13

Click here to load reader

Parte 7 - METODOLOGIA DA PESQUISA.pdf

Embed Size (px)

Citation preview

  • 6 METODOLOGIA DA PESQUISA

    Neste captulo ser apresentado o mtodo cientfico que foi utilizado no

    desenvolvimento da pesquisa. Todo trabalho cientfico deve estar fundamentado em mtodos

    para que seus objetivos sejam alcanados e seus resultados sejam aceitos pela comunidade

    acadmica. Assim, necessrio que a questo da pesquisa, os mtodos e tcnicas utilizados, o

    delineamento da pesquisa, as definies constitutivas e operacionais das categorias de anlise,

    a coleta de dados e forma de anlise e as limitaes da pesquisa fiquem esclarecidos.

    6.1 QUESTES DE PESQUISA

    Com base nos objetivos especficos, foram estabelecidas as seguintes questes desta

    pesquisa:

    a) Como ocorre o processo administrativo tributrio no Municpio de Florianpolis?

    b) Quais so os setores envolvidos e como se d o fluxo do processo administrativo

    tributrio no Municpio de Florianpolis?

    c) Quais so os tipos de processos administrativos tributrios admissveis pelo Municpio

    de Florianpolis?

    d) Quais so os mecanismos de controle utilizados para garantir a agilidade e a cobrana

    do crdito tributrio ao fim do processo administrativo tributrio?

    d1) Como ocorre a superviso direta?

    d2) Qual o nvel de padronizao existente?

    d3) Como se caracteriza o sistema de Informtica?

    e) Quais os aspectos positivos e negativos encontrados no processo analisado?

  • 94

    6.2 MTODO E TIPO DE PESQUISA

    Para Richardson (1989, p. 29), em sentido amplo, mtodo em pesquisa significa a

    escolha de procedimentos sistemticos para a descrio e explicao dos fenmenos. A

    pesquisa deve ser planejada e executada em conformidade com as normas estatudas para cada

    mtodo de investigao.

    O entendimento de Gil (1994, p.42) sobre o significado da pesquisa que ela tem por

    objetivo fundamental descobrir respostas para problemas, mediante o emprego de

    procedimentos cientficos.

    A pesquisa, objeto desta dissertao, utilizou-se do mtodo hipottico-dedutivo, j que

    foi precedida do estudo das teorias existentes na bibliografia sobre o assunto, efetuando-se

    posteriormente comparao dessa literatura com o que foi observado.

    Para Lakatos e Marconi (2000), o mtodo hipottico-dedutivo defende o aparecimento,

    em primeiro lugar, do problema que ser testado pela observao e experimentao. Para

    Popper, citado pelas autoras (2000, p.73), o nico mtodo cientfico seria o mtodo

    hipottico-dedutivo, j que toda pesquisa tem sua origem num problema para o qual se

    procura uma soluo, por meio de tentativas (conjecturas, hipteses, teorias) e eliminao de

    erros. Tal mtodo se daria de forma inversa ao que se verifica no mtodo indutivo.

    Gil (1994, p.30-31) preleciona que nem sempre fcil a distino entre o mtodo

    hipottico-dedutivo e o indutivo, porque ambos se fundamentam na observao; no entanto,

    pelo mtodo indutivo se atinge apenas uma generalizao emprica das observaes, enquanto

    que com o mtodo hipottico-dedutivo, pode-se rever teorias e mesmo leis.

    Quanto aos fins, tomando-se por base a classificao da pesquisa apresentada por

    Vergara (1997), esta pesquisa do tipo descritiva. Este tipo de pesquisa, para Martins (1979,

    p.30), aquele que tem como objetivo a descrio das caractersticas de determinada

  • 95

    populao ou fenmeno, bem como o estabelecimento de relao entre variveis e fatos. J

    Andrade (1993, p.98) aponta que, na pesquisa descritiva, os fatos so observados,

    registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles.

    Por concentrar-se na investigao de uma nica organizao, esta pesquisa caracteriza-

    se como um estudo de caso. O ponto forte nesta tipologia o de permitir o estudo de um

    fenmeno em profundidade dentro de seu contexto, permitindo uma anlise processual

    medida que eles ocorrem dentro das organizaes. Para Vergara (1997), o estudo de caso o

    circunscrito a uma ou poucas unidades, tendo carter de profundidade e detalhamento,

    podendo ou no ser realizado em campo. Na mesma direo o entendimento de Trivios

    (1987, p.113) que afirma ser o estudo de caso uma categoria de pesquisa cujo objeto uma

    unidade que se analisa profundamente. A opo pelo estudo de caso permitiu uma anlise

    ampla e detalhada sobre o funcionamento do processo administrativo tributrio no Municpio

    de Florianpolis, tendo como vantagem possibilitar uma contribuio para esta rea da

    Administrao Municipal.

    Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, existem duas perspectivas

    para a realizao da pesquisa: a pesquisa quantitativa e a qualitativa. (RICHARDSON, 1989;

    ROESCH, 1999)

    A pesquisa quantitativa significa transformar opinies e informaes em nmeros para

    possibilitar a classificao e anlise. Exige o uso de recursos e de tcnicas estatsticas. Para

    Richardson (1989), esta modalidade de pesquisa caracteriza-se pelo emprego da quantificao

    desde a coleta das informaes at a anlise final por meio de tcnicas estatsticas,

    independente de sua complexidade.

    Oliveira (1997) aponta que o mtodo quantitativo empregado no desenvolvimento de

    pesquisas descritivas de mbito social, econmico, de comunicao, mercadolgicas e de

  • 96

    administrao e representa uma forma de garantir a preciso dos resultados, evitando

    distores.

    J a pesquisa qualitativa considera que h uma relao indissocivel entre o mundo

    objetivo e a subjetividade do sujeito que no pode ser traduzido em nmeros. Neste tipo de

    pesquisa, conforme Godoy (1995) e Richardson (1989), os dados no so analisados por meio

    de instrumentos estatsticos, pois a mensurao e a enumerao no so o foco deste tipo de

    pesquisa.

    Clareando a distino entre as duas abordagens, Hbner (1998, p.56) ensina que o

    que define uma pesquisa como sendo qualitativa ou quantitativa no o mtodo de coleta,

    mas sim a forma de tratamento dos dados.

    A pesquisa objeto deste trabalho utiliza-se de ambos os modelos: quantitativo e

    qualitativo. Por meio do modelo qualitativo descreveu-se a realidade encontrada,

    possibilitando uma anlise com maior profundidade; usou-se tambm o mtodo quantitativo j

    que, em parte dos dados coletados bem como no tratamento destes dados, utilizou-se tcnicas

    estatsticas.

    Outro aspecto a considerar quanto ao tipo de estudo no tempo. Nesta pesquisa

    utiliza-se o estudo longitudinal, posto que ela compreende o perodo de 1999 a 2003.

    6.3 COLETA E ANLISE DOS DADOS

    Para a coleta de dados foram utilizados dados primrios e secundrios. A pesquisa em

    fontes primrias baseia-se em documentos originais, que no foram utilizados em nenhum

    estudo ou pesquisa, ou seja, foram coletados pela primeira vez pelo pesquisador para a

    soluo do problema, podendo ser coletados mediante entrevistas, questionrios e observao.

    (ANDRADE, 1993)

  • 97

    Os dados secundrios so aqueles que se encontram disposio do pesquisador em

    boletins, livros, revistas, dentre outros. Para Marconi e Lakatos (2000) as fontes secundrias

    possibilitam a resoluo de problemas j conhecidos e explorar outras reas onde os

    problemas ainda no se cristalizaram suficientemente.

    Nesta pesquisa, o mtodo utilizado para obteno de dados primrios foi a observao

    participante. A observao participante ou observao ativa, conforme Gil (1994), consiste

    no tipo de observao na qual existe a real participao do observador na vida da comunidade,

    do grupo ou de uma situao determinada. O observador assume o papel de um membro do

    grupo. (GIL, 1994) Corroborando com este entendimento, Richardson (1989, p.215) aponta

    que na observao participante o observador no apenas o espectador do fato que est

    sendo estudado, ele se coloca na posio e ao nvel dos outros elementos humanos que

    compem o fenmeno a ser observado. No caso em anlise, a pesquisadora funcionria da

    SEFIN e teve atuao no CMCF no perodo estudado, como Secretria Geral e tambm como

    Conselheira.

    Como dados secundrios, foram utilizados: a legislao tributria do Municpio de

    Florianpolis, os ementrios, os acrdos aprovados no perodo estudado e os relatrios

    anuais. Tambm foi efetuado levantamento especfico e sistematizado, utilizando-se os dados

    do Sistema de Informtica da SEFIN e do sistema prprio do CMCF.

    O fato de a pesquisadora pertencer ao Quadro de Funcionrios da SEFIN facilitou a

    obteno dos dados, especialmente daqueles relacionados ao tempo de permanncia dos

    processos nos diversos Setores e os relativos aos crditos tributrios que foram mantidos pelo

    rgo Julgador.

