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Palavra Digital

Psicopedagogia Institucional

Disciplina

Psicopedagogia Institucional

Coordenadora

Nelma M. Felix C. V. de S. Barros

Autora

Anna Maria Nascimento Damiani

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ChancelerAna Maria Costa de Sousa

ReitoraLeocádia Aglaé Petry Leme

Pró-Reitor AdministrativoAntonio Fonseca de Carvalho

Pró-Reitor de GraduaçãoEduardo de Oliveira Elias

Pró-Reitor de ExtensãoIvo Arcangêlo Vedrúsculo Busato

Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-GraduaçãoLuciana Paes de Andrade

Diretoria de Pós-Graduação e Extensão Diretor Silvio José Cecchi

Gerentes de Pós-Graduação Vanessa Fabíola Pancioni NogueiraPatrícia Paiva

Coordenador Geral de Pós-Graduação Mario Luiz Nunes Alves

Coordenadora Geral de Pós-Graduação EAD Cláudia Regina Benedetti

Coordenadora Geral de Extensão Joise Sartorelli Melaré

Diretor da Anhanguera Publicações Luiz Renato Ribeiro Ferreira

Núcleo de Produção de Conteúdo e Inovações Tecnológicas

Diretora Carina Maria Terra Alves

Gerente de Produção Rodolfo Pinelli

Coordenadora de Processos Acadêmicos Juliana Alves

Coordenadora de Ambiente Virtual Lusana Verissimo

Coordenador de Operações Marcio Olivério

© 2012 Anhanguera PublicaçõesProibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. Diagramado no Brasil 2012

Como citar esse documento:

DAMIANI, Anna Maria Nascimento. Psicopedagogia Institucional, p. 1- 39, 2012.

Disponível em: <www.anhanguera.edu.br/cead>. Acesso em: 1 fev. 2012.

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APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA

A disciplina “Psicopedagogia Institucional” vem atuando com muito sucesso nas diversas Instituições, sejam escolas, hospitais, ONGs e empresas. Seu papel é analisar e assinalar os fatores que favorecem, intervém ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças, para um melhor aprendizado.

Psicopedagogia Institucional é uma área que estuda o processo de ensino/aprendizagem. Com isto, apresenta a missão de resgatar a Instituição Educacional do fracasso escolar, desde a educação infantil até o nível superior, diminuindo as dificuldades de aprendizagem encontradas no aprender, buscando o prazer no ato de ensinar.

É uma ciência que estuda o processo de aprendizagem humana, sendo o seu objeto de estudo o ser em processo de construção do conhecimento.

A função do psicopedagogo institucional é observar e elaborar estratégias para construção de um novo conhecimento.

Todas as pessoas aprendem de maneiras diferentes, umas mais rapidamente, outras de forma mais devagar, mas todas com competências e habilidades.

Há também diferentes formas de ensinar, com tendências pedagógicas diferentes, algumas adequadas para a clientela, outras ainda a adequar.

Dentro do processo educacional, os atos de aprender e ensinar estão interligados entre si e não é possível separá-los.

A psicopedagogia institucional surge da necessidade de compreender o processo educacional de uma maneira interdisciplinar, buscando fundamentos na pedagogia, na psicologia e em diferentes áreas de atuação focando também na multidisciplinaridade.

É mais um avanço na área acadêmica.

A construção do sujeito mediando seu conhecimento para tornar a sociedade mais justa, ética e humana.

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Aula 1- Como e por que Surgiu a Psicopedagogia

Institucional no Brasil?

Objetivos

Abordar um rastreamento histórico para que se possa entender como e quando, surgiu a psicopedagogia e se é tão importante nos dias de hoje.

Conhecer, na visão de vários, autores sua concepção e função.

Entender ao longo dos anos como foi lapidado seu objeto de estudo.

1. Introdução

O pior dano que se pode fazer a uma criança é leva-la a perder a confiança em sua própria capacidade de pensar (Emília Ferreiro).

A psicopedagogia nasceu da necessidade de uma melhor compreensão do processo de aprendizagem e se tornou uma área de estudo específica, que busca conhecimento em outros campos e cria seu próprio objeto de estudo (BOSSA, 2000, p.23). Ocupa-se do processo de aprendizagem humana: seus padrões de desenvolvimento e a influência do meio nesse processo.

2. Linha Histórica da Psicopedagogia

A Psicopedagogia surgiu no Brasil em meados dos anos 1970, devido ao grande número de crianças com fracasso escolar apresentando dificuldades de aprendizagem em sala de aula, tendo em vista que a psicologia e a pedagogia, isoladamente, não deram conta de resolver tais fracassos. Ainda nesta época, as dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de Disfunção Cerebral Mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.

Cada ainda mencionar que Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos.

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De acordo com Visca, a Psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).

Até os anos 1980, a psicopedagogia tratava os sintomas apresentados pelos alunos com dificuldades de aprendizagem. Nesta época, cabia a ela remediar e, com isto, ainda não possuía um estudo e uma teoria própria de conhecimento.

Em meados dos anos 1990, seu objetivo de estudo passa a ser o processo de aprendizagem visando o fracasso escolar, baseando-se nos trabalhos desenvolvidos segundo Piaget, observando o sujeito e a sua relação com o meio, dando ênfase aos aspectos cognitivos, afetivos e sociais.

Nos dias de hoje a psicopedagogia passa a ser vista como uma ciência: ela não é apenas mais uma junção da psicologia com a pedagogia, mas possui objetivo próprio, passa a cuidar do desenvolvimento e conhecimento humano, um sujeito que aprende inserido num meio ensinante.

3. A Psicopedagogia na Visão dos Estudiosos

Alguns estudiosos e suas definições sobre a psicopedagogia facilitaram o conhecimento para este mundo até então desconhecido, o aprender a apreender; são eles:

Para Kiguel:

o objeto central de estudo da psicopedagogia está se estruturando em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos – bem como a influência do meio (família, escola, sociedade) no seu desenvolvimento. (1991, p. 24).

De acordo com Neves:

[...] [a] psicopedagogia estuda o ato de aprender e ensinar, levando sempre em conta as realidades interna e externa da aprendizagem, tomadas em conjunto. E, mais, procurando estudar a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em pé de igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que lhe estão implícitos (1991, p. 12).

Segundo Scoz, “a psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades, e numa ação profissional deve englobar vários campos do conhecimento, integrando-os e sintetizando-os” (1992, p. 2).

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Para Golbert:

[...] o objeto de estudo da Psicopedagogia deve ser entendido a partir do enfoque preventivo que considera o objeto de estudo da psicopedagogia o ser humano em desenvolvimento, enquanto educável. E o enfoque terapêutico que considera o objeto de estudo psicopedagogia a identificação, analise, elaboração de uma metodologia de diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem (1985, p. 13).

Para Rubinstein:

num primeiro momento a psicopedagogia esteve voltada para a busca e o desenvolvimento de metodologias que melhor atendessem aos portadores de dificuldades, tendo como objetivo fazer a reeducação ou a remedição e desta forma promover desaparecimento dos sintomas (1996).

Do ponto de vista de Weiss, “a psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem, assim como a melhor qualidade na construção da própria aprendizagem de alunos e educadores”. (1991, p. 6).

Essas considerações em relação ao objeto de estudo da Psicopedagogia sugerem que há certo consenso quanto ao fato de que ela deve ocupar-se em estudar a aprendizagem humana, porém é uma ilusão pensar que tal consenso conduza todos a um único caminho.

Falar a construção ou dos rumos da Psicopedagogia no Brasil, é primeiramente reconhecer as contribuições dos profissionais, em especial Jorge Visca, Sara Pain e Alicia Fernández.

Segundo Jorge Visca, a Psicopedagogia, que inicialmente foi uma ação subsidiária da Medicina e da Psicologia, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo – o processo de aprendizagem – e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (1987).

A Psicopedagogia no Brasil, há trinta anos, vem desenvolvendo um quadro teórico próprio. É uma nova área do conhecimento que traz em si as origens e contradições de uma atuação interdisciplinar, necessitando de muita reflexão teórica e pesquisa (BOSSA, op cit, p.13).

