001, Nora, 2001, Halbwachs (1990). As fotografiasdestacadas são de autoria Theodor Preising. Evidencia-se a análise de imagens como fonte de registrohistórico, entre as que foram produzidas no início da colonização do Norte do Paraná, maisespecificamente em Londrina. Os objetivos específicos foram: refletir com os professores sobre a relaçãoentre fotografia e memória e contextualizar a fotografia como documento histórico. Esses objetivospressupõem o espaço escolar como elo responsável pela reelaboração do saber socialmente construído. Osprofessores trabalharam as atividades sugeridas no caderno pedagógico: leituras, análise e depoisrealizaram seminários para apresentações de resultados e discussão. E permitiram-me comprovar aimportância dos recursos imagéticos como potencialidades pedagógicas de gerar ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Colonização de Londrina. História. Fotografia. Memória.
1 INTRODUÇÃO
O Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE/PR) veio ao encontro da
expectativa dos professores da rede estadual de educação em melhorar seus
conhecimentos, sua prática pedagógica, por meio de análises, reflexões e uma
experiência de aprendizagem significativa após anos de trabalho.
Sou testemunha dessa experiência. Os resultados obtidos durante a
implementação do projeto de intervenção pedagógica na escola (IEEL), na disciplina de
História, com os professores de ensino fundamental e médio, comprovaram a
importância dos recursos imagéticos nas práticas pedagógicas. Especialmente o estudo
da fotografia, ainda mais quando associado às questões da memória favorece a
apropriação dos conhecimentos.
O contato direto com os documentos referentes à história da colonização do
município de Londrina estimulou-me a realizar este estudo. E a busca de uma
fundamentação teórica para o trabalho embasado na teoria da história, auxiliou-me na
1 Professor do PDE2 Orientadora. Departamento de História, Universidade Estadual de Londrina – UEL.
reflexão pessoal relativo aos conceitos de fotografia e memória e no conhecimento do
acervo fotográfico do Museu Histórico de Londrina, especialmente das fotografias
produzidas por Theodor Preising durante a década de 30 no município.
Neste contexto meu trabalho buscou realizar o seguinte objetivo: ampliar
conhecimentos dos envolvidos no projeto sobre a importância das fotografias no estudo
da colonização de Londrina contextualizando a fotografia como documento histórico.
Entendemos que, devido à sua natureza polissêmica, a fotografia agrega
significados e ambiguidades, às vezes, não inseridas no ato fotográfico, possibilitando
uma leitura plural dos fatos, ou seja, estão associados a um conjunto de significados,
que nem sempre proporciona as mesmas leituras interpretativas (FELIZARDO;
SAIMAN, 2007).
O estudo dos conceitos fotografia e memória comprovaram que a fotografia
como fonte de registro documental está associada à preservação da memória. As
fotografias trazem em si traços de credibilidade por “mostrarem os fatos como eles
acontecem” e por relembrar os caminhos trilhados pelos povos de épocas passadas.
Neste sentido, no campo da iconografia (representação por imagem), enfatizamos que
sendo a fotografia, documento histórico, apontamos como possibilidades de
interpretação.
Importante destacar que a fotografia é produtora de memória, pois por meio dela
se constrói redes de significados. A necessidade da memória para a comunidade é a
mesma necessidade inserida na própria história, pois é importante conhecer para refletir
sobre a própria identidade. As fotografias são fontes de registros relevantes, materiais
que possuem potencialidade pedagógica e podem contribuir decisivamente para a
construção de ensino e a aprendizagem na aula de história e a compreensão da história
da comunidade.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O projeto de estudos desenvolvido proporcionou-me conhecer importância da
história da colonização do Norte do Paraná e do município de Londrina. Até as duas
primeiras décadas o século XX, a região do norte do Paraná era uma densa floresta de
difícil acesso, recoberta de mata exuberante e terra roxa, ainda longe da “boca do
sertão”.
O governo tinha planos de ocupação, mas isso exigiu tempo, infraestrutura e
investimentos. Nos anos 1920, por meio de convite do governo brasileiro chegava ao
Brasil uma comissão de investidores, a polêmica Missão Montagu. No contexto das
negociações com o governo brasileiro, o maior interesse desse grupo formado por
banqueiros, acionistas e técnicos agrícolas, no norte do Paraná, era analisar as condições
da terra para a plantação de algodão que importava em larga escala para suprir a
florescente indústria da Inglaterra (COMPANHIA, 1975, p. 42).
Na época, Lorde Lovat visitou o Norte do Paraná a convite dos cafeicultores que
estavam trabalhando na construção da estrada de ferro entre Ourinhos (SP) e Cambará
(PR) para facilitar o escoamento da produção de café, algodão para ao Porto de Santos.
Sobre essa visitação, CERNEV esclarece que:
Lorde Lovat (Simon Joseph Frazer) adiantou-se à comitiva, visitou SãoPaulo, e as regiões de Ribeirão Preto, Rio Claro e Americana, passandodepois pelo norte do Paraná, se extasio diante da fertilidade das terras roxas edos resultados obtidos nas lavouras de algodão. (COMPANHIA, 1975, p.39).
