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Rua Sarmento Leite, 627 • Porto Alegre, RS CEP 90050-170 • Tel (51) 3012-2800
[email protected] • www.jamboeditora.com.brTodos os direitos desta edição reservados à Jambô Editora. É proibida a
reprodução total ou parcial, por quaisquer meios existentes ou que venham a ser criados, sem autorização prévia, por escrito, da editora.
1ª edição: julho de 2017 | ISBN: 978858913471-3Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
S182p Salvatore, R. A.Pátria / R. A. Salvatore; tradução de Carine Ribeiro; revisão
de Rogerio Saladino. — Porto Alegre: Jambô, 2017.384p. il.
1. Literatura norte-americana. I. Ribeiro, Carine. II. Saladino, Rogerio. III. Título.
CDU 869.0(81)-311
A LendA de drizzt, VoL. 1 — PátriA
©2004 Wizards of the Coast, LLC. Todos os direitos reservados. Dungeons & Dragons, D&D, Forgotten Realms, Wizards of the Coast, The Legend
of Drizzt e seus respectivos logos são marcas registradas de Wizards of the Coast, LLC.
Título Original: The Legend of Drizzt, Book 1: HomelandTradução: Carine RibeiroRevisão: Rogerio Saladino
Diagramação: Guilherme Dei SvaldiIlustração da Capa: Todd LockwoodIlustrações do Miolo: Dora Lauer
Conselho Editorial: Gustavo Brauner, Marcelo Cassaro, Leonel Caldela, Rafael Dei Svaldi, Rogerio Saladino, J. M. Trevisan
Editor-Chefe: Guilherme Dei Svaldi
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Nenhuma estrela presenteia esta terra com a luz dos seus mistérios cintilantes, nem o sol verte aqui seus raios de calor e vida. Este é o Subterrâneo, o mundo secreto abaixo da super-fície agitada dos Reinos Esquecidos, cujo céu é um teto de rocha impiedosa e cujas paredes mostram a suavidade cinzenta da morte à luz das tochas dos tolos habitantes da superfície que vêm parar aqui. Este não é o mundo deles, e a maioria dos que vêm aqui sem ser convidados não retornam.
Aqueles que conseguem escapar e voltam à segurança de seus lares são alterados para sempre. Seus olhos viram as trevas e as sombras, a inevitável maldição do Subterrâneo.
Corredores sombrios serpenteiam por todo o reino escuro, conectando cavernas grandes e pequenas, com tetos altos e baixos.
Prelúdio
Amontoados de pedras tão pontudas quanto os dentes de um dragão espreitam como uma ameaça silenciosa ou se elevam, bloqueando o caminho de intrusos.
Há um silêncio aqui, profundo e agou-rento, como o de um predador à espera de sua caça. E, por diversas vezes, o único som, o único lembrete para os viajantes de que não perderam sua audição, é um gotejar ecoante de água, pulsante como o coração de uma fera, desli-zando através das pedras até os lagos gelados do Subterrâneo. O que há abaixo da superfície espelhada dessas piscinas de ônix, só se pode imaginar. Quais segredos aguardam aquele que tiver coragem, quais horrores aguardam aquele que for tolo o bastante, apenas a imaginação pode revelar… Até que se perturbe a calmaria imóvel daquelas águas.
Há bolsões da vida aqui, cidades tão grandes quanto as da superfície. Após qual-quer uma das curvas das galerias de pedra cinzenta, um viajante pode se ver subitamente no perímetro de uma dessas metrópoles, um contraste intenso com o vazio dos corredores. Tais lugares, ainda assim, não servem de re-fúgio. São os lares das raças mais malignas de todos os Reinos — dentre as quais, as mais
notáveis são os duergars, os kuo-toa e os drow, ou elfos negros.
