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Prof. Gustavo Sales - Lista de Transmissão (dicas jurídicas): 61 - 981337782
Instagram: @prof.gustavosalles
Canal do Youtube: Professor Gustavo Sales
DIREITO ADMINISTRATIVO
ESTADO, GOVERNO e ADMINISTRAÇÃO
O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado.
O Estado é uma instituição organizada política, social e juridicamente, dotada de
personalidade jurídica própria de Direito Público, submentido às normas estipuladas pela lei
máxima, que, no Brasil, é a Constituição escrita, e dirigida por um governo que possui
soberania reconhecida tanto internamente como externamente. O Estado é responsável pela
organização e pelo controle social, uma vez que detém o monopólio legítimo do uso da força.
Do ponto de vista sociológico
é corporação territorial dotada de um poder de mando originário
Sob o aspecto político
é comunidade de homens, fixada sobre um território, com potestade superior de ação, de mando e de coerção
Sob o prisma constitucional
Estado: é a pessoa jurídica territorial soberana, formada por três elementos:
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Obs: Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar no campo do Direito Público como
no do Direito Privado, mantendo sempre sua única personalidade de Direito Público, pois a
teoria da dupla personalidade do Estado acha-se definitivamente superada
DIREITO PÚBLICO DIREITO PRIVADO O direito público se refere ao conjunto das normas jurídicas de natureza pública, compreendendo tanto o conjunto de normas jurídicas que regulam a relação entre o particular e o Estado, como o conjunto de normas jurídicas que regulam as atividades, as funções e organizações de poderes do Estado e dos seus servidores.
Direito privado é o ordenamento jurídico que rege os interesses particulares. Questões como patrimônio familiar e sucessões são matéria do Direito Privado, que está dividido entre o Direito Civil e o Direito Empresarial.
O nosso Código Civil caracteriza o Estado como pessoa jurídica de direito público interno (art. 40 e 41). Portanto, o Estado é um ente personalizado, ou seja, é um sujeito capaz de adquirir direitos e obrigações na ordem jurídica, podendo se relacionar tanto internamente – com seus servidores e empregados, com os cidadãos, com as empresas etc. – quanto externamente – com outros Estados soberanos (“países”).
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
Obs: Não existe hierarquia entre os entes federados, e sim competências
divergentes estabelecidas por meio da CF.
A soberania é característica própria dos Estados independentes, indicando que possuem poder absoluto para se organizar e se conduzir segundo a livre vontade de seu povo. A vontade do Estado, derivada da vontade de seu povo, se manifesta através dos denominados Poderes de Estado.
Governo: é uma atividade política discricionária, representando uma conduta independente
da administração. Fala-se em “GOVERNO LULA, GOVERNO FHC....” Em resumo, é uma
atividade política discricionária, representando uma conduta independente do
administrador, como um comando com responsabilidade constitucional e política, mas sem
responsabilidade pela execução (o que é natural da Administração).
Administração: é a atividade eminentemente técnica, em qual são implementadas as políticas
públicas.
É todo o aparelho do Estado pré-ordenado à realização de serviços, visando à satisfação das
necessidades coletivas.
Amplo (lato sensu) - a administração pública compreende os órgãos
governamentais, incumbidos de planejar. comandar, traçar diretrizes e metas
(exercendo uma função política) e os órgãos administrativos, responsáveis por
executar os planos governamentais (exercendo a função administrativa).
Estrito (stricto sensu) - a administração pública compreende apenas os órgãos
administrativos, em função puramente administrativa.
GOVERNO: ADMINISTRAÇÃO PUBLICA:
Conjunto de poderes, órgãos, constitucionais, - Atividade neutra
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responsáveis pela função política do Estado. - Atividade política e discricionária - Conduta independente.
- N/ tem responsabilidade política - Normalmente vinculada a lei ou norma técnica - Busca atingir os objetivos do governo - tem hierarquia
CONCEITO DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Aspecto Constitucional : objetivo a estruturação do ESTADO
Aspecto Administrativo: objetivo prestação do serviço público, direito público, estudo dos
entes, órgãos, entidades, terceiros vinculados e agentes públicos na busca da finalidade o
interesse público.
Outros conceitos de Direito Administrativo:
Hely Lopes Meirelles – conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado.
Maria Sylvia Zanella Di Pietro – ramo do Direito Público que tem por objeto os órgãos, os
agentes e as pessoas jurídicas administrativas que integram Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins,
de natureza pública.
ATENÇÃO:
A despeito da ausência de codificação do Direito Administrativo, tal circunstância não retira desse ramo do Direito sua autonomia enquanto disciplina jurídica. E isto porque desfruta de regras e princípios próprios, os quais lhe conferem fisionomia distinta dos demais segmentos do Direito. A propósito do tema, confiram-se as palavras de Maria Sylvia Di Pietro: “(...)a formação do direito administrativo, como ramo autônomo, teve início, juntamente com o direito constitucional e outros ramos do direito público, a partir do momento em que começou a desenvolver-se – já na fase do Estado Moderno – o conceito de Estado de Direito, estruturado sobre o princípio da legalidade (...) e sobre o princípio da separação de poderes(...)” (Direito Administrativo, 26ª edição, 2013, p. 2).
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Direito Administrativo pode ser definido segundo
vários aspectos, quais sejam:
a) Escola do Serviço Público: essa escola acabou por ter grande relevo, pelo fato de ter o
Estado-providência assumido inúmeros encargos que, antes atribuídos ao particular, passaram
a integrar o conceito de serviço público. Assim, entende-se por serviço público atividade ou
organização, em sentido ampolo, abrangendo todas as atividades do estado, sem distinguir o
regime jurídico a que se sujeita essa atividade. Já no sentido estrito, serviço público abrange a
atividade material exercida pelo estado para satisfação de necessidades coletivas, como
submissão a rgime exorbitante do direito comum.
b) Critério do Poder Executivo: dita que direito administrativo está restrita à atividades
desempenhadas pelo poder executivo, restringindo-o;
c) Critério das Relações Jurídicas: conjunto de normas que regem as relções entre
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administração e administrados.
d) Critério Teleológico: são normas que disciplinam a atividade concreta do Estado para a
consecução de fins de utilidade pública.
e) Critério negativo ou residual: o direito administrativo tem por objeto as atividades
desenvolvidas para a consecução dos fins estatais, excluídas a legislação e a jurisdição ou
somente esta.
f) Critério da distinção entre atividade jurídica e social do Estado: direito administrativo é o
ramo do direito público interno que regula a atividade não contenciosa do Estado e a
constituição dos órgãos e meior de sua ação em geral.
g) Critérios da administração pública: conjunto de princípios e normas que, sob a
Constituição, têm por objeto a organização e o exercício das atividades do Estado destinadas à
satisfação concreta e imediata dos interessados públicos, mediante atos jurídicos tipificados
pela autoexecutoriedade, de caráter provisório, posto que sujeitos ao controle jurisdicional da
legalidade.
FUNÇÕES DO ESTADO
A Teoria dos Poderes, desenvolvida por Montesquieu, em L’Esprit des Lois, em 1748.
Posteriormente, na França, após a Revolução, em 1789, definiu-se a tripartição das funções do
Estado em:
Função Típica ou Principal Função Atípica ou Secundária PODER EXECUTIVO
PODER LEGISLATIVO
PODER JUDICIÁRIO
Na verdade, a tripartição dos Poderes não gera absoluta divisão de poderes e de funções, mas
sim distribuições de três funções estatais precípuas, mesmo porque o poder estatal é UNO e
INDIVISÍVEL.
Art. 2º da CF/88. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, oLegislativo, o Executivo e o Judiciário.
OBS:
Atenção:
"Cada poder (ou órgão) deve atuar dentro de sua parcela de competência constitucional. E, conforme o princípio da
indelegabilidade de atribuições, essa competência não podem ser delegada de um poder para outro.
Os órgãos somente podem exercer atribuições de outro quando houver expressa previsão constitucional, ou caso seja
expressamente autorizada sua delegação, como ocorre, por exemplo, com as leis delegadas do art. 68.
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A separação de poderes é cláusula pétrea estabelecida pelo art. 60, § 4º, III, da Constituição de 1988. Porém,
ela não é explícita em estabelecer a indelegabilidade de poderes. Apesar disso, esse princípio é da essência da
separação dos poderes adotada pelos Estados modernos. Ademais, todas as exceções à indelegabilidade estão
explicitamente estabelecidas ao longo do texto constitucional."
FUNÇÃO TÍPICA:
FUNÇÃO ATÍPICA:
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA: são atividades de fiscalização, polícia e fomento
exercidas de forma típica pelo Executivo e de forma atípica por outros poderes.
Atenção:
Para o estudo do Direito Administrativo, em particular, a função que mais interessa é a função administrativa, pela qual o Estado, aplicando a lei, cuida da gestão de todos os seus interesses e os de toda a coletividade. Di Pietro ensina que a função administrativa caracteriza-se por prover de maneira imediata e concreta as exigências individuais ou coletivas para a satisfação dos interesses públicos preestabelecidos em lei. Trata-se, portanto, dos atos do Poder Público que produzem efeitos concretos na sociedade à como a realização de uma compra, a contratação de um servidor, a prestação de um serviço -, o que é diferente da produção de uma lei, por exemplo, que produz efeitos gerais e abstratos. Por ser muito ampla e abranger uma gama de situações, alguns autores preferem enxergar a função administrativa como uma função residual: excluída a função legislativa, pela qual se criam normas jurídicas, e a jurisdicional, que se volta especificamente para a solução de conflitos de interesses, todo o restante espelha o exercício da função administrativa.
Sistema Administrativo
É o meio pelo qual o Estado controla a atuação administrativa. Existem dois sistemas:
a.) Francês
b.) Inglês (Art. 5º, XXXV, da CF. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário
lesão ou ameaça a direito)
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Obs: Tal dispositivo carrega o chamado princípio da inafastabilidade (ou inarredabilidade) de jurisdição, ostentando status de cláusula pétrea constitucional.
A possibilidade jurídica de submeter efetivamente qualquer lesão de direito e, por extensão, as ameaças de lesão de direito a algum tipo de controle, seja pela própria Administração como pelo Judiciário denomina-se princípio da sindicabilidade.
As decisões dos órgãos administrativos, em regra, não têm caráter conclusivo perante o Poder Judiciário, podendo ser revistas na via judicial. Não obstante, existem situações nas quais o exaurimento ou a utilização inicial da via administrativa é condição para acesso ao Poder Judiciário, a saber:
O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após se esgotarem as instâncias da Justiça Desportiva. Cabe destacar que a Justiça Desportiva é uma via administrativa, pois o artigo 92 da Constituição não a inclui como órgão do Poder Judiciário.
O ato administrativo, ou a omissão da Administração Pública, que contrarie Súmula Vinculante só pode ser alvo de reclamação ao Superior Tribunal Federal depois de esgotadas as vias administrativas (Lei 11.417/2006, art. 7º, §1º);
É indispensável para caracterizar o interesse de agir no habeas data à prova do anterior indeferimento do pedido de informação de dados pessoais, ou da omissão em atendê-lo. Assim, exige-se que primeiro tenha que ter ocorrido uma negativa ou omissão da via administrativa para que, posteriormente, obtenha-se o acesso ao Poder Judiciário.
A Lei nº 12.016/09 previu que o mandado de segurança não é cabível quando “caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução” (art. 5, I)
O STF (RE 631.240) firmou a orientação de que, em regra, é necessário o prévio requerimento administrativo para ficar caracterizado o interesse de agir em ações judiciais contra o INSS relativas à concessão de benefícios previdenciários. Tal exigência, contudo, não se confunde com o exaurimento das vias administrativas, pois quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado, ele poderá buscar diretamente a via judicial.
Fontes do Direito Administrativo
Consideram-se fontes de uma determinada disciplina aquelas regras ou comportamentos que
provocam o surgimento de uma norma posta. As principais fontes do Direito Administrativo
são:
É a fonte primordial do Direito Administrativo brasileiro. O vocábulo lei deve ser interpretado amplamente, abrangendo todas as espécies normativas, abrangendo, como fonte principal do Direito Administrativo, a Constituição Federal e todas as normas ali dispostas que tratem da matéria.
Obs: somente a lei, amplamente considerada, pode criar originariamente normas jurídicas,
sendo por isso, para parte da doutrina, a ÚNICA FONTE DIRETA DO DIREITO ADMINISTRATIVO.
Atenção:
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Jurisprudência
Doutrina
Costumes
Hely Lopes Meirelles leciona que “no Direito Administrativo Brasileiro o costume exerce
ainda influência, em razão da deficiência da legislação. A prática administrativa vem
suprindo o texto escrito, e, sedimentada na consciência dos administradores e
administrados, a praxe burocrática passa a suprir a lei, ou atua como elemento informativo
da doutrina” (Direito administrativo brasileiro. 21ª ed. São Paulo, Malheiros, 1996, p. 37).
Atenção:
Alguns autores incluem, ainda, como fonte desse ramo, os PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO, que são critérios maiores, às vezes até não escritos, percebidos pela lógica ou por indução.
Obs: Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello os princípios gerais do direito “são vetores
normativos subjacentes ao sistema jurídico-positivo, não porém como uma dado externo, mas
como uma inerência da construção em que se corporifica o ordenamento”: são teses jurídicas
genéricas que informam o ordenamento do Estado, conquanto não se achem expressos em
texto legal específico.
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Exemplos:
ninguém será punido antes de ser ouvido;
não é permitido o enriquecimento ilícito;
ninguém se beneficiará da própria malícia...
Regime Jurídico Administrativo
Conjunto de todos os princípios do Direito Administrativo. São prerrogativas e obrigações que
a Administração possui para exercer a função administrativa.
Existem dois grandes princípios que norteiam esse regime:
a.) Supremacia do Interesse Público Sobre o Privado
O interesse público é supremo sobre o interesse particular, e todas as condutas estatais têm como finalidade a satisfação das necessidades coletivas.
