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13 PONTO 1 Competência Tributária. RESUMO FUNDAMENTAL 1. A competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios de instituir tributos por meio do proces- so legislativo discriminado nas normas constitucionais. 2. O texto constitucional não institui os tributos, mas sim outorga a competên- cia tributária para os entes federativos criarem os tributos e descreve de que forma esta competência pode ser exigida. 3. A competência legislativa é o gênero do qual se origina a competência tribu- tária, que é uma espécie de competência legislativa para a criação de tributos 4. A competência legislativa classifica-se como exclusiva, privativa, concor- rente, suplementar, local e residual. 5. A competência legislativa exclusiva ocorre quando atribuída a apenas um ente da federação, com a exclusão de todos os demais. 6. A competência legislativa privativa acontece quando enumerada como pró- pria de uma entidade (União, no caso brasileiro), com possibilidade, ao con- trário da competência exclusiva, de delegação ou suplementariedade. 7. A competência legislativa concorrente é aquela que pode ser exercida por mais de uma pessoa política. A Constituição Federal estabelece, por exemplo, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorren- temente sobre direito tributário. Neste caso, é fundamental deixar claro que no âmbito da legislação concorrente no sistema jurídico brasileiro, a com- petência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Assim, a compe- tência da União para legislar sobre normas gerais de direito tributário não exclui a competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, eis que inexistindo lei federal (União) sobre normas gerais de direito tributário, os Estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. E a superveniência de lei federal sobre nor- mas gerais de direito tributário suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 8. A competência legislativa suplementar significa exatamente a competência de poder de fixar normas que desdobrem o conteúdo de normas gerais da União ou que preencham a ausência ou omissão destas normas gerais.

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PONTO 1

� Competência Tributária.

RESUMO FUNDAMENTAL

1. A competência tributária é o poder conferido à União, aos Estados-membros, ao Distrito Federal e aos Municípios de instituir tributos por meio do proces-so legislativo discriminado nas normas constitucionais.

2. O texto constitucional não institui os tributos, mas sim outorga a competên-cia tributária para os entes federativos criarem os tributos e descreve de que forma esta competência pode ser exigida.

3. A competência legislativa é o gênero do qual se origina a competência tribu-tária, que é uma espécie de competência legislativa para a criação de tributos

4. A competência legislativa classifica-se como exclusiva, privativa, concor-rente, suplementar, local e residual.

5. A competência legislativa exclusiva ocorre quando atribuída a apenas um ente da federação, com a exclusão de todos os demais.

6. A competência legislativa privativa acontece quando enumerada como pró-pria de uma entidade (União, no caso brasileiro), com possibilidade, ao con-trário da competência exclusiva, de delegação ou suplementariedade.

7. A competência legislativa concorrente é aquela que pode ser exercida por mais de uma pessoa política. A Constituição Federal estabelece, por exemplo, que compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorren-temente sobre direito tributário. Neste caso, é fundamental deixar claro que no âmbito da legislação concorrente no sistema jurídico brasileiro, a com-petência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. Assim, a compe-tência da União para legislar sobre normas gerais de direito tributário não exclui a competência suplementar dos Estados e do Distrito Federal, eis que inexistindo lei federal (União) sobre normas gerais de direito tributário, os Estados e o Distrito Federal exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. E a superveniência de lei federal sobre nor-mas gerais de direito tributário suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário.

8. A competência legislativa suplementar significa exatamente a competência de poder de fixar normas que desdobrem o conteúdo de normas gerais da União ou que preencham a ausência ou omissão destas normas gerais.

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9. A competência legislativa local é dos Municípios e do Distrito Federal, uma vez que a CF/88 disciplina que compete aos Municípios legislar sobre as-suntos de interesse local. E o Distrito Federal possui competência legislativa municipal e estadual.

10. A competência legislativa residual é pertencente aos Estados e ao Distrito Federal, pois a CF/88 determina que são reservadas aos Estados as compe-tências que não lhes sejam vedadas pela Constituição.

11. Noutra perspectiva, a competência tributária classifica-se como exclusiva, residual, extraordinária, comum e cumulativa.

