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PARTE I
Orçamento Público
Elaboração e Execução
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1.Fundamentos do Orçamento Público
O Orçamento Público, segundo a doutrina, teve como marco inicial a famosa Constituição
Britânica de 1217, outorgada pelo Rei João Sem Terra, que no seu artigo 12 assim dizia: “Nenhum
tributo ou auxílio será instituído no Reino, senão pelo seu conselho comum, exceto com o fim de
resgatar a pessoa do Rei, fazer seu primogênito cavaleiro e casar sua filha mais velha uma vez, e os
auxílios para esse fim serão razoáveis em seu montante”.
Tinha-se ali não só os primórdios do orçamento público como também ficava caracterizado o
controle político em matéria orçamentária, cujo parlamento à época era formado pelos barões feudais
que, com tal atitude, tentavam reduzir o poder discricionário do rei em matéria tributária, na vigência do
período absolutista.
Portanto, o Orçamento é um dos mais antigos e tradicionais instrumentos utilizados na gestão dos
negócios públicos, sendo concebido inicialmente como um mecanismo eficaz de controle parlamentar
sobre o Executivo. Ao longo do tempo sofreu mudanças no plano conceitual e técnico (aspectos jurídico,
econômico, financeiro, de planejamento e programação, gerencial e controle administrativo, por
exemplo) para acompanhar a própria evolução das funções do Estado.
Por isso, torna-se um tanto difícil apresentar um conceito genérico de Orçamento Público, sem
que traga algum prejuízo às suas múltiplas funções. No aspecto de controle político, típico nos Estados
Democráticos, pode-se conceituar o Orçamento, conforme Aliomar Baleeiro1, como o ato pelo qual o
Poder Legislativo prevê e autoriza, em pormenor, a administração pública a realizar as despesas
necessárias ao funcionamento dos serviços públicos e a outros fins necessários às políticas públicas
estabelecidas, assim como arrecadar as receitas legalmente instituídas.
Num ponto de vista mais técnico/financeiro/jurídico, pode-se conceituar2 o Orçamento, como o
documento que prevê as quantias de moeda que, num determinado período (normalmente um ano),
devem entrar e sair dos cofres públicos (receitas e despesas), com especificação de suas principais
fontes de financiamento e das categorias de despesas mais relevantes, formalizado através de lei,
proposta pelo Poder Executivo e apreciada e ajustada pelo Poder Legislativo na forma definida pela
Constituição.
1.1. Funções Econômicas do Estado cumpridas através do Orçamento
Segundo Giacomoni apud Musgrave
3, são três as funções econômicas do Estado realizadas
através do Orçamento, considerado o principal instrumento de ação estatal na economia, que são: Função
Alocativa, Função Distributiva e Função Estabilizadora.
A Função Alocativa ocorre quando o Estado aloca recursos para prover a sociedade de
determinados bens e serviços, em que o setor privado não teria a plena capacidade e a mesma eficiência
em supri-la. A Função Distributiva se caracteriza, por exemplo, quando o Estado impõe maior carga
tributária a alguns para melhorar a situação da camada mais pobre da população (distribuição de renda).
Já a Função Estabilizadora se concretiza quando o Estado intervém na economia para manter estáveis
os preços de bens e serviços oferecidos pelo setor privado, por exemplo.
1 Citado por Oswaldo Maldonado Sanches, in Dicionário de Orçamento e Áreas Afins, pg.168, Editora Prisma, Brasília,
1997. 2 Baseado no conceito de Sanches.
3 James Giacomoni, in Orçamento Público, pg. 22. 14ª Edição. Ed. Atlas. S. Paulo, 2007.
4
1.2. Orçamento Tradicional e Orçamento Moderno
O pouco já falado neste trabalho sobre Orçamento Público que ora inicia, demonstra que o
mesmo vem sofrendo evolução em termos funcional, conceitual e técnico, caminhando pari passu com a
evolução da própria Administração Pública.
A história divide a evolução conceitual do Orçamento Público em duas fases: o orçamento
tradicional e o orçamento moderno.
Até o século XIX, os doutrinadores consideram que perdurou o Orçamento Tradicional, que, é
marcado pelo controle político (orçamento como instrumento de controle), influenciado grandemente
pelo liberalismo econômico, cuja preocupação seria controlar os gastos públicos, pois, quanto mais eles
se expandiam, mais seria necessário o aumento da carga tributária para custeá-los. Vigorou, portanto, a
idéia de que a despesa pública era um mal necessário, como diziam os tratadistas. Diante de tal controle,
levava a Administração a preocupar-se com seus próprios gastos (as coisas que o Governo irá comprar) e
ao estrito emprego das dotações nos fins (elementos e itens de despesas/classificações) apenas para
instrumentalizar o controle das despesas para as quais foram concedidas e não nas necessidades da
população. Geralmente se faziam as projeções de gastos baseados no consumo passado.
Por isso, o orçamento recebeu então a conhecida denominação de “Lei de Meios”, significando
que ele seria, antes de qualquer coisa, um inventário dos meios com os quais o Governo contava para
conduzir a administração. Outra característica marcante é a que o mesmo não tinha qualquer vinculação
a um planejamento.
A partir dos primórdios do século XX, tendo como indutor os EUA, desenvolveu-se na
Administração Pública a preocupação em ser mais eficiente, visando promover o desenvolvimento
econômico e social. O orçamento, antes era considerado um mero demonstrativo de autorizações
legislativas e que não atendia as necessidades, passou a ser visto como algo mais que uma simples
previsão de receitas ou estimativa de despesa. O mesmo passaria a ser considerado como um instrumento
de administração visando cumprir os programas de governo.
Se antes o orçamento era voltado para “as coisas que o governo compra”, teria agora como
finalidade “as coisas que o governo faz”, característica principal do Orçamento Moderno. Sua maior
intensidade ocorreu a partir de 1950, com várias experiências de modelos de orçamentos postos em
prática pelo governo americano, e que serviram de orientação a vários países que pretendiam implantar o
novo modelo, destacando-se: o Orçamento de Desempenho (visava especialmente instrumentalizar a
ação gerencial); o Sistema de Planejamento, Programação e Orçamento – PPBS (orientado para o
planejamento) e o Orçamento Base Zero – OBZ (voltava-se às avaliações de resultado do orçamento em
curso) e o Orçamento-Programa (constituído de certos componentes dos anteriores) que, dada a sua
importância, foi inclusive recomendado pela ONU para ser implantado nos países em desenvolvimento,
entre eles o Brasil.
O Orçamento-programa é aquele que apresenta os propósitos, objetivos e metas para os quais a
administração solicita os recursos necessários, identifica os custos dos programas propostos para
alcançar tais objetivos e os dados quantitativos que medem as realizações e o trabalho realizado dentro
de cada programa.
5
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O ORÇAMENTO TRADICIONAL E O ORÇAMENTO-
PROGRAMA (ORÇAMENTO MODERNO)
ORÇAMENTO TRADICIONAL ORÇAMENTO PROGRAMA
1. O processo orçamentário é dissociado dos
processos de planejamento e programação.
1. O orçamento é o elo de ligação entre o planejamento e
as funções executivas da organização.
2. A alocação de recursos visa à aquisição de
meios.
2. A alocação de recursos visa à consecução de objetivos e
metas.
3. As decisões orçamentárias são tomadas tendo em
vista as necessidades das unidades
organizacionais.
3. As decisões orçamentárias são tomadas com base em
avaliações e análises técnicas das alternativas possíveis.
4. Na elaboração do orçamento são consideradas as
necessidades financeiras das unidades
organizacionais
4. Na elaboração do orçamento são considerados todos os
custos dos programas, inclusive os que extrapolam o
exercício.
5. A estrutura do orçamento dá ênfase aos aspectos
contábeis da gestão.
5. A estrutura do orçamento está voltada para os aspectos
administrativos e de planejamento.
6. Principais critérios classificatórios: unidades
administrativas e elementos.
6. Principal critério de classificação: funcional
programático.
7. Inexistem sistemas de acompanhamento e
medição do trabalho, assim como dos resultados
7. Utilização sistemática de indicadores e padrões de
medição do trabalho e dos resultados.
8. O controle visa a honestidade dos agentes
governamentais e a legalidade no cumprimento
do orçamento.
8. O controle visa a avaliar a eficiência, a eficácia e a
efetividade das ações governamentais.
Segundo Giacomoni4, o Orçamento Tradicional e o Orçamento Moderno são caracterizações
“ideais” das situações extremas dessa evolução. Ainda conforme o referido autor, supondo-se que essa
trajetória esteja processando-se sobre um contínuo, o orçamento tradicional e o moderno estão,
respectivamente, nos pontos inicial e final da linha, entre os quais estão, presentemente, todos os
orçamentos públicos: uns a meio caminho, outros mais adiantados e outros ainda próximos ao ponto de
partida. Por ser “ideal”, a posição do orçamento moderno é inalcançável. À medida que os orçamentos
reais vão se aproximando do ideal moderno, esse é enriquecido por novos conceitos e novas técnicas e se
distancia, indo para uma nova posição que nunca é final.
2. Planejamento
2.1. Conceito
Planejamento, em linhas gerais, consiste na definição de objetivos, na ordenação de recursos
materiais e humanos, na determinação de métodos e formas de organização, no estabelecimento de
medidas de tempo, quantidade, na localização espacial de atividades e outras especificações necessárias
para canalizar racionalmente a conduta de uma pessoa, um grupo ou uma organização, quer seja pública
ou privada.
O Planejamento Governamental, por sua vez, vem a ser o conjunto de ações integradas, situadas
no tempo e no espaço, objetivas e realistas, visando à solução de problemas (apontados por prévios
diagnósticos), através do emprego racional e produtivo dos recursos. Em outras palavras, segundo
Sanches5, planejamento governamental é o processo articulado de definição de objetivos e de
equacionamento dos meios para atingi-los. Requer: a) previsões confiáveis, fundadas em adequado
diagnóstico da realidade atual, da evolução histórica dos fenômenos e das tendências existentes; b) clara
4 James Giacomoni, in Orçamento Público, pg. 159. 14ª Edição. Ed. Atlas. S. Paulo, 2007.
5 Oswaldo Maldonado Sanches, in Dicionário de Orçamento e Áreas Afins, pg.188, Editora Prisma, Brasília, 1997
6
e seletiva definição dos objetivos, evitando delineamentos que não sejam factíveis; c) a quantificação
dos resultados a obter em cada período de tempo; d) o envolvimento dos altos escalões do Governo, de
modo a garantir a implementabilidade às decisões; e) a continuidade, a fim de que a experiência
realimente e enriqueça o processo; e, f) a legitimação pelos ambientes internos (entidades do Governo) e
externo (instituições da sociedade).
O Planejamento Governamental tem como base legal o art. 174 da CF/88, que diz: Como agente
normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções
de.....planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Por
sua vez, o art. 165, §1º e §4º, também da CF, exigem da União a elaboração do plano plurianual (válido
também aos Estados e Municípios) e de planos nacionais, regionais e setoriais, levando a crer que o
exercício da função de planejamento é um dever do Estado e não uma faculdade.
Na realidade, o planejamento governamental se materializa, principalmente, através do Plano
Plurianual, que tem caráter de grande moldura legal (institucional) para a ação nacional, bem como para
as demais esferas de governo.
– maior flexibilidade e maior agilidade na tomada de decisões nos diversos níveis da
2.2 Exigências Atuais quanto ao Planejamento Governamental
2.2.1. Participação Social
Em um país como o Brasil, cujo regime político é o de Estado Democrático de Direitos6, os
governantes, como legítimos representantes do povo, têm a obrigação de promover meios para que haja
participação social na gestão pública. A sociedade está cada vez mais tendo consciência do direito de
pleno exercício da cidadania.
Na elaboração do planejamento governamental é essencial ouvir a comunidade, pois somente
ela conhece os verdadeiros problemas que lhe atinge.Tal participação exige que a sociedade se organize
em formas de associações, conselhos independentes, ONG’s, etc.
O direito de participação popular na elaboração do planejamento e na sua execução, não
obstante está implícito no art. 5º da Constituição Federal (direitos e garantias fundamentais), acha-se
nítido no art. 48, parágrafo único da Lei de Responsabilidade Fiscal, exigindo a participação popular na
elaboração e discussão dos planos e orçamentos, que assim dispõe:
“A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de audiências públicas,
durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos.”
O Estatuto das Cidades (Lei nº 10.257/2001), em seu art. 44, também dispõe sobre a
participação popular no âmbito municipal, ao mencionar que:
“No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa de que trata a alínea f do inciso III do art. 4º desta Lei incluirá a
realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias
e do orçamento anual, como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.”
Vale salientar que essa participação ainda está a passos lentos, ora por culpa dos governantes,
que não demonstram muito interesse em incentivar, ora por culpa da sociedade, que não demonstra
grande interesse em participar. No entanto, dada a evolução cultural, aos poucos essas atitudes tendem a
ser modificadas.
.
6 Constituição Federal, Art. 1º.
7
2.2.2. Ênfase nas realizações e resultados
A ênfase nas realizações e resultados é a principal característica do Orçamento Moderno,
deixando para trás a preocupação que tinha a administração pública de dar ênfase aos meios e não aos
fins, que é ser voltada a atender os interesses da sociedade.
2.2.3. O planejamento deve refletir a realidade
Deve o mesmo ser elaborado dentro de uma metodologia que comprove sua viabilidade
econômica. De igual modo, tem que refletir a maior realidade possível, tudo comprovado através de
memórias de cálculo. Tal exigência tem pressuposto na Lei de Responsabilidade Fiscal – no que se
refere ao equilíbrio entre receitas e despesas, e, principalmente, na legislação dos órgãos fiscalizadores
(Tribunais de Contas, como é o caso do TCE de Rondônia, através da IN nº 09/2003, que será comentada
adiante).
2.3. Sistema de Planejamento/Orçamento
Ao contrário do que acontecia no passado, hoje o orçamento deve ser visto como parte de
um sistema maior, integrado por planos e programas de onde saem as definições e os elementos que vão
possibilitar a própria elaboração orçamentária.
O modelo recomendado pela ONU, sobretudo aos países da América Latina, é um Sistema
Integrado de Planejamento e Orçamento, do qual se espera uma forma mais eficaz de
desenvolvimento.
Na composição do sistema se tem, pela ordem, os seguintes elementos e partes principais7:
I- Estratégias de desenvolvimento (planos estratégicos de longo prazo) – escolha de certas
alternativas de grande vulto das quais se espera a contribuição mais eficaz para o
desenvolvimento, que se apóiam em três principais elementos: a) a formulação de uma
imagem prospectiva, que é a escolha de objetivos e metas substantivas que possam provocar
mudanças concretas no plano econômico-social; b) determinados projetos estratégicos
destinados a gerar as mudanças fundamentais pretendidas pela imagem prospectiva; e, c) o
enunciado de políticas básicas, que condicionam as ações e decisões dos setores público e
privado.
II- Os planos de médio prazo – constituídos de programas que expressam de forma mais
detalhada cada etapa das estratégias, que determinam os objetivos e as metas em cada área,
fixando também os recursos necessários. No Brasil se destaca o PPA.
III- Os planos operativos anuais – elaborado com base nas definições das estratégias e dos
planos de médio prazo, estabelecem as metas de curto prazo. Neles constam as necessidades
financeiras, materiais e humanas das diversas metas, definindo ainda cronograma para seu
cumprimento. O Orçamento anual é o principal plano operativo.
O processo de planejamento e orçamento no Brasil, de acordo com a Constituição, acontece por
intermédio dos Planos de Desenvolvimento Econômico e Social, do Plano Plurianual-PPA e dos
Orçamentos Anuais, sendo estes últimos explicitados pelas Leis de Diretrizes Orçamentárias, que, além
de fornecer orientações para a elaboração orçamentária, tem por função principal destacar do PPA as
prioridades e metas a serem realizadas em cada orçamento anual.
7 Segundo modelo (com pequenas modificações deste autor) de James Giacomoni, in Orçamento Público, pgs. 202/203. 14ª
Edição. Ed. Atlas. S. Paulo, 2007.
8
PROCESSO INTEGRADO DE PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO NO BRASIL
Fonte: Giacomoni, pg. 209.
2.4. Instrumentos do Processo de Planejamento e Orçamentação na área
pública A Constituição Federal (art. 165) estabelece os instrumentos fundamentais para a viabilização do
processo de planejamento e sua execução, que são: o Plano Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). Desses três, o principal instrumento de
planejamento é o PPA, haja vista que a própria Constituição estatui que os demais planos (§4º do art.
165) e orçamentos (§7º do art. 165) devem ser elaborados em consonância com o Plano Plurianual.
Com a criação do PPA e da LDO pela CF/88, valoriza-se o planejamento, ficando as
Administrações (Federal, Estaduais e Municipais), obrigadas a elaborar planos de médio prazo e estes
mantêm vínculos estreitos com os orçamentos anuais.
2.4.1 – PPA – Peça de Planejamento Estratégico
PLANO PLURIANUAL Instrumento constitucional de planejamento estratégico
estabelecendo diretrizes, objetivos e metas para despesas de
capital, e outras delas decorrentes, e para programas de
duração continuada.
Elaboração e Revisão
do PPA
Elaboração e Revisão
de planos e programas
nacionais, regionais e
setoriais
Controle e avaliação
da execução
orçamentária
Execução
orçamentária
Elaboração e
aprovação da LDO
Elaboração da
proposta orçamentária
anual - LOA
Discussão, votação e
aprovação da LOA
9
2.4.2 – LDO e Orçamento Anual – Peças de Planejamento Operacional
3. Plano Plurianual O Plano Plurianual é uma lei de periodicidade quadrienal, de hierarquia especial e sujeita a prazos
e ritos peculiares de tramitação.
Criado pela CF/88, o Plano Plurianual – PPA passa a ser a refletir a união de esforços do
planejamento de toda a administração pública, orientando a elaboração dos demais planos e programas
de governo, assim como do próprio orçamento anual.
Consiste o PPA no planejamento de médio prazo, que contém os programas, compostos por
projetos e atividades, que o governo pretende realizar, ordenando suas ações e visando à consecução de
objetivos e metas a serem atingidos nos quatro anos de mandato.
3.1. Conteúdo conforme a CF/88
Conforme art. 165, inciso I, §1º da CF/88, a lei que instituir o Plano Plurianual estabelecerá as
diretrizes, objetivos e metas da administração pública para as despesas de capital e outras despesas
decorrentes, bem como os programas de duração continuada.
DIRETRIZES orientações gerais ou princípios que nortearão a captação e gastos de
recursos, bem como a gestão, durante o período, com vistas a alcançar os
objetivos do Governo no período do plano.
OBJETIVOS discriminação dos resultados que se pretende alcançar com a execução das
ações governamentais que permitirão a superação das dificuldades
diagnosticadas. Exemplos: melhorar a qualidade do ensino; reduzir o número
de acidentes em estradas; reduzir a mortalidade infantil.
METAS Especificação e quantificação física dos objetivos definidos. Exemplos:
construção de 10 escolas, capacitação de 100 professores; distribuição de 500
cestas básicas.
DESPESAS DE
CAPITAL São as despesas com investimentos, ou seja, aquelas relativas a adquirir
ou constituir bens de capital, que têm prazo de início e conclusão (ex.:
construção/aquisição de imóveis, bens móveis) que contribuirão para a
produção ou geração de novos bens ou serviços que integrarão o patrimônio
público.
DESPESAS
DECORRENTES
São as despesas correntes decorrentes dos investimentos (despesas de
capital) previstos no PPA, ou seja, operação e manutenção. Ex.: pessoal,
material de consumo, equipamentos, etc.
PROGRAMAS DE
DURAÇÃO
CONTINUADA
Programas cuja execução ultrapassa um exercício financeiro. Ex. limpeza
pública, manutenção de vias, prestação de serviços de saúde pública,
manutenção do ensino, etc., enfim, as despesas com operação, manutenção e
conservação de serviços destinados à comunidade.
Conforme §1º do art. 167 da CF, nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício
financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no PPA, ou em lei que autorize a inclusão, sob pena
de crime de responsabilidade.
DIRETRIZES ORÇAMENTÁRIAS
E
ORÇAMENTO ANUAL
Instrumentos constitucionais de planejamento
operacional, estabelecendo prioridades, programas,
objetivos e metas, para o exercício seguinte.
10
3.2. Vigência e Prazos
O PPA tem duração de quatro anos, iniciando no segundo ano de mandato governamental, tendo
vigência até o final do primeiro ano de mandato governamental subseqüente, tendo, portanto, a mesma
duração do mandato do Chefe do Poder Executivo, embora não coincida integralmente com este. Esse
período de cobertura do PPA foi definido com grande sentido prático; em primeiro lugar, por que, dada a
sua abrangência, não seria possível a sua elaboração, discussão, aprovação e colocá-lo em execução no
mesmo exercício; em segundo, por ser racional que se articulem mecanismos de continuidade
administrativa que levem as administrações que se iniciam a dar seguimento às ações deixadas em
andamento pelas administrações anteriores.
O art. 35, §2º, I, do ADCT da CF/88 estabelece que, no âmbito federal, o projeto de lei do PPA
será encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até quatro meses antes do encerramento
do exercício (31 de agosto) e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa (15 de
dezembro).
Os Estados e Municípios poderão dispor nas respectivas constituições estaduais e leis orgânicas
de prazos diferenciados em relação ao estipulado pela CF/88, válido apenas para a União.
Na Constituição do Estado de Rondônia consta que, não sendo o primeiro ano de mandato, o
prazo de encaminhamento pelo Governador à Assembléia Legislativa do projeto de lei do PPA será de
até 15 de setembro, devendo ser devolvido para sanção até 15 de dezembro (art. 135, §3º, III, da
Cons.Est). Sendo o primeiro ano de mandato, o prazo é de até 30 de agosto, devendo ser devolvido para
sanção até 15 de outubro (art. 135, §4º, I, da Const. Estadual – Modificado primeiramente pela EC nº
37/05 e posteriormente pela EC. Nº 62/2008). Por sua vez, o Legislativo terá o prazo para devolução de,
não sendo o primeiro ano de mandato, até 15 de dezembro (art. 135, §3º, III, da Cons.Est.); sendo o
primeiro ano de mandato, até 15 de outubro (art. 135, §4º, I, da Const. Estadual) – Modif. pela EC nº
37/05.
Para os municípios do Estado de Rondônia, vale os prazos definidos na Constituição Estadual,
caso não dispuserem de outros prazos definidos nas Leis Orgânicas ou em leis específicas (art. 135, §5º
da Const.Est.- inserido pela EC nº 037/05).
O PPA não é imutável no seu período de vigência. Lei específica com a mesma tramitação
poderá alterá-lo.
3.3. O novo modelo de PPA voltado para resultados O novo modelo do Plano Plurianual que se tenta implantar efetivamente na Administração
Pública brasileira, reflexo da evolução do orçamento tradicional para o orçamento moderno, consiste
num planejamento que expressa as realizações pretendidas de forma programada, com ênfase a
objetivos, realizações e resultados, aderindo aos fundamentos e às técnicas do orçamento-programa,
cujas pretensões são concretizadas através da execução do orçamento. Este modelo de planejamento é
estruturado por programas, que são orientados para: o enfrentamento e resolução de problemas na
sociedade; para atender demandas da própria sociedade; e ainda, para o aproveitamento de uma
oportunidade de investimento.
Enquanto instrumento de planejamento, o PPA, direcionado para resultados, inova a forma de
gestão da administração pública, que se volta para uma maior afirmação da cidadania. Decorre ainda da
mudança de cultura burocrática para a cultura gerencial, influenciada pela Reforma do Estado,
acontecida no final da década de 90.
Eis que no modelo gerencial as atividades de gestão (busca da eficiência, da eficácia, da
economicidade, da produtividade e da qualidade) são semelhantes às do setor privado, porém,
centralizadas nas necessidades do cidadão, em termos da oferta de bens e serviços públicos.
11
O PPA da União 2000-2003 (Plano Avança Brasil) já adotou tal modelo, posteriormente os
demais Planos da Administração Pública Federal vêm se aperfeiçoando, expandido-se a mesma filosofia
de planejamento a Estados e Municípios brasileiros.
Este novo modelo apresenta as seguintes características:
O foco da ação do Estado volta-se para o cidadão;
Definição dos objetivos a atingir visando à solução de problemas básicos identificados junto à
sociedade;
Organização das ações em programas, que resultem em incremento de bens ou serviços que
atendam em demandas da sociedade.
Definição com clareza das metas e prioridades da administração, bem como os resultados
esperados;
O Programa é considerado unidade de gestão;
A integração entre planejamento, orçamento e gestão é consubstanciada, possibilitando a
alocação de recursos nos orçamentos anuais, coerente com as diretrizes e metas do plano;
Facilita o gerenciamento da administração, através de definição de responsabilidades pelo
desempenho e resultados dos programas e do plano como um todo;
A avaliação de desempenho e de resultados é o grande desafio que o modelo impõe;
estimula parcerias com entidades públicas e privadas na busca de fontes alternativas de recursos
para o financiamento dos programas;
A transparência quanto à aplicação dos recursos e seus resultados é um dos princípios adotados
pelo modelo.
A nova concepção ambiciosa integra de forma sistemática: os diagnósticos e prognósticos, os
objetivos, análise de cursos alternativos, os programas e projetos com suas metas, os recursos a serem
empregados, a indicação de custos, bem como os esquemas de avaliação e controle.
Convém ressaltar que o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia editou a Instrução Normativa
nº 09/TCER/03, de 08.03.2003, dispondo sobre a elaboração e fiscalização do Plano Plurianual, no
âmbito estadual e municipal. Através de tal norma, fica claro a preocupação da Corte de Contas em
promover junto aos seus jurisdicionados a idéia de se elaborar um plano plurianual voltado para
resultados, conforme pode ser visto a partir do art. 2º da mencionada Instrução Normativa, ante a
exigência da sustentação em pesquisas junto às comunidades das necessidades públicas que serão
transformadas em programas de trabalho para a composição do PPA.
3.3. Etapas do Plano Plurianual
Os trabalhos relacionados ao Plano Plurianual compreendem as etapas de elaboração, aprovação,
execução, avaliação e revisão.
CICLO DO PLANEJAMENTO/ORÇAMENTO
Revisão do PPA, LDO e LOA
ELABORAÇÃO
APROVAÇÃO
EXECUÇÃOAVALIAÇÃO
REVISÃO
12
I - Etapa de elaboração
1ª) Levantamento dos problemas sociais básicos que devem ser resolvidos, segregando-os por
área de atuação do governo;
2º) Adaptação dos recursos disponíveis aos problemas identificados, priorizando os que precisam
de soluções mais rápidas;
3º) Elaboração dos programas por parte das unidades setoriais, visando por fim a determinados
problemas identificados junto à comunidade, bem como para satisfazer necessidades da própria
administração;
4º) Consolidação das propostas e elaboração da proposta final por parte do órgão central de
planejamento, que acontece somente após constatar que tais propostas acham-se alinhadas às políticas,
diretrizes e macro-objetivos do governo e que há recursos suficientes para custeá-las.
II - Etapa de Aprovação
Discussão e aprovação pelo Poder Legislativo e sanção por parte do Chefe do Poder Executivo
III - Etapa de Execução
Fase em que o PPA é implantado e entra efetivamente em execução.
IV - Etapa de Avaliação
A avaliação é o procedimento anual, no mínimo, que tem por objetivo assegurar o
aperfeiçoamento contínuo dos programas e do plano, provendo subsídios para corrigir falhas de
concepção e execução, revisar objetivos e metas, visando melhorar os resultados desejados. A avaliação,
enquanto instrumento de gestão, permite otimizar os recursos da sociedade e dar maior transparência da
ação governamental. Tal etapa, dada a sua extrema importância na gestão pública, será explanada em
tópico específico.
V- Etapa de Revisão
Esta etapa sucede a anterior, sendo possível haver a revisão somente se ocorrer a avaliação, onde
serão identificados os pontos de ajustes, supressões e adições de novos programas e/ou ações, visando o
plano atingir seus objetivos. A revisão do Plano Plurianual serve de subsídio para a elaboração da Lei de
Diretrizes Orçamentárias e do Orçamento Anual.
3.4. Programas do PPA
Programa é o instrumento de organização da ação governamental visando à concretização dos
objetivos pretendidos, sendo mensurado por indicadores estabelecidos no plano plurianual8. Utiliza-se a
palavra para designar o resultado do trabalho, ou seja, um produto ou serviço final, representativo dos
propósitos para que a unidade foi criada9.
O programa deve ser genericamente conceituado como o campo em que se desenvolvem ações
homogêneas que visem o mesmo fim, ex: Programa de melhoria da qualidade do ensino, Programa de
combate à mortalidade infantil, Programa de desenvolvimento urbano, etc.
O programa é a categoria básica na organização do Plano Plurianual, e constitui-se no elo entre
ele (PPA) e os orçamentos anuais.
8 Definição contida no art. 2º, alínea “a”, da Portaria nº 42/99 do Ministério do Orçamento e Gestão (MOG).
9 Conforme o Manual de Orçamento por Programas e Realizações, da ONU (1971, p. 40).
13
O programa é estruturado visando o alcance dos objetivos concretos pretendidos pela
administração pública, sendo mensurado por indicadores. A mensuração dos programas também será
feita por metas e por custos explicitados no PPA.
O PPA deve ter como elemento organizativo central o programa, cuja estrutura contém um
conjunto articulado de ações (projetos, atividades e operações especiais) e uma composição de entidades
e pessoas envolvidas em sua realização.
Facilita a integração entre o planejamento e o orçamento. O fato de todos os eventos do ciclo de
gestão do governo estar ligados a programas garante maior eficácia à gestão pública.
Desempenha papel importante no processo orçamentário, ao estabelecer uma linguagem comum
para as atividades de elaboração, revisão e avaliação do PPA, a definição de prioridades e metas na
LDO, a elaboração dos orçamentos e a programação orçamentária e financeira.
3.4.1. Tipos de Programas
Para atender à necessidade de organizar todas as ações do Governo e diante da impossibilidade de
se alocar determinadas despesas aos programas finalísticos, como seria desejável, podem ser
considerados, na elaboração do Plano Plurianual, dois tipos de programa, tal qual ocorre no PPA federal:
a) Programa Finalístico - resulta em bens ou serviços ofertados diretamente à sociedade. Exemplos:
“Programa de fomento à produção agrícola”, “Programa saúde da família”, “Programa de inserção do
trabalhador no mercado de trabalho”.
b) Programa de Apoio Administrativo - engloba ações de natureza tipicamente administrativa que,
embora colaborem para a consecução dos objetivos dos programas finalísticos e demais programas, não
têm suas despesas passíveis, no momento, de apropriação àqueles programas. Conforme ocorre na
União, é recomendável que haja um único Programa de Apoio Administrativo por unidade orçamentária.
Exemplos: “Manutenção da Frota de Veículos”, “Administração de Recursos Humanos”.
3.4.2. Concepção do Programa e Estrutura Programática
São elementos essenciais na formulação dos programas:
a) Definição dos objetivos do programa: diz respeito ao resultado que o programa tem por fim
alcançar, levando em consideração a clientela a ser beneficiada. A seleção de objetivos é parte
integrante da função de planejamento. O Objetivo tem que ser claramente definido.
A doutrina classifica os objetivos do programa em finais e intermediários. São objetivos
finais os que expressam os fins últimos do programa em termos de resultados a alcançar, ou seja,
qual(ais) o(s) produto(s) final (s) do programa; já os objetivos derivados correspondem a propósitos
específicos e cuja consecução concorre para o alcance dos objetivos finais, sendo as ações-meio
implementadas (produtos intermediários) que possibilitarão o programa atingir seu resultado.
O produto final do programa é o seu resultado e não simplesmente o que o programa produz em
termos de ações-meio. Num programa de melhoria da qualidade do ensino, por exemplo, o produto final
não é a quantidade de professores reciclados, ou a quantidade de escolas construídas ou equipadas, mas
sim em que grau a qualidade do ensino elevou-se decorrente das ações implementadas.
14
Em certos casos é impossível identificar a unidade de produto final do programa, situação
freqüente no caso de programas caracterizadamente amplos e variados, como por exemplo, Programa de
Desenvolvimento do Ensino Fundamental, Programa de Atenção Básica à Saúde.
A definição dos objetivos dos produtos intermediários que serão produzidos pelas ações
(projetos/atividades) exige menos esforços, uma vez que está relacionada às quantidades do volume de
trabalho a ser desenvolvido, por exemplo: km de estrada construída, m² de obra realizada, quantidade de
pessoas contratadas, quantidade de equipamentos comprados, etc.
b) Identificação dos meios alternativos para atingir os objetivos do programa: são as ações que
serão implementadas que contribuem para o alcance do objetivo principal do programa. Num programa
de redução da mortalidade infantil poderiam ser levadas a efeito as ações de cuidados pré-natais, pós-
natais, implantação de postos de saúde, treinamento de pessoal paramédico, distribuição de alimentos,
dentre outros. Segundo Giacomoni apud Haldi10
, as alternativas programáticas criativas não emergem de
computadores ou de modelos matemáticos, mas provém de indivíduos criativos na totalidade dos casos.
c) Levantamento dos custos e ponderação das alternativas (ações): deve-se os custos das ações
que serão implementadas, comparando-o com o grau de contribuição de cada uma delas para o alcance
dos objetivos programáticos, é o que a doutrina chama de “custo-eficácia”, procedimento menos
dispendioso com o avento da informática. É indispensável conhecer todos os custos do programa , de
maneira a associá-los aos produtos e, na etapa seguinte, os benefícios. Para tal definição, deve-se utilizar
de técnicas de apropriação de custos. Deve-se reconhecer que os avanços na incorporação do cálculo de
custos na Administração Pública tem sido modestos. Na definição dos custos das ações
(projetos/atividades) deve-se levar em consideração os insumos empregados em cada produto gerado.
d) A Gestão e a Responsabilização centrada no Desempenho: a definição de quem são os agentes
responsáveis pela condução do programa e de suas ações, bem como a responsabilidade bem definida de
cada um deles, constitui em elementos da mais alta importância; assim como deve está clara a
responsabilização (penalização) para a má e premiação para a boa gestão.
Tem-se a seguir informações essenciais que devem compor a estrutura de um programa
finalístico, visando satisfazer, inclusive, as exigências da Instrução Normativa Nº 09/TCER-2003:
3.4.2.1. As exigências do Tribunal de Contas de Rondônia quanto à elaboração do PPA e seus
Programas
Em 08 de maio de 2003, o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia editou a Instrução
Normativa nº 09/TCER-03 (com validade para as propostas de PPA para o ano de 2004 em diante),
dispondo sobre a elaboração e fiscalização do Plano Plurianual, abrangendo o Estado e Municípios de
Rondônia. A referida norma tem como principal objetivo estabelecer critérios mínimos de elaboração do
PPA, a fim de viabilizar sua fiscalização e avaliação por parte daquela Corte de Contas, bem como o
acompanhamento pelo controle interno da própria entidade. Por outro lado, contribui grandemente para
que seus jurisdicionados possam elaborar um PPA, dentro da mais nova visão administrativa, que é a
busca da satisfação das necessidades públicas ou resultados, através de dados reais e compatível com a
realidade financeira.
10
James Giacomoni, in Orçamento Público, pg. 173. 14ª Edição. Ed. Atlas. S. Paulo, 2007.
15
Conforme art. 2º, §§ 1º e 2º, o programa de trabalho deve ser sustentado em pesquisas junto às
comunidades sobre as necessidades públicas. Ainda para maior respaldo, tais pesquisas deverão possuir
memórias de cálculo (poderá ser entendido como todos os dados necessários que comprovem a pesquisa
efetuada e melhor esclarecimento da necessidade pública, como por exemplo: descrição do problema,
público-alvo, quantificação da população que sofre com o problema, faixa etária, localização,
mapeamentos, outros dados estatísticos importantes).
Conforme o art. 3º, a necessidade pública deve ser transformada em Programa de Governo,
devendo possuir a seguinte estrutura mínima:
a) Denominação do Programa;
b) Objetivo do Programa;
c) Meta do programa;
d) Montante do dispêndio orçamentário/financeiro para a realização do Programa;
e) Duração do Programa;
f) Ações Governamentais (descrição sumária);
g) Responsabilidades Gerenciais (Participação Setorial/Multisetorial – órgãos responsáveis pelo
Programa Governamental);
h) Principais Externalidades ao Programa (efeitos estratégicos esperados, impactos; repercussões
financeiras, orçamentárias e patrimoniais).
A IN nº 09/TCER-03 exige que a estruturação do PPA deve ser segundo as disposições
institucionais (por órgãos e unidades orçamentárias) e Funcional-Programática (por função, subfunção,
programa, projeto/atividade, elemento de despesa), devendo estar uniformizadas segundo as disposições
da Lei nº 4.320/64, Lei Complementar nº 101/00, Portaria nº 42/99/MOG e Portaria Interministerial nº
163/01-SOF/STN.
4. Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO
A Lei de Diretrizes Orçamentárias é de periodicidade anual, de hierarquia especial e sujeita a
prazos e ritos peculiares de tramitação. É também inovação da Constituição Federal de 1988, cuja
exigência acha-se contida no art. 165, II. Surgiu como importante instrumento de conexão entre o
planejamento estratégico das ações governamentais (PPA) e o plano operacional a ser executado
(orçamento anual), pois, antes de sua existência, havia uma divergência de realização das ações, uma vez
que os planos plurianuais raramente conseguiam balizar as ações incorporadas e implementadas
constantes do orçamento anual, tornando-os, ao longo de vários anos, meras peças de ficção para o
cumprimento de obrigação legal. Não obstante a existência desses dois instrumentos de planejamento,
um de longo prazo (PPA) e o outro de curto prazo (orçamento), faltava um instrumento que fizesse a
conexão entre esses dois planos, visando a convergência para realização dos objetivos propostos, o que
foi solucionado com o surgimento da LDO, inserida na CF/88.
A LDO disciplina a forma e o conteúdo com que a lei orçamentária de cada exercício deve se
apresentar, tendo também como principal finalidade destacar, da programação plurianual, as prioridades
e metas a serem executadas em cada orçamento anual. Com a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal
seu conteúdo, bem como sua função tornou-se mais elástico, uma vez ter por finalidade também prevê
metas fiscais para o exercício a que se refere e para os dois seguintes, dentre outras atribuições.
Portanto, a LDO se caracteriza como uma lei muito mais importante do que a Lei Orçamentária, a
qual cabe apenas traduzir em valores e ações específicas as grandes opções de alocação definidas pela
LDO, ao fixar as prioridades e metas da Administração para o exercício seguinte.
16
Dentro do caráter dinâmico do processo orçamentário a Lei de Diretrizes Orçamentária funciona
como um balizador para a Lei Orçamentária Anual – LOA - e sua execução, a fim de não comprometer
as metas de resultado fiscal pactuadas na LDO. A Lei de Diretrizes Orçamentárias permanece mais num
estágio de persecução de metas e a LOA no campo da efetiva execução das metas.
4.1. Prazos
O art. 35, §2º, II, do ADCT da CF/88 estabelece que, no âmbito federal, o projeto de lei da LDO
será encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até oito meses e meio antes do
encerramento do exercício (15 abril) e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da
sessão legislativa (17 de julho).
Os Estados e Municípios poderão dispor nas respectivas constituições estaduais e leis orgânicas
de prazos diferenciados em relação ao estipulado pela CF/88, válido apenas para a União.
Na Constituição do Estado de Rondônia consta que, não sendo o primeiro ano de mandato, o
prazo de encaminhamento pelo Governador à Assembléia Legislativa do projeto de lei da LDO será de
até 15 de abril e devolvido para sanção até 30 de junho de cada ano (art. 135, §3º, I, da Cons.Est.). Sendo
o primeiro ano de mandato do Chefe do Executivo, o prazo de encaminhamento é de até 15 de maio e
devolvido para sanção até 30 de junho (art. 135, §4º, I, da Const. Estadual) – Modificado primeiramente
pela EC nº 37/05 e posteriormente pela EC nº 62/2008.
Para os municípios do Estado de Rondônia, vale os prazos definidos na Constituição Estadual,
caso não dispuserem de outros prazos definidos nas Leis Orgânicas ou em leis específicas (art. 135, §5º
da Const.Est., inserido pela EC. Nº 35/07).
4.2. Conteúdo da LDO
O conteúdo da LDO é estabelecido em dispositivos da CF/88 e, a partir de 2000, também por
meio da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Conforme a Constituição (art. 165, .........), a LDO:
- compreenderá as metas e prioridades da administração pública federal, incluindo as despesas de capital
para o exercício financeiro subseqüente;
- orientará a elaboração da lei orçamentária anual;
- disporá sobre as alterações na legislação tributária; e
- estabelecerá a política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento.
A CF/88 incumbe ainda a LDO de disciplinar outros importantes assuntos, cuja definição
antecipada representa importante apoio na preparação do projeto de lei orçamentária. Na LDO
deverão constar:
- parâmetros para iniciativa de lei de fixação das remunerações no âmbito do Poder Legislativo;
- limites para a elaboração das propostas orçamentárias dos Poderes Legislativo, Judiciário e do
Ministério Público;
- autorização para a concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, para a criação de
cargos, empregos e funções ou alteração de estrutura de carreiras, bem como para a admissão ou
contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração direta e indireta,
ressalvadas as empresas públicas e sociedade de economia mista.
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Conforme a Lei de Responsabilidade Fiscal
A Lei de Responsabilidade Fiscal ampliou o significado e a importância da LDO ao atribuir-lhe a
incumbência de disciplinar inúmeros temas específicos. Assim a LDO passa a dispor também sobre:
- equilíbrio entre receitas e despesas;
- metas fiscais;
- riscos fiscais;
- programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso, a serem estabelecidos pelo
Poder Executivo trinta dias após a publicação da lei orçamentária;
- critérios e forma de limitação de empenho, a serem efetivados na hipótese de risco de não-cumprimento
das metas fiscais ou de ultrapassagem do limite da dívida consolidada;
- normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados com
recursos dos orçamentos;
- condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas;
- forma de utilização e montante da reserva de contingência a integrar a lei orçamentária anual;
- demonstrações trimestrais apresentadas pelo Banco Central sobre o impacto e o custo fiscal das suas
operações;
- concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de
receita.
A LDO deverá ser acompanhada pelos Anexos de Metas Fiscais e de Riscos Fiscais.
No AMF deverá constar:
- metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas e despesas, resultado nominal e
primário e o montante da dívida pública para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes;
- avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
- demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifique os
resultados pretendidos, comparando-as com as fixadas nos três exercícios anteriores, e evidenciando a
consistência delas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
- evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a aplicação
dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
- avaliação da situação financeira e atuarial: dos regimes geral de previdência social e próprio dos
servidores públicos e do Fundo de Amparo do Trabalhador; dos demais fundos públicos e programas
estatais de natureza atuarial;
- demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das
despesas obrigatórias de caráter continuado.
O Anexo de Riscos Fiscais, por seu turno, deverá trazer avaliação sobre os passivos contingentes e
outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências a serem tomadas, caso se
concretizem.
4.3. Estrutura da LDO
Seguindo exemplo da estrutura básica das LDO’s federais mais recentes, referida lei poderá
possuir a seguinte estrutura:
Capítulo I – Das metas e prioridades da administração pública
Compatibilização aos programas do PPA a serem executados pela LOA
Capítulo II- Da estrutura e organização dos orçamentos
18
Menção dos demonstrativos que devem integrar o projeto e a lei orçamentária, classificação da despesas, dentre outros.
Capítulo III – Das diretrizes para elaboração e execução dos orçamentos (fiscal, seguridade social
e investimentos em empresas estatais) e suas alterações
Orientações sobre medidas que garantam a transparência da execução do PPA, do orçamento e da gestão fiscal; parâmetros
para a elaboração das propostas orçamentárias dos Poderes Legislativo, Judiciário, do Ministério Público e Tribunal de
Contas; normas para inclusão de dotações de precatórios; proibição para realização de determinadas despesas; disposições
sobre investimentos; autorização da edição, pelos próprios Poderes (Legislativo e Judiciário) e Ministério Público, de atos de
abertura de créditos suplementares quando os recursos compensatórios forem das próprias unidades; autorização para a
execução provisória do orçamento; e, regras para a elaboração da programação financeira e para a limitação de empenho,
especificando as medidas que a administração deverá tomar em caso de não atingir as metas estabelecidas.
Seção I – Das Diretrizes Gerais
Subseção I – Das Disposições sobre Débitos Judiciais
Subseção II – Das Transferências para o Setor Privado
Subseção III – Das Transferências Voluntárias
Subseção IV – Dos Empréstimos, Financiamentos e Refinanciamentos
Seção II – Das Diretrizes Específicas do Orçamento da Seguridade Social
Seção III – Das Diretrizes Específicas do Orçamento de Investimento
Seção IV – Das Alterações da Lei Orçamentária e da Execução Provisória do Projeto de Lei
Orçamentária
Seção V – Das Disposições sobre Limitação Orçamentária e Financeira
Capítulo IV – Das Disposições Relativas à Dívida Pública Federal
Capítulo V – Das Disposições Relativas às Despesas com Pessoal e Encargos Sociais
Capítulo VI – Da Política de Aplicação dos Recursos das Agências Financeiras Oficiais de
Fomento
Capítulo VII – Das Alterações na Legislação Tributária
Capítulo VIII – Da Fiscalização pelo Poder Legislativo e das Obras e Serviços com Indícios de
Irregularidades Graves
Capítulo IX – Das Disposições Gerais
Na atual fase em que as questões fiscais afetam de maneira crucial a gestão do Estado, as LDO’s
têm um papel fundamental, pois se responsabilizam pela fixação das metas fiscais, no marco
estabelecido pela LRF. No Anexo de Metas Fiscais constam:
- metas de resultado primário e nominal e de dívida pública para o exercício da LDO e para os
dois seguintes;
- memória e metodologia de cálculo das metas anuais;
- metas fiscais dos três exercícios anteriores;
- avaliação das metas relativas ao exercício anterior;
- avaliação da evolução do patrimônio líquido, com destaque para a origem e aplicação dos
recursos obtidos com a alienação de ativos;
- avaliação financeira e atuarial dos regimes de previdência e dos fundos de natureza atuarial
como o FAT;
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- demonstrativo da renúncia de receita e da margem de expansão das despesas obrigatórias de
caráter continuado.
A LDO teve estar acompanhada também do Anexo de Riscos Fiscais.
Um dos importantes conteúdos atribuídos às leis de diretrizes orçamentárias pela LRF, é dispor
sobre as normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas
financiados com recursos dos orçamentos. A adoção do cálculo de custos é um dos grandes desafios
no âmbito da administração pública. Para que haja efetivos avanços nessa área é fundamental que
as LDOs façam exigências claras e exeqüíveis e criem condições favoráveis para que essa prática
possa tornar-se realidade. No caso da União, as LDO’s não têm cumprido esse papel.
Conteúdo da LDO conforme a Constituição Federal
Definição de estratégias, metas e prioridades da Administração Pública, incluindo as
despesas de capital para o exercício subseqüente; Constitui função típica da LDO a priorização dos programas (finalísticos e de apoio), ações e suas metas contidas no PPA para serem
executados no exercício a que ela se refere. Programas e ações que não compuseram o PPA também poderão ser objetos de prioridade,
desde que compatíveis com os recursos a serem alocados no orçamento. A LDO tem, portanto, o condão de avaliar se realmente haverá
receitas suficientes para a realização da programação no exercício a que se refere.
As orientações a serem seguidas na elaboração da Lei Orçamentária do exercício
subseqüente; São as diretrizes para elaboração e execução do orçamento, estrutura e organização.
Disposições relativas às alterações da política de pessoal; São as possibilidades de ocorrerem admissões, reajustes ou aumentos salariais, edição de plano de carreira, redução de quadro, etc.,
que podem impactar o orçamento.
Disposições relativas às alterações na legislação tributária; É a previsão de modificações na legislação tributária, tais como criação ou extinção de tributos, aumento ou redução de alíquotas, etc,
sempre demonstrando o impacto que poderá causar no orçamento, economia, setores.
Política de aplicação das agências financeiras oficiais de fomento (aplicável mais para a
União e Estados). É a política de aplicação destinada ao Banco do Brasil, BNDES, Caixa Econômica Federal e demais agências financeiras fomentadoras do
desenvolvimento.
Acréscimos da Lei de Responsabilidade Fiscal para a LDO
Com o advento da Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), a LDO
obteve maior relevância para o efetivo planejamento do comportamento das finanças públicas, e
verdadeiro norteador da elaboração do Orçamento. Conforme se verifica a partir do art. 4º da LRF, a
LDO também deverá dispor sobre:
Equilíbrio entre receitas e despesas; É a demonstração que há preocupação em cumprir o princípio do equilíbrio das contas públicas, mediante uma gestão fiscal responsável,
que traduz em gastos compatíveis com a efetiva arrecadação.
Critério e forma de limitação de empenho, quando for verificado que as metas de
resultados primário e nominal poderão estar comprometidas; É a confirmação que se pretende observar o princípio do equilíbrio das contas públicas, pois, caso haja frustração na arrecadação, deve
haver previsão de limitação de empenho, visando não comprometer as metas de resultado primário e nominal estabelecidas no Anexo de
Metas Fiscais. Devem ser discriminadas as áreas e respectivos programas sujeitos a corte até que haja a normalidade na arrecadação.
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Controle de custos e avaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos
orçamentos; Previsão na LDO que se pretende implantar controle de custos e avaliar desempenho e resultados de programas, é indício que há
preocupação em praticar uma gestão eficiente e econômica. Melhor ainda é se houver concretização da pretensão. O controle de custos
permite fazer mais, mesmo com um orçamento reduzido. A avaliação permite a correção do rumo na busca dos objetivos.
Condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas; É a disposição na LDO de regras gerais para as transferências de recursos para outros setores (subvenções), no sentido de haver uma
prestação de serviços eficiente e vantajosa para a administração.
Anexo de Metas Fiscais, com previsão de receita e despesa, resultado primário e nominal e
possibilidade de redução do montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem
e para os dois seguintes; Nada mais é que um bom planejamento das metas fiscais, no sentido de projetar, inclusive, sobra financeira para reduzir estoque da dívida
(principal e juros), confirmação da manutenção do equilíbrio fiscal e do patrimônio público. Constitui em um anexo que deve compor a
LDO. A matéria é regulamentada pela Secretaria do Tesouro Nacional através de portarias, editadas em formato de manuais explicativos,
sendo a última em vigência a de nº 587/05. Tal anexo é composto de oito demonstrativos, que são:
I – Demonstrativo das metas anuais;
II – Demonstrativo da avaliação do cumprimento das metas fiscais do exercício anterior;
III – Demonstrativo das metas fiscais atuais comparadas com as fixadas nos três exercícios anteriores;
IV – Demonstrativo da evolução do patrimônio líquido;
V – Demonstrativo da origem e aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
VI – Demonstrativo da avaliação da situação financeira e atuarial do regime próprio de previdência dos servidores públicos;
VII – Demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita;
VIII – Demonstrativo da margem de expansão das despesas obrigatórias de caráter continuado.
A elaboração desses demonstrativos requer técnicas econômicas e contábeis apropriadas à matéria.
Estipulação da reserva de contingência e sua destinação, no caso de se efetivar os passivos
contingentes e/ou riscos fiscais; A LDO deve um percentual da receita corrente líquida para compor a reserva de contingência, visando cobrir passivos contingentes e/ou
riscos fiscais imprevistos em caso de se concretizarem.
Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os passivos contingentes e outros riscos
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, informando as providências a serem
tomadas, caso concretizem; Tal anexo deve acompanhar a LDO, listando os possíveis riscos fiscais e passivos contingentes, comparativamente às providências que
serão tomadas, principalmente quanto à destinação de recursos para suportá-los. Geralmente, utiliza-se da reserva de contingência para
cobrir riscos fiscais, podendo ser também utilizados outros recursos do orçamento para cobrir tais riscos, tais como abertura de créditos
adicionais, a partir de cancelamento de despesas discricionárias (que não são despesas obrigatórias).
Renúncia de receitas e expansão de despesas continuadas. São dois demonstrativos integrantes do Anexo de Metas Fiscais que acompanha a LDO. Um mostra as possíveis renúncias de receitas
tendentes a ocorrerem no exercício e a forma de compensação. O Outro mostra o possível surgimento de despesas de caráter continuado
(cuja execução ultrapassa dois anos) e também a forma de compensação.
Conforme §1º do art. 14 da LRF, a renúncia de receita compreende: anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção de
caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributo ou contribuições, e
outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado. Conforme inciso II do referido artigo, a forma de compensação deve ser por
meio de aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou
contribuição.
Conforme art. 17 da LRF, considera-se despesa obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou
ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios. O § 1º do
mesmo artigo reza que os atos que criarem ou aumentarem despesa dessa natureza, deverão mostrar a estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes, comprovar que a despesa criada ou aumentada não afetará as
metas fiscais e demonstrar a origem de recursos para seu custeio que pode ser por aumento permanente de receita ou pela redução
permanente de despesa. O aumento permanente de receita poderá ser mediante: elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo,
majoração ou criação de tributo ou contribuição.
21
4.4. Anexo de Metas Fiscais
A LRF (art. 4º, §1º) determina que a LDO deverá conter um Anexo de Metas Fiscais onde serão
estabelecidas metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados
nominal e primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois
seguintes, devendo ainda estar acompanhado de:
a) avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
b) demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os
resultados pretendidos, comparando-as com as metas fixadas nos três exercícios anteriores, e
evidenciando a consistência das mesmas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
c) evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
d) avaliação da situação financeira e atuarial:
d.1) do regime geral de previdência social, do regime próprio dos servidores públicos e do Fundo de
Amparo ao Trabalhador;
d.2) dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;
e) demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das
despesas obrigatórias de caráter continuado.
O Anexo de Metas Fiscais abrangerá os Órgãos da Administração Direta dos Poderes, e entidades
da Administração Indireta, constituídas pelas autarquias, fundações, fundos especiais, empresas públicas
e sociedades de economia mista que recebem recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
inclusive sob a forma de subvenções para pagamento de pessoal e custeio, ou de auxílios para pagamento
de despesas de capital, excluídas, neste caso, aquelas empresas lucrativas que recebam recursos para
aumento de capital.
A fim de dar cumprimento ao preceito da LRF, o Anexo de Metas Fiscais deve ser composto
pelos seguintes demonstrativos:
- Demonstrativo I – Metas Anuais;
- Demonstrativo II – Avaliação do Cumprimento das Metas Fiscais do Exercício Anterior;
- Demonstrativo III – Metas Fiscais Atuais Comparadas com as Metas Fiscais Fixadas nos Três
Exercícios Anteriores;
- Demonstrativo IV – Evolução do Patrimônio Líquido;
- Demonstrativo V – Origem e Aplicação dos Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos;
- Demonstrativo VI – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial do RPPS;
- Demonstrativo VII – Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita;
- Demonstrativo VIII – Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado.
Cabe observar que, no momento da publicação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (e do Anexo
de Metas Fiscais), o administrador estará assumindo um compromisso público que deverá estar
fundamentado com memória e metodologia de cálculo, conforme dispõe o inciso II do § 2º do art. 4 da
LRF, e conseqüentemente, ser buscado ao longo do exercício, mesmo que para isso tenha que recorrer à
limitação de empenho prevista no art. 9º da LRF. O cumprimento das metas deve ser acompanhado com
base nas informações divulgadas no Relatório Resumido da Execução Orçamentária e no Relatório de
Gestão Fiscal.
Por ser o Demonstrativo I – Metas Anuais, o mais importante de todo esse conjunto, já que
direcionará os demais, convém que seja explicado de forma detalhada. Como já dito, serão demonstradas
metas anuais, em valores correntes e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e
primário e montante da dívida pública, para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes.
Primeiramente convém esclarecer o que vem a ser:
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Metas de Receita – São as estimativas de receita total para o exercício orçamentário a que se refere a
LDO e para os dois exercícios seguintes, utilizando-se de um método adequado e confiável de previsão.
A STN recomenda em seus manuais que tais projeções tenham por base a média dos três últimos
exercícios, aplicando a taxa de crescimento do exercício em análise, considerando fatores de ordem
político econômica e social que poderão afetar as projeções, de modo que, valores estimados sejam
calculados com o máximo grau de previsibilidade. Também sugere que eventuais erros ocorridos em
projeções passadas sejam analisados evitando assim, projeções incorretas e ou fora da realidade
constatada.
Metas de Despesa - São os valores estimados para as despesas totais para o exercício orçamentário a
que se refere a LDO e para os dois exercícios seguintes, utilizando método adequado de projeção para
que haja o máximo grau de previsibilidade.
Resultado Primário - é definido pela diferença entre as receitas e despesas não financeiras. Seu objetivo
é avaliar o desempenho das contas e a sustentabilidade da política fiscal em um dado exercício
financeiro, em função da situação atual da dívida consolidada e a capacidade de pagamento da mesma
pelo ente público no longo prazo. É considerado um dos melhores indicadores da saúde financeira do
ente público, demonstrando o quanto o ente (União, Estados e Municípios) dependerá de recursos de
terceiros para a cobertura de suas despesas (em caso de déficit primário). Indica também se os níveis de
gastos orçamentários dos entes federativos são compatíveis com a sua arrecadação, ou seja, se as
Receitas Primárias são capazes de suportar as Despesas Primárias.
5. Lei Orçamentária Anual (LOA) A Lei Orçamentária Anual é considerada uma lei de natureza especial em razão do seu objeto e
da forma peculiar de tramitação definida pela CF/88, através da qual são previstas as receitas e
autorizadas as despesas públicas, estando nela contida a política econômica financeira e o programa de
trabalho do Governo.
Através do orçamento anual concretiza-se a realização dos programas e suas respectivas ações
planejadas no plano plurianual, obviamente, obedecida a lei de diretrizes orçamentárias, visando alcançar
os objetivos determinados.
A Constituição Federal de 1988 traçou normas gerais para a elaboração da Lei Orçamentária
Anual, determinando no §5º do art. 165 o que ela deverá conter:
I- O orçamento fiscal referente aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, seus fundos,
órgãos e entidades da administração direta e indireta, inclusive fundações instituídas e
mantidas pelo poder público;
II- O orçamento de investimento das empresas em que a União, Estados e Municípios, direta
ou indiretamente, detenha a maioria do capital social com direito a voto; e,
III- O orçamento da seguridade social (saúde, previdência e assistência social), abrangendo
todas as entidades e órgãos a ela vinculados, da administração direta ou indireta, bem como
os fundos e fundações instituídos e mantidos pelo Poder Público.
Kohama11
explica que não se trata de uma lei específica para cada orçamento (fiscal,
investimento das empresas e seguridade social), mas sim de uma única lei que contenha os referidos
orçamentos. Cabe ressaltar que vem sendo adotada na esfera federal a prática de apenas possuir
orçamento individualizado o orçamento de investimentos das empresas, enquanto os outros dois (fiscal e
seguridade social), são tratados como categorias classificatórias de receita e despesa, e apresentados
conjuntamente no mesmo documento.
11
KOHAMA, Heilio. Contabilidade Pública, Teoria e Prática. 7ª edição, Atlas, 2000. Pg. 63.
23
Deve-se observar a exclusividade da lei orçamentária, conforme ordena o §5º do art. 165 da
CF/88, que diz: A lei orçamentária anual não conterá dispositivo estranho à previsão da receita e à
fixação da despesa, não se incluindo na proibição a autorização para a abertura de créditos
suplementares e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação da receita, nos termos
da lei.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, no seu art. 5º, reforça o mandamento constitucional que a
LOA deverá ser elaborada de forma compatível com o PPA, com a LDO e, inclusive com ela (LRF),
dispondo ainda que a referida lei orçamentária anual deverá conter:
I- demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas
constantes do anexo de metas fiscais;
II- demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (só reforço da
exigência contida no art. 165, §6º da CF/88);
III- reserva de contingência, com valor definido na LDO, para eventuais riscos fiscais ou outras
situações imprevistas que poderão acontecer.
Portanto, a lei do orçamento anual é o instrumento utilizado para a conseqüente materialização do
conjunto de programas, com suas ações e respectivos objetivos, que foram planejados (PPA) visando o
melhor atendimento e bem-estar da coletividade, obedecendo às diretrizes estabelecidas na LDO.
5.1. Vedações Constitucionais
Conforme previsto no art. 167, são vedados:
O início de programas ou projetos não incluídos na Lei Orçamentária Anual;
A realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais;
A realização de operações de crédito que excedam o montante das despesas de capital,
ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa,
aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta;
A vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a repartição das
receitas tributárias a serem entregues aos Estados e Municípios, a destinação de recursos para as
ações e serviços públicos de saúde e para a manutenção e desenvolvimento do ensino e a
prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita. No entanto, é permitida
a vinculação de receitas próprias geradas pelos impostos a que se referem os arts. 155 e 156 (de
competência dos Estados e Municípios) e dos recursos de que tratam os arts. 157, 158 e 159, I, a
e b, e II (repartição das receitas tributárias a serem entregues aos Estados e Municípios), para a
prestação de garantia à União e para pagamento de débitos para com esta;
A abertura de crédito suplementar ou especial sem prévia autorização legislativa e sem indicação
dos recursos correspondentes;
A transposição, o remanejamento ou a transferência de recursos de uma categoria de
programação para outra ou de um órgão para outro, sem prévia autorização legislativa;
A concessão ou utilização de créditos ilimitados;
A utilização, sem autorização legislativa específica, de recursos dos orçamentos fiscal e da
seguridade social para suprir necessidade ou cobrir déficit de empresas, fundações e fundos;
A instituição de fundos de qualquer natureza, sem prévia autorização legislativa;
24
A transferência voluntária de recursos e a concessão de empréstimos, inclusive por antecipação
de receita, pelos Governos Federal e Estaduais e suas instituições financeiras, para pagamento de
despesas com pessoal ativo, inativo e pensionistas, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
5.2. Iniciativa e prazo de apresentação do Projeto de Lei e devolução
A iniciativa da apresentação do projeto de lei orçamentária é privativa do chefe do Poder
Executivo (lei de iniciativa reservada).
O art. 35, §2º, III, do ADCT da CF/88 estabelece que, no âmbito federal, o projeto de lei
orçamentária anual será encaminhado pelo Poder Executivo ao Congresso Nacional até quatro meses
antes do encerramento do exercício (31 de agosto) e devolvido para sanção até o encerramento da sessão
legislativa (22 de dezembro).
Os Estados e Municípios poderão dispor nas respectivas constituições estaduais e leis orgânicas
de prazos diferenciados em relação ao estipulado pela CF/88, válido apenas para a União.
Na Constituição do Estado de Rondônia consta que, não sendo o primeiro ano de mandato, o
prazo de encaminhamento pelo Governador à Assembléia Legislativa do projeto de lei orçamentária
anual será de até 15 de setembro, devendo o legislativo devolvê-lo para sanção até 15 de dezembro de
cada ano (art. 135, §3º, II, da Const. Est.) Sendo o primeiro ano de mandato, o prazo de encaminhamento
é de até 30 de outubro, devendo o legislativo devolvê-lo para sanção até o final da sessão legislativa, que
ocorre geralmente em 15 de dezembro (art. 135, §4º, II, da Const. Estadual – Modificado pela EC nº
37/05).
Por força da Constituição Federal, a lei orçamentária deve ser estruturada em três orçamentos:
fiscal, seguridade social e investimentos das empresas; ainda segundo a CF/88, deve conter ainda:
evidenciação de que a programação orçamentária enfrenta a questão das disparidades inter-regionais
(válido para a União) e o demonstrativo sobre isenções, anistias, subsídios e benefícios.
A Lei de Responsabilidade Fiscal, no seu art. 5º, reforça o mandamento constitucional que a
LOA deverá ser elaborada de forma compatível com o PPA, com a LDO e, inclusive com ela (LRF),
dispondo ainda que a referida lei orçamentária anual deverá conter:
I- demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas
constantes do anexo de metas fiscais;
II- demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (só reforço da
exigência contida no art. 165, §6º da CF/88);
III- reserva de contingência, com valor definido na LDO, para eventuais riscos fiscais ou outras
situações imprevistas que poderão acontecer.
Estrutura básica da LOA Federal:
Nos termos do que estabelece a Lei nº 4.320/64, observadas as complementações realizadas pelas LDOs
dos últimos anos, pode-se dizer que a LOA federal (2008) é atualmente estruturada assim:
I – Texto da Lei;
II – Quadros orçamentários consolidados, incluindo os complementos referenciados no art. 22, inciso
III, da Lei no 4.320, de 1964, conforme Anexo I.1 desta Lei;
III – Anexo dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social, contendo:
a) Receitas, discriminadas por natureza, identificando a fonte de recurso correspondente a cada cota-
parte de natureza de receita, o orçamento a que pertence e a sua natureza financeira (F) ou primária (P),
observado o disposto no art. 6 o da Lei nº 4.320, de 1964; e
b) Despesas, discriminadas na forma prevista no art. 8º e nos demais dispositivos pertinentes desta Lei;
25
IV – Discriminação da legislação da receita e da despesa, referente aos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social; e
V – Anexo do Orçamento de Investimento a que se refere o art. 165, § 5º , inciso II, da Constituição, na
forma definida nesta Lei.
6. Integração PPA, LDO e LOA
Por força constitucional, o PPA, com vigência para quatro anos, deverá conter as despesas de
capital que ultrapassam um exercício e outras delas decorrentes, bem como as despesas relativas aos
programas de duração continuada. Por sua vez, os programas que integrarão o PPA deverão ser
pertinentes a esses tipos de despesas, a menos que a Administração resolva inserir no PPA todas as
demais despesas que compõem o orçamento público (investimentos que não ultrapassam um exercício,
manutenção da máquina administrativa, por exemplo), que nada a impede que faça, inclusive, refletirá
melhor planejamento.
De qualquer modo, cada programa constante do Plano Plurianual recebe uma codificação, que
deverá estar adequada na forma determinada pela Portaria nº 42/99 do Ministério do Orçamento e
Gestão, bem como para atender a exigência da Instrução Normativa 09/TCER/2003, qual seja,
desdobrado por função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, podendo
desdobrar-se até o elemento de despesa.
Conforme já mencionado, a Lei de Diretrizes Orçamentárias tem vigência anual, ou seja, durante
a realização do PPA haverá quatro Leis de Diretrizes Orçamentárias. Referida lei tem como uma de suas
funções definir as prioridades que serão realizadas naquele exercício que lhe compete, conforme os
recursos que serão alocados.
Dessa forma, ela extrai do PPA o conjunto de programas que serão levados a efeito naquele
exercício, obviamente após constatar a efetiva viabilidade de realização em decorrência da
compatibilidade de recursos, orientando a elaboração da Lei Orçamentária Anual.
A Lei Orçamentária Anual, portanto, discriminará, primeiramente, as receitas a serem arrecadadas
naquele exercício para então fixar as despesas, tanto as programadas no PPA, como as que não
constaram do referido plano (manutenção/apoio da máquina administrativa, por exemplo).
Portanto, todos os programas constantes do PPA, desde que possível a implementação (conforme
LDO), são transportados para o orçamento anual de cada exercício, inclusive com a mesma codificação
(função, subfunção, programa, projeto, atividade, operações especiais, elemento de despesa), com vistas
à sua execução.
