PROJECTO DE UMA MÁQUINA DE ÍMANES … de... · 1.2.3.2. Geradores de ímanes permanentes de fluxo radial

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  • Projecto de uma Mquina de manes

    Permanentes de Fluxo Axial Orientado para os

    Sistemas de Converso de Energia Elica

    ngela Paula Barbosa da Silva Ferreira

    Dissertao submetida Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto para obteno do

    grau de Doutor em Engenharia Electrotcnica e de Computadores

    Dissertao de doutoramento realizado sob a orientao do

    Prof. Doutor Artur Manuel de Figueiredo Fernandes e Costa

    Professor Auxiliar do DEEC-FEUP

    FEUP, Setembro de 2011

  • RESUMO

    A elevada eficincia volumtrica dos materiais magnticos permanentes de terras raras,

    disponveis, actualmente, a custos acessveis, possibilita a explorao de novas configuraes

    de mquinas elctricas e a concretizao de factores de escala impraticveis nos sistemas de

    excitao, classicamente obtidos atravs de densidades de correntes, favorecendo a reduo

    das dimenses e, ainda, o rendimento daquelas.

    No contexto tecnolgico actual de produtos elctricos integrados, as mquinas de manes

    permanentes de fluxo axial apresentam um potencial considervel nas aplicaes de baixas

    velocidades, atendendo s geometrias praticveis e superior densidade de binrio que as

    caracteriza. Da anlise comparativa da configurao axial com a sua homloga radial,

    demonstra-se que a mquina de manes permanentes de fluxo axial apresenta uma densidade

    de binrio superior em projectos que utilizem mais de quatro pares de plos.

    A geometria particular da configurao da mquina de manes permanentes de fluxo axial

    introduz variveis que impem modificaes nos processos clssicos de projecto e construo

    das mquinas elctricas. Neste trabalho, desenvolve-se uma rotina de projecto da mquina de

    manes permanentes de fluxo axial, com nfase na configurao de duplo entreferro, rotor

    interno. A rotina desenvolvida incorpora as interaces electromagnticas e trmicas, sendo

    baseada em ferramentas analticas e de simulao com recurso ao Mtodo dos Elementos

    Finitos.

    Foi ainda projectado e construdo um prottipo, cujas decises de projecto foram orientadas

    para os micro e mini sistemas de converso de energia elica. A implementao prtica e a

    sua experimentao laboratorial permitiram validar a exequibilidade do processo construtivo e

    corroborar as variveis iniciais definidas no anteprojecto.

  • ABSTRACT

    The superior efficiency of rare earth permanent magnet materials, available nowadays at

    affordable costs, allows the exploitation of new configurations of electrical machines and the

    implementation of scale factors not allowed with conventional excitation systems. Permanent

    magnet excitation allows a significant decrease of the pole pitch and an increase in efficiency.

    In the technological trend of integrated drive solutions, permanent magnet axial flux machines

    have increased scope in low speed applications, due to their feasible geometries and higher

    torque density. A comparative study of axial flux permanent magnet machines and their radial

    counterparts, shows that the axial flux configuration has a higher torque density in projects

    using more than four pole pairs.

    The axial flux configuration introduces specific variables to electrical machinery design and

    manufacturing, which require modification of classical formulae. This work presents a routine

    design of an axial flux permanent magnet machine intended for wind energy systems

    applications. Emphasis has been placed on the design of dual airgap, internal rotor

    configuration. The design incorporates thermal and electromagnetic interactions and uses

    analytical tools and Finite Element Analysis.

    A prototype machine, whose design decisions were focused on the micro and mini wind energy

    systems applications, has been designed and constructed. The practical implementation and

    testing aimed to evaluate the feasibility of the construction process and confirm the preliminary

    design.

  • RSUM

    Les hautes performances volumtriques des matriaux magntiques permanents base de

    terres rares, actuellement disponibles cots accessibles, rendent possible lexploration de

    nouvelles configurations de machines lectriques et la concrtisation de facteurs dchelle qui

    seraient impraticables dans les systmes dexcitation, classiquement obtenus par les densits

    de courants, favorisant la rduction des dimensions et aussi le rendement de la machine.

    Dans le contexte technologique actuel de produits lectriques intgrs, les machines flux

    radial aimants permanents prsentent un potentiel considrable pour les applications basse

    vitesse, compte tenu des gomtries praticables et de la densit suprieure de binaire qui les

    caractrisent. Par lanalyse comparative de la configuration axiale avec son homologue radiale,

    on dmontre que la machine flux radial aimants permanents prsente une densit de

    binaire suprieure dans les projets qui utilisent plus de quatre paires de ples.

    La gomtrie particulire de la configuration de la machine flux radial aimants permanents

    introduit des variables imposant des modifications dans les procdures classiques de projet et

    de construction de machines lectriques. La routine de projet de la machine flux radial

    aimants permanents, dveloppe ici, met laccent sur la configuration du double entrefer, rotor

    interne. Elle incorpore les interactions lectromagntiques et thermiques, prenant appui sur les

    outils analytiques et de simulation avec recours la Mthode des lments Finis.

    Un prototype a t projet et construit. Les options du projet ont ts orientes vers les micro et

    mini systmes de conversion dnergie olienne. Limplmentation pratique du prototype et son

    exprimentation en laboratoire ont permis de valider la possibilit dexcution du processus

    constructif et attester les variables initiales dfinies dans lavant.

  • AGRADECIMENTOS

    Findo este trabalho, chegado o momento de agradecer a um conjunto de pessoas e

    entidades cujo apoio e suporte foram cruciais na prossecuo das diversas actividades

    envolvidas.

    Em primeiro lugar, quero agradecer ao meu orientador cientfico, Prof. Doutor Artur Fernandes

    e Costa, pelo apoio e disponibilidade constantes e, principalmente, pela pacincia demonstrada

    para com o meu mtodo de trabalho peculiar.

    Agradeo tambm ao Prof. Doutor Amndio Morim Silva, presente na fase inicial deste

    trabalho.

    Aos Prof. Doutor Carlos S, Prof. Doutor Rui Arajo e Prof. Doutor Jos Rui Ferreira, o meu

    sincero agradecimento pelas contribuies e apoio sempre manifestado.

    Gostaria ainda de agradecer as facilidades concedidas pelo corpo tcnico da FEUP,

    nomeadamente Sr. Carla Silva, ao Sr. Jos Antnio Nogueira e ao Eng. Pinheiro Jorge.

    Escola Superior de Tecnologia e de Gesto de Bragana, na figura dos meus superiores

    hierrquicos, agradeo as facilidades concedidas durante a realizao deste trabalho.

    Um agradecimento especial aos meus amigos Joo Paulo Almeida, Paula Odete Fernandes,

    Paula Monte, Prudncia Martins, Ana Isabel Pereira, Susana Freitas e Vicente Leite, que me

    ajudaram em aspectos cientficos e/ou de logstica.

    Quero ainda agradecer a preciosa colaborao do Sr. Jos Afonso Santos na construo do

    prottipo.

    Aos meus pais, Lena, Ana e ao Manuel, pelo incentivo e pacincia demonstrados, o meu

    muito obrigada.

    Por fim, ao Leonel, a quem devo um agradecimento muito especial, por ter resistido aos ltimos

    tempos e pelo incentivo sempre dado.