12. A competência tributária exclusiva ou privativa se refere a competência da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para instituir os tributos que a Constituição prevê especificamente apenas para cada ente fe-derativo.

13. Competência exclusiva ou privativa da União: (i) Impostos: a) imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) – art. 153, I; b) imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) – art. 153, II; c) imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) – art. 153, III; d) imposto sobre produtos industrializados (IPI) – art. 153, IV; e) imposto sobre operações de crédito, câmbio e seguro, ou rela-tivas a títulos ou valores mobiliários (IOF) – art. 153, V; f) imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) – art. 153, VI; g) imposto sobre grandes fortunas (IGF) – art. 153, VII; (ii) Empréstimos Compulsórios (art. 148): a) empréstimo por calamidade ou guerra externa (art. 148, I); b) emprésti-mo por investimento público urgente e de relevância nacional (art. 148, II); (iii) Contribuições especiais ou parafiscais: a) contribuições de seguri-dade social (art. 195, art. 239; ADCT, art. 74, 75, 84 e 90); b) contribuições sociais (art. 212, § 5º e art. 240); c) contribuições de interesse das catego-rias profissionais ou econômicas, também denominadas de corporativas (art. 149); d) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) – art. 149 e art. 177, § 4º.

14. Competência exclusiva ou privativa dos Estados e do Distrito Federal: (i) Impostos (CF, art. 155): a) impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) – art. 155, I; b) impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) – art. 155, II; c) imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) – art. 155, III.

15. Competência exclusiva ou privativa dos Municípios e do Distrito Fe-deral: (i) Impostos (CF, art. 156): a) imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) art. 156, I; b) impostos sobre transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imóveis e de direitos reais sobre imóveis,

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exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) – art. 156, II; c) imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no ICMS, definidos em lei complementar – art. 156, III; (ii) Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP ou CIP) – art. 149-A.

16. A competência tributária residual se refere à competência da União para ins-tituir mediante lei complementar, impostos não previstos na sua competên-cia, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição (art. 154, I).

17. A competência tributária extraordinária é a competência da União para instituir na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordiná-rios, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (art. 154, II).

18. A competência tributária comum ou concorrente é a competência de todos os entes políticos para instituição de taxas, contribuições de melhoria e con-tribuição previdenciária dos seus servidores, dentro da esfera de competên-cia político-administrativa de cada um.

19. Competência comum ou concorrente da União, Estados-membros, DF e Municípios: (i) Taxas (art. 145, II): a) taxas de polícia; b) taxas de serviço; (ii) Contribuições de Melhoria (art. 145, III. da CF/88); (iii) Contribuição previdenciária (art. 149, §1º).

20. A competência tributária cumulativa é a competência da União para instituir, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for divi-dido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais (art. 147, da CF/88).

21. A doutrina atribui algumas características à competência tributária: (i) indelegabilidade; (ii) incaducabilidade; (iii) inalterabilidade; (iv) irrenun-ciabilidade; (v) facultatividade.

22. A indelegabilidade é entendida como a impossibilidade do ente federativo de-legar a terceiros a sua competência para instituir o tributo.

23. A incaducabilidade ou imprescritibilidade ou, ainda, não sujeita a decadên-cia, a significar que o não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

24. A inalterabilidade, no sentido que o próprio ente federativo competente para instituir determinados tributos pelo texto constitucional não pode ampliar por meio de norma ordinária (infraconstitucional) a sua competência tribu-tária.

CompetênCia tributária.

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25. A irrenunciabilidade, segundo a qual não pode o ente federativo renunciar a competência tributária, em virtude do postulado da indisponibilidade do interesse público

26. A facultatividade significa que a competência tributária é uma faculdade que pode ou não ser utilizada pela pessoa política, criando ou não o tributo, ou ainda, criando-o somente em parte.

QUESTõES

1. (ESAF/ATRFB/2010):

O art. 154, inciso I, da Constituição Federal, outorga à União o que se costuma chamar de competência tributária residual, permitindo que institua outros impostos que não os previstos no art. 153. Sobre estes impostos, é incorreto afirmar que:

a) Estados e Municípios não possuem competência tributária residual.b) Terão de ser, necessariamente, não-cumulativos.c) Não poderão ter base de cálculo ou fato gerador próprios dos impostos já

discriminados na Constituição Federal.d) Caso sejam instituídos por meio de medida provisória, esta deverá ser conver-

tida em lei até o último dia útil do exercício financeiro anterior ao de início de sua cobrança.

e) Para a instituição de tais impostos, há que se respeitar o princípio da anterio-ridade.