Atenção:
CUIDADO:
Aplicação do princípio da supremacia do interesse público pressupõe a prevalência do interesse da maioria da
população, na medida em que em certas ocasiões há que se defender ou garantir o interesse da minoria, como prevê a Constituição nos direitos e garantias fundamentais.
Afora isso, é necessário separar o interesse público primário (da coletividade) e o interesse público secundário (do
Estado enquanto pessoa jurídica). Em regra, o que deve prevalecer é o interesse público primário, mas sempre respeitando os direitos e garantias individuais.
b.) Indisponibilidade do Interesse Público
Esses princípios estão implícitos na CF. Todos os princípios do Direito Administrativo são
desdobramentos desses princípios
Obs:
Interesse Primário: é a realização de atividades que beneficiam diretamente o
administrado.
Interesse Secundário: são atividades que estruturam a capacidade do Estado em
benefício indireto ao cidadão.
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José Cretella Júnior afirma que princípio é toda proposição que age como pressuposto do sistema, legitimando-o.
Classifica-os em:
1) princípios onivalentes (ou universais) – os princípios lógicos encontrados em toda construção científica
elaborada pelo homem;
2) princípios plurivalentes – os princípios comuns a um grupo de ciências semelhantes;
3) princípios monovalentes – os princípios que atuam em somente uma ciência;
4) princípios setoriais – os princípios de um setor de determinada ciência
Princípios Constitucionais Expressos
O Art. 37, da CF, prevê que:
A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do DF
e dos Municípios obedecerá aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Obs:
Legalidade
A administração só pode atuar se houver previsão legal .
Exceções:
Obs: ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei (art. 5º
II, da CF/88).
Atenção:
Princípio da Juridicidade
O administrador público poderá utilizar o ordenamento jurídico e principalmente a Constituição Federal e seus
princípios para preencher as lacunas existentes no dia a dia do exercício da Administração Pública.
Impessoalidade
Esse princípio possui duas vertentes:
a.) Impede perseguições e favorecimentos, exceto se a lei autorizar.
Ex: _________________________________________________________________________
b.) O agente público não pode se promover através da publicidade oficial.
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Obs: O princípio da impessoalidade tem previsão expressa no texto constitucional e está
diretamente ligado ao princípio republicano, à medida em que separa o Estado da pessoa do
governante.
Moralidade
A atuação do agente tem que se pautar na ética, boa-fé, honestidade, lealdade, probidade.
"O princípio da moralidade torna jurídica a exigência de atuação ética dos agentes da
Administração Pública. A denominada moral administrativa difere da moral comum,
justamente por ser jurídica e pela possibilidade de invalidação dos atos administrativos que
sejam praticados com inobservância deste princípio." (Direito Administrativo
Descomplicado, 20ª edição, 2012, p. 193-194).
Vedação ao Nepotismo – Súmula Vinculante nº 13.
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade,
até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa
jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo
em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública
direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição
Federal.
Jurisprudência:
Nepotismo e agente político "1. A jurisprudência do STF preconiza que, ressalvada situação de fraude à lei, a nomeação de parentes para cargos públicos de natureza política não desrespeita o conteúdo normativo do enunciado da Súmula Vinculante 13." (RE 825682 AgR, Relator Ministro Teori Zavascki, Segunda Turma, julgamento em 10.2.2015, DJe de 2.3.2015) "Reclamação - Constitucional e administrativo - Nepotismo - Súmula vinculante nº 13 - Distinção entre cargos políticos e administrativos - Procedência. 1. Os cargos políticos são caracterizados não apenas por serem de livre nomeação ou exoneração, fundadas na fidúcia, mas também por seus titulares serem detentores de um munus governamental decorrente da Constituição Federal, não estando os seus ocupantes enquadrados na classificação de agentes administrativos. 2. Em hipóteses que atinjam ocupantes de cargos políticos, a configuração do nepotismo deve ser analisado caso a caso, a fim de se verificar eventual 'troca de favores' ou fraude a lei. 3. Decisão judicial que anula ato de nomeação para cargo político apenas com fundamento na relação de parentesco estabelecida entre o nomeado e o chefe do Poder Executivo, em todas as esferas da federação, diverge do
entendimento da Suprema Corte consubstanciado na Súmula Vinculante nº 13." (Rcl 7590, Relator Ministro Dias Toffoli, Primeira Turma, julgamento em 30.9.2014, DJe de 14.11.2014)
Instrumentos para defesa da moralidade:
Publicidade
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Esse princípio promove a transparência dos atos administrativos. A administração deve
publicar os atos que geram efeitos externos e aqueles que acarretam ônus para a
Administração.
Nem todos os atos precisam ser publicados, por exemplo, atos internos da administração.
Exceções:
SUPER ATENÇÃO:
A PUBLICAÇÃO É CONDIÇÃO DE EFICÁCIA E NÃO DE VALIDADE DO ATO
Princípio da publicidade – STJ/2010.
EMENTA: Concurso Público. Técnico Judiciário. Nomeação 4 anos após homologação do
resultado do certame. Veiculação pelo Diário Oficial. Insuficiência. Necessidade de maior
publicidade do ato. Nada razoável exigir que os cidadãos devam ler diariamente o diário oficial
para não serem desavisamente afetados nos seus direitos.
Eficiência A atuação do agente tem que ser pautar pela produtividade, economicidade
(“MAIS POR MENOS”)
O princípio da eficiência exige, também, que a Administração Pública seja organizada em
permanente atenção aos padrões modernos de gestão, no fito de vencer o peso burocrático,
para lograr os melhores resultados na prestação dos serviços públicos postos à disposição dos
cidadãos.
O renomado HELY LOPES MEIRELLES definiu o princípio da eficiência, como “o que se impõe a
todo o agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento
profissional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não se contenta em
ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público
e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros”, e
acrescenta que “o dever da eficiência corresponde ao dever da boa administração”...
(MEIRELLES, 2002).
Mecanismos para atingir a eficiência na Administração Pública
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Também denominado de princípio da qualidade dos serviços públicos, o princípio da eficiência foi inserido na nossa Constituição a partir da EC 19/1998, que tratou da chamada Reforma do Estado, movimento que pretendia modernizar a máquina administrativa brasileira mediante a implantação do modelo de administração gerencial em substituição ao modelo de administração burocrática, cuja ênfase recaía sobre o princípio da legalidade. Atenção:
Carvalho Filho assevera que uma ação eficiente pressupõe o atendimento a vários requisitos, como produtividade, economicidade, qualidade, celeridade, presteza, desburocratização e flexibilização. Lucas Furtado destaca, ainda, a necessidade de planejamento dos gastos públicos.
O renomado HELY LOPES MEIRELLES, definiu o princípio da eficiência, como “o que se
impõe a todo o agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e
rendimento profissional. É o mais moderno princípio da função administrativa, que já não
se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo resultados positivos
para o serviço público e satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de
seus membros”, e acrescenta que “o dever da eficiência corresponde ao dever da boa
administração”... (MEIRELLES, 2002).
OUTROS PRINCÍPIOS
Princípio da Participação (art. 37, § 3º, da CF)
A lei devera estimular as formas de participação do usuário na administração pública direta e
indireta, regulando especialmente: reclamações relativas à prestação de serviço público,
acesso dos usuários a registros administrativos e a informações sobre atos do governo,
disciplina da representação contra o exercício negligente ou abusivo de cargo, emprego ou
função na administração pública.
Princípio da Celeridade Processual (art. 5º, LXXVIII, da CF)
Estabelece que tanto no âmbito judicial quanto no administrativo, são assegurados a razoável
duração dos processos e os meios que garantam sua celeridade de sua tramitação.
Princípio Contraditório e Ampla Defesa (art. 5º, LV, da CF) aos litigantes, em processo
judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla
defesa, com os meios e recursos a ela inerentes;
É o direito conferido ao particular de saber o que acontece no processo administrativo e judicial de seu interesse, bem como o direito de se manifestar na relação processual, requerendo a produção de provas e provocando sua tramitação, seja diante de um processo judicial ou de um processo administrativo. Ninguém pode ser processado e julgado sem ter amplo conhecimento dos fatos relatados nesse processo e dos motivos que ensejo a sua instauração.
SÚMULA VINCULANTE 5 A falta de defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende a Constituição.
SÚMULA VINCULANTE 21 É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo.
Princípios Constitucionais Implícitos
Princípio da Razoabilidade e Proporcionalidade
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Razoabilidade teria como objetivo impedir a prática de atos que fogem a razão e ao equilíbrio do "pensamento comum". Já a Proporcionalidade teria um campo de atuação maior: seria um verdadeiro parâmetro para se aferir à adequação e a necessidade de um determinado comando normativo no Ordenamento Jurídico. Razoabilidade representa certo limite para discricionariedade do adminsitrador. Proporcionalidade busca um equilíbrio entre o ato praticado e os fins a serem alcançados pela Administração Pública e a essencialidade deste princípio.
Princípio da Autotutela
SÚMULA 473 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.
Princípio da Segurança Jurídica
Obs: O princípio da segurança jurídica se justifica pelo fato de ser comum ocorrerem
mudanças de interpretação em determinadas normas legais no âmbito administrativo, o que
poderia afetar situações já consolidadas na vigência da anterior orientação.
O princípio da segurança jurídica pode ser estudado sob dois prismas:
- Objetivo: refere-se à irretroatividade das normas e à proteção dos atos perfeitamente realizados contra as
modificações legislativas posteriores e;
- Subjetivo: trata justamente da preservação das expectativas legítimas da sociedade com a produção de harmonia
das relações jurídicas (princípio da proteção da confiança). Dica do Prof. Gustavo Sales
A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança jurídica,
impede a administração de adotar posturas manifestadamente contraditórias,
ou seja, externando posicionamento em determinado sentido, para, em
seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos cidadãos de boa-fé.
Princípio da Finalidade
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Princípio da Especialidade
As entidades estatais não podem abandonar, alterar ou modificar as finalidades para as quais foram constituídas. Atuarão as ditas entidades sempre vinculadas e adstritas aos seus fins que motivaram sua criação.
Princípio da Motivação É a obrigação conferida ao administrador de motivar todos os atos que edita, sejam gerais, sejam de efeitos concretos. É considerado, entre os demais princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a motivação não há o devido processo legal, pois a fundamentação surge como meio interpretativo da decisão que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da Administração.
Administração Pública
Em sentido estrito, o conceito de administração pública envolve todo o aparelhamento estatal voltado à execução das políticas públicas. Pode ser conceituada sob dois aspectos:
SUBJETIVO OBJETIVO
Administração Pública em sentido formal, subjetivo ou orgânico significa o conjunto
de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que tenham a incumbência de executar as
atividades administrativas. Esse conceito, portanto, leva em conta o sujeito, isto
é, quem está exercendo a função administrativa, em qualquer dos Poderes.
Em sentido material, objetivo ou funcional, a administração pública abrange
as atividades exercidas pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes incumbidos da função
administrativa do Estado. O conceito, portanto, adota como referência o objeto, isto é, o
que é realizado, não obrigatoriamente quem exerce. O conceito de administração pública também pode ser tomado em sentido amplo, abrangendo, assim, os órgãos superiores de governo que exercem função política, da mesma forma que os órgãos, agentes e entidades que exercem função meramente administrativa, isto é, de execução dos programas de governo.
(Questão de Prova)Aplicada em: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª REGIÃO Prova: Analista
Judiciário - Oficial de Justiça Avaliador Federal
Tendo como referência a doutrina jurídica majoritária, julgue o item a seguir, a respeito de conceitos, princípios e
classificações do direito administrativo.
Para os autores que defendem o princípio da subsidiariedade, a atividade pública tem primazia sobre a iniciativa privada,
devendo o ente particular se abster de exercer atividades que o Estado tenha condições de exercer por sua própria
iniciativa e com seus próprios recursos.
Atenção:
O Princípio da Subsidiariedade é exatamente o oposto do veiculado pela assertiva. Considerado um princípio implícito da ordem econômica (artigo 170 da
Constituição), o Princípio da Subsidiariedade determina que cabe ao Poder Público, enquanto agente regulador, atuar na ordem econômica apenas
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de forma subsidiária à iniciativa privada. Assim, a intervenção somente será cabível em casos expressamente previstos na Constituição.
Fonte: Danilo Vieira Vilela. Direito Econômico. Sinopse para concursos. Juspodivm, 2017.
Organização Administrativa Brasileira
Toda a atividade administrativa do Estado se desenvolve, direta ou indiretamente, por meio da atuação de órgãos, entidades públicas e seus respectivos agentes. Nos termos da Lei 9.784/1999: Entidade: a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica. Órgão: a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração
direta e da estrutura da Administração indireta.
Atenção:
Entidades Políticas
Entidades Administrativas
Centralização
A centralização ocorre quando o Estado executa suas tarefas diretamente, por intermédio dos órgãos e agentes
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administrativos que compõem sua estrutura funcional. O que caracteriza a centralização, portanto, é o desempenho direto das atividades públicas pelo Estado, vale dizer, por uma das pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios). Por exemplo, ocorre centralização quando um Município, através dos servidores lotados na Secretaria de Obras, realiza um trabalho de limpeza das ruas da cidade.
Desconcentração
Dica do Prof. Gustavo Sales
A desconcentração é fundada na manifestação do Poder Hierárquico e não prejudica a unidade do Estado já que todos os órgãos e agentes continuam ligados por um poderoso vínculo, a hierarquia.
Espécies de Desconcentração:
a.) Territorial ou Geográfica: os órgãos têm a mesma atribuição, variando apenas no
âmbito de atuação. Ex.:
b.) Material ou Temática: cada órgão é especializado em determinado assunto. Ex.:
c.) Hierárquico ou Funcional: utiliza como critério para repartição de competências a
relação de subordinação entre os órgãos. Ex.:
Descentralização
As competências administrativas são transferidas para outra pessoa autônoma.