Uma das grandes defensoras da psicopedagogia é Sara Pain. Ela foi professora de psicologia na Universidade Nacional de Buenos Aires e Mar Del

Disponível em: <http://youtu.be/WiLUKGDXy0A>. Acesso em: 14 set. 2012. Assista ao vídeo de Nádia Bossa em que ela fala sobre a Psicopedagogia.

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Plata por quinze anos. Por motivos políticos, teve de se exilar na França, onde reside desde 1977. Foi professora da Universidade Paris XIII e da Faculdade de Psicologia em Tolouse. Também trabalhou para a UNESCO em missões de assessoria relacionadas a problemas de inteligência e aprendizagem. Atualmente, participa da formação e pesquisa em várias universidades e centros de educação na França, no Brasil e na Argentina.

No Brasil, foi consultora científica do projeto Geempa (Grupo de Estudos sobre Educação, Metodologia de Pesquisa e Ação) de Porto Alegre e do Cevec (Centro de Estudos Educacionais Vera Cruz e da Escola Experimental), em São Paulo. Também desenvolveu várias atividades e ministrou o curso “A função da ignorância na construção do conhecimento”.

Dentre as inúmeras obras e artigos que ela escreveu é possível destacar:

• Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem (tradução no Brasil de 1985).

• A Função da ignorância (tradução no Brasil de 1999).

• Psicometria genética (tradução no Brasil de 1992).

• Teoria e técnica da arte-terapia (Coautoria com Gladys Jarreau).

• A gênesis do inconsciente.

• Psicopedagogia operativa.

4. Vamos pensar?

Retome o texto e faça um rastreamento histórico da Psicopedagogia no Brasil e seus precursores. Faça uma reflexão sobre os caminhos percorridos.

5. Pontuando

• A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 1970 devido ao fracasso escolar.

• Os primeiros cursos de Especialização em Psicopedagogia foram concebidos na visão médica dos problemas de aprendizagem.

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• Inicialmente, sua conceituação foi pautada na visão médica e psicológica.

• Foi uma longa trajetória da concepção da Psicopedagogia, como se pode ver pelos autores, até os a dias de hoje.

• A importância dos estudos sobre a Psicopedagogia desenvolvidos por diferentes autores para uma atuação cada vez mais eficaz e ética no âmbito da educação.

6. Bibliografia

ALVES, Maria Dolores; BOSSA Nádia. Psicopedagogia em Busca do sujeito. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=809>.

Acesso em: 14 set. 2012.

BOSSA, N. A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 2 ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

_____. Dificuldades de aprendizagem: o que são e como tratá-las? Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.

FERNANDEZ, A . A inteligência aprisionada: abordagem psicopedagógica clínica da criança e sua família. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.

GOLBERT, Clarissa S. Considerações sobre as atividades dos profissionais em Psicopedagogia na Região de Porto Alegre. In: Boletim da Associação Brasileira de Psicopedagogia, ano 4, n. 8, agosto de 1985.

KIGUEL, Sônia. Normalidade e patologia no processo desaprendizagem: abordagem psicopedagógica. Revista Psicopedagogia. SP. V.10 p.24 1991.

NEVES, Maria. Psicopedagogia: um só termo e muitas definições. Revista da ABBP. p. 21 v.10 p.12 1991.

RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.

SCOZ, Beatriz. Psicopedagogia e Realidade Escolar, Petrópolis, Vozes,1994.

VISCA, Jorge. Clínica pedagógica. Epistemologia Convergente. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

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AULA 2 – A Psicopedagogia Institucional

Objetivos

Pensar sobre como ocorre a aprendizagem humana.

Apresentar o papel do Psicopedagogo Institucional.

Refletir como ocorre a prática psicopedagógica na instituição.

1. Introdução

Lembrando que o objetivo da psicopedagogia é diminuir o fracasso educacional usando a práxis psicopedagógica como o conhecimento dos processos de aprendizagem nos seus aspectos cog-nitivos, emocionais e corporais.

Sendo necessário, na maioria das vezes, que o Psicopedagogo Institucional atue interferindo no planejamento das instituições e desenvolvendo um trabalho de reeducação. Vivenciando e construindo projetos, aprimorando a percepção de si mesmo e do outro, enquanto ser individual, social e cultural.

Para chegar à função do Psicopedagogo Institucional deve-se refletir sobre a importância da aprendizagem humana e suas ligações com emoção, memória e o cognitivo.

A mais nobre aquisição da humanidade é a fala; e as expressões mais úteis à sobrevivência são: os gestos, as escritas, criatividades, habilidades e o corpo em movimento.

2. O Fracasso EscolarRefletindo sobre o que se leu, será analisado o fracasso escolar com a seguinte inquietação:

O fracasso escolar é de quem ensina ou de quem aprende?

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As práticas pedagógicas utilizadas em sala de aula contribuem para que o aluno aprendente elabore um conhecimento criativo, ativo e crítico nas relações sociais, educacionais e históricas.

Discutir e analisar os problemas de aprendi-zagem é buscar subsídios para entender e ajudar o aluno que apresenta dificuldades cogni-tivas, psicomotoras e afetivas de aprendizagem intrinsecamente ou extrinsecamente na escola, família e sociedade.

A função da educação pode ser apresentada al-ienando ou libertando, dependendo de como for usada, quer dizer, a educação como tal não é

culpada de uma coisa ou de outra, mas a forma como se instrumenta esta educação pode ter efeito alienante ou libertador (PAIN, 1991, p. 12).

Não se pode deixar de pensar que a aprendizagem está entrelaçada com seu meio social, nas suas relações com os outros, se de fato nasce à elaboração e reelaboração de ideias sobre as situações mais simples até as mais complexas que surgem no seu dia a dia; desse modo, não é possível conceber a aprendizagem como um processo mecânico e sem afeto.

No entanto há de se pensar que o processo de aprendizagem acontece através da transmissão de conhecimento, havendo interesse, motivação, conteúdos que sejam significativos e utilizando me-todologias que possibilitem ao aluno relacionar o que esta aprendendo e o seu meio social.

Vive-se com alguns questionamentos, ora encontram-se respostas ora não, e quando não se en-contra a saída ou que fazer? Como dar continuidade frente ao fracasso escolar?

Quais fatores interferem na aprendizagem dos alunos?

Qual a maior dificuldade de aprendizagem sinalizada na escola?

Existem soluções para minimizar os problemas de aprendizagem na escola?

De quem é a culpa? Existe algum culpado?

Para tanto deve-se falar de aprendizagem e suas formas de aprender.

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=1HUJQlduYzk>. Acesso em: 14 set. 2012.Assista à entrevista sobre Fracasso Escolar dada por Bernard Charlot, Doutor em Ciências da Educação pela Universidade de Paris, pesquisador do Núcleo de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe.

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3. A AprendizagemAprendizagem é o processo pelo qual as competências, habilidades, conhecimentos, comporta-mento ou valores são adquiridos ou modificados, como resultado de estudo, experiência, raciocínio e conhecimento. Existem diferentes formas de aprender e várias teorias de aprendizagem. Compar-tilho a seguir alguns pontos de vista sobre aprendizagem.

• Aprendizagem é uma das funções mentais mais importantes do ser humano.

• A aprendizagem está relacionada à educação e ao desenvolvimento pessoal. Deve ser devid-amente orientada, quando o aluno é motivado a aprender, é mais fácil adquirir o conhecimento e transformá-lo em fonte de sabedoria.

• A aprendizagem como um estabelecimento de novas relações entre o ser e o meio ambiente tem sido objeto de vários estudos.

• A aprendizagem escolar se vincula com a motivação dos alunos, indicando os objetivos pro-curados. É intrínseca quando se trata de objetivos internos (curiosidade, necessidades orgâni-cas e sociais). É extrínseca quando estimulada de fora (exigências da escola, expectativa de benefícios sociais, estimulação da família, do professor ou colega).

• Segundo Amélia Hanze, colunista do Brasil escola: aprendizagem é um processo de mu-danças de comportamento obtidos através da experiência construída por fatores emocionais, neurológicos, sociais, relacionais e ambientais.

• Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o meio ambiente.

