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PLANO CICLOVIÁRIO PARA A BARRA DA TIJUCA Integração Com os transportes Coletivos
Parte 01
ISABELA SARAMAGO DE ARAUJO
RIO DE JANEIRO
10/08/2014
Parte 01:
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APRESENTAÇÃO ...................................................................................... 3
A BARRA DA TIJUCA E A MOBILIDADE URBANA ..................................... 4
Ações Políticas e Institucionais .................................................................... 10
A BICICLETA ................................................................................................ 8
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................. 12
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
Os constantes congestionamentos na Barra da Tijuca estão cada vez mais
insuportável. Os percursos a qualquer destino se parecem longos, cansativos e
estressantes, afetando não apenas a saúde, mas a qualidade de vida e ambiental. Adotar
um programa de integração entre os principais meios de transporte motorizados e os não
motorizados e o uso do solo tornam-se indispensável para a melhoria da mobilidade.
A Barra da Tijuca é um bairro espraiado, onde vários grupos residenciais se
alternam entre edifícios altos e baixos, multifamiliares ou unifamiliares, núcleos
comerciais, expandida por quilômetros de distância. As linhas de ônibus do transporte
coletivo não chegam a todos os lugares, tornando o automóvel a única opção de
deslocamento do morador do bairro. Desta forma, as ruas são transformadas em vias
expressas, dificultando a circulação dos pedestres, favorecendo a automobilização.
Dentro deste cenário, a bicicleta pode ser 50% mais rápida do que o automóvel em
percursos de até 6 km. Este trabalho propõe a integração da bicicleta com o sistema de
transporte coletivo e aos espaços públicos, visando atender os deslocamentos de curta
distâncias.
A mobilidade urbana sustentável promove condições seguras e adequadas à
circulação elevando a qualidade de vida nas cidades. Adotar um programa de integração
entre os principais meios de transporte motorizados e os não motorizados e o uso do
solo tornam-se indispensável para a melhoria da mobilidade na Barra da Tijuca.
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1 - BARRA DA TIJUCA E A MOBILIDADE URBANA:
A Barra da Tijuca é um bairro localizado na Zona Oeste do município do Rio
de Janeiro. Possui uma área total de 165,59 km2. Situada entre o oceano Atlântico e os
maciços da Pedra Branca e da Tijuca, é composta por oito bairros: Barra da Tijuca,
Recreio dos Bandeirantes, Vargem Pequena, Vargem Grande, Camorim, Grumari, Joá e
Itanhangá. Geograficamente é uma larga planície entre montanhas, morros e lagoas, que
se extende em 27,3km de praias oceânicas. O clima é tropical atlântico, com
temperatura média anual de 23,8˚C, superando a marca de 40˚C no verão. Por estar
localizada no litoral, o calor é dissipado pelas brisas marítmas. (pt.wikipedia.org).
Mapa 1: Localização da Barra da Tijuca no Rio de Janeiro.
Fonte: pt.wikipedia.org
A Barra da Tijuca é um mega-bairro dentro da cidade do Rio de Janeiro. É uma
região com grandes condomínios residenciais unifamiliares, multifamiliares,
supermercados, hospitais, shoppings centers, estabelecimentos de educação, diversos
teatros, além dos parques naturais e parques de entretenimento, possui um centro
esportivo. Há também alguns heliportos, helipontos e um aeroporto comercial de
pequeno porte (Aeroporto de Jacarepaguá). Existe um projeto ainda em estudo de
aumentar o aeroporto a fim de atender a ponte aérea Rio-São Paulo.
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Figura 1: Panorama urbano - Barra da Tijuca.
Fonte: www.skyscrapercity.com
A principal via de circulação é a Avenida das Américas, formando um eixo
leste-oeste com aproximadamente 40 quilômetros de extensão. É a principal ligação dos
bairros Recreio dos Bandeirantes e Guaratiba, como também é a via coletora de muitos
núcleos habitacionais e comerciais. Outras duas grandes vias fazem parte do sistema
viário: no sentido norte a sul, a Avenida Ayrton Senna liga o bairro à Jacarepaguá e à
Linha Amarela, e a Avenida Lúcio Costa, que segue ao longo da praia.
A configuração espacial do Bairro, coloca o automóvel como o melhor meio de
deslocamento. A falta de segurança, a ausência de uma infra-estrutura adequada e as
grandes avenidas, criaram um efeito “barreira” desestimulando a caminhada e o uso da
bicicleta.
Está em funcionamento os BRTs, corredores de ônibus segregados, inspirados
nos modelos de Curitiba e Bogotá. É um sistema de ônibus de alta capacidade que busca
oferecer um serviço rápido e eficiente aos usuários de transporte público. Serão ao todo
quatro corredores: TransOeste (liga Santa Cruz e Campo Grande à Barra da Tijuca),
TransBrasil (de Deodoro ao Centro), TransCarioca (Barra da Tijuca à Ilha do
Governador) e TransOlímpica (entre Deodoro e Barra da Tijuca).
