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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais EVANDRO DE ALMEIDA Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo Comparativo do Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma Instituição Privada. Mestrado em Ciências Sociais São Paulo 2018

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais

EVANDRO DE ALMEIDA

Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo

Comparativo do Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma

Instituição Privada.

Mestrado em Ciências Sociais

São Paulo

2018

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Evandro de Almeida

Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo

Comparativo do Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma

Instituição Privada.

Dissertação apresentada à Banca

Examinadora da Pontifícia Universidade

Católica de São Paulo, como exigência

parcial para obtenção do título de

MESTRE em Ciências Sociais, área de

concentração em Sociologia, sob a

orientação da Profa. Dra. Noêmia

Lazzareschi.

São Paulo

2018

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Autorizo a reprodução e divulgação total e parcial deste trabalho, por qualquer meio

convencional ou eletrônico, unicamente para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a

fonte.

[email protected]

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Nome: Evandro de Almeida

Título: Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo Comparativo do

Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma Instituição Privada.

Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia

Universidade Católica de São Paulo, como exigência para obtenção do

título de MESTRE em Ciências Sociais.

Banca Examinadora

_______________________________________

_______________________________________

_______________________________________

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À Deus e minha família.

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O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, processo nº

88887.152114/2017-00.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos que tornaram possível a realização deste trabalho, em especial:

Ao Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais, que me recebeu e

ofereceu todo o suporte necessário para a concretização dessa pesquisa;

À minha orientadora, Professora Doutora Noêmia Lazzareschi, pela atenção, paciência

na orientação, grande dedicação e empenho, bem como pela confiança em mim depositada.

A Professora Doutora Marisa do Espírito Santo Borin e ao Professor Doutor Marcelo

Augusto Vieira Graglia, membros da banca de qualificação e defesa pelas orientações valiosas

à conclusão desta dissertação;

Ao Professor Doutor Marcos Antônio Maia de Oliveira pelo incentivo em realizar o

mestrado e do aceite ao convite na participação da minha banca de defesa.

À Kátia e ao Rafael pelo pronto atendimento em qualquer situação e suporte

administrativo de forma muito solícita e simpática.

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RESUMO

Esta dissertação de mestrado aborda a educação para o trabalho no contexto do

toyotismo, como processo de forma de organização do trabalho. Neste cenário, as empresas

demandam trabalhadores qualificados e competentes em virtude da utilização de novas

tecnologias e novas técnicas do gerenciamento do processo de produção e da prestação de

serviços. O problema da pesquisa consistiu em averiguar se as estruturas curriculares e

pedagógicas de dois cursos superiores de tecnologia em logística, de uma faculdade pública e

particular no município de Guarulhos, permitem aos discentes obter competências

profissionais para sua inserção e permanência no mercado de trabalho. O objetivo geral da

pesquisa foi analisar semelhanças e diferenças entre os cursos das duas faculdades, na

percepção de uma amostra de alunos concluintes e docentes das instituições, no tocante ao

desenvolvimento de competências profissionais para empregabilidade. A hipótese pressupõe

que, o curso da faculdade privada promove a aquisição das competências aos estudantes

aquém da faculdade pública. Os resultados da pesquisa demonstraram que a hipótese

norteadora foi inconclusiva, e apontaram similaridades e diferenças entre as duas faculdades

nos respectivos cursos.

Palavras-chave: Educação, Mercado de trabalho, Competências Profissionais.

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ABSTRACT

This master's thesis deals with education for work in the context of toyotism, as a

process which forms and organizes work. In this scenario, the companies demand qualified

and competent workers by virtue of the use of new technologies and new management

techniques for the production process and provision of services. The issue of the research was

finding out if the curricular and pedagogical structures of two high technology courses in

logistics, of a public and private college, in the city of Guarulhos, enable students to obtain

professional skills for their insertion and permanence in the job market. The general objective

of the research was to analyze similarities and differences between the courses of both

colleges, in the perception of a sample of graduates students and teachers of the institutions, in

the development of professional skills for employability. The hypothesis assumes that the

course of the private college promotes the acquisition of the competences to the students less

than the public one. The results of the research demonstrated that the guiding hypothesis was

inconclusive, and pointed out similarities and differences between both colleges in the

respective courses.

Key words: Education; Job Market; Professional Skills

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Comparativo da forma de organização do trabalho taylorista / fordista em

relação ao modelo Toyotista …………….………………………………….

48

Quadro 2 - Diferenças ente o fordismo e toyotismo em relação às formas de

organização do trabalho …………………………………………………….

49

Quadro 3 - Comparação entre o fordismo e toyotismo em relação ao processo de

produção ………………………………………………………………….....

49

Quadro 4 - Comparativo das operações logísticas “tradicionais” e logística 4.0 ………. 67

Quadro 5 - Impactos nas áreas organizacionais e potenciais resultados na indústria 4.0 68

Quadro 6 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Pública ….. 84

Quadro 7 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Privada …. 84

Quadro 8 - Realização de outros Vestibulares - Alunos IES Pública ………………….. 85

Quadro 9 - Realização de outros Vestibulares - Alunos IES Privada ………………….. 85

Quadro 10 - Conhecimentos básicos do tecnólogo em Logística - Alunos IES Pública e

Privada ……………………………………………………………………...

89

Quadro 11 - Empregabilidade dos alunos concluintes CST Logística - IES Pública e

Privada ……………………………………………………………………...

92

Quadro 12 - Identificação dos Professores - IES Pública e Privada …………………….. 96

Quadro 13 - Formação Acadêmica – Professores - IES Pública ………………………… 97

Quadro 14 - Formação Acadêmica – Professores - IES Privada ………………………... 97

Quadro 15 - Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 - Professores -

IES Pública …………………………………………………………………

97

Quadro 16 - Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 - Professores -

IES Privada …………………………………………………………………

98

Quadro 17 - Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os alunos ........ 125

Quadro 18 - Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os docentes .... 126

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Estruturas do mercado de trabalho em condições de acumulação flexível ….. 52

Figura 2 - Modelo de Cadeia de Suprimentos …………………………………………... 61

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Participação no setor de serviços no PIB brasileiro - 2000 - 2018 ………….. 62

Gráfico 2 - Evolução dos Cursos Superiores de Tecnologia - Brasil 1996 – 2016 ……… 76

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABI Área Básica de Ingresso

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CBO Classificação Brasileira de Ocupações

CCQ Círculos de Controle de Qualidade

CEO Chief Executive Officer

CEP Código de Endereçamento Postal

CES Câmara de Educação Superior

CHA Conhecimentos, Habilidades e Atitudes

CNE Conselho Nacional da Educação

CP Conselho Pleno

CST Curso Superior de Tecnologia

DAES Diretoria da Avaliação de Ensino Superior

DEED Diretoria de Estatísticas Educacionais

EAD Ensino à Distância

EJA Educação de Jovens e Adultos

ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes

ERP Enterprise Resource Planning

ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing

ETEC Escola Técnica Estadual de São Paulo

EUA Estados Unidos da América

FATEC Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo

FGV Fundação Getúlio Vargas

FIAM Faculdades Integradas Alcântara Machado

FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo

IES Instituição de Ensino Superior

IFSP Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDBEN Leis e Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LER Lesão por Esforços Repetitivos

MEC Ministério da Educação

MTB Ministério do Trabalho

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

PCP Planejamento e Controle de Produção

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PIB Produto Interno Bruto

PPC Projeto Pedagógico do Curso

PROINTER Projeto Integrado Interdisciplinar

RFID Radio Frequency Identification

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SISCARGA Sistema de Comércio Exterior de Cargas

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

UMC Universidade Mogi das Cruzes

UNESP Universidade Estadual Paulista

UNG Universidade de Guarulhos

UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

UNICSUL Universidade Cruzeiro do Sul

UNIDERP Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal –

Mato Grosso do Sul

UNINOVE Universidade Nove de Julho

UNIP Universidade Paulista

UNITAU Universidade de Taubaté

USJT Universidade São Judas Tadeu

USP Universidade de São Paulo

WMS Warehouse Management System

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SUMÁRIO

Introdução ……………………………………………………………………………….. 16

1. As transformações do mundo do trabalho e as novas competências …………………. 23

1.1 Taylorismo …………………………………………………………………………... 23

1.2 Fordismo ………………………………………………………………………….…. 29

1.3 Crise do sistema Taylorista/Fordista ……………………………….……………….. 35

1.4 Mudanças na forma de acumulação do capital: o Toyotismo ………………………. 41

1.5 Novas Competências Profissionais …………………………………………………. 54

2. A importância da logística na economia globalizada ………………………………… 59

2.1 Conceitos de Logística …………………………………………………………...…. 59

2.2 Conceitos de Cadeia de Suprimentos …………………………………………….…. 60

2.3 O papel do setor de serviços na economia brasileira ……………………………….. 62

2.4 Indústria e Logística 4.0 ………………………………………………………….…. 63

2.4.1 Indústria 4.0 ………………………………………………………………...... 63

2.4.2 Logística 4.0 ……………………………………………………………….…. 66

3. Os Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil ………………………………………. 69

3.1 Legislação dos Cursos Superiores de Tecnologia …………………………………... 69

3.2 Crescimento dos Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil …………………….… 75

3.3 Curso Superior de Tecnologia em Logística: Organização curricular ……………… 77

3.4 O trabalho do tecnólogo em logística: ocupações e competências …………………. 80

4. A Pesquisa ……………………………………………………………………………. 83

4.1 Entrevistas com alunos – Instituição de Ensino Superior Pública e Privada ….……. 84

4.1.1 Perfil dos alunos entrevistados …………………………………………….…. 84

4.1.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística …………………………….…… 86

4.1.3 Mercado de trabalho e Competências …………………………………….….. 91

4.1.4 Projeto Integrador Interdisciplinar ………………………………………….... 95

4.1.5 Perspectivas e Recomendações ………………………………………………. 96

4.2. Entrevistas com professores – Instituição de Ensino Superior Pública e Privada .... 96

4.2.1 Perfil dos professores entrevistados ……………………………………….…. 96

4.2.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística e Mercado de Trabalho ……….. 99

4.2.3 Competências desenvolvidas no curso …………………………………….…. 107

4.2.4 Projeto Integrador / Interdisciplinar ……………………………………….…. 115

4.2.5 Recomendações …………………………………………………………….… 116

5. Considerações finais ………………………………………………………………….. 117

Referências …………………………………………………………………………….... 128

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Apêndice ………………………………………………………………………………… 135

Anexos …………………………………………………………………………………... 137

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16

INTRODUÇÃO

O ensino superior brasileiro sofreu profundas mudanças quando o Governo Federal

autorizou, em 1968, pela Lei nº 5540/68, o funcionamento de instituições privadas com a

finalidade de minorar a enorme dificuldade enfrentada pelos jovens na tentativa de ingressar

na universidade pública pela via do exame vestibular.

Até então, milhares de jovens brasileiros eram classificados no exame vestibular,

porém não ingressavam na universidade pública por falta de vagas. Eram denominados

“excedentes” e deveriam submeter-se mais uma vez ao exame vestibular, adiando a realização

do sonho de ingressar na universidade, pois existiam apenas duas universidades privadas –

PUC SP (1946) e Mackenzie (1952) e apenas três universidades públicas no Estado de São

Paulo, Universidade de São Paulo (USP), criada em 1934, Universidade Estadual de

Campinas (UNICAMP), em 1966 e, mais tarde, a Universidade Estadual Paulista (UNESP),

em 1976, para atender uma população de milhares de jovens.

Pela Lei Federal nº 5540, de 28 de novembro de 1968, foram fixadas normas de

organização e funcionamento do ensino superior, como reza o artigo 2º: “O ensino superior,

indissociável da pesquisa, será ministrado em universidades e, excepcionalmente, em

estabelecimentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado.”

(BRASIL, 1968, p. 1).

As Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil são divididas entre públicas e

privadas nas esferas municipal, estadual e federal. As instituições privadas são classificadas

em quatro categorias, conforme o artigo 20 da Lei Federal nº 9394/96 que trata das Leis e

Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN): particulares com fins lucrativos,

comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos. As IES particulares com fins

lucrativos se distinguem conforme o perfil socioeconômico dos alunos, sendo a maioria

voltadas às classes de baixa e média renda, e, em menor quantidade para as classes mais

favorecidas.

Há de se ressaltar as diferenças entre as faculdades particulares e públicas, as IES

privadas se dividem em dois grupos: o primeiro pertence ao conjunto de instituições que

cobram mensalidades mais acessíveis e abarcam grande parte dos estudantes, no qual o

processo de transferência e construção do conhecimento ocorre por um modelo pré-

estabelecido, em formato rígido, simplificado e pode ocasionar a redução do nível da

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qualidade do ensino, razão pela qual os discentes egressos podem ter maior dificuldade em

ingressar no mercado de trabalho.

O segundo grupo das IES privadas, precificam suas mensalidades com valores mais

altos, o que tornam estas faculdades inacessíveis para a maioria da população, porém, buscam

proporcionar um alto nível de qualidade de ensino, equivalente as IES públicas.

Esses dois últimos tipos de instituições têm como objetivo promover o

desenvolvimento de competências com maior qualidade, através do ensino mais flexível e

com autonomia por parte dos docentes, para proporcionar aos egressos maiores chances de

sucesso em relação a sua empregabilidade.

O mercado de trabalho atual segue uma dinâmica social além do modelo Fordista e

Taylorista ao estabelecer um conjunto de requisitos que os profissionais do século XXI

devem possuir. Demandam-se várias competências que superam as qualificações exigidas

pela organização Fordista e Taylorista: o profissional deverá ser multifuncional, participativo

no processo de soluções cotidianas nas organizações, o que torna crucial ao trabalhador

refletir, adaptar e obter constantemente conhecimento no decorrer de sua carreira.

No sistema educacional brasileiro, os cursos superiores são classificados em três

diferentes níveis acadêmicos: o bacharelado, voltado para a atuação nas profissões

regulamentadas ou não; a licenciatura, direcionada às pessoas que pretendem exercer a

docência em educação básica (do ensino infantil ao ensino médio) e os tecnológicos, cursos

com menor duração com características especiais voltadas ao mercado de trabalho.

Nesta dissertação serão apresentados os cursos superiores de graduação tecnológica no

Brasil (CST) com um breve histórico da sua legislação que data de 1996, após a aprovação da

Lei nº 9394 sobre as diretrizes e bases nacionais da educação. O crescimento do número de

cursos superiores de tecnologia se dá em dois períodos: entre os anos de 1994 e 2004 e nos

anos de 2010 e 2013, conforme o censo da educação superior de 2013 (BRASIL, 2015).

Os CST no Brasil originaram-se conceitualmente como cursos profissionalizantes na

década de 1960, inicialmente nas áreas de engenharia mecânica e construção civil, porém não

eram incorporados no nível superior. Esses cursos inseriram-se no nível superior a partir dos

anos 2000, expandidos nas várias áreas do conhecimento e oferecidos em diversas Instituições

de Ensino Superior (IES). Assim, caracterizam-se os CST também como sendo

profissionalizantes.

Sennet (2005) salienta que devido às transformações nas formas de organização do

trabalho, empresas e trabalhadores devem atentar às constantes mudanças no mercado.

Pochmann (2007) enfatiza a necessidade dos jovens e adultos buscarem uma boa qualificação

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18

e desenvolver competências necessárias à sua empregabilidade; ao Estado cabe adotar

políticas públicas para proporcionar maior nível educacional à sua população.

Os cursos de graduação existentes no país deveriam possuir, dentro dos seus

programas de ensino, diversos instrumentos, tanto do ponto de vista administrativo quanto

pedagógico, que proporcionassem aos discentes o conhecimento e o desenvolvimento de

competências profissionais necessárias ao ingresso no mercado de trabalho.

Esta dissertação se justifica pelas seguintes razões:

Experiência vivida em sete anos de docência no ensino superior em Instituições de

Ensino Superior (IES) com fins lucrativos que ofertam cursos com mensalidades

compatíveis à renda de alunos das classes média e baixa e que possuem deficiências

na sua formação do ensino médio em escola pública;

Difundir conhecimento acerca da relação entre sociedade, educação e mercado de

trabalho no contexto da reestruturação produtiva, pois a educação é uma área essencial

no desenvolvimento econômico e social do país e requer profissionais capacitados e

competentes num ambiente globalizado;

As duas IES que oferecem os cursos de logística, objeto desse estudo, se localizam no

município de Guarulhos, considerada uma das maiores cidades não capitais do Brasil,

com vocação para o setor de serviços, e se localiza próxima ao município de São

Paulo, das principais rodovias federais e estaduais, do Aeroporto Internacional de

Cumbica e do Porto da Cidade de Santos, ambos “portas” de entrada e saída de

mercadorias do comércio nacional e internacional, o que demanda mão de obra

qualificada e com múltiplas competências pessoais e profissionais.

O problema desta dissertação pode ser assim formulado: a estrutura curricular e

pedagógica dos Cursos Superiores de Tecnologia em Logística de uma Instituição Pública e

de uma Privada possibilita de forma equivalente à aquisição de competências profissionais

para a inserção dos alunos no mercado de trabalho?

As hipóteses da pesquisa podem ser assim formuladas:

A grande maioria das IES particulares se caracterizam em dissociar o ensino, pesquisa

e extensão, e não enfatiza, conforme Sguissardi (2009), a qualidade do ensino, mas

todas buscam abastecer a demanda no mercado de trabalho, embora releguem a

qualidade do ensino a um segundo plano e priorizem o lucro. Tais instituições carecem

de docentes mestres e doutores, salas de aula com número reduzido de alunos,

investimentos em infraestrutura e desenvolvimento de pesquisas científicas;

Page 20: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

19

As IES públicas estaduais, federais, confessionais e poucas com fins lucrativos

seguem o modelo de ensino superior baseado nos três pilares: ensino, pesquisa e

extensão; essa estrutura remete à ideia de universidade necessária, cuja preocupação se

encontra na formação da cidadania dos alunos, baseada nas várias áreas do saber

(RIBEIRO, 1978). Neste sentido, priorizam a qualidade da educação através de

programas de ensino diversificados, requerem maior dedicação dos discentes, além de

possuir maior carga horária dos cursos;

Nas IES públicas e privadas, os Projetos Integradores do Curso Superior de

Tecnologia em Logística propõem desenvolver competências aos discentes através de

atividades interdisciplinares, dentro e fora das salas de aula, baseados no projeto

pedagógico do curso, sendo orientados pelos docentes.

Portanto, a hipótese norteadora desta pesquisa pode ser assim formulada: considerando

a forma de organização de trabalho toyotista, possivelmente o curso de logística de uma IES

privada promoveria o desenvolvimento das competências profissionais dos alunos de forma

deficitária em relação a uma IES pública.

O objetivo geral da pesquisa propõe analisar as diferenças e semelhanças na percepção

de professores, alunos do último semestre de um curso superior de tecnologia em logística de

uma faculdade pública e outra particular do município de Guarulhos no tocante ao

desenvolvimento de competências profissionais demandadas no mercado de trabalho.

Os objetivos específicos desta dissertação são:

Demonstrar as transformações na forma de organização do trabalho ocorridas ao longo

do século XX do Taylorismo/Fordismo para o Toyotismo, nesta são exigidas novas

competências a serem adquiridas pelos trabalhadores;

Abordar os conceitos de logística, cadeia de suprimentos, os serviços na economia

brasileira e os CST em relação à legislação e o crescimento nos últimos anos.

Mostrar a importância da logística no contexto da globalização, as exigências para o

ingresso no mercado de trabalho do tecnólogo em logística conforme o Código

Brasileiro de Ocupações e as competências necessárias no desenvolvimento desta

atividade;

Analisar as respostas das entrevistas com professores e alunos do último semestre do

Curso Superior de Tecnologia em Logística das IES pública e particular para avaliar as

diferenças e semelhanças quanto ao: perfil, instituição, curso, relação logística e

mercado de trabalho, e percepção de competências desenvolvidas no decorrer do

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20

curso, a importância do Projeto Interdisciplinar como um dos instrumentos

pedagógicos no desenvolvimento de competências, as perspectivas e recomendações.

A metodologia da pesquisa serve, conforme Minayo (1997, p. 16), como “o caminho

do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. A presente dissertação será

um estudo de caso, que consiste, segundo Yin (2005, p. 32), em uma “investigação empírica

que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,

especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente

definidos”. Esse estudo busca, através de entrevistas, conhecer a opinião dos professores,

alunos do último semestre de duas IES do município de Guarulhos acerca da aquisição de

competências adquiridas durante o curso de Logística para o mercado de trabalho.

Uma entrevista, conforme Cervo (2002, p. 46), objetiva-se na coleta, por meio de

interrogatório do informante, de dados para a pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2006, p. 92),

constitui um encontro formal entre duas pessoas, para que uma delas obtenha informações a

respeito de algum tema, mediante um diálogo de natureza profissional. “É um procedimento

utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no

tratamento de um problema social”. Segundo Richardson (2010, p. 80), numa entrevista, do

ponto de vista das ciências sociais, ocorre “as circunstâncias nas quais uma pessoa – o

entrevistador -, com um conjunto de perguntas preestabelecidas, leva a outra a responder a

tais perguntas. A pessoa que responde recebe o nome de entrevistado ou respondente”.

As entrevistas com os professores e estudantes de logística, contextualizam-se como

um estudo de caso, de acordo com Yin (2005, p. 20), “permite uma investigação para se

preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real” e

busca-se aproximar o fenômeno do contexto real. Segundo Becker (1999, p. 117), “o caso

estudado em ciências sociais é tipicamente não o de um indivíduo, mas sim de uma

organização ou comunidade”. Neste caso, entre uma IES pública estadual e uma privada com

grande número de alunos com mensalidades acessíveis no município de Guarulhos, a respeito

do trabalho docente, dos instrumentos pedagógicos destinados a desenvolver as competências

aos discentes no CST em Logística exigidas no mercado de trabalho e a percepção aferida

pelos alunos, como o projeto integrado ou interdisciplinar. Os critérios de escolha das duas

instituições atribuídas foram: a) a atuação profissional no curso durante anos na IES particular

e a proximidade do acesso aos entrevistados; b) a IES pública se atribuiu devido a

proximidade com professores que atuaram por alguns anos na IES privada e, por mérito,

ingressaram nesta instituição e têm propriedade na contribuição de informações para a

realização desta pesquisa e a acessibilidade facilitada na coleta dos dados.

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21

Os dados advirão de referências bibliográficas, estatísticas de sites governamentais,

trabalhos acadêmicos sobre os CST, qualificação e as competências profissionais demandadas

no século XXI.

Além disso, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com professores do curso de

ambas as instituições, no intuito de conhecer a realidade do trabalho do docente, bem como a

verificação de suas qualificações por meio de Currículo Lattes, a análise do programa de

ensino e a percepção dos alunos que realizam o último semestre do curso de Logística.

Essa pesquisa será qualitativa. Segundo Richardson (2010, p. 79-80), este tipo de

pesquisa procura entender a natureza de um fenômeno social, objetiva investigar as

circunstâncias complexas ou particulares e apresenta “a complexidade de determinado

problema, analisa a interação de certas variáveis, compreende e classifica processos

dinâmicos vividos por grupos sociais, contribui no processo de mudança de determinado

grupo” e possibilita também aprofundar e compreender as peculiaridades comportamentais

dos indivíduos.

O método utilizado para análise dos dados da pesquisa, resultante das respostas nas

entrevistas realizadas com professores e alunos, será a análise de entrevista. Essa técnica,

conforme Bauer e Glaskell (2008, p. 195), trabalha com materiais textuais escritos, imagens

ou sons, “os textos que estão construídos no processo de pesquisa, podem ser transcrições de

entrevista, protocolos de observação e textos que já foram produzidos para outras

finalidades”, como jornais ou documentos de organizações.

A análise dos resultados da pesquisa será baseada na relação da bibliografia com as

informações coletadas nas entrevistas, por meio de uma amostra composta de cinco alunos do

último semestre de logística e cinco docentes das duas IES abordando temas relacionados

sobre: perfil, Instituição de Ensino Superior, Curso de logística, mercado de trabalho,

competências profissionais, projeto integrador/interdisciplinar, perspectivas, por parte dos

alunos, e recomendações do curso.

Considera-se uma amostra, para Sampieri (2013, p. 403), “um grupo de pessoas,

eventos, acontecimentos, comunidades, sobre o qual devemos coletar os dados, sem que

necessariamente seja representativo do universo ou população que estudamos.”, com isso, a

quantidade de entrevistados será delimitada.

Foram realizadas ao todo vinte entrevistas com cinco alunos e cinco professores do

último semestre do Curso Superior de Tecnologia em Logística das duas instituições. Os

roteiros encontram-se no Apêndice I deste trabalho.

Essa dissertação se estrutura em quatro capítulos.

Page 23: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

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No primeiro capítulo serão abordadas as transformações no mundo do trabalho e as

novas competências profissionais para o mercado de trabalho. A princípio serão demonstradas

as formas de organização do trabalho desenvolvidas pelas empresas para dinamizar a relação

capital-trabalho no decorrer do século XX, como o Taylorismo e Fordismo, as causas da crise

destes modelos e a emergência do Toyotismo como solução adotada pelas organizações.

Finaliza-se esta parte evidenciando a importância do desenvolvimento de novas competências

profissionais, imprescindíveis aos trabalhadores para o ingresso e permanência no mercado de

trabalho no século XXI.

O capítulo dois tratará da importância da logística na economia globalizada, serão

apresentados os conceitos de logística, cadeia de suprimentos e o papel dos serviços na

economia brasileira e os conceitos sobre Indústria e Logística 4.0.

Os Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil é o tema do terceiro capítulo. Será

demonstrado, de forma breve, o histórico da legislação a partir de 1994, o aumento da

quantidade de CST no país, ingressantes e concluintes no período de 1996 até 2016, os

conceitos sobre logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos nas empresas, a

organização curricular dos cursos superiores de tecnologia em logística, estabelecida pelo

Ministério da Educação; e, ao final, a descrição das atividades e competências profissionais

do tecnólogo em logística, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações.

No quarto e último capítulo será demonstrado o resultado das entrevistas realizadas

com professores e com alunos do último semestre das faculdades privada e pública de curso

superior de tecnologia em logística no município de Guarulhos.

Nas considerações finais deste trabalho, será mostrada uma análise do resultado da

pesquisa com alunos e professores que retrata a importância do desenvolvimento das

competências nos bancos escolares para o mercado de trabalho, cuja forma de organização de

trabalho atual requer dos trabalhadores a aquisição de conhecimentos e competências de

forma continuada.

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1. As transformações no mundo do trabalho e as novas competências profissionais

O modo de produção capitalista se consolidou com o desenvolvimento de novas

tecnologias e expansão dos mercados consumidores. Esse sistema transformou-se ao longo do

tempo e gerou novas formas de organização do trabalho e produção de bens e serviços. Neste

capítulo serão demonstradas as formas de organização do trabalho desenvolvidas no decorrer

do século XX: Taylorismo, Fordismo e o Toyotismo e a importância do trabalhador adquirir

novas competências profissionais, necessárias ao ingresso e permanência no mercado atual de

trabalho.

1.1 Taylorismo

Desde a Revolução Industrial, as máquinas foram projetadas e utilizadas para

aumentar a produção de mercadorias e reduzir a quantidade de mão de obra necessária na

fabricação de um produto. Estes equipamentos, segundo Rifkin (1995, p. 138), exigiam pouca

atenção humana e produziam grande quantidade de produtos, mais ou menos de forma

automática. Restou à maioria dos trabalhadores realizar tarefas simples, como alimentar as

máquinas com materiais necessários para moldar e embalar os produtos.

No início do século XX, numa fase de ampliação do capitalismo, Rago e Moreira

(1988, p. 16), apontam “crescimento cada vez maior das unidades fabris, que vão reunir

milhares de operários num mesmo espaço de trabalho”. Em uma época inicial do crescimento

da população nas grandes cidades, foi criada e disseminada uma nova forma de organização

do trabalho com vistas em racionalizar o trabalho exercido nas indústrias, conhecido como

Taylorismo, termo baseado no sobrenome do engenheiro Frederick Winslow Taylor, também

conhecido como o “pai da administração científica”, que teve o objetivo de “aumentar o

volume de produção, a fim de atender à demanda crescente pela conquista de novos

mercados”. (LAZZARESCHI, 2008, p. 43).

A publicação em 1911 do livro “Os Princípios da Administração Científica” do

engenheiro norte americano Frederick Winslow Taylor, foi considerada, de acordo com

Harvey (2014, p. 121), uma obra influente na sociedade no início do século XX. Considerado

um tratado, demonstrou como a produtividade do trabalho poderia ser melhorada através da

decomposição detalhada de cada processo de trabalho e análise dos movimentos possíveis dos

trabalhadores que exerciam uma determinada tarefa nas fábricas.

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As principais finalidades dos estudos da administração científica, segundo Taylor

(1982, p. 29), eram “assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o

máximo de prosperidade ao empregado”, por meio do aumento da produtividade das

indústrias através dos estudos de tempos e movimentos das tarefas dos trabalhadores. De

acordo com Rago e Moreira (1988), o taylorismo é um:

Método de racionalizar a produção, logo, de possibilitar o aumento da

produtividade do trabalho “economizando tempo”, suprimindo gestos

desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo

produtivo, o sistema Taylor aperfeiçoou a divisão social do trabalho

introduzida pelo sistema de fábrica, assegurando definitivamente o controle

do tempo do trabalhador pela classe dominante. (RAGO e MOREIRA, 1988,

p. 10).

A administração científica consiste no estudo da organização do trabalho e dos seus

processos, através da observação, análise das tarefas mais simples e as formas de executá-las,

no intuito de aperfeiçoar sistematicamente e mensurar o “desempenho do trabalhador em cada

um desses elementos”, através do estudo de tempos e movimentos. (RIFKIN, apud

BRAVERMAN, 1987). Estas tarefas são rigorosamente padronizadas, conforme o tempo de

execução e os movimentos necessários para realizá-las, mensuradas por técnicos que utilizam

cronômetros e anotam os dados coletados, na busca de reduzir o tempo, a quantidade de

movimentos e proporcionar o aumento da produtividade.

A “Administração Científica” de Taylor promoveu a ideia da separação entre os

trabalhadores, conforme as atividades de cada área da empresa. De um lado a gerência, grupo

de empregados assalariados que trabalham nos escritórios que concebem as máquinas e

produtos a fim de manter o controle dos processos de trabalho. Do outro lado os grupos de

trabalhadores que realizam as tarefas para produção de produtos. Harvey (2014) demonstra

que esta forma de organização do trabalho foi amplamente aplicada nas indústrias:

A separação entre gerência, concepção, controle e execução (e tudo o que

isso significava em termos de relações sociais hierárquicas e de desabilitação

dentro do processo de trabalho) também já estava bem avançada em muitas

indústrias. (HARVEY, 2014, p. 121).

Consequentemente, isso gerou um aumento dos níveis hierárquicos nas fábricas e a

diferenciação das relações sociais numa mesma empresa conforme o posto ou a função que

cada trabalhador se situasse. (HARVEY, 2014, p. 121).

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O taylorismo intensificou a divisão do trabalho através do fracionamento das etapas do

processo produtivo, de forma que o operário executasse tarefas ultraespecializadas e

repetitivas. Deste modo separou e diferenciou o trabalho considerado intelectual em relação

ao manual. Este segundo foi controlado pela gerência pelo tempo gasto em cada tarefa

executada na intenção de reduzir ao mínimo necessário. Uma das formas de motivar os

operários nas fábricas neste contexto, era a oferta de prêmios a quem produzisse maior

número de peças em menor tempo. (MACHADO, 2012, p. 28).

De acordo com Sennet (2005, p. 45), Taylor acreditava que as máquinas e o projeto

industrial de produção seriam complexos em uma empresa de grande porte. Com isso, o

engenheiro sugeriu que os trabalhadores não precisariam entender o processo industrial na sua

totalidade, e recomendou em seus estudos que “quanto menos os operários fossem distraídos

pela compreensão do projeto do todo, mais eficientemente se ateriam aos seus próprios

serviços”, promovendo a alienação dos operários.

O conceito moderno de eficiência, segundo Rifkin (1995, p. 52), originou-se no século

XIX no campo da termodinâmica, através de experiências em máquinas para obter maior

desempenho. Esse conceito estendeu-se às atividades humanas e nas que exigiam a interação

com as máquinas. Significou, de forma geral, “o máximo rendimento que podia ser produzido

no menor tempo possível, dispendendo a menor quantidade de energia, trabalho e capital no

processo”, aplicou-se na produção e no trabalho realizado por homens e máquinas no

processo produtivo. A popularização do conceito de eficiência, ou seja, alcançar o melhor

desempenho com o mínimo de erros, sob a perspectiva econômica, foi atribuído à Taylor

pelos princípios de “administração científica” difundidos em 1911.

Taylor tornou-se referência nas indústrias, principalmente pelos industriais, a ponto da

administração cientifica, de acordo com Rifkin (1995, p. 52), tornar-se padrão como forma

racionalizada de organização do trabalho na maioria das grandes fábricas, com vistas a

organizar o modo de trabalhar e obter maior produtividade. Suas ideias foram rapidamente

disseminadas para organizar a sociedade no início do século XX. Um dos instrumentos

utilizados para racionalizar o processo de trabalho foi o cronômetro, sendo divididas e

analisadas as tarefas de cada trabalhador nos menores componentes operacionais,

identificáveis visualmente por técnicos analistas no objetivo de mensurar e apurar o melhor

tempo possível na produção de peças de acordo com o estabelecimento de condições de

desempenho ótimas.

Estes estudos resultaram na aferição do desempenho operacional dos trabalhadores em

frações de segundo, calculados o tempo padrão, ou seja, os melhores tempos atingidos em

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cada parte da tarefa do trabalhador e dos equipamentos. A mensuração do tempo padrão

torna-se um relevante indicador de produtividade nas empresas, pode variar com o tipo de

organização, atividade produtiva, maquinários, quantidade de trabalhadores necessários e a

velocidade para a realização de uma tarefa num processo produtivo.

Alguns componentes envolvidos na mensuração de medidas de tempo padrão são, por

exemplo, o tempo cronometrado necessário para realizar uma determinada tarefa, ponderando

ou não a situação, também abrangem os cálculos dos índices percentuais de fadiga dos

trabalhadores, necessidades pessoais de parada, demoras inesperadas na operação,

ambientação e tempo de configuração de uma máquina para produzir um determinado

produto.

Desta forma, segundo os estudos de Slack (2008), a composição do tempo padrão é

resultado do conjunto de duas medidas de cronometragem de tarefas operacionais, o tempo

padrão homem e tempo padrão máquina. A primeira mensuração se baseia no tempo gasto

que um trabalhador demanda na execução numa determinada tarefa, a segunda medida de

registro de tempo, denominado tempo padrão máquina, indica o tempo que um determinado

equipamento consome para executar uma única operação no processo produtivo.

A metodologia de mensuração da produtividade de Taylor, ocorria, de acordo com

Rifkin (1995), por meio de recomendações aos diretores das fábricas, sob a análise dos dados

coletados, com vistas a alterar os aspectos mínimos de desempenho, para economizar o tempo

de cada tarefa, através de segundos ou milissegundos na produção.

Para Braverman (1987, p. 82), a gerência científica, como ficou conhecida a forma de

organização do trabalho segundo as ideias de Taylor, significou um trabalho de pesquisa

intensivo no sentido de aplicar “os métodos da ciência aos problemas complexos e crescentes

do controle do trabalho nas empresas capitalistas” que estavam em processo de expansão no

início do século XX.

As atribuições da administração científica, segundo Rago e Moreira (1988, p. 14),

eram: treinar operários para trabalharem com os novos métodos, nos quais eles “explicam,

auxiliam, encorajam cada trabalhador individualmente, no mesmo tempo que controlam a

produção de cada um a fim de recompensar monetariamente aqueles que seguiram

corretamente as normas de trabalho impostas.”, ou seja, um jogo de premiações e punições no

ambiente de trabalho.

Para Mills (1969, p. 251), a aplicação da administração científica, através dos

profissionais de recursos humanos e das chefias, que pretendiam promover aos trabalhadores

o entusiasmo no ambiente de trabalho, dada a “percepção” dos empregadores de que os

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empregados possuem “má vontade” em realizar espontaneamente suas tarefas, muitas vezes

padronizadas e repetitivas, e estipuladas pela própria gerência, indicou também a dificuldade

em ter trabalhadores satisfeitos nas organizações quando são mínimas as chances de ascensão

na hierarquia profissional.

Os estudos de Taylor em investigar a eficiência da produtividade nas fábricas, não

eram, segundo Braverman (1987, p. 83), especificamente em relação ao trabalho em seus

aspectos gerais, mas às necessidades do capital que obtém novas formas de acumulação. A

administração científica criada por Taylor apresentou novas técnicas de “organização do

trabalho através dos processos e do controle sobre ele”, estas desenvolvidas através do

cronômetro para acelerar o processo produtivo. Deste modo, o que está em jogo também é

uma clara verbalização do modo capitalista de produção.

