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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Observe o que Cavalcanti fala sobre o uso do jornal na Educação em seu livro “O jornal como proposta pedagógica”: Diante

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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

FAZENDO MÍDIA NA ESCOLA: produção de jornal escolar ampliando o

universo de leitura e escrita

Autora: Patrícia Regina Kloster PDE1

Orientadora: Cloris Porto Torquato2

Resumo: O objetivo geral deste trabalho é tratar do uso do jornal na Educação como material pedagógico auxiliando na aprendizagem e no desenvolvimento de práticas de leitura e produção de textos, indicando a importância desta prática de letramento na formação dos leitores e produtores de textos. Este texto relata e analisa um trabalho de intervenção pedagógica na escola onde se realizou a elaboração de um jornal escolar que buscou contemplar a realidade dos alunos e da comunidade na qual a escola está inserida. Assim, pretende-se analisar a influência que a mídia tem na vida dos alunos e no seu dia-a-dia repleto de situações de práticas sociais que se utilizam a leitura e a escrita. Os procedimentos metodológicos do trabalho contemplam o tratamento da mídia impressa como ferramenta educativa, o reconhecimento da estrutura dos jornais e de alguns gêneros jornalísticos através da leitura e análise de textos seguindo para a produção de um jornal escolar. O tema escolhido para o estudo dos gêneros textuais que aparecem nos jornais é a Copa do Mundo de futebol que ocorreu em 2014. Pode-se apontar como resultados dessa intervenção uma melhora no nível de proficiência dos alunos no universo das práticas sociais de letramento, um reconhecimento e exploração de potenciais singulares dos alunos durante a elaboração do jornal, uma valorização dos acontecimentos locais, além da interação entre a escola e comunidade. Palavras-chave: Jornal - Educação – Aprendizagem

INTRODUÇÃO

Trecho 1:3

Prof. – Quando vocês ouvem a palavra mídia, que imagens ou palavras ela sugere? Janaína – Televisão! Vanessa – Rádio! Amanda – Internet! Vanessa – Facebook! Júlio – Facebook? Eu não sei ... ah, é um tipo de mídia, né? Prof. – O que vocês acham? Vanessa – Eu acho que é...

1 Formada em Letras e Especialista em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual de Ponta Grossa,

professora PDE de Língua Portuguesa lotada no Colégio Estadual Padre Arnaldo Jansen – Ponta Grossa – PR.

2 Graduada em Letras pela Universidade Federal do Paraná, Mestre em Linguística Aplicada pela Universidade

Estadual de Campinas, Doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas, professora na

Universidade Estadual de Ponta Grossa.

3 Gravação em áudio realizada no dia 17/03/14, no contraturno, durante a oficina sobre o conceito de mídia.

Trecho 2: Janaína – A escola não é uma mídia? Amanda – Mais ou menos, eu acho ... Prof. – O que vocês acham? Vanessa – Eu acho que tudo que corre na boca do povo é mídia. Eu tenho uma tia que é uma mídia... Prof. – Realmente ela tá em todos os lugares. Amanda – Hoje em dia tem que “tomá” cuidado, você pode “tá bem de boa” e tem alguém gravando, aí já “tá” na mídia...

Pode parecer estranho iniciar a introdução deste artigo científico com estes

trechos de conversas, assim, sem apresentar os participantes desta interação, qual

a relação entre eles, qual a relação desta conversa com o assunto em estudo, e, até

mesmo, o contexto no qual essas falas foram motivadas. Inicialmente, pode-se

esclarecer que essas conversas foram gravadas, em áudio, em alguns momentos

das oficinas que foram realizadas no contraturno, no Colégio Estadual Padre

Arnaldo Jansen, com alunos do 1º ano do Ensino Médio. Pode-se adiantar que o

objetivo principal deste trabalho, que será especificado na sequência, foi a produção

de uma mídia na escola, mais especificamente de um jornal escolar impresso. Assim

observou-se que, inicialmente, era essencial que os alunos conhecessem o

conceito de mídia.

Então este artigo procura refletir sobre o ensino de Língua Portuguesa voltado

para as práticas sociais e para a cidadania levando em consideração a importância

da mídia na vida das pessoas a produção de um jornal escolar impresso atento a

essas questões.

Através desse projeto de intervenção no contexto escolar, buscou-se produzir

um jornal escolar impresso que teve como objetivo principal ampliar práticas de

leitura, interpretação e produção de gêneros jornalísticos diversos no contexto

escolar. A partir de um estudo mais aprofundado de cinco gêneros textuais

presentes nos jornais e do conhecimento das etapas de produção de um jornal

escolar, os alunos puderam produzir o seu próprio material e ainda compartilhá-lo

com a comunidade escolar.

Assim procura-se então refletir sobre uma questão que preocupa muito os

professores, de todas as disciplinas, que é a formação do jovem leitor e produtor de

textos. Percebe-se que o desenvolvimento dessas competências é um dos mais

complexos desafios da educação brasileira. Com vistas a responder a esses

desafios, a escola tem procurado proporcionar instrumentos e práticas de

ensino/aprendizagem que proporcionem atividades de leitura e escrita que

promovem o desenvolvimento da proficiência necessária para que cada aluno possa

tornar-se um cidadão ativo na sociedade tomando decisões e conquistando seu

espaço.

