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ANTONIO MONTE JUNIOR Gaio Monte MERITÍSSIMO JUIZ DE DIREITO TITULAR DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS-AM. OSARIAS SANTOS DA SILVA brasileiro,motorista,casado, portador da C.I. nº.69200 SSP/RO e inscrito no CPF 068.195.402-72, residente e domiciliado na Travessa B, nº.10,Quadra B- 11, bairro do São José I, CEP 69.086-501, por seu procurador e advogado signatário com banca profissional estabelecida em Manaus na rua da Prosperidade nº.12-B- Cj. Álvaro Neves, bairro D.Pedro II CEP 69.00.000 e- mail [email protected] vem à presença deste MM. Juízo, com o costumado e profuso respeito e o devido acatamento, aviar a presente AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO CUMULADA COM PEDIDO LIMINAR E CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO em desfavor de B.V.FINANCEIRA S.A. C.F.I , pessoa jurídica de direito privado,CNPJ 01.149.953/0001-89, estabelecida na praça de São Paulo SP na Avenida Paulista nº.1274 9º andar CEP 01310-000, devendo a citação ser remetida pelos Correios por AR, passando, para tanto, expondo e requerendo o que segue DOS FATOS O Autor firmou CONTRATO DE FINANCIAMENTO com a Demandada, para aquisição de um veículo TRAC/C.TRATOR,, ano 1994 BRANCO - PLACA YBC- 5170- CHASSI 9BVN2B5A0RE642360, fixado em R$ 50.000,00 , para tanto, pagando parcelas mensais de R$ 2.630,75(DOIS MIL , SEISCENTOS E TRINTA REAIS E SETENTA E CINCO CENTAVOS), em 36 parcelas, começando Se impresso, para conferência acesse o site http://consultasaj.tjam.jus.br/esaj, informe o processo 0600201-41.2013.8.04.0020 e o código FB4363. Este documento foi assinado digitalmente por ANTONIO CLEMENTINO DO MONTE JUNIOR. Protocolado em 31/01/2013 às 13:02:28. fls. 1

petição revisão de contrato

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Page 1: petição revisão de contrato

ANTONIO MONTE JUNIOR

Gaio Monte

MERITÍSSIMO JUIZ DE DIREITO TITULAR DA VARA DO

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE MANAUS-AM.

OSARIAS SANTOS DA SILVA

brasileiro,motorista,casado, portador da C.I. nº.69200 SSP/RO e inscrito no

CPF 068.195.402-72, residente e domiciliado na Travessa B, nº.10,Quadra B-

11, bairro do São José I, CEP 69.086-501, por seu procurador e advogado

signatário com banca profissional estabelecida em Manaus na rua da

Prosperidade nº.12-B- Cj. Álvaro Neves, bairro D.Pedro II CEP 69.00.000 e-

mail [email protected] vem à presença deste MM. Juízo, com o

costumado e profuso respeito e o devido acatamento, aviar a presente

AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATO DE FINANCIAMENTO

CUMULADA COM PEDIDO LIMINAR E CONSIGNAÇÃO EM

PAGAMENTO

em desfavor de B.V.FINANCEIRA S.A. C.F.I , pessoa jurídica de direito

privado,CNPJ 01.149.953/0001-89, estabelecida na praça de São Paulo –SP na

Avenida Paulista nº.1274 – 9º andar – CEP 01310-000, devendo a citação ser

remetida pelos Correios por AR, passando, para tanto, expondo e requerendo o

que segue

DOS FATOS

O Autor firmou CONTRATO DE

FINANCIAMENTO com a Demandada, para aquisição de um veículo

TRAC/C.TRATOR,, ano 1994 BRANCO - PLACA YBC- 5170- CHASSI

9BVN2B5A0RE642360, fixado em R$ 50.000,00 , para tanto, pagando

parcelas mensais de R$ 2.630,75(DOIS MIL , SEISCENTOS E TRINTA

REAIS E SETENTA E CINCO CENTAVOS), em 36 parcelas, começando

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a primeira em 27.05.2011 e a última em 27.04.2014, conforme a planilha

apresentada pela financiadora..

O preço de venda do veículo no mercado de

automóveis em Manaus é de R$ 20.000,00 (VINTE MIL, REAIS). Na ocasião

da assinatura do contrato este valor foi considerado.

O financiamento torna o preço do veículo

estratosférico e de difícil entendimento da planilha. de juros e demais a

adicionais. Mais,na famigerado CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO,

constam ônus que são chamados de CUSTO EFETIVO TOTAL DA

OPERAÇÃO, no valor de R$ 5.075,14, que não foram explicados para o

Demandante.

Também existem porcentuais que não são

explicativos: Multa 2%; Comissão de Permanência ? 12,00% .

A Demandante quitou o financiamento até a parcela

de nº 19/36, e ficou inadimplente desde a parcela 20/36 vencida em

27.12.2012.

Registra que pretende quitar as demais parcelas,

dentro de seus vencimentos.

O motivos que ensejou a inadimplência nas parcelas

mencionadas decorreu de grave problema de saúde na família do Demandante,

situação que a Demandada sequer se importou

Tão logo ocorreu a inadimplência da primeira

parcela, a demandada por meio do escritório que a representa em Manaus,

passou a assediar a demandante no seu emprego de modo que o

constrangimento foi tão violento que resultou na sua demissão, ficando

desempregada e sem meios para honrar seus compromissos financeiros.

.

Destaca-se o valor do financiamento é de R$

50.000,00(CINQUENTA MIL REAIS), PORÉM A DÍVIDA AO FINAL É

DE R$ 100.000,00.

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O Demandante necessita da segurança, que é

garantida pela Carta do Povo Brasileiro e diante da situação que para ela é

inusitada, visto que não é golpista, pretende pagar as parcelas vencidas

(destaca: está pagando as parcelas que vencem desde o mês de fevereiro de

2012).

No entanto, em que pese à continuação do contrato,

pretende o Demandante corrigir algumas ilegalidades que vêm sendo exigidas

pela Demandada, que se aproveita da diferença própria das relações de

consumo e dos poderes conferidos pelos instrumentos de adesão, para com

isso se enriquecer ilicitamente, causando prejuízo de montante considerável ao

consumidor.