INTER-RELACIONAMENTO PPA X LDO X LOAPPA
2006-2009
OBRIGATÓRIO
Despesas de Capital
Outras Decorrentes
Despesas de Duração
Continuada
OPCIONAL
Investimento que não ultrapasse um
exercício
Desp. Manutenção
Observação à Classif. Funcional (Portaria nº42/99)
LDO2006
ProgramasPriorizados após
ver equilíbrio Receitas x Despesas
Outras Determinações
LDO2007
LDO2008
LDO2009
LOA2006
Execução dos ProgramasPriorizados
Outras DespesasNão contidas no
PPA
LOA2007
LOA2008
LOA2009
26
7– Princípios Orçamentários
São premissas (ou regras) norteadoras de ação, a serem observadas no processo de elaboração,
aprovação, execução e controle do orçamento, objetivando assegurar o cumprimento dos fins a que o
mesmo se propõe.
Os princípios orçamentários podem ser encontrados na própria Constituição Federal e na
legislação complementar, de forma implícita ou por intermédio de interpretações doutrinárias acerca da
matéria orçamentária.
Eis os mais difundidos, sendo distribuídos doutrinariamente nas seguintes espécies:
Princípio da
Anualidade ou
Periodicidade
O orçamento deve ser elaborado e autorizado para execução em um período
determinado de tempo, que se denomina exercício financeiro, geralmente um ano.
No Brasil o exercício financeiro coincide com o ano civil.
Ver arts. 2º e 34 da Lei nº 4.320/64; arts. 48, II, 165, III e § 5º, e 166 da CF/88.
Princípio da
Unidade O orçamento deve ser uno, isto é, deve existir, somente, um único orçamento para
cada ente da federação em cada exercício financeiro. Assim, o princípio da
unidade estabelece que todas as receitas previstas e despesas fixadas das
entidades da Administração Direta e Indireta (excluídas as empresas não-
dependentes) de um ente federativo devem estar contidas numa só Lei
Orçamentária. A finalidade é evitar orçamentos paralelos.
Ver art. 165 da CF/88.
Princípio da
Universalidade De acordo com esse princípio, o orçamento (uno) deve conter todas as receitas e
todas as despesas do Estado. A CF/88, em seu artigo 165, §5º, caracteriza tal
princípio, quando estabelece que o orçamento deve conter todas as receitas e as
despesas referentes aos Poderes da União, seus Fundos, Órgãos e Entidades da
Administração Direta e Indireta, inclusive as Fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público.
Ver art. 165, §5º da CF/88; arts. 2º ao 4º da Lei 4.320/64.
Princípio do
Orçamento Bruto Todas as parcelas da receita e da despesa devem aparecer no orçamento em seus
valores brutos, sem qualquer tipo de dedução. A regra pretende impedir a
inclusão apenas do saldo positivo ou negativo, resultante do confronto entre as
receitas e as despesas de determinado serviço público.
Ver art. 6º da Lei nº 4.320/64.
Princípio do
Equilíbrio Prevê a igualdade entre a previsão da receita e a fixação da despesa em cada
exercício financeiro. A adoção desse princípio representa uma ferramenta
essencial ao controle dos gastos governamentais, apesar de que o equilíbrio
atualmente tem sido uma simples questão de técnica contábil, haja vista que
possíveis excessos de gastos podem ser cobertos pela realização de operações de
crédito, oferecendo, assim, o “equilíbrio formal”. No caso de serem previstas
receitas de operações de crédito, estas devem estar limitadas às despesas de
capital. A igualdade deve ser no sentido de preservar o equilíbrio das contas
públicas, pois já na elaboração do orçamento as despesas têm que se adequarem
às receitas, prevenindo uma gestão fiscal responsável.
Ver art. 1º, §1º, da LRF.
Princípio da
Exclusividade A lei orçamentária não poderá conter dispositivo estranho à previsão das
receitas e fixação das despesas.
Exceções:
27
Autorização para abertura de créditos adicionais suplementares;
Contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receitas;
Ver art. 165, § 8º da CF.
Princípio da
Especificação,
Discriminação ou
Especialização
São vedadas as autorizações globais, tanto para arrecadar tributos como para
aplicar os recursos financeiros.
O plano de cobrança dos tributos e o programa de custeios e investimentos deverão
ser expostos detalhadamente, no sentido de facilitar a análise por parte do
legislativo, dos órgãos fiscalizadores e até mesmo da sociedade. A Lei nº 4.320/64
determina que a discriminação da despesa na Lei do Orçamento seja no mínimo por
elementos. As Portarias nº42/99 e 163/01 da STN normatizam sobre a classificação
orçamentária da despesa (institucional, funcional, programática e natureza da
despesa). Exceção ao princípio da especificação é a dotação destinada à Reserva de
Contingência que recebe codificação única.
Ver arts. 5º e 15 da Lei 4.320/64.
Princípio da
Publicidade Refere-se à eficácia dos atos administrativos e ao cumprimento do princípio da
publicidade contido no art. 37 caput da CF.
O orçamento deve ser objeto de publicidade:
em sua preparação;
em sua discussão legislativa;
em sua execução; e
em seu controle subsequente.
Ver art. 37, caput, da CF/88.
Princípio da
Clareza O orçamento deve ser claro e compreensível para qualquer indivíduo, sem, no
entanto, descuidar das exigências da técnica orçamentária, especialmente em
matéria de classificação das receitas e despesas.
Princípio da
Uniformidade Consistência:
O orçamento deve conservar estrutura uniforme através dos distintos exercícios,
permitindo uma comparação ao longo do tempo.
Princípio da Não-
Vinculação ou
Afetação da Receita
Doutrinariamente a idéia é de que nenhuma parcela da receita geral poderá ser
reservada ou comprometida para atender determinados gastos, fundamentando-se na
tese de que os recursos devem ser utilizados conforme necessidades, uma vez que as
vinculações pode significar sobra de recursos em programas de menor importância e
faltas em outros de maior prioridade.
A Constituição de 1988 consagrou este princípio para as receitas provenientes de
impostos, vedando a sua vinculação a determinado órgão, fundo ou despesa. (Ver
CF/88, art.167, inc.IV)
Exceções quanto à não vinculação de receitas de impostos, conforme a CF/88:
a) repartição do produto da arrecadação:
do Imposto de Renda incidente na fonte sobre
rendimentos;
do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural;
do Imposto sobre a Propriedade de Veículos
Automotores;
28
do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e
Serviços;
do Imposto de Renda;
do Imposto sobre Produtos Industrializados;
b) a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde e para a
manutenção e desenvolvimento do ensino.
(Ver CF/88, arts. 198, § 2º e 212)
c) a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita ou à União.
Princípio da
Unidade de
Tesouraria ou
Unidade de Caixa
O recolhimento de todas as receitas far-se-á em estrita observância ao princípio de
unidade de tesouraria, vedada qualquer fragmentação para criação de caixas
especiais.
Ver art. 56 da Lei nº 4.320/64.
Princípio da
Exatidão Desde os primeiros diagnósticos e levantamentos das necessidades, para fins de
elaboração da proposta orçamentária, deve existir grande preocupação com a
realidade e com a efetiva capacidade do setor público intervir para solucioná-las
através do orçamento. A regra é válida não apenas para os setores encarregados da
política orçamentária, mas também para todos os órgãos que solicitam recursos para
execução em programas e projetos. Tal princípio tem concepção doutrinária, porém
passou a ter também previsão legal a partir da LRF, que exige memória e
metodologia de cálculo para as metas fiscais de receitas, despesas, resultado primário
e nominal, dentre outros.
Princípio da
Legalidade da
Tributação
Tal princípio acha-se adstrito às receitas. Diz respeito às limitações que o Estado
possui quanto ao seu poder de tributar, sempre observando os princípios de natureza
tributária, principalmente o da legalidade e o da anterioridade tributária, porém, sem
perder de vista as exceções prescritas na CF/88.
Princípio da
Programação Considerado um dos princípios orçamentários mais modernos, consistindo na
organização das ações governamentais através de programas de trabalho, com
objetivos claramente definidos e dispondo de meios para alcançá-los, sendo ainda
elos de ligação entre o planejamento e o orçamento.
8. Ciclo Orçamentário O ciclo orçamentário pode ser definido tradicionalmente como uma série de passos (ou processos)
articulados entre si, que se repetem em períodos pré-fixados, através dos quais orçamentos sucessivos
são elaborados, votados, executados, controlados/avaliados e as contas submetidas ao crivo do Tribunal
de Contas para emissão de parecer ao Legislativo, a quem compete julgá-las. Em geral, o ciclo
orçamentário envolve quatro fases: Elaboração, aprovação, execução e controle/avaliação.
29
a) Elaboração da proposta orçamentária e apresentação
A cargo do Poder Executivo, através de órgãos específicos, onde, além das tarefas relacionadas à
estimativa da receita, são realizadas as atividades relativas à: formulação da proposta parcial de
orçamento de cada unidade gestora (ações que se pretende executar através de cada órgão/Poder);
compatibilização das propostas setoriais à luz das prioridades estabelecidas e dos recursos disponíveis,
conforme orientações e diretrizes da LDO, e; consolidação e montagem, por parte do órgão central de
orçamento, da proposta orçamentária a ser submetida à apreciação do Poder Legislativo.
O processo adotado no Brasil na elaboração do orçamento é denominado Processo Misto, onde as
diretrizes e objetivos são traçados pelos níveis hierárquicos mais altos, em função dos meios disponíveis.
Com base nesses parâmetros, as unidades operacionais elaboram os planos de trabalho que serão
consolidados setorialmente nos Ministérios, Secretarias de Estado ou Secretarias Municipais, e,
finalmente, no órgão central de planejamento.
b) Apreciação ou Autorização Legislativa A cargo do Parlamento, onde a proposta orçamentária é revisada, podendo ocorrer emendas
oferecidas a uma comissão de parlamentares previamente designada, que sobre elas emitirá parecer.
Após consolidação das emendas, o orçamento é colocado em votação. Após a aprovação pelo plenário
do Poder Legislativo, o projeto deverá ser devolvido ao Chefe do Poder Executivo, que poderá sancioná-
lo ou propor vetos totais ou parciais. Havendo a sanção do projeto de lei, o mesmo deverá ser remetido
para publicação.
Processo Legislativo
ETAPAS
RESPONSABILIDADE
DESCRIÇÃO
INICIATIVA PODER EXECUTIVO
Responsabilidade pela apresentação do projeto de lei
orçamentária ao Poder Legislativo
Embora a iniciativa seja do titular do Poder Executivo, o
mesmo está obrigado ao prazo fixado (iniciativa vinculada).
DISCUSSÃO PODER LEGISLATIVO
Compreende as seguintes etapas:
emendas;
voto do relator;
redação final;
votação em plenário.
OBS: Segundo o §3º do art. 166 da CF/88, as emendas ao
projeto de lei do orçamento anual ou aos projetos que o
modifiquem somente podem ser aprovados caso:
I – sejam compatíveis com o PPA e com a LDO;
II – indiquem os recursos necessários, admitidos apenas os
provenientes de anulação de despesa, excluídas as que incidam
sobre:
a) dotação para pessoal e seus encargos;
b) serviço da dívida;
c) transferências tributárias constitucionais para Estados,
Municípios e Distrito Federal; ou
III – sejam relacionadas:
a) com a correção de erros ou omissões; ou
b) com os dispositivos do texto do projeto de lei.
O § 4º do mencionado artigo reza que as emendas ao
projeto da LDO não poderão ser aprovadas quando
incompatíveis com o PPA.
SANÇÃO PODER EXECUTIVO Aquiescência ao projeto de lei aprovado.
VETO PODER EXECUTIVO Desacordo ao projeto de lei aprovado.
30
Prazo 15 dias úteis do recebimento do projeto.
As razões do(s) veto(s) deverão ser comunicadas ao Presidente
do Senado Federal.
O veto poderá ser total ou parcial.
PROMULGAÇÃO PODER EXECUTIVO
Atestado da existência de uma lei. Ocorre simultaneamente à
sanção. Mostra que a lei é executável.
OBS: Decorrido o prazo para a sanção, mantido o silêncio do
Executivo por mais de 48 horas, a promulgação ocorrerá pelo
Presidente do Senado.
PUBLICAÇÃO PODER EXECUTIVO Divulgação da lei na Imprensa Oficial. A lei está em vigor,
impondo a sua obrigatoriedade.
c) Programação e Execução
A cargo do Poder Executivo, onde o orçamento é programado – ajustando o fluxo de dispêndios às
sazonalidades da arrecadação, visando compatibilizar os gastos à efetiva entrada de recursos; as cotas às
unidades orçamentárias são estabelecidas, e as programações são executadas; a partir de então se tem a
ocorrência dos diversos atos e fatos administrativos, como emissão de empenhos, registro da liquidação
da despesa, emissão de ordens bancárias e registro da arrecadação da receita, dentre outros.
d) Avaliação e Controle
Fase que ocorre concomitantemente com a execução, correspondendo à última etapa do ciclo
orçamentário. É o acompanhamento e a avaliação do processo de execução orçamentária, consistindo nas
ações que caracterizam o exercício da fase do controle. O processo de avaliação deve ser o de contribuir
positivamente para a qualidade da elaboração de uma nova proposta orçamentária, reiniciando, assim, o
ciclo do orçamento. Ainda sobre o controle, segundo a legislação, poderá ser: interno, quando realizado
por agentes do próprio órgão, ou externo, quando realizado pelo Poder Legislativo, auxiliado
tecnicamente pelo Tribunal de Contas.
Controle Interno (Art. 74 da CF) – deve ser estruturado de forma integrada entre os Poderes, com a
finalidade de:
Avaliar o cumprimento das metas previstas no PPA, a execução dos programas de governo e
dos orçamentos da União;
Comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficiência e eficácia, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da Administração Pública, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de Direito Privado;
Exercer o controle das operações de créditos, avais e garantias, bem como dos direitos e
haveres da União, dos Estados e Municípios;
Apoiar o controle externo no exercício de sua missão constitucional.
Controle Externo (Art. 71 da CF) – de competência do Poder Legislativo, exercido com o auxílio
do Tribunal de Contas, cabendo a este, entre outras atribuições:
Apreciar as contas do Chefe do Poder Executivo;
Julgar as contas de administradores (ordenadores de despesas) e demais responsáveis por
dinheiro, bens e valores públicos;
Apreciação dos atos de admissão de pessoal e concessões de aposentadorias;
Realização de inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial nas entidades da administração direta e indireta do poder
público;
Aplicação aos responsáveis das sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras
cominações, multa proporcional ao dano causado ao erário público.
31
8.1. Receita Pública
Conceito
Conjunto de recursos ou rendas que são entregues ao Poder Público através da contribuição das
coletividades, para fazer face a todos os encargos com a manutenção da sua organização, com o custeio
dos seus serviços, com a segurança de sua soberania, com as iniciativas de fomento e desenvolvimento
econômico e social e com seu próprio patrimônio. Dessa forma, todo o ingresso orçamentário constitui
uma receita pública, pois tem por finalidade atender às despesas públicas.
Método para previsão da Receita Apesar da existência de vários métodos para a previsão da receita orçamentária, a Lei de
Responsabilidade Fiscal determina em seu art. 12 que as previsões de receita observarão as normas
técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação, da variação do índice de preços, do
crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de demonstrativo de
sua evolução nos últimos três anos, de projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da
metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
O Estado de Rondônia e seus Municípios, na previsão de suas receitas, devem adotar a
metodologia imposta pelo Tribunal de Contas do Estado, através da Instrução Normativa nº 01/99, que é
levantada com base na média de arrecadação dos últimos cinco anos, verificando ainda tendência de
arrecadação do exercício em que se elabora a LOA. Tal metodologia já fora testada e aprovada, estando
de certa forma compatível com a exigência da LRF, sendo principal motivo da redução do déficit público
nas finanças desses entes, já comprovada em estudo deste autor, publicado por aquela Corte.
Ressalta-se que, no prazo máximo de trinta dias antes de encaminharem a proposta orçamentária
ao legislativo, os municípios e o Estado devem encaminhar a estimativa de receita ao Tribunal de
Contas, sobre a qual emitirá parecer de viabilidade no prazo máximo de sessenta dias. A tolerância de
dispersão é de 5% para mais ou 5% para menos.
A Lei nº 4.320/64 regulamenta os ingressos de disponibilidades de todos os entes da federação,
classificando-os em dois grupos: orçamentários e extra-orçamentários.
RECEITA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONTABILIDADE PELO REGIME DE CAIXA
TODOS OS RECEBIMENTOS
RECEITA ORÇAMENTÁRIA RECEITA EXTRAORÇAMENTÁRIA
- RECURSOS PERTENCENTES AO ESTADO -PREVISÍVEIS OU NÃO NA LOA - FONTE DE RECURSOS PARA FINANCIAMENTO DA DESPESA PÚBLICA
-RECURSOS NÃO PERTENCENTES AO ESTADO - DE TERCEIROS - TRANSITÓRIAS - OUTRAS OPERAÇÕES NÃO ORÇAMENTÁRIAS
32
RECEITA ORÇAMENTÁRIA
Os ingressos orçamentários são aqueles pertencentes ao ente público, arrecadados exclusivamente
para aplicação em programas e ações governamentais. Esses ingressos são estabelecidos na Lei
Orçamentária Anual, sendo chamados de receita orçamentária ou receita pública. Tais recursos são
enquadráveis nos diversos itens da tabela da receita codificada pela legislação12
relacionada à espécie,
previsíveis nos orçamentos públicos, como receitas correntes e receitas de capital.
RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA
Os ingressos extra-orçamentários são aqueles pertencentes a terceiros, arrecadados pelo ente
público exclusivamente para fazer face às exigências contratuais pactuadas para posterior devolução.
Estes ingressos são denominados recursos de terceiros e não integram o orçamento. São classificados em
contas financeiras adequadas conforme plano de contas da entidade. Como exemplo, temos: cauções,
fianças, consignações em folha de pagamento a favor de terceiros, retenções na fonte e, inclusive
operações de crédito por antecipação de receita orçamentária.
A arrecadação das receitas extra-orçamentárias não depende de autorização legislativa (exceção
às operações de créditos por antecipação de receita orçamentária). Sua realização não se vincula à
execução do orçamento, nem constitui renda do Ente Público, já que este é apenas depositário desses
valores. Em cumprimento ao princípio da unidade de tesouraria o dinheiro recebido soma-se às
disponibilidades financeiras, contudo, constitui um passivo exigível (dívida flutuante) e como tal será
restituído quando de direito for reclamado.
8.1.1.Classificação Legal da Receita Orçamentária Receita Orçamentária é assim classificada, por Categorias Econômicas, na forma da Lei nº
4.320/64, com as alterações advindas da Portaria nº 163/2001 da STN e alterações posteriores, bem
como através da Portaria nº338/2006 da STN/SOF13
:
RECEITAS CORRENTES RECEITAS DE CAPITAL
Receita Tributária Operações de Crédito
Receita de Contribuições Alienação de Bens
Receita Patrimonial Amortização de Empréstimos
Receita Agropecuária Transferências de Capital
Receita Industrial
Receita de Serviços
Transferência Corrente
(1) RECEITAS CORRENTES
São os ingressos de recursos financeiros oriundos das atividades operacionais, para aplicação em
despesas correspondentes, também em atividades operacionais, correntes ou de capital, visando o
atingimento dos objetivos constantes dos programas e ações de governo.
12
Lei 4.320/64, atualizada pela Portaria nº 163/2001 da STN/MF, com atualizações posteriores. 13
Através da Portaria nº 338/2006 da STN/SOF foram adicionadas às categorias econômicas da Receita, as Receitas
Correntes Intraorçamentárias e as Receitas de Capital Intraorçamentárias, cuja inserção é obrigatória na elaboração da
proposta orçamentária das três esferas de Governo para o exercício de 2007.
33
Receitas Correntes Intra-Orçamentárias (Introduzida pela Portaria STN/SOF No 338, de 26 de
abril de 2006) – válida na elaboração da proposta orçamentária para o exercício financeiro de
2007,
Receitas correntes de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras
entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de
materiais, bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações,
quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa
estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de
governo.
As receitas correntes intra-orçamentárias serão classificadas nos mesmos níveis de subcategorias
econômicas em que são classificadas as receitas correntes. No entanto, atendem à especificidade de se
referirem a operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e
outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera
governamental.
Classificação das Receitas Correntes
De acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas correntes serão classificadas nos seguintes níveis de
subcategorias econômicas:
(1) Receita Tributária
É a receita derivada que o Estado arrecada mediante o emprego de sua soberania, nos termos fixados em
lei, sem contraprestação diretamente equivalente, e cujo produto se destina ao custeio das atividades
gerais ou específicas que lhe são próprias. É proveniente dos impostos, taxas e contribuições de
melhoria.
OBS: O Código Tributário Nacional define tributo no art. 3º como “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”
e define suas espécies da seguinte forma:
Impostos – conforme art. 16, “imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade
estatal específica, relativa ao contribuinte”;
Taxa – de acordo com o art. 77, “as taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas
respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço
público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua disposição”;
Contribuição de Melhoria – segundo o art. 81, “a contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou
pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que decorra
valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para
cada imóvel beneficiado”.
(2) Receita de Contribuições
É o ingresso proveniente de contribuições sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse
das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de intervenção nas respectivas áreas.
Apesar da controvérsia doutrinária sobre o tema, suas espécies podem ser definidas da seguinte forma:
Contribuições sociais – destinadas ao custeio da seguridade social, compreendendo a previdência social, a saúde e a assistência social.
Contribuições de Intervenção no domínio econômico – deriva da contraprestação à atuação estatal exercida em favor de determinado
grupo ou coletividade.
Contribuições de Interesse das categorias profissionais ou econômicas – destinadas ao fornecimento de recursos aos órgãos
representativos de categorias profissionais legalmente regulamentadas ou a órgãos de defesa de interesse dos empregadores ou empregados.
(3) Receita Patrimonial
É a proveniente da exploração econômica do patrimônio (de ativos) da instituição, tais como aluguéis,
arrendamentos, juros, dividendos, etc.
34
(4) Receita Agropecuária
É a proveniente da exploração de atividades agropecuárias: agricultura, pecuária, silvicultura, extração
de produtos vegetais.
(5) Receita Industrial
É a proveniente da exploração de atividades industriais: indústria de transformação, indústria editorial e
gráfica, indústria de lixo, etc.
(6) Receita de Serviços
É a proveniente de atividades caracterizadas pelas prestações de serviços comerciais, serviços
financeiros, serviços de transportes, etc.
(7) Transferências Correntes
É o ingresso proveniente de outros entes ou entidades, referentes a recursos pertencentes ao ente ou
entidade recebedora ou ao ente ou entidade transferidora, efetivados mediante condições
preestabelecidas ou mesmo sem qualquer exigência, desde que o objetivo seja a aplicação em despesas
correntes.
(8) Outras Receitas Correntes
São os ingressos provenientes de outras origens não classificáveis nas subcategorias econômicas
anteriores, tais como: multas, juros de mora, indenizações e restituições, cobranças da dívida ativa, etc.
(2) RECEITAS DE CAPITAL
São os ingressos de recursos financeiros oriundos de atividades operacionais ou não operacionais para
aplicação em despesas operacionais, correntes ou de capital, visando ao atingimento dos objetivos
traçados nos programas e ações de governo. São denominados receita de capital porque são derivados da
obtenção de recursos mediante a constituição de dívidas, amortização de empréstimos e financiamentos
e/ou alienação de componentes do ativo permanente, constituindo-se em meios para atingir a finalidade
fundamental do órgão ou entidade, ou mesmo, atividades não operacionais visando estímulo às
atividades operacionais do ente.
Receitas de Capital Intra-Orçamentárias (Introduzida pela Portaria STN/SOF No 338, de 26 de
abril de 2006) – válida na elaboração da proposta orçamentária para o exercício financeiro de
2007
Receitas de capital de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras
entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes do fornecimento de
materiais, bens e serviços, recebimentos de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações,
quando o fato que originar a receita decorrer de despesa de órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa
estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de
governo.
As receitas de capital intra-orçamentárias serão classificadas nos mesmos níveis de subcategorias
econômicas em que são classificadas as receitas de capital. No entanto, atendem à especificidade de se
referirem a operações entre órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e
outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social da mesma esfera
governamental.
Classificação das Receitas de Capital
De acordo com a Lei nº 4.320/64, as receitas de capital serão classificadas nos seguintes níveis de
subcategorias econômicas:
35
(1) Operações de Crédito
São os ingressos provenientes de compromissos contraídos para atender a desequilíbrio orçamentário ou
a financiamento de obras e serviços. Podem ser internas e externas (compromissos assumidos dentro e
fora do país).
(2) Alienação de Bens
É o ingresso proveniente da alienação (venda) de bens móveis e imóveis.
(3) Amortização de Empréstimos
Constituem receitas decorrentes do retorno de valores anteriormente emprestados, ou seja, de
recebimento de empréstimo concedido a outro ente.
(4) Transferências de Capital
São recursos recebidos de outras pessoas de direito público ou privado, quando destinados a atender
despesas de capital.
(5) Outras Receitas de Capital
São todas as demais receitas de capital não classificáveis nas subcategorias econômicas anteriores.
8.1.2. Codificação Orçamentária da Receita
CODIFICAÇÃO DA NATUREZA DA RECEITA
Conforme o Manual de Procedimentos da Receita Pública, editado pela Secretaria do Tesouro
Nacional, na elaboração do orçamento público a codificação econômica da receita orçamentária é
composta dos níveis abaixo:
1º Nível – Categoria Econômica
2º Nível – Subcategoria Econômica
3º Nível – Fonte
4º Nível – Rubrica
5º Nível – Alínea
6º Nível – Subalínea
DETALHAMENTO DE CÓDIGO DA NATUREZA DA RECEITA ORÇAMENTÁRIA
Conforme ordena a STN através do Manual de Procedimentos da Receita Pública (Portaria nº
340/06), para atender as necessidades internas, a União, Estados, Distrito Federal e Municípios poderão
detalhar as classificações orçamentárias constantes do anexo I, a partir do nível ainda não detalhado. A
administração dos níveis já detalhados cabe à União.
Exemplo a: 1.1.1.2.04.10 – Pessoas Físicas:
1 = Receita Corrente (Categoria Econômica);
1 = Receita Tributária (Subcategoria Econômica);
1 = Receita de Impostos (Fonte);
2 = Impostos sobre o Patrimônio e a Renda (Rubrica);
04 = Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (Alínea);
10 = Pessoas Físicas (Subalínea) - NÍVEL EXCLUSIVO DA STN.
XX = NÍVEL DE DETALHAMENTO OPTATIVO.
36
8.1.3. Estágios da Receita Pública Estágio da receita orçamentária é cada passo identificado que evidencia o comportamento da
receita e facilita o conhecimento e a gestão dos ingressos de recursos.
Os estágios da receita orçamentária são os seguintes:
Previsão – estimativa de arrecadação da receita, constante da Lei Orçamentária Anual – LOA,
utilizando de uma metodologia própria.
Lançamento, que é tratado pela Lei nº 4.320/64 nos seus artigos 51 e 53, é o assentamento dos
débitos futuros dos contribuintes de impostos diretos, cotas ou contribuições prefixadas ou
decorrentes de outras fontes de recursos, efetuados pelos órgãos competentes que verificam a
procedência do crédito a natureza da pessoa do contribuinte quer seja física ou jurídica e o valor
correspondente à respectiva estimativa. O lançamento é a legalização da receita pela sua
instituição e a respectiva inclusão no orçamento.
Arrecadação – entrega, realizada pelos contribuintes ou devedores aos agentes arrecadadores ou
bancos autorizados pelo ente, dos recursos devidos ao Tesouro. A arrecadação ocorre somente
uma vez, vindo em seguida o recolhimento. Quando um ente arrecada para outro ente, cumpre-
lhe apenas entregar-lhe os recursos pela transferência dos recursos, não sendo considerada
arrecadação, quando do recebimento pelo ente beneficiário.
Recolhimento – transferência dos valores arrecadados à conta específica do Tesouro,
responsável pela administração e controle da arrecadação e programação financeira, observando
o Princípio da Unidade de Caixa representado pelo controle centralizado dos recursos
arrecadados em cada ente.
8.2 – Despesa Pública
8.2.1. Conceito Corresponde aos desembolsos financeiros efetuados pelo Estado no atendimento dos serviços e
encargos assumidos no interesse geral da comunidade (despesa orçamentária), bem como para cumprir
outros compromissos, tais como cauções, fianças, etc. (despesa extra-orçamentária).
8.2.2 – Classificação
DESPESA ORÇAMENTÁRIA
As despesas orçamentárias ou despesas públicas constituem o conjunto dos gastos públicos autorizados
por intermédio do orçamento ou de créditos adicionais, devendo evidenciar a política econômica-
financeira e o programa do Governo, destinado a satisfazer as necessidades da comunidade.
DESPESA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA
É a despesa que não consta da lei do orçamento, compreendendo as diversas saídas de numerário
decorrentes do levantamento de depósitos, cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de operações
de crédito por antecipação de receita, bem como quaisquer valores que se revistam de características de
simples transitoriedade, recebidos anteriormente e que, na oportunidade, constituíram receitas extra-
orçamentárias.
37
8.2.3 – Classificação Legal da Despesa Orçamentária As despesas orçamentárias devem ser classificadas sob o enfoque administrativo-legal, em
conformidade com os anexos da Lei Federal nº 4.320/64, com as alterações sofridas através da Portaria
nº 42/1999 do Ministério do Planejamento (SOF), e Portaria nº 163/2001 do Ministério do Planejamento
(SOF) junto com o Ministério da Fazenda (STN). Tal classificação visa operacionalizar o chamado
princípio da especificação, dando origem ao que se chama de programa de trabalho de governo,
propiciando informações úteis ao processo de tomada de decisões, ao mesmo tempo em que se evidencia
a sua política econômica e financeira.
Compõe a classificação da despesa pública, quatro grandes grupos, que em termos gerais,
consiste em: institucional, funcional, programática e natureza da despesa. Ressalta-se que cada
grupo possui uma função ou finalidade específica que justifica sua criação, que, segundo Jund (2006, pg.
239), podem responder as seguintes questões:
ITEM ATRIBUTO/INDAGAÇÃO RESPONDE À
SEGUINTE
COMPLEMENTO
1 Classificação Institucional “Quem” é o responsável pela programação?
2 Classificação Funcional “Em que área” de ação governamental a despesa será
realizada?
3 Estrutura Programática “Para que” os recursos são alocados? (finalidade)
4 Classificação econômica da
despesa por natureza
“O que”
“Qual”
será adquirido; e o efeito econômico da
realização da despesa?
CLASSIFICAÇÃO INSTITUCIONAL
Corresponde aos órgãos e às unidades orçamentárias que constituem o agrupamento de serviços
subordinados ao mesmo órgão ou repartição a que serão consignadas dotações próprias. Tem por
objetivo demonstrar quanto cada órgão ou unidade orçamentária está autorizado a gastar num
determinado exercício financeiro com base nos créditos fixados no orçamento. Outra vantagem é a
possibilidade de se realizar uma comparação imediata, em termos de dotações recebidas, entre os
diversos órgãos, possibilitando ao ordenador de despesas identificar as dotações orçamentárias
autorizadas pelo Poder Legislativo ao órgão ou unidade orçamentária sob sua competência.
Exemplo (a nível municipal):
Órgão: Secretaria Municipal de Educação
Unidades ou Sub-Unidades Orçamentárias: Departamento de Ensino Infantil
Departamento de Ensino Fundamental
Setor de Merenda Escolar
O código da classificação institucional geralmente compõe-se de cinco algarismos, sendo os dois
primeiros reservados à identificação do órgão e os demais à unidade orçamentária ou sub-unidade.
00.000
Unidade ou Sub-Unidade Orçamentária
Órgão
Por ser uma classificação de natureza meramente operacional e de conveniência mais localizada,
sua classificação dar-se-á aleatoriamente, por atos administrativos próprios de cada esfera político-
institucional.
38
Cabe observar que um órgão ou uma unidade orçamentária pode não corresponder a uma
estrutura administrativa como, por exemplo (no caso da União), “Transferências a Estados, Distrito
Federal e Municípios”, Encargos Financeiros da União” e no caso dos entes das três esferas de Governo,
“Reserva de Contingência”.
CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL
Composta por um rol de funções e subfunções prefixadas pela Portaria STN nº 42/99. Serve
como agregadora dos gastos públicos por área de ação governamental, nas três esferas. Possibilita
identificar as grandes áreas de atuação do governo, fixando-se objetivos para cada uma delas, resultando
em ações que se pretende desenvolver para o alcance desses propósitos. A classificação funcional
consiste em demonstrar as funções e subfunções as quais estejam vinculados os programas.
Funções: São as ações desenvolvidas pelo Governo, direta ou indiretamente reunidas em seus grupos
maiores, por meio das quais o Governo procura alcançar os objetivos nacionais, estaduais e municipais
(conforme a esfera), ou seja, a função representa o maior nível de agregação das diversas áreas de
despesa que competem ao setor público. Por exemplo: Legislativo, Agricultura, Administração,
Transporte etc.
A função “Encargos Especiais engloba as despesas em relação às quais não se possa associar um bem ou
serviço a ser gerado no processo produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimento, indenizações e
outras afins, representando, portanto, uma agregação neutra.
Subfunções: As subfunções representam uma partição da função, a fim de agregar determinado
subconjunto de despesas do setor público. Na nova classificação, a subfunção identifica a natureza básica
das ações que se aglutinam em torno das funções.
As subfunções poderão ser combinadas com funções diferentes daquelas a que estiverem
relacionadas, conforme a Portaria nº 42/99.
A classificação funcional, instituída pela Portaria nº 42/99 da STN, foi introduzida nos
orçamentos federal e estaduais no exercício de 2000, e nos Municípios em 2002, e apresenta a seguinte
estrutura padronizada e obrigatória para as três esferas de governo:
XX. XXX
Função
Subfunção
FUNÇÕES E SUBFUNÇÕES DE GOVERNO CONFORME PORTARIA Nº 42/99
FUNÇÕES SUBFUNÇÕES
01 0 1- Legislativa 03 031 - Ação Legislativa
032 - Controle Externo
02 02- Judiciária 06 061 - Ação Judiciária
062 - Defesa do Interesse Público no Processo Judiciário
03 03- Essencial à Justiça 09 091 - Defesa da Ordem Jurídica
092 – Representação Judicial e Extrajudicial
04 04- Administração
121 121- Planejamento e Orçamento
122 - Administração Geral 123 - Administração Financeira
124 - Controle Externo
125 - Normatização e Fiscalização 126 - Tecnologia da Informatização
127 - Ordenamento Territorial
128 - Formação de Recursos Humanos 129 - Administração de Receitas
130 - Administração de Concessões
39
131 - Comunicação Social
05 05- Defesa Nacional 15 151 - Defesa Área
152 - Defesa Naval
153 - Defesa Terrestre
06 06- Segurança Pública
18 181 – Policiamento
182 - Defesa Civil 183 - Informação e Inteligência
07 07- Relações Exteriores 21 211 - Relações Diplomáticas
212 - Cooperação Internacional
08 08- Assistência Social
24 241 - Assistência ao Idoso 242 - Assistência ao Portador de Deficiência
243 - Assistência à Criança e ao Adolescente
244 - Assistência Comunitária
09 09- Previdência Social
27 271 - Previdência Básica
272 - Previdência do Regime Estatutário
273 - Previdência Complementar 274 - Previdência Especial
10 10- Saúde
30 301 - Atenção Básica
302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
303 - Suporte Profilático e Terapêutico 304 - Vigilância Sanitária
305 - Vigilância Epidemiológica
306 - Alimentação e Nutrição
11 11- Trabalho
33 331 - Proteção e Benefícios ao Trabalhador
332 - Relação de Trabalho
333 - Empregabilidade 334 - Fomento ao Trabalho
12 12- Educação
36 361 - Ensino Fundamental
362 - Ensino Médio 363 - Ensino Profissional
364 - Ensino Superior
365 - Educação Infantil 366 - Educação de Jovens e Adultos
367 - Educação Especial
13 13- Cultura 39 391 - Patrimônio Histórico, Artístico e Arqueológico
392 - Difusão Cultural
14 14- Direitos da Cidadania
421 421- Custódia e Reintegração Social
422 - Direitos Individuais, Coletivos e Difusos
423 - Assistência aos Povos Indígenas
15 15- Urbanismo 45 451 – Infra-Estrutura Urbana
452 - Serviços Urbanos
453 - Transportes Coletivos Urbanos
16 16- Habitação 48 481 - Habitação Rural
482 - Habitação Urbana
17 17- Saneamento 51 511 - Saneamento Básico Rural
512 - Saneamento Básico Urbano
18 18- Gestão Ambiental
54 541 - Preservação e Conservação Ambiental 542 - Controle Ambiental
543 - Recuperação de Áreas Degradadas
544 - Recursos Hídricos 545 – Meteorologia
19 19- Ciência e Tecnologia
57 571 - Desenvolvimento Científico
572 - Desenvolvimento Tecnológico e Engenharia 573 - Difusão do Conhecimento Científico e Tecnológico
20 20- Agricultura
60 601 - Promoção da Produção Vegetal
602 - Promoção da Produção Animal
603 - Defesa Sanitária Vegetal 604 - Defesa Sanitária Animal
605 - Abastecimento
606 - Extensão Rural 607 – Irrigação
21 21- Organização Agrária 63 631 - Reforma Agrária
632 – Colonização
22 22- Indústria
66 661 - Promoção Industrial 662 - Produção Industrial
663 - Mineração
664 - Propriedade Industrial
665 - Normalização e Qualidade
23 23- Comércio e Serviços
69 691 - Promoção Comercial
692 - Comercialização 693 - Comércio Exterior
694 - Serviços Financeiros
695 – Turismo
24 24- Comunicações 72 721 - Comunicações Postais
722 – Telecomunicações
25 25- Energia 75 751 - Conservação de Energia
752 - Energia Elétrica
40
753 - Petróleo
754 – Álcool
26 26- Transporte
78 781 - Transporte Áreo
782 - Transporte Rodoviário
783 - Transporte Ferroviário 784 - Transporte Hidroviário
785 - Transportes Especiais
27 27- Desporto e Lazer
81 811 - Desporto de Rendimento
812 - Desporto Comunitário 813 – Lazer
28 28- Encargos Especiais
84 841 - Refinanciamento da Dívida Interna
842 - Refinanciamento da Dívida Externa 843 - Serviço da Dívida Interna
844 - Serviço da Dívida Externa
845 - Transferências 846 - Outros Encargos Especiais
CLASSIFICAÇÃO PROGRAMÁTICA
Composta por programas que articulam um conjunto de ações que concorrem para um objetivo
comum preestabelecido, mensurado no PPA, visando à solução de um problema ou ao atendimento de
necessidade ou demanda da sociedade, por exemplo: Educação de Jovens e Adultos, Alimentação
Saudável, Saneamento Básico, Educação Ambiental, etc. A classificação por programas (ou estrutura
programática) é centrada no modelo de Gerenciamento de Programas. Foi criada com a edição da
Portaria nº 42/99, passando a ser obrigatória no planejamento governamental e na elaboração do
orçamento público das três esferas de governo a partir do exercício de 2000.
Com a edição da Portaria nº 42/99, os programas deixaram de ter o caráter de classificador e cada
nível de governo passou a ter a sua estrutura própria, adequada à solução de seus problemas, e originária
do processo de planejamento desenvolvido durante a formulação do PPA. Facilitou ainda a convergência
entre as estruturas do PPA e do orçamento anual a partir do programa, considerado “módulo” comum
integrador do PPA com o orçamento. Já os projetos e atividades, por intermédio de ações orçamentárias
específicas, atuarão como instrumentos de realização e execução dos respectivos programas.
Os projetos e atividades são os instrumentos orçamentários de viabilização dos programas e nada
mais são que as ações que gerarão bens e serviços destinados à população. A Portaria nº 42/99 apresenta
a seguinte conceituação:
Projeto: um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações, limitadas no
tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfeiçoamento da ação de governo;
Atividade: um instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se
realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de governo:
Operações Especiais: as despesas que não contribuem para a manutenção das ações de governo, das quais não resulta um produto, e não
geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços.
A classificação programática é considerada a mais moderna das classificações orçamentárias da
despesa, sendo uma das suas principais finalidades demonstrar as realizações do governo, o resultado
final de seu trabalho junto à sociedade. Também permite a realização de novas funções do orçamento, tal
como a representação do programa de trabalho, centrado num modelo de gestão com objetivos concretos
a atingir e possibilidade real de avaliação de resultados, em razão do detalhamento e divisão das
estruturas implantadas.
41
Consolidando, até o momento, as classificações institucional, funcional e programática, qual seja:
agrupando a despesa por institucional, função, subfunção, programa, projeto, atividade ou operações
especiais, tem-se uma codificação de 22 (vinte e dois) dígitos, da seguinte forma:
00.000.00.000.0000.0000.0000
Detalhamento do proj., ativid. ou operac. espec.(opcional)
Cód. do projeto, atividade ou operações especiais
Identificação de proj., ativ. ou oper. Espec. (1º dígito)
Código do programa
Código da subfunção
Código da função de Governo
Código da Unidade Orçamentária ou Sub-Unidade
Código do Órgão
Exemplo
36.211.10.302.0012.1035.0011
Const. de Unid. de Saúde na Z. Urbana (localização)
Construção de Unidades de Saúde (Projeto)
Programa Saúde Para Todos
Assistência Hospitalar e Ambulatorial
Saúde
Fundo Municipal de Saúde
Secretaria Municipal de Saúde
CLASSIFICAÇÃO QUANTO À NATUREZA DA DESPESA
Conforme fora demonstrado, a despesa sob os enfoques Institucional, Funcional e Programático
apresenta uma abordagem de cunho político-gerencial, pois trata da aplicação dos recursos públicos dos
órgãos e das metas governamentais a eles inerentes.
Já a classificação quanto à natureza da despesa tem por finalidade indicar os meios necessários à
consecução dos objetivos programados pelas unidades orçamentárias. Possibilita ainda a análise dos
efeitos dos gastos públicos sobre a economia em termos globais, inclusive quanto aos reflexos
patrimoniais.
Foram editadas pela Secretaria do Tesouro Nacional algumas portarias alterando a classificação
da despesa por categoria econômica prevista na Lei nº 4.320/64, estando em vigor atualmente a Portaria
nº 163/2001, que introduziu um novo ementário da despesa por natureza da despesa, que passou a ter
uma nova estrutura de codificação para uso nos orçamentos das três esferas de governo, com o objetivo
de consolidar as Contas Públicas Nacionais, em obediência ao disposto no art. 51 da LRF.
De acordo com a referida portaria, a nova classificação da despesa, segundo a sua natureza,
compõe-se de:
I – categoria econômica;
II – grupo de natureza da despesa;
III – elemento de despesa.
A natureza da despesa será complementada pela informação gerencial denominada “modalidade
de aplicação”, a qual tem por finalidade indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgãos ou
entidades no âmbito da mesma esfera de Governo ou por outro ente da Federação e suas respectivas
42
entidades, e objetiva, precipuamente, possibilitar a eliminação da dupla contagem dos recursos
transferidos ou descentralizados.
A estrutura da natureza da despesa a ser observada na execução orçamentária de todas as esferas
de governo será: “c.g.mm.ee.dd”, onde:
a) “c” (1º dígito) representa a categoria econômica;
b) “g” (2º dígito), o grupo de natureza da despesa;
c) “mm” (3º/4º dígitos), a modalidade de aplicação;
d) “ee” (5º/6º dígitos), o elemento de despesa; e
e) “dd” (7º/8º dígitos), o desdobramento, facultativo, do elemento de despesa.
Portanto, para classificar uma despesa quanto à sua natureza, deve-se considerar a categoria
econômica, o grupo a que pertence, a modalidade de aplicação e o elemento de despesa.
Sua estrutura é assim identificada:
0.0.00.00.00
Desdobramento do elemento – sub-elemento (facultativo)
Elemento de despesa
Modalidade de aplicação
Grupo de natureza da despesa
Categoria econômica
CATEGORIA ECONÔMICA
A classificação econômica, que abrange a despesa, possibilita analisar o impacto das ações
governamentais em toda a economia. Ela pode proporcionar uma indicação de contribuições do Governo
na formação bruta do país.
O art. 12 da Lei nº 4.320/64 classifica a despesa nas seguintes categorias econômicas:
(3) Despesas Correntes: classificam-se nesta categoria todas as despesas que não contribuem,
diretamente, para a formação ou aquisição de um bem de capital. Representam encargos que não
produzem acréscimos no patrimônio, respondendo, assim, pela manutenção das atividades de cada
órgão/entidade. Excluem-se as aquisições de materiais para a formação de estoques, todos os demais
dispêndios correntes proporcionam diminuição patrimonial (despesa efetiva).
(4) Despesas de Capital: classificam-se nesta categoria aquelas despesas que contribuem, diretamente,
para a formação ou aquisição de um bem de capital, resultando no acréscimo do patrimônio do órgão ou
entidade que a realiza, aumentando, dessa forma, sua riqueza patrimonial. À exceção das transferências
de recursos financeiros repassados a outras instituições, para realizarem despesas de capital, os gastos
desta natureza constituem fatos permutativos nos elementos patrimoniais (despesa por mutações).
GRUPOS DE NATUREZA DE DESPESA
Entende-se por grupos de natureza de despesa a agregação de elementos de despesa que
apresentem as mesmas características quanto ao objeto de gasto. Abaixo estão discriminados os grupos:
Pertencentes ao grupo das Despesas Correntes
43
(1) Pessoal e Encargos Sociais – despesas com o pagamento pelo efetivo exercício do cargo ou
do emprego ou de função de confiança no setor público, quer seja civil ou militar; ativo ou
inativo, bem como as obrigações de responsabilidade do empregador.
(2) Juros e Encargos da Dívida Interna e Externa – despesas com pagamento de juros,
comissões e outros encargos de operações de crédito internas e externas contratadas.
(3) Outras Despesas Correntes – despesas com aquisição de material de consumo, pagamento
de serviços prestados por pessoa física sem vínculo empregatício ou pessoa jurídica
independente de forma contratual, e outras da categoria econômica “despesas correntes”,
não-classificáveis nos três grupos acima.
Pertencentes ao grupo das Despesas de Capital
(4) Investimentos – são as aplicações diretas em programas que visem ao desenvolvimento ou
aprimoramento de serviços prestados pelo Estado, através de construções, inclusive a
aquisição de terrenos para este fim e aquisição de materiais permanentes novos, bem como
para aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou outras entidades que
impliquem aumento do PIB (Produto Interno Bruto).
(5) Inversões Financeiras – são as aplicações para aquisições de bens imóveis, quando não
destinados a edificações, ou outros bens patrimoniais já em utilização, constituição e/ou
aumento de capital de empresas comerciais e/ou financeiras.
(6) Amortização da Dívida Interna – despesas com o pagamento do principal e da atualização
monetária ou cambial referente a operações de crédito internas contratadas.
(7) Amortização da Dívida Externa – despesas com o pagamento do principal e da atualização
monetária ou cambial referente a operações de crédito externas contratadas.
MODALIDADE DE APLICAÇÃO
A modalidade de aplicação indica por meio de quem se realiza o gasto, complementando a
classificação das despesas quanto à natureza. Destina-se a indicar se os recursos serão aplicados
diretamente pela unidade detentora do crédito orçamentário, ou transferidos, ainda que na forma de
descentralização, a outras formas de governo, órgãos ou entidades. Exemplo:
(20) Transferência à União - despesas realizadas pelos Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, mediante
transferência de recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades da administração indireta.
(30) Transferência a Estados e ao Distrito Federal - despesas realizadas mediante transferência de recursos
financeiros da União ou dos Municípios aos Estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da
administração indireta.
(40) Transferência a Município - despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União
ou dos Estados aos Municípios, inclusive para suas entidades da administração indireta.
(50) Transferência a Instituições Privadas sem Fins Lucrativos - despesas realizadas mediante transferência
de recursos financeiros a entidades sem fins lucrativos que não tenham vínculo com a administração pública.
(60) Transferência a Instituições Privadas com Fins Lucrativos - despesas realizadas mediante
transferência de recursos financeiros a entidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a
administração pública.
(70) Transferência a Instituições Multigovernamentais - despesas realizadas mediante transferência de
recursos financeiros a entidades criadas e mantidas por dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais
países, inclusive o Brasil.
(71) - Transferências a Consórcios Públicos (inserida através da Portaria nº 688 da STN, de 14.10.05) -
despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a entidades criadas sob a forma de
consórcios públicos nos termos da Lei no 11.107, de 6 de abril de 2005, objetivando a execução dos programas
e ações dos respectivos entes consorciados.
44
(80) Transferência ao Exterior - despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a órgãos e
entidades governamentais pertencentes a outros países, a organismos internacionais e a fundos instituídos por
diversos países, inclusive aqueles que tenham sede ou recebam os recursos no Brasil.
(90) Aplicação Direta - aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos a ela alocados ou oriundos de
descentralização de outras entidades integrantes ou não dos Orçamentos Fiscal ou da Seguridade Social, no
âmbito da mesma esfera de governo.
(91) Aplicação Direta Decorrente de Operação entre Órgãos, Fundos e Entidades Integrantes dos
Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social (inserida através da Portaria nº 688 da STN, de 14.10.05) - despesas de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes
dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento
de impostos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o recebedor dos recursos também for
órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos,
no âmbito da mesma esfera de Governo.
(99) A Definir - modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo, vedada a execução orçamentária
enquanto não houver sua definição, podendo ser utilizada para classificação orçamentária da Reserva de
Contingência, nos termos do parágrafo único do art. 8o desta Portaria.
Dentro dessa metodologia, a despesa poderá ocorrer por aplicação direta, por meio de
transferências, na mesma ou a outras esferas da Administração, ou mesmo entidades privadas, no País
ou no exterior.
ELEMENTO DE DESPESA
O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos
e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo, serviços de terceiros, prestados sob qualquer
forma, subvenções sociais, obras e instalações, equipamentos e material permanente, auxílios,
amortização e outros de que a administração pública se serve para a consecução de seus fins. Eis a
classificação da despesa pública por elemento de despesa conforme Portaria da STN nº 163/01e
alterações posteriores: 01 - Aposentadorias e Reformas
03 - Pensões
04 - Contratação por Tempo Determinado
05 - Outros Benefícios Previdenciários
06 - Benefício Mensal ao Deficiente e ao Idoso
07 - Contribuição a Entidades Fechadas de Previdência
08 - Outros Benefícios Assistenciais
09 - Salário-Família
10 - Outros Benefícios de Natureza Social
11 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Civil
12 - Vencimentos e Vantagens Fixas - Pessoal Militar
13 - Obrigações Patronais
14 - Diárias - Civil
15 - Diárias - Militar
16 - Outras Despesas Variáveis - Pessoal Civil
17 - Outras Despesas Variáveis - Pessoal Militar
18 - Auxílio Financeiro a Estudantes
19 - Auxílio-Fardamento
20 - Auxílio Financeiro a Pesquisadores
21 - Juros sobre a Dívida por Contrato
22 - Outros Encargos sobre a Dívida por Contrato
23 - Juros, Deságios e Descontos da Dívida Mobiliária
24 - Outros Encargos sobre a Dívida Mobiliária
25 - Encargos sobre Operações de Crédito por Antecipação da Receita
26 - Obrigações decorrentes de Política Monetária
27 - Encargos pela Honra de Avais, Garantias, Seguros e Similares
28 - Remuneração de Cotas de Fundos Autárquicos
30 - Material de Consumo
31 - Premiações Culturais, Artísticas, Científicas, Desportivas e Outras
32 - Material de Distribuição Gratuita
45
33 - Passagens e Despesas com Locomoção
34 - Outras Despesas de Pessoal decorrentes de Contratos de Terceirização
35 - Serviços de Consultoria
36 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Física
37 - Locação de Mão-de-Obra
38 - Arrendamento Mercantil
39 - Outros Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica
41 - Contribuições
42 - Auxílios
43 - Subvenções Sociais
45 - Equalização de Preços e Taxas
46 - Auxílio-Alimentação
47 - Obrigações Tributárias e Contributivas
48 - Outros Auxílios Financeiros a Pessoas Físicas
49 - Auxílio-Transporte
51 - Obras e Instalações
52 - Equipamentos e Material Permanente
61 - Aquisição de Imóveis
62 - Aquisição de Produtos para Revenda
63 - Aquisição de Títulos de Crédito
64 - Aquisição de Títulos Representativos de Capital já Integralizado
65 - Constituição ou Aumento de Capital de Empresas
66 - Concessão de Empréstimos e Financiamentos
67 - Depósitos Compulsórios
71 - Principal da Dívida Contratual Resgatado
72 - Principal da Dívida Mobiliária Resgatado
73 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Contratual Resgatada
74 - Correção Monetária ou Cambial da Dívida Mobiliária Resgatada
75 - Correção Monetária da Dívida de Operações de Crédito por Antecipação da Receita
76 - Principal Corrigido da Dívida Mobiliária Refinanciado
77 - Principal Corrigido da Dívida Contratual Refinanciado
81 - Distribuição de Receitas
91 - Sentenças Judiciais
92 - Despesas de Exercícios Anteriores
93 - Indenizações e Restituições
94 - Indenizações e Restituições Trabalhistas
95 - Indenização pela Execução de Trabalhos de Campo
96 - Ressarcimento de Despesas de Pessoal Requisitado
99 - A Classificar
Exemplo de Classificação Orçamentária Completa (a nível municipal)
36.211.10.302.0012.1035.0011.449051 Desp. de Capital/Invest./Aplic.Direta/Obras e Inst.
Construção de Unid. de Saúde na Zona Urbana
Construção de Unidades de Saúde (Projeto)
Programa “Saúde Para Todos”
Assistência Hospitalar e Ambulatorial
Saúde
Fundo Municipal de Saúde
Secretaria Municipal de Saúde
Institucional Órgão 36 - Secretaria Municipal de Saúde
Unidade Orçamentária 211 - Fundo Municipal de Saúde
Funcional Função 10 - Saúde
Subfunção 302 - Assistência Hospitalar e Ambulatorial
Programática
Programa 0012 - Saúde Para Todos
Projeto (Ação) 1035 - Construção de Unidades de Saúde
Subtítulo (Detalhamento) 0011– Construç. de Unid. de Saúde na Zona Urbana
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Natureza da Despesa
Categoria Econômica 4 - Despesa de Capital
Grupo 4 – Investimento
Modalidade 90 - Aplicação Direta
Elemento de Despesa 51 - Obras e Instalações
8.2.4 – FASES (ESTÁGIOS) DA DESPESA ORÇAMENTÁRIA
a) FIXAÇÃO
Apesar da Lei nº 4.320/64 não fazer menção explícita de tal estágio, a doutrina majoritária o
insere entre os demais, em virtude de haver menção na própria Constituição. Constitui a primeira etapa
obrigatória da despesa pública, correspondente à autorização dada pelo Poder Legislativo ao Poder
Executivo quando da fixação de dotações orçamentárias aprovadas na Lei Orçamentária Anual, visando
a execução de programas pelos diversos setores governamentais. Quando autorizada a despesa, o
ordenador de despesas possui o poder de gasto mediante a emissão de empenho até o limite fixado.
Compreende as seguintes etapas:
Organização das estimativas (elaboração da proposta)
Conversão da proposta em orçamento público (ato legislativo)
Programação das despesas (contingenciamento do orçamento)
Obs: É vedada a concessão de créditos ilimitados
Ver CF/88, art. 167, inc. VII, § 1º
LC 101/00, art .5º, §§ 4º, 5º
b) LICITAÇÃO
É o conjunto de procedimentos administrativos que objetivam a procura e a escolha das melhores
condições para o Estado adquirir materiais, contratar obras e serviços, ceder ou alienar bens a terceiros,
bem como fazer concessões de serviços públicos, sempre observando, dentre outros, os princípios da
oportunidade, da universalidade e da livre concorrência entre os licitantes. A norma que regulamenta a
matéria é a Lei nº 8.666/93 com as alterações posteriores.
c) EMPENHO
Ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado uma obrigação de pagamento,
pendente ou não de implemento de condição (art. 58 da Lei nº 4.320/64).
O empenho é sempre prévio, ou seja, deve preceder a realização da despesa e está restrito ao
limite do crédito (art. 59 da Lei nº 4.320/64). Conforme art. 60 da referida Lei, é vedado a realização de
despesa sem prévio empenho.
FIXAÇÃO LICITAÇÃO EMPENHO LIQUIDAÇÃO PAGAMENTO
47
d) LIQUIDAÇÃO
Verificação do direito do credor (implemento de condição), tendo por base os títulos e
documentos comprobatórios do respectivo crédito.
Ato do órgão de controle que, após o exame da documentação, torna, em princípio, líquido e
certo o direito do credor contra o Erário.
Finalidade da liquidação
A Liquidação tem por finalidade verificar:
a origem e o objeto do que se deve pagar;
a importância exata a pagar;
a quem se deve pagar para extingüir a obrigação
Elementos para a liquidação
A Liquidação da despesa por fornecimento feito, serviço prestado ou obra executada terá por
base:
o contrato, ajuste ou acordo, se houver;
a nota de empenho;
os documentos fiscais;
os comprovantes da entrega do material, da execução da obra ou da prestação efetiva do
serviço.
OBS: De acordo com o art. 62, da Lei 4320/64, o pagamento da despesa só será efetuado quando
ordenado após sua regular liquidação.
e) PAGAMENTO
Ato pelo qual a Fazenda Pública satisfaz o credor e extingue a obrigação, mediante o pagamento.
8.2.5. Créditos adicionais A autorização legal para a realização da despesa pública constitui um crédito, o qual poderá ser
orçamentário ou adicional. Estudamos anteriormente acerca do crédito orçamentário (inicial ou
ordinário), que vem a ser a despesa autorizada mediante inclusão da respectiva dotação na Lei
Orçamentária.
Já os créditos adicionais são autorizações para despesas não computadas ou insuficientemente
dotadas na Lei Orçamentária. São abertos durante a execução do orçamento para a efetivação de ajustes
ou adição de novas dotações orçamentárias não-consignadas na LOA, em razão de fatos novos ou
imprevisíveis que ampliam ou reduzem as necessidades coletivas já planejadas, fazendo com que o
orçamento em vigor seja retificado.
48
Classificação dos Créditos Adicionais
CRÉDITOS ADICIONAIS
TIPO FINALIDADE
SUPLEMENTARES Os destinados a reforço de dotação orçamentária já
existente que se tornou insuficiente durante a execução do
orçamento, decorrentes, geralmente, de erros de
orçamentação.
ESPECIAL Os destinados a despesas com programas ou categoria de
programas (projeto, atividade ou operações especiais)
novos, por não haver dotações orçamentárias
anteriormente criadas. Sua ocorrência indica, geralmente,
a existência de erros de planejamento.
EXTRAORDINÁRIO Os destinados a atender despesas imprevisíveis e urgentes,
como as decorrentes de guerra, comoção interna, ou
calamidade pública.
Ver Lei 4320/64, arts.40/42
CF/88, art. 167, inc.V, §§ 2º, 3º
O crédito suplementar incorpora-se ao orçamento, adicionando-se a importância autorizada à
dotação orçamentária a que se destinou reforçar.
Os créditos especiais e extraordinários também se incorporam ao orçamento, mais conservam
sua especificidade, demonstrando-se as despesas à conta dos mesmos, separadamente.
Os créditos suplementares e especiais serão autorizados por lei e abertos por decreto do Poder
Executivo.
Os créditos extraordinários independem de lei autorizativa, mas sua abertura será feita por
decreto do Poder Executivo, após decretado o estado de calamidade pública ou outro de natureza
idêntica, que deles dará imediato conhecimento ao Poder Legislativo.
Recursos para a Abertura de Créditos Adicionais
Os créditos suplementares e especiais somente poderão ser abertos se houver recursos para
lastrear a despesa, mediante prévia exposição justificativa. Já para a abertura dos créditos extraordinários
não necessita da existência de recursos disponíveis, mas sua abertura deve ser precedida do
reconhecimento expresso de uma das situações que o justifiquem.
O art. 43 da Lei Nº 4.320, de 17/03/64, assim reza:
“Art. 43 – A abertura dos créditos suplementares e especiais depende da existência de recursos
disponíveis para acorrer à despesa e será precedida de exposição justificativa.
§1º. Consideram-se recursos, para o fim deste artigo, desde que não comprometidos:
I – o superávit financeiro apurado em balanço patrimonial do exercício anterior;
II – os provenientes de excesso de arrecadação;
III – os resultantes de anulação parcial ou total de dotações orçamentárias ou de créditos
adicionais, autorizados em lei; e
IV – o produto de operações de crédito autorizadas, em forma que juridicamente possibilite ao
Poder Executivo realizá-las.” (grifei)
49
Prazos de Vigência dos Créditos Adicionais
Os créditos adicionais suplementares vigoram, desde sua abertura, até o fim do ano a que se
refere o orçamento em execução.
Os créditos especiais e extraordinários, vigoram até o final do exercício em que forem abertos,
salvo se o ato de autorização (Lei, no caso dos créditos especiais, e Decreto ou Medida Provisória, no
caso dos créditos extraordinários) for promulgado nos últimos quatro meses do exercício, quando
poderão vigorar até o término do exercício subseqüente. A reabertura será feita por novo Decreto, que
considerará apenas o saldo remanescente do crédito não utilizado no exercício anterior. Nesse caso, não
há necessidade da indicação do recurso.
Os créditos extraordinários só atendem aos prazos supracitados, enquanto perdurar a situação
emergencial que justificou sua abertura, caso contrário a despesa estará passível de ser considerada ilegal
pelo Tribunal de Contas.
Principais Características
O quadro a seguir ressalta as principais características dos Créditos Adicionais:
CRÉDITOS ADICIONAIS
TIPO AUTORIZAÇÃO
LEGISLATIVA
INSTRUMENTO
P/ABERTURA
VIGÊNCIA FONTE DE
RECURSOS
SUPLEMENTAR Prévia.
Em lei especial, ou
incluída na Lei
Orçamentária
Decreto do Executivo.
No exercício financeiro em
que for autorizado.
Indicação
Obrigatória.
ESPECIAL Prévia.
Em lei especial.
Decreto do Executivo No exercício financeiro em
que for autorizado.
Autorização promulgada
nos 4 últimos meses, será
reaberto, no limite de seu
saldo.
Indicação
Obrigatória.
EXTRAORDINÁRIO Independente. Medida Provisória ou
Decreto do Executivo.
Imediatamente
submetido ao
Legislativo
No exercício financeiro em
que for autorizado.
Autorização promulgada
nos 4 últimos meses, será
reaberto, no limite de seu
saldo.
Independente
de indicação.
8.2.6. Programação Financeira
O instituto da programação financeira de desembolso veio a tornar-se um dos instrumentos
financeiros básicos da ação governamental e se integra no processo de planejamento-orçamento-
programa, isto é, visa tornar operante o Orçamento.
Estabelece a Lei Complementar nº 101/00 que, em até 30 dias após a publicação dos orçamentos,
nos termos do disposto na LDO, o Poder Executivo estabelecerá a programação financeira e o
cronograma de execução mensal de desembolso.
O cálculo das cotas deverá ser efetuado levando-se em consideração o total de despesas fixas e
variáveis, e, ainda, aquelas de caráter sazonal.
50
Objetivos da Programação Financeira
A fixação das cotas tem por objetivo:
Assegurar às unidades orçamentárias, em tempo útil, a soma de recursos necessários e suficientes
à melhor execução de seu programa anual de trabalho;
Manter durante o exercício, na medida do possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada e a
despesa realizada, de modo a reduzir ao mínimo eventuais insuficiências de caixa.
9. Avaliação de Planos, Programas e Projetos Públicos
Avaliação de programas públicos é uma operação na qual é julgado o valor de uma iniciativa
governamental visando satisfazer alguma necessidade pública, a partir de um quadro referencial ou
padrão comparativo, previamente definido pelos diversos atores interessados no seu resultado.
Segundo Weiss (1998) apud Monteiro (2002, pg. 1), numa visão amplamente aceita, avaliação é
a estimativa sistemática da operação e/ou dos resultados de um programa ou de uma política (policy),
em comparação com um conjunto de parâmetros implícitos ou explícitos, como forma de contribuir para
o aprimoramento do programa ou política.
Parte-se do pressuposto, portanto, que a avaliação de programas públicos, conforme já afirmado,
é emitir um juízo de valor de uma determinada ação governamental, com base em um quadro referencial,
elaborado a partir de um consenso governo/sociedade, não se limitando apenas na medição de metas
físicas ou financeiras ou mesmo cumprimento de normas, indo muito mais além, adentrando aos aspectos
da eficiência, eficácia, economicidade, produtividade, qualidade e efetividade da realização
governamental, dentre outros parâmetros.
Segundo Ghirlanda (2002, pg. 1), o grande mérito da avaliação é ser um importante instrumento
de feedback para os governantes, uma vez que detecta erros, indica como corrigi-los e contribui para a
melhoria da eficiência e eficácia das ações governamentais. Para Wholey (1992)14
, a avaliação fomenta
uma saudável comunicação entre cidadãos e governo, fortalecendo a confiança da sociedade nos
dirigentes públicos.
9.1. Bom planejamento de planos/programas facilita a avaliação
Para que o trabalho de avaliação se torne facilitado, é fundamental que os programas e suas
respectivas ações constantes de um plano, possuam objetivo e metas (qualitativas e quantitativas)
claramente definidos. Do mesmo modo, deve haver clareza dos aspectos que se pretende avaliar.
O desenho dos planos atuais, especialmente do Plano Plurianual voltado para resultado, cuja
legislação pátria exige a participação social15
em sua elaboração e discussão, devidamente constituído
por programas (cada um com objetivo específico a ser perseguido), deve atender os requisitos mínimos
para que possa ser monitorado e avaliado. Por isso, cada programa deve conter o problema, objetivo
claramente definido, a população a ser beneficiada, o indicador de resultado, as ações que permitirão o
atingimento do objetivo do programa com as respectivas metas físicas e financeiras, prazos e recursos
previstos, além de outras informações importantes, tudo isso proposto dentro da maior realidade
possível.
Conforme diz Garcia (2001, pg.12), as avaliações de políticas, programas e projetos que não
foram desenhados para serem avaliados são necessariamente precárias e inconclusas, por mais
competentes e dedicados que sejam os avaliadores. Passado o tempo da implementação, torna-se muito
mais difícil mapear adequadamente a situação inicial que deveria ser alterada pela iniciativa
governamental a fim de compará-la com a situação presente ou com a final. Garcia afirma ainda que
“também não é possível reconstruir todo o processo de intervenção, em suas múltiplas dimensões, nem
14
Citado por Ghirlanda (2002, pg. 1) 15
Conforme Parágrafo único do artigo 48 da Lei Complementar nº 101/2000 (LRF), deve haver incentivo à participação
popular durante os processos de elaboração e discussão de planos e orçamentos.
51
os contextos particulares nos quais seus diversos segmentos ocorreram. De igual maneira, não é
possível reconstituir os caminhos e as circunstâncias que levaram ao erro ou acerto, prescrevendo
sugestões corretivas”.
