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7/26/2019 Processos de Criao Coletivos em meio a cultura amparados pela moda
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Processos de criao coletivos em meio cultura amparados pela moda1
Luciane Panisson
O ponto inicial dos questionamentos que me levaram a este estudo, se
deu no ano de 2009, quando assisti como aluna especial uma disciplina de
Criatividade e Cognio, no programa de mestrado em Multimeios e Artes da
Unicamp
!aquele momento, pude compreender v"rios aspectos relacionados ao
ato criador, desmisti#icado de sua g$nese divina, com %ase em autores como
Lu%art e &tenem%erg
'epois de o%servar as trans#orma(es da "rea de moda nos )ltimos *
anos em que #ui pro#essora, %uscava naquele momento, uma #orma de pensar
a criao em moda, mais adequada a este indiv+duo que est" sendo moldado
neste inicio de sculo- questionador, multire#erencial e por isso multicultural e
acima de tudo, mais criativo
Com %ase em estudos reali.ados so%re comportamento de consumo e
ao longo dos poucos anos de doc$ncia e das orienta(es de /CC que reali.ei,
pude perce%er, que de nada adiantaria ensinar aos alunos de moda todos os
passos de uma metodologia de desenvolvimento de produtos, se os
consumidores do #uturo, no quisessem mais tanta diversidade de produtos
assim
Por isso %usquei compreender como se dava este processo criativo,
tentando %uscar possi%ilidades de ensin"lo aos alunos, #uturos designers
'urante aquele semestre, c1eguei a algumas conclus(es que 1oe me
parecem o%vias, so%re a criao de produtos de moda- em primeiro lugar, a
relao custo %ene#+cio vai ser levada 3 m"4ima potencia pelo consumidor do
#uturo, por isso no adiantaria criar uma variedade de produtos to vasta e ao
mesmo tempo to #uga. 'esta mesma maneira, os indiv+duos %uscariam
1Trabalho apresentado a disciplina de Teorias dos Processos de Criao prof.
Ceclia Salles
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adquirir produtos mais dur"veis e com isso, a esttica das peas deveria
%uscar ser mais atemporal poss+vel para que #osse usada por mais tempo
Min1a terceira o%servao partiu da e4peri$ncia do tra%al1o #inal da
disciplina, quando tive que o%servar o processo de criao de um artista,pesquisando assim todo o percurso para a reali.ao de sua o%ra
A artista escol1ida, L)cia 5onseca, ento atual coordenadora do
departamento de Artes da Unicamp, desenvolve suas o%ras como uma mescla
de desen1o e pintura so%re a super#+cie do papel, que no c1ega a se
classi#icar especi#icamente nem como gravuras, nem desen1os ou pinturas
Ap6s a o%servao de seu tra%al1o, que no possui documentos deprocesso, pois ele mesmo se constitui em o%ra, reali.ei uma entrevista com a
artista para e4trair desta conversa, elementos que pudessem caracteri.ar seu
processo criativo e #oi nesse instante que meu ol1ar se a%riu so%re a criao
em moda
Primeiro, porque a partir do tra%al1o dela, pude compor uma lin1a de
racioc+nio 7que digase de passagem, pode no ser e4clusivamente min1a8,
so%re como devem ser os processos de criao em moda no #uturo- sempre
complementares A partir da criao de uma coleo, creio que as marcas
devero seguir por um per+odo de tempo maior seus questionamentos ticos e
estticos, a #im de desen1ar produtos que seam adquiridos de #orma
complementar ao longo do tempo Pensamento que ulgo mais apropriado ao
per#il de consumo que veo que est" se delimitando ao longo dos anos
A segunda desco%erta e talve. mais importante ten1a sido a
recomendao da artista, para que eu %uscasse sa%er mais a respeito da o%ra
como um processo criativo, amparando este entendimento nas pesquisas da
pro#essora 'ra Cec+lia &alles, que #alavam so%re o inaca%amento das o%ras e
das rela(es esta%elecidas entre as o%ras, que #ormam o proeto potico do
artista
A partir desse momento, %usquei sa%er mais a respeito do que era sua
lin1a de pesquisa no programa de Mestrado da PUC&P, Processos de Criaonas M+dias, e como estava desenvolvendo seu racioc+nio para compreender a
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criao art+stica 'esta maneira, c1eguei at seus estudos so%re Cr+tica de
Processo e tam%m, me apro4imei da semi6tica
'urante meu primeiro semestre de ingresso no programa, estive
convicta de que iria pesquisar os processos de criao na moda, poisrealmente, podemos ter uma multiplicidade de interpreta(es que permitem