DA COMPETÊNCIA

É sabido que a lei 8.078/90, conhecida como Código

de Defesa do Consumidor, garante um maior equilíbrio entre as partes

conhecidas como fornecedor e consumidor, sendo que aquela hipossuficiente,

no caso o consumidor, vem se manter em um padrão de equidade graças aos

dispositivos contidos na lei supra citada.

Desta feita, cumpre explicitar a orientação dada pelo

CDC acerca da competência para ajuizamento da ação, verbis:

Art. 101. Na ação de responsabilidade civil do fornecedor de produtos e

serviços, sem prejuízo do disposto nos Capítulos I e II deste título, serão

observadas as seguintes normas:

I – a ação pode ser proposta no domicílio do autor.

Com isto, procede o pedido do Demandante em que

a ação seja postulada no seu próprio domicílio;

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DA APLICAÇÃO DO CDC AOS CONTRATOS

DE FINANCIAMENTO E A ABUSIVIDADE CONTRATUAL

A doutrina e a jurisprudência, em uníssono, atribuem

aos negócios celebrados entre o Autor e a Ré o caráter de contrato de adesão

por excelência.

Disciplina o art. 54 do C.D.C., acerca do que é

contrato de adesão, verbis:

Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas

tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas

unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o

consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.

Nos contratos de adesão ou financiamento a

supressão da autonomia da vontade é inconteste. Assim o sustenta o eminente

magistrado ARNALDO RIZZARDO, em sua obra Contratos de Crédito

Bancário, Ed. RT 2a ed. Pag. 18, que tão bem interpretou a posição

desfavorável em que se encontram aqueles que, como a Demandante,

celebraram contratos de adesão ou financiamento junto ao banco, verbis:

“Os instrumentos são impressos e uniformes para todos os cliente, deixando

apenas alguns claros para o preenchimento, destinados ao nome, à fixação do

prazo, do valor mutuado, dos juros, das comissões e penalidades“.

Assim, tais contratos contêm inúmeras cláusulas

redigidas prévia e antecipadamente, com nenhuma percepção e entendimento

delas por parte do aderente. Efetivamente é do conhecimento geral das pessoas

de qualidade média que os contratos bancários não representam natureza

sinalagmático, porquanto não há válida manifestação ou livre consentimento

por parte do aderente com relação ao suposto conteúdo jurídico,

pretensamente, convencionado com o credor.

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Em verdade, não se reserva espaço ao aderente para

sequer manifestar a vontade. O banco se vê no direito de cobrar o devedor. Se

não adimplir a obrigação, dentro dos padrões impostos, será esmagado

economicamente.

Não se tem, por parte da instituição financeira,

nenhum tipo de possibilidade de manifestação de vontade por parte do

aderente, que verdadeiramente só se faz presente para a assinatura do contrato,

tendo, assim, que se sujeitar a todo tipo de infortúnio e exploração econômica

que se facilmente observa, pois a qualidade de aderente só tem uma condição:

“Se não assinar, nas condições estipuladas pela instituição financeira, não há

liberação do crédito”.

Nessa perspectiva, o bom intérprete não abdica de

pensar e, logo, não teme reavaliar suas opiniões; prefere os riscos da

transformação à cômoda inoperância que conserva a iniqüidade.

E assim se compreende a intenção da Demandante,

que nada mais é do que pagar aquilo que é efetivamente devido, com os

valores corrigidos, seguindo os padrões da função social e da boa-fé nas

relações,contratuais.

Ensina EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR ,

em sua obra intitulada “A Proteção Contratual no Código do Consumidor e o

Âmbito de sua Aplicação”. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v.

27, p. 59, jul./set. 1998, verbis:

“à manifestação do consentimento e à sua força vinculativa seja agregado o

objetivo do equilíbrio das partes, através da interferência da ordem pública e

da boa-fé. Ao contrato, instrumento outrora de feição individualista, é

outorgada também uma função social" 4.4_ "Timbra em exigir que as partes se

pautem pelo caminho da lealdade, fazendo com que os contratos, antes de

servirem de meio de enriquecimento pelo contratante mais forte, prestem-se

como veículo de harmonização dos interesses de ambos os pactuantes" (p. 62).

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E continua seu brilhante ensinamento:

"No campo contratual, a tutela desfechada pelo CDC se sustém basicamente

em quatro princípios cardeais, atuando na formação e no cumprimento da

avença, quais sejam a transparência, a boa-fé, a eqüidade contratual e a

confiança" (p. 76).

CLÁUDIA LIMA MARQUES, atenta ao

surgimento de um novo modelo contratual, propala haver "uma revalorização

da palavra empregada e do risco profissional, aliada a uma grande censura

intervencionista do Estado quanto ao conteúdo do contrato, é um acompanhar

mais atento para o desenvolvimento da prestação, um valorizar da informação

e da confiança despertada. Alguns denominam de renascimento da autonomia

da vontade protegida. O esforço deve ser agora para garantir uma proteção da

vontade dos mais fracos, como os consumidores. Garantir uma autonomia real

da vontade do contratante mais fraco, uma vontade protegida pelo direito."

(Contratos bancários em tempos pós-modernos - primeiras reflexões. Revista

de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 25, p. 26, jan./mar., 1998). (grifo

nosso).

O Estatuto do Consumidor acoima de nulidade as

cláusulas que estabeleçam obrigações iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor em desvantagem exagerada ou sejam incompatíveis com a boa-fé

e reprime, genericamente, as desconformes com o sistema protetivo do Codex,

senão,vejamos:

Art. 51º. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais

relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:

IV. Estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o

consumidor desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa fé ou

a,eqüidade;

XV - estejam em desacordo com o sistema de proteção ao consumidor;

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O novo enfoque da boa-fé vista como princípio geral

de direito, "permite a concreção de normas impondo que os sujeitos de uma

relação se conduzam de forma honesta, leal e correta" (Maria Cristina

Cereser Pezzella. O princípio da boa-fé objetiva no direito privado alemão e

brasileiro. Revista de Direito do Consumidor, São Paulo, v. 23/4, p. 199,

jul./set.,1997).