9.2. A avaliação como um processo de gestão e de aprendizado A avaliação, para ser eficiente, deve integrar o contexto da Administração como uma atividade
rotineira, servindo de instrumento de gestão, no sentido de ser útil na tomada de decisão. Na visão de
Firme (1994) apud Garcia (2001, pg. 28), as verdadeiras avaliações são aquelas que subsidiam decisões,
que facilitam a resolução de preocupações e problemas dos que conduzem políticas, programas ou
projetos, que examinam e julgam a ação governamental e que se dirigem, também, ao
usuário/beneficiário, concentrando-se nos valores e necessidades sociais.
A avaliação deve ser oportuna, no sentido de permitir correções das ações propensas a desvios,
trazendo-as ao caminho da realização dos seus objetivos. Ainda segundo o pensamento desse autor,
aqueles que fazem a verdadeira avaliação são considerados educadores, com o sucesso do avaliador
sendo medido pelo que aprende do processo de avaliação e pelo que ensina.
Alguns pontos propostos por Capitani (1993) apud Garcia (2001, pg. 28) merecem destaque, em
relação ao que já fora dito:
A avaliação não é um elemento agregado ao design organizacional de instituições do setor
público, mais é parte integrante de aprendizado institucional;
A responsabilidade é uma condição que permite governar melhor e a avaliação é um dos
instrumentos mais importantes para a melhoria do setor público, pois possibilita a tomada e a
prestação de contas pela atribuição de responsabilidade;
Para ser eficiente a avaliação precisa ser sustentada por uma cultura de aprendizado: sem esta,
corre o risco de se tornar um exercício irrelevante, ou pior, uma restrição burocrática sufocante;
Como parte integrante do aprendizado organizacional, a avaliação é um processo contínuo e
interativo – uma conversa ou um discurso crítico com as pessoas envolvidas na execução ou
atingidas pelas políticas, programas, projetos avaliados e, principalmente, com os que podem
tomar decisões pertinentes;
No setor público, a avaliação é ao mesmo tempo um medidor de eficácia e um veículo de
responsabilidade. Nesse sentido, é um instrumento indispensável ao governo.
9.3. A avaliação no ciclo do planejamento A avaliação integra o ciclo (ou processo) de planejamento, constituindo sua penúltima
etapa.
Tradicionalmente a avaliação é um procedimento realizado pelos entes das três esferas de
governo apenas uma vez ao ano, voltada à análise do atingimento do objetivo dos programas e suas
ações, além do atingimento dos macro-objetivos do Plano Plurianual, executados no ano anterior,
gerando um relatório geral de avaliação a ser encaminhado ao Parlamento, conforme disciplinado em lei
que aprovou o PPA. Teoricamente, ela tem por objetivo assegurar o aperfeiçoamento contínuo dos
programas e do plano, provendo subsídios para corrigir falhas de concepção e execução, subsidiando a
etapa seguinte (revisão), visando melhorar os resultados desejados, proporcionando, inclusive, subsídios
para elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias e da Lei Orçamentária Anual do ano seguinte.
Como atualmente o setor público vive a fase da administração gerencial, exigindo de seus órgãos
a adoção dessa prática na condução das tarefas, voltando-se todos os esforços para o atingimento dos
objetivos especificados em um plano, no caso, o Plano Plurianual. E que este plano é totalmente
desmembrado em programas, cujos macro-objetivos de governo só serão atingidos se os objetivos
específicos dos programas forem alcançados. Tendo em vista que os programas são considerados
unidades de gestão, requerendo a nomeação de gerentes16
para o acompanhamento do seu desempenho
16
No PPA da União os gerentes de programas são responsáveis por conduzirem o programa do início até o seu término;
inclusive, com determinado poder de decisão para resolverem problemas que poderão surgir; eles realizam a primeira etapa de
52
operacional na produção de bens e/ou serviços, e ainda do alcance dos seus objetivos. Certamente, a
tarefa de avaliar o programa, a princípio, recai sobre o gerente de programa, contando com a colaboração
de sua equipe de trabalho.
A União adota esse critério, posto que a primeira etapa, o Plano Plurianual, em relação a seus
programas, sofre a avaliação dos gerentes destes e de suas equipes, sendo recomendado a inclusão de
outras percepções (usuários/beneficiários do serviço), além da visão do gerente do programa, cujo papel
é desempenhado pelo titular da unidade onde o programa acha-se vinculado. Na segunda etapa ocorre a
avaliação setorial, a cargo dos secretários executivos de cada Ministério (Subsecretaria de Planejamento,
Orçamento e Administração, órgãos setoriais do sistema de planejamento e orçamento). Na terceira etapa
ocorre a avaliação do PPA como um todo, principalmente em relação ao cumprimento dos seus macro-
objetivos, ficando a cargo de monitores do Ministério do Planejamento, de pesquisadores do IPEA
(Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e outros técnicos ligados à área, gerando um relatório
completo de avaliação do PPA.
Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão – Secretaria de Planejamento e Investimento Estratégico –
Plano de Gestão do PPA 2004-2007 (Texto para discussão).
9.4. Base legal da avaliação
A exigência da avaliação de planos e programas públicos consta na Lei Maior, art. 74, incisos I e
II, in verbis:
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema
de controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas
de governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão
orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem
como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado.
avaliação, gerando relatórios para a unidade setorial que os programas estão vinculados. O Tribunal de Contas do Estado de
Rondônia, por sua vez, através da Instrução Normativa nº 09/TCER/2003, estabeleceu aos seus jurisdicionados (Estado e
Municípios), uma estrutura mínima que deve conter um programa do PPA, sendo um dos pontos a necessidade de ser definida
a responsabilidade gerencial do programa.
53
Através da Emenda Constitucional nº 19/98, foi inserido no caput do artigo 37 da Constituição
Federal mais um princípio que a Administração Pública deve obedecer: o Princípio da Eficiência. A
eficiência possui um laço muito estreito com a avaliação, pois não é possível saber se a gestão está sendo
eficiente se não avaliá-la.
Outros normativos, tal como a lei do PPA ou decreto específico, podem dispor sobre a avaliação
de planos, seus respectivos programas e ações, regulamentando as formas de avaliação, a periodicidade,
as etapas da avaliação, os avaliadores, a data de encaminhamento do relatório ao Legislativo, ao Tribunal
de Contas, e formas de dar conhecimento à sociedade.
9.5. Funções (benefícios/utilidades) da avaliação:
São várias as funções que se traduzem em verdadeiros benefícios ou utilidades que a avaliação
pode proporcionar para a Administração. Eis alguns, com base no pensamento unânime de vários
autores:
contribuir para conferir melhor visibilidade ao processamento de políticas públicas, desde sua
iniciação até os passos finais de sua implementação, instrumentando seu controle social e o
reconhecimento de sua pertinência e eficácia;
melhorar a capacidade de gestão do Estado, por meio de informações e análises que permitam a
maior efetividade de suas ações e formulação estratégica, propiciando a melhor gerência, pelas
melhores condições para a concepção do planejamento, pela maior eficiência alocativa, e pela
integração entre os esforços de cunho privado e governamentais.
melhorar a capacidade gerencial;
fornecer subsídios para tomada de decisão, a partir de seus resultados, permitindo o
aprimoramento das ações governamentais (feedback);
permitir revisão tempestiva dos procedimentos de decisão, gestão e aplicação de recursos;
proporcionar elementos concretos para aferição do desempenho dos programas públicos;
permitir melhor alocação de recursos no orçamento;
melhorar a eficiência das ações governamentais, evitando desperdício de recursos públicos e,
conseqüentemente, contribuir para a consecução da eficácia dos objetivos pretendidos;
melhorar a relação Estado e sociedade, facilitando a legitimidade e melhorando os padrões da
democracia;
permitir aos cidadãos, a partir do conhecimento do resultado da avaliação (transparência),
controlar a eficiência e a eficácia das ações públicas (accountability), de maneira a correlacionar
os gastos públicos efetuados aos resultados obtidos na implementação das políticas.
9.6. A importância do monitoramento
O monitoramento faz parte do ciclo de gestão de um plano. No caso do Plano Plurianual, consiste
no acompanhamento contínuo da execução físico-financeira das ações e dos programas que o compõe,
permitindo análises para a identificação e superação das restrições, corrigindo rumos, subsidiando a
alocação de recursos, provendo meios para as etapas de avaliação e revisão. Assim, contribui
grandemente para a obtenção dos resultados desejados.
A partir daí, surge a necessidade de serem produzidos indicadores, com base em programas e
ações bem desenhadas, através dos quais será possível proceder avaliações, capazes de identificar
deficiências em tempo de corrigi-las por quem de direito. Se assim não for feito, certamente o
acompanhamento que se pretende realizar não será eficaz e tampouco será possível a tomada de decisão
54
no tempo certo. Por isso, o monitoramento torna-se indispensável para esta importante fase do processo
de gestão, que é a avaliação.
9.7. A utilização de indicadores
Os indicadores são ferramentas básicas para o gerenciamento de um sistema organizacional e as
informações que fornecem são essenciais para o processo de tomada de decisão, fornecendo aos
decisores informações para a opção do melhor direcionamento para atingir os objetivos da organização.
São medidas qualitativas e quantitativas que fornecem aos dirigentes indícios do grau de eficiência,
eficácia, economicidade, qualidade e efetividade com que estão sendo conduzidas as operações de uma
organização ou de um plano, programa ou projeto, no sentido de atingir um determinado objetivo.
Podem ser expressos em termos monetários, estatísticos, quantitativos e qualitativos.
Segundo Tironi (1993) apud Toledo & Oprime (1996, p. 148), os indicadores atuam como
instrumentos de planejamento, gerenciamento e mobilização, pois concretizam objetivos, organizam
ações e conferem visibilidade dos resultados alcançados.
O desempenho de uma organização, quer seja pública ou privada, sendo monitorada por seus
gerentes e dirigentes por meio de um conjunto coerente de indicadores, funcionando como um painel de
instrumentos, fornecendo informações sempre atualizadas para a tomada de decisão, constitui
ferramenta essencial para o atingimento das metas planejadas.
55
BIBLIOGRAFIA
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1988.
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_______. Decreto Federal Nº 2.828, de 29/10/98.
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__________, Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Instrução Normativa nº 09, de 08.05.2003.
56
PARTE II
GESTÃO FISCAL
RESPONSÁVEL
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1. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)
1.1. Histórico/Contexto
Em épocas passadas, mais evidente na década de 80, o cenário era de gastos públicos excessivos. O
desequilíbrio entre as receitas e despesas era coberto pela emissão descontrolada de moeda e títulos
públicos, responsáveis em grande parte pela astronômica inflação e aumento desenfreado da dívida
pública daquele período.
No outro extremo desse círculo vicioso, que parecia interminável, existia um setor público extremamente
endividado, apesar da elevada carga tributária a sobrecarregar os segmentos da população que cumpria
honestamente seus deveres para com o fisco. Nesse contexto, situava-se igualmente, a crise fiscal, o
déficit público, o desempenho ineficiente de grande parte das empresas estatais.
A partir da promulgação da atual Constituição começava a surgir a inversão daquele cenário fiscal. Com
a inserção de dispositivo de controle de gasto com pessoal na Carta Política, principal responsável do
déficit.
Durante o primeiro governo Fernando Henrique Cardoso, foram promovidas várias reformas visando o
fortalecimento da economia, das finanças públicas e da estrutura do Estado brasileiro com o objetivo de
adaptá-lo às novas realidades da economia mundial. Tais como, reforma administrativa e previdenciária,
desregulamentação de mercados, flexibilização das regras de contratação de mão-de-obra, privatizações.
Foram criados e regulamentados os programas: de Estabilidade Fiscal – PEF, de Fortalecimento do
Sistema Financeiro Nacional – Proer, de Apoio à Reestruturação e ao Ajuste Fiscal de Estados, Plano
Diretor de Reforma do Aparelho do Estado, medidas que objetivavam manter a estabilidade fiscal.
No resto do mundo, também ocorreram profundas mudanças exigindo que os governantes
empreendessem esforços para obter uma maior eficiência, eficácia e efetividade da administração
pública; assim, agilizar e modernizar o Estado vinha sendo objetivo político de diversos países. A tarefa
de gerar um Estado mais barato e eficiente exige um maior controle dos gastos públicos e uma maior
transparência na aplicação dos recursos públicos. O Brasil também optou em desenvolver medidas para
alcançar um Estado menor, ágil e inteligente.
A proposta da elaboração e aprovação da LRF surgiu nesse contexto. A partir de maio de 2000, o plano
de estabilização fiscal recebeu um reforço importante, com a edição da Lei Complementar n° 101,
chamada de Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. A lei fiscal veio intensificar o controle da dívida
pública, expandindo as premissas do Plano Real a todas as esferas de governo. A partir do equilíbrio das
contas públicas, Estados e Municípios, assim como o Governo Federal foram inseridos dentro de um
programa de desenvolvimento auto-sustentável, o que implica gastar apenas aquilo que as receitas
permitirem, sem necessidade de se recorrer a operações de crédito e, portanto, sem aumento da dívida
pública. Tal dívida pública fora o principal problema de ordem macroeconômica enfrentado pelo País
nos últimos tempos, em todos os níveis de governo.
1.2. Fundamentos/Objetivos
O controle da dívida pública é o principal motivo que se invocou para a elaboração de uma lei como a
LRF. Assim, diante dos constantes desequilíbrios das contas públicas e das administrações
irresponsáveis frente aos entes públicos, houve a necessidade de enrijecer o controle sobre as finanças
públicas e fortalecer os instrumentos de planejamento, estabelecendo metas, objetivos e resultados a
serem alcançados pelos administradores públicos, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.
58
A LRF incorpora alguns princípios e normas, decorrentes de experiências internacionais aplicadas na
correção de problemas semelhantes aos enfrentados pelo setor público brasileiro, como os provenientes
de países e organismos abaixo listados:
a. Fundo Monetário Internacional – FMI – Fiscal Transparency – características: transparência dos
atos que envolvam atividades fiscais passadas, presentes e programadas ou futuras; reforça o
planejamento; informações orçamentárias apresentadas periodicamente aumentando a publicidade e a
prestação de contas.
b. Comunidade Econômica Européia – CEE – Tratado de Maastricht - características: critério para
verificação da sustentabilidade financeira dos Estados-membros; comprometimento dos membros com
metas fiscais e com redução de déficits fiscais excessivos; metas orçamentárias e para o endividamento,
monitorados por uma comissão.
c. Nova Zelândia – Fiscal Responsibility Act: - características: o Executivo tem liberdade para orçar e
gastar, porém, exige-se forte transparência sobre esses itens; redução das dívidas públicas a níveis
prudentes; alcançar e manter níveis de patrimônio líquido para enfrentar possíveis riscos fiscais;
gerenciamento dos riscos fiscais existentes.
d. Estados Unidos da América – EUA – Budget Enforcement Act – características: a) aplicado apenas
ao Governo Federal; b) Congresso fixa metas de superávit e os mecanismos de controle seguem as regras
do Budget Enforcement Act; c) Sequestration: limitação de empenho para garantir limites e metas
orçamentárias; d) compensação orçamentária: atos que levem ao aumento das despesas devem ser
compensados com redução de outras despesas ou aumento de receitas.
O fundamento da Lei de Responsabilidade Fiscal, que trata das finanças públicas, está nos artigos 163 a
169 da Constituição Federal, mas especificamente no artigo 163, pois regulamenta este dispositivo. Os
dois artigos citados expressam a intenção do legislador de promover uma administração financeira
eficiente, atendendo ao critério de maior controle da sociedade sobre o Estado. Trata-se de uma norma
inovadora, porque foi desenvolvida a partir da fixação de princípios definidores de uma gestão fiscal
responsável, experiência que não tem precedente na história brasileira e encontra poucos paralelos, todos
recentes, em outros países.
No texto legal, está explícito o propósito de corrigir rumos da administração pública, seja no âmbito dos
Estados-membros, dos municípios, como da própria União, limitando os gastos às receitas, mediante
adoção das técnicas de planejamento governamental, organização, controle interno e externo e
transparência das ações de governo em relação à população. Ainda nos termos desse documento, ficam
os administradores públicos expressamente responsáveis por ações implementadas no exercício de suas
funções e sujeitos às penalidades, definidas em legislação própria (Lei nº 10.028/2000, reforçada pela
Lei Complementar nº 101).
A LRF dá suporte à criação de um sistema de planejamento, execução orçamentária e disciplina fiscal,
até então inexistente no cenário brasileiro. Tem o objetivo de controlar o déficit público, para estabilizar
a dívida em nível compatível com o status de economia emergente. Seu aspecto inovador reside no fato
de responsabilizar o administrador público pela gestão financeira, criando mecanismos de
acompanhamento sistemático (mensal, bimestral, trimestral, quadrimestral, anual e plurianual) do
desempenho.
59
A referida lei representa a clara manifestação de repúdio da sociedade brasileira à administração
irresponsável dos recursos públicos, arrecadados sob a forma de impostos e contribuições. Significa um
grito de basta ao desperdício, à falta de informações sobre o destino de contribuições dos cidadãos
brasileiros, à ausência de compromissos com resultados e à impunidade pelo descaso no trato com a
coisa pública.
Na verdade, na lei está o desejo de impedir que todo gestor de recursos públicos gaste mais do que se
arrecade e de que tome consciência da responsabilidade fiscal. A LRF pode contribuir significativamente
para impedir heranças fiscais desastrosas, que imobilizam governos recém-empossados, quando têm que
assumir dívidas e compromissos financeiros de antecessores. Por isso, reforça-se a proibição de
aumentos salariais em final de governo e a contratação de obrigações que não possam ser pagas com
recursos pertinentes àquele mandato. Obriga limitar despesas, caso necessário, dar transparência das
contas e prever sanções para os desvios de conduta, inclusive de ordem criminal. Portanto, constitui um
código de conduta gerencial a ser observado, na administração da coisa pública.
1.3. Quem a LRF alcança
A LRF é válida para as três esferas de governo e para cada um dos seus Poderes. Também alcança os
Ministérios Públicos (Federal e os Estaduais), como também os Tribunais de Contas (TCU, TCE’s e
TCM’s). Por parte do Poder Executivo das três esferas de governo, a referida norma tem jurisdição
também sobre as Autarquias, Fundações, Fundos Especiais e Empresas Estatais Dependentes. Portanto,
são considerados responsáveis perante a LRF os gestores públicos dessas entidades e órgãos.
Responsabilidade se refere à qualidade de ser responsável, portanto, a condição de responder por
determinado evento regrado pela LRF.
1.4. Conceito de Gestão Fiscal Responsável
Consta do §1º do Art. 1º da LRF a definição do que vem ser a gestão fiscal responsável:
§ 1o A responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e transparente, em que se previnem
riscos e corrigem desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de
metas de resultados entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que tange a
renúncia de receita, geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras, dívidas
consolidada e mobiliária, operações de crédito, inclusive por antecipação de receita, concessão de
garantia e inscrição em Restos a Pagar.
Identificam-se os seguintes pontos componentes do conceito de gestão fiscal responsável, com base neste
dispositivo:
a) ação planejada e transparente;
b) prevenção de riscos e correção de desvios;
c) cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas;
d) obediência a limites, visando ao equilíbrio das contas públicas;
e) condições no que tange a renúncia de receita;
f) condições no que tange a geração de despesas com pessoal;
g) condições no que tange a geração de despesas com a seguridade social;
h) condições no que tange a geração de despesas com as dívidas consolidadas e mobiliárias;
i) condições no que tange as operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
j) condições no que tange a concessão de garantias;
l) condições no que tange a inscrição em restos a pagar.
60
1.5. Princípios da gestão fiscal responsável
A LRF apóia-se sobre quatro pilares ou princípios, dos quais depende o alcance de seus objetivos,
principalmente ao alcance do tão sonhado equilíbrio das contas públicas. São eles: o planejamento, a
transparência, o controle e a responsabilização.
Fonte: Omar P. Dias
O planejamento dará suporte técnico à gestão fiscal, através de mecanismos operacionais, como o Plano
Plurianual - PPA, a Lei de Diretrizes Orçamentárias - LDO e a Lei Orçamentária - LOA. Por meio desses
instrumentos, haverá condições objetivas de programar a execução orçamentária e atuar no sentido do
alcance de objetivos e metas prioritárias.
Por seu turno, a transparência colocará à disposição da sociedade diversos mecanismos de cunho
democrático, entre os quais merecem destaque: a participação em audiências públicas e a ampla
divulgação das informações gerenciais, através do Relatório Resumido da Execução Orçamentária, do
Relatório de Gestão Fiscal, bem como dos Anexos de Metas e Riscos Fiscais.
Os sistemas de controle deverão ser capazes de tornar efetivo e factível o comando legal, fiscalizando a
direção da atividade administrativa para que ocorra em conformidade com os ditames da referida Lei
Fiscal. A fiscalização, que há de ser rigorosa e contínua, exigirá atenção redobrada de seus executores,
ou seja, tanto do controle interno como do controle externo, cuja atuação técnica deste último cabe aos
tribunais de contas.
O último princípio, referente à responsabilidade ou responsabilização, é importantíssimo, pois ele impõe
ao gestor público o cumprimento da lei, sob pena de responder por seus atos e sofrer as sanções inseridas
na própria Lei Complementar 101/2000 e na Lei nº 10.028/2000, conhecida como Lei dos Crimes de
Responsabilidade Fiscal.
61
2. A importância do planejamento na gestão fiscal responsável
O planejamento é o primeiro sustentáculo, a ferramenta básica para que o Estado alcance o seu fim
último, que deve ser o bem-comum. Do ponto de vista administrativo e gerencial, tem o propósito de
identificar os objetivos e metas prioritárias e definir modos operacionais que garantam, no tempo
adequado, a estrutura e os recursos necessários para a execução de ações (programas, planos, projetos e
atividades) consideradas relevantes e de interesse público.
O que se quer hoje é a utilização do planejamento como instrumental técnico e político, para garantir
qualidade nos resultados das ações empreendidas; como também para que sejam definidas prioridades
socialmente relevantes, segundo interesse da maioria.
A partir da LRF, o planejamento adquire novo enfoque e sua elaboração requer mais responsabilidade;
pois ela preconiza que todos os entes da federação passem a elaborar planos de desenvolvimento mais
efetivos, forçando-os a atingir resultados e metas fiscais.
A referida lei estabelece mecanismos norteadores para fomentar grandes avanços na política de
planejamento brasileira, inserindo no seu texto o elo entre orçamento, a programação financeira e o fluxo
de caixa, além de instrumento de acompanhamento, avaliação e ajuste do que foi planejado e orçado.
Caso não haja assim, o gestor público poderá ser chamado a responder no campo da responsabilidade
fiscal em razão de praticar uma gestão imprudente.
Assim, diante dos constantes desequilíbrios das contas públicas e das administrações irresponsáveis
frente aos entes públicos, houve a necessidade de enrijecer o controle sobre as finanças públicas e
fortalecer os instrumentos de planejamento, estabelecendo metas, objetivos e resultados a serem
obedecidos pelos administradores públicos, por meio da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF.
Extrai-se do Art.1º, §1º da LRF que a ação planejada e transparente há de balizar a gestão fiscal em todos
os seus aspectos econômicos e financeiros, por constituir responsabilidade dos agentes públicos. Ele atua
como instrumento de prevenção e correção de desvios no curso da execução do orçamento público.
Busca a efetividade na aplicação das receitas, sem que se faça necessário dispor de parte de seu
patrimônio para cobrir gastos, estabelecendo uma perfeita relação entre as receitas e despesas, nos
limites e condições legais.
A atividade estatal tem como ponto alto o processo de planejamento contínuo e permanente com a
adoção dos instrumentos preconizados na CF/88. Portanto, a gestão fiscal há de se pautar em
comportamento equilibrado, com a utilização racional do PPA, da LDO e dos Orçamentos.
Cabe aos gestores a tarefa de limitar gastos, manter o equilíbrio das contas públicas e atuar na prevenção
de déficits, de maneira a estabelecer a compatibilização entre as receitas e a satisfação das demandas
sociais. Minimizar os efeitos da dívida estatal com medidas saneadoras, atuando na prevenção de riscos
fiscais, efetivando as devidas correções, a fim de cumprir as metas perseguidas pelo interesse público,
especialmente de resultados entre os recursos financeiros disponíveis e os gastos do setor público.
2.1. Regras para o PPA, LDO e LOA
A ação planejada é aquela baseada em planos previamente traçados. Os instrumentos preconizados pela
LRF para o planejamento do gasto público são os mesmos adotados na Constituição Federal: o Plano
Plurianual (PPA), a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA). O que a
LRF reforça é o papel da atividade de planejamento e de execução do gasto público.
62
Portanto, o planejamento é o ponto de partida da LRF e é constituído por três instrumentos, que já
existiam, qual sejam: o PPA, a LDO e a LOA, sendo a LDO e a LOA, aprimoradas. A LDO é o elo entre
o PPA e os orçamentos anuais, compatibilizando as diretrizes do plano às estimativas das
disponibilidades financeiras para determinado exercício. Sob a égide da LRF, a compatibilização da
despesa com o PPA e com a LDO deverá ser observada constantemente durante a elaboração e execução
da LOA, principalmente no seu surgimento durante o exercício; assim, o gestor deverá demonstrar que a
mesma foi previamente planejada.
Com a vigência da LRF, esses instrumentos de planejamento do setor público – PPA, LDO e LOA –
precisam manter estreita sintonia, devendo as ações entendidas como prioritárias, para determinado
exercício, estarem contempladas na execução do planejamento, bem como as metas fiscais e de resultado
devem ser compatíveis entre os instrumentos, reforçando o papel da ação de planejar.
No contexto prescrito pela LRF, a LDO é o meio mais importante de planejar a contenção do déficit e da
dívida. Grande parte das inovações tem previsão nesse instrumento orçamentário. A LDO, pois, passou a
ter novas e importantes funções, agregando ao seu conteúdo regras de planejamento que convergem para
o equilíbrio entre receitas e despesas durante a execução do orçamento.
Ficam, para tanto, obrigados os entes federativos a preverem nos respectivos planos plurianuais os
objetivos de sua política fiscal, com base em estimativas de evolução de suas receitas, gastos, resultados
primários, endividamento e patrimônio público. Das leis de diretrizes orçamentárias, deverão constar as
metas quantitativas relativas ao exercício a que se referir e aos dois exercícios subseqüentes. Desse
instrumento deverá constar ainda, quando necessário, justificativa para eventuais desvios de trajetória,
acompanhada de indicação quanto aos procedimentos que serão adotados para promover a desejada
convergência entre objetivos e metas. O orçamento anual tem a função de executar a política fiscal
traçada nas peças anteriores.
Após a vigência da LRF, a LDO, além da principal determinação constitucional já existente, que é
destacar do PPA as prioridades e metas a serem executadas em cada orçamento anual, passou ainda a
versar sobre: o equilíbrio entre receitas e despesas; critérios e formas de limitação de empenho, visando
o cumprimento de metas fiscais e do resultado primário e nominal; dos gastos com pessoal; limites de
dívidas; estipulação e o uso da reserva de contingência; avaliação dos passivos contingentes e outros
riscos que possam afetar o equilíbrio das contas públicas; a inclusão de anexos de Metas Fiscais e Riscos
Fiscais; limites e condições para a renúncia de receita e para a geração de despesa, inclusive com pessoal
e de seguridade; assunção de dívidas; realização de operações de crédito, incluindo aquelas relativas à
antecipação de receita orçamentária; concessão de garantias; e, o controle de custos e avaliação dos
resultados dos programas financiados com recursos orçamentários.
.
Decorre daí a necessidade de estudo sistemático sobre a real efetividade dos gastos, com enfoque na
avaliação, resultante de comparação entre objetivos pretendidos e efetivamente alcançados. Outra
conseqüência é a maior especificidade da Lei de Diretrizes Orçamentárias, a par da criação de um Anexo
de Metas Fiscais, a ser estabelecido em conjunto com o projeto da LDO (art. 4º, §2º). Junto a esse,
deverá ser apresentado um Anexo de Riscos Fiscais, que nada mais é do que uma descrição dos passivos
que, porventura, venham a apresentar distorções resultantes, contrapondo-se aos elementos propostos na
LDO.
Em suma, eis os trechos que contêm as diretrizes da LRF para PPA, LDO e LOA:
A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um
exercício financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua
inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição (Art. 5º, § 5º);
63
A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da
despesa deverá estar compatível com o PPA, LDO e LOA (Art. 16);
A despesa obrigatória de caráter continuado (despesa corrente derivada de lei, medida provisória
ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um
período superior a dois exercícios), para ser criada, necessariamente se exige sua inclusão no
PPA, LDO e LOA (Art. 17)
A Lei de Diretrizes Orçamentárias atenderá o disposto no § 2o do art. 165 da Constituição,
devendo dispor sobre:
- equilíbrio entre receitas e despesas (Art. 4º, I, a);
- critérios e forma de limitação de empenho, a serem efetivados na hipótese de risco de não-
cumprimento das metas fiscais ou de ultrapassagem do limite da dívida consolidada (Art. 4º, I, b);
- normas relativas ao controle de custos e à avaliação dos resultados dos programas financiados
com recursos dos orçamentos (Art. 4º, I, e);
- condições e exigências para transferências de recursos a entidades públicas e privadas (Art.4º,
I, f);
- Anexo de Metas Fiscais (Art. 4º, §1º);
- Anexo de Riscos Fiscais (Art. 4º, §3º);
- Regulamentação sobre a programação financeira e o cronograma de execução mensal de
desembolso (Art. 9º);
- forma de utilização e montante da reserva de contingência a integrar a lei orçamentária anual
(Art. 5º, III);
- demonstrações trimestrais apresentadas pelo Banco Central sobre o impacto e o custo fiscal das
suas operações (Art. 7º, §2º);
- Regulamentação sobre concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária
da qual decorra renúncia de receita (Art.14).
A Lei Orçamentária Anual deverá ser elaborada de forma compatível com o PPA, com a LDO e,
inclusive com ela (LRF), dispondo ainda que a referida lei deverá conter (Art. 5º):
I- demonstrativo da compatibilidade da programação dos orçamentos com os objetivos e metas
constantes do anexo de metas fiscais;
II- demonstrativo regionalizado do efeito, sobre as receitas e despesas, decorrentes de isenções,
anistias, remissões, subsídios e benefícios de natureza financeira, tributária e creditícia (só reforço da
exigência contida no art. 165, §6º da CF/88);
III- reserva de contingência, com valor definido na LDO, para eventuais riscos fiscais ou outras
situações imprevistas que poderão acontecer.
É vedado consignar na lei orçamentária crédito com finalidade imprecisa ou com dotação ilimitada
(§4º, Art.5º);
A lei orçamentária não consignará dotação para investimento com duração superior a um exercício
financeiro que não esteja previsto no plano plurianual ou em lei que autorize a sua inclusão,
conforme disposto no § 1o do art. 167 da Constituição (§ 5
o do Art.5º);
Deverá constar previsão orçamentária de contrapartida das transferências voluntárias (convênios)
(Art. 25, §1º, d);
Deverá estar incluso no orçamento ou em créditos adicionais os recursos provenientes da operação de
crédito, exceto no caso de operações por antecipação de receita (Art. 32, §1º, II);
Observado o disposto no § 5o do art. 5
o, a lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão
novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de
conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias
(Art. 45);
Os Municípios só contribuirão para o custeio de despesas de competência de outros entes da
Federação se houver autorização na lei de diretrizes orçamentárias e na lei orçamentária anual (Art.
62, I).
64
2.2. O planejamento e a execução das metas fiscais
Conforme falado anteriormente, a partir da LRF, a elaboração dos instrumentos de planejamento (PPA,
LDO e LOA) requer mais responsabilidade e rigor técnico; já que essas peças deverão estar direcionadas
para o atingimento dos resultados e metas fiscais almejados. Exige-se, portanto, um planejamento
contínuo e permanente, já que deverá haver também rigoroso acompanhamento, avaliação e ajuste do
que foi planejado e orçado, a fim de possibilitar correção de desvios no curso da execução do orçamento
público.
O PPA é o ponto de partida de previsão do equilíbrio fiscal, pois terá de contemplar as políticas públicas
coerentes com a realidade econômico-financeira do ente federado, ou seja, deverá buscar o
desenvolvimento, mas sustentável economicamente; para isso, o primeiro passo é promover as
estimativas de evolução de suas receitas para o período de vigência do plano por meio de confiável
metodologia e, com base nesse lastro, propor os gastos voltados à satisfação das demandas sociais.
As Leis de Diretrizes Orçamentárias deverão, primeiramente, avaliar no exercício que cada uma se
destina, as receitas orçadas, para em seguida destacar os programas do PPA até o teto financeiro
previsto, cuja medida é imprescindível para o equilíbrio fiscal; outro passo é a fixação das metas fiscais
relativas ao exercício a que se referir e aos dois exercícios subseqüentes (metas relativas a receitas,
despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública). A LDO deverá indicar os
procedimentos que serão adotados para promover a desejada convergência entre objetivos e metas, caso
haja desvio da trajetória (possibilidade da limitação de empenho, por exemplo).
O orçamento anual, além de realizar a programação planejada no PPA e priorizada na LDO, tem a
função de executar a política fiscal traçada nesta última; para isso, deverá apresentar um demonstrativo
da compatibilidade da sua programação com os objetivos e metas constantes do anexo de metas fiscais,
bem como possuir uma dotação denominada “reserva de contingência”, com valor definido na LDO,
para eventuais riscos fiscais ou outras situações imprevistas que poderão acontecer.
Um outro momento que exige atuação dos setores de planejamento e orçamento é quando da execução
orçamentária, pois hão de serem feitos, no prazo de até 30 dias da publicação do orçamento, a
Programação Financeira e o Cronograma de Desembolso; tal procedimento requer nova avaliação das
receitas previstas na LOA, dentro de uma realidade mais próxima de sua arrecadação, que dará margem
para estabelecer o cronograma de desembolso.
Durante a execução orçamentária, bimestralmente, deverá ser realizado acompanhamento da arrecadação
e, se necessário, traçar novo cronograma de desembolso, recorrendo à limitação de empenho e de
pagamento. Como se percebe, o planejamento e o acompanhamento são contínuos, tudo isso visando
uma gestão fiscal equilibrada e voltada ao atingimento das metas fiscais estabelecidas.
65
Planejamento Orçamentário Planejamento Financeiro
Fonte: Omar P. Dias
2.2.1. Elaboração do Anexo de Metas Fiscais
O Anexo de Metas Fiscais17
, que integrará o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias, em atendimento
ao disposto no § 1o do art. 4º da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, deverá ser elaborado
de acordo com o § 2o do art. 1° da LRF, pelo Poder Executivo da União, Estados, Distrito Federal e
Municípios, abrangendo tanto o Poder Executivo quanto os Poderes Legislativo e Judiciário.
O Anexo de Metas Fiscais abrangerá os órgãos da Administração Direta dos Poderes, e entidades da
Administração Indireta, constituídas pelas autarquias, fundações, fundos especiais, empresas públicas e
sociedades de economia mista que recebem recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
inclusive sob a forma de subvenções para pagamento de pessoal e custeio, ou de auxílios para pagamento
de despesas de capital, excluídas, neste caso, aquelas empresas lucrativas que recebam recursos para
aumento de capital.
Na elaboração desse anexo da LDO, deverão ser observados os critérios e medidas constantes no Manual
de Demonstrativos Fiscais, Volume I, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas Fiscais, 2ª edição,
aprovado pela Portaria STN nº 462/2009 (disponível no site www.stn.fazenda.gov.br), a fim de se
estabelecer padrões para as informações que deverão ser demonstradas.
A LRF determina que no Anexo de Metas Fiscais serão estabelecidas metas anuais, em valores correntes
e constantes, relativas a receitas, despesas, resultados nominal e primário e montante da dívida pública,
para o exercício a que se referirem e para os dois seguintes, e conterá ainda:
17
Texto retirado do Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume I, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas Fiscais, 2ª edição, aprovado pela Portaria STN
nº 462/2009, pg. 29.
Programação Financeira e
Cronograma de Desembolso
(anual – janeiro) Nova Avaliação das receitas, inclusive conforme
cronologia de recebimentos
Elaboração do cronograma de desembolso
Se necessário, limitar empenhos e pagamentos
Execução Orçamentária Acompanhamento bimestral da Arrecadação
(através do RREO)
Se necessário, limitar empenhos e pagamentos
Final do Exercício Equilíbrio Receitas/Despesas
Metas Fiscais Atingidas
Revisão do
PPA e LDO
PPA (4 anos) Programação Plurianual compatível com os
recursos
LDO (anual – 15/abril) Avaliação das receitas
Definição da programação anual compatível
com os recursos
Fixação das Metas Fiscais
Regras de ajustes
LOA (anual – 31 agosto) Estima receitas e fixa despesas conforme
LDO e PPA
Compatível com as metas fiscais
66
a) avaliação do cumprimento das metas relativas ao ano anterior;
b) demonstrativo das metas anuais, instruído com memória e metodologia de cálculo que justifiquem os
resultados pretendidos, comparando-as com as metas fixadas nos três exercícios anteriores, e
evidenciando a consistência das mesmas com as premissas e os objetivos da política econômica nacional;
c) evolução do patrimônio líquido, também nos últimos três exercícios, destacando a origem e a
aplicação dos recursos obtidos com a alienação de ativos;
d) avaliação da situação financeira e atuarial:
1. do regime geral de previdência social, do regime próprio de previdência dos servidores e do Fundo de
Amparo ao Trabalhador;
2. dos demais fundos públicos e programas estatais de natureza atuarial;
e) demonstrativo da estimativa e compensação da renúncia de receita e da margem de expansão das
despesas obrigatórias de caráter continuado.
A fim de dar cumprimento ao preceito da LRF, o Anexo de Metas Fiscais deve ser composto pelos
seguintes demonstrativos:
a) Demonstrativo I – Metas Anuais;
b) Demonstrativo II – Avaliação do Cumprimento das Metas Fiscais do Exercício Anterior;
c) Demonstrativo III – Metas Fiscais Atuais Comparadas com as Metas Fiscais Fixadas nos Três
Exercícios Anteriores;
d) Demonstrativo IV – Evolução do Patrimônio Líquido;
e) Demonstrativo V – Origem e Aplicação dos Recursos Obtidos com a Alienação de Ativos;
f) Demonstrativo VI – Avaliação da Situação Financeira e Atuarial do RPPS;
g) Demonstrativo VII – Estimativa e Compensação da Renúncia de Receita;
h) Demonstrativo VIII – Margem de Expansão das Despesas Obrigatórias de Caráter Continuado.
O cumprimento das metas deve ser acompanhado com base nas informações divulgadas no Relatório
Resumido da Execução Orçamentária e no Relatório de Gestão Fiscal.
2.2.2. A Elaboração do Anexo de Riscos Fiscais18
O § 3o do art. 4o da LRF, transcrito a seguir, determina o que deverá conter no Anexo de Riscos Fiscais.
“§ 3o A lei de diretrizes orçamentárias conterá Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas públicas, informando as providências
a serem tomadas, caso se concretizem.”
No processo de planejamento orçamentário, do qual a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO – é parte
integrante, o ente deverá avaliar os passivos contingentes e outros riscos capazes de afetar as contas
públicas, com o objetivo de dar maior transparência às metas de resultado estabelecidas, informando as
providências a serem tomadas caso tais riscos se concretizem.
Riscos Fiscais podem ser conceituados como a possibilidade da ocorrência de eventos que venham a
impactar negativamente as contas públicas, eventos estes resultantes da realização das ações previstas no
programa de trabalho para o exercício ou decorrentes das metas de resultados, correspondendo, assim,
aos riscos provenientes das obrigações financeiras do governo.
18
Texto retirado do Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume I, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas Fiscais, 2ª edição, aprovado pela Portaria STN
nº 462/2009, pg. 20 em diante.
67
O Anexo de Riscos Fiscais, como parte da gestão de riscos fiscais no setor público, é o documento que
identifica e estima os riscos fiscais, além de informar sobre as opções estrategicamente escolhidas para
enfrentar os riscos.
A gestão de riscos fiscais não se resume à elaboração do Anexo de Riscos Fiscais, mas é composta por
seis funções necessárias, a saber:
1) Identificação do tipo de risco e da exposição ao risco;
2) Mensuração ou quantificação dessa exposição;
3) Estimativa do grau de tolerância das contas públicas ao comportamento frente ao risco;
4) Decisão estratégica sobre as opções para enfrentar o risco;
5) Implementação de condutas de mitigação do risco e de mecanismos de controle para prevenir perdas
decorrentes do risco;
6) Monitoramento contínuo da exposição ao longo do tempo, preferencialmente através de sistemas
institucionalizados (controle interno).
Dessas funções, o Anexo de Riscos Fiscais dá transparência às de número 1, 2 e 4. As demais poderão
ser tratadas em audiências públicas.
Recomenda-se que a política de gestão de riscos fiscais seja adotada gradualmente, iniciando pela
identificação dos riscos (1) e evoluindo até o seu monitoramento (6), concentrando-se nas áreas com
maior risco de perda. À medida que a gestão de riscos fiscais for aperfeiçoada, o Anexo de Riscos
Fiscais tornar-se-á um documento mais complexo e completo, e a gestão fiscal será mais transparente e
terá melhores condições de atingir os resultados pretendidos.
É importante ressaltar que riscos repetitivos deixam de ser riscos, devendo ser tratados no âmbito do
planejamento, ou seja, devem ser incluídos como ações na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei
Orçamentária Anual do ente federativo. Por exemplo, se a ocorrência de catástrofes naturais – como
secas ou inundações – ou de epidemias – como a dengue – tem sazonalidade conhecida, as ações para
mitigar seus efeitos, assim como as despesas decorrentes, devem ser previstas na LDO e na LOA do ente
federativo afetado, e não ser tratada como risco fiscal no Anexo de Riscos Fiscais.
Recomenda-se, ainda, que contingências passivas sejam evidenciadas pela contabilidade em quadros
auxiliares e nas Notas Explicativas dos Demonstrativos Contábeis e Fiscais.
Contingência passiva é uma possível obrigação presente cuja existência será confirmada somente pela
ocorrência de um ou mais eventos futuros que não estão totalmente sob o controle da entidade; ou é uma
obrigação presente que surge em decorrência de eventos passados, mas que não é reconhecida ou porque
é improvável que a entidade tenha de liquidá-la; ou porque o valor da obrigação não pode ser estimado
com suficiente segurança.
De modo abrangente, as obrigações financeiras do governo podem ser classificadas:
a) Quanto à transparência, em:
Explícitas – estabelecidas por lei ou contrato;
Implícitas – obrigação moral ou esperada do governo, devido a expectativas do público, pressão política
ou à histórica intervenção do Estado na Economia;
b) Quanto à possibilidade de ocorrência, em:
Diretas – de ocorrência certa, previsíveis e baseadas em algum fator bem conhecido;
Contingentes – associadas à ocorrência de algum evento particular, que pode ou não acontecer, e cuja
probabilidade de ocorrência e magnitude são difíceis de prever; em outras palavras, as obrigações
68
contingentes podem ou não se transformar em dívida, dependendo da concretização de determinado
evento.
As obrigações explícitas diretas do ente da Federação – inclusive os precatórios judiciais – devem ser
reconhecidas, quantificadas e planejadas como despesas na Lei Orçamentária Anual e não constituem
riscos fiscais; logo, não podem ser incluídas no Anexo de Riscos Fiscais. Por se tratarem de passivos
alocados no orçamento, os precatórios não se enquadram no conceito de risco fiscal.
Os riscos orçamentários referem-se à possibilidade de as obrigações explícitas diretas sofrerem impactos
negativos devido a fatores tais como as receitas previstas não se realizarem ou à necessidade de execução
de despesas inicialmente não fixadas ou orçadas a menor. Como riscos orçamentários, podem-se citar,
dentre outros casos:
a) Frustração na arrecadação devido a fatos não previstos à época da elaboração da peça orçamentária;
b) Restituição de tributos realizada a maior que a prevista nas deduções da receita orçamentária;
c) Discrepância entre as projeções de nível de atividade econômica, taxa de inflação e taxa de câmbio
quando da elaboração do orçamento e os valores efetivamente observados durante a execução
orçamentária, afetando o montante de recursos arrecadados;
d) Discrepância entre as projeções, quando da elaboração do orçamento, de taxas de juros e taxa de
câmbio incidente sobre títulos vincendos e os valores efetivamente observados durante a execução
orçamentária, resultando em aumento do serviço da dívida pública;
e) Ocorrência de epidemias, enchentes, abalos sísmicos, guerras e outras situações de calamidade pública
que não possam ser planejadas e que demandem do Estado ações emergenciais, com conseqüente
aumento de despesas;
Sob o ponto de vista fiscal, as obrigações explícitas contingentes (ou passivos contingentes) decorrem de
compromissos firmados pelo Governo em função de lei ou contrato e que dependem da ocorrência de um
ou mais eventos futuros para gerar compromissos de pagamento. Tais eventos futuros não estão
totalmente sob o controle da entidade, e podem ou não ocorrer. Como a probabilidade de ocorrência do
evento e a magnitude da despesa resultante dependem de condições externas, a estimativa desses
passivos é, muitas vezes, difícil e imprecisa. No entanto, o Anexo de Riscos Fiscais deve espelhar a
situação da forma mais fiel possível.
Como exemplos de passivos contingentes podem-se citar, dentre outros casos:
a) Demandas judiciais contra a atividade reguladora do Estado, com impacto na despesa pública: em sua
maior parte, controvérsias sobre indexação e controles de preços praticados durante planos de
estabilização e soluções propostas para sua compensação, bem como questionamentos de ordem
tributária e previdenciária;
b) Demandas judiciais contra empresas estatais dependentes;
c) Demandas judiciais contra a administração do Ente, tais como privatizações, liquidação ou extinção de
órgãos ou de empresas, e reajustes salariais não concedidos em desrespeito à lei;
d) Demandas trabalhistas contra o ente federativo e órgãos da sua administração indireta;
e) Dívidas em processo de reconhecimento pelo Ente e sob sua responsabilidade;
f) Avais e garantias concedidas pelo Ente a entidades públicas, tais como empresas e bancos estatais, a
entidades privadas e a fundos de pensão, além de outros riscos. Verificar se não há restrição legal na
LRF no tocante à concessão de garantias às empresas do próprio ente.
As obrigações implícitas diretas surgem em virtude dos compromissos assumidos pelo governo, no
médio prazo, em sua política de despesas públicas. Um exemplo dessas obrigações são aquelas
relacionadas ao fluxo futuro de despesas com o pagamento de aposentadorias e pensões.
69
As obrigações implícitas contingentes surgem em função de objetivos declarados de políticas
governamentais. Dado o caráter da imprevisibilidade inerente a esse tipo de risco, é muito difícil
identificá-lo e estimá-lo. A possibilidade de sua ocorrência se amplia quando os fundamentos
macroeconômicos estão fracos, se o setor financeiro encontra-se em situação de vulnerabilidade, se os
sistemas regulatórios e de fiscalização são deficientes ou se não há suficiente acesso à informação.
Exemplo de Demonstrativo Preenchido19
2.2.3. A Programação Financeira e o Cronograma de Desembolso
A Seção IV da LRF trata da execução orçamentária e do cumprimento de metas, estando contida no Art.
8º a determinação ao Poder Executivo, de elaborar a programação financeira e o cronograma de
desembolso:
19
Apresentado no Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume I, Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas Fiscais, 2ª edição, aprovado pela Portaria
STN nº 462/2009.
70
Art. 8o Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes
orçamentárias e observado o disposto na alínea c do inciso I do art. 4o, o Poder Executivo estabelecerá
a programação financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Adequar o ritmo de pagamentos ao ritmo dos ingressos de recursos financeiros no caixa é problema que
se apresenta aos administradores de qualquer organização, no setor público ou no setor privado.
A realização de um “orçamento de caixa”, ou programação financeira, permite ao gestor financeiro
antecipar providências para garantir que sejam executados, nos prazos pactuados, os pagamentos aos
fornecedores, aos credores e aos trabalhadores da instituição, assim como o recolhimento dos encargos
sociais e fiscais.
Um bom planejamento do fluxo de caixa deve ser estabelecido para que:
a) eventuais insuficiências de caixa deixem de ocorrer;
b) os recursos disponíveis não se mantenham ociosos;
c) se possível, uma reserva mínima de caixa se mantenha disponível, para atendimento de eventuais
contingências;
e) programas em andamento não sejam paralisados por falta de recursos;
f) a execução dos programas se mantenha em ritmo regular, em conformidade com o planejamento
pertinente, com elevado grau de eficiência;
g) recursos de terceiros a serem utilizados sejam previamente negociados, para que se obtenham as
melhores condições do mercado de crédito;
g) o mercado de crédito não seja negativamente afetado pelo não cumprimento das obrigações; e,
h) problemas sociais não sejam criados por atrasos nos pagamentos de salários.
Sabe-se que é comum ocorrerem divergências expressivas entre os valores das receitas estimadas no
orçamento aprovado e aqueles que efetivamente se realizam, devido às dificuldades naturais a quaisquer
estimativas de receita, tais como incertezas na economia, devido o cenário macroeconômico não estar
muito favorável, ausência de critérios técnicos adequados de estimação, etc.
Na realidade, a norma prevê tal programação devido à fragilidade dos instrumentos de planejamento
adotados no País. De fato, não haveria necessidade de ajuste nos limites de gastos autorizados na LOA se
os mecanismos utilizados para estimar as receitas e programar as despesas não oferecessem risco ao
alcance das metas de resultado fiscal.
Porém, as dificuldades técnicas e a conjuntura política, muitas vezes, se impõem e levam os agentes
envolvidos na elaboração da LOA a embutir nas estimativas de arrecadação elevada margem de
incertezas, como perspectivas muito otimistas para o crescimento econômico, ou muito pessimistas para
o comportamento da inflação, assim como receitas que ainda se encontram pendentes de aprovação
legislativa. Os setores encarregados do planejamento das metas fiscais devem se aprimorar cada vez
mais, a fim de se evitar ajustes durante a execução do orçamento, que certamente causam prejuízos ao
andamento dos projetos governamentais, levando ainda às dificuldades de gestão.
Dessa forma, o estabelecimento da programação anual não pode prescindir da atualização das
estimativas de arrecadação, logo no início de cada exercício, após aprovada a LOA. Nesse cálculo
deverão ser consideradas eventuais mudanças no cenário anteriormente adotado para a realização das
estimativas de arrecadação, bem como fatos ocorridos que alterem tais estimativas.
Assim, para se garantir que o nível de execução do orçamento seja efetivamente ajustado às novas
estimativas de arrecadação, além da programação do fluxo de caixa deverá ser também objeto de
programação a parcela do orçamento que cada órgão poderá comprometer.
71
Recomenda-se que o ato (Decreto) de estabelecimento da programação anual deverá conter, no mínimo,
os seguintes elementos:
- Valor que cada órgão do governo poderá empenhar durante o exercício; e,
- Valor dos pagamentos (desembolsos financeiros) que cada órgão poderá realizar a cada mês.
A programação de desembolsos mensais deverá conter nos valores mensais dos pagamentos os principais
itens de despesa do governo, tais como pessoal, custeio e investimentos, constituindo-se em quadros que
conterão os valores a serem pagos mensalmente por cada órgão. Devem-se agregar ao quadro da despesa
os créditos orçamentários adicionais (já aprovados e os que estão em fase de aprovação no Legislativo)
assim como as necessidades de gastos ainda não previstas nas programações anteriores.
Deve-se atentar ainda ao que consta no Parágrafo único do Art. 8º, o qual determina que os recursos
legalmente vinculados a finalidade específica serão utilizados exclusivamente para atender ao objeto de
sua vinculação.
2.2.4. A limitação de empenho e de movimentação financeira
Seguidamente à exigência da elaboração da programação financeira e do cronograma de desembolso, a
LRF impõe o corte de despesas, caso necessário, para restaurar a possibilidade do atingimento das metas
fiscais:
Art. 9
o Se verificado, ao final de um bimestre, que a realização da receita poderá não comportar o cumprimento das metas de
resultado primário ou nominal estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público promoverão, por
ato próprio e nos montantes necessários, nos trinta dias subseqüentes, limitação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes orçamentárias.
Estabelece este dispositivo que, ao final de cada bimestre, caso novas estimativas indiquem a
possibilidade de frustração da receita prevista na LOA (se a arrecadação se realizar em montante menor
que o estimado), e não comportarem o cumprimento das metas de resultado fiscal, haverá necessidade de
corte no valor das despesas (empenho), visando conduzi-la a valores compatíveis com a nova estimativa
de arrecadação, consequentemente para que seja mantida a trajetória de atingimento das metas de
resultado fiscal. A limitação da movimentação financeira (pagamentos) também é outra exigência da Lei
Fiscal.
O §1º do Art. 9º menciona que:
§ 1
o No caso de restabelecimento da receita prevista, ainda que parcial, a recomposição das dotações cujos empenhos foram
limitados dar-se-á de forma proporcional às reduções efetivadas.
É, portanto, possível restabelecer a programação primitiva de gastos, paulatinamente, conforme o
comportamento da arrecadação.
O §2º do Art. 9º exclui a possibilidade de corte de algumas despesas:
§ 2o Não serão objeto de limitação as despesas que constituam obrigações constitucionais e legais do
ente, inclusive aquelas destinadas ao pagamento do serviço da dívida, e as ressalvadas pela lei de
diretrizes orçamentárias.
Entende-se por obrigações constitucionais aquelas relativas às transferências constitucionais obrigatórias
de um ente para outro (exemplo: FPM, ICMS), bem como a obrigatoriedade da aplicação de recursos
mínimos na educação e saúde; por obrigações legais, são aquelas obrigações determinadas por leis
específicas (exemplo: transferências e aplicação de recursos do FNDE). A LRF isenta ainda de limitação
72
de empenho o pagamento do serviço da dívida (principal e juros), bem como as despesas ressalvadas na
LDO de cada ente. Algumas despesas, tais como aquela com a folha de pagamento, que representa um
dos maiores itens da despesa nos orçamentos, tem pouca flexibilidade, devendo os ajustes ocorrerem em
dotações de custeio e de investimento.
Desse modo, as despesas de investimentos são as primeiras passíveis de corte; por outro lado, tais
despesas representam ampliação da capacidade do Estado em gerar produtos para a sociedade e, sendo
restringidas, o governo limita ou compromete a capacidade de crescimento da economia e da melhoria da
qualidade de vida do cidadão.
Eventual necessidade de redução no valor da despesa autorizada certamente terá como obstáculo o fato
de que parcela das dotações já se encontrarem comprometidas; neste caso, deverá ser avaliado quais
dotações podem absorver o corte adicional e, caso não haja disponibilidade de créditos a empenhar que
comporte o valor de corte, o ajuste necessário terá de acontecer mediante cancelamento de empenhos
emitidos, se ainda possível. Importa salientar que obrigações líquidas e certas já assumidas pelo governo
não devem ser objetos de cancelamento dos respectivos empenhos simplesmente com o objetivo de
atingimento das metas, haja vista que a medida imposta pela LRF de limitar empenhos tem por
finalidade a contenção das despesas e não o estabelecimento de mecanismo de escrituração contábil.
3. A importância da Receita Pública na gestão fiscal.
Assim estabelece a LRF acerca da responsabilidade quanto à arrecadação da receita pública na gestão
fiscal:
Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de
todos os tributos da competência constitucional do ente da Federação.
Parágrafo único. É vedada a realização de transferências voluntárias para o ente que não observe o disposto no caput, no
que se refere aos impostos.
As administrações públicas, tanto as municipais, como as das demais esferas de governo, para atender
suas finalidades perante a sociedade, necessitam de receitas para custear suas despesas. Tais receitas
públicas são constituídas pelos fluxos monetários arrecadados e formam os recursos financeiros
utilizados para o financiamento das despesas públicas.
As receitas públicas arrecadadas pelos entes seguem várias legislações específicas, mas basicamente as
de competência dos municípios se dividem em quatro grupos: o primeiro contempla as oriundas da
própria capacidade de arrecadar receitas de seus contribuintes, como o IPTU e as provenientes do
próprio patrimônio municipal; o segundo são as decorrentes da participação do município nas receitas de
competência do Estado e da União, onde podem ou não haver contribuições de seus munícipes, como é o
caso do imposto de renda que compõem o FPM; o terceiro grupo refere-se às transferências voluntárias
de recursos de entidades públicas ou privadas para os municípios, geralmente com finalidades
específicas, como é o caso das receitas de convênios; e o quarto grupo contempla os empréstimos
obtidos.
Assim, tem-se que a LRF determina que os entes federados ultimem esforços para maximizar suas
receitas próprias Os municípios, principalmente devem explorar com eficiência o seu potencial de
arrecadação, desvinculando-se, cada vez mais, da tutela e do paternalismo da União e dos Estados. Por
isso, a intenção da LRF, ao ressaltar a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação de todos os tributos
como requisito essencial da responsabilidade na gestão fiscal, é resgatar a importância das receitas
próprias na realização de projetos e na manutenção da máquina pública.
73
A instituição, a previsão e arrecadação: obriga o agente público a cumprir em toda a sua plenitude o
mandato que lhe é conferido pela sociedade. O texto da LRF busca coibir as indevidas e demagógicas
isenções de tributos que se verificam no dia a dia dos entes, a exemplo, inexigência de IPTU municipal.
Trata-se da observância do Princípio da indisponibilidade do bem público: o Estado não pode abrir mão
de suas prerrogativas, devendo exercer toda a extensão de sua competência tributária, incluindo a sua
eficiência na arrecadação. Deve ultimar esforços para maximizar suas receitas próprias.
A competência para a instituição de tributos, conforme a Constituição, decorre do poder tributário,
outorgado por ela, à União, Estados Distrito Federal e Municípios. A inércia derivada do seu não
exercício implica responsabilidade do governante pelo seu descumprimento.
O descumprimento dessa norma, conforme Parágrafo único do supracitado artigo, no que se refere aos
impostos, terá como conseqüência a imediata suspensão das transferências voluntárias ao ente federado,
tratando-se de uma espécie de sanção institucional imposta pela LRF.
A previsão da receita tributária no orçamento necessita de sua instituição através de lei. Nela deverá ser
informada primeiramente a legislação que a criou, com vistas à preparação da proposta orçamentária,
ficando assim seu delineamento legal. Na elaboração da previsão devem ser consideradas as receitas
diretamente arrecadadas pelo tesouro e outras fontes, bem como das entidades e órgãos da
Administração Pública integrantes da LOA.
Arrecadação significa o ato de arrecadar tributos, ensejando iniciativa do contribuinte, a quem cabe
satisfazer a prestação impositiva dentro do prazo legal. Aprovada a Lei Orçamentária Anual – LOA,
elaborada a programação financeira para as receitas e o cronograma de desembolso para as despesas,
ocorre sua execução, por meio da arrecadação das receitas previstas e da realização das despesas fixadas
para exercício financeiro em questão. É o momento do Estado impor seu poder de império, ultimando
todos os esforços para arrecadar os recursos necessários para manter os serviços públicos destinados aos
cidadãos em funcionamento, além dos investimentos tão essenciais e do funcionamento da máquina
administrativa.
O Art. 12 e §§ da LRF tratam dos critérios para a previsão da receita, conforme transcritos:
Art. 12. As previsões de receita observarão as normas técnicas e legais, considerarão os efeitos das alterações na legislação,
da variação do índice de preços, do crescimento econômico ou de qualquer outro fator relevante e serão acompanhadas de
demonstrativo de sua evolução nos últimos três anos, da projeção para os dois seguintes àquele a que se referirem, e da
metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
§ 1
o Reestimativa de receita por parte do Poder Legislativo só será admitida se comprovado erro ou omissão de ordem
técnica ou legal.
§ 2
o O montante previsto para as receitas de operações de crédito não poderá ser superior ao das despesas de capital
constantes do projeto de lei orçamentária.
§ 3
o O Poder Executivo de cada ente colocará à disposição dos demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta
dias antes do prazo final para encaminhamento de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas
para o exercício subseqüente, inclusive da corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
Muito se discutiu a respeito de como deveria ser calculada a receita. Algumas posições eram no sentido
de que sua estimativa deveria tomar como ponto de partida a arrecadação do penúltimo exercício. Outros
entendem a necessidade de se estabelecer como parâmetro a média das receitas do triênio anterior. Tal
sistemática vem sendo aperfeiçoada a cada dia com a utilização das estatísticas e de outros elementos
capazes de permitir o equilíbrio do sistema orçamentário. Isto certamente suporta cálculos mais seguros
e estruturados em dados mais realísticos.
74
O certo é que as previsões da receita deverão levar em conta critérios técnicos que possam determinar
com alguma segurança a estimativa do montante a ser arrecadado, tratando-se de procedimento
importante, pois elas darão margens para os gastos. Exige-se que, na mensuração, sejam consideradas
dentro de parâmetros estabelecidos pela metodologia de cálculo adotada. Portanto, a lei impõe a
necessidade de que as previsões de receitas sejam estabelecidas com base em metodologias transparentes
e economicamente consistentes.
O Estado e Municípios de Rondônia dispõem de uma norma editada pelo Tribunal de Contas, a Instrução
Normativa nº 01/TCE-RO/99, que fornece uma fórmula adequada de se fazer a estimativa orçamentária
da receita.
No plano da realização das estimativas há de se observar ainda a legislação pertinente e os
procedimentos técnicos indispensáveis a sua feitura. Também alterações na legislação tributária, no
tocante às suas repercussões no orçamento, bem como a variação de índices de preços, o crescimento
econômico ou outros fatores capazes de afetar a sistemática de previsão deverão ser considerados nos
demonstrativos de evolução de receita.
Quanto à alteração na previsão da receita, a regra geral imposta pela LRF é de que a reestimativa da
receita por iniciativa do Poder Legislativo é procedimento não permitido, ressalvada a hipótese de erro
comprovado ou omissão de natureza legal ou de ordem técnica.
Por outro lado, as receitas de operações de crédito não poderão ser superiores às despesas de capital
expressas no projeto da LOA, como também sua ocorrência durante a execução orçamentária. É a
chamada “Regra de Ouro”, tendo a LRF reforçado o que consta no Art. 167, III, da CF, que veda a
realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital, ressalvadas as
autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais com finalidade precisa, aprovados pelo Poder
Legislativo por maioria absoluta. Constitui uma forma de coibir o que acontecia no passado, quando
governos de estados e municípios recorriam a empréstimos para o custeio da folha de pagamento, sendo
uma das maiores causas do déficit público.
Os estudos técnicos e as estimativas das receitas são elementos valiosos para a consecução dos objetivos
orçamentário-financeiros. Isto requer uma estrutura necessária, inclusive pessoal técnico capacitado na
área de planejamento governamental, para elaborar projetos parciais de seus órgãos e entidades, bem
como efetivar a consolidação dos orçamentos da administração direta e indireta.
Estando devidamente realizada a previsão da receita, o Poder Executivo deve colocar à disposição dos
demais Poderes e do Ministério Público, no mínimo trinta dias antes do prazo final para encaminhamento
de suas propostas orçamentárias, os estudos e as estimativas das receitas para o exercício subseqüente,
inclusive da receita corrente líquida, e as respectivas memórias de cálculo.
Certamente este material servirá de base para os demais Poderes e órgãos fixarem seus gastos,
obedecendo-se o lastro que lhes compete.
O Art. 13, assim dispõe:
Art. 13. No prazo previsto no art. 8
o, as receitas previstas serão desdobradas, pelo Poder Executivo, em metas bimestrais de
arrecadação, com a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de combate à evasão e à sonegação, da
quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como da evolução do montante dos créditos
tributários passíveis de cobrança administrativa.
75
Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, portanto, no mesmo prazo do estabelecimento da
programação financeira e do cronograma de execução mensal de desembolso, deve o Poder Executivo
providenciar o desdobramento das receitas previstas em metas bimestrais de arrecadação. Há de constar
a especificação, em separado, quando cabível, das medidas de: a) combate à evasão e à sonegação; b)
quantidade e valores de ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa; c) evolução do montante dos
créditos tributários passíveis de cobrança administrativa.
Evasão tributária é o procedimento ou forma atípica ou anormal pela qual o contribuinte procura, por
todos os meios e modos de que dispõe evitar, retardar ou reduzir a ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária, deixando de pagar o tributo, deferindo o seu pagamento ou pagando menos que o
devido.
Todos os esforços, inclusive de ordem estrutural dos setores responsáveis, devem ser feitos para o
combate à evasão e a sonegação fiscal, que causam tanta diminuição das receitas públicas. Medidas
eficazes de se arrecadar valores inscritos em dívida ativa também devem ser promovidas, quer seja
administrativa ou judicial.
A LRF neste tópico preocupa-se em que se demonstre a quantidade de valores de ações ajuizadas para a
cobrança da dívida ativa por parte do ente, como resultante do vínculo obrigacional que se instaurou
entre ele e o sujeito passivo; ele tem o respaldo legal de constranger o sujeito passivo ao cumprimento da
prestação necessária ao custeio dos encargos que lhe são cometidos constitucionalmente.
Vale ressaltar que tais prestações decorrem de créditos fiscais, cujos pagamentos não foram feitos pelo
contribuinte no prazo regular. São obrigações convertidas, portanto, em dívida ativa, visando sua
cobrança por meios judiciais. Nesse plano, ela constitui ato de iniciativa da Fazenda Pública, buscando a
satisfação de seu crédito, com o adimplemento da dívida.
Instaura-se, pois, o executivo fiscal de alçada do ente e de suas respectivas autarquias, objetivando a
cobrança de seus créditos tributários. Configura-se assim o ato pelo qual o contribuinte é compelido, por
via judicial, ao cumprimento da prestação contida na obrigação fazendária, registrada como dívida ativa.
O Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, através da Instrução Normativa nº 18/2006, exige que os
Municípios lhe remeta, até 5 de fevereiro de cada ano, o Relatório anual especificando as medidas de
combate à evasão e à sonegação de tributos de competência do Município, a quantidade e valores das
ações ajuizadas para cobrança da dívida ativa, bem como a evolução do montante de créditos passíveis
de cobrança administrativa. Tal relatório é juntado ao processo relativo à gestão fiscal, sendo analisado
em conjunto com os relatórios fiscais (RREO e RGF) que também compõem os autos.
3.1. As precauções com a Renúncia de Receitas
A LRF, dada a importância do tema para os fins a que se propõe, dedica tópico exclusivo (Seção II, Art.
14, incisos e §§) para tratar da renúncia de receita, conforme transcritos a seguir, vindo os comentários
posteriores:
Da Renúncia de Receita
Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita
deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência
e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:
76
I - demonstração pelo proponente de que a renúncia foi considerada na estimativa de receita da lei orçamentária, na forma
do art. 12, e de que não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo próprio da lei de diretrizes orçamentárias;
II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita,
proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 1
o A renúncia compreende anistia, remissão, subsídio, crédito presumido, concessão de isenção em caráter não geral,
alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo que implique redução discriminada de tributos ou contribuições, e
outros benefícios que correspondam a tratamento diferenciado.
