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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI ERECHIM DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS GUILHERME DE SOUZA HASSEMER PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO (P(3HB)) POR Bacillus megaterium ATCC 14581 EMPREGANDO COPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA ERECHIM, RS 2021

PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

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Page 1: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES URI ERECHIM

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE ALIMENTOS

GUILHERME DE SOUZA HASSEMER

PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO

(P(3HB)) POR Bacillus megaterium ATCC 14581 EMPREGANDO

COPRODUTOS DA AGROINDÚSTRIA

ERECHIM, RS

2021

Page 2: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

GUILHERME DE SOUZA HASSEMER

PRODUÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO (P(3HB)) POR Bacillus

megaterium ATCC 14581 EMPREGANDO COPRODUTOS DA

AGROINDÚSTRIA E RECUPERAÇÃO DO POLÍMERO VIA TECNOLOGIA

SUPERCRÍTICA

Tese apresenta como quesito parcial

à obtenção do grau de Doutor, pelo

curso de Pós-Graduação em

Engenharia de Alimentos da

Universidade Regional Integrada do

Alto Uruguai e das Missões – Campus

Erechim.

Orientadores: Profª. Drª. Eunice Valduga

Prof. Dr. Alexander Junges

ERECHIM-RS

2021

Page 3: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

H355p Hassemer, Guilherme de Souza

Produção e recuperação de polihidroxibutirato (P(3HB)) por Bacillus megaterim

ATCC 14581 empregando coprodutos da agroindústria / Guilherme de Souza

Hassemer. - 2021.

136 f.

Tese (doutorado) – Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das

Missões, Erechim, 2021.

“Orientação: Profa Dra Eunice Valduga; Prof. Dr. Alexander Junges.”

1. Materiais plásticos 2. Biopolímero 3. Recuperação / tecnologia 4. Fermentação

I. Título

C.D.U.: 664

Catalogação na fonte: bibliotecária Sandra Milbrath CRB 10/1278

Page 4: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

GUILHERME DE SOUZA HASSEMER

PRODUÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO (P(3HB)) POR Bacillus

megaterium ATCC 14581 EMPREGANDO COPRODUTOS DA

AGROINDÚSTRIA E RECUPERAÇÃO DO POLÍMERO VIA TECNOLOGIA

SUPERCRÍTICA

Tese apresenta como quesito parcial

à obtenção do grau de Doutor, pelo

curso de Pós-Graduação em

Engenharia de Alimentos da

Universidade Regional Integrada do

Alto Uruguai e das Missões – Campus

Erechim.

Erechim, 04 de março de 2021.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________

Profª. Drª. Eunice Valduga

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

_________________________________________

Prof. Dr. Alexander Junges

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

_________________________________________

Prof. Dr. Yen-Han Lin

University of Saskatchewan

_________________________________________

Profª. Drª. Jamile Zeni

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

_________________________________________

Drª. Rosicler Colet

Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões

_________________________________________

Prof. Dr. Elton Franceschi

Universidade Tiradentes

_________________________________________

Profª. Drª. Helen Treichel

Universidade Federal da Fronteira Sul

Page 5: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Dedico ao meu pai Gerson, à

minha mãe Maria e à minha irmã

Gabriella, por todo o apoio, incentivo

e amor incondicional.

Page 6: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por me dar perseverança, por servir como âncora

mesmo quando surgiam sentimentos de incapacidade e de desistência. Por

permitir que eu superasse todos os desafios e por me abençoar com a coragem

necessária.

Aos meus pais, pelo total apoio emocional e financeiro, pelo carinho,

preocupação e por todos os sacrifícios que fizeram por mim, desde o início desta

jornada. Por sempre estarem lá durante as dificuldades e por compreenderem

os momentos de ausência e irritabilidade. Pelo amor e doação.

Aos meus orientadores, Eunice Valduga e Alexander Junges, que me

ampararam com seus conhecimentos e os compartilharam da forma mais

genuína, guiando meus passos nesta jornada.

À Ilizandra Aparecida Fernandes e Rosicler Colet, pelo trabalho conjunto

e importantíssima participação na realização das análises e organização dos

resultados deste estudo.

À Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, por

conceder bolsa de estudos e permitir que me dedicasse a ele de forma exclusiva,

alcançando meu objetivo.

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, por

ter oportunizado doutorado sanduíche, permitindo que aprendesse com outros

profissionais e que reconhecesse ainda mais os esforços dos brasileiros na

pesquisa científica.

Ao doutor Yen-Han Lin, por ter me recebido na universidade de

Saskatchewan, abrindo meus olhos para outras realidades, e à Raíza de Almeida

Mesquita, que dividiu seu tempo comigo no Brasil e no Canadá, estendendo a

mão quando precisei, me fazendo companhia e proporcionando momentos de

descontração.

Page 7: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

“To these memories I will hold With your blessing I will go

To turn at last to paths that lead home

And though where the road then takes me

I cannot tell We came all this way

But now comes the day To bid you farewell”

(Billy Boyd)

Page 8: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Resumo

O emprego de materiais plásticos na substituição de papeis e vidro tornou-se uma base da sociedade moderna. Uma possível alternativa no combate ao acúmulo de plástico e seus resíduos é a produção de biopolímeros como os polihidroxialcanoatos (PHAs). Entre os PHAs, poli(3-hidroxibutirato) (P(3HB)) é um dos mais estudados, devido à sua aplicabilidade em uma grande gama de processos variados. Bacillus megaterium é uma bactéria produtora de P(3HB) que pode utilizar grande variedade de fontes de carbono para sintetizar P(3HB) e demonstra grande resistência à pressão osmótica e temperatura. A produção de P(3HB) ainda é dispendiosa, portanto, associar a utilização de materiais de baixo custo na sua produção possibilitaria reduzir os custos do processo e favorecer sua aplicação em larga escala. Há poucos estudos que consideram a utilização de subprodutos como água residual de confeitaria (EIB), água de cozimento arroz (APA) e água de maceração de milho (AMM) e sua viabilidade na produção de PHAs, entretanto, dados indicam que tais insumos podem ser empregados com sucesso como meios de cultura para microrganismos. A fim de testar esta hipótese, B. megaterium ATCC 14581 foi cultivado em frascos agitados e em biorreator sob diferentes condições de agitação e aeração, utilizando meio mineral adicionado de EIB, APA e AMM. Testes iniciais envolvendo o uso potencial de dióxido de carbono (CO2) supercrítico na obtenção de partículas de P(3HB) também foram realizados. O potencial de oxirredução (POR) e seu impacto sobre as culturas foi testado no laboratório de rotas metabólicas do departamento de engenharia química e biológica da Universidade de Saskatchewan (Saskatoon, SK, Canadá). Em condições maximizadas, pode-se obter 7,55 g·L-1 de biomassa total, contendo 50,07 % de P(3HB) (3,78 g·L-1). Parâmetros cinéticos foram avaliados em relação às culturas, obtendo-se maior produtividade (0,146 g·L·h-1) após 20 h de cultivo. Os resultados obtidos através dos testes sustentam a possibilidade de que EIB e APA podem ser utilizados como meio de cultura na produção de P(3HB). Os perfis de POR influenciam grandemente no metabolismo celular, podendo ser ferramentas úteis no controle e intensificação da produção de P(3HB) em diferentes condições de fermentação. Considerando a recuperação do polímero sob tecnologia supercrítica, dados preliminares indicam que tal sistema apresenta grande potencial na produção/recuperação de P(3HB), mas não de forma individual, devendo ser associado ao uso de co-solventes ou tratamento prévio, a fim de danificar adequadamente as membranas celulares, permitindo que os grânulos de P(3HB) sejam extraídos. Palavras-chave: polihidroxibutirato, biopolímero, fermentação, subprodutos, recuperação/tecnologia supercrítica.

Page 9: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Abstract

Plastics' use to replace materials such as paper and glass has become a staple

of modern society. Possible alternatives to combat plastic accumulation are

biopolymers' production, such as polyhydroxyalkanoates (PHAs), which tend to

be the most studied. Among the PHAs, poly(3-hydroxybutyrate) (P(3HB)) is one

of the most studied due to its applicability in a wide range of different processes.

Bacillus megaterium is a P(3HB) producing bacterium which can utilize a wide

range of carbon sources to synthesize P(3HB) and displays high resistance to

osmotic pressure and temperature. P(3HB) production is still expensive. As such,

the use of low-cost material could reduce the process's overall cost and improve

its large-scale application potential. There are few studies regarding the viability

of confectionery wastewater (EIB), rice parboiling water (APA), and corn steep

water (AMM) in PHA production. However, data suggests they might be

successfully used as culture media for microorganisms. To test this hypothesis,

cultures of B. megaterium ATCC 14581 were conducted in shake flasks and

bioreactor batches with different agitation and airflow conditions using mineral

medium added with EIB, APA, and AMM. The impact of oxygen redox potential

(POR) on the cultures was tested at the Metabolic Pathways Laboratory at the

Department of Chemical and Biological Engineering at the University of

Saskatchewan (Saskatoon, SK, Canada). Furthermore, preliminary tests

regarding the potential use of supercritical carbon dioxide (CO2) to recover

P(3HB) particles were also performed. Under maximized conditions, it was

possible to obtain 7.55 g·L-1 of dry cell biomass, with 50.07% P(3HB) content

(3.78 g·L-1). Kinetic parameters of the maximized culture were also assessed,

with the highest productivity (0.146 g·L·h-1) being found after 20 h of culture.

Results found in the tests indicate that EIB and APA can be used as culture media

in P(3HB) production; however, further studies are necessary to optimize the

process thoroughly, as well as to find alternatives to reduce the amount of

residual total organic carbon (COT) found at the end of the cultures. POR profiles

played a large role in cell metabolism, indicating that they may be a useful tool to

control and increase the P(3HB) production under different fermentation

conditions. Regarding polymer via supercritical technology, preliminary data

indicates that the system has the potential to be applied to P(3HB) recovery, but

not on its own, requiring either the use of co-solvents or preliminary treatment to

successfully damage the cell's membrane and allow for P(3HB) granules to be

extracted.

Keywords: Polyhydroxybutyrate, Biopolymer, Fermentation, Agroindustry

Byproducts, Supercritical Recovery.

Page 10: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Lista de Figuras

Figura 1 – Classificação de polímeros quanto à biodegradabilidade e forma

obtenção ......................................................................................................... 24

Figura 2 – Morfologia do grânulo de P(3HB) ................................................... 28

Figura 3 – Esquema de rotas metabólicas para a produção de PHAs de cadeia

curta ................................................................................................................ 29

Figura 4 – Esquema do metabolismo para produção de PHAs de cadeia média

........................................................................................................................ 29

Figura 5 – Estrutura química do polihidroxibutirato ......................................... 33

Figura 6 – Grânulos de P(3HB) em B. megaterium após 4 h (a), 12 h (b) e 21 h

(c). As setas indicam fraturas na parede celular devido ao tamanho dos grânulos

de P(3HB) ....................................................................................................... 33

Figura 7 – Comparação morfológica entre células de B. megaterium (amarelas)

e Escherichia coli (laranjas) ............................................................................ 37

Figura 8 – Coprodutos agroindustriais utilizados na produção do biopolímero 53

Figura 9 – Separação de fases de diferentes amostras. Controle negativo (A),

amostras com células (B e C) ......................................................................... 62

Figura 10 – Diagrama do sistema de extração por fluído supercrítico ............. 63

Figura 11 – Comportamento de B. megaterium após 96 h de cultivo em meio

sintético ........................................................................................................... 68

Figura 12 – Comportamento de B. megaterium em termos de pH (A),

concentração do biopolímero, biomassa e consumo de substratos (B) após 36 h

de cultivo em meio mineral acrescido de sacarose e fonte de nitrogênio ........ 69

Figura 13 – Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total após 28 h de

cultivo para planejamento DCCR 23 utilizando coprodutos brutos (planejamento

1) .................................................................................................................... 72

Figura 14 – Diagrama de Pareto com o efeito estimado (valor absoluto) dos

diferentes coprodutos agroindustriais em relação a massa seca (A), pH (B),

P(3HB) (C) e P(3HB) % (D) (Planejamento 1) ................................................. 75

Figura 15 – Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total após 28 h de

cultivo para planejamento DCCR 22 utilizando coprodutos tratados

(planejamento 2) ............................................................................................. 76

Figura 16 – Diagrama de Pareto com o efeito estimado (valor absoluto) dos

diferentes coprodutos agroindustriais em relação a massa seca (A), pH (B),

P(3HB) (C) e P(3HB) % (D) (Planejamento 2) ................................................. 80

Figura 17 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) (B) em meio de cultura composto por EIB (60 %) e APA

(40 %) em frascos agitados ............................................................................. 83

Figura 18 – Produtividade global de P(3HB) ao longo da bioprodução em frascos

agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA

(40 %) (B) ....................................................................................................... 85

Figura 19 – Relação entre a produção de P(3HB) e a produção de células (YP/X)

ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio

composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B). ................................................... 87

Page 11: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Figura 20 – Evolução da velocidade específica de crescimento (µx) e da

produtividade em célula (Px) ao longo da bioprodução em frascos agitados com

meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B) ...... 88

Figura 21 – Fatores de conversão de COT e NT em produto ao longo da

bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto

por EIB (60 %) e APA (40 %) (B) .................................................................... 89

Figura 22 – Fatores de conversão de COT e NT em células ao longo da

bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto

por EIB (60 %) e APA (40 %) (B) .................................................................... 90

Figura 23 – Diagrama de Pareto com os efeitos estimados (valor absoluto) de

agitação e taxa de aeração para a proporção de P(3HB) em relação a massa

seca (planejamento 3). .................................................................................... 94

Figura 24 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a produção

de massa seca em função da agitação e taxa de aeração do sistema

(planejamento 3) ............................................................................................. 95

Figura 25 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a produção

de P(3HB) em função da agitação e taxa de aeração do sistema (planejamento

3) .................................................................................................................... 97

Figura 26 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) (B) sob condições maximizadas de produção em

biorreator batelada simples. ............................................................................ 99

Figura 27 – Produtividade global de P(3HB) ao longo da bioprodução em

biorreator batelada simples. ...........................................................................101

Figura 28 – Relação entre a produção de P(3HB) e a produção de células (YP/X)

ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples. .............................102

Figura 29 – Evolução da velocidade específica de crescimento (µx) e da

produtividade em célula (Px) ao longo da bioprodução em biorreator batelada

simples. ..........................................................................................................103

Figura 30 – Fatores de conversão de COT e NT em produto ao longo da

bioprodução em biorreator batelada simples ..................................................104

Figura 31 – Fatores de conversão de COT e NT em células ao longo da

bioprodução em biorreator batelada simples ..................................................105

Figura 32 – Cinética de crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de

substrato (COT e NT) e POR em biorreator batelada simples ........................108

Figura 33 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (0 mV POR)

.......................................................................................................................109

Figura 34 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (-20 mV

POR) ..............................................................................................................110

Figura 35 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (-40 mV

POR) ..............................................................................................................110

Figura 36 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo

de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (0 mV POR,

pH mínimo 7,0) ..............................................................................................112

Page 12: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Figura 37 – Recuperação cumulativa de P(3HB) durante o período de

recuperação por CO2 supercrítico utilizando etanol (A) e propanol (B) como co-

solventes ........................................................................................................114

Page 13: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Lista de Tabelas

Tabela 1 –Visão geral de algumas estratégias de produção e recuperação de

PHAs............................................................................................................... 32

Tabela 2 – Propriedades físico-químicas da água de parboilização de arroz .. 41

Tabela 3 – Composição do meio mineral e solução de micronutrientes .......... 51

Tabela 4 – Níveis das variáveis utilizadas no planejamento DCCR 23 para

produção de P(3HB) (planejamento 1) ............................................................ 55

Tabela 5 – Níveis das variáveis utilizadas DCCR 22 para produção de P(3HB)

(planejamento 2) ............................................................................................. 55

Tabela 6 – Níveis das variáveis independentes utilizadas no planejamento

fatorial 22 para produção de P(3HB) (planejamento 3) .................................... 56

Tabela 7 – Concentração de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (NT)

dos coprodutos agroindustriais ....................................................................... 65

Tabela 9 – Composição mineral (Ca, Cu, Fe, Na, Mg e Zn) dos coprodutos

agroindustriais ................................................................................................. 66

Tabela 10 – Matriz do planejamento DCCR 23 (valores reais e codificados) e

respostas em termos de massa seca, P(3HB) e pH (planejamento 1) ............ 73

Tabela 11 – Matriz do planejamento DCCR 22 (valores reais e codificados) e as

respostas em termos de massa seca, P(3HB) e pH (Planejamento 2) ............ 77

Tabela 12 – Concentração de biomassa e P(3HB) em cultivos do

planejamento DCCR 23 utilizando dois lotes de AMM tratada (Planejamento 2)

........................................................................................................................ 78

Tabela 13 – Concentração de massa seca e P(3HB) nos cultivos variando-se a

composição de EIB e APA suplementado com meio mineral .......................... 81

Tabela 14 – Concentração de massa seca, P(3HB) e pH para cultivos utilizando

diferentes proporções de EIB e APA ............................................................... 82

Tabela 15 – Máximos parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução

em frascos agitados com meio mineral e com meio composto por EIB (60 %) e

APA (40 %) ..................................................................................................... 92

Tabela 16 – Matriz do planejamento fatorial 22 (valores reais e codificados) -

planejamento 3 e as respostas em termos de massa seca e P(3HB). ............. 92

Tabela 23 – Concentração de massa seca e P(3HB) para cultivos em biorreator

a 500, 600 e 700 rpm ...................................................................................... 97

Tabela 24 – Máximos parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução

em biorreator batelada simples ......................................................................106

Tabela 18 - Recuperação de P(3HB) via extração por fluido supercrítico

utilizando etanol como co-solvente ................................................................113

Tabela 19 - Recuperação de P(3HB) via extração por fluido supercrítico

utilizando propanol como co-solvente ............................................................114

Tabela 20 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do

planejamento fatorial 22 em biorreator para massa seca (planejamento 3) ....135

Tabela 21 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para

massa seca (planejamento 3) ........................................................................135

Page 14: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Tabela 22 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do

planejamento fatorial 22 em biorreator para concentração de P(3HB)

(planejamento 3) ............................................................................................135

Tabela 23 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para

P(3HB) (planejamento 3) ...............................................................................135

Tabela 24 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do

planejamento fatorial 22 em biorreator para concentração de P(3HB) em função

da massa seca (planejamento 3) ...................................................................135

Tabela 25 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para

massa a P(3HB) em função da massa seca (planejamento 3) .......................136

Tabela 26 – Respostas para massa seca, P(3HB) e pH para cultivos utilizando

diferentes proporções de EIB e APA ..............................................................136

Tabela 27 – Análise de variância (ANOVA) sem efeitos não significativos para a

concentração de massa seca (planejamento 3) .............................................137

Tabela 28 – Análise de variância (ANOVA) sem efeitos não significativos para a

concentração de P(3HB) (planejamento 3) ....................................................137

Tabela 29 – Análise de variância (ANOVA) para a concentração de P(3HB) em

função da massa seca (planejamento 3) ........................................................137

Page 15: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

Lista de Abreviações

3-HP Ácido hidroxipropiônico

3HA-CoAs 3-hidroxiacil-CoAs

3HB-CoA (R)-3-hidroxibutiril coenzima A

a Área da interface líquido-gás

Acetil-CoA Acetil coenzima A

AMM Água de maceração de milho

APA Água de parboilização de arroz

C Concentração de O2 no meio de cultura

C* Solubilidade de O2 no meio de cultura

Co-A Coenzima A

𝑑𝐶

𝑑𝑡 Taxa de acúmulo de oxigênio na fase líquida

DO Oxigênio dissolvido

EIB Efluente da indústria de balas e confeitos

HA-CoAs Hidroxiacil-CoAs

kL Coeficiente de transferência de massa na fase líquida

kL, s-1 Transferência de massa da fase líquida

kLa Coeficiente volumétrico de transferência de massa

P(3HB)-co-P(3HV) Polihidroxibutirato-co-valerato

P(3HV) Polihidroxivalerato

PGA Ácido poliglicólico

PhaC PHA sintase

PLA Ácido polilático

TTO Taxa de transferência de oxigênio

rx Velocidade de crescimento de células

rn Velocidade de consumo de nitrogênio

rc Velocidade de consumo de carbono orgânico

rp Velocidade de produção de P(3HB)

YP/C Fator de conversão de carbono orgânico global em

P(3HB)

YP/N Fator de conversão de nitrogênio global em P(3HB)

Page 16: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

YX/C Fator de conversão de carbono orgânico global em

células

YX/N Fator de conversão de nitrogênio global em células

YP/X Relação entre a produção de P(3HB) e a produção de

células global

Page 17: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

XVII

Sumário

1 Introdução .............................................................................................. 19

2 Objetivos ................................................................................................ 22

3 Revisão Bibliográfica ............................................................................. 23

3.1 Polímeros naturais .............................................................................. 23

3.2 Polímeros biodegradáveis .................................................................. 25

3.2.1 Polihidroxialcanoatos ............................................................... 27

3.2.2 Polihidroxibutirato ..................................................................... 33

3.2.3 Bacillus megaterium na produção de P(3HB) .......................... 36

3.3 Uso de coprodutos da indústria de alimentos na síntese de PHAs ..... 39

3.4 Efeitos do oxigênio em sistemas fermentativos .................................. 41

3.4.1 Controle de POR via energia externa ....................................... 42

3.4.2 Controle de POR por via química ............................................. 43

3.4.3 Controle de POR por aspersão de gases ................................. 43

3.4.4 POR e oxigênio dissolvido ........................................................ 44

3.4.5 Efeitos do oxigênio o cultivo de Bacillus sp. .......................... 44

3.5 Recuperação de biopolímeros ............................................................ 46

3.5.1 Digestão celular ......................................................................... 46

3.5.2 Extração por solvente ............................................................... 46

3.5.3 Tratamento enzimático .............................................................. 47

3.5.4 Tratamento ácido ....................................................................... 47

3.5.5 Ação mecânica .......................................................................... 48

3.5.6 Tecnologia supercrítica ............................................................ 48

3.5.7 Tecnologia de ultrassom........................................................... 49

3.6 Considerações finais sobre o estado da arte ...................................... 49

4 Material e Métodos ................................................................................. 51

4.1 Micro-organismo ................................................................................. 51

4.2 Coprodutos Agroindustriais ................................................................ 51

4.3 Pré-tratamento dos coprodutos .......................................................... 52

4.4 Bioprodução de P(3HB) em frascos agitados ..................................... 53

4.4.1 Ativação do micro-organismo .................................................. 53

4.4.2 Elaboração do pré-inóculo para os diferentes meios de

cultura........................................................................................................53

4.4.3 Cultivo inicial em meio mineral ................................................ 54

Page 18: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

XVIII

4.4.4 Efeitos da composição do meio à base de coprodutos

agroindustriais na produção de P(3HB) ............................................... 54

4.4.5 Maximização da bioprodução ................................................... 55

4.5 Bioprodução de P(3HB) em biorreator batelada simples .................... 56

4.6 Parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução .................. 57

4.6.1 Velocidades instantâneas e específicas globais ..................... 57

4.6.2 Fatores de conversão global .................................................... 58

4.6.3 Produtividade global ................................................................. 59

4.7 Efeito do potencial de oxirredução na produção de P(3HB) ................ 59

4.8 Metodologia Analítica ......................................................................... 60

4.8.1 Densidade .................................................................................. 60

4.8.2 Carbono orgânico e nitrogênio total ........................................ 60

4.8.3 Minerais totais e componentes minerais ................................. 60

4.8.4 Biomassa total ........................................................................... 61

4.8.5 Recuperação de P(3HB) via extração química ........................ 61

4.8.6 Recuperação de P(3HB) por tecnologia supercrítica .............. 62

4.8.7 Quantificação de P(3HB) ........................................................... 63

4.9 Avaliação estatística dos resultados ................................................... 64

5 Resultados e Discussão ........................................................................ 65

5.1 Caracterização dos coprodutos agroindustriais .................................. 65

5.2 Produção P(3HB) em frascos agitados ............................................... 68

5.2.1 Cultivos com substratos sintéticos ......................................... 68

5.2.2 Cultivos com coprodutos agroindustriais ............................... 71

5.3 Parâmetros cinéticos da bioprodução em frascos agitados ................ 84

5.4 Produção de P(3HB) em biorreator batelada simples ......................... 92

5.5 Parâmetros cinéticos da bioprodução em biorreator batelada simples 100

5.6 Avaliação do Potencial Redox na produção de P(3HB) .....................107

5.7 Recuperação de P(3HB) via fluído supercrítico .................................113

6 Conclusão .............................................................................................117

7 Referências ...........................................................................................118

8 Apêndice I ..............................................................................................135

Page 19: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

19

1 Introdução

O emprego de polímeros derivados do petróleo para substituir

embalagens mais frágeis, como as de vidro e de papel, está extremamente

difundido atualmente. Indústrias, principalmente do ramo alimentício, detém a

maior porcentagem de utilização de embalagens plásticas, em virtude do custo

acessível, da resistência do material e da baixa interação com o produto

armazenado. Embora seja um recurso prático e barato, a problemática

envolvendo sua reutilização, reciclagem ou descarte deve ser considerada, visto

que o plástico não é facilmente decomposto e as principais vias de tratamento

destes descartes são a incineração e a reciclagem, que apresentam limitações

(ANJUM et al., 2016; LUYT; MALIK, 2019).

