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P E R C U R S O L Í Q U I D O Ensaio da Intervenção em Cidade pelo movimento, duração e paragens intermitentes na experiência do Espaço Público ~ ~ FACULDADE DE ARQUITETURA DE LISBOA . MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITETURA . LABORATÓRIO DE PROJETO VI . ANO LETIVO 2020.2021 Daniela Atanásio Francisca Abrantes da Fonseca Inês Santos Sofia Hipólito Virgílio Ferreira

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P E R C U R S O L Í Q U I D O

Ensaio da Intervenção em Cidade pelo movimento, duração e paragens intermitentes na experiência do Espaço Público

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F A C U L D A D E D E A R Q U I T E T U R A D E L I S B O A . M E S T R A D O I N T E G R A D O E M A R Q U I T E T U R A . L A B O R A T Ó R I O D E P R O J E T O V I . A N O L E T I V O 2 0 2 0 . 2 0 2 1

Daniela Atanásio Francisca Abrantes da Fonseca

Inês SantosSofia Hipólito

Virgílio Ferreira

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PERCURSO LÍQUIDO

INTRODUÇÃO

¿Qué sucede si intentamos pensar desde el outro extremo de los conceptos tradicionales? ¿Existe una arquitectura materialmente líquida, atenta y configuradora no de la estabilidade sino del cambio y, por tanto, habiéndoselas com la fluidez cambiente del tiempo más que del espácio?

¿Una arquitectura cuyo objectivo sea no el de ordenar la dimensión extensa, sino el movimento y la duración?

La llamada cuarta dimensión es (…) El espácio se percebe en el tiempo y el tiempo es la forma de la experiencia espacial.

Sola Morales, Ignasi. Arquitetura Líquida in Territórios.

Esta última inferência plasmada na Teoria da Relatividade aplica-se em múltiplos fenómenos: O espaço percebe-se no tempo e o tempo é a for-ma da experiência espacial. (territórios).Com esta inflexibilidade como possibilidade empírica, compreendemos o Lugar não pelos seus recortes estatizados e unidimensionais de espaço físico/sólido, mas pelas durações e acelerações dos fluxos gerados pelo movimento neles;

A multiplicidade de perceções, que aliás podemos compreender na teoria gestáltica, é que a soma de todas elas, não equivale ao Todo, the Whole, formado pela multiplicidade de perceções. A experiência de um ser somada a uma outra não equivale à sinergia entre ambas. A perce-ção que um tem da existência do outro. Daí a importância de não compreender o território pelos seus Fragmentos, nem físicos – grandeza física — nem Empíricos; Mas pelo espaço intermédio entre eles - como grandeza líquida. Como Contínuo de espaço de vários líquidos de duração

intermitente.intermitente.

“There are only no fragments where there is no whole.”“There are only no fragments where there is no whole.”M. RoslerM. Rosler

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Este conjunto de imagens reflete esta inexistência de colagens e durações intermitentes: a ausência de espaço para permanecer, a rigidez dos espaços de permanência, dos espaços para estar, a inflexibilidade funcional dos lugares e a limitação física permanente entre um lugar e outro, provocam uma experiencia desconectada. Pessoas cujo percurso é um fardo inevitável entre

ponto A e B. A ausência de intermitência de velocidades e de múltiplas ancoragens entre A e B; O Desejo de alongar a duração da experiência num espaço. O Desejo de percorrer, parar, e não de transitar.

Identificámos aqui a ausência da experiencia desse mesmo inbetween. A rigidez do percurso, da forma e da função, que desencadeia ausência de ductilidade entre os fragmentos/recortes de cidade e entre movimentos de um ser para outros; A Ausencia de viscosidade que conecta. A Fragmentação Empírica como a alienação entre experiências espaciais.

É a partir desta ausência que nos concentramos no continuo de líquidos: na possibilidade de durações intermitentes e da espontaneidade do movimento- aceleração - que nos interessa analisar; Assim como as inevitabilidade e alternativas de movimento: a equidade das durações, dos instantes e dos Fluxos.

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METODOLOGIA DESCONSTRUTIVISTA

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CAMPO MARZIO PIRANESIEXPERIMENTAL DESIGN

A imagem ilustrada remete-nos para a utopia negativa, a sobreposição de perspetivas na história. A cidade fragmentada pela história. O entendimento de que os valores culturais e históricos só se conseguem demonstrar através da sobreposição temporal da sua passagem. Impele a que se opte por uma abordagem de unificação destas diferentes camadas do tempo, pela adição de planos, de layers, para atingir uma obra que incorpore a noção de passagem histórica no conteúdo urbanístico. A arquitetura eterna, a cidade infinita, O sublime. A imaginação profunda, trans-porta-nos para a realidade de Roma antiga, entendo a cidade como entidade física e não como um recipiente de vivência humana. A representação do tempo é alterada. O espaço temporal é abolido. A visão e o entendimento da cidade deturpada. Olhamos a cidade de baixo para cima. O desenho espelha a passagem do tempo. A forma assume o papel secundário perante a mani-festação da Inter-relação espaço-tempo.

