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PESQUISA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

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PESQUISA APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA

PORTUGUESA

MARIA ESTER VIEIRA DE SOUSA

Apresentação

A disciplina Pesquisa Aplicada ao Ensino de Língua Portuguesa possui uma

configuração bem específica dentro do Curso de Letras. Ela foi pensada como uma alternativa

para inserir o licenciando em Letras em um ambiente de pesquisa que o fizesse refletir sobre a

sua futura prática profissional. Atentos aos atuais paradigmas da educação, acreditamos que é

preciso pensar a formação inicial do professor de Língua Portuguesa como um profissional

capaz de articular teoria e prática. Para além de um chavão, acreditamos que a teoria, no

interior dos cursos de formação de professor, não pode ser vista como algo engessado ou

pronto e acabado. Deve informar uma prática de ensino e de aprendizagem, mas, ao mesmo

tempo, deve submeter-se à avaliação e à validação da prática.

É a partir dessa perspectiva que deve ser encarada essa disciplina cujo objetivo geral é

contribuir para a formação do professor pesquisador, aquele que faz uso de um saber teórico

para refletir sobre sua prática atual ou futura.

Esse objetivo geral desdobra-se em quatro objetivos específicos:

1. Distinguir os tipos de conhecimento, de pesquisa e seus instrumentos

2. Compreender os fundamentos gerais da pesquisa de campo

3. Realizar pesquisa em sala de aula de Língua Portuguesa

4. Elaborar relatório de pesquisa

Como se pode observar, a partir desses objetivos, essa disciplina exigirá que vocês

voltem às salas de aula, agora não mais como alunos, mas como pesquisadores. Assim sendo,

torna-se necessário ter clareza sobre o que é e como se faz uma pesquisa em sala de aula.

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Para tanto, inicialmente, faremos uma breve incursão sobre a natureza do

conhecimento e, especificamente, recuperaremos o que vocês já sabem sobre a natureza da

pesquisa. Nesse momento, procuraremos estabelecer uma articulação entre essa disciplina e

outras que vocês já cursaram em semestres anteriores, a exemplo de Metodologia do Trabalho

Científico, a fim de delimitarmos o terreno da pesquisa que vocês irão desenvolver.

Como se trata de uma disciplina que, visando uma prática de pesquisa, já delimita o

espaço de sua realização – a escola e, mais especificamente, a sala de aula –, torna-se

imprescindível melhor compreender esse contexto da pesquisa. Dessa forma, a escola e a sala

de aula serão tematizadas como instâncias sociais que constroem sentidos, os quais

antecedem o próprio ato da pesquisa. Ou seja, todos nós já sabemos algo sobre a escola e a

sala de aula, mesmo antes de frequentá-las, contudo, é preciso pensar essas instâncias para

além do senso comum, problematizando a sua função social.

Além disso, hoje, podemos dizer que o Brasil já possui certa tradição de pesquisas em

sala de aula de Língua Portuguesa. Isso nos obriga a, antes da fase de realização da pesquisa

propriamente dita, conhecermos um pouco do que já foi feito para evitar que nos

posicionemos sobre o que iremos observar como se fôssemos os primeiros. Isso é o que se

chama de conhecimento acerca do estado da arte, ou seja, precisamos saber o que já se disse

sobre o nosso objeto de pesquisa: o ensino de Português. Evidentemente, dada a quantidade

de trabalhos que tematizam a sala de aula de Língua Portuguesa, iremos estabelecer alguns

recortes, em função do objeto de estudo (ensino de leitura, de produção de texto, de análise

linguística) e da perspectiva teórica.

A realização de toda pesquisa exige uma fase inicial de elaboração de um plano de

trabalho. É preciso planejar, definir o que iremos observar, precisar os objetivos dessa

pesquisa, especificar a metodologia a ser utilizada. Essa é uma fase importantíssima para o

desenvolvimento satisfatório da pesquisa. Ademais, será também determinante para o

encaminhamento da fase seguinte: a elaboração do relatório final, após a realização da

pesquisa de campo. Cada uma dessas fases será paulatinamente trabalhada. Para tanto,

pretendemos discutir, a partir de modelos, em que consiste um plano e um relatório de

pesquisa antes da produção desses gêneros textuais.

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Sobre o conhecimento

Antes de começar a tratar da natureza da pesquisa que iremos desenvolver, considera-

se necessário fazer uma breve referência à noção de conhecimento e aos tipos de

conhecimento. Evidentemente, como essa é uma questão objeto de estudo da disciplina

Metodologia do Trabalho Científico, irei aqui retomar esse saber apenas para melhor situar o

nosso objeto de estudo nessa disciplina, qual seja, pesquisa em sala de aula de Língua

Portuguesa.

Segundo Aurélio Buarque Holanda, conhecimento, no sentido amplo, significa “[...]

atributo geral que têm os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida

de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência.” (FERREIRA, 1986, p. 454).

Observemos que, nessa acepção, o conhecimento independe de uma racionalidade que

selecionaria um ser dotado de consciência sobre si, sobre o outro e sobre o mundo. É nesse

sentido que dizemos que um gato, um cachorro conhecem o seu dono. Ainda assim, percebe-

se que o conhecimento exige ou requer daquele que conhece sempre uma atitude ou uma

ação ativa.

Num sentido mais restrito, conhecimento é dado como a “apropriação do objeto pelo

pensamento, como quer que se conceba essa apropriação: como definição, como percepção

clara, apreensão completa, análise, etc..” (idem). Observemos que, nessa acepção, já não é

mais possível falar de seres vivos de uma maneira geral, mas de seres vivos dotados de

racionalidade. Trata-se, portanto, de uma relação que se estabelece entre o homem e o

objeto, construída a partir de uma necessidade (humana) de desvendar ou desvelar algo (o

objeto do conhecimento ou aquilo que se deseja conhecer).

Além disso, é preciso verificar que, nessa acepção, o ato de conhecer seleciona

diferentes modos de o sujeito se apropriar do objeto. Esses modos de apropriação – “como

definição, como percepção clara, apreensão completa, análise etc..” – vão caracterizar ou

determinar os tipos de conhecimento.

Na verdade, pode-se dizer que, por meio do conhecimento, o homem tenta

compreender e explicar a realidade que, muitas vezes, apresenta-se como empecilho para sua

sobrevivência, como algo adverso. O desconhecido desperta a curiosidade; o desejo de

apossar-se de um saber move o homem a querer sempre conhecer para melhor dominar. Essa

busca pela compreensão da realidade, ainda que de modo empírico, sempre envolve a

utilização de recursos variados, que possibilitam ao sujeito acercar-se dos objetos, visando

desvendar sua lógica, entender seu modo de existência. Tornar a realidade inteligível é algo

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que todos nós seres humanos desejamos. Precisamos dar sentido às coisas que nos cercam,

torná-las acessíveis, explicá-las. O caos e o desconhecido amedrontam.

De um ponto de vista das nossas experiências cotidianas, tem

de conhecimento empírico ou do

necessidades imediatas do homem para

mundo e/ou sobreviver a suas intempéries. Como, em geral, é obtido de modo espontâneo a

partir de experiências repetidas e, muitas vezes, casuais, diz

assistemático, visto que não

organização específica.

Produzido a partir da necessidade de buscar soluções para problemas de

sobrevivência, é tido como um conhecimento histórico. São soluções decorrentes de

experiências casuais, de erros e acertos, sem fundamentação metodológica, analítica e

sistemática. Errando e aprendendo o homem vai construindo um saber sobre o mundo. As

soluções com as quais ele se contenta (ou que o satisfazem) tendem a ser repassadas de uma

geração a outra. Naturalmente, não estamos defendendo que o conhecimento empírico não

seja verdadeiro. As pesquisas científicas já demonstraram (comprovaram) a veracidade de

muitos saberes tidos até então como empíricos e populares. Que sirva de exemplo o valor

medicinal dos chás de nossas mães e avós, transmitido de geração em geração, hoje

confirmados pelas pesquisas farmacológicas. Dessa forma, podemos dizer que esse

conhecimento, em muitos casos, tem funcionado como decisivo para desencadear ou

alavancar o conhecimento tido como científico.

É por isso que, de modo geral, costuma

base ou mesmo a origem do saber humano. A vivência, a experiência, a observação, a

percepção constituem o seu fundamento. Apreciar, avaliar, julgar são

dizem respeito, ainda que não sejam deliberadamente planejadas nem executadas.

Você irá realizar uma Pesquisa Bibliográfica para relembrar as características do conhecimento do senso comum. Para tanto, sugerimos que você inicie essa pesquisa pela releitura do texto base da disciplina Metodologia do Trabalho Científico.

que todos nós seres humanos desejamos. Precisamos dar sentido às coisas que nos cercam,

las. O caos e o desconhecido amedrontam.

De um ponto de vista das nossas experiências cotidianas, tem-se o que se denomina

ou do senso comum. Trata-se de um conhecimento resultado das

necessidades imediatas do homem para resolver problemas prementes, para entender o

mundo e/ou sobreviver a suas intempéries. Como, em geral, é obtido de modo espontâneo a

partir de experiências repetidas e, muitas vezes, casuais, diz-se que esse é um conhecimento

assistemático, visto que não obedece a um método, nem possui um ordenamento ou uma

Produzido a partir da necessidade de buscar soluções para problemas de

sobrevivência, é tido como um conhecimento histórico. São soluções decorrentes de

e erros e acertos, sem fundamentação metodológica, analítica e

sistemática. Errando e aprendendo o homem vai construindo um saber sobre o mundo. As

soluções com as quais ele se contenta (ou que o satisfazem) tendem a ser repassadas de uma

Naturalmente, não estamos defendendo que o conhecimento empírico não

seja verdadeiro. As pesquisas científicas já demonstraram (comprovaram) a veracidade de

muitos saberes tidos até então como empíricos e populares. Que sirva de exemplo o valor

os chás de nossas mães e avós, transmitido de geração em geração, hoje

confirmados pelas pesquisas farmacológicas. Dessa forma, podemos dizer que esse

conhecimento, em muitos casos, tem funcionado como decisivo para desencadear ou

tido como científico.

É por isso que, de modo geral, costuma-se afirmar que o conhecimento empírico é a

base ou mesmo a origem do saber humano. A vivência, a experiência, a observação, a

percepção constituem o seu fundamento. Apreciar, avaliar, julgar são ações que também lhe

dizem respeito, ainda que não sejam deliberadamente planejadas nem executadas.

Você irá realizar uma Pesquisa Bibliográfica para relembrar as características do conhecimento do senso comum. Para tanto, sugerimos que você inicie essa pesquisa pela releitura do texto base da disciplina Metodologia do Trabalho Científico.

que todos nós seres humanos desejamos. Precisamos dar sentido às coisas que nos cercam,

se o que se denomina

se de um conhecimento resultado das

resolver problemas prementes, para entender o

mundo e/ou sobreviver a suas intempéries. Como, em geral, é obtido de modo espontâneo a

se que esse é um conhecimento

obedece a um método, nem possui um ordenamento ou uma

Produzido a partir da necessidade de buscar soluções para problemas de

sobrevivência, é tido como um conhecimento histórico. São soluções decorrentes de

e erros e acertos, sem fundamentação metodológica, analítica e

sistemática. Errando e aprendendo o homem vai construindo um saber sobre o mundo. As

soluções com as quais ele se contenta (ou que o satisfazem) tendem a ser repassadas de uma

Naturalmente, não estamos defendendo que o conhecimento empírico não

seja verdadeiro. As pesquisas científicas já demonstraram (comprovaram) a veracidade de

muitos saberes tidos até então como empíricos e populares. Que sirva de exemplo o valor

os chás de nossas mães e avós, transmitido de geração em geração, hoje

confirmados pelas pesquisas farmacológicas. Dessa forma, podemos dizer que esse

conhecimento, em muitos casos, tem funcionado como decisivo para desencadear ou

se afirmar que o conhecimento empírico é a

base ou mesmo a origem do saber humano. A vivência, a experiência, a observação, a

ações que também lhe

dizem respeito, ainda que não sejam deliberadamente planejadas nem executadas.

Você irá realizar uma Pesquisa Bibliográfica para relembrar as características do conhecimento do senso comum. Para tanto, sugerimos que você inicie essa pesquisa pela releitura do texto base da disciplina Metodologia do

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.

Sobre o conhecimento científico

O Conhecimento Científico, semelhante ao conhecimento do senso comum, também

surge da necessidade de encontrar soluções para problemas com os quais convivemos.

Contudo, o modo como ele se organiza torna-o diferente. Requer do sujeito uma investigação

planejada, por meio de métodos e técnicas específicas. Além disso, em alguns casos, não basta

apresentar explicações para os problemas, é preciso testar essas explicações, submetê-las à

crítica1. Estamos agora falando de ciência e do método científico.

