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XVIII FÓRUM O Fórum “da maioridade” - Palmela Encantou-NOS! PERMANENTE DE TEATRO palcos REVISTA # 13 - abril`17 palcos

PERMANENTE DE TEATRO fileAugusto Santos Silva, elenca alguns objetivos da ação do Instituto Camões, I.P. para a consolidação e difusão da nossa língua,

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XVIII FÓRUM

O Fórum “da maioridade” - Palmela Encantou-NOS!

PERMANENTE DE TEATRO

palcosREVISTA

# 13 - abril`17palcos

edit

ori

al A Palcos é lançada, este ano, e pela primeira vez, no

mês de Abril dando sequência a algumas alterações

planeadas pela Direção da FPTA que implicaram

também a mudança da data do primeiro Fórum

Permanente de Teatro do ano para o mês de Março.

Passa a ser lançada em Abril e em Novembro

permitindo um menor espaço de tempo entre os

dois lançamentos anuais.

Esta alteração permite-nos, também, revelar

o programa da II Mostra de Teatro da FPTA –

AmarTeatro 2017 que vai decorrer de 29 de Abril a

27 de Maio apresentando um total de 15 espetáculos

que envolvem cerca de 16 companhias de teatro (a

receber e a apresentar espetáculos).

Um dos acontecimentos que destaco neste editorial

é o lançamento, no passado mês de Novembro, do

“Novo Atlas da Língua Portuguesa” que reúne diversa

informação sobre aspetos da língua portuguesa,

com números atuais da sua projeção, um panorama

sobre o seu ensino, dados sobre as populações dos

países de língua portuguesa e as suas diásporas,

bem como indicadores geográficos, económicos

e comerciais e de inserção nas várias organizações

internacionais dos países membros da CPLP. No

seu prefácio, o ministro dos Negócios Estrangeiros,

Augusto Santos Silva, elenca alguns objetivos da

ação do Instituto Camões, I.P. para a consolidação e

difusão da nossa língua, entre os quais a formação

de professores de português, o fomento e garantia

de uma rede transnacional de ensino da língua,

dirigida primordialmente às nossas comunidades,

a integração do português como língua estrangeira

nos currículos de ensino pré-superior no maior

número possível de países, a promoção do português

como língua utilizada ou a utilizar em organizações

internacionais e também a convergência de todas as

entidades que promovem a ação cultural externa em

português.

É inegável que a difusão e dinamização da utilização

da nossa língua internacionalmente pode trazer

muitos benefícios também para o teatro que se faz

em Portugal, por isso, aplaudimos e solidarizamo-

nos com esta tarefa.

Nesta edição ficamos a conhecer um pouco melhor

Maíra Ribeiro, atriz, encenadora, diretora artística do

Theatro Club da Póvoa de Lanhoso e formadora em

algumas edições dos Fóruns da FPTA.

Destacamos uma resenha sobre o Fórum de Palmela

e um “aperitivo” para o próximo Fórum Permanente

que se irá realizar em Torre de Moncorvo a 6, 7 e 8

de Outubro.

Falamos também do vencedor do prémio Ruy

de Carvalho do Conte 2017 – Grupo Dramático

e Recreativo da Retorta (Valongo) com “Palco de

Babel”de Luís Campião a quem endereçamos as

nossas felicitações e da décima terceira edição do

Concurso Nacional de Teatro.

Não menos interessante é o texto que a Presidente

Tânia Falcão nos oferece para refletir.

O professor João Maria André prossegue a sua

colaboração com textos sobre estética e prática

teatral sob o mote “conversas com os mestres

”falando-nos de Antonin Artaud.

Em resumo estes são os principais temas que iremos

abordar neste número da “Palcos” que está aí para

ser lido e partilhado por todos.

Boa leitura!

Fernando Rodrigues (Abril 2017)

Director da Revista PALCOS

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FICHA TÉCNICAPropriedade Federação Portuguesa de Teatro

Praça José Afonso, 15 E | C.

C. Colina do Sol, Loja 55 | 2700-495 Amadora

Diretor Fernando Rodrigues

Conselho Editorial Tânia Maria Falcão, José Teles, Anabela Teixeira, Manuel Ramos Costa e Bruno Gomes

Colaborador permanente João Maria André

Fotografia Alice Grade e Carla Ferreira

Grafismo e Paginação DENOMEDIA

Periodicidade Semestral | Edição Digital

ÍNDICE

editorial 2 conversas de bastidores - MAÍRA RIBEIRO 4-10 estreia - XVIII FORUM PERMANENTE 11-12 programa de sala - TORRE DE MONCORVO 13-15na ribalta - CONTE 2017 16-19boca de cena - CULTURA TEATRAL 20-21reportório - ANTONIN ARTAUD 22-25amar teatro 2017 26

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res MAÍRA RIBEIRO

Uma jardineira que semeia e ajuda a crescer

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Colaborou pela primeira vez como formadora de técnicas do teatro do oprimido no décimo oitavo fórum permanente de teatro em Palmela, mas nós já a conhecíamos há alguns anos de outras funções na área do teatro e da cultura.

Falo-vos de Maíra Ribeiro, atriz e encenadora, nascida em 1980 em Porto Alegre, Brasil, com nacionalidade italiana, como mais adiante explicará. Licenciou-se em Teatro da Universidade do Minho e é Mestre em Ciências da Comunicação pela mesma Universidade. Obteve formações artísticas em diversas organizações sedeadas no Brasil, em Itália e Portugal.

Representou e encenou em vários grupos, é a diretora artística do Theatro Club da Póvoa de Lanhoso e Vice-presidente do Tin.Bra – Grupo de Teatro.

E é também muito bonita e simpática, a nossa entrevistada, de resposta sempre pronta e segura, como a seguir se constata.

***

Manuel Ramos Costa – Teatro do Oprimido, o que

é?

Maíra Ribeiro – É um método teatral que reúne

exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo

teatrólogo brasileiro Augusto Boal. Democratizar

os meios de produção teatral, dar acesso às

camadas sociais menos favorecidas e promover a

transformação da realidade através do diálogo e do

teatro são os principais objetivos deste método. Além

disso, traz uma nova técnica para a preparação do

ator com núcleos de pesquisa espalhados por todo

o mundo.

Nasceste em Porto Alegre (Brasil) e tens

nacionalidade italiana. Como assim?

É simples. O Brasil é uma terra rica pela influência de

muitas culturas.

Sou o resultado de vários povos e no meu ADN

destacam-se os genes libaneses e os italianos. Quanto

à cidadania italiana propriamente dita, a minha família

pelo lado materno deve de entrar com o pedido

junto do Consulado Italiano e recebi a minha dupla

nacionalidade há uns 16 anos aproximadamente.

Depois disso, no ano 2003, fui mesmo morar para a

Itália.

A tua infância foi um arco-íris?