Pressupõe duas pessoas distintas: quem descentraliza e quem recebe a atribuição.
A descentralização pode ocorrer de três formas:
OUTORGA (POR SERVIÇOS/FUNCIONAL/TÉCNICA) COLABORAÇÃO (DELEGAÇÃO)
A criação de entidades para a outorga de serviços somente pode ser feita
por lei em sentido formal. A lei pode efetivamente criar a entidade ou simplesmente autorizar a sua criação. Já a definição do campo de atuação
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das entidades criadas pode ser feita por meio de instrumentos normativos
infralegais. Descentralização Territorial: ocorre com a criação de um território (art. 18, §3º, da CF)
A doutrina costuma chamar os Territórios Federais de autarquias territoriais (ou geográficas), em razão da sua personalidade jurídica de direito público. Porém, os Territórios diferem das autarquias porque estas possuem capacidade administrativa específica, isto é, recebem da lei competência para atuar numa área determinada (princípio da especialidade), assim como todas as demais entidades da administração indireta; já os Territórios possuem capacidade administrativa genérica, ou seja, podem atuar em diversas áreas.
Atenção:
Concentração: Técnica administrativa que promove a extinção de órgãos públicos.Pessoa jurídica integrante da
administração pública extingue órgãos antes existentes em sua estrutura, reunindo em um número menor de unidade as
respectivas competências. A concentração pode ser usada na administração direta e também na indireta. (Vicente Paulo e
Marcelo Alexandrino, 2010).
Administração Direta
É o conjunto de órgãos que integram as pessoas políticas do Estado (União, Estados, DF e Municípios), aos quais foi atribuída a competência para o exercício de atividades administrativas, de forma centralizada. Em outras palavras, na administração direta “a Administração Pública é, ao mesmo tempo, a titular e a executora do serviço público.”
Quando o Estado executa tarefas diretamente, através de seus órgãos internos, estamos diante da Administração Direta no desempenho de atividade
centralizada. Órgãos Públicos
Centro de competências sem personalidade jurídica, cuja atuação de seus agentes é imputada
à Pessoa Jurídica a que pertencem.
Atenção:
O órgão público não possui personalidade jurídica. Ele é apenas uma extensão da entidade que o criou. Assim, todas as suas manifestações de vontade, concretizadas pela atuação dos agentes públicos, são consideradas como da própria pessoa jurídica mãe. Dizendo de outra forma, a atuação do órgão público é imputada à pessoa jurídica, a qual pode ser uma entidade política ou uma entidade administrativa. Esse é o fundamento da chamada teoria do órgão.
Características:
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A criação e a extinção de órgãos na Administração Direta do Poder Executivo necessitam de lei em sentido formal, de iniciativa do chefe do Poder Executivo (CF, art. 61, §1º, II). Ou seja, a lei deve ser aprovada no Poder Legislativo, mas quem dá início ao processo legislativo é o chefe do Executivo.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
Classificação:
1 – Quanto à Estrutura
Simples Composto
Também chamados de órgãos unitários, não existem outros órgãos agregados a sua estrutura. Ex.: Presidência da República (União), Assembleia Legislativa (Estados).
Reúnem outros órgãos ligados a sua estrutura. Ex.: Congresso Nacional que é formado pelo Senado Federal e Câmara dos Deputados.
2 – Quanto ao Poder de decisão
Singular (Unipessoal) Colegiado (Pluripessoal)
Aquele que atua pela manifestação de vontade de um único agente que é o seu chefe e representante. Ex.: Presidência da República.
Atuam e decidem pela manifestação de vontade de seus membros. Ex.: Assembleia Legislativa (Estados).
3 – Quanto à Posição na Hierarquia
Independente Autônomo
Não estão hierarquicamente subordinados a nenhum outro, uma vez que se encontro no topo da hierarquia daquele poder estatal. Ex.: Presidência da República (União), Governadoria (Estado) e Prefeituras (Município).
São imediatamente subordinados aos órgãos independentes. Gozam de ampla autonomia administrativa e financeira, são órgãos de coordenação e planejamento. Ex.: Ministerios (União) e Secretarias (Estado).
Superior Subalterno
Não têm autonomia, não têm indepedência, dependem de controle de uma chefia mais alta, mas ainda consevam o poder de decisão, no que tange os atos praticados no exercício de suas atividades. Ex.: Secretaria da Receita Federal, Procuradorias Estaduais, Polícias.
Com reduzido poder de decisão; constitui-se, em verdade, em órgãos de mera execução de atividades administrativas. Ex.: Seção de pessoal, zeladoria.
Entidades Administrativas (Administração Indireta)
Nos termos do art. 4º do Decreto Lei 200/1967, a Administração Indireta compreende as seguintes categorias de entidades, todas dotadas de personalidade jurídica própria: Autarquias. Empresas Públicas. Sociedades de Economia Mista.
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Fundações Públicas.
Pessoas Jurídicas instituídas pelos Entes Políticos para o desempenho de atividades
administrativas.
Segundo a doutrina, a criação de entidades da administração indireta encontra
fundamento no assim chamado princípio da especialização (ou da especialidade).
Um ente federado - União, estados, Distrito Federal ou Municípios - edita uma lei por força
da qual competências específicas, nela discriminadas, que originalmente foram atribuídas
à pessoa política, passarão a ser exercidas por outra pessoa jurídica, meramente
administrativa (uma entidade de sua administração indireta), no pressuposto teórico de
que tal especialização permitirá um desempenho dessas competências melhor do que
aquele que se obteria caso elas permanecessem sob incumbência de órgãos da
administração direta daquele ente federado.
1 – Início da Existência (Art. 37, XIX, da CF) somente por lei específica poderá ser
criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de
economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
definir as áreas de sua atuação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19,
de 1998)
Obs:
Criação de subsidiárias:
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Subsidiárias são empresas menores criadas para complementar as atividades de
companhias maiores.
Ex: ______________________________________________________
ATENÇÃO:
Segundo o art. 37, XX, da CF, depende de autorização legislativa, em cada caso, a
criação de subsidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior, assim como a
participação de qualquer delas em empresa privada
Porém, de acordo com o STF, é dispensável a autorização legislativa para cada caso,
desde que haja previsão para esse fim na própria lei que instituiu a empresa estatal matriz.
Um exemplo de autorização legislativa para a constituição de subsidiárias é a Lei 11.908/2009, cujo art. dispõe “O Banco do Brasil S.A. e a Caixa Econômica Federal ficam autorizados a constituir subsidiárias integrais ou controladas, com vistas no cumprimento de atividades de seu objeto social”.
2 – Características Comuns
Dica do Prof. Gustavo Sales O controle exercido sobre as entidades da administração indireta é de caráter essencialmente finalístico, pois elas não estão sujeitas à subordinação hierárquica, embora tenham de se enquadrar nas políticas
governamentais e atuar em consonância com as disposições de seus estatutos.
A supervisão ministerial se distribui sobre quatro aspectos:
Controle político, pelo qual os dirigentes das entidades da
administração indireta são escolhidos e nomeados pela autoridade
competente da administração direta, razão por que exercem eles função de confiança.
Controle institucional, que obriga a entidade a caminhar sempre
no sentido dos fins para os quais foi criada.
Controle administrativo, que permite a fiscalização dos agentes e das rotinas administrativas da entidade.
Controle financeiro, pelo qual são fiscalizados os setores financeiro e contábil da entidade.
Atenção:
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A descentralização administrativa está diretamente relacionada à busca pela eficiência no desempenho das atividades estatais. A ideia básica é que a criação de uma pessoa jurídica dotada de autonomia administrativa, gerencial e financeira, bem como de pessoal especializado, permite a realização de atribuições de modo mais eficiente.
3 – Autarquia
1) De acordo como art. 5º, inciso I, do Decreto-lei nº 200/67, autarquia é definida como serviço autônomo,
criado por lei específica, com personalidade jurídica, patrimônio e receita própria, para executar atividades típicas da
Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira
descentralizada.
2) Segundo Hely Lopes Meirelles, “as autarquias são entes administrativos autônomos, criado por lei específica, com
personalidade jurídica de Direito Público interno, patrimônio próprio e atribuições estatais específicas".
3) A entidade autárquica pode ser caracterizada como, pessoa jurídica de direito público, integrante da administração
indireta, criada e extinta por lei específica, com capacidade de autoadministração, instituída com finalidade determinada
para exercer atividades típicas de Estado e sujeita a controle pelo ente estatal.
Características:
IMUNIDADE TRIBUTÁRIA RECÍPROCA CF, Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao
contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros.
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Art. 150, § 2º A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações instituídas e mantidas pelo
Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou
às delas decorrentes.
Portanto, a imunidade tributária recíproca não protege os bens e rendas das autarquias em toda e qualquer circunstância, mas,
sim, apenas os vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas decorrentes.
Espécies de Autarquias:
a.) Autarquia Administrativa: são as autarquias comuns, que não possuem
particularidades.
Ex: _____________________________________________________________
b.) Autarquia Territorial: se o Estado criar um território, este será uma espécie de
autarquia.
c.) Autarquia Corporativa: instituídas para o desempenho de atividades de fiscalização e
regulamentação de categorias profissionais. São os conselhos profissionais.
Ex: ______________________________________________________________________
ATENÇÃO: OAB (Ordem dos Advogados do Brasil)
Detalhe importante é que, segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (ADI 3.026/DF), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), embora possua as características de uma autarquia (pessoa jurídica de direito público que desempenha atividade típica de Estado, qual seja, a fiscalização do exercício da advocacia, exercendo poder de polícia e poder disciplinar), não integra a administração indireta da União. Dessa forma, apesar das atividades que exerce, a OAB não seria um conselho fiscalizador de profissão regulamentada, e sim uma entidade ímpar, sui generis, um serviço independente não integrante da administração pública. Segundo salienta Maria Sylvia Di Pietro, com essa decisão, a OAB passa a ser considerada pessoa jurídica de direito público no que esta tem de vantagens (com todos os privilégios da Fazenda Pública, como imunidade tributária, prazos em dobro, prescrição quinquenal etc.), mas não no que diz respeito às restrições (como licitação, concurso público, controle). De se destacar, ainda, que os servidores da OAB se sujeitam ao regime celetista, enquanto os servidores dos demais Conselhos profissionais devem se sujeitar ao regime estatuário previsto na Lei 8.112/1990.
d.) Autarquia em Regime Especial: recebem da lei instituidora uma maior autonomia em
relação às demais
Ex: ______________________________________________________
Agencias Reguladoras: foram criadas para fiscalizar e controlar a atuação de
investidores que passaram a exercer, após a privatização, tarefas desempenhadas pelo
Estado. Possuem as seguintes características:
Dirigentes Estáveis: só perdem o cargo em virtude de: 1.1 encerramento do mandato 1.2 renúncia 1.3 sentença judicial transitado em julgado 1.4 processo administrativo disciplinar
Mandatos Fixos: permancem na função por prazo determinado. Varia de acordo com cada Lei de criação da
Agência Reguladora, vária de 3 a 5 anos.
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Quarentena: período de 4 meses, em regra, no qual o ex-dirigente fica impedido de exercer atividades no sertor
regulado. (com remuneração) Poder Normativo: os atos emanados por elas estão em posição de inferioridade em relação à Lei.
Segundo o Ministro do STF Luis Roberto Barroso, no artigo “Agências Reguladoras. Constituição,
Transformações do Estado e Legitimidade Democrática” (2002):
“Às agências reguladoras, no Brasil, tem sido cometido um conjunto diversificado de tarefas, dentre as quais se
incluem, a despeito das peculiaridades de cada uma delas, em função da diversidade de textos legais, as seguintes:
controle de tarifas, de modo a assegurar o equilíbrio econômico e financeiro do contrato;
universalização do serviço, estendendo-os a parcelas da população que deles não se beneficiavam por força da
escassez de recursos;
fomento da competitividade, nas áreas nas quais não haja monopólio natural;
fiscalização do cumprimento do contrato de concessão;
arbitramento dos conflitos entre as diversas partes envolvidas: consumidores do serviço, poder concedente,
concessionários, a comunidade como um todo, os investidores potenciais etc.”
As primeiras agências criadas com assento constitucional foram, nessa ordem, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), pela lei nº 9.472 de 16 de julho de 1997, e a Agência Nacional do Petróleo (ANP), pela lei nº 9.478 de 6 de agosto de 1997, ressaltando-se que a primeira agência surgida no Brasil foi a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em 1996, sendo que esta não tem previsão direta constitucional.
Atenção: De acordo com Cyonil Borges: A deslegalização é também chamada de delegificação. Nesse caso, o legislador deixa espaço para a função normativa inovadora, de determinadas atribuições, a outros organismos estatais estranhos à estrutura do Legislativo. Exemplo clássico são as normas editadas pelas agências reguladoras, porque as leis – que têm atribuído poder normativo técnico a tais entidades – são vagas, e, de uma forma geral, cingem-se a fixar os princípios gerais. Em suma, retira-se a tarefa da sede legislativa, repassando-a à incumbência da agência, a qual cuidará de maneira mais tecnicista do assunto.
e.) Autarquia Fundacional ou Fundações Autárquicas:
4 – Fundações Públicas:
Fundação Pública de Direito Público Fundação Pública de Direito Privado
É entidade autárquica que se submetem a regime integralmente público, valando-se de todas as prerrogativas estatais e, consequentemente, se submetendo a todas as restrições decorrentes da indisponibilidade do interesse público. DENOMINADA DE AUTARQUIA FUNDACIONAL
São fundações governamentais, que não se confundem com as fundações privadas, haja vista serem formadas pela destinação de patrimônio público, indicados para sua formação. Regime similar ao das empresas estatais.
Obs: Lei Complementar definirá suas áreas de atuação.
ATENÇÃO:
São três os elementos essenciais no conceito de fundação, pública ou privada: A figura do instituidor, que faz a dotação patrimonial, ou seja, separa um determinado patrimônio para destiná-lo
a uma finalidade específica. O objeto consistente em atividades de interesse social. A ausência de fins lucrativos.
