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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais
EVANDRO DE ALMEIDA
Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo
Comparativo do Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma
Instituição Privada.
Mestrado em Ciências Sociais
São Paulo
2018
Evandro de Almeida
Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo
Comparativo do Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma
Instituição Privada.
Dissertação apresentada à Banca
Examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de
MESTRE em Ciências Sociais, área de
concentração em Sociologia, sob a
orientação da Profa. Dra. Noêmia
Lazzareschi.
São Paulo
2018
Autorizo a reprodução e divulgação total e parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, unicamente para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a
fonte.
Nome: Evandro de Almeida
Título: Os Cursos Tecnológicos no Mundo Contemporâneo: Um Estudo Comparativo do
Curso de Logística de uma Instituição Pública e uma Instituição Privada.
Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, como exigência para obtenção do
título de MESTRE em Ciências Sociais.
Banca Examinadora
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
À Deus e minha família.
O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001, processo nº
88887.152114/2017-00.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que tornaram possível a realização deste trabalho, em especial:
Ao Programa de Estudos Pós Graduados em Ciências Sociais, que me recebeu e
ofereceu todo o suporte necessário para a concretização dessa pesquisa;
À minha orientadora, Professora Doutora Noêmia Lazzareschi, pela atenção, paciência
na orientação, grande dedicação e empenho, bem como pela confiança em mim depositada.
A Professora Doutora Marisa do Espírito Santo Borin e ao Professor Doutor Marcelo
Augusto Vieira Graglia, membros da banca de qualificação e defesa pelas orientações valiosas
à conclusão desta dissertação;
Ao Professor Doutor Marcos Antônio Maia de Oliveira pelo incentivo em realizar o
mestrado e do aceite ao convite na participação da minha banca de defesa.
À Kátia e ao Rafael pelo pronto atendimento em qualquer situação e suporte
administrativo de forma muito solícita e simpática.
RESUMO
Esta dissertação de mestrado aborda a educação para o trabalho no contexto do
toyotismo, como processo de forma de organização do trabalho. Neste cenário, as empresas
demandam trabalhadores qualificados e competentes em virtude da utilização de novas
tecnologias e novas técnicas do gerenciamento do processo de produção e da prestação de
serviços. O problema da pesquisa consistiu em averiguar se as estruturas curriculares e
pedagógicas de dois cursos superiores de tecnologia em logística, de uma faculdade pública e
particular no município de Guarulhos, permitem aos discentes obter competências
profissionais para sua inserção e permanência no mercado de trabalho. O objetivo geral da
pesquisa foi analisar semelhanças e diferenças entre os cursos das duas faculdades, na
percepção de uma amostra de alunos concluintes e docentes das instituições, no tocante ao
desenvolvimento de competências profissionais para empregabilidade. A hipótese pressupõe
que, o curso da faculdade privada promove a aquisição das competências aos estudantes
aquém da faculdade pública. Os resultados da pesquisa demonstraram que a hipótese
norteadora foi inconclusiva, e apontaram similaridades e diferenças entre as duas faculdades
nos respectivos cursos.
Palavras-chave: Educação, Mercado de trabalho, Competências Profissionais.
ABSTRACT
This master's thesis deals with education for work in the context of toyotism, as a
process which forms and organizes work. In this scenario, the companies demand qualified
and competent workers by virtue of the use of new technologies and new management
techniques for the production process and provision of services. The issue of the research was
finding out if the curricular and pedagogical structures of two high technology courses in
logistics, of a public and private college, in the city of Guarulhos, enable students to obtain
professional skills for their insertion and permanence in the job market. The general objective
of the research was to analyze similarities and differences between the courses of both
colleges, in the perception of a sample of graduates students and teachers of the institutions, in
the development of professional skills for employability. The hypothesis assumes that the
course of the private college promotes the acquisition of the competences to the students less
than the public one. The results of the research demonstrated that the guiding hypothesis was
inconclusive, and pointed out similarities and differences between both colleges in the
respective courses.
Key words: Education; Job Market; Professional Skills
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparativo da forma de organização do trabalho taylorista / fordista em
relação ao modelo Toyotista …………….………………………………….
48
Quadro 2 - Diferenças ente o fordismo e toyotismo em relação às formas de
organização do trabalho …………………………………………………….
49
Quadro 3 - Comparação entre o fordismo e toyotismo em relação ao processo de
produção ………………………………………………………………….....
49
Quadro 4 - Comparativo das operações logísticas “tradicionais” e logística 4.0 ………. 67
Quadro 5 - Impactos nas áreas organizacionais e potenciais resultados na indústria 4.0 68
Quadro 6 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Pública ….. 84
Quadro 7 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Privada …. 84
Quadro 8 - Realização de outros Vestibulares - Alunos IES Pública ………………….. 85
Quadro 9 - Realização de outros Vestibulares - Alunos IES Privada ………………….. 85
Quadro 10 - Conhecimentos básicos do tecnólogo em Logística - Alunos IES Pública e
Privada ……………………………………………………………………...
89
Quadro 11 - Empregabilidade dos alunos concluintes CST Logística - IES Pública e
Privada ……………………………………………………………………...
92
Quadro 12 - Identificação dos Professores - IES Pública e Privada …………………….. 96
Quadro 13 - Formação Acadêmica – Professores - IES Pública ………………………… 97
Quadro 14 - Formação Acadêmica – Professores - IES Privada ………………………... 97
Quadro 15 - Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 - Professores -
IES Pública …………………………………………………………………
97
Quadro 16 - Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 - Professores -
IES Privada …………………………………………………………………
98
Quadro 17 - Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os alunos ........ 125
Quadro 18 - Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os docentes .... 126
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Estruturas do mercado de trabalho em condições de acumulação flexível ….. 52
Figura 2 - Modelo de Cadeia de Suprimentos …………………………………………... 61
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Participação no setor de serviços no PIB brasileiro - 2000 - 2018 ………….. 62
Gráfico 2 - Evolução dos Cursos Superiores de Tecnologia - Brasil 1996 – 2016 ……… 76
LISTA DE ABREVIATURAS
ABI Área Básica de Ingresso
AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CCQ Círculos de Controle de Qualidade
CEO Chief Executive Officer
CEP Código de Endereçamento Postal
CES Câmara de Educação Superior
CHA Conhecimentos, Habilidades e Atitudes
CNE Conselho Nacional da Educação
CP Conselho Pleno
CST Curso Superior de Tecnologia
DAES Diretoria da Avaliação de Ensino Superior
DEED Diretoria de Estatísticas Educacionais
EAD Ensino à Distância
EJA Educação de Jovens e Adultos
ENADE Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
ERP Enterprise Resource Planning
ESPM Escola Superior de Propaganda e Marketing
ETEC Escola Técnica Estadual de São Paulo
EUA Estados Unidos da América
FATEC Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo
FGV Fundação Getúlio Vargas
FIAM Faculdades Integradas Alcântara Machado
FIESP Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
IES Instituição de Ensino Superior
IFSP Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
LDBEN Leis e Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LER Lesão por Esforços Repetitivos
MEC Ministério da Educação
MTB Ministério do Trabalho
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PCP Planejamento e Controle de Produção
PIB Produto Interno Bruto
PPC Projeto Pedagógico do Curso
PROINTER Projeto Integrado Interdisciplinar
RFID Radio Frequency Identification
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SISCARGA Sistema de Comércio Exterior de Cargas
TCC Trabalho de Conclusão de Curso
UMC Universidade Mogi das Cruzes
UNESP Universidade Estadual Paulista
UNG Universidade de Guarulhos
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
UNICSUL Universidade Cruzeiro do Sul
UNIDERP Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal –
Mato Grosso do Sul
UNINOVE Universidade Nove de Julho
UNIP Universidade Paulista
UNITAU Universidade de Taubaté
USJT Universidade São Judas Tadeu
USP Universidade de São Paulo
WMS Warehouse Management System
SUMÁRIO
Introdução ……………………………………………………………………………….. 16
1. As transformações do mundo do trabalho e as novas competências …………………. 23
1.1 Taylorismo …………………………………………………………………………... 23
1.2 Fordismo ………………………………………………………………………….…. 29
1.3 Crise do sistema Taylorista/Fordista ……………………………….……………….. 35
1.4 Mudanças na forma de acumulação do capital: o Toyotismo ………………………. 41
1.5 Novas Competências Profissionais …………………………………………………. 54
2. A importância da logística na economia globalizada ………………………………… 59
2.1 Conceitos de Logística …………………………………………………………...…. 59
2.2 Conceitos de Cadeia de Suprimentos …………………………………………….…. 60
2.3 O papel do setor de serviços na economia brasileira ……………………………….. 62
2.4 Indústria e Logística 4.0 ………………………………………………………….…. 63
2.4.1 Indústria 4.0 ………………………………………………………………...... 63
2.4.2 Logística 4.0 ……………………………………………………………….…. 66
3. Os Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil ………………………………………. 69
3.1 Legislação dos Cursos Superiores de Tecnologia …………………………………... 69
3.2 Crescimento dos Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil …………………….… 75
3.3 Curso Superior de Tecnologia em Logística: Organização curricular ……………… 77
3.4 O trabalho do tecnólogo em logística: ocupações e competências …………………. 80
4. A Pesquisa ……………………………………………………………………………. 83
4.1 Entrevistas com alunos – Instituição de Ensino Superior Pública e Privada ….……. 84
4.1.1 Perfil dos alunos entrevistados …………………………………………….…. 84
4.1.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística …………………………….…… 86
4.1.3 Mercado de trabalho e Competências …………………………………….….. 91
4.1.4 Projeto Integrador Interdisciplinar ………………………………………….... 95
4.1.5 Perspectivas e Recomendações ………………………………………………. 96
4.2. Entrevistas com professores – Instituição de Ensino Superior Pública e Privada .... 96
4.2.1 Perfil dos professores entrevistados ……………………………………….…. 96
4.2.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística e Mercado de Trabalho ……….. 99
4.2.3 Competências desenvolvidas no curso …………………………………….…. 107
4.2.4 Projeto Integrador / Interdisciplinar ……………………………………….…. 115
4.2.5 Recomendações …………………………………………………………….… 116
5. Considerações finais ………………………………………………………………….. 117
Referências …………………………………………………………………………….... 128
Apêndice ………………………………………………………………………………… 135
Anexos …………………………………………………………………………………... 137
16
INTRODUÇÃO
O ensino superior brasileiro sofreu profundas mudanças quando o Governo Federal
autorizou, em 1968, pela Lei nº 5540/68, o funcionamento de instituições privadas com a
finalidade de minorar a enorme dificuldade enfrentada pelos jovens na tentativa de ingressar
na universidade pública pela via do exame vestibular.
Até então, milhares de jovens brasileiros eram classificados no exame vestibular,
porém não ingressavam na universidade pública por falta de vagas. Eram denominados
“excedentes” e deveriam submeter-se mais uma vez ao exame vestibular, adiando a realização
do sonho de ingressar na universidade, pois existiam apenas duas universidades privadas –
PUC SP (1946) e Mackenzie (1952) e apenas três universidades públicas no Estado de São
Paulo, Universidade de São Paulo (USP), criada em 1934, Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), em 1966 e, mais tarde, a Universidade Estadual Paulista (UNESP),
em 1976, para atender uma população de milhares de jovens.
Pela Lei Federal nº 5540, de 28 de novembro de 1968, foram fixadas normas de
organização e funcionamento do ensino superior, como reza o artigo 2º: “O ensino superior,
indissociável da pesquisa, será ministrado em universidades e, excepcionalmente, em
estabelecimentos isolados, organizados como instituições de direito público ou privado.”
(BRASIL, 1968, p. 1).
As Instituições de Ensino Superior (IES) no Brasil são divididas entre públicas e
privadas nas esferas municipal, estadual e federal. As instituições privadas são classificadas
em quatro categorias, conforme o artigo 20 da Lei Federal nº 9394/96 que trata das Leis e
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN): particulares com fins lucrativos,
comunitárias, confessionais e filantrópicas sem fins lucrativos. As IES particulares com fins
lucrativos se distinguem conforme o perfil socioeconômico dos alunos, sendo a maioria
voltadas às classes de baixa e média renda, e, em menor quantidade para as classes mais
favorecidas.
Há de se ressaltar as diferenças entre as faculdades particulares e públicas, as IES
privadas se dividem em dois grupos: o primeiro pertence ao conjunto de instituições que
cobram mensalidades mais acessíveis e abarcam grande parte dos estudantes, no qual o
processo de transferência e construção do conhecimento ocorre por um modelo pré-
estabelecido, em formato rígido, simplificado e pode ocasionar a redução do nível da
17
qualidade do ensino, razão pela qual os discentes egressos podem ter maior dificuldade em
ingressar no mercado de trabalho.
O segundo grupo das IES privadas, precificam suas mensalidades com valores mais
altos, o que tornam estas faculdades inacessíveis para a maioria da população, porém, buscam
proporcionar um alto nível de qualidade de ensino, equivalente as IES públicas.
Esses dois últimos tipos de instituições têm como objetivo promover o
desenvolvimento de competências com maior qualidade, através do ensino mais flexível e
com autonomia por parte dos docentes, para proporcionar aos egressos maiores chances de
sucesso em relação a sua empregabilidade.
O mercado de trabalho atual segue uma dinâmica social além do modelo Fordista e
Taylorista ao estabelecer um conjunto de requisitos que os profissionais do século XXI
devem possuir. Demandam-se várias competências que superam as qualificações exigidas
pela organização Fordista e Taylorista: o profissional deverá ser multifuncional, participativo
no processo de soluções cotidianas nas organizações, o que torna crucial ao trabalhador
refletir, adaptar e obter constantemente conhecimento no decorrer de sua carreira.
No sistema educacional brasileiro, os cursos superiores são classificados em três
diferentes níveis acadêmicos: o bacharelado, voltado para a atuação nas profissões
regulamentadas ou não; a licenciatura, direcionada às pessoas que pretendem exercer a
docência em educação básica (do ensino infantil ao ensino médio) e os tecnológicos, cursos
com menor duração com características especiais voltadas ao mercado de trabalho.
Nesta dissertação serão apresentados os cursos superiores de graduação tecnológica no
Brasil (CST) com um breve histórico da sua legislação que data de 1996, após a aprovação da
Lei nº 9394 sobre as diretrizes e bases nacionais da educação. O crescimento do número de
cursos superiores de tecnologia se dá em dois períodos: entre os anos de 1994 e 2004 e nos
anos de 2010 e 2013, conforme o censo da educação superior de 2013 (BRASIL, 2015).
Os CST no Brasil originaram-se conceitualmente como cursos profissionalizantes na
década de 1960, inicialmente nas áreas de engenharia mecânica e construção civil, porém não
eram incorporados no nível superior. Esses cursos inseriram-se no nível superior a partir dos
anos 2000, expandidos nas várias áreas do conhecimento e oferecidos em diversas Instituições
de Ensino Superior (IES). Assim, caracterizam-se os CST também como sendo
profissionalizantes.
Sennet (2005) salienta que devido às transformações nas formas de organização do
trabalho, empresas e trabalhadores devem atentar às constantes mudanças no mercado.
Pochmann (2007) enfatiza a necessidade dos jovens e adultos buscarem uma boa qualificação
18
e desenvolver competências necessárias à sua empregabilidade; ao Estado cabe adotar
políticas públicas para proporcionar maior nível educacional à sua população.
Os cursos de graduação existentes no país deveriam possuir, dentro dos seus
programas de ensino, diversos instrumentos, tanto do ponto de vista administrativo quanto
pedagógico, que proporcionassem aos discentes o conhecimento e o desenvolvimento de
competências profissionais necessárias ao ingresso no mercado de trabalho.
Esta dissertação se justifica pelas seguintes razões:
Experiência vivida em sete anos de docência no ensino superior em Instituições de
Ensino Superior (IES) com fins lucrativos que ofertam cursos com mensalidades
compatíveis à renda de alunos das classes média e baixa e que possuem deficiências
na sua formação do ensino médio em escola pública;
Difundir conhecimento acerca da relação entre sociedade, educação e mercado de
trabalho no contexto da reestruturação produtiva, pois a educação é uma área essencial
no desenvolvimento econômico e social do país e requer profissionais capacitados e
competentes num ambiente globalizado;
As duas IES que oferecem os cursos de logística, objeto desse estudo, se localizam no
município de Guarulhos, considerada uma das maiores cidades não capitais do Brasil,
com vocação para o setor de serviços, e se localiza próxima ao município de São
Paulo, das principais rodovias federais e estaduais, do Aeroporto Internacional de
Cumbica e do Porto da Cidade de Santos, ambos “portas” de entrada e saída de
mercadorias do comércio nacional e internacional, o que demanda mão de obra
qualificada e com múltiplas competências pessoais e profissionais.
O problema desta dissertação pode ser assim formulado: a estrutura curricular e
pedagógica dos Cursos Superiores de Tecnologia em Logística de uma Instituição Pública e
de uma Privada possibilita de forma equivalente à aquisição de competências profissionais
para a inserção dos alunos no mercado de trabalho?
As hipóteses da pesquisa podem ser assim formuladas:
A grande maioria das IES particulares se caracterizam em dissociar o ensino, pesquisa
e extensão, e não enfatiza, conforme Sguissardi (2009), a qualidade do ensino, mas
todas buscam abastecer a demanda no mercado de trabalho, embora releguem a
qualidade do ensino a um segundo plano e priorizem o lucro. Tais instituições carecem
de docentes mestres e doutores, salas de aula com número reduzido de alunos,
investimentos em infraestrutura e desenvolvimento de pesquisas científicas;
19
As IES públicas estaduais, federais, confessionais e poucas com fins lucrativos
seguem o modelo de ensino superior baseado nos três pilares: ensino, pesquisa e
extensão; essa estrutura remete à ideia de universidade necessária, cuja preocupação se
encontra na formação da cidadania dos alunos, baseada nas várias áreas do saber
(RIBEIRO, 1978). Neste sentido, priorizam a qualidade da educação através de
programas de ensino diversificados, requerem maior dedicação dos discentes, além de
possuir maior carga horária dos cursos;
Nas IES públicas e privadas, os Projetos Integradores do Curso Superior de
Tecnologia em Logística propõem desenvolver competências aos discentes através de
atividades interdisciplinares, dentro e fora das salas de aula, baseados no projeto
pedagógico do curso, sendo orientados pelos docentes.
Portanto, a hipótese norteadora desta pesquisa pode ser assim formulada: considerando
a forma de organização de trabalho toyotista, possivelmente o curso de logística de uma IES
privada promoveria o desenvolvimento das competências profissionais dos alunos de forma
deficitária em relação a uma IES pública.
O objetivo geral da pesquisa propõe analisar as diferenças e semelhanças na percepção
de professores, alunos do último semestre de um curso superior de tecnologia em logística de
uma faculdade pública e outra particular do município de Guarulhos no tocante ao
desenvolvimento de competências profissionais demandadas no mercado de trabalho.
Os objetivos específicos desta dissertação são:
Demonstrar as transformações na forma de organização do trabalho ocorridas ao longo
do século XX do Taylorismo/Fordismo para o Toyotismo, nesta são exigidas novas
competências a serem adquiridas pelos trabalhadores;
Abordar os conceitos de logística, cadeia de suprimentos, os serviços na economia
brasileira e os CST em relação à legislação e o crescimento nos últimos anos.
Mostrar a importância da logística no contexto da globalização, as exigências para o
ingresso no mercado de trabalho do tecnólogo em logística conforme o Código
Brasileiro de Ocupações e as competências necessárias no desenvolvimento desta
atividade;
Analisar as respostas das entrevistas com professores e alunos do último semestre do
Curso Superior de Tecnologia em Logística das IES pública e particular para avaliar as
diferenças e semelhanças quanto ao: perfil, instituição, curso, relação logística e
mercado de trabalho, e percepção de competências desenvolvidas no decorrer do
20
curso, a importância do Projeto Interdisciplinar como um dos instrumentos
pedagógicos no desenvolvimento de competências, as perspectivas e recomendações.
A metodologia da pesquisa serve, conforme Minayo (1997, p. 16), como “o caminho
do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade”. A presente dissertação será
um estudo de caso, que consiste, segundo Yin (2005, p. 32), em uma “investigação empírica
que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real,
especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente
definidos”. Esse estudo busca, através de entrevistas, conhecer a opinião dos professores,
alunos do último semestre de duas IES do município de Guarulhos acerca da aquisição de
competências adquiridas durante o curso de Logística para o mercado de trabalho.
Uma entrevista, conforme Cervo (2002, p. 46), objetiva-se na coleta, por meio de
interrogatório do informante, de dados para a pesquisa. Para Lakatos e Marconi (2006, p. 92),
constitui um encontro formal entre duas pessoas, para que uma delas obtenha informações a
respeito de algum tema, mediante um diálogo de natureza profissional. “É um procedimento
utilizado na investigação social, para a coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no
tratamento de um problema social”. Segundo Richardson (2010, p. 80), numa entrevista, do
ponto de vista das ciências sociais, ocorre “as circunstâncias nas quais uma pessoa – o
entrevistador -, com um conjunto de perguntas preestabelecidas, leva a outra a responder a
tais perguntas. A pessoa que responde recebe o nome de entrevistado ou respondente”.
As entrevistas com os professores e estudantes de logística, contextualizam-se como
um estudo de caso, de acordo com Yin (2005, p. 20), “permite uma investigação para se
preservar as características holísticas e significativas dos acontecimentos da vida real” e
busca-se aproximar o fenômeno do contexto real. Segundo Becker (1999, p. 117), “o caso
estudado em ciências sociais é tipicamente não o de um indivíduo, mas sim de uma
organização ou comunidade”. Neste caso, entre uma IES pública estadual e uma privada com
grande número de alunos com mensalidades acessíveis no município de Guarulhos, a respeito
do trabalho docente, dos instrumentos pedagógicos destinados a desenvolver as competências
aos discentes no CST em Logística exigidas no mercado de trabalho e a percepção aferida
pelos alunos, como o projeto integrado ou interdisciplinar. Os critérios de escolha das duas
instituições atribuídas foram: a) a atuação profissional no curso durante anos na IES particular
e a proximidade do acesso aos entrevistados; b) a IES pública se atribuiu devido a
proximidade com professores que atuaram por alguns anos na IES privada e, por mérito,
ingressaram nesta instituição e têm propriedade na contribuição de informações para a
realização desta pesquisa e a acessibilidade facilitada na coleta dos dados.
21
Os dados advirão de referências bibliográficas, estatísticas de sites governamentais,
trabalhos acadêmicos sobre os CST, qualificação e as competências profissionais demandadas
no século XXI.
Além disso, serão realizadas entrevistas semiestruturadas com professores do curso de
ambas as instituições, no intuito de conhecer a realidade do trabalho do docente, bem como a
verificação de suas qualificações por meio de Currículo Lattes, a análise do programa de
ensino e a percepção dos alunos que realizam o último semestre do curso de Logística.
Essa pesquisa será qualitativa. Segundo Richardson (2010, p. 79-80), este tipo de
pesquisa procura entender a natureza de um fenômeno social, objetiva investigar as
circunstâncias complexas ou particulares e apresenta “a complexidade de determinado
problema, analisa a interação de certas variáveis, compreende e classifica processos
dinâmicos vividos por grupos sociais, contribui no processo de mudança de determinado
grupo” e possibilita também aprofundar e compreender as peculiaridades comportamentais
dos indivíduos.
O método utilizado para análise dos dados da pesquisa, resultante das respostas nas
entrevistas realizadas com professores e alunos, será a análise de entrevista. Essa técnica,
conforme Bauer e Glaskell (2008, p. 195), trabalha com materiais textuais escritos, imagens
ou sons, “os textos que estão construídos no processo de pesquisa, podem ser transcrições de
entrevista, protocolos de observação e textos que já foram produzidos para outras
finalidades”, como jornais ou documentos de organizações.
A análise dos resultados da pesquisa será baseada na relação da bibliografia com as
informações coletadas nas entrevistas, por meio de uma amostra composta de cinco alunos do
último semestre de logística e cinco docentes das duas IES abordando temas relacionados
sobre: perfil, Instituição de Ensino Superior, Curso de logística, mercado de trabalho,
competências profissionais, projeto integrador/interdisciplinar, perspectivas, por parte dos
alunos, e recomendações do curso.
Considera-se uma amostra, para Sampieri (2013, p. 403), “um grupo de pessoas,
eventos, acontecimentos, comunidades, sobre o qual devemos coletar os dados, sem que
necessariamente seja representativo do universo ou população que estudamos.”, com isso, a
quantidade de entrevistados será delimitada.
Foram realizadas ao todo vinte entrevistas com cinco alunos e cinco professores do
último semestre do Curso Superior de Tecnologia em Logística das duas instituições. Os
roteiros encontram-se no Apêndice I deste trabalho.
Essa dissertação se estrutura em quatro capítulos.
22
No primeiro capítulo serão abordadas as transformações no mundo do trabalho e as
novas competências profissionais para o mercado de trabalho. A princípio serão demonstradas
as formas de organização do trabalho desenvolvidas pelas empresas para dinamizar a relação
capital-trabalho no decorrer do século XX, como o Taylorismo e Fordismo, as causas da crise
destes modelos e a emergência do Toyotismo como solução adotada pelas organizações.
Finaliza-se esta parte evidenciando a importância do desenvolvimento de novas competências
profissionais, imprescindíveis aos trabalhadores para o ingresso e permanência no mercado de
trabalho no século XXI.
O capítulo dois tratará da importância da logística na economia globalizada, serão
apresentados os conceitos de logística, cadeia de suprimentos e o papel dos serviços na
economia brasileira e os conceitos sobre Indústria e Logística 4.0.
Os Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil é o tema do terceiro capítulo. Será
demonstrado, de forma breve, o histórico da legislação a partir de 1994, o aumento da
quantidade de CST no país, ingressantes e concluintes no período de 1996 até 2016, os
conceitos sobre logística e gerenciamento da cadeia de suprimentos nas empresas, a
organização curricular dos cursos superiores de tecnologia em logística, estabelecida pelo
Ministério da Educação; e, ao final, a descrição das atividades e competências profissionais
do tecnólogo em logística, de acordo com a Classificação Brasileira de Ocupações.
No quarto e último capítulo será demonstrado o resultado das entrevistas realizadas
com professores e com alunos do último semestre das faculdades privada e pública de curso
superior de tecnologia em logística no município de Guarulhos.
Nas considerações finais deste trabalho, será mostrada uma análise do resultado da
pesquisa com alunos e professores que retrata a importância do desenvolvimento das
competências nos bancos escolares para o mercado de trabalho, cuja forma de organização de
trabalho atual requer dos trabalhadores a aquisição de conhecimentos e competências de
forma continuada.
23
1. As transformações no mundo do trabalho e as novas competências profissionais
O modo de produção capitalista se consolidou com o desenvolvimento de novas
tecnologias e expansão dos mercados consumidores. Esse sistema transformou-se ao longo do
tempo e gerou novas formas de organização do trabalho e produção de bens e serviços. Neste
capítulo serão demonstradas as formas de organização do trabalho desenvolvidas no decorrer
do século XX: Taylorismo, Fordismo e o Toyotismo e a importância do trabalhador adquirir
novas competências profissionais, necessárias ao ingresso e permanência no mercado atual de
trabalho.
1.1 Taylorismo
Desde a Revolução Industrial, as máquinas foram projetadas e utilizadas para
aumentar a produção de mercadorias e reduzir a quantidade de mão de obra necessária na
fabricação de um produto. Estes equipamentos, segundo Rifkin (1995, p. 138), exigiam pouca
atenção humana e produziam grande quantidade de produtos, mais ou menos de forma
automática. Restou à maioria dos trabalhadores realizar tarefas simples, como alimentar as
máquinas com materiais necessários para moldar e embalar os produtos.
No início do século XX, numa fase de ampliação do capitalismo, Rago e Moreira
(1988, p. 16), apontam “crescimento cada vez maior das unidades fabris, que vão reunir
milhares de operários num mesmo espaço de trabalho”. Em uma época inicial do crescimento
da população nas grandes cidades, foi criada e disseminada uma nova forma de organização
do trabalho com vistas em racionalizar o trabalho exercido nas indústrias, conhecido como
Taylorismo, termo baseado no sobrenome do engenheiro Frederick Winslow Taylor, também
conhecido como o “pai da administração científica”, que teve o objetivo de “aumentar o
volume de produção, a fim de atender à demanda crescente pela conquista de novos
mercados”. (LAZZARESCHI, 2008, p. 43).
A publicação em 1911 do livro “Os Princípios da Administração Científica” do
engenheiro norte americano Frederick Winslow Taylor, foi considerada, de acordo com
Harvey (2014, p. 121), uma obra influente na sociedade no início do século XX. Considerado
um tratado, demonstrou como a produtividade do trabalho poderia ser melhorada através da
decomposição detalhada de cada processo de trabalho e análise dos movimentos possíveis dos
trabalhadores que exerciam uma determinada tarefa nas fábricas.
24
As principais finalidades dos estudos da administração científica, segundo Taylor
(1982, p. 29), eram “assegurar o máximo de prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o
máximo de prosperidade ao empregado”, por meio do aumento da produtividade das
indústrias através dos estudos de tempos e movimentos das tarefas dos trabalhadores. De
acordo com Rago e Moreira (1988), o taylorismo é um:
Método de racionalizar a produção, logo, de possibilitar o aumento da
produtividade do trabalho “economizando tempo”, suprimindo gestos
desnecessários e comportamentos supérfluos no interior do processo
produtivo, o sistema Taylor aperfeiçoou a divisão social do trabalho
introduzida pelo sistema de fábrica, assegurando definitivamente o controle
do tempo do trabalhador pela classe dominante. (RAGO e MOREIRA, 1988,
p. 10).
A administração científica consiste no estudo da organização do trabalho e dos seus
processos, através da observação, análise das tarefas mais simples e as formas de executá-las,
no intuito de aperfeiçoar sistematicamente e mensurar o “desempenho do trabalhador em cada
um desses elementos”, através do estudo de tempos e movimentos. (RIFKIN, apud
BRAVERMAN, 1987). Estas tarefas são rigorosamente padronizadas, conforme o tempo de
execução e os movimentos necessários para realizá-las, mensuradas por técnicos que utilizam
cronômetros e anotam os dados coletados, na busca de reduzir o tempo, a quantidade de
movimentos e proporcionar o aumento da produtividade.
A “Administração Científica” de Taylor promoveu a ideia da separação entre os
trabalhadores, conforme as atividades de cada área da empresa. De um lado a gerência, grupo
de empregados assalariados que trabalham nos escritórios que concebem as máquinas e
produtos a fim de manter o controle dos processos de trabalho. Do outro lado os grupos de
trabalhadores que realizam as tarefas para produção de produtos. Harvey (2014) demonstra
que esta forma de organização do trabalho foi amplamente aplicada nas indústrias:
A separação entre gerência, concepção, controle e execução (e tudo o que
isso significava em termos de relações sociais hierárquicas e de desabilitação
dentro do processo de trabalho) também já estava bem avançada em muitas
indústrias. (HARVEY, 2014, p. 121).
Consequentemente, isso gerou um aumento dos níveis hierárquicos nas fábricas e a
diferenciação das relações sociais numa mesma empresa conforme o posto ou a função que
cada trabalhador se situasse. (HARVEY, 2014, p. 121).
25
O taylorismo intensificou a divisão do trabalho através do fracionamento das etapas do
processo produtivo, de forma que o operário executasse tarefas ultraespecializadas e
repetitivas. Deste modo separou e diferenciou o trabalho considerado intelectual em relação
ao manual. Este segundo foi controlado pela gerência pelo tempo gasto em cada tarefa
executada na intenção de reduzir ao mínimo necessário. Uma das formas de motivar os
operários nas fábricas neste contexto, era a oferta de prêmios a quem produzisse maior
número de peças em menor tempo. (MACHADO, 2012, p. 28).
De acordo com Sennet (2005, p. 45), Taylor acreditava que as máquinas e o projeto
industrial de produção seriam complexos em uma empresa de grande porte. Com isso, o
engenheiro sugeriu que os trabalhadores não precisariam entender o processo industrial na sua
totalidade, e recomendou em seus estudos que “quanto menos os operários fossem distraídos
pela compreensão do projeto do todo, mais eficientemente se ateriam aos seus próprios
serviços”, promovendo a alienação dos operários.
O conceito moderno de eficiência, segundo Rifkin (1995, p. 52), originou-se no século
XIX no campo da termodinâmica, através de experiências em máquinas para obter maior
desempenho. Esse conceito estendeu-se às atividades humanas e nas que exigiam a interação
com as máquinas. Significou, de forma geral, “o máximo rendimento que podia ser produzido
no menor tempo possível, dispendendo a menor quantidade de energia, trabalho e capital no
processo”, aplicou-se na produção e no trabalho realizado por homens e máquinas no
processo produtivo. A popularização do conceito de eficiência, ou seja, alcançar o melhor
desempenho com o mínimo de erros, sob a perspectiva econômica, foi atribuído à Taylor
pelos princípios de “administração científica” difundidos em 1911.
Taylor tornou-se referência nas indústrias, principalmente pelos industriais, a ponto da
administração cientifica, de acordo com Rifkin (1995, p. 52), tornar-se padrão como forma
racionalizada de organização do trabalho na maioria das grandes fábricas, com vistas a
organizar o modo de trabalhar e obter maior produtividade. Suas ideias foram rapidamente
disseminadas para organizar a sociedade no início do século XX. Um dos instrumentos
utilizados para racionalizar o processo de trabalho foi o cronômetro, sendo divididas e
analisadas as tarefas de cada trabalhador nos menores componentes operacionais,
identificáveis visualmente por técnicos analistas no objetivo de mensurar e apurar o melhor
tempo possível na produção de peças de acordo com o estabelecimento de condições de
desempenho ótimas.
Estes estudos resultaram na aferição do desempenho operacional dos trabalhadores em
frações de segundo, calculados o tempo padrão, ou seja, os melhores tempos atingidos em
26
cada parte da tarefa do trabalhador e dos equipamentos. A mensuração do tempo padrão
torna-se um relevante indicador de produtividade nas empresas, pode variar com o tipo de
organização, atividade produtiva, maquinários, quantidade de trabalhadores necessários e a
velocidade para a realização de uma tarefa num processo produtivo.
Alguns componentes envolvidos na mensuração de medidas de tempo padrão são, por
exemplo, o tempo cronometrado necessário para realizar uma determinada tarefa, ponderando
ou não a situação, também abrangem os cálculos dos índices percentuais de fadiga dos
trabalhadores, necessidades pessoais de parada, demoras inesperadas na operação,
ambientação e tempo de configuração de uma máquina para produzir um determinado
produto.
Desta forma, segundo os estudos de Slack (2008), a composição do tempo padrão é
resultado do conjunto de duas medidas de cronometragem de tarefas operacionais, o tempo
padrão homem e tempo padrão máquina. A primeira mensuração se baseia no tempo gasto
que um trabalhador demanda na execução numa determinada tarefa, a segunda medida de
registro de tempo, denominado tempo padrão máquina, indica o tempo que um determinado
equipamento consome para executar uma única operação no processo produtivo.
A metodologia de mensuração da produtividade de Taylor, ocorria, de acordo com
Rifkin (1995), por meio de recomendações aos diretores das fábricas, sob a análise dos dados
coletados, com vistas a alterar os aspectos mínimos de desempenho, para economizar o tempo
de cada tarefa, através de segundos ou milissegundos na produção.
Para Braverman (1987, p. 82), a gerência científica, como ficou conhecida a forma de
organização do trabalho segundo as ideias de Taylor, significou um trabalho de pesquisa
intensivo no sentido de aplicar “os métodos da ciência aos problemas complexos e crescentes
do controle do trabalho nas empresas capitalistas” que estavam em processo de expansão no
início do século XX.
As atribuições da administração científica, segundo Rago e Moreira (1988, p. 14),
eram: treinar operários para trabalharem com os novos métodos, nos quais eles “explicam,
auxiliam, encorajam cada trabalhador individualmente, no mesmo tempo que controlam a
produção de cada um a fim de recompensar monetariamente aqueles que seguiram
corretamente as normas de trabalho impostas.”, ou seja, um jogo de premiações e punições no
ambiente de trabalho.
Para Mills (1969, p. 251), a aplicação da administração científica, através dos
profissionais de recursos humanos e das chefias, que pretendiam promover aos trabalhadores
o entusiasmo no ambiente de trabalho, dada a “percepção” dos empregadores de que os
27
empregados possuem “má vontade” em realizar espontaneamente suas tarefas, muitas vezes
padronizadas e repetitivas, e estipuladas pela própria gerência, indicou também a dificuldade
em ter trabalhadores satisfeitos nas organizações quando são mínimas as chances de ascensão
na hierarquia profissional.
Os estudos de Taylor em investigar a eficiência da produtividade nas fábricas, não
eram, segundo Braverman (1987, p. 83), especificamente em relação ao trabalho em seus
aspectos gerais, mas às necessidades do capital que obtém novas formas de acumulação. A
administração científica criada por Taylor apresentou novas técnicas de “organização do
trabalho através dos processos e do controle sobre ele”, estas desenvolvidas através do
cronômetro para acelerar o processo produtivo. Deste modo, o que está em jogo também é
uma clara verbalização do modo capitalista de produção.