Dessa forma, a partir do objetivo de refletir sobre o ensino da Língua

Portuguesa voltado para as práticas sociais e para a cidadania, delinearam-se os

seguintes objetivos específicos:

Refletir sobre a influência da mídia na vida das pessoas;

Promover a cidadania dos alunos vinculando a escola à comunidade;

Estimular práticas de leitura, interpretação de produção de textos;

Produzir um jornal escolar como um exercício de comunicação enquanto

direito humano, livre de influências e interferências de grupos.

A escolha dos objetivos desse projeto encontra respaldo nas Diretrizes

Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa do Paraná que apontam:

É nos processos educativos, e notadamente nas aulas de Língua Materna, que o estudante brasileiro tem a oportunidade de aprimoramento de sua competência linguística, de forma a garantir uma inserção ativa e crítica na sociedade. É na escola que o aluno, e mais especificamente o da escola pública, deveria encontrar o espaço para as práticas de linguagem que lhe possibilitem interagir na sociedade, nas mais diferentes circunstâncias de uso da língua, em instâncias públicas e privadas. Nesse ambiente escolar, o estudante aprende a ter voz e fazer uso da palavra, numa sociedade democrática, mas plena de conflitos e tensões. (PARANÁ, 2008, p.38)

Para tanto, fez-se necessário utilizar-se de meios que desenvolvessem tais

habilidades de forma viva, eficiente e produtiva. Para alcançar esses objetivos, é

muito importante pensar sobre as metodologias propostas em sala de aula, se elas

realmente estão dando vez e voz aos alunos, tornando-os mais críticos e capazes

de tomar decisões autônomas.

1. Fundamentação teórica

Percebe-se que a escola está cada vez mais preocupada com o nível de

proficiência dos alunos e com a produção significativa de textos. Faz-se necessário

que ela proporcione bons instrumentos e novas práticas de ensinoaprendizagem

para que os alunos tornem-se cidadãos ativos e conquistem o seu papel na

sociedade. Segundo as Diretrizes Curriculares da Educação Básica da Língua

Portuguesa do Paraná:

Trata-se de propiciar o desenvolvimento de uma atitude crítica que leva o aluno a perceber o sujeito presente nos texto e, ainda, tomar uma atitude,

responsiva diante deles. Sob esse ponto de vista, o professor precisa atuar como mediador, provocando os alunos a realizarem leituras significativas. Assim, o professor deve dar condições para que o aluno atribua sentidos a sua leitura, visando a um sujeito crítico e atuante nas práticas de letramento na sociedade. (PARANÁ, 2008, p.71)

Assim, para desenvolver práticas de forma viva e eficiente esse estudo levará

em conta conceitos atuais de letramento presentes nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Paraná, os quais não envolvem a formalização do discurso

verbal ou não-verbal, mas o que enfatiza as suas condições de produção e

elaboração, os conhecimentos prévios dos alunos, a antecipação de informações, a

checagem de hipóteses, comparações, as inferências presentes no texto, entre

outras estratégias de leitura.

Dessa forma, o professor não pode, então, agir somente como um guia da

leitura, mas como incentivador. Assim, o estudo dos gêneros comumente presentes

nos jornais procura contemplar novas estratégias de compreensão, trabalhando o

contexto, buscando inferências, intencionalidades e reconhecendo a estrutura e as

características próprias de cada gênero refletindo sobre a sua construção.

O ensino da linguagem com foco nos gêneros baseia-se na concepção do

discurso como prática social. Então, no que se referem às práticas discursivas, as

Diretrizes do estado do Paraná enfatizam que:

No processo de ensinoaprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. (PARANÁ, 2008, p.55; grifos nossos)

A proposta de trabalhar com o jornal na escola surgiu, inicialmente, por

reconhecer a influência que a mídia tem na vida das pessoas podendo ser utilizada

em favor da educação como uma grande aliada em função dos objetivos e

finalidades do ensino. Assim, uma leitura bem conduzida deste fenômeno pode

formar leitores mais críticos e conscientes.

Observe o que Cavalcanti fala sobre o uso do jornal na Educação em seu livro

“O jornal como proposta pedagógica”:

Diante de uma mídia detentora de um absurdo poder de influência sobre o processo pedagógico, é mais do que necessária a implementação de uma educação participativa,criativa, construtiva, profundamente sensibilizadora,

que tenha capacidade de se apropriar dos signos da cultura de massa e possibilitar uma reflexão do que eles representam. (CAVALCANTI, 199, pp. 28-29)

Dessa forma, durante o processo de intervenção na escola os alunos tiveram

a oportunidade de discutir sobre o uso consciente da mídia e seu papel na

sociedade através de uma reflexão sobre esse tema que procurou revelar o que eles

entendem por mídia, percebendo algumas intenções presentes nos enunciados e

produzam um jornal impresso de forma ética, mobilizadora, criativa e democrática.

Trata-se de não ficar alheio a toda essa transformação assumida pelos meios

de comunicação , faz-se necessário então que o leitor perceba as diferentes formas

como a mídia apresenta a informação e quais são as metas que ela pretende atingir

aproveitando-a assim, em função dos objetivos e finalidades do

ensinoaprendizagem.