LEMBRANDO:
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A diferença entre uma autarquia e uma fundação autárquica é meramente conceitual: enquanto a autarquia é definida como um serviço público personificado, em regra, típico de Estado, a fundação autárquica é, por definição, um patrimônio personalizado destinado a uma finalidade específica, de interesse social. Porém, o regime jurídico de ambas é, em tudo, idêntico.
5 – Agência Executiva:
São autarquias ou fundações públicas que recebem uma qualificação, um status, em razão de um CONTRATO DE GESTÃO, que uma ou outra celebra com órgão da administração Pública Direta a que se acha vinculada, com o escopo de assegurar uma maior eficiência no desempenho de suas atividades e redução de custos. A qualificação de agência executiva federal, é conferida, mediante ato discricionário do Presidente da República, a autarquia ou fundação que apresente plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento e celebre contrato de gestão com o ministério supervisor respectivo.
Busca-se o cumprimento do Princípio Constitucional da eficiência.
Ex: INMETRO"
Previsão Legal: Lei 9.649/1998.
Art. 51. O Poder Executivo poderá qualificar como Agência Executiva a autarquia ou fundação que tenha cumprido
os seguintes requisitos:
I - ter um plano estratégico de reestruturação e de desenvolvimento institucional em andamento;
II - ter celebrado Contrato de Gestão com o respectivo Ministério supervisor.
§ 1o A qualificação como Agência Executiva será feita em ato do Presidente da República.
6 – Empresas Estatais (EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA)
Atenção para a nova Lei 13.303/16
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 3o Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por
lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito
Federal ou pelos Municípios.
Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito
Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas
de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
Art. 4o Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação
autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à
União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta.
Semelhanças:
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Os bens das empresas estatais não ostentam a qualidade de bens públicos, no entanto, em relação
aos bens que estejam atrelados à prestação de serviços públicos, se aplicam algumas prerrogativas
inerentes aos bens públicos, como a imprescritibilidade e impenhorabilidade."
Importante:
Obs: As empresas públicas e as sociedades de economia mista, integrantes da administração indireta, estão
sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas, não obstante os seus servidores estarem sujeitos ao regime
celetista. (STF MS 25092/DF, Rel. Min. CARLOS VELLOSO).
Diferenças:
EMPRESA PÚBLICA SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA
CAPITAL
FORMA DE CONSTITUIÇÃO
FORMA PROCESSUAL
EXEMPLOS
Importante:
As sociedades de economia mista só têm foro na Justiça Federal, quando a União intervém como assistente ou opoente. Jurisprudência posterior ao enunciado ● Conflito negativo de atribuições entre Ministério Público Estadual e Ministério Público Federal "Agravo regimental na ação cível originária. Conflito negativo de atribuições. Ministério Público Federal e Ministério Público Estadual. Ação de improbidade administrativa por atos de dirigente de sociedade de economia mista da qual a União é acionista majoritária. Interesse da União que não se caracteriza por si só. Conflito resolvido para assentar a atribuição do Ministério Estadual do Espírito Santo para atuar no caso sub examine, ressalvado o deslocamento para a Justiça Federal, e, consectariamente, para o Ministério Público Federal, no caso de eventual interesse superveniente da União. Súmula nº 517/STF. Agravo a que se nega provimento. 1. A ação de improbidade administrativa que se volta contra dirigente de sociedade de economia mista da qual a União é acionista majoritária não acarreta, por si só, a presunção de violação de interesse, econômico ou jurídico, da União. 2. In casu, não se vislumbra, a
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priori, interesse jurídico direto da União apto a fixar a competência da Justiça Federal, e por conseguinte, a atribuição do Parquet Federal. 3. Agravo regimental a que se nega provimento." (ACO 2.438 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgamento em 24.2.2015, DJe de 10.3.2015).
No mesmo sentido: ACO1213 AgR, Relator Ministro Roberto Barroso, Primeira Turma, julgamento em 7.10.2014, DJe de 30.10.2014; ACO 987, Relatora
Ministra Ellen Gracie, Tribunal Pleno, julgamento em 4.8.2011, DJe de 23.8.2011.
Obs:
Entidades Paraestatais
a.) Serviços Sociais Autônomos (Sistema S)
Pessoa Jurídica de Direito Privado – criadas mediante autorização legislativa para o
desempenho de atividades assistenciais a determinadas categorias profissionais.
SENAR - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural;
SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio;
SESC - Serviço Social do Comércio;
SESCOOP - Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo;
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;
SESI - Serviço Social da Indústria;
SEST - Serviço Social de Transporte;
SENAT - Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte;
DPC - Diretoria de Portos e Costas do Ministério da Marinha;
SEBRAE - Serviço Brasil Características:
• Não pertencem ao Estado
• Não têm fins lucrativos
• Executam atividades de interesse público, mas não serviços públicos
• São custeadas por contribuições compulsórias pagas pelos sindicalizados
• Devem licitar, mas podem seguir regulamento próprio
• São imunes a impostos sobre o patrimônio, renda e serviços
• Não precisam contratar pessoal mediante concurso público
Entidade do "Sistema S" não está obrigada a realizar concurso
Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (17) que o Serviço Social do Transporte (Sest) não está obrigado a realizar concurso público para a contratação de pessoal. O relator do Recurso Extraordinário (RE) 789874, ministro Teori Zavascki, sustentou que as entidades que compõem os serviços sociais autônomos, por possuírem natureza jurídica de direito privado e não integrarem a administração indireta, não estão sujeitas à regra prevista no artigo 37, inciso II da Constituição Federal, mesmo que
desempenhem atividades de interesse público em cooperação com o Estado. O recurso teve repercussão geral reconhecida e a decisão do STF vai impactar pelo menos 57 processos com o mesmo tema que estão sobrestados (suspensos).
O RE foi interposto pelo Ministério Público do Trabalho contra acórdão do Tribunal Superior do Trabalho, sob a alegação de que os serviços sociais autônomos, integrantes do chamado “Sistema S”, deveriam realizar processo seletivo para contratação de empregados, com base em critérios objetivos e impessoais, pois se tratam de pessoas jurídicas de criação autorizada
por lei que arrecadam contribuições parafiscais de recolhimento obrigatório, na forma do artigo 240 da Constituição Federal de 1988, caracterizadas como dinheiro público.
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O relator lembrou que os primeiros entes do Sistema S – Sesi, Senai, Sesc e Senac – foram criados por lei na década de 1940, a partir de uma iniciativa estatal que conferiu às entidades sindicais patronais a responsabilidade de criar entidades com natureza jurídica de direito privado destinadas a executar serviços de amparo aos trabalhadores, tendo como fonte de
financiamento uma contribuição compulsória sobre a folha salarial. O ministro observou que a configuração jurídica das entidades originais foi expressamente recepcionada pelo artigo 240 da Constituição de 1988, e que essas regras se aplicam às entidades criadas depois da Constituição.
O ministro observou que as entidades do Sistema S são patrocinadas por recursos recolhidos do setor produtivo beneficiado, tendo recebido inegável autonomia administrativa e, embora se submetam à fiscalização do Tribunal de Contas da União (TCU), ela se limita formalmente apenas ao controle finalístico da aplicação dos recursos recebidos. Argumentou, ainda, que
essas entidades dedicam-se a atividades privadas de interesse coletivo, atuam em regime de colaboração com o poder público, possuem patrimônio e receitas próprias e têm prerrogativa de autogestão de seus recursos, inclusive na elaboração de orçamentos.
O relator destacou que as entidades do Sistema S não podem ser confundidas ou equiparadas com outras criadas a partir da Constituição de 1988, como a Associação das Pioneiras Sociais – responsável pela manutenção dos hospitais da Rede Sarah –, a Agência de Promoção de Exportações do Brasil e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial. Ele ressaltou que
essas novas entidades foram criadas pelo poder Executivo e, além de não se destinarem à prestação de serviços sociais ou de formação profissional, são financiadas majoritariamente por dotação orçamentárias consignadas no Orçamento da União e estão obrigadas a gerir seus recursos de acordo com contrato de gestão com termos definidos pelo Executivo.
No entendimento do ministro, apesar de criado após a Constituição de 1988, a natureza das atividades desenvolvidas, a forma de financiamento e o regime de controle a que se sujeita o Sest permite enquadrar essa entidade no conceito original, serviço social autônomo, vinculado e financiado por um determinado segmento produtivo. Assinalou ainda que a jurisprudência do STF sempre fez a distinção entre os entes do serviço social autônomo e as entidades da administração pública e citou, entre outros precedentes, a Ação Direta de Inconstitucionalidade
(ADI) 1864, em que o Tribunal decidiu que a obrigação de obediência a procedimentos licitatórios pela administração pública não se estende às entidades privadas que atuam em colaboração com o Estado.
“Estabelecido que o Sest, assim como as demais entidades do Sistema S, tem natureza privada e não integra a administração pública, direta ou indireta, não se aplica a ele o inciso II
do artigo 37 da Constituição”, concluiu o ministro. PR/CR Processos relacionados
RE 789874.
b.) Organização Social
São entes privados, instituídos pela vontade dos particulares, que após a devida
qualificação, mediante CONTRATO DE GESTÃO, podem receber vantagens como recursos
orçamentários, isenções fiscais, bens públicos, empréstimo temporário de servidor.
As áreas de atuação são: ensino, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico,
proteção e preservação do meio ambiente, cultura e saúde.
c.) Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
São entes privados, instituídos pela vontade dos particulares, que após a devida
qualificação, por intermédio de TERMO DE PARCERIA, podem receber benefícios como
recursos orçamentários.
A área de atuação são mais amplas e envolvem além das vistas nas Organizações Sociais,
promoção da assistência social, cultura, segurança alimentar, combate á pobreza, ética, do
voluntariado.
Quadro Esquematizado:
Organização Social (OS)
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP)
d.) Lei nº 13.019/2014 Organização da Sociedade Civil
Termo de Colaboração
Termo de Fomento
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Acordo de Cooperação
CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Os consórcios públicos são figuras administrativas previstas originalmente no art. 241 da Constituição Federal, o qual estabelece:
Art. 241 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios disciplinarão por meio de lei os consórcios públicos e os convênios de cooperação entre os entes federados, autorizando a gestão associada de serviços públicos, bem como a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos
Com suporte no art. 241 da CF, a Lei 11.107/2005 foi editada para estabelecer normas gerais para que a União, os Estados, o DF e os Municípios contratassem consórcios públicos para a realização de objetivos de interesse comum, promovendo a gestão associada a que alude o citado mandamento constitucional. Regulamentando a matéria, o Decreto 6.017/2007 define consórcio público da seguinte forma:
Consórcio público: pessoa jurídica formada exclusivamente por entes da Federação, para
estabelecer relações de cooperação federativa, inclusive a realização de objetivos de interesse comum, constituída como associação pública, com personalidade jurídica de direito público e natureza autárquica, ou como pessoa jurídica de direito privado sem fins econômicos.
O objeto dos consórcios públicos, ressalte-se, consiste na realização de atividades e metas de interesse comum das pessoas
federativas consorciadas. A ideia é que determinados serviços públicos, por sua natureza ou extensão territorial, demandam a
presença de mais de uma pessoa pública para que sejam efetivamente executados.
Obs: A União somente participará de consórcios públicos em que também façam parte todos os Estados em cujos territórios estejam situados os Municípios consorciados.
O consórcio público adquirirá personalidade jurídica: de direito público, no caso de constituir associação pública, mediante a vigência das
leis de ratificação do protocolo de intenções;
Exemplo: de associação pública é a Autoridade Pública Olímpica – APO, consórcio formado pela União, Estado e Município do Rio de Janeiro com vistas à preparação e realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016.
de direito privado, mediante o atendimento dos requisitos da legislação civil.
Obs: O regime jurídico do consórcio com personalidade jurídica de direito privado é híbrido. Seu quadro de pessoal terá regime trabalhista, submetido às normas da CLT. Todavia, o consórcio público de direito privado deve observar as normas de direito público no que concerne a realização de licitação, celebração de contratos, prestação de contas e admissão de pessoal mediante concurso público
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Por fim, importante ressaltar que o consórcio público está sujeito à fiscalização contábil, operacional e patrimonial pelo Tribunal de Contas competente para apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo representante legal do consórcio, inclusive quanto à legalidade, legitimidade e economicidade das despesas, atos, contratos e renúncia de receitas. No entanto, isso não afasta o controle externo a ser exercido pelos Tribunais de Contas responsáveis pela fiscalização dos demais entes consorciados, em razão dos recursos disponibilizados nos contratos de rateio.
Deveres e Poderes da Administração
A Administração possui 4 (quatro) deveres:
1 – Dever de Agir
As competências devem ser exercidas e a omissão caracteriza abuso de poder.
2 – Dever de Eficiência
Fundamento na administração gerencial.
3 – Dever de Prestar Contas
Todos agentes públicos em maior ou menor grau devem, em algumas medidas, prestar contas
de suas ações.
4 – Dever de Probidade
O agente exerce suas funções com ética, boa-fé, honestidade. Se praticar ato de improbidade
estará sujeito às seguintes sanções:
Art. 37, 4º da CF/88. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO
Decorrência do princípio da Supremacia do interesse público. São prerrogativas que a Administração possui para cumprir suas finalidades, logo são instrumentais. Carvalho Filho, pode-se conceituar os poderes administrativos como o “conjunto de prerrogativas de direito público que a ordem jurídica confere aos agentes
1 – Poder Vinculado
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Obs: onde houver vinculação, o agente público é um simples executor da vontade legal.
2 – Poder Discricionário
Dica do Prof. Gustavo Sales
A discricionariedade administrativa fundamenta-se, entre outros elementos, na incapacidade da lei de prever todas as situações possíveis e regular minuciosamente a maneira de agir do agente público diante de cada uma delas. Assim, confere-se ao agente a prerrogativa de eleger, entre as condutas viáveis, a que se apresentar mais conveniente e oportuna à luz do interesse público.