À mesma época o governo do Paraná apresentava um projeto que despertou o
interesse de investidores ingleses na região. Face aos entendimentos mantidos com o
governo paranaense responderam com interesse a proposta da compra dessas terras.
Para viabilizar o empreendimento a Companhia de Terra Norte do Paraná (CTNP),
adotou a fotografia como forma de divulgação dos negócios imobiliários, ou seja, os
vendedores levavam um álbum com fotografias com o objetivo de apresentar aos
possíveis compradores a região do norte do Paraná.
Na década de 30 a divulgação também era feita por meio do Jornal Paraná
Norte: “O melhor rumo, o melhor futuro é colocar-se no Norte do Paraná” (Paraná
Norte, Outubro/1934-junho/1948). O jornal destacava a fertilidade das terras, os
trabalhadores, aberturas de estradas e isto servia como atrativo aos interessados em
adquirir lotes de terras. A empresa colonizadora divulgava as condições da terra e as
facilidades para prosperar na vida.
Scwengber (2011, p.262) afirma que:
Os imigrantes foram informados de que havia sido criada, na Alemanha, aSociedade de Estudos Ultramar, com a finalidade de dar assistência aosalemães desejosos de imigrar e que tinham por objetivo, na America do Sul,uma região que oferecesse a possibilidade de os imigrantes se estabelecerem.
Alguns meses depois, chegaram famílias de imigrantes e fizeram reservas de
lotes de terras, conforme narra Macarini (2004, p. 92):
As principais famílias que construíram seus ranchos foram Kernkamp, Strass,Wolf, Yacowatz, Lichia, Chileno, Wallenhofer e Kisser. Nascia assim, umpequeno núcleo informal que passaria a ser a colônia Heimtal. (MACARINI,2004).
Os trabalhadores do pequeno povoado Heimtal – vale da vida – seguiram as
informações e normas da Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP). Um dos
agenciadores que intermediava negócios na região para a CTNP era João Strass,
funcionário da empresa que colaborou para a vinda de muitas famílias alemãs para a
região. Os primeiros imigrantes do Heimtal eram alemães descendentes, luteranos e
católicos. A maioria de origem camponesa já possuía experiência com atividades
agrícolas nas fazendas de café nos estados de São Paulo e Minas Gerais.
Na década de 1930, as primeiras casas de Londrina foram construídas de palmito
ou madeira, cobertas com tabuinhas. Arias Neto se refere àqueles tempos:
Atentando-se à fotografia, percebe-se uma série de casas emadeira dispostas de modo geométrico, em uma clareiraaberta na mata. No horizonte, erguia-se a interminávelfloresta que, aliás, cerca toda a “cidade” e permite imaginaras atividades daqueles primeiros habitantes, a derrubada damata, o traçar das ruas e iniciar das primeiras plantações.(ARIAS NETO, 2008).
Na coleção do Museu Histórico de Londrina encontra-se referencia a esses
tempos, entre outras, nas fotografias de Theodor Preising. O fotógrafo vinha de São
Paulo para Londrin, como funcionário contratado pela colonizadora Companhia de
Terras do Norte do Paraná (CTNP) para registrar aspectos da região que foram incluídos
no relatório da Companhia, enviados para a matriz e, provavelmente, usados na
divulgação das qualidades da terra.
Segundo os historiadores Hoffman e Piveta (2009 p.17-50):
Entre 1930 e 1931, existem registros que realizou fotografias de Londrina:imagens das primeiras casas de madeira, primeiras construções,desmatamento, homens trabalhando, aberturas de estradas e cenas docotidiano. Chama atenção a fotografia da primeira escola alemã. T. Prieslingvinha de São Paulo, como contratado pela Companhia de Terras Norte doParaná (CTNP), para produzir imagens da região, que seriam inseridas norelatório da Companhia e, posteriormente, enviadas à matriz. O acervo de
imagens se encontra no Museu Histórico de Londrina Padre Carlos Weiss, daUniversidade Estadual de Londrina.
Portanto, é a partir deste contexto que propomos a compreensão da fotografia e
da memória, apontando a importância das fontes imagéticas pelas suas potencialidades
pedagógicas.
As diretrizes curriculares colocam que ao trabalhar com documentos na aula de
história, o professor deverá ir além dos documentos escritos, utilizar-se da iconografia,
registros os testemunhos da história local, além de documentos contemporâneos como
fotografia, cinema, literatura e informática (PARANÁ, SEED, 2009)
Conforme o exposto acima, entendemos que o estudo com fotografia no espaço
escolar amplia os horizontes do conhecimento, tanto para o professor como para os
alunos.
Neste estudo a fotografia é utilizada para fins didáticos associada às questões da
memória. As fotografias constituíram importantes documentos comprobatórios de
épocas passadas, pois trazem consigo a veracidade dos fatos como ocorreram.
