Processo de fabricação de tubos

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fundamentos de soldagem

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  • 2 - Reviso Bibliogrfica

    Esta reviso bibliogrfica busca abordar os principais aspectos do processo

    de fabricao dos tubos da classe API 5L X80, os fundamentos de soldagem

    destacando o processo de soldagem com arame tubular, e suas principais variveis

    operativas.

    2.1. Desenvolvimento de aos de alta resistncia

    Muitos fatores tm contribudo para o desenvolvimento dos aos

    microligados, estes fatores incluem o desenvolvimento dos princpios

    tecnolgicos e cientficos sob os quais estes aos esto embasados e a necessidade

    de incrementar a resistncia destes aos e outras demandas para uma variedade de

    aplicaes.

    A relao entre estes fatores e a capacidade da indstria de fabricao do

    ao para responder a solicitaes so mostrados na figura 1 onde os benefcios na

    economia de peso esto essencialmente relacionados ao valor, economia de

    matria prima e energia tem tido seu impacto na reduo do peso. Altos nveis de

    resistncia so obtidos devido adio de elementos de liga e da otimizao dos

    processos de fabricao como o resfriamento acelerado. Atualmente a tendncia

    o desenvolvimento de mtodos para produo de aos com baixo teor de carbono

    e alta resistncia.

    O desenvolvimento dos aos microligados coincide com o desenvolvimento

    de pesquisas e um melhor conhecimento da relao microestrutura-propriedades.

    As propriedades mecnicas esto diretamente relacionadas microestrutura, e

    alteraes da microestrutura causa variaes nas propriedades mecnicas [1].

    Adies de molibdnio, nquel e cobre tm sido testadas com sucesso, em

    conjunto com os processos de resfriamento acelerado, objetivando o

    desenvolvimento de tubos da classe API 5L X100. O desenvolvimento de aos do

    tipo API 5L X120, foi obtido com uma tecnologia significativamente superior

    requerida para os aos X80 empregando novos processos de resfriamento

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  • 20

    acelerado desenvolvidos conjuntamente entre Nippon Steels e Exxon-Mobil

    visando obter microestructuras bainticas como mostrado por Asahi et al. [2].

    Figura 1 Fatores que contribuem ao desenvolvimento dos aos microligados [1].

    2.1.1. Vantagens da utilizao dos aos de alta resistncia

    Kalwa et al [3] reportaram que a primeira linha dutoviaria que empregou ao

    X80 foi o Ruhrgas Wemeto Schluchtern na Alemanha com 250 km de extenso

    em 1992. O peso total de ao X80 utilizado na obra foi de 145 000 toneladas,

    permitindo uma reduo de 20 000 toneladas comparados com dutos tipo X70.

    Isto ocorre por reduo da espessura da parede do tubo de 20,8 mm do X70 para

    18,3 mm do X80.

    A principal vantagem da utilizao de dutos com graus elevados de

    resistncia mecnica a reduo do custo total de material. Esta reduo se baseia

    na premissa de que ao aumentar o limite de escoamento do material, a espessura

    de parede requerida para resistir s presses internas (ou externas no caso de

    guas profundas) reduzida, alm disso, espessuras de parede finas requerem uma

    quantidade menor de metal de solda, reduzindo os custos de consumveis de

    soldagem.

    Alternativamente, se grandes espessuras de parede forem mantidas, os dutos

    fabricados com estes aos podem receber maiores presses de trabalho. Com

    maiores presses, possvel diminuir o nmero de estaes de compressores ao

    longo da linha, mantendo o mesmo ritmo de produo [4].

    Fabricao do ao

    Desemvolvimento dos Processos

    Cincia Elementos de Liga

    Reduo no Peso

    Economia de Energa

    Soldabilidade Tenacidade

    Conformabilidad

    Economia de Material

    Segurana

    AOS MICROLIGADOS

    DE ALTA RESISTNCIA

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    Algumas desvantagens so: o nmero limitado de fornecedores deste tipo de

    material, os processos de soldagem restritos e de controle complexo o que pode

    aumentar o tempo de instalao.

    2.1.2. Tipos de Aos de Alta Resistncia

    Na tabela 1 apresentada a classificao dos aos mais utilizados para a

    fabricao de tubos.

    Tabela 1 Classificao dos tubos de acordo com as principais normas internacionais de

    fabricao [5].

    Clasificao do ao API 5L EN 10208-2 DIN 17172

    LE (mnimo) (N/mm2)

    LR (mnimo) (N/mm2)

    Alongamento (%)

    A 207 331 28 L210 210 320 26 StE 2107 210 320 26 B 241 413 23 L245MB 245 415 22 StE 2407 240 370 24 X42 289 313 23 L290MB 290 415 21 StE 2907 ( TM ) 290 420 23 X46 317 434 22 L320MB 320 460 21 StE 3207( TM ) 320 460 21 X52 358 455 21 L360MB 360 460 20 StE 3807( TM ) 380 510 20 X56 386 489 20 L385MB 385 530 19 StE 3807( TM ) 385 530 19 X60 413 517 19 L415MB 415 520 18 StE 3207( TM ) 415 550 18 X65 448 530 18 L450MB 450 535 18 StE 4407( TM ) 445 560 18 X70 482 565 18 L485MB 485 570 18 StE 4807( TM ) 480 600 18 X80 550 620 18 L555MB 555 625 18

    StE 5507( TM ) 550 690 18

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  • 22

    Geralmente os materiais selecionados para construo de tubulaes

    atendem aos requisitos das normas API 5L ou DIN 17172, ou EN 10208-2. Essas

    normas classificam os diferentes tubos em subgrupos, de acordo com a resistncia

    mecnica facilitando a seleo do material e adequando para cada tipo de

    aplicao.

    2.2. Processos de fabricao de aos de alta resistncia

    Segundo Fedele [5] at os anos 70, os aos de alta resistncia eram

    produzidos pelo processo de laminao a quente, seguida de uma normalizao

    visando obter uma microestrutura composta de finas lamelas de ferrita, perlita e

    gros maiores de ferrita (ASTM 7-8). Nos anos 70, este processo foi modificado

    para operaes de conformao termomecnica, permitindo a produo de aos X-

    70, com reduzidos teores de carbono, e adies dos elementos de liga, nibio e

    vandio. A microestrutura passou a apresentar maior uniformidade e com gros

    mais refinados de ferrita ASTM (10-11).

    Figura 2 Desenvolvimento dos aos para tubos API [4].

    Esta tecnologia foi aperfeioada nos anos 80, com a introduo do processo

    de resfriamento acelerado, juntamente com o conceito de laminao a quente. Foi

    ento possvel, produzir um ao X80 com teores de carbono ainda mais reduzidos

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    melhorando sua soldabilidade. Neste caso a microestrutura apresentava-se mais

    refinada, do tipo ferrtica-baintica.

    Para atingir nveis de resistncia ainda maiores como 827 MPa (X120),

    necessrio produzir um ao utilizando uma composio qumica diferenciada e

    processos de laminao controlada onde o refinamento de gro conseguido

    atravs do processamento termomecnico de laminao controlada, seguido por

    um resfriamento acelerado, tendo como principais produtos de transformao a

    bainita inferior e ripas de martensita, como foi mostrado por Fairchild et al [6]. O

    refino de gro configura-se como o principal fator de ganho de resistncia

    mecnica dos aos de grau X80 e superiores disponveis atualmente no mercado.

    2.2.1. Descrio do processo de fabricao do X80 nacional

    No Brasil so fabricados industrialmente aos at tipo X70. No entanto,

    devido s limitaes dos equipamentos de fabricao para atingir uma velocidade

    de resfriamento necessria para a produo de aos com gros to finos, foi

    fabricado o ao da classe API X80 com composio qumica diferenciada para

    que se atingisse os requisitos mnimos deste grau. Para tal foram adicionados

    elementos de liga tais como o nibio, cromo, vandio e molibdnio. Estes

    elementos tm o objetivo de aumentar a resistncia mecnica por precipitao,

    inibir o crescimento de gro austentico durante o reaquecimento das chapas,

    retardar a recuperao e recristalizao dos gros austenticos deformados, alm

    de atrasar a transformao da austenita em ferrita [1]. Outros elementos como

    alumnio tem sido empregados para produzir combinaes e melhorar a

    resistncia e tenacidade.