A incineração, libera compostos tóxicos na atmosfera, reduzindo a

qualidade do ar e contribuindo para o aumento do efeito estufa. A reciclagem,

embora seja a melhor alternativa, perde eficiência devido à dificuldade em se

classificar diferentes materiais, tornando o processo laborioso e limitado. Ainda,

o emprego de plásticos reciclados é muito restrito, uma vez que a incorporação

de corantes e coberturas no processo inicial de produção reduzem sua

empregabilidade (KHANNA; SRIVASTAVA, 2005; FERNANDES, 2013;

PAKALAPATI et al., 2018).

Dito isso, a produção de biopolímeros torna-se uma aliada capaz de

reduzir o impacto ambiental. Grande parte destes materiais são biodegradáveis

e podem ser classificados em três grupos principais: os parcialmente

biodegradáveis, produzidos com a adição de amido, sendo que, após o

descarte, o amido será rapidamente degradado por micro-organismos, porém

sua fração plástica permanecerá no ambiente; os fotobiodegradáveis, que

recebem aditivos sensíveis à radiação ultravioleta, tornando a embalagem

quebradiça quando exposta à luz solar por longos períodos, porém não induzem

quebra na cadeia polimérica, proporcionando apenas a fragmentação em

partículas menores e; os completamente biodegradáveis, que são capazes de

sofrer rupturas nas ligações entre as unidades monoméricas, principalmente

através da ação de micro-organismos e enzimas, garantindo a completa

degradação (KHANNA; SRIVASTAVA, 2005; MUTIARA et al., 2014;

PAKALAPATI et al., 2018).

Page 20: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

20

Dentre os biopolímeros mais estudados estão os

polihidroxialcanoatos - PHAs. Os PHAs são poliésteres sintetizados por diversos

micro-organismos onde sua função principal é agir como reserva de energia para

as células. Em certas espécies é necessário que as células sejam submetidas a

uma situação de estresse devido a limitação de certos nutrientes (nitrogênio,

fósforo, oxigênio e outros) e excesso de carbono. Em outros casos, a síntese

dos PHAs ocorre ao longo do ciclo de crescimento das células (GRUMEZESCU;

HOLBAN, 2018; AL-BATTASHI; SIVAKUMAR, 2020).

Algumas das principais características que tornam os PHAs interessantes

são a sua completa biodegradabilidade por um grande número de bactérias

presentes no solo e na água, bem como, a semelhança de alguns PHAs com

diversos polímeros petroquímicos, como o polipropileno (muito utilizado na

indústria de alimentos) e alguns elastômeros (ISRANI; SHIVAKUMAR, 2013;

LIN; CHEN, 2017a; MOHAPATRA et al., 2017).

Dentre os PHAs, o polihidroxibutirato (P(3HB)) é um dos mais estudados,

uma vez que o mesmo é considerado um possível substituto de polímeros

petroquímicos em diversos setores industriais (PARK; CHOI; LEE, 2005).

Diversos gêneros de bactérias são capazes de produzir o P(3HB), contudo, um

dos gêneros com potencial de aplicação em larga escala são os Bacillus

(MOHAPATRA et al., 2017). Dentre os Bacillus, o Bacillus megaterium foi um

dos primeiros micro-organismos estudados na produção de P(3HB). Esta

espécie apresenta resistência a temperatura e pressão osmótica e é capaz de

utilizar diversos compostos como fonte de carbono, como sacarose, glicerol e

lactose (FACCIN, 2012; KUMAR et al., 2013; KAVITHA; RENGASAMY;

INBAKANDAN, 2017).

Na produção de P(3HB), tanto em escala industrial, quanto em escala

piloto e bancada, os substratos mais citados são melaços e xaropes,

principalmente derivados de cana-de-açúcar e beterraba (FACCIN et al., 2013;

WHITE; LAIRD; HUGHES, 2017; THOMAS; BALAKRISHNAN; SREEKALA,

2018).

Outro ponto ainda é o custo total de produção. Algo que tem sido muito

procurado é a utilização de coprodutos de processos industriais como matérias

primas. A utilização destes compostos se torna vantajoso para a indústria pois

Page 21: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

21

permite agregar valor à materiais que muitas vezes são descartados ou tratados

como efluentes (KOSSEVA; RUSBANDI, 2018; PAVAN et al., 2019).

No processamento de amido de milho, um dos coprodutos gerados é a

água de maceração de milho. Este composto é rico em vitaminas, aminoácidos

e minerais. Sua aplicação é restrita, sendo muito utilizada como ingrediente na

alimentação animal. Contudo, devido a sua composição nutricional existe a

possibilidade de utilização da mesma em processos biotecnológicos (ARAÚJO

et al., 2015; COLET et al., 2017).

Mais um processo que gera um grande volume de coprodutos é a

parboilização de arroz. O efluente deste processo é rico em fósforo e nitrogênio,

porém, até o momento ainda existem poucos estudos sobre a utilização destes

coprodutos na produção de PHAs, porém ambos apresentam potencial de

aplicação como substrato para o cultivo de micro-organismos (ARAÚJO et al.,

2015; MUKHERJEE et al., 2016).

Outro setor cujos coprodutos poderiam ser empregados na biotecnologia

é o de candies e balas. De modo geral, o setor possui grande diversidade de

produtos e processos, com aproximadamente 25 empresas atuando no Brasil

(ABICAB, 2018). Os principais coprodutos da indústria vêm na forma de

efluentes, ricos em açúcares, pigmentos e/ou gorduras, o que faz com que eles

possam causar impactos graves ao meio ambiente, caso sejam descartados sem

tratamento adequado. Entretanto, a alta demanda química e bioquímica de

oxigênio, em conjunto com o grande volume de efluente gerado torna, na maioria

das vezes, o tratamento dos efluentes um processo dispendioso (MAQBOOL et

al., 2017; PAPADAKI et al., 2018).

Além do meio de cultura e fontes de carbono empregadas na produção de

P(3HB), outro fator a ser considerado é a recuperação do biopolímero, já que o

mesmo permanece amazenado no interior das células bacterianas. Os métodos

mais comuns de extração focam na utilização de solventes orgânicos, como

clorofórmio e o éter de petróleo. Resíduos destes solventes podem permanecer

no polímero e migrarem, quando o mesmo estiver em contato com um alimento

ou pele (KESSLER et al., 2001; POSADA et al., 2011). Em função disso, técnicas

alternativas de extração como digestão celular via química, enzimática,

maceração e tecnologias em sistemas pressurizados vem sendo estudadas

Page 22: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

22

(KUNASUNDARI; SUDESH, 2011; DALY et al., 2018; KOSSEVA; RUSBANDI,

2018; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

Neste sentido, o estudo buscou avaliar o potencial de utilização de

coprodutos agroindustriais de baixo valor agregado e pouco utilizados para

produzir um biopolímero biodegradável em frascos agitados e em biorreator,

sendo que o biopolímero apresenta potencial de utilização na produção de

embalagens alimentícias, reduzindo assim o impacto ambiental causado pela

ação humana, tanto em relação ao acúmulo de resíduos plásticos quanto na

contaminação de corpos de água pelo despejo de efluentes que, mesmo tratados

previamente, podem impactar a qualidade dos mesmos.

2 Objetivos

O presente trabalho tem como objetivo geral produzir polihidroxibutirato

P(3HB) por Bacillus megaterium ATCC 14581 utilizando coprodutos da indústria

de alimentos e avaliar técnicas de recuperação do polímero.

Os objetivos podem ainda ser descritos de forma mais específica, com os

alvos do trabalho sendo:

• Avaliar os efeitos da composição do meio de cultura, a base de

coprodutos da indústria (água de maceração de milho, água de

parboilização de arroz e efluente líquido de indústria de candies)

na produção de P(3HB) em frascos agitados, empregando

metodologia de planejamento de experimentos;

• Avaliar a influência do pH na síntese de P(3HB) em biorreator;

• Maximizar a produção de P(3HB) em biorreator (batelada simples)

com diferentes taxas de aeração e agitação.

• Determinar os parâmetros cinéticos e estequiométricos da

produção em frasco agitados e biorreator;

• Determinar o potencial de extração de polímero do interior das

células empregando extração química e sistema pressurizado;

• Avaliar o efeito do potencial de oxirredução sobre a produção de

P(3HB).

Page 23: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

23

3 Revisão Bibliográfica

O polihidroxibutirato (P3HB) é um composto descoberto inicialmente na

década de 1970, sendo que diversos estudos foram realizados com o objetivo

de determinar suas características e possíveis aplicações. Assim, para melhor

compreender as características relacionadas a síntese e obtenção do P3HB é

necessário definir certos tópicos. Neste item serão abordados aspectos gerais

dos polímeros naturais, polímeros biodegradáveis, principais produtores e

substratos, formas de extração e recuperação

3.1 Polímeros naturais

Os polímeros estão entre os compostos mais abundantes no planeta,

sendo encontrados em animais, plantas e micro-organismos. A síntese dos

polímeros é realizada por reações de polimerização que ocorrem no interior das

células (FLIEGER et al., 2003).

Como estes compostos são de origem orgânica, os mesmos podem ser

degradados completamente por organismos vivos, sendo que a degradação dos

polímeros naturais ocorre, sobretudo, devido a ação de enzimas que rompem as

ligações da cadeia polimérica e libera os monômeros que são então utilizados

pelas células para realizar suas funções metabólicas gerando, água e CO2,

dentre outros compostos (FLIEGER et al., 2003; KLEMM et al., 2005).

Segundo Luvizetto (2007), os polímeros naturais podem ser distribuídos

dentro de oito grupos principais:

1. Ácidos nucleicos (Ex.: DNA & RNA);

2. Poliamidas (Ex.: proteínas);

3. Polissacarídeos (Ex.: amido, celulose);

4. Poliésteres orgânicos (Ex.: polihidroxialcanoatos);

5. Politioésteres (Ex.: polimercaptopropionato);

6. Poliésteres inorgânicos (Ex.: polifosfatos);

7. Poliisoprenóides (Ex.: borracha);

8. Polifenóis (Ex.: lignina).

Page 24: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

24

Através do uso de processos tecnológicos, já é possível produzir diversos

polímeros que antes eram obtidos apenas de fontes não renováveis. A Figura 1

apresenta alguns dos polímeros mais comumente utilizados na indústria de

acordo com suas formas de obtenção e biodegradabilidade.

Figura 1 – Classificação de polímeros quanto à biodegradabilidade e forma obtenção (SHEN; HAUFE; PATEL, 2009).

Nos polímeros derivados de fontes naturais tem-se ainda as poliamidas,

popularmente conhecidas como nylon. As poliamidas são polímeros resistentes

e de alto valor agregado. Existe um grande interesse em encontrar fontes

renováveis para a produção de poliamidas. Nylon-11, por exemplo, pode ser

obtido através do óleo de rícino e Nylon-4 pode ser sintetizado a partir de

glutamato monossódico, o que pode permitir que micro-organismos

recombinantes sejam capazes de gerar materiais precursores para a produção

Page 25: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

25

destes polímeros. Outro dos monômeros que podem ser obtidos de fontes

renováveis é o ácido 3-hiroxipropiônico (3-HP), que pode então ser polimerizado,

produzindo poli(3-HP) (um poliéster) ou então desidratado gerando ácido

acrílico, que, após polimerizado, dá origem ao ácido poliacrílico, um composto

utilizado na produção de tintas. (MITTAL, 2011; SUN, 2013).

Outro polímero muito utilizado é a borracha sintética (um copolímero

formado por isobutileno e isopreno) que pode ser produzida por processos

bioquímicos através de Escherichia coli recombinante (Genencor, USA),

utilizando genes de plantas que permitem a conversão de glicose em isopreno,

gerando mais de 60 g∙L-1 deste. O isobutileno, por outro lado, pode ser obtido

pela desidratação do isobutanol, que por sua vez é produto da fermentação de

amido e celulose. A utilizações destas formas de produção podem permitir a

obtenção de borracha sintética a partir de fontes naturais que pode então ser

empregada na indústria de pneus (MITTAL, 2011).

Embora, estes polímeros possam ser obtidos por fontes renováveis, os

mesmos não apresentam potencial biodegradável, o que significa que o impacto

ambiental, após o descarte, causado pelos mesmos se mantém inalterado

(HALLEY; DORGAN, 2011).

3.2 Polímeros biodegradáveis

Como mencionado anteriormente, os polímeros utilizados como plásticos

são tipicamente de origem fóssil. Suas estruturas não ocorrem naturalmente e,

em função disso, não são biodegradáveis. Através da compreensão da relação

entre a estrutura, propriedades dos polímeros e processos de degradação

biológica, novos materiais foram desenvolvidos. Estes materiais possuem as

propriedades e a capacidade de utilização similar aos plásticos, mas são

biodegradáveis (em diferentes graus) (KHANNA; SRIVASTAVA, 2005;

CHANPRATEEP, 2010).

Segundo o grau de biodegradabilidade, Khanna & Srivastava (2005) e

Pakalapati et al. (2018) apontam que os biopolímeros podem ser categorizados

em três grupos principais:

• Polímeros parcialmente biodegradáveis são polímeros produzidos

com a adição de amido. Este amido age como ligante, gerando uma

Page 26: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

26

mistura homogênea de polímero e amido. Após o descarte, o amido

é degradado por micro-organismos, porém o restante do composto

continuará presente no meio ambiente.

• Polímeros fotobiodegradáveis possuem aditivos que aumentam a

sensibilidade do material à radiação ultravioleta, tornando-o

quebradiço quando exposto a este tipo de radiação por períodos

prolongados. Porém, os polímeros fotobiodegradávies são apenas

fragmentados em partículas menores, não havendo quebra nas

ligações entre os monômeros que compõem o polímero.

• Polímeros completamente biodegradáveis: são aqueles capazes

de sofrer degradação completa, ou seja, ruptura das ligações entre

as unidades monoméricas pela ação de enzimas, usualmente

secretadas por micro-organismos.

No caso dos polímeros biodegradáveis completos, os micro-organismos

presentes no ambiente secretam enzimas, depolimerases, que rompem as

ligações entre os monômeros, permitindo a metabolização dos mesmos

(CHANPRATEEP, 2010; KHANNA; SRIVASTAVA, 2005; OMAR et al., 2001;

SRIDEWI; BHUBALAN; SUDESH, 2006; VERLINDEN et al., 2007).

Os polímeros biodegradáveis também tendem a apresentar pouca ou

nenhuma ramificação na cadeia, uma vez que a presença delas reduz a

quantidade de grupos terminais e a massa molecular do polímero. Isto também

faz com que o grau de polimerização e, em muitos casos, a cristalinidade sejam

baixos (CHAMY; ROSENKRANZ, 2013).

Os polímeros biodegradáveis ganharam espaço no mercado industrial,

com diversos investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento, visando

a produção em larga escala (SHEN; HAUFE; PATEL, 2009; MOŻEJKO-

CIESIELSKA; KIEWISZ, 2016; RODRIGUEZ-PEREZ et al., 2018). Os polímeros

biodegradáveis devem ser estáveis e duráveis o suficiente para possibilitar sua

utilização em uma aplicação específica, porém após o descarte a degradação

deve ser rápida (KUMAR, 2011; YEO et al., 2017). Como as ligações entre os

monômeros tendem a ser resistentes, o processo de degradação costuma se

iniciar pelos grupos terminais da cadeia polimérica (BASTIOLI, 2005). Contudo,

a taxa de degradação depende ainda do ambiente onde se encontra o polímero,

Page 27: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

27

uma vez que pH, a concentração de enzimas, a quantidade de água, entre outros

apresentam efeitos na degradação dos polímeros (RATNER et al., 2004).

Dentre os principais polímeros biodegradáveis com aplicação industrial,

podemos citar o ácido polilático (PLA), ácido poliglicólico (PGA), e os

polihidroxialcanoatos (PHAs) (MIDDLETON; TIPTON, 2000; TANG et al., 2016;

THOMAS; BALAKRISHNAN; SREEKALA, 2018).

3.2.1 Polihidroxialcanoatos

Dentre os polímeros biodegradáveis em destaque tem-se os

polihidroxialcanoatos (PHAs). Estes poliésteres são sintetizados por mais de 90

gêneros de micro-organismos e algumas plantas, em menores concentrações.

Mais de 150 tipos diferentes de monômeros já são conhecidos, possibilitando a

copolimerização destes em diferentes compostos, gerando assim uma grande

variedade de PHAs com diferentes propriedades mecânicas, possibilitando uma

maior utilização dos mesmos (ANDERSON; DAWES, 1990; HAZER;

STEINBÜCHEL, 2007).

Raza, Abid & Banat (2018) classificam os PHAs em três classes, PHAs de

cadeia longa, média e curta, de acordo com o número de átomos de carbono

presentes nas ramificações da cadeia. Os PHAs de cadeia curta possuem menos

de 5 carbonos; os de cadeia média possuem entre 5 a 14 carbonos; já os de

cadeia longa apresentam mais de 14 carbonos, porém são menos estudados por

serem encontrados mais raramente.

Além da biodegradabilidade, os PHAs também são atóxicos e

biocompatíveis com o corpo humano, podendo apresentar também

características termoplásticas ou elastoméricas, com pontos de fusão entre 40 a

180 ºC, de acordo com os monômeros utilizados (DOI; STEINBÜCHEL, 2002;

SRIDEWI; BHUBALAN; SUDESH, 2006; VERLINDEN et al., 2007).

No que se refere a obtenção dos PHAs, a forma mais comum é através

do uso de micro-organismos, sendo que as bactérias capazes de sintetizar PHAs

são separadas em dois grupos. O primeiro grupo necessita da limitação de algum

macronutriente (nitrogênio, oxigênio, etc.) e excesso de fontes de carbono para

que ocorra a síntese de PHAs (Ex.: Cupriavidus metallidurans e Pseudomonas

oleovorans). O segundo grupo engloba as bactérias capazes de sintetizar PHAs

Page 28: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

28

ao longo do seu ciclo de crescimento, sem que haja a necessidade de limitação

de nenhum nutriente (Ex.: Azohydromonas lata e Bacillus megaterium)

(MCCOOL et al., 1996; OMAR et al., 2001). Algo que se mantém, no entanto, é

a forma sob a qual os PHAs são armazenados. As células que acumulam PHAs

os mantém na forma de grânulos amorfos e inertes, de acordo com o modelo

apresentado na Figura 2 (BYROM, 1993; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

Figura 2 – Morfologia do grânulo de P(3HB) (ZINN; WITHOLT; EGLI, 2001).

Os processos metabólicos que dão origem aos PHAs variam também de

acordo com o micro-organismo. As Figuras 3 e 4 apresentam um esquema

resumido das principais rotas metabólicas para a síntese de PHAs.

PHAs

Proteínas

PHA polimerase

PHA depolimerase

Camada de fosfolipídios

Page 29: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

29

Figura 3 – Esquema de rotas metabólicas para a produção de PHAs de cadeia curta (ARAI, 2002).

Figura 4 – Esquema do metabolismo para produção de PHAs de cadeia média (ZHANG; CARLSON; SRIENC, 2006).

De acordo com as Figuras 3 e 4, a biossíntese dos PHAs ocorre em duas

etapas principais: a geração de hidroxiacil-CoAs (HA-CoAs) usando

hidroxiácidos graxos de cadeia curta e média, e vários metabólitos como

precursores e a polimerização das HA-CoAs em PHAs. As PHA sintases

Page 30: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

30

promovem a polimerização das HA-CoAs. Estas enzimas possuem uma grande

especificidade de substrato em relação a várias HA-CoAs, dentre as quais a 3-

hidroxiacil-CoAs (3HA-CoAs) são os substratos mais favoráveis, embora 4-, 5- e

6-hidrociacil-CoAs possam ser utilizadas como substratos. A enantioseletividade

dos monômeros de PHA é decorrente do fato de que as PHA sintases aceitam

apenas (R)-HA-CoAs na cadeia polimérica se um centro assimétrico existir no

monômero (PARK et al., 2012; KIM; OH, 2013; MOŻEJKO-CIESIELSKA;

KIEWISZ, 2016).

Existem ainda duas classificações principais para os PHAs. De acordo

com os hidroxiácidos graxos utilizados para sua produção, os PHAs são então

classificados como PHAs de cadeia curta (formados pela ação das PHA sintases

(PhaC) sobre hidroxiácidos graxos com 3 a 5 átomos de carbono) ou de cadeia

média (PhaCs utilizam hidroxiácidos graxos com 6 a 14 carbonos) (ARAI, 2002;

ZHANG; CARLSON; SRIENC, 2006). PHAs de cadeia curta e média são

formados por processos metabólicos diferentes.

A principal diferença entre as espécies de PHAs está em suas

propriedades físicas. Os PHAs de cadeia curta tendem a apresentar rigidez e

cristalinidade elevadas, tornando o material quebradiço e limitando sua utilização

na indústria de embalagens ou filmes. Já os PHAs de cadeia média apresentam

maior elasticidade, assemelhando-se a borracha e demais elastômeros. No caso

dos PHAs de cadeia curta, suas propriedades podem ser melhoradas através da

biossíntese de copolímeros, onde tem-se mistura de monômeros na cadeia de

PHA permitindo obtenção de polímeros com propriedades mecânicas diferentes

(ANDERSON; DAWES, 1990; HAZER; STEINBÜCHEL, 2007; PARK et al.,

2012).

Sob o ponto de vista ambiental os PHAs são uma alternativa muito

interessante para a reduzir a utilização de polímeros de origem petroquímica.

Todavia, é preciso garantir que o produto resultante apresente características

compatíveis com as necessidades dos segmentos da indústria para qual será

destinada sua utilização (PARK; CHOI; LEE, 2005). Sendo biodegradáveis faz

com que os mesmos sejam utilizados, sobretudo, para a produção de artefatos

descartáveis, filmes e fibras (HAZER; STEINBÜCHEL, 2007). Outro ponto de

grande interesse por parte da indústria é o fato de que os PHAs apresentam

Page 31: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

31

propriedades físicas muito similares às de vários polímeros derivados do

petróleo (polipropileno, por exemplo) o que torna possível a utilização de PHAs

em seu lugar (KHANNA; SRIVASTAVA, 2005). Raza, Abid & Banat (2018)

organizaram um compilado de estudos focados na produção de PHAs, sendo

que os dados podem ser vistos na Tabela 1.

Dentre os PHAs conhecidos, o polihidroxibutirato (P(3HB)) e o

polihidroxivalerato (P(3HV)) vem sendo muito estudados devido a suas

características favoráveis às aplicações industriais. Algo também muito comum

na indústria é a obtenção do copolímero polihidroxibutirato-co-valerato (P(3HB)-

co-P(3HV)), já utilizado como embalagens por algumas empresas (SHEN;

HAUFE; PATEL, 2009).

Page 32: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

32

Tabela 1 –Visão geral de algumas estratégias de produção e recuperação de PHAs (RAZA; ABID; BANAT, 2018, adaptado).

Fonte de carbono Cepa bacteriana Modo de

fermentação Comprimento

de cadeia Fator

limitante

Peso seco total

(g·L-1)

Taxa de acúmulo de

PHA

Forma de extração

Rendimento (g·L-1)

Octanoato Pseudomonas oleovorans ATCC 29347 Contínuo Média Carbono N/A 10,1 % N/A N/A

Hexadecano Pseudomonas aeruginosa ATCC 10145 Contínuo Média Nitrogênio 1,0 7,5 % N/A N/A

Decanoato

Pseudomonas aeruginosa IFO 3924

Batelada Média Nitrogênio

2,2 23,0 %

Solvente N/A Pseudomonas aeruginosa PAO 1 2,0 10,0 %

Pseudomonas aeruginosa IFO 3755 3,1 22,0 %

Pseudomonas aeruginosa IFO 14164 2,8 21,0 %

Resíduo de ácido oleico Pseudomonas aeruginosa 42A2 NCIB 40045 Batelada

Média Nitrogênio

3,2 54,6 % Solvente N/A

Resíduo de óleo de soja Curta N/A 66,1 %

Ácido tereptálico

Pseudomonas putida GO 16

Batelada Média Nitrogênio 1,0

27,0 %

N/A

0,25

Pseudomonas putida GO19 23,0 % 0,25

Pseudomonas frederiksbergensis GO23 24,0 % 0,27

Óleo de palma Pseudomonas aeruginosa IFO 3924 Batelada Média Nitrogênio 1,8 – 2,7 16,4 % Solvente 0,28 – 1,06

Glicerol comercial Resíduo de glicerol

Cupriavidius necator DSM 545 Batelada

alimentada Curta Nitrogênio N/A

62,0 % Solvente

51,20

52,0 % 38,10

Acetato Lodo ativado Batelada Curta Nitrogênio

N/A 37,0 %

Solvente N/A Fósforo 59,0 %

Resíduo de óleo de cozinha

Pseuomonas sp. PS1 Batelada N/A Nitrogênio N/A N/A Solvente

2,30

Pseudomonas sp. 2,70

Ácidos graxos Pseudomonas putida BET 001 Batelada Média Nitrogênio N/A 49,7 % – 68,9 %

Solvente 10,12 – 15,45

Glicose Bacillus cereus Batelada Curta N/A 3,4 49,7 % Solvente 1,19

Melaço de cana Bacillus megaterium Batelada N/A N/A 1,46 46,2 Solvente 0,67

Melaço de cana Bacillus megaterium BA-019 Batelada

alimentada N/A N/A 72,6 42,1 Solvente 30,5

Sacarose Bacillus megaterium DSMZ 32T Batelada N/A Oxigênio 3,4 – 6,0 39 % – 62 % Solvente 1,40 – 3,40

Melaço de cana Bacillus megaterium BA-019 Batelada N/A N/A 8,78 61,62 Solvente 5,41

Page 33: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

33

3.2.2 Polihidroxibutirato

O polihidroxibutirato (P(3HB)) é um dos principais representantes dos

PHAs. É um poliéster formado por diversos monômeros idênticos ligados um ao

outro (Figura 5). Este polímero apresenta uma densidade de 1,18 a 1,26 g·mL-1,

com ponto de fusão próximo a 175 ºC, com a transição vítrea ocorrendo na faixa

de -5,15 ºC a 14,85 ºC.

