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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL PAULO SÉRGIO FLAMMIA SCOTELLARO PRÁTICAS DOCENTES EM ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM INSTITUIÇÕES PRIVADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO Rio de Janeiro 2009

PAULO SÉRGIO FLAMMIA SCOTELLARO PRÁTICAS … · descrevendo as concepções dos professores acerca de sua ocupação e de que forma se desenvolvem as atividades de ensino nesses

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

PAULO SÉRGIO FLAMMIA SCOTELLARO

PRÁTICAS DOCENTES EM ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM

INSTITUIÇÕES PRIVADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Rio de Janeiro 2009

2

PAULO SÉRGIO FLAMMIA SCOTELLARO

PRÁTICAS DOCENTES EM ADMINISTRAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO EM

INSTITUIÇÕES PRIVADAS DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Dissertação apresentada à Universidade Estácio de Sá, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em Administração e Desenvolvimento Empresarial.

ORIENTADORA: Vera Maria Medina Simonetti, Ph.D.

Rio de Janeiro 2009

3

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S424

Scotellaro, Paulo Sérgio Flammia Práticas docentes em administração: um estudo de caso em instituições privadas

da cidade do Rio de Janeiro. / Paulo Sérgio Flammia Scotellaro. - Rio de Janeiro,

2009.

117f.

Dissertação (Mestrado em Administração de Desenvolvimento Empresarial) –

Universidade Estácio de Sá, 2009.

1. Administração, Estudo e Ensino. 2. Ensino Superior. I.

Título.

4

5

AGRADECIMENTOS

A Vera Simonetti, pela amizade e orientação.

Aos professores, que participaram deste trabalho, pelo tempo e dedicação

que nos concederam.

Aos professores e amigos do MADE.

A todos aqueles que colaboraram para a realização desta pesquisa.

6

Agradeço a Deus pelas pessoas generosas: aquelas que dizem a verdade, admitem ter defeitos, desejam transmitir entusiasmo e tornar reais os sonhos.

7

RESUMO

Esta pesquisa tem como objetivo estudar as práticas docentes nos cursos

superiores em Administração em instituições privadas na cidade do Rio de Janeiro,

descrevendo as concepções dos professores acerca de sua ocupação e de que

forma se desenvolvem as atividades de ensino nesses cursos, segundo o relato dos

docentes. Foi realizado um estudo de caso, de abordagem quantitativa, com

docentes que responderam a um questionário estruturado. A pesquisa apresenta o

relato dos docentes, no que diz respeito ao papel do professor, à participação dos

aprendizes, aos conteúdos, métodos de ensino, de avaliação e à formação dos

professores universitários. O referencial teórico se baseou em Saviani (2000)

quando afirma que a difusão de conteúdos significativos e atualizados é

fundamental, a fim de aprimorar o processo educativo; em Masetto et. al. (2001)

quando indica ser necessário ao professor saber como traçar uma prática

facilitadora da aprendizagem, e em Freire (2000) quando explica que a visão crítica

da educação passa pelo entendimento, pelos professores, da importância de ouvir

os alunos, estimulando ações emancipatórias. Os resultados apontam que as

concepções a respeito da participação plena dos alunos nas atividades didáticas, do

erro como parte integrante da aprendizagem, da introdução de práticas e conteúdos

plurais e de se evitar a memorização exagerada, já representam avanços. Conclui-

se, no entanto, que as concepções e atividades docentes, em muitos casos,

sobretudo no que se relaciona a métodos de ensino, alternativas de avaliação e à

formação docente, não têm relação com a Pedagogia Crítica. Faz-se necessária a

mudança de paradigmas a respeito das atribuições dos docentes, dos conteúdos

dos cursos, de estratégias utilizadas e de aspectos ligados à relação professor-

8

aluno. É importante a formação acadêmica específica dos professores e a promoção

de oportunidades de trocas de experiências e de momentos de reflexão sobre o

processo de ensino e aprendizagem no contexto das instituições universitárias.

Palavras-chave: Capacitação Profissional, Prática Docente, Ensino Superior, Cursos

de Administração.

9

ABSTRACT

This research has the purpose of studying the teaching practices in Higher

Education, in private Business Schools, in Rio de Janeiro city, describing the

professors’ assumptions about their occupation and how their teaching activities are

developed in these courses. A quantitative case study was applied with professors

that answered a structured questionary. The research presents the professors’

reports about their role, the learners’ participation, the contents used, teaching

methods, evaluation and their academic background. The theoretical framework is

based on Saviani (2000), when he says that the diffusion of significant and updated

contents is fundamental to improve the educational process; on Masetto et. al.

(2001), when he indicates that it is necessary for the teacher to know how to trace a

practice that would make the learning process easier, and on Freire (2000), when he

explains that the critical education view passes through the understanding, by the

teachers, of the importance of hearing the students, stimulating emancipatory

actions. The results indicate that the assumptions about the participation of students

in didactic activities, the integration of mistakes as part of the learning process, the

introduction of plural practices, contents and the avoidance of exaggerated

memorization already represent a progress. It is concluded, however, that the

professors’ assumptions about their occupation and teaching activities, mainly about

teaching methods, evaluation alternatives and academic formation, are not related to

the Critical Pedagogy. It is necessary to change paradigms about professors’

assumptions, the contents of the courses, the strategies applied and the aspects

concerned to the teacher-student relationship. It is also important to have a specific

teaching academic formation, to promote opportunities to exchange experiences and

10

moments of reflection about the teaching-learning process in the university

institutions context.

Key-words: Professional Capacitation, Profesors’ Practice, Higher Education,

Management Courses.

11

SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 15

LISTA DE GRÁFICOS .............................................................................................. 17

LISTA DE QUADROS .............................................................................................. 18

1- INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 19

1.1- CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................... 19

1.2- PROBLEMATIZAÇÃO ....................................................................................... 22

1.3- OBJETIVOS....................................................................................................... 23

1.3.1- Objetivo Principal............................................................................................ 23

1.3.2- Objetivos Específicos...................................................................................... 23

1.4- DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ............................................................................ 23

1.5- RELEVÂNCIA DO ESTUDO ............................................................................. 24

2- ASPECTOS EDUCACIONAIS DO ENSINO SUPERIOR .......................... 26

2.1- CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOCENTES ..................................................... 26

2.1.1- A Concepção Tradicional ............................................................................... 26

2.1.2- A Escola Nova ................................................................................................ 27

2.1.3- A Concepção Crítico-Reprodutivista .............................................................. 29

2.1.4- A Concepção Crítica de Educação ................................................................ 30

2.1.5- O Ensino e a Avalição .................................................................................... 32

2.2 – A COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DO DOCENTE ...................................... 35

2.2.1- A Docência como Profissão ........................................................................... 35

2.2.2- A Concepção de Missão ................................................................................ 35

2.2.3- A Vocação ...................................................................................................... 36

2.2.4- O Domínio do Saber Docente ........................................................................ 37

3- PERSPECTIVAS DO ENSINO SUPERIOR ......................................................... 40

12

3.1 - TRAJETÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL ...................................... 40

3.1.1- O Ensino Superior no Brasil Colônia: de 1500 a 1808 ................................... 41

3.1.2- O Ensino Superior no Brasil Império: de 1808 a 1889 .................................. 41

3.1.3- O Ensino Superior na Primeira República: de 1889 a 1930 .......................... 43

3.1.4- O Ensino Superior na Era Vargas: de 1930 a 1945 ....................................... 44

3.1.5- O Ensino Superior na República Populista: de 1945 a 1964 ......................... 46

3.1.6- O Ensino Superior na Ditadura Militar: de 1964 a 1985 ................................. 47

3.1.7- O Brasil pós 85 e a busca do aperfeiçoamento ............................................. 48

3.2- PANORAMA CONTEMPORÂNEO DO ENSINO SUPERIOR........................... 49

3.2.1- O Fins da Educação Superior ........................................................................ 49

3.2.2- Ensino e Pesquisa .......................................................................................... 51

3.2.3- Novas Tecnologias ......................................................................................... 53

3.2.4- Tendências Contemporâneas ........................................................................ 56

3.3- O ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO ................................................ 60

3.3.1- Trajetória do Ensino Superior em Administração no Brasil ............................ 60

3.3.2- Tendências do Ensino Superior em Administração ....................................... 65

4- METODOLOGIA DA PESQUISA ........................................................................ 73

4.1 – ABORDAGEM E TIPOLOGIA DE PESQUISA ................................................ 73

4.2 - MÉTODO DE COLETA DE DADOS ................................................................ 73

4.2.1 – Pré-teste ....................................................................................................... 74

4.2.2- Coleta dos Dados ........................................................................................... 74

4.3 – MÉTODO DE DE APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .................... 76

5- APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................................. 77

5.1 – APRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS ÀS QUESTÕES ................................. 78

5.1.1 – Transmissão de Conhecimentos .................................................................. 78

13

5.1.2 - Ações Corretivas ......................................................................................... 78

5.1.3 – Currículos Oficiais ........................................................................................ 79

5.1.4 – Participação Ativa ....................................................................................... 79

5.1.5 – Erros Minimizados ........................................................................................ 79

5.1.6 - Trabalhos Individuais ................................................................................... 80

5.1.7 - Trabalhos em Grupo .................................................................................... 80

5.1.8 - Assuntos do Dia-a-dia ................................................................................. 80

5.1.9 – Memorização ................................................................................................ 81

5.1.10 – Perguntas em Aula ..................................................................................... 81

5.1.11 - Aulas Expositivas ........................................................................................ 81

5.1.12 – Erros Evitados ............................................................................................ 82

5.1.13 - Troca de Informações ................................................................................. 82

5.1.14 - Notas e Aprendizagem ................................................................................ 82

5.1.15 - Assuntos Cotidianos .................................................................................... 83

5.1.16 - Formas de Avaliação ................................................................................... 83

5.1.17 – Graus Acadêmicos ..................................................................................... 84

5.1.18 - Preparação Pedagógica ............................................................................. 85

5.2 – CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA ENTRE AS RESPOSTAS .................... 86

5.2.1 - Função do Professor ..................................................................................... 87

5.2.2 - Participação do Aluno ................................................................................... 87

5.2.3 - Erros .............................................................................................................. 87

5.2.4 - Conteúdos ..................................................................................................... 88

5.2.5 - Memorização ................................................................................................. 88

5.2.6 - Avaliação ....................................................................................................... 88

5.2.7 - Atividades ...................................................................................................... 89

14

5.2.8 - Formação Docente ....................................................................................... 90

6- ANÁLISE DOS RESULTADOS .......................................................................... 92

6.1- FUNÇÃO DO PROFESSOR ............................................................................. 92

6.2- PARTICIPAÇÃO DO ALUNO ............................................................................ 95

6.3- ERROS .............................................................................................................. 96

6.4- CONTEÚDOS ................................................................................................... 98

6.5- MEMORIZAÇÃO ............................................................................................... 99

6.6- AVALIAÇÃO .................................................................................................... 100

6.7- ATIVIDADES ................................................................................................... 101

6.8- FORMAÇÃO DOCENTE ................................................................................ 102

6.9 – PANORAMA GERAL DA ANÁLISE ............................................................... 105

7- CONCLUSÃO .................................................................................................... 106

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 110

APÊNDICE ............................................................................................................. 114

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO ........................................................................... 115

15

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Transmissão de Conhecimentos ............................................................ 79

Tabela 2 – Ações Corretivas .................................................................................... 79

Tabela 3 – Currículos Oficiais .................................................................................. 80

Tabela 4 – Participação Ativa .................................................................................. 80

Tabela 5 – Erros Minimizados .................................................................................. 80

Tabela 6 – Trabalhos Individuais ............................................................................. 81

Tabela 7 – Trabalhos em Grupo .............................................................................. 81

Tabela 8 – Assuntos do Dia-a-dia ............................................................................ 81

Tabela 9 – Memorização .......................................................................................... 82

Tabela 10 – Perguntas em Aula ............................................................................... 82

Tabela 11 – Aulas Expositivas ................................................................................. 82

Tabela 12 – Erros Evitados ...................................................................................... 83

Tabela 13 – Troca de Informações .......................................................................... 83

Tabela 14 – Notas e Aprendizagem ......................................................................... 83

Tabela 15 – Assuntos Cotidianos ........................................................................... 84

Tabela 16 – Formas de Avaliação ........................................................................... 84

Tabela 17 – Graus Acadêmicos ............................................................................... 85

Tabela 18 – Preparação Pedagógica ....................................................................... 86

Tabela 19 – Função do Professor ............................................................................ 88

Tabela 20 – Participação do Aluno .......................................................................... 88

Tabela 21 – Erros .................................................................................................... 88

Tabela 22– Conteúdos ............................................................................................. 89

Tabela 23 – Memorização ....................................................................................... 89

16

Tabela 24 – Notas e Aprendizagem ........................................................................ 89

Tabela 25 – Formas de Avaliação ......................................................................... 90

Tabela 26 – Atividades ............................................................................................ 90

Tabela 27 - Graus Acadêmicos ............................................................................... 91

Tabela 28 – Preparação Pedagógica ...................................................................... 91

17

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Formas de Avaliação ............................................................................. 84

Gráfico 2- Graus Acadêmicos ................................................................................. 85

Gráfico 3 - Preparação Pedagógica: ...................................................................... 86

18

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Categorias das Questões ..................................................................... 78

Quadro 2 – Categorias Aglutinadas ......................................................................... 87

Quadro 3 – Panorama Geral dos Resultados .......................................................... 92

Quadro 4 – Panorama Geral da Análise ................................................................ 107

19

1- INTRODUÇÃO

1.1- CONTEXTUALIZAÇÃO

No cenário atual, mudanças desafiam a sobrevivência das empresas. Morgan

(2006, p. 64) afirma que “é válido falar da necessidade de adaptar as organizações

às circunstâncias ambientais”. É necessária a adaptação em busca da eficácia

organizacional, condição de continuidade dessas instituições, o que impõe a

exigência de que os administradores tenham uma visão geral e estratégica do que

acontece nas organizações, que sejam hábeis em assimilar mudanças e em se

adaptar.

A boa formação nos cursos de graduação é fator decisivo para que os

administradores estejam aptos a identificar as oportunidades e desafios que se

apresentem no mercado de trabalho. A fim de manterem-se ou evoluírem no

desempenho de suas funções, tais profissionais têm que aprender a se ajustar e a

formar seu aprendizado continuamente.

Cabe aos docentes em Administração estimular o estudante a adquirir

conhecimentos, desenvolver habilidades e atitudes fundamentais, além da

versatilidade e capacidade de reflexão, hoje tão necessárias nas organizações.

Torna-se oportuno, então, refletir sobre qual a condição atual da atuação desses

professores no ensino em Administração.

Em geral, o professor do ensino superior em Administração é um profissional

da área que, por ser experiente, por possuir um título de pós-graduação, ou por

dominar os fundamentos teóricos da matéria que irá lecionar, é admitido a ingressar

como profissional da área de ensino. Isso mostra a preocupação com a

competência do professor, no que diz respeito ao domínio do conteúdo dos

20

programas dos cursos, sem, entretanto, haver o questionamento sobre a formação

do docente em seu ofício, segundo Arroyo (2002, p. 18), “o ofício de mestre (...) que

remete a um fazer qualificado, profissional”.

Há a crença de que somente o domínio, por parte do docente, do conteúdo a

ser tratado em aula, é suficiente para que ele ensine, indicando que é desnecessário

um requisito mínimo de formação pedagógica. Essa situação ocorre em diversos

cursos superiores, incluídos nesses os de graduação em Administração, o que nos

leva a questionar como se dá a prática docente nesta área.

A motivação inicial que nos mobiliza à indagação, acerca dessas práticas

docentes, são as inquietações vividas em sala de aula. Tais questionamentos têm

relação com a constatação de que, sem alternativas e sem uma atuação profissional

e qualificada, as aulas podem-se tornar monótonas, descontextualizadas e

alienantes.

No entanto, existe a possibilidade de as aulas se tornarem interessantes, com

momentos de descoberta e emancipação. Segundo Trindade (2000, p. 9), o

professor deve investir na vida e, se optar por não investir nas vidas de seus alunos,

mata. Segundo a autora, o professor que “não educa para a vida, (...) educa para

uma morte em vida”.

Destacamos os relatos de professores que expõem suas representações

sobre suas práticas pedagógicas e seu despreparo docente, em Foresti (2001, p.

75): “vivemos instintivamente. Ensinamos instintivamente. Angustiamo-nos

instintivamente. É preciso pensar, aprender para ensinar melhor”. Podemos destacar

também um depoimento em Vasconcelos (2001, p. 83): “e de repente, eu me vi

diante das feras sem ter a menor idéia do que fazer para ministrar uma aula que

fosse ao menos decente”!

21

Segundo Pimenta e Anastasiou (2002), em países como os Estados Unidos,

Canadá e Alemanha, há interessantes experiências de desenvolvimento profissional

dos docentes universitários em diferentes modalidades, tais como, iniciativas de

formação inicial, destinadas a professores recém-contratados, com introdução e

orientação à docência, abordando temas voltados à aprendizagem, planejamento de

cursos, organização curricular, interdisciplinaridade, relação professor-aluno,

finalidades do ensino superior, inteligências múltiplas, dificuldades de aprendizagem,

avaliação diagnóstica e classificatória da educação, estratégias de comunicação,

intervenção didática e práticas docentes tuteladas por professores experientes. Há

também iniciativas de formação contínua profissional para o exercício do magistério

superior.

No Brasil, as iniciativas a este respeito devem-se ao Programa de Pós-

Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE/USP); ao

Centro Universitário de Jaraguá do Sul (Unerj), em Santa Catarina, e ao programa

de avaliação e de formação de docentes da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

(PIMENTA e ANASTASIOU, 2002).

Na área da Administração, a Associação Nacional de Pesquisa em

Administração (ANPAD) tem registrado preocupação com a temática, abrindo

espaço para debates e troca de experiências no Encontro Nacional de Pesquisa em

Administração (Enanpad) desde o início deste milênio. Além disso ocorrem em nível

nacional outras iniciativas de instituições comprometidas com o desenvolvimento de

um ensino de qualidade, com destaque para o Encontro da Associação Nacional dos

Cursos de Graduação em Administração (Enangrad), seminários de Administração

(SEMEAD) da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São

Paulo (FEA-USP), além de iniciativas da Coordenação de Aperfeiçoamento de

22

Pessoal de Nível Superior (Capes) e da Secretaria de Educação Superior,

vinculadas ao Ministério da Educação (MEC), através de programas de capacitação

docente, que visam também promover a descentralização da produção acadêmica, a

fim de reduzir disparidades regionais (OLIVEIRA e SAUERBRONN, 2007).

Masetto (2007) relata experiências práticas em cursos de Engenharia, no

ensino de Geometria Analítica, Cálculo Vetorial, Cálculo Diferencial e Integral e

outras matérias. O autor chama a atenção para o fato de que devemos olhar nossos

alunos do ensino superior como adultos, sem abrir mão de condições facilitadoras

da aprendizagem.

Tendo em vista as reflexões que envolvem esse tema, cabe-nos pensar a

respeito dos diversos aspectos do atual ensino superior em Administração no nosso

país e refletir sobre a natureza do trabalho que os docentes desses cursos realizam.