3 – Poder Hierárquico
É uma prerrogativa que a Administração possui para distribuir e escalonar funções de seus
órgãos.
Estabelece a relação superior / subordinado.
É um poder interno e permanente.
ATENÇÃO:
Decorrência desse poder:
Dar ordens; (comando)
Controlar, fiscalizar, revisar os atos praticados pelos subordinados;
Delegação e avocação
NÃO PODE SER OBJETO DE DELEGAÇÃO:
A
31
D
M
Delegação:
Delegação – medida judicial
Súmula STF nº 510: Praticado o ator por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ele cabe o mandado de segurança ou a medida judicial. Avocação:
4 – Poder Disciplinar
É um poder interno e permanente
Característica
Discricionariedade: para escolher a punição a ser aplicada, ou seja, vai punir, mas pode
escolher a sanção.
Atipicidade: nem todas as infrações estão previstas em lei, havendo liberdade para o agente
público avaliar a situação e enquadrar o caso concreto dentro de um conceito aberto que
conste na norma administrativa.
É admissível a utilização de prova emprestada de inquérito policial em processo administrativo disciplinar, quando garantido ao acusado o
32
contraditório e a ampla defesa. Servidor público do Distrito Federal foi demitido, por ter usado veículo oficial para a prática do crime de roubo. Em Primeira
Instância, o Juiz julgou improcedente o pedido de anulação do processo administrativo disciplinar que concluiu pela aplicação da pena de demissão.
Inconformado, o autor recorreu da sentença, alegando violação ao princípio da presunção de inocência, uma vez que foram utilizadas provas emprestadas do
inquérito policial, colhidas sem o crivo do contraditório. O Relator explicou que a prova emprestada, no caso em tela, consiste no depoimento prestado pelo
acusado à autoridade policial após a prisão em flagrante e, como foi devidamente exercido o direito de defesa, o referido depoimento pode ser utilizado no
processo administrativo. Enfatizou que o autor teve ciência dos fatos que lhe foram imputados e pôde valer-se dos meios necessários e suficientes para realizar
a sua defesa. Desse modo, os Desembargadores concluíram que a decisão adotada pela autoridade administrativa é legítima.
Acórdão n. 992608, 20160110276118APC, Relator Des. JOSÉ DIVINO, 6ª Turma Cível, Data de Julgamento: 1º/2/2017, Publicado no DJe: 14/2/2017.
SÚMULA 18 DO STF:
Súmula 18
Pela falta residual, não compreendida na absolvição pelo juízo criminal, é admissível a punição administrativa do servidor público. Jurisprudência posterior ao enunciado
● Possibilidade de punição administrativa pela falta residual "Ressalto que o mandado de segurança foi impetrado contra ato do Ministro da Justiça que demitiu policial rodoviário federal com fundamento nos arts. 116, IX, e 117, IX, da Lei nº 8.112/1990, tendo em vista ter solicitado dinheiro para deixar de aplicar
multa. Nesse diapasão, constato que o fato do ora agravado ter autorizado que o motorista, (...), buscasse a CNH, conduzindo o próprio carro, não foi utilizado como fundamento, pela Comissão Processante, para a indicação de pena de demissão ao
servidor. Desse modo, não se verifica falta residual, aplicando-se à espécie a Súmula 18 desta Corte (...)." (RMS 31515 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgamento em 24.11.2015, DJe de 9.12.2015)
"À derradeira, pontuo que a controvérsia atinente à independência entre as instâncias criminal e administrativa já foi objeto de
reiterada jurisprudência desta Corte e resultou na edição da Súmula 18, verbis: (...) Com efeito, há hipóteses em que os fundamentos da decisão absolutória na instância criminal não obstam a responsabilidade disciplinar na esfera administrativa,
porquanto os resíduos podem veicular transgressões disciplinares de natureza grave, que ensejam o afastamento do servidor da função pública." (ARE 664930 AgR, Relator Ministro Luiz Fux, Primeira Turma, julgamento em 16.10.2012, DJe de 9.11.2012)
5 – Poder Normativo
É uma categoria mais ampla que inclui todas as diversas categorias de atos gerais, tais como:
.
.
.
.
5.1 Poder Regulamentar
É a competência conferida ao Chefe do Executivo para editar atos de caráter normativo.
Podem ser editados dois tipos de DECRETOS:
DECRETO REGULAMENTAR DECRETO AUTÔNOMO
33
Obs: A competência para editar decretos autônomos pode ser delegada. Já Para os decretos de execução, não pode.
Controle dos atos regulamentares Caso o Poder Executivo extrapole os limites da lei no exercício do seu poder regulamentar, o Congresso Nacional poderá sustar tais atos normativos. É o que diz o art. 49, V da CF:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;
6 – Poder de Polícia ou Limitações Administrativas
Forma de Manifestação do Poder de Polícia
Atos Gerais e Abstratos Atos Concretos
Leis e atos administrativos de caráter normativo Consetimentos Fiscalização; e Sanção.
O Poder de Polícia em sentido amplo são todos os atos que expressão o poder de
polícia, desde edição das leis até os atos concretos.
Poder de Polícia em sentido estrito são todos os atos concretos realizados pelo Poder
Executivo (consentimento, fiscalização e sanção).
Diferença entre Polícia Administrativa e Polícia Judiciária
POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA
TIPO DE INFRAÇÃO (Normas)
INCIDE SOBRE
MOMENTO
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QUEM EXERCE
Atenção:
Poder de polícia originário e delegado A doutrina classifica o poder de polícia em originário e delegado conforme o órgão ou a entidade que o exerce. Em suma, o poder de polícia originário é exercido pela administração direta, enquanto o poder de polícia delegado é exercido pela administração indireta (entidades de direito público, ou seja, autarquias e fundações públicas). Atenção:
Quanto às entidades administrativas de direito público (autarquias e fundações) não há controvérsia. Elas só não podem editar leis. Portanto, podem exercer poder de polícia, inclusive aplicar sanções administrativas, desde que amparadas em lei.
Limitações do Poder de Polícia:
• Proporcionalidade: é a exigência de uma relação entre a limitação ao direito
individual e o prejuízo a ser evitado; • Necessidade: o Poder de policia só deve ser adotado para evitar ameaças reais ou
prováveis de pertubações ao interesse público; • Eficácia: a medida deve ser adequada para impedir o dano ao interesse público.
Atributos do Poder de Polícia
OBS:
A discricionariedade no exercício do poder de polícia significa que a Administração dispõe de certa liberdade de atuação, podendo valorar a oportunidade e conveniência da prática do ato e da graduação das sanções aplicáveis, bem como estabelecer o motivo e o objeto, respeitados os limites legais. A discricionariedade, portanto, é legítima desde que o ato de polícia administrativa se contenha dentro dos parâmetros da lei e da margem de opções conferida ao administrador
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Atenção:
Nem todos os atos de polícia administrativa ostentam os atributos da autoexecutoriedade e da coercibilidade. Os atos preventivos, a exemplo da concessão de licenças e autorizações, bem como alguns atos repressivos, como a cobrança de multa não paga espontaneamente pelo particular, não gozam de autoexecutoriedade e de coercibilidade.
Poder de Polícia – delegação entidade de direito privado
3. As atividades que envolvem a consecução do poder de polícia podem ser sumariamente divididas em quatro grupos, a saber: (i) legislação, (ii) consentimento, (iii) fiscalização e
(iv) sanção.
4. No âmbito da limitação do exercício da propriedade e da liberdade no trânsito, esses grupos ficam bem definidos: o CTB estabelece normas genéricas e abstratas para a
obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (legislação); a emissão da carteira corporifica a vontade o Poder Público (consentimento); a Administração instala equipamentos
eletrônicos para verificar se há respeito à velocidade estabelecida em lei (fiscalização); e também a Administração sanciona aquele que não guarda observância ao CTB (sanção).
5. Somente os atos relativos ao consentimento e à fiscalização são delegáveis, pois aqueles referentes à legislação e à sanção derivam do poder de coerção do Poder
Público.
Prescrição do Poder de Polícia
A Lei 9.873/99 prevê o prazo prescricional de 5 anos para aplicação de sanções de polícia (art. 1º), bem como a possibilidade de prescrição intercorrente, de 3 anos (art. 1º §1º), diante de inércia da Administração Pública no julgamento do processo administrativo.
Atenção:
A prescrição da ação punitiva sera interrompida pela notificação ou citação do indiciado ou
acusado, inclusive por meio de edital, assim como o prazo prescricional da ação executória é
interrompido pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal.
ABUSO DE PODER
Os poderes devem ser utilizados na estrita medida necessária para a consecução do interesse
público. Caso contrário cometerá abuso de poder em uma das espécies abaixo:
a.) Excesso de Poder:
b.) Desvio de Poder ou Desvio de Finalidade
Súmulas do STF
SÚMULA 54 A reserva ativa do magistério militar não confere vantagens vinculadas à efetiva passagem para a inatividade. SÚMULA 55 Militar da reserva está sujeito à pena disciplinar. SÚMULA 70 É inadmissível a interdição de estabelecimento como meio coercitivo para cobrança de tributo. SÚMULA 346 A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.
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SÚMULA 419 Os Municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas. SÚMULA 473 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. SÚMULA 645 É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de estabelecimento comercial. SÚMULA 646 Ofende o princípio da livre concorrência lei municipal que impede a instalação de estabelecimentos comerciais do mesmo ramo em determinada área. SÚMULA 649 É inconstitucional a criação, por Constituição estadual, de órgão de controle administrativo do Poder Judiciário do qual participem representantes de outros Poderes ou entidades.
Atos Administrativo
No Direito, quando a manifestação da vontade humana produz efeitos jurídicos, é dito que se formou um ato jurídico. Se este ato resulta de manifestações da Administração Pública, o que se tem é um ato administrativo. Portanto, logo de cara, pode-se dizer que o ato administrativo é uma espécie do gênero ato jurídico.
Obs:
Obs:
Atenção:
Ato administrativo - declaração unilateral do Estado ou de quem o represente que produz efeitos jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de Direito Público e
sujeita a controle pelo Poder Judiciário. (Maria Sylvia Di Pietro) Fato Administrativo
O “Silêncio Administrativo” é um ato administrativo ?
Embora se trate de matéria divergente na doutrina, majoritariamente, pode-se definir que o silêncio da Administração Pública, diante de determinada situação,
não produz qualquer efeito, ressalvadas as hipóteses em que o próprio texto legal determinar o dever de agir do poder público, definindo que a ausência de
conduta ensejará a aceitação tácita de determinado fato ou até mesmo a negativa pelo decurso do tempo. Nestes casos, pode-se entender que o efeito decorre
da disposição legal que atribui à nãoatuação determinadas consequências específicas e não do silêncio, propriamente considerado. APLICAÇÃO EM PROVA Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: Prefeitura de Fortaleza – CE Prova: Procurador
do Município
Em cada um do item a seguir é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da
organização administrativa e dos atos administrativos.
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A prefeitura de determinado município brasileiro, suscitada por particulares a se manifestar acerca da construção de um
condomínio privado em área de proteção ambiental, absteve-se de emitir parecer. Nessa situação, a obra poderá ser
iniciada, pois o silêncio da administração é considerado ato administrativo e produz efeitos jurídicos, independentemente
de lei ou decisão judicial. (CERTO ou ERRADO)
Requisitos/ Elementos do ato administrativo
CO FI FO MOB
Atenção:
quando um ato for vinculado todos serão vinculados.
Se o ato for discricionário, os três primeiros serão vinculados e objeto ou motivo será
discricionário.
1 – Competência
Poder legal conferido ao agente público para o desempenho de suas funções.
Características:
a.) Irrenunciabilidade: o agente não pode abrir Mao de suas competências;
b.) Delegabilidade: em regra, a competência pode ser transferida temporariamente por
delegação ou avocação;
c.) Imprescritibilidade: a competência não se extingue, exceto por lei;
d.) Obrigatoriedade: o exercício da competência é um dever.
Obs:
2 – Finalidade:
É sempre o interesse público, o interesse que a lei prever.
Obs:
38
3 – Forma
É a exteriorização do ato administrativo. Em regra, é escrito. Todavia, admite-se atos
gestuais, verbais, sonoros (apitos)...
Obs:
Atenção: a motivação deve ser apresentada simultaneamente ou no instante seguinte após a
prática do ato. Motivação intempestiva causa nulidade.
REMOÇÃO – motivação 2 – Nos termos da jurisprudência pacifica do STJ, o ato administrativo de remoção deve ser motivado. (STJ/2013: REsp 1.376.747/PE
4 – Motivo
É o pressuposto de fato e de direito que justifica a prática do ato. É a causa do ato
administrativo. Vício de motivo é insanável, ou seja, não pode ser convalidado.
Obs:
Teoria dos Motivos Determinantes
A denominada teoria dos motivos determinantes consiste em explicitar que a
administração pública está sujeita ao controle administrativo e judicial relativo à
existência e à pertinência ou adequação dos motivos que ela declarou como causa
determinante da prática de um ato.
5 – Objeto
É o efeito jurídico imediato que o ato produz, é o conteúdo do ato administrativo. Vício
nesse elemento não pode ser convalidado.
Por fim, o defeito quanto ao objeto,em tese, também não é passível de convalidação, a não ser que o objeto seja plúrimo,
que ocorre quando num mesmo ato há diversas providências administrativas. Sendo uma delas inválida, esta é retirada,
mantendo-se as demais.
Exemplifique-se com o ato de promoção de A e B por merecimento. Posteriormente, verifica-se que B não possui os
requisitos para essa espécie de promoção. Assim, retira-se do ato a parte que determina a promoção de B, mas mantém a parte
que promove A. Note que estamos tratando de objeto plúrimo, pois se o objeto for singular a correção não será possível,
cabendo nesses casos a anulação.