Figura 5 – Estrutura química do polihidroxibutirato (MEKONNEN et al., 2013).

O P(3HB) foi o primeiro PHA a ser descoberto, com os primeiros

registros ocorrendo próximo a 1888 com a visualização de inclusões de PHAs

no interior de células bacterianas (Figura 6), todavia, a real determinação do

P(3HB) ocorreu apenas em 1927 (VOLOVA, 2004; MOŻEJKO-CIESIELSKA;

KIEWISZ, 2016).

Figura 6 – Grânulos de P(3HB) em B. megaterium após 4 h (a), 12 h (b) e 21 h (c). As setas indicam fraturas na parede celular devido ao tamanho dos grânulos de P(3HB) (RODRÍGUEZ-CONTRERAS et al., 2013).

Em 1958 Macrae & Wilkinson desenvolveram um trabalho envolvendo

P(3HB), onde foi descoberto que culturas de Bacillus megaterium e Bacillus

cereus armazenavam grânulos de P(3HB) em meios contendo altas

concentrações de carbono e nitrogênio. Entretanto, conforme estes nutrientes

eram esgotados, os grânulos de P(3HB) eram consumidos pelas células,

Page 34: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

34

permitindo a caracterização do P(3HB) como reserva de energia (MOŻEJKO-

CIESIELSKA; KIEWISZ, 2016).

Em 1976, empresas inglesas investigavam uma forma rentável de

produzir e extrair P(3HB) de culturas bacterianas, utilizando açúcares de plantas.

Estes estudos demonstraram que além de ser possível produzir P(3HB) através

de materiais renováveis, algumas propriedades do P(3HB) se assemelhavam às

do polipropileno (SENIOR, 1984). A partir deste ponto, um dos principais focos

foi o processo biológico de síntese de P(3HB) (VOLOVA, 2004).

Como o P(3HB) é um composto que além de biodegradável é

biocompatível com o organismo humano, o mesmo encontrou grande demanda

na área biomédica, sendo utilizado na produção de suturas, curativos,

emplastros, pinos ortopédicos, tipoias, stents cardíacos, recuperadores de

cartilagem, guias nervosas, etc (CHEN; WU, 2005; MOŻEJKO-CIESIELSKA;

KIEWISZ, 2016). Além disso, o P(3HB) ainda apresenta potencial como agente

encapsulante e pode ser utilizado em sistemas de entrega de medicamentos ou

tratamentos terapêuticos a longo prazo (BONARTSEV et al., 2006; PILLAI et al.,

2017; THOMAS; BALAKRISHNAN; SREEKALA, 2018).

Na indústria de alimentos o foco na utilização do P(3HB) está voltado para

a produção de embalagens, trabalhando com parâmetros tais como a

transparência, maleabilidade e resistência e formas de melhorar estas

propriedades (usualmente blendagem com PLA ou copolimerização com

P(3HV)) (BUCCI; TAVARES; SELL, 2005, 2007; SIRACUSA et al., 2008;

ANSARI; FATMA, 2014). Alguns estudos vem sendo feitos ainda sobre a

possibilidade da utilização de blendas de P(3HB), geralmente com PLA como

filmes para produtos vegetais (ARRIETA et al., 2014). Contudo a produção

mundial de P(3HB) ainda continua restrita, sobretudo devido ao custo do

processo (PIOTROWSKI; CARUS; CARREZ, 2018; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

Para a produção de P(3HB) tanto em escala industrial quanto para fins de

pesquisa, os principais substratos utilizados como fontes de carbono são

açúcares e melaços, que apesar do bom rendimento aumentam o custo do

processo produtivo em função de seu alto valor. A literatura relata que o custo

do substrato para a produção de P(3HB) pode, chegar a 45 % do custo total do

Page 35: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

35

processo (LEE; CHOI; WONG, 1999; WU et al., 2002; FACCIN et al., 2011;

POSADA et al., 2011; NARANJO et al., 2013; KANJANACHUMPOL et al., 2013).

Em relação a biodegradabilidade dos artefatos produzidos com P(3HB),

Matavulj & Molitoris (2000) avaliaram o tempo necessário para que ocorra a

degradação do polímero Biopol, uma mistura comercial de P(3HB)-co-P(3HV). O

estudo teve a duração de 50 semanas, utilizando amostras de 3x1x0,1 cm em

11 ambientes diferentes (1-Rio Danúbio; 2-Margem do rio Daúbio; 3-Floresta; 4-

Campo; 5-Estufa com grama (húmida); 6-Flotador de estação de tratamento de

esgoto; 7-Tanque de aeração de estação de tratamento de esgoto; 8-Tanque

aeróbio de estação de tratamento de esgoto; 9-Tanque anaeróbio de estação de

tratamento de esgoto; 10-Caçamba de lixo; 11-Estufa húmida com composto).

As amostras foram avaliadas em intervalos de 5 semanas, sendo que os

ambientes 1, 2, 3, 4 e 9 apresentaram, após 50 semanas, uma redução de massa

de aproximadamente 30 %, 60 %, 11 %, 16 % e 16 %, respectivamente. Já a

amostra acondicionada no ambiente 11, apresentou uma degradação de mais

de 80 % em um período de 10 semanas.

Um estudo mais antigo, realizado por Jendrossek, Schirmer & Schlegel

(1996), também testou a taxa de degradação de P(3HB)-co-P(3HV), desta vez

utilizando garrafas (600 mL) e incubadas em tanque de lodo ativado aeróbio a

20 ºC por 10 semanas, com avaliação das amostras nos tempos de 0, 2, 4, 6, 8

e 10 semanas. Os autores concluíram que nas condições utilizadas, após o

período de 10 semanas houve uma redução de mais de 30 % do peso das

amostras, uma redução considerável se comparado com os dados encontrados

por Matavulj & Molitoris (2000) utilizaram um ambiente similar em seus testes.

Apesar destes resultados, ainda existe poucos estudos que focam nas

propriedades de degradação do P(3HB), principalmente pelo grande número de

variáveis que influenciam em sua taxa de degradação. Ainda assim, é possível

visualizar que o impacto ambiental causado pelo P(3HB) após o descarte é

infinitamente menor que o causado pelos polímeros clássicos (derivados de

petróleo) (FACCIN, 2012).

Page 36: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

36

3.2.2.1 Micro-organismos produtores de P(3HB)

A função principal do P(3HB) é a de agir como fonte de energia reserva,

sendo que ao serem consumidos, os grânulos de P(3HB) são convertidos em

ácido acetoacético ao longo de uma série de reações enzimáticas (BYROM,

1993; FACCIN, 2012). Enquanto no interior da célula, o P(3HB) se apresenta na

forma amorfa, contudo, após a extração a cristalinidade deste polímero pode

chegar a valores entre 60 a 80 % (KHANNA; SRIVASTAVA, 2005; YEO et al.,

2017).

Em algumas espécies de bactérias, a falta de nutrientes específicos e o

excesso de carbono faz com que a célula ative um caminho metabólico

específico, desviando as moléculas de acetil coenzima A (acetil-CoA) do ciclo

tricarboxílico para a produção de P(3HB), dando origem ao grânulo de PHA. Em

outras espécies, o ciclo tricarboxílico e a rota metabólica que dá origem aos

grânulos de P(3HB) são ativadas simultaneamente, através do desvio parcial das

moléculas de acetil-CoA para ambos os ciclos (CHANPRATEEP, 2010;

MOŻEJKO-CIESIELSKA; KIEWISZ, 2016; YEO et al., 2017).

Diversos tipos de micro-organismos são capazes de armazenar grânulos

de P(3HB), utilizando diferentes fontes de carbono e com variados níveis de

eficiência, contudo, os micro-organismos que mais recebem destaque na

produção comercial são Alcaligenes latus, Pseudomonas oleovorans,

Methylobacterium organophilum, dentre outras (LENZ; MARCHESSAULT, 2005;

KUNASUNDARI; SUDESH, 2011; MUTIARA et al., 2014; LIN; CHEN, 2017b).

3.2.3 Bacillus megaterium na produção de P(3HB)

O Bacillus megaterium é uma bactéria Gram-positiva, aeróbia estrita que

pode ser encontrada em diversos ambientes como o solo, água, sedimentos,

mel, pescados e alimentos desidratados (VOS et al., 2009). O B. megaterium é

também capaz de utilizar mais de 62 tipos de fontes de carbono, incluindo

glicose, lactose, frutose, maltose, trealose, glicerol, formatos e acetatos. Este

micro-organismo possui ainda resistência a temperatura e pressão osmótica

elevadas, permitindo sua utilização em diversos processos (PANDIAN et al.,

2010; LORENZINI et al., 2014; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

Page 37: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

37

As células de B. megaterium apresentam um comprimento próximo a

4 µm, com 1,5 µm de diâmetro, fazendo com que esta seja considerada uma das

maiores bactérias (VARY et al., 2007). A Figura 7 apresenta uma comparação

entre o tamanho das células de B. megaterium e de Escherichia coli.

Figura 7 – Comparação morfológica entre células de B. megaterium (amarelas) e Escherichia coli (laranjas) (BUNK et al., 2010).

O B. megaterium pode se desenvolver em substratos de baixo custo e não

produz endotoxinas. Além disso, ele não apresenta proteases alcalinas, que

podem vir a degradar os compostos formados ao longo do cultivo. O mesmo é

também muito utilizado na produção de proteínas para a indústria de panificação

(α- e β-amilases) e também é capaz de produzir penicilina amidase, composto

utilizado na síntese de novos antibióticos a base de β-lactama (PANBANGRED

et al., 2000).

Sobre a utilização do B. megaterium como produtor de P(3HB), existem

diversos trabalhos utilizando substratos distintos. Omar et al. (2001) por

exemplo, cultivaram uma cepa selvagem de B. megaterium, isolada do lodo de

uma estação de tratamento e cultivado em meio de sais minerais com 8 g·L-1 de

frutose e uma mistura de oxalato de amônio, nitrato de amônio, nitrato de sódio,

acetato de amônio e sulfato de amônio (0,5 g·L-1 cada).

O grupo testou também o comportamento da cepa no meio mineral

acrescido de xarope de tâmara. Os cultivos foram conduzidos tanto em frascos

agitados (150 rpm, 30 ºC e 48 h) e biorreator de 42 L (30 L de meio de sais com

Page 38: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

38

xarope). No biorreator, a cultura foi mantida por 24 h, utilizando uma faixa de

agitação de 100 a 300 rpm e uma vazão de ar de 0,9 vvm e pH mantido em 7,0.

Como resultados para a batelada em frascos agitados, os autores

anteriormente citados, encontraram aproximadamente 3,3 g·L-1 de biomassa

(52 % de P(3HB)) usando 5 % do xarope e 2,2 g·L-1 de biomassa (17 % de

P(3HB)) ao usar frutose como fonte de carbono. No biorreator, utilizou-se 2 % de

xarope, sendo que as culturas apresentaram 3,4 g·L-1 de biomassa nas primeiras

14 h (25 % de P(3HB)). Após este ponto, a quantidade de células foi reduzida,

provavelmente devido à esporulação. Passadas as 24 h, o grupo encontrou

aproximadamente 2,8 g·L-1 de biomassa, contendo um valor de P(3HB) próximo

a 17 %.

Por outro lado, Dhangdhariya et al. (2015) cultivaram, em estufa rotatória,

uma cepa marinha de B. megaterium (JK4h) em caldo Difco Sporulation Medium

(DSM), visando otimizar o meio de cultura para propiciar o maior acúmulo

possível de P(3HB). O grupo testou o efeito da suplementação do meio com

peptona, extrato de levedura e glicose em diferentes concentrações. Os

resultados indicaram que a suplementação do caldo DSM com 0,3 g·100 mL-1

de peptona, 0,075 g·100 mL-1 de extrato de levedura e 3 g·100 mL-1 de glicose

apresentaram um acúmulo de 0,6 g·L-1 de biomassa com uma concentração de

P(3HB) de 55,97 %.

Em outro estudo, Obruca et al. (2011) utilizaram soro de leite (40 g·L-1 de

lactose) com e sem a adição de meio mineral para cultivar B. megaterium CCM

2037 (150 rpm, 30 ºC e 50 h), sendo que ao adicionar o meio mineral ao soro, a

produção de P(3HB) foi aumentada quase 10 vezes. Aplicando metodologia de

planejamento de experimentos - Tipo Placket-Burman, verificaram que a

concentração de amônio, fósforo e magnésio não apresentaram influência

significativa (p>0,05) no acúmulo de biomassa ou P(3HB) e a pressão osmótica

foi um dos fatores de inibição do crescimento celular. Assim, o soro de leite foi

diluído para uma concentração de lactose de 20 g·L-1, gerando 2,51 g·L-1 de

biomassa com 31,4 % de P(3HB) (0,79 g·L-1) após 48 h de cultivo.

Os autores ressaltam a adição de peróxido de hidrogênio e etanol à

cultura como agentes promotores de estresse, recomendando a adição do

mesmo no início da fase estacionária (25 h de cultura). Os autores (OBRUCA et

Page 39: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

39

al. ,2011) constataram que a adição de etanol e peróxido aumentou o conteúdo

de P(3HB), ou seja, a adição de 1 % de etanol aumentou a quantidade de

polímero em 41 % em relação ao controle. A biomassa no cultivo controle foi de

2,82 g·L-1 e 37,5 % de polímero (1,05 g·L-1). No entanto, ao adicionarem 1 % de

etanol, os valores foram de 2,87 g·L-1 e 1,48 g·L-1 (51,57 %) de biomassa e

P(3HB), respectivamente.

O aumento da síntese de P(3HB) pela adição de etanol é decorrente do

metabolismo de oxidação do etanol que dá origem a Acetil-Coenzima A (Acetil-

CoA), uma das moléculas necessárias para o metabolismo de acúmulo de

P(3HB) (OBRUCA et al., 2010).

3.3 Uso de coprodutos da indústria de alimentos na síntese de PHAs

O desenvolvimento de novas formas de utilizar coprodutos e/ou

coprodutos oriundos da cadeia produtiva da indústria de alimentos auxilia no

aumento do equilíbrio entre produção e meio ambiente (NDUBUISI EZEJIOFOR;

ENEBAKU; OGUEKE, 2014; ARAÚJO et al., 2015).

O milho é um dos grãos mais consumidos mundialmente, constituindo

uma das principais bases da alimentação humana. Existem ainda diversos

processos que alteram os grãos do milho de forma a gerar diferentes produtos,

estes processos, no entanto acabam gerando coprodutos que não são

consumidos ou utilizados pela indústria. Um dos principais processos é a

moagem úmida do milho que gera como coproduto a água de maceração de

milho (AMM) (ARAÚJO et al., 2015).

A AMM é um líquido viscoso contendo grande parte dos elementos

solúveis presentes no milho, é rica em vitaminas, aminoácidos e minerais,

contendo aproximadamente 50 % (m/m) de sólidos e pH levemente ácido

(3,7 a 4,7) (SIGMA-ALDRICH, 2010). Este coproduto é oriundo da etapa de

maceração dos grãos de milho em água, sendo que o intuito deste processo é

causar alterações nas propriedades do grão pela remoção de seus compostos

solúveis. Os grãos ficam em contato com uma solução diluída de dióxido de

enxofre (SO2) por 30 a 48 h a 50 a 55 ºC, o líquido é removido e a fração insolúvel

é processada para dar origem ao germe, farelo, amido e glúten. A AMM sofre

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40

então um processo de concentração via evaporação (USDA - UNITED STATES

DEPARTMENT OF AGRICULTURE., 2010).

A utilização da AMM ainda é restrita, sendo muito utilizada como

ingrediente na alimentação animal. Contudo, devido a sua composição

nutricional existe a possibilidade de utilização da mesma em processos

biotecnológicos (SIGMA-ALDRICH, 2010; USDA - UNITED STATES

DEPARTMENT OF AGRICULTURE., 2010; ARAÚJO et al., 2015).

Outro processo que gera um grande volume de coprodutos é a

parboilização de arroz. Atualmente, o Brasil é o maior produtor de arroz entre os

países da América e Europa, produzindo na safra de 2016/2017 mais de

8,38 milhões de toneladas (CHILDS; RASZAP, 2017). O processo de

parboilização é amplamente utilizado no Brasil, sendo que a parboilização

consiste na imersão do grão de arroz em água em uma temperatura superior a

58 ºC. Isso faz com que o amido presente no grão seja gelatinizado e

subsequentemente retrogradado. A parboilização é realizada em três etapas

principais (ABIAP, 2013): a) Maceração; o arroz com casca é colocado em

tanques com água aquecida por algumas horas. Neste processo, as vitaminas e

sais minerais que se encontram na película e germe penetram no grão; b)

Gelatinização: o arroz úmido é submetido a um aumento na temperatura e

pressão causando alterações na estrutura do amido. Isto faz também com que o

grão seja compactado; c) Secagem: Os grãos são secos para posterior

descascamento, polimento e seleção (ABIAP, 2013).

A água gerada neste processo (APA) é rica em fósforo e nitrogênio,

apresentando uma proporção de N/F de 2 a 5. A APA apresenta ainda uma

coloração que varia entre o amarelo claro e castanho, baixa viscosidade e pH

ácido. Mukherjee et al. (2016) avaliaram as propriedades físico-químicas da APA

de 113 moinhos da Índia, sendo que os dados encontrados por estes autores

podem ser vistos na Tabela 2.

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41

Tabela 2 – Propriedades físico-químicas da água de parboilização de arroz (MUKHERJEE et al., 2016, adaptado).

Parâmetro Unidade Faixa Média

pH N/A 3,80 – 6,70 5,00 ± 0,78

EC mS·cm-1 1,10 – 3,40 2,60 ± 0,76

P mg·L-1 3,99 – 72,05 39,24 ± 16,09

NH3-N mg·L-1 51,20 -153,90 104,00 ± 19,70

NO3-N mg·L-1 1,18 – 6,74 4,11 ± 1,67

DO mg·L-1 0,60 – 66,40 10,40 ± 18,00

DBO mg·L-1 114,80 – 415,20 305,32 ± 71,19

DQO mg·L-1 218,00 – 1706,0 1130,51 ± 298,61

Sólidos solúveis mg·L-1 6050,00 – 6550,00 6258,00 ± 186,74

Açúcares redutores mg·L-1 20,68 – 570,46 184,47 ± 155,35

Lignina oxidada mg·L-1 5,00 – 40,00 18,53 ± 9,39

Cor Unidade de cor cloroplatinada

250,08 – 700,95 533,21 ± 147,81

Outra indústria que gera coprodutos que poderiam ser empregados na

biotecnologia é a de balas e confeitos. O setor apresenta grande diversidade de

produtos e processos, sendo que 25 empresas atuam no Brasil (ABICAB, 2018).

Segundo Miah et al. (2018), a indústria possui 3 setores principais, produtos à

base de açúcar (caramelos, balas, gomas de mascar), produtos à base de

chocolate e produtos de confeitaria (bolos, biscoitos recobertos com chocolate,

etc.).

Os principais coprodutos da indústria vêm na forma de efluentes, ricos

em açúcares e/ou gorduras, o que faz com que eles possam causar impactos

graves ao meio ambiente caso sejam descartados sem tratamento adequado.

Entretanto, a alta demanda química e bioquímica de O2 em conjunto com o

grande volume de efluente gerado torna o tratamento adequado dos efluentes

um processo custoso (MAQBOOL et al., 2017; PAPADAKI et al., 2018).

Até o momento ainda existem poucos estudos sobre a utilização destes

coprodutos na produção de PHAs, porém ambos apresentam potencial de

aplicação como substrato para o cultivo de micro-organismos (ARAÚJO et al.,

2015; MUKHERJEE et al., 2016).

3.4 Efeitos do oxigênio em sistemas fermentativos

O oxigênio (O2) é, usualmente, um nutriente limitado em sistemas de

cultivo microbiológicos devido sua baixa solubilidade em água. Para cultivos com

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bactérias e leveduras, a concentração crítica de oxigênio é geralmente 10 a 50 %

de saturação de ar no meio de cultura (SUTHERLAND, 1998; JIANG et al., 2016;

ALBUQUERQUE; MALAFAIA, 2018).

Acima do valor crítico, a concentração de oxigênio não limita o

crescimento celular. Para otimizar o crescimento é importante que o nível de

oxigênio dissolvido (DO) seja mantido acima do valor crítico (20 %) através do

borbulhamento de gás pelo biorreator. A taxa de transferência de massa do

oxigênio para o líquido deve ser igual ou maior que a taxa em que as células que

estão crescendo consomem o oxigênio (LYDERSEN; D’ELIA; NELSON, 1994).

Ao longo do cultivo, o oxigênio é transferido de um gás (usualmente ar na

forma de bolhas) para um líquido, para então ser absorvido pelas células e

metabolizado. O controle preciso das condições de aeração de sistemas de

fermentação é dificultado ao se utilizar eletrodos de O2 convencionais, devido ao

limite de detecção do sensor.

Desta forma, a monitoração do potencial de oxirredução (POR), também

conhecido como potencial redox, pode ser visto como uma alternativa mais

precisa, devido a sua resposta rápida e alta sensibilidade. O potencial redox

também está diretamente ligado as rotas metabólicas dos microrganismos,

permitindo que, através do controle do POR, seja possível redistribuir o fluxo

metabólico de diferentes células para produção de moléculas específicas

(DAHOD, 1982; LIU; QIN; LIN, 2017).

Em um sistema aquoso, o potencial redox se refere capacidade de

diferentes moléculas receberem ou doarem elétrons, através da ação de agentes

oxidantes ou redutores. Altos valores de POR indicam que a solução apresenta

uma tendência a ganhar elétrons e vice-versa. O POR de um sistema é medido

em volts (V) ou milivolts (mV), utilizando um sensor específico (GUO, 2018).

Fatores ambientais também são cruciais para a manutenção do potencial redox

de um sistema, sendo que existem diferentes técnicas de controle do potencial

redox (LIU; QIN; LIN, 2017; VERHAGEN; VAN GULIK; WAHL, 2020).

3.4.1 Controle de POR via energia externa

Reatores bioelétricos são sistemas desenvolvidos para regular o POR do

meio de cultura utilizando uma fonte de energia externa. O sistema utiliza uma

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43

corrente elétrica transmitida usando dois eletrodos, um eletrodo catiônico e um

aniônico, para facilitar ou reduzir a taxa de troca de elétrons. O uso de reatores

bioelétricos ainda é restrito, principalmente devido a sua alta demanda

energética e alto custo de implantação, sendo utilizado apenas na produção de

metabólitos de alto valor agregado (THRASH; COATES, 2008; HOSEINZADEH

et al., 2020).

3.4.2 Controle de POR por via química

Esta técnica consiste na adição de agentes químicos ao meio de cultura

de modo a facilitar a troca de elétrons. Dentre os reagentes mais utilizados,

podemos citar cloreto de ferro III (FeCl3), sulfeto de sódio (Na2S), ferricianeto de

potássio (K3[Fe(CN)6]), cisteína (C3H7NO2S), peróxido de hidrogênio (H2O2), e

até mesmo NADH e/ou NAD+. Diferentemente dos reatores bioelétricos, que

necessitam eletrodo específicos para controlar o POR, os reagentes químicos

podem ser empregados em qualquer sistema de cultivo de microrganismos.

Porém, esta técnica pode causar alterações indesejadas no processo caso os

reagentes sejam utilizados em concentrações muito altas ou sejam

incompatíveis com os microrganismos empregados (GIRBAL; SOUCAILLE,

1994; LIU; QIN; LIN, 2017; SHIMIZU; MATSUOKA, 2019).

3.4.3 Controle de POR por aspersão de gases

Oxigênio (O2) e nitrogênio (N2) são comumente utilizados em sistemas

fermentativos, porém os mesmos também podem ser utilizados para controlar o

POR de um sistema fermentativo. O potencial redox de uma fermentação pode

ser aumentado através da adição de O2 ou hidrogênio (H2), ou então reduzido

ao se utilizar N2 ou hélio (He). Em sistemas que utilizam o controle de POR

através da aspersão de gases, é comum que mais de um seja utilizado, pois

através do ajuste da proporção de gases bombeados para o interior do sistema,

diferentes potenciais redox podem ser alcançados (KUKEC; WONDRA, 2002;

PANSU; GAUTHEYROU, 2006).

