Personalidade

Profª Marilena Olga Koch

Personalidade A palavra personalidade tem origem grega

“persona”, a máscara usada pelos atores nos dramas gregos.

Trata-se de um conjunto de características que constituem o sujeito e o tornam um indivíduo único.

De acordo com Kaplan; Sadok, 1997 (apud Serafim, 2011) “a personalidade se apresenta como a totalidade relativamente estável e previsível de traços emocionais que caracterizam a pessoa (...)”.

Constituição da Personalidade

A personalidade se constitui a partir de níveis que são separados mas interdependentes:

Núcleo psicológico – EU REAL– nível mais profundo e estável: atitudes, valores, motivações, interesses, etc.

Respostas típicas – forma de ajustamento e adaptação ao ambiente: timidez, otimismo, observador, impulsivo, etc.

Comportamento relacionado ao desempenho de papéis – aspecto mais variável da personalidade, onde o comportamento muda a partir da percepção do meio.

Temperamento e Caráter

Temperamento: refere-se aos aspectos emocionais e hereditários da personalidade.

Disposição individual para reagir aos estímulos emotivos.

Supõe-se que o temperamento é uma correlação das alterações metabólicas e químicas nos tecidos, especialmente os endócrinos.

Temperamento e Caráter

Caráter: refere-se a um julgamento do indivíduo com base em certas qualidades.

Uma pessoa tem bom ou mau caráter dependendo se ela é honesta com o sistema de valores de cada pessoa.

É formado através de um sistema educacional, trata-se da maneira habitual e constante de agir.

Desenvolvimento e Ajustamento da Personalidade Embora a personalidade se mantenha relativamente estável

ao longo do tempo, ela não deixa de sofrer a influência do meio ao interagir com ele. Os traços psicológicos podem ser desenvolvidos e modificados.

  A organização desses traços psicológicos pode ser

profundamente afetada pelo contexto em que o indivíduo vive. O meio pode favorecer ou impedir o ajustamento do indivíduo.

  As frustrações, as pressões, físicas ou psicológicas e o

estresse sob o qual o indivíduo vive, são alguns dos fatores que podem levar a desintegração da personalidade e, portanto, a um desajustamento emocional.

 

A fonte mais comum de frustração é a barreira ou impedimento à satisfação de um motivo. Sobre essas barreiras pode-se distinguir três tipos principais:

1 – Situacional (física ou ambiguidade) 2 – Interpessoal (Pessoa ou grupo que impede) 3 – Intrapessoal (ausência de habilidade ou deficiência/limitação

física) ou ainda motivos conflitantes do próprio indivíduo.  As reações Psicológicas diante da frustração podem

desencadear comportamentos de agressão, fuga ou ansiedade difusa, fazendo com que o indivíduo lance mão dos mecanismos de defesa.

Quando a situação de estresse ou frustração é muito intensa, os mecanismos de defesa não são capazes de atuar e nesse caso as energias psicológicas diminuem levando o indivíduo a um desajustamento.

Domínios do Desenvolvimento O desenvolvimento refere-se a uma série

progressiva de mudanças que ocorrem em um padrão ordenado e previsível, como resultado da maturação e da experiência.

O ser humano nunca é estático. Desde sua concepção até a morte, ocorrem mudanças em suas aptidões físicas e psicológicas.

As aptidões, os interesses e a personalidade do indivíduo mudam com o passar do tempo.

Sua capacidade de pensar , falar e resolver problemas se desenvolve com o passar dos anos.

Desenvolvimento físico

Envolve todas as mudanças que ocorrem no corpo de um indivíduo – tais como: peso, altura, cérebro, estruturas e processos – assim como nos aspectos esquelético muscular, neurológico que afetam as habilidades motoras. 

Desenvolvimento Cognitivo

Envolve todas as alterações que ocorrem na atividade mental – como sensação, percepção, memória, pensamento, raciocínio e linguagem.

Desenvolvimento Psicológico (afetivo-emocional)

É o modo particular do indivíduo integrar suas experiências – envolve todas as alterações referentes a personalidade do indivíduo, emoções e relação com outras pessoas.  

 

Processos do Desenvolvimento  Crescimento – refere-se ao aumento de tamanho que

ocorre com o passar do tempo. Quase todos os organismos ficam maiores a medida que envelhecem. O crescimento ocorre devido a processos metabólicos internos.