Alguns dos princípios utilizados no taylorismo, segundo Braverman (1987), foram: a
captação do conhecimento tradicional dos trabalhadores para classificar, tabular e reduzir esse
conhecimento a regras, leis e fórmulas pelo administrador, separando o processo de trabalho
das especialidades dos trabalhadores. O trabalho cerebral deve ser banido das oficinas e
centrado na área de planejamento ou projeto, separando o processo de concepção e execução
de um trabalho operacional, distinguindo os trabalhadores pelos trabalhos mentais e manuais.
O trabalho dos operários é planejado pela gerência científica; estes controlam o processo,
através de instruções das tarefas a serem executadas, os meios utilizados e o tempo de
execução.
Os efeitos da implantação da administração científica nas fábricas foi o afastamento da
concepção e execução no processo de trabalho. Estes foram alocados em lugares distintos e
cada parte é realizada por grupos de trabalhadores diferentes. Em um determinado local da
fábrica são realizados os processos operacionais da produção; em outro, as áreas
administrativas e gerenciais, nos quais trabalhavam as pessoas “pensantes” do processo
produtivo, com trabalhos destinados à elaboração, planejamento, cálculo do projeto, e arquivo
de documentos. O processo produtivo de uma mercadoria é reproduzido, conforme
Braverman (1987, p. 112-113), inicialmente no papel como projeto, para depois ser
concretizada pela mão de obra em conjunto com as máquinas. O trabalho humano, antes de
ser solidificado, é idealizado na mente para depois ser executado e concretizado. No
taylorismo separaram-se grupos diferentes de trabalhadores e os gerentes científicos
controlam o processo. A distinção nas indústrias das funções dos processos produtivos e
administrativos, ou seja, “a separação de mão e cérebro” foi uma medida simples e decisiva
28
na divisão do trabalho sob o modo capitalista de produção, mas as duas partes continuam
necessárias à produção, desta forma o processo de trabalho retém sua unidade.
Uma das consequências da administração científica, conforme Taylor (1966, p. 114), é
o trabalhador tornar-se um autômato, ou seja, um robô humano, ou como o engenheiro
menciona: “um verdadeiro boneco de madeira” sem necessidade de pensar, resultado do
trabalho repetitivo, graças às instruções detalhadas elaboradas pela gerência científica na sua
operacionalização, tornando cômodo e fácil as tarefas para o trabalhador. O taylorismo
consistiu, de acordo com Pinto (2007, p. 36), numa forma de organização de trabalho. Um
sistema que exige uma especialização extrema das funções e atividades nas quais são
determinados quais são os equipamentos de trabalho utilizados em cada atividade, os
movimentos executados a cada instante, as operações intelectuais necessárias e os
comportamentos exigidos nessa condição em que é colocado o trabalhador.
Entre as características do taylorismo, duas se destacam, em razão da resistência e
conflito entre patrões e empregados no período inicial da utilização deste sistema nas fábricas,
de acordo com Rago e Moreira (1988, p. 24): a primeira consistiu no surgimento do analista
de tempos e movimentos, profissional que avaliava os movimentos, a forma de produzir e os
níveis de produtividade através do cronômetro, premiando os mais habilidosos e punindo os
menos produtivos por não atingir os índices estabelecidos pela gerência. A segunda
característica remete a remuneração individualizada dos salários, com bonificações aos
trabalhadores que excediam os níveis médios de produção, ocorrendo uma competição entre
os empregados. Também emergiu nas fábricas a função do apontador, encarregado de
registrar a produção de cada empregado.
A gerência científica desenvolvida por Taylor enfatizou o trabalho estudado de
maneira organizada. Seus resultados são atribuídos à análise dos tempos e movimentos de
forma sistemática. De acordo com os resultados obtidos, as fábricas estipulam o aumento
gradual de desempenho na produção de produtos e a “melhoria sistemática do desempenho de
cada um dos elementos mais simples de trabalho pelos trabalhadores”. (BRAVERMAN,
1987, p. 84).
O objetivo dos estudos de Taylor, segundo Braverman (1987, p. 107), foi diminuir os
custos de mão de obra dos trabalhadores em função da quantidade de produtos fabricados.
Uma das recomendações do engenheiro foi reduzir o tempo de treinamento dos operários e
fazê-los aumentar o volume da produção com tarefas simples sem exigir do trabalhador que
pensasse sobre a tarefa executada, tornando-a mecânica. Para Rago e Moreira (1988, p. 100-
101), na prática, é impossível exigir que um trabalhador realize um determinado trabalho por
29
um único método o tempo todo e no mesmo ritmo imposto pela gerência científica, pois “o
próprio funcionamento das normas e dos ritmos impostos dependem da aceitação do
trabalhador”. Logo, os gerentes buscam formas de convencer o trabalhador a trabalhar nas
condições impostas pelas organizações.
Na década de 1910, o engenheiro norte-americano Henry Ford, adotou em sua fábrica
de automóveis, a Ford Motor Company nos EUA, a forma de organização do trabalho
taylorista. Posteriormente ele reestruturou e aplicou novas formas de produção e de trabalho,
com inovações no processo, como a produção em formato de esteira. Estas mudanças
tornaram a forma de organização do trabalho distinta do modelo original taylorista e foi
popularmente chamado de modelo fordista, taylorista/fordista ou taylorfordista. Esta forma de
organização de trabalho influenciou a maioria das grandes empresas do mundo no século XX.
1.2 Fordismo
Um dos processos produtivos adotados, no contexto do capitalismo, desenvolvidos no
início do século XX foi o fordismo, influenciado a partir do sistema de produção taylorista e
aprimorado por Henry Ford e submetida a uma gerência científica como forma racionalizada
de gerir os recursos e alcançar o máximo de produtividade.
O fordismo, originário no início do século XX se caracterizou como uma nova
organização do trabalho criada por Henry Ford I no qual aprimorou o modelo taylorista de
produção e da forma de organização do trabalho através de inovações, para Lazzareschi
(2008, p. 45), uma delas foi a “instalação da esteira automática de produção ou sistema
automático de transporte de peças e ferramentas”, sua velocidade era determinada pela
gerência científica no intuito de intensificar o ritmo da produção, logo, as linhas de montagem
das fábricas produziam cada vez mais por meio do controle de matérias primas, energia,
transportes e formação de mão de obra utilizadas no processo de produção.
Segundo Mills (1969, p. 243), o fordismo consistiu de uma “divisão detalhada do
trabalho e significa, naturalmente, que o indivíduo não realiza do começo ao fim o processo
de produção até obter o produto final”, deste modo, o trabalhador, nestas condições de
trabalho, não conhece e não compreende toda a operação do processo fabril de um produto a
ser comercializado.
A data simbólica do fordismo, segundo as palavras de Ford (1954, p. 88), data em 12
de janeiro de 1914 “quando o salário mínimo se fixou em 5 dólares para oito horas de
trabalho”, a justificativa para esta mudança na política interna. De acordo com Harvey (2014,
30
p. 121), esta política interna consistiu como uma forma de “recompensa para os trabalhadores
da linha automática de montagem de carros que ele estabelecera no ano anterior” na fábrica
instalada na cidade de Dearbon, Michigan.
Esta forma de organização do trabalho se caracteriza, conforme Moraes Neto (1988, p.
36), numa “socialização da proposta de Taylor”, pois o engenheiro buscava administrar a
forma de execução de cada trabalho no nível individual, oposto ao fordismo, era realizada de
forma coletiva, isto significa que a “gerência científica” era analisada de forma coletiva pela
via da esteira, cuja velocidade era controlada pelos gestores com vistas à maior produção de
peças fabris em relação ao tempo do trabalho.
De acordo com as palavras de Henry Ford (1954):
“...O contramestre, estudando a operação, admirou-se de que consumisse três
minutos. Cronometrou os movimentos, e verificou que em 9 horas de
trabalho 4 se prendiam em vai e vens. Ainda que não saísse do seu posto, o
operário fazia uma série de movimentos para alcançar os materiais e pôr de
lado a peça pronta. A operação compunha-se de seis movimentos diversos...”
(FORD, 1954, p. 75).
O sistema de organização da forma do trabalho taylorfordista enfatiza a produção de
grandes volumes de produtos, ocasiona o ritmo acelerado de produção, crescimento sem
controle, uma gestão e produção centralizadora em que as ordens vêm do alto da hierarquia de
comando, o foco em especialização do trabalho por parte dos trabalhadores no qual cada
funcionário, tanto no chão de fábrica quanto no escritório, faz a sua função específica.
Em sua fábrica, Ford determinou que as tarefas executadas pelos operários fossem de
forma simplificada, sem liberdade de ação e obedientes a gerência sem possíveis
questionamentos. Segundo as palavras do industrial (1954, p. 91), “exigimos que os operários
executem o que se lhes ordena, nossa organização é tão especializada, e tão intimamente se
relacionam as partes, que nem por um momento poderíamos deixar aos operários a liberdade
de ação”, com isso, o operário trabalhava como um robô.
No fordismo, as empresas consideram os trabalhadores apenas como executores na
montagem de produtos, não interessando o que estes pensavam a respeito, a maioria dos
operários eram considerados pelo industrial, descartáveis, conforme exemplifica Ford (1954,
p. 75), no setor de fundição da fábrica, por exemplo, era composta de “5% de modeladores e
fundidores realmente especialistas. Os 95% restantes são apenas munhecas, ou operários
especializados numa só operação que até o mais estúpido homem consegue aprender em dois
31
dias”, ou seja, qualquer um poderia realizar o trabalho com nenhum ou pouco nível de
qualificação.
Este modelo de produção foi criticado inúmeras vezes, segundo Machado (2012, p.
28), devido aos problemas, como o grau reduzido de motivação dos trabalhadores,
comprometimento e criatividade. Ford exigia aos operários apenas os movimentos de
execução de uma determinada tarefa e quase nenhum espaço para o exercício da criatividade,
o excesso de burocracia dificultavam as mudanças nos processos de melhoria resultando em
baixa produtividade.
O tempo exigido de aprendizagem técnica para trabalhar em suas fábricas, segundo
Ford (1954), eram mínimos comparados ao tempo escolar, o que revelou pouca necessidade
de qualificação dos trabalhadores:
“Quanto ao tempo preciso para a aprendizagem técnica a proporção é a
seguinte: 43% não requerem mais que um dia; 36 requerem de um dia até
oito; 6, de uma a duas semanas; 14, de um mês a um ano ; 1, de um a seis
anos. Esta última categoria de trabalhos requer perícia – como a fabricação
de instrumentos e a calibragem.” (FORD, 1954, p. 91).
O taylorismo/fordismo tinham três princípios nos quais, conforme Machado (2012, p.
29), eram: Intensificação da produção, com o objetivo de reduzir o tempo de fabricação de
uma peça ou de sua montagem, com o emprego de insumos e equipamentos, para inserir
rapidamente os produtos acabados no mercado; Economia: ênfase na redução ao mínimo do
volume de estoque das matérias primas a serem transformadas; Produtividade: foco no
aumento da capacidade de produção do operário através da especialização da tarefa a ser
realizada num dos pontos específicos da linha de montagem.
No processo fordista de fabricação de produtos, ocorre a alienação, no sentido de
separação ou estranhamento, entre o trabalhador que produz e o produto final. Segundo Mills
(1969, p. 243) o “produto como objetivo de seu trabalho é separado dele, tanto do ponto de
vista legal quanto psicológico, e que essa separação tira toda a significação que ele poderia
encontrar na técnica de produção”. Desta forma, o modelo de produção fordista, tem como
uma das consequências alienar o trabalhador sobre o produto que está sendo fabricado, não
possuindo significado ao mesmo.
Conforme os estudos de Pinto (2007, p. 46), na forma de organização do trabalho
taylorista/fordista, as qualidades individuais do trabalhador, como competências profissionais
e educacionais, habilidades pessoais, criatividade e capacidade de iniciativa são dispensáveis
neste modelo, forçando assim o trabalhador a abstrair-se de sua própria vontade por uma boa
32
parte do tempo de sua vida, justamente no tempo do trabalho, deslocando estas
potencialidades humanas ao tempo dedicado ao lazer e hobbies.
Esta condição facilitou o fracionamento das atividades de trabalho e gerou uma
dependência dos indivíduos na sociedade, a forma de controle realizado nas fábricas através
da gerência científica acabou, conforme Dias (2010, p. 310), “reproduzido nos hospitais, nas
universidades, nas escolas e nas diferentes instituições e organizações”, ou seja, o sistema de
produção taylorista e fordista foi aplicado em todos os setores da economia.
A estrutura hierárquica na organização da forma de trabalho taylorista/fordista era
separada de acordo com Rifkin (1995, p. 102), por diversos departamentos, em cada um
existia o responsável que gerenciava um grupo de pessoas com determinada função ou
atividade na fábrica. Esta hierarquia era subordinada a níveis acima do comando e a
verdadeira autoridade estava nas mãos do “alto comando” da empresa.
Com isso, Harvey (2014), demonstra a forma de organização do trabalho fordista,
gerenciada de forma racionalizada, cujas tarefas eram separadas, uma hierarquia
organizacional verticalizada e os trabalhadores eram caracterizados em dois tipos: aqueles, em
sua minoria que gerenciavam, concebiam, controlavam o processo, e os demais em sua
maioria que executavam as tarefas para produzir mercadorias planejados pelos primeiros.
Henry Ford aprimorou as técnicas de produção e organização do trabalho servindo
como base às formas do gerenciamento científico de Taylor, ao fazer chegar ao trabalhador,
peças de montagem de produtos, permanecendo o operário em um local fixado próximo da
esteira para o acréscimo de componentes quando o produto passasse na sua frente, desta
forma ele conseguiu maior produtividade. (HARVEY, 2014, p.121).
Segundo as palavras de Ford (1954):
“Hoje todas as operações se inspiram no princípio de que nenhum operário
deve ter mais que um passo a dar; nenhum operário deve ter que se abaixar.
Os princípios da montagem são: 1º Trabalhadores e ferramentas devem ser
dispostos na ordem natural da operação de modo que cada componente tenha
a menor distância possível a percorrer da primeira à última fase. 2º Empregar
planos inclinados ou aparelhos concebidos de modo que o operário sempre
ponha no mesmo lugar a peça que terminou de trabalhar, indo ela ter a mão
do operário imediato por força do seu próprio peso sempre que isso for
possível. 3º usar uma rede de deslizadeiras por meio das quais as peças a
montar se distribuam a distâncias convenientes. O resultado destas normas é
a economia de pensamento e a redução ao mínimo dos movimentos do
operário, que sendo possível, deve fazer sempre uma só coisa com um só
movimento” (FORD, 1954, p. 70)
33
A distinção da forma de produção e trabalho entre o taylorismo do fordismo, de
acordo com os estudos de David Harvey (2014, p.121), foi o resultado da nova perspectiva
que Henry Ford aplicou em sua indústria, que a produção em massa de produtos significava
consequentemente o consumo de massa deste mesmo produto para a população, o que tornou
na época “um novo sistema de reprodução da força de trabalho, uma nova política de controle
e gerência do trabalho, uma nova estética e uma nova psicologia”, o que resulta em uma
sociedade de forma democrática, racionalizada, modernista e populista.
Harvey (2014, p. 122) descreve que o engenheiro Henry Ford realizou transformações
racionalizadas baseadas na forma de organização do trabalho taylorista, em determinados
pontos, dois destes foram: o tempo de trabalho de oito horas nas fábricas e o aumento salarial
dos operários para cinco dólares ao dia. Estas mudanças realizadas por Henry Ford foi
resultado de sua crença que o “novo tipo de sociedade poderia ser construído simplesmente
com a aplicação adequada ao poder corporativo”.
Isto significa que, somente com a dinamização da economia gerada pelas empresas,
tendo como exemplo as ações de Ford com seus funcionários, imaginou o industrial do setor
de automóveis, que poderia superar a crise econômica vigente na época, o que de fato não
ocorreu, desta forma foi necessário que o Estado ajudasse na economia com políticas
Keynesianistas. Estas políticas adotadas pelo Estado norte-americano, são descritas por
Lazzareschi (2008, p. 45), como “políticas de proteção às economias nacionais, de proteção
do emprego, de regulamentação das relações de trabalho, de fortalecimento dos sindicatos,
que garantiram a elevação dos salários e o consumo em massa”, estes fatores ajudaram a
consolidação do fordismo durante algumas décadas.
Para Harvey (2014, p. 122), estas mudanças ocorreram sob duas finalidades: obrigar
os trabalhadores se disciplinarem a trabalhar sob o ritmo da esteira na linha de montagem, o
que proporcionava alta produtividade. A segunda finalidade proposta por Ford foi
disponibilizar tempo e renda aos trabalhadores para dedicar um espaço de tempo, fora do
horário de trabalho, ao consumo dos mais diversos produtos produzidos em massa da sua e de
outras empresas, proporcionando a dinamização da economia.
Segundo as ideias de Ford (1954, p. 101), a distribuição dos salários considerados
altos possibilitaria o enriquecimento dos comerciantes, varejistas e, “os colaboradores de toda
ordem, e esta prosperidade se traduz por um acréscimo de procura dos nossos produtos”. De
acordo com Lazzareschi (2008), a perspectiva de Ford com seus funcionários era diferente em
relação a Taylor, ou seja:
34
“Ford, diferentemente de Taylor, considerava o trabalhador não apenas um
produtor de mercadorias, mas também um consumidor. Por isso, aumentou
os salários de seus trabalhadores e instituiu a jornada de oito horas como
incentivo ao consumo, além de distribuir alguns benefícios, como
restaurantes, transporte, hospital e assistência social, por ter compreendido
que a produção padronizada em massa, graças à nova organização do
processo de trabalho inaugurada em suas fábricas com a construção da linha
de montagem com esteira rolante – esteira de produção – requeria consumo
de massa”. .(LAZZARESCHI, 2008, p. 45).
Em outras palavras, Rifkin (1995, p. 24) demonstra que Ford propôs que os operários
deveriam ser remunerados suficientemente para adquirir produtos que eram produzidos por
outras empresas. Os operários que trabalhavam na fábrica da Ford recebiam, na época,
salários maiores comparados às outras indústrias, uma forma de estímulo a circulação de
produtos, consumo e o aumento da economia como um todo.
De forma sintética, Pinto (2007, p. 41) discorre o modelo taylorfordista como a
fabricação padronizada dos produtos em grande escala com custos de produção reduzidos e
contrabalançados pelo aumento do consumo, proporcionando a elevação da renda dos
trabalhadores em razão do aumento das vendas e dos lucros empresariais.
A tentativa de Ford em contribuir na resolução do problema da depressão econômica
nos Estados Unidos não foi suficiente devido à sua magnitude, com isso, segundo Harvey
(2014), o Governo adotou medidas para sanar a crise social e econômica nos EUA, através de
políticas keynesianistas, ou seja, do auxílio com recursos do Estado destinados à população,
através de políticas de bem-estar social, para alavancar a economia norte-americana.
O sistema taylorfordista de produção foi, conforme Hobsbawn (1995, p. 259),
replicado nas indústrias instaladas em outros continentes, nos EUA este princípio foi também
adotado em outros setores da economia, como comércio e serviços na oferta de bens e
serviços. Podemos citar um exemplo do setor imobiliário e alimentício, o caso mais
conhecido é o restaurante Mc Donalds. Com isto, mostra-se que a forma de organização do
trabalho fordista, proporcionou a produção em massa de bens e serviços, a democratização e
ampliação do mercado de consumo de massa.
As áreas administrativas das empresas também foram influenciadas ao modelo fordista
de produção, segundo Lazzareschi (2008), ao realizarmos uma analogia da esteira rolante
industrial com uma atividade nos escritórios, por exemplo, o “Office boy interno” nas
empresas, uma de suas atribuições é transportar documentos necessários ao andamento do
processo administrativo e operacional entre os diversos departamentos de uma organização.
35
A partir dos anos 60 do século XX, o sistema de produção taylorista/fordista se
deparou em crise, inicialmente nas economias dos países desenvolvidos e, posteriormente nas
economias em desenvolvimento, em resposta a este cenário, as organizações mudaram a
forma de acumulação do capital e foi desenvolvida uma nova forma de organização do
trabalho.
1.3 Crise do sistema Taylorista/ Fordista
O sistema produtivo e a forma de organização do trabalho taylorista/fordista,
empregado nas indústrias ao longo do século XX, baseou-se na produção em massa de
produtos de forma padronizada e homogeneizada, submetida pela gerência científica, cuja
estrutura administrativa era verticalizada, com diversos níveis hierárquicos e definidos de
forma sistemática.
A estrutura produtiva do taylorismo/fordismo baseou-se no trabalho parcelado e
fragmentado, manifestado pela decomposição das tarefas no processo produtivo, reduzindo a
ação dos trabalhadores a uma repetição de ações mecânicas e sujeitas ao cronômetro, cujo
resultado da coletividade resultava nos produtos acabados, este processo fez do trabalhador
um “apêndice” das máquinas nas indústrias. (ANTUNES, 2009, p. 38-39).
O sistema de acumulação flexível do capital tornou atrativo o investimento no
mercado financeiro em relação ao investimento produtivo sob o modelo fordista de produção.
Graças à inovação nos sistemas financeiros, realizados pelos grandes bancos multinacionais,
foi segundo os estudos de Harvey (2014, p.184), um “requisito necessário para superar a
rigidez geral, bem como a crise temporal, geográfica e até política peculiar em que o fordismo
caiu no final da década de 60”. Mostra-se evidente que essas inovações têm relação com o
aumento dos fluxos de capitais para “paraísos fiscais” e foi uma das alternativas para
compensar a queda dos índices de rentabilidade e produtividade percebidos nas empresas com
sede nos países desenvolvidos.
Uma das características centrais da passagem da forma de organização do trabalho
fordista/taylorista para forma de acumulação flexível, segundo Harvey (2014, p. 210), foi a
“destruição e reconstrução acelerada das habilidades dos trabalhadores”, porém nem todos
conseguiram acompanhar essas mudanças provocando o aumento do desemprego.
A mudança da forma de organização do trabalho, relacionada à produção de
mercadorias foi realizada de forma gradual, conforme as palavras de Harvey (2014, p. 257),
36
por dois fatores principais: “a rápida implantação de novas formas organizacionais e de novas
tecnologias produtivas”, como solução frente a rigidez do sistema fordista de produção aliado
às políticas keynesianistas, crise eclodida em 1973.
Graças às mudanças organizacionais de gestão, houve o aumento da velocidade da
produção, horizontalização na estrutura hierárquica das empresas, terceirização de áreas não
relacionadas ao negócio principal da empresa e a transferência de sede para locais menos
custosos entre outras alterações essas são as mais relevantes.
O sistema de gerenciamento de estoques e entrega just in time, reduziu o tempo de giro
de capital necessário à produção em diversos setores, tais como: eletrônica, máquinas,
automóveis, construção, vestuário etc. O efeito causado pelo processo de mudança da forma
de acumulação do capital, através da acumulação flexível, iniciado na década de 1970 sobre
os trabalhadores, resultou na intensificação dos processos de trabalho e uma aceleração do
período de desqualificação e requalificação necessárias para atender a demanda das novas
necessidades de trabalho.
Esta aceleração do tempo de desqualificação e requalificação da população
economicamente ativa, nem todos conseguirão acompanhar, isto significa que, de acordo com
Harvey (2004, p. 257), para um trabalhador continuar a vender sua força de trabalho e manter-
se no mercado de trabalho, deverá adquirir novos conhecimentos e desenvolver diversas
competências necessárias para garantir a sua empregabilidade em tempos de constantes
mudanças no mercado de trabalho.
Conforme os estudos de Antunes (2009, p. 31-32), diversos fatores desencadearam a
crise estrutural na produção fordista/taylorista, a acumulação de capitais na forma que operava
o sistema fordista de produção, apresentou, a partir do início dos anos de 1970, diversos
indícios de queda na acumulação do capital. Estes indícios foram elencados em seis situações
ocorridas nos aspectos econômicos e sociais inicialmente nos países desenvolvidos, na sua
maioria, pertencentes à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE):
Redução da taxa de lucro: um dos elementos percebidos, segundo os capitalistas como
um dos fatores que causaram a queda da lucratividade, foi o aumento do preço da
força de trabalho, ou seja, os salários dos trabalhadores estavam altos, resultado de
uma conquista durante o período pós 45, na relação do custo da mão de obra na
produção com o grau de lucratividade obtida, resultou a uma redução dos níveis de
produtividade do capital, decrescendo as taxas de lucratividade;
37
O esgotamento da forma de acumulação do capital sob o padrão de acumulação do
sistema taylorista/fordista. Este esgotamento foi consequência da incapacidade da
economia em responder à queda da taxa de consumo que se acentuava no final dos
anos 60, a queda de consumo teve como fator determinante o desemprego estrutural,
ou seja, a redução das vagas de emprego, cujas atividades eram feitas antes pelo
homem, foram sendo substituídas por máquinas ou outras novas tecnologias que
exigiam trabalhadores mais qualificados e em menor quantidade nas organizações;
Hipertrofia da esfera financeira, devido à queda da taxa de produtividade no setor
produtivo, os investidores acabaram priorizando o capital financeiro especulativo
acima dos investimentos no capital produtivo, tendo em vista que o primeiro trouxe
um maior retorno financeiro em relação aos investimentos no setor produtivo;
Maior concentração de capitais graças às fusões entre as empresas monopolistas, que
detinham o controle total de um determinado mercado e oligopolistas, um grupo
pequeno de empresas que detinham a maior parte de um segmento da economia.
Geralmente quando ocorre este tipo de concentração de capitais, o número de vagas de
emprego nessas empresas acabam se reduzindo;
A crise do Welfare State, ou mais conhecida como Estado de Bem-estar Social,
tratava-se de uma política adotada nos países desenvolvidos e em alguns países em
desenvolvimento, no sentido de dinamizar a economia através de benefícios aos
trabalhadores e aos cidadãos em geral. Esse modelo de política acabou gerando uma
crise fiscal do Estado capitalista e a urgência de redução de gastos públicos e a sua
transferência para o capital privado. Neste contexto, em países desenvolvidos como os
Estados Unidos, por exemplo, a saúde não é pública e a população deve possuir um
plano de saúde no mínimo básico, ou pagar os altos custos de utilização destes
serviços, como forma de reduzir gastos públicos e que, consequentemente, eleva o
investimento no capital privado;
Incremento acentuado do processo de privatizações, ou seja, a venda de empresas
geridas pelo Estado para a iniciativa privada, tendência generalizada às
desregulamentações e à flexibilização do processo produtivo dos mercados e força de
trabalho, através de novas formas de organização do trabalho nas quais se reduziam os
custos e a obtenção de taxas de maior produtividade e consequentemente maior
lucratividade do capital, como exemplo o início da disseminação do toyotismo nas
indústrias.
38
Outros fatores também favoreceram as mudanças no sistema de produção e trabalho
no capitalismo, além dos mencionados por Antunes (2009), tais como: o aumento da inflação
nos Estados Unidos; o mercado dos eurodólares; a crise do petróleo e a necessidade de
produção de bens não somente em massa de forma rígida conforme o modelo taylorfordista,
mas também de forma personalizada e em lotes. Com isso, enfraquece o modelo de produção
fordista e urge a adoção de outra forma de organização de trabalho para produção, oposto ao
modo até então vigente.
Complementando as ideias de Antunes (2009), Machado (2012, p. 30) apontou quatro
causas originárias da crise da forma de organização do trabalho taylorfordista:
Aumento das reivindicações sindicais, que alargaram seu poder de negociação com os
empregadores, estes questionaram alguns aspectos básicos da organização e gestão de
produção das indústrias, como: tempo padrão, ritmos da linha de montagem e horários
de trabalho dos operários;
Alto índice de recusa dos trabalhadores a determinadas formas de organização do
trabalho, especialmente aqueles com forte pressão de tempo, estes trabalhos eram
realizados cujas empresas não necessariamente se preocupavam com a segurança dos
trabalhadores, muitas vezes eram causas de acidentes no ambiente de trabalho;
Elevação do nível de instrução dos trabalhadores, abrindo possibilidades a outras
formas de trabalho ou emprego. Com isso, menos pessoas se sujeitaram ao trabalho
desqualificado nas linhas de montagem, os operários submetidos a esta forma de
organização de trabalho eram geralmente imigrantes, com baixo grau de instrução, que
se depararam com novas oportunidades de emprego na indústria;
Excessiva rigidez do sistema baseado na produção de produtos em massa, frente à
necessidade de soluções que exigiam maior flexibilidade para atender a crescente
diversificação e sofisticação da demanda de consumidores, cada vez mais exigentes
por novos produtos.
Deste modo, o sistema de produção taylorfordista demonstrou ser bem eficiente na
missão de expandir os mercados consumidores no ocidente. Este modelo possuía uma
estratégia de crescimento bem clara. Os produtos fabricados não eram diversificados em seus
modelos e cores, logo os consumidores consumiam os mesmos produtos, este foi o resultado
da produção em massa, forma de processo produtivo, considerada por Machado (2013, p. 30),
a “essência do industrialismo no início do século XX”.
39
A partir da década de 1970, percebeu-se a necessidade de evolução, sofisticação e
diversificação das demandas do mercado, o aumento da concorrência na oferta de novos
produtos e serviços transformou o comportamento do mercado, fez com que as indústrias
alterassem a sua forma de pensamento administrativo e induziu às mudanças na forma de
organização do trabalho, o foco passaria do processo produtivo ao cliente, das máquinas às
pessoas. (MACHADO, 2012).
Desde então, os fatores demonstrados por Antunes (2009), desencadearam a crise da
forma de organização de trabalho fordista/taylorista, também demonstrados por Mills (1969) e
Harvey (2014), considerado segundo os estudos de Hobsbawn (1995), como o fim da “era do
ouro” dos países capitalistas desenvolvidos.
Desta forma, demonstramos que no início dos anos 1970, em resposta a crise
econômica nos países desenvolvidos, emerge uma nova forma de acumulação do capital, em
conjunto com novas técnicas e formas de organização do trabalho, o toyotismo, que auxiliou
em promover as transformações da forma de acumulação do capital.
A forma de organização do trabalho taylorista/fordista, de acordo com Lazzareschi
(2008, p. 47), universalizou-se no período pós-segunda guerra em 1945 nos países capitalistas
e foi um dos principais fatores da rápida reconstrução da Europa Ocidental e Japão. Os
japoneses, por sua vez, inovaram na forma de aumentar sua produtividade e da maneira de
trabalhar nas suas fábricas através do toyotismo, que inaugura a “fase C ou Sistema
Automático de Produção”, sistema que outros autores denominam como produção flexível ou
enxuta.
Conforme os estudos detalhados de Castells (2016, p. 61-62), o modo de produção
capitalista passou por um processo de reestruturação iniciado nas últimas décadas, essas
transformações têm como características:
Flexibilidade de gerenciamento nos processos produtivos e do trabalho, por meio de
novas técnicas de gestão e produção em conjunto com novas tecnologias que reduzem
o número de trabalhadores em determinadas áreas da economia e em outras emergem
novas profissões;
Descentralização das organizações em relação à gestão, processos administrativos e
operacionais, formando assim negócios cuja composição é formada por empresas em
rede, tanto no ambiente interno quanto externo, através da relação de parcerias com
outras empresas;
Fortalecimento do papel do capital na relação com o trabalho, com o declínio da
influência dos movimentos de trabalhadores, como por exemplo, os sindicatos;
40
Processo de individualização e diversificação cada vez maior da força de trabalho
remunerada, geralmente em condições discriminatórias, por meio de metas para
alcançar níveis de produtividade com o recebimento de bonificações;
Intervenção estatal, por meio da legislação para desregular os mercados de forma
seletiva e desfazer o Estado do Bem-estar Social com diferentes intensidades e
orientações, dependendo da natureza das forças e instituições políticas de cada
sociedade, impactando na vida da população, principalmente os mais vulneráveis;
Crescimento da concorrência global em um contexto de progressiva diferenciação dos
cenários geográficos e culturais para a acumulação e gestão do capital, as empresas se
instalam em locais nos quais a mão de obra é mais barata e o Estado oferece também
benefícios fiscais.
A crise do modelo taylorfordista de produção e de trabalho impactou, conforme
Machado (2012, p. 19), de forma estrutural. A queda deste modelo eclodiu com a redução dos
ganhos de produtividade e representou o esgotamento do modelo como forma predominante
de organização do trabalho e de produção.
Este processo de transição da forma de organização do trabalho fordista para a
acumulação flexível, resultante da crise do modo de acumulação do capital, deveria implicar,
de acordo com Harvey (2014, p. 275) uma mudança nos “nossos mapas mentais, das nossas
atitudes” e também das instituições políticas.
Uma importante análise crítica, demonstrada por Lazzareschi (2008, p. 45), a respeito
da forma de organização taylorfordista são evidenciadas por duas questões cruciais na
sociedade, o conflito de classes nas sociedades capitalistas e o problema que o capitalista se
depara até o dia de hoje em “como obter a colaboração do trabalhador e fazê-lo trabalhar mais
e melhor?”. A priori, nenhuma pessoa deseja trabalhar para que o outro enriqueça, pela troca
de um salário que, muitas vezes, para uma parcela da população, não oferecem condições
dignas de sobrevivência, ou seja, para uma boa parte da população é preciso trabalhar para
sobreviver, mesmo a contragosto em relação a atividade exercida em uma organização.
Deste modo, o taylorismo/fordismo foi a forma que o capital, durante o século XX,
adotou para enfrentar as questões cruciais mencionadas anteriormente, mas da parte dos
trabalhadores, de uma forma ou de outra, surgem reações às condições impostas, através da
organização nos sindicatos ou movimentos para reivindicar suas demandas, algumas destas
reações tornam-se bem-sucedidas e resultam na melhoria das condições de trabalho e vida.
41
As consequências da crise, segundo Pinto (2007, p. 60), resultaram no aumento do
desemprego, o enfraquecimento dos sindicatos, que foram atingidos pelo fracionamento da
composição da classe trabalhadora e sua recolocação em diversos setores econômicos.
Um dos maiores desafios que se confronta com o capital, de acordo com Lazzareschi
(2008), é a conciliação de interesses divergentes entre os trabalhadores e os proprietários dos
meios de produção, na busca de esforços conjuntos por meio dos gestores das organizações,
governos e trabalhadores em promover o desenvolvimento e a redução da desigualdade social.
1.4 Mudanças na forma de acumulação do capital: o Toyotismo
As mudanças no modo de acumulação do capital e da organização da forma de
trabalho ocorreram a partir do final da década de 60 e início da década de 1970 nos países
considerados desenvolvidos. Esta outra forma ou modelo de produção Harvey (2014)
denomina como modo de acumulação flexível que é diferente do modo taylorista-fordista de
produção e acumulação do capital.
Para Harvey (2014, p. 140) a acumulação flexível do capital é marcada pelo confronto
direto com as ideias de rigidez na forma de produção e organização da forma de trabalho
fordista, pois ela se sustenta na flexibilidade dos processos do trabalho, dos mercados de
trabalho, dos produtos que são produzidos e dos padrões de consumo.
Consequentemente, a acumulação flexível teve como algumas características, o
aparecimento de novos setores de produção, com novas formas de fornecimento de serviços
financeiros, novos mercados consumidores e altas taxas de inovação do setor comercial,
tecnológica e organizacional.
Esta mudança na forma de acumulação do capital, como demonstra Harvey (2014),
envolveu rápidas mudanças nos padrões de desenvolvimento desigual, considerando tanto
setores como regiões geográficas, criando um aumento de empregos no setor de serviços e
conjuntos de indústrias em regiões consideradas subdesenvolvidas.
Durante a segunda metade do século XX, foram adotados alguns processos mais
sofisticados de produção de bens com objetivo de proporcionar maior lucro e produtividade
nas empresas, resultando em mudanças na forma de organização do trabalho e do perfil do
trabalhador que atuará nessas organizações.
O início dos anos 1970, o modo de produção capitalista, manifestado pela decadência
do modo de organização do trabalho taylorfordista, resultou numa crise de estrutura do
42
capital. Na busca de recuperar o ciclo produtivo de acumulação e recuperar o seu projeto de
dominação da sociedade, o capital como resposta, de acordo com Antunes (2009, p. 49),
“implementasse um vastíssimo processo de reestruturação” com vistas a sanar problemas
evidenciados pela crise como por exemplo, a confrontação e conflitos da relação entre o
capital e trabalho, que poderia fragilizar os pilares da sociedade.
Essas transformações ocorridas nos processos de produção a partir dos anos 1970
foram decorrentes das transformações tecnológicas na forma de organização do trabalho com
o objetivo de aumentar a produtividade das empresas, desta forma o mercado de trabalho
exigiu o aprendizado e o desenvolvimento de novas competências profissionais por parte dos
trabalhadores.
A forma de organização do trabalho, resultante do modo de acumulação flexível,
através da reestruturação produtiva é mais conhecida como toyotismo ou produção enxuta,
idealizado pelo engenheiro mecânico Taiichi Ohno, que aplicou o seu modelo de gestão na
fábrica de automóvel Toyota no Japão. O modelo de gestão e forma de organização e trabalho
desta indústria tornou-se a via japonesa de crescimento econômico no período pós-45 e que
“muito rapidamente se propaga para as grandes companhias daquele país”. (ANTUNES,
2009, p. 56-57).
O sistema fordista de produção de produtos em massa disseminou-se das fábricas de
automóveis para outras indústrias e outros tipos de empresas como comércio e serviços em
todo mundo, foi por décadas a melhor forma de condução na expansão dos negócios. Porém,
no pós-guerra surge no Japão, como mostra Rifkin (1995, p. 102), novas formas de trabalho e
processos de produção diferentes da forma norte-americana de produção e de organização do
trabalho através da empresa Toyota e seu “novo processo gerencial era denominado de
produção enxuta”, outros autores mencionados neste trabalho denominam de toyotismo.