Para a construção desse sistema, entre o Trevo da Alvorada e o Túnel da Grota
Funda, foi removido uma faixa da via da Avenida das Américas resultando longos
congestionamentos. O corredor exclusivo de ônibus funciona na via principal de
circulação, não atendendo os moradores locais. Apesar da super lotação nos horários de
pico (entre 7 e 10 horas), o sistema é aceito por muitos usuários pela economia de
tempo no deslocamento.
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Quanto ao transporte coletivo convencional, não existem linhas circulando
entre os condomínios e em alguns sub-bairros como por exemplo, o Jardim Oceânico.
Conforme dito anteriormente, o ônibus circula apenas nas vias de maior fluxo.
Entretanto, em alguns condomínios, existe um sistema de transporte exclusivo para os
moradores se deslocarem em pontos pré-determinados para o centro e o aeroporto.
Mapa 2: Mapa indicando o trajeto feito pelo trnasporte público nas vias do bairro.
Fonte: Google Maps, visitado em 21/07/2014, com intervenção da autora da pesquisa.
Para contextualizar os congestionamentos diários, destaca-se algumas situações
rotineiras tipicamente encontradas na Barra da Tijuca: rota de saída para a Zona Sul
congestionadas de segunda a sexta-feira a partir das 8h30m; rota de chegada à Barra da
Tijuca a partir das 16h30m. O mesmo trajeto, com engarrafamentos intenso com
reflexos para o Bairro como também para os bairros da Zona Sul. A circulação viária na
Barra fica prejudicada. Os engarrafamentos do retorno em massa para a casa prejudica
tanto aos passantes como também aos moradores. Em qualquer situação, o morador está
em conflito com outros papéis, desempenhados por pessoas que dividem o mesmo
espaço de circulação. A figura 2 ilustra os engarrafamentos diários do bairro.
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Av. da Américas
Av. Lúcio Costa
Av. Ayrton Senna
Viaduto do Joá. Imagem do trânsito horário manhã. Fonte: Arquivo pessoal
Trânsito nas Av. das AméricasFonte: Arquivo pessoal.
É preciso ter consciência de que o automóvel não pode mais ser um modal
essencial dos moradores da Barra. No entanto, não existe uma forma de atender a todas
as demandas no mesmo espaço de circulação, uma vez que o ambiente de circulção foi
fisicamente projetado pelas políticas anteriores. O que se pode fazer é investir em outros
tipos modais ou a integração de todo o sistema. A Barra da Tijuca tem uma geografia
plana, ideal para a prática do ciclismo e da caminhada.
Para concluir, é importante salientar a existência de preconceito em relação ao
uso do transporte público coletivo. No Brasil, vários grupos sociais de renda média ou
alta têm uma visão negativa do transporte coletivo, frequentemente reforçada pela
propaganda de venda de carros e motos. A quantidade e a qualidade do transporte
público, a localização e os horários do funcionamento e a segurança são considerações
que levam o morador da Barra à escolha do uso do automóvel. Profundamente
enraizada, a ideologia do automóvel é tão forte que os moradores do Bairro são a favor
do desenvolvimento de novos projetos e recursos para aumentar as vias a fim de facilitar
o tráfego. Porém, o aumento da capacidade viária estimula o uso do carro, gerando
novos congestionamentos, alimentando um ciclo vicioso que degrada o espaço
público.
Gráfico 1: Ciclo dos congestionamentos.
Fonte: A Bicicleta e as Cidades, Instituto de Energia e Meio Ambiente.
Segundo a CET-RIO, a única iniciativa que poderá amenizar o problema é o
transporte público de qualidade. A chegada da Linha 4 do metrô é uma promessa que a
situação será aliviada.
Mas como desestimular o uso do automóvel? De que modo colocar a bicicleta
como o veículo para se chegar a Linha 4 do metrô, por exemplo?
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2 - A BICICLETA:
Como foi mencionado anteriormente, a falta de um sistema de transporte
eficiente e o grande número de deslocamentos nas rotas para o Bairro, geram
congestionamentos vivenciados diariamente pelos moradores. Se o transporte coletivo é
insuficiente, se o automóvel já está no seu limite, é necessário propor mudanças a
respeito do uso e da ocupação do solo, tendo em vista o arranjo físico do sistema viário
favorecendo o uso da bicicleta. A inclusão da bicicleta e do pedestre para pequenas e
médias distâncias e a sua integração no sistema viário, é uma opção interessante uma
vez que diminui o número de veículos circulando, não agridem o meio ambiente e traz
benefícios para saúde e a qualidade de vida.
A bicicleta é um invento marcante que evoluiu, se transformou e foi ocupando
espaço no cotidiano das cidades, seja como lazer, como instrumento de trabalho, seja
em competições esportivas.
Figura 3: Evolução da bicicleta.
Fonte: www.cuestaadventure.com.br
A bicicleta é um meio de se deslocar. Não poluente, silenciosa, econômica,
acessível a todos. É um meio de transporte urbano e rural que usa a energia humana
como força motriz. Em certos trajetos urbanos, é mais rápida do que o automóvel.
Embora não constitua a única resposta aos problemas de circulação, representa todavia
uma contribuição para uma política global de mobilidade. (CIDADES PARA
BICICLETAS, CIDADES DO FUTURO, 2000).
