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Universidade de Brasília - UnB Faculdade UnB Gama - FGA Curso de Engenharia de Energia USO DO ÓLEO DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas L.) PARA PRODUCÃO DE BIODIESEL Autor: Adriana de Souza Oliveira Orientador: Marcelo Bento da Silva Co-Orientador: Simone Mendonça Brasília, DF 2014

PROPOSTA DE REGRAS PARA PROJETO DE GRADUAÇÃO - …bdm.unb.br/bitstream/10483/9281/1/2014_AdrianadeSouzaOliveira.pdf · REGULAMENTO E NORMA PARA REDAÇÃO DE RELATÓRIOS DE PROJETOS

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Universidade de Brasília - UnB

Faculdade UnB Gama - FGA

Curso de Engenharia de Energia

USO DO ÓLEO DE PINHÃO-MANSO (Jatropha curcas

L.) PARA PRODUCÃO DE BIODIESEL

Autor: Adriana de Souza Oliveira

Orientador: Marcelo Bento da Silva

Co-Orientador: Simone Mendonça

Brasília, DF

2014

Adriana de Souza Oliveira

TÍTULO: CARACTERIZAÇÃO DO BIODIESEL DE PINHÃO-MANSO (Jatropha

curcas L.)

Monografia submetida ao curso de graduação

em Engenharia de Energia da Universidade de

Brasília, como requisito parcial para obtenção

do Título de Bacharel em Engenharia de

Energia.

Orientador: Doutor Marcelo Bento da Silva

Co-Orientador: Doutora Simone Mendonça

Brasília, DF

2014

CIP – Catalogação Internacional da Publicação*

Oliveira, Adriana de Souza.

Uso do Óleo de Pinhão-Manso (Jatropha curcas L.) Para a Produção de

Biodiesel: Caracterização do Biodiesel de Pinhão-Manso (Jatropha

curcas L.) / Adriana de Souza Oliveira. Brasília: UnB, 2014. 59 p.: il.;

29,5 cm.

Monografia (Graduação) – Universidade de Brasília

Faculdade do Gama, Brasília, 2014. Orientação: Marcelo Bento da

Silva

1. Jatropha Curcas L. 2. Óleo de pinhão-manso. 3. Biodiesel

I. Silva, Marcelo Bento. II. Doutor.

CDU Classificação

REGULAMENTO E NORMA PARA REDAÇÃO DE RELATÓRIOS DE PROJETOS

DE GRADUAÇÃO FACULDADE DO GAMA - FGA

Adriana de Souza Oliveira

Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em

Engenharia de Energia da Faculdade UnB Gama - FGA, da Universidade de Brasília, em

(26/11/2014) apresentada e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

Prof. (Dr.): Marcelo Bento da Silva, UnB/ FGA

Orientador

Prof. (Dra): Maria Del Pilar , UnB/ FGA

Membro Convidado

Dra: Itânia Pinheiro Soares, Embrapa Agroenergia

Membro Convidado

Brasília, DF

2014

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus pelo dom da vida e a felicidade que ele me dá em todos os dias da

minha vida.

À minha família que é a base de eu ser o que sou hoje, pelos ensinamentos que meus

pais Germi Oliveira e José Canuto me propuseram, dando-me educação e honestidade. Ao

meu irmão mais velho, Fernando que sempre foi a pessoa em quem eu me inspirei para

estudar e tê-lo como referência. Aos meus irmãos que me apoiaram a cursar a faculdade de

Engenharia. Os amigos que me ajudaram a estudar, sempre com alegria e apoio nos

momentos difíceis. À minha prima Sinara Conceição por todo o apoio e paciência comigo.

Em especial à minha melhor amiga, Angélica Kathariny que além de ser amiga de infância, é

também companheira de faculdade.

Agradeço à Universidade de Brasília por ter me dado chance de cursar em excelente

curso de Engenharia de Energia e de conhecer professores de excelência ao qual me

transmitiram o saber que hoje tenho, em especial à professora Maria Del Pilar que orientou-

me em meu projeto de pesquisa na instituição.

À empresa Embrapa Agroenergia, por ter me dado a oportunidade de cursar meu

estágio, e pela sua estrutura, que sem ela, essa pesquisa não teria sido feita. Aos seus analistas,

em especial Patrícia Kalil e José Antônio que se disponibilizaram a ajudar a obter os

resultados dessa pesquisa.

Aos meus orientadores, Marcelo Bento e Simone Mendonça, que acreditaram no meu

conhecimento e me deram suporte para concluir esse trabalho.

Por fim, a todos que direta ou indiretamente me incentivaram a nunca desistir dos

meus objetivos.

“Aprender é a única coisa que a mente nunca se

cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende”.

Leonardo Da Vinci

RESUMO

A maior parte da energia utilizada no mundo provém de combustíveis fósseis (petróleo,

carvão e gás natural). Fontes renováveis de energia, em especial a biomassa, são consideradas

mais limpas dos que as baseadas em combustíveis fósseis. O programa de governo, lançado

no Brasil em 2004 - Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel (PNPB) - baseou-se

não só em critérios ambientais da sustentabilidade, mas principalmente em critérios sociais,

com maior uso de mão-de -obra e descentralização da produção. Portanto serem intensificadas

as pesquisas em matérias-primas oriundas de cadeias produtivas mais includentes. O pinhão-

manso desde o ano de 2006 vem atraindo o interesse da pesquisa no Brasil, por seu alto

rendimento de óleo por hectare e pela rusticidade e adaptação edafoclimática desta

oleaginosa. No entanto, além dos desafios agronômicos que a cultura enfrenta, ainda é preciso

se ajustar o processo para produção de biodiesel utilizando seu óleo. O presente trabalho teve

como objetivo identificar quais as variáveis (razão molar, percentual de KOH, tempo,

temperatura, agitação, acidez e lavagens) são significativas para a produção de biodiesel

utilizando óleos de baixa e alta acidez de pinhão-manso pelas rotas metílica e etílica. Para o

estudo concomitante deste grande números de variáveis, foi utilizado um delineamento

fatorial fracionado 27-3

. As variáveis resposta foram rendimento mássico e teor de éster

formados. As análises de densidade e viscosidade foram realizadas com o objetivo de apoiar

a identificação das fases formadas após a reação. Os dados foram tratados com auxílio do

software Statística 12 (Statsoft, EUA) percebeu-se que o porcentual de KOH e a razão molar

álcool/óleo são as variáveis independentes que mais influenciam na conversão do óleo de

pinhão-manso em ésteres metílicos e etílicos.

Palavras-chave: Biodiesel, óleo, caracterização físico-química, Jatropha curcas L.

ABSTRACT

Most of the energy used worldwide comes from fossil fuels (oil, coal and natural gas).

Renewable energy sources, particularly biomass, are considered the cleanest of the fossil fuel

based. The government program, launched in Brazil in 2004 - the National Program of

Production and Use of Biodiesel (NPPB) - is based not only on environmental sustainability

criteria, but mainly on social criteria, with greater use of labour force and decentralization of

production. Therefore was intensified research on raw materials from more inclusive supply

chains. The jatropha since 2006 has attracted the interest of research in Brazil, for its high oil

yield per hectare and for hardiness and adaptation edaphoclimatic this oilseed. However,

beyond the agronomic challenges facing culture, it still need to adjust the process to produce

biodiesel using your oil. This study aimed to identify which variables (molar ratio, percentage

of KOH, time, temperature, agitation, acidity and washes) are significant for the production of

biodiesel oils using low and high acidity of jatropha methyl and ethyl routes. For the

concomitant study of large numbers of variables a 27-3

fractional factorial design was used.

The response variables were mass yield and content ester formed. The density and viscosity

analyzes were performed in order to support the identification of the phases formed after the

reaction. Data were processed with the aid of Statistica 12 software (Statsoft, USA) was

noticed that the percentage of KOH and the molar ratio alcohol / oil are the independent

variables that most influence in converting jatropha oil into methyl esters and ethyl.

Keywords: biodiesel, oil, physic-chemical characterization, Jatropha curcas L.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estrutura da oferta interna de Energia: Brasil, Mundo e OCDE. ............................... 6

Figura 2-Consumo final de energia por fonte. ............................................................................ 7

Figura 3-Planta do pinhão-manso. ............................................................................................ 13

Figura 4-Porcentagem de óleo, produtividade, ciclo de vida e rendimento. ............................ 15

Figura 5-Processo de filtração do óleo bruto para obtenção do óleo de alta acidez. ................ 16

Figura 6-Multiviscosímetro utilizado na análise de viscosidade. ............................................. 17

Figura 7-Densímetro Digital utilizado na análise de densidade. .............................................. 18

Figura 8-Titulador potenciométrico utilizado nas análises químicas de acidez. ...................... 18

Figura 9- Equipamento Rancimat para análise oxidativa. ........................................................ 19

Figura 10. Oxidação na lâmina de cobre. ................................................................................. 19

Figura 11-Reação de transesterificação. ................................................................................... 21

Figura 12-Processo de reação do biodiesel............................................................................... 22

Figura 13-Centrifuga utilizada na separação do biodiesel. ....................................................... 23

Figura 14-Separação do biodiesel............................................................................................. 23

Figura 15-Rotaevaporador a vácuo com chiller Marca Büchi R-210 utilizado na secagem do

biodiesel. ................................................................................................................................... 24

Figura 16-Cromatógrafo à gás utilizado no teor de éster. ........................................................ 25

Figura 17-Duplicata óleo de alta acidez. .................................................................................. 27

Figura 18-Duplicata óleo de soja e óleo de baixa acidez. ........................................................ 28

Figura 19-Resultado da oxidação da lamina de cobre após 3 horas. (1: placa usada no óleo de

baixa acidez; 2: placa usada no óleo de alta acidez; 3: placa usada no óleo de soja; P: placa de

referência). ................................................................................................................................ 28

Figura 20- Gráfico de pareto do rendimento metílico. ............................................................. 33

Figura 21- Gráfico de pareto do teor de éster metílico. ............................................................ 33

Figura 22-Gráfico de pareto do rendimento etílico. ................................................................. 35

Figura 23-Gráfico de pareto do teor de éster etílico. ................................................................ 36