§ 2
o Se o ato de concessão ou ampliação do incentivo ou benefício de que trata o caput deste artigo decorrer da condição
contida no inciso II, o benefício só entrará em vigor quando implementadas as medidas referidas no mencionado inciso.
§ 3
o O disposto neste artigo não se aplica:
I - às alterações das alíquotas dos impostos previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da Constituição, na forma do seu §
1o;
II - ao cancelamento de débito cujo montante seja inferior ao dos respectivos custos de cobrança.
Este é um ponto importante da lei, já que as renúncias de receitas representam uma perda significativa de
recursos para os entes federados, razão pela qual devem ser evitadas. Com este fim, a lei impõe uma
série de restrições à concessão de benefícios fiscais. A perda fiscal que significa renúncia, envolve
benefícios tributários, creditícios e financeiros; neste plano pode ser considerados as isenções, reduções
de alíquotas, anistias, remissões etc.).
Renúncia de receita é a desistência de um direito sobre determinado tributo, por abandono ou desistência
expressa do ente federativo competente para sua instituição. Portanto, importa sempre num abandono ou
numa desistência voluntária, pela qual o titular de um direito deixa de usá-lo ou anuncia que não o quer
utilizar. Neste caso, a renúncia decorre da concessão de incentivos fiscais.
Incentivo fiscal é o subsídio concedido pelo governo, na forma de parte de sua receita com impostos, em
troca do investimento em operações ou atividade por ele estimuladas. Os incentivos fiscais são
instrumentos de que dispõe o Poder Público para promover o desenvolvimento da economia e
possibilitar o incremento de empregos em determinadas regiões onde são aplicados. Implicam redução
do montante devido pelo contribuinte que ostenta a função de beneficiário, mediante isenção, anistia,
remissão e outras concessões autorizadas por lei. Podem ocorrer também benefícios fiscais para pessoa
física, caracterizando renúncia de receita, sujeitando-se de igual modo às regras da LRF.
Qualquer benefício que implique diminuição de receita demanda a necessidade de estimativa do impacto
financeiro que possa causar, bem como de que a renúncia foi levada em conta na elaboração da LOA, no
momento das previsões de receita ou indicação de medidas compensatórias, decorrentes de elevação de
alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
As LDO’s federais têm versado que a lei ou medida provisória que conceda ou amplie incentivo ou
benefício de natureza tributária só será aprovada ou editada se atender as exigências do Art. 14 da LRF.
A renúncia fiscal pode ter como contrapartida, em face da redução de receita, a majoração ou criação de
tributo, bem como a instituição de contribuição de natureza compensatória. O entendimento é de que a
renúncia fiscal fere uma situação normal, que já foi estampado tanto na LDO, quanto na LOA, sobre a
expectativa de arrecadação e recolhimento da receita e, por conseqüência, resulta de maneira indireta
numa frustração de atendimento de alguma necessidade social, exigindo uma compensação junto à
receita.
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A renúncia contempla os seguintes institutos: anistia, remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral, alteração de alíquota ou modificação de base de cálculo
que implique redução discriminada de tributos ou contribuições e outros benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.
Eis a seguir o comentário sobre cada um desses institutos que caracterizam renúncia de receitas, tendo
por base o entendimento de Martins et all20:
a) Anistia
A anistia é uma das cláusulas excludentes do crédito tributário que contempla as infrações cometidas
antes da vigência da lei que a concede. Ressalta-se que a infração não pode ter decorrido de atos
criminosos ou dolo. A anistia de caráter geral é concedida sem quaisquer exigências, portanto, de modo
absoluto. É autorizada por lei, alcançando tributos e penalidades. É concedida a todos indistintamente,
pois se dirige a contribuintes em idêntica situação, visto que se funda no princípio da legalidade. Há
também a anistia limitada, que pode ser efetivada em cada caso que for submetido ao exame do Fisco
competente.
b) Remissão
A remissão corresponde ao perdão da dívida, como prova de desoneração do devedor e seus co-
responsáveis. É o ato de redimir ou perdoar a dívida por parte do credor, que renuncia seu direito. A
renúncia é gratuita, visto que a gratuidade é da essência da remissão.
c) Subsídio
O subsídio também é uma espécie de incentivo a determinados contribuintes, fornecedores
principalmente de alimentos, sendo concedido pelo Estado com o propósito de resultar em benefícios à
população.
d) Crédito presumido
O crédito presumido decorre da conversão de incentivo atribuído a programas executados nas áreas
consideradas prioritárias, como o norte e nordeste, por exemplo, constituindo em redução de impostos
como o IPI e o ICMS, cuja legislação concede ao contribuinte um crédito fictício (presumido) destinado
a ressarcir o ônus do imposto sobre determinada operação. É um prêmio à exportação dos
manufaturados.
c) Isenção em caráter não geral
Consta no Art. 150, §6º da CF que: qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão
de crédito presumido, anistia ou remissão, relativos a impostos, taxas ou contribuições, só poderá ser
concedido mediante lei específica federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente às matérias
acima enumeradas ou o correspondente tributo ou contribuição, sem prejuízo do disposto no art. 155,
§2º, XII, g.
A isenção é a forma de eximir-se o sujeito passivo da constituição do crédito tributário, nos termos do
CTN, visto que, como elemento excludente, impede seja o lançamento materializado. Neste caso, a
atividade vinculada ao lançamento é obstada legalmente, não se concretizando.
d) Alteração de alíquota ou base de cálculo: redução de tributo ou contribuição
As reduções de bases de cálculos e de alíquotas decorrem do modo de calcular o conteúdo pecuniário do
dever tributário, determinando uma forma de pagamento – elemento liberatório do dever – que implica,
necessariamente, redução do quantum tributário em relação à generalidade dos contribuintes (ou em
relação à situação impositiva imediatamente anterior). Tecnicamente as reduções de bases de cálculo e
20 Martins. Ives Gandra da Silva, NASCIMENTO, Carlos Valder do. Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo: Saraiva, 2001.
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de alíquotas deveriam ser sempre parciais, porquanto as exonerações totais já são atendidas através das
fórmulas isentantes e imunizantes. O termo redução, tem o significado de diminuir, ou seja, reduzir o
quantum do montante do tributo, como incentivo à atividade produtiva.
Se o ato concessivo que incorrer em renúncia de receita, a ser compensado no exercício de sua vigência,
operar-se por meio da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de
tributo ou contribuição, tal benefício somente será liberado a partir da implementação das referidas
medidas.
Ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites fixados em leis, é facultado alterar as alíquotas
dos impostos sobre: I – importação de produtos estrangeiros; II – exportação, para o exterior, de produtos
nacionais ou nacionalizados; (....) IV – produtos industrializados; V – operações de crédito, câmbio e
seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários (Art. 153, I, II, IV e V, e §1º). Em razão disso, a
concessão de benefício que implique renúncia de receita é inaplicável à regra em questão, podendo ser
processadas as modificações nas alíquotas daqueles impostos. De igual sorte, não se aplica ao
cancelamento do débito cujo montante não compense os custos a serem desembolsados com sua
cobrança.
Se é certo que a renúncia fiscal se pode recorrer com o objetivo de estimular as atividades empresariais,
não menos verdade é que deve ser permeada de compensações racionais, a não causar prejuízos à
economia e aos interesses da sociedade pagadora de tributos.
Tanto os subsídios como as renúncias de receitas significam benefícios que são concedidos a grupos de
pessoas ou de contribuintes em relação aos demais. A concessão desse benefício afeta a receita ou a
despesa do Ente.
A LRF obriga a União, Estados e Municípios a evidenciarem a estimativa do impacto orçamentário-
financeiro com a concessão de tais benefícios, o que não é tarefa das mais fáceis.
3.2. A Receita Corrente Líquida (RCL)
A Receita Corrente Líquida - RCL é um parâmetro previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. É sobre
esse parâmetro que se calculam os principais limites de gastos estabelecidos por esta lei, tais como gasto
de pessoal (por nível de governo e por poder), de despesas previdenciárias, da reserva de contingência e
da dívida consolidada, além, dos limites para realização de novos empréstimos (operações de crédito),
para o pagamento dos serviços da dívida, das operações de antecipação de receita orçamentária (AROs) e
do fornecimento de garantias.
O cálculo do montante da RCL abrange um período de 12 (doze) meses, o mês de referência e os onze
meses anteriores a este.
Como o próprio nome demonstra, a Receita Corrente Líquida é uma receita corrente, logo, as receitas
de sua composição pertencem à categoria econômica das receitas correntes, portanto, não se consideram
os recebimentos esporádicos, episódicos, tais como as receitas de capital. Outro ponto a se destacar: se é
líquida é porque tem algumas deduções.
O conceito de liquidez está atrelado ao conceito de disponibilidade, uma vez que as ações
governamentais devem fixar suas despesas de acordo com disponibilidade real para que o planejamento,
juntamente com sua execução, possa promover o desenvolvimento sustentável economicamente. Esse
conceito traduz ainda a efetiva e normal capacidade de financiamento de despesa com recursos próprios.
79
A regra de cálculo da RCL é dada no art. 2º, II, da LRF: A receita corrente líquida é o somatório das
receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, agropecuárias, industriais, de serviços,
transferências correntes e outras receitas também correntes, de forma consolidada, deduzidos:
a) na União, os valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal,
e as contribuições sociais do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada incidentes sobre a
folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos a qualquer título, bem como das
contribuições sociais do trabalhador e dos demais segurados da previdência social.
b) nos Estados, as parcelas entregues aos Municípios por determinação constitucional;
c) na União, nos Estados e nos Municípios, a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema
de previdência e assistência social e as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos
regimes de previdência social.
ESPECIFICAÇÃO
RECEITAS CORRENTES (I)
Receita Tributária
Receita de Contribuições
Receita Patrimonial
Receita Agropecuária
Receita Industrial
Receita de Serviços
Transferências Correntes
Outras Receitas Correntes
DEDUÇÕES (II)
Transferências Constitucionais e Legais
Contrib. Empregadores e Trab. para Seg. Social
Contrib. para o Plano de Previdência do
Servidor
Contrib. para o Custeio das Pensões Militares
Compensação Financ. entre Regimes
Previdência
Dedução de Receita para Formação do
FUNDEB
Contribuições para PIS/PASEP
RECEITA CORRENTE LÍQUIDA (III) = (I - II)
Especificamente para a União, as deduções são as seguintes:
a) valores transferidos aos Estados e Municípios por determinação constitucional ou legal;
b) contribuições sociais para a seguridade social do trabalhador e dos demais segurados da previdência
social;
c) contribuições sociais para a seguridade social do empregador, da empresa e da entidade a ela
equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos
ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício;
d) a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;
e) arrecadação decorrente das contribuições para o Programa de Integração Social – PIS e para o
Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP;
80
f) as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdência, na contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana.
Já nos Estados, as deduções são as seguintes:
a) as parcelas entregues aos Municípios, por determinação constitucional ou legal;
b) a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;
c) as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdência, na contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana.
d) deduções de receita para formação do FUNDEB
Na RCL dos Estados do Amapá e de Roraima, não serão considerados os recursos recebidos para
atendimento das despesas com pessoal a cargo da União prevista nos incisos XIII e XIV do art. 21 da
Constituição e no art. 31 da Emenda Constitucional nº 19.
Nos Municípios, as deduções são essas:
a) a contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência;
b) as receitas provenientes da compensação financeira dos diversos regimes de previdência, na contagem
recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana.
c) dedução de receita para formação do FUNDEB
Os Municípios de Rondônia, por força do Parecer Prévio nº 177/2003, emitido pelo Tribunal de Contas
podem deduzir ainda alguns recursos repassados pela União, para atender programas, tais como Saúde da
Família e Agentes Comunitários de Saúde, utilizados para pagamento de pessoal contratados por prazo
determinado para exercer atividades exclusivas a esses programas. Assim, mesmo que os Municípios
sejam encarregados de implementar os aludidos programas, os dispêndios com pessoal a eles
relacionados devem impactar somente a despesa com pessoal da União. Da mesma forma, os recursos
repassados aos Municípios com esse fim não podem ser computados na receita corrente líquida dos
mesmos. O entendimento é de que tais recursos não integram a receita corrente líquida e a despesa com
pessoal dos Municípios.
Mês a mês, a receita corrente liquida será apurada não por seu resultado apenas – ou resumido – do
exercício, mas de forma anualizada, somando-se as receitas arrecadadas no mês da apuração – em
referência, aos 11 imediatamente anteriores. Isso porque também dessa forma será apurada a despesa
total com pessoal e de maneira similar – ao final de cada quadrimestre – se fará a apuração do montante
da dívida consolidada, estas duas últimas referenciadas àquela. Dá-se uniformidade aos valores
acumulados, neutralizando-se, dessa forma, os efeitos da sazonalidade anual do comportamento das
receitas e despesas.
81
4. A Despesa Pública na Gestão Fiscal
Todo o texto da LRF é construído com a intenção de se evitar o endividamento público, pois a referida
lei surgiu em face aos grandes déficits públicos e ao acúmulo de dívidas resultante deles. As dificuldades
de gestão dos recursos públicos vinham-se arrastando de um governo a outro. Assim, se viam obrigados
a recorrer repetidas vezes aos endividamentos para cobrir as deficiências orçamentárias, submetendo-se a
altos juros para continuar financiando sua dívida. Isto resultava, conseqüentemente, na incerteza de
saldar os compromissos assumidos.
Com as regras impostas pela LRF, todo o gasto público está atrelado à arrecadação das receitas; além do
mais, caso haja frustração das receitas programadas para bimestre importará na limitação dos empenhos,
proporcional à queda de arrecadação.
Fora fixado pela LRF limites para o montante da dívida, limites e condições para o aumento de gastos
com as despesas de pessoal, de seguridade social, e despesas relativas às ações continuadas. Em relação
a essas variáveis cruciais das finanças públicas, consagram-se não só os limites máximos existentes, mas
introduzem-se também os respectivos limites prudenciais. Ademais, institui-se o mecanismo de
compensação compulsório para todo ato que implique aumento permanente de despesa, seja pela criação
de receita, seja pelo corte de gasto equivalente, sob pena do ato ser considerado nulo.
Há ainda diversos dispositivos que regulam a atuação dos governantes no último ano de mandato. Nesse
sentido, a LRF estabelece limitações mais rígidas a serem observadas nos últimos oito meses que
antecedem o final do mandato, relativamente às regras gerais para as despesas de pessoal, inscrição em
restos a pagar, contratação de operações de crédito por antecipação de receita orçamentária.
Destaca-se, ainda, a necessidade de se planejar adequadamente as despesas, a partir do PPA, prestando
os serviços necessários à população, porém mantendo equilíbrio tão necessário entre receitas e despesas.
A LRF dedicou o Capítulo IV para estabelecer regras e controle para a despesa pública, cujos pontos
mais importantes serão objetos de comentário a seguir.
4.1. Geração da Despesa
Segundo o Art. 15, serão consideradas não autorizadas, irregulares e lesivas ao patrimônio público a
geração de despesa ou assunção de obrigação que não atendam o disposto nos Arts. 16 e 17, que
basicamente são: a) exigência, para a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental que
acarrete aumento da despesa, da estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que
deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; b) declaração do ordenador de despesa de que o aumento
tem adequação orçamentária e financeira com a LOA e compatibilidade com o PPA e com a LDO; c)
demonstração da origem de recursos para seu custeio; comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultados fiscais, previstas no AMF, devendo seus efeitos financeiros
nos períodos seguintes ser compensados pelo aumento permanente de receita e redução permanente de
despesa; e, d) existência de prévia dotação orçamentária.
Eis o Art. 16 da LRF:
Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:
I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade
com o plano plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se:
82
I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites
estabelecidos para o exercício;
II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.
§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para:
I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras; II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.
O demonstrativo do impacto orçamentário-financeiro para a despesa nova deverá estar acompanhada das
premissas e metodologia de cálculo utilizadas.
As despesas irrelevantes poderão ficar de fora dessas obrigatoriedades, desde que disciplinadas pela
LDO. Essa irrelevância pode ser, por exemplo, quanto o valor não atingir licitação.
As exigências previstas para a geração da despesa é prévia condição para empenho e licitação de
serviços, fornecimento de bens ou execução de obras, como também para desapropriação de imóveis
urbanos.
4.1.2. Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
Diz o Art. 17 da LRF que: considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de
lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua
execução por um período superior a dois exercícios.
Nota-se que o dispositivo legal, referente à despesa obrigatória de caráter continuado, se aplica à despesa
corrente, que emana de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo, que é condição para
caracterizar-se uma despesa obrigatória. Trata-se de uma despesa atinente à manutenção e operação de
serviços.
Outra característica, de ser uma despesa continuada, é que a Administração fica vinculada a executá-la
por um período superior a dois exercícios, o que exige recursos suficientes para suportá-la; assim, a LRF
exige mecanismo compensatório, quer seja incrementando receitas ou diminuindo despesas.
Convém transcrever o que consta dos parágrafos do Art. 17 relacionado ao assunto:
§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art.
16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.
§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou aumentada não afetará as
metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser
compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.
§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de
cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.
§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo
do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.
§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o
instrumento que a criar ou aumentar.
§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que
trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.
83
Portanto, no surgimento da despesa obrigatória de caráter continuado, deverá: ser demonstrado o
impacto orçamentário-financeiro para o exercício em que deva entrar em vigor e para os dois
subseqüentes; apresentar comprovação, na forma exigida pelo §4º, de que a despesa criada ou aumentada
não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo de metas fiscais, devendo seus efeitos
financeiros, nos períodos seguintes ser compensado pelo aumento permanente de receita ou pela redução
permanente de despesa (na forma do §3º).
Tal despesa não poderá ser executada antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais
integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.
As exceções destas obrigatoriedades se referem às despesas destinadas ao serviço da dívida e ao
reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.
Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado, sujeitando-se as
mesmas exigências.
4.2. As Despesas com Pessoal: cenário, definições, limites e controle
Em épocas passadas, mais evidente na década de 80 e no início da década de 90, o desequilíbrio fiscal
era exorbitante; o rombo era coberto pela emissão descontrolada de moeda e títulos públicos,
responsáveis em grande parte pela astronômica inflação e aumento desenfreado da dívida pública
daquele período. O Brasil tinha nas três esferas de governo (União, Estados e Municípios)
aproximadamente oito milhões de servidores públicos. Para a manutenção da folha de pagamento desse
efetivo o Estado gastava mais do que arrecadava dos contribuintes e não sobrava quase nada para os
investimentos (construção de hospitais, pontes, estradas, moradias etc.).
É evidente que as despesas com pessoal devem se limitar apenas ao suficiente para a implementação das
políticas públicas, mas, em virtude de distorção acumulada por décadas e décadas, tais despesas
chegaram a alcançar percentuais inacreditavelmente elevados, comprometendo, em alguns casos, quase
todos os recursos arrecadados pelo ente federativo ou por seus órgãos. Assim, surgiu a necessidade da
administração pública promover ajustes em suas contas, no sentido de patrocinar um crescimento
econômico sustentável.
A partir de promulgação da atual Constituição começa a surgir a inversão daquele cenário fiscal. Com a
inserção de dispositivo de controle de gasto com pessoal na Carta Política, observa-se a partir de então os
efeitos do novo dispositivo.
O Art. 169 da CF assevera que: A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar.
Na reforma administrativa em 1998, a Emenda n º 19 alterou a CF, dando nova redação aos parágrafos
do art. 169, tornando mais rígido, ainda, o controle dos gastos com pessoal na Administração Pública,
autorizando o administrador a demitir, se necessário, até mesmo o servidor estável, para cumprimento do
limite estabelecido em lei complementar, quando verificado o excesso do quadro provocador do inchaço
da folha de pagamento. Eis a transcrição completa do texto constitucional já com as alterações:
Art. 169 A despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os
limites estabelecidos em lei complementar.
§ 1º A concessão de qualquer vantagem ou aumento de remuneração, a criação de cargos, empregos e funções ou alteração de
estrutura de carreiras, bem como a admissão ou contratação de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e entidades da administração
direta ou indireta, inclusive fundações instituídas e mantidas pelo poder público, só poderão ser feitas: (Renumerado do parágrafo único,
pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
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I - se houver prévia dotação orçamentária suficiente para atender às projeções de despesa de pessoal e aos acréscimos dela
decorrentes; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
II - se houver autorização específica na lei de diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empresas públicas e as sociedades de
economia mista. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 2º Decorrido o prazo estabelecido na lei complementar referida neste artigo para a adaptação aos parâmetros ali previstos, serão
imediatamente suspensos todos os repasses de verbas federais ou estaduais aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios que não
observarem os referidos limites. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com base neste artigo, durante o prazo fixado na lei complementar referida no
caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes providências: (Incluído pela Emenda Constitucional
nº 19, de 1998)
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
II - exoneração dos servidores não estáveis. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo anterior não forem suficientes para assegurar o cumprimento da determinação da
lei complementar referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o cargo, desde que ato normativo motivado de cada um dos
Poderes especifique a atividade funcional, o órgão ou unidade administrativa objeto da redução de pessoal. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo anterior fará jus a indenização correspondente a um mês de remuneração
por ano de serviço. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos anteriores será considerado extinto, vedada a criação de cargo, emprego ou
função com atribuições iguais ou assemelhadas pelo prazo de quatro anos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)
§ 7º Lei federal disporá sobre as normas gerais a serem obedecidas na efetivação do disposto no § 4º. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 19, de 1998)
Primeiramente surgiu a Lei Complementar nº 82, de 27 de março de 1995 – Lei Camata I - que instituiu
o controle de gastos do governo, estabelecendo, dentre outras disposições, limites de gastos de pessoal
para as três esferas administrativas, incorporando o desejo do constituinte ao escrever o caput artigo 169
da Constituição Federal.
Visando aperfeiçoar a Lei Complementar nº 82, o Congresso Nacional a substituiu pela Lei
Complementar n º 96, de 31 de maio de 1999 (Lei Camata II), embrionária da Lei de Responsabilidade
Fiscal, que dentre outras novidades, reduziu o limite de gasto global com pessoal do Governo Federal
para 50% da Receita Corrente Líquida (RCL). A Lei anterior o fixava em 60%, embrionária da Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Tal Lei Complementar já previa a limitação de gasto com pessoal na administração pública, sem, no
entanto, indicar claramente quais medidas corretivas a adotar, caso fosse ultrapassado o limite, bem
como inexistia, de modo explícito, sanções para os infratores de tais medidas de responsabilidade fiscal.
Percebeu-se também que o dispositivo era inócuo, uma vez que, sendo tal limite, global aos três Poderes
(Executivo, Legislativo e Judiciário), o controle do gasto não seria eficiente, levando-se em consideração
que sendo os Poderes independentes, uma medida administrativa adotada por um não obrigava aos
demais a cumpri-la. Ora, toda vez que havia necessidade de adequação dos gastos com pessoal em
obediência ao limite, o ônus recaía integralmente sobre o Poder Executivo, o qual é o responsável pela
arrecadação de receitas e adoção de políticas de ajuste fiscal. Essa mazela ia de encontro à harmonia que
deve existir entre eles.
A LRF veio aperfeiçoar e disciplinar a geração das despesas públicas, adequando-a a uma gestão
financeira correta, transparente e honesta, procurando corrigir vícios que se acumularam ao longo dos
anos, principalmente através do descontrole e excesso de quadro de pessoal. A referida lei trouxe
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também importante inovação quanto à repartição entre os Poderes dos limites globais de gasto de pessoal
atribuídos a cada esfera de governo.
Essa inovação deu a cada gestor a responsabilidade de administrar os gastos sob sua responsabilidade,
sem a necessidade de preocupar-se com a situação orçamentária dos demais, haja vista, o descolamento
dos limites de gasto dado pela nova regra. Assim, os irresponsáveis não agirão em detrimento dos mais
austeros, como acontecia antes, quando sabiam que o ônus do corte era repartido entre todos, mas, no
entanto, sendo efetivado pelos órgãos menos corporativistas. Previu, ainda, medidas punitivas para
aqueles que a infringirem.
A LRF trouxe em seu texto instrumentos de controle tempestivo, para que seja feita a promoção e
manutenção do controle fiscal, inovando ao criar punições para as infrações cometidas pelos gestores ao
descumprirem o que determina. Vai mais além, haja vista, que esse controle tempestivo não é
temporário. Deve ser instrumento de controle permanente das contas públicas.
Aperfeiçoou-se o limite de gasto com pessoal da União (50% da RCL), dividindo-o proporcionalmente
entre os três Poderes e corrigindo a deficiência de harmonia do ônus do corte de gasto com pessoal,
quando necessário. De igual modo fazendo aos Estados e Municípios (60% da RCL).
Avançou ainda mais ao criar o Relatório de Gestão Fiscal, instrumento que tem por finalidade
acompanhar, fiscalizar e dar transparência às atividades financeiras do Estado. Portanto, fica claro que,
considerando as despesas com pessoal como principal gasto corrente dos entes da federação, o controle
tempestivo (quadrimestral), exercido pelos Relatórios de Gestão Fiscal, é condição fundamental para o
alcance e manutenção do equilíbrio fiscal das contas do governo.
Na Lei de Responsabilidade Fiscal, as definições e os limites das despesas com pessoal constam de seus
artigos 18 a 20. Seu conceito consta do artigo 18. Para melhor entendimento, transcreveremos abaixo tais
artigos completos, para em seguida tecer alguns comentários:
Seção II
Das Despesas com Pessoal
Subseção I
Definições e Limites
Art. 18. Para os efeitos desta Lei Complementar, entende-se como despesa total com pessoal: o somatório dos gastos do ente da
Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de
membros de Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens, fixas e variáveis, subsídios, proventos da
aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como
encargos sociais e contribuições recolhidas pelo ente às entidades de previdência.
§ 1o Os valores dos contratos de terceirização de mão-de-obra que se referem à substituição de servidores e empregados públicos
serão contabilizados como "Outras Despesas de Pessoal".
§ 2o A despesa total com pessoal será apurada somando-se a realizada no mês em referência com as dos onze imediatamente
anteriores, adotando-se o regime de competência.
Art. 19. Para os fins do disposto no caput do art. 169 da Constituição, a despesa total com pessoal, em cada período de apuração e
em cada ente da Federação, não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida, a seguir discriminados:
I - União: 50% (cinqüenta por cento);
II - Estados: 60% (sessenta por cento);
III - Municípios: 60% (sessenta por cento).
§ 1o Na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as despesas:
I - de indenização por demissão de servidores ou empregados;
II - relativas a incentivos à demissão voluntária;
III - derivadas da aplicação do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;
IV - decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração a que se refere o § 2o do art. 18;
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V - com pessoal, do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeadas com recursos transferidos pela União na forma
dos incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;
VI - com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes:
a) da arrecadação de contribuições dos segurados;
b) da compensação financeira de que trata o § 9o do art. 201 da Constituição;
c) das demais receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação de bens,
direitos e ativos, bem como seu superávit financeiro.
§ 2o Observado o disposto no inciso IV do § 1o, as despesas com pessoal decorrentes de sentenças judiciais serão incluídas no limite
do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
Art. 20. A repartição dos limites globais do art. 19 não poderá exceder os seguintes percentuais:
I - na esfera federal:
a) 2,5% (dois inteiros e cinco décimos por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas da União;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 40,9% (quarenta inteiros e nove décimos por cento) para o Executivo, destacando-se 3% (três por cento) para as despesas com
pessoal decorrentes do que dispõem os incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da Emenda Constitucional no 19, repartidos
de forma proporcional à média das despesas relativas a cada um destes dispositivos, em percentual da receita corrente líquida, verificadas
nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores ao da publicação desta Lei Complementar;
d) 0,6% (seis décimos por cento) para o Ministério Público da União;
II - na esfera estadual:
a) 3% (três por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Estado;
b) 6% (seis por cento) para o Judiciário;
c) 49% (quarenta e nove por cento) para o Executivo;
d) 2% (dois por cento) para o Ministério Público dos Estados;
III - na esfera municipal:
a) 6% (seis por cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver;
b) 54% (cinqüenta e quatro por cento) para o Executivo.
§ 1o Nos Poderes Legislativo e Judiciário de cada esfera, os limites serão repartidos entre seus órgãos de forma proporcional à média
das despesas com pessoal, em percentual da receita corrente líquida, verificadas nos três exercícios financeiros imediatamente anteriores
ao da publicação desta Lei Complementar.
§ 2o Para efeito deste artigo entende-se como órgão:
I - o Ministério Público;
II- no Poder Legislativo:
a) Federal, as respectivas Casas e o Tribunal de Contas da União;
b) Estadual, a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas;
c) do Distrito Federal, a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;
d) Municipal, a Câmara de Vereadores e o Tribunal de Contas do Município, quando houver;
III - no Poder Judiciário:
a) Federal, os tribunais referidos no art. 92 da Constituição;
b) Estadual, o Tribunal de Justiça e outros, quando houver.
§ 3o Os limites para as despesas com pessoal do Poder Judiciário, a cargo da União por força do inciso XIII do art. 21 da
Constituição, serão estabelecidos mediante aplicação da regra do § 1o.
§ 4o Nos Estados em que houver Tribunal de Contas dos Municípios, os percentuais definidos nas alíneas a e c do inciso II do caput
serão, respectivamente, acrescidos e reduzidos em 0,4% (quatro décimos por cento).
§ 5o Para os fins previstos no art. 168 da Constituição, a entrega dos recursos financeiros correspondentes à despesa total com
pessoal por Poder e órgão será a resultante da aplicação dos percentuais definidos neste artigo, ou aqueles fixados na lei de diretrizes
orçamentárias.
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No conceito da despesa com pessoal computam-se:
I- servidores públicos em atividade (ocupante de cargo, função ou emprego, quer seja permanente ou
transitório, estatutário ou celetista, civil ou militar);
II- inativos (aposentados, servidor em disponibilidade e o militar reformado);
III- pensionistas (dependentes de servidores falecidos);
IV- mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e membros de Poder.
Conforme o Art. 18, nas referidas despesas estão inclusas: vencimentos; vantagens físicas e variáveis;
subsídios; proventos de aposentadorias, reformas e pensões; adicionais; gratificações; horas extras;
vantagens pessoais de qualquer natureza; encargos sociais; e, contribuições recolhidas pelo ente às
entidades de previdência.
Nos termos do §1º, devem ser ainda contabilizadas como “outras despesas de pessoal” os valores dos
contratos de terceirização de mão-de-obra referentes à substituição de servidores e empregados públicos.
Neste caso, não se pode confundir as despesas com contratos de terceirização de empreitada ou locação
de serviços (obra, projeto, pesquisa, parecer, auditoria, bem como as atividades referentes à vigilância,
limpeza, assistência técnica etc.) com contratos de terceirização de mão-de-obra; naquela modalidade o
objeto é o resultado, não sendo, portanto, consideradas terceirização de mão-de-obra, desde que não haja
a pessoalidade e a subordinação, enquanto que nesta é a pessoa física (o empregado), havendo inclusive
pessoalidade e a subordinação, o que se encaixa no Art. 18, §1º da LRF.
As informações de pessoal deverão ser calculadas pelo valor total do grupo de natureza de despesa 1 –
Pessoal e Encargos Sociais, deduzidas as espécies indenizatórias, e por alguns elementos do grupo de
natureza de despesa 3 – Outras Despesas Correntes.
Conforme o Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume III, Relatório de Gestão Fiscal, 2ª edição,
aprovado pela Portaria STN nº 462/2009, o conceito de despesa bruta com pessoal inclui despesas de
natureza assistencial, salário-família, sentenças judiciais e despesas de exercícios anteriores (referentes
ao período de apuração), que serão registradas em Pessoal Ativo ou em Pessoal Inativo e Pensionistas,
conforme o caso.
São exemplos de despesas de natureza assistencial o auxílio-funeral, o auxílio-natalidade, o auxílio-
creche ou a assistência pré-escolar, o auxílio-invalidez, o abono de permanência do servidor ativo, entre
outros benefícios assemelhados da assistência social definidos na legislação própria de cada ente da
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Federação, que devem ser registrados no Grupo de Natureza de Despesa 1 – Pessoal e Encargos Sociais;
elemento de despesa 8 – Outros Benefícios Assistenciais. O auxílio-reclusão não compõe os benefícios
assistenciais, por tratar-se de benefício previdenciário.
Não devem ser consideradas, no cálculo da despesa bruta com pessoal, as espécies indenizatórias, tais
como ajuda de custo, diárias, auxílio-transporte, auxílio-moradia e auxílio-alimentação. As despesas
indenizatórias são aquelas cujo recebimento possui caráter eventual e transitório, em que o Poder Público
é obrigado a oferecer contraprestação por despesas extraordinárias não abrangidas pela remuneração
mensal e realizadas no interesse do serviço, razão pelas quais as indenizações não se incorporam ao
vencimento ou provento para qualquer efeito.
O §2º trata do período de apuração da despesa com pessoal, sendo tal período apurado no lapso de um
ano, compreendendo o mês em referência e os onze imediatamente anteriores, portanto, não se considera
o ano civil. Neste caso, em qualquer mês em que se levante a despesa total com pessoal, terão de ser
levados em consideração também os onze meses anteriores. O regime de competência mencionado no
final do referido dispositivo se refere à competência patrimonial (contábil) e não a competência
orçamentária (empenho da despesa), significando que deverá ser computada a despesa com pessoal de
cada mês, independentemente de estar empenhada.
O Art. 19 estabelece para cada esfera de governo o limite de despesa com pessoal, tendo a receita
corrente líquida como parâmetro, que é 50% para a União e 60% para Estados e Municípios.
O §1º do Art. 19 exclui do limite certas despesas com pessoal, tais como:
a) de indenização por demissão de servidores ou empregados, quando ocorrer a necessidade de redução
da despesa com pessoal por ter ultrapassado o limite, após o gestor ter tomado as medidas previstas no
§3º (redução em pelo menos 20% das despesas com cargos em comissão e funções de confiança e
exoneração dos não-estáveis), bem como dispensa sem justa causa de servidor celetista, conforme prevê
a CLT;
b) relativas a incentivos à demissão voluntária;
c) no caso de convocação extraordinária do Congresso Nacional – esta alínea tornou-se inócua pois está
vetada a possibilidade de parcela indenizatória, em razão da convocação, conforme Art. 57, § 7º, da CF,
com a redação dada pela Emenda Constitucional nº 50, de 2006;
d) decorrente de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração do mês de
referência e dos onze anteriores;
e) despesas com pessoal do Distrito Federal e dos Estados do Amapá e Roraima, custeados com recursos
transferidos da União, por ser desta a competência, conforme incisos XIII e XIV do Art. 21 da CF e do
Art. 31 da EC nº 19/98;
f) com inativos, ainda que por intermédio de fundo específico, custeadas por recursos provenientes: da
arrecadação de contribuições dos segurados; da compensação financeira entre os entes; das demais
receitas diretamente arrecadadas por fundo vinculado a tal finalidade, inclusive o produto da alienação
de bens, direitos e ativos, bem como superávit financeiro.
Por sua vez, o art. 20 reparte os limites globais fixados no art. 19, determinando percentuais em nível de
Poder ou órgão nas esferas federal, estadual e municipal.
Os Arts. 21 a 23 tratam acerca do controle da despesa total com pessoal, conforme transcritos abaixo:
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Subseção II
Do Controle da Despesa Total com Pessoal
Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:
I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Constituição;
II - o limite legal de comprometimento aplicado às despesas com pessoal inativo.
Parágrafo único. Também é nulo de pleno direito o ato de que resulte aumento da despesa com pessoal expedido nos cento e oitenta dias
anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão referido no art. 20.
Art. 22. A verificação do cumprimento dos limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será realizada ao final de cada quadrimestre.
Parágrafo único. Se a despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão
referido no art. 20 que houver incorrido no excesso:
I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou
de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição;
II - criação de cargo, emprego ou função;
III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa;
IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança;
V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de
diretrizes orçamentárias.
Art. 23. Se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem
prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos
um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169 da Constituição.
§ 1o No caso do inciso I do § 3o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado tanto pela extinção de cargos e funções
quanto pela redução dos valores a eles atribuídos. (Vide ADIN 2.238-5)
§ 2o É facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos vencimentos à nova carga horária.(Vide ADIN 2.238-5)
§ 3o Não alcançada a redução no prazo estabelecido, e enquanto perdurar o excesso, o ente não poderá:
I - receber transferências voluntárias;
II - obter garantia, direta ou indireta, de outro ente;
III - contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das
despesas com pessoal.
§ 4o As restrições do § 3o aplicam-se imediatamente se a despesa total com pessoal exceder o limite no primeiro quadrimestre do último
ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão referidos no art. 20.
O Art. 21 deixa claro que é nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e
não atenda as exigências dos Arts. 16 e 17, que basicamente são:
- exigência, para a criação, expansão ou aperfeiçoamento da ação governamental que acarrete aumento
da despesa, da estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor
e nos dois subseqüentes;
- declaração do ordenador de despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a
LOA e compatibilidade com o PPA e com a LDO;
- demonstração da origem de recursos para seu custeio; comprovação de que a despesa criada ou
aumentada não afetará as metas de resultados fiscais, previstas no AMF, devendo seus efeitos financeiros
nos períodos seguintes ser compensados pelo aumento permanente de receita;
- existência de prévia dotação orçamentária;
- obediência ao limite legal de comprometimento aplicado às despesas líquida com pessoal inativo, que
conforme a Lei nº 9.717/98, é de 12% da RCL, sendo que tal despesa líquida é calculada pela diferença
entre a despesa total com pessoal inativo e pensionistas dos RPPS’s de cada ente e a contribuição dos
respectivos segurados.
Restrição das mais importantes quanto ao aumento dos gastos com pessoal consta do Parágrafo único
do Art. 21 da LRF, imputando nulidade de pleno direito ao ato de que resulte aumento da despesa
90
com pessoal nos 180 dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão
referido no Art.20.
Neste caso, a Lei Fiscal visa impedir que, em fim de mandato, o governante pratique atos que aumentem
o total de despesa com pessoal, comprometendo o orçamento subseqüente ou até mesmo superando o
limite imposto pela lei, deixando para o sucessor a obrigação de adotar as medidas cabíveis para alcançar
o ajuste.
Em evento realizado sobre transição de mandato, nos dias 04.04.2008 (Ji-Paraná) e 14.11.2008 (Porto
Velho), o Procurador do Ministério Público de Contas, Dr. Paulo Curi Neto, expôs seu entendimento
sobre tal regra, cujos pontos principais tomamos por base para comentarmos este dispositivo.
Primeiramente é bom frisar que a irregularidade não se caracteriza pelo aumento nominal da despesa
com pessoal, e sim pelo aumento corrente; melhor explicando: a base de cálculo é a RCL, assim, é
possível a despesa com pessoal no período restritivo elevar-se proporcionalmente em relação à RCL,
conquanto esta possa permitir, dando margem para isso.
Caso ocorra um aumento da despesa com pessoal nesse período em decorrência da queda da RCL,
também não caracteriza o ilícito, pois o fato não decorreu de um ato praticado pelo gestor. Apenas se a
redução da receita corrente líquida estiver combinada com o aumento de gasto com pessoal em números
correntes é que estará caracterizada a infração à norma legal.
Ainda nos termos do entendimento bem embasado do ilustre Procurador, para se determinar se ocorreu
ou não o aumento, é imprescindível comparar o gasto com pessoal após um ano do início da execução da
nova despesa, com a despesa com pessoal que toma como referência o mês que antecede o início dos tais
180 dias. O mês que antecede o início do período sujeito à restrição (5 de julho até 31 de dezembro) é o
de junho. Esse, portanto, é o “mês em referência 12”.
Assim, o ato praticado entre 5 de julho e 31 de dezembro do último ano do mandato que resulte em
aumento de despesa com pessoal neste período ou ulteriormente, comparativamente à despesa com
pessoal tendo como referência do mês de junho, é nulo.
O cálculo da despesa com pessoal é realizado sempre levando em conta o período de 12 meses (mês em
referência e os 11 anteriores). Desse modo, na verificação do cumprimento do limite não basta que se
proceda apenas ao levantamento de gasto com pessoal tomando como referência o mês de dezembro do
último ano do mandato. Como a despesa com pessoal proveniente do ato editado nos últimos 180 dias do
mandato tende a se repetir mensalmente, a constatação definitiva da consumação ou não do aumento está
condicionada à aferição que considere ao menos 12 meses dessa despesa.
Eis a transcrição do exemplo proposto pelo Nobre Procurador:
No Município “A” foi editada lei no período sob restrição concedendo aumento a uma categoria de servidores municipais a partir do mês
de setembro do último ano do mandato. O controle da observância do limite em debate será efetuado da seguinte forma: após
transcorridos 12 meses de execução dessa despesa – em agosto do exercício seguinte – faz-se levantamento da despesa com pessoal, o qual
deverá ser confrontado com a despesa com pessoal cuja referência é o mês de junho do último ano do mandato.
Importante mencionar que, na apuração realizada em agosto, devem ser expurgadas da despesa com pessoal, para fins do controle do
presente limite, aquelas que resultam de atos praticados após o encerramento do mandato. Assim, v.g, novos aumentos concedidos na
gestão seguinte devem ser excluídos no momento em que se apura a observância do art. 21, parágrafo único.
Se, no exemplo dado, o percentual da despesa com pessoal que toma como referência o mês de agosto for igual ou inferior ao percentual
da despesa que toma como referência o mês de junho do último ano do mandato, terá havido observância ao art. 21, parágrafo único, da
Lei Complementar nº 101. Do contrário, se o percentual for superior, consumado estará o descumprimento dessa norma.
Se a despesa resultante de ato emitido no período sob restrição tiver a duração inferior a 12 meses, por razões óbvias, o levantamento deve
ocorrer no último mês em que essa despesa for executada.
91
Existem exceções ao limite em exame, apesar de não expressas, que são:
- Pagamento de Professores em efetivo exercício do magistério com recursos do FUNDEB – neste caso,
ainda que concedido por força de lei aprovada nos últimos 180 dias do mandato, que intente assegurar o
cumprimento da determinação constitucional, não se sujeita à vedação do parágrafo único do art. 21, em
razão da supremacia da constituição sobre a LRF;
- Em caso de contratação em decorrência de calamidade pública – este fato, consoante o art. 65, I, da Lei
Complementar nº 101/00, suspende a contagem do prazo previsto para o reenquadramento da despesa
com pessoal ao limite (art. 23);
- Crescimento vegetativo da folha – são as vantagens pessoais dos servidores (anuênios, qüinqüênios)
que derivam de legislação constitucional ou legal anterior à LRF. Materializam elas o chamado
crescimento vegetativo da folha salarial. Nesse caso, não há ato voluntário, discricionário do ordenador
da despesa; ele está, na verdade, vinculado a direito anterior.
- Contratação de pessoal por prazo determinado para atender programas da União - Alguns programas da
União, e.g., saúde da família e agentes comunitários, são executados com recursos dessa pessoa política
pelos Municípios. Trata-se de matérias sujeitas à competência da União. Assim, mesmo que os
Municípios sejam encarregados de implementar os aludidos programas, os dispêndios com pessoal a eles
relacionados devem impactar somente a despesa com pessoal da União. Da mesma forma, os recursos
repassados aos Municípios com esse fim não podem ser computados na receita corrente líquida dos
mesmos. O entendimento de que tais recursos não integram a receita corrente líquida e a despesa com
pessoal dos Municípios já foi assentado por esta Corte, por meio do Parecer Prévio nº 177/03.
- Decisão Judicial - o incremento de despesa com pessoal ocasionado por decisão judicial, ainda que
concretizado nos últimos 180 dias do mandato, não está sujeito à vedação do art. 21, parágrafo único.
Como sanções, o gestor que descumprir a determinação emanada do citado dispositivo, poderá ser
enquadrado no 359-G do Código Penal, cuja pena é a reclusão de 1 a 4 anos, como também o ato
inquinado, por disposição expressa do art. 21, parágrafo único, “é nulo de pleno direito”. Poderá ainda
ter suas contas reprovadas pelo Tribunal de Contas, sujeitando-se a elevada multa e ficar inelegível por
um longo período.
Conforme o Art. 22, a verificação do cumprimento do limite tem de ser feita a cada quadrimestre,
podendo ser verificado a qualquer mês do ano, uma vez que a despesa com pessoal será sempre apurada
somando-se a realizada no mês em referência com as onze imediatamente anteriores. A demonstração é
levada a efeito por meio do anexo denominado Demonstrativo da Despesa com Pessoal, que compõe o
Relatório de Gestão Fiscal, que deve ser elaborado e publicado quadrimestralmente.
Ressalta-se que, por força do Art. 59 da LRF, o monitoramento do cumprimento do limite deverá ser de
responsabilidade do sistema de controle interno, bem como do controle externo (Poder Legislativo e
Tribunal de Contas).
Conforme Parágrafo único do citado artigo, caso a despesa com pessoal exceder 95% do limite, o Poder
ou órgão fica sujeito às cinco vedações contida no mesmo. Porém, cabe observar que existem exceções
quanto às vedações do inciso I, que são:
a) quando o benefício resultar de sentença judicial (princípio da segurança jurídica da coisa
julgada);
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b) quando resultar de determinação legal, ou seja, a vedação refere-se à concessão de novas
vantagens aos servidores (aumento, reajuste, adequação a qualquer título), porém não impede o
pagamento daquelas já asseguradas por lei (adicionais por tempo de serviço, adicional de férias,
adicional noturno, dentre outras);
c) quando resultar de contrato (refere-se a contratos de terceirização de mão-de-obra);
d) quando for em decorrência de revisão anual de vencimentos ou subsídios, conforme determina o
Art. 37, X, da CF.
A proibição expressa no inciso II se trata da proibição da criação de cargo, emprego ou função no
período restritivo, devendo ser entendido como provimento de cargo público, uma vez que a simples
criação do cargo não implica em aumento da despesa com pessoal.
O inciso III veda a alteração da estrutura de carreira que implique aumento da despesa com pessoal,
neste caso, caso não haja aumento, não se pode falar em proibição.
A proibição que consta no inciso IV está bem clara, referente à proibição de provimento de cargo
público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de
aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança.
A restrição contida no inciso V veda a contratação de hora extra, com as exceções referentes ao
pagamento de sessões extraordinárias no período de recesso parlamentar, o que já caiu com a EC nº
50/2006 comentada linhas atrás, bem como quando a LDO prevê as situações de novas despesas com
pessoal consideradas prioritárias.
O Art. 23 determina a forma e prazo de adaptação ao teto máximo quando a despesa total com
pessoal, do Poder ou órgão ultrapassá-lo, que é a redução do percentual excedente nos dois
quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
providências previstas nos §§ 3o e 4
o do art. 169 da Constituição, já referidas anteriormente, que são:
redução em pelo menos vinte por cento das despesas com cargos em comissão e funções de confiança;
exoneração dos servidores não estáveis; e, exoneração do servidor estável, caso as medidas anteriores
não forem suficientes.
Cabe observar que os municípios que publicam o Relatório de Gestão Fiscal semestralmente, por
possuírem população abaixo de 50 mil habitantes (conforme Art. 63, II), se ultrapassarem os limites
relativos à despesa total com pessoal ou à dívida consolidada, enquanto perdurar esta situação, ficarão
sujeitos aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite definidos para os demais entes, ou seja,
deverão elaborar e divulgar o RGF quadrimestralmente, nos dois quadrimestres de adequação.
Diz o § 1o do Art. 23 que, no caso do inciso I do § 3
o do art. 169 da Constituição, o objetivo poderá ser
alcançado tanto pela extinção de cargos e funções quanto pela redução dos valores a eles atribuídos.
Também no §2º consta que é facultada a redução temporária da jornada de trabalho com adequação dos
vencimentos à nova carga horária, sendo ambos os dispositivos objetos de Ação Direta de
Inconstitucionalidade por meio da ADIN 2.238-5 e ADIN 2.238-5, respectivamente. O que se questiona
nessas ADIN’s é a previsão de redução dos vencimentos, que é inconstitucional.
O § 3o apresenta uma sanção de cunho institucional ao ente que não se adequar ao limite no prazo
estabelecido, pois enquanto perdurar o excesso ele não poderá: I - receber transferências voluntárias; II -
obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito, ressalvadas as
destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução das despesas com pessoal.
Já o § 4o menciona que as restrições do § 3
o se aplicam imediatamente se a despesa total com pessoal
exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão.
Isto significa que nesse período o ente não terá o prazo tolerável dos dois quadrimestres para se adequar
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ao limite legal, pois já está sujeito às sanções institucionais, principalmente não podendo receber
transferências voluntárias.
4.3. As despesas com a Seguridade Social
Determina o Art. 24 da LRF que nenhum benefício ou serviço relativo à seguridade social poderá ser
criado, majorado ou estendido sem a indicação da fonte de custeio total, nos termos do § 5o do art. 195
da Constituição, atendidas ainda as exigências do art. 17. Tal dispositivo repete o que diz a CF no § 5o do
art. 195. A referida regra está direcionada à União, Estados e Municípios, que oferecem os benefícios da
seguridade social destinados aos servidores públicos e militares, ativos e inativos, como também aos
pensionistas.
Nos termos do Art. 194 da CF, combinado com o §2º do Art. 24, da LRF, a seguridade social se refere
aos benefícios ou serviços relativos à saúde, à previdência e à assistência social. No que tange à
previdência, sabe-se que existe o regime geral, de competência da União, como também o regime
próprio dos servidores públicos, de competência da União, Estados e Municípios. Ressalta-se que, não
tendo o Estado ou Município regime próprio de previdência, os servidores são amparados pelo regime
geral da União.
A intenção da LRF com mais esta disposição relacionada à despesa pública é evitar que seja concedida
vantagens ou benefícios sem que o Poder ou órgão demonstre a existência de recursos orçamentários
para atendê-la. Assim, além da fonte de custeio para suportar o benefício, terá de cumprir o que
determina o Art. 17 da referida lei, por enquadra-se como uma despesa obrigatória de caráter continuado,
que é: I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos
dois subseqüentes; II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação
orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano plurianual e com
a lei de diretrizes orçamentárias; III - comprovação de que a despesa não afetará as metas de resultados
fiscais previstas no anexo de metas fiscais, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes,
serem compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa; IV -
premissas e metodologia de cálculos utilizados.
Segundo o §1º do supracitado artigo, ficam dispensadas da compensação referida no Art. 17 (aumento
permanente de receita ou pela redução permanente de despesa) somente as seguintes situações:
I - concessão de benefício a quem satisfaça as condições de habilitação prevista na legislação pertinente
– ou seja, quando o benefício for concedido a quem já esteja abrangido pela lei, pois a intenção da LRF é
que sejam previstos em lei outros benefícios, majore o valor dos já existentes ou os conceda a outras
categorias anteriormente não alcançadas sem a devida previsão da respectiva fonte para seu custeio.
II - expansão quantitativa do atendimento e dos serviços prestados – refere-se à ampliação do
atendimento e dos serviços prestados, ficando isento da compensação da despesa referida no Art. 17.
III - reajustamento de valor do benefício ou serviço, a fim de preservar o seu valor real – trata-se do
aumento de um benefício ou serviço já existente, ficando também o responsável isento da compensação
referida.
4.4. Das Transferências Voluntárias: regras para a emissão e recebimento
A LRF dedicou capítulo exclusivo (Cap. V), para dispor acerca das transferências voluntárias,
conceituando-a no Art. 25 da seguinte forma:
Art. 25. Para efeito desta Lei Complementar, entende-se por transferência voluntária a entrega de recursos correntes ou de
capital a outro ente da Federação, a título de cooperação, auxílio ou assistência financeira, que não decorra de
determinação constitucional, legal ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
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Como se vê, em tal conceito de transferências voluntárias não se insere as entregas de recursos que
decorram de determinação constitucional (p. ex: FPM, FPE, ICMs, IPVA), legal (p. ex: Transferências
da Lei Complementar nº 87/96 - Lei Kandir, Transferências do FNDE como: Apoio à Alimentação
Escolar para Educação Básica, Apoio ao Transporte Escolar para Educação Básica, Programa
Brasil Alfabetizado, Programa Dinheiro Direto na Escola) ou os recursos destinados ao SUS.
Nos incisos do § 1o constam as condições para o ente que fará a realização das transferências voluntárias,
estando claro que, além dessas, poderá ter outras estabelecidas na sua LDO, como também os requisitos
para o ente beneficiário. As exigências são:
Para o ente transferidor
I - existência de dotação específica;
II - (VETADO)
Obs: exigia a formalização através de convênio entre os entes como uma das condições para a realização de transferências
voluntárias, o que não é mais necessário.
III - observância do disposto no inciso X do art. 167 da Constituição;
Obs: O dispositivo constitucional citado se refere à vedação de se transferir recursos voluntários, ou mesmo a realização de
operações de crédito, inclusive por antecipação de receitas para pagamento de despesas com pessoal Ativo, inativo e
pensionista dos Estados, DF e Municípios.
Para o ente beneficiário:
IV - comprovação, por parte do beneficiário, de:
a) que se acha em dia quanto ao pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente transferidor,
bem como quanto à prestação de contas de recursos anteriormente dele recebidos; b) cumprimento dos limites constitucionais relativos à educação e à saúde; c) observância dos limites das dívidas consolidada e mobiliária, de operações de crédito, inclusive por antecipação de
receita, de inscrição em Restos a Pagar e de despesa total com pessoal; d) previsão orçamentária de contrapartida.
O § 2o diz que é vedada a utilização de recursos transferidos em finalidade diversa da pactuada. Já o § 3
o
reza que, para fins da aplicação das sanções de suspensão de transferências voluntárias constantes desta
Lei Complementar, excetuam-se aquelas relativas a ações de educação, saúde e assistência social. É uma
restrição à aplicação dessa sanção institucional justa, pois a atuação nas áreas de educação, saúde e
assistência social é um dever da União, Estados e Municípios.
Por outro lado, a proibição do ente receber transferências voluntárias, considerada uma sanção
institucional, acha-se prevista nos seguintes trechos da LRF:
- Art. 11, parágrafo único – no caso do ente deixar de instituir, prever e efetivamente arrecadar os
impostos de sua competência;
- Art. 23, §3º, I – quando não alcançar o limite da despesa com pessoal ao final de cada quadrimestre
obrigado a se adequar;
- Art. 31, §2º - quando não cumprir o prazo para atingir o limite da dívida consolidada ao final de cada
quadrimestre;
- Art. 33, §3º - em caso de operação de crédito contratada por instituição financeira com ente da
Federação com inobservância das condições e limites estabelecidos em lei;
- Art. 51, §2º - quando o Estado ou Município não encaminhar à União suas contas, no prazo de até 30
de abril de cada ano, para fins de consolidação;
- Art. 52, §2º - quando não for apresentado o Relatório Resumido da Execução Orçamentária, até 30 dias
após o encerramento de cada bimestre;
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- Art. 52, §3º - quando deixar de publicar o Relatório de Gestão Fiscal, até trinta dias após o
encerramento do período a que corresponder;
- Art. 70, parágrafo único – quando o ente não obedecer o prazo de até dois exercícios posteriores ao da
publicação da LRF para cumprir o limite da despesa com pessoal.
5. Dívida Pública: definições
A LRF discorre, no Capítulo VII, sobre a dívida e o endividamento, apresentando conceitos, limites e
formas de controle, dentre outras observações importantes, a partir do Art. 29, que transcreveremos a
seguir:
Art. 29. Para os efeitos desta Lei Complementar, são adotadas as seguintes definições:
I - dívida pública consolidada ou fundada: montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações financeiras do
ente da Federação, assumidas em virtude de leis, contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito,
para amortização em prazo superior a doze meses; II - dívida pública mobiliária: dívida pública representada por títulos emitidos pela União, inclusive os do Banco
Central do Brasil, Estados e Municípios;
III - operação de crédito: compromisso financeiro assumido em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite
de título, aquisição financiada de bens, recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços,
arrendamento mercantil e outras operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros;
IV - concessão de garantia: compromisso de adimplência de obrigação financeira ou contratual assumida por ente da
Federação ou entidade a ele vinculada;
V - refinanciamento da dívida mobiliária: emissão de títulos para pagamento do principal acrescido da atualização
monetária.
§ 1
o Equipara-se a operação de crédito a assunção, o reconhecimento ou a confissão de dívidas pelo ente da Federação,
sem prejuízo do cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
§ 2
o Será incluída na dívida pública consolidada da União a relativa à emissão de títulos de responsabilidade do Banco
Central do Brasil.
§ 3
o Também integram a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas
receitas tenham constado do orçamento.
§ 4
o O refinanciamento do principal da dívida mobiliária não excederá, ao término de cada exercício financeiro, o
montante do final do exercício anterior, somado ao das operações de crédito autorizadas no orçamento para este efeito e
efetivamente realizadas, acrescido de atualização monetária.
Como se vê, a lei conceitua tudo o que caracteriza dívida pública, sendo a principal a denominada dívida
fundada ou consolidada, definida no inciso I. No entanto, entendemos que o conceito mais completo
sobre a referida dívida, acha-se contido na Resolução - nº 40, de 2001, do Senado Federal, que é:
A Dívida Consolidada – DC ou fundada corresponde ao montante total, apurado sem duplicidade, das obrigações
financeiras, inclusive as decorrentes de emissão de títulos do ente da Federação, assumidas em virtude de leis,
contratos, convênios ou tratados e da realização de operações de crédito para amortização em prazo superior a
12 (doze) meses, dos precatórios judiciais emitidos a partir de 5 de maio de 2000 e não pagos durante a execução
do orçamento em que houverem sido incluídos, e das operações de crédito, que, embora de prazo inferior a 12
(doze) meses, tenham constado como receitas no orçamento.
O conceito acima abrange as disposições inclusive do §3º do Art. 29, que é a possibilidade de integrarem
a dívida pública consolidada as operações de crédito de prazo inferior a doze meses cujas receitas
tenham constado do orçamento, como também do §7º do Art. 30 o qual determina que os precatórios
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judiciais não pagos durante a execução do orçamento em que houverem sido incluídos integram a dívida
consolidada, para fins de aplicação dos limites, com a ressalva dada pela referida Resolução aos
precatórios não incluídos, que são aqueles emitidos a partir da edição da LRF (5.5.2000).
Outra definição importante é sobre a dívida pública mobiliária, que vem a ser a dívida decorrente da
emissão de títulos por parte da União, Estados e Municípios.
5.1. Operações de Crédito: definições
Sobre o conceito de Operações de Crédito, além do já apresentado conforme a LRF, convém apresentar o
que diz a Resolução nº 43, de 2001, do Senado Federal:
Art. 3º Constitui operação de crédito, para os efeitos desta Resolução, os compromissos assumidos com credores situados no
País ou no exterior, em razão de mútuo, abertura de crédito, emissão e aceite de título, aquisição financiada de bens,
recebimento antecipado de valores provenientes da venda a termo de bens e serviços, arrendamento mercantil e outras
operações assemelhadas, inclusive com o uso de derivativos financeiros.
§ 1º Equiparam-se a operações de crédito: (NR) Renumeração dada pela Resolução nº 19, de 05/11/2003
I - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou indiretamente, a maioria do
capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da legislação;
II - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com fornecedor de bens, mercadorias ou
serviços, mediante emissão, aceite ou aval de títulos de crédito;
III - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a posteriori de bens e
serviços.
§ 2º Não se equiparam a operações de crédito: (AC) Redação dada pela Resolução nº 19, de 05/11/2003
I - assunção de obrigação entre pessoas jurídicas integrantes do mesmo Estado, Distrito Federal ou Município, nos termos
da definição constante do inciso I do art. 2º desta Resolução; (AC) Redação dada pela Resolução nº 19, de 05/11/2003
II - parcelamento de débitos preexistentes junto a instituições não-financeiras, desde que não impliquem elevação do
montante da dívida consolidada líquida. (AC) Redação dada pela Resolução nº 19, de 05/11/2003
Ressalta-se que a caracterização mais comum de uma operação de crédito é o mútuo, que são todos os
tipos de empréstimos. As demais, elencadas no caput do Art. 3, como nos incisos dos §§ 1º e 2º, por mais
que fujam desta peculiaridade, a legislação resolveu assim considerá-las.
5.2. Dívida Pública e Operações de Crédito (inclusive por Antecipação de Receita): limites e
controle
Em seguida, a LRF dispõe sobre os limites da dívida pública e das operações de crédito, informando no
Art. 30, que, no prazo de noventa dias após a sua publicação, o Presidente da República submeteria ao
Senado Federal proposta de limites globais para o montante da dívida consolidada da União, Estados e
Municípios, como também dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito,
concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno e estabelecer limites globais e
condições para o montante da dívida mobiliária desses entes.
Menciona no § 3° que os referidos limites seriam fixados em percentual da receita corrente líquida para
cada esfera de governo e aplicados igualmente a todos os entes da Federação que a integrem,
constituindo, para cada um deles, limites máximos. E que, para fins de verificação do atendimento do
limite, a apuração do montante da dívida consolidada seria efetuada ao final de cada quadrimestre (§4°).
O Senado Federal, através da Resolução nº 40/2001, fixou os seguintes limites para a dívida consolidada:
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Art. 3º A dívida consolidada líquida dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, ao final do
décimo quinto exercício financeiro contado a partir do encerramento do ano de publicação desta
Resolução, não poderá exceder, respectivamente, a:
I - no caso dos Estados e do Distrito Federal: 2 (duas) vezes a receita corrente líquida, definida na
forma do art. 2; e
II - no caso dos Municípios: a 1,2 (um inteiro e dois décimos) vezes a receita corrente líquida, definida
na forma do art. 2.
Parágrafo único. Após o prazo a que se refere o caput, a inobservância dos limites estabelecidos em
seus incisos I e II sujeitará os entes da Federação às disposições do art. 31 da Lei Complementar nº
101, de 4 de maio de 2000.
Verifica-se que a citada resolução apresenta uma derivação para a dívida consolidada, que é dívida
consolidada líquida, conceituando-a no Art.1º, §1º, V, como dívida pública consolidada deduzidas as
disponibilidades de caixa, as aplicações financeiras e os demais haveres financeiros. É esta, portanto,
que deverá ser objeto de monitoramento pelos entes. Segundo Manual de Demonstrativos Fiscais, 2ª
edição, aprovado pela Portaria STN nº 462, de 2009, válido para o exercício de 2010, os demais haveres
financeiros são valores a receber líquidos e certos (devidamente deduzidos das respectivas provisões
para perdas prováveis reconhecidas nos balanços) como empréstimos, financiamentos e outros créditos a
receber.
Na seqüência (Art. 31) a LRF estabelece que, se a dívida consolidada de um ente da Federação
ultrapassar o respectivo limite ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele reconduzida até o término
dos três subseqüentes, reduzindo o excedente em pelo menos 25% (vinte e cinco por cento) no primeiro.
E, que enquanto perdurar o excesso, o ente que nele houver incorrido (§1°):
I - estará proibido de realizar operação de crédito interna ou externa, inclusive por antecipação de receita,
ressalvado o refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária;
II - obterá resultado primário necessário à recondução da dívida ao limite, promovendo, entre outras
medidas, limitação de empenho, na forma do art. 9o.
§ 2o Vencido o prazo para retorno da dívida ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente ficará também
impedido de receber transferências voluntárias da União ou do Estado.
§ 3o As restrições do § 1
o aplicam-se imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no primeiro
quadrimestre do último ano do mandato do Chefe do Poder Executivo.
§ 4o O Ministério da Fazenda divulgará, mensalmente, a relação dos entes que tenham ultrapassado os
limites das dívidas consolidada e mobiliária.
§ 5o As normas deste artigo serão observadas nos casos de descumprimento dos limites da dívida mobiliária
e das operações de crédito internas e externas.
Como se ver, durante o período dos três quadrimestres concedidos para adequação o ente ficará
impedido de realizar empréstimos, inclusive por antecipação de receitas, e demais procedimentos que
caracterizam operações de crédito elencados no Art. 3º e §1º da referida lei; ficará ainda obrigado a obter
superávit primário, que é uma sobra financeira forçada para pagar a dívida, nem que seja preciso limitar
empenhos, ou seja, cortar gastos.
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Caso não haja adequação ao limite no prazo de três quadrimestres e enquanto perdurar o excesso, o ente
se submeterá à sanção, denominada pela doutrina de institucional, que é ficar impedido de receber
transferências voluntárias da União ou do Estado.
No último ano de mandato do Chefe do Poder Executivo as restrições estatuídas nos incisos I e II se
aplicam imediatamente se o montante da dívida exceder o limite no primeiro quadrimestre do último ano
do mandato do Chefe do Poder Executivo.
Através da Resolução - nº 43, de 2001, do Senado Federal, foi definido limites e condições para a
realização de operações de crédito interno e externo dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
inclusive por antecipação de receita orçamentária, como também para a concessão de garantias.
Conforme Art. 7º da citada resolução, o montante global das operações de crédito interno e externo dos
Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, realizadas em um exercício financeiro, não poderá ser
superior a 16% (dezesseis por cento) da receita corrente líquida.
Diz ainda que o comprometimento anual com amortizações, juros e demais encargos da dívida
consolidada, inclusive relativos a valores a desembolsar de operações de crédito já contratadas e a
contratar, não poderá exceder a 11,5% (onze inteiros e cinco décimos por cento) da receita corrente
líquida.
A aludida norma do Senado Federal estabeleceu também (Art. 9º), que o saldo global das garantias
concedidas pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios não poderá exceder a 22% (vinte e
dois por cento) da receita corrente líquida.
Definiu também (Art. 10) que o saldo devedor das operações de crédito por antecipação de receita
orçamentária não poderá exceder, no exercício em que estiver sendo apurado, a 7% (sete por cento) da
receita corrente líquida.
5.3. Regras de contratação e controle das Operações de Crédito Orçamentária e ARO
Conforme Art. 32 da LRF, o Ministério da Fazenda é o responsável para verificar o cumprimento dos
limites e condições relativos à realização de operações de crédito de cada ente da Federação, inclusive
das empresas por eles controladas, direta ou indiretamente.
O ente interessado formalizará seu pleito fundamentando-o em parecer de seus órgãos técnicos e
jurídicos, demonstrando a relação custo-benefício, o interesse econômico e social da operação e o
atendimento das seguintes condições:
I - existência de prévia e expressa autorização para a contratação, no texto da lei orçamentária, em
créditos adicionais ou lei específica;
II - inclusão no orçamento ou em créditos adicionais dos recursos provenientes da operação, exceto
no caso de operações por antecipação de receita;
III - observância dos limites e condições fixados pelo Senado Federal;
IV - autorização específica do Senado Federal, quando se tratar de operação de crédito externo;
V - atendimento do disposto no inciso III do art. 167 da Constituição, que se refere à vedação da
realização de operações de créditos que excedam o montante das despesas de capital.
O §4º do Art. 32 reflete o princípio da transparência que permeia a LRF, determinando ao Ministério da
Fazenda que efetue o registro eletrônico centralizado e atualizado das dívidas públicas interna e externa,
garantido o acesso público às informações, que incluirão: I - encargos e condições de contratação; II -
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saldos atualizados e limites relativos às dívidas consolidada e mobiliária, operações de crédito e
concessão de garantias.
