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Marcos Antônio Fernandes Rodrigues PROJETO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE IGNIÇÃO POR CENTELHA E INJEÇÃO DIRETA OPERANDO COM ETANOL Centro Universitário Toledo Araçatuba 2015

PROJETO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE IGNIÇÃO … · injeção indireta mecânica. O K-Jetronic era um sistema de injeção mecânico e foi introduzido pela Bosch até 1973

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Marcos Antônio Fernandes Rodrigues

PROJETO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE IGNIÇÃO

POR CENTELHA E INJEÇÃO DIRETA OPERANDO COM ETANOL

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2015

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Marcos Antônio Fernandes Rodrigues

PROJETO DE UM MOTOR DE COMBUSTÃO INTERNA DE IGNIÇÃO

POR CENTELHA E INJEÇÃO DIRETA OPERANDO COM ETANOL

Centro Universitário Toledo

Araçatuba

2015

Trabalho de conclusão de curso, com

objetivo de aprovação no curso de

Engenharia Mecânica no Centro

Universitário Toledo com orientação

do Prof. Me. Lucas Mendes Scarpin.

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Se não puder voar, corra, se não puder correr, ande, se não puder andar, rasteje, mas

continue em frente de qualquer jeito.

Martin Luther King

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Dedico este trabalho em especial ao meu pai Antônio Rodrigues Nogueira, aos meus

avôs Alfredo e Altino, ambos “in memorian”, também a minha mãe Marinalva Fernandes

Rodrigues, minha irmã Josiane Fernandes Rodrigues, minhas avós Alexandrina e Laurita, e

todos que acreditaram no meu potencial.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, a Deus por ter me dado as forças e sabedoria necessária, por

fazer morada em minha vida.

Á minha família, a meu pai, Antônio “in memoriam”, minha mãe, Marinalva, minha

irmã, Josiane, pelo apoio e por tudo que fizeram em minha vida.

Ao meu orientador, Prof. Lucas Mendes Scarpin, pela ajuda e auxilio nas dúvidas para

o desenvolvimento deste trabalho.

Aos meus colegas do curso de graduação pelo apoio dado no decorrer do curso e

companheirismo por parte de todos.

Aos meus amigos que não mediram esforços, quando solicitei ajuda, presente nos

momentos de alegria e tristeza da minha vida, em especial, Flávia Alves, Paloma Leite,

Franciély Costa, Geovane Leite, Renan D’Angelo, Rafael D’Angelo, Alex Junior, Tatiane

Oliveira, Tayná Oliveira, Alessandra Ferreira, Rafaela Trevisan, Bruna Martins, Tatiane

Martins.

Aos meus colegas de trabalho da Joatt Auto Mecânica, presentesnos 5 anos da minha

graduação.

A todos que confiaram no meu potencial.

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RESUMO

Para a construção de um motor de combustão interna é preciso desenvolver uma

avaliação dos parâmetros geométricos e dinâmicos, no intuito de se obter os melhores

resultados esperados para o projeto em questão. Este trabalho consiste na simulação numérica

de um motor similar aos utilizados na temporada 2015 da Fórmula-1. Diante disso, se busca

apresentar uma máxima potência, aliada a um consumo específico mínimo, que pode se obter

através da otimização das diversas variáveis envolvidas, como tempos das válvulas de

admissão e exaustão, avanços de injeção e ignição, relação de equivalência ar-combustível e

taxa de compressão. Além disso, vale ressaltar que o combustível empregado nas análises é o

etanol hidratado, reduzindo grande parte das emissões. Demostrando assim, após sua

otimização, valores dos parâmetros de funcionamento e o resultado final do rendimento e

desempenho do motor.

Palavras-chave: Motor de combustão interna, Diesel-RK, Fórmula-1, otimização, emissões.

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ABSTRACT

For the construction of an internal combustion engine it is necessary to develop pan

assessment of the geometric and dynamic parameters, in order to obtain the best results for the

project in question. This work consists of the numerical simulation of an engine similar the

season 2015 formula 1. That said, if you're looking to present a full power, combined

with a minimum specific fuel consumption, which can achie veth rough optimization

of several variables involved such as time on the intake and exhaust, advances of injection

and ignition, fuel-air equivalence ratio and compression ratio. In addition, it is worth

mentioning that the fuel employed in analyses is the hydrated ethanol, reducing much of

the emissions. Showing how, after its optimization, function parameter values and the

result of the efficiency and engine performance.

Keyword: internal combustion engine, Diesel-RK, formula-1, optimization, emissions.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

3D – três dimensões

AEAC – Álcool etílico anidro combustível

AEHC – Álcool etílico hidratado combustível

bmep – brake mean effective pressure (pressão média efetiva de eixo)

bsfc – brake specific fuel consumption (consumo especifico de combustível de eixo)

C – Comum

CI – compression ignition (ignição por compressão)

CO2–dióxido de carbono

cm³ -centímetro cúbico

cte – constante

DOHC – dupla árvore de comando sobre o cabeçote

EGR – exhaust gas recirculation (recirculação dos gases de escape)

EVC – exhaust valve closing (fechamento válvula de escape)

EVO – exhaust valve opening (abertura válvula de escape)

g/km – grama por quilometro

g/kWh – grama por quilo watt hora

GNV – gás natural veicular

GPL – gás liquefeito de Petróleo

H – entalpia

hp – houser power (cavalo vapor)

imep – indicated mean effective pressure (pressão média efetiva indicada)

IVC – intake valve closing (fechamento válvula de admissão)

IVO – intake valve opening (abertura válvula de admissão)

k – razão entre os calores específicos cp e cv do fluido ativo (1,35)

kg/kWh – quilograma por quilowatt hora

km – quilômetro

km/h – quilômetro por hora

kW – quilowatt

l – litros

m – massa

MGU-H – motor generator unit-heat (unidade geradora de potência-calor)

MGU-K – motor generator unit-kinetic (unidade geradora de potência-cinética)

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N.m – Newton metro

NOx – óxidos de nitrogênio

OHC – árvore de comando única sobre o cabeçote

p – pressão

PMI – ponto morto inferior

PMS – ponto morto superior

q – calor especifico

rpm – rotação por minuto

S – entropia

SI – spark ignition (ignição por centelha)

T – temperatura

U – energia interna

V – volume

V10 – 10 cilindros dispostos em V

Virabrequim – girabrequim, cambota ou árvore de manivelas

λ – fator lambda

θi – tempo de ignição

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Nikolaus Otto. .......................................................................................................... 14

Figura 2. Esquema turbocompressor. ...................................................................................... 15

Figura 3..Relação potência x ano ............................................................................................ 16

Figura 4. Relação rotação x ano. ............................................................................................. 16

Figura 5. Motor v12 acoplado a uma transmissão e 2 motores elétricos ................................ 17