De acordo com a nova ênfase educacional, centrada na aprendizagem, o professor é o coautor do processo de aprendizagem dos alunos.

Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e reconstruído continu-amente.

A aprendizagem e o conhecimento andam juntos para construir a cooperação, criticidade e a cria-tividade. Estes elementos fomentam a liberdade e a coragem de expressão social, sendo que o aluno se torna o sujeito ator, como protagonista da sua aprendizagem.

Deve-se neste trecho citar o educador Pedro Demo, “Porque nós estamos na educação formando o sujeito capaz de ter história própria, e não história copiada, reproduzida, na sombra dos outros. Uma história que permita ao sujeito participar da sociedade”.

Aprender é o resultado da interação entre estruturas mentais e o mundo globalizado. De acordo com a nova estrutura educacional, centrada no aluno, portanto na aprendizagem, o professor é o mediador do processo de aprendizagem dos alunos.

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Quando a educação é construída pelo sujeito da aprendizagem, no ambiente educacional preva-lecem a ressignificação dos sujeitos, competências, habilidades, criatividades, atitudes, respeito, formas de comunicação diferentes, leitura, escrita, caracterizando aprendizagens significativas. Este é um cenário novo da educação que exige uma participação de todos os diretores, coordena-dores, orientadores, professores, alunos, familiares e uma equipe multidisciplinar na qual se destaca o Psicopedagogo Institucional, hoje uma ligação importante dentro das instituições educacionais.

Este reorganiza o processo educacional, reorganizando os papéis, mediando novas orientações de tendências pedagógicas facilitando novos saberes a seguir. A Educação nos dias de hoje con-templa tempos e espaços novos, tempestades de ideias, situações problemas surgindo à produção e manifestações próprias dos educandos. O professor exerce a sua habilidade de mediador das construções de aprendizagem e saberes. Mediar é interferir para promover transformações. Como mediador, o professor passa a ser um facilitador do conhecimento e exerce o seu papel de instiga-dor do processo de aprender dos alunos.

Na relação desse novo panorama pedagógico, professores e alunos interagem usando a empatia, a confiança, o diálogo, o aprender a apreender. Isso é fundamental, pois nesse encontro professor e alunos vão construindo novos métodos de se praticar a educação. É necessário que o trabalho es-colar seja competente, com conhecimento da clientela, ajustando aos métodos o que o aluno já trás da sua história, à cidadania emancipada, que exige sujeitos capazes de transformar a sociedade.

Os objetivos da aprendizagem são classificados em:

• Domínio cognitivo (ligado a conhecimentos, informações ou capacidades intelectuais).

• Domínio afetivo (relacionado a sentimentos, emoções, gostos ou atitudes).

• Domínio psicomotor (que ressaltam o uso e a coordenação dos músculos).

• No domínio cognitivo há habilidades de memorização, compreensão, aplicação, análise, sín-tese e a avaliação.

• No domínio afetivo há habilidades de receptividade, resposta, valorização, organização e car-acterização.

• No domínio psicomotor apresentam-se habilidades relacionadas a movimentos básicos funda-mentais, movimentos reflexos, habilidades perceptivas e físicas e a comunicação não discur-siva.

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E para que a aprendizagem tenha êxito, o Psicopedagogo tem que estar focado em alguns pré-requisitos. São eles:

• Afetividade.

• Atenção.

• Memória.

Algumas situações emocionais podem existir para dificultar a aprendizagem, por exemplo, a emoção muitas vezes interfere no processo da informação.

Wallon, segundo Laurinda Ramalho de Almeida, defende que a pessoa é resultado da integração entre afetividade, cognição e movimento.

O que é conquistado em um desses conjuntos, interfere nos demais.

O afeto, por meio de emoções, sentimentos e paixões, sinaliza com o mundo interno e externo, e afeta as pessoas.

Para Wallon, que estudou a afetividade geneticamente, os acontecimentos estimulam tanto os mov-imentos do corpo quanto a atividade mental, interferindo no desenvolvimento.

• O professor, ao observar as emoções dos alunos, pode ter algumas pistas de dificuldades de aprendizagem, se está interferindo em algum ponto, causando apatia para os estudos e pes-quisas.

• O professor, ao observar a atenção dos alunos, tem que considerar o que está sendo apresen-tado para o aluno, se tem significado e representa uma novidade, um desafio.

Muitas vezes a falta de atenção ou desin-teresse do aluno decorre do meio escolar ou de atuações inadequadas à aprendi-zagem.

Cabe ao professor refletir sobre suas propostas e modificá-las sempre que necessário.

A memória é fundamental para a aprendi-zagem e, segundo Wallon, as pessoas são seres integrados com afetividade, cog-nição e movimento.

Portanto, acontecimentos que afetam e produzem sentidos ficam retidos na

Disponível em: <http://www.psicopedagogiabrasil.com.br>. Acesso em: 14 set. 2012.No site Psicopedagogia Brasil – Pensar e Aprender é possível encontrar vários artigos sobre Aprendizagem, bem como vários temas que contribuirão para a sua formação como psicopedagogo institucional.

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memória com mais facilidade.

Aprender e memorizar é saber criar, relacionar e refletir, chegando a sua conclusão final.

É tarefa do professor planejar e adotar uma metodologia em que os alunos se adaptem, aprendam e fique na memória, construindo sentido sobre o que se está vendo no seu dia a dia.

4. Normas e Condutas Éticas no Trabalho Escolar: Código de

ÉticaAs questões de natureza ética são muito importantes em qualquer profissão. No caso da Psicopeda-gogia, o uso da ética é fundamental, trabalha-se com diagnósticos e intervenção psicopedagógica o tempo todo e a ética se faz presente e passa a ser um norteador das práticas psicopedagógicas.

Segundo Mery (1986), o trabalho psicopedagógico deve estar ancorado em alguns princípios ger-ais, tais como:

1. Acreditar que todo ser humano tem direito ao pleno acesso ao saber acumulado, representado pela cultura.

2. Considerar a leitura e a escrita como ferramentas fundamentais de acesso ao saber.

3. Nortear sua prática dentro dos princípios da liberdade do ser.

4. Reconhecer e assumir a dupla polaridade de seu papel-transmissão de conhecimento e com-preensão dos fatores psicológicos que interferem no ato de aprender.

5. Reconhecer o papel da família como transmissora da cultura, devendo analisar e compreender os mecanismos dentro da relação familiar que promovem bloqueio da aprendizagem.

6. Reconhecer a escola como espaço privilegiado para a transmissão da cultura, e também o valor de outras organizações sociais, ainda mantendo postura crítica frente às dificuldades geradas pela própria instituição escolar, usando a ética e recursos humanos durante todo o planejamento.

A Psicopedagogia é investigativa para a descoberta das causas dos problemas de aprendizagem, olhando a relação interpessoal docente/discente e suas dificuldades de aprendizagem, não só em um nível intelectual, mas buscando outras variáveis no domínio afetivo-cognitivo-social.

Para tal, o profissional de Psicopedagogia tem um Código de Ética elaborado pelo Conselho Na-cional do biênio 1991/1992 e reformulado pelo Conselho Nacional e Nato do biênio 1995/1996, que orienta sobre os princípios, responsabilidades, respeito, dentro de um comportamento profissional

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psicopedagógico que se faz necessário para:

• O respeito aos outros profissionais.

• O respeito ao sujeito envolvido no processo clínico e sua família.

• O comprometimento com seu trabalho, buscando através de estudo melhorar sua atuação.

• Saber trabalhar em equipe, ter princípios.

• Ser responsável, enfim, ter um comportamento profissional digno, visando sempre ao bem estar de seu paciente, cliente ou aluno.

O psicopedagogo procurará manter e desenvolver boa relação com os profissionais de outras áreas que estiverem envolvidos no caso, reconhecendo os casos pertencentes aos demais campos de especialização encaminhando-os a profissionais habilitados e qualificados para o atendimento.

A ética profissional deveria ser uma disciplina para todos os cursos, principalmente para aqueles que irão trabalhar com o desenvolvimento humano, suas dificuldades e seus processos. O profis-sional sai da Academia, infelizmente, sem esse tino profissional, atuando muitas vezes de forma errada, prejudicando, assim, seu aluno, paciente ou cliente, dependendo de seu campo de atuação.

