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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA SANITÁRIA MANOEL BARRÊTO JUNIOR OTIMIZAÇÃO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO PREDIAL DE ÁGUA FRIA ESTUDO DE CASO Natal – RN 2006

Otimização de um sistema de distribuição predial de água fria

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Estudo de caso

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA SANITRIA

    MANOEL BARRTO JUNIOR

    OTIMIZAO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA

    ESTUDO DE CASO

    Natal RN 2006

  • MANOEL BARRTO JUNIOR

    OTIMIZAO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA

    ESTUDO DE CASO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Sanitria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Sanitria.

    Orientador: Prof. Dr. Manoel Lucas Filho

    Co-orientador: Prof. Dr. Ada Cristina Scudelari

    Natal 2006

  • MANOEL BARRTO JUNIOR

    OTIMIZAO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA

    ESTUDO DE CASO

    Dissertao apresentada ao Programa de Ps-graduao em Engenharia Sanitria da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia Sanitria.

    BANCA EXAMINADORA

    ______________________________________________________

    Dr. Manoel Lucas Filho Orientador

    ____________________________________________________________ Dr. Joo Abner Guimares Junior Examinador UFRN

    ____________________________________________________________

    Dr. Marco Aurlio Holanda de Castro, Ph.D. Examinador Externo UFC

    Natal, 21 de dezembro de 2006.

  • A Deus pelos muitos dons. A minha esposa Belva e minhas filhas Manoela e Marina pelo amor, carinho e incentivo fundamentais durante o desenvolvimento deste trabalho e em todos os dias da minha vida.

    Dedico.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador, Prof. Manoel Lucas Filho, pelo incentivo inicial, confiana

    depositada e valiosa orientao durante a realizao deste trabalho. Sua experincia

    de pesquisador, seu entusiasmo e profissionalismo muito contriburam para o bom

    desenvolvimento do mesmo.

    Aos professores membros da banca examinadora, pela disponibilidade em participar

    da Defesa de Dissertao.

    Prof. Ada Cristina Scudelari, pela importante orientao na elaborao da

    presente Dissertao.

    Ao coordenador do Programa de Ps-graduao em Engenharia Sanitria da

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Prof. Antonio Marozzi Righetto, pelo

    apoio e compreenso.

    Aos professores do Programa de Ps-graduao em Engenharia Sanitria da

    Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo conhecimento e experincia

    transmitidos ao longo do curso.

    Aos colegas do Curso de Ps-graduao, aos funcionrios e colaboradores do

    Laboratrio de Recursos Hdricos e Saneamento Ambiental da UFRN e aos colegas

    da A. R. Projetos & Construes Ltda., pelo apoio e amizade.

    Aos amigos e scios Adolfo Mesquita e Rmulo Cirne, pelo apoio recebido e por

    terem compreendido as minhas ausncias durante a realizao da Ps-graduao.

    Aos meus pais Manoel Barrto e Dorinha (in memoriam), pelo amor, dedicao e

    cujos ensinamentos ficaro guardados para sempre em minha mente e no meu

    corao.

    Aos demais familiares e amigos, que sempre me incentivaram e estiveram ao meu

    lado me apoiando e depositando sua confiana.

  • RESUMO Esta Dissertao apresenta uma metodologia para a otimizao de um sistema de distribuio predial de gua fria. Trata-se de um estudo de caso aplicado ao Condomnio Residencial Bzios Tropical, localizado na Praia de Bzios, municpio de Nsia Floresta, litoral leste do Estado do Rio Grande do Norte, distante vinte quilmetros de Natal. O dimensionamento de redes de distribuio predial de gua fria segundo os critrios da Norma NBR 5626 da ABNT - Associao Brasileira de Normas Tcnicas, no garante que a soluo encontrada seja a soluo tima de menor custo. necessria a utilizao de uma metodologia para otimizao, que nos fornea, entre todas as solues possveis, a soluo de custo mnimo. No processo de otimizao do sistema de distribuio predial do Condomnio Bzios Tropical, utilizado o Mtodo Granados, que um algoritmo iterativo de otimizao, baseado na Programao Dinmica, que fornece a rede de custo mnimo, em funo da cota piezomtrica do reservatrio. Para a aplicao desse Mtodo a redes ramificadas, utilizado um programa de computador em linguagem C. Esse processo dividido em duas etapas: obteno da soluo prvia e reduo da cota piezomtrica de cabeceira. Na obteno da soluo prvia so utilizados os menores dimetros possveis que garantam o limite de velocidade mxima e os requisitos de presses mnimas. A cota piezomtrica de cabeceira elevada ficticiamente para garantir esses requisitos. Na segunda etapa do Mtodo Granados utilizado um processo iterativo, cujo objetivo reduzir gradualmente a cota de cabeceira, considerando a substituio de trechos da tubulao da rede pelos dimetros subseqentes, considerando um acrscimo mnimo de custo para a rede. A mudana de dimetro feita no trecho timo que apresenta o menor Gradiente de Cmbio. O processo se encerra quando atingida a cota de cabeceira desejada. So calculados os custos com materiais da rede otimizada e feita a anlise dos mesmos, atravs da comparao com os custos da rede convencional.

    Palavras-chave: Sistema de distribuio predial. Dimensionamento de redes. Otimizao. Mtodo Granados.

  • ABSTRACT This dissertation presents a methodology to the optimization of a predial system of cold water distribution. Its about a study of a case applied to the Tropical Buzios Residential Condominium, located in the Bzios Beach, Nsia Floresta city, the east coast of the Rio Grande do Norte state, twenty kilometers far from Natal. The design of cold water distribution networks according to Norm NBR 5626 of the ABNT - Brazilian Association of Techniques Norms, does not guarantee that the joined solution is the optimal solution of less cost. Its necessary the use of an optimization methodology, that supplies us, between all the possible solutions, the minimum cost solution. In the optimization process of the predial system of water distribution of the Tropical Bzios Condominium, is used Method Granados, that is an iterative algorithm of optimization, based on the Dynamic Programming, that supplies the minimum costs network, in function of the piezometric quota of the reservoir. For the application of this Method in ramifies networks, is used a program of computer in C language. This process is divided in two stages: attainment of the previous solution and reduction of the piezometric quota of headboard. In the attainment of the previous solution, the minors possible diameters are used that guarantee the limit of maximum speed and the requirements of minimum pressures. The piezometric quota of headboard is raised to guarantee these requirements. In the second stage of the Granados Method, an iterative process is used and it objective is to reduce the quota of headboard gradually, considering the substitution of stretches of the network pipes for the subsequent diameters, considering a minimum addition of the network cost. The diameter change is made in the optimal stretch that presents the lesser Exchange Gradient. The process is locked up when the headboard quota of desired is reached. The optimized networks material costs are calculated, and is made the analysis of the same ones, through the comparison with the conventional networks costs. Keywords: Predial system of water distribution. Design of networks. Optimization. Granados Method.

  • LISTA DE ILUSTRAES FIGURA 1 Dimetro das tubulaes e vazes em funo da soma dos

    pesos.......................................................................................................................................... 22FIGURA 2 Perda de carga localizada. Tabela com sua equivalncia em

    metros de tubulao retilnea de PVC rgido ou cobre................. 25QUADRO 1 Planilha com tabela de presses. Modelo de planilha segundo a

    NBR 5626 ABNT (1998)............................................................. 26DESENHO 1 Rede de distribuio de gua com n trechos................................ 38DESENHO 2 Rede de distribuio de gua com n trechos e pontos terminais

    A e B.............................................................................................. 40DESENHO 3 Rede de distribuio de gua ramificada com pontos terminais

    A, B e C......................................................................................... 41DESENHO 4 Rede de distribuio de gua com grfico das presses

    mnimas nos pontos terminais e linha piezomtrica..................... 44MAPA 1 Mapa de situao da Praia de Bzios, municpio de Nsia

    Floresta RN................................................................................ 49FOTOGRAFIA 1 Fotografia area do Condomnio Residencial Bzios Tropical..... 50FOTOGRAFIA 2 Fotografia do Bloco de Apartamentos Tipo 01 do Condomnio

    Residencial Bzios Tropical.......................................................... 51FOTOGRAFIA 3 Fotografia do Bloco de Apartamentos Tipo 02 do Condomnio

    Residencial Bzios Tropical....................................................................................... 51FOTOGRAFIA 4 Fotografia dos Bangals do Condomnio Residencial Bzios

    Tropical.......................................................................................... 52QUADRO 2 Trechos da Rede de Distribuio Predial de gua Fria do

    Condomnio Bzios Tropical......................................................... 57DESENHO 5 Isomtrico do sub-ramal de alimentao do chuveiro................... 66FLUXOGRAMA 1 Fluxograma para determinao do cmbio timo e do nmero

    de trechos timos.......................................................................... 75FLUXOGRAMA 2 Fluxograma para seleo dos trechos timos.............................. 77FLUXOGRAMA 3 Fluxograma para determinao da folga de presso mnima, do

    trecho com folga de presso mnima e do decrscimo de presso................................................................................................................. 79

    FLUXOGRAMA 4 Fluxograma para o decrscimo de presso em todos os trechos da rede aps a substituio do dimetro do trecho timo............ 80

    FLUXOGRAMA 5 Fluxograma para correo das folgas de presso no trecho timo e nos trechos localizados a jusante do mesmo................... 81

    GRFICO 1 Relao entre as perdas de carga nos trechos retos e conexes em funo das cotas piezomtricas de cabeceira.................................. 83

    FLUXOGRAMA 6 Fluxograma para o clculo da perda de carga disponvel e do gradiente de cmbio aps a substituio do dimetro do trecho timo.............................................................................................. 86

    DESENHO 6 Rede de distribuio de gua a ser otimizada para verificao do programa................................................................................. 89

  • LISTA DE TABELAS TABELA 1 Vazes e pesos atribudos aos aparelhos sanitrios.............. 20

    TABELA 2 Vazo de projeto e pesos relativos Apartamento Tipo 01 Coluna de gua Fria AF 01..................................................... 53

    TABELA 3 Vazo de projeto e pesos relativos Apartamento Tipo 01 Coluna de gua Fria AF 02............................................................... 53

    TABELA 4 Vazo de projeto e pesos relativos Apartamento Tipo 01 Coluna de gua Fria AF 03..................................................... 54

    TABELA 5 Vazo de projeto e pesos relativos Apartamento Tipo 02 Coluna de gua fria AF 01 e AF 04......................................... 54

    TABELA 6 Vazo de projeto e pesos relativos Apartamento Tipo 02 Coluna de gua Fria AF 02 e AF 03....................................... 54

    TABELA 7 Vazo de projeto e pesos relativos Bangal Banheiro...... 55TABELA 8 Vazo de projeto e pesos relativos Bangal Cozinha....... 55TABELA 9 Vazo de projeto e pesos relativos rea de Lazer e Apoio

    da Piscina................................................................................ 55TABELA 10 Vazo de projeto e pesos relativos Guarita.......................... 56TABELA 11 Custos unitrios (R$) de tubos e conexes de PVC Marca