Figura 6. Motor Energy F1 descodificado ............................................................................... 18

Figura 7. Gráfico p-V e T-S .................................................................................................... 19

Figura 8. Ciclo Diesel. ............................................................................................................. 20

Figura 9. Esquema de uma injeção direta ................................................................................ 22

Figura 10. Interface do software. ............................................................................................. 27

Figura 11. Gráfico gerado pelo software após scanning ......................................................... 28

Figura 12. Curva de potência em função da rotação do motor ................................................ 35

Figura 13. Curva de torque em função da rotação do motor ................................................... 35

Figura 14. Curva do bmep em função da rotação do motor .................................................... 36

Figura 15. Curva do imep em função da rotação do motor ..................................................... 37

Figura 16. Curva do requisito de octanagem em função da rotação do motor ........................ 37

Figura 17. Curva do consumo específico em função da rotação do motor. ............................ 38

Figura 18. Curva da eficiência mecânica em função da rotação do motor.............................. 38

Figura 19. Curva da eficiência do motor em função da rotação do motor. ............................. 39

Figura 20. Curva da emissão de NOx em função da rotação do motor. .................................. 39

Figura 21. Curva da massa de combustível em função da rotação do motor. ......................... 40

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Dados de entrada do motor ...................................................................................... 26

Tabela 2. Primeira simulação .................................................................................................. 30

Tabela 3. Definição da razão de compressão........................................................................... 31

Tabela 4. Valores do fator lambda para cada rotação .............................................................. 32

Tabela 5. Tempo de ignição para cada rotação........................................................................ 32

Tabela 6. Tempo de injeção para cada rotação ........................................................................ 33

Tabela 7. Valores dos tempos de válvulas ............................................................................... 33

Tabela 8. Valores da simulação final ....................................................................................... 34

Tabela 9. Dados finais obtidos pela otimização ...................................................................... 41

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SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................................... 14

1.1. Breve histórico .............................................................................................................. 14

1.2. Ciclos de funcionamento .............................................................................................. 19

1.2.1. Ciclo de ignição por centelha ............................................................................... 19

1.2.2. Ciclo de ignição por compressão .......................................................................... 20

1.3. Injeção direta ................................................................................................................ 21

2. Objetivo ...............................................................................................................................23

3. Revisão Bibliografica .........................................................................................................24

4. Materiais e metódos ............................................................................................................ 26

4.1. Dados iniciais ............................................................................................................... 26

4.2. DIESEL-RK ................................................................................................................. 26

4.3.Metodologia ................................................................................................................... 28

5. RESULTADOS ................................................................................................................... 30

5.1. Otimização dos parâmetros .......................................................................................... 30

5.1.1. Razão de compressão ........................................................................................... 31

5.1.2. Lambda (λ) ........................................................................................................... 31

5.1.3. Tempo de ignição (θi) ........................................................................................... 32

5.1.4. Tempo de injeção.................................................................................................. 32

5.1.5. Tempos de válvulas .............................................................................................. 33

5.2. Resultados obtidos através da otimização dos parâmetros ........................................... 33

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6. Conclusão. ........................................................................................................................... 42

7. Bibliografia .......................................................................................................................... 43

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1. INTRODUÇÃO

1.1. Breve histórico

Os motores de combustão interna, são máquinas térmicas e fazem a transformação de

energia térmica em mecânica. Sem muitos registros da época, a quem dizem que por volta de

1650 haviam experimentos de motores de combustão utilizando a pólvora como combustível.

Robert Street criou uma máquina de pistão trabalhando com mistura de aguarrás e ar e

o patenteou em 1794, seguido alguns anos em 1805 foi produzido um motor a gás de carvão

por Isaac de Rivaz, estes motores são conhecidos como motores de combustão interna

atmosférico. Em 1861 Jean Lenoir, utilizou dos mesmos princípios de Street e Rivaz e

produziu e comercializou os primeiros motores de combustão interna. O motor de Lenoir

produzia cerca de 1 kW de potência, sendo ele de dupla ação contendo 2 câmaras de

combustão.

Em 1876 Nikolaus Otto desenvolveu um motor de 4 tempos, tornando assim o

pioneiro desta técnica. Este motor utilizava um carburador de pavio para realizar a mistura

ar/combustível. Diante disso, a Figura 1 ilustra o motor descrito. O alemão Rudolf Diesel,

através de diversos experimentos e estudos, criou o chamado hoje como motor diesel. Tem

princípios de funcionamento similar ao de Otto, com algumas diferenças, como a mistura do

ar com o combustível, e a forma de ignição. O ciclo criado por Diesel, a combustão era gerada

pela compressão, já de Otto fazia o uso de uma faísca elétrica (VARELLA, 2015).

Figura 1. Nikolaus Otto.

Fonte: BRUNETTI (2012).

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Ao longo dos anos houve a evolução dos motores de combustão interna, tanto na

potência quanto no consumo. Na mistura do combustível saímos dos motores carburados para

os de injeção em 1951 trazendo um aumento de 14% na potência dos motores, o tipo de

injeção era mecânico e direto (para dentro da câmara de combustão), a partir desta evoluiu a

injeção indireta mecânica. O K-Jetronic era um sistema de injeção mecânico e foi introduzido

pela Bosch até 1973.

Em 1957 surgiu a injeção eletrônica analógica e a partir dos anos 80 criou-se a injeção

eletrônica digital, com intuito de se promover a diminuição da emissão de gases poluentes.

Outra evolução foi com relação aos motores multiválvulas, pois com um número maior de

válvulas por cilindro (exemplo de 3, 4 ou 5 ao invés de 2), foi possível melhorar o rendimento

dos motores, gerando aumento de potência e, consequentemente, redução no consumo de

combustível.

No mercado atual dos motores está sendo adotado as multiválvulas, tanto nos motores

flex (gasolina e/ou etanol) quanto nos Diesel. Têm-se uma tendência de que, ao passar dos

anos, grande parte dos motores automotivos comecem a ser produzidos com multiválvulas no

cabeçote. O turbocompressor, conforme a Figura 2, é outro sistema que faz parte da evolução

automotiva, proporcionando uma potência maior aos motores e, portanto, melhorando seus

rendimentos.

Figura 2. Esquema de um turbocompressor.

Fonte: SUPERSTREE (2015).

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Na Fórmula 1, onde pode-se observar motores com elevada potência e tecnologia

embarcada, até 1965 os motores possuíam uma cilindrada de 1,5l, tendo assim uma potência

abaixo de 200 hp. Ao passar dos anos, chegou a 400 hp com 3,0 l de cilindrada, em 1966. Nos

anos 70 e 80 implantaram os motores turbo carregados, reduzindo a cilindrada para 1,5 l,

novamente, proporcionando um aumento da potência, chegando a 950 hp em 1988.

