75
i OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE RISCO Gabriel Amy Barrozo Vitor Procópio Lima Projeto de Gradução apresentado ao Curso de Engenharia de Produção da Escola Poltécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheiro. Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho, Ph.D. Rio de Janeiro Novembro de 2019

OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

  • Upload
    others

  • View
    2

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

i

OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE

RISCO

Gabriel Amy Barrozo

Vitor Procópio Lima

Projeto de Gradução apresentado ao Curso de

Engenharia de Produção da Escola

Poltécnica, Universidade Federal do Rio de

Janeiro, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Engenheiro.

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima

Filho, Ph.D.

Rio de Janeiro

Novembro de 2019

Page 2: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA
Page 3: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

iii

Barrozo, Gabriel Amy

Lima, Vitor Procópio

Otimização de portfólio usando CVaR como medida de

risco / Gabriel Amy Barrozo e Vitor Procópio Lima – Rio

de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2019.

XII, 64 p.: il.: 29,7 cm

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima Filho, D. Sc.

Projeto de Graduação – UFRJ/ POLI/ Curso de

Engenharia de Produção, 2019.

Referências Bibliográficas: p. 53-57

1. Otimização de portfólio 2. Conditional Value at Risk 3.

Fronteira eficiente 4. Mercados eficientes.

I. Filho, Roberto Ivo da Rocha Lima II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Curso de Engenharia de

Produção III. Otimização de portfólio usando CVaR como

medida de risco.

Page 4: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

iv

AGRADECIMENTOS

Vitor Procópio Lima:

Primeiramente, gostaria de agradecer aos meus pais Jairo e Sônia. Eles sempre

foram inspiração para mim, e me ensinaram a construir o meu caminho a cada

passo. Seja por exemplo ou pelas conversas, eles me ensinaram a acreditar em mim,

sonhar grande e a me empenhar. Sem eles, muito do que conquistei e sou não seria

possível.

À minha namorada, que esteve comigo durante os últimos anos dessa etapa da

minha vida, obrigado pela companhia, companheirismo, e por acreditar em mim em

todos esses momentos. Aos meus amigos do Vale do Aço, obrigado pelas memórias

e torcida que também contribuíram para a minha formação. Gostaria de agradecer

ao Gabriel, também autor desse trabalho, pela parceria e amizade ao longo do ciclo

profissional da Engenharia de Produção, que culminaram nesse trabalho em

conjunto ao final desse ciclo. Em especial, gostaria de agradecer ao aprendizado

dos últimos dois anos e meio com as pessoas do Bahia Asset, principalmente com

o Vinícius. Obrigado também, aos meus amigos da Engenharia Naval, que me

acompanharam durante o ciclo básico e estiveram comigo na adaptação ao Rio de

Janeiro.

Ao nosso orientador, Roberto Ivo, muito obrigado pelas primeiras conversas

quando mudei de curso, até hoje na orientação deste trabalho. Ele me encorajou a

sair da zona de conforto e alcançar, muitas vezes, algo inesperado.

Gostaria de dedicar também a todos os professores, do ensino fundamental à

graduação que contribuíram para a minha formação.

Page 5: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

v

AGRADECIMENTOS

Gabriel Amy Barrozo:

Aproveito este espaço para agradecer a todos que foram importantes nesses 5 anos

de Universidade:

Minha família por sempre ter apoiado e incentivado os meus estudos e por terem

me proporcionado toda a estrutura necessária para entrar, permanecer e agora sair

da UFRJ. Em especial aos meus pais, Júnior e Natalie, meus irmãos, Vinícius e

Alex, e minha avó Jacira.

A minha namorada Amanda pela amizade, amor e incentivo desde que começamos

a namorar no ensino médio. Agradeço também por estarmos completando mais uma

etapa das nossas vidas juntos.

Aos meus amigos do colégio por serem tudo que podemos desejar em um amigo.

Aos grandes amigos que fiz no CT: Sobral, Isabela, Micael e Vitor – minha dupla

nesse trabalho de conclusão de curso. Para os três primeiros, que estão juntos

comigo desde a primeira semana de aula na MetalMat, vou guardar com muito

carinho a evolução que tivemos em conjunto nesses últimos 5 anos, aos incontáveis

almoços no italiano, árabe, CT 2 e Cetem, dos cafezinhos no CAEng e Batista, e

dos inúmeros momentos de aperto e alívio acadêmico e pessoais que passamos

juntos. Ao Vitor, que veio de outra engenharia na mesma época que eu, agradeço

pelos diversos dias, noites e madrugadas de trabalho, risadas e aprendizados. Aos

quatro, muito obrigado por terem me feito um amigo, aluno, filho e namorado

melhor.

Por fim, gostaria de agradecer a todos da SPX, empresa em que estagiei durate os

dois últimos anos na UFRJ e que acaba de me contratar. Não poderia ter escolhido

lugar melhor pra estar no início da minha carreira. O trabalho foi árduo, longo e

cansativo, mas muito recompensador. Espero que esse seja apenas o início do

caminho.

Page 6: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

vi

Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como

parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de

Produção.

OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVAR COMO MEDIDA DE

RISCO

Gabriel Amy Barrozo

Vitor Procópio Lima

Novembro/2019

Orientador: Roberto Ivo da Rocha Lima

Curso: Engenharia de Produção

Desde os trabalhos de Markowitz em 1954, os estudos na área de gestão de

portfolios se mostraram uma das principais vertentes em finanças e investimento.

Em especial, a escolha de uma medida de risco adequada é crucial para maximizar

os ganhos esperados e reduzir o risco de perdas significativas da carteira. Este

estudo propõe a utilização do CVaR como medida de risco adequada para um

portfólio e avalia a sua performance através da comparação de um portfólio estático,

um portfólio com rebalanceamento diário e um benchmark, usando ações presentes

no índice Ibovespa. Foi desenvolvido um modelo computacional em R para a

definição dos portfólios ótimos, dados os objetivos e restrições, assim como para

reportar a performance de cada alternativa.

Palavras-chave: Otimização de portfólio, Conditional Value at Risk, Fronteira

eficiente, Mercados eficientes.

Page 7: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

vii

Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment

of the requirements for the degree of Industrial Engineer

PORTFOLIO OPTIMIZATION USING CVAR AS RISK MEASURE

Gabriel Amy Barrozo

Vitor Procópio Lima

November/2019

Advisor: Roberto Ivo da Rocha Lima

Course: Industrial Engineering

Since Markowitz works in 1954, portfolio management studies surged as one of the

main fields of study in finance and investments. In particular, choosing a proper

risk measure is crucial to maximize the expected returns and reduce the risk of

significant losses in the portfolio. This study proposes the use of CVaR as a proper

risk measure and analyses its performance with the comparison of a static portfolio,

a daily rebalanced portfolio and a benchmark, using stocks in the Ibovespa index.

For this, a computational model was developed in R to define the optimal portfolios,

given the objectives and restrictions of the problem, and also to report the

performance for each alternative.

Keywords: Portfolio optimization, Conditional Value at Risk, Efficient Frontier,

Efficient markets.

Page 8: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

viii

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................. 1

1.1. OBJETIVO GERAL ............................................................................... 2

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................ 2

1.3. MOTIVAÇÃO ......................................................................................... 2

1.4. CONTRIBUIÇÃO ................................................................................... 3

1.5. LIMITAÇÃO ........................................................................................... 3

1.6. ESTRUTURAÇÃO ................................................................................. 4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................... 5

2.1. TEORIA DE SELEÇÃO DE PORTFOLIO ......................................... 5

2.2. MODELO CAPM.................................................................................. 10

2.2.1. HIPÓTESES DO CAPM ............................................................... 11

2.2.2. SML (SECURITY MARKET LINE) ............................................. 12

2.2.3. RISCO E DIVERSIFICAÇÃO ..................................................... 13

2.2.4. CML (CAPITAL MARKET LINE) E O PORTFÓLIO ÓTIMO15

2.3. A HIPÓTESE DOS MERCADOS EFICIENTES .............................. 16

2.3.1. PASSEIO ALEATÓRIO (RANDOM WALK) E ARBITRAGEM

17

2.3.2. PROBLEMA DAS HIPÓTESES CONJUNTAS (JOINT

HYPOTHESIS PROBLEM) ......................................................................... 18

2.3.3. IMPERFEIÇÕES DE MERCADO .............................................. 18

2.4. MODELOS QUANTITATIVOS ......................................................... 20

2.4.1. MODELOS E FUNDOS QUANTITATIVOS NO EXTERIOR 21

2.4.2. MODELOS E FUNDOS QUANTITATIVOS NO MERCADO

BRASILEIRO ............................................................................................... 24

3. METODOLOGIA ......................................................................................... 26

3.1. MEDIDAS DE RISCO .......................................................................... 26

3.1.1. VARIÂNCIA .................................................................................. 26

3.1.2. VAR (VALUE AT RISK/VALOR EM RISCO) ......................... 27

3.1.3. AXIOMAS DE MEDIDAS DE RISCO COERENTES .............. 28

3.1.4. CVAR (CONDITIONAL VALUE AT RISK/VALOR EM

RISCO CONDICIONAL) ............................................................................ 30

Page 9: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

ix

3.2. MODELO TEÓRICO ........................................................................... 33

3.2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSICAS DO MODELO ................... 33

3.2.2. VARIÁVEIS DO MODELO ......................................................... 33

3.2.3. FUNÇÃO OBJETIVA ................................................................... 34

3.2.4. RESTRIÇÕES ................................................................................ 34

4. MÉTODO COMPUTACIONAL ................................................................ 35

4.1. BIBLIOTECAS ..................................................................................... 35

4.2. MÉTODOS DE SOLUÇÃO ................................................................. 36

5. RESULTADOS E ANÁLISES ....................................................................... 37

5.1. MODELO SEM REBALANCEAMENTO ......................................... 37

5.2. MODELO COM REBALANCEAMENTO ........................................ 42

6. CONCLUSÃO ............................................................................................... 50

6.1. SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS ...................................... 51

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 53

8. APÊNDICE ................................................................................................... 58

Page 10: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

x

SUMÁRIO DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 2- 1: VARIÂNCIA DE UM PORTFÓLIO DE TRÊS ATIVOS .. 5

EQUAÇÃO 2- 2: EQUAÇÃO BÁSICA DO CAPM ......................................... 10

EQUAÇÃO 2- 3: EQUAÇÃO BÁSICA DO CAPM REARRANJADA ......... 11

EQUAÇÃO 2- 4: BETA ...................................................................................... 11

EQUAÇÃO 2- 5:ÍNDICE DE SHARPE ............................................................ 14

EQUAÇÃO 3- 1: VARIÂNCIA DE UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA

DISCRETA ....................................................................................................... 26

EQUAÇÃO 3- 2: VARIÂNCIA DE UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA

CONTÍNUA .................................................................................................. 26

EQUAÇÃO 3- 3: VALUE AT RISK .................................................................. 27

EQUAÇÃO 3- 4: CONDIÇÃO DE MONOTONICIDADE DE UMA

MEDIDA DE RISCO ................................................................................... 28

EQUAÇÃO 3- 5: CONDIÇÃO DE INVARIÂNCIA DE UMA MEDIDA DE

RISCO ........................................................................................................... 29

EQUAÇÃO 3- 6: CONDIÇÃO DE SUBADITIVDADE DE UMA MEDIDA

DE RISCO .................................................................................................... 29

EQUAÇÃO 3- 7: CONDIÇÃO DE HOMOGENEIDADE DE UMA MEDIDA

DE RISCO .................................................................................................... 29

EQUAÇÃO 3- 8: CONDIÇÃO DE CONVEXIDADE DE UMA MEDIDA DE

RISCO ........................................................................................................... 30

EQUAÇÃO 3- 9: FUNÇÃO DE DISTRIBUIÇÃO DE PERDAS

ACUMULADAS ........................................................................................... 31

EQUAÇÃO 3- 10: CVAR COMO FUNÇÃO DO VALOR ESPERADO DE

UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA .............................................................. 31

EQUAÇÃO 3- 11: FORMULAÇÃO DE ROCKAFELLAR & URYASEV

(2002) PARA O CVAR ................................................................................ 31

EQUAÇÃO 3- 12: FORMULAÇÃO DE ACERBI (2002) PARA O CVAR .. 31

EQUAÇÃO 3- 13: FUNÇÃO DE PERDA DE UMA CARTEIRA ................. 32

EQUAÇÃO 3- 14: PROBABILIDADE DE UMA FUNÇÃO DE PERDA

NÃO EXCEDER UM NÍVEL DE CONFIANÇA ESPECIFICADO ..... 32

Page 11: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

xi

EQUAÇÃO 3- 15: FORMULAÇÃO FINAL DE ROCKAFELLAR &

URYASEV (2002) PARA O CVAR ............................................................ 32

EQUAÇÃO 3- 16: FUNÇÃO OBJETIVA DO MODELO............................... 34

EQUAÇÃO 3- 17: RESTRIÇÃO DE INVESTIMENTO TOTAL DO

CAPITAL ..................................................................................................... 34

EQUAÇÃO 3- 18: RESTRIÇÃO DE VENDA A DESCOBERTO ................. 34

EQUAÇÃO 3- 19: FUNÇÃO DE PENALIZAÇÃO DA FUNÇÃO

OBJETIVA ................................................................................................... 35

Page 12: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

1

1. INTRODUÇÃO

O problema da gestão de portfólios é amplamente discutido há muitas décadas

e de grande importância tanto para gestoras de fundos quanto para investidores

individuais. Entre as principais contribuições históricas nessa área está a de

Markowitz (1952) que formalizou o problema de seleção de ativos como um

problema de otimização de risco-retorno, onde o retorno esperado é maximizado e

a variância – medida de risco do investimento - é minimizada. A tese de Markowitz

revolucionou o mercado, o modelo de gestão de ativos e como os riscos em um

investimento eram analisados. Entretanto, com a evolução dos modelos

computacionais e matemáticos, cada vez menos a variância é utilizada como

medida de risco e o modelo de Markowitz se mostra ultrapassado.