LISTA DE TABELAS

Tabela 1-Especificação do Biodiesel. ....................................................................................... 10

Tabela 2-Delineamento experimental fatorial 27-3

utilizado para experimentos de metanol e

etanol (valores codificados). ..................................................................................................... 20

Tabela 3-Condições reais utilizadas na síntese de biodiesel por rota metílica. ........................ 21

Tabela 4-Condições reais utilizadas na síntese de biodiesel por rota etílica. ........................... 21

Tabela 5-Resultados das análises físico-químicas .................................................................... 26

Tabela 6- Resultados de viscosidade, densidade, teor de éster e rendimento das fases formadas

durante a rota metílica. ............................................................................................................. 30

Tabela 7-Planejamento fatorial e os resultados do rendimento e teor de éster metílico. ......... 32

Tabela 8-Planejamento fatorial e os resultados do rendimento e teor de éster etílico. ............. 35

LISTA DE SIGLAS

ABPPM Associação Brasileira de Produtores de Pinhão Manso

ANP Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis

ASTM American Society for Testing and Materials

BAG Banco Ativo de Germoplasmo

CNPAE Centro Nacional de Pesquisa em Agroenergia

CPAC Centro de Pesquisa Agropecuária dos Cerrados

EPE Empresa de Pesquisa Energética

KOH Hidróxido de potássio

MAPA Ministério da Agricultura e Abastecimento

OCDE Organisation de Coopération et de Développement Écomunique

PNPB Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel

TBHQ Terc-butil-hidroquinona

pH Potencial Hidrogeniônico

DCCR Delineamento Composto Central Rotacional

MSR Metodologia de Superfície de Resposta

CO Monóxido de carbono

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1

2. JUSTIFICATIVA ............................................................................................................. 4

3. OBJETIVO DO TRABALHO ......................................................................................... 5

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................................... 5

4. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................... 6

4.1 MATRIZ ENERGÉTICA ................................................................................................. 6

4.2 BIODIESEL ............................................................................................................... 7

4.2.1. Características principais do biodiesel ..................................................................... 8

4.2.1.1. Propriedades Físicas .......................................................................................... 8

4.2.1.2. Propriedades Químicas ...................................................................................... 9

4.3 PINHÃO-MANSO ................................................................................................... 11

4.3.1. Pinhão-manso no mundo ........................................................................................ 11

4.4 PLANTA DO PINHÃO-MANSO ............................................................................ 12

4.5 DEBULHAMENTO ................................................................................................. 13

4.6 EXTRAÇÃO DO ÓLEO .......................................................................................... 14

4.7 ÓLEO DO PINHÃO-MANSO ................................................................................. 14

5. MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................... 16

5.1 ANÁLISES FÍSICAS ............................................................................................... 17

5.1.1. Viscosidade ............................................................................................................. 17

5.1.2. Densidade ............................................................................................................... 17

5.2 ANÁLISES QUÍMICAS .......................................................................................... 18

5.2.1. Acidez ..................................................................................................................... 18

5.2.2. Estabilidade oxidativa............................................................................................. 19

5.2.3. Corrosividade na lâmina de cobre .......................................................................... 19

5.3 . PRODUÇÃO DE BIODIESEL .............................................................................. 20

5.3.1. Planejamento experimental..................................................................................... 20

5.3.2. Procedimentos ........................................................................................................ 22

5.4 ANÁLISE DE QUALIDADE .................................................................................. 24

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 26

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS

AMOSTRAS DE ÓLEO DE PINHÃO-MANSO UTILIZADAS ....................................... 26

6.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE BIODIESEL ...................................... 29

6.2.1. Análises Estatísticas ............................................................................................... 32

7. CONCLUSÕES ............................................................................................................... 38

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 39

ANEXOS ................................................................................................................................. 41

ANEXO I- DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÉSTER EM BIODIESEL.......................... 41

1

1. INTRODUÇÃO

Atender a demanda energética mundial tem sido um desafio para a sociedade

moderna. A constante elevação no valor do barril de petróleo e as questões ambientais

relacionadas à queima de combustíveis fósseis têm ajudado para que a sociedade perceba que

a utilização de energia renovável, mais que uma necessidade, é uma realidade. A substituição

ainda que parcial dos derivados de petróleo por biocombustíveis é uma opção que não pode

ser adiada, devido à busca pelo equilíbrio ecológico baseado na redução de gases poluentes,

pois o biodiesel polui menos que o diesel. Um estudo conjunto do Departamento de Energia e

do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostrou que o biodiesel reduz 78% das

emissões líquidas de monóxido de carbono (CO) comparado ao diesel (Emissão de Gases

Poluentes e Biodiesel, 2014).

Os biocombustíveis estão presentes no cotidiano do brasileiro há mais de 80 anos.

Entretanto, foi na década de 1970, durante as crises do petróleo, que sua produção e uso

ganharam destaque. Na época foi criado o Programa Nacional do Álcool (ProÁlcool), que

teve o sucesso de introduzir em larga escala o etanol da cana-de-açúcar na matriz de

combustíveis no Brasil. Essa contribuição da cana-de-açúcar (etanol e bioeletricidade), junto

com o biodiesel e outras fontes como a hidroeletricidade, torna a matriz energética brasileira

um modelo de composição equilibrada entre recursos renováveis e não renováveis (SECOM,

2008).

O biodiesel tem sido uma alternativa para a larga utilização do petróleo e seus

derivados, sendo este um dos grandes responsáveis pelos danos causados da poluição dos

combustíveis fósseis e pelos problemas ambientais existentes, o que vem causando o

aquecimento global e suas consequências.

Analisando a fonte do biodiesel, este biocombustível não contém fonte petrolífera,

sendo então um combustível renovável. O biodiesel pode ser misturado ao diesel diretamente,

podendo ser chamado de ecodiesel e este pode ser adicionado no motor com pouca ou

nenhuma modificação. O ecodiesel pode ser adicionado no motor com poucas ou até nenhuma

modificação, pois as propriedades do biodiesel são semelhantes à do diesel (SOUZA, et al.,

2009).

O biodiesel no Brasil surgiu de um estudo de viabilidade conduzido por um

Grupo Interministerial, coordenado pela Casa Civil da Presidência da República. Desse estudo

2

nasceu toda a conceituação e normatização do que veio a se chamar Programa Nacional de

Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) (FALOPPA e MARQUES, 2008).

De acordo com o site do PNPB, ele informa que é um programa interministerial do

Governo Federal que objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como

economicamente, a produção e uso do Biodiesel, com enfoque na inclusão social e no

desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda. As principais diretrizes do PNPB

são implantar um programa sustentável, promovendo inclusão social; garantir preços

competitivos, qualidade e suprimento; produzir o biodiesel a partir de diferentes fontes

oleaginosas e em regiões diversas.

A Lei nº 11.097, de 13 de janeiro de 2005, estabelece a obrigatoriedade da adição de

um percentual mínimo de biodiesel ao óleo diesel comercializado ao consumidor, em

qualquer parte do território nacional. Esse percentual obrigatório seria de 5% oito anos após a

publicação da referida lei, havendo um percentual obrigatório intermediário de 2% três anos

após a publicação da mesma.

O marco regulatório que autoriza o uso comercial do biodiesel no Brasil considera a

diversidade de oleaginosas disponíveis no País, a garantia do suprimento e da qualidade, a

competitividade frente aos demais combustíveis e uma política de inclusão social. As regras

permitem a produção a partir de diferentes oleaginosas e rotas tecnológicas, possibilitando a

participação do agronegócio e da agricultura familiar.

As leis que constituem o marco regulatório estabelecem os percentuais de mistura do

biodiesel ao diesel de petróleo e a forma de utilização e o regime tributário. Os decretos

regulamentam o regime tributário com diferenciação por região de plantio, por oleaginosa e

por categoria de produção (agronegócio e agricultura familiar), criaram o selo Combustível

Social e isentaram a cobrança de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). A

regulamentação feita pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), responsável pela regulação e

fiscalização do novo produto, cria a figura do produtor de biodiesel, estabelece as

especificações do combustível e estrutura a cadeia de comercialização. Também foram

revisadas 18 resoluções que tratam sobre combustíveis líquidos, incluindo agora o biodiesel.

A mistura do biodiesel ao diesel de petróleo é realizada pelas distribuidoras de combustíveis,

assim como é feito na adição de álcool anidro à gasolina. As refinarias também estão

autorizadas a fazer a mistura.

A regulamentação também permite usos específicos do biodiesel, com misturas

superiores à estabelecida pelo marco regulatório, desde que autorizadas pela ANP. Essas

experiências serão acompanhadas e podem gerar informações para aumentar o percentual de

3

adição do combustível ao diesel de petróleo. O novo combustível também poderá ser utilizado

na geração de energia elétrica em comunidades isoladas, principalmente na região Norte,

substituindo o óleo diesel em usinas termelétricas. A adição de 2% de biodiesel não exigirá

alterações nos motores movidos a diesel, assim como não exigiu nos países que já utilizam o

produto. Os motores que passarem a utilizar o combustível misturado ao diesel nesta

proporção terão a garantia de fábrica (FALOPPA e MARQUES, 2008).

Portanto a utilização do biodiesel na matriz energética é essencial para a substituição

das usinas termelétricas, sendo seu funcionamento muito caro, o que traz economia para o

governo. Também é importante para a sustentação da agricultura familiar, que utiliza o óleo

vegetal de suas matérias – primas, para a produção de biodiesel, o que traz renda e

sustentabilidade. Ainda por cima, a utilização do biodiesel diminuirá a necessidade de

utilização do diesel, combustível fóssil, tornando a matriz energética mais limpa e renovável.

4

2. JUSTIFICATIVA

Diante da busca por novas oleaginosas para a produção de biodiesel, o pinhão-manso

sinaliza um potencial a ser explorado nos próximos anos, pois contém um alto teor de óleo

quando comparado a outras oleaginosas, como por exemplo, a soja. Comparado ao diesel, o

biodiesel é um combustível biodegradável, não tóxico e o cultivo do pinhão-manso estimula a

agricultura familiar, o que traz fonte de renda e emprego para a região onde é produzido.

