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POR QUE FICAMOS PARA TRÁS? Um apanhado de minhas pesquisas
EDMAR BACHA São Paulo: Fundação FHC, 04/04/2018
Brasil ficou para trás a partir de 1980 (2014 US$, PIBpc, PPPs)
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BRA / US
2017=26%
Colapso do PIB (Y´) coincide com o da acumulação de capital (K’)
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K' Y'
Decomposição da acumulação de capital
• A partir da igualdade: valor do investimento = poupança, deriva-se:
• Taxa de crescimento do estoque de capital (K’) = taxa de poupança (s) dividida pelo preço relativo do investimento (p) vezes relação produto-capital (v) menos taxa de depreciação (δ):
K’ = s(1/p)v – δ
Colapso da acumulação de capital se associa à queda da relação produto-capital e ao aumento do preço relativo
do investimento. Poupança não variou
BRASIL Períodos K' s v p δ
Idade de ouro 1950-1980 8.8% 19.4% 0.506 0.784 3.6%
Década perdida 1981-1992 3.3% 20.9% 0.357 1.009 4.1%
Reformas c/baixo
crescimento 1993-2003 2.1% 18.3% 0.352 1.013 4.2%
Síndrome chinesa 2004-2010 2.8% 18.5% 0.382 1.024 4.1%
Dia seguinte da Grande
Recessão 2011-2014 4.0% 20.3% 0.383 0.973 4.0%
Quase-estagnação 1981-2014 2.9% 19.5% 0.364 1.009 4.1%
Queda da relação produto-capital acompanha a substituição pesada de importações
0,30
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13
Relação PIB/K
Aumento do preço relativo do investimento também coincide com substituição pesada de importações
[p(2000)=1.0]
0,5
0,6
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11
p original
p corrigido
Taxa básica de juros: a caminho da “normalidade”?
JURO REAL PRAZO CURTOA
The Economist, taxa 3m/inflação projetada ano
PAÍS 16/10/2010 28/03/2018
BRASIL 5,5 2,7
TURQUIA -0,7 3,7
MÉXICO -0,1 3,5
CHINA -0,3 2,3
ÁFRICA DO SUL 1 2
INDONÉSIA 1,6 1,8
RÚSSIA 1,0 1,8
ARGENTINA 1,5 1,7
COLÔMBIA 1,9 1,6
MÉDIA (34 países) -0,2 0,0
DESVIO PADRÃO 1,7 1,7
...como o são outros “preços surreais”
0
0,1
0,2
0,3
0,4
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0,6
0,7
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Uso celular (1 min pré-pago)
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Carro (Toyota Corolla)
Lições de 12 países de crescimento rápido e sustentado: The Growth Report
[Botswana, China, Cingapura*, Coreia do Sul, Hong Kong*, Indonésia, Japão*, Malásia, Malta*, Oman, Tailândia, Taiwan*] *hoje desenvolvidos
• Exploraram plenamente a economia mundial
• Mantiveram a estabilidade macroeconômica
• Alcançaram altas taxas de poupança e investimento
• Permitiram que mercados alocassem os recursos
• Tiveram governos comprometidos, críveis e capazes
Lições de 12 países que romperam a armadilha da renda média: integração, externa e interna, facilitada por
homogeneidade e tamanho pequeno • Poucos países que conseguiram ultrapassar a barreira da renda média depois da
2ª. Guerra o fizeram com abertura para o comércio internacional: • Cingapura, Coreia do Sul, Hong-Kong, Israel, Taiwan (exportadores industriais) • Espanha, Grécia, Irlanda, Portugal (exportadores de serviços, inclusive mão de obra) • Austrália, Nova Zelândia, Noruega (exportadores de recursos naturais)
• Renda per capita ppc: mediana, $43 mil; Brasil, $15 mil
• Parcela comércio/PIB: mediana, 75%; Brasil, 27%
• Além de abertos ao comércio internacional, são relativamente igualitários e, com exceção de Coreia do Sul e Espanha, bem pequenos
• Gini: mediano, 0,36; Brasil, 0,52
• População: mediana, 10 milhões; Brasil, 207 milhões
• Ao contrário dos 12 países que ascenderam, Brasil é grande, desigual e fechado
Relatórios recentes pró-abertura
• McKinsey, Brazil’s path to inclusive growth. McKinsey Global Institute, maio 2014.
• CDPP/CINDES, “A integração internacional da economia brasileira: proposta para uma nova política comercial”. Texto para Discussão, junho de 2016.
• OECD, “Fomentar a integração do Brasil na economia mundial. Capítulo 2 de Relatórios Econômicos OECD: Brasil. Paris: OECD, fevereiro 2018.
• Banco Mundial, Emprego e crescimento: a agenda da produtividade. Washington, DC: Banco Mundial: março 2018.
• Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Abertura comercial para o desenvolvimento. Brasília: SAE, março 2018.
Pilares de um programa de abertura para o Brasil
Programa pré-anunciado, com três pilares, independentes entre si e implantados gradualmente, ao longo de 4 anos:
• Redução do “custo Brasil” (reforma tributária; concessões de infraestrutura)
• Troca de tarifas (e outras restrições à entrada de bens e serviços importados) por câmbio
• Acordos comerciais internacionais
Referências
• E. Bacha, “Além da tríade: como reduzir os juros?”. Em: E. Bacha, Belíndia 2.0. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012: 251-268.
• E. Bacha, “Integrar para crescer: o Brasil na economia mundial”. Em: J. P. R. Velloso (org.), Visão de Brasil: Estratégia de Desenvolvimento Industrial com Maior Inserção Internacional. Rio de Janeiro: Fórum Nacional, 2013: 47-65.
• E. Bacha e R. Bonelli, “Accounting for the rise and fall of Brazil’s growth after World War II”. Em: M. Damill, M. Rapetti e G. Rozenwurcel (orgs.), Macroeconomics and Development: Roberto Frenkel and the Economics of Latin America. Nova York: Columbia University Press, 2016: 188-207.
• E. Bacha e R. Bonelli, “Coincident growth colapses: Brazil and Mexico since the early 1980s”, Novos Estudos/Cebrap, 35(2), julho 2016: 151-181.
• Banco Mundial, em nome da Commission on Growth and Development, The Growth Report: Strategies for sustained growth and inclusive development. Washington, D.C.: Banco Mundial, 2009.