    O ao empregado neste estudo foi fabricado pela USIMINAS, pelo Processo

    Termo-Mecnico Controlado, ou TMCP (Thermomechanic Controlled Process),

    que mostrado de forma esquemtica na figura 3. O TMCP ocorre em trs fases

    principais:

    A. Laminao na fase de recristalizao da austenita.

    B. Laminao na fase de no recristalizao da austenita.

    C. Acabamento na fase austenita mais ferrita.

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    Figura 3 Processo Termo Mecnico Controlado (TMCP) [7].

    A laminao inicia-se a 1250 C, na fase A, micro-estruturalmente, a cada passe da chapa pelo laminador, a austenita se deforma, alongando-se. Como as

    temperaturas so muito altas, rapidamente novos gros de austenita poligonal

    nucleiam e crescem nos contornos da austenita deformada, tendo um tamanho

    menor que os gros originais. Ocorrem passes sucessivos, at que se inicie a

    recristalizao esttica, ou seja, os novos gros de austenita aps deformao e

    recristalizao, tm o mesmo tamanho dos antigos. Isto ocorre quando o material

    tem gros em torno de 20 a 40 m. A fase B do TMCP ocorre na faixa de temperaturas de no recristalizao da

    austenita (Tnr)- abaixo de 1050 C. Ou seja, a cada passe de laminao, a austenita se deforma, mas no ocorre recristalizao nos contornos de gro. Assim

    aumenta a relao rea/volume (Sv) da austenita. Nesta etapa, consegue-se uma

    reduo de gro em torno de 60 a 80%.

    A fase C se inicia abaixo da temperatura de acabamento (Tac), prximo

    temperatura de transformao austenita + ferrita (Ar3). Inicia-se o resfriamento da

    chapa em gua e, ao atingir Ar3, a ferrita nucleia nos contornos da austenita

    deformada. Quanto maior tiver sido a reduo dos gros austenticos em B, maior

    ser Sv e, portanto, haver mais stios de nucleao de ferrita, gerando uma

    granulometra mais fina. Aps a formao dos gros ferrticos, retira-se o

    resfriamento gua e a chapa resfria ao ar [7].

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    A microestrutura resultante deste processo predominantemente Ferrita +

    Bainita, com disperso fina do micro-constituinte AM (martensita com austenita

    retida) podendo conter uma pequena quantidade de perlita. O tamanho de gro

    mdio da ordem de 10 m. Blas e Balancin [8] determinaram que as condies de transformao de

    fases so fortemente influenciadas pelo estado da austenita prvia e a evoluo

    dos gros austenticos durante o processo de resfriamento. Desta maneira, a

    microestrutura final e as propriedades mecnicas so determinadas pelo estado da

    austenita previa e pelas condies de resfriamento.

    Okatsu et al [9] estudando aos bifsicos (ferrita + bainita alongada),

    obtiveram um modelamento onde o efeito concentrador de tenses dentro da fase

    ferrtica gerado pelo contorno alongado da bainita, concluindo ser esta a razo

    pela qual os aos com este tipo de microestrutura tem uma elevada resistncia

    mecnica e tenacidade.

    2.2.2. Processo de conformao dos tubos

    Este processo denominado U-O-E e se inicia com uma inspeo das

    chapas com a finalidade de detectar possveis macro-defeitos e prevenir a

    formao de trincas longitudinais, logo as bordas da chapa so previamente

    usinadas na geometria longitudinal.

    Figura 4 Processo de conformao dos tubos.

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  • 26

    O processo U-O-E est esquematizado na figura 4 A primeira etapa de

    trabalho consiste no dobramento da chapa em formato de U, em seguida o U

    conformado em O, depois do trabalho mecnico necessrio uma inspeo. A

    etapa seguinte o ponteamento das faces do O a fim de evitar a distoro

    decorrente de contraes e dilataes trmicas para que no ocorram mudanas no

    dimetro durante a soldagem final.

    Outra etapa importante a soldagem de uma chapinha em cada extremidade

    do tubo, onde a solda se iniciar e terminar. Isto importante, pois o inicio e o

    final da solda so as regies mais susceptveis ocorrncia de defeitos, em

    seguida as soldas internas e externas so realizadas por arco submerso. Para

    garantir a ausncia de defeitos na junta soldada, so realizados ensaios de ultrason

    e radiografa. Em seguida, o tubo submetido a uma expanso interna E, que

    tem a finalidade de ajustar o seu dimetro s tolerncias da norma API 5L, logo o

    tubo passa por inspees e teste hidrosttico. Novos ensaios no destrutivos so

    realizados na junta soldada. Finalmente a inspeo dimensional e a pesagem do

    tubo so realizadas; Comumente, os tubos fabricados pelo processo U-O-E so

    chamados de tubos de chapa grossa ou tubos SAW [10].

    2.2.3. Efeito do processo de fabricao sobre as propriedades da chapa

    A transformao de uma geometria plana (chapa) em uma cilndrica (tubo)

    pode ser feita de forma contnua ou intermitente, a conformao contnua,

    utilizando uma seqncia de cilindros de conformao utilizada quando a

    espessura da chapa inferior a 12,7 mm, j a conformao intermitente aplicada

    quando a chapa tem espessura superior, sendo esta ltima tcnica empregada nos

    processos de conformao U-O-E. Este trabalho realizado frio, onde as

    camadas internas da chapa so deformadas em compresso enquanto as externas

    em trao, logo durante a expanso, camadas externas e internas so deformadas

    em trao. Os efeitos resultantes desta seqncia de deformaes dependem da

    microestrutura do material.

    Segundo Sage [11], em aos com microestrutura ferrita-perlita, os efeitos

    provocados pela conformao do tubo causam geralmente um escoamento

    descontnuo, e por essa razo o material susceptvel a perda de resistncia

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    durante a fabricao do tubo devido ao efeito Bauschinger. O efeito Bauschinger

    caracteriza-se quando a tenso necessria para reverter a direo do deslizamento

    num certo plano de deslizamento menor do que a necessria para continuar o

    deslizamento na direo original, ou seja corresponde a uma direcionalidade de

    encruamento [12]. Para fins prticos, a diferenca na resistncia ao escoamento entre

    a chapa e o tubo acabado igual ao aumento de resistncia devido ao

    encruamento menos o efeito Bauschinger, porm uma vez que a quantidade de

    encruamento muito pequeno nos aos ferriticos-perliticos, o efeito da converso

    chapa tubo uma reduo na resistncia do tubo. No entanto, nos aos de

    microestrutura de ferrita-acicular, as reas duras de segunda fase introduzem uma

    alta densidade de discordncias na ferrita circunvizinha, por isso o coeficiente de

    encruamento alto e a deformao ocorre acima da resistncia ao escoamento da

    chapa, resultando uma curva continua tenso deformao. Assim, os processos

    de fabricao atuam nas propriedades do tubo, em alguns aos abaixa a resistncia

    do tubo comparado com a da chapa e em outros aumenta, mas em quase todos os

    aos a tenacidade reduzida pelo encruamento que estes materiais sofrem [11].

    2.3. Soldabilidade de aos de alta resistncia e baixa liga

    O j citado aumento na demanda de energia trouxe a necessidade de

    tubulaes que pudessem operar em condies muito severas como altas presses,

    baixas temperaturas e meios agressivos, conseqentemente, existem tambm a

    necessidade que a junta soldada (metal de solda e ZTA) tenha propriedades

    mecnicas compatveis com o metal de base.

    O processo de fabricao dos aos de alta resistncia e baixa liga, envolve

    laminao controlada e adio de elementos de liga cujo principal objetivo a

    obteno de um tamanho de gro fino. O resultado deste processamento pode ser

    parcialmente destrudo durante o processo de soldagem. A soldagem longitudinal

    realizada durante a fabricao do tubo, geralmente tem as propriedades mecnicas

    garantidas pelo ajuste adequado dos parmetros de soldagem que se torna de mais

    fcil controle por ser uma solda de fbrica mecanizada. No entanto durante a

    construo e montagem do duto necesario determinar cuidadosamente os

    parmetros de soldagem que venham a afetar a performance do duto em operao.