    Tigre Linha Soldvel dimetros 20 100 mm e Linha PBS dimetros 160 200 mm......................................................... 68

    TABELA 12 Variveis utilizadas no clculo da perda de carga unitria...... 73TABELA 13 Dados da rede de distribuio de gua para o arquivo de

    entrada do Programa de Otimizao....................................... 89TABELA 14 Custos unitrios dos dimetros da rede de distribuio

    expressos em pesetas (Pts).................................................... 90TABELA 15 Resultados obtidos aps otimizao da rede de distribuio

    de gua utilizando o Mtodo Granados................................... 92

  • SUMRIO

    1 INTRODUO............................................................................................................... 11

    1.1 GENERALIDADES..................................................................................................... 111.2 JUSTIFICATIVAS........................................................................................................ 131.3 OBJETIVOS..................................................................................................................... 141.3.1 Objetivo geral............................................................................ 141.3.2 Objetivos especficos................................................................ 141.4 ORGANIZAO DO TRABALHO............................................. 15

    2 REVISO BIBLIOGRFICA............................................................................... 16

    2.1 GENERALIDADES..................................................................................................... 162.2 PROJETO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO PREDIAL DE

    GUA FRIA............................................................................... 182.3 OTIMIZAO UTILIZANDO PROGRAMAO LINEAR E

    NO LINEAR............................................................................ 272.4 OTIMIZAO UTILIZANDO PROGRAMAO DINMICA..... 312.5 MTODO GRANADOS............................................................. 332.5.1 Obteno da Soluo Prvia.................................................... 342.5.2 Reduo da cota piezomtrica de cabeceira............................ 372.5.3 Caracterizao do Sistema Granados...................................... 42

    3 DESCRIO DO CASO EM ESTUDO.................................... 48

    3.1 GENERALIDADES................................................................... 483.2 APRESENTAO DO CONDOMNIO EM ESTUDO............... 493.3 PROJETO DE INSTALAES PREDIAIS DE GUA FRIA

    DO CONDOMNIO BZIOS TROPICAL.................................. 523.3.1 Clculo das vazes de projeto.................................................. 533.3.2 Trechos da rede de distribuio predial de gua fria do

    Condomnio Bzios Tropical..................................................... 563.3.3 Verificao das presses nos pontos terminais da rede de

    distribuio predial de gua fria do Cond. Bzios Tropical....... 65

  • 3.3.4 Custo dos tubos e conexes da rede de distribuio predial de gua fria do Condomnio Bzios Tropical............................ 67

    4 APLICAO DO MTODO GRANADOS DE OTIMIZAO.. 70

    4.1 PROGRAMA PARA OTIMIZAO DA REDE DE

    DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA PELO MTODO GRANADOS............................................................................. 70

    4.1.1 Obteno da Soluo Prvia.................................................... 71

    4.1.2 Reduo da cota piezomtrica de cabeceira............................ 744.1.3 Programa para otimizao da rede de distribuio predial de

    gua fria do Condomnio Bzios Tropical utilizando o Mtodo Granados.................................................................................. 87

    4.2 VERIFICAO DO PROGRAMA DE OTIMIZAO PELO MTODO GRANADOS............................................................. 88

    4.3 APLICAO DO PROGRAMA DE OTIMIZAO UTILIZANDO O MTODO GRANADOS REDE DE DISTRIBUIO PREDIAL GUA FRIA DO CONDOMNIO.... 93

    4.4 REDE DE DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA OTIMIZADA.............................................................................. 101

    5 APRESENTAO DOS RESULTADOS E CONCLUSES... 103 5.1 CUSTO DA REDE DE DISTRIBUIO DE GUA FRIA DO

    CONDOMNIO.......................................................................... 1035.1.1 Rede dimensionada segundo a Norma NBR 5626................... 103

    5.1.2 Rede otimizada segundo o Mtodo Granados......................... 1035.1.3 Anlise comparativa dos custos............................................... 104

    5.2 CONCLUSES......................................................................... 105

    REFERNCIAS........................................................................ 106 APNDICES............................................................................. 110

  • 1 INTRODUO

    O dimensionamento da tubulao de uma rede de distribuio predial de gua

    fria requer, em primeiro lugar, que seja definido para a mesma um traado racional

    que minimize os efeitos da perda de carga no interior dos tubos. necessrio

    tambm, que sejam atendidos todos os critrios estabelecidos pela Norma NBR

    5626 - 1998 da ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas.

    Entretanto, devido subjetividade presente no dimensionamento, so

    possveis muitas solues para o problema. No presente trabalho, est apresentada

    uma metodologia para otimizao da rede de distribuio predial de gua fria do

    Condomnio Residencial Bzios Tropical, que fornece, entre todas as solues

    possveis, a soluo de menor custo.

    1.1 GENERALIDADES A disponibilidade de gua fria de qualidade em quantidade suficiente nas

    edificaes residenciais fator fundamental para que sejam preservadas as

    condies mnimas de habitabilidade, higiene e conforto. Embora todos reconheam

    essa importncia, muitas vezes, observa-se que os sistemas de distribuio predial

    de gua fria tm a sua eficincia comprometida pela reduo de custos, atravs do

    mau dimensionamento de tubos e conexes e do uso inadequado de materiais.

    Os problemas decorrentes de falhas na elaborao do projeto e

    especificaes das instalaes prediais de distribuio de gua fria so, muitas

    vezes, de soluo difcil e onerosa.

    A rede de distribuio de gua de um prdio residencial, a partir do

    reservatrio superior de acumulao, constituda de um sistema de tubos que

    compreende o barrilete de distribuio, colunas de alimentao, ramais e sub-

    ramais. Cada sub-ramal serve a uma pea de utilizao ou aparelho sanitrio, sendo

    o mesmo dimensionado segundo ensaios realizados. Os ramais so dimensionados

    a partir de suposio do consumo simultneo mximo provvel, baseado na hiptese

  • de que no haver o funcionamento simultneo dos aparelhos de um mesmo ramal

    em prdios residenciais.

    O principal objetivo no dimensionamento de redes de distribuio predial de

    gua fria a busca de solues que sejam tcnica e economicamente viveis e que

    reduzam o custo final do projeto. A norma da ABNT NBR 5626 - 1998 Instalao

    Predial de gua Fria prev no captulo destinado economia de gua e

    conservao de energia, que o projeto de instalaes deve ser elaborado de forma

    que ocorra o uso mais eficiente e mais racional possvel de gua e energia. O custo

    das redes de distribuio de gua deve apresentar valores mnimos necessrios e

    suficientes ao bom funcionamento da instalao.

    Com a popularizao dos computadores, as tcnicas para dimensionamento

    de redes de distribuio de gua esto sendo mais aprimoradas, atravs de

    mtodos mais eficientes, resultando na melhor qualidade dos projetos apresentados,

    uma vez que vrias alternativas podem ser avaliadas com tempo e custo menores.

    evidente que os diversos condicionantes de um projeto permitem um

    grande nmero de solues para os problemas de dimensionamento e, portanto,

    uma diferena de custos entre as possveis solues. Em funo da relao direta

    entre soluo adotada e custo da rede, surgiu a necessidade de uma metodologia

    de clculo que conduza para um custo mnimo da rede, sem deixar de atender aos

    parmetros de projeto, tais como, dimetros comerciais, presses mnimas

    necessrias nos pontos terminais e velocidades dentro de faixas adequadas.

    Desta forma, nos ltimos 30 anos, tem-se utilizado tcnicas de otimizao

    para o dimensionamento de redes de distribuio, ou seja, a determinao da rede

    que corresponda ao menor custo.

    O desenvolvimento de um algoritmo possibilita que, dentre as vrias opes

    com as quais o projetista se depara no dimensionamento de uma rede de

    distribuio de gua, ele possa encontrar a soluo tima de custo mnimo, que

    atenda a todos os requisitos tcnicos estabelecidos para o projeto, com um tempo

    de clculo reduzido pelo uso do computador.

  • 1.2 JUSTIFICATIVAS

    No processo de otimizao do sistema de distribuio predial de gua fria do

    Condomnio Bzios Tropical, utilizado o Mtodo Granados de Otimizao,

    metodologia baseada na Programao Dinmica, atravs da qual se far a

    determinao da soluo de menor custo para a rede.

    Como medida adicional, feita a substituio dos reservatrios individuais de

    gua dos blocos de apartamentos e bangals, em nmero inicial de treze, por um

    reservatrio superior nico, que atende a todas as unidades do condomnio.

    A utilizao de um reservatrio nico possibilita a imediata reduo nos

    custos de construo civil, notadamente, com a estrutura de concreto armado. Outro

    aspecto importante ser a diminuio dos gastos com a limpeza e manuteno dos

    reservatrios, que devero ser feitas em intervalos pr-determinados, a fim de que

    sejam evitados os riscos de contaminao da gua.

    Inicialmente, so levantados os custos de implantao do sistema de

    distribuio de gua fria do Condomnio Bzios Tropical, considerando, a elaborao

    do projeto de instalaes seguindo o dimensionamento da rede de acordo com a

    Norma NBR 5626 (1998) da ABNT.

    Posteriormente, a rede de distribuio de gua fria do condomnio

    submetida ao Mtodo Granados de Otimizao, a fim de que se obtenha a rede de

    custo mnimo.

    feita uma anlise comparativa entre os valores dos custos de materiais das

    duas solues, e desta forma, a verificao do percentual de reduo do custo de

    aquisio de tubos e conexes para a rede otimizada, avaliando a eficincia da

    metodologia sob o ponto de vista econmico.

    1.3 OBJETIVOS

    1.3.1 Objetivo Geral

  • O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma metodologia que

    promova a otimizao da rede de distribuio predial de gua fria de um condomnio

    residencial multi-familiar com edifcios individualizados, com a adoo de um

    reservatrio nico de gua, de modo que venha a induzir projetistas e construtores a

    adotarem tais tecnologias em sistema de distribuio predial de gua.

    1.3.2 Objetivos especficos

    Aplicar o Mtodo Granados de Otimizao s redes condominiais de gua

    sob presso.

    Desenvolver uma ferramenta, que poder ser utilizada por projetistas de

    redes de distribuio predial de gua fria, para obteno da rede de custo mnimo.

    Fazer uma avaliao global dos custos, em funo da otimizao do sistema

    de distribuio de gua condominial.

    1.4 ORGANIZAO DO TRABALHO

    Este trabalho apresenta a otimizao de uma rede de distribuio predial de

    gua fria de um condomnio residencial multi-familiar com edifcios individualizados,

    atravs da utilizao do Mtodo Granados de Otimizao, que baseado na

    Programao Dinmica.