Ao contrário do modelo taylorista/fordista de produção, o toyotismo, derivado do
sobrenome do seu fundador Sakichi Toyoda, trata-se, de acordo com Coriat (1994, p. 30-31),
um sistema adaptável à produção, com custos reduzidos, de pequenas séries de produtos
diferenciados e variados.
O processo de produção e forma de trabalho toyotista de organização do trabalho tem
como algumas características, de acordo com Antunes (2009, p. 57), a racionalização do
processo produtivo, atrelada ao forte disciplinamento da força de trabalho dos trabalhadores
resultando na sua intensificação, tornando-se uma nova opção na forma de acumulação do
capital, diferente do modelo fordista de produção.
43
O toyotismo enfatiza o trabalho em equipe e desta forma ocorre de acordo com os
estudos de Antunes (2009, p. 58) uma “intensificação da exploração do trabalho do
trabalhador”, por ele operar várias máquinas ao mesmo tempo, pela velocidade da cadeia
produtiva, isto significa que há uma intensificação do ritmo produtivo dentro do mesmo
tempo de trabalho ou até mesmo quando este se reduz. Este modo de organização do trabalho
diferencia-se do fordismo, pelo fato de que o trabalhador, para trabalhar em uma organização,
exige qualificação e aquisição de conhecimentos, o que gera uma situação contrária ao
sistema fordista, à apropriação intelectual dos trabalhadores no processo produtivo, e mostra-
se, portanto, um contexto favorável ao capital para a sua acumulação e rentabilidade.
O sistema toyotista de produção mostrou-se, de acordo com Antunes (2009, p. 60),
como a “mais avançada experiência de reestruturação produtiva” do capital, este modelo
originou-se do fordismo japonês e transformou-se numa nova forma de acumulação
capitalista. Este sistema foi capaz de gerar um grande avanço no modo de produção no Japão,
que, mesmo derrotado na segunda guerra mundial, a partir do período pós-guerra foi
reconvertido gradualmente à condição de país de grande destaque no mundo capitalista no
final dos anos 1970.
Reconheceu-se, desse modo, que não adianta introduzir robôs e tecnologia
avançadas, sem a equivalente qualificação e preparação de sua força de
trabalho. As transformações humanas e organizacionais devem caminhar
passo a passo com as mutações tecnológicas. Essa assimilação do toyotismo
vem sendo realizada por quase todas as grandes empresas, a princípio no
ramo automobilístico e, posteriormente, propagando-se também para o setor
industrial em geral e para vários ramos do setor de serviços, tanto nos países
centrais quanto nos de industrialização intermediária. (ANTUNES, 2009, p.
61).
Alguns elementos do toyotismo são elencados por Machado (2012, p.32) para
entendermos melhor as suas características. A flexibilização da produção das mercadorias é o
elemento central da forma de organização do trabalho toyotista, cuja produção é estritamente
relacionada com a demanda. Desta forma, os estoques são mínimos ou inexistentes, processo
este chamado de just in time.
No toyotismo, trabalha-se com a fabricação de pequenos lotes de produtos para
atender a demanda e com altos níveis de qualidade, ou técnica de gestão mais conhecida como
qualidade total, cujo foco é a relação de todas as fases do processo produtivo. Como fator para
motivar os trabalhadores, uma parte do corpo de funcionários obtiveram empregos vitalícios,
todos com oportunidade de plano de carreira, sendo que o critério principal para as promoções
44
é o de antiguidade e os funcionários passam a ter direito a participação de uma parte dos
lucros anuais.
Alguns dos pontos fortes que o toyotismo possui e que se evidenciam são: a
capacidade de captar as necessidades do mercado consumidor cada vez mais exigente,
demandando produtos diversificados; e o seu poder de adaptação constante em relação às
mudanças tecnológicas que ocorrem com maior rapidez. Neste modelo, o sistema de vendas
dos produtos acaba gerando uma relação de longo prazo derivado da construção da
credibilidade e confiança dentro da cadeia produtiva, tornando-se funcional e ágil.
Com a crise do petróleo nos anos 1970, resultado do aumento brusco do preço do
barril no mercado internacional, as organizações que aderiram ao toyotismo obtiveram uma
considerável vantagem competitiva, neste modelo proporcionava uma redução no consumo de
energia e matérias primas, o contrário do sistema fordista de produção. As empresas que se
adaptaram as formas de organização do trabalho, transformando os seus processos fordistas
em toyotistas, acabaram conquistando novos mercados no cenário mundial, graças a sua
competitividade.
Neste sentido, Antunes (2009) mostra que as empresas buscam desenvolver o aumento
da sua produtividade, auferir lucros e expandir o seu capital. Uma das formas de produção no
qual se destaca, pelos resultados obtidos, em comparação ao fordismo, é o chamado
toyotismo, originário da indústria japonesa automobilística Toyota no período após o término
da Segunda Guerra Mundial em 1945.
Este conceito sobre o sistema de produção toyotista é reforçado por Castells (2016), o
qual discorre sobre a mudança no modo de produção capitalista ser o resultado da
adaptabilidade do sistema em relação às formas ou modo de trabalho e de produção. Um dos
princípios desta forma de organização do trabalho, segundo Rifkin (1995, p. 103) foi a
combinação de novas técnicas gerenciais com o desenvolvimento de máquinas mais
sofisticadas com a finalidade de produzir mais com menos recursos e mão de obra através da
eliminação da tradicional hierarquia gerencial, substituindo por equipes polivalentes que
trabalham conjuntamente no próprio local da produção.
Com isso, os engenheiros de projeto, programadores e operários interagem
compartilhando ideias e tomando decisões conjuntas na fábrica. Desta forma, o modelo da
gerência científica, baseada nas ideias de Taylor é superado, com a implementação de uma
filosofia de base cooperativa, com o objetivo de aproveitar o capital intelectual e a experiência
prática dos envolvidos no processo produtivo.
45
Como exemplo de comparação entre o fordismo e o toyotismo, na forma de
organização do trabalho taylorista/fordista de produção em massa, Rifkin (1995, p.104)
descreve que, a área de pesquisa e desenvolvimento eram separados do ambiente de “chão da
fábrica” e instalados num laboratório, lá os “cientistas e engenheiros projetam no laboratório
os novos modelos e as máquinas para produzi-los e, então, introduzem as modificações na
fábrica”, com as instruções detalhadas e os cronogramas para a sua fabricação, determinando
também o papel dos trabalhadores nos departamentos, que podem ser convidados a participar
do projeto de novos carros, mas este processo é controlado rigidamente pelos engenheiros nas
empresas automobilísticas norte-americanas.
No caso do toyotismo, a engenharia torna-se cooperativa, seguindo o conceito de que
todos os envolvidos no projeto (produção, distribuição, marketing e vendas) de um novo
automóvel devem participar no processo de desenvolvimento segundo Rifkin, (1995, p.104),
para “assegurar que as necessidades específicas de um departamento sejam levadas em
consideração e para ajudar a identificar dificuldades potenciais antes do início da produção
em larga escala”. Em suma, as empresas japonesas descobriram que incluindo todos no
estágio de design, os custos podem ser mais reduzidos e a qualidade aprimorada.
Uma das tecnologias de gestão utilizadas no toyotismo é o conceito de
aperfeiçoamento contínuo, chamado de Kaizen, que tem como objetivo o desenvolvimento da
melhoria contínua nos processos de produção e de trabalho e é considerada a chave do
sucesso dos métodos japoneses de produção.
Ao contrário do sistema norte-americano de produção, no qual as inovações eram
feitas raramente, o sistema de produção japonês foi projetado para propor mudanças e
aperfeiçoamentos constantes nas suas operações diárias. Para alcançar o kaizen, a gerência
aproveita a experiência dos trabalhadores, valorizando a solução de problemas.
Vejamos como exemplo da aplicação da forma de gerenciamento Kaizen a seguinte
situação: Os trabalhadores no ambiente da fábrica trabalham em equipe e possuem mais
liberdade e têm mais liberdade sobre o processo de produção. No caso da ocorrência de
quebra em uma máquina ou ocorrer a redução do ritmo de produção, a própria equipe de
operários providenciam o conserto do referido equipamento e eliminam os “gargalos” do
processo produtivo, ou seja, o impedimento do fluxo de uma parte do processo de produção
da fabricação de um produto. Logo, mostra-se evidente que se trata do oposto da forma de
organização do trabalho taylorfordista que, nesta mesma situação, seria necessário notificar o
supervisor imediato para depois este convocar técnicos para consertar o equipamento.
46
O resultado da ferramenta gerencial Kaizen é um número reduzido de paralisações e
um fluxo de produção mais uniforme na linha de produção, devido aos trabalhadores
próximos deste processo estarem preparados para prever e na ocorrência de problemas,
resolvê-los da maneira mais rápida. (RIFKIN, 1995, p. 104).
No toyotismo, o trabalho em equipes gera maior eficiência, ou seja, de conseguir o
melhor desempenho com o menor gasto de recursos, através de trabalhadores
multiqualificados, motivados e versáteis nas várias tarefas existentes, o que, neste sentido leva
a maior entendimento do processo de fabricação geral, detectando os problemas e
solucionando baseado no conhecimento da equipe com vistas à melhoria contínua.
Na forma de organização de trabalho taylorista/fordista, a tomada de decisão é
transferida para os altos escalões da hierarquia organizacional, ocorre o oposto no modelo
toyotista na qual se procura, segundo Rifkin (1995, p. 105), “empurrar o poder da decisão cada
vez mais para baixo na escala hierárquica, tão próxima quanto possível do ponto de
produção”. Desta forma, no ambiente de trabalho gera um clima mais igualitário reduzindo-se
os atritos na relação entre a gerência e os operários.
Existe também um compartilhamento no uso do refeitório e estacionamento entre os
trabalhadores de distintos níveis hierárquicos, os mesmos utilizam uniformes de empresa, os
postos de trabalho dos gerentes ficam no mesmo local onde os operários trabalham, os
mesmos são recrutados diretamente da força de trabalho, consequentemente conhecem os
processos, as necessidades e os membros da equipe que irão liderar.
Outro ponto importante no sistema toyotista de produção, são os chamados Círculos
de Controle de Qualidade (CCQ), sua prática consiste em reunir alguns trabalhadores para
discutir práticas de melhoria contínua sobre o processo de produção.
O modelo de produção japonês enfatiza, no seu processo produtivo, uma tecnologia de
gestão baseada na produção de mercadorias conforme a demanda e sem a necessidade de
grandes estoques, mais popularmente chamada de “produção just-in-time, ou produção sem
estoques”. De acordo com Rifkin (1995, p. 106), a origem da ideia da redução de estoques nas
fábricas japonesas, originou-se de uma visita realizada pelo fundador da Toyota, Sakichi
Toyoda aos Estados Unidos da América nos anos 1950.
De acordo com Pinto (2007)
“Em termos de processos produtivos internos às empresas, organizar a
produção sob o regime Just-in-time significa que, na montagem de um
produto, todos os seus componentes, fabricados em processos distintos de
submontagem, devem chegar aí no momento exato e na quantidade
47
estritamente necessária, sem a formação de estoques nem tempo de espera
entre os postos de trabalho”. (PINTO, 2007, p. 76).
O senhor Toyoda, ideólogo da fábrica japonesa de automóveis, ficou impressionado
com a forma que os grandes supermercados americanos gerenciavam seus produtos com
baixos ou até sem estoques, esta admiração foi superior aos processos fabris do setor
automobilístico ao ponto de conseguir adotar esta forma de gestão de estoques em sua fábrica.
Já o modelo de produção fordista, mostra-se o contrário do modelo japonês, sendo
mais oneroso. A forma de produção e estocagem é chamada de just-in-case, ou seja, o
gerenciamento de grandes volumes de estoques de peças e equipamentos para toda a linha de
produção, no caso de precisar substituir possíveis peças ou equipamentos defeituosos.
Os princípios do toyotismo ou da administração enxuta, tem como ênfase os processos
de organização de produção e trabalho, diferente do sistema fordista, este enfatiza a estrutura
e a função dos trabalhadores. Deste modo, Rifkin (1995, p. 107), aponta que o sistema
japonês de organização do trabalho torna-se adequado ao aproveitamento das novas
tecnologias da informação baseadas em computador. Atualmente a produção em algumas
fábricas são praticamente automatizadas, com poucos trabalhadores operando as máquinas e
sua estrutura é semelhante aos laboratórios como local de estudos e experiências com enfoque
na melhoria contínua dos processos.
O toyotismo, ou a produção enxuta segundo Rifkin (1995, p. 104), as áreas de trabalho
“torna-se efetivamente o laboratório de pesquisa e desenvolvimento”, ou seja, um local de
trabalho onde se combinam a experiência de cada pessoa com o conhecimento aprendido,
com a finalidade de aperfeiçoar os processos produtivos, melhorando assim a qualidade do
produto final.
Este pensamento de aperfeiçoamento contínuo nos processos organizacionais,
incluindo todos os setores da economia, gerou novas profissões e novos empregos
relacionados à área da gestão da qualidade. As empresas que atendem os requisitos técnicos
originários das tecnologias de gestão japonesas alcançam mercados globais.
Além disso, a forma de organização do trabalho no decorrer dos anos foi acrescida de
tecnologia desenvolvida tanto da utilização de mão de obra mais qualificada quanto da
operacionalização de equipamentos mais sofisticados.
Com isto, as atividades do mundo do trabalho na contemporaneidade também foram
alteradas, como reflexo deste cenário, Castells (2016) demonstrou que as novas tendências da
mão de obra, no contexto das mudanças na forma de organização do trabalho são: a crescente
48
flexibilidade da mão de obra, o crescimento de ocupações profissionais nas quais são exigidas
um alto nível educacional, e, por outro lado, empregos de baixa qualificação. Estas tendências
de mão de obra proporcionaram dois tipos de trabalhadores segundo Castells: o de mão de
obra autoprogramável e o de mão de obra genérica.
Castells (2016) demonstra a importância do processo de trabalho em uma sociedade
em rede que é o resultado de transformações tecnológicas, administrativas e das relações
produtivas no ambiente interno e externo das empresas na qual “o paradigma informacional e
o processo de globalização afetam a sociedade em geral”. (CASTELLS, 2016, p. 267).
Desta forma, Antunes (2009, p. 56-57) demonstra as diferenças do toyotismo em
relação ao fordismo que pode ser demonstrado através do quadro 1 abaixo:
Quadro 1
Comparativo da forma de organização do trabalho taylorista / fordista em relação ao modelo Toyotista. Fordismo Toyotismo
Produção em série e de massa Produção vinculada à demanda visando atender às
exigências mais individualizadas dos clientes.
Trabalho com caráter parcelar e funcional Trabalho operário em equipe, com multivariedade de
funções.
Cada homem manuseava em seu trabalho apenas
com uma máquina ou a permanência em um lugar
fixo na esteira da linha de produção.
Produção se estrutura num processo flexível, que
possibilita ao operário operar simultaneamente várias
máquinas.
Grandes estoques de materiais papa a produção
“just-in-case” (por precaução)
Princípio do Just in time, com o melhor aproveitamento
possível do tempo de produção funciona sob o sistema
kanban, sinalização por placas ou senhas de comando para
reposição de peças e de estoque que são mínimos.
Verticalidade dos níveis organizacionais com
vários níveis hierárquicos.
Estrutura horizontalizada de organização.
Desprezo pelo capital cognitivo do trabalhador. Círculos de Controle de Qualidade (CCQs), (grupos de
trabalhadores instigados pelo capital a discutir seu trabalho
e desempenho, com vistas a melhorar a produtividade das
empresas, convertendo-se num importante instrumento de
apropriação do capital intelectual e cognitivo do
trabalhador).
Alta rotatividade e incertezas na empregabilidade “emprego vitalício” para cerca de 25% a 30% da
população trabalhadora, se presenciava a exclusão das
mulheres e com ganhos salariais vinculados ao aumento da
produtividade.
Fonte: Antunes (2009, p. 56-57). Elaborado pelo autor.
O quadro 2 mostra as diferenças, de acordo com Harvey (2014), entre o taylorismo/
fordismo e o Toyotismo, especificamente em relação a forma de organização do trabalho:
49
Quadro 2
Diferenças ente o fordismo e toyotismo em relação às formas de organização do trabalho
Trabalho Produção fordista
(baseada em economias de escala)
Produção Just-in-time
(baseado em economias de escopo)
Realização de uma única tarefa pelo trabalhador Múltiplas tarefas
Pagamento pro rata (baseado em critérios da definição do
emprego)
Pagamento pessoal (sistema detalhado de
bonificações)
Alto grau de especialização de tarefas Eliminação da demarcação de tarefas
Pouco ou nenhum treinamento no trabalho Longo treinamento no trabalho
Organização vertical do trabalho Organização mais horizontal do tabalho
Nenhuma experiência de aprendizagem Aprendizagem no trabalho
Ênfase na redução da responsabilidade do trabalhador
(disciplinamento da força de trabalho)
Ênfase na corresponsabilidade do trabalhador.
Nenhuma segurança no trabalho Grande segurança no emprego para trabalhadores
centrais (emprego perpétuo) Nenhuma segurança
no trabalho e condições de trabalho ruins para
trabalhadores temporários
Fonte: Harvey (2014) apud Swyngedouw (1986).
No quadro 3 comparam-se as diferenças entre o taylorfordismo e o toyotismo em
relação ao processo de produção de mercadorias Harvey (2014):
Quadro 3
Comparação entre o fordismo e toyotismo em relação ao processo de produção
Processo de Produção Produção fordista
(baseada em economias de escala)
Produção Just-in-time
(baseado em economias de escopo)
Produção em massa de bens homogêneos Produção em pequenos lotes
Uniformidade na padronização Produção flexível e em pequenos lotes de uma
variedade de tipos de produto
Grandes estoques e inventários Sem estoques
Testes de qualidade ex-post (detecção tardia de erros e
produtos defeituosos)
Controle de qualidade integrado ao processo (detecção
imediata de erros)
Produtos defeituosos ficam ocultados nos estoques Rejeição imediata de peças com defeito
Perda de tempo de produção por causa de longos
tempos de preparo, peças com defeito, pontos de
estrangulamento nos estoques, etc.
Redução do tempo perdido, reduzindo-se “a
porosidade do dia de trabalho”
Voltada para os recursos Voltada para a demanda
Integração vertical e (em alguns casos) horizontal Integração (quase) vertical, subcontratação.
Redução de custos através do controle dos salários Aprendizagem na prática integrada ao planejamento a
longo prazo.
Fonte: Harvey (2014) apud Swyngedouw (1986).
O toyotismo foi positivo aos interesses do capital para realizar a sua reestruturação
produtiva, iniciada nos anos 70, devido a crise do sistema taylorfordista de produção. Estas
mudanças, para a incorporação do toyotismo, segundo Antunes (2009, p. 59), foram
ocorrendo de forma adaptada e escalas diferentes em cada país “de acordo com as suas
condições econômicas, sociais, políticas, ideológicas” e sua posição dentro do cenário
50
relacionado à divisão internacional do trabalho e dos movimentos sindicais e das condições do
mercado de trabalho.
A estrutura de trabalho nas empresas baseadas na acumulação flexível conforme
Harvey (2014) mostra estar em concordância com as ideias de Castells (2016), demonstrando
que na dinâmica do sistema de produção toyotista, ocorre a interação de empresas em formato
de rede, devido a sua interdependência decorrente do processo produtivo.
Para Coriat (1996, p. 13), são evidentes as vantagens do Ohnismo ou Toyotismo, que
consiste em, conjugar nas organizações, a produtividade e qualidade, através da construção de
políticas internas, nos quais os trabalhadores são necessariamente qualificados, polivalentes e
responsáveis pelo seu ambiente de trabalho.
Para a manutenção do modo de produção vigente, Hobsbawn (1995, p. 404) salienta
que o valor do custo do trabalho humano não pode ser reduzido abaixo do valor do custo
necessário para manter a sobrevivência desses seres humanos em um nível mínimo aceitável
em sua sociedade, ou na verdade em qualquer nível social de qualquer sociedade, pois todos
os seres humanos não foram projetados para um sistema capitalista de produção.
Desta forma, quanto mais alta a tecnologia utilizada em um processo produtivo, mais
caro será o componente humano no processo de produção, em comparação ao mecânico. Isto
significa que o homem necessita acompanhar a tecnologia, através do conhecimento, se
qualificando e desenvolvendo competências necessárias para o mercado de trabalho.
De acordo com os estudos de Lazzareschi (2008, p. 11), a reestruturação produtiva do
capital proporcionou o desenvolvimento das tecnologias da informação, e o desenvolvimento
de novas técnicas de gerenciamento, oriundas das práticas japonesas de organização, inseridas
no processo do trabalho, como exemplos podemos elencar o toyotismo, a redução e ou a
eliminação dos estoques como o Just in time e o sistema de organização de demandas de
produção, o Kanban (PINTO, 2007), conforme explica o autor:
“No âmbito interno das fábricas, esses fluxos de informação e de materiais
foram possibilitados pela elaboração de um dispositivo mecânico que
conduzia caixas no sentido inverso da produção (ou seja, dos postos
posteriores aos anteriores), contendo cartazes (kanban em japonês) com
informações sobre a quantidade necessária de alimentação dos postos
subsequentes, ao mesmo tempo em que outras caixas passaram a circular no
sentido normal do fluxo produtivo (dos anteriores aos posteriores),
carregadas das peças ou materiais encomendados por cada um desses postos.
Tratava se do sistema kanban”. (PINTO, 2007, p. 78-79).
51
O mercado de trabalho, segundo Harvey (2014, p. 143), passou por uma
reestruturação, o comportamento volátil do mercado, crescimento da competitividade e da
redução das margens de lucro. Assim, os capitalistas aproveitaram-se do “enfraquecimento do
poder sindical e da grande quantidade de mão de obra excedente (desempregados ou
subempregados) para impor regimes e contratos de trabalho mais flexíveis”, com o objetivo
de atender as necessidades das organizações com uma tendência da redução do emprego
regular e o aumento do trabalho em tempo parcial, temporário ou subcontratado. O resultado é
uma estrutura de mercado de trabalho mostrado na figura 1 a seguir, no qual o número de
empregados do grupo central, conforme os estudos de Harvey (2014, p. 143) tendem a se
reduzir nas empresas, sendo compostos de trabalhadores “em tempo integral, condição
permanente e posição essencial para o futuro de longo prazo da organização” e têm
estabilidade no emprego, perspectivas de promoção e reciclagem, vários benefícios atrativos.
Esse grupo que atende à expectativa das grandes empresas deve possuir fundamentalmente o
perfil de “ser adaptável, flexível e, se necessário geograficamente móvel”. No caso de
dispensa deste tipo de funcionário, a empresa pode realizar subcontratações, por exemplo, nas
áreas de propaganda e administração financeira, com isso, o número de empregados
pertencentes ao grupo central torna-se reduzido.
O grupo periférico da figura 1 é composto por dois subgrupos com características
diferentes. O primeiro consiste em trabalhadores cujas funções e habilidades são facilmente
disponíveis no mercado de trabalho, caracterizam-se em estar em postos de trabalho com uma
alta taxa de rotatividade. O segundo grupo periférico, é composto de empregados com maior
flexibilidade, os que trabalham em tempo parcial, temporários, estes possuem menos
segurança em relação ao primeiro subgrupo periférico e crescem o número de empregados
que se enquadram nesta categoria.
52
Figura 1. Estruturas do mercado de trabalho em condições de acumulação flexível
Fonte: Harvey (2014, p. 143) apud Flexible Patterns of Work, editado por C. Curson, Inst. of Personnel
Management (1986).
As novas formas de organização do trabalho implantadas pelo capital tiveram como
consequência para a sociedade a desestruturação dos mercados de trabalho, a extinção de
muitos empregos e a criação de outros, cujas condições de exercer estes novos postos de
trabalho é por meio do desenvolvimento de novas competências profissionais, diferentes das
exigidas no modelo taylorfordista. Outras implicações que emergiram do resultado da
reestruturação produtiva foram o aumento do número de empregos em condições precárias
das relações de trabalho, como exemplos podem ser citados: a jornada parcial de trabalho, o
contrato temporário de trabalho, o banco de horas, a terceirização, todas essas consequências
trazem grande sofrimento humano. (LAZZARESCHI, 2008).
A reestruturação produtiva, iniciada na década de 1970, alterou o modo de acumulação
do capital e a forma de organização do trabalho do taylorismo /fordismo para o toyotismo. Em
consequência desta transição, emerge a necessidade de um novo perfil de trabalhador, que
deve estudar sempre para se manter atualizado e qualificado, conforme as palavras de
Antunes (2009, p. 50), de “um trabalhador mais qualificado, participativo, multifuncional,
polivalente, dotado de maior realização no espaço do trabalho”. E, segundo Pinto (2007):
“A ideia era permitir que os trabalhadores adquirissem o conhecimento,
executassem e passassem a se responsabilizar por várias fases do processo
produtivo total, o que lhes possibilitaria desenvolver múltiplas capacidades,
53
que, ao final, seriam reaproveitadas no cotidiano de seu trabalho, com
aumento da produtividade” (PINTO, 2007, p. 76).
Segundo Coriat (1994), uma das principais diferenças do taylorismo/ fordismo em
relação ao toyotismo, no que concerne a importância dos saberes dos operários, evidencia-se a
necessidade de mudança do perfil do trabalhador, na primeira forma de organização do
trabalho, este tornava-se ultraespecialista em tarefas, na produção enxuta ocorre a
desespecialização e a necessidade do trabalhador ser multifuncional. Em suas palavras, Coriat
(1994), demonstra algumas diferenças entre o taylorfordismo em relação ao toyotismo que:
“o traço central e distintivo, em relação à via taylorista norte-americana, é
que em lugar de proceder através da destruição dos saberes operários
complexos e da decomposição em gestos elementares, a via japonesa vai
avançar pela desespecialização dos profissionais para transformá-los não em
pequenos operários parcelares, mas em plurioperadores, em profissionais
polivalentes, em trabalhadores multifuncionais” (CORIAT, 1994, p. 53).
Essa desespecialização do trabalhador diante da forma de organização do trabalho
toyotista, relacionam-se segundo Coriat (1994, p. 58-59), com quatro domínios: a polivalência
e pluriespecialização dos operadores, a reintrodução das tarefas ou funções de diagnóstico,
reparo e manutenção dos operários, a reintrodução das tarefas de controle da qualidade nos
próprios postos de fabricação e, por último, não menos importante, a reagregação das tarefas
de programação às tarefas de fabricação, cuja condição é a aplicação da ferramenta de gestão
Kanban.
Uma das críticas sobre o modelo toyotista, de acordo com Pinto (2007), é a
contradição entre os discursos entre a preocupação da melhoria da qualidade de vida dos
trabalhadores com a intensificação da exploração no trabalho:
“Portanto, dizer que os trabalhadores estriam sendo “requalificados” através
da exigência de polivalência e pela sua organização em equipes, ou que
estariam sendo diminuídas as jornadas de trabalho, com o aumento do tempo
livre, são afirmações insustentáveis, quando não contrárias à perceptível
intensificação de sua exploração, a par da sutileza do controle das atitudes
pessoais e profissionais a que estão cada vez mais submetidos, numa
gigantesca fragmentação de sua subjetividade numa atividade social – o
trabalho – que, por excelência, é coletiva, estando, porém, ainda subordinada
aos ditames da acumulação de capital.” (PINTO, 2007, p. 98).
Para o acompanhamento das mudanças que ocorrem incessantemente no mundo do
trabalho em decorrência da reestruturação produtiva, é fundamental que estudantes e
trabalhadores, mesmo já inseridos no mercado de trabalho, conscientizem-se da importância
54
da constante qualificação e do desenvolvimento de competências necessárias para a sua
empregabilidade.
1.5 Novas Competências Profissionais
Os processos de globalização, de acordo com Dutra (2013, p. 13), promoveu um
cenário de turbulência crescente, maior complexidade do funcionamento das organizações e
das suas relações comerciais e a exigência de maior valor agregado dos produtos e serviços,
estes ofertados aos clientes cada vez mais exigentes.
A estrutura organizacional deve ser adaptativa ao seu meio ambiente, conforme Boog
(1991, p. 29), os clientes, usuários e consumidores estão cada vez mais exigentes, isso denota
que as empresas devem planejar estratégias para captar suas necessidades e modificá-las
quantas vezes forem necessárias. As mudanças de hábitos de consumo exigem flexibilidade
organizacional.
Esses fatores levaram as organizações a buscar maior flexibilidade e velocidade de
resposta às situações cotidianas, tanto no ambiente interno quanto no externo, e enfrentar as
mais variadas circunstâncias inusitadas, com diversos níveis de complexidade para solucioná-
las, exigindo um trabalhador possuidor de conhecimentos e competências.
A sobrevivência das organizações num cenário altamente competitivo depende da
superação dos desafios emergentes do dia a dia, mostrou-se imprescindível o
desenvolvimento de novas culturas institucionais que promovam o seu autoaprimoramento.
Este aprimoramento é mais conhecido como a organização que aprende, de acordo com as
palavras de Fleury e Fleury (2004, p. 42), correspondente a “capacidade de adaptação às taxas
aceleradas de mudança que ocorrem atualmente no mundo”, decorrente do processo de
globalização.
Deste modo, as organizações devem desenvolver competências empresariais e
gerenciais, conforme os estudos de Boog (1991, p. 13). As empresariais consistem de um
“conjunto de qualidades e características que a empresa desenvolve para produzir e
aperfeiçoar, com continuidade, bens e serviços que atendam às necessidades de seus clientes e
usuários.”, já as gerenciais são, conforme o autor, um conjunto de qualidades e características
que os gerentes se propõem a desenvolver continuamente para atingir os resultados esperados
por uma empresa.
55
A reestruturação produtiva aliada a modernização da tecnologia da informação,
demandou nas empresas um trabalhador com perfil diferente daquele que trabalhava sob a
forma de organização de trabalho fordista, exigindo mais habilidades, flexibilidade e o
desenvolvimento de várias competências e seja capaz de efetivar conhecimentos e, de acordo
com Lazzareschi (2008, p. 130), utilizá-los corretamente na solução de problemas cotidianos
do trabalho e no processo de tomada de decisões, que hoje devem ser rápidas, devido à
compressão espaço-tempo provocada pela informatização.
A flexibilidade que os trabalhadores devem desenvolver para o atual cenário do
mundo do trabalho, relaciona-se ao significado de seu termo de origem, tanto em relação ao
comportamento dos trabalhadores quanto à sociedade. Este termo, conforme mostra Sennet
(2005, p. 53), inseriu-se na língua inglesa no século XV derivada dos estudos da observação
de árvores que se “dobravam” quando a velocidade dos ventos eram altas e os seus galhos,
após a ventania voltavam à sua posição normal.
Com isso, conceito de flexibilidade remete a capacidade de todo ser humano, tanto
dentro quanto fora do seu ambiente de trabalho, ser capaz em ceder a pressões e logo
recuperar-se, ou seja, ser adaptável a diversas circunstâncias, incluindo as adversas, e não
deixar-se abater, recuperando-se prontamente a quaisquer circunstâncias enfrentadas no seu
dia a dia.
No contexto do processo de globalização da economia e da reestruturação produtiva,
as organizações, segundo Dutra (2013, p. 13-14), passaram a necessitar trabalhadores mais
autônomos e com iniciativa, este perfil difere do exigido na forma de organização do trabalho
taylorista /fordista, que consistia de obediência e submissão. Atualmente, as empresas
descentralizam o processo decisório, o que demanda funcionários com maior
comprometimento aos objetivos e estratégias das organizações.
Na nossa sociedade predomina, de acordo com Sennet (2005, p. 53), a constante
mudança e a redução da rotina através de instituições mais flexíveis, práticas estas de
flexibilidade concentradas nas forças que “dobram” as pessoas.
Para aumentar a quantidade de mão de obra qualificada da população economicamente
ativa, objetivando acompanhar o ritmo acelerado da reestruturação produtiva do capital, os
governos adotaram políticas públicas voltadas à educação dos trabalhadores para adquirir
conhecimento e novas competências compatíveis ao mercado de trabalho, promovendo,
assim, a sua empregabilidade. Essas medidas foram positivas, segundo os estudos de Sennet
(2005), às transformações nas formas de organização do trabalho, nos quais as empresas e
trabalhadores devem se atentar às constantes mudanças no mercado.
56
A transformação do trabalho na sociedade está relacionada ao contato entre o
trabalhador com as informações necessárias à realização de trabalhos e projetos, tornando,
segundo Dias (2010, p. 311), flexível e adaptável e “que consiga modificar rapidamente o
desenvolvimento da sua atividade, incorporando novas tecnologias e adaptando-se a novos
ambientes ocupacionais”, indicando que o trabalhador deverá de acostumar com um cenário
de constante saída da zona de conforto, constituindo-se num grande desafio.
Evidencia-se a urgência, para Pochmann (2007), da necessidade dos jovens e adultos
buscarem o desenvolvimento da qualificação e competências necessárias à sua
empregabilidade e o Estado deveria adotar políticas públicas para proporcionar nível
educacional superior a sua população.
Desta forma, o conceito de competências é pesquisado por estudiosos os quais seguem
diversas linhas de pensamento, entre eles destacaremos as ideias demonstradas por Zarifian
(2003), pois segundo ele:
“Competência é a tomada de iniciativa e responsabilidade do indivíduo em
situações profissionais com as quais ele se confronta (...), uma inteligência
prática das situações, que se apoia em conhecimentos adquiridos e os
transforma á medida que a diversidade das situações aumenta (...), é a
faculdade de mobilizar redes de atores em volta das mesmas situações, de
compartilhar desafios, de assumir áreas de responsabilidade”. (ZARIFIAN,
2003, p. 137).
De acordo com as palavras de Perrenoud (1999, p. 7), competência consiste de “uma
capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em
conhecimentos, mas sem limitar-se a eles”. Neste sentido, ao enfrentar uma situação da
melhor forma possível, deve-se, via de regra, colocar em ação e em sinergia vários recursos
cognitivos complementares, entre os quais estão os conhecimentos adquiridos, seja nos
ambientes escolares ou pelas experiências de vida.
As competências requeridas para o ingresso e permanência no mercado de trabalho são
decorrentes, de acordo com Lazzareschi (2008, p. 75), do desenvolvimento das
potencialidades de inteligência, exercício de criatividade, espírito crítico e iniciativa,
promovido por uma escola na qual se aprendeu a aprender e que, simultaneamente, permite a
transformação do jovem estudante num verdadeiro cidadão, dotado de conhecimentos,
habilidades e atitudes, capaz de tornar-se o protagonista de sua História, ou seja, realizar-se
pessoalmente.
Segundo Fleury e Fleury (2004, p. 31), o conceito de competências é definido como
“um saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, transferir
57
conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à organização e valor
social ao indivíduo”. Com isso, o significado de competências, segundo os autores, pode ser
analisado como um conjunto de verbos, nos quais cada um possui uma definição, deste modo,
elencaremos abaixo suas definições, conforme mencionam os autores:
Saber agir é interpretado como saber, o que, por que faz, saber julgar, escolher, decidir
algo;
Saber mobilizar significa mobilizar recursos de pessoas, financeiros, materiais, criando
sinergia entre eles;
Saber comunicar é definido como compreender, processar, transmitir informações e
conhecimentos, assegurando o entendimento da mensagem pelos outros;
Saber aprender corresponde em trabalhar o conhecimento e a experiência, rever
modelos mentais, saber desenvolver-se e propiciar o desenvolvimento dos outros;
Saber comprometer-se alude em saber engajar e comprometer-se com os objetivos da
organização;
Saber assumir responsabilidades implica em ser responsável, assumindo os riscos e as
consequências de suas ações, e ser, por isso reconhecido;
Ter visão estratégica remete a conhecer e entender o negócio da organização, seu
ambiente, identificando oportunidades e alternativas de solucionar os problemas.
De acordo com as palavras de Boog (1991, p. 13), “competência é a qualidade de
quem é capaz de apreciar e resolver certo assunto, fazer determinada coisa; significa
capacidade, habilidade, aptidão e idoneidade”.
Na perspectiva das competências profissionais, Perrenoud (1999, p. 29) assevera que
são privilegiadas, na medida em que as circunstâncias de trabalho sofrem com as exigências
atribuídas do posto, da divisão das tarefas e, consequentemente, reproduzem-se
cotidianamente, enquanto em outros campos de ação são maiores os intervalos entre as
situações semelhantes e a aplicação do conhecimento sobre essas, logo, nas atividades
profissionais, as competências constroem-se a uma velocidade maior.
Evidencia-se, portanto, a importância da iniciativa por parte de jovens e adultos em
buscar desenvolver competências profissionais necessárias para o mercado de trabalho e
exercer a sua cidadania, e fundamenta-se na obtenção do conhecimento dos direitos e deveres
para exercê-los, o principal caminho é através dos estudos no intuito de tornar-se
independente e autônomo em um cenário de reestruturação produtiva e constantes
transformações no mercado de trabalho.