Contudo, é preciso perceber que, mais uma vez, os campos se cruzam. Se não,

vejamos. Etimologicamente, a palavra ciência, que vem do latim scientia, significa saber,

conhecimento2. Portanto, em sua origem, essa palavra não possui o estatuto que hoje a

atribuímos, ou seja, ainda não determinava um modo específico de produzir saber.

Para nos limitarmos a uma acepção hoje mais corrente para ciência, vamos recorrer

mais uma vez ao Aurélio:

Ciência: Conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos,

historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade que

permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e

linguagens próprias, que visam compreender e orientar a natureza e as

atividades humanas. (FERREIRA, 1986, p.469)

Desse verbete de dicionário, podemos retirar todas as características do conhecimento

científico de que tratam vários autores3: social, histórico, universal, objetivo, metódico,

comunicável. Produzido pelo homem em uma temporalidade determinada, submetido a

condições também históricas e sociais de sua transmissibilidade, o conhecimento científico,

embora objetivo e universal, não é infalível. Muda com o homem e com suas condições de

existência. O que sabemos hoje sobre o universo, por exemplo, é resultado de saberes

acumulados, transformados e de descobertas realizadas. Até pouco tempo, aprendemos, por

1 A experimentação é característica das pesquisas nas áreas das chamadas ciências exatas , ciências da natureza e

ciências médicas. Na área das ciências humanas, esse não é um procedimento tão utilizado. 2 “Esse menino tem ciência das coisas” era um enunciado que eu costumava ouvir dos mais velhos. Eles sabiam bem

do que estavam falando. 3 Para conferir, sugerimos a leitura de Severino (1993), Rodrigues (2006), dentre vários outros manuais de

metodologia científica.

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exemplo, que plutão era um planeta. Há pouco tempo, a comunidade científica, a partir de um

reordenamento do conhecimento sobre os planetas, nos fez saber qu

conhecimento verdadeiro. Ora, mudou o objeto ou a forma de percebê

Sobre a pesquisa científica

A palavra pesquisa ganhou hoje ares de cotidianidade. “Vou pesquisar” é uma

frase que se aplica a tudo: Vou pesquisar o preço

seu marido tem uma amante, vou pesquisar se amanhã vai chover. Pesquisar assumiu

a acepção de “querer saber”. É preciso atribuir

mudemos de foco de observação.

Chegamos, então, a outro

qual hoje as vemos proliferar. Os avanços tecnológicos das últimas décadas, também

eles resultado de pesquisas, permitiram ao homem a utilização de instrumentos cada

vez mais aperfeiçoados para auxiliar n

telescópios (gigantes) permitiram ao homem sondar espaços até então inimagináveis.

Os microscópios – um dos mais recentes é o chamado

permitiram aos cientistas “ver” o invisível

do espaço já não é mais uma metáfora; ver o invisível também não. As descobertas

desses novos instrumentos proporcionaram o desenvolvimento de tecnologias cada

vez menores, dando origem à chamada nanotecnologia.

Lembre

exemplo, que plutão era um planeta. Há pouco tempo, a comunidade científica, a partir de um

reordenamento do conhecimento sobre os planetas, nos fez saber que esse já não era mais um

conhecimento verdadeiro. Ora, mudou o objeto ou a forma de percebê-lo?

Sobre a pesquisa científica

A palavra pesquisa ganhou hoje ares de cotidianidade. “Vou pesquisar” é uma

frase que se aplica a tudo: Vou pesquisar o preço dessa mercadoria, vou pesquisar se

seu marido tem uma amante, vou pesquisar se amanhã vai chover. Pesquisar assumiu

a acepção de “querer saber”. É preciso atribuir-lhe o adjetivo “científico” para que

mudemos de foco de observação.

Chegamos, então, a outro patamar de discussão: as pesquisas científicas

qual hoje as vemos proliferar. Os avanços tecnológicos das últimas décadas, também

eles resultado de pesquisas, permitiram ao homem a utilização de instrumentos cada

vez mais aperfeiçoados para auxiliar no desenvolvimento de suas pesquisas. Os

telescópios (gigantes) permitiram ao homem sondar espaços até então inimagináveis.

um dos mais recentes é o chamado microscópio de tunelamento

permitiram aos cientistas “ver” o invisível – os átomos, as moléculas. Dessa forma, sair

do espaço já não é mais uma metáfora; ver o invisível também não. As descobertas

desses novos instrumentos proporcionaram o desenvolvimento de tecnologias cada

vez menores, dando origem à chamada nanotecnologia.

Lembre-sePara uma discussão acerca da noção ampla e restrita de pesquisa, sugerimos a leitura do livro de Bagno (1998). O

autor nos apresenta essa discussão, em linguagem simples e com exemplos bem corriqueiros.

exemplo, que plutão era um planeta. Há pouco tempo, a comunidade científica, a partir de um

e esse já não era mais um

A palavra pesquisa ganhou hoje ares de cotidianidade. “Vou pesquisar” é uma

dessa mercadoria, vou pesquisar se

seu marido tem uma amante, vou pesquisar se amanhã vai chover. Pesquisar assumiu

lhe o adjetivo “científico” para que

: as pesquisas científicas tal

qual hoje as vemos proliferar. Os avanços tecnológicos das últimas décadas, também

eles resultado de pesquisas, permitiram ao homem a utilização de instrumentos cada

o desenvolvimento de suas pesquisas. Os

telescópios (gigantes) permitiram ao homem sondar espaços até então inimagináveis.

microscópio de tunelamento –

os, as moléculas. Dessa forma, sair

do espaço já não é mais uma metáfora; ver o invisível também não. As descobertas

desses novos instrumentos proporcionaram o desenvolvimento de tecnologias cada

Para uma discussão acerca da noção ampla e restrita de pesquisa, sugerimos a leitura do livro de Bagno (1998). O

autor nos apresenta essa discussão, em linguagem simples e com exemplos bem corriqueiros.

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O físico Cylon Gonçalves da Silva, em seu texto “

“Instrumentos como o microscópio de tunelamento e outros estendem nossa "visão" até

tamanhos na faixa de bilionésimo de metro.” E acrescenta que essa medida (bilionésimo de

metro) é chamada de nanômetro. Vocês já ouviram falar de nanômetro? Pois é, trata

uma unidade de medida, como o metro, o centímetro, o milímetro. Dito assim, não fazemos

ideia do que significa, não conseguimos formar uma ideia mental. Foi com essa s

recorri à internet em busca de algo que pudesse me dar uma imagem que me permitisse

assimilar essa “nova” medida. Vejamos a representação que encontrei.

Figura 1

4 Texto disponível em http://www.comciencia.br

Procure na internet mais informações sobre esse tipo de microscópio e as suas potencialidades.

Agora é com você

Gonçalves da Silva, em seu texto “O que é nanotecnologia?

“Instrumentos como o microscópio de tunelamento e outros estendem nossa "visão" até

tamanhos na faixa de bilionésimo de metro.” E acrescenta que essa medida (bilionésimo de

metro) é chamada de nanômetro. Vocês já ouviram falar de nanômetro? Pois é, trata

uma unidade de medida, como o metro, o centímetro, o milímetro. Dito assim, não fazemos

ideia do que significa, não conseguimos formar uma ideia mental. Foi com essa s

recorri à internet em busca de algo que pudesse me dar uma imagem que me permitisse

assimilar essa “nova” medida. Vejamos a representação que encontrei.

Figura 1 – Comparação entre grandezas

http://www.comciencia.br. Acessado em setembro de 2009.

Procure na internet mais informações sobre esse tipo de microscópio e as suas potencialidades.

O que é nanotecnologia?”4, afirma:

“Instrumentos como o microscópio de tunelamento e outros estendem nossa "visão" até

tamanhos na faixa de bilionésimo de metro.” E acrescenta que essa medida (bilionésimo de

metro) é chamada de nanômetro. Vocês já ouviram falar de nanômetro? Pois é, trata-se de

uma unidade de medida, como o metro, o centímetro, o milímetro. Dito assim, não fazemos

ideia do que significa, não conseguimos formar uma ideia mental. Foi com essa sensação que

recorri à internet em busca de algo que pudesse me dar uma imagem que me permitisse

Procure na internet mais informações sobre esse tipo de microscópio e as

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FONTE: Fábio Roberto Machado Jordão. In http://baixaki.ig.com.br/tecnologia/artigos.asp?au=46

Utilizando essa imagem, o autor nos explica que comparar um nanômetro a uma

moeda de 1 centavo seria equivalente a comparar o tamanho da Terra a uma bola de futebol

que possuísse 29 cm. Provavelmente, você está se perguntando: O que isso tem a ver com a

nossa disciplina? Qual a relação dessa discussão com a pesquisa em sala de aula? Para que

essa professora está falando (escrevendo) sobre isso?

Explicarei. Em primeiro lugar, trago esses exemplos para dizer que as pesquisas – hoje

tão avançadas, tão modernas – não estão distantes de nossa realidade de simples mortais.

Vejamos o que diz Cylon Gonçalves da Silva, em artigo já citado:

Nanotecnologia não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Biologia, na ciência e Engenharia de Materiais, e na Computação, que visam estender a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo. As aplicações possíveis incluem: aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos, mais seguros e menos prejudiciais ao paciente dos que os disponíveis hoje; criar materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos, para prédios, automóveis, aviões; e muito mais inovações em desenvolvimento ou que ainda não foram sequer imaginadas. Economia de energia, proteção ao meio ambiente, menor uso de matérias primas escassas, são possibilidades muito concretas dos desenvolvimentos em nanotecnologia que estão ocorrendo hoje e podem ser antevistos.

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Observemos que esses novos instrumentos de pesquisa permitiram, por exemplo, o

desenvolvimento de chips de computadores, de sondas minúsculas que viajam pelo inter

nosso corpo, de sondas potentes e gigantes que viajam pelo espaço sideral.

O segundo motivo por que trago essa discussão é para provar que essas pesquisas nos

fazem entender melhor o mundo em que vivemos. O terceiro é para dizer que existe uma

“realidade” invisível a nossos olhos e que, por isso, faz

nossos olhos, usando lentes

campos do saber, essas lentes podem ser os microscópios e os telescópios que funcionam com

instrumentos de pesquisas; em outros, podem ser a teoria que necessariamente está por trás

de todo conhecimento dito científico.

Como situar as pesquisas no campo das chamadas ciências humanas e sociais no

interior dessas discussões? Para introduzir essa discussão, apenas mencionarei os dois grandes

paradigmas do fazer científico: o positivista e o interpretati

Conforme Bortoni-Ricardo (2008), as raízes da teoria da ciência encontram

pensamento dos filósofos gregos antigos (Sec. IV a.C.). Remetem para uma ontologia ou uma

teoria geral do conhecimento, cujo foco era o

humano. O paradigma positivista também tem influência do pensamento filosófico dos séculos

XVI, XVII e XVIII, mas se estrutura como referência no século XIX. Nesse último século, “[...] a

teoria da ciência começou a confundir

todo conhecimento legítimo passou a ter sua fundamentação na pesquisa científica.”

(BORTONI-RICARDO, 2008, p.13). Dessa forma, a imaginação deveria ser subordinada à

observação da realidade.

A relação do conhecimento com

denomina de certeza sensível, ou seja, aquilo que é percebido, captado, verificado pelos

sentidos. Já a certeza metódica caracteriza

percepção. Do ponto de vista

sujeito cognoscente e o objeto cognoscível.

Para saber mais entre no site http://www.comciencia.br

Observemos que esses novos instrumentos de pesquisa permitiram, por exemplo, o

de computadores, de sondas minúsculas que viajam pelo inter

nosso corpo, de sondas potentes e gigantes que viajam pelo espaço sideral.

O segundo motivo por que trago essa discussão é para provar que essas pesquisas nos

fazem entender melhor o mundo em que vivemos. O terceiro é para dizer que existe uma

“realidade” invisível a nossos olhos e que, por isso, faz-se necessário informar e conf

lentes capazes de nos fazer enxergar o que não vemos. Em alguns

campos do saber, essas lentes podem ser os microscópios e os telescópios que funcionam com

instrumentos de pesquisas; em outros, podem ser a teoria que necessariamente está por trás

ento dito científico.

Como situar as pesquisas no campo das chamadas ciências humanas e sociais no

interior dessas discussões? Para introduzir essa discussão, apenas mencionarei os dois grandes

paradigmas do fazer científico: o positivista e o interpretativista.

Ricardo (2008), as raízes da teoria da ciência encontram

pensamento dos filósofos gregos antigos (Sec. IV a.C.). Remetem para uma ontologia ou uma

teoria geral do conhecimento, cujo foco era o ser ou como o mundo se dá a conh

. O paradigma positivista também tem influência do pensamento filosófico dos séculos

XVI, XVII e XVIII, mas se estrutura como referência no século XIX. Nesse último século, “[...] a

teoria da ciência começou a confundir-se com a teoria do conhecimento, de tal forma que

todo conhecimento legítimo passou a ter sua fundamentação na pesquisa científica.”

