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DIREITO PENAL PÓS-GRADUAÇÃO DIREITO MÉDICO FACULDADE LEGALE

PÓS-GRADUAÇÃO DIREITO MÉDICO FACULDADE LEGALE · TEORIA DO CRIME O CRIME como definidor de ciências: Direito Penal, Política Criminal, Criminologia, Sociologia, Psicologia,

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DIREITO PENALPÓS-GRADUAÇÃO – DIREITO MÉDICO

FACULDADE LEGALE

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RESPONSABILIDADE PENAL NA

ÁREA DA SAÚDE

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INTERDISCIPLINARIEDADE DO DIREITO MÉDICO

VIOLÊNCIA, quem pratica mais?

Estado ou Indivíduo?

O Direito e a Responsabilidade Histórica:

i. Vingança Privada: início da Civilização – Lei de Talião – Código deHamurábi. 1.780 a.C.

ii. Vingança Divina: Direito Penal Religioso Código de Manu (Índia,Babilônia, Egito, Pérsia, Israel, China); 1.500 a.C.

iii. Vingança Pública: Império Romano pena como mecanismo desegurança do soberano; crimina publica (perduellio e parricidium) edelicta privada e crimina extraordinária. 200 a.C a séc. XVIII

i. Sigilo do processo;

ii. Negação de direitos ao acusado.

iv. Período Humanitário: ano de 1764 Cesare Beccaria (Dos Delitos edas Penas – DEI DELITTI E DELLE PENE). * Contrato Social

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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Responsabilidade Penal Pessoal

PESSOALIDADE DA PENA -

Art. 5º, XLV, CF: “... Nenhuma pena passará da pessoa do condenado...”

Responsabilidade Penal Subjetiva

Ninguém pode ser autor de um crime sem DOLO ou CULPA:

“Não cabe, em direito penal, uma responsabilidade objetiva,derivada tão só de uma associação causal entre a conduta eum resultado de lesão ou perigo para um bem jurídico.”(NiloBatista)***

***BATISTA, Nilo, Curso de Direito Penal, Parte Geral, 2007, ed. Impetus, p. 104

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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O Código Penal Brasileiro – art. 18 e 19

Proteção dos Bens Jurídicos

A PENA COMO AMEAÇA

Domínio humano como acatamento da Lei.

Livre arbítrio na obediência da Lei.

Como bem lembra Eugênio Zaffaroni:

Imputar um dano ou um perigo ao bem jurídico sem a préviaconstatação do vínculo subjetivo com o autor (ou impor umasanção baseada apenas na “causação”) equivale a rebaixar oautor à condição de coisa causante. Neste sentido, é válida adistinção entre um modelo de Direito autoritário e outro que, naverdade, é um direito irracional, que imputa sem pressupor nemdelito nem lei. (2003, p. 245)

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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TEORIA DO CRIME

O CRIME como definidor de ciências: Direito Penal, Política

Criminal, Criminologia, Sociologia, Psicologia, Ciência

Política, História, Filosofia etc.

Definição material:

Crime é “a ação ou omissão que, a juízo do legislador,

contrasta violentamente com valores ou interesses do corpo

social, de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena.”

(FRAGOSO, 1985, p. 148, grifos do original).

Ex. Homicídio como quebra simples da Lei: matar alguém.

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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Definição operacional:

A definição operacional mostra o fato punível como conceitoanalítico estruturado pelos componentes do tipo de injusto eda culpabilidade (SANTOS, 2012, p. 72).

Ex. Homicídio como injusta produção da morte por um autor culpável.

A ciência do Direito Penal se ocupa especialmente com adefinição operacional de fato punível, capazes de: (a) indicaros pressupostos de punibilidade das ações descritas na leipenal como crimes; (b) funcionar como critérios deracionalidade da jurisprudência criminal; e, acima detudo, (c) contribuir para a segurança jurídica docidadão (SANTOS, 2012, p. 72; FRAGOSO, 1985, p. 14.6-147).

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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Define-se o crime, assim, de acordo com doutrinaamplamente dominante no Brasil e no exterior,como ação ou omissão típica, antijurídica e culpável(FRAGOSO, O, 1985, p. 149)

A ciência do Direito Penal se ocupa especialmente com a definição operacional de fato punível, capazes de:

(a) indicar os pressupostos de punibilidade das ações descritas na lei penal como crimes;

(b) funcionar como critérios de racionalidade da jurisprudência criminal; e, acima de tudo,

(c) contribuir para a segurança jurídica do cidadão (SANTOS, 2012, p. 72; FRAGOSO, 1985, p. 14.6-

147).

Responsabilidade Penal na Área da Saúde

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TIPO PENAL

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O que é CRIME?

É uma CONDUTA, uma ATITUDE que prejudica as

pessoas e/ou a sociedade, fazer ou deixar de fazer,

desde que prevista em Lei. (Princípio da Legalidade)

Tipo Penal é a conduta criminosa descrita na Lei.

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Tipo Penal Logo, entende-se que o Tipo Penal:

do Furto é SUBTRAIR PARA SI OU PARA OUTREM

COISA ALHEIA MÓVEL Art. 155 CP

do Homicídio é MATAR ALGUÉM Art. 121 CP

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Tipo Penal

Todo crime é uma conduta (fazer ou deixar de fazer

alguma coisa). Portanto, todo tipo penal tem, pelo menos,

um verbo, chamado de NÚCLEO DO TIPO.

Autor: pratica o núcleo o tipo

Partícipe: pratica conduta acessória

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Tipo Penal Há tipos penais que possuem mais de um verbo, ou

seja, são Tipos Penais Compostos

Crime Complexo: é a fusão de mais de uma conduta

no mesmo tipo penal

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Tipo Penal ROUBO

Art. 157 CP “SUBTRAIR coisa móvel alheia, para si ou paraoutrem, mediante grave AMEAÇA ou VIOLÊNCIA a pessoa,ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido àimpossibilidade de resistência.”

ESTUPRO

Art. 213 CP “CONSTRANGER alguém, mediante violênciaou grave ameaça, a TER conjunção carnal ou PRATICAR ouPERMITIR que com ele se pratique outro ato libidinoso.”

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Tipo Penal Cuidado com o crimes que possuem Tipo Misto

Alternativo

Nos Alternativos, as condutas são fungíveis, tanto faz se

cometeu uma ou outra, pois afetam o mesmo bem jurídico;

Se o agente realiza mais de uma conduta, haverá único delito

Ex. Estupro art. 213 CP e Tráfico de Drogas art. 33 da

Lei 11.343/06

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Tipo Penal Os Tipos Penais são formados de Elementares e

Circunstâncias

Elementares (Tipo Principal): São características essenciais ao crime

Estão, geralmente, no CAPUT do artigo

Ex. Roubo

Circunstâncias (Tipo Derivado): Não influenciam na caracterização do crime

Tratam, em regra geral da PENA: agravantes, atenuantes,causas de aumento e redução de pena, etc.

Estão, geralmente, nos parágrafos, incisos, etc.

Ex. Homicídio Qualificado/torpe x Homicídio Simples

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ERRO DE TIPO

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Erro de Tipo

Erro de tipo é o erro sobre uma das palavras que

compõem o tipo penal (que fazem parte da descrição

do tipo penal)

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Erro de TipoPoderá ser:

ESSENCIAL: quando o agente desconhece que

comete uma infração

ACIDENTAL: quando, apesar do erro, o agente tem

plena ciência que comete uma infração

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Erro de TipoO Erro de Tipo Essencial pode ser:

Inevitável (Escusável, Desculpável): quando qualquerpessoa na mesma situação erraria. Exclui o dolo e a culpa.

Evitável (Inescusável, Indesculpável): quando nem todoserrariam (se o agente agisse com mais cuidado, nãocometeria o erro). Exclui o dolo e permanece a culpa (culpaimprópria). ***

***Obs.: se o crime for punível a título de culpa

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Erro de TipoTemos também o Erro de Tipo ACIDENTAL:

É aquele que o agente SABE QUE É CRIME, e, apesar

do erro, sabe que está cometendo uma infração.

Mesmo com o ERRO, sabe que está em prática

delituosa.

Será punido NORMALMENTE pela sua conduta.

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Erro de Tipo • Erro de Tipo Acidental punirá o agente na medida da sua

intenção. Pode ser:

Sobre o OBJETO crimes patrimoniais

Sobre a PESSOA crimes contra a vida/pessoa Art. 61, II, alínea “e” CP – crimes contra CADI – agravante

genérica – pena maior

“Aberratio Ictus” erro na execução (art. 74CP). Erra o alvo e comete um crime da mesma natureza.

“Aberratio Criminis” ou “Aberratio Delicti” (art. 75CP) Resultado diverso do pretendido. Erra o alvo e comete um crime de outra natureza.

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Erro de TipoIMPORTANTE!!!

EM ABERRATIO CRIMINIS, O AGENTE NÃO RESPONDE PELA SUA INTENÇÃO, MAS PELO QUE EFETIVAMENTE

CAUSOU, SE É QUE CAUSOU.

Tanto em Aberratio Ictus como em Aberratio Criminis:

SE, COM UMA ATITUDE, ACERTAR DOIS ALVOS, RESPONDERÁ POR CONCURSO FORMAL DE CRIMES.

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RESUMO: CRIME: CONDUTA PREVISTA EM LEI, CHAMADA DE

TIPO PENAL.