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    A soldabilidade, no presente caso pode ser definida como uma medida da

    resistncia inerente do ao (tubo) para aceitar um passe de raiz sob dadas

    condies de aporte de calor sem que ocorra trinca ou que produza uma estrutura

    susceptvel trinca quando sob condies de tenses resultantes da manipulao

    da tubulao. No entanto conhecido que o processo de soldagem introduz algum

    tipo de defeito nas estruturas soldadas, mesmo que no sejam detectveis pelos

    mtodos disponveis de ensaios destrutivos [13].

    Em geral um ao apresenta boa soldabilidade se depois de soldado possui

    boa tenacidade e o metal de solda no se torne frgil. Os fatores mais importantes

    que influenciam na soldabilidade so:

    As transformaes produzidas na ZTA. A composio qumica do metal base e do consumvel. As tenses residuais geradas durante a soldagem. O procedimento de soldagem empregado.

    por tanto apropriado caracterizar a soldabilidade de aos para tubos como

    a resistncia da junta soldada a iniciao da propagao de uma trinca a partir de

    um defeito pr-existente, levando a fratura sob condies de operao [13].

    2.3.1. Carbono Equivalente (CE)

    Um dos critrios mais empregados que relaciona o grau de soldabilidade a

    utilizao do ndice chamado carbono equivalente (CE).

    Como o carbono o elemento que mais influencia na temperabilidade e na

    dureza final do ao, tm se considerado denominar o Carbono Equivalente como

    um ndice que permite correlacionar a composio qumica do ao com sua

    tendncia a apresentar estruturas frgeis quando este submetido a um processo

    de soldagem; porm atualmente existe uma tendncia de reduzir a quantidade de

    carbono nos aos como o mostrado por Barnes [14], onde essa reduo tem um

    efeito benfico nas propriedades da junta soldada principalmente na tenacidade.

    Muitas frmulas foram propostas e encontram-se na literatura, e

    principalmente elas foram obtidas sob o ponto de vista da temperabilidade do ao

    (tendncia a formar martensita). Duas frmulas foram sugeridas para o clculo da

    temperatura de preaquecimento neste tipo de aos para tubulaes, proposta pelo

    International Institute of Welding (IIW).

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    (%)1556

    CuNiVMoCrMnCCE ++++++= (1)

    Esta frmula pode ser empregada para aos com contedo de carbono

    superior a 0,18% ou em condies de soldagem que requeiram um esfriamento

    lento t8/5 > 12 segundos.

    Outra frmula muito empregada foi proposta por Ito e Bessyo, e conhecida

    como a frmula do tipo Pcm, esta frmula empregada pelo cdigo estrutural

    AWS D1.1:2004 [14] para a determinao da temperatura mnima de

    preaquecimento esta frmula tambm um mtodo para avaliao do potencial do

    ao para formar trincas por hidrognio.

    BVMoNiCrCuMnSiCPCM 51015602030++++++++= (2)

    Todos os elementos de liga nas duas equaes de acima so expressos em

    porcentagem de peso.

    Liu [16] apresentou o diagrama mostrado na figura 5, para determinar a

    soldabilidade de diferentes tipos de aos com diferentes teores de elementos de

    liga relacionando o CE com a porcentagem de carbono, uma vez que o carbono

    o elemento determinante claramente na susceptibilidade a formao de trincas.

    Podem ser observadas na figura 5, trs regies ou zonas. Na zona I

    encontram-se os aos com contedo menor de 0,1% de C e sem restrio nenhuma

    de CE, ento a dureza da martensita no muito alta, porm admite certo nvel de

    tenacidade e risco a ocorrncia de trincas quase improvvel, podendo ocorrer na

    presena de uma porcentagem alta de hidrogeno dentro do cordo de solda.

    Na zona II encontram-se aos de baixa liga, mas com um contedo de

    carbono maior que 0,1 %, estes aos requerem alguns cuidados como temperatura

    de preaquecimento apropriada e tratamentos trmicos aps a soldagem.

    Na zona III, encontram se os aos com a maior dificuldade para realizar a

    soldagem devido a seu alto teor de carbono e consequentemente alto CE, porm

    eles tm uma alta tendncia de desenvolver trincas a frio. Para realizar soldas com

    sucesso nestes aos deve-se ter um bom controle dos procedimentos de soldagem,

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  • 30

    por exemplo, nas temperaturas de preaquecimento e ps-soldagem, controle da

    temperatura entre passes e os parmetros prprios de soldagem. Alguns aos

    contendo Cr e Mo, aos de alta resistncia e baixa liga, e alguns aos produzidos

    por processamento termomecnico encontram-se neste grupo.

    Figura 5 Mapa de soldabilidade dos aos em funo do CE e do contedo e C [16].

    2.3.2. Aporte de calor e ciclo trmico

    No processo de soldagem por arco eltrico, a energia produzida no arco

    utilizada como fonte de calor para executar a solda. O aporte de calor

    desenvolvido pelo arco eltrico expresso em quilojoules por milmetro (KJ/mm),

    sendo, portanto o parmetro que incide diretamente sobre o ciclo trmico, e pode

    ser calculado pelo uso da seguinte frmula [17]:

    Ev

    IVH = eq. (3) Onde:

    H, o Aporte de Calor (J/mm);

    V, a voltagem (volts);

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  • 31

    I, a Corrente (amperes);

    v, a velocidade de soldagem (mm/seg).

    E, a eficincia do processo empregado (%)

    O ciclo trmico aplicado num determinado ponto do material durante um

    processo de soldagem caracterizado por um aquecimento at temperatura de

    pico, seguido rapidamente de um resfriamento cuja taxa decresce com o tempo [18]. O ciclo trmico influi diretamente nas caractersticas microestruturais da

    ZTA, isto nas taxas de aquecimento e esfriamento.

    2.3.3. Zona afetada pelo calor

    A soldagem afeta uma regio do metal de base adjacente poa de fuso, a

    qual submetida a um rpido ciclo trmico de aquecimento e resfriamento o qual

    pode vir a alterar a microestrutura e as propriedades mecnicas em relao zona

    fundida e o metal de base no alterado, a essa regio d-se o nome de zona

    termicamente afetada (ZTA) ou zona afetada pelo calor (ZAC) [19].

    Figura 6 Diagrama esquemtico de vrias sub-zonas da ZTA de um ao com

    0.15%C [19].

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  • 32

    Segundo Lundim [20] a extenso da ZTA depende da geometria da junta,

    espessura da chapa, propriedades trmicas do material, temperatura de

    preaquecimento e principalmente do processo e respectivos parmetros de

    soldagem.

    A ZTA facilmente visvel nos aos por meio de uma macrografia, sua

    extenso vai desde a regio onde o ao atinge a temperatura de fuso at a

    distncia na qual se atinge a temperatura crtica inferior a Ac1 (723 C).

    A ZTA normalmente subdividida em quatro regies:

    Regio de Gros Grosseiros (RGG), Esta regio atinge temperaturas de pico entre 1100C e 1400C produzindo um

    crescimento de gro austentico, porm uma deteriorao da

    tenacidade devido ao maior tamanho de gro. Dependendo da taxa

    de resfriamento as fases observadas nesta regio incluem ferrita

    poligonal, ferrita de Widmanstatten, ferrita baintica, e martensita

    em ripas. Alm disso, as fases enriquecidas em carbono ou fases

    secundrias podem transformar-se em perlita, carbonetos ou

    constituinte AM. [21].

    Regio de Gro Finos (RGF), Esta regio submetida a temperaturas mais baixas, no havendo crescimento de gro

    austentico. A grande rea de contorno de gro tende a promover a

    nucleao de ferrita, sendo que a austenita enriquecida

    remanescente no centro do gro pode transformar-se em perlita. [21].

    Regio Intercrtica (RI), Durante o resfriamento, a austenita enriquecida em carbono e mangans, poder transformar-se em uma

    grande variedade de microestruturas como perlita, bainita superior,

    martensita auto-revenida ou martensita de alto carbono, dependendo

    da taxa de resfriamento T8/5. Regio Subcrtica (RS), Embora no parea ocorrer mudana nas

    morfologias dos microconstituintes, o efeito combinado do

    aquecimento e da tenso residual pode causar envelhecimentos

    dinmicos, levando a uma fragilizao da estrutura.

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  • 33

    Tem-se verificado que a fragilidade da ZTA pode ocorrer nas RGG, RI e

    RS, dependendo do tipo do ao e processo de soldagem. Caso a RI seja mais

    frgil, torna-se difcil localizar a sua fragilidade, pois devido ao pequeno tamanho

    de gro dessa regio difcil distingu-la da RS. Entretanto para os aos de

    tubulaes, a RGG aquela que sempre tem apresentado a maior fragilidade

    dentre as demais regies da ZTA [10].