No aspecto objetivo, a bona fides é incompatível

com as cláusulas abusivas, opressoras ou excessivamente onerosas, e abrange

um controle jurídico corretivo da relação negocial (v. Luis Renato Ferreira

da Silva. Cláusulas abusivas: natureza do vício e decretação de ofício. Revista

de Direito do Consumidor. São Paulo, v. 23/4, p. 128, 1997).

A teor do disposto no art. 3º, § 2º, da Lei n. 8.078 de

11.09.1990, considera-se a atividade bancária alcançada pelas normas do

Código de Defesa de Consumidor, incluída a entidade bancária ou instituição

financeira no conceito de "fornecedor" e o aderente no de "consumidor".

E para que não reste dúvida acerca da aplicação do

CDC basta a citação da Súmula 297 do Superior Tribunal de Justiça, que

assimdispõe:

Súmula 297. "O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições

financeiras."

Com efeito, sendo aplicado o Código de Defesa do

Consumidor ao presente contrato, também passa a ser possível a modificação

ou revisão das cláusulas contratuais onerosas, com base no art. 6º, inc. V, do

mesmo codex, que estabelece:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:

V. A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações

desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as

tornem excessivamente onerosas.

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Acerca das possibilidades de modificação dos

contratos excessivamente onerosos no âmbito das relações de consumo,

NELSON NERY JUNIOR e ROSA MARIA ANDRADE NERY, p. 1352,

anotam:

"Modificação das cláusulas contratuais. A norma garante o direito de

modificação das cláusulas contratuais ou de sua revisão, configurando

hipótese de aplicação do princípio da conservação dos contratos de consumo.

O direito de modificação das cláusulas existirá quando o contrato estabelecer

prestações desproporcionais em detrimento do consumidor. Quando houver

onerosidade excessiva por fatos supervenientes à data da celebração do

contrato, o consumidor tem o direito de revisão do contrato, que pode ser feita

por aditivo contratual, administrativamente ou pela via judicial".

"Manutenção do contrato. O CDC garante ao consumidor a manutenção do

contrato, alterando as regras pretorianas e doutrinárias do direito civil

tradicional, que prevêem a resolução do contrato quando houver onerosidade

excessiva ou prestações desproporcionais".

"Onerosidade excessiva. Para que o consumidor tenha direito à revisão do

contrato, basta que haja onerosidade excessiva para ele, em decorrência de

fato superveniente. Não há necessidade de que esses fatos sejam

extraordinários nem que sejam imprevisíveis. A teoria da imprevisão, com o

perfil que a ela é dado pelo CC italiano 1467 e pelo Projeto n. 634-B/75 de CC

brasileiro 477, não se aplica às relações de consumo. Pela teoria da

imprevisão, somente os fatos extraordinários e imprevisíveis pelas partes por

ocasião da formação do contrato é que autorizariam, não sua revisão, mas sua

resolução. A norma sob comentário não exige nem a extraordinariedade nem a

imprevisibilidade dos fatos supervenientes para conferir, ao consumidor, o

direito de revisão efetiva do contrato; não sua resolução".

NELSON ABRÃO em Direito bancário, 6. ed. rev.

atual. ampl.. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 339, esclarece:

"Reputam-se abusivas ou onerosas as cláusulas que impedem uma discussão

mais detalhada do seu conteúdo, reforçando seu caráter unilateral,

apresentando desvantagem de uma parte, e total privilegiamento d'outra, sendo

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certo que a reanálise é imprescindível na revisão desta anormalidade,

sedimentando uma operação bancária pautada pela justeza de sua função e o

bem social que deve, ainda que de maneira indireta, trilhar o empresário do

setor."

Portanto, admite-se a revisão das cláusulas do

contrato em discussão com a conseqüente nulidade daquelas tidas como

abusivas, a teor do disposto no art. 6º, inc. V, do Código de Defesa do

Consumidor, não se cogitando de prevalência do princípio do pacta sunt

servanda.

DA ABUSIVIDADE DA TAXA DE JUROS

Somente é possível descobrir a taxa de juros

utilizada no contrato ora discutido com uma calculadora financeira nas mãos e

com o conhecimento prévio do valor inicial da dívida, da quantidade de

parcelas e do valor das parcelas.

Entretanto, é obvio que os consumidores em geral,

inclusive a demandante, não tem como hábito o transporte de calculadoras

financeiras consigo, e muito menos o conhecimento prévio da operação de tal

equipamento, o que certamente prejudica o conhecimento da taxa utilizada.

Além do mais, na prática se verifica que os contratos de financiamento, como

o presente, são assinados em branco e posteriormente encaminhados para o

preenchimento dos valores.

Com efeito, a Lei 8.078/90 é clara ao desobrigar o

Autor ao cumprimento de contratos confusos, e principalmente se expressa

previsão das obrigações, sempre interpretando as disposições de forma mais

favorável ao consumidor, neste sentido:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigam os

consumidores, se não lhe for dada à oportunidade de conhecimento prévio de

seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a

dificultar a compreensão de seu sentido e alcance.

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Art. 47. As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais

favorável ao consumidor.

Desta feita, tem-se que a taxa de juros

convencionadas não foi aplicada dentro da conformidade com o que a Lei

prevê;

É cediço que as Instituições financeiras podem

cobrar juros acima de 1%. No entanto, devem se ater aos juros aplicados no

mercado à ocasião da assinatura do instrumento de adesão ou financiamento, o

que no caso em voga não ocorreu, chegando a incríveis 5,10% a. m., o que no

final acarreta somente de juros MAIS DO QUE O VALOR FINANCIADO,

conforme prova o contrato de financiamento com a sua planilha anexo. ;

Isto sem falar em demais cominações que acarretam

cobranças excessivas, tomando como exemplo uma simples folha de papel A4

feita pelo autor que comprova a cobrança exagerada de IOF, Impostos e outros

serviços embutidos no contrato de financiamento. Também juros e multa pela

mora.

