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Profª. Me. Letícia Hesseling
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DANO - prejuízo de ordem material ou, pelo mínimo, moral
É um dever jurídico sucessivo que surge para recompor o dano decorrente
da violação de um dever jurídico originário
Art. 188, II e § único (conciliar a licitude da ação e o dever de indenizar o dano)
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente.
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
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Art. 1385, §3º (indenização pelo alargamento necessário da servidão predial )
Art. 1.385. Restringir-se-á o exercício da servidão às necessidades do prédio dominante, evitando-se, quanto possível, agravar o encargo ao prédio serviente.§ 3o Se as necessidades da cultura, ou da indústria, do prédio dominante impuserem à servidão maior largueza, o dono do serviente é obrigado a sofrê-la; mas tem direito a ser indenizado pelo excesso.
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Lex Aquilia De Damno Final do séc. III a.c. (fixou parâmetros da
responsabilidade civil extracontratual)
Conferia a vítima de um dano injusto o direito de obter o pagamento de uma
penalidade em dinheiro do causador, e não mais a retribuição do mal causado
5
A inspiração da responsabilidade civil moderna vem do Código Civil Francês de
1804:
A responsabilidade civil se funda na culpa
O alicerce jurídico em que se sustenta a responsabilidade civil:
neminem laedere neminem laedere (não lesar ninguém)
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restitutio in integrumrestitutio in integrum
Reposição da vítima à situação anterior à lesão, seja por meio de uma
reconstituição natural, de uma situação material correspondente, ou de
indenização que represente do modo mais exato possível o valor do prejuízo
a) Resp. civil contratual (no âmbito das obrigações): tem seus fundamentos
principais nos arts. 389, 390 e 391, CC, mas são relativizados diante dos
princípios da boa-fé objetiva e função social dos contratos;
b) Resp. civil extracontratual: desrespeito ao direito alheio ao dir. contratual. arts. 186 e 927, caput.
Reparatória, ressarcitória ou indenizatória-busca proteger a esfera
jurídica de cada pessoa, através da reparação dos danos por outrem causados
Sancionatória - mesmo que com relevo secundário há uma finalidade de punição do
lesante Preventiva -visa dissuadir outras pessoas e ainda o próprio lesante da prática de atos prejudiciais a outrem, ou seja, serve para
coibir a prática de outros atos danosos
ilicitude (maioria dos casos) ação ou omissão
nexo de causalidade existente entre o ato praticado e o prejuízo dele decorrente
dano
culpa lato sensu (dolo ou culpa stricto sensu) ou o risco **
O que diferencia a responsabilidade civil subjetiva da responsabilidade
civil objetiva?
é o elemento culpa.
Transforma o ato ilícito em fundamento para a reparação do dano
A noção fundamental é a obrigação de reparar o dano causado pela culpa do
agente
Art. 186 c/c 927, caput (cláusula geral/ conceito de ilicitude em sentido
estrito)
O elemento culpa é subjetivo
Art. 333, I CPC - regra de que o autor deve provar o fato constitutivo do
direito
Análise do art. 186
a. conduta culposa do agente: “aquele que por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imperícia”;
b. nexo causal: “causar”
c. dano: “violar direito ou causar dano a outrem” (princípio do neminem laedere)
a + b + c = ato ilícito » (consequência) dever de indenizar (art. 927)
A responsabilização independente da culpa
somente exigirá o elo de ligação entre a conduta e o dano
É imposta por dispositivo legal ou quando o agente assume o risco de sua atividade
Art. 927, § único (cláusula geral da responsabilidade objetiva/risco da
atividade)
Art. 187 (cláusula geral da responsabilidade por abuso de direito) - ato jurídico de objeto lícito, mas cujo
exercício, levado a efeito sem a devida regularidade, acarreta um resultado
que se considera ilícito
Diferenças entre ato ilícito Diferenças entre ato ilícito e abuso de direitoe abuso de direito
Ato ilícito: ilícito no todo
Abuso de direito: lícito no conteúdo, mas ilícito pelas consequências
Responsabilidade objetivaResponsabilidade objetiva
Arts.: 931, 932, 933, 936, 937 e 938/ elementos dos artigos são objetivos
Súmula 492 do STF
Teorias do Risco
Risco-proveito
Considera-se como responsável aquele que tira vantagem econômica de atividade danosa, com base na idéia de que do lucro nasce o encargo. (quem tem o bônus tem o
ônus). ex: transporte/ Banco
Risco-criadoÉ a ampliação do risco-proveito. Basta o exercício de determinada atividade
por alguém para que este seja responsável pelos eventos danosos
A nova sistemática da atual lei civil (CC/02) traz, como regra geral, o risco-criado (art.