Para a realização deste trabalho observou-se que existem outras experiências

na produção de jornal escola que tiveram bons resultados. Na História da Educação,

o jornal tem um papel fundamental nos processos de modernização e

democratização das práticas de ensino. Célestin Freinet deixou um legado ao

mundo: suas ideias e práticas pedagógicas significativas com a utilização da

imprensa e que ficam mais atuais à medida que os anos passam. Uma delas é a

produção de um jornal escolar. Segundo Freinet, em sua prática:

Substituímos a rotina dos manuais, dos trabalhos de casa e das lições, impostos autoritariamente pelos adultos por: - O texto livre, que é a expressão natural inicial da vida infantil no seu meio ambiente normal. (FREINET, 1974, p.13)

As práticas significativas eram, então, na perspectiva desse autor aquelas

que valorizavam a experiência, o conhecimento e a cultura que vinha da vida das

crianças do povo. As ideias de Célestin Freinet continuam mais vivas do que nunca

e o valor da produção do jornal na escola está no fato de propiciar aos alunos a

oportunidade de produzir enunciados, mostrando sua capacidade de comunicação ,

de diálogo, com um público real.

Observa-se que o professor não pode pensar nos meios de comunicação

como competidores, mas, sim, como aliados na formação dos alunos. Competir ou

fugir desses meios é uma ideia pouco produtiva. Eles devem aprender então com

elas, lendo-as e usando-as de forma consciente e reflexiva.

Este projeto de intervenção pretendeu, então, através da produção do jornal

escolar, formar leitores mais competentes e produtores de textos mais críticos em

relação à sua realidade. O professor foi e continuará sendo o mediador nessa tarefa

permanente de analisar os princípios e valores transmitidos pela mídia.

Assim, a educação tem papel fundamental para formar alunos conhecedores

dos códigos utilizados pelos meios de comunicação para que possam ter

discernimento para decidir o que lhes pode ser nocivo e o que pode ser usado em

seu benefício social e cultural.

Neste projeto, através do estudo do jornal impresso, que é um importante

meio de comunicação de massa, pretendeu-se desenvolver esses usos críticos da

linguagem e dos códigos e ainda proporcionar a oportunidade de os alunos criarem

seu próprio jornal de forma democrática, garantindo-lhes autonomia e engajamento,

pois, como afirma Dimmi Amora, em seu artigo:

A mudança de postura dos alunos quando se veem capazes de compreender e, mais ainda, produzir para os meios de comunicação, é recompensadora. Com sua autoestima em alta e a sensação de que estão tendo um aprendizado que lhes dará ferramentas para a vida em sociedade, eles se tornam mais abertos ao aprendizado como um todo. (AMORA, 2008, p. 29)

Durante o processo de intervenção do projeto na escola, os alunos tiveram a

oportunidade de discutir o uso consciente da mídia e seu papel na sociedade,

trabalharam de forma mais sistematizada com o jornal, reconheceram a estrutura e

função de alguns gêneros textuais presentes nesse meio e só depois utilizaram

todos esses recursos para transformá-los em um jornal que pudesse promover a

cidadania dos alunos vinculando sempre a escola à comunidade em que ela se

insere.

2. METODOLOGIA

Este material didático-pedagógico que faz parte do Programa de

Desenvolvimento Educacional – PDE sendo elaborado para uma intervenção em

sala de aula, com alunos do 1º ano do Ensino Médio, e tem dupla interlocução já que

foi organizado no formato de Unidade Didática para apresentar a sequência da

produção de um jornal na escola podendo ser utilizado por professores que se

interessarem pela formação de leitores mais críticos e melhores produtores de textos

na escola. Semelhante a um manual de instruções, ele possui um personagem

simpático que ficou encarregado de apresentar o conteúdo e de dar dicas aos

professores.

O personagem do Lino foi desenhado por Ana Bianca Cordeiro Kloster , 12 anos

A presença dele foi muito importante em toda a sequência deste projeto já

que ele fez o papel de um guia, fazendo todas as orientações metodológicas para

os professores GTR – Grupo de Trabalho em Rede4

O Lino também foi um fiel companheiro durante a produção e implementação

do material didático na escola, já que uma das preocupações era elaborar uma

sequência de trabalho que pudesse auxiliar outros professores com dicas e

sugestões.

No início do material didático, há um histórico do surgimento da imprensa e da

produção do primeiro jornal na escola. Observa-se que, na História da Educação, o

jornal tem um papel fundamental nos processos de modernização e democratização

das práticas de ensino.

Levando-se em conta que o projeto de intervenção foi realizado no primeiro

semestre de 2014, o material didático para o trabalho com os gêneros tem, na sua

maioria, textos relacionados à Copa do Mundo de Futebol de 2014 que foi realizada

no Brasil. O motivo desta escolha foi, na verdade, para trabalhar com textos

jornalísticos que pudessem despertar mais o interesse dos alunos pela temática e

textos que fossem ao mesmo tempo atemporais

4 Os Grupos de Trabalho em Rede – GTR constituem uma atividade do Programa de Desenvolvimento

Educacional – PDE, que se caracteriza pela interação virtual entre os Professores PDE e os demais professores da Rede Pública Estadual com o objetivo de incentivar o aprofundamento teórico-metodológico nas áreas de conhecimento, através da troca de ideias e experiências sobre as áreas curriculares.

Ei, que tal produzir um

jornal na sua escola?

Meu nome é Lino e vou guiar você nessa “jornalda”!

A questão que deve ficar clara é que, apesar de os textos e algumas

propostas de produções serem relacionadas ao futebol, este não é um projeto de

jornal sobre esse tema.

As propostas de produção de texto foram elaboradas buscando contemplar

algumas ideias de Célestin Freinet, que propõem um exercício vivo da escrita,

valorizando a autoria dos alunos, a criatividade, a função social do texto e a

intencionalidade dos autores.