1.2- PROBLEMATIZAÇÃO

Diante desse contexto, esta pesquisa buscou estudar as práticas docentes na

graduação em Administração em instituições privadas da cidade do Rio de Janeiro,

descrevendo as concepções teóricas e práticas pedagógicas dos professores acerca

de sua ocupação e de que forma desenvolvem as práticas de ensino nesses cursos,

segundo o relato dos professores. Assim, o problema da pesquisa define-se da

seguinte maneira: de que forma se desenvolvem as práticas docentes nos cursos de

Administração?

23

1.3 – OBJETIVOS

1.3.1 – Objetivo Geral

Tendo como base a formulação do problema, este estudo tem como objetivo

principal: descrever de que forma se desenvolvem as práticas docentes na

graduação em Administração em instituições privadas da cidade do Rio de Janeiro.

1.3.2 – Objetivos Específicos

Os objetivos específicos são os seguintes:

a) Apresentar as concepções teórico-práticas sobre ensino dos docentes que

lecionam nos cursos de Administração.

b) Apontar as atividades acadêmicas exercidas nos cursos de Administração,

segundo relato dos docentes.

1.4 – DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

A temática da prática docente é complexa, englobando diversos aspectos

concernentes a políticas de educação e outras características que influenciam a

identificação dos professores com sua prática. Esses aspectos não foram abordados

neste trabalho. Este estudo de caso foi realizado durante o ano de 2008, não

levando em consideração aspectos econômicos e de mercado, variáveis com o

tempo, e que poderiam influenciar os resultados que analisam as concepções de

professores acerca de sua prática. Embora também possivelmente relevantes, não

foram estudadas tampouco as concepções de alunos a respeito das práticas

docentes, limitando-se a pesquisa ao foco do professor sobre sua atuação.

24

Foram estudados especificamente professores do curso de Administração de

instituições privadas do município com um total de 121 respondentes, que não

constituem a totalidade do universo a ser descrito.

Levando em consideração os recursos disponíveis, consideramos que a

delimitação teórica, temporal e espacial se fez necessária para que fossem

atingidos, em tempo, os objetivos previamente determinados, embora se reconheça

o viés que surge dessa delimitação.

1.5 - RELEVÂNCIA DO ESTUDO

A presente pesquisa trata da reflexão a respeito do ensino em cursos de

graduação em Administração, os aspectos profissionais do magistério, suas

finalidades, concepções sobre a educação e condições atuais do ensino superior no

Brasil.

Fernandes (2001, p. 95) declara que a formação do professor universitário é

tema complexo e “pouco abordado em pesquisas e seminários”. Vergara (2007, p. 3)

afirma que os números relativos aos cursos de Administração vêm se expandindo, e

reitera que “no Brasil e no mundo, a evolução em termos quantitativos veio, no

entanto, acompanhada de críticas ao ensino, cada vez mais contundentes”.

Constata-se uma lacuna de estudos e pesquisas sobre o que pensam e

fazem os profissionais em atuação efetiva nos cursos de Administração e a

abordagem desse tema se justifica pela necessidade de se ampliar o debate a

respeito de alternativas de caminhos para o ensino nesses cursos.

Neste panorama, Leal et. al. (2006, p. 3) advertem que o ensino em

administração

25

se depara com o desafio de construir novas formas e ou técnicas de ensino para lidar com o novo ambiente de conhecimento e aprendizagem, visando à formação de profissionais de forma a privilegiar seu desenvolvimento técnico e pessoal.

Deve-se levar em conta a importância da ciência da Administração, por ter ela

a função de contribuir para melhorar a vida das organizações, das pessoas e da

sociedade. Este estudo tem, então, como aspecto relevante, o de estimular a

discussão a respeito da atuação de docentes capacitados para exercer a função de

educadores e divulgar concepções e estratégias de ensino aplicáveis às aulas,

visando a formação global e melhor desempenho dos egressos desses cursos,

qualificando-os para sua atuação profissional.

26

2- ASPECTOS EDUCACIONAIS DO ENSINO SUPERIOR

Gil (2008a, p. 1) afirma que “o professor universitário precisa ter uma visão de

mundo, de ser humano, de ciência e de educação, compatível com as

caracterísiticas de sua função”. As concepções pedagógicas guiam as práticas

desses professores. Ao longo dos tempos surgiram diferentes abordagens do

processo de ensino e de seus caminhos. Por esse motivo, é pertinente a discussão

a respeito do significado da educação e do modo como o professor deve agir,

identificando-se os fatores que podem contribuir para a eficácia na aprendizagem.

2.1- CONCEPÇÕES E PRÁTICAS DOCENTES

2.1.1- A Concepção Tradicional

A educação teve sua origem nos primórdios da humanidade, em que as

crianças aprendiam as coisas da vida com os adultos. A educação formal se inicia

com o surgimento dos proprietários de terras e da necessidade de uma educação

diferenciada para seus filhos. Até meados do século XVIII, a concepção de ensino

predominante foi a tradicional, que considera que o papel da educação é desviar os

alunos de sua natureza, supostamente passível de se corromper ao mal, e guiá-los

no caminho da moralidade. Exige-se então o confinamento e o aprendizado de

regras rigorosas, obediência ao silêncio, à imobilidade e à disciplina (ARANHA,

2000a).

Cria-se um universo pedagógico, separado e preservado das coisas da vida.

A disciplina é imposta por meio da vigilância, do estímulo à competição e da

aplicação de premiações ou sanções: os principais meios de controle. A educação é

centrada no professor, visto como o detentor do saber, da autoridade absoluta, que

27

tem o poder de bem transmitir seus conhecimentos aos alunos, passivos receptores

e reprodutores dos conteúdos impostos, com a ênfase na assimilação e fixação

desses conteúdos. Assim, como diz Teixeira (2000, p. 18),

a escola fundada nos programas de lições previamente traçadas e no regime do aprende ou serás castigado ignorava, antes do mais, a complexidade do ato educativo e tudo que podia, realmente, conseguir, eram crianças hábeis no jogo da dissimulação, que procuravam cumprir – para evitar a pena ou ganhar o prêmio – com o mínimo de responsabilidade voluntária a tarefa obrigatória que lhes marcavam os mestres.

Chama a atenção o comentário do autor a respeito do subterfúgio criado pelo

aluno, a dissimulação e a preocupação com a avaliação e não com o saber.

2.1.2- A Escola Nova

Contudo, segundo Aranha (2000a), no final do século XIX, a sociedade

começou a sofrer constantes transformações nos seus aspectos econômicos,

sociais, científicos, políticos e estruturais. Assim, surge a necessidade de um homem

preparado para o novo que surge constantemente, capaz de indagar e resolver

espontaneamente os problemas.

As transformações sociais reivindicam um novo tipo de educação, voltada

para preparar homens capazes de aprender a aprender, adaptando-se ao

dinamismo das mutações, da sociedade, o que não era conseguido pela educação

reprodutivista e conservadora que a escola tradicional representava.

Para Aranha (2000b, p. 167), a Escola Nova surge para “propor novos

caminhos à educação que se encontra em descompasso com o mundo no qual se

acha inserida”. A pedagogia nova crê que a escola tem o poder de preparar o

homem para uma sociedade mais justa, mais igualitária, mas não submetendo o

aluno a conteúdos conhecidos e sim preparando-o para a experimentação e para a

descoberta. Com isso, a escola progressiva - assim chamada por Anísio Teixeira -

28

destina-se a uma sociedade em permanente mudança e ao exercício de uma

sociedade democrática.

Essa corrente pedagógica acredita que a escola tem a finalidade de preparar

o homem para a espontaneidade e para a criatividade, em uma ordem social

permanentemente mutável, um homem mais ágil, em oposição ao pensamento

tradicionalista de Teixeira (2000, p. 39): “o aluno bom era o mais dócil”.

Para Saviani (2000, p. 9), a maneira de entender a educação da Escola Nova

desloca o eixo da questão pedagógica “do professor para o aluno; do esforço para o

interesse; da disciplina para a espontaneidade (...) O homem da nova sociedade,

que surgia naquela época, deveria ter uma atitude crítica e prática”. Para isso,

pensa-se numa escola onde os alunos sejam ativos, cujas atividades sejam o desejo

dos alunos, com professores facilitadores e incentivadores do aprendizado.

A Escola Nova tinha, assim como a tradicional, a crença de que a educação

escolar teria o poder de formação de uma sociedade igualitária. Para os

escolanovistas, a escola não vinha cumprindo essa função de equalização por causa

do tipo de escola autoritário implantado. Segundo Aranha (2000b), a Escola Nova,

ao dar ênfase à qualidade e à exigência de escolas aparelhadas e professores altamente qualificados, colocou a escola pública em posição inferiorizada, pois incapaz de introduzir as novidades didáticas.

Apesar de suas intenções, a Escola Nova ficou restrita às elites, pois seus

pressupostos requeriam trabalhos com pequenos grupos, para que houvesse a

relação interpessoal, ambientes de trabalho com materiais didáticos, grande

quantidade de livros, com vista a estimular o aprendizado, investimentos esses que

implicavam custos elevados.

29

Saviani (2000, p. 10) afirma que o ideário escolanovista provocou “o

afrouxamento da disciplina e a despreocupação com a transmissão do

conhecimento”. Isso permitia que fosse possível o afrouxamento da educação,

distanciando-a de sua função de suprir o aluno de conteúdos que levem a sua

emancipação.

Aranha (2000b, p. 171) acredita que a Escola Nova “ainda se inscreve no

horizonte dos ideais liberais e, como tal, se funda na aceitação, não no

questionamento dos valores burgueses”. Nesta concepção pedagógica, a sociedade

não é criticada ou colocada em questão. Argumentos defendem a pedagogia da

existência contra a pedagogia da essência, mas não defendem oportunidades iguais

para a diversas classes sociais. Assim, podemos chamar de ilusão a crença da

escola nova de se tornar a formadora de uma nova sociedade, somente modificando

os métodos e as técnicas de ensino.

2.1.3- A Concepção Crítico-Reprodutivista

Porém, também no século XX, surge a teoria que encara o sistema de ensino

como instituição de violência simbólica, que foi desenvolvida por Pierre Bourdieu e J.

C. Passeron (1970, apud SAVIANI, 2000). Os autores da obra francesa

sistematizam a teoria do ensino como violência simbólica e a função da educação

como a de ser coadjuvante fundamental na reprodução das desigualdades sociais.

Segundo Saviani (2000, p.18/19),

a violência simbólica manifesta-se de múltiplas formas: formação da opinião pública através dos meios de comunicação de massa, jornais etc.; pregação religiosa; atividade artística e literária; propaganda e a moda; educação familiar etc.).

Segundo essa concepção, a dominação cultural torna-se uma violência

simbólica por não ser uma violência explícita. Ela tem o papel de reforçar e dar apoio

30

à dominação econômica, política, social e cultural, imposta pelos grupos ou classes

dominantes. Saviani (2000, p. 24) destaca ainda que, “diferentemente de Bourdieu e

Passeron, Althusser não nega a luta de classes”. Ao contrário, chega mesmo a

afirmar que “os Aparelhos Ideológicos do Estado podem ser não só o alvo, mas

também o local da luta de classes e por vezes de formas renhidas da luta de

classes” (ALTHUSSER, s.d., apud SAVIANI, 2000, p.24). Althusser distingue os

Aparelhos Repressivos do Estado e os Aparelhos Ideológicos do Estado e coloca a

escola também como fundamental instrumento de reprodução da ideologia imposta

pela classe burguesa.

Baudelot e Establet (1971, apud SAVIANI, 2000) elaboram a Teoria da Escola

Dualista. Segundo estes autores, a escola é dividida historicamente em duas: uma

para a burguesia e outra para o proletariado, como o era para os senhores e os

escravos na antiguidade.

As teorias anteriormente expostas, que podemos denominar de teorias crítico-

reprodutivistas, chegam à conclusão de que a educação serve para reforçar o

estado de desigualdades na sociedade.

2.1.4- A Concepção Crítica de Educação

Meksenas (1988, p. 140) percebe os limites das teorias crítico-reprodutivistas,

ressaltando a concepção de Snyders de que existem forças, na escola, atuando

para a transformação da sociedade e da educação. Dentre essas forças potenciais,

estão professores que se empenham em desenvolver a capacidade crítica do aluno

e em expor as relações de poder da sociedade. Conforme suas próprias palavras,

“existem professores que descobrem que também são da classe trabalhadora e por

isso são sensíveis aos problemas que esta classe enfrenta”. O professor poderá

estimular os alunos à submissão ou à capacidade de questionar e modificar a

31

realidade, de forma consciente, conforme os submeta a diferentes concepções de

pedagogia em sua prática docente. Desse modo, o educador deve conhecer as

alternativas de caminhos a seguir, a história do fenômeno educativo e suas

diferentes concepções.

A ação pedagógica que se denomine como crítica e transformadora entende

que a educação tem o papel primordial de preparar o aluno que venha a ser, não só

ator, mas transformador da conjuntura social, politicamente ativo, integrado,

consciente e autônomo.

O ensino é centrado também no aluno, como na Escola Nova, visando porém

prepará-lo para enfrentar de forma crítica as situações da vida que envolvam

diversidades, relações pessoais e de trabalho. Desse modo, a escola, segundo essa

concepção, deve ser também o local de formação da resistência às desigualdades

sociais e preconceitos. McLaren e Farahmandpur (2002, p. 97) descrevem o

papel central da escola crítica como indo além de meramente informar, sendo sua

função “ajudar trabalhadores e trabalhadoras a reconhecerem seus interesses.

Freire (2000, p. 23) destaca que “do ponto de vista crítico é tão impossível

negar a natureza política do processo educativo quanto negar o caráter educativo do

ato político” . Educar é uma forma de atuar na sociedade e tornar os alunos

conscientes é a melhor forma de educá-los. O que caracteriza essa ação politizada é

a sua mobilização em fazer com que seus alunos vejam a realidade como ela é e

que sua educação seja para a mudança, ou seja, para a formação de uma

sociedade melhor, mais justa.

Segundo Saviani (2000), a ação pedagógica pode ser profundamente política,

mesmo sem falar diretamente de política. Ao instrumentalizar os discentes com os

conteúdos, o educador os fortalece para que se organizem e façam valer os seus

32

interesses. Certamente é assim que o professor atua politicamente, proporcionando

a todos aquilo a que somente os mais privilegiados têm acesso: o saber, o

desenvolvimento da capacidade de criticar, a chance de fazer mudar, ou seja,

partindo de um quadro heterogêneo para formar um conhecimento harmonioso e

interligado com seu próprio contexto.

Aí está a chave para uma atuação politizada. No contexto do ensino superior,

a visão que o educador deve ter é a de que, ensinando o que há de melhor e de

forma efetiva a seus alunos, ele estará atuando para que eles superem possíveis

condições de desigualdade, dando a eles acesso ao saber, difundindo conteúdos,

desenvolvendo habilidades e atitudes que vão além do que se espera de um

ordinário profissional.

A eficácia da atuação profissional do professor está em confrontar o discurso

com a realidade dos fatos. É, por exemplo, mostrar que há como administrar uma

empresa pensando-se também nas condições de seus trabalhadores. É tornar

possível às instituições atuarem com responsabilidade ambiental.

Segundo Perrenoud (2000, p. 24), na maioria dos países, a aula ainda é

“dada” em um anfiteatro, “diante de centenas de rostos autônomos” e o pensamento

vigente é: “compreenda e aprenda quem puder”! A verdadeira competência

pedagógica consiste em conhecer a ciência da educação e saber relacionar os

conteúdos a objetivos e situações de aprendizagem.

2.1.5- O Ensino e a Avaliação

Analisando-se o surgimento dos cursos superiores no nosso país e os

objetivos de sua criação, observa-se que o processo de ensino teve sempre como

método a exposição do conteúdo aos alunos e um processo de avaliação

33

fragmentado. Essa avaliação serve ao controle, punição e consiste em medir o

quanto é memorizado, de modo a classificar o aluno segundo sua capacidade de

assimilar grandes quantidades de informação.

Lopes (2002, p. 1) indica a necessidade de reflexão sobre as bases da

formação dos profissionais em Administração desenvolvida nas instituições

educacionais brasileiras, com a finalidade de buscar explicações para a fragilidade

percebida na formação desses cursos. Segundo a concepção autoritária de ensino,

o professor é o detentor do saber, ser superior, portador das verdades absolutas,

pré-estabelecidas, intocável e inquestionável. A utilização de metodologias de

ensino e de avaliação tradicionais visa somente ao desenvolvimento de competência

técnicas e treinamento dos alunos, o que certamente não os qualificará para um

bom desempenho em suas vidas e no mercado de trabalho.

Perrenoud (2000, p. 26) salienta que “conhecer os conteúdos a serem

ensinados é a menor das coisas, quando se pretende instruir alguém”. O autor

estabelece um inventário de competências reconhecidas como prioritárias na

formação contínua dos professores. Entre elas estão a de “construir e planejar

dispositivos e sequências didáticas” e a de “observar e avaliar os alunos em

situações de aprendizagem, de acordo com uma abordagem formativa” (op.cit, p.

20).

A avaliação da aprendizagem não deve ter como meta somente classificar ou

castigar, precisa deixar de ser um ato isolado, para se constituir em um processo

continuado e global. Demo (1997, p. 97) esclarece: “não se avalia para estigmatizar,

discriminar, mas garantir o direito à oportunidade. As dificuldades devem ser

transformadas em desafios, os percalços em retomadas e revisões, as insuficiências

em alerta”. A avaliação tem por finalidade diagnosticar, ou seja, verificar se os

34

objetivos educativos foram alcançados, o que foi e o que não foi feito, o quanto não

foi conseguido e daí auxiliar o processo de tomada de decisões e de alternativas

para superarem-se as dificuldades e se avançar nas melhorias. Para Saviani (2000,

p. 78),

o professor deve antever com certa clareza a diferença entre o ponto de partida e o ponto de chegada sem o que não será possível organizar e implementar os procedimentos necessários para se transformar a possivilidade em realidade.

Cabe ao processo avaliatório encontrar o que está faltando e identificar o

estágio de aprendizagem do aluno para, a partir daí, motivar o aprimoramento das

bases de sustentação de seu conhecimento e orientar o progresso de seu

desempenho, através do acompanhamento de sua evolução, de sua maior ou menor

facilidade em aprender, de seu interesse e esforço em buscar a aprendizagem, de

sua capacidade de elaborar propostas próprias e de sua participação nas diversas

atividades educacionais, buscando o desenvolvimento de seu senso crítico e de sua

autonomia.

Aos testes e às medidas de avaliação deve-se somar a apreciação de dados

qualitativos, referentes à aprendizagem, interpretando a aquisição de

conhecimentos, habilidades e atitudes.

Certamente, o rendimento do aluno reflete o trabalho do docente, que

também é avaliado ao avaliar. Os resultados dão a idéia de como foi a

aprendizagem, resultado das ações dos alunos e do professor. Ao avaliar a

aprendizagem, o professor avalia também a si próprio e sua competência em

ensinar.

35

2.2- A COMPETÊNCIA PROFISSIONAL DO DOCENTE

2.2.1- A Docência como Profissão

A identidade do profissional em educação se constrói pela sua relação com

alunos/as, professores/as e outros/as profissionais da escola, e por suas

representações, seus sentimentos, significações, valores, anseios e saberes que

ele/ela constrói com sua história de vida e sua visão de mundo.