927, § Único). Ex. art. 931
Risco-administrativo É o risco por ser Estado/ por prestar
serviço público (art. 37, §6º CF).
Risco-profissional O dever de indenizar é oriundo da atividade
ou profissão desenvolvida/exercida pelo lesado/ empregado.
Art. 7º XXVIII, CF diz que a responsabilidade do empregador é subjetiva/ os Tribunais tem
objetivado a culpa. Logo, a responsabilidade do empregador na Constituição é subjetiva, mas a
culpa é objetivada).
Risco-excepcional
Dá-se em consequência de uma situação de risco, de caráter
excepcional, gravosa à coletividade, por exploração de atividade de alta
periculosidade (exploração de energia nuclear, material radioativo, etc)
Art. 21, XXIII, “d”, CF - (arca com o risco aquele que causa uma situação anormal
ou excepcional de perigo)
Risco-integral
Também chamada de objetiva agravada. É a espécie mais estremada
de risco (forma mais grave de responsabilização)
Independe de nexo causal/ não aceita excludentes de responsabilidade/haverá
dever de indenizar tão-só perante o dano
Ação/Omissão voluntária
Consciência daquilo que se está fazendo
Causas excludentes de voluntariedade: impulsos reflexos, estado de
inconsciência
Culpa extracontratual - cumprimento da lei ou regulamento (princípio de não
lesar ninguém - dever indeterminado)a) Dolob) Culpa stricto sensu
- imprudência: falta de cuidado + ação (art. 186)
- negligência: falta de cuidado + omissão (art. 186)
- imperícia: falta de qualificação
É o liame que une a conduta do agente ao dano/resultado – ligação de causa e efeito
Resp. subjetiva: o nexo causal é formado pela culpa genérica (lato sensu), que inclui
o dolo e a culpa estrita (art. 186)Resp. objetiva: o nexo causal é formado
pela conduta + previsão legal de resp. sem culpa ou pela atividade de risco (art. 927, §
único)
TEORIA DA CAUSALIDADE ADEQUADA
Somente se considera como causa do dano a condição por si só suficiente a produzir o
resultado danoso
Deve-se identificar, na presença de uma possível causa, aquela que, de forma
potencial, gerou o evento dano
Dano Patrimonial/Material
Dano emergente
Lucro Cessante
Perda da chanceFrustra-se a chance de obter vantagem
futura
Dano por ricocheteTrata-se da repercussão de um dano sofrido por outra pessoa (pode ser
material ou moral)
-Súmula 491, STF : É indenizável o acidente que cause a morte de filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado
Dano Extrapatrimonial / Moral
é uma lesão aos direitos da personalidade (arts. 11 a 21, CC)
a reparação visa a atenuar, em parte, as consequências do prejuízo imaterial
Quanto à necessidade ou não de prova:
Dano moral provado ou subjetivo - regra geral - necessita ser provado pelo
autor da demanda
Dano moral objetivo ou presumido (in re ipsa) - não necessita de prova. ex.: abalo de crédito, morte de pessoa da família, perda de parte do corpo...
Quanto à pessoa atingida:
Dano moral direto - atinge a própria pessoa, a sua honra subjetiva (autoestima) ou objetiva (repercussão social da honra)
Dano moral indireto - é o dano por ricochete - atinge a pessoa de forma reflexa
(lesados indiretos). ex.: art. 12, § único
Dano Moral contra pessoa jurídica-
Lesão à sua honra objetiva, ao seu nome, à imagem
Súmula 227, STJArt. 52, CC
Dano estéticoÉ dano presumido (in re ipsa)
STJ entende que pode ser cumulado com dano moral
Dano à Imagem
Art. 20, CCArt. 5, X e XXVIII, alínea a, CF
A imagem de uma pessoa só pode ser utilizada com a autorização do seu titular/
exceções: fotografia coletiva, personalidades notórias, as que são feitas para atender ao interesse público, com o fito de informar, ensinar, manter a ordem pública, para à administração da justiça
Direito Civil (art. 935 do CC)
A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar
mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas
no juízo criminal
Direito Penal (art. 91, I, do CP)
Art. 91 - São efeitos da condenação:
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime
Processo Penal (arts. 63 e 68 do CPP)
Art. 63. Transitada em julgado a sentença condenatória, poderão promover-lhe a execução, no
juízo cível, para o efeito da reparação do dano, o ofendido, seu representante legal ou seus herdeiros
Parágrafo único. Transitada em julgado a sentença condenatória, a execução poderá ser efetuada pelo valor fixado nos termos do inciso IV do caput do art. 387 deste
Código sem prejuízo da liquidação para a apuração do dano efetivamente sofrido. (Incluído pela Lei nº 11.719, de 2008)
Art. 68 - Quando o titular do direito à reparação do dano for pobre (Art. 32, §§ 1º e 2º), a execução da sentença condenatória (Art. 63) ou a ação civil (Art. 64) será
promovida, a seu requerimento, pelo Ministério Público.