    Cabe ressaltar, todavia, que cerca de 2 (dois) meses foram necessrios para a coleta

    dessas informaes, porquanto, para obt-las, foi pesquisado nos Sistemas de Informtica,

    cada processo julgado no perodo estudado.

  • 98

    A anlise de dados definida por Kerlinger (1980, p.353) como a categorizao,

    ordenao, manipulao e sumarizao de dados. Assim, os dados brutos so agrupados de

    forma sistematizada, visando possibilitar a sua mensurao e interpretao. Os dados obtidos

    com a pesquisa foram analisados de forma descritiva e quantitativa. No tocante s

    informaes quantitativas, em razo de utilizarmos o universo dos processos administrativos

    aprovados no perodo de janeiro de 1999 a dezembro de 2003, o volume de dados

    manipulados foi grande, sendo necessrio o auxlio de planilha eletrnica por meio do

    programa excel para obteno da freqncia e da mdia aritmtica, viabilizando a

    apresentao dos resultados.

    Cabe salientar que nem todos os processos protocolados tiveram seu julgamento

    ocorrido no mesmo perodo. Por outro lado, ocorreram, no perodo apontado, julgamentos de

    processos protocolados em data anterior a janeiro de 1999. Parte dos processos apreciados no

    perodo estudado foram exclusivamente relativos a reclamaes; outra parte, a recursos.

    Alguns processos tiveram julgamentos nos dois nveis: 1o e 2o grau. O quadro a seguir

    apresenta o total dos processos estudados.

    TABELA 1 Detalhamento do universo da pesquisa

    ANO TOTAL DE PROCESSOS JULGADOS

    1999 316

    2000 170

    2001 192

    2002 233

    2003 193

    FONTE - Relatrios Anuais do CMCF

  • 99

    6.4 LIMITAES DA PESQUISA

    Vergara (1997, p.59) afirma que todo mtodo tem possibilidades e limitaes. Sendo

    assim, conveniente antecipar-se a possveis crticas dos leitores, informando quais as

    limitaes sofridas pela pesquisa que, todavia, no invalidaram sua realizao.

    As limitaes desta pesquisa residem nos seguintes aspectos:

    por se tratar de estudo de caso sua aplicao fica restrita apenas Prefeitura Municipal

    de Florianpolis. Assim sendo, os resultados no podem ser generalizados s demais

    Administraes Municipais;

    a legislao municipal relativa ao processo administrativo tributrio sofreu vrias

    transformaes no ano de realizao da pesquisa e, por causa disso, algumas

    descries do ponto de vista operacional efetuadas neste trabalho, podem no estar

    mais adequadas situao vigente.

    a varivel controle foi operacionalizada neste trabalho por meio das subdimenses:

    superviso, padronizao e sistema de informaes. Assim, as anlises e concluses

    realizadas so relativas as subdimenses avaliadas.

    6.5 DEFINIO DE TERMOS E CATEGORIAS DE ANLISE

    Definir termos e categorias de anlise atribuir-lhes um significado para facilitar a

    compreenso de sua utilizao na pesquisa.

    6.5.1 Definio de Termos

    Segue a definio de alguns termos que consideramos importantes nesta pesquisa.

  • 100

    Acrdo: documento que resume o processo administrativo tributrio e o julgamento.

    Auto de Infrao: documento por meio do qual lavrada multa por descumprimento

    de obrigao acessria

    Conselheiros: pessoas designadas pelo Chefe do Poder Executivo para atuarem como

    membros dos Conselhos.

    Conselho de Contribuintes: so rgos administrativos colegiados de julgamento que

    tm por principal finalidade o controle da legalidade do ato administrativo e a busca da

    melhor interpretao e aplicao da legislao tributria, no caso concreto.

    Contribuinte: a pessoa obrigada ao pagamento do crdito tributrio.

    Crdito tributrio: direito que o Poder Pblico tem de receber valores dos

    particulares, em razo da ocorrncia do fato gerador do tributo.

    Deciso monocrtica ou singular: deciso emitida por um julgador no processo

    administrativo tributrio.

    Dvida Ativa: o crdito que poder ser cobrado por execuo judicial.

    Ementa: parte do acrdo que resume a deciso.

  • 101

    Julgamento de 1o grau: a primeira deciso administrativa no processo administrativo

    tributrio.

    Lanamento: o ato ou sucesso de atos que visam identificar o contribuinte e

    estabelecer o valor do tributo devido para formalizar o crdito tributrio.

