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1 PROJETO “MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA E DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA” -AQUABIO - CAPACITAÇÃO E DISSEMINAÇÃO RELATÓRIO FINAL DA CONSULTORIA Brasília, dezembro / 2004 Rafael Pinzón Rueda

PROJETO “MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE … · capacitação e disseminação de informações, integrador da sociedade no processo, pois as questões ambientais e as questões

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PROJETO

“MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA E DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA” -AQUABIO -

CAPACITAÇÃO E DISSEMINAÇÃO

RELATÓRIO FINAL DA CONSULTORIA

Brasília, dezembro / 2004

Rafael Pinzón Rueda

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ÍNDICE PÁGINA

I) CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA 3 II) DIAGNÓSTICO 4 III) ESTRATÉGIA 11 IV) DESCRIÇÃO DA PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO 15 V) DESCRIÇÃO DA PROPOSTA DE DISSEMINAÇÃO 29 VI) ARRANJOS INSTITUCIONAIS 31 VII) PLANO DE IMPLEMENTAÇÃO 31 VIII) COORDENAÇÃO COM OUTROS PROGRAMAS E PROJETOS 32 IX) ESTRATÉGIA DE SISTEMATIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM

E REPLICAÇÃO DE ÊXITOS 32 X) GRUPO GESTOR DO COMPONENTE 33 XI) ORÇAMENTO POR ATIVIDADE 33 NOTAS E BIBLIOGRAFIA 34 ANEXO I) DISCRIMINAÇÃO DO ORÇAMENTO E MEMÓRIA DE CÁLCULO 34 ANEXO II) A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO LOCAL 42 ANEXO III) DELIBERAÇÕES DA CONFERÊNCIA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE SOBRE CAPACITAÇÃO 46 ANEXO IV) PRIORIDADES PARA CAPACITAÇÃO DA AGENDA POSITIVA DA AMAZÔNIA 47 ANEXO V) ÁGUA NOSSA DE CADA DIA 48 ANEXO VI) EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO PARTICIPATIVA 56 ANEXO VII) RECOMENDAÇÕES DA CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE SOBRE RECURSOS HÍDRICOS 58 ANEXO VIII) AGENDA 21 – AÇÕES PRIORITÁRIAS SOBRE RECURSOS HÍDRICOS 62 ANEXO IX) RELAÇÃO DE ENTIDADES CONTACTADAS PARA REALIZAR O DIAGNÓSTICO 62

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MANEJO INTEGRADO DA BIODIVERSIDADE AQUÁTICA E DOS RECURSOS HÍDRICOS NA AMAZÔNIA – AQUABIO –

CAPACITAÇÃO E DISSEMINAÇÃO DE INFORMAÇÕES

I) CONTEXTUALIZAÇÃO DA PROPOSTA A formulação de estratégias para a gestão integrada da diversidade aquática e dos recursos

hídricos, na bacia amazônica, é condição fundamental, quando o objetivo maior é assegurar qualidade

ambiental a seus cidadãos. Entretanto, a eficácia destas estratégias depende de um bom programa de

capacitação e disseminação de informações, integrador da sociedade no processo, pois as questões ambientais

e as questões sociais são indissolúveis. Este programa buscará mudanças de comportamento, concretizadas

em ações transformadoras da realidade, pois o conhecimento é poder, entendido não como forma de

dominação, mas como possibilidade de fazer.

As propostas de capacitação e disseminação são projetadas para duas grandes áreas de atuação:

a) Para a Amazônia , incluindo os países da bacia amazônica. Trata-se de propostas mais genéricas e

abrangentes, limitadas a ações globais direcionadas a dois níveis: i) para os três estados brasileiros

que compreendem as áreas onde serão implantadas iniciativas piloto Amazonas, Mato Grosso e Pará;

ii) para a bacia amazônica como um todo, incluindo os países participantes da Organização do

Tratado de Cooperação Amazônico (OTCA).

b) Para as áreas específicas demonstrativas do Projeto. São propostas mais detalhadas, direcionadas a

situações concretas para atender demandas levantadas a partir de diagnósticos locais.

A essência do componente “Capacitação/Disseminação” é uma proposta de Educação Ambiental,

dividida nas seguintes etapas:

1. Formação de Multiplicadores para a gestão integrada da biodiversidade aquática e dos recursos

hídricos.

2. Sensibilização geral da população e apoio à organização da sociedade para a gestão integrada da

biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

3. Aplicação de estratégias de educação ambiental - nas esferas da educação formal e não formal -

levando em consideração diferentes setores sociais, como jovens, adultos e mulheres.

4. Execução de capacitação operacional para atender demandas locais e demandas de outros

componentes do Projeto, como planejamento produtivo, tecnologias e práticas apropriadas, manejo

sustentável da água e do solo, etc.

5. Disseminação de Conhecimentos, incluindo os gerados ao longo da execução do Projeto.

A dosagem da abrangência de cada uma dessas etapas estará condicionada à disponibilidade de

recursos e à construção de parcerias que permitam ampliar a atuação. A presente proposta projeta

atingir todos os países da OTCA mediante a quinta etapa, disseminação de conhecimentos. Será

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possível ainda tornar conhecidas as outras etapas mediante intercâmbio de experiências. Projeta

ainda atuar nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará, mediante a capacitação de

multiplicadores e apoio para iniciar as outras etapas, cujo desenvolvimento dependerá do interesse de

cada estado, pois não é papel do AquaBio suportar, em nível estadual, técnica e financeiramente tais

ações. Nas áreas de interesse do Projeto implantará todas as 5 etapas.

II) DIAGNÓSTICO

Diagnosticar a situação da educação ambiental, capacitação e disseminação de conhecimentos na

Amazônia, por uma parte é fácil porque todos os documentos, experiências e vivências são unânimes em

afirmar que existe uma grande deficiência. Por outra parte é difícil, pois devido à imensidão da área existem

situações bastante diferenciadas e é quase impossível analisar cada situação local. A carência existente tem

como causa dois vetores principais: a) a dispersão populacional, especialmente na área rural, aliada à falta de

meios de comunicação e transporte eficientes, e, b) a insuficiência de entidades e programas educacionais que

possam atingir essa população.

Para realizar o presente diagnóstico foi aberto um diálogo com as principais instituições –

governamentais e não-governamentais - e programas que atuam na Região, e foram analisados relatórios,

avaliações e publicações referentes a eles. Em reuniões com a maior rede de ONGs da Região, que congrega

mais de 500 delas, o GTA - Grupo de Trabalho Amazônico, ficou evidente que o maior anseio dos membros

da rede é aumentar a capacitação, especialmente nos aspectos ambientais e de gestão. O GTA no período de

abril a julho de 2004 realizou 14 Oficinas de avaliação, em 14 diferentes regiões da Amazônia, contando com

a participação de mais de 300 diferentes ONGs, executoras de projetos agroextrativistas. Uma das principais

conclusões foi o reconhecimento da necessidade de capacitação em aspectos ambientais, técnicos e gerenciais

para assegurar o êxito de um projeto. Os contatos mantidos com o CNS - Conselho Nacional dos Seringueiros

- forneceram idênticas constatações. No período de 25 a 27 de outubro de 2004 foi realizado em Canarana-

MT o “Encontro Nascentes do Rio Xingu” com a participação de 300 pessoas; em todos os trabalhos de grupo

apareceu a falta de informação/capacitação como sendo uma das causas principais da destruição de nascentes

e corpos d’água. Foi constatado que a maioria das pessoas além de desconhecerem a legislação ambiental,

desconhecem as práticas fundamentais para a conservação do solo, da mata ciliar, das nascentes e corpos

d’água.

Pesquisa realizada pela Coordenadoria de Agroextrativismo do MMA, junto à COIAB

(Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia), ao Monape (Movimento Nacional de Pescadores) e

ao GTA, sobre projetos financiados pelo PRODEX (Programa de Crédito para o Extrativismo) demonstrou ter

sido a falta de conhecimentos e a falta de capacitação para os produtores uma das principais causas do

fracasso de muitos projetos.

O diálogo com o CNPT/IBAMA - Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentado das Populações

Tradicionais - que cuida das reservas extrativistas e atua com programas educativos em toda a Amazônia,

mostrou que a preocupação principal é com a capacitação/disseminação de conhecimentos, tarefa considerada

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como a principal necessidade da população tradicional da Região. Em função desta realidade, a chamada

“avaliação de meio termo” do Projeto Resex I PPG-7, recomenda como prioridade a intensificação da

capacitação. A igual conclusão chegou a avaliação de outro projeto do PPG-7, o PD/A - Projetos

Demonstrativos tipo A. Neste caso ficou comprovado que dos 194 projetos implantados até 2003, com

aplicação de mais de 20 milhões de reais, tiveram sucesso aqueles alimentados por um forte componente de

capacitação. Por outro lado, os que fracassaram tiveram quase sempre como causa principal a falta de

capacitação. Em função desta lição aprendida, o PD/A lançou em 2004 o programa “Consolidação dos

Projetos Demonstrativos”, com forte conotação na capacitação. Outros projetos do PPG-7 como o ProVárzea,

o ProManejo e o PGAI (Projeto de Gestão Ambiental Integrada), nas suas avaliações chegaram à mesma

constatação, ou seja, a importância da capacitação/disseminação de conhecimentos para assegurar bons

resultados a qualquer projeto na Amazônia.

É importante registrar a ênfase com que a Coordenação Geral de Educação Ambiental do Ibama

defende o processo de educação ambiental como o verdadeiro caminho para o desenvolvimento sustentável da

Amazônia, ao mesmo tempo que reconhece as imensas lacunas que existem naquela Região.

Os estudos e análises junto às diferentes entidades levam ao seguinte diagnóstico sintético sobre

capacitação na região amazônica:

a) A capacitação na Amazônia é dificultada pela dispersão populacional, especialmente na área rural,

aliada à falta de meios de comunicação e transporte eficientes;

b) As entidades e programas educacionais existentes são insuficientes para atingir essa população;

c) Avaliações de programas implantados na região concluíram ter sido a falta de conhecimentos, isto é,

a falta de capacitação dos produtores uma das principais causas do fracasso de muitos projetos;

d) Avaliações do ProVárzea e do ProManejo recomendam a capacitação como instrumento para

assegurar bons resultados em qualquer projeto na Amazônia;

e) As ONGs e os beneficiários de projetos consideram prioritária a capacitação em aspectos ambientais,

tecnológicos e gerenciais; e atribuem a destruição dos recursos naturais à falta de conhecimentos,

isto é, falta de informação/capacitação;

f) É pertinente salientar que uma análise mais aprofundada das políticas públicas na Amazônia tem

demonstrado a suficiência de instrumentos de gestão ambiental, porém alicerçados em ações de

comando e controle, comprovadamente ineficazes para conter a destruição ambiental. Os analistas

concluem que não é suficiente contar com uma ótima legislação ambiental e com todo um aparato de

repressão e fiscalização, pois o que está faltando é educação ambiental para que as pessoas mudem

seu comportamento e se transformem em defensores do meio ambiente.

Foi realizado também um diagnóstico de cada uma das áreas de interesse do Projeto AquaBio, que a

seguir é descrito:

Diagnóstico da Região do Alto Xingu

Durante o período de 25 a 27 de outubro/2004 foram mantidos contatos em Canarana-MT, com

entidades e lideranças que atuam no Alto Xingu. Foi possível perceber que na região existe capital social

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suficiente para executar a proposta de educação ambiental, capacitação e disseminação do Projeto. Durante

esse período foi realizado o “Encontro Nascentes do Rio Xingu” com a participação de 300 pessoas que,

divididas em grupos, fizeram um diagnóstico dos recursos hídricos na região e propuseram soluções para os

problemas identificados. A seguir são apresentados os pontos levantados sobre educação ambiental,

capacitação e disseminação de conhecimentos:

• A população carece de informações sobre cuidados com os recursos hídricos.

• Há desconhecimento da legislação sobre nascentes, matas ciliares e corpos de água.

• As ações de educação ambiental são insuficientes.

• É necessário iniciar uma campanha de sensibilização e educação ambiental.

• A legislação ambiental deve ser difundida.

• Sugere-se criar os comitês de bacias e sub-bacias.

• Solicita-se a capacitação de Agentes Ambientais Indígenas.

• Sugere-se utilizar programas de rádio para informar e sensibilizar.

Foi possível contactar as seguintes instituições que atuam na região em trabalhos de educação

ambiental/capacitação e que afirmaram a possibilidade de atuar nesse campo, em articulação com o AquaBio:

a) Entidades que podem atuar diretamente na coordenação e/ou execução dos eventos de educação

ambiental/capacitação por meio dos seus técnicos ou contratando pessoal específico:

• UNEMAT: www.unemat.gov.br- Os professores Eloiza Ramos, Amintas Rossete e César Enrique

de Mello asseguraram a existência de pessoal para realizar a capacitação.

• FORMAD: Fórum Matogrossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento- www.formad.org.br

[email protected] –As técnicas Glória e Jônia manifestaram o interesse do Formad contribuir na

implantação do AquaBio nos aspectos de capacitação.

• FEMA-Fundação Estadual do Meio Ambiente- [email protected] - Pode disponibilizar

pessoas, entre as 16 de que dispõe para trabalhar com educação ambiental.

• Grupo AMaggi: www.grupomaggi.com.br Segundo o coordenador ambiental, João Shimada, é

possível firmar uma parceria e contribuir na capacitação, atividade que já executam na região.

• CNA- Confederação Nacional da Agricultura e FAMATO- Federação da Agricultura do Estado do

Mato Grosso: mostraram a possibilidade de articulação para apoiar as ações de educação ambiental e

capacitação.

b) Entidades que podem colaborar com os eventos de educação ambiental/capacitação mediante

apoio logístico e coordenação administrativa:

• STR- Sindicatos de Trabalhadores Rurais dos municípios da região: podem prestar apoio para que os

cursos ministrados pelo SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) incluam a gestão de

recursos hídricos.

• Secretarias Municipais de Educação: demonstraram interesse em contribuir com a implantação das

iniciativas educacionais que o AquaBio propuser.

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• ONGARA- Organização Não-Governamental Ambientalista Roncador Araguaia-

[email protected]

c) Entidades de outras regiões que manifestaram interesse em participar na execução dos eventos:

• Instituto Floresta de Pesquisa e Desenvolvimento Sustentável- Sediado em Alta Floresta –MT

• ICV Instituto Centro de Vida – Sediado em Alta Floresta- [email protected]

• CEFAPRO –Alta Floresta- [email protected]

• OPAN- Operação Amazônia Nativa- Cuiabá. [email protected] www.opan.org.br

Os contatos com diferentes técnicos e lideranças permitiram saber que o rádio é muito utilizado para

passar informações e que em torno de 40% das famílias da área rural possuem T.V. Isto indica a possibilidade

de utilização destes dois meios de comunicação para a conscientização e sensibilização ambiental.

Diagnóstico da Região do Rio Negro-AM

Os estudos realizados em Manaus e Novo Airão permitem afirmar serem as entidades a seguir

relacionadas, as principais prestadoras de serviços nas áreas de educação ambiental e capacitação:

a) Entidades que podem atuar diretamente na coordenação e/ou execução dos eventos de educação

ambiental/capacitação por meio dos seus técnicos ou contratando pessoal específico:

• FVA-Fundação Vitória Amazônica - [email protected] – www.fva.org.br

• IPE- Instituto de Pesquisa Ecológica – ipê@alternex.com.br – www.ipe.org.br

• IPDA-Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico - [email protected]

• ProVárzea – Projeto Manejo de Recursos Naturais da Várzea – (92) 613-6243

• CNPT/IBAMA e NEA/IBAMA – (92) 613-3277; 613-3083

• IDAM (Ex-Emater) – Instituto de Desenvolvimento do Amazonas – (92) 613-2830; 613-1040

b)Entidades que contam com pessoal para atuar em eventos de capacitação específicos, como artesanato,

beneficiamento da produção, melhoria de qualidade dos produtos, etc.:

• Fundação Almerinda Malaquias - Novo Airão

• APNA: Associação de Pescadores de Novo Airão.

• Colônia de Pescadores de Novo Airão.

• EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

• IDAM (Ex-Emater) – Instituto de Desenvolvimento do Amazonas – (92) 613-2830; 613-1040

c)Entidades que podem colaborar com os eventos de educação ambiental/capacitação mediante apoio

logístico e coordenação administrativa:

• Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airão

• CPT-Comissão de Pastoral da Terra – . [email protected];[email protected]

• FEPI-Fundação Estadual de Políticas Indígenas - 92- 622-7984- e-mail: [email protected];

[email protected]

• GTA-Grupo de Trabalho Amazônico – [email protected]

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• COIAB- Coordenação de Assocões Indígenas da Amazônia Brasileira - (92) 233-0749/ 233-0548.

www.coiab.com.br – [email protected]

• COOTEDAM/Coop. De trabalho de técn. e auxiliares de desenv.

• FEPA- Federação de Pescadores do Amazonas

• Associação de Pescadores do Amazonas

A seguir são relacionadas, por temas, as principais demandas de capacitação, mencionadas pelas entidades

entrevistadas:

a) Tema Educação e Gestão Ambiental:

• Ministrar formação continuada em educação ambiental aos professores para repassarem aos alunos.

• Formar Agentes Ambientais Voluntários, tornando-os Agentes Comunitários, com remuneração para se

dedicarem ao trabalho (espécie de guarda-parque).

• Capacitar para o manejo de lagos.

• Monitoramento de recursos aquáticos.

• Levar conceitos de desenvolvimento sustentável às comunidades.

• Preparar “parabiólogos” que ajudem na coleta de dados para pesquisa.

• Ensinar práticas de manejo florestal e manejo de recursos hídricos.

• Elaboração de planos de manejo de forma participativa.

• Conhecer a legislação ambiental e pesqueira.

b) Tema Cidadania, Organização Social e Gerenciamento

• Direitos do cidadão. Formas de aumentar a cidadania.

• Direitos ambientais. Legislação.

• Melhorar a organização social nas comunidades.

• Cooperativismo e associativismo.

• Gestão e administração para gerir os próprios negócios.

• Gerenciamento e administração de projetos.

• Artesanato. Piscicultura. Formação de Agentes Jurídicos.

• Tecnologias para melhorar a qualidade do pescado no processo de captura, conservação, beneficiamento e

comercialização.

• Fortalecer as associações municipais.

• Valorização da mulher. Conhecimento dos seus direitos.

c) Tema Atividades Econômicas

• Formar empreendedores na área do turismo.

• Cursos de agroecologia e permacultura, visando a geração de renda.

• Técnicas de agregação de valor à produção, como o beneficamento e a melhoria de qualidade.

• Oferecer novas opções econômicas para evitar o desmatamento e a queima.

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• Padronizar a qualidade do artesanato.

Todas as entidades que desejam participar na execução do AquaBio solicitaram diminuir a burocracia para

que as entidades estaduais possam fazer parcerias com o Projeto e executar os programas de educação

ambiental e capacitação.

As entidades salientaram também que é importante lembrar a existência de comunidades muito distantes,

para as quais é necessário disponibilizar recursos para chegar até lá para executar um programa de formação

constante.

Diagnóstico da Região Tocantina a Jusante de Tucurui Nesta área de interesse do Projeto AquaBio existe uma forte organização social e comparativamente,

com as outras duas áreas de interesse, existem melhores condições para desenvolver um programa de

capacitação. Considerando que a Eletronorte, aplicando uma política compensatória aos danos causados pela

barragem de Tucurui, estará implementando um Projeto de desenvolvimento para a região, é necessário

articular o programa de capacitação, integrando as ações.

Entidades que foram contatadas para o diagnóstico:

• GTA - Grupo de Trabalho Amazônico (61) 346-7048; 345-7247; [email protected]

• FASE- Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional- Raúl do [email protected]

• MONAPE - Movimento Nacional dos Pescadores - Ana Cristina Araújo Bellim- (91) 212-7032; (91)

9146-3573. [email protected]

• Conselho de Pastoral dos Pescadores - Ana Laide (91) 277-2352; [email protected]

• IBAMA - CNPT/NEA (91) 224-5899 Ramal 258- Vergara Filho- [email protected]

• IBAMA - Núcleo de Recursos Pesqueiros - Antônio Maria de Melo Ferreira

• IBAMA-CEPNOR- Ítalo José Araruna Vieira- (91) 274-1237; (91) 9146-3573-

[email protected]

• UFRA-Universidade Federal Rural da Amazônia- Aderson Lobão (91) 9146-4659.

[email protected]

Na Tabela 1 encontram-se classificadas as entidades que apresentam possibilidades de serem executoras

ou parceiras da capacitação, tanto as governamentais como as não-governamentais. Consta a atuação na área

demonstrativa, a experiência em capacitação, a disponibilidade de estrutura logística no local e a

disponibilidade de formadores.

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Tabela 1 - Entidades com Potencialidade para Fazer Capacitação nas Áreas Demonstrativas

Potencialidades e Limitações

Atua na

área

Experiência Estrutura

Logística

Formadores

MÉDIO E BAIXO RIO NEGRO

Sim Não + 5

anos

- 5

anos

Sim Não + de

4

Até

3

Entidades Governamentais

IBAMA( Núcleo de Educação Ambiental e CNPT)

X X X X

PROVÁRZEA X X X X

Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (Séc. de Rec. Hídricos e FEPI-Fundação Estadual de Políticas Indígenas)

X X X X

IDAM (Antiga Emater) X X X X

Entidades Não-Governamentais

Fundação Vitória Amazônica – FVA X X X X

Instituto de Pesquisa Ecológica - IPE X X X X

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico

X X X X

Maquirarona X X X X

Fundação Almerinda Malaquias X X X X

Cootedam X X X X

ALTO XINGU

Entidades Governamentais

UNEMAT X X X X

FEMA - Fundação Estadual do Meio Ambiente X X X X

Entidades Não-Governamentais

FORMAD - Fórum Matogrossense de Meio Ambiente

X X X X

ONGARA- Organização Ambientalista X X X X

Grupo Amaggi X X X X

FAMATO - Federação da Agricultura do Estado do Mato Grosso

X X X X

STRs - Sindicatos dos Trabalhadores Rurais X X X X

REGIÃO TOCANTINA

A JUSANTE DE TUCURUI

Entidades Governamentais

IBAMA (Núcleo de Educação Ambiental e CNPT)

X X X X

UFRA -_Universidade Federal Rural da Amazônia

X X X X

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Amazônia CEPNOR - Centro de Pesca do Norte X X X X

Emater Pará X X X X

Entidades Não Governamentais

FASE - Federação de Órgãos para assistência Social e Educacional

X X X X

MONAPE - Movimento Nacional dos Pescadores

X X X X

Conselho Pastoral de Pescadores X X X X

O presente diagnóstico, que constata a prioridade da educação ambiental, capacitação/disseminação

na Amazônia, fica fortalecido pelas diretrizes que constam nos documentos oficiais a seguir citados, onde tal

prioridade é recomendada: a) MMA- Conferência Nacional do Meio Ambiente - Deliberações, 2003. ( Anexo

III e Anexo VII); b) Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Nacional:

“Agenda 21 Brasileira”- Ações Prioritárias (Anexo VIII) e Resultados da Consulta Nacional; c) Câmara dos

Deputados – Comissão da Amazônia e de Desenvolvimento Regional -, “Agenda Positiva da Amazônia”

(Anexo IV).