Porém os motores turbos carregados apresentavam um consumo maior, onde

começaram a surgir certas restrições quanto a esse fator e, consequentemente, esses passaram

a não ser mais utilizados. Em 1995 era novamente de 3,0 l, porém sua potência era de 700 hp,

e continuou aumentando ao longo dos anos, chegando a quase 1.000 hp de potência em 2005,

como ilustrado na da Figura 3. O aliado deste aumento de potência foi a rotação alcançada,

que chegou a ultrapassar os 21.000 rpm, como pode ser visto na Figura 4.

Figura 3. Relação da potência em função do ano de aplicação.

Fonte: Martins (2013).

Figura 4. Relação da rotação em função do ano de aplicação.

Fonte: Martins (2013).

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Na construção de um motor de combustão interna, um grande desafio é aliar a

potência ao menor consumo possível, além da redução nas emissões de gases poluentes. Com

tanta tecnologia, os sistemas de injeção são capazes de regular um motor, superando estes

desafios. Atualmente, a principal evolução foi o desenvolvimento da injeção direta em

motores de ignição por centelha, a qual proporciona uma menor produção de poluentes e do

consumo de combustível, pois este sistema permite um melhor controle da combustão,

podendo ser empregado em veículos de uso no dia-a-dia quanto em motores de competição.

Os veículos híbridos, como demostrado na Figura 5, se faz uso de duas fontes

energéticas, usualmente um motor elétrico em conjunto com um motor de combustão interna.

A história dos veículos elétricos (híbridos) começou a ser contada por volta de 1.880, quando

o inglês David Salomons lançou os primeiros modelos. Na época, esses modelos de veículos

elétricos geravam um bom desempenho, poucos ruídos, porém, sua autonomia era baixa

(²BRUNETTI, 2012).

Os veículos híbridos ganharam ainda mais importância nos anos 70, 80 e 90, onde

surgiram várias argumentações sobre o uso do petróleo nos motores, influenciando o

desenvolvimento dos motores elétricos. Existiam diversos argumentos naquela época, sendo

que um deles afirmava que se o petróleo fosse queimado nas usinas termoelétricas seria mais

eficiente que ao invés de ser empregado nos motores de combustão interna.

Figura 5. Motor V12 acoplado a uma transmissão e 2 motores elétricos.

Fonte: RODRIGUEZ (2012).

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Nos dias atuais, em vários países do mundo é possível existir várias maneiras, por

parte do governo, incentivando a produção e uso dos veículos híbridos, como uma forma de

aumentar o número de veículos nas ruas, obtendo menores emissões e maior economia de

combustível.

Em 2014, no mundo tecnológico e potente da Fórmula 1, começou a surgir veículos

híbridos, conforme mostra a Figura 6. Neste ano, os propulsores híbridos dessa categoria

apresentam cilindrada de 1,6 l, turbocompressor, injeção direta, alcançando 850 hp de

potência e rotação máxima de 15.000 rpm, utilizando a gasolina como combustível de

trabalho e faz-se o uso de duas unidades geradoras de potência.

A MGU-K (unidade geradora de potência-cinética) está acoplada ao eixo do

virabrequim do motor, a qual recupera a energia cinética dissipada pelos freios nos momentos

de freada e transforma em eletricidade, a carga é limitada pelo regulamento e pode-se gerar no

máximo 120 kW ou 160 hp.

Além disso, a MGU-K é acionada pela a MGU-H, nos momentos de aceleração do

veículo. Neste caso, a MGU-H (unidade geradora de potência-calor) é conectada ao eixo do

turbocompressor, absorvendo o torque gerado pelo eixo da turbina e, com isso, convertendo a

energia térmica em elétrica. Por fim, essa potência elétrica pode ser direcionada a MGU-K ou

às baterias.

Figura 6. Motor Energy-F1 descodificado.

Fonte: RENAULT (2015).

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Vale ressaltar que a MGU-H também é usada para controlar a rotação da turbina e

equalizar a demanda de ar para o interior do motor, podendo atuar como uma válvula de

escape, diminuindo essa velocidade ou aumentando os giros para eliminar o atraso da resposta

da turbina, ou seja, o intervalo caracterizado entre a ordem de aumentar a pressão e a resposta

da turbina (RENAULT, 2015).

1.2. Ciclos de funcionamento

Nesta seção serão apresentados os ciclos de quatro cursos de ignição por centelha e o

ciclo de ignição por compressão. Diante disso, serão apresentados os diagramas de pressão em

função do volume geométrico no interior da câmara de combustão, além da descrição de todos

os eventos envolvidos.

1.2.1. Ciclo de ignição por centelha - Otto

O ciclo de ignição por centelha teórica é caracterizado por quatro processos

termodinâmicos, conforme apresentado na Figura 7. Adicionalmente, serão descritos cada um

dos processos envolvidos.

Figura 7. Ciclo de ignição por centelha teórico – Otto.

Fonte: ¹BRUNETTI (2012).

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Processo 1-2: compressão adiabática e reversível e, consequentemente,

isoentrópica, da mistura ar-combustível que foi admitida para o interior do cilindro.

Neste processo, o trabalho realizado é negativo e todas as válvulas do motor se

encontram fechadas;

Processo 2-3: combustão instantânea, ou seja, ocorre sem a variação do volume

geométrico do motor, promovida por uma centelha no interior da câmara de

combustão. Vale destacar que, ao final desse evento, tem-se o maior nível de

pressão e temperatura do ciclo;

Processo 3-4: expansão motora adiabática e reversível e, consequentemente,

isoentrópica. Neste processo se avalia o trabalho gerado pelo ciclo, pois ocorre

geração de potência;

Processo 4-1: exaustão dos produtos de combustão, que ocorre por meio da abertura

da válvula de exaustão, aliado ao movimento do pistão.

1.2.2. Ciclo de ignição por compressão - Diesel

Assim como o anterior, o ciclo de ignição por compressão teórico pode ser

caracterizado por seis processos termodinâmicos, conforme apresentado na Figura 8. A

seguir, serão descritos cada um dos processos envolvidos.

Figura 8. Ciclo Diesel

Fonte: Adaptado de UFRGS.

