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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa www.dhv.pt 3.ª Fase DHV, S.A. Abril | 2013 E21256 Relatório e Programa de Execução Estrada de Alfragide, 92 2610-015 Amadora T +351 214 127400 F +351 214 127490 E [email protected]

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Plano de Pormenor de Salvaguardado Núcleo Histórico da Cidade deSerpa

www.dhv.pt

p

3.ª Fase

DHV, S.A.

Abril | 2013E21256

Relatório e Programa de Execução

Estrada de Alfragide, 92 2610-015 AmadoraT +351 214 127400F +351 214 127490E [email protected]

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 7

1.1. NOTA PRÉVIA................................................................................................................................. 7

1.2. ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO ..................................................................................................... 8

2. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA SOCIOCULTURAL .................................................. 9

2.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 9

2.2. O PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO, ARQUITETÓNICO E A CIDADE ANTIGA ............................................ 9

2.2.1. A ocupação do território da pré-história à atualidade .............................................................................. 9

2.2.2. O património arqueológico, arquitetónico e a cidade antiga ................................................................. 21

2.3. EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ................................................................................ 34

2.3.1. Dinâmica Demográfica .......................................................................................................................... 34

2.3.2. Estrutura Etária ..................................................................................................................................... 35

2.3.3. Famílias ................................................................................................................................................ 35

2.3.4. Número de alojamentos ........................................................................................................................ 35

2.3.5. Tipos de alojamentos e formas de ocupação ........................................................................................ 36

2.3.6. Época de Construção do Parque Habitacional ..................................................................................... 36

2.3.7. Tipo de Utilização dos Edifícios ............................................................................................................ 36

2.3.8. Condições de Habitabilidade nos Alojamentos ..................................................................................... 37

2.3.9. Avaliação das Carências Habitacionais ................................................................................................ 37

3. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA ECONÓMICO ........................................................ 39

3.1.1. Rede de Equipamentos e Serviços ....................................................................................................... 39

3.2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 39

3.3. POSICIONAMENTO DE SERPA NO QUADRO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL ................................ 40

3.4. ESPECIALIZAÇÃO DA BASE ECONÓMICA REGIONAL ...................................................................... 40

3.5. CONDIÇÃO DA POPULAÇÃO PERANTE O EMPREGO ....................................................................... 40

3.6. BASE ECONÓMICA ....................................................................................................................... 41

3.7. TURISMO ..................................................................................................................................... 41

3.8. A ESTRUTURA ECONÓMICA DO NÚCLEO HISTÓRICO ...................................................................... 42

4. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA AMBIENTAL .......................................................... 45

4.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 45

4.2. FISIOGRAFIA ................................................................................................................................ 45

4.3. CLIMA E MICROCLIMA .................................................................................................................. 46

4.4. SOLOS ........................................................................................................................................ 46

4.5. ESTRUTURA VERDE E AMBIENTAL ................................................................................................ 46

5. DIAGNÓSTICO – SISTEMA URBANO ...................................................................... 49

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5.1. REDE VIÁRIA E CIRCULAÇÃO ........................................................................................................ 49

5.1.1. Características Físicas e Geométricas das Vias ................................................................................... 49

5.1.2. Esquema de Circulação ........................................................................................................................ 51

5.2. HIERARQUIZAÇÃO DA REDE VIÁRIA ATUAL ................................................................................... 53

5.3. CARACTERIZAÇÃO DA PROCURA DE TRÁFEGO ATUAL ................................................................... 55

5.3.1. Análise global das deslocações ............................................................................................................ 56

5.3.2. Principais motivos de viagem ................................................................................................................ 56

5.3.3. Procura de tráfego atual ........................................................................................................................ 57

5.3.4. Pontos Críticos ...................................................................................................................................... 58

5.4. ESTACIONAMENTO ....................................................................................................................... 59

5.4.1. Caracterização da Oferta Atual ............................................................................................................. 59

5.4.2. Caracterização da Procura Atual .......................................................................................................... 61

5.4.3. Identificação dos Pontos Críticos .......................................................................................................... 65

5.5. CARACTERIZAÇÃO DA MOBILIDADE DA POPULAÇÃO – TRANSPORTE PÚBLICO ............................... 65

5.5.1. Caracterização das Viagens ................................................................................................................. 66

5.6. CARACTERÍSTICAS DO EDIFICADO ................................................................................................ 71

5.6.1. Considerações iniciais .......................................................................................................................... 71

5.6.2. Morfologia Urbana................................................................................................................................. 72

5.6.3. Quarteirões ........................................................................................................................................... 72

5.6.4. Volumetrias: .......................................................................................................................................... 73

5.6.5. Agrupamento e Número de Fogos ........................................................................................................ 73

5.6.6. Tipo de Ocupação ................................................................................................................................. 73

5.6.7. Estado de Conservação ........................................................................................................................ 74

5.6.8. Época de Construção ............................................................................................................................ 74

5.6.9. Tipologias no Núcleo Histórico de Serpa .............................................................................................. 75

5.6.10. Sistemas construtivos ........................................................................................................................... 78

5.6.11. Avaliação da capacidade resistente dos elementos estruturais dos edifícios, nomeadamente, no que diz respeito ao risco sísmico ................................................................................................................. 95

5.7. ESPAÇOS PÚBLICOS – LARGOS E PRAÇAS ................................................................................... 97

5.7.1. Considerações iniciais .......................................................................................................................... 97

5.7.2. Zona Intramuralhas ............................................................................................................................... 97

5.7.3. Zona Exterior às muralhas .................................................................................................................. 114

5.8. INFRAESTRUTURAS .................................................................................................................... 137

5.8.1. Rede de abastecimento de água ........................................................................................................ 137

5.8.2. Rede de Drenagem de Águas Residuais Domésticas ........................................................................ 137

5.8.3. Rede de Drenagem de Águas Residuais Pluviais ............................................................................... 138

5.8.4. Rede de Distribuição de Energia Elétrica ............................................................................................ 138

6. ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO .......................................................................... 141

6.1. SISTEMA SOCIOCULTURAL – ABORDAGEM ESTRATÉGICA À REVITALIZAÇÃO SOCIAL E CULTURAL 142

6.1.1. Salvaguarda e Reabilitação do Património Arqueológico ................................................................... 142

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6.1.2. Planeamento das intervenções ........................................................................................................... 145

6.1.3. Património classificado ....................................................................................................................... 146

6.1.4. Fase de construção............................................................................................................................. 147

6.1.5. Fase de utilização ............................................................................................................................... 147

6.1.6. Propostas de dinamização e valorização do património histórico-cultural .......................................... 148

6.1.7. Dimensão Social e Habitacional ......................................................................................................... 152

6.1.8. Dimensão Cultural e de Lazer ............................................................................................................. 152

6.2. SISTEMA ECONÓMICO – ABORDAGEM ESTRATÉGICA À REVITALIZAÇÃO ECONÓMICA ................... 153

6.2.1. Dimensão Comercial / Turística .......................................................................................................... 153

6.3. SISTEMA AMBIENTAL – ABORDAGEM ESTRATÉGICA AO REFORÇO DA QUALIDADE AMBIENTAL (BIOFÍSICA) ............................................................................................................................... 154

6.4. SISTEMA URBANO – INFRAESTRUTURAS ..................................................................................... 155

7. MODELO DE ESTRUTURAÇÃO E REGENERAÇÃO URBANA ............................. 157

7.1. OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................................... 157

7.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS – CONCEITO ....................................................................................... 157

7.3. CONTEÚDO DOCUMENTAL DO PLANO ......................................................................................... 158

7.4. SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA ..................................................................... 158

7.4.1. Introdução ........................................................................................................................................... 158

7.4.2. Património Classificado ....................................................................................................................... 159

7.4.3. Património Arqueológico ..................................................................................................................... 159

7.5. RUÍDO ....................................................................................................................................... 160

7.6. ESTRUTURAÇÃO GERAL E QUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS ............................................................. 160

7.7. UTILIZAÇÃO E OCUPAÇÃO DO SOLO ........................................................................................... 161

7.7.1. Espaços Centrais ................................................................................................................................ 161

7.7.2. Espaços de Uso Especial ................................................................................................................... 162

7.7.3. Espaços de Articulação e Valorização Urbana ................................................................................... 162

7.7.4. Espaços Verdes de Equilíbrio Ambiental e Valorização Urbana ......................................................... 163

7.7.5. Espaço Cultural de Estruturação e Valorização Urbana – Muralhas de Serpa ................................... 164

7.8. INTERVENÇÃO NO EDIFICADO ...................................................................................................... 164

7.8.1. Conceito Global e Objetivos de Intervenção no Edificado .................................................................. 164

7.8.2. Valor Arquitetónico e Condicionamentos de Intervenção no Edificado ............................................... 165

8. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG ............................................... 167

8.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .......................................................................................................... 167

8.2. A IMPORTÂNCIA DO SIG ............................................................................................................. 167

8.3. BASE DE DADOS E CARTOGRAFIA DE BASE ................................................................................. 167

9. PROGRAMA DE EXECUÇÃO ................................................................................. 169

9.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 169

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9.2. APRESENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES ......................................................................................... 169

9.3. DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES ................................................................................................ 171

10. ................................................................................. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................. 173

QUADRO Quadro 5.1 - Postos de Inquérito O/D .............................................................................................................. 56

Quadro 5.2 - Utilização da carreira consoante a frequência das viagens ........................................................ 70

Quadro 5.3 - Síntese indicadores mobilidade .................................................................................................. 70

Quadro 5.4 - Procura Potencial ....................................................................................................................... 71

FIGURA Figura 5.1 – Principais motivos de viagem ....................................................................................................... 56

Figura 5.2 - Período horário preferido para a realização das viagens .............................................................. 66

Figura 5.3 - Motivo da viagem ......................................................................................................................... 67

Figura 5.4 - Modo de transporte utilizado ......................................................................................................... 67

Figura 5.5 - Frequência da viagem ................................................................................................................... 68

Figura 5.6 - Viagens por zona .......................................................................................................................... 69

Figura 5.7 - Castelo – “Antiga casa de habitação no interior da Alcáçova do Castelo” .................................... 75

Figura 5.8 - Café/Restaurante “O Alentejano” .................................................................................................. 76

Figura 5.9 - Edifício de habitação, comércio e serviços ................................................................................... 77

Figura 5.10 - Edifício de habitação ................................................................................................................... 78

Figura 5.11 – Preparação do terreno para construção de alicerces ................................................................. 80

Figura 5.12 – Embasamento da parede com proteção exterior da parede ...................................................... 82

Figura 5.13 – Controlo de fissuras e estabilização e substituição de parede ................................................... 83

Figura 5.14 – Tipos de arco e abóbada ............................................................................................................ 85

Figura 5.15 – Tipos de abóbada; assentamento de tijoleira para construção de abóbadas ............................. 86

Figura 5.16 – Estabilização de parede abobadada; remates e reforço de abóbadas....................................... 87

Figura 5.17 – Fabrico de tijolo; Escadas tridimensionais ................................................................................. 88

Figura 5.18 – Janela de vidraça com portada interior e exterior; Introdução de perfil em betão armado antes de abertura de vão ........................................................................................................................................... 89

Figura 5.19 – Sobrado em elementos de ferro e madeira ................................................................................ 90

Figura 5.20 – Telhados .................................................................................................................................... 91

Figura 5.21 – Beirados ..................................................................................................................................... 92

Figura 5.22 – Exemplo de um pavimento de terraço correto ............................................................................ 93

Figura 5.23 – Imagem de pavimento interior .................................................................................................... 93

Figura 5.24 – Tipos de Chaminés existentes ................................................................................................... 94

Figura 5.25 – Vista de chaminés no interior da habitação e exterior ................................................................ 95

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ANEXO – PROPOSTA DE INVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO DO NÚCLEO HISTÓRICO DA CIDADE DE SERPA

INFORMAÇÃO SOBRE O DOCUMENTO E AUTORES

Cliente Câmara Municipal de Serpa

Referência do Projeto 21256

Descrição do Documento Relatório e Programa de Execução Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

Versão

Referência do Ficheiro 21256-F3-RE-PP-0002_d

N.º de Páginas 206

Diretor de Projeto Romana Rocha (Fase 3)

Antonieta Matos (Fase 1 e 2)

Data 11 de abril de 2013

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1. INTRODUÇÃO

1.1. NOTA PRÉVIA

Construir “…é colaborar com a terra; é por numa paisagem uma marca que a transformará para sempre; é contribuir também para a lenta transformação que é a vida das cidades.”

Reconstruir “…é colaborar com o tempo sob o seu aspeto de passado, apreender-lhe ou modificar-lhe o espírito, servir-lhe de muda para um mais longo futuro ….”

Memórias de Adriano – Marguerite Yourcenar

Os monumentos de valia histórica e patrimonial marcam a leitura da cidade de Serpa, sendo, no entanto, o conjunto edificado do Núcleo ou Núcleo Histórico que se evidencia como um registo único.

A cidade de Serpa localiza-se no sul de Portugal, na região do Baixo Alentejo e perto da fronteira com Espanha, no eixo de ligação Lisboa/Sevilha.

A sua valorização na perspetiva de uma oferta turística de excelência, que não ponha em causa os valores culturais e patrimoniais, é, assim, recomendável, tirando partido quer da sua localização estratégica, quer dos valores em presença.

Os equipamentos associados à Cultura e ao Lazer têm assumido, neste sentido, um significado muito particular na estratégia empreendida, pelo município de Serpa, para o desenvolvimento da Cidade.

A dinamização da atividade cultural irá, também, ser objeto de novos impulsos, perspetivando-se a concretização de alguns projetos estruturantes: Requalificação do Museu Municipal de Arqueologia, Recuperação do Sistema Construtivo da Muralha (troços 1, 2, 3 e 9 já recuperados), este projeto permitirá o percurso pelo Caminho de Ronda, Casa do Artista, Museu do Humor e do Absurdo, entre outros, estes aliados a equipamentos já existentes como o Musibéria, projeto inovador e de dimensão regional e a Casa do Cante.

O Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa foi elaborado de acordo com o disposto no Decreto-Lei n.º 380/99, de 22 de Setembro, na redação conferida pelo Decreto-Lei n.º 46/2009, de 20 de Fevereiro, e com o disposto no Decreto-Lei n.º 309/2009, de 23 de Outubro. O plano abrange uma área do Município de Serpa, com cerca de 51,1 hectares, encontrando-se os seus limites identificados na Planta de Implantação e na Planta de Condicionantes, elaboradas à escala 1:1 000.

A qualidade do ambiente urbano do Núcleo Histórico constitui a temática central do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico, envolvendo, nomeadamente, propostas de intervenção relacionadas com: a requalificação dos espaços públicos (ruas, largos, e praças); a implementação de um sistema de acessibilidades confortáveis para peões e veículos (qualificação dos pavimentos, prioridades para peões, estacionamento de veículos); a criação/valorização da

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paisagem urbana com equipamentos sócio culturais que permitam o reforço da vivência urbana; a salvaguarda do património natural e construído; e, a definição de regras para a intervenção arquitetónica no conjunto edificado.

Da metodologia seguida é de evidenciar: como referência da filosofia de abordagem, os conceitos de Sustentabilidade e de Regeneração Urbanas; como quadro orientador de inovação da gestão urbana que se pretende implementar; a criação de uma base de dados georreferenciada – Sistema de Informação Geográfica (SIG).

A Gestão das Cidades só adquire eficiência quando os Instrumentos de Gestão Territorial – como é o caso deste Plano de Pormenor – constituem ferramentas de um processo contínuo e interativo de planeamento e gestão, capaz de articular, em tempo útil, os cenários planeados com a evolução dos estilos e vida, das tecnologias e da dinâmica económica, introduzindo os ajustamentos necessários para captar as oportunidades.

A existência de um planeamento contínuo de nível estratégico, suportado em estruturas pluridisciplinares permanentes e em sistemas de gestão integrada da informação, assegurando a monitorização do desenvolvimento e promovendo a aferição sucessiva das linhas e projetos estratégicos, constituirá a base da gestão eficiente do Núcleo Histórico.

1.2. ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

O presente documento constitui o Relatório da Fase 3 do Plano e decorre dos estudos desenvolvidos ao longo da Fase 1 – Estudos de caracterização e diagnóstico, consubstanciando o desenvolvimento dos elementos apresentados na Fase 2 – Proposta de Plano.

Face ao exposto, o presente Relatório tem por base o Relatório apresentado na Fase 2 do Plano ao qual foram efetuadas as alterações propostas pela Câmara Municipal de Serpa, pela Direção Regional de Cultura do Alentejo e Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, e organiza-se de acordo com os seguintes capítulos:

O Diagnóstico é apresentado, ao longo dos capítulos 1 a 5 de acordo com os Subsistemas que enquadraram o desenvolvimento do Plano.

A Estratégia de intervenção é apresentada no capítulo 6, recorrendo tal como no Diagnóstico a uma abordagem por subsistemas tendo como enfoque a revitalização social e cultural, a revitalização económica, o reforço da qualidade ambiental e a mobilidade.

Apresentado o Diagnóstico bem como a Estratégia de Intervenção, no capítulo 7 é apresentado o Modelo de Estruturação e Regeneração Urbana, sendo sintetizadas as principais propostas do Plano.

No Capítulo 8, é apresentado resumidamente o Sistema de Informação Geográfica sobre o qual se desenvolve o Plano.

O Programa de Execução é apresentado no Capítulo 9.

Por fim, no Capítulo 10 é apresentada a bibliografia consultada.

Deve ser aqui mencionado que os estudos da Fase 1 foram desenvolvidos e concluídos no ano de 2007, sendo que os elementos de caracterização referem-se aos levantamentos efetuados nessa data. No entanto, alguns elementos foram nesta data atualizados e constam na adenda produzida.

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2. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA SOCIOCULTURAL

2.1. INTRODUÇÃO

As linhas de diagnóstico do subsistema sociocultural resultam do confronto entre o Núcleo ou Núcleo Histórico da cidade – enquanto espaço de concentração de funções, equipamentos, estruturas organizativas e espaços de relação dinamizadores da integração e valorização sociocultural – e o subsistema constituído pelo conjunto de valores histórico-culturais e sociais.

2.2. O PATRIMÓNIO ARQUEOLÓGICO, ARQUITETÓNICO E A CIDADE ANTIGA

2.2.1. A ocupação do território da pré-história à atualidade Do ponto de vista da evolução do conhecimento relativo aos vestígios da presença humana no atual território do concelho de Serpa, diversos projetos de investigação, inventariação e salvamento de arqueossítios permitiram identificar um amplo manancial de informação e o preenchimento de um amplo mapa de vestígios dispersos pelo território.

A obra “Arqueologia do Concelho de Serpa” constitui uma referência, enquanto carta arqueológica do concelho (Lopes et al., 1997). Os trabalhos realizados na segunda metade da década de 1990 permitiram documentar 322 sítios arqueológicos e 41 epígrafes.

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Excerto da carta arqueológica do concelho de Serpa Subsistema Sociocultural

147 – Bemposta (troço de via romana); 150 – Olival da Peste 1 (uilla romana, medieval/moderno); 151 – Olival da Peste 2 (uilla romana?); 152 – Serpa I (castelo pré-história até época contemporânea); 153 – Serpa II (pequeno sítio romano); 157 – Horta dos Banhos (uilla romana, medieval/moderno); 165 – El Rincon (pequeno sítio romano); 166 – Alto da Forca (habitat neolítico-calcolítico, pequeno sítio romano); 167 – Pedra Longa (monumento megalítico calcolítico); 169 – Fonte da Baina 2 (pequeno sítio romano); 170 – Fonte da Baina 3 (forja medieval/moderno); 172 – Poço d´el Rey (mancha de ocupação medieval/moderno)

Atualmente encontram-se documentadas 514 entradas relativas às ocorrências de interesse arqueológico no concelho de Serpa na base de dados nacional Endovélico (de acordo com a pesquisa realizada a 26 de Setembro de 2007 em www.ipa.min-cultura.pt).

Uma parte bastante significativa desta atualização da informação decorre das ocorrências integradas em meio rural e resultantes da avaliação e minimização de impactes de projetos diversos, designadamente dos projetos associados ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA).

Alguns projetos de investigação associados a processos evolutivos e períodos crono-culturais específicos têm permitido alguns desenvolvimentos significativos da diacronia da presença antrópica localmente.

Destacam-se os trabalhos pioneiros de Abel Viana na recolha de materiais macro-líticos da designada tradição languedocense ao longo das margens do Rio Guadiana; o projeto de investigação de Mariana Diniz relativo ao processo de neolitização do Alentejo Interior; o estudo de António Monge Soares sobre a metalurgia pré-histórica da região; ou o trabalho de síntese de Rui Parreira relativo ao fenómeno das necrópoles da Idade do Bronze do Alentejo Interior.

O território envolvente à atual cidade de Serpa detém condições naturais e uma ampla diversidade de recursos particularmente propiciatórias para a fixação de comunidades humanas, desde épocas bastante remotas.

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A fertilidade dos solos, o potencial mineralógico do subsolo, a diversidade de espécies florísticas e faunísticas autóctones das serranias, montados, dos rios e ribeiras, aliam-se à transitabilidade das paisagens e à presença de uma importante via fluvial: o Rio Guadiana (Lopes et al., 1997, p. 127).

Não são precisos os limites temporais do início da ocupação do território, uma vez que as cronologias paleolíticas atribuídas a inúmeros artefactos macro-líticos identificados nas margens do Rio Guadiana é atualmente contestada e contraposta a uma cronologia pós-paleolítica, embora pouco afinada (Lopes et al., 1997, p. 127). Acrescem às questões cronológicas as dúvidas relativas à composição de efetivas jazidas arqueológicas, uma vez que se trata de deposições secundárias resultantes do transporte e rolamento fluvial (Lopes et al., 1997, p. 127).

Não existem atualmente dados crono-estratigráficos fiáveis e a presença desta macro-utensilagem em contextos neolíticos (como Foz do Enxoé ou Toca da Galinha) e calcolíticos (como São Brás 1) indiciam uma ampla diacronia de utilização dos seixos rolados como matéria-prima de captação local.

Os dados mais consistentes relativos à ocupação humana, datam do V milénio a.C. e mesmo estes são algo incipientes.

A este período poderão ser atribuídos os materiais provenientes da Foz do Enxoé, da Horta da Morgadinha e da Toca da Galinha e consistem em cerâmica com decoração plástica, incisa e impressa, integrada na tradição morfológica e estilística do Neolítico Antigo (Lopes et al., 1997, p. 127).

Estas primeiras comunidades, com um significativo grau de mobilidade (eventualmente sazonal) e detentoras de algum domínio sobre a produção de alimentos, ter-se-ão estruturado em pequenos grupos, aos quais é atribuída uma ampla diversidade de estratégias de exploração de recursos, dando uma particular preferência à proximidade de recursos hídricos (Lopes et al., 1997, p. 128).

No IV milénio a.C. e sobretudo na transição para o II milénio a.C. amplia-se o conjunto de vestígios e de fontes de informação, decorrente da maior tipicidade dos achados, mas sobretudo do processo de fixação das comunidades a um determinado espaço fisiográfico. Também neste período é notável o papel preponderante dos recursos hídricos na estruturação das manchas de povoamento, mas agora em conjugação com a seleção de áreas férteis, com aptidão agrícola. É a norte de Serpa, estruturado em torno da Ribeira do Enxoé e do Barranco da Retorta, que se localiza o núcleo composto por sítios como Monte Luís Mendes, Torre de Lóbios 1, Foz do Enxoé, Casa Branca 1, Casa Branca 6 e Casa Branca 7, Atalaia da Torre 1, Canada ou Retorta 1 (Lopes et al., 1997, p. 128).

Estes habitats implantam-se genericamente sobre o topo de amplas plataformas, suaves colinas e respetivas encostas, em pontos de baixa altitude que não indiciam preocupações de defesa natural, denunciando um modelo de povoamento “pouco diversificado, disperso e instável (Lopes et al., 1997, p. 128).

As estruturas habitacionais identificadas em Moinhos Velhos são rudimentares e precárias.

No plano da economia coeva pode aferir-se um modelo de comunidade já agro-pastoril, mas na qual a recoleção, a caça e a pesca continuam a ocupar uma posição determinante para assegurar a subsistência (Lopes et al., 1997, p. 128).

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Do conjunto artefatual destaca-se a produção em pedra polida, a indústria de talhe laminar e lamelar e os elementos de moagem.

A partir de meados do III milénio a.C. distinguem-se núcleos de habitat, nos quais é evidente um maior investimento na arquitetura.

Vila Verde de Ficalho e o mais tardio sítio do Alto da Forca são emblemáticos devido à identificação de fossos escavados, que delimitam total ou parcialmente a área habitacional (Lopes et al., 1997, p. 128).

Outro indício da progressiva fixação das comunidades ao território corresponde aos espaços sepulcrais e aos marcos simbólicos e sagrados que definem na paisagem. De facto, os monumentos megalíticos (antas ou dólmenes e menires) e as gravuras rupestres são as manifestações materiais de um processo de demarcação simbólica da paisagem.

As sepulturas megalíticas são de cariz coletivo, concentram-se nas zonas de serra e são parcas e modestas nesta área de estudo. Assinala-se o seu posicionamento espacialmente disperso, surgindo isoladamente (como Araújo e Lagarinho 2, Boa Vista e Arcins, embora no último caso haja uma referência à existência de outras duas estruturas nas imediações). Casos excecionais são os de conjuntos como Monte da Velha (onde foi identificada uma anta e um pseudo-tholos) e Sobralinho 1 e 2 (que se encontram englobados num conjunto que integra monumentos mais tardios).

Não deverá ser ocasional a localização do único menir conhecido no atual concelho de Serpa num ponto central do já mencionado núcleo de maior concentração de vestígios datáveis do IV milénio a.C.

As gravuras conhecidas representam covinhas (Santa Justa 3 e o abrigo sob rocha de Galeadas 1), insculturas (identificadas em Gião e Foz de S. Lourenço), figuras circulares e um pequeno antropomorfo (registados cerca de 15 ou 20 km a montante do Pulo do Lobo).

As mutações simbólicas e sociais inerentes ao III milénio a.C. estão patentes em exemplos como a estela antropomórfica de Alcaria (Lopes et al., 1997, p. 129).

Este é também um período de maior diversidade e crescente estabilização das formas de ocupação do solo.

Para além na manutenção de habitats anteriores (como Alto da Forca, Atalaia do Peixoto e Atalaia da Torre 1), surgem novos polos de ocupação, em zonas de difícil acesso e providas de condições naturais de defesa (designadamente, Serpa 1, Serra de Ficalho, S. Brás 1).

Com o Calcolítico surgem também os padrões de economia agro-pastoril mais evidentes, com maior vinculo a territórios com potencial agrícola e com o aproveitamento de produtos secundários, resultantes da exploração dos animais domesticados, como o leite, o queijo, a lã e a força de tração (Lopes et al., 1997, p. 130).

Para além do incremento da produção associada ao consumo diário diversificam-se as atividades com o impulsionar da tecelagem (cujos vestígios foram identificados sob a forma de prováveis pesos de tear em Atalaia do Peixoto, Alto da Forca e Monte Luís Mendes) e a emergência da atividade metalúrgica, em locais como Atalaia do Peixoto e S. Brás 1 (com uma produção local atestada por cadinhos, pingos de fundição e um possível algaraviz).

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A implantação de sítios como na Serra de Ficalho poderá justamente decorrer da captação sazonal de recursos metalúrgicos (Lopes et al., 1997, p. 130).

Os fossos (de Alto da Forca), as muralhas (de S. Brás 1) o emprego da pedra na edificação das habitações acentuam a perenidade da arquitetura e a estabilização do povoamento.

Também no final deste milénio se acentuam as interligações entre comunidades, evidenciadas pelo intercâmbio de materiais alógenos, nomeadamente através da importação de cerâmicas de tipologia campaniforme (Lopes et al., 1997, p. 130).

A esta fase são parcos os exemplos de estruturas de cariz funerário associadas aos espaços de habitat. Embora seja plausível a continuidade de utilização dos monumentos megalíticos erigidos na fase anterior, surge uma nova tradição de construção, muito menos imponente e de cariz individual, como Monte da Velha 1 (Lopes et al., 1997, p. 130).

Com o início da Idade do Bronze (II milénio a.C.) afirma-se a tradição de construção de pequenas cistas com uma laje de cobertura, para inumações individuais, mas não isoladas. Constituem-se, pelo contrário, efetivos cemitérios, compostos por núcleos de cistas, como Sobralinho ou Aldeia Velha (Lopes et al., 1997, p. 130).

No entanto, os vínculos com tradições arcaizantes são aferíveis através da implantação destas novas necrópoles em espaços previamente sacralizados pela presença de monumentos megalíticos ou através da utilização de pequenos tumuli sobre as cistas, patentes em núcleos como Talho do Chaparrinho, Covão ou Herdade do Montinho.

Este fenómeno funerário caracteriza-se pela variedade de escolhas na implantação paisagística das necrópoles, pelo polimorfismo da arquitetura funerária e pela diversidade de rituais patentes.

Em contrapartida, não se dispõe de dados relativos aos núcleos de povoamento associados a estes espaços da morte. Uma hipótese aparentemente verosímil é a diluição das preocupações de implantação com domínio sobre terrenos com potencial agrícola e sobre recursos hídricos (Lopes et al., 1997, p. 131).

Encontra-se atestada a continuidade de ocupação de habitats calcolíticos, como S. Brás 1, no Bronze Inicial. Este habitat volta a ser ocupado no final da Idade do Bronze, mas desconhece-se totalmente o que ocorreu no hiato temporal, que apenas as necrópoles documentam.

A base da organização social terá então correspondido a pequenos grupos diversos e dispersos, entre os quais se salienta a afirmação do estatuto social, do poder e da riqueza, que progressivamente se concentram em determinados indivíduos e/ou grupos (Lopes et al., 1997, p. 131).

As sepulturas de Belmeque, datadas da Idade do Bronze Médio (ou seja, meados do II milénio a.C.) são documentativas da existência de indivíduos ricos e poderosos, para o enterramento dos quais foram empregues cânones bastante peculiares para a tradição indígena: a arquitetura consiste em estruturas negativas, escavadas na rocha como é frequente em contextos mediterrânicos; e o espólio integra os metais precisos prata, ouro e bronze (em punhais e numa faca).

Outros indícios coevos de concentração de riqueza são as cinco cadeias de espirais de ouro de Vale de Viegas e o torque de ouro de Vila Nova de S. Bento (Lopes et al., 1997, p. 131-2).

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Para o final do II milénio a.C. e a transição para o milénio seguinte são conhecidos os espaços de habitat, mas, em contrapartida (e até ao período romano), desconhecem-se os testemunhos dos espaços de morte coevos (Lopes et al., 1997, p. 132).

Esta fase é pautada pela extrema diversidade de núcleos de habitat, quanto à sua implantação paisagística, dimensão, morfologia e funcionalidade, que se conjuga com um processo de hierarquização, especialização e complexificação da própria sociedade (Lopes et al., 1997, p. 132).

São identificáveis povoados abertos, sem condições naturais de defesa, que dominam pequenas áreas com potencial agrícola, como Pantufo, Casa Branca 1, Santa Margarida ou Vila Verde de Ficalho.

Em contraponto, existem os povoados de altura, com condições naturais de defesa ou com estruturas defensivas edificadas, segundo um padrão de concentração da ocupação, como Serpa 1, Passo Alto ou Crespa.

Salienta-se ainda a provável especialização funcional de sítios como Azenha da Misericórdia ou Passo Alto, com uma vocação metalúrgica.

Permanece por aferir que tipos de vínculo e que eventuais relações de interdependência poderiam conectar os diferentes povoados.

Relativamente aos sistemas defensivos, persistem dúvidas quanto a uma funcionalidade pragmática versus uma simbólica. O que é evidente é que até então estes sistemas não haviam assumido um papel tão relevante à escala regional (Lopes et al., 1997, p. 132).

Destaca-se o emprego da pedra nas construções defensivas, a edificação de taludes de pedra e terra, de torreões, de eventuais muros radiais de reforço (como em Crespa e Pulo do Lobo 1) e a colocação de pedras fincadas ou “cavalos de frisa” em zonas particularmente vulneráveis de acesso ao povoado (observadas em Passo Alto).

O aparente colapso do povoamento referido para a fase do Bronze Médio, parece repetir-se em meados do I milénio a.C., uma vez que, após as ocupações dos primeiros séculos, só voltam a registar-se vestígios balizáveis entre os séculos IV e III a.C., na designada II Idade do Ferro.

Atualmente só são conhecidos materiais desta fase em Serpa 1, Vila Verde de Ficalho e Azenha da Misericórdia, que correspondem a habitats de grandes dimensões, com ocupações prévias. O aparentemente peculiar sítio de Espinhaço implica um projeto de investigação que fundamente a sua cronologia sidérica e interprete a sua singularidade, resultante da implantação paisagística e da exígua dimensão.

O Rio Guadiana adquire um novo papel estruturante do povoamento, resultante da intensificação e diversificação dos contactos e intercâmbios inter-regionais, em conjugação com as vias terrestres e marítimas com as quais conflui. Neste contexto salientam-se os circuitos de exploração e consumo de metais (Lopes et al., 1997, p. 132).

Assim, neste período correspondente à II Idade do Ferro é possível detetar num mesmo contexto arqueológico (como no Castelo de Serpa) vestígios coevos provenientes de distintas tradições culturais e de diferentes proveniências geográficas, como por exemplo, as cerâmicas pintadas de tradição ibérica em associação com cerâmicas estampilhadas de filiação céltica (Lopes et al., 1997, p. 132-3).

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O processo de romanização deste território inicia-se na primeira metade do século II a.C., não sendo evidentes, no registo escrito ou arqueológico, sinais de resistência por parte das populações autóctones perante os novos ocupantes (Lopes et al., 1997, p. 135).

No entanto, a dominação romana provocará profundas, embora lentas, mutações nas estratégias de ocupação do espaço, na gestão dos recursos naturais, na estrutura social e mesmo nos padrões culturais e religiosos. Estas mutações assumem distintas fases e ritmos, de acordo com os interesses de índole militar, política ou económica que as impulsiona.

Os vestígios arqueológicos indiciam uma efetiva fixação de população de origem itálica apenas na segunda metade do século I a.C., sendo a presença anterior mais inerente ao processo de conquista e à exploração dos recursos naturais de rendimento mais imediato (nomeadamente, os metais), desprovida de uma política estruturada de ocupação. Assim, nesta primeira fase bastavam os habitats preexistentes bem posicionados, como Serpa e Fines (Vila Verde de Ficalho).

Pax Iulia (a atual cidade de Beja), fundada entre 31 a.C. e 27 a.C. é constituída como cidade capital do território, sede do poder político e administrativo (Faria, 1989), mas só com a implementação do projeto augustano de reorganização administrativa da Hispânia, se concebe em 16 a.C. a província da Lusitânia.

Terá sido nesta fase que a civitas de Pax Iulia é dotada do estatuto de colónia e são redefinidos os limites do seu território administrativo, que passou a incluir Serpa, que até então seria um oppidum autónomo (Lopes et al., 1997, p. 136).

A transição para uma efetiva política de ocupação, implica que os povoados preexistentes se adequem aos cânones romanos de ordenamento e gestão do território ou se extingam (Lopes et al., 1997, p. 137).

Integrada neste contexto, Serpa, tal como Fines, desenvolve-se enquanto aglomerado secundário, em relação à capital de civitas e beneficia do seu posicionamento estratégico em relação aos itinerários terrestres (como a via Pax Iulia/Onuba, a actual Huelva) e fluviais (o Rio Guadiana) do ocidente peninsular.

A posição secundária é atribuída devido à inexistência de equipamentos inerentes ao estatuto de cidade e à extensão do cadastro fundacional de Pax Iulia até esta zona. No entanto, nada se conhece sobre a estrutura urbana característica destes pequenos aglomerados (Lopes et al., 1997, p. 137).

Ainda assim, a sua importância poderá ser aferida a partir de dados como o privilégio de cunhagem de moeda na segunda metade do século I a.C., com a legenda SIRPIENS, para além da integração do topónimo no “Itinerário de Antonino”.

De facto, as vias de comunicação assumiram um papel fundamental na estruturação do povoamento, fundamentando a distribuição espacial de diversos sítios coevos.

Foi proposto um traçado para a via Pax Iulia/Onuba: entre Pax Iulia e Serpa o traçado desta via é apenas sugerido com base na localização e orientação da calçada de Bemposta, podendo seguir ao longo do Barranco da Amendoeira, em direção ao Monte do Farrobo, onde atravessaria o Rio Guadiana, seguindo em direção a Quintos; em contrapartida, o troço entre Serpa e Fines foi definido com base no “Itinerário de Antonino”, na distância de XX milhas entre os dois locais (o

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equivalente a um dia de marcha, que permite ponderar a hipótese de Serpa e Fines terem sido manciones, grandes estabelecimentos para pernoita e abastecimento, complementados com mutatio, pontos de paragem secundários, como se poderão afigurar Figueiras, Meirinho ou Abóboda, na análise da distribuição do povoamento e na orografia (Lopes et al., 1997, p. 141).

O traçado passaria pelas villae de Santa Justa, Cidade das Rosas, Maria da Guarda, Lage, Meirinho, Figueiras, Abóboda e Coelheiras, até atingir Fines, que poderá ser inclusivamente interpretado como caput viae, entre a Lusitânia e a Bética, como sugere o marco miliário de Corte do Alho.

Complementarmente existiam vias secundárias, que conectavam polos populacionais à escala regional. O marco miliário de Corte do Alho pode ser integrado na via entre Moura e Fines, da mesma forma que o marco de Chilre pode corresponder à via entre Serpa e Moura (embora este último não se encontre no seu contexto original).

A rede viária terrestre completa-se com os caminhos vicinais e agrícolas.

O Guadiana era a via fluvial que permitia a ligação a Mirtilis (Mértola), embora alguns troços, como o Pulo do Lobo tivessem de ser transpostos por terra.

Os novos núcleos de povoamento são compostos por edifícios erigidos em pedra, tijolo e argamassa, que surgem dispersos pelos campos ou aglomerados sob a forma de incipientes pólos urbanos (villae, casais agrícolas e alguns pequenos sítios), posicionados em pontos estratégicos de domínio das fontes de matérias-primas e das vias de comunicação que permitem a sua circulação.

As I deste território (sendo as maiores Cidade das Rosas, Monte das Oliveiras, Salsa, Horta dos Banhos, Aldeia do Grilo, embora se suponha a existência de unidades com fundi mais pequenos como, Escalfacães, Fidalgos, Arouches, Santa Margarida ou Campinas) farão parte integrante do conjunto dos grandes latifúndios, propriedades que se consistem na unidade mais relevante de estruturação do mundo rural romano (Lopes et al., 1997, p. 138).

A sua implantação corresponde genericamente a encostas suaves, com domínio sobre os melhores terrenos agrícolas, com controlo de linhas de água e das principais vias de comunicação.

A produção cerealífera ocuparia a grande percentagem dos terrenos dos fundi, correspondendo às exigências de uma economia de mercado, no entanto, existiriam outras áreas produtivas de menor dimensão como a vinha e a oliveira, os produtos frutícolas e hortícolas, as pastagens para o gado e manchas florestais com intuito de auto consumo ou produção apenas para abastecimento de um circuito mais regional, de pequena escala.

A integração nas redes de circulação inter-regional encontra-se atestada através dos materiais recolhidos nas villae, como por exemplo a coexistência de recipientes de fabrico regional, com outras de proveniências longínquas. Estes itens atestam igualmente a capacidade financeira dos proprietários rurais, sejam eles colonos oriundos da península itálica e do norte de África ou alguns indígenas plenamente romanizados, e a sua integração nos circuitos culturais vigentes, conforme Côrrobora a epigrafia, a decoração dos respetivos suportes, a escultura e as práticas funerárias (Lopes et al., 1997, p. 138 e 147).

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Já os casais agrícolas, como Ervancos, consistem em unidades rurais de exploração familiar, menos diversificadas, com dimensões muito mais exíguas, onde o espólio ligado à vida quotidiana se afigura bastante mais modesto e com uma subsequente área de exploração associada muito mais reduzida.

Outra característica notória é o posicionamento periférico em relação aos bons terrenos agrícolas, surgindo dominantemente na transição para os solos pobres, em áreas onde o relevo se torna mais acidentado, ocupando sobretudo o topo de cabeços. Assim, são bastante numerosos os casais identificados na área de Vila Verde de Ficalho.