As etapas de produção do jornal escolar foram organizadas na sequência do

estudo dos gêneros e buscou promover uma interação entre os alunos, permeando

a prática de cooperação e solidariedade proposta por Freinet. Outro incentivo foi o

fato de que as produções tiveram um leitor real, já que todas foram analisadas e

algumas foram publicadas..

Concluiu-se que, durante o processo de intervenção do projeto PDE na escola

os alunos puderam fazer a sua mídia, produzindo o jornal impresso de forma

democrática, garantindo-lhes autonomia, procurando sempre desenvolver

habilidades de uso crítico da linguagem e dos códigos, promovendo a cidadania no

ambiente escolar vinculada à escola e à comunidade na qual ela está inserida.

3. Relato e análise da implementação do projeto

Nesta parte do texto, vamos relatar as atividades desenvolvidas, reações dos

alunos, reconstruções do percurso projetado. Vamos, especialmente, analisar os

resultados da implementação do projeto de intervenção na escola.

3.1. 1º momento: História da Imprensa e do jornal – Conceito de Mídia

Nesta etapa, o que mais chamou a atenção foi a necessidade de incluir novos

materiais aos que já estavam prontos. Esse fato ocorreu na apresentação do 1º

jornal escolar, criado pelo educador Célestin Freinet. O modo de impressão chamou

a atenção dos alunos, assim como as roupas da época. Fez-se necessária então

uma nova pesquisa de imagens e vídeos sobre esse tema.

Com relação ao estudo da mídia, a partir de uma conversa inicial sobre o

tema, observou-se que os alunos conhecem o termo de forma ampla, e o canal de

comunicação mais citado por eles foi a internet; os sites mais utilizados por eles são

o Youtube, o Google e o Facebook, porém não tinham tanto conhecimento sobre as

influências que esses meios exercem sobre as pessoas. Foram citados também

espaços de produção de mídia, como a escola. Os assuntos veiculados nas mídias

que mais chamam a atenção deles são: assassinatos, brigas e roubos.

Nesta sequência propôs-se a leitura do texto “A mídia em nossas vidas:

Informação ou manipulação?”. Para tanto, foi realizada uma atividade escrita na qual

os alunos receberam um roteiro de perguntas sobre o texto. A primeira produção de

texto sugerida aos alunos foi formular uma conclusão para a seguinte afirmação: “Na

minha opinião ... a mídia é ...” que foi reestruturada e transformada em um mural.

3.2. 2º momento: A primeira página e o corpo do jornal:

Neste encontro foi realizado um primeiro reconhecimento da estrutura de um

jornal impresso a partir do manuseio e leitura de exemplares de jornais locais. Os

alunos realizaram a montagem de um quebra-cabeças com a disposição e

denominação dos componentes comuns a este espaço, como, por exemplo, o nome

do jornal, o cabeçalho, a foto principal, a manchete, as colunas, as chamadas,

legendas, o expediente

Na parte interna, nos cadernos ou editorias, observou-se que se encontram

as notícias detalhadas e outros itens e textos importantes de um jornal.

3.3. 3º momento – Estudo dos gêneros

O trabalho com os gêneros textuais foi um importante momento na

implementação deste projeto na escola. Entende-se hoje que o estudo dos gêneros

textuais está diretamente ligado às questões sociais de comunicação e não apenas

como uma forma, uma estrutura. Reconhecendo sempre a presença de um sujeito

organizador do dizer, que constrói um sentido naquilo que escreve, pensando e

interagindo com o seu interlocutor. Luiz Antônio Marcuschi, em Gêneros textuais:

reflexões e ensino, afirma: “os gêneros são formas culturais e cognitivas de ação

social corporificadas de modo particular na linguagem” (MARCUSCHI, 2002 p.54).

Assim, este projeto buscou refletir sobre o ensino da linguagem focalizando

alguns gêneros textuais presentes nos jornais, procurando contribuir com o

letramento no 1º ano do Ensino Médio, criando estratégias e análises valorizando

muito mais as atividades do cotidiano dos alunos do que servindo como instrumento

de transmissão do saber normativo, descontextualizado e fragmentado.

Para tanto foram escolhidos cinco gêneros textuais que fazem parte do

universo jornalístico. São eles: a notícia, a entrevista, a carta do leitor, a crônica e o

artigo de opinião, esclarecendo que na produção final do jornal outros gêneros foram

incluídos, porém sem serem objeto, nesse momento, de um estudo mais

aprofundado.

Vamos aos gêneros...

3.3.1. NOTÍCIA

O gênero textual notícia parece ser o mais próximo da realidade dos alunos.

As discussões iniciais demonstraram que os alunos analisam-no com base em fatos

recorrentes do dia-a-dia, ocorridos no bairro ou na própria casa, relatados de

maneira superficial e dentro do senso comum e não como um texto objetivo e

impessoal. Ao serem questionados, inicialmente, sobre o que é uma notícia, as

respostas foram surgindo rapidamente, representados nessa sequência da

gravação5:

Prof., – O que é uma notícia? Lúcia – Morte. Amanda – Fofoca. Júlio – Texto. Vanessa – É tudo que interessa ... ou que não. Kelly – É falar alguma coisa, passar alguma informação, contar alguma novidade. Quanto aos locais de veiculação das notícias: Lúcia – Jornal. Vanessa – Televisão. Lúcia – Na boca do vizinho. Amanda – Facebook. Kelly – Revista. Amanda – Na escola ... Lúcia – Em casa ... em casa não tem como porque é só eu e a minha mãe. Prof. – E a sua irmã ...