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Processo 6-1: admissão de ar na câmara de combustão, a pressão constante, onde as

válvulas de admissão permanecem abertas, enquanto que as de exaustão estão

fechadas;

Processo 1-2: compressão adiabática e reversível e, consequentemente,

isoentrópica, do ar atmosférico que foi admitido para o interior do cilindro. Neste

processo, o trabalho realizado é negativo e todas as válvulas do motor se encontram

fechadas;

Processo 2-3: nesta etapa se inicia a injeção de combustível que, em contato com o

ar comprimido, o qual apresenta elevados níveis de pressão e temperatura, se inicia

a combustão da mistura ar-combustível. Ainda neste processo, todas as válvulas

permanecem fechadas;

Processo 3-4: expansão motora adiabática e reversível e, consequentemente,

isoentrópica. Neste processo se avalia o trabalho gerado pelo ciclo, pois ocorre

geração de potência de eixo;

Processo 4-5: blowdown ou descompressão rápida do cilindro, onde se inicia a

abertura da válvula de escape e, com isso, a expulsão parcial dos produtos de

combustão, em função do gradiente de pressão;

Processo 5-6: exaustão dos produtos de combustão, a qual ocorre a uma pressão

constante. Neste evento, as válvulas de escape permanecem abertas liberando os

gases da queima para o escapamento do veículo. Após o fim deste processo inicia-

se um novo ciclo.

1.3. Injeção direta

O sistema de injeção direta nos motores de combustão interna corresponde a uma

tecnologia que busca a redução do consumo de combustível e, por consequência, elevação na

eficiência do motor. Os motores que utilizam injeção direta, durante o evento de admissão

ocorre a indução de apenas ar atmosférico, ao contrário dos motores com injeção na porta, que

admitem uma mistura ar-combustível homogênea.

Antes do início do evento de combustão os motores com injeção direta promovem a

pulverização do combustível atomizado sobre a cabeça do pistão, como visto na Figura 9, a

uma pressão em torno de 200,0 bar, de acordo com o veículo e/ou sistema. Diante disso, o

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combustível se associa ao ar no interior do cilindro e, em seguida, ocorre a combustão e a

expansão motora.

Figura 9. Esquema de uma injeção direta.

Fonte: Oficina Brasil (2011).

Para que se possa atingir alta pressão no sistema de injeção direta, faz-se o uso de uma

bomba de alta pressão, a qual é acionada pelos componentes móveis do motor, através da

correia ou corrente de distribuição, ou até mesmo pelo comando de válvulas, estando assim

sincronizado ao funcionamento do motor, determinando a pressão de trabalho em cada

instante.

A injeção direta de combustível proporciona grandes vantagens em comparação a

injeção indireta (injeção na porta), tais como, desenvolvimento de motores com maior taxa de

compressão, gerando melhor resposta nas acelerações, elevada eficiência volumétrica, baixo

índice de emissões, menor consumo de combustível e maiores potência.

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2. OBJETIVO

O presente trabalho tem como objetivo otimizar o desempenho de um motor de

combustão interna, cujos parâmetros geométricos e de funcionamento são próximos aos de

um motor empregado na Fórmula 1 atual, operando com etanol hidratado. Para isso, será

empregado o software DIESEL-RK, com o intuito de se alcançar os melhores níveis de torque

e, consequentemente, potência, respeitando sempre os patamares de emissão de poluentes e

requisito de octanagem.

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4. REVISÃO BIBLIOGRAFICA

É possível encontrar diversos trabalho em relação a simulação e dimensionamento de

motores de combustão interna, visando, na maioria das vezes, a redução dos níveis de

emissões de poluentes e o baixo consumo de combustível. Diante disso, será apresentado uma

breve revisão bibliográfica a respeito do assunto.

Gonçalves (2008) dimensionou um motor similar aos utilizados na Shell Eco –

Marathon, cuja ideia proposta era minimizar o consumo de combustível. Verificou e analisou

resultados experimentalmente, através da variação de parâmetros de entrada, propriedades de

combustão de combustível, tempos de injeção e abertura de válvulas por meio de um motor de

31,65 cm³ (ME165). Utilizou um programa para simulação e otimização dos parâmetros,

sendo utilizado o “4SSI”. Apresentou através de um software a projeção de um êmbolo e o

melhor material para sua fabricação, concluindo que seja a liga de alumínio A390 – TS. Na

sua conclusão os objetivos foram atingidos, tendo uma melhoria no consumo de 30%. A

melhoria de consumo se deve as alterações arquitetônicas do motor e as melhorias

termodinâmicas, utilizando o ciclo de Atkison. Foi citado a redução de atrito das partes

móveis através da forma de lubrificação trazendo assim ganhos na diminuição do consumo de

combustível.

Carvalho (2011) analisou o funcionamento de um motor de combustão interna 1.4 l

utilizando diferentes tipos de combustível. A análise foi realizada através de ensaios

experimentais por meio de um dinamômetro de bancada, comparando o desempenho de

torque e potência. Os combustíveis utilizados nestes ensaios foram, o gás natural veicular

(GNV), gasolina comum brasileira (Tipo C), álcool etílico anidro combustível (AEAC),

álcool etílico hidratado combustível (AEHC), uma mistura E50 contendo 50% de gasolina

pura e 50% de álcool anidro (AEAC) e a mistura E75 com 75% de álcool anidro (AEAC) e

25% de gasolina pura. Abordou-se características importantes dos combustíveis utilizado no

motor, as emissões de gases, fatores de projetos, conceitos termodinâmicos como a entropia,

irreversibilidade, exergia e a aplicação da 1ª e 2ª lei da termodinâmica para motor de

combustão interna. Os seus resultados mostram a eficiência de cada combustível, e os que

obtiveram melhores resultados foram os álcool anidro e hidratado (AEAC e AEHC), o GNV

por sua vez apresentou o pior desempenho, ambas em relação a potência e torque do motor, a

uma determinada faixa de rotação. Outra relação importante foi as emissões de CO2,

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observando que o GNV foi o combustível que menos emitiu o CO2 ao meio ambiente, ao

contrário da gasolina que teve um percentual maior de emissões.

Ribeiro (2013), apresentou um modelamento computacional de um motor de

combustão interna Diesel, utilizando da modelagem termodinâmica 0-D. Foram utilizados os

softwares Soliworks, Ansyse e Matilab, desenvolveu um modelamento prevendo o

funcionamento correto de um motor combinando da transferência de calor, vazamento e

injeção, estudo de escoamento nos quatros tempos de funcionamento. Determinou a

temperatura e pressão para cada ângulo de manivela, com o modelo 3D apresentou o ciclo

completo do escoamento do ar no motor.