► COMENTáRiO

De início, destaca-se que o enunciado cita o art. 154, I: a União poderá ins-tituir mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cál-culo próprios dos discriminados nesta Constituição.

Assim, o candidato deve seguir a linha da literalidade deste dispositivo. Letra (A). Somente a União possui a competência tributária residual. Logo,

correta.Letra (B). O texto constitucional exige que os impostos residuais sejam não-

-cumulativos. Logo, correta.Letra (C). O texto constitucional exige que os impostos residuais não tenham

fato gerador ou base de cálculo próprios dos impostos discriminados na Consti-tuição. Portanto, correta.

Letra (D). Os impostos residuais devem ser instituídos apenas por lei com-plementar. Logo, incorreta.

Letra (E). Os impostos residuais devem respeitar os princípios da anteriori-dade genérica e da anterioridade nonagesimal. Logo, correta.

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2. (ESAF/AFRFB/2005)

Competência tributária é o poder que a Constituição Federal atribui a deter-minado ente político para que este institua um tributo, descrevendo-lhe a hipótese de incidência, o sujeito ativo, o sujeito passivo, a base de cálculo e a alíquota.

Sobre a competência tributária, avalie o asserto das afirmações adiante e marque com (V) as verdadeiras e com (F) as falsas; em seguida, marque a opção correta.

( ) A competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de ar-recadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra.

( ) O não-exercício da competência tributária por determinada pessoa política au-toriza a União a exercitar tal competência, com base no princípio da isonomia.

( ) A pessoa política que detém a competência tributária para instituir o imposto também é competente para aumentá-lo, diminuí-lo ou mesmo conceder isen-ções, observados os limites constitucionais e legais.

a) F, V, F.b) F, F, V.c) F, V, V.d) V, F, V.e) V, V, V.

► COMENTáRiO

O primeiro item é verdadeiro, porque a competência tributária é indelegável, salvo atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, conforme dispõe expressa-mente o art. 7°, caput, do CTN.

O segundo item é falso, porque o não-exercício da competência tributária por determinada pessoa política não autoriza a União a exercitar tal competên-cia, com base no princípio da isonomia. O CTN dispõe expressamente no art. 8°, caput, que o não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurí-dica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

O terceiro item é verdadeiro, pois, em princípio, a pessoa política que detém a competência tributária para instituir o imposto também é competente para au-mentá-lo, diminuí-lo ou mesmo conceder isenções, observados os limites cons-titucionais e legais. Por exemplo, o Município de Salvador é competente para es-tabelecer isenções referentes ao ISS de sua competência, observadas as normas constitucionais (tal como o princípio da igualdade) e as normas estabelecidas nos arts. 175 a 179 do CTN (normas atinentes as isenções tributárias).

CompetênCia tributária.

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Portanto, a resposta é letra “D” (V, F, V).

3. (ESAF/PFN/2004)

Considerados os temas competência tributária e capacidade tributária ativa, marque com V a assertiva verdadeira e com F a falsa, assinalando ao final a opção correspondente.

( ) A competência tributária é delegável.( ) A capacidade tributária ativa é indelegável.( ) A União é quem detém a competência tributária no que toca às contribuições

sociais para o financiamento da Seguridade Social.( ) Lei complementar pode delegar a qualquer pessoa jurídica de direito público

a competência tributária.a) V, F, V, V.b) F, V, F, V.c) F, F, V, F.d) V, V, V, F.e) F, V, F, F.

► COMENTáRiO

O primeiro e quarto itens são falsos, porque há competência tributária é in-delegável, conforme o art. 7°, caput, do CTN.