Depende da ideia que temos de arco-íris. Se for pelo

lado colorido e fantástico penso que não, agora se for

pelo ponto de vista da luz através de um prisma, pelas

várias interpretações que cada cor nos pode dar,

pelas nuances e aprendizagens que muitos caminhos

nos podem trazer, penso que um arco-íris poderia ser

uma boa metáfora. Cresci nos bastidores dos teatros,

entre os seres fantásticos que povoavam os palcos,

filha de mãe atriz e pai encenador. Poderia ter vivido

no mundo da fantasia, mas sempre tive os pés bem

assentes na terra, talvez por perceber o quão difícil

era a vida dos meus pais. Mas o meu coração e a

minha alma sempre foram pura manteiga, sempre

tive todos os sentimentos à flor da pele.

O que dizias querer ser quando fosses grande?

Por acaso não sei, mas penso que cantora ou violinista.

Mas agora, já grande, posso afirmar que não poderia

ter sido outra coisa. Houve no passado um desvio

pelo jornalismo, mas felizmente a tempo corrigido.

Que te dizem as palavras, palco e espetador?

Casa e família. Não consigo dissociar o meu lado

pessoal do meu lado profissional. Sou uma privilegiada

por fazer aquilo que amo e ter oportunidade de

conhecer tantas pessoas, tantos mundos, tantos

arcos-íris num só lugar.

Se te fosse dado viajar agora, de onde estás, para

onde irias? E levarias o quê ou quem contigo?

está prometido há muito tempo e espero conhecê-lo

em breve, em boa companhia, é claro!

O que te levaria a parar o mundo?

O mundo não pode parar, o que precisa parar

urgentemente são as atitudes de muitos homens

e mulheres que se sentem superiores à natureza.

A violência paralisa-me, a falta de civismo paralisa-

me, a falta de amor paralisa-me. Estamos aqui de

passagem, e enquanto não tivermos a consciência

de que tudo o que fazemos traz-nos consequências,

diretas ou indiretas, nunca conseguiremos alcançar a

paz, interior e com os demais.

As gentes do teatro – dizem – são supersticiosas. E

tu és?

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Penso que não. Tenho algumas manias, mas não entro

em pânico caso as coisas aconteçam diversamente.

O que é que, como pessoa, olhando ao teu redor,

mais te dói?

A ausência. Ausência de amor, de tolerância, de

fraternidade, de civismo, a ausência do humano no

ser.

Partindo da frase que se segue, completa o teu

pensamento: «De manhã quando acordo fico

sempre com a certeza…»

… De que dormi pouco, para começar, tenho insónia.

Depois, começo a pensar no dia que tenho pela frente

e ponho-me a mexer. A nossa profissão exige muito

do nosso estado de espírito, da nossa mente e por

isso, se não mentalizar o melhor, o dia dificilmente

corre bem.

Se tivesses de te pintar de alto-abaixo, que cores

utilizarias?

Verde-tropa, sem dúvida. Toda camuflada! O verde

diz-me muito e por isso não me importava nada de

andar na rua assim.

Há quem afirme que o teatro está cheio de pessoas

orgulhosas e arrogantes, de mercenários e traidores

e que tal facto ilustra bem o estado miserável em

que a nossa sociedade mergulhou. Que dizes tu

disto?

Digo que não é somente o teatro que está cheio de

pessoas assim. Mas digo também que é no teatro o

local onde temos a melhor “arma” para mudar essa

realidade. A sociedade é uma construção coletiva,

e o teatro, como arte social que é, tem um papel

fundamental para ajudar na construção de novos

paradigmas.

Tin.Bra, o que te diz?

Família, gratidão, afetos. Esta associação abriu-me as

portas quando o teatro ainda era para mim somente

um passatempo. Foi dentro da associação que aos

poucos fui formando a profissional que sou hoje.

O que é que verdadeiramente te faz feliz?

Fazer os outros felizes, fundamentalmente. Nada me

enche mais a alma do que ver que o meu trabalho

contribuiu, nem que por breves instantes, para o

nascimento de um sorriso, de uma gargalhada, de

uma lágrima de realização. Emociono-me com as

pessoas e as suas histórias.

És diretora artística do Theatro Club da Póvoa

de Lanhoso. Muito resumidamente fala-nos um

pouco do Theatro Club e das tuas preocupações

relativamente à programação do mesmo.

O Theatro Club é uma casa acolhedora, que bem

recebe os seus visitantes e artistas. A Póvoa de Lanhoso

é uma realidade pequena, mas com um largo historial

na área do teatro e enquanto diretora artística recém-

chegada, não me posso esquecer deste historial.

Tento trabalhar com as pessoas e para as pessoas.

Quero ser vista como uma jardineira, alguém que

semeia e ajuda a crescer. Somos efémeros, mas a

obra permanece e não há obra maior do que ver as

novas gerações de povoenses a fazerem teatro, a

dignificarem ainda mais o nome da Póvoa de Lanhoso

e o seu historial teatral.

Como achas que anda atualmente a nossa Cultura?

Esvaziada? Intoxicada? Torturada? Ou preparada

para… Emigrar?

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A nossa Cultura está a digladiar-se, é uma lutadora.

E digo isso porque a Cultura é o que fizermos dela e

os artistas não costumam baixar os “braços”. Se os

decisores políticos estão cegos, se os orçamentos

estão focados nos números, se a falta de visão

estratégica está a intoxicar, torturar e a esvaziar as

programações, os grupos e os teatros, cabe a nós,

profissionais, amadores e amantes desta área, gritar

mais alto. A liberdade de expressão deve a todo custo

ser exercitada, é um dever cívico. Se destruírem o teu

jardim, nunca percas o perfume e a beleza de ser flor.

Um dia, distante ou próximo, o cenário irá mudar, e

os que não ajudaram a construir irão perceber que,

enquanto seres sociais, não podemos viver sem

Cultura.

Fala-nos um pouco da tua trajetória no teatro.

Como já referi, sou filha de artistas. Cresci no teatro

e este ambiente me é familiar. Sempre que mudava

de cidade ou país, procurava fazer teatro para me

sentir mais próxima de casa, mesmo que no início isto

fosse um bocado inconsciente. Só na fase adulta é

que tomei a decisão de deixar o jornalismo e seguir o

teatro. Confesso que, só não segui esta área desde o

princípio, pois tinha muito medo da comparação. Os

meus pais são brilhantes e sentia-me muito insegura

e pequenina a beira deles, um patamar inalcançável.

Não deixei de pensar assim, são grandes mestres,

mas aos poucos consegui encontrar a minha linha, o

meu caminho, e estou muito contente com isso e de

poder partilhar com eles cada nova conquista.

Eu sei que para um artista todos os trabalhos são

especiais. Mesmo assim arrisco em perguntar-te:

Até agora qual foi trabalho que mais gostaste de

fazer? Porquê?

É o que ainda vou fazer, arrisco em responder. Não

conseguiria escolher um, pois cada um, ao seu

modo, marcaram e ajudaram a construir quem eu

sou. Mas se tivesse mesmo que escolher, seria uma

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tido

res performance sobre a discriminação feita em 2008, no

Tin.Bra, intitulada “Os Outros”. Foi o meu primeiro

trabalho com jovens e que nos levou até à República

Checa, num intercâmbio cultural.

E o mais inusitado ou esquisito?

Foi esquisito encenar peças em verso, achei um

desafio enorme mas bastante gratificante.

O que mais admiras num ator?

A humildade, a generosidade e a vontade de aprender.