    No captulo 1 feita uma breve apresentao do dimensionamento de uma rede

    predial de distribuio de gua fria, da norma utilizada neste dimensionamento e da

  • metodologia para sua otimizao. Tambm so apresentados os objetivos, as

    justificativas e a organizao do trabalho.

    No captulo 2 apresentada uma reviso da bibliografia sobre projeto de sistemas

    de distribuio predial de gua fria e de metodologias de otimizao utilizando a

    Programao Linear, No Linear e Programao Dinmica.

    No captulo 3 faz-se a descrio do condomnio residencial em estudo,

    Condomnio Bzios Tropical, sua localizao, principais caractersticas e projeto de

    instalaes prediais de gua fria.

    No captulo 4 feita a aplicao do Mtodo Granados de Otimizao ao sistema

    de distribuio predial de gua fria do condomnio. So apresentados os principais

    fluxogramas e o programa para otimizao da rede.

    No captulo 5 so apresentados e analisados os resultados. O custo da rede

    otimizada calculado para avaliao da metodologia. So apresentadas as

    concluses sobre a aplicao do Mtodo Granados na otimizao do sistema de

    distribuio predial de gua fria do Condomnio Bzios Tropical.

  • 2 REVISO BIBLIOGRFICA

    Neste captulo so apresentados aspectos inerentes ao projeto de uma rede

    predial de distribuio de gua fria, notadamente, quanto ao dimensionamento da

    tubulao dos trechos da mesma, segundo critrios estabelecidos pela norma NBR

    5626 (ABNT, 1998). Apresentam-se tambm, aspectos referentes otimizao desta

    rede, com a utilizao de metodologias, tais como, a Programao Linear, a

    Programao No Linear e a Programao Dinmica. Por fim, enfatiza-se o Mtodo

    Granados de Otimizao, objeto deste estudo.

    2.1 GENERALIDADES

    Para elaborao do projeto de uma rede de distribuio predial de gua fria,

    que conduza a rede de custo mnimo, deve-se, inicialmente, estabelecer para esta

    rede um bom traado, que racionalize a utilizao de tubos e conexes e reduza a

    perda de carga.

    O dimensionamento dos dimetros dos tubos feito a partir do

    estabelecimento da vazo de projeto para cada sub-ramal e ramal da rede de

    distribuio de gua fria. Utiliza-se para tal, o Mtodo da Raiz Quadrada (Alemo),

    (GONALVES, 1986), mtodo este recomendado pela ABNT Associao

    Brasileira de Normas Tcnicas (NBR 5626, 1998). Os pesos relativos so

    estabelecidos empiricamente em funo da vazo de projeto de cada pea de

    utilizao. O somatrio total dos pesos convertido na demanda simultnea total do

    grupo de peas de utilizao considerado, que expressa como uma estimativa da

    vazo a ser usada no dimensionamento da tubulao. Considerando-se os limites de

    vazo e velocidade da gua no interior da tubulao, ser feito o dimensionamento

    da mesma para cada trecho da rede.

    Definido o seu traado e estabelecidos os dimetros dos trechos da rede,

    feita a verificao das presses nos diversos pontos de utilizao, a fim de que seja

    observado se os requisitos de presso mnima foram atendidos.

  • Aps o dimensionamento da rede de distribuio predial de gua fria, a

    mesma submetida ao processo de otimizao, para que, ao final, se possa

    apresentar a soluo de menor custo.

    O processo de otimizao de uma rede de distribuio predial de gua fria

    consiste no dimensionamento econmico da mesma, atravs da aplicao de um

    dos mtodos de otimizao existentes. A seguir, so apresentados mtodos de

    otimizao que utilizam, respectivamente, a Programao Linear, Programao No

    Linear e Programao Dinmica. So mostradas as particularidades, vantagens e

    desvantagens de cada mtodo que ao final, possam justificar a opo feita, no

    presente trabalho, pela utilizao do Mtodo Granados de Otimizao baseado na

    Programao Dinmica.

    A aplicao de processos de otimizao no projeto de redes de distribuio

    de gua, tem sido utilizada desde a dcada de 1960. Os primeiros modelos para o

    projeto de redes de distribuio de gua foram desenvolvidos para redes

    ramificadas. KARMELI et al. (1968) desenvolveu um algoritmo em programao

    linear para solucionar sistemas com vazes conhecidas. Esse modelo no

    considerava a presena de acessrios como vlvulas, mas indicou que o impacto

    dessas peas em termos de desempenho hidrulico e de custo, pode ser facilmente

    avaliado quando o layout da estrutura de tubos da rede e o dimetro dos mesmos

    so conhecidos. O modelo fornecia uma aproximao soluo tima, mas por ser

    aplicado somente a redes ramificadas, no eram utilizados em projetos de redes

    urbanas de distribuio de gua.

    WATANADA (1973) promoveu estudo sobre a complexidade do desenho

    timo de um sistema de distribuio de gua. Em virtude de variveis como

    investimento inicial, custo de manuteno e operao, a soluo para o desenho de

    custo mnimo obtida atravs de tentativas, pode ser uma soluo razovel e de baixo

    custo, mas com certeza, distante da soluo tima.

    Outros estudos para otimizao do desenho de custo mnimo de sistemas de

    distribuio de gua, foram desenvolvidos por ALPEROVITS e SHAMIR (1977),

    QUINDRY et al (1981), ROWELL e BARNES (1982), LANSEY e MAYS (1989) e

    DUAN et al (1990).

    2.2 PROJETO DE SISTEMAS DE DISTRIBUIO PREDIAL DE GUA FRIA

  • Inicialmente, apresentam-se as abordagens ao problema da determinao

    das vazes de projeto nos trechos de sistemas de distribuio predial de gua fria.

    Da anlise dos mtodos estudados destacam-se dois grupos segundo a forma de

    abordagem: mtodos empricos e probabilsticos.

    A preocupao com o estabelecimento de uma metodologia para a

    determinao de vazes de projeto em sistemas prediais de distribuio de gua fria

    tem sido, ao longo dos anos, evidenciada pelo trabalho de diversos pesquisadores.

    No h, no entanto, o consenso em relao a uma metodologia geral que possa

    atender de forma satisfatria s necessidades dos projetistas de instalaes

    hidrulicas prediais. A insuficincia de dados de campo e/ou a fragilidade dos

    modelos tericos dos mtodos em questo no possibilitam a escolha de um destes

    mtodos como o mais adequado. Isto se deve ao fato de que os modelos no

    consideram as especificidades relativas ao tipo de ocupao da edificao, a

    disponibilidade e as caractersticas do equipamento sanitrio, as diferenas culturais

    dos usurios e as condies climticas regionais (GONALVES, 1986).

    Segundo GONALVES (1986), no primeiro grupo de mtodos, de natureza

    emprica, incluem-se aqueles cuja tcnica de determinao das vazes de projeto

    baseia-se na utilizao de tabelas, grficos e expresses matemticas,

    estabelecidos a partir da experincia e julgamento de seus propositores. Entre eles

    podemos relacionar os seguintes mtodos:

    Timmis (1922)

    Dawson e Kalinske (1932)

    Raiz Quadrada Alemo (1940)

    Francs (1942)

    Britnico (1946)

    RAE Repartio de guas e Esgotos de So Paulo (1949)

    Macintyre (1966)

    Fretwell (1972)

    Raiz Quadrada Modificado (1978)

  • No segundo grupo de mtodos, de origem probabilstica, incluem-se aqueles

    cuja tcnica de determinao das vazes de projeto baseia-se no emprego de

    tabelas, grficos e expresses matemticas estabelecidas a partir de conceitos

    probabilsticos, utilizando como ferramental bsico a funo de distribuio de

    probabilidades binomial. Assim podemos destacar os seguintes mtodos

    probabilsticos:

    Hunter (1940)

    Gallizio (1944)

    Burberry / Wise (1969)

    CP-310 British Standards Institution (1965 e 1970) / Howick (1972)

    Webster (1972)

    Courtney (1976)

    Konen Hunter Modificado (1980 / 1984)

    Murakawa (1985)

    Em virtude da relevncia do estabelecimento das vazes de projeto neste

    trabalho, feita a apresentao do mtodo emprico da Raiz Quadrada Alemo,

    por ser o mtodo de utilizao recomendado pela Associao Brasileira de Normas

    Tcnicas ABNT em sua norma NBR 5626 Instalao predial de gua fria

    (ABNT, 1998).

    Este mtodo apresenta uma expresso matemtica para o estabelecimento

    da vazo de projeto de um trecho do sistema predial de distribuio de gua fria,

    relacionando pesos associados a tipos de aparelhos sanitrios e o nmero total de

    aparelhos de cada tipo, instalados a jusante do trecho (CREDER, 1987).

    A expresso matemtica representada pela Equao 2.1:

    ( ) 212211 NNiirp PnPnPnPnqQ +++++= KK (2.1)

    Sendo: 2

    =

    r

    ii q

    qP (2.2)

  • Onde:

    pQ vazo de projeto do trecho considerado em litros por segundo (L/s);

    rq vazo de referncia em litros por segundo (L/s);

    in nmero de aparelhos sanitrios do tipo i, instalados a jusante do trecho

    considerado;

    iP peso atribudo ao aparelho sanitrio do tipo i;

    iq vazo unitria do aparelho do tipo i em litros por segundo (L/s);

    N nmero de tipos diferentes de aparelhos sanitrios.

    O valor da vazo de referncia, rq , considerado na norma NBR 5626 de

    0,30 litros por segundo (L/s) (ABNT, 1998).

    A Tabela 1 apresenta os valores de vazes unitrias e pesos atribudos aos diversos tipos de aparelhos sanitrios (ABNT, 1998).

    TABELA 1 Vazes e pesos atribudos aos aparelhos sanitrios (ABNT, 1998)

    APARELHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO (L/s) PESO (Pi)Bacia sanitria com caixa de descarga 0,15 0,30 Bacia sanitria com vlvula de descarga 1,70 32,00 Banheira (misturador gua fria) 0,30 1,00 Bebedouro com registro de presso 0,10 0,10 Bid (misturador gua fria) 0,10 0,10

    APARELHO SANITRIO E PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO (L/s) PESO (Pi)Chuveiro (misturador gua fria) 0,20 0,40 Chuveiro eltrico 0,10 0,10 Lavatrio (torneira ou misturador) 0,15 0,30 Mquina de lavar roupa ou pratos 0,30 1,00 Mictrio cermico com vlvula de descarga 0,50 2,80 Mictrio cermico com cx. descarga ou reg. presso 0,15 0,30 Mictrio de descarga descontnua tipo calha 0,15 0,30 Pia/torneira ou misturador (gua fria) 0,25 0,70 Pia/torneira eltrica 0,10 0,10 Tanque de lavar torneira 0,25 0,70 Torneira de jardim ou lavagem geral 0,20 0,40

    Fonte: NBR 5626 (ABNT, 1998)

    Procurando uma soluo de fcil aplicao para o dimensionamento dos

    ramais e colunas de alimentao dos prdios, a NBR 5626 adota um mtodo

    baseado na probabilidade de uso simultneo dos aparelhos e peas, onde no faz

    distino quanto natureza do prdio, tipo de ocupao e regime de horrio

    (MACINTYRE, 1996). O mtodo consiste no seguinte:

  • Atribuem-se pesos s vrias peas de utilizao para definir suas

    demandas, utilizando a Tabela 1.