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PERCURSO LÍQUIDO

2. DÉCOUPAGE — SEQUÊNCIA DE FRAMES DO TERRITÓRIO

Découpage is the determination of the shot, and the shot, the determination of the movement which is established in the close system, between elements or parts of the set.Thus movement has two facets, as inseparable as the inside and the outside, as the two sides od a coin: it is the relationship between parts and it is the state (affection) of the whole. On the one hand it modifies the respective positions of the parts of a set (…) each one immobile in itself, on the other it is itself the mobile section of a whole(…).

Neste ponto abordamos o território através da desconstrução de camadas físicas que o organizam em 2 momentos – o Biofísico e o Construído, que demarca a dualidade compositiva do Território no seu nível mais primordial.

Optamos, como enredo gráfico, por introduzir a nossa análise através de uma sequência de frames (caracterização). Esta sequência organiza as páginas por posição relativa destes frames face aos dois momentos específicos como fragmentamos o todo.

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CHEIAS E LIQUEFAÇÃO DOS SOLOS ÁREAS PERMEÁVEIS

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HORTAS E JARDINSINSTABILIDADE E DERROCADALINHAS DE ÁGUA ÁREAS IMPERMEÁVEIS

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TRANSPORTES ÁREAS PERMEÁVEIS

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PERCURSO LÍQUIDO

Montagem: the third level: the whole, the composition of movement-images and the indirect image of time (Deleuze)

In consciousness there would only be images – these were qualitative and without extension. In space there would only be movements – these were extended and quantitative. But how is it possible to pass from one to the other? How is it possible to explain that movements, all of a sudden,

produce an image – as in perception – or that the image produces a movement – as in voluntary action?(…) What appeared finally to be a dead end was the confrontation of materialism and idealism, the one wishing to reconstitute the order of cons-

ciousness with pure material movements, the order of the universe with pure images in consciousness.

Para este segundo ponto, com a perceção das camadas operativas que se sobrepõe da dicotomia biofísico-construído, introduzimos na nossa análise uma nova composição em dois momentos:O espaço público pela sua composição/fluxos espaço/Lugares públicos como ato político de reivindicação e redistribuição. Para representação gráfica colocamos uma sequência de imagens, reflexo do movimento e do tempo como experiencia do espaço Espaço Público e composição

Não lugaresEspaço Publico

Augé há desarrollado la noción de no-lugar para definir este tipo de espácios en los que no se dan las características próprias del lugar (identida-de, relación, historia), y en los que sólo puede darse el espácio público a costa de su adulteración.

Estos espacios de tránsito son también por excelência los espacios en los que la presencia del deseo diferido es mas abundante, de la fuga y del reclamo (…) este tipo de espacio interlúdio se define por el movimento y no por la permanencia

In transit , revista Quaderns

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PERCURSO LÍQUIDO

4. Clearing the Boundaries: o mito do sujeito universal e a frágil ideia de multiculturalidade

“public space as the ultimately metaphorical space in which public opinion is formed “

Para este segundo momento, entendemos o espaço como político; E os Lugares e não lugares que o compõe como uma composição de atos políticos de reivindicação e redistribuição. No entanto, o espaço publico não é universalmente um facilitador de atos de reivindicação do pessoal como político: ele é sujeito a sucessivas relações de poder

que contrapõe descrições como a de Agnes Heller

(…)politics as the concretization of the universal value of freedom. The city, because of its intensity, is the privileged place of this politics of freedom, if not of freedom itself

E que subtraem da esfera publica e de representação da identidade dos Lugares uma série de Corpos e de Experiências especificas de Espaço.Neste sentido, e para abreviar, contrapomos a noção universal de sujeito, definindo-a como resultante de relações de poder que operam sobre as Culturas Dominantes, os

Corpos dominantes e as Identidades Consentidas – quem pode/deve falar e ser visto.

A condição de objeto que habitualmente ocupamos, este lugar de alteridade, não indica, como se costuma acreditar, falta de resistência ou interesse, mas falta de acesso à representação (…).

Não estamos aqui perante uma coexistência pacifica de palavras”, como sublinha Jacques Derrida (1981:41) mas uma violenta hierarquia que define quem pode falar. Grada Kilomba, o conhecimento e o mito do universal in Plantation Memories

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‘My interest point is human beings,’ she has said. ‘In my works, I talk more about what will happen in terms of human trends, local or global; what I see as possi-bilities in my mind, personal ideas.’