São diversas as questões sem resposta que se colocam sobre a ocupação dos casais: como as origens dos seus ocupantes; se teriam um estatuto de proprietários ou de rendeiros; se existiria algum vínculo em relação às villae, ou pelo contrário, se seriam totalmente autónomos (Lopes et al., 1997, p. 138).

Parece evidente, pela sua posição marginal, que aufeririam de menores rendimentos, baseando a sua existência num pressuposto de auto consumo da produção agrícola. No entanto, a funcionalidade destes habitats poderia extravasar o âmbito da produção agrícola, uma vez que vestígios de escória sugerem que pelo menos alguns deles se conectariam com a atividade metalúrgica.

A estas duas formas de estruturação dos habitats rurais acrescem os pequenos sítios, cuja área de dispersão de vestígios raramente ultrapassa os 300/400 m2, geralmente implantados no topo de pequenos outeiros, integrados nos territórios de villae e de alguns casais, que parecem corresponder a pontos destacados no interior dessas propriedades, embora a sua funcionalidade não seja propriamente evidente (Lopes et al., 1997, p. 140).

Coloca-se a hipótese destes pequenos arqueossítios corresponderem a estruturas de apoio à agricultura e à pecuária, distribuídas pelo fundus, resultante assim a sua estrutura regra geral precária, por vezes em taipa e com cobertura em materiais perecíveis.

As necrópoles do período romano identificadas no concelho de Serpa não são propriamente monumentais e coadunam-se com o ambiente rural em que se inserem. Cada villa, cada casal, teriam o seu espaço funerário próprio, nas proximidades da área residencial.

Embora sejam escassos exemplos os conhecidos, a memória popular regista a frequente ocorrência de sepulturas no decurso da lavra mecânica dos terrenos, como em Vale de Matanças, desconhecendo-se contudo, o destino do espólio ou tão pouco a localização exata do achado.

Santa Justa foi a única necrópole escavada, na qual se registaram sepulturas de inumação, que quase sempre integram um ossário resultante de uma inumação anterior. Consistem numa caixa retangular, composta por tijolo e por vezes pedra, com cobertura em tegulae ou de lajes pétreas.

Nestes contextos o espólio é pouco significativo ou mesmo inexistente, com traço de tradição tardia, provavelmente já sob a influência do cristianismo.

Nos primeiros séculos de ocupação, a prática funerária mais corrente é a incineração e a deposição das cinzas num recipiente colocado diretamente na terra ou inserido numa caixa composta por tijolo, em associação com espólio variado (como unguentários, lucernas, recipientes cerâmicos, moedas, joias, etc.), documentada em Ferragial de Manuel Correia.

Monte da Salsa constitui um exemplo dos mausoléus de tipo familiar (Lopes et al., 1997, p. 140).

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Sucintamente, os autores consideram que o período de romanidade neste território se encontra balizado entre o século I a.C. e a segunda metade do século V d.C. (Lopes et al., 1997, p. 136).

Na fase de transição correspondente à segunda metade do século V d.C. assiste-se ao abandono de diversas villae, porém existem vestígios que atestam a sua ocupação no período seguinte, como as basílicas e as necrópoles paleo-cristãs de Vila Verde de Ficalho e de Alpendres de Lagares (Lopes et al., 1997, p. 136). No entanto, tudo aponta para que estes polos populacionais tenham sofrido significativas alterações funcionais.

A título de exemplo em Cidade das Rosas foram identificados em escavação fornos de cal de época visigótica, sobrepostos à estrutura termal de período romano (Lopes et al., 1997, p. 157).

Após a conquista islâmica (iniciada em 711 d.C.), em escassos anos assume o domínio do sudoeste do território peninsular, e neste contexto o núcleo urbano de Serpa permanece ocupado, agora administrativamente integrado no distrito (ou kura) de Beja.

As populações autóctones permanecem detentoras de liberdade de culto, mediante a devida tributação, tornando-se moçárabes. Mas estes podiam adotar o novo culto e tornar-se muladies.

A conturbada história política e bélica deste período pode ter localmente como marco a segunda metade do século IX d.C., num contexto de diversas rebeliões, no qual surgem principados, que persistem até às primeiras décadas do século X, quando o surgimento do califado de Córdova apazigua a situação. Neste período procede-se à intensa construção de castelos e à reconstrução de antigos recintos amuralhados, como pode ter ocorrido em Serpa (Lopes et al., 1997, p. 154).

Serpa detém a importância inerente a uma fortificação (hisn), centro dominador de um pequeno território, que não foi alvo de comentários por parte dos cronistas árabes coevos. No entanto, a sua posição estratégica, em ponto equidistante entre Moura e Beja, nas imediações de importantes vias de comunicação, permite conjeturar que se tratava de um castelo califal.

Entre os séculos X e XI d.C. Serpa seria uma pequena urbe amuralhada, com alcáçova para o governador local.

O século XI d.C. corresponde à queda do poder califal e à formação dos reinos das taifas e este território é incorporado na taifa de Sevilha, sob o domínio da família Abácida.

Sucedem-se a fase das taifas, dos domínios almorávida e almóada e só no século XII d.C. surgem as primeiras referências documentais a Serpa (Lopes et al., 1997, p. 154).

No âmbito das vias de comunicação do al-Andaluz Serpa é mencionada por Edric como Sirba, integrada no percurso de uma via que grosso modo mantinha o traçado do período romano, indicado no “Itinerário de Antonino”.

Os documentos árabes e cristãos também referem Serpa, no âmbito do processo de reconquista cristã do Alentejo, iniciada a partir do reinado de D. Afonso Henriques. Ibn Sahib al-Sala cita a vila na descrição do ataque dirigido por Giraldo Sempavor em 1165/1166, mas é referida noutros textos de Bayan e Ibn Sahib al-Sala, datados das décadas de 1150 e 1160.

Em 1166 Serpa sofre um ataque cristão, perante o qual os muçulmanos não tiveram capacidade de resistir.

Mas em 1175/1176 os Almóadas retomam Beja e neste contexto Serpa passa a ser governada pelo alcaide (cadí) Abû Bakr Wasir. Quando este personagem passa a dominar Beja, o governo de Serpa é entregue ao sobrinho Ali Wasir.

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Em 1188 ocorre um novo cerco cristão a Serpa. No entanto, a conquista efetiva só será obtida várias décadas mais tarde, em 1232, durante o reinado de D. Sancho II, protagonizada por D. Paio Peres Correia, Mestre da Ordem de Santiago (Lopes et al., 1997, p. 156).

Para além do núcleo urbano fortificado, os vestígios do povoamento do território rural em período islâmico são aparentemente escassos. Conhecem-se sítios como Tojosas de Baixo 1, implantado numa encosta, das imediações do Barranco da Fonte Branca. Neste contexto foi identificado espólio cerâmico com decoração a verde e manganês e a corda seca total, a par de cerâmicas não vidradas, integráveis no período islâmico antigo (califal) e pleno (século XI d.C. e seguintes). No mesmo arqueossítio foram registados materiais que apontam para uma ocupação posterior (tardo-medieval/ moderna).

A estratégia comum de povoamento rural consistiria na seleção de pontos com cotas altimétricas elevadas, de encosta e topos de cumeada, deixando libertas as melhores terras agrícolas.

Aponta-se ainda para a conjetural ocupação, mesmo que temporária, da Serra Grande de Serpa (onde se registam malhadas dos séculos XIII e XIV d.C.), aproveitando inclusivamente habitats pré-romanos (Lopes et al., 1997, p. 156).

Também se verifica a ocupação de habitats romanos, nomeadamente as villae de Zambujeiro 1, Monte da Salsa, Testudos 1 e Cidade das Rosas 1 (que se situa muito próximo do único topónimo “alcaria” ou alqariya localizado no território do concelho), sendo as três últimas referências efetivas povoações ou alcarias, com ocupação islâmica antiga e plena. O espólio cerâmico, com filiações nas tradições locais e regionais, como as decorações polícromas no interior, os vidrados melados, o emprego do óxido de manganês e os brunidos espatulados apontam para uma cronologia entre os séculos IX/X e XI d.C. Contudo, elementos como as grandes malgas carenadas com brunidos podem corresponder aos séculos XI/XII d.C.

Pequenos sítios romanos como Fonte da Baina 1, Morenas 2, Santa Ana e Entre-Águas, integram espólio do período islâmico pleno, como as cerâmicas vidradas dos séculos X/XI d.C. em diante.

Em Testudos 1, Morenas 2 e Fonte da Baina 3 foi mesmo registada cerâmica datada do período pós-reconquista cristã, nomeadamente dos séculos XV/XVI d.C., numa época que parece corresponder à fundação dos “montes” alentejanos (Lopes et al., 1997, p. 157).

Relativamente às origens da antiga organização administrativa do concelho, refira-se que a documentação escrita só nos fina do século XIII d.C. consagra a área do termo (www.cm-serpa.pt).

Ainda sobre o domínio de Castela, no decurso do ano de 1281, Afonso X estabeleceu a demarcação do concelho, com o objetivo de incrementar o povoamento de Serpa e de todas as terras da Margem Esquerda do Guadiana, através da atribuição do primeiro foral: o Foral de Sevilha.

Após um século de peripécias militares e diplomáticas e com a reconquista cristã do Alentejo, Serpa recebe de D. Dinis, no ano de 1295, nova carta de foral.

Este novo documento indicia a preponderância das atividades agropecuárias na economia local. No entanto, também refere as atividades comerciais e os produtos transacionados: pão, vinho, panos de lã e linho, peixe e mesmo mouros.

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O foral dionisino denuncia ainda um ambiente de reorganização, no qual é evidente a tensão social e política, notória por exemplo nas aplicadas às infrações ou nas regras de controlo e vigilância do tráfego fluvial no Rio Guadiana e n as vias terrestres, que indicia uma preocupação de assegurar a manutenção das atividades mercantis (www.cm-serpa.pt).

O documento aborda ainda a estratificação social vigente, que implicava a divisão dos que tinham direitos políticos, os vizinhos do concelho, de acordo com as posses, cavaleiros e peões. Progressivamente aumentam as subdivisões nos estatutos superiores e destaca-se ainda o grupo mais poderoso dos homens bons. Mais tardiamente surge ainda a diferenciação dos homens honrados de boa fazenda.

Na base da pirâmide social, sem direitos políticos encontravam-se os mesquinhos, os mancebos, os solarengos e escravos. Os distintos estatutos referidos não eram estanques e aponta-se mesmo para uma intensa mobilidade social.

Do ponto de vista da organização administrativa e judicial, o concelho era dirigido por dois juízes, definidos em eleição na assembleia dos vizinhos, após ratificação pelo rei. Note-se que uma disposição do foral condiciona a escolha dos candidatos, inibindo o gentile (o estrangeiro ou pagão) de exercer o cargo.

Este é um período de desenvolvimento privilegiado de relações entre os concelhos de Serpa e Moura, que consistiam em assistência mútua, no abastecimento de bens (sendo autorizado o comércio livre entre as duas povoações desde 1317, desde que feito pelos respetivos moradores), apoio financeiro e mesmo na defesa recíproca (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.). Documentação do século XIV atesta a tomada de decisões comuns no extremo dos dois territórios, onde atualmente se situa a aldeia de Pias.

No ano de 1513 D. Manuel (que, antes de ser rei, tinha sido senhor de Serpa) concede novo foral (www.cm-serpa.pt).

Este foral é pouco incisivo nas questões relativas à política e administração ou estrutura social do concelho e incide principalmente na carga fiscal.

O foral manuelino permite perspetivar Serpa no início do século XVI, como um núcleo urbano em expansão, um dos mais importantes portos secos do reino.

Localmente as culturas cerealíferas de sequeiro e a pastorícia assumiam um papel relevante na estrutura económica, embora o artesanato (designadamente a tecelagem e a metalurgia) e o comércio (incluindo a transação de escravos) indiciassem um notável desenvolvimento.

As ligações viárias terrestres desempenham um papel fundamental e Serpa é ponto de passagem de duas estradas principais de ligação entre Portugal e Castela: a ligação Salamanca/Cáceres, que dai partia para Évora e Lisboa e a ligação Sevilha/Lisboa, com passagem por Serpa e Beja.

O Alentejo, em meados do século XVI, concentrava o maior número de centros urbanos do país, sendo a província que a nível nacional mais contribuía para as receitas do Estado e nesse quadro, Serpa apresentava-se como uma das mais importantes vilas da província e do próprio reino.

Na centúria seguinte a população de Serpa quase duplica, em consonância com a evolução geral do país. De facto, nos séculos XVI e XVII, no interior fronteiriço não se verifica um cenário de desertificação.

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Em 1674, o príncipe regente, futuro rei D. Pedro II, confere à vila o título e os privilégios de "Vila Notável", fundamentados pelo número de moradores (que ascendia ao milhar e meio), pela notoriedade dos locais, no domínio bélico e intelectual e pela posição fronteiriça estratégica que ocupava, em situação de conflito.

Mas a sua posição fronteiriça acarretou para o concelho a insegurança e as destruições inerentes à Guerra da Restauração de 1640-48, à Guerra da Sucessão de Espanha (1703-1713) e às invasões napoleónicas (de 1801 e 1814).

Em meados do século XVIII, o concelho perde preponderância militar e, contrariamente à tendência nacional, não se verifica um aumento populacional. As causas poderão residir, genericamente, nas diversas fases de crise inerentes a maus anos agrícolas.

No final da centúria de Setecentos mantém-se profundamente enraizado o antigo regime económico e as desigualdades sociais inerentes. As terras férteis do concelho encontram-se na posse de grandes proprietários, que controlam a vida municipal e constitui-se uma massa crescente de camponeses sujeitos a crises cíclicas de trabalho e a uma situação de subsistência precária.

A tendência de concentração da propriedade rural sob a forma de grandes latifúndios mantém-se nos séculos seguintes.

Durante a segunda metade do século XIX, verifica-se a multiplicação dos desbravamentos, não só das terras agrícolas mas também das terras improdutivas, denominadas de galegas. Nos anos 30 e 40 do século XX, a Campanha do Trigo, que estendeu a cultura mesmo às vastas regiões de xisto, teve consequências desastrosas no desequilíbrio do frágil sistema produtivo baseado na complementaridade da pecuária com as atividades recolectoras e com o cultivo intenso das hortas.

2.2.2. O património arqueológico, arquitetónico e a cidade antiga O ponto mais alto da vila é aquele onde se regista o primeiro núcleo de povoamento, delimitado pela Rua das Varandas, pala Rua dos Farizes e pela Rua da Barbacã. Esta implantação ter-se-á fundamentado na posição estratégica de domínio visual do território envolvente (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

De facto, as escavações arqueológicas realizadas no castelo revelaram várias fases de ocupação (Lopes et al., 1997, p. 156; Antunes, 2006).

A realização de uma sondagem a Sul da Torre da Horta, permitiu identificar uma sucessão diacrónica de vestígios, que documentaram a ocupação deste espaço desde a Pré-História (Braga e Soares, 1986).

Os dados obtidos nesta sondagem foram entretanto complementados por outras leituras no âmbito de diversas intervenções (Antunes, 2006, p. 1):

Um perfil estratigráfico na Rua das Varandas, sobre o qual assenta o pano Oeste da Muralha observável após obras de beneficiação do acesso ao Núcleo Intramuros, que revelou níveis da Idade do Ferro (Braga e Soares,1981);

Os resultados dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos, no perímetro urbano e decorrentes do loteamento da zona poente de Serpa, que afetaram a necrópole urbana alto-medieval da Zona

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Poente (Antunes, 2005 a; Deus e Correia, 2001; Ferreira, 2000; Ferreira e Cunha, 2001; Reis, 2001; Silva, A., s.d. a e b, 1998 e 2000; Silva, C., 2000.);

Os trabalhos relacionados com o Plano de Requalificação Urbana e Funcional do Núcleo Histórico de Serpa. (Antunes, 2005 b e 2006; Antunes e Viegas, 2011).

Os trabalhos arqueológicos realizados pela autarquia no imóvel da Rua da Barbacã 29-33 e no seu logradouro, relacionados com o projeto de requalificação e ampliação do Museu Municipal de Arqueologia – Núcleo Envolvente (Antunes et allii, 2010).

Os trabalhos arqueológicos realizados no âmbito da demolição do edifício da Rua da Barbacã 29-33 e da consolidação da área da intervenção arqueológica, enquadrados no projeto de requalificação e ampliação do Museu Municipal de Arqueologia – Núcleo Envolvente, promovidos pela autarquia, ainda inéditos.

Os trabalhos arqueológicos enquadrados nas obras de consolidação dos troços 2, 3 e 9 das Muralhas, promovidas pela autarquia, ainda inéditos.

Os trabalhos arqueológicos enquadrados na obra de Requalificação do Museu Municipal de Arqueologia (Núcleo do Castelo), promovida pela autarquia,ainda inéditos.

Os trabalhos arqueológicos enquadrados na requalificação de espaços urbanos, promovida pela autarquia, como é o caso do Largo dos Santos Próculo e Hilarião (antigo Largo de Santa Maria), em parte inéditos (Neves, Dias e Corga, 2012).

Os trabalhos arqueológicos decorrentes de operações urbanísticas (e.g. Ferreira, 2009; Ferreira, Serra e Antunes, 2010; Serra e Antunes, 2010; Serra, 2012).

Os trabalhos arqueológicos inseridos na requalificação de imóveis, promovida pela autarquia (Antunes e Fialho, 2012).

Os trabalhos arqueológicos realizados no âmbito de obras públicas, como é o caso da implementação ou da renovação de infraestruturas da Portugal Telecom (Maia, 2011; Antunes, 2012).

Outras intervenções desenvolvidas na área do núcleo histórico não permitiram identificar evidências arqueológicas (designadamente, o acompanhamento de obras na Rua dos Lagares / Largo da Corredoura, ou as sondagens realizadas na Rua Frei Bento, nº 4 no âmbito da recuperação do imóvel) ou não dispõem ainda de relatórios (como o acompanhamento arqueológico da Rua das Amoreiras, nº 49 no âmbito da recuperação do imóvel).

No entanto, a informação atualmente disponível relativa à arquitetura militar e/ou eventuais outros edifícios anteriores à fortificação gótica é particularmente escassa e as interpretações avançadas constituem meras hipóteses de trabalho, que implicam a Côrroboração através de investigação (Antunes, 2006, p. 1).

Embora a ocupação mais arcaica do Cerro do Castelo de Serpa arqueologicamente documentada corresponda ao Calcolítico (entre o final no IV milénio a.C. e o início do milénio seguinte), os vestígios são bastante ténues, e correspondem apenas a um escasso conjunto de fragmentos de cerâmica desprovido de contexto deposicional original. Estes materiais foram recolhidos na sondagem de 1986 por António Monge Soares e José Braga em níveis medievais da fase de construção ou da reformulação arquitetónica do Castelo, que perfuraram os estratos mais antigos (Braga e Soares, 1998e, p.169).

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A interpretação da ocupação deste período, para além do enquadramento regional anteriormente traçado, remete mais proximamente, para um núcleo de povoamento bastante próximo e de eventuais características similares ao Cerro do Castelo: o Alto da Forca, onde foi identificado um sistema de estruturas negativas, escavadas no substrato rochoso, que poderão corresponder a um fosso (Antunes, 2006, p. 2).

Também a Idade do Bronze se encontra documentada através de um pequeno conjunto de materiais cerâmicos recolhidos na mesma circunstância que o espólio calcolítico (Braga e Soares, 19986, p.169). Enquanto dissociados de contextualização deposicional, apenas é possível integrar culturalmente os achados nas produções do Bronze do Sudoeste, genericamente datável do II milénio a.C. Na intervenção efetuada na Rua da Barbacã 29-33 foi também recolhido um fragmento de cerâmica de ornatos brunidos, que remete para uma ocupação no Bronze Final (Antunes et allii, 2012.

Existem testemunhos mais consistentes relativos à ocupação da Idade do Ferro, estando documentado um fosso escavado na rocha, preenchido por materiais arqueológicos que remontam ao século VI a.C. e se prolongam pelo século V a.C.. Existem também vestígios de muros deste período (Antunes et allii, 2012). Nas sondagens efetuadas na década de 80 foram documentados estratos conservados, contendo cerâmica ática, cerâmica estampilha, pintada, com decorações incisas, vasos de janelas triangulares e um muro em taipa edificado sobre soco de pedra que se enquadram cronologicamente nos séculos IV e III a.C.( Braga e Soares, 1986).

Sob um pano de muralha, na ligação entre a torre que ladeia a Porta Nova e o Palácio dos Condes de Ficalho, na Rua das Varandas, foram documentados níveis com espólio coevo do anteriormente mencionado (Braga e Soares, 1981).

A extensão do povoado sidérico para sul é atestada pela presença de vestígios na Ladeira do Amaral, onde foram recolhidos cossoiros decorados.

A localização dos vestígios em áreas distintas indicia a existência de um povoado com alguma dimensão. Este povoado estender-se-ia ao longo de uma plataforma com cotas altimétricas mais elevadas, com os contornos aproximados correspondentes às atuais ruas que delimitam o castelo (Antunes, 2006, p. 4-5).

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Muros da Idade do Ferro identificados nas sondagens do castelo Subsistema Sociocultural

Fonte: Braga e Soares, 1986, p. 176-177

Os primeiros indícios de contacto da população de Serpa com o processo de romanização datam do século II a.C. e encontram-se atestados através de um conjunto de fragmentos de cerâmica fina de importação, campaniense de tipo A, proveniente da Rua das Varandas (Braga e Soares, 1981, p. 120).

Contudo, os vestígios de época romana no núcleo urbano de Serpa são genericamente escassos e não foram até à atualidade identificados quaisquer elementos arquitetónicos para permitir conceber o seu papel, indiciar a existência de uma urbe ou Côrroborar a hipótese de existência de uma mansio associada à via Pax Iulia / Onuba (Antunes, 2006, p.6).

A intervenção arqueológica do castelo permitiu identificar dois níveis de entulho romano, empregue na regularização do terreno, do qual provem sobretudo material de construção eventualmente datável do século I d.C. (Braga e Soares, 1986, p. 183).

Os trabalhos desenvolvidos no Restaurante Zens puseram a descoberto níveis de ocupação romana. No entanto, ainda não se encontra disponível informação detalhada sobre os vestígios, designadamente quanto à sua funcionalidade ou cronologia concreta.

Finalmente e fora dos limites do núcleo histórico, mais precisamente na Avenida da Paz, foram também localizados vestígios romanos (Antunes, 2006, p. 7).

Com base nos conhecimentos atuais, não é datável o termo da presença romana em Serpa. Da mesma forma, do período paleo-cristão não são conhecidos quaisquer vestígios.

O castelo (hisn) islâmico de Serpa poderá ter sido erigido na segunda metade do século IX d.C. ou inícios do século X d.C., no contexto do fenómeno de fortificação de todo o al-Andaluz, devido às lutas da primeira Fitna e do domínio centralizado do califado de Córdova (Lopes et al., 1997, p. 156).

Os vestígios do passado islâmico, que podem remontar aos séculos X e XI, conservam-se ainda nalguns troços da muralha (já bastante alterada, que delimitava uma área com cerca de 21000 m2), sob a forma de acrescentos e reparações em taipa e em duas torres: a da Horta, parcialmente reaproveitada nas obras do castelo gótico e a do Relógio (transformada em 1440 em torre relojoeira, ao que se supõe, a terceira mais antiga do país).

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Também a torre quadrangular da Igreja de Santa Maria integra no seu interior uma estrutura cilíndrica, possível testemunho da almádena da antiga mesquita, que a igreja matriz terá vindo substituir (www.cm-serpa.pt)

A muralha que delimitava o povoado deste período desenvolvia-se a partir do ângulo sudeste do castelo, na direção da Torre do Relógio, fletindo então para poente, alcançando a norte da Porta de Beja o troço de muro que atualmente delimita a propriedade dos senhores de Ficalho (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

A própria estrutura urbana da área conhecida como “castelo velho” é tipicamente islâmica, se considerada a sinuosidade dos arruamentos e a irregularidade topográfica (Antunes, 2006, p. 8).

Torre do Relógio Subsistema Sociocultural

A escadaria construída no século XIX, que terá implicado a demolição de parte da muralha

António Monge Soares registou nas sondagens do castelo alguns estratos do período dos Reinos das Taifas e uma calçada, que poderia relacionar-se justamente com a torre de taipa que a Torre da Horta incorporou (Braga e Soares, 1986, p. 197).

Abel Viana identificou uma inscrição islâmica perto da Porta Nova, fora da vila (Lopes et al., 1997, p. 156; Viana, 1950, p. 14), que nunca foi objeto de leitura ou datação.

Em 1984, na área que atualmente funciona como estacionamento do Hospital de Serpa, foi recolhido um conjunto de fragmentos de cerâmica islâmica, atribuído à segunda metade do século XI, que Côrrobora a cronologia sugerida para o espólio proveniente da área do castelo (Caeiro, 1992). No espaço do Restaurante Zens também foram registados vestígios desta fase.

A escavação de António Monge Soares no castelo permitiu identificar indícios de uma reformulação medieval: uma calçada construída entre os séculos XI e XII, sendo que a mesma área terá sido posteriormente utilizada como necrópole, com inumações compreendidas entre os séculos XII e XIV (Braga e Soares, 1986, p. 197).

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Sepulturas medievais cristãs identificadas nas sondagens do Castelo

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Fonte: Braga e Soares, 1986, p. 173

O conjunto delimitado pelo Largo do Salvador, a Igreja do Salvador e o Largo 5 de Outubro, bem como os imóveis e os arruamentos do seu entorno imediato, compõem uma área de necrópole alto-medieval, com provável continuidade temporal, da qual são provenientes estelas sepulcrais depositadas no Museu Municipal de Arqueologia de Serpa.

Já fora do núcleo histórico, na área correspondente ao loteamento urbano da zona poente de Serpa, foi localizada uma extensa área de necrópole, na qual foram objeto de escavação 123 sepulturas, cronologicamente integradas entre os séculos XIII e XIV (Antunes, 2006, p.8).

Planta do Castelo, séculos XIII-XIV Subsistema Sociocultural

Fonte: “Plano de Reabilitação Urbana Núcleo Histórico Serpa. Parte II.". Constituição e Estrutura Morfológica 2.2.2 Bases de Formação do Tecido Urbano - Elementos Estruturantes da Constituição do Tecido Urbano 2.2.2. Evolução Histórica

Muralha (troços existentes) - - Barbacã (reconstituição proposta) A- Porta falsa B- Porta principal C- Torre de menagem D- Torre da Horta E- Igreja de S. Maria F- Torre do Relógio G- Portas de Beja H- Portas de Mouras I- Portas de Sevilha J- Postigo sudoeste L- Torre octogonal

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Nos finais do século XIII, D. Dinis, num esforço de reorganização cristã do Alentejo, refunda a vila muçulmana e manda construir de raiz o alcácer e uma imponente cerca urbana com 65000 m2, uma nova ordem muralhada, quadrangular, que integra a construção da barbacã (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

No interior desta nova muralha, provavelmente vista como um projeto megalómano para a época, deveriam existir vastos espaços abertos, os ferragiais, as cercas cultivadas e os rossios (que ainda marcavam presença no século XIX).

Planta do Castelo de Duarte de Armas Subsistema Sociocultural

Fonte: Armas, 1509

Embora se inicie um período de quase dois séculos de crise na centúria de quatrocentos, o hiato temporal entre os séculos XIV e XV corresponde à definição do tecido urbano da vila, com base no recinto amuralhado de D. Dinis, composto por escassas centenas de casas de carácter eminentemente campestre (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.). Aparentemente esta estruturação do espaço terá conduzido ao abandono da zona intramuros por parte de alguns agregados familiares.

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Planta do Núcleo Intra-Muros, séculos XV-XVI Subsistema Sociocultural

A- Misericórdia B- Cadeia C- Convento de S. Francisco D- Igreja de N. S. da Saúde Fonte: Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.

Para contrariar esta tendência, D. Pedro I terá inclusivamente levado novamente para o adro da Igreja de Santa Maria (erigida em pleno século XIV, embora sejam muito escassos os traços arquitetónicos que documentam esta primeira fase, designadamente a nave, vide www.monumentos.pt) o mercado que se havia transferido para a atual Praça da República (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

Igreja de Santa Maria Subsistema Sociocultural

O século XVI relança a expansão do povoamento. A vila de Serpa apresentava-se como centro urbano de certa importância no contexto sub-regional.

No início deste século e por encomenda régia, Duarte de Armas elabora a primeira representação iconográfica de Serpa e representa as muralhas do castelo velho, uma muralha intermédia e as muralhas e as torres da cerca de D. Dinis, fixando a imagem do espaço urbano tardo-medieval.

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Aponta-se para uma considerável densidade populacional, que ocuparia as casas no interior do castelo e um arrabalde extramuros. A área fortificada parece dividida entre castelo, vila velha e vila nova e a sua defesa contaria com duas torres de atalaia implantadas em cabeços próximos.

O mesmo autor indica ainda pormenorizadamente as construções que existiam no interior do castelo, com os aposentos térreos e sobradados, adossados às muralhas. Também descreve os trajetos a percorrer para aqui chegar a partir de Mértola e de Moura (Lopes et al., 1997, p. 156).

A iconografia transmite a imagem de uma vila contida por dupla cintura de muralhas, a muralha principal e a barbacã, em que escasseiam os edifícios com menos de dois pisos, o que significa que pertenciam a "fidalgos, cavaleiros e escudeiros e outra gente grossa".

A cerca, que evidencia um traçado de tendência reticulada, que permanece ainda legível no atual núcleo, surge interrompida por três portas que tomam o nome dos caminhos que delas partiam: Beja, Moura e Sevilha (www.cm-serpa.pt).

Na primeira década da centúria, possuía cerca de 500 fogos (o equivalente a 2.500 habitantes) teria ocorrido a expansão da povoação para a área extramuros, em direção à Igreja de São Salvador (para o designado Bairro do Outeiro), abrindo-se para o efeito a Porta de São Martinho e edificando-se uma ermida sob a mesma evocação. A freguesia de Salvador foi criada nesta fase.

Também terá surgido um núcleo de casario na área do posterior Palácio dos Condes de Ficalho e um terceiro na zona do Largo do Côrro, para onde terá sido mudada a feira (terreiro sempre impelido para a periferia pelo crescimento populacional).

A expansão urbana terá mesmo sido prolongada ao longo das estradas de saída da vila. A rua de S. Pedro conserva ainda traços do casario primitivo, com origem no loteamento feito pela Misericórdia num ferragial que possuía. Dos edifícios criados nesse período, prova do efetivo crescimento do aglomerado, destaca-se o Palácio dos Mello, a Igreja de São Francisco (construída em 1502), o Convento de S. Francisco e o complexo da Misericórdia (em 1505).

Aos primeiros anos do século XVI é ainda atribuída a construção das ermidas de São Pedro, São Sebastião, Nossa Senhora de Guadalupe e São Roque. Estes edifícios são considerados característicos da interpretação regional da linguagem manuelina (www.cm-serpa.pt).

A construção primitiva da Igreja de S. Salvador também remonta ao século XVI, mas desta fase restarão vestígios muito escassos, como mísulas, no atual edifício (ww.monumentos.pt).

Nos finais da centúria ergue-se, no lugar de uma capela dedicada a Santo André, a Igreja de Nossa Senhora da Saúde (www.cm-serpa.pt), reflexo da arquitetura maneirista pós-tridentino regional. A marcada austeridade exterior contrasta com a sumptuosidade do barroco patente no interior, na azulejaria polícroma e no retábulo de talha dourada (datado de 1681-1683).

No final do século XVI, Francisco de Melo (alcaide-mor de Serpa) manda erigir, sobre o pano nascente da muralha medieval, o edifício atualmente designado como Palácio dos Condes de Ficalho. Neste edifício encontra-se patente uma grande austeridade e a continuação de soluções maneiristas, depuradas, que caracterizam o designado estilo chão, mas denotando o espírito barroco na relação com o tecido urbano.

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Vista das Muralhas Subsistema Sociocultural

Vista das muralhas sobre bairro habitacional e ao fundo o Palácio dos Condes de Ficalho

Com o propósito único de abastecer o palácio, foi levantado, sobre o mesmo pano da muralha, um aqueduto sobre arcada, de vão redondo, que se prolonga até à extremidade sul, onde remata numa gigantesca nora apoiada no bocal de um poço (www.cm-serpa.pt).

Aqueduto e Nora, erigidos sobre a Muralha Subsistema Sociocultural

Mesmo contrariando a tendência de um período de recessão e após os anos conturbados, que se seguiram à Restauração (marcados pela guerra e finalmente pela consolidação da independência), a vila de Serpa é palco de novo ímpeto construtivo, no qual são inevitáveis as preocupações defensivas, mas não só, surgem mesmo novas urbanizações, das quais a mais notável é a das ruas de Mértola e das Amoreiras (www.cm-serpa.pt).

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Planta do Núcleo Intramuros, séculos XVII-XVIII Subsistema Sociocultural

A- Palácio, aqueduto e nora B- Solar Gavião Peixoto C- Capela de N. S. dos Remédios D- Paços do Concelho E- Forte de S. Pedro F- Porta Nova G- Convento de S. Paulo H- Cauda de Andorinha I- Santuário Fonte: Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.

Também são destruídas casas no âmbito da reestruturação das defesas da vila, como a construção de uma fortificação junto à Igreja de S. Salvador e de um forte na zona do Côrro, embora não existam vestígios materiais, nem tão pouco notícias da conclusão destas obras. Somente um forte localizado no outeiro de S. Pedro foi concluído em 1668, mas não chegou a albergar guarnição (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

O século XVII corresponde à fundação da Porta Nova, junto ao Palácio dos Condes de Ficalho, para servir dos seus senhores e os moradores do bairro extramuros. Neste período o número de habitantes das casas intramuros era inferior ao dos arredores: trezentos e trinta e setecentos e oitenta vizinhos, respetivamente.

No século XVII procede-se ainda à reconstrução, ao estilo maneirista, das igrejas de São Salvador e de Santa Maria (www.cm-serpa.pt; www.monumentos.pt).

A construção de raiz deste ciclo tardo-maneirista encontra-se patente na Igreja e Convento de São Paulo, cujas obras, iniciadas no final do século, só são concluídas no século seguinte, a expensas do benfeitor Manuel Fialho (www.cm-serpa.pt).

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Área do Convento e Igreja de S. Paulo, vista a partir do topo das Muralhas

Subsistema Sociocultural

No mesmo período foi ainda edificado o Calvário, estrutura de planta circular e cobertura em cúpula, com pedras irregulares incrustadas nas paredes exteriores, de marcado pendor vernacular, e a Capela de Nossa Senhora dos Remédios, em estilo chã (www.cm-serpa.pt).

Calvário Subsistema Sociocultural

Como resultado da participação de Portugal na Guerra da Sucessão de Espanha, Serpa capitulou e a vila foi tomada em 1707, pelas forças do duque de Ossuna. Os espanhóis retiraram-se no ano seguinte. Esta passagem deixou grandes danos na vial, nomeadamente, no castelo e na cerca urbana, incluindo a destruição da torre de menagem (www.cm-serpa.pt).

No canto sudeste da cerca urbana, onde se localizava a Porta de São Martinho, os estragos provocados levaram D. João V a mandar erguer “um baluarte de estilo moderno, bipartido, com dois ângulos exteriores (…) com terrapleno por dentro, e de fora fosso” (Memórias Paroquiais, 1758, vol.34, p.1028).

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Castelo Subsistema Sociocultural

Conforme o já referido, as crises na produção cerealífera não permitiram a Serpa acompanhar a tendência de crescimento populacional nacional setecentista. Isto não é sinónimo de perda da importância social da urbe. Em 1758 registavam-se 5576 habitantes e via-se ser vila "notável e de avultado crédito" pelas "casas das pessoas de primeira grandeza" (www.cm-serpa.pt).

No entanto, o esforço construtivo parece ter abrandado. Os danos provocados pelo terramoto de 1755 foram de pouca monta, não obrigando a obras de envergadura. Nesta fase terá ocorrido a remodelação da Igreja da Misericórdia e da Igreja de Santa Maria.

No final do século é construída intramuros a Igreja de Nossa Senhora do Carmo (também conhecida por Santuário), testemunho da arquitetura neoclássica no Baixo Alentejo (www.cm-serpa.pt).Neste final de século, testemunhos referem que em Serpa a maior parte das casas se erguia fora das muralhas, com desenvolvimento urbano para nascente (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

A progressiva perda de importância das muralhas e o desenvolvimento crescente dos contactos e comércio, implicam a abertura de novas comunicações com o exterior: a Porta da Corredoura, a ligação entre o Largo de S. Paulo e o Largo do Côrro (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

No século XIX a muralha perde definitivamente a sua funcionalidade. Existe mesmo documentação da vereação autárquica (de 1839), que contesta a construção de edifícios adossados às muralhas, na Rua Nova, que prejudicariam a defesa da vila.

Em 1850 é aprovado o alargamento da Porta da Corredoura e a abertura da Porta de Nossa Senhora, pelo general governador de província.

Entre 1863 e 1864 a câmara solicitou a autorização do governo para proceder à demolição de parte das muralhas enquanto “contrárias à saúde pública”. Este pedido não foi atendido (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.). As muralhas tornam-se um constrangimento para o crescimento urbano em curso.

A fase entre a segunda metade do século XIX e a primeira metade do século XX corresponde a uma expansão urbana desenvolvida essencialmente em duas vias, que apenas encobriam parte das muralhas, sem as destruir: por um lado intensificou-se significativamente a ocupação do

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espaço intramuros, por meio da divisão dos edifícios existentes; por outro lado, a vila estendeu-se para sul, na zona anteriormente ocupada pelas eiras e arramadas (estábulos).

As novas urbanizações, com efetiva conotação atual, atestam que o espaço defendido por D. Dinis se encontra, de facto repleto (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

2.3. EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO

A análise efetuada no presente capitulo foi desenvolvida na 1.ª Fase - Estudos de caracterização e diagnóstico (datados de 2007) e teve como base a informação disponibilizada pelo INE, tendo por referência os Recenseamentos Gerais da População e da Habitação de 1991 e 2001, embora recorrendo também a dados complementares das Estatísticas Demográficas e Anuários Estatísticos. Uma atualização da informação estatística é apresentada no documento “Adenda aos Estudos de Caraterização e Diagnóstico da 1.ª Fase”.

Nas últimas duas décadas a Região Alentejo entrou num período de estagnação/declínio demográfico motivado pela quebra abrupta dos níveis de fecundidade e pelo envelhecimento crescente da população (duplo envelhecimento, em função da diminuição dos mais jovens e do aumento do peso relativo dos mais idosos).

A evolução da população residente do concelho de Serpa no último período intercensitário ficou marcada por uma redução do efetivo populacional em cerca de 1.192 indivíduos, correspondendo a um decréscimo relativo de menos 6,7%.

A população que se tem vindo a instalar na cidade de Serpa fixa-se fundamentalmente nas áreas urbanas mais recentes. O Núcleo ou Núcleo Histórico (área de intervenção), por sua vez, tem vindo a perder população afirmando-se como uma área demograficamente repulsiva. Em 2001 residiam na área de intervenção do Plano 2.510 habitantes, menos 496 indivíduos que no ano de 1991 (decréscimo de 16,5%). Todavia, importa salientar o elevado peso demográfico do Núcleo Histórico na globalidade da cidade de Serpa, concentrando cerca de 48,3% da população residente em 2001.

No interior da área de intervenção verifica-se que a população residente em 2001 se encontra concentrada nos quarteirões mais periféricos do Núcleo Histórico.

Como já referido, a área de intervenção revela-se globalmente repulsiva em termos demográficos, tendo vindo a perder população nos últimos anos. Todavia, algumas subsecções estatísticas, com um predomínio das pertencentes ao núcleo mais central da área do Plano, têm vindo a registar acréscimos populacionais.

2.3.1. Dinâmica Demográfica A dinâmica demográfica no concelho de Serpa tem sido pautada nas últimas décadas pela conjugação de saldos naturais e migratórios negativos. Esta conjugação foi responsável pela diminuição da população residente e por alterações significativas na estrutura demográfica, nomeadamente o envelhecimento populacional.

A evolução do saldo natural da população residente para o concelho de Serpa e para as duas freguesias urbanas, Santa Maria e São Salvador, foi negativa nestes últimos anos.

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Esta situação associada a uma tendência tradicionalmente negativa a nível dos movimentos migratórios tem sido responsável pelo decréscimo populacional nos últimos anos. Por outro lado, a incapacidade de renovação das gerações tem promovido um envelhecimento progressivo das estruturas demográficas.