No entanto, deve-se ressaltar que esta técnica pode aumentar

consideravelmente o custo total do processo, dificultando sua utilização em

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44

processos de larga escala (LIU; QIN; LIN, 2017; VERHAGEN; VAN GULIK;

WAHL, 2020).

3.4.4 POR e oxigênio dissolvido

O controle da taxa de oxigênio dissolvido (OD) em um sistema é essencial

para maximizar a produtividade de sistemas fermentativos, incluindo a produção

de P(3HB), visto que o O2 está intimamente ligado a manutenção da membrana

celular, e contribui na ativação de diferentes rotas metabólicas. Em situações

onde há a necessidade de um controle minucioso da taxa de OD, eletrodos

tradicionais apresentam dificuldade em distinguir o valor real de O2, pois

componentes do meio de cultura podem causar interferências no sensor, além

disso, o tempo de resposta do sensor é mais um fator que dificulta o controle do

processo (PANSU; GAUTHEYROU, 2006; LIU; QIN; LIN, 2017; GUO et al.,

2021).

3.4.5 Efeitos do oxigênio no cultivo de Bacillus sp.

O suprimento de O2 é um parâmetro decisivo no cultivo de bactérias do

gênero Bacillus, embora os resultados encontrados na literatura sejam um tanto

contraditórios (FACCIN et al., 2013; MOUNSEF et al., 2015). Sarrafzadeh &

Navarro (2005), visualizaram o efeito da taxa de aeração na esporulação de B.

thuringiensis verificaram que ao remover a aeração do sistema, a esporulação

da cultura foi de 100 % e aumentando a quantidade de oxigênio, houve uma

redução na taxa de esporulação, porém ocorreu um aumento da toxidade da

cultura.

Similarmente, Sen & Swaminathan (1997) perceberam que culturas em

biorreator que utilizam baixas velocidades de agitação com alta taxa de aeração

favorece a biossíntese de surfactina por B. subtilis. Para cultivos em frascos

agitados, Jacques et al. (1999) apontam que rotações maiores também

propiciam o acúmulo de metabólitos por bactérias do gênero Bacillus.

Em relação a produção de P(3HB) e outros PHAs por Bacillus sp., ainda

existem poucos estudos que trabalham com a otimização do processo em

biorreator que considerem o efeito da oxigenação na produtividade de polímero

Page 45: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

45

(PHILIP et al., 2009). Estes autores avaliaram o feito do pH e da velocidade de

agitação na produção de P(3HB) por Bacillus cereus e perceberam que ao utilizar

velocidades de agitação elevadas (500 rpm) não houve acúmulo de polímero ao

longo do período de cultivo (72 h), sendo que os autores atribuem a possíveis

alterações metabólicas, devido a lise ou dano das células causada pela turbina

do reator. Por outro lado, ao utilizar uma velocidade de agitação de 50 rpm, não

houve crescimento celular, o que indica que esta velocidade de agitação não foi

capaz de suprir a necessidade de O2 da cultura. A produção de P(3HB) foi

avaliada utilizando duas velocidades de agitação (125 e 250 rpm), sendo que

uma maior quantidade de polímero (34 %) foi acumulada ao se utilizar uma

agitação mais baixa, enquanto que a velocidade de agitação mais elevada gerou

menos polímero (29 %) (PHILIP et al., 2009).

Faccin et al. (2013) também testaram a influência de diferentes taxas de

agitação no acúmulo de P(3HB) por B. megaterium e perceberam que a maior

quantidade de P(3HB) (3,3 g·L-1, 62 % da biomassa total) foi obtida ao se utilizar

uma velocidade de agitação de 200 rpm, sendo que valores superiores a 300

rpm apresentaram concentrações reduzidas de polímero. Os autores também

apontam que ao se utilizar velocidades de agitação menores, a produção de

P(3HB) segue uma cinética lenta, porém constante, um comportamento diferente

do observado em velocidades superiores a 300 rpm, onde ocorre um rápido

acúmulo de P(3HB), seguido por um consumo do mesmo ao longo das etapas

finais do cultivo.

Em contrapartida, Kulpreecha et al. (2009), também cultivaram

B. megaterium e perceberam que ao aumentar a concentração de O2 dissolvido

de 60 % para 80 %, nenhuma diferença significativa na concentração de P(3HB)

foi encontrada, embora o crescimento celular tenha sido reduzido. Além disso,

os autores apontaram que ao reduzir a quantidade de O2 dissolvido de 60 % para

40 %, o tempo de cultivo foi prolongado e a produtividade, reduzida

drasticamente, algo interessante, se comparados aos resultados encontrados

nos estudos citados anteriormente.

Page 46: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

46

3.5 Recuperação de biopolímeros

A recuperação é uma das etapas importantes na cadeia produtiva do

P(3HB) e demais PHAs, sendo que existem duas etapas principais para a

recuperação dos PHAs: digestão celular através do uso de oxidantes ou

surfactantes e extração do polímero pelo uso de solventes. A recuperação e

purificação dos polímeros contribui significativamente para o aumento do custo

do processo, principalmente se o mesmo apresentar baixo rendimento.

Atualmente, diversos processos de separação podem ser utilizados, como por

exemplo, extração com solvente, rompimento celular por ação mecânica,

digestão da biomassa, extração supercrítica e outros (KUNASUNDARI;

SUDESH, 2011; KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

3.5.1 Digestão celular

A degradação do material celular e conservação dos grânulos de PHA são

os objetivos principais deste método de extração. O processo tende a utilizar

ácidos, compostos alcalinos ou enzimas (LÓPEZ-ABELAIRAS et al., 2015).

Inicialmente, agentes com grande potencial oxidativo como o hipoclorito de sódio

eram aplicados, porém se a concentração não for controlada adequadamente os

PHAs podem ser degradados juntamente com o material celular, reduzindo o

potencial de recuperação, sendo que este método está sendo substituído por

tratamentos enzimáticos (POSADA et al., 2011; KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

3.5.2 Extração por solvente

A extração direta com o uso de solventes é uma das técnicas mais

utilizadas no processo de extração e recuperação dos PHAs, sobretudo devido

a afinidade destes compostos com solventes orgânicos. O método consiste na

imersão da biomassa em um ou mais solventes. O solvente permeará a parede

celular, dissolvendo os grânulos de PHA e o polímero será recuperado através

da adição de um precipitante, que fará com que os grânulos inicialmente amorfos

se cristalizem e decantem (KESSLER et al., 2001; POSADA et al., 2011).

Dentre os solventes utilizados, os mais comuns são clorofórmio,

diclorometano e éter de petróleo, embora compostos como metanol e propanol

Page 47: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

47

possam ser aplicados com rendimento reduzido (KUNASUNDARI; SUDESH,

2011; KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

As principais desvantagens deste método são o impacto ambiental e a

possível toxicidade do polímero devido a presença de resíduos de solvente. Isto

faz ainda com que a utilização do PHA extraído com solvente se torne inviável

nas indústrias de alimentos e na área biomédica devido ao potencial de migração

de traços de solvente para o organismo ou alimento (KOSSEVA; RUSBANDI,

2018).

3.5.3 Tratamento enzimático

O uso de enzimas proteolíticas para a dissolução da biomassa é vantajoso

pois reduz significativamente o risco de degradação do PHA. Devido a sua

seletividade, baixo custo energético e condições brandas de operação, o que

tem popularizado o sistema nos últimos anos. A desvantagem, refere-se ao custo

para a aquisição das enzimas, o que pode inviabilizar alguns processos. Porém,

o uso de processos contínuos ou fermentações em estado sólido utilizando

fungos como Aspergillus oryzae (produtor de proteases, fosfatases, lipases e

pectinases) permitem tornar o processo mais rentável (KACHRIMANIDOU et al.,

2013; MELIKOGLU; LIN; WEBB, 2013).

3.5.4 Tratamento ácido

O uso de ácidos como o clorídrico ou sulfúrico, para executar a digestão

do material celular apresenta potencial, contudo é necessário considerar certos

parâmetros. A concentração do ácido apresenta um papel importante na taxa de

degradação dos PHAs e possível redução das propriedades mecânicas do

polímero. Além disso, concentrações de ácido elevadas tendem a causar uma

redução no peso molecular do PHA e leves mudanças na taxa de resistência a

tensão mecânica. Outro ponto importante é que este método necessita de um

pós-tratamento para remover o resíduo de ácido, que podem permanecer

presentes após a recuperação do polímero (KESSLER et al., 2001; KOSSEVA;

RUSBANDI, 2018).

Page 48: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

48

3.5.5 Ação mecânica

Dentre os métodos de ruptura mecânica, os mais comuns tendem a ser a

moagem com esferas e homogeneização em alta pressão. Estes métodos

causam poucas alterações ao polímero e possuem baixo impacto ambiental, as

principais desvantagens, no entanto, são o custo dos equipamentos e tempo de

processo. O que pode ocorrer ainda é a utilização dos métodos de ação

mecânica em conjunto com diferentes formas de extração (KIM et al., 2003;

KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

3.5.6 Tecnologia supercrítica

O uso de tecnologia supercrítica tem se tornado atraente para a indústria

devido a sua atoxicidade, e potencial de recuperação. O principal fluido utilizado

é o dióxido de carbono (CO2), pois o mesmo apresenta uma grande eficiência na

extração de lipídeos e demais compostos hidrofóbicos.

Contudo existem diversas formas de conduzir o processo, Hejazi;

Vasheghani-Farahani; Yamini (2003) utilizaram uma técnica empregando CO2 a

uma pressão de 200 atm e 40 ºC por 100 min e obtiveram uma taxa de extração

de 89 % do polímero retido por células de Ralstonia eutropha. Em contrapartida,

Khosravi-Darani et al. (2004) extraíram 81 % do total de P(3HB) de células de

Cupriavidus necator utilizando CO2 a 200 bar e 30 ºC juntamente com NaOH 4 %

(m/m). Os autores definem o NaOH como sendo utilizado para auxiliar o

rompimento da parece celular e facilitar o arraste do polímero para o meio.

Porém, algo interessante sobre a tecnologia supercrítica é o potencial de

aplicação não apenas na extração dos PHAs, mas também na purificação de

polímeros já extraídos, uma vez que a extração supercrítica permite obter um

produto com alto grau de pureza, obtendo em alguns casos polímeros com de

86 a 99 % de pureza (KESSLER et al., 2001; HEJAZI; VASHEGHANI-

FARAHANI; YAMINI, 2003; KUNASUNDARI; SUDESH, 2011; RIEDEL et al.,

2013; KOSSEVA; RUSBANDI, 2018). Daly et al. (2018), utilizaram CO2

supercrítico para remover resíduo de óleo vegetal para aplicação de P(3HB) na

área biomédica. O uso de CO2 como solvente a 150 bar e 50 ºC removeu cerca

Page 49: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

49

de 73 % dos contaminantes, enquanto ensaios adicionados de etanol como co-

solvente elevaram a taxa de remoção de resíduos para 93 %.

3.5.7 Tecnologia de ultrassom

A tecnologia de ultrassom é usualmente empregada em conjunto com a

extração por solvente, utilizando solventes menos agressivos como o metanol.

A tecnologia de ultrassom permite aumentar a taxa de transferência de massa

no sistema, fazendo com que o solvente permeie mais facilmente a membrana

das células (KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

Outro ponto importante é o fato de a tecnologia de ultrassom causar

alterações desprezíveis nas propriedades mecânicas, peso molecular e estrutura

da cadeia dos PHAs. A técnica no entanto, pode também ser aplicada com o

intuito de remover toxinas presentes no meio, algo imprescindível para a

utilização destes PHAs pela indústria farmacêutica e de alimentos (JACQUEL et

al., 2008; ISHAK et al., 2016; KOSSEVA; RUSBANDI, 2018).

3.6 Considerações finais sobre o estado da arte

Considerando o que foi apresentado, percebe-se que existe a

possibilidade de utilizar coprodutos originados da agroindústria como substrato

para a produção de P(3HB). O efluente da indústria de balas e confeitos é rico

em açúcares e poderia ser utilizado como fonte de carbono na produção do

polímero. A água de maceração de milho e a água de parboilização de arroz,

também, podem ser aplicadas no processo por potencialmente serem substratos

viáveis ao cultivo de micro-organismos produtores de P(3HB) e por serem

facilmente obtidas uma vez que o Brasil é um grande produtor de ambos os

grãos.

Assim, o presente trabalho torna-se relevante no sentido que a redução

do custo do processo de produção do P(3HB) através do uso de coprodutos

agroindustriais de baixo valor agregado pode facilitar a difusão do mesmo no

mercado da indústria de alimentos como componente de embalagens

(dependendo da forma de extração) reduzindo o impacto ambiental oriundo da

utilização de plásticos tradicionais, bem como reduzir o custo do tratamento de

Page 50: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

50

efluentes das indústrias e, possivelmente, agregar valor à coprodutos oriundos

do processamento de cereais. Além disso, o emprego de tecnologia supercrítica

como alternativa a extração do biopolímero permitirão, também, compreender

melhor o comportamento do processo de extração e purificação e sua viabilidade

em escala industrial.

Page 51: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

51

4 Material e Métodos

Neste capítulo serão descritos o material e as metodologias empregadas

ao longo da fase experimental da produção de P(3HB) por Bacillus megaterium

ATCC 14581 em frascos agitados, biorreator batelada simples e alimentada,

utilizando meio mineral e coprodutos agroindustriais como substratos, bem como

as técnicas de recuperação de polímero.

4.1 Micro-organismo

A bactéria Bacillus megaterium ATCC 14581 foi utilizada durante os

ensaios. Ela foi adquirida da Fundação André Tosello e mantida em ultra freezer

(MDF-U3086S, Sanyo Electric Co., Japão), a -80 ± 2 ºC, em solução

crioprotetora (20 % glicerol) até o momento de sua utilização.

4.2 Coprodutos Agroindustriais

Para realizar os cultivos do micro-organismo, foram empregados 3

coprodutos da agroindústria de alimentos: água de parboilização de arroz (APA),

cedida pela Indústria Nelson Wendt (Pelotas, Rio Grande do Sul); água de

maceração de milho (AMM), cedida pela Corn Products (Mogi Guaçu, São Paulo)

e; efluente da lavagem de drageadeiras da indústria de balas (EIB), cedido por

uma indústria de balas e doces da região do Alto Uruguai.

O meio mineral e sulfato de amônio (2 g·L-1) foram utilizados para

enriquecer os efluentes, seguindo os parâmetros propostos por Faccin (2012) e

Hassemer (2016). A composição do meio mineral pode ser visualizada na Tabela

3.

Tabela 3 – Composição do meio mineral.

Composto Concentração

Na2HPO4 3,6 g·L-1

KH2PO4 1,5 g·L-1

FeSO4·7H2O 0,05 g·L-1

Ácido Cítrico 0,1 g·L-1

CaCl2·2H2O 0,01 g·L-1

MgSO4·7H2O 0,008 g·L-1

Solução de micronutrientes 1 mL·L-1

Page 52: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

52

A solução de micronutrientes adicionada ao mio mineral foi composta por

300 mg·L-1 de ácido bórico (H3BO3), 200 mg·L-1 de cloreto de cobalto (CoCl2·6H2O),

30 mg·L-1 de sulfato de zinco (ZnSO4·7H2O), 30 mg·L-1 de cloreto de manganês

(MnCl2·4H2O), 30 mg·L-1 de sulfato de níquel (NiSO4·7H2O) e 10 mg·L-1 de sulfato

de cobre (CuSO4·5H2O).

Para a reativação e averiguação do comportamento da cepa microbiana,

foram também realizados cultivos utilizando meio mineral acrescido de sacarose

(16 g·L-1) e sulfato de amônio (2 g·L-1).

4.3 Pré-tratamento dos coprodutos

O tratamento dos resíduos agroindustriais teve como objetivo remover

parte dos sólidos suspensos e corantes presentes nos efluentes (Figura 8),

empregando metodologia descrita por Valduga et al. (2007).

Para a água de maceração de milho (AMM), o processo consistiu na

adição de ácido fosfórico até o pH 3,0. A AMM permaneceu em repouso por 24 h

a 25 ºC, sendo então centrifugados (MPW 351R, Rotor 11457, MPW Medical

Instruments, Polônia) por 15 min a 3000 x g. Após a centrifugação, ajustou-se o

pH para 4,0 utilizando solução de hidróxido de sódio 2 mol L-1.

Devido a presença de corantes no efluente da indústria de balas, utilizou-

se um tratamento com carvão ativado com granulação 12x40 mesh (CD 500,

Pelegrini Carbon, Brasil) para efetuar sua remoção. O efluente contendo 4 %

(m/v) de carvão foi aquecido a 80 ºC ± 2 ºC por 1 h sob agitação. Após este

período, o mesmo foi resfriado a 25 ºC, filtrado utilizando papel filtro qualitativo

(gramatura 80, poros 44 µm, espessura 2 mm) e terra diatomácea

(Perlimor, 851), e centrifugado (MPW 351R, Rotor 11457, MPW Medical

Instruments, Polônia) por 15 min a 3000 x g para remover o residual de carvão

ativado (URNAU, 2018).

Page 53: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

53

Figura 8 – Coprodutos agroindustriais* utilizados na produção do biopolímero. *Da esquerda para a direita: frasco contendo água de maceração de milho (AMM 1), frasco

contendo água de maceração de milho (AMM 2), frasco contendo água de parboilização de arroz (APA) e frasco contendo efluente da indústria de balas (EIB).

4.4 Bioprodução de P(3HB) em frascos agitados

4.4.1 Ativação do micro-organismo

A cepa de B. megaterium foi adquirida sob a forma de “pellet” liofilizado,

sendo necessário realizar um processo de reativação da mesma. O cultivo

utilizou meio mineral acrescido de glicose (16 g·L-1) e fonte de nitrogênio (sulfato

de amônio, 2 g·L-1) a fim de verificar o comportamento da cepa de

B. megaterium, a viabilidade de produção de biomassa e P(3HB), bem como, a

evolução do pH.

O processo de ativação foi realizado adaptando os parâmetros

empregados por Faccin (2012) e Hassemer (2016). A ativação ocorreu em estufa

rotatória (430 RDBP, Nova Ética, Brasil) utilizando frascos com volume de

250 mL, contendo 50 mL de meio. O cultivo teve duração de 96 h (30 ºC,

180 rpm), sendo que a cada 24 h, alíquotas de 1 mL da cultura eram repicadas

em novos frascos contendo meio mineral estéril. Durante os momentos de

repique, também foram colhidas amostras para avaliação de pH (pHmetro DM-

22, Digimed, Brasil), massa seca total e P(3HB).

4.4.2 Elaboração do pré-inóculo para os diferentes meios de cultura

Após a ativação do micro-organismo, o mesmo foi armazenado a -80 ºC,

fazendo com que seja necessária a realização de um pré-inóculo antes de se

Page 54: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

54

iniciar os cultivos. O pré-inóculo consistiu na adição de 2 mL de solução

crioprotetora (B. megaterium) a meio mineral contendo sacarose e sulfato de

amônio (16 g∙L-1 e 2 g∙L-1, respectivamente), com pH inicial ainda sendo ajustado

para 7,0 com solução de HCl 0,1 M e NaOH 0,1 M.

O cultivo foi mantido a 30 ºC sob agitação (180 rpm) por 16 h. Após o

período de incubação, o mesmo foi padronizado para uma densidade ótica de

1,0 (625 nm) (Cary-8553, Agilent, Estados Unidos), utilizando meio estéril.

Terminada a padronização, adicionou-se 1 mL do mesmo aos meios de teste

(HASSEMER, 2016).

4.4.3 Cultivo inicial em meio mineral

Após a ativação da cepa, realizaram-se cultivos com meio mineral

contendo 16 g∙L-1 de sacarose e 2 g∙L-1 de fonte de nitrogênio (sulfato de

amônio) e pH inicial ajustado para 7,0 com solução de HCl 0,1 M e NaOH 0,1 M.

Os cultivos tiveram duração de 36 h e empregaram os mesmos parâmetros de

agitação e temperatura, previamente citados. Amostras foram colhidas em

intervalos de 4 h e submetidas a quantificação de carbono orgânico total (COT),

nitrogênio total (NT), massa seca, P(3HB) e pH (HASSEMER, 2016).

4.4.4 Efeitos da composição do meio à base de coprodutos agroindustriais na produção de P(3HB)

Para avaliar os efeitos da composição do meio de cultura a base de

coprodutos agroindustriais no crescimento da cultura e na produção do polímero,

empregou-se um planejamento do tipo Delineamento Composto Central

Rotacional (DCCR) 23 com 5 repetições no ponto central. Cultivos em meio

mineral foram utilizados como controle.

Os níveis das variáveis foram definidos levando em consideração os

resultados encontrados nos cultivos com meio mineral, utilizando as

concentrações finais de fonte de carbono encontradas nestes cultivos como nível

mínimo. As variáveis independentes estudadas e os respectivos níveis do

planejamento encontram-se descritos na Tabela 4.

Page 55: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

55

Tabela 4 – Níveis das variáveis utilizadas no planejamento DCCR 23 para produção de P(3HB) (planejamento 1).

Variáveis Independentes

Códigos Unidade Níveis (fonte de carbono)

-1,68 -1 0* +1 +1,68

EIB X1 g∙L-1 11,73 29,59 55,87 82,14 100,00

AMM X2 g∙L-1 1,43 1,68 2,03 2,37 2,90

APA X3 mg∙L-1 6,40 20,00 40,00 60,00 73,60 *Repetição do ponto central

As variáveis independentes foram a temperatura (30 ºC), agitação

(180 rpm) e tempo de bioprodução (28 h) e pH inicial ajustado para 7,0 com

solução de HCl 0,1 M e NaOH 0,1 M (HASSEMER, 2016). Os experimentos

iniciais foram realizados em estufa rotatória (430 RDBP, Nova Ética, Brasil) a

30 °C, 180 rpm por, 28 h, em erlenmeyers com volume total de 250 mL. Cada

frasco contendo 50 mL de meio de cultura. As variáveis dependentes (respostas)

avaliadas foram: massa seca total, P(3HB) (g·L-1), P(3HB) em relação a massa

seca (%) e pH.

4.4.5 Maximização da bioprodução

Com base nos resultados obtidos no planejamento 1, um novo

planejamento experimental DCCR 22 (planejamento 2) foi realizado a fim de

maximizar a produção de biomassa e do polímero, sendo que os níveis das

variáveis independentes se encontram descritos na Tabela 5.

Tabela 5 – Níveis das variáveis utilizadas DCCR 22 para produção de P(3HB) (planejamento 2).

Variáveis Independentes

Códigos Unidade Níveis (fonte de carbono)

-1,68 -1 0* +1 +1,68

EIB X1 g∙L-1 6,00 10,07 20,00 29,93 55,00

AMM X2 g∙L-1 0,00 0,43 1,46 1,89 2,50 *Repetições do ponto central; APA: 40 mg·L-1.

Os cultivos tiveram duração de 28 h, com temperatura de 30 ºC e agitação

de 180 rpm. De acordo com os resultados do planejamento, também foram

realizados testes utilizando EIB e APA acrescidos de meio mineral e fonte de

nitrogênio (2 g∙L-1) em diferentes concentrações (EIB puro, EIB + APA (50 %

v/v), EIB 16 g∙L-1 de COT e EIB + APA g∙L-1 de COT). Estes ensaios utilizaram

Page 56: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

56

os mesmos parâmetros de duração, temperatura e agitação empregados ao

longo dos cultivos do DCCR 22.

Além disso, 4 ensaios foram realizados sem a adição de AMM, de forma

a verificar a influência da mesma sobre o rendimento do processo como um todo.

O primeiro ensaio utilizou EIB puro, com uma quantidade de COT de

aproximadamente 150 g∙L-1. O segundo consistiu na utilização de EIB e APA em

uma proporção de 50 % (v/v). O terceiro e o quarto ensaio foram conduzidos com

base nos dados apresentados por Faccin (2012), Hassemer (2016) e Wang &

Lee (1997), e utilizaram EIB e APA em volume suficiente para obter uma

concentração de 16 g∙L-1 de COT.

4.5 Bioprodução de P(3HB) em biorreator batelada simples

Os cultivos batelada simples em biorreator (1,5 L) foram realizados em um

frasco fermentativo com volume total de 2 L (Biostat B, B. Braun Biotech

International Co., Alemanha). O frasco, contendo 1,5 L de meio de cultura,

permanece acoplado a uma unidade de controle que permite o monitoramento

da velocidade de agitação do meio de cultura. A aeração do sistema foi realizada

utilizando ar ambiente bombeado via compressor (Inalar Compact, NS, Brasil).

Neste conjunto de cultivos, um planejamento fatorial 22 (planejamento 3),

variando-se a aeração e agitação foi utilizado (Tabela 6), mantendo-se fixo o

tempo de bioprodução de 32 h e temperatura de 30 ºC, através da circulação de

água pelas paredes externas do fermentador. As variáveis dependentes

(respostas) avaliadas foram: massa seca total, P(3HB), porcentagem de P(3HB)

em relação a massa seca e pH.

Tabela 6 – Níveis das variáveis independentes utilizadas no planejamento fatorial 22 para produção de P(3HB) (planejamento 3).