RICARDO, 2008, p.13). Dessa forma, a imaginação deveria ser subordinada à

A relação do conhecimento com a percepção da realidade caracteriza o que se

denomina de certeza sensível, ou seja, aquilo que é percebido, captado, verificado pelos

sentidos. Já a certeza metódica caracteriza-se pelo uso de instrumentos como mediador dessa

percepção. Do ponto de vista positivista, essa relação é baseada em uma antinomia entre o

sujeito cognoscente e o objeto cognoscível.

Para saber mais entre no site http://www.comciencia.br

Observemos que esses novos instrumentos de pesquisa permitiram, por exemplo, o

de computadores, de sondas minúsculas que viajam pelo interior de

O segundo motivo por que trago essa discussão é para provar que essas pesquisas nos

fazem entender melhor o mundo em que vivemos. O terceiro é para dizer que existe uma

se necessário informar e conformar os

capazes de nos fazer enxergar o que não vemos. Em alguns

campos do saber, essas lentes podem ser os microscópios e os telescópios que funcionam com

instrumentos de pesquisas; em outros, podem ser a teoria que necessariamente está por trás

Como situar as pesquisas no campo das chamadas ciências humanas e sociais no

interior dessas discussões? Para introduzir essa discussão, apenas mencionarei os dois grandes

Ricardo (2008), as raízes da teoria da ciência encontram-se no

pensamento dos filósofos gregos antigos (Sec. IV a.C.). Remetem para uma ontologia ou uma

ser ou como o mundo se dá a conhecer pelo ser

. O paradigma positivista também tem influência do pensamento filosófico dos séculos

XVI, XVII e XVIII, mas se estrutura como referência no século XIX. Nesse último século, “[...] a

do conhecimento, de tal forma que

todo conhecimento legítimo passou a ter sua fundamentação na pesquisa científica.”

RICARDO, 2008, p.13). Dessa forma, a imaginação deveria ser subordinada à

a percepção da realidade caracteriza o que se

denomina de certeza sensível, ou seja, aquilo que é percebido, captado, verificado pelos

se pelo uso de instrumentos como mediador dessa

positivista, essa relação é baseada em uma antinomia entre o

Para saber mais entre no site http://www.comciencia.br

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O paradigma interpretativista, oriundo no seio das ciências sociais e humanas, surge

como reação ao paradigma positivista, ao defender que o conhecimen

do contexto sócio-histórico. Nessa perspectiva, o pesquisador é considerado como agente

ativo que procura “entender, interpretar fenômenos sociais inseridos em um contexto”. Isso

significa dizer que a realidade e, portanto, o conheci

práticas sociais as quais constroem significados compartilhados.

Esses paradigmas, que remontam ao século XIX, tiveram e ainda têm grande influência

no modo de fazer ciência hoje. Em geral, costuma

embasa as pesquisas quantitativas e o interpretativista, as pesquisas qualitativas. Apresentarei

dois exemplos de pesquisa em nossa área, a fim de que possamos melhor distinguir o alcance

de cada uma delas.

A PESQUISA QUANTITATIVA E A

Iniciaremos por referenciar uma pesquisa de natureza quantitativa de opinião,

desenvolvida em 2007 e publicada em 2008. Trata

Brasil5, desenvolvida pelo Instituto Pr

comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros, e levantar junto

aos entrevistados suas opiniões relacionadas à leitura”

8-9). Chamo a atenção para os verbos

própria natureza, claramente nos informam sobre a natureza da pesquisa quantitativa. Mas a

5 Retratos da leitura no Brasil. Pró

ParaPostuladosinterpretativistapesquisadoruma

Agora é com você

O paradigma interpretativista, oriundo no seio das ciências sociais e humanas, surge

como reação ao paradigma positivista, ao defender que o conhecimento não pode prescindir

histórico. Nessa perspectiva, o pesquisador é considerado como agente

ativo que procura “entender, interpretar fenômenos sociais inseridos em um contexto”. Isso

significa dizer que a realidade e, portanto, o conhecimento que produzimos dependem das

práticas sociais as quais constroem significados compartilhados.

Esses paradigmas, que remontam ao século XIX, tiveram e ainda têm grande influência

no modo de fazer ciência hoje. Em geral, costuma-se afirmar que o paradigma positivista

embasa as pesquisas quantitativas e o interpretativista, as pesquisas qualitativas. Apresentarei

dois exemplos de pesquisa em nossa área, a fim de que possamos melhor distinguir o alcance

A PESQUISA QUANTITATIVA E A PESQUISA QUALITATIVA

Iniciaremos por referenciar uma pesquisa de natureza quantitativa de opinião,

desenvolvida em 2007 e publicada em 2008. Trata-se da pesquisa Retratos da leitura no

, desenvolvida pelo Instituto Pró-livro, cujo objetivo geral “foi diagnosticar e medir o

comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros, e levantar junto

aos entrevistados suas opiniões relacionadas à leitura” (Retratos da leitura no Brasil, 2008, p.

9). Chamo a atenção para os verbos diagnosticar e medir. Esses são verbos que, pela sua

própria natureza, claramente nos informam sobre a natureza da pesquisa quantitativa. Mas a

Retratos da leitura no Brasil. Pró-Livro. Disponível em: http://www.prolivro.org.br

Para conhecer melhor esses dois paradigmas, vocêPostulados do paradigma positivista e Postuladointerpretativista. In: BORTONI-RICARDO, Stellapesquisador: introdução à pesquisa qualitativa. Nouma discussão sobre essa questão.

O paradigma interpretativista, oriundo no seio das ciências sociais e humanas, surge

to não pode prescindir

histórico. Nessa perspectiva, o pesquisador é considerado como agente

ativo que procura “entender, interpretar fenômenos sociais inseridos em um contexto”. Isso

mento que produzimos dependem das

Esses paradigmas, que remontam ao século XIX, tiveram e ainda têm grande influência

radigma positivista

embasa as pesquisas quantitativas e o interpretativista, as pesquisas qualitativas. Apresentarei

dois exemplos de pesquisa em nossa área, a fim de que possamos melhor distinguir o alcance

Iniciaremos por referenciar uma pesquisa de natureza quantitativa de opinião,

se da pesquisa Retratos da leitura no

l “foi diagnosticar e medir o

comportamento leitor da população, especialmente com relação aos livros, e levantar junto

Retratos da leitura no Brasil, 2008, p.

. Esses são verbos que, pela sua

própria natureza, claramente nos informam sobre a natureza da pesquisa quantitativa. Mas a

você irá ler os capítulosPostulado do paradigma

Stella Maris. O professorNo fórum desenvolveremos

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pesquisa Retratos da leitura no Brasil traz vários outros dados que são reveladores da sua

natureza. Vejamos.

Logo na introdução do relatório, lê-se: “A margem de erro máxima estimada é de 1,4%,

com um intervalo de confiança de 95% (ou seja, se a mesma pesquisa for realizada 100 vezes,

em 95 delas terá resultados semelhantes)” (Retratos da leitura no Brasil, p.9). Observemos que

essa é uma maneira de os realizadores falarem sobre a imparcialidade e a objetividade da

pesquisa, garantindo ou asseverando o rigor e precisão dos resultados que serão

apresentados.

Do ponto de vista da definição das categorias que serão utilizadas para medir e

quantificar os dados, há informações que nos remetem ao universo da pesquisa quantitativa.

Como exemplo, cito um conceito básico que interfere diretamente na quantificação dos dados

obtidos: o conceito de leitor e de não leitor.

LEITOR: quem declarou ter lido pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses.

NÃO LEITOR: quem declarou não ter lido nenhum livro nos últimos 3 meses

(ainda que tenha lido ocasionalmente ou em outros meses do ano) (Retratos

da leitura no Brasil, 2008, p. 30)6.

Observemos que esse conceito com o qual trabalham os idealizadores dessa pesquisa

está diretamente relacionado ao objetivo definido e aos fins primeiros a que a pesquisa se

destina7.

Fiel ao modelo dos estudos quantitativos, o relatório apresenta vários dados

estatísticos, dentre os quais destacaremos alguns relacionados aos aspectos metodológicos

adotados. Conforme consta desse relatório, essa pesquisa, baseada em uma metodologia

internacional, foi aplicada em 311 municípios de todo país, e atingiu 5.012 pessoas,

6 Não pretendo discutir esse conceito adotado, contudo, não posso deixar de registrar que, por si só, ele já limita

um universo bem particular para se chegar ao número de leitores: primeiro, trata-se do leitor do suporte livro;

segundo, trata-se de um leitor delimitado por uma temporalidade bem específica (3 meses). Para um maior

esclarecimento acerca dessa questão, ver Sousa (2008). 7 Estou considerando que essa pesquisa, encomendada pelo mercado livreiro, tem como finalidade primeira

informar esse mercado acerca do seu público e permitir formular políticas de publicação de livros que, em princípio, tenham uma boa aceitação do mercado consumidor.

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representando, explicitam os responsáveis, 92% da população, a partir de cinco anos de idade.

Observemos que esses dados nos falam sobre a

Ainda do ponto de vista da metodologia da pesquisa e da amostragem pesquisada, faz

se necessário apresentar mais algumas informações que caracterizam a natureza quantitativa

da pesquisa. Conforme consta do relatório apresentado, foi aplicado um questionário do qual

constavam 60 questões, respondidas pelos informantes em seus domicílios. Esse questionário

contemplou perguntas relacionadas ao valor atribuído à leitura, ao perfil do leitor e do não

leitor, às suas preferências de leitura, às formas de acesso à leitura, d

respostas apresentadas, foram gerados vários gráficos que informam acerca dessas questões,

considerando variáveis, como sexo, idade, escolaridade, renda familiar, região do país em que

moram os informantes8.

Embora a pesquisa

compreensão dos leitores, destacarei duas conclusões apresentadas: 95 milhões de pessoas, o

que corresponde a 55% da população

entrevistados, são não leitores. A pesquisa registrou também que o brasileiro lê, em média, 4,7

livros por ano. Observe que essas conclusões, apresentadas de forma generalizada, tornaram

se possíveis pela representatividade do universo observado, decorrente do rigor e

estatísticas utilizadas.

Dessa forma, pode

rigorosamente um plano anteriormente traçado, além de primar pela objetividade, pela

imparcialidade do pesquisador e pela representatividade do

8 Para verificar esses dados, recomendo uma visita ao

9 Na pesquisa anterior, realizada em 2000/2001, e divulgada em 2002, esse número era de 49% da população. Isso

significa que houve um avanço nesse sentido.

representando, explicitam os responsáveis, 92% da população, a partir de cinco anos de idade.

Observemos que esses dados nos falam sobre a representatividade do universo pesquisado.

nto de vista da metodologia da pesquisa e da amostragem pesquisada, faz

se necessário apresentar mais algumas informações que caracterizam a natureza quantitativa

da pesquisa. Conforme consta do relatório apresentado, foi aplicado um questionário do qual

onstavam 60 questões, respondidas pelos informantes em seus domicílios. Esse questionário

contemplou perguntas relacionadas ao valor atribuído à leitura, ao perfil do leitor e do não

leitor, às suas preferências de leitura, às formas de acesso à leitura, dentre outras. A partir das

respostas apresentadas, foram gerados vários gráficos que informam acerca dessas questões,

considerando variáveis, como sexo, idade, escolaridade, renda familiar, região do país em que

Embora a pesquisa não visasse avaliar a qualidade da leitura e nem o nível de

compreensão dos leitores, destacarei duas conclusões apresentadas: 95 milhões de pessoas, o

que corresponde a 55% da população9, são leitores, e 77 milhões, que corresponde a 45% dos

, são não leitores. A pesquisa registrou também que o brasileiro lê, em média, 4,7

livros por ano. Observe que essas conclusões, apresentadas de forma generalizada, tornaram

se possíveis pela representatividade do universo observado, decorrente do rigor e

Dessa forma, pode-se afirmar que, em geral, a pesquisa quantitativa segue

rigorosamente um plano anteriormente traçado, além de primar pela objetividade, pela

imparcialidade do pesquisador e pela representatividade dos dados.

os, recomendo uma visita ao site já citado.

Na pesquisa anterior, realizada em 2000/2001, e divulgada em 2002, esse número era de 49% da população. Isso

significa que houve um avanço nesse sentido.