Lúcia – Não, ela não “tá” mais em casa, você não sabia? Depois de conto. Júlio – Viu, isso é uma notícia. Prof. – Notícia de última hora!

Na sequência questionamentos orais promovidos por esse diagnóstico iniciais

sobre o gênero notícia, os alunos comentaram mais sobre questões recorrentes no

bairro a que eles pertencem e à escola, como a construção de uma creche,

esperada ansiosamente pelos moradores, brigas na escola, fofocas e fatos policiais

envolvendo vizinhos e conhecidos. Todos esses questionamentos foram muito

importantes para promover uma aula mais produtiva, buscando desenvolver as

habilidades de leitura, oralidade e interpretação.

5 Gravações em áudio realizadas no dia 24/03/14, no contraturno, durante o estudo inicial do gênero Notícia.

Um estudo mais formal da notícia foi iniciado com a apresentação de uma

imagem que havia sido retirada de uma notícia6, sem título ou texto, para que os

alunos pudessem analisá-la e propor hipóteses sobre o fato apresentado na notícia.

A observação dos detalhes, as inferências presentes no texto, a influência do

contexto de produção, as intenções do autor, local de publicação, etc, tudo isso deve

ser analisado através de hipóteses e dos conhecimentos prévios dos alunos e não

serem repassados diretamente pelo professor. A análise da foto proposta

nesta atividade permitiu uma série de hipóteses, porém algumas foram meramente

descritivas da situação apresentada, mostrando, assim algumas dificuldades dos

alunos em construir ideias mais elaboradas e ir além do visual.

Na seqüência, os alunos fizeram a leitura de duas notícias que abordavam a

realização da Copa no Brasil. Algumas atividades propostas para construir o

conceito e a estrutura do gênero textual NOTÍCIA foram organizadas em forma de

tabela.

3.3.2. ENTREVISTA

O conceito de entrevista foi construído a partir de dois textos publicados em

veículos de comunicação diferentes. A primeira entrevista era do jogador de futebol

Frederico Chaves Guedes, mais conhecido como Fred, que foi concedida à Revista

Veja e tinha como título “A vida assim está boa demais”. E a segunda entrevista era

do jogador Ronaldo Fenômeno, publicada na internet e tinha como título “Sabemos

que existe corrupção, desvio, o povo está cansado disso”.

As entrevistas foram lidas pelos alunos de maneira dramatizada. A primeira

era mais informal, e as respostas do entrevistado eram engraçadas, fazendo com

que eles se divertissem lendo o texto. Expressões comuns à linguagem coloquial e

marcas de oralidade foram identificadas pelos alunos como: “tomei um susto”, “né”,

“a coisa comigo estava forte”, “cara”, “engatou o papo”, entre outras.

Como explicado anteriormente os textos escolhidos para essas oficinas foram

relativos a Copa do Mundo por serem atemporais. Mas durante essa leitura ocorreu

um fato interessante. No dia anterior o jogador Fred havia dado uma entrevista

pedindo paciência aos torcedores por falhas no seu desempenho no seu time, o

6 A foto apresentada é do site UOL – notícias e apresenta os jogadores da seleção brasileira, durante a Copa das

Confederações, comemorando um gol feito pelo jogador Dedé.

Fluminense. Isso aconteceu um ano após a entrevista descontraída escolhida para o

estudo do gênero. Então fez-se necessário incluir esse novo material.

A segunda entrevista era mais formal e abordava um assunto mais sério. O

entrevistado era o jogador Ronaldo Fenômeno, colaborador na realização da Copa

no Brasil. O “clima já não era o mesmo e até a leitura feita pelos alunos não tinha a

mesma descontração da anterior. A linguagem era bem mais formal e séria. O que

chamou a atenção nos dois textos foi a maneira como os questionamentos foram

apresentados. No primeiro , marcava-se a pergunta e resposta na sequência:

Depois da Copa das Confederações, o assédio aumentou? Fred: Está sendo bem maior. Fui almoçar numa churrascaria do Rio e tomei um susto: na mesma hora todo mundo levantou e bateu palma. Ali eu vi que a coisa comigo estava forte.

No segundo texto, a entrevista com o jogador Ronaldo, outra forma foi

adotada para indicar o tema das questões às quais o jogador respondeu:

FRASE POLÊMICA: "COPA NÃO SE FAZ COM HOSPITAIS, SE FAZ COM

ESTÁDIO" Ronaldo: Lógico que fiquei chateado, porque me envolveram de maneira

maldosa. Eu venho de origem humilde, apoio as manifestações, tudo que conquistei foi com suor, sofrimento, muitas operações.

Observa-se que no primeiro texto os questionamentos foram elaborados em

forma de perguntas e outras eram inseridas no decorrer da entrevista, dependendo

do tema comentado. Já no segundo, como era uma entrevista coletiva, os

questionamentos foram apresentados no texto transcrito da entrevista na forma de

exposição de temas, assuntos, e não através de perguntas.