Com referência aos juros cobrados pelas instituições

de crédito cabe transcrever o raciocínio do eminente jurista PAULO

BROSSARD em artigo intitulado Juros com Arroz, que dá uma verdadeira

aula do que efetivamente vem ocorrendo com esta atitude adotada pelo

governo,abaixo:

"Enquanto isso, a generosidade oficial para com as instituições financeiras

continua sem limite. Ao serem divulgados os resultados dos bancos no ano

passado, quando a nação inteira sofreu duros efeitos da recessão, viu-se que

atingiram índices jamais vistos, chegando a mais de 500% em certos casos.

Pois exatamente agora, o impagável governo do reeleito, invocando

‘relevância e urgência’, editou mais uma medida provisória oficializando o

anatocismo, que o velho Código Comercial, o código de 1850, já vedava de

maneira exemplar, e que a nossa tradição jurídica condenou ao longo de

gerações. Aliás, na linha da lei de usura, de 1933, é a jurisprudência do

Supremo Tribunal Federal, cristalizada na Súmula 121, segundo a qual ‘é

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vedada a capitalização de juros, ainda que expressamente convencionada’.

Sabe o leitor a fundamentação da medida ‘urgente e relevante’? É que a

cobrança de juros sobre juros vinha sendo praticada pelos bancos. Em vez de

condenar o abuso, pressurosamente, o governo homologou o abuso mediante

medida provisória. É um escárnio. A medida apareceu na 17ª edição da MP nº

1.963; na calada da noite foi gerada."

Esta "generosidade oficial para com as instituições financeiras" vem de há

muito tempo, desde a edição da Medida Provisória nº 1.367 reeditada sob o nº

1.410 (isto já em 1996) que pretendia aniquilar com as regras legais já

consagradas pela doutrina e pelo Poder Judiciário, liberando a capitalização de

juros ao mês, semestre ou ano, além de outras barbaridades”.

Ocorre que esta Medida Provisória, que só vem a

“ajudar” as instituições financeiras, afronta diretamente os ditames da Lei de

Usura e a Súmula 121 do STF, agredindo moral e economicamente uma

sociedade que vem durante anos tentando se recuperar de problemas

financeiros, tais como: inflação, desvalorização de moeda, estagnação

econômica, entre outras coisas;

Apesar desta atitude adotada pelo governo num

primeiro momento vir a prejudicar e muito a sociedade, deve-se levar em

consideração os comentários e a hermenêutica que deve envolver o Código de

Defesa do Consumidor.

O CDC, em seu art. 46 disciplina:

Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os

consumidores se não lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento

prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem redigidos de

modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance. (grifo nosso)

Conforme o que se disciplina acima, os contratos de

adesão e financiamento, aonde a capitalização de juros é informada, devem

explicitar O PRÉVIO CONHECIMENTO DE SEU CONTEÚDO;

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Fácil é de entender o que ocorre nos contratos

firmados com as instituições financeiras. Em uma simples olhadela em

qualquer contrato de adesão observa-se uma cláusula dizendo: capitalização

dejuros,MENSAL;

No entanto, as cláusulas contratuais neste tipo de

obrigação devem, facilmente, explicar ao Aderente o que significa a

capitalização de juros, pois a legislação prevê que qualquer homem médio

deveria ter como entender esta situação;

Ocorre que apesar de a lei ser bastante objetiva, as

instituições financeiras não se dão ao luxo de adequar seus contratos a esta

situação;

Neste momento é oportuno questionar: “Quantos

sabem o que é capitalizar juros”?

Poucos atualmente sabem o que significa capitalizar

juros mensalmente, pois a única coisa a que lhe é dado conhecimento no

momento da contratação é a quantidade de parcelas e o valor de cada

prestação;

Neste enfoque, é claro e cristalino que empresas

como a Demandada não tentam de forma alguma esclarecer aos seus clientes

as reais situações de seus contratos, o que garante um enriquecimento ainda

maior por parte deste tipo de empresa, que se aproveita da diferença na relação

de consumo para a cada dia obter mais e mais valores econômicos aos seus

cofres;

Razões pelas quais, não pode o Demandante ser

obrigado a arcar com um valor calculado de forma ilegal, devendo ser

recalculado os valores, mediante a aplicação da taxa de juros contratada de

forma simples.

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.

Sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor, os

contratos com a natureza adesiva são contratos pré-formulados, aonde a única

manifestação de vontade do agente adquirente é a assinatura, sob forma de

coação, haja vista o mesmo só tem duas possibilidades: ou assina, e sai com o

bem; ou não assina, e sai sem o bem.

Desta forma, a adesividade do contrato fica

claramente demonstrada, pois o consumidor que pretende adquirir

determinada coisa ou valor tem como única e exclusiva atribuição a fazer a

assinaturadocontrato.

Neste sentido, deve-se entender que mesmo

convencionada, a aplicabilidade da capitalização de juros também faz parte

das cláusulas contratuais abusivas, e deve se operar sua nulidade de pleno

direito, pois o consumidor de forma alguma pode optar ou discutir a

incidência deste encargo dentro da relação fornecedor/consumidor.

É por demais oneroso garantir a instituição

financeira o direito de efetuar a cobrança dos valores referentes à capitalização

de juros, pois o consumidor conforme já narrado acima, somente tem a

obrigação de duas coisas quando contrata com um banco. Assinar e pagar o

que lá está inserido.

Não é preciso nem analisar o contrato realizado para

saber que ocorreu a aplicação dos juros de forma capitalizada, prática esta

reiterada pelas instituições financeiras, apesar da constante proibição da

legislação e dos Tribunais brasileiros.

Além da prática de juros abusivos, existe ainda a

cumulação de comissão de permanência juntamente com outros encargos, o

que é sabido ser proibido inclusive com decisões pacificadas a respeito desta

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matéria.

DO PEDIDO LIMINAR

Com base nas ilegalidades argüidas e demonstradas

no contrato que acompanha, fica claro que a Demandante tem o direito de ver

reduzido às parcelas que lhe são exigidas mensalmente.