Espero que, a partir desse exemplo, a noção de pesquisa quantitativa, da qual, em geral, lemos apenas as características, tenha se tornado

mais palpável, mais concreta

representando, explicitam os responsáveis, 92% da população, a partir de cinco anos de idade.

do universo pesquisado.

nto de vista da metodologia da pesquisa e da amostragem pesquisada, faz-

se necessário apresentar mais algumas informações que caracterizam a natureza quantitativa

da pesquisa. Conforme consta do relatório apresentado, foi aplicado um questionário do qual

onstavam 60 questões, respondidas pelos informantes em seus domicílios. Esse questionário

contemplou perguntas relacionadas ao valor atribuído à leitura, ao perfil do leitor e do não

entre outras. A partir das

respostas apresentadas, foram gerados vários gráficos que informam acerca dessas questões,

considerando variáveis, como sexo, idade, escolaridade, renda familiar, região do país em que

não visasse avaliar a qualidade da leitura e nem o nível de

compreensão dos leitores, destacarei duas conclusões apresentadas: 95 milhões de pessoas, o

, são leitores, e 77 milhões, que corresponde a 45% dos

, são não leitores. A pesquisa registrou também que o brasileiro lê, em média, 4,7

livros por ano. Observe que essas conclusões, apresentadas de forma generalizada, tornaram-

se possíveis pela representatividade do universo observado, decorrente do rigor e precisão das

se afirmar que, em geral, a pesquisa quantitativa segue

rigorosamente um plano anteriormente traçado, além de primar pela objetividade, pela

Na pesquisa anterior, realizada em 2000/2001, e divulgada em 2002, esse número era de 49% da população. Isso

Espero que, a partir desse exemplo, a noção de pesquisa quantitativa, da qual, em geral, lemos apenas as características, tenha se tornado

mais palpável, mais concreta

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A pesquisa qualitativa, originada no campo das ciências sociais, em geral, não está

preocupada com a quantidade do corpus a ser utilizado. A princípio, o que a caracteriza é a

opção pela interpretação do fenômeno a ser observado, predominando a capacidade de

análise dos dados. Observar, descrever, compreender são verbos que caracterizam a natureza

dessa pesquisa.

A pesquisa qualitativa pode assumir diferentes configurações. Pode, por exemplo,

utilizar dados resultantes de uma pesquisa de campo10 ou pode se caracterizar por uma

pesquisa documental. Semelhante ao que fiz com a pesquisa quantitativa, apresentarei um

exemplo de pesquisa qualitativa. Dessa feita, vou propor a simulação de uma pesquisa

documental. Para iniciarmos essa simulação, a primeira etapa que discutirei será a definição

do objeto da pesquisa.

Digamos que o nosso interesse continua sendo a leitura e um dos objetivos da pesquisa

seja verificar a concepção de leitura em livros didáticos utilizados no Ensino Fundamental.

Observem que já definimos o objeto, o objetivo e o corpus a ser utilizado na pesquisa. Mas, do

ponto de vista metodológico, é preciso estabelecer outras delimitações. Utilizaremos livros

didáticos de que disciplina? Português, Inglês, História, Geografia? Após essa definição,

teremos que decidir se utilizaremos livros de todas as séries do ensino fundamental ou

estabeleceremos uma nova delimitação.

Digamos que tenhamos optado por utilizar como corpus da pesquisa livros didáticos (LD)

utilizados no sexto ano do Ensino Fundamental (EF) na disciplina Língua Portuguesa(LP).

Impõe-se, então, outra delimitação: iremos analisar todos os livros de que o mercado dispõe?

Se não, qual o critério que utilizaremos para a seleção? Suponhamos que um dos critérios seja

utilizar como corpus os livros mais utilizados em escolas públicas de um determinado

município. Então, antecede a essa pesquisa, uma outra: identificar os livros usados nesse

município. Se se trata de um grande município, com inúmeras escolas, utilizando diferentes

livros, podemos decidir analisar aqueles livros utilizados em mais escolas.

Embora estejamos simulando uma pesquisa, é preciso prever algumas surpresas.

Digamos que se trate de um município pequeno em que todas as escolas públicas tenham

optado pelo mesmo livro. Isso não é motivo para desistir da pesquisa. Esse é um estudo de

caso e tem sua importância. Só não pode incorrer em generalizações.

Agora sim, chegamos a algumas definições relevantes para a nossa pesquisa:

10

Posteriormente, falarei sobre os procedimentos da pesquisa de campo, tendo em vista que será esse modelo de pesquisa que proporemos para ser realizada, especificamente em sala de aula.

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1. Objeto de estudo: concepção de leitura em livros didáticos de LP

2. Corpus a ser utilizado: Livros didáticos de LP do sexto ano do EF mais

utilizados em escolas públicas do município X.

3. Objetivo: verificar a concepção de leitura que embasa os LD utilizados

em escolas públicas do município X.

Para dar conta desse objetivo, o pesquisador deverá selecionar nos LD todas as

atividade de leitura e proceder a uma análise criteriosa, com base em um referencial teórico

que dê conta das diversas concepções de leitura que hoje informam o ensino e a

aprendizagem desse conteúdo. Contudo, apenas a análise das atividades constantes do LD

nem sempre é suficiente. Quase sempre, faz-se necessário, para assegurar uma avaliação mais

completa do LD, analisar o que os seus autores dizem, na introdução do livro e,

principalmente, no manual do professor11, acerca do tratamento dispensado à leitura. Torna-

se, então, necessário analisar e confrontar esses dois documentos: o livro do aluno – atento às

atividades de leitura – e o manual do professor – atento, principalmente, ao que dizem os

autores sobre o ensino e a aprendizagem da leitura e sobre a teoria que utilizam. Pode ocorrer

que os autores definam-se por uma teoria que privilegia uma concepção de leitura e as

atividades propostas para os alunos contradigam essa perspectiva teórica.

De preferência, além da análise do manual do professor, pode-se proceder a uma leitura

do Guia de avaliação do livro didático (do Programa Nacional do Livro didático), que pode ser

encontrado no site do MEC, e verificar se o manual escolhido consta desse guia. Caso conste

dos LD indicados pelo MEC, você irá encontrar uma resenha da qual consta uma avaliação

elaborada a partir dos critérios definidos pelo MEC. Caso o livro escolhido não faça parte desse

guia, você poderá utilizar os critérios lá estabelecidos para proceder à sua análise.

Após realizada a análise, os resultados a que você poderá chegar caracterizam a

pesquisa qualitativa. O que garante cientificidade a essa pesquisa é o compromisso do

pesquisador com a teoria adotada e com a análise dos dados.

11

Vale lembrar que, por uma exigência do MEC, todos os livros didáticos publicados nas últimas duas décadas deverão trazer o manual do professor no qual deverão apresentar o embasamento teórico utilizado.

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Como mencionei anteriormente, há vários tipos de pesquisa

caracterizadas como interpretativistas. Em Metodologia d

oportunidade de discutir esses tipos de pesquisa e os procedimentos metodológicos inerentes

a cada uma. Caso não esteja lembrado, sugiro que você rele

Conforme coloquei na apresentação da disciplina, o nosso objetivo principal é

encaminhar você para a realização de uma pesquisa em sala de aula de Língua Portuguesa. O

tipo de pesquisa que propomos se caracteriza como uma “pesquisa de ca

procedimentos devem estar bem claros antes de sua realização. Contudo, antes de me deter

na abordagem dessas questões, torna

espaço em que essa pesquisa ocorrerá: a escola e, especificamente

A escola enquanto instituição social

A escola moderna é definida por alguns estud

Manacorda (1996), como uma instituição disciplinar. Foucault, em

gênese da escola urbana como uma instituição que, nos moldes atuais, origina

XVII e XVIII, tendo como base outras instituições sociais, a exemplo dos quartéis, dos

conventos e dos manicômios. Essas instituições participam da construção ou da fabricação do

sujeito moderno12.

Nessa perspectiva, a instituição escolar tem como função ordenar a multiplicidade dos

sujeitos e estabelecer uma homogeneidade capaz de ser gerida, governada. O governo do

indivíduo inicia-se com o controle do corpo, através do adestrament

12

Para saber sobre a escola em outros períodos históricos, recomendo a leitura de Manacorda, o qual apresenta um brilhante estudo, a partir de dmomentos importantíssimos da história da humanidade, desde os antigos egípcios até o século XX. É importante conhecer como se ensinava e como se aprendia em outras civilizações, até mesmo para que possamos venem sempre fazemos diferente e que o que, às vezes, chamamos de moderno possui uma historia que remota a outras épocas.

E, então, ficou claro o que caracteriza uma pesquisa qualitativa? Para conferir um exemplo de análise de livro didático nessa perspectiva, proponho a leitura do texto Política de leitura para o ensino médio

Agora é com você

Como mencionei anteriormente, há vários tipos de pesquisa

caracterizadas como interpretativistas. Em Metodologia do Trabalho Científic

oportunidade de discutir esses tipos de pesquisa e os procedimentos metodológicos inerentes

a cada uma. Caso não esteja lembrado, sugiro que você releia aqueles textos.

Conforme coloquei na apresentação da disciplina, o nosso objetivo principal é

encaminhar você para a realização de uma pesquisa em sala de aula de Língua Portuguesa. O

tipo de pesquisa que propomos se caracteriza como uma “pesquisa de ca

procedimentos devem estar bem claros antes de sua realização. Contudo, antes de me deter

na abordagem dessas questões, torna-se necessário recuperar um pouco da discussão sobre o

espaço em que essa pesquisa ocorrerá: a escola e, especificamente, o espaço da sala de aula.

A escola enquanto instituição social

A escola moderna é definida por alguns estudiosos, a exemplo de Foucault (1987) e

Manacorda (1996), como uma instituição disciplinar. Foucault, em Vigiar e punir

urbana como uma instituição que, nos moldes atuais, origina

XVII e XVIII, tendo como base outras instituições sociais, a exemplo dos quartéis, dos

conventos e dos manicômios. Essas instituições participam da construção ou da fabricação do

Nessa perspectiva, a instituição escolar tem como função ordenar a multiplicidade dos

sujeitos e estabelecer uma homogeneidade capaz de ser gerida, governada. O governo do

se com o controle do corpo, através do adestramento de suas ações. Foucault

Para saber sobre a escola em outros períodos históricos, recomendo a leitura de História da Educação

Manacorda, o qual apresenta um brilhante estudo, a partir de documentos históricos, de resgate da educação em momentos importantíssimos da história da humanidade, desde os antigos egípcios até o século XX. É importante conhecer como se ensinava e como se aprendia em outras civilizações, até mesmo para que possamos venem sempre fazemos diferente e que o que, às vezes, chamamos de moderno possui uma historia que remota a

E, então, ficou claro o que caracteriza uma pesquisa qualitativa? Para conferir um exemplo de análise de livro didático nessa perspectiva, proponho a leitura do texto Política de leitura para o ensino médio: o PNLEM e o LD (SOUSA, 2005).

que podem ser

Científico, você teve a

oportunidade de discutir esses tipos de pesquisa e os procedimentos metodológicos inerentes

Conforme coloquei na apresentação da disciplina, o nosso objetivo principal é

encaminhar você para a realização de uma pesquisa em sala de aula de Língua Portuguesa. O

tipo de pesquisa que propomos se caracteriza como uma “pesquisa de campo”, cujos

procedimentos devem estar bem claros antes de sua realização. Contudo, antes de me deter

se necessário recuperar um pouco da discussão sobre o

, o espaço da sala de aula.

os, a exemplo de Foucault (1987) e

Vigiar e punir, trata da

urbana como uma instituição que, nos moldes atuais, origina-se nos séculos

XVII e XVIII, tendo como base outras instituições sociais, a exemplo dos quartéis, dos

conventos e dos manicômios. Essas instituições participam da construção ou da fabricação do

Nessa perspectiva, a instituição escolar tem como função ordenar a multiplicidade dos

sujeitos e estabelecer uma homogeneidade capaz de ser gerida, governada. O governo do

o de suas ações. Foucault

História da Educação, de Mario ocumentos históricos, de resgate da educação em

momentos importantíssimos da história da humanidade, desde os antigos egípcios até o século XX. É importante conhecer como se ensinava e como se aprendia em outras civilizações, até mesmo para que possamos verificar que nem sempre fazemos diferente e que o que, às vezes, chamamos de moderno possui uma historia que remota a

E, então, ficou claro o que caracteriza uma pesquisa qualitativa? Para conferir um exemplo de análise de livro didático nessa perspectiva, proponho a leitura do texto

: o PNLEM e o LD (SOUSA, 2005).

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nos fala sobre uma retórica corporal da honra – uma construção histórica (séculos XVII e XVIII)

– que transforma os corpos dos indivíduos em objeto e alvo do poder: o corpo que se analisa e

se manipula, que se modela nos mínimos detalhes, através de limitações, obrigações,

proibições.