Alguns dos princípios utilizados no taylorismo, segundo Braverman (1987), foram: a

captação do conhecimento tradicional dos trabalhadores para classificar, tabular e reduzir esse

conhecimento a regras, leis e fórmulas pelo administrador, separando o processo de trabalho

das especialidades dos trabalhadores. O trabalho cerebral deve ser banido das oficinas e

centrado na área de planejamento ou projeto, separando o processo de concepção e execução

de um trabalho operacional, distinguindo os trabalhadores pelos trabalhos mentais e manuais.

O trabalho dos operários é planejado pela gerência científica; estes controlam o processo,

através de instruções das tarefas a serem executadas, os meios utilizados e o tempo de

execução.

Os efeitos da implantação da administração científica nas fábricas foi o afastamento da

concepção e execução no processo de trabalho. Estes foram alocados em lugares distintos e

cada parte é realizada por grupos de trabalhadores diferentes. Em um determinado local da

fábrica são realizados os processos operacionais da produção; em outro, as áreas

administrativas e gerenciais, nos quais trabalhavam as pessoas “pensantes” do processo

produtivo, com trabalhos destinados à elaboração, planejamento, cálculo do projeto, e arquivo

de documentos. O processo produtivo de uma mercadoria é reproduzido, conforme

Braverman (1987, p. 112-113), inicialmente no papel como projeto, para depois ser

concretizada pela mão de obra em conjunto com as máquinas. O trabalho humano, antes de

ser solidificado, é idealizado na mente para depois ser executado e concretizado. No

taylorismo separaram-se grupos diferentes de trabalhadores e os gerentes científicos

controlam o processo. A distinção nas indústrias das funções dos processos produtivos e

administrativos, ou seja, “a separação de mão e cérebro” foi uma medida simples e decisiva

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na divisão do trabalho sob o modo capitalista de produção, mas as duas partes continuam

necessárias à produção, desta forma o processo de trabalho retém sua unidade.

Uma das consequências da administração científica, conforme Taylor (1966, p. 114), é

o trabalhador tornar-se um autômato, ou seja, um robô humano, ou como o engenheiro

menciona: “um verdadeiro boneco de madeira” sem necessidade de pensar, resultado do

trabalho repetitivo, graças às instruções detalhadas elaboradas pela gerência científica na sua

operacionalização, tornando cômodo e fácil as tarefas para o trabalhador. O taylorismo

consistiu, de acordo com Pinto (2007, p. 36), numa forma de organização de trabalho. Um

sistema que exige uma especialização extrema das funções e atividades nas quais são

determinados quais são os equipamentos de trabalho utilizados em cada atividade, os

movimentos executados a cada instante, as operações intelectuais necessárias e os

comportamentos exigidos nessa condição em que é colocado o trabalhador.

Entre as características do taylorismo, duas se destacam, em razão da resistência e

conflito entre patrões e empregados no período inicial da utilização deste sistema nas fábricas,

de acordo com Rago e Moreira (1988, p. 24): a primeira consistiu no surgimento do analista

de tempos e movimentos, profissional que avaliava os movimentos, a forma de produzir e os

níveis de produtividade através do cronômetro, premiando os mais habilidosos e punindo os

menos produtivos por não atingir os índices estabelecidos pela gerência. A segunda

característica remete a remuneração individualizada dos salários, com bonificações aos

trabalhadores que excediam os níveis médios de produção, ocorrendo uma competição entre

os empregados. Também emergiu nas fábricas a função do apontador, encarregado de

registrar a produção de cada empregado.

A gerência científica desenvolvida por Taylor enfatizou o trabalho estudado de

maneira organizada. Seus resultados são atribuídos à análise dos tempos e movimentos de

forma sistemática. De acordo com os resultados obtidos, as fábricas estipulam o aumento

gradual de desempenho na produção de produtos e a “melhoria sistemática do desempenho de

cada um dos elementos mais simples de trabalho pelos trabalhadores”. (BRAVERMAN,

1987, p. 84).

O objetivo dos estudos de Taylor, segundo Braverman (1987, p. 107), foi diminuir os

custos de mão de obra dos trabalhadores em função da quantidade de produtos fabricados.

Uma das recomendações do engenheiro foi reduzir o tempo de treinamento dos operários e

fazê-los aumentar o volume da produção com tarefas simples sem exigir do trabalhador que

pensasse sobre a tarefa executada, tornando-a mecânica. Para Rago e Moreira (1988, p. 100-

101), na prática, é impossível exigir que um trabalhador realize um determinado trabalho por

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um único método o tempo todo e no mesmo ritmo imposto pela gerência científica, pois “o

próprio funcionamento das normas e dos ritmos impostos dependem da aceitação do

trabalhador”. Logo, os gerentes buscam formas de convencer o trabalhador a trabalhar nas

condições impostas pelas organizações.

Na década de 1910, o engenheiro norte-americano Henry Ford, adotou em sua fábrica

de automóveis, a Ford Motor Company nos EUA, a forma de organização do trabalho

taylorista. Posteriormente ele reestruturou e aplicou novas formas de produção e de trabalho,

com inovações no processo, como a produção em formato de esteira. Estas mudanças

tornaram a forma de organização do trabalho distinta do modelo original taylorista e foi

popularmente chamado de modelo fordista, taylorista/fordista ou taylorfordista. Esta forma de

organização de trabalho influenciou a maioria das grandes empresas do mundo no século XX.

1.2 Fordismo

Um dos processos produtivos adotados, no contexto do capitalismo, desenvolvidos no

início do século XX foi o fordismo, influenciado a partir do sistema de produção taylorista e

aprimorado por Henry Ford e submetida a uma gerência científica como forma racionalizada

de gerir os recursos e alcançar o máximo de produtividade.

O fordismo, originário no início do século XX se caracterizou como uma nova

organização do trabalho criada por Henry Ford I no qual aprimorou o modelo taylorista de

produção e da forma de organização do trabalho através de inovações, para Lazzareschi

(2008, p. 45), uma delas foi a “instalação da esteira automática de produção ou sistema

automático de transporte de peças e ferramentas”, sua velocidade era determinada pela

gerência científica no intuito de intensificar o ritmo da produção, logo, as linhas de montagem

das fábricas produziam cada vez mais por meio do controle de matérias primas, energia,

transportes e formação de mão de obra utilizadas no processo de produção.

Segundo Mills (1969, p. 243), o fordismo consistiu de uma “divisão detalhada do

trabalho e significa, naturalmente, que o indivíduo não realiza do começo ao fim o processo

de produção até obter o produto final”, deste modo, o trabalhador, nestas condições de

trabalho, não conhece e não compreende toda a operação do processo fabril de um produto a

ser comercializado.

A data simbólica do fordismo, segundo as palavras de Ford (1954, p. 88), data em 12

de janeiro de 1914 “quando o salário mínimo se fixou em 5 dólares para oito horas de

trabalho”, a justificativa para esta mudança na política interna. De acordo com Harvey (2014,

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p. 121), esta política interna consistiu como uma forma de “recompensa para os trabalhadores

da linha automática de montagem de carros que ele estabelecera no ano anterior” na fábrica

instalada na cidade de Dearbon, Michigan.

Esta forma de organização do trabalho se caracteriza, conforme Moraes Neto (1988, p.

36), numa “socialização da proposta de Taylor”, pois o engenheiro buscava administrar a

forma de execução de cada trabalho no nível individual, oposto ao fordismo, era realizada de

forma coletiva, isto significa que a “gerência científica” era analisada de forma coletiva pela

via da esteira, cuja velocidade era controlada pelos gestores com vistas à maior produção de

peças fabris em relação ao tempo do trabalho.

De acordo com as palavras de Henry Ford (1954):

“...O contramestre, estudando a operação, admirou-se de que consumisse três

minutos. Cronometrou os movimentos, e verificou que em 9 horas de

trabalho 4 se prendiam em vai e vens. Ainda que não saísse do seu posto, o

operário fazia uma série de movimentos para alcançar os materiais e pôr de

lado a peça pronta. A operação compunha-se de seis movimentos diversos...”

(FORD, 1954, p. 75).

O sistema de organização da forma do trabalho taylorfordista enfatiza a produção de

grandes volumes de produtos, ocasiona o ritmo acelerado de produção, crescimento sem

controle, uma gestão e produção centralizadora em que as ordens vêm do alto da hierarquia de

comando, o foco em especialização do trabalho por parte dos trabalhadores no qual cada

funcionário, tanto no chão de fábrica quanto no escritório, faz a sua função específica.

Em sua fábrica, Ford determinou que as tarefas executadas pelos operários fossem de

forma simplificada, sem liberdade de ação e obedientes a gerência sem possíveis

questionamentos. Segundo as palavras do industrial (1954, p. 91), “exigimos que os operários

executem o que se lhes ordena, nossa organização é tão especializada, e tão intimamente se

relacionam as partes, que nem por um momento poderíamos deixar aos operários a liberdade

de ação”, com isso, o operário trabalhava como um robô.

No fordismo, as empresas consideram os trabalhadores apenas como executores na

montagem de produtos, não interessando o que estes pensavam a respeito, a maioria dos

operários eram considerados pelo industrial, descartáveis, conforme exemplifica Ford (1954,

p. 75), no setor de fundição da fábrica, por exemplo, era composta de “5% de modeladores e

fundidores realmente especialistas. Os 95% restantes são apenas munhecas, ou operários

especializados numa só operação que até o mais estúpido homem consegue aprender em dois

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dias”, ou seja, qualquer um poderia realizar o trabalho com nenhum ou pouco nível de

qualificação.

Este modelo de produção foi criticado inúmeras vezes, segundo Machado (2012, p.

28), devido aos problemas, como o grau reduzido de motivação dos trabalhadores,

comprometimento e criatividade. Ford exigia aos operários apenas os movimentos de

execução de uma determinada tarefa e quase nenhum espaço para o exercício da criatividade,

o excesso de burocracia dificultavam as mudanças nos processos de melhoria resultando em

baixa produtividade.

O tempo exigido de aprendizagem técnica para trabalhar em suas fábricas, segundo

Ford (1954), eram mínimos comparados ao tempo escolar, o que revelou pouca necessidade

de qualificação dos trabalhadores:

“Quanto ao tempo preciso para a aprendizagem técnica a proporção é a

seguinte: 43% não requerem mais que um dia; 36 requerem de um dia até

oito; 6, de uma a duas semanas; 14, de um mês a um ano ; 1, de um a seis

anos. Esta última categoria de trabalhos requer perícia – como a fabricação

de instrumentos e a calibragem.” (FORD, 1954, p. 91).

O taylorismo/fordismo tinham três princípios nos quais, conforme Machado (2012, p.

29), eram: Intensificação da produção, com o objetivo de reduzir o tempo de fabricação de

uma peça ou de sua montagem, com o emprego de insumos e equipamentos, para inserir

rapidamente os produtos acabados no mercado; Economia: ênfase na redução ao mínimo do

volume de estoque das matérias primas a serem transformadas; Produtividade: foco no

aumento da capacidade de produção do operário através da especialização da tarefa a ser

realizada num dos pontos específicos da linha de montagem.

No processo fordista de fabricação de produtos, ocorre a alienação, no sentido de

separação ou estranhamento, entre o trabalhador que produz e o produto final. Segundo Mills

(1969, p. 243) o “produto como objetivo de seu trabalho é separado dele, tanto do ponto de

vista legal quanto psicológico, e que essa separação tira toda a significação que ele poderia

encontrar na técnica de produção”. Desta forma, o modelo de produção fordista, tem como

uma das consequências alienar o trabalhador sobre o produto que está sendo fabricado, não

possuindo significado ao mesmo.

Conforme os estudos de Pinto (2007, p. 46), na forma de organização do trabalho

taylorista/fordista, as qualidades individuais do trabalhador, como competências profissionais

e educacionais, habilidades pessoais, criatividade e capacidade de iniciativa são dispensáveis

neste modelo, forçando assim o trabalhador a abstrair-se de sua própria vontade por uma boa

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parte do tempo de sua vida, justamente no tempo do trabalho, deslocando estas

potencialidades humanas ao tempo dedicado ao lazer e hobbies.

Esta condição facilitou o fracionamento das atividades de trabalho e gerou uma

dependência dos indivíduos na sociedade, a forma de controle realizado nas fábricas através

da gerência científica acabou, conforme Dias (2010, p. 310), “reproduzido nos hospitais, nas

universidades, nas escolas e nas diferentes instituições e organizações”, ou seja, o sistema de

produção taylorista e fordista foi aplicado em todos os setores da economia.

A estrutura hierárquica na organização da forma de trabalho taylorista/fordista era

separada de acordo com Rifkin (1995, p. 102), por diversos departamentos, em cada um

existia o responsável que gerenciava um grupo de pessoas com determinada função ou

atividade na fábrica. Esta hierarquia era subordinada a níveis acima do comando e a

verdadeira autoridade estava nas mãos do “alto comando” da empresa.

Com isso, Harvey (2014), demonstra a forma de organização do trabalho fordista,

gerenciada de forma racionalizada, cujas tarefas eram separadas, uma hierarquia

organizacional verticalizada e os trabalhadores eram caracterizados em dois tipos: aqueles, em

sua minoria que gerenciavam, concebiam, controlavam o processo, e os demais em sua

maioria que executavam as tarefas para produzir mercadorias planejados pelos primeiros.

Henry Ford aprimorou as técnicas de produção e organização do trabalho servindo

como base às formas do gerenciamento científico de Taylor, ao fazer chegar ao trabalhador,

peças de montagem de produtos, permanecendo o operário em um local fixado próximo da

esteira para o acréscimo de componentes quando o produto passasse na sua frente, desta

forma ele conseguiu maior produtividade. (HARVEY, 2014, p.121).

Segundo as palavras de Ford (1954):

“Hoje todas as operações se inspiram no princípio de que nenhum operário

deve ter mais que um passo a dar; nenhum operário deve ter que se abaixar.

Os princípios da montagem são: 1º Trabalhadores e ferramentas devem ser

dispostos na ordem natural da operação de modo que cada componente tenha

a menor distância possível a percorrer da primeira à última fase. 2º Empregar

planos inclinados ou aparelhos concebidos de modo que o operário sempre

ponha no mesmo lugar a peça que terminou de trabalhar, indo ela ter a mão

do operário imediato por força do seu próprio peso sempre que isso for

possível. 3º usar uma rede de deslizadeiras por meio das quais as peças a

montar se distribuam a distâncias convenientes. O resultado destas normas é

a economia de pensamento e a redução ao mínimo dos movimentos do

operário, que sendo possível, deve fazer sempre uma só coisa com um só

movimento” (FORD, 1954, p. 70)

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A distinção da forma de produção e trabalho entre o taylorismo do fordismo, de

acordo com os estudos de David Harvey (2014, p.121), foi o resultado da nova perspectiva

que Henry Ford aplicou em sua indústria, que a produção em massa de produtos significava

consequentemente o consumo de massa deste mesmo produto para a população, o que tornou

na época “um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle

e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia”, o que resulta em uma

sociedade de forma democrática, racionalizada, modernista e populista.

Harvey (2014, p. 122) descreve que o engenheiro Henry Ford realizou transformações

racionalizadas baseadas na forma de organização do trabalho taylorista, em determinados

pontos, dois destes foram: o tempo de trabalho de oito horas nas fábricas e o aumento salarial

dos operários para cinco dólares ao dia. Estas mudanças realizadas por Henry Ford foi

resultado de sua crença que o “novo tipo de sociedade poderia ser construído simplesmente

com a aplicação adequada ao poder corporativo”.

Isto significa que, somente com a dinamização da economia gerada pelas empresas,

tendo como exemplo as ações de Ford com seus funcionários, imaginou o industrial do setor

de automóveis, que poderia superar a crise econômica vigente na época, o que de fato não

ocorreu, desta forma foi necessário que o Estado ajudasse na economia com políticas

Keynesianistas. Estas políticas adotadas pelo Estado norte-americano, são descritas por

Lazzareschi (2008, p. 45), como “políticas de proteção às economias nacionais, de proteção

do emprego, de regulamentação das relações de trabalho, de fortalecimento dos sindicatos,

que garantiram a elevação dos salários e o consumo em massa”, estes fatores ajudaram a

consolidação do fordismo durante algumas décadas.

Para Harvey (2014, p. 122), estas mudanças ocorreram sob duas finalidades: obrigar

os trabalhadores se disciplinarem a trabalhar sob o ritmo da esteira na linha de montagem, o

que proporcionava alta produtividade. A segunda finalidade proposta por Ford foi

disponibilizar tempo e renda aos trabalhadores para dedicar um espaço de tempo, fora do

horário de trabalho, ao consumo dos mais diversos produtos produzidos em massa da sua e de

outras empresas, proporcionando a dinamização da economia.

Segundo as ideias de Ford (1954, p. 101), a distribuição dos salários considerados

altos possibilitaria o enriquecimento dos comerciantes, varejistas e, “os colaboradores de toda

ordem, e esta prosperidade se traduz por um acréscimo de procura dos nossos produtos”. De

acordo com Lazzareschi (2008), a perspectiva de Ford com seus funcionários era diferente em

relação a Taylor, ou seja:

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“Ford, diferentemente de Taylor, considerava o trabalhador não apenas um

produtor de mercadorias, mas também um consumidor. Por isso, aumentou

os salários de seus trabalhadores e instituiu a jornada de oito horas como

incentivo ao consumo, além de distribuir alguns benefícios, como

restaurantes, transporte, hospital e assistência social, por ter compreendido

que a produção padronizada em massa, graças à nova organização do

processo de trabalho inaugurada em suas fábricas com a construção da linha

de montagem com esteira rolante – esteira de produção – requeria consumo

de massa”. .(LAZZARESCHI, 2008, p. 45).

Em outras palavras, Rifkin (1995, p. 24) demonstra que Ford propôs que os operários

deveriam ser remunerados suficientemente para adquirir produtos que eram produzidos por

outras empresas. Os operários que trabalhavam na fábrica da Ford recebiam, na época,

salários maiores comparados às outras indústrias, uma forma de estímulo a circulação de

produtos, consumo e o aumento da economia como um todo.

De forma sintética, Pinto (2007, p. 41) discorre o modelo taylorfordista como a

fabricação padronizada dos produtos em grande escala com custos de produção reduzidos e

contrabalançados pelo aumento do consumo, proporcionando a elevação da renda dos

trabalhadores em razão do aumento das vendas e dos lucros empresariais.

A tentativa de Ford em contribuir na resolução do problema da depressão econômica

nos Estados Unidos não foi suficiente devido à sua magnitude, com isso, segundo Harvey

(2014), o Governo adotou medidas para sanar a crise social e econômica nos EUA, através de

políticas keynesianistas, ou seja, do auxílio com recursos do Estado destinados à população,

através de políticas de bem-estar social, para alavancar a economia norte-americana.

O sistema taylorfordista de produção foi, conforme Hobsbawn (1995, p. 259),

replicado nas indústrias instaladas em outros continentes, nos EUA este princípio foi também

adotado em outros setores da economia, como comércio e serviços na oferta de bens e

serviços. Podemos citar um exemplo do setor imobiliário e alimentício, o caso mais

conhecido é o restaurante Mc Donalds. Com isto, mostra-se que a forma de organização do

trabalho fordista, proporcionou a produção em massa de bens e serviços, a democratização e

ampliação do mercado de consumo de massa.

As áreas administrativas das empresas também foram influenciadas ao modelo fordista

de produção, segundo Lazzareschi (2008), ao realizarmos uma analogia da esteira rolante

industrial com uma atividade nos escritórios, por exemplo, o “Office boy interno” nas

empresas, uma de suas atribuições é transportar documentos necessários ao andamento do

processo administrativo e operacional entre os diversos departamentos de uma organização.

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35

A partir dos anos 60 do século XX, o sistema de produção taylorista/fordista se

deparou em crise, inicialmente nas economias dos países desenvolvidos e, posteriormente nas

economias em desenvolvimento, em resposta a este cenário, as organizações mudaram a

forma de acumulação do capital e foi desenvolvida uma nova forma de organização do

trabalho.

1.3 Crise do sistema Taylorista/ Fordista

O sistema produtivo e a forma de organização do trabalho taylorista/fordista,

empregado nas indústrias ao longo do século XX, baseou-se na produção em massa de

produtos de forma padronizada e homogeneizada, submetida pela gerência científica, cuja

estrutura administrativa era verticalizada, com diversos níveis hierárquicos e definidos de

forma sistemática.

A estrutura produtiva do taylorismo/fordismo baseou-se no trabalho parcelado e

fragmentado, manifestado pela decomposição das tarefas no processo produtivo, reduzindo a

ação dos trabalhadores a uma repetição de ações mecânicas e sujeitas ao cronômetro, cujo

resultado da coletividade resultava nos produtos acabados, este processo fez do trabalhador

um “apêndice” das máquinas nas indústrias. (ANTUNES, 2009, p. 38-39).

O sistema de acumulação flexível do capital tornou atrativo o investimento no

mercado financeiro em relação ao investimento produtivo sob o modelo fordista de produção.

Graças à inovação nos sistemas financeiros, realizados pelos grandes bancos multinacionais,

foi segundo os estudos de Harvey (2014, p.184), um “requisito necessário para superar a

rigidez geral, bem como a crise temporal, geográfica e até política peculiar em que o fordismo

caiu no final da década de 60”. Mostra-se evidente que essas inovações têm relação com o

aumento dos fluxos de capitais para “paraísos fiscais” e foi uma das alternativas para

compensar a queda dos índices de rentabilidade e produtividade percebidos nas empresas com

sede nos países desenvolvidos.

Uma das características centrais da passagem da forma de organização do trabalho

fordista/taylorista para forma de acumulação flexível, segundo Harvey (2014, p. 210), foi a

“destruição e reconstrução acelerada das habilidades dos trabalhadores”, porém nem todos

conseguiram acompanhar essas mudanças provocando o aumento do desemprego.

A mudança da forma de organização do trabalho, relacionada à produção de

mercadorias foi realizada de forma gradual, conforme as palavras de Harvey (2014, p. 257),

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36

por dois fatores principais: “a rápida implantação de novas formas organizacionais e de novas

tecnologias produtivas”, como solução frente a rigidez do sistema fordista de produção aliado

às políticas keynesianistas, crise eclodida em 1973.

Graças às mudanças organizacionais de gestão, houve o aumento da velocidade da

produção, horizontalização na estrutura hierárquica das empresas, terceirização de áreas não

relacionadas ao negócio principal da empresa e a transferência de sede para locais menos

custosos entre outras alterações essas são as mais relevantes.

O sistema de gerenciamento de estoques e entrega just in time, reduziu o tempo de giro

de capital necessário à produção em diversos setores, tais como: eletrônica, máquinas,

automóveis, construção, vestuário etc. O efeito causado pelo processo de mudança da forma

de acumulação do capital, através da acumulação flexível, iniciado na década de 1970 sobre

os trabalhadores, resultou na intensificação dos processos de trabalho e uma aceleração do

período de desqualificação e requalificação necessárias para atender a demanda das novas

necessidades de trabalho.

Esta aceleração do tempo de desqualificação e requalificação da população

economicamente ativa, nem todos conseguirão acompanhar, isto significa que, de acordo com

Harvey (2004, p. 257), para um trabalhador continuar a vender sua força de trabalho e manter-

se no mercado de trabalho, deverá adquirir novos conhecimentos e desenvolver diversas

competências necessárias para garantir a sua empregabilidade em tempos de constantes

mudanças no mercado de trabalho.

Conforme os estudos de Antunes (2009, p. 31-32), diversos fatores desencadearam a

crise estrutural na produção fordista/taylorista, a acumulação de capitais na forma que operava

o sistema fordista de produção, apresentou, a partir do início dos anos de 1970, diversos

indícios de queda na acumulação do capital. Estes indícios foram elencados em seis situações

ocorridas nos aspectos econômicos e sociais inicialmente nos países desenvolvidos, na sua

maioria, pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

(OCDE):

Redução da taxa de lucro: um dos elementos percebidos, segundo os capitalistas como

um dos fatores que causaram a queda da lucratividade, foi o aumento do preço da

força de trabalho, ou seja, os salários dos trabalhadores estavam altos, resultado de

uma conquista durante o período pós 45, na relação do custo da mão de obra na

produção com o grau de lucratividade obtida, resultou a uma redução dos níveis de

produtividade do capital, decrescendo as taxas de lucratividade;

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37

O esgotamento da forma de acumulação do capital sob o padrão de acumulação do

sistema taylorista/fordista. Este esgotamento foi consequência da incapacidade da

economia em responder à queda da taxa de consumo que se acentuava no final dos

anos 60, a queda de consumo teve como fator determinante o desemprego estrutural,

ou seja, a redução das vagas de emprego, cujas atividades eram feitas antes pelo

homem, foram sendo substituídas por máquinas ou outras novas tecnologias que

exigiam trabalhadores mais qualificados e em menor quantidade nas organizações;

Hipertrofia da esfera financeira, devido à queda da taxa de produtividade no setor

produtivo, os investidores acabaram priorizando o capital financeiro especulativo

acima dos investimentos no capital produtivo, tendo em vista que o primeiro trouxe

um maior retorno financeiro em relação aos investimentos no setor produtivo;

Maior concentração de capitais graças às fusões entre as empresas monopolistas, que

detinham o controle total de um determinado mercado e oligopolistas, um grupo

pequeno de empresas que detinham a maior parte de um segmento da economia.

Geralmente quando ocorre este tipo de concentração de capitais, o número de vagas de

emprego nessas empresas acabam se reduzindo;

A crise do Welfare State, ou mais conhecida como Estado de Bem-estar Social,

tratava-se de uma política adotada nos países desenvolvidos e em alguns países em

desenvolvimento, no sentido de dinamizar a economia através de benefícios aos

trabalhadores e aos cidadãos em geral. Esse modelo de política acabou gerando uma

crise fiscal do Estado capitalista e a urgência de redução de gastos públicos e a sua

transferência para o capital privado. Neste contexto, em países desenvolvidos como os

Estados Unidos, por exemplo, a saúde não é pública e a população deve possuir um

plano de saúde no mínimo básico, ou pagar os altos custos de utilização destes

serviços, como forma de reduzir gastos públicos e que, consequentemente, eleva o

investimento no capital privado;

Incremento acentuado do processo de privatizações, ou seja, a venda de empresas

geridas pelo Estado para a iniciativa privada, tendência generalizada às

desregulamentações e à flexibilização do processo produtivo dos mercados e força de

trabalho, através de novas formas de organização do trabalho nas quais se reduziam os

custos e a obtenção de taxas de maior produtividade e consequentemente maior

lucratividade do capital, como exemplo o início da disseminação do toyotismo nas

indústrias.

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38

Outros fatores também favoreceram as mudanças no sistema de produção e trabalho

no capitalismo, além dos mencionados por Antunes (2009), tais como: o aumento da inflação

nos Estados Unidos; o mercado dos eurodólares; a crise do petróleo e a necessidade de

produção de bens não somente em massa de forma rígida conforme o modelo taylorfordista,

mas também de forma personalizada e em lotes. Com isso, enfraquece o modelo de produção

fordista e urge a adoção de outra forma de organização de trabalho para produção, oposto ao

modo até então vigente.

Complementando as ideias de Antunes (2009), Machado (2012, p. 30) apontou quatro

causas originárias da crise da forma de organização do trabalho taylorfordista:

Aumento das reivindicações sindicais, que alargaram seu poder de negociação com os

empregadores, estes questionaram alguns aspectos básicos da organização e gestão de

produção das indústrias, como: tempo padrão, ritmos da linha de montagem e horários

de trabalho dos operários;

Alto índice de recusa dos trabalhadores a determinadas formas de organização do

trabalho, especialmente aqueles com forte pressão de tempo, estes trabalhos eram

realizados cujas empresas não necessariamente se preocupavam com a segurança dos

trabalhadores, muitas vezes eram causas de acidentes no ambiente de trabalho;

Elevação do nível de instrução dos trabalhadores, abrindo possibilidades a outras

formas de trabalho ou emprego. Com isso, menos pessoas se sujeitaram ao trabalho

desqualificado nas linhas de montagem, os operários submetidos a esta forma de

organização de trabalho eram geralmente imigrantes, com baixo grau de instrução, que

se depararam com novas oportunidades de emprego na indústria;

Excessiva rigidez do sistema baseado na produção de produtos em massa, frente à

necessidade de soluções que exigiam maior flexibilidade para atender a crescente

diversificação e sofisticação da demanda de consumidores, cada vez mais exigentes

por novos produtos.

Deste modo, o sistema de produção taylorfordista demonstrou ser bem eficiente na

missão de expandir os mercados consumidores no ocidente. Este modelo possuía uma

estratégia de crescimento bem clara. Os produtos fabricados não eram diversificados em seus

modelos e cores, logo os consumidores consumiam os mesmos produtos, este foi o resultado

da produção em massa, forma de processo produtivo, considerada por Machado (2013, p. 30),

a “essência do industrialismo no início do século XX”.

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A partir da década de 1970, percebeu-se a necessidade de evolução, sofisticação e

diversificação das demandas do mercado, o aumento da concorrência na oferta de novos

produtos e serviços transformou o comportamento do mercado, fez com que as indústrias

alterassem a sua forma de pensamento administrativo e induziu às mudanças na forma de

organização do trabalho, o foco passaria do processo produtivo ao cliente, das máquinas às

pessoas. (MACHADO, 2012).

Desde então, os fatores demonstrados por Antunes (2009), desencadearam a crise da

forma de organização de trabalho fordista/taylorista, também demonstrados por Mills (1969) e

Harvey (2014), considerado segundo os estudos de Hobsbawn (1995), como o fim da “era do

ouro” dos países capitalistas desenvolvidos.

Desta forma, demonstramos que no início dos anos 1970, em resposta a crise

econômica nos países desenvolvidos, emerge uma nova forma de acumulação do capital, em

conjunto com novas técnicas e formas de organização do trabalho, o toyotismo, que auxiliou

em promover as transformações da forma de acumulação do capital.

A forma de organização do trabalho taylorista/fordista, de acordo com Lazzareschi

(2008, p. 47), universalizou-se no período pós-segunda guerra em 1945 nos países capitalistas

e foi um dos principais fatores da rápida reconstrução da Europa Ocidental e Japão. Os

japoneses, por sua vez, inovaram na forma de aumentar sua produtividade e da maneira de

trabalhar nas suas fábricas através do toyotismo, que inaugura a “fase C ou Sistema

Automático de Produção”, sistema que outros autores denominam como produção flexível ou

enxuta.

Conforme os estudos detalhados de Castells (2016, p. 61-62), o modo de produção

capitalista passou por um processo de reestruturação iniciado nas últimas décadas, essas

transformações têm como características:

Flexibilidade de gerenciamento nos processos produtivos e do trabalho, por meio de

novas técnicas de gestão e produção em conjunto com novas tecnologias que reduzem

o número de trabalhadores em determinadas áreas da economia e em outras emergem

novas profissões;

Descentralização das organizações em relação à gestão, processos administrativos e

operacionais, formando assim negócios cuja composição é formada por empresas em

rede, tanto no ambiente interno quanto externo, através da relação de parcerias com

outras empresas;

Fortalecimento do papel do capital na relação com o trabalho, com o declínio da

influência dos movimentos de trabalhadores, como por exemplo, os sindicatos;

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40

Processo de individualização e diversificação cada vez maior da força de trabalho

remunerada, geralmente em condições discriminatórias, por meio de metas para

alcançar níveis de produtividade com o recebimento de bonificações;

Intervenção estatal, por meio da legislação para desregular os mercados de forma

seletiva e desfazer o Estado do Bem-estar Social com diferentes intensidades e

orientações, dependendo da natureza das forças e instituições políticas de cada

sociedade, impactando na vida da população, principalmente os mais vulneráveis;

Crescimento da concorrência global em um contexto de progressiva diferenciação dos

cenários geográficos e culturais para a acumulação e gestão do capital, as empresas se

instalam em locais nos quais a mão de obra é mais barata e o Estado oferece também

benefícios fiscais.

A crise do modelo taylorfordista de produção e de trabalho impactou, conforme

Machado (2012, p. 19), de forma estrutural. A queda deste modelo eclodiu com a redução dos

ganhos de produtividade e representou o esgotamento do modelo como forma predominante

de organização do trabalho e de produção.

Este processo de transição da forma de organização do trabalho fordista para a

acumulação flexível, resultante da crise do modo de acumulação do capital, deveria implicar,

de acordo com Harvey (2014, p. 275) uma mudança nos “nossos mapas mentais, das nossas

atitudes” e também das instituições políticas.

Uma importante análise crítica, demonstrada por Lazzareschi (2008, p. 45), a respeito

da forma de organização taylorfordista são evidenciadas por duas questões cruciais na

sociedade, o conflito de classes nas sociedades capitalistas e o problema que o capitalista se

depara até o dia de hoje em “como obter a colaboração do trabalhador e fazê-lo trabalhar mais

e melhor?”. A priori, nenhuma pessoa deseja trabalhar para que o outro enriqueça, pela troca

de um salário que, muitas vezes, para uma parcela da população, não oferecem condições

dignas de sobrevivência, ou seja, para uma boa parte da população é preciso trabalhar para

sobreviver, mesmo a contragosto em relação a atividade exercida em uma organização.

Deste modo, o taylorismo/fordismo foi a forma que o capital, durante o século XX,

adotou para enfrentar as questões cruciais mencionadas anteriormente, mas da parte dos

trabalhadores, de uma forma ou de outra, surgem reações às condições impostas, através da

organização nos sindicatos ou movimentos para reivindicar suas demandas, algumas destas

reações tornam-se bem-sucedidas e resultam na melhoria das condições de trabalho e vida.

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41

As consequências da crise, segundo Pinto (2007, p. 60), resultaram no aumento do

desemprego, o enfraquecimento dos sindicatos, que foram atingidos pelo fracionamento da

composição da classe trabalhadora e sua recolocação em diversos setores econômicos.

Um dos maiores desafios que se confronta com o capital, de acordo com Lazzareschi

(2008), é a conciliação de interesses divergentes entre os trabalhadores e os proprietários dos

meios de produção, na busca de esforços conjuntos por meio dos gestores das organizações,

governos e trabalhadores em promover o desenvolvimento e a redução da desigualdade social.

1.4 Mudanças na forma de acumulação do capital: o Toyotismo

As mudanças no modo de acumulação do capital e da organização da forma de

trabalho ocorreram a partir do final da década de 60 e início da década de 1970 nos países

considerados desenvolvidos. Esta outra forma ou modelo de produção Harvey (2014)

denomina como modo de acumulação flexível que é diferente do modo taylorista-fordista de

produção e acumulação do capital.

Para Harvey (2014, p. 140) a acumulação flexível do capital é marcada pelo confronto

direto com as ideias de rigidez na forma de produção e organização da forma de trabalho

fordista, pois ela se sustenta na flexibilidade dos processos do trabalho, dos mercados de

trabalho, dos produtos que são produzidos e dos padrões de consumo.

Consequentemente, a acumulação flexível teve como algumas características, o

aparecimento de novos setores de produção, com novas formas de fornecimento de serviços

financeiros, novos mercados consumidores e altas taxas de inovação do setor comercial,

tecnológica e organizacional.

Esta mudança na forma de acumulação do capital, como demonstra Harvey (2014),

envolveu rápidas mudanças nos padrões de desenvolvimento desigual, considerando tanto

setores como regiões geográficas, criando um aumento de empregos no setor de serviços e

conjuntos de indústrias em regiões consideradas subdesenvolvidas.

Durante a segunda metade do século XX, foram adotados alguns processos mais

sofisticados de produção de bens com objetivo de proporcionar maior lucro e produtividade

nas empresas, resultando em mudanças na forma de organização do trabalho e do perfil do

trabalhador que atuará nessas organizações.

O início dos anos 1970, o modo de produção capitalista, manifestado pela decadência

do modo de organização do trabalho taylorfordista, resultou numa crise de estrutura do

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capital. Na busca de recuperar o ciclo produtivo de acumulação e recuperar o seu projeto de

dominação da sociedade, o capital como resposta, de acordo com Antunes (2009, p. 49),

“implementasse um vastíssimo processo de reestruturação” com vistas a sanar problemas

evidenciados pela crise como por exemplo, a confrontação e conflitos da relação entre o

capital e trabalho, que poderia fragilizar os pilares da sociedade.

Essas transformações ocorridas nos processos de produção a partir dos anos 1970

foram decorrentes das transformações tecnológicas na forma de organização do trabalho com

o objetivo de aumentar a produtividade das empresas, desta forma o mercado de trabalho

exigiu o aprendizado e o desenvolvimento de novas competências profissionais por parte dos

trabalhadores.

A forma de organização do trabalho, resultante do modo de acumulação flexível,

através da reestruturação produtiva é mais conhecida como toyotismo ou produção enxuta,

idealizado pelo engenheiro mecânico Taiichi Ohno, que aplicou o seu modelo de gestão na

fábrica de automóvel Toyota no Japão. O modelo de gestão e forma de organização e trabalho

desta indústria tornou-se a via japonesa de crescimento econômico no período pós-45 e que

“muito rapidamente se propaga para as grandes companhias daquele país”. (ANTUNES,

2009, p. 56-57).