    A todos, muito obrigada,

  • i

    NDICE Lista de Figuras .. vi

    Lista de Tabelas xii

    Lista de Smbolos .... xiii

    Abreviaturas ..... xxiii

    CAPTULO 1 .. 1

    1. Introduo .... 3

    1.1. mbito e Motivao do Trabalho .... 3

    1.2. Sistemas de Converso de Energia Elica ...... 4

    1.2.1. Evoluo tecnolgica dos sistemas elicos ..... 4

    1.2.2. Micro e mini sistemas elicos 9

    1.2.3. Geradores de manes permanentes 10

    1.2.3.1. Geradores de manes permanentes de fluxo transversal ... 12

    1.2.3.2. Geradores de manes permanentes de fluxo radial 15

    1.2.3.3. Geradores de manes permanentes de fluxo axial ..... 18

    1.3. Objectivos e Contribuies do Trabalho ...... 19

    1.4. Estrutura do Trabalho .. 20

    Referncias ..... 23

    CAPTULO 2 ... 27

    2. Estado de Arte da Mquina de manes Permanentes de Fluxo Axial . 29

    2.1. Introduo ...... 29

    2.2. Desenvolvimento das Mquinas de manes Permanentes de Fluxo Axial .. 29

    2.3. Configuraes e Variantes Construtivas da Mquina de manes Permanentes de Fluxo Axial

    ... 31

    2.3.1. Estrutura com um entreferro 33

    2.3.2. Estrutura com duplo entreferro e estator interno . 34

    2.3.3. Estrutura com duplo entreferro e rotor interno ..... 38

    2.3.4. Estruturas rotricas ...... 39

    2.3.5. Estruturas estatricas ..... 41

  • ii

    2.4. Materiais Magnticos Permanentes ... 43

    2.4.1. Propriedades bsicas do magnetismo permanente ...... 43

    2.4.1.1. Magnetizao e ciclo histertico 44

    2.4.1.2. Energia nos processos de magnetizao e desmagnetizao 47

    2.4.2. Evoluo histrica dos materiais magnticos 50

    2.4.3. Materiais magnticos permanentes de terras raras ...... 52

    2.5. Materiais Magnticos Macios . 56

    2.6. Resumo.... 62

    Referncias...... 63

    CAPTULO 3 ... 69

    3. Fundamentos da Mquina de manes Permanentes de Fluxo Axial ... 71

    3.1. Introduo ...... 71

    3.2. Princpios Electromagnticos Fundamentais .... 72

    3.2.1. Princpio da produo de binrio ...... 74

    3.2.2. Fluxo magntico e fora electromotriz ... 77

    3.2.3. Potncia e binrio electromagnticos .... 77

    3.3. Modos de Funcionamento 78

    3.3.1. Anlise comparativa entre os modos de funcionamento sinusoidal e quadrilateral ... 83

    3.4. Equaes de Dimensionamento Bsicas 88

    3.4.1. Razo de dimetros . 89

    3.4.2. Dimetro externo 91

    3.4.3. Dimenses axiais ... 94

    3.5. Anlise Comparativa entre as Mquinas de manes Permanentes de Fluxo Axial e Radial

    ... 97

    3.6. Resumo..... 101

    Referncias ...... 103

    CAPTULO 4 .... 105

    4. Projecto Analtico da Mquina de manes Permanentes de Fluxo Axial 107

    4.1. Introduo 107

    4.2. Modelo da Mquina de IPFA 108

    4.3. Projecto Magntico .... 109

    4.3.1. Funcionamento dinmico dos manes permanentes .. 110

  • iii

    4.3.1.1. Variao da temperatura de funcionamento .... 111

    4.3.1.2. Variao da linha de carga do circuito magntico 113

    4.3.1.3. Modelo dos manes permanentes .. 115

    4.3.2. Intensidade de corrente mxima admissvel no desmagnetizante dos manes

    permanentes 116

    4.3.3. Rede de relutncias ... 119

    4.3.3.1. Fluxo de fugas dos manes permanentes . 122

    4.3.3.2. Fluxo de fugas do entreferro . 125

    4.4. Projecto Elctrico 127

    4.4.1. Dimensionamento dos materiais activos do estator 128

    4.4.2. Enrolamentos . 132

    4.4.2.1. Enrolamentos imbricados concentrados 133

    4.4.2.2. Enrolamentos concentrados fraccionrios .... 135

    4.4.3. Clculo da resistncia por fase ... 137

    4.4.4. Clculo das indutncias sncronas 139

    4.4.4.1. Indutncias de magnetizao ... 140

    4.4.4.2. Indutncia de fugas do estator . 143

    4.4.4.3. Indutncia mtua entre os estatores 144

    4.5. Resumo . 145

    Referncias ...... 147

    CAPTULO 5 . 149

    5. Perdas e Transferncia de Calor ... 151

    5.1. Introduo 151

    5.2. Perdas Joule ......152

    5.3. Perdas no Ferro ... 152

    5.3.1. Modelo parcelar das perdas no ferro ... 154

    5.3.2. Modelo de Steinmetz modificado ... 156

    5.3.3. Variao das perdas no ferro com a temperatura 161

    5.4. Perdas Suplementares 162

    5.5. Perdas Mecnicas ...... 163

    5.6. Perdas por Correntes de Foucault nos manes Permanentes e na Estrutura do Rotor .... 164

    5.7. Modelo Trmico ... 166

  • iv

    5.7.1. Transferncia de calor .. 167

    5.7.1.1. Conduo . 167

    5.7.1.2. Conveco ... 169

    5.7.1.3. Radiao ... 171

    5.7.2. Rede de resistncias trmicas . 173

    5.8. Resumo . 180

    Referncias ... 182

    CAPTULO 6 .... 185

    6. Projecto Assistido pelo Mtodo dos Elementos Finitos 187

    6.1. Introduo 187

    6.2. O mtodo dos Elementos Finitos .. 188

    6.2.1. O mtodo de Galerkin .. 189

    6.2.2. Anlise 2D versus anlise 3D .. 191

    6.2.3. Condies de fronteira . 191

    6.2.4. Discretizao do domnio e preciso ... 193

    6.3. Induo magntica . 195

    6.3.1. Induo magntica no entreferro ... 196

    6.3.2. Fluxo de fugas dos manes permanentes e do entreferro ... 197

    6.4. Indutncias .. 198

    6.4.1. Indutncias sncronas ... 198

    6.4.2. Indutncias de magnetizao ...... 200

    6.4.3. Indutncia de fugas nas ranhuras . 201

    6.4.4. Indutncia mtua entre os estatores 202

    6.4.5. Influncia do nvel de saturao do ferro do estator ...... 203

    6.4.6. Comparao entre os resultados analticos e os resultados obtidos pelo MEF .... 205

    6.5. Fora Electromotriz em Vazio . 206

    6.6. Binrio Electromagntico 208

    6.6.1. Binrio de ranhura .. 209

    6.6.2. Clculo dos binrios de ranhura e electromagntico . 210

    6.7. Optimizao do Volume de Material Magntico Permanente ... 215

    6.7.1. Fluxo totalizado em funo do volume dos manes 216

    6.7.2. Coeficiente polar optimizado 220

  • v

    6.8. Resumo 223

    Referncias ...... 225

    CAPTULO 7 .... 227

    7. Implementao e Experimentao de uma Mquina de manes Permanentes de Fluxo Axial

    .... 229

    7.1. Introduo ... 229

    7.2. Configurao do Prottipo da Mquina de IPFA .. 229

    7.3. Processo Construtivo 231

    7.3.1. Rotor ... 232

    7.3.2. Estator 234

    7.3.3. Enrolamentos . 236

    7.4. Experimentao Laboratorial ... 238

    7.4.1. Layout do sistema de experimentao ... 238

    7.4.2. Resultados experimentais .. 239

    7.4.3. Discusso dos resultados ...... 242

    7.5. Resumo 245

    Referncias 247

    CAPTULO 8 .... 249

    8. Concluso 251

    8.1. Sntese do Trabalho e Concluses .. 251

    8.2. Prossecuo do Trabalho e Desenvolvimentos Futuros . 253

    ANEXO A

    Coeficiente de Carter ..... 257

    ANEXO B

    Factor de Enrolamento dos Enrolamentos Imbricados ... 263

    ANEXO C

    Parmetros e Formulao dos Coeficientes Trmicos ...... 269

    ANEXO D

    Equaes de Maxwell ........ 275

  • vi

    LISTA DE FIGURAS Figura 1.1: Sistema de converso de energia elica baseado no gerador de induo duplamente alimentado [Figura

    adaptada de Blaabjerg, et al. (2010)]. .. 8

    Figura 1.2: Sistema de converso de energia elica baseado no gerador sncrono de manes permanentes [Figura

    adaptada de Blaabjerg, et al. (2010)]. ..... 9

    Figura 1.3: Sistema de micro converso de energia elica, com sistema de proteco passivo [Figura adaptada de Bumby,

    et al. (2008)]. ..... 10

    Figura 1.4: Mquina de IPFT com os manes dispostos na superfcie rotrica [Figura original de Kastinger (2002)]. 12

    Figura 1.5: Mquina de IPFT com concentrao de fluxo [Figura original de Dubois, et al. (2002)]. . 13

    Figura 1.6: Mquina de IPFT com os manes dispostos na superfcie do rotor e ncleos de ferro do estator para retorno do

    fluxo [Figura original de Blissenbach, Viorel (2003)]. ..... 13

    Figura 1.7: Mquina de IPFT com fluxo comutado. (a) Representao tridimensional de um par de plos. (b) Princpio da

    comutao de fluxo [Figuras originais de Jianhu, et al. (2009)]. ...... 14

    Figura 1.8: Mquina de IPFT com o fluxo nos entreferros na direco axial [Figura original de Muljadi, et al. (1999)]. . 14

    Figura 1.9: Configurao radial com os manes embutidos na estrutura rotrica, com concentrao de fluxo. (a) manes

    dispostos em V. (b) manes com magnetizao tangencial ao entreferro. ..... 16

    Figura 1.10: Mquina de IPFR multipolar. (a) Estator externo. (b) Rotor externo. .... 16

    Figura 1.11: Seco transversal de um gerador de IPFR sem ferro magntico [Figura original de Spooner, et al. (2005)]. . 17

    Figura 1.12: Seco longitudinal de um gerador IPFR com duplo entreferro, estator interno [Figura original de Mueller e

    McDonald (2009)]. .... 17

    Figura 2.1: Configuraes bsicas das mquinas de IPFA. (a) Estrutura com um entreferro. (b) Estrutura com duplo

    entreferro, estator interno. (c) Estrutura com duplo entreferro, rotor interno. . 32

    Figura 2.2: Estrutura modular da mquina de IPFA, com dois estatores e trs discos rotricos. ...... 33

    Figura 2.3: Percursos do fluxo til para a estrutura com duplo entreferro, estator interno. (a) Topologia Norte-Norte. (b)

    Topologia Norte-Sul. .... 34

    Figura 2.4: Topologia Norte-Norte para a estrutura com duplo entreferro, estator interno sem ranhuras. 35

    Figura 2.5: Estrutura toroidal com manes adicionais na parte circunferencial do rotor. ......... 35

    Figura 2.6: Mquina de IPFA duplo entreferro, estator interno com os manes dispostos em filas de Halbach, com direces

    de magnetizao a 90. (a) A induo magntica concentra-se no interior da estrutura. (b) Componentes da induo

    magntica no espao do estator. ... 36

    Figura 2.7: Construo de uma mquina de IPFA trifsica, 8 plos, sem ferro magntico, com os manes dispostos em fila

    de Halbach. (a) Disco rotrico. (b) Enrolamento estatrico. (c) Disco rotrico e enrolamento estatrico. (d) Discos rotricos

    e enrolamento estatrico no interior (Gieras, et al., 2004, p. 191). ...... 37

    Figura 2.8: Estrutura com duplo entreferro, estator interno, com os manes embutidos nos rotores. (a) Seco transversal

    de um disco rotrico. (b) Sector axial planificado. ...... 38

    Figura 2.9: Percursos do fluxo til para a estrutura com duplo entreferro, rotor interno. (a) manes na superfcie rotrica. (b)

    manes embutidos no rotor. 38

  • vii

    Figura 2.10: Estrutura polar com reduo da reaco do induzido transversal [Figura adaptada de Weh, et al. (1984, p.

    1759)]. . 40

    Figura 2.11: Sector radial do rotor com os manes na superfcie, com um plo constitudo por duas seces (man

    permanente e ferro magntico macio), para controlo por enfraquecimento do campo. ... 41

    Figura 2.12: Automao da construo de estatores com ranhuras para mquinas de fluxo axial [Figura original de

    BrookCrompton (2007), com autorizao]. ...... 42

    Figura 2.13: Ciclos histerticos normal e intrnseco de um man permanente ideal [Figura adaptada de Campbell (1994, pp.

    14-15)]. ... 45

    Figura 2.14: Caractersticas de desmagnetizao normais e intrnsecas de um man de NdFeB (N40UH) [Figura adaptada

    de ChenYang-Engineering (2010)]. ... 46

    Figura 2.15: Variao de energia ao longo do ciclo histertico normal [Figura adaptada de Campbell (1994, p. 17)]. .. 48

    Figura 2.16: Variao por unidade de volume da energia associada ao campo magntico (a), da energia cintica interna (b)

    e da energia potencial (c) [Figura adaptada de Campbell (1994, p. 98)]. ... 49

    Figura 2.17: Produto energtico em funo do campo magntico ao longo da caracterstica de desmagnetizao. . 50

    Figura 2.18: Desenvolvimento dos materiais magnticos permanentes no sculo XX, em funo do produto energtico

    mximo [Figura adaptada de ArnoldMagnetics (2010), com autorizao]. . 52

    Figura 2.19: Principais propriedades magnticas dos materiais magnticos macios comerciais mais comuns [Figura

    adaptada de ArnoldMagnetics (2010), com autorizao]. .. 57

    Figura 2.20: Ciclos histerticos de uma liga amorfa (Metglas 2605SA1), antes e depois do tratamento termomagntico nas

    direces longitudinal e transversal [Figura adaptada de Metglas (2010)]. 60

    Figura 2.21: Esquema de um material magntico compsito [Figura adaptada de Hultman, Jack (2003, p. 516)]. ....... 61

    Figura 3.1: Distribuies da induo magntica no entreferro da mquina bipolar equivalente. (a) Distribuio quadrilateral.