Quais os atores (nacionais ou internacionais) que

mais admiras ou em quem mais te revês?

Para mim, nacionais ou internacionais, é muito

relativo! Mas vamos falar de atores e atrizes que

admiro, em geral: Ruy de Carvalho, Nuno Lopes,

Joaquim Almeida, Rodrigo Santoro, Meryl Streep, Julia

Roberts, Morgan Freeman e Fernanda Montenegro,

são alguns exemplos.

O que é que tu mais gostas de fazer? Representar,

encenar ou escrever?

Penso que encenar, mas fascina-me todo o universo

da criação artística.

Possuis uma linha de trabalho específica ou procuras

diversificar?

Não sei se possuo uma linha de trabalho, mas sei

que preciso ter grande empatia com o meu grupo de

trabalho, senão bloqueio.

Qual é o género dramático em que te sentes menos

à vontade? Porquê?

Penso que tragédias ou farsas. Considero géneros

difíceis de encenar pois o risco de cair nos clichés é

bastante elevado. Mas adoro desafios, por isso, não

descarto de maneira alguma poder algum dia encenar

algum desses géneros.

Quando saídos das Academias, a maioria dos atores

de teatro não encontra trabalho. E para poderem

sustentar-se acabam por trabalhar noutras áreas,

como por exemplo a restauração. Na tua opinião o

que falta aos artistas portugueses?

Não faço ideia e nem tenho o direito sequer de

apontar o dedo, pois Portugal, apesar de pequeno,

possui muitas realidades. Mas penso que o que falta a

muita gente é ética e rigor profissional, de resto, seja

aqui, seja em qualquer parte do mundo, para colher

é preciso primeiro semear. Portanto, penso que o que

falta é mesmo isso, deixarem de admirar o jardim

alheio e por as mãos na terra para construírem o seu

próprio “cantinho”, suar por ele, cultivá-lo.

Na tua opinião, o que é fundamental para um ator

ser bem-sucedido na sua profissão?

Teatro é missão. Quem quer trabalhar das 9h-18h

não dá para esta profissão. Nós nunca “terminamos”

o trabalho. É como um médico, um jornalista, enfim,

não conseguimos desligar, não é mesmo compatível.

Tudo é fonte de inspiração, tudo ajuda a construir

novos projetos e ideias, a vida é a nossa matéria-

prima e desde o nosso despertar até ao mundo dos

sonhos, somos bombardeados de informação útil. É

preciso estarmos “ao serviço” do teatro e não esperar

egocentricamente que o teatro nos sirva e que as

oportunidades nos venham bater à porta ou à caixa

do correio.

Como vês o teatro na educação portuguesa?

Muito atrasado, infelizmente. Em 1992, Portugal

recebeu o 1º Congresso Mundial de Teatro na

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resEducação, de lá até aqui muito pouco foi feito para

integração do teatro nos currículos.

O que pensas das ações que a FPT (Federação

Portuguesa de Teatro) tem levado a efeito,

designadamente: o Fórum Permanente de Teatro e

o Conte?

São dois espaços importantes de debate e de

(re)encontros. São iniciativas marcantes para as

associações ligadas à Federação, mas como todos os

grandes eventos, precisam sempre de ser revistos,

melhorados e inovados para que se mantenham

vivos e que nunca percam de vista a essência do

seu objetivo que, no meu entender, é o de fornecer

aos seus associados um espaço de aprendizagem e

constante partilha.

Participaste como Formadora no XVIII Fórum

Permanente de Teatro, realizado em Palmela. Fala-

nos desta experiência…

A palavra que usei para definir aquela experiência

junto dos formandos foi: amor. Foi um momento

especial, de partilha, de verdade, de amizade, de

catarse, de aprendizagem. Sempre que preparo uma

formação tenho sempre muita curiosidade sobre

quem serão as pessoas, como serão os grupos, quais

histórias trazem consigo. Sou uma privilegiada, já o

disse e repito sempre, e foram momentos como os de

Palmela que reafirmaram esta minha certeza.

Que dirias tu (em jeito de conselho) aos jovens

que pretendem seguir artes e, mais propriamente,

Teatro?

Saibam ser humanos, saibam ouvir, amem o que

fazem, lutem pelo vosso direito à criatividade,

abracem cada projeto como se fosse o último e acima

de tudo, tenham ética, lembrem-se que ninguém

nasce sabido, que temos sempre como aprender

mais um bocado e que errar faz parte, por isso, não

desistam ao primeiro, segundo ou décimo obstáculo,

aprendam a fazer melhor e acreditem em si próprios.

Para além da tua profissão e do Teatro, que outros

valores te prendem à vida?

A gratidão, fundamentalmente, mas também o amor

e a amizade. Sinto-me grata pela vida que tenho,

pelas oportunidades que me foram dadas, pelas

pessoas que me ajudam todos os dias e querer ser

uma pessoa melhor e que são exemplos de vida.

Se fosses um grão num saco cheio de areia, achas

que te reconhecerias?

Cada grão tem a sua história e por mais parecidos

que sejam, são partículas de passado que ao olhar

mais atento poderiam ser reconhecidos. Mas penso

que a questão não está propriamente em nos

reconhecermos no meio da multidão, mas sim na

diferença que podemos fazer estando no meio dela.

Areia para gatos ou areia para ser banhada pelas

águas dos mares, rios ou oceanos? Queremos ser

usados, deitados fora e não servirmos para mais

nada, ou queremos nos renovar todos os dias, rolar

quilómetros, sentir inúmeras pegadas a moldarmos

a aparência, contribuirmos para o embelezamento

de um arranjo floral ou como ferramenta para algum

artista nos misturar em seus materiais e criar uma obra

de arte? Nós podemos ser pequenos, acharmos que

não podemos mudar nada, que as coisas acontecem

e rolamos por aí sem grande voto na matéria, mas

se cada grão de areia resolvesse desaparecer toda

vez que se sentisse insignificante, as crianças nunca

conheceriam a beleza de construir um castelo num

fim de tarde de verão.

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Depois de tudo isto, permitam-me fazer mais uma pergunta, não a ela, mas a vocês caros amigos: Não vos surpreendeu? Não vos encantou? Que é feito daquela ideia de pessoa reservada e equidistante, que dela tínhamos? Pois aqui fica a atriz, a encenadora e a mulher de cultura que desta forma era urgente conhecer e aplaudir: Maíra Ribeiro.

Manuel Ramos Costa

Brasil, Itália, Portugal… De qual destes países Maíra

é mais Maíra?

De todos e de nenhum? Brasil é o meu passado, Itália

foi o meu presente recente, mas Portugal é o meu

futuro e a minha escolha, por isso, neste momento,

não me vejo em mais nenhum lugar, senão aqui.

Arrisco a dizer que sinto-me mais portuguesa do que

muitos portugueses.

Qual é o teu lema de vida?

Não deixar nada para amanhã, a não ser que seja para

ajudar alguém e tentar sempre deixar o mundo um

bocadinho melhor do que o encontrei.

Que compras gostarias de fazer agora mesmo para

teu conforto?

Sou péssima a fazer compras! Mas se fosse comprar

alguma coisa, confortava a minha alma com um

cruzeiro pelo Mediterrâneo, uma cozinha com ilha e

mais um quarto em casa, gigante, para transformar

em sala de ensaio!