O sistema fordista de produção de produtos em massa disseminou-se das fábricas de

automóveis para outras indústrias e outros tipos de empresas como comércio e serviços em

todo mundo, foi por décadas a melhor forma de condução na expansão dos negócios. Porém,

no pós-guerra surge no Japão, como mostra Rifkin (1995, p. 102), novas formas de trabalho e

processos de produção diferentes da forma norte-americana de produção e de organização do

trabalho através da empresa Toyota e seu “novo processo gerencial era denominado de

produção enxuta”, outros autores mencionados neste trabalho denominam de toyotismo.

Ao contrário do modelo taylorista/fordista de produção, o toyotismo, derivado do

sobrenome do seu fundador Sakichi Toyoda, trata-se, de acordo com Coriat (1994, p. 30-31),

um sistema adaptável à produção, com custos reduzidos, de pequenas séries de produtos

diferenciados e variados.

O processo de produção e forma de trabalho toyotista de organização do trabalho tem

como algumas características, de acordo com Antunes (2009, p. 57), a racionalização do

processo produtivo, atrelada ao forte disciplinamento da força de trabalho dos trabalhadores

resultando na sua intensificação, tornando-se uma nova opção na forma de acumulação do

capital, diferente do modelo fordista de produção.

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O toyotismo enfatiza o trabalho em equipe e desta forma ocorre de acordo com os

estudos de Antunes (2009, p. 58) uma “intensificação da exploração do trabalho do

trabalhador”, por ele operar várias máquinas ao mesmo tempo, pela velocidade da cadeia

produtiva, isto significa que há uma intensificação do ritmo produtivo dentro do mesmo

tempo de trabalho ou até mesmo quando este se reduz. Este modo de organização do trabalho

diferencia-se do fordismo, pelo fato de que o trabalhador, para trabalhar em uma organização,

exige qualificação e aquisição de conhecimentos, o que gera uma situação contrária ao

sistema fordista, à apropriação intelectual dos trabalhadores no processo produtivo, e mostra-

se, portanto, um contexto favorável ao capital para a sua acumulação e rentabilidade.

O sistema toyotista de produção mostrou-se, de acordo com Antunes (2009, p. 60),

como a “mais avançada experiência de reestruturação produtiva” do capital, este modelo

originou-se do fordismo japonês e transformou-se numa nova forma de acumulação

capitalista. Este sistema foi capaz de gerar um grande avanço no modo de produção no Japão,

que, mesmo derrotado na segunda guerra mundial, a partir do período pós-guerra foi

reconvertido gradualmente à condição de país de grande destaque no mundo capitalista no

final dos anos 1970.

Reconheceu-se, desse modo, que não adianta introduzir robôs e tecnologia

avançadas, sem a equivalente qualificação e preparação de sua força de

trabalho. As transformações humanas e organizacionais devem caminhar

passo a passo com as mutações tecnológicas. Essa assimilação do toyotismo

vem sendo realizada por quase todas as grandes empresas, a princípio no

ramo automobilístico e, posteriormente, propagando-se também para o setor

industrial em geral e para vários ramos do setor de serviços, tanto nos países

centrais quanto nos de industrialização intermediária. (ANTUNES, 2009, p.

61).

Alguns elementos do toyotismo são elencados por Machado (2012, p.32) para

entendermos melhor as suas características. A flexibilização da produção das mercadorias é o

elemento central da forma de organização do trabalho toyotista, cuja produção é estritamente

relacionada com a demanda. Desta forma, os estoques são mínimos ou inexistentes, processo

este chamado de just in time.

No toyotismo, trabalha-se com a fabricação de pequenos lotes de produtos para

atender a demanda e com altos níveis de qualidade, ou técnica de gestão mais conhecida como

qualidade total, cujo foco é a relação de todas as fases do processo produtivo. Como fator para

motivar os trabalhadores, uma parte do corpo de funcionários obtiveram empregos vitalícios,

todos com oportunidade de plano de carreira, sendo que o critério principal para as promoções

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é o de antiguidade e os funcionários passam a ter direito a participação de uma parte dos

lucros anuais.

Alguns dos pontos fortes que o toyotismo possui e que se evidenciam são: a

capacidade de captar as necessidades do mercado consumidor cada vez mais exigente,

demandando produtos diversificados; e o seu poder de adaptação constante em relação às

mudanças tecnológicas que ocorrem com maior rapidez. Neste modelo, o sistema de vendas

dos produtos acaba gerando uma relação de longo prazo derivado da construção da

credibilidade e confiança dentro da cadeia produtiva, tornando-se funcional e ágil.

Com a crise do petróleo nos anos 1970, resultado do aumento brusco do preço do

barril no mercado internacional, as organizações que aderiram ao toyotismo obtiveram uma

considerável vantagem competitiva, neste modelo proporcionava uma redução no consumo de

energia e matérias primas, o contrário do sistema fordista de produção. As empresas que se

adaptaram as formas de organização do trabalho, transformando os seus processos fordistas

em toyotistas, acabaram conquistando novos mercados no cenário mundial, graças a sua

competitividade.

Neste sentido, Antunes (2009) mostra que as empresas buscam desenvolver o aumento

da sua produtividade, auferir lucros e expandir o seu capital. Uma das formas de produção no

qual se destaca, pelos resultados obtidos, em comparação ao fordismo, é o chamado

toyotismo, originário da indústria japonesa automobilística Toyota no período após o término

da Segunda Guerra Mundial em 1945.

Este conceito sobre o sistema de produção toyotista é reforçado por Castells (2016), o

qual discorre sobre a mudança no modo de produção capitalista ser o resultado da

adaptabilidade do sistema em relação às formas ou modo de trabalho e de produção. Um dos

princípios desta forma de organização do trabalho, segundo Rifkin (1995, p. 103) foi a

combinação de novas técnicas gerenciais com o desenvolvimento de máquinas mais

sofisticadas com a finalidade de produzir mais com menos recursos e mão de obra através da

eliminação da tradicional hierarquia gerencial, substituindo por equipes polivalentes que

trabalham conjuntamente no próprio local da produção.

Com isso, os engenheiros de projeto, programadores e operários interagem

compartilhando ideias e tomando decisões conjuntas na fábrica. Desta forma, o modelo da

gerência científica, baseada nas ideias de Taylor é superado, com a implementação de uma

filosofia de base cooperativa, com o objetivo de aproveitar o capital intelectual e a experiência

prática dos envolvidos no processo produtivo.

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Como exemplo de comparação entre o fordismo e o toyotismo, na forma de

organização do trabalho taylorista/fordista de produção em massa, Rifkin (1995, p.104)

descreve que, a área de pesquisa e desenvolvimento eram separados do ambiente de “chão da

fábrica” e instalados num laboratório, lá os “cientistas e engenheiros projetam no laboratório

os novos modelos e as máquinas para produzi-los e, então, introduzem as modificações na

fábrica”, com as instruções detalhadas e os cronogramas para a sua fabricação, determinando

também o papel dos trabalhadores nos departamentos, que podem ser convidados a participar

do projeto de novos carros, mas este processo é controlado rigidamente pelos engenheiros nas

empresas automobilísticas norte-americanas.

No caso do toyotismo, a engenharia torna-se cooperativa, seguindo o conceito de que

todos os envolvidos no projeto (produção, distribuição, marketing e vendas) de um novo

automóvel devem participar no processo de desenvolvimento segundo Rifkin, (1995, p.104),

para “assegurar que as necessidades específicas de um departamento sejam levadas em

consideração e para ajudar a identificar dificuldades potenciais antes do início da produção

em larga escala”. Em suma, as empresas japonesas descobriram que incluindo todos no

estágio de design, os custos podem ser mais reduzidos e a qualidade aprimorada.

Uma das tecnologias de gestão utilizadas no toyotismo é o conceito de

aperfeiçoamento contínuo, chamado de Kaizen, que tem como objetivo o desenvolvimento da

melhoria contínua nos processos de produção e de trabalho e é considerada a chave do

sucesso dos métodos japoneses de produção.

Ao contrário do sistema norte-americano de produção, no qual as inovações eram

feitas raramente, o sistema de produção japonês foi projetado para propor mudanças e

aperfeiçoamentos constantes nas suas operações diárias. Para alcançar o kaizen, a gerência

aproveita a experiência dos trabalhadores, valorizando a solução de problemas.

Vejamos como exemplo da aplicação da forma de gerenciamento Kaizen a seguinte

situação: Os trabalhadores no ambiente da fábrica trabalham em equipe e possuem mais

liberdade e têm mais liberdade sobre o processo de produção. No caso da ocorrência de

quebra em uma máquina ou ocorrer a redução do ritmo de produção, a própria equipe de

operários providenciam o conserto do referido equipamento e eliminam os “gargalos” do

processo produtivo, ou seja, o impedimento do fluxo de uma parte do processo de produção

da fabricação de um produto. Logo, mostra-se evidente que se trata do oposto da forma de

organização do trabalho taylorfordista que, nesta mesma situação, seria necessário notificar o

supervisor imediato para depois este convocar técnicos para consertar o equipamento.

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46

O resultado da ferramenta gerencial Kaizen é um número reduzido de paralisações e

um fluxo de produção mais uniforme na linha de produção, devido aos trabalhadores

próximos deste processo estarem preparados para prever e na ocorrência de problemas,

resolvê-los da maneira mais rápida. (RIFKIN, 1995, p. 104).

No toyotismo, o trabalho em equipes gera maior eficiência, ou seja, de conseguir o

melhor desempenho com o menor gasto de recursos, através de trabalhadores

multiqualificados, motivados e versáteis nas várias tarefas existentes, o que, neste sentido leva

a maior entendimento do processo de fabricação geral, detectando os problemas e

solucionando baseado no conhecimento da equipe com vistas à melhoria contínua.

Na forma de organização de trabalho taylorista/fordista, a tomada de decisão é

transferida para os altos escalões da hierarquia organizacional, ocorre o oposto no modelo

toyotista na qual se procura, segundo Rifkin (1995, p. 105), “empurrar o poder da decisão cada

vez mais para baixo na escala hierárquica, tão próxima quanto possível do ponto de

produção”. Desta forma, no ambiente de trabalho gera um clima mais igualitário reduzindo-se

os atritos na relação entre a gerência e os operários.

Existe também um compartilhamento no uso do refeitório e estacionamento entre os

trabalhadores de distintos níveis hierárquicos, os mesmos utilizam uniformes de empresa, os

postos de trabalho dos gerentes ficam no mesmo local onde os operários trabalham, os

mesmos são recrutados diretamente da força de trabalho, consequentemente conhecem os

processos, as necessidades e os membros da equipe que irão liderar.

Outro ponto importante no sistema toyotista de produção, são os chamados Círculos

de Controle de Qualidade (CCQ), sua prática consiste em reunir alguns trabalhadores para

discutir práticas de melhoria contínua sobre o processo de produção.

O modelo de produção japonês enfatiza, no seu processo produtivo, uma tecnologia de

gestão baseada na produção de mercadorias conforme a demanda e sem a necessidade de

grandes estoques, mais popularmente chamada de “produção just-in-time, ou produção sem

estoques”. De acordo com Rifkin (1995, p. 106), a origem da ideia da redução de estoques nas

fábricas japonesas, originou-se de uma visita realizada pelo fundador da Toyota, Sakichi

Toyoda aos Estados Unidos da América nos anos 1950.

De acordo com Pinto (2007)

“Em termos de processos produtivos internos às empresas, organizar a

produção sob o regime Just-in-time significa que, na montagem de um

produto, todos os seus componentes, fabricados em processos distintos de

submontagem, devem chegar aí no momento exato e na quantidade

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estritamente necessária, sem a formação de estoques nem tempo de espera

entre os postos de trabalho”. (PINTO, 2007, p. 76).

O senhor Toyoda, ideólogo da fábrica japonesa de automóveis, ficou impressionado

com a forma que os grandes supermercados americanos gerenciavam seus produtos com

baixos ou até sem estoques, esta admiração foi superior aos processos fabris do setor

automobilístico ao ponto de conseguir adotar esta forma de gestão de estoques em sua fábrica.

Já o modelo de produção fordista, mostra-se o contrário do modelo japonês, sendo

mais oneroso. A forma de produção e estocagem é chamada de just-in-case, ou seja, o

gerenciamento de grandes volumes de estoques de peças e equipamentos para toda a linha de

produção, no caso de precisar substituir possíveis peças ou equipamentos defeituosos.

Os princípios do toyotismo ou da administração enxuta, tem como ênfase os processos

de organização de produção e trabalho, diferente do sistema fordista, este enfatiza a estrutura

e a função dos trabalhadores. Deste modo, Rifkin (1995, p. 107), aponta que o sistema

japonês de organização do trabalho torna-se adequado ao aproveitamento das novas

tecnologias da informação baseadas em computador. Atualmente a produção em algumas

fábricas são praticamente automatizadas, com poucos trabalhadores operando as máquinas e

sua estrutura é semelhante aos laboratórios como local de estudos e experiências com enfoque

na melhoria contínua dos processos.

O toyotismo, ou a produção enxuta segundo Rifkin (1995, p. 104), as áreas de trabalho

“torna-se efetivamente o laboratório de pesquisa e desenvolvimento”, ou seja, um local de

trabalho onde se combinam a experiência de cada pessoa com o conhecimento aprendido,

com a finalidade de aperfeiçoar os processos produtivos, melhorando assim a qualidade do

produto final.

Este pensamento de aperfeiçoamento contínuo nos processos organizacionais,

incluindo todos os setores da economia, gerou novas profissões e novos empregos

relacionados à área da gestão da qualidade. As empresas que atendem os requisitos técnicos

originários das tecnologias de gestão japonesas alcançam mercados globais.

Além disso, a forma de organização do trabalho no decorrer dos anos foi acrescida de

tecnologia desenvolvida tanto da utilização de mão de obra mais qualificada quanto da

operacionalização de equipamentos mais sofisticados.

Com isto, as atividades do mundo do trabalho na contemporaneidade também foram

alteradas, como reflexo deste cenário, Castells (2016) demonstrou que as novas tendências da

mão de obra, no contexto das mudanças na forma de organização do trabalho são: a crescente

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flexibilidade da mão de obra, o crescimento de ocupações profissionais nas quais são exigidas

um alto nível educacional, e, por outro lado, empregos de baixa qualificação. Estas tendências

de mão de obra proporcionaram dois tipos de trabalhadores segundo Castells: o de mão de

obra autoprogramável e o de mão de obra genérica.

Castells (2016) demonstra a importância do processo de trabalho em uma sociedade

em rede que é o resultado de transformações tecnológicas, administrativas e das relações

produtivas no ambiente interno e externo das empresas na qual “o paradigma informacional e

o processo de globalização afetam a sociedade em geral”. (CASTELLS, 2016, p. 267).

Desta forma, Antunes (2009, p. 56-57) demonstra as diferenças do toyotismo em

relação ao fordismo que pode ser demonstrado através do quadro 1 abaixo:

Quadro 1

Comparativo da forma de organização do trabalho taylorista / fordista em relação ao modelo Toyotista. Fordismo Toyotismo

Produção em série e de massa Produção vinculada à demanda visando atender às

exigências mais individualizadas dos clientes.

Trabalho com caráter parcelar e funcional Trabalho operário em equipe, com multivariedade de

funções.

Cada homem manuseava em seu trabalho apenas

com uma máquina ou a permanência em um lugar

fixo na esteira da linha de produção.

Produção se estrutura num processo flexível, que

possibilita ao operário operar simultaneamente várias

máquinas.

Grandes estoques de materiais papa a produção

“just-in-case” (por precaução)

Princípio do Just in time, com o melhor aproveitamento

possível do tempo de produção funciona sob o sistema

kanban, sinalização por placas ou senhas de comando para

reposição de peças e de estoque que são mínimos.

Verticalidade dos níveis organizacionais com

vários níveis hierárquicos.

Estrutura horizontalizada de organização.

Desprezo pelo capital cognitivo do trabalhador. Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), (grupos de

trabalhadores instigados pelo capital a discutir seu trabalho

e desempenho, com vistas a melhorar a produtividade das

empresas, convertendo-se num importante instrumento de

apropriação do capital intelectual e cognitivo do

trabalhador).

Alta rotatividade e incertezas na empregabilidade “emprego vitalício” para cerca de 25% a 30% da

população trabalhadora, se presenciava a exclusão das

mulheres e com ganhos salariais vinculados ao aumento da

produtividade.

Fonte: Antunes (2009, p. 56-57). Elaborado pelo autor.

O quadro 2 mostra as diferenças, de acordo com Harvey (2014), entre o taylorismo/

fordismo e o Toyotismo, especificamente em relação a forma de organização do trabalho:

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Quadro 2

Diferenças ente o fordismo e toyotismo em relação às formas de organização do trabalho

Trabalho Produção fordista

(baseada em economias de escala)

Produção Just-in-time

(baseado em economias de escopo)

Realização de uma única tarefa pelo trabalhador Múltiplas tarefas

Pagamento pro rata (baseado em critérios da definição do

emprego)

Pagamento pessoal (sistema detalhado de

bonificações)

Alto grau de especialização de tarefas Eliminação da demarcação de tarefas

Pouco ou nenhum treinamento no trabalho Longo treinamento no trabalho

Organização vertical do trabalho Organização mais horizontal do tabalho

Nenhuma experiência de aprendizagem Aprendizagem no trabalho

Ênfase na redução da responsabilidade do trabalhador

(disciplinamento da força de trabalho)

Ênfase na corresponsabilidade do trabalhador.

Nenhuma segurança no trabalho Grande segurança no emprego para trabalhadores

centrais (emprego perpétuo) Nenhuma segurança

no trabalho e condições de trabalho ruins para

trabalhadores temporários

Fonte: Harvey (2014) apud Swyngedouw (1986).

No quadro 3 comparam-se as diferenças entre o taylorfordismo e o toyotismo em

relação ao processo de produção de mercadorias Harvey (2014):

Quadro 3

Comparação entre o fordismo e toyotismo em relação ao processo de produção

Processo de Produção Produção fordista

(baseada em economias de escala)

Produção Just-in-time

(baseado em economias de escopo)

Produção em massa de bens homogêneos Produção em pequenos lotes

Uniformidade na padronização Produção flexível e em pequenos lotes de uma

variedade de tipos de produto

Grandes estoques e inventários Sem estoques

Testes de qualidade ex-post (detecção tardia de erros e

produtos defeituosos)

Controle de qualidade integrado ao processo (detecção

imediata de erros)

Produtos defeituosos ficam ocultados nos estoques Rejeição imediata de peças com defeito

Perda de tempo de produção por causa de longos

tempos de preparo, peças com defeito, pontos de

estrangulamento nos estoques, etc.

Redução do tempo perdido, reduzindo-se “a

porosidade do dia de trabalho”

Voltada para os recursos Voltada para a demanda

Integração vertical e (em alguns casos) horizontal Integração (quase) vertical, subcontratação.

Redução de custos através do controle dos salários Aprendizagem na prática integrada ao planejamento a

longo prazo.

Fonte: Harvey (2014) apud Swyngedouw (1986).

O toyotismo foi positivo aos interesses do capital para realizar a sua reestruturação

produtiva, iniciada nos anos 70, devido a crise do sistema taylorfordista de produção. Estas

mudanças, para a incorporação do toyotismo, segundo Antunes (2009, p. 59), foram

ocorrendo de forma adaptada e escalas diferentes em cada país “de acordo com as suas

condições econômicas, sociais, políticas, ideológicas” e sua posição dentro do cenário

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relacionado à divisão internacional do trabalho e dos movimentos sindicais e das condições do

mercado de trabalho.

A estrutura de trabalho nas empresas baseadas na acumulação flexível conforme

Harvey (2014) mostra estar em concordância com as ideias de Castells (2016), demonstrando

que na dinâmica do sistema de produção toyotista, ocorre a interação de empresas em formato

de rede, devido a sua interdependência decorrente do processo produtivo.

Para Coriat (1996, p. 13), são evidentes as vantagens do Ohnismo ou Toyotismo, que

consiste em, conjugar nas organizações, a produtividade e qualidade, através da construção de

políticas internas, nos quais os trabalhadores são necessariamente qualificados, polivalentes e

responsáveis pelo seu ambiente de trabalho.

Para a manutenção do modo de produção vigente, Hobsbawn (1995, p. 404) salienta

que o valor do custo do trabalho humano não pode ser reduzido abaixo do valor do custo

necessário para manter a sobrevivência desses seres humanos em um nível mínimo aceitável

em sua sociedade, ou na verdade em qualquer nível social de qualquer sociedade, pois todos

os seres humanos não foram projetados para um sistema capitalista de produção.

Desta forma, quanto mais alta a tecnologia utilizada em um processo produtivo, mais

caro será o componente humano no processo de produção, em comparação ao mecânico. Isto

significa que o homem necessita acompanhar a tecnologia, através do conhecimento, se

qualificando e desenvolvendo competências necessárias para o mercado de trabalho.

De acordo com os estudos de Lazzareschi (2008, p. 11), a reestruturação produtiva do

capital proporcionou o desenvolvimento das tecnologias da informação, e o desenvolvimento

de novas técnicas de gerenciamento, oriundas das práticas japonesas de organização, inseridas

no processo do trabalho, como exemplos podemos elencar o toyotismo, a redução e ou a

eliminação dos estoques como o Just in time e o sistema de organização de demandas de

produção, o Kanban (PINTO, 2007), conforme explica o autor:

“No âmbito interno das fábricas, esses fluxos de informação e de materiais

foram possibilitados pela elaboração de um dispositivo mecânico que

conduzia caixas no sentido inverso da produção (ou seja, dos postos

posteriores aos anteriores), contendo cartazes (kanban em japonês) com

informações sobre a quantidade necessária de alimentação dos postos

subsequentes, ao mesmo tempo em que outras caixas passaram a circular no

sentido normal do fluxo produtivo (dos anteriores aos posteriores),

carregadas das peças ou materiais encomendados por cada um desses postos.

Tratava se do sistema kanban”. (PINTO, 2007, p. 78-79).

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O mercado de trabalho, segundo Harvey (2014, p. 143), passou por uma

reestruturação, o comportamento volátil do mercado, crescimento da competitividade e da

redução das margens de lucro. Assim, os capitalistas aproveitaram-se do “enfraquecimento do

poder sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente (desempregados ou

subempregados) para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis”, com o objetivo

de atender as necessidades das organizações com uma tendência da redução do emprego

regular e o aumento do trabalho em tempo parcial, temporário ou subcontratado. O resultado é

uma estrutura de mercado de trabalho mostrado na figura 1 a seguir, no qual o número de

empregados do grupo central, conforme os estudos de Harvey (2014, p. 143) tendem a se

reduzir nas empresas, sendo compostos de trabalhadores “em tempo integral, condição

permanente e posição essencial para o futuro de longo prazo da organização” e têm

estabilidade no emprego, perspectivas de promoção e reciclagem, vários benefícios atrativos.

Esse grupo que atende à expectativa das grandes empresas deve possuir fundamentalmente o

perfil de “ser adaptável, flexível e, se necessário geograficamente móvel”. No caso de

dispensa deste tipo de funcionário, a empresa pode realizar subcontratações, por exemplo, nas

áreas de propaganda e administração financeira, com isso, o número de empregados

pertencentes ao grupo central torna-se reduzido.

O grupo periférico da figura 1 é composto por dois subgrupos com características

diferentes. O primeiro consiste em trabalhadores cujas funções e habilidades são facilmente

disponíveis no mercado de trabalho, caracterizam-se em estar em postos de trabalho com uma

alta taxa de rotatividade. O segundo grupo periférico, é composto de empregados com maior

flexibilidade, os que trabalham em tempo parcial, temporários, estes possuem menos

segurança em relação ao primeiro subgrupo periférico e crescem o número de empregados

que se enquadram nesta categoria.

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Figura 1. Estruturas do mercado de trabalho em condições de acumulação flexível

Fonte: Harvey (2014, p. 143) apud Flexible Patterns of Work, editado por C. Curson, Inst. of Personnel

Management (1986).

As novas formas de organização do trabalho implantadas pelo capital tiveram como

consequência para a sociedade a desestruturação dos mercados de trabalho, a extinção de

muitos empregos e a criação de outros, cujas condições de exercer estes novos postos de

trabalho é por meio do desenvolvimento de novas competências profissionais, diferentes das

exigidas no modelo taylorfordista. Outras implicações que emergiram do resultado da

reestruturação produtiva foram o aumento do número de empregos em condições precárias

das relações de trabalho, como exemplos podem ser citados: a jornada parcial de trabalho, o

contrato temporário de trabalho, o banco de horas, a terceirização, todas essas consequências

trazem grande sofrimento humano. (LAZZARESCHI, 2008).

A reestruturação produtiva, iniciada na década de 1970, alterou o modo de acumulação

do capital e a forma de organização do trabalho do taylorismo /fordismo para o toyotismo. Em

consequência desta transição, emerge a necessidade de um novo perfil de trabalhador, que

deve estudar sempre para se manter atualizado e qualificado, conforme as palavras de

Antunes (2009, p. 50), de “um trabalhador mais qualificado, participativo, multifuncional,

polivalente, dotado de maior realização no espaço do trabalho”. E, segundo Pinto (2007):

“A ideia era permitir que os trabalhadores adquirissem o conhecimento,

executassem e passassem a se responsabilizar por várias fases do processo

produtivo total, o que lhes possibilitaria desenvolver múltiplas capacidades,

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que, ao final, seriam reaproveitadas no cotidiano de seu trabalho, com

aumento da produtividade” (PINTO, 2007, p. 76).

Segundo Coriat (1994), uma das principais diferenças do taylorismo/ fordismo em

relação ao toyotismo, no que concerne a importância dos saberes dos operários, evidencia-se a

necessidade de mudança do perfil do trabalhador, na primeira forma de organização do

trabalho, este tornava-se ultraespecialista em tarefas, na produção enxuta ocorre a

desespecialização e a necessidade do trabalhador ser multifuncional. Em suas palavras, Coriat

(1994), demonstra algumas diferenças entre o taylorfordismo em relação ao toyotismo que:

“o traço central e distintivo, em relação à via taylorista norte-americana, é

que em lugar de proceder através da destruição dos saberes operários

complexos e da decomposição em gestos elementares, a via japonesa vai

avançar pela desespecialização dos profissionais para transformá-los não em

pequenos operários parcelares, mas em plurioperadores, em profissionais

polivalentes, em trabalhadores multifuncionais” (CORIAT, 1994, p. 53).

Essa desespecialização do trabalhador diante da forma de organização do trabalho

toyotista, relacionam-se segundo Coriat (1994, p. 58-59), com quatro domínios: a polivalência

e pluriespecialização dos operadores, a reintrodução das tarefas ou funções de diagnóstico,

reparo e manutenção dos operários, a reintrodução das tarefas de controle da qualidade nos

próprios postos de fabricação e, por último, não menos importante, a reagregação das tarefas

de programação às tarefas de fabricação, cuja condição é a aplicação da ferramenta de gestão

Kanban.

Uma das críticas sobre o modelo toyotista, de acordo com Pinto (2007), é a

contradição entre os discursos entre a preocupação da melhoria da qualidade de vida dos

trabalhadores com a intensificação da exploração no trabalho:

“Portanto, dizer que os trabalhadores estriam sendo “requalificados” através

da exigência de polivalência e pela sua organização em equipes, ou que

estariam sendo diminuídas as jornadas de trabalho, com o aumento do tempo

livre, são afirmações insustentáveis, quando não contrárias à perceptível

intensificação de sua exploração, a par da sutileza do controle das atitudes

pessoais e profissionais a que estão cada vez mais submetidos, numa

gigantesca fragmentação de sua subjetividade numa atividade social – o

trabalho – que, por excelência, é coletiva, estando, porém, ainda subordinada

aos ditames da acumulação de capital.” (PINTO, 2007, p. 98).

Para o acompanhamento das mudanças que ocorrem incessantemente no mundo do

trabalho em decorrência da reestruturação produtiva, é fundamental que estudantes e

trabalhadores, mesmo já inseridos no mercado de trabalho, conscientizem-se da importância

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da constante qualificação e do desenvolvimento de competências necessárias para a sua

empregabilidade.

1.5 Novas Competências Profissionais

Os processos de globalização, de acordo com Dutra (2013, p. 13), promoveu um

cenário de turbulência crescente, maior complexidade do funcionamento das organizações e

das suas relações comerciais e a exigência de maior valor agregado dos produtos e serviços,

estes ofertados aos clientes cada vez mais exigentes.

A estrutura organizacional deve ser adaptativa ao seu meio ambiente, conforme Boog

(1991, p. 29), os clientes, usuários e consumidores estão cada vez mais exigentes, isso denota

que as empresas devem planejar estratégias para captar suas necessidades e modificá-las

quantas vezes forem necessárias. As mudanças de hábitos de consumo exigem flexibilidade

organizacional.

Esses fatores levaram as organizações a buscar maior flexibilidade e velocidade de

resposta às situações cotidianas, tanto no ambiente interno quanto no externo, e enfrentar as

mais variadas circunstâncias inusitadas, com diversos níveis de complexidade para solucioná-

las, exigindo um trabalhador possuidor de conhecimentos e competências.

A sobrevivência das organizações num cenário altamente competitivo depende da

superação dos desafios emergentes do dia a dia, mostrou-se imprescindível o

desenvolvimento de novas culturas institucionais que promovam o seu autoaprimoramento.

Este aprimoramento é mais conhecido como a organização que aprende, de acordo com as

palavras de Fleury e Fleury (2004, p. 42), correspondente a “capacidade de adaptação às taxas

aceleradas de mudança que ocorrem atualmente no mundo”, decorrente do processo de

globalização.

Deste modo, as organizações devem desenvolver competências empresariais e

gerenciais, conforme os estudos de Boog (1991, p. 13). As empresariais consistem de um

“conjunto de qualidades e características que a empresa desenvolve para produzir e

aperfeiçoar, com continuidade, bens e serviços que atendam às necessidades de seus clientes e

usuários.”, já as gerenciais são, conforme o autor, um conjunto de qualidades e características

que os gerentes se propõem a desenvolver continuamente para atingir os resultados esperados

por uma empresa.

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A reestruturação produtiva aliada a modernização da tecnologia da informação,

demandou nas empresas um trabalhador com perfil diferente daquele que trabalhava sob a

forma de organização de trabalho fordista, exigindo mais habilidades, flexibilidade e o

desenvolvimento de várias competências e seja capaz de efetivar conhecimentos e, de acordo

com Lazzareschi (2008, p. 130), utilizá-los corretamente na solução de problemas cotidianos

do trabalho e no processo de tomada de decisões, que hoje devem ser rápidas, devido à

compressão espaço-tempo provocada pela informatização.

A flexibilidade que os trabalhadores devem desenvolver para o atual cenário do

mundo do trabalho, relaciona-se ao significado de seu termo de origem, tanto em relação ao

comportamento dos trabalhadores quanto à sociedade. Este termo, conforme mostra Sennet

(2005, p. 53), inseriu-se na língua inglesa no século XV derivada dos estudos da observação

de árvores que se “dobravam” quando a velocidade dos ventos eram altas e os seus galhos,

após a ventania voltavam à sua posição normal.

Com isso, conceito de flexibilidade remete a capacidade de todo ser humano, tanto

dentro quanto fora do seu ambiente de trabalho, ser capaz em ceder a pressões e logo

recuperar-se, ou seja, ser adaptável a diversas circunstâncias, incluindo as adversas, e não

deixar-se abater, recuperando-se prontamente a quaisquer circunstâncias enfrentadas no seu

dia a dia.

No contexto do processo de globalização da economia e da reestruturação produtiva,

as organizações, segundo Dutra (2013, p. 13-14), passaram a necessitar trabalhadores mais

autônomos e com iniciativa, este perfil difere do exigido na forma de organização do trabalho

taylorista /fordista, que consistia de obediência e submissão. Atualmente, as empresas

descentralizam o processo decisório, o que demanda funcionários com maior

comprometimento aos objetivos e estratégias das organizações.

Na nossa sociedade predomina, de acordo com Sennet (2005, p. 53), a constante

mudança e a redução da rotina através de instituições mais flexíveis, práticas estas de

flexibilidade concentradas nas forças que “dobram” as pessoas.

Para aumentar a quantidade de mão de obra qualificada da população economicamente

ativa, objetivando acompanhar o ritmo acelerado da reestruturação produtiva do capital, os

governos adotaram políticas públicas voltadas à educação dos trabalhadores para adquirir

conhecimento e novas competências compatíveis ao mercado de trabalho, promovendo,

assim, a sua empregabilidade. Essas medidas foram positivas, segundo os estudos de Sennet

(2005), às transformações nas formas de organização do trabalho, nos quais as empresas e

trabalhadores devem se atentar às constantes mudanças no mercado.

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A transformação do trabalho na sociedade está relacionada ao contato entre o

trabalhador com as informações necessárias à realização de trabalhos e projetos, tornando,

segundo Dias (2010, p. 311), flexível e adaptável e “que consiga modificar rapidamente o

desenvolvimento da sua atividade, incorporando novas tecnologias e adaptando-se a novos

ambientes ocupacionais”, indicando que o trabalhador deverá de acostumar com um cenário

de constante saída da zona de conforto, constituindo-se num grande desafio.

Evidencia-se a urgência, para Pochmann (2007), da necessidade dos jovens e adultos

buscarem o desenvolvimento da qualificação e competências necessárias à sua

empregabilidade e o Estado deveria adotar políticas públicas para proporcionar nível

educacional superior a sua população.

Desta forma, o conceito de competências é pesquisado por estudiosos os quais seguem

diversas linhas de pensamento, entre eles destacaremos as ideias demonstradas por Zarifian

(2003), pois segundo ele:

“Competência é a tomada de iniciativa e responsabilidade do indivíduo em

situações profissionais com as quais ele se confronta (...), uma inteligência

prática das situações, que se apoia em conhecimentos adquiridos e os

transforma á medida que a diversidade das situações aumenta (...), é a

faculdade de mobilizar redes de atores em volta das mesmas situações, de

compartilhar desafios, de assumir áreas de responsabilidade”. (ZARIFIAN,

2003, p. 137).

De acordo com as palavras de Perrenoud (1999, p. 7), competência consiste de “uma

capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em

conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”. Neste sentido, ao enfrentar uma situação da

melhor forma possível, deve-se, via de regra, colocar em ação e em sinergia vários recursos

cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos adquiridos, seja nos

ambientes escolares ou pelas experiências de vida.

As competências requeridas para o ingresso e permanência no mercado de trabalho são

decorrentes, de acordo com Lazzareschi (2008, p. 75), do desenvolvimento das

potencialidades de inteligência, exercício de criatividade, espírito crítico e iniciativa,

promovido por uma escola na qual se aprendeu a aprender e que, simultaneamente, permite a

transformação do jovem estudante num verdadeiro cidadão, dotado de conhecimentos,

habilidades e atitudes, capaz de tornar-se o protagonista de sua História, ou seja, realizar-se

pessoalmente.

Segundo Fleury e Fleury (2004, p. 31), o conceito de competências é definido como

“um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir

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conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor

social ao indivíduo”. Com isso, o significado de competências, segundo os autores, pode ser

analisado como um conjunto de verbos, nos quais cada um possui uma definição, deste modo,

elencaremos abaixo suas definições, conforme mencionam os autores:

Saber agir é interpretado como saber, o que, por que faz, saber julgar, escolher, decidir

algo;

Saber mobilizar significa mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando

sinergia entre eles;

Saber comunicar é definido como compreender, processar, transmitir informações e

conhecimentos, assegurando o entendimento da mensagem pelos outros;

Saber aprender corresponde em trabalhar o conhecimento e a experiência, rever

modelos mentais, saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros;

Saber comprometer-se alude em saber engajar e comprometer-se com os objetivos da

organização;

Saber assumir responsabilidades implica em ser responsável, assumindo os riscos e as

consequências de suas ações, e ser, por isso reconhecido;

Ter visão estratégica remete a conhecer e entender o negócio da organização, seu

ambiente, identificando oportunidades e alternativas de solucionar os problemas.

De acordo com as palavras de Boog (1991, p. 13), “competência é a qualidade de

quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; significa

capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”.

Na perspectiva das competências profissionais, Perrenoud (1999, p. 29) assevera que

são privilegiadas, na medida em que as circunstâncias de trabalho sofrem com as exigências

atribuídas do posto, da divisão das tarefas e, consequentemente, reproduzem-se

cotidianamente, enquanto em outros campos de ação são maiores os intervalos entre as

situações semelhantes e a aplicação do conhecimento sobre essas, logo, nas atividades

profissionais, as competências constroem-se a uma velocidade maior.

Evidencia-se, portanto, a importância da iniciativa por parte de jovens e adultos em

buscar desenvolver competências profissionais necessárias para o mercado de trabalho e

exercer a sua cidadania, e fundamenta-se na obtenção do conhecimento dos direitos e deveres

para exercê-los, o principal caminho é através dos estudos no intuito de tornar-se

independente e autônomo em um cenário de reestruturação produtiva e constantes

transformações no mercado de trabalho.