Nas últimas décadas, principalmente a partir dos anos 90, observou-se um

grande crescimento da utilização do VaR (Value at Risk) como medida de risco,

principalmente por ser uma medida que foca no downside, ou seja, risco de cauda.

Entretanto, o VaR não obedece aos requisitos de medidas de risco coerentes de

Artzner et al. (1999) quando as distruibuições de probabilidade não são normais e,

portanto, não deveria ser aditada como medida de risco.

Mais recentemente, uma nova medida de risco começou a ser difundida no

mercado, o CVaR (Conditional Value at Risk). A ideia dessa medida é

extremamente semelhante à do VaR, porém esta se enquadra nos requisitos de

medida de risco coerente para qualquer tipo de distribuição probabilística. Outra

vantagem do CVaR é que ele é consideravelmente mais fácil de ser calculado

computacionalmente do que o VaR, permitindo que análises sejam feitas de forma

mais rápida e que mais ativos sejam utilizados. Essa vantagem é extremamente

relevante uma vez que o CVaR abre novas oportunidades para utilização de Big

Data em otimização de portfólios (Kisiala, 2015).

Medidas de risco tem um papel crucial na gestão de portfólios sob incerteza,

onde é possível observar perdas significativas em curtos períodos de tempo. E,

portanto, uma gestão de risco eficiente, usando medidas coerentes com o perfil do

portfólio, é de extrema importância para os investidores. O conhecido caso da Long

Term Capital Management (LTCM), a gestora de fundos composta de nomes

consagrados no mercado financeiro e acadêmico que faliu por mensurar mal os

riscos de suas posições, exemplifica como uma gestão de riscos incorreta impacta

Page 13: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

2

nos ganhos até dos mais experientes gestores. Em 1997 a gestora apresentava um

índice de alvancagem de 19:1 e entre os argumentos para todo esse risco tomado

estavam 7600 posições diferentes no portfólio que supostamente eram

descorrelacionadas, não podendo ser todas perdedoras no mesmo momento. Em 21

de agosto de 1998, a LTCM perdeu 15% de todo o seu capital enquanto seus

modelos consideravam que a perda máxima possível para um dia estava entre 1% e

2%. Alguns meses depois a empresa perdeu todo o dinheiro dos investidores e faliu.

1.1. OBJETIVO GERAL

Nesse estudo propõe-se a alternativa computacional para otimização de um

portfólio de ações, limitado às ações do índice Ibovespa, usando o CVaR como

medida de risco. Com esse modelo estimou-se a curva ótima para diferentes perfis

de investidores. Vale destacar que não se optou por selecionar o modelo

computacional mais rápido ou eficiente, pois não é o objetivo principal do trabalho.

Construiu-se um modelo computacional a partir das ferramentas e soluções já

disponíveis no meio acadêmico e adaptou-se para as restrições e objetivos

específicos deste trabalho.

Com essa ferramenta espera-se que um investidor possa selecionar um portfólio

de ações com retorno esperado dentro do desejado e possa minimizar a

probabilidade de perdas expressivas de seu patrimônio.

1.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Além dos objetivos gerais citados acima, neste estudo busca-se avaliar se uma

técnica de rebalanceamento periódico de portfólio, otimizando a função objetivo

dadas as restrições levantadas para o modelo a cada período, agrega valor para o

investidor.

1.3. MOTIVAÇÃO

Ambos os autores trabalham no mercado financeiro e atuaram nessa área

durante um bom período da faculdade. Com isso, sempre existiu o interesse em

desenvolver um estudo que pudesse contribuir para a área de finanças do país.

Page 14: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

3

Atrelado a isso, observou-se que há poucos estudos utilizando modelos

quantitativos para ativos de risco brasileiros. O mercado brasileiro possui liquidez

baixa quando se compara com países desenvolvidos na Europa, Ásia e com os

Estados Unidos - isso acaba reduzindo o interesse acadêmico em desenvolver

estudos nesse campo. A título de comparação, em setembro de 2019 as ações

negociadas na B3 apresentaram um volume financeiro médio diário de R$ 16,5

bilhões, enquanto somente a Amazon (AMZN) nos últimos 30 dias negociou em

média cerca de U$ 7,5 bilhões por dia (quase o dobro do negociada na B3 em

conversão atual). Isso impossibilita investidores de grande porte de utilizarem

certas estratégias de investimento, mas por outro lado, possibilita que um investidor

menor encontre assimetrias e falhas de mercado mais comumente. Portanto, em

alguns casos essa ausência de liquidez pode se tornar uma oportunidade de

investimento.

1.4. CONTRIBUIÇÃO

Na literatura pesquisada, encontrou-se diversas aplicações de modelos

quantitativos para seleção de portfólio utilizando backtesting (testes com dados

históricos). Entretanto, poucas utilizando a técnica de rebalanceamento. Neste

estudo não só se aplica essa técnica, mas também se compara os retornos obtidos

entre portfólios dinâmicos e portfólios estáticos para diferentes janelas e períodos

de investimento.

O modelo montado foi formulado de forma empírica, podendo ser replicado,

ajustado para incorporar outros ativos (ou até outras classes de ativos) e aprimorado

por quem se interessar. Com isso, deixou-se a possibilidade de interessados

utilizarem o modelo para avaliar um investimento e avaliar performances passadas

dos ativos que desejarem.

1.5. LIMITAÇÃO

O principal foco do estudo e área de interesse dos autores é em finanças e

modelagem matemática. Portanto, não se realizou uma análise de eficiência

computacional do código desenvolvido. O foco foi apenas a um código que

retornasse os dados desejados em um tempo suficientemente curto.

Page 15: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

4

Também é importante destacar que não foi utilizado ativo livre de risco para

construção dos portfólios e somente ativos listados na bolsa brasileira e

participantes do índice Ibovespa foram considerados.

1.6. ESTRUTURAÇÃO

Até aqui se fez uma breve introdução do assunto abordado no estudo e de sua

importância na gestão de ativos. No capítulo 2 é feita uma revisão bibliográfica,

focada na literatura que embasa os modelos financeiros atuais – passando por

Markowitz até Fama, além de trazer uma revisão dos modelos quantitativos

recentes no exterior e no Brasil. No capítulo 3 é explicado os principais conceitos

teóricos que foram utilizados no desenvolvimento do trabalho, tanto na parte de

gestão de riscos e portfólios como na formulação de modelos computacionais e

algébricos para resolução de problemas de otimização. Também nesse capítulo é

apresentado o modelo teórico formulado, assim como as variáveis envolvidas. No

capítulo 4 realiza-se uma análise dos resultados obtidos com a execução do

programa. E, por fim, no capítulo 5 são apresentadas as principais conclusões

tiradas pelos resultados do modelo.

Page 16: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

5

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. TEORIA DE SELEÇÃO DE PORTFÓLIO

Em março de 1952 Harry Markowitz publicou o célebre texto “Portfolio

Selection” dando início a toda teoria moderna de finanças e de gestão de ativos de

risco. Nele, o autor constrói a ideia de risco de portfólio, onde uma carteira

composta por qualquer ativo, como ações e opções, pode ser elaborada para obter

melhor relação retorno/risco. Devido à diversificação, esse modelo pode levar a

uma carteira de investimentos com risco menor que o do ativo de menor risco. Além

disso, o resultado obtido por Markowitz, leva a uma fronteira eficiente, onde o

investidor obtém um retorno eficiente dado o risco aceitável, ou então o risco

eficiente a que um investidor está sujeito dado um retorno exigido.

Com a abordagem de Markowitz, o processo de escolha do investimento não

deve ocorrer com base em retorno descontado por risco. Essa regra de escolha não

aborda diversificação, independentemente de como os retornos antecipados são

formados. Isso ocorre porque o método levaria a colocar todos o capital no ativo de

melhor retorno descontado. A abordagem proposta por Markowitz é, portanto, olhar

a composição da carteira do ponto de vista de retorno esperado e variância de

portfólio. Como a variância de um portfólio depende de n variâncias e de (n²-n)

covariâncias, sendo n o número de ativos, quanto maior for n, mais a variância do

portfólio depende da covariância entre os ativos. Desse modo, riscos não

sistemáticos, são reduzidos. Abaixo está o exemplo algébrico para 3 ativos, e uma

imagem ilustrando o efeito da diversificação do risco.

𝑉𝑎𝑟𝑖â𝑛𝑐𝑖𝑎 (𝑝𝑜𝑟𝑡𝑓ó𝑙𝑖𝑜) = 𝜔12𝜎1

2 + 𝜔22𝜎2

2 + 𝜔32𝜎3

2 + 2𝜔1𝜔2𝜎1,2 +

2𝜔1𝜔3𝜎1,3 + 2𝜔2𝜔3𝜎2,3;

Equação 2- 1: Variância de um portfólio de três ativos

onde:

• 𝜔𝑖= percentual correspondente ao capital alocado no ativo i;

• 𝜎𝑖= desvio padrão do ativo i;

• 𝜎𝑖,𝑗= covariância entre os ativos i e j;

Page 17: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

6

Figura 2-1: Risco total da carteira x Número de ativos na carteira

Fonte: Prates (2016)

De modo geral, o modelo Média-Vriância de Markowitz (1952) é baseado a

partir das seguintes expressões para cálculo do retorno esperado e variância de uma

carteira de ativos:

𝑅𝑝 = ∑ 𝑤𝑖𝑖 𝑅𝑖;

𝜎𝑝2 = ∑ ∑ 𝑤𝑖𝑗 𝑤𝑗𝜎𝑖𝜎𝑗𝜌𝑖𝑗𝑖 ;

∑ 𝑤𝑖𝑖 = 1;

𝑤𝑖 ≥ 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑡𝑜𝑑𝑜 𝑖;

Onde:

• 𝑅𝑝 é o retorno do portfólio;

• 𝑅𝑖 é o retorno do ativo i;

• 𝑤𝑖 é a porcentagem do portfólio alocada no ativo i;

• 𝜎𝑝2 é a variância do portfólio;

• 𝜎𝑖 é o desvio padrão do ativo i;

• 𝜌𝑖𝑗 é a correlação entre os ativos i e j;

A carteira de investimentos é composta por n ativos, onde 𝑤𝑖 representa o

percentual investido em cada ativo i. E como é possível perceber pela terceira e

Page 18: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

7

quarta equação, o modelo de Markowitz não permite vendas à descoberto. O retorno

da carteira é a média dos retornos individuais dos ativos, ponderada pelos seus

correspondentes percentuais da carteira. E por fim, a variância da carteira é

calculada a partir da covariância e o produto dos pesos entre ativos analisados dois

a dois.

Esse modelo proposto traz algumas consequências interessantes de serem

analisadas, como a fronteira eficiente e o efeito da diversificação já mencionado

anteriormente. De modo didático, elas serão apresentadas como exemplo para uma

carteira com 2 ativos.