Variáveis Independentes Códigos Unidade Níveis

-1 0* 1

Aeração X1 vvm 1 2,5 4

Agitação X2 rpm 100 300 500 *Repetições do ponto central

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57

4.6 Parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução

Com o objetivo de obter parâmetros estequiométricos e verificar a cinética

de consumo de substrato (carbono e nitrogênio), produção celular e produção de

P(3HB) realizaram-se coletas em diferentes pontos do processo. Para a

bioprodução em frascos agitados e batelada simples, 10 mL de amostra foram

coletados a cada 4 h, possibilitando assim, a construção das curvas cinéticas

para cada condição de cultivo.

4.6.1 Velocidades instantâneas e específicas globais

A partir dos perfis de concentração celular global, formação de produto

global e consumo de substrato global (carbono orgânico total - COT e nitrogênio

total - NT) em relação ao tempo, foi possível determinar, através de balanço de

massa para cada componente, as velocidades de crescimento microbiano (rx),

formação de produto (rp) e consumo de substrato (rc e rn) descritas nas Equações

2, 3, 4 e 5, conforme Bailey et al. (1986).

𝑟𝑥 =𝑑𝑋

𝑑𝑡 (2)

𝑟𝑝 =𝑑𝑃

𝑑𝑡 (3)

𝑟𝑐 =𝑑𝐶

𝑑𝑡 (4)

𝑟𝑛 =𝑑𝑁

𝑑𝑡 (5)

Dividindo-se o valor de rx pela concentração celular naquele instante, a

velocidade específica de crescimento (μx), foi obtida (Equação 6), conforme

Bailey et al. (1986).

𝜇𝑥 =𝑟𝑥

𝑋 (6)

A determinação das velocidades constantes (fase exponencial), foi

realizada através do coeficiente angular da melhor reta ajustada nas curvas que

representam as cinéticas de crescimento e produção de P(3HB).

Page 58: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

58

4.6.2 Fatores de conversão global

4.6.2.1 Produto

O fator de conversão de carbono orgânico global em P(3HB), YP/C

(g P(3HB)·g COT-1), foi expresso pela Equação 7.

𝑌𝑃𝐶⁄ =

𝑟𝑝

𝑟𝑐= −

𝑑𝑃

𝑑𝐶 (7)

O fator de conversão de nitrogênio global em P(3HB), YP/N

(g P(3HB)·g NT-1), foi expresso pela Equação 8.

𝑌𝑃𝑁⁄ =

𝑟𝑝

𝑟𝑛= −

𝑑𝑃

𝑑𝑁 (8)

4.6.2.2 Fatores de conversão celular

O fator de conversão de carbono orgânico global em células, YX/C

(g células·g COT-1), foi expresso pela Equação 9.

𝑌𝑋𝐶⁄ =

𝑟𝑥

𝑟𝑐= −

𝑑𝑋

𝑑𝐶

(9)

O fator de conversão de nitrogênio global em células, YX/N (g células·g NT-

1), foi expresso pela Equação 10.

𝑌𝑋𝑁⁄ =

𝑟𝑥

𝑟𝑛= −

𝑑𝑋

𝑑𝑁

(10)

A relação entre a produção de P(3HB) e a produção de células global, YP/X

(g P(3HB)·g células-1), foi expressa pela Equação 11.

𝑌𝑃𝑋⁄ =

𝑟𝑝

𝑟𝑥= −

𝑑𝑃

𝑑𝑋 (11)

Onde: rx = velocidade de crescimento das células (g·L·h-1); rn = velocidade

de consumo de nitrogênio (g·L·h-1); rc = velocidade de consumo de carbono

orgânico (g·L·h-1); rp = velocidade de produção de P(3HB) (g·L·h-1).

Page 59: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

59

4.6.3 Produtividade global

A produtividade global tanto para células como para P(3HB) é definida,

como as velocidades rx e rp, segundo Bailey et al. (1986).

4.7 Efeito do potencial de oxirredução na produção de P(3HB)

Os ensaios avaliando o efeito do potencial de oxirredução na produção de

P(3HB) por B. megaterium foram desenvolvidos no laboratório de Rotas

Metabólicas do departamento de Engenharia Química e Biológica da

Universidade de Saskatchewan (Saskatoon, SK, Canadá) sob a orientação do

Prof. Dr. Yen-Han Lin. A metodologia empregada seguiu o que foi proposto por

Guo (2018) com modificações.

Os ensaios foram conduzidos em um vaso fermentativo (Omni Culture,

Nova York, Estados Unidos), com um volume de trabalho de 1L. A temperatura

do sistema foi mantida em 30 ºC utilizando um banho termostatizado, com os

ensaios tendo duração de 28 h e 48 h. O fermentador possui também um sensor

POR (Pt4805-DPAS-SC-K8S, Mettler-Toledo, Billerica, Estados Unidos)

conectado ao sistema através de um transmissor multi-parâmetro (M400,

Mettler-Toledo, Billerica, Estados Unidos). Os sinais detectados pelo eletrodo

foram enviados a um controlador DAS/SSR desenvolvido pelo departamento de

engenharia química e biológica da Universidade de Saskatchewan. Os dados

coletados forma processados através do software LabView 2017 (National

Instruments, Austin, Estados Unidos).

Agitação foi mantida em 500 rpm e taxa de aeração foi controlada via uma

bomba automática (Whisper 60, Tetra, Blacksburg, Estados Unidos) baseada na

leitura do eletrodo de potencial redox. O controle de aeração foi realizado através

do software LabView, onde a bomba de ar era ativada ao passo que o valor de

POR detectado atingisse um valor mínimo (-40 mV, -20 mV, 0 mV). Foram

realizados também ensaios sem controle de POR, sendo que nestes casos a

bomba de aeração permaneceu ativa ao longo do período de cultura.

Page 60: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

60

4.8 Metodologia Analítica

Ao longo do estudo, diversas metodologias foram empregadas para

quantificação de diferentes compostos presentes nos meios de cultura, bem

como, a presença de P(3HB). Os métodos utilizados encontram-se descritos na

sequência.

4.8.1 Densidade

O perfil de densidade dos coprodutos foi realizado utilizando um

densímetro (Baumé, Labsynth, Brasil) com escala 0/20. Os testes foram

realizados sob temperatura de 25 ºC com água destilada como controle

(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

4.8.2 Carbono orgânico e nitrogênio total

As concentrações de carbono orgânico total (COT) e de nitrogênio total

(NT) presentes nos efluentes e nos meios de bioprodução foram determinadas

utilizando um analisador de carbono (TOC-V CSH, Shimadzu, Japão) e um

analisador de nitrogênio (TNM-1, Shimadzu, Japão) acoplados a um injetor

automático e utilizando ar sintético como gás de arraste. A interface de coleta de

dados utilizada foi o sistema TOC Control-V.

A concentração de COT foi medida pelo método indireto, ou seja,

utilizando as reações de oxidação do carbono orgânico e inorgânico presentes

na amostra para determinar o carbono orgânico total.

4.8.3 Minerais totais e componentes minerais

A caracterização do perfil mineral do EIB e de dois lotes de AMM foi

realizada utilizando o método de minerais totais (cinzas) onde as amostras foram

incineradas em forno mufla (400C, Fornos Lavoisier, Brasil) a 550 ºC por

aproximadamente 7 h, até a obtenção de cinzas claras com peso constante

(INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 2008).

Os mesmos coprodutos foram também submetidos a quantificação da

concentração dos componentes minerais específicos (Ca, Cu, Fe, Mg, Na e Zn).

Page 61: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

61

Esta análise foi realizada por espectrometria de absorção atômica em chama

FAAS (AA-55, Varian Inc., Estados Unidos), empregando como fonte de

radiação, lâmpadas de cátodo oco específicas para cada um dos minerais e

chama de ar/acetileno e óxido nitroso/acetileno. As leituras de Mg e Fe foram

realizadas no FAAS, no modo absorção. Para eliminar possíveis interferências

foi adicionado cloreto de lantânio 1 % na determinação de Mg e Ca, solução de

Ca a 1000 ppm, para determinação do elemento Fe. Os cálculos dos teores dos

minerais nas amostras foram baseados em curvas de calibração obtida com as

soluções padrão de cálcio (0,5 a 50 mg·L-1), cobre (0,2 a 2 mg·L-1), ferro (0,5 a

4 mg·L-1), magnésio (0,5 a 50 mg·L-1), sódio (1 a 100 mg·L-1) e zinco (0,2 a

3 mg·L-1).

4.8.4 Biomassa total

A determinação de biomassa total nos ensaios de bioprodução foi

realizada através da metodologia utilizada por Hassemer (2016), para isto, as

amostras foram centrifugadas (MPW 351R, Rotor 11457, MPW Medical

Instruments, Polônia) 3 vezes a 3000 x g por 15 min, com o sobrenadante sendo

removido e o precipitado lavado com água destilada entre as centrifugações. A

biomassa precipitada foi então mantida em estufa (NV-1.3, Nevo, Brasil) a 50°C,

até atingir peso constante.

4.8.5 Recuperação de P(3HB) via extração química

A quantidade de polímero produzida ao longo dos cultivos foi extraída

utilizando e quantificada adaptando a metodologia empregada por Faccin (2012)

e Hassemer (2016).

Para realizar a extração, 10 a 40 mg de biomassa seca foram pesadas

em tubos de ensaio com rolha e tampa de rosca. Adicionou-se 2 mL de 1,2-

dicloroetano, 2 mL de n-propanol acidificado (20 % HCl) e 200 μL de controle

interno (50 mL de n-propanol com 2 g de ácido benzoico).

Os tubos com amostra foram então aquecidos em banho termostatizado

(521/30 Nova Ética, Brasil) a 80 ºC por 3 h com agitação a cada 20 min para

acelerar a permeação dos solventes. Ao fim do aquecimento, os tubos foram

Page 62: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

62

mantidos em repouso até atingirem temperatura ambiente, recebendo então

4 mL de água destilada e agitação para promover a separação dos solventes

(Figura 9).

Figura 9 – Separação de fases de diferentes amostras. Controle negativo (A), amostras com células (B e C).

4.8.6 Recuperação de P(3HB) por tecnologia supercrítica

A recuperação de P(3HB), por fluído supercrítico utilizou dióxido de

carbono (CO2) como o fluído pressurizado. Foi também avaliado o efeito da

adição de co-solventes (propanol e etanol) na taxa de recuperação do polímero.

O sistema de extração supercrítica consistiu em uma bomba de CO2 de alta

pressão (260D Syringe pump, Teledyne, Estados Unidos); um banho

termostatizado (TE 184, Tecnal, Brasil); Bomba de deslocamento positivo para

adição do co-solvente (Lab Alliance Série III, Estados Unidos); um vaso de

extração encamisado com 145 cm3 de volume (30,7 cm de comprimento com

diâmetro interno de 2,45 cm). A temperatura de extração foi controlada utilizando

um banho termostatizado (MA-184, Marconi, Brasil). As válvulas, termopar,

manômetro e indicadores de temperatura e pressão estão também presentes na

unidade (Figura 10).

A recuperação de P(3HB) foi conduzida de acordo com a metodologia

proposta por Daly et al. (2018). Para isto, 2 g de biomassa seca foram

adicionadas ao cilindro de extração, juntamente com 50 mL de co-solvente. Na

sequência, CO2 é adicionado ao sistema até ele atingir uma pressão de 150 bar.

Após a estabilização da pressão, inicia-se o aquecimento do sistema até que

atingir uma temperatura de 50 ºC. Com pressão e temperatura estabilizadas, dá-

se início ao processo de recuperação do polímero. O extrato obtido ao longo

A B C

Page 63: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

63

desta etapa é seco em estufa a vácuo (Q819V2, Quimis, Brasil) para a remoção

de resíduos de solvente. Por fim, o extrato bruto é então resuspendido em 2 mL

de 1,2-dicloroetano contendo 200 μL de controle interno (50 mL de n-propanol

com 2 g de ácido benzoico) e quantificado via cromatografia gasosa. Testes

preliminares buscaram avaliar a cinética de recuperação de P(3HB), o período

de extração de 5 min a 60 min, e o efeito da adição de etanol (Tratamento 1) e

propanol (Tratamento 2) foram avaliados.

Figura 10 – Diagrama do sistema de extração por fluído supercrítico. V-1, V-2, V-3

e V-4: válvula macrométrica de agulha; V-5: válvula micrométrica de agulha; R-1: cilindro de CO2; R-2: reservatório de co-solvente; R-3: coletor do extrato; P-1: bomba de seringa; P-2: bomba do co-solvente; E-1 vaso de extração; B-1, B-2: banho termostatizado; T-1: termopar; M-1:

manômetro (SANTOS et al., 2017, adaptado).

4.8.7 Quantificação de P(3HB)

Para a quantificação de P(3HB) foi utilizada a metodologia proposta por

Faccin (2012), utilizando um cromatógrafo gasoso (CG-2010, Shimadzu, Japão)

com amostrador e injetor automático (AOC-20i e AOC-20s, respectivamente) e

detector de ionização de chama (FID). O gás de arraste utilizado foi N2 com uma

vazão de 2 mL∙L-1. A coluna utilizada foi Rtx-Wax (30 m x 0,25 mm) com uma

Page 64: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

64

temperatura inicial de 120 ºC com aumento de 10 ºC por minuto até 190 ºC. A

temperatura do injetor e do detector permanecem em 250 ºC ao longo da corrida.

Para cada experimento foi utilizada uma curva de calibração (de 0,005 g

a 0,040 g) com P(3HB) padrão (Sigma-Aldrich) a fim de diminuir a margem de

erro decorrente de possíveis variações na temperatura do processo de extração.

4.9 Avaliação estatística dos resultados

Os resultados foram tratados estatisticamente mediante metodologia de

planejamento de experimentos e pela análise de variância - ANOVA,

comparação de médias pelo teste de Tukey, com auxílio do software

STATISTICA versão 5.0 (StatSoft/Dell, USA), com 95% de confiança.

Page 65: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

65

5 Resultados e Discussão

Neste item serão apresentados os resultados e discussões referentes a

caracterização dos diferentes agroindustriais e da bioprodução de P(3HB) em

frascos agitados e biorreator batelada simples, bem como, da recuperação do

polímero.

5.1 Caracterização dos coprodutos agroindustriais

A Tabela 7 apresenta a densidade dos coprodutos da agroindústria (água

de parboilização de arroz - APA, água de maceração de milho – AMM e efluente

da indústria de balas - EIB), bem como a composição dos coprodutos

agroindustriais, em termos de carbono e nitrogênio total.

Tabela 7 – Concentração de carbono orgânico total (COT) e nitrogênio total (NT) dos coprodutos agroindustriais.

Coprodutos NT

(g∙L-1) COT (g∙L-1)

Densidade (g∙cm-3)

APA 0,160e ± 0,025 0,434g ± 0,195 1,002d ± 0,012 EIB (Lote 1) 0,009f ± 0,001 249,50a ± 3,50 1,245a ± 0,016 EIB (Lote 2) 0,002g ± 0,0002 171,75b ± 0,650 1,210a ± 0,010

AMM Bruta (Lote 1) 40,34d ± 0,787 1,69e ± 0,067 1,025c ± 0,004 AMM Bruta (Lote 2) 56,14a ± 0,710 1,32f ± 0,054 1,040b ± 0,006

AMM Tratada (Lote 1) 6,29b ± 0,685 18,47d ± 0,390 - AMM Tratada (Lote 2) 4,23c ± 0,296 24,87c ± 0,225 -

*Média ± desvio padrão seguida de letras iguais/colunas indicam não haver diferença significativa á nível de 95% de confiança (Teste de Tukey).

De modo geral, os coprodutos apresentaram valores de densidade

similares, exceto ambos os lotes de AMM bruta que apresentaram maior

densidade média (p<0,05). Isto se dá devido a este composto se tratar de uma

mistura heterogênea e apresentar grande quantidade de sólidos em suspensão.

Os dados obtidos para AMM estão de acordo com o que é apresentado pela

literatura, que aponta a densidade média na faixa de 1,2 a 1,4 g∙cm-3 (HOFER et

al., 2018; USDA - UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE, 2010).

Em relação aos valores de NT e COT, torna-se evidente que dentre todos

os coprodutos, a AMM Bruta (Lote 2) apresentou a maior (p<0,05) concentração

de nitrogênio total e a menor (p<0,05) quantidade de carbono orgânico. Em

Page 66: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

66

contrapartida, a EIB (Lote 1) teve um comportamento inverso, com alta

concentração de carbono orgânico e menor de nitrogênio total.

Outro ponto importante é o fato de que o pré-tratamento da AMM reduziu

significativamente (p<0,05) a concentração de nitrogênio e aumentou a

concentração de carbono, sendo que os lotes 1 e 2 apresentaram uma redução

de 84,39 e 92,45 % no teor de nitrogênio. Em ambos os lotes, no entanto, a

concentração de carbono aumentou em aproximadamente 10 vezes. Urnau

(2018) verificou um comportamento similar, onde após o tratamento da AMM, a

concentração de nitrogênio diminuiu cerca de 83,16 %, enquanto a concentração

de carbono orgânico aumentou 334,19 %.

Em relação a APA, nota-se que ela apresenta teores baixos de nitrogênio

e de carbono, diferindo significativamente (p<0,05) dos demais coprodutos. A

caracterização de carbono e nitrogênio é importante, para definir a composição

destes nutrientes no meio de cultivo.

A quantificação do teor de carbono e nitrogênio é necessária para garantir

que o meio de cultura irá suprir as necessidades do micro-organismo ao longo

do período de cultivo. Outro ponto a ser ressaltado é que a AMM foi submetida

ainda a um pré-tratamento (conforme item 4.3) de modo a verificar se ele

causaria alterações na quantidade de carbono e nitrogênio presentes.

Após a determinação das concentrações de nitrogênio total e carbono

orgânico, avaliou-se os componentes minerais (Ca, Cu, Fe, Na, Mg e Zn) dos

coprodutos brutos (Tabela 8).

Tabela 8 – Composição mineral (Ca, Cu, Fe, Na, Mg e Zn) dos coprodutos agroindustriais.

Coprodutos (Brutos)

Componentes minerais (mg∙L-1)

Ca Cu Fe Na Mg Zn

APA 36,5a ± 3,5 N/D N/D 75,5a ± 4,5 36,5a ± 6,5 N/D EIB (Lote 1) 4,8b ± 0,2 N/D N/D 5,5b ± 1,5 0,8d ± 1,5 N/D EIB (Lote 2) 2,0c ± 0,5 N/D N/D 4,0b ± 1,0 N/D N/D

AMM (Lote 1) 0,8d ± 0,2 0,5b ± 0,1 0,9b ± 0,3 2,7bc ± 0,5 4,6c ± 0,2 0,7a ± 0,1 AMM (Lote 2) 0,9d ± 0,3 1,5a ± 0,3 1,4a ± 0,2 2,0c ± 0,4 5,7b ± 0,3 0,9a ± 0,2

*Média ± desvio padrão seguida de letras iguais/colunas indicam não haver diferença significativa á nível de 95% de confiança (Teste de Tukey). N/D – Não detectado

Page 67: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

67

Em relação ao teor de minerais totais da AMM do Lote 1 (4,052 ± 0,37 g)

difere estatisticamente (p<0,05) do Lote 2 (2,031 ± 0,23 g), uma vez que o Lote

1, também, apresentou uma densidade levemente superior que o Lote 2.

Os dados encontrados mostram que dentre os componentes avaliados,

as maiores concentrações de cálcio, sódio e magnésio foram encontradas na

amostra de APA. As amostras de EIB apresentam valores intermediários para

cálcio e sódio, contudo a concentração de cálcio do lote 2 foi significativamente

menor (p<0,05) que o valor encontrado nas amostras do lote 1 de EIB. Para os

índices de cobre, ferro e zinco, ambos permaneceram abaixo do limite de

detecção do método em ambos os lotes.

Os lotes de AMM em contrapartida, possuíram os menores valores de

cálcio e foram os únicos coprodutos que apresentaram traços de cobre, ferro e

zinco, com AMM Lote 2 sendo significativamente (p>0,05) mais rica nestes

componentes. Para o sódio, os valores encontrados foram os mais baixos,

contudo não foi notada diferença significativa (p<0,05) entre os lotes de AMM.

Focando na concentração de magnésio presente, neste caso houve uma

diferença significativa (p>0,05) entre os lotes de AMM, com o Lote 1

apresentando uma concentração maior que o Lote 2.

Observando os valores que se referem a concentração de minerais

presentes nas diferentes amostras, é possível perceber que os valores obtidos

para AMM foram maiores do que os dados encontrados por Hofer et al. (2018),

com valores de cobre, cálcio e zinco consideravelmente mais elevados

(0,005 mg∙g-1, 0,361 mg∙g-1, 0,105 mg∙g-1 respectivamente). Em contrapartida, a

concentração de magnésio foi menor do que o reportado pelos mesmos autores

(6,4 mg∙g-1).

O perfil mineral da APA em contrapartida, permaneceu consideravelmente

abaixo dos valores encontrados por Colet et al. (2017), sobretudo no que se

refere a quantidade de sódio e cálcio. Os dados encontrados apontam também

que o EIB apresenta baixo teor de minerais, com os maiores sendo cálcio e

sódio, algo previsível, uma vez que este efluente é oriundo da lavagem das

drageadeiras utilizados na produção de balas e confeitos. Além disso, é possível

Page 68: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

68

perceber ainda que o EIB de modo geral, apresenta baixa quantidades de

minerais, com valores de Cu, Fe e Zn abaixo do limite de detecção do método.

Isto indica que a utilização do EIB, como único componente do meio de cultura,

que acarretará em deficiência de componentes minerais necessários para a

manutenção do metabolismo celular (MUTIARA et al., 2014; GRUMEZESCU;

HOLBAN, 2018).

5.2 Produção P(3HB) em frascos agitados

O cultivo de B. megaterium para a produção de P(3HB) foi realizado

utilizando substratos sintéticos, como controle, bem como meio de cultura

elaborados com diferentes concentrações de coprodutos industriais.

5.2.1 Cultivos com substratos sintéticos

Por se tratar de uma cepa microbiana liofilizada, inicialmente um cultivo

de 96 h (30º C, 180 rpm) foi realizado utilizando meio mineral acrescido de

glicose e fonte de nitrogênio a fim de reativar o microrganismo e verificar o

comportamento da cepa de B. megaterium, observando também a viabilidade de

produção de biomassa e P(3HB) (Figura 11).

Figura 11 – Comportamento de B. megaterium após 96 h de cultivo em meio sintético.

Page 69: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

69

Observando a Figura 11, percebe-se que a máxima produção de P(3HB)

ocorre próximo a 24 h. Após este período é possível visualizar uma queda

considerável na concentração de P(3HB) e na concentração de biomassa total,

indicando que após 24 h ocorre um consumo de produto por parte das células,

devido à ausência de algum nutriente ou excesso de metabólitos secundários

secretados pelas próprias células (MCCOOL et al., 1996; VALAPPIL et al., 2007).

A partir dos resultados obtidos, na sequência realizou-se experimentos

utilizando meio mineral acrescido de sacarose (16 g·L-1) e sulfato de amônio

(2 g·L-1), por um período de 36 h, cultivo a 30 ºC, 180 rpm. Os resultados da

produção do biopolímero, evolução do pH, biomassa e consumo de substratos

(COT e NT) estão apresentados na Figura 12.

Figura 12 – Comportamento de B. megaterium em termos de pH (A), concentração do biopolímero, biomassa e consumo de substratos (B) após 36 h de cultivo em meio mineral acrescido de sacarose e fonte de nitrogênio.

A

B

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70

De acordo com a Figura 12, a fase de crescimento exponencial da cultura

ocorreu no período de 6 a 24 h, estando de acordo com o que é reportado em

outros estudos (KULPREECHA et al., 2009; LUNA et al., 2014; HASSEMER,

2016). O comportamento do pH, também, ficou dentro do que foi descrito na

literatura, com acidificação moderada do meio ao longo do período, sobretudo

entre 12 e 16 h, seguido de gradual estabilização na faixa próxima a 4,5.

Em relação ao consumo de COT, nota-se que houve uma redução gradual

até aproximadamente 12 h de cultivo. Após este período a concentração de COT

apresentou um período de estabilização (aproximadamente 12 g·L-1), seguindo

com pequenas oscilações até 28 h, seguido de uma considerável queda em 36

h (9 g·L-1). Para NT, no entanto, o comportamento apresentou maiores níveis de

oscilação, com uma redução entre 4 e 8 h (de 2,2 para 1,6 9 g·L-1), seguido e

aumento da concentração durante o período de 12 a 20 h (1,7 a 1,8 g·L-1) e

subsequente estabilização (ao considerar os desvios padrão) até o final do

cultivo (aproximadamente 1,6 g·L-1).

A máxima produção do biopolímero ocorreu entre 24 e 28 h de cultivo,

sendo que após este período ocorreu uma redução na concentração de P(3HB),

possivelmente, oriunda de alterações no metabolismo celular, que promovem o

consumo dos grânulos de polímero pelas células. Assim sendo, os ensaios

subsequentes realizados em frascos agitados foram mantidos por 28 h, com o

intuito de maximizar a produção de P(3HB) por B. megaterium ATCC 14581.