No que diz respeito à percepção da atividade docente como atividade

profissional e considerando os critérios utilizados para a designação de uma

profissão, podemos citar uma afirmação de Lüdke (1999, p. 75):

a comparação mais tentadora é sem dúvida a que confronta o educador e o médico. A medicina aparece com destaque entre as profissões bem estabelecidas e parece preencher totalmente as exigências de classificação como tal. Ela possui um corpo de conhecimentos próprios, esotéricos, cujo domínio requer um longo treinamento. Ela presta um serviço específico ao público, que reconhece e retribui por ele. Ela impõe padrões de entrada e de permanência na profissão, cujo controle está nas mãos de seus membros.

Tenta-se então pensar na distância que separa a profissão de educador das

profissões mais consagradas e consolidadas, como a medicina, o direito, a

engenharia, por exemplo, e seus profissionais com especificidades mais bem

definidas.

É inquestionável a inclusão dessas atividades como profissões, enquanto

muitos chamam atenção para o fato de que a docência pode ser encarada não como

uma profissão, mas como uma missão.

2.2.2- A Concepção de Missão

A respeito da profissão de professor, Lüdke (1999, p. 74) ainda chama a

atenção para o fato de que, para muitos, a docência ainda é encarada como uma

atividade que não deve ter fins lucrativos e que não deve ser encarada como

36

profissão e afirma que “há até quem considere a profissionalização do educador

como a negação de sua vocação, missão ou mesmo sacerdócio” . Segundo a

autora, chamar o magistério de sacerdócio parece se tratar de um tratamento afetivo

e amoroso, mas é uma maneira de depreciar o trabalho docente. Desapropria-o da

característica de profissão que merece ser respeitada sob o aspecto da realização

de um trabalho que deve ser encarado com dignidade.

Segundo Masetto et. al. (2001, p. 13), a docência no ensino superior exige do

professor “um profissionalismo semelhante àquele exigido para o exercício de

qualquer profissão. A docência nas universidades e faculdades isoladas precisa ser

encarada de forma profissional, e não amadoristicamente” (grifo do autor).

O professor deve superar a concepção de que ensina por boa vontade e

talento natural, e deve atribuir desse modo, à atividade docente, sua real importância

como atividade profissional.

2.2.3- A Vocação

Do mesmo modo com que aquela perspectiva encara o professor como

cumpridor de uma missão, afastando a docência de seu caráter profissional, há uma

concepção de que a vocação e a dedicação são suficientes a fim de tornar o

profissional um bom professor, o que não acontece em outras profissões, como já

chamamos, consagradas. Isso gera a ilusão de que não é necessário o preparo de

tais profissionais.

A docência no ensino superior exige competências próprias que,

desenvolvidas, trazem “uma conotação de profissionalismo”, superando a situação

de “ensinar por boa vontade” (MASETTO et. al. 2001, p. 20). No senso comum, é

valorizado o professor, e especificamente, o professor universitário que tenha o

37

domínio dos conhecimentos básicos, específicos da área em que irá lecionar,

adquiridos através de sua graduação, e que tenha experiência no exercício da

profissão, o que em tese lhe fará superar a instância somente teórica, podendo

relatar aos alunos experiências vividas em seu exercício profissional.

Exige-se, por muitas vezes, que o professor tenha atualizados os

conhecimentos práticos de sua profissão, através da participação em congressos e

cursos e através do intercâmbio com outras instituições de educação, de pesquisa e

de produção, o que se justifica por ser indispensável, dentro de uma concepção de

que a educação é indissociável da extensão e da pesquisa.

Porém, a característica que distingue a profissão docente é o conhecimento

específico da docência propriamente dita, ou seja, o domínio na área pedagógica.

Não se pode reduzir a formação do professor universitário, deixando a sua atuação

à mercê somente de seus talentos naturais.

2.2.4- O Domínio do Saber Docente

Freire (2000) afirma que ensinar exige competência profissional. Ele reitera

que a opção e a prática democrática do professor não é determinada por sua

competência científica. Segundo suas palavras, “há professores e professoras

cientificamente preparados mas autoritários a toda prova (FREIRE, 2000, p. 103)”,

ou seja, saber somente o conteúdo não implica atuar de forma eficaz como

professor.

Ao considerar o estado atual do ensino superior, Leite et. al. (2001, p. 41)

afirmam que “a formação pedagógico-didática do docente de ensino superior é

desejada e necessária”. Além do domínio pelo professor do conteúdo dentro de sua

área, é fundamental que ele saiba selecionar os conteúdos a partir de objetivos pré-

38

concebidos intencionalmente, saiba atuar de forma a contribuir para a construção do

saber dos alunos e saiba diagnosticar as lacunas no processo de aprendizagem,

fazendo uso das ciências pedagógicas.

Perrenoud (2000, p. 34) fala da capacidade que o professor deve ter de

identificar e valorizar suas próprias competências:

isso exige um trabalho sobre sua relação com o saber. Muitas vezes, o professor é alguém que ama o saber pelo saber, que é bem sucedido na escola, que tem uma identidade disciplinar forte (...). Os alunos não são e não querem ser como ele.

Os cuidados com a formação do profissional docente devem fazer com que

haja momentos de reflexão sobre a prática pedagógica, que proporcionem uma

compreensão sistemática da educação, a fim de que a prática dos professores do

ensino superior se torne uma atividade pensada.

Fernandes (2001, p. 97), falando da tarefa de formar o professor universitário,

diz que

não se trata aqui de negar a importância de aprofundamento de seu campo científico, mas sim de construir pontes que permitam travessias em outros campos de sua prática cotidiana, numa perspectiva dialética entre a dimensão epistemológica (a questão do conhecimento), a dimensão pedagógica (a questão de ensinar e aprender) e a dimensão política (a questão da escolha do projeto de sociedade e universidade que se pretende).

De acordo com essa concepção, o professor não é visto como aquele que

somente transmite informações. Ele assume o papel de orientador, facilitador,

motivador e incentivador da aprendizagem, atento para avaliar o aprendizado no

sentido de fazer os alunos continuarem, frearem ou desviarem o curso de suas

ações.

Ele deve estimular os trabalhos em grupo, a busca da solução de questões

em equipe, numa atitude de responsabilidade mútua com seus alunos, no

39

desenvolvimento do seu aprender. Um aprender que é de dupla mão, numa relação

de corresponsabilidade entre alunos e professores.

É necessário, dentro dessa perspectiva, que o professor tenha o domínio

sobre a tecnologia educacional, que além do uso das novas tecnologias de

informática e de comunicação, o professor recorra a estratégias que venham a

proporcionar maior eficácia no processo de ensino e de aprendizagem, em sala de

aula e fora dela.

Dentre as estratégias a utilizar, podemos citar simulações da realidade,

dinâmicas de grupo, que abram caminho para melhor relacionamento professor-

aluno, e aluno-aluno, que estabeleçam um ambiente favorável à aprendizagem, com

leituras de textos e realidades, reflexão e busca de questionamentos, participação

de alunos em projetos, entre outros recursos as serem conhecidos e utilizados.

40

3- PERSPECTIVAS DO ENSINO SUPERIOR

O conhecimento do que aconteceu na história do ensino superior em nosso

país pode ser capaz de auxiliar na identificação dos erros e dos sucessos a fim de

se construir um futuro sobre essas referências, compreendendo os percursos, as

tendências do ensino superior no Brasil e as perspectivas a respeito do ensino em

Administração.

3.1- TRAJETÓRIA DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL

Brandão (2003, p. 3) relembra que “a universidade no Brasil foi temporã”,

surgindo praticamente na segunda metade do século XX, enquanto outros países da

América Latina e do mundo já tinham suas universidades. Para Fávero (1980, p. 31),

o nosso ensino superior, desde seu início, apresenta-se “desprovido de caráter

nacional, influenciado por um espírito colonialista e colonizador”. E certamente a

tardia implantação de universidades no Brasil foi conseqüência da influência de

Portugal, que não desejava a libertação política e econômica do Brasil.

Cunha (1989, apud Brandão, 2003, p. 4) utiliza uma periodização do ensino

superior no Brasil que corresponde, em linhas gerais, à historiografia brasileira

corrente, apresentada através dos seguintes períodos:

- Brasil Colônia: de 1500 a 1808;

- Brasil Império: de 1808 a 1889;

- Primeira República: de 1889 a 1930;

- Era Vargas: de 1930 a 1945;

- República Populista: de 1945 a 1964;

- Ditadura Militar: de 1964 a 1985;

- Época atual: de 1985 em diante.

41

3.1.1- O Ensino Superior no Brasil Colônia: de 1500 a 1808

O primeiro período, o do Brasil Colônia, inicia-se, em 1572, ano da criação

dos cursos de Artes e de Teologia no colégio dos jesuítas na Bahia. Os cursos de

Artes ensinavam lógica, física, matemática, ótica e metafísica. Os jesuítas foram

trazidos ao Brasil pelo governador-geral Tomé de Souza, desembarcaram na Bahia

em 1549 e o primeiro colégio jesuíta foi fundado em 1550 (BRANDÃO, 2003).

Esse primeiro sistema educacional brasileiro sofreu uma interrupção em 1579,

quando a Companhia de Jesus foi expulsa pelo Marquês de Pombal de Portugal e

de suas colônias. Foram fechados os colégios na Bahia, no Rio de Janeiro e em

outras cidades. Segundo Brandão (op. cit., p. 5), “a expulsão dos jesuítas provocou

o desmoronamento do sistema escolar da colônia”. Durante quase trezentos anos

então não há como se falar em educação superior no Brasil.

Constata-se então que, até 1808, data da vinda da família real para o Brasil,

as iniciativas na área da educação no país só ocorreram por meio da ação dos

jesuítas. Assim, os funcionários da Coroa, da Igreja e os filhos de latifundiários do

Brasil, interessados em cursar medicina, direito e outras carreiras, tinham que ir para

a Europa. Segundo Masetto et. al. (2001, p. 9), transferiam-se para “as

universidades de Coimbra em Portugal e outras para obter formação universitária”.

3.1.2- O Ensino Superior no Brasil Império: de 1808 a 1889

No entanto, com a vinda da família real, surgiu a necessidade de modificação

do ensino brasileiro. Foram criados cursos e academias destinados a formar no

Brasil burocratas e futuros profissionais. Houve uma reestruturação do ensino e a

criação da educação superior, com o deslocamento dos estudos de matemática,

física, química, biologia e mineralogia, que antes ocorriam nos cursos de Filosofia,

42

para os cursos médicos e para a Academia Militar, sob influência do positivismo,

contra a monarquia e a escravidão (BRANDÃO, 2003, p. 8).

Em 1808, foram criadas as cadeiras de Anatomia (no Rio de Janeiro) e

Cirurgia (no Rio de Janeiro e na Bahia), embrião das faculdades de medicina. Neste

ano foi criado também o Horto Real (futuro Jardim Botânico), protótipo de futuras

escolas de agricultura. Quando terminou a guerra entre Inglaterra e França, o rei de

Portugal promoveu a vinda para o Brasil de uma missão artística francesa que

constituiu o núcleo da futura Escola de Belas Artes, criada em 1820. A Inglaterra

passou a ser pólo dominante em termos políticos e econômicos, mas a França teve

forte influência em termos culturais. As escolas superiores criadas possuíam

currículos baseados em modelos franceses. Os estatutos dos cursos jurídicos,

criados em 1827, em São Paulo e Olinda, davam grande importância à língua

francesa. A Escola de Minas de Ouro Preto, criada em 1875, esteve ligada, por

décadas, a instituições francesas. Merece também destaque a criação da Escola

Politécnica do Rio de Janeiro, em 1874 e de outros cursos como os de Economia

Política, Matemática Superior, Química, História, Desenho e Música (BRANDÃO,

2003),

No entanto, Fávero (2000, p. 34) afirma que a estruturação das primeiras

escolas superiores, que ocorreu nessa época, em nada alterou a “dependência em

relação à Metrópole”. Os cursos eram isolados e ainda visavam atender aos seus

interesses.

O modelo de educação que essas escolas adotavam era um modelo,

segundo Ribeiro, (1969, p. 11), “parcialmente transplantado para a nossa

sociedade”, com a valorização das ciências exatas e tecnológicas, com intenções

profissionalizantes, visando a formação de burocratas e o desempenho das funções

43

de Estado pelos membros da elite brasileira. Nascia aí o modelo de educação

superior voltado unicamente para a formação de profissionais e para a manutenção

do estado de coisas da sociedade daquela época. Masetto et. al. (2001, p. 10) assim

define a situação:

os cursos superiores e, posteriormente, as faculdades criadas e instaladas no Brasil, desde o início e nas décadas posteriores, voltaram-se diretamente para a formação de profissionais que exerceriam uma determinada profissão. Currículos seriados, programas fechados, que constavam unicamente das disciplinas que interessavam imediata e diretamente ao exercício daquela profissão.

Para Pimenta e Anastasiou (2002), no ensino superior, assim como na

educação imposta até então, o modelo de ensino não difere muito do modelo

jesuítico do ratio studiorum, cabendo aos professores transmitir o conteúdo de obras

clássicas a ser memorizado pelos alunos, posteriormente avaliados e classificados

segundo sua capacidade de reproduzir tais conteúdos.

Segundo Fávero (2000, p. 24), no final do Império, havia no país “seis

estabelecimentos de ensino superior e nenhuma universidade”, mas no início da

república, por influência de uma política educacional positivista, segundo a autora, “o

regime de ‘desoficialização’ do ensino superior acabou por gerar condições para o

surgimento de universidades”.

3.1.3- O Ensino Superior na Primeira República: de 1889 a 1930

O desenvolvimento das atividades de cultivo do café, da industrialização e do

comércio, ocorridos no final do século XX no Brasil, ampliou a burocracia pública e

privada, com o consequente aumento da demanda de ensino superior, formador de

profissionais aptos ao “exercício de tarefas”. Segundo Brandão (2003, p. 15), “o

número de estudantes, que no final do Império registrava-se em torno de 2300,

passou a 20 mil no final da Primeira República”. Neste período, verificou-se a

44

expansão das escolas superiores privadas, ocorrendo a desvalorização dos

diplomas no mercado (BRANDÃO, 2003, p. 15-16).

Fávero (2000, p. 35) afirma que após a Proclamação da República, as

primeiras tentativas de criação de universidades se frustraram. Surgem a

Universidade de Manaus, em 1909, e a do Paraná, em 1912, sendo que “ambas

tiveram duração efêmera”.

Em 1910, então, ocorre uma reforma do ensino que procurava rever o

controle do ensino pelo Estado e a invasão de alunos considerados inabilitados a

cursar a educação superior, fruto de críticas à qualidade do ensino superior de

então. Em 1920, após o surgimento dessas universidades que pouco duraram, o

Ministro Epitácio Pessoa determina por decreto a criação da Universidade do Rio de

Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a primeira que vingou

com o nome de universidade, cuja estrutura consistiu numa aglutinação de diversas

faculdades. Sob esse molde, surgem posteriormente, em 1927, a Universidade de

Minas Gerais e a do Rio Grande do Sul (BRANDÃO, 2003).

3.1.4- O Ensino Superior na Era Vargas: de 1930 a 1945

Havia nesta época, uma vertente de política educacional liberal, que defendia

a independência da educação e havia também a corrente autoritária que promovia o

controle do ensino pelo Estado.

Aranha (2000a, p. 201) afirma que, a partir de 1930, no Brasil, passam a

funcionar universidades com maiores interesses pela pesquisa e com maior

autonomia administrativa e didática. Segundo a autora , “o período da década de 30

foi importante para a criação e organização das universidades” . As teorias

filosóficas e educacionais que aí surgem, como a Escola Nova, teorias

45

construtivistas, antiautoritárias e socialistas, permitem reflexões de cunho científico,

crítico, participativo e de criatividade.

Apesar da predominância do regime autoritário, foram tomadas importantes

medidas nesse período. Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde

Pública. Em 1931, foi criado o Conselho Nacional de Educação, com o objetivo de

elaborar um plano nacional de educação. Foi elaborado também o Estatuto das

Universidades, que admitia a universidade oficial, mantida pelo governo e a

universidade livre, mantida por fundações ou associações particulares (BRANDÃO,

2003).

Segundo Brandão (2003, p. 25), “em 1932, inicia-se uma nova fase do

pensamento liberal no campo de educação: o liberalismo igualitarista, sendo Anísio

Teixeira, um dos seus grandes defensores”. Em 1934, foi criada a Universidade de

São Paulo (USP) e em 1938 é criada a União Nacional dos Estudantes (UNE),

caracterizada pela oposição ao autoritarismo do Estado (BRANDÃO, 2003).

Aranha (2000a) declara porém, que há nessa época também o arrefecimento

dos debates, sobretudo após 1937, com a instalação de um governo centralizado e

ditatorial. Em novembro de 1937, o Senado e a Câmara de Deputados foram

fechados, foram dissolvidos todos os partidos políticos, uma nova Constituição foi

redigida, outorgada, surge o Estado Novo, o regime autoritário e ditatorial. O Estado

passou a intervir intensamente na economia e passou a substituir os produtos

importados, implantando indústrias, tais como as de aço e petróleo, a fim de

estabelecer a autonomia de operações militares e a produção de insumos para as

manufaturas civis (BRANDÃO, 2003, p. 23).

46

3.1.5- O Ensino Superior na República Populista: de 1945 a 1964

Na década de 50, há o crescimento industrial no país, a partir de

investimentos de capital estrangeiro, acentuando-se o processo de urbanização, o

que levou ao aumento da demanda por prestação de serviços públicos relativos, por

exemplo, a geração de energia elétrica, mineração, extração de petróleo, bem como

os serviços de organização e planejamento do Estado. Esse processo de

modernização contribuiu para o crescimento da demanda pelo ensino universitário

(BRANDÃO, 2003, p. 28).

Nesse período florescem ideais de democracia e alguns fatos dessa época

são marcantes. Brandão (2003, p. 32) afirma que “o primeiro passo para a

modernização foi dado por um segmento militar do Estado, com a criação do

Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em 1947”.

As preocupações militares de promover pesquisa científica e tecnológica

levaram também à criação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPQ ), em 1951.

Em 1958, houve a criação no âmbito do Ministério da Educação e Cultura (MEC), da

Comissão Supervisora do Plano de Institutos (COSUPI), que em 1964 foi

incorporada à Coordenação de Apoio ao Pessoal de Nível Superior (CAPES). Em

1962, foi criado o Conselho Federal de Educação, e a Fundação Universidade de

Brasília, “a mais moderna universidade brasileira”, com a finalidade de formar

cidadão para a busca de soluções democráticas (BRANDÃO, 2003, p. 33).

Aranha (2000a, p. 203) relembra que “no período de 1945 a 1964 retornamos

ao estado de direito, com governos eleitos pelo povo e marcados pela esperança de

um progresso acelerado”. Com o fim da ditadura de Vargas, acontecem avanços na

participação popular, eleições para os governos, restabelecem-se os princípios

democráticos da educação que, segundo Gadotti (2003, p. 233),

47

teve seu ponto alto em 1958, com o segundo Congresso Nacional de Educação de Adultos e no início de 1964 com a Campanha Nacional de Educação de Adultos, dirigida por Paulo Freire.

Destaque-se o trecho do Programa Nacional de Educação que trata das

universidades (apud Gadotti, op. cit., p. 239):

V- Criação de universidades de tal maneira organizadas e aparelhadas que possam exercer a tríplice função que lhes é essencial, de elaborar ou criar ciência, transmiti-la e vulgarizá-la”.