    (b) Distribuio sinusoidal correspondente componente fundamental. 73

    Figura 3.2: Forma de onda quadrilateral e componente fundamental da induo magntica no entreferro ao longo do raio

    til da mquina; m 0,7. ... 74

    Figura 3.3: Componentes harmnicas da forma de onda da induo magntica; m 0,7;

    max max 4 sin 2 ,h mB B h h h 1, 3, 5, 7. ... 74

    Figura 3.4: Princpio de produo de binrio numa mquina de fluxo axial. (a) Representao simplificada da mquina de

    fluxo axial ideal. (b) Superfcie elementar ds . .... 76

    Figura 3.5: Formas de onda da corrente da mquina de IPFA. (a) Modo sinusoidal. (b) Modo quadrilateral. ..... 79

    Figura 3.6: Diagrama fasorial de uma mquina sncrona anisotrpica (gerador sobrexcitado). . 80

    Figura 3.7: Formas de onda tericas da fem induzida e da intensidade de corrente da mquina de IPFA quadrilateral. .. 81

    Figura 3.8: Circuito elctrico da mquina de IPFA quadrilateral ligada a um conversor electrnico de energia com duas

    fases activas. . 81

    Figura 3.9: Fluxos totalizados e fem induzidas numa mquina trifsica no modo de funcionamento quadrilateral. 83

    Figura 3.10: Espao disponvel para a disposio dos enrolamentos entre o veio da mquina e o raio interno. (a)

    Enrolamento a duas camadas com uma ranhura por plo e por fase. (b) Enrolamento concentrado num estator com

    Dk 0,6 [Figura original de Parviainen (2005), p. 23]. ...... 90

  • viii

    Figura 3.11: Dimetro externo em funo da potncia til e da razo de dimetros, Dk ; coswk 0,8; 0,9;

    rn 300 min-1; 2m ; max1B 1 T; maxA 8 kA/m. .... 93

    Figura 3.12: Dimetro externo em funo da potncia til e da velocidade de rotao; coswk 0,8; 0,9; 1 3Dk ;

    2m ; max1B 1 T; maxA 8 kA/m. 93

    Figura 3.13: Sector axial planificado no dimetro mdio da mquina de IPFA com duplo entreferro e rotor interno. .... 94

    Figura 3.14: Caracterstica de desmagnetizao dos manes permanentes e linha de carga do circuito magntico. ....... 95

    Figura 3.15: Dimenses das mquinas de manes permanentes; (a) mquina de IPFA; (b) mquina de IPFR. . 99

    Figura 3.16: Razo entre as densidades de binrio das mquinas de manes permanentes de fluxo axial e de fluxo radial;

    max1 sB B 0,67; Dk 0,6; mgk 0,8. 101

    Figura 4.1: Estator de uma mquina de IPFA com uma geometria das ranhuras constante e largura dos dentes varivel ao

    longo do raio til. .... 108

    Figura 4.2: Formas dos manes das mquinas de IPFA. (a) Coeficiente polar constante; (b) e (c) coeficiente polar varivel.

    109

    Figura 4.3: Definio da geometria dos materiais activos nos diferentes planos de computao da mquina de IPFA. . 109

    Figura 4.4: Variao da induo magntica com a temperatura [Figura adaptada de Campbell (1994), p. 68]. ... 112

    Figura 4.5: Funcionamento dinmico de um man permanente por variao da linha de carga. ..... 114

    Figura 4.6: Modelo equivalente de um man permanente. (a) Equivalente de Norton. (b) Equivalente de Thvinin. ... 116

    Figura 4.7: Circuito magntico equivalente simplificado da mquina de manes permanentes de fluxo axial. ..... 117

    Figura 4.8: Pontos de funcionamento limite correspondentes no desmagnetizao de um man permanente (a) com uma

    caracterstica de desmagnetizao no linear e (b) com uma caracterstica de desmagnetizao linear. .... 118

    Figura 4.9: Rede de relutncias da mquina ao longo de um passo polar. y a relutncia de um elemento do ncleo do

    estator, t a relutncia de um dente, s a relutncia da abertura da ranhura, , ( )g d q a relutncia do entreferro

    equivalente na direco polar (interpolar), m a relutncia interna correspondente a meio man, I a fmm devida ao

    enrolamento do estator e mr a fmm devida aos manes permanentes em circuito aberto. ...... 121

    Figura 4.10: Permeabilidade relativa em funo da induo magntica do ferro laminado M470-50A. ......... 122

    Figura 4.11: Distribuio do fluxo magntico e da fmm ao longo do comprimento axial do man permanente [Figura

    adaptada de Gieras e Wing (2002), p. 47]. ........ 123

    Figura 4.12: (a) Fluxo de fugas nos prprios manes e fluxo de fugas entre manes adjacentes. (b) Rede de relutncias

    associada aos manes com a incluso dos percursos dos fluxos de fugas. .... 123

    Figura 4.13: Modelo equivalente de um man permanente, incluindo os fluxos de fugas. (a) Equivalente de Norton. (b)

    Equivalente de Thvinin. ... 124

    Figura 4.14: Relutncias da abertura da ranhura, no percurso do fluxo de fugas do entreferro; (a) relutncia mnima; (b)

    relutncia mxima. ..... 126

    Figura 4.15: Variao do fluxo de fugas do entreferro em funo do coeficiente polar, para as relutncias mnima e mxima;

    ro row l 0,2 cm; r 0,717 cm; r 300; 2008 A 2r rw ; 1 q 5. . 127

    Figura 4.16: Ncleo de ferro laminado na direco radial. ..... 130

    Figura 4.17: Geometria da espira alojada nas ranhuras da mquina de IPFA, com 1q ; 3b r o passo da bobina. 131

  • ix

    Figura 4.18: Tipos de enrolamentos imbricados utilizados nas mquinas de manes permanentes; (a) enrolamentos

    concentrados, q 1; (b) enrolamentos distribudos, q 2. ... 133

    Figura 4.19: (a) Disposio dos enrolamentos imbricados concentrados. (b) Distribuio espacial da fmm devida s

    componentes fundamentais das intensidades de corrente no estator com q 1; maxai I ; max 2b ci i I . ... 134

    Figura 4.20: Componentes harmnicas da forma de onda de onda da fmm de ordem 1 at 11; max3 I ,Ih fN hp h 1,

    5, 7, 11. ........ 135

    Figura 4.21: Enrolamentos concentrados fraccionrios, q 1, (a) de duas camadas e (b) de uma camada. ... 136

    Figura 4.22: (a) Fluxo de fugas atravs da ranhura devido s correntes que circulam nos condutores. (b) Variao do

    campo magntico ao longo do comprimento da ranhura. J y a densidade superficial de corrente; cn o nmero de

    camadas de condutores na direco axial da mquina; rN o nmero de condutores por ranhura; i a intensidade de

    corrente em cada condutor da ranhura; rw a largura da ranhura. . 138

    Figura 4.23: Formas de onda da induo magntica no entreferro, devidas componente fundamental da fmm do estator

    da mquina, com os manes dispostos na periferia do rotor de (a) material no magntico e de (b) material magntico

    [Figura adaptada de Gieras e Wing (2002), pp. 188-189]. ...... 140

    Figura 5.1: Amplitude dos ciclos histerticos menores na forma de onda da induo magntica no sinusoidal. 155

    Figura 5.2: Formas de onda da induo magntica nos dentes de ferro; (a) ,t eq mw , (b) ,t eq mw , (c)

    ,t eq mw . ..... 159

    Figura 5.3: Forma de onda da induo magntica num elemento do ncleo do estator. ... 160

    Figura 5.4: Perdas especficas no ferro laminado M470-50A, sob induo sinusoidal frequncia de 50 Hz. . 161

    Figura 5.5: Formas de onda da induo magntica devida aos manes permanentes ao longo de um passo polar na

    presena de (a) uma ranhura aberta e de (b) uma ranhura semi-aberta. . 165

    Figura 5.6: Interface entre a ranhura e o ferro do dente da mquina de IPFA. 168

    Figura 5.7: Transferncia de calor por conduo num volume de controle com gerao de energia distribuda e uniforme e

    condies de fronteira assimtricas. 175

    Figura 5.8: Modelo de parmetros concentrados de um volume de controle com gerao de energia distribuda e uniforme.

    176

    Figura 5.9: (a) Estrutura dos condutores na ranhura. (b) Modelo simplificado com dois materiais homogneos. . 177

    Figura 5.10: Rede de resistncias trmicas do prottipo da mquina de IPFA (as fontes de corrente que modelam a

    injeco das perdas na rede, so suprimidas e representadas por setas). .. 178

    Figura 6.1: Seco circunferencial planificada da mquina de IPFA correspondente a um par de plos e condies de

    fronteira e de simetria associadas. ...... 192

    Figura 6.2: Discretizao do domnio atravs de uma malha com 92864 elementos triangulares, 46709 pontos, 2612

    elementos de fronteira e 80 vrtices. .. 194

    Figura 6.3: Distribuio da induo magntica no plano mdio da mquina, em vazio ( rB 1,12 T). ... 195

    Figura 6.4: Distribuio da induo magntica no plano mdio da mquina, em carga ( rB 1,12 T, 22ai A;

    2b ci i A). . 195

  • x

    Figura 6.5: (a) Forma de onda da induo magntica no entreferro ao longo de um passo polar, no plano mdio da

    mquina em vazio ( rB 1,12 T). (b) Contedo harmnico. ... 196

    Figura 6.6: (a) Forma de onda da induo magntica no entreferro ao longo de um passo polar, no plano mdio da

    mquina em carga ( rB 1,12 T, 22ai A; 2b ci i A). (b) Contedo harmnico. ... 197

    Figura 6.7: Fluxos de fugas dos manes permanentes e do entreferro. (a) Fluxo de fugas do entreferro atravs do percurso

    de relutncia mxima. (b) Fluxo de fugas no entreferro atravs do percurso de relutncia mnima. ... 197

    Figura 6.8: Distribuio das fases nas ranhuras correspondente fmm mxima coincidente com o eixo d ; o eixo da fase

    a , 'a , coincide com o eixo d , e as intensidades de corrente so 22ai A, 2b ci i A. 199

    Figura 6.9: Induo magntica de reaco do induzido segundo o eixo d , max 22i A; (a) forma de onda ao longo de um

    passo polar; (b) contedo harmnico. . 201

    Figura 6.10: Induo magntica de reaco do induzido segundo o eixo q , max 22i A; (a) forma de onda ao longo de

    um passo polar ; (b) contedo harmnico. . 201

    Figura 6.11: (a) Fluxo de fugas nas ranhuras; (b) Vector potencial magntico ao longo da dimenso axial da ranhura. 202

    Figura 6.12: Distribuio do vector potencial magntico ao longo de um par de plos na estrutura axial, com os dois

    estatores; as densidades de corrente no estator superior correspondem a 22qi A e 0di e no estator inferior so

    nulas. . 203

    Figura 6.13: Variao da permeabilidade relativa no ferro da mquina com 22di A e 0qi , na presena de (a) campo

    de reaco do induzido e (b) campos indutor ( rB 1,12 T) e de reaco do induzido. 204

    Figura 6.14: Variao da permeabilidade relativa no ferro da mquina com 22qi A e 0di , na presena de (a) campo

    de reaco do induzido e (b) campos indutor ( rB 1,12 T) e de reaco do induzido. 204

    Figura 6.15: Fluxo totalizado numa fase da mquina em vazio relativamente posio rotrica (em radianos elctricos);

    rB 1,12 T. . 207

    Figura 6.16: Fem por fase em vazio ( f 100 Hz); (a) forma de onda e componente fundamental; (b) Contedo harmnico.