Devido à sua condição de registrar, selecionar partes da vida real e assim como a
memória, as imagens como potencialidades pedagógicas transmitem significados que se
relacionam entre o olhar do criador – o fotógrafo em relação aos acontecimentos ou
paisagens retratadas, e a interpretação daquele que observa a fotografia, tendo em vista
as experiências e conhecimentos que tenha acumulado ao longo da vida.
Segundo Kossoy (1989, p. 29 apud SCHNELL, 2004, pp.07-07):
Toda fotografia tem atrás de si uma história. Olhar uma fotografia do passadoé refletir a trajetória por ela percorrida, é situá-la em três estágios: 1º lugaruma intenção que ela existisse, 2º lugar o ato de registro que deu origem àmaterialização da fotografia e 3º estágio, os caminhos percorridos por essafotografia, as vissitudes por que ela passou, as mãos que a dedicaram, osolhos que viram, as emoções que despertou, os porta-retratos que aemolduraram, os álbuns que a guardaram.
Entendemos que as fotografias podem ser usadas como ponte de ligação entre as
realidades ocorridas no passado e outras realidades do presente. Para a valorização do
patrimônio cultural e preservação da memória da comunidade ou grupo social,
recorremos à fotografia como fonte de registro histórico, que auxilia o estudo, pois
preserva informações (esses são um dos atributos da fotografia).
Para Kossoy (2001, p.156):
Fotografia é memória, e com ela se confunde. Fonte inesgotável deinformações e emoções, memória visual do mundo físico e natural da vidaindividual e social. Registro que cristaliza enquanto dura, a imagem escolhidae refletida de uma ínfima porção de espaço do mundo exterior.
Segundo Moreira (1993), a fotografia está relacionada à organização da
documentação histórica e suas manifestações na memória. Os acontecimentos de épocas
passadas proporcionam ao observador, um olhar ao passado, uma forma de revisão e
isso proporcionou aos professores analisar as mudanças. Permanências, diferenças e
semelhanças.
Desde Halbwachs sabemos que a memória não é apenas uma experiência
individual, mas também coletiva.
Para que nossa memória se beneficie da dos outros, não basta apenas que elestragam seus testemunhos: é preciso também que a memória coletiva nãotenha deixado de concordar com as memórias individuais e que hajasuficientes pontes de contato entre umas e outras, para que a lembrança queos outros nos trazem possam ser reconstruídas sobre uma base comum.(HALBWACHS apud POLLAK, 1989, p.117).
Decorrência dessa afirmação entendemos que toda memória é “(re) criação do
passado”, uma construção engajada do passado e que desempenha um papel importante
na memória como os grupos sociais heterogêneos apreendem o mundo presente e
reconstroem sua identidade, inserindo-se estratégias de reivindicações por um complexo
direito de reconhecimento (SEIXAS, 2001).
A memória revela os acontecimentos de forma fragmentada e não absoluta,
apenas aqueles eventos que imprimiram de forma marcante, ou seja, o mais importante
são revelados de forma completa.
A fotografia trabalha de forma semelhante selecionando ou retirando algo que
pertencia ao todo. As fotografias são suportes de memória que possibilitam uma das
leituras possíveis da realidade, já que registram a imagem de um momento em que as
pessoas viveram em épocas passadas.
Por exemplo, nesse trabalho, as narrativas contidas nas fotografias de Preisling
podem ser aproximadas as lembranças da pioneira Olga Strauss, moradora da região do
Heimtal da cidade de Londrina –PR. Com nostalgia relembra os primeiros anos que
passou em Londrina ao lado do marido, Carlos Strauss.
No começo, a Companhia construiu um rancho aqui. Era perto do nosso sítio,sem paredes, sem nada. Era coberto de palmito. Ficamos a semana toda e o
sábado, até abrir um pouco a mata e serrar a madeira para fazer a casa, umranchinho no sítio. (MUSEU HISTÓRICO DE LONDRINA, 2003)
Kossoy (2001), nos ajuda a refletir sobre a importância das fotografias na vida
das pessoas:
Fotografia é memória, e com ela se confunde. Fonte inesgotável deinformação e emoção. Memória visual do mundo físico e natural, da vidaindividual e social. Registro que cristaliza enquanto dura, a imagem –escolhida e refletida de uma ínfima porção de espaço do mundo exterior(KOSSOY, 2001, p. 156).
Segundo Nora (1993), quando discute os lugares de memória, houve uma
mudança nas relações tradicionais que mantínhamos com o passado e evidenciam que
uma das questões importantes da nossa cultura contemporânea está em valorizar a
memória coletiva. Ou seja, o respeito ao passado, por meio do sentimento de pertencer
ao grupo. De acordo com Nora:
A memória é a vida sempre carregada por grupos vivos, e, nesse sentido elaestá em permanente evolução aberta à dialética da lembrança e doesquecimento inconsciente de suas deformações sucessivas, vulnerável atodos os usos e manipulações, susceptível de longas latências e de repetidasrevitalizações [...] memória é um fenômeno sempre atual, um elo vivido notempo presente. [...] a memória emerge de um grupo que ela une [...] é pornatureza, múltipla e desacelerada, coletiva, plural e individualizada. [...] amemória se enraíza no concreto, no espaço, no gesto, nas imagens e no objeto[...]. (1993 apud POSSAMAI, 2001.p.98).