No entanto, esse período de redemocratização do país, que como visto,

conduziu à redemocratização da universidade e de suas funções, é interrompido

novamente pelo golpe militar de 1964.

3.1.6- O Ensino Superior na Ditadura Militar: de 1964 a 1985

Pimenta e Anastasiou (2002) destacam que os aspectos do modelo alemão

de educação que dá destaque à produção de conhecimento e de pesquisa,

assimilado pelos Estados Unidos da América, chegam fragmentados ao Brasil

durante a ditadura militar, com a lei 5540/68, imposta pelos militares. Além disso, a

lei 5692/71 substitui a antiga lei 4024/61, lei esta que havia sido antecedida por

amplos debates na sociedade civil, o que constitui mais uma vez um retrocesso das

práticas democráticas da educação no país, inclusive no ensino universitário. Aranha

(2000a, p. 213) define tal momento: “desenvolve-se uma reforma autoritária, vertical,

domesticadora, que visa atrelar o sistema educacional ao momento econômico

dependente, imposto pela política norte-americana para a América Latina”.

A lei 5692/71 é resultado de um acordo entre o Ministério da Educação e

Cultura do Brasil e a agência americana United States Agency for International

Development (USAID), em que o Brasil recebe assistência técnica e cooperação

48

financeira para a implantação de “reformas”, introduzindo alterações nas

Universidades, assim definidas por Pimenta e Anastasiou (2002, p. 152):

separa-se aí a pesquisa do ensino, deixando à graduação a responsabilidade de formação dos quadros profissionais – o que reforça o caráter profissionalizante do modelo napoleônico – e destinando à pós-graduação a responsabilidade da pesquisa. Esses acordos foram preparatórios ao período da chamada universidade funcional, etapa de um caminho de transformação da concepção da universidade como instituição social para uma concepção de universidade organizacional.

Nessa época e, sobretudo com a consolidação da indústria no Brasil, após a

Segunda Guerra Mundial, cria-se, inclusive nas universidades, um ambiente propício

ao desenvolvimento tecnológico e burocrático, um ensino baseado na transmissão

do saber, evitando-se o pensamento crítico, a contestação de autoridade imposta,

voltado somente para o aspecto do desenvolvimento científico, seguindo uma

concepção tecnicista de educação.

3.1.7- O Brasil pós 85 e a busca do aperfeiçoamento

Após o período de ditadura militar, em 1985, passa-se novamente a um

governo civil. Em 1988 é promulgada a Constituição, resultado de confrontos de

forças no Congresso Nacional e em 1996, é votada a atual LDB, Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional, lei n. 9394/96.

O capítulo IV da lei fala da Educação Superior e seu artigo 66 diz:

A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.

Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por faculdades com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.

Desse modo, a docência no ensino superior, segundo a LDB (1996), deverá

ter sua preparação, de preferência, na pós-graduação stricto sensu. A lei estabelece

também que as instituições serão avaliadas pelo índice percentual de professores

49

com mestrado e doutorado e que deverão apresentar “um terço do corpo docente,

pelo menos, com titulação acadêmica de mestrado ou doutorado”, valorizando ainda

mais os cursos de pesquisa específicos nas áreas de conhecimento técnico dos

profissionais da educação superior.

Seguindo a tradição histórica, e atendendo às necessidades de uma

universidade voltada para a transmissão dos conteúdos, não se exige qualquer

capacitação própria e específica para o exercício do magistério no ensino superior,

ou seja, se o professor é um profissional que domina o conteúdo, pode, segundo

senso comum, ter condição plena de transmiti-lo.

Exige-se, do candidato a docente no curso superior, o bacharelado e a pós-

graduação, pois há a crença de que, se o professor domina o assunto, pode dar

aula, uma vez que ser professor, segundo essa concepção, é somente expor em

forma de palestra o conhecimento.

3.2- PANORAMA CONTEMPORÂNEO DO ENSINO SUPERIOR

3.2.1- Os Fins da Educação Superior

A universidade é uma instituição educativa, entendendo-se a educação como

o exercício permanente da atividade intelectual e do desenvolvimento do senso

crítico. Essa instituição se sustenta no ensino, na extensão e na pesquisa, tendo

como função a busca, a criação, a construção, o desenvolvimento, o exercício, a

transmissão e a crítica da ciência e da cultura, com fins de apoiar o desenvolvimento

econômico e social da humanidade. A LDB de 1996, em seu artigo 43, diz que é

finalidade da educação superior estimular a criação cultural e o desenvolvimento do

espírito científico, bem como estimular o desenvolvimento do pensamento reflexivo.

50

É fundamental, então, que os cursos superiores propiciem o domínio da

ciência, conjunto de conhecimentos, métodos e técnicas científicos específicos de

uma profissão, mas é necessário também que os alunos adquiram autonomia,

capacidade reflexiva de exercício da ciência e da investigação.

Deve ser compromisso da universidade produzir conhecimento, preservar

saberes, idéias e valores e integrá-los ao saber dos alunos. Desse modo, educar é

buscar a construção de uma sociedade humana e que essa humanização seja

acessível a todos. É na universidade que a sociedade crê que será criado,

interpretado e disseminado um conhecimento de qualidade.

Por esse motivo, não é possível que os cursos superiores foquem somente o

treinamento para o desempenho de algumas funções no mercado de trabalho. A

formação dos egressos deve ser ampla e voltada para as questões humanas. Por

isso, os cursos não podem abordar em seu currículo apenas técnicas de formação

profissionalizante,são necessárias disciplinas voltadas para as ciências humanas,

pois o futuro profissional deverá entender os interesses humanos e ser capaz,

utilizando uma visão ampla, de modificar a vida e o mundo do trabalho.

A LDB fala que a universidade deve formar diplomados aptos para a inserção

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade,

visando também o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e a criação e difusão

da cultura. Certamente, a consolidação da cidadania democrática e de valores da

sociedade deve ser função de uma educação que se queira completa. No entanto,

segundo Belloni (2005, p. 132),

do ponto de vista da educação superior, a perspectiva educacional que orienta a nova LDB reforça a tendência profissionalizante, hoje vigente, mas questionada, na qual a formação global é escassamente considerada.

51

Sob esse prisma, faz-se necessário refletir a respeito do que efetivamente

deve ser aprendido nos cursos superiores. Os professores não seguem somente

algo que foi previamente concebido, podem dar maior ou menor ênfase a certo

aspecto ou parte do programado e podem abordar temas sob pontos de vistas

diversos. Com isso, não somente eles, mas eles principalmente, concebem o que

ensinar nos cursos. Desse modo, a escolha de um caminho, entendido como

bússola no curso da atividade pedagógica, norteará a atividade educacional.

Masetto et. al. (2001, p. 17) declara que o atual desafio será o de “repensar o

papel e a função da educação escolar (dos cursos de graduação no ensino

superior): seu foco, sua finalidade, seus valores”. A prática pedagógica, portanto,

deve buscar superar a reprodução do conhecimento.

Diversas habilidades exigidas pelo mercado e pela vida contemporânea

modificam a demanda de formação profissional, que se desloca do aprender a fazer

para o aprender a aprender. Frigotto (1999, p.38) esclarece que

se as perspectivas filantrópicas persistem de várias formas e retomam força no interior do ajuste neoliberal, com a tese da sociedade do conhecimento que transforma o proletariado em “cognitariado”, eles convivem com demandas que o inventário de literatura internacional e nacional identificam como uma nova “qualidade” da educação escolar e dos processos de qualificação ou requalificação da força de trabalho.

O conhecimento deve ser trabalhado na vida acadêmica, a fim de preparar os

futuros profissionais para sua formação permanente, desenvolvendo sobretudo a

amplitude de seus modos de ver e ler as coisas.

3.2.2- Ensino e Pesquisa

Entende-se que a educação superior é indissociável da extensão e da

pesquisa, uma vez que o ato de pesquisar, ou seja, de refletir e ler as coisas da vida,

é o ato construtor do conhecimento, objeto da intenção da universidade. Ignorar tal

52

concepção significa querer promover a mudança do conteúdo dos currículos sem

mudanças na lógica da ação educativa.

Freire (2000, p. 32) afirma:

não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino (...) Enquanto ensino, continuo buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e me indago. Pesquiso para constatar, contatando intervenho, intervindo educo e me educo.

Essa característica de procurar com afinco o conhecimento e de construí-lo

deve se desenvolver no ensino superior, com o exercício permanente do ensino e da

pesquisa. É comum, dentro de universidades, na atualidade, grupos de pesquisa

contarem com a colaboração de profissionais de diversas áreas, unindo seus

conhecimentos com propósitos comuns, interagindo e contribuindo mutuamente para

o sucesso de projetos acadêmicos.

Segundo Perrenoud (2000), essas práticas representam fator de êxito.

Entretanto, não se trata simplesmente de considerar as disciplinas, e os diversos

campos do saber, intercambiáveis. Respeitando-se a especificidade de cada

disciplina, podemos pensar em agrupamentos no que diz respeito aos programas e

currículos de disciplinas para que elas interajam.

É importante levar em conta que, hoje em dia, pouco se pode fazer através de

práticas individuais. A cooperação mútua pode trazer expectativas e resultados

positivos e se apresenta hoje como uma tendência evolutiva, tanto no mercado de

trabalho, quanto nas práticas escolares.

Na atualidade, há a necessidade da formação de profissionais que substituam

os especialistas, que tenham uma formação geral, com o propósito de enfrentar os

novos desafios que se apresentam e que estão por vir. Não se quer dizer com isso

53

que há uma diminuição da exigência na formação do professor quanto ao domínio

da área de conhecimento em que leciona. Exige-se, pelo contrário, atualização e

especialização, bem como atividades de pesquisa e de produção de conhecimento

de modo a incentivar seus alunos a também pesquisarem. É necessária a coerência

entre o que se exige, o que se diz e o que efetivamente se faz.

Essas propostas interdisciplinares devem ser postas em prática, não apenas

nas práticas de aprendizagem e formação de alunos, mas também nas pesquisas e

nos projetos desenvolvidos na instituição de ensino universitário.

Ao definir o ato de pesquisar nas universidades, Demo (2001, p. 13) afirma

que

a desmistificação mais fundamental, porém, está na crítica à separação artificial entre ensino e pesquisa. Tomada como marca definitiva da nossa realidade educativa e científica, muitos estão dispostos a aceitar universidades que apenas ensinam, [...] No oposto está a soberba do pesquisador exclusivo, que já considera ensino como atividade menor.

Esse autor fala assim da dicotomia que separa teoria e prática, mas defende

a mudança, definindo a pesquisa como princípio educativo, ou seja, base para a

produção, criação e recriação de conhecimento, fonte de emancipação, tornando a

prática, como já dito, desafiadora e não mero resultado.

3.2.3- Novas Tecnologias

Para Martínez (2004, p. 95), surgem necessidades no setor educativo que

antes não existiam criando

o grande desafio de evitar que a introdução das NTIC (novas tecnologias da informação e da comunicação) gere mais diferenças entre aqueles que têm e aqueles que não têm acesso a elas, tanto na comunidade como na escola.

54

As novas tecnologias não podem se colocar no centro da atividade docente.

Devem ser guardadas suas reais proporções em comparação com outros aspectos

do ofício de professor. Segundo Perrenoud (2000, p. 128), formar o aluno para

utilizar novas tecnologias é “formar o julgamento, o senso crítico, o pensamento

hipotético e dedutivo, as faculdades de observação e de pesquisa, a imaginação

(...)”.

Constantemente, surgem novos paradigmas profissionais e de aprendizagem

e essa contínua inovação faz com que o processo educativo deixe de acontecer

somente durante os cursos de graduação. Surgem assim os conceitos de

aprendizado ao longo da vida, de educação continuada e de constante atualização.

Questiona-se porém se, mesmo de forma acessível, todas as informações

que chegam até nós, traduzem-se em conhecimento, ou seja, se competências e

habilidades são desenvolvidas e se nos apropriamos dos conhecimentos embutidos

nessas diversas informações.

A instituição de ensino superior deve estar atenta para as transformações que

se passam no mercado de trabalho, para os novos perfis desejáveis para as

profissões, para as novas exigências e deve encaminhar propostas coerentes com

as situações atuais da realidade.

O desenvolvimento tecnológico dessa nova revolução, em que os meios de

comunicação, com sua maior velocidade de obter informações, onde mudanças de

paradigmas de produção, com criação de novos conhecimentos expandidos, se

desenvolvem, acentua a defasagem entre a escola e o mundo real.

Reflete-se a respeito da distância que há entre a estática das aulas

tradicionais, com a exposição da teoria no quadro, e a dinâmica dos atuais recursos

55

de mídia, de entretenimento e de ilustração que as novas tecnologias podem

proporcionar na evolução das práticas educativas.

Certamente, o importante não é somente o volume de informações e de

conteúdos passados aos alunos. Não é função da escola unicamente informar, mas

também buscar desenvolver a formação desses alunos, fazendo com que eles

superem a mera exposição ao conhecimento e passem a interagir com ele.

Esse conhecimento, no mundo real e no exercício da atividade profissional,

exigirá novas capacitações do futuro profissional a ser formado na universidade e,

consequentemente, de seus docentes. Exigirá, ainda, capacidade de aprender,

devido às constantes mudanças e inovações, e com isso torna necessárias a

formação permanente, a criatividade e a autonomia em decisões e a capacidade de

interagir e de se comunicar.

Desse modo, é função da escola também servir de mediadora entre esses

novos conhecimentos e novas habilidades exigidos e o aluno, desenvolvendo sua

capacidade de buscar a aprendizagem, de intercomunicar-se e de produzir, ou seja,

criar tecnologia própria, visando sua não dependência, desenvolvendo sua

capacidade de reflexão, de investigação e de crítica, utilizando os recursos

tecnológicos para a melhoria da vida e para o desenvolvimento humano. Assim,

segundo Pimenta e Anastasiou (2002), a função da educação deve ser a de

dinamizar e flexibilizar currículos, revitalizar a vida acadêmica pelo exercício da

atividade profissional e dar ênfase à formação continuada.

O docente deixa de ter o papel de transmissor de conhecimento, que seria

desempenhado com maior eficiência pelas novas tecnologias, e assume o papel de

mediador desse conhecimento, de humanizador das ações e representações de

seus alunos.

56

A universidade deve atuar de forma dialética, promovendo o entendimento

entre a sociedade que existe e a sociedade que se deseja, um diálogo entre

passado, presente e futuro e não deve atender somente às demandas externas e

sim voltar-se para seus fins essenciais.

3.2.4- Tendências Contemporâneas

Por muito tempo, a educação brasileira serviu à formação de mão-de-obra

para o mercado de trabalho, atendendo às necessidades de industrialização e

modernização do mundo ocidental, que se formou a partir da revolução industrial.

Diante das novas concepções de educação e dos novos paradigmas que se

apresentam na sociedade, o professor não pode se manter indiferente. As

exigências que se apresentam indicam que o caminho é o exercício de sua função

articuladora, para que incentive a participação e o pensamento crítico diante dos

impasses do cotidiano. Os cursos superiores, responsáveis pela educação de jovens

e adultos, devem levar em consideração, além de aspectos de formação

profissional, a construção do senso crítico dos educandos.

Não é possível a simples compreensão mecanicista das coisas. É importante

o entendimento da controvérsia entre a modernidade e a manutenção das

características humanas da nossa sociedade. A este respeito, Freire (2000, p. 110)

afirma que

nem somos, mulheres e homens, seres simplesmente determinados nem tampouco livres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais, históricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos achamos referidos.

Diante dessa complexidade de acontecimentos contemporâneos, o professor

não é mais o difusor de conhecimentos e sim um incentivador no aprender a pensar.

57

Ele tem que auxiliar o aluno na interpretação dos dados e no estabelecimento da

relação entre as coisas que se apresentem, funcionando como um mediador da

aprendizagem, motivando, estimulando, organizando atividades.

A informatização, por exemplo, no espaço e no tempo flexível que se

apresenta, pode se constituir em fonte de informações fragmentadas. Por esse

motivo, o aluno não pode ser somente um receptor de dados, mas deve se tornar

um investigador. Para tanto, há a necessidade de serem disponibilizadas no

processo educativo vivências que tragam à tona problemas concretos do cotidiano.

Sob esse mesmo prisma, a formação continuada representa significativo

instrumento para que professores tomem consciência do que fazem, para que

busquem explicações e soluções para o seu cotidiano. Portanto, faz-se necessário

superar momentos de cursos de capacitação em que se repassem meras receitas

de atividades de ensino. Teorias e práticas devem ser oferecidas aos educadores

pelos cursos de formação para que ele possam se apropriar de novas tecnologias e

do seu uso como instrumento de desenvolvimento do processo educacional.

A formação de professores deve se preocupar em problematizar a prática, a

fim de tornar o processo de ensino e aprendizagem mais rico. É indispensável que

sejam utilizadas experiências vividas pelos educadores, procurando o surgimento de

soluções fundamentadas nas teorias pedagógicas e andragógicas.

A andragogia é a ciência que estuda a educação de adultos. Segundo Gil

(2008), o termo andragoria começou a se popularizar graças ao aparecimento do

livro de Malcolm Knoules (1970). Essa teoria é direcionada a orientar os adultos a

aprender, levando em conta suas experiências, bem como suas dificuldades.

58

Assim, através de uma atuação pensada, a revisão de conteúdos disciplinares

e a implantação de uma avaliação formativa serão decisivos para um eficaz

processo de formação e de transformação do ensino superior. Não é possível exigir-

se o esforço sobre-humano de professores e alunos sem uma correta avaliação e

revisão de paradigmas e práticas.

Para Masetto (2001, p. 13),

seja pelo desenvolvimento das ciências e sua conseqüente necessidade de especialização, seja ainda pela fragmentação do saber e das qualificações profissionais, cada vez mais delimitadas, os cursos de ensino superior, cada vez mais, concentraram-se e fecharam-se na formação específica de seus profissionais.

Professores devem buscar um fazer diferenciado, através da proposta de

projetos, da resolução de situações que se aproximem da realidade do dia-a-dia,

mobilizando alunos a utilizarem e se apropriarem de capacidades, habilidades e

conhecimentos novos.

Deve-se superar o hábito de cumprir rotinas que não fazem sentido e que não

envolvam os alunos, superando radicalismos, incluindo práticas interdisciplinares e

multiculturais, promovendo o pensamento crítico e criativo e trazendo novos

caminhos para a prática pedagógica no ensino superior.

Não se pode pensar mais em uma atitude passiva do estudante que

simplesmente absorve informações transmitidas pelo professor. O professor é visto

hoje muito mais como um orientador de estudo, não mais como um distribuidor de

informações e do aluno universitário se espera um postura mais reflexiva e ativa.

Num paradigma crítico e reflexivo, a educação é encarada como o resultado

da participação mútua, em que os discentes são estimulados a pensar e refletir

59

sobre o mundo em que vivem, desenvolvendo o uso do raciocínio, tornando-se mais

criteriosos.

A capacidade de armazenamento de dados com a introdução da tecnologia

da informação tornou-se praticamente infinita. O enfoque do processo educativo na

atualidade não é mais a aquisição de informações, mas sim a capacidade de

perceber as relações, de pesquisar dados, perceber suas semelhanças, diferenças e

desenvolver pesquisas.

Certamente, a prática pode ser uma rica fonte de desafios que tendam a fazer

da educação algo que rompa com o tradicional. Deve-se questionar sobretudo a

concepção de que a prática é mera aplicação da teoria e não cenário gerador de

ciência.