    .... 208

    Figura 6.17: Superfcie infinitesimal do rotor da mquina de IPFA e componentes da induo magntica. .. 212

    Figura 6.18: Energia magntica em vazio ao longo de um passo de ranhura (a aproximao obtida pelos coeficientes de

    Fourier representada pela curva SF). ...... 214

    Figura 6.19: Binrio de ranhura ao longo de um perodo; (a) formas de onda obtidas pelo mtodo do tensor de tenses de

    Maxwell (TTM) e pelo mtodo do deslocamento virtual; (b) harmnicos na forma de onda do binrio de ranhura (TTM). . 215

    Figura 6.20: Bobina da mquina de IPFA, representada, por simplificao, com uma espira. . 217

    Figura 6.21: Distribuio do produto interno ri IH B na rea reservada aos manes permanentes, com m 1. ... 221

    Figura 7.1: Rotor do prottipo, com os rolamentos posicionados no veio; (a) e (b) pormenores da fixao do rotor ao veio.

    233

    Figura 7.2: Veio do prottipo. 234

    Figura 7.3: Processo construtivo dos estatores; (a) pea de ferro compactada; (b) e (c) obteno das ranhuras. .. 234

  • xi

    Figura 7.4: Processo de fixao dos estatores carcaa; (a) tampa e (b) um estator com a furao do sistema de fixao.

    .... 235

    Figura 7.5: Pormenor do encaixe providenciado na carcaa para ajudar a fixar os estatores. . 236

    Figura 7.6: Processo de obteno dos enrolamentos; (a) disposio dos enrolamentos nas ranhuras e (b) fixao e

    isolamento dos enrolamentos no activos. 237

    Figura 7.7: Prottipo da mquina de IPFA; (a) terminais dos enrolamentos; (b) vista segundo a direco axial. . 238

    Figura 7.8: Layout do sistema de experimentao do prottipo. 239

    Figura 7.9: Valor eficaz da fem induzida em vazio, por fase, em funo da frequncia. 239

    Figura 7.10: (a) Forma de onda da fem induzida em vazio a 100 Hz; (b) valores eficazes das componentes harmnicas. 240

    Figura 7.11: Evoluo das perdas no ferro e perdas mecnicas com a frequncia. ... 240

    Figura 7.12: Tenso simples nos terminais da mquina em funo da corrente fornecida, com factor de potncia unitrio.

    241

    Figura 7.13: Potncia fornecida, com factor de potncia unitrio. . 241

    Figura 7.14: Rendimento medido em funo da corrente fornecida. . 241

    Figura 7.15: Evoluo das perdas Joule (a) e das perdas no ferro e mecnicas com a carga, a 100 Hz (b) e a 50 Hz (c). 242

    Figura 7.16: Induo magntica devida aos manes com geometria cilndrica; (a) distribuio da induo magntica num

    plano do entreferro da mquina de IPFA; (b) forma de onda da induo magntica ao longo de um passo polar no dimetro

    mdio da mquina. . 243

    Figura A.1: Distribuio da induo magntica no entreferro ao longo de um passo de ranhura da mquina, para a largura

    da abertura da ranhura fsica, 0rw , e para a largura da abertura da ranhura equivalente, 0,r eqw . .. 260

    Figura A.2: Variao do coeficiente de Carter em funo das razes entre a largura da ranhura e o comprimento do

    entreferro, row g , e entre a largura da ranhura e o passo de ranhura, ro rw . .... 261

    Figura B.1: Efeito da distribuio do enrolamento na fem induzida. .. 265

    Figura B.2: Efeito do encurtamento do passo das bobinas na fem induzida. ... 266

    Figura B.3: Inclinao das ranhuras relativamente direco polar radial. . 267

  • xii

    LISTA DE TABELAS Tabela 1.1: Designaes das mquinas de manes permanentes, de acordo com as direces do fluxo no entreferro e no

    ncleo do estator. .. 11

    Tabela 2.1: Principais caractersticas das classes de manes permanentes sinterizados com relevncia comercial actual

    [Tabela adaptada de Trout (2008), com autorizao]. 56

    Tabela 5.1: Designao das resistncias da rede de resistncias trmicas. 179

    Tabela 6.1: Comparao entre as abordagens analtica e numrica no clculo das indutncias da mquina de IPFA. Na

    abordagem analtica, r dsd q md qL L L L . sd qL indutncia sncrona longitudinal (transversal), md qL indutncia de

    magnetizao longitudinal (transversal), rL indutncia de fugas nas ranhuras, dL indutncia diferencial, M indutncia

    mtua entre os estatores. ......... 205

    Tabela 6.2: Fluxo totalizado em vazio por unidade de comprimento radial da mquina de IPFA em funo do coeficiente

    polar ( rB 1,06 T, i 2 A). ........ 223

    Tabela 7.1: Parmetros do prottipo da mquina de IPFA implementado. ...... 231

    Tabela 7.2: Propriedades magnticas dos manes permanentes de NdFeB, graduao N30SH. ... 231

    Tabela 7.3: Resultados tericos e experimentais da sobrelevao da temperatura. .. 242

    Tabela 7.4: Regime nominal do prottipo da mquina de IPFA. .... 245

    Tabela B.1: Factor de distribuio para um enrolamento com 2q . ...... 266

    Tabela B.2: Factor de passo da bobina para um enrolamento com b 2/3. ........ 266

    Tabela C.1: Propriedades fsicas e trmicas de materiais seleccionados, relevantes em mquinas elctricas. d massa

    volmica; th condutividade trmica; pc capacidade especfica de calor; viscosidade dinmica; d viscosidade

    cinemtica; th pdc difusividade trmica; th emissividade; p thPr c nmero de Prandtl (Incropera, et al., 2007;

    Pyrhnen, et al., 2008). ......... 271

    Tabela C.2: Comprimentos equivalentes de interfaces, eql , e coeficientes de transferncia de calor por contacto, ,th uh , entre

    materiais em mquinas elctricas (Pyrhnen, et al., 2008). ....... 272

    Tabela C.3: Coeficientes mdios de transferncia de calor por conveco, ,th vh . Ra nmero de Rayleigh; g acelerao da

    gravidade (m/s2); coeficiente trmico de expanso volumtrica (K-1); fT temperatura da pelcula (K); sT temperatura da

    superfcie (K); T temperatura quiescente (K); Nu nmero de Nusselt mdio; L comprimento caracterstico (m); DRe

    nmero de Reynolds na periferia do disco; Re nmero de Reynolds rotacional; r velocidade angular de rotao (rad/s);

    outr raio externo (m); G razo entre o comprimento do entreferro, g , e o raio externo; as designaes das resistncias

    trmicas correspondem s utilizadas em 5.7.2. ........... 272

  • xiii

    LISTA DE SMBOLOS a , b , c fases do sistema trifsico

    x , y , z variveis do sistema de coordenadas cartesianas

    xu , yu , zu versores do sistema de coordenadas cartesianas

    A densidade linear de corrente, A/m; vector potencial magntico, Wb/m

    'a eixo da fase a

    B induo magntica, T

    rB induo remanente, T

    sB induo de saturao, T

    mC parmetro emprico associado ao modelo de Steinmetz

    thC capacidade de calor, J/K

    c velocidade de uma onda electromagntica num meio material, m/s

    dc coeficiente de resistncia aerodinmica

    pc capacidade especfica de calor, J/(kg.K)

    0c velocidade de uma onda electromagntica no vazio, m/s

    D dimetro, m; domnio; vector deslocamento elctrico, C/m2

    cD dimetro de um fio condutor incluindo o isolamento, m

    ,c uD dimetro de um fio condutor, m

    rD deslocamento elctrico residual, C/m2

    d eixo longitudinal; espessura da chapa de ferro, m; massa volmica, kg/m3

    ard massa volmica do ar, kg/m3

    E campo elctrico, V/m; fora electromotriz, V

    e espessura da chapa de ferro incluindo o isolamento, m

    F fora de Lorentz, N

    fora magnetomotriz, A

    mc fora magnetomotriz coerciva, A

  • xiv

    mci fora magnetomotriz coerciva intrnseca, A

    mr fora magnetomotriz em circuito aberto, A

    f frequncia, Hz; funo

    wrf frequncia fundamental dos harmnicos de ranhura, Hz

    vector das foras magnetomotrizes, A

    G razo entre o comprimento do entreferro e o raio externo

    thG condutncia trmica, W/K

    g acelerao da gravidade, m/s; comprimento fsico do entreferro, m

    Cg comprimento do entreferro corrigido pelo coeficiente de Carter, m

    thG matriz das condutncias trmicas, W/K

    H campo magntico, A/m

    cH campo magntico coercivo, A/m

    ciH campo magntico coercivo intrnseco, A/m

    h ordem do harmnico

    ,th rh coeficiente de transferncia de calor por radiao, W/(K.m2)

    ,th uh coeficiente de transferncia de calor por conduo, W/(K.m2)

    ,th vh coeficiente de transferncia de calor por conveco, W/(K.m2)

    I , i intensidade de corrente, A

    J densidade de corrente elctrica, A/m2

    eJ densidade de corrente elctrica externa, A/m2

    ank coeficiente de perdas anmalas

    Ck coeficiente de Carter

    cFk coeficiente de perdas por correntes de Foucault

    Dk razo entre os dimetros interno e externo da mquina (razo de dimetros)

    dk factor de distribuio

    hk coeficiente de perdas por histerese

  • xv

    hck factor de correco das perdas por histerese

    Mk coeficiente de acoplamento magntico

    ,mec ak factor das perdas mecnicas por atrito nos rolamentos

    mgk razo entre o comprimento axial dos manes e do entreferro e o comprimento axial do

    ncleo do estator

    pk factor de encurtamento de passo de uma bobina

    rk factor de preenchimento da ranhura

    sk factor de inclinao

    satk factor de saturao

    strk factor das perdas suplementares

    wk factor de enrolamento

    ck coeficiente da permencia de fugas dos enrolamentos no activos

    dk coeficiente da permencia diferencial

    rk coeficiente da permencia da ranhura

    k factor de correco do fluxo til

    1k razo entre a amplitude da componente fundamental e a amplitude mxima

    L comprimento caracterstico, m; operador diferencial de segunda ordem

    mdL indutncia de magnetizao longitudinal, H

    mqL indutncia de magnetizao transversal, H

    sdL indutncia sncrona longitudinal, H

    sqL indutncia sncrona transversal, H

    l comprimento, m

    cl comprimento mdio de uma espira de material condutor, m

    el comprimento axial do estator, m

    ,l eql espessura equivalente dos materiais isolantes na ranhura, m

    rol comprimento axial da abertura da ranhura, m

  • xvi

    sl comprimento da fita do estator, m

    L indutncia de fugas do estator, H

    cL indutncia de fugas dos enrolamentos no activos, H

    dL indutncia diferencial, H

    rL indutncia de fugas das ranhuras, H

    M indutncia mtua, H; magnetizao, A/m

    sM magnetizao de saturao, A/m

    m massa, kg; nmero de fases;