RESUMO DE CONVALIDAÇÃO: A Administração promove a convalidação pelas seguintes formas:
RATIFICAÇÃO: A mesma autoridade que praticou o ato convalida o seu vício.
CONFIRMAÇÃO: A autoridade competente decide sanar um ato praticado por sujeito incompetente (não é possível nos casos em que a lei outorga
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competência exclusiva a uma autoridade).
REFORMA: A Administração suprime a parte inválida do ato anterior, mantendo sua parte válida.
CONVERSÃO: A Administração edita um ato de uma nova espécie, pois o ato anterior era inadequado para realizar aquilo que pretendia a Administração
(ex: a Administração concedeu uma concessão de uso de bem público quando deveria apenas autorizar o uso - a convalidação é promovida com efeitos ex
tunc, se o ato for corrigido e passar a ser uma autorização). Convalidação
Tácita Expressa
Se a Administração não anular seus atos ilegais de que decorram de efeitos favoráveis a seus destinatários no prazo decadencial de 5 anos, haverá a convalidação tácita, salvo no caso de má-fe.
Ocorre quando a Administração, expressamente edita um ato a fim de convalidar outro.
Poderá ocorrer com qualquer requisito:
Requisitos: Defeito sanável Não cause prejuízo a terceiros Não causae lesão ao interrese público Não seja objeto de impugnação na via adm. ou
judicial
Obs:
Defeitos Sanáveis Defeitos Insáveis
Atributos dos atos administrativos:
1 - Presunção de legitimidade:
Há inversão do ônus da prova: não cabe ao agente público demonstrar que o ato praticado é
valido, mas sim incumbe ao particular a prova da ilegalidade.
Princípio da Presunção de Legitimidade, de Legalidade e de Veracidade É forçoso convir que, para materializar o interesse público que norteia a atuação administrativa, as decisões da Administração Pública são dotadas do atributo da presunção de legitimidade e de legalidade, tornando-se presumivelmente verdadeiras quanto aos fatos e adequadas quanto à legalidade. Tal atributo permite, inclusive, a execução direta, pela
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própria administração, do conteúdo do ato ou decisão administrativa, mesmo que não conte com a concordância do particular. É bem verdade que se trata de presunção relativa, que admite prova em contrário, mas, em razão da aludida presunção, as decisões administrativas são de execução imediata, possuindo a possibilidade de gerar obrigações para o particular, independentemente de sua anuência, bem como de serem executadas pela própria Administração Pública, através de meios diretos ou indiretos de coação.
2 – Autoexecutoriedade:
Permite à Administração executar seus próprios atos, independentemente do Poder
Judiciário. É meio de coerção direta, pois desfaz a irregularidade.
Ex: ______________________________________________________________________
A autoexecutoriedade está presente quando:
A.) ________________________________________________________________
B.) ________________________________________________________________
Obs1: A autoexecutoriedade não afasta a apreciação judicial do ato e sim a necessidade da Administração de obter decisão judicial prévia para colocar o ato em prática. Portanto, a decisão judicial que declarar a sua nulidade só será feita depois da prática do ato. Obs2: (MULTA)
3 – Imperatividade:
Permite à Administração impor obrigações, independentemente da anuência do particular,
mas necessita de previsão em Lei.
Ex: _____________________________________________________________________
Obs:
Atenção: Esse atributo expressa o chamado Poder Extroverso do Estado.
4 – Tipicidade
A lei deve prever os tipos de atos e suas conseqüências, evitando a prática de atos
totalmente discricionários. É uma garantia para o administrado.
5 – Exigibilidade
Exigibilidade é o atributo do ato administrativo que impõe ao destinatário o cumprimento
de determinadas obrigações, sem necessidade de qualqeur apoio judicial. Em outras
palavras, traduz a noção de que o partilucar é obrigado a cumprir determinada obraigação
imposta pela administração, sob ameaça de sanção.
A exigibilidade e a imperativa podem nascer ao mesmo instante cronológico ou primeiro a obrigação e depois a ameaça de
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sanção, assim a imperativaidade é pressuposto lógico da exigibilidade.
ATENÇÃO:
Diogo de Figueiredo Moreira Neto identifica outros cinco atributos do ato administrativos:
a) Existência: consiste no preenchimento de todos os elementos componentes do ato administrativo, a saber: competência, objeto, forma, motivo e
finalidade;
b) Eficácia: é o atributo segundo o qual o ato administrativo válido presume-se apto a produzir seus regulares efeitos;
c) Exequibilidade: é a possibilidade de execução imediata do ato eficaz, sempre que sua aplicação prática não estiver subordinada a termo, condição ou
algum outro requisito legalmente estabelecido;
d) Efetividade: é a confirmação social e metajurídica de que o ato alcançou os resultados práticos pretendidos pelo seu autor;
e) Relatividade: é a referibilidade de todo ato administrativo à sucessão de normas superiores que legitimaram a sua expedição. Espécies dos atos administrativos:
NOPEN
1 – Ato Normativo: (Mnemônico DeRê – DeRê IN)
São aqueles que normatizam uma situação, estabelecendo regras gerais e complementares à lei, ou seja, contém comandos gerais e abstratos aplicáveis a todos os administrados que se encontram nas situações neles previstas.
Atenção:
a.) Decretos: atos administrativos, em regra, geral e abstrato, privativos dos Chefes do
Executivo para dar fiel execução à lei.
b.) Instruções Normativas: atos administrativos de competência dos Ministros praticados
para viabilizar a execução de leis e outros atos normativos.
c.) Regimento: decorrentes do poder hierárquico são atos administrativos praticados
para disciplinar o funcionamento interno.
d.) Resoluções: são atos administrativos normativos por altas autoridades do Executivo
ou pelos presidentes de tribunais, de órgãos legislativos e colegiados administrativos,
para disciplinar matéria de sua competência específica.
e.) Deliberações: atos administrativos normativos ou decisórios emanados de órgãos
colegiados.
2 – Ato Ordinatório (Mnemônico COPA DOI)
Dica do Prof. Gustavo Sales
São inferiores em hierarquia aos atos normativos e decorrem diretamente do poder Hierárquico.
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a.) Instruções, Circulares: expedidas pelo superior hierárquico e destinadas aos seus
subordinados;
b.) Avisos: atos exclusivos de Ministros para regramento de temas da competência
interna do Ministro;
c.) Portarias: atos internos que iniciam sindicância, PAD, designam servidores;
d.) Ordens de Serviço: são determinações específicas dirigidas a empresas contratadas.
e.) Despachos Administrativos: são decisões que as autoridades (na função
administrativa) proferem em papéis, requerimentos e processos sujeitos à sua
apreciação.
f.) Provimentos: são atos administrativos internos, contendo determinações e instruções
que a Corregedoria ou os Tribunais expedem para a regularização e uniformatização
dos serviços.
3 – Ato Punitivo (Mnemônico MID)
Aplica sanções a particulares e agentes públicos que pratiquem irregularidades. Decorrem do
poder disciplinar ou do poder de polícia. A Administração não precisa ir ao Judiciário, pois o
ato administrativo é autoexecutório.
Ex: ____________________________________________________________________
4 – Ato Enunciativo
a.) Certidões: são cópias autenticadas de atos ou fatos permanentes de interesse do
requerente constante de arquivos públicos
b.) Atestados: são atos que comprovam fatos que não constem de arquivos públicos
c.) Pareceres: manifestações da opinião da Administração sobre algum tema.
d.) Apostila: são atos que reconhecem a existência de um direito craido por normal legal.
Equivale a uma averbação.
“EMENTA: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. CONTROLE EXTERNO. AUDITORIA PELO TCU. RESPONSABILIDADE DE PROCURADOR DE AUTARQUIA POR EMISSÃO DE PARECER TÉCNICO-JURÍDICO DE NATUREZA OPINATIVA. SEGURANÇA DEFERIDA. I. Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico: (i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo; (ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada à consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer; (iii) quando a lei estabelece a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídica deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do parecer ou, então, não decidir. II. No caso de que cuidam os autos, o parecer emitido pelo impetrante não tinha caráter vinculante. Sua aprovação pelo superior hierárquico não desvirtua sua natureza opinativa, nem o torna parte de ato administrativo posterior do qual possa eventualmente decorrer dano ao erário, mas apenas incorpora sua fundamentação ao ato. III. Controle externo: É lícito concluir que é abusiva a responsabilização do parecerista à luz de uma alargada relação de causalidade entre seu parecer e o ato administrativo do qual tenha resultado dano ao erário. Salvo demonstração de culpa ou erro grosseiro, submetida às instâncias administrativo-disciplinares ou jurisdicionais próprias, não cabe a responsabilização do advogado público pelo conteúdo de seu parecer de natureza meramente opinativa. Mandado de segurança deferido. […].” STF, MS 24631, 09/08/2007.
(Questão de Prova) Ano: 2015 Banca: CESPE Órgão: TCE-RN Prova: Assessor Técnico Jurídico - Cargo 2
A respeito dos atos administrativos em espécie e da intervenção do Estado na
propriedade privada, julgue o item seguinte.
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De acordo com a jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, o parecer
meramente opinativo não atrai a responsabilidade de seu emitente por eventuais danos
oriundos da decisão nele pautada, salvo se houver dolo ou culpa grave.
5 – Ato Negocial
A vontade da Administração coincide com a do particular
Licença Permissão Autorização
A Licença ambiental é uma exceção, haja vista que é um ato
discricionário.
Outros exemplos:
a.) Aprovação: ato unilateral e discricionário que realiza a verificação da legalidade e do
mérito de outro ato como condição para sua produção de efeitos.
b.) Admissão: ato unilateral e vinculado que faculta, a todos que preenchem os requisitos
legais, o ingresso em repartições governamentais (admissão em biblioteca e de aluno
em universadidade federal).
c.) Homologação: é o ato administrativo de controle pelo qual a autoridade superior
verifica os aspectos de legalidade do outro ato para dar-lhe eficácia.
d.) Renúncia: é o ato pelo qual o Poder Público extingue unilateralmente um crédito ou
um direito próprio, liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a
Administração. Depende de lei autorizativa.
e.) Visto: é ato administrativo pelo qual o Poder Público controla outro ato da própria
Administração ou do administrado, aferindo a sua legitimidade formal para dar-lhe
exequibilidade.
f.) Dispensa: é o ato administrativo que exime o particular do cumprimento de
determinada obrigação até entao exigida por lei.
Classificação dos atos administrativos
1 – Quanto ao Alcance
Interno Externo
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2 – Quanto aos Destinatários
Geral Individual
3 – Quanto à Estrutura
a.) Ato concreto: regula apenas um caso, esgotando-se após a primeira aplicação.
Ex:________________________________________________
b.) Ato abstrato ou normativo: aplica-se a uma quantidade indeterminada de situações,
não se esgotando após a primeira aplicação. Tem sempre aplicação continuada.
Ex: __________________________________________________
4 – Quanto à Liberdade de Atuação
Vinculado Discricionário
5 – Quanto ao Objeto
Império Gestão Expediente
6 – Quanto ao Conteúdo
a) Ato constitutivo: é aquele que cria uma nova situação jurídica individual para seus
destinatários, em relação à Administração. Exemplo: licença, nomeação, sanções
administrativas.
b) Ato extintivo: é aquele que põe fim a situações jurídicas existentes. Exemplo:
cassação da autorização.
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c) Ato declaratório ou enunciativo: é aquele que apenas declara uma situação
preexistente, visando preservar direitos ou até mesmo possibilitar o seu exercício, por
exemplo, certidão.
d) Ato Alienativo: é aquele que tem por fim a transferência de bens ou direitos de um
titular a outro. Exemplo: decreto que transfere bens.
e) Ato modificativo: é aquele que tem por fim alterar situações preexistentes, sem
provocar a sua supressão. Exemplo: alteração de local.
f) Ato Abdicatório: é aquele por meio do qual o titular abre mão, abdica, de um
determinado direito. Segundo Hely Lopes Meirelles, é incondicionável e irretratável.
Precisa de autorização Legislativa.
7 – Ato Perfeito, Válido, Eficaz ou Consumado
Assim, o Ato pode ser:
8 – Ato Nulo, Anulável ou Inexistente
Nulo Anulável Inexistente
9 – Atos Simples, Composto ou Complexo
a) Ato simples: resulta da manifestação de um único órgão (seja singular ou colegiado)
Ex: ______________________________________________________
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b) Ato Composto: resulta de duas manifestações de vontade, dentro da mesma
estrutura, para a edição de 2 atos: um ato principal e o outro acessório. A aprovação,
homologação, ratificação, é condição de exeqüibilidade.
Ex:______________________________________________________________
c) Ato Complexo: manifestação de dois ou mais órgãos distintos para a edição de um
único ato.
Ex: _______________________________________________________________
Extinção do ato administrativo
O ato administrativo pode ser extinto das seguintes formas:
1 Extinção natural
Ocorre quando ato cumpre seus efeitos
Ex: ________________________________________________________
2 Extinção por Renúncia
Ocorre quando o próprio beneficiário abre mão da situação proporcionada pelo ato.
Ex:______________________________________________________________
ATENÇÃO:
3 Cassação
4 Caducidade ´
É a extinção do ato quando lei posterior retira o fundamento de validade de ato
administrativo, na medida em que proíbe situação que o ato autorizava.
Ex: ______________________________________________________________________
5 Contraposição
Ocorre quando o ato posterior com efeitos opostos extingue o ato anterior. Ex: a exoneração extingue o ato de nomeação por contraposição.
6 Anulação ou Invalidação
É a extinção de ato inválido, que pode ser realizada pela Administração ou pelo Poder
Judiciário, com eficácia EX TUNC
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7 Revogação
É a extinção de ato por razões de interesse público (conveniência e oportunidade), a revogação
não retroage EX NUNC e só pode ser realizada pela própria Administração que praticou o ato.