    Somam-se os pesos das diversas peas de utilizao: P

    Calcula-se a raiz quadrada da soma de pesos: ( ) 21P

    Multiplica-se o valor de ( ) 21P por um coeficiente de descarga C (vazo de referncia), sendo C = 0,30 litros por segundo ( L/s ), para

    se obter a descarga em litros por segundo ( L/s ).

    A vazo de projeto ser calculada pela Equao 2.3:

    ( ) 2130,0 = PQ (2.3) O peso funo apenas da demanda. No so levados em considerao os

    tempos e os intervalos de funcionamento dos aparelhos ao estabelec-lo. Pelo

    processo da norma, nunca se somam as vazes, mas sim, apenas pesos para todos

    os ramais da rede de distribuio de gua fria. Somente depois de determinado o

    peso correspondente a um dado trecho que se passa ao clculo da vazo

    correspondente.

    Conhecido o valor da vazo de projeto, pode-se usar o grfico da Figura 1 para obter o

    dimetro da tubulao, diretamente, em funo da vazo e da soma dos pesos (MACINTYRE,

    1996).

  • FIGURA 1 Dimetro das tubulaes e vazes em funo da soma dos pesos

    (MACINTYRE, 1996).

    A perda de carga a energia que o fluido ir despender para escoar ao longo

    de um tubo. Ela depende do seu comprimento e dimetro interno, da rugosidade da

    sua superfcie interna e da vazo.

    Objetivando evitar o aumento das perdas de carga no interior da tubulao,

    procura-se manter a velocidade da gua abaixo dos limites estabelecidos por norma.

    Na NBR 5626 (1998) est colocado que as tubulaes devem ser dimensionadas

    de modo que a velocidade da gua, em qualquer trecho de tubulao, no atinja

    valores superiores a 3 m/s.

    MACINTYRE (1996), afirma que ao se dimensionar o encanamento de uma

    rede de distribuio de gua, deve-se considerar como velocidade mxima o valor

    de 2,5 m/s.

  • Em projetos de instalaes prediais de gua fria, cuja topologia

    caracterizada por trechos curtos de tubulaes, variao de dimetros (em geral

    menores que 110mm) e presena de grande nmero de conexes, usual a

    utilizao da frmula emprica de Fair-Whipple-Hsiao para o clculo da perda de

    carga no interior da tubulao (PORTO, 2003).

    A NBR 5626 (1998) recomenda para calcular o valor da perda de carga nos

    tubos, a utilizao da equao universal, obtendo-se os valores das rugosidades

    junto aos fabricantes dos tubos. Na falta dessa informao, a referida norma afirma

    ainda, que pode ser utilizada a expresso de Fair-Whipple-Hsiao, indicada abaixo

    (Equao 2.4):

    75,475,1500.869 = DQJ (2.4)

    Onde:

    J perda de carga unitria, em metro por metro (m/m);

    Q vazo estimada da seo considerada em litros por segundo (L/s);

    D dimetro interno do tubo em milmetros (mm);

    Alm da perda de carga que ocorre ao longo da tubulao retilnea

    apresentada anteriormente, existe a perda de carga ocasionada pelas conexes que

    ligam os tubos, vlvulas, curvas, registros, etc.

    A presena de cada uma dessas peas, necessrias para a operao do

    sistema, concorre para que haja alterao de mdulo ou direo da velocidade

    mdia, e conseqentemente de presso, localmente. Isso se reflete em um

    acrscimo de turbulncia que produz perdas de carga que devem ser agregadas s

    perdas distribudas, devido ao atrito, ao longo dos trechos retilneos das tubulaes.

    Tais perdas recebem o nome de perdas de carga localizadas ou singulares (PORTO,

    2003).

    Na prtica, as canalizaes no so constitudas exclusivamente por tubos

    retilneos e de mesmo dimetro. Usualmente, incluem ainda peas especiais e

    conexes que, pela forma e disposio, elevam a turbulncia, provocam atritos e

    causam o choque de partculas, dando origem a perdas de carga. Alm disso,

    apresentam-se nas canalizaes outras singularidades, como vlvulas, registros e

  • medidores, tambm responsveis por perdas dessa natureza (AZEVEDO NETTO,

    1986).

    O Mtodo dos comprimentos equivalentes indicado pela norma NBR 5626

    (ABNT, 1998) para determinao da perda de carga em conexes e singularidades.

    O mtodo consiste em substituir, para simples efeito de clculo, cada

    acessrio da instalao por comprimentos de tubos retilneos, de igual dimetro, nos

    quais a perda de carga seja igual provocada pelo acessrio, quando a vazo em

    ambos a mesma. Assim cada comprimento equivalente adicionado ao

    comprimento real da tubulao, a fim de simplificar o clculo, transformando o

    problema em um problema de simples perda distribuda (PORTO, 2003).

    A Figura 2 apresenta os comprimentos equivalentes de tubulao retilnea

    para os diversos tipos de conexes em tubos lisos de plstico, cobre ou liga de

    cobre. Esta tabela apresentada na NBR 5626 (1998) e retirada da publicao da

    Crane Corporation (MACINTYRE, 1996).

    FIGURA 2 Perda de carga localizada - Tabela com sua equivalncia em metros de tubulao retilnea de PVC rgido ou cobre (MACINTYRE, 1996).

    A norma NBR 5626 (1998) sugere uma rotina para o dimensionamento das

    tubulaes com base na planilha apresentada no Quadro 1, cujos passos

    apresentamos a seguir:

    1. Preparar o esquema isomtrico de rede e numerar

    seqencialmente cada n ou ponto de utilizao desde o

    reservatrio ou desde a entrada do cavalete;

  • 2. Introduzir a identificao de cada trecho da rede na planilha;

    3. Determinar a soma dos pesos relativos de cada trecho, usando

    a Tabela 1;

    4. Calcular para cada trecho a vazo estimada (Q), em litros por

    segundo (L/s), com base na Equao 2.3;

    5. Partindo da origem de montante da rede, selecionar o dimetro

    interno da tubulao de cada trecho, considerando que a

    velocidade da gua no deva ser superior a 3 m/s. Registrar o

    valor da velocidade e o valor da perda de carga unitria

    calculada pela Equao 2.4 em cada trecho;

    6. Determinar a diferena de cotas geomtricas entre a entrada e a

    sada de cada trecho (desnvel), considerando positiva quando a

    entrada tem cota superior a da sada e negativa em caso

    contrrio;

    7. Determinar a presso disponvel na sada de cada trecho,

    somando ou subtraindo presso residual na sua entrada o

    valor da diferena de cota (desnvel);

    8. Medir o comprimento real do tubo que compe cada trecho

    considerado;

    9. Determinar o comprimento equivalente de cada trecho somando

    ao comprimento real os comprimentos equivalentes das

    conexes e singularidades;

    10. Determinar a perda de carga total de cada trecho, multiplicando

    o valor da perda de carga unitria pelo comprimento equivalente

    total do trecho;

    11. Determinar a presso disponvel residual na sada de cada

    trecho, subtraindo a perda de carga total da presso disponvel;

    12. Se a presso residual for menor que a presso requerida no

    ponto de utilizao, ou se a presso for negativa, repetir o

    processo a partir do passo nmero 5, selecionando um dimetro

    interno maior para a tubulao de cada trecho.

  • 70

    QUADRO 1 - Planilha com tabela de presses Modelo de Planilha segundo NBR 5626 ABNT (1998).

    Em condies dinmicas (com escoamento), a presso da gua nos pontos

    de utilizao deve ser estabelecida de modo a garantir a vazo de projeto indicada

    na Tabela 1 e o bom funcionamento da pea de utilizao e do aparelho sanitrio.

    Em qualquer caso, a presso no deve ser inferior a 10 KPa (1 m.c.a.), com exceo

    do ponto da caixa de descarga onde a presso pode ser menor do que este valor,

    at um mnimo de 5 KPa (0,5 m.c.a.) (ABNT, 1998).

    2.3 OTIMIZAO UTILIZANDO PROGRAMAO LINEAR E NO LINEAR

    A Programao Linear, tcnica mais conhecida na soluo de problemas de

    otimizao, usa um modelo matemtico para descrever o problema em questo. O

    adjetivo linear significa que requerido que todas as funes matemticas neste

    modelo sejam funes lineares. A palavra programao no se refere

    programao de computadores; ao contrrio, trata-se essencialmente de

    planejamento. Assim a programao linear faz o planejamento de atividades para

    obter um resultado timo, um resultado que alcance a melhor soluo especificada,

    de acordo com o modelo matemtico, entre todas as solues viveis (HILLIER,

    1988).

    No modelo de busca do timo por programao linear se parte do princpio de

    que cada um dos trechos da rede possui a vazo e comprimento conhecidos. Alm

    disso, cada um dos trechos est coberto por uma gama de dimetros distintos, que

    no so variveis explcitas do problema. Cada dimetro ocupa uma extenso de

  • 71

    comprimento desconhecida. Este comprimento de cada dimetro a varivel de

    deciso ou incgnita do problema. Ao atuar deste modo, se consegue que a funo

    objetivo e as restries do problema se tornem lineares, obtendo uma soluo

    configurada por dimetros comercialmente disponveis (LUCAS FILHO, 1991).

    Dentre as diversas tcnicas de programao linear para otimizao de

    sistemas de distribuio de gua, o Gradiente de Programao Linear considerada

    a tcnica de maior avano. Esta tcnica foi proposta inicialmente por ALPEROVITS

    e SHAMIR (1977), consistindo em um dimensionamento de redes de distribuio de

    gua onde so consideradas algumas variveis como constantes e outras como

    variveis de deciso a serem dimensionadas atravs da programao linear.

    No mtodo do Gradiente de Programao Linear feita uma distribuio

    inicial de vazes, estando os trechos da rede divididos em segmentos de diferentes

    dimetros, cujos comprimentos so determinados por um programa linear. De

    acordo com o gradiente da funo objetivo, alterada a distribuio de vazes e

    realizado novo dimensionamento. O processo iterativo transcorre at que ocorra a

    convergncia. Este mtodo foi utilizado por QUINDRY et al (1981), BHAVE e LAM

    (1983), FUJIWARA et al (1987) e EIGER et al (1994).