***

Palmela acolheu o XVIII Fórum Permanente de Teatro,

uma organização da Federação Portuguesa de Teatro

em parceria com o Teatro Sem Dono.

A Federação Portuguesa de Teatro contou com a

parceria institucional do Município de Palmela o

Fórum aconteceu no Cine Teatro S. João e na Escola

Básica Hermenegildo Capelo, onde decorreram a

maioria dos painéis de formação.

As boas-vindas do grupo anfitrião foram prestadas

pelos “Caramelos”, figuras típicas da zona que

animaram os participantes desta edição. A saber:

Associação dos Funcionários da Câmara Municipal

de Póvoa de Lanhoso, ATA – Acção Teatral Artimanha,

Clube da Sertã – A.Com.Te.Ser – Companhia Teatral

da Sertã, Contacto – Companhia de Teatro Água

Corrente de Ovar, GAFT – Alma de Ferro, GETAS –

Centro Cultural de Sardoal, Grupo de Teatro Palha

de Abrantes, Grupo de Teatro Renascer, Grupo

Nun´Álvares - Teatro Vitrine, Grupo de Animação

e Teatro Espelho Mágico, Os Plebeus Avintenses,

Páteo das Galinhas – Grupo Experimental de Teatro

Figueira da Foz, Teatro Nova Morada, TIL – Teatro

Independente de Loures, Tin.Bra – Grupo de Teatro

Infantil de Braga, TPN – Teatro Passagem de Nível,

KaixaCriativa – Associação Cultural, ACAL- Associação

Cultural e Artística de Lourosa, Grupo de Solidariedade

Musical e Desportiva de Talaíde – Talaus Teatro, Teatro

Estranhamente Louco e Absurdo, Teatro dos Barris e

Teatro Amador ENSAIARTE.

O Vereador da Cultura Luís Miguel Calha endereçou

a todos os participantes deste fórum uma excelente

jornada de trabalho, mostrando-se orgulhoso por

receber uma iniciativa deste género, frisando a

XVIII FÓRUM PERMANENTE DE TEATROO Fórum “da maioridade” - Palmela Encantou-NOS!18 edições do Fórum Permanente de Teatro!!! Atingimos a “maioridade”! a co nte c e u n o s d i a s 2 4 , 2 5 e 2 6 d e M a rço e m Pa l m e l a

estr

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importância que o Teatro possui para o concelho de

Palmela.

Neste 18º Fórum os participantes puderam optar por

13 painéis de formação:

JOGO DRAMÁTICO – “Uma história para continuar”

– MARIA SALVATERRA; PREPARAÇÃO DO ACTOR -

“Respiração e Voz” – IO APPOLLONI; PREPARAÇÃO

DO ACTOR – “Performance e Composição” – PAULO

PROENÇA; TRABALHO DO ACTOR FORA E DENTRO

DE ESPAÇOS CONVENCIONAIS – FERNANDO SOARES;

TÉCNICAS DO TEATRO DO OPRIMIDO – MAÍRA

RIBEIRO; IMPROVISAÇÃO – NUNO LOUREIRO;

TRABALHO SOBRE O TEXTO DO AUTOR – “Criação do

Espectáculo” – JORGE FRAGA; ANIMAÇÃO DE RUA

– JOANA GARRAS; CONSTRUÇÃO DE CENOGRAFIA E

ADEREÇOS – RUTE REIS & JOÃO FONSECA BARROS;

MARIONETAS – “Manipulação e Construção” –

CATARINA MOTA; ILUMINAÇÃO DE CENA – “Os

Equipamentos e a Montagem” – MIGUEL CRUZ &

RUI FERREIRA; CARACTERIZAÇÃO – AURORA GAIA e

FOTOGRAFIA – HUGO SILVA.

O habitual espaço de debate- “Painel de Dirigentes”

decorreu no Auditório da Biblioteca de Palmela onde

foram debatidos alguns projectos seguindo-se uma

visita aos painéis de formação pela primeira vez em

18 edições do Fórum.

No Fórum também os espectáculos, animação e

convívio marcam presença, logo na sexta-feira no

Cine- Teatro São João, subiu ao palco o grupo anfitrião

deste XVIII Fórum- O Teatro Sem Dono com a farsa

“Arlequim” de Carlo Goldoni.

No mesmo palco, no sábado, a convite do Teatro Sem

Dono assistimos a “Alucinações”, uma produção do

Palcos na Linha, encenado por Nuno Loureiro. Ainda

nessa noite os participantes podiam desfrutar do

convívio musical organizado pelo Teatro Sem Dono.

O espectáculo de Domingo é o encerramento dos

Painéis de Formação no Cine- Teatro S. João. Passaram

pelo palco os formandos do painel “Uma história para

continuar” com a apresentação em Teatro de Sombras

de uma história criada pelos próprios; o Painel de

Construção e Manipulação de Marionetas e ainda

os painéis de formação que tiveram como base de

trabalho o texto “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”

do dramaturgo Tiago Rodrigues. As apresentações

foram apoiadas pelos formadores e formandos dos

Painéis de Caracterização e Iluminação.

Aproximando-se o Dia Mundial do Teatro, não

podíamos deixar de ouvir a Mensagem deste ano,

escrita pela actriz francesa Isabelle Huppert, pela voz

da formadora Io Appolloni.

O XVIII Fórum termina com a fotografia de grupo,

entre risos, abraços e a alegria contagiante que une

esta “grande família” que é a Federação Portuguesa

de Teatro. Torre de Moncorvo está à nossa espera nos

dias 6, 7 e 8 de outubro para o XIX Fórum Permanente

de Teatro. O GAFT Alma de Ferro prometeu muita

alegria e coisas boas.

De uma Palmela que nos encanta para um nordeste

transmontano de encantos mil…… lá estaremos

todos juntos! Até já!!

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aTORRE DE MONCORVOO concelho de Torre de Moncorvo situa-se no

Nordeste Transmontano a sul do Distrito de Bragança,

fazendo fronteira a norte com Alfândega da Fé, a

nordeste com Mogadouro, a noroeste situa-se Vila

Flor, a sul e a sudoeste encontram-se Vila Nova de

Foz-Côa e Freixo de Espada-à-Cinta, respetivamente.

Atualmente este concelho faz parte da Comunidade

Intermunicipal do Douro, cuja sede é Vila Real,

existindo uma delegação em Lamego e outra

precisamente em Torre de Moncorvo.

Torre de Moncorvo situa-se aproximadamente, a

cerca de 400 metros de altitude, a meia encosta da

Serra do Reboredo, perto da fronteira com Espanha,

na confluência dos rios Sabor e Douro.

Abrange uma área territorial de 532 km2, que se

distribui por treze freguesias: Açoreira, Adeganha

e Cardanha, Cabeça Boa, Carviçais, Castedo, Felgar,

Souto da Velha, Felgueiras e Maçores, Horta da

Vilariça, Larinho, Lousa, Mós, Torre de Moncorvo,

Urros e Peredo dos Castelhanos. Tal como na

maioria dos concelhos do interior, a população

tem vindo a diminuir progressivamente, devido

não só à diminuição de natalidade, mas também à

desertificação.