Para o autor “os lugares de memória coletiva” fazem parte de nossas vidas e
assim nos inserem na sociedade, a um determinado grupo. Nora demonstra a
importância da memória, mas enfatiza também o trabalho do historiador como mediador
na transmissão de conhecimentos, para a preservação dos lugares de memória.
Também, os lugares de memória expõem que houve uma mudança nas relações
tradicionais que mantínhamos com o passado e evidenciam que uma das questões
importante da nossa cultura contemporânea está e valorizar a memória coletiva. Ou seja,
o respeito ao passado, por meio do sentimento de pertencer ao grupo ou uma
comunidade.
REFLEXÕES DURANTE A IMPLEMENTAÇÃO DIDÁTICA – PEDAGÓGICA
O projeto de Intervenção pedagógica na Escola com o tema: Imigração Alemã
em Londrina: análises de fotos da coleção do Museu Histórico de Londrina – Padre
Carlos Weiss (1930), foi desenvolvido no Instituto de Educação Estadual de Londrina
(IEEL), com os professores do ensino fundamental e do ensino médio da rede Estadual.
A unidade didática foi apresentada para a direção da Escola, para os
professores e a equipe pedagógica, por meio de um breve histórico sobre os primeiros
anos da companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP), na década de 1930. Para
divulgar o empreendimento, adotou fotografias como principal estratégia para a venda
das terras. Entre as fotos integrantes do período destacam-se aquelas de autoria de
fotógrafo Theodor Preising que tomamos como fontes buscando elementos para a
construção de ensino de aprendizagem mais significativa.
As orientações colocadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCN e nas
Diretrizes Curriculares de História para a Educação Básica - DCE enfatiza-se a
exploração da fotografia na prática pedagógica, pois faz parte da diversificação de
novas metodologias de ensino.
As fotografias sendo uma das fontes de possibilitam compreender as
construções históricas por meio do reconhecimento de diferentes contextos, valores,
interesses, também proporciona uma melhor compreensão das formas por meio das
quais em épocas passadas, as pessoas representavam sua historicidade e se apropriaram
da memória cultivada individual e coletivamente.
A opção em desenvolver este tema também deveu-se importância do Heimtal,
primeiro núcleo urbano do município de Londrina na década de 1930. Para sua
realização propomos a análise iconográfica a partir das obras de Kossoy (2001);
Moreira (1993) e Halbwachs (1990).
As atividades foram desenvolvidas por meio de leituras, interpretação de textos
historiográficos e a realização de seminários para a apresentação dos resultados e
discussões. As atividades da produção didática pedagógica foram desenvolvidas com
oito encontros de quatro horas, no período noturno, nos meses de abril e maio.
Na escola foram dezesseis professores participantes nas diversas áreas dos
conhecimentos que dividiram em grupos e fizeram as leituras, expressaram suas
experiências em sala de aula, debateram e discutiram sobre o uso de fotografias, como
potencialidades pedagógicas em comprovaram que as imagens podem ser entendidas
como capazes de gerar aprendizagem. Além da leitura e discussões, os professores
realizaram atividades, como por exemplo:
a) História local: leitura, sobre a colonização Norte do Paraná e a vinda de
imigrantes e migrantes para a região;b) Elaboração de cartões postais “retratando” a cidade de Londrina e fazendo
uma comparação: passado e presente;c) Pesquisa biográfica de Theodor Preising e seu trabalho que “demonstrava”
potencialidade da Região Norte do Paraná sob a orientação da CTNP.
Também realizaram produção de textos, seminários, trocaram ideias e depois
apresentaram os resultados e comprovaram a importância das fotografias como registro
histórico.
O professor F.C.G. (História), fez interessante observação nesse fragmento:
Quando olhamos fotografias, nos reportamos ao passado e relembramos osacontecimentos que imprimiram em nossa memória. As imagens do passadotrazem informações de um contexto social e cultural de um lugar de umpovo..
De fato, quando olhamos fotografias, podemos voltar ao passado reconstruí-lo
no presente acessando a memória e a vida num movimento ou momento vivido. As
fotografias constituem importantes documentos comprobatórios dos acontecimentos da
forma com eles aconteceram, pois devido à sua natureza seleciona partes da vida e
“congela-as” no tempo. Estimula, então, a memória e mostra os caminhos da lembrança.
Neste sentido, para a professora R. C. (História):
a fotografia ocupa um papel relevante na vida das pessoas, pois é uma formade expressão que revela costumes, cultura, historia. É um documento capazde manter viva nossa história, tendo inclusive o poder de unir pessoas mesmoque distantes.
Para o professor M.F. (Ciências):
o fotógrafo Theordor Preising, se tornou testemunha ocular, realizandofotografias, na abertura das matas e pessoas. É um documento que fica nalembrança, na memória. Isso imortaliza os acontecimentos históricos.