Ainda é pertinente salientar que uma análise mais aprofundada das políticas públicas na Amazônia

tem demonstrado a suficiência de instrumentos de gestão ambiental, porém alicerçados em ações de comando

e controle, comprovadamente ineficazes para conter a destruição ambiental. Os analistas que, por solicitação

do MMA, trabalharam na elaboração de instrumentos econômicos para o desenvolvimento sustentável da

Amazônia e para a avaliação do PPG-7, concluem que não é suficiente contar com uma ótima legislação

ambiental e com todo um aparato de repressão e proibição, pois o que está faltando é educação ambiental para

que as pessoas mudem seu comportamento e se transformem em defensores do meio ambiente.

III) ESTRATÉGIA PARA A EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CAPACITA ÇÃO, DISSEMINAÇÃO

Em 2002 o Ministério do Meio Ambiente contratou uma consultoria (Haddad & Rezende) para analisar

os Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Os analistas apontaram 7

falhas principais que dificultam o desenvolvimento da região: ausência de foco espacial; fragmentação

institucional e financeira; falta de comando do poder público; ausência de visão de médio e longo prazo;

baixo nível de envolvimento de estados e municípios; ausência de parcerias entre o poder público e a

iniciativa privada e baixo nível de envolvimento das comunidades nas decisões de caráter estratégico.

Pensando em superar cada um desses sete pontos foi elaborada a estratégia para educação ambiental,

cacitação/disseminação a seguir apresentada. Ela não perde o foco de comando do poder público, é

direcionada a espaços bem determinados, defende a integração institucional, o protagonismo de estados e

municípios, preconiza as parcerias de toda espécie, prioriza a gestão social, tudo isto com uma visão de

futuro, isto é, de sustentabilidade das ações propostas.

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O AquaBio propõe iniciar um processo de manejo integrado da biodiversidade aquática e dos

recursos hídricos. Iniciar algo novo é difícil, mas não tanto quanto “dar continuidade”. Como assegurar que as

ações não terminem com o Projeto? Muitas experiências têm nos ensinado que iniciativas governamentais só

conseguem sustentabilidade, isto é, permanência no tempo e no espaço, quando são apropriadas pela

sociedade. Com base nesta realidade, suficientemente comprovada, o componente educativo do Projeto

propõe uma estratégia que contribua para que os atores locais se transformem em gestores da biodiversidade

aquática e dos recursos hídricos.

Esta estratégia contribuirá para que a educação ambiental, a capacitação e a disseminação

impulsionem as comunidades para o alcance do objetivo por todos desejado, o desenvolvimento local (Anexo

II).

3.1. OBJETIVO Preparar atores locais, instituições e pessoas para que possam participar ativamente na formulação e

gestão de uma estratégia, alicerçada na construção social de conhecimentos que contribuam para a mudanças

de comportamentos, visando a conservação da diversidade aquática das áreas de interesse do AquaBio.

Ofertar às instituições e à sociedade civil conhecimentos sistematizados, experiências testadas e

estratégias que possam ser adaptadas para a gestão integrada da biodiversidade aquática e dos recursos

hídricos.

3.2. RESULTADOS E INDICADORES A) Para a capacitação RESULTADO: Maior capacidade operacional e decisória das instituições e da sociedade civil em nível local, estadual e federal, para a Gestão Integrada da Biodiversidade e dos Recursos Hídricos- GIBRAH. INDICADOR DETALHAMENTO 1. Instituições governamentais (Governo Federal, 3 Governos Estaduais, no mínimo 9 Prefeituras), 18 organizações não-governamentais (entidades representantes da sociedade civil, cooperativas, colônias e associações de pescadores, associações indígenas e outras), 90 multiplicadores e lideranças , 18 grupos específicos (mulheres, jovens), e o setor produtivo até o quinto ano do Projeto (PY5) fortalecidos para a GIBRAH.

1.1. Plano de atuação local formulado coletivamente. 1.2. Equipes municipais formadas e atuando de forma cooperativa, mediante planejamento e coordenação. 1.3. Número de multiplicadores formados em cursos específicos. 1.4. Instituições governamentais e não governamentais executando atividades para conservação da biodiversidade aquática. 1.5. Criados e capacitados grupos de jovens e de mulheres. 1.6. Setor produtivo adotando tecnologias favoráveis à conservação da biodiversidade aquática. 1.7. Multiplicadores utilizando subsídios participativos que favoreçam a gestão social

2. Nove projetos elaborados e submetidos a entidades financiadoras contribuindo para GIBRAH.

2.1. Diagnosticados os problemas a serem solucionados. 2.2. Proposta de solução dos problemas no bojo do projeto.

3. 18 projetos elaborados e submetidos a entidades financiadoras contribuindo para GIBRAH

3.1. Associações capacitadas para expressar as prioridades da coletividade.

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submetidos por associações, grupos de mulheres e grupos de jovens

3.2. Associações, grupos de mulheres e de jovens capacitados para elaborarem seus projetos.

4. 168 eventos de capacitação e educação ambiental oferecidos para usuários dos recursos naturais, técnicos e tomadores de decisão nas sub-bacias piloto até o final do PY5, promovendo maior interesse dos vários atores no processo de GIBRAH.

4.1. Organizado o cadastro dos participantes. 4.2. Sistematizados e divulgados os conteúdos dos eventos de capacitação. 4.3. Subsídios didático-pedagógicos para a capacitação elaborados. 4.4. Relatórios dos eventos de capacitação elaborados pelos facilitadores e coordenadores.

5. 45 comunidades locais, 45 escolas, 18 organizações não governamentais mobilizadas e sensibilizadas para efetiva participação na GIBRAH até o sexto ano do Projeto.

5.1. Número de reuniões realizadas. 5.2. Número de participantes das reuniões. 5.3. Categorias de participantes.. 5.4. Quantidade de material de sensibilização e informação distribuído. 5.4. Quantidade de faixas, cartazes, programas de rádio utilizados. 5.5. Relatórios dos eventos.

6. Espaços que os atores sociais considerarem mais adequados para dar continuidade à GIBRAH fortalecidos e/ou criados nas sub-bacias piloto,( 3 fóruns ou conselhos locais e estaduais fortalecidos até o sexto ano do Projeto).

6.1. Representatividade dos fóruns criados. 6.2. Tomada de decisões democrática, mediante participação e consulta popular. 6.3. Número de propostas aprovadas. 6.4. Número de propostas executadas.

7. 50% dos beneficiados pela capacitação adotando tecnologias difundidas nos eventos de capacitação.

7.1. Estratégia de verificação planejada. 7.2. Número de capacitados visitados. 7.3. Verificação dos conteúdos ministrados. 7.4. Número de atividades executadas de forma cooperativa entre entidades, lideranças e membros da sociedade.

8. Materiais de capacitação produzidos (3 manuais para Agentes Ambientais Voluntários e mobilizadores, 2 cartilhas, 2 vídeos ).

8.1. Análise do conteúdo dos materiais. 8.2. Verificação “in loco” da utilização dos materiais produzidos.

B) Para a Disseminação

RESULTADO: Práticas de GIBRAH adotadas por instituições e pela sociedade civil, a partir do conhecimento de informações sistematizadas, experiências de gestão integrada disseminadas e estratégias compartilhadas. INDICADORES DETALHAMENTO 1. AquaBio legitimado pelas entidades e sociedade civil de cada estado e das áreas de interesse do Projeto.

1.1. Jornada estadual de legitimação do AquaBio realizada. 1.2. Jornadas de legitimação nas áreas piloto realizadas.

2. Experiências exitosas, atualmente existentes na Amazônia sobre GIBRAH, estudadas, sistematizadas e disseminadas.

2.1. Cadastro de experiências exitosas. 2.2. Análise e estudo de cada experiência publicado. 2.3. Seminários e oficinas para divulgação das experiências realizados.

3. Informações e tecnologias para GIBRAH sistematizadas e disseminadas.

3.1. Informações pesquisadas, coletadas e publicadas. 3.2. Documentos distribuídos. 3.3. Reuniões e seminários realizados para analisar documentos publicados.

14

4. Realizado intercâmbio de experiências. 4.1. Diagnosticadas as vantagens e conveniência do intercâmbio. 4.2. Publicados relatórios dos resultados do intercâmbio.

5. Novos conhecimentos e estratégias produzidos pelo AquaBio disseminados.

5.1. Sistematizados os novos conhecimentos e estratégias em documentos próprios. 5.2. Distribuídos os documentos. 5.3. Informações publicadas na homepage própria. 5.4. Realizados seminários, workshops e reuniões de disseminação.

6. Acervo ou banco de dados com imagens, documentos escritos e vídeos criados.

6.1. Documentos coletados. 6.2. Documentos catalogados e disponibilizados para uso público. 6.3. Realizados seminários, workshops e reuniões de disseminação.

3.3. ALCANCE GEOGRÁFICO A capacitação terá como foco principal as três áreas de interesse do AquaBio, médio e baixo Rio

Negro compreendendo os municípios de Santa Izabel do Rio Negro, Barcelos e Novo Airão; a região

Tocantina a jusante da barragem de Tucuruí, compreendendo os municípios de Baião, Cametá, Igarapé- Miri

e Barcarena; e as cabeceiras do Xingu, com os municípios de Canarana, Água Boa e Querência. Serão

também capacitados técnicos que atuam nos estados de Mato Grosso, Amazonas e Pará, em projetos

estaduais, com o objetivo de difundir os bons resultados do AquaBio. A disseminação será direcionada não só

para as áreas de interesse e seus respectivos estados, como também para os demais estados da Amazônia

brasileira e para os países da OTCA. A maioria das ações serão desenvolvidas nas áreas rurais, atingindo a

rede de comunidades ali existentes.

3.4. BENEFICIÁRIOS A capacitação abrange duas grandes categorias de beneficiários: instituições e pessoas. Entre as

instituições terão prioridade aquelas que podem mais contribuir para concretizar a gestão social da

biodiversidade aquática e dos recursos hídricos, como associações, cooperativas, ONGs e órgãos

governamentais. Estas instituições carecem especialmente de capacitação gerencial e de desenvolvimento

institucional. A segunda categoria, as pessoas, compreende especialmente pescadores, ribeirinhos,

agricultores familiares, agropecuaristas, artesãos que utilizam recursos naturais, lideranças rurais e urbanas,

tomadores de decisão, responsáveis por atividades, programas e entidades relacionadas com a biodiversidade

aquática e recursos hídricos, técnicos de entidades relacionadas com o uso de recursos naturais.

A maioria dos beneficiários atuarão no nível local, nas áreas de interesse do AquaBio, mas os

benefícios da capacitação chegarão aos Estados do Mato Grosso, Pará e Amazonas onde entidades e técnicos

estarão presentes em eventos de capacitação, seminários, oficinas e workshops voltados para a gestão da

biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

15

Serão beneficiários da disseminação, utilizando canais escritos, visuais e falados, encontros,

intercâmbio de experiências e workshops, tanto os demais estados da Amazônia brasileira como os países da

OTCA.

IV) DESCRIÇÃO DA PROPOSTA DE CAPACITAÇÃO

4.1. Orientações Conceituais

A proposta de capacitação segue as orientações da Política Nacional de Educação Ambiental, criada

por meio da Lei Nº 9.795/99, do Programa Nacional de Educação Ambiental – PRONEA -, e das

Deliberações da Conferência Nacional de Meio Ambiente (Anexo III). Ela se fundamenta em cinco

princípios:

4.1.1. Construção da Gestão Social

O componente de capacitação objetiva alcançar aquilo que é preconizado no primeiro artigo da Lei

Nº 9.765/99 sobre educação ambiental: fomentar “processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade

constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação

do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”.

Por se tratar de um “bem comum”, o uso do patrimônio ambiental deve ser controlado pela

sociedade; daí que o grande objetivo da capacitação seja a construção da gestão social, entendida como a

capacidade adquirida pela sociedade para gerir seu próprio destino, isto é, a capacidade de controlar os fatos

sociais relacionados com o seu dia-a-dia. Apoiar a sociedade para a gestão social da biodiversidade aquática

e dos recursos hídricos exige todo um trabalho de educação ambiental, entendida como “instrumento

estratégico para a concretização do controle social sobre o processo de acesso e uso do patrimônio ambiental

brasileiro” (1). Esta, na verdade, é uma proposta de aquisição de cidadania, na medida em que as pessoas vão

tomando consciência dos seus direitos e obrigações e vão traduzindo tal consciência em comportamentos que

conduzem à eqüidade social e a uma maior democracia. O meio ambiente deixa de ser algo distante e

indecifrável para se tornar o quotidiano de quem sabe que o patrimônio ambiental lhe pertence, dele deve

cuidar e ele deve dar-lhe condições de trabalho, renda, direitos igualitários e melhores condições de vida.

A Lei Nº 9.433/97 que trata da Política Nacional de Recursos Hídricos explicita, de diversas formas,

que a sociedade civil deve participar da gestão de tais recursos. Daí que a presente estratégia tenha como

principal alicerce a gestão social, cuja concretização se alcança mediante um processo construtivo, no qual a

mola mestra é a educação ambiental.

Esta construção da gestão social, ao mesmo tempo é o ponto de partida de todas as ações relativas ao

Projeto AquaBbio, porque em todas elas deve haver a participação popular, e ao mesmo tempo, ponto de

chegada, pois a meta a alcançar é que a própria sociedade se responsabilize, proteja e assegure

sustentabilidade ao manejo da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

Para construir a gestão social, o esforço principal consiste em assegurar o espaço de participação da

sociedade em todas as ações. No caso da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos na Amazônia, de

16

modo geral, pode-se afirmar que não existe uma cultura da participação. Torna-se então necessário criar e/ou

fortalecer os elementos que possibilitam a participação.

Como participar quando os “participantes” desconhecem, ou não contam com os requisitos para a

participação? Como participar quando não se conhece o assunto tratado? Como participar quando não são

tomadas decisões? A participação é um processo composto por três elementos principais, a conscientização, a

organização e a capacitação. Na medida em que são implementados estes três passos é que a participação

social se torna realidade no próprio processo transformador da sociedade.

Uma das melhores formas de construir a gestão social é promover o processo educativo da

participação, por meio da conscientização, organização e capacitação contínua e crescente da população na

sua realidade social concreta.

4.1.2. Ampliação Gradativa do Raio de Ação

O princípio fundamental para a gestão da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos é levar em

conta as bacias hidrográficas. No caso da Amazônia, o Brasil é “águas abaixo” e portanto, a forma como

Colômbia, Peru, Bolívia, Equador, Venezuela e Guiana tratam os recursos hídricos tem relação direta com o

que ocorre no Brasil. Trata-se de gestão transfronteiriça com dimensões continentais. A meta é chegar um dia

a uma integração internacional, partindo, porém, de objetivos menores que paulatinamente possam ser

ampliados. Esta ampliação não é só do ponto de vista geográfico, como também temático. A proposta é

intensificar as ações nas áreas-piloto, iniciar algumas macro-atividades nos estados do Amazonas, Mato

Grosso e Pará, trocar experiências com os países vizinhos e aos poucos avolumar os trabalhos nesses espaços.

Esta etapa da estratégia objetiva concretamente:

a) Formar grupos de multiplicadores nos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará, que iniciem o

processo de ampliação do raio de ação. Os três estados ao construírem suas Agendas Positivas

optaram pela capacitação como prioridade (Anexo IV).

b) Endogeneizar o processo, fazendo com que cada área piloto crie suas próprias capacidades de

ampliação.

c) Valorizar o capital humano e o capital social de cada um dos municípios das áreas de interesse

do Projeto.

4.1.3. Formação de Parcerias

O grande objetivo a alcançar, a construção de uma estratégia de gestão da biodiversidade aquática,

implica em ações localizadas espacialmente, isto é, exige que seja uma estratégia local. Para tanto é

fundamental que esta construção tenha como atores principais os próprios atores sociais do local. Daí a

necessidade de priorizar a formação de parcerias, principalmente com instituições e pessoas do local. Esta é a

melhor maneira de assegurar a continuidade do projeto.

A continuidade das ações propostas para o componente capacitação/disseminação do AquaBio, em

boa parte depende da formação de parcerias nos níveis federal, estadual e municipal, com entidades

governamentais e não-governamentais. As parcerias devem ser formadas a partir das esferas mais próximas,

17

com os programas das Secretarias de Biodiversidade e Florestas, de Recursos Hídricos, de Coordenação da

Amazônia do Ministério do Meio Ambiente, com os programas, especialmente de educação ambiental, do

IBAMA, do PPG-7, da Agência Nacional de Águas, com programas dos governos estaduais e municipais,

com a Embrapa, com universidades e entidades de ensino e extensão.

A capacitação exige que se dedique todo o esforço possível à construção de parcerias e redes de

colaboração, para que as ações possam ser articuladas. Para tanto é fundamental criar ou fortalecer

institucionalidades inovadoras de suporte ao protagonismo social que apóiem o processo como um todo. O

mais indicado é o fortalecimento dos espaços de coordenação e apoio ao desenvolvimento local/territorial já

existentes nas áreas piloto, como fóruns ou conselhos de desenvolvimento. Outra possibilidade é a criação ou

fortalecimento dos comitês de bacias e de sub-bacias.

O mais importante neste passo da estratégia é o respeito à decisão “local”, isto é, ter a sensibilidade

suficiente para perceber como os atores locais decidem inserir o AquaBio no processo de desenvolvimento

territorial. Tendo este cuidado, o AquaBio deixa de ser “mais um projeto” que vem interferir no território

querendo ser o “salvador da pátria”, e passa a ser um instrumento útil, colocado a disposição da comunidade

para apoiar um processo que já vem acontecendo.

Deverá ser estimulada a parceria entre órgãos do governo, as organizações sociais e agentes

produtivos. Mas não basta complementariedade e convergência. A estratégia de ação deverá conseguir que os

atores territoriais acreditem, tenham confiança mútua e estejam de fato engajados.

4.1.4. Concepção da Educação Ambiental

A Constituição Brasileira, no seu artigo 225 determina que “Todo cidadão tem direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras

gerações”.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao poder público:...

VI- Promover a Educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a

preservação do meio ambiente”.

A Lei Nº 9.795/99 que dispõe sobre a educação ambiental traz esta definição:

“Art. 1º Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a

coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para

a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade.

Art 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional,

devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em

caráter formal e não formal”.

A partir deste marco legal, a presente proposta segue os princípios de operacionalização

recomendados pelo Programa Nacional de Educação Ambienta – PRONEA - que se reforçam e relacionam

mutuamente e que podem ser assim sintetizados:

18

a) Reconhecimento da pluralidade e diversidade cultural: na Amazônia há diferentes contextos

culturais e é necessário reconhecer as diferentes formas de como as pessoas se relacionam entre si e com a

natureza. Essas diferentes relações devem ser levadas em conta na prática da educação ambiental,

especialmente valorizando os saberes locais, tradicionais.

b) Interdisciplinaridade: é necessária a cooperação ativa entre os diferentes campos do saber,

permitindo o intercâmbio e enriquecimento temático.

c) Participação: é uma conquista de processos interativos, fundamental para que a educação

ambiental possibilite a mudança de comportamentos, a partir de atividades realizadas pelos sujeitos da ação

educativa.

d) Descentralização: entendida como a tomada de decisões em conjunto, divisão de

responsabilidades e deveres. As atividades educativas devem ser entendidas como atividades grupais, num

contexto de planejamento para alcançar objetivos comuns.

O eixo da educação ambiental é a participação, como capacidade de tomar decisões. Por sua vez, a

tomada correta de decisões exige três elementos fundamentais: a tomada de consciência dos problemas, a

organização para que as decisões sejam coletivas, e a capacitação que fornece os conhecimentos necessários

para tomar a melhor decisão possível.

No processo de participação entende-se por conscientização a passagem da consciência individual

para a consciência social dos problemas coletivos. Sendo assim, a verdadeira conscientização não fica só no

discurso, mas parte para a organização e para a capacitação, a fim de vencer os problemas da gestão da

biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

A organização social fortalece a participação na medida em que desperta o ideal de lutar por

interesses comuns, objetivos reais, mas percebidos coletivamente. Esta percepção do coletivo é adquirida no

exercício da organização, isto é, mediante reuniões, trabalhos comunitários, capacitações. O objetivo comum,

por exemplo, de dar sustentabilidade à biodiversidade aquática e aos recursos hídricos, será resultado da

organização social conquistada mediante um processo de capacitação.

A capacitação é um elemento facilitador da participação ao permitir que a população passe a assumir

gradativamente a sua própria conscientização e organização e se torne capaz de estender a sua experiência a

toda a realidade local e global. Percebendo a essência da sua realidade social, tenta encontrar novos modos de

agir que respondam mais diretamente aos seus problemas, isto é, sabe tomar as melhores decisões.

4.1.5. Concepção da Capacitação

O AquaBio é um projeto que se propõe um trabalho duradouro, de longo prazo. Neste contexto, a

capacitação proposta não é o somatório de uma série de treinamentos e sim um sistema concatenado e

progressivo, que produza mudanças nas estruturas cognitivas e nos comportamentos. É um processo educativo

e formativo de troca e produção de conhecimentos, voltado para a gestão social da biodiversidade aquática e

dos recursos hídricos. Processo educativo porque objetiva produzir mudanças nas estruturas de pensamento e

comportamento de forma a que seus beneficiários sejam instrumentalizados para solucionar seus próprios

problemas. Neste sentido a capacitação proposta é parte da educação ambiental.

19

A capacitação, entendida desta maneira, respeita o ser humano como sujeito ativo de sua história e

de seu destino, contribuindo assim para a gestão social, fornecendo um planejamento, um foco estratégico,

uma sistemática de intervenção que assegure a participação dos “capacitandos” e que provoque mudanças

comportamentais, voltadas para o manejo sustentável da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

A capacitação é um instrumento do apoio ao AquaBio que permeia todas suas etapas, desde a

sensibilização das pessoas, a construção de objetivos comuns, a identificação de áreas de atuação, a

construção de parcerias e a execução participativa do monitoramento e avaliação.

O fundamental do processo de capacitação está menos no ensino e mais na aprendizagem, embora

esta não ocorra se não houver um bom ensino. Avalia-se a capacitação mediante a aprendizagem de novos

comportamentos, não simplesmente de informações decoradas. O aprender novos comportamentos exige que

o processo de capacitação seja eminentemente prático, a partir de realidades concretas, de troca de saberes

com pessoas que vivenciam situações concretas. Não se aprende a não ser como resultado de um fazer: esta é

uma lei de todas as teorias de aprendizagem.