CONDUTA TEM QUE ENQUADRAR NO TIPO PENAL, SE NÃO ENQUADRAR, É FATO ATÍPICO

EXECUTANDO, PODE INCORRER EM ERRO DE TIPO:

ESSENCIAL: NÃO SABE QUE É CRIME

ACIDENTAL: SABE QUE É CRIME E ERRA O ALVO

OBJETO

PESSOA

ABERRATIO ICTUS

ABERRATIO CRIMINIS

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REPARAÇÃO DE DANOS

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Reparação de Danos

A Reparação de Danos

sempre beneficia o agente

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Reparação de Danos

• Se o agente VOLUNTARIAMENTE reparar o dano ou

restituir a coisa, antes do recebimento da denúncia

ou da queixa, ocorrerá o ARREPENDIMENTO

POSTERIOR (art. 16 do CP)

• É uma causa obrigatória de diminuição de pena

(reduz a pena de 1/3 a 2/3)

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Reparação de Danos

Requisitos:

• CELERIDADE

• ESPONTANEIDADE

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Reparação de Danos

• PORÉM, não caberá nos crimes com violência ou

grave ameaça a pessoa.

• Arrependimento tardio

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Reparação de Danos

Se a reparação não se enquadrar nos casos de

arrependimento posterior, o agente será beneficiado

por ATENUANTE GENÉRICA

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Reparação de DanosCasos Diferenciados que nem haverá diminuição de pena nemserá atenuante genérica EXTINGUIRÁ A PUNIBILIDADE:

Cheque sem fundos – Art. 171, §2º, VI CP

Súmula 554 STF

Crime de Dano

Sonegação Fiscal

Apropriação Indébita Previdenciária

Peculato Culposo – Art. 312 CP §2º e §3º

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RESUMO:REPARAÇÃO DE DANOS: Sempre que o agente

reparar o dano, terá um BENEFÍCIO

Arrependimento Posterior

Diminuição Obrigatória da Pena/Atenuante Genérica

Casos Diferenciados Extinção da Punibilidade

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ILICITUDE

ou

ANTIJURIDICIDADE

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Ilicitude

Um fato antijurídico (Ilícito) é aquele reprovado pela

sociedade, não tolerável, pernicioso, que causa

repugnância pela sua existência.

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Ilicitude

• Num primeiro momento, na legislação brasileira, era

entendimento que crime era fato típico, ilícito e

culpável. Ratio Congnoscendi

• A verdade é que hoje em dia, no Brasil, o crime é fato

típico e ilícito, sendo que a culpa é um elemento da

pena Ratio Essendi

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Ilicitude

IMPORTANTE:

PARA SER CRIME, TEM QUE SER TÍPICO E

ILÍCITO.

• Então, podemos dizer que o TIPO é ESSENCIAL ao

crime, assim como o ILÍCITO

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Ilicitude

• MAS O QUE É UM ATO ILÍCITO???

ATO ILÍCITO É UM FATO REPROVADO PELA SOCIEDADE,

RUIM, PERNICIOSO, ANTISSOCIAL, ANTINATURAL, QUE A

SOCIEDADE NÃO TOLERA.

PARA SER CRIME, TEM QUE SER TÍPICO E ILÍCITO.

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Ilicitude

• CUIDADO: NEM SEMPRE O ILÍCITO É TÍPICO!!!

• Se não for típico é ILÍCITO CIVIL.

• A PRINCÍPIO, TODO FATO TÍPICO TAMBÉM É

ILÍCITO/ANTIJURÍDICO – Vide art. 121 CP

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Ilicitude

• Para exemplificar, Muñoz Conde (Direito Penal das Licitações

– 1ª Edição) preceitua:

• “... o Direito Penal não cria a antijuridicidade, senão

seleciona, por meio da tipicidade, uma parte dos

comportamentos antijurídicos, geralmente os mais

graves, cominando-os com uma pena.”

O CRIME ACOMPANHA O DINAMISMO DA SOCIEDADE

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Ilicitude

EXEMPLO DE FATO TÍPICO E ILÍCITO -

• ART. 121 CP MATAR ALGÚEM

• ACONTECE QUE, ÀS VEZES, MATAR ALGUÉM NÃO É

CRIME, NÃO É ILÍCITO, É LÍCITO. É, DE CERTA FORMA,

APROVADO PELA SOCIEDADE.

• ISSO ACONTECE QUANDO O AGENTE AGE EM LEGÍTIMA

DEFESA.

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EXCLUDENTES DE ILICITUDE

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Excludentes de Ilicitude

SÃO SITUAÇÕES QUE TRANSFORMAM AQUILO QUE, NUM

PRIMEIRO MOMENTO, ERA ILÍCITO EM LÍCITO. Ex. Matar

Alguém em LEGÍTIMA DEFESA

• ISSO ACONTECE QUANDO O AGENTE AGE EM

LEGÍTIMA DEFESA.

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Excludentes de Ilicitude

As Excludentes de Ilicitude estão previstas no Art. 23 CP, são elas:

Estado de Necessidade;

Legítima Defesa;

Estrito Cumprimento do Dever Legal;

Exercício Regular do Direito.

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Excludentes de Ilicitude

Trataremos uma a uma:

ESTADO DE NECESSIDADE Art. 24CP:

“Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que

não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo

sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.”

Há dois bens, que são colocados numa balança e os dois bens são protegidos pelo

ordenamento e, num certo momento entram em conflito.

É uma conduta lesiva praticada diante de uma situação de perigo.

Essa conduta, normalmente, não seria praticada pelo agente.

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Excludentes de Ilicitude

IMPORTANTE: o Agente não pode se colocar

voluntariamente numa situação de perigo e também não

é qualquer situação de perigo que caracteriza o Estado

de Necessidade e nem todas as condutas lesivas.

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Excludentes de Ilicitude

A situação de perigo deverá ser:

ATUAL (a doutrina aceita IMINENTE);

AMEAÇA A DIREITO (PRÓPRIO OU DE TERCEIRO) – Furto

Famélico;

NÃO CAUSADA VOLUNTARIAMENTE PELO AGENTE;

QUE O AGENTE NÃO TENHA O DEVER LEGAL DE

ENFRENTAR O PERIGO - §1º – Exceção: Bombeiro.

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Excludentes de Ilicitude

A conduta lesiva deverá ser:

INEVITÁVEL: pois se tiver outra que possa evitar, deve-se segui-la, não há escolha...

única forma de se livrar do perigo, adotando a situação menos danosa. Se tiver outra

opção VIRA CRIME. Ex. sair do cinema num incêndio.

RAZOÁVEL: “pesa-se” a conduta. A conduta/atitude tem que ser na proporção do

perigo. Não pode ser exagerada, se for, responderá normalmente pelo crime.

O §2º Se não for razoável, responderá, mas terá a pena reduzida de 1/3 a 2/3. Ex.:

bombeiro causando lesão corporal.

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Excludentes de Ilicitude

A conduta lesiva deverá ser:

COM CONHECIMENTO PELO AGENTE DA SITUAÇÃO JUSTIFICANTE: O AGENTE

TEM QUE TER CONHECIMENTO DA SITUAÇÃO JUSTIFICANTE O agente DEVE

saber ou IMAGINAR que está em perigo.

IMPORTANTE: há o Estado de Necessidade Putativo, onde o agente tinha motivos para

imaginar que estava em perigo.

DICAS:

O ESTADO DE NECESSIDADE É ALGO MUITO EMOTIVO, TEM QUE VIVER O PERIGO

ATUAL (MESMO QUE SEJA PUTATIVO).

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Excludentes de Ilicitude

LEGÍTIMA DEFESA Art. 25CP:

“Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios

necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de

outrem.”

IMPOSSIBILIDADE DE RECORRER AO ESTADO

É UM CONTRA-ATAQUE, É UMA REAÇÃO TENDO EM VISTA UMA AÇÃO.

IMPORTANTE:

AS PESSOAS NÃO AGEM EM LEGÍTIMA DEFESA.... ELAS REAGEM

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Excludentes de Ilicitude

Mas não é qualquer ação (agressão) que o agente sofre que pode se defender

por Legítima Defesa.

A AÇÃO deve ser:

Agressão humana;

Injusta;

Atual ou Iminente;

Que ameace direito próprio ou de terceiro.

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Excludentes de Ilicitude

Também não é qualquer reação que leva à Legítima Defesa.

A REAÇÃO deve ser:

Com os meios necessários:

EFICIENTES;

SUFICIENTES;

Com a devida moderação: o limite é a própria agressão... deve

parar quando deixar de ser agredido.

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Excludentes de Ilicitude

DICAS:

A LEGÍTIMA DEFESA NÃO É INSTRUMENTO DE

VINGANÇA;

A AÇÃO TEM QUE SER HUMANA, SE FOR DE

ANIMAL, INVOCA O ESTADO DE NECESSIDADE

(SALVO SE O DONO MANDOU O ANIMAL ATACAR)

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Excludentes de Ilicitude

É VÁLIDA A DEFESA PUTATIVA – ART. 20, §1ºCP

“É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias,

supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção

de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.”

A LEGÍTIMA DEFESA REAL LIVRA O AGENTE DE INDENIZAÇÃO, MAS A

PUTATIVA NÃO

SE ULTRAPASSAR A CONDUTA DA DEFESA, CHAMA-SE EXCESSO NA

LEGÍTIMA DEFESA: DOLOSO OU CULPOSO (RECEBERÁ UMA PENA

PELO EXCESSO NA LEGÍTIMA DEFESA).

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Excludentes de Ilicitude

• ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL:

É A PRÁTICA DE UM FATO TÍPICO SEM A

ANTIJURIDICIDADE, POR UM AGENTE PÚBLICO,

EXATAMENTE PARA ASSEGURAR O CUMPRIMENTO DA

LEI OU IMPULSIONADO POR ESTA.