Maturação – trata-se do desdobramento de padrões geneticamente determinados do comportamento ou potencial biológico.

Aprendizagem – é uma modificação relativamente estável do comportamento, resultante da experiência ou prática do indivíduo no ambiente.

Classificação da Personalidade: Tipos baseados no temperamento.

Hipócrates (aprox. 400 a.C) supôs a existência de quatro tipos de temperamento, ligados a quatro tipos de fluídos, ou humores corporais (sangue, fleuma, bílis colérica e bílis melancólica) que resultaram nos temperamentos sanguíneo, fleumático, colérico e melancólico.

Temperamentos e suas características Hipócrates classificou os serem

humanos em quatro tipos de temperamento:

Sanguíneo;Fleumático;Colérico;Melancólico.

Sanguíneo Colérico Melancólico FleumáticoAspectosPositivos

FalanteExpressivoCordialAmigávelComunicativoEntusiastaCompreensível

Vontade forteIndependenteVisionárioPráticoProdutivoDecididoLíder

TalentosoAnalíticoEstetaHabilidosoAutodisciplinadoDisposto a sacrificar-seSensível

CalmoDigno de confiançaObjetivoDiplomataEficienteOrganizadoPráticoHumoradoCondescendente

Aspectos Negativos

IndisciplinadoInstável emocionalmenteImprodutivoEgocêntricoExagerado

CruelIradoSarcásticoAutossuficienteImpetuosoDominadorVingativoFrio e insensível

AutocentradoDesconfiadoSuscetívelVingativoMal-humoradoCríticoTeóricoNão-socialPessimista

ProcrastinadorPreocupadoEgoístaAvarentoAutoprotetorIndecisoTemerosoDesmotivado

Fonte: revista Crescimento Pessoal & Motivação de março/2006.

Classificação da Personalidade: Tipos baseados na constituição física (biotipo) Kretschmer (1925)

dividiu as pessoas em três tipos físicos:

Astênico: introvertido, alto, magro, sensível.

Atlético: ativo, agressivo, compor com musculatura bem desenvolvida.

Pícnico: extrovertido, com contornos externos arredondados.

William Sheldon (1954) dividiu as pessoas em três tipos, conforme a constituição física: 

Ectomórfico: alto, magro e de peito batido – autoconsciente, tímido, aprecia solidão, reservado.. 

Mesomórfico: constituição sólida e musculosa – fisicamente ativo e barulhento.

Endomórfico: Formas arredondadas – sociável, equilibrado e relaxado.

Classificação da Personalidade: Tipos baseados na constituição física (biotipo)

Embora o físico da pessoa possa influenciar sua personalidade, a relação é muito sutil.

Pesquisas demonstram haver pouca correlação entre estrutura física e características específicas da personalidade.

Tipos A e B de Personalidade

Diante de situações de estresse (mudanças, exigências de adaptação) as pessoas com personalidade A ou B diferem em sua maneira agir.

Pessoas com personalidade do tipo A – mostram-se ambiciosas, competitivas, agressivas, auto exigentes, rígidas em relação a prazos.

Pessoas com personalidade o tipo B – tendem a preocupar-se menos com o sucesso e a realizações. São menos exigentes consigo mesmas e menos rígidas em relação a prazos.

Classificação da Personalidade: Tipos Psicológicos Baseado da sociabilidade (atitudes), C. Jung

classificou as pessoas em dois principais grupos, denominados extrovertidos e introvertidos.

Os extrovertidos demonstram maior interesse em outras pessoas e gostam de estar acompanhadas. São hábeis nas regras de comportamento em sociedade, amigáveis e sociáveis; não se perturbam diante de dificuldades. Os extrovertidos são dominados pelas emoções, e por isso tomam decisões rapidamente. São realistas e encaram objetivamente os problemas.

Os introvertidos são pessoas voltadas para seus próprios sentimentos, emoções e reações. Revelam-se ocupados com seus próprios pensamentos, são egocêntricos, reservados e apreciam o trabalho solitário. Sensíveis, possuem dificuldade para ajustarem-se as situações sociais. Estão inclinados a preocupação e perturbam-se facilmente.

Existem pouquíssimas pessoas puramente extrovertidas ou introvertidas. A maioria dos indivíduos se enquadra em um tipo ambivalente, demonstrando qualidades extrovertidas e introvertidas em diferentes proporções.