58
Torna-se primordial que as pessoas, conforme os estudos de Dutra (2013, p. 35), se
apropriem dos conceitos de competência, complexidade e espaço ocupacional para o seu
contínuo aprimoramento, pois “quando as pessoas não compreenderem os conceitos e não os
utilizam para pensar o próprio desenvolvimento, reduzem os instrumentos e processos
derivados desses conceitos a rituais burocráticos”, o que evidencia a importância da qualidade
do ensino nas instituições escolares em todos os níveis.
Na visão de Perrenoud (1999, p. 32), as competências são relevantes metas da
formação. “Elas podem responder a uma demanda social dirigida para a adaptação ao
mercado e às mudanças e também podem fornecer os meios para apreender a realidade e não
ficar indefeso nas relações sociais.”, principalmente num mundo em constantes mudanças.
No próximo capítulo, serão explanadas as possibilidades de jovens e adultos
ingressarem, permanecerem ou melhorarem suas condições circunstanciais no mercado de
trabalho, através da via educacional com a continuidade dos estudos, por exemplo, no
ingresso ao ensino superior.
Os Cursos Superiores de Tecnologia (CST), evidenciados nesta dissertação,
proporcionam uma rápida formação em comparação aos demais tipos de cursos de graduação.
Estes possuem uma legislação própria e uma organização curricular com vistas a promover
aos estudantes o desenvolvimento de competências profissionais exigidas pelas organizações.
59
2. A IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA NA ECONOMIA GLOBALIZADA
2.1 Conceitos de Logística
O conceito de logística remete originariamente as operações estratégicas militares
relacionadas ao abastecimento de suprimentos dos exércitos na medida em que conquistavam
ou perdiam o domínio territorial, de acordo com o resultado de suas batalhas. Estas técnicas
foram utilizadas e desenvolvidas nas diversas guerras que ocorreram na história da
humanidade. Estes conceitos foram apropriados pelas organizações e seus instrumentos são
utilizados para proporcionar às empresas uma maior competitividade nos mercados locais e
globais.
O campo de pesquisa da logística empresarial abrange, de acordo com Ballou (2011, p.
17-24), os problemas das organizações no sentido de obter uma boa “rentabilidade nos
serviços de distribuição aos clientes e consumidores”, por meio de planejamento, organização
e controle das atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo do
processo de produtos, serviços e informações, desde o momento de compra da matéria-prima
até o local do consumo final, no objetivo de oferecer um serviço de qualidade aos clientes a
um custo consideravelmente razoável. Desta forma, a logística é uma atividade imprescindível
a ser desenvolvida nas empresas, independente de seu porte.
Sabe-se que os consumidores, na sua maioria, não moram próximos ao locais nos
quais os produtos e serviços são fabricados. Desta forma, a logística torna-se um serviço que
proporciona desafios constantes para as empresas, no sentido de reduzir “o hiato entre a
produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde
quiserem, e na condição física que desejarem” (BALLOU, 2011, p. 17).
A área de logística é dividida em dois grupos de atividades, conforme mostra Ballou
(2011, p. 24-27), as primárias e as secundárias, ou de apoio. As atividades primárias são
atribuídas aos serviços de transportes, manutenção de estoques e processamento de pedidos.
As atividades de apoio são compostas pela armazenagem, manuseio de materiais, embalagem
de proteção, obtenção, programação de produtos e manutenção da informação.
Para Christopher (2011, p. 3), o conceito de logística refere-se ao processo de gestão
estratégica das etapas de “compra, transporte, armazenagem de matérias-primas, partes e
produtos acabados (além dos fluxos de informação relacionados) por parte da organização e
de seus canais de marketing” e que coincidam com os objetivos das organizações em auferir
os lucros, através da entrega de produtos e serviços com o menor custo.
60
Com isso, demonstramos que a logística empresarial torna-se atividade vital para a
economia, sua importância é de tal magnitude que, de acordo com Ballou (2011, p. 38), se
revela como fator-chave das organizações para o desenvolvimento de valor agregado e
vantagem em um mercado competitivo, tanto no comércio regional quanto internacional na
oferta de produtos e serviços.
Os sistemas logísticos eficientes e eficazes proporcionam melhorias no padrão de vida
dos consumidores (BALLOU, 2011, p. 38), ávidos em satisfazer seus desejos e necessidades,
exigem, a cada dia, altos níveis de qualidade em suas demandas de produtos e serviços. Neste
caso, a logística proporciona a oferta de “bens ou serviços corretos, no lugar certo, no tempo
exato, e na condição desejada ao menor custo possível”. O sucesso da logística nas
organizações é alcançado por meio de uma boa gestão das suas principais atividades-chave
como transportes, manutenção de estoques, processamento de produto e de várias atividades
de apoio complementares.
2.2 Conceitos de Cadeia de Suprimentos
A logística empresarial inclui todas as atividades relacionadas à movimentação de
produtos e a prestação de serviços, por meio do gerenciamento e transferência de informações
de, para e entre participantes de uma cadeia de suprimento. Deste modo, Bowersox (2001, p.
13-14), ressalta que “a cadeia de suprimento constitui uma estrutura lógica para que as
empresas e seus fornecedores trabalhem em conjunto para levar produtos, serviços e
informações, de maneira eficiente, aos consumidores finais”.
A definição de cadeia de suprimentos, de acordo com os estudos de Christopher (2011,
p. 5), trata-se de uma rede de empresas “conectadas e interdependentes, trabalhando
conjuntamente, em regime de cooperação mútua, para controlar, gerenciar e aperfeiçoar o
fluxo de matérias-primas e informação dos fornecedores para os clientes finais”.
Na figura 02 observa-se um modelo de estrutura de uma cadeia de suprimentos, que
pode ser adotada nas organizações, através da integração das informações e dos processos das
áreas internas das empresas segundo Ballou (2006, p. 28):
61
Figura 2 – Modelo de Cadeia de Suprimentos
Fonte: BALLOU, 2006. Adaptado pelo autor.
A cadeia de suprimentos abrange todas as etapas envolvidas, de forma direta ou
indireta, no processo de solicitação de um pedido de um cliente. Desta forma ela não é
composta somente da participação interativa de empresas fabricantes e fornecedores de
produtos e serviços; estão inclusas também as empresas transportadoras, depósitos, varejistas
e os próprios clientes.
Com isso, o gerenciamento da cadeia de suprimentos inclui, segundo Chopra e Mendl,
(2003, p. 3), “todas as funções envolvidas no pedido do cliente, como desenvolvimento de
novos produtos, marketing, operações, distribuição, finanças e o serviço de atendimento ao
cliente”, entre outras.
Segundo Bertaglia (2009, p. 5.), o conceito de cadeia de abastecimento contempla uma
visão mais abrangente, comparado ao de cadeia logística, que se limita, de acordo com o
autor, a “obtenção e movimentação de materiais e a distribuição física de produtos”. O
referido autor conceitua cadeia de abastecimento como um conjunto de “processos requeridos
para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e
consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os
clientes e consumidores desejarem”.
As características da cadeia de abastecimento integrada são compostas por: localização
das organizações, distribuição física, administração dos estoques, modo de transporte, fluxo
62
de informação, estimativas e principalmente dos relacionamentos entre as partes envolvidas
(BERTAGLIA, 2009, p. 7-10).
Com isso, o sucesso das organizações inseridas no cenário globalizado depende, de
acordo com Bertaglia (2009, p. 34), do bom relacionamento com os fornecedores, além de
gestores flexíveis e ágeis para atender as demandas e alcançar os resultados esperados.
2.3 O papel do setor de serviços na economia brasileira
As atividades de logística e cadeia de suprimentos estão inseridas no setor terciário da
economia brasileira, que abrange as atividades de comércio de bens e da prestação de
serviços. Este setor demonstrou nos últimos anos um crescimento relevante. A evolução do
Produto Interno Brasileiro é influenciada pelo significativo aumento da participação deste
setor, mostrando a evidente relação do Produto Interno Bruto (PIB) com o setor terciário no
Brasil, pois os serviços compõem uma grande parte das atividades empresariais existentes no
país, como mostra o gráfico 1:
Gráfico 1 – Participação no setor de serviços no PIB brasileiro – 2000 – 2018.
Fonte: SEBRAE, 2018. Adaptado pelo autor.
O gráfico 1 demonstra, segundo o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas - SEBRAE (2018), a participação do setor terciário na economia brasileira.
67,1%
65,2%
67,1%
64,5%
63,9%
65,2%
66,7%
67,4%
67,7%
70,0%
68,6%
67,3%
68,6%
68,9%
70,0%
71,4%
72,9%
71,9%
72,5%
60,0%
65,0%
70,0%
75,0%
Brasil: Participação no PIB em Serviços 2000-2018 - 1º Trimestre (%)
63
Conforme os dados demonstrados no gráfico 1, entre o primeiro trimestre de 2000 até o
primeiro trimestre de 2018, houve um aumento de 5,4 pontos percentuais da participação total
do Produto Interno Bruto brasileiro atingindo 72,5%, o maior nível de participação do setor de
serviços foi no primeiro trimestre de 2016 e atingiu 72,9% do PIB brasileiro.
Graças à sua relevância econômica, tanto no Brasil quanto nos demais países de
economia moderna, e na maior parte dos países em desenvolvimento ou emergentes, os
serviços estão no cerne das discussões a respeito de serem elementos-chave para a
competitividade e inovação.
O setor de serviços é considerado insumo para o crescimento das organizações, ao
oferecer soluções ao mercado consumidor e proporcionar aspectos positivos sobre a
produtividade do trabalho, alguns exemplos são: a modernização dos serviços financeiros e a
utilização das tecnologias da informação como forma de melhorar as ferramentas voltadas a
qualificação da força de trabalho. Esses fatores resultam numa maior competitividade entre as
empresas, no âmbito nacional e internacional, com efeitos positivos na economia e na
sociedade. (BRASIL, 2017).
O encadeamento produtivo dos serviços na economia brasileira demonstra a sua
importância para a indústria e a agricultura. As organizações dos setores primário e
secundário demandam serviços especializados para a produção, logo dependem da eficiência
das empresas do setor terciário, que tem a capacidade de gerar valor agregado às cadeias de
produção, distribuição e vendas.
Para qualquer economia de um país manter sua capacidade de promoção de emprego e
renda a sua população no século XXI, é crucial desenvolver o setor de serviços, e que seja
moderno, com alto grau de competitividade, inovador, com grande potencial de
internacionalização, e, acima de tudo, que os profissionais deste setor sejam mais capacitados
e competentes, se qualificando continuamente. (BRASIL, 2017).
2.4 Indústria e Logística 4.0
2.4.1 Indústria 4.0
Indústria 4.0, termo que gradualmente tem se popularizado, originou-se na Alemanha
a partir de 2012, é composto de três elementos, o primeiro “indústria” caracteriza a um dos
setores da economia, o número “4” está relacionada à quarta revolução industrial que
atualmente encontra em andamento e a terceira parte, o número “.0” trata-se da evolução da
64
internet, resultante da aplicação de novas tecnologias no decorrer do tempo, a última parte
derivam dos termos Web 1.0, Web, 2.0 e Web 3.0. (GRAGLIA, 2018, p. 114).
A quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0 é recorrente das três revoluções
industriais anteriores: a primeira revolução industrial, ou indústria 1.0 iniciou na Inglaterra a
partir do século XVIII, e caracterizou-se pelas descobertas tecnológicas que permitiram a
expansão das indústrias, predominância do desenvolvimento tecnológico por meio da
utilização das forças mecânicas e das máquinas com motores a vapor, cujo combustível era o
carvão, isso contribuiu com a mecanização dos processos, e o aumento do número de
indústrias dos setores têxtil, metalúrgica, siderúrgica e de transportes. (BRASILMAX, 2017;
BRASIL, 2018c; FIESP, 2017).
A segunda revolução industrial ou Indústria 2.0 ocorreu durante o século XIX,
desenvolveu-se a produção de massa dos produtos, com a ajuda da energia elétrica,
especialização da mão de obra, utilização de métodos científicos de produção para maior
eficiência operacional, com a instalação da linha de produção. (BRASILMAX, 2017;
BRASIL, 2018c; FIESP, 2017). As principais características da Indústria 2.0 foram
discorridas no primeiro capítulo desta pesquisa que tratou sobre o Taylorismo e Fordismo.
A partir dos anos 70 do século XX, a terceira revolução industrial ou Indústria 3.0,
inseriu-se na produção industrial, por meio da utilização de novas tecnologias, decorrentes do
avanço da ciência, eletrônica, robótica, surgimento dos computadores, da informática, criação
da internet, de softwares e de dispositivos móveis. (BRASILMAX, 2017), e resultou em um
processo produtivo mais automatizado (FIESP, 2017; BRASIL, 2018c). Deste modo, os
equipamentos informatizados, como por exemplo, computadores mainframe, computadores
pessoais e a internet, foram incorporados nas fábricas no sentido de automatizar tarefas
mecânicas e repetitivas, antes realizadas por mão de obra humana. A terceira revolução
industrial caracteriza-se pelo modo de organização do trabalho e produção toyotista, descritos
no capítulo 1 da presente pesquisa.
As três revoluções industriais anteriores resultaram na produção de produtos em
grande escala, através das linhas de montagem, uso da eletricidade, o desenvolvimento da
tecnologia da informação e das comunicações. Neste período, houve o aumento da renda dos
trabalhadores e promoção da competitividade tecnológica Neste contexto, as empresas
requerem trabalhadores mais capacitados, isso gerou a promoção e o desenvolvimento
econômico e social em vários países. (BRASIL, 2018c).
A Indústria 4.0, considerada a quarta revolução industrial, torna-se um fenômeno de
modernização que toma conta de todo o cenário empresarial mundial, caracterizado pelo
65
conhecimento e a comunicação (BRASILMAX, 2017). Segundo a Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo - FIESP (FIESP, 2017), a indústria 4.0 “é o resultado de combinações
de tecnologias já existentes disponibilizadas de uma nova maneira, que permitem diversas
possibilidades quanto aos níveis de organização e produção na empresa”. Estas tecnologias
são baseadas na coleta de dados e utilização dos mesmos para inúmeras finalidades.
De acordo com a Agenda Brasileira para a Indústria 4.0 (BRASIL, 2018c), existem ao
menos cinco principais tecnologias que podem ser utilizadas em decorrência da “fusão dos
mundos físico, digital e biológico”, que são:
Manufatura Aditiva ou Impressão 3D: consiste na inserção de materiais específicos
para alimentar uma impressora ou várias, no intuito de fabricar objetos, formados por
várias peças, constituindo uma montagem automatizada;
Inteligência Artificial: uma área de estudos da computação com o objetivo de simular
a capacidade humana de raciocinar, decidir e sanar problemas de diversos graus de
complexidade, através da elaboração de softwares e robôs para serem capazes de
automatizarem processos produtivos de qualquer natureza;
Internet das Coisas: significa a possibilidade de objetos físicos estarem conectados à
internet e poderem executar de forma coordenada uma determinada ação. Um exemplo
desta tecnologia é a criação de carros autônomos e equipamentos de transporte de
materiais em centros de distribuição logística, no qual o processo de armazenagem são
automatizados;
Biologia Sintética: são tecnologias voltadas às áreas: química, biologia, ciência da
computação e engenharia, e possibilitam elaborar projetos para construir partes
biológicas, como por exemplo, enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de
sistemas biológicos existentes;
Sistemas Ciber-Físicos: sintetizam a fusão entre o mundo físico e digital. Neste
conceito, qualquer objeto físico, tanto máquinas ou linhas de produção quanto os
processos físicos que ocorrem, em função desse objeto, são digitalizados. Deste modo,
todos os objetos e processos de uma fábrica, possuiriam uma réplica em formato
digital.
Na presente revolução industrial, caracteriza-se a possibilidade de fusão entre o mundo
físico, digital e biológico (BRASIL, 2018c).
Segundo a FIESP (FIESP, 2017), as principais características da indústria 4.0 são:
66
Interoperabilidade: sistemas ciberfísicos que permitem que os seres humanos e
fábricas inteligentes se conectem e se comuniquem;
Virtualização: quando uma cópia virtual da fábrica inteligente é criada através da
conexão entre os dados coletados dos sensores e dos modelos de plantas virtuais e
modelos de simulação;
Descentralização: capacidade dos sistemas ciberfísicos de tomar suas próprias
decisões e produzir localmente graças a tecnologias como a impressão 3D;
Capacidade em tempo real: a capacidade de recolher, analisar os dados e fornecer as
possíveis soluções no mínimo espaço de tempo;
Orientado a serviços: oferta de serviços através da Internet;
Modularidade: adaptação flexível das fábricas inteligentes aos requisitos para
substituir ou expandir módulos individuais. (FIESP, 2017).
Diante deste cenário, a indústria 4.0 promoverá nas empresas a busca pela constante
melhoria em seus processos produtivos, por meio da redução nos custos e, ao mesmo tempo, a
preocupação no aumento da produtividade e qualidade dos produtos e serviços oferecidos aos
consumidores. As empresas, desta forma, estão cada vez mais cientes do papel estratégico da
utilização de novas tecnologias, isso implica também na área de logística das empresas.
2.4.2 Logística 4.0
A conectividade e integração informacional definem o atual momento tecnológico
mundial. Independentemente do setor, a realidade consiste numa intensa troca de informações
por sistemas informatizados, materializando o fenômeno da virtualização dos serviços.
Indústria e Logística 4.0, são considerados termos que remetem à 4ª revolução
industrial, estão totalmente pautadas na interação de sistemas, internet e automação. Cabem às
empresas e às pessoas se adaptarem e se alinharem a essa nova realidade, pois é o que
determinará a posição da empresa no mercado, sem deixar de lado a qualidade e inovação dos
serviços prestados.
A logística 4.0 também traz inovações através do forte apelo pela automação,
modernização e integração de processos, o que torna a cadeia logística mais fluída,
sustentável e mais eficiente. Atualmente a quarta revolução na logística é evidenciada pela
utilização de softwares de gestão logística e sistemas integrados e equipamentos autônomos.
Com isso, todas as etapas dos processos logísticos funcionam de forma integrada.
67
A partir da automação, as organizações passaram a direcionar melhor o seu pessoal.
Seres humanos deixam de ser empregados das tarefas repetitivas e pouco intelectualizados,
para ocupar funções mais estratégicas e potencialmente benéficas para o sucesso do negócio.
Na medida que ocorre a inovação tecnológica em todos os setores da economia, postos
de trabalho acabam sendo eliminados e outros sendo criados, estes relacionados a área de
tecnologia, resultado das inovações, como exemplos, a utilização de Internet das coisas
(empilhadeiras, trabalho), a Cloud Computing (banco de dados em nuvem), o Big Data
(Análise de dados) e, nas empresas de transporte, a utilização de sistemas de rastreamento e
monitoramento de veículos.
Inevitavelmente, as empresas devem atentar em mudar as suas operações logísticas,
incorporando ações e aquisição de novos equipamentos para estarem alinhados ao conceito de
logística 4.0.
No quadro 4 é demonstrada uma comparação de alguns elementos do cotidiano
operacional logístico de muitas empresas consideradas “tradicionais” e as novas medidas
operacionais incorporadas aos conceitos de indústria e logística 4.0.
Quadro 4 - Comparativo das operações logísticas “tradicionais” e logística 4.0.
Logística “tradicional” Logística 4.0
Grandes estoques; Estoques mínimos ou próximos de zero;
Perdas gigantescas de inventários; Alta conectividade;
Perda de ativos; Virtualização por meio de sistemas de monitoramento dos
processos e operações;
Erros de controle de temperaturas de produtos
específicos;
Eficiência operacional na medida em que a IoT (internet
das coisas) conecta em tempo real os milhões de
embarques rastreados e acondicionados;
Lead time estendido; Lead time curto;
Centros de distribuição off-line e obsoleto; Centros de distribuição mais inteligentes;
Desculpas para erros de carregamento e entregas no
transporte;
Visão integrada da cadeia de suprimentos, foco nos
serviços e etc.
Concorrência baixa e sem know-how. Exigência de mão de obra qualificada em todas as esferas
da organização.
Fonte: BRASILMAX, 2017. Adaptado pelo autor.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP, 2017), a
implementação da indústria/logística 4.0 causará impactos em pelo menos oito áreas
organizacionais com resultados atrativos para as empresas, conforme mostra o quadro 5.
68
Quadro 5 – Impactos nas áreas organizacionais e potenciais resultados na indústria 4.0.
Área Organizacional Potenciais resultados
Recursos/processos: consumo inteligente de energia;
internet das coisas; otimização do processo em tempo
real.
Aumento de produtividade de 3% a 5%.
Utilização de ativos: flexibilidade de rotas;
flexibilidade de máquinas; controle e monitoramento
remotos; manutenção preditiva; realidade aumentada
para manutenção, reparação e operações.
Redução do tempo de inatividade total das máquinas
entre 30% e 50%.
Trabalho: colaboração homem-robô; controle e
monitoramento remotos; gestão digital do
desempenho; automatização do conhecimento do
trabalho.
Aumento da produtividade pela automação do
trabalho: de 45% a 55%.
Inventários: impressão 3D no local; otimização da
cadeia de valor; produção de um produto
(customização).
Custos devem diminuir entre 20% e 50%.
Qualidade: controle estatístico do processo; controle
avançado do processo; gestão digital da qualidade.
Custos podem ser reduzidos de 10% a 20%.
Alinhamento entre a oferta e demanda: previsão de
demanda e concepção de valor com base na gestão dos
dados de clientes e parceiros.
A precisão das previsões deve chegar a 85% ou mais.
Tempo entre análise e venda de um produto: co-
criação com consumidores; engenharia simultânea;
rápida experimentação e simulação.
Redução de tempo entre análise e venda entre 20% e
50%.
Serviço/Pós-venda: manutenção preditiva; manutenção
remota; orientação virtual self-service.
Fonte: FIESP, 2017. Adaptado pelo autor.
É relevante salientar que a quarta revolução industrial, ou a chamada indústria 4.0, o
que incorpora a logística 4.0 e todas as outras áreas organizacionais, não se trata apenas de
uma tendência temporária e sim de uma realidade que já impacta na produção industrial e no
mundo do trabalho. As organizações que pretendem aumentar a sua participação no mercado
e superar a concorrência deverão necessariamente investir em novas tecnologias e na
contratação de profissionais bem qualificados, com visão mais analítica e conhecimentos das
novas tecnologias. (BRASILMAX, 2017.). As grandes organizações de todos os setores
econômicos já adotam as novas tecnologias, estas possibilitam o controle de todos os
processos produtivos de forma rápida e inteligente.
A logística 4.0 se insere neste contexto, através da conexão entre as pessoas,
equipamentos e o gerenciamento dos dados obtidos em todo o processo da cadeia de
suprimentos em tempo real, o que proporciona um serviço de qualidade, adequado em ofertar
não somente entregas com menor tempo, sem erros, defeitos ou avarias, mas oferecer uma
experiência diferenciada de compra e recebimento de produtos e serviços aos clientes.
(BRASILMAX, 2017.)
69
3. OS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA NO BRASIL
Os cursos superiores no Brasil são classificados por três graus: o bacharelado,
licenciatura e tecnológicos. Os cursos superiores tecnológicos possuem a duração de dois a
três anos, e se destinam ao rápido ingresso no mercado de trabalho. Nesta parte da pesquisa
serão abordados os Cursos Superiores de graduação Tecnológica no Brasil (CST), sua
legislação, evolução da quantidade de cursos, alunos ingressantes e concluintes, e a
delimitação sobre o curso de logística discorrendo sobre a sua organização curricular,
ocupações e competências requeridas pelo mercado de trabalho.
As Instituições de Ensino Superior que oferecem cursos superiores de tecnologia em
logística aos estudantes que concluem o ensino médio têm como propósito promover a
formação de profissionais para exercer atividades relacionadas à área de logística empresarial;
que, por sua vez, faz parte do processo de gestão da cadeia de suprimentos das organizações.
3.1 Legislação dos Cursos Superiores de Tecnologia
Após a aprovação da Lei Federal nº 9394 que trata das diretrizes e bases nacionais
sobre a educação, criada em 20 de dezembro de 1996, nota-se o crescimento do número de
cursos superiores de tecnologia em dois períodos: o primeiro, entre os anos de 1994 e 2004 e,
no segundo período, entre os anos de 2010 e 2013 de acordo com os censos realizados nos
dois períodos.
A autorização da abertura dos CST nos últimos anos foi resultado de medidas adotadas
pelo Governo brasileiro para sanar o problema conjuntural da demanda de mão de obra
minimamente qualificada para fomentar o crescimento do processo de industrialização no país
e acompanhar o processo de reestruturação produtiva oriundo dos países desenvolvidos,
conforme demonstrado no capítulo anterior, e impactado no Brasil principalmente na década
de 1990.
Conforme demonstra o parecer CNE/CP nº 29/2002, no decorrer do tempo os CST
expandiram-se com a autorização de novos cursos, como os nas áreas de eletroeletrônica,
informática, biotecnologia e nos setores de prestação de serviços.
De acordo com a Lei Federal nº 9394, de 20 de dezembro de 1996, que trata das
diretrizes e bases nacionais da educação, no artigo 43 da referida lei, são apresentadas as oito
finalidades da educação superior no Brasil. (BRASIL, 1996).
70
A primeira finalidade da educação superior é “estimular a criação cultural e o
desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo”. Desta forma, o estudante
poderá, a partir dos conhecimentos adquiridos, criar e divulgar eventos culturais na sua
comunidade e sociedade como um todo. Em relação ao desenvolvimento do espírito científico
despertar a vontade do estudante à realização de pesquisas científicas por meio do pensamento
reflexivo, fruto do desenvolvimento de seu senso crítico para promover o desenvolvimento
nacional e econômico.
A educação superior no Brasil tem como segunda finalidade a formação de graduados
nas mais diversas áreas do conhecimento que, em tese, estariam aptos a inserção nos seus
respectivos setores profissionais e a participar do desenvolvimento da sociedade brasileira e
colaborar na sua formação contínua.
Em relação à terceira finalidade da educação superior brasileira, esta tem como
objetivo o incentivo ao trabalho de pesquisa por meio da investigação obedecendo sempre os
métodos científicos com vistas ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia, a criação e
difusão da cultura. Desse modo, “desenvolver o entendimento do homem e do meio em que
vive”. Geralmente, as Instituições de Ensino Superior promovem programas de incentivo aos
estudantes como, por exemplo, programas de iniciação científica como uma forma de
aproximar o aluno da produção de trabalho de caráter científico.
A quarta finalidade é promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e
técnicos que constituem patrimônio da humanidade e também comunicar o saber através do
ensino e publicações, tanto de livros quanto de revistas impressas, eletrônicas ou de outras
formas de comunicação entre os diversos meios existentes atualmente.
Já a quinta finalidade do ensino superior no país é provocar nos estudantes o desejo
permanente de aperfeiçoamento cultural e profissional e possibilitar a sua concretização,
integrar os conhecimentos adquiridos através dos cursos realizados de forma que haja uma
estrutura intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração e a sua aplicação na
atividade profissional.
Desta forma, a sexta finalidade do ensino superior pretende estimular os graduados aos
conhecimentos adquiridos do mundo presente, especificamente os de âmbito nacional e
regional, e a prestação de serviços com a sua comunidade, proporcionando uma relação
recíproca, no intuito de desenvolver a sociedade.
A sétima finalidade salienta a importância da relação das IES com a sociedade por
meio da abertura para estudantes e comunidade externa em torno ou na região das IES no
intuito de difundir “conquistas e benefícios resultantes da criação cultural e da pesquisa
71
científica e tecnológica geradas na instituição”, ou seja, demonstrar o conhecimento
desenvolvido e sua aplicação para as diversas áreas da sociedade.
Por fim, a oitava finalidade do ensino superior no Brasil é atuar em favor da
universalização e do aprimoramento da educação básica, através da formação de profissionais
e a realização de pesquisas pedagógicas na graduação, que pretende proporcionar a formação
de profissionais da educação com o objetivo de promover a educação nos bancos escolares
dos níveis fundamental e médio e o desenvolvimento de atividades de extensão através de
palestras, cursos de curta duração, visitas nas Instituições, de forma que aproximem os alunos
do ensino médio com os estudantes do ensino superior. (BRASIL, 1996).
Em 2008, foi alterada a redação do terceiro capítulo do artigo 39 da Lei nº 9394 que
trata da educação profissional e tecnológica; aprovada pela Lei nº 11.741 na qual menciona a
inserção da “educação profissional e tecnológica de graduação e pós-graduação”, ou seja, a
consideração dos cursos de tecnologia no nível superior de ensino.
Segundo o parecer do Conselho Nacional da Educação da Câmara de Educação
Superior (CNE/CES) nº 436/2001(BRASIL, 2001, p.1) esta transformação foi resultado de
“um novo cenário econômico e produtivo que se estabeleceu com o desenvolvimento e
emprego de tecnologias complexas agregadas à produção e à prestação de serviços e pela
crescente internacionalização das relações econômicas”.
O parecer CNE/CES nº 436/2001 (BRASIL, 2001, p.9) demonstra que, os CST
ministrados nas Instituições de Ensino Superior públicas e privadas, tem objetivos de
proporcionar aos jovens “formação específica para: a) aplicação, desenvolvimento, pesquisa
aplicada e inovação tecnológica e a difusão de tecnologias; b) gestão de processos de
produção de bens e serviços; e c) o desenvolvimento da capacidade empreendedora”
Em 2002, o parecer CNE/CP nº 29/2002, que trata das diretrizes curriculares nacionais
gerais para a educação profissional de nível tecnológico, mostra a importância dos CST na
economia e na sociedade como “uma das principais respostas do setor educacional às
necessidades e demandas da sociedade brasileira”.
Desta forma, o governo brasileiro preocupa-se com o cenário do mercado de trabalho
brasileiro que também sofre constantes transformações e evidencia-se no parecer que a
tecnologia acaba causando “alterações nos modos de produção, na distribuição da força de
trabalho e na sua qualificação”. Desta forma, o referido parecer discorre sobre a organização e
o funcionamento dos CST nos seus artigos 1º e 2º:
No artigo 1º do Parecer aprovado pelo Conselho Nacional da Educação (CNE) e pelo
Conselho Pleno (CP) do Ministério da Educação (MEC) de número 29, aprovado em 03 de
72
dezembro de 2002 e publicado no Diário Oficial da União de 13/12/2002, mostram que os
Cursos Superiores de Tecnologia pretendem garantir aos cidadãos o “direito à aquisição de
competências profissionais que os tornem aptos para a inserção em setores profissionais nos
quais haja utilização de tecnologias”. Estas competências desenvolvidas ao longo do curso
serão fundamentais no ingresso no mercado de trabalho e evolução da vida profissional.
No artigo 2º do parecer CNE/CP 29 demonstra quais são as designações que os cursos
superiores tecnológicos deverão proporcionar aos estudantes e futuros profissionais. Estes
objetivos foram elencados dentro do referido artigo em sete aspectos a serem promovidos para
o desenvolvimento ao estudante ser apto para uma boa formação e sucesso na sua vida
profissional.
O primeiro objetivo dos Cursos Superiores de Tecnologia, conforme o MEC, é
promover aos estudantes o incentivo em desenvolver a capacidade empreendedora,
compreender a importância do processo tecnológico, através da demonstração de suas causas
e efeitos decorrentes da sua utilização nas empresas.
No segundo objetivo do parecer, é despertar o ânimo aos estudantes em relação à
produção de conhecimentos e a inovação científico-tecnológica por meio de trabalhos dentro
das disciplinas do curso, projetos para demonstração em eventos, publicações em revistas ou
livros e suas respectivas aplicações destes conhecimentos no mundo do trabalho.
Já o terceiro objetivo dos Cursos Superiores de Tecnologia, segundo o parecer do
MEC, é promover o desenvolvimento de diversas competências profissionais tecnológicas,
gerais e específicas, para a gestão de processos visando que os alunos desenvolvam melhorias
nas empresas e para a produção de bens e serviços. O quarto objetivo é permitir aos
estudantes compreender e avaliar os impactos sociais, econômicos e ambientais resultantes da
produção, gestão e incorporação de novas tecnologias. Desta forma urge a necessidade dos
cursos possuírem laboratórios com equipamentos tecnológicos para preparar o aluno para o
mercado de trabalho.
O Ministério da Educação orientou os Cursos Superiores de Tecnologia, oferecidos
pelas instituições de Ensino Superior, tanto aquelas públicas quanto as privadas através da
quinta designação: a promoção da capacidade dos estudantes de continuar aprendendo e de
acompanhar as mudanças nas condições de trabalho, bem como proporcionar as condições
necessárias para o prosseguimento dos estudos para os graduados, que podem optar por cursos
de pós-graduação, através da especialização (Lato sensu) ou cursos de Mestrado e Doutorado
(Stricto sensu).
73
O sexto e não menos importante objetivo dos CST é promover a adoção à flexibilidade
da grade de disciplinas oferecidas, a interação no decorrer do curso do conteúdo das
disciplinas condizentes com o curso, “a contextualização e a atualização permanente dos
cursos e seus currículos”, levando-se em consideração as constantes mudanças no mundo do
trabalho e suas tecnologias utilizadas.
A sétima e última designação visa que os cursos garantam a identidade do perfil do
futuro profissional de conclusão de curso e de uma correta e organizada matriz curricular do
respectivo curso que está sendo oferecido (BRASIL, 2002, p. 41-42).
A educação profissional de nível tecnológico, considerado de nível superior, deverá,
conforme o item III do parecer do Conselho Nacional de Educação, através do Conselho
Pleno (CNE/CP) nº 29/2002, “desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e
específicas, para a gestão de processos e a produção de bens e serviços”.
No presente trabalho, destacar-se-á somente a proposta de desenvolvimento de
competências dos alunos que realizam os CST, conforme alguns conceitos descritos no
parecer CNE/CP nº 29/2002, este aborda as diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos
superiores de Tecnologia e demonstra que as competências profissionais são entendidas
como:
“...a capacidade de mobilizar, articular e colocar em ação conhecimentos,
habilidades, atitudes e valores necessários para o desempenho eficiente e
eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo
desenvolvimento tecnológico... envolve ação em dado momento e
determinada circunstância, implica em um fazer intencional, sabendo por
que se faz de uma maneira e não de outra. Implica, ainda, em saber que
existem múltiplas formas ou modos de fazer. Para agir competentemente é
preciso acertar no julgamento da pertinência e saber posicionar-se
autonomamente diante de uma situação, tornar-se capaz de ver corretamente,
julgar e orientar sua ação profissional de uma forma eficiente e eficaz. ...
além do conhecer, o julgar, o decidir e o agir em situações previstas e
imprevistas, rotineiras e inusitadas....intuir, pressentir e arriscar, com base
em experiências anteriores e conhecimentos, habilidades e valores
articulados e mobilizados para resolver os desafios da vida profissional, que
exigem respostas sempre novas, originais, criativas e empreendedoras...”
(BRASIL, 2002, p. 28).
No texto do parecer acima, corrobora com o perfil do trabalhador nas organizações sob
a forma toyotista de organização do processo de trabalho através da descrição das
competências necessárias à inserção e permanência no mercado de trabalho.
Segundo o MEC, “mudanças importantes estão ocorrendo no mundo do trabalho,
conduzindo-o para um modelo pós-taylorista, onde a noção de qualificação para um posto de
74
trabalho ou para um emprego fixo está sendo substituída pela noção de competência
profissional”. Deste modo, o conceito de competências, segundo o parecer o Ministério da
Educação, corrobora com as ideias de Zarifian (2003), para formação de um profissional que
consiga solucionar problemas cotidianos das organizações, com base no conhecimento
adquirido e a sua aplicabilidade na prática.
Evidencia-se, portanto, a importância da iniciativa por parte de jovens e adultos de
desenvolver competências profissionais para o mercado de trabalho para o exercício da
cidadania por meio dos estudos nos bancos escolares que propiciem o conhecimento
necessário para tornarem-se independentes e autônomos num cenário de reestruturação
produtiva.
Com isso, os trabalhadores, para ingressarem e manterem-se no mercado de trabalho,
obrigam-se a desenvolver as novas competências profissionais necessárias para tal. Conforme
Prado (2006, p. 263), torna-se uma premissa a necessidade do desenvolvimento de
competências na formação dos tecnólogos para o mundo do trabalho em um cenário de
constantes mudanças e flexibilidade.
Essas mudanças no cenário do mundo do trabalho decorrem da forma de organização
do trabalho, mais conhecido como reestruturação produtiva, com isso a formação educacional
está voltada para atender as demandas do mercado de trabalho, este que vive cada dia mais
complexo. Esta complexidade, de acordo com Prado (2006, p. 263), decorre de algumas
variáveis como: “relações sociais, nível de escolaridade, grau de acesso à informação, saberes,
exposição a obras estéticas, científicas e culturais, experiências na vida social e profissional”.
Deste modo, a formação de tecnólogos depende do empenho exercido nos bancos
escolares, do desenvolvimento adquirido de competências que serão capazes de habilitá-los
no objetivo de desempenhar diversas funções atribuídas pelas empresas e na sua vida social,
escolar, com a continuidade dos estudos, em nível pessoal e profissional. Estas variáveis estão
presentes no contexto do mundo do trabalho, que se configura repleto de incertezas, o que
exige flexibilidade e rapidez nas decisões e nas formas de resolver os problemas cotidianos.
(PRADO, 2006, p. 263).
No parecer CNE/CP nº 06/2006 (BRASIL, 2006, p. 6), o governo reforça a sua
tentativa de proporcionar o desenvolvimento por meio dos CST que “foram concebidos
exatamente para atender essa diversidade e flexibilidade que os mundos da produção, dos
serviços e do trabalho estão a exigir”, ou seja, para suprir a mão de obra dos trabalhadores
diante das constantes mudanças no mundo do trabalho devido à reestruturação produtiva de
bens e serviços.