Obs.: A lei determina que o agente faça e ele faz e, se

prejudicar alguém, não será responsabilizado.

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Excludentes de Ilicitude

Mas cuidado, a lei diz, no art. 23, inciso III CP,

primeira parte que é ESTRITO cumprimento, não

EXAGERADO cumprimento.

Se exagerar no cumprimento do dever, responderá

por abuso de autoridade.

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Excludentes de Ilicitude

EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO:

O direito termina na palavra REGULAR, ou seja, quando se

INICIA O ABUSO.

TODO AQUELE QUE DETÉM UM DIREITO, PODE EXERCÊ-LO DE

DUAS MANEIRAS:

1. REGULARMENTE

2. IRREGULARMENTE

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Excludentes de Ilicitude

EXEMPLOS QUE MAIS CORRIQUEIROS:

- MÉDICO

- ESPORTISTA – atenção à prática violenta

- OFENDÍCULOS

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Excludentes de Ilicitude

- OFENDÍCULOS

São mecanismos pré-dispostos para proteção

patrimonial.

São proteções à propriedade.

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Excludentes de Ilicitude

- Exemplos que mais corriqueiros:

- Cacos de Vidro não precisa de aviso;

- Cerca Elétrica: precisa obedecer normas do município (altura

correta, voltagem adequada, avisos com palavras, símbolos etc)

- Lanças em Portão não precisa de aviso

- Cachorro precisa de placa com o aviso.

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Excludentes de Ilicitude

DICAS:

É uma espécie de Legítima Defesa pré-ordenada (Damásio)

Se houver excesso doloso, em regra, teremos uma atenuante

genérica (art. 65, inciso III, alínea “c” CP)

Se houver excesso culposo (erro de avaliação) teremos ERRO

DE TIPO ou de PROIBIÇÃO, podendo o agente ser punido a

título de culpa ou ter a pena diminuída de 1/6 a 1/3

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Excludentes de Ilicitude

TODAVIA, NÃO SE PERCA DE VISTA QUE A SOCIEDADE É

DINÂMICA E O QUE REPROVA HOJE, PASSA A ACEITAR

AMANHÃ.

POR ISSO, PODERÃO EXISTIR CAUSAS TRAZIDAS PELA

DOUTRINA E PELA JURISPRUDÊNCIA.

SÃO ESSAS CAUSAS CHAMADAS DE SUPRALEGAIS

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Excludentes de Ilicitude

CAUSAS SUPRALEGAIS

A MUDANÇA SOCIAL TAMBÉM MODIFICA A CRIMINALIDADE

O QUE REPROVA HOJE, PASSA A ACEITAR AMANHÃ.

A ISSO DAMOS O NOME DE CAUSAS SUPRALEGAIS, QUE SÃO

CAUSAS NÃO PREVISTAS EM LEI, MAS NA JURISPRUDÊNCIA E

NA DOUTRINA E QUE EXCLUEM A

ILICITUDE/ANTIJURIDICIDADE DO CRIME.

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Excludentes de Ilicitude

SÃO ESPÉCIES DE CAUSAS SUPRALEGAIS:

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO: quando o

ofendido consentiu no dano recebido. Ex. Mudança

de sexo, cirurgia plástica, violação do domicílio,

tatuagem etc

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Excludentes de Ilicitude

CONSENTIMENTO DO OFENDIDO

3 Requisitos fundamentais:

1º que o ofendido tenha CAPACIDADE de consentir

(capacidade PENAL);

2º que o bem sobre o qual recai a conduta do agente seja

disponível (bens patrimoniais e integridade física lesão de

natureza leve)

3º que o consentimento tenha sido dado ANTERIORMENTE ou

pelo menos, SIMULTANEAMENTE à conduta do agente.

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Excludentes de Ilicitude

Prejuízo ínfimo, não é percebido;

Não considera praticado o crime;

O Agente praticou o fato típico, mas a ninguém

prejudicou ou o prejuízo é insignificante

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Excludentes de Ilicitude

Alguns exemplos de aplicabilidade:

- Furto de Bagatela: furto inexpressivo

- Furto Famélico: em estado de necessidade, só para

saciar a fome, mesmo que para terceiro (filho etc)

se for medicamento é Estado de Necessidade

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Excludentes de Ilicitude

Alguns exemplos de aplicabilidade:

Descaminho (art. 334 CP) – Até R$10.000,00 há o

entendimento que não justifica uma execução fiscal

nesse sentido. Algumas correntes entendem que até

R$20.000,00 ainda é insignificante para o erário

público.

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Excludentes de Ilicitude

Existem 2 correntes de entendimento:

1. Que exclui a tipicidade majoritária.

2. Que exclui a ilicitude.

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CLASSIFICAÇÃO DOS

CRIMES

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Classificação dos Crimes

DOLOSO

CULPOSO

PRETERDOLOSO

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Classificação dos Crimes

CRIME DOLOSO

“É o crime cometido com plena consciência da

ilegalidade da conduta praticada, visando o resultado

ilícito ou assumindo o risco de produzi-lo.”

(Guilherme de Souza Nucci)***

***NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – Parte Geral e Parte Especial. 3º Ed. São Paulo: Editora Revista dos

Tribunais, 2007)

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Classificação dos Crimes

CRIME CULPOSO

“É o crime resultante da inobservância do cuidado

necessário do agente, o qual não intenta nem assume o

risco do resultado típico, porém a ele dá causa por

imprudência, negligência ou imperícia. Ou seja, é um agir

descuidado que acaba por gerar um resultado ilícito não

desejável, porém previsível.” (Julio Fabbrini Mirabete)***

*** MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 23ª Edição, V.I, São Paulo: Atlas, 2006 e 2017)

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Classificação dos Crimes

CRIME PRETERDOLOSO

“É um crime misto, em que há uma conduta que é dolosa, por dirigir-se a um fim típico, e que é culposa pela

causação de outro resultado que não era objeto do crime fundamental pela inobservância do cuidado objetivo.” (Julio

Fabbrini Mirabete)***

“... Fala-se em preterdolo quando o agente atua com dolo na sua conduta e o resultado agravador advém de culpa. Ou

seja, há dolo na conduta e culpa no resultado; dolo no antecedente, culpa no consequente. Os crimes culposos são

delitos que, obrigatoriamente, para sua consumação, necessitam de um resultado naturalístico. Se não houver esse

resultado, não há falar em crime culposo. Exemplificando, não se fala em tentativa de lesão corporal seguida de

morte, ou de tentativa de lesão corporal qualificada pelo resultado aborto, uma vez que o resultado não pode ter sido

querido ou assumido pelo agente, pois, caso contrário, responderá por outras infrações penais (tentativa de

homicídio e tentativa de aborto).” (Rogério Greco)***

*** MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 23ª Edição, V.I, São Paulo: Atlas, 2006 e 2017)

*** GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, Parte Geral, p. 279

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Classificação dos Crimes

CRIME OMISSIVO OU PURO

É quando o agente deveria tomar uma atitude e não

toma, se abstém. Ex. Omissão de socorro em

acidente de trânsito.

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Classificação dos Crimes

DOLO vontade livre e consciente de praticar a

infração penal ou assumir o risco de produzir o

resultado.

Teoria da Vontade: onde o sujeito tem a intenção.

Teoria do Assentimento: trata do dolo indireto, ou

dolo eventual.

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Classificação dos Crimes

Dolo Indireto ou Eventual

o agente assume o risco de produzir o resultado

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Classificação dos Crimes

CULPA

“É um ato humano involuntário dirigido a um fim lícito, mas que por imprudência, negligência ou

imperícia dá causa a um resultado não querido pelo agente, nem mesmo assumido por este, mas

tipificado em lei.”

O agente não quer praticar o crime, mas age pelos 3 elementos:

• IMPRUDÊNCIA: é a prática de conduta perigosa para o homem médio, sem os cuidados que o caso

requer.

• NEGLIGÊNCIA: é uma abstenção de um cuidado antes de agir. Também é a falta de cuidado para

evitar problemas futuros.

• IMPERÍCIA: é a demonstração de inaptidão técnica que é esperada de uma profissão ou atividade. É

também a inaptidão do agente para o exercício da arte, profissão ou ofício.

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Classificação dos Crimes

ELEMENTOS QUE COMPÕEM A CULPA:

1. TIPICIDADE: nem sempre haverá modalidade culposa. LEI

2. PREVISIBILIDADE OBJETIVA: só haverá crime culposo se houver uma

previsibilidade do resultado. Ex. Placas de trânsito.

CULPA CONSCIENTE

é a plena certeza do agente que, mesmo praticando uma conduta perigosa, terá

habilidade suficiente para reverter o resultado ou controlá-lo.

CULPA CONSCIENTE x DOLO EVENTUAL

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Classificação dos Crimes

PARA MELHOR EXEMPLIFICAR:

Analisar por 2 óticas: 1. Era previsível: faltou licença e dono não fez nada. CULPA TOTAL. 2. Era totalmente imprevisível: estrutura era sólida, vizinho sem erosão,

tinha licenças ambientais. SEM CULPA, pois faltou previsibilidade.

• CULPA INCONSCIENTE – CULPA COMUM – pode dar merda

A maioria dos crimes culposos é praticada de forma inconsciente. A culpa, em regra, é INCONSCIENTE na maioria. RESULTADO É PREVISÍVEL, MAS NÃO FOI PREVISTO. Porém, há uma espécie de culpa chamada de:

• Cai na provaà CULPA CONSCIENTE – VAI dar merda e FODEU - PODE ACONTECER, MAS COMIGO NÃO!!! AGENTE

NÃO ESTÁ DESATENTO, SABE QUE PODE ACONTECER ALGUMA COISA, MAS ACREDITA NA SUA CAPACIDADE.