2.3.2. Estrutura Etária A população residente no Concelho, na Cidade e na área de intervenção está a envelhecer progressivamente.

Em 2001 cerca de 11,8% da população residente na área de intervenção do Plano era constituída por jovens com menos de 15 anos, enquanto que os idosos representavam 23,5%. Ou seja, por cada jovem existiam 2 idosos, situação atestada pelo índice de envelhecimento apresentado em 2001 (199,0).

A Área de Intervenção evidencia uma estrutura demográfica mais envelhecida que a da cidade e do Concelho de Serpa. De referir que a cidade de Serpa é no conjunto das unidades territoriais em análise a que apresenta uma população mais jovem, o que permite concluir que é nos quarteirões mais periféricos e recentes da Cidade que se concentra em termos absolutos a população mais jovem.

2.3.3. Famílias Em 2001 foram contabilizadas 967 famílias na área de intervenção, menos 64 que em 1991. Esta tendência é contrária à evolução registada na Cidade e no Concelho de Serpa em que o número de famílias aumentou ao longo do último período intercensitário. Se a variação do número de famílias na área de intervenção e na cidade de Serpa poderá estar diretamente relacionada com a evolução demográfica registada, o aumento de famílias no Concelho parece dever-se mais às alterações na estrutura familiar, com o surgimento de novos modelos de família (ex. famílias monoparentais).

A dimensão média da família na Área de Intervenção em 2001 rondava os 2,6 indivíduos, tendo decrescido face a 1991 (2,9 indivíduos). De referir que a dimensão média da família na Área de Intervenção é inferior aos valores apresentados pela cidade e pelo concelho de Serpa, situação que poderá relacionar-se com a própria estrutura etária da população, com um peso maior de indivíduos idosos.

2.3.4. Número de alojamentos A dinâmica de crescimento do parque habitacional na área de intervenção entre 1991 e 2001 foi positiva (mais 65 alojamentos), tendo-se registado a mesma tendência na cidade e no concelho de Serpa. Todavia, assistiu-se nesse período a uma diminuição do número de famílias na área de intervenção do Plano (menos 64 famílias), ainda que nas restantes unidades territoriais em análise a tendência tenha sido inversa.

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2.3.5. Tipos de alojamentos e formas de ocupação Em 2001 cerca de 66% do total de alojamentos existentes na área de intervenção eram utilizados como residência habitual (959 fogos), tendo-se registado um decréscimo de 5,9% no último período intercensitário.

As subsecções estatísticas com maior número de alojamentos ocupam uma posição geográfica mais periférica.

De referir ainda a existência em 2001 de 178 alojamentos vagos, menos 40 que em 1991. Os alojamentos vagos concentram-se maioritariamente nas subsecções estatísticas mais centrais da Área de Intervenção, situadas na freguesia de São Salvador.

O número de alojamentos familiares com proprietário ocupante na área de intervenção em 2001 era de cerca de 778 unidades, correspondendo a cerca de 81% do total de alojamentos familiares de residência habitual.

Relativamente aos alojamentos de uso sazonal, não se dispõe desta informação para a cidade de Serpa e para a área de intervenção. O número de alojamentos sazonais nas duas freguesias urbanas do concelho de Serpa cresceu de forma significativa ao longo do último período intercensitário, bem como no Concelho.

Em 2001 foram contabilizados 771 alojamentos sazonais nas freguesias de Santa Maria e de São Salvador, correspondendo a cerca de 29,3% do total deste tipo de alojamentos existentes no Concelho.

O crescimento do número de alojamentos sazonais atesta a importância que o turismo residencial começa a assumir na base económica local.

2.3.6. Época de Construção do Parque Habitacional A grande maioria dos edifícios existentes na área de intervenção é anterior a 1945 (cerca de 63,4%). Nos últimos três períodos inter-censitários apenas foram construídos 19,3% do total de edifícios, valor muito abaixo da situação registada para a cidade de Serpa (37,4% dos edifícios são posteriores a 1970).

Constata-se assim que o parque habitacional na área de intervenção apresenta-se bastante envelhecido e que as taxas de renovação do edificado têm sido modestas.

Relativamente à distribuição espacial dos edifícios com menos de 30 anos de idade por subsecção estatística no interior da área de intervenção do Plano, de uma forma geral, os edifícios mais recentes concentram-se nas subsecções estatísticas mais periféricas em termos geográficos, embora algumas subsecções estatísticas mais centrais revelem um peso importante do número de edifícios com menos de 30 anos.

2.3.7. Tipo de Utilização dos Edifícios Relativamente à evolução dos edifícios por tipo de utilização na área de intervenção entre 1991 e 2001, de uma forma geral constata-se que em 2001 os edifícios exclusivamente residenciais representavam cerca de 87,9% do total de edifícios, enquanto que os edifícios principalmente não residenciais não vão além dos 6,9%.

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Todavia, verifica-se que ao longo do último período intercensitário assistiu-se a um crescimento do peso relativo dos edifícios principalmente não residenciais, passando de 0,3% em 1991 para 6,9% em 2001, o que revela uma maior afirmação da função não habitacional. De referir que o peso relativo deste tipo de edifícios é mais elevado na área de intervenção do que na globalidade da cidade de Serpa.

A partir da análise da distribuição espacial dos edifícios principalmente não residenciais no interior da área de intervenção constata-se que os edifícios principalmente não residenciais concentram-se nas subsecções estatísticas mais centrais.

2.3.8. Condições de Habitabilidade nos Alojamentos Nas últimas décadas assistiu-se a um esforço de infraestruturação muito significativo dos alojamentos familiares por parte da Autarquia. Foi fundamentalmente na dotação dos alojamentos familiares de instalações de banho ou duche onde se registaram as principais melhorias.

De uma forma geral, os alojamentos familiares de residência habitual na área de intervenção apresentam bons índices de infraestruturação, na sua generalidade superiores à média da cidade e do concelho de Serpa. Todavia, existem ainda algumas situações residuais que importa solucionar, nomeadamente a nível da dotação de instalações de banho ou duche, em que cerca de 8,4% dos alojamentos familiares de residência habitual não dispõem deste tipo de infraestruturas.

2.3.9. Avaliação das Carências Habitacionais Comparando o número de famílias residentes e o número de alojamentos ocupados, verifica-se que a área de intervenção apresenta, em termos globais, um défice de cerca de 8 alojamentos, tratando-se, assim, de um valor residual.

As carências habitacionais em termos qualitativos relacionam-se com as instalações de banho/duche.

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3. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA ECONÓMICO

3.1.1. Rede de Equipamentos e Serviços São diversos os equipamentos instalados no interior da área de intervenção, abrangendo as áreas cultural, recreativa, religiosa, social, educativa e de saúde, entre outras.

Quanto à sua inserção urbana, os equipamentos organizam-se de três formas:

Ao longo dos eixos estruturantes do tecido urbano;

Em núcleos;

Concentrados numa zona delimitada.

Também se verificam diferenças quanto à utilização dos edifícios. Existem equipamentos em edifícios próprios construídos de raiz (ex. Castelo, Igrejas), em edifícios adaptados ou reconvertidos (ex. Hospital, Museus), exclusivamente ocupados com essa atividade ou em edifícios mistos (ex. Associações) que comportam outras funções, geralmente a habitação.

Estes equipamentos e serviços públicos conferem à área de intervenção do Plano e à cidade de Serpa uma centralidade induzida pela atração de utilizadores/visitantes, em especial os que apresentam uma área de influência que ultrapassa o nível do próprio aglomerado.

Como principais constrangimentos à atividade desenvolvida por estes equipamentos importa salientar a degradação física dos edifícios que os albergam, a falta de espaço para o desenvolvimento de algumas atividades e as dificuldades de manutenção das estruturas edificadas. De notar ainda a carência de espaços para a instalação de novas associações, nomeadamente recreativas, ainda não instaladas na Área de Intervenção, mas que aí pretendem desenvolver a sua atividade.

As principais potencialidades identificadas prendem-se com o número significativo de equipamentos instalados, a sua diversidade e a existência de equipamentos com um forte cariz urbano central.

3.2. INTRODUÇÃO

As linhas de diagnóstico do subsistema económico resultam do confronto entre o Núcleo Histórico – enquanto suporte espacial de funções e de meios infraestruturais geradores de sinergias catalisadoras de desenvolvimento – e o subsistema constituído pelas empresas e organizações empresariais, políticas sectoriais e regionais de desenvolvimento económico, recursos humanos e tecnológicos e mercados, como base económica de suporte do desenvolvimento.

Importa referir que esta análise foi efetuada com base na informação disponibilizada pelo INE, tendo por referência as Estatísticas Demográficas e Anuários Estatísticos, trabalho de campo efetuado à data da elaboração dos estudos de caraterização, bem como outros elementos como o Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável para o concelho de Serpa.

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3.3. POSICIONAMENTO DE SERPA NO QUADRO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL

De uma forma geral, constata-se que existem nas várias escalas de análise (regional, local e transfronteiriça) uma fraca relação entre os pólos urbanos e o restante território, em parte devido a ritmos muito diferenciados de crescimento e investimento.

De acordo com os documentos já elaborados do Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo, o concelho de Serpa encontra-se integrado no Subsistema Urbano do Sul, que se organiza em torno de Beja e ainda de Moura, Serpa e Castro Verde. O potencial de desenvolvimento deste subsistema surge associado: à atratividade administrativa de Beja e do futuro aeroporto, ao eixo industrial de Castro Verde – Aljustrel, ao elevado valor patrimonial de Mértola, à polarização residencial de Serpa e de Ferreira do Alentejo e à afirmação de Moura na estrutura urbana de Alqueva.

3.4. ESPECIALIZAÇÃO DA BASE ECONÓMICA REGIONAL

No tocante à especialização da base económica regional, cabe referir o Plano Regional de Inovação do Alentejo, no qual foram analisados diversos clusters estratégicos. Nesse plano é referida a coexistência de clusters tradicionais e clusters emergentes na economia regional.

Os clusters emergentes, estão relacionados com a inovação tecnológica e com a oferta de emprego altamente qualificado, assumindo particular relevância: as tecnologias de informação e comunicação (TIC), o automóvel, a aeronáutica e a produção de energias renováveis, nomeadamente na sua componente da energia fotovoltaica. Este último cluster apresenta um elevado potencial de crescimento, atestado pela localização de duas centrais de grande dimensão, designadamente em Serpa (11 MW) e Moura (64 MW), bem como um conjunto de centrais de menor dimensão que se encontram em processo de instalação na região.

3.5. CONDIÇÃO DA POPULAÇÃO PERANTE O EMPREGO

De uma forma geral constata-se que a população residente no Núcleo Histórico possuía em 2001 um nível de instrução escolar inferior à média concelhia e da Cidade de Serpa. Excetuando o 3.º Ciclo do Ensino Básico, a área de intervenção apresenta nos restantes níveis de ensino resultados inferiores aos das restantes unidades territoriais em análise. Esta situação poderá relacionar-se com o significativo peso relativo da população idosa na estrutura demográfica, refletindo-se naturalmente em níveis de instrução também mais baixos.

Apesar do agravamento do processo de envelhecimento da população, no último período intercensitário assistiu-se ao reforço da taxa de atividade da população. Esta situação resulta certamente do reforço da presença da população ativa feminina no mercado de trabalho.

Em 2001 a taxa de atividade da população residente situava-se nos 40,4%, ligeiramente acima da média da Cidade de Serpa (39,7%), mas inferior à média concelhia (40,4%).

Entre 1991 e 2001 assistiu-se por um lado a uma redução significativa da população afeta ao sector primário e a um crescimento relevante da população a laborar em atividades de comércio e serviços.

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3.6. BASE ECONÓMICA

Em 2001 a grande maioria da população ativa residente no Núcleo Histórico laborava no sector terciário, com 73,1%, seguido do sector secundário com 18,5% e por último o sector primário com 8,4%. Todavia, cabe salientar que as atividades agrícolas ainda desempenham um peso importante como sector aglutinador de mão-de-obra local.

As taxas de desemprego diminuíram no concelho de Serpa ao longo do último período intercensitário, passando de 21,9% em 1991 para 16,5% em 2001.

Em 2001 a taxa de desemprego da população no Núcleo Histórico situava-se em torno dos 11,7%, tratando-se de um valor bastante elevado, embora muito inferior à média concelhia.

3.7. TURISMO

Serpa afirma-se regional e nacionalmente pelo seu importante património natural e paisagístico, bem como pelos seus valores patrimoniais histórico-culturais e arquitetónicos.

De referir que, o facto de ser um Concelho atravessado pelo itinerário principal que constitui a ligação mais direta entre Lisboa e Sevilha tem proporcionado nos últimos anos um acréscimo significativo do número de visitantes.

Também a proximidade a Mértola, importante centro patrimonial, tem motivado um cada vez mais significativo número de visitantes e turistas, potenciando Serpa como um centro complementar no quadro das potencialidades turísticas do troço médio inferior do Guadiana.

A estada média nos estabelecimentos hoteleiros de Serpa em 2005 é de 1,5 noites, sendo a taxa de ocupação-cama (bruta) de 32,7% (superior à média da Sub-região Baixo Alentejo que no mesmo ano se situava em torno dos 25,0%).

Em 2004 foram registadas 8.967 dormidas nos estabelecimentos hoteleiros do concelho de Serpa. Atendendo às dormidas segundo o país de residência habitual verifica-se que 97% têm origem nos países da União Europeia, sendo Portugal o principal país emissor (com 84,8%).

Relativamente ao número de visitantes, importa referir que em 2002 foram registados 13.902 visitantes no Posto de Turismo de Serpa, na sua maioria de nacionalidade portuguesa (66%).

Para além da riqueza patrimonial, arquitetónica, arqueológica e natural, Serpa dispõe de um conjunto vasto de outros motivos de interesse turístico, nomeadamente as Festas e Feiras, o Artesanato, a Gastronomia e os Produtos Tradicionais.

Uma das referências da gastronomia local é o Queijo de Serpa, com marca firmada no mercado e bem conhecido dos apreciadores. Este produto provém exclusivamente do fabrico artesanal, utilizando o leite de ovelha como matéria-prima.

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3.8. A ESTRUTURA ECONÓMICA DO NÚCLEO HISTÓRICO

A estrutura económica é constituída por 191 estabelecimentos de comércio, serviços e pequena indústria, distribuídos por uma gama muito diversificada de áreas de negócio, confirmando a elevada importância do Núcleo Histórico de Serpa na base económica concelhia.

A atividade comercial é predominante, sendo responsável por cerca de 73% do total de estabelecimentos existentes. A estrutura comercial caracteriza-se por uma elevada diversidade de estabelecimentos, dominando os ramos comerciais menos especializados, nomeadamente a restauração, a venda de vestuário e outros estabelecimentos de carácter indiferenciado.

Os serviços são responsáveis por 23% dos estabelecimentos e abrangem desde serviços especializados (clínicas médicas privadas, banca, seguros, escritórios de advocacia, contabilidade e arquitetura, etc.) a serviços comuns de apoio pessoal (cabeleireiros, sapateiros, lavandarias, etc.).

A pequena indústria, que integra as oficinas de automóveis, serralharia, carpintaria, representa unicamente 4% dos estabelecimentos registados.

A distribuição dos estabelecimentos comerciais e de serviços na malha urbana apresenta-se relativamente dispersa por uma área vasta. Todavia, é possível identificar alguns eixos e pólos de estruturação de atividades económicas.

Como principais eixos estruturantes surge o conjunto da Praça da República (pólo central) e das Ruas das Portas de Beja, dos Fidalgos, de Sevilha, dos Cavalos, Largos do Côrro e da Corredoura. Afirmam-se como potenciais eixos estruturantes, apesar de evidenciarem ainda uma concentração menos significativa de atividades económicas as Ruas dos Canos, dos Lagares, Nova, dos Arcos, de S. Pedro e da Cadeia Velha.

Os Largos de 5 de Outubro e Salvador destacam-se como pólos de concentração de atividades económicas.

Os principais constrangimentos que se colocam às atividades económicas presentes na área de intervenção, designadamente aos comerciantes, são os seguintes:

Desqualificação dos espaços de venda, nomeadamente no que respeita à decoração e à exposição dos produtos, dificultando a atração de clientela;

Diminuição do poder de compra da população;

Fraca qualidade das mercadorias oferecidas;

Preços praticados relativamente elevados;

Insuficiência de estabelecimentos comerciais especializados, capazes de funcionar como “âncoras”;

Acumulação de stocks e consequente desatualização das mercadorias;

Elevado valor das rendas praticadas;

Dificuldade de estacionamento, em especial na zona intramuralhas.

Relativa dispersão dos estabelecimentos comerciais por uma área relativamente vasta, dificultando a afirmação e consolidação de uma “Baixa Comercial” atrativa para os clientes.

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Tendência crescente da população residente procurar determinados produtos (vestuário, calçado, etc.) no exterior da cidade de Serpa, nomeadamente nas superfícies comerciais de Beja.

Como principais potencialidades do desenvolvimento comercial destacam-se as seguintes questões:

Significativa dinâmica e diversidade comercial;

Potencial desenvolvimento turístico associado à revitalização do Núcleo Histórico, que se apresenta relativamente bem preservado;

Crescente interesse dos consumidores pelos produtos tradicionais, artesanato e gastronomia regional, motivando deslocações numa área de influência relativamente extensa (Área Metropolitana de Lisboa e Estremadura e Andaluzia Espanhola).

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4. DIAGNÓSTICO – SUBSISTEMA AMBIENTAL

4.1. INTRODUÇÃO

As linhas de diagnóstico do subsistema ambiental resultam do confronto entre o Núcleo Histórico – enquanto suporte espacial da atividade humana – e o seu suporte biofísico.

4.2. FISIOGRAFIA

O Núcleo Histórico de Serpa encontra-se localizado na extremidade de uma cumeada de desenvolvimento de Sudeste para noroeste.

Esta cumeada localiza se entre linhas de água afluentes da margem esquerda do Rio Guadiana, que se dirigem para o mesmo, localizado a Poente.

Aquela que constituiria a muralha mais antiga da Cidade surge a limitar uma elevação acima dos 200 m, que possibilitava um posicionamento estratégico sob o ponto de vista militar, já que este limite é acompanhado de uma das faixas mais declivosas que surgem no interior do Núcleo Histórico.

O crescimento da Cidade tem-se dado no sentido das zonas de maior elevação, na direção Sul, tendo-se mantido as zonas mais baixas e simultaneamente menos declivosas localizadas a Norte com uma ocupação predominantemente agrícola.

As classes hipsométricas com intervalos de 10 metros distribuem-se entre os 150 e os 240 metros de altitude, sendo que os 150 metros de altitude ocorrem a Nordeste da Muralha, próximo do Pavilhão Multiusos de Serpa e os cerca de 240 metros de altitude, a Sudeste de Serpa. As classes hipsométricas desenvolvem-se gradativamente na direção norte-sul, ocorrendo os valores mais altos no canto sueste da área do plano, e os valores inferiores no canto Noroeste.

De um modo geral os declives são suaves, predominando claramente as classes de 0-2%, 2-5%, e de 5-8% que se encontram distribuídas de forma relativamente uniforme na orla que envolve a zona central, desde a envolvente à zona da Muralha antiga de Serpa e até ao limite da área de intervenção do Plano. Por outro lado, as classes de declives mais acentuados (>15%) surgem junto à zona da Muralha antiga de Serpa, envolvendo-a e acentuado assim a elevação onde se encontram alguns dos elementos mais importantes do seu património edificado.

De um modo geral as classes de declives mais suaves apresentam-se distribuídas por toda a área do plano. Salienta-se no entanto a presença de muitas áreas de relevo mais suave em toda a zona sul do plano, coincidentes com a área para onde se tem vindo a expandir todo o núcleo urbano de Serpa.

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4.3. CLIMA E MICROCLIMA

O clima do concelho de Serpa é caracteristicamente mediterrânico com um período estival quente e seco e elevada concentração da precipitação nos meses mais frios do ano, apresentando ainda fortes amplitudes térmicas, tanto diurnas como anuais, fruto da continentalidade.

No concelho de Serpa ocorre a classe mais alta do país em termos de temperaturas médias anuais (16 a 18 ºC) e a classe mais baixa em termos de precipitação total anual (menos de 600 mm), tornando o num dos concelhos mais quentes e menos húmidos.

Para melhor se perceber o nível das amplitudes térmicas anuais verifica-se que a média da temperatura máxima do ar nos meses de verão surge na classe mais elevada do país (30 a 32 ºC), enquanto a média da temperatura mínima do ar nos meses de inverno surge na 3ª classe mais baixa do país (4 a 6 ºC).

Verifica se ainda que o nível de insolação anual é dos mais elevados do país, com 2700 a 2800 horas de sol.

Em termos de intensidade média anual do vento a situação surge abaixo da média nacional, com valores entre os 4 e 4,5 m/s, sendo mais frequentes os ventos de sudoeste, seguidos dos de Norte e Nordeste.

Em termos de conforto bioclimático verifica-se que é menor nos meses de verão e de inverno, apresentando se muito quente em julho e frio moderado fresco em janeiro.

É importante salientar que face à morfologia do território a zona a Norte do Núcleo Histórico de Serpa, por se localizar na extremidade de uma cumeada de desenvolvimento de sudeste para noroeste, apresenta menor exposição solar, sendo menos adequada à expansão urbana.

4.4. SOLOS

A cidade de Serpa encontra-se envolvida por solos profundos de elevada fertilidade, que são de um modo geral barros.

Esta envolvente agrícola fértil de solos aplanados aumenta o contraste com a elevação do Núcelo Histórico de Serpa, valorizando a qualidade paisagística da Cidade e da sua envolvente.

4.5. ESTRUTURA VERDE E AMBIENTAL

Valor Estético-Paisagístico:

As peças desenhadas e levantamento fotográfico apresentados nos Estudos de Caracterização, evidenciam o carácter único do Núcleo Histórico da cidade de Serpa, que constitui uma área com forte potencial paisagístico, como se pode verificar em algumas das imagens apresentadas, de que se destacam, entre outras, as vistas sobre: as Muralhas de Serpa, o Aqueduto, a Torre do Relógio e o Palácio dos Condes Ficalho.

Espaços Verdes Públicos e Privados:

Apesar da tendência para uma progressiva densificação urbana, a zona intramuros ainda mantém alguns espaços verdes públicos e privados, sendo estes últimos claramente dominantes,

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ocupando cerca de 8,31% da área do plano contra os cerca de 1,79% dos espaços verdes públicos.

No que diz respeito à área extramuros caracteriza-se por uma ocupação atual do solo predominantemente agrícola. As áreas agrícolas são ocupadas sobretudo por culturas de sequeiro e olival, que ocorrem maioritariamente na faixa norte da área do plano. As restantes culturas existentes consistem em vinha e hortícolas presentes em pequenas áreas localizadas a sudeste e sudoeste.

Os espaços verdes públicos existentes intramuros são constituídos, de um modo geral, por pequenos espaços de enquadramento e valorização de arruamentos, largos e praças.

Verifica-se a carência de zonas verdes destinadas a recreio infantil, bem como de áreas relvadas destinadas a recreio informal, não se tirando, também, o devido partido de áreas de estadia e contemplação, que deveriam beneficiar de algumas vistas de maior amplitude.

De referir ainda que os espaços verdes públicos existentes nem sempre apresentam as melhores características para as funções de estadia a que se destinam, verificando-se que por vezes surgem em plataformas inclinadas pouco convidativas.

O Jardim do Palácio dos Condes de Ficalho, faz parte do prédio urbano com a designação de Palácio dos Condes de Ficalho, imóvel classificado. Este Jardim constitui o exemplo mais significativo de espaço verde da zona intramuros quer, pela sua dimensão quer pela sua natureza. Atualmente encontra-se algo degradado.

Arborização:

Há uma moderada arborização do Núcleo Histórico de Serpa, com árvores de um modo geral adequadas e de espécies diversificadas, no entanto, com um porte relativamente reduzido, resultado de intervenções relativamente recentes.

São exceção alguns exemplares de grande porte, alguns dos quais classificados tais como, as “oliveiras multiseculares” classificadas como “Árvore de Interesse Público” replantadas na Alameda Abade Correia da Serra, no Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio) e Rua dos Arcos.

Pontos Fortes da Paisagem – Estrutura Verde e Ambiental

Carácter único da cidade de Serpa e do seu Núcleo Histórico, que é função, fundamentalmente, de uma conjugação entre a morfologia territorial, alguns elementos do património construído e os usos solo predominantemente agrícolas da sua envolvente;

Na sequência do ponto anterior são sobretudo privilegiadas as relações visuais que se estabelecem entre o Núcleo Histórico de Serpa e a envolvente que o rodeia, sobretudo entre poente e nascente, pelo lado Norte, já que a cumeada onde a Cidade se insere surge aqui dominante sobre a paisagem envolvente;

Do ponto de vista do microclima é ainda de referir que esta faixa de relações visuais privilegiadas localizada a norte de Serpa é também a que apresenta menor aptidão urbana, por se encontrar predominantemente exposta a norte;

Existência no Núcleo Histórico, na Cidade, no concelho e mesmo na sua envolvente, de um património ambiental, paisagístico e cultural de valor significativo;

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Ocupação urbana concentrada e, sobretudo a mais antiga, bem integrada no território envolvente;

Existência de uma paisagem rural envolvente dominada pela presença de áreas agrícolas e silvopastoris;

Presença de áreas livres no interior do Núcleo Histórico relativamente dispersas, tanto públicas como privadas, que permitem garantir alguma permeabilidade dos solos e espaços de recreio e lazer de proximidade (reais ou potenciais);

No seguimento do ponto anterior será possível inclusivamente estudar soluções de abertura de logradouros privados ao público, eventualmente inseridos em operações urbanísticas mais abrangentes;

Arborização moderada e relativamente diversificada do Núcleo Histórico;

Maior conforto bioclimático na primavera e outono, suscetíveis de tornar esta cidade mais atrativa à atividade turística nesta época, o que poderia direcioná-la para um público-alvo dos estratos etários mais elevados (com mais tempo livre);

Localização geográfica da cidade numa posição próxima e central relativamente a polos de características e capacidades de atração muito diversificadas: cidade de Beja e futuro aeroporto, albufeira do Alqueva, Parque Natural do Vale do Guadiana, Espanha.

Pontos Fracos da Paisagem – Estrutura Verde e Ambiental:

Áreas mais recentes de expansão urbana que não acautelam devidamente a preservação do carácter único da cidade de Serpa;

Existência de alguns sinais de descaracterização do Núcleo Histórico, sobretudo em intervenções mais recentes;

Qualificação do espaço público urbano inferior ao que seria recomendável, tendo em vista o estabelecimento de uma maior atratividade por parte do Núcleo Histórico da cidade de Serpa;

Reduzida dimensão dos espaços verdes de utilização coletiva no interior do Núcleo Histórico, cumprindo funções pouco diversificadas de recreio e lazer, sendo pouco atrativos sobretudo para os estratos mais jovens da população;

Arborização de um modo geral bastante jovem, com árvores de pequena dimensão;

Ausência de rega automática ou mesmo de qualquer tipo de rega, sobretudo nas árvores de arruamento, que, associado à plantação de árvores com maior porte e a métodos de plantação mais adequados, proporcionaria um desenvolvimento mais rápido das mesmas;

Médio a baixo conforto bioclimático sobretudo no verão e no inverno, devido às temperaturas extremas.

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5. DIAGNÓSTICO – SISTEMA URBANO

5.1. REDE VIÁRIA E CIRCULAÇÃO

5.1.1. Características Físicas e Geométricas das Vias De um modo geral, a área em estudo caracteriza-se por um relevo plano, ainda que ligeiramente acidentado na zona intramuros, apresentando, assim, uma situação favorável para deslocações pedonais e em bicicleta.

De seguida, apresentam-se as características físicas e geométricas das vias bem como o Estado de conservação do pavimento.

Características físicas e geométricas das vias

No que se refere aos perfis transversais, a rede viária do Núcelo Histórico da cidade de Serpa caracteriza-se por geometrias muito diferenciadas. Na grande maioria das ruas localizadas intramuros a largura das vias é inferior a 6 metros, existindo diversas situações de troços com larguras inferiores a 3 metros que não permitem a circulação nos dois sentidos, nem a existência de passeios para circulação pedonal e/ou de resguardos de entradas para o edificado. O reduzido perfil transversal destes arruamentos impossibilita a autorização de estacionamento de veículos, bem como limita a circulação de veículos afetos a serviços de transportes públicos.

Nas zonas localizadas extramuros as ruas apresentam, de um modo geral larguras superiores permitindo, na sua maioria, a circulação em ambos os sentidos, e, em algumas vias a criação de espaços destinados a estacionamento e passeios para circulação de peões. De um modo geral predominam vias com largura compreendida entre os 3 e os 6 metros, existindo contudo algumas ruas que apresentam troços mais estreitos fruto do próprio traçado.

As dificuldades de circulação impostas pelos perfis dos arruamentos na zona intramuros desincentivam a utilização destas vias, pelo que atualmente já se verificam volumes reduzidos de tráfego.

R. Dr. Manuel C. Real Abranches

Travessa do Serra

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Estado de conservação do pavimento

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5.1.2. Esquema de Circulação A análise do esquema de circulação atual, no Núcleo Histórico da cidade de Serpa, permite constatar:

Esquema de Circulação

Na zona intramuros a circulação viária assenta, maioritariamente, num sistema de sentidos únicos, decorrente das limitações impostas pelo perfil transversal das vias que, dada a reduzida largura, impossibilitam a circulação nos dois sentidos. É de referir a predominância de vias com largura inferior a 6 metros.

Existem situações de ruas de acesso local em que se praticam os dois sentidos – como é o caso da Rua Quente, Rua Dom Francisco Barreto, Rua de Frei Bento e Rua da Ladeira do Amaral.

É, no entanto, de referir que a circulação nas três últimas ruas mencionadas se encontra condicionada a residentes.

Na zona extramuros, a circulação processa-se na generalidade nos dois sentidos. A maior largura das vias, bem como a função de distribuição de tráfego que lhes está associada, justificam os dois sentidos de circulação (Rua Serpa Pinto, Estrada da Cruz Nova, Estrada da Circunvalação, Rua da Fonte Santa, entre outras).

Em todo o Núcleo Histórico, verificam-se, contudo, algumas situações de vias em que (apesar de possuírem dois sentidos de circulação) é autorizado o estacionamento na via pública, o que origina situações de conflito. No capítulo 5, onde é abordada a temática do estacionamento, são identificadas estas situações e propostas soluções.

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Esquema de circulação no Núcleo Histórico

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O cruzamento da informação da largura das vias e os sentidos de circulação permitiu diagnosticar a existência de vias de carácter local, com perfis transversais inferiores a 6 metros de largura (o que dificilmente permite o cruzamento de veículos nos dois sentidos) e com dois sentidos de circulação, designadamente: Rua Dom Francisco Barreto, Rua Frei Bento, Rua Quente, Rua da Ladeira do Amaral.

5.2. HIERARQUIZAÇÃO DA REDE VIÁRIA ATUAL

Considerando as características viárias, e a funcionalidade atual do sistema, estabeleceu-se uma hierarquia estruturada em três níveis distintos:

Rede principal – constituída pelas principais vias urbanas de acesso à Cidade e ao Núcleo Histórico, tem como função assegurar a mobilidade entre os principais polos geradores de tráfego. De um modo geral, é constituída pelos eixos radiais de ligação do Núcleo Histórico à Cidade e Região;

Rede secundária – engloba as vias que permitem a mobilidade interna canalizando o tráfego entre as vias principais e as vias da rede local;

Rede local - constituída pelas vias que permitem o acesso local, ou seja, vias cuja função é permitir fluxos de veículos de acesso a um arruamento ou conjunto de arruamentos, ligando-os com uma via coletora de distribuição de tráfego (rede secundária);

Vias pedonais – são arruamentos interditos ao trânsito automóvel e destinadas exclusivamente ao uso pedonal.

A rede viária do Núcleo Histórico encontra-se, assim, estruturada por um conjunto de eixos coletores que circundam este núcleo e que, de um modo geral, constituem a rede viária principal. Tratam-se, nomeadamente: da Estrada de Circunvalação, da Rua Miguel Dias Nunes, da Rua Dr. Eduardo Fernandes de Oliveira, da Rua Vice-Almirante A. Ladislau Parreira Rocha e da Rua Serpa Pinto.

Na área intramuros verifica-se a predominância de vias com características locais, constituindo exceções: o largo de São Paulo, o Terreiro de São João, a Rua dos Fidalgos, a Rua da Cadeia Velha e a Rua das Portas de Beja que, enquanto principais eixos de acesso a esta zona, desempenham funções de distribuição de tráfego, integrando, assim, a rede secundária.

A rede pedonal atual é constituída, atualmente, pelo Largo da Corredoura, Praça da Republica e Rua do Calvário.

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Hierarquização da rede viária actual

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5.3. CARACTERIZAÇÃO DA PROCURA DE TRÁFEGO ATUAL

No sentido de proceder à caracterização da procura atual de tráfego, recorreu-se a um vasto conjunto de trabalhos de campo, os quais incluíram contagens de tráfego em oito nós chave da rede viária num Dia útil tipo (11 de dezembro 2007), durante o Período de Ponta da Manhã (das 7h30 às 10h30).

A seleção do Período de Ponta da Manhã (PPM) para a elaboração destes trabalhos prende-se com o facto de este ser considerado o período de maior sobrecarga na rede e, portanto, o período crítico e de maior interesse para a análise.

Efetuados estes trabalhos constatou-se que o período de maior procura se registava entre às 8h30 e às 10h30, pelo que as simulações apresentadas referem-se a este período.

Em simultâneo, nos postos 2 e 6, decorreram Inquéritos Origem-Destino aos utilizadores do transporte individual.

Localização dos postos de contagem

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O tratamento dos inquéritos realizados permitiu a construção das respetivas matrizes de deslocações, como a caracterização dos objetivos da viagem por tipo de veículo, o apuramento da média de passageiros por veículo e a distribuição percentual do tráfego por tipo de veículo.

Quadro 5.1 - Postos de Inquérito O/D

Posto Localização Nº inquéritos realizados

Posto 2 Rotunda localizada no fim da Rua Serpa Pinto 70

Posto 6 Cruzamento do Largo das Portas de Moura com as Ruas Brás Gonçalves e Rua de Stº António 91

5.3.1. Análise global das deslocações A análise dos inquéritos realizados aos utilizadores do transporte individual permitiu identificar a estrutura do tráfego com O/D na Cidade, podendo-se concluir que no período de ponta da manhã (PPM):

cerca de 59% das viagens são intra-concelhias, ou seja tem origem e destino no concelho de Serpa, sendo que destas cerca de 28% são urbanas (têm origem e destino na cidade de Serpa);

a percentagem de deslocações inter-concelhias (em que um dos extremos da viagem se localiza fora do Concelho) é de 41%.

O “trabalho” (53%) e as deslocações “em serviço” (17%) constituem os dois principais motivos de viagem apontados. Embora com expressão bastante inferior, o terceiro motivo mais referido refere-se a “ir realizar compras” (7%).

Os resultados obtidos permitem concluir que cerca de 53% das viagens são deslocações regulares de carácter pendular e por isso concertadas no tempo e no espaço. Será, ainda, de frisar que a percentagem de viagens “em serviço” é relativamente elevada, sendo este “nicho” difícil de captar para o transporte público ou para deslocações a pé.

5.3.2. Principais motivos de viagem Regresso casa

4%

Trabalho53%

Escola5%

Compras7%

Em Serviço17%

Lazer4%

Saúde6%

Outro4%

Figura 5.1 – Principais motivos de viagem

Existe um elevado número de viagens que, aparentemente, têm destino na Cidade no Período de Ponta da Manhã (PPM), realizando-se a viagem de regresso a casa ainda no decurso da manhã, o que evidencia o papel polarizador da cidade de Serpa enquanto sede de Concelho.

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Face às respostas obtidas o Período de Ponta da Tarde (PPT) deve ocorrer entre as 17h e às 19 horas.

No que se refere à duração das viagens verifica-se que a maioria das deslocações têm duração inferior a 30 minutos (59%), e destes cerca de 32% tem duração entre 15 e 30 minutos e os restantes 27% uma duração inferior a 15 minutos.

Relativamente à ocupação das viaturas importa frisar que a maioria transporta apenas um passageiro (60%), sendo de 25% a percentagem de viaturas com dois passageiros. A percentagem de viaturas com 3, ou mais ocupantes, é bastante reduzida (cerca de 14%).

Nos que se refere às principais características dos inquiridos constata-se que cerca de 83% são do sexo masculino, sendo que 86% se encontram no escalão etário dos 25 aos 64 anos. A percentagem de idosos inquiridos (com 65 ou mais anos) é de 9%.

Relativamente às habilitações literárias cerca de 25% possuem a instrução primária completa (4º ano), 22% o 12º ano, 20% o 9º ano de escolaridade, sendo de 21% os que possuem formação média ou superior.

5.3.3. Procura de tráfego atual O tráfego na cidade de Serpa na Hora de Ponta da Manhã – os troços da rede mais carregados – registam-se nas principais entradas e saídas da Cidade, com especial destaque para:

Os dois principais acessos à Cidade (ligações ao IP8);

Avenida Capitães de Abril;

Largo do Salvador;

Terreiro de São João/ Largo das Portas de Moura;

Rua de Santo António, nomeadamente no troço compreendido entre a Estrada da Circunvalação e Rua Serpa Pinto.

Com objetivo de avaliar a reserva de capacidade da rede, calculou-se ainda o nível de saturação da rede (capacidade teórica/ procura) tendo-se concluído que, para o período em análise, ronda os 12%, podendo-se concluir que não ocorrem problemas de saturação, existindo uma elevada reserva de capacidade.

Por fim, procurou-se analisar as condições de circulação neste período, recorrendo-se para tal ao conceito de Nível de Serviço.

Entende-se por nível de serviço a medida qualitativa dos vários fatores que influenciam a velocidade, tempo de percurso, interrupções de tráfego, liberdade de manobra, segurança, comodidade de condução e custos de transporte. O nível de serviço é assim determinado em função das características das vias e dos volumes de tráfego que a utilizam.

Esta análise foi desenvolvida para os pontos mais carregados da rede, ou seja, para os cruzamentos localizados nestes troços e em que poderiam existir situações de conflito, nomeadamente:

Cruzamento do Largo Salvador com a Rua do Calvário e Rua de São Roque;

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Cruzamento do Largo Côrro com o Largo de São Paulo;

Cruzamento do Largo das Portas de Moura com a Rua Brás Gonçalves e Rua de Santo António.

Os Níveis de Serviço são, genericamente, apresentados numa escala entre A e F. O Nível A corresponde a condições de circulação livre com baixos volumes de tráfego, sem restrições à facilidade de manobra devidas à presença de outros veículos. Quando as condições de circulação se começam a agravar – liberdade de velocidade e manobra limitada e tempos de atraso significativos –, então o nível de serviço apresenta-se como E ou F.

Tráfego na Hora de Ponta da Manhã (8h30 – 9h30)

5.3.4. Pontos Críticos Os resultados obtidos na modelação da situação atual evidenciam a não existência de volumes de tráfego problemáticos face à capacidade das vias, existindo na generalidade da rede reservas de capacidade de 40%.

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Contudo, constata-se a existência de situações de conflito, que não resultam dos volumes de tráfego registados mas, sim, do facto da circulação em todo o Núcleo Histórico se encontrar bastante condicionada pelo perfil dos seus arruamentos e pela configuração de alguns cruzamentos. Estes ao estabelecerem ângulos entre arruamentos determinam muitas vezes a orientação de circulação do tráfego, de forma que cada esquina \ gaveto seja possível de contornar da melhor forma possível. Esta situação é mais relevante na zona intramuros, onde as velocidades de circulação são em geral reduzidas, devido à largura das ruas, aos veículos estacionados, ao piso irregular e à falta de visibilidade nos cruzamentos.

Exemplo de viragem difícil

Em suma, apesar do volume de tráfego registado não se refletir na saturação da rede viária atual, o perfil transversal dos arruamentos, em especial na zona intramuros condiciona fortemente a circulação automóvel.

5.4. ESTACIONAMENTO

5.4.1. Caracterização da Oferta Atual A oferta legal contabilizada refere-se a lugares legais, independentemente do uso ser reservado, exemplo entidades públicas ou cargas e descargas. Globalmente, de acordo com os levantamentos efetuados localmente, foi possível contabilizar 502 lugares.

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Oferta Actual de Estacionamento

A concentração da oferta acontece nas zonas localizadas fora das Muralhas, sendo de apenas 12% a oferta na zona intramuros. É ainda de referir que não existe nenhuma zona cuja oferta seja superior a um lugar por alojamento.