    2.3.3.1. Efeito de vrios passes de solda na ZTA

    Na soldagem multipasse a situao mais complexa que a solda de um

    nico passe, devido transformao parcial da microestrutura da ZTA inicial pelo

    passe subseqente, isto cada cordo de solda tratado termicamente pelo cordo

    seguinte, tendo como resultado uma ampla gama de microestruturas as quais

    dependem da distncia que se encontra aquela regio at a zona fundida [14]. A

    regio de gros grosseiros (RGG) dependendo de sua localizao experimenta um

    ou mais ciclos trmicos, podendo passar a ser, dependendo da temperatura de

    reaquecimento, regio de gros finos, regio intercrtica e regio subcrtica [22], na

    figura 7 mostra-se o efeito das transformaes produzidas pela seqncia de

    passes.

    Figura 7 Regies da ZTA em soldas multipasse [19].

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  • 34

    O reaquecimento tambm refina a microestrutura nas partes adjacentes da

    zona termicamente afetada. Koso et al [23] fizeram um estudo com um ao tipo

    ARBL temperado e revenido, utilizando tcnicas de simulao de ciclos trmicos

    e verificaram que a regio de gros grosseiros reaquecida inter-crticamente

    apresentou ilhas de martensita indicando uma baixa tenacidade.

    Uma regio crtica na qual a tenacidade desejvel o topo da solda, visto

    que a ltima camada a ser depositada em uma solda multipasse pode no receber o

    beneficiamento do tratamento da recristalizao. preciso um planejamento

    cuidadoso do cordo final (ou dos cordes finais) para assegurar que ocorra o

    refino dos gros onde for necessrio [17].

    2.3.3.2. Efeito da Composio Qumica e dos parmetros de soldagem sobre a microestrutura do metal de solda

    A microestrutura do metal de solda funo da taxa de resfriamento e da

    composio qumica, desse modo, o procedimento de soldagem pode influenciar

    de forma determinante a microestrutura obtida. Segundo Castello et al [24],

    possvel obter microestruturas diferentes para um mesmo eletrodo, mudando a

    posio de soldagem de vertical ascendente para vertical descendente, mantendo-

    se os demais parmetros de soldagem fixos.

    Segundo Siqueira et al [25], independentemente do tipo de processo de

    soldagem, as propriedades mecnicas dos metais de solda esto diretamente

    relacionadas a sua microestrutura, mais precisamente com os percentuais dos

    diferentes tipos de microconstituintes presentes nesta regio da junta soldada. Os

    principais microconstituintes de metais de solda de aos ferriticos so: a Ferrita

    Acicular (FA), constitudo por gros extremamente finos, que associa uma alta

    resistncia mecnica com boa tenacidade, a Ferrita Primaria (FP), de gros

    relativamente grosseiros que pode ser nucleada nos contornos de gro da austenita

    ou no seu interior e se caracteriza por possuir uma baixa dureza e resistncia

    mecnica, e Ferrita com Segunda Fase (FS).

    Um estudo feito por Dos Santos e Trevisan [26] em juntas de ao API 5L

    X70 empregando arame tubular autoprotegido, mostraram que os cordes de solda

    apresentaram uma solidificao caracterizada por gros colunares, tpica de

    processos de soldagem por fuso. A decomposio da austenita primaria forma

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  • 35

    gros colunares grosseiros, delimitados nas bordas por ferrita em forma de veios

    no contorno de gro, conhecida como Ferrita de Contorno de Gro (FCG).

    Tambm mostraram que a composio principal intragranular formada por

    Ferrita Acicular (FA), nucleada principalmente em incluses, caracterstica da

    soldagem de aos de alta resistncia e baixa liga.

    2.3.3.3. Formao do microconstituinte AM e sua influncia na tenacidade

    O constituinte AM consiste de martensita de alto carbono e austenita retida,

    e costuma aparecer durante a soldagem de aos de alta resistncia, sendo quase

    impossvel eliminar sua formao especialmente quando o ao soldado com

    altos aportes de calor. Sua formao tambm esta relacionada com a presena de

    elementos de liga como C, Si, Mn, Mo, Ni, e com altas taxas de resfriamento aps

    a soldagem [21].

    Em soldas multipasse, ou seja, quando a ZTA de um primeiro passe sofre

    um segundo ciclo trmico e a temperatura de pico menor que Ac1, a

    microestrutura chega a ser a mesma do primeiro ciclo trmico.

    Quando a temperatura de pico menor que Ac1 e Ac3, ou seja, provocar

    uma nova regio intercrtica, o constituinte A-M forma-se preferencialmente ao

    longo dos limites de gro da austenita, a qual foi transformada desde uma regio

    rica em carbono, e foi re-austenizada durante o segundo ciclo trmico.

    Quando a temperatura de pico do segundo ciclo trmico atinge temperaturas

    superiores a Ac3, a austenita forma-se nas regies ricas em carbono, para logo o

    carbono se difundir uniformemente na matriz. Durante o resfriamento, a austenita

    se transforma em ferrita baintica e ferrita poligonal, com baixo contedo de

    carbono, ficando uma austenita com alto contedo de carbono, a qual gerar o

    constituinte AM. Estes fenmenos ocorrem na regio de gros finos e gros

    grosseiros da ZTA [27].

    A presena do microconstituinte AM (austenita martensita) na junta

    soldada tambm traz algum efeito nas propriedades mecnicas da mesma; assim

    Matsuda et al [28] simularam condies de resfriamento t8/5 para aos de alta resistncia e baixa liga, concluindo que um incremento da frao na percentagem

    da rea de constituinte AM massivo (aprox. > 2,2%) reduz rapidamente a

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  • 36

    tenacidade. Estudos feitos por Ikawa et al [29] em aos ARBL e por Thompson e

    Krauss [30], atribuem uma queda da tenacidade nos materiais estudados com o

    aumento da frao volumtrica do microconstituinte AM.

    2.4.Transferncia do metal de adio

    A forma pela qual o metal de adio fundido transfere-se para a poa de

    fuso influencia o nvel de respingos e fumos gerados, a capacidade de soldar fora

    da posio plana, o formato do cordo e a prpria estabilidade do processo.

    Na figura 8 se apresenta as diversas formas de transferncia do metal

    proposto pelo IIW (Instituto Internacional de Soldagem).

    Diversas formas de transferncia so observadas para os diferentes

    processos e condies operacionais. O modo de transferncia de uma dada

    condio de soldagem depende de fatores como os parmetros eltricos do arco, o

    dimetro e composio do metal de adio, tipo e composio do meio de

    proteo, comprimento do eletrodo, entre outros. A seguir so apresentados os

    principais modos de transferncia do metal de solda [31].

    Figura 8 Modos de transferncia de acordo com a classificao do IIW [31].

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  • 37

    2.5. Soldagem de tubulaes

    Segundo Widgery [32], tem-se noticia de que a soldagem de tubulaes

    iniciou-se em 1929 assumindo, porm caracterstica produtiva somente a partir de

    1933 que foi aplicada em produo. A soldagem circunferencial de tubos

    representa um papel fundamental na montagem de dutos. Entretanto, mesmo

    considerando toda a experincia j adquirida, a tecnologia de soldagem de

    tubulaes encontra-se em constante desenvolvimento, atualizando-se para

    atender aos requisitos de soldabilidade de novos materiais e s crescentes

    necessidades de aumento da produtividade.

    Os principais processos utilizados na soldagem de tubulaes e aceitos pela

    norma API 1104, so: processo SMAW (Shielded Metal Arc Welding), soldagem

    com eletrodo revestido; processo GTAW (Gas Tungsten Arc Welding), conhecido

    como processo TIG; processo GMAW (Gas Metal Arc Welding), comumente

    conhecido como soldagem MIG/MAG e o processo FCAW (Flux Cored Arc

    Welding), que a soldagem com arame tubular.

    O mtodo tradicional de soldagem circunferncial de tubos, utilizados

    principalmente para a distribuio de gs e leo, realizada com o processo

    SMAW utilizando eletrodos revestidos principalmente por sua versatilidade. No

    entanto, com a adoo de aos de alta resistncia, a reduzida tenacidade e os

    elevados teores de hidrognio no metal depositado por eletrodos revestidos

    celulsicos, os quais podem chegar nveis de 50 ml/100g, torna este tipo de

    consumvel pouco atraente, uma vez que esta combinao poder levar a

    formao de trincas na zona termicamente afetada [24].