5. Vamos Pensar?

Agora quero convidá-lo para repensar a Instituição Educacional sobre o olhar Psicopedagógico.Leia com atenção o diálogo a seguir.

Dialogo Professor X Aluno:

_ Professora Maria Helena, gostaria tanto de saber ler para poder entender os gibis da turma da Mônica. Aluno M.F. 12 anos.

_ Professora Marli, não consigo copiar do quadro negro porque não conheço todas as letras... estou confusa. Aluna L.M. 10 anos.

_ Professora Joceli, tenho muito sono em sala de aula, não consigo ouvir nem aprender. Aluna L.F. 9 anos.

_Não gosto da escola, não tenho interesse em ouvir a professora, ela grita muito. Aluno D.D. 8 anos.

Estes são apenas alguns depoimentos dos alunos a procura de socorro educacional. É possível

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elencar tantos outros que já foram vivenciados ou relatados por colegas.

As dificuldades descritas pelos alunos apontam as expectativas de aprender, assinalam a vontade de compreender e desenvolver a leitura, a escrita, com o domínio de habilidades para decodificar símbolos, o exercício do controle motor, reconhecimento de letras, palavras e traços, sem contar a afetividade, muito importante no aprender e no ensinar, o significado maior do ato de ler e escrever para transformar.

Sugiro que pare um pouco para refletir, a partir do que já foi estudado, como está ocorrendo a aprendizagem nos dia de hoje? Como é possível atuar para melhorar o processo de aprendizagem?

6. Pontuando

• A psicopedagogia hoje tem por objetivo de estudo a aprendizagem como um processo indi-vidual, em que a trajetória da construção do conhecimento é valorizada e entendida como parte do resultado final.

• A sua maior preocupação é o ser que aprende, o ser cognoscente e o seu objetivo geral é desenvolver e trabalhar esse ser de forma a potencializá-lo como uma pessoa autora, constru-tora da sua história, de conhecimentos, e adequadamente inserida em um contexto social.

• A dificuldade de aprendizagem nessa definição é entendida e trabalhada com um agente dificultador para a construção do aprendiz, que é um ser biológico, pensante, que tem uma história, emoções, desejos e um compromisso político e social.

• Os vários profissionais envolvidos na questão aprendizagem perceberam que não bastava retirar o eixo da patologia para que a aprendizagem acontecesse, mas era necessário saber que sujeito era esse, de onde ele vinha e para onde ele queria e podia ir.

• A constatação que apenas uma área do conhecimento não conseguiria respostas absolutas e definitivas para a situação deflagrou o que é hoje a Psicopedagogia. A psicopedagogia se propõe a investigar e a entender a aprendizagem com base no diálogo entre várias discipli-nas.

• Diante deste avanço, a criança que, não conseguindo aprender, é entendida e trabalhada, não como alguém que possui um déficit ou um problema, mas como um aprendiz que possui um estilo de aprender diferente, que está diretamente relacionado ao estilo de família e da comu-nidade a que pertence.

• Em face da complexidade das questões aqui levantadas e da delicadeza do objeto de tra-

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balho, se faz necessário a parceria e ajuda do trabalho de professores, psicólogos e equipe multidisciplinar.

7. Bibliografia

ALMEIDA, Laurinda R. A Discussão Relacional no Processo de Formação do Docente. São Paulo, Loyola, 2000.

BARONE, Leda Maria. C. Psicopedagogia, o Caráter Interdisciplinar na Formação e Atuação Profissional: considerações a respeito da ética. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987.

BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a Partir da Prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.

BECKER, Fernando. Educação e construção do Conhecimento. Porto Alegre: Artmed, 2001

CAMARGO, Marculino. Fundamentos de Ética Geral e Profissional. Rio de Janeiro: Vozes,1999.

CÓDIGO DE ÉTICA DA ABPp. In: Revista Psicopedagogia. São Paulo. v.12, Nº25, p.36-37, ABPp, 1993.

DEMO, Pedro. Educar pela Pesquisa. Editores Associados, 1997. 25 ed.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, Autores Associados. 2007.

GASPARIN, M.C.C. A instituição escolar e o papel do psicopedagogo.

MERY, Janine. Pedagogia Curativa Escolar e Psicanálise. Porto Alegre: Artes Médicas,1986.

OLIVEIRA, V.B; BOSSA, N. A. Avaliação Psicopedagógica da criança de zero a seis anos. 18. ed. São Paulo: vozes, 2009

PAÍN, Sara. Diagnóstico e tratamento dos problemas de aprendizagem. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1991. Pág.12.

RUBINSTEIN, Edith. A especificidade do diagnóstico psicopedagógico. In: Atuação psicopedagógica e aprendizagem escolar. Petrópolis: Vozes, 1996.

SCOZ, B. Psicopedagogia e a realidade escolar: o problema escolar e de aprendizagem, 15.ed. São Paulo: vozes, 2008

____________, In: Revista Psicopedagogia. São Paulo. v. 15, Nº38, p.2-3, ABPp, 1996.

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AULA 3 - Psicopedagogia Hospitalar

ObjetivosConhecer a atuação do Psicopedagogo Hospitalar.Conscientizar, discutir e ampliar as ideias dos profissionais da educação e saúde, quanto a proporcionar uma melhor qualidade de vida, para todas as pessoas que requerem um cuidado e um olhar especial para o atendimento hospitalar.

1. IntroduçãoNada posso lhe dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo. (Herman Hesse).

Nesta aula você conhecerá um pouco melhor o trabalho do psicopedagogo hospitalar, como atuar em um ambiente hospitalar visando ao sujeito que aprende, com tantas variáveis envolvidas no tratamento dos indivíduos que lá estão.

2.A Função da Psicopedagogia HospitalarA função da psicopedagogia hospitalar é muito importante, pois existem algumas dificuldades de aprendizagem dentro do hospital.

Crianças e jovens que necessitam de longas internações acabam sofrendo uma carência em relação à apren-dizagem, precisam de uma continuidade aos estudos, com muito para fazer nesse “novo” da educação, pois, por meio do acompanhamento educacional dentro do ambiente hospitalar, irão resgatar vários sentimentos, como aceitação, autoestima, segurança, angústias, medos, uma melhor qualidade de vida e a continuidade do desenvolvimento das potencialidades que eles apresentam.

A função do psicopedagogo será mediar para que se recuperem sentimentos de autoestima, entre outros, as-segurando a valorização da vida do paciente.

O psicopedagogo hospitalar situa-se na modalidade da Educação Especial, definindo como suas principais ações as atividades de classes hospitalares para crianças e adolescentes em tratamento de saúde, diminuindo suas dificuldades de aprendizagem.

A proposta da psicopedagogia hospitalar é ser interlocutor, não só de crianças, mas também de todos aqueles

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que passam por internações, seja de curta, média ou longa duração, doenças crônicas e de pacientes terminais.

O psicopedagogo hospitalar, embasado na teoria e na prática e por ser um profissional interdisciplinar, multidis-ciplinar e transdisciplinar, está apto a esta modalidade, utilizando todo o seu conhecimento para criar um mundo em que as pessoas se preocupam umas com as outras.

A alternativa de apoio psicopedagógico ao paciente hospitalizado é interessante para assegurar-lhe uma boa recuperação, e tranquilizar as inquietações que surgem de preocupações sobre o tratamento recomendado e o tempo de hospitalização.

O ambiente hospitalar é um local que emana diversos sentimentos e sensações: ora doença ou saúde, imensa tensão ou angústia, alívio, cura ou consolo. Ainda não é fácil distinguir entre a dor e outras agressões de que a criança ou o adulto são vítimas, como separação da família, mudança de quadro, mudanças da rotina, e pro-cedimentos desconhecidos.