O segundo item é falso, porque a capacidade tributária ativa é delegável. Por outro lado, de forma mais técnica, existem autores que afirmam corretamente que a atribuição da capacidade tributária dá-se por outorga, por lei. Decerto, a capacidade tributária ativa significa a possibilidade de determinada pessoa figu-rar como sujeito ativo (credor) da relação tributária, sendo a pessoa competente para exigir o cumprimento da obrigação tributária. Assim, o próprio art. 7° dis-põe sobre esta possibilidade, quando dispõe que as atribuições de fiscalizar tri-butos, ou de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária pode ser conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra.

O terceiro item é verdadeiro, pois, segundo o art. 149, da CF, em regra, com-pete exclusivamente à União instituir contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas. Contudo, registramos que a possibilidade dos Estados, o Distrito Federal e os Municípios instituírem contribuição, cobrada de seus servidores públicos de carreira (estatutários), para o custeio, em benefício destes, do regime previdenciário, cuja alíquota não será inferior à da contribuição dos servidores titulares de cargos efetivos da União, de acordo com o art. 149, §1°, da CF, que não se aplica aos servidores co-missionados ou celetistas.

Portanto, a resposta é letra “C” (F, F, V, F).

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4. (ESAF/PROCURADOR DO DF/2007.1)

Assinale a opção correta. O Distrito Federal, entidade integrante da República Federativa do Brasil, pode instituir:

a) imposto sobre propriedade territorial rural; imposto sobre transmissão causa mortis de quaisquer bens ou direitos, contribuição de melhoria e contribui-ções sociais de quaisquer espécies.

b) impostos extraordinários, taxas e empréstimos compulsórios.c) imposto sobre doação de quaisquer bens ou direitos; taxas pela utilização,

efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis; contribui-ções de interesse de categorias econômicas.

d) contribuição para o custeio de sistemas de previdência e assistência social de seus servidores; imposto sobre serviços de qualquer natureza; taxas, em razão do exercício do poder de polícia.

e) imposto sobre propriedade predial e territorial urbana; contribuição de me-lhoria; contribuições sociais e contribuição de intervenção no domínio econô-mico.

► COMENTáRiO

O Distrito Federal, entidade integrante da República Federativa do Brasil, de-têm competência estadual e municipal (arts. 147, 149, 155 e 156, CF). Desta forma, o DF pode instituir: contribuição para o custeio de sistemas de previdência e assis-tência social de seus servidores (art. 149, §1°, da CF/88); imposto sobre serviços de qualquer natureza (art. 156, III, da CF/88); taxas, em razão do exercício do po-der de polícia (art. 145, II, da CF/88).

Vejamos os seguintes quadros para decorar as competências tributárias:

Competência exclusiva ou privativa da União

(i) Impostos: a) imposto sobre importação de produtos estrangeiros (II) – art. 153, I; b) imposto sobre exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados (IE) – art. 153, II; c) imposto sobre renda e proventos de qualquer natureza (IR) – art. 153, III; d) imposto sobre produtos industrializados (IPI) – art. 153, IV; e) imposto so-bre operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (IOF) – art. 153, V; f) imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) – art. 153, VI; g) imposto sobre grandes fortunas (IGF) – art. 153, VII.

(ii) Empréstimos Compulsórios (art. 148): a) empréstimo por calamidade ou guerra externa (art. 148, I); b) empréstimo por investimento público urgente e de relevância nacional (art. 148, II);

(iii) Contribuições especiais ou parafiscais: a) contribuições de seguridade social (art. 195, art. 239; ADCT, art. 74, 75, 84 e 90); b) contribuições sociais (art. 212, § 5º e art. 240); c) contribuições de interesse das categorias profissionais ou econômicas, também denominadas de corporativas (art. 149); d) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE) – art. 149 e art. 177, § 4º.

CompetênCia tributária.

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Competência exclusiva ou privativa dos Estados e do Distrito Federal

(i) Impostos (CF, art. 155): a) impostos sobre transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos (ITCMD) – art. 155, I; b) impostos sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação (ICMS) – art. 155, II; c) imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) – art. 155, III.