    mm momento de um dipolo magntico, A.m2

    rm massa do rotor, kg

    vm massa do veio, kg

    N nmero de planos de computao

    fN nmero de espiras em srie por fase

    rN nmero de condutores por ranhura

    uN nmero de Nusselt

    n velocidade de rotao, min-1; vector unitrio perpendicular fronteira

    cn nmero de camadas de condutores numa ranhura na direco axial

    pn nmero de condutores em paralelo por espira da bobina

    1N conjunto dos nmeros naturais, excluindo o 0

    P polarizao elctrica, C/m2; potncia activa, W

    anP perdas anmalas no ferro, W

    cFP perdas por correntes de Foucault, W

    elmP potncia electromagntica, W

    FeP perdas no ferro, W

    ,Fe sP perdas especficas do ferro, W/kg

    fP potncia fornecida, W

  • xvii

    hP perdas por histerese, W/kg

    JP perdas Joule, W

    mP polarizao magntica, T

    ,mec aP perdas mecnicas por atrito, W

    ,mec fP perdas mecnicas por frico, W

    Pr nmero de Prandtl

    strP perdas suplementares, W

    p nmero de pares de plos

    rp permetro da ranhura, m

    permencia, H

    mm permencia de fugas entre manes adjacentes, H

    mlk permencia de fugas prpria do man, H

    P vector das potncias de perdas injectadas, W

    Q nmero de ranhuras por estator

    thQ quantidade de calor, J

    q eixo transversal; nmero de ranhuras por plo e por fase

    R resistncia por fase,

    Ra nmero de Rayleigh

    Re nmero de Reynolds rotacional

    DRe nmero de Reynolds na periferia do disco em rotao

    rR resistncia trmica de radiao, K/W

    uR resistncia trmica de conduo, K/W

    vR resistncia trmica de conveco, K/W

    g relutncia, H-1

    mm relutncia de fugas entre manes adjacentes, H-1

    mlk relutncia de fugas prpria do man, H-1

  • xviii

    s relutncia da abertura da ranhura , H-1

    r posio no espao , ,r x y z ; raio, m

    ur raio til do estator, m

    vr raio do veio, m

    *r resduo

    matriz das relutncias, H-1

    S seco, m2

    bS seco da bobina, m2

    ,Cu rS seco transversal de cobre por ranhura, m2

    cS seco do condutor incluindo o isolamento, m2

    ,c uS seco do condutor, m2

    elmS potncia aparente electromagntica, VA

    iS superfcie equivalente dos enrolamentos no activos no raio interno, m2

    oS superfcie equivalente dos enrolamentos no activos no raio externo, m2

    'S superfcie infinita

    T perodo, s; temperatura, C; temperatura absoluta, K

    ambT temperatura ambiente, C ou K

    CT temperatura de Curie, C ou K

    cogT binrio de ranhura, N.m

    elmT binrio electromagntico, N.m

    fT temperatura da pelcula, C ou K

    sT temperatura da superfcie, C ou K

    T temperatura quiescente, C ou K

    T tensor de Maxwell de segunda ordem

    t tempo, s

    U tenso (simples), V

    V potencial escalar elctrico, V; volume, m3

  • xix

    extV volume exterior mquina, m3

    gV volume do material da mquina com permeabilidade aproximadamente igual do vazio, m3

    'V volume associado ao espao infinito, m3

    v velocidade, m/s

    W energia, J

    mW energia magntica, J

    w funo peso; largura, m

    row largura da abertura da ranhura, m

    mdX reactncia de magnetizao longitudinal,

    mqX reactncia de magnetizao transversal,

    sX reactncia sncrona,

    sdX reactncia sncrona longitudinal,

    sqX reactncia sncrona transversal,

    X reactncia de fugas,

    ngulo elctrico, rad ou ; difusividade trmica, m2/s; parmetro da equao de Steinmetz

    m coeficiente polar

    s ngulo de inclinao da ranhura, rad ou

    coeficiente trmico de expanso volumtrica, K-1; parmetro associado s perdas no ferro

    ngulo elctrico entre o centro do plo (eixo longitudinal d ) e o enrolamento da fase,

    suposta a , do estator, rad ou

    m largura polar, rad, ou m

    ngulo de binrio, rad ou

    ij delta de Kronecker

    l ngulo de carga, rad ou

    erro relativo; espessura do isolamento de um lado da lmina de ferro, m; permitividade

    absoluta, F/m; razo entre os valores por fase da tenso nos terminais da mquina e a fem

    em vazio

  • xx

    r permitividade relativa

    th emissividade

    ,th r emissividade relativa entre as superfcies emissora e absorvente

    0 permitividade do vazio, F/m

    rendimento

    ngulo geomtrico, rad ou ; diferena de temperatura, K ou C

    vector da sobrelevao da temperatura, K

    coeficiente de temperatura da resistividade, C-1; funo escalar ou vectorial

    B coeficiente de temperatura reversvel da induo remanente, C-1

    H coeficiente de temperatura reversvel do campo magntico coercivo intrnseco, C-1

    * funo de interpolao

    razo entre a largura da abertura equivalente e a largura da ranhura

    comprimento de onda, m; fluxo totalizado, Wb;

    ,a m fluxo totalizado na bonina a devido unicamente ao fluxo indutor, Wb

    ,a mI fluxo totalizado na bonina a devido aos fluxo indutor e de reaco do induzido, Wb

    permeabilidade absoluta, H/m; viscosidade dinmica, Pa.s

    ar viscosidade dinmica do ar, Pa.s

    r permeabilidade relativa

    ,r rec permeabilidade relativa de restabelecimento dos manes permanentes

    0 permeabilidade do vazio, H/m

    viscosidade cinemtica, m2/s

    densidade de binrio, N.m/m3

    densidade volmica de carga elctrica, C/m3; resistividade elctrica, .m

    condutividade elctrica, S/m

    SB constante de Stefan-Boltzmann, W/(K4.m2)

    th condutividade trmica, W/(K.m)

    passo polar, rad, ou m

  • xxi

    b passo da bobina, rad, ou m

    r passo da ranhura, rad, ou m

    profundidade de penetrao num condutor, m

    j funo linear

    fluxo magntico, Wb

    ,m lk fluxo de fugas do man permanente, Wb

    ,m u fluxo magntico til no entreferro, Wb

    ',m u fluxo magntico til nas superfcies polares, Wb

    r fluxo magntico remanente, Wb

    th fluxo trmico, W

    e susceptibilidade elctrica

    m susceptibilidade magntica

    vector dos fluxos magnticos, Wb

    ngulo de fase, rad ou

    fronteira de um domnio

    frequncia angular elctrica, rad/s

    r velocidade angular de rotao, rad/s

    operador diferencial

    Sufixos

    a ambiente, fase a do sistema trifsico

    c condutores

    Cu cobre

    d longitudinal

    e estator

    eq equivalente

    Fe ferro

  • xxii

    f carcaa

    g entreferro

    I induzido

    i enrolamentos no activos no raio interno

    l isolamento e impregnao das ranhuras

    h ordem do harmnico

    in interno

    m manes permanentes

    max mximo

    med mdio

    min mnimo

    N nominal

    o enrolamentos no activos no raio externo

    out externo

    q transversal

    r ranhura; disco rotrico de suporte dos manes permanentes

    t dentes do estator

    y ncleo do ferro do estator

    Sufixos adicionais

    A axial

    qd quadrilateral

    R radial

  • xxiii

    ABREVIATURAS AC Corrente Alternada

    DC Corrente Contnua

    EDP Equao Diferencial Parcial

    EWEA European Wind Energy Association

    fem fora electromotriz

    fmm fora magnetomotriz

    IGBT Insulated Gate Bipolar Transistor

    IPFA manes Permanentes de Fluxo Axial

    IPFR manes Permanentes de Fluxo Radial

    IPFT manes Permanentes de Fluxo Transversal

    MEF Mtodo dos Elementos Finitos

    MDF Medium Density Fiberboard

    N polo norte

    PWM Pulse Width Modulation

    Re Parte real

    S polo sul

    SF Srie de Fourier

    TTM Tensor de Tenses de Maxwell

    2D duas dimenses

    3D trs dimenses

  • CAPTULO 1

    INTRODUO

  • 2

    NDICE

    1. Introduo ................................................................................................................................. 3

    1.1. mbito e Motivao do Trabalho.............................................................................................. 3

    1.2. Sistemas de Converso de Energia Elica .............................................................................. 4

    1.2.1. Evoluo tecnolgica dos sistemas elicos .......................................................................... 4

    1.2.2. Micro e mini sistemas elicos ................................................................................................ 9

    1.2.3. Geradores de manes permanentes .................................................................................... 10

    1.2.3.1. Geradores de manes permanentes de fluxo transversal ................................................. 12

    1.2.3.2. Geradores de manes permanentes de fluxo radial .......................................................... 15

    1.2.3.3. Geradores de manes permanentes de fluxo axial ........................................................... 18

    1.3. Objectivos e Contribuies do Trabalho ................................................................................ 19

    1.4. Estrutura do Trabalho ............................................................................................................. 20

    Referncias ....................................................................................................................................... 23

  • 3

    1. INTRODUO

    1.1. MBITO E MOTIVAO DO TRABALHO

    O presente trabalho insere-se no mbito do projecto e modelao de mquinas elctricas de

    manes Permanentes de Fluxo Axial (IPFA) orientadas para aplicaes a baixas velocidades,

    nomeadamente, os sistemas de converso de energia elica, como geradores.

    O potencial das mquinas de manes permanentes est directamente associado a dois vectores

    de desenvolvimento tecnolgico, o primeiro e mais decisivo dos quais est relacionado com a

    evoluo dos materiais magnticos permanentes baseados em terras raras. Devido sua elevada

    eficincia energtica, estes materiais permitem uma reconfigurao dos circuitos magnticos e a

    utilizao de factores de escala nos sistemas de excitao das mquinas elctricas, permitindo

    configuraes e volumetrias no praticveis nas solues convencionais.

    O segundo vector decorre da maturao e vulgarizao dos sistemas de converso electrnica de

    energia, que permitem o desacoplamento da mquina elctrica da rede, com a consequente

    eliminao de dispositivos de interface.

    Por outro lado e no contexto tecnolgico actual, a configurao axial da mquina de manes

    permanentes, se realizada com um nmero de plos elevado, apresenta uma densidade de binrio

    superior sua homloga radial, o que motiva a sua explorao em aplicaes caracterizadas por

    baixas velocidades de rotao. Acresce ainda o potencial associado geometria com que podem

    ser desenhadas, ideal para aplicaes em que o comprimento axial da mquina limitado pelos

    requisitos da aplicao.

    O estado de arte dos geradores elicos de manes permanentes e dos sistemas de converso de

    energia elica demonstram a adequabilidade da mquina de IPFA aos requisitos desta aplicao,

  • 4

    tal como se apresenta na seco seguinte em modo de enquadramento do presente trabalho e

    justificao dos seus principais objectivos.

    1.2. SISTEMAS DE CONVERSO DE ENERGIA ELICA

    Os sistemas de converso de energia elctrica proveniente de fontes renovveis, so,

    inquestionavelmente, a principal linha de aco no sector, quer devido vulnerabilidade do

    mercado dos combustveis fsseis, quer devido a uma crescente sensibilizao sobre os preceitos

    ambientais vigentes. A energia elica registou um crescimento anual mdio de 35% nos ltimos 20

    anos, tendo atingido em 2009, uma capacidade instalada de 158 GW em todo o mundo (Brown,

    2011). A EWEA (European Wind Energy Association) estabeleceu como meta para o ano de 2030,

    que 23% do consumo elctrico tenha como fonte primria a energia elica, o que indicia uma

    ainda crescente competitividade tecnolgica dos sistemas de converso desta fonte energtica.

