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Programa de Português do Ensino BásicoFormação de Formadores
Desenvolvimento da Desenvolvimento da linguagem escrita na Escolalinguagem escrita na Escola
Ivone Niza
16 de Abril de 2010
Modos de realização da línguaModos de realização da língua
- Modo oral
- Modo escrito
- Modo de escrita coloquial “falar com os dedos”
Interacções nas redes sociais
• perfil (estilos de vida; atenção a si próprio)
• utilizadores em conexão
• listas de conexões de outros utilizadores
Todos os verões, o Teachers College realiza um seminário sobre ensino da
escrita. Os participantes escrevem sobre o amor, o medo, a velhice. Escrevem
acerca daquilo que conhecem bem e sobre aquilo que não sabem. Escrevem
sobre a emigração, sobre a mudança de casa, sobre como criar uma criança
deficiente. Não escrevem histórias chamadas “Se eu fosse uma cascata” ou “O
dia em que fui um lápis”. Não escrevem falsas epístolas ou capas de livros que
nunca foram escritos. Não escolhem a actividade de escrever finais
alternativos para um livro ou mandar cartas de uma personagem para outra.
Nós, adultos, queremos escrever muito mais literatura do que sobre literatura.
As nossas crianças não são diferentes (p. 18).
Calkins, L. (2002). A Arte de Ensinar a Escrever. O desenvolvimento do discurso escrito. São Paulo: Artmed.
A cultura é um sistema de signos que utiliza uma
complexa série de próteses, amplificadores e
artefactos culturais, começando pelos sistemas de
escrita, os modos de contar e quantificar, as
representações geográficas, as figurativas, as
narrações e as histórias, a notação musical e as
tecnologias de informação.
Bruner, J. (2000). Cultura da Educação. Lisboa: Edições 70.
O desenvolvimento nasce da interacção entre
o indivíduo e o ambiente entendido como um
mundo social e cultural, no qual se incluem as
relações humanas e sociais, as mediações
linguístico-discursivas e os instrumentos
culturais, materiais e abstractos.
Baquero, R. (2001). Vygotsky e a aprendizagem escolar. Porto Alegre: Artmed.
A escrita não é uma representação A escrita não é uma representação directa do mundo e da vida directa do mundo e da vida
mas mas
uma uma representação da falarepresentação da fala e e
álgebra da linguagem oralálgebra da linguagem oral
Mais tarde, passa a ser um Mais tarde, passa a ser um
modo directo de representação modo directo de representação complementar da falacomplementar da fala
Deslocação do ensino da linguagem Deslocação do ensino da linguagem escrita pela iniciação à leitura escrita pela iniciação à leitura
para para
o ensino da linguagem escrita o ensino da linguagem escrita pela sua produção em pela sua produção em
actividade comunicativa directaactividade comunicativa directa
Na maioria das salas de aula
norte-americanas, o foco do
professor não está na criança,
mas numa unidade de estudo,
num manual, num currículo
elaborado com antecedência (p.
19).
Calkins, L. (2002). A Arte de Ensinar a Escrever. O desenvolvimento do discurso escrito. São Paulo: Artmed.
uma experiência geral e comum
O ensino e a aprendizagem da escrita na perspectiva cognitivista
um acto individual
o professor modela estratégias de produção textual
o professor mobiliza ajudas aos subprocessos de uma actividade complexa
roteiros de pré-escrita elaboração de planos
utilização de guiões…
Na avaliação, para além dos aspectos tradicionais
riqueza e originalidade das ideiascoerência organização
correcção
o professor considera
os modos como o aluno prepara o texto
a sua capacidade de melhorá-lo
O ensino e a aprendizagem da escrita na perspectiva cognitivista
O ensino e a aprendizagem da escrita na perspectiva sociocultural
Iniciação a uma comunidade de linguagem
Vinculação dos textos de quem escreve a outros textos
Escrever é uma actividade situada
Escrever é uma actividade de co-construção
Os tipos de texto decorrem das funções sociais que desempenham e das interacções com os destinatários e os contextos culturais
Para organizar a minha antologia, tenho estado a escolher e a analisar poemas, o que não tem sido muito fácil. Penso que a escolha obriga-nos a ponderar muitos aspectos que por vezes não queremos deixar de lado. Talvez isso esteja na origem do meu atraso na conclusão do trabalho (como sempre!).
Escrevi alguns poemas próprios (que também estão na antologia) inspirada nos que li enquanto fazia o trabalho. Aprendi gramática: a identificar melhor formas verbais, nomes e adjectivos, a organizar mais a minha escrita, formas eficazes de identificar e produzir figuras de estilo. Fora as outras coisas que vamos sugando dos poemas e que eu considero pequenas grandes riquezas.
Nkama B.