Todavia, algo que deve ser considerado em relação a concentração de

biomassa obtida, quando comparada a estudos da literatura (Hassemer, 2016),

que utilizou meio mineral acrescido de sacarose e condições de cultivo similares

com a B. megaterium DSMZ 32T, no qual obteve 4,48 g·L-1 de biomassa. Este

comportamento está relacionado a diferenças metabólicas entre as cepas. Pillai

et al. (2017), em contrapartida, cultivaram B. aryabhattai em meio basal com

glicose e obtiveram, após 48 h, 4,36 g·L-1 de biomassa, com 74,89 % de P(3HB)

(3,26 g·L-1). Comparando os resultados encontrados neste estudo, há similares

aos apresentados na literatura, percebe-se a viabilidade da utilização da cepa

B. megaterium ATCC 14581 para produção de P(3HB).

Page 71: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

71

5.2.2 Cultivos com coprodutos agroindustriais

A partir dos resultados obtidos em frascos agitados com meio sintético,

avaliou-se os efeitos da composição do meio de cultivo a base de coprodutos

agroindustriais brutos (EIB, AMM e APA), utilizando um planejamento DCCR 23.

A matriz do planejamento DCCR 23 (valores reais e codificados) e as respostas

em termos de biomassa total (massa seca), P(3HB) e pH encontram-se descritos

na Figura 13 e Tabela 9.

Os dados obtidos durante este planejamento apontam que a maior

concentração de massa seca foi de 17,70 g·L-1 (Ensaio 8), enquanto a maior

concentração de P(3HB) encontrada foi de 9,92 g·L-1 (Ensaio 12). Um fator

interessante encontrado ao longo destes ensaios foi a baixa variação no pH entre

os mesmos, com o menor valor encontrado sendo de 3,96 (Ensaio 7) e o máximo

4,19 (Ensaio 16), isto sugere um possível efeito tamponante da água de

maceração de milho em função da alta quantidade de sólidos presentes no

mesmo (USDA - UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE., 2010;

ARAÚJO et al., 2015; HOFER et al., 2018).

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72

Figura 13 – Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total após 28 h de cultivo para planejamento DCCR 23 utilizando coprodutos brutos (planejamento 1).

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73

Tabela 9 – Matriz do planejamento DCCR 23 (valores reais e codificados) e respostas em termos de massa seca, P(3HB) e pH (planejamento 1).

Ensaio

Variáveis Independentes (g∙L-1 de COT)*

Respostas

Massa Seca (g∙L-1)

P(3HB) (g∙L-1)

P(3HB) (%)

pH X1 X2 X3

1 -1 (29,6) -1 (1,68) -1 (0,02) 8,21 ± 0,47 3,80 ± 0,87 45,76 ± 3,81 4,05 ± 0,12

2 -1 (29,6) -1 (1,68) 1 (0,06) 8,38 ± 0,08 0,49 ± 1,40 5,79 ± 1,45 4,10 ± 0,34

3 -1 (29,6) 1 (2,37) -1 (0,02) 17,00 ± 0,86 5,98 ± 2,23 35,20 ± 2,36 3,99 ± 0,31

4 -1 (29,6) 1 (2,37) 1 (0,06) 13,65 ± 0,33 6,96 ± 2,13 52,26 ± 2,54 4,09 ± 0,28

5 1 (82,14) -1 (1,68) -1 (0,02) 8,43 ± 0,035 4,76 ± 0,13 56,44 ± 3,68 4,08 ± 0,18

6 1 (82,14) -1 (1,68) 1 (0,06) 8,36 ± 0,26 5,44 ± 1,06 63,09 ± 4,18 4,06 ± 0,41

7 1 (82,14) 1 (2,37) -1 (0,02) 12,51 ± 1,57 7,51 ± 3,28 53,33 ± 4,36 3,96 ± 0,33

8 1 (82,14) 1 (2,37) 1 (0,06) 17,70 ± 2,05 5,54 ± 0,10 31,33 ± 3,69 4,03 ± 0,18

9 -1,68 (11,73) 0 (2,03) 0 (0,04) 9,64 ± 1,60 4,71 ± 1,54 47,58 ± 2,24 4,16 ± 0,26

10 1,68 (100) 0 (2,03) 0 (0,04) 10,08 ± 1,94 6,39 ± 1,06 53,20 ± 3,35 4,08 ± 0,42

11 0 (55,87) -1,68 (1,43) 0 (0,04) 7,39 ± 0,010 3,92 ± 1,66 53,02 ± 1,98 4,12 ± 0,30

12 0 (55,87) 1,68 (2,90) 0 (0,04) 17,19 ± 0,39 9,92 ± 1,79 56,42 ± 2,15 4,17 ± 0,55

13 0 (55,87) 0 (2,03) -1,68 (0,006) 9,66 ± 0,940 5,36 ± 1,87 50,55 ± 2,57 4,11 ± 0,24

14 0 (55,87) 0 (2,03) 1,68 (0,07) 10,37 ± 1,47 8,02 ± 2,55 67,70 ± 3,35 4,10 ± 0,29

15 0 (55,87) 0 (2,03) 0 (0,04) 12,02 ± 0,80 6,69 ± 0,15 56,02 ± 1,41 4,12 ± 0,30

16 0 (55,87) 0 (2,03) 0 (0,04) 12,07 ± 0,71 5,02 ± 0,92 40,34 ± 2,16 4,19 ± 0,26

17 0 (55,87) 0 (2,03) 0 (0,04) 11,87 ± 0,75 4,64 ± 0,20 37,18 ± 2,33 4,09 ± 0,25

18 0 (55,87) 0 (2,03) 0 (0,04) 11,94 ± 1,16 5,24 ± 1,56 42,84 ± 2,87 4,14 ± 0,31

19 0 (55,87) 0 (2,03) 0 (0,04) 11,91 ± 0,49 6,65 ± 6,65 53,57 ± 2,64 4,14 ± 0,36

* X1 = EIB; X2 = AMM; X3 = APA. Variáveis independentes fixas: 30 ºC, 180 rpm e 28 h de cultivo.

Page 74: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

74

Os resultados da Tabela 9 foram tratados estatisticamente e os dados

podem ser visualizados em gráficos de Pareto (Figura 14), que apresentam os

efeitos estimados das variáveis independentes para a massa seca (A), pH (B),

P(3HB) (C) e P(3HB) % (D), respectivamente.

Os diagramas de Pareto indicam que a AMM foi um dos principais

contribuintes para o aumento da massa seca das amostras. Isso se deve

sobretudo a grande quantidade de sólidos suspensos na mesma e sua baixa

concentração de COT, o que sugere que estes sólidos não estão sendo

consumidos pelas células e permanecem suspensos no meio, mesmo após 28 h

de cultivo. Além disso, a AMM em sua forma bruta não possui grande

aplicabilidade como meio de cultura para B. megaterium.

No que se refere ao pH, nenhum dos coprodutos mostraram efeitos

significativos (p>0,05) na alteração do pH do meio. De modo semelhante, a

concentração de nitrogênio presente parece não ter afetado o crescimento da

cultura. A literatura traz que a limitação de nitrogênio pode causar impactos

negativos ao metabolismo das células de B. megaterium, contudo não existem

dados aprofundados em relação ao efeito de excesso do mesmo no meio de

cultura (SHAHID et al., 2013; GETACHEW; WOLDESENBET, 2016; KOLLER et

al., 2017; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

Em relação a concentração de P(3HB) (Figura 14 C-D), a AMM e o EIB

foram as variáveis que influenciaram na concentração do biopolímero. Ainda

assim, apesar do efeito consideravelmente menor do EIB na massa total de

P(3HB), ele apresentou um efeito positivo na quantidade de produto acumulada

pelas células em relação ao peso de massa seca total. Tal comportamento se

deve, sobretudo, a necessidade de haver excesso de carbono disponível para a

produção e P(3HB) por B. megaterium (LEE, 1996; OMAR et al., 2001).

Page 75: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

75

Figura 14 – Diagrama de Pareto com o efeito estimado (valor absoluto) dos diferentes coprodutos agroindustriais em relação a massa seca (A), pH (B), P(3HB) (C) e P(3HB) % (D) (Planejamento 1).

Page 76: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

76

Baseado, nos resultados obtidos do DCCR 23, um novo planejamento foi

elaborado (DCCR 22). O objetivo deste novo conjunto de experimentos foi o de

visualizar o efeito que o pré-tratamento da AMM teria sobre as variáveis

dependentes. Neste planejamento a APA foi mantida fixa na concentração de

0,04 g∙L-1 de COT, uma vez que a mesma apresentou menor efeito na

bioprodução. A concentração dos demais coprodutos foram deslocados

(AMM Tratada: 0 a 2,5 g∙L-1 de COT e EIB: 6 a 55 de g∙L-1 de COT) e manteve-

se fixo o tempo de cultivo de 28 h, a 30 ºC, 180 rpm e pH inicial ajustado para

7,0. A matriz do planejamento DCCR 22 (valores reais e codificados) e as

respostas em termos de massa seca, P(3HB), pH, consumo de COT e consumo

de NT encontram-se descritos na Figura 15 e Tabela 10.

Figura 15 – Concentração de carbono orgânico e nitrogênio total após 28 h de cultivo para planejamento DCCR 22 utilizando coprodutos tratados (planejamento 2).

Page 77: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

77

Tabela 10 – Matriz do planejamento DCCR 22 (valores reais e codificados) e as respostas em termos de massa seca, P(3HB) e pH (Planejamento 2).

Ensaio

Variáveis Independentes (g∙L-1 de COT) *

Respostas

X1 X2

Massa Seca

P(3HB) P(3HB) pH

(g∙L-1) (g∙L-1) (%)

1 -1 (10,07) -1 (0,43) 2,70 ± 0,326

0,024 ± 0,002

0,875 ± 0,124

4,46 ± 0,151

2 1 (29,93) -1 (0,43) 3,30 ± 0,557

0,040 ± 0,033

1,201 ± 0,202

3,87 ± 0,193

3 -1 (10,07) 1 (1,89) 8,99 ± 0,458

0,065 ± 0,015

0,718 ± 0,039

3,77 ± 0,236

4 1 (29,93) 1 (1,89) 8,20 ± 0,415

0,052 ± 0,040

0,635 ± 0,057

3,67 ± 0,122

5 -1,41 (6,00)

0 (1,46) 6,99 ± 0,678

0,049 ± 0,021

0,693 ± 0,035

3,79 ± 0,081

6 1,41

(55,00) 0 (1,46)

7,89 ± 0,469

0,052 ± 0,028

0,657 ± 0,089

3,61 ± 0,276

7 0 (20,00) -1,41 (0,00)

0,30 ± 0,743

N/D N/D 2,72 ± 0,150

8 0 (20,00) 1,41 (2,5) 6,09 ± 0,358

0,040 ± 0,018

0,657 ± 0,096

3,63 ± 0,214

9 0 (20,00) 0 (1,46) 6,39 ± 0,455

0,045 ± 0,026

0,740 ± 0,103

3,76 ± 0,043

10 0 (20,00) 0 (1,46) 7,40 ± 0,496

0,049 ± 0,030

0,659 ± 0,075

3,75 ± 0,109

11 0 (20,00) 0 (1,46) 8,10 ± 0,419

0,048 ± 0,044

0,594 ± 0,086

3,76 ± 0,011

*X1 = EIB; X2 = AMM; variáveis independentes fixas: APA (0,04 g∙L-1 de COT) N/D - Não detectado.

Com base nos valores obtidos, o principal ponto a ser notado é a redução

da produção de P(3HB), onde o máximo valor encontrado foi de 0,065 g∙L-1

(0,71 % da massa seca total). Este comportamento não foi esperado, e uma

redução tão drástica na concentração de P(3HB) dificilmente estaria associada

apenas ao pré-tratamento da AMM. De modo a compreender melhor o efeito do

pré-tratamento, o ensaio 12 do planejamento DCCR 23 foi repetido, desta vez

utilizando ambos os lotes de AMM tratada (Tabela 11). Esta composição foi

selecionada, pois foi a que gerou a maior concentração de produtos.

Page 78: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

78

Tabela 11 – Concentração de biomassa e P(3HB) em cultivos do planejamento DCCR 23 utilizando dois lotes de AMM tratada (Planejamento 2).

Coprodutos* Massa seca

(g·L-1) P(3HB) (g·L-1)

P(3HB) (%)

AMM (Lote 1) 11,32b ± 0,779 0,121a ± 0,016 1,14a ± 0,015

AMM (Lote 2) 18,90a ± 0,844 0,119a ± 0,022 0,294b ± 0,059 Média ± desvio padrão; letras iguais nas colunas indicam não haver diferença significativa em nível de significância de 5% (Teste de Tukey). *Meio de cultura (Ensaio 12 – Tabela 10): 55,87 g·L-1 de EIB, 2,9 g·L-1 de AMM e 0,04 g·L-1 de APA

Observando a Tabela 11, é possível perceber que os resultados

encontrados não condizem com os dados obtidos anteriormente (Tabela 9), isto

sugere que a AMM bruta possui compostos que causam interferências na

metodologia de quantificação de P(3HB). Esta interferência se deu devido a

presença de compostos com tempo de retenção idênticos ao do P(3HB), o que

fez com que o pico cromatográfico obtido fosse diversas vezes maior.

Embora os valores de massa seca apresentassem uma diferença

significativa (p<0,05) entre os lotes de AMM, a concentração de P(3HB)

encontrada nas amostras não foram estatisticamente relevantes (>0,05). Além

disso, o tratamento estatístico dos dados encontrados nos ensaios do

planejamento 22 (Figura 16) indicaram que a AMM apresenta um impacto

negativo sobre as culturas em relação todas as variáveis testadas. A presença

da AMM em nível quadrático apresentou uma influência negativa na quantidade

de massa seca obtida, enquanto as demais variáveis e interações não foram

estatisticamente relevantes.

No que se refere ao pH das culturas, todas as variáveis apresentaram-se

significativas (p<0,05), com a AMM sendo a responsável pelo maior efeito

negativo sobre a acidez do meio. Já no que diz respeito a formação de produto,

há influência negativa da AMM na produção de P(3HB), enquanto o EIB em nível

quadrático apresentou um efeito positivo para este parâmetro. Em contrapartida,

na proporção de P(3HB) em relação a massa seca total, as variáveis não foram

estatisticamente significativas (p<0,05), com exceção da AMM em nível linear

que, mais uma vez, apresentou um efeito negativo.

É possível que este comportamento esteja associado a densidade da

AMM e a grande quantidade de sólidos não consumíveis pelas células. A

combinação destes fatores faz com que a transferência de massa seja reduzida,

Page 79: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

79

dificultando a respiração celular e a absorção de nutrientes e, por consequência,

reduzindo o rendimento total, uma vez que B. megaterium é um micro-organismo

estritamente aeróbio (VALAPPIL et al., 2007; VOS et al., 2009; PANDIAN et al.,

2010).

O EIB apresentou uma influência positiva (p<0,05) no processo, visto que

o excesso de fonte de carbono é essencial para o acúmulo de P(3HB) por B.

megaterium. Quantidades excessivas, no entanto, podem prejudicar a cultura

devido ao aumento da pressão osmótica do meio, levando a morte da cultura

(BEAULIEU et al., 1995; WU et al., 2001; PANDIAN et al., 2010).

Page 80: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

80

Figura 16 – Diagrama de Pareto com o efeito estimado (valor absoluto) dos diferentes coprodutos agroindustriais em relação a massa seca (A), pH (B), P(3HB) (C) e P(3HB) % (D) (Planejamento 2).

Page 81: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

81

Considerando os resultados obtidos nos planejamentos fatoriais (Tabelas

9 e 10), e em função do efeito negativo da AMM sobre a cultura, novos

experimentos foram realizados, removendo a AMM da composição do meio de

cultivo. Neste sentido, buscou-se testar o comportamento de B. megaterium em

quatro meios de cultura distintos. Os resultados obtidos nestes ensaios estão

descritos na Tabela 12.

Tabela 12 – Concentração de massa seca e P(3HB) nos cultivos variando-se a composição de EIB e APA suplementado com meio mineral.

Ensaio Composição do meio** Massa Seca* P(3HB) * P(3HB) *

(g∙L-1) (g∙L-1) (%)

1 EIB concentrado 1,43c ± 0,047 0,403c ± 0,058 27,69b ± 3,058 2 EIB + APA (50 %, v/v) 3,15a ± 0,087 1,30a ± 0,301 30,87a ± 3,431 3 EIB (16 g∙L-1) 2,47b ± 0,170 0,350d ± 0,039 14,95c ± 1,974 4 EIB + APA (16 g∙L-1) 2,25b ± 0,250 0,831b ± 0,172 36,51a ± 3,605

*Média ± desvio padrão; letras iguais nas colunas indicam não haver diferença significativa em nível de significância de 5% (Teste de Tukey); ** Suplementação mineral: 3.6 g·L-1 Na2HPO4, 1.5 g·L-1 KH2PO4, 0.05 g·L-1 FeSO4∙7H2O, 0.1 g·L-1 ácido cítrico, 0.01 g·L-1 CaCl2∙2 H2O, 8 mg·L-1 MgSO4∙7H2O, 0.3 mg·L-1 H3BO3, 0.2 mg·L-1 CoCl2∙6H2O, 0.03 mg·L-1 ZnSO4∙7H2O, 0.03 mg·L-1 MnCl2∙4H2O, 0.03 mg·L-1 (NH4)6Mo7O24∙4H2O, 0.03 mg·L-1 NiSO4∙7H2O, 0.01 mg·L-1 CuSO4∙5H2O), 2 g·L-1 (NH4)2SO4.

De acordo com os dados, no cultivo utilizando EIB concentrado foi o que

apresentou menor formação de biomassa (1,43 g∙L-1), sugerindo uma possível

inibição por excesso de substrato. Nos cultivos utilizando EIB e APA (50 % v/v)

apresentaram as maiores concentrações, tanto para biomassa quanto para

P(3HB).

Lorenzini et al. (2014) e Raza, Abid & Banat (2018) apontam que esse

comportamento pode estar ligado a elevada pressão osmótica do meio, que

favorece a rota metabólica de produção de P(3HB) devido ao estresse aplicado

sobre a cultura, uma vez que situações de estresse e o excesso de fonte de

carbono são necessários para a produção de P(3HB) por esta espécie de micro-

organismo. Hassemer (2016) e Faccin et al. (2013) observaram um

comportamento similar a cepa B. megaterium DSMZ 32T em meio mineral

acrescido de diferentes fontes de carbono em biorreator, sendo que ao reduzir a

taxa de aeração, a cultura apresentou uma concentração significativamente

(p<0,05) menor de biomassa total, enquanto que a concentração de polímero

aumentava.

Page 82: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

82

Considerando então os encontrados, é possível afirmar que o meio de

cultura contendo EIB + APA 50 % (v/v) juntamente com suplementação mineral

proporcionam condições de crescimento favoráveis às células de B. megaterium,

dando origem aos maiores valores de massa seca total e produto dentre os

demais.

Com base nestes resultados, uma nova série de cultivos foi realizada

variando a concentração de EIB e APA. Os resultados deste conjunto de ensaios

podem ser observados na Tabela 13. O ensaio 1 foi o que apresentou o maior

rendimento (57,50%) e concentração (1,92 g∙L-1) em P(3HB) e diferiu

significativamente (p<0,05) dos demais ensaios. Em relação, a quantidade de

massa seca observa-se que nos cultivos com 60, 70 e 80 % de EIB (Ensaios 1,

2 e 3) a concentração média foi de 4 g∙L-1 e não apresentaram diferenças

significativas (p>0,05) entre si.

Evidenciou-se ainda uma tendência onde ao aumentar a concentração de

EIB no meio, há uma redução na concentração de P(3HB) em relação a massa

seca, um comportamento causado pela elevação da pressão osmótica do meio

(WU et al., 2001; RAZA; ABID; BANAT, 2018). Contudo, no que se refere ao

perfil de pH dos cultivos, nenhum deles apresentou diferenças significativas

(p>0,05) no pH do meio, permanecendo na faixa de 5,4 a 5,5.

Tabela 13 – Concentração de massa seca, P(3HB) e pH para cultivos utilizando diferentes proporções de EIB e APA.

Ensaio

Coprodutos (%)

Respostas

EIB APA Massa seca

(g∙L-1) P(3HB) (g∙L-1)

P(3HB) (%)

pH

1 60 40 4,13a ± 0,243 1,92a ± 0,170 57,50a ± 0,987 5,50a ± 0,082 2 70 30 3,77a ± 0,217 1,54b ± 0,127 44,15b ± 0,815 5,52a ± 0,107 3 80 20 3,50a ± 0,218 1,30b ± 0,161 40,82c ± 0,360 5,44a ± 0,129 4 90 10 2,50b ± 0,251 0,841c ± 0,111 34,21d ± 0,272 5,45a ± 0,101 5 100 0 1,46c ± 0,185 0,450d ± 0,105 30,82e ± 0,583 5,50a ± 0,113

Média ± desvio padrão; letras iguais nas colunas indicam não haver diferença significativa em nível de significância de 5% (Teste de Tukey)

Na sequência, da condição maximizada avaliou-se a cinética da

bioprodução, concentração de biomassa e evolução do pH por um período de

48 h de cultivo. Os resultados obtidos durante a cinética de crescimento e da

bioprodução estão apresentados na Figura 17 e Tabelas 20 a 26 (Apêndice I).

Page 83: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

83

De acordo com os valores encontrados durante a cinética de crescimento

(Figura 17), é possível visualizar que a maior concentração de massa seca foi

encontrada no tempo de 48 h (5,37 g∙L-1). O perfil de pH das culturas apresentou

uma diminuição gradual até 12 h, seguida de estabilização em aproximadamente

4,5.

Figura 17 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) (B) em meio de cultura composto por EIB (60 %) e APA (40 %) em frascos agitados.

Para P(3HB), verifica-se que a concentração aumenta de forma

exponencial até 26 h, havendo uma queda na concentração, seguida de

oscilações e estabilização próximo a 46 h. Em relação a concentração, nota-se

que em 48 h de cultivo, a quantidade de P(3HB) foi de 2,55 g∙L-1, porém próximo

o que foi obtido em 26 h (2,405 g∙L-1). Os valores da relação produto e biomassa

obtidos em 26 h (45,28 %) e 48 h (45,18 %) de cultivo também foram similares.

A

B

Page 84: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

84

Reddy et al. (2019) realizaram um estudo similar, cultivando Bacillus sp.

em frascos agitados e utilizando efluentes da indústria de queijo como meio de

cultivo (107,25 g∙L-1 de COT). Após 48 h (30 C, 100 rpm), os autores obtiveram

0,071 g∙L-1 de P(3HB), um valor quase 3.000 vezes menor que o obtido no

presente estudo. Em contrapartida, Yustinah et al. (2019), cultivaram

Bacillus cereus suaeda B-001 em bagaço de dendê hidrolisado (14,3 g∙L-1 de

COT), onde, após 96 h (30 ºC, 150 rpm) os autores obtiveram 2,5 g∙L-1 de

biomassa total e contendo 0,99 g∙L-1 de P(3HB), aproximadamente 40 % do valor

de biomassa. Os autores sugerem que o processo de hidrólise ácida pelo qual o

bagaço de dendê foi submetido, pode causar inibição no crescimento

microbiano, devido a formação de compostos acéticos e furfurados.

5.3 Parâmetros cinéticos da bioprodução em frascos agitados

Com base nas cinéticas de produção de B. megaterium em meio

mineral (Figura 12) e meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (Figura 17),

parâmetros cinéticos e estequiométricos foram obtidos. A Figura 18 apresenta a

produtividade global de P(3HB) dos sistemas.

Observando o comportamento entre os cultivos, observa-se que no cultivo

em meio mineral, a produtividade permanece próxima a 0 por quase 12 h,

aumentando então exponencialmente até atingir o ponto máximo de

produtividade de 0,040 g·L·h-1 em 20 h de cultivo, sofrendo então uma redução

gradual na produtividade, até atingir um ponto de equilíbrio próximo a 36 h.

Para os ensaios em meio de cultura composto por EIB e APA (Figura

18 B), a fase de adaptação do micro-organismo teve uma duração

significativamente menor do que foi observado em meio sintético (Figura 18 A),

sendo que um aumento exponencial da produtividade já era observado após 4 h

de incubação. O crescimento exponencial seguiu até 10 h (0,061 g·L·h-1), com

queda em 12 h (0,057 g·L·h-1) e subsequente aumento até 18h (0,087 g·L·h-1).

Após 18 h o mesmo comportamento foi observado, com uma queda na

produtividade até 22 h (0,074 g·L·h-1) e subsequente aumento, atingindo

0,094 g·L·h-1em 24 h. O mesmo comportamento é expresso novamente em 34 h,

Page 85: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

85

onde após uma redução gradual da velocidade de produção a mesma aumenta

brevemente, se estabiliza e volta a cair.

Figura 18 – Produtividade global de P(3HB) ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B).

O comportamento observado está associado a função do P(3HB) no

interior da célula. Como o mesmo é produzido e armazenado como uma reserva

de energia, o metabolismo celular pode optar por consumir o mesmo no

momento que a célula vegetativa se sentir em posição de desvantagem, seja

pela falta de substratos viáveis, presença de compostos tóxicos ou alterações na

A

B

Page 86: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

86

temperatura e oxigenação do meio (HONG; LIN; LIN, 2008; SUAREZ et al., 2012;

KOSSEVA; RUSBANDI, 2018; THOMAS; BALAKRISHNAN; SREEKALA, 2018).