Millem (2015), utilizou do software Diesel – RK na simulação de um motor marítimo,

sua principal ideia era comparar os resultados obtidos através do software com os obtidos de

uma bancada de teste a fim de testa a confiabilidade do software. Relata em seu trabalho uma

das questões mais discutidas hoje, a emissão de poluentes, analisando o desenvolvimento de

projetos dos motores de combustão interna, como sendo essencial reduzir as emissões dos

gases poluentes. Os dados inseridos no software Diesel – RK, foram coletados dos fabricantes

do motor e principalmente de manuais disponíveis. Realizou simulações computacionais e

comparado com os experimentais, utilizando de diferentes cargas nominais, afim que os

resultados fossem semelhantes, com o propósito de que o software venha a ser eficaz no seu

uso. Para a realização deste trabalho utilizou-se um motor MAN Innovator 4C, em seus

resultados apresentou gráficos e tabelas com dados experimentais e computacionais para

diferentes porcentagem de carga deste motor. Com 100% da carga, em relação a potência por

exemplo, experimentalmente apresentou 500 kW, e através do software 451,45 kW uma

diferença de 9,71%. Realizou-se um total de 114 simulações, chegando a conclusão com os

dados obtidos de que o software possui precisão satisfatória, podendo assim ser utilizado para

teste em laboratórios.

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4. MATERIAIS E METÓDOS

4.1. Dados iniciais

Os parâmetros iniciais de entrada foram obtidos através de algumas informações dos

motores de Fórmula-1, mais precisamente do motor Energy F1 da Renault, utilizado nas

equipes Red Bull Racing e Scuderia Toro Rosso.

Os dados obtidos para inicialização da otimização seguem descritos na Tabela 1, os

quais foram inseridos no software Diesel-RK e, por consequência, foi possível iniciar as

análises de desempenho, visando uma correlação entre redução nos níveis de emissão e

elevação do rendimento térmico, por meio do aumento do torque e potência, associados à

redução do consumo de combustível.

Tabela 1. Dados de entrada do motor.

Cilindrada 1,6 l

Rotação máxima 15.000 rpm

Rotação nominal ¹ 10.000 rpm

Número de cilindros 6

Número de válvulas por cilindro 4

Arquitetura do motor V a 90°

Diâmetro do cilindro (b) 80 mm

Curso do pistão (S) 50 mm

Taxa de compressão ¹ 15:1

Sistema de injeção de combustível Direta

Combustível utilizado ¹ Etanol

Turbocompressor Sim

¹ - definido pelo autor

Fonte: RENAULT (2015).

4.2. DIESEL-RK

O DIESEL-RK foi o software utilizado na otimização dos parâmetros deste motor. O

desenvolvimento do software DIESEL-RK, visto na Figura 10, se iniciou em 1981, na

Universidade Técnica Estatal Bauman de Moscou. O software é utilizado na otimização de

combustão diesel, análise de motor de combustão interna e otimização. Trata de um software

russo, o download é livre e não necessita de licença para utilização. A utilização deste

software é por meio de uma ligação com seu serviço, é necessário ter rede de internet para sua

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utilização. Quanto o tempo de processamento é variável, cerca de 3 segundos ou até mesmo 2

minutos, sem ter tempo fixo (DIESEL-RK, 2015).

Figura 10. Interface do software.

Fonte: DIESEL-RK (2015).

As principais aplicações do Diesel-RK têm relação com:

Curva de torque e outras performances dos motores;

Previsão de consumo de combustível e de otimização;

Análise e otimização das emissões;

Análise e otimização do sistema EGR;

Otimização do(s) comando(s) de válvulas;

Pesquisa e otimização da injeção de combustível, incluindo injeção na porta e

injeção direta.

O programa pode ser utilizado no modelamento de motores de ignição por compressão

(CI), motores de ignição por centelha (SI), tanto de dois como de quatro cursos. Possibilita a

simulação e modelamento de motores com diversas formas geométricas e números de pistões,

como exemplo quatro cilindros em linha, V6, V8, radial, cilindros opostos, dentre outros.

Contudo, o programa Diesel-RK possibilita simular o trabalho de qualquer tipo de motor de

combustão interna, obtendo alta precisão nos resultados.

O modo ICE é uma maneira fácil e rápida para se calcular os valores de todos

parâmetros de funcionamento de um motor. Uma vez inserido os dados de entradas ou após

otimização desses dados, é necessário avaliar o desempenho do motor através da execução do

modo ICE e, com isso, é possível obter os valores de tais parâmetros.

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Para poder buscar o melhor rendimento de um motor otimizado, é preciso calcular

diversos parâmetros e suas variáveis, apresentando extensos cálculos. No modo scanning do

software, é possível selecionar uma variável a ser avaliada, dentro de um determinado

intervalo e, em seguida, promover um escaneamento. Com isso, é possível traçar gráficos,

onde se têm os valores da variável analisada na abcissa e, consequentemente, outro parâmetro

escolhido pelo projetista na ordenada. Esse modo favorece a observação do comportamento

da variável, possibilitando a otimização da mesma (DIESEL-RK, 2015)

4.3.Metodologia

Neste tópico será descrita uma metodologia de como foram desenvolvidos os passos

para se alcançar os resultados. No primeiro passo, foi realizado um ICE com os dados iniciais

e, por isso, é possível observar os resultados para essa configuração inicial. O passo seguinte é

um escaneamento de determinada variável a ser otimizada e, consequentemente, foi possível

plotar os gráficos, como mostrados na Figura 11.

Para se alcançar os melhores valores dessa variável, através do escaneamento, eram

comparados os gráficos de “torque x parâmetro a ser otimizado”, com o gráfico “octanagem x

parâmetro a ser otimizado”, buscando sempre o máximo torque possível, sem ultrapassar o

valor máximo de requisito de octanagem do combustível.

Figura 11. Gráfico gerado pelo software após scanning.

Fonte: DIESEL-RK (2015).

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Após o escaneamento, realiza-se na maioria dos casos uma alteração do valor da

variável, a fim de se enxergar uma melhora no desempenho do motor. Com isso, se altera o

valor do parâmetro e, em seguida, executa o projeto em modo ICE, obtendo a melhor em

função das alterações. Os passos citados anteriormente foram seguidos para todas variáveis a

serem ajustadas nesta otimização.

De maneira simplificada o passo a passo da otimização será descrito abaixo.

1º passo: ICE dos dados iniciais.

2º passo: Scanning de uma variável.

3º passo: Alteração do valor da variável.

4º passo: ICE e verificação da melhora.

5º passo: Scanning 2.

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5. RESULTADOS

Após a realização do passo-a-passo utilizado para otimização deste motor, é possível

observar os resultados obtidos. Neste capítulo esta introduzido os valores obtidos para cada

variável otimizada. Inserindo também os valores adquiridos sem otimização correspondente

ao ICE 0, e os valores otimizados por duas vezes inseridos no ICE 1 e no ICE 2.

5.1. Otimização dos parâmetros

A partir da inserção dos dados de entrada no software Diesel-RK e, em seguida,

aplicando a primeira simulação, os primeiros valores de todos os parâmetros de

funcionamento foram alcançados, os quais seguem listados na Tabela 2, em função da faixa

de rotação analisada.

Tabela 2. Primeira simulação.