Os rios Sabor e Douro são uma marca na paisagem

deste concelho, tal como o vale da Vilariça e a serra

do Reboredo.

O vale da Vilariça ter-se-á formado a partir de um lago

interior que foi enchendo ao longo de vários séculos

com detritos arrastados pelas correntes. Todos os

Invernos é alagado pelas águas, um fenómeno em

muitos aspetos semelhante às cheias do Egipto, mas

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a em menores proporções. Esta região é referida entre

os geógrafos como o “Vale do Nilo português”. Do

ponto de vista agrícola é um dos vales mais produtivos

do país.

O maior jazigo de ferro da Europa está na serra do

Reboredo, que está revestida por um manto vegetal

de espécies variadas e manchas de pinheiros,

medronheiros, cedros, castanheiros, sobreiros,

carvalhos, amendoeiras e vinhas. A composição

orográfica do território fica marcada pela estrutura

montanhosa, destacando-se a Serra do Reboredo,

que está revestida por um manto vegetal de espécies

variadas. Sublinhe-se que o retalho de carvalhal

primitivo é referido como a maior mancha de

carvalhos brancos da Europa. Note-se, que é aqui

que se encontra uma das maiores Jazidas de Ferro

da Europa. Incluem-se nesta composição ainda os

montes da Serra da Lousa, bem como de vales,

dos quais o mais importante é o vale da Vilariça,

adquirindo uma grande presença cénica no conjunto

das paisagens.

Nas margens dos rios Sabor e Douro existe outro

tipo de paisagem, a íngreme e acidentada paisagem

do “belo-horrível”, apenas acessível àqueles que se

atrevem através de penedos ciclópicos e vegetação

rasteira. É o mundo mais natural e selvagem que existe

no país. É também o paraíso de certas espéciesde

animais em vias de extinção, tais como: a lontra e

o lobo, o falcão, o açor, o corço, o gato selvagem, a

cobra bastarda e a águia pesqueira.

Uma grande área do Concelho pertence à denominada

Região Demarcada do Douro e, numa pequena

extensão, pela área classificada como Património

da Humanidade, pela UNESCO. Sendo um concelho

predominantemente rural, tem como principais

culturas a oliveira, a amendoeira e avinha, que

associada à pastorícia definem os principais aspetos

relacionados com os usos e costumes,a gastronomia

e o artesanato.Torre de Moncorvo tem as suas origens

no concelho medieval de Santa Cruz da Vilariça, sendo

este local abandonado no século XIII e, transferida

para o local onde hoje se situa. Esta é uma terra

de grande e ímpar magnitude Patrimonial Milenar,

aliada à valorização dos seus recursos endógenos,

com a respetiva envolvente natural e paisagística.

O Património Cultural edificado– castelos, igrejas,

capelas, solares, fontes e chafarizes – o património

arqueológico, as aldeias com valor histórico, a oferta

museológica, e o património imaterial, formam uma

malha de focus de atração cultural.

A excelência dos seus produtos gastronómicos,

sobretudo a sua doçaria, há muito conquistou

fama entre os seus congéneres e além-fronteiras.

Neste caso temos a amêndoa coberta, justamente

celebrada pela crítica, elevando internacionalmente o

nome deste concelho. Sublinhem-se ainda, os doces

de amêndoa, as empadas, cavacas, os enchidos,

caça, posta e os peixinhos da Foz do Sabor, o azeite,

o vinho, o queijo, o mel, o melão da Vilariça, entre

tantos outros.

Estes são motivos para que possa conhecer e disfrutar

de todas as potencialidades que o concelho de Torre

de Moncorvo lhe pode proporcionar. Porque em

Torre de Moncorvo, estamos 365 dias à sua espera!

14

Grupo de Teatro nascido como secção da Associação

Cultural de Torre de Moncorvo, em 2008, numa longa

marcha pela cultura, sentido que se torna de todo

impossível imaginar a nossa terra sem esta “alma” tão

presente e insistente.

Em 2010, tornamo-nos no 29º grupo constituinte

da atual FPTA (Federação Portuguesa de Teatro

Amador), em Assembleia-Geral realizada durante

mais um Fórum de Teatro Permanente que decorreu

em Ansião.

No caminho da consolidação, o nosso grupo

associativo autonomiza-se a 12 de Março de 2014,

com a ideia direcionada para um trabalho mais

estruturado e eficaz, uma participação, quase em

pleno, nos Fóruns da Federação e na formação

ministrada,de forma a que em todos os sectores, seja

possível apresentar resultados de mérito.

As nossas produções tem-se mostrado bastante

variadas e pugnando sempre pela qualidade, apesar

das limitações próprias da interioridade.

Destaque para as adaptações/encenações de

“O velho Ciumento” de Miguel Cervantes, “O

Consultório” de António Pires Cabral, “Falar verdade

a Mentir” de Almeida Garrett, “Deus lhe pague”

de Joracy Camargo, “A Farsa de Inês Pereira’ de Gil

Vicente, “O Morgado de Fafe Amoroso” de Camilo

Castelo Branco, ‘O Búfalo Fú’ de Álvaro Leonardo

Teixeira e “Auto de Fé – Um Eco da Inquisição” de J.

Rosa.

Em 2016, organizámos a primeira Mostra de Artes

Cénicas de Torre de Moncorvo - “Teatralma”, com

o apoio da autarquia, da fundação EDP e da FPTA,

entre outras entidades.

Somos presença assídua em vários festivais,

atividades sócios-culturais e animação de rua, quer

no concelho, quer na região e um pouco por todo

o lado; colaborando constante com outros grupos,

associações, autarquias e com o Agrupamento de

Escolas local.

Momentos marcantes acontecem desde 2011,

na Feira Medieval de Torre de Moncorvo que, em

crescendo dá visibilidade à terra e à região e torna o

trabalho do grupo gratificante.

Não esqueceremos a honra atribuída recentemente

ao “GAFT” e a este belíssimo cantinho da amêndoa

que foi, mais propriamente, a organização do Fórum

de Teatro (Outono)

Grupo GAFT - “ALMA DE FERRO”

BREVE HISTORIAL

prog

ram

a de

sal

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15

XIII CONCURSONACIONAL DE TEATRO

A XIII edição do Concurso Nacional de Teatro, uma

organização da Federação Portuguesa de Teatro,

Município da Póvoa de Lanhoso e Fundação Inatel,

decorreu ao longo de cinco semanas, no Theatro Club

da Póvoa de Lanhoso, enchendo a vila com a magia

do teatro.

A abertura dos espetáculos a concurso, no dia 28

de janeiro, foi da responsabilidade da “Contacto –

Companhia de Teatro Água Corrente de Ovar”, com

o drama “Medeia”, de Mário Cláudio. No dia 03 de

fevereiro “A Turista” o drama de Francisco Manata foi

apresentado pelo Grupo Mérito Dramático Avintense.