Como essa noção se aplica ao espaço escolar? A exemplo de outras instituições sociais,

a escola está diretamente afetada pelas noções de espaço e de tempo. Para Foucault, o espaço

escolar é do tipo analítico, ou seja, há um princípio de quadriculamento em que cada indivíduo

se define pelo lugar que ocupa: “cada indivíduo no seu lugar; e em cada lugar um indivíduo”

(p.131). Essa organização permite saber onde encontrar o indivíduo (presenças/ausências),

para vigiá-lo sistematicamente e analisá-lo/avaliá-lo constantemente. Esse espaço útil –

estabelecido a partir de uma distribuição e de uma divisão rigorosas – facilita a vigilância. Por

exemplo, na sala de aula, os bons alunos, em geral, sentam nas cadeiras da frente; o “fundão”

é ocupado pelos alunos considerados bagunceiros. Dessa forma, o professor rapidamente

localizaria cada aluno pela posição (o lugar) na sala de aula, o que facilitaria controlar e

dominar a turma.

A escola também trabalha com uma noção de tempo que segue a mesma lógica do

espaço serial, ou seja, o tempo deve ser útil, de boa qualidade, “nada deve ficar ocioso ou

inútil” (p. 137-138). Nessa dinâmica do tempo útil, todas as atividades de sala de aula devem

ser cronometradas: o tempo para a leitura do texto, o tempo para responder às atividades

propostas, o tempo para correção das atividades, o tempo para o recreio. Além disso, também

associada a essa noção de tempo, a aprendizagem deve obedecer a uma seriação e gradação:

cada exercício deve ser apresentado a seu tempo, a partir de uma sequência que vai do

considerado mais simples para o mais complexo. Os exercícios obedecem ao princípio da

repetição e da gradação das tarefas.

Nessa perspectiva, o tempo integralmente útil resulta de uma atividade constante de

fiscalização e controle. Dessa forma, é preciso anular tudo que possa distrair o aluno ou

perturbar a ordem instituída na sala de aula. Nesse sentido, as brincadeiras em sala de aula

são consideradas indesejadas, uma vez que dispersam os alunos e os impede de produzir.

Observe que a relação do sujeito com o objeto da aprendizagem passa a ser ajustado aos

imperativos do tempo. Assim, o sujeito disciplinado é aquele que controla do interior a

utilização do tempo para realização da sua própria aprendizagem. Ou seja, aluno deve se

tornar disciplinado a ponto de exercer seu próprio controle. Desse ponto de vista, os exercícios

objetivam controlar o tempo, o espaço e os movimentos do sujeito.

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A relação entre o mestre e o aprendiz é, ideal

e transferência de conhecimento. O professor é definido como aquele que sabe e que

consegue controlar os alunos e a aprendizagem; os alunos, por sua vez, são considerados

como aqueles que não sabem e que se deixam co

um ritual bem característico: separa os bons dos maus alunos; mede a capacidade do

educando para mudar de nível e, portanto, para conseguir colocar

em um outro tempo de aprendizagem.

Pesquisa em sala de aula: breves considerações sobre o estado da arte

Até a década de oitenta do século XX, no Brasil, havia pouca ou nenhuma experiência

de pesquisa em sala de aula. O normal era que se falasse da sala de aula a partir de uma teoria

sobre o ensino e aprendizagem de língua, sem levar em conta o que realmente ocorria durante

esse ensino e essa aprendizagem. Costuma

sempre o produto do ensino e da aprendizagem e não o processo, o qual reve

realmente os sujeitos concretos

Conforme Cavalcanti e Moita Lopes (1991, p. 135):

Os lingüistas aplicados, a partir de subsídios teóricos advindos da lingüística

e da psicologia, form

apresentavam abordagens fundamentadas de como isto é, apresentavam

abordagens fundamentadas de como a apresentação/recebimento do

insumo lingüístico deveria se dar, e mediam os resultados provenientes

deste proc

lingüístico.

Isso significa que havia um conhecimento indireto da sala de aula e que os

pesquisadores estavam interessados em formular propostas de como o professor deveria

ensinar. Em geral, esse conhecimento que era produzida fora da sala de aula era levado para a

sala de aula com o objetivo de testar esse novo modo de ensinar, com turmas experimentais e

Essa noção de escola como instituição social está aqui apresentada de forma bastante resumida. Para complementar essa discussão, você irá ler o texto pedagógico e discurso de sala de aula: (SOUSA, 2002). No fórum, aprofundaremos algumas questões.

A relação entre o mestre e o aprendiz é, idealmente, caracterizada pela domesticidade

e transferência de conhecimento. O professor é definido como aquele que sabe e que

consegue controlar os alunos e a aprendizagem; os alunos, por sua vez, são considerados

como aqueles que não sabem e que se deixam controlar. Nessa perspectiva, a avaliação segue

um ritual bem característico: separa os bons dos maus alunos; mede a capacidade do

educando para mudar de nível e, portanto, para conseguir colocar-se em outro espaço serial e

em um outro tempo de aprendizagem.

Pesquisa em sala de aula: breves considerações sobre o estado da arte

Até a década de oitenta do século XX, no Brasil, havia pouca ou nenhuma experiência

de pesquisa em sala de aula. O normal era que se falasse da sala de aula a partir de uma teoria

sobre o ensino e aprendizagem de língua, sem levar em conta o que realmente ocorria durante

esse ensino e essa aprendizagem. Costuma-se dizer que o objeto dessas pesquisas era quase

sempre o produto do ensino e da aprendizagem e não o processo, o qual reve

realmente os sujeitos concretos – professores e alunos – fazem no interior da sala de aula.

Conforme Cavalcanti e Moita Lopes (1991, p. 135):

Os lingüistas aplicados, a partir de subsídios teóricos advindos da lingüística

e da psicologia, formulavam métodos de ensino de línguas, isto é,

apresentavam abordagens fundamentadas de como isto é, apresentavam

abordagens fundamentadas de como a apresentação/recebimento do

insumo lingüístico deveria se dar, e mediam os resultados provenientes

deste processo através da administração de testes de conhecimento

lingüístico.

Isso significa que havia um conhecimento indireto da sala de aula e que os

pesquisadores estavam interessados em formular propostas de como o professor deveria

nhecimento que era produzida fora da sala de aula era levado para a

sala de aula com o objetivo de testar esse novo modo de ensinar, com turmas experimentais e

Essa noção de escola como instituição social está aqui apresentada de forma bastante resumida. Para complementar essa discussão, você irá ler o texto pedagógico e discurso de sala de aula: o diálogo entre o instituído e o inesperado (SOUSA, 2002). No fórum, aprofundaremos algumas questões.

mente, caracterizada pela domesticidade

e transferência de conhecimento. O professor é definido como aquele que sabe e que

consegue controlar os alunos e a aprendizagem; os alunos, por sua vez, são considerados

ntrolar. Nessa perspectiva, a avaliação segue

um ritual bem característico: separa os bons dos maus alunos; mede a capacidade do

se em outro espaço serial e

Pesquisa em sala de aula: breves considerações sobre o estado da arte

Até a década de oitenta do século XX, no Brasil, havia pouca ou nenhuma experiência

de pesquisa em sala de aula. O normal era que se falasse da sala de aula a partir de uma teoria

sobre o ensino e aprendizagem de língua, sem levar em conta o que realmente ocorria durante

se dizer que o objeto dessas pesquisas era quase

sempre o produto do ensino e da aprendizagem e não o processo, o qual revelaria o que

fazem no interior da sala de aula.

Os lingüistas aplicados, a partir de subsídios teóricos advindos da lingüística

ulavam métodos de ensino de línguas, isto é,

apresentavam abordagens fundamentadas de como isto é, apresentavam

abordagens fundamentadas de como a apresentação/recebimento do

insumo lingüístico deveria se dar, e mediam os resultados provenientes

esso através da administração de testes de conhecimento

Isso significa que havia um conhecimento indireto da sala de aula e que os

pesquisadores estavam interessados em formular propostas de como o professor deveria

nhecimento que era produzida fora da sala de aula era levado para a

sala de aula com o objetivo de testar esse novo modo de ensinar, com turmas experimentais e

Essa noção de escola como instituição social está aqui apresentada de forma bastante resumida. Para complementar essa discussão, você irá ler o texto Discurso

o diálogo entre o instituído e o inesperado (SOUSA, 2002). No fórum, aprofundaremos algumas questões.

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turmas de controle. Percebe

observar a sala de aula, compreender como se processava o ensino e a aprendizagem para,

posteriormente, propor alternativas. Por isso que se afirma que o foco dessas pesquisas era o

produto do ensino/aprendizagem.

Durante a década de noventa do século XX, em funçã

principalmente da linguística, passou

fundamentada em uma outra concepção de língua e de linguagem. Teoricamente, a reflexão

básica era que subjacente a toda prática pedagógi

linguagem que direta ou indiretamente orienta o fazer prático do professor em sala de aula.

Dessa forma, os processos de interação professor/aluno passaram a ser objeto de

investigação.

Ainda de acordo com Cavalc

O que a pesquisa em sala de aula de línguas pretende é exatamente dar

conta dessa construção ao investigar não o que antecede este processo e o

seu resultado, mas os processos interativos que caracterizam o contexto da

sala de aula, isto é, como o professor ensina e como o aluno aprende.

A quantidade de pesquisas desenvolvidas nessa última década demonstra uma

preocupação com o ensino e a aprendizagem, contudo, ainda hoje se percebe pouco reflexo

nas salas de aula. É por isso que cada vez mais os cursos de licenciatura passaram a se

preocupar em formar professores que sejam capazes de pensar a sua sala de aula como um

ambiente de pesquisa. Segundo Nóvoa (2000), “O professor pesquisador é aquele que

pesquisa e reflete sobre sua prática”.

Conforme Bortoni-Ricardo (2008, p. 46):

O professor pesquisador não se vê apenas como um usuário de

conhecimento produzido por outros pesquisadores, mas se propõe

também a produzir conhecimentos sobre seus problemas profissionais, de

form

turmas de controle. Percebe-se, portanto, que não havia uma preocupação em, primeiro,

sala de aula, compreender como se processava o ensino e a aprendizagem para,

posteriormente, propor alternativas. Por isso que se afirma que o foco dessas pesquisas era o

produto do ensino/aprendizagem.

Durante a década de noventa do século XX, em função de mudanças teóricas advindas

principalmente da linguística, passou-se a ter outra visão do ensino e da aprendizagem,

fundamentada em uma outra concepção de língua e de linguagem. Teoricamente, a reflexão

básica era que subjacente a toda prática pedagógica de ensino de língua há uma concepção de

linguagem que direta ou indiretamente orienta o fazer prático do professor em sala de aula.

Dessa forma, os processos de interação professor/aluno passaram a ser objeto de

Ainda de acordo com Cavalcanti e Moita Lopes (1991, p. 136):

O que a pesquisa em sala de aula de línguas pretende é exatamente dar

conta dessa construção ao investigar não o que antecede este processo e o

seu resultado, mas os processos interativos que caracterizam o contexto da

sala de aula, isto é, como o professor ensina e como o aluno aprende.

A quantidade de pesquisas desenvolvidas nessa última década demonstra uma

preocupação com o ensino e a aprendizagem, contudo, ainda hoje se percebe pouco reflexo

r isso que cada vez mais os cursos de licenciatura passaram a se

preocupar em formar professores que sejam capazes de pensar a sua sala de aula como um

ambiente de pesquisa. Segundo Nóvoa (2000), “O professor pesquisador é aquele que

re sua prática”.

Ricardo (2008, p. 46):

O professor pesquisador não se vê apenas como um usuário de

conhecimento produzido por outros pesquisadores, mas se propõe

também a produzir conhecimentos sobre seus problemas profissionais, de

forma a melhorar sua prática. O que distingue um professor pesquisador

Para saber mais sobre essas pesquisas, vamos voando ler o texto de Cavalcanti e Moita Lopes. No fórum, faremos uma discussão sobre ele.

se, portanto, que não havia uma preocupação em, primeiro,

sala de aula, compreender como se processava o ensino e a aprendizagem para,

posteriormente, propor alternativas. Por isso que se afirma que o foco dessas pesquisas era o

o de mudanças teóricas advindas

se a ter outra visão do ensino e da aprendizagem,

fundamentada em uma outra concepção de língua e de linguagem. Teoricamente, a reflexão

ca de ensino de língua há uma concepção de

linguagem que direta ou indiretamente orienta o fazer prático do professor em sala de aula.

Dessa forma, os processos de interação professor/aluno passaram a ser objeto de

O que a pesquisa em sala de aula de línguas pretende é exatamente dar

conta dessa construção ao investigar não o que antecede este processo e o

seu resultado, mas os processos interativos que caracterizam o contexto da

sala de aula, isto é, como o professor ensina e como o aluno aprende.