O eixo da capacitação está na obtenção da aprendizagem. É dever dos capacitadores criar as

melhores condições para facilitar as aprendizagens. Ninguém se capacita se não aprende alguma coisa a

respeito do objeto do seu interesse. Na realidade, a melhor nomenclatura, em vez de capacitadores, deveria ser

“facilitadores”.

Como a capacitação é educação entre adultos que detêm, cada um, um saber próprio, significações

particulares de sua existência e da comunidade, uma história social que passa por ele, a aprendizagem deve

ser social e coletiva, formando assim uma “comunidade de aprendizagem”, como dizem Rogers e Vigotsky,

ou “círculos de cultura”, no linguajar de Paulo Freire. “Assim a proposta de uma educação que se faça

comprometida com os interesses sociais, ao voltar-se para a defesa dos interesses coletivos, tem como

possibilidade pedagógica buscar conformar comunidades de aprendizagem, lugar onde o grupo ocupe posição

central nas práticas educativas, de encontros, identificações, trocas e buscas de alternativas de soluções para

os problemas comuns aos sujeitos dos grupos, o que permite estabelecer compromissos solidários entre as

pessoas envolvidas no processo, possibilitando construir soluções compartilhadas”. É normal esperar que as

“comunidades de aprendizagem”, isto é, os diversos grupos a serem capacitados nas comunidades das áreas

demonstrativas amadureçam e assumam o papel de colaboradores na gestão dos recursos naturais,

especialmente da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

4.2. Formação de Multiplicadores

A base para construir um projeto que se propõe o manejo integrado da biodiversidade aquática e dos

recursos hídricos é contar com pessoas que se disponham a multiplicar tal proposta. Inicia-se formando

equipes em cada área de interesse do Projeto e nos respectivos estados, que por sua vez formarão outras

equipes. Este procedimento, além de fundamental para iniciar o processo, objetiva criar capital humano local,

enraizando os conhecimentos e evitando assim a dependência externa.

O que se busca é a formação de agentes e facilitadores, capazes de estimular e favorecer processos de

gestão da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos, e não de instrutores que já chegam nas áreas com

20

planos de intervenção mecânica. Trata-se de formar “facilitadores” que tenham clareza do que é gestão da

biodiversidade aquática e sejam capazes de injetar uma energia nova na comunidade, que a mobilize para a

ação e para a participação nessa gestão. Ou seja, facilitadores seguros e abertos, capazes de construir a

estratégia de intervenção, junto com os atores locais - uma estratégia adequada àquela situação concreta.

Serão formados 30 multiplicadores em nível estadual nos três estados que compreendem áreas de

interesse do Projeto, Amazonas, Mato Grosso e Pará, com o objetivo de acompanhar e apoiar os sub-projetos

regionais e disseminar a metodologia e resultados para outras regiões. Em cada área demonstrativa serão

formados 50 multiplicadores, em duas etapas, cada uma incluindo 25 pessoas. (Tabela 2)

A formação dos multiplicadores requer:

a) Uma seleção criteriosa, buscando pessoas com o perfil mais de educadores do que de especialistas em

ciências da natureza; pessoas que se possam dedicar à tarefa de capacitar outros grupos; pessoas que tenham

respaldo ou vínculo institucional, que assegurem a continuidade dos trabalhos. Na verdade devem ser

selecionadas lideranças e técnicos que tenham um bom diálogo e articulação, os estaduais na esfera estadual;

e os selecionados para as áreas demonstrativas, nos municípios onde vão atuar, com os conselhos municipais

de desenvolvimento ou fóruns semelhantes.

b) Capacitação para construir em grupo as estratégias de ação, as diretrizes metodológicas, as atividades

prioritárias. Esta capacitação vincula o manejo da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos a uma visão

mais ampla de gestão ambiental e de gestão social. É uma capacitação que deve resultar num planejamento de

ações imediatas, de ações a médio prazo e de ações estratégicas.

c) Acompanhamento. Estas equipes entrarão num “processo” de capacitação, com reuniões periódicas e

reciclagens anuais. Tanto as entidades estaduais responsáveis pela biodiversidade aquática e pelos recursos

hídricos, como a própria coordenação de AquaBio deverão montar um sistema de acompanhamento de tais

equipes, pois elas constituem a espinha dorsal do projeto.

A coordenação do AquaBio buscará integrar estas equipes com os gestores e executores das políticas

estaduais de meio ambiente e com os Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, para que os trabalhos sejam

executados seguindo as diretrizes da política ambiental do respectivo estado.

Na Tabela 2 constam os eventos de formação dos Multiplicadores – formação inicial e reciclagens –

e a quantidade de participantes ao longo dos primeiros 5 anos do Projeto. Não está programada capacitação

para o último ano do Projeto, período em que os multiplicadores já terão adquirido uma boa prática educativa,

e os eventos estarão mais voltados para a avaliação do Projeto.

21

Tabela 2 - Formação de Multiplicadores

A) ESTADUAIS

Formação Inicial/

participantes

Reciclagem/ participantes

Unidade Federada

Ano 1 Ano 2 Ano 3 Ano 4 Ano 5

AMAZONAS 30 30 30 30 30

MATO GROSSO 30 30 30 30 30

PARA 30 30 30 30 30

Sub-Total 90 90 90 90 90

B) ÁREAS DEMONSTRATIVAS

RIO NEGRO 50 50 50 50 50

ALTO XINGU 50 50 50 50 50

BAIXO TOCANTINS 50 50 50 50 50

Sub-Total 150 150 1500 150 150

TOTAL 240 240 240 240 240

4.3. Implementação de Estratégias de Educação Ambiental

As estratégias de educação ambiental devem levar em conta que a biodiversidade aquática e os

recursos hídricos não podem ser analisados isoladamente dos demais recursos naturais e das questões relativas

ao meio ambiente. A educação ambiental deve incentivar a integração dos planos e programas sobre a

biodiversidade aquática e os recursos hídricos com os planos sociais e econômicos locais , para que se criem

mecanismos eficazes de implementação e coordenação, entendendo a água e o que nela vive como parte

integrante do ecossistema.

Quando são tratados os problemas da Amazônia há uma tendência a concentrar as atenções na

floresta, devido a que o desmatamento e a queima são visíveis e assustam as pessoas. Mas existe um

problema, menos visível e não menos grave que é a destruição da água e dos seus recursos. O próprio

desmatamento é uma das causas da desaparição de nascentes, assoreamento de cursos d’água e diminuição do

fluxo de evapotranspiração. Soma-se a isto a destruição das matas ciliares, poluição por lixo urbano,

mineração, agrotóxicos, etc. A região é como uma grande rede e na medida que se troca a floresta por

agropecuária, desaparecem os pequenos fios que alimentam os grandes rios e estes começam a sentir. A

abundância de água leva algumas pessoas a pensar, erradamente, que se trata de um recurso inesgotável.

Embora na Amazônia praticamente tudo dependa da água, começando pela própria floresta, o

transporte, a alimentação baseada no peixe, etc, as pessoas não refletem sobre o grau de contribuição do meio

aquático para a produtividade econômica e o bem-estar social. Seguramente, devido à sua abundância a água

é maltratada. Porém, começam a aparecer sinais preocupantes. Em muitos lugares é impossível beber a água

22

de rios e igarapés, devido à poluição. E em outros, onde as famílias se encontravam para momentos de

entretenimento, nadando e pescando, agora já falta água.

Duas estratégias serão implementadas pelo AquaBio. A primeira voltada para a mobilização e

sensibilização da sociedade em geral, e a segunda, direcionada para ações específicas a serem executadas no

âmbito da educação formal ou da educação informal.

4.3.1. Mobilização e Sensibilização

A mobilização consiste em usar todos os recursos disponíveis na localidade para despertar o interesse

das pessoas por um determinado assunto: avisos, convites, reuniões, folhetos, faixas, cartazes, debates,

programas de rádio etc. A sensibilização busca criar condições favoráveis para que a mudança de

comportamento das pessoas e organizações aconteça. Utilizam-se então estratégias pedagógicas que mexem

com o lado da reflexão, da vontade, do querer: reuniões, trabalhos em grupo, distribuição e execução de

tarefas, visitas a lugares previamente escolhidos, intercâmbio de experiências. É o fato de querer mudar que

faz com que as pessoas busquem as formas de viabilizar essa mudança.

A mobilização/sensibilização acontecerá em dois níveis: nos estados do Pará, Amazonas e Mato

Grosso e de modo mais intenso nas áreas de interesse do Projeto

Durante o processo de mobilização e sensibilização devem ser disseminados os objetivos do

AquaBio, os resultados esperados e a metodologia preconizada. Os moradores da área rural deverão receber

informações relativas às noções básicas sobre os recursos aquáticos, como consta no Anexo V.

4.3.1.1. Em nível estadual:

O AquaBio fornecerá aos estados do Amazonas, Mato Grosso e Pará, com o objetivo de apoiar o

trabalho dos multiplicadores, os subsídios educacionais a seguir relacionados, com conteúdos relativos ao

manejo da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos, legislação, gestão ambiental, organização social,

funcionamento dos fóruns estabelecidos pela Lei Nº 9.433/97:

- Folhetos informativos sobre assuntos específicos;

- Informativo mensal sobre o andamento do AquaBio e de outras ações voltadas para a gestão

ambiental nos diversos estados;

- Programas de rádio gravados para serem transmitidos nas rádios estaduais;

- Fitas de Vídeo com informações relativas ao assunto, a serem exibidas nas emissoras de TV e

utilizadas em reuniões de mobilização/sensibilização.

4.3.1.2. Em Nível Local nas Áreas de Interesse do Projeto

Em parceria com os órgãos ambientais municipais, entidades representativas da sociedade civil,

ONGs, a equipe de multiplicadores desenvolverá as seguintes ações:

- Mobilização por meio de reuniões, utilização de folhetos, de programas de rádio e exibição de

vídeos;

- Jornadas de sensibilização, mediante reuniões temáticas referentes a questões locais;

- Jornadas de visitação a nascentes e corpos d’água antropizados e a locais afins;

- Realização de campanhas sobre problemas específicos;

23

- Reuniões nos estabelecimentos de ensino;

- Realização de mutirões ambientais para melhorar a qualidade ambiental de locais selecionados

previamente.

4.3.2 Ações Específicas de Educação Formal e Educação não Formal

A) No âmbito da educação formal:

- Produção de um folheto específico para subsídio às professoras (es);

- Capacitação de professoras(es) dos municípios visando a inserção da temática no ensino formal;

- Realização de concursos de redação, poesia, canto, teatro sobre a temática nas escolas.

B) No âmbito da educação não formal:

- Levantamento de experiências exitosas e sistematização de lições aprendidas para divulgação;

- Intercâmbio de experiências entre as comunidades;

- Apoio à criação de espaços institucionais e/ou de grupos de voluntários ambientalistas;

- Realização de campanhas junto a entidades como associações de produtores, cooperativas, colônias

de pescadores, associações indígenas, associação comercial, associação de transportadores, entidades

representativas da sociedade civil.

4.4. Organização Social para a Gestão Participativa

A capacitação apoiará a organização social porque esta fortalece a participação, permitindo uma

articulação consciente, permanente e dinâmica dos grupos de uma população ao redor de interesses comuns;

objetivos reais, mas percebidos coletivamente, que alimentam ações coordenadas e que buscam satisfazer a

esses interesses coletivos. No presente caso, o objetivo comum, percebido coletivamente, deve ser a

sustentabilidade da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos. Alcançar ações coordenadas faz parte da

capacitação.

Para execução de metas previstas de capacitação será priorizada a parceria com organizações

existentes na área, buscando a valorização do capital social local.

Deverá ser implantada uma estratégia para fortalecer e/ou apoiar o surgimento de iniciativas no

campo de associativismo e cooperativismo que tenham relação com a gestão da diversidade aquática e dos

recursos hídricos. A estratégia terá como ponto focal a capacitação para a criação e/ou bom funcionamento de

tais organizações.

4.4.1. Parcerias com as Organizações Sociais Locais

A formação de parcerias ocorrerá ao longo do processo e compreende todas as ações e eventos sendo

um pano de fundo que acompanha todas as atividades. Os eventuais custos desta atividade já estão incluídos

na gestão do projeto, considerando que as principais formalidades sejam cumpridas pela coordenação do

AquaBio.

Para execução das metas previstas no AquaBio será priorizada a parceria com organizações

existentes na área, buscando a valorização do capital social local. Entre os multiplicadores deverá haver

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membros das instituições locais, para facilitar estas parcerias e os eventos de capacitação sempre devem ser

executados com a participação das organizações locais, quer seja na preparação, mobilização, ou mesmo na

coordenação e execução dos eventos.

4.4.2. Fortalecimento do Associativismo e Cooperativismo

Deverá ser implantada uma estratégia para fortalecer e/ou apoiar o surgimento de iniciativas no

campo de associativismo e cooperativismo que tenham relação com a gestão da biodiversidade aquática e dos

recursos hídricos. Na Tabela 3 são indicadas as atividades de capacitação para apoiar tais iniciativas. A

estratégia terá como ponto focal a capacitação para a criação e/ou bom funcionamento de tais organizações.

Serão realizados esforços para que as organizações voltadas para a gestão de recursos naturais, enfatizem os

cuidados com os recursos aquáticos.

Tabela 3 – Atividades para Fortalecer o Associativismo e o Cooperativismo

ASSOCIATIVISMO COOPERATIVISMO

CURSOS ENCONTROS/SEMINÁRIOS CURSOS OFICINAS/ACOMPANHAMENTO

ÁREA

PILOTO Ano

1

Ano

2

Ano

3

Ano

4

Ano

5

Ano

1

Ano

2

Ano

3

Ano

4

Ano

5

RIO NEGRO 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1

ALTO

XINGU

2 2 2 2 2 1 1 1 1 1

BAIXO

TOCANTINS

2

2

2

2

2

1

1

1

1

1

TOTAL 6 6 6 6 6 3 3 3 3 3

4.4.3. Fortalecimento de Grupos Específicos

A organização social exige que seja dado tratamento diferenciado a alguns grupos sociais, em função

das suas características e do papel que desempenham. As mulheres e os jovens merecem uma atenção

especial, as primeiras pela sua importância na produção familiar e na gestão de recursos aquáticos, e os

segundos porque deles depende o futuro das iniciativas que agora forem tomadas. O Projeto buscará a

organização e fortalecimento de grupos de mulheres e de jovens e analisará, junto com eles, suas necessidades

de capacitação, visando principalmente incentivar atividades econômicas que sejam ambientalmente corretas

e que proporcionem melhoria de renda das famílias.

Os contatos preliminares, durante o diagnóstico rápido nas áreas demonstrativas, comprovaram a

existência de um grande potencial de trabalho com mulheres e com jovens. Foi constatada a existência de

organizações das duas categorias sociais, bem como o funcionamento de projetos voltados para o seu

fortalecimento. O AquaBio poderá apoiar tais iniciativas.

25

Na Tabela 4 estão projetados eventos a serem concretizados de acordo com a necessidade de cada

local, atendendo a demanda de cada um destes grupos.

Tabela 4 - Eventos de Capacitação Voltados ao Fortalecimento de Grupos de Mulheres e de Jovens

MULHERES JOVENS

Encontros/Seminários/Oficinas Encontros/Seminários/Oficinas

ÁREA PILOTO

Ano

1

Ano

2

Ano

3

Ano

4

Ano

5

Ano

1

Ano

2

Ano

3

Ano

4

Ano

5

RIO NEGRO 2 2 1 1 1 2 2 1 1 1

ALTO XINGU 2 2 1 1 1 2 2 1 1 1

BAIXO

TOCANTINS

2

2

1

1

1

2

2

1

1

1

TOTAL 6 6 3 3 3 6 6 3 3 3

4.5. Institucionalização dos Procedimentos de Educação Ambiental, Capacitação e

Disseminação

A Constituição de 1988 introduziu novos instrumentos de gestão social das políticas públicas

institucionalizando conselhos gestores de políticas setoriais nas esferas federal, estadual e municipal.Para que

a sociedade legitime as ações e fique assim assegurado o propósito de continuidade, deverão ser seguidas as

determinações legais, contidas na Lei Nº 9.433/97- Política Nacional de Recursos Hídricos, e na Lei nº

6.938/81- Política Nacional de Meio Ambiente, que recomendam a participação da sociedade na gestão dos

recursos naturais e estabelecem canais de participação, como os Conselhos Municipais de Meio Ambiente e

os Comitês de Bacia. A proposta de capacitação/disseminação defende como prioritário o fortalecimento de

fóruns existentes nas áreas piloto, que possam contribuir para a gestão ambiental. No caso de não existirem, é

necessária a sua formação, para assegurar a participação social e a continuidade das ações.

O componente de capacitação realizará eventos e atividades com o objetivo de assegurar

sustentabilidade ao processo, isto é, visando construir uma institucionalidade capaz de dar seqüência aos

trabalhos, após os 6 anos de desembolso. Este trabalho faz parte do processo de gestão social e deve ser

implementado com eventos específicos.

A criação e/ou formação e aperfeiçoamento do capital social, isto é, pessoas organizadas e

articuladas com projeto coletivo, é um dos primeiros trabalhos a ser encaminhado, pois este é o verdadeiro

alicerce para a gestão ambiental. Trata-se de um trabalho que implica mobilização e sensibilização das

organizações ambientais e comunitárias, das instituições públicas e de entidades privadas. Implica apoio à

criação de tais instâncias, articulação interinstitucional, capacitação organizacional, implantação e

26

consolidação de ambientes de integração local, e especialmente implica internalização deste projeto comum,

que é o manejo integrado da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

A experiência da administração pública e privada na implantação de programas e projetos tem

demonstrado, ao longo dos anos, que tudo desaparece ou fica paralisado quando termina o prazo dos

desembolsos. Os fracassos tem como causa principal que durante a execução dos projetos não se constroem

estruturas ou institucionalidades capazes de dar continuidade às ações.

Um dos resultados esperados do AquaBio é a sua própria sustentabilidade após o final do Projeto.

Levando em consideração que esta continuidade no tempo deve acontecer conforme as orientações da Lei nº

9.433/97, isto é, mediante uma gestão descentralizada e participativa, torna-se indispensável criar estruturas

que garantam tal processo, especialmente em relação à educação ambiental, capacitação e disseminação.

O AquaBio, portanto, desde o primeiro momento da sua implantação buscará a construção de

espaços que assegurem o “pós-projeto”, fortalecendo o capital social local, as organizações da sociedade civil

e fortalecendo os espaços que os atores sociais do local considerarem mais adequados para a continuidade da

gestão ambiental.

A participação nas decisões sobre a gestão da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos tem o

propósito de assegurar à gestão um caráter institucional permanente. Esta participação deve compreender

aspectos de planejamento, implementação de projetos e atividades e acompanhamento e avaliação das ações.

A criação e/ou fortalecimento de espaços institucionais, para assegurar a gestão da biodiversidade

aquática e dos recursos hídricos, principalmente após a conclusão do Projeto, requer que sejam percorridos

alguns passos, como estes:

• Assegurar prioridade à questão, iniciando os trabalhos logo nos primeiros meses de implantação do

AquaBio. Esta medida visa também permitir que tais espaços adquiram maturidade durante a

execução do Projeto.

• Iniciar os trabalhos mediante a conscientização e sensibilização das entidades públicas e da

sociedade civil, para que elas próprias se convençam da necessidade de criar ou fortalecer tais

fóruns. Devem ser ministrados cursos sobre o papel dos conselhos ou fóruns de desenvolvimento,

sobre técnicas para o bom funcionamento, sobre sistemática de trabalho e planos de ação imediata a

partir de diagnósticos locais.

• Buscar que haja representatividade nos fóruns ou conselhos de todas os setores da sociedade,

especialmente daqueles mais próximos à gestão dos recursos aquáticos.

• Adequar os fóruns à realidade amazônica, onde as distâncias e as dificuldades de comunicação entre

os municípios, em certos casos pode aconselhar que sua atuação seja apenas municipal.

• Mesmo que no município já exista Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente, é

necessário criar algum espaço, como câmara técnica ou grupo de trabalho, dentro desse Conselho,

que cuide mais diretamente da biodiversidade aquática.

• O AquaBio deverá atuar como “facilitador” do bom funcionamento de tais espaços institucionais,

oferecendo capacitação aos seus membros, e dados provenientes do monitoramento e avaliação para

27

análise, permitindo a realização de levantamentos e pesquisas que contribuam para a gestão

ambiental, facilitando visitas a pontos críticos e permitindo o intercâmbio de experiências entre os

diversos fóruns ou conselhos.

• Estas institucionalidades de gestão deverão buscar autonomia financeira, mediante instrumentos de

sustentabilidade, como por exemplo, taxas de compensações ambientais ou negociações com

usuários de bens ambientais.

Na Tabela 5 são projetados alguns eventos que deverão auxiliar na construção das institucionalidades que

deverão das continuidade ao Projeto.

Tabela 5 - Institucionalização de Procedimentos de Gestão dos Recursos Hídricos

ÁREAS DEMONSTRATIVAS

ANO

ATIVIDADES Rio Negro Xingu Tocantins Total

1 1. Campanha: conscientização/sensibilização

2. Curso: Os Espaços Institucionais de Gestão.

1

1

1

1

1

1

3

3

2 1. Reciclagem: Os Espaços Institucionais de Gestão

2. Visitas/ Levantamentos/ Pesquisas

1

2

1

2

1

2

3

6

3 1.Visitas/ Levantamentos/ Pesquisas

2. Intercâmbio de Experiências

2

1

2

1

2

1

6

3

4 1. Visitas/ Levantamentos/ Pesquisas

2. Intercâmbio de Experiências

2

1

2

1

2

1

6

3

5 1. Visitas/ Levantamentos/ Pesquisas

2. Intercâmbio de Experiências

1

2

1

2

1

2

3

6

TOTAL: Campanha Conscientização Sensibilização

1. Cursos

2. Reciclagem

3. Visitas/ Levantamentos/ Pesquisas

4. Intercâmbio de Experiências

1

1

1

7

4

1

1

1

7

4

1

1

1

7

4

3

3

3

21

12

4.6. Capacitação Operacional.

Esta parte da proposta da Implementação da educação ambiental, capacitação e disseminação diz

respeito a eventos de capacitação diretamente voltados para o manejo da diversidade aquática e dos recursos

hídricos, com o objetivo de desenvolver capacidades técnicas e operacionais.

A capacitação operacional faz parte da educação ambiental, pois esta visa preparar os cidadãos para

a correta gestão dos recursos naturais. Por este motivo todos estes eventos devem ter um cunho educativo,

voltado para o objetivo maior de melhorar a qualidade ambiental. São apresentados separadamente apenas

para facilitar a compreensão da estratégia proposta.