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Além dos efeitos positivos sobre a qualidade de vida e do meio ambiente,
algumas características favoráveis são destacadas no Plano de Mobilidade por Bicicleta
descritas a seguir:
- Baixo custo de aquisição e manutenção;
- Eficiência energética;
- Menor espaço ocupado no solo, tanto para se deslocar como para estacionar;
- Diminuição dos congestionamentos;
- Melhor acessibilidade para toda a população, incluindo os jovens;
- Ganho de tempo considerável para os ciclistas nas curtas e médias distâncias;
- Integração social;
- Facilidade em vencer vias em aclive através das bicicletas com sistema de
marchas ou mecanismo elétrico.
Quanto as desvantagens do uso da bicicleta, os fatores climáticos são um dos
obstáculos a sua aceitação. Por exemplo, em cidades brasileiras do Centro-Sul do país, a
chuva frequente requer adaptações tanto na configuração da bicicleta e no vestuário
como também na pavimentação das vias. Acontece ao contrário nas regiões Norte e
Nordeste, onde o intenso calor incomoda muito o ciclista.
A falta de segurança no trânsito é o outro fator de desestímulo. Tanto a
ausência de infra-estrutura adequada nas vias como a presença de assaltos expõe o
ciclista ao maior número de acidentes. Trafegar com segurança é um direito de todo
cidadão que deve ser assegurado com adoções de políticas urbanas locais.
(VASCONCELLOS, 2012).
Outras desvantagens a não viabilidade do uso regular da bicicleta são:
- Poucas ciclovias;
- Poluição do ar provocado pelos transportes motorizados;
- Ausência de estacionamentos seguros;
- Ausência de iluminação e comunicação visual;
- Sistema cicloviário deficitário, sem pontos de conexão;
- Asfaltos irregulares;
- Pouca integração com outros sistemas modais.
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- Ausência de campanhas educacionais positivas com informações estruturais
para os ciclistas e para os pedestres da bicicleta como veículo.
2.1 - Ações Políticas e Institucionais:
No Brasil, foi elaborada a Lei Federal n˚ 12.587/12, que “é um instrumento da
política de desenvolvimento urbano objetivando a integração entre os diferentes modos
de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no
território do Município”. (www.planalto.gov.br). Classifica o transporte motorizado e o
não motorizado como transporte urbano. A bicicleta passa a ser considerada como
veículo particular, e as ciclovias como parte da infra-estrutura da mobilidade urbana.
Esse plano é obrigatório para cidades acima de 20 mil habitantes.
É fundamental para o desenvolvimento urbano sustentável procurar não
desfavorecer um meio de transporte em relação a um outro. (Cidades Para Bicicletas,
Cidades do Futuro). As regras e leis precisam ser cumpridas e, as normas municipais,
estaduais e federais para a estruturação dos sistemas de transporte devem ser
aplicadas.
O Rio de Janeiro está desenvolvendo ações que visam a promoção da bicicleta
como meio de transporte. Dentre elas, a realização do PDTNM - Plano Diretor Estadual
dos Transportes não Motorizados do Estado do Rio de Janeiro. Os objetivos são:
- Aumento da bicicleta na divisão modal;
- Aumento da participação do modo a pé;
- Redução do número de acidentes envolvendo pedestres e ciclistas;
- Maior uso utilitário dos modos a pé e de bicicleta;
- Maior participação dos grupos sub-representados da população;
- Expansão da rede de vias para bicicletas;
- Expansão da área para pedestres;
- Institucionalização de planos para os modos a pé e de bicicletas;
No que diz respeito a bicicleta elétrica, a prefeitura do Rio de Janeiro publicou
em 2012, decreto regularizando a circulação na cidade. “Para fins de circulação em
ciclovias, ciclofaixas e vias públicas, equiparam-se as bicicletas elétricas às bicicletas
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movidas a propulsão humana”. (www.g1.globo.com, publicado em 07/05/2012).
Determina também o limite de velocidade vinte km/h e a idade mínima ou superior a
dezesseis anos.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
CICLOCIDADES: Associação dos Ciclistas Urbanos de São Paulo, 2014.
CIDADES PARA BICILETAS, CIDADES DO FUTURO. Comissão Européia. DG do
Ambiente, 2000.
CIDADES, Plano de Mobilidade por Bicicletas nas Cidades. DF, 2007.
FOLHA DE SÃO PAULO, Caderno Mobilidade Urbana, 12/10/2013.
GUIMARÃES, Geraldo Spagno. Comentários à Lei de Mobilidade Urbana, Lei n˚ 12.587/12. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. Ciclovias Cariocas. Rio de
Janeiro: Instituto Municipal de Urbanismo Pereira Passos, 2005.
REVISTA da Bicicleta: www.revistabicicleta.com.br.
SCHETINO, André M. Pedalando na Modernidade: a bicicleta e o ciclismo na
transição do século XIX para o XX. Rio de Janeiro: Ed. Apicuri, 2008.
VASCONCELLOS, Eduardo A. Mobilidade Urbana e Cidadania. Rio de Janeiro: Ed. Senac, 2012.
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