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 1. Oxigenoterapia  A oxigenoterapia é utilizada para corrigir a hipoxemia e prevenir a hipóxia. A hipoxem ia é uma deficiênc ia de oxigé nio no sang ue arteria l enqu anto qu e a hipó xia é a falta de oxigé nio nos tecidos. É importan te o tratamento da hipoxemia para que esta não conduza a hipóxia já que a falta de oxigénio nos tecidos irá resultar na morte celular. A hipoxemia resulta da insuficiente oxigenação e/ou ventilação, a qual forma a base fisiologia para a insuficiência respiratória e pode ser causada por: y Doença pulmonar intrínseca (tais como asma, doença pulmonar obstrutiva crónica (DPOC), pneumonia e embolia pulmonar) y Doenças neuromusculares (tais como distrofia muscular e doença do neurónio motor) y Doenças da pa rede do tór ax (por exemplo, escoliose e cifos coliose) y Outras causas incluem a obstrução das vias aéreas superiores, a síndrome de dificuldade respiratória do adulto (SDRA) e a inalação de monóxido de carbono. O oxigénio é uma terapêutica e deve ser prescrita de acordo com a hipóxia clínica e a evidência de hipoxemia arterial, com o objectivo de administrar a oxigenoterapia de modo correcto. Para determinar esta disfunção de oxigénio no sangue arterial, precisamos saber dados precisos sobre a gasi metria arterial e a oximetria de pulso, no primeiro caso os dados são directos e indicam a pressão parcial de oxigénio (PaO2) no sangu e ar terial , cujo valor normal é acima de 70 mmHg, com a oximetria os dados são indirectos e mostram a saturação da hemoglobina pelo oxigénio que se encontra normalmente nos 95%. Para que não ocorra erros na administração de oxigénio é necessário conhecer também: y As indicações da oxigenoterapia y As complicações da oxigenoterapia y Os tipos de dispositivos de administração de oxigénio y A utilização da humidificação y A oxigenoterapia domi ciliária ± o uso de concentradores e de oxigénio portátil y O ensino ao doente e a resolução de problemas

Oxigenoterapia

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1. Oxigenoterapia

  A oxigenoterapia é utilizada para corrigir a hipoxemia e prevenir a hipóxia. A

hipoxemia é uma deficiência de oxigénio no sangue arterial enqu anto que a hipóxia é a

falta de oxigénio nos tecidos. É importan te o tratamento da hipoxemia para que esta

não conduza a hipóxia já que a falta de oxigénio nos tecidos irá resultar na morte

celular. A hipoxemia resulta da insuficiente oxigenação e/ou ventilação, a qual forma a

base fisiologia para a insuficiência respiratória e pode ser causada por:

y Doença pulmonar intrínseca (tais como asma, doença pulmonar obstrutiva

crónica (DPOC), pneumonia e embolia pulmonar)

y Doenças neuromusculares (tais como distrofia muscular e doença do neurónio

motor)

y Doenças da parede do tórax (por exemplo, escoliose e cifos coliose)

y Outras causas incluem a obstrução das vias aéreas superiores, a síndrome de

dificuldade respiratória do adulto (SDRA) e a inalação de monóxido de

carbono.

O oxigénio é uma terapêutica e deve ser prescrita de acordo com a hipóxia clínica

e a evidência de hipoxemia arterial, com o objectivo de administrar a oxigenoterapia de

modo correcto. Para determinar esta disfunção de oxigénio no sangue arterial,

precisamos saber dados precisos sobre a gasimetria arterial e a oximetria de pulso, no

primeiro caso os dados são directos e indicam a pressão parcial de oxigénio (PaO2)

no sangue ar terial, cujo valor normal é acima de 70 mmHg, com a oximetria os dados

são indirectos e mostram a saturação da hemoglobina pelo oxigénio que se encontra

normalmente nos 95%.