Percursos estratégicos para o desenvolvimento da produção escrita
da metáfora da metáfora pensar-escrever pensar-escrever àà
actividade actividade falar-escreverfalar-escrever
Transfer intermodal – habitualmente o aluno fala melhor do que escreve: escrever como transferência de um comportamento de uma área para outra
Integração intermodal – uma rápida alternância entre falar e escrever revitaliza o modo escrito; o discurso oral passa, progressivamente, a organizar-se melhor
Especificação autogenética – o aluno enquanto falante é mentor do aluno enquanto escritor
Percursos estratégicos para o desenvolvimento da produção escrita
escrever para escrever para ler melhorler melhor
Uma experiência regular de produção de escrita permite a transferência de estratégias para uma compreensão mais efectiva dos textos dos outros
Percursos estratégicos para o desenvolvimento da produção escrita
escrever para escrever para aprenderaprender
A escrita não serve apenas para mostrar e recordar o já aprendido, mas
para saber o que não se sabe e o que se sabe,
para ajudar a formar ideias,
para analisar e sintetizar,
para gerar mais e melhor linguagem
Percursos estratégicos para o desenvolvimento da produção escrita
escrever para se escrever para se crescer como escritor crescer como escritor
na sala de aulana sala de aula
Um percurso que vai da língua falada e escrita de forma telegráfica e impregnada pelos contextos a uma língua elaborada e explícita que decorre das interacções com o meio cultural envolvente
Percursos estratégicos para o desenvolvimento da produção escrita
O trabalho de ensino da escrita tem de integrar O trabalho de ensino da escrita tem de integrar
a consciencialização do processo a consciencialização do processo
de construção textualde construção textual através da interacção com o aluno enquanto através da interacção com o aluno enquanto
escreve e revê em actividade partilhadaescreve e revê em actividade partilhada
Ao aumentar a consciência de como a linguagem funciona, a revisão contribui para fortalecer o controlo pelos alunos, da sua própria escrita: é a reflexão sobre a escrita que estimula a sua função epistémica
No decurso do processo da fala ou da escrita,
as experiências são filtradas pela língua para
se tornarem acontecimentos verbalizados.
Bruner, J. (2002). Pourquoi nous racontons-nous des histoires?. Paris: Éditions Retz.
Utilizamos modelos narrativos da realidade
para dar forma à nossa experiência quotidiana.
Vivemos num mar de histórias e tal como o
peixe é o último a descobrir a água, temos
dificuldades em perceber o que é nadar em
histórias. Não que nos falte competência para
fazermos constantemente considerações
narrativas da realidade. Somos até peritos
nisso. O nosso problema é, antes,
consciencializarmo-nos daquilo que fazemos
automaticamente, é o problema da tomada de
consciência.
Bruner, J. (2002). Pourquoi nous racontons-nous des histoires?. Paris: Éditions Retz.
Às vezes, quando tenho um dia realmente duro e nada
parece estar a dar certo, penso ‘nada é meu’. Bem, os
meus textos são. Posso escrever de qualquer modo
que queira. A minha mãe pode dizer ‘Vai para a cama,
agora’ mas ninguém me pode dizer como escrever a
minha própria história. Eu sou mãe da minha história
(Debbie, 9 anos).
Calkins, L. (2002). A Arte de Ensinar a Escrever. O desenvolvimento do discurso escrito. São Paulo: Artmed.
Como fazer em sala de aula para apoiar e desenvolver a construção de narrativas?
estabelecer fortes interacções com os textos dos alunos (interrogá-los, fazê-los ir mais longe)
utilizar os universais das realidades narrativas de Bruner (o tempo, a particularidade genérica, a explicitação das razões para a acção, o que é que a história significa, que realidade é a que o autor pretende construir, qual a crise e como podem os leitores aceitá-la, o enredo, a coerência das personagens)
interrogar os alunos sobre os destinatários dos seus textos
partir de livros em presença ou a consultar na biblioteca, de modo a verem como outros resolveram problemas colocados pela construção de outras narrativas
Como fazer em sala de aula para apoiar e desenvolver a produção escrita?
desenvolver projectos e produções em interacção
criar comunidades de aprendizagem de percursos socioculturais
desencadear a compreensão dos conteúdos pela sua produção os produtos construídos e a sua partilha é que constroem competências em quem os produziu
promover o rigor e a eficácia na produção (porque asseguram clarificação cognitiva)
Os escritores não passam sem escrever e nós vivemos sem
escrever. Eu não escrevo porque tenho 60 anos, porque
não tenho disciplina (a idade dificulta a tomada de hábitos,
torna tudo mais penoso).
Mas sei que se escrevesse tentaria tirar da escrita alguma
satisfação pessoal. A escrita poderia fazer-me viver melhor
porque ela ajuda as pessoas a transcenderem a sua
condição de receptores. Permite-nos agarrar e transformar
até pequenas coisas que nos acontecem e que assim
deixariam de apenas passar por nós e perder-se no tempo.
L.P., 2007
Programa de Português do Ensino BásicoFormação de Formadores
Desenvolvimento da Desenvolvimento da linguagem escrita na Escolalinguagem escrita na Escola
Ivone Niza
16 de Abril de 2010