No dia 04 de fevereiro a ACAL – Associação Cultural e

Artística da Lourocoop, levou a palco o drama “Yerma”

de Frederico Garcia Lorca. De Esmoriz o Grupo de

Teatro Renascer apresentou “Flor Alma Espanca”, um

drama escrito em parceria com o saudoso Leandro

Vale. No dia 11, foi a vez do Grupo Dramático e

Recreativo da Retorta apresentar “Palco de Babel”

drama de Luís Campião. O Grupo de Teatro Amador de

Cristelo subiu a palco no dia 17, com a tragicomédia “O

segundo espelho” de Fernando Soares, da Amadora

chegou a Caixa Negra – Coletivo de Criação que

apresentou no dia 18 de fevereiro o drama “Restos

Interiores” de Carlos Alberto Machado. A comédia

chegou ao Teatro Club no dia 24 de fevereiro, pelos

Plebeus Avintenses e o seu espetáculo “Esta noite

improvisa-se” de Luigi Pirandello. O encerramento

dos espetáculos a concurso foi da responsabilidade

da Associação Recreativa e Cultural de Aveleda,

na r

ibal

ta

16

CONTE 2017

na r

ibal

taque apresentaram no dia 28, o épico de Alice Vieira

“Leandro, O Rei da Helíria”.

A cerimónia de encerramento realizou-se no

sábado dia 04 de março, no Theatro Club, palco da

competição, que, durante cerca de um mês, reuniu

nove companhias de todo o país. Uma noite cheia

de emoções, conduzida de forma bastante divertida

pelo apresentador Rafa Leite, e abrilhantada pelo

saxofonista Paulo Freitas. Tendo como convidado

de honra o patrono do Evento Ruy de Carvalho que

na comemoração dos seus 90 anos de idade e 75

de carreira não quis faltar à festa do Teatro, e como

ele próprio referiu, orgulha-se por ser um "amador

profissional", inspirando toda a audiência presente

com um discurso emotivo, onde mencionou que "Só

os amadores conseguem manter viva, esta chama

maravilhosa que é o teatro".

O grande vencedor da XIII Edição do Concurso

Nacional de Teatro de 2017, distinguido com o

Prémio “Ruy de Carvalho” para melhor espetáculo,

foi o Grupo Dramático e Recreativo da Retorta (do

Município de Valongo), com o espetáculo "Palco

de Babel". Repetindo a vitória no certame de

2015, com o espetáculo “Óculos do Sol”. “Palco de

Babel” venceu ainda, o Prémio “Orlando Worm”

para Melhor Iluminação (João Pereira), Prémio para

Melhor Ambiente Sonoro (Flávio Oliveira), Prémio

para Melhor Cenografia (João Paulo Pereira e

Octávio Pereira), Prémio para Melhor Guarda Roupa

(Ana Sousa), e o Prémio para Melhor Interpretação

Secundária Feminina (Ana Sousa), recebendo, ainda,

uma menção honrosa pela encenação de Laura

Ferreira. “Palco de Babel” venceu assim 6, das 11

categorias a Concurso.

A Comédia “Esta Noite Improvisa-se” dos Plebeus

Avintenses venceu nas categorias: Melhor

Interpretação Principal Feminina (Paula Vieira),

Melhor Interpretação Principal Masculina (Eduardo

Moura), Melhor Interpretação Secundária Masculina

(Sousa Moura), Prémio para Melhor Encenação

(Pedro Miguel Dias), recebendo, ainda, duas menções

honrosas pela interpretação de Marta Madureira e

17

na r

ibal

ta

pelo guarda roupa criado por Pedro Miguel Dias e

Teresa Vieira.

O espetáculo “Yerma” da ACAL – Associação Cultural

e Artística da Lourocoop, recebeu uma menção

honrosa pela interpretação de Joana Vilar.

O espetáculo “Leandro, o Rei da Helíria” da Associação

Recreativa e Cultural de Aveleda, concelho de Vila do

Conde, foi o grande vencedor do prémio “Maria da

Fonte”, atribuído pelo público que acompanhou os

diversos espetáculos a concurso.

De realçar, ainda, a homenagem efetuada através do

Prémio Prestigio e Personalidade "Fundação INATEL"

a Dantas Lima, cujo percurso e trabalho dignifica o

teatro e a cultura, um tributo a uma vida dedicada às

artes e ao associativismo nacional.

A Gala de Encerramento do Concurso Nacional de

Teatro 2017, ficou completa com a entrega, por parte

da FPTA, do Prémio Ibéria 2017, ao grupo de teatro “La

Trapera Teatro” de Navarra pelo espetáculo “El Juego

del Amor y del Azar”. O Prémio Ibéria é destinado a

galardoar uma produção de um grupo associado da

Confederación Escenamateur. Congénere espanhola

da FPTA - Federação Portuguesa de Teatro.

O Júri desta XIII edição do Concurso Nacional de

Teatro, foi composto por Maria Torcato Baptista

(Município de Póvoa de Lanhoso), Rui Sérgio

(Fundação INATEL) e Emílio Gomes (Federação

Portuguesa de Teatro).

À cerimónia de entrega de prémios seguiu-se um

verde de honra para todos os convidados, que pelo

segundo ano consecutivo, trouxe paladares de todo o

país, através do apoio de empresas e municípios que

trouxeram para a Póvoa de Lanhoso os seus produtos

mais típicos, numa parceria muito interessante

que permitiu a todos os convidados disfrutarem

da gastronomia nacional, ao mesmo tempo que se

consubstanciou num momento de convívio entre

todos os participantes.

18

na r

ibal

ta

A XIII Edição do Concurso Nacional de Teatro terminou com a certeza que o Evento é uma bandeira

do melhor teatro associativo do país.

Encontramo-nos em 2018, até lá.

Anabela Teixeira

19

Foi através do Estudo de Maria Helena Serôdio

de 1998 que fiz uma leitura atenta e preocupada,

tentando visualizar a realidade da época e a actual.

Quase 10 anos depois.

É um facto que os apoios para a Cultura e Artes

aumentaram gradualmente, verificando-se um

grande investimento dos municípios principalmente

no que diz respeito aos equipamentos. Todos os

concelhos do país (assim espero) têm uma sala de

espetáculos, com mais ou menos equipamento.

No entanto, a quantidade de equipamentos culturais

existentes não personifica quantidade de espetáculos

teatrais. Há concelhos com excelentes salas, repletas

de todo o equipamento de última geração, mas a falta

de políticas culturais concretas, com programação

deficitária, sem propósitos e objectivos, torna-as

obsoletas. Existem outros casos, onde as companhias

de teatro residentes, quase sempre de cariz

associativo, dão a utilização devida a estes espaços.

Com mais ou menos espetadores os espetáculos

acontecem.

São necessárias e urgentes políticas concretas de

apoio ao teatro amador, ao das Associações. Àqueles

que depois de uma jornada de trabalho ou de estudo,

abdicam do conforto da sua casa e da companhia dos

seus familiares, para se entregarem de corpo e alma

à arte teatral. Nestes grupos, ora são actores nesta

ou naquela produção, ou cenógrafos e aderecistas.

Varrem o chão e carregam o material de iluminação

e som ou dão uma mãozinha na encenação. Pois sim.

O espírito de equipa e de partilha é este mesmo.

Arregaçar as mangas para o que for preciso. Assim se

aprende. É este o espírito do Associativismo.

Como se mantêm estes grupos de teatro associativo?