    1.2.1. Evoluo tecnolgica dos sistemas elicos

    Desde os finais da dcada de 90 do sculo passado, tem-se assistido a uma mudana dos

    sistemas convencionais, caracterizados por um aproveitamento da energia do vento numa faixa

    estreita de velocidades do vento sistemas a velocidade fixa, para os sistemas a velocidade

    varivel.

    Os sistemas a velocidade fixa baseiam-se num gerador de induo estandardizado, accionado

    atravs de uma caixa de velocidades e ligado directamente rede elctrica. Independentemente

    da velocidade do vento, a velocidade de rotao da mquina , praticamente, imposta pela

    frequncia da rede elctrica. As vantagens dos sistemas de converso de energia elica a

    velocidade fixa so a sua robustez e a facilidade de explorao, quando ligados a redes elctricas

    fortes, com garantia de controlo estvel da frequncia. As desvantagens inerentes utilizao

    destes sistemas so a baixa eficincia na captao de energia elica, por utilizarem uma gama de

    velocidades estreita, e a elevada fadiga dos componentes mecnicos devido s flutuaes da

    velocidade do vento, com repercusses na oscilao da potncia elctrica fornecida. Estes

  • 5

    sistemas requerem geralmente dispositivos de controle de energia reactiva, ligados ao estator da

    mquina.

    Os sistemas de converso de energia elica a velocidade varivel so projectados para obter um

    rendimento aerodinmico mximo numa gama larga de velocidades, adaptando continuamente a

    velocidade de rotao do gerador velocidade do vento. Ao contrrio dos sistemas a velocidade

    fixa, os sistemas a velocidade varivel mantm o binrio do gerador aproximadamente constante,

    sendo as variaes do vento compensadas pelas variaes da velocidade do gerador (Hansen, et

    al., 2004). Do ponto de vista da turbina elica, os sistemas a velocidade varivel permitem uma

    reduo do rudo e da fadiga mecnica dos elementos do sistema e, ainda, maximizar o

    rendimento aerodinmico, com um aumento na captao de energia mdia anual, atingindo

    valores 10% superiores (Mutschler, Hoffmann, 2002), o que, em 20 ou 30 anos de vida til,

    representam um retorno significativo. Nesta soluo, o gerador de induo duplamente alimentado

    frequentemente utilizado em sistemas com potncia superior a 1,5 MW. A sua utilizao

    pressupe a ligao turbina, propriamente dita, atravs de uma caixa de velocidades que pode

    ter mltiplas relaes, j que, construtiva e funcionalmente, no vivel a utilizao de um nmero

    elevado de plos na mquina. O seu estator ligado directamente rede, enquanto o rotor, com

    um enrolamento trifsico bobinado, ligado rede atravs de um conversor electrnico cuja

    potncia da ordem de 30% da potncia nominal da mquina (Blaabjerg, et al., 2010). Esse

    conversor electrnico permite o controlo do trnsito de potncia com a rede e o controlo do ponto

    de funcionamento do gerador, garantindo-se ajuste de velocidade na gama de aproximadamente

    25% da velocidade sncrona (Bauer, et al., 2000). Para deslizamentos elevados, a energia que

    seria dissipada por efeito Joule nos enrolamentos do rotor pode ser recuperada para a rede. Alm

    disso, o conversor permite efectuar a compensao do factor de potncia e garante uma ligao

    suave rede elctrica.

    De acordo com as propostas do mercado, os sistemas a velocidade varivel baseados no gerador

    de induo duplamente alimentado tm obtido um sucesso considervel, com vrios fabricantes a

  • 6

    proporem esta soluo para sistemas com potncias elevadas: Vestas (2011), Gamesa (2011),

    GE Energy (2011), DeWind (2011), Mitsubishi Power Systems (2011), entre outros.

    Como alternativa ao gerador de induo duplamente alimentado, aparece o gerador sncrono,

    convencional ou de manes permanentes, com ou sem caixa de velocidades, este ltimo caso

    correspondendo a uma terceira tendncia dos sistemas de converso de energia elica: os

    sistemas com accionamento directo do gerador.

    A mquina sncrona de manes permanentes, comparativamente ao gerador de induo

    duplamente alimentado e, mesmo, mquina sncrona convencional, apresenta um rendimento

    superior, por eliminar as perdas Joule no circuito elctrico do rotor e reduzir as do circuito do

    estator, bem como uma maior fiabilidade e uma menor manuteno ao eliminar o sistema de anis

    e escovas. A banalizao dos manes permanentes de terras raras, devido melhoria das suas

    propriedades e ao abaixamento do seu preo, permite a obteno de mquinas economicamente

    competitivas, transferindo para os restantes elementos do sistema aerogerador a viabilidade

    econmica da soluo, com destaque para o sistema de controlo de potncia j que este ter que

    ser dimensionado para a potncia nominal da mquina. Mas, aqui, tambm o decrscimo

    substancial no custo dos componentes electrnicos a que se assistiu ao longo da ltima dcada,

    potencia a sua utilizao em larga escala sem onerar excessivamente a soluo global.

    Como aspecto negativo da soluo, refira-se que, embora o gerador de manes permanentes

    apresente rendimentos mais elevados, o processamento de toda a potncia convertida atravs do

    conversor electrnico agrava as perdas neste, comparativamente soluo baseada no gerador

    de induo duplamente alimentado (Baroudi, et al., 2007).

    Aerogeradores com mquinas sncronas de manes permanentes accionadas atravs de uma

    caixa de velocidades, com potncias iguais ou superiores a 2 MW, so hoje produtos de grandes

    fabricantes (Vestas (2011), GE Energy (2011), DeWind (2011), WinWind (2011) e Areva (2011))

    acentuando a tendncia de utilizao crescente da mquina por parte dos mesmos, incluindo

    aqueles que, no passado, haviam baseado os seus produtos exclusivamente no gerador de

    induo (Vestas e a GE Energy, nomeadamente).

  • 7

    Os sistemas de converso de energia elica com accionamento directo, ao dispensarem a caixa

    de velocidades, eliminam tambm as perdas na mesma, aumentam a fiabilidade e reduzem a

    necessidade de manuteno e o rudo, bem como possibilitam relaes de potncia/peso muito

    mais favorveis. Estas vantagens justificam, alis, a tendncia mais geral de eliminao das

    caixas de velocidades em sistema electromecnicos, conduzindo a que as mquinas elctricas

    sejam, hoje e cada vez mais, projectadas para a aplicao especfica a que se destinam,

    afastando-se assim do conceito base de projecto e fabrico estandardizado.

    Os geradores elicos utilizados sob o conceito do accionamento directo so o gerador sncrono

    excitado electricamente, como proposto pela Enercon (2011), e o gerador sncrono com o sistema

    de excitao baseado em manes permanentes, soluo que adoptada pelos fabricantes

    stxWindpowerB.V. (2011) e Lagerwey Wind (2011), e.g.. Os geradores so projectados para

    baixas velocidades e elevados binrios, em contraposio aos geradores estandardizados, e, por

    isso, tendem a ser maiores e mais pesados, com maior volume dos materiais activos, e, tambm,

    a terem maiores perdas, especialmente no caso de excitao convencional elctrica.

    A excitao da mquina sncrona baseada em manes permanentes ajuda a mitigar aquelas

    tendncias, ao reduzir o volume de material activo e a aumentar o rendimento da mquina, pois

    elimina as perdas de excitao e de atrito nos contactos anis escovas, e permite a reduo do

    passo polar, o que, por sua vez, diminui as partes no activas dos enrolamentos e as perdas Joule

    associadas.

    Os sistemas de converso de energia elica de potncias mdias e elevadas, na ordem dos mega

    watts, sincronizados com a rede elctrica, no devem comprometer a estabilidade do sistema

    elctrico, i.e., devem contribuir activamente para a recuperao das perturbaes na rede

    elctrica, de forma similar s centrais convencionais, tendo de produzir potncia activa e reactiva

    para a recuperao da tenso e da frequncia nominais e cumprir com os critrios da qualidade de

    energia (Blaabjerg, et al., 2010; Conroy, Watson, 2007; Tremblay, et al., 2006). Nos pases com

    uma elevada penetrao de energia elica tem vindo a ser produzida regulamentao neste

  • 8

    sentido (Altin, et al., 2010), o que motiva uma constante investigao nos sistemas electrnicos de

    potncia, responsveis pela interface entre o gerador elico e a rede elctrica.

    Os primeiros sistemas a velocidade varivel utilizavam rectificadores e conversores baseados em

    dodos e tiristores, comutados pela tenso da rede, com uma frequncia de comutao baixa e,

    consequentemente, formas de onda com harmnicos a baixas frequncias. Nestes casos, o

    gerador tinha necessariamente que ter capacidade de produo de energia reactiva (gerador

    sncrono convencional), ou era necessrio utilizar baterias de condensadores adicionais. Na

    dcada de 90, p.p., ficaram disponveis os interruptores electrnicos de potncia comutados por

    um sinal de controlo (IGBT, e.g.) na gama de potncias requeridas pelos sistemas de converso

    de energia elica. Os conversores com estes interruptores electrnicos so capazes de controlar

    as potncias activa e reactiva, independentemente do gerador utilizado, e, devido elevada

    frequncia de comutao, os harmnicos a baixas frequncias so significativamente reduzidos.

    Nas Figura 1.1 e Figura 1.2 so apresentados os esquemas de controlo dos sistemas elicos a

    velocidade varivel para integrao na rede elctrica, baseados no gerador de induo

    duplamente alimentado e no gerador sncrono de manes permanentes directamente accionado,

    de acordo com as tendncias tecnolgicas que coexistem actualmente.

    G~

    DC

    AC DC

    AC

    Rede

    Transformador

    FiltroConversor

    Sistema de controlo da rede

    Controlo da potncia

    Controlo da velocidade

    Controlo do gerador

    Controlo da rede

    PWM PWMDCV IrI

    conv,refredeP

    rconv,refredeQ

    refDCV

    rede redeP Q

    redeP

    refredeP

    Passo das ps

    Caixa de velocidades Gerador de Induo

    duplamente alimentado

    Figura 1.1: Sistema de converso de energia elica baseado no gerador de induo duplamente alimentado [Figura

    adaptada de Blaabjerg, et al. (2010)].

  • 9

    G~ DC

    DC DC

    AC

    RedeFiltro

    Conversor elevador

    Sistema de controlo da rede

    Controlo da turbina

    Controlo do gerador

    Controlo da rede

    PWM PWMDCV IDCI

    conv,refredePr conv,refredeQ

    refDCV

    rede redeP Q

    redeP

    refredeP

    Passo das ps

    DC

    AC

    Rectificador Conversor

    Gerador sncrono de manes

    permanentes Transformador

    Figura 1.2: Sistema de converso de energia elica baseado no gerador sncrono de manes permanentes [Figura

    adaptada de Blaabjerg, et al. (2010)].

    No possvel afirmar de forma determinstica qual a melhor opo de acordo com critrios

    econmicos e/ou de fiabilidade da soluo integral. Os geradores que integram as duas solues

    apresentam impactes distintos na fiabilidade e nos custos dos outros elementos, pelo que, os

    estudos efectuados com os dados disponveis at data, no so totalmente conclusivos

    (Arabian-Hoseynabadi, et al., 2010; Polinder, et al., 2006).