No Brasil, quase a totalidade das indústrias produzem biodiesel através da reação de

transesterificação, que deve ser ajustada de acordo com a matéria-prima utilizada. Assim,

determinar as condições de processo, tais como quantidade de catalisador utilizado, o tempo e

temperatura mais adequada para a reação ocorrer, a quantidade de álcool necessária e se o

tempo que o óleo tem importa ou não a produção do biodiesel de pinhão-manso é importante.

Entendendo essas condições, além de saber o que é importante ou não para a produção de

biodiesel, também trará economia na utilização dos reagentes, sabendo qual a quantidade

necessária que deve ser usada, evitando assim excesso, por exemplo, de álcool não reagido na

reação.

5

3. OBJETIVO DO TRABALHO

Este trabalho tem como objetivo analisar quais as variáveis independentes (razão molar,

percentual de KOH, tempo, temperatura, agitação, acidez e lavagens) são significativas na

produção de biodiesel a partir da transesterificação do óleo de pinhão-manso (Jatropha curcas

L.).

3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

i. Caracterizar os óleos de pinhão manso de baixa e alta acidez em relação às suas

características físico-químicas de viscosidade, densidade, corrosão ao cobre, índice de

acidez e estabilidade oxidativa.

ii. Determinar quais variáveis do processo de transesterificação (etílica e metílica) afetam

a síntese do biodiesel de pinhão manso.

6

4. REFERENCIAL TEÓRICO

4.1 MATRIZ ENERGÉTICA

A matriz energética brasileira é um exemplo de sustentabilidade. Enquanto a média

mundial apresenta-se com 13,2% de fontes renováveis, o Brasil utiliza quase 43% e deverá

elevar esse patamar para 47% em até 2030, de acordo com previsão do Plano Nacional de

Energia. No caso dos países da Organisation de Coopération et de Développement

Écomunique (OCDE), em sua maioria nações com elevado desenvolvimento econômico, a

participação de fontes renováveis é ainda menor (8%). De acordo com a Empresa de Pesquisa

Energética (EPE), em 2012 a participação de energia renovável na matriz energética brasileira

manteve-se a mais elevada do mundo, com pequena redução devido à menor oferta de energia

hidráulica e de etanol (Figura 1).

.

Figura 1- Estrutura da oferta interna de Energia: Brasil, Mundo e OCDE.

Fonte:EPE, 2012

Na Figura 2 é possível observar quais são as fontes mais usuais na matriz energética

brasileira, incluindo as fontes renováveis e não renováveis. O consumo de energia por fontes

renováveis vem crescendo, o que diminui a utilização de combustíveis fósseis e

consequentemente a diminuição de emissões do efeito estufa.

7

Figura 2-Consumo final de energia por fonte.

Fonte: EPE, 2012

4.2 BIODIESEL

O biodiesel é um biocombustível renovável e biodegradável. É produzido a partir da

reação de esterificação entre um óleo vegetal ou animal, e um álcool, que pode ser etanol ou

metanol. A ANP definiu o que é biodiesel de acordo com a resolução Nº 42 que diz que o

biodiesel “é um combustível composto de alquil-ésteres de ácidos graxos de cadeia longa,

derivados de óleos vegetais ou de gorduras animais, conforme especificação técnica contida

no Regulamento Técnico Nº 4/2004, que faz parte dessa resolução”. Já a American Society

for Testing and Materials (ASTM) informa que o biodiesel “é um combustível composto de

mono-alquil-éster de cadeia longa de ácidos graxos, derivado de óleos vegetais ou gorduras

animais, designado B100. É tipicamente produzido através da reação de óleos vegetais ou

gorduras animais com álcool, metanol ou etanol, na presença de catalisador”.

Existem vários tipos de reações que podem produzir biodiesel, como a reação de

transesterificação, hidroesterificação ou esterificação. A transesterificação é a mais usual no

Brasil e no mundo. Para que a transesterificação ocorra, deve estar presente o ácido graxo, um

álcool e um catalisador básico, o hidróxido de potássio (KOH) irá ajudar na aceleração e

purificação da reação. Ao final da reação tem-se o biodiesel na camada superior e a glicerina,

que é um subproduto do biodiesel.

8

4.2.1. Características principais do biodiesel

Como todo combustível, o biodiesel contém propriedades físicas e químicas que o

caracteriza. Essas propriedades são dependentes da matéria-prima e do agente de

transesterificação. Abaixo serão relacionadas algumas das propriedades físico-químicas mais

importantes para uma boa caracterização do biodiesel.

4.2.1.1. Propriedades Físicas

Viscosidade

A viscosidade de um fluído é a resistência ao escoamento, dependendo de uma dada

temperatura. Pode ser analisado em um viscosímetro manual ou digital

Densidade

Densidade ou massa específica é o valor obtido da razão entre a massa por unidade de

volume, expressa em grama por mililitro (g/ml), grama por centímetro cúbico (g/cm3) ou

quilograma por metro cúbico (kg/m3) medida através de um densímetro ou densímetro digital

(AMARAL, 2012).

Ponto de Névoa e de Fluidez

O ponto de névoa é a temperatura em que o líquido, por refrigeração, começa a ficar turvo, e o

ponto de fluidez é a temperatura em que o líquido não mais escoa livremente. Tanto o pondo

de fluidez como o ponto de névoa do biodiesel variam segundo a matéria-prima que lhe deu

origem, e ainda, o álcool utilizado na reação. Estas propriedades são consideradas importantes

no que diz respeito à temperatura ambiente onde o combustível deva ser armazenado

(FALOPPA e MARQUES, 2008).

Ponto de Fulgor

É a temperatura à qual o combustível inflama na presença de calor. Essa propriedade é

importante para transporte e armazenamento do combustível. O biodiesel nas condições

normais de temperatura não é inflamável, o que torna o seu transporte e armazenamento mais

seguro, comparado ao diesel.

9

Poder Calorífico

O poder calorífico de um combustível indica a quantidade de energia desenvolvida pelo

combustível por unidade de massa quando é queimado. O poder calorífico do biodiesel é

muito próximo do poder calorífico do óleo diesel mineral. A diferença média em favor do

óleo diesel do petróleo situa na ordem de somente 5%. Entretanto, com uma combustão mais

completa, o biodiesel possui um consumo específico equivalente ao diesel mineral

(FALOPPA e MARQUES, 2008).

Índice de Cetano

O índice de cetano ou octanagem indica quão boa será a combustão do combustível, ou seja,

quanto maior for o índice de cetano, melhor será a combustão desse combustível no motor. O

índice de cetano do biodiesel é maior que o do diesel, sendo mais uma vantagem para o uso

do biocombustível.

4.2.1.2. Propriedades Químicas

Teor de Enxofre

O biodiesel possui a vantagem com relação aos combustíveis de origem fóssil por não haver

enxofre em sua composição. Assim o biodiesel polui e agrava menos que a utilização do

diesel no motor.

Índice de Acidez

É a quantidade de álcali que é expressa em miligramas de KOH por grama de amostra,

necessária para neutralizar os ácidos graxos livres presentes na amostra. O índice de acidez é

importante para avaliar se com o passar do tempo ocorreu hidrólise no combustível gerando

possíveis ácidos graxos livres.

Teor de Éster

Este método é muito importante, pois define a porcentagem de ésteres que foram produzidos

na reação. Quanto maior a porcentagem de ésteres, maior a qualidade do biodiesel. Ele pode

ser determinado pela técnica instrumental de cromatografia gasosa.

10

Corrosividade ao Cobre

O método avalia a imersão de uma lâmina de cobre no combustível. Essa lâmina é comparada

com uma lâmina de referência e observa-se se houve alteração.

Teor de Água

Pode ser avaliado em uma coluna de Karl Fisher para a determinação de água em óleos e

biodiesel. Este método indica a quantidade de água em mg/kg presente no biodiesel.

Estabilidade Oxidativa

É um teste que acelera a oxidação do combustível medindo alta temperatura e fluxo de ar. No

Brasil o tempo mínimo é de 8 horas.

No regulamento técnico numero 14, de 11.05.2012 – DOU 18.5.2012, a

ANP

apresenta as especificações de qualidade do biodiesel, informando uma faixa de valores

aceitáveis para cada característica analisada e os métodos que devem ser seguidos. Alguns

destes critérios estão apontados na Tabela 1.

Tabela 1-Especificação do Biodiesel.

CARACTERISTICA UNIDADE LIMITE MÉTODO

ABNT

NBR

ASTM

D

EN/ISO

Aspecto _ LII(1)

Massa Específica a

20°C

Kg/m³ 850 a 900 7148

14065

1298

4052

EM

ISSO

3675

-

EM

ISSO

12185

Viscosidade

Cinemática a 40°C

mm²/s 3,0 a 6,0 10441 44 EM

ISSO

3104

Teor de Água, Max. mg/kg (2) - 6304 EN ISO

12937

Teor de éster

% massa 96,5 15764 - EN

14103

Corrosividade ao

cobre, 3h a 50°C, máx

- 1 14359 130 EN ISO

2160

Índice de acidez, máx mg KOH/g 0,5 14448 664 EN ISO

14104

(8)

11

CARACTERÍSTICA UNIDADE LIMITE ABNT

NBR

ASTM

D

EN/ISO

Glicerol livre, Max. %massa 0,02 15341

(8)

15771

-

-

6584 (8) EN

14105

(8)

EN

14106

(8)

Glicerol total, Max (9) %massa 0,25 15344

15908

6584 (8)

-

EN

14105

(8)

Monoacilglicerol

%massa 0,8 15342

(8)

15344

15908

6584 (8) EN

14105

Diacilglicerol, máx %massa 0,20 15342

(8)

15344

15908

6584 (8) EN

14105

(8)

Tricialglicerol, máx %massa 0,2 15342

(8)

6584 (8) EN

14105

(8)

Metanol ou Etanol,

Máx.

%massa 0,2 15343 - EN

14110

(8)

Nota:

(1) Límpido e isento de impurezas, com anotação da temperatura de ensaio.