Muito parecido com o DOLO EVENTUAL: na PREVISIBILIDADE. Nos dois casos, o agente SABE que pode acabar MAL. Na culpa consciente, o agente NÃO ASSUME RISCO ALGUM. Ele sabe que pode acabar mal, mas acredita SINCERAMENTE que NÃO VAI acabar mal. Acredita na sua habilidade, pode acontecer com outros, mas com ele não. No dolo eventual, o agente não liga para o resultado que vai acontecer. Ele DESPREZA o resultado. DOLO D.E. | CC CULPA | |-----------------------------------|---------------------------------------| Indiferente Previsão do Ñ Ocorre Resultado

Quer? Previu? Assumiu o Risco?

Dolo Direto SIM SIM SIM Dolo Eventual NÃO SIM SIM Culpa Consciente NÃO SIM NÃO, pois

acredita que pode evitar

Culpa Inconsciente NÃO NÃO, mas era previsível (não é previsto pelo agente)

NÃO

Fatalidade NÃO NÃO e não era previsível

NÃO

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CULPABILIDADE

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Culpabilidade

Culpabilidade é sinônimo de responsabilidade.

Em direito penal, cada um receberá uma pena na medida

da sua responsabilidade

Nulla poena sine culpa

(não há pena sem culpa)

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Culpabilidade

É um pressuposto da PENA = RESPONSABILIDADE

Art. 29 CP “Quem, de qualquer modo, concorre para o

crime incide nas penas a este cominadas,

Teoria da Equivalência:

1. Muito responsável = MUITA PENA

2. Pouco Responsável = POUCA PENA

3. Não Responsável = NENHUMA PENA

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CulpabilidadeComo analisar SE TEM culpa e QUANTO de culpa?

3 elementos da CULPABILIDADE:

1. CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO (imputabilidade): para que uma pessoa

pessoa seja responsável criminal, ela tem que ter o poder de se auto conduzir, de

decidir o que é certo ou errado.

a) Doente Mental

Não é doente: culpa total

Doente Incapaz: absolvição imprópria

Parcialmente capaz: redução de 1/3 a 2/3

b) Menoridade – presunção JURI ET JURI

c) Embriaguez – apenas completa causada por caso fortuito ou força maior.

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Culpabilidade

2. POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE – pleno gozo das

capacidades mentais, mas está em ERRO DE TIPO (art. 20CP), ERRO DE

PROIBIÇÃO (art. 21CP) ou OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA (Art. 22CP).

3. EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA – opção de escolha. Opção

entre praticar ou não o crime – outra alternativa.

IMPORTANTE:

FALTANDO UM DESSES ELEMENTOS, ESTARÁ EXCLUÍDA A

CULPABILIDADE DO AGENTE!!!

Ex. doença mental, menoridade, embriaguez, erro de tipo, erro de

proibição, coação irresistível, obediência hierárquica, outros

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Culpabilidade

ATENÇÃO:

A EMOÇÃO E A PAIXÃO NÃO EXCLUEM A

CULPABILIDADE

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CONCURSO DE PESSOAS

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Concurso de PessoasSistema Histórico vigente da lei 2.848/1040

CO-AUTORIA

Pena de Co-autoria – “Art. 25. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas

penas a este cominadas.”

Teoria da Equivalência dos Antecedentes x Nexo de Causalidade TEORIA MONISTA

Características:

1. Igualdade de tratamento de todos os ANTECEDENTES do crime

2. Ausência de distinção de tratamento entre os vários integrantes da empresa criminosa

3. Mesma pena independente do grau de responsabilidade

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Concurso de Pessoas

Código Penal 1969

Criou a expressão Concurso de Agentes:

Abrangência do termo subjetivo

1984 – Lei 7.209/1984

Concurso de Pessoas – “Art. 29. Quem, de qualquer modo,

concorre para o crime incide nas penas a este cominadas

na medida da sua culpabilidade.”

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Concurso de Pessoas

Ocorre o concurso de pessoa quando mais de uma

pessoa, em comum acordo, com identidade de propósitos

resolvem praticar um crime ou, pelo menos, aderir uma

pessoa a conduta da outra.

Para Mirabete:

“... é a ciente e voluntária participação de duas ou mais

pessoas na mesma infração penal.”

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Concurso de Pessoas

TEORIA MONISTA

Para esta teoria, o crime, ainda que praticado por várias

pessoas em colaboração, continua único, indivisível.

Assim, todo aquele que concorre para o crime, causa-o na sua

totalidade e por ele responde integralmente, de vez que o crime

é o resultado da conduta de cada um e de todos

indistintamente, não se distinguindo, portanto, entre várias

categorias de pessoas, autor, partícipe, instigador, cúmplice

etc.

Todos são considerados autores ou co-autores do crime.

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Concurso de Pessoas

TEORIA DUALISTA

Nesta teoria, nos casos de condutas delituosas praticadas

em concurso existem dois crimes: um para os autores

(que praticam o verbo) e outro para os partícipes (que

desenvolvem atividade secundária no evento delituoso

sem conformar sua conduta com a figura nuclear descrita

no tipo objetivo).

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Concurso de PessoasTEORIA PLURALISTA

Por esta teoria, a pluralidade de agentes corresponde um real concurso

de ações distintas e, por conseguinte, uma pluralidade de delitos.

Assim, cada participante contribui com uma conduta própria, com um

elemento psicológico próprio existindo, tantos crimes quantos forem os

participantes do fato delituoso Cada agente comete um crime próprio,

autônomo.

A maior falha apontada para esta teoria, reside no fato de que as

condutas de cada um dos envolvidos no crime não são nem podem ser

consideradas autônomas de vez que convergem para uma ação única

com objetivo e resultado comum.

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Concurso de Pessoas

Causalidade Física x Causalidade Psíquica

O Código Penal adotou a seguintes distinção entre Autor e

Partícipe:

Autor: é aquele que pratica o núcleo do tipo, ou seja, o

verto que todo crime traz (por ser o crime uma ação ou

omissão – conduta)

Se mais de um praticar o verbo do crime, serão chamados

de co-autores

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Concurso de Pessoas

Partícipe: é aquele que ajuda a construir um crime sem

praticar o verbo. Ex. o que fornece a arma para matar; o

mandante de um crime; aquele que fica no carro

esperando os outros assaltarem um banco.

Autor Mediato: também é autor aquele que não pratica o

verbo do crime, mas se utiliza de interposta pessoa,

controlando a situação, mantendo o poder em suas mãos,

fazendo acontecer o crime através de terceiros (teoria do

domínio do fato – Claus Roxin)

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Concurso de PessoasVárias são as teorias que buscam diferenciar autoria de participação:

AUTOR É QUEM PRODUZ QUALQUER CONTRIBUIÇÃO CAUSAL PARA A REALIZAÇÃO DO

TIPO LEGAL

a) Teoria unitária de autor ou do autor único: conforme o conceito, essa teoria ignora

completamente a importância de se estabelecer a diferenciação entre autor e partícipe;

defende, pois, que as contribuições objetivas e subjetivas entre os diversos autores,

constituem matéria de aplicação da pena como medida da culpabilidade individual, nada

tendo a ver com tipo de injusto.

Vantagem: traz a facilidade de aplicação da lei penal ao caso concreto.

Desvantagem: considera qualquer contribuição causal como autoria, nivelando, assim, todos

os sujeitos envolvidos na ação típica sem considerar a importância e as diferenças entre as

contribuições de caráter objetivo e subjetivo que cada um deu para a lesão do bem jurídico.

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Concurso de PessoasVárias são as teorias que buscam diferenciar autoria de participação:

AUTOR É QUEM PRODUZ QUALQUER CONTRIBUIÇÃO CAUSAL PARA A REALIZAÇÃO DO

TIPO LEGAL

b) Teoria restritiva de autor ou conceito restritiva de autor: para essa teoria, autor é aquele

que caracteres ônticos (inerentes ao seu ser) e típicos para sê-lo, ao passo que a

cumplicidade e a instigação são formas de extensão da punibilidade, de vez que, por não

integrar a figura típica, constituiria comportamento impunível.

Vantagem: traz a legalidade como fator preponderante para a conduta criminosa.

Desvantagem: não serve para definir com propriedade a autoria nem a participação, uma vez

que carece da complementação da teoria objetiva da participação (formal ou material).

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Concurso de PessoasVárias são as teorias que buscam diferenciar autoria de participação:

AUTOR É QUEM PRODUZ QUALQUER CONTRIBUIÇÃO CAUSAL PARA A REALIZAÇÃO DO

TIPO LEGAL

c) Teoria extensiva de autor ou conceito extensivo de autor: tem como fundamento a teoria da

equivalência das condições, portanto, autor é todo aquele que contribui com alguma causa

para o resultado, não distinguindo a importância da contribuição causal no evento. Assim,

instigador e cúmplice são igualmente autores.

Vantagem: como partícipe é autor, as normas são a seu respeito são causas de atenuação da

pena.

Desvantagem: não serve para definir com propriedade a autoria nem a participação, uma vez

que carece da complementação da teoria objetiva da participação (formal ou material).

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Concurso de PessoasVárias são as teorias que buscam diferenciar autoria de participação:

AUTOR É QUEM PRODUZ QUALQUER CONTRIBUIÇÃO CAUSAL PARA A REALIZAÇÃO DO

TIPO LEGAL

d) Teoria subjetiva da participação: desenvolvida para solucionar o problema da teoria

extensiva do autor.

Identifica autor e partícipe pelo critério de vontade (animus auctoris).