Quem os apoia? São as quotas pagas pelos associados

a 1€ por mês? É o resultado da bilheteira com bilhetes

a 2 ou 3€? Como fazem?

As artes e a cultura devem ser apoiadas pelo estado.

Ora vejamos mais concretamente o Artigo 78.º

Capítulo III da Constituição da República Portuguesa

(Fruição e criação cultural):

1. Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem

como o dever de preservar, defender e valorizar o

património cultural.

2. Incumbe ao Estado, em colaboração com todos os

agentes culturais:

a) incentivar e assegurar o acesso de todos os

cidadãos aos meios e instrumentos de ação cultural,

bem como corrigir as assimetrias existentes no país

em tal domínio;

b) apoiar as iniciativas que estimulem a criação

individual e coletiva, nas suas múltiplas formas e

expressões, e uma maior circulação das obras e dos

bens culturais de qualidade;

c) promover a salvaguarda e a valorização do

património cultural, tornando-o elemento vivificador

da identidade cultural comum;

d) desenvolver as relações culturais com todos os

povos, especialmente os de língua portuguesa,

e assegurar a defesa e a promoção da cultura

portuguesa no estrangeiro;

e) articular a política cultural e as demais políticas

Que Cultura Teatral temos no nosso País?

Quem apoia os vários intervenientes?

boca

de

cena

20

sectoriais.

O estado apoia diretamente algumas classes de

grupos teatrais. Os teatros nacionais em Lisboa e no

Porto. Existem ainda as parcerias entre universidades

e municípios. Os que estão na alçada do estado

central (Centro Cultural de Belém), os semi-privados

(Fundação Gulbenkian, Culturgest e Fundação

Serralves) e as companhias independentes que

recebem (e bem) apoios da Direção Geral das Artes.

Até parece que estamos num jogo entre Lisboa

e o Porto e mais algumas cidades (poucas) onde

predominam as salas, as sessões…. Sobrepondo-se

muitas vezes, deixando mesmo o espectador dividido

entre aquele espetáculo ou o outro….

A distribuição geográfica do investimento tem

sido desde sempre regionalmente assimétrica,

favorecendo Lisboa e os grandes centros em

detrimento do resto do país.

Nos anos noventa, o Ministério da Cultura promoveu a

criação de Centros Regionais das Artes do Espetáculo,

seguindo um modelo comum em outros países

europeus. Viseu e Évora foram caso de sucesso, assim

como refundação do TNSJ. Os centros projectados

para outras cidades não se concretizaram por falta de

meios suficientes.

No lugar destes Centros e desta Rede continuaram as

chamadas companhias da descentralização, radicadas

no interior a partir de 1974. Estas companhias terão

beneficiado, sobretudo a partir do fim dos anos

oitenta, do maior apoio da autarquia local.

Actualmente continuam a ser as autarquias locais

a “sustentar” o associativismo teatral. Grande

parte dos municípios conscientes da importância

das associações no seu espectro local, criaram

regulamentos de atribuição de subsídios, maior

percentagem de valor de acordo com a quantidade e

relevância das actividades a realizar. Que critérios são

utilizados na sua avaliação? Quem avalia os Planos

de Atividades de associações de cariz tão distinto? O

Futebol não é Teatro e o Folclore não é Música de

Filarmónica!

Talvez tenhamos que “baralhar e dar de novo”,

entendem?

Há coisas que têm de mudar. O Teatro é só um! Somos

todos iguais!

Tânia Maria Falcão

(Presidente da FPTA)

boca

de

cena

21

Convidamos para a nossa conversa um dos

grandes visionários do teatro do século XX, que,

independentemente do êxito maior ou menor dos

seus trabalhos e das suas encenações, marcou toda

a estética teatral nas décadas seguintes, a ponto

de poucos serem hoje os que não se reconhecem

seus herdeiros: Antonin Artaud. Tomamos como

ponto de partida para esta conversa não um dos

seus manifestos sobre o “teatro da crueldade”, que

mais conhecido o tornaram, mas umas notas que

terá escrito nos primeiros anos da década de trinta

do século passado, sensivelmente na mesma altura

em que escreveu o seu artigo sobre o Teatro Balinês

publicado na Nouvelle Revue Française em 1931,

acusando ainda a mesma admiração perante os

espectáculos do teatro do Bali a que tinha assistido

na Exposição Colonial então realizada.

Se o contexto do teatro balinês é importante para

interpretar essas notas que estabelecem um confronto

entre o teatro oriental e o teatro ocidental, o percurso

que se veio desenhando no ocidente desde os

princípio do século, já com a influência de Stanislavski

e de Meyerhold, mas sobretudo com as marcadas

posições anti-logocêntricas de Edward Gordon Graig

e com o elogio do lugar central do corpo humano na

CONVERSAS COM OS MESTRES Do texto dramático à dimensão

física e plástica do teatro

rep

ort

óri

o

“Conseguir vincular o teatro às possibilidades de expressão pelas formas, por tudo no domínio dos gestos, dos

ruídos, das cores, dos movimentos, etc., é restituir-lhe a sua directriz original, é restabelecer o seu aspecto

religioso e metafísico, é reconciliá-lo com o universo. […]

A fala, no teatro ocidental, é apenas utilizada para exprimir os conflitos psicológicos do homem e da

realidade quotidiana da vida humana. Tais conflitos são facilmente decididos através da linguagem falada,

e quer permaneçam na esfera psicológica, quer a abandonem para entrarem na esfera social, o interesse do

drama será ainda e sempre moral dependendo da forma pela qual os conflitos atacarem e desintegrarem as

personagens. […] Todavia, estes conflitos morais não têm, precisamente pela sua natureza, a necessidade

absoluta dum palco para serem resolvidos. Fazer com que a linguagem falada ou a expressão por palavras se

sobreponha, no palco, à expressão objectiva dos gestos e de tudo o que afecta o espírito por meios sensuais

e espaciais nada mais é do que desprezo pelas necessidades físicas do palco e antagonismo para com as

possibilidades que oferece.

Não posso deixar de afirmar que o domínio próprio do teatro não é psicológico, mas plástico e físico. E não

se trata de saber se a linguagem física do teatro é capaz de conseguir as mesmas soluções psicológicas que a

linguagem das palavras, se é capaz de exprimir sentimentos e paixões tão bem quanto as palavras, trata-se

sim de saber se não há, no domínio do pensamento e da inteligência, atitudes que as palavras sejam incapazes

de fixar e que os gestos e tudo o que participa numa linguagem espacial atinjam com muito maior precisão.”

(Antonin ARTAUD, “O teatro oriental e o teatro ocidental”, in O teatro e o seu duplo, trad. de Fiama Hasse Pais

Brandão, Lisboa, Fenda, 2006, pp. 77-78)

22

rep

ort

óri

o

prática teatral, que a obra de Adolphe Appia L’oeuvre

d’art vivant comporta, ajudam a compreender todo

um movimento que se foi desenhando no sentido

de recuperação de um outro sentido do teatro que

ia buscar a sua força e a sua energia não ao texto

dramático, não propriamente à linguagem verbal

característica do teatro ocidental mas aos corpos em

movimento, à sua fisicalidade e à sua espacialidade,

subalternizando aquilo que vários séculos de tradição

teatral europeia tinham colocado no centro do acto

teatral. Trata-se de procurar o centro do teatro não

no texto, mas noutro lugar, noutros dispositivos,

noutros recursos a que o teatro convencional

parecia fechar-se. Mas o mais interessante é que

este redireccionamento do teatro não pretende ser

uma descoberta, mas apenas um reencontro: um

reencontro que, no fundo, é uma reconciliação com o

universo e uma reconciliação com a vida.