Rotação [rpm] 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

Potência [kW] 53,428 119,58 185,82 207,88 215,74 187,98 120,77

Torque [N.m] 255,12 285,51 295,76 248,15 206,03 149,60 76,891

bmep [ba]) 21,258 23,791 24,645 20,678 17,168 12,466 6,4071

imep [bar] 22,776 25,879 27,545 24,200 21,296 17,179 11,383

Octanagem [octanas] 152,29 131,09 120,53 103,41 89,953 76,858 59,077

bsfc [kg/kWh] 0,43189 0,39112 0,38663 0,39743 0,41556 0,46010 0,59369

Eficiência mecânica 0,93338 0,91931 0,89473 0,85447 0,80615 0,72567 0,56285

Eficiência do motor 0,33342 0,36817 0,37245 0,36232 0,34652 0,31298 0,24255

Emissão de NOx [g/kWh] 9,6939 9,6594 9,2989 8,7661 7,6077 7,2168 6,7570

Massa de combustível 0,06410 0,06496 0,06652 0,05737 0,04981 0,04004 0,02656

Fonte: Próprio autor.

A partir desta primeira simulação, o passo seguinte foi desenvolvido com o objetivo de

se analisar e otimizar os diferentes parâmetros de funcionamento do motor. Sendo esses

parâmetros de otimização referentes aos tempos de abertura e fechamento das válvulas de

admissão e escape (EVO, EVC, IVO, IVC), o lambda (λ), a razão de compressão, o tempo de

ignição e o tempo de injeção para cada faixa de rotação, respeitando sempre o limite de 110

octanas referente ao etanol hidratado.

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5.1.1. Razão de compressão

A primeira simulação realizada foi em relação a razão de compressão. O valor inicial

da razão de compressão utilizado foi referente a 15. Com a otimização realizada a partir do

software, é possível verificar um melhor desempenho tanto no torque quanto na potência

deste motor considerando a diminuição do consumo especifico, com uma razão de

compressão igual a 18, visto na faixa de 10.000 rpm, conforme valores descritos na Tabela 3.

Vale ressaltar que alguns valores obtidos podem ser alterados, levando em consideração

sempre um melhor desempenho, aliado às emissões e ao consumo específico.

Tabela 3. Definição da razão de compressão.

Razão de compressão 15 18

Potência [kW] 215,74 219,16

Torque [N.m] 206,03 209,30

bmep [bar] 17,168 17,441

imep [bar] 21,296 21,663

Requisito de octanagem [octanas] 89,953 95,894

Consumo específico [kg/kWh] 0,41556 0,40571

Eficiência mecânica 0,80615 0,80507

Eficiência do motor 0,34652 0,35493

Emissão de NOx [g/kWh] 7,6077 8,0510

Massa de combustível 0,04981 0,04940

Fonte: Próprio autor.

5.1.2.Lambda (λ)

Os motores de Fórmula-1tratam-se de modelos dinâmicos, com parâmetros variáveis

para qualquer faixa de rotação. O fator lambda (λ) é definido como a relação ar/combustível

real, pela ideal. A razão real corresponde à admitida para o interior do cilindro e a ideal é

denominada proporção estequiométrica. A utilização do fator lambda caracteriza os tipos de

misturas, para diferentes tipos de combustível.

Quando o valor de λ for igual a 1, se refere a uma mistura estequiométrica. Por outro

lado, quando esse valor for menor que a unidade (λ<1) tem-se uma mistura rica, ou seja, com

um excedente de combustível, se comparado ao necessário para uma queima estequiométrica.

Por fim, quando se tem um valor maior que a unidade (λ>1), consiste em uma mistura pobre,

ou seja, um teor menor de combustível, se comparado à proporção estequiométrica.

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A seguir, a Tabela 4 apresenta os valore de λ otimizados para a operação do motor, ao

longo de toda a faixa de rotação. Os valores descritos na iteração ICE 0 são referentes aos da

simulação inicial do trabalho. Os valores da iteração ICE 1representama primeira otimização

realizada neste motor, para cada faixa de rotação. Já os valores do ICE 2 correspondem a uma

melhoria realizada, com uma nova iteração, otimizando cada parâmetro.

Tabela 4. Valores do fator lambda para cada rotação.

Rotação [rpm] 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

Fator

Lambda

(λ)

ICE 0 1 1 1 1 1 1 1

ICE 1 0,9 0,6 0,6 0,7 0,7 0,7 0,7

ICE 2 - 0,7 0,7 - - 0,7 -

Fonte: Próprio autor.

5.1.3. Tempo de ignição (θi)

O tempo de ignição é referente ao instante em que ocorre a centelha, para que a

mistura ar-combustível entre em combustão, gerando potência neste motor. A Tabela 5,

demostra os valores de cada tempo de ignição, para cada faixa de rotação. Lembrando-se de

que o ICE 0 é referente à iteração inicial e o ICE 2 referente à otimização, onde se alcançaram

os melhores resultados. É possível observar que quanto maior a faixa de rotação, maior é o

valor obtido do tempo de ignição.

Tabela 5. Tempo de ignição para cada rotação.

Rotação [rpm] 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

Tempo de

ignição (θi)

ICE 0 25 25 25 25 25 25 25

ICE 1 5 10 15 15 23 23 26

ICE 2 - 7 12 15 20 25 -

Fonte: Próprio autor.

5.1.4. Tempo de injeção

Outro parâmetro otimizado foi o tempo de injeção, por se tratar de um sistema de

injeção direta é necessário saber o momento certo para pulverização do combustível na

câmara de combustão. Na Tabela 6 é definido o tempo de injeção otimizado para cada faixa

de rotação sendo o ICE 2 os melhores resultados obtidos.

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Tabela 6. Tempo de injeção para cada rotação.

Rotação [rpm] 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

Tempo

de

injeção

ICE 0 60 60 60 60 60 60 60

ICE 1 40 80 80 120 90 100 100

ICE 2 - 68 70 90 - 95 120

Fonte: Próprio autor.

5.1.5. Tempos de válvulas

Neste passo foi definido o ângulo da árvore de manivelas para a abertura e o

fechamento de cada válvula, conforme descrito na Tabela 7, sendo que:

EVO representa a abertura das válvulas de escape;

EVC representa o fechamento da válvula de escape;

IVO define a abertura das válvulas de admissão;

IVC define o momento que se fecha as válvulas de admissão.

Tabela 7. Valores dos tempos de válvulas.

Rotação [rpm]

2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

EVO

[° antes do PMS]

ICE 0 60 60 60 60 60 60 60

ICE 1 100 70 70 95 95 104 128

ICE 2 90 72 83 83 94 - -

EVC

[° depois do PMI]

ICE 0 26 26 26 26 26 26 26

ICE 1 85 63 63 78 78 76 65

ICE 2 - 95 79 79 84 - -

IVO

[° antes do PMS]

ICE 0 26 26 26 26 26 26 26

ICE 1 20 25 30 65 65 43 72,5

ICE 2 17 44 72 72 58 - -

IVC

[° depois do PMI]

ICE 0 33 33 33 33 33 33 33

ICE 1 20 20,5 20,5 40 40 67 82

ICE 2 - 32 65 55 66 - -

Fonte: Próprio autor.