(2) Será admitido o limite de 380 mg/kg 60 dias após a publicação da Resolução. A partir de 1° de janeiro de

2013 até 31 de dezembro de 2013 será admitido o limite máximo de 350 mg/kg e a partir de 1° de janeiro de

2014, o limite máximo será de 200 mg/kg.

(8) Os métodos referenciados demandam validação para os materiais graxos não previstos no método e rota de

produção etílica.

4.3 PINHÃO-MANSO

4.3.1. Pinhão-manso no mundo

Acredita-se que a origem do pinhão-manso possa ter ocorrido no México ou na América

Central. Alguns autores acreditam que o pinhão-manso proceda da América do Sul, ou

possivelmente originária do Brasil. Existem genótipos da planta que podem ser tóxicos, o

genótipo não tóxico é encontrado somente no México. O pinhão-manso também pode ser

encontrado na Índia, Filipinas e Timor Leste. É uma cultura perene, rústica e adaptada a

12

condições edafoclimáticas diversas, resistente à seca, ambientes tropicais e subtropicais, não

demanda regime nutricional especial, não é predada por animais e é resistente a pragas

(BECKER e MAKKAR, 2008).

No Brasil, o pinhão-manso ocorre praticamente em todas as regiões do país, sempre de

forma dispersa, propagando-se, sobretudo nos estados do Norte e do Nordeste, em Goiás e em

Minas Gerais (ALVES, 2010; FREIRE et al., 2009). Segundo Dourado (2009), desde 2004

alguns empreendedores vêm plantando pinhão-manso no Brasil e produzindo sementes em

suas lavouras. A cultura ainda não está domesticada.

4.4 PLANTA DO PINHÃO-MANSO

O pinhão manso (Jatropha curcas L.) é uma planta perene, pertencente a família das

Euphorbiaceae. A partir de suas sementes pode-se extrair um óleo semelhante ao de canola.

Entre essas, pode-se ressaltar a fabricação de sabões, lubrificantes, tintas e mais recentemente

a possibilidade de ser utilizado para a produção de biodiesel (JÚNIOR, et al., 2009). O

pinhão-manso é um arbusto de crescimento rápido que pode atingir de 3 a 5 metros de altura,

com diâmetro do tronco de aproximadamente 20 cm. O caule é liso, de lenho mole, e exsuda

um látex caustico, quando recebe qualquer ferimento, Possui raízes curtas e pouco

ramificadas. O tronco é dividido desde a base, em compridos ramos, com numerosas

cicatrizes produzidas pela queda das folhas na estação seca (fenômeno da caducifólia), as

quais ressurgem logo após as primeiras chuvas. As folhas do pinhão manso são verdes e

brilhantes, largas e alternas, em forma de palma com três a cinco lóbulos e pecioladas, com

nervuras esbranquiçadas e salientes na face interior. A planta é monóica com flores

masculinas e femininas na mesma inflorescência. As masculinas surgem em maior número,

nas extremidades das ramificações, e as femininas na base delas. Estas flores são amarelo-

esverdeadas e diferenciam-se também pela ausência de pendúculo articulado nas femininas, as

quais são largamente penduculadas (DIAS, 2007). O fruto (é uma cápsula trilocular onde as

sementes escuras e lisas se alojam em seu interior, possuindo um teor de óleo que pode variar

entre 30 e 40%). Apresenta vasta distribuição geográfica, podendo ser encontrado desde as

regiões tropicais secas até as regiões equatoriais úmidas. A Figura 3 mostra a planta do pinhão

manso e seus derivados.

13

Figura 3-Planta do pinhão-manso.

A planta se desenvolve bem com precipitações anuais acima de 600 mm de chuva/ano,

sendo tolerante a longos períodos de estiagem, porém, com precipitação abaixo de 300

mm/ano, ela paralisa o seu desenvolvimento. A produtividade do pinhão-manso é bastante

afetada pela distribuição de chuvas e também pela ação prolongada de ventos na época da

floração (queda de botões florais e redução na polinização). A planta adapta-se com facilidade

a diversas condições climáticas, revelando-se bastante rústica. A temperatura ideal está entre

20 a 28 ºC. O tipo de solo ideal deve ser profundo, com boa drenagem e de fertilidade natural

elevada. Entretanto, pode ser cultivado em áreas de solos pouco férteis e de clima

desfavorável à maioria das culturas alimentares tradicionais, como, por exemplo, no

Semiárido nordestino (JÚNIOR, et al., 2009).

A semente é relativamente grande. Quando seca mede entre 1,5 e 2,0 cm de comprimento.

Em sua constituição apresenta, de fora para dentro, tegumento rijo e película branca cobrindo

a amêndoa. A amêndoa contém o albúmen ou endosperma que é abundante, branco,

oleaginoso (38% de óleo) e o embrião, constituído do eixo embrionário e de dois largos

cotilédones achatados e foliáceos (DIAS, 2007).

4.5 DEBULHAMENTO

Após a colheita, os frutos serão dispostos sobre terreiro pavimentado ou lona, quando não

pavimentado, onde ficarão sob o sol para secarem. Quando estiverem secos, os frutos serão

então beneficiados, ou seja, as sementes serão extraídas da cápsula ou casca (debulhamento),

por processo manual ou mecanizado. Após o beneficiamento, deve-se verificar a umidade das

sementes, que deverá ser de 11 a 13%, para somente então serem armazenadas ou processadas

para extração do óleo (DIAS, 2007).

14

4.6 EXTRAÇÃO DO ÓLEO

As sementes passam por um processo de limpeza em peneiras para a separação da casca e

dos resíduos. A seguir, aquelas selecionadas são levadas para uma caldeira, onde passam por

um cozimento em condições controladas de umidade, temperatura e vapor. Após o cozimento,

as sementes seguem para uma prensa helicoidal contínua, onde as células são rompidas e o

óleo bruto é extraído. Quando o óleo é extraído da semente é gerado um subproduto chamado

de torta. O resíduo dessa primeira etapa é a torta gorda. Esta pode ser submetida a um

processo de extração por solvente, que retira o óleo remanescente, sobrando a torta magra

ou farelo. O farelo pode ser comercializado como adubo. Após a extração, o óleo passa por

um processo de decantação para a separação das impurezas pesadas. Em seguida, ele passa

pela filtragem (ARAÚJO, 2012).

4.7 ÓLEO DO PINHÃO-MANSO

Os óleos vegetais são compostos naturais, solúveis em solventes orgânicos e insolúveis

em água. Geralmente a composição química dos óleos são semelhantes com classificação

química em glicerídeos ou não glicerídeos. Os glicerídeos são compostos por ácidos graxos e

gliceróis. De acordo com ALVES (2010) o óleo de pinhão-manso caracteriza-se por conter

aproximadamente 97,6 % de triacilglicerídeos, 0,95 % de glicolipídeos e 1,45 % de

fosfolipídios. Os triacilglicerídeos são compostos por aproximadamente 35 a 52 % de ácido

oleico e 15 a 48 % de ácido linoleico, 14,3 % de ácido palmítico e 5,1 % de ácido esteárico. A

composição química, em termos de ácidos graxos que podem estar presentes na estrutura dos

triacilglicerídeos, muda em função do período de colheita, adubação, clima, época de plantio e

tratos culturais.

Os ácidos graxos do pinhão manso se assemelham com os do óleo de soja. Essa

semelhança poderia ser um bom potencial para a alimentação humana, o que inviabiliza isso é

o fato de o pinhão manso conter ésteres de forbol, que é um componente tóxico, não podendo

ser utilizado para este fim A torta também contém os ésteres de forbol citados acima.

Pesquisadores estão trabalhando para a detoxificação da torta do pinhão manso para

alimentação animal, o que agregaria valor para este subproduto. BRAGA (2010) fala que o

15

óleo do pinhão-manso é o grande motivo para que haja investimentos em cultivos da planta. A

grande produção de óleo por essa planta deve-se ao número de flores por inflorescência,

consequentemente o número de frutos por cacho, o percentual de óleo por semente e o

número de plantas por hectare.

O pinhão-manso possui algumas características potenciais desejáveis, que o tornam

interessante, tais como: alto rendimento de óleo, boa qualidade do óleo para produção de

biodiesel, adaptabilidade a diferentes regiões, altamente resistente a doenças e a insetos,

precocidade e longevidade, alternativa de diversificação, possibilidade de inserção na cadeia

produtiva da agricultura familiar gerando empregos, baixo custo de cultivo, não pode ser

utilizada para alimentação humana, entre outras (FREIRE e LIMA, 2011).

Pelo requisito porcentagem de óleo, o pinhão manso mostra-se melhor comparado a outras

culturas como o algodão e soja Na Figura 4 é apresentado um comparativo da porcentagem de

óleo, produtividade, ciclo de vida e rendimento.

Figura 4-Porcentagem de óleo, produtividade, ciclo de vida e rendimento.

Fonte: Adaptado de ALVES (2010).

Observa-se na Figura 4 que o pinhão-manso quando comparado a outras culturas

produz uma boa porcentagem de óleo, uma grande produtividade, que é calculado por

toneladas por hectare, possui também um ciclo de vida perene, ou seja, um ciclo longo, além

de um ótimo rendimento, mostrado em toneladas de óleo por hectare.

16

5. MATERIAIS E MÉTODOS

Serão utilizados dois óleos para a produção de biodiesel. Um óleo de alta acidez e um com

baixa acidez. O óleo de baixa acidez é um óleo ao qual foi extraído a pouco tempo da

semente, portanto, um óleo fresco. Já o óleo de alta acidez é um óleo velho (extraído a mais

tempo), ao qual ficou armazenado sob refrigeração. O óleo de alta acidez foi uma doação do

Rancho Ecológico (Londrina, PR) em Outubro de 2012 para a Embrapa Agroenergia, sendo

armazenado no Laboratório de Processos Químicos (LPQ) desde 2012 até janeiro desde ano

para sua filtragem e utilização. O óleo bruto de alta acidez estava misturado a uma borra

derivado do processo da extração. Foi realizada a filtração com o auxílio de funil de Buchner

e papel de filtro qualitativo Unifil 80g com o auxílio de bomba de vácuo, na Central de

Análises Químicas e Instrumentais (CAQ).