Considere os seguintes dados:

Correlação entre Ativo 1 e Ativo 2 = 40%

Ativo Ri σi

Ativo 1 15% 13%

Ativo 2 23% 17%

Tabela 2-1: Desvio padrão e retorno de dois ativos

A partir deles é possível construir portfólios com diferentes pesos para cada um

dos ativos, calculando o retorno e desvio-padrão respectivamente a cada portfólio:

Page 19: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

8

Portfólio Peso Ativo 1 Peso Ativo 2 Rp σp

P1 0% 100% 23.0% 17.0%

P2 5% 95% 22.6% 16.4%

P3 10% 90% 22.2% 15.9%

P4 15% 85% 21.8% 15.3%

P5 20% 80% 21.4% 14.8%

P6 25% 75% 21.0% 14.4%

P7 30% 70% 20.6% 13.9%

P8 35% 65% 20.2% 13.5%

P9 40% 60% 19.8% 13.2%

P10 45% 55% 19.4% 12.9%

P11 50% 50% 19.0% 12.6%

P12 55% 45% 18.6% 12.4%

P13 60% 40% 18.2% 12.2%

P14 65% 35% 17.8% 12.1%

P16 70% 30% 17.4% 12.1%

P17 75% 25% 17.0% 12.1%

P18 80% 20% 16.6% 12.2%

P19 85% 15% 16.2% 12.3%

P20 90% 10% 15.8% 12.5%

P21 95% 5% 15.4% 12.7%

P22 100% 0% 15.0% 13.0%

Tabela 2-2: Desvio padrão e retorno do portfólio para diferentes

níveis de concentração entre dois ativos

Por meio de um gráfico de dispersão dos resultados da tabela acima, é possível

notar o formato que a curva de Retorno/Risco faz para os diferentes portfólios. Cada

ponto azul representa um portfólio da tabela, sendo que no ponto laranja o portfólio

é o ativo 1, e no ponto verde o portfólio é o ativo 2. Considerando o investidor

racional, é possível traçar a fronteira de eficiência, que contém os pontos mais a

cima ou à esquerda do gráfico, representando o melhor retorno dado um risco, ou o

menor risco dado um retorno.

Page 20: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

9

Figura 2-2: Exemplo da curva de retorno e risco para dois ativos

De modo a verificar o efeito da diversificação com o exemplo acima de dois

ativos, a correlação foi alterada arbitrariamente, para representar o efeito da

correlação na relação entre retorno e risco:

10,0%

12,0%

14,0%

16,0%

18,0%

20,0%

22,0%

24,0%

10,0% 11,0% 12,0% 13,0% 14,0% 15,0% 16,0% 17,0% 18,0%

Retorno vs. Risco - Exemplo

Portfólios Ativo 1 Ativo 2 Fronteira Eficiente

0,14

0,15

0,16

0,17

0,18

0,19

0,2

0,21

0,22

0,23

0,24

0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18

Retorno vs. Risco - Exemplo 2

Correlação: -1 Correlação: -0.7 Correlação: -0.4 Correlação: 0

Correlação: 0.4 Correlação: 0.7 Correlação: 1

Page 21: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

10

Figura 2-3: Exemplo das diferentes curvas de retorno e risco para

diferentes correlações entre dois ativos

Como é possível notar, ao optar por ativos menos positivamente

correlacionados, ou mais negativamente correlacionados, é possível obter relação

risco-retorno melhor. Isso ilustra a ideia de diversificação e a crítica promovida por

Markowitz (1952) sobre a ideia de retorno descontado.

Na década seguinte à divulgação dos estudos de Markowitz iniciaram-se uma

série de estudos na intenção de mensurar o retorno esperado adequado para um

determinado ativo de risco. Esses estudos se mostrariam complementares à Teoria

de Portfólios no sentido de que a melhor relação risco-retorno possível para se

montar portfólio de ativos de risco pode não ser adequada ao perfil do investidor –

ele poderia optar por investir a totalidade de seus recursos no ativo livre de risco,

por exemplo. Essa série de estudos resultou no modelo chamado de Capital Asset

Pricing Model, ou CAPM.

2.2. MODELO CAPM

O modelo CAPM (Capital Asset Pricing Model) foi introduzido ao longo da

década de 60 por Treynor (1961, 1962), Sharpe (1964), Lintner (1965) e Mossin

(1966) em trabalhos independentes como uma maneira de se precificar um ativo ou

portfólio de acordo com a sua relação de risco e retorno. Para avaliar ativos

indivualmente o modelo se usa da SML (Security Market Line) e sua relação com

o retorno esperado e o risco sistemático do ativo (no modelo, o risco sistemático é

chamado de beta) para avaliar como o mercado deveria precifica-lo em relação a

ativos da mesma classe de risco.

Segundo o modelo, quando a taxa de retorno esperada de qualquer ativo é

deflacionada pelo seu coeficiente beta (risco sistemático) chegamos a uma relação

de prêmio de risco do ativo e essa relação é igual ao prêmio de risco do mercado.

Portanto:

𝐸(𝑅𝑖) − 𝑅𝑓

𝛽𝑖= 𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓

Equação 2- 2: Equação básica do CAPM

Page 22: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

11

Reajustando os fatores, chegamos a formulação mais conhecida do CAPM:

𝐸(𝑅𝑖) = 𝑅𝑓 + 𝛽𝑖(𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓)

Equação 2- 3: Equação básica do CAPM rearranjada

Onde:

• 𝐸(𝑅𝑖) é o retorno esperado do ativo i;

• 𝑅𝑓 é a taxa de juros livre de risco – geralmente utiliza-se o retorno de títulos

de longo prazo do governo americano;

• 𝐸(𝑅𝑚) é o retorno esperado pelo mercado da classe de ativos de i;

• 𝐸(𝑅𝑚) − 𝑅𝑓 é conhecido como o prêmio de risco de mercado;

• 𝐸(𝑅𝑖) − 𝑅𝑓 é conhecido como o prêmio de risco do ativo;

• 𝛽𝑖 é chamdo de beta e é a sensibilidade do retorno esperado do ativo em

relação ao retorno esperado do mercado ou:

𝛽𝑖 =𝐶𝑜𝑣(𝑅𝑖, 𝑅𝑚)

𝑉𝑎𝑟(𝑅𝑚)

Equação 2- 4: Beta

2.2.1. HIPÓTESES DO CAPM

Nos estudos que mais tarde desenvolveram a teoria do CAPM, são tomadas

algumas suposições sobre o perfil dos investidores. De acordo com elas, todos os

investidores:

i. Buscam maximizar a utilidade econômica;

ii. São racionais e avessos ao risco;

iii. São largamente diversificados;

iv. Não influenciam os preços de mercado;

Page 23: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

12

v. Podem emprestar e tomar emprestadas quantidades ilimitadas de dinheiro

pela taxa livre de risco;

vi. Não possuem custos de transação ou de impostos;

vii. Investem em ativos perfeitamente divisíveis e líquidos (não existem

quantidades mínimas);

viii. Possuem expectativas homogêneas;

ix. Assumem que todas as informações estão disponíveis para todos os

investidores ao mesmo tempo.

De fato, algumas dessas premissas são irreais e deveriam impossibilitar a

aplicação do CAPM no mercado. Entretanto, a verdade é que por ser um modelo

simples, é muito comum ver investidores o utilizando, principalmente para calcular

taxas de retorno esperadas de ativos de risco.

2.2.2. SML (SECURITY MARKET LINE)

A SML é uma representação visual do CAPM e mostra a relação entre o retorno

esperado de um ativo e seu risco medido pelo coeficiente beta. Com a SML pode-

se avaliar o retorno esperado para um dado beta ou o risco associado a um

determinado retorno esperado. No gráfico da SML, o eixo x é representado pelo

beta e o eixo y são os retornos esperados. A SML cruza o eixo y na taxa livre de

risco (𝑅𝑓). A repesentação gráfica é como abaixo:

Page 24: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

13

Figura 2-4: Security Market Line

E suas implicações:

i. Um ativo com beta 0 terá um retorno esperado igual a taxa livre de risco. O

mesmo é válido para um portfólio com beta 0;

ii. A inclinação da SML é determinada pelo prêmio de risco de mercado.

Quanto maior o prêmio de risco, maior a inclinação da reta;

iii. A SML muda ao longo tempo, de acordo com mudanças na taxa livre de

risco e nas expectativas de mercado;

iv. Se o beta de um ativo mudar, a sua posição na reta também irá mudar.

A SML pode ser utilizada para avaliar quão bem avaliado estão determinados

ativos. Se um ativo se encontra acima da SML ele é considerado como

sobreavaliado (barato) pelo mercado, e se estiver abaixo da SML é considerado

como superavaliado (caro).

2.2.3. RISCO E DIVERSIFICAÇÃO

De acordo com o CAPM, todo portfólio é composto por dois tipos de risco:

sistemático e não-sistemático. O risco sistemático é um risco comum a todos os

ativos, também chamado de risco de mercado. Já o risco não-sistemático está

5,0%

10,0%

15,0%

20,0%

25,0%

30,0%

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0%

Retorno vs. Risco - Exemplo

Portfólios Ativo 1 Ativo 2 Fronteira Eficiente SML

Page 25: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

14

associado a características e fatores específicos de cada ativo. De acordo com essa

teoria, o risco não-sistemático pode ser diversificado para níveis menores ao se

inserir um número suficientemente grande de ativos no portfólio. Entretanto, isso

não é possível para o risco sistemático.

Uma consequência da teoria é que somente o risco sistemático é recompensado

e, portanto, nenhum investidor racional deveria aceitar o risco diversificável.

Consequentemente, o retorno esperado de um ativo deve estar analisado junto do

portfólio, avaliando a sua contribuição para o risco total do mesmo. Nesse sentido,

o beta do portfólio é o fator que define o risco recompensável de um investidor.

Uma relação para o risco e retorno de ativos, ou recompensa por variabilidade,

foi definida por Sharpe (1966) para medir a performance de um investimento

quando comparado um investimento livre de risco. Essa relação ficou conhecida

como índice de Sharpe (Sa) e é definida como:

𝑆𝑎 =𝐸(𝑅𝑖) − 𝐸(𝑅𝑓)

𝜎𝑖=

𝐸(𝑅𝑖) − 𝐸(𝑅𝑓)

√𝑉𝑎𝑟(𝑅𝑖 − 𝑅𝑓)

Equação 2- 5:Índice de Sharpe

Onde:

• 𝜎𝑖 é o desvio padrão dos retornos excessivos do ativo i (retornos do ativo i

– retornos do ativo livre de risco).

O valor do índice de Sharpe de um ativo representa o retorno adicional que um

investidor deve requerer por cada unidade de risco acrescida ao portfólio. Ou, em

outras palavras, o índice de Sharpe é uma medida dos retornos excessivos (acima

da taxa livre de risco no período) do portfólio em relação ao seu desvio padrão.

Nesse sentido, um portfólio com um maior índice de Sharpe é considerado superior

aos com índice menor. A ideia do índice é semelhante a de Markowitz, levando

risco (usando variância como medida) e retorno em consideração. A principal

diferença entre as duas ideias é que Sharpe leva esses dois fatores em consideração

num mesmo indicador, facilitando a utilização para comparação entre ativos.

Page 26: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

15

2.2.4. CML (CAPITAL MARKET LINE) E O PORTFÓLIO ÓTIMO

A CML é semelhante a SML mas é composta de todas as combinações

possíveis de ativos de risco e livres de risco. Sua representação gráfica é equivalente

à da SML. Todos os pontos acima da CML possuem uma relação de risco-retorno

superior aos portfólios na fronteira eficiente proposta pela teoria de Markowitz.

Todos os portfólios presentes na CML possuem o mesmo índice de Sharpe que o

portfólio composto por todos os ativos de mesma classe de risco do mercado (no

caso de um portfólio de ações possui o mesmo Sharpe que o índice de referência –

Ibovespa, por exemplo).

Ao representarmos a fronteira de portfólios eficientes e a CML para um

determinado conjunto de ativos no mesmo gráfico podemos encontrar um portfólio

ótimo a se investir, o portfólio com maior relação risco-retorno. Esse portfólio é

representado pelo ponto em que a CML tangencia a fronteira eficiente e é chamado

de portfólio de tangência (tangency portfolio). Como consequência das teorias

apresentadas, esse portfólio é o que apresenta maior índice de Sharpe e, portanto,

possui a maior relação de risco-retorno possível ao mesmo tempo que é um portfólio

da fronteira eficiente.

Page 27: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

16

Figura 2-5: Portfólio de tangência1

Fonte: Hassine & Roncalli (2013)

As hipóteses do modelo CAPM resultam na ideia de que no longo prazo um

investidor deve esperar ter lucro econômico nulo. Para Robert Shiller e Eugene

Fama esses pressupostos não eram respeitados nos mercados financeiros e os

investidores erram sistematicamente devido a vieses psicológicos, invalidando a

tese do modelo. Para formalizar uma explicação desse fenômeno, na década de 70,

nasce a hipótese dos mercados eficientes a partir do trabalho de Fama (1970), seus

principais pressupostos e conclusões são explicados a seguir.

2.3. A HIPÓTESE DOS MERCADOS EFICIENTES

Prever os preços do mercado é do interesse de praticamente todos os

investidores e diversos estudos foram realizados nessa área até então sem chegar

1 No gráfico, risk-free asset é o ativo livre de risco; Tangency portfolio é o portfólio tangente; Capital Market Line é a CML; Suboptimal Market Line é uma linha que exemplifica um portfólio ou ativo abaixo da linha ótima de alocação.