75
Prado (2006) demonstra que para o aluno de um CST ser um bom profissional no
mercado de trabalho, será necessária uma boa formação geral para que este, ao final do curso,
possa estar inserido no mercado de trabalho e conscientizar-se da importância da educação
continuada ao longo da vida.
Desta forma, Prado (2006, p. 261), evidencia que os cursos superiores nos três graus
acadêmicos: licenciaturas, bacharelados cursos tecnológicos “são do mesmo modo
profissionalizantes, porque, no sistema capitalista em que vivemos, não há como se trabalhar
no vazio, ou seja, preparar cidadãos para outra coisa ou outro mundo que não seja o do
trabalho”.
Neste sentido, Pochmann (2007) enfatiza a necessidade dos trabalhadores buscarem
conhecimentos e desenvolverem competências necessárias para a sua empregabilidade,
tornando-se polivalentes multifuncionais e atualizando seus conhecimentos nos cursos de
educação continuada. Com relação ao papel do Estado, deve adotar políticas públicas para
proporcionar alto nível educacional à sua população e conter o avanço do desemprego.
Este breve histórico da legislação pertinente aos cursos superiores de tecnologia a
partir da década de 1990 teve a finalidade de demonstrar que o desenvolvimento social e
econômico do país depende sempre da capacitação da força de trabalho, que, por sua vez,
depende não só da experiência profissional, mas, sobretudo e fundamentalmente, da aquisição
de conhecimentos de nível superior organizados e transmitidos nos cursos profissionalizantes
oferecidos pelas IES públicas e privadas. Mostrou ainda a necessidade de proporcionar o
desenvolvimento social e econômico para o país através do aprendizado das competências
profissionais dos estudantes no ingresso ao mercado de trabalho.
A seguir será demonstrado o crescimento dos CST de 1996 a 2016 baseados no censo
da educação superior elaborado pelo Ministério da Educação (MEC).
3.2 Crescimento dos Cursos Superiores de Tecnologia no Brasil
Nos últimos anos, o mundo do trabalho se transformou através de novas formas de
produção, desenvolvimento de novas tecnologias e consequentemente a eliminação e criação
de novos postos de trabalho.
Essas transformações ocorreram no mundo todo, inclusive no Brasil; nos anos 1990,
houve a abertura econômica ao comércio exterior e com isso emerge a necessidade de
empresas tonarem-se mais competitivas no cenário da economia globalizada.
76
Segundo Pochmann (2007, p. 117), a reestruturação organizacional se deu mediante “a
mudança na conduta nas grandes empresas que adotaram novos programas de gestão da
produção, de reorganização do trabalho e de inovação tecnológica”. Neste cenário, o Brasil
necessitava preocupar-se com a formação de mão de obra de forma mais rápida e qualificada;
e, por isso, a criação e o crescimento do número dos CST autorizados pelo Ministério da
Educação.
Neste trabalho, demonstrar-se-á o crescimento do número de cursos, de ingressantes e
de concluintes nos períodos de 1996 a 2016.
No período de 1996 a 2016, houve um aumento significativo de número de cursos
superiores de tecnologia, como demonstrado no gráfico 2:
Gráfico 2.: Evolução dos Cursos de Tecnologia – Brasil 1996 – 2016
Fonte: MEC/ Inep/Daes. Adaptado pelo autor.
De acordo com os dados do censo da educação superior realizado em 2016 e publicado
em 2018 (BRASIL, 2018b), no período de 1996 a 2016 a evolução do número de cursos
superiores de tecnologia aumentaram respectivamente de 241 (1994) para 6828 (2016), ou
seja, em dezoito anos o crescimento no número de CSTs oferecidos pelas instituições de
ensino superior foi de 2833,2%, isto significa que, a quantidade de CST no país ofertadas em
2016 é 28,332 vezes superior ao número de cursos superiores de tecnologia existentes em
1996.
241 293 258 317 364 446 634
1142
1804
2525
3037
3702
4335 4491
4775
5478
5969 6224 6413
6618 6828
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
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96
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97
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98
19
99
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00
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20
16
Cursos Superiores de Tecnologia - Brasil (1996 - 2016)
77
Em decorrência do aumento do número de cursos superiores de tecnologia, o número
de estudantes ingressantes, ou seja, alunos que iniciaram o curso em determinado ano e
concluíram em até 25% a carga horária mínima do curso no qual estão matriculados, saltou de
21.948 pessoas em 1996 para 531.424 em 2016, segundo o censo da educação superior do
MEC (BRASIL, 2018b).
Os concluintes no mesmo período, estudantes com expectativa de conclusão ou alunos
que cumpriram 80% da carga horária mínima do curso, foi em 1996 de 9583 para 215.043
estudantes em 2016, a diferença dos dados entre ingressantes e concluintes revelam uma
elevada porcentagem de evasão de alunos nos cursos superiores de tecnologia.
Segundo a análise do censo da Educação superior de 2013 (BRASIL, 2015), o
crescimento na procura pelos jovens por cursos superiores de tecnologia pode ser atribuído
pelo tempo de duração do curso que, na sua grande maioria, são de dois anos, e também
graças “as estratégias das iniciativas pública e privada e com as políticas governamentais para
as oportunidades da economia do conhecimento e tentar minorar os efeitos negativos que dela
podem advir”.
Desta forma, demonstramos a transformação da forma de organização do trabalho do
modelo fordista para o toyotista, a necessidade de adaptação de empresas e dos trabalhadores
para o ingresso e permanência no mercado de trabalho mediante a obtenção de conhecimento
e competências necessárias para a sua empregabilidade.
Diante da reestruturação produtiva, o governo brasileiro, por meio de políticas
públicas, adotou na década de 1960 os cursos profissionalizantes e na década de 1990 estes
cursos foram inseridos no nível superior, o que resultou no aumento do número de cursos de
forma intensificada nos anos 2000, porém nos anos 2010 de forma menos acentuada.
Com isso, mostra-se a relevância dos CST no sistema educacional brasileiro em
proporcionar, com base na sua proposta, qualificação e desenvolvimento de competências
para os jovens ingressarem no mercado de trabalho no contexto da reestruturação produtiva,
desta forma contribuir no desenvolvimento social e econômico brasileiro.
3.3 Curso Superior de Tecnologia em Logística: Organização curricular
O Ministério da Educação elaborou e publicou, nos últimos anos em seu site, um
catálogo com as informações sobre os cursos superiores de tecnologia existentes no Brasil,
como forma de organizar as informações necessárias e servir de orientação para que as
instituições de ensino superior embasem as diretrizes dos cursos pelo catálogo. Esta
78
publicação foi promulgada através da Portaria MEC nº 413, de 11 de maio de 2016 (BRASIL,
2016, p. 8) que autorizou uma nova versão da publicação do referido catálogo, para melhorar
a qualidade das ofertas dos CST e formar profissionais capazes de desenvolver de forma plena
e inovadora as atividades propostas de cada curso tecnológico “com capacidade para utilizar,
desenvolver ou adaptar tecnologias com a compreensão crítica das implicações daí
decorrentes e das suas relações com o processo produtivo, o ser humano, o ambiente e a
sociedade”.
Desta forma, os Cursos Superiores de Tecnologia em Logística estão inseridos,
conforme o Catálogo Nacional de Cursos Superiores de Tecnologia, elaborado pelo
Ministério da Educação, dentro do grupo de cursos de tecnologia pertencentes ao eixo
tecnológico de gestão e negócios. Este eixo tem por finalidade proporcionar aos estudantes
compreender as:
“...tecnologias associadas a instrumentos, técnicas, estratégias e mecanismos
de gestão. Abrange planejamento, avaliação e gestão de pessoas e de
processos referentes a negócios e serviços presentes em organizações e
instituições públicas ou privadas, de todos os portes e ramos de atuação;
busca da qualidade, produtividade e competitividade; utilização de
tecnologias organizacionais; comercialização de produtos; e estratégias de
marketing, logística e finanças. (BRASIL, 2016, p. 36).
A organização curricular do Curso Superior de Tecnologia em Logística, conforme
elaborado pelo Ministério da Educação, através das informações contidas no catálogo
(BRASIL, 2016, p. 36), deve contemplar dentro do conjunto das disciplinas que cada
Instituição de Ensino Superior determinar, os conhecimentos relacionados a:
Leitura e produção de textos técnicos;
Estatística e raciocínio lógico;
Línguas estrangeiras;
Ciência e tecnologia;
Tecnologias sociais e empreendedorismo;
Prospecção mercadológica e marketing;
Tecnologias de comunicação e informação;
Desenvolvimento interpessoal;
Legislação;
Normas técnicas;
Saúde e segurança no trabalho;
79
Responsabilidade e sustentabilidade social e ambiental;
Qualidade de vida;
Ética profissional.
A carga horária recomendada para os Cursos Superiores de Tecnologia, conforme o
Ministério da Educação, é de no mínimo 1600 horas de aula, que são divididas em teóricas e
práticas. O perfil esperado pelo mercado de trabalho do profissional que conclui o curso é que
este possua competências necessárias para analisar de forma crítica os ambientes interno e
externo das organizações e a capacidade de assumir, conforme o catálogo (BRASIL, 2016, p.
45), cargos gerenciais nas empresas com atributos para:
Gerenciar as operações e processos logísticos;
Promover a segurança das pessoas, dos meios de transporte, dos equipamentos e
cargas;
Articular e atender clientes, fornecedores, parceiros e demais agentes da cadeia de
suprimentos;
Elaborar documentos de gestão e controles logísticos;
Estruturar e definir rotas logísticas considerando os diferentes modais;
Articular processos logísticos em portos, aeroportos e terminais de passageiros nos
diferentes modais;
Gerenciar e supervisionar o recebimento, o armazenamento, a movimentação, a
embalagem, a descarga e a alienação de materiais de qualquer natureza;
Gerenciar o sistema logístico e sua viabilidade financeira;
Gerenciar e articular sistemas de manutenção, de suprimento, de nutrição e de
atividades financeiras;
Avaliar e emitir parecer técnico em sua área de formação.
As Instituições de Ensino Superior devem possuir uma infraestrutura minimamente
adequada para a realização do curso como: biblioteca com o acervo específico e atualizado;
laboratório de informática com programas e equipamentos compatíveis com as atividades
educacionais do curso; salas de aula adequadas para o conforto dos alunos e para o trabalho
do docente, ou seja, uma estrutura mínima para a realização das aulas.
O Curso Superior de Tecnologia em Logística possibilita aos graduados a
continuidade de seus estudos, através da realização da pós-graduação, tanto na forma de
especialização, lato sensu, quanto no mestrado e doutorado, stricto sensu, como sugestão
80
demonstrada pelo catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia (BRASIL, 2006, p.
45), na área de administração ente outras.
3.4 O trabalho do tecnólogo em logística: ocupações e competências
O campo de atuação no qual os tecnólogos em logística exercerão suas atividades
profissionais no mercado de trabalho são organizações de todos os setores da economia, tais
como distribuidoras, centros de distribuição, empresas de encomendas, empresas em geral
(indústria, comércio e serviços), portos, aeroportos, terminais de transporte, transportadoras,
institutos e centros de pesquisa, instituições de ensino. Estas últimas possuem outros
requisitos mediante formação requerida pela legislação vigente do Ministério da Educação.
As ocupações nas quais o profissional de logística podem atuar, entre outras, conforme
a Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho (BRASIL, 2018a), se
relacionam às seguintes atividades laborais: 1226-10 - Diretor de operações de serviços de
armazenamento; 1416-15 - Gerente de logística (armazenagem e distribuição) e 3421-25 -
Tecnólogo em logística de transporte.
No presente trabalho, serão apresentadas atividades detalhadas do tecnólogo em
logística e transporte e a ocupação do gerente de logística, devido ao campo de pesquisa desta
dissertação ser relacionada aos alunos de cursos superiores de tecnologia em logística.
Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), elaborada pelo Ministério do
Trabalho (BRASIL, 2018a), a atividade profissional do tecnólogo em logística de transporte
tem como atribuições:
Controlar, programar e coordenar as operações de transportes em geral;
Acompanhar as operações de embarque, transbordo e desembarque de carga;
Verificar as condições de segurança dos meios de transportes e equipamentos
utilizados, como também, da própria carga;
Supervisionar o armazenamento e transporte de carga e a eficiência operacional de
equipamentos e veículos;
Controlar os recursos financeiros e insumos;
Elaborar a documentação necessária para o desembarque de cargas;
Atender clientes;
Pesquisar preços de serviços de transporte;
Identificar e programar rotas;
81
Informar sobre as condições do transporte e da carga.
As condições gerais desta atividade de trabalho se darão em empresas que oferecem os
serviços de transportes intermodais (aéreo, aquaviário e terrestre), tanto de forma presencial,
quanto à distância ou por rodízio de turnos. Na maioria dos casos os funcionários trabalham
em equipes multidisciplinares, sob uma supervisão ocasional. Nestas ocupações predomina o
trabalho assalariado com carteira assinada e desempenham atividades que podem levar ao
estresse constante.
A formação necessária para o exercício desta ocupação exige no mínimo o ensino
médio completo, com cursos de especialização ou graduação tecnológica na área de
transportes. O pleno desempenho dos profissionais destas atividades ocorre depois de um ou
dois anos de experiência.
As competências necessárias que o mercado de trabalho exigirá do tecnólogo em
logística são (BRASIL, 2018):
Demonstrar no ambiente de trabalho a capacidade de trabalhar em equipe;
Iniciativa;
Organização;
Criatividade;
Responsabilidade;
Flexibilidade;
Capacidade de trabalhar sujeito à pressão psicológica;
Pró-atividade;
Confiabilidade;
Liderança;
Objetividade;
Domínio em línguas estrangeiras.
A possibilidade de crescimento profissional do tecnólogo em logística numa empresa é
exercer o cargo de gerente de logística em armazenagem e distribuição, que tem como
atribuições: planejar atividades operacionais de empresas de armazenamento, distribuição,
transportes, comunicações e logística; administrar equipes, gerenciar recursos materiais e
financeiros da área; controlar o processo operacional e avaliam seus resultados; providenciar
meios para que as atividades sejam desenvolvidas em conformidade com as normas e
82
procedimentos técnicos, de qualidade, segurança, meio ambiente e saúde; buscar novas
tecnologias e assessorar a diretoria e setores da empresa.
Em relação às condições gerais do exercício da ocupação de gerente de logística em
armazenagem e distribuição, este irá exercer suas atividades nas áreas operacionais nas
empresas que envolvam serviços de correio e telecomunicações, transporte aéreo, aquaviário e
terrestre, armazéns em geral e serviços de distribuição.
A contratação é, na maioria dos casos, com a carteira de trabalho registrada, com o
recebimento de salário e benefícios. Estes profissionais trabalham em equipe com supervisão
permanente em ambiente fechado ou, como no caso do gerente de operações - transportes, em
certos momentos também a céu aberto e em veículos. O horário de trabalho é flexível,
podendo ser diurno ou noturno, quase sempre trabalham sob pressão, que pode levar à
situação de estresse. O gerente de operações de transportes pode estar exposto a ruídos
intensos e o gerente de operações - correios e telecomunicações ao uso contínuo de
computadores, provocando possíveis dores decorrentes de Lesões por Esforços Repetitivos
(LER).
Os requisitos necessários para exercer o cargo de gerente de logística, segundo a CBO
do Ministério do trabalho (BRASIL, 2018a), são: possuir nível superior completo, exceto para
o gerente de operações de transportes, que tem como exigência de escolaridade mínima o
ensino médio completo. A sua formação profissional deverá ser complementada por cursos
especializados de duzentas a quatrocentas horas-aula para o gerente de operações e
transportes e mais de quatrocentas horas-aula para o gerente de logística e recomenda-se mais
de cinco anos de experiência profissional.
As competências pessoais e profissionais recomendadas pelas empresas para a
ocupação de gerente de logística são conforme a CBO/Mtb (BRASIL, 2018a):
Demonstrar credibilidade, liderança;
Capacidade de comunicação, iniciativa, flexibilidade, empreendedorismo, tomada de
decisão, negociação, organização;
Trabalhar em equipe;
Delegar tarefas;
Desenvoltura no relacionamento interpessoal;
Agir com criatividade;
Manter-se atualizado profissionalmente.
83
4. A PESQUISA
No primeiro capítulo dessa dissertação, foram demonstradas as transformações
ocorridas no mundo do trabalho com a mudança de forma de organização do trabalho
taylorista/fordista para toyotista, consequência da reestruturação produtiva e a necessidade de
novas competências para o mercado de trabalho.
No segundo capítulo, foram expostos os conceitos de logística, cadeia de suprimentos
e uma breve abordagem sobre a indústria 4.0 e logística 4.0.
O terceiro capítulo tratou a respeito dos cursos superiores de tecnologia, sua
legislação, crescimento do número de cursos e estudantes e especificamente o curso superior
de tecnologia em logística com suas estruturas curriculares recomendadas pelo MEC, às
ocupações e as competências necessárias para o exercício desta atividade profissional no
mercado de trabalho.
Neste capítulo será evidenciado o resultado das entrevistas com cinco alunos do último
semestre e cinco professores das faculdades pública e privada do curso superior de tecnologia
em logística.
O processo de seleção da amostra dos alunos do último semestre das duas instituições
foi através da divulgação nas salas de aula. Em relação aos professores, foi solicitada uma
autorização aos coordenadores dos cursos, estes consultaram os professores da
disponibilidade de tempo para realizar as entrevistas.
Todos os alunos e professores dos cursos são do período noturno, as entrevistas foram
agendadas previamente e realizadas de forma voluntária dentro das próprias instalações das
duas instituições, com autorização dos respectivos coordenadores de curso.
As entrevistas foram agendadas entre noventa e trinta minutos antes do horário inicial
das aulas do período noturno, com tempo médio estimado de aproximadamente 15 minutos de
duração. A ordem dos entrevistados nos resultados seguiu o critério temporal de agendamento
e disponibilização de tempo dos entrevistados, as respostas foram gravadas, transcritas e
agrupadas para análise e serão demonstrados em formato de tabelas, trechos da transcrição e
por compilação do conjunto das respostas.
Com relação aos dez alunos concluintes das duas instituições, as 23 perguntas foram
divididas por temas como: perfil dos entrevistados, curso superior de tecnologia em logística,
relação entre o mercado de trabalho e competências, projeto integrador / interdisciplinar e, por
fim, as perspectivas e recomendações dos cursos sob a perspectiva dos estudantes.
84
Aos dez professores tanto da IES pública quanto da particular, foram feitas 21
questões agrupadas pelos temas a respeito do perfil dos professores entrevistados, relação
entre o curso superior de tecnologia em logística e o mercado de trabalho, as competências
desenvolvidas no curso, projeto integrador interdisciplinar e o último grupo de questões foram
direcionadas para as recomendações, do ponto de vista dos docentes em relação ao curso.
Todas as perguntas foram inclusas no Apêndice.
4.1 Entrevistas com Alunos – IES Pública e Privada
4.1.1 Perfil dos alunos entrevistados
Os perfis dos alunos entrevistados conforme gênero, idade, tipo de ensino médio e o
modelo de gestão das escolas que estudaram e das duas instituições de ensino superior,
pública e privada, são demonstrados nos quadros 6 e 7.
Quadro 6 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Pública
Gênero Idade Ensino Médio Gestão
Aluno 1 Masculino 30 anos Normal Pública
Aluno 2 Feminino 22 anos Normal Pública
Aluno 3 Masculino 25 anos Normal Pública
Aluno 4 Masculino 21 anos Técnico Pública
Aluno 5 Feminino 21 anos Normal Pública
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 7 - Perfil dos alunos entrevistados e origem do ensino médio - IES Privada
Gênero Idade Ensino Médio Gestão
Aluno 1 Masculino 28 anos Normal Pública
Aluno 2 Feminino 27 anos Normal e Técnico em Administração Pública - Privada
Aluno 3 Masculino 49 anos EJA - Educação de Jovens e Adultos Pública
Aluno 4 Feminino 24 anos Normal e Técnico Pública
Aluno 5 Masculino 27 anos Normal Pública
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os alunos entrevistados das duas instituições são, em sua maioria do gênero
masculino, idade entre 24 e 49 anos, cursaram o ensino médio normal, exceto o aluno 4 da
IES Pública e os alunos 2 e 4 da IES Privada que complementaram sua formação em cursos
técnicos, o aluno 3 da mesma realizou o ensino médio no programa de Educação de Jovens e
adultos (EJA), todos cursaram em escolas públicas, sendo o aluno 2 da IES Privada que
complementou seu curso técnico em escola Privada.
85
Sobre a realização ou não de outros vestibulares dos alunos entrevistados das IES
pública e privada em outras instituições, a sua localização e os cursos pretendidos antes de
ingressarem nos CST em logística nas respectivas instituições que atualmente cursam,
expressam através dos quadros 8 e 9 a seguir:
Quadro 8 – Realização de outros Vestibulares – Alunos IES Pública
Alunos Vestibulares IES Município Curso
Aluno 1 Não - - -
Aluno 2 Sim Anhanguera Guarulhos Pedagogia
Aluno 3 Sim Eniac Guarulhos Recursos Humanos
Aluno 4 Não - - -
Aluno 5 Não - - -
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 9 – Realização de outros Vestibulares – Alunos IES Privada
Alunos Vestibulares IES Município Curso
Aluno 1 Sim Etec, Fatec Guarulhos Logística
Aluno 2 Sim UNG, Eniac Guarulhos Administração
Aluno 3 Sim Fatec Guarulhos Logística
Aluno 4 Sim UNICSUL São Paulo Logística
Aluno 5 Sim Eniac Guarulhos Logística
Fonte: Elaborado pelo autor.
O resultado, conforme os quadros 8 e 9, mostraram que, dentro da amostra, apenas
dois alunos do último semestre de Logística da IES Pública prestaram vestibular em outras
instituições privadas e três alunos prestaram vestibular somente na IES na qual estudam. Os
cursos pretendidos dos alunos 3 e 4 se inserem no contexto da logística, o aluno 2 preteriu um
curso que não se relacionava com logística. Os alunos das IES privada, em sua maioria,
prestaram vestibulares em IES públicas e privadas no município de Guarulhos, apenas o aluno
5 no município de São Paulo. Todos os cursos pretendidos estavam relacionados à área de
logística, apenas o aluno 4 realizou vestibular somente na IES onde estuda.
Entre as motivações dos estudantes concluintes quando ingressaram na faculdade
pública, os alunos 1, e 5 relataram que já trabalhavam na área, o aluno 2 optou por considerar
“uma boa faculdade”, e os alunos 3 e 4 respectivamente pela oferta de bolsa integral e
melhores oportunidades de trabalho. Os motivos que levaram os alunos entrevistados a
escolherem ingressar na IES privada, preponderaram as melhores chances de empregabilidade
e o aspecto financeiro, devido a: realização de promoções com descontos nas mensalidades,
fácil localização, bolsas de estudo e parcerias com empresas nos quais os estudantes
trabalhavam no momento da tomada de decisão em optar em cursar uma faculdade.
86
A escolha em ingressar no CST em logística, dos alunos da Instituição de Ensino
Superior pública foram, em sua maioria das respostas, estar trabalhando na área; ser um dos
poucos cursos ofertados na IES; afinidade com a área, e por identificação com a área devido a
ter trabalhado com estoques. As causas dos alunos da IES particular se originaram por estar
no mercado de trabalho no ramo de logística, porém, os entrevistados remeteram a ênfase em
áreas diferentes de atuação, como atendimento, produção, engenharia, todos mencionaram a
busca de aperfeiçoamento.
4.1.2 – Curso Superior de Tecnologia em Logística
Para os alunos da IES pública, ao ser perguntado a relação entre os conhecimentos
teóricos e práticos ensinados no curso, os mesmos responderam:
Aluno 1: “Em determinadas matérias poderia conciliar a prática e a teoria, em
laboratórios”.
Aluno 2: “Os conhecimentos teóricos servem como base, para estudar, conhecer; a
prática ajuda muito a não esquecer e aprender na prática como funciona, mostra que realmente
sabe, teoria base a prática você resolve os problemas na raça”.
Aluno 3: “Trabalho na área de transportes passageiro. Existe pouca relação entre o
teórico do curso, com exceção de uma única disciplina”.
Aluno 4: “Todos conhecimentos das disciplinas específicas conseguiram ter aplicações
práticas”.
Aluno 5: “Medianos. Poderíamos realizar mais aulas práticas, pois quem não teve
contato com logística não consegue ter visão operacional.
Os alunos da IES privada mencionaram ao responder a mesma questão:
Aluno 1: “poderia ser melhor, apesar que são bons sim, só que eu acho que poderia ter
mais coisas na prática, assim, mais exercícios na prática, que a gente geralmente faz uma
atividade em sala de aula, a gente aprende na sala também, mais coisas que a gente poderia
estar vendo fora no mercado”
Aluno 2: “Eu acho muito importante até, o conhecimento teórico com o prático. Eu
fazia a parte prática, não entendia como funcionava e a parte teórica me fez ter maior visão”.
Aluno 3: “No começo foi um pouco meio difícil, mas no decorrer do curso, segundo
semestre, terceiro, por exemplo, eu achei que as matérias vieram muito de encontro com as
coisas que eu faço, achei que me deixou um pouco mais hábil em relação ao que eu era antes,
me trouxe muito conhecimento, apesar de que minha área de produção eu conseguia assim,
87
entender melhor todo o conceito, e trazer basicamente o conceito, não mesmo efetivamente o
que se aprende aqui, mas me abriu mais a mente para olhar mais um pouco pra frente”.
Aluno 4: “Então, na teoria você aprende muitas técnicas e estratégias que você pode
sim colocar na prática, dependendo da empresa que você trabalha. Porque tem empresas que
trabalham com logística hoje que elas não implementam técnicas, nem usam de estatísticas
logísticas pra crescimento e tem empresa que utiliza”.
Aluno 5: “Ah, sim, eu trabalhei na Sky e via muito logística reversa, e não conhecia,
conheci aqui na faculdade e quando vi na prática foi muito fácil lidar, e também vi o sistema
kamban também, e você ver na faculdade e na prática, é bem, como é que eu posso dizer, tem
relação os dois mesmo, porque as pessoas falam muito você vê na faculdade e na prática é
totalmente diferente, pelo que eu vi não, foi bem relacionado as duas partes, né,
principalmente de logística reversa”.
Os alunos da IES pública percebem a relação dos conteúdos das disciplinas
ministradas da seguinte forma:
Aluno 1: “A cada semestre percebo que elas se integram”.
Aluno 2: “São conteúdos que um tem ligação com o outro complementa, o que torna o
conteúdo mais fácil de entender, ou não, mais que se aprendeu direito no começo vai bem até
o final”.
Aluno 3: “Se integram, principalmente neste semestre”.
Aluno 4: “Bom, consigo observar o conteúdo com clareza”.
Aluno 5: “Algumas disciplinas não tem um conteúdo que tenha uma relação boa com
as demais matérias”.
Segundo os alunos da faculdade particular, a relação dos conteúdos das disciplinas
ministradas consiste:
Aluno 1: “Bom, tem bastante conteúdo que é muito importante lógico, mas, tem
algumas matérias que eu gostaria de estar assistindo presencial, entendeu? Porque eu tenho
um pouco de dificuldade de digamos que, como eu posso dizer, assim, eu estudar dentro de
casa eu não tenho a mesma atenção que eu tenho na sala de aula, tenho um pouco de
dificuldade de estudar em casa, então eu tive muitas matérias que eu gostaria que fosse o
professor que estivesse dando aula pra gente, entendeu? Um exemplo é gestão de produção,
essa matéria pra mim era super importante ter um professor falando sobre ela, sobre a matéria,
porque a minha concentração na hora certa eu tenho mais em sala de aula do que em casa, em
casa eu não consigo ter a concentração, as coisas que eu devo talvez não entra na cabeça
como deveria. Mas eu acho que se tem um professor para determinadas matérias, eu acho
88
mais vantagem ter em sala de aula que no AVA, por exemplo. E algumas matérias, por
exemplo, Ética, Cidadania, essas coisas, eu acho que essas poderia estar no AVA, mas
empreendedorismo, que eu achava importante ter na sala de aula, gestão de produção, essas
coisas, a gente teve na plataforma virtual. Mas as matérias que tivemos em relação ao curso e
à área, eu achei que foram bastante bem abordadas e a gente conseguiu aprender bastante, eu
pelo menos consegui”.
Aluno 2: “Para quem sai do ensino médio e fica muito tempo fora da escola, fora do
aprendizado, acho meio difícil, mas, com o tempo a gente vai se adaptando”.
Aluno 3: “Então algumas disciplinas eu acho que todas as disciplinas que a gente tem
em sala que tem o professor para dar orientação pra gente, eu acho muito bacana e muito
valioso e acho que o diferencial tá aí, que a gente pode discutir experiências e as experiências
dos nossos colegas e professores, a vivência do professor, tudo o que ele tem pra nos ensinar,
eu só discordo da AVA, do ensino a distância né, desse contato que a gente não tem com o
professor, talvez pra mim seja mais por causa de ter ficado muito tempo fora sem estudar, sem
fazer nada, fazendo algum curso técnico tipo SENAI, essas coisas assim, mas não é como
você vir pra faculdade e ter diálogo todos os dias, diariamente com o professor, aonde você
tem um conteúdo passivo e aonde você pode tirar dúvida na hora, né, eu vejo só esse
diferencial, porque a disciplina pra mim que é do AVA, se a gente estudar lá no AVA, pra
mim não vejo crescimento pro aluno, e a maioria dos alunos está nesse ritmo, agora fazer pré-
aula e pós-aula e fazer a aula com o professor na sala dessa matéria que a gente tem com o
professor, acho muito bacana, acho enriquecedor. Então, eu acho que tudo que tá sendo
aprendido né, cotidianamente e principalmente agora nesse quarto semestre, acho todas as
matérias bem bacana. Todas essas matérias, então eu acho que esse agora é um momento que
está se fechando o ciclo de tudo, então, eu tô gostando muito, tô gostando dessa questão do
aprendizado desse leque que se abre, esse conhecimento que se traz agora e todo o conteúdo
que está sendo ensinado agora nesse quarto semestre acho que é top, vai fazer um diferencial
muito grande, é por isso que eu já despertei nesse quarto semestre pegar uma ou duas
disciplinas que a gente está fazendo e me especializar mais em uma, pelo menos”.
Aluno 4: “Assim, tá bem semelhante né, tem a ver uma relação de matéria, tem a ver
pro mercado de trabalho, tem a ver com que a gente aprende aqui, porém tem algumas
disciplinas que ficam um pouco fora, que nem tem matérias que seriam importantes pra gente
ter, que é uma matéria que eu acho, que é gestão da produção, infelizmente ficou EAD pra
gente. Então é uma matéria que você não conseguiu pegar o teórico na prática, assim com o
89
professor pra tirar dúvida, então, você teve que estudar on line, no nosso caso, então tem a ver
com que a gente precisa pro mercado, porém tem algumas disciplinas que deixou a desejar”.
Aluno 5: “Ah, eu percebo que é bem elaborado, que é bem desenvolvido pela
faculdade, pelos professores também, e nós alunos conseguimos entender bem esses
conteúdos que são passados”.
De acordo com a opinião dos alunos dos cursos de logística das duas instituições, os
conhecimentos básicos para o tecnólogo em logística são expostos conforme o quadro 10:
Quadro 10 – Conhecimentos básicos do tecnólogo em Logística- Alunos IES Pública e Privada IES Pública IES Privada
1 Modais de transportes. Gargalos logísticos.
2 Intermodais, tecnologia de transportes, Pesquisa
Operacional.
Tempos e movimentos dos pedidos e mercadorias.
3 Estatística e Pesquisa Operacional. Gestão de pessoas, de matemática financeira.
4 Transporte e armazenagem. Área da gestão.
5 Roteirização, administração, tecnologia de
transportes e intermodalidades.
Área de pessoas, de atender melhor na área certa.
Fonte: Elaborado pelo autor.
O quadro 10 evidenciou a diferença de conhecimentos que os alunos da IES pública e
particular determinaram para a atuação do tecnólogo em logística, os primeiros responderam
nas entrevistas temas voltados na área de exatas. As respostas dos alunos da IES particular
revelaram que os assuntos relacionados à gestão e humanidades prevaleceram dentro da
amostra para o exercício profissional.
Conforme os alunos da faculdade pública do município de Guarulhos, o curso
contribuiu para o crescimento pessoal:
Aluno 1: “Devido estar cursando o Ensino Superior, subi de cargo na empresa e estou
no momento concorrendo a outro nível hierárquico”.
Aluno 2: “Me ensinou muito, sou outra pessoa, resolver problemas, simular possíveis
soluções, descobrir melhores caminhos, além disso hoje em dia é essencial uma graduação.
Aluno 3: “De maneira geral, possuir o conhecimento da área facilita a compreensão
das coisas que ocorrem no cotidiano, como a greve dos caminhoneiros”.
Aluno 4: “Contribuiu para a conquista de uma promoção na empresa.
Aluno 5: “Primeiramente com o conhecimento, relacionamento interpessoal, e me
abriu portas profissionalmente.
No tocante a contribuição que o curso promoveu para o crescimento pessoal, os
estudantes do último semestre da IES privada expressaram que:
90
Aluno 1: “Com o curso eu aprendi a parte mais teórica da logística e tudo, e algumas
matérias também que não é relacionada diretamente à logística, mas te faz você aprender
mais, pessoalmente e profissionalmente me ajudou muito, na hora de eu fazer uma entrevista
eu tenho mais calma para estar na frente do entrevistador na hora de conseguir um emprego”.
Aluno 2: “Contribuiu muito porque a partir do momento que você passa a entender os
processos, a minha empresa, o meu chefe, assim, começou a me ver com outros olhos, me
pedia outras coisas e eu entendia o que estava fazendo”.
Aluno 3: “Só de estar cursando um curso superior já tem um diferencial, já acaba
pondo a gente por outros caminhos, já abre esse leque. Na empresa que eu trabalho já passa
assim, você já passa a ser olhado com outros olhos, né, apesar de eu ter crescido muito, de ter
feito muito trabalho, eu trabalho numa empresa há 29 anos, né, agora nesses últimos dois anos
eu resolvi fazer uma faculdade, já ajudei muitos projetos, já ajudei muito a desenvolver
projetos na empresa né, até teve muito êxito, né, mas acho que agora o fato de estar fazendo
uma faculdade, então, existe aquela docilidade de ver um respeito a mais, olhar que isso
agrega também pela minha idade, estar estudando agora também já é um diferencial, você está
com quase 50 anos de idade, você vai pra faculdade? Então já é um diferencial e mostra tipo
assim, a empresa fica vendo que você quer dar algo mais, que você quer sair dos limites,
galgar novos horizontes”.
Aluno 4: “Muito, eu cresci bastante em relação a profissionalismo, saber se comportar
diante de uma situação, ser flexível, porque o mercado exige isso, então me ajudou muito”.
Aluno 5: “Assim, crescimento ninguém tira da gente, de uma maneira ou de outra
agrega. Tanto pessoal quanto profissional”.
Quando perguntados aos alunos concluintes das duas IES se eles realizaram cursos
complementares paralelos à graduação, entre os alunos das IES pública, somente o aluno 2 fez
um curso de inglês, o aluno 1 respondeu que fará um curso de inglês após o término do curso.
Entre os alunos da IES privada, os entrevistados 1 e 3 responderam que não fizeram nenhum,
os alunos 2 e 4 realizaram cursos de inglês e o aluno 5, cursos de Excel avançado e de
Programação e Controle de Produção. Todos os alunos mencionaram que pretendem retomar
ou iniciar o curso de inglês após o término da graduação.
91
4.1.3 Mercado de trabalho e Competências
As facilidades de ingresso ou melhoria na sua situação no mercado de trabalho após
ingressar na faculdade, e as dificuldades enfrentadas, na perspectiva dos alunos da faculdade
privada foram:
Aluno 1: “Facilidades de poder participar de recrutamento interno para níveis de cargo
mais altos dentro da companhia”.
Aluno 2: “Sou olhada com outros olhos, tem mais oportunidades de crescimento, se
surge uma vaga a encarregada já comenta”.
Aluno 3” “A faculdade pública tem um nome forte, os gestores veem com outros
olhos, e quando demonstramos conhecimento prático, essas melhorias são observadas. A área
em si, não me atrai, pretendo cursar novas áreas”.
Aluno 4: “Possibilitou a conquista de um novo cargo na empresa”.
Aluno 5: “Por estudar na Fatec me abriu mais facilmente as portas, pois a instituição é
reconhecida por suas qualidades. As dificuldades é conciliar as responsabilidades por não ser
estágio e as atividades do curso”.
Para os alunos da faculdade particular, as facilidades de ingresso ou melhoria na
situação no mercado de trabalho após ingressar na faculdade e dificuldades enfrentadas
foram:
Aluno 1: “Eu quando nesse meu último emprego que eu já estou há sete meses, eu já
estava no terceiro semestre daqui da faculdade quando entrei, e assim quando eu não estava
na faculdade eu procurava emprego eu não tinha meio que, ter coragem de ir atrás de uma
coisa melhor, tipo assim, ah esse aqui não precisa de faculdade, ah eu vou nesse daqui. Assim
que eu saí do meu serviço anterior, daí eu comecei a procurar na área e já comecei a ver
empregos que necessitavam de curso superior e foi um diferencial porque eu trabalhei, porque
na entrevista eu tinha concorrentes que não cursavam faculdade, alguns que cursavam,
entendeu, então eu percebi que no final dos que foram eliminados, e os que ficaram para esse
último emprego, só ficou quem tinha ou quem estava cursando superior em logística, então,
pra mim, isso foi fundamental”.