A quantidade de pesquisas desenvolvidas nessa última década demonstra uma

preocupação com o ensino e a aprendizagem, contudo, ainda hoje se percebe pouco reflexo

r isso que cada vez mais os cursos de licenciatura passaram a se

preocupar em formar professores que sejam capazes de pensar a sua sala de aula como um

ambiente de pesquisa. Segundo Nóvoa (2000), “O professor pesquisador é aquele que

O professor pesquisador não se vê apenas como um usuário de

conhecimento produzido por outros pesquisadores, mas se propõe

também a produzir conhecimentos sobre seus problemas profissionais, de

a a melhorar sua prática. O que distingue um professor pesquisador

Para saber mais sobre essas pesquisas, vamos voando ler o texto de Cavalcanti e Moita Lopes. No fórum, faremos uma discussão sobre ele.

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dos demais professores é seu compromisso de refletir sobre a própria

prática, buscando reforçar e desenvolver aspectos positivos e superar as

próprias deficiências. Para isso ele se mantém aberto a novas idéias e

estratégias.

Para que a pesquisa possa fazer parte do cotidiano do professor, torna-se necessário

que, na sua formação inicial – enquanto aluno de graduação –, esse professor tenha sido

iniciado em atividades de pesquisa. Um pesquisador e, particularmente, um professor

pesquisador não se forma por acaso, é preciso que haja uma iniciação fundamentada e

consistente.

Nesse quadro de referência e visando contribuir para a formação desse professor

pesquisador, a pesquisa que se propõe nessa disciplina é a pesquisa sobre a experiência de

sujeitos da educação: especificamente professores e alunos. Nesse sentido, a teoria,

compreendida enquanto ato, não pode ser entendida como se contrapondo à prática. É

preciso, antes, entender esses processos como complementares. Isso significa dizer que o

pesquisador realiza o seu trabalho fundamentado em uma teoria, no entanto, essa teoria não

pode ser uma camisa de força que impeça a observação da prática. Ao contrário, a prática

pode inclusive apresentar problemas que nos leve a questionar a validade da própria teoria,

principalmente quando se trata de uma pesquisa que lida com uma realidade tão dinâmica

quanto a da sala de aula.

Além disso, o pesquisador precisa estar preparado para as adversidades. A realização

de pesquisa em sala de aula nem sempre é algo fácil. É necessário ter o consentimento da

escola onde se realizará a pesquisa e do professor cuja aula será observada. Para tanto, torna-

se necessário que o pesquisador mantenha um contato inicial com a escola, apresente o seu

plano de trabalho à direção e ao professor, para sensibilizá-los em relação ao trabalho a ser

desenvolvido. Essa é uma fase de conquista em que, quase sempre, precisamos recorrer a

pessoas com as quais temos alguma relação de conhecimento.

Em geral, os professores veem essas pesquisas com desconfiança: alguns se sentem

invadidos; outros desconfiados. E quase todos reclamam que nunca ficam sabendo dos

resultados da pesquisa. Essa é, particularmente, uma reclamação com a qual concordo, dado

que, enquanto pesquisadores, devemos assumir o compromisso de divulgar os resultados de

nossos trabalhos naqueles lugares que, gentilmente, nos abriram as portas para a pesquisa.

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Além disso, essa relação conflituosa entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa possui

outras justificativas. Ocorre que, durante muito tempo (e ainda hoje se verifica), o professor

era quase sempre o alvo principal dessas pesquisas que visavam tão somente demonstrar que

ele não sabia ensinar, não tinha competência para tal. Isso, por si só, já é suficiente para as

dificuldades que encontramos quando tentamos encontrar uma escola e um professor que se

disponham a contribuir com nossas pesquisas.

Particularmente, compreendo o ensino como um processo submetido a diferentes

variáveis, dentre as quais há que se considerar que a aprendizagem decorre também do

compromisso do aluno e não apenas do professor. Dessa forma, coloco-me em um outro

patamar: minhas pesquisas não objetivam procurar um culpado, mas entender o evento de

sala de aula como um acontecimento cujo êxito depende de vários fatores. Defendo, portanto,

que ensinar e aprender são processos que envolvem diferentes sujeitos – dentre os quais, no

mínimo, incluem-se professor e alunos – que constroem diferentes relações:

De maneira geral, podemos observar que, em sala de aula, não é apenas o conteúdo de ensino que se torna foco do discurso de professores e alunos. É possível, claramente, identificar, nesse discurso, dois eixos temáticos básicos os quais, em sua generalidade, unificam uma situação discursiva tão heterogênea: ora a interlocução, naturalmente, tem como foco o conteúdo de ensino; ora a interlocução se volta para a construção da própria relação professor/aluno, marcada, em geral, por uma discussão que visa estabelecer/reiterar regras e normas de comportamento que sustentem essa relação

. Se, no primeiro caso, podemos dizer que o

professor exerce o papel de transmissor de informação, no segundo caso, o professor é o moralizador e o disciplinador. Isso parece ser típico da situação de sala de aula. (SOUSA, 2000, p.86)

Quanto se trata de pesquisas que têm como foco o conteúdo de ensino, durante muito

tempo, as análises detiveram-se na descrição das estruturas típicas das interações em sala de

aula, baseada no esquema iniciação-resposta-avaliação. Essa perspectiva de análise marcou

várias pesquisas em sala de aula, dentre as quais cito Erickson (1982), Kramsch (1984), Ehlich

(1985), Van Lier (1988), Cazden (1988), uma vez que tiveram grande influência nas pesquisas

desenvolvidas no Brasil, na década de noventa do século passado.

É certo que, ao lado dessa estrutura típica, outras formas de organização da interação em sala de aula também têm sido ressaltadas. Erickson (1982), por exemplo, analisando a interação professor/aluno, estabelece a seguinte divisão para a estrutura do discurso de sala de aula: de um lado, tem-se uma estrutura típica da atividade acadêmica (academic task structure), mais ou menos governada pela estrutura pergunta-resposta; de outro, uma estrutura mais próxima das características das trocas conversacionais (social participation struture), em que cada falante, seguindo um princípio

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local de organização dos turnos de fala, leva em conta a intervenção do outro, utilizandosegundo Erickson (1982), seria detlocal e não local, colocandode rituais preestabelecidos e a espontaneidade de um contexto mais livre. No Brasil, principalmente na década de 90, cresce o número de trabalhosque têm como foco a análise da interação em sala de aula tanto em língua estrangeira quanto em língua materna, dentre os quais citamos Bortoni e Lopes (1991), Smolka (19911994essas pesquisas revelem perspectivas teóricas distintas, o que implica um olhar diferente sobre a sala de aula, todas partem do pressuposto de que o funcionamento das interações em sala de aula tem um papel significativo na aquisição do conhecimento. (SOUSA, 2002, p. 58)

Como se pode observar, as pesquisas em sala de aula seguem diferentes rumos e,

resultado de diferentes perspectivas teóricas, constroem diferentes objetos de estudo.

Após a leitura desses textos, chegou a hora de pensarmos sobre a pesquisa que deverá

ser realizada. Dentre os vários tipos de pesquisa, a que estou propondo é a pesquisa de

campo, de base etnográfica.

Para a realização de uma pesquisa em sala de aula, o

objeto a ser investigado, poderá lançar mão de diferentes instrumentos de pesquisa:

entrevistas (com alunos, professores, diretores), questionários (para serem aplicados com

alunos, professores, diretores), gravação de aulas (em

de pesquisa.

Agora vamos ler dois textos que refletem diferentes modos de analisar o discurso de sala de aula: perspectiva teórica e um esboço de análise, de Ana Maria Smolka, e velho discurso da/na aula de leitura,

Agora é com você

Para saber mais sobre esse tipo de pesquisa, realize uma pesquisa bibliográfica. Consulte a internet ou recorra a livros a que você tem acesso. No fórum, desenvolveremos uma discussão sobre essa questão

Agora é com você

local de organização dos turnos de fala, leva em conta a intervenção do outro, utilizando-a na sua fala, reformulando-a etc. Nesse sentido, a aula, segundo Erickson (1982), seria determinada por princípios de organização local e não local, colocando-se como um meio termo entre a formalização de rituais preestabelecidos e a espontaneidade de um contexto mais livre. No Brasil, principalmente na década de 90, cresce o número de trabalhosque têm como foco a análise da interação em sala de aula tanto em língua estrangeira quanto em língua materna, dentre os quais citamos Bortoni e Lopes (1991), Smolka (1991b,1991c, 1992, 1997), Coracini (1992, 19941994b), Cançado (1994), Moita Lopes (1996, 1998), Kleiman (1998). Embora essas pesquisas revelem perspectivas teóricas distintas, o que implica um olhar diferente sobre a sala de aula, todas partem do pressuposto de que o funcionamento das interações em sala de aula tem um papel significativo

a aquisição do conhecimento. (SOUSA, 2002, p. 58)

Como se pode observar, as pesquisas em sala de aula seguem diferentes rumos e,

resultado de diferentes perspectivas teóricas, constroem diferentes objetos de estudo.

Após a leitura desses textos, chegou a hora de pensarmos sobre a pesquisa que deverá

ser realizada. Dentre os vários tipos de pesquisa, a que estou propondo é a pesquisa de

Para a realização de uma pesquisa em sala de aula, o pesquisador, dependendo do

objeto a ser investigado, poderá lançar mão de diferentes instrumentos de pesquisa:

entrevistas (com alunos, professores, diretores), questionários (para serem aplicados com

alunos, professores, diretores), gravação de aulas (em áudio ou vídeo), anotações em diários

Agora vamos ler dois textos que refletem diferentes modos de analisar o discurso de sala de aula: A prática discursiva na sala de aulaperspectiva teórica e um esboço de análise, de Ana Maria Smolka, e velho discurso da/na aula de leitura, de Maria Ester Vieira de Sousa.

Para saber mais sobre esse tipo de pesquisa, realize uma pesquisa bibliográfica. Consulte a internet ou recorra a livros a que você tem acesso. No fórum, desenvolveremos uma discussão sobre essa questão

local de organização dos turnos de fala, leva em conta a intervenção do a etc. Nesse sentido, a aula,

erminada por princípios de organização se como um meio termo entre a formalização

de rituais preestabelecidos e a espontaneidade de um contexto mais livre. No Brasil, principalmente na década de 90, cresce o número de trabalhos que têm como foco a análise da interação em sala de aula tanto em língua estrangeira quanto em língua materna, dentre os quais citamos Bortoni e

, 1992, 1997), Coracini (1992, 1994a, 96, 1998), Kleiman (1998). Embora

essas pesquisas revelem perspectivas teóricas distintas, o que implica um olhar diferente sobre a sala de aula, todas partem do pressuposto de que o funcionamento das interações em sala de aula tem um papel significativo

Como se pode observar, as pesquisas em sala de aula seguem diferentes rumos e,

resultado de diferentes perspectivas teóricas, constroem diferentes objetos de estudo.

Após a leitura desses textos, chegou a hora de pensarmos sobre a pesquisa que deverá

ser realizada. Dentre os vários tipos de pesquisa, a que estou propondo é a pesquisa de

pesquisador, dependendo do

objeto a ser investigado, poderá lançar mão de diferentes instrumentos de pesquisa:

entrevistas (com alunos, professores, diretores), questionários (para serem aplicados com

áudio ou vídeo), anotações em diários

Agora vamos ler dois textos que refletem diferentes modos de analisar o A prática discursiva na sala de aula: uma

perspectiva teórica e um esboço de análise, de Ana Maria Smolka, e O novo de Maria Ester Vieira de Sousa.

Para saber mais sobre esse tipo de pesquisa, realize uma pesquisa bibliográfica. Consulte a internet ou recorra a livros a que você tem acesso. No fórum, desenvolveremos uma discussão sobre essa questão

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Caso se decida por usar entrevistas ou questionário, o pesquisador deve ter o cuidado

de elaborar questões que estejam diretamente relacionadas ao seu objeto de estudo e aos

seus objetivos. No caso de en

preciso preparar antecipadamente um esboço do que será abordado. Em outras palavras, isso

significa dizer que a entrevista precisa, por um lado, dar conta do que se quer observar e, por

outro lado, estar atenta ao novo que pode surgir durante a sua realização.

Para a gravação de aulas, quer seja em áudio ou vídeo, é preciso decidir onde será

colocado o gravador ou a câmera. Após a gravação, a etapa seguinte é a da transcrição, fase

que exige muita paciência e capacidade de audição, para evitar falseamento dos dados. Se

necessário, procede-se a uma transcrição grossa e, depois, volta

transcrição fina, procurando ouvir os mínimos detalhes da gravação.