Page 28: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

17

numa conclusão de seu comportamento. Os estudos sobre a dificuldade de se prever

os preços de ativos financeiros começaram com Bachelier (1900) e foram

consideravelmente aprimorados por Samuelson (1965), ambos defendendo a

aleatoriedade do seu comportamento. Fama (1970) e Malkiel (1973) desenvolveram

os estudos mais importantes sobre essa teoria e são a base para as teorias modernas

de precificação de ativos baseadas em risco.

A hipótese dos mercados eficientes defende que os preços dos ativos refletem

toda a informação disponível naquele momento e como consequência disso é

impossível “vencer” o mercado consistentemente – indo contra toda a indústria de

fundos ativos.

Fama (1970) defende que nem todos os mercados possuem a mesma eficiência.

Segundo ele, pode-se dividir esse grau de eficiência em três níveis:

i. Forma fraca: sugere que o preço atual das ações reflete todas as

informações do passado e nenhuma forma de análise técnica pode ser

usada efetivamente para tomar decisões de investimento, mas que

analises fundamentalistas podem ser utilizadas para identificar ações

sobre ou supervalorizadas;

ii. Forma semi-forte: sugere que todas as informações públicas são usadas

para calcular o preço das ações e, portanto, análises técnica e

fundamentalista são ineficientes. Nessa forma só é possível obter

retornos acima dos de mercado se o investidor possuir informações não

disponíveis para o público geral;

iii. Forma forte: sugere que todas as informações, públicas ou não-públicas,

estão incorporadas no preço atual da ação e, portanto, nenhum investidor

pode obter vantagens no mercado.

Essas definições foram pouco utilizadas na literatura acadêmica a partir da

década de 1980 e inclusive Fama se arrependeu de usar esses termos.

2.3.1. PASSEIO ALEATÓRIO (RANDOM WALK) E ARBITRAGEM

A ideia de que os preços de mercado seguem um passeio aleatório (ou seja, as

variações dos preços seguem um processo aleatório) foi registrada pela primeira

vez em “Calcul des Chances et Philosophie de la Bourse” (Regnault, 1863) e desde

então é motivo de controvérsia entre investidores. Em 1965 foi proposta uma teoria

Page 29: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

18

que defende que as variações nos preços das ações têm a mesma distribuição e são

independentes umas das outras (Fama, 1965). Ou seja, movimentos e tendências

passadas não podem ser utilizados para prever movimentos futuros. Dizer que os

retornos de ativos seguem uma distribuição aleatória significa que não é possível

prever seus retornos e, portanto, qualquer processo que pretenda prever preços de

ativos irá se mostrar inútil no longo prazo. Em outras palavras, essa teoria defende

que é impossível vencer o mercado sem assumir riscos maiores do que de um

investidor racional.

Muitos investidores e acadêmicos dedicam seu tempo procurando

possibilidades de arbitragem nos mercados (investimentos de curto prazo para se

alcançar um retorno sem risco equivalente) e ativos com retornos esperados acima

dos retornos esperados do mercado, indo contra a teoria do passeio aleatório.

Alguns foram bem-sucedidos no longo prazo, mas uma maioria esmagadora de

fundos ativos (hedge funds) destruíram a riqueza de seus investidores ao longo dos

anos – o que fortalece a teoria dos mercados eficientes (Malkiel, 1996).

2.3.2. PROBLEMA DAS HIPÓTESES CONJUNTAS (JOINT

HYPOTHESIS PROBLEM)

Na prática é possível observar investidores que consistentemente venceram o

mercado, indo contra a hipótese dos mercados eficientes. Em parte, isso é explicado

pelo fato que para medir a eficiência de qualquer mercado é necessário que se tenha

um modelo de precificação de ativos e, consequentemente, um retorno esperado.

Portanto, observações de retornos anormais no mercado podem refletir uma

ineficiência de mercado, um modelo de precificação inadequado (ou ineficiente) ou

ambos. O problema das hipóteses conjuntas implica que a eficiência de mercado

por si só não é testável. A principal consequência dessa conclusão é que não é

possível provar diretamente que os mercados são eficientes, levando investidores a

crer que podem vencer o mercado e relaxando a hipótese dos mercados eficientes.

2.3.3. IMPERFEIÇÕES DE MERCADO

Ao longo dos anos investidores observaram diversas imperfeições no mercado,

algumas inclusive causadoras de crises – como a bolha da internet e a crise

Page 30: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

19

imobiliária de 2008. Existem diversas teorias para explicar esses acontecimentos e

como eles vão contra a teoria dos mercados eficientes. Um dos principais

argumentos é o fator humano nas decisões de investimento, onde se defende que

nem todos os investidores são totalmente racionais. Diversos investidores, inclusive

Warren Buffet discordam da teoria de forma empírica e teórica utilizando

argumentos baseadas no comportamento do investidor médio.

Estudiosos de economia comportamental (behavioral economics) atribuem

imperfeições nos mercados de capitais a combinações de vieses cognitivos,

hiperconfiança, hiperreação, vieses representativos, vieses de informação e

diversos outros erros humanos na leitura e análise de informações.

Outro fator que impacta fortemente na teoria dos mercados eficientes é o

pressuposto da inexistência de custos de transação, de informação e de impostos.

Na prática, os custos de transação são relevantemente maiores para os investidores

pequenos e o acesso a informação operacional de empresas é reduzido – enquanto

analistas de fundos ativos possuem acesso a conversas com executivos, à fabricas

de empresas e relatórios de bancos de investimento, os pequenos investidores

geralmente não têm.

Um outro fator relevante para acontecimento de imperfeições no mercado é a

liquidez de determinadas empresas. É comum observamos empresas listadas que

possuem pouca ou nenhuma cobertura de grandes bancos de investimentos e

gestoras de ativos pela indisponibilidade de ações a venda no mercado e que após

uma oferta pública (onde se aumenta a liquidez da ação) os preços disparam.

Investidores pequenos sofrem menos com restrições de liquidez e, portanto, podem

lucrar com ineficiências desse tipo.

Samuelson (1998) argumenta que o mercado de ações é “micro-eficiente” mas

não é “macro-eficiente”, afirmando que a teoria de mercados eficientes é mais

adequada a ações individualmente do que no mercado de ações como um todo. Jung

e Shiller (2005) realizaram diversas análises com regressões e diagramas de pontos

que supotavam fortemente os ditos de Samuelson.

Page 31: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

20

2.4. MODELOS QUANTITATIVOS

Nesta parte do trabalho menciona-se os principais fundos de investimentos

quantitativos existentes em mercados internacionais e brasileiro. Além disso, é feita

uma revisão de estudos recentes voltados à otimização de uma carteira de

investimentos, também em mercados internacionais e brasileiro.

Antes disso, para caracterizar um fundo quantitativo é aquele fundo de

investimento que seleciona os ativos que compõem sua carteira a partir de análises

quantitativas que em geral seguem o seguinte fluxograma de processos:

1) Absorção e tratamento de dados relacionados aos ativos possíveis de serem

investidos;

2) Os dados inseridos são analisados a partir dos modelos existentes de

expectativa de retorno;

3) A construção da carteira de investimentos desejada é feita a partir dos

retornos esperados calculados previamente, aliada às limitações impostas pelos:

(a) Modelos de expectativa de risco para a carteira;

(b) Modelos de custos de transação.

4) Execução das ordens de compra e venda para se obter a carteira de

investimentos desejada;

5) Portfólio desejado é a própria carteira de investimentos;

6) Análise do portfólio e geração de relatórios.

Page 32: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

21

Figura 2-6: Fluxograma de processo de elaboração de análises quantitativas

2.4.1. MODELOS E FUNDOS QUANTITATIVOS NO EXTERIOR

H. Soleimani et al. (2009) apresentou um modelo de seleção de portfólio

baseado em Markowitz, abordando as restrições de mínimo lotes de transação,

cardinalidade e capitalização de setor. Seu trabalho foi baseado, em parte, em

trabalhos anteriores de seleção de portfólio de Markowitz, entretanto, sua

contribuição foi na utilização da definição de Chang et al. (2000) e Oh et al. (2006)

de capitalização de mercado para propor o uso de capitalização de setor em um

modelo de Markowitz. Assim, seu trabalho adiciona restrições em que setores com

maior valor de mercado devem ter maior relevância do que setores de menor valor

de mercado. Desse modo, ele representa de forma mais racional a propensão do

investidor de reduzir o risco investindo em setores de maior valor de mercado. Além

disso, ele utiliza o método de solução heurístico na otimização a partir do algoritmo

genético.

H.R. Golmakani, M. Fazel (2011) que também apresentam as restrições

mencionadas no trabalho de H. Soleimani et al. (2009), contribuíram adicionando

Absorção e tratamento de dados

Modelagem de previsão de retornos

Construção da carteira de investimentos ideal

Execução (compra ou venda de ativos)

Carteira de investimentos possui o portfólio desejado

Análise do portfólio e geração de relatórios

Page 33: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

22

a restrição com limites a classes de ativos. Desse modo, o investidor pode restringir

sua exposição a determinadas classes de ativos na composição de sua carteira de

investimentos.

Kisiala (2015) em sua tese de mestrado aborda as características do CVaR e em

um de seus tópicos analisa a otimização do CVaR para portfólios de investimento,

comparando com o método de análise pela variância. Os conceitos abordados em

seu trabalho são apresentados aqui em tópicos seguintes, onde se menciona a

escolha do CVaR como medida de risco.

Garcia-Feijóo et al. (2018) aborda em seu trabalho a comparação de ativos de

baixo risco com de alto risco. De acordo com os autores a performance de

investimento em ativos de baixo risco depende do tempo. Além disso concluíram

que estratégias de baixo risco demonstram exposição a fatores de momentum,

tamanho e valor, e são influenciados pelo ambiente econômico como um todo.

Além dos trabalhos comentados acima, é importante mencionar os principais

fundos de investimento quantitativos existentes. Seus modelos não são abertos ao

público, mas servem de comparação a fundos com estratégia semelhantes.

A D.E Shaw & Co. é um grupo que gere mais de 50 bilhões de dólares, com a

principal estratégia sendo baseada em modelos e técnicas computacionais

desenvolvidas pela empresa, ao longo dos 30 anos de existência. A empresa possui

400 desenvolvedores e engenheiros voltados para as tecnológicas de investimento.

Além disso, possui grupos de pesquisa e desenvolvimento voltados para o mercado

financeiro, liderados por Pedro Domingos, professor de Engenharia e Ciência da

Computação da Uinversidade de Washington, possui diversos artigos, sendo “On

the optimality of the simple Bayesian classifier under zero-one loss” o mais citado.

AQR Capital é uma empresa fundada em 1998 em Nova Iorque, com 185

bilhões de dólares sobre gestão. AQR vem de Applied Quanitative Research, que

significa “Pesquisa Quantitativa Aplicada”. Um dos 3 principais pilares de sua

filosofia constitui na construção de um portfólio com gestão de risco com

ferramentas quantitativas. Alguns dos papers recentes de seus principais gestores

são, “Betting against correlation: Testing theories of the low-risk effect, Cliff

Asness et Al. (2019), “Post-FOMC Announcement Drift in U.S. Bond Markets” de

Jordan Brooks et Al. (2019).

Page 34: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

23

A tabela abaixo contém resumos de algumas literaturas sobre o assunto desse

artigo:

Ano Autores Título Comentário

1952 Markowitz,

H.

PORTFOLIO

SELECTION

Inicia a teoria moderna de portfólio de

investimentos

1964 Sharpe, W. F.

CAPITAL ASSET

PRICES: A THEORY OF

MARKET

EQUILIBRIUM UNDER

CONDITIONS OF RISK

Introduz a teoria do CAPM (Capital Asset

Pricing Model) e o índice Sharp, por

consequência

1966 Mossin, J.

EQUILIBRIUM IN A

CAPITAL ASSET

MARKET

Discute as propriedades de um mercado com

ativos de risco, baseado em modelo de

equilíbrio geral.

1970 Fama, E

EFFICIENT CAPITAL

MARKETS: A REVIEW

OF THEORY AND

EMPIRICAL WORK

Apresenta as premissas sobre mercado eficiente,

em cima da teoria de portfólio de Markowitz e

do CAPM de Sharp.

1998 Artzner et al COHERENT

MEASURES OF RISK

Introduz o conceito de medida de risco coerente

e os axiomas associados

1999 Chang et al

HEURISTICS FOR

CARDINALITY

CONSTRAINED

PORTFOLIO

OPTIMISATION

Apresenta solução por heurísticas, para

otimização de um portfólio com restrição de

cardinalidade

2002 Foellmer, H.

and Schied, A

CONVEX MEASURES

OF RISK AND

TRADING

CONSTRAINTS

Em cima do conceito de medida de risco

coerente, relaxa-se alguns axiomas para

apresentar o conceito de convexidade do risco

2002

Rockafellar,

R. T. and

Uryasev, S.