Competência exclusiva ou privativa dos Municípios e do Distrito Federal(i) Impostos (CF, art. 156): a) imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) art. 156, I; b) impostos sobre transmissão inter vivos, por ato oneroso, de bens imó-veis e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição (ITBI) – art. 156, II; c) imposto sobre serviços de qualquer natureza (ISS), não compreendidos no ICMS, definidos em lei complementar – art. 156, III;(ii) Contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (COSIP ou CIP) – art. 149-A.

Competência comum ou concorrente da União, Estados-membros, DF e Municípios

(i) Taxas (art. 145, II): a) taxas de polícia; b) taxas de serviço.(ii) Contribuições de Melhoria (art. 145, III. da CF/88)(iii) Contribuição previdenciária (art. 149, §1º).

Portanto, a resposta é a letra “D”. Registra-se, todavia, que na nova redação deste dispositivo não consta a referência ao sistema de assistência. Por sua vez, a questão não foi anulada no gabarito definitivo. É o mesmo lema de sempre do concursando (“infelizmente”): devemos marcar a mais correta ou a mais errada.

5. (ESAF/ATN/RECiFE/2003)

Avalie as formulações seguintes, observadas as disposições pertinentes ao tema "competência tributária", constantes do Código Tributário Nacional, e, ao final, assinale a opção que corresponde à resposta correta.

I. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o come-timento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos.

II. Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pesso-as jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos.

III. A atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido.

IV. A atribuição das funções de executar leis, serviços, atos ou decisões admi-nistrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direi-to público a outra, compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir.

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a) Apenas as formulações I, II e III são corretas.b) Apenas as formulações II, III e IV são corretas.c) Apenas as formulações I, III e IV são corretas.d) Apenas as formulações II e IV são corretas.e) Todas as formulações são corretas.

► COMENTáRiO

O primeiro item é incorreto, porque é permitido à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios o cometimento, a pessoas de direito privado, do encargo ou da função de arrecadar tributos (art. 7°, §3°, do CTN).

O segundo item é correto, porque Os tributos cuja receita seja distribuída, no todo ou em parte, a outras pessoas jurídicas de direito público pertencem à competência legislativa daquela a que tenham sido atribuídos (parágrafo único, do art. 6°, do CTN).

O terceiro item é correto, eis que a atribuição das funções de arrecadar ou fiscalizar tributos, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, pode ser revogada, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido, segundo o art. 7°, §2°, do CTN.

O quarto item é correto, uma vez que a atribuição das funções de executar leis, serviços, atos ou decisões administrativas em matéria tributária, conferida por uma pessoa jurídica de direito público a outra, compreende as garantias e os privilégios processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferir, de acordo com o art. 7°, §1°, do CTN.

Decerto, a resposta é letra “B”. Apenas as formulações II, III e IV são corretas.

6. (ESAF/ATN/FORTALEzA/2003)

A respeito do tema competência para instituir impostos, é correto afirmar:a) aos Estados e ao Distrito Federal compete instituir, entre outros impostos que

a Constituição Federal lhes atribui, o imposto sobre propriedade de veículos automotores e o imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis situ-ados em seus territórios.

b) o imposto sobre serviços de transportes intermunicipais é de competência do Município em que se iniciarem as prestações dos serviços.

c) os impostos sobre propriedade predial e territorial urbana e sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos são de competência dos Municípios.

d) compete ao Distrito Federal instituir os impostos que cabem aos Municípios, sem prejuízo da competência que a Constituição Federal lhe assegura para instituir outros impostos expressamente indicados.

e) por força de emenda constitucional promulgada recentemente, a competên-cia para instituir o imposto sobre propriedade territorial rural foi transferida da União para os Estados e o Distrito Federal.

CompetênCia tributária.

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► COMENTáRiO

A letra “A” é incorreta, uma vez que aos Municípios e ao Distrito Federal compete instituir, entre outros impostos que a Constituição Federal lhes atribui, o imposto sobre transmissão inter vivos de bens imóveis situados em seus terri-tórios (ITBI).

A letra “B” é incorreta, uma vez que o imposto sobre serviços de transportes intermunicipais é de competência dos Estados-membros e do Distrito Federal. A competência dos Municípios e também do DF é para instituir imposto sobre serviços de transportes intramunicipais (dentro dos limites do seu próprio ter-ritório).