Está claro no § 1o do Art. 33 que a operação realizada em desacordo com a LRF será considerada nula,
procedendo-se ao seu cancelamento, mediante a devolução do principal, vedados o pagamento de juros e
demais encargos financeiros. Se a devolução não for efetuada no exercício de ingresso dos recursos, será
consignada reserva específica na lei orçamentária para o exercício seguinte. Enquanto não efetuado o
cancelamento, a amortização, ou constituída a reserva, aplicam-se as sanções institucionais previstas nos
incisos do § 3o do Art. 23, que são: I - receber transferências voluntárias; II - obter garantia, direta ou
indireta, de outro ente; III - contratar operações de crédito.
Segundo o Art. 35, é vedada a realização de operação de crédito entre um ente da Federação,
diretamente ou por intermédio de fundo, autarquia, fundação ou empresa estatal dependente, e outro,
inclusive suas entidades da administração indireta, ainda que sob a forma de novação, refinanciamento
ou postergação de dívida contraída anteriormente. Nos termos do § 1o, excetuam-se da vedação a que se
refere o caput as operações entre instituição financeira estatal e outro ente da Federação, inclusive suas
entidades da administração indireta, que não se destinem a: I - financiar, direta ou indiretamente,
despesas correntes; II - refinanciar dívidas não contraídas junto à própria instituição concedente.
Porém não há impedimento dos Estados e Municípios comprarem títulos da dívida da União como
aplicação de suas disponibilidades.
Conforme Art. 36, é proibida a operação de crédito entre uma instituição financeira estatal e o ente da
Federação que a controle, na qualidade de beneficiário do empréstimo. Porém isto não impede que uma
instituição financeira controlada possa adquirir, no mercado, títulos da dívida pública para atender
investimento de seus clientes, ou títulos da dívida de emissão da União para aplicação de recursos
próprios.
Outras equiparações à operações de crédito, só que proibidas são as elencadas no Art. 37, que são:
I - captação de recursos a título de antecipação de receita de tributo ou contribuição cujo fato
gerador ainda não tenha ocorrido, sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150 da Constituição, o qual
diz que a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a
imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido;
II - recebimento antecipado de valores de empresa em que o Poder Público detenha, direta ou
indiretamente, a maioria do capital social com direito a voto, salvo lucros e dividendos, na forma da
legislação;
III - assunção direta de compromisso, confissão de dívida ou operação assemelhada, com
fornecedor de bens, mercadorias ou serviços, mediante emissão, aceite ou aval de título de crédito, não
se aplicando esta vedação a empresas estatais dependentes;
IV - assunção de obrigação, sem autorização orçamentária, com fornecedores para pagamento a
posteriori de bens e serviços.
O Art. 38 dispõe sobre as Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária. As ARO’s
destinam-se a atender insuficiência de caixa durante o exercício financeiro e cumprirá as exigências
mencionadas no art. 32 e mais as seguintes:
I - realizar-se-á somente a partir do décimo dia do início do exercício;
100
II - deverá ser liquidada, com juros e outros encargos incidentes, até o dia dez de dezembro de
cada ano;
III - não será autorizada se forem cobrados outros encargos que não a taxa de juros da operação,
obrigatoriamente prefixada ou indexada à taxa básica financeira, ou à que vier a esta substituir;
IV - estará proibida:
a) enquanto existir operação anterior da mesma natureza não integralmente resgatada;
b) no último ano de mandato do Presidente, Governador ou Prefeito Municipal.
Conforme § 1o do Art. 38, as ARO’s não serão computadas para efeito do que dispõe o inciso III do art.
167 da Constituição (proibição das operações de crédito serem superiores às despesas de capital ao ano),
desde que liquidadas no prazo de dez de dezembro de cada ano.
O § 2o determina que as operações de crédito por antecipação de receita, realizadas por Estados ou
Municípios, serão efetuadas mediante abertura de crédito junto à instituição financeira vencedora em
processo competitivo eletrônico promovido pelo Banco Central do Brasil.
O § 3o diz que o Banco Central do Brasil manterá sistema de acompanhamento e controle do saldo do
crédito aberto e, no caso de inobservância dos limites, aplicará as sanções cabíveis à instituição credora.
6. Dos Restos a Pagar: definições
A denominação “restos a pagar” provém, principalmente, do princípio da anualidade do orçamento, uma
vez que por este princípio decorre a necessidade de se lançar a despesa à conta do exercício em que
houve a respectiva autorização orçamentária.
Devido exigências legais, para a execução da despesa pública há cronogramas que consomem vários
meses, abrangendo atividades como publicação de editais, realização de processos licitatórios que
demandam tempo, o acompanhamento de contratos e a entrega dos bens e serviços. Devido todo esse
percurso, poderá haver atrasos de etapas e algumas de suas fase, principalmente o pagamento, pode se
estender para exercícios futuros. Em decorrência da legislação (princípio da competência da despesa
pública), as despesas legalmente empenhadas em determinado exercício financeiro, devem ser
apropriadas nesse mesmo exercício, independentemente da fase em que se encontre a sua realização.
Caso ainda não tenha sido paga, a despesa orçamentária é registrada em 31 de dezembro em “restos a
pagar”, como uma obrigação do poder público frente ao fornecedor.
Conforme a Lei nº 4.320/64, os restos a pagar são divididos em restos a pagar processados e restos a
pagar não processados. São denominados de restos a pagar processados aquelas obrigações, cujos bens
ou serviços já foram entregues e aceitos pela administração, faltando apenas serem pagas. Quando se
chega em 31 de dezembro e a execução da despesa se encontra em qualquer outra fase, a obrigação passa
a se chamar restos a pagar não processados. Em qualquer das situações, posteriormente o pagamento da
despesa inscrita em restos a pagar dar-se-á de forma extraorçamentária.
Portanto, restos a pagar são despesas empenhadas, mas não pagas dentro do mesmo exercício financeiro
(art. 36 da Lei nº 4.320/64). Restos a pagar processados são despesas em que o credor já tenha cumprido
com as suas obrigações, ou seja, já tenha entregues os bens ou serviços, e em que tenha reconhecido
como líquido e certo o seu direito ao respectivo pagamento, tratando-se de empenhos liquidados no
exercício anterior e ainda não pagos. Os restos a pagar não processados são despesas que ainda
dependem da entrega, pelo fornecedor, dos bens ou serviços ou, ainda que tal entrega tenha se efetivado,
101
o direito do credor ainda não foi apurado e reconhecido, sendo despesas empenhadas no exercício
anterior, ainda não liquidadas e não pagas.
6.1. Precauções no último ano de mandato, limite de inscrição de Restos a Pagar
Até a edição da LRF era comum inscrever despesas em restos a pagar sem suporte financeiro, o que
acarretava débitos junto a fornecedores, comprometendo as receitas futuras e acarretando dificuldades na
condução da gestão pública. Quando o fato acontecia em final de mandato, levava a gestão posterior,
sem qualquer culpa, a passar por sérias dificuldades financeiras, pois já comprometia parte da
arrecadação para o pagamento dessas dívidas.
A LRF veio frear esta conduta, cujo Art. 42 determina que: É vedado ao titular de Poder ou órgão
referido no art. 20, nos últimos dois quadrimestres do seu mandato, contrair obrigação de despesa que
não possa ser cumprida integralmente dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas no exercício
seguinte sem que haja suficiente disponibilidade de caixa para este efeito. Com essa determinação, a
inscrição em restos a pagar, em final de cada mandato, ficou restrita às situações em que a administração
disponha de saldos financeiros que suporte o valor inscrito.
De forma indireta, a LRF tornou inviável também a transferência para o futuro governante, de restos a
pagar que tenham se acumulado até o penúltimo ano de mandato, haja vista que o governante não
poderá, no último ano de mandato, deixar de pagar os restos a pagar acumulados para priorizar os
pagamentos das despesas do exercício corrente. Se assim proceder, estará desrespeitando o art. 5º da Lei
nº 8.666/93, o qual determina que nos pagamentos devidos pelo governo deve ser observada a ordem
cronológica das exigibilidades por fonte de recursos.
Há de se observar que os restos a pagar, que são “obrigações de pagamento”, não se confundem com
“obrigações de despesas”, enquanto estas sempre representam não somente a despesa empenhada, mas
também todo o compromisso assumido (contrato firmado, por exemplo) e que, por qualquer motivo, não
tenha sido materializado sob o mecanismo do empenho, os restos a pagar correspondem a obrigações de
pagamento, que só passa a ser efetiva quando da liquidação da despesa (entrega do bem ou serviço).
Ressalta-se que o Tribunal de Contas de Rondônia apresentou na cidade de Ji-Paraná (dia 04.04.2008) e
em Porto Velho (14.11.2008), entendimento técnico que o artigo 42 da LRF deve ser interpretado da
forma mais rígida, ou seja, a lei restringe contrair obrigação de despesa nos oito meses finais de mandato
sem suporte financeiro para custeá-la; dessa forma, todos os contratos a serem firmados a partir de tal
período, mesmo que as parcelas de execução ultrapassem o exercício, deve haver recursos suficientes
para cobri-los em sua totalidade.
O Parágrafo único do referido artigo reza que: Na determinação da disponibilidade de caixa serão
considerados os encargos e despesas compromissadas a pagar até o final do exercício. Isso significa
que, para o cálculo das disponibilidades financeiras, ao final do mandato são abatidos os encargos e
demais compromissos a vencer até o final do exercício, respeitadas as vinculações legais, a exemplo das
provenientes de convênios, FUNDEB e reservas previdenciárias, os quais devem ser aplicados
exclusivamente nas finalidades previstas na legislação, e, por essa razão, não devem ser considerados
disponíveis para pagamento de despesas de natureza diversa.
Uma das condições para que o gestor assuma uma obrigação de despesa, a partir de maio até o mês de
dezembro do seu último ano de mandato, é a verificação prévia da disponibilidade financeira para
pagamento, que poderá ser apurada por meio de um fluxo de caixa em que se leve em consideração os
valores a ingressar nos cofres públicos, bem como os encargos e as despesas compromissadas a pagar até
o final do exercício.
102
É totalmente ilegal anular empenhos ou cancelar restos a pagar realizado com o propósito de fugir à
responsabilização da LRF e da Lei de Crimes Fiscais, especialmente se esses já estiverem liquidados ou
processados. Tal procedimento caracteriza “calote público” e apenas mascara os demonstrativos
contábeis, que passam a não apresentar a real situação financeira e patrimonial da entidade.
Segundo Albuquerque et all21
, a norma do artigo 42 da LRF não representa mero princípio moralizador,
no sentido de impedir o administrador público de legar, ao seu sucessor, dívidas a pagar. O foco desse
dispositivo é o atingimento do equilíbrio das contas públicas, com adequado controle do endividamento,
requisitos para uma gestão fiscal responsável.
O descumprimento do artigo supra está tipificado como crime no código penal – Art.359-C (inserido
pela Lei nº 10.028/2000), sujeitando o responsável a pena de reclusão de 1 a 4 anos. Além de outras
sanções legais. A responsabilização é de caráter pessoal e aplica-se no último ano de mandato dos chefes
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como dos chefes dos órgãos como Ministério
Público e Tribunais de Contas. A avaliação, portanto, da disponibilidade financeira, é por cada Poder e
Órgão. A regra é aplicável no último ano de mandato, independentemente de quem seja o sucessor, e
mesmo que esse seja a mesma pessoa, nos casos de reeleição.
O equilíbrio das contas públicas deve ser buscado durante toda a gestão e não somente nos últimos oito
meses do mandato, portanto, o art. 42 da LRF deve guardar conformidade com os demais dispositivos
legais.
7. Da Gestão Patrimonial
Cuida o Capítulo VIII da LRF de disciplinar a gestão patrimonial, dando ênfase a dois pontos
importantes: Das Disponibilidades de Caixa (Art. 43) e Da Preservação do Patrimônio Público (Art. 44).
7.1. Das Disponibilidades de Caixa
Determina a LRF no Art. 43 que as disponibilidades de caixa dos entes da Federação serão depositadas
conforme estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição. No dispositivo constitucional referido consta que
as disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados, do Distrito
Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas por ele controladas,
em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.
O § 1o do referido artigo reza que as disponibilidades de caixa dos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos, ainda que vinculadas a fundos específicos a que se referem os arts. 249
e 250 da Constituição, ficarão depositadas em conta separada das demais disponibilidades de cada ente e
aplicadas nas condições de mercado, com observância dos limites e condições de proteção e prudência
financeira.
Conforme o § 2o
, é vedada a aplicação das disponibilidades dos regimes de previdência social, geral e
próprio dos servidores públicos em: I - títulos da dívida pública estadual e municipal, bem como em
ações e outros papéis relativos às empresas controladas pelo respectivo ente da Federação; II -
empréstimos, de qualquer natureza, aos segurados e ao Poder Público, inclusive a suas empresas
controladas. A proteção enfocada trata-se do que a doutrina denomina de “princípio de proteção dos
sistemas previdenciários e dos fundos de pensão públicos”.
21
Claudiano Albuquerque et al., in “Gestão de Finanças Públicas”, pg. 371, 2ª edição. Ed. Brasília.Brasília-DF, 2008.
103
7.2. Da Preservação do Patrimônio Público
Nos termos do Art. 44 da LRF, não é permitida a aplicação da receita de capital derivada da alienação de
bens e direitos que integram o patrimônio público para o financiamento de despesa corrente, salvo se
destinada por lei aos regimes de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
Com essa disposição, a Lei Fiscal quer impedir a alienação de bens públicos somente para destinar os
recursos para o custeio da manutenção das atividades administrativas. É a prevenção da dilapidação do
patrimônio público.
A única exceção é se o recurso, oriundo da alienação de bens e direitos, for destinado por lei aos regimes
de previdência social, geral e próprio dos servidores públicos.
Continuando, no Art. 45 há a determinação que a lei orçamentária e as de créditos adicionais só incluirão
novos projetos após adequadamente atendidos os em andamento e contempladas as despesas de
conservação do patrimônio público, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias. Com
isso, impede gastos com investimentos em novos projetos sem o provimento adequado dos anteriores ou
daqueles em andamento.
Complementa no Parágrafo único, determinando ao Poder Executivo de cada ente o encaminhamento ao
Legislativo, até a data do envio do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, do relatório com as
informações necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo, ao qual será dada ampla divulgação.
Pelo teor do Art. 46, é nulo de pleno direito ato de desapropriação de imóvel urbano expedido sem o
atendimento do disposto no § 3o
do art. 182 da Constituição, ou prévio depósito judicial do valor da
indenização. No dispositivo constitucional referido consta que as desapropriações de imóveis urbanos
serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.
8. A Transparência da Gestão Fiscal: audiências públicas, as recentes mudanças, publicações dos
relatórios
A Transparência na área pública significa dar publicidade e clareza aos atos. O cidadão tem direito
assegurado pela Constituição de receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular ou
de interesse geral (CF, Art. 5º, XXXIII). Ela está intimamente relacionada com o disposto no art. 37 da
Constituição, que traz à lume os princípios que a administração pública deve observar, entre eles o
princípio da publicidade. Nesse plano, a publicidade é definida como a divulgação oficial do ato, para
conhecimento público e início de seus efeitos externos, constituindo, sem dúvida, requisito de eficácia e
controle da moralidade dos atos administrativos que, no âmbito da gestão fiscal, volta-se, especialmente,
ao aspecto financeiro.
Tal como exposta no Código de Boas Práticas para a Transparência Fiscal do FMI, a transparência
representa importante contribuição à causa da boa governança, pois promove um debate público melhor
qualificado a respeito da concepção e os resultados da política fiscal. Dessa forma, tornar-se possível
ampliar o controle sobre os governos, no tocante à execução das políticas e aumentar a credibilidade
popular acerca das opções governamentais.
De maneira coerente com o disposto no art. 37 da Constituição da República, que dá suporte ao princípio
da publicidade, a seção I do capítulo IX da LRF trata da transparência, pois a gestão fiscal responsável
tem como um de seus pilares a transparência fiscal, instrumento fundamental para a manutenção da
disciplina nos gastos públicos. A publicidade é definida como a divulgação oficial do ato, para
conhecimento público e início de seus efeitos externos, constituindo, sem dúvida, requisito de eficácia e
controle da moralidade dos atos administrativos, especialmente, no tocante ao aspecto financeiro.
104
Não basta apenas ao administrador pautar sua atividade dentro do estrito campo da legalidade, embora
seja um dos pontos a orientar sua conduta; exige-se ainda um comportamento ético-moral na condução
da coisa pública. Assim, é salutar que seu agir não deva escapar do controle social.
Portanto, o princípio da transparência fiscal trata-se de princípio amplo que consiste no acesso público às
informações veiculadas em documentos orçamentários, contábeis e financeiros, bem como na
publicidade dos atos praticados no curso da gestão das finanças públicas. Assim, envolve a divulgação
de dados que constituem os objetivos e metas da política de governo e dos resultados conseguidos com
os procedimentos de aplicação do dinheiro público na execução dos planos e programas governamentais.
A transparência tem muita intimidade com o conceito de accountability, que, dentre suas várias
definições, corresponde ao dever legal e moral do gestor público de prestar contas à sociedade.
Assim determina a LRF:
Art. 9°. (...)
§ 4o Até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o
cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na comissão referida no §
1o do art. 166 da Constituição ou equivalente nas Casas Legislativas estaduais e municipais.
Esse é um instrumento relevante para o incremento do controle social, estabelecendo que, até o final dos
meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e avaliará o cumprimento das
metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública, na Casa Legislativa. Assim, o Poder Executivo
vai até o Poder Legislativo demonstrar ao cidadão o cumprimento de metas fiscais de cada um dos
quadrimestres, que compuseram o Anexo de Metas Fiscais constante da LDO.
Ressalta-se que a Instrução Normativa nº 18/2006-TCE-RO, determina que os Municípios de Rondônia
remetam ao Tribunal de Contas, cópia da ata da audiência pública realizada perante a Comissão
Permanente da Câmara de Vereadores, para demonstração e avaliação do cumprimento das Metas
Fiscais, nos seguintes prazos:
a) Municípios com população acima de 50 mil habitantes: 10 de março (ref. 3º quadrimestre do ano
anterior), 10 de junho (ref. 1º quadrimestre) e 10 de outubro (ref. 2º quadrimestre);
b) Municípios com população abaixo de 50 mil habitantes: 10 de março (ref. 2º semestre do ano
anterior) e 10 de agosto (ref. 1º semestre).
O Capítulo IX da LRF discorre acerca da Transparência, Controle e Fiscalização. A Seção I, que trata
Transparência da Gestão Fiscal, passou por reforma em muitos dos seus dispositivos através da Lei
Complementar nº 131, de 2009. A alteração, sem dúvida, foi para ampliar ainda mais a transparência da
gestão fiscal. Eis o trecho completo transcrito abaixo:
Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais será dada ampla divulgação, inclusive em meios
eletrônicos de acesso público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o
respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões
simplificadas desses documentos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante incentivo à participação popular e realização de
audiências públicas, durante os processos de elaboração e de discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e
orçamentos.
Parágrafo único. A transparência será assegurada também mediante: (Redação dada pela Lei Complementar nº 131,
de 2009).
105
I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e
discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – liberação ao pleno conhecimento e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas
sobre a execução orçamentária e financeira, em meios eletrônicos de acesso público; (Incluído pela Lei Complementar nº
131, de 2009).
III – adoção de sistema integrado de administração financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade
estabelecido pelo Poder Executivo da União e ao disposto no art. 48-A. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 48-A. Para os fins a que se refere o inciso II do parágrafo único do art. 48, os entes da Federação disponibilizarão
a qualquer pessoa física ou jurídica o acesso a informações referentes a: (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
I – quanto à despesa: todos os atos praticados pelas unidades gestoras no decorrer da execução da despesa, no
momento de sua realização, com a disponibilização mínima dos dados referentes ao número do correspondente processo, ao
bem fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando for o caso, ao
procedimento licitatório realizado; (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
II – quanto à receita: o lançamento e o recebimento de toda a receita das unidades gestoras, inclusive referente a
recursos extraordinários. (Incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009).
Art. 49. As contas apresentadas pelo Chefe do Poder Executivo ficarão disponíveis, durante todo o exercício, no
respectivo Poder Legislativo e no órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos
e instituições da sociedade.
Parágrafo único. A prestação de contas da União conterá demonstrativos do Tesouro Nacional e das agências
financeiras oficiais de fomento, incluído o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, especificando os
empréstimos e financiamentos concedidos com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e da seguridade social e, no caso das
agências financeiras, avaliação circunstanciada do impacto fiscal de suas atividades no exercício.
Segundo o art. 48 da LRF, a transparência é assegurada através da divulgação ampla, inclusive por meios
eletrônicos de acesso público (internet), de planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias;
relatórios de prestações de contas e respectivos pareceres prévios; relatórios resumidos da execução
orçamentária e gestão fiscal, bem como das versões simplificadas de tais documentos.
De fato, o uso inclusive da internet para se fazer a publicidade fortalece a transparência, pois contribui
para ampliar o acesso dos cidadãos aos dados referentes à gestão da coisa pública.
Com idêntico propósito, deve o poder público incentivar a participação popular e a realização de
audiências públicas, durante o processo de elaboração e discussão dos planos, Lei de Diretrizes
Orçamentárias e orçamentos anuais. Esta atitude traz vários benefícios, tais como: maior legitimidade
que adquirirão tais instrumentos de planejamento e orçamento, já que sua elaboração foi feita com o
respaldo da sociedade, e, submetendo ao crivo popular, o poder público poderá acatar mais sugestões de
melhorias, tanto a nível de atendimento dos reclamos da população, como a nível de aprimoramento
técnico por outros segmentos da sociedade.
Quanto à publicação dos Relatórios Resumidos da Execução Orçamentária e do Relatório de Gestão
Fiscal, o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia determina no Art. 2º, §2 da Instrução Normativa nº
18/2006, que, se o Município optar pela divulgação de tais no Mural, deverá publicar previamente em
jornal que tenha circulação local ou regional comunicado contendo a data a partir da qual os relatórios
estarão disponíveis para consulta. Disciplina ainda, no § 3º desse artigo que a publicação dos relatórios
na Rede Mundial de Computadores (internet) poderá ser utilizada como meio complementar de
informação à população.
Inovação mesmo em termos de transparência da gestão, é a inclusão, através da Lei Complementar nº
131/2009, das exigências contidas nos incisos II, III do Art. 48, que é a liberação ao pleno conhecimento
106
e acompanhamento da sociedade, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, através da internet, e a adoção de sistema integrado de administração
financeira e controle, que atenda a padrão mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder Executivo da
União e o acesso à informação a qualquer pessoa física ou jurídica relativas às despesas e às receitas, na
forma do Art. 48-A. Tal exigência poderá se tornar bastante dificultosa, principalmente aos pequenos e
médios municípios.
No entanto, o legislador complementar, com muita coerência, inseriu nas disposições finais e transitórias
da LRF, através da LC nº 131/2009, o Art. 73-B, o qual estabelece os seguintes prazos para o
cumprimento das determinações dispostas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e do art. 48-
A:
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios com mais de 100.000
(cem mil) habitantes;
II – 2 (dois) anos para os Municípios que tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000 (cem mil)
habitantes;
III – 4 (quatro) anos para os Municípios que tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitantes.
Diz ainda no Art. 73-C, também inserido, que o não atendimento, até o encerramento dos prazos
previstos no art. 73-B, das determinações contidas nos incisos II e III do parágrafo único do art. 48 e no
art. 48-A sujeita o ente à sanção prevista no inciso I do § 3o do art. 23, que são as sanções institucionais
já conhecidas: receber transferências voluntárias; obter garantia, direta ou indireta, de outro ente; e,
contratar operações de crédito.
Outra determinação importante é a que consta no Art. 49, ao mencionar que as contas prestadas pelo
Chefe do Executivo devem ficar disponíveis, durante todo o exercício, no respectivo Legislativo e no
órgão técnico responsável pela sua elaboração, para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições
da sociedade. Isto constitui mais uma inovação de caráter democrático, pois que a consulta popular deixa
de ser mera recomendação, para tornar-se determinação legal: o que era indicado como salutar passa a
ser incorporado pelo direito, tornando-se obrigação legal do governante. Cabe lembrar que o Art. 31, §3º
da CF/88 determina que as contas dos Municípios ficarão, durante sessenta dias, anualmente, à
disposição de qualquer contribuinte, para exame e apreciação, cujo prazo difere do que consta na LRF, o
que poderá gerar questionamentos por parte dos municípios.
9. A Contabilidade na Gestão Fiscal: escrituração e consolidação das contas públicas.
Sabe-se que as administrações públicas, de todas as esferas de governo, desenvolvem suas atividades em
prol da sociedade mediante a execução do orçamento público, que consiste, basicamente, em arrecadar
as receitas orçamentárias e aplicá-las por meio das despesas orçamentárias na realização dos serviços
públicos ou na expansão das ações governamentais, por intermédio de novos bens públicos. Esses fatos
econômico-financeiros gerados pelas organizações públicas são registrados pela contabilidade pública.
O objeto da contabilidade pública é o patrimônio público e suas variações. E seus objetivos são produzir
com oportunidade e fidedignidade, informações por meio de relatórios que sirvam aos administradores
públicos como ferramenta no processo de tomada de decisões e que essas possam ser tomadas de forma
segura. Ela contribui grandemente para a busca da eficiência e eficácia da ação governamental.
A finalidade dos serviços contábeis nas administrações públicas, além, de auxiliar os gestores com suas
informações no processo de tomada de decisões, também, buscam evidenciar a situação destes gestores
quanto à arrecadação das receitas, a realização de despesas e a situação dos bens públicos que estão sob
sua administração, contribuindo, desta forma, para o fortalecimento do accountability.
107
A Lei de Responsabilidade Fiscal atribuiu novas funções à contabilidade pública objetivando o controle
orçamentário e financeiro, garantindo-lhe um caráter mais gerencial. Com essa Lei enfatizou-se o
interesse das informações contábeis não apenas à Administração Pública e aos seus gestores, mas
também à sociedade que se tornou mais ativa no processo de acompanhamento e fiscalização das contas
governamentais.
Tanto os usuários internos (gestores) como os externos utilizam a informação contábil, mas a maneira
como o fazem difere. O tipo de informação contábil que eles demandam também pode diferir. A
contabilidade gerencial refere-se à informação contábil desenvolvida para gestores dentro da
organização. Em outras palavras, a contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar,
acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir seus
objetivos organizacionais.
A contabilidade pública gerencial tem por finalidade gerar informações sobre: os custos de produção
e/ou prestação de serviços públicos; a aplicação dos recursos disponíveis; mensuração física e financeira
das metas e resultados alcançados pela organização pública.
Assim, a contabilidade pública se enquadra perfeitamente no contexto da LRF, gerando as informações
necessárias acerca da gestão fiscal para o controle interno, contribuindo significativamente para o
processo de tomada de decisões, como também para os órgãos fiscalizadores e para a sociedade,
contribuindo para a observação aos princípios da transparência e controle.
Na Seção II, pertencente ao Capítulo IX que trata da transparência, controle e fiscalização, a LRF
apresenta algumas regras quanto à escrituração e consolidação das contas públicas, conforme transcrição
abaixo: Seção II
Da Escrituração e Consolidação das Contas
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará as seguintes:
I - a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória
fiquem identificados e escriturados de forma individualizada;
II - a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter
complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;
III - as demonstrações contábeis compreenderão, isolada e conjuntamente, as transações e operações de cada órgão, fundo ou
entidade da administração direta, autárquica e fundacional, inclusive empresa estatal dependente;
IV - as receitas e despesas previdenciárias serão apresentadas em demonstrativos financeiros e orçamentários específicos;
V - as operações de crédito, as inscrições em Restos a Pagar e as demais formas de financiamento ou assunção de compromissos
junto a terceiros, deverão ser escrituradas de modo a evidenciar o montante e a variação da dívida pública no período, detalhando, pelo
menos, a natureza e o tipo de credor;
VI - a demonstração das variações patrimoniais dará destaque à origem e ao destino dos recursos provenientes da alienação de
ativos.
§ 1o No caso das demonstrações conjuntas, excluir-se-ão as operações intragovernamentais.
§ 2o A edição de normas gerais para consolidação das contas públicas caberá ao órgão central de contabilidade da União, enquanto
não implantado o conselho de que trata o art. 67.
§ 3o A Administração Pública manterá sistema de custos que permita a avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial.
Art. 51. O Poder Executivo da União promoverá, até o dia trinta de junho, a consolidação, nacional e por esfera de governo, das
contas dos entes da Federação relativas ao exercício anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio eletrônico de acesso público.
§ 1o Os Estados e os Municípios encaminharão suas contas ao Poder Executivo da União nos seguintes prazos:
108
I - Municípios, com cópia para o Poder Executivo do respectivo Estado, até trinta de abril;
II - Estados, até trinta e um de maio.
§ 2o O descumprimento dos prazos previstos neste artigo impedirá, até que a situação seja regularizada, que o ente da Federação
receba transferências voluntárias e contrate operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da
dívida mobiliária.
Como se percebe pelo texto acima, a escrituração contábil pública deverá obedecer todas as normas
voltadas a ela (Lei nº 4.320/64, Resoluções do CFC, Princípios Contábeis, dentre outras), bem como as
mencionadas pela LRF. A primeira (inciso I) refere-se à escrituração da disponibilidade de caixa, que
deverá constar de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa
obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada. Tal medida é pertinente, tem a
finalidade, dentre outras, de ser identificado o saldo financeiro realmente livre, que abatendo as
obrigações financeiras, serve de suporte para a abertura de créditos adicionais no exercício seguinte.
A determinação contida no inciso II, que a despesa e a assunção de compromisso serão registradas
segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter complementar, o resultado dos fluxos
financeiros pelo regime de caixa, obriga que seja adotada pela contabilidade pública a escrituração da
despesa pelo regime de competência patrimonial e não a competência orçamentária que era de costume
privilegiar. Significa que o compromisso e a despesa deverão sofrer registro contábil independente do
momento do seu empenho, em obediência aos princípios contábeis da competência e da oportunidade.
Outra determinação importante é quanto à remessa das contas pelos Municípios e Estados à União, no
prazo ali definido para consolidação das contas nacionais, como forma de avaliar até mesmo o PIB,
dentre outras utilidades.
10. O Relatório Resumido da Execução Orçamentária: definições, objetivo, periodicidade, anexos e
demonstrativos
Nas Seções III e IV do Cap. IX, a LRF determina dois procedimentos da mais alta importância, que é a
elaboração do Relatório Resumido da Execução Orçamentária e do Relatório de Gestão Fiscal, pelos
quais o gestor público promoverá a transparência de suas ações, servindo ainda como instrumento de
controle para uma gestão fiscal responsável. Cumpre discorrer, primeiramente sobre o Relatório
Resumido da Execução Orçamentária.
O RREO já era exigido pela CF/88, que estabelece no Art. 165, §3º, que o Poder Executivo o publicará,
até trinta dias após o encerramento de cada bimestre. A União já o divulga, há vários anos, mensalmente.
O objetivo dessa periodicidade é permitir que, cada vez mais, a sociedade, por meio dos diversos órgãos
de controle, conheça, acompanhe e analise o desempenho da execução orçamentária dos entes da
Federação.
A LRF estabelece as normas para elaboração e publicação do RREO, servindo de diretrizes para a
Secretaria do Tesouro Nacional – STN, editar normas (portarias), regulamentando sua elaboração, o que
já vem sendo feito desde 2001.
Conforme o Art. 52 da LRF, o RREO abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, ou seja, seus
demonstrativos abrangerão os órgãos da Administração Direta e entidades da Administração Indireta, de
todos os Poderes, constituídos pelas autarquias, fundações, fundos especiais, empresas públicas e
sociedades de economia mista que recebem recursos dos Orçamentos Fiscal e da Seguridade Social,
inclusive sob a forma de subvenções para pagamento de pessoal ou de custeio em geral ou de capital,
excluídos, no último caso, aqueles provenientes de aumento de participação acionária.
109
O RREO será elaborado e publicado pelo Poder Executivo da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios até trinta dias após o encerramento de cada bimestre. As informações deverão ser
elaboradas a partir dos dados contábeis consolidados de todas as unidades gestoras, no âmbito da
Administração Direta, autarquias, fundações, fundos especiais, empresas públicas e sociedades de
economia mista.
Os Municípios do Estado de Rondônia, conforme Instrução Normativa nº 18/2006-TCE-RO, deverão
encaminhá-los ao Tribunal de Contas, por meio eletrônico (internet), nas datas de 05 de fevereiro (6º
bim. ano anterior), 5 de abril (1º bim.), 5 de junho (2º bim.), 5 de agosto (3º bim.), 5 de outubro (4º bim.)
e 5 de dezembro (5º bim.).
Tal relatório deverá ser assinado pelo Chefe do Poder Executivo que estiver no exercício do mandato na
data da publicação do relatório, ou por pessoa a quem ele tenha legalmente delegado essa competência,
qualquer dos dois deve fazê-lo em conjunto com o profissional de contabilidade responsável pela
elaboração do relatório22
.
Nos incisos dos Arts. 52 e 53 constam as informações requeridas em formas de demonstrativos, relativas
à execução orçamentária e financeira, bem como outras de resultado fiscal, tais como resultados nominal
e primário e endividamento. A competência de elaborar, propor e exigir os demonstrativos que compõem
o RREO é da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda.
O §2º do Art. 53 determina que, quando for o caso, devem ser apresentadas justificativas da limitação de
empenho e da frustração de receitas, especificando as medidas de combate à sonegação e à evasão fiscal,
adotadas e a adotar, e as ações de fiscalização e cobrança.
O Manual de Demonstrativos Fiscais, 2ª edição, volume II – Relatório Resumido da Execução
Orçamentária, válido para o exercício de 2010, aprovado pela Portaria da STN nº 462/2009, constam as
informações solicitadas e que deverão ser apresentadas em forma de demonstrativos pelas três esferas de
governo. Importa informar que tal manual ensina campo por campo como preenchê-los. Os
demonstrativos do RREO, listados a seguir23
, deverão ser elaborados e publicados até trinta dias após o
encerramento do bimestre de referência, durante o exercício:
a) Balanço Orçamentário;
b) Demonstrativo da Execução das Despesas por Função/Subfunção;
c) Demonstrativo da Receita Corrente Líquida;
d) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Geral de Previdência Social;
e) Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Próprio dos Servidores;
f) Demonstrativo do Resultado Nominal;
g) Demonstrativo do Resultado Primário;
h) Demonstrativo dos Restos a Pagar por Poder e Órgão;
i) Demonstrativo das Receitas e Despesas com Manutenção e Desenvolvimento do Ensino;
j) Demonstrativos das Despesas com Saúde;
k) Demonstrativo Simplificado do Relatório Resumido da Execução Orçamentária.
Além dos demonstrativos acima citados, também deverão ser elaborados e publicados até trinta dias após
o encerramento do último bimestre, os seguintes:
a) Demonstrativo das Receitas de Operações de Crédito e Despesas de Capital;
b) Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Geral de Previdência Social;
22 Recomendação constante do Manual de Demonstrativos Fiscais, 2ª edição, volume II – Relatório Resumido da Execução Orçamentária, válido para o
exercício de 2010, aprovado pela Portaria da STN nº 462/2009, pg. 6. 23
Os demonstrativos do RREO constam no final da apostila.
110
c) Demonstrativo da Projeção Atuarial do Regime Próprio de Previdência dos Servidores;
d) Demonstrativo da Receita de Alienação de Ativos e Aplicação dos Recursos; e
e) Demonstrativo das Parcerias Público-Privadas.
Conforme o referido manual, em todos os demonstrativos, será permitido o desdobramento de
informações cujos entes julgarem necessárias, para melhor transparência.
11. O Relatório de Gestão Fiscal: definições, objetivo, periodicidade, anexos e demonstrativos
Os relatórios visam, dentre outras coisas, possibilitar que a sociedade acompanhe e interprete o resultado
da política fiscal do governo. Tratou-se no item anterior do Relatório Resumido da Execução
Orçamentária, cuja principal finalidade é demonstrar a execução do orçamento em termos de receitas e
despesas, com periodicidade bimestral. Neste tópico será discorrido sobre o Relatório de Gestão Fiscal
(RGF) o principal instrumento de controle e transparência dos limites de despesa com pessoal, dívida
consolidada, concessão de garantias e contragarantias de valores, bem como operações de crédito.
Os artigos 54 e 55 da Lei Complementar n º 101, de 4 de maio de 2000, assim determinam: Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal,
assinado pelo:
I - Chefe do Poder Executivo;
II - Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do
Poder Legislativo;
III - Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos
internos dos órgãos do Poder Judiciário;
IV - Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
Parágrafo único. O relatório também será assinado pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo controle
interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão referido no art. 20.
Art. 55. O relatório conterá:
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos seguintes montantes:
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e pensionistas;
b) dívidas consolidada e mobiliária;
c) concessão de garantias;
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita;
e) despesas de que trata o inciso II do art. 4o;
II - indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites;
III - demonstrativos, no último quadrimestre:
a) do montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro;
b) da inscrição em Restos a Pagar, das despesas:
1) liquidadas;
2) empenhadas e não liquidadas, inscritas por atenderem a uma das condições do inciso II do art. 41;
3) empenhadas e não liquidadas, inscritas até o limite do saldo da disponibilidade de caixa;
4) não inscritas por falta de disponibilidade de caixa e cujos empenhos foram cancelados;
c) do cumprimento do disposto no inciso II e na alínea b do inciso IV do art. 38.
§ 1o O relatório dos titulares dos órgãos mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 conterá apenas as informações relativas à
alínea a do inciso I, e os documentos referidos nos incisos II e III.
§ 2o O relatório será publicado até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder, com amplo acesso ao público,
inclusive por meio eletrônico.
§ 3o O descumprimento do prazo a que se refere o § 2o sujeita o ente à sanção prevista no § 2o do art. 51.
§ 4o Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54 deverão ser elaborados de forma padronizada, segundo modelos que poderão ser
atualizados pelo conselho de que trata o art. 67.
111
Depreende-se do texto legal acima referenciado, que o Relatório de Gestão Fiscal tem periodicidade
quadrimestral, devendo ser emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos. Estão obrigados a emitir o
Relatório de Gestão Fiscal a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, estando
compreendido24
:
a) na esfera federal: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas da União), o Poder Judiciário
(incluindo o Tribunal de Justiça e o Ministério Público do Distrito Federal), o Poder Executivo e o
Ministério Público da União;
b) na esfera distrital: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Distrito Federal) e o Poder
Executivo;
c) na esfera estadual e Distrito Federal: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Estado e
do Distrito Federal), o Poder Judiciário, o Poder Executivo e o Ministério Público dos Estados e do
Distrito Federal; e
d) na esfera municipal: o Poder Legislativo (incluído o Tribunal de Contas do Município, quando
houver) e o Poder Executivo.
Para fins de emissão do Relatório de Gestão Fiscal, entende-se como órgão:
a) o Ministério Público;
b) as respectivas Casas do Poder Legislativo Federal;
c) o Tribunal de Contas da União;
d) a Assembléia Legislativa e os Tribunais de Contas do Poder Legislativo Estadual;
e) a Câmara Legislativa e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;
f) a Câmara de Vereadores do Poder Legislativo Municipal e o Tribunal de Contas do Município, quando
houver;
g) o Supremo Tribunal Federal;
h) o Conselho Nacional de Justiça;
i) o Superior Tribunal de Justiça;
j) os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
k) os Tribunais e Juízes do Trabalho;
l) os Tribunais e Juízes Eleitorais;
m) os Tribunais e Juízes Militares;
n) os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios;
o) o Tribunal de Justiça dos Estados e outros, quando houver.
O Relatório de Gestão Fiscal dos Poderes e órgãos abrange administração direta, autarquias, fundações,
fundos, empresas públicas e sociedades de economia mista, incluindo os recursos próprios, consignados
nos orçamentos fiscal e da seguridade social, para manutenção de suas atividades, excetuadas aquelas
empresas que recebem recursos exclusivamente para aumento de capital oriundos de investimentos do
respectivo ente.
As empresas estatais dependentes e as entidades da administração indireta terão que constar dos
orçamentos fiscal e da seguridade social, inclusive com seus recursos próprios. O relatório será emitido
pelos titulares dos Poderes e órgãos e assinado pelo:
a) Chefe do Poder Executivo;
b) Presidente e demais membros da Mesa Diretora ou órgão decisório equivalente, conforme regimentos
internos dos órgãos do Poder Legislativo;
c) Presidente de Tribunal e demais membros de Conselho de Administração ou órgão decisório
equivalente, conforme regimentos internos dos órgãos do Poder Judiciário; e
d) Chefe do Ministério Público, da União e dos Estados.
24 Conforme o Manual de Demonstrativos Fiscais, válido para o exercício de 2010 (Portaria STN nº 462, de 2009) 2ª edição, Relatório de Gestão Fiscal.
112
O relatório será assinado, também, pelas autoridades responsáveis pela administração financeira e pelo
controle interno, bem como por outras definidas por ato próprio de cada Poder ou órgão.
Conforme Art. 55, incisos I e III, o RGF conterá demonstrativos com informações relativas à despesa
total com pessoal, dívida consolidada, concessão de garantias e contragarantias de valores, bem como
operações de crédito No último quadrimestre, também serão acrescidos os demonstrativos referentes ao
montante da disponibilidade de caixa em trinta e um de dezembro e às inscrições em Restos a Pagar. O
inciso II do referido artigo determina a indicação das medidas corretivas adotadas ou a adotar, se
ultrapassado qualquer dos limites.
O RGF dos titulares do Poder Legislativo, Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunal de Contas
conterá apenas as informações relativas à despesa total com pessoal, a indicação das medidas corretivas
adotadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos limites e, demonstrativos, no último quadrimestre, do
montante das disponibilidades de caixa em trinta e um de dezembro, como também da inscrição das
despesas em Restos a Pagar (§1º do Art. 55).
Nos termos do §2º do Art. 55, o relatório deverá ser publicado e disponibilizado ao acesso público,
inclusive em meios eletrônicos, até trinta dias após o encerramento do período a que corresponder. Prazo
que, para o primeiro quadrimestre, se encerra em 30 de maio, para o segundo quadrimestre, se encerra
em 30 de setembro e, para o terceiro quadrimestre, se encerra em 30 de janeiro do ano subseqüente ao de
referência.
A LRF, no Art. 63, II, b, faculta aos Municípios com população inferior a cinqüenta mil habitantes optar
por divulgar, semestralmente, o Relatório de Gestão Fiscal. Neste caso, a divulgação do relatório com os
seus demonstrativos deverá ser realizada em até trinta dias após o encerramento do semestre. Prazo que,
para o primeiro semestre, se encerra em 30 de julho e, para o segundo semestre, se encerra em 30 de
janeiro do ano subseqüente ao de referência.
Porém, conforme Art. 63, §2º, se ultrapassados os limites relativos à despesa total com pessoal ou à
dívida consolidada, enquanto perdurar essa situação, o Município com população inferior a cinqüenta
mil habitantes, que tiver optado em divulgar os referidos anexos do Relatório de Gestão Fiscal
semestralmente, ficará sujeito aos mesmos prazos de verificação e de retorno ao limite definidos para os
demais entes.
Cabe observar que o Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, através da Instrução Normativa nº
18/2006, determina no Art. 5º que os Municípios com população inferior a 50 mil habitantes que
optarem pela faculdade mencionada acima, deverão encaminhar ao Tribunal de Contas cópia do ato de
formalização da opção, no prazo de 30 (trinta) dias a contar de sua publicação. Menciona ainda no § 1º
que a opção pela divulgação semestral é do Município, devendo ser única para os Poderes Executivo e
Legislativo. Conforme § 2º, a opção de que trata o caput deverá ser formalizada por ato do Prefeito
Municipal até o final do primeiro mês de mandato.
Também, por força da referida norma, os Municípios do Estado de Rondônia deverão encaminhar ao
Tribunal de Contas, por meio eletrônico (internet), o Relatório de Gestão Fiscal, nas seguintes datas:
a) Municípios com população acima de 50 mil habitantes: 5 de fevereiro (3º quadrimestre do ano
anterior), 5 de junho (1º quadrimestre) e 5 de outubro (2º quadrimestre);
b) Municípios com população abaixo de 50 mil habitantes: 5 de fevereiro (2º semestre do ano
anterior) e 5 de agosto (1º semestre).
113
Conforme Art. 5º, I, e §1º, da Lei nº 10.028/2000, a não divulgação e o envio ao Poder Legislativo e ao
Tribunal de Contas do RGF, nos prazos e condições estabelecidos em lei, constitui infração, punida com
multa de trinta por cento dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo o pagamento da
multa de sua responsabilidade pessoal. Além disso, conforme §3º do Art. 55, o ente da Federação estará
impedido, até que a situação seja regularizada, de receber transferências voluntárias e contratar
operações de crédito, exceto as destinadas ao refinanciamento do principal atualizado da dívida
mobiliária.
A Secretaria do Tesouro Nacional entende25
que a extrapolação dos limites definidos na legislação em
um dos Poderes (Legislativo, Judiciário ou Executivo) compromete toda a esfera correspondente
(federal, estadual ou municipal), não havendo, portanto, compensação entre os Poderes.
12. Prestação de Contas da Gestão Fiscal
Também pertencente ao Capítulo IX, referente à Transparência, Controle e Fiscalização, a Seção V
discorre sobre a necessidade da apresentação da Prestação de Contas dos Poderes e Órgãos submissos à
LRF, como também da apreciação por parte do Órgão Técnico Competente, o Tribunal de Contas dos
respectivos entes federados.
Diz a LRF na referida parte:
Das Prestações de Contas
Art. 56. As contas prestadas pelos Chefes do Poder Executivo incluirão, além das suas próprias, as dos Presidentes dos órgãos dos
Poderes Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério Público, referidos no art. 20, as quais receberão parecer prévio, separadamente,
do respectivo Tribunal de Contas.
§ 1o As contas do Poder Judiciário serão apresentadas no âmbito:
I - da União, pelos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, consolidando as dos respectivos tribunais;
II - dos Estados, pelos Presidentes dos Tribunais de Justiça, consolidando as dos demais tribunais.
§ 2o O parecer sobre as contas dos Tribunais de Contas será proferido no prazo previsto no art. 57 pela comissão mista permanente
referida no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalente das Casas Legislativas estaduais e municipais.
§ 3o Será dada ampla divulgação dos resultados da apreciação das contas, julgadas ou tomadas.
Art. 57. Os Tribunais de Contas emitirão parecer prévio conclusivo sobre as contas no prazo de sessenta dias do recebimento, se
outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis orgânicas municipais.
§ 1o No caso de Municípios que não sejam capitais e que tenham menos de duzentos mil habitantes o prazo será de cento e oitenta
dias.
§ 2o Os Tribunais de Contas não entrarão em recesso enquanto existirem contas de Poder, ou órgão referido no art. 20, pendentes de
parecer prévio.
Art. 58. A prestação de contas evidenciará o desempenho da arrecadação em relação à previsão, destacando as providências
adotadas no âmbito da fiscalização das receitas e combate à sonegação, as ações de recuperação de créditos nas instâncias administrativa
e judicial, bem como as demais medidas para incremento das receitas tributárias e de contribuições.
Pelo exposto, as contas deverão ser apresentadas, consolidadas pelo Poder Executivo de cada esfera de
governo e individualmente por Poder e órgão, para emissão de parecer pelo Tribunal de Contas
competente, no prazo de 60 dias, se outro não estiver estabelecido nas constituições estaduais ou nas leis
orgânicas. Somente no caso de municípios que não sejam capitais e que tenham menos de 200 mil
habitantes que o prazo para emissão de parecer prévio será de 180 dias. Caso o Tribunal de Contas
competente não emitir parecer prévio nesse prazo, não poderá entrar de recesso.
25 No Manual de Demonstrativos Fiscais, válido para o exercício de 2010 (Portaria STN nº 462, de 2009) 2ª edição, Relatório de Gestão Fiscal, pg. 8.
114
A Constituição do Estado de Rondônia estipula prazo apenas para emissão de parecer por parte do
Tribunal de Contas apenas para as contas do Governo do Estado, que é de 60 dias, a contar do seu
recebimento. Porém, a Lei Complementar nº 154/96 (Lei Orgânica do TCE-RO), no Art. 35, estabelece o
prazo de 60 (sessenta) dias, para as contas do Governador, e 180 (cento e oitenta) dias, para as dos Prefeitos
Municipais, a contar de seus recebimentos.
Importa observar que as contas da gestão fiscal, constituídas basicamente dos relatórios exigidos pela
LRF, encaminhados bimestralmente (RREO’s) e quadrimestralmente ou semestralmente (RGF’s),
constituem um processo e são apreciadas em separado da prestação de contas anual normal, cujo parecer
emitido é pela regularidade ou não da gestão fiscal desenvolvida naquele exercício.
13. Fiscalização da Gestão Fiscal: O papel do Controle Interno e do Controle Externo
A Seção IV do Cap. IX da LRF, sobre o título “Da Fiscalização da Gestão Fiscal”, é a parte final que
dispõe acerca da transparência, controle e fiscalização da gestão fiscal, contendo apenas o Art. 59 e
incisos e parágrafos com incumbências para a fiscalização do cumprimento dessa lei pelos órgãos de
controle interno e externo, que assim dizem:
Art. 59. O Poder Legislativo, diretamente ou com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e
do Ministério Público, fiscalizarão o cumprimento das normas desta Lei Complementar, com ênfase no que se refere a:
I - atingimento das metas estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias;
II - limites e condições para realização de operações de crédito e inscrição em Restos a Pagar;
III - medidas adotadas para o retorno da despesa total com pessoal ao respectivo limite, nos termos dos arts. 22 e 23;
IV - providências tomadas, conforme o disposto no art. 31, para recondução dos montantes das dívidas consolidada e mobiliária aos
respectivos limites;
V - destinação de recursos obtidos com a alienação de ativos, tendo em vista as restrições constitucionais e as desta Lei
Complementar;
VI - cumprimento do limite de gastos totais dos legislativos municipais, quando houver.
§ 1o Os Tribunais de Contas alertarão os Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando constatarem:
I - a possibilidade de ocorrência das situações previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o;
II - que o montante da despesa total com pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) do limite;
III - que os montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da concessão de garantia se encontram acima
de 90% (noventa por cento) dos respectivos limites;
IV - que os gastos com inativos e pensionistas se encontram acima do limite definido em lei;
V - fatos que comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão orçamentária.
§ 2o Compete ainda aos Tribunais de Contas verificar os cálculos dos limites da despesa total com pessoal de cada Poder e órgão
referido no art. 20.
§ 3o O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3o e 4o do art. 39.
A LRF determina a implantação de mecanismos de controle sobre a gestão fiscal, a ser exercido
externamente pelo Poder Legislativo e pelo Tribunal de Contas, como internamente pelo controle interno
de cada Poder e do Ministério Público.
Os pontos a serem expressamente acompanhados são aqueles tidos como mais importantes em termos de
controle para a consecução da gestão fiscal responsável, que são: atingimento das metas fiscais, limites
para contrair operações de crédito para inscrição em restos a pagar, para os gastos com pessoal, para o
endividamento. Devem ainda os órgãos de controle procederem o acompanhamento das medidas para a
recondução aos limites impostos, caso tenham sido ultrapassados ou se estiverem próximos a esses
limites.
115
Os Tribunais de Contas têm à incumbência específica de alertarem os gestores das três esferas de Poder e
do Ministério Público quanto: a necessidade de limitação de empenho e movimentação financeira,
quando verificarem a tendência do não atingimento das metas de resultado primário e nominal
estabelecidas no Anexo de Metas Fiscais; ao montante da despesa total com pessoal quando ultrapassou
90% do limite; aos montantes das dívidas consolidada e mobiliária, das operações de crédito e da
concessão de garantia quando se encontrarem acima de 90% dos respectivos limites; aos gastos com
inativos e pensionistas quando se encontrarem acima do limite definido em lei; aos fatos que
comprometam os custos ou os resultados dos programas ou indícios de irregularidades na gestão
orçamentária.
Compete ainda aos Tribunais de Contas não só alertar, mas também verificar os cálculos dos limites da
despesa total com pessoal de cada Poder e órgão.
O Tribunal de Contas da União acompanhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o, 3
o e 4
o do art. 39,
referente às operações dos entes da Federação com o Banco Central do Brasil.
Disposição da mais alta importância, que reflete a preocupação do legislador em fomentar o controle
social é a contida no Art. 73-A (incluído pela Lei Complementar nº 131, de 2009), que permite qualquer
cidadão, partido político, associação ou sindicato ser parte legítima para denunciar ao respectivo
Tribunal de Contas e ao órgão competente do Ministério Público o descumprimento das prescrições
estabelecidas na LRF.
14. Infrações da Lei de Responsabilidade Fiscal e suas Penalidades
Como se viu ao longo deste trabalho, a LRF tem como princípio ou objetivo fundamental promover o
equilíbrio das contas públicas. Este objetivo é sustentado por diversos pilares, os quais servem de suporte
em relação ao objetivo, que são: o Planejamento; a Transparência; o Controle; e, a Responsabilização.
Discorreremos a seguir sobre a responsabilização, com ênfase às infrações impostas em face do
descumprimento da LRF, a nível institucional, administrativo e penal.
Ao longo da LRF percebe-se o estabelecimento apenas das chamadas "Sanções Institucionais", ou seja,
aquelas sanções que afetam o ente federado ou o órgão/entidade da administração pública, considerado
como um todo, sem implicar em responsabilização de agente público. As sanções de ordem institucional
ou estruturais estão dispostas na própria Lei Complementar n° 101/2000 e, como exemplo, pode-se citar
a vedação de recebimento de transferência voluntária por parte dos Estados e Municípios que
deixarem de prever, instituir e arrecadar efetivamente os impostos constitucionalmente atribuídos
consoante dispõe o parágrafo único do art. 11; a vedação na obtenção de garantia de outro ente e na
contratação de operações de crédito, caso não se promova a redução da despesa total com pessoal (art.
23, § 3°, II); a vedação ao órgão ou Poder, cuja despesa total com pessoal exceder a 95% (noventa por
cento) do limite, de criar cargo, emprego ou função e de alterar a estrutura de carreira que implique
aumento de despesa, dentre outras hipóteses elencadas no parágrafo único do art. 22 da mencionada lei.
Porém, o legislador entendeu que, para a plena eficácia da LRF, devia-se elaborar uma Lei que
importasse sanções aos agentes públicos responsáveis pela violação aos seus preceitos. Foi editada então
a Lei n° 10.028/2000, também chamada de Lei dos Crimes Fiscais, que trata dos chamados crimes contra
as finanças públicas, inserindo os Arts. 359-A a 359-H, no Código Penal Brasileiro.
As sanções de ordem pessoal não estão dispostas na Lei de Responsabilidade Fiscal que, resumidamente,
apenas determina, em seu art. 73, que as infrações aos seus dispositivos serão punidas segundo o Código
Penal, o Decreto-Lei n° 201/67, as Leis n. 1.079/50 e 8.429/92 e demais normas da legislação pertinente.
116
Essas sanções, na verdade, estão previstas na Lei n° 10.028 de 20 de outubro de 2000, oriunda do Projeto
de Lei n° 621/99 que acompanhou a Lei de Responsabilidade Fiscal. Por conta desse mandamento
legislativo foi modificada a redação do art. 339 do Código Penal que tipifica o crime de denunciação
caluniosa e acrescentado oito novos tipos penais com um capítulo chamado Crimes contra as Finanças
Públicas que foi inserido no rol dos Crimes contra a Administração Pública.
Conforme a doutrina, os Crimes contra as Finanças Públicas dispostos no Código Penal são todos crimes
dolosos e não necessitam, via de regra, que seja produzido o resultado naturalístico para a sua
consumação, classificando-se também como crimes de mera conduta. A cominação máxima de pena a
ser aplicada aos agentes ativos desses crimes é de quatro anos. Por este motivo, poderá ser aplicada ao
infrator uma pena alternativa, em substituição a pena privativa de liberdade, conforme o disposto no art.
44, I, do Código Penal. Assim, caso o gestor da administração pública cometa algum desses crimes,
dificilmente ele irá ser preso, pois o legislador seguiu a orientação do direito penal mínimo, já bastante
difundido em outros países e que consiste no fato de viabilizar ao máximo a aplicação de medidas
alternativas à prisão.
Aqueles crimes contra as finanças públicas, que possuírem penas mínimas iguais ou inferiores a 01 (um)
ano26
, também estão sujeitos a suspensão condicional do processo disposta no art. 89 da Lei n 9.099/95,
devendo o juiz, se cumpridos os demais requisitos legais e se for aceita a proposta de suspensão, ao
receber a denúncia, suspender o processo por dois a quatro anos, findo o qual estará extinta a
punibilidade do acusado. Ressalte-se que a reparação civil do dano decorrente do crime é uma das
principais obrigações impostas ao acusado que a aceitar.
Além dos Crimes contra as Finanças Públicas, a Lei n° 10.028/2000, através de seu art.. 4°, acrescentou
ao antigo rol constante do art. 1° do Decreto- Lei 201/67, mais oito novos tipos penais, aumentando
dessa forma o número de crimes (pois podem ser cometidos pelos Prefeitos Municipais e por outras
pessoas em co-autoria com eles). Vale ressaltar que já foi sedimentado tanto na doutrina como na
jurisprudência que enquanto as figuras penais dispostas no art. 1° do mencionado decreto são crimes
comuns, punidos com pena privativa de liberdade e processados e julgados pelo Poder Judiciário, as
infrações do art.. 4° são político-administrativas, sancionadas com a perda do cargo e a inabilitação para
o exercício da função, além de serem processadas e julgadas pela Câmara dos Vereadores. Todos os
tipos penais acrescentados ao art. 1° do Decreto- Lei 201 /67 são punidos com detenção de 03 (três)
meses a 03 (três) anos. Tanto no caso dos crimes comuns definidos no Código Penal como naqueles que
estão definidos no art. 1° do Decreto- Lei 201/67, o prefeito acusado estará sujeito ao processo e
julgamento perante o Tribunal de Justiça, devido à prerrogativa de foro da qual ele é detentor. Caso o
infrator não detenha mais o mandato eletivo, será processado e julgado perante o juiz de primeira
instância e não mais terá foro privilegiado, tendo o Supremo Tribunal Federal revogado recentemente a
Súmula 394.
No tocante à Lei n° 1.079/50 que define os crimes de responsabilidade, encontramos no Capítulo VI, os
Crimes contra as Leis Orçamentárias. Nesse capítulo, disposto no art. 10, foram acrescentados pela Lei
n° 10.028/2000, oito novos tipos penais. Além disso, foi ampliado o rol dos sujeitos ativos através dos
arts. 39-A e 40-A, atribuindo a responsabilidade, para essas mesmas condutas, ao Presidente do Supremo
26
Um dos crimes contra as finanças públicas é a contratação de operação de crédito, disposto no art. 359-A cuja pena é de 1 (um) a 2 (dois) anos de
reclusão e consiste nas condutas que ordenem, autorizem ou realizem operação de crédito (definida no art. 29, III, da LRF), interno ou externo, sem prévia autorização legislativa, incorrendo na mesma pena aquele que ordene, realize ou autorize operação de crédito com inobservância de limite, condição ou
montante estabelecido em lei ou em resolução do Senado ou quando o montante da dívida consolidada ultrapassa o limite máximo autorizado por lei. Os
demais são a inscrição de despesas não empenhadas em restos a pagar (art. 359-B), a assunção de obrigação no último ano de mandato ou legislatura (art. 359-C), a ordenação de despesa não autorizada (art. 359-D), a prestação de garantia graciosa (art. 359-E), o não-cancelamento de restos a pagar (art. 359-F),
o aumento de despesa total com pessoal no último ano do mandato ou legislatura (art. 359-G) e a oferta pública ou colocação de títulos no mercado (art. 359-
H)
117
Tribunal Federal ou ao seu substituto quando no exercício da Presidência, bem assim aos Presidentes dos
Tribunais Superiores, dos Tribunais de Contas, dos Tribunais Regionais Federais, do Trabalho e
Eleitorais, dos Tribunais de Justiça e de Alçada dos Estados e do Distrito Federal e aos Juízes Federais e
Estaduais diretores de foro enquanto ordenadores de despesa. Também estão incluídos como sujeitos
ativos desses crimes o Procurador- Geral da República ou seu substituto, o Advogado- Geral da União,
os Procuradores- Gerais do Trabalho, Eleitoral e Militar, os Procuradores- Gerais de Justiça dos Estados
e do Distrito Federal, os Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito Federal, os membros do
Ministério Público da União e dos Estados, da Advocacia-Geral da União, das Procuradorias dos Estados
e do Distrito Federal, quando no exercício de função de chefia das unidades regionais ou locais das
respectivas instituições.
Vale lembrar que o processo e julgamento do crime de responsabilidade não exclui o processo e
julgamento do acusado, na justiça comum, pela prática de crime contra as finanças públicas disposto no
Código Penal. Ademais, de acordo com o art. 41-A da Lei n° 1.079/50 que também foi acrescentado pela
Lei n" 10.028/2000, será respeitada a prerrogativa de foro das autoridades, bem como as ações penais
contra elas ajuizadas pela prática dos crimes de responsabilidade previstos no art. 10 serão processadas e
julgadas na forma da lei n° 8.038/90, permitindo-se a todo cidadão o oferecimento da denúncia.
Além das sanções decorrentes da prática de crime contra as finanças públicas e do cometimento de crime
de responsabilidade sujeito ao processo de impeachment, o gestor público que violar a Lei de
Responsabilidade Fiscal, também estará sujeito à prática de infração administrativa com a conseqüente
aplicação de multa. Estabelece o art. 5º da Lei n" 10.028/2000 as hipóteses de infrações administrativas
sancionadas com multa de 30% dos vencimentos anuais do agente que lhe der causa, sendo de sua
responsabilidade pessoal o pagamento dessa multa.
Tem-se a seguir todas as infrações cometidas contra a Lei de Responsabilidade Fiscal e respectivas
penalidades.
LEI DE CRIMES FISCAIS 10.028/00 - PUNIÇÕES PELO NÃO CUMPRIMENTO DA LEI DE
RESPONSABILIDADE FISCAL
Essa Lei introduz dispositivos no:
1) Código Penal (inserções no artigo 359-A até o artigo 359-H),
2) Decreto Lei 201/67 e
3) Tipificações introduzidas pela própria Lei de Crimes Fiscais.
1º - Inclusões no Código Penal
Infração Referência Artigo no Código
Penal Pena
Ordenar operação de crédito sem autorização legislativa ou que supere os limites
estabelecidos na Resolução do Senado art.30 da LRF 359 - A
Reclusão:
01 a 02 anos
Inscrever Despesa em Restos a Pagar sem prévio empenho e/ou superando limite legal
artigos 60 da Lei 4.320/64 e 42 da LRF
359 - B
Detenção:
06 meses a 2 anos
Assumir obrigações nos oito últimos meses do mandato sem cobertura de caixa art.42 da LRF 359 - C Reclusão:
1 a 4 anos
Ordenar despesa não autorizada por lei arts. 15 a 17 da LRF 359 - D Reclusão:
01 a 04 anos
Prestar garantia em operação de crédito sem que tenha sido constituída
contragarantia em valor igual ou superior art.40 LRF 359 - E
Detenção:
03 meses a
01 ano
Deixar de cancelar o montante de restos a pagar inscrito em valor superior ao art.42 da LRF 359 - F Detenção:
118
permitido em lei 06 meses a 02 anos
Aumentar despesa com pessoal nos últimos 180 dias do mandato art. 21, parágrafo único, da
LRF 359 - G
Reclusão:
01 a 04 anos
Ofertar títulos públicos sem autorização legislativa e sem registro no SELIC
(Sistema Especial de Liqüidação de Títulos em Custódia) do Banco Central 359 – H Reclusão:
01 a 04 anos
2º - Inclusões no Decreto-Lei 201/67
O artigo 1º do Decreto Lei 201/67 define os crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipais,
sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente da manifestação da Câmara. Em caráter
definitivo e irrevogável, a condenação acarreta perda de cargo e inabilitação por 5 anos para exercício de
cargo ou função pública, sem prejuízo das ações penais. Abaixo, as inclusões da Lei 10.028/00 no
Decreto Lei 201/67:
I n f r a ç ã o Referência
Deixar de ordenar a redução do montante da dívida consolidada que ultrapassar o limite fixado pelo Senado Federal
(inciso XVI) Art.30 da LRF
Autorizar abertura de crédito em desacordo com os limites determinados pelo Senado, sem fundamento na lei orçamentária (inciso XVII)
Art.30 da LRF
Não cancelar operação de crédito, indevidamente contratada
(inciso XVIII) Art.33, §1º, da LRF
Não quitar, integralmente, operação de crédito por antecipação da receita orçamentária (ARO) até o encerramento do
exercício financeiro (inciso XIX) Art.38, II, da LRF
Ordenar empréstimos para outro ente federado (inciso XX) Art.35 da LRF
Captar recursos a título de antecipação de tributos, cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido (inciso XXI) Art.37, I, da LRF
Utilizar recursos de títulos públicos em finalidade diversa daquela constante na lei autorizadora (inciso XXII) Art. 33, do ADCT, da CF
Conceder ou receber transferência voluntária em desacordo com condições estabelecidas em lei (inciso XXIII) Art.25 da LRF
3º - Tipificações Introduzidas pela Lei de Crimes Fiscais
O artigo 5º da Lei 10.028/00 tipificou quatro infrações administrativas contras as finanças públicas.
Todas as tipificações abaixo serão punidas com multa de 30% dos vencimentos anuais do agente que
lhes der causa. Tais desvios serão processados e julgados pelo Tribunal de Contas do Estado.
I n f r a ç ã o Referência
na LRF
Deixar de enviar ou de divulgar o relatório de gestão fiscal, nos prazos e condições estabelecidos em lei Arts. 54 e 55
Apresentar LDO sem o Anexo de Metas Fiscais Art. 4º, §1º
Não limitar a expedição de empenhos e a movimentação financeira, nos casos estabelecidos em lei Art.9º
Deixar de adotar medidas para se reduzir a despesa com pessoal que superou os limites máximos Arts. 23 e 70
119
INFRAÇÕES TIPIFICADAS COMO ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Infração Fundamento Legal Penalidade
Ordenar ou permitir despesas não autorizadas em lei ou
regulamento. Art. 10, IX – Lei 8.429/92 – Improbidade Administrativa
- Ressarcimento integral do
dano;
- Perda da função pública;
- Suspensão dos direitos
políticos – 5 a 8 anos;
Multa de até 2 vezes o
valor do dano;
- Proibição de contratar ou
receber
benefícios/incentivos
fiscais pelo prazo de 5
anos.
Infrações da Lei de Responsabilidade Fiscal e suas penalidades
Infração Sanção/Penalidade
Deixar de apresentar e publicar o Relatório de Gestão Fiscal, no
prazo e com o detalhamento previsto na lei (LRF, artigos 54 e 55;
Lei nº 10.028/2000, art. 5º, inciso I).
Multa de 30% dos vencimentos anuais (Lei nº 10.028/2000, art. 5º,
inciso I e § 1º).Proibição de receber transferências voluntárias e
contratar operações de crédito, exceto as destinadas ao
refinanciamento do principal atualizado da dívida mobiliária (LRF,
art. 51, § 2º).