Ainda no que se refere à distribuição da oferta de estacionamento, é de referir que dos 492 lugares, cerca de 61 (12%) localizam-se na zona intramuros e os restantes 431 (88%) na zona exterior às Muralhas.

De referir que a oferta atual não contabiliza os lugares reservados a cargas e descargas, a pessoas com mobilidade reduzida ou destinados a utentes de estabelecimentos comerciais.

Do levantamento efetuado verificou-se que 90% da oferta de estacionamento no Núcleo Histórico não é tarifada. Os espaços tarifados concentram-se em, apenas, dois locais do Núcleo Histórico: no Largo do Dom Jorge de Mello e no parque do Largo da Corredoura. Em termos de procura nestes locais, verificou-se que no Largo Dom Jorge de Mello os lugares se encontravam totalmente ocupados, o mesmo não acontecendo no parqueamento do Largo da Corredoura, cuja taxa de ocupação rondava os 20%.

Estacionamento do Largo da Corredoura

A cobrança da tarifa de estacionamento ocorre nos dias úteis entre as 08:30 e as 18:30, sendo a duração máxima de 4 horas. As tarifas praticadas são as seguintes: 1hora – 0.40 cêntimos, 2 horas – 0.90 cêntimos, 3 horas – 1.40 cêntimos, 4 horas – 1.90 cêntimos.

Estacionamento

Face à oferta existente é desde já possível diagnosticar o problema do estacionamento das viaturas dos residentes, que face à escassez de oferta legal procuram estacionar à porta da residência ou do estabelecimento comercial acabando por vezes por o fazer em situações que dificultam a circulação automóvel e pedonal.

Esta situação é ainda mais evidente na área central do Núcleo Histórico (zona intramuros) onde todos os espaços disponíveis são aproveitados pelos moradores para o estacionamento das viaturas.

Rua Roque da Costa

A reduzida dimensão dos problemas de circulação e, provavelmente à consciência dos habitantes relativamente aos problemas específicos inerentes à residência num Núcleo Histórico – mesmo as situações de estacionamento, relativamente, mais gravosas e que condicionam de algum modo a circulação, acabam por não configurar verdadeiras situações de conflito.

As dificuldades de circulação impostas pelos perfis transversais das vias, só por si desincentivam a circulação em alguns arruamentos da zona intramuros, pelo que estes acabam por ser utilizados, apenas, para estacionamento de veículos de residentes.

Ainda que não conflituosa, a apropriação destes espaços por veículos descaracteriza-os e torna-os pouco atrativos para a circulação pedonal, contribuindo, desta forma, para a desqualificação da imagem do Núcleo Histórico e para a diminuição do seu potencial turístico.

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5.4.2. Caracterização da Procura Atual Para o levantamento da procura de estacionamento na via pública foi adotada a seguinte tipologia de situações:

Estacionamento legal – veículo estacionado numa zona, ou lugar, onde é legalmente autorizado o estacionamento;

Estacionamento ilegal – abrangendo os veículos estacionados em infração às regras do Código da Estrada.

Quanto ao estacionamento ilegal foram levantados os seguintes tipos de situações:

Ilegal de grau 1 – quando, estando em situação ilegal, não prejudique substancialmente as restantes circulações de veículos ou peões, nem constitua fator de insegurança rodoviária (visibilidade).

Ilegal de grau 2 – quando prejudique ou interfira com as circulações de veículos ou peões, ou quando a posição do veículo seja suscetível de reduzir as condições de segurança da circulação rodoviária e de peões.

Exemplos de estacionamento ilegal tipo 1

Exemplos de estacionamento ilegal tipo 2

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O diagnóstico da situação atual permitiu identificar que a oferta de estacionamento no Núcleo Histórico não satisfaz a procura existente. A procura diurna é superior à oferta legal oferecida em cerca de 206 lugares.

Tal como expectável é na zona intramuros que ocorrem os maiores problemas de carência de estacionamento traduzidos num défice de cerca de 66 lugares.

A análise da procura de estacionamento evidencia que metade do estacionamento é ilegal, sendo a maioria do Tipo 1 – estacionamento que poderá ser suportado pelas vias carecendo, contudo, de ser ordenado. É expectável que o ordenamento da oferta venha permitir regularizar estas situações e, consequentemente, melhorar as condições de circulação e o ambiente dos espaços públicos.

É na zona intramuros que ocorrem maior número de situações de estacionamento ilegal do Tipo 2 (zonas 3 e 5). Tendo em vista a melhoria das condições de circulação pedonal e a valorização do espaço público, é necessário um evitar ocorrência deste tipo de situações.

Em suma, na zona exterior às muralhas a maioria das situações de ilegalidade verificadas encontram-se associadas ao estacionamento desordenando, em parte fruto da ausência de regulamentação e sinalização proibitiva

É contudo de frisar os investimentos que têm sido efetuados pela Câmara Municipal ao nível da renovação de algumas ruas, contemplando estas intervenções o ordenamento claro do estacionamento através da criação de bolsas. Apontam-se, a título exemplificativo, as intervenções realizadas na Rua de Mértola, Rua dos Cavalos, Rua dos Lagares e Rua Nova.

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Estacionamento ilegal tipo 1

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Estacionamento ilegal tipo 2

O estacionamento ilegal do Tipo 2 deverá ser penalizado, através de reboque ou imobilização do veículo, de modo a evitar a ocorrência destas situações.

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A ausência de tarifação do estacionamento justifica a fraca rotatividade registada nos locais de maior procura, ao longo de todo o dia. O quadro que se segue sintetiza a relação oferta procura nos espaços identificados como de maior procura no Núcleo Histórico, sendo de salientar a total ocupação de todos estes espaços.

Os cálculos efetuados, aqui apresentados, referem-se aos períodos de maior procura.

Taxa de ocupação nos principais largos

Manhã Período almoço Tarde Média Diária Largo 25 de Abril 100% 90% 90% 95%

Largo do Côrro 170% 150% 120% 147%

Largo Salvador 110% 100% 100% 103%

Largo S.Paulo 100% 100% 100% 100%

Torna-se, assim necessário proceder ao ordenamento do estacionamento em todo o Núcleo Histórico da Cidade, definindo claramente os locais onde deverá ser ou não permitido estacionar.

5.4.3. Identificação dos Pontos Críticos A procura de estacionamento nos principais eixos comerciais do Núcleo Histórico constitui a principal entropia à circulação rodoviária.

Identificam-se como principais pontos críticos o Largo do Côrro, o Largo do Salvador e Largo de São Paulo. No entanto, este é um problema generalizado em toda a área de intervenção do Plano, uma vez que especialmente na zona intramuros o estacionamento em determinados arruamentos quase impossibilita a passagem de outros veículos. Estas ruas são marcadamente residenciais e cujas características físicas (apertados perfis transversais) já por si desincentivam a circulação, sendo esta escassa. Assim, e apesar de em algumas situações se verificar ocupação ilegal, que dificulta a circulação não se registam graves problemas.

Os principais pontos críticos diagnosticados prendem-se com a excessiva ocupação dos principais espaços públicos pelos automóveis, que desta forma contribuem para a descaracterização da paisagem e progressiva degradação da qualidade de vida da população que deixou de utilizar estas áreas como espaços de convivo e lazer.

5.5. CARACTERIZAÇÃO DA MOBILIDADE DA POPULAÇÃO – TRANSPORTE PÚBLICO

A auscultação da sensibilidade das populações às condições de circulação e de estacionamento existentes e à sua previsível evolução constituem, bons elementos de referência da maior ou menor adesão à implementação de novas condições de mobilidade na Cidade. Estes trabalhos permitem, ainda, conhecer o perfil dos potenciais utilizadores do serviço a implementar, bem como as suas necessidades de deslocação – aspetos fundamentais para a definição dos parâmetros de serviço.

Neste âmbito, realizou-se um inquérito de opinião (conforme modelo em anexo) em diversos locais da Cidade. Estes locais foram selecionados por constituírem polos com elevado potencial de

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geração / atração de deslocações – Largo do Salvador, terminal rodoviário, rotunda localizada no fim da Rua Serpa Pinto, no Cruzamento do Largo das Portas de Moura com as Ruas Brás Gonçalves e Rua de Stº António.

Estes trabalhos decorreram num dia útil tipo no mês de Dezembro de 2007, no período compreendido entre as 7:30 e as 18 horas, tendo-se obtido uma amostra constituída por cerca de 400 inquéritos. Realizaram-se entrevistas a todos os inquiridos que efetuaram viagens independentemente do modo utilizado.

5.5.1. Caracterização das Viagens A análise do período horário declarado como preferido para a realização das viagens permite identificar 3 “picos” de maior procura registados nos períodos de ponta da manhã, da hora de almoço e da ponta da tarde.

A maior incidência de viagens no período da manhã verifica-se entre as 8 e 9 horas, correspondendo ao “pico” mais elevado registado durante todo dia. Verifica-se outro “pico” entre as 14 e as 15 horas e, ainda, o da “ponta” da tarde, correspondente às viagens de regresso a casa, entre as 17 e as 18 horas.

0%

5%

10%

15%

20%

4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Inicio Regresso

Figura 5.2 - Período horário preferido para a realização das viagens

O motivo mais recorrente para a necessidade de efetuar viagens é o trabalho, que corresponde a 36% de todas os motivos de viagem. Seguidamente posiciona-se o regresso a casa, o lazer e “em serviço”. Estes quatro motivos representam mais de 80% de todos os motivos de viagens.

De referir que as viagens que se realizam por motivo “em serviço”, pelas suas características são de difícil transferência modal para o transporte publico, não devendo por isso ser incluídas no mercado potencial da carreira – trata-se de cativos do transporte individual, correspondendo a cerca de 20% dos inquiridos.

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0%

10%

20%

30%

40%

Trabalho Escola Compras Em Serviço Lazer Saúde Outros

Figura 5.3 - Motivo da viagem

Relativamente ao modo de transporte utilizado na realização de viagens observa-se uma clara preferência pelo transporte individual, sendo a cota deste modo superior à soma de todos os outros (73%). É de referir que a quota das deslocações realizadas “a pé” (12%) é semelhante às realizadas “em autocarro” (14%).

Face às características da cidade de Serpa, pode-se considerar que a quota do modo pedonal é bastante reduzida.

Carro/Mota73%

Autocarro14%

A Pé12%

Outro1%

Figura 5.4 - Modo de transporte utilizado

A maioria das viagens tem uma frequência diária, o que pode ser uma vantagem para a introdução de um serviço de transporte urbano – mais de 70% das viagens realizam-se todos os dias (diariamente).

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0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Diariamente 2/3 vezes semana 1dia/semana 1vez/mês

Figura 5.5 - Frequência da viagem

Cerca de 70% dos inquiridos declarou efetuar uma viagem semelhante de regresso a casa.

Quando questionadas sobre “Se limitassem as condições de circulação e estacionamento no Núcleo Histórico da Cidade e implementassem uma carreira urbana com uma frequência de 15 em 15 minutos, seria utilizador do serviço?”, cerca de 67% respondeu afirmativamente, o que pode ser um bom indicador do sucesso da carreira urbana.

A análise do permite concluir que cerca de 53% dos veículos transporta apenas um ocupante, o que acarreta problemas ao nível da eficiência deste modo de transporte. Cerca de 22% transporta dois ocupantes, sendo bastante reduzida a percentagem de veículos que transporta 3 ou mais ocupantes (14%). A adoção de medidas de ordenamento da circulação e do estacionamento no Núcleo Histórico da Cidade poderão ser determinantes para a melhoria do desempenho do transporte individual.

Das viagens realizadas com destino a Serpa constata-se que:

Na maioria dos casos tratam-se de viagens “Intra-urbanas” – com origem e destino na cidade de Serpa (39%);

Cerca de 26% são “inter-concelhias”, tendo por isso origem ou destino noutro concelho;

20% têm origem numa freguesia do concelho localizada fora da Cidade;

15% são viagens internas ao Núcleo Histórico, ou seja, têm origem e destino nesta área da Cidade.

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Inter - Concelhias26%

Intra - Concelhias20%

Intra - Urbanas39%

Centro Histórico15%

Figura 5.6 - Viagens por zona

A quantificação da procura potencial a captar por este serviço trata-se de um exercício complexo uma vez que depende de um vasto conjunto de variáveis, nomeadamente:

Os níveis de serviço a praticar;

A política de circulação e estacionamento;

O preço dos combustíveis;

O tarifário a praticar;

A informação de divulgação do serviço.

Tratando-se de um serviço inexistente não é possível quantificar com exatidão os níveis de procura a captar, pelo que os valores estimados resultam da assunção dos pressupostos teóricos que, seguidamente, se especificam:

Os potenciais utilizadores deste serviço deverão ser captados, essencialmente, entre os utilizadores do transporte individual e os que efetuam deslocações a pé.

Numa primeira fase as deslocações potencialmente captáveis deverão ser as viagens “intra-urbanas”, ou seja, as deslocações dos residentes com origem e destino na cidade de Serpa e as com origem na interface rodoviária (com origem noutros concelhos, ou fora da cidade, e que se realizam em transporte público coletivo rodoviário).

Numa segunda fase, após divulgação do serviço, e em função da política de estacionamento a implementar, é provável que o serviço possa captar novos utilizadores entre os utilizadores que diariamente se deslocam à Cidade em trabalho.

A transferência dos utilizadores do transporte individual para o transporte coletivo não é de fácil concretização dado o conforto e independência proporcionados pelo transporte individual. Contudo, o inquérito realizado, no âmbito do presente estudo, em dezembro de 2007 – relativamente á pergunta sobre a “possibilidade de utilização de uma carreira de transporte público na cidade de Serpa” (de acordo com os resultados, 84% dos inquiridos admite utilizar a carreira de transporte público). Contudo, segundo este mesmo inquérito, apenas 63% dos inquiridos o

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realizariam diariamente (ou seja seriam utentes frequentes deste serviço).Os resultados obtidos constituem um bom indicador da intenção da população relativamente a uma possível alteração modal para realização das suas deslocações.

É possível afirmar que os escalões etários mais facilmente captáveis referem-se aos jovens e idosos, que possuem menor disponibilidade de aquisição de automóvel, encontrando-se, assim, mais dependentes do transporte público coletivo.

Quadro 5.2 - Utilização da carreira consoante a frequência das viagens

Diariamente 2/3 vezes Semana

1 dia/Semana

1 vez/Mês Raramente Total

Não 9% 2% 2% 1% 2% 16%

Sim 55% 9% 7% 1% 12% 84%

Total 63% 11% 9% 2% 15% 100%

Para determinação da procura potencial da carreira – atendendo a que, numa primeira fase, o serviço captará essencialmente a população residente que efetua viagens motorizadas no interior da Cidade – recorreu-se ao cruzamento da informação disponibilizada pelos Censos 2001, relativa à mobilidade da população residente e empregue nas duas freguesias urbanas, e aos dados dos inquéritos realizados no âmbito do presente Plano.

O cálculo da procura potencial foi estimado com base no efetivo populacional residente na Cidade que efetua viagens dentro da mesma e que se encontra coberto pelos possíveis itinerários estudados. Para cada um dos itinerários definiram-se paragens (ainda que estas possam vir a ser fictícias, caso o serviço funcione sem paragens pré-definidas), à volta das quais se estabeleceu um raio de 200 metros, correspondente ao potencial de atração.

De acordo com manuais internacionais dedicados ao estudo de deslocações pedonais, a distância aceite por um peão para apanhar um autocarro é de cerca de 300 metros, contudo, tratando-se de uma cidade de pequena dimensão, optou-se por uma distância inferior.

Entende-se que face ao objetivo de aumentar as deslocações em modo pedonal, o volume de viagens a captar deste modo de deslocação é reduzido, tendo-se considerado por isso um valor residual – cerca de 60 viagens diárias (valor máximo).

Quadro 5.3 - Síntese indicadores mobilidade

População residente na Cidade 5 200

Estimativa da população residente na Cidade que trabalha na Cidade 2 000

Estimativa da população residente na Cidade que realiza viagens motorizadas 1000

População não servida pela carreira 7%

Aos valores obtidos retirou-se ainda uma percentagem de viagens realizada por indivíduos que nos inquéritos declaram ser cativos do transporte individual (motivos de ordem profissional, ou outros devidamente explicados), estimando-se esta em cerca de 20%. Foram, ainda, subtraídos os indivíduos que não sendo cativos do transporte individual responderam não estar disponíveis para

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utilizar regularmente este serviço. Esta operação permitiu chegar ao valor de 650 passageiros dia – este valor poderá aumentar com o funcionamento da carreira, através da visualização e divulgação, e com a prestação de um bom serviço.

Quadro 5.4 - Procura Potencial

Procura Potencial Passageiros Mês 8000

Semana 2000

Dia 400

Hora 35

Circuito 17

5.6. CARACTERÍSTICAS DO EDIFICADO

5.6.1. Considerações iniciais O conhecimento detalhado dos edifícios de um Núcleo Histórico é fundamental para a sua requalificação e revalorização. Neste sentido, foi realizado um levantamento sobre todas as construções, incluídas na área de intervenção do Plano de Pormenor, que abrange uma área de 51,2 hectares e que totaliza 1387 construções. O levantamento de campo foi executado nos meses de Julho e Agosto de 2007, no decurso da 1.ª Fase do Plano.

O levantamento realizado permitiu caracterizar a situação atual do Núcleo Histórico de Serpa. Destas 1387 construções, 1379 são edifícios e 8 são outras construções: Portas de Moura, Portas de Beja, Aqueduto e Nora, Torre de Menagem do Castelo Velho, Torre do Relógio e Depósito de Água.

Relativamente aos resultados do levantamento cabe referir que não foram identificadas construções no interior de parcelas não acessíveis, tais como: barracas, arrecadações, anexos, telheiros e demais construções.

O levantamento ao edificado existente contemplou as seguintes análises:

Número de pisos existentes nos diferentes edifícios;

Tipo de utilização em cada edifício: habitação, comércio, serviços ou equipamentos;

Estado de conservação do parque edificado, de modo a identificar as suas necessidades de reabilitação;

Época de construção de cada edifício, de modo a entender a evolução urbana do aglomerado do Núcleo Histórico;

Avaliação do tipo de materiais dominantes nas fachadas e coberturas, assim como de elementos singulares e dissonantes e de outros elementos característicos da arquitetura popular desta região, como por exemplo as chaminés.

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Para a organização do levantamento foi atribuído um número a cada quarteirão. Dentro de cada quarteirão foi ainda atribuído um número a cada edifício. A codificação encontra-se registada no desenho 21256-F3-PP-0003.

Assim as plantas 21256-F3-PP-002 à planta 21256-F3-PP-016 têm por base o trabalho de campo efetuado à data da elaboração dos estudos de caracterização e diagnóstico.

Complementarmente a este relatório apresentam-se dois anexos: o Anexo III – Alçados da Ruas à esc.1/2000 e Anexo IV – Tabela com toda a informação recolhida sobre o parque edificado.

5.6.2. Morfologia Urbana A malha urbana do Núcleo Histórico de Serpa apresenta situações distintas consoante os tipos de morfologia urbana em presença, podendo-se em termos esquemáticos, traduzi-la em nove zonas homogéneas.

Como elementos marcantes da estrutura urbana são de destacar a cerca amuralhada, que condicionou as dimensões e características da malha urbana no seu interior, e a envolvente imediata que se organiza a partir desta. Na zona extramuros evidenciam-se os edifícios religiosos, como elementos estruturantes do desenvolvimento urbanístico.

Na zona intramuros, a própria muralha e as suas portas definem dois eixos perpendiculares estruturantes:

Oeste / este – Rua das Portas de Beja e Rua dos Fidalgos, que ligam as Portas de Beja às Portas de Sevilha;

Sul / norte – Rua dos Cavalos e Rua da Cadeia Velha / Terreiro de São João, que ligam a Porta da Corredoura às Portas de Moura.

Na intersecção das quatro ruas encontra-se a Praça da República que desempenha um papel central enquanto espaço público.

5.6.3. Quarteirões Os quarteirões apresentam diferentes formas de agrupamento dentro da zona de intervenção. Verificam-se seis tipos de agrupamentos:

Quarteirão em banda;

Quarteirão ortogonal;

Quarteirão retangular, regular e comprido;

Quarteirão irregular de raiz retangular

Quarteirão irregular

Quarteirão trapezoidal

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5.6.4. Volumetrias: Existem seis tipos de volumetrias correspondentes a edifícios de 1, 2, 3, 4, 5 e 6 pisos.

Os edifícios de 1 piso encontram-se em grande maioria no Núcleo Histórico, correspondendo a cerca de 60,4% do total de edifícios. Sem grande significado quantitativo encontram-se os edifícios com 3 e 4 pisos, cerca de 0,1%.

5.6.5. Agrupamento e Número de Fogos Existem seis tipos diferentes de edifícios consoante o agrupamento e número de fogos, que se distribuem entre 1 fogo e agrupamentos de 6 fogos.

A tipologia dominante é a de um edifício - um fogo: são 1075 edifícios (correspondentes a 77,5% do edificado habitacional).

Verifica-se que o agrupamento dos fogos e dos pisos, por vezes torna-se pouco clara em algumas situações, deste modo, consideraram-se quatro grupos:

Edifício unifamiliar de 1 piso com 1 fogo: 804 edifícios, cerca de 68,1% do total de 1181 edifícios habitacionais;

Edifício unifamiliar de 2 pisos com 1 fogo: 207 edifícios, cerca de 17,5% do total de 1181 edifícios habitacionais;

Edifício plurifamiliar de 1 piso com 2 fogos: 20 edifícios, cerca de 1,7 % do total de 1181 edifícios habitacionais;

Edifício plurifamiliar de 2 a 4 pisos com 1 a 6 fogos: 150 edifícios, cerca de 12,7 % do total de 1181 edifícios habitacionais.

5.6.6. Tipo de Ocupação Para análise funcional da zona de intervenção da cidade de Serpa, consideram-se oito categorias de atividades:

Habitação;

Comércio;

Serviços;

Restauração;

Hotelaria;

Pequenas indústrias / armazém / garagem;

Unidades de produção de queijo;

Associações e Cooperativas.

Associado a este grupo de categorias encontra-se também assinalado um conjunto de 21 edifícios devolutos.

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A habitação distribui-se de forma equilibrada por toda a malha urbana, sendo fora da cerca amuralhada que se encontra um número significativo de quarteirões exclusivamente de ocupação habitacional.

O comércio, serviços, restauração, hotelaria e pequenas indústrias localizam-se, sobretudo, na zona intramuros e na zona extramuros da parte sul da zona de intervenção. Todos estes usos surgem na malha urbana de forma dispersa sem formarem grandes concentrações numa só área.

O padrão dominante por tipo de usos é o seguinte:

Edifícios exclusivamente residenciais: 1076 edifícios, cerca de 77,6% do total de 1376 edifícios considerados;

Edifícios preferencialmente residenciais: 84 edifícios, cerca de 6,1% do total de 1376 edifícios considerados;

Edifícios exclusivamente não residenciais: 216 edifícios, cerca de 15,6 % do total de 1376 edifícios considerados.

5.6.7. Estado de Conservação No que diz respeito ao estado de conservação das fachadas, pode-se concluir que 1,4% do parque edificado encontra-se em ruína, 4,3% em mau estado de conservação, 30,4% em razoável estado de conservação e 62,6% em bom estado de conservação sem necessidade de reparação.

O estado de conservação das coberturas encontra-se 55,7% do edificado analisado em bom estado de conservação, 36% em razoável estado de conservação, 5,4% em mau estado de conservação e 1,7% em ruína necessitando de reconstrução total.

Foram identificados oito imóveis em construção e onze imóveis em recuperação de fachada. Em recuperação de cobertura existem somente dois imóveis. Estes dados deverão ser atualizados com a finalização dos respetivos trabalhos de execução.

5.6.8. Época de Construção Distribuição da época de construção do edificado:

Anterior ao século XVI: 26 edifícios, cerca de 1,9% do total de 1387 edifícios. Neste período de tempo estão incluídos alguns edifícios com características do estilo gótico. São identificados neste período alguns edifícios de grande qualidade arquitetónica, tais como, a Igreja de Santa Maria localizada junto à zona do castelo; as Muralhas de Serpa que remontam ao século XII classificado como Monumento Nacional; a Torre do Relógio datada do século XIV e século XVI, a Igreja da Misericórdia construída no século XV foi sofrendo posteriores remodelações, entre outros;

Entre o século XVI e o século XVII: 22 edifícios, cerca de 1,6% do total de 1387 edifícios. Neste período existiu um crescimento populacional considerável que implicou a expansão extramuros do tecido urbano criando assim novas concentrações de edifícios junto sobretudo, aos equipamentos religiosos já existentes. É considerável a inserção de elementos arquitetónicos notáveis nos edifícios, elementos esses com características do Manuelino, Renascimento e Maneirismo. O Aqueduto e a Nora são construções datadas do século XVII, classificadas como Monumento Nacional no

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conjunto das Muralhas de Serpa. A construção do Palácio dos Condes de Ficalho e o respetivo jardim da propriedade remontam o século XVII, sendo o Palácio classificado Monumento Nacional. O atual café e restaurante o Alentejano construído no século XVII foi utilizado como celeiro e posteriormente como cadeia. A Igreja e o antigo Convento de S. Paulo também são construções datadas do século XVII, tal como a Igreja do Salvador e a Igreja da Nossa Senhora dos Remédios;

Entre o século XVIII até ao início do século XX: 170 edifícios, cerca de 12,3% do total de 1387 edifícios. Estes dois séculos acumulam características construtivas idênticas, deste modo foi necessário considerar a junção deste período longo de tempo. Este período coincidiu com uma recessão na construção de novas edificações, no entanto a construção de algum equipamento religioso foi considerado: a igreja do Santuário datada entre o século XVIII e XIX; o oratório da Rua de S. Roque e o oratório das Portas de Beja ambos do século XVIII;

Século XX: 756 edifícios, cerca de 54,5% do total de 1387 edifícios. Este período inclui toda a construção contemporânea a partir dos anos 40/50;

Século XXI: 8 edifícios, cerca de 0,6% do total de 1387 edifícios. Este período inclui toda a construção executada a partir de ano 2000;

Edifícios de construção antiga de data não identificada: 120 edifícios, cerca de 8,7% do total de 1387 edifícios. Devido ao elevado número de casas com características populares que não apresentam elementos de um grupo cronológico reconhecível, consideramos que seria mais correto incluir este grupo numa categoria independente

Edifícios de construção antiga alterada de data não identificada: 285 edifícios, cerca de 20,5% do total de 1387 edifícios. De igual modo, foi necessário criar esta variante para os edifícios que pelas frequentes intervenções sofridas não deixaram no entanto de possuir as características originais.

5.6.9. Tipologias no Núcleo Histórico de Serpa Relativamente à tipologia dos edifícios seguem-se alguns exemplos ilustrativos.

Fonte: Câmara Municipal de Serpa / Gabinete do Patrimonio Arquitetónico e Arqueológico

Figura 5.7 - Castelo – “Antiga casa de habitação no interior da Alcáçova do Castelo”

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Fonte: Câmara Municipal de Serpa / Gabinete do Patrimonio Arquitetónico e Arqueológico

Figura 5.8 - Café/Restaurante “O Alentejano”

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Fonte: Câmara Municipal de Serpa / Gabinete do Patrimonio Arquitetónico e Arqueológico

Figura 5.9 - Edifício de habitação, comércio e serviços

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Fonte: Câmara Municipal de Serpa / Gabinete do Patrimonio Arquitetónico e Arqueológico

Figura 5.10 - Edifício de habitação

5.6.10. Sistemas construtivos

5.6.10.1. Âmbito O Plano de Reabilitação Urbana do Núcleo Histórico de Serpa de 1995 contém um estudo sobre Processos e Materiais Construtivos bastante completo. Dada a relevância desta matéria para a compreensão dos sistemas construtivos em presença reproduzem-se na íntegra algumas das suas componentes mais significativas, que constam dos Estudos de Caracterização da 1ª Fase do Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa.

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Para a elaboração deste texto foram consultadas várias obras, das quais se retiraram algumas das figuras que se apresentam.1

5.6.10.2. Materiais e Processos Construtivos O conhecimento e a reflexão sobre os processos e as formas que ao longo dos tempos conduziram à edificação dos espaços de habitação na zona do “Castelo Velho”, é, em nosso entender, indispensável num trabalho com as características deste Plano de Pormenor.

Assim, trata este texto dos processos construtivos praticados na zona, responsáveis pela construção e manutenção do parque edificado. Por outro lado, procurou-se fornecer algumas ideias que contribuam para um procedimento mais correto e eficaz em futuras intervenções a levar a cabo no local. Apontam-se também alguns erros que foram observados como prática corrente no decurso do estudo da zona; referem-se outras deficiências construtivas; indicam-se métodos corretos de intervenção, de cuja adoção poderão resultar proveitos significativos. Procede-se ainda a uma descrição mais pormenorizada de algumas práticas seculares como a taipa, o adobe e a construção de abóbadas. O recurso a esquemas gráficos contribuirá para uma melhor elucidação de alguns aspetos referidos no texto.

5.6.10.3. O Alicerce O alicerce, em pedra, areia e cal, é um pouco mais largo que a parede, atingindo profundidades de ordem dos 40 a 50 cm e subindo acima do pavimento (já com a largura da parede) 10 a 20 cm recebendo as cargas das paredes e pilares e distribuindo-as depois pelo solo. Deve-se juntar ao alicerce um elemento repelente da água (alcatrão ou cimento, por exemplo) pois este funciona como tampão à capilaridade, impedindo a ascensão da água e consequente penetração na parede.

Encontram-se muitas vezes paredes sem qualquer tipo de alicerce: tratam-se sobretudo dos tabiques, em tijolo maciço com cerca de 10 cm de espessura e que formam algumas paredes divisórias interiores. Este procedimento é incorreto pois apesar de não suportarem nada a não ser a si próprias, qualquer pequeno assentamento do solo provocará a sua fissuração para além de ficar diminuída a sua estabilidade lateral.

1 Évora-Portugal-Project “Pilote” de Réhabilitation d’un Quartier du Centre Historique au Moyen d’un Atelier de Construction Communautaire – UNESCO, Établissements Humains et Environement Socio-Culturel (Paris, Septembre 1981) BRANCO, J. Paz – Manual de Pedreiro (Lisboa, Laboratório Nacional de Engenharia Civil, 1981) Otranto-Italiel-Project “Pilote” de Réhabilitation dans une Ville Ancienne au Moyen d’un Atelier de Construction Communautaire – Établissements Socio-Culturel, UNESCO, 9 (Paris, Juillet 1978) Plano de Pormenor e Salvaguarda no Núcleo Histórico da Vila de Mértola (Proposta, 1990) Plano de Salvaguarda e Reabilitação do Núcleo Histórico de Moura (Estudo Prévio – 1988 e Propostas – 1990).

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Figura 5.11 – Preparação do terreno para construção de alicerces

5.6.10.4. As Paredes As paredes são geralmente em taipa. Têm esta designação porque são executadas entre taipais. O taipal é um molde formado por tábuas e barrotes, constituindo uma caixa vertical sem fundo nem tampa, para o enchimento alternado com massas de terra argilosa apiloada, e fileiras de tijolos em adobe ou pedra na separação horizontal das fiadas de taipas, com 2 metros de comprimento por 0,45 m de altura.

A primeira operação para executar paredes de taipa consiste na abertura de uma caixa para preparação da terra argilosa com dimensão adequada às necessidades da obra. Aberta a caixa, vão-se espalhando camadas de terra com 15 cm de espessura que se regam até formar uma

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massa plástica. Depois de cheia a caixa tapa-se em ervas ou mato para proteção da ação direta do sol.

Para que a humidade se distribua igualmente pela terra deve manter-se em repouso pelo menos uma semana. Prepara-se uma taipa com maior resistência à ação direta da chuva cobrindo cada camada de terra com cal em pó, em capas com cerca de 5 cm de espessura antes de as regar.

A taipa é depois rebocada com uma argamassa de cal e areia seguida de caiação para proteção da água e do envelhecimento (dão-se várias demãos), sendo a última demão aplicada adicionando à cal sebo ou borras de azeite (a junção de uma gordura à cal melhora a capacidade impermeabilizante desta). Também se encontram casos em que a fase do reboco é suprimida, sendo feita uma caiação direta sobre a taipa o que resulta num acabamento menos liso. 2

Conseguem-se com esta técnica artesanal paredes com espessura de 40 a 70 cm, com excelente comportamento isotérmico, mas que no entanto têm fraca resistência às solicitações horizontais (sismos, peso dos telhados, de arcos ou de abóbadas). Por este motivo exigem, além de volumetrias baixas (até 2 pisos), por vezes a aposição de pesadas massas de alvenaria de pedra ou tijolo de forma triangular ou trapezoidal nas paredes exteriores (são os gigantes ou dormentes). Poder-se-ão também colocar grampos de madeira ou de metal nas paredes, ligados entre si por um tirante metálico de secção circular (10 mm de diâmetro) ou quadrada (com 10 mm de lado). As paredes deverão ser protegidas ao nível inferior, junto do embasamento do edifício, por uma camada de argamassa fina ou alisada (cimento “queimado” ou “afagado”) com uma largura de cerca de 20 cm e devidamente inclinada, para afastar a água da chuva e a canalizar pelas valetas dos arruamentos.

Verifica-se nos edifícios mais elaborados a existência de um soco com cerca de um metro de altura, em reboco, que é caiado para assegurar melhor impermeabilização: trata-se do soco ou rodapé para proteger o edifício das infiltrações da água.

Conseguem-se com esta técnica artesanal paredes com espessura de 40 a 70 cm, com excelente comportamento isotérmico, mas que no entanto têm fraca resistência às solicitaçõ7es horizontais (sismos, peso dos telhados, de arcos ou de abóbadas). Por este motivo exigem, além de volumetrias baixas (até 2 pisos), por vezes a aposição de pesadas massas de alvenaria de pedra ou tijolo de forma triangular ou trapezoidal nas paredes exteriores (são os gigantes ou dormentes). Poder-se-ão também colocar grampos de madeira ou de metal nas paredes, ligados entre si por um tirante metálico de secção circular (10 mm de diâmetro) ou quadrada (com 10 mm de lado). As paredes deverão ser protegidas ao nível inferior, junto do embasamento do edifício, por uma camada de argamassa fina ou alisada (cimento “queimado” ou “afagado”) com uma largura de cerca de 20 cm e devidamente inclinada, para afastar a água da chuva e a canalizar pelas valetas dos arruamentos.

2 Em algumas construções de mais de um piso observa-se um outro tipo de construção de paredes. Nuns casos todas as paredes ao nível do rés-do-chão são construídas em alvenaria de pedra, sendo a taipa utilizada só ao nível do primeiro piso nas paredes exteriores assentes sobre as de alvenaria de pedra. Noutros casos tanto as paredes exteriores e interiores ao nível do rés-do-chão como as paredes exteriores, e porventura paredes mestras interiores, dos pisos superiores são construídas em alvenaria de pedra. Nestes casos é frequente encontrarem-se tirantes em ferro a atravessar o edifício, ancorados nas paredes exteriores, para maior solidez da construção. Em construções mais recentes a técnica utiliza a alvenaria de tijolo furado ligada por argamassa de cimento e areia e rebocada com igual material. Desde que foi publicada a última versão do Regulamento Geral de Edificações Urbanas a parede exterior passou a ser obrigatoriamente dupla com isolamento térmico, o que também já se encontra nas reconstruções efetuadas em edifícios existentes na ZI.

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Verifica-se nos edifícios mais elaborados a existência de um soco com cerca de um metro de altura, em reboco, que é caiado para assegurar melhor impermeabilização: trata-se do soco ou rodapé para proteger o edifício das infiltrações da água.

Figura 5.12 – Embasamento da parede com proteção exterior da parede

As divisórias interiores nas argamassas deverão ser muito bem lavadas e limpas de quaisquer tipos de impurezas. Assim se evitará que surjam problemas no futuro, como por exemplo, a salitre que afeta muitas das paredes dos edifícios do “Castelo Velho” causando sérios problemas de conservação.

Os componentes das argamassas devem ser muito bem misturados a seco. Só depois se lhes deverá juntar água, mas não em demasia, pois apesar de com a crescente adição de água se obter uma massa cada vez mais fácil de trabalhar isso acarretará uma perda significativa das características da argamassa. É também incorreto utilizar areias húmidas para fazer as argamassas pois a mistura dos componentes não é tão eficaz.

Acontece por vezes surgirem fendas nas paredes de taipa, o que se deve a motivos vários, como por exemplo, o deslocamento das paredes por assentamento dos alicerces, má distribuição de cargas no telhado para as paredes por execução incorreta da estrutura de suporte da cobertura (fendas nas paredes junto ao apoio das vigas de madeira).

O problema de fendas pouco severas pode resolver-se fazendo entalhes horizontais (com cerca de 15 cm de profundidade) nas paredes, nele se introduzindo armaduras de ferro e depois uma massa de betão, devendo as extremidades das barras ser deixadas livres.

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Problemas mais severos podem exigir o esforço das fundações ou a estabilização das paredes pela introdução nestas de perfis em betão armado, fazendo-se depois, se necessário, a substituição das paredes.

Na maioria das casas do bairro do “Castelo Velho” as paredes exteriores e interiores são caiadas de branco. (…) Refira-se que a caiação, para além de ser uma prática tradicional que exige poucos custos, protege muito eficazmente as paredes da ação da chuva e dos raios solares.

Por último salienta-se que é sempre preferível a reconstrução de um edifício à sua demolição e construção de raiz: evita-se o custo da demolição, não se gasta dinheiro numa nova estrutura, conseguindo-se com a casa renovada um edifício mais típico e melhor adaptado ao clima local.

Figura 5.13 – Controlo de fissuras e estabilização e substituição de parede

5.6.10.5. Os Pilares Os pilares são feitos em tijolo maciço cruzado e consolidado com argamassa rica de areia e cal. Tratam-se de importantes elementos estruturais que conferem estabilidade às paredes, constituem os cunhais e podem receber as cargas dos arcos e abóbadas, descarregando-as nos alicerces. Os pilares podem também existir sob arcos de portas, portões ou janelas, sendo nestes casos comummente designados de pilaretes.

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5.6.10.6. O Arco O arco, em tijolo maciço, pode ser duplo, triplo (etc.) em largura, e simples ou duplo em altura.

Trata-se de um elemento estrutural bastante frequente podendo, no entanto, encontrar-se muitas vezes encoberto por tabiques.

Os arcos podem existir: nas vergas dos vãos (portas, portões e janelas) tratam-se de pequenos arcos mais ou menos abertos, por vezes quase horizontais, vulgarmente chamados de aduelas, na ligação de divisões de casas (funcionando em termos estruturais como parede mestra), nas vergas das chaminés. Os arcos podem ainda receber cargas de abóbadas e servir de reforço a estas.

Encontram-se nos imóveis da zona do “Castelo Velho” abobadilhas e abóbadas nos tipos berço, aresta e barrete de clérigo, por vezes reforçadas com arcos de tijolo maciço, servindo para suportar os pisos superiores (totais ou parciais) ou terraços.

Em construções de melhor qualidade as abóbadas podem igualmente constituir o teto de edifícios de um só piso.

Em vãos mais pequenos (4 a 5 metros) o tijolo é assente segundo a sua dimensão menor constituindo a chamada abobadilha. Em vãos maiores o tijolo é colocado segundo a sua dimensão média, formando a abóbada.

Os tijolos são solidarizados com uma argamassa rica em cal (cal e areia fina ao traço 1:3), à qual se pode juntar cimento sobretudo se se tratarem de vãos de maiores dimensões. Verifica-se por vezes que além do cimento se adicionou à argamassa gesso. Tal procedimento é incorreto pois se por um lado o gesso permite uma presa rápida (facilitando o trabalho), por outro lado apodrece facilmente com a humidade.

A construção destas abóbadas dispensa a utilização de cimbres, ainda que para vencer vãos superiores a 6 metros.

Para o lançamento da abóbada, as paredes devem estar construídas até à altura do extradorso da abóbada, marcando-se nas paredes o desenvolvimento dos arcos sobre um pré-reboco. Acima do traço abre-se um roço na parede para receber a primeira fiada de tijoleira. Logo que a primeira fiada esteja completa inicia-se o assentamento dos quatro cantos, segundo o traçado nas paredes.

A partir dos cantos para o centro vão-se assentando duas tijoleiras por canto, e assim vai evoluindo este enchimento, progredindo em redor do fecho final.