identi#icar os processos criativos nesta "rea, a partir de suas rela(es com o
conceito semi6tico de criao
!ele, a o%ra que surge como resultado do tra%al1o do artista, no di"logo
entre seu lado sens+vel e intelectual 7&ALL&, 20028 est" sempre em
processo, sem um comeo e sem um #im claramente de#inidos
A a%ordagem semi6tica que &alles utili.a para compreender a criao
art+stica, nos permite c1egar a alguns pontos de partida para se #a.er esta
leitura dos processos de criao de moda
O primeiro passo a compreenso do gesto criador como um
movimento com tend$ncia :/end$ncia esta que age com um rumo vago que
direciona o processo de construo das o%ras; 7&ALL&, 2002, p8
ste movimento, por sua ve. demonstra um percurso de criao como
um emaran1ado de a(es que em um ol1ar ao longo do tempo, dei4am
transparecer repeti(es signi#icativas e a partir delas, podese esta%elecer
algumas rela(es so%re o #a.er criativo 7&ALL&, 20
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O acaso por sua ve., mostra que o percurso deste processo #al+vel, no
qual se admite a possi%ilidade do acaso e do erro e assim a o%ra incorpora os
desvios
!este am%iente vago e impreciso, est" a idia de regresso eprogresso in#initas do signo, ou sea, no 1" g$nese da criao como tam%m
no 1" um #im, tendo em vista que um ponto de parada neste processo
cont+nuo, tam%m um novo ponto de partida 7&ALL&, 20028
Por conseq?$ncia desta sucesso de signos, perce%ese o percurso
criativo pelo ponto de vista de sua continuidade, e assim, criase uma rede de
opera(es marcada pela sua dinamicidade, #le4i%ilidade, no #i4ide.,
mo%ilidade, plasticidade, inaca%amento, no linearidade e elementos de
interao 7&ALL&, 200=8
O conceito de rede surge a partir do momento em que todos estes
elementos de 1i%ridi.am, e em um am%iente onde no se pode determinar seu
comeo e seu #im Assim podese pensar em uma nova o%ra presente dentro
de um processo anterior, que mesmo sendo retomada em momento posterior,
" est" intimamente ligada a ele como possi%ilidades de o%ras O que 5errer7apud &ALL&, 200=8 c1ama de orientao dupla da g$nese- os movimentos
prospectivo e retroativo
Assim, :o processo de criao com o au4+lio da semi6tica pierceana,
pode ser descrito como um movimento #al+vel com tend$ncias, sustentado pela
l6gica da incerte.a, englo%ando a interveno do acaso e a%rindo espao para
a introduo de idias novas Um processo no qual no se consegue
determinar um ponto inicial, nem #inal; 7&ALL&, 20
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!ela, o artista criador no pode ser o%servado isoladamente, mas como
um sueito que no possui um livre pensamento, mas est" intimamente
incrustado em um tempo e espao que limitam sua cognio e conduta
7&ALL&, 200=8
ste indiv+duo por sua ve., deve ser analisado como um sueito
intercultural 7CA!CL!, 200B8, que interage com uma tur%ul$ncia de
in#orma(es e trans#orma(es culturais e que no pode ser visto isoladamente
:ste sueito no uma es#era privada, mas um agentecomunicativo distingu+vel, porm no separ"vel deoutros, pois sua identidade constitu+da pelas rela(escom os outrosD no s6 um poss+vel mem%ro de umacomunidade, mas a pessoa como sueito tem a pr6pria
#orma de uma comunidade; 7COLAP/EO apud&ALL&, 200=, p
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5oi interessante o%servar que tanto Pol1emus, quanto Morace,
compartil1avam a idia de que individuos criativos esto surgindo com cada
ve. mais #requ$ncia em meio 3s trans#orma(es culturais, tal qual destacava
Canclini ainda, todos eles usavam uma de#inio de autoria muito
semel1ante 3quela da Cr+tica de Processo-
:o conceito de autoria surge e4atamente na interaoentre o artista e os outros uma autoria distingu+vel,porm no separ"vel dos di"logos com o outroD no setrata de uma autoria #ec1ada em um sueito, mas nodei4a de 1aver espao de distino &o% este ponto devista, a autoria de esta%elece nas rela(es, ou sea, nasintera(es que sustentam a rede, que vai se construindoao longo do processo de criao; 7&ALL&, 200=,p28
Um 1ori.onte de novos questionamentos #oram desencadeados deste
ol1ar, mas dois deles comearam a c1amar mais min1a ateno- seria o
usu"rio um criadorH &e #osse, como identi#icar um processo criativo a partir da
o%servao do usu"rioH
ste conceito de usu"rio criador partiu inicialmente da idia do
consumidor autor, aquele indiv+duo criativo que cria sua identidade a partir do
estilo de vestir, moldando os produtos que usa, sea pela modi#icao #+sicadeles, sea pela livre com%inao