Segundo Cunha (2001, p. 28), é necessário questionar

[...] a forma linear como é organizado o conhecimento acadêmico: do geral para o particular, do teórico para o prático, do ciclo básico para o ciclo profissionalizante. A idéia que sustenta essa concepção afirma que, primeiro, o aprendiz precisa dominar a teoria para depois entender a prática e a realidade. Ela tem definido a prática como comprovação da teoria e não como sua fonte desafiadora.

Com vistas à formação global, a universidade é responsável pela formação de

profissionais e também de cidadãos e cidadãs, o que abrange o desenvolvimento

dos discentes nas diversas áreas do conhecimento, no que diz respeito ao acesso e

aquisição de informações, elaboração, organização, reconstrução, correlação e

generalização do saber, desenvolvimento da criatividade, da imaginação, da

capacidade de solucionar problemas e integrar seus conhecimentos em áreas

diversas, de forma multidisciplinar.

Em suma, é sua função promover o desenvolvimento da formação global dos

discentes, que devem desenvolver também um conhecimento de seus recursos,

60

limites e suas potencialidades, fazer crescer a capacidade de cooperar, de

solidarizarem-se, de competirem de forma respeitosa, superando inseguranças.

3.3- O ENSINO SUPERIOR EM ADMINISTRAÇÃO

As atividades administrativas estão presentes na vida humana desde remotas

épocas, tendo sido o planejamento e a organização de esforços, com a finalidade de

empreeender, por muito tempo, exercidos de forma rudimentar. Os primórdios da

administração remontam ao ano 4000 a.C., quando os egípcios reconhecem a

necessidade de administrar (BRANDÃO, 2003).

Segundo Wolin apud Reed (2006, p. 61),

os estudos organizacionais têm origens históricas nos escritos de pensadores do século XIX, como Saint Simon, que tentaram antecipar e interpretar as nascentes transformações ideológicas e estruturais geradas pelo capitalismo industrial”.

Brandão (op.cit, p. 51) relembra que, a partir do início do século XX, devido

aos efeitos da Revolução Industrial, surge de fato a chamada “Ciência da

Administração”, de uma forma mais sistematizada.

Silva e Fischer (2008, p. 2) afirmam que o início do ensino em Administração

ocorreu nos Estados Unidos e na França, com os trabalhos de Frederick Taylor e

Henry Fayol, no final do século XIX, “primeiros autores a escrever e discutir questões

relacionadas à administração, durante o desenvolvimento daquela época”.

3.3.1 – Trajetória do Ensino Superior em Administração no Brasil

Analisando a trajetória do ensino em administração, Nicolini (2003, apud

Oliveira e Sauerbronn, 2007, p. 2) declara que os primeiros cursos de que se tem

notícia no Brasil, datam de 1902, “quando a escola Álvaro Penteado (no Rio de

61

Janeiro) e a Academia de Comércio (em São Paulo) ministraram cursos de

administração ainda sem regulamentação.

Segundo Brandão (2003, p. 51), “do ponto de vista de articulação com o

capitalismo mundial, o Brasil passou por três fases distintas”. A primeira foi a do

período colonial, marcada pelo extrativismo de metais preciosos e produtos

agrícolas enviados para a Europa. A segunda fase foi a do século XIX, com a

exportação de produtos agrícolas. A terceira, já no século XX, com o início da

instalação da indústria de bens duráveis.

Somente nessa terceira fase, a partir de 1930, começou o processo de

industrialização no Brasil, com cerca de 150 anos de atraso em relação às nações

pioneiras. Essa oportunidade de investimento na indústria brasileira se deu em

decorrência da Depressão Econômica de 1929 e com a Revolução de 1930 quando

houve a decadência das oligarquias agrário-comerciais. Até o início da

industrialização no Brasil, a maioria das empresas brasileiras eram de origem

familiar, não havendo a figura do administrador profissional. O nascimento do

processo de industrialização se deu em nosso país no governo provisório de Vargas,

com grande atraso em relação a outras nações latino-americanas e de todo o mundo

(BRANDÃO, 2003).

Gonçalves et. al. (2008) indicam que, na década de 30, a sociedade brasileira

transitava de um estágio agrário para industrial, acentuando-se a necessidade da

profissionalização do ensino em Administração no Brasil, a fim de atender ao

processo nacionalista de industrialização de Vargas que se intensificava. Ocorre

então um acelerado desenvolvimento das organizações, tornando-se indispensável

a presença de profissionais qualificados para as funções de controlar, analisar e

planejar atividades empresariais.

62

Para Brandão (2003), a história da indústria brasileira pode ser traçada dentro

de quatro períodos distintos. O primeiro período, de 1930 a 39, foi iniciado com a

chamada Revolução Industrial Brasileira.

A partir da criação, em 1931, do MEC (Ministério da Educação e Cultura), foi

regulamentado e estruturado o ensino superior em todos os níveis. Ainda em 1931,

surge o Instituto de Organização Racional do Trabalho (IDORT). Em 1938 é criado o

Departamento de Administração do Setor Público (DASP) (OLIVEIRA e

SAUERBRONN, 2007). Brandão (2003, p. 53) afirma que o DASP foi criado com o

objetivo de aprimorar o serviço público federal, iniciando-se assim, no Brasil, a

investida em capacitação de “profissionais envolvidos em questões administrativas”.

Fato também marcante desse período foi a criação, em 1934, por decreto

estadual, da Universidade de São Paulo, através da união de cursos superiores já

existentes nas áreas de Direito, Agricultura, Medicina, Veterinária e Politécnica. Os

cursos superiores de Administração, no entanto, somente seriam criados

posteriormente (BRANDÃO, 2003, p. 54)

No segundo período, de 1940 a 45, contemporâneo à Segunda Guerra

Mundial, ocorre a redução do crescimento da indústria brasileira, apesar da evidente

necessidade de administração profissional para a condução das empresas. Nesse

período, os dirigentes do DASP encaminham proposta ao presidente Vargas para

que fosse organizado o ensino dos problemas da Administração. É criada, então,

pelo decreto 6693/44, a Fundação Getúlio Vargas, com o objetivo de estudo e

divulgação dos princípios e métodos da “organização racional do trabalho”, com fins

a qualificar profissionais e estudar problemas da nação (BRANDÃO, 2003, p. 53).

O terceiro período, de 1946 a 55, que coincide com o decênio pós-guerra, é

marcado pelo retorno do crescimento, pelo início da instalação da indústria de bens

63

duráveis, o que exige formação de mão-de-obra especializada e capacidade

gerencial (BRANDÃO, 2003).

Em 1952, tem início o curso de graduação em Administração Pública da

Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas

(EBAP/FGV), no Rio de Janeiro. Em 1954, a Escola de Administração de Empresas

de São Paulo (EAESP/FGV) inicia a graduação em administração de empresas.

Neste mesmo ano, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ)

criou o Instituto de Administração e Gerência (IAG). São criados também nesse

período cursos em outras instituições, tais como a Faculdade de Ciências

Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais (FCE-MG) e o curso de

Administração da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) (OLIVEIRA

e SAUERBRONN, 2007).

Lopes (2002, p. 4) afirma que o desenvolvimento brasileiro, nesse contexto,

acontecia em um ambiente empresarial caracterizado por um crescente processo de

burocratização e pela expansão de novas tecnologias. Nesse ambiente, o objetivo

principal dos cursos de Administração foi formar profissionais com “domínio de

técnicas importadas dos Estados Unidos, sobretudo técnicas orçamentárias e de

controle de custos, relacionadas à área financeira, atendendo a uma demanda das

grandes empresas e do Estado”.

O quarto período, que se iniciou em 1956, é caracterizado pela consolidação

da indústria de bens duráveis, pelo fim do projeto nacionalista de Vargas e pelo

estímulo à entrada de capital estrangeiro (BRANDÃO, 2003).

Gonçalves et. al. (2008) indicam que somente no final dos anos 60, ocorre a

evolução dos cursos de Administração, num processo de expansão da iniciativa

privada na sociedade brasileira, e um crescimento econômico observado após 64

64

com uma tendência para a grande empresa, na qual a mão-de-obra de nível superior

era essencial a fim de lidar com a realidade de então.

Acentua-se a tendência à profissionalização do Administrador com a

regulamentação da atividade que ocorre com a lei 4.769/65. Seu artigo 3º. afirma

que o exercício da profissão de Técnico em Administração é privativo de Bacharéis

em Administração de Empresas, diplomados no Brasil, em cursos cujo currículo seja

fixado pelo Conselho Federal de Educação (CFE), nos termos da lei 4024/61, que

fixa as Diretrizes e Bases da Educação no Brasil. Por meio do parecer 306/66, o

CFE fixa o primeiro currículo mínimo no curso de Administração, que agrupava

matérias de cultura geral, objetivando “o conhecimento sistemático dos fatos e

condições institucionais em que se inseria o fenômeno administrativo”

(GONÇALVES et al, 2008, p.6).

Segundo Oliveira e Sauerbronn (2007), o interesse pelo ensino superior de

Administração, a partir da década de 60, tem como motivação o clima favorável ao

crescimento e desenvolvimento econômico do país e a “expansão dos programas de

PhD e MBA nos Estados Unidos”. Segundo as autoras (op.cit.), a década de 1970

foi marcada por um crescimento desordenado do ensino de graduação, sem

observarem-se as regras de qualidade. Multiplicam-se as faculdades isoladas e as

instituições com má qualidade, o que levou o Conselho Federal de Educação a

suspender o registro de instituições e a revisar normas, aumentando “a já enorme

demanda reprimida”. Durante as décadas de 80 e 90, o número de vagas no ensino

superior público não acompanhou o crescimento da demanda e como consequência,

cresceram as matrículas em instituições privadas. O ensino superior de

administração mantém, nos últimos anos, a tendência de crescimento desordenado

(OLIVEIRA E SAUERBRONN, 2007, p. 153)

65

3.3.2- Tendências do Ensino Superior em Administração

Gonçalves et. al. (2008, p. 6) comentam que o censo de educação superior,

realizado em 2006, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

Anísio Teixeira (INEP) confirma que os cursos de Administração continuam tendo

grande procura. O censo indica a existência de 1684 cursos presenciais e de

654.109 estudantes de Administração no Brasil. Há hoje, uma intenção de

reestruturação do conteúdo curricular a fim de contemplar a formação mais

generalista e há uma tendência à especialização dos cursos em Administração, para

atrair mais alunos. Questionam-se os conteúdos ensinados, as práticas pedagógicas

utilizadas e se os administradores formados pelos cursos superiores no Brasil

possuem a visão geral, sistêmica, as competências e habilidades deles esperadas.

Pesquisas a respeito do ensino em Administração vêm sendo realizadas a fim

de se avaliar e discutir conteúdos dos cursos, práticas e estratégias utilizadas. Põe-

se em questão a existência de currículos que não levem em consideração a

formação global do aluno e de cursos vinculados somente ao ensino e

desvinculados da prática da pesquisa no ensino universitário.

Oliveira e Sauerbronn (2007) observam que, hoje em dia, há uma proposta de

incorporação de perspectivas críticas de ensino nas escolas de negócio, baseada

nas necessidades da área, de formação de habilidades necessárias ao pensamento

crítico e à tomada de decisão, através da mudança da atitude pedagógica, levando-

se os estudantes a uma postura reflexiva quanto aos conhecimentos que vêm

recebendo. Essa incorporação do ensino crítico e da aproximação entre ensino e

pesquisa traz consigo a necessidade de reforma da estrutura curricular.

Nicolini (2003, apud Oliveira e Sauerbronn, 2007, p.158) diz que

66

ao final do processo da graduação, espera-se que os alunos tenham estabelecido as conexões entre todas as disciplinas ministradas no curso, ainda que ordenadas em uma lógica penosa e em um currículo extenso, estimulando a fragmentação do conhecimento e contrariando o princípio da ordenação da multiplicidade de matérias em um repertório.

Fischer et. al. (2008) consideram que há uma divergência a respeito de se o

objetivo da educação é formar o trabalhador especializado ou proporcionar uma

educação geral e acadêmica. As autoras questionam também se a finalidade da

educação deve ser ajustar as pessoas à sociedade ou prepará-las para transformá-

la e analisam as trajetórias convergentes entre os estudos organizacionais e os

estudos curriculares. Os problemas colocados pelas instituições de ensino superior,

no que se refere à construção de projetos pedagógicos para os cursos de graduação

em Administração e à complexidade da organização curricular, estão “embebidos

nos contextos culturais em que operam, considerando diversidades e singularidade

de um país em contraste” (FISCHER et. al., 2008, p. 178).

Silva e Fischer (2008, p. 2) advertem que

mesmo depois de quase meio século da criação do curso de graduação em administração no Brasil, este ainda tem sido alvo, desde praticamente seu início, de críticas no que se refere à sua eficácia.

As autoras acreditam que a boa formação nos cursos de Administração

depende, entre outras coisas, de currículos adequados. O curso de graduação em

Administração é considerado um curso de ciências sociais aplicadas, que exige dos

profissionais tanto conhecimentos técnicos, como o desenvolvimento de

sensibilidade, de capacidade de aprender o novo e de lidar com contingências. Os

currículos no campo da administração “não favorecem nem a instrumentalização

para o exercício da profissão, nem uma visão pluralista de realidade que reconheça

as contradições existentes na sociedade” (SILVA e FISCHER, 2008, p. 3).

67

O profissional em Administração lida com a complexidade de aspectos

econômicos, sociais e culturais da sociedade. Ele deve aliar à busca da eficácia, da

eficiência e da produtividade, os ideais de formação de uma sociedade mais

humana. Lopes (2002, p. 1) afirma que a Administração é “um conjunto teórico em

construção que, nesse processo apropria-se pragmaticamente de subconjuntos de

outras ciências exatas e humanas”.

Segundo Lopes (op. cit., p. 12), “predominam nos cursos de Administração,

estruturas fragmentadas e práticas pedagógicas arcaicas que privilegiam a

atomicidade da produção e reprodução do conhecimento”. Além disso, Castro (2001,

apud SILVA e FISCHER, 2008) afirma que “matérias com sólida espinha dorsal são

vistas superficialmente nos primeiros anos e as matérias práticas ou aplicadas

propriamente da administração não têm uma base teórica mais profunda”.

Assim sendo, os cursos superiores em Administração devem incluir a

introdução de práticas interdisciplinares e multiculturais, promover o pensamento

crítico e criativo, incentivar a aprendizagem através da resolução de situações do

dia-a-dia e buscar novos caminhos para as práticas pedagógicas.

É necessária a discussão que busque aperfeiçoar o ensino e a pesquisa nos

cursos de Administração. A este respeito, Costa et al (2006, p. 1) afirmam que é

conveniente que “haja um conjunto consistente e mais geral de conhecimento de

uma didática do ensino de administração, seguramente de extrema relevância para

a formação dos futuros administradores”.

Para Oliveira e Sauerbornn (2007, p. 157), “um elemento central na

constituição de novas estruturas curriculares deve ser o protagonismo do estudante”.

Torna-se importante, então, a adoção de práticas pedagógicas que vão além da

concepção tradicional de ensino. É preciso buscar soluções pedagógicas e um

68

processo de ensino que prepare o aluno para as competências técnicas e socias

que dele serão exigidas. O profissional em administração necessita ter habilidades

nas áreas técnicas de finanças, produção, controle, mas hoje são exigidos também

conhecimentos em novas tecnologias, com mudanças e negociações acontecendo

em tempo real, além dos aspectos sociais de responsabilidade e ética.

Segundo Mintzberg e Gosling (2003, apud Oliveira e Sauerbornn, 2007, p. 5 ),

a educação tem que exercer uma função menos de “desenhos pré-estabelecidos” e

mais de adaptação ao estudante e suas preocupações. Em Administração esta

função deve ser voltada para a prática, combinando-se novas estruturas curriculares

e diferentes estratégias de ensino. Atendendo a necessidades que transcendem às

de cursos superiores em Administração somente voltados para a transmissão dos

conteúdos, e à exposição em forma de palestra de um conhecimento pronto, são

necessários estudos mais profundos sobre as práticas docentes em Administração,

a fim de formar profissionais preparados, através da atuação de professores também

capacitados.

Chia (2000, apud Oliveira e Sauerbornn, 2007, p.5) afirma que “em alguns

casos, parte dos docentes tende a acreditar que a adoção de uma perspectiva crítica

é irrelevante e irreal ou pouco prática no âmbito da Administração”. Porém, um dos

aspectos fundamentais para que tenhamos um melhor ensino em Administração é

preparar o docente para que ele possa conhecer novas perspectivas de ensino,

superando-se a resistência existente.

Outras estratégias também se constituem em alternativas de valor às aulas

tradicionais. Destacamos a seguir alguns exemplos de atividades que podem ser

implementadas em cursos superiores de Administração.

69

Nos últimos anos, avanços expressivos têm sido apresentados em eventos

científicos e publicados em periódicos importantes para a área da ciência

administrativa referentes a estratégias de ensino, tais como casos de ensino, jogos

de negócios e empresas júnior.

A estratégia Casos de Ensino em Administração consiste em apresentar aos

alunos a problemática presente em uma empresa real. Solicita-se, então, a

apresentação de soluções ou sugestões para situações reais de uma empresa.

Através do estudo e da discussão de casos empresariais, os alunos têm contato

com situações que encontrarão no futuro exercício de sua profissão.

Strumiello e Royer (2007, p. 1) expõem a proposição aos alunos de um texto

que descreve os aspectos de uma empresa do ramo de confecções e declaram que

“o texto sugere que o aluno proponha soluções para que a empresa em questão

possa crescer de forma estruturada”. O caso exposto é relativo a uma pesquisa

realizada sobre Casos de Ensino na disciplina Gestão da Produção.

Guimarães e Cardoza (2005, p. 181) apresentam um caso de ensino no qual

descrevem o desenvolvimento de uma empresa brasileira do setor de higiene

pessoal, perfumaria e cosméticos e ressaltam que o caso da empresa pode ser

utilizado para discutir empreendedorismo e expansão de empresas; identificar

capacidades inovativas; estudar a interação entre empresas; e sensibilizar os

aprendizes para a importância da inovação.

Com a utilização de estratégias como essas, o papel do professor passa a ser

o de guiar os estudos e discussões e não apresentar conceitos de respostas

prontos. O aluno sai de uma situação passiva e passa a interagir com o seu objeto

de aprendizagem.

70

Outra estratégia que pode ser utilizada é a de Jogos de Negócios (Jogos de

Empresas ou Business Games). Segundo Wilhelm (1997, apud Barçante e Pinto,

2007), os Jogos de Empresa são sistemas que, por meio da simulação de diversas

atividades inerentes a uma empresa, são capazes de criar situações que envolvam

questões relativas a produção, distribuição e consumo, permitindo ao grupo

vivenciar situações que envolvem a aplicação de vários conhecimentos. São

simulações em que o estudante se vê obrigado a tomar decisões com escassez de

informações, através de atividades próximas à realidade, tais como, dirigir uma

empresa fictícia.

Para Barçante e Pinto (2007), os jogos permitem simular diversos tipos de

decisões, que os participantes têm condições de avaliar, em curto tempo, os

resultados das diferentes decisões tomadas. Estimula-se assim o desenvolvimento

de uma visão multidisciplinar, de conceitos teóricos, de gestão de informações, de

tomada de decisões rápidas, de senso de organização e de visão estratégica. Os

Jogos de Negócios tornam-se uma excelente metodologia complementar de

desenvolvimento de gestores, na qual, através de atividades em um ambiente de

risco controlado, torna-se mais eficaz a transmissão de conhecimentos, o

desenvolvimento de habilidades e de atitudes gerenciais.