Na elaboração do jornal na escola, os alunos utilizaram-se dos dois recursos

nas entrevistas realizadas. Seguem dois exemplos, sendo que o primeiro foi

publicado no jornal produzido por eles:

Exemplo 1 Entrevista com a professora de História sobre a GREVE dos

PROFESSORES:

MOTIVOS:

Havia mais de dez itens de pauta que foram construídos devido a necessidade

há mais de três anos atrás. O que mais revoltou foi o corte no salário de

professores e funcionários que estavam em tratamento de saúde.

Exemplo 2: Entrevista com um aluno da escola sobre a diversidade cultural na dança

presente no colégio:

Como é organizada uma roda de capoeira?

Colocam instrumentos e as pessoas ficam batendo palmas e cantando.

As edições das entrevistas produzidas pelos alunos mostram, pelos usos que

fazem, que eles apreenderam e aprenderam as duas estruturas de notícias

estudadas.

3.3.3. CARTA DO LEITOR

Prof. - O que você faz quando há um problema em sua rua ou bairro que o incomoda e a seus vizinhos? Amanda – A gente reclama. Lúcia – Tira satisfação ... Amanda – Tenho um vizinho que deixa um monte de saco de lixo ... Júlio – É, e daí os cachorro vão lá e esparramam tudo e deixa na frente da tua casa, o que você vai fazer? Janaína – Eu não faço nada. Amanda – Eu vou reclamar, eu sou ruim ... Vanessa – Eu deixo pra minha mãe falar. Amanda - Mas se for esgoto, alguma coisa ... a gente corre atrás do responsável, da Sanepar, da Copel ...

Nesta discussão inicial, percebe-se que os alunos já buscam possíveis

soluções para questões de interesse social ou individual. Percebe-se que a primeira

opção é sempre o diálogo.

Mais uma vez, nas questões introdutórias de um dos gêneros, neste caso a

Carta do Leitor, os alunos são estimulados a reconhecê-lo, encontrá-lo em situações

sócio-comunicativas bem próximas da realidade deles, dando um sentido maior à

aprendizagem, desenvolvendo práticas comuns ao letramento.

Amanda – Lá em casa é a pista de laço ... e já denunciaram ... eles tiveram que baixar porque é um som muito alto. Prof. – Que som? Amanda – Uma moto barulhenta. Júlio – Essas motos de rally. Prof. – Vocês podiam explicar melhor a utilização dessa moto? Amanda – “Pra puxá” o boizinho “pra” eles poderem laçar. Júlio – “Pra” “puxá” uma vaquinha ... tipo ... eles vão “laçá” ... daí tem uma moto “pra” puxa o boizinho. Amanda – É um boizinho artificial, professora....

7

Assim, os alunos puderam concluir que um dos métodos possíveis para

reclamar de determinados problemas, solicitar algo às autoridade, elogiar alguém

publicamente pode ser a carta do leitor.

Na sequência foram apresentadas quatro cartas do leitor com finalidades

diferentes (reclamação, homenagem, denúncia e elogio), mas que seguem a mesma

7 Gravações em áudio realizadas no dia 05/05/14, no contraturno, durante o estudo do gênero Carta do Leitor.

estrutura; foram realizadas atividades utilizando as tabelas para os alunos

preencherem com as marcas desse gênero.

A proposta de produção de texto foi relacionada a uma notícia de jornal que

abordava a questão da escolha do Fuleco como mascote da Copa do Mundo no

Brasil. Como essa escolha gerou muita polêmica, os alunos puderam praticar a

escrita através de uma carta do leitor com um comentário pessoal sobre a notícia.

.3.4. CRÔNICA

O estudo da crônica teve início com a apresentação de duas imagens,

representativas do futebol brasileiro, na TVpendrive

Em relação à primeira foto, os alunos foram desafiados a escrever um

pequeno texto relatando, com emoção e sensibilidade, a situação apresentada,

posicionando-se como observadores reais do fato. Em relação à segunda, eles

mudaram de posição e relataram o fato como participantes da cena.

Na sequência, os alunos analisaram duas crônicas: a primeira era uma

crônica literária, narrativa escrita a partir de uma notícia de jornal, e a segunda era

uma crônica que observava e analisava o comportamento das pessoas logo após a

derrota do Brasil na Copa de 1982. Após a leitura, foram propostas atividades de

reconhecimento das características e da estrutura do gênero e, só então, eles

puderam partir para a produção de crônicas. Anteriormente à produção, os alunos

confeccionaram um mural com recortes de jornais e revistas com fotos, imagens e

textos que poderiam servir de inspiração para essa produção.

Nesta etapa de estudo, observou-se que os alunos têm uma grande

dificuldade em escrever crônicas. A posição de observador do fato não é muito

confortável para os estudantes, que se utilizaram mais de descrições objetivas,

superficiais do que a sensibilidade ao narrar, a emoção, a reflexão sobre a vida e

comportamentos humanos, efeitos simples propostos pela crônica , porém um

trabalho muito complexo para o entendimento dos alunos. A narração em 1ª pessoa

resultou em textos melhores, porém ficou claro que apenas em trechos dos textos

observa-se algumas características do gênero em estudo.

3.3.5. ARTIGO DE OPINIÃO

A temática Copa do Mundo foi bastante explorada no estudo deste gênero.

Os alunos já conseguiam posicionar-se e elaborar argumentos simples a partir do

que ouviam nas mídias e também nos comentários de rua antes mesmo das leituras

propostas para este gênero. Em todas as leituras realizadas, enfatizou-se a

observação do suporte de publicação dos textos, elemento tão importante na análise

do conteúdo, na percepção das intenções de cada veículo de comunicação e de

seus autores.