Em abóbadas ou abobadilhas de compartimentos com mais de 4 metros deve fazer-se superiormente um reforço com cintas formadas por tijolos.

Pode acontecer, por vezes, a fissuração das abóbadas devido a razões diversas tais como o deslocamento de paredes em consequência do assentamento parcial das fundações. Estas situações podem exigir ou não o reforço de fundações e abóbadas. O reforço da abóbada pode ser feito pela introdução de elementos metálicos (cantoneiras) na parte mais elevada da abóbada, tal como se pode ver na figura.

O tijolo apareceu primeiramente sob a forma de adobe, com configuração e dimensões diversas. Para o seu fabrico fazia-se primeiro uma mistura com barro, ervas secas, palha e areia, a qual (com a adição de água) era convenientemente amassada.

A massa assim obtida era depois introduzida em moldes retangulares em forma de tijolos que se deixavam ao sol a secar.

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Verificou-se posteriormente que perto do fogo estes adobes endureciam muito mais e resistiam melhor à ação das chuvas e do tempo. Deste modo, um pouco mais tarde, encontrou-se uma forma de cozer o adobe em pequenos fornos denominados medas. Por esta forma os adobes transformaram-se em tijolos.

Figura 5.14 – Tipos de arco e abóbada

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Figura 5.15 – Tipos de abóbada; assentamento de tijoleira para construção de abóbadas

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Figura 5.16 – Estabilização de parede abobadada; remates e reforço de abóbadas

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5.6.10.7. As Escadas As escadas de acesso a um piso superior ou intermédio (sobrado), este último mais usual nesta zona, assentam sobre um arco em tijolo maciço (sendo o espaço sob o arco aproveitado muitas vezes para arrumos) ou sobre um maciço de pedra e cal. Formam-se os degraus destas escadas, tijolos a cutelo (colocados segundo a dimensão média) ou tijolos assentes segundo a dimensão mais pequena, constituindo assim os cobertores e espelhos dos degraus.3

Figura 5.17 – Fabrico de tijolo; Escadas tridimensionais

3 Também se podem encontrar escadas em pedra, calcário ou mármore, em edifícios antigos de média ou grande dimensão frequentemente assentes em maciços de alvenaria de pedra. Em edifícios novos ou remodelados recorre-se muitas vezes ao revestimento do espelho e do cobertor dos degraus com lajes de pedra.

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5.6.10.8. Os Vãos Podemos encontrar nesta zona portões, portas, janelas, janelinhas (por vezes protegidas com grades que impedem a entrada de intrusos e permitem ventilar o interior da habitação), frestas, óculos, janelas de sacada ao nível do primeiro andar com guarda em ferro forjado.

Alguns destes vãos são dissonantes quer porque as suas dimensões são desproporcionadas em relação às fachadas dos imóveis que, regra geral são estreitas, quer devido aos materiais empregues (ferro, alumínio).

Alguns vãos apresentam-se decorados com moldura branca ou cinzenta, mais ou menos trabalhada, outros com moldura em reboco e desenho de lintel. Existem ainda casos de vãos que têm a peculiaridade de serem protegidos por beirados salientes. Contudo, na grande maioria dos casos, encontra-se o vão comum sem qualquer moldura, característico das casas populares mais singelas.

As janelas são protegidas de vários modos com estores plásticos com ou sem caixa exterior (elementos dissonantes incompatíveis com o carácter e a expressão arquitetónica dos edifícios da zona do “Castelo Velho”), ou com portadas interiores de madeira (solução preconizada para a zona). Observa-se normalmente no local a existência de vidraças e portais justapostas (estas sempre no interior), umas vezes à face externa da parede, outras ao nível do interior.

Figura 5.18 – Janela de vidraça com portada interior e exterior; Introdução de perfil em betão armado antes de abertura de vão

A abertura de vãos nas paredes que não sejam de pedra e cal deve fazer-se de um dos seguintes modos:

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1 - Abrir do lado exterior da parede um roço com cerca de metade da sua espessura. Introduzir neste um perfil metálico (o mais adequado é o perfil I) ou de betão armado pré-esforçado, e solidarizá-lo com argamassa. De seguida proceder do mesmo modo no lado interior da parede. Devem os perfis ser ligados um ao outro por parafusos (no caso de perfis metálicos) ou cintas (no caso de betão armado pré-esforçado). Estes perfis devem prolongar-se para além do vão no mínimo 25 cm para cada lado, a fim de garantir um adequado apoio e distribuição de cargas.

2 - Outro processo também eficaz, mas não tanto, é o fazer duas armações de ferro (com varões longitudinais e estribos) que se devem introduzir nos roços, aplicando-se depois o betão.

De acordo com o Regulamento preconizado para a zona, as portas e janelas deverão ser de madeira e pintadas a tinta de esmalte. Saliente-se que se a madeira for de boa qualidade, tratada com um produto adequado e pintado periodicamente ela não empenará e terá longa duração. As pinturas devem ser renovadas tão periodicamente quanto necessário.

5.6.10.9. O Sobrado É de aconselhar a construção deste elemento nos edifícios onde seja útil (pela exiguidade dos espaços) e praticável, mediante o aproveitamento do pé-direito mais alto do imóvel.

Apresentam-se de seguida dois exemplos de boa execução destes elementos, um em que apenas se utilizou madeira (sobrado mais “pesado”) e outro mais “leve”, em que foram além dos elementos em madeira, também utilizados perfis metálicos.4

Figura 5.19 – Sobrado em elementos de ferro e madeira

5.6.10.10. Os Terraços Encontram-se por vezes na zona do “Castelo Velho” o remate de platibandas de terraços em grilhagens feitas com ladrilhos inclinados alternadamente e mais raramente (dois casos), balaustradas cerâmicas.

4 Muitos sobrados assentam em estruturas de Madeira sobre as abóbadas. É também frequente o uso de baldozas ao nível do primeiro piso.

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Os terraços deverão ter uma inclinação mínima de 3% e apresentar sob a tijoleira as camada impermeabilizante e isolante térmica. A título exemplificativo discriminam-se no desenho as várias camadas do pavimento de um terraço bem executado.

5.6.10.11. Os Telhados Frequentemente e típica da zona é a telha de canudo assente sobre uma esteira de canas pregadas a um conjunto de vigas de madeira de secção circular com cerca de 10 cm de diâmetro, afastadas umas das outras cerca de 60 cm e vencendo o vão entre paredes mestras. As vigas principais (denominadas madres) apoiam-se nas paredes mestras através de uma madre de assentamento ou sobre duas a três fiadas de tijolo maciço que constituem uma espécie de viga. Trata-se de uma boa técnica pois consegue-se assim uma melhor e mais uniforme distribuição de cargas, evitando-se que se abram fendas nas paredes junto ao apoio das madres. Quando o vão o exige (mais de 3,50 m) é interposta a meio vão uma viga de maior secção (cerca de 15 cm de diâmetro) perpendicular às vigas principais.

Figura 5.20 – Telhados

As vigas de madeira são geralmente de eucalipto, tendo melhor qualidade as de castanho e qualidade inferior as de pinho.

O caniço constitui uma rudimentar caixa de ar, podendo encontrar-se mais espaçado (caniço “salto de rato” – canas agrupadas três a três, com espaço entre grupos) nas divisões que necessitam de

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maior ventilação. Acontece por vezes que a inclinação dos telhados inferior à recomendada (18 a 20º) e a sobreposição de telhas é insuficiente. Assim facilmente aparecem goteiras nesta estrutura frágil, sendo indispensável a sua reparação frequente (limpeza do telhado e substituição de algumas telhas). Vários são os problemas que afetam as estruturas das casas devido à penetração da humidade pelo telhado: degradação contínua dos materiais, fungos, etc. Hoje em dia o caniço é cada vez menos utilizado, sendo substituído por tabuado (tábuas de pinho com um a dois cm de sobreposição, com as dimensões de 2,64 / 0,20 / 0,01 m). Ganha-se em termos de resistência e durabilidade mas perde-se grandemente em termos de ventilação e estética (o caniço refresca a casa e torna-a mais acolhedora e característica). É típico da zona o beirado em telha de canudo, simples, duplo e/ou saliente nos vãos. As telhas do beirado são assentes sobre um ressalto feito de tijolo, sendo nos casos mais elaborados executada uma cimalha.

Nas empenas, a telha é assente sobre a parede (duas fiadas de telha sobrepostas), sendo moldados no reboco uns traços perpendiculares à inclinação do telhado que permitem uma mais rápida escorrência das águas.5

Figura 5.21 – Beirados

5 Em arranjos recentes de telhados de edifícios antigos assim como em novas construções, algumas estruturas para suporte das telhas são feitas em aço ou vigas de betão pré-esforçadas, neste último caso formando ou não placas.

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5.6.10.12. O Pavimento São dos mais diversos tipos de materiais os pavimentos encontrados: mosaicos cerâmicos vidrados ou não, tijoleira (“baldosa”), betonilha, soalho, etc.

Nos pisos térreos é comum ver-se a baldosa assente sobre uma argamassa pobre de cal e terra. A resistência à abrasão neste tipo de pavimento é pequena, verificando-se o desgaste nas zonas de maior movimento. Dadas as características de permeabilidade deste material, é frequente no Verão a rega dos locais ladrilhados originando a evaporação um ambiente mais fresco.

Em pisos elevados e sobretudo nos sobrados, a tijoleira pode ser assente sobre uma estrutura de vigas de madeira e tarugos cruzados.

Figura 5.22 – Exemplo de um pavimento de terraço correto

Figura 5.23 – Imagem de pavimento interior

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5.6.10.13. A Chaminé As chaminés têm uma presença marcante na silhueta da zona e também ao nível do arruamento.

Surgem nesta zona dois tipos importantes de chaminés: as de escuta, salientes no prumo da fachada e as cilíndricas, de volume e altura significativos. Não são ainda de menosprezar algumas chaminés de secção retangular e outras de secção quadrada.

As chaminés não devem ser demolidas ou vedadas, mas sim preservadas com os necessários cuidados de restauro/manutenção. São elas responsáveis pelo escoamento de fumos e também um elemento de significativa importância para a ventilação dos fogos.

Aponta-se como sugestão que, aquando da reparação da grelha da chaminé, se atenda à sua orientação de modo a protegê-la mais do vento Norte, jogando com a inclinação dos tijolos da grelha.

Figura 5.24 – Tipos de Chaminés existentes

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Figura 5.25 – Vista de chaminés no interior da habitação e exterior

5.6.11. Avaliação da capacidade resistente dos elementos estruturais dos edifícios, nomeadamente, no que diz respeito ao risco sísmico De acordo com os estudos do Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território bem como de acordo com os estudos do Plano Regional de Ordenamento do Território do Alentejo, constata-se que a região do Baixo Alentejo e, concretamente, o concelho de Serpa, não se localiza em zona de perigosidade sísmica.

No entanto, por forma a avaliar a capacidade resistente dos edifícios, caraterizam-se de seguida os mesmos no que se refere à data de construção bem como aos materiais de construção.

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No que se refere à época de construção, tal como mencionado no capítulo anterior, do levantamento efetuado ao edificado, no âmbito da 1.ª Fase, constata-se que os edifícios no Núcleo Histórico de Serpa se distribuem pelas seguintes épocas de construção:

Anterior ao século XVI: 26 edifícios, cerca de 1,9% do total de 1387 edifícios;

Entre o século XVI e o século XVII: 22 edifícios, cerca de 1,6% do total de 1387 edifícios;

Entre o século XVIII até ao início do século XX: 170 edifícios, cerca de 12,3% do total de 1387 edifícios;

Século XX: 756 edifícios, cerca de 54,5% do total de 1387 edifícios. Este período inclui toda a construção contemporânea a partir dos anos 40/50;

Século XXI: 8 edifícios, cerca de 0,6% do total de 1387 edifícios. Este período inclui toda a construção executada a partir de ano 2000;

Edifícios de construção antiga de data não identificada: 120 edifícios, cerca de 8,7% do total de 1387 edifícios;

Edifícios de construção antiga alterada de data não identificada: 285 edifícios, cerca de 20,5% do total de 1387 edifícios.

Relativamente aos materiais de construção dos edifícios na área de intervenção do Plano e atendendo à informação disponível dos dados definitivos do Recenseamento Geral da População e da Habitação de 2011, verifica-se a seguinte distribuição:

Edifícios com uma estrutura em betão armado, cerca de 14,5% do total de 1699 edifícios;

Edifícios com uma estrutura de paredes de alvenaria com placa, cerca 37,4%, o que corresponde a 636 edifícios;

Edifícios com uma estrutura de paredes de alvenaria, sem placa, cerca de 23,9% de um total de 1699 edifícios;

Edifícios com uma estrutura de paredes de alvenaria de pedra solta ou de adobe, cerca de 24,1% do total de edifícios;

Edifícios com uma estrutura de outro tipo, cerca de 0,1%, o que corresponde apenas a um edifício do total considerado.

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5.7. ESPAÇOS PÚBLICOS – LARGOS E PRAÇAS

5.7.1. Considerações iniciais Os espaços públicos do Núcleo Histórico de Serpa apresentam diferentes tipos de importância, consoante a sua localização, os usos a eles associados e o equipamento urbano nele existente. São utilizados como lugares de lazer, estar, convívio, etc., e a sua utilização varia fortemente durante as estações do ano.

A circulação viária não ordenada, o estacionamento anárquico e a falta de áreas pedonais e de mobiliário urbano adequado (nomeadamente estruturas de ensombramento), são os fatores mais preponderantes e que influenciam a fraca afluência da população residente e visitante a estes espaços.

É feita uma caraterização dos largos e praças, intramuralhas e na zona exterior às muralhas.

5.7.2. Zona Intramuralhas Dos espaços públicos da zona intramuralhas do Núcleo Histórico de Serpa destacam-se cinco espaços cuja caracterização e diagnóstico se apresenta de seguida:

Praça da República;

Largo Dom Jorge de Mello;

Largo dos Santos Próculo e Hilarião (antigo Largo de Santa Maria);

Largo de São Paulo;

Largo dos Condes de Ficalho.

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5.7.2.1. Praça da República

LOCALIZAÇÃO Praça da República

CARACTERIZAÇÃO Praça da República

A Praça da República destaca-se pela sua localização e usos centrais, onde funcionam a sede dos Paços do Concelho e outros serviços e atividades económicas com significativa capacidade de atração.

No geral os edifícios que compõem o espaço, apresentam formas imponentes e valor arquitetónico relevante, destacando-se o edifício dos Paços do Concelho e o do Restaurante “O Alentejano”. Destaca-se do conjunto, o edifício da Caixa Geral de Depósitos que apresenta uma linguagem arquitetónica dissonante.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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NOTA HISTÓRICA Praça da República

Referida pelo menos desde o século XVII como “Praça da vila”, altura em que substitui o Largo dos Santos Próculo e Hilarião (antigo Largo de Santa Maria) como centro cívico e administrativo, a atual Praça da República constitui pelo menos desde época moderna um dos principais espaços urbanos do Núcleo Intramuros, em virtude da sua centralidade geográfica e viária, bem como do seu papel económico, financeiro e político-administrativo. Aqui se situavam importantes edifícios públicos, como a Casa das Sisas e o Celeiro Comum (atual Restaurante Alentejano), instituído em 1670 e substituído em funções em 1840 pelo Banco Rural de Serpa. Aqui se localizava também a “Casa da Câmara”, edifício construído aparentemente em 1675, no qual funcionou a Câmara Municipal até ao primeiro quartel do século passado, altura em que foi demolido para no seu lugar ser erguido o atual edifício dos Paços do Concelho.

Documentação do século XVIII dá ainda notícia da existência de um pelourinho nesta praça.

Aqui funcionavam também em 1625 os alpendres (para a venda de fruta e de hortaliças) e os açougues (onde se cortava a carne e o peixe).

VALOR PATRIMONIAL Praça da República

É caracterizado por um conjunto edificado de relevante qualidade arquitetónica e coerência formal, sendo de destacar o edifício dos Paços do Concelho bem como o atual Restaurante Alentejano (antigo Celeiro Comum e Banco Rural), sem menosprezar os restantes edifícios senhoriais. Salienta-se na frente Norte da Praça a existência de um edifício dissonante (edifício da Caixa Geral dos Depósitos).

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ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Praça da República

A Praça é constituída por quatro frentes edificadas e tem uma via de circulação automóvel através da Rua dos Fidalgos, sendo a sua ligação ao interior da Muralha realizada através da Porta de Sevilha.

O espaço público é palco de diversos acontecimentos culturais noturnos no Verão, cuja atratividade é complementada pelas esplanadas dos restaurantes e cafés. No inverno, a sua utilização noturna é bastante escassa.

Não existe oferta de estacionamento na Praça. A sua proximidade com o Largo Dom Jorge de Mello e com a Rua dos Fidalgos proporciona a existência de alguns lugares de estacionamento.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Praça da República

A Praça apresenta um forte uso comercial, existindo diversos estabelecimentos ligados à restauração e bebidas, produtos regionais e papelaria.

Apresenta um importante ponto central de ligação com o exterior das muralhas.

EQUIPAMENTO URBANO Praça da República

Atualmente constata-se a fraca qualidade de elementos urbanos (iluminação pública, papeleiras, bancos, etc.).

Assim, o projeto a desenvolver para este espaço deverá prever a substituição do mobiliário urbano, devendo este ser selecionado de acordo com critérios de funcionalidade.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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SÍNTESE Praça da República

– Edificado dissonante (Caixa Geral de Depósitos);

– Frentes comerciais dissonantes;

– Inexistência de sombreamentos adequados.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Local privilegiado para a localização de acontecimentos culturais da cidade;

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Qualidade arquitetónica do conjunto edificado.

Problemas

Potencialidades

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5.7.2.2. Largo Dom Jorge de Mello

LOCALIZAÇÃO Largo Dom Jorge de Mello

CARACTERIZAÇÃO Largo Dom Jorge de Mello

Localiza-se numa zona intramuros adjacente à Praça da República.

Os edifícios que compõem o espaço apresentam coerência formal destacando-se o edifício do Posto de Turismo. O edifício da Caixa Geral de Depósitos surge novamente neste espaço como um elemento dissonante do conjunto. A escadaria de acesso ao Largo dos Santos Próculo e Hilarião e a Torre do Relógio são elementos que caracterizam este espaço público, conferindo-lhe uma elevada qualidade urbana.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo Dom Jorge de Mello

O Largo Jorge de Mello estabelece ligação pedonal com a Praça da República e com o Largo dos Santos Próculo e Hilarião. Apresenta também uma via de circulação automóvel sendo a sua ligação ao interior da Muralha realizada através das Portas de Beja.

Este Largo é habitualmente utilizado como estacionamento automóvel, com acesso através da Rua das Portas de Beja e saída pela Rua da Barbacã, circunstância que provoca situações de congestionamento urbano e anula a importância da ligação pedonal entre os outros dois espaços públicos.

A oferta atual de estacionamento no Largo é de 4 lugares ordenados e tarifados. Propõe-se a criação de uma bolsa de cargas e descargas de curta duração e a redução para 2 horas a permanência nos lugares tarifados.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo Dom Jorge de Mello

O Largo é preferencialmente de uso habitacional, existindo contudo alguns equipamentos importantes tais como o Posto de Turismo e alguns estabelecimentos comerciais.

EQUIPAMENTO URBANO Largo Dom Jorge de Mello

Atualmente constata-se a fraca qualidade de elementos urbanos (iluminação pública, papeleiras, eco pontos, contentores de lixo, bancos, etc.).

Assim, o projeto a desenvolver para este espaço deverá prever a substituição do mobiliário urbano, devendo este ser selecionado de acordo com critérios de funcionalidade.

SÍNTESE Largo Dom Jorge de Mello

– Fraca qualidade do espaço público urbano;

– Edificado dissonante (Caixa Geral de Depósitos);

– Frentes comerciais dissonantes;

– Inexistência de mobiliário urbano adequado;

– Conflito peão/automóvel;

– Estacionamento abusivo;

– Espaço de importante ligação entre a Praça da República e o Largo dos Santos Próculo e Hilarião;

– Edificado com valor arquitetónico a valorizar;

– Local de encontro, estada e convívio urbanos.

Problemas

Potencialidades

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5.7.2.3. Largo dos Santos Próculo e Hilarião

LOCALIZAÇÃO Largo dos Santos Próculo e Hilarião

CARACTERIZAÇÃO Largo dos Santos Próculo e Hilarião

O Largo dos Santos Próculo e Hilarião localiza-se na zona do Castelo Velho, com acesso automóvel para residentes através do Largo dos Condes de Ficalho.

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NOTA HISTÓRICA Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Designado como Largo de Santa Maria até 1967, em virtude da presença da Igreja Matriz homónima, passou então a ser denominado Largo dos Santos Próculo e Hilarião, em homenagem a dois cristãos naturais de Serpa que, segundo a tradição popular, teriam nascido na casa com porta manuelina localizada no largo e que, segundo o Agiologio Lusitano, terão sido martirizados junto à Horta dos Banhos no ano de 110 d.C. por se terem recusado a renegar a sua religião. Naturalmente que a associação dos mártires à casa do largo não contém qualquer veracidade histórica, considerando desde logo os diversos séculos que os separam.

A zona em questão está inserida na área urbana mais antiga da cidade designada por “Castelo Velho”, encontrando-se diretamente ligada à sua génese.

Em época medieval, era delimitado a sul pela Muralha pré-dionisina, que integrava as Portas do Sol, entrada através da qual se acedia a esta área mais antiga da vila e ao Castelo e que terá sido eventualmente desmontada (pelo menos em parte) quando da construção da escadaria de Santa Maria em 1875, a qual substituiu a antiga ladeira de Santa Maria, que vencia o acentuado desnível existente entre o Largo de Santa Maria e o Largo D. Jorge de Mello.

A Muralha que delimitava o povoado do período medieval pré-dionisino desenvolvia-se a partir do ângulo sudeste do castelo, na direção da Torre do Relógio, fletindo então para poente, alcançando a norte da Porta de Beja o troço de muro que atualmente delimita a propriedade dos senhores de Ficalho (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

Neste largo situa-se a Igreja de Santa Maria, que poderá ter sido edificada sobre uma antiga mesquita árabe, no século XIV assumindo então o largo a função de adro da Igreja, o que implicou simultaneamente a sua utilização como cemitério, uso que manteve até ao início da época contemporânea. Para além da vocação religiosa referida, em épocas medieval e moderna, o largo teve também um papel fundamental como centro cívico e administrativo, uma vez que ali se realizava o mercado e se situava a Casa de Audiência e Vereação. No século XVII, foi substituído nesse papel pela “Praça da Vila”, a atual Praça da República.. Ergue-se neste espaço a chamada Torre do Relógio torreão de planta quadrangular pertencente ao perímetro amuralhado pré-dionisino, transformado em torre relojoeira em 1440, constituindo presumivelmente a terceira mais antiga do país.

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VALOR PATRIMONIAL Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Inserindo-se no promontório de cota mais elevada delimitado pela Rua da Barbacã, pela Rua dos Farises e pela Rua das Varandas, no qual se regista a mais antiga ocupação da atual cidade de Serpa, que remonta pelo menos à Idade do Ferro (século VI a.C.), este espaço tem um potencial arqueológico e patrimonial muito elevado. Do ponto de vista monumental e arquitetónico, destacam-se o perímetro amuralhado medieval pré-dionisino, do qual é visível a Torre do Relógio (adaptada a torre relojoeira em 1440 e reformulada no período manuelino com a adição dos pináculos, dos merlões e do campanário no seu topo) e eventualmente a torre sineira da Igreja de Santa Maria, bem como este edifício religioso, que constitui a igreja matriz da vila medieval e edificada no século XIV, eventualmente no local onde em época islâmica pode ter existido a mesquita. Assinalem-se ainda alguns traços da arquitetura manuelina, nomeadamente na porta ogival de uma casa térrea.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo dos Santos Próculo e Hilarião

O acesso ao Largo efetua-se através do Largo Jorge de Melo e das Ruas da Figueira e Frei Bento que ligam ao Largo dos Condes de Ficalho.

O acesso automóvel ao largo efetua-se a partir do Largo dos Condes de Ficalho, por uma malha viária irregular (Rua do Frei Bento e Rua da Figueira), cujos perfis transversais indiciam vocação pedonal.

O Largo foi objeto de obras de requalificação no ano 2011.

É um espaço de estar e lazer.

O pavimento deste espaço é constituído pela calçada antiga.

O estacionamento no Largo é interdito.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo dos Santos Próculo e Hilarião

O Largo é preferencialmente de uso habitacional.

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EQUIPAMENTO URBANO Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Atualmente, após a intervenção de valorização do Largo constata-se a qualidade dos elementos urbanos existentes.

As suas origens, bem como a localização privilegiada face à panorâmica da cidade justificam a requalificação que o potencia enquanto espaço de lazer e contemplação da cidade.

A obra contemplou as seguintes intervenções:

– Circulação automóvel entre a Rua da Ladeira do Amaral para a Rua da Figueira delimitada através de pilaretes;

– Eliminação do estacionamento automóvel deste espaço;

– Iluminação cénica dos edifícios arquitetonicamente relevantes;

– Na sequência desta intervenção as Ruas da Ladeira do Amaral, Rua da Figueira, Rua do Cano e Rua da Parreira são de sentido único de circulação, sendo condicionadas a residentes.

SÍNTESE Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Degradação da Igreja de Santa Maria encerrada ao público.

– Largo localizado numa posição privilegiada, com vista sobre a zona mais baixa da cidade;

– Local com grande potencial enquanto espaço de lazer e contemplação da cidade;

– Local propício para organização de encontros culturais.

Problemas

Potencialidades

INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS – PROJECTOS EM CURSO Largo dos Santos Próculo e Hilarião

A Câmara Municipal de Serpa executou obras de requalificação do Largo, as quais introduziram alterações ao nível da circulação e oferta de estacionamento e organização espacial.

A figura seguinte sintetiza a proposta para a Requalificação deste espaço.

Projeto Base de Requalificação do Largo Fonte: Câmara Municipal de Serpa, 2008

Conceito de Intervenção do Projeto Base

Estacionamento

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– Eliminação dos lugares de estacionamento existentes no Largo.

– Criação de duas zonas de estadia arborizadas ao longo do perímetro do Largo;

– Criação de banco corrido em bloco de pedra mármore junto ao gradeamento a sul do Largo. Bancos em cubos de pedra mármore maciços junto das oliveiras que poderão ser usados como estadias e pontos de encontro entre as pessoas;

– Criação de papeleira e bebedouro.

– Reposicionamento no Largo de duas oliveiras e um cipreste que se encontram junto à fachada da igreja.

– O material a utilizar nos pavimentos deverá ser a calçada à Portuguesa irregular, sendo assumida a marcação diferenciada das caldeiras e do adro da igreja em pedra.

Zonas de Estadia

Coberto arbóreo

Materiais Pavimentos

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5.7.2.4. Largo de São Paulo

LOCALIZAÇÃO Largo de São Paulo

CARACTERIZAÇÃO Largo de São Paulo

Este largo localiza-se no interior do recinto “dionisino” junto às Portas de Moura.

Tem uma forma triangular e é limitado por três frentes de rua edificadas, em que duas têm circulação automóvel.

Constitui um importante nó viário de atravessamento do Núcleo Histórico.

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NOTA HISTÓRICA Largo de São Paulo

Na área atualmente ocupada pelo parque de estacionamento do Hospital de Serpa foi recolhido em 1984 um conjunto de cerâmicas islâmicas, datado da segunda metade do século XI.

A Igreja e o antigo Convento de S. Paulo foram construídos no século XVII e preservam ainda características e elementos arquitetónicos originais de grande qualidade.

Na 1ª metade do século XIX, o convento passa a albergar o atual Hospital. Esta permuta teve como objetivo dotar o hospital de melhores condições de trabalho e higiene.

VALOR PATRIMONIAL Largo de São Paulo

O elevado potencial arqueológico desta área encontra-se atestado pela ocorrência de vestígios arqueológicos de período islâmico (conjunto de cerâmicas do século XI, provenientes da área do parque de estacionamento do Hospital).

O Largo é coroado pelos edifícios da Igreja e do Convento de São Paulo, onde hoje funciona o Hospital, com grande importância histórica e arquitetónica, que remontam ao século XVII.

O restante edificado apresenta características arquitetónicas tradicionais.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo de São Paulo

A circulação automóvel e o estacionamento têm um peso muito elevado neste espaço, condicionando a qualidade do mesmo. Este fator, aliado às diferenças altimétricas existentes no terreno, origina um espaço de estadia e lazer fechado e elevado, com pouca utilização.

Trata-se de um espaço com bastante afluência de pessoas que se concentram no passeio junto ao Hospital e na esplanada do café (localizado a sul). O estacionamento neste espaço já se encontra ordenado através de bolsas de estacionamento em ambos os lados do largo com uma oferta total de 17 lugares.

A intervenção proposta vai no sentido de proporcionar lugares a residentes possuidores de dístico com autorização de estacionamento e utentes do hospital, isso será conseguido através da tarifação destes lugares com o objetivo de promover a rotatividade dos mesmos.

Para além destas intervenções, a reorganização do estacionamento deverá prever a localização de cerca de 4 lugares de estacionamento dedicado a ambulâncias, procurando que estas deixem de estacionar ilegalmente no Largo do Côrro.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

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FUNÇÕES Largo de São Paulo

A principal função do Largo é o estacionamento automóvel.

O edificado envolvente ao largo reúne um conjunto de pequenas lojas dedicadas ao comércio.

O espaço de esplanada localizado em frente ao hospital constitui um importante espaço de convívio.

EQUIPAMENTO URBANO Largo de São Paulo

Este espaço público necessita de uma reorganização espacial, privilegiando a estadia e o convívio dos utentes do Hospital e do comércio existente, sendo necessária a requalificação do espaço público urbano, considerando a melhoria das zonas pedonais e locais de estadia e lazer.

Encontra-se em estudo a possibilidade de limitação do estacionamento no Núcleo Histórico – na zona intra muros - no entanto face às funções desempenhadas por este espaço, este eixo deverá permanecer isento das referidas restrições.

SÍNTESE Largo de São Paulo

– Fraca qualidade do espaço público urbano, que não propicia adequada estadia de apoio ao hospital;

– Frentes comerciais dissonantes;

– Degradação da Igreja de S. Paulo encerrada ao público;

– Existência de poucas atividades económicas;

– Congestionamento rodoviário;

– Estacionamento abusivo e desordenado;

– Mobiliário urbano desadequado;

– Edificado dissonante;

– Frentes comerciais dissonantes. – Área urbana de qualidade;

– Importante ponto de ligação intra e extra muros;

– Local de encontro, estada e convívio urbanos;

– Introdução de mais atividades económicas.

Problemas

Potencialidades

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5.7.2.5. Largo dos Condes de Ficalho

LOCALIZAÇÃO Largo dos Condes de Ficalho

CARACTERIZAÇÃO Largo dos Condes de Ficalho

O Largo dos Condes de Ficalho localiza-se na zona do Castelo Velho, junto à muralha e tem acesso automóvel através de uma porta na mesma. É o maior espaço público intramuros e nele destaca -se o Palácio dos Condes de Ficalho, que se eleva sobre o pano de Muralha.

É constituído por quatro frentes, das quais apenas duas são edificadas (a nascente e a poente); a sul localiza-se o Jardim do Palácio (propriedade privada). Os edifícios que organizam o espaço apresentam qualidade arquitetónica e datam dos séculos XVII e XIX.

O Largo é utilizado fundamentalmente como parque de estacionamento; a ausência de mobiliário urbano adequado é outro dos fatores determinantes para que não seja utilizado como espaço de convívio e lazer.

Este espaço de elevada histórica e qualidade formal encontra-se subaproveitado, pelo que deverá ser valorizado com uma intervenção que assegure a compatibilização da oferta de estacionamento com a estadia e o lazer, através de equipamentos adequados.

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NOTA HISTÓRICA Largo dos Condes de Ficalho

A realização de uma sondagem no edifício do restaurante Zens, situado no Largo Condes de Ficalho, permitiu identificar níveis de época romana, bem como a face de um muro com mais de 1 metro de altura conservada.

O Palácio dos Condes de Ficalho foi mandado edificar por D. Francisco de Melo no final do século XVI. O edifício é um exemplo erudito da arquitetura civil maneirista. A sua construção foi executada sobre estruturas medievais. Pouco tempo depois da construção do palacete, foi construído sobre o pano de muralha um aqueduto, cujo objetivo era o abastecimento de água, em exclusivo para a habitação.

VALOR PATRIMONIAL Largo dos Condes de Ficalho

O elevado potencial arqueológico desta área encontra-se atestado pela presença na área do edifício do restaurante Zens de níveis de época romana, bem como a face de um muro com mais de 1 metro de altura conservada.

O Palácio dos Condes de Ficalho é o edifício mais importante deste espaço, tendo sido classificado como Monumento Nacional no Diário da República de 21 de Abril de 2007.

O Largo é constituído por quatro frentes, das quais apenas duas são edificadas (a nascente e a poente); a sul localiza-se o Jardim do Palácio (propriedade privada).

Os edifícios que organizam o espaço apresentam qualidade arquitetónica e datam dos séculos XVII e XIX.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo dos Condes de Ficalho

O Largo é utilizado essencialmente como parque de estacionamento dos visitantes/ utentes que se deslocam ao Núcleo Histórico.

A oferta do largo é de 39 lugares transversais, sendo a procura registada de 32 viaturas. Ainda que, dadas as características do espaço não se verifiquem situações de estacionamento ilegal, deverá proceder-se ao ordenamento do estacionamento neste espaço, procurando valoriza-lo enquanto espaço nobre da cidade.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo dos Condes de Ficalho

O Largo é utilizado essencialmente como parque de estacionamento.

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EQUIPAMENTO URBANO Largo dos Condes de Ficalho

Atualmente constata-se a inexistência de elementos urbanos de qualidade (iluminação pública, papeleiras, eco pontos, contentores de lixo, bancos, etc).

A ausência de mobiliário urbano adequado é um dos fatores determinantes para que não seja utilizado como espaço de convívio e lazer.

SÍNTESE Largo dos Condes de Ficalho

– Estacionamento desordenado;

– Falta de ambiente urbano de qualidade;

– Subaproveitamento do espaço público urbano;

– Mobiliário urbano inexistente.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Local privilegiado para estacionamento intramuros;

– Edificado com elevada qualidade arquitetónica e valor histórico.

Problemas

Potencialidades

5.7.3. Zona Exterior às muralhas Dos espaços públicos da zona exterior às muralhas do Núcleo Histórico de Serpa destacam-se seis largos e praças cuja caracterização e diagnóstico se apresenta de seguida:

Largo do Côrro;

Largos de Salvador e 5 de Outubro;

Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio);

Largo da Cruz Nova;

Largo da Corredoura;

Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas).

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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5.7.3.1. Largo do Côrro

LOCALIZAÇÃO Largo do Côrro

CARACTERIZAÇÃO Largo do Côrro

Localiza-se numa zona extramuros junto à entrada nascente das muralhas.

A sua dimensão espacial e a qualidade formal dos edifícios que enquadra potenciam a existência de um espaço para atividades culturais, que deverão ser complementadas por atividades económicas/comércio, que incentivem e apoiem a vivência deste espaço.

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NOTA HISTÓRICA Largo do Côrro

No Museu Municipal de Arqueologia encontra-se depositada uma estela de cabeceira de sepultura (medieval/moderna) proveniente deste local.

Neste espaço urbano destaca-se o edifício do Museu Etnográfico, construído no século XIX, adossado à cerca urbana dionisina, para albergar o Mercado Municipal. Anteriormente essa função era desempenhada pelo próprio Largo do Côrro, onde semanalmente decorria o mercado.

É conhecido que já em 1625, se faziam neste lugar a feira e as corridas de touros, nos dias das festas do Corpo de Deus e S. João Baptista. Mais tarde (1889) instalou-se neste espaço o mercado municipal. Com o crescimento da ainda Vila, foi deliberada a mudança daquelas instalações para um edifício propositadamente construído para o efeito, na zona nova frente ao Bairro Operário. O antigo edifício do mercado municipal foi então reconvertido para o atual Museu etnográfico.

VALOR PATRIMONIAL Largo do Côrro

No Museu Municipal de Arqueologia encontra-se depositada uma estela de cabeceira de sepultura (medieval/moderna) proveniente deste local.

É caracterizado por um conjunto edificado de relevante qualidade arquitetónica e coerência formal, sendo de destacar o Museu Etnográfico (antigo mercado municipal do século XIX, bem como um chafariz de estilo neoclássico, edificado em 1887. A presença da cerca urbana dionisina adquire também grande importância, sendo provável que existam ainda vestígios da barbacã ilustrada por Duarte de Armas em 1509 sob o edificado atual. Salienta-se na frente Sul do Largo a existência de um edifício dissonante.

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ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo do Côrro

O Largo é constituído por quatro frentes edificadas e tem duas vias de circulação automóvel sendo a sua ligação ao interior da muralha realizada através da Porta de Sevilha.

Este espaço público é atualmente um importante ponto de passagem automóvel e de estacionamento. A proximidade de importantes equipamentos de saúde (centro de saúde e do Hospital) justifica a elevada afluência a este espaço.

A oferta de estacionamento no Largo é de 26 lugares transversais, sendo a procura bastante superior à oferta (40 viaturas). De referir a existência de ambulâncias e veículos dos bombeiros estacionados ilegalmente (muitas vezes em segunda fila ou em cima dos passeios) durante largos períodos do dia. A intervenção a realizar neste espaço deverá prever estacionamentos dedicados a este tipo de viaturas, salvaguardando as efetivas necessidades dos equipamentos de saúde.

Igualmente de referir que, embora carecendo de confirmação, alguns destes veículos permanecem neste espaço por períodos de tempo relativamente extensos, pelo que, caso não exista espaço dever-se-á criar estacionamentos dedicados a estes veículos nas imediações do Largo, reservando-se lugares para a tomada e largada de doentes por períodos de tempo de menor duração.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo do Côrro

O Largo é preferencialmente de uso habitacional, existindo contudo alguns equipamentos importantes tais como o Centro de Fisioterapia do Hospital. A apontar ainda a fraca oferta de atividades económicas (comércio e serviços).

Contudo a sua proximidade da zona do Hospital (Largo de São Paulo), bem como a localização neste espaço do Centro de Fisioterapia do Hospital tornam-no num importante pólo atractor / gerador de viagens.

EQUIPAMENTO URBANO Largo do Côrro

Atualmente constata-se a fraca qualidade de elementos urbanos (iluminação pública, papeleiras, eco pontos, contentores de lixo, bancos, etc.).

Assim, o projeto a desenvolver para este espaço deverá prever a substituição do mobiliário urbano, devendo este ser selecionado de acordo com critérios de funcionalidade.

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SÍNTESE Largo do Côrro

– Fraca qualidade do espaço público urbano;

– Fraca atividade económica;

– Frente edificada dissonante a sul.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Qualidade arquitetónica do conjunto edificado;

– Introdução de mais atividades económicas.

Problemas

Potencialidades

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INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS – PROJECTOS EM CURSO Largo do Côrro

O Largo necessita de uma proposta de requalificação que o privilegie como espaço de lazer e convívio e, simultaneamente reduza a importância do automóvel face ao peão.

A Câmara Municipal de Serpa procedeu à elaboração de um “Estudo Prévio de Requalificação” deste Largo, o qual introduz alterações ao nível da circulação e oferta de estacionamento. A figura seguinte sintetiza a proposta para a requalificação deste espaço.

– Reformulação dos lugares de estacionamento existentes ao longo da rua António Carlos Calisto e a criação de novas zonas de estacionamento, a este e a oeste;

– Reformulação dos lugares existentes no sentido paralelo à via associados à implementação de um novo carácter relacionado com um menor tempo de permanência no estacionamento, reforçando a relação entre a praça e o museu etnográfico;

– Criação de duas zonas de estadia arborizadas, nas duas extremidades (este e oeste);

– Criação de bancos e bancadas que poderão ser usados como estadias e pontos de encontro entre as pessoas;

– Libertação da parte central do largo, de modo a que esta possa ser utilizada para a realização de eventos temporários, como feiras, exposições, etc.;

– Utilização de Jacarandás (espécie dominante atualmente) na arborização;

– O material a utilizar nos pavimentos deverá ser essencialmente a pedra, aplicada de forma diferenciada nas diferentes situações – zonas pedonais, estacionamento, via e caldeiras.