Já o óleo de baixa acidez foi extraído de sementes provenientes do BAG-CPAC/CNPAE

em fevereiro de 2014 na Embrapa Agroenergia. Para a obtenção do óleo de baixa acidez, foi

realizado uma extração em prensa tipo Expeller marca Scott Tech modelo SMR 610-G

utilizando amostras de pinhão manso oriundas do BAG. Antes da extração, as amostras foram

pesadas em balança semianalítica digital eletrônica e posteriormente aquecidas a 50ºC por 45

minutos em secador rotativo marca Scott Tech modelo ERT 60 II. Logo após a retirada do

aquecedor, os grãos foram processados na prensa por três vezes a fim de se obter a maior

quantidade de óleo possível. Foi realizado então seu processo de filtração com os mesmos

equipamentos citados anteriormente e ilustrada na Figura 5.

Figura 5-Processo de filtração do óleo bruto para obtenção do óleo de baixa acidez.

Fonte: Autora.

17

Após os processos de filtração foram iniciadas as caracterizações físico-químicas

desses óleos. Para fins de comparação foi utilizado um óleo de soja comercial marca Contigo,

refinado, contendo os seguintes antioxidantes, ácido cítrico ALL e TBHQ. Abaixo são

listados os equipamentos e normas das análises.

5.1 ANÁLISES FÍSICAS

5.1.1. Viscosidade

Para a análise de viscosidade foi utilizado um multiviscosímetro marca Walter Herzog

(Figura 6). O método foi seguido pela norma NBR 10441. A análise foi feita a temperatura de

40°C.

Figura 6-Multiviscosímetro utilizado na análise de viscosidade.

Fonte: Autora.

5.1.2. Densidade

A análise de densidade seguiu a norma NBR 14065, utilizando um densímetro digital

marca Rudolph reseach Analytical (Figura 7).

18

Figura 7-Densímetro Digital utilizado na análise de densidade.

Fonte: Autora.

5.2 ANÁLISES QUÍMICAS

5.2.1. Acidez

A análise de acidez foi feita em um titulador potenciométrico marca Metrohm (Figura

8) seguindo a norma ASTM D664.

Figura 8-Titulador potenciométrico utilizado nas análises químicas de acidez.

Fonte: Autora.

19

5.2.2. Estabilidade oxidativa

Foi utilizado o Rancimat da marca Metrohm 873 para a análise de estabilidade

oxidativa. A norma seguida foi a EN 14112.

Figura 9- Equipamento Rancimat para análise oxidativa.

Fonte: Autora.

5.2.3. Corrosividade na lâmina de cobre

Esta análise foi baseada na norma ABNT-NBR 14359. A análise é feita em um banho

do óleo com uma lâmina de cobre a 50°C por 3h. Após este tempo avaliada a oxidação da

placa de cobre contra uma lâmina padrão (Figura 10).

Figura 10. Oxidação na lâmina de cobre.

Fonte: Autora.

20

5.3 . PRODUÇÃO DE BIODIESEL

5.3.1. Planejamento experimental

Foi realizado um planejamento para síntese de biodiesel em diferentes condições a partir

do óleo de pinhão manso. Primeiramente, um delineamento fatorial 27-3

para escolher quais as

variáveis mais importantes na produção de biodiesel. Na Tabela 2 são apresentados esses

delineamentos utilizando como solvente metanol/etanol com as outras variáveis apresentadas

em níveis codificados. Os níveis destas variáveis codificadas são apresentados na Tabela 3.

Tabela 2-Delineamento experimental fatorial 27-3

utilizado para experimentos de metanol e

etanol (valores codificados).

Solvente metanol/etanol

Condição Razão

molar/solvente

Porcentual

KOH

Temperatura

°C

Tempo

Reação

(min)

Agitação

Acidez Número

de

lavagens

1 -1 -1 -1 -1 -1 -1 -1

2 1 -1 -1 -1 1 -1 1

3 -1 1 -1 -1 1 1 -1

4 1 1 -1 -1 -1 1 1

5 -1 -1 1 -1 1 1 1

6 1 -1 1 -1 -1 1 -1

7 -1 1 1 -1 -1 -1 1

8 1 1 1 -1 1 -1 -1

9 -1 -1 -1 1 -1 1 1

10 1 -1 -1 1 1 1 -1

11 -1 1 -1 1 1 -1 1

12 1 1 -1 1 -1 -1 -1

13 -1 -1 1 1 1 -1 -1

14 1 -1 1 1 -1 -1 1

15 -1 1 1 1 -1 1 -1

16 1 1 1 1 1 1 1

Tabela 3-Níveis das variáveis independentes que serão avaliadas no experimento.

Variáveis -1 1

Razão molar óleo/solvente 1:3 1:9

Porcentual KOH 0,5 2

Temperatura °C 30 60

Tempo reação (min) 10 60

21

Agitação baixa alta

Acidez baixa alta

Lavagens 1 5

A partir das condições do delineamento experimental apresentado acima, foram

calculados os valores reais de cada variável, considerando a estequiometria da reação da

síntese de biodiesel por transesterificação (representada na Figura 11) e os dados de densidade

e massa molar dos reagentes : Densidade do metanol: 0,79 g/cm³; Massa Molar do metanol:

32,04 g/mol; Densidade do óleo: 0,9105 g/cm³; Massa Molar do etanol: 46,06 g/mol;

Densidade do etanol: 0,789 g/mol. (ATKINS e JONES, 2011) e Massa Molar do óleo: 869,12

g/mol (LEMÕES, et al., 2012).

Figura 11-Reação de transesterificação.

Fonte: (SOUZA, 2014)

Após todos os cálculos serem feitos, obteve-se as condições reais das rotas metílica e

etílica (Tabela 3 e 4).

Tabela 3-Condições reais utilizadas na síntese de biodiesel por rota metílica.

Razão Molar Óleo(g) ÁLCOOL(mL) KOH(g)

1:3 e 0,5% 45,52 6,37 0,2275

1:3 e 2% 45,52 6,37 0,9105

1:9 e 0,5% 45,52 19,12 0,2275

1:9 e 2% 45,52 19,12 0,9105

Tabela 4-Condições reais utilizadas na síntese de biodiesel por rota etílica.

Razão Molar Óleo(g) ÁLCOOL (mL) KOH(g)

1:3 e 0,5% 45,52 9,17 0,2775

1:3 e 2% 45,52 9,17 0,9105

1:9 e 0,5% 45,52 27,52 0,2275

1:9 e 2% 45,52 27,52 0,9105

22

5.3.2. Procedimentos

As soluções alcoólicas de KOH foram preparadas em cada uma das concentrações

estabelecidas (0,5 ou 2%), utilizando-se como solvente o álcool adequado a cada uma das

rotas estudadas (metanol ou etanol). Em um balão de fundo chato, o óleo foi adicionado, e

realizou-se o aquecido em banho-maria com agitação até que a temperatura fosse alcançada.

Colocou-se a solução alcoólica de potássio no óleo e fechou o condensador para que o álcool

não fosse evaporado (Figura 12). Após o término da reação, as fases produzidas foram

levadas para a centrífuga por 8 minutos a 9000 rpm (Figura 13), para que haja a separação das

fases. Colocou-se no funil de separação e aguardou a separação de fases (Figura 14). A

glicerina foi pesada e armazena. Iniciaram-se as lavagens. O pH foi medido em cada lavagem

e depois descartou-se a água de lavagem. Utilizando soluções de 0,5% ou 2% de ácido cítrico

(C6H8O7), foi acrescido 15 mL no biodiesel produzido. Após as lavagens serem feitas,

secou-se o biodiesel em um rotaevaporador (Figura 15), e aferiu-se seu peso. Sendo

armazenado em temperatura ambiente até a realização das analises.

Figura 12-Processo de reação do biodiesel.

Fonte: Autora.

23

A separação do biodiesel foi feita em uma Centrifuga de bancada refrigeradora marca

Hermle 2360K mostrada na Figura 13 abaixo.

Figura 13-Centrifuga utilizada na separação do biodiesel.

Fonte: Autora.

Figura 14-Separação do biodiesel.

Fonte: Autora.

24

Figura 15-Rotaevaporador a vácuo com chiller Marca Büchi R-210 utilizado na secagem do

biodiesel.

Fonte: Autora.

5.4 ANÁLISE DE QUALIDADE

Para a caracterização dos biodieseis produzidos foram feitas as análises de densidade,

viscosidade, teor de éster e rendimento. O rendimento foi calculado a partir do cociente da

quantidade mássica de biodiesel produzido (a principio, a fase superior da separação foi

considerada como sendo biodiesel) pelo quanto de óleo inicial foi reagido. Para confirmação

de que esta fase era realimente biodiesel ou não, foram realizadas analises de densidade e

viscosidade, conforme relato nos itens 5.1 e 5.2, e de teor de ésteres metílicos/etílicos.

A análise de teor de éster foi executada de acordo com a norma EN 14103. Análise foi feita

no equipamento Cromatógrafo a gás com detector por ionização em chama e injetor

automático CombiPal da marca Agilent/CTC 7890A/G6500-CTC, mostrado na Figura 16.

25

Figura 16-Cromatógrafo à gás utilizado no teor de éster.

Fonte: Autora.

.

26

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 CARACTERIZAÇÃO DAS PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS DAS

AMOSTRAS DE ÓLEO DE PINHÃO-MANSO UTILIZADAS

Foram analisados os dois óleos filtrados de pinhão-manso, de baixa e alta acidez,

utilizados para a produção de biodiesel. Para fim de comparação foi analisado também o óleo

de soja comercial. As análises físico-químicas realizadas foram: índice de acidez,

corrosividade na lâmina de cobre, densidade, estabilidade oxidativa e viscosidade. Seus

resultados são mostrados na Tabela 5.

Tabela 5-Resultados das análises físico-químicas

Amostra Viscosidade

(mm²/s)

Densidade

(g/cm³)

Acidez (mg

KOH/g)

Oxidação

(horas)

Corrosão

(após 3h)

Óleo de soja 31,916 0,92069 0,2860 5,20h Sem

corrosão

Óleo de pinhão

manso de alta acidez

34,266 0,91669 3,1289 36,34h Sem

corrosão

Óleo de pinhão

manso de baixa

acidez

34,297 0,91660 0,8105 11,20h Sem

corrosão

Tanto os óleos de alta e baixa acidez quanto o óleo de soja comercial apresentaram

viscosidade e densidade similares. A densidade de todos os óleos está dentro da faixa

recomendada para o óleo de soja, no regulamento técnico para qualidade de óleos refinados

comestíveis (instrução normativa nº 49, de 22 de dezembro de 2006 do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento).