5.2. Resultados obtidos através da otimização dos parâmetros

Após a otimização dos parâmetros definidos neste trabalho, foi realizado várias

iterações para cada faixa de rotação. Por meio do ICE 0, são dados definido da primeira

simulação, sem as devidas otimizações. No ICE 1, foram inseridos os dados obtidos pela

primeira iteração, para o tempo de ignição, tempo de injeção, fator lambda, abertura e

fechamento das válvulas na iteração ICE 1, mostrado nas Tabelas anteriores. Através do ICE

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2 se pode enxergar um refinamento dos dados, em função de uma dada melhoria para este

motor. A Tabela 8 demonstra os resultados obtidos para cada faixa de rotação analisada.

Tabela 8. Valores simulação final.

Rotação [rpm] 2.000 4.000 6.000 8.000 10.000 12.000 15.000

Potência [kW]

ICE 0 53,428 119,58 185,82 207,88 215,74 187,98 120,77

ICE 1 45,179 135,41 208,61 290,90 271,79 382,44 368,29

ICE 2 48,781 146,63 231,5 315,11 366,03 384,94 374,03

Torque [N.m]

ICE 0 255,12 285,51 295,76 248,15 206,03 149,60 76,891

ICE 1 215,73 323,28 332,03 347,26 259,56 304,36 234,48

ICE 2 232,93 350,08 368,47 376,16 349,56 306,35 238,13

bmep

[bar]

ICE 0 21,258 23,791 24,645 20,678 17,168 12,466 6,4071

ICE 1 17,976 26,938 27,667 28,936 21,629 25,361 19,538

ICE 2 19,409 29,172 30,703 31,345 29,128 25,527 19,843

imep

[bar]

ICE 0 22,776 25,879 27,545 24,200 21,296 17,179 11,383

ICE 1 18,898 28,885 30,399 32,089 25,194 30,152 24,546

ICE 2 20,410 31,036 33,271 35,011 33,381 30,314 24,688

Requisito

octanagem

(octanas)

ICE 0 152,29 131,09 120,53 103,41 89,953 76,858 59,077

ICE 1 107,35 109,90 109,77 105,48 99,184 109,76 96,031

ICE 2 109,79 109,95 109,70 109,75 109,81 109,74 97,149

Consumo

específico

[kg/kWh]

ICE 0 0,4319 0,3911 0,3866 0,3974 0,4156 0,4601 0,5937

ICE 1 0,4766 0,6048 0,5793 0,4625 0,4537 0,4613 0,4944

ICE 2 0,4628 0,4845 0,4603 0,4567 0,4511 0,4582 0,4986

Eficiência

mecânica

ICE 0 0,9334 0,9193 0,8947 0,8545 0,8061 0,7257 0,5628

ICE 1 0,9512 0,9326 0,9101 0,9017 0,8585 0,8411 0,7960

ICE 2 0,9510 0,9399 0,9228 0,8953 0,8726 0,8421 0,8037

Eficiência do

motor

ICE 0 0,3334 0,3682 0,3724 0,3623 0,3465 0,3130 0,2425

ICE 1 0,3021 0,2381 0,2486 0,3114 0,3173 0,3122 0,2913

ICE 2 0,3112 0,2972 0,3128 0,3153 0,3192 0,3143 0,2888

Emissões de

NOx [g/kWh]

ICE 0 9,6939 9,6594 9,2989 8,7661 7,6077 7,2168 6,7570

ICE 1 0,0720 3.10−4 0,0009 0,0071 0,0373 0,0524 0,0439

ICE 2 0,0891 0,0005 0,0020 0,0080 0,0290 0,0522 0,0495

Massa de

combustível

[g]

ICE 0 0,0641 0,0650 0,0665 0,0574 0,0498 0,0400 0,0266

ICE 1 0,0598 0,1137 0,1119 0,0934 0,0685 0,0817 0,0674

ICE 2 0,0627 0,0986 0,0987 0,0999 0,0917 0,0816 0,0691

Fonte: Próprio autor

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Em seguida, as Figuras de 12 a 21 apresentam o comportamento dos parâmetros

otimizados no ICE 1 e ICE 2 e com o não otimizado expresso no ICE 0, apresentados na

Tabela 8, em função da faixa de rotação.

Figura 12. Curva de potência em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

Conforme demonstra na Figura 12, é possível analisar o aumento da potência deste

motor conforme se otimizava, levando em consideração toda faixa de rotação. Note que

conforme aumenta se a rotação tem o aumento da potência, desconsiderando a rotação de

12.000 rpm onde à uma queda de potência, levando em consideração a curva do ICE 2.

Figura 13. Curva de torque em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Po

tên

cia

[kW

]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

0

50

100

150

200

250

300

350

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2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

To

rqu

e [N

.m]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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36

Na Figura 13 é possível verificar a comparação do torque para cada ICE. Note que no

ICE 0 o torque máximo alcançado era de aproximadamente 300 N.m a uma rotação de 6.000

rpm. Já com as devidas otimizações realizadas o torque máximo encontrado no ICE 2 é de

aproximadamente 375 N.m em uma rotação de 8.000 rpm. Tendo em vista um aumento no

torque após ser otimizado, seguindo o que foi descrito no objetivo do trabalho.

Figura 14. Curva do bmep em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

A pressão média efetiva de eixo (bmep) expressada graficamente na Figura 14 tem se

uma curva nas três ICE similar a curva do torque. É possível verificar também um aumento

nesta pressão após a otimização das variáveis. Tendo um aumento de aproximadamente 27%

em relação a pressão máxima no ICE 0 com a pressão máxima do ICE 2.

Na Figura 15 demonstra a curva da pressão média indicada de eixo, podendo ser

comparada o aumento da ou diminuição da pressão em relação a faixa de rotação. Analisando

também o aumento desta pressão após a otimização das variáveis.