Já a utilização de uma Empresa Júnior como estratégia didática tem como

objetivo proporcionar vivências em outros espaços de aprendizagem que vão além

daquelas de sala de aula. Segundo a Confederação Brasileira de Empresas Juniores

(2009), uma Empresa Júnior é uma associação civil sem fins econômicos,

constituída e gerida exclusivamente por alunos de graduação de ensino superior,

que presta serviços e desenvolve projetos, praticando preços abaixo dos de

mercado, trabalhando principalmente para micro, pequenas e médias empresas.

71

A Empresa Júnior localiza-se no ambiente de uma Universidade e segue a

orientação obrigatória de professores. Constitui um espaço de aprendizagem prática

a respeito de assuntos como: liderança, empreendedorismo, comunicação, iniciativa

e trabalho em equipe, desenvolvendo competências difíceis de serem desenvolvidas

somente com aulas teóricas. À medida que o estudante se mobiliza pelas exigências

de consultoria, substitui “uma postura, por vezes imatura, descompromissada, alheia

e acomodada, por atitudes de responsabilidade, participação e comprometimento”

(EMMENDOERFER et. al., 2008, p. 450).

Não nos aprofundaremos nas questões de estratégia por não ser o escopo

deste estudo, que busca investigar as concepções das práticas docentes em

Administração. Nossa intenção não foi, tampouco, enumerar as estratégias de

ensino existentes, mas sim apresentar alguns exemplos de iniciativas já

implementadas.

Fazendo um balanço dos estudos organizacionais e do ensino em

Administração, Medeiros et. al. (2008, p. 2) dizem que “a burocracia e o sistema

taylorista-fordista predominaram tanto como modelo de gestão quanto de

coordenação de trabalho até os anos 50 e 60”. Mas é, sobretudo, nos anos 80 e 90

que as organizações passam a ser compreendidas como sistemas sociais e que se

fala da relação que se estabelece com o contexto social. Ocorre então uma

redefinição do papel social das organizações. Os autores observam que, nos últimos

anos, “questiona-se a necessidade de um comportamento mais participativo nas

organizações com relação aos problemas da sociedade (LEAL et al., 2006, p. 1). Há

a valorização do comportamento socialmente responsável das organizações, pois

considera-se que os avanços da ciência e da tecnologia não conseguem resolver

sozinhos os desequilíbrios sociais. Essas e outras mudanças de paradigmas

72

desenham o novo perfil do profissional de Administração. Lopes (2002, p. 2)

salienta:

encontram-se indicativos de fragilidades que caracterizam um descompasso entre as exigências postas pela dinâmica do ambiente socioeconômico das organizações e o perfil profissional resultante de projetos pedagógicos vigentes nos cursos de Administração do País.

Assim, para que sejam desenvolvidos o pensamento sistêmico, a capacidade

de tomada de decisões estratégicas e de outras capacidades dos futuros gestores

de negócios, na conjuntura atual, há a necessidade de serem implementadas

práticas docentes que visem formar o profissional competitivo, que reúna essas

competências essenciais.

Leal et. al. (2006) relatam o projeto social de consultoria contábil e

administrativa, para micro e pequenas empresas, desenvolvido pelo Núcleo de

Atividades Empreendedoras da Faculdade Politécnica de Uberlândia, projeto de

voluntariado educativo que propõe preparar o educando para a participação e

convivência solidária, mobilizando saberes e desenvolvendo competências a serviço

da solidariedade.

A aprendizagem ocorre de forma ampla quando se aprende fazendo e

vivendo situações, indo-se além da cópia de modelos já existentes. Essa

capacitação mais ampla exige o desenvolvimento de habilidades pessoais,

interpessoais e uma formação empreendedora do futuro profissional em

Administração.

73

4- METODOLOGIA DA PESQUISA

4.1 – ABORDAGEM E TIPOLOGIA DE PESQUISA

A fim de atender às inquietações apresentadas anteriormente, este Estudo de

Caso, de abordagem quantitativa, trouxe à tona concepções teóricas e práticas dos

docentes do curso de Administração de instituições privadas da cidade do Rio de

Janeiro, durante o ano de 2008. Gil (2008b, p. 78), afirma que o Estudo de Caso

permite conhecimento amplo e detalhado de um objeto específico e que a

abordagem quantitativa viabiliza um estudo das concepções através de uma leitura

de dados quantificáveis.

O estudo descritivo teve como objetivo principal a descrição das

características do grupo estudado, através da realização de uma pesquisa com foco

definido e delimitado. Para Cooper e Schindler (2003, p. 31), “um estudo descritivo

tenta descobrir respostas para as perguntas quem, o quê, quando, onde e, algumas

vezes como”. Porém, os autores afirmam que esse método de estudo não explica

porque um fato ocorreu ou por que razão suas variáveis interagem.

Esta pesquisa utiliza o argumento dedutivo, buscando confirmar as

suposições estabelecidas no seu delineamento. Cervo e Bervian (2002, p. 35)

afirmam que “o cerne da dedução é a relação lógica que se estabelece entre

proposições, dependendo o seu vigor do fato de a conclusão ser sempre verdadeira,

desde que as premissas também o sejam”.

4.2- MÉTODO DE COLETA DE DADOS

A amostra inclui 121 docentes que responderam a um questionário

estruturado, com 18 questões. O questionário aplicado utilizou a escala Likert, com

quatro questões de respostas forçadas: concordo totalmente, concordo, discordo e

74

discordo totalmente (ANASTASI, 1988) e foi entregue aos professores para que

respondessem em caráter sigiloso, sem nenhuma característica que os identificasse.

A elaboração do questionário teve como base o trabalho de Simonetti (1993),

que sofreu modificações, com a finalidade de ser adequado ao contexto deste

estudo, tendo como base também aspectos oriundos da fundamentação teórica.

4.2.1- Pré-Teste

Gil (2008b, p. 132) adverte que, “depois de redigido o questionário, mas antes

de aplicado definitivamente, deverá passar por uma prova preliminar”, o pré-teste, a

fim de evidenciar possíveis complexidades, imprecisões, repetições ou

inadequações na redação das questões, para posteriormente proceder-se a ajustes.

O instrumento foi submetido a um grupo de 8 professores universitários de formação

acadêmica nas ciências sociais, que responderam ao questionário e expuseram as

razões de suas respostas. A versão final do questionário foi então distribuída nas

instituições de ensino superior.

4.1.2- Coleta dos dados

Os professores, em sua maioria, mostraram-se mobilizados a responder o

instrumento, mas houve aqueles que justificaram sua ausência devido a falta de

tempo, impossibilidade de horário etc.

Os respondentes foram sendo contatados através de professores que

apresentavam outros professores para participarem do estudo. O questionário foi

aplicado na sala de professores das instituições de ensino superior, durante

intervalos de aulas. Os dados foram coletados em 4 (quatro) instituições específicas,

somados às respostas de 19 (dezenove) professores de diversas outras Instituições.

75

Inicialmente, o questionário pronto foi então distribuido em uma universidade

particular, situada na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, que oferece seu curso

de graduação em Administração somente à noite. O Curso possui um quadro

composto de 19 professores.

Após apresentação na secretaria, fomos encaminhados ao coordenador

acadêmico e posteriormente ao coordenador de graduação em Administração. Na

sala de professores, o coordenador apresentou-nos a alguns professores aos quais

foi solicitado responder ao questionário. Ao final de duas semanas, comparecendo à

sala de professores durante o turno da noite, todos os professores de graduação em

Administração da Instituição haviam preenchido o questionário.

Posteriormente, o questionário foi distribuído em um dos campi de um centro

universitário, situado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro que oferece o curso

à noite. Fomos recebidos inicialmente pela coordenadora que também preferiu que o

procedimento fosse o de abordagem direta aos professores indicados pela

secretária na sala de professores, solicitando o preenchimento do questionário.

O professor pegava seu questionário no escaninho e era abordado,

solicitando-se sua participação na pesquisa. Após devidas apresentações,

explicávamos que se trata de uma pesquisa na área de ensino em Administração,

esclarecendo a respeito do sigilo e agradecendo a participação. Alguns professores

preencheram-no imediatamente, outros preencheram depois, outros não

entregaram, outros entregaram em branco e um professor preencheu o questionário

somente com a resposta concordo e preencheu os dados relativos a seu grau

acadêmico e sua preparação pedagógica.

Ao final de uma semana indo à noite a esta segunda Instituição, 27 dos 36

professores haviam preenchido o questionário. Mantivemos contato com a

76

secretaria, na expectativa de que algum professor entregasse depois o questionário,

mas nenhum questionário foi entregue posteriormente.

A terceira instituição estudada localiza-se no centro da cidade do Rio de

Janeiro. Fomos recebidos pelo coordenador que solicitou que os questionários

fossem colocados nas pastas dos professores para eles responderem. Do total de

professores do curso de graduação em Administração, 37 devolveram o

questionário, num prazo aproximado de três semanas.

A quarta instituição estudada localiza-se na zona norte da cidade. Nessa

instituição, o coordenador preferiu distribuir pessoalmente os questionários, que

foram respondidos por 20 professores.

Alguns outros questionários foram distribuídos a professsores de outras

Instituições de Ensino Superior, situadas na cidade do Rio de Janeiro. A maioria

retornou-o preenchido. Ao término da aplicação, após dez semanas, obtivemos um

total de 121 questionários respondidos.

4.3- MÉTODO DE APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

A apresentação dos dados foi feita através de Estatística Descritiva.

Posteriormente, procedemos à análise da convergência entre as respostas às

questões que abordaram assuntos correlatos ao contexto teórico apresentado.

77

5- APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Inicialmente, procederemos à exposição dos resultados obtidos através das

respostas dos professores ao questionário distribuído. Os resultados foram

tabulados, seguindo-se a ordem das questões. Observe-se que alguns professores

não responderam a algumas questões, o que fez variar o total de respondentes a

cada questão.

Elaboramos tabelas com freqüência e percentagem das respostas a cada

questão, indicando o grau de concordância ou discordância a respeito das questões

de 1 a 10 e das questões de 13 a 15, categorizadas como mostra a tabela 1 As

respostas às questões 11 e 12 apontam a freqüência das categorias Aulas

Expositivas e Erros Evitados.

Quadro 1 – Categorias das Questões

QUESTÃO CATEGORIAS 1 Transmissão de Conhecimentos 2 Ações Corretivas 3 Currículos Oficiais 4 Participação Ativa 5 Erros Minimizados 6 Trabalhos Individuais 7 Trabalhos em Grupo 8 Assuntos do Dia-a-dia 9 Memorização 10 Perguntas em Aula 11 Aulas Expositivas 12 Erros Evitados 13 Troca de Informações 14 Notas e Aprendizagem 15 Assuntos Cotidianos 16 Formas de Avaliação 17 Graus Acadêmicos 18 Preparação Pedagógica

78

A questão 16 indica as Formas de Avaliação utilizadas, a questão 17 os

Graus Acadêmicos e a questão 18 a existência ou não de cursos de Preparação

Pedagógica.

Foram obtidos então os resultados que se seguem.

5.1 – APRESENTAÇÃO DAS RESPOSTAS ÀS QUESTÕES

A apresentação dos resultados seguirá a ordem das categorias apresentadas

anteriormente no Quadro 1.

5.1.1 – Transmissão de Conhecimentos

A tabela 1, que segue, indica que 95 docentes responderam positivamente para

o item e 24 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 1 – Transmissão de conhecimentos

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 36 30,3 % Concordo 59 49,6 % Discordo 21 17,6 % Discordo Totalmente 3 2,5 % Total 119 100 %

5.1.2 - Ações Corretivas

A tabela 2, que segue, indica que 82 docentes responderam positivamente para o

item e 38 responderam negativamente, de um total de 120.

Tabela 2 – Ações Corretivas

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 13 10,8% Concordo 69 57,5% Discordo 29 24,2% Discordo Totalmente 9 7,5% Total 120 100 %

79

5.1.3 – Currículos Oficiais

A tabela 3, que segue, indica que 110 docentes responderam positivamente para

o item e 11 responderam negativamente, de um total de 121.

Tabela 3 – Currículos Oficiais

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 40 33,1% Concordo 70 57,8% Discordo 10 8,3% Discordo Totalmente 1 0,8% Total 121 100 %

5.1.5 – Participação Ativa

A tabela 4, que segue, indica que 82 docentes responderam positivamente para

o item e 37 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 4 – Participação Ativa

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 11 9,2% Concordo 71 59,7% Discordo 28 23,6% Discordo Totalmente 9 7,5% Total 119 100 %

5.1.5 – Erros Minimizados

A tabela 5, que segue, indica que 44 docentes responderam positivamente para

o item e 74 responderam negativamente, de um total de 118.

Tabela 5 – Erros Minimizados

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 11 9,3% Concordo 33 28,0% Discordo 51 43,2% Discordo Totalmente 23 19,5% Total 118 100 %

80

5.1.9 - Trabalhos Individuais

A tabela 6, que segue, indica que 104 docentes responderam positivamente para

o item e 15responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 6 – Trabalhos Individuais

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 19 16,0% Concordo 85 71,4% Discordo 13 10,9% Discordo Totalmente 2 1,7% Total 119 100 %

5.1.7 - Trabalhos em Grupo

A tabela 7, que segue, indica que 105 docentes responderam positivamente para

o item e 16 responderam negativamente, de um total de 121.

Tabela 7 – Trabalhos em Grupo

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 18 14,9% Concordo 87 71,9% Discordo 14 11,6% Discordo Totalmente 2 1,6% Total 121 100 %

5.1.8 - Assuntos do Dia-a-dia

A tabela 8, que segue, indica que 28 docentes responderam positivamente para

o item e 93 responderam negativamente, de um total de 121.

Tabela 8 – Assuntos do Dia-a-dia

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 6 5,0% Concordo 22 18,2% Discordo 58 47,9% Discordo Totalmente 35 28,9% Total 121 100 %

81

5.1.9 - Memorização

A tabela 9, que segue, indica que 29 docentes responderam positivamente para

o item e 92 responderam negativamente, de um total de 121.

Tabela 9 – Memorização

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 4 3,3% Concordo 25 20,7% Discordo 69 57% Discordo Totalmente 23 19% Total 121 100 %

5.1.11 – Perguntas em Aula

A tabela 10, que segue, indica que 76 docentes responderam positivamente para

o item e 43 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 10 – Perguntas em Aula

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 21 17,7% Concordo 55 46,2% Discordo 36 30,2% Discordo Totalmente 7 5,9% Total 119 100 %

5.1.11 - Aulas Expositivas

A tabela 11, que segue, indica que 107 docentes responderam positivamente

para o item e 11 responderam negativamente, de um total de 118.

Tabela 11 – Aulas Expositivas

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Sempre 31 26,3% Freqüentemente 76 64,4% Raramente 9 7,6% Nunca 2 1,7% Total 118 100 %

82

5.1.13 – Erros Evitados

A tabela 12, que segue, indica que 78 docentes responderam positivamente para

o item e 40 responderam negativamente, de um total de 118.

Tabela 12– Erros Evitados

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Sempre 17 14,4% Freqüentemente 61 51,7% Raramente 27 22,9% Nunca 13 11,0% Total 118 100 %

5.1.13 - Troca de Informações

A tabela 13, que segue, indica que 117 docentes responderam positivamente

para o item e 2 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 13– Troca de Informações

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 68 57,1% Concordo 49 41,2% Discordo 2 1,7% Discordo Totalmente 0 0% Total 119 100 %

5.1.15 - Notas e Aprendizagem

A tabela 14, que segue, indica que 61 docentes responderam positivamente para

o item e 58 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 14 – Notas e Aprendizagem

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 4 3,3% Concordo 57 47,9% Discordo 54 45,4% Discordo Totalmente 4 3,3% Total 119 100 %

83

5.1.15 - Assuntos Cotidianos

A tabela 15, que segue, indica que 117 docentes responderam positivamente

para o item e 2 responderam negativamente, de um total de 119.

Tabela 15 – Assuntos Cotidianos

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Concordo Totalmente 45 37,8% Concordo 72 60,5% Discordo 2 1,7% Discordo Totalmente 0 0% Total 119 100 %

5.1.17 - Formas de Avaliação

Tabela 16 – Formas de Avaliação

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Prova Individual 116 96,7% Prova em Grupo 13 10,8% Obs. em Aula 22 18,3% Trab.Indiv. 61 50,8% Trab. em Grupo 77 64,2% Total 120 100%

Gráfico 1 - Formas de Avaliação

0,00%

20,00%

40,00%

60,00%

80,00%

100,00%

120,00%

Prova I

ndividu

al

Trab.

Em Gru

po

Trab.I

ndivi

dua l

Observ

.em aula

Prova e

m grupo

84

Temos que 96,7% dos respondentes utilizam a prova individual como forma

de avaliação, 64,2% os trabalhos em grupo, 50,8% os trabalhos individuais, 18,3% a

observação em aula e 10,8% as provas em grupo.

5.1.17 – Graus acadêmicos

A questão indagou a respeito de todos os graus acadêmicos que o professor

possui. No entanto, 45 respondentes somente responderam qual é o seu mais alto

grau. Por exemplo: declaram possuir bacharelado 65/75, ou seja, 65 dos 75

professores que responderam à questão indicando todos os graus acadêmicos que

possuem.

Tabela 17 – Graus acadêmicos

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Bacharelado 65 /75 86,7% Licenciatura 30/75 40,0% Especialização 61/75 81,3% Mestrado 93/120 77,5% Doutorado 14/120 11,7% Pós-Doutorado 3/120 2,5% Livre-Docência 2/120 1,7%

Gráfico 2- Graus acadêmicos

0,00%10,00%20,00%30,00%40,00%50,00%60,00%70,00%80,00%90,00%

100,00%

BACHARELADO

LICENCIA

TURA

ESPECIALIZ

AÇÃO

MESTRADO

DOUTORADO

PÓS-DOUTOR.

LIVRE-D

OCENC.

85

Observa-se que 86,7% possuem o Bacharelado, 40% Licenciatura, 81,3%

cursos de Especialização, 77,5% Mestrado, 11,7% Doutorado, 2,5% Pós-doutorado

e 1,7% Livre-docência.

5.1.19 - Preparação Pedagógica

Convém dizer que dois professores só responderam à primeira página do

questionário, deixando de responder às questões de 10 em diante. Além disso, um

professor não respondeu à questão 18. Assim, somente 118 dos 121 professores

responderam à questão.

Tabela 18 – Preparação Pedagógica

RESPOSTAS Freqüência Porcentagem Sim 56/118 47,5% Não 62/118 52,5%

Gráfico 3 - Preparação Pedagógica:

SIM

NÃO

Nota-se que 47,5% dos respondentes declaram possuir algum curso de

preparação pedagógica e 52,5% declaram não possuir.

86

5.2 – CONVERGÊNCIA E DIVERGÊNCIA ENTRE AS RESPOSTAS

A análise dos resultados seguirá oito categorias definidas através das 18

questões do instrumento aplicado a saber: função do professor, participação dos

alunos, erros, conteúdos, memorização, avaliação da aprendizagem, atividades em

sala de aula e formação docente.