Segundo Moreira (1993), a fotografia está relacionada à organização da
documentação histórica e às manifestações da memória. A fotografia em sua origem
proporciona ao observador, um olhar ao passado, uma forma de “revisão” e, assim,
associando os acontecimentos de épocas anteriores, ou seja, as lembranças gravadas na
memória.
A professora S. R.A. (História) fez breves considerações:
fotografia é um objeto portador de memórias. Ambos nos fazem reportar aopassado, relembrar acontecimentos que imprimiram em nossa memória,sejam eles históricos ou familiares.
Ao que parece, no grupo de estudos entendemos que toda memória é (re)
criação do passado “uma reconstrução engajada do passado” e que “desempenha um
papel importante na maneira como os grupos sociais heterogêneos apreendem o mundo
presente e reconstroem sua identidade, inserindo-se nas estratégias de reivindicações,
por um complexo direito de reconhecimento”. (SEIXAS, 2001).
Sendo assim, para a valorização e preservação da memória de um grupo social
é possível recorrer à fotografia como fonte de registro que auxilia na pesquisa, pois
preserva informações (esse é um dos atributos da fotografia), contendo em si uma ou
vária narrativas. As imagens nos possibilitam buscar informações em todos os aspectos.
Toda fotografia tem múltiplos significados dos fatos. Sua leitura interpretativa, pessoal
ou do grupo, está ligada ao repertório cultural. Isso porque a fotografia traz consigo bem
mais que aquilo que se vê. Uma mesma imagem pode ser lida mais de uma vez ou por
diferentes pessoas, pois as interpretações são diferentes, ela permite diversas
interpretações quando lida em diferentes épocas, que podem proporcionar uma nova
leitura.
Historiadores contemporâneos tem destacado relevância ao estudo de imagem,
principalmente fotografia para interpretar e compreender épocas anteriores. Burke
(2004, p. 20/21) afirma que: “independente de suas qualidades estética qualquer
imagem podem servir como evidência histórica”. Para Leite,
uma fotografia revela muito mais do que as imagens do instante fotografas.Além do cenário, dos personagens e das leituras do tempo e espaços revela,também e até, quem sabe, seus desejos, suas características, suas artes defazer e de ser. A cena, o ângulo, o enquadramento, a luminosidade e osplanos escolhidos narram muitas históricas dos sujeitos instantaneamenteeternizados, do autor de sua criatura. Em cada foto, o fotógrafo faz umregistro de si mesmo, marcando lugares e não lugares nos espaços de suaprópria vida. (LEITE, 2001).
Sobre a citação da autora, o professor F. C. G. (História) fez breve comentário:
nas produções de fotografias estão inserido as concepções políticas, sociais,culturais dos fotógrafos. Eu utilizo fotografias para explicar conteúdo dehistória do segundo Império do século XX na história mundial. Transmitirconteúdos por meio de fotografia facilita a compreensão e o aprendizado.
Para entender as mensagens da fotografia é preciso buscar referências que
auxiliam a maneira de estudar as imagens e como se relacionam com o educando. Os
professores entenderam que a fotografia é uma imagem ambígua e polissêmica que
proporcionam diversas interpretações na época da divulgação seu interprete os
contextos e os tempos de sua produção. Para a professora E. G.G. (Geografia):
toda imagem é produzida com um objetivo: o fotografo Theodor Preising,mostrou com início da colonização de Londrina Norte do Paraná, destacandoa qualidade das terras. Nas aulas de geografia, nos conteúdos: clima evegetação do continente americano utilizam imagens destacando dos tiposclimáticos: clima frio, clima polar, clima frio de montanha, clima equatorial,clima tropical, subtropical, semiárido, clima mediterrâneo, clima temperado.
A professora M.F. (Ciências) também fez suas observações:
o fotógrafo Theodor Preising, produziu fotografias na década de 30. Capturouimagens de acordo com sua maneira de olhar e leitura do mundo”.Entendemos que a fotografia é um momento escolhido pelo fotógrafo, pelaescolha e olhares, para os objetos, do entrono, da região, do lugar, do sentido,do foco, enfim das caraterísticas do equipamento. Ao longo dos anos asfotografias foram e continuam sendo importante fonte de registro histórico.Por exemplo: a companhia de Terras Norte do Paraná e as produções defotografia do fotógrafo Theodor Preinsign, são documentos históricos.
A professora R. M.M. (Matemática) fez algumas considerações sobre o vídeo
sobre macrofotografia:
na matemática esse tipo de recurso é utilizado com o conteúdo: geometriaespacial, através da utilização de obras de arte, ou se trabalhando comarquitetura; Ex; fachada de prédios, escolares. Esse tipo de atividade, osalunos em na pratica a observação e compreende a dimensão matemática.
Para a professora S.M.C (Arte), a macrofotografia,
pode ser usada nas aulas de arte como meio de documentação e ilustração, foielaborado enquadramento muito variados, criando composição em diferentesáreas, como também imagens abstrata e figurativa.