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
ATOS
MOTIVO
QUEM PODE DECLARAR
EFETIOS
TEMPO
LIMITAÇÕES
ATENÇÃO:
AGENTES PÚBLICOS
Art. 2º Para efeitos desta Lei, servidor é a pessoa legalmente investida em cargo público. (Lei nº 8.112/90)
Art. 2º Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. (Lei nº 8.429/92)
Classificação os agentes públicos podem ser divididos em:
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1. Agente Político
É a pessoa que exerce atividades previstas diretamente na CF, com autonomia funcional.
Exerce uma função pública de alta direção do Estado.
Presidente da República e Vice, Governador e Vice, Prefeito e Vice; Ministros de Estados e Secretários; Senadores, Deputados e Vereadores.
Atenção: Magistrados e Membros do MP para doutrina majoritária são classificados como agentes políticos, haja
vista atuarem no exercício de funções essenciais ao Estado e praticarem atos inerentes à soberania deste. RE 228977 –
SP, Relator Min. Néri da Silveira.
Jurisprudência
O acórdão recorrido decidiu em consonância com a jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal firme no sentido de que a
responsabilidade objetiva do Estado não se aplica aos atos dos juízes, a não ser nos casos expressamente declarados em lei. “A autoridade judiciária não tem responsabilidade civil pelos atos jurisdicionais praticados. Os magistrados enquadram-se na espécie
agente político, investidos para o exercício
de atribuições constitucionais, sendo dotados de plena liberdade funcional no desempenho de suas funções, com prerrogativas
próprias e legislação específica.” (RE 228.977/SP, Rel. Min. Néri da Silveira, 2ª Turma, DJ 12.4.2002). 2. Agente Honorífico ou Designados (É uma função de “Honra”)
Particular convocado pelo Estado para o desempenho de atividade transitória e, em regra, sem
remuneração.
Agentes militares “conscritos”, ou seja, os particulares convocados para prestação de serviço militar obrigatório. Jurados: convocados para atuarem no júri popular. Mesários: atuando no dia de eleição no exercício da função pública.
3. Agente Delegado
Particular a quem o Estado delega o exercício de uma atividade que será exercida em nome do
particular e por sua conta e risco.
Concessionários e permissionários de serviços públicos.
4. Agente Credenciado
Particular credenciado pelo Estado para representá-lo.
Atuam em nome do Estado em virtude de convênios celebrados com o Poder Público, com oocorre com médios privados que atuam em convênio com o Sistema Único de Saúde – SUS, para atendimento de pacientes, mediante pagamento do poder público.
5. Agente Administrativo
É aquele que exerce uma atividade pública de natureza profissional e remunerada. Possui
vínculo funcional com o Estado. Dividem-se em:
SERVIDOR ESTATUTÁRIO (servidor em sentido estrito)
EMPREGADO PÚBLICO ( Servidores Celetistas)
TEMPORÁRIO
Contratados com base no art. 37, IX, Da CF, por tempo determinado, para atender a ncessidade temporária de
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de excepcional interesse público. Exemplo: Recenseadores do IBGE. Obs: a contratação temporária será regulada, na esfera federal, pela Lei nº 8.745/93. ATENÇÃO: O STF já firmou entendi_ mento no sentido de que o vínculo dos temporários é de caráter estatutário (especial), e não celetista devem, portanto, suas relações com a Administração ser julgadas na Justiça Comum (Federal ou Estadual, Conforme o caso) e não na Justiça do Trabalho (STF, Rcl 4812).
Obs: a expressão FUNCIONÁRIO PÚBLICO não foi recepcionada pela CF/1988, sendo
adequada, apenas para fins penais, uma vez que essa denominação ainda é utilizada pelo
Código Penal (art. 327). Hoje, quem ocupa cargo público é servidor público.
DEMISSÃO DE EMPREGADO PÚBLICO Em atenção ao princípio da impessoalidade e isonomia, que regem a admissão por concurso público, a dispensa do empregado de empresas públicas e sociedades de economia mista QUE PRESTAM SERVIÇOS PÚBLICOS devem ser MOTIVADA, assegurando-se, assim, que tais princípios, observados no momento daquela admissão, sejam também respeitados por ocasião da dispensa. STF/2013: RE 589998.
REGIME JURÍDICO – direito adquirido Não há direito adquirido do servidor público a regime jurídico funcional, nem à permanência do regime legal de reajuste de vantagem. STF/2009: RE 246989
ATENÇÃO: O STF firmou o entendimento no sentido de que o vínculo dos servidores temporários é de caráter
estatutário ESPECIAL, e não celetista: devem, portanto, suas relações com a Administração ser julgadas na Justiça
Comum (Federal ou Estadual, conforme o caso) e não na Justiça do Trabalho (STF, Rcl 4812).
Aspectos Constitucionais
1 – Acessibilidade
Cargos Privativos de Brasileiro Nato (Art. 12, §3º da CF)
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Cargos de Estrangeiros
As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
2 – Concurso Público
Súmula vinculante 43 É inconstitucional toda modalidade de provimento que propicie ao servidor investir-se, sem prévia aprovação em concurso público destinado ao seu provimento,
em cargo que não integra a carreira na qual anteriormente investido. Súmula Vinculante 44 Só por lei se pode sujeitar a exame psicotécnico a habilitação de candidato a cargo público.
3 – Direito à Nomeação
Gera direito subjetivo à nomeação
a.) Aprovação dentro do número de vagas;
b.) Preterição da ordem de classificação (salvo se a preterição ocorreu pela via judicial);
c.) Contratação de temporários para a mesma função;
d.) Desistência de candidato aprovado em posição anterior.
4 – Diferença entre Cargos em Comissão e Função de Confiança:
CARGO EM COMISSÃO FUNÇÃO DE CONFIANÇA
Exige vínculo efetivo
Pode ser ocupado por quem não é efetivo
Composição
Ato de provimento
Ato de desprovimento
Obs:
5 – Diferença entre Estágio Probatório e Estabilidade
Estágio probatório: é o período de tempo durante o qual será avaliada a capacidade do servidor para o exercício do cargo. Caso aprovado nesse período, o servidor adquire estabilidade no serviço público (CF, art. 41, caput). Estabilidade: é o direito do servidor titular de cargo de provimento efetivo de não peder o cargo salvo nas hipóteses restritas previstas em lei (no caso, nos artigos 41, §1º, e 169, §4º, da CF).
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Para provas de concursos, então, solificado está o entendimento: o estágio probatório tem
duração igual à estabilidade (3 anos ou 36 meses). O art. 20, caput, da Lei nº 8.112/90 está,
então, tacitamente revogado pela Ec 19/98.
Estabilidade (direito do servidor); Efetividade (característica do cargo); e Vitaliciedade (direito dos Membros do Judiciário, MP e Tribunais de Contas.
O servidor estável poderá perder o cargo nas seguintes hipóteses:
6 – Sistema Remuneratório
Remuneração ou Vencimentos = vencimento + vantagens pecuniárias permanentes
Obs:
É pacífico o entendimento, entre os estudiosos da matéria, que vencimento e a reumuneração do servidor público configuram verbas de caráter alimentar, que se apresentam com natureza de contraprestação pela prestação do serviço público.
Súmula Vinculante 37 Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função legislativa, aumentar vencimentos
de servidores públicos sob o fundamento de isonomia. Súmula Vinculante 39 Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros das
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar do Distrito Federal. Súmula Vinculante 42 É inconstitucional a vinculação do reajuste de vencimentos de servidores estaduais
ou municipais a índices federais de correção monetária. Obs: Não se admite arresto, sequestro ou penhora da remuneração do servidor, haja
vista o fato de que isso poderia ensejar prejuízos incalculáveis a ele e à sua família.
7 – Teto Remuneratório
A Emenda Constitucional n. 41/03, passou a admitir a implatação de subtetos para os
servidores dos Estados e Municípios, desde que com previsão nas respectitivas constituiçoes
estaduais e leis orgânicas municipais.
TETO REMUNERATÓRIO
SUBTETOS ESTADUAIS E DO DF SUTETOS MUNICIPAL
Subsídio do Ministro do Supremo Tribunal Federal
EXECUTIVO Subsídio do Governador LEGISLATIVO Subsídio dos deputados estuais e distritais. JUDICIÁRIO Subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça que deve corresponder a 90,25% dos subsídio do ministro do STF.
Subsídio do Prefeito do Município
8 – Acumulação de Cargos e Empregos Públicos
É vedado a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, e
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Servidor Ativo Servidor Inativo
Dois de professor ou Um de professor com outro técnico ou científico
Duas Aposentadorias, desde que acumuláveis na ativa
Dois cargos ou empregos privativos de profissionais de saúde com profissões regulamentadas
Uma aposentadoria com um cargo efetivo, desde que acumuláveis na ativa
Um cargo de Juiz com um de professor Uma aposentadoria com um cargo eletivo
Um cargo de Promotor com um de professor Uma aposentadoria com um cargo em comissão
As regras de acumulação valem para: Administração Direta e Indireta.
ATENÇÃO:
Segundo a Resolução 218/1997 do CNS I – Reconhecer como profissionais de saúde de nível
superior as seguintes categorias:
1. Assistentes Sociais; 2. Biólogos; 3. Profissionais de Educação Física; 4. Enfermeiros;
5. Farmacêuticos; 6. Fisioterapeutas; 7. Fonoaudiólogos; 8. Médicos; 9. Médicos Veterinários;
10. Nutricionistas; 11. Odontólogos; 12. Psicólogos; e 13. Terapeutas Ocupacionais. 9 – Eleição
10 – Observações Finais:
a.) É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical
b.) A administração fazendária e seus servidores fiscais terão, dentro de sua área de
competência e jurisdição, precedência sobre os demais setores administrativos, na
forma da lei.
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO
É um mecanismo de vigilância, fiscalização, revisão dos atos praticados pela Administração.
CLASSIFICAÇÃO
O controle da Administração pode ser classificado da seguinte forma:
1 – Conforme a Origem
a.) Controle interno: realizado dentro do mesmo poder
b.) Controle externo: aquele realizado por um poder sobre outro poder.
c.) Controle popular: realizado pela sociedade.
Obs:
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2 – Conforme o Momento
a.) Controle prévio: exercido antes da conclusão do ato.
b.) Controle concomitante: realizado no momento da execução do ato.
c.) Controle posterior: realizado após a prática do ato.
3 – Quanto ao Aspecto Controlado
a.) Controle de legalidade: verifica se o ato está de acordo com a legislação.
Se o ato for ilegal:
b.) Controle de mérito: verifica se ato permanece conveniente e oportuno.
Se o ato não for conveniente ou oportuno:
4 – Quanto à Amplitude
a.) Controle hierárquico: resultado da relação de superior – subordinado.
Ex: ____________________________________
b.) Controle finalístico: é aquele realizado pela Administração Direta sobre a Indireta.
Ex: ____________________________________
5 – Quanto ao Órgão Controlador
a.) Controle da Administração
b.) Controle Legislativo
É um controle externo. Ocorre quando o Poder Legislativo controla os atos administrativos de
outros Poderes.
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Exemplos:
Julgamento das contas do Presidente da República;
Convocação de Ministros de Estados;
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI);
Compete ao Congresso Nacional sustar os atos do Presidente da República que
exorbitem do poder regulamentar
c.) Controle Judicial
É um controle externo. Ocorre quando o Poder Judiciário controla os atos administrativos de
outros poderes.
CONTROLE – MÉRITO ADMINISTRATIVO 2 – A jurisprudência desta Corte Superior firmou-se na linha de que o controle jurisdicional dos processos administrativos se restringe à regularidade do procedimento à luz dos princípios do contraditório e da ampla defesa, sem exame do mérito do ato administrativo STJ/2011: REsp 1185981.
Importantes ações judiciais:
Mandando de Segurança: impetrado para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
atribuições do Poder Público.
Ação Popular:
Ação Civil Pública: proposta para proteger patrimônio público, meio ambiente e
outros direitos difusos ou coletivos, como defesa do consumir, dignidade de grupos
raciais.
Legitimados para propor ação civil pública:
Serviços Públicos
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Conceito: é a atividade administrativa traduzida em utilidade ou comodidade destinada à
satisfação da coletividade. O serviço público é sempre uma prestação em favor do particular, e
não contra o particular!
Decreto 6.017/2007, serviço público: atividade ou comodidade material
fruível diretamente pelo usuário, que possa ser remunerado por meio de
taxa ou preçopúblico, inclusive tarifa;
ATIVIDADES CONSIDERADAS SERVIÇO PÚBLICOS
Existem duas teorias utilizadas para identificar qual atividade será considerada serviço público:
a.) Essencialista: será serviço público aquela atividade que possuir interesse público
b.) Formalista: será serviço público a atividade indicada pela Lei.
Obs:
Atenção:
É o Estado quem escolhe, por meio da Constituição ou de lei, quais as atividades que, em determinado momento, são consideradas de interesse geral e as rotula como serviços
públicos, dando-lhes um tratamento diferenciado. Curiosidade:
Nos termos da Lei 12.869/2013, os serviços de loterias federais são explorados pelos particulares mediante permissão do Poder Público (permissão lotérica), outorgada pela Caixa
Econômica Federal, através de licitação.
Não são serviços públicos:
A atividade jurisdicional, a atividade legislativa e a atividade de governo (atividade
política);
O fomento em geral (qualquer prestação cujo objeto seja “dar algo”, em vez de um
“fazer”);
Todas as atividades que impliquem imposição de sanções, condicionamentos,
proibições ou quaisquer restrições do tipo “não fazer” (polícia administrativa e
intervenção na propriedade privada, por exemplo);
As obras públicas, porque, nestas, não é o “fazer algo”, em si mesmo considerado, que
representa uma utilidade ou comodidade material oferecida à população; é o
resultado desse “fazer”, qual seja, a obra realizada, que constitui uma utilidade ou
comodidade que pode ser fruída pelo grupo social.