Algo que corrobora com esta hipótese, é o fato de que ao se comparar os dados

da Figura 18 B com os valores expressos na Figura 17, um comportamento

similar é observado no que se refere ao acúmulo de P(3HB), indicando que a

redução na produtividade se deve ao consumo do polímero pelo metabolismo

celular.

Além da produtividade, a relação entre a produção de P(3HB) e o aumento

na quantidade de células também foi avaliada (Figura 19). O máximo fator YP/X

no cultivo em meio mineral foi de 0,790 g·g-1 após 24 h e no cultivo utilizando os

coprodutos agroindustriais, o ponto máximo foi de 0,650 g·g-1, também

encontrado após 24 h de incubação.

Comparando o comportamento dos cultivos, novamente observa-se que

o início do aumento exponencial foi lento no meio mineral (cerca de 12 h),

quando comparado ao meio composto por EIB e APA (4 h). Ambos os cultivos

exibiram um comportamento similar, com aumento gradual seguido de queda e

subsequente aumento, embora para o cultivo contendo os coprodutos

agroindustriais as oscilações se tornam mais visíveis devido a maior duração do

cultivo e velocidade de produção.

Este comportamento é indicativo de alterações no rendimento específico

do produto e está relacionado, possivelmente, a alterações no metabolismo

celular, uma vez que a rota metabólica da produção de P(3HB) age de forma

simultânea com o ciclo tricarboxílico e compete ativamente pelas moléculas de

Acetil-CoA (CHANPRATEEP, 2010; COLET, 2016; MOŻEJKO-CIESIELSKA;

KIEWISZ, 2016; YEO et al., 2017).

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87

Figura 19 – Relação entre a produção de P(3HB) e a produção de células (YP/X) ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B).

A evolução da velocidade específica de crescimento global (μx) e da

produtividade global em células (Px) durante a bioprodução foram avaliadas na

sequência, com os resultados apresentados na Figura 20.

Os dados mostram que a velocidade específica máxima de crescimento

(µmax) para os cultivos foi de 0,308 e 0,347 h-1 para meio mineral e coprodutos,

respectivamente. Em relação a produtividade de células (Px) o máximo para o

A

B

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88

cultivo com meio mineral foi de 0,079 g·L·h-1 em 16 h, enquanto a cultura

utilizando EIB e APA obteve 0,172 g·L·h-1 em 18 h.

Figura 20 – Evolução da velocidade específica de crescimento (µx) e da produtividade em célula (Px) ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B).

O aumento considerável no valor de µmax entre os cultivos se deve

principalmente à concentração de substrato presente, uma vez que a

abundância do mesmo incentiva a duplicação celular, até que conforme a

quantidade de substrato disponível se esgota, a velocidade de crescimento

reduz gradualmente até se aproximar a zero. Em contrapartida, uma quantidade

excessiva de substrato, também, pode impactar negativamente na velocidade de

A

B

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89

crescimento e causar uma redução do µmax, muitas vezes devido à elevação da

pressão osmótica ou redução na transferência de massa e oxigenação da cultura

(COLET, 2016). Ainda em relação a quantidade de substrato presente no meio,

a Figura 21 descreve os fatores de conversão de COT e NT em produto ao longo

dos cultivos.

O maior fator de conversão de COT em produto para o cultivo em meio

mineral foi de 0,244 g·g-1 em 24 h, enquanto que para NT, o ponto máximo

ocorreu em 20 h (3,07 g·g-1). No ensaio com EIB e APA o máximo para COT foi

de 0,074 g·g-1 e 1,36 g·g-1 em 28 h, respectivamente.

Figura 21 – Fatores de conversão de COT e NT em produto ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B).

B

A

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90

Observando as tendências entre os cultivos, novamente observa-se que

após uma fase estacionária inicial, a conversão aumenta exponencialmente, com

quedas periódicas e aumento durante a duração da cultura. Estas quedas,

novamente, ressaltam os períodos em que houve o consumo de P(3HB) pelas

células, possivelmente relacionado a alterações no metabolismo da cultura.

Em relação a conversão de substratos (COT e NT) em células, o

comportamento ao longo do cultivo está descrito na Figura 22.

Figura 22 – Fatores de conversão de COT e NT em células ao longo da bioprodução em frascos agitados com meio mineral (A) e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %) (B).

B

A

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91

O comportamento da cultura em meio mineral, observa-se que para o

COT, o máximo da conversão (0,388 g·g-1) ocorre em 6 h de cultivo, , após isso

a conversão volta a subir, atingindo 0,379 g·g-1 em 20 h. Após 20 h observa-se

novamente uma queda na conversão, embora de modo mais gradativo até 28 h,

onde então novamente ocorre um aumento na conversão, seguido de uma

brusca redução em 36 h. Para NT, a conversão máxima de 3,069 g·g-1 foi

atingida em 20 h, com uma queda acentuada até 24 h, seguida de gradual

aumento.

Em contrapartida, o comportamento para o meio de cultivo utilizando

coprodutos agroindustriais se mostrou mais diversificado ao longo do tempo de

incubação. Para COT, a taxa de conversão aumenta de forma exponencial até o

máximo de 0,206 g·g-1 em 8 h de incubação, após isso diminui para 0,091 g·g-1

em 12 h. Na sequência, observa-se novamente um aumento na taxa de

conversão, uma leve estabilização entre 16 e 24 h e pequenas alterações,

sugerindo uma possível estabilização, até o fim do período de incubação. No

caso da conversão de NT em células, o comportamento exibido foi similar ao

encontrado pelo fator YP/S, com oscilações consideráveis ao longo do período,

sendo que o máximo de conversão foi de 2,46 g·g-1 em 34 h.

A Tabela 14 lista os valores máximos encontrados para cada um dos

parâmetros cinéticos avaliados para os cultivos em frascos agitados com meio

mineral e com coprodutos agroindustriais. De modo geral, o cultivo em meio

mineral apresentou os maiores fatores de conversão YP/S e YX/S, tanto em base

COT quanto para NT, com estas máximas sendo obtidas em tempo menor do

que os dados encontrados ao se utilizar o meio composto por EIB e APA. Um

comportamento inverso foi observado para os fatores Px e µx. Em contrapartida,

a relação de células em produto (YP/X) foi maior no cultivo em meio mineral do

que no cultivo com EIB e APA, ambos em 24 h de cultivo.

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92

Tabela 14 – Máximos parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução em frascos agitados com meio mineral e com meio composto por EIB (60 %) e APA (40 %).

Parâmetro Meio Mineral EIB (60 %) e APA (40%)

Máximo Tempo (h) Máximo Tempo (h)

YP/S (g·g-1) Base COT 0,244 24 0,074 28 YX/S (g·g-1) Base COT 0,388 06 0,206 08 YP/S (g·g-1) Base NT 3,07 20 1,36 28 YX/S (g·g-1) Base NT 6,51 16 2,46 34

YP/X (g·g-1) 0,709 24 0,650 24 Px (g·L·h-1) 0,079 16 0,176 10

µx (h-1) 0,308 08 0,347 06

Na sequência, os parâmetros cinéticos calculados para os cultivos em

frascos agitados serão comparados com os dados referentes aos cultivos em

biorreator, de modo a verificar se as mesmas tendências são observadas e

auxiliar na melhor compreensão do metabolismo de B. megaterium ATCC 14581

de modo a maximizar a produção de P(3HB).

5.4 Produção de P(3HB) em biorreator batelada simples

Após a determinação da melhor composição do meio de cultura e uma

visão geral do comportamento do B. megaterium ATCC 14581 em frascos

agitados, um planejamento fatorial 22 foi realizado variando-se a taxa de aeração

e agitação em biorreator batelada simples. A matriz do planejamento (valores

reais e codificados) e as respostas em termos de massa seca e, P(3HB) são

apresentados na Tabela 15.

Tabela 15 – Matriz do planejamento fatorial 22 (valores reais e codificados) - planejamento 3 e as respostas em termos de massa seca e P(3HB).

Ensaio

Variáveis Independentes* Respostas

X1 X2 Massa Seca

(g∙L-1) P(3HB) (g∙L-1)

P(3HB) %

1 -1 (1) -1 (100) 0,950 ± 0,150 0,032 ± 0,011 3,92 ± 0,179 2 1 (4) -1 (100) 2,97 ± 0,047 1,29 ± 0,080 43,46 ± 2,44 3 -1 (1) 1 (500) 6,20 ± 0,141 2,87 ± 0,025 47,03 ± 0,414

4 1 (4) 1 (500) 7,10 ± 0,200 3,57 ± 0,031 50,43 ± 0,804

5 0 (2,5) 0 (300) 4,97 ± 0,125 3,01 ± 0,051 57,87 ± 2,830 6 0 (2,5) 0 (300) 5,03 ± 0,125 2,85 ± 0,147 57,59 ± 3,540 7 0 (2,5) 0 (300) 5,07 ± 0,170 2,85 ± 0,153 55,35 ± 1,350

*X1 = Aeração (vvm); X2 = Agitação (rpm)

Page 93: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

93

A máxima concentração de P(3HB) foi de 3,57 g∙L-1 (7,10 g∙L-1 de

biomassa total), com 4 vvm de O2 e agitação de 500 rpm (Ensaio 4). No entanto,

o ensaio 1, utilizando ambas a variáveis em nível baixo, foi o que apresentou a

menor massa seca (0,950 g∙L-1) e somente 3,92 % de P(3HB). Este

comportamento, está relacionado a baixa velocidade de agitação, pois segundo

Kumar et al. (2013) & Suarez et al. (2012), a velocidade reduzida da turbina não

permite a dispersão adequada de O2 no meio, criando zonas mortas.

De modo similar, Faccin et al. (2013) cultivaram B. megaterium DSM 32T

em bateladas de 4 L, utilizando meio mineral com sacarose (18 g∙L-1) por 12 h

(30 ºC, 500 rpm, 4 vvm de O2). Após 8 h a cultura já atingia o início da fase

estacionária, com o máximo de biomassa obtido sendo de aproximadamente

4 g∙L-1 e cerca de 0,4 g∙L-1 de P(3HB), um comportamento significativamente

distinto do que foi observado no presente estudo. Omar et al. (2001) realizaram

cultivos em larga escala (bateladas de 42 L) utilizando uma cepa de B.

megaterium isolada de uma unidade de tratamento de esgoto da Arábia Saudita.

Ao cultivar a cepa por 20 h em meio mineral acrescido de 2 % de xarope de

tâmaras, os autores obtiveram após 14 h de cultivo aproximadamente 3,4 g∙L-1

de biomassa, com uma proporção de 25 % de P(3HB) (0,85 g∙L-1). Valores

inferiores aos obtidos no presente estudo.

A avaliação estatística dos resultados do planejamento demonstrou que a

agitação apresentou efeito significativo (p<0,05) sobre a massa seca e P(3HB).

Os coeficientes de regressão e análise de variância (ANOVA) para massa seca

e P(3HB) estão descritos nas Tabelas 20 a 25 (Apêndice I), respectivamente.

A Figura 23 apresenta o diagrama de Pareto para a proporção de P(3HB)

em relação a massa seca. Observando a Figura 23, nota-se que nenhuma das

variáveis apresentou efeito significativo. Contudo, algo interessante a ser

considerado é o fato de que quando avaliadas individualmente, tanto a agitação

quanto a aeração apresentaram efeitos positivos, enquanto quando avaliadas

em conjunto o efeito foi negativo.

Page 94: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

94

Figura 23 – Diagrama de Pareto com os efeitos estimados (valor absoluto) de agitação e taxa de aeração para a proporção de P(3HB) em relação a massa seca (planejamento 3).

As Equações 15 e 16, descrevem o modelo codificado de primeira ordem

para massa seca e P(3HB), respectivamente.

𝑀𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑠𝑒𝑐𝑎 (𝑔 ∙ 𝐿−1) = 4,61 + 2,34 × 𝑋2 (15)

𝑃(3𝐻𝐵)(𝑔 ∙ 𝐿−1) = 2,35 + 1,28 × 𝑋2 (16)

Os modelos foram validados pela análise de variância, com coeficientes

de correlação de 0,932 para massa seca e 0,844 para P(3HB). O valor de F

calculado para biomassa foi aproximadamente 5 vezes maior que o valor de F

tabelado, enquanto para P(3HB) o F calculado foi 1,87 vezes maior. A análise de

variância permitiu a construção de superfícies de resposta e curvas de contorno,

que podem ser visualizadas nas Figuras 24 e 25.

Page 95: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

95

Figura 24 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a produção de massa seca em função da agitação e taxa de aeração do sistema (planejamento 3).

A

B

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96

Figura 25 – Superfície de resposta (A) e curva de contorno (B) para a produção

de P(3HB) em função da agitação e taxa de aeração do sistema (planejamento

3).

A

B

Page 97: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

97

Considerando o comportamento expressado nas superfícies de resposta,

percebe-se que o máximo acúmulo de biomassa (7,100 g·L-1) e P(3HB) (3,574

g·L-1) encontram-se a uma faixa próxima a 500 rpm de agitação, em qualquer

taxa de aeração. Contudo, observa-se uma tendência de incremento da

biomassa e P(3HB), com o aumento da velocidade de agitação. Com base neste

comportamento, níveis de agitação foram extrapolados (500, 600 e 700 rpm) e

fixando a taxa de aeração em 4 vvm. Os resultados referentes a estes ensaios

estão descritos na Tabela 16.

Tabela 16 – Concentração de massa seca e P(3HB) para cultivos em biorreator

a 500, 600 e 700 rpm.

Ensaio* Agitação

(rpm)

Respostas

Massa Seca (g∙L-1)

P(3HB) (g∙L-1)

P(3HB) (%)

1 500 7,10a ± 0,200 3,57a ± 0,031 50,43a ± 0,804

2 600 5,35b ± 0,050 1,56b ± 0,050 30,04b ± 0,882

3 700 4,10c ± 0,100 0,318c ± 0,030 9,76c ± 0,504 *Aeração = 4 vvm; médias ± desvio padrão seguidas de letras iguais indicam não haver diferença

significativa á nível de 5% (Teste de Tukey).

Em relação a massa seca (Tabela 16), o aumento da velocidade de

agitação para 600 rpm (Ensaio 2) causou uma redução de aproximadamente

24,6 % na concentração final, sendo que quando a agitação atingiu 700 rpm a

concentração de massa seca obtida foi de apenas 57,7 % em relação ao

resultado do ensaio a 500 rpm (Ensaio 1).

Uma tendência similar foi observada em relação ao acúmulo de P(3HB).

O aumento da agitação para 600 rpm causou uma queda de 56,3 % na

concentração de P(3HB) em relação ao valor obtido na agitação de 500 rpm. O

mesmo comportamento foi observado a 700 rpm, com redução de P(3HB) de

aproximadamente 91,1 % em relação ao cultivo a 500 rpm (Ensaio 1, Tabela 16).

A literatura cita que a tensão de cisalhamento elevada causa injúrias na

célula e reduz sua velocidade de crescimento e, consequentemente, de acúmulo

de produto. No caso do P(3HB), pelo mesmo se tratar de uma reserva

energética, injúrias na parede celular promovem o consumo do mesmo de modo

a estabilizar o metabolismo e acelerar a recuperação do micro-organismo

Page 98: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

98

(KUMAR et al., 2013; GRUMEZESCU; HOLBAN, 2018; THOMAS;

BALAKRISHNAN; SREEKALA, 2018).

De acordo com os dados da Tabela 16, percebe-se que os melhores

resultados foram obtidos ao se utilizar uma velocidade de agitação de 500 rpm.

Desta forma, um perfil cinético da cultura foi elaborado de modo a visualizar

melhor o comportamento da cepa de B. megaterium ao longo do período de

cultivo sob estas condições maximizadas (500 rpm, 4 vvm O2) (Figura 26).

Os dados encontrados no decorrer da elaboração das curvas cinéticas da

cultura mostram que sob estas condições (500 rpm, 4 vvm O2), a fase lag foi

relativamente curta, com o crescimento exponencial das células começando a

ocorrer após 4 h e se mantendo até aproximadamente 8 h. Contudo, o maior

valor de biomassa encontrado foi de 7,55 g∙L-1 após 32 h, em função do aumento

da concentração de P(3HB). No que se refere ao polímero, a primeira amostra

dentro do limite mínimo de detecção do método de quantificação foi obtida em

8 h, com aproximadamente 0,68 g∙L-1 de P(3HB) (12,2 % da biomassa seca

total), enquanto que a maior concentração de produto observada ocorreu em

32 h, com 3,78 g∙L-1 (50,1 % da massa seca total).

Comparando estes valores com a literatura, Saratale et al. (2021)

cultivaram Lysinibacillus sp em meio mínimo por 4 h e, ao utilizar sacarose como

fonte de carbono, obtiveram 1,44 g∙L-1 de P(3HB). O maio resultado obtido por

eles foi encontrado ao se utilizar glicose, obtendo 2,65 g∙L-1, ambos os resultados

consideravelmente abaixo dos valores encontrados neste estudo.

Page 99: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

99

Figura 26 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) (B) sob condições maximizadas de produção em biorreator batelada simples.

Naresh Kumar et al. (2020) buscaram produzir P(3HB), utilizando uma

cultura mista de bactérias e biomassa desengordurada de microalgas como

substrato. Enquanto os autores não relatam a quantidade de biomassa total

obtida ao longo do estudo, a concentração de polímero obtida por eles foi de

aproximadamente 43 % da concentração total de biomassa após 48 h de cultivo,

um resultado similar aos dados obtidos durante nossos ensaios.

Amini et al. (2020) também obtiveram resultados similares. Quando os

autores cultivaram Cupriavidus necator em um meio de cultura composto por

efluentes da indústria cervejeira acrescido de maltose, eles obtiveram 7,9 g∙L-1

de massa seca total e 3,0 g∙L-1 de P(3HB). Faccin et al. (2013) cultivaram

B. megaterium DSM 32T em meio mineral com sacarose, sob diferentes

condições de aeração e obtiveram um máximo de 6,0 g∙L-1 de biomassa seca e

3,0 g∙L-1 de P(3HB). Já Jayakrishnan, Deka & Das (2020) utilizaram diferentes

concentrações de inóculo e composições de meio de cultura para produzir

B

A

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100

P(3HB) utilizando bactérias mistas obtidas de lodo ativado e obtiveram entre 7,8

a 14,4 % de polímero, quase 3,5 vezes a menos do que foi encontrado ao longo

do presente estudo.

Comparando ainda os dados da Figura 26 com o que foi apresentado na

Figura 17, constata-se que as bateladas apresentaram um rendimento

substancialmente maior, uma vez que parâmetros de cultivo podem ser

controlados de forma mais minuciosa.

Em relação ao acúmulo de massa seca, os cultivos em frascos agitados

atingiram um máximo de 4,13 g·L-1. Ao se utilizar a mesma composição de meio

de cultura em biorreator, o rendimento de massa seca foi de 7,55 g·L-1. Nos

cultivos em frascos agitados a maior concentração de P(3HB) encontrada foi de

1,92 g·L-1, enquanto as condições maximizadas de bioprodução no biorreator

geraram 3,78 g·L-1, indicando um aumento de aproximadamente 2 vezes na

concentração total de produto.

5.5 Parâmetros cinéticos da bioprodução em biorreator batelada simples

Conforme realizado para os cultivos em frascos agitados os parâmetros

cinéticos de bioprodução, também foram calculados para os cultivos em

biorreator sob as condições maximizadas (Figura 26). A Figura 27 apresenta a

produtividade global de P(3HB) encontrada durante a cultura utilizando 500 rpm

como velocidade de agitação.

Algo a ser considerado é o fato de que ao comparar a Figura 27 com a

Figura 18 B, é possível observar que ambas as culturas apresentam uma fase

lag de aproximadamente 4 h, porém, o ponto mais importante a ser notado é o

fato de que houve uma redução das oscilações entre os valores registrados ao

longo do cultivo. Peña et al. (2014), Grumezescu & Holban (2018) e Thomas,

Balakrishnan & Sreekala (2018) sugerem que este comportamento está ligado

as características de processos fermentativos conduzidos em biorreator, visto

que o equipamento permite um maior controle de variáveis e parâmetros

diretamente ligados ao metabolismo celular do que os cultivos em frascos

agitados.

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101

Figura 27 – Produtividade global de P(3HB) ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples.

A relação entre a produção de P(3HB) e a quantidade de células foi

avaliada também (Figura 28). Para este parâmetro, o ponto com maior taxa de

acúmulo de P(3HB) em relação a quantidade de células presentes foi observado

ao final do período de cultivo, em 32 h, com um valor de 0,507 g P(3HB)·g

células. Ao se comparar estes resultados com aqueles encontrados durante os

cultivos em frascos agitados (Figura 19), observa-se que, para a cultura em

batelada simples, não foram observadas reduções na concentração de P(3HB)

após a entrada da cultura na fase estacionária, demonstrando que as células de

B. megaterium não apresentaram necessidade de consumir os grânulos de

P(3HB), sugerindo que o metabolismo celular se manteve estável durante o

período (LIN; CHEN, 2017c; YEO et al., 2017; RAZA; ABID; BANAT, 2018).

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102

Figura 28 – Relação entre a produção de P(3HB) e a produção de células (YP/X) ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples.

A velocidade específica de crescimento global (μx) e a produtividade

global em células (Px) foram avaliadas na sequência, com resultados

apresentados na Figura 29. Observando os dados encontrados, é possível notar

que a velocidade específica de crescimento (µx) atinge seu pico após 8 h de

cultivo (0,61 h-1). Após o período de 8 h a velocidade de crescimento reduz

drasticamente, até atingir 0,01 h-1 em 32 h. Este comportamento condiz com o

que foi observado na Figura 26, visto que grande parte da fase de crescimento

exponencial da cultura ocorre entre 4 h e 12 h.

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103

Figura 29 – Evolução da velocidade específica de crescimento (µx) e da produtividade em célula (Px) ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples.

Shahid et al. (2013) observaram um comportamento similar de µx ao

cultivar B. megaterium DSM 32T (0,47 h-1), B. megaterium DSM 90 (0,51 h-1) e

B. megaterium DSM 509 (0,44 h-1) para a produção de P(3HB) por 24 h em meio

mineral com glicose. Dalsasso et al. (2019) também avaliaram os parâmetros

cinéticos da produção de P(3HB), desta vez utilizando a bactéria Cupriavidus

necator em meio sintético com melaço e vinhaça de cana como fonte de carbono.

Os autores obtiveram valores máximos de crescimento específico na faixa de

0,19 h-1 a 0,37 h-1 ao utilizar diferentes composições de meio de cultura. García-

Cabrera et al. (2020), por sua vez, avaliaram a cinética de produção de

Rhizobium phazeoli e encontraram velocidades de crescimento específico na

faixa de 0,09 h-1 a 0,16 h-1. Os dados da literatura, quando comparados com os

valores apresentados na Figura 29, corroboram com a ideia de que

B. megaterium apresenta bom potencial de aplicação a produção de P(3HB)

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104

devido ao seu crescimento rápido, que auxilia na redução do tempo necessário

para finalizar a cultura.

A produtividade em células (Px), por sua vez, apresenta uma tendência

similar a de µx, com o máximo de produtividade encontrado em 8 h (0,65 h-1)

seguido de uma redução até 0,23 h-1 em 32 h de cultivo. Contudo, observa-se

que a taxa em que a redução da produtividade ocorre é consideravelmente

menos súbita do que o comportamento expressado para µx.

Na sequência os fatores de conversão de substrato (COT e NT) em

produto e células foram quantificados, com resultados presentados nas Figuras

30 e 31, respectivamente.

Figura 30 – Fatores de conversão de COT e NT em produto ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples.

Page 105: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

105

Figura 31 – Fatores de conversão de COT e NT em células ao longo da bioprodução em biorreator batelada simples.

Observando os valores descritos nas Figuras 30 e 31 nota-se um

comportamento peculiar no perfil de consumo de substrato. Tanto para

conversão em P(3HB) quanto para em células, NT apresentou uma taxa de

consumo consideravelmente maior do que COT. Para conversão em produto, a

maior taxa de conversão para carbono foi de aproximadamente 0,13 g·g-1

durante o período de 20 h a 24 h, a conversão de NT, todavia, apresentou um

fator máximo de 3,4 g·g-1 em 32 h de cultivo. Para conversão em células um

comportamento semelhante foi observado, onde o maior valor de conversão para

COT foi encontrado após 8 h de cultivo, com 0,45 g·g-1. NT, em contrapartida,

apresentou um fator máximo de conversão de 8,41 g·g-1 em 12 h.

Egli (2015) aponta que este comportamento é comum em sistemas de

produção de P(3HB) onde há excesso de fonte de carbono, sendo que em certos

casos, a taxa de conversão de nitrogênio em produto e/ou células pode atingir

níveis de até 20,0 g·g-1. Oliveira-Filho et al. (2020) relatam fatores de conversão

semelhantes ao encontrados durante o presente estudo, com uma taxa de

Page 106: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

106

conversão de NT em células de 7,5 g·g-1 para a produção de P(3HB) por

Burkholdria sacchari LMG 19450, utilizando xilose como fonte de carbono.