Para mostrar um paralelo sobre o tema Copa do Mundo, os alunos analisaram

textos de opinião escritos na divulgação da escolha do Brasil como sede da copa,

com toda a euforia do momento, e textos escritos um pouco antes do início do

campeonato opinando sobre os gastos com organização e possíveis problemas

durante o evento. Assim, depois do estudo do gênero eles puderam produzir seus

artigos, construir suas ideias embasadas nos argumentos apresentados e podendo

opinar com mais segurança. Observe o texto que foi publicado no jornal produzido

por eles:

Copa: será bom para o Brasil? A Copa do Mundo no Brasil tem gerado grande polêmica, pois assim como

traz benefícios, traz malefícios para a população. Para algumas pessoas os pontos negativos prevalecem como, por exemplo, a

falta de condições de oferecer segurança para os turistas, atletas e até para a própria população brasileira, um possível caos aéreo devido ao enorme fluxo turístico, um dinheiro desperdiçado que poderia ser usado em outras obras públicas mais necessárias neste momento.

Por outro lado são grandes os benefícios também. Pelo menos 600 mil estrangeiros devem visitar o Brasil, número que pode ser ainda maior considerando os nossos vizinhos sul-americanos que virão assistir os jogos. Também é positivo o número de empregos que estão sendo gerados, além de que os turistas, provavelmente, irão dar muito lucro para os lojistas, restaurantes e comércio em geral e também para os cofres públicos com os impostos gerados.

Na minha opinião os benefícios são maiores que os malefícios devido ao melhoramento do transporte e segurança nas cidades sedes dos jogos. Alguns prejuízos são inevitáveis, já que muito dinheiro foi investido, mas, a longo prazo será possível recuperá-lo com a venda de ingressos e aproveitamento dos estádios para outros eventos.

Para finalizar, concluo que mesmo que a população seja prejudicada, ainda vai ganhar com tudo isso. É preciso esperar, receber bem nossos visitantes e colaborar da melhor forma para que depois possamos cobrar das autoridades a recuperação de todo o investimento neste grande evento mundial. (Kawane)

No trabalho com o artigo de opinião, destaca-se o uso da tabela de revisão

dos textos que foi utilizada na reestruturação dos textos. Os alunos utilizaram-nas

com seriedade, crítica e preocupação em fazer o melhor. A partir dessa experiência,

aconselha-se muito a utilização dessa nova forma de revisão e reestruturação de

texto, pois, além de facilitar o trabalho do professor, ela possibilita um processo

significativo de formação de leitores críticos.

4. 4º momento – Produção do jornal escolar:

Depois do estudo dos gêneros textuais propostos, iniciou-se um trabalho

mais intenso na produção do jornal escolar. Para tanto, foi realizada uma reunião

de pauta para escolha dos assuntos e também a divisão das funções.

Nesta reunião foram definidos, então, os assuntos para publicação, que

variaram desde sugestões de livros da biblioteca até receitas. O que mais chamou a

atenção neste momento foi o interesse dos alunos em divulgar as atividades que

estavam sendo realizadas em sala de aula. Assim, percebe-se que o jornal escolar

cumpre com esta finalidade já que os alunos utilizam-se da linguagem como forma

de interação humana, através de práticas de leitura e produção de textos que fazem

sentido para eles, incentivando-os a se tornarem sujeitos ativos na construção e

divulgação de ideias e conhecimentos.

Destaca-se nesta etapa a escolha de um assunto que propiciou um trabalho

mais intenso de pesquisa, tabulação de dados e uso da tecnologia, como se pode

observar no trecho de aula transcrito a seguir:

Prof. – Que outros assuntos podem interessar à comunidade escolar? Kelly – Sobre a violência na escola que sempre “tá” grande. Júlio – É mesmo, fazer uma pesquisa... Prof. – E qual seria a causa principal dessa violência? Kelly – A gente poderia fazer uma pesquisa maior...

Assim, a partir da decisão de publicar dados sobre a violência na escola, os

alunos elaboraram um questionário, que foi respondido por um determinado número

de alunos nos três turnos do colégio. Depois foram publicados gráficos dessa

pesquisa e sugestões positivas de atitudes positivas que podem evitar possíveis

conflitos.

Assim, além dos cinco gêneros textuais estudados, foram incluídos outros,

dependendo do interesse e da importância em compartilhar atividades realizadas em

sala de aula, no decorrer da diagramação do jornal. Esta seleção foi muito difícil já

que os alunos produziram uma grande quantidade de material.8

A diagramação foi realizada por dois alunos participantes do projeto que

aceitaram este desafio já que nunca haviam feito um trabalho como esse. O

resultado ficou muito bom. O nome do jornal foi decidido em consenso, apenas teve

uma modificação por ser o nome de uma letra de música conhecida, porém adorada

8 Os alunos produziram um trabalho sobre a diversidade cultural na dança no colégio e entrevistaram alunos

que participam de grupos de dança gaúcha, hip hop e capoeira. Infelizmente esse material não pode ser

incluído neste 1ª edição deste jornal escolar.

pelos alunos ficando da seguinte forma: Somos Jovens: temos nossa voz. Seguem

as páginas no formato original com a disposição dos textos:

Conclui-se este artigo com um texto elaborado pelos alunos e dirigido à

professora coordenadora do projeto, no dia do lançamento do jornal Somos Jovens.