Classificações dos Serviços Públicos:
Diferença Entre Serviços Gerais e Individuais
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Serviços Gerais “uti universi” Serviços Individuais “uti singuli”
Diferença Entre Serviços Obrigatórios e Facultativos
Os serviços públicos obrigatórios são aqueles remunerados por tributos (impostos e taxas), enquanto os serviços facultativos são remunerados por tarifas.
Diferença Entre Serviços Originários e Derivados
Originários Derivados
O serviço público originário é aquele que, por essencial, é
privativo do Estado e só por ele pode ser prestado (é
indelegável, portanto). São serviços cuja prestação exige
exercício de poder de império, tais como os serviços
relacionados à defesa nacional, à segurança pública e à
fiscalização de atividades. São também chamados de
serviços públicos propriamente ditos.
O serviço público derivado é o que não é considerado
essencial, mas sim conveniente à coletividade, podendo ser
prestado por particular (é delegável, portanto). O Estado
pode prestá-lo diretamente ou delega-lo a terceiros, tais
como telefonia, energia elétrica e transportes. São também
chamados de serviços de utilidade pública.
Diferença de Serviço Público Próprio e Impróprio
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, quando serviços não exclusivos são prestados pelo Estado, também são
chamados de serviços públicos próprios (ex: escola ou hospital públicos); quando prestados por particulares,
denominam-se serviços públicos impróprios (ex: escola ou hospital particulares).
Atenção:
Para parte da doutrina, a definição de serviços públicos próprios é a mesma que a de serviços públicos exclusivos. Assim,
também é certo afirmar que serviços públicos próprios são aqueles que atendem às necessidades coletivas e que o
Estado executa tanto diretamente quanto indiretamente, por intermédio de empresas concessionárias ou
permissionárias.
Base Constitucional
Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
Apesar de não constar no art. 175, a autorização também é forma indireta de prestação de
serviço público, estando presente no art. 21, XI e XII da CF. Para regulamentar os serviços
públicos, foi editado a Lei nº 8.987/95.
Diferença entre CONCESSÃO, PERMISSÃO e AUTORIZAÇÃO
Concessão Permissão Autorização
Instrumento
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Quem pode exercer
Licitação / Modalidade
Prazo
Observações
Como exemplo de serviços públicos delegados mediante autorização temos a
atividade de telecomunicação exercida pelos radioamadores e a exploração de
instalações portuárias localizadas fora da área do porto organizado (Lei
12.815/2013). Já o exemplo clássico de serviço público geralmente prestado
mediante autorização é o serviço de táxi.
Serviço Adequado
Conforme a Lei 8.987/95, todo o serviço público deve ser prestado de forma adequada.
Considera-se adequado aquele que atender aos seguintes princípios/requisitos:
a.) Regularidade: deve ser prestado sem intervalos desarrazoados. b.) Generalidade: deve ser posto a disposição de todos. c.) Segurança: o usuário não pode ficar em situação de risco. d.) Eficiência: o prestador deve sempre buscar os melhores resultados. e.) Continuidade: o serviço não pode ser interrompido EXCETO:
- - -
f.) Cortesia: o usuário deve ser tratado com educação. g.) Atualidade: compreende a modernidade das instalações e equipamentos, bem como sua conservação e
expansão. h.) Modicidade: a tarifa tem que ser a mais baixa possível. O valor pode ser cobrado de forma diferenciada de
acordo com a utilização e o edital pode prever outras fontes de receita (receita alternativa)
ATENÇÃO: Modicidade:
O prestador do serviço público deve ser remunerado de maneira razoável, a fim de
assegurar o equilíbrio econômico-financeiro do contrato. Contudo, os usuários não devem ser onerados de maneira excessiva, ou seja, as tarifas devem ser módicas,
acessíveis.
Jurisprudência
As tarifas são cobradas no caso de utilização efetiva do serviço, a exemplo das tarifas de energia elétrica e de água.
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O STJ, porém, admite a possibilidade de cobrança mensal de assinatura, no serviço de telefonia, sem que chamadas sejam feitas, por tratar-se de serviço que é necessariamente disponibilizado, de modo contínuo e ininterrupto, aos usuários. Ademais, a tarifa de mensal de assinatura do serviço decorre de política tarifária instituída por lei (Lei 9.472/1997). Portanto, é legítima a cobrança de tarifa mínima, devida somente pela disponibilização do serviço, a exemplo do sistema das assinaturas mensais, desde que haja previsão contratual e legal.
As tarifas a serem cobradas pela prestação do serviço devem possibilitar a remuneração do capital investido pelo particular
delegatário, assim como o melhoramento e a expansão dos serviços, jamais se olvidando que a modicidade das tarifas é um dos
requisitos do serviço adequado. Direito dos Usuários
O art. 7º da Lei 8.987/95 estabelece direitos e obrigações dos usuários:
a.) Receber serviço adequado;
b.) Receber do poder concedente e da concessionária informações para a defesa de
interesses individuais ou coletivos;
c.) Obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha entre vários prestadores de
serviços, quando for o caso;
d.) Levar ao conhecimento do Poder Público e da concessionária as irregularidades de que
tenham conhecimentos;
e.) Comunicar às autoridades competentes os atos ilícitos praticados pela concessionária;
f.) Contribuir para a permanência das boas condições dos bens públicos
Obs: As concessionárias estão obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para escolherem os dias de vencimentos de seus débitos.
Extinção da Concessão
A concessão pode ser extinta da seguinte forma:
Advento contratual: ocorre com o término do prazo da concessão. Encampação: decorre do interesse público, necessita de lei prévia e indenização. Caducidade: é a extinção do contrato quando a empresa descumpre suas obrigações. Rescisão: ocorre quando a administração descumpre o contrato, mas necessita de ordem judicial. Anulação: decorre de uma ilegalidade. Falência ou Extinção da empresa: o contrato é intuito personae
CORTE NO FORNECIMENTO DE SERVIÇOS PÚBLICOS ESSENCIAIS
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente o usuário, desde que precedido de notificação. (Precedentes: AgRg no AREsp 412822/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/11/2013)
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações, desde que precedido de notificação.
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica quando puder afetar o direito à saúde e à integridade física do usuário.
É legítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente pessoa jurídica de direito público, desde que precedido de notificação e a interrupção não atinja as unidades prestadoras de serviços indispensáveis à população.
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando inadimplente unidade de saúde, uma
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vez que prevalecem os interesses de proteção à vida e à saúde. É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando a inadimplência do usuário decorrer
de débitos pretéritos, uma vez que a interrupção pressupõe o inadimplemento de conta regular, relativa ao mês do consumo
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais por débitos de usuário anterior, em razão da natureza pessoal da dívida (Precedentes: AgRg no AREsp 196374/SP, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/04/2014,)
É ilegítimo o corte no fornecimento de energia elétrica em razão de débito irrisório, por configurar abuso de direito e ofensa aos princípios da proporcionalidade e razoabilidade, sendo cabível a indenização ao consumidor por danos morais. (Precedentes: AREsp 452420/SP (decisão monocrática), Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 19/12/2013)
É ilegítimo o corte no fornecimento de serviços públicos essenciais quando o débito decorrer de irregularidade no hidrômetro ou no medidor de energia elétrica, apurada unilateralmente pela concessionária. (Precedentes: AgRg no AREsp 346561/PE, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 25/03/2014, DJe 01/04/2014)
Responsabilidade do Estado
Responsabilidade civil ou extracontratual do Estado: obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de
comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos.
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Obs:
RESPONSABILIDADE DECORRENTE DE ATOS LÍCITOS – Pauta-se no principio da isonomia e requer
um efeito anormal para a vítima (particular) do ato produzido pelo Estado.
OBS:
Trata-se do princípio da repartição social dos encargos. Uma vez que os atos lícitos trazem utilidades à população, quando eles causarem danos a
determinados particulares, o Estado dever reparar estes danos, uma vez que seria contrário ao princípio da isonomia a sociedade se beneficiar dos atos
lícitos, e apenas parte da população sofrer os ônus.
RESPONSABILIDADE DECORRENTE DE ATOS ILÍCITOS – Pauta-se no Principio da legalidade.
Teorias da Responsabilidade
Evolução da Responsabilidade Civil do Estado
1.) Teoria da Irresponsabilidade (Absolutismo “o rei não erra”)
“The king can do no wrong” essa teoria prevaleceu até o final do século XIX.
2.) Responsabilidade Subjetiva do Estado
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Surge do Estado Liberalismo (o Estado se torna responsável civilmente sempre que os
agentes houvessem agido com DOLO ou CULPA).
Divide-se:
a.) Teoria dos Atos de Império e dos Atos de Gestão
b.) Teoria da Culpa Civil
O Estado responde pelos atos de império ou de gestão, mas dependerá da identificação do agente público causador do dano, bem como da demonstração do elemento subjetivo do dolo ou culpa.
c.) Teoria da Culpa Anônima / Teoria da Culpa Administrativa / Falta do Serviço
O Estado pode responder civilmente independentemente da identificação do agente causador do dano. Quando o serviço for realizado com falha ou deficiência, alguém agiu com dolo ou culpa.
Obs: é vista como uma Teoria Subjetiva (preocupa-se com elemento subjetivo do dolo ou
culpa).
Para aplicar a Teoria da Culpa Anônima deve observar os seguintes requisitos:
Deficiência ou insifuciência na prestação do serviço público;
Falha, defeito ou vício na prestação do serviço público;
Atraso, retardo ou demora na prestação do serviço público;
Atenção:
A teoria da culpa administrativa ainda serve de subsídio para responsabilização do Estado em algumas situações, como na omissão administrativa.
3.) Teoria da Responsabilidade Objetiva do Estado
Dispensa a comprovação do elemento subjetivo do DOLO ou CULPA por parte do agente
público.
Divide-se:
a.) Teoria do Risco Administrativo (Art. 37, § 6º da CF/88)
b.) Teoria do Risco Integral
O Estado se torna um segurador universal. Assim, ele passa a ser responsável civilmente por todo e qualquer tipo de dano ocorrido em seu território (pouco importando se foi causado por um agente público ou não).
Atenção: independe de correlação lógica e necessária entre a ação estatal e o dano
ocorrido (nexo causal).
Não admite a exclusão da responsabilidade do Estado! O Estado deverá ser
responsabilizado mesmo que o dano ocorra por um fato de terceiro distante da
Administração Pública.
Decorre de um modelo de Estado Solidário que procura a todo custo diminuir os danos que seus cidadãos vierem
61
a sofrer, independentemente de quem causou. Apesar das divergências entende-se que o Risco Integral é adotado no Brasil nos seguintes
casos:
Dano Nuclear (Ar. 21, XXIII, d, da CF);
Dano ao Meio Ambiente (Art. 225, § 3º, da CF);
Atentado Terrorista / Atos de Guerra contra aeronaves de matrícula brasileira
operadas por empresas brasileiras de transporte aéreo público, excluída as empresas
de taxi aéreo particular. (Lei nº 10.744/2003).
1 Responsabilidade do Estado por Ação
Quando o Estado agir (atuação comissiva) como Administração Pública, a teoria a ser utilizada
é da RESPONSABILIDADE OBJETIVA, com base no RISCO ADMINISTRATIVO. Assim, a
responsabilidade independe de DOLO OU CULPA.
A responsabilidade do Estado pode ser excluída ou reduzida (mitigada):
Mitigada ou Reduzida Excluída
Respondem de forma objetiva:
IMPORTANTE:
RESPONSABILIDADE – PJ de D. Privado prestadoras de serviços públicos. I – A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não usuários do serviço. STF/2009: RE 591874.
Obs: Para o Estado ser responsabilizado, a pessoa causadora do dano tem que estar na
QUALIDADE DE AGENTE PÚBLICO.
RESPONSABILIDADE – arma de fogo da corporação 1 – O Estado responde objetivamente pelos danos causados por seus agentes, ainda que fora do horário do expediente. Nesse sentido: CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. Responsabilidade civil do estado. C.F., art. 37 §6º. I – Agressão praticada por soldado com a utilização de arma de corporação militar: incidência da responsabilidade objetiva do estado, mesmo porque, não obstante fora do serviço, foi na condição de policial militar que o soldado foi corrigir as pessoas. O que deve ficar assentado é que o preceito inscrito no art. 37, § 6º, da CF, não exige que o agente
62
público tenha agido no exercício de suas funções, MAS NA QUALIDADE DE AGENTE PÚBLICO. STF/ 2011: ARE 644395
2 – Responsabilidade do Estado por Omissão
Quando o Estado deixa de agir, a teoria a ser utilizada é a da RESPONSABILIDADE SUBJETIVA,
ou seja, o Estado responde se ficar demonstrado DOLO ou CULPA.
Demonstra-se a culpa da Administração da seguinte forma:
Atenção:
RESPONSABILIDADE – suicídio de paciente em hospital A discussão relativa à responsabilidade extracontratual do Estado, referente ao suicídio do paciente internado em hospital público, no caso foi excluída pela culpa exclusiva da vítima, sem possibilidade de interferência do ente público. STF/2008: AI 463531
Requisitos para responsabilização do Estado
RESPONSABILIDADE OBJETIVA RESPOBNSABILIDADE SUBJETIVA
Obs: segundo o STJ, o prazo de prescrição é de 5 anos para ações indenizatórias propostas
contra o Estado.
3 – RESPONSABILIDADE DO AGENTE
A Administração deve impetrar Ação Regressiva contra o agente causador do dano nos casos
de dolo ou culpa
Assim a responsabilidade do agente é subjetiva.
Obs: A ação regressiva é imprescritível (art. 37, §5º, da CF). Entretanto, se for contra agente de
pessoa jurídica de direito privado, o prazo prescricional é de 3 anos (art. 206, §3º, V, do CC)
Atenção:
As ações de indenização por danos morais decorrentes de atos de tortura ocorridos durante o Regime Militar de exceção são
imprescritíveis. Não se aplica o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto 20.910/1932. STJ. 2ª Turma. REsp
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1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013 (Info 523).