Num segundo momento também se percebe o perigo

na demora, pois com os abusos da Demandada dificulta a quitação total do

financiamento, o que pode acarretar novo atraso no pagamento e a inscrição

do nome do Autor nos cadastros negativistas como tem ameaçado e a busca e

apreensão do veículo que esá em tramitação.

Mesmo porque, a devolução dos valores já pagos é

muito demorada, o que importaria em excessiva vantagem ao Réu, em

detrimento da hipossuficiencia natural da Demandante;

Além do mais, o Demandante pretende fazer o

pagamento dos valores que entende devido em juízo (mediante a taxa de juros

correta e a aplicação de forma simples), evitando desta forma o

enriquecimento ilícito da Demandada, com base nas suas práticas abusivas

(utilizando taxa maior do que a contratada e ainda de forma capitalizada).

No presente caso existe ainda a ilegalidade das taxas

exigidas para emissão dos boletos e da análise de crédito, o que continua

sendo exigido pelas instituições financeiras.

Tais tarifas apresentam-se manifestamente abusivas

ao consumidor, pois tanto a análise necessária à concessão do crédito como os

gastos com a emissão dos boletos de pagamento traduzem despesas

administrativas da instituição financeira com a outorga do crédito, não se

tratando de serviços prestados em prol do consumidor. Até porque questiona-

se como seria se por um acaso o crédito não fosse autorizado, seria o valor

administrativo cobrado? O que objetivamente não ocorre, sendo este valor

atribuído apenas àqueles a quem o crédito é permitido, o que é claramente

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errado ser feito.

Ademais, os juros remuneratórios já correspondem

aos lucros da operação de crédito, não podendo a instituição financeira impor

ao consumidor as despesas inerentes a sua própria atividade sem qualquer

contrapartida.

Desse modo, nos termos do art. 51, inciso IV, do

Diploma Consumerista, tem-se que a cobrança de tais tarifas caracteriza

vantagem exagerada da instituição financeira e, portanto, nulas as cláusulas

que as estabelecem.

.

Jurisprudência:

COBRANÇA DE TARIFA E/OU TAXA NA CONCESSÃO DO

FINANCIAMENTO. ABUSIVIDADE. Encargo contratual

abusivo, porque evidencia vantagem exagerada da instituição

financeira, visando acobertar as despesas de financiamento

inerentes à operação de outorga de crédito. Inteligência do art. 51,

IV do CDC. Disposição de ofício (...) (TJRS, Apelação Cível n.

70012679429, rel. Desa. Angela Terezinha de Oliveira Brito,

julgado em06.04.2006).

ANTE O EXPOSTO, REQUER EM TUTELA

ANTECIPADA:

A) Seja concedido ao Demandante o direito a SUSPENSÃO do pagamento

das parcelas restantes do contrato de financiamento firmado com a demandada

até a apresentação de planilha que demonstre o efetivo valor das prestações

que deverá pagar a Demandante visto que no documento apresentado pela

Requerida não há clareza quanto as taxas de juros , dificultando o acesso ao

questionamento do contrato judicialmente, num claro ato que trará maior

demora por parte do poder judiciário, com fulcro, ainda, nos artigos 46, 47 e

74 (por interpretação) do Código de Defesa do Consumidor;

B) Em caso de V. Exa., entender por não suspender o pagamento, requer-se

que seja concedido ao Demandante o direito a depósito judicial do valor

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apurado como sendo o correto para o presente contrato, aplicando os juros da

taxa SELIC, conforme disposto pelo Banco Central, em cima do valor

financiado, conforme planilha a ser elaborada pela Contadoria do Fórum, com

fulcro, ainda, no Princípio Geral de Cautela (CPC, artigo 798), posto que é

ressabido que “Da mihi facto dabo tibi jus” (dá-me os fatos e te darei o

direito). “Quem vem a juízo tem, em princípio, o direito de uma prestação

judiciária quanto ao mérito. Assim toda ênfase deve ser posta em tal sentido,

evitando-se, tanto quanto possível, destruir o processo com questões

prejudiciais e nulidades que destroem a seiva que dá vida ao processo, com

prejuízo para as partes e desprestígio para o Judiciário (AC 53.895, TARJ,

Relator Severo da Costa, RF 254/288) – Compêndio Jurídico Marcus Cláudio

Aquaviva, Editora Jurídica Brasileira, fl. 409 – grifamos”.

C) Em caso de negativa da suspensão do pagamento e do depósito judicial a

menor, requer-se ALTERNATIVAMENTE o pedido de DEPÓSITO

JUDICIAL do valor integral das parcelas, tendo com o base o valor líquido da

dívida que é de R$ 20.000,00 dividida em 36(Trinta e seis) parcelas sendo

descontadas as já pagas, restando um total que deve pagar o demandante no

valor de R$ 446,07 (QUATROCENTOS E QUARENTA E SEIS REAIS E

SETE CENTAVOS CENTAVOS), iniciando o depósito dos valores a partir

da citação da parte Ré, sem acarretar juros até a data de início do depósito, a

serem depositados mensalmente na conta a ser aberta no poder judiciário,

valor este compatível com o financiamento.atualmente cobrado pelo

Requerido como parcela do financiamento.

D) Conforme pedido acima exposto, pede-se que seja a Requerida citada, na

pessoa de seu representante legal, sobre o depósito do valor judicial,

impedindo o mesmo de negativar o nome do Demandante nos órgãos de

crédito SPC/SERASA, e protestar o valor total do contrato bem como

impedindo a Demandada de exigir judicialmente a retomada do veículo

financiado ou outro valor a título de pagamento das parcelas do contrato ora

em contenda, ambos os pedidos sob pena de multa diária a ser arbitrada pelo

juízo.