CONDITIONAL VALUE-

AT-RISK FOR

GENERAL LOSS

DISTRIBUTIONS

Apresenta as propriedades do CVaR como

medida de risco

2004 Burns, P. J

PERFORMANCE

MEASUREMENT VIA

RANDOM PORTFOLIOS

Apresenta o método aleatório de solução da

otimização de portfólios. Esse método,

posteriormente, é incorporado na biblioteca

"PortfolioAnalytics" do R.

2009 Soleimani et

al.

MARKOWITZ-BASED

PORTFOLIO

SELECTION WITH

MINIMUM

TRANSACTION LOTS,

CARDINALITY

CONSTRAINTS AND

REGARDING SECTOR

CAPITALIZATION

USING GENETIC

ALGORITHM

Com o método de algoritmo genético, apresenta

a solução de otimização de um portfólio com

restrição de lote mínimo de transação,

cardinalidade e capitalização de setor.

2010 Buffett, W

HERE’S WHAT

WARREN BUFFETT

THINKS ABOUT THE

EFFICIENT MARKET

HYPOTHESIS

Crítica de Buffet a respeito da hipótese de

eficiência de mercado.

Page 35: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

24

2011

Golmakani,

H. R. and

Fazel, M

CONSTRAINED

PORTFOLIO

SELECTION USING

PARTICLE SWARM

OPTIMIZATION

Com o método de otimização por enxame de

partículas, apresenta a solução de otimização de

um portfólio com restrição de lote mínimo de

transação, cardinalidade, capitalização de setor

e limitação a classes de ativos.

2015 Kisiala, J

CONDITIONAL VALUE-

AT-RISK: THEORY

AND APPLICATIONS

Apresenta propriedades do CVaR já estudadas e

suas aplicações

Tabela 2-3: Relação de trabalhos acadêmicos estrangeiros em modelos

quantitativos

2.4.2. MODELOS E FUNDOS QUANTITATIVOS NO MERCADO

BRASILEIRO

Santos, A., Tessari, C. (2012) apresentam em seu artigo técnicas quantitativas

de otimização de carteiras aplicadas ao mercado de ações brasileiro. Nesse artigo é

trabalhada a aplicação e desempenho fora da amostra de estratégias quantitativas

de otimização por média-variância e mínima-variância com relação ao desempenho

da carteira, comparando com o Ibovespa e avaliando a estabilidade dos resultados.

Assim como no presente artigo, Santos, A., Tessari, C. (2012) abordam a

otimização de uma carteira de investimento com restrição a venda a descoberto e

com a existência de rebalanceamentos periódicos. A medida de risco utilizada por

eles foi a partir de uma matriz de covariância amostral, matriz RiskMetrics, e três

estimadores propostos por Ledoit & Wolf (2003,2004 a,b)

Outro trabalho semelhante para o caso brasileiro foi o de Souza et al. (2017).

Nele, os autores aplicam o modelo baseado na teoria de Markowitz (1952) para os

ativos que compõem o índice Bovespa durante o período de janeiro a abril de 2016.

Desse modo, eles maximizaram com base em na métrica retorno-variância, e não

retorno-CVaR como o presente artigo.

Como exemplos de fundos quantitativos brasileiros, é possível citar a Kadima

Asset Management, com cerca de 550 milhões de reais sobre gestão, a Murano e

Giant Steps com cerca de 275 milhões de reais sobre gestão cada.

Kubudi (2019), sócio da Kadima, em sua dissertação de mestrado apresenta o

problema de seleção online de portfólios, e desenvolve um método para realizar o

aprendizado de quando selecionar uma das duas seguintes estratégias de

Page 36: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

25

investimento: Follow-the-winner (FTW) e Follow-the-loser (FTL), durante a

aplicação de métodos de seleção de portfólio.

A tabela abaixo contém resumos de algumas literaturas sobre o assunto desse

artigo, no Brasil:

Ano Autores Título Comentário

2005

Ribeiro, C.

e Ferreira,

L.

Uma contribuição ao

problema de

composição de

carteiras de mínimo

Valor em Risco

Propõe um modelo baseado em

aproximação estocástica para

composição de carteiras de ativos

financeiros de mínimo risco,

substituindo o VaR.

2012

Santos, A.

e Tessari,

C.

TÉCNICAS

QUANTITATIVAS

DE OTIMIZAÇÃO

DE CARTEIRAS

APLICADAS AO

MERCADO DE

AÇÕES

BRASILEIRO

Apresenta técnicas quantitativas de

otimização de carteiras aplicadas ao

mercado acionário brasileiro

2017 Souza et

al.

OTIMIZAÇÃO DE

CARTEIRA DE

INVESTIMENTOS:

UM ESTUDO COM

ATIVOS DO

IBOVESPA

Aplicação da teoria de Markowitz

(1952) para ativos que compõem o

índice Bovespa

2019 Kubudi, C.

ALGORITMOS

PARA O

PROBLEMA DE

SELEÇÃO ONLINE

DE PORTFOLIOS

Desenvolve um método que aprende

quando selecionar uma entre as duas

estratégias de investimento seguintes:

Follow-the-winner e Follow-the-loser.

Tabela 2-4: Relação de trabalhos acadêmicos nacionais em modelos

quantitativos

Page 37: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

26

3. METODOLOGIA

3.1. MEDIDAS DE RISCO

O ambiente de investimentos é caracterizado pela grande incerteza. Dessa

forma, uma gestão de risco mais acurada pode levar a uma melhor proteção do

capital investido e retornos maiores. Portanto, nesta parte explica-se a escolha do

CVaR como a métrica de risco, conceituando as métricas de risco analisadas e o

critério de escolha.

Antes do trabalho de Markowitz (1952) o risco era apenas um fator de desconto

dos retornos esperados. Com Markowitz, passou-se a interpretar o retorno de uma

carteira como uma variável aleatória medida pela sua variância. Entretanto, essa

abordagem não representa da melhor forma as propriedades desejadas. Há

inadequação para situações de perdas extremas, e a covariância assume que a

distribuição de probabilidade dos retornos é elíptica. Motivada com esse problema,

a Riskmetrics apresentou a medida Valor em Risco (Value at Risk ou VaR) em

1994. Após isso, outras medidas de risco surgiram, como Valor em Risco

Condicional (CVaR) e outras com conceitos semelhantes ao VaR. Esse tópico do

trabalho aborda as métricas e os axiomas utilizados para se escolher a medida de

risco utilizada na otimização.

3.1.1. VARIÂNCIA

A variância, ou o quadrado do desvio-padrão, é obtida da seguinte forma:

𝜎𝑥2 = ∑(𝑥 − 𝜇𝑥)2 ∙ 𝑝(𝑥), se x é uma variável aleatória discreta;

Equação 3- 1: Variância de uma variável aleatória discreta

𝜎𝑥2 = ∫ (𝑥 − 𝜇𝑥)2∞

−∞∙ 𝑓(𝑥), se x é uma variável aleatória contínua;

Equação 3- 2: Variância de uma variável aleatória contínua

Page 38: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

27

Onde:

• 𝜇𝑥 é a média de X;

• 𝑝(𝑥) é a probabilidade de x;

• 𝑓(𝑥) é a probabilidade de x.

3.1.2. VaR (VALUE AT RISK/VALOR EM RISCO)

O VaR pode ser definido como a pior perda esperada ao longo de determinado

intervalo de tempo, sob condições normais de mercado e dentro de determinado

nível de confiança. Desse modo, o VaR é, portanto, uma métrica de percentil da

distribuição de probabilidade das perdas. Como é um quantil, a seguinte definição

se aplica ao VaR:

Dado um 𝛼 𝜖 ]0,1[ o número q é um quantil 𝛼 da variável aleatória X sobre

distribuição de probabilidade P se pelo menos uma das três propriedades

equivalentes abaixo são satisfeitas:

● 𝑃[𝑋 ≤ 𝑞] ≥ 𝛼 ≥ 𝑃[𝑋 < 𝑞];

● 𝑃[𝑋 ≤ 𝑞] ≥ 𝛼 𝑒 𝑃[𝑋 ≥ 𝑞] ≥ 1 − 𝛼;

● 𝐹𝑥(𝑞) ≥ 𝛼 𝑒 𝐹𝑥(𝑞−) ≤ 𝛼 com 𝐹𝑥(𝑞−) = 𝑙𝑖𝑚𝑥→𝑞,𝑥 < 𝑞𝐹(𝑥), onde

𝐹(𝑥)é função da distribuição acumulada de X.

Conceitualmente VaR é definido como:

VaR: dado um 𝛼 𝜖 ]0,1[ e uma referência r, o Valor em Risco em 𝛼 (𝑉𝑎𝑅𝛼)

para o patrimônio líquido X com distribuição P, é o negativo do quantil 𝑞𝛼+ de X/r:

𝑉𝑎𝑅𝛼 (𝑋) = −𝑞𝛼(𝑅);

𝑉𝑎𝑅𝛼 (𝑋) = −𝑖𝑛𝑓{ 𝑥 | 𝑃[𝑋 ≤ 𝑥 ⋅ 𝑟] > 𝛼};

Equação 3- 3: Value at Risk

𝑉𝑎𝑅𝛼 (𝑋) pode ser interpretado também como a maior perda possível com

proabilidade 𝛼.

Um exemplo gráfico do VaR é demonstrado pela área azul abaixo, onde o

𝑉𝑎𝑅𝛼 seria o valor da variável aleatória que dá a borda da área em cinza.

Page 39: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

28

Figura 3-1: VaR e a distribuição de probabilidade de retornos

Fonte: Holton (2018)

Apesar de haver grande uso dessa métrica, por representar bem distribuições de

retornos assimétricas, o VaR não contribui com informação sobre o tamanho da

cauda da distribuição. Em Artzner et al. (1998) é possível ver que o VaR não é uma

medida de risco coerente, enquanto Föllmer & Schied (2002) demonstra que o

axioma de convexidade não é atendido também com o VaR. Esses axiomas são

melhor explicados abaixo.

3.1.3. AXIOMAS DE MEDIDAS DE RISCO COERENTES

Artzner et al. (1998) em seu texto “Coherent Measures of Risk” aborda, com

base em quatro axiomas, as características que uma medida de risco deve ter para

ser considerada coerente. De acordo com Artzner et al. (1998), uma medida de risco

só é coerente se satisfazer os seguintes axiomas:

I. Monotonicidade: maiores perdas significam maior risco.

Definição: uma medida de risco 𝜌é monótona, se para todo X, Y:

𝑋 ≤ 𝑌 ⇒ 𝜌(𝑋) ≤ 𝜌(𝑌);

Equação 3- 4: Condição de monotonicidade de uma medida de risco

Page 40: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

29

II. Invariância por translação: ao aumentar (ou reduzir) a perda aumenta

(reduz) o risco em valor igual.

Definição: uma medida de risco 𝜌é invariante por translação, se para todo

X, c:

𝜌(𝑋 + 𝑐) = 𝜌(𝑋) + 𝑐;

Equação 3- 5: Condição de invariância de uma medida de risco

III. Subaditividade: diversificação reduz risco

Definição: uma medida de risco 𝜌é subaditiva, se para todo X, Y:

𝜌(𝑋 + 𝑌) ≤ 𝜌(𝑋) + 𝜌(𝑌);

Equação 3- 6: Condição de subaditivdade de uma medida de risco

IV. Homogeneidade positiva: ao dobrar o tamanho do portfólio, o risco dobra

Definição: uma medida de risco 𝜌é homogênea positiva, se para todo X,

𝜆 ≥ 0:

𝜌(𝜆𝑋) = 𝜆𝜌(𝑋);

Equação 3- 7: Condição de homogeneidade de uma medida de risco

Como uma extensão dos conceitos de coerência mencionados por Artzner et al.

(1998), Föllmer & Schied (2002) e Frittelli & Gianin (2002) introduziram a noção

de medida de risco convexa. A ideia levantado é que há situações em que o risco de

uma posição pode aumentar não linearmente com o tamanho do portfólio. Exemplo

de uma dessas situações pode ser um maior risco devido a liquidez de mercado

quando se multiplica a posição por um fator de aumento. Desse modo, os axiomas

de Homogeneidade Positiva e Subaditividade são relaxados pelo axioma da

Convexidade:

• Convexidade: o risco de uma carteira diversificada é menor ou igual à

média ponderada dos riscos individuais.

Page 41: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

30

Definição: uma medida de risco 𝜌 é convexa, se para todo X e Y,

𝜆𝜖]0,1[:

𝜌((1 − 𝜆)𝑋 + 𝜆𝑌) ≤ (1 − 𝜆)𝜌(𝑋) + 𝜆𝜌(𝑌).