    De acordo com GOMES (1999), no caso particular do dimensionamento de

    redes de distribuio dos sistemas de irrigao sob presso, as variveis de deciso

    implcitas so os dimetros das tubulaes, que devem ser dimensionados sob o

    critrio de custo mnimo. Os dimetros no podem ser considerados variveis de

    deciso explcitas no modelo, porque os custos das tubulaes no variam

    linearmente com eles. Para superar esse inconveniente, se utiliza o artifcio de

    adotar como variveis de deciso explcitas os comprimentos das tubulaes, j que

    os custos das mesmas variam linearmente com seus comprimentos.

    Destaca-se tambm, entre os mtodos para resoluo de um problema de

    Programao Linear, o Mtodo Simplex, pela sua facilidade de implementao,

    aplicabilidade, bem como, sua adaptao ao mtodo computacional. O Mtodo

    Simplex um algoritmo de busca numrico e iterativo convergente, que pesquisa os

    vrtices do poliedro convexo das restries e fornece a soluo exata de qualquer

    sistema de equaes lineares, sujeito otimizao de uma funo objetivo, em um

    nmero finito de passos.

    A formulao matemtica de otimizao de uma rede coletiva por

    programao linear muito simples. Isto tem favorecido a ampla difuso atual desta

  • 72

    metodologia, aliada a facilidade de acoplar o clculo a algum dos programas

    existentes no mercado de computadores (LUCAS FILHO, 1991).

    Para a resoluo do modelo de programao linear se emprega o algoritmo

    simplex, do qual existem algumas verses disponveis em softwares comerciais. De

    imediato na sua implementao em um computador pessoal, recomendvel utilizar

    verses que otimizem tempo de clculo e memria, pois mesmo para redes

    pequenas a magnitude do problema grande, se considerarmos que o nmero de

    equaes se eleva a 3N, sendo N o nmero de ns da rede (LUCAS FILHO, 1991).

    Baseados no mtodo de Programao Linear so destacados os trabalhos

    cientficos desenvolvidos por KARMELI et al (1968), WOOD e CHARLES (1972) e de

    PLEBAN et al (1984).

    Utiliza-se a Programao Linear quando os problemas possuem grande

    nmero de variveis independentes, e que os modelos podem ser descritos com a

    preciso requerida mediante equaes lineares, onde a funo objetivo apresenta

    comportamento linear em relao s variveis de deciso, e as restries sejam

    lineares em relao a estas variveis (FIGUEIREDO JNIOR, 2001).

    A principal desvantagem da utilizao da programao linear que as

    equaes a serem otimizadas e que representam o sistema tm que ser lineares,

    fato que, normalmente, no ocorre na prtica.

    Se os modelos matemticos que representam os processos fsicos envolvidos

    e/ou a funo objetivo podem ser caracterizados pela no linearidade em relao s

    variveis de deciso, pode ser utilizada a Programao No Linear (FIGUEIREDO

    JNIOR, 2001).

    Neste mtodo, grande parte das caractersticas dos sistemas reais pode ser

    includa no modelo matemtico, fornecendo uma maior riqueza de modelagem. Por

    outro lado, causa uma maior complexidade matemtica, aumentando o tempo de

    clculo computacional.

    GUERCIO et al (1997) fizeram estudos comparativos entre a programao

    linear e a programao no linear, chegando concluso de que o tempo de clculo

    computacional na utilizao da programao linear significativamente menor.

    A Programao No Linear com restries funo objetivo a ser minimizada

    denominada programao no linear restrita, e caso a funo objetivo no possua

    restries, ela denominada irrestrita.

  • 73

    As tcnicas de resoluo de problemas de programao no linear dividem-se

    em analticas e de busca numrica.

    As tcnicas analticas procuram determinar solues timas resolvendo

    sistemas de equaes com apoio de derivadas. A otimizao pode ser reduzida

    procura de razes desses sistemas. O Mtodo de Clculo Diferencial, o Mtodo dos

    Multiplicadores de Lagrange e a Programao Geomtrica so exemplos de tcnicas

    analticas (CIRILO, 1997).

    As tcnicas de busca numrica so mtodos iterativos que melhoram as

    solues do processo de otimizao, atravs de informaes obtidas ao longo das

    iteraes realizadas. So baseadas no emprego de mtodos numricos para a

    resoluo dos problemas, onde no possvel o emprego de solues analticas

    (CIRILO, 1997).

    Entre os mtodos de busca numrica, podemos citar o Mtodo de Newton-

    Raphson, que um processo iterativo para busca da soluo de um conjunto de

    equaes no lineares simultneas. Este mtodo uma extenso do mtodo de

    Newton para busca unidirecional, onde aproxima a funo objetivo f(x), a ser

    minimizada, a uma quadrtica. Enquanto no mtodo do gradiente ocorre uma

    convergncia linear, neste mtodo tem-se uma convergncia quadrtica.

    Pelo mtodo de Programao No Linear destacam-se as pesquisas feitas

    por COLLINS et al (1978), CENEDESE et al (1987) e FUJIWARA et al (1990).

    A busca de timos globais, deve ser feita atravs de algoritmos prprios para

    este fim. O mtodo Branch and Bound baseado em seqncias convergentes de

    limites inferiores e superiores para o timo global. Este mtodo foi utilizado por

    EIGER et al (1994), SHERALI e SMITH (1997), SHERALI et al (1998) e KWANYUEN

    et al (1998).

    Por outro lado, os Algoritmos Genticos so mtodos de etapas de seleo

    aleatria que permitem movimentos entre timos locais, porm, no possibilitam

    determinar se a soluo encontrada um timo global. Entre os trabalhos

    envolvendo Algoritmos Genticos podem ser citados: GOLDBERG (1989), MURPHY

    et al (1992), WALTERS et al (1993), SIMPSON et al (1994) e SAVIC et al (1997).

    WALSKI et al (1990) citam um mtodo desenvolvido pela U. S. Army Corps

    of Enginneers denominado WADISO Water Distribution System Optimization, que

    consiste na tcnica de enumerao exaustiva das possveis solues.

  • 74

    2.4 OTIMIZAO UTILIZANDO PROGRAMAO DINMICA A Programao Dinmica ou Planificao Dinmica um mtodo de otimizao muito especial de solues adaptado s chamadas operaes de

    mltiplos passos ou de mltiplos estgios. Baseado em uma frmula recorrente,

    permite otimizar de forma sucessiva os intervalos em que, normalmente, se divide

    um processo seqencial (LUCAS FILHO, 1991).

    Se for possvel formular um problema em etapas utiliza-se a Programao

    Dinmica (FIGUEIREDO JNIOR, 2001).

    O mtodo, mais que uma teoria matemtica, um princpio filosfico. Todo o

    princpio terico e matemtico de sua formulao est baseado no Teorema de

    Bellman: Uma poltica tima tem a propriedade de que, qualquer que seja seu

    estado e deciso iniciais, as decises subseqentes devem constituir uma poltica

    tima em relao ao estado resultante da deciso inicial. Ou seja, uma trajetria

    tima tem a propriedade de que qualquer que tenha sido o primeiro passo, a

    trajetria subseqente dever ser tima em relao ao estado resultante final dessa

    primeira deciso (LUCAS FILHO, 1991).

    De maneira mais simples, na Programao Dinmica cada etapa da

    seqncia deve considerar somente os resultados das alternativas da etapa anterior.

    Desta forma, a melhor soluo encontrada em cada alternativa da etapa

    considerada e ao chegar ao final da seqncia, so conhecidos tanto a melhor

    alternativa como o caminho seguido.

    MARTIN (1980) faz uma abordagem ao conceito desenvolvido por R.

    Bellman, e descreve um algoritmo para determinao do desenho e locao da rota

    de menor custo para um sistema de transporte de gua.

    Em contraste com a Programao Linear, para o problema da Programao

    Dinmica no existe uma formulao matemtica padro. A Programao Dinmica

    uma tcnica matemtica de utilidade freqente para se tomar uma seqncia de

    decises inter-relacionadas. Ela fornece um procedimento sistemtico para

    determinar a combinao de decises que maximizar a eficcia geral (HILLIER,

    1988).

    O uso da Programao Dinmica na resoluo de um problema qualquer

    carece de um sistema operacional para a soluo do mesmo. necessrio em cada

  • 75

    caso, que ele se encaixe no princpio de otimizao de Bellman, ou seja, que o

    problema possa ser modelado de maneira que seja efetivo o uso de tal metodologia

    (LUCAS FILHO, 1991).

    Na resoluo da programao dinmica o problema sub-dividido em vrias

    etapas ou estgios. Determina-se o timo de cada etapa, relacionando o timo de

    uma etapa com o de outra atravs da funo objetivo, at que percorrendo todas as

    etapas se obtenha o timo global.

    Segundo LUCAS FILHO (1991), o fato de que um problema qualquer possa

    ser decomposto em etapas, artificial ou naturalmente, no significa que ser

    resolvido com sucesso pela Programao Dinmica, apesar de ser uma condio

    necessria, porm no suficiente. Tudo isto verdade, claro, quando estamos

    falando de programao matemtica, ou seja, tentando encontrar o melhor ponto

    que otimize o modelo econmico.

    Ele finaliza, afirmando que a vantagem do uso de determinado mtodo de

    otimizao em relao a outro, a possibilidade de poder obter uma melhor

    aproximao da soluo tima de um tipo de problema, refletida, por exemplo, na

    velocidade de clculo, facilidade de utilizao, compreenso e acompanhamento da

    evoluo do clculo, etc.

    Como exemplo desta metodologia, tem-se o Mtodo Granados descrito por

    GOMES (1999), que um algoritmo iterativo de otimizao, que proporciona o custo

    mnimo de uma rede de distribuio ramificada pressurizada, em funo da cota

    piezomtrica de alimentao da mesma.

    O Mtodo Granados, se caracteriza por seu sistema de otimizao de redes

    de distribuio de gua, mediante o avano progressivo no sentido do final para o

    incio da rede, reduzindo em cada interao, as folgas de presso disponveis na

    mesma (GRANADOS, 1990).

    Este mtodo parte de uma soluo prvia para a rede, com dimetros de

    custo mnimo e uma cota do reservatrio de montante mxima, necessria para

    obteno das presses mnimas nos pontos terminais de utilizao da rede. A

    seguir, atravs de interaes sucessivas, so substitudos os dimetros das

    tubulaes dos trechos timos, pelos dimetros consecutivos, reduzindo a perda de

    carga, e desta forma, reduzindo de forma correspondente a cota de cabeceira do

    reservatrio.

  • 76

    O Sistema Granados um mtodo de clculo baseado na programao

    dinmica, mediante um procedimento iterativo de clculo no qual, seguindo uma rota

    de timos, se vai eliminando gradualmente as folgas de presso disponveis nos

    pontos terminais da rede, at que se alcana uma cota de cabeceira desejada. Seu

    sistema operacional elementar, possibilitando abordar o clculo de redes de

    grande tamanho com computadores pessoais (LUCAS FILHO, 1991).