Os pais e familiares diante a doença, não sabendo como atenuar e controlar o desespero e o sofrimento, poderão desenvolver um controle excessivo diante do paciente. Nesse contexto humanizador se faz necessária a intervenção psicopedagógica, optando por atividades que possam transpor os sentimentos de angústia e solidão, contribuindo não somente com o físico, mas com o cognitivo, afetivo e social também, deixando de lado, por exemplo, as atividades lúdicas centradas na aprendizagem e utilizando um exercício muito mais efi-caz, que é o fantástico exercício do olhar além do que os olhos podem ver, é o toque, o carinho, um abraço bem dado, um sorriso ou até mesmo um sofrer junto, pois, com a enfermidade e hospitalização, o paciente assume um estado de espera e passa a conviver com o ócio. É neste momento que o psicopedagogo entra em ação por meio de atividades educativas, em que pretende amenizar o estado ocioso e ocupar o tempo do paciente mediante práticas educativas que estimulem a criação, a socialização, o gosto pela a leitura, música, buscando na educação uma pedagogia transformadora, no sentido de contribuir para a promoção da saúde.

Ao olhar o paciente em sua totalidade, pergunta-se: por que não criar um espaço prazeroso, alegre, lúdico, de expressão? No qual o sujeito hospitalizado possa jogar, interagir com os outros sujeitos neste período, ocor-rendo assim sua inserção no contexto hospitalar, visto que as ações educativas em ambiente hospitalar repre-sentam um adicional de possibilidades, no sentido de abrir novas perspectivas a favor do tratamento da saúde das pessoas hospitalizadas, compreendidas como indivíduos em estado permanente de aprendizagem e de-senvolvimento de potencialidades e capacidades, em comunicação com a vida saudável que humanamente inclui aprender com o estado da doença.

Enquanto psicopedagogos, é possível contribuir para favorecer, na criança e no jovem que se encontram doentes e hospitalizados, autoconhecimento, desenvolvimento da autonomia, identidade e responsabilidade no tratamento e nas necessidades da própria saúde, levando-o a aprender sobre si, desejando modificar seu estado o mais rápido possível.

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3. O Ambiente Hospitalar No Seu ContextoDe acordo com Leitão (1990), o hospital é um ambiente que oferece certa privação aos estímulos fundamentais ao desenvolvimento infantil por não contar, geralmente, com atividades que consid-erem as questões sociais, emocionais e motoras da criança. E quanto maior o tempo de tratamento, maior o estresse, a angústia e o medo da morte, assim como menor é o desenvolvimento da cri-ança, já que o tratamento exige uma permanência muito grande em ambiente hospitalar.

Os principais objetivos da psicopedagogia hospitalar podem ser apontados nos seguintes itens:

• Promover a integração entre a criança, a família, a escola e o hospital, amenizando os traumas da internação e contribuindo para a interação social.

• Dar oportunidade ao atendimento às crianças e adolescentes hospitalizados, em busca da qualidade de vida intelectiva e sociointerativa.

• Aproximar a vivência da criança no hospital à sua rotina diária anterior ao internamento, utili-zando o conhecimento como forma de emancipação e formação humana.

• Fortalecer o vínculo com a criança hospitalizada, possibilitando o fazer pedagógico na prática educacional dos ambientes hospitalares.

• Proporcionar à criança hospitalizada a possibilidade de, mesmo estando em ambiente hospi-talar, ter acesso à educação.

Conforme tudo que foi apresentado, percebe-se que há necessidade do profissional da educação dentro do ambiente hospitalar.

A criança e o jovem não podem ser prejudicados pelo longo período de internação que sofrem. Neste contexto, o psicopedagogo é o agente de mudanças, pois

entende que o escolar doente não é um escolar comum, ele se diferencia por estar acometido de moléstia, razão pela qual precisou de cuidados médicos, bem como necessita ainda de ajuda para vencer as consequências de sua própria doença (MATOS; MUGGIATTI, 2001, p. 39).

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4. Informações Importantes sobre o Atendimento Psicopedagógi-

co HospitalarAlgumas dicas para o atendimento psicopedagógico hospitalar:

• Estabelecer uma relação de confiança e colaboração com toda a equipe multidisciplinar.

• Escute mais e fale menos.

• Informe a equipe médica e educacional sobre os progressos feitos em cada passo dado.

• Estabelecer horários para atendimentos e estudos, respeitando a rotina hospitalar.

• Sirva de exemplo, mostre seu interesse e entusiasmo pelos alunos pacientes.

• Desenvolver estratégias de replanejamento, por exemplo, existe um problema para ser solu-cionado, pense, tenha atitude.

• Seja mediador do conhecimento, aprenda com eles ao invés de só querer ensinar.

• Valorize sempre o que o seu aluno paciente criou, mesmo que não tenha feito o que você planejou.

• Disponibilize materiais para auxiliar na aprendizagem.

• É preciso conversar, informar e discutir com o seu aluno paciente sobre quaisquer observações e comentários emitidos sobre ele.

• Cada ser humano é único e singular.

• A cada vida tem sua própria história.

Para conhecer mais sobre a atuação do Psicopedagogo Hospitalar, acesse o site: <http://www.webartigos.com/artigos/psicopedagogo-hospitalar-qual-sua-funcao/30912/#ixzz2432j21Uh>. Acesso em: 17 set. 2012.

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• É preciso saber que o aluno paciente é um ser em evolução. Nunca destrua nada que ele con-struiu.

• O psicopedagogo ajuda a promover mudanças, intervindo diante das dificuldades que a escola e o estado de doença colocam, trabalhando com os equilíbrios/desequilíbrios e resgatando o desejo de aprender.

• O psicopedagogo não deve ter medo do amanhã, ele acolhe e ensina.

• Sem medo da solidão, da dor, do hoje do agora, ele desenvolve um novo olhar e ensinamentos para a construção de novos saberes, momentos e continuidade do aprender.

• Recupera-se a socialização da criança e do jovem hospitalizado por um processo de inclusão, dando continuidade aos estudos e diminuindo o fracasso escolar.

• Um lugar em que a aprendizagem e o conhecimento superam a dor.

• Deve-se ser sensível para ouvir o não dito, ver além do que se mostra, para encontrar os mel-hores caminhos para cuidar educar e amar.

5. Vamos Pensar?

Os profissionais da área da saúde aceitam o profissional da educação?

Que tipos de obstáculos podem ser encontrados para a ação educacional na instituição hospitalar?

Existe uma rotina dentro do hospital?

Qual a aceitação dos pais e que problemas podem vir a surgir mediante o trabalho psicopedagógi-co?

Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=0S1cm0kbujY&feature=related>. Acesso em: 17 set. 2012.

Crianças internadas no Hospital Geral do Pirajuçara, em Taboão da Serra, não perdem o ano escolar. Veja uma ação pedagógica que está funcionando.

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Existe a superproteção dos pais junto a seus filhos e a resistência para que esse trabalho não ocorra?

Quais os desafios a enfrentar que a área da saúde pode trazer para este trabalho?

6. Pontuando

• O papel do psicopedagogo hospitalar: rever, planejar e replanejar.

• Que nenhum aluno apresenta dificuldades de aprendizagem por sua própria vontade.

• O psicopedagogo deve estar atento às dificuldades apresentadas pelos alunos e saber administrar as causas, considerando seu estado de saúde.

• Não se pode deixar de pensar que o fracasso escolar também pode ser entendido como um fracasso da instituição, do projeto, por não saber lidar com a diversidade dos seus alunos enquanto ele estava inserido.

• É preciso que o psicopedagogo esteja capacitado para adequar as suas práticas psicopedagógicas mediando as diferentes formas de ensinar, pois há muitas maneiras de aprender.

• O psicopedagogo deve ter consciência da importância de criar vínculos com os seus alunos pacientes através das atividades cotidianas, construindo e reconstruindo sempre novos vínculos afetivos.

• A relação do psicopedagogo no dia a dia em seu leito hospitalar, uma sala de aula informal, torna o aluno paciente capaz ou incapaz no seu desenvolvimento.

• Se o psicopedagogo tratá-lo como incapaz, o aluno paciente terá pouca chance para aprender, mas se o psicopedagogo se mostrar preparado para observar, encontrar formas de lidar com as dificuldades, este aluno paciente vai ter mais chances de diminuir ou saber lidar com suas limitações.