O texto tratava da participação desses alunos no projeto “Fazendo mídia na escola:

produção de jornal escolar ampliando o universo de leitura e escrita”:

Professora Patrícia: Hoje, dia 18 de junho, o nosso projeto acaba ... Que pena! Todos vamos sentir falta das segundas-feiras que antes eram tão chatas, e é por animá-las que nós te agradecemos. Queremos te agradecer também por todo o capricho e dedicação que teve conosco, pela paciência e por tudo o que nos ensinou, pode ter certeza de que vamos levar para a vida. Parabéns por você ser quem é, essa pessoa incrível, amiga, que nunca nos deixou na mão em qualquer situação, e o mais importante, por ser a melhor professora que poderíamos ter. Sabe, profe, podem ter alunos desinteressados, mas continue sendo assim, pois você nasceu para ensinar, a cada dia temos mais certeza disso. Obrigado por tudo.

5. Considerações finais

Muitas de nossas estratégias de leitura e produção de textos já não estão

mais conseguindo suprir as necessidades de uma nova geração influenciada pelas

tecnologias e discursos das mídias, e cumprir com esses objetivos e práticas tão

importantes e essenciais está se tornando um desafio.

A leitura de jornais locais e a proximidade dos acontecimentos noticiados

também aumentou o interesse deles pelos textos e demonstrou bons resultados.

Dessa forma a produção de um jornal na escola, feita por eles e para eles, tornou-se

um instrumento de cidadania, de responsabilidade e ética com o que se publica

pensando sempre no interesse da comunidade escolar. A produção de uma mídia

impressa promoveu uma participação social mais efetiva, tornando o trabalho

realmente significativo já que os alunos/autores escreveram para um público real.

A valorização da produção do aluno é essencial para que a aprendizagem

seja significativa. Guardar em gavetas textos corrigidos (ou não) não contribuirá no

desenvolvimento de habilidades e talentos que merecem ser reconhecidos por

todos. Os alunos adoram construir murais com as suas produções, produzir livros

com seus textos, desenhos, etc. O jornal possibilita esse contato com leitores reais

fazendo com que os alunos tornem-se protagonistas de seus trabalhos e ações de

maneira ética e responsável.

Percebi neste trajeto que o jornal é realmente um material pedagógico muito

eficiente que pode nos ajudar muito no desenvolvimento das práticas de leitura e

produção de textos.

Observei também neste estudo que as práticas discursivas do letramento

assumem importância fundamental por conta do papel que desempenham na

formação do aluno enquanto ser social. Essa questão deveria ser bem mais

discutida na escola com os professores de todas as áreas e não só os de Língua

Portuguesa. É essencial que todo professor utilize as práticas discursivas do

letramento que propõem a construção do conhecimento através de questionamentos

e produções de textos significativas. Poderia ser um bom começo para melhorar o

nível de proficiência de nossos alunos.

Então, esse trabalho de produção de um jornal escolar foi uma proposta que

procurou desenvolver atividades de letramento e aproximar a realidade deles com a

realidade social, produzindo textos de forma significativa para leitores reais.

Concluo que hoje os nossos alunos estão sempre nos surpreendendo com o

trato e a facilidade que têm para lidar com a informática e com as mídias. Eles são

curiosos e interessados em aprender mais com esses recursos, porém falta-lhes

mesmo um encaminhamento para desenvolver essas habilidades tão importantes na

vida pessoal e profissional deles. O papel do professor é fundamental nesses

processos e muitas vezes não estamos preparados para tanto.

A publicação do jornal escolar e a distribuição na escola encerraram parte de

um ciclo, mas essa “jornalda” não acaba aqui, pois as ideias para novas produções

continuam vivas e atuantes e estão prestes a ser materializadas em novas edições

do jornal Somos Jovens.

6 . Referências Bibliográficas

AMORA, Dimmi; et al. Tecnologia e educação: as mídias na prática docente. Rio de Janeiro: Wak, 2008. BORTONE, Marcia Elizabeth; MARTINS, Cátia Regina Braga. A construção da leitura e da escrita: do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. São Paulo: Parábola Editorial, 2008. (Ensinar leitura e escrita no ensino fundamental; 3). CAVALCANTI, Joana. O jornal como proposta pedagógica. São Paulo: Paulus, 1999. FREINET, Célestin. O jornal escolar. Disponível em: <www.jornalescolar.org.br>. Acesso em abr. 2013. LANCENET. Ronaldo: 'Sabemos que existe corrupção, desvio, o povo está cansado disso'. Disponível em: <http://www.lancenet.com.br/selecao/Ronaldo-selecao_Brasileira- Copa_das_Confederacoes_0_942505771.html>. Acesso em: 21 out. 2013. LIMA, Christiane. A mídia em nossas vidas: informação ou manipulação? Disponível em: <http://elo.com.br/portal/colunistas/ver/230989/a-midia-em-nossas-vidas-informacao-oumanipulacao-.html>. Acesso em 6 nov. 2013. MARCUSCHI, Luiz Antônio. Gêneros textuais: definição e funcionalidade. In: DIONISIO, Ângela Paiva; MACHADO, Anna Rachel; BEZERRA, Maria Auxiliadora (Orgs.).Gêneros textuais e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. PARANÁ. Secretaria Estadual de Educação. Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Língua Portuguesa do Paraná. Curitiba: SEED, 2008. REVISTA VEJA, Ed. 2330, v. 46, n. 29, p. p.13-17, 17 jul. 2013. ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.