A acidez de um óleo resulta do grau de desagregação dos triacilgliceróis, devido a

reações químicas de hidrólise ou lipólise, formando-se desta forma os ácidos graxos livres.

Assim, a acidez tem relação com fatores que incluem ataque de pragas e doenças, contacto

prolongado da água com o azeite e ainda métodos de colheita, transporte, armazenamento e

extração descuidados. O primeiro óleo apresentou alta acidez por conter um maior teor de

ácidos graxos presente na amostra, acima da referida instrução normativa. Embora este seja

um regulamento técnico mais utilizado na área de alimentos, pode servir como referencia para

27

a área de produção de biodiesel, pois também nesta indústria é aceito no máximo 1% de

acidez em óleos, para garantir poucas perdas na produção.

Um dos meios mais utilizados para se inferir sobre a susceptibilidade de um

determinado óleo à oxidação é a avaliação de seu número de iodo. O número de iodo revela o

número de insaturações de uma determinada amostra. Todavia, é importante salientar que,

quando o objetivo é avaliar a estabilidade oxidativa de um dado óleo, as informações obtidas

através desse método não são adequadas, pois o número de iodo não discrimina que

compostos estão contribuindo para o valor encontrado. Desse modo, há óleos diferentes com

números de iodo semelhantes, porém, com estabilidades à oxidação consideravelmente

distintas (KUCEK, et al., 2003). Os resultados da estabilidade oxidativa avaliada em

Rancimat podem ser observados abaixo nas Figuras 17 e 18. Esta analise representa o tempo

em que os óleos de pinhão-manso e o óleo de soja comercial demoraram a oxidar, em um

ensaio acelerado de oxidação.

Os óleos de alta e de baixa acidez foram identificados respectivamente como CAQ-31-

14 e CAQ-46-14.

Figura 17-Duplicata óleo de alta acidez.

28

Figura 18-Duplicata óleo de soja e óleo de baixa acidez.

De acordo com as Figuras 17 e 18 acima, o óleo que levou mais tempo para sofrer

oxidação foi o óleo de alta acidez. Isto pode estar relacionado às diferentes origens genéticas

de cada semente de pinhão-manso que foram utilizadas para a extração dos óleos.

Após os óleos ficarem por 3h em um banho com as lâminas de cobre, foi observado

que não oxidação da lâmina. O que pode ser observado na Figura 19.

Figura 19-Resultado da oxidação da lamina de cobre após 3 horas. (1: placa usada no óleo de

baixa acidez; 2: placa usada no óleo de alta acidez; 3: placa usada no óleo de soja; P: placa de

referência).

Fonte: Autora.

29

De acordo com (ZAGONEL, 2000), a oxidação pode ser acelerada pela alta

temperatura do óleo, que é uma da principal responsável pela modificação das características

físico-químicas. O óleo torna-se escuro, viscoso, tem sua acidez aumentada e desenvolve odor

desagradável. Sendo assim, os óleos de baixa e alta acidez foram armazenados em um sistema

de refrigeração e o óleo de soja comercial foi reservado à temperatura ambiente, o que então

não possibilitou a oxidação dos mesmos na lâmina de cobre.

6.2. CARACTERIZAÇÃO DAS AMOSTRAS DE BIODIESEL

Durante a realização do experimento de síntese, foi notado que em algumas condições

experimentais não houve a produção de biodiesel ao final do tempo estipulado de reação,

apresentando uma só fase de óleo não reagido. Em outros casos houve reação de

transesterificação incompleta, produzindo duas fases de biodiesel e uma de óleo não reagido.

As análises de caracterização do biodiesel (densidade, viscosidade e teor de éster)

serviram para apoiar a decisão de classificar cada uma das fases formadas como biodiesel ou

óleo não reagido.

A densidade dos óleos de pinhão-manso utilizados foi de 0,9166. De acordo com a

legislação da ANP 14, de 11.05.2012, a densidade do biodiesel deve ser na faixa de 0,850 a

0,900. Portanto as amostras que apresentaram valores superiores a 0,900 foram consideradas

como óleo não reagido. A viscosidade do óleo de pinhão-manso foi em torno de 34,2 mm2/s,

sendo que a viscosidade do biodiesel deve ser em torno de 3,0 a 6,0. Assim, este parâmetro

sinalizou uma distinção clara entre biodiesel e óleo não reagido. Portanto, apenas as condições

3, 7, 8, 11, 13 e 15 formou biodiesel. Aquelas amostras que ainda ficaram dúvidas, o teor de

éster foi relevante na confirmação. Os resultados descritos na Tabela 6 referem-se às amostras

produzidas por rota metílica.

30

Tabela 6- Resultados de viscosidade, densidade, teor de éster e rendimento das fases

formadas durante a rota metílica.

Condição Viscosidade

(mm²/s)

Densidade

(g/cm³)

Rendimento

(%)

Teor de Éster

(%)

1 Óleo:14,852 Óleo: 0,90321 0 Óleo: 23,18

2 Óleo:24,936

biodiesel:*

Óleo:0,91132

biodiesel:0,82645 31,68

Óleo:6,51

biodiesel:6,16

3 Biodiesel:6,4493 Biodiesel:0,88310 79,26 Biodiesel:84,66

4 Óleo:19,206 óleo: 0,90528 0 Óleo:24,00

5 Óleo: 31,523 Óleo:0,91466 0 Óleo: 3,43

6 Óleo:33,162

biodiesel: *

Óleo:0,91626

biodiesel:0,81194 29,74

Óleo:1,21

biodiesel: 0,06

7 Biodiesel:

6,3949 Biodiesel:0,88666 76,32 Biodiesel:74,75

8 Biodiesel:

4,2635 Biodiesel:0,87817 91,85 Biodiesel:97,98

9 Óleo: 28,945 Óleo:0,91242 0 Óleo: 7,40

10 Óleo:27,041

biodiesel: *

Óleo:0,91398

biodiesel:0,82372

27,81

Óleo:2,32

biodiesel: 2,99

11 Biodiesel:

4,9663 Biodiesel:0,88136

60,92

Biodiesel:89,85

12 Óleo:15,647

biodiesel:*

Óleo:0,90407

biodiesel:0,85308

31,81 Óleo: 23,18

biodiesel:0,18

13 Biodiesel:

6,6969 Biodiesel:0,88883 86,91 Biodiesel:74,43

14 Óleo: 30,663

biodiesel:*

Óleo:0,91549

biodiesel: * 9,31

Óleo:4,14

biodiesel: 0,10

15

Biodiesel: 5,759 Biodiesel:0,88490 63,18

Biodiesel:

82,22

16 Óleo:16,562

biodiesel:*

Óleo:0,90271

biodiesel:0,86537 34,93

Óleo:16,81

biodiesel:13,99

Nota: (*) Amostras com quantidade insuficiente para fazer a análise

Os resultados descritos na Tabela 7 referem-se às amostras produzidas por rota etílica.

As análises de densidade, viscosidade e teor de éster também foram essenciais para identificar

onde houve ou não convertidas em biodiesel na rota etílica. Portanto, apenas nas condições 4,

8, 12, 13, 14 e 16 ocorreu a formação de biodiesel.

31

Tabela 7-Resultados de viscosidade, densidade, teor de éster e rendimento dos biodieseis

etílicos.

Condição Viscosidade

(mm²/s)

Densidade (g/cm³) Rendimento do

biodiesel (%)

Teor de Éster

(%)

1 Óleo: 13,740 Óleo: 0,89981 0 Óleo: 23,71

2 Óleo:12,430

biodiesel:2,1102

Óleo:0,89352

biodiesel:0,84078

51,25

óleo:15,18

biodiesel:33,78

3 Óleo: 15,625 Óleo: 0,91543 0 Óleo: 45,44

4 óleo:*

biodiesel:4,2685

óleo(2):12,53

Óleo:0,90465

biodiesel:0,87082

óleo(2):1,01249

50,7

óleo:8,08

biodiesel:91,73

óleo(2):0,11

5

Óleo: 30,561 Óleo: 0,91411

68,76

Óleo: 4,72

6 Óleo:10,58

biodiesel:*

Óleo:0,88942

biodiesel:*

9,18

óleo:14,02

biodiesel:32,22

7 Óleo: 20,056 Óleo: 0,91541 0 Óleo: 32,18

8 óleo:*

biodiesel:4,6152

Óleo:1,03494

biodiesel:0,87340 89,65

Óleo:0,12

biodiesel:96,73

9 óleo:*

biodiesel:22,992

óleo:*

biodiesel:0,90821 71

Óleo:1,74

biodiesel:16,86

10 Óleo:16,227

biodiesel:*

Óleo:0,90116

biodiesel: * 2,83

Óleo: 0,86

biodiesel:4,30

11 Óleo:14,674 Óleo: 0,90825 0 Óleo: 46,62

12 Óleo:22,808

biodiesel:4,2462

Óleo:1,00139

biodiesel:0,87054 86,77

Óleo:1,04

biodiesel:85,31

13 Biodiesel:22,082 Biodiesel:0,90873 84,24 Biodiesel:84,66

14 Biodiesel:7,7237 biodiesel:0,87471 76,69 Biodiesel :76,71

15 Óleo: 19,716 Óleo: 0,91882 0 Óleo: 44,02

16 Óleo:4,9596

biodiesel:4,8043

Óleo:0,95855

biodiesel:0,87367 65,22

Óleo:7,19

biodiesel:97,23

Nota: (*) Amostras com quantidade insuficiente para fazer a análise

Analisando as Tabelas 6 e 7, percebe-se que as condições com os menores valores,

como as condições 1 e 2 não obtiveram biodiesel para a rota metílica, mas somente o óleo que

foi misturado ao catalisador e ao álcool, que não foi reagido, isso se deve ao fato de a

quantidade de cada variável (menores níveis) não ser adequada para haver uma reação

completa. Entretanto essa mesma observação não pode ser confirmada nas últimas condições

15 e 16. Na rota metílica a condição 15 obteve um porcentual de éster de 82%, que é um valor

alto, já na rota etílica essa mesma condição obteve propriedades de viscosidade e densidade

de um óleo não reagido, sendo que seu teor de éster foi em torno de 44%, percebendo-se

então, que não houve uma reação completa de transesterificação.