• Todo processo de aprendizagem, seja aprendizagem no seio familiar seja no estabelecimento de ensino ou hospitalar, deve incluir a realidade cultural, pois é para ela que o aluno paciente se constrói como cidadão.

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7. Bibliografia

BOSSA, Nádia. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. 3.ed, Porto Alegre: Artmed, 2007.

FAGALI, Eloisa Quadros. Psicopedagogia “Porque e Como”. Psicopedagogia Institucional, São Paulo: Salesiano Dom Bosco, 2007.

MATOS, Elisete L.M.; Muggiati, M. Pedagogia Hospitalar. Curitiba: Champagnat. p.90. Coleção Educação, Teoria e Prática.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia Hospitalar: Intermediando a Humanização na Saúde, Edição I, 2008.

SARGO. Claudete et al. A práxis Psicopedagogia Brasileira. São Paulo: ABPp.1994.

SCHILK, Ana Lúcia Tarouquela. A educação além dos muros da escola. 1º Encontro Nacional Sobre Atendimento Hospitalar. Universidade do Estado de São Paulo.

TEBEROSKY, A.; Cardoso, B. Reflexões sobre o ensino. Campinas/Petrópolis. Unicamp: Vozes, 1994

WEISS, Maria Lúcia Lemme. Psicopedagogia clínica: uma visão diagnóstica dos problemas de aprendizagem escolar. 6. ed. Rio de janeiro: DP&A; 1999.

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AULA 4 - O Psicopedagogo e as ONGs

Objetivos

Ampliar o conhecimento sobre as áreas de atuação do Psicopedagogo Institucional.

Conhecer a forma de atuação do Psicopedagogo nas ONGs.

1. Introdução

O desenvolvimento humano só existirá se a sociedade civil afirmar cinco pontos fundamentais: igualdade, diversidade, participação, solidariedade e liberdade (Betinho).

Trabalhar metodologias utilizadas para diagnosticar, planejar ações e avaliações constantes e a criação de parcerias entre profissionais e instituições. Estende também seu objetivo para a valorização da ética e da ação de cada participante: profissionais da ONG, crianças atendidas, familiares ou comunidade.

2. Atuação do Psicopedagogo na ONG

Você entenderá um pouco do que é uma ONG e seu desenvolvimento perante a sociedade, educação e cultura.

ONG é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que tem como objetivo propor e desenvolver programas de responsabilidade social para as instituições públicas e privadas, visando estabelecer padrões adequados de relacionamento com os diferentes públicos impactados por suas atividades.

Sua atuação na área de educação é muito importante, facilitando o acesso e a permanência dos que necessitam estudar e crescer no mundo contemporâneo e tornando a sociedade mais justa e humana.

Ação Educativa – Organização não governamental que atua no campo do acompanhamento

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educacional, avaliando os conhecimentos prévios dos alunos e desenvolvendo metodologias adequadas a cada grupo de estudos, da avaliação crítica e da proposição de políticas públicas relacionadas à educação e juventude.

Apesar da diversidade existente entre as ONGs, é possível afirmar que, em seu discurso, a ênfase na mudança social construída coletivamente e democraticamente destina suas ações às crianças, jovens e adolescentes com maiores dificuldades sociais, educacionais e psicológicas.

As ações oferecidas pelas ONGs são voltadas para atividades educacionais, culturais e esportivas, voltadas para a profissionalização dos indivíduos.

A partir das ações educacionais busca-se criar e reforçar a renda familiar dos indivíduos.

Portanto, a importância dos jovens estarem bem preparados educacionalmente para compartilhar o saber com o seu lado profissional, destacando-se em suas funções futuras.

Conforme se buscou mostrar, a qualidade dos serviços educacionais ofertados pelas ONGs existe desde os anos 1970.

Desta forma, acredita-se que os indivíduos, ao estarem familiarizados com conhecimentos de leitura, escrita e raciocínio lógico, possuam meios para reclamarem por seus direitos, e contribuírem para a possibilidade de uma construção mais justa, na qual possa haver a plena realização dos direitos humanos.

O espaço do trabalho psicopedagógico vem se ampliando, conquistando uma relação com outras áreas, com outros setores.

Nesse sentido, este relato vem em busca de uma reflexão acerca dos possíveis papéis do psicopedagogo, principalmente junto ao Terceiro Setor.

Não há definição de um papel acabado, mas a construção feita dia a dia, a partir da necessidade e da avaliação constantes e do fracasso escolar.

O trabalho desenvolvido pela Psicopedagogia implica um olhar direcionado para o preventivo e para o curativo e, atualmente, vai mais além, lançando um olhar para a interdisciplinaridade, multidisciplinaridade e transdisciplinaridade e as implicações das ações educativas e dos rumos da aprendizagem.

A Psicopedagogia preocupa-se com todo o contexto da aprendizagem, seja na área clínica, preventiva ou assistencial, envolvendo elaboração teórica para construir uma prática resultando em sua práxis pedagógica, no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de vista que aperfeiçoa o aprender de cada indivíduo.

Esse trabalho consiste em um estudo de vários autores, com a leitura e releitura do processo de aprendizagem e do processo de não aprendizagem, em todas as faixas etárias e seu desenvolvimento,

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bem como da aplicabilidade e conceitos teóricos que lhe deem novos horizontes e significados, gerando práticas mais consistentes no ato de aprender.

A Psicopedagogia nas ONGs é, portanto, um caminho a ser explorado, implicando uma construção com articulação junto à realidade e aos fenômenos que dela são gerados e que a geram.

A primeira etapa da construção do trabalho psicopedagógico nas instituições é planejar ações de conhecimento da realidade, seu pensamento, sua função social e cultural de cada comunidade e para o sistema ao qual ele estará vinculado, ou seja, qual sua missão.

Também nessa fase cabe à busca do valor de atuação, que será definido como a abrangência a um grupo específico, a uma localidade ou a determinada situação problema.

Esse momento inicial dos trabalhos e a busca de uma sondagem prévia do indivíduo e da comunidade são de suma importância para o desenvolvimento das ações seguintes, de forma que produzam resultados positivos.

A etapa seguinte é da implantação, de modo geral, de dar forma às ideias que se planejou. É a etapa de aprofundar suas metas e objetivos, criar ferramentas, construir uma equipe de ação, elaborar parcerias multidisciplinares e caminhar em suas propostas na realização de uma prática psicopedagogia sólida.

Após essas ações de conhecimento, passa-se a agir avaliando e reorganizando cada passo, num movimento espiralado de desenvolvimento com ação e avaliação contínua. É a fase do fazer psicopedagógico, todo seu planejamento vai tomando forma e se exige um olhar atento para sua questão problema.

O acompanhamento escolar e ações com a escola são de suma importância para um trabalho em conjunto com o aluno e sua família. A responsabilidade ambiental e social educando para a vida globalizada, as responsabilidades éticas, com autonomia e identidade de cada aluno, apoio e orientação familiar, mobilização social e participação comunitária; todas essas ações integram a criança e o jovem à escola, assim como uma educação relacionada com a comunidade, ampliando o universo cultural dos alunos, desenvolvendo sociabilidade, conhecimentos, fazeres, valores e habilidades exigidos na vida cotidiana e explorando com eles oportunidades lúdicas, artísticas e esportivas.

O próximo passo é adequar à metodologia usada para cada caso ao tempo e ao espaço nos quais essas ações se inserem e um trânsito entre diferentes áreas do conhecimento. A comunicação verbal e não verbal neste primeiro momento é muito importante. Explorar esta área considerando a dinâmica das relações de um grupo e o contexto histórico-cultural no qual se encontra.

O desenho livre expressa muitas vezes seu momento; é outro meio de linguagem usada para o conhecimento da realidade.

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Deve-se fazer um parêntese importante: o psicopedagogo não pode usar seus sentidos de forma comum, ele precisa ter uma escuta, visão, e uma percepção especializada, para isso é importante treinar o ouvir, o ver, o fazer tanto para refletir como para agir psicopedagogicamente.

O trabalho com o lúdico é um dos melhores instrumentos, sendo que, por meio da ação, reflexão e reorganização, construiu um modo de atuar e avaliar o aluno.