O Quadro que segue apresenta as categorias aglutinadas.

Quadro 2 - Categorias Aglutinadas

Questões do Instrumento

Categorias

Categorias Aglutinadas

1

11

Transmissão de Conhecimento

Aulas Expositivas

Função do Professor

2

4

10

Ações Corretivas

Participação Ativa

Perguntas em Aula

Participação do Aluno

5

12

Erros Minimizados

Erros Evitados

Erros

3

8

15

Currículos Oficiais

Assuntos do Dia-a-dia

Assuntos Cotidianos

Conteúdos

9 Memorização Memorização

14

16

Notas indicam aprendizagem

Formas de Avalialção

Avaliação

6

7

13

Trabalhos Individuais

Trabalhos em Grupo

Troca de Informações

Atividades

17

18

Graus Acadêmicos

Preparação Pedagógica

Formação Docente

87

5.2.1 – Função do Professor

A tabela, que segue, indica que 79,9% concordam que o papel do professor é

transmitir conhecimentos e que 90,7% fazem uso frequente de aulas expositivas.

Tabela 19 – A Função do Professor

Categorias Conc.(T)/ Freq.(Sempre) Disc.(T)/Raram.(Nunca)

Transmissão de conhecimento(1) 79,90% 20,10% Aulas expositivas (11) 90,70% 9,30%

5.2.2 – Participação do Aluno

A tabela, que segue, indica que 68,3% concordam que deve-se usar ações

corretivas, 68,9% concordam que a participação deve ter limite e 63,9% concordam

que deve haver espaço para perguntas em aula.

Tabela 20 – A Participação do Aluno

Categorias Concordo (Totalm.) Discordo (Totalm.)

Ações corretivas (2) 68,3% 21,7%

Participação ativa (4) 68,9% 31,1%

Perguntas em aula (10) 63,9% 36,1%

5.2. 3 – Erros

A tabela, que segue, indica que 37,3% concordam que os erros devem ser

minimizados e que 66,1%, frenqüentemente ou sempre alertam alunos para que não

cometam erros .

Tabela 21 – Os Erros

Categorias Conc.(T)/ Freq.(Sempre) Disc.(T)/Raram.(Nunca)

Erros minimizados (5) 37,3% 62,7%

Erros evitados (12) 66,1% 33,9%

88

5.2.4 – Conteúdos

A tabela, que segue, indica que 90,9% concordam que o conteúdo deve ser

selecionado a partir dos curriculos oficiais, que 76,8% discordam que assuntos do

dia-a-dia devem ser evitados, e que 98,3% concordam que assuntos do cotidiano

devem ser considerados nos conteúdos.

Tabela 22 – Os Conteúdos

Categorias Conc.(T)/ Freq.(Sempre) Disc.(T)/Raram.(Nunca)

Currículos oficias (3) 90,9% 9,1%

Assuntos do dia-a-dia (8) 23,2% 76,8%

Assuntos cotidianos (15) 98,3% 1,7%

5.2.5 – Memorização

A tabela, que segue, indica que 24,0% concordam que o professor deve

encorajar o aluno a memorizar os conteúdos.

Tabela 23 – A Memorização

Categoria Concordo (Totalm.) Discordo (Totalm.)

Memorização (9) 24,0% 76,0%

5.2.6 – Avaliação

As tabelas que seguem mostram as respostas relativas a Avaliação.

Tabela 24 – Notas e Aprendizagem

Categoria Concordo (Totalm.) Discordo (Totalm.)

Notas indicam aprendizagem (14) 51,2% 48,7%

89

Tabela 25 – Formas de avaliação

Prova Individual 96,7%

Trabalhos. em Grupo 64,2%

Trabalhos Individuais 50,8%

Observação em Aula 18,3%

Prova em Grupo 10,8%

A tabela 24 indica que 51,2% concordam que notas indicam a aprendizagem.

A tabela 25 indica que 96,7% fazem uso de prova individual e que menos de

70% fazem uso de outras formas de avaliação.

5.2.7 – Atividades

A tabela, que segue, indica que aproximadamente 87,4% concordam que

trabalhos individuais e em grupo desenvolvem habilidades e que 98,3% concordam

que é importante estimular a troca de informações entre alunos.

Tabela 26 – As Atividades

Categorias Conc. (Total) Disc. (Total)

Trabalhos Individuais (6) 87,4% 12,6% Trabalhos em Grupo (7) 86,8% 13,2%

Troca de Informações (13) 98,3% 1,7%

90

5.2.8 – Formação Docente

As tabelas que seguem trazem as respostas a respeito de Graus Acadêmicos

que os respondentes declaram possuir e sua Preparação Pedagógica.

Tabela 27- Graus Acadêmicos

Bacharelado 86,7%

Especialização 81,3%

Mestrado 77,5%

Licenciatura 40,0%

Dout., Pos-doc., L.D. 15,9%

Tabela 28 – Preparação Pedagógica

Preparação Pedagógica

Sim 47,5%

Não 52,5%

A tabela 27 indica que mais de 80% dos respondentes afirmam possuir curso

de especialização ou mestrado.

A tabela 28 indica que 52,5% declaram não possuir curso de preparação

pedagógica.

5.3 – PANORAMA GERAL DOS RESULTADOS

O quadro que segue apresenta os resultados das respostas a todas as

questões de todas as instituições estudadas, apresentando um panorama geral dos

resultados.

91

Quadro 3 – Panorama Geral dos Resultados

RESPOSTAS Disc.Totalm. Discordo Concordo Conc.Totalm. Subtotal

Questão 1 3 21 59 36 119

Questão 2 9 29 69 13 120

Questão 3 1 10 70 40 121

Questão 4 9 28 71 11 119

Questão 5 23 51 33 11 118

Questão 6 2 13 85 19 119

Questão 7 2 14 87 18 121

Questão 8 35 58 22 6 121

Questão 9 23 69 25 4 121

Questão 10 7 36 55 21 119

Questão 13 0 2 49 68 119

Questão 14 4 54 57 4 119

Questão 15 0 2 72 45 119

RESPOSTAS NUNCA RARAM. FREQUE. SEMPRE Subtotal

Questão 11 2 9 76 31 118

Questão 12 13 27 61 17 118

Questão 16: Questão 17: Prova Individual: 116/120 Bacharelado: 65/75 Prova em Grupo: 13/120 Licenciatura: 30/75 Obs. Em Aula: 22/120 Especialização: 61/75 Trab. Indiv.: 61/120 Mestrado: 93/120 Trab. Em Grupo: 77/120 Doutorado: 14/120 Outros: Pós-doutorado: 3/120 Livre-Docênc.: 2/120 Questão 18: SIM: 56/118 NÃO: 62/118

92

6 - ANÁLISE DOS RESULTADOS

A apresentação da Análise dos Resultados seguirá as oito categorias

aglutinadas e apresentadas anteriormente.

6.1- FUNÇÃO DO PROFESSOR

A primeira questão proposta afirma que o papel do professor é transmitir os

conhecimentos necessários para os alunos. Analisando as respostas, observa-se

que 79,9% dos respondentes concordam que a função do professor é transmitir

conhecimentos ao alunos. As respostas à questão 11 indicam que 90,7% afirmam

fazer uso de aulas expositivas.

A maioria dos professores acredita que seu papel é o de transmitir conteúdos.

A este respeito, devemos observar, no entanto, que existem meios mais eficazes e

por vezes mais interessantes de o estudante aprender. Hoje, mais do que em

qualquer época, as informações estão acessíveis aos alunos das mais diversas e

modernas formas. Segundo Brunner (2004, p. 24),

o problema para a educação na atualidade não é onde encontrar a informação, mas como oferecer acesso a ela sem exclusões e, ao mesmo tempo, aprender e ensinar a selecioná-la, avaliá-la, interpretá-la, classificá-la e usá-la.

As informações são encontradas nos livros, na internet, nos vários meios de

comunicação e informação, mas a interação, responsável pela plena aprendizagem,

só ocorre na relação interpessoal e nas relações do estudante com o seu objeto de

estudo. Além disso, temos que levar em conta o fato de que aulas expositivas não

são eficientes em desenvolver habilidades e atitudes de maneira múltipla e holística.

A este respeito, Godoy (2003, p. 75) afirma que

93

na exposição, o conteúdo daquilo que deverá ser aprendido é apresentado ao estudante na sua forma final. Assim, o discente fica privado do exercício das habilidades intelectuais mais complexas, como a aplicação, a análise, síntese e julgamento”.

Afirmar que o papel do professor é transmitir conhecimentos revela uma

concepção que tem como foco principal as ações centralizadoras do professor em

sala de aula. Cabe ao aluno receber passivamente o conteúdo, exposto pelo

professor, como se o professor fosse o detentor do saber a ser transmitido, dado aos

alunos, seres desprovidos de vivências e de conhecimentos próprios.

Outras atividades além das aulas expositivas podem ser utilizadas para se

alcançar a apreensão dos conhecimentos pelos alunos, o desenvolvimento de sua

aptidão em lidar com as coisas, bem como a formação de suas concepções e idéias

a respeito de sua profissão e da vida.

Muitos professores ainda consideram que a atividade docente consiste em

comunicar o conhecimento, de forma clara e numa sequência lógica. Esse tipo de

concepção mostra a preocupação do professor em preparar seus alunos, dar

instrumentos para o seu futuro. Porém, os objetivos dos professores frequentemente

estão fundados no que Abreu e Masetto (1980, p. 10) chamam de verbos que

apontam para o professor como agente principal e citam dentre esses verbos os de

“instruir, comunicar, mostrar, guiar, orientar, dirigir, descomplicar, organizar,

sintetizar”.

Certamente a intenção é se alcançar uma ação pedagógica mais eficaz. No

entanto, a transmissão de conhecimento, propriamente dita, tem como centro o

professor, como elemento ativo, atuante, e o aluno como elemento passivo,

reprodutor de conteúdos passados, e copiador. Os autores (op. cit., p. 11) julgam

que o problema central em sala de aula é quando o professor faz opção pelo “ensino

94

que ministra ao aluno” e não pela aprendizagem do aluno. Os autores ainda afirmam

que se deve passar a apontar o aluno como responsável, agente principal de sua

aprendizagem e que os verbos utilizados devem ser “modificar atitudes, adquirir

habilidades, descobrir, buscar etc.”.

Assim, a ação do professor deve estar voltada para o estímulo à ação do

aprendiz, que deve ser mediada, coordenada e avaliada pelo professor, pois o papel

do professor é auxiliar o aluno na sua caminhada de descoberta do novo. Ele deve

criar condições para que os estudantes exerçam sua capacidade crítica e de

criatividade. Ainda, segundo Abreu e Masetto (1980, p.11), as perguntas

costumeiras, tais como “o que devo ensinar?”, devem ser substituídas por perguntas

do tipo “que objetivos pretendo que meus alunos alcancem?”. Devemos pensar,

então, em quais atividades devem ser empreendidas pelos aprendizes.

Entenda-se que não estamos criticando a concepção presente no ensino

tradicional de que o aluno precisa saber conteúdo. Porém, o papel do professor não

é só o de transmitir conteúdos. A função do mestre é a de incentivar a descoberta e

o interesse de seus aprendizes, para que construam sua capacidade de raciocinar,

de tomar iniciativas diante de uma realidade que não se mantém constante.

Na visão da Pedagogia Crítica, a função do docente é a de incentivar a

descoberta e o interesse de seus aprendizes, para que construam sua capacidade

de raciocinar, de tomar iniciativas diante de uma realidade que não se mantém

constante. Segundo Freire (2000, p. 54), é necessário “evitar os simplismos, as

facilidades, as incoerências grosseiras”. Não se defende aqui o abandono das aulas

expositivas e da apreensão dos conteúdos por parte do aluno, mas sim a introdução

de diferentes estratégias de ensino concomitantemente.

95

6.2- PARTICIPAÇÃO DO ALUNO

O ouvir os estudantes é o ponto de partida necessário para fazê-los aprender.

Alguns dos professores pesquisados acreditam que, em certa medida, devem ser

usadas ações corretivas a fim de moldar o comportamento dos alunos. Porém,

21,7% discordam desta questão. Excessos nas ações corretivas podem levar à

inibição do aluno, à diminuição drástica do desenvolvimento de sua capacidade de

participar e de criar. Ações corretivas são benvindas quando não utilizam de

violência, seja ela física ou psicológica. Assim, tais ações devem ter como objetivo e

como meio atitudes éticas.

Atualmente, as empresas valorizam mais o profissional de criação do que o

burocrata. Sobretudo em Administração, são necessários outros conhecimentos

além do raciocínio lógico e disciplinado. Assim sendo, é preciso valorizar a

curiosidade, o questionamento, fatores fundamentais para a construção das

capacidades do futuro profissional em Administração.

Gil (2008a, p. 56) afirma que “toda vida em sala de aula é constituída por

relações interpessoais” e apresenta procedimentos que favorecem o relacionamento

professor-aluno. Ele acrescenta que, em alguns momentos, tais como o primeiro

contato com a classe, a formulação de perguntas por parte do professor,

manisfestando interesse e respeito, a comunicação dos resultados das avaliações

são importantes para a definição de um clima amistoso em sala de aula.

Segundo a maioria dos respondentes, a participação ativa deve ter limites. Há

a preocupação dos professores com os excessos cometidos por alguns alunos e

com a permissividade e falta de ordem em sala de aula.

96

Freire (2000, p. 19) adverte que o ponto característico da visão crítica de

educação é o ter educadores que reconheçam também nos alunos o direito a

expressarem suas palavras e que esses professores reconheçam o dever de escutar

seus alunos, ou seja, falar com eles porque “falar a eles seria uma forma de não

ouvi-los”.

Quando questionados a respeito do espaço para perguntas, 63,9%, em certa

medida, concordam que deve haver espaço, explicitando que perguntas

desnecessárias devem ser evitadas.

Assim, como nas questões anteriores, há a preocupação com o ministrar a

disciplina abrindo espaço para perguntas dos alunos. Através das perguntas, o

docente tem condição de avaliar se conseguiu que aluno aprendesse, ou seja, se

conseguiu ensinar. Através dela, é possível atingir o interesse dos alunos. Dar

liberdade para que as perguntas se manifestem é dar vez à voz do aluno, é ouvi-lo,

é a chave para aprimorar seus conhecimentos, através de sua participação ativa.

Note-se também que a grande maioria dos respondentes reconhece a

importância de uma formação mais completa. Quando questionados na afirmação 13

sobre se é importante estimular a troca de informações entre os alunos para que

aprendam uns com os outros, 98,4% responderam positivamente.

6.3- ERROS

Quando questionados a respeito de se o professor deve evitar que seus

alunos cometam erros e de se o erro deve ser minimizado, 62,7% discordam.

Quando questionados se, na prática, buscavam alertar seus alunos para que não

cometam erros, 66,1% afirmam que frequentemente ou sempre o fazem.

97

Em certa medida, o erro é encarado como um mal a ser punido, minimizado,

evitado. No entanto, o erro deve ser entendido, interpretado. O erro contém em si

um raciocínio implícito, mesmo que esse raciocínio ainda esteja voltado a uma

direção errada, mostra uma capacidade de pensar do aluno. Segundo Freire (2000,

p. 55), “ensinar exige consciência do inacabamento”.

O erro, então, é parte integrante da aprendizagem. É o fragmento da

construção do conhecimento. Perrenoud (2000, p. 32) destaca como competência

requerida do professor saber trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à

aprendizagem. Segundo o autor, o professor

deve interessar-se pelos erros, aceitando-os como etapas estimáveis do esforço de compreender, esforçar-se, não corrigi-los (“Não diga, mas diga!”), proporcionando ao aprendiz, porém os meios para tomar consciência deles, identificar sua origem e transpô-los. (grifos do autor).

Ao invés de alertar seus alunos para que não cometam erros, o professor

deve criar um clima de abertura e deve combinar com seus alunos que os erros não

serão punidos ou ridicularizados. É preciso errar durante o processo de

aprendizagem para que se aprenda a não errar no momento da avaliação ou no

desempenho de nossas funções profissionais.

É através de sucessivos erros que o aluno se aproxima do acerto. O não-

errar, muitas vezes, não traduz uma eficiência, mas sim uma inibição e o medo de

tentar. Errar é, por exemplo, inerente ao processo de pesquisa, de busca, de

indagação. É através de tropeços, acertos, tentativas, medidas e debates que se

chega à construção da ciência, do conhecimento e de soluções para que a vida nas

empresas e na comunidade se torne melhor.

98

6.4- CONTEÚDOS

Ao responderem à questão 3; 90,9% concordam, parcial ou plenamente, que

os conteúdos das aulas devem ser selecionados a partir dos currículos oficiais de

dos programas dos cursos. Porém, os professores pensam também que assuntos do

dia-a-dia, não relacionados aos conteúdos, devem ser manifestados e considerados

em sala de aula, pois 76,8% dos respondentes discordam que o professor deve

evitar assuntos cotidianos.

Mais adiante, no entanto, analisando as respostas à questão 15, notamos que

a grande maioria dos professores declara concordar que assuntos do cotidiano

devem ser considerados nos conteúdos aprendidos e nas atividades propostas,

elevando o índice de respostas para 98,3%.

Para Saviani (2000, p. 55), “sem conteúdos relevantes, conteúdos

significativos, a aprendizagem deixa de existir”. É função do ensino superior

preparar o profissional, o máximo possível, para o mercado de trabalho, através do

conhecimento dos conteúdos. Essa certamente é uma das principais funções dos

cursos de graduação, inclusive os de Administração. Porém, o mercado não pode

definir inteiramente a atividade docente. O futuro profissional deve ser preparado

para entender o mundo, de forma global, e para adquirir uma visão sistêmica a

respeito dos fenômenos que ocorrem nas empresas e na sociedade..

O egresso do ensino superior deve ser preparado para agir, não só em

atividades profissionais, mas também nas atividades do cotidiano. Levando-se em

conta a necessidade de ser capaz de tomar decisões dentro de um contexto

complexo, com numerosos fatores da vida atual e da vida futura, pois o profissional

não pode se limitar somente a saber fazer. Além de aprender a pensar, ele deve

99

adquirir a capacidade de saber aprender e de se adaptar às novas situações que

surgem cotidianamente.

Através de práticas plurais, transdisciplinares e contextualizadas, o aluno

desenvolve sua afetividade, suas habilidades motoras e de criação, já que quanto

mais significativas forem suas experiências, mais completa será sua formação.

6.5- MEMORIZAÇÃO

Quando questionados se o professor deve encorajar os alunos a memorizar

os conteúdos programáticos, a fim de que aprendam a matéria, 76,0% dos

professores responderam que discordam. Os números indicam que a maioria dos

participantes da pequisa não valoriza a memorização, a capacidade de reproduzir o

conteúdo, pensamento característico da concepção tradicionalista de educação,

segundo a qual, se o aluno sabe repetir o texto, aprendeu.

A crítica à pedagogia tradicional, designada por Freire (2000) de “pedagogia

bancária”, deve-se ao fato de que ela se caracteriza pela passividade do aluno e

pelo verbalismo exagerados, centrados no docente, o que estimula a memorização

como alternativa de apreensão do conteúdo ministrado.