Traços de Personalidade Allport (1961) utilizou diferentes traços para

descrever a singularidade de cada indivíduo. O modo mais comum de descrever uma pessoa consiste em relacionar certa quantidade de qualidades que ela deve ter, como por exemplo: paciência, flexibilidade, competência, iniciativa, liderança, etc.

Essas qualidades são chamadas de traços de personalidade.

Os grupos de traços de personalidade são conhecidos como fatores ou dimensões da personalidade.

Abordagens sobre personalidade Abordagem psicodinâmica: enfatiza a

importância dos componentes inconscientes do comportamento e a necessidade de ver o indivíduo como um todo;

Abordagem de traço: pressupõe a estabilidade da personalidade e a sua composição a partir de traços psicológicos que predispõem o indivíduo a agir sempre da mesma forma independentemente da situação.

Abordagem situacional: defende que o comportamento é determinado pelo ambiente ou situação;

Abordagem fenomenológica: foca o entendimento e interpretação subjetiva do indivíduo – visão de si mesmo versus traços fixos;

Abordagem interacional: considera fatores pessoais e situacionais como determinantes iguais do comportamento.

Medidas de personalidade

Os traços psicológicos – padrão comportamental do sujeito e os estados psicológicos – efeitos da situação sobre o comportamento, devem ser avaliados de forma interacional na medida da personalidade;

Escalas gerais de personalidade podem fornecer informações úteis sobre estados e traços de personalidade, mas medidas específicas para a situação, podem prever comportamentos com mais segurança.

Conclusão O termo personalidade dentre todos os que a psicologia

moderna emprega, é talvez o que tenha sofrido maior número de variações em seu significado. Allport (1937) enumerou cinquenta definições diferentes.

  O que a personalidade representa essencialmente é a noção

de unidade integrativa de um ser humano, ou seja, todo o conjunto de suas características (atributos) diferenciais permanentes (constituição, temperamento, inteligência, caráter) e suas modalidades específicas de comportamento.

  A definição dada por Sheldon, inspirada nas definições de

Warren e Allport, corresponde suficientemente a essa noção: personalidade “é a organização dinâmica dos aspectos cognitivos, afetivos, fisiológicos e morfológicos do indivíduo”.

Os estudos realizados nesta área permitiram identificar a existência de ideias fundamentais comuns a respeito da personalidade, isto é, existem princípios subjacentes às várias tentativas de conceituar personalidade. Esses princípios são:

 Princípio da Globalidade; Princípio Social; Princípio da Dinamicidade; Princípio da Individualidade.

1 – Princípio da Globalidade: Os vários traços e características, os vários sistemas, cognitivos, afetivos e de comportamento são integrados e fundidos. Elementos inatos, adquiridos, orgânicos e sociais estão incluídos no conceito de personalidade. Personalidade é tudo o que somos.

2 – Princípio Social. É impossível pensar em personalidade sem dimensões sociais. As características da personalidade se desenvolvem e se manifestam em situações sociais. Muitas características da personalidade são resultadas das interações sociais.

3 – Princípio da dinamicidade: Personalidade é um conceito essencialmente dinâmico. Os vários elementos interagem combinando-se e produzindo efeitos novos e originais.

Apesar da coerência e estabilidade, a personalidade é sempre capaz de receber novas influências e adaptar-se a novas circunstâncias.

  4 – Princípio da individualidade: A

personalidade é sempre uma realidade individual, que marca e distingue um ser do outro.

Referências Bibliográficas AGUIAR, M. A. F., Psicologia aplicada à administração:

uma introdução à psicologia organizacional. São Paulo: Atlas, 2006.

ANTHIKAD, J. Psicologia para enfermagem. 2 ed. São Paulo: Reichmann & Autores Editores, 2005.

BRAGHIROLLI, E., et al. Psicologia Geral. 25 ed. Petrópolis: Vozes, 2005.

MUSSAK, E. Revista crescimento pessoal e motivação. Disponível em http://eugeniomussak.com.br/revista-crescimento-pessoal-e-motivacao/ Acesso em 26.mar. 2014.

SERAFIM, A.P; SAFFI, F. Psicologia e práticas forenses. Barueri-SP: Manole, 2012.

Temperamento e Personalidade nas organizações. Disponível em: <http://www.conexaomercado.com.br/wp/index.php/2007/10/temperamento-e-personalidade-nas-organizacoes/> Acesso em 14. set. 2014