Proposta do Estudo Prévio de Requalificação do Largo

Fonte: Câmara Municipal de Serpa, 2008

Conceito de Intervenção do Estudo Prévio

Estacionamento

Zonas de Estadia

Coberto arbóreo

Materiais Pavimentos

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5.7.3.2. Largos de Salvador e 5 de Outubro

LOCALIZAÇÃO Largos de Salvador e 5 de Outubro

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CARACTERIZAÇÃO Largos de Salvador e 5 de Outubro

Os Largos do Salvador e 5 de Outubro constituem um espaço urbano adjacente às Muralhas do lado exterior, a nascente. As suas origens estão ligadas a funções religiosas – adro da Igreja do Salvador.

Estes dois espaços públicos contíguos funcionam de forma integrada e conjunta, sendo que, a Igreja do Salvador adquire no conjunto destes dois espaços urbanos uma presença ordenadora. No adro da igreja realizam-se atividades de carácter religioso e cultural de grande importância para a cidade, sobretudo nas festas da Páscoa. É na Igreja do Salvador que todos os dias são celebradas missas.

Os principais acessos aos largos efetuam-se pela Rua de São Roque, pela Rua do Calvário (ligação pedonal) e a Rua António Carlos Calisto, no seguimento do Largo do Côrro. O acesso pode ainda realizar-se por um conjunto de artérias de tráfego local: Rua das Amendoeiras, Rua da Era e Travessa do Salvador.

A proximidade a um importante polo de comércio da cidade (Rua do Calvário, Largo 5 de Outubro) e à Praça do Município configuram estes largos como uma área de grande centralidade na cidade provocando o aumento da afluência automóvel, geradora de um conflito entre o peão e o automóvel. As áreas pedonais são desvalorizadas, prevalecendo o estacionamento desorganizado.

A zona em estudo apresenta várias frentes edificadas, limitadas por vias de circulação automóvel que ocupam quase na totalidade o espaço público existente. Ao centro do Largo 5 de Outubro situa-se uma zona pedonal com zonas de estadia apoiadas por bancos e estrutura verde que proporciona ensombramento a este espaço. Os dois largos articulam-se em termos físicos e funcionais, como tal, o reordenamento da área deve ser pensado para o conjunto dos dois espaços.

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NOTA HISTÓRICA Largos de Salvador e 5 de Outubro

~

Planta da Vila e localização da Igreja do Salvador a sudeste da mesma,

séculos XV-XVI (Câmara Municipal de Serpa et al., s.d.).

Miguel Luís Jacob – Planta da Praça de Serpa, 1758

O Largo do Salvador tem origem, enquanto espaço urbano, no adro da Igreja do Salvador, edifício cuja data de fundação se desconhece mas que já é referido num documento de 1406 Encontra-se atestada a existência de área sepulcral bastante destruída, pertencente à necrópole medieval/ moderna da Igreja de São Salvador que foi identificada numa intervenção arqueológica realizada no gaveto entre a Rua do Calvário e o Largo 5 de Outubro, nas proximidades do Largo do Salvador, inserido num quarteirão completamente edificado, mas que originalmente estaria integrado no adro da referida Igreja. A necrópole medieval e moderna aqui existente seria extensa, a avaliar pela existência de lápides de cabeceira de sepultura oriundas deste espaço e dos edifícios que o circundam. A evolução do espaço urbano e, em particular, o crescimento da vila para fora do perímetro amuralhado dionisino levou a que, em momento anterior ao século XVII, fosse aberta a Porta de São Martinho no canto oeste da cerca urbana, de modo a ligar os espaços intra e extra muros, nomeadamente um grande terreiro designado por “Paço del Rei” e o adro da Igreja.

Durante as Guerras da Restauração, em 1665, há referência à construção de um elemento defensivo no arrabalde junto à Igreja do Salvador, a custa da demolição das casas de habitação aí existentes, projeto que poderá não ter sido concluído devido às queixas de perda de moradores efetuadas pela Câmara ao governador das Armas da Província do Alentejo.

Em 1707, no contexto da Guerra da Sucessão de Espanha, após sitiarem Serpa, as tropas do Duque de Osuna destruíram alguns elementos do sistema defensivo, incluindo o canto sudoeste da cerca urbana dionisina, tendo D. João V mandado edificar no local uma Cauda de Andorinha, rodeada de um fosso. Este elemento abaluartado encontra-se atualmente escondido pelas habitações que se lhe adossaram posteriormente.

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NOTA HISTÓRICA Largos de Salvador e 5 de Outubro

Na representação urbana da autoria de Miguel Luís Jacob, datada da segunda metade do século XVIII, o adro do Salvador apresentava-se como um espaço amplo e tendencialmente rectangular, integrando o Calvário, edifício isolado, sem as construções que hoje o rodeiam.

VALOR PATRIMONIAL Largos de Salvador e 5 de Outubro

Destaca-se a Igreja do Salvador, já existente em 1406, mas que foi alvo de diversas fases construtivas, entre os séculos XVI e XIX. O elevado potencial arqueológico encontra-se associado à existência de uma área sepulcral bastante destruída, pertencente à necrópole medieval/moderna da Igreja de São Salvador, situada no gaveto entre a Rua do Calvário e o Largo 5 de Outubro, nas proximidades do Largo do Salvador.

O Largo do Salvador é constituído por cinco frentes edificadas, limitadas por vias de circulação automóvel, as quais ocupam a totalidade do espaço público existente, anulando assim outros possíveis usos para o mesmo. Nele destacam-se, pela sua qualidade arquitetónica e pela sua localização estratégica no Núcleo Histórico, a Igreja do Salvador e o antigo edifício da Cruz Vermelha.

Os restantes edifícios que constituem este Largo são de 1 e 2 pisos. Estes são ocupados essencialmente por comércio e serviços. Não apresentam especial qualidade arquitetónica, existindo construções desenquadradas do espaço envolvente.

Existe ainda um chafariz instalado em 1904, “ao que tudo indica em substituição de um antigo marco fontanário”.

“Nos séculos XVIII e XIX os chafarizes existentes em vários pontos das cidades, eram um dos mais importantes equipamentos dos espaços públicos, atuando como polos de encontro da população. O Sistema de distribuição de água pelos aguadeiros tinha nas praças onde se encontravam os chafarizes seus núcleos básicos, onde também se aglomeravam todos os que não dispunham de outros meios de receber o liquido em suas casas e que eram obrigados a buscá-lo na fonte. Isso fazia dos largos com chafarizes pontos privilegiados no quotidiano da população com menos recursos”.

Do conjunto arquitetónico que constitui o Largo 5 de Outubro destacam-se alguns edifícios que através do vocabulário arquitetónico identificam estilos ou épocas. Existem ainda neste Largo alguns edifícios cuja imagem é dissonante não apresentando muita qualidade formal relevante. A forte atratividade deste Largo para atividades económicas foi determinante para o surgimento de elementos dissonantes nas fachadas dos edifícios tais como: toldos, publicidade, ar condicionado, etc.

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ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largos de Salvador e 5 de Outubro

A centralidade deste espaço face à cidade transformou-o num dos principais espaços públicos de estacionamento. Sendo um dos seus principais problemas, a ocupação automóvel que se realiza de forma desordenada e abusiva.

A oferta legal de estacionamento no Largo Salvador é de 30 lugares, ainda que se possa considerar a existência de mais 10 lugares de estacionamento que, não se podendo considerar legais, são autorizados.

A procura diária é muito superior à oferta e à capacidade da estrutura física deste espaço, o que frequentemente resulta em estacionamento ilegal. Os levantamentos efetuados permitem estimar uma procura de cerca de 45 viaturas, das quais 20 são procura ilegal do tipo 1 e 23 ilegal do tipo 2.

O Largo é constituído por um entroncamento de vias de dois sentidos, que associadas ao estacionamento desordenado resultam em deficiências ao nível da circulação, sendo o trânsito automóvel, o lado mais visível do problema.

Em termos de tráfego estas vias não constituem artérias de distribuição da Cidade e embora registando volumes de tráfego significativos não se encontram saturadas (nível de serviço A). Contudo, o estacionamento desordenado cria conflitos geradores de dificuldades na fluidez de tráfego rodoviário. Por sua vez, o Largo 5 de Outubro, localiza-se na confluência da Rua da Era (via de sentido único), com o Largo Salvador (via com circulação nos dois sentidos) e Rua do Calvário (pedonal) e apesar da interdição de estacionar, verifica-se o estacionamento abusivo ao longo de todo o dia. Os levantamentos efetuados permitiram constatar uma procura ilegal de 9 viaturas o que, atendendo à configuração das vias, causa estrangulamentos na fluidez do tráfego.

Constata-se, ainda, a existência de passeios degradados e estreitos, o que dificulta a circulação pedonal, sendo quase inexistente o espaço de estadia em frente à Igreja do Largo do Salvador. É, assim, fundamental restabelecer o equilíbrio entre espaços de vivência pedonal e de circulação automóvel, criando alternativas para o estacionamento automóvel nas áreas circundantes.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largos de Salvador e 5 de Outubro

O edificado envolvente do Largo reúne diferentes tipos de atividades económicas, destacando-se dois edifícios de atividade hoteleira: a Residencial Beatriz e a Casa de Serpa (turismo rural). Neste espaço também se realizam atividades de carácter religioso e cultural de grande importância para a Cidade, sobretudo nas festas da Páscoa.

Na Igreja do Salvador todos os dias são celebradas missas.

A quase totalidade dos edifícios que delimitam este espaço estão afetos a atividades terciárias, contudo, os quarteirões em que se inserem são predominantemente residenciais.

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EQUIPAMENTO URBANO Largos de Salvador e 5 de Outubro

Atualmente constata-se o desordenamento dos elementos urbanos de fraca qualidade (iluminação pública, papeleiras, eco pontos, contentores de lixo, bancos, etc.) o que dificulta a compreensão do espaço e descaracteriza o seu conjunto.

Assim, o projeto a desenvolver para este espaço deverá prever a substituição do mobiliário urbano, devendo este ser selecionado de acordo com critérios de funcionalidade e integração, unificadores de todo o Núcleo Histórico.

SÍNTESE Largos de Salvador e 5 de Outubro

– Congestionamento rodoviário;

– Estacionamento abusivo e desordenado;

– Falta de ambiente urbano de qualidade;

– Espaços pedonais de fraca qualidade;

– Mobiliário urbano desadequado e desordenado;

– Edificado dissonante;

– Frentes comerciais dissonantes. – Importante ponto de receção à entrada no Núcleo Histórico;

– Local de encontro, estada e convívio urbanos.

Problemas

Potencialidades

INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS – PROJECTOS EM CURSO Largos de Salvador e 5 de Outubro

O Plano Diretor Municipal (PDM) considera que estes Largos detêm “características importantes para identidade histórica e arquitetónica do Núcleo histórico da cidade de Serpa, com interesse patrimonial para o ambiente e vivência urbanos e que importa preservar”.

A elevada procura de estacionamento e ausência de marcação dos lugares de estacionamento determinam que as viaturas ocupem todos os espaços disponíveis na praça, desvalorizando o seu interesse patrimonial.

A Câmara Municipal de Serpa procedeu à elaboração de um “Estudo Prévio de Requalificação” destes Largos. A figura seguinte sintetiza a proposta para a Requalificação deste espaço.

Proposta do Estudo Prévio de Requalificação dos Largos Fonte: Câmara Municipal de Serpa, 2008

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– Inverter a tendência para predominância do automóvel face ao peão, propondo para tal “a configuração de espaços que não só facilitem e regulem a mobilidade de ambos, como também e principalmente, que amplifiquem e valorizem os espaços de permanência e convívio ao ar livre com níveis de conforto adequados e atendendo às características e costumes culturais da região”;

– Atravessamento rodoviário de sentido único em frente à Igreja do Salvador, alterando a Rua de São Roque para dois sentidos de trânsito no troço compreendido entre o Largo e a Travessa das Amendoeiras;

– Pedonalização do troço da Rua das Amendoeiras que limita o quarteirão da Igreja;

– Pedonalização da quase totalidade do Largo 5 de Outubro ficando apenas um sentido de circulação que permitirá efetuar a ligação rodoviária entre os dois Largos e o Largo do Côrro;

– Alargamento dos passeios que permitirá criar um circuito pedonal entre o Largo 5 de Outubro e o Largo Salvador, sem qualquer atravessamento rodoviário, bem como um espaço dedicado ao lazer;

– Eliminação do estacionamento em ambos os largos, prevendo cerca de 4 bolsas para estacionamento condicionado, de curta duração tipo “cargas e descargas”, próximo da residencial e supermercado;

– Plantação de novas árvores, mantendo as existentes, como os Jacarandás dos Largo 5 de Outubro, que servirão de elementos produtores de sombreamento;

– Criação de um sistema enterrado com plataforma hidráulica ou rebatível, para recolha dos resíduos sólidos, não criando qualquer tipo de barreira arquitetónica.

Conceito de Intervenção do Estudo Prévio

Circulação automóvel / pedonal

Estacionamento

Coberto arbóreo

Resíduos Sólidos

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5.7.3.3. Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

LOCALIZAÇÃO Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

CARACTERIZAÇÃO Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

O Largo 25 de Abril estabelece o encontro de quatro quarteirões formando no seu interior um espaço central atualmente muito descaracterizado.

Este espaço público de forma quadrangular é constituído por três frentes edificadas, sendo a quarta definida por uma via de circulação automóvel. Ao centro situa-se uma zona ajardinada que proporciona mais um local de estacionamento. Contudo, esta plataforma não oferece dimensionamento coerente com a real dimensão de espaço livre ocupado pelas vias de circulação que a circundam.

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VALOR PATRIMONIAL Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

Os edifícios que compõem o espaço não apresentam qualidade formal relevante, tendo alguns elementos dissonantes nas fachadas. Neste Largo Destaca-se a oliveira multissecular (possivelmente milenária, c. 2000 anos), transplantada da Herdade do Peixoto e classificada como Árvore de Interesse Público.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

A circulação automóvel e o estacionamento têm um peso muito elevado neste espaço, condicionando a qualidade do mesmo.

A proximidade de um importante eixo de comércio e serviços, constituído pela Rua do Calvário – Largo Salvador e Largo 5 de Outubro, aliado à oferta de estacionamento que possui, conferem-lhe grande capacidade de atração/ geração de viagens.

Ao nível do estacionamento a oferta atual é de 43 lugares sendo a procura registada de cerca de 46 viaturas. É contudo de referir, que a falta de ordenamento do estacionamento conduz ao mau aproveitamento do espaço.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

Em termos funcionais este largo combina o uso residencial com a existência de pequeno comércio de proximidade.

A variedade de atividades económicas existentes neste largo propicia a existência de elementos dissonantes nas fachadas dos edifícios: toldos, publicidade, ar condicionado, etc.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

SÍNTESE Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio)

– Falta de ambiente urbano de qualidade;

– Espaços pedonais de fraca qualidade;

– Edificado dissonante;

– Frentes comerciais dissonantes;

– Domínio da circulação automóvel e estacionamento.

– Estacionamento desorganizado.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Importante ponto de receção à entrada no Núcleo Histórico;

– Local privilegiado para estacionamento extramuros.

Problemas

Potencialidades

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5.7.3.4. Largo da Cruz Nova

LOCALIZAÇÃO Largo da Cruz Nova

CARACTERIZAÇÃO Largo da Cruz Nova

Localizado no extremo sul da zona de intervenção, este espaço resulta da confluência de seis vias de circulação automóvel. Neste espaço destaca-se o edifício do depósito de água que marca a entrada no Núcleo Histórico.

Este espaço é um ponto de convergência de um conjunto de ruas, sendo caracterizado por um conjunto de edifícios muito diferenciados no qual se encontram várias intervenções dissonantes.

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VALOR PATRIMONIAL Largo da Cruz Nova

Neste espaço destaca-se o Cruzeiro de estilo chão, conhecido por Cruz Nova, relacionado com a devoção ao Santo Lenho que marcou a espiritualidade da segunda metade do século XVII e edifício do depósito de água datado de 1886 que marca a entrada no Núcleo Histórico. São também de assinalar as pedras com jogos (aparentemente do Alquerque) que foram reaproveitadas na construção da base do Cruzeiro.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo da Cruz Nova

A sua importância enquanto nó viário da rede principal do Núcleo Histórico condiciona a intervenção a efetuar.

Em termos de estacionamento a oferta atual é de 5 lugares, sendo a procura de 4 lugares. A sua localização relativamente periférica face ao Núcleo Histórico justifica a não existência de uma elevada procura não se registando situações de estacionamento ilegal.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo da Cruz Nova

Em termos funcionais este largo combina o uso residencial com a existência de pequeno comércio de proximidade.

A variedade de atividades económicas existentes neste largo propicia a existência de elementos dissonantes nas fachadas dos edifícios: toldos, publicidade, ar condicionado, etc.

SÍNTESE Largo da Cruz Nova

– Fraca qualidade do espaço público urbano;

– Edificado dissonante;

– Frentes comerciais dissonantes;

– Espaços pedonais de fraca qualidade.

– Importante ponto de receção à entrada no Núcleo Histórico;

– Local de encontro, estada e convívio urbanos;

– Elementos arquitetónicos de qualidade: depósito de água e cruzeiro.

Problemas

Potencialidades

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5.7.3.5. Largo da Corredoura

LOCALIZAÇÃO Largo da Corredoura

CARACTERIZAÇÃO Largo da Corredoura

Localizado numa zona extramuros, este espaço é resultante da confluência de várias vias, o que torna funcionalmente complexo. O Largo é caracterizado por uma edificado de pouca qualidade arquitetónica que apresenta várias intervenções dissonantes quer a nível formal e quer a nível da volumétrica. Este espaço funciona fundamentalmente com parque de estacionamento, prejudicando os restantes usos que integra ligados: às atividades económicas, às atividades de lazer e estadia e ao importante atravessamento pedonal que se faz sentir através da Rua dos Cavalos (ligação intra/extramuros).

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VALOR PATRIMONIAL Largo da Corredoura

O largo é caracterizado por um edificado de pouca qualidade arquitetónica que apresenta várias intervenções dissonantes quer a nível formal, quer ao nível da volumétrica.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Largo da Corredoura

Este espaço funciona fundamentalmente como parque de estacionamento, prejudicando os restantes usos que integra: as atividades económicas, as atividades de lazer e estadia e o importante atravessamento pedonal que ocorre através da rua dos cavalos (ligação intra/extramuros).

De referir que se trata de um dos poucos locais de estacionamento tarifado na cidade, sendo a sua oferta de cerca de 40 lugares e a procura muito inferior à oferta (20 veículos).

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Largo da Corredoura

A principal função do Largo é o estacionamento automóvel.

O edificado envolvente ao largo reúne um conjunto de pequenas lojas dedicadas ao comércio.

SÍNTESE Largo da Corredoura

– Falta de ambiente urbano de qualidade;

– Edificado dissonante;

– Frentes comerciais dissonantes;

– Domínio da circulação automóvel e estacionamento.

– Desvalorização do peão em prol do estacionamento automóvel;

– Mobiliário urbano desadequado.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Importante ponto de passagem pedonal intra/extramuros – Rua dos Cavalos;

– Introdução de mais atividades económicas.

Problemas

Potencialidades

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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5.7.3.6. Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas)

LOCALIZAÇÃO Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas)

CARACTERIZAÇÃO Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas)

Localizado a Poente da zona de intervenção, este espaço é uma importante “Porta” de entrada no Núcleo Histórico.

A sua localização configura-o como um espaço de atravessamento automóvel, sendo igualmente utilizado como zona de lazer e estadia. A escassez de comércio e serviços faz deste espaço um local de simples entroncamento de vias e de passagem automóvel. Por sua vez, o próprio arranjo urbano não potencia a sua utilização tal como a ausência de equipamento urbano de atração.

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NOTA HISTÓRICA Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas)

Este Largo situa-se na proximidade imediata da necrópole alto-medieval da “Zona Poente de Serpa”.

A casa senhorial dos Carvalho Costa destaca-se do conjunto quer pela sua localização no Largo quer pelas suas características originais da traça arquitetónica seiscentista.

VALOR PATRIMONIAL Terreiro Humberto Delgado

O potencial arqueológico deriva da localização contígua à necrópole alto-medieval da “Zona Poente de Serpa”.

Das duas frentes que compõem o espaço somente a que se localiza a norte apresenta qualidade arquitetónica: a casa senhorial dos Carvalho Costa os restantes edifícios apresenta características tradicionais populares.

ACESSIBILIDADES E ESTACIONAMENTO Terreiro Humberto Delgado

De forma triangular é constituído por duas frentes edificadas, limitadas por três vias de circulação automóvel (Rua da Fonte Santa, Travessa do Balouços e Rua Miguel Dias Nunes).

A sua configuração, na confluência de três vias todas com dois sentidos de circulação justifica a ausência de oferta de estacionamento legal. Não se verificando grande pressão ao nível da procura - a existente é de carácter ilegal. (19 viaturas), próximo de curvas ou em plena via.

Trata-se de um local de fraca procura de estacionamento, sendo que a procura atual é ilegal, dado que interfere com a circulação.

Fonte: Plano Sectorial de Circulação e Estacionamento do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa

FUNÇÕES Terreiro Humberto Delgado

Ao centro deste espaço situa-se uma zona pedonal apoiada por bancos e estrutura verde que proporciona sombreamento. Contudo, esta plataforma não oferece dimensão e qualidade suficiente para a utilização por parte dos utentes.

A escassez de comércio e serviços faz deste espaço um local de simples entroncamento de vias e de passagem automóvel.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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EQUIPAMENTO URBANO Terreiro Humberto Delgado

Por sua vez, o próprio arranjo urbano não potencia a sua utilização tal como a predominância de equipamento urbano de qualidade.

SÍNTESE Terreiro Humberto Delgado

– Fraca qualidade do espaço público urbano;

– Edificado dissonante.

– Subaproveitamento do espaço público urbano;

– Mobiliário urbano desadequado.

– Local de encontro, estadia e convívio urbanos;

– Edificado com qualidade arquitetónica.

Problemas

Potencialidades

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INSTRUMENTOS URBANÍSTICOS – PROJECTOS EM CURSO Terreiro Humberto Delgado

A necessidade de requalificação deste espaço levou a Câmara Municipal de Serpa a desenvolver um Projeto e subsequentemente executou obra.

– A parte interior da plataforma do terreiro que efetua a ligação com a Rua Braz Carrasco foi transformada em acesso para moradores;

– Manutenção da via com dois sentidos de circulação;

– Redefinição de bolsas de estacionamento com diferenciação de marcação no pavimento;

– Repavimentação de toda a área de intervenção com utilização de materiais tradicionais de Serpa, tais como: cubos de granito, seixos de mármore irregular, etc., eliminando ao máximo as barreiras arquitetónicas;

– Utilização de uma linha de mobiliário urbano e iluminação adequados para as zonas de estadia;

– Iluminação cénica dos edifícios de valor isolado;

– Plantação de novas árvores com manutenção das existentes que são elementos produtores de sombreamento;

Projeto de Execução de Requalificação do Terreiro Humberto Delgado Fonte: Câmara Municipal de Serpa, 2008

Esboço da Proposta de Intervenção

Conceito de Intervenção

Circulação automóvel / pedonal

Estacionamento

Mobiliário Urbano

Coberto arbóreo

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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5.8. INFRAESTRUTURAS

5.8.1. Rede de abastecimento de água A Rede de distribuição de água existente foi concebida nos finais dos anos 40 e integra, dentro desta, uma rede anterior que apenas servia os fontanários da Cidade.

O material utilizado na conceção das condutas desta rede foi o fibrocimento.

No que concerne às perdas de água na rede, os únicos registos existentes apontam para valores da ordem dos 35% (este valor deverá ser inferior à falta de rigor inerente aos meios utilizados na medição de perdas).

No âmbito do “Plano de Reabilitação Urbana do Núcleo Histórico de Serpa” de 1995 foi efetuado um estudo de caracterização no qual foram identificados os principais problemas da rede e estabelecidos os seguintes objetivos de reabilitação/remodelação:

Reabilitação da rede de abastecimento (uma vez que a rede existente se encontra à mas de 40 anos em funcionamento);

Redução das perdas de água na rede;

Renovação da rede em articulação com as restantes propostas de reabilitação urbana, em particular as referentes às restantes infraestruturas e aos pavimentos;

Integração do abastecimento de água numa perspetiva mais global, de gestão racional de recursos hídricos da Cidade e da região.

Desde a realização do Plano de 1995 até à atualidade foram efetuadas as seguintes reabilitações:

Reabilitação de cerca de 60% da rede existente em paralelo com a substituição de pavimentos;

Substituição das tubagens em fibrocimento para tubagens em PVC;

Substituição das válvulas de seccionamento nas zonas que foram alvo de beneficiação do pavimento;

Colocação de contadores em pontos de consumo onde estes não existiam.

5.8.2. Rede de Drenagem de Águas Residuais Domésticas A rede coletora de águas residuais domésticas foi construída nos anos 60/70, e teve como critério de conceção a duplicação da população em horizonte de projeto. Este cenário não se verificou, razão pela qual, o sistema ainda tem atualmente capacidade para servir a cidade.

Tem sido efetuada manutenção regular a esta rede, uma vez que é uma rede gravítica e o diagnóstico de funcionamento é rapidamente efetuado através dos acessos existentes através das caixas de visita.

Uma vez que o horizonte de projeto deste sistema se encontra ultrapassado, os materiais das condutas e acessórios constituintes da rede já não garantem o isolamento e as propriedades físicas dos mesmos, deverá ser efetuada uma campanha de monitorização de perdas e fugas do

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sistema, com o objetivo de avaliar o estado do sistema e a necessidade de reabilitação de alguns troços.

No âmbito do Plano de Reabilitação Urbana do Núcleo Histórico de Serpa foram registados os principais problemas da rede e estabelecidos os seguintes objetivos:

Manutenção do bom funcionamento do sistema;

Extinção das ligações indevidas de particulares ao sistema de águas pluviais.

Desde a realização do plano anterior até à atualidade foram efetuadas as seguintes reabilitações:

Reabilitação de cerca de 60% da rede existente em paralelo com a substituição de pavimentos;

Operações de manutenção para conservação do bom funcionamento do sistema.

5.8.3. Rede de Drenagem de Águas Residuais Pluviais A rede coletora de águas residuais pluviais foi construída paralelamente à rede de águas residuais, pelo que a sua execução data dos anos 60/70. Esta rede embora tenha uma menor extensão do que as duas anteriores, cobre toda a zona de intervenção do plano.

No âmbito do “Plano de Reabilitação Urbana do Núcleo Histórico de Serpa” de 1995 foi efetuado um diagnóstico que aponta para uma falta de capacidade de drenagem em situação de caudais cheia em troços pontuais da rede.

Os objetivos patentes no plano supracitado são os seguintes:

Reabilitação do sistema de drenagem de forma a melhorar o seu nível de serviço;

Remodelação dos troços em que se verifica a falta de capacidade de vazão.

Desde a realização do Plano de 1995 até à atualidade foram efetuadas as seguintes reabilitações:

Remodelação dos troços que provocavam cheias devido à falta de capacidade do sistema;

Operações de manutenção para a conservação do bom funcionamento do sistema.

Tal como se encontra referido relativamente ao sistema de drenagem de águas residuais, deverá ser conduzida uma campanha de monitorização de perdas e fugas, para verificar o isolamento garantido e as propriedades físicas dos materiais constituintes da rede.

5.8.4. Rede de Distribuição de Energia Elétrica Toda a zona de intervenção encontra-se coberta pela rede de distribuição de energia elétrica.

A rede de distribuição é maioritariamente caracterizada pela instalação de canalizações elétricas aéreas, nas fachadas dos edifícios.

Na área de intervenção salienta-se a existência de Postos de Transformação e armários de distribuição instalados em locais pouco enquadrados com a envolvente, o que desqualifica o ambiente urbano.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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No âmbito do “Plano de Reabilitação Urbana do Núcleo Histórico de Serpa” de 1995 foi efetuado um diagnóstico/proposta que aponta para a substituição das canalizações elétricas aéreas nas fachadas dos edifícios por cabo subterrâneo.

As Intervenções no Espaço Publico desde então foram concebidas e executadas de modo a garantir o enterramento das infraestruturas de distribuição elétrica, salienta-se nomeadamente a intervenção no Largo da Republica.

Relativamente aos consumos, não se prevê que seja necessário incrementar a capacidade da rede, considerando-se que o consumo se mantém a um nível relativamente baixo.

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6. ESTRATÉGIA DE INTERVENÇÃO

As fragilidades e as potencialidades identificadas no âmbito do diagnóstico deverão ser traduzidas em propostas de intervenção de acordo com um Modelo global que reflita um Conceito / Estratégia para o Núcleo Histórico.

O declínio das zonas centrais das cidades é um problema da atualidade, cujas causas têm origem na evolução social, económica e cultural dos últimos anos, com repercussões evidentes na organização do território. A evolução registada traduziu-se no abandono progressivo destas áreas e, consequentemente, numa redução do investimento, resultando na degradação física e na deterioração da imagem da cidade. Esta situação tem vindo a agravar-se com o aparecimento de grandes superfícies comerciais na periferia das cidades, concorrendo diretamente com os centros de cidade tradicionais.

As atuais políticas urbanas reconhecem a importância da regeneração das áreas centrais e da melhoria da qualidade de vida dos seus residentes. Nestes processos de regeneração urbana assumem especial importância três campos de atuação: o económico, o social e o ambiental (biofísico).

A este tipo de estratégias de regeneração estão subjacentes 3 princípios de atuação:

a) A revitalização do centro da cidade implica a revitalização do comércio local tradicional.

b) A estratégia de regeneração do centro da Cidade deve ser integrada na política global de desenvolvimento da Cidade e do Concelho.

c) Os diversos agentes urbanos devem colaborar na definição e na implementação da estratégia de regeneração do centro da Cidade.

Os principais eixos de intervenção que deverão conformar a estratégia de atuação, e que derivam dos princípios anteriormente enunciados, são os seguintes:

1. Melhoria das acessibilidades ao centro da Cidade;

2. Melhoria do ambiente urbano (físico), tendo em vista a qualificação estética da cidade e a melhoria da qualidade de vida;

3. Promoção de habitação para novos residentes;

4. Criação de equipamentos e de outro tipo de serviços de nível superior que constituam fatores de atração;

5. Aposta na cultura e no lazer enquanto elementos de revitalização urbana;

6. Integração do turismo na estratégia de revitalização comercial;

7. Preservação da identidade urbana;

8. Definição de projetos para áreas específicas da cidade, mas integrados numa visão integrada da cidade;

9. Colaboração entre as diferentes entidades públicas com atuação nos centros de Cidade;

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10. Colaboração entre o sector privado e o sector público;

11. Promoção do investimento do sector privado;

12. Promoção do envolvimento da população nos assuntos da Cidade.

Entende-se, assim, que a definição de uma estratégia de revitalização económica para o Núcleo Histórico está dependente de fatores não económicos, como a reabilitação do edificado e dos espaços públicos, a melhoria das acessibilidades e da mobilidade, a promoção de habitação, a promoção cultural e a participação e envolvimento dos agentes urbanos e da população em geral.

O desenvolvimento económico do Núcleo Histórico de Serpa está, também, dependente da sua capacidade em se afirmar nos domínios político-administrativo, comercial, turístico, cultural e social. Daí que qualquer estratégia de intervenção para reforçar a base económica local tem necessariamente de atender as estas diferentes dimensões de forma integrada.

O Núcleo Histórico de Serpa tem vindo a perder importância político-institucional nos últimos anos, com a saída de diversos serviços públicos para áreas periféricas da Cidade, em função da necessidade de novos espaços e de locais de maior acessibilidade.

Deverão ser criadas as condições necessárias para o Núcleo Histórico voltar a assumir a importância político-institucional que teve no passado, com a implantação de serviços públicos (ex. Delegações de Direções Regionais) e equipamentos “âncora” capazes de atrair outras atividades que lhes estão direta e indiretamente associadas. Essas funções poderão ser instaladas em edifícios de maior monumentalidade que se encontrem devolutos.

Por outro lado, o centro da Cidade deverá recuperar a função de espaço de cidadania e de encontro. Neste sentido, a valorização do espaço público assume especial importância, sendo necessário atrair a população e as atividades económicas e sociais para as praças públicas, dotando-as de condições de segurança, conforto e animação urbana adequadas e apelativas à população.

6.1. SISTEMA SOCIOCULTURAL – ABORDAGEM ESTRATÉGICA À REVITALIZAÇÃO SOCIAL E CULTURAL

6.1.1. Salvaguarda e Reabilitação do Património Arqueológico Na abordagem preconizada é tida em consideração a legislação em vigor para gestão do património arqueológico e edificado antigo.

Para o efeito é indispensável a integração da informação disponível e atualizada sobre o potencial arqueológico neste importante instrumento de gestão territorial, contribuindo para uma atuação mais eficiente na proteção e salvaguarda desse património.

A proposta de condicionantes específicas a aplicar decorre da pertinência do potencial arqueológico inerente a uma longa e diversificada diacronia de ocupação e do património edificado existente no núcleo histórico da cidade de Serpa.

Devido à antiguidade e degradação dos centros históricos urbanos é muito frequente a necessidade de proceder a intervenções de remodelação e reabilitação de edifícios e de arruamentos. Estas ações, quando executadas de forma descoordenada, desprovidas de uma

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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regulamentação específica e de controlo e fiscalização eficazes, concorrem para a destruição e perda permanentes de parte do património da cidade.

À luz da legislação do património cultural em vigor (Lei de Bases do Património Cultural Português, Lei nº107/01, de 8 de Setembro e Decreto-Lei n.º 270/99, alterado pelo Decreto-lei n.º 287/2000, de 190 de Novembro, e ainda pelo Decreto-lei n.º 308/2009, de 23 de Outubro), não poderão ser executadas, nem mesmo projetadas intervenções sobre património classificado, nem realizadas intervenções em áreas com potencial arqueológico, sem a devida autorização das entidades competentes.

Neste âmbito, quaisquer ações que impliquem intervenção no subsolo impõem o acompanhamento arqueológico, para além de eventuais trabalhos prévios de sondagem, escavação e registo apropriados.

Um plano regulador de obras, coordenado, convenientemente programado e executado por uma equipa sensibilizada para as questões patrimoniais, pode contribuir para uma melhor implementação de medidas de mitigação dos impactes inerentes aos diferentes tipos de intervenções urbanas.

Neste aspeto, a implementação do Plano de Pormenor torna-se muito pertinente e mesmo urgente.

Numa perspetiva de valorização e divulgação, é conveniente a identificação do edificado e áreas de investigação arqueológica, através de placas e outros dispositivos informativos, sobretudo em pontos privilegiados de circulação pedonal.

Pondera-se ainda a criação de linhas temáticas de valorização, enquanto elementos de identidade da cidade, como por exemplo, a dinamização de Circuitos do Património (circuito do castelo e das muralhas, circuito museológico, circuito dos monumentos religiosos, etc.) e a aposta nos novos equipamentos culturais programados (designadamente, o projeto de reabilitação e ampliação do Museu Municipal de Arqueologia de Serpa).

Estas propostas só adquirem efetiva validade considerando a componente de manutenção, gestão e sustentabilidade económica.

Um aspeto muito sensível no âmbito desta proposta de regulamento do Plano consiste na superação dos problemas financeiros e temporais que os promotores, investidores e utilizadores privados desta área urbana antiga enfrentam, associados à necessidade de proceder a obras no edificado, com afetação no subsolo e consequentemente, no potencial arqueológico.

É indispensável a integração nos projetos de regulamentação municipal de apoio à reabilitação do edificado de cláusulas respeitantes aos apoios e incentivos da autarquia ao cumprimento das disposições impostas pelo processo de licenciamento de obras no núcleo histórico da cidade de Serpa, que impliquem algum tipo de intervenção arqueológica.

À semelhança dos demais princípios gerais e artigos referentes às formas e concessão dos apoios, também as intervenções arqueológicas devem ser contempladas, através de:

Apoio técnico;

Apoio logístico;

Execução direta da intervenção;

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Apoio financeiro ou empréstimo.

Estes apoios poderão ser prestados de forma independente ou cumulativamente, em função da adequabilidade casuística.

O Regulamento do Plano visa sustentar o ordenamento urbano do núcleo histórico da cidade de Serpa, onde o potencial arqueológico e o edificado com valor histórico-cultural têm um papel central, que é indispensável reforçar através da definição das condicionantes impostas, do uso do solo previsto, para um eficaz planeamento e financiamento de todas as ações a implementar.

Do Plano de Pormenor destaca-se ainda um conjunto de normas de atuação, que especificam alguns dos domínios abordados.

As obras de conservação e recuperação na área de vigência do Plano de Pormenor e sempre que determinado pelas entidades competentes, compreendem o acompanhamento arqueológico permanente e, mesmo, trabalhos arqueológicos prévios;

Nenhuma obra de alteração, ampliação, consolidação, reabilitação, demolição e reconstrução possa decorrer se dela resultar um impacte negativo significativo sobre as características arquitetónicas, urbanísticas e históricas;

O Regulamento reflete a promoção de ações com o objetivo de corrigir anomalias resultantes da execução de obras que tenham prejudicado as características do conjunto edificado;

Na circunstância de ocorrer a demolição inevitável de algum imóvel com interesse arquitetónico ou urbanístico, a ação procurará salvaguardar os elementos que compõem as fachadas (como cantarias, ferragens, azulejos e outros elementos decorativos) e o potencial arqueológico do subsolo;

Deve ser prevista a implementação de ações de incentivo à conservação e beneficiação dos imóveis e o acompanhamento técnico das obras, por parte da Câmara Municipal, associando a preservação do edificado antigo à minimização de impactes de obras sobre o potencial arqueológico.

Neste âmbito referem-se aspetos como as condicionantes e implicações da elaboração e do desenvolvimento de um projeto de pormenor ou os intervenientes indispensáveis na sua conceção.

Antes de mais, é conveniente salientar algumas diretrizes que deverão estar presentes sempre que se ponderem intervenções que possam interferir direta ou indiretamente na integridade do património histórico-cultural.

As ações a implementar deverão equacionar sempre a coordenação, articulação e compatibilização do património cultural com as propostas relativas às restantes vertentes (em especial o ordenamento do território, o ambiente, a educação e formação, o apoio à criação cultural e o turismo), que representem interesses públicos ou privados idênticos ou conexos.

Qualquer ação a desenvolver no núcleo histórico implica uma avaliação e estudo prévio do potencial arqueológico da área de incidência definida.

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Nas áreas onde é presumível a existência de vestígios arqueológicos é aconselhável a medida preventiva e temporária de estabelecimento de uma zona de “reserva arqueológica” de proteção, de forma a garantir a execução de trabalhos, para determinação do interesse destes vestígios.

Caso o interesse patrimonial dos vestígios o justifique, tem de ser garantida a execução de trabalhos arqueológicos compatíveis com o tipo de vestígios e contextos identificados, quer em fase prévia, quer durante a fase de construção.

A implementação dos projetos deverá pressupor a garantia de padrões adequados de cumprimento das imposições vigentes na legislação portuguesa para a preservação e conservação do património cultural, em particular, a Lei de Bases do Património Cultural Português) e o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos.

Deverá ainda ser assegurada a prossecução dos objetivos previstos e estabelecidos para cada ação de beneficiação do património cultural aprovados em processo de licenciamento das obras.

6.1.2. Planeamento das intervenções É indispensável um planeamento criterioso dos projetos específicos a executar no núcleo histórico da cidade de Serpa.

Dever-se-á assegurar que os instrumentos, os recursos mobilizados e as estratégias adotadas são o resultado de uma programação prévia e sistemática de todas as intervenções que influam direta ou indiretamente na integridade do património.

Os órgãos competentes da administração do património cultural e edificado, têm de ser informados atempadamente dos planos, programas e projetos, públicos e/ou privados, que possam implicar riscos de destruição, deterioração ou desvalorização de elementos patrimoniais, para que se possam pronunciar e emitir parecer nas matérias de sua competência.

Os projetos e programas direcionados para elementos de interesse histórico-cultural deverão ser concebidos e implementados por técnicos especializados e credenciados pelos órgãos competentes da administração do património cultural e edificado (como arqueólogos ou técnicos de conservação e restauro).

Em particular, no caso dos estudos e projetos para obras de conservação, modificação, reintegração e restauro em bens classificados ou em vias de classificação, a lei obriga a que estes sejam elaborados e subscritos por técnicos com reconhecida qualificação ou sobre a sua responsabilidade direta.

Os estudos e projetos elaborados deverão integrar um relatório sobre a importância e a avaliação artística ou histórica da intervenção, redigido pelos referidos técnicos.

