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PROTOCOLO PRM-CGT-SP-00002674/2014 Representante: Francisco Andre Santiago Michelino Representado: Município de Ilhabela Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão DESPACHO (AUTUAÇÃO EM NOTÍCA DE FATO e DECLÍNIO) Trata-se de notícia encaminhada, por correio eletrônico, sobre possíveis irregularidades em reforma realizada em praça pública no Bairro Portinho em Ilhabela. O representante relata que a referida obra foi realizada em duas etapas. A primeira foi concluída de forma satisfatória. Com relação a segunda, o representante aponta falhas no que se refere à acessibilidade, decorrente da utilização de pedras no calçamento. Aduz, ainda, que a empresa contratada estaria envolvida em suposto “esquema” de favorecimento em razão de obras superfaturadas. De acordo com ele, a administração anterior realizou uma obra, superfaturada, destinada ao tratamento de esgoto, que não iniciou o funcionamento. Os moradores solicitaram, à época, a cobertura de uma valeta situada no acesso à praça, pois diversas crianças sofreram acidentes no local, não sendo o pleito atendido. Além disso, informa que em razão da obra do Teatro, igualmente superfaturada – conforme “denúncia” da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ilhabela – as crianças que antes brincavam na praça não podem sequer andar no lugar. Por fim, demonstrou preocupação com relação à aplicação dos recursos que serão disponibilizados com os royalties do petróleo. Assim, nos termos do artigo 4º da Resolução 87 do Egrégio Conselho Superior do Ministério Público Federal, registre-se, autue-se e distribua-se 1 Avenida 9 de Julho, nº 765, 5º andar - Jardim Apolo – SJ Campos/SP – CEP: 12243-000 (012) 3924.2441

Praça portinho - MPF

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Resposta do MP Federal declinando ao MP Estadual o caso da praça de pedra do Portinho.

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Page 1: Praça portinho - MPF

PROTOCOLO PRM-CGT-SP-00002674/2014

Representante: Francisco Andre Santiago Michelino

Representado: Município de Ilhabela

Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão

DESPACHO(AUTUAÇÃO EM NOTÍCA DE FATO e DECLÍNIO)

Trata-se de notícia encaminhada, por correio eletrônico, sobre

possíveis irregularidades em reforma realizada em praça pública no Bairro Portinho em

Ilhabela.

O representante relata que a referida obra foi realizada em duas

etapas. A primeira foi concluída de forma satisfatória. Com relação a segunda, o

representante aponta falhas no que se refere à acessibilidade, decorrente da utilização de

pedras no calçamento. Aduz, ainda, que a empresa contratada estaria envolvida em

suposto “esquema” de favorecimento em razão de obras superfaturadas.

De acordo com ele, a administração anterior realizou uma obra,

superfaturada, destinada ao tratamento de esgoto, que não iniciou o funcionamento. Os

moradores solicitaram, à época, a cobertura de uma valeta situada no acesso à praça,

pois diversas crianças sofreram acidentes no local, não sendo o pleito atendido.

Além disso, informa que em razão da obra do Teatro, igualmente

superfaturada – conforme “denúncia” da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de

Ilhabela – as crianças que antes brincavam na praça não podem sequer andar no lugar.

Por fim, demonstrou preocupação com relação à aplicação dos

recursos que serão disponibilizados com os royalties do petróleo.

Assim, nos termos do artigo 4º da Resolução 87 do Egrégio

Conselho Superior do Ministério Público Federal, registre-se, autue-se e distribua-se

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Avenida 9 de Julho, nº 765, 5º andar - Jardim Apolo – SJ Campos/SP – CEP: 12243-000 (012) 3924.2441

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o expediente em NOTÍCIA DE FATO com a ementa abaixo.

ACESSIBILIDADE. OBRAS PÚBLICAS INADEQUADAS. PRAÇA NO

BAIRRO PORTINHO. ILHABELA/SP (PFDC).

É o relato.

A princípio, cumpre observar que não há indícios mínimos de que

as obras na praça pública do Bairro Portinho, em Ilhabela/SP, estejam recebendo

recursos disponibilizados pelos royalties do petróleo, mesmo porquê, tais recursos devem

ser aplicados, pela lei, em saúde e educação.

No mais, já há procedimento nesta Procuradoria da República, NF

n. 1.34.033.000133/2014-79, fiscalizando a destinação de tais recursos.

No mais, de plano, não se vislumbra no presente caso nenhuma

hipótese de competência da Justiça Federal, uma vez que não se observa a ocorrência de

qualquer prejuízo à União, entidade autárquica ou empresa pública federal.

O art. 109, inciso I, da Constituição Federal, estabelece a

competência da Justiça Federal para o processo e julgamento das causas em que a

União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição

de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de

trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.

Todavia, como alhures já dito, não se observa qualquer lesão

concreta a interesse da União, pois o caso apresentado diz respeito a obras em praça

pública municipal, sem indícios de utilização de verbas públicas federais.

Desta forma, conclui-se que compete à Justiça Comum Estadual

tomar as medidas cabíveis e pertinentes, em relação ao caso em apreço, sendo,

consequentemente, da unidade do Ministério Público Estadual da região – Promotoria de

Justiça de Ilhabela/SP – a atribuição para apreciar e instruir o presente feito.

Diante do exposto, determino o encaminhamento dos presentes

autos à Núcleo de Apoio Operacional da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão na

Procuradoria da República da 3ª Região – NAOP 3ª Região para análise e, se o caso,

homologação, nos termos do artigo 9º, §1º da Lei 7.347/85, artigo 17, §2º, da Res.

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87/2006, do CSMPF e artigo 10, §1º da Res. 23/2007 do CNMP.

Comunique-se ao representante. Anexe-se ao ofício a ser expedido

cópia desta decisão.

Caraguatatuba, 2 de dezembro de 2014.

Sabrina MenegárioProcuradora da República

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