28

A capacitação operacional não pode ser detalhada integralmente antes de iniciar o Projeto, o qual

seria uma incoerência com as diretrizes propostas, de construir o processo de educação/capacitação de forma

participativa, ouvindo a comunidade, diagnosticando as necessidade. Parte-se de um diagnóstico inicial,

realizado por todos os consultores, onde aparecem as principais demandas de capacitação. Entretanto, é

necessário permitir certa flexibilidade para que ao longo dos 6 anos do Projeto seja permitido enriquecer o

processo de capacitação com novas demandas, ou alterações exigidas em função de fatos novos.

Por outra parte, a capacitação operacional abrange, além dos temas diretamente relacionados aos

recursos hídricos, aqueles outros que de alguma forma podem interferir na vida aquática, como é o caso do

uso do solo ou a elaboração de planos diretores municipais ou de bacias que podem afetar todos os

ecossistemas. A definição de temas poderá ser enriquecida com as recomendações sobre recursos hídricos

sugeridas pela Conferência Nacional de Meio Ambiente ( Anexo VII), e com os resultados da Consulta

Nacional sobre a Agenda 21 (Anexo VIII).

A capacitação operacional deve abranger conhecimentos, práticas e tecnologias que levem a adquirir

comportamentos ambientalmente corretos sobre a conservação da biodiversidade aquática e os recursos

hídricos, buscando sanar as causas que levam à destruição da vida aquática, que muitas vezes se encontram

em ambientes próximos aos cursos d’água, como é o caso dos desmatamentos, uso de agrotóxicos, práticas

agrícolas causadoras de erosão ou destruição de matas ciliares. Serão ministradas noções sobre o ciclo

hidrológico, conhecimento dos recursos aquáticos do país e da região, informações básicas sobre bacias

hidrográficas, sobre legislação de recursos hídricos, informações sobre uso, controle e gestão de recursos

hídricos, instrumentos para o planejamento estratégico nas sub-bacias e noções sobre o plano diretor de bacias

hidrográficas.

Não é objetivo do AquaBio ministrar cursos com formação acadêmica. Conforme consta nas Tabelas

6 e 7, o projeto propõe-se tornar operacionais grupos da sociedade civil para que participem, com melhores

conhecimentos, no manejo da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos. Entretanto, a capacitação será

direcionada a dois grandes segmentos: a) técnicos e funcionários que trabalham em programas e projetos

relacionados com recursos hídricos, b) setores da população cujas atividades podem interferir diretamente nos

recursos aquáticos, como pescadores, agricultores, irrigantes, pecuaristas e ribeirinhos. Neste segundo

segmento serão selecionadas lideranças que serão capacitadas como “Agentes Ambientais Voluntários”,

experiência que vem dando certo em outros programas, pois se trata de pessoas da comunidade que são

preparadas para atuarem como agentes de educação ambiental e de proteção dos recursos naturais, com

capacidade para fazer constatação de crimes ambientais e comunicar às autoridades competentes. O êxito

alcançado pelos Agentes Ambientais Voluntários tem sido atribuído principalmente ao fato de se tratar de

pessoas que por habitarem o local, conhecem profundamente os usos e costumes, têm laços de parentesco e

afinidade com os demais moradores, podendo assim mais facilmente estarem presentes em todos os eventos

da comunidade, inclusive repassando informações úteis à conservação dos recursos naturais.

29

Tabela 6 – Proposta de Capacitação Operacional para Técnicos e Funcionários

ANO Áreas Demonstrativas

EVENTOS DE CAPACITAÇÃO 1 2 3 4 5 Negro .Xingu Tocant.

Total

1. Curso: Instrumentos de políticas ambientais na

gestão da biodiversidade aquática.

2. Reciclagem do curso.

X

-

-

-

-

X

-

-

-

-

1

1

1

1

1

1

3

3

3. Curso: Manejo Integrado de Recursos Naturais. X - - - - 1 1 1 3

4. Oficina: Elaboração de Planos de Ação

Imediata.

X X X X X 5 5 5 15

5. Curso: Manejo da Qualidade da Água. X - - - 1 1 1 3

6. Oficina: Elaboração de Planos de Bacias

Hidrográficas.

-

-

-

X

-

1

1

1

3

TOTAL 3 2 2 2 1 10 10 10 30

Tabela 7 – Proposta de Capacitação Operacional para Setores Específicos da População

ANO Áreas Piloto

EVENTOS DE CAPACITAÇÃO 1 2 3 4 5 Negro Xingu Tocant.

Total

1.Curso: Noções sobre uso, controle e gestão de

recursos naturais.

2

3

3

3

1

12

12

12

36

2. Curso: Sustentabilidade dos recursos naturais:

Pesca sustentável. Agricultura sustentável.

2

3

3

3

1

12

12

12

36

3.Curso: Preservação de Mananciais e Matas

Ciliares.

2 3 3 3 1 12 12 12 36

4.Curso: Agentes Ambientais Voluntários. 3 3 3 - - 9 9 9 27

TOTAL 9 12 12 9 3 45 45 45 135

V) DESCRIÇÃO DA PROPOSTA DE DISSEMINAÇÃO DE CONHECIM ENTO

O processo de educação ambiental abrange mobilização, conscientização, sensibilização, capacitação e

disseminação. Por motivos didáticos, visando facilitar a compreensão e para oferecer-lhe maior visibilidade, a

disseminação está sendo programada separadamente. A sua importância é tal que a Lei nº 6.938/81 ao tratar

da Política Nacional de Meio Ambiente estabelece a obrigação de produzir informações a serem

disseminadas, e a própria Lei nº 9.433/97 (art. 25 a 27) estabelece um sistema de informação sobre recursos

hídricos, reconhecendo que informação é poder, no sentido que ela potencializa mudanças comportamentais,

cria senso de responsabilidade ambiental e motiva para a participação.

A proposta de disseminação, conforme a Tabela 8, acompanha o crescimento do Projeto. No primeiro ano

seu foco principal é a própria disseminação do AquaBio, mediante jornadas de debate no âmbito da

30

Amazônia Legal e das áreas piloto. A partir do segundo ano começa a disseminação de resultados

alcançados e no último ano é intensificada para tornar conhecidas as lições aprendidas com o Projeto.

No terceiro ano é proposta uma disseminação em nível internacional, com os países da Organização do

Tratado de Cooperação Amazônica, para mostrar os primeiros resultados alcançados e para que nos dois anos

seguintes haja possibilidade de intercâmbios de experiências e possível réplica desta iniciativa em outros

países.

No dia-a-dia do AquaBio serão utilizados os seguintes meios de disseminação:

• Homepage: contendo notícias do projeto – Informações técnicas e resultados alcançados.

• Informativo mensal impresso: com notícias do projeto, enviado prioritariamente aos estados e aos

municípios das áreas demonstrativas.

• Notícias para imprensa, rádio e televisão.

• Programas educativos a serem transmitidos por emissoras de rádio.

• Programas educativos em fitas de vídeo a serem exibidos em emissoras de T.V. regionais e

utilizados na educação formal e/ou reuniões e cursos.

• Material impresso para distribuição especialmente nas áreas demonstrativas: cartilhas, folders e

relatórios.

Os trabalhos preparatórios à disseminação permitirão que o AquaBio crie um acervo ou banco de

imagens, impressos e vídeos. Ao final do Projeto, a experiência como um todo será sistematizada numa

publicação específica.

Tabela 8 – Proposta de Eventos de Disseminação do AquaBio.

ABRANGÊNCIA ANO

Área Piloto

DISCRIMINAÇÃO

Negro Xingu Tocant.

Amazônia

O.T.C.A.

1

2

3

4

5

Jornada para Legitimação do

AquaBio

3 3 3 1 - 10 - - - -

Workshop para Troca de

Experiências

1 1 1 1 - - 4 4 4 -

Workshop para Análise da

Experiência e dos Resultados

Parciais

-

-

-

-

1

-

-

1

-

-

Workshop para Análise dos

Resultados Finais

1

1

1

1

1

-

-

-

-

5

TOTAL 5 5 5 3 2 10 4 5 4 5

31

VI) ARRANJOS INSTITUCIONAIS

O componente de capacitação terá o grupo gestor como base para os arranjos institucionais. Deverão

ser aplicados instrumentos jurídicos que possibilitem as parcerias, acordos e contratos para que as instituições

que atuam nos municípios das áreas de interesse do Projeto executem os eventos de capacitação. Em função

da grande experiência do IBAMA em educação ambiental, da sua capilaridade, estrutura e possibilidades de

apoio logístico, é recomendado contar com a participação deste Instituto.

Os arranjos institucionais devem também evitar a pulverização de executores, para que se possa

manter uma linha pedagógica mais homogênea, facilitando assim a confecção de materiais, o

acompanhamento e a avaliação.

O componente de capacitação é um ponto de apoio para os demais componentes do AquaBio e como

tal deve estar com eles intimamente articulado, recebendo demandas a serem atendidas e ofertando subsídios

educacionais para a boa execução.

Considerando que a presente proposta exige dedicação e acompanhamento e que, para o alcance dos

resultados, é necessário percorrer todos os passos, dando ênfase a detalhes pedagógicos da estratégia que

devem ser bem assimilados e aplicados, recomenda-se que a Coordenação Executiva do AquaBio constitua

um grupo de ao menos duas pessoas que, em tempo integral, possam dedicar-se à coordenação e

acompanhamento do componente. Este grupo deve assegurar a integração da estratégia, o concatenamento das

ações, a compreensão integral do processo e o alcance da grande meta que é a gestão social.

Este grupo, por exemplo, deverá percorrer as áreas demonstrativas para conhecer as pessoas que atuam

no desenvolvimento local, ligadas a instituições ou não, e assim ter elementos para fazer uma boa seleção das

pessoas que devem ser convidados para a capacitação preparatória dos multiplicadores. Este passo é de vital

importância e só pode ser realizado por pessoas engajadas na execução da presente proposta.

O processo licitatório é válido para execução dos diferentes eventos de capacitação e disseminação,

mas a coordenação e gestão da estratégia geral do processo educativo, a concretização dos princípios e

diretrizes deve ser assegurada por alguém que faça parte da Coordenação Executiva do Projeto.

VII) PLANO DE IMLEMENTAÇÃO

As seis principais atividades do Plano de Implementação, previstas na Tabela 9, serão desenvolvidas

de forma contínua e permanente, porque o Projeto exige uma ação educativa e capacitadora no dia-a-dia da

sua execução. A nova mentalidade e os novos comportamentos a serem adotados pela população são resultado

de processos que não podem sofrer descontinuidade. Cada uma das metas traçadas nas áreas demonstrativas

exige a atuação junto às comunidades por meio de reuniões, jornadas de aprendizagem, seminários, oficinas

para construir mecanismos de solução aos problemas que aparecerem, cursos para adoção de novas

tecnologias ou práticas ambientais e disseminação permanente de informações.

32

Tabela 9 – Plano de Implementação

ANO I II III IV V VI

SEMESTRE 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2

1. Formação dos Multiplicadores X X

2. Implementação de Estratégias de Educação

Ambiental e Capacitação

X X X X X X X X X X X X

3. Organização social para a Gestão Participativa. X X X X X X X X X X X X

4. Institucionalização de Procedimentos X X X X X X X X X X X

5. Capacitação Operacional X X X X X X X X X

6. Disseminação X X X X X X X X X X

VIII) COORDENAÇÃO COM OUTROS PROGRAMAS E PROJETOS

O componente de capacitação buscará integrar-se aos programas e projetos que fazem capacitação, como

os Núcleos de Educação Ambiental do IBAMA nos Estados, os programas estaduais das secretarias de meio

ambiente, o PPG-7 em projetos como PD/A, ProVárzea, ProManejo, SPRN/PGAI, PROARCO, Corredores

Ecológicos, ProAmbiente, Proteger, e programas de capacitação de outros ministérios como do MDA/SDT e

PRONAF.

Durante o diagnóstico detalhado que será realizado no primeiro ano de execução do Projeto, uma das

principais preocupações será conhecer os programas e projetos em andamento nas áreas piloto, para verificar em

que medida o AquaBio pode somar e colaborar nos aspectos de educação ambiental/capacitação.

Esta integração será facilitada na medida em que a coordenação do AquaBio identificar as áreas de

atuação desses diferentes programas e projetos e buscar integração nas áreas coincidentes. Cumpre aos atores

locais concretizar tal integração, missão que será facilitada uma vez que o AquaBio pretende implantar suas

atividades por meio desses próprios atores locais.

IX) ESTRATÉGIA DE SISTEMATIZAÇÃO DE APRENDIZAGEM E REPLICAÇÃO DE ÊXITOS

Está previsto, em todo o processo de capacitação, realizar eventos que permitam a sistematização de

aprendizagem e o intercâmbio de experiências. A partir do primeiro ano, devem ser pesquisadas e

sistematizadas as boas experiências existentes na região, como o ProVárzea, PD/A, Escolas Família, Centros

de Capacitação, com o objetivo de que tais informações possam orientar os trabalhos.

Estão previstas visitas a locais onde se possa aprender “fazendo” e onde possam ser constatados

resultados replicáveis.

O processo de capacitação está integrado ao de disseminação e compreende conhecimentos já

existentes, e que muitas vezes não estão sendo divulgados, bem como conhecimentos gerados pelo próprio

projeto.

33

X) GRUPO GESTOR DO COMPONENTE DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Considerando que a presente proposta exige dedicação e acompanhamento e que para o alcance dos

resultados é necessário percorrer todos os passos, dando ênfase a detalhes pedagógicos da estratégia que

devem ser bem assimilados e aplicados, recomenda-se que a Coordenação Executiva do AquaBio constitua um

grupo de pelo menos duas pessoas, que em tempo integral possam dedicar-se à coordenação e

acompanhamento do componente. Este grupo terá como primeira tarefa a formação das equipes de

multiplicadores nas áreas demonstrativas e nos três estados onde elas se situam. Como boa parte da dinâmica

do processo educativo depende dos multiplicadores, a correta seleção dos mesmos exige cuidados especiais. É

fundamental que esta seleção seja feita pelo grupo gestor, que conhece bem os objetivos e estratégias do

AquaBio e que tem o compromisso da sua boa implementação. Estas mesmas pessoas devem criar um clima

de confiança e de trabalho, mediante comunicação contínua com os multiplicadores, ao longo da execução do

Projeto. Daí a necessidade de que eles façam parte da equipe executora do Projeto. Todos os detalhes da

implantação dos diferentes passos da estratégia, o acompanhamento dos planos anuais de ação e demais

procedimentos que exigem seqüência, ano após ano, pressupõem a existência de uma equipe permanente.

A continuidade das práticas ambientalmente corretas, criadas com o apoio do AquaBio, para que tenham

continuidade após sua execução exige a atuação deste grupo gestor que assegure a integração da estratégia, o

concatenamento das ações, a compreensão integral do processo e especialmente que contribua para o alcance

da gestão social, isto é, que a sociedade conquiste capacidade suficiente para continuar o processo de manejo

integrado da biodiversidade aquática e dos recursos hídricos.

XI) ORÇAMENTO POR ATIVIDADE

A Tabela 10 apresenta o orçamento por atividade e o Anexo I discrimina o orçamento por atividade e a

memória de cálculo dos respectivos custos.

Tabela 10 – Orçamento por Atividade

ATIVIDADES CUSTO R$

Formação de Multiplicadores 712.500,00

Implementação da Estratégia de Educação Ambiental/ Capacitação 1.210.000,00

Fortalecimento da Organização Social para a Gestão Participativa 593.400.00

Institucionalização da Gestão Ambiental 371.700,00

Capacitação Operacional 1.494.000,00

Disseminação 1.216.900,00

Grupo Gestor do Componente 1.410.000,00

TOTAL 7.008.500,00

34

NOTAS

(1) QUINTAS, J.S. Pensando e Praticando a Educação Ambiental na Gestão do Meio Ambiente .Edições Ibama. Brasília, 2002.

(2) OLIVEIRA, E.M. Cidadania e Educação Ambiental. Uma Proposta de Educação no Processo de Gestão Ambiental. Edições Ibama. Brasília, 2002.

BIBLIOGRAFIA ANDERSON, A. & CLAY, J. Esverdeando a Amazônia. Editora Fundação Peirópolis, São Paulo, 2002. BARBIERI, J.C. Desenvolvimento e Meio Ambiente. Petrópolis,RJ : Vozes, 1997. BANCO INTERAMERICANO DE DESENVOLVIMENTO/MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE DO BRASIL. Diálogos de Política Social e Ambiental: Aprendendo com os Conselhos Ambientais Brasileiros.Brasília, DF, 2002. BNDES. Desenvolvimento Local – Cooperação Técnica do PNUD. Recife, 2000. _______. Histórias de um Brasil que Funciona. São Paulo, 2000. CÂMARA DOS DEPUTADOS – Comissão da Amazônia e do Desenvolvimento Regional. Agenda Positiva da Amazônia. Brasília, 2001. GOMES, da S.V. Legislação Ambiental Comentada. Editora Fórum. Belo Horizonte, 2002. IBAMA. ProManejo – Relatório de Atividades 2001 e 2003. ______. ProVárzea - Grupos de Interesse e Atores na Região da Várzea Amazônica. Manaus, 2002. LEFF, E. Epistemologia Ambintal. Cortez Editora. São Paulo, 2001. LITTLE, P.E. Políticas Ambientais no Brasil. Análises, instrumentos e experiências. São Paulo: Peirópolis; Brasília, DF:IIEB, 2003. LOUREIRO, C.F.B. et alii. Sociedade e Meio Ambiente: a educação ambientalem debate. São Paulo, Cortez, 2000. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21 Brasileira – Ações Prioritárias. Brasília, 2001. _____________. Agenda 21 Brasileira – Resultados da Consulta Nacional. Brasília, 2001. _____________. Causas e Dinâmica do Desmatamento na Amazônia. Brasília, 2001. _____________ Conferência Nacional do Meio Ambiente. Conferência Infanto-juvenil para o Meio Ambiente. Deliberações 2003 .Brasília, 2004. _____________. Instrumentos Econômicos para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia. Brasília, 2002 _____________. Construindo a Agenda 21 Local. Brasília, 2000. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO. A Implantação da Educação Ambiental no Brasil. Brasília, 1998.

35

__________________________________________. Programa Parâmetros em Ação. Meio Ambiente na Escola. Brasília, 2001. NOBRE, M.; AMAZONAS,M.de C. Desenvolvimento Sustentável: A Institucionalização de um Conceito. Edições Ibama. Brasília, 2002. OLIVEIRA, E.M. Educação Ambiental. Uma Possível Abordagem. Edições Ibama. Brasília, 1996. _____________. Cidadania e Educação Ambiental. Uma Proposta de Educação no Processo de Gestão Ambiental. Edições Ibama. Brasília, 2002. PPG-7 – Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil – Estudos da Amazônia: Avaliação de Vinte Projetos PDA. Brasília, 2004. PROJETO BANDO DO NORDESTE/PNUD. O que Entendemos por Capacitação? Fundamentos e Considerações para a Prática. Recife, 1998. QUINTAS, J.S. Pensando e Praticando a Educação Ambiental na Gestão do Meio Ambiente .Edições Ibama. Brasília, 2002. SENADO FEDERAL. Agenda 21. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Brasília, 2001.

36

ANEXO I) DISCRIMINAÇÃO DO ORÇAMENTO E MEMÓRIA DE C ÁLCULO

A) Discriminação do Orçamento por Atividade

4.1. Formação de Multiplicadores

A) Multiplicadores Estaduais

Custo por Evento: R$ 26.000,00 X 3 estados X 5 anos = R$ 390.000,00

B) Multiplicadores das Áreas Piloto

Custo por Evento: R$ 10.750,00 X 3 áreas X 2 eventos X 5 =R$ 322.500,00

Total =R$ 712.500,00

4.2. Implementação da Estratégia de Educação Ambiental/Capacitação

a) Mobilização e sensibilização

A) Em nível estadual (folhetos, informativos, rádio, fitas/vídeo) =R$ 275.000,00

B) Em nível local (transporte, coordena;cão, campanhas...) =R$ 250.000,00

b) Ações Específicas

A) Educação Formal =R$ 195.000,00

B) Educação não Formal =R$ 490.000,00

Total =R$ 1.210.000,00

4.3. Organizaão Social para a Gestão Participativa

a) Fortalecimento do Associativismo e do Cooperativismo

Custo Curso (3 dias): R$ 6.500,00 X 9 cursos X 2 anos =R$ 117.000,00

Custo encontro/seminário (2 dias): R$ 8.000,00 X 9 eventos X 3 anos =R$ 216.000,00

b) Fortalecimento de Grupos de Mulheres e Jovens

Custo evento (3 dias): R$ 6.200,00 X 42 eventos =R$ 260.400,00

Total =R$ 593.400,00

1.4.Institucionalização da Gestão Ambiental

Campanhas- transporte – produção de materiais de divulgação =R$ 129.000,00

Custo Curso ( 3 dias, 20 pessoas): R$ 3.800,00 X 6 cursos =R$ 22.800,00

Visitas – levantamentos e pesquisas e intercâmbio de experiências =R$ 219.900,00

Total =R$ 371.700,0

1.5.Capacitação Operacional

A) Técnicos e Funcionários

Custo Curso ou Reciclagem (5 dias- 25 pessoas): R$ 15.000,00 X 12 = R$ 180.000,00

Custo Oficina (2 dias- 40 pessoas): R$ 7.000,00 X 18 = R$ 126.000,00

B) Setores Específicos (Agricultores, pescadores...)