A letra “C” é incorreta, pois o imposto sobre propriedade predial e territorial urbana (IPTU) é de competência dos Municípios e do DF, mas o imposto sobre vendas a varejo de combustíveis líquidos e gasosos foi extinto pela Emenda Cons-titucional n. 3/93.

A resposta é letra “D”, uma vez compete ao Distrito Federal instituir os im-postos que cabem aos Municípios (art. 147 da CF/88), sem prejuízo da compe-tência que a Constituição Federal lhe assegura para instituir outros impostos ex-pressamente indicados.

A letra “E” é incorreta, eis que a competência para instituir o imposto sobre propriedade territorial rural (ITR) continua a ser da União.

7. (ESAF/ATE/MS/2001)

Em tema de competência legislativa sobre matéria de Direito Tributário, é cor-reta a afirmação de que:

a) Os Estados têm competência para legislar suplementarmente sobre normas gerais de Direito Tributário.

b) Mesmo na ausência de lei federal sobre normas gerais de Direito Tributário, é vedado aos Estados exercer essa competência legislativa.

c) A eficácia de lei estadual sobre normas gerais de Direito Tributário fica man-tida ante a superveniência de lei federal da mesma natureza, mesmo no que lhe for contrário.

d) No âmbito da competência concorrente para legislar sobre Direito Tributário os Estados só podem legislar sobre normas gerais.

e) A legislação tributária dos Estados é aplicada nos respectivos Municípios, em virtude de estes não terem competência para legislar sobre Direito Tributário.

► COMENTáRiO

A resposta é letra “A”, porque, em tema de competência legislativa sobre ma-téria de Direito Tributário, é correta a afirmação de que os Estados têm compe-

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tência para legislar suplementarmente sobre normas gerais de Direito Tributá-rio, de acordo com o §2°, do art. 24, da CF/88.

A letra “B” é incorreta, uma vez que na ausência de lei federal sobre normas gerais de Direito Tributário, não é proibido aos Estados exercer a competência legislativa plena, para atender as suas particularidades, segundo o §3°, do art. 24, da CF/88.

As letras “C” e “D” são incorretas, pois, no âmbito da competência concor-rente, o Estado legisla para tender as suas particularidades (§3°, do art. 24, da CF/88) e a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário, conforme art. 24, I e §4°, da CF/88.

A letra “E” é incorreta, eis que a doutrina e a jurisprudência dominante en-tendem que os Municípios possuem competência para legislar sobre Direito Tri-butário, conforme os arts. 30, III c/c 156, I a III, da CF/88. Estabelece o art. 30, III, da CF/88: compete aos Municípios instituir e arrecadar os tributos de sua competência.

8. (ESAF/AFTN/94)

A Constituição da República prevê que, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º). Tendo em vista isto e, quando for o caso, o disposto no Código Tributário Nacional, é razoável dizer que

a) o não-exercício, pela União, da competência para legislar sobre normas ge-rais de direito tributário, a defere aos Estados, para atender a suas peculia-ridades.

b) o não-exercício da competência para instituir tributos a defere a pessoa jurí-dica de direito público diversa daquela a que tal competência cabia original-mente.

c) a competência da União para legislar sobre normas de direito tributário exclui a competência suplementar dos Estados.

d) em matéria de direito tributário a competência da União, além de legislar sobre seus próprios tributos e sobre normas gerais, poderá fazê-lo em relação à competência não exercida pelos Estados e Municípios

e) faltando norma geral sobre o encargo ou a função de arrecadar tributo mu-nicipal, o Estado poderá supletivamente cometer um e outro a pessoas de direito privado.

► COMENTáRiO

A Constituição da República prevê que, inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas

CompetênCia tributária.

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Edvaldo Nilo dE almEida

peculiaridades (art. 24, § 3º). Tendo em vista isto e, quando for o caso, o disposto no Código Tributário Nacional (CTN), é razoável dizer que o não-exercício, pela União, da competência para legislar sobre normas gerais de direito tributário, a defere aos Estados, para atender a suas peculiaridades. Portanto, a resposta correta é a letra “A”.