Aluno 2: “Uma melhoria é que eu já estava há seis anos na empresa, nada acontecia,
nada mudava, a partir do momento que eu comecei a fazer faculdade tive duas promoções,
então, foi fundamental assim, por ele ver que eu estava estudando, a gerência ver que eu
estava estudando, que eu tinha conhecimento daquilo, foi o que facilitou, apesar do momento
de crise atual do país, eu consegui ser promovida. Algumas dificuldades assim, porque a gente
92
ganha algumas responsabilidades, né, então, pra lidar com aquilo e ter a mente fresca e
conseguir lidar, essas foram as dificuldades, da responsabilidade que veio sabe”.
Aluno 3: “No meu caso como eu vim pra faculdade, eu não tinha nenhuma expectativa
de exercer uma função, eu já tenho uma função, eu fiz apenas pra melhorar como já estava
empregado, não tive dificuldade, a única coisa é que melhorou pra mim, me trouxe mais
conhecimento, só me agregou valores novos, que me agregou, agora não teve assim uma
dificuldade, por eu já estar empregado, agora olhando exatamente pra quem está
desempregado e precisa entrar numa empresa, passar por um processo de seleção, eu tenho
que selecionar pessoas, eu vejo aí essa questão que às vezes falta mais conhecimento, mais
vantagem quem tá mais preparado tá um passo a frente”.
Aluno 4: “Assim, no meu trabalho, por exemplo, eu recebi uma promoção, depois que
eu ingressei na faculdade, então, assim, eu era do operacional, então eu fui vista porque eu
entrei na faculdade, aí consegui passar para o administrativo, hoje eu sou bem visada no
administrativo. Meu chefe elogia muito o meu trabalho, né, eu sou competente pra fazer e é
uma área que assim, é uma coisa que tá me ajudando a crescer dentro da empresa”.
Aluno 5: - “Primeiro a melhoria, é que as pessoas dão muito valor hoje pra quem faz
faculdade, claro que hoje em dia a faculdade é muito fácil você entrar, mas, pelo que eu vi na
empresa em que eu entrei é que eles dão muito valor pra quem quer estudar, e a faculdade,
como eu entrei aqui na faculdade e me proporcionou um bom desempenho lá, graças ao
espaço que a empresa deu pra mim também. E a dificuldade é você fazer a faculdade, como
eu falei, é você ver uma coisa na faculdade e na prática ver outra, e isso não aconteceu
comigo,eu vi os dois ao mesmo tempo, então, não teve muita dificuldade”.
Quadro 11 – Empregabilidade dos alunos concluintes CST Logística - IES Pública e Privada
Alunos IES Pública Alunos IES Privada
Cargo Atual Cargo Atual
1 Encarregado de Logística Assistente de Logística
2 Assistente de Planejamento Assistente administrativo
3 Assistente de processos logísticos Líder de Produção
4 Auxiliar administrativo Líder de Produção
5 Assistente de frota Assistente de Faturamento
Fonte: Elaborado pelo autor.
O curso contribuiu, segundo os estudantes da IES pública, no seu emprego atual:
Aluno 1: “Meu desenvolvimento pessoal”.
Aluno 2: “Sou mais confiante pra resolver, ajudar, opinar em situações que acontecem,
mesmo ainda não estar na carteira trabalhando na área”.
Aluno 3: “Dinâmico na solução dos problemas”.
93
Aluno 4: “Com conhecimentos técnicos”.
Aluno 5: “Utilização de conhecimento adquirido”.
Os alunos concluintes da faculdade privada responderam ao serem indagados em que o
curso contribuiu no atual emprego, foram expostos os seguintes comentários:
Aluno 1: “Bastante coisa, desde a minha entrevista até agora, apesar que agora aonde
eu estou não tem uma hierarquia onde você pode estar galgando promoções e crescimento,
mas é uma empresa boa, e eu consegui identificar algumas coisas na empresa, graças ao
curso, que podem ser melhoradas”.
Aluno 2: “Possibilitou a minha promoção e a minha autonomia, porque eu não tinha
muita voz ativa, então isso melhorou muito e foi através do curso”.
Aluno 3: “Foi reconhecimento mesmo, pelo esforço, reconhecer que eu estou sendo
mais esforçado que eu sempre fui, então eu acho que o reconhecimento pelo esforço dentro da
empresa, então é isso aí. Você acaba tendo mais, as pessoas acabam me enxergando mais, que
tá trazendo mais conhecimento, que atribui mais conhecimentos pro crescimento da empresa.
Então, é isso aí”.
Aluno 4: “Eu recebi uma promoção, depois que eu iniciei o curso eu recebi uma
promoção, e tenho visão de crescer profissionalmente, não só junto com a empresa, mas
profissionalmente.
Aluno 5: “No desenvolvimento pessoal para falar, como eu sou uma pessoa muito
tímida e lá no trabalho tinha que falar no telefone, geralmente, eu resolvi bem essa parte
durante o curso”.
Para os alunos da IES pública o diferencial do curso ajudou no ingresso ou melhoria
no mercado de trabalho aos alunos 1, 3 e 5 através do nome da IES, os alunos 2 e 4
mencionaram que auxiliou em solucionar problemas de logística no emprego e desenvolver a
habilidade de analisar com mais detalhe as operações dentro do trabalho. Os alunos do último
semestre do curso de logística da IES privada mencionaram que o diferencial do curso os
ajudou na promoção nas empresas nas quais trabalham. Segundo os alunos 1, 2, 3 e 4
conseguiram aliar a prática no trabalho com os fundamentos teóricos que aprenderam em sala
de aula, o aluno 5 disse que “melhorou a vida dele”.
Os alunos entrevistados das duas IES responderam sobre o que seriam competências,
seguem abaixo as respostas, os alunos da IES Pública consideram competências como:
Aluno 1: “Saber resolver as coisas”
Aluno 2: “Saber fazer, resolver, explicar; habilidades pra resolver conflitos ou
situações diversas”
94
Aluno 3: “Conhecimentos profissionais que cada um deve ter para diferentes áreas de
trabalho”.
Aluno 4: “Capacidade de realizar algo”.
Aluno 5: “Tarefas bem executadas”.
Para os alunos entrevistados da IES particular, competências consiste em:
Aluno 1: “Uma qualidade que a pessoa tem, especialidade em determinada área, pra
mim competências seria isso. Uma especialização em determinada área, acho que seria
competência”.
Aluno 2: “Saber fazer uma determinada função, determinada coisa, mas você saber
fazer, ter um começo, meio e fim, isso eu acho que é uma competência. Tanto, ou você já tem,
ou você adquire”.
Aluno 3: “Aquilo que pessoas tem pra agregar, ter potencial pra desenvolver um
trabalho dentro de um tempo estabelecido”.
Aluno 4: “Pegar uma coisa pra fazer, uma responsabilidade, uma atividade pra fazer e
você ser competente pra cumprir com os prazos, você cumprir com o que você tem que
entregar”.
Aluno 5: “Habilidades que o profissional tem em fazer várias tarefas, ou ser flexível,
agilidade, como a pessoa que consegue fazer várias coisas no ambiente profissional”.
Com relação às competências profissionais exigidas na área de logística, os alunos da
IES pública responderam que requer:
Aluno 1: “Visão, Agilidade, Comunicação”.
Aluno 2: “Solucionar problemas, pois a área sofre diversas interferências externa e a
aptidão de planejar”.
Aluno 3: “Perfil analítico, conhecimento com transportes e armazéns, matemática”.
Aluno 4: “Ter visão operacional, comprometimento, entender horários diferenciados
afim de entregar no tempo certo”.
Aluno 5: “Dinâmica, conhecimento técnico e trabalho em grupo”.
Os alunos da IES privada mencionaram que as competências necessárias na área de
logística são:
Aluno 1: “Ser dinâmico e proativo, na logística nunca vai ser sempre aquilo, sempre tá
mudando, então é importante e ter o conhecimento básico de como funciona”.
Aluno 2: “Saber o tempo necessário para atender o cliente, estar atento a isso. Outra
área que eu participei foi de custos, a tensão é muito grande, ter responsabilidade com o que
faz”.
95
Aluno 3: “Conhecer armazém, como estocar, ter conhecimento de como fazer uma
retirada rápida, programar entregas, embalagem, tipo de embalagem pra cada produto, então,
tem que estar focado, ter o básico para poder utilizar todo o processo de movimentação de
materiais dentro da empresa”.
Aluno 4: “Ter o inglês porque é uma exigência do mercado para alavancar na sua
carreira”.
Aluno 5: “Ser muito atenta, saber lidar com cliente, ter paciência, ser bem flexível
também, de maneira geral”.
Questionados aos alunos da IES pública sobre quais competências foram
desenvolvidas no decorrer do curso, a forma de comunicação, visão gerencial, iniciativa,
resolução de problemas do cotidiano e desenvolvimento técnico. Em relação aos alunos da
IES privada, os mesmos mencionaram que desenvolveram questões conceituais, autonomia na
execução de tarefas, aumento da visão no processo do trabalho, capacidade de liderança e
comunicação.
Na percepção dos alunos das duas instituições, as atividades na sala de aula ajudaram
a desenvolver as competências profissionais para o mercado de trabalho através das situações-
problema propostas pelos professores e serem resolvidas na sala de aula em grupos, na
maioria dos casos, estes desafios assemelha ao cotidiano das empresas.
4.1.4 Projeto Integrador Interdisciplinar
Com relação ao projeto integrador, realizado em todos os semestres do curso, os
alunos da faculdade pública responderam que na maioria dos casos, realizaram artigos
científicos e projeto de melhoria em empresas sobre determinadas situações operacionais e
não detalharam na entrevista os projetos. Para os alunos 2 e 5 os projetos contribuíram no
desenvolvimento de suas competências graças ao “aumento da visão das coisas”, na opinião
demais alunos não houve contribuição.
Os alunos da IES privada realizaram também projetos de melhoria em empresas e
projetos sociais, os mesmos relataram com detalhes os projetos, algumas se basearam em
empresas fictícias, outras em empresas nos quais os colegas do grupo trabalhavam e outra
onde os alunos estavam empregados. Todos os alunos responderam que a contribuição do
projeto integrador de certa forma agregou no desenvolvimento de suas competências através
da articulação entre as situações encontradas/criadas nas empresas e as sugestões de melhorias
baseadas nos temas das disciplinas do curso.
96
4.1.5 Perspectivas e Recomendações
Em relação às perspectivas de melhorias na empregabilidade dos alunos entrevistados
depois de formados, todos os alunos da IES pública responderam ser positivas, os alunos da
IES pública 4 e 5 conseguiram novos cargos nas empresas nas quais trabalham e os demais
relataram almejar alcançar novos cargos. As respostas dos alunos da IES privada são
semelhantes, o aluno 1 mencionou que onde trabalha no momento não tem perspectiva de
ascensão profissional e busca novas colocações, o aluno 2 mencionou que a empresa onde
trabalha arca com 50% da mensalidade do curso, os demais alunos disseram que continuarão
seus estudos e realizarão cursos de inglês.
Os alunos das duas IES ao serem questionados se houve evolução no desenvolvimento
das suas competências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) e na forma de pensar
entre o momento do ingresso e o atual, todos responderam de forma afirmativa, salientaram a
necessidade de continuar seus estudos, como exemplo o depoimento do aluno 5 da faculdade
pública, “Creio que evolui e estou motivado a continuar meus estudos”, e o aluno 1 da IES
privada, “Eu vejo um futuro melhor mais parara frente, ainda mais que eu penso em continuar
estudando”.
Todos os alunos da IES pública recomendam o curso com as seguintes justificativas:
proporcionar crescimento profissional, nota alta no MEC, bons professores, boa instituição.
Os alunos da IES particular, todos também recomendam o curso pelas respectivas razões:
empregabilidade, possibilidade de promoção na empresa, articulação em conhecer todas as
áreas da empresa e o grande número de empresas de logística em Guarulhos.
4.2 – Entrevistas com professores - IES Pública e Privada
4.2.1 – Perfil dos professores entrevistados
Quadro 12 – Identificação dos Professores – IES Pública e Privada
Identificação
IES - Pública IES - Privada
Gênero Idade Gênero Idade
Professor 1 Feminino 33 anos Masculino 38 anos
Professor 2 Masculino 70 anos Masculino 51 anos
Professor 3 Masculino 58 anos Feminino 33 anos
Professor 4 Masculino 63 anos Masculino 35 anos
Professor 5 Masculino 42 anos Masculino 53 anos
Fonte: Elaboração do autor.
97
Quadro 13 – Formação Acadêmica – Professores – IES Pública
Graduação/
Instituição
Especialização/
Instituição
Mestrado/
Instituição
Doutorado/
Instituição
1 Logística/UNG
Engenharia de Transportes /
USP
Engenharia de
Transportes / USP
2 Licenciatura em Matemática
/ Farias de Brito Administração / UNINOVE
3 Ciências / UNG
Logística / UNIDERP
Logística
Empresarial / FGV
Gestão e Desenvolvimento
Regional / UNITAU
4 Comunicação Social / FIAM Marketing / ESPM Comunicação Social / UNIP
5 Administração / UNG
Gestão de Negócios
/ Mackenzie
Fonte: Elaborado pelo autor.
Quadro 14 – Formação Acadêmica – Professores – IES Privada
Graduação/
Instituição Especialização/ Instituição
Mestrado/
Instituição
Doutorado/
Instituição
1 Comunicação Social /
UNINOVE MBA Executivo em Marketing / FGV - -
2 Tecnologia em
Logística / ENIAC
MBA em Gestão Estratégica de
Negócios / Anhanguera; Psicologia
Organizacional / Anhanguera - -
3
Administração/
Anhanguera
MBA em Gestão Estratégica de
Negócios / Anhanguera; Didática e
Metodologia do Ensino Superior /
Anhanguera
- -
4 Administração de
Empresas e Comércio
Exterior / Faculdades
Integradas Torricelli
Logística de Armazenagem e
Distribuição /Anhanguera; Gestão
Estratégica de Negócios /
Anhanguera
Mestrando em
Políticas
Públicas/UMC -
5 Administração / UNG
Engenharia da Produção/USJ; MBA
em Gestão Empresarial / Fundação
Dom Cabral
Engenharia
Mecânica /
UNITAU
Doutorando em
Engenharia da
Produção/UNITAU
Fonte: Elaboração do autor.
Quadro 15 – Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 – Professores - IES Pública
Docência Docência/
IES Pública
Disciplinas ministradas
1 8 anos 8 anos Transporte de Cargas Especiais
2 14 anos 14 anos Comércio Exterior e Logística. Matemática Financeira e Administração Geral.
3 15 anos 5 anos Logística, Embalagem e Unitização de cargas.
4 25 anos 21 anos
Fundamentos de Marketing, Gestão de Marketing, Comunicação Empresarial,
Inovação e Empreendedorismo.
5 11 anos 2 anos
Tecnologia de Transportes, Projeto aplicado à Logística, Projeto Interdisci-
plinar, Fundamentos da Gestão da Qualidade, Inovação e Empreendedorismo.
Fonte: Elaboração do autor.
98
Quadro 16 – Tempo de docência e disciplinas do 1º Semestre de 2018 – Professores - IES Privada Docência Docência/
IES Privada
Disciplinas ministradas
1 18 anos 12 anos Sistema de Informação Gerencial, Pesquisa Mercadológica e Projeto Integrador.
2 3 anos 3 anos
Intermodais, Empreendedorismo, Gestão em Publicidade e Gestão em
Marketing.
3 4 anos 4 anos Disciplinas em Gestão, Logística, Marketing, RH, Administração.
4
8 anos 7 anos
Economia Internacional, Relações Econômicas e Internacionais, Ética e
Deontologia, Siscomex, Planejamento e Controle da Produção e Processos
Logísticos.
5 10 anos 10 anos
Logística Empresarial, Administração de Materiais e Planejamento e Controle
da Produção.
Fonte: Elaboração do autor.
Para os professores da IES pública, a experiência docente, no aspecto geral, é positiva,
devido a pertencer a uma instituição de referência, ótimo clima organizacional, com colegas
de trabalho comprometidos no processo de ensino e aprendizagem e uma boa infraestrutura.
No aspecto negativo, somente o professor 5 mencionou nas entrevistas, se referiu a interação
dos docentes com “alguns funcionários administrativos não atendem as pessoas com boa
vontade”.
Segundo os professores da IES privada, os pontos positivos apontados se referem a
comunicação entre a coordenação e docentes é de forma bem integrada, materiais das aulas
prontos são bem elaborados e permite a disponibilidade aos alunos no portal, o método de
ensino, pois os alunos em sala de aula consultam o material em casa e realizam atividades
práticas em sala de aula. Nos aspectos negativos, os professores mencionaram a cobrança de
tarefas a serem realizadas fora do horário de aula, salas grandes, laboratórios de informática
não atendem, algumas vezes, à demanda dos alunos e professores, deveria melhorar um pouco
a organização na parte administrativa e a baixa atenção dos alunos durante a aula devido ao
cansaço, pois os professores 2 e 3 justificaram que esse déficit de atenção se deve a maioria
dos alunos trabalharem durante o dia.
A capacitação institucional proposta aos professores da faculdade pública serve como
fator motivacional no crescimento do plano de carreira, através de um sistema de pontuação
no qual são computados em virtude da realização de produções acadêmicas, participação de
congressos, publicações em revistas.
De acordo com os docentes da IES particular, a capacitação institucional consiste na
realização de cursos numa universidade corporativa da instituição, exigidos desde o ingresso
do docente na faculdade pelo departamento de recursos humanos, nos quais são realizados
diversos cursos, em sua maioria no ambiente virtual, com direito a certificados, estes
99
possibilitam conhecer a cultura da faculdade, além de realizarem cursos de curta duração para
o aprimoramento pessoal e profissional.
Todos os docentes entrevistados das duas IES avaliaram serem positivas as formas de
capacitação que as instituições oferecem.
4.2.2 Curso Superior de Tecnologia em Logística e Mercado de Trabalho
Na entrevista com os professores a respeito do Projeto Pedagógico do curso de
logística, todos os professores da IES pública mencionaram conhecimento e ressaltaram que o
mesmo é disponibilizado no endereço eletrônico da faculdade. Em relação aos professores
entrevistados da IES privada, apenas o professor 1 não tinha conhecimento, os demais
informaram que conheciam, inclusive o professor 5 ressaltou que possuía maior conhecimento
que os demais, segundo ele, “principalmente por ser um ex-coordenador”.
No tocante a metodologia pedagógica adotada no curso, os docentes da IES pública
responderam:
Professor 1: “Orienta-se o uso de metodologias ativas”.
Professor 2: “Os docentes têm autonomia para utilizar a metodologia que achar melhor
para a sua disciplina”.
Professor 3: “Os docentes têm autonomia para praticar a metodologia que entender ser
mais adequada em função do conteúdo de suas disciplinas”.
Professor 4: “Reflete o ensino de outras instituições, coordenadas com as necessidades
básicas do mercado. A forma de ensino teórica poderia ser melhor aplicando uma prática mais
intensiva”.
Professor 5: “No curso é incentivado o uso das mais diversas práticas, o que
chamamos de metodologia ativa”.
Os professores da IES particular responderam sobre a metodologia utilizada em sala
de aula:
Professor 1: “Um modelo pedagógico, que te fala desde o conteúdo que vai ser dado
em aula até o método de avaliação”.
Professor 2: “Ah é assim, a gente prepara uma aula, a gente aplica aquela aula e faz a
cobrança da pós-aula, o que que é isso, é testar o rendimento do aluno, como que ele está,
porque o ideal não é só que o aluno mostre que ele tem conhecimento na aula, então, fora da
aula ele também tem que praticar para ter um rendimento melhor”.
100
Professor 3: “a metodologia aqui da instituição é a ativa, é uma ferramenta muito boa,
mas os alunos ainda alguns alunos não assimilam direito”.
Professor 4: “O método é de sala invertida e também o modelo professor, nós temos os
dois modelos: sala invertida e o modelo professor. O método eu acho que não é o perfil do
nosso alunado, porque o aluno ele assiste a aula e vem pra sanar dúvidas, a maioria dos alunos
trabalham e não tem tempo pra ver as aulas ou de repente veem as aulas no final de semana
acumula muita aula, ele tem que ver a aula correndo e aí foge da proposta do curso”.
Professor 5: “A metodologia no caso da Logística segue a mesma metodologia dos
outros cursos, onde que a busca de pegar a experiência e fazer cases durante as aulas para
associar com a experiência e aplicar no dia a dia, eu acho que é interessante. Aplica-se muito
a cada aula uma situação-problema para o aluno, onde que o aluno tem que desenvolver
aquela situação-problema, essa metodologia acho bastante interessante, isso daí força o aluno
a pensar. Alguns desafios é tornar, é que a metodologia, por exemplo, com o passar do tempo,
a metodologia não, as situações problemas começam a ficar desgastadas, precisam ser
renovadas, porque o dia a dia das empresas, os problemas vão alterando, e até porque os
alunos de outros cursos acabam tendo acesso a situações-problema antecipadamente, então, o
cuidado que tem que ter é renovar essa questão das situações problemas durante o curso. A
metodologia usada na faculdade eu acho interessante, ela faz com que os alunos, ou pelo
menos, tem como expectativa que os alunos saibam resolver problema, isso é um ponto, se
efetivamente eles estão saindo com esse formato, aí é outra situação que eu não posso falar
ainda, porque eu não vi caso, a gente acaba acompanhando um ou outro aluno, assim, mas no
geral não dá pra saber se realmente o resultado está sendo esse, mas a expectativa é boa na
minha opinião”.
Os docentes das duas IES foram indagados a responder sobre quais são os diferenciais
do curso para promover a empregabilidade aos alunos, os professores da IES pública
opinaram da seguinte forma:
Professor 1: “Curso Superior Tecnológico (CST) de formação global e especialização
nos processos. Duração do curso: 3 anos. Curso voltado para o mercado de trabalho”.
Professor 2: “Até o momento apresentou nota 5 e 4 nas provas no Enade, curso de 6
semestres e muita exigência com os alunos. Incentiva aos alunos a publicarem artigos e pôster
em congressos”.
Professor 3: “Boa nota no ENADE: Nota 5 em 2012 e nota 4 em 2015, pesquisa que
evidencia que de cada 10 alunos, 09 são contratados pelo mercado antes mesmo de concluir o
curso”.
101
Professor 4: “Conteúdo atualizado, trabalhos acadêmicos baseados na experiência e
vivência prática”.
Professor 5: “Estágios e Convênios”.
Os docentes da IES particular responderam que os diferenciais do curso oferecidos
são:
Professor 1: “A faculdade oferta o Canal Conecta, eu acredito que deve trazer algum
tipo de resultado, que eu vejo algumas pessoas participando, mas é o máximo que eu consigo
falar”.
Professor 2: “O networking que é feito na sala, independente da evasão que existe
dentro do curso, quando a turma começa a se conhecer, a empregabilidade, acho que é um
pouco a mais de conhecimento que o aluno absorve para o mercado de trabalho”.
Professor 3: “Algumas disciplinas que são práticas, então isso agrega muito, nas
minhas aulas eu gosto sempre de puxar os alunos para falar do seu trabalho, sobre aquele tema
da aula, como é no trabalho de cada um, eles acabam fazendo a troca de experiência também e
aí vão compartilhando e vão associando”.
Professor 4: “Nós temos um canal chamado Canal Conecta, esse canal visa a inserção
de alunos no mercado de trabalho, eu acho que é uma ferramenta muito boa”.
Professor 5: “Trabalhar com aula invertida, trabalhar com que o aluno crie o conceito
de que o aprendizado depende dele, acho que essa é uma expectativa importante de diferencial
de empregabilidade, porque numa empresa você tem que buscar o conhecimento sozinho.
Outra coisa é a questão da própria situação-problema, você criar essa questão de resolver
problemas do dia a dia dentro da sala de aula e com isso fazer com que os alunos associem
esses problemas quando estiverem externamente”.
Segundo os docentes da IES pública, os requisitos exigidos para o mercado de trabalho
para a contratação do Tecnólogo em Logística são:
Professor 1: “Conhecimento para resolver problemas relacionados à área da Logística
na empresa”.
Professor 2: “Conhecimentos específicos e gerais da área, como armazenagem,
transporte, gestão de estoques”.
Professor 3: “Visão sistêmica e humanística; Conhecimentos específicos e em
profundidade que abarquem: Gerenciamento da cadeia de suprimentos; principais atividades
da logística, envolvendo transportes, gestão de estoques, processamento de pedidos, além das
atividades de apoio”.
102
Professor 4: “O aluno estar apto a assumir as funções na empresa de imediato e
preparação para o uso de recursos tecnológicos de informática”.
Professor 5: “Disposição para aprender, raciocínio analítico e capacidade de trabalhar
em grupo”.
Para os professores entrevistados da instituição particular, os requisitos do mercado de
trabalho para contratar um Tecnólogo em Logística são:
Professor 1: “Conhecimento nas áreas de almoxarifado, de Planejamento,
Programação e Controle de Produção, que é uma área que emprega bastante”.
Professor 2: “Olha hoje o mercado está muito diferenciado comparando-se a 10, 15, 20
anos atrás, eu inclusive estava comentando com um amigo que você é formado em logística,
ok, mas se você não tiver quem indica, você fica meio perdido, porque quando uma pessoa
indica você, além de si, além de ter uma garantia, existe assim uma confiança, então, dentro
do mercado se você é admitido por uma empresa e você não conhece a empresa e você vê que
dentro dessa empresa quando você tá lá, você vê que o sistema de admissão e demissão é alto,
chama, tem um nome, turnover, que esse turnover é alto, então, que garantia você tem pra
essa situação, nenhuma, né, então, tem que ter cuidado, tanto pra quem tá admitindo, como
pra quem quer ser admitido”.
Professor 3: “Hoje não é só o diploma, você também precisa ter uma experiência,
alguma base, então por mais, às vezes, que ele busque um curso superior, que ele tá aqui, que
tem aulas práticas, enfim, se ele não entrar logo na área, ou estágio, ou efetivo, depois de
formado acaba ficando mais difícil para entrar no mercado, porque falta a experiência”.
Professor 4: “Ser proativo, ter raciocínio lógico, saber trabalhar com pessoas, entender
de tecnologias, que a logística a todo momento, principalmente com essa questão da logística
4.0, a gente tem um momento da gama tecnológica hoje, por menor que seja a empresa ela
tem um coletor, ela tem uma ERP, então, tudo isso, tem uma ferramenta de WMS, uma
ferramenta de RFID, então, isso exige do colaborador uma interatividade com a tecnologia, só
que em contrapartida a gente percebe que falta um pouco desses itens no curso, no
laboratório, alguma coisa assim, pra gente poder trabalhar essas ferramentas”.
Professor 5: “Bom, primeiramente, ser formado, ou estar em formação, o tecnólogo de
Logística tem um ambiente de trabalho bastante grande dentre as diversas áreas da logística, e
isso faz com que ele possa ter uma amplitude boa de procurar emprego, então, uma das coisas,
dos requisitos: ser formado ou estar em formação no curso, ter conhecimentos de estatística é
fundamental para o profissional de Logística, estatística acho que é básico, aí conhecer as
ferramentas, por exemplo Excel, é fundamental. No início básico do profissional de Logística
103
ter um pouco de inglês básico porque dependendo da área que você vai trabalhar você vai se
deparar com um pouco de inglês, alguma coisa que você tenha que trabalhar nesse sentido.
Mas inicialmente para um tecnólogo, esses seriam alguns requisitos básicos que eu poderia
colocar. Como conhecimento, conhecimento da área, obviamente se tiver alguma experiência
associada à área, então o aluno trabalhar com logística e já trabalhar numa área, isso são
requisitos que propriamente o mercado procura. Na questão de habilidades como eu falei, ter
conhecimento básico de cálculos, ter conhecimento de estatística, conhecimento de
ferramentas como Excel, por exemplo, conhecimento sobre Power Point, porque você tem
que fazer apresentações, dependendo da área que ele está trabalhando, e como atitude a gente
pode pensar basicamente ser muito proativo, é fundamental buscar ter, além de proativo, ter
iniciativa, que são quase duas coisas parecidas, mas, ter muito comprometimento, ser
dedicado porque trabalhar na logística requer muito esforço, bastante grande, às vezes você
trabalha fora do horário, você não tem horário, porque a logística está envolvida com tantas
coisas, que são todos os horários, às vezes de noite, de madrugada, às vezes a pessoa está te
procurando para resolver problemas, mas, dependendo da área que você trabalha, são várias
então, assim, a questão de conhecimentos, as habilidades e as atitudes, são algumas coisas
básicas que eu acho que eu posso falar”.
Considerando os requisitos necessários para o Tecnólogo em Logística ingressar no
mercado de trabalho, foi perguntado aos docentes das duas instituições, como a faculdade
contribui para que os alunos atinjam tais requisitos mencionados na questão anterior, os
docentes da IES pública responderam que:
Professor 1: “O PPC é desenvolvido com o objetivo de suprir as necessidades do
mercado de trabalho”.
Professor 2: “Apresentando fatos reais por professores com experiência profissional e
estes incentivando os alunos a observar problemas em suas unidades de trabalho na busca de
solução”.
Professor 3: “Definindo conteúdos programáticos que interseccionam o perfil com as
competências de acordo com o catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia”.
Professor 4: “Respondendo com formação adequada e atualizada, vivência em
softwares e laboratório”.
Professor 5: -“Com sua metodologia de ensino, práticas ativas, trabalhos em grupo”.
Os docentes da faculdade particular mencionaram que a instituição contribui para que
os alunos atinjam os requisitos exigidos pelo mercado de trabalho através:
104
Professor 1: “Atualmente, a gente tem alguns inícios de programa, a coisa é bem
embrionária, então uma delas é a ideia de basear em competências, então é um trabalho
inicial, mas ainda é um embrião, não digo que isso daí vai fazer diferença agora no momento,
tem que amadurecer muito esse processo, aliado a ideia do Canal Conecta, também que
teoricamente seria um termômetro de mercado, pra ver se os caras de fato estão adquirindo as
competências parecidas, mas eu acredito assim, que ainda está num momento muito
incipiente, não diria que isso daí é um diferencial competitivo ainda”.
Professor 2: “A cobrança das atividades, que são de aula, pós-aula, pré-aula. E os
projetos que os alunos tem que estudar pra se aperfeiçoar”.
Professor 3: “Como eu falei, incentiva os professores a buscar aulas práticas, tem o
Prointer, que é como se fosse um TCC, eu acho que isso ajuda bastante porque os alunos
acabam adotando naquele semestre, aquelas disciplinas dentro de uma empresa, fazendo um
estudo de caso, então, isso ajuda eles a assimilar a teoria com a prática”.
Professor 4: “Contribuir, foi aquilo, pegando um gap no finalzinho da questão
anterior, falta um pouco de infra aqui para gente. Por exemplo, se você quiser trabalhar uma
ferramenta de RFID, ou de repente explicar pro pessoal certas coisas, você não vai conseguir,
porque não tem infra de rede, essa coisa toda, então, eu acho que falta um pouco a desejar
nesse aspecto”.
Professor 5: “Bom, como eu falei, aqui na faculdade eu acho que assim, na parte de
conhecimento, ela já dá normalmente o padrão das disciplinas que os cursos no geral que
logística necessita. Desde a parte por exemplo de, propriamente, a parte básica, a parte de
matemática, a parte de outras disciplinas, a própria ética acho que é importante, são
disciplinas que são dadas aqui, as disciplinas de conhecimento mais técnico, administração de
materiais, planejamento, distribuição, transportes, então, essas são disciplinas mais técnicas.
No caso, pra desenvolver atitudes, essa coisa toda, volto novamente para as questões de
desenvolver a solução de situações-problemas no dia a dia aqui, o aluno tem que atuar. A
questão de trabalhar em equipe é fundamental, é uma característica que o mercado exige, você
sempre tem que estar trabalhando com equipe de pessoas”.
Sobre as dificuldades e/ou facilidades encontradas pelos alunos referentes a inserção
no mercado de trabalho durante a graduação, segundo os docentes da IES pública
correspondem:
Professor 1: “Dificuldade: conhecimento por parte do contratante referente a formação
de um tecnólogo. Facilidade: os alunos dos cursos da Fatec são bem vistos pelas empresas
devido a sua formação, a qual é voltada para o mercado de trabalho de uma área especifica”.
105
Professor 2: “Como dificuldade apresentada, tem-se a incompatibilidade dos horários
de trabalho e do curso, nos períodos matutino e vespertino”.
Professor 3: “A principal restrição consiste na conciliação dos horários de trabalho e
dos estudos, principalmente para alunos dos turnos matutino e vespertino”.
Professor 4: “A maior dificuldade é a imaturidade pessoal, visão global, da atividade,
não definição de conhecimentos específicos (especialização), outra dificuldade é
planejamento seguro”.
Professor 5: “Principal é falta de experiência”.
Na percepção dos docentes da IES privada, as dificuldades e/ou facilidades
encontradas pelos alunos na inserção no mercado de trabalho durante a graduação são:
Professor 1: “Eu vejo assim, se a gente estivesse num momento aquecido, o curso de
Logística aqui em Guarulhos é um curso que tem bastante espaço, porque, primeiramente, a
gente está perto das principais rodovias que cortam acidade, a gente está perto do maior
aeroporto do país, a gente tem algumas cidades aqui, alguns condomínios industriais aqui
perto da unidade, que eles poderiam estar atuando na área de planejamento, planejamento
logístico, mas o momento político do país não permite essa abertura de vagas, então, a gente
não está conseguindo sentir”.
Professor 2: “Hoje essa resposta é muito fácil que é a crise, se não fosse essa crise que
tá perdurando há um bom tempo, teríamos aí uma facilidade aí pra enfrentar o mercado de
trabalho. Mas a crise tá muito grande, tá melhorando bem pouco, mas digamos que a gente já
esteja com o nariz fora do poço, né. Então, eu acho que a dificuldade não é na pessoa e sim no
país”.
Professor 3: “É só reforçar o que eu falei, eu acho que é a questão da experiência. A
graduação em si hoje, se ele falar que está cursando é um diferencial, mas também se ele falar
que nunca trabalhou em Logística, é difícil uma empresa acreditar que ele entenda sobre
aquele assunto, por mais que ele fale que eu estou formado, que eu tenho curso, tem que ser
os dois, e assim, a instituição tem um Canal aí que é o Conecta, que é pra incentivar os alunos
a buscar essa empregabilidade, enfim, é experiência”.
Professor 4: “A dificuldade é o tempo de experiência, porque eles pedem pessoas com
nível superior, mas com um tempo muito elevado de experiência. A média de idade do nosso
aluno de logística é de 19 anos. Então, um profissional de 19 anos ele não tem 4,5 anos, é
impossível, de experiência. E quando ele vai pro mercado naturalmente ele se depara com isso
e cria um certo q de frustração”.
106
Professor 5: “Com certeza a experiência, muitas vezes falta a experiência que os
alunos têm na área, essas são as dificuldades. As facilidades é que o aluno tem consciência
que o conhecimento tá muito fácil de ser adquirido, então, por meio da internet, é possível
fazer os cursos os mais diversos possíveis, inclusive de universidades fora do Brasil, com
áreas específicas que poderia estar complementando o currículo dele, então essas são algumas
facilidades que existem. As dificuldades é ele buscar realmente entrar na área de trabalho”.
Na opinião dos docentes da faculdade pública, o mercado de trabalho espera dos
egressos:
Professor 1: “Saber resolver problemas de gestão da empresa”.
Professor 2: “Conhecimento, competência e habilidades exigidas na área”.
Professor 3: “Competências e habilidades para atuarem como gestores de atividades
específicas da área”.
Professor 4: “Pronta adoção e disponibilidade sem nova preparação na empresa, ser
prático, capacidade de planejamento e acompanhar a realização do trabalho”.
Professor 5: “Que eles se diferenciem do funcionário comum, demonstrando
capacidade de liderança e conhecimento técnico”
De acordo com os docentes da faculdade privada, o mercado de trabalho tem como
expectativa em relação aos recém-formados:
Professor 1: “Eu acredito que, dos cursos, né? Eu acho que nenhuma empresa espera
um profissional formado, espera um profissional com a capacidade de correlacionar as coisas
e colocar parte do conhecimento em prática, eu acredito que é isso daí, minimamente ele tem
que conhecer os termos da área, ele tem que conhecer o documento pelo menos visualmente,
tem que entender para que serve, não diria que ele tem que ser habilidoso naquilo que ele faz,
então um conhecimento bem superficial”.
Professor 2: “Profissionais competentes”.
Professor 3: “Capacitação, é o que nós professores buscamos fazer da melhor forma
pra mostrar para os alunos em aulas práticas, até em visitas a empresas, que são as aulas fora
da sala de aula. É a capacidade mesmo, as competências”.
Professor 4: “Proatividade, saber lidar com tecnologia, saber trabalhar com pessoas,
não ser uma pessoa acomodada para vida, acho que reciclagem constante, pós-graduação,
cursos complementares, por aí vai, extracurriculares. Basicamente essa questão”.