Khanna & Srivastava (2008) cultivaram Ralstonia euthropa NRRL B14690 em

meio otimizado com frutose e obtiveram uma taxa de conversão de nitrogênio

em biomassa de aproximadamente 10,01 g·g-1. Finalmente, Faccin et al. (2011),

ao cultivar B. megaterium DSM 3T em meio mineral com sacarose, obtiveram

fatores de conversão para célula próximos a 8,48 g·g-1, valor este, quase idêntico

ao encontrado no presente estudo para B. megaterium ATCC 14581.

Para melhor visualizar os as velocidades de produção e fatores de

conversão, os dados foram organizados e tratados estatisticamente e os

resultados estão descritos na Tabela 17.

Tabela 17 – Máximos parâmetros cinéticos e estequiométricos da bioprodução em biorreator batelada simples.

Tempo (h)

Produtividade Células (g·L·h-1)

Produtividade P(3HB) (g·L·h-1)

Yp/s COT (g·g-1)

Yp/s NT (g·g-1)

Yx/s COT (g·g-1)

Yx/s NT (g·g-1)

µx

(h-1)

0 - - - - - - -

4 0,610e

± 0,024 - - -

0,227d

± 0,021 2,50e

± 0,045 -

8 0,396b

± 0,016 0,084d

± 0,005 0,058c

± 0,003 1,04d

± 0,124 0,452a

± 0,015 8,05b

± 0,219 0,61a

± 0,050

12 0,033a

± 0,001 0,129b

± 0,003 0,092c

± 0,006 2,17c

± 0,113 0,358b

± 0,020 8,41a

± 0,166 0,39b

± 0,020

16 0,018c

± 0,006 0,137ab

± 0,001 0,118b

± 0,010 2,49bc

± 0,131 0,347b

± 0,019 7,34c

± 0,229 0,033c

± 0,001

20 0,012cd

± 0,012 0,146a

± 0,001 0,136a

± 0,011 3,05b

± 0,109 0,326c

± 0,021 7,09cd

± 0,261 0,027c

± 0,002

24 0,011d

± 0,004 0,124b

± 0,001 0,138a

± 0,011 2,85b

± 0,056 0,328c

± 0,017 6,78d

± 0,063 0,023c

± 0,002

28 0,007d

± 0,010 0,124bc

± 0,002 0,115b

± 0,005 3,16ab

± 0,153 0,241d

± 0,020 6,60d

± 0,259 0,014d

± 0,003

32 0,007d

± 0,004 0,118c

± 0,001 0,120b

± 0,006 3,40a

± 0,196 0,236d

± 0,011 6,70d

± 0,248 0,010d

± 0,003 Médias ± desvio padrão seguidas de letras iguais indicam não haver diferença significativa de acordo com Teste de Tukey (p<0,05); Yp/s COT – fator de conversão de COT em P(3HB); Yp/s NT – fator de conversão de NT em P(3HB); Yx/s COT – fator de conversão de COT em células; Yx/s NT – fator de conversão de NT em células; µx – velocidade específica de crescimento;

De acordo com os valores apresentados, observa-se pela análise

estatística que o maior período de produtividade de células ocorreu após 12 h de

cultivo, com aproximadamente 0,033 g·L·h-1. No que se refere a produção de

P(3HB), o ponto máximo de produtividade ocorreu entre 16 e 20 h, com uma

produção na faixa de 0,137 a 0,146 g·L·h-1 de P(3HB). Em relação ao consumo

Page 107: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

107

de COT para a síntese de polímero, nota-se que o maior consumo ocorreu entre

20 e 24 h (0,136 a 0,138 g·g-1), isto é interessante visto que o auge da

produtividade teve início aproximadamente 4 h antes do ponto máximo de

conversão de COT em produto. Em contrapartida, em relação ao consumo de

COT para produção de células, nota-se que o maior consumo (0,452 g·g-1)

ocorre junto ao início da fase de crescimento exponencial da cultura, após

aproximadamente 8 h de cultura.

Ainda em no que se refere aos dados da Tabela 17, nota-se que o

consumo de NT para síntese de células e produção de polímero apresentaram

comportamentos distintos. O ponto máximo de conversão de NT em P(3HB) foi

observado a partir de 28 h de cultivo, ponto no qual também foi observado uma

das menores taxas de produtividade de P(3HB). O consumo de NT para

produção de células, por outro lado, apresentou um ponto máximo de conversão

(8,41 g·g-1) após 12 h de cultivo, o mesmo período em que foi observada a maior

produtividade de células. Por fim, focando na velocidade de crescimento

específico das células de B. megaterium, um máximo de 0,61 h-1 foi observado

após 8 h de cultivo, com redução considerável após este período. Entre o

período de 8 h e 12 h, observou-se uma redução de aproximadamente 36 % na

velocidade de crescimento específico. Tal comportamento pode estar

relacionado a mudança no metabolismo celular para a produção de P(3HB), uma

vez que ambas as rotas metabólicas competem pelas moléculas de Acetil-Co-A.

5.6 Avaliação do Potencial Redox na produção de P(3HB)

A avaliação do potencial redox das culturas utilizando EIB e APA. Cultivos

iniciais tiveram duração de 28 h, com o POR do sistema sendo apenas medido.

Os resultados obtidos podem ser visualizados na Figura 32.

Page 108: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

108

Figura 32 – Cinética de crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) e POR em biorreator batelada simples.

Observando os valores descritos, observa-se que o máximo de biomassa

encontrado foi de, aproximadamente, 4,67 g·L-1, com uma concentração de

polímero de 46 % (2,16 g·L-1). Ao se comparar os valores encontrados com os

dados obtidos na Figura 26 nota-se que houve uma redução considerável da

quantidade de biomassa total obtida no tempo de 28 h (4,67 g·L-1 versus

7,35 g·L-1). A concentração de P(3HB) total também foi reduzida (2,16 g·L-1

versus 3,48 g·L-1), contudo a relação entre a biomassa total e o teor de polímero

acumulado apresentou uma tendência similar em ambos os cultivos (46,33 %

versus 46,97 %).

Em relação ao POR do sistema, nota-se que ele reduz gradativamente

até 16 h e então se mantém estável até o fim do período de cultura. Lin & Liu

(2014) apontam que o perfil de POR de um sistema deve apresentar três faixas

distintas, uma fase inicial de declínio, uma fase de estabilização e, por fim, uma

fase de aumento do valor de POR. Os autores trazem ainda que em casos onde

uma ou mais fases do perfil de POR não forem observadas, o tempo total do

ensaio deve ser prolongado.

Page 109: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

109

De modo a melhor compreender o efeito do POR no metabolismo das

células de B. megaterium, novos ensaios foram realizados, desta vez utilizando

diferentes valores de POR (0 mV, -20 mV e -40 mV) e ampliando a duração dos

cultivos para 48 h. Os resultados encontrados ao longo destes ensaios estão

descritos nas Figuras 33, 34 e 35.

Figura 33 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (0 mV POR).

Page 110: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

110

Figura 34 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (-20 mV POR).

Figura 35 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (-40 mV POR).

Page 111: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

111

Comparando os valores apresentados nas Figuras 33, 34 e 35, nota-se

que a alteração do POR das fermentações causou grandes alterações no

comportamento das células bacterianas. Em relação ao teor de biomassa total

encontrado, ao se utilizar 0 mV o teor máximo encontrado foi de 5 g·L-1 após

30 h, enquanto para as demais condições (-20 mV e -40 mV) os máximos obtidos

para biomassa total foram de 2,90 g·L-1 e 0,53 g·L-1, respectivamente.

Para P(3HB) uma tendência similar foi observada, o cultivo utilizando

0 mV produziu uma quantidade máxima de 3,54 g·L-1 após as 48 h de cultura,

enquanto que os demais deram origem a 1,68 g·L-1 (-20 mV) e 0,30 g·L-1 (-40

mV). A proporção de polímero presente na biomassa também apresentou um

comportamento similar, com P(3HB) representando 69,87 % da biomassa total

produzida no cultivo utilizando 0 mV, para as demais condições, foram

encontradas proporções de polímero versus biomassa de 55,45 % e 46,66 %

para -20 mV e -40 mV, respectivamente.

Os dados encontrados durante este conjunto de experimentos mostram

que apesar da ampliação do período de cultivo, a curva de POR apresentou os

três estágios descritos por Lin & Liu (2014) apenas ao se utilizar um valor de

POR de 0 mV. Neste caso (Figura 33), nota-se que o POR do sistema atinge o

valor mínimo de 0 mV em aproximadamente 6 h, mantendo-se então estável até

24 h e então aumentando gradativamente durante o período restante. Para as

demais condições, é possível perceber que a queda inicial do valor de POR

ocorre mais lentamente, com os valores mínimos sendo atingidos após 12 h (-20

mV) e 18 h (-40 mV).

O comportamento dos parâmetros cinéticos apresentados nas Figuras 34

e 35 sugerem que a taxa de aeração do sistema foi incapaz de suprir a demanda

necessária pelas células (FACCIN et al., 2013). Shimizu & Matsuoka (2019) e

Liu, Qin & Lin (2017) apontam que a oxigenação do sistema fermentativo é um

fator crucial para o desenvolvimento de microrganismos aeróbios, sendo que

níveis insuficientes de aeração reduzem a taxa de crescimento celular e/ou de

acúmulo de produto.

Kukec & Wondra (2002), Lin, Chien & Duan (2010), bem como Verhagen,

Van Gulik & Wahl (2020) também apontam que o comportamento atípico da

curva de POR pode estar relacionada ao pH, que influencia diretamente na

Page 112: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

112

condutividade do sistema, e por consequência, no valor de POR. Com isto em

mente, um novo experimento foi realizado, utilizando POR de 0 mV e fixando o

valor mínimo de pH em 7,0. Os resultados encontrados sob estas condições de

cultivo encontram-se descritos na Figura 36.

Figura 36 – Cinética de pH (A), crescimento, bioprodução de P(3HB), consumo de substrato (COT e NT) e POR (B) em biorreator batelada simples (0 mV POR, pH mínimo 7,0).

Os resultados descritos na Figura 36 mostram que o controle de pH

alterou drasticamente o perfil de POR do sistema. É possível observar que

embora o comportamento inicial siga a mesma tendência observada na Figura

33, com uma rápida redução para 0 mV após 6 h de cultivo, o POR não

apresentou alterações até o fim do período de cultivo.

Em relação aos demais parâmetros, observa-se que as respostas se

assemelham com os dados encontrados na Figura 33, com máximo de biomassa

obtido de 5,11 g·L-1 versus 5,07 g·L-1 para o cultivo sem controle de pH. Em

relação a concentração de P(3HB), uma leve redução foi observada, 3,32 g·L-1

versus 3,54 g·L-1 para o cultivo sem controle de pH, o mesmo também foi

Page 113: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

113

observado na proporção de polímero em relação a biomassa total, com o máximo

obtido (65,12 %) estando levemente abaixo do resultado encontrado no cultivo a

0 mV sem controle de pH (69,87 %).

Contudo, observando o perfil de pH, nota-se que ele permanece

relativamente estável até 30 h, apresentando então um aumento na alcalinidade

do meio de cultura, atingindo um valor máximo de 7,88 após 48 h de cultivo. Este

é um fator importante, uma vez que o aumento do pH sugere morte da cultura

(THRASH; COATES, 2008; EGLI, 2015; VERHAGEN; VAN GULIK; WAHL,

2020).

Outro ponto que deve ser ressaltado é o comportamento da proporção de

polímero em relação a biomassa total. Os valores obtidos nos cultivos com

controle de POR, independente do pH, foram significativamente mais elevados

(65,12 % a 69,87 %) quando comparados ao cultivo maximizado descrito na

Figura 26 (50,07 %). Lin, Chien & Duan (2010), Liu, Qin & Lin (2017) e Guo et al.

(2021) sugerem que isto se deve a alterações no fluxo metabólico das células,

fazendo com que a rota metabólica responsável pela produção de P(3HB) seja

expressa com maior frequência.

5.7 Recuperação de P(3HB) via fluído supercrítico

As Tabelas 18, 19, e Figura 37 apresentam os resultados da cinética de

recuperação do biopolímero (5 min a 60 min) utilizando CO2 supercrítico e co-

solventes etanol e propanol como co-solventes, nas condições de 150 bar e

50 ºC, respectivamente.

Tabela 18 - Recuperação de P(3HB) via extração por fluido supercrítico utilizando etanol como co-solvente.

Tempo (min)

Extrato (g)

P(3HB) (g)

P(3HB) (%)

5 0,065 2,40 x 10-6 3,37 10 0,027 1,00 x 10-4 6,26 15 0,019 6,41 x 10-5 37,85 20 0,011 2,25 x 10-5 2,04 30 0,023 4,64 x 10-5 2,02 45 0,034 7,59 x 10-5 2,23 60 0,026 4,49 x 10-5 1,73

*Variáveis fixas: Quantidade de células (2 g); pressão (150 bar); temperatura (50 °C)

Page 114: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

114

Tabela 19 - Recuperação de P(3HB) via extração por fluido supercrítico utilizando propanol como co-solvente.

Tempo (min) Extrato (g) P(3HB)

(g) P(3HB) (%)

5 0,001 0,0002 21,35

10 0,002 0,0005 25,77

15 0,003 0,0001 4,98

20 0,005 0,0001 2,91

30 0,010 0,0000 0,23

45 0,002 0,0003 14,90

60 0,003 0,0002 5,85 *Variáveis fixas: Quantidade de células (2 g); pressão (150 bar); temperatura (50 °C)

Os dados encontrados nas Tabelas 18 e 19 mostram que, a maior taxa de

recuperação ocorre em 15 min para os tratamentos realizados com etanol e em

10 min para o propanol. Observou-se ainda que, ao utilizar propanol como co-

solvente, o processo apresentou maior oscilação entre os pontos de amostragem

quando comparado com a utilização de etanol, onde a recuperação permanece

quase constante após 15 min. Este efeito pode ser explicado devido a maior

permeabilização dos solventes nas células em função do tempo de contato,

facilitando a recuperação do residual do polímero (HEJAZI; VASHEGHANI-

FARAHANI; YAMINI, 2003; DARANI; MOZAFARI, 2010).

Figura 37 – Recuperação cumulativa de P(3HB) durante o período de recuperação por CO2 supercrítico utilizando etanol (A) e propanol (B) como co-solventes.

A B

Page 115: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

115

Observando a Figura 37, nota-se que ao se utilizar etanol (A), a

recuperação máxima obtida ao final do processo foi de 55,51 %, enquanto o

tratamento com propanol (B) apresentou uma taxa de recuperação de 75,99 %.

Daly et al. (2018) avaliaram a recuperação de P(3HB) previamente extraído via

tecnologia supercrítica utilizando CO2 (150 bar e 50 ºC). Os autores foram

capazes de obter uma taxa de recuperação de 73 % sem utilizar nenhum co-

solvente, sendo que ao se empregar etanol em conjunto com CO2, a eficiência

do processo chegou a 93 %. Os resultados obtidos Daly et al. (2018) se

contrastam com os valores encontrados ao longo do presente estudo, contudo,

o principal motivo para esta diferença significativa entre processos realizados

sob as mesmas condições está na amostra analisada. Daly et al. (2018)

utilizaram P(3HB) bruto, previamente extraído como amostra, buscando apenas

a purificação do produto. Isto corrobora a hipótese de que a baixa eficiência do

processo se dá devido a inabilidade do processo supercrítico romper

completamente a membrana celular do B. megaterium, dificultando o arraste das

moléculas de polímero pelo CO2, já que as mesmas apresentam um alto peso

molecular, podendo chegar a pesar até 1500 KDa (KHOSRAVI-DARANI;

VASHEGHANI-FARAHANI, 2004; DARANI; MOZAFARI, 2010; DEMIRDÖĞEN

et al., 2018).

Khosravi-Darani & Vasheghani-Farahani (2004) avaliaram a recuperação

de P(3HB) de células de Ralstonia eutropha por CO2 supercrítico utilizando

condições de 200 bar de pressão, 40 ºC e metanol como co-solvente. O

processo teve duração de 100 min e permitiu a recuperação de 59,2 % a 68,3 %

da concentração total de P(3HB) presente na amostra. Os autores, no entanto,

também realizaram um pré tratamento da biomassa com hidróxido de sódio em

concentrações variando de 0,2 % a 0,8 %, de modo a auxiliar na ruptura da

parede celular. Comparando estes valores com os dados obtidos no presente

estudo, nota-se que a taxa de recuperação ao se utilizar propanol (75,18 %) foi

superior aos valores encontrados por Khosravi-Darani & Vasheghani-Farahani

(2004) (máximo de 68,3 %), mesmo sem o tratamento prévio das amostras.

Isto sugere que o propanol possui potencial para ser utilizado como co-

solvente na recuperação de P(3HB) por tecnologia supercrítica empregando

Page 116: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

116

CO2, contudo mais testes são necessários de modo a verificar o comportamento

do processo, caso a amostra de biomassa seja submetida a diferentes pré-

tratamentos alternativos, sugerindo-se o uso de compostos alcalinos, ácidos ou

até mesmo enzimáticos isolados e/ou assistidos com o co-solvente, para auxiliar

na ruptura das células de B. megaterium e na recuperação do P(3HB).

Page 117: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

117

6 Conclusão

Os resultados encontrados ao longo do presente trabalho indicam que o

uso de coprodutos agroindustriais podem ser empregados na produção de

P(3HB) por B. megaterium. Dentre os coprodutos avaliados, o efluente da

indústria de candies e balas, em conjunto com a água de parboilização de arroz

apresentaram os melhores resultados quando comparados a água de

maceração de milho.

No que se refere a bioprodução, tanto me frascos agitados quanto em

biorreator, percebe-se que os resultados encontrados para biomassa total e

concentração de P(3HB) se assemelham ou superam resultados obtidos na

literatura ao se utilizar fontes de carbono muito mais dispendiosas, como melaço

de cana ou glicose. Sob condições maximizadas em biorreator, o sistema foi

capaz de produzir, após 32 h, 7,55 g·L-1 de biomassa total, sendo que 50,07 %

(3,78 g·L-1) deste valor corresponde a P(3HB). Observou-se também que o

potencial redox do meio de cultura, bem como o pH são fatores cruciais para a

manutenção do metabolismo celular, com dados indicando que a alteração

destes parâmetros possibilita o aumento da taxa de acúmulo de polímero em

relação a quantidade de células devido a alterações no fluxo metabólico.

Por fim, técnicas de recuperação de P(3HB) utilizando técnologia

supercrítca também foram avaliadas, contudo testes preliminares apontam a

necessidade de utilizar co-solventes ou efetuar um pré-tratamento da amostra.

Assim, sendo, estudos futuros serão realizados para verificar a potencial

aplicação de técnicas como a tecnologia de ultrassom e maceração celular

utilizando nitrogênio líquido em conjunto com a tecnologia supercrítica na

recuperação de P(3HB).

Page 118: PRODUÇÃO E RECUPERAÇÃO DE POLIHIDROXIBUTIRATO …

118

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8 Apêndice I

Tabela 20 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do planejamento fatorial 22 em biorreator para massa seca (planejamento 3).

Coeficiente de Regressão

Erro Padrão t(3) p

Médias* 4,61 0,206 22,41 0,0001 (1)Aeração (L) -0,729 0,272 -2,68 0,0751 (2)Agitação(L)* 2,34* 0,272 8,62 0,0032

1L x 2L 0,279 0,272 1,02 0,380 * Fatores estatisticamente significativos (p<0,05)

Tabela 21 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para massa seca (planejamento 3).

Fontes de Variação

Soma dos Quadrados

Graus de Liberdade

Quadrados Médios

F Calculado

(2)Agitação(L) 22,01 1 22,01 33,07

Resíduo 3,33 5 0,665

Total 25,34 6

*Ftab(95 %) = 6,607;

Tabela 22 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do planejamento fatorial 22 em biorreator para concentração de P(3HB) (planejamento 3).

Coeficiente de Regressão

Erro Padrão t(3) P

Médias* 2,35 0,277 8,51 0,003 (1)Aeração (L) 0,491 0,366 1,340 0,273 (2)Agitação(L)* 1,28 0,366 3,50 0,040

1L x 2L -0,138 0,366 -0,377 0,731 * Fatores estatisticamente significativos (p<0,05)

Tabela 23 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para P(3HB) (planejamento 3).

Fontes de Variação

Soma dos Quadrados

Graus de Liberdade

Quadrados Médios

F Calculado

(2)Agitação(L) 6,56 1 6,56 12,39 Resíduo 2,65 5 0,529

Total 9,20 6

*Ftab(95 %) = 6,607;

Tabela 24 – Coeficientes de regressão, erro padrão e valores t e p do planejamento fatorial 22 em biorreator para concentração de P(3HB) em função da massa seca (planejamento 3).

Coeficiente de Regressão

Erro Padrão t(3) P

Médias* 45,10* 5,94 7,59 0,005 (1)Aeração (L) 10,73 7,86 1,37 0,265 (2)Agitação(L) 12,52 7,86 1,59 0,209

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1L x 2L -9,03 7,86 -1,15 0,334 * Fatores estatisticamente significativos (p<0,05)

Tabela 25 – Análise de variância do planejamento fatorial 22 em biorreator para massa a P(3HB) em função da massa seca (planejamento 3).

Fontes de Variação

Soma dos Quadrados

Graus de Liberdade

Quadrados Médio

F Calculado

(1)Aeração (L) 460,87 1 460,87 1,87 (2)Agitação(L) 627,20 1 627,20

1L x 2L 326,41 1 326,41 Resíduo 740,43 3 246,81

Total 2154,91 6

*Ftab = 6,607;

Tabela 26 – Respostas para massa seca, P(3HB) e pH para cultivos utilizando diferentes proporções de EIB e APA.

Tempo (h)

Massa Seca (g∙L-1)

P(3HB) (g∙L-1)

P(3HB) (%)

pH

0 0,200 ± 0,082 ND ND 6,48 ± 0,026

2 0,267 ± 0,047 ND ND 6,51 ± 0,005

4 0,367 ± 0,170 ND ND 6,43 ± 0,012

6 0,633 ± 0,094 0,066 ± 0,019 14,24 ± 0,860 6,19 ± 0,034

8 1,27 ± 0,125 0,246 ± 0,053 17,43 ± 0,033 5,98 ± 0,036

10 1,97 ± 0,047 0,613 ± 0,044 29,87 ± 0,040 5,54 ± 0,102

12 1,87 ± 0,047 0,686 ± 0,101 39,86 ± 0,531 4,95 ± 0,168

14 2,47 ± 0,205 1,02 ± 0,079 42,57 ± 0,610 4,72 ± 0,012

16 2,90 ± 0,163 1,35 ± 0,092 46,54 ± 0,587 4,63 ± 0,025

18 3,30 ± 0,163 1,58 ± 0,070 50,67 ± 0,582 4,59 ± 0,070

20 3,33 ± 0,249 1,63 ± 0,107 48,85 ± 0,817 4,59 ± 0,017

22 3,60 ± 0,245 1,64 ± 0,179 45,50 ± 1,921 4,57 ± 0,017

24 3,70 ± 0,019 2,25 ± 0,124 44,25 ± 0,016 4,47 ± 0,043

26 4,37 ± 0,170 2,40 ± 0,113 45,28 ± 0,781 4,42 ± 0,049

28 4,30 ± 0,100 2,41 ± 0,067 47,92 ± 0,227 4,48 ± 0,008

30 4,10 ± 0,012 2,32 ± 0,047 44,53 ± 1,537 4,47 ± 0,086

32 4,50 ± 0,100 2,15 ± 0,224 49,88 ± 1,720 4,48 ± 0,009

34 4,33 ± 0,094 1,96 ± 0,016 46,48 ± 0,150 4,48 ± 0,029

36 4,55 ± 0,150 2,44 ± 0,108 49,83 ± 0,956 4,45 ± 0,016

38 4,60 ± 0,100 2,31 ± 0,168 49,79 ± 0,551 4,49 ± 0,015

40 4,75 ± 0,050 2,51 ± 0,100 46,97 ± 1,759 4,57 ± 0,055

42 5,00 ± 0,082 2,54 ± 0,090 45,96 ± 1,790 4,65 ± 0,024

44 5,10 ± 0,200 2,34 ± 0,076 45,87 ± 0,308 4,62 ± 0,014

46 5,25 ± 0,250 2,49 ± 0,070 43,23 ± 0,140 4,56 ± 0,070

48 5,37 ± 0,287 2,55 ± 0,129 45,18 ± 0,540 4,51 ± 0,025 Média ± desvio padrão

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Tabela 27 – Análise de variância (ANOVA) sem efeitos não significativos para a concentração de massa seca (planejamento 3).

SQ GL QM F p

Agitação (L) 22,01 1 22,01 33,07 0,0022

Resíduo 3,33 5 0,6655

Total 25,34 6

Tabela 28 – Análise de variância (ANOVA) sem efeitos não significativos para a concentração de P(3HB) (planejamento 3).

SQ GL QM F p

Agitação (L) 6,56 1 6,56 12,39 0,0169

Resíduo 2,65 5 0,5295

Total 9,21 6

Tabela 29 – Análise de variância (ANOVA) para a concentração de P(3HB) em função da massa seca (planejamento 3).

SQ GL QM F p

Aeração (L) 460,87 1 460,87 1,87 0,2652

Agitação (L) 627,20 1 627,20 2,54 0,2092

Resíduo 326,41 1 326,41 1,32 0,3335

Total 740,43 3 246,81