0

5

10

15

20

25

30

35

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

bm

ep [

bar

]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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Figura 15. Curva do imep em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

Figura 16. Curva do requisito de octanagem em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

O requisito de octanagem é uma variável, que se tinha um valor a ser respeitado

diferentemente das demais, cuja análise era feita comparando com a primeira simulação sem

devidas otimizações. É possível verificar na Figura 16, que no ICE 0 em determinadas faixas

de rotação, o valor de octanas ultrapassava o limite de 110. A partir das otimizações

realizadas levava em consideração a diminuição deste valor. Por fim como visto no ICE 2, o

motor foi otimizado respeitando o limite de octanas, tendo em vista que, em nenhuma das

faixas de rotação o requisito de octanagem é superior a 110 octanas.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

imep

[b

ar]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

0

20

40

60

80

100

120

140

160

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000Req

uis

ito d

e oct

anag

em [

oct

anas

]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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Figura 17. Curva do consumo específico em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

O consumo específico de combustível, quando analisado na Figura 17, em relação ao

ICE 0 com o ICE 2 se tem um aumento deste consumo. No entanto esse aumento pode

relevante se comparado ao ganho de potência consequentemente eficiência deste motor, tendo

em vista uma melhora no desempenho.

Figura 18. Curva da eficiência mecânica em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

Na Figura 18 demonstra a curva da eficiência mecânica deste motor. É possível

analisar que em todas as ICE a um decaimento da eficiência, com uma correlação do aumento

da rotação. Isso se dá pelo aumento do atrito deste em altas rotação, basicamente conforme a

o aumento da rotação se aumenta o atrito mecânico das partes móveis deste, fazendo com que

se perca eficiência.

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Co

nsu

mo

esp

ecif

íco

[kg/k

Wh

]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Efi

ciên

cia

mec

ânic

a

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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Figura 19. Curva da eficiência do motor em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

A curva de eficiência do motor se expressa na Figura 19, analisando o ICE 2 essa

eficiência manteve quase constante, tendo variações mínimas. Uma análise desta variável com

o torque é possível verificar uma melhor eficiência do motor, quando se obtém os torques

mais elevados.

Figura 20. Curva das emissões de NOx em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

Analisando a Figura 20, onde é traçado a curva das emissões, os valores expressados

incialmente sem as otimizações realizadas, varia de aproximadamente 7 a 10 g/kWh.

Reduzindo após as otimizações para valores menores que 0,1 g/kWh, conseguindo mais uma

0

0,05

0,1

0,15

0,2

0,25

0,3

0,35

0,4

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Efi

ciên

cia

do

mo

tor

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

0

2

4

6

8

10

12

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Em

issõ

es d

e N

Ox [

g/k

Wh]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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vez realizar o descrito no objetivo do trabalho, alcançando a um toque máximo e reduzindo as

emissões.

Figura 21. Curva da massa de combustível em função da rotação do motor.

Fonte: Próprio autor.

A Figura 21 mostra a curva da quantidade de massa de combustível necessária em um

ciclo para cada faixa de rotação. Nota que houve um aumento desta massa consequentemente

um aumento na eficiência e desempenho deste motor, sendo assim considerável esse aumento.

Com objetivo do trabalho realizado após todas iterações obtendo os valores,

correspondendo a eficiência e desempenho deste motor. Com os dados obtidos é possível

verificar o ponto máximo e mínimo de cada parâmetro analisado na otimização.

O menor valor das emissões alcançado foi de 0,00047 g/kWh em uma rotação de

4.000 rpm, e o máximo valor das emissões foi de 0,0891 g/kWh a 2.000 rpm. Houve uma

diminuição das emissões se comparado a primeira simulação realizada sem devidas

otimizações. O valor obtido a 2.000 rpm na ICE 0 foi de 9,6939 g/kWh conseguindo assim

uma redução para a mesma faixa de rotação de 9,6048 g/kWh.

Quanto ao consumo especifico, o menor valor obtido foi de 0,45109 kg/kWh a uma

rotação de 10.000 rpm. Nas iterações anteriores, em determinada faixa de rotação, os valores

eram menores, tendo assim um aumento no consumo. Vale analisar também o requisito de

octanagem que ultrapassava o valor a ser respeitado, definido para o etanol. Com isso, este

aumento é significativo em relação à diminuição do requisito de octanagem, e de outros

parâmetros comparado, a fim de melhorar o desempenho do motor.

0

0,02

0,04

0,06

0,08

0,1

0,12

2000 4000 6000 8000 10000 12000 15000

Mas

sa d

e co

mb

utí

vel

[g]

Rotação [rpm]

ICE 0

ICE 1

ICE 2

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Na Tabela 9, é possível verificar os valores máximos e os limites de trabalho deste

motor, para os devidos parâmetros estudados e de outros dados configurados no software, os

quais possibilitaram efetuar a otimização.

Tabela 9. Dados finais obtidos pela otimização.

Cilindrada 1.6 l 0,00016 m³

Potência máxima 384,94 kW 516,21 hp

Torque máximo 376,16 N.m 38,36 kgf.m

Rotação nominal 8.000 rpm 837,76 rad/s

Rotação máxima 15.000 rpm 1.570,8 rad/s

Razão de compressão 18 -

Eficiência da turbina 0,8 -

Eficiência do compressor 0.9 -

Geometria do motor V -

Números de cilindros 6 -

Número de válvulas por cilindro 4 -

Diâmetro do cilindro (b) 80 mm 0,08 m

Curso do pistão (S) 50 mm 0,05 m

Combustível Etanol -

Injeção Direta -

Pressão do combustível 200 bar 20.000 kPa

Fonte: Próprio autor.

Após uma análise final é possível verificar que a potência máxima alcançada,

operando com o etanol como combustível de trabalho. A potência máxima de 516,21 hp é

obtida a uma rotação de 12.000 rpm.

A rotação nominal, na qual se enxerga o torque máximo, é definida como sendo a

8.000 rpm, onde é possível verificar o torque de 376,16 N.m.

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6. CONCLUSÃO

Analisando diferentes parâmetros e otimizando cada um, viabilizando o menor

consumo com a melhor ou máxima potência alcançada. Pode se dizer relevando os resultados

obtidos, grande melhoria neste motor de combustão interna, após otimização realizada no

software Diesel-RK. Comparando o valor final ao valor inicial deste trabalho pode se concluir

em relação a potência máxima um aumento de 78,4%. Verificando também o consumo

especifico obteve uma redução para o valor máximo de consumo inicial e pós otimização de

aproximadamente 22,5%.

Em relação a emissões obteve um valor pequeno, isso pode se interligar com o uso do

etanol, tratando de um combustível menos poluentes no mercado. Além de ganho em potência

o etanol mesmo tendo autonomia menor comparado com a gasolina, é possível reduzir

emissões com seu uso.

Sem demais parâmetros comparativos, observando somente os valores obtidos na

primeira simulação deste trabalho com a simulação final, conclui-se o prescrito no objetivo.

Concluindo o a otimização deste motor computacionalmente fazendo com que este motor de

combustão interna obtivesse melhor desempenho, tanto com aumento da potência quanto do

torque, respeitando o requisito de octanagem, não ultrapassando o valor de 110 octanas.

Verificando sempre o mínimo consumo para obtenção da máxima potência e torque para

determinada faixa de rotação.

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