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Torna-se primordial que as pessoas, conforme os estudos de Dutra (2013, p. 35), se

apropriem dos conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional para o seu

contínuo aprimoramento, pois “quando as pessoas não compreenderem os conceitos e não os

utilizam para pensar o próprio desenvolvimento, reduzem os instrumentos e processos

derivados desses conceitos a rituais burocráticos”, o que evidencia a importância da qualidade

do ensino nas instituições escolares em todos os níveis.

Na visão de Perrenoud (1999, p. 32), as competências são relevantes metas da

formação. “Elas podem responder a uma demanda social dirigida para a adaptação ao

mercado e às mudanças e também podem fornecer os meios para apreender a realidade e não

ficar indefeso nas relações sociais.”, principalmente num mundo em constantes mudanças.

No próximo capítulo, serão explanadas as possibilidades de jovens e adultos

ingressarem, permanecerem ou melhorarem suas condições circunstanciais no mercado de

trabalho, através da via educacional com a continuidade dos estudos, por exemplo, no

ingresso ao ensino superior.

Os Cursos Superiores de Tecnologia (CST), evidenciados nesta dissertação,

proporcionam uma rápida formação em comparação aos demais tipos de cursos de graduação.

Estes possuem uma legislação própria e uma organização curricular com vistas a promover

aos estudantes o desenvolvimento de competências profissionais exigidas pelas organizações.

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59

2. A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA ECONOMIA GLOBALIZADA

2.1 Conceitos de Logística

O conceito de logística remete originariamente as operações estratégicas militares

relacionadas ao abastecimento de suprimentos dos exércitos na medida em que conquistavam

ou perdiam o domínio territorial, de acordo com o resultado de suas batalhas. Estas técnicas

foram utilizadas e desenvolvidas nas diversas guerras que ocorreram na história da

humanidade. Estes conceitos foram apropriados pelas organizações e seus instrumentos são

utilizados para proporcionar às empresas uma maior competitividade nos mercados locais e

globais.

O campo de pesquisa da logística empresarial abrange, de acordo com Ballou (2011, p.

17-24), os problemas das organizações no sentido de obter uma boa “rentabilidade nos

serviços de distribuição aos clientes e consumidores”, por meio de planejamento, organização

e controle das atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo do

processo de produtos, serviços e informações, desde o momento de compra da matéria-prima

até o local do consumo final, no objetivo de oferecer um serviço de qualidade aos clientes a

um custo consideravelmente razoável. Desta forma, a logística é uma atividade imprescindível

a ser desenvolvida nas empresas, independente de seu porte.

Sabe-se que os consumidores, na sua maioria, não moram próximos ao locais nos

quais os produtos e serviços são fabricados. Desta forma, a logística torna-se um serviço que

proporciona desafios constantes para as empresas, no sentido de reduzir “o hiato entre a

produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde

quiserem, e na condição física que desejarem” (BALLOU, 2011, p. 17).

A área de logística é dividida em dois grupos de atividades, conforme mostra Ballou

(2011, p. 24-27), as primárias e as secundárias, ou de apoio. As atividades primárias são

atribuídas aos serviços de transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos.

As atividades de apoio são compostas pela armazenagem, manuseio de materiais, embalagem

de proteção, obtenção, programação de produtos e manutenção da informação.

Para Christopher (2011, p. 3), o conceito de logística refere-se ao processo de gestão

estratégica das etapas de “compra, transporte, armazenagem de matérias-primas, partes e

produtos acabados (além dos fluxos de informação relacionados) por parte da organização e

de seus canais de marketing” e que coincidam com os objetivos das organizações em auferir

os lucros, através da entrega de produtos e serviços com o menor custo.

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60

Com isso, demonstramos que a logística empresarial torna-se atividade vital para a

economia, sua importância é de tal magnitude que, de acordo com Ballou (2011, p. 38), se

revela como fator-chave das organizações para o desenvolvimento de valor agregado e

vantagem em um mercado competitivo, tanto no comércio regional quanto internacional na

oferta de produtos e serviços.

Os sistemas logísticos eficientes e eficazes proporcionam melhorias no padrão de vida

dos consumidores (BALLOU, 2011, p. 38), ávidos em satisfazer seus desejos e necessidades,

exigem, a cada dia, altos níveis de qualidade em suas demandas de produtos e serviços. Neste

caso, a logística proporciona a oferta de “bens ou serviços corretos, no lugar certo, no tempo

exato, e na condição desejada ao menor custo possível”. O sucesso da logística nas

organizações é alcançado por meio de uma boa gestão das suas principais atividades-chave

como transportes, manutenção de estoques, processamento de produto e de várias atividades

de apoio complementares.

2.2 Conceitos de Cadeia de Suprimentos

A logística empresarial inclui todas as atividades relacionadas à movimentação de

produtos e a prestação de serviços, por meio do gerenciamento e transferência de informações

de, para e entre participantes de uma cadeia de suprimento. Deste modo, Bowersox (2001, p.

13-14), ressalta que “a cadeia de suprimento constitui uma estrutura lógica para que as

empresas e seus fornecedores trabalhem em conjunto para levar produtos, serviços e

informações, de maneira eficiente, aos consumidores finais”.

A definição de cadeia de suprimentos, de acordo com os estudos de Christopher (2011,

p. 5), trata-se de uma rede de empresas “conectadas e interdependentes, trabalhando

conjuntamente, em regime de cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o

fluxo de matérias-primas e informação dos fornecedores para os clientes finais”.

Na figura 02 observa-se um modelo de estrutura de uma cadeia de suprimentos, que

pode ser adotada nas organizações, através da integração das informações e dos processos das

áreas internas das empresas segundo Ballou (2006, p. 28):

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61

Figura 2 – Modelo de Cadeia de Suprimentos

Fonte: BALLOU, 2006. Adaptado pelo autor.

A cadeia de suprimentos abrange todas as etapas envolvidas, de forma direta ou

indireta, no processo de solicitação de um pedido de um cliente. Desta forma ela não é

composta somente da participação interativa de empresas fabricantes e fornecedores de

produtos e serviços; estão inclusas também as empresas transportadoras, depósitos, varejistas

e os próprios clientes.

Com isso, o gerenciamento da cadeia de suprimentos inclui, segundo Chopra e Mendl,

(2003, p. 3), “todas as funções envolvidas no pedido do cliente, como desenvolvimento de

novos produtos, marketing, operações, distribuição, finanças e o serviço de atendimento ao

cliente”, entre outras.

Segundo Bertaglia (2009, p. 5.), o conceito de cadeia de abastecimento contempla uma

visão mais abrangente, comparado ao de cadeia logística, que se limita, de acordo com o

autor, a “obtenção e movimentação de materiais e a distribuição física de produtos”. O

referido autor conceitua cadeia de abastecimento como um conjunto de “processos requeridos

para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e

consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os

clientes e consumidores desejarem”.

As características da cadeia de abastecimento integrada são compostas por: localização

das organizações, distribuição física, administração dos estoques, modo de transporte, fluxo

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de informação, estimativas e principalmente dos relacionamentos entre as partes envolvidas

(BERTAGLIA, 2009, p. 7-10).

Com isso, o sucesso das organizações inseridas no cenário globalizado depende, de

acordo com Bertaglia (2009, p. 34), do bom relacionamento com os fornecedores, além de

gestores flexíveis e ágeis para atender as demandas e alcançar os resultados esperados.

2.3 O papel do setor de serviços na economia brasileira

As atividades de logística e cadeia de suprimentos estão inseridas no setor terciário da

economia brasileira, que abrange as atividades de comércio de bens e da prestação de

serviços. Este setor demonstrou nos últimos anos um crescimento relevante. A evolução do

Produto Interno Brasileiro é influenciada pelo significativo aumento da participação deste

setor, mostrando a evidente relação do Produto Interno Bruto (PIB) com o setor terciário no

Brasil, pois os serviços compõem uma grande parte das atividades empresariais existentes no

país, como mostra o gráfico 1:

Gráfico 1 – Participação no setor de serviços no PIB brasileiro – 2000 – 2018.

Fonte: SEBRAE, 2018. Adaptado pelo autor.

O gráfico 1 demonstra, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas - SEBRAE (2018), a participação do setor terciário na economia brasileira.

67,1%

65,2%

67,1%

64,5%

63,9%

65,2%

66,7%

67,4%

67,7%

70,0%

68,6%

67,3%

68,6%

68,9%

70,0%

71,4%

72,9%

71,9%

72,5%

60,0%

65,0%

70,0%

75,0%

Brasil: Participação no PIB em Serviços 2000-2018 - 1º Trimestre (%)

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63

Conforme os dados demonstrados no gráfico 1, entre o primeiro trimestre de 2000 até o

primeiro trimestre de 2018, houve um aumento de 5,4 pontos percentuais da participação total

do Produto Interno Bruto brasileiro atingindo 72,5%, o maior nível de participação do setor de

serviços foi no primeiro trimestre de 2016 e atingiu 72,9% do PIB brasileiro.

Graças à sua relevância econômica, tanto no Brasil quanto nos demais países de

economia moderna, e na maior parte dos países em desenvolvimento ou emergentes, os

serviços estão no cerne das discussões a respeito de serem elementos-chave para a

competitividade e inovação.

O setor de serviços é considerado insumo para o crescimento das organizações, ao

oferecer soluções ao mercado consumidor e proporcionar aspectos positivos sobre a

produtividade do trabalho, alguns exemplos são: a modernização dos serviços financeiros e a

utilização das tecnologias da informação como forma de melhorar as ferramentas voltadas a

qualificação da força de trabalho. Esses fatores resultam numa maior competitividade entre as

empresas, no âmbito nacional e internacional, com efeitos positivos na economia e na

sociedade. (BRASIL, 2017).

O encadeamento produtivo dos serviços na economia brasileira demonstra a sua

importância para a indústria e a agricultura. As organizações dos setores primário e

secundário demandam serviços especializados para a produção, logo dependem da eficiência

das empresas do setor terciário, que tem a capacidade de gerar valor agregado às cadeias de

produção, distribuição e vendas.

Para qualquer economia de um país manter sua capacidade de promoção de emprego e

renda a sua população no século XXI, é crucial desenvolver o setor de serviços, e que seja

moderno, com alto grau de competitividade, inovador, com grande potencial de

internacionalização, e, acima de tudo, que os profissionais deste setor sejam mais capacitados

e competentes, se qualificando continuamente. (BRASIL, 2017).

2.4 Indústria e Logística 4.0

2.4.1 Indústria 4.0

Indústria 4.0, termo que gradualmente tem se popularizado, originou-se na Alemanha

a partir de 2012, é composto de três elementos, o primeiro “indústria” caracteriza a um dos

setores da economia, o número “4” está relacionada à quarta revolução industrial que

atualmente encontra em andamento e a terceira parte, o número “.0” trata-se da evolução da

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internet, resultante da aplicação de novas tecnologias no decorrer do tempo, a última parte

derivam dos termos Web 1.0, Web, 2.0 e Web 3.0. (GRAGLIA, 2018, p. 114).

A quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0 é recorrente das três revoluções

industriais anteriores: a primeira revolução industrial, ou indústria 1.0 iniciou na Inglaterra a

partir do século XVIII, e caracterizou-se pelas descobertas tecnológicas que permitiram a

expansão das indústrias, predominância do desenvolvimento tecnológico por meio da

utilização das forças mecânicas e das máquinas com motores a vapor, cujo combustível era o

carvão, isso contribuiu com a mecanização dos processos, e o aumento do número de

indústrias dos setores têxtil, metalúrgica, siderúrgica e de transportes. (BRASILMAX, 2017;

BRASIL, 2018c; FIESP, 2017).

A segunda revolução industrial ou Indústria 2.0 ocorreu durante o século XIX,

desenvolveu-se a produção de massa dos produtos, com a ajuda da energia elétrica,

especialização da mão de obra, utilização de métodos científicos de produção para maior

eficiência operacional, com a instalação da linha de produção. (BRASILMAX, 2017;

BRASIL, 2018c; FIESP, 2017). As principais características da Indústria 2.0 foram

discorridas no primeiro capítulo desta pesquisa que tratou sobre o Taylorismo e Fordismo.

A partir dos anos 70 do século XX, a terceira revolução industrial ou Indústria 3.0,

inseriu-se na produção industrial, por meio da utilização de novas tecnologias, decorrentes do

avanço da ciência, eletrônica, robótica, surgimento dos computadores, da informática, criação

da internet, de softwares e de dispositivos móveis. (BRASILMAX, 2017), e resultou em um

processo produtivo mais automatizado (FIESP, 2017; BRASIL, 2018c). Deste modo, os

equipamentos informatizados, como por exemplo, computadores mainframe, computadores

pessoais e a internet, foram incorporados nas fábricas no sentido de automatizar tarefas

mecânicas e repetitivas, antes realizadas por mão de obra humana. A terceira revolução

industrial caracteriza-se pelo modo de organização do trabalho e produção toyotista, descritos

no capítulo 1 da presente pesquisa.

As três revoluções industriais anteriores resultaram na produção de produtos em

grande escala, através das linhas de montagem, uso da eletricidade, o desenvolvimento da

tecnologia da informação e das comunicações. Neste período, houve o aumento da renda dos

trabalhadores e promoção da competitividade tecnológica Neste contexto, as empresas

requerem trabalhadores mais capacitados, isso gerou a promoção e o desenvolvimento

econômico e social em vários países. (BRASIL, 2018c).

A Indústria 4.0, considerada a quarta revolução industrial, torna-se um fenômeno de

modernização que toma conta de todo o cenário empresarial mundial, caracterizado pelo

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conhecimento e a comunicação (BRASILMAX, 2017). Segundo a Federação das Indústrias

do Estado de São Paulo - FIESP (FIESP, 2017), a indústria 4.0 “é o resultado de combinações

de tecnologias já existentes disponibilizadas de uma nova maneira, que permitem diversas

possibilidades quanto aos níveis de organização e produção na empresa”. Estas tecnologias

são baseadas na coleta de dados e utilização dos mesmos para inúmeras finalidades.

De acordo com a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 (BRASIL, 2018c), existem ao

menos cinco principais tecnologias que podem ser utilizadas em decorrência da “fusão dos

mundos físico, digital e biológico”, que são:

Manufatura Aditiva ou Impressão 3D: consiste na inserção de materiais específicos

para alimentar uma impressora ou várias, no intuito de fabricar objetos, formados por

várias peças, constituindo uma montagem automatizada;

Inteligência Artificial: uma área de estudos da computação com o objetivo de simular

a capacidade humana de raciocinar, decidir e sanar problemas de diversos graus de

complexidade, através da elaboração de softwares e robôs para serem capazes de

automatizarem processos produtivos de qualquer natureza;

Internet das Coisas: significa a possibilidade de objetos físicos estarem conectados à

internet e poderem executar de forma coordenada uma determinada ação. Um exemplo

desta tecnologia é a criação de carros autônomos e equipamentos de transporte de

materiais em centros de distribuição logística, no qual o processo de armazenagem são

automatizados;

Biologia Sintética: são tecnologias voltadas às áreas: química, biologia, ciência da

computação e engenharia, e possibilitam elaborar projetos para construir partes

biológicas, como por exemplo, enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de

sistemas biológicos existentes;

Sistemas Ciber-Físicos: sintetizam a fusão entre o mundo físico e digital. Neste

conceito, qualquer objeto físico, tanto máquinas ou linhas de produção quanto os

processos físicos que ocorrem, em função desse objeto, são digitalizados. Deste modo,

todos os objetos e processos de uma fábrica, possuiriam uma réplica em formato

digital.

Na presente revolução industrial, caracteriza-se a possibilidade de fusão entre o mundo

físico, digital e biológico (BRASIL, 2018c).

Segundo a FIESP (FIESP, 2017), as principais características da indústria 4.0 são:

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Interoperabilidade: sistemas ciberfísicos que permitem que os seres humanos e

fábricas inteligentes se conectem e se comuniquem;

Virtualização: quando uma cópia virtual da fábrica inteligente é criada através da

conexão entre os dados coletados dos sensores e dos modelos de plantas virtuais e

modelos de simulação;

Descentralização: capacidade dos sistemas ciberfísicos de tomar suas próprias

decisões e produzir localmente graças a tecnologias como a impressão 3D;

Capacidade em tempo real: a capacidade de recolher, analisar os dados e fornecer as

possíveis soluções no mínimo espaço de tempo;

Orientado a serviços: oferta de serviços através da Internet;

Modularidade: adaptação flexível das fábricas inteligentes aos requisitos para

substituir ou expandir módulos individuais. (FIESP, 2017).

Diante deste cenário, a indústria 4.0 promoverá nas empresas a busca pela constante

melhoria em seus processos produtivos, por meio da redução nos custos e, ao mesmo tempo, a

preocupação no aumento da produtividade e qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos

consumidores. As empresas, desta forma, estão cada vez mais cientes do papel estratégico da

utilização de novas tecnologias, isso implica também na área de logística das empresas.

2.4.2 Logística 4.0

A conectividade e integração informacional definem o atual momento tecnológico

mundial. Independentemente do setor, a realidade consiste numa intensa troca de informações

por sistemas informatizados, materializando o fenômeno da virtualização dos serviços.

Indústria e Logística 4.0, são considerados termos que remetem à 4ª revolução

industrial, estão totalmente pautadas na interação de sistemas, internet e automação. Cabem às

empresas e às pessoas se adaptarem e se alinharem a essa nova realidade, pois é o que

determinará a posição da empresa no mercado, sem deixar de lado a qualidade e inovação dos

serviços prestados.

A logística 4.0 também traz inovações através do forte apelo pela automação,

modernização e integração de processos, o que torna a cadeia logística mais fluída,

sustentável e mais eficiente. Atualmente a quarta revolução na logística é evidenciada pela

utilização de softwares de gestão logística e sistemas integrados e equipamentos autônomos.

Com isso, todas as etapas dos processos logísticos funcionam de forma integrada.

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67

A partir da automação, as organizações passaram a direcionar melhor o seu pessoal.

Seres humanos deixam de ser empregados das tarefas repetitivas e pouco intelectualizados,

para ocupar funções mais estratégicas e potencialmente benéficas para o sucesso do negócio.

Na medida que ocorre a inovação tecnológica em todos os setores da economia, postos

de trabalho acabam sendo eliminados e outros sendo criados, estes relacionados a área de

tecnologia, resultado das inovações, como exemplos, a utilização de Internet das coisas

(empilhadeiras, trabalho), a Cloud Computing (banco de dados em nuvem), o Big Data

(Análise de dados) e, nas empresas de transporte, a utilização de sistemas de rastreamento e

monitoramento de veículos.

Inevitavelmente, as empresas devem atentar em mudar as suas operações logísticas,

incorporando ações e aquisição de novos equipamentos para estarem alinhados ao conceito de

logística 4.0.

No quadro 4 é demonstrada uma comparação de alguns elementos do cotidiano

operacional logístico de muitas empresas consideradas “tradicionais” e as novas medidas

operacionais incorporadas aos conceitos de indústria e logística 4.0.

Quadro 4 - Comparativo das operações logísticas “tradicionais” e logística 4.0.

Logística “tradicional” Logística 4.0

Grandes estoques; Estoques mínimos ou próximos de zero;

Perdas gigantescas de inventários; Alta conectividade;

Perda de ativos; Virtualização por meio de sistemas de monitoramento dos

processos e operações;

Erros de controle de temperaturas de produtos

específicos;

Eficiência operacional na medida em que a IoT (internet

das coisas) conecta em tempo real os milhões de

embarques rastreados e acondicionados;

Lead time estendido; Lead time curto;

Centros de distribuição off-line e obsoleto; Centros de distribuição mais inteligentes;

Desculpas para erros de carregamento e entregas no

transporte;

Visão integrada da cadeia de suprimentos, foco nos

serviços e etc.

Concorrência baixa e sem know-how. Exigência de mão de obra qualificada em todas as esferas

da organização.

Fonte: BRASILMAX, 2017. Adaptado pelo autor.

Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2017), a

implementação da indústria/logística 4.0 causará impactos em pelo menos oito áreas

organizacionais com resultados atrativos para as empresas, conforme mostra o quadro 5.

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Quadro 5 – Impactos nas áreas organizacionais e potenciais resultados na indústria 4.0.

Área Organizacional Potenciais resultados

Recursos/processos: consumo inteligente de energia;

internet das coisas; otimização do processo em tempo

real.

Aumento de produtividade de 3% a 5%.

Utilização de ativos: flexibilidade de rotas;

flexibilidade de máquinas; controle e monitoramento

remotos; manutenção preditiva; realidade aumentada

para manutenção, reparação e operações.

Redução do tempo de inatividade total das máquinas

entre 30% e 50%.

Trabalho: colaboração homem-robô; controle e

monitoramento remotos; gestão digital do

desempenho; automatização do conhecimento do

trabalho.

Aumento da produtividade pela automação do

trabalho: de 45% a 55%.

Inventários: impressão 3D no local; otimização da

cadeia de valor; produção de um produto

(customização).

Custos devem diminuir entre 20% e 50%.

Qualidade: controle estatístico do processo; controle

avançado do processo; gestão digital da qualidade.

Custos podem ser reduzidos de 10% a 20%.

Alinhamento entre a oferta e demanda: previsão de

demanda e concepção de valor com base na gestão dos

dados de clientes e parceiros.

A precisão das previsões deve chegar a 85% ou mais.

Tempo entre análise e venda de um produto: co-

criação com consumidores; engenharia simultânea;

rápida experimentação e simulação.

Redução de tempo entre análise e venda entre 20% e

50%.

Serviço/Pós-venda: manutenção preditiva; manutenção

remota; orientação virtual self-service.

Fonte: FIESP, 2017. Adaptado pelo autor.

É relevante salientar que a quarta revolução industrial, ou a chamada indústria 4.0, o

que incorpora a logística 4.0 e todas as outras áreas organizacionais, não se trata apenas de

uma tendência temporária e sim de uma realidade que já impacta na produção industrial e no

mundo do trabalho. As organizações que pretendem aumentar a sua participação no mercado

e superar a concorrência deverão necessariamente investir em novas tecnologias e na

contratação de profissionais bem qualificados, com visão mais analítica e conhecimentos das

novas tecnologias. (BRASILMAX, 2017.). As grandes organizações de todos os setores

econômicos já adotam as novas tecnologias, estas possibilitam o controle de todos os

processos produtivos de forma rápida e inteligente.

A logística 4.0 se insere neste contexto, através da conexão entre as pessoas,

equipamentos e o gerenciamento dos dados obtidos em todo o processo da cadeia de

suprimentos em tempo real, o que proporciona um serviço de qualidade, adequado em ofertar

não somente entregas com menor tempo, sem erros, defeitos ou avarias, mas oferecer uma

experiência diferenciada de compra e recebimento de produtos e serviços aos clientes.

(BRASILMAX, 2017.)

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3. OS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA NO BRASIL

Os cursos superiores no Brasil são classificados por três graus: o bacharelado,

licenciatura e tecnológicos. Os cursos superiores tecnológicos possuem a duração de dois a

três anos, e se destinam ao rápido ingresso no mercado de trabalho. Nesta parte da pesquisa

serão abordados os Cursos Superiores de graduação Tecnológica no Brasil (CST), sua

legislação, evolução da quantidade de cursos, alunos ingressantes e concluintes, e a

delimitação sobre o curso de logística discorrendo sobre a sua organização curricular,

ocupações e competências requeridas pelo mercado de trabalho.

As Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos superiores de tecnologia em

logística aos estudantes que concluem o ensino médio têm como propósito promover a

formação de profissionais para exercer atividades relacionadas à área de logística empresarial;

que, por sua vez, faz parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos das organizações.

3.1 Legislação dos Cursos Superiores de Tecnologia

Após a aprovação da Lei Federal nº 9394 que trata das diretrizes e bases nacionais

sobre a educação, criada em 20 de dezembro de 1996, nota-se o crescimento do número de

cursos superiores de tecnologia em dois períodos: o primeiro, entre os anos de 1994 e 2004 e,

no segundo período, entre os anos de 2010 e 2013 de acordo com os censos realizados nos

dois períodos.

A autorização da abertura dos CST nos últimos anos foi resultado de medidas adotadas

pelo Governo brasileiro para sanar o problema conjuntural da demanda de mão de obra

minimamente qualificada para fomentar o crescimento do processo de industrialização no país

e acompanhar o processo de reestruturação produtiva oriundo dos países desenvolvidos,

conforme demonstrado no capítulo anterior, e impactado no Brasil principalmente na década

de 1990.

Conforme demonstra o parecer CNE/CP nº 29/2002, no decorrer do tempo os CST

expandiram-se com a autorização de novos cursos, como os nas áreas de eletroeletrônica,

informática, biotecnologia e nos setores de prestação de serviços.

De acordo com a Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata das

diretrizes e bases nacionais da educação, no artigo 43 da referida lei, são apresentadas as oito

finalidades da educação superior no Brasil. (BRASIL, 1996).

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70

A primeira finalidade da educação superior é “estimular a criação cultural e o

desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo”. Desta forma, o estudante

poderá, a partir dos conhecimentos adquiridos, criar e divulgar eventos culturais na sua

comunidade e sociedade como um todo. Em relação ao desenvolvimento do espírito científico

despertar a vontade do estudante à realização de pesquisas científicas por meio do pensamento

reflexivo, fruto do desenvolvimento de seu senso crítico para promover o desenvolvimento

nacional e econômico.

A educação superior no Brasil tem como segunda finalidade a formação de graduados

nas mais diversas áreas do conhecimento que, em tese, estariam aptos a inserção nos seus

respectivos setores profissionais e a participar do desenvolvimento da sociedade brasileira e

colaborar na sua formação contínua.

Em relação à terceira finalidade da educação superior brasileira, esta tem como

objetivo o incentivo ao trabalho de pesquisa por meio da investigação obedecendo sempre os

métodos científicos com vistas ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a criação e

difusão da cultura. Desse modo, “desenvolver o entendimento do homem e do meio em que

vive”. Geralmente, as Instituições de Ensino Superior promovem programas de incentivo aos

estudantes como, por exemplo, programas de iniciação científica como uma forma de

aproximar o aluno da produção de trabalho de caráter científico.

A quarta finalidade é promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e

técnicos que constituem patrimônio da humanidade e também comunicar o saber através do

ensino e publicações, tanto de livros quanto de revistas impressas, eletrônicas ou de outras

formas de comunicação entre os diversos meios existentes atualmente.

Já a quinta finalidade do ensino superior no país é provocar nos estudantes o desejo

permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a sua concretização,

integrar os conhecimentos adquiridos através dos cursos realizados de forma que haja uma

estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração e a sua aplicação na

atividade profissional.

Desta forma, a sexta finalidade do ensino superior pretende estimular os graduados aos

conhecimentos adquiridos do mundo presente, especificamente os de âmbito nacional e

regional, e a prestação de serviços com a sua comunidade, proporcionando uma relação

recíproca, no intuito de desenvolver a sociedade.

A sétima finalidade salienta a importância da relação das IES com a sociedade por

meio da abertura para estudantes e comunidade externa em torno ou na região das IES no

intuito de difundir “conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa

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científica e tecnológica geradas na instituição”, ou seja, demonstrar o conhecimento

desenvolvido e sua aplicação para as diversas áreas da sociedade.

Por fim, a oitava finalidade do ensino superior no Brasil é atuar em favor da

universalização e do aprimoramento da educação básica, através da formação de profissionais

e a realização de pesquisas pedagógicas na graduação, que pretende proporcionar a formação

de profissionais da educação com o objetivo de promover a educação nos bancos escolares

dos níveis fundamental e médio e o desenvolvimento de atividades de extensão através de

palestras, cursos de curta duração, visitas nas Instituições, de forma que aproximem os alunos

do ensino médio com os estudantes do ensino superior. (BRASIL, 1996).

Em 2008, foi alterada a redação do terceiro capítulo do artigo 39 da Lei nº 9394 que

trata da educação profissional e tecnológica; aprovada pela Lei nº 11.741 na qual menciona a

inserção da “educação profissional e tecnológica de graduação e pós-graduação”, ou seja, a

consideração dos cursos de tecnologia no nível superior de ensino.

Segundo o parecer do Conselho Nacional da Educação da Câmara de Educação

Superior (CNE/CES) nº 436/2001(BRASIL, 2001, p.1) esta transformação foi resultado de

“um novo cenário econômico e produtivo que se estabeleceu com o desenvolvimento e

emprego de tecnologias complexas agregadas à produção e à prestação de serviços e pela

crescente internacionalização das relações econômicas”.

O parecer CNE/CES nº 436/2001 (BRASIL, 2001, p.9) demonstra que, os CST

ministrados nas Instituições de Ensino Superior públicas e privadas, tem objetivos de

proporcionar aos jovens “formação específica para: a) aplicação, desenvolvimento, pesquisa

aplicada e inovação tecnológica e a difusão de tecnologias; b) gestão de processos de

produção de bens e serviços; e c) o desenvolvimento da capacidade empreendedora”

Em 2002, o parecer CNE/CP nº 29/2002, que trata das diretrizes curriculares nacionais

gerais para a educação profissional de nível tecnológico, mostra a importância dos CST na

economia e na sociedade como “uma das principais respostas do setor educacional às

necessidades e demandas da sociedade brasileira”.

Desta forma, o governo brasileiro preocupa-se com o cenário do mercado de trabalho

brasileiro que também sofre constantes transformações e evidencia-se no parecer que a

tecnologia acaba causando “alterações nos modos de produção, na distribuição da força de

trabalho e na sua qualificação”. Desta forma, o referido parecer discorre sobre a organização e

o funcionamento dos CST nos seus artigos 1º e 2º:

No artigo 1º do Parecer aprovado pelo Conselho Nacional da Educação (CNE) e pelo

Conselho Pleno (CP) do Ministério da Educação (MEC) de número 29, aprovado em 03 de

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dezembro de 2002 e publicado no Diário Oficial da União de 13/12/2002, mostram que os

Cursos Superiores de Tecnologia pretendem garantir aos cidadãos o “direito à aquisição de

competências profissionais que os tornem aptos para a inserção em setores profissionais nos

quais haja utilização de tecnologias”. Estas competências desenvolvidas ao longo do curso

serão fundamentais no ingresso no mercado de trabalho e evolução da vida profissional.

No artigo 2º do parecer CNE/CP 29 demonstra quais são as designações que os cursos

superiores tecnológicos deverão proporcionar aos estudantes e futuros profissionais. Estes

objetivos foram elencados dentro do referido artigo em sete aspectos a serem promovidos para

o desenvolvimento ao estudante ser apto para uma boa formação e sucesso na sua vida

profissional.

O primeiro objetivo dos Cursos Superiores de Tecnologia, conforme o MEC, é

promover aos estudantes o incentivo em desenvolver a capacidade empreendedora,

compreender a importância do processo tecnológico, através da demonstração de suas causas

e efeitos decorrentes da sua utilização nas empresas.

No segundo objetivo do parecer, é despertar o ânimo aos estudantes em relação à

produção de conhecimentos e a inovação científico-tecnológica por meio de trabalhos dentro

das disciplinas do curso, projetos para demonstração em eventos, publicações em revistas ou

livros e suas respectivas aplicações destes conhecimentos no mundo do trabalho.

Já o terceiro objetivo dos Cursos Superiores de Tecnologia, segundo o parecer do

MEC, é promover o desenvolvimento de diversas competências profissionais tecnológicas,

gerais e específicas, para a gestão de processos visando que os alunos desenvolvam melhorias

nas empresas e para a produção de bens e serviços. O quarto objetivo é permitir aos

estudantes compreender e avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes da

produção, gestão e incorporação de novas tecnologias. Desta forma urge a necessidade dos

cursos possuírem laboratórios com equipamentos tecnológicos para preparar o aluno para o

mercado de trabalho.

O Ministério da Educação orientou os Cursos Superiores de Tecnologia, oferecidos

pelas instituições de Ensino Superior, tanto aquelas públicas quanto as privadas através da

quinta designação: a promoção da capacidade dos estudantes de continuar aprendendo e de

acompanhar as mudanças nas condições de trabalho, bem como proporcionar as condições

necessárias para o prosseguimento dos estudos para os graduados, que podem optar por cursos

de pós-graduação, através da especialização (Lato sensu) ou cursos de Mestrado e Doutorado

(Stricto sensu).

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73

O sexto e não menos importante objetivo dos CST é promover a adoção à flexibilidade

da grade de disciplinas oferecidas, a interação no decorrer do curso do conteúdo das

disciplinas condizentes com o curso, “a contextualização e a atualização permanente dos

cursos e seus currículos”, levando-se em consideração as constantes mudanças no mundo do

trabalho e suas tecnologias utilizadas.

A sétima e última designação visa que os cursos garantam a identidade do perfil do

futuro profissional de conclusão de curso e de uma correta e organizada matriz curricular do

respectivo curso que está sendo oferecido (BRASIL, 2002, p. 41-42).

A educação profissional de nível tecnológico, considerado de nível superior, deverá,

conforme o item III do parecer do Conselho Nacional de Educação, através do Conselho

Pleno (CNE/CP) nº 29/2002, “desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e

específicas, para a gestão de processos e a produção de bens e serviços”.

No presente trabalho, destacar-se-á somente a proposta de desenvolvimento de

competências dos alunos que realizam os CST, conforme alguns conceitos descritos no

parecer CNE/CP nº 29/2002, este aborda as diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos

superiores de Tecnologia e demonstra que as competências profissionais são entendidas

como:

“...a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e

eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo

desenvolvimento tecnológico... envolve ação em dado momento e

determinada circunstância, implica em um fazer intencional, sabendo por

que se faz de uma maneira e não de outra. Implica, ainda, em saber que

existem múltiplas formas ou modos de fazer. Para agir competentemente é

preciso acertar no julgamento da pertinência e saber posicionar-se

autonomamente diante de uma situação, tornar-se capaz de ver corretamente,

julgar e orientar sua ação profissional de uma forma eficiente e eficaz. ...

além do conhecer, o julgar, o decidir e o agir em situações previstas e

imprevistas, rotineiras e inusitadas....intuir, pressentir e arriscar, com base

em experiências anteriores e conhecimentos, habilidades e valores

articulados e mobilizados para resolver os desafios da vida profissional, que

exigem respostas sempre novas, originais, criativas e empreendedoras...”

(BRASIL, 2002, p. 28).

No texto do parecer acima, corrobora com o perfil do trabalhador nas organizações sob

a forma toyotista de organização do processo de trabalho através da descrição das

competências necessárias à inserção e permanência no mercado de trabalho.

Segundo o MEC, “mudanças importantes estão ocorrendo no mundo do trabalho,

conduzindo-o para um modelo pós-taylorista, onde a noção de qualificação para um posto de

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trabalho ou para um emprego fixo está sendo substituída pela noção de competência

profissional”. Deste modo, o conceito de competências, segundo o parecer o Ministério da

Educação, corrobora com as ideias de Zarifian (2003), para formação de um profissional que

consiga solucionar problemas cotidianos das organizações, com base no conhecimento

adquirido e a sua aplicabilidade na prática.

Evidencia-se, portanto, a importância da iniciativa por parte de jovens e adultos de

desenvolver competências profissionais para o mercado de trabalho para o exercício da

cidadania por meio dos estudos nos bancos escolares que propiciem o conhecimento

necessário para tornarem-se independentes e autônomos num cenário de reestruturação

produtiva.

Com isso, os trabalhadores, para ingressarem e manterem-se no mercado de trabalho,

obrigam-se a desenvolver as novas competências profissionais necessárias para tal. Conforme

Prado (2006, p. 263), torna-se uma premissa a necessidade do desenvolvimento de

competências na formação dos tecnólogos para o mundo do trabalho em um cenário de

constantes mudanças e flexibilidade.

Essas mudanças no cenário do mundo do trabalho decorrem da forma de organização

do trabalho, mais conhecido como reestruturação produtiva, com isso a formação educacional

está voltada para atender as demandas do mercado de trabalho, este que vive cada dia mais

complexo. Esta complexidade, de acordo com Prado (2006, p. 263), decorre de algumas

variáveis como: “relações sociais, nível de escolaridade, grau de acesso à informação, saberes,

exposição a obras estéticas, científicas e culturais, experiências na vida social e profissional”.

Deste modo, a formação de tecnólogos depende do empenho exercido nos bancos

escolares, do desenvolvimento adquirido de competências que serão capazes de habilitá-los

no objetivo de desempenhar diversas funções atribuídas pelas empresas e na sua vida social,

escolar, com a continuidade dos estudos, em nível pessoal e profissional. Estas variáveis estão

presentes no contexto do mundo do trabalho, que se configura repleto de incertezas, o que

exige flexibilidade e rapidez nas decisões e nas formas de resolver os problemas cotidianos.

(PRADO, 2006, p. 263).