Professor 5: “Basicamente é um conhecimento sistêmico da área de logística, que é
conhecer a logística integrada, desde a logística interna, a logística externa, a logística
inbound, a logística outbound, então é você ter os conhecimentos de como funciona uma
107
cadeia logística, isso é um ponto importante. Outra questão é ter conhecimentos que possam
ajudar na resolução de problemas dentro da empresa, então, logística eu diria que cem por
cento do tempo dela é voltada para solução de problemas, é sistematização de ações, é buscar
trabalhar sobre processo, é melhoria contínua, então, assim, basicamente o que é o mercado
de trabalho, que os alunos venham com esses conceitos básicos, no mínimo, para que possam
ser implementados dentro da empresa”.
4.2.3 Competências desenvolvidas no curso
Segundo os professores entrevistados da IES pública, competências são:
Professor 1: “Conjunto de conhecimentos necessários para realizar uma determinada
atividade”.
Professor 2: “Conhecimentos necessários para funções de gestão, planejamento,
organização e controle”.
Professor 3: “Conhecimentos necessários para desempenhar as funções de gestão
como por exemplo, planejar, organizar, controlar sistemas logísticos organizacionais de
qualquer natureza”.
Professor 4: “Conhecimentos técnicos específicos, capacidade de gestão,
planejamento, prática na atividade”.
Professor 5: “O uso do conhecimento, das habilidades e atitudes na resolução de
problemas e no dia a dia de sua função”.
Os professores da IES privada mencionaram competências sendo:
Professor 1: “A capacidade do aluno analisar o cenário, a partir daí fazer julgamentos,
e propor melhorias de acordo com os conhecimentos que ele adquiriu, isso daí seria uma
competência”.
Professor 2: “Uma pessoa ser proativa, fazer o trabalho da melhor forma possível, o
qual ele é ordenado a fazer, e como que mais? Capacidade, demonstrar inovações no trabalho,
desenvolver inovações, acho que só isso”.
Professor 3: “Habilidade no que faz, eu não sei gerenciar o estoque, você tem uma
aula de gestão de estoque, eu trabalho de auxiliar de almoxarifado, então o aluno vai
começando a associar a teoria com a prática e isso vai dando competências pra ele no dia a dia
do trabalho dele demonstrar”.
Professor 4: “A captação de conteúdo técnico”.
108
Professor 5: “Competências partem do conhecimento, habilidades e atitudes dos
alunos, os requerimentos que o mercado necessita para determinada função”.
As competências necessárias para o recém-formado em Logística, segundo os
docentes da IES pública são:
Professor 1: “Viabilizar execução de metas operacionais; Organizar operações de
serviços; Controlar execução de serviços; Executar programas e normas; Participar do
Planejamento Operacional; Coordenar atividades gerenciais; Planejar os serviços de
suprimentos; Dirigir atividades de compras; Definir política de logística de suprimentos;
Participar das definições estratégicas para investimento e venda de ativo imobilizado;
Administrar materiais e Administrar recursos humanos (Projeto Pedagógico do CST em
Logística)”.
Professor 2: “Conhecer as ferramentas e suas aplicações, disponíveis no mercado, para
as atividades de logística”.
Professor 3: “Planejar; controlar; aplicar as ferramentas de tecnologia de informação e
comunicação; aplicar a legislação; gerenciar atividades de transportes, manutenção de
estoques, processamento de pedidos, aquisição, embalagem, entre outras”.
Professor 4: “Idem acima”.
Professor 5: “Liderança, uso de tecnologias, análise sistêmica, capacidade de
comunicação e capacidade de resolução de problemas”.
De acordo com os docentes entrevistados da IES particular, as competências
necessárias para o recém-formado em Logística são:
Professor 1: “Algumas competências, então, por exemplo, entender o conceito de
tempos e movimentos, entender o conceito de fluxo de processos, entender o conceito de
funcionamento de requisição, análise de risco, de pontos críticos e sucesso nas atividades que
eles promovem, diria que esse daí é o principal”.
Professor 2: “As competências para ele eu acho que é assim, ele demonstrar no serviço
o que ele aprendeu, porque ele aprende muito dentro de todas as disciplinas que é ministrada
para eles. Pra você ter uma ideia o tecnólogo em logística ele fica quatro semestres, cada
semestre tem uma média de cinco disciplinas e ele absorvendo todos esses conhecimentos está
bem preparado para o mercado”.
Professor 3: “É o que eu já falei, você ter pelo menos uma noção básica da teoria com
a prática, que nem sempre só a teoria funciona, que nem a gente trabalha em situações-
problema para eles, só que na hora tem pressão, tem outros fatores que influenciam numa
tomada de decisão, então, ele pode ter uma competência teórica muito boa, mas ele também
109
precisa dessa experiência no dia a dia, ele só vai conseguir isso durante a formação dele, se
ele buscar já entrar na área, um estágio, aí agrega”.
Professor 4: “Conhecer de tecnologia, ter raciocínio lógico, é trabalhar ali com
pessoas, ter leitura de mercado, ter leitura de ambiente, ser interpretativo, e não ter uma
postura acomodada, que eu já falei”.
Professor 5: “Acabei respondendo essa questão, competências, algumas são
competências ligadas à área de conhecimentos básicos de logística, como eu falei, e conhecer
todo o processo, a logística como um todo é muito grande, então ela tem muitas áreas,
depende quando ele tem o todo do curso, ele vai adquirindo esses conhecimentos, desde
quando ele vai trabalhar na administração de materiais, na parte de requisição, primeiro
contato com os fornecedores, depois ele vai para uma área de conhecer produção, vai para
logística interna, vai para área de transportes, então, todas essas áreas, as disciplinas elas vão
desenvolvendo conhecimentos por esses alunos. No caso habilidade tem que buscar por meio
de ferramentas, existem várias ferramentas, que algumas a faculdade até ajuda com cursos
extracurriculares, tipo excel, que essa é fundamental para o aluno conhecer, formações básicas
de matemática, estatística, isso é fundamental. E como eu falei, assim, no processo quando
inicia até terminar o curso, ele vai alterando as atitudes dele, então, o famoso “CHA” é meio
que entregue durante o curso”.
No tocante a contribuição do curso superior de tecnologia em logística em promover o
desenvolvimento das competências profissionais na formação dos alunos, os docentes da
faculdade pública opinaram que isso ocorre:
Professor 1: “Através dos projetos integradores”.
Professor 2: “Segundo o Projeto pedagógico do Curso aplicando metodologias
adequadas”.
Professor 3: “Aplicando metodologias adequadas aos perfis e competências previstos
no projeto Pedagógico do Curso”.
Professor 4: “O curso está formatado tanto para a visão global quanto específica. Há
necessidade de ampliar as especificidades e de correlacionar estas necessidades”.
Professor 5: “Com suas diversas matérias e metodologia de ensino”.
Segundo as respostas dos docentes da IES privada, a contribuição do curso em
desenvolver as competências profissionais aos alunos de logística para o mercado de trabalho:
Professor 1: “O curso ser muito generalista, ele é generalista por conta de um
diferencial competitivo da organização, não para o aluno, então, os cursos em geral, os
110
tecnólogos são muito parecidos, que diferencia em torno de vinte por cento da disciplina, e
nesse sentido eu acho que o curso ele se torna aquém do que o mercado de fato necessita”.
Professor 2: “Ele desenvolve um conhecimento a mais, porque a gente tem vários
alunos que trabalham no ramo de logística e não tem o conhecimento que a gente passa pra
eles. Então, isso ajuda muito, é o que eu percebo”.
Professor 3: “Com as aulas práticas e com o Prointer, acho que contribui bastante”.
Professor 4: “Através de uma ferramenta chamada Prointer, uma ferramenta muito
boa, no semestre passado mesmo eu desenvolvi esse Prointer na GEFCO, foi uma consultoria
monitorada dos alunos, foi muito legal, veio o supervisor, o gerente e o coordenador assistir a
apresentação dos alunos, nós fizemos um plano de ação pra área de logística reversa e
logística geral de outbound, e foi muito legal, também analisamos a questão de tráfico, e foi
super interessante, então, as competências são essas, competências técnicas e transformar
essas competências técnicas em habilidades, habilidade é você aproximar essa técnica da
prática e simular situações do dia a dia e o Prointer ele faz isso”.
Professor 5: “Você está falando no curso no geral, então, vamos pensar um pouco. No
geral, existem várias disciplinas, conhecimentos básicos, conhecimentos assim tipo ética,
questão daquela disciplina relacionada a preservação, onde que os alunos tem que ter o
cuidado na questão da aplicação da gestão ambiental, não to recordando o nome da disciplina,
então, gestão ambiental é fundamental então é um conhecimento geral que ele acaba
adquirindo. Tem uma disciplina que é Logística Geral, que dá um conhecimento amplo de
toda logística, às vezes o curso até se confunde e os professores têm que tomar cuidado
quando estão dando o curso, porque os professores acabam entrando, porque se não tiver
cuidado ele entra na disciplina do outro, então, isso é um problema comum que acontece. No
geral então, são disciplinas básicas, as disciplinas para o aluno resgatar coisas que ele teve no
ensino médio, tipo na parte de português, na parte de matemática, na parte da ética, na parte,
como você falou, ambiental, são disciplinas básicas que eu acho que é importante, ciclo
básico ele tem, depois a parte técnica, então ele vai falando específico dentro de cada área da
logística, que ele trabalha, acho que é isso”.
Questionados aos docentes das duas IES de que forma sua(s) disciplina(s)
contribui(em) para desenvolver as competências desejadas (conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores) para o Tecnólogo em Logística, os professores expressaram que a
contribuição se aplica:
Professor 1: “Conhecimento de técnicas do transporte de cargas”.
111
Professor 2: “Minha disciplina (Comércio Exterior) sofrem constantes alterações,
como é impossível saber tudo, o importante é saber buscar a resposta”.
Professor 3: “Com os fundamentos conceituais e atividades para fixação dos conceitos
estudados”.
Professor 4: “Principalmente a visão da atualidade do marketing em relação global de
negócio, complementando a visão estrita da especificidade em logística”.
Professor 5: “Desenvolvendo a capacidade de análise e resolução de problemas”.
Os professores da IES particular mencionaram que a contribuição das disciplinas
ministradas para o desenvolvimento das competências exigidas pelo mercado se efetivam por
meio de:
Professor 1: “Eu acredito que assim, a gente tem uma proposta de plano de ensino, a
gente tem um formato de ensino já pré-moldado, o que de certa forma cerceia nossas
atividades, então, vai caber muito mais ao docente a ideia de trabalhar o “CHA” -
conhecimentos, habilidades e atitudes -, cabe muito mais ao docente dentro da experiência
dele conseguir elencar e mostrar para os alunos, que de fato o conteúdo, porque de fato o
conteúdo do curso, o conteúdo do curso ele é conteudista, por ser conteudista ele estimula o
aluno a decorar, não a colocar em prática”.
Professor 2: “Eu acho que é assim, isso que eu acabei de responder na pergunta
anterior, o conhecimento que ele adquire, porque nunca saberemos de tudo, isso não existe,
mas a partir do momento que você entra na sala de aula, você adquire um conhecimento com
o professor, mesmo você sendo professor, você adquire conhecimento, porque é assim um
conhecimento novo, então você pode estar aplicando na sua empresa, no caso do aluno, né”.
Professor 3: “Eles vivem a prática e não tem o conhecimento teórico, e aí quando eles
descobrem o conhecimento teórico, agrega competências pra eles, que nem você dá aula de
empreendedorismo, às vezes o aluno está querendo abrir um negócio, então quando ele
começa a ver que em empreendedorismo você tem que fazer um plano de negócios, tem que
olhar a área financeira, tem que olhar marketing, vai dando competências pra ele e contribui”.
Professor 4: “Aproximando ao máximo da prática, com cases, trabalhando visitas
técnicas, muito embora esse ano a gente ainda não fez nenhuma, mas eu pretendo marcar
duas, uma na Embraer e outra no Porto de Santos, então é dessa forma que a gente tenta
aproximar, o segredo é aproximar o máximo do prático, o que é difícil, mas a gente tenta”.
Professor 5: “Eu lecionei algumas disciplinas no curso, a gente pode pegar uma
disciplina, vamos pegar a disciplina de Logística Geral, que é onde ela tem o que, que tipo de
conhecimento que ela dá, primeiro o conhecimento de visão sistêmica, visão integrada, te dá
112
visão das partes se relacionam, então, esse conhecimento do aluno, às vezes ele tá fracionado,
então, essa disciplina, pegando ela como exemplo para responder essa questão, ela une essas
partes que ele vai aprendendo durante o curso, então, esse talvez seria um dos objetivos.
Tanto habilidades e atitudes, habilidades seria na questão de entender essa relação que existe
entre todas as disciplinas e saber como relacioná-las, qual a relação que a área de materiais
tem com a área de planejamento, com a área de distribuição, então, quando que uma está
mandando a outra, então assim, acho que na questão das habilidades, saber relacionar isso daí,
acho que é uma habilidade. Atitude e valores, estão ligados a questões de entender, por
exemplo, o impacto que a logística, por exemplo, pode causar no nível de serviço ao cliente,
então, entender, se posicionar frente ao cliente, entender questão do atendimento ao cliente, a
importância do atendimento ao cliente, então essas são atitudes que são importantes e valores
profissionais mesmo, de entender que o profissional da logística ele é fundamental para que
todo o processo aconteça, desde quando você tem uma demanda até o produto na mão do
cliente mesmo, eu acho que é isso”.
Ao se arguir como as atividades pedagógicas em sala de aula promovem a ampliação
das competências necessárias dos alunos para o mercado de trabalho, segundo os professores
da faculdade pública:
Professor 1: “Atividades pedagógicas que envolvem problemas reais e o uso do
conhecimento adquirido em sala de aula”.
Professor 2: “Mostrando a importância “do saber” do que está acontecendo ou o que
pode acontecer na sua cidade, estado, país e no mundo que possa atingir seu trabalho
positivamente ou negativamente”.
Professor 3: “Antecipando situações que normalmente ocorrem no mercado pode
promover as competências, considerando que em sala de aula é possível simular as situações
que o tecnólogo viverá em ambiente empresarial”.
Professor 4: “Primeiramente por organizar os conteúdos e didatismo facilita a captação
e retenção dos conhecimentos”.
Professor 5: “Criando interesse e motivando o aluno a participar do processo”.
Conforme os docentes da faculdade particular, as atividades pedagógicas em sala de
aula promovem a ampliação das competências necessárias dos alunos para o mercado de
trabalho quando:
Professor 1: “Quando uma atividade é bem elaborada e proposta pelo professor com
objetivos a serem cumpridos, e esses objetivos tem que ser bem claros, aí você permite
113
através de um contexto, um contexto dado pelo professor, que alunos interajam com suas
experiências, isso de fato enriquece o grupo, eu acredito que por aí é o caminho”.
Professor 2: “Então, as atividades que funcionam fora da sala de aula, o prointer,
digamos que é uma disciplina que ajuda muito porque o aluno monta ali um questionamento
de uma empresa que ele escolheu para melhorar uma situação, existem várias situações que
você tem que simular e dentro dessa simulação você cria um projeto que o aluno pode até
aplicar na empresa que ele trabalha. Sim, promove porque a gente tem autonomia de aplicar
dinâmicas e dentro dessas dinâmicas a gente vê quem é que está desenvolvendo mais e quem
é que está desenvolvendo menos e é onde a gente pega o ponto pra poder trabalhar o aluno,
né”.
Professor 3: “Nas minhas aulas eu sempre busco trazer cases, passo situações para
eles, que nem ontem, passei uma situação problema em que uma ferramentaria estava dando
um gargalo numa linha de produção, aí a produção dizia que a ferramentaria não trazia as
ferramentas necessárias para fazer aquela produção e todo mundo induz ao erro, aí eu mostrei
para eles: será que a área de ferramentaria realmente é culpada? Ou o PCP que não está
informando os materiais necessários para aquela produção, então, ontem que eu vi que na
aula, nossa, verdade, então, eles começam a ter uma visão mais sistêmica, isso é um
exemplo”.
Professor 4: “Através da interatividade entre os alunos, a transferência de
conhecimento de um para o outro, e também a gente utiliza muito as plataformas, essa coisa
toda”.
Professor 5: “Algumas das atividades pedagógicas, que é a própria resolução da
situação-problema ou a gente pode falar dos próprios projetos integradores que existem, acho
que ele é um dos fundamentais que faz com que o aluno consiga integrar todas as disciplinas,
então, assim, o aluno, uma das atividades em sala de aula da solução de problemas já promove
essas questões que nós falamos anteriormente, a questão de saber resolver problemas acho
que é, talvez uma das atividades mais importantes que a gente tem aqui na faculdade”.
O processo avaliativo contribui no desenvolvimento de competências, segundo os
docentes da IES pública:
Professor 1: “O processo avaliativo contribui no sentido de reforçar o conhecimento
adquirido”.
Professor 2: “Sim, tanto ao professor como ao aluno, é o meio que se tem de medir o
grau de desenvolvimento de conhecimento e habilidade para assumir novos desafios”.
114
Professor 3: “Contribui com feedback equivalente aos que receberá em empresas que
promovem o desenvolvimento de carreira, que só é possível por meio de avaliações para
medir o grau de preparo para assumir novos cargos”.
Professor 4: “Ainda é visto pelo aluno como um problema, uma etapa a vencer, fora
do conhecimento. Ainda vê como uma necessidade a “passar” e não como verificador de
conhecimento adquirido. Ainda dá medo, principalmente por postura de alguns professores
que, ao invés de usar a avaliação no processo de aprendizagem, colocam como limite
desestabilizador. Errar, neste caso, é problema”.
Professor 5: “Sim, criando resiliência e forçando o aluno a adquirir conhecimento”.
O processo avaliativo promove o desenvolvimento de competências, segundo os
docentes da faculdade particular:
Professor 1: “Teoricamente o processo avaliativo quando ele é sistematizado e
contínuo, ele teria uma melhor proximidade do que de fato é a avaliação, acredito que aqui a
gente tem ainda bastante o que crescer, nosso modelo avaliativo ele de fato é muito
benevolente. É a palavra mais adequada que eu acho”.
Professor 2: “Ele promove da seguinte forma, a entidade tem uma média, então eu
costumo orientar os alunos para não se assegurar naquela média, ultrapasse aquela média
porque você tem capacidade, porque a gente ensina dentro da sala e orienta fora da sala, tanto
que em todas as salas nós temos um grupo de WhatsApp e qualquer dúvida, independente do
dia e do horário, mesmo não respondendo na hora, posteriormente a gente responde e sana
aquele problema. Então, eu acho que é isso aí que é o bom desenvolvimento do aluno”.
Professor 3: “Eu já sou mais a questão do avaliativo continuada, acho que prova não
avalia ninguém, então, acho que, um exemplo, se o Prointer valesse 6 e provas valessem 4, eu
acho que você traria muito mais competências, os alunos demonstrariam mais do que num
peso maior de prova, eu sou um pouco contra prova, porque às vezes você não está bem
naquele dia, dá branco. Que nem o Enade, né, são umas coisas controversas, que nem o
pessoal de Ciências Contábeis não pode usar calculadora no Enade, mas como? Essa é uma
ferramenta do trabalho do dia a dia, tudo bem celular pode haver cola, então são coisas assim
meio controversas, mas é difícil mudar assim. Se as faculdades instituem provas porque é uma
exigência do MEC, é acima delas, então, é algo que não tem como elas mudarem, a partir de
hoje não vai ter prova, mas eu acredito que essa metodologia nova aqui da instituição pode
agregar mais do que antes, então você está avaliando os alunos todos os dias, existem vários
pontos para eles acumularem pontos, para no final ele ser aprovado ou reprovado”.
115
Professor 4: “O processo avaliativo eu acho um pouco arcaico, esse processo
avaliativo poderia ser mudado, poderia voltar para o regime velho, hoje esse sistema de
pontuação, isso no meu ponto de vista eu não consigo enxergar algo positivo, e digo isso não
é pelo fato de me tirar da zona de conforto não, é porque eu realmente acredito que prova não
avalia ninguém, a prova é um item necessário, é um instrumento de avaliação, se não
principal, mas eles poderiam rever essa questão. Então, não contribui muito não”.
Professor 5: “O processo avaliativo sempre é uma questão importante, mas eu acho
que o ensino tem que de alguma forma buscar formas de avaliar o aluno, na realidade quanto
que a gente conseguiu transmitir daquelas informações que a gente tentou trabalhar com eles
aqui e quanto que eles também tiveram iniciativa de buscar, e quanto que eles foram
pessoalmente buscar informações dentro do material que eles tinham, então, o processo
avaliativo tem esse objetivo de cobrar do aluno a buscar informações, então eu acho que ele
contribui sim no processo avaliativo, forçar com que eles entendam que eles tem que se testar,
porque o mercado de trabalho é isso, você tem que demonstrar que você conhece e aí você vai
atrás, então eu acho que contribui no desenvolvimento das competências no momento que
força as pessoas a buscarem conhecimentos”.
4.2.4. Projeto Integrador / Interdisciplinar
Ao questionar aos professores das duas IES como o Projeto Integrador/Interdisciplinar
proporciona aos alunos o desenvolvimento de competências profissionais para o mercado de
trabalho, os entrevistados da IES pública responderam que:
Professor 1: “Analisa problemas do dia-a-dia e o conhecimento adquirido em sala de
aula”.
Professor 2: “É muito importante, principalmente quando se exige pesquisas. O aluno
com conhecimento e em contato com uma empresa (pessoa ligada ao assunto de busca) pode
gerar emprego. (isso aconteceu com uma aluna que eu oriento)”.
Professor 3: O Projeto Integrador tem como objetivo fazer com que os alunos
desenvolvam visão sistêmica, holística para aplicarem os conceitos estudados individualmente
a fim de obter resultado integrado, o que só é possível com conhecimentos sobre gestão de
projetos, pois exigem saberes de diversas áreas”.
Professor 4: “A correlação, a interdisciplinaridade não é bem entendida. Os trabalhos
refletem mais a somatória de disciplinas desconexas do que integradas e somadas na proposta
de negócio”.
116
Professor 5: “O projeto integrador desenvolve a capacidade de pesquisa do aluno e a
capacidade de comunicação”.
Os professores da IES Privada responderam da seguinte forma:
Professor 1: “Uma das experiências positivas que o aluno tem, umas das formas dos
alunos conseguiriam de certa forma contextualizar os problemas de uma empresa e às vezes
até colocar em prática alguns conhecimentos que eles veem no curso para solucioná-los”.
Professor 2: “Ele é fundamental porque ele mostra para o aluno como que é
administrar uma empresa, como que é dirigir uma empresa, a gente dá autonomia para o aluno
de como ele fosse dono da empresa”.
Professor 3: “Bastante, eu tive um grupo uma vez que eles fizeram um estudo de caso
da empresa de uma das integrantes, ela apresentou para a diretoria, eles gostaram, é muito
gratificante”.
Professor 4: “Uma ferramenta muito boa, para simular o mercado é muito legal, os
alunos estudam as disciplinas, você escolhe uma empresa, eles analisam como que essas
disciplinas se enquadram dentro da organização e depois eles criam um plano de melhoria pra
sanar algumas ineficiências”.
Professor 5: É importante no seguinte aspecto: se você consegue fazer com que os
alunos peguem um case, um problema, um caso que é do trabalho do dia a dia dele e
desenvolve a solução do problema, consegue sistematizar, saber como planejar pra resolver
aquele problema, ajuda na questão da organização, criar cronogramas de trabalho, ajuda no
próprio desenvolvimento do trabalho, de racionalizar como vai resolver as questões, a
sistemática da solução de problemas”.
4.2.5 Recomendações
Sobre as recomendações do curso superior de Tecnologia em Logística, todos os
professores das duas instituições de ensino superior, pública e privada recomendam
positivamente os cursos Os docentes da IES pública justificaram vários fatores:
empregabilidade, gratuidade, qualidade no ensino, boa aceitação do curso pelo mercado. Os
docentes da IES particular mencionaram suas razões: os alunos atendem os requisitos
mínimos do mercado, conhecimento mais aprofundado, possibilidade de crescimento
profissional, corpo docente qualificado e boa qualidade do material disponibilizado, as
disciplinas atendem o que o mercado de trabalho necessita.
117
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo abordou o tema sobre a educação para o trabalho no contexto da forma de
organização toyotista iniciada na década de 1970. Esta situação resulta na eliminação de
postos de trabalho e a criação de atividades profissionais devido à utilização de novas
tecnologias e formas de trabalho. Neste cenário, se torna primordial que os trabalhadores
aperfeiçoem seus conhecimentos e competências nos bancos escolares ao longo da vida.
O problema desta dissertação consiste em investigar se a estrutura curricular e
pedagógica dos Cursos Superiores de Tecnologia em Logística de uma Instituição Pública e
de uma Privada no município de Guarulhos possibilita a aquisição de competências
profissionais para inserção dos estudantes no mercado de trabalho.
O objetivo geral da pesquisa foi analisar semelhanças e diferenças das instituições, sob
a perspectiva de alunos do último semestre e docentes do curso de logística, no tocante ao
desenvolvimento de competências profissionais demandadas no mercado de trabalho.
Os resultados desta pesquisa foram obtidos por meio de entrevistas, com a amostra de
dez alunos concluintes e dez professores, sendo cinco pertencentes à instituição pública e
cinco da faculdade particular.
A amostra dos alunos concluintes do curso de logística da IES pública é composta por
estudantes com idade entre 21 e 30 anos e que cursaram o ensino médio normal em escolas
públicas (exceto o aluno 1 que cursou o ensino técnico). Os estudantes entrevistados da
faculdade privada têm faixa etária superior, comparada à pública: entre 24 e 49 anos e todos
cursaram o ensino médio em escola pública (alunos 2 e 4 complementaram sua formação
através de cursos técnicos e o aluno 3, realizou o programa de Educação de Jovens e Adultos
(EJA)). Os perfis demonstraram que há uma percepção dos alunos-trabalhadores quanto às
exigências das empresas em relação à seleção de funcionários mais qualificados, competentes
e produtivos.
Todos os alunos da faculdade privada participaram mais vezes de provas para
ingressarem na faculdade pública do que os estudantes que conseguiram ingressar na IES
pública. Tal análise permite concluir que os alunos da IES privada tentaram, mas não
conseguiram ingressar na IES pública. Com isto, optaram por entrar na faculdade particular,
motivados por incentivos financeiros que a ascensão profissional lhes proporcionaria,
mostrando diferenças socioeconômicas nos perfis dos discentes.
118
A escolha dos alunos pela faculdade pública foi influenciada pela afinidade ao curso,
gratuidade e por ser uma instituição prestigiada no mercado de trabalho. Os discentes
concluintes da instituição particular optaram ao curso por já trabalharem na área. Os
estudantes da IES pública passaram por um processo vestibular mais acirrado e com menor
número de vagas, comparada a IES particular que oferece maior número de vagas e grau de
dificuldade menor, pois trata-se de instituição com fins lucrativos.
Na avaliação dos alunos, em relação aos conhecimentos teóricos e práticos articulados
no curso, os da IES pública mencionaram que no decorrer da formação foram assimilando os
conteúdos teóricos e práticos. Já os alunos concluintes da IES privada estabeleceram essa
relação desde o início por estarem trabalhando na área de logística. A pesquisa apresentou
que, de acordo com a amostra dos discentes, as duas IES se assemelham em articular a teoria
e a prática nas disciplinas, o que mostra ser relevante ter docentes com boa qualificação e
didática.
Os alunos das duas faculdades que lograram colocações no mercado de trabalho,
assimilaram com maior facilidade o conteúdo de algumas disciplinas, porque estas se
relacionam ao emprego no qual se encontram, e relataram ter maiores dificuldades em
apropriar conteúdos programáticos que não se relacionam à área em que trabalham.
Uma das diferenças entre as duas instituições declaradas pelos alunos, foi a relevância
atribuída aos tipos de disciplinas do programa de ensino. Segundo os discentes da faculdade
pública, o conhecimento dos conteúdos da área de exatas predominou como sendo o mais
importante para um profissional de logística. Os estudantes da IES privada tiveram opinião
distinta e enfatizaram que as disciplinas relacionadas à área de gestão e humanas são as mais
relevantes. O conjunto das respostas pode apontar dificuldades de aprendizagem dos alunos
da IES particular em relação aos conhecimentos da área de exatas.
Nos relatos dos alunos das duas IES, todos afirmaram que o curso superior de
tecnologia em logística promoveu o crescimento profissional e pessoal, o que refletiu na
promoção de cargos. As entrevistas indicaram que o ensino superior promove o aumento de
reconhecimento profissional e melhorias na sua empregabilidade no mercado de trabalho.
A pesquisa apontou que apenas um aluno da faculdade pública realizou um curso de
inglês. Do total da amostra dos discentes da IES particular, os estudantes 2 e 4 realizaram
cursos de inglês e o aluno 5 concluiu dois cursos, Excel Avançado e Programação e Controle
de Produção. O grupo de respostas das amostras dos estudantes indicou que, provavelmente,
os alunos da faculdade pública apostam no prestígio da instituição em detrimento à sua
capacitação extracurricular. Já os discentes da IES particular, sabem que para compensar o
119
menor grau de prestígio da faculdade em que estudam, procuram melhorar os seus currículos
e realizam cursos complementares.
Todos os alunos da IES privada mencionaram o desejo de realizar um curso de inglês
após a conclusão do curso. Deste modo, a pesquisa denotou que, no âmbito da amostra dos
alunos das duas faculdades, os da IES privada se preocuparam em concluir cursos
complementares ao mesmo tempo em que realizam a graduação.
Na pesquisa, os entrevistados ressaltaram a existência de disciplinas que contemplam
o aprendizado do idioma inglês dentro do curso de logística da faculdade pública. Porém, isso
não ocorre na IES particular que oferece aos estudantes cursos de inglês pagos dentro de uma
plataforma virtual. Cabe ressaltar que, ao comparar as grades horárias das duas instituições,
foram observadas algumas diferenças: o programa de ensino da IES pública contempla uma
carga horária total superior, maior número de disciplinas oferecidas e ensinamento do idioma
de inglês.
Acerca da relação entre o mercado de trabalho e competências profissionais, ao arguir
os alunos sobre as facilidades e dificuldades no ingresso ou melhoria na situação no mercado
de trabalho, todos os estudantes da IES pública expressaram que o prestígio da faculdade
proporcionou facilidade para galgar novos postos de trabalho. Em relação às dificuldades, o
problema maior é a conciliação entre o tempo das responsabilidades do trabalho e dos
estudos.
Todos os alunos concluintes da faculdade particular responderam que o curso
proporcionou facilidades na inserção na área e melhorias na empregabilidade. As dificuldades
elencadas coincidiram com as dos alunos da faculdade pública, principalmente sobre a gestão
do tempo.
As semelhanças encontradas nas respostas dos discentes das duas IES mostraram que
os dois cursos de logística promovem a empregabilidade no mercado de trabalho, mesmo com
diferenças na avaliação de algumas empresas (procuram selecionar estudantes em virtude da
instituição que estudam). Todos os dez discentes das duas IES se encontravam empregados no
momento da entrevista e mencionaram que o curso de logística das duas IES contribuiu na sua
qualificação e na conquista de novas colocações no mercado de trabalho e promoções nas
empresas.
Na opinião dos alunos das duas IES sobre o que seriam competências, todos
mencionaram significados semelhantes e corroboraram aos conceitos dos autores
mencionados na pesquisa sobre o tema. As competências profissionais exigidas na área de
120
logística, segundo os alunos das duas faculdades pública e privada, são semelhantes com os
requisitos elencados na CBO pertinente às atribuições do tecnólogo em logística.
As atividades em sala de aula, segundo os alunos das duas faculdades, auxiliaram no
desenvolvimento das competências necessárias à inserção e ascensão no mercado de trabalho,
através de atividades em grupo, com intuito de solucionar situações-problemas que ocorrem
no cotidiano das empresas.
O Projeto Integrador Interdisciplinar (Prointer) consiste num instrumento pedagógico
que proporciona aos alunos realizarem trabalhos semestrais condizentes à articulação dos
conteúdos apresentados nas disciplinas através de situações cotidianas no mercado de
trabalho. Estes são apresentados pelos alunos em todos os semestres, desta forma, os cursos
proporcionam aos alunos dos cursos superiores de tecnologia a realização de quatro projetos
durante a graduação. A qualidade dos trabalhos apresentados pode ser um diferencial
curricular, porque são avaliados pelos professores e por profissionais das empresas nas quais
foram realizados os projetos.
Os alunos entrevistados da faculdade pública responderam que, na maioria dos casos,
os Prointers foram realizados de duas formas: em formato de artigos científicos ou projetos de
melhoria em empresas, baseados em determinadas situações operacionais. Nas respostas
coletadas, os estudantes não detalharam os projetos. Os alunos da IES privada mencionaram
que realizaram projetos de melhoria em empresas e projetos sociais. Os mesmos relataram
com detalhes as propostas, alguns se basearam em empresas fictícias, outros em empresas nos
quais os colegas do grupo trabalhavam e outros onde os alunos estavam empregados.
Todos os alunos entrevistados consideraram que a contribuição do projeto integrador
foi positiva para o desenvolvimento de suas competências, através da articulação entre as
situações encontradas ou criadas nas empresas e as sugestões de melhorias baseados nos
temas das disciplinas do curso de cada semestre.
Com relação às expectativas de evolução na empregabilidade após concluírem o curso,
todos os alunos da IES pública expressaram ser positivas. As respostas dos alunos da IES
privada são semelhantes aos estudantes da faculdade pública.
Segundo as opiniões dos alunos das faculdades pública e particular, todos perceberem
que evoluíram no desenvolvimento das suas competências (conhecimentos, habilidades,
atitudes e valores) e na forma de pensar em comparação ao momento que ingressaram na IES.
Demonstraram muita clareza ao mencionar a necessidade de continuar seus estudos, o que
favorece as suas carreiras profissionais com maiores chances de ascensão profissional e
social.
121
Os cinco alunos da instituição pública recomendariam o curso com justificativas
distintas: proporcionar crescimento profissional; nota alta no MEC; bons professores e boa
instituição. Todos os alunos da faculdade privada indicariam o curso superior de tecnologia
em logística devido a empregabilidade, possibilidade de promoção, conhecimento de todas as
áreas da empresa e o número significativo de companhias do ramo logístico no município de
Guarulhos.
Com relação à amostra dos cinco professores entrevistados do curso superior de
tecnologia em logística da faculdade pública, a mesma foi composta de uma docente do
gênero feminino e quatro docentes do gênero masculino, com faixa etária entre 33 e 70 anos.
O grupo dos cinco docentes entrevistados da IES particular foi composto de uma docente do
gênero feminino e quatro professores do gênero masculino, a faixa etária dos entrevistados foi
entre 33 a 51 anos.
Em relação à formação acadêmica dos docentes da IES pública, descrita no quadro 13,
dos cinco entrevistados, os professores 1, 2, 3 e 4 possuem mestrado e o docente 1 com
doutorado. Dos professores da faculdade particular, demonstrada no quadro 14 desta pesquisa,
apenas o docente 5 tem formação de mestrado e está cursando doutorado, o professor 4 está
realizando o mestrado, os professores 1, 2, 3 possuem formação de especialista. Na análise da
amostra, conclui-se que os docentes da IES pública possuem maior tempo de estudos em
comparação aos professores da IES privada. Um dos fatores para ingresso na faculdade
pública é possuir, no mínimo o mestrado, o que não ocorre na faculdade particular. Pela
legislação, as instituições de ensino superior tem o limite mínimo de compor, no quadro
docente, até 30 % de mestres.
No tocante ao tempo de experiência dos docentes entrevistados, conforme demonstra o
quadro 15, os que trabalham na faculdade pública possuem experiência entre 8 e 25 anos,
sendo, dentro da IES entre 2 e 21 anos. Os professores 1 e 2 apresentam o mesmo tempo de
experiência na vida acadêmica com o dentro da faculdade pública. Os demais já atuavam em
outras instituições antes de ingressarem na IES pública. Já os docentes da IES privada
possuem tempo de experiência entre 3 e 18 anos e dentro da faculdade particular, objeto do
presente estudo, de 3 a 12 anos. Os docentes 2, 4 e 5, apresentam o mesmo tempo de
experiência docente com o tempo na faculdade.
Segundo todos os docentes da IES pública, a experiência, o clima organizacional e o
orgulho de trabalharem na faculdade, são fatores motivacionais no trabalho. No aspecto a ser
aperfeiçoado, o docente 5 expressa que deveria ser aperfeiçoada a interação de docente e
funcionários do setor administrativo. No caso dos professores da faculdade particular, os
122
aspectos positivos mencionados referem-se à comunicação com a coordenação, aulas
estruturadas no portal e a metodologia de ensino (metodologia ativa) que é semelhante à das
IES pública onde o aluno tem um papel de maior protagonismo no processo de aprendizagem.
Nos aspectos a serem desenvolvidos, os docentes expressaram alguns elementos, tais como:
salas de aula com grande número de alunos; laboratórios de informática que, em alguns casos,
não atendem toda a demanda; cobrança aos professores de tarefas fora do horário de sala de
aula e distração de alguns alunos devido ao cansaço apresentado por conta de suas atividades
profissionais.