É de teatro vivo que Artaud fala e falar de teatro vivo

é falar de vida no seu vigor, na sua energia, na sua

espontaneidade, na sua violência (sim, é também

de violência que se trata) criadora. Toda a criação

implica a irrupção de energias, a sua manifestação

em elevadas temperaturas, a sua orquestração, em

equilíbrios instáveis, em golpes que ferem os que nesse

processo participam, em confrontos dialécticos com a

realidade em si e não com as mediações verbais que

se substituem ao mundo e às coisas. Assim, muitos

anos antes de Michel Foucault ter escrito As palavras

e as coisas e ter assinalado uma ordem do saber

em que as palavras se foram substituindo às coisas

impedindo-nos o contacto directo com elas, algo que

acontece na cultura ocidental a partir do século XVII,

Artaud denuncia essa espécie de pecado original que

mais não é que uma máscara ou um medo de enfrentar

a vida. É por isso que o teatro de Artaud é também

ele um teatro das fontes e com as fontes, não das

23

fontes literárias, mas das fontes da energia, do grito,

do espanto e do espasmo, as fontes tumultuosas que

fazem do homem um prolongamento do mundo e

do mundo o espaço germinal do mais profundo do

humano. Assim, aquilo que parece uma fuga para o

exotérico, para o diferente, para o estranho, como

o teatro balinês ou as práticas teatrais mexicanas,

não é senão uma tentativa de reencontro da vida

no seu estado puro, selvagem e primitivo, nas suas

tensões e nas suas contradições, no seu dinamismo e

na sua efervescência. É isso que oferecem os gestos

e os corpos em movimento a que Artaud chama

“hieróglifos vivos”, na sua cor, na sua espacialidade,

no seu ritmo e na nova metafísica que convocam.

Porque o teatro dos corpos não é um teatro apenas

de sentimentos, de emoções e sem ideias, sem

pensamento e sem inteligência. É um teatro que

sabe que a palavra não diz tudo o o que a mente

pode pensar e que há muitas ideias que germinam

no interior do homem que se furtam às codificações

verbais que a linguagem das palavras exprime. Daí

que o problema para o autor francês não esteja em

saber se com os gestos, os corpos, a cor, os sons e o

movimento se pode chegar a um nível de tradução

conceptual idêntico àquele que se atinge com a

linguagem verbal, mas sim em saber se a linguagem

física, espacial, corpórea e plástica não diz com

muito mais precisão atitudes do pensamento e da

inteligência que as palavras não conseguem traduzir.

E também não se pense que, com isso, se abre apenas

o caminho para um teatro sem palavras em que a

mímica se sobreporia ao verbo. Quando falamos

de palavras, a tradição do dualismo ocidental em

que crescemos e que tem mais de vinte séculos de

história, leva-nos a pensar no seu significado ou no

seu sentido, como se esse significado ou esse sentido,

sendo o espírito ou a alma das palavras, as esgotasse

na sua dimensão comunicativa. Esquecemos assim

que as palavras também têm corpo, ou melhor, as

palavras são também corpo e corpos, porque são

realidades físicas que circulam como ondas (ondas

sonoras, poderíamos dizer) no mesmo espaço em

que se movimentam corpos, se desenham gestos,

se sucedem mudanças de ritmo e se acendem e

apagam cores em fluxos permanentes de energia. O

que significa que as palavras, como sons, têm uma

presença física que se gera na modulação do ar e da

respiração e que nos golpeia como se de objetos,

pedras ou raios de luz se tratasse. Por isso, o teatro

de Artaud, um teatro que queira ser fiel à inspiração

de Artaud, não pode cair no defeito inverso de

esquecer as palavras pelo primado dos corpos e

do seu movimento. As palavras são corpo e são

movimento do corpo como resultado do movimento

das cordas vocais. Podem ser sussurros, podem ser

gritos, podem transportar o calor ou o frio da vida

que as alimenta, podem suspender-se no silêncio que

rep

ort

óri

o

24

é o outro rosto das palavras, bailar nos dedos e na

pele de quem as ouve ou pronuncia, podem renascer

num esgar em que se desenham ou encher o espaço

na sua fisicalidade sonora e impactante.

Tentando superar um exagerado psicologismo na

construção da arte teatral, não se trata, também,

no entanto, de esquecer sentimentos, emoções

e paixões. O “Théâtre de la cruauté” (que só é um

teatro da crueldade porque é um teatro da crueza, das

coisas em estado puro ou em estado cru) é também

ele feito do magma interior do ser humano nas suas

síncopes, espasmos, convulsões e frémitos. Mas os

conflitos psicológicos não se perdem, pelo primado da

dimensão verbal, em respostas moralistas de que se

tece muitas vezes o labiríntico interior de que somos

feitos. Encontram, com as emoções que geram, a sua

concretização e a sua transformação, na pele, nas

mãos, nos olhos, mas pernas, nos pés e sobretudo

na respiração em que repousa a arquitectónica deste

novo atletismo afectivo, desta nova forma de ser

actor, de habitar o espaço cénico e de o transformar

num espaço de provocação, de chamamento, de

interpelação e de presença, entretecendo-se e

rasgando-se com a poesia dos sons, dos gestos e das

cores. Daí que movimento e respiração sejam os dois

segredos com que se poderá inventar este teatro

que não recusa o conceito de metafísica, mas que o

abre a novas dimensões, nem rejeita os conceitos de

mística ou de mistério, mas os preenche com outras

realidades diferentes das cargas espirituais redutoras

da riqueza humana e da fecundidade do universo. É

uma nova metafísica dos gestos e da corporalidade

que aqui é postulada e essa nova metafísica surge de

uma imersão profunda na metafísica da vida e não da

metafísica que está para além da vida.

Reclamando uma nova metafísica do actor, o teatro

de Artaud reclama ao mesmo tempo uma nova

estética do espectador, que deixa de ser alguém

tranquilamente sentado à espera de uma mensagem

que as palavras recitadas lhe transmitem, para passar

a ser também um actor que percebe pelo corpo,

pelos olhos, pela pele e pelos ouvidos a força crua da

vida e a sua energia.

Peter Brook dizia que Artaud acabou por ser traído

por muitos que dele se reclamam, ou seja, pela

estética esquemática de muitos dos seus discípulos.

Num tempo e num contexto em que se confrontam

ou conflituam estéticas teatrais com o primado do

texto como aquelas que Artaud denuncia e estéticas

alternativas que mais não são que um esqueleto vazio

e inerte daquilo a que ele aspirava, talvez seja tempo

de reacender o seu projecto na fisicalidade do teatro

da vida e na plasticidade da vida do teatro.

João Maria Andrére

po

rtó

rio

25

amar

teat

ro 2

017

26