No parecer CNE/CP nº 06/2006 (BRASIL, 2006, p. 6), o governo reforça a sua

tentativa de proporcionar o desenvolvimento por meio dos CST que “foram concebidos

exatamente para atender essa diversidade e flexibilidade que os mundos da produção, dos

serviços e do trabalho estão a exigir”, ou seja, para suprir a mão de obra dos trabalhadores

diante das constantes mudanças no mundo do trabalho devido à reestruturação produtiva de

bens e serviços.

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Prado (2006) demonstra que para o aluno de um CST ser um bom profissional no

mercado de trabalho, será necessária uma boa formação geral para que este, ao final do curso,

possa estar inserido no mercado de trabalho e conscientizar-se da importância da educação

continuada ao longo da vida.

Desta forma, Prado (2006, p. 261), evidencia que os cursos superiores nos três graus

acadêmicos: licenciaturas, bacharelados cursos tecnológicos “são do mesmo modo

profissionalizantes, porque, no sistema capitalista em que vivemos, não há como se trabalhar

no vazio, ou seja, preparar cidadãos para outra coisa ou outro mundo que não seja o do

trabalho”.

Neste sentido, Pochmann (2007) enfatiza a necessidade dos trabalhadores buscarem

conhecimentos e desenvolverem competências necessárias para a sua empregabilidade,

tornando-se polivalentes multifuncionais e atualizando seus conhecimentos nos cursos de

educação continuada. Com relação ao papel do Estado, deve adotar políticas públicas para

proporcionar alto nível educacional à sua população e conter o avanço do desemprego.

Este breve histórico da legislação pertinente aos cursos superiores de tecnologia a

partir da década de 1990 teve a finalidade de demonstrar que o desenvolvimento social e

econômico do país depende sempre da capacitação da força de trabalho, que, por sua vez,

depende não só da experiência profissional, mas, sobretudo e fundamentalmente, da aquisição

de conhecimentos de nível superior organizados e transmitidos nos cursos profissionalizantes

oferecidos pelas IES públicas e privadas. Mostrou ainda a necessidade de proporcionar o

desenvolvimento social e econômico para o país através do aprendizado das competências

profissionais dos estudantes no ingresso ao mercado de trabalho.

A seguir será demonstrado o crescimento dos CST de 1996 a 2016 baseados no censo

da educação superior elaborado pelo Ministério da Educação (MEC).

3.2 Crescimento dos Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil

Nos últimos anos, o mundo do trabalho se transformou através de novas formas de

produção, desenvolvimento de novas tecnologias e consequentemente a eliminação e criação

de novos postos de trabalho.

Essas transformações ocorreram no mundo todo, inclusive no Brasil; nos anos 1990,

houve a abertura econômica ao comércio exterior e com isso emerge a necessidade de

empresas tonarem-se mais competitivas no cenário da economia globalizada.

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Segundo Pochmann (2007, p. 117), a reestruturação organizacional se deu mediante “a

mudança na conduta nas grandes empresas que adotaram novos programas de gestão da

produção, de reorganização do trabalho e de inovação tecnológica”. Neste cenário, o Brasil

necessitava preocupar-se com a formação de mão de obra de forma mais rápida e qualificada;

e, por isso, a criação e o crescimento do número dos CST autorizados pelo Ministério da

Educação.

Neste trabalho, demonstrar-se-á o crescimento do número de cursos, de ingressantes e

de concluintes nos períodos de 1996 a 2016.

No período de 1996 a 2016, houve um aumento significativo de número de cursos

superiores de tecnologia, como demonstrado no gráfico 2:

Gráfico 2.: Evolução dos Cursos de Tecnologia – Brasil 1996 – 2016

Fonte: MEC/ Inep/Daes. Adaptado pelo autor.

De acordo com os dados do censo da educação superior realizado em 2016 e publicado

em 2018 (BRASIL, 2018b), no período de 1996 a 2016 a evolução do número de cursos

superiores de tecnologia aumentaram respectivamente de 241 (1994) para 6828 (2016), ou

seja, em dezoito anos o crescimento no número de CSTs oferecidos pelas instituições de

ensino superior foi de 2833,2%, isto significa que, a quantidade de CST no país ofertadas em

2016 é 28,332 vezes superior ao número de cursos superiores de tecnologia existentes em

1996.

241 293 258 317 364 446 634

1142

1804

2525

3037

3702

4335 4491

4775

5478

5969 6224 6413

6618 6828

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

Cursos Superiores de Tecnologia - Brasil (1996 - 2016)

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Em decorrência do aumento do número de cursos superiores de tecnologia, o número

de estudantes ingressantes, ou seja, alunos que iniciaram o curso em determinado ano e

concluíram em até 25% a carga horária mínima do curso no qual estão matriculados, saltou de

21.948 pessoas em 1996 para 531.424 em 2016, segundo o censo da educação superior do

MEC (BRASIL, 2018b).

Os concluintes no mesmo período, estudantes com expectativa de conclusão ou alunos

que cumpriram 80% da carga horária mínima do curso, foi em 1996 de 9583 para 215.043

estudantes em 2016, a diferença dos dados entre ingressantes e concluintes revelam uma

elevada porcentagem de evasão de alunos nos cursos superiores de tecnologia.

Segundo a análise do censo da Educação superior de 2013 (BRASIL, 2015), o

crescimento na procura pelos jovens por cursos superiores de tecnologia pode ser atribuído

pelo tempo de duração do curso que, na sua grande maioria, são de dois anos, e também

graças “as estratégias das iniciativas pública e privada e com as políticas governamentais para

as oportunidades da economia do conhecimento e tentar minorar os efeitos negativos que dela

podem advir”.

Desta forma, demonstramos a transformação da forma de organização do trabalho do

modelo fordista para o toyotista, a necessidade de adaptação de empresas e dos trabalhadores

para o ingresso e permanência no mercado de trabalho mediante a obtenção de conhecimento

e competências necessárias para a sua empregabilidade.

Diante da reestruturação produtiva, o governo brasileiro, por meio de políticas

públicas, adotou na década de 1960 os cursos profissionalizantes e na década de 1990 estes

cursos foram inseridos no nível superior, o que resultou no aumento do número de cursos de

forma intensificada nos anos 2000, porém nos anos 2010 de forma menos acentuada.

Com isso, mostra-se a relevância dos CST no sistema educacional brasileiro em

proporcionar, com base na sua proposta, qualificação e desenvolvimento de competências

para os jovens ingressarem no mercado de trabalho no contexto da reestruturação produtiva,

desta forma contribuir no desenvolvimento social e econômico brasileiro.

3.3 Curso Superior de Tecnologia em Logística: Organização curricular

O Ministério da Educação elaborou e publicou, nos últimos anos em seu site, um

catálogo com as informações sobre os cursos superiores de tecnologia existentes no Brasil,

como forma de organizar as informações necessárias e servir de orientação para que as

instituições de ensino superior embasem as diretrizes dos cursos pelo catálogo. Esta

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publicação foi promulgada através da Portaria MEC nº 413, de 11 de maio de 2016 (BRASIL,

2016, p. 8) que autorizou uma nova versão da publicação do referido catálogo, para melhorar

a qualidade das ofertas dos CST e formar profissionais capazes de desenvolver de forma plena

e inovadora as atividades propostas de cada curso tecnológico “com capacidade para utilizar,

desenvolver ou adaptar tecnologias com a compreensão crítica das implicações daí

decorrentes e das suas relações com o processo produtivo, o ser humano, o ambiente e a

sociedade”.

Desta forma, os Cursos Superiores de Tecnologia em Logística estão inseridos,

conforme o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, elaborado pelo

Ministério da Educação, dentro do grupo de cursos de tecnologia pertencentes ao eixo

tecnológico de gestão e negócios. Este eixo tem por finalidade proporcionar aos estudantes

compreender as:

“...tecnologias associadas a instrumentos, técnicas, estratégias e mecanismos

de gestão. Abrange planejamento, avaliação e gestão de pessoas e de

processos referentes a negócios e serviços presentes em organizações e

instituições públicas ou privadas, de todos os portes e ramos de atuação;

busca da qualidade, produtividade e competitividade; utilização de

tecnologias organizacionais; comercialização de produtos; e estratégias de

marketing, logística e finanças. (BRASIL, 2016, p. 36).

A organização curricular do Curso Superior de Tecnologia em Logística, conforme

elaborado pelo Ministério da Educação, através das informações contidas no catálogo

(BRASIL, 2016, p. 36), deve contemplar dentro do conjunto das disciplinas que cada

Instituição de Ensino Superior determinar, os conhecimentos relacionados a:

Leitura e produção de textos técnicos;

Estatística e raciocínio lógico;

Línguas estrangeiras;

Ciência e tecnologia;

Tecnologias sociais e empreendedorismo;

Prospecção mercadológica e marketing;

Tecnologias de comunicação e informação;

Desenvolvimento interpessoal;

Legislação;

Normas técnicas;

Saúde e segurança no trabalho;

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Responsabilidade e sustentabilidade social e ambiental;

Qualidade de vida;

Ética profissional.

A carga horária recomendada para os Cursos Superiores de Tecnologia, conforme o

Ministério da Educação, é de no mínimo 1600 horas de aula, que são divididas em teóricas e

práticas. O perfil esperado pelo mercado de trabalho do profissional que conclui o curso é que

este possua competências necessárias para analisar de forma crítica os ambientes interno e

externo das organizações e a capacidade de assumir, conforme o catálogo (BRASIL, 2016, p.

45), cargos gerenciais nas empresas com atributos para:

Gerenciar as operações e processos logísticos;

Promover a segurança das pessoas, dos meios de transporte, dos equipamentos e

cargas;

Articular e atender clientes, fornecedores, parceiros e demais agentes da cadeia de

suprimentos;

Elaborar documentos de gestão e controles logísticos;

Estruturar e definir rotas logísticas considerando os diferentes modais;

Articular processos logísticos em portos, aeroportos e terminais de passageiros nos

diferentes modais;

Gerenciar e supervisionar o recebimento, o armazenamento, a movimentação, a

embalagem, a descarga e a alienação de materiais de qualquer natureza;

Gerenciar o sistema logístico e sua viabilidade financeira;

Gerenciar e articular sistemas de manutenção, de suprimento, de nutrição e de

atividades financeiras;

Avaliar e emitir parecer técnico em sua área de formação.

As Instituições de Ensino Superior devem possuir uma infraestrutura minimamente

adequada para a realização do curso como: biblioteca com o acervo específico e atualizado;

laboratório de informática com programas e equipamentos compatíveis com as atividades

educacionais do curso; salas de aula adequadas para o conforto dos alunos e para o trabalho

do docente, ou seja, uma estrutura mínima para a realização das aulas.

O Curso Superior de Tecnologia em Logística possibilita aos graduados a

continuidade de seus estudos, através da realização da pós-graduação, tanto na forma de

especialização, lato sensu, quanto no mestrado e doutorado, stricto sensu, como sugestão

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demonstrada pelo catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia (BRASIL, 2006, p.

45), na área de administração ente outras.

3.4 O trabalho do tecnólogo em logística: ocupações e competências

O campo de atuação no qual os tecnólogos em logística exercerão suas atividades

profissionais no mercado de trabalho são organizações de todos os setores da economia, tais

como distribuidoras, centros de distribuição, empresas de encomendas, empresas em geral

(indústria, comércio e serviços), portos, aeroportos, terminais de transporte, transportadoras,

institutos e centros de pesquisa, instituições de ensino. Estas últimas possuem outros

requisitos mediante formação requerida pela legislação vigente do Ministério da Educação.

As ocupações nas quais o profissional de logística podem atuar, entre outras, conforme

a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2018a), se

relacionam às seguintes atividades laborais: 1226-10 - Diretor de operações de serviços de

armazenamento; 1416-15 - Gerente de logística (armazenagem e distribuição) e 3421-25 -

Tecnólogo em logística de transporte.

No presente trabalho, serão apresentadas atividades detalhadas do tecnólogo em

logística e transporte e a ocupação do gerente de logística, devido ao campo de pesquisa desta

dissertação ser relacionada aos alunos de cursos superiores de tecnologia em logística.

Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), elaborada pelo Ministério do

Trabalho (BRASIL, 2018a), a atividade profissional do tecnólogo em logística de transporte

tem como atribuições:

Controlar, programar e coordenar as operações de transportes em geral;

Acompanhar as operações de embarque, transbordo e desembarque de carga;

Verificar as condições de segurança dos meios de transportes e equipamentos

utilizados, como também, da própria carga;

Supervisionar o armazenamento e transporte de carga e a eficiência operacional de

equipamentos e veículos;

Controlar os recursos financeiros e insumos;

Elaborar a documentação necessária para o desembarque de cargas;

Atender clientes;

Pesquisar preços de serviços de transporte;

Identificar e programar rotas;

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Informar sobre as condições do transporte e da carga.

As condições gerais desta atividade de trabalho se darão em empresas que oferecem os

serviços de transportes intermodais (aéreo, aquaviário e terrestre), tanto de forma presencial,

quanto à distância ou por rodízio de turnos. Na maioria dos casos os funcionários trabalham

em equipes multidisciplinares, sob uma supervisão ocasional. Nestas ocupações predomina o

trabalho assalariado com carteira assinada e desempenham atividades que podem levar ao

estresse constante.

A formação necessária para o exercício desta ocupação exige no mínimo o ensino

médio completo, com cursos de especialização ou graduação tecnológica na área de

transportes. O pleno desempenho dos profissionais destas atividades ocorre depois de um ou

dois anos de experiência.

As competências necessárias que o mercado de trabalho exigirá do tecnólogo em

logística são (BRASIL, 2018):

Demonstrar no ambiente de trabalho a capacidade de trabalhar em equipe;

Iniciativa;

Organização;

Criatividade;

Responsabilidade;

Flexibilidade;

Capacidade de trabalhar sujeito à pressão psicológica;

Pró-atividade;

Confiabilidade;

Liderança;

Objetividade;

Domínio em línguas estrangeiras.

A possibilidade de crescimento profissional do tecnólogo em logística numa empresa é

exercer o cargo de gerente de logística em armazenagem e distribuição, que tem como

atribuições: planejar atividades operacionais de empresas de armazenamento, distribuição,

transportes, comunicações e logística; administrar equipes, gerenciar recursos materiais e

financeiros da área; controlar o processo operacional e avaliam seus resultados; providenciar

meios para que as atividades sejam desenvolvidas em conformidade com as normas e

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procedimentos técnicos, de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde; buscar novas

tecnologias e assessorar a diretoria e setores da empresa.

Em relação às condições gerais do exercício da ocupação de gerente de logística em

armazenagem e distribuição, este irá exercer suas atividades nas áreas operacionais nas

empresas que envolvam serviços de correio e telecomunicações, transporte aéreo, aquaviário e

terrestre, armazéns em geral e serviços de distribuição.

A contratação é, na maioria dos casos, com a carteira de trabalho registrada, com o

recebimento de salário e benefícios. Estes profissionais trabalham em equipe com supervisão

permanente em ambiente fechado ou, como no caso do gerente de operações - transportes, em

certos momentos também a céu aberto e em veículos. O horário de trabalho é flexível,

podendo ser diurno ou noturno, quase sempre trabalham sob pressão, que pode levar à

situação de estresse. O gerente de operações de transportes pode estar exposto a ruídos

intensos e o gerente de operações - correios e telecomunicações ao uso contínuo de

computadores, provocando possíveis dores decorrentes de Lesões por Esforços Repetitivos

(LER).

Os requisitos necessários para exercer o cargo de gerente de logística, segundo a CBO

do Ministério do trabalho (BRASIL, 2018a), são: possuir nível superior completo, exceto para

o gerente de operações de transportes, que tem como exigência de escolaridade mínima o

ensino médio completo. A sua formação profissional deverá ser complementada por cursos

especializados de duzentas a quatrocentas horas-aula para o gerente de operações e

transportes e mais de quatrocentas horas-aula para o gerente de logística e recomenda-se mais

de cinco anos de experiência profissional.

As competências pessoais e profissionais recomendadas pelas empresas para a

ocupação de gerente de logística são conforme a CBO/Mtb (BRASIL, 2018a):

Demonstrar credibilidade, liderança;

Capacidade de comunicação, iniciativa, flexibilidade, empreendedorismo, tomada de

decisão, negociação, organização;

Trabalhar em equipe;

Delegar tarefas;

Desenvoltura no relacionamento interpessoal;

Agir com criatividade;

Manter-se atualizado profissionalmente.

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4. A PESQUISA

No primeiro capítulo dessa dissertação, foram demonstradas as transformações

ocorridas no mundo do trabalho com a mudança de forma de organização do trabalho

taylorista/fordista para toyotista, consequência da reestruturação produtiva e a necessidade de

novas competências para o mercado de trabalho.

No segundo capítulo, foram expostos os conceitos de logística, cadeia de suprimentos

e uma breve abordagem sobre a indústria 4.0 e logística 4.0.

O terceiro capítulo tratou a respeito dos cursos superiores de tecnologia, sua

legislação, crescimento do número de cursos e estudantes e especificamente o curso superior

de tecnologia em logística com suas estruturas curriculares recomendadas pelo MEC, às

ocupações e as competências necessárias para o exercício desta atividade profissional no

mercado de trabalho.

Neste capítulo será evidenciado o resultado das entrevistas com cinco alunos do último

semestre e cinco professores das faculdades pública e privada do curso superior de tecnologia

em logística.

O processo de seleção da amostra dos alunos do último semestre das duas instituições

foi através da divulgação nas salas de aula. Em relação aos professores, foi solicitada uma

autorização aos coordenadores dos cursos, estes consultaram os professores da

disponibilidade de tempo para realizar as entrevistas.

Todos os alunos e professores dos cursos são do período noturno, as entrevistas foram

agendadas previamente e realizadas de forma voluntária dentro das próprias instalações das

duas instituições, com autorização dos respectivos coordenadores de curso.

As entrevistas foram agendadas entre noventa e trinta minutos antes do horário inicial

das aulas do período noturno, com tempo médio estimado de aproximadamente 15 minutos de

duração. A ordem dos entrevistados nos resultados seguiu o critério temporal de agendamento

e disponibilização de tempo dos entrevistados, as respostas foram gravadas, transcritas e

agrupadas para análise e serão demonstrados em formato de tabelas, trechos da transcrição e

por compilação do conjunto das respostas.

Com relação aos dez alunos concluintes das duas instituições, as 23 perguntas foram

divididas por temas como: perfil dos entrevistados, curso superior de tecnologia em logística,

relação entre o mercado de trabalho e competências, projeto integrador / interdisciplinar e, por

fim, as perspectivas e recomendações dos cursos sob a perspectiva dos estudantes.

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Aos dez professores tanto da IES pública quanto da particular, foram feitas 21

questões agrupadas pelos temas a respeito do perfil dos professores entrevistados, relação

entre o curso superior de tecnologia em logística e o mercado de trabalho, as competências

desenvolvidas no curso, projeto integrador interdisciplinar e o último grupo de questões foram

direcionadas para as recomendações, do ponto de vista dos docentes em relação ao curso.

Todas as perguntas foram inclusas no Apêndice.

4.1 Entrevistas com Alunos – IES Pública e Privada

4.1.1 Perfil dos alunos entrevistados

Os perfis dos alunos entrevistados conforme gênero, idade, tipo de ensino médio e o

modelo de gestão das escolas que estudaram e das duas instituições de ensino superior,

pública e privada, são demonstrados nos quadros 6 e 7.

Quadro 6 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Pública

Gênero Idade Ensino Médio Gestão

Aluno 1 Masculino 30 anos Normal Pública

Aluno 2 Feminino 22 anos Normal Pública

Aluno 3 Masculino 25 anos Normal Pública

Aluno 4 Masculino 21 anos Técnico Pública

Aluno 5 Feminino 21 anos Normal Pública

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 7 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Privada

Gênero Idade Ensino Médio Gestão

Aluno 1 Masculino 28 anos Normal Pública

Aluno 2 Feminino 27 anos Normal e Técnico em Administração Pública - Privada

Aluno 3 Masculino 49 anos EJA - Educação de Jovens e Adultos Pública

Aluno 4 Feminino 24 anos Normal e Técnico Pública

Aluno 5 Masculino 27 anos Normal Pública

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os alunos entrevistados das duas instituições são, em sua maioria do gênero

masculino, idade entre 24 e 49 anos, cursaram o ensino médio normal, exceto o aluno 4 da

IES Pública e os alunos 2 e 4 da IES Privada que complementaram sua formação em cursos

técnicos, o aluno 3 da mesma realizou o ensino médio no programa de Educação de Jovens e

adultos (EJA), todos cursaram em escolas públicas, sendo o aluno 2 da IES Privada que

complementou seu curso técnico em escola Privada.

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Sobre a realização ou não de outros vestibulares dos alunos entrevistados das IES

pública e privada em outras instituições, a sua localização e os cursos pretendidos antes de

ingressarem nos CST em logística nas respectivas instituições que atualmente cursam,

expressam através dos quadros 8 e 9 a seguir:

Quadro 8 – Realização de outros Vestibulares – Alunos IES Pública

Alunos Vestibulares IES Município Curso

Aluno 1 Não - - -

Aluno 2 Sim Anhanguera Guarulhos Pedagogia

Aluno 3 Sim Eniac Guarulhos Recursos Humanos

Aluno 4 Não - - -

Aluno 5 Não - - -

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 9 – Realização de outros Vestibulares – Alunos IES Privada

Alunos Vestibulares IES Município Curso

Aluno 1 Sim Etec, Fatec Guarulhos Logística

Aluno 2 Sim UNG, Eniac Guarulhos Administração

Aluno 3 Sim Fatec Guarulhos Logística

Aluno 4 Sim UNICSUL São Paulo Logística

Aluno 5 Sim Eniac Guarulhos Logística

Fonte: Elaborado pelo autor.

O resultado, conforme os quadros 8 e 9, mostraram que, dentro da amostra, apenas

dois alunos do último semestre de Logística da IES Pública prestaram vestibular em outras

instituições privadas e três alunos prestaram vestibular somente na IES na qual estudam. Os

cursos pretendidos dos alunos 3 e 4 se inserem no contexto da logística, o aluno 2 preteriu um

curso que não se relacionava com logística. Os alunos das IES privada, em sua maioria,

prestaram vestibulares em IES públicas e privadas no município de Guarulhos, apenas o aluno

5 no município de São Paulo. Todos os cursos pretendidos estavam relacionados à área de

logística, apenas o aluno 4 realizou vestibular somente na IES onde estuda.

Entre as motivações dos estudantes concluintes quando ingressaram na faculdade

pública, os alunos 1, e 5 relataram que já trabalhavam na área, o aluno 2 optou por considerar

“uma boa faculdade”, e os alunos 3 e 4 respectivamente pela oferta de bolsa integral e

melhores oportunidades de trabalho. Os motivos que levaram os alunos entrevistados a

escolherem ingressar na IES privada, preponderaram as melhores chances de empregabilidade

e o aspecto financeiro, devido a: realização de promoções com descontos nas mensalidades,

fácil localização, bolsas de estudo e parcerias com empresas nos quais os estudantes

trabalhavam no momento da tomada de decisão em optar em cursar uma faculdade.

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A escolha em ingressar no CST em logística, dos alunos da Instituição de Ensino

Superior pública foram, em sua maioria das respostas, estar trabalhando na área; ser um dos

poucos cursos ofertados na IES; afinidade com a área, e por identificação com a área devido a

ter trabalhado com estoques. As causas dos alunos da IES particular se originaram por estar

no mercado de trabalho no ramo de logística, porém, os entrevistados remeteram a ênfase em

áreas diferentes de atuação, como atendimento, produção, engenharia, todos mencionaram a

busca de aperfeiçoamento.

4.1.2 – Curso Superior de Tecnologia em Logística

Para os alunos da IES pública, ao ser perguntado a relação entre os conhecimentos

teóricos e práticos ensinados no curso, os mesmos responderam:

Aluno 1: “Em determinadas matérias poderia conciliar a prática e a teoria, em

laboratórios”.

Aluno 2: “Os conhecimentos teóricos servem como base, para estudar, conhecer; a

prática ajuda muito a não esquecer e aprender na prática como funciona, mostra que realmente

sabe, teoria base a prática você resolve os problemas na raça”.

Aluno 3: “Trabalho na área de transportes passageiro. Existe pouca relação entre o

teórico do curso, com exceção de uma única disciplina”.

Aluno 4: “Todos conhecimentos das disciplinas específicas conseguiram ter aplicações

práticas”.

Aluno 5: “Medianos. Poderíamos realizar mais aulas práticas, pois quem não teve

contato com logística não consegue ter visão operacional.

Os alunos da IES privada mencionaram ao responder a mesma questão:

Aluno 1: “poderia ser melhor, apesar que são bons sim, só que eu acho que poderia ter

mais coisas na prática, assim, mais exercícios na prática, que a gente geralmente faz uma

atividade em sala de aula, a gente aprende na sala também, mais coisas que a gente poderia

estar vendo fora no mercado”

Aluno 2: “Eu acho muito importante até, o conhecimento teórico com o prático. Eu

fazia a parte prática, não entendia como funcionava e a parte teórica me fez ter maior visão”.

Aluno 3: “No começo foi um pouco meio difícil, mas no decorrer do curso, segundo

semestre, terceiro, por exemplo, eu achei que as matérias vieram muito de encontro com as

coisas que eu faço, achei que me deixou um pouco mais hábil em relação ao que eu era antes,

me trouxe muito conhecimento, apesar de que minha área de produção eu conseguia assim,

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entender melhor todo o conceito, e trazer basicamente o conceito, não mesmo efetivamente o

que se aprende aqui, mas me abriu mais a mente para olhar mais um pouco pra frente”.

Aluno 4: “Então, na teoria você aprende muitas técnicas e estratégias que você pode

sim colocar na prática, dependendo da empresa que você trabalha. Porque tem empresas que

trabalham com logística hoje que elas não implementam técnicas, nem usam de estatísticas

logísticas pra crescimento e tem empresa que utiliza”.

Aluno 5: “Ah, sim, eu trabalhei na Sky e via muito logística reversa, e não conhecia,

conheci aqui na faculdade e quando vi na prática foi muito fácil lidar, e também vi o sistema

kamban também, e você ver na faculdade e na prática, é bem, como é que eu posso dizer, tem

relação os dois mesmo, porque as pessoas falam muito você vê na faculdade e na prática é

totalmente diferente, pelo que eu vi não, foi bem relacionado as duas partes, né,

principalmente de logística reversa”.

Os alunos da IES pública percebem a relação dos conteúdos das disciplinas

ministradas da seguinte forma:

Aluno 1: “A cada semestre percebo que elas se integram”.

Aluno 2: “São conteúdos que um tem ligação com o outro complementa, o que torna o

conteúdo mais fácil de entender, ou não, mais que se aprendeu direito no começo vai bem até

o final”.

Aluno 3: “Se integram, principalmente neste semestre”.

Aluno 4: “Bom, consigo observar o conteúdo com clareza”.

Aluno 5: “Algumas disciplinas não tem um conteúdo que tenha uma relação boa com

as demais matérias”.

Segundo os alunos da faculdade particular, a relação dos conteúdos das disciplinas

ministradas consiste:

Aluno 1: “Bom, tem bastante conteúdo que é muito importante lógico, mas, tem

algumas matérias que eu gostaria de estar assistindo presencial, entendeu? Porque eu tenho

um pouco de dificuldade de digamos que, como eu posso dizer, assim, eu estudar dentro de

casa eu não tenho a mesma atenção que eu tenho na sala de aula, tenho um pouco de

dificuldade de estudar em casa, então eu tive muitas matérias que eu gostaria que fosse o

professor que estivesse dando aula pra gente, entendeu? Um exemplo é gestão de produção,

essa matéria pra mim era super importante ter um professor falando sobre ela, sobre a matéria,

porque a minha concentração na hora certa eu tenho mais em sala de aula do que em casa, em

casa eu não consigo ter a concentração, as coisas que eu devo talvez não entra na cabeça

como deveria. Mas eu acho que se tem um professor para determinadas matérias, eu acho

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mais vantagem ter em sala de aula que no AVA, por exemplo. E algumas matérias, por

exemplo, Ética, Cidadania, essas coisas, eu acho que essas poderia estar no AVA, mas

empreendedorismo, que eu achava importante ter na sala de aula, gestão de produção, essas

coisas, a gente teve na plataforma virtual. Mas as matérias que tivemos em relação ao curso e

à área, eu achei que foram bastante bem abordadas e a gente conseguiu aprender bastante, eu

pelo menos consegui”.

Aluno 2: “Para quem sai do ensino médio e fica muito tempo fora da escola, fora do

aprendizado, acho meio difícil, mas, com o tempo a gente vai se adaptando”.

Aluno 3: “Então algumas disciplinas eu acho que todas as disciplinas que a gente tem

em sala que tem o professor para dar orientação pra gente, eu acho muito bacana e muito

valioso e acho que o diferencial tá aí, que a gente pode discutir experiências e as experiências

dos nossos colegas e professores, a vivência do professor, tudo o que ele tem pra nos ensinar,

eu só discordo da AVA, do ensino a distância né, desse contato que a gente não tem com o

professor, talvez pra mim seja mais por causa de ter ficado muito tempo fora sem estudar, sem

fazer nada, fazendo algum curso técnico tipo SENAI, essas coisas assim, mas não é como

você vir pra faculdade e ter diálogo todos os dias, diariamente com o professor, aonde você

tem um conteúdo passivo e aonde você pode tirar dúvida na hora, né, eu vejo só esse

diferencial, porque a disciplina pra mim que é do AVA, se a gente estudar lá no AVA, pra

mim não vejo crescimento pro aluno, e a maioria dos alunos está nesse ritmo, agora fazer pré-

aula e pós-aula e fazer a aula com o professor na sala dessa matéria que a gente tem com o

professor, acho muito bacana, acho enriquecedor. Então, eu acho que tudo que tá sendo

aprendido né, cotidianamente e principalmente agora nesse quarto semestre, acho todas as

matérias bem bacana. Todas essas matérias, então eu acho que esse agora é um momento que

está se fechando o ciclo de tudo, então, eu tô gostando muito, tô gostando dessa questão do

aprendizado desse leque que se abre, esse conhecimento que se traz agora e todo o conteúdo

que está sendo ensinado agora nesse quarto semestre acho que é top, vai fazer um diferencial

muito grande, é por isso que eu já despertei nesse quarto semestre pegar uma ou duas

disciplinas que a gente está fazendo e me especializar mais em uma, pelo menos”.

Aluno 4: “Assim, tá bem semelhante né, tem a ver uma relação de matéria, tem a ver

pro mercado de trabalho, tem a ver com que a gente aprende aqui, porém tem algumas

disciplinas que ficam um pouco fora, que nem tem matérias que seriam importantes pra gente

ter, que é uma matéria que eu acho, que é gestão da produção, infelizmente ficou EAD pra

gente. Então é uma matéria que você não conseguiu pegar o teórico na prática, assim com o

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professor pra tirar dúvida, então, você teve que estudar on line, no nosso caso, então tem a ver

com que a gente precisa pro mercado, porém tem algumas disciplinas que deixou a desejar”.

Aluno 5: “Ah, eu percebo que é bem elaborado, que é bem desenvolvido pela

faculdade, pelos professores também, e nós alunos conseguimos entender bem esses

conteúdos que são passados”.

De acordo com a opinião dos alunos dos cursos de logística das duas instituições, os

conhecimentos básicos para o tecnólogo em logística são expostos conforme o quadro 10:

Quadro 10 – Conhecimentos básicos do tecnólogo em Logística- Alunos IES Pública e Privada IES Pública IES Privada

1 Modais de transportes. Gargalos logísticos.

2 Intermodais, tecnologia de transportes, Pesquisa

Operacional.

Tempos e movimentos dos pedidos e mercadorias.

3 Estatística e Pesquisa Operacional. Gestão de pessoas, de matemática financeira.

4 Transporte e armazenagem. Área da gestão.

5 Roteirização, administração, tecnologia de

transportes e intermodalidades.

Área de pessoas, de atender melhor na área certa.

Fonte: Elaborado pelo autor.

O quadro 10 evidenciou a diferença de conhecimentos que os alunos da IES pública e

particular determinaram para a atuação do tecnólogo em logística, os primeiros responderam

nas entrevistas temas voltados na área de exatas. As respostas dos alunos da IES particular

revelaram que os assuntos relacionados à gestão e humanidades prevaleceram dentro da

amostra para o exercício profissional.

Conforme os alunos da faculdade pública do município de Guarulhos, o curso

contribuiu para o crescimento pessoal:

Aluno 1: “Devido estar cursando o Ensino Superior, subi de cargo na empresa e estou

no momento concorrendo a outro nível hierárquico”.

Aluno 2: “Me ensinou muito, sou outra pessoa, resolver problemas, simular possíveis

soluções, descobrir melhores caminhos, além disso hoje em dia é essencial uma graduação.

Aluno 3: “De maneira geral, possuir o conhecimento da área facilita a compreensão

das coisas que ocorrem no cotidiano, como a greve dos caminhoneiros”.

Aluno 4: “Contribuiu para a conquista de uma promoção na empresa.

Aluno 5: “Primeiramente com o conhecimento, relacionamento interpessoal, e me

abriu portas profissionalmente.

No tocante a contribuição que o curso promoveu para o crescimento pessoal, os

estudantes do último semestre da IES privada expressaram que:

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Aluno 1: “Com o curso eu aprendi a parte mais teórica da logística e tudo, e algumas

matérias também que não é relacionada diretamente à logística, mas te faz você aprender

mais, pessoalmente e profissionalmente me ajudou muito, na hora de eu fazer uma entrevista

eu tenho mais calma para estar na frente do entrevistador na hora de conseguir um emprego”.

Aluno 2: “Contribuiu muito porque a partir do momento que você passa a entender os

processos, a minha empresa, o meu chefe, assim, começou a me ver com outros olhos, me

pedia outras coisas e eu entendia o que estava fazendo”.

Aluno 3: “Só de estar cursando um curso superior já tem um diferencial, já acaba

pondo a gente por outros caminhos, já abre esse leque. Na empresa que eu trabalho já passa

assim, você já passa a ser olhado com outros olhos, né, apesar de eu ter crescido muito, de ter

feito muito trabalho, eu trabalho numa empresa há 29 anos, né, agora nesses últimos dois anos

eu resolvi fazer uma faculdade, já ajudei muitos projetos, já ajudei muito a desenvolver

projetos na empresa né, até teve muito êxito, né, mas acho que agora o fato de estar fazendo

uma faculdade, então, existe aquela docilidade de ver um respeito a mais, olhar que isso

agrega também pela minha idade, estar estudando agora também já é um diferencial, você está

com quase 50 anos de idade, você vai pra faculdade? Então já é um diferencial e mostra tipo

assim, a empresa fica vendo que você quer dar algo mais, que você quer sair dos limites,

galgar novos horizontes”.

Aluno 4: “Muito, eu cresci bastante em relação a profissionalismo, saber se comportar

diante de uma situação, ser flexível, porque o mercado exige isso, então me ajudou muito”.

Aluno 5: “Assim, crescimento ninguém tira da gente, de uma maneira ou de outra

agrega. Tanto pessoal quanto profissional”.

Quando perguntados aos alunos concluintes das duas IES se eles realizaram cursos

complementares paralelos à graduação, entre os alunos das IES pública, somente o aluno 2 fez

um curso de inglês, o aluno 1 respondeu que fará um curso de inglês após o término do curso.

Entre os alunos da IES privada, os entrevistados 1 e 3 responderam que não fizeram nenhum,

os alunos 2 e 4 realizaram cursos de inglês e o aluno 5, cursos de Excel avançado e de

Programação e Controle de Produção. Todos os alunos mencionaram que pretendem retomar

ou iniciar o curso de inglês após o término da graduação.

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4.1.3 Mercado de trabalho e Competências

As facilidades de ingresso ou melhoria na sua situação no mercado de trabalho após

ingressar na faculdade, e as dificuldades enfrentadas, na perspectiva dos alunos da faculdade

privada foram:

Aluno 1: “Facilidades de poder participar de recrutamento interno para níveis de cargo

mais altos dentro da companhia”.

Aluno 2: “Sou olhada com outros olhos, tem mais oportunidades de crescimento, se

surge uma vaga a encarregada já comenta”.

Aluno 3” “A faculdade pública tem um nome forte, os gestores veem com outros

olhos, e quando demonstramos conhecimento prático, essas melhorias são observadas. A área

em si, não me atrai, pretendo cursar novas áreas”.

Aluno 4: “Possibilitou a conquista de um novo cargo na empresa”.

Aluno 5: “Por estudar na Fatec me abriu mais facilmente as portas, pois a instituição é

reconhecida por suas qualidades. As dificuldades é conciliar as responsabilidades por não ser

estágio e as atividades do curso”.