    WALTERS (1988) faz uma reviso dos conceitos e aplicaes das

    programaes linear, no linear e dinmica e cita que a experincia mostra que os

    desenhos otimizados de redes so, usualmente, 5 a 15 % mais econmicos que os

    desenhos convencionais.

    WALSKI (1985) e GOULTER (1992) fizeram uma extensa reviso dos

    clssicos mtodos de otimizao aplicados na resoluo de problemas, sendo que

    GOULTER analisou a distncia existente entre os mtodos de otimizao e a sua

    utilizao pelos engenheiros projetistas, citando a dificuldade de aplicao para

    problemas prticos.

    Em 1985 foi realizada na cidade de Nova York uma conferncia onde foram

    desenvolvidas vrias sees denominadas "The Battle of the Networks Models",

    onde vrios grupos de pesquisa apresentaram seus modelos para otimizao de

    uma rede preestabelecida. WALSKI et al. (1987), fez uma anlise dos resultados

    obtidos pelas diferentes metodologias e algoritmos empregados, e verificou que as

    diferentes solues otimizadas apresentavam custo total similar, isto , com a

    mesma ordem de grandeza.

    2.5 MTODO GRANADOS

    No dimensionamento timo de uma rede de distribuio de gua fria, pode ser

    utilizado, como ferramenta de otimizao, o MTODO GRANADOS. Este mtodo

    desenvolvido por Alfredo Granados, Espanha, (1990), um algoritmo iterativo de

    otimizao, baseado na programao dinmica, que fornece a rede de custo mnimo

    de um sistema ramificado de distribuio de gua, em funo da cota piezomtrica

    do reservatrio. Este mtodo tem como principal vantagem sobre os demais

    mtodos de programao, a liberdade para que a funo objetivo e as respectivas

    restries sejam no lineares ou at mesmo descontnuas.

  • 77

    Na aplicao do Mtodo Granados, so eliminados os excessos de presses

    disponveis nos pontos terminais da rede de distribuio, at atingir a cota de

    cabeceira de menor custo ou a cota desejada pelo projetista. Este mtodo de

    otimizao muito vantajoso, pois considera a variao dos preos das tubulaes

    em funo dos seus dimetros, classes e tipo de material.

    A aplicao do Mtodo Granados, no processo de otimizao de uma rede de

    distribuio de gua, pode ser dividida em duas etapas:

    Obteno da soluo prvia;

    Reduo da cota piezomtrica de cabeceira.

    2.5.1 Obteno da soluo prvia

    Na primeira etapa determinada uma soluo prvia ou soluo inicial que

    fornecer o custo timo da rede de distribuio. Esta soluo prvia baseada no

    critrio da velocidade mxima do fluxo de gua, e caracterizada pela utilizao dos

    menores dimetros comerciais possveis, que atendam ao referido critrio.

    Os limites restritivos de velocidade mxima admitida no interior dos tubos

    obedecem s condies hidrulicas de trabalho mais desfavorveis, causadas pela

    diminuio do dimetro dos mesmos, como por exemplo, os riscos correspondentes

    aos eventuais golpes de aretes e os custos indiretos da proteo com

    encarecimento de juntas, encaixes e materiais.

    Por outro lado, a restrio de velocidade mnima somente est condicionada

    por imperativos tcnicos, da prpria metodologia de clculo, que tem por objetivo

    fixar um limite razovel para o dimetro mximo previsto para transportar uma dada

    vazo. Isto permite acelerar a rapidez dos clculos de otimizao.

    A soluo prvia dever atender aos requisitos de presses mnimas

    suficientes para as solicitaes nos pontos de consumo e superar as perdas de

    carga.

    Segundo GRANADOS (1990), a escolha desta soluo prvia como ponto de

    partida do processo de clculo, pode ser assim justificada:

    - Se parte de uma soluo que est sistematicamente prxima da tima, para

    que o nmero de iteraes para se chegar a mesma seja sempre curto;

  • 78

    - Nesta soluo inicial os dimetros selecionados para cada trecho so os

    menores possveis. Seriam tambm os mais baratos, se no problema de otimizao

    no interviesse a classe dos tubos;

    - A obteno da soluo prvia de grande simplicidade, uma vez que se

    fixam os limites de velocidade mxima para cada dimetro e classe comercial;

    - Cada iterao aumentar o dimetro de alguns trechos com relao aos da

    soluo precedente, e devido ao sistema de avano na busca do timo, nunca ser

    preciso estabelecer um limite de velocidade mnima ou nenhuma outra restrio

    destinada a limitar o nmero de dimetros selecionados por trecho.

    Para determinao da soluo prvia so enumerados os trechos da rede

    [ ]( )iTT , no sentido inverso ao fluxo, do ponto mais extremo da rede para a cabeceira. Em cada trecho devero ser conhecidos: o comprimento [ ]( )iL , a vazo [ ]( )iQF , a cota piezomtrica (presso) mnima exigida no ponto terminal do trecho, uma tabela

    com os preos unitrios [ ]( )iPR das tubulaes em funo dos seus dimetros [ ]( )iD , alm dos critrios para determinao das perdas de carga. Os dimetros dos trechos

    da soluo prvia [ ]( )iD sero escolhidos de forma que tenhamos as velocidades mximas admissveis no interior dos tubos. Com os dados acima feita a montagem

    de uma tabela conforme modelo apresentado no Quadro 1.

    Utilizando os dados dessa tabela, se calcula, para cada trecho com dimetro

    [ ]iD , a velocidade [ ]iV e a perda de carga [ ]ihf produzida por esta velocidade, assim como, os valores de [ ]iD2 , dimetro comercial imediatamente superior a [ ]iD ,

    [ ]iV2 , [ ]ihf 2 e a perda de carga que se recupera ao se substituir o dimetro [ ]iD por [ ]iD2 :

    [ ] [ ] [ ]ihfihfihfdisp 2= (2.5)

    A perda de carga [ ]ihf obtida a partir da perda de carga unitria [ ]iJ calculada pela Equao 2.4, atravs da expresso:

    [ ] [ ] [ ]iLiJihf = (2.6)

  • 79

    O custo unitrio da tubulao adotada em cada trecho [ ]iPRC ser utilizado para se calcular o encarecimento que o mesmo sofrer ao substituirmos o seu

    dimetro de [ ]iD para [ ]iD2 :

    [ ] [ ] [ ] [ ] [ ]( )iLiPRCiLiPRCiPRC = 2 (2.7)

    O custo total da soluo prvia igual a soma de todos os valores

    [ ] [ ]( )iLiPRC dos trechos que a compem. Para o clculo da cota piezomtrica de cabeceira da soluo prvia CCABi ,

    se supe uma cota piezomtrica de cabeceira fictcia igual a zero, e utilizando a

    planilha conforme o modelo apresentado no Quadro 1, so calculadas as presses

    de jusante de cada trecho da rede (cotas piezomtricas dos pontos terminais), todas

    fictcias e negativas. A partir das quais, so calculadas as folgas de presso de cada

    trecho, tambm fictcias e negativas.

    O valor da menor de todas as folgas de presso fictcias FP , com o sinal

    mudado, ser a cota de cabeceira da soluo prvia CCABi .

    2.5.2 Reduo da cota piezomtrica de cabeceira

    Na definio da soluo prvia, ponto de partida para o processo de

    otimizao da rede, a cota piezomtrica de cabeceira, ou seja, a cota de fundo do

    reservatrio de gua, foi elevada, de forma fictcia, de um valor suficiente para

    possibilitar que a rede atendesse aos requisitos de presses mnimas.

    Nesta segunda etapa do Mtodo Granados utilizado um processo iterativo

    de operaes cujo objetivo reduzir gradualmente a cota de cabeceira,

    considerando a substituio de trechos da tubulao da rede pelos dimetros

    subseqentes, considerando um acrscimo mnimo de custo para a rede.

    Este processo iterativo interrompido ao ser alcanada a cota piezomtrica

    de cabeceira desejada (cota do reservatrio). Uma das aes mais importantes do

    Mtodo Granados a associao da perda de carga a um custo e, para atingir este

    objetivo, procura-se, a cada iterao, o trecho de gradiente timo entre aqueles que

  • 80

    esto compreendidos no trajeto que vai desde o ponto terminal de folga de presso

    nula at a cabeceira.

    Segundo GRANADOS (1990), o processo de seleo dos trechos nos quais

    preciso, em cada iterao, aumentar o dimetro do tubo est fundamentado nos

    seguintes princpios:

    1. Para efeito de aumento da presso disponvel em um determinado

    ponto terminal da rede, indiferente, sob o ponto de vista hidrulico, o

    trecho no qual se consiga esta melhoria, entre todos os trechos

    constituintes do trajeto que vai desde a cabeceira da rede at este

    ponto terminal. Tomando como exemplo a rede do Desenho 1, para

    melhoria da presso disponvel no ponto terminal A da rede, na qual

    existem n trechos no trajeto desde a origem O at o referido ponto A,

    contemplando exclusivamente o problema da melhoria de presso,

    esta se pode conseguir aumentando o dimetro do tubo de qualquer

    um dos trechos ou grupo de trechos, entre os n que compem o

    trajeto.

    DESENHO 1 Rede de distribuio de gua com n trechos

    O nmero de opes que aumentem a presso disponvel em A

    ocupar todo o campo de combinaes realizveis com os trechos do

    trajeto e com os dimetros disponveis no mercado. Cada uma dessas

    possveis combinaes est associada a uma determinada variao

    do custo da rede, existindo entre todas elas, uma combinao na qual

  • 81

    a referida melhoria se realiza com menor custo que as demais e que,

    portanto, nos interessa selecionar.

    2. Define-se como Gradiente de Cmbio o custo marginal da melhoria da

    perda de carga conseguida em um trecho, mediante a substituio de

    um dimetro pelo seu imediatamente superior. o acrscimo de custo

    relacionado com a diminuio de perda de carga, produzido pela

    mudana de dimetro. Assim para um trecho de comprimento [ ]iL cujo dimetro inicial [ ]iD (com um custo unitrio [ ]iPRC e perda de carga [ ]ihf ), o Gradiente de Cmbio que expressa a substituio de [ ]iD pelo primeiro dimetro comercial superior ao mesmo [ ]iD2 (com

    custo unitrio [ ]iPRC2 e perda de carga [ ]ihf 2 ) vem dado pela Equao 2.8:

    [ ] [ ] [ ] [ ] [ ]( )[ ] [ ]ihfihfiLiPRCiLiPRC

    iCMBIO2

    2

    = (2.8)

    Ou tambm por:

    [ ] [ ][ ]ihfdispiPRCiCMBIO = (2.8)

    3. Por razes de mercado, verificam-se os seguintes condicionantes nos

    tubos comerciais existentes:

    - Nos tubos que possuem caractersticas como tipo, classe e qualidade

    iguais, o custo unitrio PRC aumenta diretamente com o dimetro D

    dos mesmos.