    Notificao: documento decorrente do lanamento que informa os dados relativos ao

    contribuinte e ao crdito tributrio.

    Processo provido: processo com deciso favorvel parte solicitante.

    Processo desprovido ou improvido: processo com deciso desfavorvel parte

    solicitante.

    Reclamao: o tipo de processo administrativo que contesta o lanamento tributrio.

    Primeiro grau de deciso.

    Recurso: o processo administrativo de reviso da deciso proferida no processo de

    reclamao. Segundo grau de deciso.

    Recurso Voluntrio: so os recursos interpostos pelo contribuinte.

    Recurso de oficio: so os recursos cujo recorrente a prpria Administrao em

    relao a decises que lhe foram desfavorveis.

  • 102

    Tributos: toda prestao pecuniria compulsria, em moeda ou cujo valor que nela

    possa se expressar, que no constitua sano de ato ilcito, instituda em lei e cobrada

    mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

    6.5.2 Definio Constitutiva e operacional das categorias analticas (DC e DO)

    Conforme Gil (1994), a definio constitutiva corresponde definio de um termo

    teoricamente, ou seja, so as definies conceituais encontradas na bibliografia. Todavia para

    Trivios (1987), as definies constitutivas nem sempre so suficientes para esclarecer como

    as variveis sero operacionalizadas na pesquisa, ocasio em que se faz necessria as

    definies operacionais.

    Para Gil (1994), operacionalizar conceitos ou variveis significa torn-los passveis de

    observao emprica e de mensurao. Em outras palavras, significa identific-las de modo

    prtico. J para Kerlinger (1980, p.46), uma definio operacional significa atribuir

    significado a um constructo ou varivel especificando as atividades ou operaes necessrias

    para medi-lo ou manipul-lo.

    As categorias de anlise desta pesquisa so: processo administrativo tributrio e

    controle.

    Processo Administrativo Tributrio ou Processo Administrativo Fiscal (DC):

    um processo revisional de lanamento que tem, entre outras finalidades, solucionar as

    controvrsias fiscais formalizadas perante a Administrao Tributria, possibilitar a justia

    fiscal e servir como instrumento de controle dos lanamentos tributrios.

  • 103

    Processo Administrativo Tributrio ou Processo Administrativo Fiscal (DO):

    um instrumento de controle do lanamento efetuado pela Administrao Tributria, visando

    solucionar as controvrsias fiscais formalizadas pelos contribuintes e, dessa forma,

    possibilitar a cobrana do crdito tributrio efetivamente devido. Contempla a entrada do

    processo no Protocolo Geral da Secretaria da Administrao e sua finalizao com a

    cientificao do contribuinte pela Coordenadoria da Dvida Ativa da Secretaria Municipal de

    Finanas de Florianpolis, sendo analisado com base nas seguintes dimenses: estruturao,

    etapas, espcies de processos e instncias de julgamento.

    Controle (DC): uma funo administrativa que tem por objetivo medir e avaliar o

    desempenho da organizao, propondo medidas corretivas, quando necessrio.

    Controle (DO): uma funo administrativa exercida na Secretaria Municipal de

    Finanas de Florianpolis analisada por meio dos seguintes mecanismos: padronizao do

    processo de trabalho, padronizao de habilidades, padronizao de resultados, superviso

    direta e sistema de informaes.

    As categorias de anlise encontram-se dimensionadas nos quadros a seguir:

  • 104

    FIGURA 2 - Categoria de Anlise: Processo Administrativo Tributrio

    FIGURA 3 - Categoria de Anlise: Controle

    Categoria de Anlise Dimenses Itens de anlise Estruturao Histrico

    Situao Atual

    Legislao Especfica

    Espcies de processos e

    instncias de julgamento Reclamaes e Recursos

    Voluntrios e de Ofcio Por tipos de tributo Garantia de Instncia

    Processo

    Administrativo Tributrio

    Etapas

    Protocolo, suspenso da exigibilidade da cobrana do

    crdito tributrio, preparao do processo, julgamento, extino do processo.

    Fluxos

    Situao do crdito tributrio mantido

    Categoria de Anlise Dimenses/Aspectos Itens de anlise Padronizao do processo de trabalho

    Normas de procedimentos Fixao de prazos

    Padronizao de habilidades Qualificao do pessoal Complexidade das tarefas

    Padronizao de Resultados Desempenho quantitativo e qualitativo

    Superviso Direta Chefias existentes

    Amplitude da Superviso

    Controle

    Sistema de Informaes Acompanhamento e divulgao

    de dados Publicidade dos atos Recursos Informatizados

  • 105