Para os alunos da faculdade particular, as facilidades de ingresso ou melhoria na

situação no mercado de trabalho após ingressar na faculdade e dificuldades enfrentadas

foram:

Aluno 1: “Eu quando nesse meu último emprego que eu já estou há sete meses, eu já

estava no terceiro semestre daqui da faculdade quando entrei, e assim quando eu não estava

na faculdade eu procurava emprego eu não tinha meio que, ter coragem de ir atrás de uma

coisa melhor, tipo assim, ah esse aqui não precisa de faculdade, ah eu vou nesse daqui. Assim

que eu saí do meu serviço anterior, daí eu comecei a procurar na área e já comecei a ver

empregos que necessitavam de curso superior e foi um diferencial porque eu trabalhei, porque

na entrevista eu tinha concorrentes que não cursavam faculdade, alguns que cursavam,

entendeu, então eu percebi que no final dos que foram eliminados, e os que ficaram para esse

último emprego, só ficou quem tinha ou quem estava cursando superior em logística, então,

pra mim, isso foi fundamental”.

Aluno 2: “Uma melhoria é que eu já estava há seis anos na empresa, nada acontecia,

nada mudava, a partir do momento que eu comecei a fazer faculdade tive duas promoções,

então, foi fundamental assim, por ele ver que eu estava estudando, a gerência ver que eu

estava estudando, que eu tinha conhecimento daquilo, foi o que facilitou, apesar do momento

de crise atual do país, eu consegui ser promovida. Algumas dificuldades assim, porque a gente

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ganha algumas responsabilidades, né, então, pra lidar com aquilo e ter a mente fresca e

conseguir lidar, essas foram as dificuldades, da responsabilidade que veio sabe”.

Aluno 3: “No meu caso como eu vim pra faculdade, eu não tinha nenhuma expectativa

de exercer uma função, eu já tenho uma função, eu fiz apenas pra melhorar como já estava

empregado, não tive dificuldade, a única coisa é que melhorou pra mim, me trouxe mais

conhecimento, só me agregou valores novos, que me agregou, agora não teve assim uma

dificuldade, por eu já estar empregado, agora olhando exatamente pra quem está

desempregado e precisa entrar numa empresa, passar por um processo de seleção, eu tenho

que selecionar pessoas, eu vejo aí essa questão que às vezes falta mais conhecimento, mais

vantagem quem tá mais preparado tá um passo a frente”.

Aluno 4: “Assim, no meu trabalho, por exemplo, eu recebi uma promoção, depois que

eu ingressei na faculdade, então, assim, eu era do operacional, então eu fui vista porque eu

entrei na faculdade, aí consegui passar para o administrativo, hoje eu sou bem visada no

administrativo. Meu chefe elogia muito o meu trabalho, né, eu sou competente pra fazer e é

uma área que assim, é uma coisa que tá me ajudando a crescer dentro da empresa”.

Aluno 5: - “Primeiro a melhoria, é que as pessoas dão muito valor hoje pra quem faz

faculdade, claro que hoje em dia a faculdade é muito fácil você entrar, mas, pelo que eu vi na

empresa em que eu entrei é que eles dão muito valor pra quem quer estudar, e a faculdade,

como eu entrei aqui na faculdade e me proporcionou um bom desempenho lá, graças ao

espaço que a empresa deu pra mim também. E a dificuldade é você fazer a faculdade, como

eu falei, é você ver uma coisa na faculdade e na prática ver outra, e isso não aconteceu

comigo,eu vi os dois ao mesmo tempo, então, não teve muita dificuldade”.

Quadro 11 – Empregabilidade dos alunos concluintes CST Logística - IES Pública e Privada

Alunos IES Pública Alunos IES Privada

Cargo Atual Cargo Atual

1 Encarregado de Logística Assistente de Logística

2 Assistente de Planejamento Assistente administrativo

3 Assistente de processos logísticos Líder de Produção

4 Auxiliar administrativo Líder de Produção

5 Assistente de frota Assistente de Faturamento

Fonte: Elaborado pelo autor.

O curso contribuiu, segundo os estudantes da IES pública, no seu emprego atual:

Aluno 1: “Meu desenvolvimento pessoal”.

Aluno 2: “Sou mais confiante pra resolver, ajudar, opinar em situações que acontecem,

mesmo ainda não estar na carteira trabalhando na área”.

Aluno 3: “Dinâmico na solução dos problemas”.

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Aluno 4: “Com conhecimentos técnicos”.

Aluno 5: “Utilização de conhecimento adquirido”.

Os alunos concluintes da faculdade privada responderam ao serem indagados em que o

curso contribuiu no atual emprego, foram expostos os seguintes comentários:

Aluno 1: “Bastante coisa, desde a minha entrevista até agora, apesar que agora aonde

eu estou não tem uma hierarquia onde você pode estar galgando promoções e crescimento,

mas é uma empresa boa, e eu consegui identificar algumas coisas na empresa, graças ao

curso, que podem ser melhoradas”.

Aluno 2: “Possibilitou a minha promoção e a minha autonomia, porque eu não tinha

muita voz ativa, então isso melhorou muito e foi através do curso”.

Aluno 3: “Foi reconhecimento mesmo, pelo esforço, reconhecer que eu estou sendo

mais esforçado que eu sempre fui, então eu acho que o reconhecimento pelo esforço dentro da

empresa, então é isso aí. Você acaba tendo mais, as pessoas acabam me enxergando mais, que

tá trazendo mais conhecimento, que atribui mais conhecimentos pro crescimento da empresa.

Então, é isso aí”.

Aluno 4: “Eu recebi uma promoção, depois que eu iniciei o curso eu recebi uma

promoção, e tenho visão de crescer profissionalmente, não só junto com a empresa, mas

profissionalmente.

Aluno 5: “No desenvolvimento pessoal para falar, como eu sou uma pessoa muito

tímida e lá no trabalho tinha que falar no telefone, geralmente, eu resolvi bem essa parte

durante o curso”.

Para os alunos da IES pública o diferencial do curso ajudou no ingresso ou melhoria

no mercado de trabalho aos alunos 1, 3 e 5 através do nome da IES, os alunos 2 e 4

mencionaram que auxiliou em solucionar problemas de logística no emprego e desenvolver a

habilidade de analisar com mais detalhe as operações dentro do trabalho. Os alunos do último

semestre do curso de logística da IES privada mencionaram que o diferencial do curso os

ajudou na promoção nas empresas nas quais trabalham. Segundo os alunos 1, 2, 3 e 4

conseguiram aliar a prática no trabalho com os fundamentos teóricos que aprenderam em sala

de aula, o aluno 5 disse que “melhorou a vida dele”.

Os alunos entrevistados das duas IES responderam sobre o que seriam competências,

seguem abaixo as respostas, os alunos da IES Pública consideram competências como:

Aluno 1: “Saber resolver as coisas”

Aluno 2: “Saber fazer, resolver, explicar; habilidades pra resolver conflitos ou

situações diversas”

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Aluno 3: “Conhecimentos profissionais que cada um deve ter para diferentes áreas de

trabalho”.

Aluno 4: “Capacidade de realizar algo”.

Aluno 5: “Tarefas bem executadas”.

Para os alunos entrevistados da IES particular, competências consiste em:

Aluno 1: “Uma qualidade que a pessoa tem, especialidade em determinada área, pra

mim competências seria isso. Uma especialização em determinada área, acho que seria

competência”.

Aluno 2: “Saber fazer uma determinada função, determinada coisa, mas você saber

fazer, ter um começo, meio e fim, isso eu acho que é uma competência. Tanto, ou você já tem,

ou você adquire”.

Aluno 3: “Aquilo que pessoas tem pra agregar, ter potencial pra desenvolver um

trabalho dentro de um tempo estabelecido”.

Aluno 4: “Pegar uma coisa pra fazer, uma responsabilidade, uma atividade pra fazer e

você ser competente pra cumprir com os prazos, você cumprir com o que você tem que

entregar”.

Aluno 5: “Habilidades que o profissional tem em fazer várias tarefas, ou ser flexível,

agilidade, como a pessoa que consegue fazer várias coisas no ambiente profissional”.

Com relação às competências profissionais exigidas na área de logística, os alunos da

IES pública responderam que requer:

Aluno 1: “Visão, Agilidade, Comunicação”.

Aluno 2: “Solucionar problemas, pois a área sofre diversas interferências externa e a

aptidão de planejar”.

Aluno 3: “Perfil analítico, conhecimento com transportes e armazéns, matemática”.

Aluno 4: “Ter visão operacional, comprometimento, entender horários diferenciados

afim de entregar no tempo certo”.

Aluno 5: “Dinâmica, conhecimento técnico e trabalho em grupo”.

Os alunos da IES privada mencionaram que as competências necessárias na área de

logística são:

Aluno 1: “Ser dinâmico e proativo, na logística nunca vai ser sempre aquilo, sempre tá

mudando, então é importante e ter o conhecimento básico de como funciona”.

Aluno 2: “Saber o tempo necessário para atender o cliente, estar atento a isso. Outra

área que eu participei foi de custos, a tensão é muito grande, ter responsabilidade com o que

faz”.

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Aluno 3: “Conhecer armazém, como estocar, ter conhecimento de como fazer uma

retirada rápida, programar entregas, embalagem, tipo de embalagem pra cada produto, então,

tem que estar focado, ter o básico para poder utilizar todo o processo de movimentação de

materiais dentro da empresa”.

Aluno 4: “Ter o inglês porque é uma exigência do mercado para alavancar na sua

carreira”.

Aluno 5: “Ser muito atenta, saber lidar com cliente, ter paciência, ser bem flexível

também, de maneira geral”.

Questionados aos alunos da IES pública sobre quais competências foram

desenvolvidas no decorrer do curso, a forma de comunicação, visão gerencial, iniciativa,

resolução de problemas do cotidiano e desenvolvimento técnico. Em relação aos alunos da

IES privada, os mesmos mencionaram que desenvolveram questões conceituais, autonomia na

execução de tarefas, aumento da visão no processo do trabalho, capacidade de liderança e

comunicação.

Na percepção dos alunos das duas instituições, as atividades na sala de aula ajudaram

a desenvolver as competências profissionais para o mercado de trabalho através das situações-

problema propostas pelos professores e serem resolvidas na sala de aula em grupos, na

maioria dos casos, estes desafios assemelha ao cotidiano das empresas.

4.1.4 Projeto Integrador Interdisciplinar

Com relação ao projeto integrador, realizado em todos os semestres do curso, os

alunos da faculdade pública responderam que na maioria dos casos, realizaram artigos

científicos e projeto de melhoria em empresas sobre determinadas situações operacionais e

não detalharam na entrevista os projetos. Para os alunos 2 e 5 os projetos contribuíram no

desenvolvimento de suas competências graças ao “aumento da visão das coisas”, na opinião

demais alunos não houve contribuição.

Os alunos da IES privada realizaram também projetos de melhoria em empresas e

projetos sociais, os mesmos relataram com detalhes os projetos, algumas se basearam em

empresas fictícias, outras em empresas nos quais os colegas do grupo trabalhavam e outra

onde os alunos estavam empregados. Todos os alunos responderam que a contribuição do

projeto integrador de certa forma agregou no desenvolvimento de suas competências através

da articulação entre as situações encontradas/criadas nas empresas e as sugestões de melhorias

baseadas nos temas das disciplinas do curso.

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4.1.5 Perspectivas e Recomendações

Em relação às perspectivas de melhorias na empregabilidade dos alunos entrevistados

depois de formados, todos os alunos da IES pública responderam ser positivas, os alunos da

IES pública 4 e 5 conseguiram novos cargos nas empresas nas quais trabalham e os demais

relataram almejar alcançar novos cargos. As respostas dos alunos da IES privada são

semelhantes, o aluno 1 mencionou que onde trabalha no momento não tem perspectiva de

ascensão profissional e busca novas colocações, o aluno 2 mencionou que a empresa onde

trabalha arca com 50% da mensalidade do curso, os demais alunos disseram que continuarão

seus estudos e realizarão cursos de inglês.

Os alunos das duas IES ao serem questionados se houve evolução no desenvolvimento

das suas competências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e na forma de pensar

entre o momento do ingresso e o atual, todos responderam de forma afirmativa, salientaram a

necessidade de continuar seus estudos, como exemplo o depoimento do aluno 5 da faculdade

pública, “Creio que evolui e estou motivado a continuar meus estudos”, e o aluno 1 da IES

privada, “Eu vejo um futuro melhor mais parara frente, ainda mais que eu penso em continuar

estudando”.

Todos os alunos da IES pública recomendam o curso com as seguintes justificativas:

proporcionar crescimento profissional, nota alta no MEC, bons professores, boa instituição.

Os alunos da IES particular, todos também recomendam o curso pelas respectivas razões:

empregabilidade, possibilidade de promoção na empresa, articulação em conhecer todas as

áreas da empresa e o grande número de empresas de logística em Guarulhos.

4.2 – Entrevistas com professores - IES Pública e Privada

4.2.1 – Perfil dos professores entrevistados

Quadro 12 – Identificação dos Professores – IES Pública e Privada

Identificação

IES - Pública IES - Privada

Gênero Idade Gênero Idade

Professor 1 Feminino 33 anos Masculino 38 anos

Professor 2 Masculino 70 anos Masculino 51 anos

Professor 3 Masculino 58 anos Feminino 33 anos

Professor 4 Masculino 63 anos Masculino 35 anos

Professor 5 Masculino 42 anos Masculino 53 anos

Fonte: Elaboração do autor.

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Quadro 13 – Formação Acadêmica – Professores – IES Pública

Graduação/

Instituição

Especialização/

Instituição

Mestrado/

Instituição

Doutorado/

Instituição

1 Logística/UNG

Engenharia de Transportes /

USP

Engenharia de

Transportes / USP

2 Licenciatura em Matemática

/ Farias de Brito Administração / UNINOVE

3 Ciências / UNG

Logística / UNIDERP

Logística

Empresarial / FGV

Gestão e Desenvolvimento

Regional / UNITAU

4 Comunicação Social / FIAM Marketing / ESPM Comunicação Social / UNIP

5 Administração / UNG

Gestão de Negócios

/ Mackenzie

Fonte: Elaborado pelo autor.

Quadro 14 – Formação Acadêmica – Professores – IES Privada

Graduação/

Instituição Especialização/ Instituição

Mestrado/

Instituição

Doutorado/

Instituição

1 Comunicação Social /

UNINOVE MBA Executivo em Marketing / FGV - -

2 Tecnologia em

Logística / ENIAC

MBA em Gestão Estratégica de

Negócios / Anhanguera; Psicologia

Organizacional / Anhanguera - -

3

Administração/

Anhanguera

MBA em Gestão Estratégica de

Negócios / Anhanguera; Didática e

Metodologia do Ensino Superior /

Anhanguera

- -

4 Administração de

Empresas e Comércio

Exterior / Faculdades

Integradas Torricelli

Logística de Armazenagem e

Distribuição /Anhanguera; Gestão

Estratégica de Negócios /

Anhanguera

Mestrando em

Políticas

Públicas/UMC -

5 Administração / UNG

Engenharia da Produção/USJ; MBA

em Gestão Empresarial / Fundação

Dom Cabral

Engenharia

Mecânica /

UNITAU

Doutorando em

Engenharia da

Produção/UNITAU

Fonte: Elaboração do autor.

Quadro 15 – Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 – Professores - IES Pública

Docência Docência/

IES Pública

Disciplinas ministradas

1 8 anos 8 anos Transporte de Cargas Especiais

2 14 anos 14 anos Comércio Exterior e Logística. Matemática Financeira e Administração Geral.

3 15 anos 5 anos Logística, Embalagem e Unitização de cargas.

4 25 anos 21 anos

Fundamentos de Marketing, Gestão de Marketing, Comunicação Empresarial,

Inovação e Empreendedorismo.

5 11 anos 2 anos

Tecnologia de Transportes, Projeto aplicado à Logística, Projeto Interdisci-

plinar, Fundamentos da Gestão da Qualidade, Inovação e Empreendedorismo.

Fonte: Elaboração do autor.

Page 99: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

98

Quadro 16 – Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 – Professores - IES Privada Docência Docência/

IES Privada

Disciplinas ministradas

1 18 anos 12 anos Sistema de Informação Gerencial, Pesquisa Mercadológica e Projeto Integrador.

2 3 anos 3 anos

Intermodais, Empreendedorismo, Gestão em Publicidade e Gestão em

Marketing.

3 4 anos 4 anos Disciplinas em Gestão, Logística, Marketing, RH, Administração.

4

8 anos 7 anos

Economia Internacional, Relações Econômicas e Internacionais, Ética e

Deontologia, Siscomex, Planejamento e Controle da Produção e Processos

Logísticos.

5 10 anos 10 anos

Logística Empresarial, Administração de Materiais e Planejamento e Controle

da Produção.

Fonte: Elaboração do autor.

Para os professores da IES pública, a experiência docente, no aspecto geral, é positiva,

devido a pertencer a uma instituição de referência, ótimo clima organizacional, com colegas

de trabalho comprometidos no processo de ensino e aprendizagem e uma boa infraestrutura.

No aspecto negativo, somente o professor 5 mencionou nas entrevistas, se referiu a interação

dos docentes com “alguns funcionários administrativos não atendem as pessoas com boa

vontade”.

Segundo os professores da IES privada, os pontos positivos apontados se referem a

comunicação entre a coordenação e docentes é de forma bem integrada, materiais das aulas

prontos são bem elaborados e permite a disponibilidade aos alunos no portal, o método de

ensino, pois os alunos em sala de aula consultam o material em casa e realizam atividades

práticas em sala de aula. Nos aspectos negativos, os professores mencionaram a cobrança de

tarefas a serem realizadas fora do horário de aula, salas grandes, laboratórios de informática

não atendem, algumas vezes, à demanda dos alunos e professores, deveria melhorar um pouco

a organização na parte administrativa e a baixa atenção dos alunos durante a aula devido ao

cansaço, pois os professores 2 e 3 justificaram que esse déficit de atenção se deve a maioria

dos alunos trabalharem durante o dia.

A capacitação institucional proposta aos professores da faculdade pública serve como

fator motivacional no crescimento do plano de carreira, através de um sistema de pontuação

no qual são computados em virtude da realização de produções acadêmicas, participação de

congressos, publicações em revistas.

De acordo com os docentes da IES particular, a capacitação institucional consiste na

realização de cursos numa universidade corporativa da instituição, exigidos desde o ingresso

do docente na faculdade pelo departamento de recursos humanos, nos quais são realizados

diversos cursos, em sua maioria no ambiente virtual, com direito a certificados, estes

Page 100: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

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possibilitam conhecer a cultura da faculdade, além de realizarem cursos de curta duração para

o aprimoramento pessoal e profissional.

Todos os docentes entrevistados das duas IES avaliaram serem positivas as formas de

capacitação que as instituições oferecem.

4.2.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística e Mercado de Trabalho

Na entrevista com os professores a respeito do Projeto Pedagógico do curso de

logística, todos os professores da IES pública mencionaram conhecimento e ressaltaram que o

mesmo é disponibilizado no endereço eletrônico da faculdade. Em relação aos professores

entrevistados da IES privada, apenas o professor 1 não tinha conhecimento, os demais

informaram que conheciam, inclusive o professor 5 ressaltou que possuía maior conhecimento

que os demais, segundo ele, “principalmente por ser um ex-coordenador”.

No tocante a metodologia pedagógica adotada no curso, os docentes da IES pública

responderam:

Professor 1: “Orienta-se o uso de metodologias ativas”.

Professor 2: “Os docentes têm autonomia para utilizar a metodologia que achar melhor

para a sua disciplina”.

Professor 3: “Os docentes têm autonomia para praticar a metodologia que entender ser

mais adequada em função do conteúdo de suas disciplinas”.

Professor 4: “Reflete o ensino de outras instituições, coordenadas com as necessidades

básicas do mercado. A forma de ensino teórica poderia ser melhor aplicando uma prática mais

intensiva”.

Professor 5: “No curso é incentivado o uso das mais diversas práticas, o que

chamamos de metodologia ativa”.

Os professores da IES particular responderam sobre a metodologia utilizada em sala

de aula:

Professor 1: “Um modelo pedagógico, que te fala desde o conteúdo que vai ser dado

em aula até o método de avaliação”.

Professor 2: “Ah é assim, a gente prepara uma aula, a gente aplica aquela aula e faz a

cobrança da pós-aula, o que que é isso, é testar o rendimento do aluno, como que ele está,

porque o ideal não é só que o aluno mostre que ele tem conhecimento na aula, então, fora da

aula ele também tem que praticar para ter um rendimento melhor”.

Page 101: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

100

Professor 3: “a metodologia aqui da instituição é a ativa, é uma ferramenta muito boa,

mas os alunos ainda alguns alunos não assimilam direito”.

Professor 4: “O método é de sala invertida e também o modelo professor, nós temos os

dois modelos: sala invertida e o modelo professor. O método eu acho que não é o perfil do

nosso alunado, porque o aluno ele assiste a aula e vem pra sanar dúvidas, a maioria dos alunos

trabalham e não tem tempo pra ver as aulas ou de repente veem as aulas no final de semana

acumula muita aula, ele tem que ver a aula correndo e aí foge da proposta do curso”.

Professor 5: “A metodologia no caso da Logística segue a mesma metodologia dos

outros cursos, onde que a busca de pegar a experiência e fazer cases durante as aulas para

associar com a experiência e aplicar no dia a dia, eu acho que é interessante. Aplica-se muito

a cada aula uma situação-problema para o aluno, onde que o aluno tem que desenvolver

aquela situação-problema, essa metodologia acho bastante interessante, isso daí força o aluno

a pensar. Alguns desafios é tornar, é que a metodologia, por exemplo, com o passar do tempo,

a metodologia não, as situações problemas começam a ficar desgastadas, precisam ser

renovadas, porque o dia a dia das empresas, os problemas vão alterando, e até porque os

alunos de outros cursos acabam tendo acesso a situações-problema antecipadamente, então, o

cuidado que tem que ter é renovar essa questão das situações problemas durante o curso. A

metodologia usada na faculdade eu acho interessante, ela faz com que os alunos, ou pelo

menos, tem como expectativa que os alunos saibam resolver problema, isso é um ponto, se

efetivamente eles estão saindo com esse formato, aí é outra situação que eu não posso falar

ainda, porque eu não vi caso, a gente acaba acompanhando um ou outro aluno, assim, mas no

geral não dá pra saber se realmente o resultado está sendo esse, mas a expectativa é boa na

minha opinião”.

Os docentes das duas IES foram indagados a responder sobre quais são os diferenciais

do curso para promover a empregabilidade aos alunos, os professores da IES pública

opinaram da seguinte forma:

Professor 1: “Curso Superior Tecnológico (CST) de formação global e especialização

nos processos. Duração do curso: 3 anos. Curso voltado para o mercado de trabalho”.

Professor 2: “Até o momento apresentou nota 5 e 4 nas provas no Enade, curso de 6

semestres e muita exigência com os alunos. Incentiva aos alunos a publicarem artigos e pôster

em congressos”.

Professor 3: “Boa nota no ENADE: Nota 5 em 2012 e nota 4 em 2015, pesquisa que

evidencia que de cada 10 alunos, 09 são contratados pelo mercado antes mesmo de concluir o

curso”.

Page 102: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Programa de ... de Almeida.pdf · TCC Trabalho de Conclusão de Curso UMC Universidade Mogi das Cruzes UNESP Universidade Estadual

101

Professor 4: “Conteúdo atualizado, trabalhos acadêmicos baseados na experiência e

vivência prática”.

Professor 5: “Estágios e Convênios”.

Os docentes da IES particular responderam que os diferenciais do curso oferecidos

são:

Professor 1: “A faculdade oferta o Canal Conecta, eu acredito que deve trazer algum

tipo de resultado, que eu vejo algumas pessoas participando, mas é o máximo que eu consigo

falar”.

Professor 2: “O networking que é feito na sala, independente da evasão que existe

dentro do curso, quando a turma começa a se conhecer, a empregabilidade, acho que é um

pouco a mais de conhecimento que o aluno absorve para o mercado de trabalho”.

Professor 3: “Algumas disciplinas que são práticas, então isso agrega muito, nas

minhas aulas eu gosto sempre de puxar os alunos para falar do seu trabalho, sobre aquele tema

da aula, como é no trabalho de cada um, eles acabam fazendo a troca de experiência também e

aí vão compartilhando e vão associando”.

Professor 4: “Nós temos um canal chamado Canal Conecta, esse canal visa a inserção

de alunos no mercado de trabalho, eu acho que é uma ferramenta muito boa”.

Professor 5: “Trabalhar com aula invertida, trabalhar com que o aluno crie o conceito

de que o aprendizado depende dele, acho que essa é uma expectativa importante de diferencial

de empregabilidade, porque numa empresa você tem que buscar o conhecimento sozinho.

Outra coisa é a questão da própria situação-problema, você criar essa questão de resolver

problemas do dia a dia dentro da sala de aula e com isso fazer com que os alunos associem

esses problemas quando estiverem externamente”.

Segundo os docentes da IES pública, os requisitos exigidos para o mercado de trabalho

para a contratação do Tecnólogo em Logística são:

Professor 1: “Conhecimento para resolver problemas relacionados à área da Logística

na empresa”.

Professor 2: “Conhecimentos específicos e gerais da área, como armazenagem,

transporte, gestão de estoques”.

Professor 3: “Visão sistêmica e humanística; Conhecimentos específicos e em

profundidade que abarquem: Gerenciamento da cadeia de suprimentos; principais atividades

da logística, envolvendo transportes, gestão de estoques, processamento de pedidos, além das

atividades de apoio”.

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Professor 4: “O aluno estar apto a assumir as funções na empresa de imediato e

preparação para o uso de recursos tecnológicos de informática”.

Professor 5: “Disposição para aprender, raciocínio analítico e capacidade de trabalhar

em grupo”.

Para os professores entrevistados da instituição particular, os requisitos do mercado de

trabalho para contratar um Tecnólogo em Logística são:

Professor 1: “Conhecimento nas áreas de almoxarifado, de Planejamento,

Programação e Controle de Produção, que é uma área que emprega bastante”.

Professor 2: “Olha hoje o mercado está muito diferenciado comparando-se a 10, 15, 20

anos atrás, eu inclusive estava comentando com um amigo que você é formado em logística,

ok, mas se você não tiver quem indica, você fica meio perdido, porque quando uma pessoa

indica você, além de si, além de ter uma garantia, existe assim uma confiança, então, dentro

do mercado se você é admitido por uma empresa e você não conhece a empresa e você vê que

dentro dessa empresa quando você tá lá, você vê que o sistema de admissão e demissão é alto,

chama, tem um nome, turnover, que esse turnover é alto, então, que garantia você tem pra

essa situação, nenhuma, né, então, tem que ter cuidado, tanto pra quem tá admitindo, como

pra quem quer ser admitido”.

Professor 3: “Hoje não é só o diploma, você também precisa ter uma experiência,

alguma base, então por mais, às vezes, que ele busque um curso superior, que ele tá aqui, que

tem aulas práticas, enfim, se ele não entrar logo na área, ou estágio, ou efetivo, depois de

formado acaba ficando mais difícil para entrar no mercado, porque falta a experiência”.

Professor 4: “Ser proativo, ter raciocínio lógico, saber trabalhar com pessoas, entender

de tecnologias, que a logística a todo momento, principalmente com essa questão da logística

4.0, a gente tem um momento da gama tecnológica hoje, por menor que seja a empresa ela

tem um coletor, ela tem uma ERP, então, tudo isso, tem uma ferramenta de WMS, uma

ferramenta de RFID, então, isso exige do colaborador uma interatividade com a tecnologia, só

que em contrapartida a gente percebe que falta um pouco desses itens no curso, no

laboratório, alguma coisa assim, pra gente poder trabalhar essas ferramentas”.

Professor 5: “Bom, primeiramente, ser formado, ou estar em formação, o tecnólogo de

Logística tem um ambiente de trabalho bastante grande dentre as diversas áreas da logística, e

isso faz com que ele possa ter uma amplitude boa de procurar emprego, então, uma das coisas,

dos requisitos: ser formado ou estar em formação no curso, ter conhecimentos de estatística é

fundamental para o profissional de Logística, estatística acho que é básico, aí conhecer as

ferramentas, por exemplo Excel, é fundamental. No início básico do profissional de Logística

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103

ter um pouco de inglês básico porque dependendo da área que você vai trabalhar você vai se

deparar com um pouco de inglês, alguma coisa que você tenha que trabalhar nesse sentido.

Mas inicialmente para um tecnólogo, esses seriam alguns requisitos básicos que eu poderia

colocar. Como conhecimento, conhecimento da área, obviamente se tiver alguma experiência

associada à área, então o aluno trabalhar com logística e já trabalhar numa área, isso são

requisitos que propriamente o mercado procura. Na questão de habilidades como eu falei, ter

conhecimento básico de cálculos, ter conhecimento de estatística, conhecimento de

ferramentas como Excel, por exemplo, conhecimento sobre Power Point, porque você tem

que fazer apresentações, dependendo da área que ele está trabalhando, e como atitude a gente

pode pensar basicamente ser muito proativo, é fundamental buscar ter, além de proativo, ter

iniciativa, que são quase duas coisas parecidas, mas, ter muito comprometimento, ser

dedicado porque trabalhar na logística requer muito esforço, bastante grande, às vezes você

trabalha fora do horário, você não tem horário, porque a logística está envolvida com tantas

coisas, que são todos os horários, às vezes de noite, de madrugada, às vezes a pessoa está te

procurando para resolver problemas, mas, dependendo da área que você trabalha, são várias

então, assim, a questão de conhecimentos, as habilidades e as atitudes, são algumas coisas

básicas que eu acho que eu posso falar”.

Considerando os requisitos necessários para o Tecnólogo em Logística ingressar no

mercado de trabalho, foi perguntado aos docentes das duas instituições, como a faculdade

contribui para que os alunos atinjam tais requisitos mencionados na questão anterior, os

docentes da IES pública responderam que:

Professor 1: “O PPC é desenvolvido com o objetivo de suprir as necessidades do

mercado de trabalho”.

Professor 2: “Apresentando fatos reais por professores com experiência profissional e

estes incentivando os alunos a observar problemas em suas unidades de trabalho na busca de

solução”.

Professor 3: “Definindo conteúdos programáticos que interseccionam o perfil com as

competências de acordo com o catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia”.

Professor 4: “Respondendo com formação adequada e atualizada, vivência em

softwares e laboratório”.

Professor 5: -“Com sua metodologia de ensino, práticas ativas, trabalhos em grupo”.

Os docentes da faculdade particular mencionaram que a instituição contribui para que

os alunos atinjam os requisitos exigidos pelo mercado de trabalho através:

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Professor 1: “Atualmente, a gente tem alguns inícios de programa, a coisa é bem

embrionária, então uma delas é a ideia de basear em competências, então é um trabalho

inicial, mas ainda é um embrião, não digo que isso daí vai fazer diferença agora no momento,

tem que amadurecer muito esse processo, aliado a ideia do Canal Conecta, também que

teoricamente seria um termômetro de mercado, pra ver se os caras de fato estão adquirindo as

competências parecidas, mas eu acredito assim, que ainda está num momento muito

incipiente, não diria que isso daí é um diferencial competitivo ainda”.

Professor 2: “A cobrança das atividades, que são de aula, pós-aula, pré-aula. E os

projetos que os alunos tem que estudar pra se aperfeiçoar”.

Professor 3: “Como eu falei, incentiva os professores a buscar aulas práticas, tem o

Prointer, que é como se fosse um TCC, eu acho que isso ajuda bastante porque os alunos

acabam adotando naquele semestre, aquelas disciplinas dentro de uma empresa, fazendo um

estudo de caso, então, isso ajuda eles a assimilar a teoria com a prática”.

Professor 4: “Contribuir, foi aquilo, pegando um gap no finalzinho da questão

anterior, falta um pouco de infra aqui para gente. Por exemplo, se você quiser trabalhar uma

ferramenta de RFID, ou de repente explicar pro pessoal certas coisas, você não vai conseguir,

porque não tem infra de rede, essa coisa toda, então, eu acho que falta um pouco a desejar

nesse aspecto”.

Professor 5: “Bom, como eu falei, aqui na faculdade eu acho que assim, na parte de

conhecimento, ela já dá normalmente o padrão das disciplinas que os cursos no geral que

logística necessita. Desde a parte por exemplo de, propriamente, a parte básica, a parte de

matemática, a parte de outras disciplinas, a própria ética acho que é importante, são

disciplinas que são dadas aqui, as disciplinas de conhecimento mais técnico, administração de

materiais, planejamento, distribuição, transportes, então, essas são disciplinas mais técnicas.

No caso, pra desenvolver atitudes, essa coisa toda, volto novamente para as questões de

desenvolver a solução de situações-problemas no dia a dia aqui, o aluno tem que atuar. A

questão de trabalhar em equipe é fundamental, é uma característica que o mercado exige, você

sempre tem que estar trabalhando com equipe de pessoas”.

Sobre as dificuldades e/ou facilidades encontradas pelos alunos referentes a inserção

no mercado de trabalho durante a graduação, segundo os docentes da IES pública

correspondem:

Professor 1: “Dificuldade: conhecimento por parte do contratante referente a formação

de um tecnólogo. Facilidade: os alunos dos cursos da Fatec são bem vistos pelas empresas

devido a sua formação, a qual é voltada para o mercado de trabalho de uma área especifica”.

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Professor 2: “Como dificuldade apresentada, tem-se a incompatibilidade dos horários

de trabalho e do curso, nos períodos matutino e vespertino”.

Professor 3: “A principal restrição consiste na conciliação dos horários de trabalho e

dos estudos, principalmente para alunos dos turnos matutino e vespertino”.

Professor 4: “A maior dificuldade é a imaturidade pessoal, visão global, da atividade,

não definição de conhecimentos específicos (especialização), outra dificuldade é

planejamento seguro”.

Professor 5: “Principal é falta de experiência”.

Na percepção dos docentes da IES privada, as dificuldades e/ou facilidades

encontradas pelos alunos na inserção no mercado de trabalho durante a graduação são:

Professor 1: “Eu vejo assim, se a gente estivesse num momento aquecido, o curso de

Logística aqui em Guarulhos é um curso que tem bastante espaço, porque, primeiramente, a

gente está perto das principais rodovias que cortam acidade, a gente está perto do maior

aeroporto do país, a gente tem algumas cidades aqui, alguns condomínios industriais aqui

perto da unidade, que eles poderiam estar atuando na área de planejamento, planejamento

logístico, mas o momento político do país não permite essa abertura de vagas, então, a gente

não está conseguindo sentir”.

Professor 2: “Hoje essa resposta é muito fácil que é a crise, se não fosse essa crise que

tá perdurando há um bom tempo, teríamos aí uma facilidade aí pra enfrentar o mercado de

trabalho. Mas a crise tá muito grande, tá melhorando bem pouco, mas digamos que a gente já

esteja com o nariz fora do poço, né. Então, eu acho que a dificuldade não é na pessoa e sim no

país”.

Professor 3: “É só reforçar o que eu falei, eu acho que é a questão da experiência. A

graduação em si hoje, se ele falar que está cursando é um diferencial, mas também se ele falar

que nunca trabalhou em Logística, é difícil uma empresa acreditar que ele entenda sobre

aquele assunto, por mais que ele fale que eu estou formado, que eu tenho curso, tem que ser

os dois, e assim, a instituição tem um Canal aí que é o Conecta, que é pra incentivar os alunos

a buscar essa empregabilidade, enfim, é experiência”.

Professor 4: “A dificuldade é o tempo de experiência, porque eles pedem pessoas com

nível superior, mas com um tempo muito elevado de experiência. A média de idade do nosso

aluno de logística é de 19 anos. Então, um profissional de 19 anos ele não tem 4,5 anos, é

impossível, de experiência. E quando ele vai pro mercado naturalmente ele se depara com isso

e cria um certo q de frustração”.

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Professor 5: “Com certeza a experiência, muitas vezes falta a experiência que os

alunos têm na área, essas são as dificuldades. As facilidades é que o aluno tem consciência

que o conhecimento tá muito fácil de ser adquirido, então, por meio da internet, é possível

fazer os cursos os mais diversos possíveis, inclusive de universidades fora do Brasil, com

áreas específicas que poderia estar complementando o currículo dele, então essas são algumas

facilidades que existem. As dificuldades é ele buscar realmente entrar na área de trabalho”.

Na opinião dos docentes da faculdade pública, o mercado de trabalho espera dos

egressos:

Professor 1: “Saber resolver problemas de gestão da empresa”.

Professor 2: “Conhecimento, competência e habilidades exigidas na área”.

Professor 3: “Competências e habilidades para atuarem como gestores de atividades

específicas da área”.

Professor 4: “Pronta adoção e disponibilidade sem nova preparação na empresa, ser

prático, capacidade de planejamento e acompanhar a realização do trabalho”.

Professor 5: “Que eles se diferenciem do funcionário comum, demonstrando

capacidade de liderança e conhecimento técnico”

De acordo com os docentes da faculdade privada, o mercado de trabalho tem como

expectativa em relação aos recém-formados:

Professor 1: “Eu acredito que, dos cursos, né? Eu acho que nenhuma empresa espera

um profissional formado, espera um profissional com a capacidade de correlacionar as coisas

e colocar parte do conhecimento em prática, eu acredito que é isso daí, minimamente ele tem

que conhecer os termos da área, ele tem que conhecer o documento pelo menos visualmente,

tem que entender para que serve, não diria que ele tem que ser habilidoso naquilo que ele faz,

então um conhecimento bem superficial”.