    - Para toda vazo QF dada, o valor do Gradiente de Cmbio sempre

    crescente com o dimetro D .

    4. O Gradiente de Cmbio o ndice que determina o encarecimento

    unitrio (em reais / metro de perda de carga), que se produz quando

    se efetua, em um trecho da rede de distribuio de gua, a

    substituio de um dimetro por outro. Por ser crescente com o

    aumento do dimetro, o cmbio timo de um dimetro ser sempre o

  • 82

    imediatamente superior, visto que qualquer outra combinao seria

    economicamente mais desfavorvel.

    5. Ainda que, sob o ponto de vista hidrulico, exista uma infinidade de

    solues que permitem aumentar a presso disponvel em um

    determinado ponto terminal de uma rede, analisando o problema sob

    o ponto de vista hidrulico-econmico, a soluo nica, j que a

    melhoria da presso dever ser levada a cabo no trecho, cujo

    Gradiente de Cmbio seja menor, entre todos do trajeto que vai desde

    a cabeceira (origem da rede) at o referido ponto terminal. Assim na

    rede apresentada no Desenho 1, a cada trecho i existe um Gradiente

    de Cmbio correspondente [ ]iCMBIO . A melhoria da presso no ponto A dever ser efetuada aumentando o dimetro do trecho, cujo

    valor do Gradiente de Cmbio [ ]iCMBIO seja o menor de todos os trechos que compem o percurso AO.

    6. Se em lugar de um, so vrios os pontos terminais com presso

    insuficiente, o critrio de seleo do trecho para substituio do

    dimetro o mesmo que o anterior (critrio de mxima economia),

    porm com as seguintes particularidades:

    - Quando todos os pontos terminais possuem os seus percursos desde a

    cabeceira superpostos (disposio dos trechos em srie), a melhoria

    hidrulica do conjunto conseguida modificando o dimetro de algum

    dos trechos situados a montante de todos os pontos terminais com

    presso insuficiente. Se na rede apresentada no Desenho 2, os pontos A

    e B forem pontos com presses insuficientes, no teria sentido hidrulico

    tentar solucionar o problema aumentando o dimetro de qualquer dos

    trechos a jusante de B (trechos 4, 5 ... n). O percurso no qual se dever

    selecionar o trecho com Gradiente de Cmbio mnimo ser o que vai

    desde a cabeceira at alcanar o primeiro ponto com presso insuficiente

    B (trechos 1, 2 e 3).

  • 83

    DESENHO 2 Rede de distribuio de gua com n trechos e pontos terminais A e B

    - Quando os pontos terminais da rede com presso insuficiente

    pertencem a ramais distintos (disposio em paralelo), a melhoria

    hidrulica do conjunto obtida modificando o dimetro de algum dos

    trechos comuns situados a montante da totalidade desses pontos, ou

    modificando, simultaneamente, trechos no comuns pertencentes aos

    percursos que partindo da cabeceira da rede, finalizam em cada um dos

    pontos terminais. Tomando como exemplo a rede apresentada no

    Desenho 3, para melhorar a presso nos pontos terminais A e B,

    localizados em ramais distintos, pode-se aumentar o dimetro de um dos

    trechos do percurso OC, ou, simultaneamente, aumentar o dimetro em

    um dos trechos do percurso CA e em outro do percurso CB. Sob o ponto

    de vista hidrulico, indiferente reduzir a perda de carga do percurso OC

    em hf ou, simultaneamente, reduzi-la tambm de hf em CA e CB.

    Em ambos os casos as presses nos pontos A e B seriam aumentadas

    do mesmo valor hf .

  • 84

    DESENHO 3 Rede de distribuio de gua ramificada com pontos terminais A, B e C

    No caso de pontos terminais com presso insuficiente dispostos em

    paralelo, a melhoria de presso hf no percurso OC se efetuar ao

    custo unitrio [ ]iCMBIO0 , enquanto que a mesma melhoria hf se

    realizar ao custo unitrio [ ]iCMBIO1 no percurso CA e ao custo [ ]iCMBIO2 no percurso CB. Os valores [ ]iCMBIO0 , [ ]iCMBIO1 e

    [ ]iCMBIO2 so os Gradientes de Cmbio mnimos do conjunto de trechos i que formam os percursos OC, CA e CB respectivamente.

    Aplicando entre esses valores o critrio da mxima economia, a mudana

    de dimetro dever ser feita no ramal OC se for verificada a

    desigualdade:

    [ ]

    7. Em resumo, o critrio de seleo do(s) trecho(s) que em cada iterao

    ter o seu dimetro aumentado, se efetuar sempre atendendo ao

    objetivo de alcanar a diminuio da perda de carga necessria, com

    o mximo de economia possvel. Para isto, se deve levar em conta

  • 85

    que, cada uma das possveis combinaes de trechos selecionados

    deve melhorar a presso da totalidade dos pontos terminais, e que

    entre essas possveis combinaes, se deve optar por aquela cuja a

    soma dos Gradientes de Cmbio tenha o menor valor possvel. O

    menor valor entre todos os Gradientes de Cmbio do(s) percurso(s)

    que contm um ponto terminal com folga de presso igual a zero

    chamado Gradiente de Cmbio timo ( )minC , e o trecho correspondente denominado Trecho timo ( )Ttimo .

    2.5.3 Caracterizao do Sistema Granados A principal caracterstica do mtodo a otimizao mediante o avano

    progressivo do final para o incio da rede, mantendo fixa a cota piezomtrica dos

    pontos terminais que tenham alcanado a presso mnima ( )minP , reduzindo, em cada iterao, as folgas de presso disponveis em todos os pontos terminais

    situados a montante dos primeiros, o que significa uma reduo do mesmo valor na

    cota de cabeceira.

    A diferena entre a cota piezomtrica do ponto terminal de cada trecho

    da rede ( )CP e a cota piezomtrica mnima requerida de projeto para este ponto ( )minP , definida pelo sistema como folga de presso ( )FP . Se um n qualquer da rede no se constitui em um ponto terminal de utilizao, o valor da presso mnima

    ( )minP ser o mnimo necessrio para que ocorra o fluxo de gua no interior da tubulao.

    O primeiro passo no processo de otimizao da rede a determinao do

    dimetro inicial de cada trecho, de modo a propiciar uma velocidade dentro dos

    limites fixados pela norma, em toda a extenso da rede. Logo ser necessria uma

    presso mnima na cabeceira (origem) para garantir que todos os valores de folga de

    presso nos ns da rede sejam positivos ( )0FP , o que significa que, pelo menos, um dos trechos ter folga de presso nula.

    Para a obteno da presso mnima Z0 na origem da rede, basta supor a linha

    piezomtrica da rede com velocidades de fluxo mximas flutuando com certo grau

    de liberdade acima do traado da rede. No Desenho 4 est representada como a

  • 86

    linha tracejada ao longo do eixo Z. Acima de cada ponto terminal da rede, se ergue

    um pilar fictcio representando o valor da presso mnima requerida neste ponto

    ( )PM . Qualquer variao da presso mnima na cabeceira ser transferida integralmente a todos os demais pontos terminais, desde que o conjunto de linhas

    piezomtricas no sofra alteraes, ou seja, desde que a presso mnima de

    nenhum ponto terminal seja modificada. Assim, pode-se ir rebaixando gradualmente

    a cota de cabeceira at que em algum dos pontos terminais da rede (n de jusante

    do trecho 3 do Desenho 4, por exemplo) a folga de presso seja nula ( )0=FP .

    DESENHO 4 - Rede de distribuio de gua com grfico das presses mnimas nos pontos terminais e linha piezomtrica

    Esta ser a Soluo Prvia que serve de ponto de partida do sistema

    operacional do Mtodo Granados, definida pela presso na origem Z0, velocidades

    prximas mxima admissvel em toda a rede e folga de presso nula em pelo

    menos um ponto terminal da rede. A partir dessa soluo o objetivo do sistema

    operacional ir reduzindo, gradualmente, a presso na origem (cota piezomtrica de

    cabeceira) mediante um processo iterativo que avana sempre levando em

  • 87

    considerao o incremento mnimo de custo da rede at alcanar a cota de

    cabeceira desejada.

    Para se conseguir este objetivo se busca, em cada iterao, o trecho de

    gradiente de cmbio timo, entre aqueles que esto compreendidos no percurso que

    vai desde o ponto terminal com folga de presso nula at a cabeceira. Com isto se

    pode garantir a reduo da cota de cabeceira a um custo menor, ou seja, se

    substitui um dimetro pelo seu imediatamente superior, no trecho que proporcione o

    menor aumento de custo. Essa troca de dimetro proporciona um aumento da

    presso ( )hfdisp nos pontos da rede situados a montante do trecho timo, nos ramais que derivam desses pontos e na origem (cabeceira) da rede. O que equivale

    a reduzir a cota piezomtrica de cabeceira e as folgas de presso desses trechos de

    um valor igual ao hfdisp , sem que a presso nos trechos com folga de presso nula

    seja reduzida. Devemos perceber que o valor de hfdisp nunca poder superar a

    menor folga de presso minFP , diferente de zero, que corresponde aos trechos cuja

    piezomtrica sofreu um rebaixamento. Este valor mnimo denominado de

    decrscimo de presso DP e se define como o menor valor entre os hfdisp

    disponveis nos trechos timos e a menor folga de presso positiva, excetuando-se

    as que correspondam a trechos situados a jusante dos trechos timos.

    De forma resumida, para ser feita a reduo da cota piezomtrica de

    cabeceira o sistema dever seguir a cada iterao, a seqncia abaixo:

    Determinao do(s) percurso(s) timo(s)

    O percurso timo ser o percurso compreendido entre um ponto terminal da

    rede com folga de presso nula at a cabeceira.

    Determinao do(s) trecho(s) timo(s)

    Para a determinao dos trechos timos devem ser obedecidas as seguintes

    orientaes:

    1. Rede com trechos em srie:

    O trecho timo ser aquele que tenha o menor gradiente de cmbio

    selecionado entre os trechos que vo desde o trecho de folga de presso nula at a

    cabeceira.

  • 88

    Se nesse percurso timo houver mais de um trecho com folga de presso

    nula, dever ser considerado, para a escolha do trecho timo, o gradiente de cmbio

    a partir do trecho com folga de presso igual a zero mais prximo da cabeceira.

    2. Rede com trechos ramificados:

    Quando existem pontos terminais da rede com folga de presso igual a zero

    em percursos timos distintos de uma rede ramificada, a escolha do(s) trecho(s)

    timo(s) ser feita atravs da comparao entre o gradiente de cmbio do trecho

    timo pertencente ao percurso da cabeceira at o entroncamento (ou ramificao

    dos percursos com folga de presso nula) e a soma dos gradientes de cmbio dos

    trechos timos de cada ramificao com 0=FP . O menor valor obtido ser a

    indicao do(s) trecho(s) timo(s).