Em uma dessas cavernas, de três quilô-metros de largura e trezentos metros de altura, fica Menzoberranzan, um monumento à graça sobrenatural — e letal — que marca a raça dos drow. Nos locais em que, em épocas passadas, havia uma caverna vazia de estalactites e estalag-mites brutas, agora há fileiras e mais fileiras de palácios ressoando em um sutil fulgor mágico. A cidade é a perfeição da forma, onde nenhuma pedra foi mantida em seu estado natural. Tal senso de ordem e controle, no entanto, é ape-nas uma fachada cruel, um embuste que oculta o caos e a vilania que governam os corações dos elfos negros. Assim como suas cidades, eles são um povo belo, esbelto e delicado, de traços acentuados e etéreos.
No entanto, os drow são os governantes deste mundo sem lei, os mais letais dentre os letais, e todas as outras raças os observam cau-telosamente. A própria beleza empalidece ante a ponta da espada de um elfo negro. Os drow são sobreviventes, e este é o vale da morte. A terra de pesadelos inomináveis.
O Subterrâneo.
Parte 1
Status
Status. Em todo o mundo dos drow, não
há palavra mais importante. É o chamado da
religião deles — da nossa. O incessante repu-
xar das cordas famintas do coração. A ambição
supera o bom senso, e a compaixão é jogada em
sua face, tudo em nome de Lolth, a Rainha Ara-
nha. A ascensão ao poder na sociedade drow é
um simples processo de assassinato. A Rainha
Aranha é uma divindade do caos, e ela e suas
altas sacerdotisas, as verdadeiras governantes
do mundo dos drow, certamente não veem
com maus olhos os indivíduos ambiciosos que
empunham adagas envenenadas.
É claro, existem regras de comportamen-
to. Toda sociedade precisa tê-las. Assassinar
alguém abertamente ou declarar guerra é um
convite às supostas leis, e as penas aplicadas
em nome da justiça drow são implacáveis.
Cravar um punhal nas costas de um rival
durante o caos de uma batalha ou nas sombras
silenciosas de um beco, no entanto, é algo
bastante aceitável — ou mesmo digno de
aplausos. A investigação não é o forte da jus-
tiça drow. Ninguém se importa o suficiente
para se incomodar com isso.
Status é o caminho de Lolth. Ela concede
a ambição para instaurar o caos, para manter
seus filhos drow em seu caminho designado
de autorreclusão. Filhos? Peões, mais pro-
vavelmente. Bonecos dançantes da Rainha
Aranha. Fantoches dos fios imperceptíveis
— mas permeáveis — de sua teia. Todos
disputam posições na hierarquia da Rainha
Aranha, todos caçam para seu prazer e todos
são caçados para o seu prazer.
Status é o paradoxo do mundo do meu
povo, a limitação do poder pela própria sede
de poder. É obtido através de traição, e convida
à traição contra aqueles que o obtiveram. Os
poderosos em Menzoberranzan passam seus
dias olhando para trás, para se defender das
adagas apontadas para suas costas. Suas mortes
geralmente vêm pela frente.
— Drizzt Do’Urden
CaPítulo 1
Menzoberranzan
PARA UM HABITANTE DA SUPERFíCIE, ele teria passado indetectável a apenas três metros de distância. Os passos do lagarto que usava como montaria eram leves demais para serem ouvidos, e a cota de malha flexível e perfeitamente forjada tanto para o cavaleiro quanto para a montaria se dobrava e adaptava-se aos movimentos deles como se fossem suas próprias peles.
O lagarto de Dinin trotava em uma marcha fácil, mas rápida, praticamente flutuando sobre o chão quebrado, pelas paredes, e até mesmo através do teto longo do túnel. Lagartos subterrâneos, com seus pés de três dedos pegajosos, estavam entre as montarias preferidas justamente por sua habilidade de escalar a pedra tão facilmente quanto uma aranha.
Atravessar o chão duro não deixaria nenhuma evidência no mundo iluminado da superfície, mas praticamente todas as criaturas do Subter-râneo possuíam infravisão, a habilidade de enxergar no espectro infra-vermelho. As pegadas deixam resíduos de calor que podem ser rastreadas se seguirem um curso previsível ao longo de um corredor.