E) Requer também que na citação seja a Requerida IMPEDIDA de envio de

correspondências ou qualquer outro tipo de meio coercitivo para tentar,

FORÇOSAMENTE, fazer com que o Demandante desista de seu direito,

pague o valor indevido ou devolva o veículo negociado, quitando sua dívida

apenas através de depósito judicial, pois qualquer daqueles atos configura um

ASSÉDIO MORAL desnecessário por parte da Requerida.;

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F) Requer ainda que no momento da citação da Requerida para apresentação

de sua contestação, seja citada a mesma no sentido IMPEDITIVO de

ajuizamento de ação acautelatória de BUSCA E APREENSÃO, ou qualquer

outra que tenha por objetivo a remoção ou tomada do bem, o que configura

claramente LITIGÂNCIA DE MÁ FÉ, pois o Demandante estará depositando

os valores em juízo, não pedindo que seja eximido desta responsabilidade e

haja vista a presente ação estar trazendo em seu bojo exatamente a discussão

acerca do contrato referente ao bem móvel financiado;

:

FINALMENTE REQUER

A) Em caso de negativa do direito a tutela antecipada, requer-se que tenha o

Demandante o direito a manter o pagamento via depósito judicial, do valor

integral das parcelas que considera real, até o trânsito em julgado da presente

ação;

B) A citação da Requerida, na pessoa de seu representante legal,no endereço

acima mencionado, para, querendo, contestar a presente, dentro do prazo

processual permitido, sob pena de confesso quanto a matéria de fato e de

direito.

C) Seja julgada totalmente procedente a presente demanda, para a revisão

integral da relação contratual, e declarar a nulidade das cláusulas abusivas,

bem como a consignação, com o conseqüente expurgo dos encargos que se

considerarem onerosos, tudo calculado na forma simples e sem capitalização

mensal.

D) Seja aplicado a inversão do ônus da prova, consoante art. 6º, VIII do CDC,

obrigando a Requerida a apresentar o original do financiamento, assinado pela

Demandante, bem como a provar em juízo que quitou dos valores já pagos em

boletos bancários e bem como explicações como um veículo que na própria

cédula de crédito é vendido por R$ 50.000,00(CINQUENTA MIL ,

REAIS),quando financiado se transforma em uma dívida de R$

100.000,00. .

E) Protesta pela prova documental que acompanha e as demais que se fizerem

necessárias no decorrer da instrução processual; todas em direito admitidas,

sem a exclusão de nenhuma, pericial caso houver necessidade devendo ser

esta arcada pela Requerida.

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Page 18: petição revisão de contrato

F) A condenação da Requerida a rever a taxa de juros e a forma de aplicação

dos juros, bem como o expurgo da cobrança de juros sobre o custo efetivo da

operação, recalculando o valor das parcelas fixas, devolvendo os valores

indevidamente exigidos, devidamente atualizados (INPC), mais os juros

moratórios (taxa selic) e os devidos honorários advocatícios, estes últimos

conforme de praxe.

G) Caso não seja deferida a TUTELA ANTECIPADA, em sendo exigidos

valores indevidos, combatidos nesta actio, a Demandada, também deve ser

condenada à devolução dos valores exigidos e pagos em dobro, atualizados e

com juros.

H) Seja condenado a Requerida ao pagamento das custas processuais e

honorários advocatícios na base legal de 20% (vinte por cento) do valor da

condenação, bem como os honorários de sucumbência, após o trânsito em

julgado.

Dá-se a causa o valor de R$ 22.000,00

Com os documentos anexos

Pugna por Justiça

Manaus, 18 de janeiro de 2013.

ANTONIO MONTE JÚNIOR

advogado

Documentos anexos:

Procuração ad juditia et extra

Boletos bancários de prestações vencidas

Documentos do veículo

Cédula de Crédito Bancário

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Page 20: petição revisão de contrato

ESTADO DO AMAZONASPODER JUDICIÁRIOComarca de Manaus

Juízo de Direito da 10ª Vara do Juizado Especial Cível__________________________________________________________________________________

1

Sentença

Autos n°: 0600201-41.2013.8.04.0020Ação: Procedimento do Juizado Especial Cível/PROCRequerente: OSARIAS SANTOS DA SILVARequerido:B.V FINANCEIRA S. A . C.F.I

Vistos etc.

Relatório dispensado, nos termos do art. 38, caput, da Lei nº 9.099/95.

OSARIAS SANTOS DA SILVA ajuizou a presente ação em face de B.V

FINANCEIRA S. A . C.F.I, objetivando obter provimento jurisdicional para condenação da

requerida à revisão do contrato outrora firmado entre as partes, que inclui, além de juros

considerados abusivos pelo requerente, valores com os quais este não concorda.

Pois bem.

O requerente pretende sejam modificadas algumas condições do contrato de

financiamento apontado na peça vestibular, no montante de R$50.000,00 (cinquenta mil

reais), tendo atribuído à causa o valor de R$22.000,00 (vinte e dois mil reais), sendo

imperioso tecer algumas considerações sobre este ponto.

Como é cediço, a matéria pertinente ao valor da causa não é tratada na Lei

nº 9.099/95, devendo ser aplicadas, por esse motivo, as disposições contidas no Código de

Processo Civil sobre o tema, conforme amplamente admitido pela doutrina e jurisprudência

pátrias.

Pois bem. O art. 259 do Digesto de Processo Civil, em seu inciso V, dispõe

que o valor da causa nos litígios que tiverem por objeto "a existência, validade,

cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico" será o valor do contrato, sendo

exatamente nesse sentido, e não poderia ser diferente, o entendimento do Superior Tribunal

de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OFENSA AO ART. 535 DO CPC. INOCORRÊNCIA. VALOR DA CAUSA. LITÍGIO SOBRE A VALIDADE DO CONTRATO. VALOR DO CONTRATO. APLICAÇÃO DO ART. 259, INC. V, DO CPC.1. Os órgãos julgadores não estão obrigados a examinar todas as teses levantadas pelo jurisdicionado durante um processo judicial, bastando que as decisões proferidas estejam devida e coerentemente fundamentadas, em

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obediência ao que determina o art. 93, inc. IX, da Lei Maior. Isso não caracteriza ofensa ao art. 535 do CPC. Neste sentido, existem diversos precedentes desta Corte. Precedente.2. A jurisprudência desta Corte sedimentou que o valor da causa será, quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico, o valor do contrato. Precedentes.3. Recurso especial não provido. (REsp 1177947/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/10/2010, DJe 28/10/2010)(destaquei)

Ademais, a jurisprudência tem consolidado o entendimento de que o valor da

causa deve corresponder à pretensão econômica perseguida na ação, ou, para citar os

precisos termos no enunciado nº 39 do FONAJE, "o valor da causa corresponderá à

pretensão econômica objeto do pedido".