Para que não ocorra erros na administração de oxigénio é necessário conhecer 

também:

y As indicações da oxigenoterapia

y As complicações da oxigenoterapia

y Os tipos de dispositivos de administração de oxigénioy A utilização da humidificação

y A oxigenoterapia domiciliária ± o uso de concentradores e de oxigénio portátil

y O ensino ao doente e a resolução de problemas

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2. Indicações da oxigenoterapia

Os objectivos e aplicações da oxigenoterapia são:

y Corrigir a insuficiência respiratória de Tipo I (só hipoxemia)

y Corrigir a insuficiência Tipo II (hipoxemia e hipóxia)y Alívio paliativo da dispneia

  A insuficiência respiratória é a incapacidade para manter uma adequada

oxigenação e/ou uma adequada eliminação de dióxido de carbono. A insuficiência

respiratória de Tipo I é reconhecida quando o valor de PaO 2 é inferior a 70mmHg e a

insuficiência respiratória de Tipo II é reconhecida quando o valor de PaO 2 é inferior a

70mmHg e o valor de PaCO2 é superior a 44mmHg (Tabela 1)

Tabela 1- definição de insuficiência respiratória de Tipo I e de Tipo II

Valores do gás no sangue arterial Normal IR Tipo I IR Tipo II

pH

PaO2

PaCO2

SaO2

7.35-7.45

90-100 mmHg

35-45 mmHg

95%+

7.35-7.45

<70mmHg

35-44 mmHg

<92%

7.35-7.45 ou < 7.35

<70mmHg

>44 mmHg

<92%

2.1 Uso da oxigenoterapia na insuficiência respiratória de Tipo I

Na presença de insuficiência respiratória Tipo I, a oxigenoterapia deverá ser prescrita com um débito que corrija a hipoxemia (PaO2> 70mmHg / SaO2 >90%). Por 

exemplo, um doente com asma ou embolia pulmonar poderá necess itar para prevenir 

a hipoxemia, inicialmente, de 60 -100% de oxigénio, até que o tratamento específico da

doença se inicie e se torne eficaz. Neste grupo, a monitorização da saturação de

oxigénio é suficiente para se efectuar uma reavaliação, desde que os v alores da

gasimetria arterial não mostrem um aumento no nível de dióxido de carbono arterial

em relação avaliação inicial.

2.2

Uso da oxigenoterapia na insuficiência respiratória de Tipo II

Os doentes que têm insuficiência respiratória de Tipo II podem ter desenvolvido

sensibilidade a níveis baixos de oxigénio no sangue. Isto é o oposto ao que acontece

em indivíduos normais, que revelam sensibilidade a níveis elevados de dióxido de

carbono e ajustam a frequência respiratória com o objectivo de tentar normalizar esta

situação (respiração de Kussmaul, por exemplo). Na insuficiência de Tipo II, o centro

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respiratório já não responde a níveis elevados de dióxido de carbono. Os

quimiorreceptores periféricos tornam-se então fundamentais para estimular a

respiração e responder a uma redução dos níveis de oxigénio. Assim, isto significa que

proporcionar uma fonte artificial de oxigénio para o organismo, sob a forma de

oxigenoterapia, leva à perda do est ímulo hipóxico do centro respiratório e o risco de

induzir a hipercapnia. Este aumento de dióxido de carbono, se não for tratado, causa

narcose, desorientação e por fim morte devido a acidose respiratória.

 A avaliação da concentração de oxigénio a ser admi nistrado, na IR Tipo II, deverá

ser feita em resposta aos resultados das gasimetrias arteriais. Nestes doentes, o

tratamento inicial é feito com baixa percentagem de oxigénio (24 -28%) que pode

progressivamente aumentada tendo como base repetidas gasimetria s arteriais.

3. Avaliação dos doentes em situação aguda para oxigenoterapia

  A avaliação dos doentes para utilizarem a oxigenoterapia deverá ser baseada

numa avaliação clínica, incluindo a avaliação da gasimetria arterial. Recomenda-se a

avaliação da oxigenoterapia numa situação aguda, e esta deverá envolver o seguinte:

y Antes de se iniciar a oxigenoterapia deverão ser feitas as gasimetrias do

sangue arterial;

y Em menos de duas horas, após o inicio da oxigenoterapia, deverão ser 

efectuadas a gasimetria arterial ou a oximetria (apenas se a retenção de CO2

estiver excluída);

y Os doentes hipoxémicos com risco de arritmias deverão ser monitorizados

continuamente por oximetria;

y Os doentes com insuficiência respiratória do Tipo II deverão efectuar, para

avaliar a PaCO2, gasimetrias arteriais mais frequentemente, e a SpO2 deverá

ser monitorizada continuamente por oximetria até o doente ficar estável.

y  Doentes com DPCO e DPCC, ventilação mecânica e em caquexia a

oxigenoterapia pode levar a depressão do centro respiratório, causada por umasubida brusca da PaO2 uma vez que necessitam do estímulo da hipoxémia a

nível cerebral para manter a função respiratória. Nestas situações deve -se

efectuar-se oxigenoterapia a baixo fluxo.  