Já o diário de pesquisa deve ser utilizado para registrar impressões em relação ao

espaço observado, para anotar as dúvidas ou para fazer comentários que o pesquisador julgar

pertinente e que poderão ajudar na fase de análise dos dados. Por exemplo, em uma gravação

de uma aula, o professor poderá escrever uma frase na lousa e apenas dizer: “Veja aqui o que

eu escrevi.” Se o pesquisador não anotar essa frase, torna

transcrição, entender o diálogo que ocorrerá a partir desse momento.

Resumindo, é preciso registrar que, em qualquer situação e independente da natureza da

pesquisa e dos instrumentos a serem utilizados, há questões éticas que deverão ser

rigorosamente observadas. Já me referi a algumas, mas aqui gostaria de recuperá

esquematicamente, tendo em vista a importância que atribuo a essas questões, as quais nem

sempre são devidamente observadas:

Caso se decida por usar entrevistas ou questionário, o pesquisador deve ter o cuidado

de elaborar questões que estejam diretamente relacionadas ao seu objeto de estudo e aos

seus objetivos. No caso de entrevistas, ainda que se trate de entrevistas semi

preciso preparar antecipadamente um esboço do que será abordado. Em outras palavras, isso

significa dizer que a entrevista precisa, por um lado, dar conta do que se quer observar e, por

o lado, estar atenta ao novo que pode surgir durante a sua realização.

Para a gravação de aulas, quer seja em áudio ou vídeo, é preciso decidir onde será

colocado o gravador ou a câmera. Após a gravação, a etapa seguinte é a da transcrição, fase

muita paciência e capacidade de audição, para evitar falseamento dos dados. Se

se a uma transcrição grossa e, depois, volta-se a estabelecer uma

transcrição fina, procurando ouvir os mínimos detalhes da gravação.

uisa deve ser utilizado para registrar impressões em relação ao

espaço observado, para anotar as dúvidas ou para fazer comentários que o pesquisador julgar

pertinente e que poderão ajudar na fase de análise dos dados. Por exemplo, em uma gravação

la, o professor poderá escrever uma frase na lousa e apenas dizer: “Veja aqui o que

eu escrevi.” Se o pesquisador não anotar essa frase, torna-se difícil, no momento da

transcrição, entender o diálogo que ocorrerá a partir desse momento.

so registrar que, em qualquer situação e independente da natureza da

pesquisa e dos instrumentos a serem utilizados, há questões éticas que deverão ser

rigorosamente observadas. Já me referi a algumas, mas aqui gostaria de recuperá

ndo em vista a importância que atribuo a essas questões, as quais nem

sempre são devidamente observadas:

Para as regras de transcrição, ver Marcushi (2001) e Sousa (2002).

Caso se decida por usar entrevistas ou questionário, o pesquisador deve ter o cuidado

de elaborar questões que estejam diretamente relacionadas ao seu objeto de estudo e aos

trevistas, ainda que se trate de entrevistas semi-estruturadas, é

preciso preparar antecipadamente um esboço do que será abordado. Em outras palavras, isso

significa dizer que a entrevista precisa, por um lado, dar conta do que se quer observar e, por

Para a gravação de aulas, quer seja em áudio ou vídeo, é preciso decidir onde será

colocado o gravador ou a câmera. Após a gravação, a etapa seguinte é a da transcrição, fase

muita paciência e capacidade de audição, para evitar falseamento dos dados. Se

se a estabelecer uma

uisa deve ser utilizado para registrar impressões em relação ao

espaço observado, para anotar as dúvidas ou para fazer comentários que o pesquisador julgar

pertinente e que poderão ajudar na fase de análise dos dados. Por exemplo, em uma gravação

la, o professor poderá escrever uma frase na lousa e apenas dizer: “Veja aqui o que

se difícil, no momento da

so registrar que, em qualquer situação e independente da natureza da

pesquisa e dos instrumentos a serem utilizados, há questões éticas que deverão ser

rigorosamente observadas. Já me referi a algumas, mas aqui gostaria de recuperá-las

ndo em vista a importância que atribuo a essas questões, as quais nem

Para as regras de transcrição, ver Marcushi (2001) e

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1. O pesquisador só deverá iniciar a sua pesquisa com o consentimento da escola e do

professor13

2. O termo de consentimento para a realização da pesquisa

hipótese alguma, o pesquisador deverá fazer uma gravação, filmagem ou fotografia

sem que as pessoas saibam que estão sendo gravadas, filmadas ou fotografadas.

3. O pesquisador-observador deverá ter um comportamento discreto em sala de

para não se sobrepor ao professor. Jamais deverá interferir no andamento da aula.

Mesmo que o professor solicite, isso deve ser feito com ressalvas.

4. Quando se tratar de uma pesquisa participativa (ou pesquisa

serem desenvolvidas deverão ser rigorosamente planejadas e cada participante (o

professor e o pesquisador) deverá ter claro o papel a desempenhar.

5. Os alunos precisam ser informados pelo professor acerca da presença do pesquisador

em sala de aula. Caso eles se

negociação entre eles, o pesquisador e a direção da escola. Eles não são obrigados a

participar de nenhuma pesquisa.

6. Quando desenvolver entrevista com alunos, eles também deverão assinar o termo de

livre consentimento. Caso se neguem, a entrevista não deverá ser realizada.

7. No relatório de pesquisa, o anonimato de todos os sujeitos da pesquisa (professores,

alunos, diretores etc.) deverá ser preservado. Se necessário, o pesquisador poderá

usar nomes fictícios.

13

Normalmente, elaboro um documento que encaminho à direção das escolas solicitando o consentimento para a realização da pesquisa. Além disso, forneço um modelo de termo de consentimento que deverá ser lido e, caso consinta com a pesquisa, deverá ser assina

Agora, pense, reflita bem, escolha um tema e mãos à

obra. É hora de trabalhar. No fórum, discutiremos todos

os passos da elaboração do plano de pesquisa.

O pesquisador só deverá iniciar a sua pesquisa com o consentimento da escola e do

O termo de consentimento para a realização da pesquisa deverá ser assinado. Em

hipótese alguma, o pesquisador deverá fazer uma gravação, filmagem ou fotografia

sem que as pessoas saibam que estão sendo gravadas, filmadas ou fotografadas.

observador deverá ter um comportamento discreto em sala de

para não se sobrepor ao professor. Jamais deverá interferir no andamento da aula.

Mesmo que o professor solicite, isso deve ser feito com ressalvas.

Quando se tratar de uma pesquisa participativa (ou pesquisa-ação), as atividades a

das deverão ser rigorosamente planejadas e cada participante (o

professor e o pesquisador) deverá ter claro o papel a desempenhar.

Os alunos precisam ser informados pelo professor acerca da presença do pesquisador

em sala de aula. Caso eles se manifestem contrariamente, deverá haver uma

negociação entre eles, o pesquisador e a direção da escola. Eles não são obrigados a

participar de nenhuma pesquisa.

Quando desenvolver entrevista com alunos, eles também deverão assinar o termo de

mento. Caso se neguem, a entrevista não deverá ser realizada.

No relatório de pesquisa, o anonimato de todos os sujeitos da pesquisa (professores,

alunos, diretores etc.) deverá ser preservado. Se necessário, o pesquisador poderá

usar nomes fictícios.

Normalmente, elaboro um documento que encaminho à direção das escolas solicitando o consentimento para a

realização da pesquisa. Além disso, forneço um modelo de termo de consentimento que deverá ser lido e, caso consinta com a pesquisa, deverá ser assinado pelos professores e/alunos (Ver modelos em anexos A e B).

Acerca dos procedimentos da pesquisa-ação, ver THIOLLENT (1994).

Agora, pense, reflita bem, escolha um tema e mãos à

obra. É hora de trabalhar. No fórum, discutiremos todos

os passos da elaboração do plano de pesquisa.

O pesquisador só deverá iniciar a sua pesquisa com o consentimento da escola e do

deverá ser assinado. Em

hipótese alguma, o pesquisador deverá fazer uma gravação, filmagem ou fotografia

sem que as pessoas saibam que estão sendo gravadas, filmadas ou fotografadas.

observador deverá ter um comportamento discreto em sala de aula,

para não se sobrepor ao professor. Jamais deverá interferir no andamento da aula.

ação), as atividades a

das deverão ser rigorosamente planejadas e cada participante (o

Os alunos precisam ser informados pelo professor acerca da presença do pesquisador

manifestem contrariamente, deverá haver uma

negociação entre eles, o pesquisador e a direção da escola. Eles não são obrigados a

Quando desenvolver entrevista com alunos, eles também deverão assinar o termo de

mento. Caso se neguem, a entrevista não deverá ser realizada.

No relatório de pesquisa, o anonimato de todos os sujeitos da pesquisa (professores,

alunos, diretores etc.) deverá ser preservado. Se necessário, o pesquisador poderá

Normalmente, elaboro um documento que encaminho à direção das escolas solicitando o consentimento para a realização da pesquisa. Além disso, forneço um modelo de termo de consentimento que deverá ser lido e, caso

modelos em anexos A e B).

ação, ver THIOLLENT (1994).

Agora, pense, reflita bem, escolha um tema e mãos à

obra. É hora de trabalhar. No fórum, discutiremos todos

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Etapas do projeto de pesquisa

A primeira etapa do plano de trabalho consiste na definição do objeto de pesquisa.

Como escolher um tema e transformá-lo em objeto de pesquisa? A primeira questão que

gostaria de colocar é o fato de que a escolha de um tema necessariamente resulta do

envolvimento do pesquisador com esse objeto. O interesse pode resultar de inquietações

pessoais, profissionais ou acadêmicas, de uma leitura realizada, de um desafio proposto.

Independente da motivação primeira, é necessário que o pesquisador seja movido pelo desejo

e pelo prazer de desenvolver o trabalho. Por isso, costuma-se dizer que o paradigma

positivista, conforme vimos anteriormente, nem sempre dá conta das pesquisas em ciências

humanas ou pesquisas sociais, uma vez que não há como separar o sujeito do objeto do

conhecimento. As decisões que o pesquisador toma nessa fase estabelecem ou delimitam os

rumos que a pesquisa tomará. Nesse sentido, as nossas escolhas, mesmo inconscientemente,

não estão separadas dos nossos desejos. Pense nisso!

Do ponto de vista das pesquisas em sala de aula, há várias possibilidades de

investigação. Para inspirar as escolhas que você fará, mencionarei algumas possibilidades de

pesquisa:

• A relação (interação) professor/aluno na sala de aula;

• A relação do professor com o material didático;

• A participação dos alunos em sala de aula;

• O ensino e/ou a aprendizagem da gramática;

• O ensino e/ou a aprendizagem da leitura;

• O ensino e/ou a aprendizagem da produção de texto;

• A indisciplina na sala de aula.

Após definido o objeto de estudo, é preciso justificar essa escolha e definir os

objetivos. Nessa hora, faz-se necessário fazer uma pergunta básica: o que eu quero saber? Por

quê? A justificativa não pode decorrer apenas de uma exigência da disciplina Pesquisa Aplicada

ao Ensino de Língua Portuguesa. É preciso mais. Os objetivos propostos devem ser claros e

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exequíveis. Não adianta formular um objetivo bonito e bem intencionado, mas que não

conseguiremos alcançar. Pense em objetivos passíveis de serem alcanç

Essa é uma fase que requerer a realização de uma pesquisa bibliográfica, que dê conta

das pesquisas que já foram realizadas na área de estudo que se pretende investigar. Por

exemplo, se o seu objeto de estudo é o ensino de gramática em turma do Ensi

cabe a você procurar trabalhos que já foram desenvolvidos na área e procurar ler propostas de

ensino de gramática nesse nível de ensino

permitem conhecer um pouco dessas pesquisas. Contudo, de

torna-se imprescindível a realização de outras leituras que ajudem a conhecer mais.

Após a definição do objeto de estudo e dos objetivos, será o momento de definir a

metodologia de trabalho. Nessa fase, você especificará (d

será desenvolvida, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos que serão utilizados (entrevistas,

questionários, gravação de aula).

Por fim, serão apresentados o cronograma de trabalho e as referências bibliográficas

que serão utilizadas. Do cronograma deverão constar quantos dias serão necessários para a

observação/gravação das aulas, quantas aulas serão observadas, quanto tempo será dedicado

para a realização do relatório. Segue abaixo um modelo de cronograma que você p

utilizar.

MODELO DE CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

14

Lembramos que esse é um bom momento para articular o conteúdo dessa disciplina com outras relacionadas a conteúdos específicos de língua portuguesa que você já cursou ou esteja cursando. Sobraprendizagem de língua portuguesa, recomendo, caso ainda não tenha lido, os livros de Wanderley Geraldi, de passagem, e de Sírio Possenti, Por que (não) ensinar gramática

Esse é um momento de nosso curso em que cada aluno realizará um fichamento de texto que esteja diretamente relacionado ao objeto da pesquisa que desenvolverá. Esse fichamento ajudará na elaboração do relatório final. No fórum, decidiremos essas questões que resultarão em atividades individualizadas

Agora é com você

exequíveis. Não adianta formular um objetivo bonito e bem intencionado, mas que não

conseguiremos alcançar. Pense em objetivos passíveis de serem alcançados.