A professora S. da S.S. (Português), também fez sua considerações: “nas
minhas aulas de literatura dos séculos XVIII e XIX, utilizo imagens para facilitar a
compreensão dos conteúdos”.
Os professores destacaram que para ilustrar qualquer conteúdo nas diversas
áreas do conhecimento, as imagens podem propiciar melhor assimilação e compreensão.
As leituras dos conteúdos paralelas com os recursos imagéticos usados em sala de aula
podem colaborar com o aprendizado, pois permitem aos alunos recuperar ideias centrais
dos conteúdos e relacioná-los a outros contextos.
Consideram que a utilização de fotografias como recurso para o conhecimento
da história regional e local, pois motiva e desperta interesse imediato daqueles que estão
observando, oferecendo muitas possibilidades de estudos, para uma ampla discussão do
valor das imagens, como objeto de estudo historiográfico. No entanto, é preciso
considerar que a fotografia, mais que um registro da “verdade vivida” é uma leitura do
fotógrafo, do historiador, do museu, do professor, do aluno, sobre o fato ocorrido e não
o fato em si mesmo.
Também no GTR (Grupo de Trabalho em Rede) a participação dos professores
foi significativa, um momento de socialização das produções do professor de PDE e as
contribuições dos professores cursistas por meio do sistema “moodle” processo online
da rede Estadual de ensino do Estado do Paraná, postando suas considerações. O GTR
possibilitou a integração e troca de ideias dos envolvidos em participar sobre a
importância da fotografia como fonte histórica de registro histórico.
Durante o curso os professores interagiram postando suas experiências
pedagógicas: vivências e práticas em sala de aula propiciaram ampliação dos horizontes
do conhecimento do tema em estudo e assim conquistamos mais informações sobre a
questão relacionada à imigração alemã em Londrina, o processo de colonização da
cidade e a exploração da fotografia como documento histórico. As atividades para o
grupo consistiam na troca de ideias sobre o projeto, a produção didática e a proposta de
implementação produzida. No decorrer do curso os professores. Em relação ao estudo e
análise de fotografia, reforçaram a importância das imagens como registro histórico para
a compreensão da história.
Dentro deste conteúdo e com embasamento teórico, os professores colocaram
em prática as atividades sugeridas no caderno de produção didática, postando suas
considerações. Na sequencia, escolhemos algumas atividades e compartilhamos as
contribuições dos professores participantes do GTR.
Após a leitura de Kossoy (2001),
fotografia é memória, e com ela se confunde fonte inesgotável de informaçãoe emoção. Memória visual do mundo físico e natural da vida individual esocial. Registro que cristaliza enquanto dura, a imagem escolhida e refletida– de uma ínfima porção de espaços do mundo exterior [...] (KOSSOY, 2001,p. 156 apud PINHEIRO; BONI, 2011, p.237-238).
O professor P. de T. G. afirmou que:
a importância da fotografia nos acontecimentos históricos consiste napreservação e na recordação do passado. Há interrupção do tempo, todo oacontecimento que o fotógrafo registrou ficará eternizado”. Comopotencialidade pedagógica, uso de fotografias, trata-se do estudo sobre: 1ª e2ª Guerra mundial. Os livros didáticos traz um acervo rico em fatos paraanalisarmos com os alunos. Visualizando as fotos é possível perceber que os
alunos tem uma melhor compreensão e consegue entender a história desseperíodo com mais facilidade.
As informações da memória podem trazer lembranças de nossas vidas,
históricas e sociais. Por isso a importância da fotografia que ajuda preservar a memória.
Para o professor M.C.W:
O uso de fotografia, desperta no educando um certo interesse pela histórialocal, pois quando ele encontra nas imagens pessoas ligada as suas origens,sente-se parte integrante da história e isso ajuda forma-se como um cidadão.Trabalhar tanto fotografia como material didático, de forma interdisciplinardesperta para uma pedagogia que proporciona conhecimento da históriaregional e local, além de despertar a preservação da memória histórica dacomunidade. São imagens que fazem parte da memória dos alunos, suasvivência, sua identidade familiar e comunitária.
Desde Halbwachs sabemos que a memória não é apenas uma experiência
individual, mas também coletiva:
Para que nossa memória se beneficie da dos outros, não basta que eles tragamseus testemunhos: é preciso também que a memória coletiva não tenhadeixado concordar com as memórias individuais e que haja suficientes pontosde contatos entre umas e outras ara que a lembrança que os outros nos trazempossam ser reconstruídas sobre uma base como (HALBWACHS apudPOLLAK, 1989).
De acordo com esse autor, “lembrar” de algo é sinal de existência de um
conhecimento e de um autor. Nessa perspectiva, entendemos que conseguimos ter uma
noção da memória permeada de subjetividade, pois o que ocorre são apropriações
constantes do fato registrado na imagem, isso, desde a criação da imagem.