Após a conclusão da intervenção, deverá ser elaborado e remetido à administração do património cultural competente, um relatório no qual conste a natureza das obras, as técnicas, as metodologias, os materiais e os tratamentos aplicados, bem como a documentação gráfica e fotográfica relativa ao processo seguido.

Quando estão em causa imóveis de propriedade privada pressupõe-se a conjugação do interesse dos respetivos proprietários e as suas iniciativas com a atuação de âmbito público, à luz dos

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objetivos de proteção e valorização do património histórico-cultural, devendo estes proprietários aceder a benefícios e contrapartidas de apoio técnico e financeiro e de incentivos fiscais.

Os proprietários, possuidores e demais titulares de direitos reais sobre elementos patrimoniais devem ainda ser avisados de todas as ações que possam ter repercussões no âmbito da respetiva esfera jurídica. Deverão ser informados sobre as prioridades e medidas estabelecidas para conservação e valorização patrimonial, e ainda, lhes assiste o direito de se pronunciar sobre as diretrizes a seguir e de colaborar na gestão do património.

Para além da fase de construção propriamente dita, considera-se neste ponto, o hiato de tempo entre a conceção de projetos e o início de obras e implementação de infraestruturas, necessário à realização de intervenções arqueológicas de diagnósticos/escavação. Esta etapa é fundamental para assegurar uma eficaz política de mitigação de impactes sobre potenciais vestígios, estratigrafias e estruturas.

As intervenções ou obras, no interior ou no exterior de monumentos, conjuntos ou sítios (classificados, em vias de classificação ou de interesse arqueológico), ou mudanças de uso suscetíveis de afetar, no todo ou em parte, necessitam de uma autorização expressa do órgão competente e implicam um acompanhamento.

6.1.3. Património classificado Os bens imóveis classificados beneficiam de uma zona geral de proteção de 50 metros, contados a partir dos seus limites externos de acordo com a legislação em vigor. Estes imóveis dispõem ainda de uma zona especial de proteção, fixada através de portaria emitida pelo órgão competente. Nestas zonas de proteção especial incluem-se zonas non aedificandi. As zonas de proteção dos imóveis individualmente classificados no interior do Núcleo Intramuros ficam englobadas na área classificada como Conjunto de Interesse Público e na sua zona de proteção (Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.)

As intervenções previstas implicam o respeito das zonas de proteção concedidas. E assim, nestas zonas, enquanto servidões administrativas, o município ou outra entidade não poderão conceder licenças para obra de construção ou para trabalhos que alterem a topografia, os alinhamentos e as cérceas, que interfiram na distribuição de volumes e coberturas ou no revestimento exterior dos edifícios, sem o parecer favorável da administração de património cultural competente.

O desencadear das iniciativas necessárias ao avanço do processo de classificação é um passo importante para a sua preservação. A classificação representa o ato final do procedimento administrativo mediante o qual é determinado um valor cultural inestimável.

A extensão da Zona Especial de Proteção (ZEP) do Núcleo Intramuros de Serpa a toda a área do núcleo histórico objeto de intervenção do Plano classificado como Conjunto de Interesse Público (Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.), formaliza a atribuição de um valor patrimonial inestimável a todo o conjunto edificado antigo e potencial arqueológico integrado neste perímetro.

A legislação obriga o município, proprietários ou outros titulares de direitos reais de gozo de imóveis classificados a executar todas as obras ou intervenções que a administração do património cultural competente considere necessárias para assegurar a sua salvaguarda. Este património fica genericamente salvaguardado de deslocamento, remoção ou demolição total ou parcial.

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6.1.4. Fase de construção O acompanhamento arqueológico é uma medida extensível a todas as obras de revolvimento do subsolo em toda a área de intervenção do plano.

No decurso da fase de construção, o acompanhamento arqueológico das intervenções no subsolo, face à pertinência dos vestígios que venham a ser encontrados, pode revelar-se insuficiente para o adequado registo dessas ocorrências. Assim sendo, no decurso dos trabalhos de construção deve estar garantida a execução de intervenções arqueológicas de salvamento/emergência, como sejam sondagens e/ou escavação arqueológica em área.

O acompanhamento, inspeção e prevenção de danos e o desenvolvimento de intervenções deverão ser assegurados através da coordenação da atuação entre as entidades nacionais responsáveis pelo património e a autarquia.

Deve ser assegurada a estabilidade de edifícios e fachadas através de avaliação da sua resistência à movimentação de obras, definindo as medidas de proteção necessárias casuisticamente.

6.1.5. Fase de utilização Durante a fase de utilização considera-se, sobretudo, a temática associada à salvaguarda e preservação dos valores patrimoniais presentes na área de implementação do Plano de Pormenor. Esta fase associa cuidados genéricos de manutenção dos imóveis e do seu enquadramento urbanístico, à potenciação de vestígios e estruturas arqueológicos como atrativo turístico e à consciencialização da população para a preservação do património local.

A divulgação das áreas intervencionadas é bastante importante. Após o tratamento da informação deverá proceder-se à publicação dos resultados dos trabalhos arqueológicos realizados.

Dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos, é bastante provável que resulte a necessidade de implementar ações de manutenção e preservação dos vestígios postos a descoberto. Estas áreas arqueológicas só deverão permanecer visíveis se for programada a sua preservação a longo prazo, caso contrário, deverá sempre optar-se pela selagem adequada dos contextos.

Quaisquer intervenções de manutenção ou arranjo no Núcleo Histórico deverão seguir as recomendações apresentadas anteriormente. Qualquer atuação beneficiará dos conhecimentos adquiridos durante a fase de construção (visto ser neste âmbito que a grande maioria das intervenções com algum tipo de impacte negativo estão previstas) permitindo gerir mais corretamente as possíveis situações de risco.

É de toda a conveniência alertar os proprietários para o conjunto de deveres que consiste, fundamentalmente, no assegurar da conservação e proteção dos elementos patrimoniais e manutenção da sua integridade, evitando a perda, destruição ou deterioração dos mesmos. Deverão ainda ser alertados enquanto responsáveis pela promoção e adequação do destino, aproveitamento ou utilização do imóvel à garantia da respetiva conservação e induzidos a

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médio/longo prazo a executar os trabalhos ou as obras necessárias para assegurar a sua salvaguarda.

Os projetos ou intervenções sobre o património histórico-cultural deverão contemplar as seguintes componentes:

Definição de orientações estratégicas;

Definição através de planos, programas e diretrizes, das prioridades de intervenção ao nível da conservação, recuperação, acrescentamento, investigação e divulgação;

Definição e mobilização dos recursos humanos, técnicos e financeiros necessários à consecução dos objetivos e das prioridades estabelecidas.

Para além de apresentar propostas face aos efeitos imediatos das ações integradas no Plano de Pormenor, pretende-se abranger uma etapa de médio/longo prazo, que sucede o término das ações de recuperação. Esta etapa implica cuidados de manutenção e preservação sem os quais os benefícios de requalificação perdem eficácia.

6.1.6. Propostas de dinamização e valorização do património histórico-cultural As propostas apresentadas baseiam-se na identificação de pontos fortes e pontos fracos no âmbito do património histórico-cultural, alguns dos quais são particularmente indicativos das linhas de ação a implementar.

Se são consideráveis os pontos fracos a contornar:

Pressão urbanística, nem sempre conciliável com a salvaguarda do património;

Falta ou inadequação dos meios e/ou verbas para uma intervenção sistemática;

Limitada valorização do património arqueológico urbano e escassez de sítios passíveis de ser visitados;

Escassez de agentes promotores de turismo cultural e de circuitos turísticos culturais a operar na região.

Em contraponto são evidentes os pontos fortes a valorizar:

Procura turística por parte de um público com uma grande apetência para a componente cultural;

Diversidade e riqueza, em elementos isolados ou conjuntos urbanos, de

– Vestígios arqueológicos,

– Sistemas militares/defensivos, convergidos em torno do castelo,

– Exemplares significativos da arquitetura civil popular e erudita,

– Arquitetura religiosa de notória magnificência;

Potencial para criação de estruturas específicas para alguns destes temas crono-culturais, permitindo uma organização em rede.

As propostas de dinamização e valorização do património histórico-cultural integrado no núcleo histórico da cidade de Serpa procuram por um lado, tirar partido dos aspetos de homogeneidade

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do núcleo urbano, e por outro, salientar as diversidades e marcas dos distintos períodos evolutivos.

O devir histórico de uma cidade é indissociável da leitura e interpretação dos espaços, dos edifícios, dos monumentos que a compõem e simultaneamente da dinâmica diacrónica do território no qual se integra e com o qual interage.

Consideram-se como projetos estruturantes na área de intervenção do Plano.

A requalificação e ampliação do Museu Municipal de Arqueologia de Serpa, atualmente a funcionar na antiga casa do Governador, no interior do Castelo Velho de Serpa, baseia-se na ideia de converter o museu num polo

centralizador e dinamizador da política museológica concelhia na vertente do património arqueológico, na atualização enquanto equipamento cultural atrativo para a população

local e turistas. O projeto inclui não só a ampliação de funções museológicas e a atualização do discurso expositivo, como a recuperação e valorização do património monumental envolvente, destacando-se a Alcáçova, as Muralhas e os vestígios arqueológicos colocados a descoberto nos imóveis 29-33 da Rua da Barbacã, adquiridos pela autarquia para a ampliação do Museu;

O projeto de Consolidação e Valorização do Caminho de Ronda das Muralhas do qual foram executados em 2012 os troços 2, 3 e 9.;

O projeto de Valorização da Alcáçova;

A consubstanciação das ações de conservação e recuperação das muralhas conduzidas ao longo das últimas décadas no Plano de Recuperação das Muralhas de Serpa, realizado pela antiga Direção Regional dos Edifícios e Monumentos do Sul (DREMS);

A assinatura do Pacto para a Competitividade e Inovação Urbanas e a criação da Rede Urbana para o Património, em paralelo com as autarquias de Aljustrel, Almodôvar, Beja, Castro Verde, Mértola e Moura, pretende "projetar os seus aglomerados urbanos a nível nacional e internacional, apostando nas potencialidades turísticas associadas ao património histórico e cultural". Uma vertente fundamental deste Pacto é a Rede de Museus e Espaços Museológicos, que irá desenvolver projetos de requalificação e de gestão integrada de património (www.cm-serpa.pt).

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No âmbito do Plano consideram-se duas vertentes chave de intervenção:

Os roteiros do património;

Os eventos histórico-culturais.

Para a promoção destas propostas pode ser muito importante a divulgação, através da imprensa escrita e audiovisual, ou on-line.

6.1.6.1. Roteiros do património Os roteiros do património histórico-cultural propostos visam atribuir uma maior dinâmica humana aos espaços e monumentos do núcleo histórico de Serpa.

Procura-se salientar a possibilidade de usufruir de percursos pedonais, com conteúdos temáticos que valorizam o edificado existente.

Roteiro das Muralhas

O Roteiro das Muralhas tem o intuito de salientar o papel estruturante do recinto amuralhado para a evolução diacrónica da cidade.

Concebendo as infraestruturas de circuito pedonal intra e/ou extramuros, e orientação do trajeto com painéis alusivos à evolução do núcleo urbano e à evolução da própria estrutura amuralhada, destacando os períodos cronológicos mais marcantes:

Estrutura defensiva islâmica, com cerca de 21.000 m2, delimitando o topo da elevação, traduzido num pano de muralha, numa possível torre (assimilada pela Torre da Horta) e numa torre circular, edificados em taipa, alinhados sensivelmente pelo quintal da Igreja de Santa Maria;

Cerca dionisina (com uma extensão total de cerca de 65.000 m2), com reconstrução da cortina de muralhas, com aproveitamento de parte das muralhas em taipa na zona da alcáçova;

Século XVII e o projeto de Langres para uma fortaleza abaluartada de reforço, apenas parcialmente executada.

Destaca-se como trajeto de particular interesse sobre a paisagem urbana, o Caminho de Ronda das Muralhas, objeto de um projeto de consolidação e valorização.

A sinalética a utilizar visa (através da apresentação de fotografias, desenhos, mapas e textos) a valorização dos seguintes aspetos:

Fases de construção dos edifícios e de expansão urbana;

Elementos arquitetónicos relevantes;

Épocas e factos históricos significativos associados ao edificado.

Roteiro da arquitetura religiosa

O Roteiro da Arquitetura Religiosa pretende dar a conhecer os monumentos mais emblemáticos da cidade, salientando o património classificado.

Igrejas

– S. Maria (IIP)

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– S. Francisco / Convento de S. António (MN);

Convento do Mosteirinho, na Rua dos Cavalos;

Santuário;

Igreja da Misericórdia;

Igreja e Convento de São Paulo;

Igreja de São Salvador;

Igreja de Nossa Senhora dos Remédios;

Capela do Calvário;

Oratório das Portas de Beja.

Os objetivos principais deste roteiro são:

Conceber um trajeto simples baseado na pedonalidade dos acessos, em conjugação com a coerência cronológica e temática.

Dinamizar o roteiro dos monumentos religiosos em associação com as festividades tradicionais, que se revestem de antiquíssimos rituais e compreendem manifestações importantes de carácter religioso e etnográfico (www.cm-serpa.pt):

– Festa de Nossa Senhora de Guadalupe – Realiza-se na Páscoa. Tem início na Sexta-feira da Paixão e termina na terça-feira seguinte, que é feriado municipal. É a festa do concelho.

– Festa de Nossa Senhora dos Remédios - Realiza-se no primeiro fim-de-semana de Fevereiro

– Festa de S. Pedro - Realiza-se a 28 e 29 de Junho

– Festa de Santana - Realiza-se nos dias 28 e 29 de Julho

– Festa de São Brás - Realiza-se no último fim-de-semana de Maio

Sinalização de intervenções e contextos arqueológicos

A ideia central que preside à sinalização das intervenções e contextos arqueológicos identificados no núcleo histórico de Serpa é a de que, mesmo na circunstância em que os vestígios não podem permanecer visíveis e visitáveis após a conclusão das intervenções, podem ser colocados nos locais painéis explicativos e ilustrativos.

Para evitar uma banalização destes painéis, propõe-se uma criteriosa seleção dos contextos arqueológicos mais representativos de tipologias e cronologias, que documentem a evolução e estrutura da cidade em momentos chave da sua história.

Para além da sinalização que atualmente se propõe, pode perspetivar-se a criação de um itinerário arqueológico, considerando o constante aumento dos conhecimentos relativos à história da cidade encerrada no seu subsolo, decorrente de intervenções científicas desenvolvidas e que venham a ter lugar.

A proposta pretende não se limitar à abordagem de sítios ou área de interesse arqueológico isoladas, mas sim permitir constituir um complexo, com identidade espacial e cultural.

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Este complexo deve ser exaustivamente estudado, permitindo minimizar as lacunas de conhecimento que atualmente se verificam e salientar a sua importância no contexto nacional e regional e deve igualmente ter uma representatividade museológica, um espaço interpretativo, com impacto sobre o público local e turistas.

6.1.6.2. Eventos histórico-culturais Os eventos histórico-culturais procuram utilizar toda a valência que o enquadramento cénico propiciado pelo edificado, pelas gentes de Serpa e pela paisagem envolvente para reconstituição da história e tradições locais.

Por iniciativa da autarquia, realiza-se anualmente, desde Agosto de 2008, a Feira Histórica e Tradicional. À semelhança das iniciativas levadas a cabo um pouco por todo o país de “feiras históricas”, visa criar um ambiente de época, evocando diversos momentos ao longo da História.

Através de adaptação teatral e decoração, o núcleo histórico de Serpa é palco de animação de rua, com música, dança, torneio a cavalo, exposições,

demonstração de ofícios. O ambiente de época também é recriado nas tabernas, com mostra da gastronomia regional.

O Plano propõe a continuidade deste evento, com a implementação de iniciativas complementares como:

Ciclos de conferências/jornadas históricas e arqueológicas – procurando promover com regularidade um encontro de referência entre académicos e estudiosos e promovendo a publicação das respetivas atas;

Exposições temporárias – ciclos temáticos no Museu de Arqueologia, exposições fotográficas alusivas ao património, etc.

6.1.7. Dimensão Social e Habitacional A função residencial tem vindo a perder importância no Núcleo Histórico de Serpa, refletindo-se num certo esvaziamento populacional. Torna-se fundamental desenvolver uma política habitacional para o Núcleo Histórico, tendo por base uma parceria público-privada, que promova a reabilitação dos fogos devolutos, colocando-os no mercado a custos controlados. Desta forma será possível atrair mais residentes e renovar o tecido social existente, com a atração, nomeadamente, de população jovem. O reforço da dimensão populacional do Núcleo Histórico contribuirá para a instalação de novas atividades económicas de apoio a essa mesma população, para além do facto de que aumentará o mercado potencial dos estabelecimentos de comércio e serviços aí instalados.

6.1.8. Dimensão Cultural e de Lazer É no domínio cultural que a cidade de Serpa deverá fundar as bases do seu desenvolvimento. A elevada riqueza cultural deste centro urbano sustenta-se em domínios tão diversos quanto a

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arqueologia, o património arquitetónico, a etnografia, a gastronomia, a enologia, o artesanato e as artes plásticas, entre outros. Todavia, Serpa carece de uma estratégia para organizar esse potencial e transformá-lo num produto turístico de base cultural, como forma de se projetar nacional e internacionalmente e captar visitantes e turistas.

Para a implementação desta estratégia destacam-se como prioritários três pontos essenciais:

Criação de estruturas de suporte e de materialização da oferta cultural, nomeadamente através da criação de unidades museológicas, centros de investigação e formação, galerias de exposição, auditórios, roteiros e centros de interpretação.

Realização de eventos, culturais e científicos, que se destaquem pela sua originalidade e que tenham capacidade de projetar Serpa a nível nacional e internacional.

Integração de Serpa em redes culturais e científicas, de âmbito nacional e internacional.

Como exemplos de projetos neste domínio destacam-se os seguintes:

O “Musibéria” assente na pesquisa e divulgação da cultura musical etnográfica local e regional, com particular destaque para o Cante Alentejano, mas aberto a sonoridades etnográficas de outras regiões e países.

Requalificação e ampliação do Museu Municipal de Arqueologia de Serpa.

Consolidação das Muralhas.

Valorização do Caminho de Ronda.

6.2. SISTEMA ECONÓMICO – ABORDAGEM ESTRATÉGICA À REVITALIZAÇÃO ECONÓMICA

6.2.1. Dimensão Comercial / Turística O comércio constitui a principal atividade económica de Serpa, quanto ao número de empresas, postos de trabalho e volume de negócios gerado. Todavia, é um sector que apresenta debilidades significativas a diferentes níveis, sendo de destacar nomeadamente as seguintes:

A falta de modernização dos estabelecimentos e dos produtos comercializados.

A grande dispersão dos estabelecimentos comerciais na zona do Núcleo Histórico, dificultando a consolidação de eixos e polos comerciais.

A rigidez dos horários de funcionamento.

Como já referido anteriormente, a revitalização económica de um centro de Cidade está dependente da revitalização do comércio local. Como principais medidas a adotar neste domínio destaca-se o seguinte:

Promover a concentração comercial, nomeadamente nos eixos e polos que atualmente evidenciam uma maior vocação comercial.

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Incentivar e apoiar os comerciantes a modernizarem os seus estabelecimentos comerciais, quer a nível da decoração interna, quer no que respeita à qualidade das mercadorias comercializadas.

Sensibilizar os comerciantes para a necessidade de flexibilizarem os horários de funcionamento, mantendo-se abertos à hora de almoço, encerrarem mais tarde, abrirem ao Sábado à tarde.

Criar espaços de lazer junto das zonas comerciais, devidamente equipados, nomeadamente esplanadas, quiosques, equipamentos de diversão para crianças.

Desenvolver programas de animação de rua, principalmente ao fim-de-semana.

A nível turístico Serpa carece de unidades de alojamento de qualidade que suportem o desenvolvimento do turístico cultural, propondo-se a promoção da reabilitação de alguns edifícios no Núcleo Histórico para estes fins.

6.3. SISTEMA AMBIENTAL – ABORDAGEM ESTRATÉGICA AO REFORÇO DA QUALIDADE AMBIENTAL (BIOFÍSICA)

As linhas de intervenção estratégica no domínio ambiental relacionam-se, fundamentalmente, com a intervenção na estrutura verde tirando partido do património natural em presença, potenciando os pontos fortes e intervindo nos fatores determinantes dos pontos fracos identificados. Neste sentido deverão ser seguidas as seguintes orientações:

Tirar partido do carácter único da cidade de Serpa e do seu núcleo histórico, que é função, fundamentalmente, de uma conjugação entre a morfologia territorial, alguns elementos do património construído e os usos solo predominantemente agrícolas da sua envolvente;

Privilegiar as relações visuais que se estabelecem entre o Núcleo Histórico de Serpa e a envolvente que o rodeia;

Aproveitar as áreas livres no interior do Núcleo Histórico para garantir alguma permeabilidade dos solos e espaços de recreio e lazer de proximidade (reais ou potenciais);

Estudar soluções de abertura de logradouros privados ao público, eventualmente inseridos em operações urbanísticas mais abrangentes;

Reforçar a arborização;

Tomar em consideração fatores de conforto bioclimático;

Ampliar a dimensão dos espaços verdes de utilização coletiva no interior do Núcleo Histórico.

Dotar de rega automática, ou mesmo de qualquer tipo de rega, alguns espaços, sobretudo as árvores de arruamento o que, associado à plantação de árvores com maior porte e a métodos de plantação mais adequados, proporcionaria um desenvolvimento mais rápido das mesmas;

Ter em atenção o baixo conforto bioclimático, sobretudo no Verão e no Inverno, devido às temperaturas extremas.

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6.4. SISTEMA URBANO – INFRAESTRUTURAS

De acordo com o diagnóstico realizado os objetivos gerais de intervenção nas redes de infraestruturas são os seguintes:

Rede de Abastecimento de Água:

Reabilitação total da rede de abastecimento;

Redução de perdas de água na rede;

Elaboração de um Plano de Gestão de Recursos Hídricos e integração do abastecimento de água neste, de forma a planear futuras reabilitações / alterações ao abastecimento de forma mais global.

Rede de Saneamento:

Reabilitação da rede de saneamento;

Extinção das ligações indevidas ao sistema de águas pluviais, através de um programa de incentivo económico dos munícipes;

Verificação de fugas e perdas;

Elaboração de um Plano de Gestão de Recursos Hídricos e integração do saneamento de águas residuais neste, de forma a planear futuras reabilitações / alterações de forma integrada.

Rede de Drenagem de Águas Pluviais:

Reabilitação da rede de drenagem de águas pluviais;

Verificação de fugas e perdas;

Elaboração de um Plano de Gestão de Recursos Hídricos e integração do saneamento de águas pluviais neste, de forma a planear futuras reabilitações / alterações de forma integrada.

Rede de Distribuição de Energia Elétrica e Iluminação Pública:

Prever níveis de iluminação confortáveis que salientem o valor dos espaços do Núcleo Histórico e que contribuam para a melhoria da sua vivência.

Ter em consideração a futura/eventual instalação de redes digitais, prevendo as necessárias reservas nas infraestruturas.

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7. MODELO DE ESTRUTURAÇÃO E REGENERAÇÃO URBANA

7.1. OBJETIVOS GERAIS

Nos termos do disposto na legislação em vigor, os objetivos gerais do Plano relacionam-se com o desenvolvimento e concretização de propostas de ocupação da sua área de intervenção, estabelecendo regras sobre a implantação das infraestruturas e o desenho dos espaços de utilização coletiva, a forma da edificação e a disciplina da sua integração na paisagem, a localização e inserção urbanística dos equipamentos de utilização coletiva e a organização espacial das demais atividades de interesse geral.

7.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS – CONCEITO

Os objetivos específicos do Plano decorrem de uma estratégia global, definida pelo Município para o Núcleo Histórico, baseada nos conceitos de Sustentabilidade e Regeneração urbanas.

Desenvolver no presente assegurando as condições de qualidade de vida do futuro do Núcleo Histórico de Serpa – princípio orientador do conceito de Sustentabilidade Urbana – pressupõe uma visão integrada dos três subsistemas que interagem no “Sistema Urbano”:

O Subsistema Económico – relacionado com os apoios infraestruturais e funcionais de suporte à atividade económica;

O Subsistema Sociocultural – relacionado com os equipamentos e espaços públicos, incentivadores de estilos de vida saudáveis, da integração social, do contacto de culturas e da identidade cultural;

O Subsistema Ambiental – relacionado com os objetivos de minimização do consumo de recursos naturais, eficiência energética e de racionalização dos fluxos e consumos associados às infraestruturas (nomeadamente, os relacionados com a mobilidade urbana); da compatibilização do aumento da biomassa com a manutenção da biodiversidade.

O conceito de regeneração urbana – entendido como operação de renovação, reestruturação ou reabilitação urbana – tem implícito:

Uma perspetiva estratégica de desenvolvimento urbano, assumida pelo Município e demais entidades públicas;

Uma perspetiva sistémica da organização e funcionamento do Núcleo Histórico na sua relação com a Cidade e com os macro sistemas da Região e do País;

Uma abordagem integrada que combina, na conceção e na execução, ações de natureza material com ações dirigidas à dinamização e capacitação do tecido social e económico.

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7.3. CONTEÚDO DOCUMENTAL DO PLANO

O Plano de Pormenor do Núcleo Histórico de Serpa desempenha, de acordo com a filosofia de intervenção apresentada, a função de instrumento de espacialização de uma estratégia e de ferramenta de suporte das decisões de gestão urbana, sendo materializado no seguinte conteúdo documental:

Documentos que compõem o Plano;

Documentos que acompanham o Plano.

Os documentos que compõem o Plano são os seguintes:

Regulamento;

Planta de Implantação;

Planta de Condicionantes, que identifica as servidões e restrições de utilidade pública em vigor, que possam constituir limitações ou impedimentos a qualquer forma específica de aproveitamento.

Os documentos que acompanham o Plano são os seguintes:

Relatório, fundamentando as soluções adotadas;

Programa de Execução e de Financiamento;

Planta de Enquadramento contendo a localização do Plano no território municipal envolvente, com indicação da área de intervenção e respetiva articulação, designadamente com as vias de comunicação e demais infraestruturas relevantes, estrutura ecológica, grandes equipamentos e outros elementos considerados relevantes;

Planta da Situação existente, com a ocupação do território à data da elaboração do Plano;

Planta com a indicação das licenças ou autorizações de operações urbanísticas emitidas, bem como das informações prévias favoráveis em vigor;

Extratos do regulamento, das plantas de ordenamento ou zonamento e de condicionantes dos instrumentos de gestão territorial em vigor na área de intervenção do Plano;

Estudos de caracterização da área de intervenção.

7.4. SERVIDÕES E RESTRIÇÕES DE UTILIDADE PÚBLICA

7.4.1. Introdução Na área de intervenção do Plano aplicam-se as seguintes servidões administrativas e restrições de utilidade pública:

Património;

Linha de Água;

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Marco Geodésico;

Redes de Água e de Saneamento Básico – Adutoras e Emissários.

As áreas abrangidas pelas servidões administrativas e restrições de utilidade pública encontram-se representadas na Planta de Condicionantes e regem-se pela legislação em vigor sobre a matéria.

7.4.2. Património Classificado O Património edificado na área de intervenção do Plano é constituído pelos seguintes imóveis e conjunto classificados:

Muralhas de Serpa, classificado como Monumento Nacional (Decreto n.º 39521, DG 21, de 30 de Janeiro de 1954);

Palácio dos Condes de Ficalho, classificado como Monumento Nacional (Decreto n.º 6/2007, DG, de 20 de Abril de 2007);

Núcleo Intramuros da cidade de Serpa, classificado como Conjunto de Interesse Público (Portaria n.º 574/2011, DR, de 6 de Junho de 2011);

Igreja de Santa Maria / Igreja Paroquial de Serpa, classificado como Imóvel de Interesse Público (Decreto n.º 28/94, DR 145, de 25 de Junho de 1984);

Casa de habitação Travessa do Serra, n.º 2, classificado como Imóvel de Interesse Municipal;

Casa de habitação da Rua dos Lagares, n.º 39, classificado como Imóvel de Interesse Municipal;

Casa de habitação do Largo da Corredoura, n.º 10, classificado como Imóvel de Interesse Municipal.

7.4.3. Património Arqueológico O Regulamento procura estabelecer as normas de atuação para salvaguarda do património arqueológico já reconhecido e que se prevê possa existir na área de intervenção do Plano, assegurando as correspondentes medidas preventivas e de minimização de impacte das obras.

Desta forma, o Plano baseia-se na legislação portuguesa para a preservação e conservação do património cultural, em particular, a Lei de Bases do Património Cultural Português e o Regulamento de Trabalhos Arqueológicos.

As disposições regulamentares do Plano no âmbito do património arqueológico encontram-se fundamentadas nos resultados dos trabalhos arqueológicos desenvolvidos no Núcleo Histórico da Cidade de Serpa.

A área de intervenção do Plano abarca um vasto sítio arqueológico, resultante da sobreposição e justaposição de preexistências, conservadas no subsolo ou incorporadas nas paredes do edificado atual, cujo conjunto possui um elevado valor patrimonial e um significativo potencial cultural e científico.

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No Regulamento são estabelecidas as normas e condicionamentos a observar em sede de processo de licenciamento de qualquer tipo de obra a realizar na área de intervenção do plano estando as mesmas organizadas de acordo com os seguintes temas:

Condicionamentos gerais

Especificações para a realização de trabalhos Arqueológicos

Apoios e Incentivos para a Realização de Trabalhos Arqueológicos

7.5. RUÍDO

A abordagem que se apresenta no presente ponto teve como base o documento “Mapa de Ruído do Plano de Urbanização de Serpa”, elaborado de acordo com os requisitos do Decreto-Lei 9/2007, de 17 de Janeiro, que constitui o Regulamento Geral do Ruído.

No âmbito do desenvolvimento da proposta de ordenamento do Plano de Pormenor, foi efetuada uma análise no sentido de classificar o território como zonas mistas e zonas sensíveis.

O artigo 11.º do Decreto-Lei n.º 9/2007, de 17 de Janeiro estabelece os valores limite de exposição, designadamente:

“a) As zonas mistas não devem ficar expostas a ruído ambiente exterior superior a 65 dB(A), expresso pelo indicador Lden, e superior a 55 dB(A), expresso pelo indicador Ln”.

b) As zonas sensíveis não devem ficar expostas a ruído ambiente exterior superior a 55 dB(A), expresso pelo indicador Lden, e superior a 45 dB(A), expresso pelo indicador Ln; (…)”

Tendo em conta o acima exposto, foram identificadas as zonas mistas e sensíveis a considerar Núcleo Histórico de Serpa, (apresentadas na planta 21256-F3-PP-0021_a):

a) Zona Sensível - corresponde essencialmente às áreas edificadas existentes e propostos, bem como aos espaços de uso especial e espaços verdes;

b) Zona Mista - corresponde a algumas áreas dos espaços de articulação e valorização urbana.

Nas zonas agora delimitadas devem ser respeitados os valores limites de exposição prescritos no Regulamento Geral do Ruído.

7.6. ESTRUTURAÇÃO GERAL E QUALIFICAÇÃO DOS ESPAÇOS

Qualificação do solo

A área de intervenção do Plano encontra-se estruturada em duas grandes zonas:

Zona intramuros – zona histórica situada dentro do perímetro das muralhas, que se encontra;

Zona extramuros – zona histórica situada fora do perímetro das muralhas.

A qualificação do solo da área de intervenção do Plano – Zona Intramuros e Zona Extramuros – processa-se através da definição das seguintes categorias e subcategorias de espaços:

a) Espaços de Uso Central

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Áreas Edificadas

Áreas não Edificadas

b) Espaços de Uso Especial

Áreas de Uso Especial Existentes

Áreas de Uso Especial Previstas

c) Espaços de Articulação e Valorização Urbana

Arruamentos

Espaço Público Urbano

Espaços Públicos – Largos e Praças

d) Espaços Verdes de Equilíbrio Ambiental e Valorização Urbana

Áreas Verdes Necessárias ao Equilíbrio Ambiental

Áreas Verdes de Enquadramento e Valorização

Alinhamentos e Conjuntos Arbóreos

Corredor de Proteção da Linha de Água – Canal de Drenagem

e) Espaços Culturais de Estruturação e Valorização Urbana

Muralhas de Serpa, Revelim e Cauda de Andorinha

As categorias e subcategorias de espaços referidas encontram-se identificadas na Planta de Implantação e são qualificadas em função do seu uso dominante, podendo, assim, coexistir, nas mesmas, outros usos desde que compatíveis.

7.7. UTILIZAÇÃO E OCUPAÇÃO DO SOLO

7.7.1. Espaços Centrais Os espaços centrais compreendem as áreas urbanas que se caracterizam pelo elevado nível de dotação de infraestruturas e concentração de edificações numa malha apertada de quarteirões, compreendendo as seguintes subcategorias:

a) Áreas Edificadas – constituídas pelas áreas das parcelas ocupadas com construções.

b) Áreas não Edificadas – constituídas:

Pelas áreas não ocupadas integradas em quarteirões consolidados, passíveis de licenciamento parcela a parcela;

Pelas áreas não ocupadas integradas em quarteirões não consolidados, com uma dimensão (da parcela, ou do conjunto de parcelas) que justifica o licenciamento através de operações de loteamento;

Por outros espaços abertos e/ou não edificados.

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7.7.2. Espaços de Uso Especial Os espaços de uso especial são constituídos por áreas afetas às instalações existentes e previstas, incluem as áreas ocupadas, ou a ocupar, pelas edificações e os terrenos envolventes afetos às instalações, destinadas à prestação de serviços à conectividade, à prestação de serviços de carácter económico, à prática de atividades culturais, de recreio e lazer e de desporto

Os espaços de uso especial compreendem as seguintes subcategorias.

a) Áreas de Uso Especial Existentes

b) Áreas de Uso Especial Existentes Previstas

A alteração e a ampliação dos edifícios, ou a realização de obras novas, nos espaços de uso especial devem obedecer a um conjunto de disposições que constam no Regulamento.

De entre os espaços de uso especial previsto destacam-se os seguintes:

A criação do Museu do Humor dedicado "ao humor e ao absurdo" que contará com parte do espólio de objetos artísticos deixados pelo artista Sam (Samuel Torres de Carvalho), de forma a compor o acervo do futuro museu que se enquadra na estratégia do município de apostar na cultura e no turismo como motores do desenvolvimento do concelho.

Museu Municipal de Arqueologia de Serpa – que desde 1984, na sequência da atividade desenvolvida pelo núcleo de arqueologia do Centro de Cultura Popular de Serpa, se encontra instalado na antiga casa do governador da Praça, situada na alcáçova do Castelo.

7.7.3. Espaços de Articulação e Valorização Urbana Estes espaços enquadram os Arruamentos, os Espaços Públicos – Largos e Praças e os Espaços públicos urbanos.

Arruamentos

Os arruamentos consistem nos elementos que constituem a base dos espaços públicos sobre os quais foi qualificada a rede viária e identificados os espaços públicos urbanos

Espaços Públicos – Largos e Praças

Os Espaços Públicos – Largos e Praças – compreendem os espaços abertos de articulação e valorização que constituem elementos fundamentais do ambiente urbano que rodeia os residentes e visitantes, quer em termos de imagem, quer em termos da componente relacional da vivência do Núcleo Histórico.

Os Espaços Públicos – Largos e Praças apresentam características estéticas e funcionais distintas, consoante a localização, e o correspondente contexto urbanístico, compreendendo:

a) Na Zona Intramuros – e evidenciando um maior ênfase nas componentes estéticas e de conforto relacionadas com a valorização do espaço e com a estadia e o lazer: a Praça da República; o Largo Dom Jorge de Mello; o Largo dos Santos Próculo e Hilarião (antigo Largo de Santa Maria); o Largo de S. Paulo; e, o Largo dos Condes de Ficalho.

b) Na Zona Exterior às Muralhas – e evidenciando um maior ênfase nas componentes funcionais relacionadas com a circulação e estacionamento automóvel: o Largo do Côrro; os Largos Salvador e 5 de Outubro; o Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio); o Largo da

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Cruz Nova; o Largo da Corredoura; e o Terreiro Humberto Delgado (antigo Terreiro dos Palmas).

Qualquer intervenção nos espaços públicos constituídos pelos Largos e Praças deve ter em consideração as características das faixas marginais, nomeadamente, os alinhamentos existentes, a qualidade arquitetónica dos edifícios, e o contexto urbanístico decorrente da sua localização.

Os projetos de requalificação urbana que vierem a ser desenvolvidos para os espaços públicos constituídos pelos Largos e Praças, dando cumprimento às disposições aplicáveis do regulamento, uma vez aprovados pelo Município, devem ser respeitados como parte integrante do Plano.

Espaços de público urbano

As áreas classificadas como Espaço Público Urbano integram os arruamentos que concorrem para a vivência urbana do Núcleo Histórico conferindo um estatuto de elemento qualificador e unificador do espaço urbano em que se enquadram.

Constituem objetivos dos Espaços Públicos Urbanos, dotar o Núcleo Histórico de uma estrutura de articulação urbana garantido a homogeneidade e uniformização das soluções a adotar para o espaço público.

O regulamento do plano apresenta um conjunto de orientações que devem ser seguidas nas intervenções a realizar nestes espaços e propõe a elaboração de um documento que uniformize as normas para o espaço público urbano no sentido de uniformizar as intervenções a realizar.

7.7.4. Espaços Verdes de Equilíbrio Ambiental e Valorização Urbana Os Espaços Verdes de Equilíbrio Ambiental e Valorização Urbana compreendem as seguintes subcategorias:

a) Áreas Verdes Necessárias ao Equilíbrio Ambiental – constituídas por espaços verdes inseridos no interior dos quarteirões (pequenas quintas antigas, nalguns casos ainda agricultadas, e jardins) de dimensão significativa para a escala do Núcleo Histórico.

b) Áreas Verdes de Enquadramento e Valorização – constituídas pelos espaços de enquadramento e valorização do espaço público e pelos espaços de enquadramento e valorização confinantes com as Muralhas de Serpa.

c) Alinhamentos e Conjuntos Arbóreos – constituídos pelas linhas e conjuntos de árvores implantadas no espaço público (arruamentos, largos e praças) destinados ao ensombramento e valorização, contribuindo, assim, para o equilíbrio ambiental e para o conforto urbano do Núcleo Histórico.

d) Corredor de Proteção da Linha de Água – constituído por uma faixa de terreno de 10 metros de largura, para cada lado da linha de água.

As Áreas Verdes Necessárias ao Equilíbrio Ambiental desempenham as funções de grandes logradouros, pelo que a sua importância determina que se mantenha o uso atual não sendo admitida a edificação, apenas alguns equipamentos de apoio.

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As Áreas Verdes de Enquadramento e Valorização são constituídas:

a) Pelos espaços de valorização do espaço público – arruamentos, largos e praças;

b) Pelos espaços de valorização e proteção das Muralhas de Serpa

As alterações nos espaços de valorização do espaço público – arruamentos, largos e praças não são permitidas sem fundamentação técnica que o justifique, nomeadamente, no âmbito do desenvolvimento de projetos de requalificação do espaço público, expressamente aprovados pelo Município.

Nos espaços de valorização e proteção das Muralhas de Serpa, correspondentes a espaços e logradouros privados, não é permitida a edificação.

Nas Áreas Verdes de Enquadramento e Valorização não são permitidas alterações sem fundamentação técnica que o justifique, nomeadamente, no âmbito do desenvolvimento de projetos de requalificação e valorização, expressamente aprovados pelo Município.

Os Alinhamentos e Conjuntos Arbóreos devem ser mantidos e preservados não sendo permitido o corte de árvores sem fundamentação técnica que o justifique, nomeadamente, no âmbito do desenvolvimento de projetos de requalificação do espaço público expressamente aprovados pelo Município.

O Corredor de Proteção da Linha de Água (vala de drenagem) constitui uma área non edificandi.

7.7.5. Espaço Cultural de Estruturação e Valorização Urbana – Muralhas de Serpa O Espaço Cultural de Estruturação e Valorização Urbana integra as Muralhas de Serpa, o Revelim e a Cauda de Andorinha que constituem elementos de referência urbana notáveis do Núcleo Histórico, quer pela sua monumentalidade, quer pelo seu valor patrimonial, quer, ainda, pela sua função de estruturação urbana e de definição da imagem do Núcleo Histórico.

À importância das Muralhas de Serpa como valor histórico-cultural, e ao seu impacto cénico, associam-se vários projetos de conservação e recuperação – plano de recuperação das Muralhas, consolidação e valorização do Caminho de Ronda das Muralhas, entre outros, que se encontram em curso por iniciativa do Município e de outras entidades públicas competentes – de cuja concretização resultará um importante valor acrescentado para o património da Região, e do País, e um reforço do seu potencial de fruição cultural pela população (residentes, visitantes) e turistas.