Processo Civil (art. 475 N – II)
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais:
II - a sentença penal condenatória transitada em julgado
A) A sentença penal condenatória faz coisa julgada no cível quanto ao dever de
indenizar (art. 91, I, do CP; 63 do CPP; 584, II, do CPC)
Não se discutirá o “an debeatur” (se deve), mas sim o “quantum debeatur”
(quanto é devido)
B) Quando, por ser relevante para o julgamento o deslinde de uma questão
cível, suspende-se o processo criminal à espera da solução da lide no cível
no caso das prejudiciais heterogêneas contempladas nos arts. 92 e 93 do CPP
C) A faculdade concedida ao juiz de suspender o andamento do processo
no cível, até a solução da lide penal
Art. 265, § 5°, do CPC – suspensão não superior a um ano;
Art. 64 CPP Art. 110 CPC
Se a ação civil, não suspensa, for julgada improcedente e a sentença
transitar em julgado, poderá ocorrer a hipótese de o réu vir a ser condenado,
posteriormente, na esfera criminal.
(como resolver?)
D) a utilização, no cível, da prova emprestada do processo-crime,
respeitados os princípios do contraditório e da economia processual
Art. 130 CPC – o juiz não pode requisitar, de ofício, uma prova emprestada para
comprovar fato não alegado pelas partes (princípio do dispositivo)
Prova indiciária: art. 239 CPP.
E) a possibilidade de servir de base para ação rescisória cível a prova da falsidade
de um documento realizada em processo-crime
por delito de falsidade material, falsidade ideológica, falso reconhecimento de firma ou de letra, uso de documento falso, falso
testemunho, falsa perícia
a) pela “execução” no cível da sentença penal condenatória (art. 63 CPP) - tem caráter
absoluto – “jure et de jure”;
Proceder-se-á à liquidação da sentença, nos termos do art. 475-A do CPC. Em regra, essa liquidação é feita por artigos, (art. 475-E do
CPC), mas pode ser feita por arbitramento (art. 475-C do CPC).
Julgada a liquidação, a parte promoverá o cumprimento da sentença, nos termos do
art. 475-I do CPC.
b) pela ação de indenização, que independe de sentença condenatória e pode ser proposta paralelamente com a
ação penal
Competência: Art. 100, V, “a” § único do CPC – local onde ocorre o ato ou fato.
Portanto, juízo civil do local onde o crime foi praticado
Ver art. 94 do CPC.
Toda vez que a sentença se basear em falta de prova, nenhum efeito produzirá no
juízo cível
Não produzirá efeitos a sentença que reconhecer não constituir crime o fato praticado (ilícito crime), porque pode
constituir ilícito civil (art. 67, III, do CPP)
Art. 65 do CPP – as excludentes de ilicitude fazem coisa julgada no cível. Ver, no entanto, o art. 188 do
CC/02 c/c arts. 929 e 930
No tocante à legítima defesa, há que se frisar que somente a real, e praticada contra o agressor,
impede a ação de ressarcimento de danos
Se o agente, por erro de pontaria (“aberratio ictus”), atingir um terceiro, ficará obrigado a
indenizar os danos a este causados. E terá ação regressiva contra o injusto ofensor
Também na legítima defesa putativa haverá o dever de indenizar (supondo por erro que está
sendo agredido)
A prescrição consiste na perda da pretensão, em virtude da inércia do seu
titular no prazo previsto em lei
Por pretensão, entenda-se o poder de exigir de outrem coercitivamente o cumprimento de um dever jurídico
art. 206, §3º, V, CC - 3 anos (antes era 20
anos - ver art. 2028, CC)
art. 27, CDC - 5 anos
art. 200, CC - não pode ocorrer a prescrição civil antes da condenação penal
Exclui-se o próprio nexo causal em relação ao aparente causador do dano
(agente) - por isso há a isenção de responsabilidade
Fato ou Culpa Exclusiva da Vítima
Fato ou Culpa Exclusiva de Terceiro
Caso Fortuito e Força Maior
Estado de necessidaderemover perigo iminente**
Legítima defesaperigo atual ou iminente de agressão
injusta dirigida ao praticante da legítima defesa ou a terceiro
Exercício regular de direitoo excesso é punível (abuso de direito)