    Porm, para reduzir estes problemas os pesquisadores esto desenvolvendo

    novos processos de soldagem semi-automticos ou totalmente automticos com

    arames tubulares de alma metlica ou no metlica. A tabela 2 apresenta uma

    comparao entre os trs principais processos de soldagem que podem ser

    empregados na montagem de dutos [33], e na qual pode-se observar que o processo

    de soldagem com arame tubular possui custo menor de metal depositado e

    eficincia intermediria entre os outros dois processos, alm de ofrerecer uma

    fcil automao.

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  • 38

    Tabela 2 Comparao de 3 processos de soldagem empregados em tubulaes [33].

    PARMETROS SMAW FCAW-S GMAW

    do Consumvel (mm) 3.25 1.2 1.2

    Fator de Operao % 25-35 45-55 45-55

    Corrente (Amp) 120 210 125

    Eficincia % 65 86 96

    Polaridade DC + DC + DC +

    Taxa de deposio (Kg/hr) 0.29 2.68 1.89

    Classe AWS E7018 E71T-1 ER 70 S-6

    Custo do consumvel (R/Kg) 6.60 9.0 5.94

    Custo efetivo do consumvel (R/Kg) 10.15 10.47 6.06

    Custo do gs (R/m3 ou R/kg) --- --- 12

    Custo do metal depositado (R/kg) 91.03 14.17 18.10

    Automao Difcil Fcil Fcil

    Segundo Pereira da Costa [34] nas linhas dutoviaras em construo na China,

    algumas com trmino previsto em 2005, o processo com arame tubular

    autorotegido foi dominante nas maiores extenses, combinado com eletrodo

    revestido para o passe de raiz. Foram aproximadamente 600.000 juntas em tubos

    API X65 e X70 soldadas com arame aubular autoprotegido, algumas destas obras

    utilizaram tubos API X80 soldadas tambm com arames tubulares. As altas taxas

    de deposio, somadas a alimentao automtica, ausncia do gs de proteo e

    eliminao do tempo utilizado para trocar do eletrodo, no caso de eletrodo

    revestido, tm resultado em significativo aumento da produo e economia.

    2.6. Processo de soldagem com eletrodo revestido

    A soldagem a arco eltrico com eletrodo revestido (Shielded Metal Arc

    Welding SMAW), tambm conhecida como soldagem manual a arco eltrico, o

    processo mais empregado entre os vrios processos de soldagem. A soldagem

    realizada com o calor de um arco eltrico mantido entre a extremidade de um

    eletrodo metlico revestido e a pea de trabalho. O calor produzido pelo arco

    funde o metal (alma do eletrodo) e o revestimento [35]. O metal depositado por

    meio das gotas ejetadas pelo metal fundido e recebe proteo, alm disso, uma

    camada de escoria formada pela queima de alguns componentes do

    revestimento, onde a escoria protege o metal de solda da atmosfera durante a

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  • 39

    solidificao [36]. As outras funes do revestimento so; proporcionar

    estabilidade ao arco, controlar a forma do cordo de solda, adicionar elementos de

    liga ao metal de solda, formar escoria como agente fluxante e direcionar o arco

    eltrico.

    O equipamento utilizado neste processo consiste de uma fonte de energia,

    cabos de ligao, um porta-eletrodo, um grampo (conector de aterramento) e o

    eletrodo consumvel. O suprimento de energia pode ser tanto corrente alternada

    (transformadores), como corrente continua (geradores ou retificadores), com

    eletrodo negativo (polaridade direta), ou corrente continua com eletrodo positivo

    (polaridade inversa), dependendo das exigncias de servio, por exemplo:

    Corrente continua Polaridade direta (CC-): eletrodo ligado ao plo negativo. Com essa configurao produz-se uma maior taxa de fuso do

    eletrodo, associada a uma menor profundidade de penetrao.

    Corrente Continua Polaridade inversa (CC+): eletrodo positivo e a pea negativa. Com essa configurao, maiores penetraes e menores taxas

    de fuso do eletrodo so obtidas.

    Corrente Alternada (CA): a polaridade alterna a cada inverso da corrente. Com este tipo de configurao, a geometria do cordo ser

    intermediaria a aquela obtida em CC+ e CC- [37].

    2.6.1. Vantagens e desvantagens do processo com eletrodo revestidos

    So vrias as vantagens do processo de soldagem por eletrodos revestidos.

    o processo de soldagem mais simples disponvel, e necessita apenas de uma fonte

    de energia de corrente constante, dois cabos eltricos e o eletrodo. tambm o

    processo de soldagem mais flexvel, no sentido que pode ser empregado em

    qualquer posio de soldagem para quase todas as espessuras dos aos carbono.

    As desvantagens so as baixas taxas de deposio em comparao a outros

    processos, tornando-o menos eficiente. Alm disso, o uso de eletrodos revestidos

    para aos carbono requer mais treinamento e habilidades dos soldadores do que os

    processos de soldagem semi-automticos e automticos [37].

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  • 40

    2.7. Processo de soldagem com arame tubular

    Arames tubulares com gs de proteo foram desenvolvidos no inicio da

    dcada de 50, e tornaram-se comercialmente disponveis em 1957, j em 1972

    foram desenvolvidos arames tubulares de pequeno dimetro, constitudos no seu

    interior de um fluxo no metlico para a soldagem em todas as posies o que

    tornou a aceitao para o emprego destes em aplicaes especificas na indstria [38]. O processo de soldagem com arame tubular (FCAW), um processo de

    soldagem onde a coalescncia entre metais obtida atravs de arco eltrico entre o

    eletrodo e a pea a ser soldada. A proteo do arco neste processo feita pelo

    fluxo do arame podendo ser ou no, complementada por um gs de proteo.

    Alm da funo de proteger o arco eltrico da contaminao pela atmosfera,

    o fluxo interno do arame pode tambm atuar como desoxidante atravs da escria

    formada, acrescentar elementos de liga ao metal de solda e estabilizar o arco. A

    escria formada, alm de atuar metalurgicamente, protege a solda durante a

    solidificao. Este processo combina as caractersticas do processo com eletrodo

    revestido, o processo de arco submerso e o processo GMAW.

    A tcnica de soldagem com arame tubular diferencia-se do processo GMAW

    no tipo de eletrodo que como seu nome indica, neste caso, o arame tem um buraco

    na sua seo recheio de um fluxo, o qual ao fundir-se pela ao do arco eltrico,

    deposita o metal fundido protegido com uma fina capa de escria. Este fato lhe

    permite compartilhar um alto ciclo de trabalho e taxa de deposio caracterstica

    da soldagem GMAW. Por outro lado, atravs da soldagem com arame tubular,

    possvel obter a alta versatilidade da soldagem com eletrodos revestidos no ajuste

    de composio qumica e facilidade de trabalho em campo [39].

    O Processo FCAW possibilita tambm a soldagem nas quatro posies. A

    qualidade da solda produzida por este processo depende do tipo de eletrodo

    utilizado, do mtodo (com proteo gasosa ou autoprotegido), das condies do

    metal de base, do projeto da junta e do procedimento de soldagem.

    Segundo Moura de Oliveira e Bracarense [40] o processo FCAW agrega trs

    virtudes fundamentais do pensamento industrial moderno:

    Produtividade relacionada utilizao de arames contnuos. Alta qualidade devido aos benefcios metalrgicos provenientes do fluxo

    interno do arame.

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  • 41

    Baixos custos de soldagem. A soldagem FCAW possui duas variantes: o autoprotegido e com proteo

    gasosa adicional. Ambos os mtodos formam escria que cobre e protege o metal

    at solidificar, em ambos os casos tambm a proteo do arco pode suportar o

    vento e os agentes atmosfricos com maior eficincia que outros processos com

    proteo gasosa. A escolha do tipo de processo (autoprotegido ou com proteo

    gasosa) depende das propriedades mecnicas desejadas, do tipo de arame

    disponvel e do tipo junta. Geralmente utiliza-se o autoprotegido nas mesmas

    aplicaes em que se optaria por utilizar a soldagem com eletrodo revestido, e o

    processo com arame tubular com proteo gasosa, utiliza-se mais nas aplicaes

    em que se utilizaria o processo MIG-MAG.