Para a professora S.A.P..
as imagens incentivam o exercício da imaginação histórica, convidam osalunos a formularem questões sobre o passado e a estabelecerem relaçõesentre este e o presente. /também é um meio para o aluno expressar seuconhecimento prévio e sua compreensão das sociedades do passado.
O historiador Ivano (2013) estabeleceu algumas possibilidades de indagação
num documento iconográfico. Sobre esta atividade a professora S.A.P, fez as suas
considerações:
despertou minha atenção a partir das diversas possibilidades que seapresentou de explorar as imagens em si e de desenvolver a atividade emgrupo levando-os refletir sobre a história local. Essa sugestão, eu poderiaestar desenvolvendo com meus alunos a partir das imagens da Hans Kopp,considerando o 1º fotógrafo de Rolândia, cujas imagens exploram aspectos dacolonização do município, o que acredito que contribui para sensibilizar osalunos acerca da memória e da história local.
Já utilizei em sala de aula imagens para demonstrar a participação da mulher na
colonização de Rolândia, junto com a exploração de outros documentos que
possibilitaram ampla discussão e reflexão a respeito da história local. Para o professor
P. de T. G:
aprender pelo olhar, realmente é fascinante. Lembra-se da minha pesquisacom os alunos do ensino médio, que tinha como objetivo olhar a arquiteturaArt Deco que convivem na cidade de Londrina. Através dos olhares dosalunos foi possível observar muitas fotos para analisar os diferentes aspectosarquitetônicos existente na cidade. A imagem fotográfica enquantodocumento pertence a uma realidade e aponta para uma determinada verdadehistórica. Se percebemos numa foto a vários pedreiros, vamos observar quetodos eles são trabalhadores, independentes das versões pessoais existentessobre essa foto. Aí é que está à questão, a construção do saber histórico apartir da linguagem fotográfica é perfeitamente possível desde que respeite einterprete a subjetividade inerente à fotografia. A fotografia apesar de suasaparências objetiva possui uma subjetividade duplamente mediada, seja nasua concepção material, seja na sua concepção ideológica. Sabemos queatravés de uma única imagem é possível acessarmos muitas informaçõessobre um determinado acontecimento histórico.
A.F.L.Z assim se manifesta sobre a sua prática:
Devido ao grande número de imigrantes vindo para o município de AntônioOlinto, Paraná, a minha proposta foi trabalhar com fotografia dos familiaresdos alunos do 7º ano, sobre a origem dos seus antepassados visando com quecada um deles compreendesse a importância dos mesmos no processoconstrutivo histórico do município. Os alunos trouxeram fotografias de seuspais, tios, avós, e, em alguns casos bisavôs. Propus que cada aluno fizesse umlevantamento de informações com seus parentes, conhecido, vizinhos, qualteria sido o interesse ou motivo deles virem para o município e ainda, fiz comque questionasse relatando qual seria a razão deles terem tirado as respectivasfotos naquele momento. Pedi aos alunos que fizessem um relato sucinto depoucas linhas, sobre os registros de imagens, enfim, contassem um pouco dahistória dos seus parentes e familiares. Em outra oportunidade, realizamoscom todo o material, cartazes com as fotos juntamente com os relatos quecada um fez, é claro com as devidas correções, e expomos no saguão docolégio para que a comunidade escolar entendesse e debatesseposteriormente, a importância do trabalho de registro histórico fotográfico eao mesmo tempo a comunidade escolar se sentisse motivada a participar doprocesso de construção histórico. Objetivo esse alcançado.
Para Prof. P. de T. G.:
realizei uma experiência com alunos do 8ª ano de Ensino médio do ColégioBehair Edna Mendonça, sobre a preservação das obras modernista emLondrina, projetadas pelo arquiteto Velanova Artgas, usando fotografias(imagens do passado) do Cine Teatro Ouro Verde, /estação Rodoviária (atualMuseu de Arte de Londrina) e a atual Secretaria de Cultura (antiga Casa daCriança), as obras são da década de 50. O objetivo do trabalho consistiu emdivulgar e conhecer essas obras como patrimônio histórico da cidade. A partirde análise de fotografias da década de 50do acervo do CDPH; Uel fizemosum roteiro e saímos a campo para constatar, na prática, as diversas mudanças,alterações e descaracterizações sofridas pelas obras da arquiteturamodernistas de Londrina. Os alunos puderam observar as fotos e analisa-lascomo documento histórico, uma vez que as obras modernistas expressam omomento do rápido desenvolvimento econômico da cidade, a base áurea dacafeicultura londrinense. Isso despertou nos alunos o interesse e aconsciência de que todos os cidadãos devem lutar pela manutenção dosmomentos históricos, como também exigir do poder público a preservação
dessas obras e atenção especial aos prédios públicos da cidade, evitandodepredações, transformações e outras ações que venham apagar da memóriahistórica de Londrina.. foi um trabalho importante, pois além das análises einterpretações realizadas pelos alunos sobre as fotografias, houve aoportunidade de conhecer as transformações na arquitetura da cidade deLondrina da década de 50, em especial das obras mencionadas e anecessidade de preservá-las como monumento e memória histórica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O início da colonização de Londrina Norte do Paraná ocorreu em 21 de agosto
de 1929, com a chegada da primeira expedição de imigrantes para conhecer a região.,
que aos poucos for formando um pequeno povoado, que possuíram o essencial:
qualidade das terras, que logo despertou interesses imobiliários da recente criada
Companhia de terras norte o paraná (CTNP), sediada em São Paulo, que adquiriu
grandes extensões terras para lotear e dar início ao povoamento.