32

6.2.1. Análises Estatísticas

Para as análises estatísticas, foram consideradas para o rendimento, amostras que

indicaram ser biodiesel de acordo com critérios de viscosidade, densidade e teor de ésteres. Já

para o teor de éster, todos os resultados foram considerados, assim, uma condição que não

teve sua síntese de biodiesel completa, mas teve um porcentual de éster de por exemplo 20%,

teve esse valor considerado na análise. Essas análises foram feitas no software Statística 12

(Statsoft, EUA) adequado para analise de delineamento de uma Superfície de Resposta (MSR)

proposto, com o objetivo de determinar quais as variáveis independentes afetam ou não a

produção do biodiesel a partir do óleo de pinhão-manso. O software produziu gráficos de

pareto de acordo com as variáveis codificadas de cada condição e os resultados de rendimento

e teor de éster. O gráfico de pareto informa quais parâmetros apresentam influência em função

das suas variáveis resposta. Para isso é necessário que se determine quais parâmetros

realmente apresentam influência estatística significativa de 95% (BRANDÃO, et al., 2007),

assim condições que passaram da linha de influência (p=0,5) são importantes.

O uso do planejamento fatorial e a análise estatística expressaram o rendimento em

massa e o teor de ésteres. Estes foram escritos função das variáveis independentes indicados

na Tabela 7.

Tabela 7-Planejamento fatorial e os resultados do rendimento e teor de éster metílico.

Condição Óleo:

MeOH

Porcentual

KOH

Temperatura

°C

Tempo

Reação

(min)

Agitação

Acidez Lavagens

Rendimento

Teor

de

Éster

1 1:3 0,5 30 10 200 0,81 1 0,00 0

2 1:9 0,5 30 10 800 0,81 5 0,00 0

3 1:3 2 30 10 800 3,12 1 79,26 84,66

4 1:9 2 30 10 200 3,12 5 0,00 0

5 1:3 0,5 60 10 800 3,12 5 0,00 0

6 1:9 0,5 60 10 200 3,12 1 0,00 0

7 1:3 2 60 10 200 0,81 5 76,32 74,75

8 1:9 2 60 10 800 0,81 1 91,85 97,98

9 1:3 0,5 30 60 200 3,12 5 0,00 0

10 1:9 0,5 30 60 800 3,12 1 0,00 0

11 1:3 2 30 60 800 0,81 5 60,92 89,95

12 1:9 2 30 60 200 0,81 1 0,00 0

13 1:3 0,5 60 60 800 0,81 1 86,91 74,43

14 1:9 0,5 60 60 200 0,81 5 0,00 0

15 1:3 2 60 60 200 3,12 1 63,18 82,22

16 1:9 2 60 60 800 3,12 5 0,00 0

33

Para a rota metílica, foram desconsideradas as condições 2, 6, 10 e 14 por não ter sido

possível medir a viscosidade devido à baixa quantidade de amostra e ou por ter uma

densidade fora da faixa de biodiesel. As condições 1, 4, 5, 9 possuem a densidade e

viscosidade parecidas com as propriedades do óleo, por isso foram eliminadas. Já as

condições 12 e 16 possuem um baixo teor de éster, o que as fizeram ser eliminadas.

Analisando os resultados da rota metílica, o software gerou os seguintes gráficos de pareto

mostrados nas Figuras 20 e 21 abaixo.

Figura 20- Gráfico de pareto do rendimento metílico.

Figura 21- Gráfico de pareto do teor de éster metílico.

34

Na Figura 20 a variável resposta “rendimento” mostrou que o porcentual de KOH e a

razão molar foram significativas. Segundo o gráfico, a quantidade de catalisador é a variável

que mais pode interferir no rendimento, ocorrendo de forma direta (valor positivo do

coeficiente), assim, quanto maior a quantidade de KOH, maior é o rendimento. Na razão

molar isso ocorre de forma inversa (valor negativo do coeficiente), ou seja, quanto maior a

razão molar, menor é o rendimento. Já na Figura 21, a variável resposta “teor de éster” mostra

que o porcentual de KOH e a razão molar foram relevantes, o porcentual de KOH

acontecendo de forma direta, e a razão molar de forma inversa. Esses coeficientes negativos

representados na razão molar das variáveis resposta “rendimento” e “teor de éster” contradiz

ao que foi observado na prática. Um exemplo é o caso das condições 7 e 8 da rota metílica. As

variáveis de porcentual de KOH, temperatura, tempo e acidez são iguais, diferindo a razão

molar, sendo na condição 7 de 1:3 e na condição 8 de 1:9. Percebe-se pelo rendimento e o teor

de éster que a condição 8 possui as duas variáveis resposta maiores que na condição 7. O

mesmo caso aconteceu com as condições 15 e 16 da rota etílica. A condição 15 (razão molar

1:3) não teve conversão de biodiesel, já a condição 16 (razão molar 1:9) teve um rendimento

de 65,22% e um teor de éster de 97,23%. Assim, uma maior razão molar favorece mais a

conversão do biodiesel. Apesar da discrepância, o objetivo do screening foi atingido, ou seja,

verificou-se que esta variável independente é importante, e deve ser considerada em um

estudo futuro de otimização.

O uso do planejamento fatorial e a análise estatística que expressam o rendimento em massa

e o teor de ésteres da rota etílica estão indicados na Tabela 8, e os gráficos de pareto são

mostrados nas Figuras 22 e 23 abaixo.

35

Tabela 8-Planejamento fatorial e os resultados do rendimento e teor de éster etílico.

Condição Óleo:

EtOH

Porcentual

KOH

Temperatura

°C

Tempo

Reação

(min)

Agitação

Acidez Lavagens

Rendimento

Teor

de

Éster

1 1:3 0,5 30 10 200 0,81 1 0 0

2 1:9 0,5 30 10 800 0,81 5 51,25 33,78

3 1:3 2 30 10 800 3,12 1 0 0

4 1:9 2 30 10 200 3,12 5 50,7 91,73

5 1:3 0,5 60 10 800 3,12 5 0 0

6 1:9 0,5 60 10 200 3,12 1 9,18 32,22

7 1:3 2 60 10 200 0,81 5 0 0

8 1:9 2 60 10 800 0,81 1 89,65 96,73

9 1:3 0,5 30 60 200 3,12 5 0 0

10 1:9 0,5 30 60 800 3,12 1 0 0

11 1:3 2 30 60 800 0,81 5 0 0

12 1:9 2 30 60 200 0,81 1 86,77 85,31

13 1:3 0,5 60 60 800 0,81 1 84,24 84,66

14 1:9 0,5 60 60 200 0,81 5 76,7 76,71

15 1:3 2 60 60 200 3,12 1 0 0

16 1:9 2 60 60 800 3,12 5 65,22 97,23

Figura 22-Gráfico de pareto do rendimento etílico.

36

Figura 23-Gráfico de pareto do teor de éster etílico.

Observa-se na Figura 22 que a variável resposta “rendimento” identificou que a razão

molar é significativa na síntese do biodiesel, e isso acontece de forma uniforme, quanto maior

a razão molar, maior é o rendimento. Perto da linha de significância está a acidez mostrando

que essa variável acidez age de forma inversa (valor negativo do coeficiente) assim, quanto

menor a acidez, maior é o rendimento. Na Figura 23 a variável resposta “teor de éster”

mostrou que a razão molar é significativa, agindo de forma proporcional na conversão de

ésteres etílicos.

Analisando a rota etílica, as condições 3, 5, 7, 9, 11 e 15 tiveram propriedades de

densidade e viscosidade de óleo. O baixo teor de éster foi percebido nas condições 1 e 10,

fazendo com que estas também fossem eliminadas. Com todas as dezesseis condições das

rotas metílica e etílica produzidas, percebeu-se que em alguns casos não houve a reação

completa da síntese de biodiesel, o que era uma possibilidade esperada, pois o objetivo foi

saber quais das sete variáveis independentes são importantes para a produção de biodiesel,

assim, algumas condições iam ter variáveis que afetavam positivamente e outras não essa

síntese.

Dentre as sete variáveis utilizadas para as determinadas condições, as que obtiveram

relevância foram então a razão molar e o porcentual de KOH. Mesmo que algumas variáveis

não tenham passado a linha de significância, sabe-se experimentalmente que para uma melhor

conversão do biodiesel, a acidez é muito importante, óleos de baixa acidez são mais

37

adequados para a produção de biodiesel. Isso é corroborado quando se compara a condição 8

e 16, que tem condições iguais de razão molar e porcentual de KOH, e anto na rota etílica e

principalmente na rota metílica, provavelmente a diferença no teor de acidez alterou

consideravelmente a eficiência da reação. Em ambos os casos, a condição 8 (de menor acidez)

resultou em mais de 96,5% de ésteres convertidos, assim esses biodieseis se enquadram

dentro da resolução 14, de 11.05.2012 da ANP, o que os tornam possíveis biodieseis

comercializáveis.

Analisando individualmente a acidez, percebe-se que a utilização do óleo de baixa acidez

é importante, pois óleos com alta acidez tendem a favorecer o deslocamento da reação para a

saponificação ao invés da transesterificação, levando assim a formação de sabão, o que foi

percebido em alguns casos como na condição 4 metílica e a condição 3 etílica (óleos de alta

acidez). Ao adicionar a água de lavagem no biodiesel, o mesmo saponificou ao invés de

separar as fases biodiesel/água. Logo, a utilização de óleos de baixa acidez para a síntese do

biodiesel tende a ter um rendimento maior que ao utilizar óleos de alta acidez.