Custo Curso (3 dias- 30 pessoas): R$ 8.800,00 X 135 cursos = R$ 1.188.000,00

Total =R$ 1.494.000,00

1. 6.Disseminação

37

Produção de subsídios didáticos (rádio- vídeos – impressos) =R$ 430.000,00

Eventos de Disseminação:

Jornadas de Legitimação do Aquabio =R$ 67.500,00

Workshops nas áreas piloto =R$ 154.000,00

Workshops em nível de Amazônia (4) =R$ 415.000,00

Workshops internacionais (2) =R$ 150.000,00

Total =R$ 1.216.900,00

1.7.Grupo Gestor do Componente (2 pessoas)

Salários e encargos sociais por mês: R$ 15.000,00 X 60 meses =R$ 900.000,00

Passagens por mês por pessoa: R$ 3.000,00 X 2 X 60 meses =R$ 360.000,00

Diárias por mês por pessoa: 15 X 2 X R$ 100,00 X 50 meses =R$ 150.000,00

Total =R$ 1.410.000,00

B) Memórias de Cálculo

Formação de Multiplicadores

A) Estaduais

Passagens: 30 X R$ 100,00 =R$ 3.000,00

Hospedagem e alimentação: 30 X R$ 100,00 X 5 dias =R$15.000,00

Passagem instrutores: 2 X R$ 1.500,00 =R$ 3.000,00

Remuneração instrutores:R$ 100,00 X 40 horas =R$ 4.000,00

Material de Consumo (apostilas, pastas, papel..) =R$ 1.000,00

Total =R$26.000,00

B)Locais: Áreas Piloto:

Passagens: 25 X R$ 50,00 =R$ 1.250,00

Hospedagem e alimentação: 25 X R$ 60,00 =R$ 1.500.00

Passagem Instrutores: 2 X R$ 2.000,00 =R$ 4.000,00

Remuneração Instrutores: R$ 100,00 X 40 horas =R$ 4.000,00

Total =R$10.750,00

2. Implementação de Estratégias de Educação Ambiental/Capacitação

2.1. Mobilização e Sensibilização

Em Nível Estadual

38

• Folhetos e informativos sobre temas específicos =R$ 50.000,00

• Informativo mensal- elaboração e distribuição =R$ 100.000,00

• Programas de rádio – elaboração e distribuição =R$ 25.000,00

• Fitas de Vídeo – produção e distribuição =R$ 100,000,00

Sub-total =R$ 275.000,00

Em Nível Local: Áreas Piloto

• Transporte para reuniões e visitas =R$ 150.000,00

• Coordenação da mobilização =R$ 50.000,00

• Campanhas e mutirões ambientais =R$ 50.000,00

Sub-total =R$ 250.000,00

2.2. Ações Específicas

A) Educação Formal

• Folheto para auxiliar professoras =R$ 25.000,00

• Capacitação de professoras (300 em 10 turmas de 30),

durante 3 dias a custo unitário de R$ 8.000,00 =R$ 80.000,00

• Atividades educativas (teatro, concursos...) =R$ 90.000,00

Sub-total =R$ 195.000,00

C) Educação Não-Formal

• Levantamento e sistematização de experiências =R$ 270.000,00

• Intercâmbio de experiências entre comunidades =R$ 120.000,00

• Coordenação para criar espaços institucionais =R$ 50.000,00

• Campanhas =R$ 50.000,00

Sub-total =R$ 490.000,00

3. Fortalecimento da Organização Social para a Gestão Participativa

3.1. Fortalecimento do Associativismo e do Cooperativismo

A) Cursos ( 3 dias- 25 pessoas, sendo 10 do local onde se realiza)

• Passagens: 15 X R$ 40,00 =R$ 600,00

• Hospedagem: 15 X R$ 40,00 X 3 dias =R$ 1.800,00

• Alimentação: 25 X R$ 20,00 X 3 dias =R$ 1.500,00

• Passagem, alimentação, hospedagem instrutor =R$ 800,00

• Remuneração do instrutor: R$ 60,00 X 24 horas =R$ 1.440,00

• Material didático (tarjetas, cartolinas, pincéis...) =R$ 360,00

Total =R$ 6.500,00

39

B)Encontros, Seminários ( 2 dias- 50 pessoas, sendo 10 do local)

• Passagens: 40 X R$ 40,00 =R$ 1.600,00

• Hospedagem: 40 X R$ 40,00 X 2 dias =R$ 3.200,00

• Alimentação: 50 X R$ 20,00 X 2 dias =R$ 2.000,00

• Material didático (cartolinas, papel....) =R$ 700,00

• Coordenação e facilitação do evento =R$ 500,00

Total =R$ 8.000,00

3.2. Fortalecimento de Grupos de Mulheres e Jovens

Encontros, Seminários, Oficinas ( 30 participantes, sendo 10 do local – 3 dias)

• Passagens: 20 X R$ 40,00 =R$ 800,00

• Hospedagem; 20 X R$ 40,00 X 3 dias =R$ 2.400,00

• Alimentação: 30 X R$ 20,00 X 3 dias =R$ 1.800,00

• Material didático (tarjetas, cartolinas, papel...) =R$ 450,00

• Remuneração da coordenação e facilitação =R$ 750,00

Total =R$ 6.200,00

4. Institucionalização da Gestão Ambiental

Campanhas

• Produção de Folders =R$ 30.000,00

• Produção de cartazes e mapas =R$ 60.000,00

• Confecção de faixas =R$ 15.000,00

• Transporte para mobilização =R$ 15.000,00

• Elaboração de programas de rádio =R$ 9.000,00

Total =R$ 129.000,00

Cursos e Reciclagens (20 pessoas, sendo 10 do local- 3 dias)

• Passagens: 10 X R$ 40,00 =R$ 400,00

• Hospedagem: 10 X R$ 40,00 X 3 dias =R$ 1.200,00

• Alimentação: 20 X R$ 20,00 X 3 dias =R$ 1.200,00

• Material Didático =R$ 250,00

• Remuneração coordenação e facilitação =R$ 750,00

Total =R$ 3.800,00

Visitas- levantamentos – pesquisas (10 pessoas- 2 dias)

• Passagens: 10 X R$ 100,00 =R$ 1.000,00

• Hospedagem e alimentação: 10 X R$ 45,00 X 2 dias =R$ 900,00

Total =R$ 1.900,00

40

Intercâmbio de Experiências- (10 pessoas- 5 dias)

• Passagens: 10 X R$ 1.000,00 =R$ 10.000,00

• Hospedagem e alimentação: 10 X R$ 100,00 X 5 dias =R$ 5.000,00

Total =R$ 15.000,00

5. Capacitação Operacional

A) Técnicos e Funcionários

Cursos e Reciclagens (25 pessoas- 5 dias)

• Passagens; 25 X R$ 40,00 =R$ 1.000,00

• Hospedagem e alimentação: 25 X R$ 60,00 X 5 dias =R$ 7.500,00

• Passagens instrutores =R$ 2.000,00

• Remuneração dos instrutores (R$ 100,00 X 40 horas) =R$ 4.000,00

• Material didático (papel, canetas, cartolinas...) =R$ 500,00

Total =R$15.000,00

Oficinas (40 pessoas – 2 dias)

• Passagens: 40 X R$ 40,00 =R$ 1.600,00

• Hospedagem e alimentação: 40X R$ 60,00 X 2 dias =R$ 4.800,00

• Remuneração da coordenação =R$ 500,00

• Material didático =R$ 100,00

Total =R$ 7.000,00

B) Pescadores, Agricultores......

Cursos e Reciclagens (30 pessoas- 3 dias)

• Passagens : 30 X R$ 40,00 =R$ 1.200,00

• Hospedagem e alimentação: 30 X R$ 60,00 X 3 dias =R$ 5.400,00

• Instrutores: R$ 50,00 X 24 horas =R$ 1.200,00

• Remuneração do coordenador =R$ 750,00

• Material didático =R$ 250,00

Total =R$ 8.800,00

6. Disseminação

• Programas educativos gravados e distribuídos para rádios =R$ 50.000,00

• Fitas de vídeo com programas educativos =R$ 200.000,00

• Material impresso (cartilhas, folders) =R$ 100.000,00

• Livro com experiência geral do projeto (2.000 exemplares) =R$ 80.000,00

Sub-total =R$ 430.000,00

Jornadas para Legitimação do Projeto

41

• Passagens de representantes dos Estados Amazônicos

( 30 X R$ 2.000,00) =R$ 60.000,00

• Diárias (30 X R$ 150,00) =R$ 4.500,00

• Alimentação nas áreas piloto (almoço) =R$ 3.000,00

Sub-total =R$ 67.500,00

Workshops para troca de experiências

A) Nas áreas piloto ( 100 participantes, sendo 20 do local – 2 dias)

• Passagens: 80 X R$ 40,00 =R$ 3.200,00

• Hospedagem: 80 X R$ 40,00 X 2 dias =R$ 6.400.00

• Alimentação: 100 X R$ 20,00 X 2 dias =R$ 4.000,00

• Material didático =R$ 400,00

Total =R$ 14.000,00

B) Para os Estados da Amazônia Brasileira (5 dias-15 pessoas por estado)

• Passagens: 5 X 3 estados X R$ 1.500,00 =R$ 22.500,00

• Diárias: R$ 150,00 X 45 X 5 dias =R$ 33.750,00

• Coordenação dos eventos =R$ 6.000,00

• Serviços e materiais de apoio aos eventos =R$ 20.750,00

Total =R$ 83.000,00

C) Para os países da OTCA( 18 convidados, durante 3 dias)

• Passagens: 18 X R$ 3.000,00 =R$ 54.000,00

• Diárias: 18 X R$ 300,00 X 3 dias =R$ 16.200,00

• Coordenação

• do evento =R$ 5.000,00

Total =R$ 75.200,00

7.Grupo Gestor do Componente (2 pessoas)

Salários e encargos sociais por mês: R$ 15.000,00 X 60 meses =R$ 900.000,00

Passagens por mês por pessoa: R$ 3.000,00 X 2 X 60 meses =R$ 360.000,00

Diárias por mês por pessoa: 15 X 2 X R$ 100,00 X 50 meses =R$ 150.000,00

Total =R$ 1.410.000,00

42

ANEXO II) EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Rafael Pinzón Rueda

1. Introdução

Conforme a Conferência de Tbilisi sobre educação ambiental ( Geórgia-URSS-1977) “o meio

ambiente é o conjunto de sistemas naturais e sociais em que vivem os homens e os demais organismos”.

Abrange, portanto os recursos, os produtos naturais e artificiais com os quais se satisfazem as necessidades

humanas. Compreende os grupos humanos, as infra-estruturas construídas pelo homem, as relações de

produção e os sistemas por ele elaborados.

Partindo deste conceito, surge com nitidez que o desenvolvimento local tem tudo a ver com o meio

ambiente, porque este abrange toda e qualquer atividade humana, a tal ponto que pode-se afirmar não

existirem ações ambientalmente neutras ou indiferentes ao meio no qual são executadas, tornando-se

necessário, portanto, que toda estratégia, planejamento ou implementação do desenvolvimento local, não só

leve em conta, mas estabeleça como prioridade e pano de fundo do processo, os cuidados com o meio

ambiente. Este, na verdade, é o “locus” onde acontece o desenvolvimento, existindo então uma identidade

entre o ambiente e o desenvolvimento local.

O conceito de sustentabilidade, componente essencial do desenvolvimento local, é também a meta a

alcançar com os cuidados ambientais, tornando realidade a utilização dos recursos pela presente e por futuras

gerações. Esta comunhão de propósitos, ou simbiose conceitual, fundamenta o papel do meio ambiente, como

substrato básico para o desenvolvimento local.

Pode-se ainda confirmar este papel analisando o objetivo final do desenvolvimento local que é o

desenvolvimento humano; o ambiente está em contínua evolução e o desenvolvimento humano é o ponto mais

alto da evolução das espécies. O ser humano tem suas raízes na matéria global que faz parte da sua essência;

está duplamente inserido no meio ambiente: primeiro como espécie animal da natureza e segundo como

inteligência transformadora cuja verdadeira manifestação é o respeito por essa natureza da qual faz parte. O

ser humano aperfeiçoa a sua própria condição de ser pensante, inteligente, na medida em que percebe fazer

parte do todo, do “ecos” (casa), do qual sua existência depende, o planeta terra.

2. Inserção na Estratégia

2.1.Presença universal e quotidiana do meio ambiente

Para que o meio ambiente ocupe seu devido lugar, numa estratégia de desenvolvimento local, a primeira

regra é torná-lo presente em todos os momentos do processo: articulação e concertação

institucional,diagnóstico participativo, mobilização e sensibilização das comunidades, eventos de capacitação

e execução dos planos de atividades. Na realização dos trabalhos com a comunidade é quando há maior

necessidade de inserir as questões ambientais, para que as pessoas adquiram o hábito de agir dentro de uma

ética ambientalmente correta. Todas as oportunidades são propícias, desde o comportamento durante os

eventos de treinamento conservando limpos os ambientes, fazendo uso correto de recursos como água,

43

energia, alimentos, até na elaboração de projetos que sempre precisam considerar os aspectos ambientais dos

investimentos. O projeto pedagógico nas escolas é uma ocasião ímpar porque, além das crianças serem

amanhã os tomadores de decisões, elas colaboram na formação da consciência ambiental familiar.

Para tornar as questões ambientais uma presença universal e cotidiana é necessário também criar

momentos e espaços educativos específicos sobre o tema, como reuniões, palestras, campanhas, grupos e

clubes, jogos e teatro, materiais didáticos, materiais escritos de divulgação.

2.2. Interligação e Conexão com os demais componentes da estratégia de Desenvolvimento Local

A estratégia de Desenvolvimento Local constitui um sistema cujos componentes necessariamente estão

interligados; além desta ligação sistêmica, o componente ambiental permeia os demais na condição de “locus”

onde os demais se desenvolvem.

Quanto ao gênero, por exemplo, a eqüidade reivindicada é grandemente estimulada pelo equilíbrio

exigido ambientalmente para que se mantenha a sustentabilidade; o papel da mulher como criadora, receptora

é análogo ao da “ Mãe Natureza”, do ambiente. As mulheres, a maioria das vezes, mais ligadas aos recursos

naturais tem uma missão educativa de relevante importância.

O desenvolvimento econômico do território é o espaço onde mais se evidencia a conexão com o meio

ambiente, uma vez que todas as atividades nessa área causam impactos ambientais, positivos ou negativos. A

verdadeira estratégia consegue utilizar os ativos ambientais de maneira harmônica com os princípios da

sustentabilidade. É aqui onde é exigida maior experiência e criatividade dos responsáveis pelo processo,

objetivando usufruir o potencial existente, para alavancar o desenvolvimento, sem causar danos ambientais.

Este princípio deve ser suficientemente discutido e estabelecido na formação das redes empresariais.

A formação de facilitadores/multiplicadores é o componente que mais propicia a conexão com o

desenvolvimento ambiental, levando em conta que essas pessoas são formadas para buscar o desenvolvimento

humano, de cuja essência faz parte o reconhecimento do ser humano pertencer à natureza e como tal ter

necessidade de amá-la e cuidar dela. Os eventos de formação e ações afins sempre tratarão este tema como

prioritário, para que os facilitadores possam criar esta nova mentalidade de desenvolvimento ambiental como

base para o desenvolvimento local.

O projeto pedagógico nas escolas pode até ser chamado de educação ambiental porque para a infância e

juventude se educarem para as responsabilidades futuras, não existe melhor maneira do que iniciar

entendendo a responsabilidade que se tem com o meio ambiente, algo muito próximo, vivenciado no

cotidiano e que pode ser melhorado com ações imediatas na escola e a partir da escola. A presença ambiental

no projeto pedagógico em muito contribuirá para formar uma nova sociedade, com valores renovados,

alimentada pela cooperação, a partir da manutenção e valorização dos ativos ambientais.

Para implementação do crédito já existe, por parte dos bancos, um compromisso assinado, o Protocolo

Verde, que estabelece princípios norteadores, fiadores do desenvolvimento ambiental; a estratégia de

desenvolvimento local deverá zelar para que tal protocolo e demais medidas necessárias sejam cumpridas

pelos financiadores e pelos tomadores do crédito.

44

2.3.Construção e/ou resgate do sentido epistemológico ou gnoseológico da totalidade, integralidade e

identidade territorial.

A pertença do território ao “ecos” global, como parte integrante de um todo, compreende-se e vivencia-

se mais facilmente, quando são analisadas as questões ambientais. A evolução da matéria, o aparecimento da

vida, o enriquecimento biológico do planeta, a passagem dos seres simples para os mais complexos, a cadeia

alimentar, a mútua dependência entre os seres vivos, são elementos comparativos para entender a identidade

territorial e sua ligação com a totalidade, pois o meio ambiente natural e o meio sócio-cultural são lados de

uma mesma moeda, uma vez que a sociedade sofre modificações na sua dinâmica quando o ser humano altera

a natureza criando novas relações de produção e novas institucionalidades. Em síntese, a identidade territorial

expressa a maneira como aquela sociedade está organizada para satisfazer suas necessidades; no bojo desta

identidade existem as ligações com o todo, não como mundo exterior, mas como parte de um todo global.

O local faz parte do global , entendido aqui como o “globo terrestre” e o seu desenvolvimento deve ser em

harmonia com as regras e leis que regem a mãe-natureza. Trata-se de despertar a “consciência planetária” a

partir do local; somos co-responsáveis pelo nosso destino comum, do ser humano e da Terra, pois formamos

uma única entidade. Existe uma enorme relação entre seres vivos e não-vivos, de tal maneira que ninguém

vive fora desta relação.

O reconhecimento desta comunhão universal, quando profundamente praticada, vivenciada, poderá levar

a humanidade a uma nova etapa, possivelmente mais solidária e fraterna. Desta forma o desenvolvimento

local estará contribuindo para o desenvolvimento da humanidade.

3. Importância prático-pedagógica

3.1.A realidade ambiental local

A simples análise, durante o diagnóstico participativo, da realidade ambiental local permite vislumbrar

uma série de iniciativas que podem ser postas em prática de imediato, fazendo do componente ambiental um

instrumento pedagógico para o desenvolvimento local. Muitas destas iniciativas pertencem ao campo da

educação e não exigem recursos financeiros, possibilitando, portanto sua execução imediata. Não existem

casos, por exemplo, em que se possa dizer que aquela comunidade não tem necessidade de educação

ambiental, porque esta tem sempre possibilidades de ser melhorada. Pode-se começar de imediato por

atividades relacionadas com o saneamento básico, como proteção de mananciais, despoluição de córregos,

uso sustentável da água, separação do lixo escolar, destinação do lixo, campanhas de limpeza de escolas,

logradouros públicos, embelezamento de praças e parques.

A realidade ambiental local deverá ser ainda uma oportunidade de reflexão para a comunidade perceber a

relação com a natureza, os valores existentes, as agressões cometidas, as responsabilidades e as possíveis

medidas mitigadoras. Esta reflexão tem grande valor prático-pedagógico porque desperta nas pessoas o

princípio da sustentabilidade no processo de desenvolvimento local.

O aspecto mais profundamente pedagógico desta análise da situação ambiental local será a constatação de

que a “ miséria é o principal inimigo do meio ambiente”, levando os atores sociais a perceber a

indissolubilidade entre o ambiental e o social. Para que os atores locais evidenciem tal aforismo basta realizar

45

trabalhos com as famílias mais pobres e sentir o ‘ambiente” em que vivem. Como instrumento pedagógico

esta constatação servirá para inserir a questão ambiental em todas as atividades da comunidade.

3.2. Plano de Desenvolvimento Ambiental ou Agenda 21 Local

Outra maneira prática de fazer do ambiental um instrumento pedagógico para o desenvolvimento local

consiste na elaboração do Plano de Desenvolvimento Ambiental, chamado de “Agenda 21 Local”, onde se

manifestam os anseios da comunidade por um ambiente melhor, isto é, por melhor qualidade de vida. Esta

intencionalidade comunitária será uma das forças propulsoras do desenvolvimento local, uma vez que se trata

de sonhos, de propósitos a alcançar.

Para tornar este instrumento mais prático é bom que se planejem inicialmente ações de mais fácil execução,

deixando as mais complexas para os momentos posteriores. É necessário também planejar ações de

fortalecimento de atividades ambientais já existentes no local, como a educação ambiental nas escolas, a

coleta seletiva do lixo ou circulação de informativos ambientais.

O Plano de Desenvolvimento Ambiental deverá contemplar os grandes setores do município – rural e urbano

– divididos por localidades ou bairros, conforme a problemática, bem como prever ações com os diferentes

grupos sociais – crianças, adolescentes, mulheres, trabalhadores rurais, operários, donas de casa, empresários,

terceira idade, etc.; da sua elaboração deverão participar as forças produtivas do território, objetivando o

compromisso quanto à utilização ambientalmente correta dos recursos naturais e a implantação de medidas

mitigadoras dos impactos ambientais.

3.3. Institucionalidades Ambientais

A melhor maneira de assegurar estabilidade ao papel do meio ambiente na estratégia de desenvolvimento

local, é criar espaços na comunidade capazes de continuar as ações; pode ser desde simples grupos de

voluntários, até associações ou ONGs formalmente constituídas. O importante é que a comunidade conte com

pessoas responsáveis pelo desenvolvimento ambiental.

Na maioria das localidades não se trata de criar novos espaços, pois geralmente já existem; procura-se

fortalecê-los ou então estimular pessoas para que catalisem a problemática ambiental.

O Plano deve contemplar especialmente as parcerias formadas ou a formar com instituições voltadas para o

meio ambiente.

Outro trabalho importante dos atores locais de desenvolvimento é fazer com que as instituições ambientais

existentes cumpram suas funções e tarefas na localidade e que instituições não ambientalistas, incorporem na

sua prática o componente ambiental.

46

ANEXO III) DELIBERAÇÕES DA CONFERÊNCIA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE- 2003

SOBRE CAPACITAÇÃO

Articular os governos federal, distrital, estaduais e municipais, envolvendo também organizações civis e

instituições de ensino, pesquisa e extensão para a capacitação técnia, tecnológica e operacional dos órgãos

ambientais nos diferentes âmbitos.

Criar, em caráter obrigatório, a Escola Nacional de Gestão Ambiental Pública, no âmbito do SISNAMA, para

formação do quadro de pessoal dos órgãos ambientais federais, estaduais e municipais.

Criar programas de capacitação para a implantação do Plano Diretor e Agenda 21 em municípios e em

consórcios intermunicipais.

Capacitar as comunidades para a conservação e o manejo dos recursos naturais incluindo legislação

ambiental, monitoramento e apoio à fiscalização. Esta formação deve se estender também aos povos

indígenas e às comunidades tradicionais, enfatizando técnicas e normas jurídicas relativas ao uso e à proteção

da biodiversidade em suas terras.

Fortalecer as organizações indígenas, capacitando-as para a gestão ambiental dentro de suas terras.

Desenvolver programas e processos educativos permanentes para a formação de todas as pessoas que

participam ou querem participar da gestão dos recursos hídricos nos comitês de bacias hidrográficas.

Tornar obrigatórios projetos e metodologias que capacitem para formas sutentáveis de cinvivência com os

biomas existentes, através do sistema de gerenciamento dos recursos hídricos.

Criar centros de capacitação para a gestão das unidades de conservação,. associando conhecimentos

tradicionais (culturais) aos científicos, de forma a atender às necessidades dos profissionais e das populações

envolvidas com as Uns.

Implementar um programa de capacitação e incentivo ao cooperativismo e ao associativismo.

Realizar a capacitação dos técnicos dos órgãos ambientais, enfatizando a fiscalização das áreas marinhas.

47

ANEXO IV) AGENDA POSITIVA DA AMAZÔNIA - PRIORIDADE PARA A CAPACITAÇÃO

AMAZONAS

• Construir, de forma participativa, um projeto estadual de educação ambiental (...)

• Criar um programa de formação de profissionais e de capacitação de multiplicadores em educação

ambiental.

• Criar programas de educação ambiental a serem implantados nos assentamentos fundiários e

reorientar o ensino rural com o objetivo de valorizar a cultura local (...)

MATO GROSSO

• Implementação de Planos de Educação Ambiental, em parceria com sindicatos e entidades de

formação profissional rural.

• Envolver acadêmicos em atividades de extensão junto a comunidades da região.