Insta trazer à baila, nesse ínterim, o posicionamento do Superior Tribunal de

Justiça acerca do que se considera "conteúdo econômico do pedido" em ações que versem

sobre declaração de nulidade contratual, aplicável à espécie mutatis mutandis:

Processo civil. Decisão sobre impugnação ao valor da causa.Preliminarmente: Agravos de instrumentos interpostos pelo autor e pelo réu, sendo o primeiro dirigido ao extinto Primeiro Tribunal de Alçada Civil de São Paulo com o objetivo de reduzir o valor da causa fixado pelo Juízo de Primeiro Grau, e o segundo ao Tribunal de Justiça de São Paulo com o objetivo de majorar esse valor. Hipótese em que nenhum dos Tribunais se declarou incompetente para julgar a questão, tendo o Primeiro Tribunal de Alçada Civil negado provimento ao Agravo de Instrumento do autor antes do julgamento do recurso interposto pelo réu, pelo Tribunal de Justiça. Recurso especial interposto apenas para impugnar o julgamento do segundo agravo de instrumento, pelo Tribunal de Justiça. Possibilidade.No mérito: Valor da causa. Ação declaratória de nulidade de confissão de dívida cumulada com repetição dos valores já pagos em cumprimento à avença. Valor da causa estabelecido por estimativa pelo Tribunal a quo. Revisão. Fixação do valor do contrato.- Nos termos da Súmula 22/STJ, não compete a esta Corte decidir conflito de competência entre Tribunal de Justiça e Tribunal de Alçada de um mesmo Estado-Membro. Com o julgamento pelos dois Tribunais de agravos de instrumento interpostos contra a mesma decisão, ao STJ compete controlar a legalidade de ambas as decisões independentemente, caso sejam impugnadas mediante o recurso cabível.- A jurisprudência do STJ já se assentou no sentido de que, em ações declaratórias, o valor da causa deve corresponder ao conteúdo econômico da pretensão. Na hipótese de requerimento de declaração de nulidade de uma confissão de dívida, o conteúdo econômico do pedido corresponde ao valor do contrato.- Quanto ao pedido de repetição dos valores indevidamente pagos, trata-se de pretensão de caráter conseqüencial em relação à declaração de nulidade

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do contrato. Assim, não se deve cumular o valor das prestações a serem repetidas e o valor do contrato. O valor da causa, mesmo diante do pedido de repetição, deve se limitar ao valor do contrato. Recurso especial parcialmente provido. (REsp 702.409/SP, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 02/02/2006, DJ 20/02/2006, p. 335) (grifos meus)

Corroborando a aplicação desse posicionamento no âmbito dos Juizados

Especiais, transcreve-se trecho de preciosa obra coordenada por Jorge Tosta:

"A Lei que dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis é omissa quanto as 'regras de avaliação do valor da causa', razão pela qual a questão deve ser regida pelo Código de Processo Civil.

Aplicando-se, supletivamente, a norma de caráter geral, tem-se que o autor, na petição inicial, deverá atender as disposições do art. 259 e 260 do Código de Processo Civil, pois, no caso de impugnação pela parte contrária, são esses as regras que serão observadas pelo juiz.

Versando a lide sobre negócio jurídico, valor da causa será o do contrato respectivo, pois no inciso V do art. 259 do referido Código está estabelecido expressamente que, 'quando o litígio tiver por objeto a existência, validade, cumprimento, modificação ou rescisão de negócio jurídico', o valor da causa será o do contrato. (SANTOS, Moacir Amaral apud HONORIO, Maria do Carmo. In: TOSTA, Jorge (Coord.). Juizados Especiais Cíveis. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010, p. 67).

Assim, a quantia objeto do contrato em questão deve ser considerada para

fins de atribuição do valor da causa, vez que a demanda versa sobre modificação

contratual.

Feitas essas considerações, verifica-se que o demandante atribuiu à causa

quantia inferior a que está sendo objeto desta ação, quando deveria fazê-lo em

conformidade com o entendimento esposado acima. Dessa forma, outra alternativa não

resta senão a correção do valor da causa para a quantia de R$50.000,00 (cinquenta mil

reais).

Nesse diapasão, vale ressaltar que do valor da causa derivam várias

consequências, porquanto este é parâmetro para fixação de valor referente às taxas

judiciárias, às custas devidas aos serventuários da Justiça, dentre outros. Deduz-se,

portanto, que se o valor atribuído à causa for menor que o devido, todos os atos

processuais que dependam de arbitramento de quantia para serem praticados, se baseados

no valor da causa, serão subestimados.

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Além disso, no caso específico dos Juizados Especiais, o valor da causa é

um dos critérios definidores de sua competência, nos termos do art. 3º, inciso I, da Lei nº

9.099/95. A atribuição incorreta do valor à causa pode resultar em prejuízo ao erário, em

virtude do disposto no art. 55 do diploma legal mencionado. É que, nas ações que tramitam

perante as Varas do Juizado Especial, não são cobradas eventuais custas decorrentes da

prática de certos atos processuais, ao contrário do que ocorre nas Varas Cíveis da Justiça

Estadual Comum, onde, para que seja dado prosseguimento ao processo, as custas

precisam ser integralmente pagas. Noutros termos, caso tramitasse um processo nesta

Vara cujo autor não fosse beneficiário da Justiça Gratuita e o valor econômico perseguido

excedesse o previsto na Lei nº 9.099/95, tornar-se-ia evidente a perda econômica do

patrimônio público, pois neste Juizado não se procederia à cobrança das custas em virtude

de expressa disposição legal (art. 55), ao passo que estas seriam devidas se tramitasse em

uma das Varas Cíveis.