Essa é uma fase que requerer a realização de uma pesquisa bibliográfica, que dê conta

das pesquisas que já foram realizadas na área de estudo que se pretende investigar. Por

exemplo, se o seu objeto de estudo é o ensino de gramática em turma do Ensi

cabe a você procurar trabalhos que já foram desenvolvidos na área e procurar ler propostas de

ensino de gramática nesse nível de ensino14. As leituras que propomos ao longo do curso já

permitem conhecer um pouco dessas pesquisas. Contudo, dependendo do objeto de estudo,

se imprescindível a realização de outras leituras que ajudem a conhecer mais.

Após a definição do objeto de estudo e dos objetivos, será o momento de definir a

metodologia de trabalho. Nessa fase, você especificará (definirá) o espaço em que a pesquisa

será desenvolvida, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos que serão utilizados (entrevistas,

questionários, gravação de aula).

Por fim, serão apresentados o cronograma de trabalho e as referências bibliográficas

serão utilizadas. Do cronograma deverão constar quantos dias serão necessários para a

observação/gravação das aulas, quantas aulas serão observadas, quanto tempo será dedicado

para a realização do relatório. Segue abaixo um modelo de cronograma que você p

MODELO DE CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO DA PESQUISA DE CAMPO

ATIVIDADES

Lembramos que esse é um bom momento para articular o conteúdo dessa disciplina com outras relacionadas a

conteúdos específicos de língua portuguesa que você já cursou ou esteja cursando. Sobraprendizagem de língua portuguesa, recomendo, caso ainda não tenha lido, os livros de Wanderley Geraldi,

Por que (não) ensinar gramática.

Esse é um momento de nosso curso em que cada aluno realizará um fichamento de texto que esteja diretamente relacionado ao objeto da pesquisa que desenvolverá. Esse fichamento ajudará na elaboração do relatório final. No fórum, decidiremos essas questões que resultarão em atividades individualizadas

exequíveis. Não adianta formular um objetivo bonito e bem intencionado, mas que não

Essa é uma fase que requerer a realização de uma pesquisa bibliográfica, que dê conta

das pesquisas que já foram realizadas na área de estudo que se pretende investigar. Por

exemplo, se o seu objeto de estudo é o ensino de gramática em turma do Ensino Fundamental,

cabe a você procurar trabalhos que já foram desenvolvidos na área e procurar ler propostas de

. As leituras que propomos ao longo do curso já

pendendo do objeto de estudo,

se imprescindível a realização de outras leituras que ajudem a conhecer mais.

Após a definição do objeto de estudo e dos objetivos, será o momento de definir a

efinirá) o espaço em que a pesquisa

será desenvolvida, os sujeitos da pesquisa e os instrumentos que serão utilizados (entrevistas,

Por fim, serão apresentados o cronograma de trabalho e as referências bibliográficas

serão utilizadas. Do cronograma deverão constar quantos dias serão necessários para a

observação/gravação das aulas, quantas aulas serão observadas, quanto tempo será dedicado

para a realização do relatório. Segue abaixo um modelo de cronograma que você poderá

PERÍODO

Mês/dia

Lembramos que esse é um bom momento para articular o conteúdo dessa disciplina com outras relacionadas a conteúdos específicos de língua portuguesa que você já cursou ou esteja cursando. Sobre o ensino e a aprendizagem de língua portuguesa, recomendo, caso ainda não tenha lido, os livros de Wanderley Geraldi, Portos

Esse é um momento de nosso curso em que cada aluno realizará um fichamento de texto que esteja diretamente relacionado ao objeto da pesquisa que desenvolverá. Esse fichamento ajudará na elaboração do relatório final. No fórum, decidiremos essas questões que resultarão em atividades individualizadas

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1. Leituras e fichamentos do referencial teórico-metodológico de x a x

2. Coleta de dados: pesquisas nas escolas, realização de entrevistas de x a x

4. Elaboração de relatórios de x a x

Resumidamente, do plano de trabalho deverão constar:

1. Objeto de estudo

2. Justificativa

3. Objetivos

4. Metodologia

5. Cronograma de execução

6. Referências bibliográficas

Para a conclusão da nossa disciplina, você deverá apresentar como trabalho final um

relatório da pesquisa realizada. Visando evitar problemas quanto à elaboração desse relatório,

apresentarei a seguir um modelo que deverá ser seguido.

RELATÓRIO DE PESQUISA

A elaboração do relatório de pesquisa é, portanto, a última etapa de nossa disciplina.

Há diferentes modelos de relatórios. Como se trata de um gênero textual com o qual, em

geral, você ainda não teve contado, vou sugerir um modelo simplificado, com base no relatório

do Programa de Iniciação Científica do CNPq/UFPB, a partir do qual ainda farei algumas

adaptações.

ESTRUTURA GERAL E REGRAS DE FORMATAÇÃO DO RELATÓRIO (formulado a partir das

orientações do PIBIC/CNPq/UFPB)

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O Relatório Final deverá ser elaborado em, no máximo, 20 (vinte) páginas (tamanho

A4), incluindo referências, com corpo do texto justificado e todas as margens com 2,5 cm. O

título de cada seção deve ser em Times New Roman, negrito, tamanho 12, e o corpo do texto

de cada seção, em Times New Roman, tamanho 12 (espaço 1/5). As seções deverão ser

separadas por 2 (dois) espaços duplo.

CAPA

• Identificação da Instituição, da disciplina e do professor

• Título do trabalho (centralizado)

• Nomes dos integrantes da equipe

• Cidade e data

RESUMO

• Deve conter os objetivos, a metodologia e as conclusões em, no máximo, 300 (trezentas) palavras.

• Não deve conter figuras ou exemplos.

• PALAVRAS CHAVE: palavra chave 1, palavra chave 2, palavra chave 3.

INTRODUÇÃO

Na introdução, deverá conter:

• A revisão da literatura, destacando a importância do tema. Nesse item, o que você escreveu para a justificativa no seu plano de trabalho poderá ser utilizado. Além disso, os fichamentos realizados poderão ou deverão ser utilizados para demonstrar o conhecimento das pesquisas realizadas sobre o assunto.

• A apresentação dos objetivos gerais e específicos.

• Uma descrição geral de onde e de como foi desenvolvido o trabalho. Caso seja necessário, podem ser apresentadas as dificuldades para a realização da pesquisa ou alterações que se fizeram necessárias durante sua realização em relação ao projeto inicial.

METODOLOGIA

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• Deve conter a descrição das técnicas e instrumentos utilizados, e outros itens pertinentes à realização da pesquisa e à análise dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

• Nesse item, deverão ser apresentadas, de forma clara e objetiva, uma análise dos dados coletados. Deve-se dar destaque para os resultados principais, que poderão ser ressaltados por meio de gráficos, figuras, tabelas e outros recursos. As discussões dos resultados devem ser fundamentadas teoricamente.

CONCLUSÃO

• Deve-se evitar a simples repetição dos resultados obtidos. Devem ser retomados os resultados em consonância com os objetivos inicialmente propostos e ressaltada a relevância para a formação pessoal e para a área do ensino e da aprendizagem de língua portuguesa.

REFERÊNCIAS

• Deve ser apresentada a bibliografia referente à pesquisa, listando apenas as obras e/ou trabalhos citados no texto. As citações, tanto nesse item quanto no corpo do texto, e os dados das referências devem seguir as normas da ABNT.

ANEXO

• Roteiros de entrevistas e/ou questionários (Caso sejam utilizados)

• Transcrições de aulas

• Termo(s) de livre consentimento

As demais questões pertinentes ao relatório que não foram aqui contempladas serão

objeto de discussão nos fóruns e nas atividades propostas ao longo do curso.

REFERÊNCIAS

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______. Política de leitura para o ensino médio: o PNLEM e o LD. In: Anais do CIPLA: Língua(s) e Povos:

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ANEXOS

ANEXO A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO15

Prezado(a) Senhor (a) Professor(a)

Sou aluno do Curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba. Nesse

semestre estou cursando a disciplina Pesquisa Aplicada ao Ensino de Língua

15

Esse mesmo termo pode ser adaptado para a gravação de entrevistas com os professores ou com os alunos.

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Portuguesa que tem como principal objetivo a realização de uma pesquisa em sala de

aula.

Solicitamos a sua colaboração no sentido de permitir a realização de gravação de suas

aulas, como também sua autorização para apresentar os resultados desse estudo em relatório

que será entregue à professora da referida disciplina. Por ocasião da publicação dos

resultados, seu nome, bem como o nome da instituição em que trabalha, será mantido em

sigilo.

Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a)

não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas.

Contudo, esperamos contar com sua anuência e estamos a sua disposição para qualquer

esclarecimento que considere necessário.

Atenciosamente,

__________________________________________________

Assinatura do aluno-pesquisador

_____________________________________________________________________________

Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento

para participar da pesquisa e para publicação dos resultados.

_____________________________________________________

Assinatura do Participante da Pesquisa

ANEXO B

João Pessoa, xx, de xx de 2010.

Ilmo(a) Sr(a) Diretor(a) da Escola XXX

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Sou professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFPB. Durante

esse semestre 2010.1, estou ministrando, na graduação em Letras, a disciplina PESQUISA

APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA. Essa disciplina tem como objetivo principal

aproximar os alunos de Letras da realidade do ensino de Língua Portuguesa, preparando

para a prática de ensino. Diante dessa exigência, sugerimos que os alunos entrassem em

contato com uma escola, na qual pudessem observar a prática docente.

Nesse sentido, gostaríamos de contar com a sua colaboração no sentido de permitir

que os(as) alunos(as) XXXX realizem essa atividade nas dependências dessa instituição de

ensino. Os alunos têm como tarefa básica observar aulas de Língua Portuguesa e descrever as

atividades de ensino desenvolvidas. Reforçamos que o objetivo da disciplina

validar ou questionar métodos de ensino e de aprendizagem

frente à realidade relativa ao ensino e à aprendizagem. Ademais, adiantamos que o

instituição de ensino e o nome do professor que permitir a observação de sua aula serão

mantidos em sigilo.

Esperamos contar com sua anuência e, desde já, além de nos colocarmos a sua

disposição para qualquer esclarecimento que considere necessár

preciosa colaboração.

Atenciosamente,

Prof

Sou professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFPB. Durante

esse semestre 2010.1, estou ministrando, na graduação em Letras, a disciplina PESQUISA

APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA. Essa disciplina tem como objetivo principal

oximar os alunos de Letras da realidade do ensino de Língua Portuguesa, preparando

para a prática de ensino. Diante dessa exigência, sugerimos que os alunos entrassem em

contato com uma escola, na qual pudessem observar a prática docente.

, gostaríamos de contar com a sua colaboração no sentido de permitir

que os(as) alunos(as) XXXX realizem essa atividade nas dependências dessa instituição de

ensino. Os alunos têm como tarefa básica observar aulas de Língua Portuguesa e descrever as

ades de ensino desenvolvidas. Reforçamos que o objetivo da disciplina

validar ou questionar métodos de ensino e de aprendizagem – consiste em colocar os alunos

frente à realidade relativa ao ensino e à aprendizagem. Ademais, adiantamos que o

instituição de ensino e o nome do professor que permitir a observação de sua aula serão

Esperamos contar com sua anuência e, desde já, além de nos colocarmos a sua

disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário, agradecemos a sua

Atenciosamente,

Profa Dra. Maria Ester Vieira de Sousa

Responsável pela disciplina

Sou professora do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da UFPB. Durante

esse semestre 2010.1, estou ministrando, na graduação em Letras, a disciplina PESQUISA

APLICADA AO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA. Essa disciplina tem como objetivo principal

oximar os alunos de Letras da realidade do ensino de Língua Portuguesa, preparando-os

para a prática de ensino. Diante dessa exigência, sugerimos que os alunos entrassem em

, gostaríamos de contar com a sua colaboração no sentido de permitir

que os(as) alunos(as) XXXX realizem essa atividade nas dependências dessa instituição de

ensino. Os alunos têm como tarefa básica observar aulas de Língua Portuguesa e descrever as

ades de ensino desenvolvidas. Reforçamos que o objetivo da disciplina – para além de

consiste em colocar os alunos

frente à realidade relativa ao ensino e à aprendizagem. Ademais, adiantamos que o nome da

instituição de ensino e o nome do professor que permitir a observação de sua aula serão

Esperamos contar com sua anuência e, desde já, além de nos colocarmos a sua

io, agradecemos a sua

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