A letra “B” é incorreta, uma vez que o não-exercício da competência tributá-ria não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Cons-tituição a tenha atribuído (art. 8°, do CTN). É a característica da competência tri-butária denominada de incaducabilidade ou imprescritibilidade ou, ainda, não sujeita a decadência, que, significa, em outros termos, a possibilidade da pessoa política exercer a competência tributária estabelecida no texto constitucional a qualquer tempo.

A letra “C” é incorreta, uma vez que a competência da União para legislar sobre normas de direito tributário não exclui a competência suplementar dos Estados, segundo o §2°, do art. 24, da CF/88.

A letra “D” é incorreta, pois, em matéria de direito tributário, a competência da União é para legislar sobre seus próprios tributos e sobre normas gerais (art. 24, I, da CF/88). Isto é, não pode, por exemplo, a União instituir o IPTU de compe-tência dos Municípios. Ressalta-se novamente do art. 8° do CTN, dispondo que o não-exercício da competência tributária não a defere a pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a tenha atribuído.

A letra “E” é incorreta, eis que o Estado-membro não pode legislar sobre matéria de competência dos Municípios.

9. (ESAF/AFTN/96)

União, Estados, Municípios e Distrito Federal

a) podem delegar capacidade para instituir, arrecadar e fiscalizar um tributo.

b) podem delegar capacidade para arrecadar e fiscalizar um tributo.

c) podem delegar capacidade para instituir e arrecadar um tributo.

d) podem delegar capacidade para instituir e fiscalizar um tributo.

e) não podem delegar capacidade tributária ativa.

► COMENTáRiO

A União, Estados, Municípios e Distrito Federal podem delegar capacidade para arrecadar e fiscalizar um tributo (capacidade ativa), de acordo com o art. 7°, do CTN. Portanto, a resposta é letra “B”. Por outro lado, a competência tributária é indelegável, ou seja, a competência para instituir o tributo,

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10. (ESAF/AFTE/Pi/2001/ADAPTADA)

Assinale a opção correta.

a) A competência tributária consiste na faculdade de que dispõem os entes políticos para instituir tributos em relação às pessoas submetidas a sua so-berania, e a capacidade tributária ativa consiste na aptidão atribuída a uma pessoa para figurar no pólo ativo de uma relação jurídico-tributária.

b) A competência tributária é a aptidão para arrecadar tributos, obedecidos os requisitos legais, e a capacidade tributária ativa é a aptidão para instituí-los, sempre por meio de lei.

c) A competência tributária e a capacidade tributária ativa são indelegáveis, ain-da que por meio de lei.

d) A competência tributária é, em determinadas situações, delegável, por meio de lei, mas a capacidade tributária ativa é indelegável.

e) A atribuição da capacidade tributária ativa a pessoa diferente daquela que dispõe da competência tributária só pode ser revogada de comum acordo entre ao titular da competência tributária e a pessoa jurídica a quem foi dele-gada a capacidade tributária ativa.

► COMENTáRiO

A resposta é letra “A”, que dispõe sobre as definições adequadas de compe-tência tributária e capacidade tributária ativa, a saber: “A competência tributária consiste na faculdade de que dispõem os entes políticos para instituir tributos em relação às pessoas submetidas a sua soberania, e a capacidade tributária ati-va consiste na aptidão atribuída a uma pessoa para figurar no pólo ativo de uma relação jurídico-tributária”.

A letra “B” é incorreta, uma vez que a competência tributária é a aptidão para instituir (criar) e não arrecadar tributos.

As letras “C” e “D” são incorretas, uma vez que a competência tributária é indelegável, ainda que por meio de lei e a capacidade tributária ativa é delegável por meio de lei. Registra-se, todavia, que a competência tributária pode ser alte-rada por meio de emenda a Constitucional, desde que tal modificação pelo poder constituinte derivada não seja tendente a abolir a autonomia financeira do ente federado, o que acarretaria violação a forma federativa de Estado (art. 60, §4°, I, da CF/88).

A letra “E” é incorreta, eis que a atribuição da capacidade tributária ativa a pessoa diferente daquela que dispõe da competência tributária pode ser revoga-da, a qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica de direito público que a tenha conferido, conforme §2°, do art. 7°, do CTN.

CompetênCia tributária.