    1.2.2. Micro e mini sistemas elicos

    As polticas governamentais de apoio actividade de produo descentralizada de electricidade

    em pequena escala, recorrendo a recursos renovveis, tm vindo a incrementar as solues de

    micro e mini produo elica, com potncias mximas atribuveis, no caso da ligao rede

    elctrica de servio pblico, de 5,75 kW e 250 kW, respectivamente, de acordo com a legislao

    portuguesa (Decreto-Lei n. 363/2007, alterado e republicado pelo Decreto-Lei n. 118-A/2010, no

    caso da micro produo, e Decreto-Lei n. 34/2011, no caso da mini produo).

    Os sistemas de converso de energia elica fornecem ainda uma alternativa economicamente

    vivel e fivel aos grupos electrogneos convencionais, para aplicaes autnomas ou sistemas

    isolados em zonas rurais (Byrne, et al., 2007). Neste tipo de aplicaes frequente recorrer a

    baterias para acumular energia, devido no simultaneidade entre a produo e o consumo (IEA,

    2010).

  • 10

    O sistema de excitao do gerador elico baseado em manes permanentes, devido baixa

    potncia destas aplicaes, no encarece em demasia o sistema de converso e, pelas vantagens

    j referidas, favorece a fiabilidade e o rendimento, reduzindo tambm os requisitos de

    manuteno.

    Nesta gama de potncias, as solues comerciais utilizam geralmente o accionamento directo do

    gerador, eliminando as desvantagens inerentes caixa de velocidades (Bergey, 2011; Zephyr,

    2011). Ao contrrio dos sistemas de potncias superiores, o passo das ps geralmente fixo e

    so utilizados sistemas de proteco passivos relativamente a rajadas de vento (Driesen, et al.,

    2005). A ligao rede realizada atravs de um conversor electrnico de potncia e as turbinas

    so exploradas geralmente em malha aberta, embora existam solues com controlo do passo

    das ps ou controlo da velocidade do rotor (Colet-Subirachs, et al., 2010; Rodrigo, et al., 2007).

    As solues urbanas dos sistemas de micro produo elica surgem frequentemente associadas a

    turbinas de eixo vertical (QuietRevolution, 2011; WePower, 2011), ao contrrio das solues em

    mdias e elevadas potncias, em que predominante a soluo de eixo horizontal.

    Um esquema tpico para os sistemas de micro converso de energia elica apresentado na

    Figura 1.3.

    DCV

    Figura 1.3: Sistema de micro converso de energia elica, com sistema de proteco passivo [Figura adaptada de Bumby,

    et al. (2008)].

    1.2.3. Geradores de manes permanentes

    Os geradores com o sistema de excitao baseado em manes permanentes so uma alternativa

    promissora para os sistemas de converso de energia elica, quer em mdias e elevadas

    potncias, quer em sistemas de baixas potncias. Nestes sistemas, a interface com a rede (ou

    com a carga) realizada atravs de um conversor electrnico de potncia dimensionado para a

  • 11

    potncia nominal do sistema, o qual garante um completo desacoplamento entre o sistema de

    gerao e a rede/carga. Dependendo do grau de penetrao do sistema de converso de energia

    elica na rede, o conversor desempenha um papel mais ou menos activo no controlo da qualidade

    de energia produzida. A eliminao da caixa de velocidades, atravs da utilizao de geradores

    accionados directamente, uma soluo frequentemente implementada em sistemas de baixa

    potncia e, tendencialmente, a ser utilizada em sistemas de mdia e elevada potncia, pelos

    requisitos de baixa manuteno e elevada fiabilidade que proporcionam, com especial importncia

    em aplicaes em alto mar, e.g..

    Nesta seco, so apresentadas as configuraes das mquinas de manes permanentes e

    alguns prottipos propostos na literatura, com potencial para os sistemas de converso de energia

    elica, com accionamento directo.

    As concepes topolgicas possveis das mquinas de manes permanentes so definidas atravs

    de duas caractersticas bsicas:

    orientao do fluxo no entreferro relativamente ao eixo de rotao: radial ou axial;

    orientao do fluxo no ncleo do estator relativamente direco do movimento do rotor:

    transversal ou longitudinal.

    As quatro combinaes que resultam das caractersticas bsicas classificativas das mquinas de

    manes permanentes so apresentadas nas seces seguintes, com as designaes propostas na

    Tabela 1.1.

    Tabela 1.1: Designaes das mquinas de manes permanentes, de acordo com as direces do fluxo no entreferro e no ncleo do estator.

    Fluxo no entreferro

    Fluxo no ncleo do estator Designao

    Radial Transversal Fluxo transversal

    Axial Transversal

    Radial Longitudinal Fluxo radial

    Axial Longitudinal Fluxo axial

  • 12

    1.2.3.1. Geradores de manes permanentes de fluxo transversal

    A configurao da mquina de manes Permanentes de Fluxo Transversal (IPFT) caracterizada

    por uma estrutura complexa, com percursos de fluxo tridimensionais atravs de mltiplos

    elementos de ferro macio laminado nas estruturas do estator e do rotor. A utilizao de elementos

    distintos em vez de peas nicas favorece o aumento do fluxo totalizado, o que satisfaz o princpio

    da ampliao do binrio (Dinyu, et al., 1999). A configurao transversal ainda caracterizada

    pela utilizao de enrolamentos com a forma anular dispostos ao longo do permetro da mquina e

    que suportam uma intensidade de corrente que flui na direco de rotao (Figura 1.4). A

    obteno de uma mquina polifsica conseguida atravs da utilizao de vrios mdulos, um

    por cada fase, dispostos na direco axial.

    r

    Figura 1.4: Mquina de IPFT com os manes dispostos na superfcie rotrica [Figura original de Kastinger (2002)].

    A configurao transversal da mquina de manes permanentes, dedicada a um sistema de

    converso de energia elica com accionamento directo remonta dcada de oitenta, p.p.,

    sugerida por Weh, et al. (1988). Dubois, et al. (2002), propem uma mquina de fluxo transversal,

    com um entreferro, estator externo e rotor ranhurado no qual so dispostos os manes numa

    disposio conducente concentrao de fluxo (Figura 1.5).

    Uma configurao com os manes na superfcie do rotor, e com ncleos de ferro no estator para

    retorno do fluxo na forma de I (Figura 1.6) proposta por Blissenbach e Viorel (2003) e por

    Svechkarenko, et al. (2009).

  • 13

    1 2

    3 3

    4

    5

    1 Estator2 Concentrador de fluxo3 manes permanentes4 Estrutura do rotor dentado5 Dente do rotor

    Figura 1.5: Mquina de IPFT com concentrao de fluxo [Figura original de Dubois, et al. (2002)].

    Um trabalho recente de Jianhu, et al. (2009), apresenta uma mquina de fluxo transversal em que

    os manes e o enrolamento so dispostos na parte esttica da mquina, sendo o rotor composto

    unicamente por ncleos de ferro magntico com uma disposio tal que o sentido do fluxo

    totalizado no enrolamento inverte o seu sentido continuamente com o movimento do rotor (Figura

    1.7).

    Figura 1.6: Mquina de IPFT com os manes dispostos na superfcie do rotor e ncleos de ferro do estator para retorno do

    fluxo [Figura original de Blissenbach, Viorel (2003)].

    Em oposio ao fluxo radial no entreferro das mquinas de fluxo transversal apresentadas, uma

    configurao modular da mquina de IPFT com fluxo axial nos entreferros da mquina, foi

    proposta por Muljadi, et al. (1999), de acordo com a Figura 1.8.

  • 14

    Figura 1.7: Mquina de IPFT com fluxo comutado; (a) representao tridimensional de um par de plos; (b) princpio da

    comutao de fluxo [Figuras originais de Jianhu, et al. (2009)].

    1

    1 Ncleo do rotor2 Veio 3 Enrolamento4 Ncleo do estator

    234

    Figura 1.8: Mquina de IPFT com o fluxo nos entreferros na direco axial [Figura original de Muljadi, et al. (1999)].

    As mquinas de fluxo transversal apresentam como principal vantagem o facto das dimenses dos

    circuitos magntico e elctrico serem independentes, ou seja, o espao disponvel para os

    enrolamentos independente do passo polar empregue na mquina, o que permite a utilizao de

    passos polares reduzidos e elevadas densidades de corrente. Em consequncia, a densidade de

    binrio da configurao transversal superior das mquinas de fluxo longitudinal, onde o espao

    disponvel para alojar os enrolamentos dependente do passo polar e uma reduo deste conduz

    a uma reduo da densidade linear de corrente. Dubois (2004) defende que a densidade de

    corrente de uma mquina de manes permanentes de fluxo transversal pode atingir valores at

    dez vezes superiores que a densidade de corrente numa mquina de fluxo longitudinal. De

    salientar que o aumento da densidade de corrente no se reflecte linearmente na densidade de

    binrio. De forma qualitativa, possvel aferir que uma densidade de corrente elevada acarreta

    uma reaco do induzido tambm elevada, com implicaes na induo de trabalho dos manes,

  • 15

    deslocando o ponto de funcionamento para valores mais prximos da coercividade, a que

    corresponde uma induo magntica inferior.

    Outra vantagem desta configurao a reduo das perdas Joule nos enrolamentos da mquina,

    devido ausncia de partes dos enrolamentos no activas, inevitveis nas configuraes

    baseadas no fluxo longitudinal. Em contraposio simplicidade construtiva dos enrolamentos,

    dispostos na forma anular, toda a estrutura mecnica da mquina complexa, com vrias

    dificuldades na sua implementao, como por exemplo, a dependncia da posio dos manes

    das tolerncias mecnicas de outras peas rotricas e o nmero de partes individuais a manipular.

    Um problema comum a todas as topologias da mquina de IPFT o baixo factor de potncia em

    regime nominal. Valores tpicos encontram-se na gama de 0,35 a 0,53 (Zhao, Chai, 2005) sendo

    referenciados valores ligeiramente superiores apenas na topologia com concentrao de fluxo. O

    factor de potncia destas mquinas , de forma simplificada, decrescente com o aumento da

    razo sIX E , sendo I a intensidade de corrente numa fase da mquina, sX a reactncia

    sncrona (admitindo a isotropia magntica associada disposio dos manes na superfcie

    rotrica) e E a fora electromotriz (fem) induzida (Harris, et al., 1997). O baixo factor de potncia

    acarreta um aumento de perdas Joule nos enrolamentos, assim como um sobredimensionamento

    do conversor electrnico de potncia, contrariando assim a vantagem associada elevada

    densidade de binrio desta configurao.

    1.2.3.2. Geradores de manes permanentes de fluxo radial

    Os geradores de manes Permanentes de Fluxo Radial (IPFR) projectados para os sistemas

    elicos, com accionamento directo, utilizam geralmente os manes dispostos na superfcie rotrica.

    A utilizao dos manes embutidos no ferro magntico do rotor tem como vantagem a

    concentrao do fluxo no entreferro, o que permite obter indues superiores s indues de

    remanncia dos manes. A disposio dos manes embutidos de acordo com a Figura 1.9 (a) no

    favorvel para aplicaes com um elevado nmero de plos, pois o espao disponvel para os

    manes reduzido, conduzindo a um elevado fluxo de fugas e saturao das pontes de ferro

  • 16

    macio; estes efeitos so minorados na disposio dos manes embutidos de acordo com a Figura

    1.9 (b).

    d

    q

    d

    q Figura 1.9: Configurao radial com os manes embutidos na estrutura rotrica, com concentrao de fluxo; (a) manes

    dispostos em V; (b) manes com magnetizao tangencial ao entreferro.