Desde as brincadeiras da infância até os jogos mais elaborados, chegando à sala de aula no raciocínio lógico e na alfabetização e letramento, é possível detectar as carências que envolvem o indivíduo, levando ao fracasso escolar.

Dessa forma, da junção de todas as vivências pessoais e suas práticas nasce muito mais do que um resultado de soma, mas um trabalho completo, articulando o já vivido com o novo.

O psicopedagogo conduz todo o seu trabalho apoiando-se nas descobertas das atividades propostas e, com isto, adequa seu trabalho preventivo nos valores educacionais pretendidos e em teorias e práticas que façam sentido.

Como exemplo disso, após uma atividade de leitura de contos de fada em que o psicopedagogo ousou criar elementos novos na história, com finais diferentes, ele pode observar como os alunos se sentiram, reações aos fatos novos, linguagem oral, exposição de fatos sobre como tinham se percebido durante tal atividade, sobre quais as relações de cada aluno ou grupo que ali apareceu e sobre o que puderam aprender de si mesmos naquele contexto.

E com tais práticas para o atendimento psicopedagógico, ao invés de uma construção de fora para dentro, optou-se por levar a cabo a definição etimológica da palavra educar – conduzir de dentro para fora. Com tais vivências ancoradas na reflexão, cada psicopedagogo pôde se especializar em suas competências e habilidades, criatividades, e dar asas à espontaneidade, considerada o ponto de partida para impulsionar a ação com as crianças e jovens.

As dinâmicas vão sendo propostas de acordo com a necessidade de cada criança ou jovem, mediando o seu conhecimento com o uso do desenho como importante forma de expressão; de Winnicot e o brincar individual aliado ao brincar com o outro, para dar sustentação ao lúdico presente no ato de aprender; de Paulo Freire e a utopia como necessidade fundamental do ser humano, solidificando a ideia da busca de um sonho em cada ação diária; de Freinet e sua máxima “Ao invés de procurar esquecer a infância, acostume-se a revivê-la” (1996 p. 23).

Um ponto forte no trabalho do psicopedagogo é saber compreender a existência do outro com um olhar para a complexidade existente sem conceitos definidos. Apesar de toda a preparação, capacitação e estudos realizados, só a ação prática dentro dos grupos, junto a crianças e jovens, dá ao psicopedagogo e aos demais profissionais o olhar para a complexidade, em que mais importante do que ter algo a oferecer é saber compreender a existência do outro.

As brincadeiras soltas também são muito significativas no primeiro momento. Aos poucos, entre

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eles vão se arranjando e organizando; é uma forma de observação e deles mesmos criarem formas diferentes de conduzir as brincadeiras. “[...] onde cada integrante seria, além de parte do todo, um todo em si mesmo” (ROGERS, 1979, p. 31).

Sendo assim, logo as crianças fazem as escolhas das brincadeiras, e se revezavam na organização do espaço físico para tal, exercendo sua cidadania dentro de um grupo com seus pares e resgatando sua autoestima.

Neste trabalho o psicopedagogo escuta e observa os desejos individuais e as possibilidades pelo tempo e espaço, cada criança e jovem tem o direito de expressar seus desejos, angústias e alegrias. Cabe ao psicopedagogo adequar, minimizar suas aflições com atitudes democráticas, valendo-se da crença na existência de uma ética que satisfaça não aos desejos, mas à capacidade de ser aceito e de aceitar. Um dos maiores desejo é de ser feliz, considerando ética a capacidade do corpo e do pensamento em selecionar, nos encontros, o que permite ultrapassar as condições de existência em direção à felicidade, como um aprendizado contínuo.

Outras dificuldades encontradas no trabalho em ONGS são:

• Organização em casa e na escola.

• Brigas entre irmãos, colegas.

• Violência doméstica.

Deixa-se que os grupos se exponham, com cuidado para não virar tumultuo; reorganizam-se tarefas; colocam-se etapas de cada momento. A cada nova questão o grupo pode ser confrontado com suas diferenças e igualdades e provocado a sair em busca de soluções que podem dar conta do problema. Dentro do grupo, as ferramentas são dadas pelo psicopedagogo.

Fora do grupo, as discussões ocorrem com a interferência do psicopedagogo, acrescentando as ferramentas necessárias à ação dos educadores de origem, articulando os conhecimentos adquiridos por estas, estabelecendo diálogo com profissionais de outras áreas, criando uma multidisciplinaridade maior e uma parceria escola-comunidade.

A cada final de trabalho, elabora-se um resumo das atividades com os pontos positivos e negativos para novo replanejamento posterior caso seja necessário.

Não existe um trabalho para solucionar todas as questões existentes no meio educacional. Cada questão é um universo novo que se abre, gerando uma nova ação e novas consequências, que norteiam novas questões.

É possível dividir o ciclo de vida de um plano de ação educativa e dos projetos específicos que

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o compõem em quatro momentos, a saber: diagnóstico, planejamento, execução e avaliação. Essas fases estão diretamente relacionadas entre si e caracterizam um processo ininterrupto: diagnosticar, planejar, implementar, avaliar, replanejar (CENPEC, 2003, p 4).

Nesse campo de atuação, nas ONGs, o papel do profissional de Psicopedagogia tem sido o de ter uma sensibilidade para olhar o novo e o já realizado, buscando metas e objetivos para avaliar e adaptando os rumos a partir de tais identificações, conflitos e problemas apresentados.

Com este trabalho, há dados estatísticos comprovados de que existe diminuição do índice de evasão escolar das crianças e jovens participantes dos encontros psicopedagógicos.

O trabalho psicopedagógico vem se ampliando, conquistando uma relação com outras áreas, com outros setores. Nesse sentido, este trabalho vem em busca de uma reflexão acerca dos possíveis papéis do psicopedagogo, principalmente junto ao Terceiro Setor.

Dentro da psicopedagogia não há a definição de um papel acabado, mas a construção feita dia a dia, a partir da necessidade, da avaliação e do conhecimento prévio de cada indivíduo.

“O trabalho da Psicopedagogia implica um olhar direcionado para o preventivo e para o curativo” (SCOZ, 1992) e, atualmente, vai mais além, lançando um olhar para a transdisciplinaridade e as implicações das ações educativas e dos rumos da aprendizagem.

Como Bossa discute, a Psicopedagogia ocupa-se de todo o contexto da aprendizagem, seja na área clínica, preventiva, assistencial, envolvendo elaboração teórica no sentido de relacionar os fatores envolvidos nesse ponto de vista que opera

[...] esse trabalho consiste numa leitura e releitura do processo de aprendizagem e do processo de não aprendizagem, bem como da aplicabilidade e conceitos teóricos que lhe deem novos contornos e significados, gerando práticas mais consistentes (1994, p. 23).

No periódico Construção Psicopedagógica, publicado eletronicamente na PEPSIC (Periódicos Eletrônicos em Psicologia), você poderá ampliar seu conhecimento sobre a atuação do Psicopedagogo no Terceiro Setor, com o relato de caso de uma experiência na cidade de Pirapora do Bom Jesus, em São Paulo.

Acesse o artigo A atuação da psicopedagogia no terceiro setor: Em busca de um espaço amplo de ação em resgate da cidadania. Disponível em:<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-69542005000100008>. Acesso em: 17 set. 2012.

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Portanto, a psicopedagogia abre caminhos para construir novos horizontes a serem explorados, implicando uma construção com articulação junto à realidade e aos fenômenos que dela são gerados.

A ética da compreensão é a arte de viver que demanda, em primeiro lugar, compreender de modo desinteressado. “[...] A ética da compreensão pede que se compreenda o incompreensível.” (MORIN, 2001, p. 99).

3.Vamos pensar?

Para contextualizar tudo que você leu sobre a atuação do psicopedagogo nas ONGs, peço que assista ao vídeo “Vivência Psicopedagógica – ONG Operação Resgate – Mutirão/Patos/Paraíba/Brasil”, que aborda o contexto social do Mutirão, um bairro da periferia do Sertão Paraibano; o trabalho da ONG e suas crianças e adolescentes; e a intervenção psicopedagógica com as professoras.