Equação 3- 8: Condição de convexidade de uma medida de risco

3.1.4. CVaR (CONDITIONAL VALUE AT RISK/VALOR EM RISCO

CONDICIONAL)

O Valor em Risco Condicional (Conditional Value at Risk – CvaR), também

chamado de perda esperada (Expected Shortfall), é uma medida de risco que

quantifica o tamanho da cauda de risco que um portfólio tem. A relação entre CVaR

e VaR é que o primeiro quantifica a perda esperada para eventos além da perda do

VaR. Desse modo, o CVaR diferencia do VaR em relação à sensibilidade quanto

ao tamanho da cauda. Isso pode ser visualizado abaixo, onde CVaR é o valor

esperado para os casos do percentil (1-δ):

Figura 3-2: CVaR e a distribuição de probabilidade de retornos

Fonte: Vardanyan (2016)

Gotoh & Takano (2007), Pflug G.C. (2000) e Rockafellar & Uryasev (2002)

demonstram que CVaR é uma medida de risco coerente e convexa, atendendo aos

axiomas de Artzner et al. (1998) sobre coerência e Föllmer & Schied (2002) sobre

convexidade.

Suponha que X é uma distribuição de perda, e que Fx(z) é a distribuição

acumulada de X, i.e. 𝐹𝑥(𝑧) = 𝑃(𝑋 ≤ 𝑧). Então a distribuição pode ser definida

como:

Page 42: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

31

𝐹𝑋𝛼(𝑧) ≔ {

0, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑧 < 𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋)

𝐹𝑥(𝑧) − 𝛼

1 − 𝛼, 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑧 ≥ 𝑉𝑎𝑟𝛼(𝑋)

Equação 3- 9: Função de distribuição de perdas acumuladas

Sendo assim, se assumir que 𝑋𝛼 é uma variável aleatória com função de

distribuição acumulada 𝐹𝑋𝛼, então CVaR pode ser definido como:

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋) = 𝐸[𝑋𝛼] ,

Equação 3- 10: CVaR como função do valor esperado de uma variável

aleatória

O que significa que:

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋) = 𝐸[𝑋 | 𝑋 ≥ 𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋)], para quando X for contínuo;

E Rockafellar & Uryasev (2002), demonstram que para o caso discreto, CVaR

é obtido da seguinte forma:

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋) = 𝜆𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋) + (1 − 𝜆)𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼+(𝑋),

Equação 3- 11: Formulação de Rockafellar & Uryasev (2002) para o

CVaR

Onde:

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼+(𝑋) = 𝐸[𝑋 |𝑋 > 𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋)],

O Valor em Risco Condicional pode ser definido com base na fórmula sugerida

por Acerbi (2002):

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼(𝑋) =1

1−𝛼∫ 𝑉𝑎𝑅𝛽𝑑𝛽

1

𝛼.

Equação 3- 12: Formulação de Acerbi (2002) para o CVaR

Para o modelo, o cálculo do CVaR é obtido de acordo com Rockafellar &

Uryasev (2002). Onde, sendo x o conjunto de decisões sobre a carteira. Para um

Page 43: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

32

conjunto de decisões x, é possível associar uma função de perda a cada cenário

simulado:

𝐿𝑠 = 𝑓(𝑥), ∀𝑠 ∈ 𝑆;

Equação 3- 13: Função de perda de uma carteira

Onde:

𝐿𝑠 é a função de perda;

𝑥 é o conjunto de decisões tomadas.

A probabilidade que a função de perda não exceda um nível especificado z é,

portanto, igual a soma da probabilidade daqueles cenários cuja perda foi menor que

z:

𝜓(𝑥, 𝑧) = ∑ 𝑝𝑠𝑠|𝐿𝑠≤𝑧 ;

Equação 3- 14: Probabilidade de uma função de perda não exceder um

nível de confiança especificado

Onde:

𝑝𝑠 é a probabilidade do cenário s ocorrer.

Portanto, é possível definir o CVaR de Rockafellar & Uryasev (2002):

𝐶𝑉𝑎𝑅 (𝑥, 𝛼) =1

1 − 𝛼∙ ( ∑ 𝑝𝑠

𝑠|𝐿𝑠≤𝑧

− 𝛼) ∙ 𝑧 +1

1 − 𝛼∙ ( ∑ 𝑝𝑠

𝑠|𝐿𝑠≤𝑧

∙ 𝐿𝑠)

Equação 3- 15: Formulação final de Rockafellar & Uryasev (2002) para o

CVaR

Page 44: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

33

3.2. MODELO TEÓRICO

Nesta parte o modelo teórico utilizado no trabalho para otimizar a carteira de

investimentos é descrito. O modelo foi feito inspirado nos trabalhos mencionados

no segundo capítulo e nas ferramentas da biblioteca utilizada do R, explicitada no

quarto capítulo. Primeiro apresenta-se as principais características do modelo, em

seguida as variáveis que o compõe, a função objetiva e por fim as restrições. Todas

as equações foram pensadas para uma situação aplicável para um fundo de ações

Long Only, ou seja, que não opera com venda a descoberto.

3.2.1. PRINCIPAIS CARACTERÍSICAS DO MODELO

O modelo consiste em otimizar a gestão de uma carteira de investimentos em

um universo de N ativos. A fim de representar os desejos de um investidor, o

modelo tem, portanto, que maximizar o retorno do portfólio dado um determinado

risco, e/ou minimizar o risco do portfólio dado um retorno. Sendo assim, a função

objetiva do modelo consiste em maximizar retorno por unidade de risco, onde o

risco da carteira é medido por CVaR.

Há dois modelos elaborados, um consiste em uma alocação de carteira pontual,

portanto estática, e outra onde a decisão de alocação da carteira é diária. O primeiro

modelo consiste em um modelo para investimentos mais passivos, e também foi

feito para obter melhor observação para o período como um todo, da fronteira

eficiente. O segundo modelo representa melhor a tomada de decisão de um

investidor ativo, além de liberar o modelo da restrição de esperar períodos maiores

que um dia para rebalancear a carteira.

Ambos os modelos assumem investimento de 100% do capital, com restrição

a venda a descoberto. O segundo modelo possui ainda custo de transação de 0.5%.

3.2.2. VARIÁVEIS DO MODELO

As variáveis que compõem o modelo são:

N : quantidade de ativos observados;

𝑟𝑖𝑡: retorno esperado do ativo “i” ( i = 1,...,N) no horizonte de tempo 𝜏;

Page 45: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

34

𝑡: instante de tempo contato em dias;

𝜏: horizonte de tempo contato em dias;

𝛿: custo de transação (em % do valor transacionado);

𝜋𝑖𝑡: preço do ativo 𝑖 no instante t;

𝛼: nível de confiança para o cálculo do CVaR;

z: nível de perda dado o nível de confiança 𝛼;

𝑅𝜏: retorno esperado do portfólio no horizonte 𝜏;

𝑤𝑖: percentual do ativo 𝑖 na carteira de investimentos;

ℎ0: capital no instante inicial;

𝑚𝑖𝑡: binário que identifica se houve operação de compra ou venda no instante

da operação. 1 indica que houve, 0 que não;

𝐿𝑠: é a função de perda indicada em 3.1;

𝑝𝑠 é a probabilidade do cenário s ocorrer.

3.2.3. FUNÇÃO OBJETIVA

A função objetiva do modelo busca maximizar retorno por CVaR em ambos os

modelos, enquanto no segundo há adição dos custos de transação:

𝑚𝑎𝑥𝑖𝑚𝑖𝑧𝑎𝑟 𝑅𝜏

𝐶𝑉𝑎𝑅𝛼𝜏 =

∑ 𝑤𝑖 ∙ 𝑁𝑖 𝑟𝑖

𝑡

11 − 𝛼 ∙ (∑ 𝑝𝑠𝑠|𝐿𝑠≤𝑧 − 𝛼) ∙ 𝑧 +

11 − 𝛼 ∙ (∑ 𝑝𝑠𝑠|𝐿𝑠≤𝑧 ∙ 𝐿𝑠)

Equação 3- 16: Função objetiva do modelo

3.2.4. RESTRIÇÕES

• Restrição de investimento total do capital:

∑ 𝑁𝑖 𝑤𝑖

𝑡 = 1 ;

Equação 3- 17: Restrição de investimento total do capital

• Restrição a venda a descoberto:

𝑤𝑖𝑡 ≥ 0 ;

Equação 3- 18: Restrição de venda a descoberto

Page 46: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

35

• Penalização na função objetiva, devido aos custos de transação.

Utilizado apenas no modelo onde há rebalanceamento:

− ∑ 𝑚𝑖𝑡 ∙

𝑁

𝑖

𝜋𝑖𝑡 ∙ 𝛿

Equação 3- 19: Função de penalização da função objetiva

4. MÉTODO COMPUTACIONAL

Este capítulo é reservado para mencionar as bibliotecas utilizadas do R e o

método de solução utilizado nos modelos. É importante mencionar que existem

várias bibliotecas diferentes para mesma aplicação. Entretanto, buscamos

aquela que apresentava maior flexibilidade na adiçao de restrições e ajuste da

função objetiva. Sendo assim, o trabalho é replicável para mais restrições e

formulações diferentes que representem melhor a realidade de um investidor

individual.

4.1. BIBLIOTECAS

As bibliotecas utilizadas e suas finalidades nos modelos foram:

• quantmod: O quantmod é um pacote do R feito para auxiliar operadores

quantitativos no desenvolvimento e teste de modelos de operação de

ativos. Com esse pacote, é possível baixar dados de preço de ativos da

Bovespa, por exemplo. Com o auxílio desse pacote foi possível baixar

os dados utilizados no presente trabalho.

• PortfolioAnalytics: O PortfolioAnalytics é um pacote do R feito para

prover soluções numéricas para problemas com restrições e funções

objetivas complexas. Desse modo, é possível simular diferentes

conjuntos de função objetiva e restrições, por meio dos seguintes

métodos de solução:

o Random portfolios;

Page 47: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

36

o Differential Evolution;

o Particle Swarm Optimization;

o Generalized simulated annealing;

o Linear and quadratic programming routines.

4.2. MÉTODOS DE SOLUÇÃO

Para o primeiro modelo, o método de solução utilizado foi por meio da

infraestrutura de otimização do R (ROI), onde há 3 tipos de métodos: nlminb, glpk,

quadrprog. O ROI seleciona automaticamente o melhor método para o problema

sugerido. Esse método foi utilizado por ser o mais rápido dentre os disponíveis, e

diferentemente do método aleatório, ele resulta sempre na mesma solução proposta

e não depende de uma amostragem N de portfólios.

O método de solução utilizado no segundo modelo foi o de portfólios

aleatórios, baseado em Patrick Burns (2004). Esse método foi escolhido devido a

sua maior flexibilidade quanto as funções objetivas, restrições e penalidades

adicionadas. Entretanto, é o método mais demorado para a convergência da solução

proposta, e dependente da amostragem de portfólios. Ele foi selecionado para o

segundo modelo, pois permite a adição de custos de transação.

Page 48: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

37

5. RESULTADOS E ANÁLISES

Neste capítulo, os resultados de ambos modelos empíricos são demonstrados.

Em ambos modelos as análises ficaram restritas ao universo de ações do índice

Bovespa, para que não houvesse problemas de liquidez, uma vez que esses ativos

são normalmente os mais negociados da bolsa de valores brasileira.

Como as empresas podem entrar ou sair do índice, foram analisadas apenas as

que se mantiveram nele ao longo do período analisado, que corresponde ao dia 02

de janeiro de 2019 até o dia 08 de novembro de 2019. Os ativos analisados, portanto,

foram:

MGLU3 VALE3 B3SA3 BTOW3 RENT3

CYRE3 IGTA3 EGIE3 BRKM5 PETR4

GOAU4 USIM5 WEGE3 VIVT4 PETR3

MRVE3 PCAR4 ECOR3 RAIL3 JBSS3

GGBR4 NATU3 CSNA3 ELET3

CVCB3 CCRO3 EMBR3 ITSA4

HYPE3 LAME4 SBSP3 ITUB4

VVAR3 CSAN3 BBSE3 TIMP3

UGPA3 LREN3 MRFG3 FLRY3

RADL3 BRAP4 BRML3 ELET6

Tabela 5-1: Ativos incluídos na análise

A periodicidade da análise foi diária, como já mencionado no modelo teórico.