CONTRIBUIÇÃO CAUSAL + VONTADE = AUTORIA

Vantagem: trouxe o elemento do animus como fator preponderante para o resultado e

tipificação penal.

Desvantagem: trouxe a absurda situação de que, aquele que executa homicídio, querendo

como alheio não é autor e sim partícipe.

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Concurso de PessoasVárias são as teorias que buscam diferenciar autoria de participação:

AUTOR É QUEM PRODUZ QUALQUER CONTRIBUIÇÃO CAUSAL PARA A REALIZAÇÃO DO

TIPO LEGAL

d) Teoria do domínio do fato: surgiu em 1939 com Weltzel, mas foi aperfeiçoada por Roxin.

Parte da premissa de que as teorias objetivas ou somente subjetivas não oferecem critérios

seguros para distinguir autor e partícipe do fato punível.

O pressuposto básico desta teoria é o fato de que o autor DOMINA a realização do fato típico

controlando a continuidade ou a paralisação da ação delituosa, enquanto que o partícipe não

dispõe de poderes sobre a continuidade ou paralisação da ação típica.

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Concurso de PessoasPara Juarez Cirino dos Santos, a teoria do domínio do fato parece adequada a

definir todas as formas de realização ou de contribuição do fato típico

compreendidas sob a forma de autoria e de participação: autoria direta (realização

pessoal do fato típico), autoria mediata (utilização de outrem para a realização de

fato típico), coletiva (decisão comum e realização comum do fato típico),

participação (conduta acessória em fato principal doloso de outrem), instigação

(determinação dolosa a fato principal doloso de outrem) e cumplicidade (ajuda

dolosa a fato principal de outrem)

No entanto, nos casos de autoria mediata, o agente deve reunir todos os

elementos que o tipo exige em relação ao autor, impossibilitando pessoas sem

características para tal se tornem autores de crimes próprios.

Tem sua aplicação restrita a crimes dolosos. PQ?

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Concurso de Pessoas

NÃO IMPORTA A NOMENCLATURA UTILIZADA: CADA UM

RECEBERÁ UMA PENA NA MEDIDA DA SUA

CULPABILIDADE/RESPONSABILIDADE

Muito responsável Muita pena

Pouco responsável Pouca pena

Nada responsável Nenhuma pena

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Concurso de Pessoas

Se a participação for de menor importância, a pena do

agente sofrerá uma diminuição de 1/6 a 1/3.

As circunstâncias de caráter pessoal não se comunicam,

salvo se forem elementares do crime.

O agente que quer participar de um crime menos grave

responderá pelo crime menos grave.

Porém, se era provável a ocorrência do crime mais grave,

ele terá a pena aumentada até a metade.

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Concurso de Pessoas

O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,

salvo disposição expressa em contrário, não são

puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser

tentado.

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Concurso de PessoasRequisitos do concurso de pessoas:

a) Pluralidade de participantes e de condutas: principal requisito do concurso de pessoas. Não significa

atitudes igualitárias, mas contribuição e divisão de tarefas ou não para a obtenção do resultado.

b) Relevância causal da conduta: em se tratando de várias condutas, é indispensável, do ponto de vista

objetivo que haja, evidentemente, o nexo de causalidade entre cada uma delas e o resultado criminoso.

Caso a conduta típica ou atípica de cada participante não integre a corrente causal determinante do

resultado, será ela por si só irrelevante.

c) Vínculo subjetivo: somente a adesão voluntária objetva (nexo causal) e o subjetiva (liame psicológico) à

atividade criminosa de outrem, visando a realização de um fim comum, cria e estabelece efetivamente a co-

delinquência, responsabilizando os participantes pelas consequências do resultado criminoso.

conhecimento é conivência, tem que participar. Deve haver, portanto, uma participação consciente e

voluntária no fato, mas não é indispensável prévio acordo de vontade para a existência do concurso de

pessoas.

A adesão tem que ser antes ou durante a execução do crime, nunca posterior.

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Concurso de Pessoas

Requisitos do concurso de pessoas:

d) Identidade de fato: como último requisito para se

configurar o concurso de pessoas, é necessário, em

face da teoria monista adotada pelo CP, que a

infração praticada pelos concorrentes seja única.

É necessário, pois, que todos atuem conjugando os

esforços com vistas a consecução de um mesmo

objetivo, ou melhor, de um mesmo crime.

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Concurso de Pessoas

ATENÇÃO:

HÁ RESPONSABILIDADE CRIMINAL DA PESSOA JURÍDICA EM

CRIMES AMBIENTAIS.

Lei 9.605/98

Art. 2ª. Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes

previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua

culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho

e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de

pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de

impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la.

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Concurso de Pessoas

Lei 9.605/98

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas

administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta

Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de

seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão

colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

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Concurso de Pessoas

Lei 9.605/98

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não

exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes

do mesmo fato.

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Concurso de Pessoas

Modalidades:

• Concurso Necessário;

• Co-autoria;

• Participação;

• Autoria Colateral

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Concurso de Pessoas

• Concurso Necessário

Requisitos:

1. Crimes plurisubjetivos;

2. Natureza intrínseca;

3. Praticado por duas ou mais pessoas

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Concurso de Pessoas

• Co-autoria

Ocorre a co-autoria quanto várias pessoas participam da execução do

crime, realizando ou não o verbo núcleo do tipo

Características

1. Todo co-autor possui o co-domínio do fato

2. Todo co-autor pratica fato próprio;

3. Participa de fato próprio (partícipe participa de fato alheio).

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Concurso de Pessoas

Requisitos:

1. Pluralidade de condutas;

2. Relevância causal e jurídica de cada uma;

3. Vínculo subjetivo entre os co-autores (ou pelo menos de

um dos co-autores, com anuência dinda que tácita do outro

ou dos outros);

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Concurso de PessoasÉ DIVIDIDA EM:

OBJETIVA: concretização do fato

SUBJETIVA: acordo explícito ou tácito entre os agentes

TIPOS DE CO-AUTOR

INTELECTUAL: Tem o domínio organizacional do fato e, desse modo, organiza ou planeja a

atividade dos demais;

EXECUTOR: É quem realiza o verbo núcleo do tipo;

FUNCIONAL: que participa da execução do crime, sem realizar diretamente o núcleo do tipo.

Ex. 1. segura vítima para que o executor desfira o golpe; 2. peculado

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Concurso de PessoasESPÉCIES DE CO-AUTORIA:

a) Conjunta: todos os co-autores atuam, desde o princípio, conjuntamente, unindo esforços para

alcançar o objetivo comum;

b) Sucessiva: o agente ingressa no desenvolvimento de um fato criminoso já iniciado. Ex. A e B

furtaram objetos.

c) Aditiva: vários agentes participam da execução sem saber ab initio qual delas alcançará o

resultado pretendido. Ex. vários disparam

d) Com Resultado Incerto: há adesão subjetiva da conduta de um co-autor com os demais,

independente do efetivo executos;

e) Alternativa: o resultado combinado pode ser alcançado por qualquer dos membros do grupo. Ex.

A e B combinam morte de C, um fica em cada saída do local.

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Concurso de Pessoas

ESPÉCIES DE CO-AUTORIA:

a) Da Mulher no Crime de Estupro: exercendo como co-autora intelectual,

executora ou funcional;

b) Societária e Multitudinária:

i. Em crimes societários: cometido coletivamente pelos sócios de uma pessoa

jurídica;

ii. Crime multitudinário ou co-autoria multitudinária: cometido em multidão. Há um

objetivo comum. Ex. torcida avança contra o árbitro da partida

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Concurso de PessoasRegras e Limitações:

1. Apenas para crimes dolosos;

2. Imputação da contribuição individual a cada co-autor;

3. Permite tentativa desde que um dos co-autores dê início à execução do delito.

4. Não exige o mesmo comportamento para todos – múltiplas tarefas;

5. Para adequação típica, há a dispensabilidade do artigo 29 para o co-autor executor;

6. Nos crimes de mão própria (falso testemunho) não se pode falar em co-autoria, pois o núcleo exige

atuação pessoal do agente. Só se tiver terceiro na prática (infanticídio).

7. Nos crimes próprios (peculato – qualidade especial do agente), todos realizam o núcleo dp tipo.

8. DICA: POR FORÇA DO ART. 30CP, ESSA ELEMENTAR ALCANÇA O PATICULAR QUE TINHA CIÊNCIA

DELA, OU SEJA, PODE SER CO-AUTOR DESDE QUE PARTICIPE DA EXECUÇÃO DO CRIME.

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Concurso de Pessoas

NÃO HÁ CO-AUTORIA:

a) Nos crimes omissivos próprios ou impróprios- dever de agir é

personalíssimo. Ex. 2 médicos;

b) Nos crimes culposos – exige acordo de vontades;

Nota: a jurisprudência brasileira (discutivelmente) continua admitindo

co-autoria em crime culposo.

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Concurso de Pessoas

Participação:

Pode ser por via MORAL ou MATERIAL:

1. Moral: por instigação ou induzimento. Se dá na execução e

prossegue;

2. Material: auxílio efetivo ao autor do crime (cúmplice)

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Concurso de PessoasHá 4 tipos de Participação:

1. Instigação: agir sobre a vontade do autor, estimulando e potencializando ou reforçando a ideia já

existente ou incutir na mente do autor principal o propósito criminoso quando a ideia de praticar o

crime não existe.

2. Cumplicidade: é aquele que presta auxílio ao crime exteriorizando a conduta através de um

comportamento ativo.

3. Participação em cadeia: é quando se incita a instigar, se incita à cumplicidade, ou seja, se é

cúmplice da instigação ou cúmplice da cumplicidade.