Professor 2: “Profissionais competentes”.

Professor 3: “Capacitação, é o que nós professores buscamos fazer da melhor forma

pra mostrar para os alunos em aulas práticas, até em visitas a empresas, que são as aulas fora

da sala de aula. É a capacidade mesmo, as competências”.

Professor 4: “Proatividade, saber lidar com tecnologia, saber trabalhar com pessoas,

não ser uma pessoa acomodada para vida, acho que reciclagem constante, pós-graduação,

cursos complementares, por aí vai, extracurriculares. Basicamente essa questão”.

Professor 5: “Basicamente é um conhecimento sistêmico da área de logística, que é

conhecer a logística integrada, desde a logística interna, a logística externa, a logística

inbound, a logística outbound, então é você ter os conhecimentos de como funciona uma

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cadeia logística, isso é um ponto importante. Outra questão é ter conhecimentos que possam

ajudar na resolução de problemas dentro da empresa, então, logística eu diria que cem por

cento do tempo dela é voltada para solução de problemas, é sistematização de ações, é buscar

trabalhar sobre processo, é melhoria contínua, então, assim, basicamente o que é o mercado

de trabalho, que os alunos venham com esses conceitos básicos, no mínimo, para que possam

ser implementados dentro da empresa”.

4.2.3 Competências desenvolvidas no curso

Segundo os professores entrevistados da IES pública, competências são:

Professor 1: “Conjunto de conhecimentos necessários para realizar uma determinada

atividade”.

Professor 2: “Conhecimentos necessários para funções de gestão, planejamento,

organização e controle”.

Professor 3: “Conhecimentos necessários para desempenhar as funções de gestão

como por exemplo, planejar, organizar, controlar sistemas logísticos organizacionais de

qualquer natureza”.

Professor 4: “Conhecimentos técnicos específicos, capacidade de gestão,

planejamento, prática na atividade”.

Professor 5: “O uso do conhecimento, das habilidades e atitudes na resolução de

problemas e no dia a dia de sua função”.

Os professores da IES privada mencionaram competências sendo:

Professor 1: “A capacidade do aluno analisar o cenário, a partir daí fazer julgamentos,

e propor melhorias de acordo com os conhecimentos que ele adquiriu, isso daí seria uma

competência”.

Professor 2: “Uma pessoa ser proativa, fazer o trabalho da melhor forma possível, o

qual ele é ordenado a fazer, e como que mais? Capacidade, demonstrar inovações no trabalho,

desenvolver inovações, acho que só isso”.

Professor 3: “Habilidade no que faz, eu não sei gerenciar o estoque, você tem uma

aula de gestão de estoque, eu trabalho de auxiliar de almoxarifado, então o aluno vai

começando a associar a teoria com a prática e isso vai dando competências pra ele no dia a dia

do trabalho dele demonstrar”.

Professor 4: “A captação de conteúdo técnico”.

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Professor 5: “Competências partem do conhecimento, habilidades e atitudes dos

alunos, os requerimentos que o mercado necessita para determinada função”.

As competências necessárias para o recém-formado em Logística, segundo os

docentes da IES pública são:

Professor 1: “Viabilizar execução de metas operacionais; Organizar operações de

serviços; Controlar execução de serviços; Executar programas e normas; Participar do

Planejamento Operacional; Coordenar atividades gerenciais; Planejar os serviços de

suprimentos; Dirigir atividades de compras; Definir política de logística de suprimentos;

Participar das definições estratégicas para investimento e venda de ativo imobilizado;

Administrar materiais e Administrar recursos humanos (Projeto Pedagógico do CST em

Logística)”.

Professor 2: “Conhecer as ferramentas e suas aplicações, disponíveis no mercado, para

as atividades de logística”.

Professor 3: “Planejar; controlar; aplicar as ferramentas de tecnologia de informação e

comunicação; aplicar a legislação; gerenciar atividades de transportes, manutenção de

estoques, processamento de pedidos, aquisição, embalagem, entre outras”.

Professor 4: “Idem acima”.

Professor 5: “Liderança, uso de tecnologias, análise sistêmica, capacidade de

comunicação e capacidade de resolução de problemas”.

De acordo com os docentes entrevistados da IES particular, as competências

necessárias para o recém-formado em Logística são:

Professor 1: “Algumas competências, então, por exemplo, entender o conceito de

tempos e movimentos, entender o conceito de fluxo de processos, entender o conceito de

funcionamento de requisição, análise de risco, de pontos críticos e sucesso nas atividades que

eles promovem, diria que esse daí é o principal”.

Professor 2: “As competências para ele eu acho que é assim, ele demonstrar no serviço

o que ele aprendeu, porque ele aprende muito dentro de todas as disciplinas que é ministrada

para eles. Pra você ter uma ideia o tecnólogo em logística ele fica quatro semestres, cada

semestre tem uma média de cinco disciplinas e ele absorvendo todos esses conhecimentos está

bem preparado para o mercado”.

Professor 3: “É o que eu já falei, você ter pelo menos uma noção básica da teoria com

a prática, que nem sempre só a teoria funciona, que nem a gente trabalha em situações-

problema para eles, só que na hora tem pressão, tem outros fatores que influenciam numa

tomada de decisão, então, ele pode ter uma competência teórica muito boa, mas ele também

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precisa dessa experiência no dia a dia, ele só vai conseguir isso durante a formação dele, se

ele buscar já entrar na área, um estágio, aí agrega”.

Professor 4: “Conhecer de tecnologia, ter raciocínio lógico, é trabalhar ali com

pessoas, ter leitura de mercado, ter leitura de ambiente, ser interpretativo, e não ter uma

postura acomodada, que eu já falei”.

Professor 5: “Acabei respondendo essa questão, competências, algumas são

competências ligadas à área de conhecimentos básicos de logística, como eu falei, e conhecer

todo o processo, a logística como um todo é muito grande, então ela tem muitas áreas,

depende quando ele tem o todo do curso, ele vai adquirindo esses conhecimentos, desde

quando ele vai trabalhar na administração de materiais, na parte de requisição, primeiro

contato com os fornecedores, depois ele vai para uma área de conhecer produção, vai para

logística interna, vai para área de transportes, então, todas essas áreas, as disciplinas elas vão

desenvolvendo conhecimentos por esses alunos. No caso habilidade tem que buscar por meio

de ferramentas, existem várias ferramentas, que algumas a faculdade até ajuda com cursos

extracurriculares, tipo excel, que essa é fundamental para o aluno conhecer, formações básicas

de matemática, estatística, isso é fundamental. E como eu falei, assim, no processo quando

inicia até terminar o curso, ele vai alterando as atitudes dele, então, o famoso “CHA” é meio

que entregue durante o curso”.

No tocante a contribuição do curso superior de tecnologia em logística em promover o

desenvolvimento das competências profissionais na formação dos alunos, os docentes da

faculdade pública opinaram que isso ocorre:

Professor 1: “Através dos projetos integradores”.

Professor 2: “Segundo o Projeto pedagógico do Curso aplicando metodologias

adequadas”.

Professor 3: “Aplicando metodologias adequadas aos perfis e competências previstos

no projeto Pedagógico do Curso”.

Professor 4: “O curso está formatado tanto para a visão global quanto específica. Há

necessidade de ampliar as especificidades e de correlacionar estas necessidades”.

Professor 5: “Com suas diversas matérias e metodologia de ensino”.

Segundo as respostas dos docentes da IES privada, a contribuição do curso em

desenvolver as competências profissionais aos alunos de logística para o mercado de trabalho:

Professor 1: “O curso ser muito generalista, ele é generalista por conta de um

diferencial competitivo da organização, não para o aluno, então, os cursos em geral, os

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tecnólogos são muito parecidos, que diferencia em torno de vinte por cento da disciplina, e

nesse sentido eu acho que o curso ele se torna aquém do que o mercado de fato necessita”.

Professor 2: “Ele desenvolve um conhecimento a mais, porque a gente tem vários

alunos que trabalham no ramo de logística e não tem o conhecimento que a gente passa pra

eles. Então, isso ajuda muito, é o que eu percebo”.

Professor 3: “Com as aulas práticas e com o Prointer, acho que contribui bastante”.

Professor 4: “Através de uma ferramenta chamada Prointer, uma ferramenta muito

boa, no semestre passado mesmo eu desenvolvi esse Prointer na GEFCO, foi uma consultoria

monitorada dos alunos, foi muito legal, veio o supervisor, o gerente e o coordenador assistir a

apresentação dos alunos, nós fizemos um plano de ação pra área de logística reversa e

logística geral de outbound, e foi muito legal, também analisamos a questão de tráfico, e foi

super interessante, então, as competências são essas, competências técnicas e transformar

essas competências técnicas em habilidades, habilidade é você aproximar essa técnica da

prática e simular situações do dia a dia e o Prointer ele faz isso”.

Professor 5: “Você está falando no curso no geral, então, vamos pensar um pouco. No

geral, existem várias disciplinas, conhecimentos básicos, conhecimentos assim tipo ética,

questão daquela disciplina relacionada a preservação, onde que os alunos tem que ter o

cuidado na questão da aplicação da gestão ambiental, não to recordando o nome da disciplina,

então, gestão ambiental é fundamental então é um conhecimento geral que ele acaba

adquirindo. Tem uma disciplina que é Logística Geral, que dá um conhecimento amplo de

toda logística, às vezes o curso até se confunde e os professores têm que tomar cuidado

quando estão dando o curso, porque os professores acabam entrando, porque se não tiver

cuidado ele entra na disciplina do outro, então, isso é um problema comum que acontece. No

geral então, são disciplinas básicas, as disciplinas para o aluno resgatar coisas que ele teve no

ensino médio, tipo na parte de português, na parte de matemática, na parte da ética, na parte,

como você falou, ambiental, são disciplinas básicas que eu acho que é importante, ciclo

básico ele tem, depois a parte técnica, então ele vai falando específico dentro de cada área da

logística, que ele trabalha, acho que é isso”.

Questionados aos docentes das duas IES de que forma sua(s) disciplina(s)

contribui(em) para desenvolver as competências desejadas (conhecimentos, habilidades,

atitudes e valores) para o Tecnólogo em Logística, os professores expressaram que a

contribuição se aplica:

Professor 1: “Conhecimento de técnicas do transporte de cargas”.

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Professor 2: “Minha disciplina (Comércio Exterior) sofrem constantes alterações,

como é impossível saber tudo, o importante é saber buscar a resposta”.

Professor 3: “Com os fundamentos conceituais e atividades para fixação dos conceitos

estudados”.

Professor 4: “Principalmente a visão da atualidade do marketing em relação global de

negócio, complementando a visão estrita da especificidade em logística”.

Professor 5: “Desenvolvendo a capacidade de análise e resolução de problemas”.

Os professores da IES particular mencionaram que a contribuição das disciplinas

ministradas para o desenvolvimento das competências exigidas pelo mercado se efetivam por

meio de:

Professor 1: “Eu acredito que assim, a gente tem uma proposta de plano de ensino, a

gente tem um formato de ensino já pré-moldado, o que de certa forma cerceia nossas

atividades, então, vai caber muito mais ao docente a ideia de trabalhar o “CHA” -

conhecimentos, habilidades e atitudes -, cabe muito mais ao docente dentro da experiência

dele conseguir elencar e mostrar para os alunos, que de fato o conteúdo, porque de fato o

conteúdo do curso, o conteúdo do curso ele é conteudista, por ser conteudista ele estimula o

aluno a decorar, não a colocar em prática”.

Professor 2: “Eu acho que é assim, isso que eu acabei de responder na pergunta

anterior, o conhecimento que ele adquire, porque nunca saberemos de tudo, isso não existe,

mas a partir do momento que você entra na sala de aula, você adquire um conhecimento com

o professor, mesmo você sendo professor, você adquire conhecimento, porque é assim um

conhecimento novo, então você pode estar aplicando na sua empresa, no caso do aluno, né”.

Professor 3: “Eles vivem a prática e não tem o conhecimento teórico, e aí quando eles

descobrem o conhecimento teórico, agrega competências pra eles, que nem você dá aula de

empreendedorismo, às vezes o aluno está querendo abrir um negócio, então quando ele

começa a ver que em empreendedorismo você tem que fazer um plano de negócios, tem que

olhar a área financeira, tem que olhar marketing, vai dando competências pra ele e contribui”.

Professor 4: “Aproximando ao máximo da prática, com cases, trabalhando visitas

técnicas, muito embora esse ano a gente ainda não fez nenhuma, mas eu pretendo marcar

duas, uma na Embraer e outra no Porto de Santos, então é dessa forma que a gente tenta

aproximar, o segredo é aproximar o máximo do prático, o que é difícil, mas a gente tenta”.

Professor 5: “Eu lecionei algumas disciplinas no curso, a gente pode pegar uma

disciplina, vamos pegar a disciplina de Logística Geral, que é onde ela tem o que, que tipo de

conhecimento que ela dá, primeiro o conhecimento de visão sistêmica, visão integrada, te dá

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visão das partes se relacionam, então, esse conhecimento do aluno, às vezes ele tá fracionado,

então, essa disciplina, pegando ela como exemplo para responder essa questão, ela une essas

partes que ele vai aprendendo durante o curso, então, esse talvez seria um dos objetivos.

Tanto habilidades e atitudes, habilidades seria na questão de entender essa relação que existe

entre todas as disciplinas e saber como relacioná-las, qual a relação que a área de materiais

tem com a área de planejamento, com a área de distribuição, então, quando que uma está

mandando a outra, então assim, acho que na questão das habilidades, saber relacionar isso daí,

acho que é uma habilidade. Atitude e valores, estão ligados a questões de entender, por

exemplo, o impacto que a logística, por exemplo, pode causar no nível de serviço ao cliente,

então, entender, se posicionar frente ao cliente, entender questão do atendimento ao cliente, a

importância do atendimento ao cliente, então essas são atitudes que são importantes e valores

profissionais mesmo, de entender que o profissional da logística ele é fundamental para que

todo o processo aconteça, desde quando você tem uma demanda até o produto na mão do

cliente mesmo, eu acho que é isso”.

Ao se arguir como as atividades pedagógicas em sala de aula promovem a ampliação

das competências necessárias dos alunos para o mercado de trabalho, segundo os professores

da faculdade pública:

Professor 1: “Atividades pedagógicas que envolvem problemas reais e o uso do

conhecimento adquirido em sala de aula”.

Professor 2: “Mostrando a importância “do saber” do que está acontecendo ou o que

pode acontecer na sua cidade, estado, país e no mundo que possa atingir seu trabalho

positivamente ou negativamente”.

Professor 3: “Antecipando situações que normalmente ocorrem no mercado pode

promover as competências, considerando que em sala de aula é possível simular as situações

que o tecnólogo viverá em ambiente empresarial”.

Professor 4: “Primeiramente por organizar os conteúdos e didatismo facilita a captação

e retenção dos conhecimentos”.

Professor 5: “Criando interesse e motivando o aluno a participar do processo”.

Conforme os docentes da faculdade particular, as atividades pedagógicas em sala de

aula promovem a ampliação das competências necessárias dos alunos para o mercado de

trabalho quando:

Professor 1: “Quando uma atividade é bem elaborada e proposta pelo professor com

objetivos a serem cumpridos, e esses objetivos tem que ser bem claros, aí você permite

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através de um contexto, um contexto dado pelo professor, que alunos interajam com suas

experiências, isso de fato enriquece o grupo, eu acredito que por aí é o caminho”.

Professor 2: “Então, as atividades que funcionam fora da sala de aula, o prointer,

digamos que é uma disciplina que ajuda muito porque o aluno monta ali um questionamento

de uma empresa que ele escolheu para melhorar uma situação, existem várias situações que

você tem que simular e dentro dessa simulação você cria um projeto que o aluno pode até

aplicar na empresa que ele trabalha. Sim, promove porque a gente tem autonomia de aplicar

dinâmicas e dentro dessas dinâmicas a gente vê quem é que está desenvolvendo mais e quem

é que está desenvolvendo menos e é onde a gente pega o ponto pra poder trabalhar o aluno,

né”.

Professor 3: “Nas minhas aulas eu sempre busco trazer cases, passo situações para

eles, que nem ontem, passei uma situação problema em que uma ferramentaria estava dando

um gargalo numa linha de produção, aí a produção dizia que a ferramentaria não trazia as

ferramentas necessárias para fazer aquela produção e todo mundo induz ao erro, aí eu mostrei

para eles: será que a área de ferramentaria realmente é culpada? Ou o PCP que não está

informando os materiais necessários para aquela produção, então, ontem que eu vi que na

aula, nossa, verdade, então, eles começam a ter uma visão mais sistêmica, isso é um

exemplo”.

Professor 4: “Através da interatividade entre os alunos, a transferência de

conhecimento de um para o outro, e também a gente utiliza muito as plataformas, essa coisa

toda”.

Professor 5: “Algumas das atividades pedagógicas, que é a própria resolução da

situação-problema ou a gente pode falar dos próprios projetos integradores que existem, acho

que ele é um dos fundamentais que faz com que o aluno consiga integrar todas as disciplinas,

então, assim, o aluno, uma das atividades em sala de aula da solução de problemas já promove

essas questões que nós falamos anteriormente, a questão de saber resolver problemas acho

que é, talvez uma das atividades mais importantes que a gente tem aqui na faculdade”.

O processo avaliativo contribui no desenvolvimento de competências, segundo os

docentes da IES pública:

Professor 1: “O processo avaliativo contribui no sentido de reforçar o conhecimento

adquirido”.

Professor 2: “Sim, tanto ao professor como ao aluno, é o meio que se tem de medir o

grau de desenvolvimento de conhecimento e habilidade para assumir novos desafios”.

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Professor 3: “Contribui com feedback equivalente aos que receberá em empresas que

promovem o desenvolvimento de carreira, que só é possível por meio de avaliações para

medir o grau de preparo para assumir novos cargos”.

Professor 4: “Ainda é visto pelo aluno como um problema, uma etapa a vencer, fora

do conhecimento. Ainda vê como uma necessidade a “passar” e não como verificador de

conhecimento adquirido. Ainda dá medo, principalmente por postura de alguns professores

que, ao invés de usar a avaliação no processo de aprendizagem, colocam como limite

desestabilizador. Errar, neste caso, é problema”.

Professor 5: “Sim, criando resiliência e forçando o aluno a adquirir conhecimento”.

O processo avaliativo promove o desenvolvimento de competências, segundo os

docentes da faculdade particular:

Professor 1: “Teoricamente o processo avaliativo quando ele é sistematizado e

contínuo, ele teria uma melhor proximidade do que de fato é a avaliação, acredito que aqui a

gente tem ainda bastante o que crescer, nosso modelo avaliativo ele de fato é muito

benevolente. É a palavra mais adequada que eu acho”.

Professor 2: “Ele promove da seguinte forma, a entidade tem uma média, então eu

costumo orientar os alunos para não se assegurar naquela média, ultrapasse aquela média

porque você tem capacidade, porque a gente ensina dentro da sala e orienta fora da sala, tanto

que em todas as salas nós temos um grupo de WhatsApp e qualquer dúvida, independente do

dia e do horário, mesmo não respondendo na hora, posteriormente a gente responde e sana

aquele problema. Então, eu acho que é isso aí que é o bom desenvolvimento do aluno”.

Professor 3: “Eu já sou mais a questão do avaliativo continuada, acho que prova não

avalia ninguém, então, acho que, um exemplo, se o Prointer valesse 6 e provas valessem 4, eu

acho que você traria muito mais competências, os alunos demonstrariam mais do que num

peso maior de prova, eu sou um pouco contra prova, porque às vezes você não está bem

naquele dia, dá branco. Que nem o Enade, né, são umas coisas controversas, que nem o

pessoal de Ciências Contábeis não pode usar calculadora no Enade, mas como? Essa é uma

ferramenta do trabalho do dia a dia, tudo bem celular pode haver cola, então são coisas assim

meio controversas, mas é difícil mudar assim. Se as faculdades instituem provas porque é uma

exigência do MEC, é acima delas, então, é algo que não tem como elas mudarem, a partir de

hoje não vai ter prova, mas eu acredito que essa metodologia nova aqui da instituição pode

agregar mais do que antes, então você está avaliando os alunos todos os dias, existem vários

pontos para eles acumularem pontos, para no final ele ser aprovado ou reprovado”.

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Professor 4: “O processo avaliativo eu acho um pouco arcaico, esse processo

avaliativo poderia ser mudado, poderia voltar para o regime velho, hoje esse sistema de

pontuação, isso no meu ponto de vista eu não consigo enxergar algo positivo, e digo isso não

é pelo fato de me tirar da zona de conforto não, é porque eu realmente acredito que prova não

avalia ninguém, a prova é um item necessário, é um instrumento de avaliação, se não

principal, mas eles poderiam rever essa questão. Então, não contribui muito não”.

Professor 5: “O processo avaliativo sempre é uma questão importante, mas eu acho

que o ensino tem que de alguma forma buscar formas de avaliar o aluno, na realidade quanto

que a gente conseguiu transmitir daquelas informações que a gente tentou trabalhar com eles

aqui e quanto que eles também tiveram iniciativa de buscar, e quanto que eles foram

pessoalmente buscar informações dentro do material que eles tinham, então, o processo

avaliativo tem esse objetivo de cobrar do aluno a buscar informações, então eu acho que ele

contribui sim no processo avaliativo, forçar com que eles entendam que eles tem que se testar,

porque o mercado de trabalho é isso, você tem que demonstrar que você conhece e aí você vai

atrás, então eu acho que contribui no desenvolvimento das competências no momento que

força as pessoas a buscarem conhecimentos”.

4.2.4. Projeto Integrador / Interdisciplinar

Ao questionar aos professores das duas IES como o Projeto Integrador/Interdisciplinar

proporciona aos alunos o desenvolvimento de competências profissionais para o mercado de

trabalho, os entrevistados da IES pública responderam que:

Professor 1: “Analisa problemas do dia-a-dia e o conhecimento adquirido em sala de

aula”.

Professor 2: “É muito importante, principalmente quando se exige pesquisas. O aluno

com conhecimento e em contato com uma empresa (pessoa ligada ao assunto de busca) pode

gerar emprego. (isso aconteceu com uma aluna que eu oriento)”.

Professor 3: O Projeto Integrador tem como objetivo fazer com que os alunos

desenvolvam visão sistêmica, holística para aplicarem os conceitos estudados individualmente

a fim de obter resultado integrado, o que só é possível com conhecimentos sobre gestão de

projetos, pois exigem saberes de diversas áreas”.

Professor 4: “A correlação, a interdisciplinaridade não é bem entendida. Os trabalhos

refletem mais a somatória de disciplinas desconexas do que integradas e somadas na proposta

de negócio”.

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Professor 5: “O projeto integrador desenvolve a capacidade de pesquisa do aluno e a

capacidade de comunicação”.

Os professores da IES Privada responderam da seguinte forma:

Professor 1: “Uma das experiências positivas que o aluno tem, umas das formas dos

alunos conseguiriam de certa forma contextualizar os problemas de uma empresa e às vezes

até colocar em prática alguns conhecimentos que eles veem no curso para solucioná-los”.

Professor 2: “Ele é fundamental porque ele mostra para o aluno como que é

administrar uma empresa, como que é dirigir uma empresa, a gente dá autonomia para o aluno

de como ele fosse dono da empresa”.

Professor 3: “Bastante, eu tive um grupo uma vez que eles fizeram um estudo de caso

da empresa de uma das integrantes, ela apresentou para a diretoria, eles gostaram, é muito

gratificante”.

Professor 4: “Uma ferramenta muito boa, para simular o mercado é muito legal, os

alunos estudam as disciplinas, você escolhe uma empresa, eles analisam como que essas

disciplinas se enquadram dentro da organização e depois eles criam um plano de melhoria pra

sanar algumas ineficiências”.

Professor 5: É importante no seguinte aspecto: se você consegue fazer com que os

alunos peguem um case, um problema, um caso que é do trabalho do dia a dia dele e

desenvolve a solução do problema, consegue sistematizar, saber como planejar pra resolver

aquele problema, ajuda na questão da organização, criar cronogramas de trabalho, ajuda no

próprio desenvolvimento do trabalho, de racionalizar como vai resolver as questões, a

sistemática da solução de problemas”.

4.2.5 Recomendações

Sobre as recomendações do curso superior de Tecnologia em Logística, todos os

professores das duas instituições de ensino superior, pública e privada recomendam

positivamente os cursos Os docentes da IES pública justificaram vários fatores:

empregabilidade, gratuidade, qualidade no ensino, boa aceitação do curso pelo mercado. Os

docentes da IES particular mencionaram suas razões: os alunos atendem os requisitos

mínimos do mercado, conhecimento mais aprofundado, possibilidade de crescimento

profissional, corpo docente qualificado e boa qualidade do material disponibilizado, as

disciplinas atendem o que o mercado de trabalho necessita.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse estudo abordou o tema sobre a educação para o trabalho no contexto da forma de

organização toyotista iniciada na década de 1970. Esta situação resulta na eliminação de

postos de trabalho e a criação de atividades profissionais devido à utilização de novas

tecnologias e formas de trabalho. Neste cenário, se torna primordial que os trabalhadores

aperfeiçoem seus conhecimentos e competências nos bancos escolares ao longo da vida.

O problema desta dissertação consiste em investigar se a estrutura curricular e

pedagógica dos Cursos Superiores de Tecnologia em Logística de uma Instituição Pública e

de uma Privada no município de Guarulhos possibilita a aquisição de competências

profissionais para inserção dos estudantes no mercado de trabalho.

O objetivo geral da pesquisa foi analisar semelhanças e diferenças das instituições, sob

a perspectiva de alunos do último semestre e docentes do curso de logística, no tocante ao

desenvolvimento de competências profissionais demandadas no mercado de trabalho.

Os resultados desta pesquisa foram obtidos por meio de entrevistas, com a amostra de

dez alunos concluintes e dez professores, sendo cinco pertencentes à instituição pública e

cinco da faculdade particular.

A amostra dos alunos concluintes do curso de logística da IES pública é composta por

estudantes com idade entre 21 e 30 anos e que cursaram o ensino médio normal em escolas

públicas (exceto o aluno 1 que cursou o ensino técnico). Os estudantes entrevistados da

faculdade privada têm faixa etária superior, comparada à pública: entre 24 e 49 anos e todos

cursaram o ensino médio em escola pública (alunos 2 e 4 complementaram sua formação

através de cursos técnicos e o aluno 3, realizou o programa de Educação de Jovens e Adultos

(EJA)). Os perfis demonstraram que há uma percepção dos alunos-trabalhadores quanto às

exigências das empresas em relação à seleção de funcionários mais qualificados, competentes

e produtivos.

Todos os alunos da faculdade privada participaram mais vezes de provas para

ingressarem na faculdade pública do que os estudantes que conseguiram ingressar na IES

pública. Tal análise permite concluir que os alunos da IES privada tentaram, mas não

conseguiram ingressar na IES pública. Com isto, optaram por entrar na faculdade particular,

motivados por incentivos financeiros que a ascensão profissional lhes proporcionaria,

mostrando diferenças socioeconômicas nos perfis dos discentes.

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A escolha dos alunos pela faculdade pública foi influenciada pela afinidade ao curso,

gratuidade e por ser uma instituição prestigiada no mercado de trabalho. Os discentes

concluintes da instituição particular optaram ao curso por já trabalharem na área. Os

estudantes da IES pública passaram por um processo vestibular mais acirrado e com menor

número de vagas, comparada a IES particular que oferece maior número de vagas e grau de

dificuldade menor, pois trata-se de instituição com fins lucrativos.

Na avaliação dos alunos, em relação aos conhecimentos teóricos e práticos articulados

no curso, os da IES pública mencionaram que no decorrer da formação foram assimilando os

conteúdos teóricos e práticos. Já os alunos concluintes da IES privada estabeleceram essa

relação desde o início por estarem trabalhando na área de logística. A pesquisa apresentou

que, de acordo com a amostra dos discentes, as duas IES se assemelham em articular a teoria

e a prática nas disciplinas, o que mostra ser relevante ter docentes com boa qualificação e

didática.

Os alunos das duas faculdades que lograram colocações no mercado de trabalho,

assimilaram com maior facilidade o conteúdo de algumas disciplinas, porque estas se

relacionam ao emprego no qual se encontram, e relataram ter maiores dificuldades em

apropriar conteúdos programáticos que não se relacionam à área em que trabalham.

Uma das diferenças entre as duas instituições declaradas pelos alunos, foi a relevância

atribuída aos tipos de disciplinas do programa de ensino. Segundo os discentes da faculdade

pública, o conhecimento dos conteúdos da área de exatas predominou como sendo o mais

importante para um profissional de logística. Os estudantes da IES privada tiveram opinião

distinta e enfatizaram que as disciplinas relacionadas à área de gestão e humanas são as mais

relevantes. O conjunto das respostas pode apontar dificuldades de aprendizagem dos alunos

da IES particular em relação aos conhecimentos da área de exatas.

Nos relatos dos alunos das duas IES, todos afirmaram que o curso superior de

tecnologia em logística promoveu o crescimento profissional e pessoal, o que refletiu na

promoção de cargos. As entrevistas indicaram que o ensino superior promove o aumento de

reconhecimento profissional e melhorias na sua empregabilidade no mercado de trabalho.

A pesquisa apontou que apenas um aluno da faculdade pública realizou um curso de

inglês. Do total da amostra dos discentes da IES particular, os estudantes 2 e 4 realizaram

cursos de inglês e o aluno 5 concluiu dois cursos, Excel Avançado e Programação e Controle

de Produção. O grupo de respostas das amostras dos estudantes indicou que, provavelmente,

os alunos da faculdade pública apostam no prestígio da instituição em detrimento à sua

capacitação extracurricular. Já os discentes da IES particular, sabem que para compensar o

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menor grau de prestígio da faculdade em que estudam, procuram melhorar os seus currículos

e realizam cursos complementares.

Todos os alunos da IES privada mencionaram o desejo de realizar um curso de inglês

após a conclusão do curso. Deste modo, a pesquisa denotou que, no âmbito da amostra dos

alunos das duas faculdades, os da IES privada se preocuparam em concluir cursos

complementares ao mesmo tempo em que realizam a graduação.

Na pesquisa, os entrevistados ressaltaram a existência de disciplinas que contemplam

o aprendizado do idioma inglês dentro do curso de logística da faculdade pública. Porém, isso

não ocorre na IES particular que oferece aos estudantes cursos de inglês pagos dentro de uma

plataforma virtual. Cabe ressaltar que, ao comparar as grades horárias das duas instituições,

foram observadas algumas diferenças: o programa de ensino da IES pública contempla uma

carga horária total superior, maior número de disciplinas oferecidas e ensinamento do idioma

de inglês.

Acerca da relação entre o mercado de trabalho e competências profissionais, ao arguir

os alunos sobre as facilidades e dificuldades no ingresso ou melhoria na situação no mercado

de trabalho, todos os estudantes da IES pública expressaram que o prestígio da faculdade

proporcionou facilidade para galgar novos postos de trabalho. Em relação às dificuldades, o

problema maior é a conciliação entre o tempo das responsabilidades do trabalho e dos

estudos.

Todos os alunos concluintes da faculdade particular responderam que o curso

proporcionou facilidades na inserção na área e melhorias na empregabilidade. As dificuldades

elencadas coincidiram com as dos alunos da faculdade pública, principalmente sobre a gestão

do tempo.

As semelhanças encontradas nas respostas dos discentes das duas IES mostraram que

os dois cursos de logística promovem a empregabilidade no mercado de trabalho, mesmo com

diferenças na avaliação de algumas empresas (procuram selecionar estudantes em virtude da

instituição que estudam). Todos os dez discentes das duas IES se encontravam empregados no

momento da entrevista e mencionaram que o curso de logística das duas IES contribuiu na sua

qualificação e na conquista de novas colocações no mercado de trabalho e promoções nas

empresas.

Na opinião dos alunos das duas IES sobre o que seriam competências, todos

mencionaram significados semelhantes e corroboraram aos conceitos dos autores

mencionados na pesquisa sobre o tema. As competências profissionais exigidas na área de

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logística, segundo os alunos das duas faculdades pública e privada, são semelhantes com os

requisitos elencados na CBO pertinente às atribuições do tecnólogo em logística.

As atividades em sala de aula, segundo os alunos das duas faculdades, auxiliaram no

desenvolvimento das competências necessárias à inserção e ascensão no mercado de trabalho,

através de atividades em grupo, com intuito de solucionar situações-problemas que ocorrem

no cotidiano das empresas.

O Projeto Integrador Interdisciplinar (Prointer) consiste num instrumento pedagógico

que proporciona aos alunos realizarem trabalhos semestrais condizentes à articulação dos

conteúdos apresentados nas disciplinas através de situações cotidianas no mercado de

trabalho. Estes são apresentados pelos alunos em todos os semestres, desta forma, os cursos

proporcionam aos alunos dos cursos superiores de tecnologia a realização de quatro projetos

durante a graduação. A qualidade dos trabalhos apresentados pode ser um diferencial

curricular, porque são avaliados pelos professores e por profissionais das empresas nas quais

foram realizados os projetos.

Os alunos entrevistados da faculdade pública responderam que, na maioria dos casos,

os Prointers foram realizados de duas formas: em formato de artigos científicos ou projetos de

melhoria em empresas, baseados em determinadas situações operacionais. Nas respostas

coletadas, os estudantes não detalharam os projetos. Os alunos da IES privada mencionaram

que realizaram projetos de melhoria em empresas e projetos sociais. Os mesmos relataram

com detalhes as propostas, alguns se basearam em empresas fictícias, outros em empresas nos

quais os colegas do grupo trabalhavam e outros onde os alunos estavam empregados.

Todos os alunos entrevistados consideraram que a contribuição do projeto integrador

foi positiva para o desenvolvimento de suas competências, através da articulação entre as

situações encontradas ou criadas nas empresas e as sugestões de melhorias baseados nos

temas das disciplinas do curso de cada semestre.

Com relação às expectativas de evolução na empregabilidade após concluírem o curso,

todos os alunos da IES pública expressaram ser positivas. As respostas dos alunos da IES

privada são semelhantes aos estudantes da faculdade pública.

Segundo as opiniões dos alunos das faculdades pública e particular, todos perceberem

que evoluíram no desenvolvimento das suas competências (conhecimentos, habilidades,

atitudes e valores) e na forma de pensar em comparação ao momento que ingressaram na IES.

Demonstraram muita clareza ao mencionar a necessidade de continuar seus estudos, o que

favorece as suas carreiras profissionais com maiores chances de ascensão profissional e

social.

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Os cinco alunos da instituição pública recomendariam o curso com justificativas

distintas: proporcionar crescimento profissional; nota alta no MEC; bons professores e boa

instituição. Todos os alunos da faculdade privada indicariam o curso superior de tecnologia

em logística devido a empregabilidade, possibilidade de promoção, conhecimento de todas as

áreas da empresa e o número significativo de companhias do ramo logístico no município de

Guarulhos.

Com relação à amostra dos cinco professores entrevistados do curso superior de

tecnologia em logística da faculdade pública, a mesma foi composta de uma docente do

gênero feminino e quatro docentes do gênero masculino, com faixa etária entre 33 e 70 anos.

O grupo dos cinco docentes entrevistados da IES particular foi composto de uma docente do

gênero feminino e quatro professores do gênero masculino, a faixa etária dos entrevistados foi

entre 33 a 51 anos.

Em relação à formação acadêmica dos docentes da IES pública, descrita no quadro 13,

dos cinco entrevistados, os professores 1, 2, 3 e 4 possuem mestrado e o docente 1 com

doutorado. Dos professores da faculdade particular, demonstrada no quadro 14 desta pesquisa,

apenas o docente 5 tem formação de mestrado e está cursando doutorado, o professor 4 está

realizando o mestrado, os professores 1, 2, 3 possuem formação de especialista. Na análise da

amostra, conclui-se que os docentes da IES pública possuem maior tempo de estudos em

comparação aos professores da IES privada. Um dos fatores para ingresso na faculdade

pública é possuir, no mínimo o mestrado, o que não ocorre na faculdade particular. Pela

legislação, as instituições de ensino superior tem o limite mínimo de compor, no quadro

docente, até 30 % de mestres.

No tocante ao tempo de experiência dos docentes entrevistados, conforme demonstra o

quadro 15, os que trabalham na faculdade pública possuem experiência entre 8 e 25 anos,

sendo, dentro da IES entre 2 e 21 anos. Os professores 1 e 2 apresentam o mesmo tempo de

experiência na vida acadêmica com o dentro da faculdade pública. Os demais já atuavam em

outras instituições antes de ingressarem na IES pública. Já os docentes da IES privada

possuem tempo de experiência entre 3 e 18 anos e dentro da faculdade particular, objeto do

presente estudo, de 3 a 12 anos. Os docentes 2, 4 e 5, apresentam o mesmo tempo de

experiência docente com o tempo na faculdade.