Ultrapassar o limite de Despesa Total com Pessoal em cada
período de apuração (LRF, art 19 e 20).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal em desacordo com a lei (LRF, art. 21).
Nulidade do ato (LRF, art. 21);Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º)
Expedir ato que provoque aumento da Despesa com Pessoal nos
cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do
respectivo Poder ou órgão (LRF, art. 21).
Nulidade do ato (LRF, art. 21, § único);Reclusão de um a quatro
anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º)
Deixar de adotar as medidas previstas na LRF, quando a Despesa
Total com Pessoal do respectivo Poder ou órgão exceder a 95%
do limite (LRF, art. 22).
Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art.
2º).Proibições previstas em lei (LRF, art. 22, § único).
Deixar de adotar as medidas previstas na lei, quando a Despesa Total com Pessoal ultrapassar o limite máximo do respectivo
Poder ou órgão (LRF, art. 23).
Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º).
Manter gastos com inativos e pensionistas acima do limite
definido em lei (LRF, artigos 18 a 20, art. 24 § 2º, art. 59, § 1º,
inciso IV).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Não cumprir limite de Despesa Total com Pessoal em até dois
anos, caso o Poder ou órgão tenha estado acima desse limite em 1999 (LRF, art. 70).
Proibição de receber transferências voluntárias, contratar operações
de crédito e de obter garantias (LRF, art. 23, § 3º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Não cumprir, até 2003, o limite de Despesa Total com Pessoal do
exercício em referência que não poderá ser superior, em
percentual da Receita Corrente Líquida, a despesa verificada no
exercício imediatamente anterior, acrescida de até dez por cento,
se esta for inferior ao limite definido em lei (LRF, art. 71).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Deixar de reduzir o montante da Dívida Consolidada que exceda
o respectivo limite, no prazo previsto em lei (LRF, art. 31,§1º).
Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação
para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso XVI).Proibição de realizar operação de crédito, enquanto perdurar
o excesso. Obrigatoriedade de obtenção de resultado primário, com
limitação de empenho (LRF, art. 31, § 1º).
Exceder, ao término de cada ano, o refinanciamento do principal
da dívida mobiliária do exercício anterior (LRF, art. 29, § 4º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Não obter o resultado primário necessário para recondução da
dívida aos limites (LRF, art. 31,§1º, inciso II).
Multa de 30% dos vencimentos anuais (Lei nº 10.028/2000, art. 5º,
inciso III e § 1º).
Ultrapassar o prazo para o retorno da Dívida Mobiliária e das Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso
120
Operações de Crédito aos limites (LRF, art. 31, §§ 2º e 3º). VII).Proibição de receber transferências voluntárias (LRF, art. 31, §§ 2º e 3º).
Conceder Garantia em desacordo com a lei (LRF, art. 40). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Conceder Garantia sem o oferecimento de Contra-garantia
determinada pela lei (LRF, art. 40, § 1º).
Detenção de três meses a um ano (Lei nº 10.028/2000, art. 2º).
Conceder Garantia acima dos limites fixados pelo Senado
Federal (LRF, art. 40 § 5º).
Nulidade do ato (LRF, art. 40 § 5º).Cassação do mandato (Decreto-
Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
As entidades da administração indireta, inclusive suas empresas
controladas e subsidiárias concederem Garantia, ainda que com recursos de fundos, (LRF, art. 40, § 6º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Não ressarcir pagamento de dívida honrada pela União ou
Estados, em decorrência de Garantia prestada em Operação de
Crédito (LRF, art. 40, § 9º).
Condicionamento de transferências constitucionais para o
ressarcimento. Não ressarcir pagamento de dívida honrada pela
União ou Estados (LRF, art. 40, § 9º).
Não liquidar a dívida total que tiver sido honrada pela União ou
por Estado, em decorrência de Garantia prestada em Operação de
Crédito (LRF, art. 40, § 10º).
Suspensão de acesso a novos financiamentos (LRF, art. 40, § 10º).
Contratar Operação de Crédito por Antecipação de Receita
Orçamentária, em desacordo com a lei (LRF, art. 38).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Realizar Operação de Crédito fora dos limites estabelecidos pelo
Senado Federal (LRF, art. 32, § 1º, inciso III).
Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação
para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso
XVI).
Realizar Operação de Crédito com outro ente da Federação, ainda
que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de
dívida contraída anteriormente (LRF, art. 35).
Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação
para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso
XVI).
Não liquidar integralmente as Operações de Crédito por
Antecipação de Receita Orçamentária, inclusive os respectivos
juros e demais encargos, até o encerramento do exercício
financeiro, especificamente até o dia 10 de dezembro de cada ano
(LRF, art. 38, inciso II).
Detenção de três meses a três anos, perda do cargo e inabilitação
para a função por cinco anos (Lei nº 10.028/2000, art. 4º, inciso
XVI).
Receita de Operações de Crédito em montante superior ao das
despesas de capital, no projeto da lei orçamentária (LRF, art. 12,
§2º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Aplicar Disponibilidade de Caixa em desacordo com a lei. (LRF,
art. 43, §§ 1º e 2º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Não depositar, em conta separada das demais disponibilidades de
cada ente, as Disponibilidades de Caixa dos regimes de
previdência social e não aplicá-las nas condições de mercado,
com observância dos limites e condições de proteção e prudência
financeira (LRF, art. 43, § 1º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Aplicar Disponibilidade de Caixa dos regimes de previdência
social em títulos estaduais ou municipais, ações e outros papéis
de empresas controladas e conceder empréstimos aos segurados e
ao Poder Público (LRF, art. 43, § 2º).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
Inscrever, em Restos a Pagar, despesa que não tenha sido
previamente empenhada ou que exceda o limite estabelecido na
lei (LRF, art. 42 e art. 55, inciso III, alínea “b”).
Detenção de seis meses a dois anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º,
inciso XVI).
Não cumprir, até 2002, o limite de Despesa com Serviços de Terceiros do exercício em referência que não poderá ser superior,
em percentual da Receita Corrente Líquida, a despesa verificada
no exercício de 1999 (LRF, art. 72).
Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201, art. 4º, inciso VII).
121
BIBLIOGRAFIA
ALBUQUERQUE, Claudiano Albuquerque et all. Gestão de Finanças Públicas. Editora Brasília, 2ª edição,
Brasília, 2008.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.
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Centro Gráfico, 2000.
________.Lei n º 10.028, de 19 de outubro de 2004. Altera o Decreto-Lei nº 2.848 (Código Penal) a Lei 1.079, de
10 de abril de 1950, e o Decreto-Lei nº 201, de 27 de fevereiro de 1967. Diário Oficial da União, Brasília, 20 de
outubro de 2000, Seção 1, p.1.
_______. Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume I, 2ª Edição, aprovado pela Portaria STN no 462/2009,
Anexo de Riscos Fiscais e Anexo de Metas Fiscais, válido para o exercício de 2010, disponível em
WWW.stn.fazenda.gov.br.
_______. Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume II, 2ª Edição, aprovado pela Portaria STN no 462/2009,
Relatório Resumido da Execução Orçamentária, válido para o exercício de 2010, disponível em
WWW.stn.fazenda.gov.br.
_______. Manual de Demonstrativos Fiscais, Volume III, 2ª Edição, aprovado pela Portaria STN no 462/2009,
Relatório de Gestão Fiscal, válido para o exercício de 2010, disponível em WWW.stn.fazenda.gov.br.
______. Senado Federal. Resolução n° 43/2001. Dispõe sobre as operações de crédito interno e externo dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, inclusive concessão de garantias, seus limites e condições de
autorização, e dá outras providências. Disponível em: www.tesouro.fazenda.gov.br.
______. Senado Federal. Resolução n° 40/2001. Dispõe sobre os limites globais para o montante da dívida pública
consolidada e da dívida pública mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em atendimento ao
disposto no art. 52, VI e IX, da Constituição Federal. Disponível em: www.tesouro.fazenda.gov.br.
FIGUEIREDO, Carlos Maurício Cabral, FERREIRA, Cláudio Soares de Oliveira, TORRES, Fernando Raposo
Gameiro, et al. Comentários à lei de Responsabilidade Fiscal. Recife: Nova Livraria, 2001.
MARTINS, Ives Gandra da Silva, NASCIMENTO, Carlos Valder do. Lei de Responsabilidade Fiscal. São Paulo:
Saraiva, 2001.
NASCIMENTO, E. R.; DEBUS, I. Lei complementar n° 101/2000: entendendo a lei de responsabilidade fiscal.
Brasília: ESAF, 2002.
TOLEDO JR, F. C.; ROSSI, S. C. Lei de responsabilidade fiscal: comentada artigo por artigo. 3º ed. São Paulo:
NDJ, 2005.
Rondônia, Estado de Rondônia, Lei Complementar nº 154, de 26.07.1996 (Lei Orgânica do Tribunal de
Contas).
_________,Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Instrução Normativa nº 18, de 13.03.2006.
_________, Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, Resolução nº 54, de 04.06.2009.
122
PARTE III
Noções de CONTABILIDADE PÚBLICA
Apresentando as Mudanças Provocadas pela Legislação
TEORIA PRÁTICA
123
1. CONTABILIDADE PÚBLICA
1.1. Fundamentos
Os órgãos públicos, assim como qualquer entidade privada empresarial, são capazes de adquirir
bens, direitos e de assumir obrigações. Ainda como qualquer outro, eles compram, vendem, produzem,
constroem etc. Isto se realiza por meio da execução de suas tarefas, que são os programas de trabalho,
devidamente previstos nas peças de planejamento (PPA) e orçamento anual. Todos esses fatos
necessitam de registros, para fins de controle, transparência, tomada de decisão etc., gerando as mais
variadas operações contábeis típicas, envolvendo as áreas orçamentária, financeira e patrimonial. Como
exemplo de algumas operações típicas, temos:
Recebimento de recursos financeiros próprios e de terceiros;
Pagamento de pessoal e fornecedores;
Compra de materiais de consumo e bens permanentes;
Gastos com obras e instalações, etc.
Além dos fatos descritos acima, que são os mais conhecidos, dada a semelhança com as
operações praticadas pelas entidades de direito privado, acontecem outros não tão comuns, que também
necessitam de registros contábeis, tais como:
Registro do orçamento;
Emissão de empenho;
Inscrição de restos a pagar;
Cancelamento de dívidas;
Reconhecimento de dívidas;
Registro de doação de bens (recebidos ou doados a terceiros);
Registro de uma garantia contratual (recebida ou dada a terceiros);
Registro de um contrato ao ser firmado com terceiros;
Registro de responsabilidade de agente público ou de terceiros perante a administração
etc.
Importa ressaltar que algumas das operações exemplificadas decorrem diretamente da execução
orçamentária, outras decorrem apenas indiretamente e algumas não decorrem. Contudo, a maior fonte
que permite a realização de operações contábeis dos órgãos e entidades públicas é o orçamento, sendo
também o que mais contribui para as modificações que ocorrem no patrimônio público.
O Processo Orçamentário - os três instrumentos de
planejamento
PPAPPA
LDOLDO
LOALOAExeExe--cucuççãoão
PrograProgra. . FinancFinanc..
O Marco Legal do PPA
PROGRAMAS DE
TRABALHO (4 ANOS)
PRIORIZAÇÃO ANUAL
DOS PROGRAMAS
EXECUÇÃO
ANUAL DOS
PROGRAMAS
ADEQUAÇÃO DO
DESEMBOLSO
MENSAL AO
FLUXO DE CAIXA
REGISTRO DOS ATOS E FATOS,
LEVANTAMENTO DE
BALANCETES, BALANÇOS E
RELATÓRIOS CONTÁBEIS
O Processo de Planejamento/Orçamentação e a Função da
Contabilidade na Gestão Pública
124
Para Slomski (2003, pg. 36), “a Contabilidade Pública é essencialmente uma contabilidade
orçamentária”. Há que se concordar com tal assertiva, haja vista que a escrituração contábil da área
pública inicia seus registros pelo que consta da Lei do Orçamento, em termos de receitas e despesas, seus
créditos adicionais e sua plena execução, permitindo o entendimento do planejamento estatal e suas
variações. A partir daí tem-se o controle do fluxo financeiro, o conhecimento das modificações ocorridas
no patrimônio, em termos de acréscimos e decréscimos patrimoniais, decorrentes e não decorrentes da
execução orçamentária, permitindo, por último, o levantamento dos balanços e demais demonstrativos
contábeis.
Obs: O fluxograma acima mostra as modificações patrimoniais decorrentes apenas da execução orçamentária, porém o
patrimônio pode também ser alterado por fatos independentes da execução orçamentária.
Os recursos financeiros que ingressam (receitas públicas) são decorrentes da contribuição da
sociedade, estando previstos na lei orçamentária, com o objetivo de financiarem as despesas, que são
autorizadas pelos representantes do povo (senadores, deputados federais e estaduais e vereadores,
conforme a esfera de governo).
A partir da arrecadação das receitas e da realização das despesas, o patrimônio público é gerado,
em termos de constituição de bens, direitos e obrigações e começa a sofrer modificações, para mais ou
para menos, chamadas de alterações quantitativas, ou mesmo modificações que não provocam
diminuição ou aumento patrimonial, chamadas de alterações qualitativas. Como já falado, o orçamento é
o principal indutor das alterações patrimoniais, mas que há também modificações não provenientes da
execução orçamentária.
A necessidade de se controlar, quantificar, qualificar, analisar e demonstrar esse conjunto de
bens, direitos e obrigações, formadores do patrimônio, provoca o surgimento da Contabilidade Pública.
As finalidades da contabilidade aplicada à Administração Pública, além da mais conhecida que é
o controle do patrimônio e a elaboração de balanços e demonstrativos contábeis, são vastas. Podemos
elencar as principais, que são:
fornecer informações, atualizadas e exatas, à Administração, para subsidiar as decisões dos
gestores;
fornecer informações aos órgãos de controle interno e externo;
fornecer informações às instituições governamentais e particulares, para fins estatísticos ou de
interesses dessas instituições;
servir como principal instrumento de controle para fins de: organização e execução dos
orçamentos; registro, controle e acompanhamento das variações do patrimônio público; prestação
de contas dos responsáveis por bens e valores; prestação de contas do governo; controle de
custos, eficiência e eficácia na gestão dos recursos públicos;
servir como instrumento de controle social, possibilitando a participação da população, no
sentido de saber como estão sendo aplicados os recursos que lhes foram arrecadados.
Patrimônio
Rec. e Desp. Efetivas =
Aumento ou diminuição
Rec. e Desp. Ñ Efet.=
Não causam aum. ou dim.
Rec. e Desp. Efetivas
Execução Arrec. Receitas
Realiz. Despesas
Rec. Efetivas
Rec.nãoEfet.
(Mutação)
Desp. Efet.
Desp. ñ Efet.
(Mutação)
Orçamento Receitas/Despesas
125
1.2. Conceitos, objetivo e objeto da Contabilidade Pública
Em termos gerais, conceitua-se a contabilidade como o sistema de informações capaz de captar,
registrar, reunir, interpretar e divulgar os fenômenos avaliáveis monetariamente que afetam as situações
patrimoniais, financeiras e econômicas das entidades, quer sejam privadas ou públicas.
A contabilidade governamental ou pública corresponde a um dos ramos da Ciência Contábil,
responsável pelo registro, o controle e a demonstração dos fatos mensuráveis em moeda que afetam o
patrimônio da União, dos Estados (incluso o Distrito Federal) e dos Municípios e suas respectivas
autarquias e fundações (entidades de direito público interno). Resumindo, a Contabilidade Pública é o
ramo da Ciência Contábil aplicado à Administração Pública.
O objetivo da Contabilidade Aplicada ao Setor Público, segundo a NBC T 16.1, é fornecer
aos usuários informações sobre os resultados alcançados e os aspectos de natureza orçamentária,
econômica, financeira e física do patrimônio da entidade do setor público e suas mutações, em
apoio ao processo de tomada de decisão; a adequada prestação de contas; e o necessário suporte para a
instrumentalização do controle social.
O objeto da Ciência Contábil, em seu sentido amplo, é o patrimônio, constituído por bens,
direitos e obrigações, vinculados a uma entidade (pessoa física ou jurídica). Dentro dessa ótica, define-se
o objeto da contabilidade praticada por entidades privadas, como sendo o patrimônio privado, de
propriedade de cada empresa.
No caso do Patrimônio Público, o objeto da Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o
patrimônio público.
Segundo João Eudes B. Filho (2005, p. 127), “O Patrimônio do Estado constitui o conjunto de
bens, valores, créditos e obrigações de conteúdo econômico e avaliáveis em moeda que a Fazenda
Pública possui e utiliza na consecução dos seus objetivos”.
Ela aplica na Administração Pública as técnicas de registro dos atos e fatos administrativos,
apurando resultados e elaborando relatórios periódicos, levando em conta as normas de Direito
Financeiro (Lei nº 4.320/64), os princípios gerais de finanças públicas e os princípios de contabilidade.
CAMPO DE APLICAÇÃO DA CONTABILIDADE PÚBLICA
ADMINISTRAÇÃO DIRETA (CENTRALIZADA)
ADMINISTRAÇÃO INDIRETA (DESCENTRALIZADA)
TIPOLOGIA PATRIMONIAL EMPRESAS
TRANSPORT.
PATRIMÔNIO
DOS
TRANSPORTES
EMPRESAS
COMERCIAIS
PATRIMÔNIO
COMERCIAL
EMPRESAS
AGROPEC.
PATRIMÔNIO
RURAL
EMPRESAS
INDUSTRIAIS
PATRIMÔNIO
INDUSTRIAL
SINDICATO
PATRIMÔNIO
SINDICAL
EMPRESAS
HOSPIT.
PATRIMÔNIO
HOSPITALAR
EMPRESAS
BANCÁRIAS
PATRIMÔNIO
BANCÁRIO
EMPRESAS
DE
SEGUROS
PATRIMÔNIO
SEGUROS
GOVERNOS
PATRIMÔNIO
PÚBLICO
ESPECIALIZAÇÕES CONTABILID.
DE
TRANSPORTES
CONTABILID.
COMERCIAL
CONTABILID.
RURAL
CONTABILI.D.
INDUSTRIAL
CONTABILID.
SINDICAL
CONTABILID.
HOSPITALAR
CONTABILID.
BANCÁRIA
CONTABILID.
DE
SEGUROS
CONTABILID.
PÚBLICA
CONTABILIDADE
GERAL
126
PODER EXECUTIVO
União = Ministérios / Sec. Especiais
Estados e Municípios = Secretarias
PODER LEGISLATIVO
União = Congresso Nacional
Estados = Assembléias Legislativas
Municípios = Câmaras Municipais
Obs: incluem-se os Tribunais de Contas
PODER JUDICIÁRIO
Federal e Estadual
Obs: inclui-se o Ministério Público
AUTARQUIAS
Obs: incluem-se as Agências Reguladoras
FUNDAÇÕES PÚBLICAS
EMPRESAS ESTATAIS DEPENDENTES
(somente aquelas que utilizam recursos à conta do orçamento
público para despesas de custeio e investimentos específicos)
CONSÓRCIOS PÚBLICOS
Segundo as Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, editadas
recentemente, especialmente o que diz a NBC T 16.1, o campo de aplicação da contabilidade pública
atinge:
(a) integralmente, as entidades governamentais, os serviços sociais e os conselhos
profissionais;
(b) parcialmente, as demais entidades do setor público, para garantir procedimentos
suficientes de prestação de contas e instrumentalização do controle social, tais como: órgãos, fundos
e pessoas jurídicas de direito público ou que, possuindo personalidade jurídica de direito privado,
recebam, guardem, movimentem, gerenciem ou apliquem recursos públicos, na execução de suas
atividades. Equiparam-se, para efeito contábil, as pessoas físicas que recebam subvenção,
benefício, ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público.
A Contabilidade
Pública
Na área pública, até recentemente deveria ser considerado como patrimônio, a ser controlado
(contabilizado) pelos órgãos e entidades públicas, tão somente aqueles bens que atendiam à característica
de uso restrito, específico e não generalizado, de propriedade dessas entidades. Assim, não eram
considerados, para efeito de incorporação patrimonial, os bens de uso comum do povo, tais como:
praças, rodovias, viadutos etc.
Esses bens não eram incorporados ao patrimônio dos órgãos encarregados de sua construção e/ou
manutenção, apesar de terem sido utilizados recursos públicos na sua construção e manutenção, mesmo
sendo denominados de bens públicos. Contabilizavam-se, nesse caso, apenas os gastos realizados com a
sua construção, manutenção e conservação. Compunha o patrimônio público contábil os bens de uso
especial e os bens dominiais, classificação empregada pelo Código Civil.
Com o advento das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público,
especialmente da NBC T 16.10, os bens de uso comum devem ser contabilizados e incorporados ao
patrimônio.
Além disso, como são dotados de personalidade jurídica, os órgãos e entidades públicas podem
adquirir direitos sobre bens e valores a receber e assumir obrigações a pagar. Esses elementos
patrimoniais também devem ser contabilizados e apresentados no Balanço Patrimonial.
Dessa forma, os bens (de uso exclusivo e os bens de uso comum do povo), direitos a receber e
obrigações a pagar, integram o patrimônio dos órgãos e entidades públicas, formando o objeto da
contabilidade pública.
Estuda
Registra
Controla e
Demonstra
O orçamento aprovado e acompanha a sua execução
Os atos administrativos da Fazenda Pública
Os fatos contábeis e
O patrimônio público e suas variações
127
Também faz parte dos objetos da contabilidade pública o orçamento. Assim entendido como a
peça autorizativa para a arrecadação de recursos financeiros (receitas) e realização de gastos (despesas).
A preocupação da lei orçamentária reside no montante de recursos financeiros que poderão
ingressar nos órgãos, sendo representado pelo título de “receita”, identificando e prevendo cada uma de
suas origens, bem como no montante de recursos que deverão ser despendidos pelos órgãos,
representado pelo título de “despesas”, na realização de seus programas de trabalho (tarefas),
identificando (fixando) o montante de cada uma dessas aplicações.
Ainda, igualmente à contabilidade privada, a contabilidade pública, atualmente, desempenha as
funções administrativa e econômica. Tem por função administrativa o controle do patrimônio e, como
função econômica, apurar o resultado do exercício (positivo ou negativo).
1.3. Legislação aplicada à Contabilidade Pública
A contabilidade pública está baseada em normas próprias: Lei nº 4.320/64; normas emanadas da
Secretaria do Tesouro Nacional/STN (portarias); Lei de Responsabilidade Fiscal (Art.50); Resoluções do
Conselho Federal de Contabilidade/CFC, especialmente através das Resoluções CFC nºs 750/93 e
1.111/07, que estabelecem, respectivamente, os Princípios Fundamentais de Contabilidade e sua
interpretação para o setor público e, por último, por meio das Resoluções 1.128 a 1.137, de 21.11.2008,
publicadas no D.O.U. em 25.11.2008, que aprovam dez Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC T
16.1 a 16.10) Aplicadas ao Setor Público, com adoção de forma facultativa, a partir de suas
publicações, e de forma obrigatória para os fatos ocorridos a partir de 1º de janeiro de 2010.
Conforme art. 85 da Lei nº 4.320/64, a contabilidade das entidades públicas deve permitir o
acompanhamento da execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a
determinação dos custos industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos
resultados econômicos e financeiros.
A Lei de Responsabilidade Fiscal traz no artigo 50, regras relacionadas à escrituração contábil,
visando principalmente facilitar a Consolidação das Contas. Do mesmo modo, faz a Secretaria do
Tesouro Nacional/STN, órgão central de contabilidade da União, pertencente ao Ministério da Fazenda,
amparada pelo artigo 50, § 2o da LRF, regulamenta e cria demonstrativos contábeis, cujo preenchimento
é obrigatório às três esferas de governo.
Todavia, a contabilidade pública deve dar atenção maior aos Princípios Fundamentais de
Contabilidade, contidos na Resolução CFC nº 750/93. O CFC editou também a Res. Nº 1.111/07, que
dispõe sobre a interpretação desses princípios sob a perspectiva do setor público.
Tais princípios representam a essência das doutrinas e teorias relativas à Ciência da
Contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso
país, transformando-se em postulados ou premissas básicas acerca dos fenômenos econômicos
contemplados pela contabilidade, sendo sua observância obrigatória no exercício da profissão. A
contabilidade pública deve observá-los mais ainda, ante a vigência das NBCASP’s.
128
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE
I – da Entidade
O patrimônio da Pessoa Física não se confunde com o patrimônio da Pessoa Jurídica.
Segundo o Apêndice II à Resolução CFC nº 750/1993, o Princípio da Entidade se afirma, para o ente
público, pela autonomia e responsabilização do patrimônio a ele pertencente. A autonomia
patrimonial tem origem na destinação social do patrimônio e a responsabilização pela
obrigatoriedade da prestação de contas pelos agentes públicos.
II – da Continuidade
Considera-se a entidade com vida ilimitada para a contabilidade. Sob a perspectiva do setor público,
a continuidade está vinculada ao estrito cumprimento da destinação social do seu patrimônio, ou
seja, a continuidade da entidade se dá enquanto perdurar sua finalidade (Apêndice II à Resolução CFC
nº 750/1993).
III – da Oportunidade
Refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas
mutações. O Princípio da Oportunidade determina o registro das variações patrimoniais, mesmo
na hipótese de existir razoável certeza de sua ocorrência, enfatizando ainda o reconhecimento
universal das variações ocorridas no patrimônio da Entidade.
Para o setor público, o Princípio da Oportunidade é base indispensável à integridade e à
fidedignidade dos registros contábeis dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o patrimônio da
entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor Público.
A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem reconhecidas na sua
totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para sua ocorrência,
visando ao completo atendimento da essência sobre a forma (Apêndice II à Resolução CFC nº
750/1993).
É importante ressaltar que, para atender ao Princípio da Oportunidade, a contabilidade não pode se
restringir ao registro dos fatos decorrentes da execução orçamentária, pois o fato gerador da despesa
pode não ocorrer no mesmo momento da liquidação da despesa orçamentária.
IV – do Registro pelo
Valor Original
Os bens devem ser registrados pelo valor de compra/entradas.
Sob a perspectiva do setor público, nos registros dos atos e fatos contábeis será considerado o valor
original dos componentes patrimoniais que, ao longo do tempo, não se confunde com o custo
histórico. Ou seja, o registro pelo valor original corresponde ao valor resultante de mensuração
com agentes internos ou externos, com base em valores de entrada – a exemplo de custo histórico,
custo histórico corrigido e custo corrente.
Para obedecer ao princípio, é importante que os elementos patrimoniais sejam avaliados com
suficiente regularidade, de maneira que o seu valor registrado não difira significativamente daquele que
possa ser determinado utilizando-se o seu valor justo ou o valor de mercado na data de
encerramento do balanço patrimonial.
V – da Competência
As receitas e despesas devem ser reconhecidas independentemente de recebimento ou pagamento.
O Princípio da Competência define que as alterações no ativo ou passivo que resultem em
aumento ou diminuição no patrimônio líquido devem ser incluídas na apuração do resultado do
período em que ocorrerem, independentemente de recebimento ou pagamento. Veja trechos da Res.
CFC nº 750/93 sobre tal princípio:
“Art. 9° As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que
ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou
pagamento.
§ 1° O Princípio da COMPETÊNCIA determina quando as alterações no ativo ou no passivo
resultam em aumento ou diminuição no patrimônio líquido, estabelecendo diretrizes para
classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observância do Princípio da
OPORTUNIDADE.
§ 2° O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência
natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração.
[...]
§ 3º As receitas consideram-se realizadas:
I – nas transações com terceiros, quando estes efetuarem o pagamento ou assumirem
compromisso firme de efetivá-lo, quer pela investidura na propriedade de bens anteriormente
pertencentes à ENTIDADE, quer pela fruição de serviços por esta prestados;
II – quando da extinção, parcial ou total, de um passivo, qualquer que seja o motivo, sem o
desaparecimento concomitante de um ativo de valor igual ou maior;
III – pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros;
129
IV – no recebimento efetivo de doações e subvenções.”
§ 4º Consideram-se incorridas as despesas:
I – quando deixar de existir o correspondente valor ativo, por transferência de sua propriedade para
terceiros.
II – pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo;
III – pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.”
VI – da Prudência
Determina a adoção do menor valor para os componentes do Ativo e do maior para os do Passivo. O
Princípio da Prudência institui a adoção da hipótese de que resulte menor patrimônio líquido, com o
menor valor para os componentes do Ativo, com ênfase quando, para definição dos valores relativos
às variações patrimoniais, devem ser feitas estimativas que envolvam incertezas de grau variável.
O princípio da prudência adquire relevância quando são feitas estimativas, tais como os
passivos contingentes que representam dívidas, cuja existência depende de fatores imprevisíveis,
tais como resultados dos julgamentos de processos judiciais. Nesse caso, se existirem alternativas
igualmente válidas para a quantificação do fato, será escolhida aquela que resultar no maior valor para o
passivo.
Torna-se oportuno mencionar que praticamente todos os princípios, demonstrados acima, não são
muito acatados na área pública, talvez pelo fato da contabilidade pública achar-se muito atrelada à Lei nº
4.320/64, que prega mais a contabilidade orçamentária/financeira do que a patrimonial. No entanto, com
a edição das NBCASP’s, os Princípios Fundamentais de Contabilidade ficam totalmente em evidência e
devem ser obedecidos na íntegra e por primeiro; em segundo plano vêm as demais normas. Eis alguns
trechos de algumas das NBCASP’s, a NBC T 16.4 – que trata das transações no setor público, e a NBC
T 16.5 – que dispõe sobre os registros contábeis:
“Transações no setor público: os atos e os fatos que promovem alterações qualitativas ou quantitativas,
efetivas ou potenciais, no patrimônio das entidades do setor público, as quais são objeto de registro
contábil em estrita observância aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às Normas Brasileiras de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público”.
“As transações no setor público devem ser reconhecidas e registradas integralmente no momento em que
ocorrerem”.
“Os registros da entidade, desde que estimáveis tecnicamente, devem ser efetuados, mesmo na hipótese
de existir razoável certeza de sua ocorrência”.
“Os registros contábeis devem ser realizados e os seus efeitos evidenciados nas demonstrações
contábeis do período com os quais se relacionam, reconhecidos, portanto, pelos respectivos fatos
geradores, independentemente do momento da execução orçamentária”.
Os trechos transcritos acima estão relacionados, principalmente, aos princípios da oportunidade e
da competência, não observados até então pela contabilidade pública na sua integralidade. Um exemplo
claro de inobservância ao princípio da oportunidade é a não contabilização de toda a dívida fundada de
determinado município, muitas vezes por desconhecimento do real montante. Um exemplo de
descumprimento ao princípio da competência é a contabilização da receita somente quando efetivado seu
recebimento e da despesa apenas quando empenhada, ou seja, adoção do regime misto conforme ordena
a Lei nº 4.320/64, que trata da contabilidade orçamentária e não patrimonial, que é o caso dos princípios
da competência e da oportunidade.
1.4. Patrimônio Público
Segundo as NBC’s T 16.1 e T 16.2, Patrimônio Público é o conjunto de direitos e bens,
tangíveis ou intangíveis, onerados ou não, adquiridos, formados, produzidos, recebidos, mantidos
ou utilizados pelas entidades do setor público, que seja portador ou represente um fluxo de
benefícios, presente ou futuro, inerente à prestação de serviços públicos ou à exploração econômica por
entidades do setor público e suas obrigações.
130
REPRESENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO (Estrutura segundo a Lei nº 4.320/64)
ATIVO PASSIVO
Ativo Financeiro
Disponível
Realizável
Passivo Financeiro
Restos a Pagar
Serviços da Dívida a Pagar
Depósitos
Débito de Tesouraria
Ativo Permanente
Bens
Valores
Créditos
Passivo Permanente
Dívida Interna
Dívida Externa
Total do Ativo Real Total do Passivo Real
Saldo Patrimonial
Passivo a Descoberto (AR<PR)
Saldo Patrimonial
Ativo Real Líquido (AR>PR)
a) Ativo
Constitui os bens e direitos da entidade que representa a parte positiva do patrimônio.
No patrimônio público, o ativo é subdividido em:
Ativo Financeiro – constituído de numerário, em caixa ou depositado em conta corrente
bancária, vinculado a programas especiais, em aplicações financeiras (disponibilidades), bem como
constituído de créditos financeiros realizáveis em curto prazo (realizável).
Ativo Permanente – constituído dos Bens (Móveis, Imóveis e Semoventes), dos Valores (Ações,
Títulos etc.) e dos Créditos não financeiros (Dívida Ativa, Empréstimos Concedido etc.).
Obs: Quanto aos bens, cabe observar que antes do advento das NBCASP’s, nem todos eram
incorporados ao Patrimônio Público, conforme já mencionado anteriormente, porém, a partir da edição
de tais normas, já podem sofrer incorporação patrimonial os bens de uso comum do povo.
Bens Públicos constitui o conjunto de meios pelos quais o Estado desenvolve suas atividades de
prestação de serviços à comunidade. São subdivididos em:
Bens de Uso Comum – são imóveis de domínio público e já podem ser apropriados
contabilmente ao Patrimônio Público. Tais bens constituem o Patrimônio Comunitário ou Social. Ex:
estradas, ruas, pontes, praças, etc.
Bens de Uso Especial – são os bens móveis e/ou imóveis destinados ao uso das
repartições públicas, como instrumentos do Estado para a prestação de serviços à comunidade. São
contabilizados, incorporáveis ao Patrimônio, avaliados e inventariados. São inalienáveis quando
empregados no serviço público, caso contrário, podem ser alienados, sempre nos casos e na forma
ATIVO FINANCEIRO DISPONÍVEL: caixa, bancos, aplicações financeiras etc. REALIZÁVEL: créditos financeiros com tendência de realização nos próximos 12 meses em que
se levanta o Balanço.
ATIVO PERMANENTE BENS: móveis, imóveis, almoxarifado, semoventes etc. VALORES: ações, títulos etc. CRÉDITOS NÃO-FINANCEIROS: dívida ativa, empréstimo concedido, etc, com possibilidade de
realização após os próximos 12 meses em que se levanta o Balanço.
131
estabelecidos em lei. Ex: hospitais, prédios escolares, prédios administrativos, instalações militares,
residências oficiais, museus, bibliotecas, com seus mobiliários e/ou equipamentos.
Bens Dominiais – são os que integram o domínio público com características diferentes,
pois podem ser utilizados em qualquer fim, ou mesmo, alienados, caso a administração julgue
conveniente. Tais bens são contabilizados, incorporáveis ao patrimônio, avaliados e inventariados.
b) Passivo Conjunto dos elementos patrimoniais, representativos das obrigações estatais para com terceiros,
subdividido em:
Passivo Financeiro – constituído pela Dívida Flutuante (originada no exercício anterior pendente de
pagamento).
Passivo Permanente – constituído pela Dívida Fundada (Interna e Externa).
c) Saldo Patrimonial
Representa a situação patrimonial líquida, ou seja, a diferença entre o ativo e o Passivo
(SP = A – P), que pode ser:
Ativo Real Líquido – quando o Ativo for maior que o Passivo (A > P);
Passivo Real Líquido ou Passivo a Descoberto – Quando o Passivo for maior que o Ativo (A < P);
Nulo - quando o Ativo for igual ao Passivo (A = P), sendo um tanto difícil acontecer tal situação.
REPRESENTAÇÃO DO PATRIMÔNIO PÚBLICO (Estrutura com base na NBC T 16.6)
ATIVO PASSIVO
Circulante
Disponíveis
Créditos Realizáveis
Não Circulante
Realizável a Longo Prazo
Investimentos
Imobilizado
Compensado
Circulante
Obrigações (curto prazo)
Não Circulante
Obrigações (longo prazo)
Patrimônio Líquido
Compensado
Total Total
PASSIVO FINANCEIRO RESTOS A PAGAR: despesas empenhadas e não-pagas. SERVIÇOS DA DÍVIDA A PAGAR: restos a pagar da dívida e encargos. DEPÓSITOS: consignações, retenções e cauções etc. DÉBITO DE TESOURARIA: operação de crédito por antecipação da receita.
PASSIVO PERMANENTE DÍVIDA INTERNA DÍVIDA EXTERNA (operações de crédito, dívida mobiliária, confissões de dívidas, etc.)
SALDO PATRIMONIAL (SP) ATIVO REAL LÍQUIDO (A > P) PASSIVO REAL LÍQUIDO OU PASSIVO A DESCOBERTO (P > A) NULO (A = P)
132
Segundo a NBC T 16.6, os ativos devem ser classificados como “circulante” quando satisfizerem a um dos
seguintes critérios:
(a) estarem disponíveis para realização imediata;
(b) tiverem a expectativa de realização até o término do exercício seguinte.
Os demais ativos devem ser classificados como não circulante.
Os passivos devem ser classificados como circulante quando satisfizerem um dos seguintes critérios:
(a) corresponderem a valores exigíveis até o final do exercício seguinte;
(b) corresponderem a valores de terceiros ou retenções em nome deles, quando a entidade do setor público for
a fiel depositária, independentemente do prazo de exigibilidade.
Os demais passivos devem ser classificados como não circulante.
Continuando o estudo sobre o Patrimônio Público, ele deve ser analisado sob dois aspectos:
qualitativo e quantitativo.
O aspecto qualitativo não indaga valor dos elementos patrimoniais, mas sim, a sua qualidade
funcional. Neste aspecto, o patrimônio é visto como o conjunto de elementos ou espécies de que é
constituído, qual seja: Bens, Valores, Créditos (aplicações) e Obrigações (origens).
Sob o aspecto quantitativo o patrimônio é visto como um fundo de valores, ou seja, o
agrupamento dos vários componentes do patrimônio nos três elementos básicos da equação patrimonial
(Ativo – Passivo = Saldo Patrimonial), avaliados monetariamente.
COMPOSIÇÃO
PATRIMONIAL
ASPECTOS DE AVALIAÇÃO
QUALITATIVO
(Função das Contas)
QUANTITATIVO
(Fundo de Valores)
APLICAÇÕES
Bens
Valores
Créditos
SOMA
250
100
450
800
ORIGENS
Dívidas
Situação Líquida
SOMA
350
450
800 Fonte: Adaptado de Sérgio Jund (2006, p. 447)
Obs: Quando a avaliação dos elementos patrimoniais:
Segundo a Lei nº 4.320/64, em seu artigo 106 e parágrafos, estabelece que a avaliação dos bens
patrimoniais deverá ser da seguinte forma:
Os débitos e créditos, bem como os títulos de renda, pelo seu valor nominal, feita a
conversão, quando em moeda estrangeira, à taxa de câmbio vigente na data do balanço;
Os bens móveis e imóveis, pelo valor de aquisição ou pelo custo de produção ou de
construção;
Os bens de almoxarifado, pelo preço médio ponderado das compras;
Os valores em espécie, assim como os débitos e créditos, quando em moeda estrangeira,
deverão figurar ao lado das correspondentes importâncias em moeda nacional;
As variações resultantes da conversão dos débitos, créditos e valores em espécie, serão
levados à conta patrimonial;
Poderão ser feitas reavaliações dos bens móveis e imóveis.
Cabe fazermos comentário acerca da avaliação dos bens de almoxarifado que, segundo a referida
lei, deve ser pelo preço médio ponderado das compras. Presume-se, então, que a adoção deste critério
baseia-se na ordem em que os materiais são comprados com seus respectivos valores; neste caso, os
valores relativos às saídas serão definidos mediante divisão do valor das compras pela quantidade.
133
Os critérios de avaliação dos bens patrimoniais contidos na Lei nº 4.320/64, de certa forma não
confrontam com as NBCASP’s, que possui uma norma específica para tratar desses critérios, a NBC T
16.10; nela constam critérios de avaliação e mensuração não somente para os bens e direitos (ativo)
como também para as obrigações (passivo), além de outras definições técnicas importantes.
Tal norma deixa claro a obrigação dos elementos patrimoniais sofrerem reavaliação, bem como a
depreciação, amortização e exaustão. Existe, inclusive norma específica, a NBC T 16.9, para tratar da
depreciação, amortização e exaustão.
d) Variações Patrimoniais
Conjunto das modificações sofridas pelo patrimônio, ou seja, as ocorrências que proporcionam
aumento ou diminuição nos elementos componentes do Ativo ou do Passivo.
VARIAÇÔES
PATRIMONIAIS ATIVAS
COMPORTAMENTO
DAS VARIAÇÕES:
VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
PASSIVAS
Receita Orçamentária
Ex: Tributos em geral, Dívida Ativa,
Transferências, Operações de
Crédito, Alienação de Bens
RESULTANTES DA
EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
Despesa Orçamentária Ex: Pessoal e encargos, material de
consumo, juros e encargos da dívida,
equip. e mat. Permanente, obras e
instalações, amortização da dívida.
Mutação da Despesa
Orçamentária Ex: Incorporação de bens, baixa da
dívida.
Mutação da Receita
Orçamentária Ex: Baixa de bens, Baixa de Créditos,
incorporação de dívida.
Superveniência Ativa Ex: Inscrição de créditos (dívida
ativa), incorporação de bens por
doação, diferença positiva da
reavaliação de bens, nascimento de
animal.
INDEPENDENTES
DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
Superveniência Passiva
Ex: inscrição de dívida
(reconhecimento).
Insubsistência Passiva
Ex: Baixa da dívida (prescrição,
anistia)
Insubsistência Ativa Ex: Baixa de bens por doação (ou
mesmo por sinistro), baixa de crédito
(anistia, prescrição), diferença
negativa da reavaliação de bens, morte
de animal.
TOTAL VPA: RESULTADO
PATRIMONIAL
TOTAL VPP:
Déficit quando VA for menor Superávit quando VP for menor
Obs: conforme art. 100 da Lei nº 4.320/64
Classificam-se em:
I – Resultantes da Execução Orçamentária
São os acréscimos ou decréscimos ocasionados pela execução orçamentária, subdivididos em:
Variações Patrimoniais Ativas – são as que acarretam aumento patrimonial:
Receita Orçamentária – são as receitas correntes e as receitas de capital.
Mutações da Despesa – aquisição de bens (material de consumo para estoque e material permanente)
e/ou valores, amortização da dívida fundada e concessão de empréstimos. São chamadas de mutações
pelo fato de constituírem apenas uma troca de elementos patrimoniais, sem afetar o resultado
patrimonial (modificações qualitativas). Por exemplo: na aquisição de um veículo (despesa de capital)
há o pagamento (saída do dinheiro), mas ao mesmo tempo ocorre a incorporação desse bem no
patrimônio público, não havendo qualquer modificação no resultado patrimonial para mais ou para
menos.
Variações Patrimoniais Passivas – são as que provocam diminuição patrimonial:
Despesa Orçamentária – são as despesas correntes e as despesas de capital.
134
Mutações da Receita – alienação de bens e/ou valores, recebimento de créditos e realização de
operações de créditos. São chamadas de mutações pelo fato de constituírem apenas uma troca de
elementos patrimoniais, sem afetar o resultado patrimonial (modificações qualitativas). Por exemplo:
quando ocorre a arrecadação de uma receita de alienação de bens (receita de capital), ou seja uma venda
de bens, há a entrada do dinheiros, mas ao mesmo tempo ocorre a desincorporação desse bem no
patrimônio público, não havendo qualquer modificação no resultado patrimonial para mais ou para
menos.
II - Independentes da Execução Orçamentária – são os acréscimos ou decréscimos verificados nos elementos
ativos e passivos, de forma fortuita e ocasional, não relacionados às operações orçamentárias, subdividindo-se em:
Variações Patrimoniais Ativas (VPA) – são aquelas que proporcionam aumento patrimonial, quais
sejam:
Superveniências Ativas – exemplo: nascimento de semoventes (animais), incorporação e/ou
reavaliação de bens, inscrição, encampação e/ou atualização monetária de créditos;
Insubsistências Passivas – referem-se a cancelamento de dívidas em geral.
Variações Patrimoniais Passivas (VPP) – são aquelas que acarretam diminuição
patrimonial, tais como:
Insubsistências Ativas – exemplo: morte de semoventes, desincorporação e/ou
baixa residual de bens, cancelamento de créditos;
Superveniências Passivas – são as encampações e/ou atualização monetária de
dívidas em geral.
e) Resultado Patrimonial do Exercício
Também conhecido por Resultado Econômico, representa a diferença entre as Variações Patrimoniais
Ativas e as Variações Patrimoniais Passiva, podendo acontecer as seguintes situações
As contas de variações patrimoniais são contas de resultado e servem para informar os diversos
fatos que ocorrem e alteram cada um dos elementos patrimoniais para mais ou para menos; portanto,
quando ocorre uma alteração em determinada conta patrimonial, certamente há o registro nas variações
patrimoniais, influenciando no resultado do exercício, apurado na Demonstração das Variações
Patrimoniais e, conseqüentemente, alterando o saldo patrimonial constante do Balanço Patrimonial. Veja
o exemplo a seguir:
Suponhamos que determinada entidade pública possuía saldo inicial em certo exercício na conta
de Bens de R$ 100 e de Obrigações de longo prazo de R$ 50.
Balanço Patrimonial em 31.12.X1
ATIVO PASSIVO
Bens Móveis 100
Obrigações (longo prazo) 50
Patrimônio Líquido 50
Total 100 Total 100
Durante o exercício de X2 aconteceram as seguintes movimentações nessas duas contas:
RESULTADO PATRIMONIAL (SP) SUPERAVITÁRIO (VPA>VPP) DEFICITÁRIO (VPA < VPP) NULO (VPA = VPP)
135
Bens Móveis Obrigações Saldo Inicial 100 Saldo Inicial 50
Aquisição de Bens Móveis 40 Amortização De Dívidas (25)
Alienação de Bens Móveis (10) Empréstimos tomados 35
Bens Móveis doados por terceiros 5 Dívidas prescritas (10)
Bens Móveis baixados por inservíveis (3) Dívidas reconhecidas 20
Saldo Final 132 Saldo Final 70
D.V.P em 31.12.X2
VARIAÇÕES ATIVAS VARIAÇÕES PASSIVAS
Result. da Exec. Orçamentária
Aquis. Bens Móveis 40
Amortização de Dívidas 25
Indep. da Exec. Orçamentária
Doação de Bens 5
Dívidas Prescritas 10
Sub-total...................................80
Result. da Exec. Orçamentária
Baixa de Bens Móveis 10
Empréstimos Tomados 35
Indep. da Exec. Orçamentária
Baixa Bens Inservíveis 3
Dívidas Reconhecidas 20
Sub-total.........................................68
Resultado Patrimonial Superávit 12
Total 80 Total 80
Balanço Patrimonial em 31.12.X2
ATIVO PASSIVO
Bens Móveis 132
Obrigações (longo prazo) 70
Patrimônio Líquido 62
Total 132 Total 132
1.5. Atos e Fatos Administrativos
Diferentemente do que ocorre nas entidades privadas, cuja ênfase é dada aos fatos administrativos
que provocam alteração patrimonial, nas entidades públicas são feitos os registros não somente dos fatos
administrativos ocorridos que geram alteração patrimonial, como também dos atos administrativos que
mediatamente não trazem qualquer alteração no patrimônio público. Deve-se isto por força do art. 87 da
Lei nº 4.320/64, que diz: “Haverá controle contábil dos direitos e obrigações oriundos de ajustes ou
contratos em que a administração pública for parte”.
Para efeito contábil, consideram-se atos administrativos aqueles que, embora necessários e visem
a resultados, não provocam imediata mudança na composição patrimonial. Como exemplo de registro
contábil proveniente de atos administrativos, temos: previsão da receita, dotação da despesa, abertura de
créditos adicionais, assinatura de contratos, convênios, acordos, concessão de avais, cauções em títulos e
garantias, etc.
Já os fatos administrativos geralmente decorrem da execução de um ato e, quando praticados,
importam necessariamente em alteração ou modificação imediata na composição patrimonial, pois
envolvem bens, direitos ou obrigações. Como exemplo de registro contábil originado de fatos
administrativos, temos: arrecadação de receitas e realização de despesas, aquisição de bens, baixa de
bens por sinistro, incorporação de dívidas, recebimento de dívidas, dentre outros.
VARIAÇÕES
PATRIMONIAS
136
Os atos administrativos sofrem registro nas contas de compensação por força do art. 105, § 5º, da
Lei nº 4.320/64, que assim diz: “Nas contas de compensação serão registrados os bens, valores,
obrigações....que, mediata ou indiretamente, possam vir a afetar o patrimônio.”
É bom ressaltar que não são quaisquer atos administrativos que serão controlados pela
contabilidade, mas apenas aqueles que têm a característica de poder vir a alterar o patrimônio, em termos
de bens, direitos e obrigações, no futuro, conhecidos no meio acadêmico como atos potenciais.
1.5.1. Fato Contábil
Na visão de Mota (2006, pg. 199), os fatos contábeis são resultantes da escrituração de atos e
fatos administrativos. Quando estes são contabilizados, tendo em vista a principal função da
contabilidade ser o controle do patrimônio, tornam-se fatos contábeis. Em razão disso, tudo aquilo que
possa provocar de imediato ou no futuro qualquer alteração qualitativa ou quantitativa no patrimônio,
deve ser objeto de controle e contabilização, tornando-se um fato contábil.
ATO ADMINISTRATIVO (não envolve bens, direitos ou obrigações)
FATO CONTÁBIL OU
FATO ADMINISTRATIVO (envolve bens, direitos ou obrigações)
Como conseqüência desse esforço, a contabilidade cataloga atos administrativos como sendo
aqueles em que não estão envolvidos de imediato nenhum elemento patrimonial (bens, direitos e
obrigações), mas cuja característica desses atos seja a de ter a possibilidade de alterá-los no futuro, como
é o caso da assinatura de um contrato para a execução de serviços.
No momento em que a administração assina um contrato não surgem de imediato obrigações a
pagar, porém, essas obrigações poderão surgir no futuro quando o contrato for executado, por isso é que
se faz necessário o registro contábil.
Como já falamos, os atos administrativos são registrados em contas de controle (compensação),
fora do universo das contas comuns que poderão influenciar diretamente no resultado patrimonial, no
momento em que forem praticados pelos administradores. Após efetuado o registro, o mesmo poderá ser
baixado somente após ser constatado que o contrato foi extinto por distrato ou por execução total ou
parcial.
Exemplos de fatos contábeis oriundos de atos administrativos:
Orçamentários (dependem do orçamento) – previsão da receita, dotação da despesa etc.
Não orçamentários (independem do orçamento) – assinatura de contrato, concessão de
fianças ou avais etc.
Por outro lado, os fatos administrativos sempre envolverão de imediato um bem, direito ou
obrigação, como é o caso da aquisição de material de consumo e permanente, pagamento de contas
diversas, recebimento de receitas etc.
Exemplos de fatos contábeis oriundos de fatos administrativos:
Orçamentários (dependem do orçamento) – arrecadação da receita, liquidação da despesa
etc.
Não orçamentários (independem do orçamento) – recebimento de bens em doação, baixa do
almoxarifado por consumo etc.
Classificação dos fatos administrativos quando a alteração ou não do patrimônio líquido:
Fato Permutativo – quando um fato administrativo não altera o valor do patrimônio líquido,
havendo apenas mudanças qualitativas de elementos patrimoniais, exemplo: compra de
137
materiais ou bens (troca de dinheiro por bens), pagamento de dívida (há a saída do dinheiro
como também a baixa da obrigação).
Fato Modificativo – quando um fato administrativo alterar o valor do patrimônio líquido
para mais ou para menos (aumentativo ou diminutivo). Exemplos de fato modificativo
aumentativo: arrecadação de receitas tributárias (onde há entrada do dinheiro), bens
recebidos por doação, perdão de dívidas etc. Como exemplos de fato modificativo
diminutivo temos: liquidação de despesa com aquisições de bens ou serviços (incorporação
de dívidas), confissões de dívidas, baixa de bens por sinistros, etc.
Fato Misto – representa apenas a combinação de fato permutativo com fato modificativo,
simultaneamente, por exemplo, quando ocorre o pagamento de uma dívida com juros, ou
seja, há a permuta do dinheiro pelo resgate da dívida, mas ao mesmo tempo há o encargo da
dívida pago que causa também uma alteração para menos no patrimônio líquido.
1.6. Regime Contábil
RECEITAS ARRECADADAS CAIXA
MISTO
DESPESAS EMPENHADAS COMPETÊNCIA
Obs: Esquema proposto por Mota, pg. 190.
O regime contábil para apuração de resultados, utilizado pela contabilidade pública brasileira, é o
regime misto, ou seja, o regime de caixa para a receita e o da competência para a despesa, devidamente
embasado no Art. 35 da Lei nº 4.320/64. Isto significa que a receita orçamentária é considerada receita
apenas no momento de sua arrecadação; enquanto que a despesa orçamentária é considerada quando do
seu empenhamento. Isto tem um sentido lógico, pois as entidades e órgãos públicos apenas devem contar
com recursos para financiar seus gastos após o seu efetivo ingresso nos cofres públicos.
A despesa segue o mesmo caminho da prudência proposta pelo legislador, pois a Lei nº 4.320/64
estabelece que sua apropriação ocorra tendo como fato gerador o saldo de despesa empenhada,
independente de seu pagamento e ainda que os serviços e os bens contratados não tenham sido recebidos,
até o final do ano de emissão do empenho.
Contudo, tal regime misto choca-se com os preceitos da receita e despesa sob o enfoque
patrimonial dados pela Ciência Contábil, especialmente com o Princípio da Competência, que em síntese
significa que as receitas devem ser reconhecidas independentemente de recebimento e as despesas
independentemente do pagamento, conforme o surgimento dos fatos geradores. Os atos e os fatos que
afetam o patrimônio público devem ser contabilizados por competência, e os seus efeitos devem
ser evidenciados nas Demonstrações Contábeis do exercício financeiro com o qual se relacionam,
complementarmente ao registro orçamentário das receitas e das despesas públicas (Resolução CFC nº
1.111/07).
O setor público deve observar ainda o Princípio da Oportunidade, que é base indispensável à
integridade e à fidedignidade dos registros contábeis dos atos e dos fatos que afetam ou possam afetar o
patrimônio da entidade pública, observadas as Normas Brasileiras de Contabilidade aplicadas ao Setor
Público. A integridade e a fidedignidade dizem respeito à necessidade de as variações serem
reconhecidas na sua totalidade, independentemente do cumprimento das formalidades legais para
sua ocorrência, visando ao completo atendimento da essência sobre a forma (Apêndice II à
Resolução CFC nº 750/1993).
É importante ressaltar que, para atender ao Princípio da Oportunidade, a contabilidade não
pode se restringir ao registro dos fatos decorrentes da execução orçamentária, devendo registrar
tempestivamente todos os fatos que promovem alteração no patrimônio.
138
Certamente, além dos Princípios Fundamentais de Contabilidade, a Contabilidade Aplicada
ao Setor Público deve seguir o disposto nas normas de Direito Financeiro, em especial na Lei nº
4.320/64, que instituiu um regime contábil misto para receitas e despesas orçamentárias no seu artigo 35.
A referida lei menciona no seu art. 89 que a contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração
orçamentária, financeira, patrimonial e industrial. Portanto, observa-se que, além do registro dos
fatos ligados à execução orçamentária, exige-se a evidenciação dos fatos ligados à execução
financeira e patrimonial, exigindo que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que
as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados
econômicos e financeiros de determinado exercício.
De acordo com o Manual da Receita Nacional, 1º edição, Portaria Conjunta STN/SOF nº 3, de
2008, deve haver o registro da receita em função do fato gerador, observando os princípios da
competência e da oportunidade. Ainda, no momento da arrecadação da receita, deve haver o registro
em contas específicas, demonstrando a visão orçamentária exigida no artigo 35 da Lei nº
4.320/64. Observa-se que é possível compatibilizar e evidenciar, de maneira harmônica, as alterações
patrimoniais e as alterações orçamentárias ocorridas na entidade.
Eis os lançamentos contábeis recomendados pelo Manual da Receita Nacional para fins de
reconhecimento da receita sob o enfoque patrimonial:
Exemplo: Receita do IPTU
Obs: A legislação que regulamenta o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana –
IPTU, estabelece, de modo geral, que o fato gerador deste tributo ocorrerá no dia 1º de janeiro de
cada ano. Nesse momento, deve ser efetuado o seguinte registro contábil:
Lançamento no Sistema Patrimonial
D - Ativo Circulante – IPTU a Receber
C - Variação Ativa Extra-Orçamentária
Esse registro provoca o aumento do ativo e do resultado do exercício, atendendo ao disposto nos
artigos 100 e 104 da Lei nº 4.320/64.
Na arrecadação, registra-se a receita orçamentária e procede-se à baixa do ativo registrado.
Lançamento no Sistema Orçamentário
D - Receita Realizada
C - Receita a Realizar
Lançamento no Sistema Financeiro
D - Banco Conta Movimento
C - Receita Orçamentária Corrente
Lançamento no Sistema Patrimonial
D - Variação Passiva Extra-Orçamentária
C - Ativo Circulante – IPTU a Receber
Com os registros contábeis demonstrados acima, há o reconhecimento da receita, sob o enfoque
patrimonial, em cumprimento aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, reconhecendo a
variação ativa ocorrida no patrimônio, em contrapartida ao registro do direito no momento da
ocorrência do fato gerador, antes da efetivação do correspondente ingresso de disponibilidades.
Quando há o ingresso da disponibilidade, ocorre seu registro no sistema financeiro e conseqüente baixa
do direito utilizando-se conta de variação passiva.
139
Para a Despesa Pública deve ser adotada metodologia similar à receita, em obediência aos
princípios contábeis da oportunidade e da competência, bem como em obediência ao Manual da Despesa
Nacional, 1º edição, Portaria Conjunta STN/SOF nº 3, de 2008, que determina o registro da despesa a
partir do seu fato gerador e não apenas no momento do empenho. Para isso, o referido manual se
respalda no art. 50 da Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei Complementar 101/2000, que diz:
“Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará
as seguintes:
(...)
II – a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter
complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;”
Os lançamentos recomendados no referido manual para o reconhecimento da despesa sob o
enfoque patrimonial, orçamentário e financeiro, são os seguintes:
a) Reconhecimento da despesa, tendo ocorrido o fato gerador mesmo que não haja dotação
orçamentária/empenho.
Sistema Patrimonial
D - Variação Passiva Extra-Orçamentária
C - Passivo Circulante
b) Empenho da Despesa Orçamentária
Lançamento no Sistema Orçamentário
D - Crédito Disponível
C - Crédito Empenhado a Liquidar
c) Liquidação da Despesa Orçamentária e Apropriação da Despesa
Lançamento no Sistema Orçamentário
D - Crédito Empenhado a Liquidar
C - Crédito Empenhado Liquidado
Lançamento no Sistema Financeiro
D - Despesa Orçamentária Efetiva
C - Passivo Circulante
d) Pagamento da despesa
Lançamento no Sistema Financeiro
D - Passivo Circulante
C - Bancos
Obs: O lançamento no sistema financeiro mostra o reconhecimento da despesa apenas no momento da
sua liquidação. O ato da emissão do empenho não constitui passivo para a administração pública, em
virtude de ainda não ter havido a entrega do bem/serviço contratado. Na maioria das vezes, o
momento mais adequado para o reconhecimento da obrigação no ente público coincide com a
liquidação da despesa orçamentária, conforme artigo 63 da lei nº 4.320/1964:
Portanto, o reconhecimento da despesa por competência deve ocorrer mesmo que ainda
pendentes as fases de execução da despesa orçamentária. Ou seja, tendo ocorrido o fato gerador,
deve haver o registro da obrigação no sistema patrimonial até que seja empenhada e liquidada a
despesa orçamentária, quando então deverá ser reclassificado o passivo para o sistema financeiro.
140
Por exemplo: reconhecimento de dívida. Mesmo que não haja dotação orçamentária na LOA, enquanto
não for empenhada e liquidada a despesa orçamentária, esta deverá estar registrada no Passivo
Patrimonial.
2. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL
As mutações do patrimônio das entidades públicas, sejam no aspecto qualitativo, sejam no
aspecto quantitativo, precisam ser acompanhadas através de um sistema lógico de anotações, visando
não apenas registrar o fato, mas que, ao mesmo tempo produza informações úteis ao administrador na
tomada de decisões.
Escrituração, portanto, é a técnica de manter sob registros escritos, através de lançamentos, os
fatos que ocorrem no patrimônio. Esses registros obedecem a princípios e normas contábeis consagrados
pela doutrina e pela técnica.
Para que a escrituração se processe, faz-se necessário:
Existência de símbolos que representem os diversos componentes patrimoniais;
Livros adaptados à Técnica Contábil;
Utilização de método e linguagem próprios;
Observância a princípios e convenções usualmente aceitos;
Documentação legal que comprove a ocorrência do fato, objeto de registro.
A regulamentação da escrituração contábil na área pública a partir das NBCASPs passa a ser da
NBC T 16.5, a qual menciona que a entidade do setor público deve manter procedimentos uniformes
de registros contábeis, por meio de processo manual, mecanizado ou eletrônico, em rigorosa ordem
cronológica, como suporte às informações.
Salienta-se que os aplicativos (sistemas de informática) são ferramentas que contribuem para o
aperfeiçoamento da contabilidade e da gestão pública, mas não se confundem com a contabilidade.
Segundo a referida norma, a escrituração deve ser feita suportada por documento, que é qualquer
documento hábil, físico ou eletrônico que comprove a transação na entidade do setor público,
utilizado para sustentação ou comprovação do registro contábil.
2.1. Livros Obrigatórios
O Livro Diário e o Livro Razão constituem fontes de informações contábeis permanentes
e neles são registradas as transações que afetem ou possam vir a afetar a situação patrimonial.
Podem ter o formato eletrônico, porém devem obedecer os requisitos legais. Os livros ou meios
eletrônicos da escrituração devem ser arquivados de forma segura.
Segundo a NBC T 16.5, os registros contábeis devem ser efetuados de forma analítica,
refletindo a transação constante em documento hábil, em consonância com os Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
Tal norma menciona que os registros contábeis devem ser validados por contabilistas, com
base em documentação hábil e em conformidade às normas e às técnicas contábeis.
Determina que os registros extemporâneos devem consignar, nos seus históricos, as datas
efetivas das ocorrências e a razão do atraso.
141
A dita norma elenca os elementos essenciais do registro contábil:
(a) a data da ocorrência da transação;
(b) a conta debitada;
(c) a conta creditada;
(d) o histórico da transação de forma descritiva ou por meio do uso de código de histórico
padronizado, quando se tratar de escrituração eletrônica, baseado em tabela auxiliar inclusa em plano
de contas;
(e) o valor da transação;
(f) o número de controle para identificar os registros eletrônicos que integram um mesmo lançamento
contábil.
Ainda segundo a norma, os documentos em papel podem ser digitalizados e armazenados
em meio eletrônico ou magnético, desde que assinados e autenticados, em observância à norma
brasileira de contabilidade que trata da escrituração em forma eletrônica (a NBC T 2.8). A NBC T 2.8
estabelece critérios e procedimentos para a escrituração contábil em forma eletrônica e a sua certificação
digital, sua validação perante terceiros, manutenção dos arquivos e responsabilidade de contabilista.
Após a escrituração do Diário, faz-se o registro do “Razão”. Através do Razão é possível rápida
visualização do estado de cada componente patrimonial, em termos de débito, crédito e saldo,
permitindo, então, a elaboração de balancetes, balanços, e demais demonstrativos contábeis.
Exemplo de escrituração (lançamento) no Diário Data: Sistema: Orçamentário
Lanç. nº1 Código Título da Conta/Histórico Valor
D/C
D 1.1.0
1.1.1
1.1.2
Receita Prevista
Receitas Correntes
Receitas de Capital
800,00
200,00
C 1.4.0 Previsão da Receita 1.000,00
Valor ref. à previsão de arrecadação no
exercício financeiro de.............
Exemplo de Lançamentos no Razão (para cada conta uma ficha)
1.1.1.1- Rec. Corrente Prevista 1.1.1.2- Rec. Capital Prevista 1.4.1.0- Previsão da Receita
D C D C D C
(1) 800,00 (1) 200,00 (1) 1.000,00
2.2. O Método das partidas dobradas: débito e crédito
Através do método das partidas dobradas (de uso universal), convencionou-se que a todo débito
(aplicação) corresponde um crédito (origem) de igual valor ou vice-versa, ou seja, não há débito sem
crédito correspondente.
Tal teoria, é extremamente lógica, pois, se “A” tem um crédito de R$ 1.000,00 para com “B”,
certamente “B” tem um débito de igual valor para com “A”.
Débito = Crédito, ou Aplicações = Origens
Débito de uma conta: situação de dívida de uma conta. As contas que representam bens, direitos e
despesas têm saldo devedor.
142
Crédito de uma conta: situação de direito de crédito de uma conta. As contas que representam
obrigações, patrimônio líquido e receitas têm saldo credor.
Obs: Débito e Créditos são também conhecidos, na explicação do método das partidas dobradas, como:
Débito: tudo que entra no patrimônio.
Crédito: tudo que sai do patrimônio.
Conta: Consiste no instrumento de registros de débito e crédito oriundos de fatos contábeis da
mesma natureza ou espécie, identificadas por nomes (títulos) que qualificam elementos patrimoniais
(bens, direitos, obrigações, patrimônio líquido, receitas e despesas). Por exemplo: o ato de receber
dinheiro ou de pagar uma dívida representa transações diferentes; no entanto, ambas regulam a
natureza do dinheiro. Para tal, temos a conta representativa desta semelhança, denominada caixa ou
bancos, que será utilizada para registrar os fatos contábeis que envolvam as transações referentes à
entrada ou saída do dinheiro.
Uma conta deve conter os seguintes elementos:
- Nome (título) da conta;
- Data da Operação;
- Débito (valor);
- Crédito (valor);
- Saldo (valor).
As contas, segundo a Teoria Patrimonialista, são classificadas em:
contas patrimoniais – representam a situação estática, ou seja, o patrimônio, os elementos ativos
e passivos, que são os bens, direitos, obrigações com terceiros e o patrimônio líquido.
contas de resultado – representam a situação dinâmica, as variações patrimoniais, ou seja, as
contas que alteram o patrimônio líquido e demonstram o resultado do exercício.
A equação fundamental da Contabilidade é: Ativo = Passivo + Patrimônio Líquido
Para que o equilíbrio mantenha-se, a todo aumento do ativo deve corresponder aumento igual no
Passivo ou Patrimônio Líquido, ou vice-versa, podendo também ocorrer modificações na composição
qualitativa ou quantitativa do ativo, sem que seu valor total tenha sido aumentado; para que isso ocorra,
quando houver aumento de um dos elementos do ativo, corresponderá uma diminuição de igual valor em
outro de seus elementos.