4. Participação sucessiva: é semelhante a autoria colateral. Ocorre quando um partícipe instiga o

autor ao cometimento de determinado crime e, o outro partícipe, sem saber da atuação do

primeiro, também instiga o mesmo autor ao cometimento do mesmo crime. Ex. “A” instiga “B” a

matar “C” e, “D”, sem saber da atuação de “A”, também instiga “B” a matar “C”.

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Concurso de Pessoas

Autoria Colateral

Ocorre a autoria colateral quando várias pessoas

executam o fato (contexto fático único) sem nenhum

vínculo subjetivo entre elas.

Ex. policiais de duas viaturas distintas, abusivamente

disparam contra vítima comum.

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Concurso de Pessoas

Vejamos agora, uma palestra do professor Claus

Roxin na Universidade Sérgio Arboleda na Colômbia,

extraída do Youtube, ao qual adicionamos as

legendas em português. O professor Roxin explica a

sua Teoria do Domínio do Fato (50min).

https://www.youtube.com/watch?v=GAFNp599jdA

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NEXO CAUSAL

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Nexo Causal

Todo crime é uma conduta: ação ou omissão.

CONDUTA + RESULTADO = CONSEQUÊNCIAS

Consequências: DANO e/ou PERIGO --> mínimo deve

haver PERIGO.

ATO/CONDUTA NEXO RESULTADO

Teoria da Equivalência das Condições: é a força

concorrente do agente equivalente ao resultado.

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Nexo Causal

Teoria da Equivalência das Condições: sem a força

concorrente, o fato não teria ocorrido – conditio sine qua non.

Processo Hipotético de Eliminação (Johan Thyrén)

ATO/CONDUTA NEXO RESULTADO

*PG. 39

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PROCESSO PENAL

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O Direito Médico e o Processo Penal

Sujeitos:

Ativo: pessoa física.

Passivo: pessoa física

História:

- Código de Hamurábi

- Código de Manu

- Lei das 12 Tábuas

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O Direito Médico e o Processo Penal

Apuração de Conduta

Procedimento Investigativo – Inquérito Policial

Ação Penal

Procedimento Ordinário

Rito Sumaríssimo

Rito Especial

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O Direito Médico e o Processo Penal

INQUÉRITO POLICIAL

É um procedimento administrativo, pois é uma sequência de atos,

de caráter inquisitório e sigiloso que visa buscar a materialidade e

a autoria acerca de uma infração penal.

Inquérito Policial é Processo?

NÃO!!! Pois não há relação jurídica estabelecida, apenas atos.

Procedimento (procedere) – prosseguir, caminhar para frente. É

a ação de seguir em frente, é movimento que se utiliza desde o

começo até o fim.

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O Direito Médico e o Processo Penal

Quem administra o Inquérito Policial?

Constituição Federal, artigo 144:

“A segurança pública, dever do Estado, direito eresponsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordempública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dosseguintes órgãos:

IV – polícias civis

§ 4o – às polícias civis, dirigidas por delegados de políciade carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, as funçõesde polícia judiciaria e a apuração de infrações penais, exceto asmilitares.”

DELEGADO DE POLÍCIA – Autoridade Policial

Constituição Federal, artigo 129 Ministério Público

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O Direito Médico e o Processo Penal

Procedimento INQUISITÓRIO: é a visão de quem o administra.

Não há Contraditório no Inquérito Policial.

As provas que não puderem ser repetidas irão ao processo penal.

Já as que PODEM ser repetidas devem ser repetidas no processo

penal.

O DEPOIMENTO DA FASE DE INQUÉRITO NÃO SERVE PARA

CONDENAÇÃO.

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O Direito Médico e o Processo Penal

Critérios da Autoridade Policial para diligências. Não é obrigado a atender

advogado na sua solicitação, mas é obrigado a atender o MP.

Participação limitada da defesa.

Valor Probatório – cuidado com o JÚRI

Em juízo Art. 155CPP: “O juiz formará sua convicção pela livre

apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não

podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos

informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares,

não repetíveis e antecipadas.”

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O Direito Médico e o Processo Penal

A sentença não pode ser baseada em provas colhidas no

Inquérito para respeitar o Contraditório no processo.

Doctos. colhidos: valem no processo;

Laudos Periciais: são acostados ao processo.

Contraditório Diferido ou Postergado

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O Direito Médico e o Processo Penal

NULIDADE – Fazer de novo???

“Eventual vício do Inquérito Policial não anula a ação penal,

uma vez que se trata de peça meramente de informação.

Assim, não se pode falar em nulidade da ação penal por vício

do inquérito policial.” (STF, RHC 56.092, DJU 16.6.78, P.

4394)

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O Direito Médico e o Processo Penal

O inquérito, em regra geral, não possui nulidade. Se for arbitrário,

perde seu valor em juízo, com uma exceção:

A lei criou uma NULIDADE no inquérito em 2016, onde o artigo 7o

do Estatuto da Advocacia foi alterado para dizer que o advogado

DEVE participar do interrogatório do investigado na fase de

inquérito e o advogado pode, inclusive, fazer PERGUNTAS sob

pena de NULIDADE dos atos, inclusive posteriores.

Sigilo do Inquérito art. 20CP, menos para o investigado e

seu advogado (Súmula Vinculante 14 STF) – MS Criminal

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O Direito Médico e o Processo PenalQual o objetivo do Inquérito Policial?

Buscar materialidade e autoria, ou seja:

Quem cometeu e o que aconteceu.

Busca-se o Fumus Boni Iuris.

Características:

1. É Dispensável: não é necessário instaurar inquérito para apurar,

investigar;

2. É Indisponível: uma vez aberto, não há como pará-lo.

Delegado/MP arquiva inquérito?

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O Direito Médico e o Processo Penal

3. Se arquivado, pode ser desarquivado com novas provas.

4. Serve para qualquer infração: Pública, Privada, Contravenção

Sequência de atos:

a) Notitia Criminis Espontânea quando alcançada pela autoridade

policial em suas atividades rotineiras.

b) Notitia Criminis Provocada quando dada pela vítima, MP,

autoridade judicial ou caso de flagrante.

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O Direito Médico e o Processo PenalCrimes de ação pública incondicionada

Nos crimes de ação pública incondicionada, o inquérito policial poderá ser iniciado:

Ofício pelo Delegado de Carreira (peça que instaura o IP – portaria – art. 5o, I CPP)

Requisição do juiz ou do MP – art. 5o, II CPP

Pela prisão em flagrante delito (peça que instaura o inquérito policial – auto de prisão em flagrante)

Requerimento do ofendido ou de seu representante legal – art. 5o, II CPP

Crimes de ação pública condicionada

Nos crimes de ação pública condicionada o inquérito policial poderá ser iniciado:

Requisição do Ministro da Justiça (crimes do art. 7o, par 3o ‘b’ CP – art. 145, par único CP)

Representação do ofendido ou de seu representante legal – art. 5o, par. 4o e 24 CPP.

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O Direito Médico e o Processo PenalCrimes de ação privada

Nos crimes de ação privada, o inquérito policial poderá ser

iniciado a requerimento do ofendido ou de seu

representante legal (arts. 5o e 30º, ambos do CPP)

Na hipótese de morte ou ausência judicialmente

declarada do titulas, o direito de queixa passa a ser do

cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 31 do

CPP) – CADI.

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O Direito Médico e o Processo PenalAdvogado contratado pode pedir Instauração de Inquérito.

Negativa do Delegado: recurso administrativo ao Chefe de Polícia (art. 5º §2 CPP):

• Secr. Segurança – Estadual

• Delegado Geral de Polícia – Estadual

• Ministro da Justiça – Federal

• Delegado Geral da Polícia Federal: Federal

Indiciamento

É a atribuição da prática de uma infração a uma pessoa, no IP, desde que haja indícios suficientes de ser aquela a autora do crime. Agente se torna o principal suspeito.

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O Direito Médico e o Processo Penal1. Não macula o agente;

2. Não gera reincidência;

3. Seque induz maus antecedentes.

É mera formalidade.

O investigado será ouvido novamente, ainda que ouvido novamente.

Relatório Final

É o fechamento da autoridade que presidiu o inquérito.

É um resumo de tudo que se passou no IP.

O Relatório Final não obriga a denúncia.

Não é peça de acusação, embora pareça.

Pode pedir prisão do investigado.

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O Direito Médico e o Processo Penal

Prazos do Inquérito

Procedimento Comum/Ordinário: Art. 10º CPP

• 10 dias com Réu Preso;

• 30 dias se o Réu estiver solto

Excesso de Prazo gera:

• Relaxamento

• Na prática um IP de réu preso passa a ser de Réu solto.

• Delegado distribui

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O Direito Médico e o Processo PenalPrazo e Leis Especiais:

1. Economia Popular: 10 dias com réu preso ou não;

2. Justiça Federal: 15 dias

3. Lei de Drogas: 90 dias com Réu solto e 30 dias com réu

preso.

Encerrado, vai para quem?

• Ação Privada: fica à disposição do Requerente;

• Ação Pública: para o MP

• 5 dias se Réu Preso

• 15 dias se Réu Solto

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O Direito Médico e o Processo PenalO MP pode:

• Requerer novas diligências – volta para Delegado.

• Oferecer a Denúncia: convencido da materialidade e autoria.

Juiz pode rejeitar a Denúncia? SIM, por 2 motivos:

1. Processual: se não seguir os requisitos do artigo 41CPP;

2. Discordar do mérito: não acredita na materialidade.

1. Cabe recurso – RESE pelo MP.

2. Da decisão que recebe não cabe recurso, apenas Habeas Corpus.

Artigo 93, inciso IX – Constituição Federal: decisões precisam ser

fundamentadas – a que recebe denúncia ou queixa.