    2.7.1. Processo de fabricao dos consumveis tubulares

    No processo de fabricao de arames tubulares uma fita ou fio mquina

    passa por um conjunto de rolos de conformao at sua seco transversal possuir

    o perfil "U", a seguir o fluxo interno alimentado e outro conjunto de rolos de

    conformao fecha sua seco. Posteriormente, o arame tem seu dimetro

    reduzido at atingir a dimenso desejada. Esta reduo pode ser feita atravs de

    trens de laminao ou trefilao. A figura 9 apresenta, esquematicamente, o

    processo de fabricao de arames tubulares utilizando fita.

    Figura 9 Processo de fabricao dos arames tubulares (esquematico) [38].

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  • 42

    2.7.2. Seces transversais dos arames

    Os arames tubulares podem ter diferentes tipos de seo. As mais usuais so

    com fechamento de topo e sobreposto (overlap), na figura 10 apresenta-se os tipos

    de sees dos arames tubulares.

    O percentual de fluxo no interior do arame pode variar de 15 a 50% do seu

    peso. Este percentual vai depender, entre outros fatores, das funes a serem

    desempenhadas pelo fluxo. Geralmente os arames que possuem fechamento por

    sobreposio tm percentuais de fluxo variando entre 30% e 50%, e os que tem

    fechamento por topo os percentuais de fluxo variam entre 18% e 33% dependendo

    do dimetro do arame tubular, porm apresentam a parede metlica da fita mais

    fina ofrecendo a vantagem de apresentar densidades de corrente maiores e

    portanto maiores taxas de deposio [38].

    Figura 10 Seces de arames tubulares [38].

    Com relao composio do fluxo interno os arames podem ser bsicos,

    rutlicos e com p metlico (metal cored). Os bsicos produzem soldas com

    excelentes propriedades mecnicas e baixos teores de hidrognio, os rutlicos

    proporcionam uma soldagem "suave" e um cordo com excelente aspecto visual e

    os do tipo metal cored, que possuem alto percentual de p de ferro em sua

    composio, proporcionam altas taxas de deposio e rendimento [41].

    Os arames tubulares so praticamente imunes umidade e no requerem

    nenhum tipo especial de armazenamento, este um fator especialmente

    importante na soldagem no campo, onde o controle da umidade no lugar onde se

    realiza a solda uma tarefa difcil. Soldas produzidas com arames tubulares

    tirados diretamente do pacote possuem menor quantidade de hidrognio que os

    eletrodos revestidos, mesmo que armazenados cuidadosamente.

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  • 43

    2.7.3. Funes dos componentes do fluxo

    A composio do fluxo pode ser variada dependendo das aplicaes

    especificas, de uma forma geral as funes dos componentes do fluxo so:

    Desoxidante e formador de nitretos como o nitrognio e o oxignio podem causar porosidade e fragilidade, so adicionados desoxidantes

    como o mangans e o silcio. No caso de arames tubulares

    autoprotegidos, so adicionados formadores de nitretos como o

    alumnio. Ambos auxiliam na purificao do metal de solda.

    Formadores de escria compostos formadores de escria como xidos de clcio, potssio, silcio, ou sdio, so adicionados para

    proteger a poa de fuso da atmosfera. A escria ajuda a melhorar o

    perfil do cordo de solda, e escrias de rpida solidificao ajudam a

    suportar a poa de fuso na soldagem fora de posio. A escria tambm

    reduz a taxa de resfriamento, ao especialmente importante quando se

    soldam aos de baixa liga.

    Estabilizadores do arco elementos como o potssio e o sdio auxiliam na obteno de um arco suave e reduzem a quantidade de

    respingos.

    Elementos de liga elementos de liga como o molibdnio, cromo, carbono, mangans, nquel e vandio so empregados para aumentar a

    resistncia, ductilidade, dureza e a tenacidade.

    Geradores de gases minerais como a fluorita e o calcrio so normalmente usados para formar uma atmosfera protetora nos arames

    tubulares autoprotegidos [40].

    2.7.4. Modos de transferncia na soldagem com arame tubular

    Neste processo, o fluxo fica localizado no interior da parte metlica do

    arame. Sendo a parte metlica responsvel pela conduo da maior parte da

    corrente eltrica at o arco, o qual ocorre externamente ao fluxo. Deste modo, as

    condies para a fuso do fluxo so menos favorveis do que em outros processos

    (eletrodo revestido e arco submerso).

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  • 44

    Arames com o ncleo de p metlico e que contm muito poucas adies

    no metlicas (metal cored), comportam-se de forma similar aos arames no

    tubulares. Contudo a presena, de adies capazes de estabilizar o arco,

    possibilitam a operao com transferncia no repulsiva com eletrodo negativo.

    Arames tubulares rutlicos operam normalmente a altas correntes com uma

    transferncia spray projetada no axial. Arames tubulares bsicos operam com a

    transferncia globular no axial para correntes elevadas e curto circuito para

    menores correntes. Nos arames tubulares auto-protegidos, as transferncias por

    curto circuito e globular repelida so tpicas. Na figura 11, apresenta-se de modo

    esquemtico as formas de transferncia tpicas para cada tipo de arame tubular [31].

    Figura 11 Formas tpicas de transferncia na soldagem com arames tubulares.

    Arames: (a) metal cored (b) rutlico, (c) bsico e (d) auto-protegido [31].

    2.7.5. Parmetros de soldagem do processo FCAW

    A seguir so apresentados os principais parmetros de soldagem

    empregando arame tubular.

    2.7.5.1. Corrente de soldagem

    A corrente de soldagem proporcional a velocidade de alimentao do

    arame para um determinado dimetro, composio e extenso do eletrodo. Se as

    outras variveis forem mantidas constantes, para um determinado dimetro de

    eletrodo, o aumento da corrente de soldagem ir provocar: aumento da taxa de

    deposio do eletrodo, aumento da penetrao e um cordo de solda convexo com

    aparncia ruim para aumentos excessivos de corrente.

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  • 45

    Tm-se tambm registros da influncia da corrente, na quantidade de

    hidrognio depositado num cordo de solda com arame tubular, como o

    comprovaram De Souza Costa e Bracarense [42], eles determinaram que quanto

    maior a corrente, maior o teor de hidrognio difusvel no metal de solda

    depositado ocorrendo numa taxa de aproximadamente 70%, ou seja, a cada

    aumento de 100% na corrente de soldagem, ocorrer um aumento em torno de

    70% no teor de hidrognio no metal de solda.

    Por outro lado, uma corrente insuficiente ir produzir transferncia do tipo

    spray, respingos excessivos e porosidade no metal solda devido a absoro de

    hidrognio (quando soldado com arame tubular autoprotegido).

    Para uma velocidade de alimentao fixa, a corrente vai variar em funo do

    comprimento do eletrodo, aumentado a extenso do eletrodo, a corrente de

    soldagem tende a diminuir e vice-versa.

    2.7.5.2. Tenso de soldagem

    A tenso do arco e o seu comprimento esto diretamente relacionados. A

    aparncia, penetrao e propriedades do cordo de solda obtido atravs do

    processo FCAW podem ser afetadas pela tenso do arco. Altas tenses

    (comprimento de arco maior) podem resultar em respingos excessivos e contorno

    irregular do cordo de solda.

    Em eletrodos autoprotegidos, o aumento da tenso pode provocar aumento

    na absoro de hidrognio, em eletrodos de ao baixo carbono podem causar

    porosidade. Tenses baixas (arco menor) resultaro em uma superfcie estreita,

    excesso de respingos e reduo de penetrao.

    Em muitas aplicaes, uma boa forma do cordo de solda obtida pelo uso

    de tenses de arco elevadas sem causar porosidade [41].

    2.7.5.3. Extenso do eletrodo

    Chamado tambm de stickout descreve a distncia entre o bico de contato

    da tocha e a pea. Um aumento na extenso do eletrodo tende a aumentar a

    temperatura do eletrodo devido ao efeito Joule. A temperatura do eletrodo afetar

    a taxa de deposio e a penetrao. Alm disso, um aumento da extenso do

    eletrodo vai diminuir a corrente de soldagem e vice-versa.