Segundo Saviani (op. cit., p. 55), “os conteúdos são fundamentais e sem

conteúdos relevantes, conteúdos significativos, a aprendizagem deixa de existir, ela

se transforma num arremedo, ela se transforma numa farsa”. Entretanto, além de se

ocupar com a aquisição de informações por parte de seus alunos, o curso superior

deve ter como preocupação a formação política, interacional, de comunicação, de

afetividade, estimulando habilidades intelectuais e de criação de seus alunos.

100

6.6- AVALIAÇÃO

Outro tema proposto foi o da avaliação da aprendizagem. A atribuição de

notas visa quantificar esse aprendizado, tornando a avaliação menos subjetiva. Mas,

as opiniões dos respondentes desta pesquisa estão divididas.

Quando inquiridos sobre avaliação da aprendizagem, 51,2% dos professroes

concorda que a atribuição de notas na avaliação indica o quanto o aluno aprendeu.

Comparando as respostas a respeito da concepção sobre avaliação e as formas de

avaliação utilizadas, vemos que muitos ainda utilizam a prova individual como única

forma de avaliação. Freire (2000, p. 131) afirma que a avaliação é necessária, mas

que devemos “resistir aos métodos silenciadores com que ela vem sendo às vezes

realizada”. A prova individual é uma importante forma de avaliar os conhecimentos e

as capacidades individuais. Porém, outras habilidades e capacidades não são

avaliadas, por esse instrumento, de forma eficaz.

Por outro lado, 48,8% dos professores discordam que a atribuição de notas

na avaliação indica o quanto o aluno aprendeu . Isso porque ainda há a concepção

de que a avaliação não avalia. Porém, a avaliação deveria avaliar, e de forma

eficiente. Muitos pensam em nota de avaliação como nota da prova. As notas nas

provas realmente não avaliam, eficientemente, o quanto o discente aprende, mas

uma avaliação mais completa é capaz de determinar se a aprendizagem ocorreu e

em que medida. Já se constata um pencentual de 50,8% dos professores lançando

mão de trabalhos individuais ou em grupo, além de prova.

A avaliação deve caminhar no sentido de diagnosticar dificuldades, e não

apenas no sentido de selecionar os aptos e os não aptos. É necessário saber se a

101

aprendizagem, objetivo do ensino, está sendo alcançada e o processo diagnóstico é

a ferramenta para que os sujeitos do processo educativo decidam se devem

permanecer no caminho que percorrem em sala de aula ou se devem redirecionar

suas ações. Para Demo (1997, p. 97), “as dificuldades devem ser transformadas em

desafios, os percalços em retomadas e revisões, as insuficiências em alerta”. O

processo avaliatório deve se dar de forma contínua, discutindo-se as causas de

desempenhos insatisfatórios, para se conseguirem resultados melhores. Na

verdade, a avaliação deve ser repensada, pois nas atividades de trabalho e do dia-a-

dia, não existe o conhecimento pronto, acabado.

O que se avalia, na vida, é a capacidade que a pessoa tem de elaborar

empreender e realizar coisas. Desse modo, ensino e avaliação devem caminhar

juntos e faz-se necessária a reflexão mais profunda, a explicitação de alternativas e

a mudança de paradigmas a respeito da avaliação no ensino superior.

6.7 – ATIVIDADES

A maioria dos respondentes reconhece a importância de uma formação

completa. Quando questionados, na afirmação 13, sobre se é importante estimular a

troca de informações, 98,4% concordam. No entanto, menos de 70%, quando

respondem à questão 14, indicam fazer uso de outro tipo de avaliação que não seja

a prova individual. Masetto (1997, p. 70) fala da sala de aula como espaço que

favoreça “o enfrentamento de tudo que constitui o ser” e um espaço de vivência

“com os colegas, com o professor, com os outros, inicialmente estranhos”.

Quando questionados sobre se os trabalhos individuais e em grupo

desenvolvem habilidades, os respondentes concordam. Reconhece-se que, tanto as

102

atividades individuais como as coletivas, são necessárias para formação nas áreas

cognitiva, afetivo-emocional, no desenvolvimento de atitudes e valores. Segundo

Masetto (2003, p. 20), o que se busca é que o aluno desenvolva “competências e

habilidades que se esperam de um profissional capaz e de um cidadão responsável

pelo desenvolvimento de sua comunidade”.

6.8- FORMAÇÃO DOCENTE

No que diz respeito à formação, constata-se, através das respostas, que mais

de 81,3% cursaram cursos de pós-graduação lato sensu e que de 77,5% concluíram

cursos de pós-graduação stricto sensu, o que reflete uma dedicação aos cursos de

mestrado e doutorado, buscando atender a exigências de um mínimo de mestres e

doutores na universidade.

No entanto, 52,5% dos professores declaram não possuir um curso de

preparação pedagógica. Nota-se a preocupação dos respondentes em aprofundar

seus conhecimentos específicos na sua área de formação. Porém, não se dá valor à

formação e preparação para a atividade específica do magistério.

Os cursos de pós-graduação permitem que o professor aprofunde seus

conhecimentos a respeito dos conteúdos, mas questionamos se eles realmente

preparam o professor universitário para o exercício de sua profissão de educador. A

este respeito, Masetto (1997, p.11) dá seu depoimento pessoal:

vivi, com muita angústia, os problemas do jovem bacharel contratado para lecionar em Faculdade, no ano seguinte à sua formatura, como Assistente d’Aquele que fôra seu Mestre, sem nunca ter tido qualquer preparação pedagógica para entrar em uma sala de aula e desempenhar competentemente um papel de Professor-Educador.

103

O docente que desconheça as alternativas de ação e que desempenhe suas

atividades tendo como base sua criatividade, suas experiências como aluno e o

empirismo, com certeza tem maiores dificuldades. A prática conta, em muitos casos,

somente com a imitação que se faz dos professores considerados com bom

desempenho e com a fuga às práticas dos professores que entendemos que tenham

tido mau desempenho.

Observa-se que a base para a atuação de muitos professores é a sua

percepção e sua inventividade. Sua ação no magistério é construída de forma

empírica. Professores se veem obrigados a criar sua didática, a ter como base as

aulas que tiveram, na tentativa e erro, e a sua intuição.

No entanto, conforme afirmam Abreu e Masetto (1980, p. 1),

a prática concreta do professor do ensino superior assenta-se sobre três pontos principais: o conteúdo da área na qual o professor é um especialista; sua visão de educação, de homem e de mundo; a habilidade e os conhecimentos que lhe permitem uma efetiva ação pedagógica em sala de aula.

Os efeitos da ação pedagógica devem vir de uma capacitação do professor

em que haja o estímulo à reflexão, ao diálogo, à tomada de atitudes, a fim de que o

educador conheça os fundamentos da elaboração de um planejamento,

estabelecendo objetivos que orientarão a seleção de conteúdos e de estratégias,

bem como ter o conhecimento das opções de diagnóstico do processo de

aprendizagem.

Devem ser desenvolvidas atividades em que os professores do ensino

superior em Administração entrem em contato com teorias didáticas, com questões

da educação e desenvolvam sua competência pedagógica para que seja aprimorado

o desempenho da função do docente universitário.

104

Há também uma concepção de que a preparação pedagógica deve se dar

somente em aspectos técnicos de como falar em público, como preparar recursos

audiovisuais, como fazer apresentações e preleções interessantes.

Candau (1999, p. 14) comenta que se faz necessário superar uma didática

que possua uma perspectiva exclusivamente instrumental, concebida como um

conjunto de conhecimentos universais “desvinculados dos problemas relativos ao

sentido e aos fins da educação, dos conteúdos específicos, assim como do contexto

sociocultural concreto em que foram gerados”. Certamente, não devemos descartar

a apresentação em aulas expositivas, mas não devemos reduzir a preparação

pedagógica a esses métodos e técnicas. Libâneo (2000) afirma que a educação se

compõe de ramos de estudo próprios, estudando o fenômeno educativo. A intenção

desses estudos deve ser a de permitir ao professor compreender de maneira ampla,

o processo educacional como fenômeno social e não só como instrução de

conhecimentos, de forma estimular os alunos a transformarem também suas atitudes

e seus valores.

Em algumas áreas acadêmicas como a da Administração, existe a idéia de

que qualquer um pode ensinar, não sendo necessário ser professor por formação,

desvalorizando-se a profissão do magistério. A educação é função específica do

educador e mais especificamente do professor. Há uma diferença entre o

profissional de contabilidade, engenharia ou qualquer outra formação e o profissional

em educação que têm suas habilidades específicas bem definidas.

Segundo Arroyo (2002, p. 18), o professor é como um artífice que aprende

seu ofício, assim como o mestre de ofício, adquire a perícia em conduzir os alunos

na aprendizagem, ou seja, adquire o “saber-fazer da educação, herdado de

gerações passadas”.

105

Ainda falando sobre as especificidades da carreira docente, o autor (op. cit.,

p. 23) diz que tivemos a descaracterização dos profissionais da educação e escreve:

“qualquer um que domine um conhecimento e uma técnica, poderá ensiná-los como

um biscate e um complemento a seus salários”.

6.9 – PANORAMA GERAL DA ANÁLISE

O quadro a seguir traz as categorias estudadas e os seus aspectos mais

expressivos, que foram analisados tendo como base as concepções dos autores da

fundamentação teórica.

Quadro 4 – Panorama Geral da Análise

CATEGORIAS RESULTADOS MAIS EXPRESSIVOS

REFERENCIAL TEÓRICO

1 – Função do Professor

Transmitir Conhecimentos Aulas Expositivas

Brunner (2004) Godoy (2003) Abreu e Masetto (1980) Freire (2000)

2- Participação do Aluno

Ações Corretivas Participação Ativa Perguntas em Aula

Gil (2008a) Freire (2000)

3- Erros Erros Minimizados Erros Evitados

Freire (2000) Perrenoud (2000)

4- Conteúdos Currículos Oficiais Assuntos Cotidianos

Saviani (2000)

5- Memorização Memorização Freire (2000) Saviani (2000)

6- Avaliação Notas e Aprendizagem Formas de Avaliação

Freire (2000) Demo (1997) Perrenoud (2000)

7- Atividades Trabalhos Individuais e em Grupo Troca de Informações

Masetto (1997) Masetto (2003)

8 – Formação Docente

Graus Acadêmicos Preparação Pedagógica

Masetto (1997) Abreu e Masetto (1980) Candau (1999) Libâneo (2000) Arroyo (2002)

106

7- CONCLUSÂO

O objetivo deste estudo foi o de descrever de que forma se desenvolvem as

práticas docentes na graduação em Administração em instituições privadas da

cidade do Rio de Janeiro, apresentando concepções dos docentes e apontando as

atividades exercidas nesses cursos, segundo o relato dos mesmos. No geral, os

professores possuem concepções a respeito da participação dos alunos nas

atividades, do erro como parte integrante da aprendizagem, da introdução de

conteúdos plurais e de ser evitada a memorização exagerada. Observamos também

que, quanto a estratégias de ensino, alternativas de avaliação e formação docente,

as concepções e atividades docentes não têm relação com a Pedagogia Crítica.

No ambiente acadêmico e no âmbito empresarial, aumenta a necessidade da

reflexão a respeito das características atuais de formação de administradores em

nosso país. Questiona-se, sobretudo, se estão sendo formados profissionais com

competências e habilidades para gerir no atual ambiente das empresas.

Põe-se em discussão o resultado do trabalho de professores dos cursos de

Administração, despreparados para o desempenho da função de educadores, que

se vêem obrigados a improvisar, a atuar de forma intuitiva e experimental. Com base

em sua criatividade e senso crítico, os professores dos cursos de Administração

desenvolvem sua atividade docente de forma por vezes demorada, trabalhosa e

sofrida. A atuação de um profissional da educação, às vezes desqualificado,

despreparado compromete certamente a qualidade da formação dos futuros

administradores.

Tais considerações nos remetem à importância que é dada ao processo

educativo nos cursos de Administração e a seus principais atores: professores e

alunos. Se queremos profissionais qualificados, necessitamos também de uma

107

educação de qualidade, só possível através da atuação de docentes também

qualificados.

Deve haver a valorização do professor através de maiores investimentos

públicos e privados no ensino em Administração e pela disseminação da concepção

de que o professor deve ter uma formação sólida. Faz-se necessária a mudança de

paradigma a respeito das atribuições dos docentes, dos conteúdos dos cursos, de

estratégias utilizadas e de aspectos ligados à relação professor-aluno. É importante

também a formação específica dos professores universitários que estimule a

formação de uma cultura profissional, autocrítica, construtora de uma identidade, de

práticas coletivas emancipatórias dos professores, promovendo oportunidades de

trocas de experiência, vivências, momentos de análise e reflexões sobre o processo

de ensino e aprendizagem no contexto das instituições de ensino superior em

Administração.

A formação de um conhecimento fragmentado dos egressos dos cursos de

Administração mostra a necessidade de serem estudados seus projetos e suas

práticas pedagógicas. Assim, visando ampliar esse debate, a presente pesquisa

apresenta o relato dos docentes dos cursos de graduação em Administração, no que

diz respeito ao papel do professor, à participação dos aprendizes, aos conteúdos,

aos métodos de ensino, de avaliação e à formação dos professores desses cursos.

A fundamentação teórica deste trabalho trouxe elementos da literatura que

tratam das características profissionais dos professores, das concepções

pedagógicas, da questão da qualidade no ensino superior, dos cursos universitários

de Administração e de seus novos paradigmas. Daí é possível retirar uma

perspectiva que conclua que são necessárias práticas docentes exercidas por

profissionais da educação nas ciências administrativas, visando a formação de

108

egressos dos cursos superiores de administração capazes de ter sucesso diante dos

desafios da contemporaneidade.

As idéias, aqui já debatidas, que defendem a atuação do docente em

Administração com base em sua formação, somente no que diz respeito ao

conteúdo, determinam concepções sobre o papel do professor e fundamentam e o

seu modo de agir. É necessário que o professor desses cursos saiba escolher

estratégias, que seja flexível para se adaptar às diferenças, que evite exageros,

permita a discussão, incentive a cooperação entre os alunos num clima que favoreça

a prática da democacia.

É possível tornar reais essas alternativas através da conscientização geral da

importância de se ter um clima de aprendizagem construtivo e renovador em sala de

aula, de que a função do docente não é meramente transferir conhecimento, e sim,

criar possibilidades para a construção do conhecimento: o erro, as perguntas, os

questionamentos, a incompletude deve ser bem-vindos. Os conteúdos devem ser

contextualizados, a avaliação deve ser continuada, abrangendo aspectos globais e a

formação docente faz-se necessária.

Faz-se necessário, ainda o estímulo à prática focada nos alunos, mediada

pelo docente, e o desenvolvimento de capacidades múltiplas. Deve-se lançar mão

de condições facilitadoras da aprendizagem, tais como: a) o planejamento, levando

em consideração interesses dos alunos, especificidades das disciplinas, definindo os

conteúdos e as estratégias; b) o estabelecimento de um ambiente de respeito

mútuo, participação e possibilidade de questionamentos; c) a implantação de um

processo de avaliação contínua ao longo do curso, encarado como oportunidade a

mais de aprendizagem.

109

O professor dos cursos de Administração deve conhecer estratégias usadas

para primeiros encontros, aquecimento de turmas ou desbloqueio, deve saber

coordenar atividades em grupo, situações de dramatização, estudos de casos,

estágios, excursões, discussão de temas, seminários, painéis, simpósios, leituras de

textos, pesquisas, e outras variadas metodologias de ensino.

É necessário, sobretudo, superar-se o momento de constatação de

dificuldades. Deve-se caminhar no sentido de retirar da penumbra os aspectos que

constituem o processo educativo, buscando-se apontar condições facilitadoras do

processo de ensino, desempenhado por profissionais, dos cursos de graduação em

Administração, capacitados. Verifica-se ainda que são necessárias mudanças nas

concepções dos docentes a respeito de sua prática e que há uma lacuna no que diz

respeito à formação pedagógica dos professores dos cursos de Administração.

Deve também ser objeto de discussão a questão de se os cursos de formação

pedagógica devem ser ministrados após os cursos de bacharelado,

concomitantemente, ou a inclusão de disciplinas de conhecimentos pedagógicos em

mestrados e doutorados, visando a capacitação dos docentes em Administração.

Em pesquisas futuras, sugere-se a aplicação de estudos de casos que

avaliem a implantação de cursos de capacitação docente e as supostas mudanças

ocorridas após sua realização.

110

REFERÊNCIAS

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114

APÊNDICE

115

APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO Prezado(a) Professor(a),

Solicito a sua participação, respondendo o questionário a seguir. O instrumento está sendo distribuído para docentes do curso de Administração de diversas instituições, a fim de se entender melhor a atuação dos mesmos. É importante que você responda com franqueza, sem necessidade de identificação, tendo em mente que a completa confidencialidade será assegurada. Lembre-se de que a sua participação nesta pesquisa é voluntária. Se você tiver perguntas a fazer, pode endereçá-las ao e-mail: [email protected]. Adianto-me em agradecer a sua consideração e colaboração. Cordialmente,

Paulo S. F. Scotellaro

QUESTIONÁRIO

1) O papel do professor é transmitir os conhecimentos necessários para os alunos.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 2) A fim de moldar o comportamento dos meus alunos, devo utilizar, quando necessário, ações corretivas.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 3) É importante que o conteúdo das aulas seja selecionado a partir dos currículos oficiais e programas dos cursos.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 4) A participação ativa do aluno deve ter limites para que sejam atingidos os objetivos previstos no planejamento das atividades em aula.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 5) O professor deve evitar que seus alunos cometam erros. O erro deve ser minimizado, a fim de que os alunos aprendam a acertar.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 6) Os trabalhos individuais desenvolvem as habilidades dos alunos previstas no Projeto do Curso.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 7) Os trabalhos em grupo desenvolvem as habilidades dos alunos previstas no Projeto do Curso.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( )

116

8) O professor deve evitar que assuntos do dia-a-dia, não relacionados ao conteúdo programático, sejam manifestados em sala de aula.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 9) O professor deve encorajar o aluno a memorizar os conteúdos programáticos, a fim de que aprenda a matéria.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 10) É importante que haja espaço para perguntas dos alunos em aula, explicando que perguntas desnecessárias devem ser evitadas.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 11) Eu faço uso de aulas expositivas, com o auxílio do quadro e/ou de recursos audiovisuais.

NUNCA RARAMENTE FREQUENTEMENTE SEMPRE ( ) ( ) ( ) ( ) 12) Eu busco alertar os alunos para que não cometam erros.

NUNCA RARAMENTE FREQUENTEMENTE SEMPRE ( ) ( ) ( ) ( ) 13) É importante estimular a troca de informações entre os alunos para que eles aprendam uns com os outros.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( )

14) A atribuição de notas na avaliação da aprendizagem indica o quanto o aluno aprendeu com as aulas.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 15) Os assuntos do cotidiano devem ser considerados nos conteúdos aprendidos e nas atividades propostas.

DISCORDO TOTALMENTE DISCORDO CONCORDO CONCORDO TOTALMENTE ( ) ( ) ( ) ( ) 16) Como forma de avaliação, eu utilizo:

( ) prova individual ( ) prova em grupo ( ) observação em aula

( ) trabalhos individuais ( ) trabalhos em grupo ( ) outro. Qual?

117

17) Quais os graus acadêmicos que você possui? ( ) Bacharelado ( ) Licenciatura ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( ) Pós-doutorado ( ) Livre-docência

18) Você possui algum curso de preparação pedagógica?

( ) SIM ( ) NÃO

Caso afirmativo, qual?