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O Direito Médico e o Processo PenalPerguntas acerca do IP:

É POSSÍVEL HC PARA TRANCAR IDICIAMENTO?

É POSSÍVEL HC PARA TRANCAR O IP?

RÉU SOLTO TEM PRISÃO DECRETADA, QUAL O PRAZO

PARA O FIM DO IP?

HÁ IP NO JECRIM?

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O Direito Médico e o Processo Penal

Ação Penal

Busca-se quem tem o direito de processar o infrator.

A CF/88 deu poderes maiores ao MP, que já se tornou o titular da ação

penal.

Tipos de Ação:

• Pública (interesse público): MP oferece Denúncia (art. 41CPP)

• Privada (não há interesse público): Vítima oferece Queixa Crime (art.

44CPP)

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O Direito Médico e o Processo Penal

Ação Pública:

1. Incondicionada: o MP entra ou não se bem entender, é seu ato

privativo.

2. Condicionada: o MP tem a legitimidade para entrar ou não, mas

precisa de uma “autorização”. No entanto, a autorização não obriga

o MP a entrar com a ação.

1. Requisição (ao Ministro da Justiça): não há prazo

2. Representação da vítima: 6 meses

Ação Privada:

Prazo de 6 meses a contar do conhecimento da Autoria.

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O Direito Médico e o Processo Penal

a) Exclusivamente Privada: a Lei diz “...Esse crime é mediante Queixa...”

Personalíssima: só a vítima pode entrar com a queixa. Não pode ser substituída pelo

CADI.

Exceção: art. 236CP - induzimento a erro essencial ou ocultação de impedimento

(casamento).

a) Subsidiária da Pública: era ação pública, mas tornou-se privada em virtude de perda de

prazo pelo MP e a vitima apresentou queixa, convertendo-a.

Prazo decadencial começo aa correr do momento da perda do prazo pelo MP.

Regra Geral: toda ação é pública.

a) Art. 145CP – os crimes desse artigo são de ação privada.

PG. 17

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O Direito Médico e o Processo Penal

OFERECIMENTO DA DENÚNCIA/QUEIXA

RECEBIMENTO DA DENÚNCIA/QUEIXA CITAÇÃO

RESPOSTA À ACUSAÇÃO

DECISÃO (ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA OU

NÃO)

AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO, DEBATES E

JULGAMENTO

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TIPOS PENAIS DA ÁREA DA

SAÚDE

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Parte Especial: Tipos Penais da Área da Saúde

O médico tem liberdade profissional para atuar com

discricionariedade necessária para encontrar sempre

soluções novas e mais adequadas a cada caso, contribuindo,

assim, para a constante evolução a profissão e de suas

técnicas.

CUIDADO:

LIBERDADE x IMUNIDADE PROFISSIONAL

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Parte Especial: Tipos Penais da Área da Saúde

Para Magalhães Noronha:

“O médico tem o dever ético-profissional de atuar com

prudência, diligência e competência para curar seu

paciente, empenhando-se, solidariamente, pela saúde

contra a doença, pela vida contra a morte.”

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Parte Especial: Tipos Penais da Área da Saúde

A especificidade do crime médico mostra que se trata de uma

infração singularizada como crime próprio ou especial, pois só

pode ser praticado por determinada pessoa.

Crimes próprios: apenas para médicos.

Crimes comuns decorrentes da profissão médica:

Tipos penais que podem ser praticados pelo médico, mas

também por outras pessoas que nada tem a ver com a

Medicina.

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Parte Especial: Tipos Penais da Área da Saúde

HOMINEM LUPUS AD ABONIMEM – O homem sendo o lobo

voraz do próprio semelhante.

Crime Médico:

Considera-se crime médico a ação ou omissão, proibida por

lei, sujeita a uma sanção penal, cuja prática coloca em perigo

determinado bem ou interesse pessoal ou coletivo

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CRIMES PRÓPRIOS:

VIOLAÇÃO DE SEGREDO PROFISSIONAL

Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício

ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.

Crime contra a liberdade individual

Necessidade do paciente de confidenciar ao médico suas ações/atos

Infração tipicamente dolosa

Não se exige o dano, mas a sua possibilidade

Justa causa não gera crime

Consentimento do paciente

Cabível também eventual ação civil e processo disciplinar.

“... O SEGREDO É DEVIDO PELO MÉDICO AO SEU CLIENTE E NÃO AO SEU ALGOZ.”

(Nelson Hungria)

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OMISSÃO DE NOTIFICAÇÃO DE DOENÇA CONTAGIOSA

Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é

compulsória:

Pena detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

É crime doloso, não admitindo tentativa

Consumado quando a conduta do médico revelar que negligenciou sua obrigação de

notificar

Divulgação o mais rápido possível

O Erro de diagnóstico não enseja crime

Doenças definidas pelo Ministério da Saúde

Uma NORMA PENAL EM BRANCO é uma norma penal incriminadora em que a sanção

está completa, mas o preceito está incompleto.

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As doenças de notificação compulsória estão presentes na Lei 6259/75 (art. 7º, I e II):

Art. 7º - São de notificação compulsória às autoridades sanitárias os casos suspeitos ou

confirmados:

I - de doenças que podem implicar medidas de isolamento ou quarentena, de acordo com o

Regulamento Sanitário Internacional.

II - de doenças constantes de relação elaborada pelo Ministério da Saúde, para cada

Unidade da Federação, a ser atualizada periodicamente.

§ 1º Na relação de doenças de que trata o inciso II deste artigo será incluído item para

casos de "agravo inusitado à saúde".

§ 2º O Ministério da Saúde poderá exigir dos Serviços de Saúde a notificação negativa da

ocorrência de doenças constantes da relação de que tratam os itens I e II deste artigo.

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O primeiro grupo é o das doenças que, em caso de suspeita, devem ser notificadas

imediatamente por telefone:

Acidente causado por contato com Lonomia sp, cólera, coqueluche, dengue, difteria, febre amarela,

hantavirose, malária, meningites, peste bubônica, poliomielite/paralisias flácidas agudas, raiva

humana, rubéola, sarampo, tétano neonatal, doenças anteriormente não detectadas (como, por

exemplo, a pneumonia asiática), botulismo, carbúnculo ou antraz, varíola, tularemia, febre maculosa

O segundo grupo é o das doenças que, em caso de surtos ou epidemias, devem ser

imediatamente notificadas por telefone, quais sejam:

estreptococcias, gastroenterites e diarreias infecciosas, infecção hospitalar, influenza (gripe),

tracoma e demais doenças nessas condições.

O último grupo é composto pelas moléstias cuja notificação deve ser feita semanalmente, por

telefone ou por escrito:

acidentes por animais peçonhentos, loxoscelídeos, acidentes toxicológicos,

cisticercose/neurocisticerçose, Doença de Chagas (casos agudos), esquistossomose, febre

reumática, febre tifoide, hanseníase, hepatite Viral B-C, leishmaniose tegumentar, leishmaniose

visceral, leptospirose, sífilis congênita, síndrome de imunodeficiência adquirida (AIDS), síndrome da

rubéola congênita, teníase, tétano acidental e tuberculose

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É dever do médico respeitar as normas da Vigilância Sanitária, seu

descumprimento gera:

• Punição criminal;

• Sanção administrativa – artigo 44 do Código de Ética e Médica

Art. 44 - Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a

legislação pertinente.

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• EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico,

sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites.

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Objeto material: profissão de médico, dentista ou farmacêutico (rol taxativo).

Exercício ainda que a título gratuito caracteriza o crime.

Exige-se ainda habitualidade.

Elemento normativo do tipo: “sem autorização legal”.

Lei penal em branco homogênea (transposição dos limites da profissão – fixação em lei).

Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa.

Tentativa: não admite (habitualidade – doutrina dominante).

Ação penal: pública incondicionada

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• EXERCÍCIO ILEGAL DA MEDICINA

2 tipos de conduta:

1. O Leigo que quer exercer a medicina sem qualificação técnica e jurídica;

2. Médico que se excede nos limites da própria atividade – habilitação profissional

Exercício exclusivo

Conduta abusiva

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em julgamento de médicos acusados pelo

cometimento de crime de prática ilegal da medicina, afirmou que tal delito “se caracteriza

quando o agente transpõe os limites da profissão médica para a qual está habilitado, isto é,

quando transgride os limites estabelecidos na lei, nas normas regulamentares e na

utilização de métodos e práticas não condenadas” (HC 136.032, RT 1949, (151):317).

Excesso é relativo, não absoluto: Médico do interior

Era mais comum na época que os médicos manipulavam medicamentos ou praticavam atos

privativos de profissionais da Odontologia

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• FALSIDADE DE ATESTADO MÉDICO

Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:Pena – detenção, de 1 mês a 1 ano.

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.

Trata-se de crime próprio, uma vez que somente pode ser cometido por médico; crime comissivo, pois é

cometido por intermédio de ação (dar o atestado) que o crime é cometido; crime unissubsistente, visto que se realiza com a entrega do atestado falso, em uma única

ação; é crime de forma vinculada, dado que o fato típico já possui em si a descrição do crime (CAPEZ, 2013).

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DECLARAÇÃO DO MÉDICO FÉ PÚBLICA

CONDUTA:

DECLARAÇÕES COMPROVADAMENTE FALSAS PREJUÍZO NO CAMPO

PÚBLICO E PRIVADO

Teor:

Afirmação de existência de determinada doença, quando não há;

Negativa de enfermidade realmente constatada.