As Muralhas de Serpa encontram-se classificadas com Monumento Nacional (Decreto n.º 39521, DG 21, de 30 de Janeiro de 1954), sendo este estatuto que determina o quadro de condicionamentos que devem ser considerados em qualquer intervenção na sua estrutura.

7.8. INTERVENÇÃO NO EDIFICADO

7.8.1. Conceito Global e Objetivos de Intervenção no Edificado Conceito de Regeneração Urbana

Os objetivos do Plano para a intervenção no edificado do Núcleo Histórico de Serpa assentam no conceito de regeneração urbana, entendido este como um quadro operativo global de renovação, reestruturação ou reabilitação urbana, orientado por estratégias de desenvolvimento urbano, em

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que as ações de natureza material são concebidas de forma integrada e ativamente combinadas, na sua execução, com intervenções de natureza social e económica.

Objetivos de Regeneração Urbana

Os objetivos de regeneração urbana para a intervenção no edificado são, de acordo com o conceito de referência referido, os seguintes:

a) Conciliar a preservação e salvaguarda das características arquitetónicas dos edifícios com a melhoria das condições de habitabilidade.

b) Conciliar a preservação e salvaguarda das características arquitetónicas dos edifícios com a melhoria das condições de acolhimento das atividades económicas – nomeadamente, as relacionadas com comércio e serviços, restauração e bebidas, e unidades hoteleiras.

c) Aliar os conceitos de salvaguarda e (re)qualificação do património cultural construído, aos novos conceitos contemporâneos de integração por contraste – conjugando materiais e técnicas antigas com novos materiais e tecnologias –, dotando os edifícios de elevados níveis de qualidade arquitetónica, e estrutural, e de elevados padrões de conforto e eficiência energética.

d) Aplicar, na prática de projeto – arquitetura e especialidades –, os princípios de arquitetura bio climática e de construção sustentável.

e) Respeitar as contribuições das várias épocas, em presença nos edifícios, nas obras de restauro, ou reabilitação, sem preocupações de unidades de estilo.

7.8.2. Valor Arquitetónico e Condicionamentos de Intervenção no Edificado Valor Arquitetónico dos Edifícios

A qualificação do edificado decorre da atribuição de um valor arquitetónico a todas as edificações, da área de intervenção do Plano, de acordo com as seguintes categorias:

a) Imóvel Notável – edifício de valor arquitetónico elevado ou classificado, com carácter de exceção (associado à sua época de construção ou à sua evolução histórica) e com importância funcional e simbólica; edifícios significativos, enquanto expressão arquitetónica de uma época e, ou, uma atitude de construir, erudita ou popular, com traças que apresentam características de homogeneidade e coerência formal e material.

b) Imóvel de Acompanhamento – edifício que isoladamente não apresenta grande interesse arquitetónico, mas que, em conjunto com outros imóveis, evidencia aspetos qualitativos da arquitetura local; edifícios que, na sua expressão geral, são consonantes com a envolvente, acompanhando, ou qualificando a imagem dos espaços urbanos ou imóveis de valor arquitetónico mais relevante.

c) Imóvel Dissonante – edifício que, pela sua escala e vocabulário arquitetónico, não constitui exemplo de qualidade individual, nem contribui para a valorização do conjunto em que se insere, ou que contrasta de forma negativa com o conjunto em que se insere, ao nível da forma e, ou, dos materiais utilizados, da volumetria e dos alinhamentos.

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Condicionamentos das Intervenções no Edificado

A cada uma das categorias referidas corresponde um quadro diferenciado de condicionamentos das intervenções, designadamente:

a) Nos Imóveis Notáveis só são autorizadas obras de conservação, restauro e reabilitação com preservação das suas características históricas, arquitetónicas e materiais, nomeadamente, a estrutura, o volume, a escala, os materiais, a cor e os elementos decorativos.

b) Nos Imóveis de Acompanhamento são autorizadas obras de conservação, restauro, reabilitação, alteração e ampliação, desde que não comprometam as características arquitetónicas e materiais pré-existentes, a integração no conjunto edificado em que se inserem e a relação com a envolvente, nomeadamente, a escala, os materiais, a cor e os elementos decorativos.

c) Nos Imóveis dissonantes são autorizadas obras de alteração, ampliação e de demolição parcial ou total.

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8. SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA – SIG

8.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Para tornar a análise e propostas de intervenção da área do Núcleo Histórico mais eficiente torna-se imprescindível a utilização de uma base de informação geográfica.

O SIG elaborado permite a inter-relação dos diferentes tipos de dados criados tendo em vista a gestão urbanística da área de intervenção.

De seguida descreve-se a importância do SIG, bem como a base de dados associada.

8.2. A IMPORTÂNCIA DO SIG

Os Sistemas de Informação Geográfica apresentam-se como a ferramenta que permite a espacialização da informação alfanumérica e/ou gráfica constante em um ou vários repositórios. Assume-se no presente modelo relacional como complemento espacial á base de dados. Possibilitando uma aproximação à conceptualização da problemática muito próxima da que é dada pela abordagem ”oriented-object”.

As bases de dados, do tipo relacional, são representadas por conjuntos de tabelas relacionais, que do ponto de vista do desenho apresentam uma estrutura simples e que possibilitam ao contrário de outras, associações do tipo muitos para muitos. No presente caso, o principal objetivo do SIG é a complementaridade e apoio à avaliação, análise e perceção de cada um dos ativos imobiliários, bem como da situação particular de cada um face ao contexto da envolvente.

O SIG possibilitará a operacionalização de ações e operações lógicas de cariz geográfico e ou alfanumérico, através do cruzamento de dados, a perspetivação de novas relações entre variáveis, a criação de abstrações digitais da paisagem, bem como a elaboração de cartas de situação atual e ou de situação prospetiva, de fácil perceção e interpretação.

Dispondo da base de dados geográfica atualizada, o SIG permite um acompanhamento visual da realidade presente. A facilidade de manuseamento e atualização deverá ser efetuada viabilizando a atividade de monitorização das diferentes áreas de intervenção, constituindo-se como instrumento essencial do modelo de gestão do Plano.

Em suma, a implementação do SIG permitirá identificar e cartografar os diferentes imóveis, elementos patrimoniais e espaços, servindo de apoio às intervenções propostas.

8.3. BASE DE DADOS E CARTOGRAFIA DE BASE

As bases de dados são conjuntos de registos dispostos em estrutura regular que possibilita a reorganização dos mesmos e produção de informação.

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O modelo de dados mais adotado hoje em dia é o modelo relacional, onde as estruturas têm a forma de tabelas, compostas por linhas e colunas, o que permite aos utilizadores realizarem consultas (queries), reorganizando e utilizando os dados de forma flexível. Esta flexibilidade é especialmente importante em bases de dados que podem ser utilizadas durante significativos períodos de tempo.

A base de dados do presente Plano integra os dados e informação resultante em grande parte do levantamento de campo (executado nos meses de Julho e Agosto de 2007) de todas as construções, incluídas na área de intervenção do Plano de Pormenor, que abrange uma área de 51,2 hectares e que totaliza 1387 construções. Este levantamento, base essencial ao nível do edificado, foi incorporado no SIG, existindo a seguinte informação para cada edifício:

quarteirão

referência edifício

freguesia

localização/ morada

número policia

número pisos

utilização R/C

utilização outros pisos

usos

número fogos

estado conservação fachada

estado conservação coberturas

materiais dominantes na fachada

cor da fachada

cobertura

chaminés

elementos singulares

elementos dissonantes

época de construção

qualificação arquitetónica

observações

alçado

fotografia

Como cartografia de base foi utilizado o Modelo Numérico Topo-Cartográfico (MNTC) homologado a 24-05-2010

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9. PROGRAMA DE EXECUÇÃO

9.1. INTRODUÇÃO

No presente capítulo é apresentado o Programa de Execução enquadrando as intervenções consideradas prioritárias a desenvolver associadas à implementação do Plano.

Desta forma, as intervenções são apresentadas sob a forma de Quadro sendo posteriormente descritas de forma mais detalhada. Por fim, e por forma a avaliar as fontes de financiamento disponíveis é feita uma descrição das mesmas.

9.2. APRESENTAÇÃO DAS INTERVENÇÕES

O Quadro-Resumo do Plano de Pormenor, apresentado de seguida, tem por objetivo apresentar de uma forma sintética e unificada uma visão global das intervenções e projetos.

O Quadro-Resumo do Plano de Pormenor oferece portanto uma visualização agregada que contém:

A identificação da intervenção/projeto inserida no Plano;

A identificação da entidade promotora;

Valor estimado, de adjudicação ou final da intervenção;

Tendo em consideração as intervenções/projetos, a sua tipologia, os seus promotores e os diversos graus de relevância assim se pode proceder à sua segmentação.

Neste contexto, essa segmentação contempla:

Uma área de agregação das intervenções prioritárias, emblemáticas ou estruturantes da imagem da cidade;

Uma área que engloba os projetos de requalificação do espaço público urbano;

Uma área relativa às intervenções na reabilitação urbana

Outras intervenções

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Programa de Execução – Quadro Resumo

Projetos Promotor Valor (Euros)

PROJECTOS PRIORITÁRIOS

Museu do Humor

Projeto global C.M.S. 132.882

Museu Municipal de Arqueologia de Serpa

Projeto Global (empreitadas, restauro, equipamento e mobiliário)

C.M.S.

1.535.000

Núcleo do Castelo 1.187.054

Recuperação Núcleo da Alcáçova 600.000

Museografia 200.000

Fiscalização 52.500

Núcleo da Barbacã 140.000

Construção n.d

Museografia n.d

REQUALIFICAÇÃO DO ESPAÇO PÚBLICO URBANO

Largo de S. Paulo (1.770m2) C.M.S. 177.000

Largo do Conde de Ficalho (2.300m2) C.M.S. 230.000

Largo 25 de Abril (antigo Largo do Rossio) (3.390m2) C.M.S. 319.000

Largo da Nossa Srª dos Remédios (1.600m2) C.M.S. 160.000

Largo da Cruz Nova (950m2) C.M.S. 95.000

Projeto com vista à definição das regras e normas para as intervenções no espaço Público Urbano C.M.S.

QUARTEIRÃO PRIORITÁRIO PARA EFEITOS DE REABILITAÇÃO

Eco Quartier - Quarteirão 33

C.M.S.

7.771.000

Demolição dos edifícios (m3) 1.000

Reabilitação do edificado e ampliação (m2) 7.770.000

OUTRAS INTERVENÇÕES

Roteiros do Património Defensivo e Religioso (infraestruturação dos circuitos, conceção de painéis e sinalética) C.M.S. n.d

Ações de Salvaguarda e Valorização do Património Arqueológico Urbano C.M.S. n.d

Reconversão parcial do Jardim do Palácio do Conde de Ficalho em Jardim de uso diurno

C.M.S. / Privado 300.000

Sinalização viária C.M.S. 300.001

Sinalética temática, mobiliário e arte urbana C.M.S. 750.000

Reabilitação da rede de abastecimento C.M.S. n.d

Reabilitação da rede de águas pluviais C.M.S. n.d

Reabilitação da rede de saneamento C.M.S. n.d

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9.3. DESCRIÇÃO DAS INTERVENÇÕES

Reabilitação e Ampliação do Museu Municipal de Arqueologia de Serpa

A reabilitação e ampliação do Museu, atualmente a funcionar na antiga casa do Governador, no interior do Castelo Velho de Serpa, baseia-se na ideia de converter o museu num polo centralizador e dinamizador da política museológica concelhia, e de o modernizar e valorizar enquanto equipamento cultural atrativo para a população local e turistas.

A implementação do Programa Museológico Preliminar do Município contempla a aquisição de um conjunto de imóveis contíguos ao Castelo Velho, em articulação com a recuperação das estruturas monumentais envolventes, designadamente, Castelo Velho, antiga Barbacã, cintura de muralhas e Revelim.

As orientações para a execução desta ação são as seguintes:

a) Conclusão do processo de aquisição dos imóveis necessários à implementação do Programa Museológico.

b) Elaboração dos Projetos de Reabilitação e Ampliação do Museu Arqueológico.

c) Reabilitação dos imóveis inseridos no quarteirão 22 que se encontram em mau estado de conservação ou ruína.

d) Notificação dos proprietários dos edifícios do quarteirão 22 que possuam elementos dissonantes, tendo em vista a sua correção.

e) Demolição das construções anexas nos logradouros sempre que se justifique por razões de salubridade, e valorização do conjunto urbano.

Requalificação do Espaço Público Urbano

Esta ação enquadra a Reabilitação de Largos e Praças a concretizar através de um conjunto de orientações a enquadrar nos projetos de reabilitação dos largos e praças apresentadas no Regulamento do Plano, bem como a definição de um Projeto com vista à definição das regras e normas para as intervenções no Espaço Público Urbano.

Quarteirão prioritário para efeitos de reabilitação

Nesta ação enquadra-se a Reabilitação do ECOQUARTIER – Quarteirão 33. Com esta reabilitação pretende-se, de acordo com o conceito global e com os objetivos de Regeneração Urbana definidos para a intervenção no edificado, desenvolver um projeto-piloto, com um ambicioso carácter inovador, num conjunto urbano devoluto localizado na Zona Intramuros do Núcleo Histórico de Serpa – Quarteirão 33.

O Projeto de Reabilitação do ECOQUARTIER deve ser desenvolvido de acordo com as seguintes objetivos específicos:

a) Integração de tecnologias contemporâneas e de conhecimento técnico-científico de vanguarda, visando explorar os recursos locais para a redução significativa do consumo de energia nos edifícios existentes no quarteirão e, simultaneamente, reduzir os impactos ambientais associados aos materiais de construção.

b) Utilização de recursos locais, contribuindo de forma positiva para o desenvolvimento da economia local e regional.

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c) Programação de um novo modelo construtivo de uso habitacional, bem como de outros (sociocultural, turístico, serviços ou comércio) que contribuam para a regeneração da área urbana em que o quarteirão se insere.

d) Utilização de materiais e tecnologias que assegurem a sustentabilidade construtiva e eficiência energética com recurso a materiais e sistemas construtivos tradicionais, contemporâneos e inovadores.

e) Monitorização de vários projetos na área da construção sustentável e energias renováveis colocando a investigação ao serviço da sociedade, da economia, do desenvolvimento local e regional, através da capacitação do sector da arquitetura, da engenharia e das tecnologias da construção.

Outras intervenções

Neste grupo foram inseridas intervenções de diversos âmbitos associadas a:

Reconversão parcial do Jardim do Palácio do Conde de Ficalho em Jardim de uso diurno;

Sinalização viária;

Sinalética temática, mobiliário e arte urbana;

Reabilitação da rede de abastecimento;

Reabilitação da rede de águas pluviais;

Reabilitação da rede de saneamento.

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10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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OLIVEIRA, E.P. (1985) – Bibliografia Arqueológica Portuguesa (1970-1979). Lisboa: Instituto Português do Património Cultural.

OLIVEIRA, E.P. (1993) – Bibliografia Arqueológica Portuguesa (Séc. XVI-1934). Lisboa: Instituto Português do Património Arquitetónico e Arqueológico.

PIRES, Armelim da Maia; VIEIRA, Maria João; OLIVEIRA, Maria Manuel & BRANCO, Segismundo de Castelo (1993) – Proposta de classificação do núcleo intra-muralhas da vila de Serpa. Câmara Municipal de Serpa.

QUINTELA, A. C.; CARDOSO, J. L.; MASCARENHAS, J. M. (1986) – “Barragens Romanas do Distrito de Beja – Contribuição Para a Sua Inventariação e Caracterização”. 1º Encontro de Arqueologia da Região de Beja, 17-18-19 Janeiro 1986. Arquivo de Beja. Vol. 3. II Série. Beja: Câmara Municipal de Beja.

REIS, M. Pinto (2001) - Análise paleobiológica de uma amostra de esqueletos exumados da necrópole do Loteamento da Zona Poente de Serpa, Relatório de Investigação, D. A. U. C., Coimbra.

REGO, Miguel (coord., 1996) – Mineração no Baixo Alentejo. Câmara Municipal de Castro Verde.

SANTOS, Heloísa Valente dos (2001) – Relatório preliminar da sondagem arqueológica no Largo Condes de Ficalho, s/n – Serpa. Archeoestudos. Exemplar Policopiado.

SEQUEIRA, Gustavo de Matos (1955) – Inventário Artístico de Portugal. vol. V. Lisboa.

SERRA, Miguel (2012) – “Intervenção de salvaguarda na necrópole de Época Moderna de São Salvador, Serpa”, Al-Madan, II S., vol. 17, t. 1, Almada, Centro de Arqueologia de Almada, p. 173-176.

SERRA, Miguel e ANTUNES, Dário (2009) – Construção de prédio urbano de uso misto no gaveto da Rua [d]o Calvário com o Largo 5 de Outubro, Serpa. Relatório final dos trabalhos arqueológicos de 2009. Inédito.

SILVA, António J. M. (s.d. a)- Estudo do espólio cerâmico proveniente da necrópole medieval do Loteamento da Zona Poente de Serpa, trabalho apresentado ao Mestrado em Arqueologia Romana da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Inédito.

SILVA, António J. M. (s.d. b) - Estudo do espólio metálico proveniente da necrópole medieval do Loteamento da Zona Poente de Serpa, trabalho apresentado ao Mestrado em Arqueologia Romana da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Inédito.

SILVA, António (1998) – Relatório dos trabalhos de escavação arqueológica efetuados na necrópole alto-medieval do Loteamento da Zona Poente de Serpa.

SILVA, António (2000) – Relatório da segunda campanha de trabalhos de escavação arqueológica efetuados na necrópole alto-medieval do Loteamento da Zona Poente de Serpa.

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SILVA, C. (2000) - Mortui Vivos Docent! – Estudo antropológico de uma amostra da necrópole do Loteamento da Zona Poente de Serpa, Relatório de Investigação, D. A. U. C., Coimbra. Inédito.

SOARES, António Manuel Monge (1984) – “Serpa”. Informação Arqueológica [1981]. Vol. 4. Lisboa: IPPC, 49.

SOARES, António Manuel Monge (1985) – Projeto de investigação O Castelo de Serpa. Relatório 1985. Edição policopiada.

SOARES, António Manuel Monge (1986) – “Castelo de Serpa”. Informação Arqueológica [1985]. Vol. 7. Lisboa: IPPC, 19.

SOARES, António Manuel Monge & BRAGA, José M. Rodrigues (1986) – “Balanço provisório da intervenção arqueológica já realizada no Castelo de Serpa”. Arquivo de Beja. 1º Encontro de Arqueologia da Região de Beja, 17-19 de Janeiro de 1986. Beja. 2ª série: 3, p. 167-198.

VIANA, Abel (1947) – “Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo” (1947). Arquivo de Beja. Beja. 4: 1-2, p. 3-39.

VIANA, Abel (1947) – “Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo” (1947). Arquivo de Beja. Beja. 7: 1-2, p. 3-23.

VIANA, Abel (1950) – “Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo. Serpa” (1947). Arquivo de Beja. Beja. 7: 1-2, p. 3-23.

VIANA, Abel (1958) – “Notas históricas, arqueológicas e etnográficas do Baixo Alentejo”. Arquivo de Beja. Beja. 15:1-4, p. 3-56.

VIANA, Abel (1970) – “Nova lápide visigótica dos arredores de Beja”. Atas e Memórias do 1º Congresso Nacional de Arqueologia, Lisboa, 1958. Lisboa: Instituto de Alta Cultura, vol.2, p. 233-237.

VIANA, Abel; ZBYSZEWSKI, Georges (1952) – “Paleolítico dos arredores de Beja”. Comunicações dos Serviços Geológicos de Portugal. Lisboa. 33, p. 99-153.

Estudos planos e projetos

CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA – Plano Director Municipal de Lisboa. Regulamento, Anexos e Plantas. www.cm-lisboa.pt.

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA – Projeto de Regulamento Municipal de Apoio à Reabilitação da Habitação no Concelho de Serpa.

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA & TEKTON (1994/5) – Plano Director Municipal de Lisboa. Projeto de Plano e Regulamento.

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA; GABINETE TÉCNICO LOCAL DE SERPA & COMISSÃO DE COORDENAÇÃO DA REGIÃO DO ALENTEJO – Plano de Reabilitação Urbana Núcleo Histórico Serpa.

CÂMARA MUNICIPAL DE SERPA – Projeto Plano de Reabilitação Urbana Núcleo Histórico de Serpa.

DGEMN/DRML (2006) – Reabilitação e Ampliação do Museu de Arqueologia de Serpa – Estudo Prévio.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Páginas web

http://www.cm-lisboa.pt/

http://www.cm-serpa.pt/

http://www.ipa.min-cultura.pt/

http://www.ippar.pt/pls/dippar/patrim_pesquisa/

http://www.monumentos.pt/

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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ANEXO

PROPOSTA DE INVENTÁRIO DO PATRIMÓNIO DO NÚCLEO HISTÓRICO DA CIDADE DE SERPA

Lista de testemunhos históricos e arqueológicos

Sistema defensivo medieval islâmico

Nº de inventário – 1

Designação – Muralha de Taipa

Localização geográfica – 047058,32 / -191261,77

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval-Islâmico

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2

Designação – Muralha de Taipa incorporada na Torre da Horta

Localização geográfica – 047094,61 / -191232,10

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval-Islâmico

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Nº de inventário – 3

Designação – Torreão Circular de Taipa

Localização geográfica – 047069,39 / -191254,87

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torreão/Muralha

Cronologia – Medieval-Islâmico

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 4

Designação – Possível Torreão Circular da Fortificação Islâmica

Localização geográfica – 047044,26 / -191267,64

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torreão/Muralha

Cronologia – Medieval-Islâmico

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S. .

Sistema defensivo medieval pós-Reconquista

Nº de inventário – 2

Designação – Torre da Horta

Localização geográfica – 047044,26 / -191267,64

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 5

Designação – Localização aproximada das Portas do Sol

Localização geográfica – 047012,10 / -191283,35

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Portas da Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 6

Designação – Localização aproximada da Muralha de Reconquista

Localização geográfica – 047019,00 / -191294,41

Localização administrativa – Santa Maria, Largo Dom Jorge de Melo

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 7

Designação – Cerca Urbana Medieval

Localização geográfica – 047088,39 / -191255,05

Localização administrativa – Santa Maria, Rua da Barbacã

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 8

Designação – Torre do Relógio

Localização geográfica – 047025,10 / -191284,47

Localização administrativa – Santa Maria, Largo Dom Jorge de Melo

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 9

Designação – Torre da Igreja de Santa Maria

Localização geográfica – 047044,26 / -191267,64

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Imóvel de Interesse Público (Igreja de Santa Maria), Decreto 29/84, DR 145, de 25-06-1984

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Imóvel de Interesse Público (Igreja de Santa Maria), Decreto 29/84, DR 145, de 25-06-1984

Nº de inventário – 10

Designação – Cerca Urbana Dionisina

Localização geográfica – 047133,89 / -191202,46

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 11

Designação – Entrada na Cerca Urbana Dionisina este

Localização geográfica – 047104,96 / -191194,19

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 12

Designação – Entrada na Cerca Urbana Dionisina oeste

Localização geográfica – 046877,12 / -191277,09

Localização administrativa – Santa Maria, Rua das Varandas

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Portas

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 13

Designação – Portas Falsas

Localização geográfica – 047056,76 / -191214,74

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Porta da Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Nº de inventário – 14

Designação – Entrada na Alcáçova

Localização geográfica – 047063,68 / -191222,81

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 15

Designação – Barbacã da Alcáçova

Localização geográfica – 047055,87 / -191202,73

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Barbacã

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 16

Designação – Guarita escavada na Torre de Taipa

Localização geográfica – 047089,60 / -191232,05

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 17

Designação – Corredor em Cotovelo

Localização geográfica – 047087,58 / -191234,03

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 18

Designação – Cisterna

Localização geográfica – 047080,71 / -191219,97

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia –Cisterna

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 19

Designação – Casa do Governador

Localização geográfica – 047077,66 / -191225,94

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Casa

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 20

Designação – Edifício Térreos de apoio à Casa do Governador

Localização geográfica – 047061,85 / -191204,79

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Casa

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 21

Designação – Torre de Menagem

Localização geográfica – 047051,66 / -191224,70

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

Nº de inventário – 22

Designação – Elementos derrubados da Torre de Menagem

Localização geográfica – 047037,59 / -191231,57

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 23

Designação – Elementos derrubados dos Torreões Norte da Alcáçova

Localização geográfica – 047068,15 / -191172,84

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torre

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção _ integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 24

Designação – Prováveis Vestígios da Barbacã e da Cerca Urbana

Localização geográfica – 046862,68 / -191323,97

Localização administrativa – Santa Maria, Rua dos Arcos

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 25

Designação – Torreão do Pano de Muralha Oeste da Cerca Urbana

Localização geográfica – 046887,19 / -191270,18

Localização administrativa – Santa Maria, Rua das Varandas

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torreão

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Sistema defensivo abaluartado

Nº de inventário – 26

Designação – Revelim

Localização geográfica – 047112,83 / -191208,26

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Século XVII

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 27

Designação – Cauda de Andorinha

Localização geográfica – 047169,20 / -191492,87

Localização administrativa – Salvador, Rua dos Quartéis

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Século XVII

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Sistema defensivo e estruturas de Época Moderna

Nº de inventário – 28

Designação – Muralha Manuelina

Localização geográfica – 047091,38 / -191256,08

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Século XVI

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 29

Designação – Construções de Época Moderna

Localização geográfica – 047070,55 / -191236,88

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia –Construções

Cronologia – Moderno

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Testemunhos de Engenharia Hidráulica

Nº de inventário – 30

Designação – Nora

Localização geográfica – 046853,16 / -191379,89

Localização administrativa – Santa Maria, Rua dos Arcos

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Nora

Cronologia – Século XVII

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 31

Designação – Aqueduto

Localização geográfica – 046861,29 / -191365,97

Localização administrativa – Santa Maria, Rua dos Arcos

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Aqueduto

Cronologia – Século XVII

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Necrópoles e Vestígios Funerários

Nº de inventário – 32

Designação – Necrópole da Zona Poente

Localização geográfica – 046609,08 / -191058,53

Localização administrativa – Santa Maria, Rua Boa Vista

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Necrópole

Cronologia – Alta Idade Média

Proteção – Inventariado

Nº de inventário – 33

Designação – Largo 5 de Outubro – Estela de Sepultura

Localização geográfica – 047231,32 / -191481,45

Localização administrativa – Salvador, Largo 5 de Outubro

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Estela Funerária

Cronologia – Medieval

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 34

Designação – Largo 5 de Outubro – Sepulturas

Localização geográfica – 047216,15 / -191499,31

Localização administrativa – Salvador, Largo 5 de Outubro

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Necrópole

Cronologia – Medieval e Moderno

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 35

Designação – Necrópole da Igreja do Salvador

Localização geográfica – 047233,86 / -191531,48

Localização administrativa – Salvador, Largo do Salvador

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Necrópole

Cronologia – Medieval e Moderno

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 36

Designação – Necrópole da Igreja de Santa Maria

Localização geográfica – 047046,48 / -191243,65

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Necrópole

Cronologia – Medieval e Moderno

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Vestígios de Cronologia Extensa

Nº de inventário – 37 / 37a

Designação – Rua das Varandas

Localização geográfica – 046936,08 / -191176,61 e 046890,54 / -191232,20

Localização administrativa – Santa Maria, Rua das Varandas

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Idade do Ferro, Romano, Medieval-Cristão

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 38

Designação – Restaurante Zens

Localização geográfica – 046997,09 /-191177,18

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Condes de Ficalho

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Idade do Ferro, Romano, Medieval-Cristão

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 39 / 39a

Designação – Castelo – Serpa I

Localização geográfica – 047086,58 / -191235,03 e 047105,46 / -191248,21

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Habitat, Necrópole, Calçada, Vestígios diversos

Cronologia – Calcolítico, Idade do Bronze, Idade do Ferro, Romano, Medieval-Islâmico, Medieval-Cristão, Moderno/Contemporâneo

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 40

Designação – Ladeira do Amaral

Localização geográfica – 046964,01 / -191291,90

Localização administrativa – Santa Maria, Ladeira do Amaral

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Moderno/Contemporâneo

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 41

Designação – Hospital de Serpa

Localização geográfica – 047214,21 / -191278,23

Localização administrativa – Salvador, Largo de São Paulo

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios Diversos

Cronologia – Medieval-Islâmico

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 42

Designação – Rua Roque da Costa

Localização geográfica – 047176,71 / -191330,89

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Moderno/Contemporâneo

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 43

Designação – Travessa do Serra

Localização geográfica – 047144,16 / -191281,58

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador, Travessa do Serra

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Moderno/Contemporâneo

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 44

Designação – Rua Frei Bento

Localização geográfica – 047014,77 / -191212,35

Localização administrativa – Santa Maria, Rua Frei Bento

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Medieval-Islâmico, Moderno/Contemporâneo

Proteção – integrada no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

Nº de inventário – 45

Designação – Avenida da Paz - Serpa II

Localização geográfica – 046688,70 / -191745,47

Localização administrativa – Salvador, Avenida da Paz

Categoria – Arqueológico

Tipologia – Vestígios diversos

Cronologia – Romano

Proteção – Inventariado

Reconstituição de Elementos Representados nos Desenhos de Duarte de Armas (1509)

Nº de inventário – 15

Designação – Barbacã da Alcáçova

Localização geográfica – 047055,87 / -191202,73

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Barbacã

Cronologia – Medieval pós-reconquista

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 46

Designação – Torreões Norte da Alcáçova

Localização geográfica – 047082,04 / -191184,97

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torreões

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Nº de inventário – 47

Designação – Torreão Este da Alcáçova

Localização geográfica – 047107,91 / -191200,21

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Barbacã

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Nº de inventário – 48

Designação – Compartimentos dos Edifícios Térreos da Alcáçova

Localização geográfica – 047073,99 / -191189,90

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Nº de inventário – 49

Designação – Fosso

Localização geográfica – 046853,46 / -191347,89

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Fosso

Cronologia – Medieval pós-reconquista

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Nº de inventário – 50

Designação – Barbacã da Cerca Urbana Dionisina

Localização geográfica – 046865,91 / -191299,99

Localização administrativa – Santa Maria, Rua das Varandas

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Barbacã

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Nº de inventário – 51

Designação – Entrada da Cerca Urbana Dionisina sul

Localização geográfica – 046860,95 / -191402,97

Localização administrativa – Santa Maria, Rua dos Lagares

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Muralha

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Nº de inventário – 52

Designação – Torreão norte da Cerca Urbana Dionisina

Localização geográfica – 046963,47 / -191134,85

Localização administrativa – Santa Maria

Categoria – Arquitetónico / Arqueológico

Tipologia – Torreão

Cronologia – Medieval pós-reconquista

Lista de Imóveis e Conjuntos Edificados

Nº de inventário – 2.1

Designação – Muralhas de Serpa

Localização geográfica – 046898,76 / -191271,26

Localização administrativa – Salvador

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura militar, Castelo

Cronologia – séculos IX a XVIII

Proteção – Monumento Nacional, Decreto nº 39 521, DG 21 de 30 de Janeiro de 1954

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 2.2

Designação – Palácio dos Condes de Ficalho e Jardim

Localização geográfica – 046940,96 / -191181,68

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Condes de Ficalho

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, residencial; Jardim islâmico, barroco, com soluções maneiristas

Cronologia – Moderno, século XVII, construção sobre estruturas medievais

Proteção – Monumento Nacional (Decreto n.º 6/2007 de 20 de Abril de 2007)

Nº de inventário – 2.3

Designação – Núcleo Intramuros

Localização geográfica – 047065,00 / -191300,00 (ponto mediano)

Localização administrativa – Santa Maria e Salvador

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura militar e civil

Cronologia – Calcolítico até Época Contemporânea

Proteção – Conjunto de Interesse Público (Portaria n.º574/2011 de 06 de Junho de 2011)

Nº de inventário – 2.4

Designação – Igreja de Santa Maria

Localização geográfica – 047068,91 / -191232,39

Localização administrativa – Santa Maria, Largo de Santa Maria

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, gótica, maneirista

Cronologia – Medieval, século XIV / Moderno, século XVII

Proteção – Imóvel de Interesse Público, Decreto 29/84, DR 145, de 25-06-1984

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Nº de inventário – 2.5

Designação – Casa de Habitação na Travessa do Serra, nº 2

Localização geográfica – 047138,35 / -191335,94

Localização administrativa – Salvador, Travessa do Serra, nº 2

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, residencial

Cronologia – Moderno / Contemporâneo

Proteção – Imóvel de Interesse Municipal

Nº de inventário – 2.6

Designação – Casa de Habitação no Largo da Corredoura, nº 10

Localização geográfica – 046988,35 / -191449,77

Localização administrativa – Salvador, Largo da Corredoura, nº 10

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, residencial

Cronologia – Moderno / Contemporâneo

Proteção – Imóvel de Interesse Municipal

Nº de inventário – 2.7

Designação – Casa de Habitação na Rua dos Lagares, nº 39

Localização geográfica – 046832,46 / -191410,81

Localização administrativa – Salvador, Rua dos Lagares, nº 39

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, residencial

Cronologia – Moderno / Contemporâneo

Proteção – Imóvel de Interesse Municipal

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 2.8

Designação – Igreja de São Salvador

Localização geográfica – 047287,08 / -191533,66

Localização administrativa – Salvador, Largo do Salvador

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, barroca, maneirista, rococó

Cronologia – séculos XVI, XVII, XVIII e XIX

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.9

Designação – Igreja de Nossa Senhora dos Remédios

Localização geográfica – 047173,24 / -191017,26

Localização administrativa – Santa Maria, Largo de Nossa Senhora dos Remédios

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, maneirista

Cronologia – séculos XVII e XIX

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.10

Designação – Capela de Calvário

Localização geográfica – 047222,08 / -191501,11

Localização administrativa – Salvador, Rua do Calvário

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, barroca, popular

Cronologia – Moderno, século XVII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

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Nº de inventário – 2.11

Designação – Igreja e Convento de São Paulo

Localização geográfica – 047233,78 / -191224,44

Localização administrativa – Salvador, Largo de São Paulo

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, chã, barroca, rococó

Cronologia – Moderno, século XVII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.12

Designação – Cruz Nova

Localização geográfica – 047427,00 / -191693,23

Localização administrativa – Salvador, Largo da Cruz Nova

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, maneirista

Cronologia – Moderno, século XVII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.13

Designação – Chafariz do Salvador

Localização geográfica – 047237,34 / -191534,88

Localização administrativa – Salvador, Largo do Salvador

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, eclética, utilitária

Cronologia – Moderno, século XVII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 2.14

Designação – Oratório da R. de São Roque

Localização geográfica – 047315,64 / -191612,93

Localização administrativa – Salvador, Rua de São Roque, nº 40

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, barroca, popular, vernácula

Cronologia – Moderno, século XVIII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.15

Designação – Antigo Mercado / Museu Etnográfico

Localização geográfica – 047247,55 / -191304,02

Localização administrativa – Salvador, Largo do Côrro

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, utilitária

Cronologia – Moderno, século XIX

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.16

Designação – Torre do Relógio

Localização geográfica – 047035,03 / -191276,12

Localização administrativa – Santa Maria, Largo dos Santos Próculo e Hilarião (dito Largo de Santa Maria)

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura militar e civil, gótica e manuelina

Cronologia – século XIV e XVI

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S

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Nº de inventário – 2.17

Designação – Santuário

Localização geográfica – 047135,43 / -191243,57

Localização administrativa – Santa Maria, Rua da Cadeia Velha

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, neoclássica

Cronologia – século XVIII/XIX

Proteção _ incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.18

Designação – Igreja da Misericórdia

Localização geográfica – 046934,123 / -191360,68

Localização administrativa – Santa Maria, Rua de Nossa Senhora, nº 14

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, gótica, manuelina, barroca, maneirista, neoclássica

Cronologia – Moderno, século XV

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.19

Designação – Chafariz da Rua Serpa Pinto

Localização geográfica – 047247,01 / -191031,81

Localização administrativa – Santa Maria, Rua Serpa Pinto

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, eclética, utilitária

Cronologia – Moderno, século XIX

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Nº de inventário – 2.20

Designação – Chafariz do Largo do Côrro

Localização geográfica – 047269,97 / -191331,24

Localização administrativa – Santa Maria, Largo do Côrro

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, eclética, utilitária

Cronologia – Moderno, século XIX

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.21

Designação – Oratório das Portas de Beja

Localização geográfica – 046899,25 / -191300,74

Localização administrativa – Santa Maria, Rua das Portas de Beja

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, barroca, popular, vernácula

Cronologia – Moderno, século XVIII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.22

Designação – Antigo Celeiro Comum / Antigo Banco Rural / Restaurante Alentejano

Localização geográfica – 047097,34 / -191318,94

Localização administrativa – Santa Maria, Praça da República

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, popular, vernácula

Cronologia – Moderno, século XVII

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

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Nº de inventário – 2.23

Designação – Mosteirinho / Convento do Mosteirinho

Localização geográfica – 047072,49 / -191387,24

Localização administrativa – Santa Maria, Praça da República / Rua do Assento

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura religiosa, manuelina

Cronologia – Moderno, século XVI

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Nº de inventário – 2.24

Designação – Depósito de Água

Localização geográfica – 047426,22 / -191704,42

Categoria – Arquitetónico

Tipologia – Arquitetura civil, utilitária

Cronologia – Contemporâneo (1886)

Proteção – incluído no Conjunto de Interesse Público do Núcleo Intramuros de Serpa, Portaria n.º 574/2011, de 6 de Junho; DR 109, II S.

Árvores de Interesse Público

Classificação: Árvore de Interesse Público (DR 298/2001, IIª Série, Aviso 15612, de 27 de Dezembro).

Designação (ICNF): Oliveira.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Alameda Abade Correia da Serra (Salvador).

Proveniência: Vale de Paus. Transplantada em 1958 pelo Eng.º Silvicultor Pulido Garcia para o lado esquerdo da estátua do Abade Correia da Serra (em conjunto com outra oliveira, localizada no lado direito da estátua).

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 2000 anos).

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Plano de Pormenor de Salvaguarda do Núcleo Histórico da Cidade de Serpa – 3.ª Fase – Relatório

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Classificação: Árvore de Interesse Público (DR 298/2001, IIª Série, Aviso 15612, de 27 de Dezembro).

Designação (ICNF): Oliveira.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Alameda Abade Correia da Serra (Salvador).

Proveniência: Vale de Paus. Transplantada em 1958 pelo Eng.º Silvicultor Pulido Garcia para o lado direito da estátua do Abade Correia da Serra (em conjunto com outra oliveira, localizada no lado esquerdo da estátua).

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 2000 anos).

Classificação: Árvore de Interesse Público (DR 298/2001, IIª Série, Aviso 15612, de 27 de Dezembro).

Designação (ICNF): Oliveira nº 1.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Rua dos Arcos, junto à muralha medieval do lado poente (Santa Maria).

Proveniência: Herdade da Bemposta. Transplantada em 1978 em conjunto com mais duas oliveiras provenientes do mesmo local.

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 1000 anos).

Classificação: Árvore de Interesse Público (DR 298/2001, IIª Série, Aviso 15612, de 27 de Dezembro).

Designação (ICNF): Oliveira nº 2.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Rua dos Arcos, junto à muralha medieval do lado poente (Santa Maria).

Proveniência: Herdade da Bemposta. Transplantada em 1978 em conjunto com mais duas oliveiras provenientes do mesmo local.

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 1000 anos).

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Classificação: Árvore de Interesse Público (DR 298/2001, IIª Série, Aviso 15612, de 27 de Dezembro).

Designação (ICNF): Oliveira nº 3.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Rua dos Arcos, junto à muralha medieval do lado poente (Santa Maria).

Proveniência: Herdade da Bemposta. Transplantada em 1978 em conjunto com mais duas oliveiras provenientes do mesmo local.

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 1000 anos).

Classificação: Árvore de Interesse Público (Aviso nº 1 de 07.01.2010 da Autoridade Florestal Nacional).

Designação (ICNF): Oliveira.

Espécie: Olea europaea L. var. europaea.

Localização atual: Largo 25 de Abril (Salvador).

Proveniência: Herdade do Peixoto.

Idade: multissecular (possivelmente milenária, c. 2000 anos).