    O gerador de IPFR surge na literatura com duas topologias bsicas: estator externo e rotor externo

    (Figura 1.10). A topologia com o rotor externo, favorece o espao disponvel para acomodar a

    estrutura multipolar, mas em contrapartida o comportamento trmico da mquina prejudicado,

    sendo necessrio recorrer a sistemas de arrefecimento forado para extrair o calor originrio nas

    perdas no estator interno. Na ltima dcada, a topologia com o rotor externo sugerida

    frequentemente na literatura, em detrimento da topologia com o estator externo, proposta em

    alguns trabalhos da dcada de noventa (Chen, Spooner, 1995; Lampola, Perho, 1996; Spooner,

    Williamson, 1996).

    1

    2

    (a) (b)

    1

    2

    3 3

    Enrolamentoman permanente

    1 Rotor2 Estator3 Veio

    Figura 1.10: Mquina de IPFR multipolar; (a) estator externo; (b) rotor externo.

    Spooner, et al (2005) propem uma soluo radial com o rotor a ocupar a posio externa e o

    estator interno, ambos os elementos sem ferro magntico, preconizando uma soluo com peso

    reduzido (Figura 1.11). A induo de trabalho na rea dos enrolamentos baixa, da ordem de

    0,25 T, mas os autores argumentam que o factor decisivo o elevado dimetro que o gerador

  • 17

    pode atingir, devido substancial reduo do peso da soluo final, da ordem de 20 a 30%

    relativamente a projectos equivalentes baseados em estatores com ferro magntico. O prottipo

    utiliza 108 plos e anunciada uma potncia de 11,1 kW.

    Figura 1.11: Seco transversal de um gerador de IPFR sem ferro magntico [Figura original de Spooner, et al. (2005)].

    Uma outra proposta de um gerador para accionamento directo utiliza uma estrutura com duplo

    entreferro, estator interno (Mueller, McDonald, 2009). A inovao proposta pelos autores a

    reduo do peso dos elementos estruturais, que, nesta soluo, s tm que suportar o peso dos

    materiais activos. O estator no contm material ferromagntico e os enrolamentos so

    suportados numa estrutura no magntica epxi. Os manes so dispostos numa estrutura em

    ferro magntico, com a forma exemplificada na Figura 1.12. As foras atractivas entre o rotor e o

    estator so eliminadas, o que simplifica o processo de montagem. A induo magntica na rea

    dos enrolamentos 0,56 T, e o prottipo construdo de 20 kW, 100 min-1.

    1 Enrolamento2 manes permanentes3 Ncleo de ferro do rotor4 Suporte do estator

    1

    2 34

    Figura 1.12: Seco longitudinal de um gerador IPFR com duplo entreferro, estator interno [Figura original de Mueller e

    McDonald (2009)].

    A topologia com o rotor externo tambm adoptada por Jian, et al. (2009), na qual integrado no

    espao interno um gerador de velocidade elevada com uma caixa de velocidades coaxial,

  • 18

    obtendo-se uma soluo final complexa, contrariando a simplificao associada ao conceito de

    accionamento directo.

    Outra configurao com o rotor externo proposta por Liu, et al. (2008), numa configurao

    hbrida com excitao elctrica (DC) e manes permanentes, dispostos num estator interno. Um

    segundo estator, exterior ao que contm os sistemas de excitao, contm o enrolamento

    polifsico. Os autores defendem a soluo da dupla excitao de forma a permitir uma tenso

    constante na gama de velocidades varivel de accionamento do gerador.

    1.2.3.3. Geradores de manes permanentes de fluxo axial

    A estrutura axial da mquina de manes permanentes fornece uma alternativa vivel estrutura

    radial em aplicaes a baixas velocidades. A densidade de binrio da mquina de IPFA superior

    da mquina de IPFR em configuraes com um nmero de plos elevado, pese embora o maior

    volume de material magntico permanente geralmente associado configurao axial (Chen, et

    al., 2005; Sitapati, Krishman, 2001).

    As primeiras propostas do gerador de IPFA para os sistemas de converso de energia elica com

    accionamento directo, surgiram na dcada de 90, p.p.. Sderlund, et al. (1996) e posteriormente

    Chalmers e Spooner (1999) propuseram a topologia axial com duplo entreferro e estator

    ferromagntico laminado interno sem ranhuras com um enrolamento toroidal, na gama de

    potncias de 5 a 10 kW.

    Um gerador para micro sistemas de converso de energia elica de 1 kW a 300 min-1

    apresentado por Bumby e Martin (2005). A topologia proposta de duplo entreferro, estator

    interno, com enrolamentos concentrados dispostos numa estrutura sem ferro, o que reduz o peso

    da mquina.

    A potencial aplicao de materiais magnticos macios compsitos nas estruturas estatricas das

    mquinas de fluxo axial para sistemas de converso de energia elica foi discutida por Chen e

    Pillay (2005).

  • 19

    A estrutura axial com um entreferro proposta por Parviainen, et al. (2005) tem como principal

    desvantagem o no balanceamento das foras axiais entre o ferro do estator e os manes

    permanentes.

    O gerador elico proposto por Chan e Lai (2007) utiliza a topologia de duplo entreferro, estator

    interno sem ferro magntico, e uma estrutura rotrica externa em ferro magntico com manes

    permanentes apenas num dos lados, o que resulta numa densidade de potncia baixa

    comparativamente s solues em que os dois entreferros so utilizados activamente na produo

    de binrio. O peso total dos materiais activos utilizados no prottipo 3,36 kg e a potncia

    nominal, a 60 Hz, 230 W.

    A estrutura de duplo entreferro, estator interno ainda proposto por Brisset, et al. (2008). O

    enrolamento do estator concentrado, com nove fases, igualmente distribudas no espao

    geomtrico da mquina, dispostas numa configurao correspondente a trs estrelas. A utilizao

    do enrolamento polifsico motivada pelo aumento da potncia, associada ao sistema electrnico

    de potncia, atravs do estabelecimento em paralelo de trs conversores trifsicos modulares

    convencionais (Vizireanu, et al., 2005).

    A estrutura axial, nas suas variantes topolgicas e consequncias funcionais, so discutidas em

    detalhe no Captulo 2.

    1.3. OBJECTIVOS E CONTRIBUIES DO TRABALHO

    A geometria da mquina de IPFA introduz variveis de projecto e opes construtivas que

    dificultam e encarecem o processo de fabrico, condicionando a sua adopo de forma massiva.

    Em comparao com as mquinas de IPFR, as solues comerciais de mquinas de IPFA so

    muito mais raras, sendo bvio que os procedimentos para o seu projecto e fabrico esto ainda em

    desenvolvimento. O projecto de uma mquina elctrica , pela complexidade e interdependncia

    de fenmenos electromagnticos, trmicos e mecnicos, um processo recursivo complexo.

  • 20

    neste contexto e com o enquadramento dado nas seces anteriores que se estabeleceram os

    dois principais objectivos que se pretendem alcanar com a realizao do presente trabalho:

    1. Desenvolvimento de uma rotina de projecto da mquina de IPFA que integre as

    particularidades geomtricas da configurao axial e reflicta as interaces

    electromagnticas e trmicas, e contribua para a definio de ferramentas de projecto mais

    eficazes e para o desenho de mquinas de IPFA melhoradas.

    2. Construo de um prottipo de uma mquina de IPFA, com variveis de projecto orientadas

    para o funcionamento da mquina como gerador elico directamente accionado, avaliando a

    exequibilidade da configurao axial para aplicaes de baixa velocidade.

    As contribuies cientficas que se desejam reunidas neste trabalho so sumariadas nos seguintes

    moldes:

    estudo comparativo entre as densidades de binrio das configuraes axial e radial em

    funo do nmero de plos da mquina;

    estudo e sntese da integrao dos materiais magnticos permanentes nas mquinas

    elctricas de fluxo axial, considerando os efeitos da temperatura e da reaco do induzido

    desmagnetizante;

    adaptao de metodologias de projecto clssicas configurao axial da mquina de

    manes permanentes de duplo entreferro, rotor interno, e esclarecimento do domnio de

    validade das mesmas atravs do recurso simulao pelo Mtodo dos Elementos Finitos

    (MEF) e da experimentao laboratorial do prottipo desenvolvido;

    incluso do comportamento trmico na rotina de projecto da mquina de IPFA.

    1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

    Para alm desta introduo, onde se caracteriza o estado de arte dos sistemas de converso de

    energia elica e os geradores de manes permanentes, se enquadram e justificam as motivaes

  • 21

    e se fixam os objectivos do trabalho, o corpo da dissertao est organizado em captulos cujos

    contedos so apresentados, sumariamente, nesta seco.

    No captulo dois apresentado o estado de arte da mquina de IPFA, caracterizando as suas

    variantes construtivas e principais consequncias funcionais. Cumulativamente, apresentada

    uma sinopse dos materiais magnticos permanentes de terras raras e macios, atendendo a que a

    evoluo das mquinas elctricas, nos seus aspectos construtivos e funcionais, , em parte,

    ditada pelo desenvolvimento daqueles mesmos materiais.

    O terceiro captulo apresenta os fundamentos da mquina de manes permanentes de fluxo axial,

    descrevendo o princpio do funcionamento electromagntico e os modos de funcionamento

    sinusoidal e quadrilateral. So ainda derivadas as equaes dimensionais do projecto preliminar

    da mquina, que fornecem a teoria subjacente a uma anlise comparativa, em funo das

    densidades de binrio, entre as mquinas de manes permanentes de fluxo axial e radial.

    O quarto captulo dedicado ao projecto da mquina de IPFA, utilizando ferramentas analticas.

    analisado o funcionamento dinmico dos manes permanentes, imposto pela variao da

    temperatura de funcionamento e da linha de carga do circuito magntico. O projecto magntico da

    estrutura de duplo entreferro, rotor interno, analisada atravs de uma rede de relutncias

    variveis com o nvel de saturao do ferro da mquina e incorporando a modelao dos fluxos de

    fugas dos manes e do entreferro. O dimensionamento dos materiais activos do estator resulta da

    interaco entre os resultados do projecto magntico e do projecto elctrico, estabelecendo, este

    ltimo, o dimensionamento dos enrolamentos e a estimao dos parmetros elctricos

    associados.

    No quinto captulo so caracterizadas as perdas na mquina de IPFA e proposto um modelo

    analtico para a previso do seu comportamento trmico em regime permanente, utilizando uma

    rede de resistncias trmicas. A relao recursiva entre as perdas e o gradiente da temperatura da

    mquina iterada com o projecto electromagntico at que a sobrelevao da temperatura seja

    admissvel do ponto de vista dos materiais isolantes a utilizar na mquina.

  • 22

    Definido o projecto electromagntico da mquina de IPFA com base na teoria descrita nos

    captulos anteriores, renem-se condies para um projecto complementar, assistido pelo Mtodo

    dos Elementos Finitos (MEF). Esta ferramenta de anlise, embora no substitua a macro

    perspectiva do projecto analtico, faculta meios para uma anlise electromagntica detalhada e