• Identificar, adaptar, validar e difundir tecnologias para o trópico úmido por meio de projeto piloto.

PARÁ

• Implementar um Programa efetivo de Educação Ambiental para a população em geral, enfatizando

comportamentos, atitudes de compromisso com a conservação ambiental e com o uso sustentável dos

recursos naturais.

• Realizar campanhas educativas permanentes sobre a legislação ambiental

• Implementar no curriculum escolar a dimensão ambiental (...).

48

ANEXO V) ÁGUA NOSSA DE CADA DIA

Rafael Pinzón Rueda 1. VISÃO GLOBAL

O consumo de água no mundo cresceu seis vezes entre 1900 e 1995, o que significa mais do dobro da taxa de crescimento da população. Cerca de um terço da população mundial vive em regiões onde sua falta é de moderada para alta. Os problemas são mais agudos em África e na Ásia Ocidental, mas a falta de água também é um empecilho para o desenvolvimento de muitas outras áreas, incluindo China, Índia e Indonésia. Na África 14 países estão sujeitos a escassez ou problemas com água, e outros 11 se somarão nos próximos 25 anos( Hopkins, 1998). Se os atuais padrões de consumo continuarem, duas de cada três pessoas terão problemas de água em 2025. O declínio dos recursos de água potável, em quantidade e em qualidade, deverá ser o assunto principal na agenda ambiental e de desenvolvimento do presente século.

Cerca de 20% da população mundial não têm acesso a água potável e 50% não têm tratamento sanitário. Em muitos países os rios que passam pelas grandes cidades são apenas um pouco mais limpos que os esgotos. Nos rios da Ásia, por exemplo, o nível de sólidos em suspensão aumentou 4 vezes desde 1970, contendo 4 vezes a média mundial. A quantidade de coliformes fecais nos rios da Ásia é 50 vezes superior à preconizada pela Organização Mundial da Saúde. Em América Latina apenas 2% dos esgotos recebem tratamento. Estima-se que no mundo inteiro as águas poluídas afetam a saúde de 1.200.000.000 de pessoas e contribuem anualmente para a morte de 15 milhões de crianças, com menos de 5 anos.(Conferência Internacional sobre Água e Meio Ambiente).

A poluição por esgotos é o maior problema, mas não é único; o uso intensivo de pesticidas e fertilizantes em muitos lugares está contaminando as águas; os nitratos originários dos fertilizantes já são notórios na água consumida na Europa, Estados Unidos e certos países da África; eles não só são nocivos para a saúde humana (problemas cerebrais) mas estimulam o crescimento de algas e a eutrofização.

As atividades industriais poluem as águas com metais pesados ( chumbo, mercúrio, arsênico, cádmio). Um estudo em 15 cidades japonesas mostrou que 30% do lençol freático estão contaminados por solventes clorados, estendendo-se sua ação até 10 km da fonte poluidora. A salinização tanto da água como do solo tem sido causada pelo inadequado uso dos dois, isto está ocorrendo principalmente em Oman, Barein e Índia.

O desvio de águas para irrigação fez perder ao Mar Aral um terço da sua área e muitos rios desviados na Rússia para formar lagos artificiais, não deram resultados porque o fundo destes lagos liberou grandes quantidades de fósforo e de outros minerais. No mundo, do total da água consumida 70% vai para a agricultura, especialmente a irrigada; esta atividade deverá crescer pois o necessário crescimento da oferta de alimentos dela dependerá. Nas áreas onde é escassa, a solução será comprar alimentos e deixar a água para o consumo humano e fins industriais.

Comparado com o consumo na agricultura e na indústria, o consumo doméstico é de ínfimas proporções. Ao passo que uma pessoa pode satisfazer-se com o consumo anual de quantidade 10 superior ao seu peso (700 kg. para uma pessoa de 70 kg), necessitam-se 1.500 kg. de água para produzir um quilo de trigo; 4.500 kg. para um quilo de arroz e 10.000kg para um quilo de algodão. Na indústria são necessários 300 kg de água para produzir um quilo de aço, 250 kg. para um quilo de papel , 600kg para produzir um quilo de adubos nitrogenados.

Para se ter uma idéia do consumo de água na irrigação é bom registrar que a China irriga mais de 100 milhões de hectares, a Índia mais de 50, os Estados Unidos mais de 40, o Paquistão 20, o México 10, o Egito 4 e o Brasil 5.

A demanda doméstica, especialmente em áreas urbanas, está crescendo rapidamente entre os ricos, nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, aumentando seus usos, inclusive o de jardinagem. Europa e América do Norte são as únicas regiões onde o uso da água na indústria é maior do que na agricultura. No ritmo que o mundo vai, em 2025 o uso da água na indústria dobrará o da agricultura, com todas as

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conseqüências de emissões poluentes. Em países como a China o consumo de água pelas indústrias crescerá 5 vezes até o ano 2030.

As vertentes naturais abastecem um terço da população mundial e são a única fonte de abastecimento para os camponeses em muitos lugares do mundo. A excessiva retirada, em quantidades superiores à capacidade de reposição dos aqüíferos, está sendo amplamente praticada na península Arábica, Índia, China, México, Rússia e Estados Unidos fazendo com que a linha d’água fique mais profunda dezenas de metros. Em Gujarat, na Índia, por exemplo, o nível caiu 40m, impossibilitando às famílias pobres de cavarem um poço com seus próprios meios.

Existe atualmente uma grande preocupação a respeito dos efeitos da imprevista variabilidade climática sobre o recurso água, incluindo “El Niño” e as mudanças climáticas antropogênicas. Fica claro também que uma boa gestão do recurso água pode resolver muitos dos problemas de poluição e escassez. Muitas pessoas de Jordânia e Israel, dois dos países com maior escassez de água no mundo, tem acesso ao fornecimento de água boa, devido a uma inteligente estratégia de irrigação.

Segundo Setti (1994) “ ainda em nossos dias, principalmente no Brasil, a voz corrente entre os desavisados, é de que a água é um patrimônio inesgotável. Ao leigo talvez isto lhe pareça, por causa da enormidade da área oceânica, em relação à faixa terrestre, que se observa em qualquer mapa-mundi; ela ocupa 71% da superfície terrestre. Esta impressão é entretanto falsa. No começo, o total de água na terra era constante e de cerca de 1.600 milhões de km³, embora parte dessa água estivesse quimicamente retida no interior da crosta. No presente esta água está diminuindo, a cada ano 170 km³. A quantidade de água livre sobre a terra atinge 1.370 km³. O abastecimento de água parece inesgotável, mas 97,2% são água salgada; a água presente na neve e gelo coresponde a 2,1%. Apenas 0,7% de água doce líquida se torna disponível, que correspondem a 8,2 milhões de km³ dos quais 98.8% são águas subterrâneas, das quais a metade é inviável para uso humano pois se encontra a mais de 800 m de profundidade. O restante 1,2% é o que constitui os lagos e cursos d’água”. 2. RECURSOS HÍDRICOS NO BRASIL

O Brasil é um dos países mais ricos de recursos hídricos. A disponibilidade hídrica é de 177.900 m³/s, se for considerada somente a contribuição do território brasileiro, e de 251.000 m³/s, se for levada em conta toda a vazão da Bacia Amazônica. Esse potencial hídrico corresponde a 53% do total da América Latina e a 12% do total mundial. Em que pese tanta riqueza, parcela significativa da sua população, especialmente, mas não unicamente no Nordeste, padece por falta d’água. Não se pode culpar unicamente a natureza pela má distribuição geográfica, mas também o governo tem culpa pela falta de políticas mais agressivas.

O Brasil é um dos países mais ricos de recursos hídricos. A disponibilidade hídrica é de 177.900 m³/s, se for considerada somente a contribuição do território brasileiro, e de 251.000 m³/s, se for levada em conta toda a vazão da Bacia Amazônica. Esse potencial hídrico corresponde a 53% do total da América Latina e a 12% do (6%), Atlântico Norte (3%), Atlântico Nordeste (2%), São Francisco (2%), Atlântico Leste (1) (0,4%), Atlântico Leste (2) ( 2%), Paraná (7%), Uruguai (2%) e Atlântico Sul (3%). Devido à sua imensidão, o território nacional não é coberto pela rede de cursos d’água; um número bastante expressivo de núcleos urbanos se abastece com águas subterrâneas, ou as utiliza complementarmente às águas superficiais. Muitas indústrias, propriedades rurais, hospitais, escolas e domicílios utilizam-se de poços. O potencial de águas subterrâneas é muito elevado na faixa compreendida por 200km da calha do Amazonas, no sudoeste do estado de São Paulo, oeste do Paraná e Santa Catarina e sudoeste do Rio Grande do Sul e sul do Piauí-Ceará; é elevado no Maranhão e Pantanal; é médio ao norte da calha do Amazonas, na Região Centro-Oeste, sul do Pará, norte do Mato Grosso, oeste da Bahia e Região Sudeste; é fraco nas outras áreas do Nordeste, exceto as regiões litorâneas.

Grande parte dessa riqueza está sendo contaminada ou poluída e/ou os cursos d’água assoreados por lançamento de lixo urbano ou desmatamento criminoso das suas margens; o assoreamento, por sua vez, está causando enchentes desastrosas e limitando a navegação. Além das cargas orgânicas urbanas, os rios estão recebendo cargas inorgânicas industriais, ou estão sendo feitas retiradas excessivas de água para irrigação, dificultando ainda mais a vazão e a diluição, facilitando sobremaneira a eutrofização. A mineração, além de

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poluir, contribui para a erosão; a pecuária e a monocultura extensiva que utilizam intensivamente adubos químicos e pesticidas aumentam sensivelmente a contaminação.

Diante de tantos problemas, em 1985 na Câmara Federal foi instituída uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) em cujo relatório consta: “ Os estudos realizados pela Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a examinar os recursos hídricos do Brasil permitem consolidar a convicção de que são, nesta área inúmeros os problemas a serem resolvidos e que o primeiro passo consiste na definição de uma Política Nacional de Recursos Hídricos.

Os problemas existem no concernente à legislação, à estrutura organizacional, à tecnologia, aos recursos humanos e financeiros, à falta de coordenação intersetorial, à falta de conexão com os planos de desenvolvimento, à falta de informação básica, ao estabelecimento de prioridades e à ausência de um sistema de gerenciamento de recursos hídricos.

Mas, a solução destes problemas depende, em primeiro lugar, da conscientização de todos da importância da preservação e uso racional e integrado dos recursos hídricos, bem como da participação de todos no debate destes problemas e na implementação das medidas necessárias. Na verdade, muitos dos problemas surgem da inobservância da legislação já existente, até mesmo por parte dos órgãos públicos, e muitas falhas se configuram por inadequação de medidas à realidade ecológica e socioeconômica do País.

Conflitos, distorções, contradições e desperdícios têm sua origem na sobreposição de atividades de órgãos, acarretando quase sempre pulverização de recursos financeiros escassos, lentidão na concretização de atribuições, ineficiência e, até, inoperosidade,

Desde há muito tempo que estudos, pesquisas, seminários e congressos relacionados com os recursos hídricos concluem acertadamente sobre as medidas adequadas para o equacionamento dos problemas existentes nesta área. A questão parece prender-se mais à divulgação mais rápida, ampla e efetiva dessas conclusões, à coordenação no sentido de implementá-las e, sobretudo, à decisão política de aperfeiçoar os instrumentos para sua viabilização.

Considerando todos os aspectos analisados, concluímos pela apresentação das seguintes sugestões: - Consideração de que os recursos hídricos não podem ser analisados isoladamente dos demais

recursos naturais e das questões relativas ao meio ambiente. - Incentivo à participação comunitária como uma das maneiras de democratizar objetivos e formas de

atuação, no concernente aos recursos hídricos (...). - Inclusão dos assuntos de recursos naturais e meio ambiente nos currículos escolares do ensino de

primeiro e segundo graus, de forma a promover a conscientização generalizada de sua importância, seu uso racional e sua preservação, com ênfase para os recursos hídricos.

- 3. A ÁGUA E SUA IMPORTÂNCIA AMBIENTAL A água é um dos elementos indispensáveis à vida; ela é também considerada como um recurso ambiental, conforme a Lei nº 6.938 de 31/08/81, que explicita o seguinte conceito: “ Recursos Ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, o mar territorial, o solo, o subsolo e os elementos da biosfera”.

É considerada como recurso natural renovável por causa do ciclo hidrológico de precipitação, transpiração, evaporação, condensação e nova precipitação, mas pode ser exaurível em função das mudanças introduzidas pelo homem na natureza, que destroem a recomposição do ciclo.

A água encontra-se em constante movimento na atmosfera, em terra e nos oceanos, num contínuo ir em forma de evaporação, transpiração e voltar em forma de precipitação, infiltração, sempre sob o comando do calor do sol.

A qualidade da água depende do solo onde se originam seus componentes e do grau de poluição; esta em parte é diminuída pela própria água que tem a capacidade de autodepuração mediante processos físicos, químicos e biológicos; entretanto, há substâncias que não é possível depurar, provocando a poluição que causa danos à flora, à fauna e ao próprio homem. A recuperação das águas subterrâneas é mais lenta. A

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qualidade da água depende basicamente do ser humano e deve ser feito o esforço necessário para a sua conservação, em função das suas múltiplas utilidades.

Não só é impossível viver sem água do ponto de vista biológico, como ela faz parte do quotidiano da humanidade: na geração de energia, no transporte, na recreação, na agricultura, na indústria, na pesca e piscicultura; ela compõe e embeleza a paisagem, traz a umidade e torna a vida mais saudável. Os múltiplos usos tem aumentado a demanda e tornado a água também um bem econômico, em certos lugares bastante caro. O crescimento da demanda obriga à gestão dos recursos hídricos mediante regulamentos que assegurem sua qualidade e sustentabilidade. A preocupação não pode ser apenas com a qualidade, mas abranger também o ciclo hidrológico, assegurar a renovação da água evitando alterações adversas prejudiciais aos cursos d’água ou aos aqüiferos subterrâneos, como desmatamentos, aterros, asfaltamentos,erosão.

A água pode ter um uso consuntivo quando ela é derivada do seu curso natural, somente retornando em parte. De acordo com esta possibilidade Barth criou este quadro explicativo do Uso da água:

Forma Finalidade Tipo de Uso Uso

Consuntivo Requistos de qualidade

Efeitos nas águas

Abastecimento urbano

Abastecimento doméstico,industrial, comercial e público.

Baixo, de 10% Altos ou médios

Poluição orgânica ou bacteriológica

Abastecimento industrial

Sanitário, refrigeração, geração de vapor...

Médio, de 20% Médios Poluição orgânica, subst.tóxicas

Irrigação Agricultura

Alto, de 90% Médios Agrotóxicos e fertilizantes.

Abastecimento Doméstico Baixo, de 10% Médios Na qualidade

Com derivação de águas

Aqüicultura Estações piscicultura Baixo, de 10% Altos Carreamento matéria orgânica

Hidrelétrica Turbinas hidráulicas Perdas por evaporação

Baixos Alteração regime e qualidade

Navegação Calados mínimos e eclusagem

Não há Baixos Óleos

Recreação, lazer, paisagismo.

Natação, esportes, motonáutica

Não há Não há Altos.Óleos e detritos

Pesca Fins comerciais Não há Altos Qualidade. Assimilação de Esgotos

Diluição, autodepuração Não há Não há Poluição orgânica, fica e química.

Sem derivação de águas

Usos de preservação Vazões p/assegurar equilíbrio ecológico

Não há Não há Melhoria da qualidade.

Fonte: Barth, ABRH, 1987. Doenças transmitidas pela água:

a) Doenças que tem como via de saída as fezes e a entrada é oral: cólera, giardíase, amebíase, hepatite infecciosa (b), febre tifóide e leptospirose ( estas duas últimas tem como via de saída também a urina).

b) Doenças cujos vetores se relacionam com a água e são transmitidas através de picada de inseto: febre amarela, dengue, dengue hemorrágico, febre do oeste do Nilo, encefalite por arbovirus, filiarose bancroft, malária, ancocercose e doença do sono.

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4. GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS

Fica bem claro que o ser humano é o principal responsável pela conservação da água, em quantidade e qualidade. Cada um de nós é responsável; daí a pergunta, o que podemos fazer? Dependendo de cada local há possibilidade de colocar em prática inúmeras iniciativas. A seguir são enumeradas algumas delas: Tomar Consciência- A primeira providência deve ser conhecer o problema, especialmente local e depois fazer com que os outros também o conheçam. Os instrumentos são leituras, debates, produção de material escrito, programas de rádio, de televisão, teatro, palestras nas escolas, clubes etc.

A este respeito a CPI sobre os recursos hídricos enfatiza que para solucionar o problema, a primeira medida deve ser “ a conscientização de todos sobre a importância da preservação e uso racional dos recursos hídricos” e recomenda “ inclusão dos assuntos de recursos naturais e meio ambiente nos currículos escolares do ensino de primeiro e segundo graus, de forma a promover conscientização generalizada,de sua importância, seu uso racional e sua preservação, com ênfase para os recursos hídricos”. Promover e Participar de Eventos- Não só participar de simpósio, seminário, congresso, palestra, mas criar os eventos em nível local; é um assunto que interessa à comunidade e que geralmente é um dos problemas locais. Deve-se ir do mais simples para o mais complexo, isto é, iniciar as palestras com o pessoal local, como responsáveis pelos serviços de águas e esgotos ou pelos órgãos ambientais ou então professores das universidades locais/regionais. Posteriormente podem ser promovidos eventos mais complexos. Atuar na comunidade- A partir do local de moradia, do prédio onde se trabalha há campo de atuação para racionalizar o uso, evitar contaminação, evitar desperdício. Pode-se promover campanhas para melhorar as fontes de captação, de tratamento da água ou de tratamento dos esgotos; estas campanhas podem incluir visitas a tais locais para que a comunidade observe onde vão parar os esgotos e qual a origem da água que está sendo consumida. Caso haja dificuldades na mobilização, pode-se preparar um vídeo e mostrá-lo à comunidade.

O ideal é criar um movimento em favor da água, como clube de adolescentes, associação, ONG, ou simplesmente um grupo que com certa regularidade discuta e equacione a questão dos recursos hídricos, buscando sua sustentabilidade, sua proteção e o melhoramento da sua qualidade. O grupo só alcançará mudanças estruturais quando conseguir influenciar as políticas públicas e a legislação local; para tanto é necessário iniciar os movimentos com a participação da municipalidade, ou então trabalhar para que o município crie espaços de diálogo, como secretarias, comissões ou fóruns locais com poder decisório.

A partir das recomendações da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento –Rio/92-, a seguir são dadas sugestões sobre temas que podem ser discutidos e aprofundados localmente:

• Desenvolvimento e Manejo Integrado dos Recursos Hídricos

Nem sempre as pessoas refletem sobre o grau em que o desenvolvimento dos recursos hídricos contribui para a produtividade econômica e o bem-estar social, embora todas as atividades sociais e econômicas dependam em muito da qualidade da água. Muitos países estão sendo obrigados a frear as atividades econômicas porque está faltando água.

É indispensável, portanto integrar planos e programas hídricos com os planos sociais e econômicos locais, criando mecanismos eficazes de implementação e coordenação, numa visão holística, isto é, entendendo a água como parte integrante do ecossistema, como um bem econômico cuja utilização deve ser determinada pela quantidade e qualidade existentes. O manejo deve visar principalmente sua conservação para satisfazer as necessidades humanas, perseguindo quatro objetivos principais:

a) Promover uma abordagem ampla de identificação e proteção de fontes potenciais de abastecimento. b) Fazer planos para o manejo sustentável dos recursos hídricos levando em conta as necessidades e

prioridades da comunidade. c) No estabelecimento de políticas e tomada de decisões permitir a ampla participação social, incluindo

a mulher, a juventude e grupos minoritários.

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d) Criar mecanismos institucionais para que a política hídrica realmente contribua para o desenvolvimento local.

Algumas ações concretas podem ser realizadas como, formular um plano de utilização dos recursos

hídricos, estabelecer medidas de proteção e conservação das fontes de abastecimento( zoneamento municipal de uso da terra, de utilização de recursos florestais, proteção de encostas de montanhas e de margens de rios), fazer campanhas de conscientização para o uso correto, impor maiores tarifas para quem desperdiça, apoiar mecanismos de popança de água (hidrômetros), fortalecer o papel da mulher no planejamento e manejo dos recursos hídricos, capacitar melhor os recursos humanos que lidam com a problemática,difundir informações...

Todas estas ações exigem a participação dos meios acadêmicos e da pesquisa para oferecer tecnologia e novos conhecimentos, bem como dos atores econômicos locais para que percebam a importância deste ativo ambiental.

• Proteção dos Recursos Hídricos Os problemas mais graves que afetam a qualidade da água de rios e lagos decorrem, em ordem variável de importância, de esgotos domésticos, efluentes industriais, perda e destruição de bacias de captação, localização errônea de unidades industriais, desmatamento, práticas agrícolas causadoras de lixiviação e incorporação de adubos químicos e pesticidas, represas, desvio de rios, sistemas de irrigação. Há necessidade de observar e analisar a situação local para indicar medidas corretivas ou preventivas.

Entre as ações práticas a desenvolver podem ser citadas: identificar os recursos hídricos locais para protegê-los, identificar as causas da poluição e tomar medidas corretivas, proteger o ecossistema do qual o curso d’água faz parte, denunciar aos órgãos competentes as irregularidades existentes, reabilitar zonas degradadas, evitar a ocupação de zonas que abrigam nascentes, fazer aplicar o princípio de “quem polui paga”, promover a instalação e tratamento do esgoto doméstico ou de efluentes industriais, identificação e difusão de práticas ambientais que diminuem a poluição, como a agricultura orgânica, o plantio direto, a construção de tanques de decantação de dejetos etc, estímulo e promoção de uso de águas servidas, devidamente tratadas e purificadas, na agricultura, aqüicultura e indústria.

• Abastecimento de Água Potável e Saneamento

A oferta de água potável e o saneamento ambiental são vitais para proteger o meio ambiente e melhorar a saúde. Estima-se que 80% de todas as doenças e mais de um terço de todos os óbitos nos países em desenvolvimento sejam causados pelo consumo de água contaminada e, em média, um décimo do tempo produtivo das pessoas se perde devido a doenças relacionadas com a água. Para mudar este quadro o papel da mulher é fundamental, no manejo dos recursos hídricos e dos resíduos líquidos e sólidos.

Como ações práticas recomenda-se: manejo comunitário dos serviços, apoiado por medidas para fortalecer as instituições locais na implementação e sustentação de programas de saneamento e de abastecimento de água; criar sistemas adequados para tratamento do lixo e do esgoto, expansão da rede de abastecimento de água, estimular a participação dos usuários no manejo do abastecimento de água e dos esgotos, criar campanhas com ênfase na higiene, manejo local e redução de riscos, estimular a população local , especialmente as mulheres e os jovens no manejo da água e dos resíduos, integrar o manejo comunitário da água ao planejamento geral, reduzir desperdícios.