Em reforço ao raciocínio desenvolvido, traz-se à baila magistral ensinamento

de Fernando da Costa Tourinho Neto, vazado nos seguintes termos:

"A matéria pertinente ao valor da causa assume em nossa sistemática normativa instrumental vigente papel importantíssimo, a começar pela petição inicial, na qual figura como um de seus elementos indispensáveis, além das várias implicações de ordem pública, tendo-se em consideração que estabelece o tipo de procedimento adequado, fixa a competência originária e recursal, serve de base para o cálculo e depósito das custas processuais, é parâmetro, em algumas hipóteses, para a fixação dos honorários advocatícios (no caso de sucumbência em segunda instância), limita a produção de prova exclusivamente testemunhal e serve como padrão para a fixação da multa e indenização quando reconhecida a litigância de má-fé e por prática de ato atentatório ao exercício da jurisdição". (TOURINHO NETO, Fernando da Costa e FIGUEIRA JÚNIOR, Joel Dias. Juizados Especiais Estaduais Cíveis e Criminais – Comentários à Lai 9.099/95. 6ª ed. rev.,atual. e ampl. - São Paulo: Editora Revista do Tribunais, 2009, p. 116).

Então, a fim de evitar distorções no uso do procedimento especial previsto

pela Lei nº 9.099/95, o valor da causa deve ser correspondente à pretensão econômica

perseguida, para que assim traduza a realidade do pedido, ainda que o objetivo não seja a

incorporação dessa quantia ao patrimônio do requerente, e sim, a sua não cobrança. Isto é,

a pretensão econômica não se restringe ao pleito indenizatório e à restituição do valor

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efetivamente pago.

Vislumbra-se, portanto, a imprescindibilidade de correção do valor da causa,

ainda que de ofício, por se tratar de matéria de ordem pública, suscetível de apreciação a

qualquer momento ou grau de jurisdição.

Sobre o assunto, a Corte Superior Infraconstitucional já manifestou, inúmeras

vezes, que quando o valor atribuído à causa estiver em visível descompasso com o

conteúdo econômico da ação, o magistrado não somente está autorizado, mas tem a

obrigação de corrigir de ofício o valor da causa, posto que é patente o gravame causado ao

erário, consoante se extrai dos seguintes precedentes: REsp nº 572.536/PR, Rel. Min.

JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, DJ de 27/06/2005; AgRg no REsp nº 286.161/SP, Rel.

Min. MILTON LUIZ PEREIRA, DJ de 18/11/2002; REsp 1077272/SC, Rel. Ministro

FRANCISCO FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/11/2008, DJe 24/11/2008.

Dessarte, determino a correção do valor atribuído à causa para R$50.000,00

(cinquenta mil reais), impondo-se, consequentemente, o reconhecimento da incompetência

desta Justiça Especial para processar e julgar a presente demanda.

Importa frisar, ainda, que não obstante a competência para processo e

julgamento das causas inferiores ao teto estabelecido pela Lei dos Juizados Especiais seja

relativa, podendo o autor optar por demandar na justiça comum ou nesta especial, quando o

valor da causa excede o mencionado limite a competência da justiça comum torna-se

absoluta, não estando, portanto, ao alvedrio de quem quer que seja dispor sobre o que não

lhe cabe, não se aplicando, assim, o art. 3º, §3º da Lei nº 9.099/95.

Corroborando esse entendimento, farta messe de julgados, da qual é

exemplo a ementa do julgado a seguir transcrito:

CONFLITO DE COMPETÊNCIA- Pedidos de inexigibilidade de débito cumulada com indenização por danos morais - Extinção do primeiro pelo Juízo do Juizado Especial, que indeferiu a petição inicial, por incompatibilidade de rito - Ajuizamento, posterior, de segundo pedido, perante o Juízo Cível, com nova pretensão indenizatória e valor da causa - Inaplicabilidade, na hipótese, do art. 253, inciso II, do Código de Processo Civil- Valor atual que ultrapassa o teto dos Juizados - Hipótese de incompetência absoluta - Conflito procedente -Competência do Juízo suscitado.253IICódigo de Processo Civil

(990100405799 SP , Relator: Maria Olívia Alves, Data de Julgamento: 08/11/2010, Câmara Especial, Data de Publicação: 25/11/2010)

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Aliás, diferentemente do entendimento esposado por alguns magistrados

deste Tribunal, fere a lógica do razoável e a congruência que deve nortear o exegeta

concluir que pode o requerente renunciar não somente parte do que deseja receber mas

sim, inclusive, abdicar de parte do que deseja deixar de pagar (que pretende ver quitada),

consequência esta inexorável da extinção contratual, sem deixar de mencionar – repita-se –

a ofensa às regras de competência.

Sem olvidar o princípio do Acesso Universal à Justiça, constitucionalmente

consagrado, releva ponderar que o entendimento esposado nesta decisão não cria óbice à

prestação da tutela jurisdicional, mas apenas impõe seja esta realizada pelo juízo

competente, em observância aos princípios do Juiz Natural e do Devido Processo Legal.

Nesse sentido, ainda, deve ser observada a existência de mecanismos proporcionadores do

acesso à justiça no juízo competente, como o benefício da gratuidade de justiça, nos termos

da Lei nº 1.060/50, e a assistência jurídica gratuita, prestada por meio da Defensoria Pública

Estadual, especialmente estruturada para atender aos jurisdicionados hipossuficientes.

Forte nesses fundamentos, tendo em vista que o conteúdo econômico dos

pedidos iniciais excede o limite de quarenta salários mínimos, julgo extinto o processo, sem

resolução do mérito, com fulcro no art. 51, inciso II, combinado com o art. 9º da Lei nº

9.099/95.

Sem condenação em custas, em razão do disposto na primeira parte do

caput do art. 55 do mencionado diploma legal.

P. R. I.

Inexistindo recurso voluntário no prazo legal, arquivem-se os autos com as

cautelas de praxe.

Cumpra-se.

Manaus, 06 de março de 2013.

Alexandre Henrique Novaes de Araújo

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