Entre os primeiros registros produzidos estão aqueles do fotógrafo Theodor
Preising. Suas imagens da região foram incluídos nos relatórios da Companhia e
enviados na divulgação das qualidades da terra. Uma das estratégias adotadas foi
organizar álbuns contendo fotografias da região e entregar aos homens de negócios
(corretores) que viajavam por diversos estados para mostrar a extensa floresta, a
fertilidades das terras e a possibilidade da infraestrutura que a emergente cidade
oferecia.
Neste contexto a coleção Preising tornou-se uma fonte muito estimulante para
a reflexão sobre fotografia e memória. Sabemos da importância da fotografia como
objeto de memória, o seu estudo como fonte de registro histórico e pretendemos na
experiência aqui relatada, problematizar a sua exploração nas aulas de história do ensino
fundamental e médio por meio do compartilhamento de ideias e estudos do grupo de
professores participantes.
A partir da proposta de estudo, o projeto estruturou-se em duas etapas
fundamentais para problematização do conhecimento do grupo.
a) Produção didático-pedagógica: divididos em grupos de estudos, os professores
realizaram as atividades;b) Leituras das obras das atividades: seminários para as apresentações dos
resultados, discussões e produções de textos.
As reflexões e as leituras também possibilitaram ampliar horizontes e ressaltar
a importância do estudo da história regional e local, a colonização do norte do Paraná,
entre vários outros assuntos. Também ficou claro para os participantes que a reflexão
experimentada estava em vista do aluno, da sua inserção na sociedade, favorecendo que
reconheça sua própria historicidade e identidade, além contribuir para uma
aprendizagem mais significativa. Os professores comprovaram a importância dos
recursos imagéticos, especialmente a fotografia.
O estudo possibilitou perceber, que o trabalho com imagens em sala de aula,
colabora para a formação de pensamento, tendo como possibilidades relacioná-la a
outros contextos. O uso de imagem no processo de ensino e aprendizagem, por si só tem
a capacidade de despertar interesse imediato dos educandos, proporcionando diversas
possiblidades para discussão sobre fotografia e memória.
Ao analisar uma fotografia é possível perceber a relação intrínseca entre o
passado e o presente. Na frente de uma fotografia, nunca ficamos passivos: ela incita
nossa lembrança, faz pensar sobre o passado a partir da materialidade que está inserida
na imagem. O uso de fotografia é um meio de ativar lembranças. Sendo assim, a
fotografia possui uma natureza polissêmica, possibilitando diversas leituras
interpretativas, que revela apenas parte de um contexto. Entretanto é partir desse
momento que entra em cena a memória, percorrendo caminhos para obter mais
informações. Neste raciocínio as fotografias são suporte de memória que possibilitou
estudo das imagens de momentos vividos e por registrar o vivido, despertam interesses e
estudo e análise, tanto do professoro o do aluno.
Ao longo do estudo sobre a importância da fotografia surgiram em diversas
teorias. Utilizamos o olhar de três historiadores para a compreensão na análise da
fotografia como documento histórico. Para Kossoy (2001, p.138), por exemplo: “a
fotografia está definitivamente inserida na história cultural, pois ela se faz presente
como meio de expressão em todas as atividades humanas”.
Os professores participantes discutiram sobre as várias possibilidades de
estudar uma fotografia como sendo uma semelhança do real, mas que exige uma
reflexão sobre a interferência que exerce na produção das imagens, tais como: foco,
ângulo, luminosidade, o dispositivo fotográfico na produção da imagem, e também a
forma como forma mostrados os acontecimentos, ou seja, a visão do autor: o fotógrafo.
Sendo assim, afirmarem da importância da análise nas produções de fotografias anterior
e posterior ao ato disparo fotográfico.
Por isso comprovamos que a fotografia atende plenamente aos propósitos de
fonte de registro histórico, não substituindo o passado, mas trazendo informações
relevantes, dos acontecimentos, das histórias locais mostrados por meio de fotográficos.
A fotografia abre uma nova perspectiva documental, com referência ao aprendizado,
dos professores e também dos alunos. Essa compreensão sobre a ontologia da produção
da imagem fotográfica é de muita importância por causa do seu valor documental que
ela representa para a história Regional e local e também para que haja recuperação,
preservação e conservação dos documentos fotográficos, que sempre proporcionou
estudos e análise na reconstrução da memória. Neste sentido, é oportuno lembrar, árduo
e constante trabalho realizado pelo Museu Histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss, que
preserva importantes documentos do Norte do Paraná.
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