• A Água e o Desenvolvimento Urbano Sustentável O crescimento rápido da população urbana e da industrialização está submetendo a graves pressões

os recursos hídricos e a capacidade de proteção ambiental de muitas cidades. É preciso prestar atenção aos efeitos crescentes da urbanização sobre a demanda e consumo de água e auxiliar as autoridades municipais, para que junto com a comunidade encontrem as soluções locais.

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Estas são algumas das ações práticas a desenvolver: implementar programas urbanos de drenagem e evacuação de águas pluviais, controlar as fontes de poluição industrial, promover a reciclagem e reutilização das águas residuais e dos resíduos sólidos, proteger a cobertura florestal das vertentes, conciliar o planejamento e o desenvolvimento urbano com a disponibilidade e sustentabilidade dos recursos hídricos, estabelecer taxas que reflitam o custo da água, realizar campanhas para que as pessoas façam uso racional da água, promover a participação da população na coleta, reciclagem e eliminação dos resíduos, estimular a gestão local, mobilizar e facilitar a participação ativa da mulher no manejo da água, estimular a criação de comitês de água ou similares.

• Impactos da Mudança de Clima sobre os Recursos Hídricos

Este tema poderá servir para refletir sobre os impactos da ação humana sobre o clima ( por exemplo mediante emissão de gases –fábricas, veículos, queimadas- ) e por sua vez os impactos que as mudanças do clima acarretarão aos recursos hídricos.Trata-se dos itens 18.82 18.83 da Conferência de Rio.

Os prognósticos sobre a mudança do clima em nível mundial são incertos. Temperaturas mais altas e precipitações menores levariam a uma diminuição da oferta de água e ao aumento de sua demanda; nessas condições, a qualidade das massas de água doce poderia se deteriorar, o que afetaria o já frágil equilíbrio entre oferta e demanda em vários países. Mesmo onde a precipitação possa aumentar não há garantia de que isso ocorreria na época do ano em que essa água poderia ser usada; ademais, as enchentes poderiam aumentar. Qualquer elevação do nível do mar provocará a invasão de água salgada nos estuários, pequenas ilhas e aqüíferos costeiros e alagamento de zonas litorâneas baixas, apresentando grave risco para as regiões de baixa altitude.

A Declaração Ministerial da Segunda Conferência Mundial sobre o clima afirma que “ o impacto potencial dessa mudança do clima pode representar uma ameaça ambiental de magnitude desconhecida até agora e pode até ameaçar a sobrevivência em alguns pequenos Estados insulares e em zonas costeiras de baixa altitude, áridas e semi-áridas”. A Conferência reconheceu que entre os impactos mais importantes da mudança do clima estão seus efeitos sobre o ciclo hidrológico e sobre o sistema de manejo de água e, por meio destes, sobre os sistemas sócio-econômicos. Um aumento da incidência de extremos, tais como enchentes e secas, provocaria uma freqüência e gravidade maiores das calamidades. A Conferência, portanto, pediu que se intensificassem as pesquisas e os programas de monitoramento necessários, bem como o intercâmbio de informações e dados pertinentes. 5. GESTÃO A PARTIR DO ORDENAMENTO LEGAL

Para aumentar a eficácia da atuação na comunidade, é necessário conhecer um pouco a legislação sobre os recursos hídricos, que a título de subsídio a seguir é citada. Na Constituição Federal as questões hídricas mereceram especial cuidado; prova disto é que são tratadas em 10 artigos diferentes:20,21,22,23,26,43, 176,200 e 231.

- Art 20, parágrafo 1º: “ É assegurada, nos termos da Lei, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a Órgãos da Administração Direta da União, participação na exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica....

- Art. 21, XII e XIX; Compete à União: XII- Explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão:.......b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais hidroenergéticos. XIX- instituir sistema nacional de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu uso.

- Art. 22, IV: compete privativamente à União legislar sobre: águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão.

- Art. 23, XI: É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de pesquisa e exploração de recursos hídricos e minerais em seus territórios.

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- Art. 26, I: Incluem-se entre os bens dos Estados: as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma da Lei, as decorrentes de obras da União.

- Art. 43, parágrafo 2º, IV: diz que a União deverá dar prioridade para o aproveitamento econômico e social dos rios e das massas de água represadas ou represáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas.

- Art. 176: afirma que os potenciais de energia hidráulica pertencem à União. - Art. 200,VI: diz que o Sistema Único de Saúde deverá inspecionar as águas para consumo humano. - Art. 231, parágrafo 3º: diz que o aproveitamento dos recursos hídricos em terras indígenas, só poderá

ser feito com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades af Outros instrumentos legais são:

- Lei nº 9.433 de 08.01.1997: Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos. - Lei nº 9.605: Dispões sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades

lesivas ao meio ambiente e dá outras providências. - Decreto nº 76.389 de 03.10.1975 : Dispõe sobre as medidas de prevenção e controle da poluição

industrial. - Decreto nº 24.643, de 10.07.1934 que aprova o Código de Águas. - Decreto-lei nº 852, de 11.11.1938 que modifica o Código de Águas. - Lei nº 4.771 de 15.09.1975 que institui o Código Florestal. - Lei nº6.938 de 31.08.1981 que estabelece a Política Nacional de Meio Ambiente. - Lei nº6.662 de 25.06.1979 que estabelece a Política Nacional de Irrigação. - Lei nº5.318 de 26.09.1967 : Institui a Política Nacional de Saneamento. - Lei nº7.661 de 16.05.1988 : Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro. - Lei nº8.617 de 04.01.1993 : Dispõe sobre o mar territorial... - Decreto nº97.507 de 13.02.1989: Dispõe sobre o uso de mercúrio metálico e de cianeto nas áreas de

extração de ouro. - Decreto Nº 2.869 de 09.12.1998 : Regulamenta a Cessão de Águas Públicas para exploração de

Aqüicultura.

BIBLIOGRAFIA Abordagens Interdisciplinares para a Conservação da Biodiversidade e Dinâmica do Uso da Terra no Novo Mundo – ANAIS- Conservation International do Brasil, Universidade Federal de Minas Gerais e University of Florida, 1995. Agenda 21 Brasileira – Brasília MMA/Pnud, 2000 Associação Brasileira de Engenharia Sanitária- ABES- Anais dos Congressos Brasileiros de Engenharia Sanitária. Banco Mundial, - No Limiar do Século XXI- Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial 1999-2000, Washington, 2000. Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992- Rio de Janeiro) 2ª ed. Brasília, Senado Federal, 1997. Constituição da República Federativa do Brasil, Ed. Saraiva- 24ª edição, 2000. Convenção sobre Diversidade Biológica –CDB- Brasília, MMA/SBF, 2000. Global Environment Outlook – PNUD, 2000. Setti, Arnaldo Augusto – A Necessidade do Uso Sustentável dos Recursos Hídricos – Brasília: IBAMA, 1994.

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ANEXO VI) EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A GESTÃO PARTICI PATIVA Rafael Pinzón Rueda

“ Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e

essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. ( Art. 225 da Constituição).

Iniciemos a nossa reflexão constatando que a responsabilidade de defender e preservar o meio ambiente é comum ao Estado e à coletividade. Em segundo lugar, se existe a necessidade de defender e preservar é porque boa parte da sociedade destrói o ambiente, criando tensões sociais que devemos conhecer e administrar.

A educação ambiental é toda uma construção para garantir o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado enquanto bem de uso comum da população; é o fortalecimento da relação cidadania e meio ambiente.

O grau de dificuldade desta tarefa emerge quando constatamos que a quase totalidade da população não consegue relacionar o estilo de desenvolvimento praticado no País com os diversos problemas ambientais porque a maioria das pessoas entende por “desenvolvimento” o crescimento material e acredita ser uma meta inquestionável, ou então pensa que as questões ambientais não têm nada a ver com o estilo de desenvolvimento. (Tudo isto é influência da ideologia capitalista).

Pressupostos citados por Quintas ( Pensando e Praticando a Educação Ambiental na Gestão do Meio

Ambiente pág. 16 a 19):

1. O meio ambiente ecologicamente equilibrado é :

• direito de todos, • bem de uso comum; • essencial à sadia qualidade de vida.

2. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para presentes e futuras gerações é dever:

• do poder público; • da coletividade.

3. Preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado antes de ser um dever é um compromisso ético com as presentes e futuras gerações.

4. No caso do Brasil, o compromisso ético de preservar e defender o meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações implica:

• construir um estilo de desenvolvimento socialmente justo e ambientalmente seguro num contexto de dependência econômica e exclusão social;

• praticar uma Gestão Ambiental democrática, fundada no princípio de que todas as espécies têm direito a viver no planeta, num contexto de privilégios para poucos e de obrigações para muitos. 5. A Gestão Ambiental é um processo de mediação de interesses e conflitos entre atores sociais que

agem sobre os meios físico-natural e construído. Este processo de mediação define e redefine, continuamente, o modo como os diferentes atores sociais, através de suas práticas, alteram a qualidade do meio ambiente e também como se distribuem os custos e os benefícios decorrentes da ação destes agentes.

6. A Gestão Ambiental não é neutra. O Estado, ao assumir determinada postura diante de um problema ambiental, está de fato definindo quem ficará, na sociedade e no país, com os custos, e quem ficará com os benefícios advindos da ação antrópica sobre o meio, seja ele físico-natural ou construído.

7. Ao praticar a Gestão Ambiental, o Estado distribui custos e benefícios de modo assimétrico na sociedade.

8. A sociedade não é o lugar da harmonia, mas, sobretudo, de conflitos e dos confrontos que ocorrem em suas diferentes esferas ( da política, da economia, das relações sociais, dos valores etc.).

9. Apesar de sermos todos seres humanos, quando se trata de transformar, decidir ou influenciar sobre a transformação do meio ambiente, “há na sociedade uns que podem mais do que outros”.

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10. O modo de perceber determinado problema ambiental, ou mesmo a aceitação de sua existência, não é meramente uma questão cognitiva mas, é mediado por interesses econômicos, políticos, posição ideológica e ocorre em determinado contexto social, político, espacial e temporal.

11. A educação no processo de Gestão Ambiental deve proporcionar condições para produção e aquisição de conhecimentos e habilidades, e o desenvolvimento de atitudes visando à participação individual e coletiva na gestão do uso dos recursos ambientais, e na concepção e aplicação das decisões que afetam a qualidade dos meios físico-natural e sócio-cultural.

12. Os sujeitos da ação educativa devem ser, prioritariamente, segmentos sociais que são afetados e onerados, de forma direta, pelo ato de Gestão Ambiental e dispõem de menos condições para intervirem no processo decisório.

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ANEXO VII) RECOMENDAÇÕES DA CONFERÊNCIA NACIONAL D O MEIO AMBIENTE SOBRERECURSOS HÍDRICOS

Da abundância à escassez

21 No Brasil, a água é um bem público de uso comum da população. O Brasil possui 12 regiões hidrográficas1, aprovadas pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, nas quais a distribuição e as condições de acesso à água são bastante diferenciadas. Existem desde regiões com elevado potencial hídrico (superficial e subterrâneo, como o Aqüífero Guarani) e água de boa qualidade, até regiões semi-áridas, e em processo de desertificação, com chuvas mal distribuídas e/ou irregulares. Além disso, existem áreas urbanas com sérios problemas de poluição e inundações, bem como grande desperdício industrial e agrícola. Ressalte-se ainda que a distribuição de água no país não corresponde à distribuição demográfica, havendo maior disponibilidade em áreas menos povoadas e vice-versa.

22 Convivemos com a cultura da perda e do desperdício. Em um século, a população brasileira aumentou três vezes, mas o consumo da água foi multiplicado por seis, enquanto os investimentos para melhoria da infra-estrutura não acompanharam esse ritmo de crescimento. As estatísticas sobre o desperdício de água apresentam um quadro alarmante: na agricultura, a inadequação das técnicas utilizadas para a irrigação produz perdas de água por evaporação e infiltração da ordem de 50%. Da mesma forma, estima-se que quase metade da água captada nos mananciais e que passa pelas estações de tratamento se perca entre o reservatório e o consumidor final, devido a problemas no sistema de abastecimento e a falhas na operação. O uso industrial também provoca considerável desperdício de água. Soma-se a isso o desperdício provocado pelos usuários no consumo doméstico, reflexo da falta de consciência e da ausência de políticas públicas para conscientização de que a água é um recurso finito.

23 Outro aspecto relevante é o da qualidade da água dos corpos hídricos, diretamente relacionada às formas de uso e ocupação dos solos, tanto no meio rural quanto no urbano. O crescimento desordenado das cidades, com infra-estrutura inadequada, tem provocado a impermeabilização dos solos reduzindo a infiltração da água das chuvas, assim como o aumento dos resíduos sólidos (lixo) e de esgoto. Nos centros urbanos, por falta de implantação de redes coletoras de esgotos sanitários, apenas 20% dos esgotos domésticos passam por alguma estação de tratamento para remoção de poluentes antes de chegarem aos cursos d’água. Os rios ainda recebem efluentes não tratados provenientes de hospitais e indústrias e de atividades como a carcinicultura, estando sujeitos a vazamentos acidentais de produtos químicos, petróleo e resíduos de extração mineral, entre outros. A poluição difusa é responsável por 25% da poluição total dos rios. Devido à falta de investimentos e políticas ambientais adequadas, poucas cidades brasileiras têm sistema de manejo de resíduos sólidos eficiente do ponto de vista ambiental. Outros fatores, tais como a ausência de matas ciliares e as práticas minerárias, geram impactos irreversíveis e alteram o regime hidrológico superficial e subterrâneo e a qualidade do solo.

24 No meio urbano, a redução da cobertura vegetal, a ocupação desordenada das áreas de preservação permanente destinadas à proteção de nascentes, cabeceiras e leitos de rios, e a não compatibilização dos processos de urbanização com a preservação de corpos d’água -- levando à canalização de rios e seu desaparecimento da paisagem urbana -- comprometem a biodiversidade local e a qualidade das águas que abastecem a cidade, com reflexo direto na qualidade de vida de seus habitantes.

25 No meio rural e na zona costeira, atividades agropecuárias conduzidas de forma inadequada provocam acúmulo de nutrientes e agrotóxicos, contaminando o solo e a água por carga orgânica e química. A redução da cobertura vegetal, a destruição das matas ciliares e de galeria, a prática de queimadas, a movimentação do solo em áreas de grande declividade e a degradação das pastagens têm provocado erosão, assoreamento dos corpos d’água e processos de desertificação. A redução na qualidade e disponibilidade de água produz efeitos negativos em toda cadeia de seres vivos, afetando especialmente as populações mais pobres.

26 O aproveitamento do potencial hidráulico do país para a produção de energia por meio do barramento de cursos d’água, com a formação dos grandes lagos das usinas hidrelétricas, tem impactos negativos na

1 Ver o mapa das regiões hidrográficas, no http://www.cnrh-srh.gov.br/pnrh e no http://www.ana.gov.br

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qualidade das águas, determina o desaparecimento de espécies aquáticas, a destruição de vegetação representativa de nossos biomas e a proliferação de outras formas de ocupação inadequadas nas margens dos lagos, acentuando a deterioração da qualidade das águas.

27 A degradação ambiental afeta a sociedade de forma diferenciada, atingindo com maior rigor as populações mais pobres das periferias dos centros urbanos, os povos indígenas e as comunidades rurais de baixa renda. O desenvolvimento sustentável não se construirá sobre essas bases. É preciso mudar paradigmas, atitudes e comportamentos e fortalecer iniciativas baseadas nos princípios estabelecidos nas Metas do Milênio e na Agenda 21. Cabe ao governo federal apoiar a realização de obras para o saneamento urbano por meio de parcerias com a sociedade civil.

Gestão dos recursos hídricos no Brasil

28 Documentos resultantes de diversos eventos internacionais apontam para a importância da participação social na gestão dos recursos hídricos e na instituição dos sistemas de gerenciamento, com o objetivo de tornar o cuidado com a água uma responsabilidade de todos. A forma encontrada pelo governo brasileiro para implantar esse modelo de gestão está descrita na Lei n° 9.433, de 1997, que define a bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão de recursos hídricos. É nesse âmbito que devem ser implementados os mecanismos institucionais de gestão integrada, descentralizada e participativa, na figura dos comitês de bacia hidrográfica.

29 Esses comitês são formados por usuários de água, pela sociedade civil organizada e por representantes do poder público municipal, estadual, distrital e federal. Juntamente com os conselhos nacional, distrital e estaduais de recursos hídricos, o Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Recursos Hídricos e a Agência Nacional de Águas, os comitês e as agências de água compõem o SINGREH. Uma das características inovadoras desse sistema foi a criação de uma agência com autonomia administrativa, para fiscalizar e outorgar o uso da água.

30 Esse modelo de gerenciamento visa a coordenar a gestão integrada das águas, implementar a Política Nacional de Recursos Hídricos, além de planejar e controlar o uso e a instituição do conceito do usuário-pagador por intermédio da cobrança pelo uso da água. A articulação do SINGREH com o SISNAMA é também um dos fatores para o sucesso na gestão dos recursos hídricos, com a integração de instrumentos tais como a outorga e o licenciamento ambiental.

31 Fundamentos e políticas – Um dos fundamentos que regem o SINGREH refere-se ao uso múltiplo das águas e ao reconhecimento do seu valor econômico e estratégico. Outros valores, como o ambiental, o social e o cultural também devem ser considerados pelo Sistema. A lei n. 9433 estabelece instrumentos para facilitar a política nesse setor:

32 - planos de recursos hídricos, seja o Plano Nacional de Recursos Hídricos, os Planos Estaduais de Recursos Hídricos ou os Planos de Bacia Hidrográfica;

33 - sistema de outorga (autorização, permissão ou concessão) é o instrumento pelo qual o poder público permite ao interessado o direito de utilizar as águas de seu domínio, por tempo determinado, em condições preestabelecidas, tendo como referência os Planos de Recursos Hídricos discutidos e aprovados nos comitês. Tem como objetivos assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água superficial e/ou subterrânea e o efetivo exercício dos direitos de acesso de todos à água com qualidade;

34 - enquadramento dos corpos d’água em classes, segundo usos preponderantes;

35 - Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos, base para definição e aplicação de todos os demais instrumentos;

36 - cobrança pelo uso da água como mecanismo fomentador, disciplinador e educativo.

37 O Plano Nacional de Recursos Hídricos é um plano estratégico de longo prazo, pactuado entre o poder público, os usuários e as comunidades, inclusive os povos indígenas, que visa a fundamentar e orientar a implementação da Política de Recursos Hídricos, propondo diretrizes e grandes metas. O Plano Nacional orienta os estados e os comitês de Bacia em seus respectivos planejamentos.

38 Alguns macroindicadores podem ser usados para se verificar os avanços em direção à sustentabilidade em cada região: a melhoria da qualidade da água, o aumento da oferta de água bruta (ou seja, sem tratamento), o

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aumento do acesso à água pelos diversos usuários, de acordo com a disponibilidade e a necessidade, e o grau de repovoamento de rios e lagos pelas espécies nativas da região.

39 A participação efetiva da comunidade no gerenciamento dos recursos hídricos depende de conhecimento sobre as águas de sua região, além dos aspectos legais que envolvem direitos e deveres dos cidadãos e empresas. Essas informações precisam ser divulgadas e disponibilizadas para toda a sociedade, priorizando as comunidades de baixa renda. É necessário também estabelecer processos de educação continuada, criar novos métodos e direcionar os já existentes para o uso sustentável e a gestão compartilhada das águas, utilizando todos os tipos de tecnologia da informação disponíveis, inclusive meios eletrônicos, de forma inter e multidisciplinar, integrada e transversal, para aumentar o acesso a informações e serviços relacionados à água.

Politíca e Gestão de Recursos Hídricos: Em direção à sustentabilidade

221 Fortalecimento dos órgãos e instituições locais e regionais, como também da participação da sociedade civil na busca de alternativas para o uso racional, a despoluição e a ampliação da oferta de água de boa qualidade.

222 Fortalecer, organizar, reestruturar e capacitar os órgãos e instituições locais e regionais na busca de alternativas para o uso racional, despoluição e recuperação dos corpos d´água e ampliação da oferta de água em quantidade e qualidade, com a participação efetiva da sociedade civil e de instituições.

223 Garantir a alocação de recursos financeiros, provenientes dos diversos poderes públicos e das diferentes fontes de arrecadação - multas, royalties e compensação financeira - para o fortalecimento institucional e a efetivação de projetos de monitoramento, despoluição (tratamento de efluentes), recuperação e revitalização dos corpos d’água na bacia de origem.

224 Apoio à estruturação dos sistemas estaduais de gerenciamento de recursos hídricos e fortalecimento dos comitês de bacias como instâncias de negociação e gestão coletiva dos recursos hídricos.

225 Apoiar a criação e a estruturação dos órgãos e sistemas estaduais e municipais de gerenciamento de recursos hídricos e fortalecimento de consórcios regionais, comitês e agências de bacia e associações de micro-bacias como instâncias consultivas, deliberativas, de articulação, negociação e gestão pública dos recursos hídricos, visando o envolvimento da sociedade, a gestão participativa e o controle social.

226 Criar um fundo para aplicação de recursos e apoio à estruturação dos sistemas estaduais de gerenciamento de recursos hídricos e fortalecimento dos comitês de bacia como instâncias de negociação e gestão coletiva dos recursos hídricos.

227 Estabelecer mecanismos financeiros e técnicos para apoiar a implementação da política de recursos hídricos naquelas bacias que não apresentam realidade apropriada para cobrança de água, especialmente para a região Amazônica.

228 Integração das políticas nacionais de meio ambiente e recursos hídricos.

229 Integrar as políticas nacionais, estaduais e municipais de meio ambiente e recursos hídricos, em articulação com as políticas nacionais setoriais tais como as de saneamento, recursos minerais, agricultura, reforma agrária, transporte, energia, indústria, educação, saúde, habitação etc.

230 Utilizar outros instrumentos da política ambiental – Agenda 21, zoneamento ecológico-econômico e planos diretores de ordenamento territorial, na gestão dos recursos hídricos.

231 Instituir instância de ação entre os ministérios, secretarias e órgãos onde se possa exercitar a articulação e integração dos programas, projetos e ações de meio ambiente e recursos hídricos com os demais setores, tais como: habitação, saneamento ambiental, saúde, desenvolvimento agrário, turismo etc.

232 Fortalecimento e integração dos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente e de recursos hídricos, para atuação conjunta com o governo federal na gestão destes.

233 Criar, fortalecer e prover maior integração entre os órgãos, entidades e sistemas estaduais, distritais e municipais na promoção da gestão ambiental e de recursos hídricos, para uma atuação conjunta com o governo federal – envolvendo a estruturação da rede de atendimento, fortalecimento da equipe de trabalho,

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implementação de ouvidorias e unificação de procedimentos comuns - estimulando a descentralização das ações e a participação da sociedade civil organizada.