Assim, a criao seria resultado de uma com%inao de peas do
vestu"rio e acess6rios que comp(em o estilo de cada um e representam
visualmente suas aspira(es e estilo de vida 'esta maneira poss+vel
o%servar o usu"rio como um criador, a partir da o%servao de Mic1el de
Certeu que aponta os processos de utili.ao como produo secund"ria de
um %em-
:A presena e a circulao de uma representao7ensinada como o c6digo da promoo s6cioeconImicapor pregadores, por educadores ou por vulgari.adores8no indicam de modo algum o que ela para seususu"rios ainda necess"rio analisar a sua manipulaopelos praticantes que no a #a%ricam &6 ento que sepode apreciar a di#erena ou a semel1ana entre aproduo da imagem e a produo secund"ria que seesconde nos processos de sua utili.ao; 7CE/AU,
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Mas se por um lado, #oi poss+vel compreender este usu"rio como
criador, no de produtos, mas de mensagens e estilos a partir da sua utili.ao,
por outro, o%servar seu processo de criao determinou que teriam que ser
#eitas escol1as de min1a parte- ou eu iria pesquisar o processo criativo
individual, #a.endo o registro destes estilos ao longo do tempo e detectando os
n6s de interao que determinariam a #ormao de sua identidade como uma
rede, ou eu o%servaria v"rios indiv+duos dentro de uma cultura, a partir de seus
atos criativos
sta segunda opo indicou, que a analise de sueitos distintos, no
apontaria para o entendimento de uma criao individual do estilo pr6prio, mas
para um processo criativo coletivo que se d" em meio 3 cultura, pois se por umlado, poderiam ser identi#icados nestes traes, os acasos criativos, a a%duo,
os desvios e uma in#inidade de outros pontos destacados pela critica de
processo, por outro, a leitura das tend$ncias #ormadas a partir dos atos
criativos individuais, apontava, no somente conclus(es so%re a moda e o
gosto de cada um, mas so%re como est" se dando a pr6pria criao na cultura,
o%servada so% a perspectiva da moda
K" no estaria mais analisando o processo que origina uma o%ra, porque
no o%servaria a criao individual, mas ao ol1ar para a coletividade,
compreenderia uma o%ra que processo, ustamente pela sua :mo%ilidade,
metamor#ose e permanente inaca%amento; 7&ALL&, 200=, p
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Primeiramente, porque com o au4ilio delas, no se #a. necess"rio o uso
de entrevistas a estes usu"rios, e com isso, podero ser evitados quaisquer
#ormas de cont"gio so%re as analises #eitas dos traes, como o con1ecimento
das re#er$ncias pessoais, cultura de moda, entre outros
depois, porque a partir delas tornase mais #"cil a o%servao dos
elementos presentes no estilo, que se relacionam entre si, #ormando uma rede
invis+vel que permeia o estilo de diversos indiv+duos, e aqueles acasos e
desvios que no possuem aparente pro4imidade e que se apresentam como
um movimento de traduo intersemi6tica, ou sea, uma transcodi#icao de
di#erentes linguagens 7&ALL&, 200=, p8
em%ora este estudo estea apenas em sua #ase inicial, " possui
algumas conclus(es poss+veis- amparada na Critica de Processo poss+vel
entender tam%m os processos criativos coletivos em meio cultural, a #ormao
do estilo pessoal e consequentemente a moda podem servir como o%eto de
estudo dos processos criativos culturais e principalmente- se #a. cada ve. mais
necess"rio compreender a criao secund"ria #eita pelos indiv+duos a partir das
mensagens que assimilam e dos produtos que usam
Acreditando que, somente a partir da+, os designers e empresas do
#uturo podero e#etivamente, tal qual Morace 720098 descreve, tornarse
la%orat6rios de propostas de novos movimentos culturais para cidados
artistas; capa.es de reela%or"las, penso que o estudo destes processos
criativos coletivos serviro para a compreenso das #ormas de criar, dos modos
de pensar e principalmente do se relacionar dos indiv+duos com os produtos do
#uturo
Referncias
CA!CL!, !stor @arc+a Quin habla y em qu lugar su!eitos simulados e
interculturalidad in Eevista studos de literatura %rasileira contempornea N &ueito e
spao &ocial, n22, ras+lia, Kul1oQ'e.em%ro de 200B
CE/AU, Mic1el de " inveno do cotidiano # artes do fa$er%
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MOEAC, 5rancesco 7org8 5uture Concept La% &onsumo "utoral% &o
Paulo- stao das Letras e Cores, 2009
POLSMU&, /ed 'treet 'tyle from 'de(al) to &at(al)%Londres- /1ames
T Sudson,