Portanto, como conseqüência do método das partidas dobradas, temos:
a) a soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
b) a soma dos saldos devedores é sempre igual à soma dos saldos credores;
c) as aquisições de bens e direitos (aplicações) registradas a débito das contas do ativo são sempre
iguais ao total das obrigações para com terceiros (origens) ou provenientes de recursos próprios
da entidade, registradas a crédito nas contas do passivo (obrigações) e do patrimônio líquido,
confirmando, portanto, que as origens (passivo + patrimônio líquido) são sempre iguais às
aplicações (ativo);
d) o patrimônio líquido representa a diferença entre a soma dos bens e dos direitos (parte positiva) e
a soma das obrigações (parte negativa), cujo produto de tal subtração representa a substância
líquida patrimonial;
e) as contas ativas (bens e direitos) são sempre debitadas, quando aumentam, e creditadas, quando
diminuem;
143
f) as contas passivas (obrigações e patrimônio líquido) são sempre creditadas, quando aumentam, e
debitadas, quando diminuem;
g) as receitas e variações ativas (resultado) são sempre creditadas, pois aumentam o patrimônio
líquido (ou saldo patrimonial);
h) as despesas e variações passivas (resultado) são sempre debitadas, pois diminuem o patrimônio
líquido (ou saldo patrimonial);
QUADRO RESUMO DOS LANÇAMENTOS CONTÁBEIS
1. Contas Patrimoniais (não se encerram)
TIPOS DE CONTAS DÉBITOS CRÉDITOS SALDO
ATIVO (Bens e Direitos) Aumentos Diminuições Devedor
PASSIVO (Obrigações) Diminuições Aumentos Credor
PATRIMÔNIO LÍQUIDO Diminuições Aumentos Credor
2. Contas de Resultado (encerram-se no final do exercício)
TIPOS DE CONTAS DÉBITOS CRÉDITOS SALDO
RECEITA e VARIAÇÕES
PATRIM. ATIVAS
Só em caso de estorno ou
encerramento da conta
Sempre Creditada Credor (antes do
encerramento)
DESPESA e VARIAÇÕES
PATRIM. PASSIVAS
Sempre Debitada Só em caso de estorno ou
encerramento da conta
Devedor (antes do
encerramento)
2.3. Plano de Contas
O Plano de Contas consiste num rol de contas contábeis utilizadas por uma entidade, estruturadas
de forma ordenada e sistematizada, visando padronizar e facilitar ao usuário da informação (interno ou
externo à entidade), a compreensão das informações e os respectivos valores representados por cada item
patrimonial (conta) que compõe o patrimônio da entidade.
O Plano de Contas deve ser criado com o objetivo de atender as reais necessidades e
particularidades da entidade, devendo, no entanto, atender a nomenclatura convencionada pela ciência
contábil. Conterá as diretrizes técnicas gerais e especiais que orientem a feitura os registros dos fatos
ocorridos e dos atos praticados. É, portanto, um guia, um estudo prévio dos fatos administrativos que
deverão ser registrados, e constitui um documento no qual são estabelecidas as regras básicas para os
registros sistemáticos desses mesmos fatos.
Deve o mesmo ser uma peça flexível, permitindo que se introduzam ou que se eliminem contas
durante o exercício, sem prejuízo de sua estrutura básica.
Nas entidades públicas, será utilizado como um manual de procedimentos contábeis de
fundamental importância no registro das informações orçamentárias, financeiras e patrimoniais, uma vez
que será fonte de consulta e o fundamento das contas que irão compor os balanços e apresentados ao
usuário da informação.
Na contabilidade pública, até mesmo visando dar cumprimento à Lei Federal nº 4.320/64 e à
Ciência Contábil, o plano de contas objetiva a demonstração ordenada dos seguintes fatos:
Registro de ativos, passivos, receitas e despesas;
estágios da receita e despesa;
entradas e saídas financeiras;
fatos contingentes e aleatórios que afetem o patrimônio;
registros de fatos e operações que não produzam alterações patrimoniais.
2.3.1. Estrutura do Plano de Contas
144
Um plano de contas bem organizado deve ter a seguinte estrutura:
elenco ou rol das contas;
função das contas;
funcionamento as contas
O elenco ou rol das contas constitui a relação orgânica das contas componentes do plano,
composto de código e denominação.
Ex.: 1.1.1.1 – Caixa
1.1.1.2 – Bancos contas-corrente
Obs: um plano de contas é estruturado, quanto à extensão, em dois tipos de contas: contas sintéticas e
contas analíticas.
O primeiro tipo de contas são as contas sintéticas - consideradas contas mestras ou contas-resumo,
podendo ser de 1º, 2º e 3º níveis. Em seu nível mais sintético (1º nível), temos, por exemplo, a classe do ativo, do
passivo, da despesa e da receita.
O segundo tipo são as contas analíticas – que constitui o desdobramento analítico das contas sintéticas.
Exemplo: caixa, bancos contas-corrente, veículos, restos a pagar processados, etc.
Exemplo de Contas Sintéticas e Analíticas num Plano de Contas:
1. ATIVO Conta Sintética de 1º nível
1.1. ATIVO FINANCEIRO Conta Sintética de 2º nível
1.1.1. DISPONÌVEL Conta Sintética de 3º nível
1.1.1.1. CAIXA Conta Analítica
Salienta-se, no entanto, que apenas as contas analíticas recebem lançamentos contábeis; as contas
sintéticas apuram os saldos, segundo seu nível hierárquico dentro do plano de contas. Contudo, dependendo da
necessidade de informações, alguns grupos de contas não descem os três níveis, podendo ter somente dois níveis
ou até mesmo somente um nível, constando em seguida a(s) conta(s) analítica(s).
A função das contas é a explicação do que a conta registra, ou seja, para que ela serve e qual o
seu papel que desempenha na escrituração.
Ex.: Caixa e Bancos
Registra os fatos e as operações que envolvam a movimentação de entrada e saída de recursos
financeiros.
O funcionamento das contas consiste na descrição das hipóteses em que a conta é debitada ou
creditada.
Ex.: Caixa e Bancos
- Será debitada no registro dos fatos que caracterizam os ingressos de recursos financeiros.
- Será creditada no registro dos fatos que caracterizam os dispêndios de recursos financeiros.
Balanços Públicos na Forma da Lei Nº 4320/64
145
BALANÇO ORÇAMENTÁRIO – ANEXO 12 DA LEI Nº 4.320/64 RECEITAS DESPESAS
TÍTULOS PREVISÃO EXECUÇÃO DIFERENÇA TÍTULOS FIXAÇÃO EXECUÇÃO DIFERENÇA
Receitas Correntes Rec. Tributária
Rec. de Contribuições
Rec. Patrimonial
Rec. Agropecuária
Rec. Industrial
Rec. de serviços
Transferências Correntes
Outras Rec. Correntes
Receitas de Capital Operações de Crédito
Alienações de Bens
Amortização de Emprést.
Transf. de Capital
Outras Rec. de Capital
Créditos Orçament. e Suplementares
Créditos Especiais
Créd. Extraordinários
SOMA SOMA
DÉFICIT SUPERAVIT
TOTAL TOTAL
BALANÇO FINANCEIRO – ANEXO 13 DA LEI Nº 4.320/64
RECEITAS DESPESAS Títulos R$ R$ R$ Títulos R$ R$ R$
RECEITA ORÇAMENTÁRIA DESPESA ORÇAMENTÁRIA
RECEITAS CORRENTES Legislativa
Receita Tributária Judiciária
Receita de Contribuições Administração
Receita Patrimonial Assistência Social
Receita Agropecuária Saúde
Receita Industrial Educação
Receita de Serviços Agricultura
Transf. Correntes Energia
Outras Receitas Correntes Transporte
RECEITAS DE CAPITAL Desporto e Lazer
Oper. De Crédito Urbanismo
Alienação de Bens
Amortização de Empréstimo
Transferências de Capital
Outras Receitas de Capital
RECEITAS
EXTRA-ORÇAMEN-TÁRIA
DESPESAS
EXTRA-ORÇAMENT.
RESTOS A PAGAR (contrapartida
de despesa a pagar)
RESTOS A PAGAR (pagos no
exercício)
Serviços da Dívida a
Pagar(contrapartida)
Serviço da Dívida a Pagar
(Pagamento)
Depósitos Depósitos
Outras Operações Outras Operações
SALDO DO EXERC.ÍCIO
ANTERIOR
SALDO PARA O EXERCÍCIO
SEGUINTE
DISPONÍVEL DISPONÍVEL
Caixa Caixa
Bancos e Correspondentes Bancos e Correspondentes
TOTAL TOTAL
146
BALANÇO PATRIMONIAL - ANEXO 14 DA LEI Nº 4.320/64 ATIVO PASSIVO
Títulos R$ R$ R$ Títulos R$ R$ R$
ATIVO FINANCEIRO PASSIVO FINANCEIRO
Disponível Restos a Pagar
Caixa Serviço da Dívida a Pagar
Bancos e Correspondentes Depósitos
Realizável Débitos de Tesouraria
ATIVO PERMANENTE PASSIVO PERMANENTE
Bens Móveis Dívida Fundada Interna
Bens Imóveis Em Títulos
Bens de Natureza Industrial Por Contratos
Créditos Dívida Fundada Externa
Valores Diversos Em Títulos
Por Contratos
Soma do Ativo Real Diversos
SALDO PATRIMONIAL
Passivo Real Descoberto Soma do Passivo Real
Soma SALDO PATRIMONIAL
Ativo Real Líquido
ATIVO COMPENSADO Soma
Valores de Terceiros PASSIVO COMPENSADO
Valores Nominais Emitidos Contrap. de Valores de Terceiros
Diversos Contr.Valores Nominais Emitidos
Diversos
TOTAL GERAL TOTAL GERAL
DEMONSTRAÇÃO DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS ANEXO 15 DA LEI Nº 4.320/64
Títulos R$ R$ R$ Títulos R$ R$ R$
VARIAÇÕES ATIVAS VARIAÇÕES PASSIVAS
RESULTANTES DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
RESULTANTES DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
RECEITA ORÇAMENTÁRIA DESPESA ORÇAMENTÁRIA
RECEITAS CORRENTES Legislativa
Receita Tributária Judiciária
Receita de Contribuições Administração
Receita Patrimonial Assistência Social
Receita Agropecuária Saúde
Receita Industrial Educação
Receita de Serviços Agricultura
Transf. Correntes Energia
Outras Receitas Correntes Transporte
RECEITAS DE CAPITAL Desporto e Lazer
Oper. De Crédito Urbanismo
Alienação de Bens
Amortização de Empréstimo MUTAÇÕES PATRIMONIAIS
Transferências de Capital Cobrança da Dívida Ativa
Outras Receitas de Capital Alienação de Bens Móveis
MUTAÇÕES PATRIMONIAIS Alienação de Bens Imóveis
Aquisição de Bens Móveis Alienação de Bens de Natureza Industrial
Construção e Aquis. de Bens Imóveis Alienação de Títulos e Valores
Construção e Aquis. de Bens de
Natureza Industrial
Empréstimos Tomados
Empréstimos Concedidos Recebimento de Créditos
Diversas Diversas
INDEPENDENTES DA
EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA
INDEPENDENTES DA EXECUÇÃO
ORÇAMENTÁRIA
147
2.4. Escrituração conforme Plano de Contas Único do TCE-RO, para atender o SIGAP – Sistema
Integrado de Gestão e Auditoria Pública
O Plano de Contas Único, proposto pelo Tribunal de Contas do Estado de Rondônia, através da
Instrução Normativa nº 19/TCE-RO/07, foi efetuado com o propósito de atender, a partir do exercício
financeiro de 2007, de maneira uniforme e sistematizada, ao registro contábil dos atos e fatos
relacionados com os recursos do tesouro municipal sob a responsabilidade dos órgãos da administração
direta e indireta, de forma a proporcionar maior flexibilidade no gerenciamento e consolidação dos dados
e atender as necessidades de informações em todos os níveis da administração, dos órgãos de
fiscalização e de toda a sociedade.
É representado por um conjunto de títulos, organizados e codificados com o propósito de sistematizar
e uniformizar o registro contábil dos atos e fatos de gestão, e permitir a qualquer momento, com precisão e
clareza, a obtenção dos dados relativos ao patrimônio.
Tal plano de contas foi elaborado utilizando a mesma estrutura do plano de contas da União, que
visa atender o SIAFI, contemplando as contas da portaria n° 916/2003 do ministério da previdência
social, e alterações posteriores, de utilização obrigatória pelos regimes próprios de previdência social dos
servidores públicos e objetiva, principalmente:
evidenciar o patrimônio e suas variações, proporcionando o conhecimento adequado da situação
econômica, patrimonial, orçamentária e financeira de todas as entidades;
possibilitar a extração de relatórios, necessários a análise gerencial, inclusive balanço
orçamentário, financeiro e patrimonial e demonstração das variações patrimoniais, conforme
Anexos 12, 13, 14, 15, exigidos pela Lei n. 4.320 de 17 de marco de 1964, assim como todos os
relatórios necessários ao cumprimento das exigências contidas na Lei Complementar n° 101 de
2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal;
padronizar o nível de informações dos órgãos da administração direta e indireta com a finalidade
de auxiliar o processo de tomada de decisão, ampliando a quantidade dessas informações e
facilitando a elaboração do balanço geral do município;
atender à necessidade de consolidação das contas, envolvendo a administração direta e indireta
dos municípios;
permitir, através do plano de contas, a implantação de um sistema integrado de informações
orçamentárias, financeiras e patrimoniais na administração pública municipal, capaz de atender
aos aspectos legais e gerenciais em todos os níveis da administração, assim como calcular os
custos públicos e manter controle individualizado de direitos e obrigações;
harmonizar procedimentos contábeis a fim de facilitar a leitura dos dados pelo sistema de
informática do TCE-RO, elaboração do planejamento de suas auditorias e inspeções, bem como o
acompanhamento da execução orçamentária, financeira e patrimonial das entidades municipais.
A escrituração contábil adotando o plano de contas do SIGAP, não utiliza o método fechado
de lançamentos contábeis por sistema (orçamentário, financeiro, patrimonial e de compensação). Não
permite, portanto, o levantamento de balancetes de verificação por sistema, possibilitando, no entanto, a
Inscrição da Dívida Ativa Cancelamento da Dívida Ativa
Inscrição de Outros Créditos Encampação de Dívidas Passivas
Incorporação de Bens Móveis
(doações, legados, etc.)
Diversas
Cancelamento de Dívidas Passivas Total das Variações Ativas
Diversas RESULTADO PATRIMONIAL
Total das Variações Ativas Déficit Verificado (se for o caso)
RESULTADO PATRIMONIAL
Déficit Verificado (se for o caso)
TOTAL GERAL TOTAL GERAL
148
elaboração de um balancete geral, agrupando todas as contas representativas dos elementos patrimoniais
e das contas de resultado. Não obstante ser possível a elaboração de apenas um balancete geral, permite
o levantamento dos balanços orçamentário, financeiro, patrimonial e demonstração das variações
patrimoniais.
A estrutura básica do plano de contas adotado pelo SIGAP – Sistema Integrado de Gestão e
Auditoria Pública, a nível de classe/grupo consiste na seguinte disposição:
1 - ATIVO 2 - PASSIVO
1.1 - CIRCULANTE 2.1 - CIRCULANTE
1.2 - REALIZAVEL A LONGO PRAZO 2.2 - EXIGIVEL A LONGO PRAZO
1.4 – PERMANENTE 2.3 - RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS
1.9 – COMPENSADO 2.4 - PATRIMONIO LIQUIDO
2.9 - PASSIVO COMPENSADO
3 - DESPESA 4 - RECEITA
3.3 - DESPESAS CORRENTES 4.1 - RECEITAS CORRENTES
3.4 - DESPESAS DE CAPITAL 4.2 - RECEITAS DE CAPITAL
3.9 - RESERVA DE CONTINGENCIA
5 - RESULTADO DIMINUTIVO DO EXERCICIO 6 - RESULTADO AUMENTATIVO DO EXERCICIO 5.1 - RESULTADO ORCAMENTARIO 6.1 - RESULTADO ORCAMENTARIO
5.2 - RESULTADO EXTRA-ORCAMENTARIO 6.2 - RESULTADO EXTRA-ORCAMENTARIO
6.3 - RESULTADO APURADO
9 (R) DEDUÇÕES DA RECEITA
A consolidação de balanços será efetuada no 3. nível(subgrupo) de acordo com a seguinte estrutura
ESTRUTURA DE CONSOLIDACAO DE BALANCOS 1 ATIVO 2 PASSIVO
1.1 CIRCULANTE 2.1 CIRCULANTE
1.1.1 DISPONIVEL 2.1.1 DEPOSITOS
1.1.2 CREDITOS EM CIRCULACAO 2.1.2 OBRIGACOES EM CIRCULACAO
1.1.3 BENS E VALORES EM CIRCULACAO 2.1.3 EMPRESTIMOS E FINANCIAM. EM CIRCULACAO
1.1.4 VALORES PENDENTES A CURTO PRAZO 2.1.4 VALORES PENDENTES A CURTO PRAZO
1.1.5 INVESTIMENTOS DOS REGIMES PRÓPRIOS DE PREVID.
1.2 REALIZAVEL A LONGO PRAZO 2.2 EXIGIVEL A LONGO PRAZO
1.2.1 DEPOSITOS REALIZAVEIS A LONGO PRAZO 2.2.1 DEPOSITOS EXIGIVEIS A LONGO PRAZO
1.2.2 CREDITOS REALIZAVEIS A LONGO PRAZO 2.2.2 OBRIGACOES EXIGIVEIS A LONGO PRAZO
1.2.3 INVESTIMENTOS
1.2.4 CONTRIBUIÇÕES CONTRATADAS COM O ENTE PELO RPPS
2.3 RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS
1.4 PERMANENTE 2.4 PATRIMONIO LIQUIDO
1.4.1 INVESTIMENTOS 2.4.1 PATRIMONIO
1.4.2 IMOBILIZADO 2.4.2 RESERVAS
1.4.3 DIFERIDO 2.4.3 DEFICIT OU SUPERAVIT ACUMULADO
1.9 COMPENSADO 2.9 COMPENSADO
1.9.1 EXECUCAO ORCAMENTARIA DA RECEITA 2.9.1 PREVISÃO ORCAMENTARIA DA RECEITA
1.9.2 FIXAÇÃO ORCAMENTARIA DA DESPESA 2.9.2 EXECUCAO ORCAMENTARIA DA DESPESA
1.9.3 EXECUCAO DA PROGRAMACAO FINANCEIRA 2.9.3 EXECUCAO DA PROGRAMACAO FINANCEIRA
1.9.4 DESPESAS E DIVIDAS DOS ESTADOS E MUNICIPIOS 2.9.4 DESPESAS E DIV. DOS ESTADOS E MUNICIPIOS
1.9.5 EXECUCAO DE RESTOS A PAGAR 2.9.5 EXECUCAO DE RESTOS A PAGAR
1.9.9 COMPENSACOES ATIVAS DIVERSAS 2.9.9 COMPENSACOES PASSIVAS DIVERSAS
3 DESPESA 4 RECEITA
3.3 DESPESAS CORRENTES 4.1 RECEITAS CORRENTES
3.4 DESPESAS DE CAPITAL 4.2 RECEITAS DE CAPITAL
3.9 RESERVA DE CONTINGENCIA 6 RESULTADO AUMENTATIVO DO EXERCICIO
5 RESULTADO DIMINUTIVO DO EXERCICIO 6.1 RESULTADO ORCAMENTARIO
5.1 RESULTADO ORCAMENTARIO 6.1.1 RECEITA ORCAMENTARIA
5.1.1 DESPESA ORCAMENTARIA 6.1.2 INTERFERENCIAS ATIVAS
5.1.2 INTERFERENCIAS PASSIVAS 6.1.3 MUTACOES ATIVAS
5.1.3 MUTACOES PASSIVAS 6.2 RESULTADO EXTRA-ORCAMENTARIO
149
5.2 RESULTADO EXTRA-ORCAMENTARIO 6.2.1 RECEITA EXTRA-ORÇAMENTÁRIA
5.2.1 DESPESAS EXTRA-ORÇAMENTÁRIAS 6.2.2 INTERFERENCIAS ATIVAS
5.2.2 INTERFERENCIAS PASSIVAS 6.2.3 ACRÉSCIMOS PATRIMONIAIS
5.2.3 DECRÉSCIMOS PATRIMONIAIS 6.3 RESULTADO DO EXERCÍCIO
9 (R) DEDUÇÕES DA RECEITA
Compreende dez níveis de desdobramento, classificados e codificados de acordo com a seguinte
estrutura:
X X X X X XX XX XX XX XX
! ! ! ! ! ¡ ¡ ¡ ¡ ¡
1. NIVEL - CLASSE __________! ! ! ! ! ! ! ¡ ¡ ¡
2. NIVEL - GRUPO ________________! ! ! ! ! ! ! ! !
3. NIVEL - SUBGRUPO _________________ ! ! ! ! ! ! ! !
4. NIVEL - ELEMENTO _______________________! ! ! ! ! ! !
5. NIVEL - SUBELEMENTO ________________________ ! ! ! ! ! !
6. NIVEL - ITEM _______________________________________ ! ! ! ! !
7. NIVEL - SUBITEM __________________________________________! ! ! !
8. NÍVEL – DESDOBRAMENTO ________________________________________! ! !
9. NÍVEL – DESDOBRAMENTO ______________________________________________! ! 10. NÍVEL – DESDOBRAMENTO _________________________________________________!
O primeiro nível representa a classificação máxima na agregação das contas nas seguintes
classes:
1- ATIVO
2- PASSIVO
3- DESPESA
4- RECEITA
5- RESULTADO DIMINUTIVO DO EXERCICIO
6- RESULTADO AUMENTATIVO DO EXERCICIO
9- DEDUÇÃO DA RECEITA
Obs.: As contas redutoras da receita, em função do que determina a Portaria Conjunta STN/SOF n.º 2 de
2007, passaram, a partir do exercício de 2008, a ser registradas a partir da classe "6", ou seja, não estarão
mais dentro da classe "4" - receita, formando uma nova classe "9".
Os níveis 08, 09 e 10 serão utilizados pelo Tribunal de Contas para colocar os desdobramentos
necessários. Os níveis 08, 09 e 10 podem ser agrupados em um único nível caso seja necessário o
desdobramento de mais de 99 contas no nível pretendido.
O Ativo inclui as contas correspondentes aos bens e direitos, demonstrando aplicação dos
recursos;
A Despesa inclui as contas representativas dos recursos despendidos na gestão, a serem
computados na apuração do resultado;
O Passivo compreende as contas relativas às obrigações, evidenciando as origens dos recursos
aplicados no Ativo;
A Receita inclui as contas representativas dos recursos auferidos na gestão, a serem computados
na apuração do resultado;
150
O Resultado Diminutivo do exercício inclui as contas representativas das variações negativas da
situação líquida do patrimônio e da apuração do resultado respectivo;
O Resultado Aumentativo do exercício inclui as contas representativas das variações positivas
da situação líquida do patrimônio e da apuração do resultado respectivo;
A Dedução da Receita registra o valor dos registros referentes às deduções da receita corrente,
de capital, intraorçamentária corrente e intraorçamentária de capital.
O Ativo compreende os seguintes grupos de contas:
1.1- ATIVO CIRCULANTE
1.2- ATIVO REALIZAVEL A LONGO PRAZO
1.4- ATIVO PERMANENTE
1.9- ATIVO COMPENSADO
O Ativo Circulante compreende as disponibilidades de numerário, os recursos a receber, as
antecipações de despesa, bem como outros bens e direitos pendentes ou em circulação, realizáveis até o
término do exercício seguinte;
O Ativo Realizável a Longo Prazo são os direitos realizáveis normalmente após o término do
exercício seguinte;
Ativo Permanente representa os investimentos de caráter permanente, as imobilizações, bem
como despesas diferidas que contribuirão para a formação do resultado de mais de um exercício;
Ativo Compensado compreende contas com função precípua de controle, relacionadas aos bens,
direitos, obrigações e situações não compreendidas no patrimônio mas que, direta ou indiretamente,
possam vir a afetá-lo, inclusive as relativas a atos e fatos relacionados com a execução orçamentária e
financeira;
O Passivo é representado pelos seguintes grupos de contas :
2.1 – PASSIVO CIRCULANTE
2.2 – PASSIVO EXIGIVEL A LONGO PRAZO
2.3 – RESULTADO DE EXERCICIOS FUTUROS
2.4 – PATRIMONIO LIQUIDO
2.9 – PASSIVO COMPENSADO
O Passivo Circulante compreende as obrigações pendentes ou em circulação, exigíveis até o
término do exercício seguinte;
O Passivo Exigível a Longo Prazo compreende as obrigações exigíveis após o término do
exercício seguinte;
O Resultado de Exercícios Futuros compreende as contas representativas de receita de
exercícios futuros, bem como as despesas a elas correspondente. O plano de contas padronizado pelo
TCE-RO, para o exercício de 2008, mantém esta conta apenas para fins de fechamento de balanço, sendo
conta sintética sem desdobramentos analíticos, ou seja, sem contas para lançamento;
O Patrimônio Líquido representa o capital, as reservas e os resultados acumulados;
151
O Passivo Compensado compreende as contas de contrapartida do ativo compensado com
função precípua de controle, relacionadas aos bens, direitos, obrigações e situações não compreendidas
no patrimônio mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo, inclusive as relativas a atos e fatos
relacionados com a execução orçamentária e financeira;
A Despesa compreende os recursos despendidos na gestão, a serem computados na apuração do
resultado do exercício, desdobradas nas seguintes categorias econômicas:
3.3 – DESPESAS CORRENTES
3.4 – DESPESAS DE CAPITAL
3.9 – RESERVA DE CONTINGÊNCIA
As despesas ainda mais detalhadas objetivam oferecer informações mais especificas sobre gastos
do setor público.
A Receita compreende os recursos auferidos na gestão, a serem computados na apuração do
resultado do exercício, desdobradas nas seguintes categorias econômicas:
4.1 – RECEITAS CORRENTES
4.2 – RECEITAS DE CAPITAL
A Portaria Interministerial SOF/STN n.º 338 de 26 de abril de 2006, alterando o anexo I da
Portaria Interministerial STN/SOF n.º 163, de 4 de maio de 2001, incluiu as seguintes classificações em
nível de categoria econômica, destinadas ao registro das receitas decorrentes de operações
intraorçamentárias:
7000.00.00 - RECEITAS CORRENTES INTRA-ORÇAMENTÁRIAS; e
8000.00.00 - RECEITAS DE CAPITAL INTRA-ORÇAMENTÁRIAS.
A natureza de receita intra-orçamentária deve ser constituída substituindo-se o 1.º nível das
categorias econômicas 1 ou 2 pelos dígitos 7, se receita intra-orçamentária corrente ou 8, se receita intra-
orçamentária de capital, mantendo-se o restante da codificação.
As classificações ora incluídas não constituem novas categorias econômicas de receita, mas
especificações das categorias econômicas corrente e capital.
O Resultado Diminutivo do exercício contém os seguintes grupos:
5.1 – RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
5.2 – RESULTADO EXTRA-ORÇAMENTÁRIO
O Resultado Orçamentário corresponde as despesas orçamentárias, interferências passivas e as
mutações patrimoniais passivas resultantes da execução orçamentária;
O Resultado Extra-Orçamentário abrange as despesas extra-orçamentárias, as interferências
passivas e as mutações patrimoniais passivas independentes da execução orçamentária.
O Resultado Aumentativo do Exercício compreende os seguintes grupos de contas:
6.1 – RESULTADO ORÇAMENTÁRIO
6.2 – RESULTADO EXTRA-ORÇAMENTÁRIO
6.3 – RESULTADO APURADO
152
O Resultado Orçamentário representa as receitas orçamentárias, as interferências ativas e as
mutações patrimoniais ativas resultantes da execução orçamentária;
O Resultado Extra-Orçamentário abrange as receitas extra-orçamentárias, as interferências ativas
e as mutações patrimoniais ativas independentes da execução orçamentária.
O Resultado Apurado é conta transitória utilizada no encerramento do exercício para demonstrar
a apuração do resultado do exercício.
Dedução da Receita
Conforme a 1.ª edição do Manual da Receita Nacional, existem duas maneiras de se
operacionalizar as deduções de receitas: a) criar uma nova classe de contas, iniciada pelo dígito 9; e, b)
utilizar o sistema de contas correntes para o registro da dedução de forma mais detalhada.
O manual do Plano de Contas do TCE-RO determina que os municípios do Estado de Rondônia,
a partir do exercício de 2008, deverão operacionalizar a primeira sugestão trazida pelo referido manual, a
qual consiste em criar uma nova classe de contas, iniciada pelo dígito 9, para abrigar as deduções de
receitas. Os demais dígitos desta classe seriam formados pela natureza de receita original. Essa nova
classe deve estar no mesmo nível das classes do Ativo, Passivo etc. exemplos:
- Conta de dedução da receita de IPTU:
- Natureza de receita original : 1112.02.00 - IPTU;
- Conta representativa da dedução dessa receita: 91112.02.00.
- Natureza de receita original : 7210.29.01 - Contribuição Patronal - Ativo Civil;
- Conta representativa da dedução dessa receita: 97210.2901.
Esse mecanismo permite que sejam criadas contas de dedução de receitas correntes, de capital,
intra-orçamentárias correntes e intra-orçamentárias de capital.
Para aperfeiçoar as informações relativas à dedução de receitas, e termos a informação gerencial
de que a receita deduzida é proveniente de renúncia, restituições, descontos concedidos, compensações
ou outras deduções, foi adicionado ao layout do arquivo bal_rec.txt e do arquivo receita.txt um novo
campo, de 3 dígitos aonde será informado no momento do registro contábil da dedução da receita qual a
sua origem, ficando a sua natureza expressa no próprio código da conta.
2.5. O Plano de Contas Nacional
A Secretaria do Tesouro Nacional – STN/MF, órgão responsável para editar normas para fins de
consolidação das contas públicas das três esferas de governo, enquanto não for criado o Comitê de
Gestão Fiscal, conforme art. 50, §2º da LRF, por meio da Coordenação-Geral de Contabilidade –
CCONT, em conjunto com o Grupo Técnico de Procedimentos Contábeis, instituído pela Portaria STN
nº 136/2007, vem realizando estudos e discussões, com a participação de diversos órgãos e entidades
técnicas representativas da sociedade, inclusive os Tribunais de Contas, dentre os quais o de Rondônia,
visando à padronização mínima de conceitos e práticas contábeis, plano de contas e classificação
orçamentária de receitas e despesas públicas no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Especificamente ao Plano de Contas Nacional, há a Portaria nº 184, de 25 de agosto de 2008, do
Ministério da Fazenda, que dispõe sobre a necessidade de sua elaboração para fins de demonstrações
contábeis consolidadas e padronizadas.
153
O Plano de Contas Padronizado terá abrangência nacional, adequado aos dispositivos legais
vigentes, aos padrões internacionais de contabilidade do Setor Público, às regras e procedimentos de
Estatísticas de Finanças Públicas reconhecidas por organismos internacionais, e à legislação mais em
evidência no momento na área de contabilidade, que são as NBCASPs.
A padronização do registro contábil possibilitará aos usuários acesso a informações consistentes e
tempestivas para a tomada de decisão. Esta uniformização deve abranger atos e fatos no âmbito do setor
público, em todas as etapas da receita e da despesa, dentre as quais se destacam o planejamento,
orçamento, programação financeira, execução orçamentária e financeira, passando pelo controle
patrimonial e dos atos potenciais que possam afetar o patrimônio e o controle patrimonial em si.
O trabalho se encontra na primeira etapa do projeto de Plano de Contas Aplicado ao Setor
Público, a ser observado por todos os entes da federação, sendo que já existe uma minuta de manual em
circulação (em audiência pública no site da STN), trazendo sua estrutura, com toda a metodologia e
forma de manuseio. Estabelece conceitos básicos, regras para registro dos atos e fatos e estrutura
contábil padronizada. Além de atender a todos os entes da Federação e aos demais usuários da
informação contábil, permite a geração de base de dados consistente para compilação de estatísticas e
finanças públicas.
A idéia da STN é lançá-lo ainda este ano, devendo ser utilizado pela União e pelos Estados, Distrito
Federal e Municípios de forma facultativa no exercício de 2010 e obrigatoriamente a partir de 2011.
É fundamental que o PCASP possibilite a elaboração padronizada de relatórios e demonstrativos
previstos na LRF e das demais demonstrações contábeis. Visa também reduzir divergências, em
benefício da transparência da gestão fiscal, da racionalização de custos nos entes da Federação e do
controle social. A adoção de estrutura padronizada de Plano de Contas, nas três esferas de governo em
nível a ser ainda definido, para fins de consolidação nacional e compatível com a elaboração de
relatórios e demonstrativos previstos na legislação vigente e nas normas de contabilidade, de forma a
contemplar peculiaridades inerentes às empresas estatais dependentes, sendo facultativo para as
empresas estatais independentes;
A STN apresentou a estrutura do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público até o segundo nível,
pretendendo-se avançar no processo de padronização até no mínimo o quarto nível da estrutura, podendo
algumas classes ou grupos ser detalhados até níveis inferiores. Esta padronização permitirá a
consolidação das Contas Públicas das três esferas de governo. Haverá flexibilidade para que os entes
detalhem em níveis inferiores, a partir do nível de detalhamento definido como mínimo a ser observado,
de modo adequado às suas peculiaridades.
O PCASP é a estrutura primária para gerar os demonstrativos contábeis, inclusive os
demonstrativos da LRF e outros necessários a geração de informações ao público, incluindo os
organismos internacionais.
Eis as diretrizes para o PCASP, emanadas da STN:
Padronização dos registros contábeis das entidades do setor público, administração direta e
indireta, inclusive fundos, autarquias, agências reguladoras e empresas estatais dependentes, de
todas as esferas de governo;
Harmonização dos procedimentos contábeis com os princípios e normas de contabilidade, sempre
em observância à legislação vigente;
154
Adoção da estrutura do Plano de Contas, codificada e hierarquizada em classes de contas,
contemplando as contas patrimoniais, de atos potenciais, de resultado, do controle orçamentário e
com funções precípuas de controle;
Flexibilidade para que os entes detalhem, a partir do nível seguinte ao padronizado, os níveis
inferiores, conforme suas necessidades;
Controle do patrimônio, dos atos de gestão que possam afetá-lo, assim como do orçamento
público, demonstrando a situação econômico-financeira da entidade sob o ponto de vista do
passado, presente e futuro;
Distinção de institutos com conceitos e regimes próprios em classes ou grupos, como é o caso de
patrimônio e orçamento, mantendo-se seus relacionamentos;
Aspectos orçamentários serão preservados em seus conceitos, regime de escrituração e
demonstrativos. Sendo destacados em classes ou grupos e permitindo a informação sob diversos
enfoques: patrimonial, orçamentário ou fiscal;
O objetivo geral do PCASP é estabelecer normas e procedimentos para o registro contábil das
entidades do setor público e permitir a consolidação das contas públicas.
Os objetivos específicos são:
a) atender às necessidades de informação das organizações do setor público;
b) observar formato compatível com as legislações vigentes (Lei nº 4.320/1964, Lei 6.404/76, Lei
Complementar nº 101/2000, etc.), os Princípios Fundamentais de Contabilidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público - NBCASP;
c) adaptar-se, tanto quanto possível, às exigências dos agentes externos, principalmente às Normas
Internacionais de Contabilidade do Setor Público (NICSP).
155
A estrutura básica do Plano de Contas Aplicado ao Setor Público é a seguinte:
CÓDIGO TÍTULO CÓDIGO TÍTULO
1 ATIVO 2 PASSIVO
1.1 Ativo Circulante 2.1 Passivo Circulante
1.1.1 Disponível 2.1.1 Depósitos
1.1.2 Créditos em Circulação 2.1.2 Obrigações em Circulação
1.1.3 Bens e Valores em Circulação
1.1.4 Valores Pendentes a Curto Prazo
1.1.5 Investimentos dos Regimes
Próprios de Previdência
1.1.6 Dívida Ativa
1.2 Ativo Não - Circulante 2.2 Passivo Não – Circulante
1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo 2.2.1 Obrigações Exigíveis a Longo Prazo
1.2.2 Investimento
1.2.3 Imobilizado
1.2.4 Intangível
3 PATRIMÔNIOLÍQUIDO/SALDO
PATRIMONIAL
3.1 Patrimônio/Capital Social
3.2 Reservas de Capital
3.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial
3.4 Reservas de Lucros
3.5 Ações em Tesouraria
3.6 Resultados Acumulados
4 VARIAÇÃO PATRIMONIAL
PASSIVA
5 VARIAÇÃO PATRIMONIAL ATIVA
4.1 Pessoal e Encargos 5.1 Tributárias
4.2 Benefícios Sociais 5.2 Contribuições
4.3 Uso de Bens e Serviços 5.3 Serviços e Exploração de Bens
4.4 Financeiras 5.4 Financeiras
4.5 Transferências 5.5 Transferências
4.9 Outras Variações Patrimoniais
Passivas 5.9 Outras Variações Patrimoniais Ativas
A Estrutura das Compensações do Ativo e do Passivo até o terceiro nível é a seguinte:
CÓDIGO TÍTULO CÓDIGO TÍTULO
6 COMPENSAÇÕES
6.1 Compensações do Ativo 6.2 Compensações do Passivo
6.1.1 Responsabilidades por Valores,
Títulos e Bens com Terceiros 6.2.1
Responsabilidades por Valores, Títulos e
Bens de Terceiros
6.1.2 Garantias e Contragarantias de
Valores Recebidas 6.2.2
Garantias e Contragarantias de Valores
Concedidas
6.1.3 Direitos Conveniados 6.2.3 Obrigações Conveniadas
6.1.4 Direitos Contratuais 6.2.4 Obrigações Contratuais
6.1.9 Outras Compensações do Ativo 6.2.9 Outras compensações do Passivo
As Compensações do Ativo e do Passivo apresentam as chamadas Contas de Compensação, nas quais são
registrados os denominados Atos Potenciais.
156
Registros relativos à execução do orçamento e de outros procedimentos que tenham natureza apenas de controle
são efetuados nas classes de Controles Orçamentários e Controles Diversos, conforme estrutura definida a seguir:
CÓDIGO TÍTULO
7 CONTROLES ORÇAMENTÁRIOS
7.1 Planejamento Orçamentário
7.1.1 Plano Plurianual
7.1.2 Projeto de Lei Orçamentária Anual
7.2 Previsão e Execução da Receita Orçamentária
7.2.1 Previsão da Receita Orçamentária
7.2.2 Execução da Receita Orçamentária
7.3 Receita Orçamentária por Natureza
7.4. Fixação e Execução da Despesa Orçamentária
7.4.1 Fixação da Despesa Orçamentária
7.4.2 Execução da Despesa Orçamentária
7.5 Despesa Orçamentária por Natureza
7.6 Restos a Pagar
CÓDIGO TÍTULO
8 CONTROLES DIVERSOS
8.1 Responsabilidades por Valores, Títulos e Bens
8.2 Garantias e Contragarantias de Valores
8.3 Direitos e Obrigações Conveniados
8.4 Direitos e Obrigações Contratuais
8.5 Outras Compensações
8.6 Programação Financeira
8.7 Dívida Ativa
8.9 Outros Controles
CÓDIGO TÍTULO
9 CUSTOS
O registro contábil deve ser feito pelo método das partidas dobradas e nos respectivos
subsistemas contábeis, conforme sua natureza seja orçamentária, financeira, patrimonial e de
compensação.
O PCASP contém uma relação de lançamentos contábeis padronizados que normatizam e
orientam a sistemática de utilização do plano. Esse conjunto de lançamentos apresenta a forma de
registro de atos e fatos típicos da Administração Pública.
Previsão da Receita
Fixação da Despesa
Receita de Prestação de Serviços
Título da Conta Código Subsistema
D Previsão Inicial da Receita Orçamentária 7.2.1 Orçamentário
C Receita Orçamentária a Realizar 7.2.2
Título da Conta Código Subsistema
D Despesa Orçamentária Fixada 7.4.1 Orçamentário
C Crédito Orçamentário Disponível 7.4.2
Tabela formatada
157
Reconhecimento da Variação Patrimonial Ativa/Receita de Serviços (Competência)
Título da Conta Código Subsistema
D Créditos a Receber 1.1.2 Não-
Financeiro C Serviços e Exploração de Bens 5.3
Arrecadação de Receita Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade/Banco 1.1.1 Financeiro
Não-
Financeiro C Créditos a Receber 1.1.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita Orçamentária a Realizar 7.2.2 Orçamentário
C Receita Orçamentária Realizada 7.2.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita Corrente - Serviços 7.3 Orçamentário
C Controles da Receita Orçamentária 7.3
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Fonte de Recursos a
Utilizar
8.6
Compensação
C Disponibilidade de Recursos 8.6
Contratação de Operação de Crédito
Arrecadação de Receita Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade/Banco 1.1.1 Financeiro
Não-
Financeiro C
Obrigações Exigíveis a Longo Prazo 2.1.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita Orçamentária a Realizar 7.2.2 Orçamentário
C Receita Orçamentária Realizada 7.2.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita de Capital – Operações de Crédito 7.3 Orçamentário
C Controles da Receita Orçamentária 7.3
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Fonte de Recursos a
Utilizar
8.6
Compensação
C Disponibilidade de Recursos 8.6
Alienação de Bens
(Valor da venda é igual ao valor contábil líquido do bem)
Registro da baixa do bem
Título da Conta Código Subsistema
D Créditos a Receber 1.1.2 Não-
158
C Imobilizado 1.1.3 Financeiro
Arrecadação de Receita Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade/Banco 1.1.1 Financeiro
Não-
Financeiro C Créditos a Receber 1.1.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita Orçamentária a Realizar 7.2.2 Orçamentário
C Receita Orçamentária Realizada 7.2.2
Título da Conta Código Subsistema
D Receita de Capital – Alienação de Bens 7.3 Orçamentário
C Controles da Receita Orçamentária 7.3
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Fonte de Recursos a
Utilizar
8.6
Compensação
C Disponibilidade de Recursos 8.6
Registro de Bens Recebidos por Doação
Registro da Incorporação do bem
Título da Conta Código Subsistema
D Imobilizado 1.1.3 Não-
Financeiro C Transferências 5.5
Despesa de Serviços
Registro do Contrato de Prestação de Serviço
Título da Conta Código Subsistema
D Direitos e Obrigações Contratuais –
Contratos de Serviços a Executar
8.4
Compensado C Obrigações Contratuais – Contratos de
Serviços
6.2.4
Empenho da Dotação Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Orçamentário Disponível 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Empenhado a Liquidar 7.4.2
Reconhecimento da Variação Patrimonial Passiva (Competência)
Título da Conta Código Subsistema
D Uso de Bens e Serviços 4.3 Não-
Financeiro
Financeiro C Fornecedores 2.1.2
Liquidação da Despesa Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
159
D Despesa Corrente – Serviços de Terceiros 7.5 Orçamentário
C Controles da Despesa Orçamentária 7.5
Título da Conta Código Subsistema
D Obrigações Contratuais – Contratos de
Serviços
6.2.4
Compensado C Direitos e Obrigações Contratuais –
Contratos Executados
8.4
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Empenhado a Liquidar 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Empenhado Liquidado 7.4.2
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Comprometida
8.6
Compensação C Disponibilidade por Destinação de Recursos
– A Utilizar
8.6
Pagamento da Despesa Orçamentária (Saída do Recurso Financeiro)
Título da Conta Código Subsistema
D Fornecedores 2.1.2 Financeiro
C Bancos Conta Movimento 1.1.1
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Utilizada
8.6
Compensação C Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Comprometida
8.6
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Empenhado Liquidado 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Orçamentário Pago 7.4.2
Na abertura do exercício financeiro seguinte, deve ser efetuada a baixa do saldo da conta “Disponibilidade por
Destinação de Recursos – Utilizada”, com o objetivo de que esta demonstre o valor da disponibilidade utilizada no
novo exercício.
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade de Recursos 8.6
Compensação C Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Utilizada
8.6
Aquisição de Bens do Imobilizado
Empenho da Dotação Orçamentária
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Orçamentário Disponível 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Empenhado a Liquidar 7.4.2
Liquidação da Despesa Orçamentária e Incorporação do Bem
Título da Conta Código Subsistema
160
D Imobilizado 1.2.3 Não-
Financeiro
Financeiro C Fornecedores 2.1.2
Título da Conta Código Subsistema
D Despesa Corrente – Inversão Financeira 7.5 Orçamentário
C Controle da Despesa Orçamentária 7.5
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Empenhado a Liquidar 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Empenhado Liquidado 7.4.2
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Comprometida
8.6
Compensação C Disponibilidade por Destinação de Recursos
– A Utilizar
8.6
Pagamento da Despesa Orçamentária (Saída do Recurso Financeiro)
Título da Conta Código Subsistema
D Fornecedores 2.1.2 Financeiro
C Bancos Conta Movimento 1.1.1
Título da Conta Código Subsistema
D Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Utilizada
8.6
Compensação C Disponibilidade por Destinação de Recursos
– Comprometida
8.6
Título da Conta Código Subsistema
D Crédito Empenhado Liquidado 7.4.2 Orçamentário
C Crédito Pago 7.4.2
Depreciação
Reconhecimento da Variação Patrimonial Passiva
Título da Conta Código Subsistema
D Uso de Bens e Serviços 4.3 Não-
Financeiro C Imobilizado – Depreciação Acumulada 1.2.3
Baixa de Bens Doados
Reconhecimento da Variação Patrimonial Passiva
Título da Conta Código Subsistema
D Transferências 4.5 Não-
Financeiro C Imobilizado 1.2.3
3. NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO
(NBCASP)
161
3.1. Origens/fundamentos
O Conselho Federal de Contabilidade fomenta o debate sobre a contabilidade pública em busca
de uniformização de procedimentos desde a década de 90. Em 2006, a presidência do CFC fixou como
uma de suas metas a normatização da contabilidade pública, cujos estudos foram iniciados em 2007.
Importa mencionar que a Contabilidade Pública, como integrante da ciência contábil, deveria
aplicar no processo gerador de informações, os princípios, as normas e as técnicas contábeis
direcionados à evidenciação das mutações do patrimônio das entidades, oferecendo aos usuários
informações sobre os resultados alcançados e o diagnóstico detalhado da situação orçamentária,
econômica, financeira e física do patrimônio da entidade, além das informações sobre os atos praticados
pelos gestores públicos. No entanto, o que se vê é uma contabilidade meramente direcionada a cumprir
os aspectos formais e legais, principalmente as normas de direito financeiro contidas na Lei nº 4.320/64,
ressentindo-se de um conjunto de normas profissionais que contemple principalmente a teoria de
contabilidade como base para o registro, a mensuração e a evidenciação dos atos e dos fatos do setor
público. Para tanto, notou-se a necessidade de resgatar o tratamento dos fenômenos da área pública em
bases teóricas que reflitam a essência das transações governamentais e seu impacto no patrimônio.
A idéia implantada foi que a contabilidade aplicada ao setor público, como sistema de
informações específico, deveria incorporar novas metodologias e recuperar seu papel, adotando
parâmetros de boa governança, demonstrando a importância de um sistema que forneça o apoio
necessário à integração das informações macroeconômicas do setor público e à consolidação das contas
nacionais.
Com base em tais premissas, o CFC institui o Grupo de Estudos, constituído por profissionais de
notória especialização, com destacada atuação prática e acadêmica, para atuarem como relatores ou
revisores das NBCASPs, sendo que após a formatação dos projetos das normas, estes fossem
disseminados entre os profissionais e os diversos níveis de usuários, para fins de discussão e debates,
através de audiências públicas, fóruns e seminários com ampla liberdade para apresentação de sugestões.
Várias entidades diretamente interessadas, tais como a STN, tribunais de contas e universidades,
participaram ativamente das discussões, apresentando sugestões relevantes. Ressalta-se que todas as
sugestões foram encaminhadas ao CFC que designou grupo específico para analisá-las e, se coerentes,
acatá-las.
Na produção das NBCASPs foi considerado o acúmulo histórico da prática contábil da área, as
pesquisas desenvolvidas, a legislação aplicável no Brasil, as Normas Brasileiras de Contabilidade já
existentes (especialmente a Res. CFC nº 750/93 e a Res. CFC Nº 1.111/07, que estabelecem os
princípios fundamentais de contabilidade e sua interpretação para o setor público) e as Normas
Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, editadas pelo IFAC – Internacional
Federation of Accountants. Toda essa base teve como intuito produzir uma normatização que trouxesse a
Contabilidade Ciência para ocupar o primeiro lugar, como também propiciasse impactos positivos na
transparência e especialmente no controle social.
O momento foi bem propício, pois o próprio Governo Federal, através da Portaria nº. 184/08,
editada pelo Ministério da Fazenda, estabeleceu diretrizes a serem observadas no setor público quanto
aos procedimentos, práticas, elaboração e divulgação das demonstrações contábeis, de forma a torná-
las convergentes com as Normas Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público.
Premissas das Normas
162
1 – Tratamento científico aos fenômenos e transações da área pública.
2 – Aplicação integral dos princípios fundamentais de contabilidade.
3 – Diferenciação entre a ciência social aplicada e a legislação.
4 – Integração entre os fenômenos e sistemas orçamentários, financeiros, patrimoniais, econômicos e
fiscais.
5 – Harmonização e uniformização dos princípios contábeis e as boas práticas governamentais para que
os demonstrativos contábeis mostrem adequadamente o conteúdo do orçamento.
6 – Os sistemas informatizados são ferramentas que contribuem para o aperfeiçoamento da contabilidade
e do controle da gestão fiscal.
7 - Convergências das normas com as já existentes no âmbito internacional.
8 – Integração com os órgãos governamentais, especialmente com a Secretaria do Tesouro Nacional e os
Tribunais de Contas.
9 – Construção coletiva, democrática, regionalizada, com a participação da classe contábil e suas
representações.
10 – Valorização do profissional da contabilidade e de suas representações individuais e coletivas.
11 – Inserção internacional para adoção das boas práticas de contabilidade pública vigentes no mundo.
12 – Desenvolvimento de pesquisas de contabilidade pública a partir de programas de graduação e de
pós-graduação em ciências contábeis.
Foram trabalhadas dez normas, devidamente convergidas para dez Normas Internacionais de
Contabilidade Aplicadas ao Setor Público, de um total existente de vinte e quatro normas internacionais,
editadas pelo IFAC, sendo que o trabalho de convergência das demais continua em execução pelo
Comitê Gestor da Convergência no Brasil, devendo a totalidade estar convergida até o ano de 2012. As
NBCASPs receberam por nomenclatura/numeração a sigla “NBC T 16”, indo da NBC T 16.1 a NBC T
16.10.
3.2. As NBCASPs
Em 25 de novembro de 2008 foram publicadas no Diário Oficial da União as dez primeiras
Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público – NBCASP, aprovadas por Resolução
do CFC. Vale ressaltar que as normas deverão ser aplicadas a partir de 2010, pois em 2009 será o ano
para adaptação e treinamento dos profissionais da área contábil, deixando bem claro o CFC que no
primeiro ano de vigência seu cumprimento será opcional. O CFC já sinalizou que a próxima será a
norma que tratará das diretrizes para apuração de custos na administração pública.
163
3.3. As mudanças que acontecerão na contabilidade pública (para a contabilidade, para o
profissional e para as entidades públicas), provocadas pela NBCASP
É importante reafirmar que as NBCASPs colocam a contabilidade aplicada ao setor público no
seu verdadeiro lugar, assumindo o que realmente ela é: um ramo da ciência contábil cujo objeto de
estudo é o patrimônio. Constitui, portanto, um marco, deixando, a partir das normas, um pouco o aspecto
orçamentário e trazendo a contabilidade para ocupar o primeiro lugar.
Na elaboração das normas partiu-se do princípio de que a contabilidade aplicada ao setor público
não deve se limitar a questões orçamentárias e legais, pois o processo de controle do patrimônio público
deve partir do estudo dos fenômenos e das transações que o afetam e, consequentemente estar
referenciado em bases conceituais capazes de proporcionar a necessária harmonização na interpretação
dos atos e fatos administrativos.
O objetivo estratégico do grupo que fez a convergência das normas partiu da premissa de que a
área pública seja dotada de um conjunto de normas que possam fornecer a orientação contábil, em
observância aos Princípios Fundamentais de Contabilidade, ao mesmo tempo em que se avance na
consolidação e integração com as normas internacionais, possibilitando ao setor público um tratamento
adequado, respeitando-se as normas gerais de direito financeiro (Lei nº 4.320/64) e gestão fiscal. Por
isso, a evidenciação orçamentária continuará existindo para a contabilidade pública, só que de forma
secundária. As normas devem respeitar o sistema legal, sem prejuízo de que o patrimônio seja tratado
como objeto de uma ciência, pautando-se nos seus princípios e postulados, pois do contrário não se terão
avaliações corretas, nem tão pouco se alcançará a tão desejada transparência.
No âmbito do setor público, as normas internacionais de contabilidade foram elaboradas pela
IFAC, tomando como referência os padrões aplicados ao setor empresarial. De modo geral, as IPSAS
buscam a convergência dos critérios de reconhecimento de receitas e despesas, ativos e passivos, bem
como da forma de evidenciação da situação financeira, dos resultados dos exercícios, das mutações da
posição financeira e das mutações do patrimônio líquido no âmbito do setor público. Assim, na
elaboração das NBCASPs foi adotada essa premissa.
Considerando que as normas internacionais dispõem sobre a contabilidade patrimonial de forma
integral, as NBCASPs seguem a mesma linhagem, o que requer o registro de todos os itens de bens,
direitos, obrigações e patrimônio líquido da entidade pública, e estabelecem o regime de competência
Resolução CFC NBCASP
Resolução CFC nº 1.128, 21/11/2008 NBC T 16.1 – Conceituação, Objeto e Campo de
Aplicação
Resolução CFC nº 1.129, 21/11/2008 NBC T 16.2 – Patrimônio e Sistemas Contábeis
Resolução CFC nº 1.130, 21/11/2008 NBC T 16.3 – Planejamento e seus Instrumentos sob o
Enfoque Contábil
Resolução CFC nº 1.131, 21/11/2008 NBC T 16.4 – Transações no Setor Público
Resolução CFC nº 1.132, 21/11/2008 NBC T 16.5 – Registro Contábil
Resolução CFC nº 1.133, 21/11/2008 NBC T 16.6 – Demonstrações Contábeis
Resolução CFC nº 1.134, 21/11/2008 NBC T 16.7 – Consolidação das Demonstrações
Contábeis
Resolução CFC nº 1.135, 21/11/2008 NBC T 16.8 – Controle Interno
Resolução CFC nº 1.136, 21/11/2008 NBC T 16.9 – Depreciação, Amortização e Exaustão
Resolução CFC nº 1.137, 21/11/2008 NBC T 16.10 – Avaliação e Mensuração de Ativos e
Passivos em Entidades do Setor Público
164
para o reconhecimento de receitas e despesas. Sem a adoção desse regime, diversos ativos e passivos
podem não ser reconhecidos, e o objetivo de se evidenciar a situação financeira e os resultados do
exercício fica fortemente prejudicado.
Além das mudanças já comentadas, a edição das normas vai também ensejar: a implementação de
procedimentos e práticas contábeis que permitam o reconhecimento, a mensuração, a avaliação e a
evidenciação dos elementos que integram o patrimônio público; implantação de sistema de custos no
âmbito do setor público (exigência da NBC T 16.2), o que facilita mensurar a eficiência, eficácia e a
efetividade; melhoria das informações que integram as demonstrações contábeis e os relatórios
necessários à consolidação das contas nacionais, até mesmo pelo fato do surgimento de mais dois
demonstrativos contábeis, que são: Demonstração dos Fluxos de Caixa e Demonstração do Resultado
Econômico (conforme NBC T 16.6); avaliação do impacto das políticas públicas e da gestão nas
dimensões social, econômica e fiscal, segundo aspectos relacionados à variação patrimonial, a partir da
contabilização da peça de planejamento (PPA), conforme NBC T 16.3; reforço do papel da contabilidade
como principal instrumento de controle interno (conforme NBC T 16.8).
Certamente, a partir dessas necessidades de mudanças, os responsáveis pela administração
pública, com o auxílio de órgãos como a STN e o próprio CFC, terão que adotar medidas, sugeridas pelo
próprio CFC27
, tais como:
a) reestruturação das áreas de contabilidade e do quadro funcional;
b) organização de controles administrativos e contábeis necessários à boa governança;
c) definição de modelos e demonstrativos de prestação de contas dos resultados obtidos e aplicados em
benefício da sociedade.
Os profissionais de contabilidade, principais responsáveis pela adoção dessas novas regras,
devem ter mais ainda conhecimento dos princípios, conceitos, normas e procedimento de contabilidade
aplicada ao setor público, base de consulta, registro, mensuração e evidenciação das políticas e dos atos
da gestão pública. Deverão participar ativamente de reciclagem, através de treinamentos, cursos,
seminários etc., pois serão ainda mais cobrados no exercício profissional.
Como ação complementar ao fortalecimento da contabilidade, o CFC, os profissionais, os
formadores de conhecimento e os dirigentes públicos devem buscar no Poder Legislativo a alteração das
regras vigentes e/ou implementar novas, definindo responsáveis e oferecendo condições para o
fortalecimento institucional, e, consequentemente, do Estado Democrático de Direito. Devem ainda:
I – articular ações voltadas ao fortalecimento da contabilidade aplicada ao setor público;
II – estimular cooperação com instituições envolvidas com a contabilidade aplicada ao setor público;
III – promover o intercâmbio de experiências, nacionais e internacionais, relacionadas ao controle social,
à boa gestão dos recursos públicos e à redução da desigualdade social;
IV – conferir a existência e fortalecer a estruturação e ações correspondentes ao pleno funcionamento do
controle interno, em cada órgão respectivo do setor público.
3.3.1. Demonstração de algumas mudanças na contabilização de atos e fatos contábeis
I – Ênfase às receitas e despesas efetivas para fins de apuração de resultado do exercício
Segundo os doutrinadores que trabalharam na elaboração das NBCASPs, a Lei nº 4.320/64 não
constitui um obstáculo à adoção de normas de contabilidade, inclusive no que diz respeito ao regime de
competência. Na verdade, alguns de seus artigos revelam a preocupação de que a composição
patrimonial da entidade seja conhecida e de que os fatos modificativos da situação líquida sejam levados
27
No livreto “Orientações estratégicas para a Contabilidade Aplicada ao Setor Público no Brasil”, distribuído no II Encontro
sobre Contabilidade e Gestão Públicas, promovido pelo CFC, no mês de outubro/2008 na cidade de Belo Horizonte-MG.
165
à conta de resultado. A referida lei trata da contabilidade orçamentária até artigo 83, a partir do artigo 84
ela trata da contabilidade patrimonial. Portanto, ainda segundo os doutrinadores, as variações e fluxos
patrimoniais estão na lei nº 4.320/64, só faltava utilizar.
A Contabilidade Pública cumpre uma função ordinária, comum à contabilidade empresarial
(controle patrimonial e evidenciação da situação financeira, dos resultados do exercício, dos fluxos que
alteram a situação financeira e das modificações no patrimônio líquido), e outra extraordinária
(demonstra a situação das receitas orçamentárias e despesas orçamentárias: previsão/fixação,
arrecadação, despesas liquidadas, despesas a liquidar, despesas pagas, restos a pagar e resultado
orçamentário). No entanto, a função extraordinária é mais antiga e, mesmo hoje, é o objeto de maiores
preocupações por parte das pessoas e órgãos que procedem aos registros contábeis, daqueles que prestam
contas da aplicação dos recursos e dos que examinam essas prestações de contas.
Na verdade, a Teoria Contábil não investiga questões relativas ao orçamento público, que se
constitui em um plano anual de aplicação de recursos financeiros. Porém, considerando as regras de
direito financeiro em vigência no Brasil (Lei nº 4.320/64), a contabilização orçamentária deve continuar
sendo evidenciada, só que em procedimento secundário, sendo perfeitamente possível haver a
compatibilização entre as evidenciações patrimoniais, orçamentárias e financeiras, atendendo a
legislação contábil e orçamentário-financeira, conforme gráfico abaixo:
Eis exemplos de como é feito hoje o procedimento contábil de escrituração das receitas e
despesas e a proposta de alteração a partir da edição das NBCASPs:
Considere-se a estrutura básica do Plano de Contas utilizados no âmbito federal (SIAFI) e até
mesmo no âmbito dos municípios de Rondônia (SIGAP):
166
Os montantes de receitas orçamentárias e despesas orçamentárias realizadas são contabilizadas
não apenas em contas de controle orçamentário ("1.9.1 Execução Orçamentária da Receita" e "2.9.2
Execução Orçamentária da Despesa"), mas também em um primeiro conjunto de contas de resultado ("4
Receita" e "3 Despesa"). A seguir, têm-se exemplos de registros em contas desse conjunto (códigos são
utilizados para identificação tão-somente dos grupos a que pertencem as contas). Considere-se que os
pagamentos das despesas sejam imediatos:
EVENTO DÉBITO CRÉDITO VALOR
1 Arrecadação de Impostos 1.1 Banco 4.1 Tributos 9.000
2 Alienação de Imóveis 1.1 Banco 4.2 Alienação 500
3 Operação de Crédito 1.1 Banco 4.2 Operações de Crédito 2.000
4 Gasto com Pessoal 3.3 Pessoal Ativo 1.1 Banco 4.000
5 Aquisição de Veículo 3.4 Veículo 1.1 Banco 1.000
6 Amortização da Dívida 3.4 Amortização 1.1 Banco 3.000
Segundo essas operações, a receita orçamentária é de $ 11.500 e a despesa orçamentária é $
8.000. No entanto, como parte delas corresponde a fatos modificativos, "retificações" são feitas por
outras contas ditas de resultados (segundo conjunto): variações ativas orçamentárias ("6.1 Resultado
Orçamentário") e variações passivas orçamentárias ("5.1 Resultado Orçamentário"), "aumentativas" e
"diminutivas" do patrimônio líquido, respectivamente.
As variações ativas orçamentárias são efeitos do aumento do ativo ou diminuição do passivo
decorrente da realização de despesa orçamentária. São registradas nos casos dos eventos nºs 5 e 6
anteriores:
EVENTO DÉBITO CRÉDITO VALOR
5 Aquisição de Veículo 1.4 Veículo 6.1 Resultado Orçamentário 1.000
6 Amortização da Dívida 2.1 Empréstimos– Curto
Prazo
6.1 Resultado Orçamentário 3.000
As variações passivas orçamentárias são efeitos da diminuição do ativo ou aumento do passivo
decorrente da realização da receita orçamentária. São registradas nos casos dos eventos nºs 2 e 3:
EVENTO DÉBITO CRÉDITO VALOR
2 Alienação de Imóveis 5.1 Resultado Orçamentário 1.4 Imóveis 500
3 Operação de Crédito 5.1 Resultado Orçamentário 2.2 Empréstimos – Longo
Prazo
2.000
Convém mencionar que, de acordo com a Resolução do CFC nº 1.121/2008, que dispõe sobre a
estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis (Conforme Normas
Internacionais de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público), receitas são aumentos nos benefícios
econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos
ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam
provenientes de aporte dos proprietários da entidade. Na mesma norma, o CFC define as despesas
como decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de
recursos ou redução de ativos ou incremento em passivos, que resultem em decréscimo do
patrimônio líquido e que não sejam provenientes de distribuição aos proprietários da entidade.
167
Após os registros antteriores, verifica-se que as receitas e despesas (que se encaixam aos
conceitos apresentados) importaram em:
• Receita (4.1 + 4.2 - 5.1): $ 9.000
• Despesa (3.3 + 3.4 - 6.1): $ 4.000
Há fatos contábeis modificativos que não decorrem da execução orçamentária. Tais fatos são
contabilizados em um terceiro conjunto de contas de resultado: variações ativas extra-orçamentárias
("6.2 Resultado Extra-Orçamentário) e variações passivas extra-orçamentárias. ("5.2 Resultado Extra-
Orçamentário"), aumentativas e diminutivas do patrimônio líquido, respectivamente.
EVENTO DÉBITO CRÉDITO VALOR
7 Consumo de materiais 5.2 Resultado Extra-
Orçamentário
1.1 Almoxarifado 300
8 Baixa de bens
inservíveis
5.2 Resultado Extra-
Orçamentário
1.4 Bens Móveis 200
9 Reavaliação de bens
imóveis
1.4 Bens Imóveis 6.2 Resultado Extra-
Orçamentário
400
10 Dívidas Prescritas 2.2 Dívidas a Pagar 6.2 Resultado Extra-
Orçamentário
800
Após essas operações a composição de receitas e despesas (conceitos das NICSP) passa a ser a
seguinte:
Receita [(4.1 + 4.2 - 5.1) + 6.2] = $ 10.200
Despesa [(3.3 + 3.4 - 6.1) + 5.2] = $ 4.500
Dessa forma, receitas e despesas a que se referem as NICSP correspondem, no atual modelo
utilizado no Brasil, a uma parte das receitas orçamentárias e despesas orçamentárias (aquelas que não
são "retificadas") e às variações ativas extra-orçamentárias e variações passivas extra-orçamentárias.
Receitas e Despesas na visão patrimonial são contas de resultado e, contas de resultado
representam a situação dinâmica, compondo as variações patrimoniais, ou seja, as contas que alteram o
patrimônio líquido e demonstram o resultado do exercício. As variações patrimoniais ativas e as
variações patrimoniais passivas são decorrentes de transações que aumentem ou diminuem o patrimônio
líquido.
Sabe-se que no rol das receitas orçamentárias nem todas alteram a situação líquida das entidades
governamentais, tais como: receitas de alienação de bens e receitas de operações de crédito, consideradas
receitas não efetivas, pois não causam efeito para mais no resultado patrimonial, uma vez que em
compensação ao ingresso financeiro deve ser dada a baixa dos bens alienados ou a inscrição da dívida
contraída. Da mesma forma, no elenco das despesas orçamentárias existem despesas que não
influenciam para menos o resultado patrimonial, conhecidas como despesas não efetivas, tais como:
despesas com aquisição de bens, amortização de dívidas, uma vez que em compensação à entrada dos
bens no patrimônio há a saída financeira (se pagamento a vista) ou a inscrição da dívida (se a prazo), e,
no segundo caso, há a baixa da obrigação inscrita no passivo permanente. Ressalta-se que o
Demonstrativo das Variações Patrimoniais (Anexo15) apresenta o grupo resultante da execução
orçamentária denominada “Mutações Patrimoniais” somente para registrar essas situações.
As situações exemplificadas, de receitas e despesas orçamentárias não efetivas compondo o rol de
receitas e despesas públicas e sendo demonstradas nas variações patrimoniais, como se faz hoje, chocam-
se com os conceitos e critérios científicos destas. Portanto, em obediência aos preceitos contábeis, devem
compor o resultado do exercício apenas as receitas e despesas efetivas, ou seja, somente aquelas que
168
causam modificação patrimonial (aumentativo ou diminutivo), como exemplo: receitas de tributos,
receitas de serviços, receitas de transferências, despesas com a folha de pagamento, despesas com
serviços, despesas com transferências.