234 Articular a gestão dos recursos hídricos com os municípios quanto ao uso e a ocupação do solo.

Enquadramento e Planos de Bacia

235 Previsão de metas de qualidade para o futuro dos mananciais.

236 Fomentar as iniciativas de classificação e enquadramento dos corpos d’água, a partir do estabelecimento de metas de qualidade de água, visando a recuperação e proteção dos mananciais, no âmbito dos comitês de bacias hidrográficas, cujos resultados serão periodicamente acompanhados e avaliados por meio de monitoramento.

237 Realizar diagnósticos (estudos de qualidade e quantidade de água) sobre a situação dos mananciais quando da elaboração das metas (enquadramento) e planos de bacias hidrográficas.

238 Estimular e apoiar a realização dos planos de bacia.

239 Elaborar, estimular e apoiar técnica e financeiramente a realização dos planos nacionais e estaduais de recursos hídricos, aprovados pelos comitês de bacias hidrográficas.

240 Estimular as ações nacionais, estaduais e municipais de planejamento e gerenciamento – que visem à recuperação e conservação das bacias, córregos, nascentes, sub-bacias, microbacias, regiões aqüíferas e águas subterrâneas.

241 Estimular e apoiar a realização dos planos de bacias hidrográficas, estabelecendo diretrizes para a elaboração de planos diretores municipais que contemplem as bacias hidrográficas como unidades de gestão e planejamento.

242 Definir as responsabilidades de cada ação proposta nos planos de bacia, ampliando o investimento de recursos públicos em áreas prioritárias, principalmente em abastecimento de água e saneamento.

Fiscalização, Monitoramento, Outorga e Licenciamento

243 Implantar sistemas de alerta da qualidade da água e de previsão de cheias, permitindo ao governo e à sociedade prevenir acidentes.

244 Implantar sistemas de monitoramento de alerta da qualidade da água e de previsão de cheias ou estiagens em áreas críticas, com a participação de ONGs, facilitando ao governo e à sociedade a tomada de decisões quanto ao uso sustentável da água, a detecção de organismos e substâncias tóxicas e a prevenção de acidentes.

245 Mapear e monitorar as fontes potencialmente poluidoras dos recursos hídricos e implantar sistemas de alerta da qualidade da água.

246 Criar um disque-denúncia e páginas na internet para receber denúncias referentes ao mau uso e degradação dos recursos hídricos, e inclusão das ONGs no processo de fiscalização exercido pelos órgãos ambientais, garantindo o controle social dessa atividade.

247 Criar, estruturar e fortalecer órgãos e instituições municipais e estaduais de recursos hídricos e meio ambiente, para a realização das atividades de fiscalização e licenciamento ambiental, garantindo a descentralização das ações.

248 Fiscalizar rigorosamente as empresas poluidoras de rios e córregos, as empresas de saneamento e abastecimento de água, as represas de dejetos químicos, o transporte de produtos perigosos em hidrovias, a utilização de agrotóxicos, as práticas agrícolas impróprias e desmatamento, as atividades de garimpagem e mineração, a captação de águas subterrâneas por meio de poços, entre outras atividades que utilizam os recursos hídricos.

249 Reavaliar os equipamentos hidráulicos com o objetivo de reduzir o consumo de água pelos usuários. 250 Estabelecer parcerias com centros de pesquisa e implantação de rede de laboratórios, nos estados, para análises de resíduos de pesticidas e metais pesados em efluentes líquidos industriais, visando garantir a qualidade da água e evitar possíveis contaminações do lençol freático.

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251 Aplicar multas mais efetivas e exercer maior rigor no cumprimento da lei para as infrações cometidas com relação ao uso e poluição dos recursos hídricos, em especial aos órgãos públicos responsáveis pelo fornecimento de água e tratamento de esgotos.

252 Monitorar e controlar a quantidade de água - superficiais e subterrâneas, em todos os estados, com padrão tecnológico definido pelo CNRH.

253 Levantar a situação atual dos cursos d’água principais e de seus afluentes e elaborar propostas de

enquadramento de todos os cursos d´água até 2008, levando em consideração as peculiaridades dos rios

intermitentes.

ANEXO VIII) AGENDA 21 BRASILEIRA - RESULTADO DA CON SULTA NACIONAL SOBRE

RECURSOS HÍDRICOS

AÇÕES PRIORITÁRIAS

• Difundir a consciência de que a água é um bem finito, espacialmente mal distribuído no nosso país,

sendo muito farto na Amazônia despovoada e muito escasso no semi-árido nordestino.

• Implementar a Política Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, implantando de forma modelar e

prioritária, os comitês e agências de bacias hidrográficas (...).

• Desencadear um programa de educação ambiental (...).

• Assegurar a preservação de mananciais, pelo estabelecimento de florestas protetoras e proteger as

margens dos rios e os topos das chapadas do Brasil Central, recuperando com prioridade absoluta

suas matas ciliares.

• Estimular e facilitar a adoção de práticas agrícolas e de tecnologias de irrigação de baixo impacto

sobre o solo e as águas.

• Combater a poluição do solo e da água e monitorar seus efeitos sobre o meio ambiente (...).

ANEXO IX) RELAÇÃO DE ENTIDADES CONTACTADAS PARA O D IAGNÓSTICO

Em Manaus:

1. GTA- Grupo de Trabalho Amazônico- Coordenador Regional – Adilson- (92) 622-5668; 9989-6986-

Rua Ramos Fonseca 1189, 3ª sl. 402- Manaus-AM

2. ASIBA- Associação Indígena de Barcelos- Oswaldina Rodrigues Alves e Fortunato Rabelo Castro,

ambos lideranças indígenas, o segundo com experiência como instrutor em cursos de artesanato.

3. FEPI- Fundação Estadual de Políticas Indígenas. A entidade faz parte da SDS (Secretaria de

Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas). O presidente é Bonifácio José. O assessor

João Paulo de Lima Barreto assegurou que a entidade poderá coordenar eventos de capacitação com

os indígenas, que existe interesse. Endereço: Rua Bernardo Ramos, 179-Centro- CEP 69.000-000-

Manaus-Am- fone: 92- 622-7984- e-mail: [email protected]; [email protected]

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4. APNA-Associação de Pescadores de Novo Airão- Coordenador: Evandro Felisardo da Mota

5. PRO-VÁRZEA- Mauro Rufino- Coordenador- Rua João Gonçalves de Souza s/n- Distrito Industrial-

CEP 69075-830- Manaus/Am- (92) 613-6246/ 613-6754- Fax 92- 237-5616-

[email protected]

6. SDS/ Secretaria Executiva de Recursos Hídricos- Sávio José Barros de Mendonça-Secretário. Rua

Recife, 3280- CEP 69050-030- Manaus-Am. (92) 643-2371/ 642-4330- 9158-0547-:

[email protected]

7. COIAB- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira- Secretária Geral Maria

Miquelina Barreto Machado. Av. Ayrão, 235- Presidente Vargas- CEP 69.025-290 Manaus- Am.

(92) 233-0749/ 233-0548. www.coiab.com.br – [email protected]

8. CPT= Comissão da Pastoral da Terra- Coordenadora Auriedia Márques da Costa e técnica Marta

Valéria Cunha.- 92- 232-1160. Rua Monsenhor Coutinho, 858- Sala B.2.- Centro CEP 69.010-110-

Manaus AM. [email protected];[email protected]

9. SEAP-AM- Coordenador Estevão. Edifício sede da Representação do Ministério da Agricultura, rua

Maceió/Vieiralves.

10. SDS/ Secretaria Executiva Adjunta de Extrativismo- Secretário Francisco Ademar da Silva Cruz.

Rua recife 3280- CEP 69050-030- Manaus-Am. (92) 642-4755;9981-1645.

[email protected]

11. FEPA- Federação dos Pescadores do Amazonas- Presidente: Walzenir de Oliveira Falcão- 92- 9149-

6242- Coordenadores: Edvaldo Almeida do Vale e Miguel Oliveira Falcão- Fax; 92- 237-6559;

[email protected]

12. Associação de pescadores do Amazonas e Federação de Associações de Pesca- Presidente:

Waldemiro Falcão- 92- 663-4429; 9134-4575.

13. FVA- Fundação Vitória Amazônica- Marcos Roberto Pinheiro

14. IPDA- Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento Amazônico- Tem experiência com capacitação .

Atualmente executa programas de capacitação do Pronaf. (92) 622-5658- [email protected]

15. Secretaria de Produção Rural do Amazonas- Secretário Adjunto: Alberto Martins de Freitas- (92)

613-2830; 9601-2556.

16. Primeira Conferência Estadual das Populações Tradicionais. Durante este evento tivemos

oportunidade de ouvir muitas declarações sobre a carência de capacitação na região do Rio Negro,

especialmente nos municípios de Barcelos e Santa Izabel. Dialogamos ainda com Manuel Cunha,

vice-presidente do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros) e seu representante no Amazonas;

com as lideranças femininas indígenas de Santa Izabel do Rio Negro, Marta Garcia e Angelina de

Souza e com lideranças de comunidades do Rio Negro no município de Manaus: José Massa da Silva

da Associação Comunitária de São Sebastião do Cuieiras- (92) 245-1355//4000-7999. Antônio Leite

da Associação Comunitária Colônia Central-(92) 636-6166//8133-8256 e Daniel Araújo da

Associação Agrimbel-(92) 9134-8155; 9134-1502.

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17. COOTEDAM-Cooperativa de Trabalho de Técnicos e Auxiliares de Desenvolvimento da

Amazônia.- Presidente: Luis das Chagas Gomes da Silva-Esta entidade faz capacitação e conta com

19 pessoas para trabalhar. Rua Tapajós, 369-Centro- (92) 234-0076- [email protected]

18. CNPT/IBAMA- Centro Nacional de Populações Tradicionais- (92) 613-3277/ 613-3083

19. NEA/IBAMA- Núcleo de Educação Ambiental- (92) 613-3277/ 613-3083

20. IPE- Instituto de Pesquisas Ecológicas- Faz educação formal e não-formal em Novo Airão. Executa

programas em convênio com o IBAMA. Coordenador Eduardo Badialli. Av. Ponta Negra Q A Nº 8

Conjunto COFASA- CEP 69,037-000- Manaus- AM. [email protected]

Em Novo Airão:

1. Juiz da comarca: Ronnie Frank Torres Stone que tem apoiado todas as iniciativas de

desenvolvimento e gestão ambiental.

2. Maquirarona: Rede de Organizações de Novo Airão. Dela fazem parte instituições como a APNA, a

ANA, a Novarte, etc...

3. STR- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Novo Airão: Aldenor Sobrinho Barbosa

4. ANA- Central de Artesanato- Elzilene Barbosa da Silva

5. NOVARTE: Cooperativa de artesãos

6. APNA: Associação de Pescadores de Novo Airão- Alberto Horta /filho

7. Colônia de Pescadores: Evandro Cordeiro da /silva

8. Fundação Almerinda Malaquias- Jean Daniel Vollotton- Longa experiência na capacitação de

artesãos.

Durante estes contatos foram colhidas informações sobre outras entidades que têm interesse na capacitação:

1. Associação de Mulheres Indígenas de Barcelos

2. Instituto Amazônia com sede em Santa Izabel- Contato: Paulo Henrique- (92) 9112-0191

3. Padres e irmãs salesianas de Santa Izabel e de Barcelos que trabalham com organização social,

comunidades ribeirinhas, pescadores e artesanato: Padre Francisco de Barcelos e as lideranças José

Peres (vereador) e dona Orlandina. Em Santa Izabel: Padre Benjamim –633-4414 e Meire.

4. Associação de Comunidades Indígenas do Rio Negro- ACIRN

5. União de Mulheres Artesãs Indígenas- UMAI de Santa Izabel

6. Departamentos de mulheres e de jovens da ASIBA

7. AMA- Articulação de Mulheres da Amazônia.

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ESCRITÓRIOS REGIONAIS GTA 2004

01- REGIONAL ACRE

PESACRE

Grupo de Pesquisa Extrativista e Agroflorestal

Do Acre

Rua Carneiro Leão nº 120 Bairro Floresta

CEP: 69.906-405 Rio Branco – AC

Fone: 68 – 226-5288

Fax: 68- 226-5289

E-mail : [email protected] ; [email protected]

Secretária Executiva

Maria Jocicleide Aguiar

68 – 9981-1939

68 – 229-5770 – residência

e-mail: [email protected]

02-REGIONAL ALTAMIRA

FVPP

Fundação Viver ,Produzir e Preservar

Rua Anchieta 2092 bairro Pertetuo Socorro

CEP: 68.371 -190 Altamira –PA

Fone/fax: 93 – 515- 2406

E-mail: [email protected]

Secretária Executiva

Antônia Melo

(93} 9171-2620

03- REGIONAL ALTO SOLIMOES

Pastoral Indigenista Alto Solimões

Av. Castelo Branco 594

CEP: 69-630-000 B. Constant –AM

Fone: 97-415-5329

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Josiney Lira do Nascimento

04- REGIONAL AMAPÁ

IESA

Instituto de Estudos Sócioambientais

Rua Eliser Levy nº 2061-b Bairro do Trem

CEP: 68.900-140 Macapá /AP

Fone/fax: 96- 222-3659

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Oberdam Mascarenhas de Andrade

96- 91134899

96- 227-0722 residência

05- REGIONAL BABAÇU

Associação Agroecológica de Tijupá

Travessa Bom Jesus nº2 Qd .112 Jardim São Cristóvão

Cep: 65..505-060 São Luis -MA

Fone: 98- 259-6925 fax: 98- 259-5719

E-mail: [email protected]

06- BAIXO AMAZONAS

STR

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Monte Alegre

Praça Ernani Chaves 123 Centro

CEP: 68.220-00 Monte Alegre –PA

66

Secretário Executivo

Euripedes Borges Serra

E-mail: [email protected]

Fone/fax : 93- 533-1374

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

José Costa Alves

E- mail:[email protected]

93- 533-1374

07-REGIONAL NORDESTE PARANHENSE

FANEPE

Fundação Sócio Ambiental do Nordeste Paraense

Av. Presidente Médice 756 Igrejinha

CEP: 68.700-050 Capanema –PA

Fone/fax: 91- 462-1098

E-mail: [email protected]

[email protected]

Secretário Executivo

Sebastião Miguel da Cruz (Saba)

91-9166-7733

08- REGIONAL CARAJÁS

CNS

Conselho Nacional dos Seringueiros

Rua 05 de Abril 596 Marabá Pioneira

CEP: 68.500-040 Marabá-PA

Fone/fax: 94- 321-1032

Secretário Executivo

Antônio Lopes Neto (neto)

[email protected]

91-9961-0787

94-9901-0787

09- REGIONAL MATO GROSSO

FETAGRI

Federação dos Trabalhadores da Agricultura do

Estado do Mato Grosso

Av. Senador Metello Esq. c/ Avenida Ipiranga 1500

CEP: 78.020-300 Bairro Porto Cuiabá -MT

Fone/fax: 65 - 653-1112

E-mail: [email protected]

Secretária Executiva

Solange Ferreira Alves

65-9959-0527

65-644-6121 residência

10- REGIONAL NORTE DO MATO GROSSO

STR LRV

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do

Rio Verde

Rua Giruá 1196 E Bairro Cidade Nova

CEP: 78.455-000 Lucas do Rio Verde- MT

Fone:65- 549-2629

Fax: 65- 549-1819

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo:

Nilfo Wandscheer

65-9995-7654

11- REGIONAL MARAJÓ

Colônia dos Pescadores Z-40

12- REGIONAL MÉDIO AMAZONAS

IPDA

67

Rodovia Augusto Monte KM 7

Parque Verde Seplac Bl –01 Nova Marambaia

CEP: 66.635-110 Belém – PA

Fone: 91- 3084-1874

Fax: 91- 248-3031

Secretário Executivo

Claudionor Alexandre Barbosa Silva

91- 9988-0658

E-mail: [email protected]

Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Amazônico

Rua Ramos Fonseca 1189 3º Andar Sl 402

CEP: 69.020-880

Fone/fax : 92- 622-5658

Secretária Executiva

Adenilza Mesquita (Sila)

92- 9989-6986

E-mail: [email protected]

13 REGIONAL PESCA

Associação dos Moradores do Taim

Rua Santa Isabel 24 Bairro Santo Antônio

CEP: 65.026-200 São Luis –MA

Fone/fax: 98 –253-8552 / 8501

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Benedito Pereira

98- 9968-1611

14 REGIONAL RORAIMA

GTA

Rua Manoel Felipe nº479 Bairro do Buriti

CEP: 79.300-070 Boa Vista –RR

Fone/fax: 95- 625-5679

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Luiz Gomes Lima

95- 9964-5272

15 REGIONAL RONDÔNIA

FETAGRO

Federação dos Trabalhadores Agricultores do Estado

de Rondônia

Rua Padre Adolfo Rohl 696 Bairro Casa Preta

CEP: 78.961-420 Ji- Paraná-RO

Fone: 69- 421-4419

Fax: 69-421-5985

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Silvanio de Matia Gomes

69- 9994-6352

E-mail: [email protected]

16 REGIONAL TEFÉ

GPD

Grupo de Preservação e Desenvolvimento

Prédio Seminário Espírito Santo

Rua Duque de Caxias 360 Centro

CEP: 69.470-000 Tefé- AM

Fone/fax 97 – 343-3541 / 4186

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Erivan Morais de Almeida

97- 9611-0522 92-9961-6641 (Ana)

E-mail:[email protected]

17 REGIONAL TOCANTINS

GAIA

Associação de Conservação do Meio Ambiente e

68

Produção Integrada de Alimentos da Amazônia

403 Sul Alameda 05 LT 01 Cs01

CEP: 77.015-572 Palmas –TO

Fone/fax: 63- 216-3016

E-mail: [email protected]

Secretário Executivo

Auriman Cavalcante

E-mail:[email protected]

63-9223-3634

CONTATOS NO PARÁ

- IBAMA/CNPT/NEA - Gerencia Executiva do Pará:

[email protected],br

Vergara Filho: (91) 224-5899 Rm 258 ou (91) 99895751

Antonio Melo - [email protected]

- Universidade Federal Rural da Amazônia - UFRA

[email protected]

Aderson Lobão: (91) 91464659

- CEPNOR - Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros do Norte

[email protected]

Ítalo José Araruna Vieira: (91) 274-1237 ou (91) 99945430

- MONAPE - Movimento Nacional dos Pescadores

[email protected] ou [email protected]

Ana Cristina Araújo Bellini: (91) 212-7032 ou (91) 91463573

- FASE - Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional

[email protected]

Raul do Couto: (91) 96195696

- Conselho Pastoral dos Pescadores - CPP

[email protected]

Ana Laide: (91) 277-2352 ou 226-4026

69

IBAMA- Antonio Maria de Melo Ferreira

Responsável pelo NRPesqueiros/PA

SISTEMA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE- ORGANIZAÇÕES RES PONSÁVEIS

PARÁ

Secretaria Executiva de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do Estado do Pará (SECTAM)

Manoel Gabriel Siqueira Guerreiro

Secretário Executivo de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente.

Endereço:

Travessa Lomas Valentinas, 2.717

Bairro do Marco - CEP 66.095-770

Belém - PA - Brasil

Telefone (s) Secretário Executivo: (91) 276-5800 (D), Ramal 203, Fax: (91) 276-8564

Outros telefones da Secretaria:

Fone (91)276-1256 / 276-3985 / 276-4764

Fax (91)276-8564 / 276-4764

Site: www.sectam.pa.gov.br

MATO GROSSO

Fundação Estadual do Meio Ambiente do Mato Grosso (FEMA)

Moacir Pires

Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente

Endereço:

Rua C, Esquina com a Rua F, Palácio Paiaguás, CPA

Cuiabá – MT 78050-970

Telefone: (65) 613-7201 / 7205 Fax: 613:7205

E-mail: [email protected]

Site: www.fema.mt.gov.br

AMAZONAS

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado do Amazonas (SDS)

VIRGÍLIO MAURÍCIO VIANA

Secretário de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

Endereço:

70

Rua Recife, 3280 - Parque Dez de Novembro

CEP: 69.050-030

Manaus - AM

Telefone: 642-4330 R: 2021 - Fax: 642-8898

Email: [email protected]

Site: www.sds.am.gov.br

RONDÔNIA

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental do Estado de Rondônia (SEDAM)

AUGUSTINHO PASTORE

Secretário de Estado do Desenvolvimento Ambiental

Endereço:

Estrada de Santo Antônio, 900 - Parque Cujubim

CEP: 78900-000 - Porto Velho-RO

Fone: (069) 216.1059 - Fone Fax: (069) 216-1047

Site: www.rondonia.ro.gov.br/secretarias/sedam/sedam.htm

TOCANTINS

Secretaria do Planejamento e Meio Ambiente do Estado do Tocantins (SEPLAN)

Lívio William Reis de Carvalho

Secretário do Planejamento e Meio Ambiente

Endereço:

Praça dos Girassóis s/nº

Esplanada das Secretarias, Centro

CEP: 77.085-050 - Palmas – Tocantins

Fone: (63) 218-1155 Fax: (63) 218-1158

218-1099 (Assessoria de Comunicação)

Email: [email protected]

www.seplan.to.gov.br

RORAIMA

Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia do Estado de Roraima

Robério Bezerra de Araújo

Presidente da Fundação Estadual do Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia

Endereço:

Avenida Ville Roy nº 4935 E

Bairro São Pedro

CEP: 69306-040 Boa Vista – Roraima

71

Fone/Fax: (95) 623-1922 Fone: 623-2505

Email: [email protected]

Site: www.rr.gov.br

ACRE

Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Estado do Acre (SEMA)

Carlos Edgard de Deus

Secretário de Estado Meio Ambiente e Recursos Naturais

Endereço:

Rua Rui Barbosa, 135 - Centro

69900-120 - Rio Branco – AC

Tel: (68) 224-5694/5497 Fax: (68) 224-5694/224-2857 Ramal 243

224-5497 222-7474 223-1594 223-3041 223-7432

E-mail: [email protected]

Site: www.ac.gov.br

MARANHÃO

Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão

Othelino Nova Alves Neto

Secretário de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais

Endereço:

Avenida Carlos Cunha, s/nº

Bairro Calhau

CEP 65.076-820 São Luis – Maranhão

Fone/Fax: (98) 218-8745

Site: www.ma.gov.br

AMAPÁ

Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Estado do Amapá

Edvaldo de Azevedo Souza

Secretário de Estado do Meio Ambiente

Endereço:

Av. Mendonça Furtado, 53 - Centro

CEP 68906-060 - Macapá/AP

Tel: (96) 212-5301 Fax: (96) 212-5303

E-mail: [email protected]

Site: www.amapa.gov.br