38

7. CONCLUSÕES

A Jatropha possui propriedades bastante interessantes para a produção de biodiesel como

seu alto teor de óleo. Para esta produção por rotas etílica e metílica, foram selecionados dois

óleos de pinhão-manso de diferentes níveis de qualidade, para que a variável acidez (alta e

baixa) pudesse também ser avaliada neste delineamento experimental de screening. Assim a

caracterização físico-química desses óleos foi essencial para sua qualificação e para a futura

utilização na produção de biodiesel, Observando as análises químicas, percebe-se que de

forma surpreendente, a resistência à oxidação foi muito maior no material de alta acidez.

Como os materiais de baixa e alta acidez são de origem genética diferente, isto explica

parcialmente esta diferença.

Para identificar as condições que produziram biodiesel, as análises de densidade,

viscosidade e teor de éster tiveram significativa importância para indicar as condições em que

efetivamente o biodiesel foi produzido. Em muitos casos com a viscosidade e a densidade já

seriam suficientes para indicar a ocorrência ou não da síntese de biodiesel, no entanto a

análise do teor de éster foi fundamental na confirmação e tornou mais segura esta tomada de

decisão. Mostrando que apenas a análise de rendimento mássico muitas vezes, pode ser

insuficiente para avaliar a formação ou não de biodiesel. A partir do uso de ferramentas

estatísticas, foi possível realizar menor numero de experimentos no estudo de um grande

numero de variáveis, consistindo de ferramento útil (mas não única) para identificar quais as

variáveis foram importantes para a produção do biodiesel.

Conclui-se, portanto, avaliando as variáveis resposta “rendimento” e “teor de éster”, que o

porcentual de KOH e a razão molar são significativas para a rota metílica e somente a razão

molar é importante na rota etílica. Mesmo o software mostrando somente duas das sete

variáveis como importantes, percebeu-se experimentalmente que as outras variáveis também

podem ter sua significância para a síntese do biodiesel, principalmente o nível de acidez do

óleo empregado.

Avaliando os resultados obtidos experimentalmente e estatisticamente, este trabalho pôde

identificar quais as variáveis podem afetar a síntese do biodiesel de pinhão-manso. Essas

variáveis identificam o que é importante ou não para a produção do biodiesel. Para saber qual

o valor real de cada variável que é ideal para a conversão dos ésteres, deve-se fazer uma

otimização de todas as variáveis analisadas. Esta análise será feita em trabalhos futuros.

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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40

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TRANSESTERIFICAÇÃO DE. Rio de janeiro. 2008.

ZAGONEL, G. F. OBTENÇÃO E CARACTERIZAÇÃO DE BIOCOMBUSTÍVEIS.

Curitiba. 2000.

41

ANEXOS

Disponibilizado pela Embrapa Agroenergia

ANEXO I- DETERMINAÇÃO DE TEOR DE ÉSTER EM BIODIESEL

1. OBJETIVO

Estabelecer a metodologia para a determinação do teor de éster em ésteres metílicos de

ácidos graxos (FAME) em amostras de biodiesel por cromatografia gasosa.

2. PRINCÍPIO E LIMITAÇÕES DO MÉTODO

Determinação do percentual de ésteres metílicos de ácidos graxos presentes em

amostras por cromatografia gasosa com calibração interna (nonadecanoato de metila).

Este método permite verificar que o teor de éster do FAME é superior a 90% (m/m) e é

apropriado para FAME em cadeias carbônicas entre C6 e C24.

2.1. PRECISÃO:

2.1.1 Repetibilidade (r)

A diferença absoluta entre dois resultados individuais independentes, obtidos pelo

mesmo método, com material de ensaio idêntico, no mesmo laboratório pelo mesmo operador

usando o mesmo equipamento dentro de um curto intervalo de tempo, não deve ser superior

mais de uma vez em cada 20 determinações aos valores mostrados na Tabela 1.

Tabela 1: Parâmetros para repetibilidade.

Teor de éster 1,01 % (m/m)

Para o éster metílico do ácido linolênico r = 0,0283 + 0,0175 . X

X sendo o valor médio dos dois resultados em questão

r em % (m/m)

2.1.2. Reprodutibilidade (R)

A diferença absoluta entre dois resultados individuais independentes, obtidos pelo

mesmo método, com material de ensaio idêntico, em diferentes laboratórios, por operadores

diferentes, utilizando diferentes equipamentos, não deve ser superior mais de uma vez em

cada 20 determinações aos valores mostrados na Tabela 2.

42

Elaboração

Patricia P.K. Gonçalves Costa

Data

17/12/2013

Assinatura

Verificação

José Antônio de Aquino Ribeiro

Data

12/2014

Assinatura

Revisão

Itânia Pinheiro Soares

Data

12/2014

Assinatura

Aprovação

Angélica de Paula Galvão Gomes

Data

Assinatura

Tabela 2: Parâmetros para reprodutibilidade.

Teor de éster 4,16 % (m/m)

Para o éster metílico do ácido linolênico R = 0,3872 + 0,0285 . X

X sendo o valor médio dos dois resultados em questão

R em % (m/m)

3. REFERÊNCIAS

3.1. COMPLEMENTARES

EN 14103:2011 – Fat and oil derivates – Fatty Acid Methyl Esters (FAME) –

Determination of ester and linoleic acid methyl ester contents.

Resolução ANP n° 14, de 11.05.2013 – Especificação do biodiesel a ser

comercializado pelos diversos agentes econômicos autorizados em todo território nacional.

3.2. CRUZADAS

POP-NGQ-001 – Elaboração e Controle de Documentos.

4. DEFINIÇÕES, SIGLAS E ABREVIATURAS

FAME: Fatty Acid Methyl Esters (ésteres metílicos de ácidos graxos)

5. MATERIAIS E REAGENTES, EQUIPAMENTOS E PREPARO DA AMOSTRA

5.1. MATERIAIS E REAGENTES

Utilizar apenas reagentes de grau analítico reconhecido, salvo indicação contrária;

• Tolueno – grau analítico;

43

• Nonadecanoato de metila, com no mínimo 99,5% de pureza;

• Solução de nonadecanoato de metila – 10 mg/mL: pesar 500 mg de nonadecanoato de

metila, colocar em um balão volumétrico de 50 mL e completar com tolueno.

5.2. EQUIPAMENTOS E UTENSÍLIOS

• Frascos com tampa de rosca com septo para PTFE – capacidade 10 mL;

• Balão volumétrico;

• Pipeta – capacidade 5 ml e 0,02 ml de precisão;

• Cromatógrafo a gás.

5.3 SEGURANÇA

Devem ser utilizadas luvas cirúrgicas ao manusear as amostras.

5.4. PREPARO DA AMOSTRA

Pesar aproximadamente 100 mg da amostra em um frasco de 10 mL e

aproximadamente 100 mg do nonadecanoato de metila e diluir em 10 mL de tolueno. Preparar

em duplicata.

6. CONTEÚDO

6.1. PREPARAÇÃO E VERIFICAÇÃO DA APARELHAGEM

Preparar o aparelho para operação de acordo com as instruções do fabricante para

calibração, assim como a verificação e a operação do cromatógrafo a gás, conforme IU-SGL-

055.

6.2. PROCEDIMENTO

As condições cromatográficas (quantidade a ser injetada, temperatura de forno,

pressão do gás de arraste e fluxo split) devem ser ajustadas de modo a visualizar corretamente

os picos de ésteres metílicos de ácido lignocérico (C24:0) e ácido nervônico (C24:1),

conforme descrito abaixo.

Condições de análise:

a) Coluna capilar revestida com uma fase estacionária de polietileno glicol:

Carbowax 20M, DB Wax com comprimento x diâmetro interno x espessura do

filme:

30 m x 0,252 mm x 0,25 µm

b) Fluxo variável injetor Split rate

44

• Fluxo: 20 mL/min a 100 mL/min (iniciar com 25 mL/min)

• Temperatura: 250 °C

c) Gás de arraste: hélio

• Pressão: 30 kPa a 100 kPa (colocar em 83 KPa)

• Fluxo: 1 mL/min a 2mL/min (dependendo das características da coluna utilizada).

Colocar 1,37 mL/min.

d) Detector de ionização de chama – FID

• Temperatura: 250°C

• Hidrogênio: 30 mL/min

• Ar sintético: 300 mL/min

• Makeup – 30 mL/min

e) Forno

• Temperatura: 60°C por 2 minutos, programar 10°C/min até 200°C, programar 5°C/min

até 240°C, manter a temperatura final por 7 minutos.

f) Output: no máximo 5.

Programar as condições da corrida, branco, padrões e amostras.

A integração deve ser realizada a partir do pico de hexanoato de metila (C6:0) até a do

éster metílico do ácido nervônico (C24:1), levando todos os picos em consideração, inclusive

os menores.

7. CONTROLE DA QUALIDADE

O controle da qualidade deverá ser feito nos testes de verificação e calibração do

equipamento, nos injetores, forno, fluxo de fluido vetor, detectabilidade e sensibilidade do

detector, de acordo com as instruções do fabricante e teste de verificação da calibração de

forma geral (quantificação da curva padrão, identificação por tempo de retenção e acréscimo

de padrão).

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8. RESULTADOS

O teor de éster (C) é calculado utilizado a seguinte fórmula:

C = (∑A) - AEI x WEI x 100%

AEI W

Onde:

∑A = soma das áreas dos picos

AEI = área do pico do nonadecanoato de metila

WEI = massa, em miligramas, do nonadecanoato de metila usado como padrão interno

W = massa, em miligramas, da amostra

OBS: se duas determinações for maior do que 100%, descartar os resultados e verificar as

condições experimentais, bem como a pureza do padrão interno.

Determinação do éster metílico do ácido linolênico

O teor do éster metílico do ácido linoleico (L) é calculado pela seguinte fórmula:

L = AL x WEI x 100%

AEI W

Onde:

AL = área do pico correspondente ao éster metílico do ácido linolênico

AEI = área do pico correspondente ao nonadecanoato de metila

WEI = massa, em miligramas, do nonadecanoato de metila usado como padrão interno

W = massa, em miligramas, da amostra

9. CONTROLE DE REVISÕES

Revisão Natureza das alterações

00 Emissão Inicial

10. ANEXOS

Não se aplica.