Segundo todos os docentes da IES pública, a experiência, o clima organizacional e o

orgulho de trabalharem na faculdade, são fatores motivacionais no trabalho. No aspecto a ser

aperfeiçoado, o docente 5 expressa que deveria ser aperfeiçoada a interação de docente e

funcionários do setor administrativo. No caso dos professores da faculdade particular, os

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122

aspectos positivos mencionados referem-se à comunicação com a coordenação, aulas

estruturadas no portal e a metodologia de ensino (metodologia ativa) que é semelhante à das

IES pública onde o aluno tem um papel de maior protagonismo no processo de aprendizagem.

Nos aspectos a serem desenvolvidos, os docentes expressaram alguns elementos, tais como:

salas de aula com grande número de alunos; laboratórios de informática que, em alguns casos,

não atendem toda a demanda; cobrança aos professores de tarefas fora do horário de sala de

aula e distração de alguns alunos devido ao cansaço apresentado por conta de suas atividades

profissionais.

Todos os dez docentes das duas instituições de ensino superior relataram que existem

incentivos institucionais para se qualificarem constantemente. Na IES pública, a ascensão de

plano de carreira é conquistada por meio da produção de publicações e participações em

congressos. Na IES privada os professores realizam cursos internos dentro da plataforma

virtual e alguns publicam artigos científicos, além, de participarem de eventos acadêmicos.

Todos os entrevistados avaliaram de forma positiva os mecanismos de qualificação

institucional.

Sobre a relação entre o curso superior de tecnologia em logística e o mercado de

trabalho, foi arguido inicialmente a respeito do Projeto Pedagógico do Curso (PPC),

conhecido por todos os docentes entrevistados da IES pública que indicaram que o mesmo se

encontra publicado no sítio eletrônico da faculdade. Dos professores da faculdade particular,

apenas o professor 1 declarou que não conhecia o PPC. Deste modo, a pesquisa mostrou

diferenças na forma de acesso ao PPC das duas IES. Na instituição particular o acesso é por

meio de envio dos coordenadores para os docentes. Na IES pública o acesso é universalizado.

No que tange à metodologia pedagógica aplicada na IES pública, os professores 1 e 5

mencionaram a prática de metodologias ativas. Os demais ressaltaram a autonomia dos

docentes em adotar várias formas de ensino e aprendizagem. Os professores da faculdade

particular responderam que a instituição adota a metodologia ativa como instrumento

pedagógico. Houve controvérsias entre os entrevistados. Segundo eles, a metodologia é

positiva, porém os alunos, em sua maioria, não praticam a leitura fora da sala de aula. Deste

modo, os estudantes deveriam absorver os conteúdos antes, a fim de sanarem suas dúvidas em

sala de aula para desenvolverem atividades com maior qualidade e baseadas na solução de

situações-problema.

Os docentes entrevistados da faculdade pública relataram que os diferenciais do curso

para propiciar a empregabilidade aos alunos são: o tempo de duração (3 anos); notas altas no

ENADE; empregabilidade e conteúdos ministrados que se relacionam com a experiência

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123

profissional dos docentes. Os professores da IES particular declararam que os diferenciais

são: plataforma própria de empregabilidade; rede de contatos e realização de atividades em

sala de aula.

No tocante aos conhecimentos necessários para a contratação de um tecnólogo em

logística, todos os entrevistados mencionaram requisitos que corroboram com os elementos

descritos na classificação brasileira de ocupações para o tecnólogo em logística. Segundo o

docente 2 da faculdade pública, os elementos são: “Conhecimentos específicos e gerais da

área, como armazenagem, transporte, gestão de estoques”. De acordo com o professor 4 da

faculdade privada: “proatividade, ter raciocínio lógico, saber trabalhar com pessoas, entender

de tecnologias, que a logística a todo momento, principalmente com essa questão da logística

4.0, a gente tem um momento da gama tecnológica hoje”. Outros requisitos também foram

mencionados, como, conhecer o pacote Office, softwares de logística, estatística e noções de

pesquisa operacional.

As respostas dos docentes sobre as facilidades e dificuldades dos alunos na inserção ao

mercado de trabalho durante a graduação, fizeram referência aos aspectos que poderiam

facilitar, segundo os respondentes da faculdade pública, a instituição ter uma visão de

prestígio no mercado de trabalho, pois, conforme mencionou o professor 1, “são bem vistos

pelas empresas devido a sua formação, a qual é voltada para o mercado de trabalho de uma

área específica”. Como dificuldades, foram elencados alguns aspectos tais como, dificuldade

de conciliação de horários, imaturidade dos alunos e falta de experiência. Os docentes da IES

particular expressaram que uma facilidade é o grande número de empresas do ramo na região

e a principal dificuldade é a falta de experiência dos discentes.

As expectativas dos professores da IES pública a respeito da atuação dos futuros

egressos do curso de logística consistem da necessidade de que os alunos desenvolvam as

competências exigidas no mercado de trabalho, adquiram habilidades de liderança e saibam

resolver problemas de gestão da empresa. Para os docentes da instituição privada, as

expectativas são semelhantes: capacidade de correlacionar as situações com o conhecimento

adquirido; serem competentes; proativos e resolvam problemas.

Todos os docentes das duas faculdades responderam, de modo geral, o que seriam

competências profissionais. Resumidamente os mesmos expressaram ser um conjunto de

conhecimentos e capacidades de uma pessoa em articular soluções para sanar problemas e

situações do cotidiano organizacional. Com isso, as respostas corroboraram com os conceitos

dos autores mencionados no decorrer da pesquisa sobre competências.

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124

Ao arguir aos docentes das IES pública e particular sobre as competências necessárias

para o recém-formado em logística, todos expressaram significados semelhantes aos

requisitos mencionados na Classificação Brasileira de Ocupações.

Como instrumento de promoção do desenvolvimento das competências profissionais

na formação do aluno no curso de logística, uma parte dos professores das faculdades pública

(1 e 2) e privada (3 e 4) mencionaram o Projeto Integrador Interdisciplinar como um dos

principais meios de desenvolver competências aos alunos. Os demais responderam que as

metodologias dos cursos auxiliam os estudantes a estarem minimamente preparados para o

mercado de trabalho.

As duas instituições, objeto da pesquisa, adotam similarmente como ferramenta

pedagógica as metodologias ativas, esta pressupõe que o papel do aluno no processo de

aprendizagem é mais participativo, ou seja, o estudante tem o papel de protagonista do seu

aprendizado. Como exemplo, a discussão de situações–problema em sala de aula, cujas

sugestões são decididas e sugeridas por grupos de alunos. Todos os dez docentes

mencionaram que esta metodologia proporciona o desenvolvimento de competências

profissionais.

Os professores das duas instituições expressaram que a aplicação de avaliações de

forma continuada no decorrer do semestre letivo contribui para o aprendizado dos alunos,

pois, quando um aluno é avaliado constantemente, se prepara para obter melhores resultados.

O Prointer promove, segundo os docentes das duas faculdades, o desenvolvimento de

competências para o mercado de trabalho.

Todos os professores entrevistados das duas faculdades recomendariam positivamente

os cursos de logística. Os docentes da IES pública mencionaram a gratuidade e o prestígio

frente ao mercado de trabalho. Já os professores da faculdade particular, indicariam o curso

por apresentar corpo docente engajado, materiais institucionais bem elaborados que preparará

os alunos para ingressarem e ascenderem em suas empresas.

Em relação à IES pública, os pontos positivos elencados, conforme os alunos e

docentes foram: empregabilidade; status da instituição perante o mercado de trabalho;

metodologias ativas; carga horária maior; maior número de disciplinas e o ensino da língua

inglesa. Os pontos a serem desenvolvidos, sinalizaram que os alunos: não percebem a

importância do potencial das atividades dos projetos integradores no desenvolvimento das

competências profissionais e têm alta expectativa em alcançar altos postos de trabalho com

base no prestígio da faculdade.

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As respostas coletadas da faculdade privada mostraram, em relação aos pontos

positivos: empregabilidade dos alunos; metodologias ativas; oferta da plataforma de

empregabilidade oferecida gratuitamente e valorização do Prointer como promotor de

desenvolvimento de competências. Nos aspectos a serem desenvolvidos, a pesquisa mostrou

que a IES cumpre a carga horária mínima necessária conforme recomenda o MEC e não

oferece o ensino de língua estrangeira na grade. Os alunos mencionaram que almejam estudar

um novo idioma após a conclusão do curso.

Os quadros 17 e 18 demonstram os resultados obtidos das entrevistas com os alunos e

professores sobre as semelhanças e diferenças nas duas instituições de ensino superior.

Quadro 17. Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os alunos

Alunos - IES Pública x IES Privada

Semelhanças Diferenças

Perfil Ensino Médio Público • Idade

• Ensino médio (Técnico, EJA).

IES e CST

Logística

Alunos trabalhadores

Empregabilidade

Teoria /prática

• Motivos de Ingresso

• Expectativa de prestigio (IES)

• Aprendizado (Gestão/Exatas)

Mercado de

trabalho

• Mudança de emprego

• Reconhecimento

• Prestígio da IES pública no mercado

Competências • Conceitos

• Assimilação com o

mercado de trabalho

Prointer • Melhoria das empresas

• Artigos científicos

• Desenvolvimento de

competências

• Grau de contribuição dos projetos na

sua formação

Perspectivas • Positivas • Promoção na empresa

• Realização de curso de inglês

Recomendações • Positivas

Fonte: Elaborado pelo autor

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Quadro 18. Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os docentes

Professores - IES Pública x IES Privada

Semelhanças Diferenças

Perfil • Clima Organizacional • Idade

• Qualificação

• Tempo de docência

IES e CST

Logística

• Metodologia de aula

• Capacitação constante

• Plano de carreira

• Conceitos MEC/ENADE

• Canal de empregabilidade

• Carga horária e grade

Mercado de

trabalho

• Dificuldade do ingresso dos

alunos no mercado

• Prestígio da IES pública no

mercado

Competências • Conceitos;

• Prointer: desenvolvimento de

competências

Prointer • Aproximação do aluno com o

mercado de trabalho

Recomendações • Positivas: Empregabilidade

Fonte: Elaborado pelo autor.

A hipótese norteadora desta pesquisa, descrita na parte inicial da dissertação,

considerou a forma de organização de trabalho toyotista como cenário predominante no

mercado de trabalho brasileiro. Neste sentido, o curso de logística de uma IES privada

promoveria o desenvolvimento das competências profissionais dos alunos de forma deficitária

em relação a uma IES pública.

Os resultados obtidos pela amostra dos alunos e professores das duas instituições,

pública e privada, do município de Guarulhos demonstraram que a hipótese norteadora

demonstrada foi inconclusiva, e revelaram semelhanças e diferenças entre as duas IES no

curso superior de tecnologia em logística.

O estudo demonstrou que as duas instituições de ensino superior, especificamente no

CST em logística, possuem semelhanças e diferenças, no tocante a promoção e

desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho. Utilizam os mesmos

instrumentos pedagógicos e consideram o Projeto Integrador Interdisciplinar essencial aos

seus propósitos.

Essa pesquisa não pretendeu esgotar o tema sobre a relevância do desenvolvimento

das competências nos bancos escolares para a empregabilidade, cuja forma de organização

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atual, o toyotismo, requer dos trabalhadores a aquisição de conhecimentos e competências de

forma continuada para ingresso e permanência no mercado de trabalho.

Como sugestão a futuras pesquisas acadêmicas, sobre o desenvolvimento de

competências para empregabilidade, cabe destacar que a nossa sociedade se encontra em

constante transformação. Um dos fatores importantes é o desenvolvimento da quarta

revolução industrial, ou 4.0, cujos impactos atingirão todos os setores da economia.

As prováveis implicações da indústria 4.0 serão as mudanças no modo de organização

do trabalho e da produção de produtos e serviços. Com isso, as novas pesquisas possibilitarão

investigar os possíveis impactos na sociedade, o que inclui neste contexto, a relação entre a

educação e trabalho para o desenvolvimento econômico e social do Brasil e do mundo.

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128

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135

APÊNDICE – Roteiro das entrevistas com Professores e Alunos do último semestre do CST

em Logística

Professores

1) Gênero, Idade

2) Graduação/Especialização/Mestrado/Doutorado e suas instituições.

3) Há quanto tempo você leciona? E na faculdade?

4) Qual (is) disciplina (s) você leciona neste semestre?

5) Comente a sua experiência docente na Instituição (aspectos gerais: positivos e negativos)

6) Como a faculdade incentiva os docentes realizarem cursos de atualização ou capacitação?

7) Você conhece o Projeto Pedagógico do Curso?

8) Comente a respeito da metodologia pedagógica adotada no curso.

9) Quais são os diferenciais do curso para promover a empregabilidade aos alunos?

10) Quais requisitos o mercado de trabalho exige para contratar um Tecnólogo em Logística?

11) Como a faculdade contribui aos alunos para atingir esses requisitos?

12) Na sua percepção, quais são as dificuldades e/ou facilidades encontradas pelos alunos na

inserção ao mercado de trabalho durante a graduação?

13) O que você acha que o mercado de trabalho espera dos egressos do curso desta faculdade?

14) Na sua opinião, o que seriam competências?

15) Quais seriam as competências necessárias para o recém-formado em Logística?

16) Como o curso no geral contribui no desenvolvimento das competências profissionais na

formação do Tecnólogo em Logística?

17) De que forma sua (s) disciplina (s) contribui (em) para desenvolver as competências

desejadas (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) para o Tecnólogo em Logística?

18) Como as atividades pedagógicas em sala de aula promovem a ampliação das

competências necessárias dos alunos para o mercado de trabalho?

19) O processo avaliativo contribui de que forma no desenvolvimento de competências?

20) Como o Projeto Integrador/Interdisciplinar proporciona aos alunos o desenvolvimento de

competências profissionais para o mercado de trabalho? Comente.

21) Você recomendaria (ou recomendou) o curso a outras pessoas? Porque?

Alunos do último semestre

1) Gênero, Idade

2) Você cursou o ensino médio normal ou técnico? Em escola pública ou privada?

3) Prestou vestibulares em quais faculdades e para quais cursos?

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136

4) Quais foram os motivos que determinaram você ingressar nesta faculdade?

5) Por que você escolheu o Curso Superior de Tecnologia em Logística

6) Comente a relação entre os conhecimentos teóricos e práticos ensinados no curso.

7) Como você percebe a relação dos conteúdos das disciplinas ministradas?

8) Quais conhecimentos você considera fundamentais para o exercício da sua futura

profissão?

9) Como o curso contribuiu para o seu crescimento pessoal?

10) Você fez ou faz qual (is) curso (os) em paralelo ao curso de graduação?

11) Quais foram as facilidades de ingresso ou melhoria na sua situação no mercado de

trabalho após ingressar na faculdade? Quais foram as dificuldades enfrentadas?

12) Está atualmente trabalhando na área? Qual é o cargo? Se não, como você se sente

preparado para atuar como Tecnólogo em Logística no mercado de trabalho depois de

formado?

13) O que o curso contribuiu para você no seu emprego atual?

14) Qual o diferencial do curso te ajudou no ingresso ou melhoria no mercado de trabalho?

15) Na sua opinião, o que seriam competências?

16) Quais são as competências profissionais exigidas na área de Logística?

17) Você acredita que desenvolveu ou está desenvolvendo quais competências durante o

curso?

18) Como você percebe que as atividades em sala de aula ajudam desenvolver as

competências para o mercado de trabalho?

19) Comente sobre um dos projetos integrados/interdisciplinares que você realizou.

20) De que forma os projetos integrados/interdisciplinares ajudou a desenvolver suas

competências profissionais?

21) Comente sobre suas perspectivas de melhoria na sua empregabilidade depois de formado.

22) Como você se vê, depois de formado, sobre a sua evolução no desenvolvimento das suas

competências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores), ou seja, a forma de pensar

quando ingressou e terminará o curso?

23) Você recomendaria (ou recomendou) o curso a outras pessoas? Por que?

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137

ANEXO – 1

Você tem as competências necessárias para trabalhar com logística?

Agustín Durán, Administradores.com, 1 de janeiro de 2018, às 10h00

Seja pela crescente inserção de tecnologias em atividades rotineiras ou pela entrada

das novas gerações no mercado de trabalho, escolher o profissional certo para sua equipe pode

ser desafiador. Mais de 91% das empresas já apresentaram algum tipo de dificuldade na

contratação, segundo estudo da Fundação Dom Cabral.

Mesmo em tempo de recuperação lenta da economia e com muitos profissionais

procurando recolocação, as companhias ainda almejam competências específicas para compor

seus times.

Na área de logística, que conta com diversas particularidades e que, assim como outros

departamentos, está mudando devido à transformação digital no mundo corporativo, algumas

características são essenciais para ter sucesso. Além das formações tradicionais e técnicas, ter

conhecimento no mercado de forma mais ampla é um grande diferencial, como estudos de

economia e administração. Além disso, engenharia e tecnologia da informação são

habilidades importantes para compor o currículo, em virtude da crescente automatização das

operações.

As oportunidades do setor são muitas, porém é preciso levar em conta as constantes e

rápidas mudanças no mercado. Se destacar em logística exige mais do que uma boa formação,

é preciso desenvolver competências como flexibilidade e capacidade de adaptar-se a

diferentes situações, atualizando-se frequentemente.

Atenção às tendências e inovações tecnológicas

Com recursos e ferramentas lançadas a todo instante, a automação de algumas

atividades é iminente. As companhias terão à sua disposição uma série de soluções com

potencial de gerar aumentos expressivos na produtividade e diminuição de falhas

operacionais, como a troca ou falta de volumes de encomendas, no caso de logística.

Para se destacar nesse cenário, os profissionais devem estar capacitados a incorporar

tecnologias e metodologias ágeis para que sua atuação seja ainda mais estratégica. Atente-se à

execução do planejamento, é preciso estar engajado para testar e implementar novos

processos e ferramentas. A tecnologia pode ser uma grande aliada, afinal o sucesso do

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funcionário não é apenas julgado por seus resultados, mas também pela maneira como os

mesmos foram atingidos.

O Brasil caminha lentamente ao encontro de uma melhora na economia, que por sua

vez provoca desdobramentos nos demais setores. No último relatório bienal do Banco

Mundial, o país subiu mais de dez posições no ranking de logística, porém ainda existe um

grande espaço e potencial para crescimento e melhoria no desempenho desse setor no país. A

evolução do e-commerce, por exemplo, tem contribuído para esse desenvolvimento,

ampliando a aplicação de soluções mais modernas para atender às demandas que o segmento

exige.

Os próximos anos da área de logística serão desafiadores e o investimento em novas

habilidades e na construção de um time capacitado é um importante diferencial competitivo

para as empresas. Com um plano de carreira bem definido é possível formar profissionais

qualificados e prontos para adaptar-se a qualquer mudança no cenário e construir uma

trajetória de sucesso que beneficia o indivíduo, a companhia e o mercado, como um todo.

Agustín Durán — Sócio-diretor da Nimbi, empresa especializada em tecnologia para gestão

da cadeia de suprimentos. http://www.nimbi.com.br

Fonte: Site Administradores. Disponível em:

<http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/voce-tem-as-competencias-necessarias-para-

trabalhar-com-logistica/122831/>.Acesso em 05. Mar. 2018.

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ANEXO 2

10 competências que todo profissional vai precisar até 2020

Confira as habilidades que vão ganhar destaque no mercado de trabalho, segundo relatório do

Fórum Econômico Mundial

Por Camila Pati 13 set 2016, 14h21 - Publicado em 22 jan 2016, 13h07

São Paulo – Até 2020, 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das

ocupações deve mudar. A afirmação parte de relatório produzido pelo Fórum Econômico

Mundial publicado nesta semana. As mudanças são justificadas no contexto da chamada

Quarta Revolução Industrial: era da robótica avançada, automação no transporte, inteligência

artificial e aprendizagem automática. Sim, nos próximos quatro anos estes e fatores sócio

econômicos, geopolíticos e demográficos terão impacto direto no mundo do trabalho: seja no

surgimento ou desaparecimento de profissões, seja no hall de habilidades demandadas pelo

mercado. Muitas delas estão ligadas a ações ainda impossíveis de serem tomadas por

máquinas.

O foco do relatório está nos aspectos que ainda nos fazem superar os robôs.

Profissionais dos setores de mídia e entretenimento, consumo, saúde e energia, segundo o

relatório, têm sido mais afetados desde já pelas novas exigências de suas atividades. Por outro

lado, áreas de finanças, infraestrutura e mobilidade deverão ter transformações mais

profundas nos próximos anos.

Como afirmou a professora Mireia Heras da espanhola IESE Business School, a única

certeza é que tudo vai mudar por isso a flexibilidade e a adaptabilidade ganham tanta

importância no contexto profissional.

A seguir, quais as 10 habilidades que todo profissional vai precisar até 2020, em maior

ou menor escala, para ter sucesso no trabalho:

1. Resolução de problemas complexos

Esta competência já prevista como a mais exigida para 2015 e volta a aparecer no topo

do ranking de previsões para 2020. De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial,

nos próximos quatro anos 36% das atividades em todos os setores da economia deverão exigir

habilidade para solução de problemas complexos.

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2. Pensamento crítico

Pensamento estruturado, capacidade de comunicação clara, habilidade de fazer as

perguntas certas, de reconhecer o problema atrás do problema e de olhar para uma questão

sob diferentes perspectivas define o conceito de pensamento crítico, segundo explicou a

professora Giedre Vasiliauskaite, da pós-graduação da Universidade de Rotterdam, em

entrevista a EXAME.com. A especialista no assunto define esta como a competência do

século 21.

No relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial, o pensamento crítico é

definido como o uso da lógica e da racionalização para identificar forças e fraquezas de

soluções alternativas, conclusões e abordagens a problemas. Na segunda posição do ranking

para 2020, esta era a quarta habilidade mais destacada nas previsões do Fórum para 2015.

3. Criatividade

Profissionais criativos terão a oportunidade de se beneficiar desde cenários de rápidas

transformações em produtos, tecnologias e modos de trabalho. Lembre-se: os robôs perdem

para nós em criatividade. Ainda não conseguem ter ideias inusitadas e inteligentes ou

desenvolver alternativas criativas para resolver problemas. Por isso, a habilidade que era a 10ª

da lista de previsões das demandas de mercado para 2015, agora faz parte das três habilidades

mais destacadas para 2020.

4. Gestão de pessoas

A capacidade de motivar, desenvolver pessoas e de identificar talentos é a parte da

função de um gestor mais destacada pelo relatório do Fórum Econômico Mundial. Nos setores

de energia e de mídia, esta habilidade é vista como uma habilidade chave até 2020.

5. Coordenação

A capacidade de coordenar as próprias ações de acordo com as ações de outras pessoas

era a segunda habilidade mais destacada para o mercado de trabalho em 2015, e agora aparece

em quinto lugar nas previsões de demanda do mercado de trabalho até 2020. Vale destacar

que para líderes trata-se de uma competência crítica. É que aspectos ligados à colaboração e

facilitação de processos são algumas das características que especialistas apostam como

obrigatórias nos CEOs do futuro.

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6. Inteligência Emocional

Ainda ausente no currículo acadêmico, a gestão das emoções é fundamental a

profissionais. Segundo o economista espanhol José Ramón Pin, professor da IESE Business

School, a gestão adequada das emoções é uma habilidade que pode fazer profissionais

passarem pela crise com mais serenidade e sem perder o “espírito de luta”.

A importância dada à inteligência emocional é mais recente no imaginário corporativo.

A competência não aparecia nas previsões de habilidades exigidas pelo mercado em 2015 e,

agora, ocupa o sexto lugar na lista para 2020. Um dos aspectos que deve ser levado em

consideração é o fato de que a inteligência artificial ainda passa longe de aspectos de gestão

emocional.

7. Capacidade de julgamento e de tomada de decisões

Pessoas hábeis em analisar dados e ambiente e tomar decisões a partir disso já se

destacam no mercado e tendem a ser ainda mais disputadas até 2020, segundo o relatório. A

competência era a oitava mais demandada na lista de previsões de competências em destaque

para 2015e subiu para a sétima posição.

Segundo o professor britânico Dave Snowden - fundador da Cognitive Edge, uma rede

de pesquisa internacional, e criador do Cynefin Framework, uma metodologia específica para

nortear decisões - um bom líder será sempre bom na tomada de decisões em ambientes de alta

complexidade, contexto mais frequente na rotina corporativa. Acertar em soluções neste

ambiente é meio caminho para o sucesso no mundo dos negócios de acordo com o

especialista.

8. Orientação para servir

A inclinação para ajudar os outros perdeu uma posição no ranking na comparação com

as demandas do mercado para 2015 e para 2020. No entanto, é ainda vista como uma

habilidade indispensável ao trabalho em equipe.

9. Negociação

Relacionar-se com pessoas é um constante negociar. Por isso, habilidades de

negociação e conciliação de diferenças são importantes para todos os profissionais. Mas o

relatório do Fórum Econômico Mundial destaca as áreas de computação, matemática, artes e

design como as que mais vão exigir bons negociadores até 2020.

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10. Flexibilidade cognitiva

Capacidade de criar ou usar diferentes conjuntos de regras para combinar ou agrupar

as coisas de diferentes maneiras. É assim que o relatório do Fórum Econômico Mundial

define a flexibilidade cognitiva. A habilidade não constava na lista de demandas previstas

para o mercado de trabalho em 2015, mas já começa a ganhar importância, tendência que

deve se acentuar nos próximos quatro anos. O relatório cita os setores de bens de consumo,

comunicação e tecnologia da informação como aqueles que mais vão exigir esta capacidade

de seus profissionais.

Fonte: Revista Exame; Disponível em :< https://exame.abril.com.br/carreira/10-competencias-que-

todo-professional-vai-precisar-ate-2020/> Acesso em 05 mar. 2018.

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ANEXO 3

Disciplinas - CST – Logística - Faculdade Privada

Disciplina Carga Horária Total EMPREENDEDORISMO 60 ESTUDO DIRIGIDO - DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 20 ESTUDO DIRIGIDO - EDUCAÇÃO AMBIENTAL 20 ESTUDO DIRIGIDO - INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 20 ESTUDO DIRIGIDO - LÓGICA MATEMÁTICA 20 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 60 GERENCIAMENTO DE TRANSPORTES E ABASTECIMENTO 60 GESTÃO DA PRODUÇÃO 60 GESTÃO DE CONTRATOS, TERCEIRIZAÇÃO E LICITAÇÃO 60 GESTÃO DE PESSOAS 60 GESTÃO DE PROJETOS 60 HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE 60 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 60 LOGÍSTICA E COMÉRCIO INTERNACIONAL 60 LOGÍSTICA REVERSA 60 MATEMÁTICA FINANCEIRA 60 MÉTODOS QUANTITATIVOS 60 MODELOS DE GESTÃO 60 OPTATIVA 60 PLANEJAMENTO, CONTROLE E GERENCIAMENTO DE MATERIAIS. 60 PROCESSOS LOGÍSTICOS 60 PROJETO INTEGRADO I 100 PROJETO INTEGRADO II 100 PROJETO INTEGRADO III 100 PROJETO INTEGRADO IV 100 RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO 60 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 60 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL 60 COMÉRCIO INTERNACIONAL **

GESTÃO AMBIENTAL **

GESTÃO DA QUALIDADE **

LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS **

** ROL DAS DISCIPLINAS OPTATIVAS

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ANEXO – 4

Disciplinas - CST Logística - Faculdade Pública Estadual

RELAÇÃO DE DISCIPLINAS

CARGA DIDÁTICA SEMESTRAL

Atividade curricular Total

1º Semestre

Administração Geral 80

Calculo I 80

Comunicação e Expressão 80

Informática Básica 40

Inglês I 40

Logística 40

Métodos para a Produção do Conhecimento 40

Projeto Interdisciplinar I 80

Total do semestre 480

2º Semestre

Calculo Diferencial e Integral 40

Contabilidade 40

Espanhol I 40

Estatística Aplicada à Gestão 80

Fundamentos de Gestão da Qualidade 40

Inglês II 40

Matemática Financeira 40

Modalidade e Intermodalidade 80

Projeto Interdisciplinar II 80

Total do semestre 480

3º Semestre

SEMESTRE

Economia e Finanças empresariais 80

Espanhol II 40

Gestão de Equipes 40

Gestão de Produção e Operações 80

Gestão Tributária nas Operações Logísticas 40

Inglês III 40

Pesquisa Operacional 80

Projeto Interdisciplinar III 80

Total do semestre 480

4º Semestre

Custos e tarifas Logísticos 80

Eletiva I 80

Gestão de estoques 40

Inglês IV 40

Fundamentos de Marketing 40

Métodos Quantitativos de Gestão 80

Sistemas de Movimentação e Transporte 40

Projeto Interdisciplinar IV 80

Total do semestre 480

5º Semestre

Embalagens e Unitização 40

Gestão da Cadeia de Suprimentos 80

Inglês V 40

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Inovação e Empreendedorismo 40

Movimentação e Armazenagem 80

Projeto Aplicado à Logística 40

Simulação em Logística 80

Projeto Interdisciplinar V 80

Total do semestre 480

6º Semestre

Comércio Exterior e Logística 80

ELETIVA II 40

Gestão de Transporte de Carga e Roteirização 80

Inglês VI 40

Tecnologia de Transportes 80

Transportes de Cargas Especiais 40

Tecnologia da Informação aplicada à Logística 40

Projeto Interdisciplinar VI 80

Total do semestre 480

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ANEXO 5

CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

CONSELHO PLENO

RESOLUÇÃO nº 3 do Parecer do CNE/CP 29, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2002.

Publicada no Diário Oficial da União de 23 de dezembro de 2002, Seção 1, p. 162.

Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para

a organização e o funcionamento dos cursos superiores

de tecnologia.

O Presidente do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto nas

alíneas “b” e “d” do Artigo 7º, na alínea “c” do § 1º e na alínea “c” do § 2º do Artigo 9º da Lei

4.024/61, na redação dada pela Lei Federal 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Artigos

8º, § 1º, 9º, Inciso VII e § 1º, 39 a 57 da Lei 9.394, de 20 de novembro de 1996 (LDBEN), nos

Decretos 2.208, de 17 de abril de 1997, e 3.860, de 9 de julho de 2001, e com fundamento no

Parecer CNE/CES 436/2001 e no Parecer CNE/CP 29/2002, homologado pelo Senhor

Ministro da Educação em 12 de dezembro de 2002, resolve:

Art. 1º A educação profissional de nível tecnológico, integrada às diferentes formas de

educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, objetiva garantir aos cidadãos o direito à

aquisição de competências profissionais que os tornem aptos para a inserção em setores

profissionais nos quais haja utilização de tecnologias.

Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados como

cursos superiores de tecnologia e deverão:

I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do

processo tecnológico, em suas causas e efeitos;

II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas

aplicações no mundo do trabalho;

III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a

gestão de processos e a produção de bens e serviços;

IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e

ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias;

V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças

nas condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de

pós-graduação;

VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização

permanente dos cursos e seus currículos;

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VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva

organização curricular.

Art. 3º São critérios para o planejamento e a organização dos cursos superiores de

tecnologia:

I - o atendimento às demandas dos cidadãos, do mercado de trabalho e da sociedade;

II - a conciliação das demandas identificadas com a vocação da instituição de ensino e

as suas reais condições de viabilização;

III - a identificação de perfis profissionais próprios para cada curso, em função das

demandas e em sintonia com as políticas de promoção do desenvolvimento sustentável do

País.

Art. 4º Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação, com

características especiais, e obedecerão às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001 e

conduzirão à obtenção de diploma de tecnólogo.

§ 1º O histórico escolar que acompanha o diploma de graduação deverá incluir as

competências profissionais definidas no perfil profissional de conclusão do respectivo curso.

§ 2º A carga horária mínima dos cursos superiores de tecnologia será acrescida do

tempo destinado a estágio profissional supervisionado, quando requerido pela natureza da

atividade profissional, bem como de eventual tempo reservado para trabalho de conclusão de

curso.

§ 3º A carga horária e os planos de realização de estágio profissional supervisionado e

de trabalho de conclusão de curso deverão ser especificados nos respectivos projetos

pedagógicos.

Art. 5º Os cursos superiores de tecnologia poderão ser organizados por módulos que

correspondam a qualificações profissionais identificáveis no mundo do trabalho.

§ 1º O concluinte de módulos correspondentes a qualificações profissionais fará jus ao

respectivo Certificado de Qualificação Profissional de Nível Tecnológico.

§ 2º O histórico escolar que acompanha o Certificado de Qualificação Profissional de

Nível Tecnológico deverá incluir as competências profissionais definidas no perfil de

conclusão do respectivo módulo.

Art. 6º A organização curricular dos cursos superiores de tecnologia deverá

contemplar o desenvolvimento de competências profissionais e será formulada em

consonância com o perfil profissional de conclusão do curso, o qual define a identidade do

mesmo e caracteriza o compromisso ético da instituição com os seus alunos e a sociedade.

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§ 1º A organização curricular compreenderá as competências profissionais

tecnológicas, gerais e específicas, incluindo os fundamentos científicos e humanísticos

necessários ao desempenho profissional do graduado em tecnologia.

§ 2º Quando o perfil profissional de conclusão e a organização curricular incluírem

competências profissionais de distintas áreas, o curso deverá ser classificado na área

profissional predominante.

Art. 7º Entende-se por competência profissional a capacidade pessoal de mobilizar,

articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o

desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo

desenvolvimento tecnológico.

Art. 8º Os planos ou projetos pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia a serem

submetidos à devida aprovação dos órgãos competentes, nos termos da legislação em vigor,

devem conter, pelo menos, os seguintes itens:

I - justificativa e objetivos;

II - requisitos de acesso;

III - perfil profissional de conclusão, definindo claramente as competências

profissionais a serem desenvolvidas;

IV - organização curricular estruturada para o desenvolvimento das competências

profissionais, com a indicação da carga horária adotada e dos planos de realização do estágio

profissional supervisionado e de trabalho de conclusão de curso, se requeridos;

V - critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem;

VI - critérios de aproveitamento e procedimentos de avaliação de competências

profissionais anteriormente desenvolvidas;

VII - instalações, equipamentos, recursos tecnológicos e biblioteca;

VIII - pessoal técnico e docente;

IX - explicitação de diploma e certificados a serem expedidos.

Art. 9º É facultado ao aluno o aproveitamento de competências profissionais

anteriormente desenvolvidas, para fins de prosseguimento de estudos em cursos superiores de

tecnologia.

§ 1º As competências profissionais adquiridas em cursos regulares serão reconhecidas

mediante análise detalhada dos programas desenvolvidos, à luz do perfil profissional de

conclusão do curso.

§ 2º As competências profissionais adquiridas no trabalho serão reconhecidas através

da avaliação individual do aluno.

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Art. 10. As instituições de ensino, ao elaborarem os seus planos ou projetos

pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia, sem prejuízo do respectivo perfil

profissional de conclusão identificado, deverão considerar as atribuições privativas ou

exclusivas das profissões regulamentadas por lei. 3

Art. 11. Para subsidiar as instituições educacionais e os sistemas de ensino na

organização curricular dos cursos superiores de tecnologia, o MEC divulgará referenciais

curriculares, por áreas profissionais.

Parágrafo único. Para a elaboração dos referidos subsídios, o MEC contará com a

efetiva participação de docentes, de especialistas em educação profissional e de profissionais

da área, trabalhadores e empregadores.

Art. 12. Para o exercício do magistério nos cursos superiores de tecnologia, o docente

deverá possuir a formação acadêmica exigida para a docência no nível superior, nos termos do

Artigo 66 da Lei 9.394 e seu Parágrafo Único.

Art. 13. Na ponderação da avaliação da qualidade do corpo docente das disciplinas da

formação profissional, a competência e a experiência na área deverão ter equivalência com o

requisito acadêmico, em face das características desta modalidade de ensino.

Art. 14. Poderão ser implementados cursos e currículos experimentais, nos termos do

Artigo 81 da LDBEN, desde que ajustados ao disposto nestas diretrizes e previamente

aprovados pelos respectivos órgãos competentes.

Art. 15. O CNE, no prazo de até dois anos, contados da data de vigência desta

Resolução, promoverá a avaliação das políticas públicas de implantação dos cursos superiores

de tecnologia.

Art. 16. Para a solicitação de autorização de funcionamento de novos cursos superiores

de tecnologia e aprovação de seus projetos pedagógicos, a partir da vigência desta resolução,

será exigida a observância das presentes diretrizes curriculares nacionais gerais.

Parágrafo único. Fica estabelecido o prazo de 6 (seis) meses, contados da data de

cumprimento do prazo estabelecido no artigo anterior, para que as instituições de ensino

procedam as devidas adequações de seus planos de curso ou projetos pedagógicos de curso às

presentes diretrizes curriculares nacionais gerais, ressalvados os direitos dos alunos que já

iniciaram os seus cursos.

Art. 17. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário.

JOSÉ CARLOS ALMEIDA DA SILVA

Presidente do Conselho Nacional de Educação