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  • 46

    Uma extenso menor do eletrodo permite obter uma maior penetrao do

    que com uma extenso maior. Os fabricantes recomendam a extenso de 19 a 38

    mm para eletrodos com proteo gasosa e 19 a 95 mm com eletrodos

    autoprotegidos, dependendo da aplicao [41].

    2.7.5.4. Vazo do gs de proteo

    Na soldagem com proteo gasosa, a vazo do gs uma varivel que afeta

    diretamente na qualidade do metal depositado. Vazo inadequada propiciar

    pouca proteo da poa de fuso e conseqentemente ocorrncia de poros e

    oxidao. Vazo excessiva de gs resultar em turbulncia e aumento do metal

    depositado.

    A escolha correta da vazo do gs depender do tipo e dimetro do bocal da

    tocha, distncia do bocal at a pea de trabalho e correntes de ar durante a

    soldagem.

    2.7.5.5. Velocidade de alimentao do arame

    Se as outras variveis mencionadas foram mantidas constantes,

    incrementando a velocidade de alimentao do arame, ir provocar que tambm se

    incremente o metal fundido e, porm a taxa de deposio.

    Uma velocidade excessiva de alimentao do arame produz cordes

    convexos que resultam em aparncia de baixa qualidade e perda do metal de

    solda, j uma baixa velocidade de alimentao do arame ir promover o tipo de

    transferncia globular e pouca penetrao [41].

    2.7.5.6. Velocidade de soldagem

    A velocidade de soldagem influencia na penetrao e contorno do cordo,

    para altas velocidades de soldagem a penetrao baixa. Excessivas velocidades

    de soldagem incrementam a convexidade do cordo de solda e causa bordas

    irregulares.

    Baixas velocidades e altas correntes podem resultar na ocorrncia de

    incluses de escria e fuso do metal de base. Murta et al [43] fizeram um estudo

    em arames tubulares com proteo gasosa e mostraram que a velocidade de fuso

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  • 47

    funo da corrente de soldagem, porm a taxa de deposio tambm tem a

    mesma influencia com respeito corrente, como mostrado na figura 12.

    Figura 12 Efeito da Corrente de Soldagem na Velocidade de soldagem e na Taxa de

    Deposio empregando FCAW-G (100%CO2) [43].

    Nas consideraes anteriores se faz referncia taxa de deposio e a

    eficincia, mas precisso observar que estas variveis mostram duas coisas

    distintas: a taxa de deposio a quantidade de eletrodo (em peso) depositado por

    unidade de tempo e depende de parmetros de soldagem como: dimetro do

    eletrodo, composio, extenso do eletrodo e corrente de soldagem. No entanto a

    eficincia a quantidade de metal depositado por quantidade de eletrodo

    consumido.

    2.8. Processo de soldagem FCAW auto-protegido

    Neste processo a proteo obtida pelos ingredientes que compem o fluxo,

    que se vaporizam e se deslocam para escria que cobre a poa para proteg-la

    durante a soldagem.

    O arame tubular emerge de um tubo guia eletricamente isolado e o contato

    eltrico fica mais distante da extremidade do arame. Este tipo de processo

    conhecido pelos seguintes nomes:

    FCAW-S, self-shielded flux cored arc welding, arame tubular autoprotegido (ANSI/AWS A3.0).

    Soldagem por arco com arame tubular sem proteo gasosa (UNE-EM ISSO 4063).

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  • 48

    Os arames tubulares autoprotegidos utilizam uma maior extenso de

    eletrodo (stick-out) do que os arames tubulares com proteo gasosa. Essa

    extenso varia de 19 a 95 mm, dependendo da aplicao. Aumentando a extenso

    do eletrodo se aumenta a resistncia passagem de corrente por efeito Joule, este

    preaqueciendo o eletrodo e diminuindo a tenso requerida do arco. Em alguns

    casos a corrente de soldagem diminui e reduz o calor disponvel para fundir o

    metal de base, resultando assim uma solda estreita e rasa. Grandes extenses de

    eletrodos no podem ser igualmente aplicadas para os mtodos de proteo a gs,

    por causa de efeitos desfavorveis na proteo [44].

    Normalmente, o processo com eletrodo autoprotegido usado para

    trabalhos em campo, porque eles permitem trabalhar com correntes de ar mais

    intensas. Na figura 13 apresenta-se o esquema do processo de soldagem FCAW-S.

    Figura 13 Soldagem com arame tubular autoprotegido [39].

    As caractersticas de desenvolvimento deste processo incluem tambm

    caractersticas operacionais tais como a posio de soldagem, taxa de deposio,

    penetrao, camada de escria e respingos. A capacidade para soldar fora de

    posio influenciada pelo tamanho da gota, volume de escria, dimetro do

    eletrodo e tipo de corrente.

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  • 49

    Todos os arames tubulares autoprotegidos so capazes de realizar soldagem

    na posio plana com uma alta taxa de deposio, obtendo-se soldas com muito

    mais produtividade. Os dimetros de 1,6 mm e 2,0 mm so os mais comuns para a

    soldagem fora de posio, embora o dimetro de 2,4 mm possa ser empregado em

    alguns casos. Extenses de eletrodo entre 12,5 mm e 25 mm so as recomendadas

    para esses arames. A composio do fluxo e a capacidade de transporte de

    corrente do arame tm influncia na taxa de deposio. A camada de escoria

    depende do fluxo do arame. O tipo de escoria produzida pode ser quebradia e

    porosa ou densa e slida protegendo ao metal fundido dos contaminantes

    atmosfricos no processo de solidificao.

    Os eletrodos autoprotegidos que produzem um baixo volume de escria so

    apropriados para soldagem vertical e sobre-cabea; tambm so ideais para a

    soldagem de alta velocidade em chapas de ao onde a escria pode ser facilmente

    removida. A quantidade de respingos e o tamanho deles variam com as

    caractersticas do arco; os eletrodos que tm uma transferncia tipo spray

    produzem respingos mais finos que aqueles que tm transferncia globular.As

    caractersticas do arco eltrico no processo FCAW autoprotegido, so as

    principais responsveis pela penetrao, algumas variaes do tipo de corrente e o

    stick-out tambm podem afetar a penetrao.

    2.8.1. Equipamento utilizado na soldagem FCAW autoprotegido

    Para a soldagem com arame tubular autoprotegido pode-se utilizar o

    equipamento de solda GMAW j que ambos processos so similares, uma

    diferena no caso do processo FCAW autoprotegido destaca-se a ausncia do gs

    de proteo.

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  • 50

    Figura 14 Equipamento para a soldagem com arame tubular [39].

    O equipamento utilizado geralmente est composto conforme mostrado na

    figura 14. O equipamento para a soldagem FCAW-G (com proteo gasosa)

    similar, s que neste caso precisa de um gs protetor.

    Algumas consideraes a serem feitas na operao e na seleo do

    equipamento para a soldagem FCAW autoprotegido so:

    Fontes de energia com corrente continua e tenso constante, so utilizadas geralmente para a soldagem semi-automtica FCAW e utiliza correntes

    menores do que 600A. Equipamentos com ciclo de trabalho de no mnimo

    60%, atendem perfeitamente a maioria das aplicaes e processos semi-

    automaticos.

    O alimentador do arame pode estar localizado perto da tocha quando soldamos com um processo automtico ou pode estar um pouco mais afastado quando se

    solda com um processo semi-automatico.

    Pistola de soldagem pode ser de dois tipos: para soldagem automtica e semi-automatica. Estas pistolas carregam o bocal por onde sai o arame, e que tem

    influncia direta na extenso do eletrodo, na figura 15 apresenta-se um bocal

    utilizado no processo de soldagem FCAW autoprotegido [41].

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  • 51

    Figura 15 Detalhe de um bico utilizado na soldagem com arame tubular autoprotegido [41].

    2.8.2. Aplicaes da soldagem FCAW - autoprotegido

    As principais aplicaes dos arames tubulares autoprotegidos so para

    revestimento e recuperao de peas onde se desejam ligas com propriedades

    especiais como resistncia ao desgaste. Este tipo de aplicao economicamente

    interessante, pois aumenta significativamente a vida til de peas alm de permitir

    sua recuperao quando desgastadas. Indstrias de construo pesada,

    mineradoras e usinas de cana de acar so hoje os maiores clientes deste tipo de

    aplicao.