    Clculo do decrscimo de presso DP

    Ser adotado o menor valor entre a reduo de perda de carga disponvel no

    trecho timo ( )hfdisp e a mnima folga de presso ( )minFP existente em toda a rede, exceto os valores das folgas de presso dos ns situados a jusante dos

    trechos timos. Existiro, portanto, dois casos a serem observados:

    1. minFPhfdisp

    O decrscimo de presso ( )DP ser igual ao valor hfdisp e todo o trecho timo ser substitudo pelo dimetro imediatamente superior. A linha piezomtrica

    ser rebaixada no valor hfdisp e as novas folgas de presso de toda rede sero

    diminudas tambm do valor hfdisp , com exceo do trecho timo e daqueles

    situados a jusante do mesmo.

    2. minFPhfdisp >

    Neste caso o decrscimo de presso ( )DP ser igual folga de presso mnima ( )minFP e o trecho timo ser substitudo parcialmente pelo dimetro imediatamente superior. O novo valor de hfdisp ser igual ao valor anterior menos o

    valor de minFP .

    A nova cota piezomtrica de cabeceira e as novas folgas de presso da

    rede sero rebaixadas em minFP , com exceo ao do trecho timo e dos trechos

    situados a jusante do mesmo.

  • 89

    Clculo do comprimento da tubulao do trecho timo a ser substitudo

    Caso o trecho timo seja substitudo parcialmente conforme vimos no

    pargrafo anterior, o comprimento do trecho a ser substitudo pelo dimetro

    imediatamente superior [ ]iCTT ser calculado atravs da relao K entre a perda de carga disponvel aps a iterao, e a perda de carga disponvel antes da mesma,

    conforme apresentado a seguir na Equao 2.9:

    [ ][ ] [ ]( )ihfihf

    ihfdispK2

    = (2.9)

    Onde:

    hfdisp = perda de carga disponvel no trecho aps iterao

    [ ]ihf = perda de carga para o dimetro [ ]iD [ ]ihf 2 = perda de carga para o dimetro [ ]iD2

    O valor ( )K1 ao ser multiplicado pelo comprimento do trecho [ ]( )iL indicar o comprimento da tubulao a ser substituda pelo dimetro imediatamente superior,

    conforme apresentado na Equao 2.10:

    [ ] ( ) [ ]iLKiCTT = 1 (2.10)

    Clculo do novo custo da rede O novo custo da rede ser igual ao custo anterior, mais a diferena de custo

    causado pelo aumento do dimetro no trecho timo.

    Clculo e verificao da nova cota piezomtrica da cabeceira O valor da nova cota piezomtrica de cabeceira ser calculado pela

    diminuio da cota inicial da soluo prvia ( )CCABi , do valor correspondente ao decrscimo de presso ( )DP corrigido. A seguir este novo valor comparado com o valor da cota de cabeceira final

    desejada. Enquanto essa nova cota de cabeceira for maior que o valor da cota final

    de cabeceira desejado, deveremos continuar o processo iterativo at que esse

    objetivo seja alcanado.

  • 90

    3 DESCRIO DO CASO EM ESTUDO No presente captulo, feito o dimensionamento das tubulaes da rede de distribuio predial de gua fria de um condomnio residencial, segundo os critrios

    da norma NBR 5626 (ABNT, 1998). A rede projetada, embora atenda aos requisitos

    de vazes e presses mnimas nos pontos terminais de utilizao, pode no ser a

    soluo de menor custo. Por esta razo, no captulo seguinte, esta rede otimizada

    atravs da aplicao do Mtodo Granados de Otimizao.

    3.1 GENERALIDADES

    A metodologia desenvolvida neste trabalho busca otimizar as instalaes

    prediais de distribuio de gua fria de um condomnio residencial multifamiliar,

    atravs da implementao das seguintes aes:

    1. Adoo de um sistema de alimentao de gua com fluxo ascendente,

    a partir de um nico reservatrio de gua que atende todas as

    unidades do condomnio. Esse reservatrio, instalado no ponto de

    maior cota topogrfica do terreno, a origem da rede de distribuio de

    gua do condomnio;

    2. Lanamento da rede de distribuio de gua do condomnio,

    procurando racionalizar o seu traado, visando a economia de tubos e

    conexes e reduo das perdas de carga;

    3. Projeto da rede de distribuio de gua utilizando no dimensionamento

    dos tubos os critrios da Norma NBR 5626. Aps a determinao do

    dimetro de todos os trechos da rede, feita a verificao das

    presses nos pontos terminais de utilizao da mesma.

    4. Aplicao do Mtodo Granados de Otimizao rede projetada

    segundo os critrios da NBR 5626, encontrando entre todas as

    solues possveis, a soluo tima de menor custo, que atenda

    completamente aos requisitos de vazo e presso mnima nos pontos

  • 91

    terminais da rede. Esta metodologia uma importante ferramenta que

    visa facilitar o trabalho dos projetistas de instalaes prediais;

    5. Anlise dos custos de materiais da rede de distribuio predial de gua

    fria, a fim de que se possa fazer uma avaliar da sua reduo

    percentual, aps a otimizao da mesma.

    3.2 APRESENTAO DO CONDOMNIO EM ESTUDO

    O sistema predial de distribuio de gua fria submetido ao Mtodo Granados

    de Otimizao, objeto do presente estudo, pertence ao Condomnio Residencial

    Bzios Tropical. Ele est localizado no litoral leste do Estado do Rio Grande do

    Norte, na Praia de Bzios, municpio de Nsia Floresta, na Rua Coronel Paulo

    Salema, S/N. O acesso Praia de Bzios feito pela Rodovia Rota do Sol, a uma

    distncia de aproximadamente 20 Km ao sul de Natal, a capital do estado.

    MAPA 1 Mapa de situao da Praia de Bzios, municpio de Nsia Floresta RN.

    O empreendimento pode ser assim descrito e apresentado conforme planta

    baixa de implantao geral apresentada no Apndice:

    1 rea total do terreno: 7.362,57 m2;

    rea total construda: 3.214,00 m2;

  • 92

    FOTOFRAFIA 1 Fotografia area do Condomnio Residencial Bzios Tropical

    2 Quantidade e tipo dos apartamentos:

    2.1 Apartamentos tipo 01:

    Nmero de blocos: 03 (trs)

    Nmero de apartamentos: 15 (quinze);

    rea dos apartamentos: 12 apartamentos com 70 m2;

    03 apartamentos cobertura com 140 m2;

    FOTOGRAFIA 2 Fotografia do Bloco de Apartamentos Tipo 01 do Condomnio Residencial Bzios Tropical

  • 93

    2.2 Apartamentos tipo 02:

    Nmero de blocos: 03 (trs)

    Nmero de apartamentos: 18 (dezoito);

    rea dos apartamentos: 55 m2;

    FOTOGRAFIA 3 Fotografia do Bloco de Apartamentos Tipo 02 do Condomnio Residencial Bzios Tropical

    2.3 Bangals:

    Nmero de bangals: 07 (sete);

    rea dos bangals: 78 m2

  • 94

    FOTOGRAFIA 4 Fotografia dos Bangals do Condomnio Residencial Bzios

    Tropical

    3.3 PROJETO DE INSTALAES PREDIAIS DE GUA FRIA DO CONDOMNIO BZIOS TROPICAL

    Segundo os critrios da NBR 5626 (1998), para o dimensionamento dos sub-

    ramais, ramais e colunas da rede de distribuio de gua fria do condomnio, adota-

    se um mtodo baseado na probabilidade de uso simultneo de aparelhos e peas.

    Atribuem-se pesos s vrias peas de utilizao para definir suas demandas e as

    vazes de projeto que so utilizadas no dimensionamento das tubulaes.

    A partir do Projeto Arquitetnico do condomnio e utilizando-se das tabelas

    apresentadas a seguir, feito o clculo das vazes de projeto de cada coluna de

    gua fria da rede. Os resultados so utilizados para a determinao dos dimetros

    dos trechos da rede, obedecendo aos limites de velocidade estabelecidos pela

    norma NBR 5626.

    3.3.1 Clculo das vazes de projeto

    Nas Tabelas 2 a 10 so apresentadas as vazes de projeto e os pesos

    relativos das peas que compem os sub-ramais de cada uma das colunas de gua

    fria da rede de distribuio (AF 01, AF 02, AF 03 e AF 04) de cada tipo de

    apartamento (tipo 01 e tipo 02). Da mesma forma dos bangals, rea de lazer e

    apoio da piscina e guarita. Ao final de cada tabela, apresentado o somatrio dos

    pesos e a vazo de projeto por coluna em litros por segundo (L/s).

    1. TABELA 2 Apartamento tipo 01 Coluna de gua fria AF 01 PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    02 pias de cozinha 0,25 1,40 03 lavatrios 0,15 0,90 03 duchas 0,10 0,30 03 caixas descarga acopladas 0,15 0,90 03 chuveiros 0,20 1,20

  • 95

    Somatrio dos pesos - 4,70 Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,65 -

    2. TABELA 3 Apartamento tipo 01 Coluna de gua fria AF 02 PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    03 pias de cozinha 0,25 2,10 03 lavatrios 0,15 0,90 03 duchas 0,10 0,30

    PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA (L/s)

    PESO RELATIVO

    03 caixas descarga acopladas 0,15 0,90 03 chuveiros 0,20 1,20 Somatrio dos pesos - 5,40 Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,70 -

    3. TABELA 4 Apartamento tipo 01 Coluna de gua fria AF 03 PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    01 banheira de hidromassagem 0,30 1,00 Somatrio dos pesos - 1,00 Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,30 -

    4. TABELA 5 Apartamento tipo 02 Colunas de gua fria AF 01 e AF 04 PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    03 lavatrios 0,15 0,90 03 duchas 0,10 0,30 03 caixas descarga acopladas 0,15 0,90 03 chuveiros 0,20 1,20 Somatrio dos pesos - 3,30 Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,54 -

    5. TABELA 6 Apartamento tipo 02 Colunas de gua fria AF 02 e AF 03 PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    03 pias de cozinha 0,25 2,10 Somatrio dos pesos - 2,10

    PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA (L/s)

    PESO RELATIVO

  • 96

    Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,43 -

    6. TABELA 7 Bangal Banheiro PEA DE UTILIZAO VAZO DE PROJETO / PEA

    (L/s) PESO RELATIVO

    01 lavatrio 0,15 0,30 01 ducha 0,10 0,10 01 caixa descarga acoplada 0,15 0,30 01 chuveiro 0,20 0,40 Somatrio dos pesos - 1,10 Vazo de projeto/coluna (L/s) 0,31 -

    7. TABELA 8 Bangal C