Todos os dez docentes das duas instituições de ensino superior relataram que existem
incentivos institucionais para se qualificarem constantemente. Na IES pública, a ascensão de
plano de carreira é conquistada por meio da produção de publicações e participações em
congressos. Na IES privada os professores realizam cursos internos dentro da plataforma
virtual e alguns publicam artigos científicos, além, de participarem de eventos acadêmicos.
Todos os entrevistados avaliaram de forma positiva os mecanismos de qualificação
institucional.
Sobre a relação entre o curso superior de tecnologia em logística e o mercado de
trabalho, foi arguido inicialmente a respeito do Projeto Pedagógico do Curso (PPC),
conhecido por todos os docentes entrevistados da IES pública que indicaram que o mesmo se
encontra publicado no sítio eletrônico da faculdade. Dos professores da faculdade particular,
apenas o professor 1 declarou que não conhecia o PPC. Deste modo, a pesquisa mostrou
diferenças na forma de acesso ao PPC das duas IES. Na instituição particular o acesso é por
meio de envio dos coordenadores para os docentes. Na IES pública o acesso é universalizado.
No que tange à metodologia pedagógica aplicada na IES pública, os professores 1 e 5
mencionaram a prática de metodologias ativas. Os demais ressaltaram a autonomia dos
docentes em adotar várias formas de ensino e aprendizagem. Os professores da faculdade
particular responderam que a instituição adota a metodologia ativa como instrumento
pedagógico. Houve controvérsias entre os entrevistados. Segundo eles, a metodologia é
positiva, porém os alunos, em sua maioria, não praticam a leitura fora da sala de aula. Deste
modo, os estudantes deveriam absorver os conteúdos antes, a fim de sanarem suas dúvidas em
sala de aula para desenvolverem atividades com maior qualidade e baseadas na solução de
situações-problema.
Os docentes entrevistados da faculdade pública relataram que os diferenciais do curso
para propiciar a empregabilidade aos alunos são: o tempo de duração (3 anos); notas altas no
ENADE; empregabilidade e conteúdos ministrados que se relacionam com a experiência
123
profissional dos docentes. Os professores da IES particular declararam que os diferenciais
são: plataforma própria de empregabilidade; rede de contatos e realização de atividades em
sala de aula.
No tocante aos conhecimentos necessários para a contratação de um tecnólogo em
logística, todos os entrevistados mencionaram requisitos que corroboram com os elementos
descritos na classificação brasileira de ocupações para o tecnólogo em logística. Segundo o
docente 2 da faculdade pública, os elementos são: “Conhecimentos específicos e gerais da
área, como armazenagem, transporte, gestão de estoques”. De acordo com o professor 4 da
faculdade privada: “proatividade, ter raciocínio lógico, saber trabalhar com pessoas, entender
de tecnologias, que a logística a todo momento, principalmente com essa questão da logística
4.0, a gente tem um momento da gama tecnológica hoje”. Outros requisitos também foram
mencionados, como, conhecer o pacote Office, softwares de logística, estatística e noções de
pesquisa operacional.
As respostas dos docentes sobre as facilidades e dificuldades dos alunos na inserção ao
mercado de trabalho durante a graduação, fizeram referência aos aspectos que poderiam
facilitar, segundo os respondentes da faculdade pública, a instituição ter uma visão de
prestígio no mercado de trabalho, pois, conforme mencionou o professor 1, “são bem vistos
pelas empresas devido a sua formação, a qual é voltada para o mercado de trabalho de uma
área específica”. Como dificuldades, foram elencados alguns aspectos tais como, dificuldade
de conciliação de horários, imaturidade dos alunos e falta de experiência. Os docentes da IES
particular expressaram que uma facilidade é o grande número de empresas do ramo na região
e a principal dificuldade é a falta de experiência dos discentes.
As expectativas dos professores da IES pública a respeito da atuação dos futuros
egressos do curso de logística consistem da necessidade de que os alunos desenvolvam as
competências exigidas no mercado de trabalho, adquiram habilidades de liderança e saibam
resolver problemas de gestão da empresa. Para os docentes da instituição privada, as
expectativas são semelhantes: capacidade de correlacionar as situações com o conhecimento
adquirido; serem competentes; proativos e resolvam problemas.
Todos os docentes das duas faculdades responderam, de modo geral, o que seriam
competências profissionais. Resumidamente os mesmos expressaram ser um conjunto de
conhecimentos e capacidades de uma pessoa em articular soluções para sanar problemas e
situações do cotidiano organizacional. Com isso, as respostas corroboraram com os conceitos
dos autores mencionados no decorrer da pesquisa sobre competências.
124
Ao arguir aos docentes das IES pública e particular sobre as competências necessárias
para o recém-formado em logística, todos expressaram significados semelhantes aos
requisitos mencionados na Classificação Brasileira de Ocupações.
Como instrumento de promoção do desenvolvimento das competências profissionais
na formação do aluno no curso de logística, uma parte dos professores das faculdades pública
(1 e 2) e privada (3 e 4) mencionaram o Projeto Integrador Interdisciplinar como um dos
principais meios de desenvolver competências aos alunos. Os demais responderam que as
metodologias dos cursos auxiliam os estudantes a estarem minimamente preparados para o
mercado de trabalho.
As duas instituições, objeto da pesquisa, adotam similarmente como ferramenta
pedagógica as metodologias ativas, esta pressupõe que o papel do aluno no processo de
aprendizagem é mais participativo, ou seja, o estudante tem o papel de protagonista do seu
aprendizado. Como exemplo, a discussão de situações–problema em sala de aula, cujas
sugestões são decididas e sugeridas por grupos de alunos. Todos os dez docentes
mencionaram que esta metodologia proporciona o desenvolvimento de competências
profissionais.
Os professores das duas instituições expressaram que a aplicação de avaliações de
forma continuada no decorrer do semestre letivo contribui para o aprendizado dos alunos,
pois, quando um aluno é avaliado constantemente, se prepara para obter melhores resultados.
O Prointer promove, segundo os docentes das duas faculdades, o desenvolvimento de
competências para o mercado de trabalho.
Todos os professores entrevistados das duas faculdades recomendariam positivamente
os cursos de logística. Os docentes da IES pública mencionaram a gratuidade e o prestígio
frente ao mercado de trabalho. Já os professores da faculdade particular, indicariam o curso
por apresentar corpo docente engajado, materiais institucionais bem elaborados que preparará
os alunos para ingressarem e ascenderem em suas empresas.
Em relação à IES pública, os pontos positivos elencados, conforme os alunos e
docentes foram: empregabilidade; status da instituição perante o mercado de trabalho;
metodologias ativas; carga horária maior; maior número de disciplinas e o ensino da língua
inglesa. Os pontos a serem desenvolvidos, sinalizaram que os alunos: não percebem a
importância do potencial das atividades dos projetos integradores no desenvolvimento das
competências profissionais e têm alta expectativa em alcançar altos postos de trabalho com
base no prestígio da faculdade.
125
As respostas coletadas da faculdade privada mostraram, em relação aos pontos
positivos: empregabilidade dos alunos; metodologias ativas; oferta da plataforma de
empregabilidade oferecida gratuitamente e valorização do Prointer como promotor de
desenvolvimento de competências. Nos aspectos a serem desenvolvidos, a pesquisa mostrou
que a IES cumpre a carga horária mínima necessária conforme recomenda o MEC e não
oferece o ensino de língua estrangeira na grade. Os alunos mencionaram que almejam estudar
um novo idioma após a conclusão do curso.
Os quadros 17 e 18 demonstram os resultados obtidos das entrevistas com os alunos e
professores sobre as semelhanças e diferenças nas duas instituições de ensino superior.
Quadro 17. Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os alunos
Alunos - IES Pública x IES Privada
Semelhanças Diferenças
Perfil Ensino Médio Público • Idade
• Ensino médio (Técnico, EJA).
IES e CST
Logística
Alunos trabalhadores
Empregabilidade
Teoria /prática
• Motivos de Ingresso
• Expectativa de prestigio (IES)
• Aprendizado (Gestão/Exatas)
Mercado de
trabalho
• Mudança de emprego
• Reconhecimento
• Prestígio da IES pública no mercado
Competências • Conceitos
• Assimilação com o
mercado de trabalho
Prointer • Melhoria das empresas
• Artigos científicos
• Desenvolvimento de
competências
• Grau de contribuição dos projetos na
sua formação
Perspectivas • Positivas • Promoção na empresa
• Realização de curso de inglês
Recomendações • Positivas
Fonte: Elaborado pelo autor
126
Quadro 18. Semelhanças e diferenças das IES Pública e Privada segundo os docentes
Professores - IES Pública x IES Privada
Semelhanças Diferenças
Perfil • Clima Organizacional • Idade
• Qualificação
• Tempo de docência
IES e CST
Logística
• Metodologia de aula
• Capacitação constante
• Plano de carreira
• Conceitos MEC/ENADE
• Canal de empregabilidade
• Carga horária e grade
Mercado de
trabalho
• Dificuldade do ingresso dos
alunos no mercado
• Prestígio da IES pública no
mercado
Competências • Conceitos;
• Prointer: desenvolvimento de
competências
Prointer • Aproximação do aluno com o
mercado de trabalho
Recomendações • Positivas: Empregabilidade
Fonte: Elaborado pelo autor.
A hipótese norteadora desta pesquisa, descrita na parte inicial da dissertação,
considerou a forma de organização de trabalho toyotista como cenário predominante no
mercado de trabalho brasileiro. Neste sentido, o curso de logística de uma IES privada
promoveria o desenvolvimento das competências profissionais dos alunos de forma deficitária
em relação a uma IES pública.
Os resultados obtidos pela amostra dos alunos e professores das duas instituições,
pública e privada, do município de Guarulhos demonstraram que a hipótese norteadora
demonstrada foi inconclusiva, e revelaram semelhanças e diferenças entre as duas IES no
curso superior de tecnologia em logística.
O estudo demonstrou que as duas instituições de ensino superior, especificamente no
CST em logística, possuem semelhanças e diferenças, no tocante a promoção e
desenvolvimento de competências para o mercado de trabalho. Utilizam os mesmos
instrumentos pedagógicos e consideram o Projeto Integrador Interdisciplinar essencial aos
seus propósitos.
Essa pesquisa não pretendeu esgotar o tema sobre a relevância do desenvolvimento
das competências nos bancos escolares para a empregabilidade, cuja forma de organização
127
atual, o toyotismo, requer dos trabalhadores a aquisição de conhecimentos e competências de
forma continuada para ingresso e permanência no mercado de trabalho.
Como sugestão a futuras pesquisas acadêmicas, sobre o desenvolvimento de
competências para empregabilidade, cabe destacar que a nossa sociedade se encontra em
constante transformação. Um dos fatores importantes é o desenvolvimento da quarta
revolução industrial, ou 4.0, cujos impactos atingirão todos os setores da economia.
As prováveis implicações da indústria 4.0 serão as mudanças no modo de organização
do trabalho e da produção de produtos e serviços. Com isso, as novas pesquisas possibilitarão
investigar os possíveis impactos na sociedade, o que inclui neste contexto, a relação entre a
educação e trabalho para o desenvolvimento econômico e social do Brasil e do mundo.
128
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135
APÊNDICE – Roteiro das entrevistas com Professores e Alunos do último semestre do CST
em Logística
Professores
1) Gênero, Idade
2) Graduação/Especialização/Mestrado/Doutorado e suas instituições.
3) Há quanto tempo você leciona? E na faculdade?
4) Qual (is) disciplina (s) você leciona neste semestre?
5) Comente a sua experiência docente na Instituição (aspectos gerais: positivos e negativos)
6) Como a faculdade incentiva os docentes realizarem cursos de atualização ou capacitação?
7) Você conhece o Projeto Pedagógico do Curso?
8) Comente a respeito da metodologia pedagógica adotada no curso.
9) Quais são os diferenciais do curso para promover a empregabilidade aos alunos?
10) Quais requisitos o mercado de trabalho exige para contratar um Tecnólogo em Logística?
11) Como a faculdade contribui aos alunos para atingir esses requisitos?
12) Na sua percepção, quais são as dificuldades e/ou facilidades encontradas pelos alunos na
inserção ao mercado de trabalho durante a graduação?
13) O que você acha que o mercado de trabalho espera dos egressos do curso desta faculdade?
14) Na sua opinião, o que seriam competências?
15) Quais seriam as competências necessárias para o recém-formado em Logística?
16) Como o curso no geral contribui no desenvolvimento das competências profissionais na
formação do Tecnólogo em Logística?
17) De que forma sua (s) disciplina (s) contribui (em) para desenvolver as competências
desejadas (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) para o Tecnólogo em Logística?
18) Como as atividades pedagógicas em sala de aula promovem a ampliação das
competências necessárias dos alunos para o mercado de trabalho?
19) O processo avaliativo contribui de que forma no desenvolvimento de competências?
20) Como o Projeto Integrador/Interdisciplinar proporciona aos alunos o desenvolvimento de
competências profissionais para o mercado de trabalho? Comente.
21) Você recomendaria (ou recomendou) o curso a outras pessoas? Porque?
Alunos do último semestre
1) Gênero, Idade
2) Você cursou o ensino médio normal ou técnico? Em escola pública ou privada?
3) Prestou vestibulares em quais faculdades e para quais cursos?
136
4) Quais foram os motivos que determinaram você ingressar nesta faculdade?
5) Por que você escolheu o Curso Superior de Tecnologia em Logística
6) Comente a relação entre os conhecimentos teóricos e práticos ensinados no curso.
7) Como você percebe a relação dos conteúdos das disciplinas ministradas?
8) Quais conhecimentos você considera fundamentais para o exercício da sua futura
profissão?
9) Como o curso contribuiu para o seu crescimento pessoal?
10) Você fez ou faz qual (is) curso (os) em paralelo ao curso de graduação?
11) Quais foram as facilidades de ingresso ou melhoria na sua situação no mercado de
trabalho após ingressar na faculdade? Quais foram as dificuldades enfrentadas?
12) Está atualmente trabalhando na área? Qual é o cargo? Se não, como você se sente
preparado para atuar como Tecnólogo em Logística no mercado de trabalho depois de
formado?
13) O que o curso contribuiu para você no seu emprego atual?
14) Qual o diferencial do curso te ajudou no ingresso ou melhoria no mercado de trabalho?
15) Na sua opinião, o que seriam competências?
16) Quais são as competências profissionais exigidas na área de Logística?
17) Você acredita que desenvolveu ou está desenvolvendo quais competências durante o
curso?
18) Como você percebe que as atividades em sala de aula ajudam desenvolver as
competências para o mercado de trabalho?
19) Comente sobre um dos projetos integrados/interdisciplinares que você realizou.
20) De que forma os projetos integrados/interdisciplinares ajudou a desenvolver suas
competências profissionais?
21) Comente sobre suas perspectivas de melhoria na sua empregabilidade depois de formado.
22) Como você se vê, depois de formado, sobre a sua evolução no desenvolvimento das suas
competências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores), ou seja, a forma de pensar
quando ingressou e terminará o curso?
23) Você recomendaria (ou recomendou) o curso a outras pessoas? Por que?
137
ANEXO – 1
Você tem as competências necessárias para trabalhar com logística?
Agustín Durán, Administradores.com, 1 de janeiro de 2018, às 10h00
Seja pela crescente inserção de tecnologias em atividades rotineiras ou pela entrada
das novas gerações no mercado de trabalho, escolher o profissional certo para sua equipe pode
ser desafiador. Mais de 91% das empresas já apresentaram algum tipo de dificuldade na
contratação, segundo estudo da Fundação Dom Cabral.
Mesmo em tempo de recuperação lenta da economia e com muitos profissionais
procurando recolocação, as companhias ainda almejam competências específicas para compor
seus times.
Na área de logística, que conta com diversas particularidades e que, assim como outros
departamentos, está mudando devido à transformação digital no mundo corporativo, algumas
características são essenciais para ter sucesso. Além das formações tradicionais e técnicas, ter
conhecimento no mercado de forma mais ampla é um grande diferencial, como estudos de
economia e administração. Além disso, engenharia e tecnologia da informação são
habilidades importantes para compor o currículo, em virtude da crescente automatização das
operações.
As oportunidades do setor são muitas, porém é preciso levar em conta as constantes e
rápidas mudanças no mercado. Se destacar em logística exige mais do que uma boa formação,
é preciso desenvolver competências como flexibilidade e capacidade de adaptar-se a
diferentes situações, atualizando-se frequentemente.
Atenção às tendências e inovações tecnológicas
Com recursos e ferramentas lançadas a todo instante, a automação de algumas
atividades é iminente. As companhias terão à sua disposição uma série de soluções com
potencial de gerar aumentos expressivos na produtividade e diminuição de falhas
operacionais, como a troca ou falta de volumes de encomendas, no caso de logística.
Para se destacar nesse cenário, os profissionais devem estar capacitados a incorporar
tecnologias e metodologias ágeis para que sua atuação seja ainda mais estratégica. Atente-se à
execução do planejamento, é preciso estar engajado para testar e implementar novos
processos e ferramentas. A tecnologia pode ser uma grande aliada, afinal o sucesso do
138
funcionário não é apenas julgado por seus resultados, mas também pela maneira como os
mesmos foram atingidos.
O Brasil caminha lentamente ao encontro de uma melhora na economia, que por sua
vez provoca desdobramentos nos demais setores. No último relatório bienal do Banco
Mundial, o país subiu mais de dez posições no ranking de logística, porém ainda existe um
grande espaço e potencial para crescimento e melhoria no desempenho desse setor no país. A
evolução do e-commerce, por exemplo, tem contribuído para esse desenvolvimento,
ampliando a aplicação de soluções mais modernas para atender às demandas que o segmento
exige.
Os próximos anos da área de logística serão desafiadores e o investimento em novas
habilidades e na construção de um time capacitado é um importante diferencial competitivo
para as empresas. Com um plano de carreira bem definido é possível formar profissionais
qualificados e prontos para adaptar-se a qualquer mudança no cenário e construir uma
trajetória de sucesso que beneficia o indivíduo, a companhia e o mercado, como um todo.
Agustín Durán — Sócio-diretor da Nimbi, empresa especializada em tecnologia para gestão
da cadeia de suprimentos. http://www.nimbi.com.br
Fonte: Site Administradores. Disponível em:
<http://www.administradores.com.br/noticias/cotidiano/voce-tem-as-competencias-necessarias-para-
trabalhar-com-logistica/122831/>.Acesso em 05. Mar. 2018.
139
ANEXO 2
10 competências que todo profissional vai precisar até 2020
Confira as habilidades que vão ganhar destaque no mercado de trabalho, segundo relatório do
Fórum Econômico Mundial
Por Camila Pati 13 set 2016, 14h21 - Publicado em 22 jan 2016, 13h07
São Paulo – Até 2020, 35% das habilidades mais demandadas para a maioria das
ocupações deve mudar. A afirmação parte de relatório produzido pelo Fórum Econômico
Mundial publicado nesta semana. As mudanças são justificadas no contexto da chamada
Quarta Revolução Industrial: era da robótica avançada, automação no transporte, inteligência
artificial e aprendizagem automática. Sim, nos próximos quatro anos estes e fatores sócio
econômicos, geopolíticos e demográficos terão impacto direto no mundo do trabalho: seja no
surgimento ou desaparecimento de profissões, seja no hall de habilidades demandadas pelo
mercado. Muitas delas estão ligadas a ações ainda impossíveis de serem tomadas por
máquinas.
O foco do relatório está nos aspectos que ainda nos fazem superar os robôs.
Profissionais dos setores de mídia e entretenimento, consumo, saúde e energia, segundo o
relatório, têm sido mais afetados desde já pelas novas exigências de suas atividades. Por outro
lado, áreas de finanças, infraestrutura e mobilidade deverão ter transformações mais
profundas nos próximos anos.
Como afirmou a professora Mireia Heras da espanhola IESE Business School, a única
certeza é que tudo vai mudar por isso a flexibilidade e a adaptabilidade ganham tanta
importância no contexto profissional.
A seguir, quais as 10 habilidades que todo profissional vai precisar até 2020, em maior
ou menor escala, para ter sucesso no trabalho:
1. Resolução de problemas complexos
Esta competência já prevista como a mais exigida para 2015 e volta a aparecer no topo
do ranking de previsões para 2020. De acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial,
nos próximos quatro anos 36% das atividades em todos os setores da economia deverão exigir
habilidade para solução de problemas complexos.
140
2. Pensamento crítico
Pensamento estruturado, capacidade de comunicação clara, habilidade de fazer as
perguntas certas, de reconhecer o problema atrás do problema e de olhar para uma questão
sob diferentes perspectivas define o conceito de pensamento crítico, segundo explicou a
professora Giedre Vasiliauskaite, da pós-graduação da Universidade de Rotterdam, em
entrevista a EXAME.com. A especialista no assunto define esta como a competência do
século 21.
No relatório publicado pelo Fórum Econômico Mundial, o pensamento crítico é
definido como o uso da lógica e da racionalização para identificar forças e fraquezas de
soluções alternativas, conclusões e abordagens a problemas. Na segunda posição do ranking
para 2020, esta era a quarta habilidade mais destacada nas previsões do Fórum para 2015.
3. Criatividade
Profissionais criativos terão a oportunidade de se beneficiar desde cenários de rápidas
transformações em produtos, tecnologias e modos de trabalho. Lembre-se: os robôs perdem
para nós em criatividade. Ainda não conseguem ter ideias inusitadas e inteligentes ou
desenvolver alternativas criativas para resolver problemas. Por isso, a habilidade que era a 10ª
da lista de previsões das demandas de mercado para 2015, agora faz parte das três habilidades
mais destacadas para 2020.
4. Gestão de pessoas
A capacidade de motivar, desenvolver pessoas e de identificar talentos é a parte da
função de um gestor mais destacada pelo relatório do Fórum Econômico Mundial. Nos setores
de energia e de mídia, esta habilidade é vista como uma habilidade chave até 2020.
5. Coordenação
A capacidade de coordenar as próprias ações de acordo com as ações de outras pessoas
era a segunda habilidade mais destacada para o mercado de trabalho em 2015, e agora aparece
em quinto lugar nas previsões de demanda do mercado de trabalho até 2020. Vale destacar
que para líderes trata-se de uma competência crítica. É que aspectos ligados à colaboração e
facilitação de processos são algumas das características que especialistas apostam como
obrigatórias nos CEOs do futuro.
141
6. Inteligência Emocional
Ainda ausente no currículo acadêmico, a gestão das emoções é fundamental a
profissionais. Segundo o economista espanhol José Ramón Pin, professor da IESE Business
School, a gestão adequada das emoções é uma habilidade que pode fazer profissionais
passarem pela crise com mais serenidade e sem perder o “espírito de luta”.
A importância dada à inteligência emocional é mais recente no imaginário corporativo.
A competência não aparecia nas previsões de habilidades exigidas pelo mercado em 2015 e,
agora, ocupa o sexto lugar na lista para 2020. Um dos aspectos que deve ser levado em
consideração é o fato de que a inteligência artificial ainda passa longe de aspectos de gestão
emocional.
7. Capacidade de julgamento e de tomada de decisões
Pessoas hábeis em analisar dados e ambiente e tomar decisões a partir disso já se
destacam no mercado e tendem a ser ainda mais disputadas até 2020, segundo o relatório. A
competência era a oitava mais demandada na lista de previsões de competências em destaque
para 2015e subiu para a sétima posição.
Segundo o professor britânico Dave Snowden - fundador da Cognitive Edge, uma rede
de pesquisa internacional, e criador do Cynefin Framework, uma metodologia específica para
nortear decisões - um bom líder será sempre bom na tomada de decisões em ambientes de alta
complexidade, contexto mais frequente na rotina corporativa. Acertar em soluções neste
ambiente é meio caminho para o sucesso no mundo dos negócios de acordo com o
especialista.
8. Orientação para servir
A inclinação para ajudar os outros perdeu uma posição no ranking na comparação com
as demandas do mercado para 2015 e para 2020. No entanto, é ainda vista como uma
habilidade indispensável ao trabalho em equipe.
9. Negociação
Relacionar-se com pessoas é um constante negociar. Por isso, habilidades de
negociação e conciliação de diferenças são importantes para todos os profissionais. Mas o
relatório do Fórum Econômico Mundial destaca as áreas de computação, matemática, artes e
design como as que mais vão exigir bons negociadores até 2020.
142
10. Flexibilidade cognitiva
Capacidade de criar ou usar diferentes conjuntos de regras para combinar ou agrupar
as coisas de diferentes maneiras. É assim que o relatório do Fórum Econômico Mundial
define a flexibilidade cognitiva. A habilidade não constava na lista de demandas previstas
para o mercado de trabalho em 2015, mas já começa a ganhar importância, tendência que
deve se acentuar nos próximos quatro anos. O relatório cita os setores de bens de consumo,
comunicação e tecnologia da informação como aqueles que mais vão exigir esta capacidade
de seus profissionais.
Fonte: Revista Exame; Disponível em :< https://exame.abril.com.br/carreira/10-competencias-que-
todo-professional-vai-precisar-ate-2020/> Acesso em 05 mar. 2018.
143
ANEXO 3
Disciplinas - CST – Logística - Faculdade Privada
Disciplina Carga Horária Total EMPREENDEDORISMO 60 ESTUDO DIRIGIDO - DEMOCRACIA, ÉTICA E CIDADANIA 20 ESTUDO DIRIGIDO - EDUCAÇÃO AMBIENTAL 20 ESTUDO DIRIGIDO - INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 20 ESTUDO DIRIGIDO - LÓGICA MATEMÁTICA 20 GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS 60 GERENCIAMENTO DE TRANSPORTES E ABASTECIMENTO 60 GESTÃO DA PRODUÇÃO 60 GESTÃO DE CONTRATOS, TERCEIRIZAÇÃO E LICITAÇÃO 60 GESTÃO DE PESSOAS 60 GESTÃO DE PROJETOS 60 HOMEM, CULTURA E SOCIEDADE 60 LEGISLAÇÃO SOCIAL E TRABALHISTA 60 LOGÍSTICA E COMÉRCIO INTERNACIONAL 60 LOGÍSTICA REVERSA 60 MATEMÁTICA FINANCEIRA 60 MÉTODOS QUANTITATIVOS 60 MODELOS DE GESTÃO 60 OPTATIVA 60 PLANEJAMENTO, CONTROLE E GERENCIAMENTO DE MATERIAIS. 60 PROCESSOS LOGÍSTICOS 60 PROJETO INTEGRADO I 100 PROJETO INTEGRADO II 100 PROJETO INTEGRADO III 100 PROJETO INTEGRADO IV 100 RACIOCÍNIO LÓGICO MATEMÁTICO 60 RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL 60 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GERENCIAL 60 COMÉRCIO INTERNACIONAL **
GESTÃO AMBIENTAL **
GESTÃO DA QUALIDADE **
LIBRAS - LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS **
** ROL DAS DISCIPLINAS OPTATIVAS
144
ANEXO – 4
Disciplinas - CST Logística - Faculdade Pública Estadual
RELAÇÃO DE DISCIPLINAS
CARGA DIDÁTICA SEMESTRAL
Atividade curricular Total
1º Semestre
Administração Geral 80
Calculo I 80
Comunicação e Expressão 80
Informática Básica 40
Inglês I 40
Logística 40
Métodos para a Produção do Conhecimento 40
Projeto Interdisciplinar I 80
Total do semestre 480
2º Semestre
Calculo Diferencial e Integral 40
Contabilidade 40
Espanhol I 40
Estatística Aplicada à Gestão 80
Fundamentos de Gestão da Qualidade 40
Inglês II 40
Matemática Financeira 40
Modalidade e Intermodalidade 80
Projeto Interdisciplinar II 80
Total do semestre 480
3º Semestre
SEMESTRE
Economia e Finanças empresariais 80
Espanhol II 40
Gestão de Equipes 40
Gestão de Produção e Operações 80
Gestão Tributária nas Operações Logísticas 40
Inglês III 40
Pesquisa Operacional 80
Projeto Interdisciplinar III 80
Total do semestre 480
4º Semestre
Custos e tarifas Logísticos 80
Eletiva I 80
Gestão de estoques 40
Inglês IV 40
Fundamentos de Marketing 40
Métodos Quantitativos de Gestão 80
Sistemas de Movimentação e Transporte 40
Projeto Interdisciplinar IV 80
Total do semestre 480
5º Semestre
Embalagens e Unitização 40
Gestão da Cadeia de Suprimentos 80
Inglês V 40
145
Inovação e Empreendedorismo 40
Movimentação e Armazenagem 80
Projeto Aplicado à Logística 40
Simulação em Logística 80
Projeto Interdisciplinar V 80
Total do semestre 480
6º Semestre
Comércio Exterior e Logística 80
ELETIVA II 40
Gestão de Transporte de Carga e Roteirização 80
Inglês VI 40
Tecnologia de Transportes 80
Transportes de Cargas Especiais 40
Tecnologia da Informação aplicada à Logística 40
Projeto Interdisciplinar VI 80
Total do semestre 480
146
ANEXO 5
CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CONSELHO PLENO
RESOLUÇÃO nº 3 do Parecer do CNE/CP 29, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2002.
Publicada no Diário Oficial da União de 23 de dezembro de 2002, Seção 1, p. 162.
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para
a organização e o funcionamento dos cursos superiores
de tecnologia.
O Presidente do Conselho Nacional de Educação, de conformidade com o disposto nas
alíneas “b” e “d” do Artigo 7º, na alínea “c” do § 1º e na alínea “c” do § 2º do Artigo 9º da Lei
4.024/61, na redação dada pela Lei Federal 9.131, de 25 de novembro de 1995, nos Artigos
8º, § 1º, 9º, Inciso VII e § 1º, 39 a 57 da Lei 9.394, de 20 de novembro de 1996 (LDBEN), nos
Decretos 2.208, de 17 de abril de 1997, e 3.860, de 9 de julho de 2001, e com fundamento no
Parecer CNE/CES 436/2001 e no Parecer CNE/CP 29/2002, homologado pelo Senhor
Ministro da Educação em 12 de dezembro de 2002, resolve:
Art. 1º A educação profissional de nível tecnológico, integrada às diferentes formas de
educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, objetiva garantir aos cidadãos o direito à
aquisição de competências profissionais que os tornem aptos para a inserção em setores
profissionais nos quais haja utilização de tecnologias.
Art. 2º Os cursos de educação profissional de nível tecnológico serão designados como
cursos superiores de tecnologia e deverão:
I - incentivar o desenvolvimento da capacidade empreendedora e da compreensão do
processo tecnológico, em suas causas e efeitos;
II - incentivar a produção e a inovação científico-tecnológica, e suas respectivas
aplicações no mundo do trabalho;
III - desenvolver competências profissionais tecnológicas, gerais e específicas, para a
gestão de processos e a produção de bens e serviços;
IV - propiciar a compreensão e a avaliação dos impactos sociais, econômicos e
ambientais resultantes da produção, gestão e incorporação de novas tecnologias;
V - promover a capacidade de continuar aprendendo e de acompanhar as mudanças
nas condições de trabalho, bem como propiciar o prosseguimento de estudos em cursos de
pós-graduação;
VI - adotar a flexibilidade, a interdisciplinaridade, a contextualização e a atualização
permanente dos cursos e seus currículos;
147
VII - garantir a identidade do perfil profissional de conclusão de curso e da respectiva
organização curricular.
Art. 3º São critérios para o planejamento e a organização dos cursos superiores de
tecnologia:
I - o atendimento às demandas dos cidadãos, do mercado de trabalho e da sociedade;
II - a conciliação das demandas identificadas com a vocação da instituição de ensino e
as suas reais condições de viabilização;
III - a identificação de perfis profissionais próprios para cada curso, em função das
demandas e em sintonia com as políticas de promoção do desenvolvimento sustentável do
País.
Art. 4º Os cursos superiores de tecnologia são cursos de graduação, com
características especiais, e obedecerão às diretrizes contidas no Parecer CNE/CES 436/2001 e
conduzirão à obtenção de diploma de tecnólogo.
§ 1º O histórico escolar que acompanha o diploma de graduação deverá incluir as
competências profissionais definidas no perfil profissional de conclusão do respectivo curso.
§ 2º A carga horária mínima dos cursos superiores de tecnologia será acrescida do
tempo destinado a estágio profissional supervisionado, quando requerido pela natureza da
atividade profissional, bem como de eventual tempo reservado para trabalho de conclusão de
curso.
§ 3º A carga horária e os planos de realização de estágio profissional supervisionado e
de trabalho de conclusão de curso deverão ser especificados nos respectivos projetos
pedagógicos.
Art. 5º Os cursos superiores de tecnologia poderão ser organizados por módulos que
correspondam a qualificações profissionais identificáveis no mundo do trabalho.
§ 1º O concluinte de módulos correspondentes a qualificações profissionais fará jus ao
respectivo Certificado de Qualificação Profissional de Nível Tecnológico.
§ 2º O histórico escolar que acompanha o Certificado de Qualificação Profissional de
Nível Tecnológico deverá incluir as competências profissionais definidas no perfil de
conclusão do respectivo módulo.
Art. 6º A organização curricular dos cursos superiores de tecnologia deverá
contemplar o desenvolvimento de competências profissionais e será formulada em
consonância com o perfil profissional de conclusão do curso, o qual define a identidade do
mesmo e caracteriza o compromisso ético da instituição com os seus alunos e a sociedade.
148
§ 1º A organização curricular compreenderá as competências profissionais
tecnológicas, gerais e específicas, incluindo os fundamentos científicos e humanísticos
necessários ao desempenho profissional do graduado em tecnologia.
§ 2º Quando o perfil profissional de conclusão e a organização curricular incluírem
competências profissionais de distintas áreas, o curso deverá ser classificado na área
profissional predominante.
Art. 7º Entende-se por competência profissional a capacidade pessoal de mobilizar,
articular e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores necessários para o
desempenho eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho e pelo
desenvolvimento tecnológico.
Art. 8º Os planos ou projetos pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia a serem
submetidos à devida aprovação dos órgãos competentes, nos termos da legislação em vigor,
devem conter, pelo menos, os seguintes itens:
I - justificativa e objetivos;
II - requisitos de acesso;
III - perfil profissional de conclusão, definindo claramente as competências
profissionais a serem desenvolvidas;
IV - organização curricular estruturada para o desenvolvimento das competências
profissionais, com a indicação da carga horária adotada e dos planos de realização do estágio
profissional supervisionado e de trabalho de conclusão de curso, se requeridos;
V - critérios e procedimentos de avaliação da aprendizagem;
VI - critérios de aproveitamento e procedimentos de avaliação de competências
profissionais anteriormente desenvolvidas;
VII - instalações, equipamentos, recursos tecnológicos e biblioteca;
VIII - pessoal técnico e docente;
IX - explicitação de diploma e certificados a serem expedidos.
Art. 9º É facultado ao aluno o aproveitamento de competências profissionais
anteriormente desenvolvidas, para fins de prosseguimento de estudos em cursos superiores de
tecnologia.
§ 1º As competências profissionais adquiridas em cursos regulares serão reconhecidas
mediante análise detalhada dos programas desenvolvidos, à luz do perfil profissional de
conclusão do curso.
§ 2º As competências profissionais adquiridas no trabalho serão reconhecidas através
da avaliação individual do aluno.
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Art. 10. As instituições de ensino, ao elaborarem os seus planos ou projetos
pedagógicos dos cursos superiores de tecnologia, sem prejuízo do respectivo perfil
profissional de conclusão identificado, deverão considerar as atribuições privativas ou
exclusivas das profissões regulamentadas por lei. 3
Art. 11. Para subsidiar as instituições educacionais e os sistemas de ensino na
organização curricular dos cursos superiores de tecnologia, o MEC divulgará referenciais
curriculares, por áreas profissionais.
Parágrafo único. Para a elaboração dos referidos subsídios, o MEC contará com a
efetiva participação de docentes, de especialistas em educação profissional e de profissionais
da área, trabalhadores e empregadores.
Art. 12. Para o exercício do magistério nos cursos superiores de tecnologia, o docente
deverá possuir a formação acadêmica exigida para a docência no nível superior, nos termos do
Artigo 66 da Lei 9.394 e seu Parágrafo Único.
Art. 13. Na ponderação da avaliação da qualidade do corpo docente das disciplinas da
formação profissional, a competência e a experiência na área deverão ter equivalência com o
requisito acadêmico, em face das características desta modalidade de ensino.
Art. 14. Poderão ser implementados cursos e currículos experimentais, nos termos do
Artigo 81 da LDBEN, desde que ajustados ao disposto nestas diretrizes e previamente
aprovados pelos respectivos órgãos competentes.
Art. 15. O CNE, no prazo de até dois anos, contados da data de vigência desta
Resolução, promoverá a avaliação das políticas públicas de implantação dos cursos superiores
de tecnologia.
Art. 16. Para a solicitação de autorização de funcionamento de novos cursos superiores
de tecnologia e aprovação de seus projetos pedagógicos, a partir da vigência desta resolução,
será exigida a observância das presentes diretrizes curriculares nacionais gerais.
Parágrafo único. Fica estabelecido o prazo de 6 (seis) meses, contados da data de
cumprimento do prazo estabelecido no artigo anterior, para que as instituições de ensino
procedam as devidas adequações de seus planos de curso ou projetos pedagógicos de curso às
presentes diretrizes curriculares nacionais gerais, ressalvados os direitos dos alunos que já
iniciaram os seus cursos.
Art. 17. Esta Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário.
JOSÉ CARLOS ALMEIDA DA SILVA
Presidente do Conselho Nacional de Educação