    Este tipo de processo tambm utilizado para soldar aos carbono de baixa

    liga, e aos inoxidveis na construo de vasos de presso e tubulaes para a

    indstria qumica, petrolfera e de gerao de energia. A soldagem robotizada

    utilizando arames tubulares do tipo "metal cored" tambm um exemplo de

    aplicao desenvolvida recentemente.

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  • 52

    2.9. Defeitos comuns na soldagem

    A seguir sero mostrados alguns problemas que so ocasionados durante e

    aps a soldagem de dutos, mostrando tambm as possveis solues para estes

    impasses.

    2.9.1. Trincamento a frio induzido pelo hidrognio

    A fissurao por hidrognio, ou trinca a frio, so descontinuidades que

    ocorrem algum tempo aps a soldagem, o que a torna extremamente crtica, sendo

    ainda mais perigoso do que a trinca a quente, pois depende de procedimentos

    especiais, como por exemplo, inspeo com ensaios no destrutivos (END) 48

    horas aps a execuo da soldagem. Este tipo de defeito coloca a integridade de

    peas, equipamentos e estruturas em risco de fratura catastrfica. s vezes o

    aparecimento destas trincas pode demorar levando alguns dias aps a soldagem

    para surgir, e podem possuir tamanhos abaixo do limite de deteco dos ensaios

    no destrutivos adequados. Segundo Da Silva e Paranhos [45], as trincas a frio ou

    fissurao a frio, normalmente aparecem na ZTA, podendo tambm ocorrer na

    linha de fuso, sendo conseqncia da ao simultnea de quatro fatores:

    Presena de Hidrognio dissolvido no metal fundido. Tenses residuais associadas soldagem. Microestruturas frgeis. Temperaturas abaixo de 150 C. As principais fontes de hidrognio em cordes depositados com arames

    tubulares so: umidade e compostos hidrogenados presentes no fluxo, presena de

    resduos, lubrificantes na superfcie do arame e condies atmosfricas imprprias

    durante a soldagem. O hidrognio quimicamente ligado se dissocia em hidrognio

    atmico sob a ao do calor do arco, o metal de solda fundido tem a capacidade de

    dissolver o hidrognio atmico; no entanto, logo que o metal de solda se

    solidifica, perde sua capacidade de manter o hidrognio em soluo, e este

    expelido para a atmosfera ou se difunde para fora da regio do metal de solda e

    atinge a ZTA que uma rea importante na soldagem, especialmente nos aos de

    alta resistncia.

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  • 53

    A ZTA a regio da solda que no se funde durante a soldagem, porm

    sofre mudanas microestruturais resultantes do calor induzido pela soldagem.

    Essa regio pode se tornar um elo fraco em uma junta soldada que, em condies

    normais, seria suficientemente resistente. Primeiramente, a estrutura granular da

    ZTA no to refinada e, portanto, mais fraca que o metal de base circunvizinho

    ou que o metal de solda com estrutura bruta de fuso. Em segundo lugar, se a

    ZTA se resfriar muito rapidamente em determinados aos, pode-se formar

    martensita. Giraldo e Chaves [46] indicam quando ocorre a transformao

    martenstica da austenita enriquecida com hidrognio se idealizam as condies

    para a formao de trincas a frio na ZTA de juntas soldadas em aos ferriticos.

    Os aos carbono e os de mais baixa resistncia possuem plasticidade

    suficiente para acomodar as tenses internas resultantes da presso do hidrognio

    de forma que no causem trincas no ao. Por outro lado, aos que possuam alta

    dureza e alta resistncia no apresentam plasticidade suficiente para acomodar as

    tenses, e se houver muito hidrognio pode ocorrer fissurao.

    As medidas para prevenir este tipo de defeitos so:

    Manter os consumveis guardados em lugares adequados e secos nos ajudar ter uma atmosfera com menor teor de hidrognio possvel.

    Evitar a formao de microestruturas frgeis, utilizando um preaquecimento.

    Tentar promover a soldagem com o menor grau de restrio possvel, para evitar a ocorrncia de tenses residuais elevadas, pois estas

    promovem deformaes plsticas do material, que por sua vez

    aumentam o numero de discordncias, que so responsveis pelo

    transporte do hidrognio. 2.9.2. Fissurao a quente

    A fissurao a quente se produz quando o cordo de solda ainda esta numa

    faixa de temperatura prxima temperatura de solidificao do metal fundido ou

    ligeiramente por abaixo desta. A fissurao a quente est associada a mudanas de

    volume durante a solidificao devido contrao que experimenta o metal

    fundido durante a solidificao. Mas a fissurao a quente no esta s associada a

    trocas de volume, tem sido demostrado que estes fenmenos esto ligados com a

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  • 54

    segregao (acumulao) de determinados elementos presentes no ao em

    algumas regies do metal solidificado, assim quando o metal passa do estado

    liquido para slido, alguns tomos so expulsos da rede cristalina para outra

    regio que pode admiti-los, e para a zona do metal que ainda est no estado

    liquido, isto permite que as interfaces metal-lquido se enriqueam de impurezas

    (principalmente P e S), ou outros elementos (Ni, B, As, Sn, Ta e Cu), durante a

    solidificao produzindo regies mais ricas em determinados elementos que

    outras, como conseqncia as transformaes e a solidificao heterognea ocorre

    no cordo de solda [47]. De todos esses elementos que favorecem a fissurao a

    quente o S o mais perigoso, porque pode formar o composto Fe2S que funde a

    988C. Uma forma de controlar a quantidade de S no ao adicionando Mn,

    precisso uma relao Mn/S = 20 para inibir a fissurao a quente [48]. A fissurao

    a quente do tipo intergranular, onde a fissura se propaga pelos contornos de

    gros e pode ter uma orientao longitudinal ou transversal ao cordo de solda.

    Para evitar que se produza este tipo de problema deve-se restringir o

    contedo de impurezas especialmente P e S, tanto no metal de base como no metal

    de solda. O procedimento de soldagem (tipo de corrente e a velocidade de

    soldagem) no formato do cordo de solda, obtendo cordes mais grossos e menos

    profundos ajuda a evitar este tipo de defeito.

    2.9.3. Falta de penetrao

    Resulta de uma tcnica de soldagem inadequada; soldagem rpida,

    preparao inadequada da junta ou do material, corrente muito baixa, e eletrodo

    com dimetro grande demais [49].

    Na soldagem com arame tubular este defeito devido utilizao de

    corrente muito baixa, extenso do eletrodo muito longa para a corrente aplicada e

    velocidade de soldagem inconsistente ou incorreta. Para solucionar estes

    problemas devemos aumentar a corrente, verificar a extenso do eletrodo e ajustar

    a velocidade de soldagem para adequ-la penetrao.

    2.9.4. Porosidade

    De um modo geral causada pelo emprego de tcnicas incorretas (grande

    comprimento do arco ou alta velocidade de soldagem), pela utilizao de metal de

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    base sem limpeza adequada ou por eletrodo mido. A porosidade agrupada ocorre,

    s vezes, na abertura e fechamento do arco. A tcnica de soldagem com um

    pequeno passe na direo inversa, logo aps comear a operao de soldagem,

    permite ao soldador refundir a rea de incio do passe, liberando o gs deste e

    evitando assim este tipo de descontinuidade. Um estudo feito por Wei et al [50],

    para avaliar a sensibilidade de formao de poros utilizando FCAW-S, concluiu

    que a formao de poros est relacionada com o contedo de oxignio e

    nitrognio sendo que a adio de alumnio e elementos terras raras ao fluxo do

    arame podem reduzir a formao destes poros no metal de solda.

    2.9.5. Incluses de escria

    So provocadas pela manipulao inadequada do eletrodo e pela limpeza

    deficiente entre passes. um problema previsvel, no caso de projeto inadequado

    no que se refere ao acesso junta a ser soldada ou mesmo com pequenos ngulos

    de bisel. Na soldagem com arame tubular as incluses de escria esto

    relacionadas com uma alta velocidade de soldagem [38].

    2.9.6. Falta de fuso

    Resulta de uma tcnica de soldagem inadequada; soldagem rpida,

    preparao inadequada da junta ou do material, corrente muito baixa.

    Na soldagem com arame tubular a falta de fuso esta ligada transferncia

    por curto-circuito, ou pode ser devida m manipulao da tocha, para resolver

    isso deve-se verificar as especificaes recomendadas pelo fabricante [49].

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