ELEMENTO: DOLO MÁ-FÉ

Magalhães Noronha:

“se um médico atesta que a gripe de seu cliente o impede de comparecer ao

Tribunal, ainda que tal impossibilidade não seja real, pelo caráter brando da

doença, não há falsidade, visto que a atestação exprime uma opinião, enquanto o

fato, a gripe, é verdadeiro.”

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POSSÍVEIS DANOS:

Desnecessária dispensa de órgãos estatais a funcionários

públicos;

Indenização securitária paga a empregado em decorrência

de doença inexistente falsamente atestada etc.

TAMBÉM É FATO ANTIÉTICO E IMORAL PRESENTE NO

ARTIGO 110 DO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA

Art. 110 - Fornecer atestado sem ter praticado o ato

profissional que o justifique, ou que não corresponda à

verdade.

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• OMISSÃO NA ASSISTÊNCIA A RECÉM-NASCIDOS

Art. 135

Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem

risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à

pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e

iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da

autoridade pública.

Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da

negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza

grave, e até o triplo se resulta a morte.

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O Estatuto da Criança e do Adolescente também descreve

crime próprio que pode ser específico de médico, enfermeiro

ou dirigente de estabelecimento de saúde, e que se

caracteriza por deixar de identificar corretamente o neonato e

a parturiente por ocasião do parto, além de deixar de

proceder aos exames visando ao diagnóstico e a terapêutica

de anormalidades no metabolismo do recém-nascido.

Também é considerado crime, este próprio de dirigente de

estabelecimento de saúde em não manter os registros dos

prontuários individuais de gestantes pelo prazo de 18 anos,

bem como deixar de fornecer a declaração de nascimento

devidamente preenchida.

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Considerações acerca de outros crimes:

• HOMICÍDIO CULPOSO

Art. 121 § 3º - Em termos de crimes culposos relacionados ao

exercício da medicina, temos, basicamente, o homicídio culposo e

a lesão corporal culposa.

O primeiro, homicídio culposo, está tipificado no artigo 121,

parágrafo 3º, cuja pena é de detenção de 1 a 3 anos.

“Art. 121 – Matar alguém.

§ 3º Se o homicídio é culposo.

Pena: detenção, de 1 a 3 anos”.

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Considerações acerca de outros crimes:

• HOMICÍDIO CULPOSO

Prevê o § 4º do mesmo artigo uma causa de aumento de pena.

“§ 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3, se o

crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte

ou oficio, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro 5 à

vítima, não procura diminuir as consequências de seu ato, ou foge

para evitar a prisão em flagrante (...)”

Esta causa de aumento de pena está presente na grande

maioria dos casos culposos envolvendo médicos, em razão

da inobservância de regra técnica.

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• LESÕES CORPORAIS

Os delitos praticados por médicos em regra são: a lesão corporal culposa (que só

existe na forma simples, não havendo qualificadoras) e, em casos extremos, o

homicídio culposo. Tais crimes estão previstos nos artigos 129, § 6º e 121, § 3º do

Código Penal Pátrio. Comumente os médicos não são condenados na forma dolosa.

A modalidade culpa advém de negligência, imprudência ou imperícia e, as

excludentes aplicáveis aos médicos são o caso fortuito, força maior ou culpa

exclusiva da vítima.

Ainda, a culpabilidade pode subdividir-se em: dolo eventual, onde o agente

assume o risco e anui o resultado que já havia previsto

ou

culpa consciente, onde o agente assume o risco, mas não quer, nem anui o

resultado e culpa inconsciente, onde o agente não assume o risco nem quer o

resultado.

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OMISSÃO DE SOCORRO

Encontra-se descrito no artigo 135 do Código Penal

O crime de omissão de socorro é classificado em omissão própria e imprópria:

Omissão Própria

A omissão própria acontece quando o profissional da saúde não realiza o procedimento que deveria ser feito em determinado momento. Não está relacionado com o possível resultado de morte ou lesão decorrente da omissão, mas sim pelo fato de não realizar o atendimento necessário.

Omissão Imprópria

Neste caso, existe uma relação de causa entre a omissão e o resultado. O profissional deve realizar o atendimento necessário para evitar a ocorrência de algum resultado que coloque em risco a vida do paciente. Se a omissão de socorro resultar em morte ou lesão, o profissional da saúde responderá penalmente por esse resultado.

Para evitar a omissão de socorro em unidades de saúde, o artigo 135-A caracterizou como sendo crime: “Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento

médico-hospitalar emergencial.”

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• ABORTO

Aborto necessário ou terapêutico (artigo 128, inciso I): Não se pune o aborto

praticado por médico se não há outro meio de salvar a vida da gestante.

Evidentemente que, na hipótese de aborto necessário, a lei se referiu aos casos

em que é possível aguardar a presença do médico.

Em caso contrário, caracterizado o estado de necessidade de terceiro, excludente

de antijuricidade, qualquer pessoa com conhecimento para tanto poderá provocar

o abortamento desde que o perigo seja atual.

É imprescindível que o abortamento seja o único meio (e não melhor) apto a

salvar a vida da gestante.

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• INDUZIMENTO OU INSTIGAÇÃO AO SUICÍDIO

Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o

faça;

Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a

três, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.

Parágrafo único - a pena é duplicada:

Aumento de pena

I - se o crime é praticado por motivo egoístico

II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de

resistência.

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• CAUSAR EPIDEMIA, MEDIANTE PROPAGAÇÃO DE GERMES

PATOGÊNICOS (ART. 267CP)

Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes

patogênicos***:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos. (Pena estabelecida pela

Lei nº 8072 de 25/07/1990)

§ 1º. Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

§ 2º. No caso de culpa, a pena é de detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos,

ou, se resulta morte, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

***: Podem ser bactérias, vírus, protozoários, fungos ou helmintos. O

agente patogênico pode se multiplicar no organismo do seu

hospedeiro, podendo causar infecções e outras complicações. A

bromatologia forense identifica esses agentes, como, por exemplo,

em um líquido ou em algum alimento que pode ter sido ingerido.

(Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Agente_patogénico - Wikipédia)

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• CHARLATANISMO – ART. 283CP

Art. 283. Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

• CRIME DE FALSO – ART. 342 – PARA PERITOS JUDICIAIS

Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito,

contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou

em juízo arbitral: (Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.850,

de 2013) (Vigência)

§ 1o As penas aumentam-se de um sexto a um terço, se o crime é praticado mediante

suborno ou se cometido com o fim de obter prova destinada a produzir efeito em processo

penal, ou em processo civil em que for parte entidade da administração pública direta ou

indireta.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

§ 2o O fato deixa de ser punível se, antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito,

o agente se retrata ou declara a verdade.(Redação dada pela Lei nº 10.268, de 28.8.2001)

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• CONCORRÊNCIA DESLEAL (LEI 9.279/96 – Lei da Propriedade Industrial)

Art. 195. Comete crime de concorrência desleal quem:

I - pública, por qualquer meio, falsa afirmação, em detrimento de concorrente, com o fim de obter vantagem;

II - presta ou divulga, acerca de concorrente, falsa informação, com o fim de obter vantagem;

III - emprega meio fraudulento, para desviar, em proveito próprio ou alheio, clientela de outrem;

XI - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos, informações ou dados confidenciais, utilizáveis na

indústria, comércio ou prestação de serviços, excluídos aqueles que sejam de conhecimento público ou que sejam

evidentes para um técnico no assunto, a que teve acesso mediante relação contratual ou empregatícia, mesmo após o

término do contrato;

XII - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de conhecimentos ou informações a que se refere o inciso anterior,

obtidos por meios ilícitos ou a que teve acesso mediante fraude; ou

XIV - divulga, explora ou utiliza-se, sem autorização, de resultados de testes ou outros dados não divulgados, cuja

elaboração envolva esforço considerável e que tenham sido apresentados a entidades governamentais como condição

para aprovar a comercialização de produtos.

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.

§ 1º Inclui-se nas hipóteses a que se referem os incisos XI e XII o empregador, sócio ou administrador da empresa, que

incorrer nas tipificações estabelecidas nos mencionados dispositivos.

§ 2º O disposto no inciso XIV não se aplica quanto à divulgação por órgão governamental competente para autorizar a

comercialização de produto, quando necessário para proteger o público.

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CONCLUSÃO

a) É DO MÉDICO A RESPONSABIIDADE DE CONHECER TODA A LEGISLAÇÃO

VIGENTE REFERENTE AO EXERCICIO DE SUA PROFISSÃO, POIS JAMAIS

PODERÁ ALEGAR, EM SUA DEFESA, O DESCONHECIMENTO DA LEI,

PREMISSA CONSTANTE NA CF/88;

b) O MÉDICO NECESSIDA DE LIBERDADE DE AÇÃO NO DESEMPENHO DE SUA

FUNÇÃO;

c) A LIBERDADE TEM UM PREÇO ÉTICO E POLÍTICO, SEGUNDO JOÃO JOSÉ

LEAL:

“Como interface da liberdade de exercer a Medicina, torna-se lícito cobrar do médico a

indispensável competência, a necessária diligência e a indiscutível seriedade no

manejo das técnicas médicas e na formulação dos juízos de avaliação da pessoa

enferma. Por isso, responsabilizar o médico que infringiu, voluntária ou

involuntariamente (por negligência), regras fundamentais do seu atuar profissional é

um direito da sociedade e um dever do Estado.. Não se trata de perseguir bons

profissionais, nem de reprimir erros humanos compreensíveis e escusáveis, nem

muito menos de condenar inocentes. Trata-se de Justiça.”