Christine Ay Tjoe

Pleasant Breath of The Black2018

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“story maps of no location”, seeing them as pic-tures into an imagined, rather than actual reality. Through its cacophony of marks, her work seems to represent the speed of the modern city depic-

ted

Julie Mehretu

Adhering to Lost Lines2014

Mehretu’s work could be understood to explain through visual means that space equates to time and movement. In her work, every site is a meshwork or rhizome of actors’ movements, preferring potential and flow to stability. Mehretu’s paintings could be viewed in terms of Deleuze’s crystallized time-image—a form of temporality that accounts for time that splits the present into two trajectories, “one of which is launched towards the future while the other falls into the past. Time consists of this split, and it is … time, that we see in the crystal.”(Deleuze, Cinema II, 81)

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No conjunto de desenhos baseados nas imagens de Mehretu temos uma sucessão de imagens de Odivelas, Vale do Forno e Serra da Luz essencialmente, em dois momentos: a dinâmica no espaço publico e a dinâmica nos espaços onde se estabelece hierarquia funcional.

Primordialmente representada pela frágil ideia de multiculturalidade, emerge uma narrativa que tem uma dupla segregação: A unidimensionalidade da ideia de Cultura – extensível apenas às varias regiões de território nacional – provoca uma dupla segregação:

A estrangeirização da multiplicidade de etnias e identificações/afetos culturais de pessoas portuguesas; e a não inclusão de pessoas migrantes como parte do sistema e da configuração das cidades.

Impõe-nos, sim, compreender primeiramente a cidade inclusiva não apenas do ponto de vista do acesso aos espaços, mas da representação nos mesmos. O que implica uma reavaliação da noção de Cultura que programamos nos espaços.

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TRÍPTICO

Para tradução destes elementos numa intervenção em arquitetura, iniciámos uma sequência diagramática de configuração espacial dos elementos identificados. Para isso apoiámo-nos num tríptico conceptual que não existe numa configuração linear mas sim numa permuta cíclica abstrata.

Superação – Apropriação - InfiltraçãoInfiltração – Apropriação -Superação

CIDADE IMAGINADA — SUPERAÇÃO— A CIDADE SEM LIMITES COMO ELEMENTOS DELIMITADOR

A Superação refere-se à identificação de obstáculos e modos ficcionais de os superar — Idealismo — sendo esta realidade imaginada prefigurada sob a relação sujeito/objeto.A relação do transeunte com a realidade arquitetónica que passa pela utopia como primeira etapa de um percurso marcado pelo movimento inerente dos corpos sobre os objetos

construídos que os envolvem.

CIDADE LINEAR — APROPRIAÇÃO — A CIDADE ESQUELETO COMO ELEMENTO ESTRUTURADOR

A Apropriação refere-se ao posicionamento de elementos materiais que permitem a conexão entre patamares anteriormente desconexos; A um modo de superar o objeto que transcende a utopia anteriormente considerada; que visa a realidade inerente e procura a materialização da forma como processo — E, por conseguinte — Materialismo

CIDADE LIQUIDA — INFILTRAÇÃO — A CIDADE PERMEÁVEL COMO ELEMENTO DISTRIBUIDOR

A Infiltração refere-se ao negativo dos obstáculos assinalados; a continuidade espacial entre os mesmos que configura a possibilidade da criação de continuidades líquidas que se apropriam dos espaços nas suas diferentes cotas — Materialismo-Idealismo.

SUPERAÇÃO APROPRIAÇÃO INFILTRAÇÃO

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INFILTRAÇÃO

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SUPERAÇÃO APROPRIAÇÃO

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SUPERAÇÃO APROPRIAÇÃO INFILTRAÇÃO

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Modernidade liquida — valores análogos num momento que tem inicio no processo de liquefação — tensões entre peso e leveza, estático e dinâmico, a consistência e porosidade das ideias que mar-cam as visões do mundo em dois momentos diferentes. Modernidade como etapa sólida e simultaneamente, líquida.

O sólido tem forma definida, estável e estático suporta e resiste...O líquido não tem forma definida, é sensível à transformação e o seu suporte é definido pela contenção. O líquido é inerente ao movimento que medeia a solidez e a evaporação. Altera-se com a

passagem do tempo. O sólido permanece ... enquanto o liquido percorre e infiltra-se entre fragmentos sólidos constituintes do território.A solidez e a liquidez da modernidade descrevem dois espaços diferentes, dois tempos diferentes que pretendem ser conjugados numa ambivalência de conceitos sobre o território.