Nos apêndices deste trabalho estão relatórios de performance de todos os ativos

disponíveis para investimento, assim como relatórios de performance para cada

setor do índice Ibovespa. Nele, podemos obsevar a forte performance do setor de

consumo, impulsionada pela expectativa de aprovação de reformas econômicas no

país e retomada da confiança do consumidor, do setor bancário, historicamente com

uma alta rentabilidade no país, e o setor de saúde, puxada fortemente pela

performance da Raia Drogasil. No gráfico com todos os ativos, podemos observar

que existem mais ativos com resultados positivos expressivos do que negativos, o

que é normal dada a performacne acumulada do índice no ano. Nas próximas seções

a análise é mais detalhada para os dois modelos.

5.1. MODELO SEM REBALANCEAMENTO

Page 49: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

38

O modelo sem rebalanceamento consiste em um portfólio para a maximização

do retorno sobre o CVaR, sujeito às restrições de alocação total de capital e sem

venda a descoberto. Ele foi elaborado, com a intenção de demonstrar a decisão

pontual, com portfólio estático, para um investidor passivo no momento analisado.

A escolha do método não reflete a melhor alternativa para um investidor ativo, já

que depende do histórico recente para carregar uma posição comprada por um

horizonte de tempo significativamente longo. Sua principal análise foi para uma

melhor observação da fronteira eficiente. Além disso, no apêndice estão as

performances dos ativos, além de imagens separando as performances por setores.

Esse modelo tem por característica a amostragem com base no período todo

analisado, portanto, seu cálculo de performance não deve coincidir com esse

período, já que seria uma escolha a posteriori, o que não reflete a realidade do

mercado. Ele foi elaborado para demonstrar o que ocorre em cada janela de decisão

a priori do modelo com rebalanceamento, e para se analisar a fronteira eficiente do

período como um todo. A fronteira eficiente se encontra no final desta seção, figura

5-1.

A carteira ótima do modelo é composta, portanto de:

• 15,03% de MGLU3 – Magazine Luiza, rede varejista de eletrônicos e

móveis, com e-commerce;

• 37,84% de RADL3 – Raia Drogasil, rede de drogarias;

• 17,82% de MRFG3 - Marfrig Global Foods é uma das maiores

companhias de alimentos à base de proteína animal do mundo;

• 29,32% JBSS3 - JBS uma das maiores indústrias de alimentos do

mundo. A companhia opera no processamento de carnes bovina, suína,

ovina e de frango e no processamento de couros.

Com retorno esperado de 0,36% ao dia, e CVaR de 2,593%.

É possível notar que o modelo selecionou ativos de diferentes setores, de

modo a reduzir o risco como um todo da carteira. Há ativo de consumo

discricionário, no caso da Magazine Luiza, onde se beneficiaria de uma

Page 50: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

39

performance positiva da demanda interna brasileira, com o aumento do consumo

doméstico. Enquanto há também ativos de consumo não discricionário,

caracterizados por possuírem um beta menor que 1, e menos alavancados, portanto,

à performance econômica brasileira. Nos casos da rede de drogarias e das empresas

voltadas para indústria alimentícia, um aumento da demanda agregada doméstica

não impulsionaria um grande aumento de consumo dos produtos dessas empresas.

Portanto, é possível perceber que o modelo reduz o risco assistemático ao associar

essas empresas.

Para que a diversificação do portfólio seja melhor demonstrada visualmente,

abaixo está a fronteira eficiente do modelo. É possível notar que as empresas

escolhidas se situam em um quadrante mais positivo para a utilidade do investidor,

ficando mais localizadas a “noroeste”, ou seja, com mais retorno e menor risco. A

JBS foi a empresa que ficou situada na fronteira eficiente, representado um portfólio

eficiente, mas significativamente mais arrojado que o obtido por nosso portfólio.

Recentemente os frigoríficos tiveram alta de exportação, o que levou à boa

performance das empresas mencionadas. Em setembro de 2019, por exemplo, a

China habilitou 25 novos frigoríficos brasileiros para exportação, saindo de 64

plantas habilitadas para 89 que agora podem exportar para o país asiático. Parte

desse aumento de demanda Chinês pela proteína brasileira é devido à peste suína

africana, que devastou plantéis locais e causou falta de oferta da proteína animal,

aumentando a necessidade de importação de proteína brasileira.

As empresas do quadrante mais à direita e acima, são aquelas em que

contribuem mais para o retorno, porém com perfil de risco bem acima dos outros.

As principais empresas desse quadrante são VVAR3 e ELET3. Essas ações são

caracterizadas por dependerem fortemente da economia doméstica (VVAR3) ou

políticas econômicas internas (ELET3). A Via Varejo (VVAR3), como o próprio

nome diz, é do setor de consumo discricionário, possui marcas como Casa Bahia,

Pontofrio, Extra. Já a Eletrobrás (ELET3), é uma sociedade de capital misto, onde

o governo possui o controle acionário e atua como holding no setor de energia

elétrica, contendo negócios de geração, transmissão e distribuição de energia.

Devido ao seu capital ser misto, a ação da Eletrobrás tem sofrido efeito da onda

liberal do novo governo brasileiro, principalmente com assuntos relacionados à

privatização.

Page 51: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

40

A maior parte das empresas situaram no quadrante com baixo retorno e

baixo risco, com base no recorte e períodos analisados. Exemplo de ações desse

quadrante são ITUB4, PCAR4, LAME4, GGBR4, TIMP3, RAIL3, RENT3,

LREN3, BBSE3, EGIE3. Há, portanto, empresas de diferentes setores, desde

bancos a varejo, geradora de energia, commodities, infraestrutura. Análises quanto

a esse quadrante, devido ao grande número de ativos e variedade, podem ser

inconclusivas nesse período observado.

O pior quadrante, com baixo retorno e muito risco, ficou reservado a BRAP4

e VALE3. A Bradespar (BRAP4) é uma empresa que administra as participações

acionários que o Bradesco possuía em empresas não financeiras, como Vale. Por

conta disso, a BRAP4 situa-se em mesmo quadrante que a VALE3. Já a ação da

VALE3, para o período analisado, esteve nesse quadrante devido ao evento do

rompimento da barragem de Brumadinho-MG, que sucederam em diversas

cassações e liberações de licença para a mineradora, aumentando a volatilidade do

ativo. Aliado a isso, a volatilidade do preço do minério contribuiu para aumentar o

risco da ação. Outro fator que pode ter corroborado é a pressão vendedora do

BNDES, que irá desfazer de 90% de suas ações.

Page 52: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

41

Figura 5-1: Fronteira eficiente de ativos

Page 53: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

42

5.2. MODELO COM REBALANCEAMENTO

Neste modelo foi adicionada a possibilidade de rebalanceamento do portfólio

periodicamente, tornando-o dinâmico ao longo do período analisado. Além disso,

também foram incluídos custos de transação no valor de 0,50% do financeiro

negociado. A possibilidade de rebalanceamento é interessante pois possibilita ao

programa reavaliar as informações passada disponíveis para cada um dos ativos,

adicionando uma componente de momentum. Assim como mencionado no início

desse capítulo, a ideia do modelo é que represente tomadas de decisões de um fundo

de investimento Long Only. Sendo assim, a cada pregão o operador segue o

rebalanceamento sugerido pela carteira do modelo, mantendo seus ativos 100%

alocados, com restrição a venda a descoberto e com os custos de transação

representados.

A análise dinâmica utilizada é baseada na ideia de Walk Forward Optimization.

Desse modo, a estratégia de otimização possui N janelas de observação dentro de

um período total de análise. No caso do presente trabalho, cada janela consistia em

30 pregões, do total de 216. A cada dia de pregão que se passava, o algoritmo tinha

que tomar uma decisão a priori da carteira de investimentos, portanto a otimização

era feita seguindo o método aleatório. A análise da otimização em um dia observava

uma janela de 30 pregões passados, da seguinte forma: 10 desses dias eram

selecionados para treinamento dos dados e 20 para teste fora da amostragem. Esse

algoritmo era chamado a cada dia de pregão, retornando o que será observado de

resultado de decisões pontuais e performance.

Para a análise foi utilizada a frequência de rebalanceamento diária, a partir dos

preços de fechamento do pregão anterior, com um período de treino de 10 pregões

(não há alocação nos 10 primeiros pregões) e janela de análise de 30 pregões

(retornos esperados e CVaR são calculados a partir dos retornos dos 30 pregões

anteriores ao rebalanceamento). Conforme citado anteriormente, o método de

optimização escolhido para esse modelo foi o de geração aleatória de 1000

portfólios (random). O período de avaliação foi de 2 de janeiro de 2019 até 8 de

novembro de 2019 (216 pregões).

Page 54: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

43

Após a execução do programa, gerou-se um gráfico de alocação diário do

portfólio, onde é possível enxergar o fluxo de alocação de ativos. O gráfico pode

ser encontrado na página seguinte.

Além disso, também se gerou um gráfico de performance comparativa entre o

portfólio com rebalanceamento, o portfólio estático (chamado de benchmark) e o

índice Ibovespa. Esse gráfico se encontra logo após ao gráfico de alocação. Nele

podemos observar que o portfólio com rebalanceamento apresentou uma

performance consideravelmente acima dos dois outros portfólios, com

outperformance durante praticamente todo o período analisado. Ainda pode-se

destacar que o máximo drawdown (queda acumulada do valor de um ativo desde o

último pico) do portfólio dinâmico é cerca de 2 pontos percentuais maior do que o

dos outros dois portfólios. Ainda se apresenta uma tabela com as contribuições

acumuladas de cada ação ao portfólio – pode-se notar que todos os ativos avaliados

fizeram parte da carteira em algum momento do período avaliado. Nos resultados

obtidos, o número médio de ativos no portfólio durante o período de avaliação foi

de 25 ações – praticamente metade do índice, o que é esperado para necessidade da

adição do fator de diversificação do risco específico.

Na tabela 5-2 observa-se tanto a contribuição acumulada de cada ativo do índice

no portfólio assim como o número de aparições no portfólio rebalanceado. Como

forma de avaliação da performance dos ativos em carteira (não apenas retornos)

calculamos a correlação entre o número de aparições e a contribuição acumulada e

chegamos ao valor de -0,31. Isso indica que existe uma correlação inversa fraca

entre o número de vezes em que alocamos determinado ativo na carteira e o retorno

por ele gerado. Isso é um indicativo de que essas contribuições foram geradas pela

alocação de capital num momento em que o ativo apresentava tendência de alta

(relação retorno esperado e CVaR alta) – o que pode ser justificado pela presença

de uma componente de momentum no modelo, conforme citado anteriormente no

estudo.

Dito isso, a partir do portfólio dinâmico, avaliamos a performance dos 5 ativos

que mais contribuíram positivamente para o portfólio (MRFG3, RADL3, CCRO3,

HYPE3 e BBSE3) e dos 5 ativos que mais contribuíram negativamente (UGPA3,

BRKM5, EMBR3, BRAP4 e ITUB4). Os resultados também podem ser observados

a seguir.

Page 55: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

44

Pode-se observar que o modelo foi capaz de antecipar as altas nos ativos,

capturando valor ao longo do ano e alocar capital em ações que perderam valor no

período sem prejudicar significativamente a performance do portfólio. De fato,

mesmo ações que apresentaram queda acumulada no período foram capazes de

contribuir positivamente para o retorno do portfólio. É possível perceber também,

que o modelo performou mais que os benchmarks principalmente em poucos

instantes anteriores à aprovação da previdência.

Page 56: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

45

Figura 5-2: Gráfico de pesos de ativos no portfólio com rebalanceamento

Page 57: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

46

Figura 5-3: Relatório comparativo de performance dos modelos sem

rebalanceamento, com rebalanceamento e Ibovspa

Page 58: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

47

Tabela 5-2: Tabela de contribuição acumulada dos ativos e número de

aparições no portfólio com rebalanceamento

Page 59: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

48

Figura 5-4: Relatório comparativo de performance dos 5 ativos que mais

contribuíram negativamente para o portfólio com rebalanceamento

Page 60: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

49

Figura 5-5: Relatório comparativo de performance dos 5 ativos que mais

contribuíram positivamente para o portfólio com rebalanceamento

Page 61: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

50

6. CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo desenvolver um modelo matemático e

computacional para gestão de carteiras de investimento comprada em ações

brasileiras com o objetivo de minimizar seu risco mensurado pelo CVaR.

Inicialmente foi realizada a montagem de um portfólio único que foi mantido

durante todo o período de análise. A partir dele se montou a fronteira eficiente

descrita por Markowitz (1952) considerando todas as ações disponíveis para

investimento. Após isso, inclui-se uma componente dinâmica no portfólio através

da opção de rebalanceamento diário. Com esses dois modelos em mãos, comparou-

se a performance de cada um deles com o retorno do índice Ibovespa, também

avaliando suas distribuições de retornos e os drawdowns. De acordo com os

resultados apresentados, observou-se a importância do rebalanceamento na carteira

e como essa técnica alavanca os ganhos gerados. Parte disso é justificado pela

componente de momentum que essa técnica inclui no portfólio, avaliando os

retornos e CVaRs de pregões mais recentes. Na comparação entre os três portfólios

(índice Ibovespa, portfólio estático e portfólio dinâmico) pode-se observar que o

retorno dos dois modelos foi superior ao retorno do mercado e que no caso com

rebalanceamento o drawdown também foi significativamente menor. Isso mostra

que a estratégia de utilizar CVaR como medida de risco tanto possibilita ao

investidor aumentar os ganhos da carteira como proteger sua carteira de quedas

prolongadas – fator extremamente importante na gestão de fundos de investimento.