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O cateter  e a cânula nasais são dispositi os que podem ser  utilizados quando se

pretendem  administrar   concentrações  baixas, inf er iores  a % l/m). Os  do is 

métodos são normalmente bem tolerados pelo doente, no entanto a cânula apresenta

algumas  antagens em relação ao cateter , por  ser  menos traumática da mucosa nasal

e não provocar irr itações da f ar inge.

 As  máscaras, embora  não tão  bem toleradas  como  os 

métodos  anter iores, são  extremamente úteis  quando  há 

obstrução  nasal ou  quando  se  pretende  administrar 

concentrações de oxigénio super iores a %. A par ticular idade 

da máscara de reinsp iração parcial é que permite que o doente 

reinsp ire um terço do ar  que expirou, areste  r ico em oxigénio,

aumentando assim a concentração de oxigénio administrado.

Os  sistemas  de  alto  débito  proporcionam  a  quantidade  suficiente  de  gás 

necessár ia ao volume de ar  inspirado e não são af ectadas pelopadrão respirat r io do 

doente. São sistemas de alto débito:

máscara de não reinspiração parcial;

máscara de Ventur i.

 A pr imeira  permite  administrações  de  altas  concentrações  de  oxigénio, mas 

sem humidificação, o que  se afigura como  uma  desvantagem, dada a tendência do 

gás  para  secar   as mucosas. A máscara  de Ventur i possui um  dispositivo, que lhe 

conf ere grande precisão, permitindo administrações exactas tanto altas como baixas,

além de aumentar  a velocidade de déb ito do gás, pelo que são par ticularmente úteis 

em doentes com doença pulmonar  obstrutiva crónica POC).

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Kit Venturi

y Máscara facial

y Traqueia enrugado

y Extensão para conexão no fluxómetro

y Adaptador para humidificação/inalação

y 6 válvulas coloridas (laranja, rosa, verde, branca, amarela, azul) ou apenas

uma que seja regulável.

Desmame

y É realizado através da troca das válvulas, para liberação de fluxos de oxigénio

menores de acordo com o quadro clínico do paciente.

Cuidados na utilização da Máscara de Venturi

y Observar o encaixe das peças

y Manter a máscara facial acoplada na face

y Manter, se possível, fluxómetro exclusivo para Venturi

y Verificar a percentagem FiO2 e fluxo indicados

y Se necessário a retirada da máscara (por ex. alimentação), manter o paciente

com cateter nasal

y Em paciente traqueostomizados manter a Venturi acoplada na máscaratraqueal

y Manter o it completo no leito do paciente para evitar perda das peças e

inutilização do it

Dispositivo oncentração de O2 inspirado Fluxo em litros

Cânula nasal 25% - 45% 1-6

Máscaras facial simples 40% - 60% 6-10

Máscara de re-inspiração 35% - 60% 6-10Máscara de não re-inspiraçao 60% - 100% 10-15

Máscara de venturi 24% - 50% 4-8

Óculos 32% - 36% 0,5-6

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5.1 Princípios de humidificação

Quando o oxigénio é fornecido com um fluxo baixo, de 1 -2l/minuto e na ausência

de infecções do sistema respiratório, a nasofaringe proporciona uma humificação

adequada. Em alguns casos, poderá ser necessário humidificar o oxigénio para

prevenir a secura das mucosas, disfunção mucociliar, desidratação das secreções

respiratórias e retenção de secreções.

 As indicações gerais para humidificar o oxigénio são:

y Taxas de fluxo elevadas (>2l/min)

y Infecções respiratórias

y Desconforto ou secura nasal

y Traqueostomia

Se o oxigénio for administrado com uma humificação inadequada, podem surgir 

como complicações: atelectasia, risco acrescido de infecções, dor devido a secreções

secas e obstrução das cânulas de traqueostomia, provocando paragem respiratória.

Os sistemas de humidificação têm de formar uma névoa de partículas com um

certo tamanho, de forma a propo rcionar um aerossol terapêutico. A maioria das

partículas deverá estar compreendida entre 0.5 -1.0microns de forma a atingir as vias

aéreas inferiores. Para administr ar oxigénio humidificado a 24% é necessário passar o

humidificador por uma fonte de ar que arrasta o oxigénio a 2l através de um

adaptador. Isto só é indicado na presença de insuficiência respiratória do Tipo II em

que o doente manifesta aumento da hiperca pnia na presença de altas percentagens

de oxigenoterapia.

6. Bibliografia