A seguir, reflita sobre a possibilidade de elaboração de um projeto para uma ONG em sua cidade, se possível é indicado que visite uma ONG para conhecer o trabalho desenvolvido e verificar se existe na equipe um psicopedagogo.

O vídeo está disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=zRouUbnizaE>. Acesso em: 17 set. 2012.

4. Pontuando

• É muito importante ressaltar que o Psicopedagogo Institucional pode desenvolver trabalhos em diferentes áreas de atuação, não apenas em escolas, mas também em hospitais, ONGs, associações e outros.

• É possível um belo trabalho psicopedagógico, desde que ocorra o comprometimento com a causa escolhida, seja ela em qualquer uma das áreas estudadas nesta disciplina.

• O psicopedagogo nunca pode perder seu foco, que é a aprendizagem.

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5. Bibliografia

ARON, Ana Maria.; MILICÍC, Neva. Viver Com os Outros: programa de desenvolvimento de habilidades sociais. Campinas: Editorial PsyII, 1994.

Associação Novas Trilhas. Ata de Fundação. Pirapora do Bom Jesus: Associação Novas Trilhas, 2001.

BOSSA, Nádia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

CENPEC, Centro de Estudos e Pesquisa em Educação, Cultura e Ação Comunitária. Muitos Lugares para Aprender. São Paulo: CENPEC/Fundação Itaú Social/Unicef, 2003.

_______. Avaliar o Plano de Ação Educativa e Corrigir Rumos. São Paulo: Peirópolis, 2003.

COELHO, Simone de Castro Tavares. Terceiro Setor: um estudo comparativo entre Brasil e Estados Unidos. São Paulo: SENAC, 2000.

FAGALI, Eloísa Quadros (Org.) et. al. As Múltiplas Faces do Aprender: novos paradigmas da pós-modernidade. São Paulo: Editoras Unidas, 2001.

FREINET, Celestin. Pedagogia do Bom Senso. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

FREIRE, Madalena. Avaliação e Planejamento Educativo em Questão. São Paulo: Espaço Pedagógico, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática. São Paulo: Paz e Terra, 2001.

_____________ Pedagogia dos Sonhos Possíveis. São Paulo: UNESP, 2001.

LADIM, Leilah (Org.) et. al. Sem Fins Lucrativos: as organizações não governamentais no Brasil. Rio de Janeiro: Iser, 1988.

LOWENFELD, V.; BRITTAIN, W. L. Desenvolvimento da Capacidade Criadora. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

MORIN, Edgar. A Religação dos Saberes: o desafio do século XXI. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

____________. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2001.

PINHEIRO, Beatriz. O Visível do Invisível. São Paulo: Ysayama, 1999.

RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1998.

34

ROGERS, Carl. Grupos de Encontros. São Paulo: Martins Fontes, 1979

SCOZ, Beatriz et al. Psicopedagogia: contextualização, formação e atuação profissional. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.

STRECK, Danilo Romeu (org.). Paulo Freire: ética, utopia e educação. Petrópolis: Vozes, 2001.

TENÓRIO, Fernando (Org.). Gestão de ONGs: principais funções gerenciais. Rio de Janeiro: FGV,

2000.

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Verificação de leitura

Aula 11. Qual a década em que a psicopedagogia

chegou ao Brasil?

a) Na década de 1980.

b) Na década de 1990.

c) Na década de 1950.

d) Na década de 1970.

e) Na década de 1920.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

2. Do que se trata a psicopedagogia?

a) Trata-se da busca para resolver os problemas de aprendizagem.

b) Trabalha os conteúdos programáticos.

c) Só com sindrômicos.

d) Minimiza dificuldades na comunicação.

e) É um trabalho sem vínculo.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

3. Quando é construída a aprendizagem?

a) Na evolução humana.

b) Terceira idade.

c) Na adolescência.

d) No período gestacional.

e) Desde o nascimento.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

4. A psicopedagogia é uma área de estudos recentes que resultou dos estudos e conhecimentos de quais áreas?

a) Medicina e motricidade.

b) Psicologia e pedagogia.

c) Letras e matemática.

d) Engenharia e direito.

e) Gastronomia e estudos sociais.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

5. O profissional do psicopedagogo atua como:

a) Autoritário.

b) Facilitador.

c) Construtor.

d) Mediador.

e) Transformador.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

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Aula 21. Qual é o papel da psicopedagogia

institucional?

a) Analisar e assinalar.

b) Propor mudanças.

c) Modificar conteúdos.

d) Intervir.

e) Curar.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

2. O psicopedagogo Institucional faz sua interação a partir:

a) Da história do indivíduo.

b) Mudança da sociedade.

c) Do entorno.

d) Da incorporação e informação.

e) Experiências vividas.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

3. Qual o princípio norteador da psicopedagogia?

a) Inclusão do ser humano.

b) Integração do transtorno de aprendizagem.

c) Integração entre objetividade e a subjetividade.

d) Integração dos conteúdos.

e) Inclusão da sociedade.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

4. Qual a função da psicopedagogia institucional?

a) Identificar.

b) Relacionar.

c) Reciclar.

d) Orientar.

e) Ocultar.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

5. Qual é a primeira etapa de planejamento para intervir na psicopedagogia institucional?

a) Descrição.

b) Identificação.

c) Intervenção.

d) Análise.

e) Relatórios.

Verifique seu desempenho nesta questão, clicando no ícone ao lado.

Aula 31. Qual a função do psicopedagogo

hospitalar?

a) Conscientizar e sensibilizar setores da saúde e educação.

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b) Mediar conflitos.

c) Reparar sofrimentos.

d) Estimular alunos pacientes.

e) Dar suporte aos enfermeiros.

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2. O ambiente hospitalar dá continuidade aos estudos das crianças e jovens hospitalizados; qual o método usado?

a) Respeitando a singularidade de cada aluno paciente.

b) Dando continuidade aos conteúdos programáticos.

c) Adequando o currículo de acordo com o momento.

d) Exercitando o aluno paciente.

e) Mantendo a mesma metodologia da escola de origem.

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3. Para atuar no hospital o psicopedagogo necessita:

a) Conhecer todo o processo hospitalar.

b) Conhecer a equipe médica.

c) Conhecer a família.

d) Observar a equipe técnica de enfermeiros.

e) Conhecer o entorno do hospital.

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4. O atendimento psicopedagógico educacional no ambiente hospitalar deve ser entendido como:

a) Uma escuta psicopedagógica.

b) Uma lamentação ao estudo.

c) Meio corporativo administrativo.

d) Realização pessoal.

e) Interação com o meio.

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5. O psicopedagogo deve estar atento para:

a) A angústia do aluno paciente.

b) As inquietações.

c) As exigências do aluno paciente.

d) As necessidades sociais e educacionais.

e) Desordem do aluno paciente.

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Aula 41. Qual é a função do psicopedagogo nas

ONGs?

a) Discriminar.

b) Acolher.

c) Amparar.

d) Segregar.

e) Facilitar.

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2. Qual a primeira etapa de construção do psicopedagogo nas ONGs?

a) Reorganizar.

b) Diagnosticar.

c) Acompanhar.

d) Intervir.

e) Sondar.

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3. Dentro da profissão de psicopedagogo não há definição de um papel acabado, mas em construção... é fato!

a) Sim.

b) Não.

c) Em alguns casos.

d) Quase nunca.

e) Quase sempre.

4. A intervenção psicopedagogia nas ONGs deve estar direcionada:

a) Dimensão preventiva.

b) Terapêutica.

c) Psicológica.

d) Facilitadora.

e) Construtivista.

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5. A primeira atuação do psicopedagogo nas ONGs se deu em meados dos anos:

a) 1970.

b) 1990.

c) 1920.

d) 1980.

e) 1960.

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Supervisão Editorial:Juliana Cristina e Silva

Diagramação:Rafael Berlandi

Revisão Textual:Luana de Souza Mercurio

Editoração Eletrônica:Celso Luiz Braga de Souza FilhoGlauco Berti de OliveiraMaurício Rodrigues de Moraes

Capa: Fourmi Comunicação e Arte

FICHA TÉCNICA