Neste estudo consideramos apenas posições compradas em ações e a ausência

de investimento em um ativo livre de risco, o que possibilita o aprimoramento do

modelo com mais restrições baseadas nas características pessoais de cada investidor

e restrições matematicamente mais sofisticadas, de forma a aumentar o poder

decisório do modelo como um todo. Para determinação do portfólio ótimo em cada

período de rebalanceamento utilizamos a simulação de 20.000 carteiras (número

padrão de geração de cenários do pacote Portfolio Analytics) e 216 pregões foram

avaliados, considerando um período de teste de 10 pregões. Logo, durante o modelo

foram gerados 4.320.000 cenários diferentes e o tempo de processamento foi de

5,37 minutos utilizando um i5-9400F 2.90 GHz – mostrando que o modelo é

computacionalmente viável.

Page 62: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

51

Durante a revisão bibliográfica foi feita uma varredura dos conceitos envolvidos

na gestão de portfólios e de ativos financeiros de risco, passando pela Teoria de

Portfólios e pela Hipótese de Mercados Eficientes, também se pesquisou sobre a

literatura disponível de modelos quantitativos no Brasil e no exterior. Através dessa

revisão pode-se avaliar quão inexplorado esse campo de pesquisa ainda é no país e

as possibilidades existentes para expansão dos estudos. Pesquisou-se também sobre

fundos de investimentos quantitativos existentes no mundo, destacando a D.E.

Shaw & Co e a AQR Capital, gestoras multibilionárias com um trackrecord

invejável. Foi possível notar a diferença de desenvolvimento entre os fundos

quantitativos do exterior e brasileiros, observável pela grande diferença de ativos

sob gestão.

Por fim, as principais contribuições deixadas pelo trabalho são a adição da

técnica de rebalanceamento na construção de um portfólio ótimo utilizando CVaR

como medida de risco – técnica não observada na literatura levantada, e o

desenvolvimento de um modelo computacionalmente viável e de código livre –

possibilitando o aprimoramento de outros acadêmicos e utilização de investidores.

6.1. SUGESTÃO DE TRABALHOS FUTUROS

O estudo desenvolvido apresentou resultados positivos e promissores.

Entretanto, o trabalho não teve um foco na análise de sensibilidade do modelo aos

parâmetros apresentados. Portanto, sugerimos nessa seção alguns possíveis tópicos

para aprofundamento e aprimoramento do modelo:

i. Adição de possibilidade de posições vendidas, levando em conta o custo

de aluguel e os dividendos pagos pelas ações;

ii. Inclusão de ações fora do indíce Ibovespa (mid e small caps, por

exemplo) respeitando parâmetros de liquidez informados pelo

investidor;

iii. Análise de sensibilidade do modelo para os parâmetros de

rebalanceamento: para a execução da técnica de rebalanceamento são

informados (1) frequência de rebalanceamento, (2) período de testes e

(3) rolling window (número de pregões usados para calcular o retorno

esperado e CVaR das ações). Para aprimoramento do modelo é

Page 63: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

52

interessante avaliar como ele responde com mudanças nesses

parâmetros, podendo se definir parâmetros base que o otimizem para o

mercado brasileiro. No caso do rolling window, por exemplo, esse

estudo seria semelhante a avaliação de autocorrelação entre amostras,

onde a janela com maior autocorrelação seria a ótima.

Page 64: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

53

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Artzner et al. COHERENT MEASURES OF RISK, Paris David Heath, Carnegie

Mellon University, Pittsburgh, Pennsylvania (Jul., 1998);

Asness et al. BETTING AGAINST CORRELATION: TESTING THEORIES

OF THE LOW-RISK EFFECT, Journal of Financial Economics, (Jul., 2019);

Bachelier, L. THÉORIE DE LA SPÉCULATION. Annales Scientifiques de

l'École Normale Supérieure. 17: 21–86, (1900);

Brooks et al. POST-FOMC ANNOUNCEMENT DRIFT IN U.S. BOND

MARKETS, NBER Working Paper No. 25127, (Abr., 2019);

Buffett, W. HERE’S WHAT WARREN BUFFETT THINKS ABOUT THE

EFFICIENT MARKET HYPOTHESIS. Business Insider, (2010);

Burns, P. J.. PERFORMANCE MEASUREMENT VIA RANDOM

PORTFOLIOS, in SSRN Eletronic Journal, (Dez., 2004);

Chang et al. HEURISTICS FOR CARDINALITY CONSTRAINED

PORTFOLIO OPTIMISATION, in Computers & Operations Research 27(13) ·

(Mar., 1999);

Fama, E.. THE BEHAVIOR OF STOCK MARKET PRICES, Journal of

Business. 38: 34–105. doi:10.1086/294743, (1965);

Fama, Eugene. EFFICIENT CAPITAL MARKETS: A REVIEW OF

THEORY AND EMPIRICAL WORK. Journal of Finance, (1970).

Foellmer, H. and Schied, A. CONVEX MEASURES OF RISK AND TRADING

CONSTRAINTS, in Finance and Stochastics 6(4), (Set., 2002);

Page 65: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

54

Fritelli, M. & Gianin, E. R. PUTTING ORDER IN RISK MEASURES, in

Journal of Banking & Finance 26(7), (Jul., 2002);

Garcia-Feijóo, L. & Kochard, Lawrence & Sullivan, Rodney & Wang, Peng. LOW-

VOLATILITY CYCLES: THE INFLUENCE OF VALUATION AND

MOMENTUM ON LOW-VOLATILITY PORTFOLIOS, 71. 47-60.

10.2469/faj.v71.n3.2, (Jan., 2015);

Golmakani, H. R. & Fazel, M. CONSTRAINED PORTFOLIO SELECTION

USING PARTICLE SWARM OPTIMIZATION, em Expert Systems with

Applications, 38, (2011);

Gotoh, J. & Takano, Y. NEWSVENDOR SOLUTIONS VIA CONDITIONAL

VALUE-AT-RISK MINIMIZATION, European Journal Operational Research,

179, 80-96, (2007);

Hassine, M. & Roncalli, T. MEASURING PERFORMANCE OF EXCHANGE

TRADED FUNDS. Lyxor Asset Management., (2013);

Jung, Jeeman; Shiller, Robert. SAMUELSON’S DICTUM AND THE STOCK

MARKET. Economic Inquiry. 43 (2): 221–228, (2005);

Kisiala, J.. CONDITIONAL VALUE-AT-RISK: THEORY AND

APPLICATIONS, Dissertation Presented for the Degree of MSc in Operational

Research (Ago., 2015);

Kubudi, C.. ALGORITMOS PARA O PROBLEMA DE SELEÇÃO ONLINE

DE PORTFOLIOS, dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção

do grau de Mestre pelo Programa de Pós-graduação em Informática

do Departamento de Informática do Centro Técnico Científico da PUC-Rio, (Fev.,

2019);

Ledoit, O. and Wolf, M. IMPROVED ESTIMATION OF THE COVARIANCE

MATRIX OF STOCK RETURNS WITH AN APPLICATION TO

Page 66: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

55

PORTFOLIO SELECTION, Journal of Empirical Finance, 10(5):603-621,

(2003);

Ledoit, O. and Wolf, M.. A WELL-CONDITIONED ESTIMATOR FOR

LARGE-DIMENSIONAL COVARIANCE MATRICES, Journal of

Multivariate Analysis, 88(2):365-411, (2004);

Lintner, John. THE VALUATION OF RISK ASSETS AND THE SELECTION

OF RISKY INVESTMENTS IN STOCK PORTFOLIOS AND CAPITAL

BUDGETS, Review of Economics and Statistics, 47 (1), 13-37, 1965;

Malkiel, B. A RANDOM WALK DOWN WALL STREET. 1ª Edição. W.W.

Norton, Nova Iorque, 1973;

Malkiel, B. A RANDOM WALK DOWN THE WALL STREET. 6ª Edição,

W.W. Norton, Nova Iorque, 1996;

Markowitz, H. PORTFOLIO SELECTION, The Journal of Finance, Vol. 7, No.

1. (Mar., 1952);

Mossin, J. EQUILIBRIUM IN A CAPITAL ASSET MARKET, Econometrica,

Vol. 34, No. 4, pp. 768–783, 1966;

Oh et al. PORTFOLIO ALGORITHM BASED ON PORTFOLIO BETA

USING GENETIC ALGORITHM, in Expert Systems with Applications 30(3),

(Abr., 2006);

Pflug, G. C.. SOME REMARKS ON THE VALUE-AT-RISK AND THE

CONDITIONAL VALUE-AT-RISK, in Probabilistic Constrained Optimization

pp 272-281, (2000);

Regnault, J. CALCUL DES CHANCES ET PHILOSOPHIE DE LA BOURSE,

Mallet-Bachelier et Castel, Paris, 1863;

Page 67: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

56

Rockafellar, R. T. and Uryasev, S.. CONDITIONAL VALUE-AT-RISK FOR

GENERAL LOSS DISTRIBUTIONS, Journal of Banking & Finance, Vol 26,

Issue 7, (Jul., 2002);

Samuelson, P. A.. SUMMING UP ON BUSINESS CYCLES: OPENING

ADDRESS, in Jeffrey C. Fuhrer and Scott Schuh, Beyond Shocks: What Causes

Business Cycles, Boston: Federal Reserve Bank of Boston, (1998);

Samuelson, Paul. PROOF THAT PROPERLY ANTICIPATED PRICES

FLUCTUATE RANDOMLY. Industrial Management Review. 6: 41–49, 1965;

Samuelson, Paul A., SUMMING UP ON BUSINESS CYCLES: OPEBUBG

ADDRESS, em Jeffrey C. Fuhrer and Scott Schuh, Beyond Shocks: What Causes

Business Cycles, Boston: Federal Reserve Bank of Boston, 1998;

Santos, A. e Tessari, C. TÉCNICAS QUANTITATIVAS DE OTIMIZAÇÃO

DE CARTEIRAS APLICADAS AO MERCADO DE AÇÕES BRASILEIRO,

Departamento de Economia. Universidade Federal de Santa Catarina, Santa

Catarina, SC, Brasil, (Out. 2012);

Sharpe, W. F. CAPITAL ASSET PRICES: A THEORY OF MARKET

EQUILIBRIUM UNDER CONDITIONS OF RISK. Journal of Finance, 19 (3),

425-442, 1964;

Sharpe, W.F. MUTUAL FUND PERFORMANCE. The Journal of Business, 39,

119-138, 1966;

Soleimani et al. MARKOWITZ-BASED PORTFOLIO SELECTION WITH

MINIMUM TRANSACTION LOTS, CARDINALITY CONSTRAINTS AND

REGARDING SECTOR CAPITALIZATION USING GENETIC

ALGORITHM, in Expert Systems with Applications 36, (2009);

Souza et al. OTIMIZAÇÃO DE CARTEIRA DE INVESTIMENTOS: UM

ESTUDO COM ATIVOS DO IBOVESPA, Revista de Gestão, Finanças e

Contabilidade, ISSN 2238-5320, UNEB, Salvador, v. 7, n. 3, p. 201-

Page 68: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

57

213, (Dez., 2017);

Treynor, J. L. JACK TREYNOR’S TOWARD A THEORY OF MARKET

VALUE OF RISKY ASSETS, 1962. Disponível

em: https://ssrn.com/abstract=628187 ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.628187 ;

Treynor, J. L. MARKET VALUE, TIME AND RISK, 1961. Disponível

em: https://ssrn.com/abstract=2600356 ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2600356

Page 69: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

58

8. APÊNDICE

Figura 8-1: Resumo da perfmornace das ações avaliadas

Page 70: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

59

Figura 8-2: Resumo da performance do setor de consumo

Page 71: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

60

Figura 8-3: Resumo da performance do setor de saúde

Page 72: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

61

Figura 8-4: Resumo da perfrmance do setor de serviços financeiros

Page 73: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

62

Figura 8-5: Resumo da performance do setor industrial

Page 74: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

63

Figura 8-6: Resumo da performance do setor de commodities

Page 75: OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA DE …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10030867.pdf · 2020-03-26 · OTIMIZAÇÃO DE PORTFOLIO USANDO CVaR COMO MEDIDA

64

Figura 8-7: Resumo da performance do setor de utilities