O processo torna-se híbrido, o domínio da técnica é substituído pelo domínio das possibilidades. O projeto move-se pelo território, infiltrando assim as mais pequenas zonas. O elemento que se assumia como fragmento central, altera de estado solido para estado liquido, imiscuindo-se assim pelas vértebras da cidade ao longo do seu esqueleto. (Serpente?)

A Cidade Imaginada e a cidade linear tomam a forma de um todo no estado liquido, desconstruindo-se. A Cidade Liquida é o lugar onde a interação dos elementos se concretiza a diferentes níveis de profundidade... surge a apropriação do lugar... o desaparecimento dos limites visíveis e a criação de novos limites, que se propagam através da solidez e liquidez dos padrões da sociedade. Fazem

parte integrante do mesmo processo evolutivo, um processo contínuo que pode ser entendido de diferentes formas, tempos e estados.

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Estes fluidos, nem fixam o espaço nem prendem o tempo. A cidade liquida contorna certos obstáculos, dissolve outros e invade ou inunda a realidade envolvente.A própria ideia de velocidade assume-se como latente na medida em que o espaço é ocupado pelo tempo que este demora a invadir... constrói-se assim, uma relação variável imprescindível.

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Dentro da superação identificam-se os obstáculos – diferenças de cota/altimetria do espaço percorrível e limites não-consensualmente visíveis da constituição das sociedades. Uma variante que pretende assumir-se como conceptual, territorial e político nas suas várias componentes.

Desta forma, foram produzidos um conjunto de diagramas imaginados para os superar no tempo / espaço-tempo: a manipulação do tempo que permite a simultaneidade da presença de um corpo em múltiplos tempos (representado pelo tracejado).

Espaço: a possibilidade de manipulação da força gravítica, na sua intensidade e direção, em ordem a percorrer planos em direções distintas: fachadas e declives que permitem a neutralização em caso de descon-tinuidades: saltos entre patamares não conectados. Representado pelo percorrer de planos verticais.

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I. No espaço de redistribuição encontra-se a superação do tempo e a distância percorrida através de dois elementos: I. INCISÕES — elementos/escada que ligam patamares e que possibilitam a sua superação sem a alteração gravítica – Ascensores, elétrico — e representam-se esses patamares como Lugares de Direito - escola apoio atividades extracurriculares, apoio atividades extra-profissionais, centro de dia, centro de saúde, loja cidadão, finanças, hipermercados, desporto, cultura; de modo a compreender a questão da simultaneidade de Núcleos de Cuidado e não apenas de pessoas. Para que alguém esteja num lugar, necessita que todos os que estejam

a seu cuidado estejam consigo ou noutro lugar de cuidado; o que implica que da perspetiva do Núcleo, um núcleo pode estar simultaneamente em 3 lugares ao mesmo tempo.

II.Elementos retangulares que funcionam como “elevador” entre patamares;

Simbolicamente representam a componente programática dos edifícios de Uso Público como indicadores de movimento entre patamares. Inclui os Lugares de Direito, mas assinala a possibilidade da recriação de conteúdo programático que reduza as distâncias entre os Lugares, concentrando-os estrategicamente.

II PONTILHISMO — espaços de recreação/híbridos refere-se não ao tempo e distancia percorridos entre espaços e suas deliberações funcionais, mas aos Espaços em si: a sua proporção, possibilidade de dispersão: refere-se aos espaços de tipologias variadas que permitem configurar a espacialidade de atividades e de permuta cultural. Refere-se à estabilização do tempo. À sua fragmentação momentânea. Estes espaços representam também os lugares de direito, mas foram assinalados separadamente para frisar a compreensão do território como Espaço de Direito em componentes especificas como educação, saúde e o Direito à recriação em componentes autoproduzidas. Estudios de dança, salas de teatro, espaço associativo, atelier

de artesanato.

III – Efervescência – counterpublics

Refere-se aos eventos que se desenrolam nos espaços, alheios ao planeamento do desenho, mas inevitáveis na demarcação da sua génese: um espaço projetado com uma função, não é revisitado pela sua função mas pela possibilidade de gerar efervescências em torno da mesma: um mercado não é visitado pela função de comprar absolutamente necessária; ele é revisitado porque o ambiente apela a este movimento. Este ambiente é composto por um conjunto de efervescências. Esta categoria de apropriação de espaço marca a imediatez da apropriação dos lugares, os padrões temporais da configuração de vivência: a efervescência pauta-se pela reduzida amplitude temporal do evento. Estes momentos podem-se repetir

diariamente mas a sua duração permanece curta e indeterminada na apropriação dos espaços durante um período temporal diário.

I. Incisões — Espaço de Redistribuição II. Espaços de Recreação/Híbridos III. Counterpublics

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