Veja o exemplo de contabilização de receitas e despesas não efetivas, sem a utilização das
mutações patrimoniais ativas e passivas, em contrapartida direto com as contas correspondentes do ativo
e passivo, bem como efetuando o controle orçamentário no compensado:
Alienação (venda) de Bens EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Previsão da Receita 1.9 Receita a Realizar 2.9 Previsão Inicial da Receita Compensação
2 Arrec. Rec. Alienação de
Bens
1.1 Banco 1.4 Bens Móveis Financ./Patrimonial
3 Baixa Arrecadação
Receita
1.9 Receita Realizada 1.9 Receita a Realizar Compensação
Operações de Crédito (empréstimos tomados) EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Previsão da Receita 1.9 Receita a Realizar 2.9 Previsão Inicial da Receita Compensação
2 Arrec. Rec. Operações
de Crédito
1.1 Banco 2.2 Obrigações a Pagar Financ./Patrimonial
3 Baixa Arrecadação
Receita
1.9 Receita Realizada 1.9 Receita a Realizar Compensação
Aquisição de Bens EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Fixação da Despesa 1.9 Crédito Inicial 2.9 Crédito Disponível Compensação
2 Empenho da Despesa 2.9 Crédito Disponível 2.9 Crédito Emp. a Liquidar Compensação
3 Liquidação da Despesa 2.9 Créd. Emp. A
Liquidar
2.9. Crédito Emp. Liquidado Compensação
4 Despesa Aquis. de Bens 1.4 Bens Móveis 1.1 Bancos Financ./Patrimonial
Amortização de Dívidas EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Fixação da Despesa 1.9 Crédito Inicial 2.9 Crédito Disponível Compensação
2 Empenho da Despesa 2.9 Crédito Disponível 2.9 Crédito Emp. a Liquidar Compensação
3 Liquidação da Despesa 2.9 Créd. Emp. A
Liquidar
2.9. Crédito Emp. Liquidado Compensação
4 Desp. Amortiz. de Dív. 2.2 Dívidas a Pagar 1.1 Bancos Financ./Patrimonial
Trabalhamos acima com a contabilização de receitas e despesas não efetivas, não utilizando as
classes 5 e 6, ou seja, resultados diminutivo e aumentativo, considerando que essas receitas e despesas
exemplificadas não causam qualquer modificação no resultado patrimonial, para mais ou para menos,
dentro da nova visão da Contabilidade Pública. Ao mesmo tempo, houve a contabilização normal do
orçamento em termos de receitas e despesas previstas e realizadas, utilizando contas de compensação
(contas de controle), que fazem o controle orçamentário e possibilitam a elaboração do Balanço
Orçamentário, satisfazendo a Lei nº 4.320/64.
169
Mostraremos a seguir a contabilização de receitas e despesas efetivas, adotando a nova
metodologia:
Receita de Impostos EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Previsão da Receita 1.9 Receita a Realizar 2.9 Previsão Inicial da Receita Compensação
2 Arrec. Rec. de Impostos 1.1 Bancos 4.1 Rec. Impostos Financeiro
3 Baixa Arrecadação
Receita
1.9 Receita Realizada 1.9 Receita a Realizar Compensação
4 Composição do
Resultado do Exercício
4.1 Rec. Impostos 6.1. Resultado Orçamentário
Aumentativo
Patrimonial
Despesa com a folha de pagamento EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
1 Fixação da Despesa 1.9 Crédito Inicial 2.9 Crédito Disponível Compensação
2 Empenho da Despesa 2.9 Crédito Disponível 2.9 Crédito Emp. a Liquidar Compensação
3 Liquidação da Despesa 2.9 Créd. Emp. A
Liquidar
2.9. Crédito Emp. Liquidado Compensação
4 Apropriação da Despesa 3.1 Desp. Pessoal e
Encargos
2.1 Obrigações a Pagar Financeiro/Patrim.
5 Pagamento da Despesa 2.1 Obrigações a Pagar 1.1 Bancos Financeiro/Patrim.
6 Composição do
Resultado do Exercício
5.1 Resultado Orçam.
Diminutivo
3.1. Desp. Pessoal e Encargos Patrimonial
Trabalhamos acima com a contabilização de receitas e despesas efetivas, utilizando as classes 5 e
6, ou seja, resultados diminutivo e aumentativo, considerando que essas receitas e despesas
exemplificadas causam modificação no resultado patrimonial, para mais ou para menos, dentro da nova
visão da Contabilidade Pública. Ao mesmo tempo, houve a contabilização normal do orçamento em
termos de receitas e despesas previstas e realizadas, utilizando contas de compensação (contas de
controle), que fazem o controle orçamentário e possibilitam a elaboração do Balanço Orçamentário,
satisfazendo a Lei nº 4.320/64.
A Secretaria do Tesouro Nacional/STN estuda a possibilidade de que as receitas e despesas que
integrarão as variações patrimoniais e que constarão do Plano de Contas Nacional Único, em fase de
elaboração, serão os seguintes grupos e nomenclaturas, sem prejuízo de serem demonstradas e
controladas no compensado todas as receitas e despesas orçamentárias, efetivas e não efetivas:
3 VARIAÇÃO PATRIMONIAL PASSIVA
(DESPESA)
3.1 Pessoal e Encargos
3.2 Benefícios Sociais
3.3 Uso de Bens e Serviços
3.4 Financeiras
3.5 Transferências
3.9 Outras Variações Patrimoniais Passivas
4 VARIAÇÃO PATRIMONIAL ATIVA
(RECEITA)
4.1 Tributárias
4.2 Contribuições
4.3 Serviços e Exploração de Bens
4.4 Financeiras
4.5 Transferências
4.9 Outras Variações Patrimoniais Ativas
170
A classe da VARIAÇÃO PATRIMONIAL PASSIVA compreende os seguintes grupos de contas:
3.1 Pessoal e Encargos – Representa o somatório das variações patrimoniais passivas/despesas de natureza salarial
decorrentes do exercício efetivo do cargo ou do emprego público, quer seja civil ou militar, função de confiança, bem
como as obrigações trabalhistas e os benefícios de responsabilidade do empregador incidentes sobre a folha de salários.
Compreende: salários, remunerações, gratificações, funções, 1/3 de férias, décimo terceiro salário, encargos patronais,
entre outros. (as despesas com aposentadorias, reformas e pensões serão registradas em grupo específico denominado
"Despesas de Benefícios Sociais").
3.2 Benefícios Sociais – Representa o somatório das variações patrimoniais passivas/despesas com benefícios
previdenciários e assistenciais. Compreende: aposentadorias, pensões, reformas, benefícios de assistenciais, programas
sociais tais como, Programa Fome Zero, Prouni, Farmácia Popular, Luz para Todos, Programa de Erradicação do Trabalho
Infantil, bolsas, auxílios, entre outros.
3.3 Uso de Bens e Serviços – Representa o somatório das variações patrimoniais passivas/despesas com manutenção e
operação da máquina pública, exceto despesas com pessoal e encargos que serão registradas em grupo específico
(Despesas de Pessoal e Encargos). Compreende: diárias, material de consumo, material de distribuição gratuita, passagens
e despesas com locomoção, serviços de terceiros, arrendamento mercantil operacional, aluguel, depreciação, amortização,
exaustão, entre outras
3.4 Financeiras – Representa o somatório das variações patrimoniais passivas/despesas com operações financeiras.
Compreende: juros incorridos, descontos concedidos, comissões e despesas bancárias, correções monetárias, despesas com
obrigações tributárias, remunerações de depósitos, entre outras.
3.5 Transferências – Representa o somatório das variações patrimoniais passivas/despesas com transferências
intergovernamentais e intragovernamentais para entes governamentais, instituições multigovernamentais, instituições
privadas com ou sem fins lucrativos e transferências ao exterior, compreende subvenções sociais, subvenções econômicas
e doações concedidas.
3.9 Outras Variações Patrimoniais Passivas – Representa o somatório das demais variações patrimoniais passivas não
incluídas nos grupos anteriores. Compreende: provisões para crédito de liquidação duvidosa, ajuste ao valor recuperável,
perda na alienação de ativos, resultado negativo da equivalência patrimonial, assunção de passivos, indenizações, perdas
por obsolescência e inservibilidade, entre outras.
A classe da VARIAÇÃO PATRIMONIAL ATIVA compreende os seguintes grupos de contas:
4.1 Tributárias – Representa o somatório da variação patrimonial ativa/receita decorrente de impostos, taxas e
contribuições de melhoria. Compreende: impostos sobre importação de produtos estrangeiros, exportação de produtos
nacionais, rendas e proventos de qualquer natureza, produtos industrializados, propriedade territorial rural, grandes
fortunas, propriedade predial e territorial urbana, transmissão causa mortis e doação, circulação de mercadorias e
prestação de serviços, serviços de qualquer natureza, entre outros.
4.2 Contribuições – Representa o somatório das variações patrimoniais ativas/receitas de contribuições sociais, de
intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas como instrumento de
intervenção nas respectivas áreas. Compreende: contribuições previdenciárias, contribuição para o financiamento da
seguridade social, contribuições sobre a receita de concurso de prognósticos, contribuição para o "Programa de Integração
Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público", entre outras.
4.3 Serviços e Exploração de Bens – Representa o somatório das variações patrimoniais ativas/receita industriais
compostas de: receita de produção vegetal, animal e derivados, decorrentes das atividades ou explorações agropecuárias;
receita da indústria de extração mineral, de transformação, de construção e outros; receita originária da prestação de
serviços, tais como: atividades comerciais, de transporte, de comunicação, de saúde, de armazenagem, serviços científicos
e tecnológicos, de metrologia, agropecuários e etc., e; de remuneração pela exploração de bens como alugueis, royalties,
entre outras.
4.4 Financeiras – Representa o somatório das variações patrimoniais ativas/receitas com operações financeiras.
Compreende: descontos obtidos, juros auferidos, prêmio de resgate de títulos e debêntures, entre outros.
4.5 Transferências – Representa o somatório das variações patrimoniais ativas/receitas com transferências
intergovernamentais (interferências) e intragovernamentais para entes governamentais, instituições multigovernamentais,
instituições privadas com ou sem fins lucrativos e transferências ao exterior, além de subvenções sociais, subvenções
econômicas e doações recebidas.
171
4.9 Outras Variações Patrimoniais Ativas – Representa o somatório das demais variações patrimoniais ativas não
incluídas nos grupos anteriores. Compreende: reavaliação, ganho na alienação de ativos, ganhos na variação cambial,
resultado positivo a equivalência patrimonial, cancelamento de passivos, reversão de provisões, recuperação de despesas,
multas (exceto tributária), entre outras.
Neste caso, a estrutura da Demonstração das Variações Patrimoniais poderá ser parecida com a
Demonstração do Resultado do Exercício – DRE da contabilidade empresarial, havendo apenas o
confronto das receitas e despesas, chegando-se ao resultado do exercício.
II – Contabilização de receitas e despesas pelo regime de competência
(vide comentários e exemplos de lançamentos no item 1.6, que trata dos Regimes Contábeis)
III – Incorporação patrimonial dos Bens de Uso Comum do Povo
Os bens de uso comum do povo, que antes apenas os gastos eram contabilizados como despesas,
agora são incorporados ao patrimônio, por exigência da NBC T 16.10, que no item 30 diz: “Os bens de
uso comum que absorveram ou absorvem recursos públicos, ou aqueles eventualmente recebidos
em doação, devem ser incluídos no ativo não circulante da entidade responsável pela sua
administração ou controle, estejam, ou não, afetos a sua atividade operacional.”
Após os lançamentos no compensado das fases do empenho e liquidação, bem como da fase do
pagamento no sistema financeiro, o lançamento de incorporação dos bens de uso comum construídos
deve ser assim:
Incorporação na forma do plano de contas atual EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Incorp de Bens Uso Comum 1.4 Bens de Uso Comum 6.1 Resultado Aumentativo Patrimonial
Incorporação na forma do futuro plano de contas nacional EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Incorp de Bens Uso Comum 1.2 Bens de Uso Comum 1.1 Bancos Financ./Patrimonial Obs: se incorporado quando do pagamento
IV – Escrituração das Dívidas
Considerando a intenção das NBCASPs, no sentido de exigir à contabilidade aplicada às
entidades públicas a obrigatoriedade de registrar todos os atos e fatos administrativos/contábeis,
oportunamente, refletindo assim a verdadeira posição patrimonial em determinado momento, os
profissionais de contabilidade deverão evitar omissões na escrituração, principalmente das obrigações a
pagar relacionadas às dívidas que deveriam compor o passivo permanente, tais como: dívidas
trabalhistas, dívidas para com o INSS e FGTS, dentre outras, não só o principal, como os seus encargos.
O lançamento de incorporação de dívidas, não decorrentes da execução orçamentária deve ser da
seguinte forma:
Incorporação na forma do plano de contas atual EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Assunção de Obrigações 5.2 Resultado Diminutivo 2.2 Obrigações a Pagar Patrimonial
Incorporação na forma do futuro plano de contas nacional EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Assunção de Obrigações 3.9 Outras Variações
Patrimoniais Passivas
2.2 Obrigações a Pagar Patrimonial
172
(Assunção de Dívidas)
V – Contabilização das Depreciações, Amortizações e Exaustões
O consumo de materiais permanentes não é apropriado ao longo de sua vida útil. Quando se
tornam inservíveis ou antieconômicos, são baixados de uma só vez. Dentre as NBCASPs há a NBC T
16.9 que torna obrigatório o reconhecimento da depreciação, da amortização e da exaustão e estabelece
critérios e procedimentos para o registro contábil para essas situações. Segundo a norma, entende-se
por:
Amortização: a redução do valor aplicado na aquisição de direitos de propriedade e quaisquer
outros, inclusive ativos intangíveis, com existência ou exercício de duração limitada, ou cujo objeto
sejam bens de utilização por prazo legal ou contratualmente limitado.
Depreciação: a redução do valor dos bens tangíveis pelo desgaste ou perda de utilidade por uso, ação
da natureza ou obsolescência.
Exaustão: a redução do valor, decorrente da exploração, dos recursos minerais, florestais e outros
recursos naturais esgotáveis.
O valor depreciado, amortizado ou exaurido, relacionado a determinado bem, deve ser
apurado mensalmente, devendo ser reconhecido nas contas de resultado do exercício. Tal valor é
apurado com base na vida útil econômica do elemento patrimonial, correspondente ao período de
tempo definido ou estimado tecnicamente, durante o qual se espera obter fluxos de benefícios futuros
de um ativo. O valor da parcela que deve ser reconhecida no resultado como decréscimo patrimonial, e,
no balanço patrimonial, representada em conta redutora do respectivo ativo.
A depreciação, a amortização e a exaustão devem ser reconhecidas até que o valor líquido
contábil do ativo seja igual ao valor residual. A vida útil econômica deve ser definida com base em
parâmetros e índices admitidos em norma ou laudo técnico específico.
Ainda segundo a referida norma, sem prejuízo da utilização de outros métodos de cálculo
dos encargos de depreciação, podem ser adotados: (a) o método das quotas constantes; (b) o método
das somas dos dígitos; (c) o método das unidades produzidas.
Abaixo apresentamos exemplo do registro contábil da depreciação de bens.
Registro da depreciação, amortização ou exaustão de bens na forma do plano de contas atual EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Deprec. Amortiz. ou
Exaustão de bens
5.2 Resultado Diminutivo 1.4 Deprec., Amort. ou Exaustão Patrimonial
Registro na forma do futuro plano de contas nacional EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Deprec. Amortiz. ou
Exaustão de Bens
3.9 Outras Variações Patrimoniais
Passivas (Deprec. Amortiz. ou
Exaustão de Bens Permanentes)
1.4 Bens Permanentes Patrimonial
VI – Registro da Provisão para Devedores Duvidosos
A escrituração das provisões relativas a devedores duvidosos, decorrente de créditos a receber da
dívida ativa principalmente, apesar de já existir norma editada pela STN desde 2004 (Manual de
Procedimentos da Dívida Ativa) obrigando seu registro e mostrando a forma de se fazer, isso não vinha
sendo normalmente realizado. Porém, a partir da edição das NBCASPs, (NBC T 16.10), os créditos de
difícil recebimento devem ser estimados, com vistas à contabilização das perdas que afetam o patrimônio
173
líquido, para que se tenha uma adequada evidenciação da situação financeira e dos resultados do
exercício.
Segundo a NBC T 16.10, os riscos de recebimento de dívidas são reconhecidos em conta de
ajuste, a qual será reduzida ou anulada quando deixarem de existir os motivos que a originaram. As
provisões são constituídas com base em estimativas pelos prováveis valores de realização para os ativos
e de reconhecimento para os passivos.
Abaixo apresentamos exemplo do registro contábil da provisão para devedores duvidosos.
Registro da provisão para devedores duvidosos na dívida ativa, na forma do plano de contas atual EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Registro da provisão 5.2 Resultado Diminutivo 1.2 Prov. para Deved.Duvidosos Patrimonial
Registro na forma do futuro plano de contas nacional EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Registro da provisão 3.9 Outras Variações Patrimoniais
Passivas (provisões para crédito de
liquidação duvidosa)
1.2 Prov. para
Deved.Duvidosos
Patrimonial
A constituição da provisão para o recebimento de créditos inscritos em Dívida Ativa atende ao
disposto na NBCT 4, aprovada pela Resolução CFC 732/1992 e ao Princípio da Prudência,
estabelecido pela Resolução CFC nº 750/1993, que impõe a escolha da hipótese que resulte o menor
Patrimônio Líquido, quando se apresentarem opções igualmente aceitáveis diante dos demais Princípios
Fundamentais de Contabilidade.
VII – Registro dos Passivos Contingentes e das Provisões Passivas
Conforme a NBC T 16.2, que dispõe sobre o Patrimônio e Sistemas Contábeis, o Passivo
compreende as obrigações assumidas pelas entidades do setor público ou mantidas na condição de fiel
depositário, bem como as contingências e as provisões.
Contingência é uma condição ou situação, cujo resultado final, favorável ou desfavorável,
depende de eventos futuros incertos. Como exemplo de evento futuro e incerto tem-se as ações judiciais
em andamento, cujo desfecho tende a ser desfavorável para a Administração. Passivos contingentes
devem ser estimados. Dependendo do grau de certeza de sua exigibilidade, deverão ser reconhecidos ou,
pelos menos, mencionados em notas explicativas. O passivo relacionado à obrigação legal em discussão
judicial é mantido até o desfecho da ação; caso a decisão judicial seja favorável, sobre a qual não cabem
mais recursos, ou a sua prescrição, deverá ocorrer a reversão desse passivo.
Já as provisões passivas correspondem a futuros pagamentos de obrigações que por certo surgirá,
tais como férias, 13.° salário, imposto sobre a renda, licenças e outras. Segundo a NBC T 16.10, as
provisões são constituídas com base em estimativas pelos prováveis valores de realização para os ativos
e de reconhecimento para os passivos. No momento da ocorrência da despesa, deverá ser feita a baixa da
provisão ou da contingência. Veja os exemplos a seguir:
Exemplo de lançamentos referentes Contingências passivas
EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Registro da Contingência 5.2 Resultado Diminutivo 2.1 Contingência ref. Ações
Judiciais em Andamento
Patrimonial
Apropriação da Desp. Ref.
Sentença Judicial
3.1 Despesa (sentenças
judiciais)
2.1 Obrigações a Pagar Financeiro
Baixa da Contingência 2.1 Contingência ref. Ações 6.2 Resultado Aumentativo Patrimonial
174
Judiciais em Andamento
Pagamento 2.1 Obrigações a Pagar 1.1 Bancos Financeiro
Exemplo de registro da provisão para 13º salário, situação em que se apropriam, mensalmente, os direitos do
trabalhador em função do mês trabalhado, e o empenho, liquidação e pagamento ocorrem no mês de
dezembro.
EVENTO DÉBITO CRÉDITO SISTEMA
Apropriação mensal da
Provisão (1/12 do 13º
salário)
5.2 Resultado Diminutivo 2.1 Provisão para 13º Salário Patrimonial
Apropriação da Despesa 3.1 Despesa (13º salário) 2.1 Obrigações a Pagar (13º sal.) Financeiro
Baixa da Provisão 2.1 Provisão para 13º Salário 6.2 Resultado Aumentativo Patrimonial
Pagamento 2.1 Obrigações a Pagar (13º sal.) 1.1 Bancos Financeiro
Obs: Apropriação da despesa antes da liquidação – No registro da provisão para 13º salário, situação
em que se apropriam, mensalmente, os direitos do trabalhador em função do mês trabalhado, e o
empenho, liquidação e pagamento ocorrem no mês de dezembro.
3.4. As peculiaridades que passa a ter a Contabilidade Pública: Contabilidade Orçamentária,
Fiscal e Patrimonial. Como compatibilizá-las?
A NOVA CONTABILIDADE AGREGANDO VALOR
CUMPRIMENTO INTEGRAL DA LEGISLAÇÃO
A contabilidade aplicada ao setor público mantém um processo de registro apto para
sustentar o dispositivo legal do regime orçamentário da receita e despesa (regime misto), de forma que
atenda a todas as demandas de informações da execução orçamentária sob a ótica de caixa para a
receita e de competência para a despesa (art. 35 da Lei nº 4.320/64). No entanto, deve observar os
Princípios Fundamentais de Contabilidade: da Competência, Prudência e Oportunidade, além dos
demais princípios.
O orçamento é instrumento de planejamento de qualquer entidade, pública ou privada, e
representa o fluxo de ingressos e aplicação de recursos em determinado período. Pode ser evidenciado
contabilmente sem prejudicar que a contabilidade possa evidenciar os fatos ligados à administração
financeira e patrimonial, exigindo que os fatos modificativos sejam levados à conta de resultado e que
as informações contábeis permitam o conhecimento da composição patrimonial e dos resultados
econômicos e financeiros de determinado exercício.
175
A própria Lei nº 4.320/64 se acha adequada a essa compatibilização, conforme alguns dos seus
dispositivos, tais quais:
“Art. 85. Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da execução
orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos custos dos serviços industriais, o
levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação dos resultados econômicos e financeiros.”
“Art. 89. A contabilidade evidenciará os fatos ligados à administração orçamentária, financeira, patrimonial e industrial.”
“Art. 100. As alterações da situação líquida patrimonial, que abrangem os resultados da execução orçamentária, bem como as
variações independentes dessa execução e as superveniências e insubsistências ativas e passivas, constituirão elementos da conta
patrimonial.”
“Art. 104. A Demonstração das Variações Patrimoniais evidenciará as alterações verificadas no patrimônio, resultantes ou
independentes da execução orçamentária, e indicará o resultado patrimonial do exercício.”
Dessa forma, aplica-se o princípio contábil da competência em sua integralidade, ou seja,
tanto na receita quanto na despesa, como também secundariamente os registros orçamentários,
especialmente decorrente do regime misto já falado.
É importante esclarecer que, em se tratando da despesa, o regime contábil da competência não se
confunde com o regime orçamentário da competência, pois neste regime a despesa é reconhecida no ato
do empenho, enquanto no regime contábil deve ser registrada no momento da ocorrência do seu fato
gerador, independentemente do empenho ou pagamento.
Aliás, o regime contábil da competência da despesa acha-se em sintonia com a Lei de
Responsabilidade Fiscal, que em seu artigo 50, determina que a despesa seja reconhecida por tal regime
(contábil):
“Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade pública, a escrituração das contas públicas observará
as seguintes:
(...)
II – a despesa e a assunção de compromisso serão registradas segundo o regime de competência, apurando-se, em caráter
complementar, o resultado dos fluxos financeiros pelo regime de caixa;”
A preocupação da LRF em adotar tal regime é devido a Despesa Pública estar envolvida em
situações singulares como o estabelecimento de limites legais, tais como gasto com pessoal e
endividamento. Da mesma forma, a receita também assume especial importância em termos fiscais, pois
constitui fonte de recursos para financiar os gastos, como também para conceder lastro para a inscrição
de restos a pagar. Em síntese, a contabilidade fiscal adota critério semelhante da contabilidade
patrimonial na evidenciação das receitas e despesas, cuja principal finalidade é maior controle para
manter o equilíbrio fiscal das contas públicas.
O cumprimento das disposições do Conselho Federal de Contabilidade relativas aos
Princípios Fundamentais de Contabilidade e as demais normatizações orientadoras do exercício do
profissional de contabilidade, principalmente as NBCASPs, bem como da LRF e da Lei nº 4.320/64,
dependem exclusivamente daqueles que militam na área contábil. São eles os principais responsáveis
para fazer com que a contabilidade patrimonial ocupe o primeiro lugar na evidenciação dos atos e fatos
da Administração Pública.
I – Exemplo de contabilização da receita pelas contabilidades patrimonial e fiscal (competência) e
pela contabilidade orçamentária (caixa) a) Registro do imposto a arrecadar (IPTU) no exercício, no mês de janeiro, quando do lançamento
(sistema patrimonial), no valor de R$ 2.000;
176
b) Registro da arrecadação da receita (sistema orçamentário), com controle no compensado;
c) Registro da arrecadação da receita (sistema financeiro);
d) Registro da baixa do crédito recebido (sistema patrimonial).
II – Exemplo de contabilização da despesa pelas contabilidades patrimonial e fiscal (competência)
e pela contabilidade orçamentária (competência, a partir do empenhamento)
e) Registro do reconhecimento de uma obrigação na ocorrência do fato gerador, no valor de R$ 1.000,00,
sem ainda ter sido empenhada, podendo ser: aquisição de bens ou serviços ou mesmo uma provisão
(apropriação mensal de 1/12 do 13º salário, por exemplo) – sistema patrimonial;
f) Registro do empenho da despesa (sistema orçamentário, controle no compensado);
g) Registro da Liquidação da Despesa (sistema orçamentário, controle no compensado);
h) Registro da apropriação da despesa para posterior pagamento, após empenhamento e liquidação –
sistema financeiro;
i) Registro da baixa da obrigação anteriormente reconhecida ( sistema patrimonial).
Obs: os lançamentos “l” e “j” referem-se ao encerramento das contas de receita e despesa.
1 – ATIVO 2 - PASSIVO D - Bancos (c) 2.000 (c) C – Obrigação Reconhecida 1.000 (e)
D - Créditos a Receber/IPTU 2.000 (a) C – Obrigação a Pagar 1.000 (h)
C - Créditos a Receber/IPTU 2.000 (d) D – Obrigação Reconhecida 1.000 (i)
2.000 1.000
Patrimônio Líquido 1.000
1.9 – ATIVO COMPENSADO 2.9 – PASSIVO COMPENSADO D - Receita Realizada 2.000 (b) C - Receita a Realizar 2.000 (b)
D - Crédito Disponível 1.000 (f) C - Crédito Empenhado a Liquidar 1.000 (f)
D - Crédito Empenhado a Liquidar 1.000 (g) C – Crédito Empenhado Liquidado 1.000 (g)
4.000 4.000
Total do Ativo................................6.000 Total do Passivo....................................6.000
3 – DESPESA 4 – RECEITA D – Despesa Realizada 1.000 (h) C - Receita de IPTU 2.000 (c)
C - Despesa Realizada 1.000 (j) D – Receita de IPTU 2.000 (l)
5 – RESULTADO DIMINUTIVO 6 – RESULTADO AUMENTATIVO D - Baixa de Créditos 2.000 (d) C - Incorporação de Créditos 2.000(a)
D – Incorporação de Dívidas 1.000(e) C – Baixa de Obrigação Reconhecida 1.000 (i)
D – Despesa Realizada 1.000 (j) C – Receita de IPTU 2.000 (l)
4.000 5.000
Superávit.........................1.000
4. QUESTÕES ESPECÍFICAS DOS RPPS’S (portarias, plano de contas e outras exigências
atuais).
A contabilidade dos Regimes Próprios de Previdência Social-RPPS’s tem por base legal a Lei nº
4.320/64, a LRF, bem como a Portaria MPS 916/2003 e agora as NBCASP’s.
A Portaria 916/03 surgiu com a finalidade principal de dotar os entes públicos de instrumentos
para registro dos atos e dos fatos relacionados à administração orçamentária, financeira e patrimonial dos
Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS, como também face à necessidade de padronizar os
procedimentos contábeis dos Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS às normas previdenciárias
vigentes, à Lei nº 4.320/64 e também na busca do fortalecimento da contabilidade patrimonial.
177
A referida portaria possui quatro anexos, contendo: o Plano de Contas aplicado aos RPPS’s
(Anexo I), o Manual das Contas, indicando a função e funcionamento das contas (Anexo II), os
Demonstrativos (Anexo III) e as Normas de Procedimentos Contábeis (Anexo IV). A Portaria MPS
916/2003 teve aplicação facultativa no período 2004 e obrigatória a partir de 2005, porém, pode-se dizer
que o MPS veio fiscalizar rigorosamente sua aplicação a partir de 2007. A portaria sofreu quatro
atualizações, através das Portarias nºs 1.768/03, 66/05, 183/05 e 95/07, sendo as modificações mais na
extinção, criação de contas e pequenas alterações nos demonstrativos.
O RPPS, direcionado aos servidores efetivos (concursados), pode ser autarquia, fundação ou
simples fundo. De qualquer modo, tem a personalidade de entidade contábil e deve seguir o plano de
contas da Portaria nº 916/93 e elaborar os demonstrativos e balanços naqueles moldes. Deve se ter em
mente que todas as contas constantes da Portaria MPS 916 já existem no Plano de Contas da Secretaria
do Tesouro Nacional, que é o órgão responsável pelo gerenciamento do Plano de Contas da União
(SIAFI). Ressalta-se que o Plano de Contas adotado pelos municípios de Rondônia (SIGAP), por ser
similar ao SIAFI, também detém as contas dos RPPS incorporadas, inclusive está atualizado até as
últimas portarias expedidas pelo MPS que alteraram a Portaria 916/2003.
A Portaria MPS 916 traz em seu Anexo III os modelos e as instruções de preenchimento dos
Balanços dos RPPS, que são muito parecidos aos da Lei 4.320/64. Para atender ao Tribunal de Contas,
deve-se adaptar os balanços aos padrões da referida lei, sem prejuízo de serem apresentados ao MPS os
balanços no formato do Anexo III da citada portaria.
Alguns procedimentos contábeis aplicáveis aos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS)
devem ser readequados em 2009 com a publicação das Portarias das 402/2008 e 403/2008 do Ministério
da Previdência Social (MPS). A adaptação deve ser feita para atender a legislação previdenciária que,
conseqüentemente, trará mudanças no Plano de Contas dos RPPS.
A Portaria MPS 402/2008, que disciplinou os parâmetros e as diretrizes gerais para organização e
funcionamento dos RPPS, trouxe na seção VI as normas de contabilidade a serem observadas,
confirmando o disposto no anexo IV da Portaria MPS 916/2003 e suas atualizações. Segundo a portaria,
a escrituração contábil do RPPS deve ser distinta da mantida pelo ente federativo e ser elaborados
demonstrativos contábeis específicos, mesmo que a unidade gestora não possua personalidade jurídica
própria.
A Portaria enfatiza a necessidade de ser escrituradas todas as operações que envolvam direta ou
indiretamente a responsabilidade do RPPS e que modifiquem ou possam modificar o patrimônio,
devendo ser adotados registros contábeis auxiliares para apuração das depreciações, avaliações e
reavaliações de bens, direitos e ativos – inclusive dos investimentos e da evolução das reservas. Também
fica estabelecido que o ente federativo deve elaborar os demonstrativos contábeis relativos ao seu RPPS
conforme modelo e periodicidade estabelecidos pelo MPS. Atualmente exigidos semestralmente.
Outra Portaria que promove mudanças nos procedimentos contábeis aplicáveis ao RPPS é a
Portaria MPS 403/2008 – normas aplicáveis às avaliações e reavaliações atuariais. Dentre as alterações, a
Portaria 403 estabelece o conceito de segregação da massa para os municípios que assim desejarem, o
que possibilita a separação dos segurados em dois grupos distintos que integrarão o Plano Previdenciário
e o Plano Financeiro.
O Plano Previdenciário é um sistema estruturado com a finalidade de acumulação de recursos
para pagamento dos compromissos definidos no plano de benefícios do RPPS. Esse plano tem seu
custeio calculado atuarialmente em conformidade com a legislação previdenciária, atualmente praticado
em todas as unidades gestoras dos RPPS.
178
Já o Plano Financeiro é estruturado somente em caso de opção pela segregação da massa, onde as
contribuições a serem pagas pelo ente federativo, servidores e pensionistas vinculados serão fixadas sem
objetivo de acumulação de recursos, devendo as insuficiências financeiras ser aportadas pelo ente
federativo. Neste caso, a unidade gestora mantém parte dos segurados no Plano Previdenciário e parte no
Plano Financeiro.
Em função das alterações trazidas pela publicação dos novos normativos do MPS, algumas
mudanças no Plano de Contas dos RPPS estão sendo finalizadas, e serão brevemente disponibilizadas
pelo MPS, entre elas:
Segregação das contas que compõem as provisões matemáticas previdenciárias (passivo exigível
a longo prazo) em plano previdenciário e plano financeiro, visando atender democraticamente
tanto o Município que manterá apenas o Plano Previdenciário como o Município que fará a opção
pelos dois planos;
Reestruturação das contas de Repasses Previdenciários Recebidos pelo RPPS, segregadas
também em plano previdenciário e plano financeiro.
Naturalmente, a segregação da massa deverá estar prevista na avaliação atuarial – documento
contábil hábil que permitirá o registro contábil da avaliação atuarial segregada em planos distintos. É
importante que ao iniciar o novo exercício financeiro, a unidade gestora promova as alterações
necessárias no Plano de Contas, de modo a possibilitar o registro contábil integral de todas as transações
envolvendo os RPPS. Ressalta-se que a versão dos demonstrativos previdenciários, exigida pela Lei de
Responsabilidade Fiscal para 2009, encontra-se estruturada desta forma.
5. ATUALIZAÇÕES CONTÁBEIS PROVOCADAS PELAS PORTARIAS DA STN
Manual de Receita e Despesa Nacional - Portaria Conjunta STN/SOF No 3 , de 14 de
outubro DE 2008 - Aprova os Manuais de Receita Nacional e de Despesa Nacional e dá
outras providências. Aplicado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios a
partir da elaboração e execução da lei orçamentária de 2009.
Conforme a referida portaria, ambos manuais surgiram, considerando a necessidade de:
a) padronizar os procedimentos contábeis nos três níveis de governo, de forma a garantir a
consolidação das contas na forma estabelecida na Lei Complementar nº 101/2000 (LRF);
b) aprimorar os critérios de reconhecimento de despesas e receitas;
c) uniformizar a classificação das despesas e receitas orçamentárias, em âmbito nacional;
d) instituir instrumento eficiente de orientação comum aos gestores nos três níveis de governo,
mediante consolidação, em um só documento, de conceitos, regras e procedimentos de
reconhecimento e apropriação contábil das receitas e despesas; e
e) proporcionar maior transparência sobre as contas públicas.
Consta ainda na Portaria Conjunta STN/SOF nº 3/2008 que:
A STN/MF e a SOF/MP publicarão, anualmente, até o dia 30 de junho, as atualizações dos
Manuais de Receita e Despesa Nacional.
A despesa e a receita serão reconhecidas por critério de competência patrimonial, visando
conduzir a contabilidade do setor público brasileiro aos padrões internacionais e ampliar a
transparência sobre as contas públicas.
179
São mantidos os procedimentos usuais de reconhecimento e registro da receita e da despesa
orçamentárias, de tal forma que a apropriação patrimonial: I - não modifique os procedimentos
legais estabelecidos para o registro das receitas e das despesas orçamentárias; II - não implique
necessariamente modificação dos critérios estabelecidos no âmbito de cada ente da Federação para
elaboração das estatísticas fiscais e apuração dos resultados fiscais de que trata a LRF; III - não
constitua mecanismo de viabilização de execução de despesa pública para a qual não tenha havido a
devida fixação orçamentária.
Essa Portaria entra em vigor na data de sua publicação, aplicando-se seus efeitos a partir do
exercício financeiro de 2009, inclusive no que se refere à elaboração do respectivo projeto de lei
orçamentária.
Revogam-se os §§ 1º, 2º e 3ª do art. 2º da Portaria Interministerial STN/SOF nº163/2001,
bem como a Portaria Conjunta STN/SOF nº 1/2008.
a) Manual de Receita Nacional – Pontos importantes
i) Traz todo o embasamento teórico e legal (princípios contábeis, normas do CFC, Lei nº 4.320/64,
LRF), para o reconhecimento da Receita Pública sobre o enfoque patrimonial, sem prejudicar o
reconhecimento também sob o enfoque orçamentário.
ii) Demonstra as etapas da receita orçamentária, para melhor compreensão do processo
orçamentário, e da gestão da receita orçamentária em três etapas: planejamento, execução, controle e
avaliação (as mesmas do ciclo orçamentário).
iii) Ficou mantida a mesma metodologia recomendada, apresentada no Manual de Receitas anterior,
para o registro das Deduções da Receita (renúncias, restituições, descontos, Fundeb, compensações,
retificações e outras deduções).
O critério utilizado para registro da receita orçamentária é o do ingresso de
disponibilidades. Se a receita arrecadada possuir parcelas a serem destinadas a outros entes, a
transferência deverá ser registrada como dedução de receita ou como despesa orçamentária, de
acordo com a legislação em vigor. Se houver parcelas a serem restituídas, em regra, esses fatos
não devem ser tratados como despesa, mas como dedução de receita, isso porque estes são recursos
arrecadados que não pertencem e não são aplicáveis em programas e ações governamentais sob a
responsabilidade do ente arrecadador, não necessitando, portanto, de autorização orçamentária para a
sua execução.
No âmbito da administração pública, a dedução de receita é utilizada nas seguintes situações,
entre outras: Restituição de tributos recebidos a maior ou indevidamente; Recursos que o ente tenha a
competência de arrecadar, mas que pertencem a outro ente, de acordo com a lei vigente; (neste caso,
a contabilização também pode ser como despesa).
Uma das sugestões apresentada refere-se à criação de nova classe de contas contábeis para
registro da dedução, acrescentando-se o dígito “9” na classificação original da receita, conforme
exemplo:
Conta de dedução da receita de IPTU:
Natureza de receita original: 1112.02.00 – IPTU;
Conta representativa da dedução dessa receita: 91112.02.00.
180
Esse mecanismo permite que sejam criadas contas de dedução de receitas correntes, de capital,
intra-orçamentárias correntes e intra-orçamentárias de capital.
A outra forma é através da utilização de contas-correntes, um sistema extra-contábil contendo
contas relacionadas à conta que está sofrendo dedução, com codificação própria. Ao consultar o razão
da conta 9200.00.00, por exemplo, o saldo estará detalhado de acordo com o conta-corrente, no caso,
natureza de receita. Vejamos:
9200.00.00 Restituições R$ 1.000,00
1111.01.01 Imposto sobre Importação R$ 200,00
1112.01.00 Imposto Territorial Rural R$ 100,00
1112.04.10 IRPF R$ 700,00
Ressalta-se que o Plano de Contas/SIGAP contempla a primeira metodologia demonstrada.
iv) Procedimento recomendado para o registro das Transferências de Recursos Intergovernamentais
As Transferências Intergovernamentais compreendem a entrega de recursos, correntes ou de
capital, de um ente (chamado “transferidor”) a outro (chamado “beneficiário”, ou “recebedor”). Podem
ser voluntárias, nesse caso destinadas à cooperação, auxílio ou assistência, ou decorrentes de
determinação constitucional ou legal. Exemplos de transferências constitucionais: FPM, FPE. Exemplos
de transferências Legais: Transferências da Lei Complementar nº 87/96 (Lei Kandir),
Transferências do FNDE como: Apoio à Alimentação Escolar para Educação Básica, Apoio ao
Transporte Escolar para Educação Básica, Programa Brasil Alfabetizado, Programa Dinheiro
Direto na Escola.
Ainda sobre o conceito de transferência intergovernamental, é importante destacar que, como seu
próprio nome indica, essas transferências ocorrem entre esferas distintas de governo, não guardam
relação, portanto, com as operações intraorçamentárias.
O assunto era tratado especificamente na Portaria nº 447/02. Posteriormente, passou a ser
disciplinado pela Portaria Conjunta nº 2/2007
(4a edição do Manual de Procedimentos das Receitas Públicas). Com base naquela norma, era possível
um ente contabilizar como receita arrecadada um recurso financeiro que fazia jus (decorrente do
fornecimento de bens, materiais e serviços de qualquer natureza, participação tributária e até mesmo de
convênios), oriundo de outro ente, desde que a despesa já estivesse registrada como liquidada (despesa
processada ou restos a pagar processados) no ente transferidor, registrando em contra-partida um direito
no ativo financeiro, principalmente quando se tratasse de transferência constitucional ou legal. A única
restrição seria para as transferências voluntárias, que não era recomendado o mesmo procedimento.
Com a edição do Manual de Receita Nacional, o procedimento determinado ficou mais rígido,
conforme explicado a seguir.
Transferências Constitucionais e legais: o ente recebedor deve reconhecer um direito a
receber, no sistema patrimonial, no momento da arrecadação pelo ente transferidor. No momento do
ingresso efetivo do recurso no ente recebedor, deverá ser efetuada a baixa do ativo patrimonial
contra uma conta de variação passiva e deve haver o registro de uma receita orçamentária, contra
bancos. Esse procedimento evita a formação de um superávit financeiro superior ao lastro
financeiro existente no ente recebedor. Eis o exemplo de contabilização na entidade recebedora:
181
Reconhecimento do direito a receber no momento da arrecadação pelo ente transferidor (quando
for transf. const.) ou no momento da inscrição da apropriação da despesa no passivo financeiro do ente
transferidor (quando for transf. Legal)
D – Direito a Receber (Realizável a Longo Prazo)
C - Variação Ativa (Resultado aumentativo)
Quando da arrecadação
D – Banco Conta Movimento
C – Receita Orçamentária
D – Variação Passiva (Resultado Diminutivo)
C – Direito a Receber (Realizável a Longo Prazo)
.
Quanto às Transferências Voluntárias, manteve-se o último entendimento, ou seja, o ente
recebedor deve registrar a receita orçamentária apenas no momento da efetiva transferência financeira,
pois, sendo uma transferência voluntária, não há garantias reais da transferência. Por esse mesmo
motivo, a regra para transferências voluntárias é o beneficiário não registrar o ativo relativo a essa
transferência.
Apenas nos casos em que houver cláusula contratual garantindo a transferência de recursos após
o cumprimento de determinadas etapas do contrato, o ente beneficiário, no momento em que já tiver
direito à parcela dos recursos e enquanto não ocorrer o efetivo recebimento a que tem direito, deverá
registrar um direito a receber no ativo – sistema patrimonial (na forma da contabilização das
transferências constitucionais e legais, exemplo anterior). Nesse caso não se trata de um ativo financeiro,
pois ainda está pendente o registro da receita orçamentária para que esse recurso possa ser utilizado,
conforme definições constantes no art. 105 da Lei nº 4.320/64.
v) O manual traz tudo sobre Dívida Ativa, embasamento teórico, legal, doutrinário e contábil,
mostrando, inclusive formas de contabilização do crédito, na forma das contabilidades patrimonial e
orçamentária.
vi) Por fim, é apresentado a classificação da receita, de utilização pelas três esferas de governo.
b) Manual de Despesa Nacional
i) O Manual de Despesa Nacional, tem como objetivo iniciar o processo de consolidação dos
conceitos, regras e procedimentos relativos à despesa no setor público, por meio da harmonização, com o
estabelecimento de padrões a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios,
permitindo a evidenciação e a consolidação das contas públicas em nível nacional.
ii) Da mesma forma que fez para a Receita, traz todo o embasamento teórico e legal (princípios
contábeis, normas do CFC, Lei nº 4.320/64, LRF), para o reconhecimento da Receita Pública sobre o
enfoque patrimonial, sem prejudicar o reconhecimento também sob o enfoque orçamentário.
iii) A despesa assume fundamental importância na Administração Pública por estar envolvida
em situações singulares como o estabelecimento de limites legais impostos pela Lei de Responsabilidade
Fiscal – Lei Complementar nº 101/2000. Dessa forma, este Manual subsidia a realização de estudos e
análises acerca da qualidade do gasto público e do equilíbrio fiscal das contas públicas.
182
iv) De forma análoga ao Manual de Receita Nacional, esse Manual busca distinguir os
conceitos de despesa pelo enfoque orçamentário e pelo enfoque patrimonial, visando à disseminação da
idéia de que a execução da despesa orçamentária nem sempre causa um impacto patrimonial simultâneo.
v) Apresenta a estrutura orçamentária completa da despesa pública visando a elaboração de um
programa do PPA, nos moldes da classificação utilizada pela União, constituindo numa ótima ferramenta
para a elaboração do planejamento. A estrutura apresentada da despesa é: institucional, funcional,
programática e por natureza da despesa; há conceitos, atributos e codificação dos principais componentes
de um programa/ação do PPA. Na classificação por natureza da despesa traz todo o detalhamento
constante da Portaria nº 163/2001. Dessa forma é consolidada a importância da elaboração do
planejamento/orçamento por resultado com a visão de que é mais relevante o legislativo aprovar ações
de governo buscando a aplicação efetiva do gasto, do que aprovar itens de gastos. A idéia é mostrar à
população e ao legislativo o que será realizado num determinado período, por meio de programas e
não o de apresentar objetos de gastos dissociados dos programas.
vi) Demonstra as etapas da despesa orçamentária, para melhor compreensão do processo
orçamentário, e da gestão, cujas etapas são: planejamento (orçamentário e financeiro), execução,
controle e avaliação (as mesmas do ciclo orçamentário).
.vii) Discorre sobre os créditos adicionais, nos aspectos teórico, legal e prático, trazendo alguns
exemplos que acontecem na União.
viii) Trata da fonte de recursos da despesa orçamentária. Como mecanismo integrador entre a
receita e despesa, o código de destinação/fonte de recursos exerce um duplo papel na execução
orçamentária. Para a receita orçamentária, esse código tem a finalidade de indicar a destinação de
recursos para a realização de determinadas despesas orçamentárias. Para a despesa orçamentária esse
código identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados. Demonstra através de lançamentos
contábeis a importância que exerce o controle por destinação de recursos, ligando receitas às despesas.
ix) Firma entendimento que a despesa deve ser reconhecida sob o enfoque patrimonial, em
obediência aos Princípios da Oportunidade e da Competência, ou seja, as despesas devem ser
reconhecidas no momento da ocorrência do fato gerador, independentemente de pagamento, mostrando o
embasamento legal e exemplos de registros contábeis na forma do reconhecimento patrimonial e
orçamentário.
x) Classificação da Despesa Orçamentária (conceituação, diferenciação e forma de
apropriação de materiais de consumo, materiais permanente e serviços), conforme constava na
Portaria nº 448/02.
Nesse tópico do Manual são tratados procedimentos típicos da administração pública que visam à
padronização da classificação das despesas por todas as esferas de governo, enfatizando determinadas
aquisições nos elementos de despesas que geram mais dúvidas, conforme transcrição a seguir.
Material Permanente x Material de Consumo
Entende-se como material de consumo e material permanente:
a) Material de Consumo, aquele que, em razão de seu uso corrente e da definição da Lei nº 4.320/64,
perde normalmente sua identidade física e/ou tem sua utilização limitada a dois anos;
183
b) Material Permanente, aquele que, em razão de seu uso corrente, não perde a sua identidade
física, e/ou tem uma durabilidade superior a dois anos.
Além disso, na classificação da despesa com aquisição de material devem ser adotados
alguns parâmetros que, tomados em conjunto, distinguem o material permanente do Material de
Consumo, sendo o principal o Critério da Durabilidade – Se em uso normal perde ou tem
reduzidas as suas condições de funcionamento, no prazo máximo de dois anos.
Serviços de Terceiros x Material de Consumo
O elemento de despesa tem por finalidade identificar o objeto de gasto e pode ser identificado
pela
forma de aquisição. Na classificação de despesa de material adquirido por encomenda, se a aquisição for
de produto disponível no mercado, então caracteriza como material, porque o ente não está
agregando serviço, apenas adquirindo o produto com serviço já agregado. Se a aquisição for de
produção e elaboração de um produto, então caracteriza como serviço, porque o ente está agregando
serviço à produção de bens para consumo. O fornecedor estará fornecendo serviço, embora o
resultado final seja um produto para consumo.
Nesse contexto, na classificação da despesa de material por encomenda, a despesa só
deverá ser classificada como serviços de terceiros se o próprio órgão ou entidade fornecer a
matéria-prima. Caso contrário, deverá ser classificada na natureza 4.4.90.52, em se tratando de
confecção de material permanente, ou na natureza 3.3.90.30, se material de consumo.
Algumas vezes ocorrem dúvidas, em virtude de divergências entre a adequada
classificação da despesa orçamentária e a legislação fiscal. Nesses casos, a Contabilidade Aplicável ao
Setor Público deve procurar bem informar, seguindo, se for necessário para tanto, a essência ao invés
da forma e buscar a consecução de seus objetivos, o patrimônio e o controle do orçamento. Logo, não há
que se cogitar vinculação entre a Contabilidade e a Legislação Fiscal, embora, naturalmente, seja
desejável que os critérios contábeis e fiscais se aproximem tanto quanto possível. Em outras
palavras, os princípios contábeis não podem ser restringidos pela Legislação Fiscal, que é modificável
e, no caso de uma Federação como a brasileira, variável de estado para estado e de município para
município.
Portanto, independentemente do tratamento dispensado pela Legislação Tributária, a
despesa em questão só deve ser classificada como serviços de terceiros se o próprio órgão fornecer
a matéria-prima.
Um exemplo clássico dessa divergência é despesa com confecção de placas de
sinalização, classificada como serviço pelo artigo 1º, § 2º, item 24 da Lei Complementar nº 116, de 31 de
julho de 2003 e na classificação orçamentária da despesa como material de consumo, se o órgão
não fornecer a matéria-prima.
Obras e Instalações x Serviços de Terceiros
Serão considerados serviços de terceiros as despesas com:
− Reparos, consertos, revisões, pinturas, reformas e adaptações de bens imóveis sem que ocorra a
ampliação do imóvel;
− Reparos em instalações elétricas e hidráulicas;
− Reparos, recuperações e adaptações de biombos, carpetes, divisórias e lambris;
− Manutenção de elevadores, limpeza de fossa e afins.
184
Quando a despesa ocasionar a ampliação do imóvel, tal despesa deverá ser considerada como
obras e instalações, portanto, despesas com investimento.
xi) Restos a Pagar
O manual apresenta tópico específico sobre os Restos a Pagar, conceituando-os e fazendo a
distinção entre os processados e os não processados, a fim de recomendar procedimentos específicos
para cada caso. Deixa claro que os Processados não podem ser cancelados, tendo em vista que o
fornecedor de bens/serviços cumpriu com a obrigação de fazer e a administração não poderá deixar de
cumprir com a obrigação de pagar sob pena de estar deixando de cumprir o Princípio da Moralidade que
rege a Administração Pública (art. 37 da CF).
Como já é sabido, somente poderão ser inscritas em Restos a Pagar as despesas de
competência do exercício financeiro, considerando-se como despesa liquidada aquela em que o
serviço, obra ou material contratado tenha sido prestado ou entregue e aceito pelo contratante, e
não liquidada, mas de competência do exercício, aquela em que o serviço ou material contratado
tenha sido prestado ou entregue e que se encontre, em 31 de dezembro de cada exercício financeiro, em
fase de verificação do direito adquirido pelo credor ou quando o prazo para cumprimento da obrigação
assumida pelo credor estiver vigente.
Invocando o Princípio da Anualidade Orçamentária, a STN enfatiza que as parcelas dos
contratos e convênios somente deverão ser empenhadas e contabilizadas no exercício financeiro se a
execução for realizada até 31 de dezembro ou se o prazo para cumprimento da obrigação
assumida pelo credor estiver vigente. As parcelas remanescentes deverão ser registradas nas
Contas de Compensação e incluídas na previsão orçamentária para o exercício financeiro em que
estiver prevista a competência da despesa.
A inscrição de despesa em Restos a Pagar não-processados é procedida após a depuração
das despesas pela anulação de empenhos, no exercício financeiro de sua emissão, ou seja, verificam-se
quais despesas devem ser inscritas em Restos a Pagar, anulam-se as demais e inscrevem-se os Restos a
Pagar não-processados do exercício.
A inscrição de Restos a Pagar deve observar aos limites e condições de modo a prevenir
riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, conforme estabelecido na Lei
de
Responsabilidade Fiscal – LRF. A referida lei determina ainda, em seu artigo 42, que qualquer despesa
empenhada nos últimos oito meses do mandato deve ser totalmente paga no exercício, acabando por
vetar sua inscrição ou parte dela em Restos a Pagar, a não ser que haja suficiente disponibilidade
de caixa para viabilizar seu correspondente pagamento.
Por fim, a STN lembra que é prudente que a inscrição de despesas orçamentárias em Restos a
Pagar não-processados observe a disponibilidade de caixa e a competência da despesa.
xii) O Suprimentos de Fundos (Regime de Adiantamento ), que consiste na entrega de numerário a
servidor, sempre precedida de empenho na dotação própria, para o fim de realizar despesas que
não possam subordinar-se ao processo normal de aplicação, também é tratado no manual.
É caracterizado por ser um adiantamento de valores a um servidor para futura prestação de
contas. Esse adiantamento constitui despesa orçamentária, ou seja, para conceder o recurso ao suprido
é necessário percorrer os três estágios da despesa orçamentária: empenho, liquidação e pagamento.
185
Segundo disposto no manual, a concessão do adiantamento não representa uma despesa pelo
enfoque patrimonial, pois no momento da concessão não ocorre redução no patrimônio líquido. Na
liquidação da despesa orçamentária, ao mesmo tempo em que ocorre o registro de um passivo, há
também a incorporação de um ativo, que representa o direito de receber um bem ou serviço, objeto do
gasto a ser efetuado pelo suprido, ou a devolução do numerário adiantado. Há exemplo de lançamentos
contábeis mostrando a contabilização de todas as fases do suprimento de fundos.
xiii) São demonstrados ainda conceitos, embasamento legal e outras orientações no tocante às
Despesas de Exercícios Anteriores, que são despesas fixadas, no orçamento vigente, decorrentes de
compromissos assumidos em exercícios anteriores àquele em que deva ocorrer o pagamento. Não se
confundem com restos a pagar, tendo em vista que sequer foram empenhadas ou, se foram,
tiveram seus empenhos anulados ou cancelados.
O reconhecimento da obrigação de pagamento das despesas com exercícios anteriores cabe
à autoridade competente para empenhar a despesa. As despesas que não se tenham processado na época
própria são aquelas cujo empenho tenha sido considerado insubsistente e anulado no encerramento do
exercício correspondente, mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor tenha cumprido sua obrigação.
Os restos a pagar com prescrição interrompida são aqueles cancelados, mas ainda vigente o
direito do credor. Os compromissos reconhecidos após o encerramento do exercício são aqueles
cuja obrigação de pagamento foi criada em virtude de lei, mas somente reconhecido o direito do
reclamante após o encerramento do exercício correspondente.
xiv) Recomenda o registro de passivos sem execução orçamentária.
Consta do manual que a característica fundamental da despesa orçamentária é de ser precedida
de autorização legislativa, por meio do orçamento. A Constituição Federal veda, no inciso II do
artigo 167, a realização de despesas ou a assunção de obrigações diretas que excedam os créditos
orçamentários ou adicionais.
Não obstante a exigência constitucional, para evidenciar a real situação patrimonial da
entidade, todos os fatos devem ser registrados na sua totalidade e no momento em que
ocorrerem. Assim, mesmo pendente de autorização legislativa, deve haver o reconhecimento de
obrigação pelo enfoque patrimonial no momento do fato gerador, observando-se o regime de
competência e da oportunidade da despesa, conforme estabelece a Resolução do Conselho Federal de
Contabilidade nº 750/93 que trata dos Princípios Fundamentais de Contabilidade.
Portanto, ocorrendo o fato gerador de uma despesa e não havendo dotação no orçamento,
a contabilidade, em observância aos Princípios Fundamentais de Contabilidade e às legislações
citadas, deverá registrá-la no sistema patrimonial.
O reconhecimento dessa despesa ocorrerá com a incorporação de passivo em contrapartida
ao registro no Sistema Patrimonial de variação passiva, conforme já exemplificado anteriormente. A
obrigação constante no sistema patrimonial deve ser baixada por prescrição, ou substituída por
uma obrigação do sistema financeiro quando do registro da despesa pelo enfoque orçamentário.
No momento do registro da despesa orçamentária, o passivo patrimonial deve ser baixado
em contrapartida de variação ativa patrimonial. Simultaneamente, ocorre o registro de passivo
correspondente no Sistema Financeiro em contrapartida da despesa orçamentária, em substituição ao
passivo do Sistema Patrimonial.
186
Logo, tendo ocorrido a contraprestação de bens e serviços ou qualquer outra situação que
enseje obrigação a pagar para uma determinada unidade gestora, mesmo sem previsão orçamentária,
esta deverá registrar o passivo correspondente, sem prejuízo das possíveis responsabilidades e
providências previstas na legislação, inclusive as citadas pela Lei de Crimes Fiscais.
Caso o crédito orçamentário conste em orçamento de exercício posterior à ocorrência do fato
gerador da obrigação, deverá ser utilizada natureza de despesa com elemento 92 – Despesas de
Exercícios Anteriores.
O manual deixa claro que a falta de registro de obrigações oriundas de despesas já
incorridas resultará em demonstrações incompatíveis com as normas de contabilidade, além da
geração de informações incompletas em demonstrativos exigidos pela LRF, a exemplo do
Demonstrativo da Dívida Consolidada Líquida, tendo como conseqüência análise distorcida da situação
fiscal e patrimonial do ente.
xv) Também discorre acerca da Depreciação, Amortização e Exaustão, mostrando o referencial
teórico, legal e prático, com demonstrações através de lançamento contábeis.
Deixa claro que a entidade pública necessita apropriar ao resultado de um período, o
desgaste do seu ativo imobilizado, intangível ou diferido, por meio do registro da despesa de
depreciação, amortização ou exaustão, obedecendo ao princípio da competência.
Segundo o manual, as taxas anuais de depreciação a serem aplicadas no setor público
ainda não foram definidas. Atualmente existem taxas definidas pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil, visando à apuração do lucro para as empresas privadas, pois a depreciação tem impacto direto
nessa apuração. Como para o setor público ainda não foi feito estudo para definir os percentuais e
estimativa de vida útil a serem aplicados, os entes que desejarem podem depreciar os seus bens
utilizando essas taxas definidas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. A relação dos bens objeto
de depreciação, o prazo de vida útil e as taxas anuais podem ser consultados na Instrução Normativa SRF
nº 162, de 31 de dezembro de 1998, alterada pela Instrução Normativa SRF nº 130, de 10 de novembro
de 1999.
Informa que existem vários métodos de cálculos de depreciação, porém, o mais utilizado é o
Método Linear ou de quotas constantes, abaixo descrito:
Método Linear ou de quotas constantes – é o método que distribui o custo do bem em
função exclusiva do tempo de acordo com a seguinte fórmula de cálculo:
Quota Anual de Depreciação = Custo – Valor Residual
Nº de Períodos de Vida Útil
Recomenda alguns critérios ao registrar a depreciação:
I. A depreciação deve ser divulgada em Notas Explicativas para cada classe do Imobilizado nas
Demonstrações Contábeis, esclarecendo o método utilizado, a vida útil e a taxa utilizada.
II. O valor residual e a vida útil de um bem devem ser revisados no final de cada exercício, quando as
expectativas diferirem das estimativas anteriores;
III. A depreciação deve ser reconhecida até que o valor contábil do ativo seja igual ao valor residual; e
IV. Não se deprecia bens em estoque, que ainda não entraram em uso. Porém, a depreciação não
cessa quando o ativo torna-se obsoleto ou for retirado temporariamente de operação.
187
xvi) Consta ainda comentários sobre Sistema de Custos, sendo apresentado embasamento teórico,
legal e prático sobre o assunto.
Conforme o manual, o sistema de custos na administração pública está previsto no artigo 99 da
Lei nº 4.320/1964, porém de forma restrita aos serviços públicos industriais; todavia, o Decreto-Lei nº
200/1967, estendeu para toda a administração pública, principalmente a federal, a necessidade de
apuração de custos de forma a evidenciar os resultados de gestão. O parágrafo 3º do artigo 50 da LRF
estabeleceu que a administração pública deve manter sistema de custos que permita a avaliação e o
acompanhamento da gestão orçamentária, financeira e patrimonial.
No controle da ação governamental com enfoque para os resultados, é crescente a necessidade de
a administração pública possuir sistema de contabilização de custos que permita a análise da eficiência
da utilização dos recursos colocados à disposição dos gestores, para execução dos programas de
governo.
São demonstrados possíveis critérios para a apuração de custos, podendo ser a utilização
dos parâmetros da classificação orçamentária:
1 – Classificação Institucional – Apuração de Custos por Departamento (Órgão)
2 – Classificação Funcional – Apuração de Custos por Função ou Subfunção
3 – Classificação Programática – Apuração de Custos por Programa
Tal escolha decorre da classificação orçamentária da despesa refletir o equivalente financeiro de
um plano de ação do governo, possibilitando avaliação dos resultados das gestões orçamentárias,
financeira e patrimonial, segundo os conceitos de eficiência e eficácia determinado no inciso II do
artigo 74 da Constituição Federal de 88.
Ainda segundo consta no manual, para viabilizar a implantação de sistema de custos, o ente deve
ainda, efetuar os registros contábeis observando os Princípios Fundamentais de Contabilidade, de
modo que a despesa seja registrada com enfoque patrimonial, possibilitando identificar o momento
exato em que afetam o resultado.
xvii) O manual traz ainda Perguntas e Respostas sobre temas relacionados à despesa pública,
consistindo na maioria das perguntas, de dúvidas de técnicos de órgãos e entidades públicas, que
acontecem no cotidiano e que a STN aproveita o manual para estender seu entendimento a todos que se
interessarem.
xiii) Por fim, o Manual de Despesa Nacional traz o Anexo I, contento a discriminação das naturezas
de despesas para uso nas três esferas de Governo.
5. FALHAS COM MAIORES INCIDÊNCIAS CONSTATADAS NA PRESTAÇÃO DE
CONTAS ANUAL
Relacionamos a seguir algumas falhas mais constatadas pela equipe técnica do Tribunal de
Contas de Rondônia, quando das análises das contas anuais. Mostraremos, para cada item, o
embasamento legal e técnico correto.
Ocorrência de déficit na execução orçamentária (infringência ao art. 1º, §1º, DA LRF)
188
O déficit na execução orçamentária é gerado quando as despesas realizadas (empenhadas)
superam as receitas arrecadadas, ocasionando então o desequilíbrio das contas públicas, que é tão
combatido pela Lei Complementar nº 101/2000 (LRF), cujo equilíbrio constitui princípio básico de uma
boa gestão dos recursos públicos.
Tal desequilíbrio conduz ao endividamento, por gerar restos a pagar sem cobertura financeira,
sendo um dos pontos pelo qual o Corpo Técnico do TCE-RO sugere em relatório parecer prévio
desfavorável à aprovação das contas.
Só é permitido as despesas superarem as receitas quando houver sobra financeira ou superávit
financeiro (livre de compromissos), vinda do exercício anterior.
Previne-se a ocorrência de déficit já a partir da elaboração do orçamento, prevendo
adequadamente as receitas que serão arrecadadas, utilizando um método de previsão realista e confiável
(todos os municípios adotam o do TCE-RO), uma vez que, com base nas receitas, serão fixadas as
despesas.
A execução orçamentária deve ser devidamente acompanhada, para que, na medida que haja
queda de arrecadação, a despesa seja contingenciada (limitação de empenho, conforme determina a
LRF).
Tem-se visto que um dos motivos alegados pelos gestores, que contribui grandemente para a
ocorrência do déficit, é a questão dos valores de alguns convênios não serem repassados pelos entes
concedentes (União na maioria das vezes). Tal situação não poderá mais ser resolvida contabilizando
como receita arrecadada e em contrapartida lançando no realizável o crédito financeiro a receber
referentes a valores de transferências constitucionais, legais e voluntárias ainda não repassados e já
constando como despesa liquidada no órgão repassador, devido a proibição constante no Manual de
Receita Nacional (Portaria Conjunta STN/SOF nº 2/2008). De acordo com o referido manual, se houver
registro do crédito, deve ser feita no sistema patrimonial (Realizável a Longo Prazo), debitando o crédito
e creditando variação ativa, até que o financeiro seja arrecadado, procedendo-se a baixa do crédito em
contrapartida de variações passivas.
Abertura de créditos adicionais sem lei ou sem recursos
É um dos pontos com maior incidência de restrições nas análises do Tribunal de Contas.
Ressalta-se que, despesa fixada e abertura de créditos adicionais sem autorização legal, é afronta a CF/88
e à Lei nº 4.320/64, sendo ainda mais grave se tal despesa for utilizada (realizada/empenhada), podendo
culminar em reprovação das contas no TC.
Evita-se essa falha com uma eficaz conferência, da seguinte forma:
Deve ser verificada a despesa fixada na Lei Orçamentária, adicionada aos créditos adicionais
abertos durante o exercício.
Levantar decreto por decreto de abertura de créditos adicionais, separando por fonte de recursos,
adicionando à despesa inicial os créditos que tiveram como fonte de recursos: excesso de
arrecadação, superávit financeiro, operações de crédito e de recursos vinculados (convênios).
Observa-se que a utilização de anulação de dotação não altera o montante da despesa autorizada.
Preencher o Quadro Demonstrativo das Alterações Orçamentárias (Anexo TC-18), com base no
levantamento dos decretos de abertura de créditos adicionais e respectivas leis autorizativas,
verificando, inclusive, se há margem legal para tais aberturas de créditos adicionais.
É, portanto, imprescindível ter em mãos: O orçamento inicial, as leis autorizativas e os decretos
de abertura e o Quadro Demonstrativo das Alterações Orçamentárias.
189
Não encaminhamento dos demonstrativos mensais da educação e saúde
Segundo os termos da Instrução Normativa 22/TCE-RO/2007, tais demonstrativos correspondem
às prestações de contas mensais para efeito de aplicação de recursos financeiros na manutenção e
desenvolvimento do ensino, Fundeb e em ações e serviços públicos de saúde. Os Municípios, ou mais
precisamente os gestores dessas áreas, devem ser encaminhá-los ao Tribunal de Contas de Rondônia,
obrigatoriamente, até o final do mês subseqüente.
Nem todos cumprem tal determinação, culminando em apontamento nos relatórios de análises
das contas anuais, ocasião em que o Corpo Técnico do Tribunal, além de enquadrar na IN nº 22, tipifica
como descumprimento às disposições constitucionais que exigem as aplicações mínimas nessas áreas,
concluindo que a ausência desses demonstrativos evidencia não aplicação dos limites mínimos legais,
além de mencionar que a análise fica prejudicada.
Geralmente os demonstrativos ausentes são apresentados na fase de defesa, obrigando os técnicos
realizarem análise numa fase inapropriada, muitas vezes atrasando o andamento do curso regular do
processo e a apreciação das contas pelo Plenário do TCE-RO.
Recomenda-se que os controles dessas áreas atentem para o cumprimento do referido prazo de
remessa desses importantes documentos.
Não conciliação do saldo financeiro do FUNDEB
A não conciliação do saldo financeiro encontrado com base no fluxo de caixa dos recursos do
Fundeb (saldo anterior + receitas – despesas = saldo atual), confrontado com o verdadeiro saldo existente
nas contas bancárias, é um dos pontos de apontamento em relatório do TCE-RO.
A análise do fluxo de caixa do FUNDEB deverá adotar a mesma sistemática. Por isso, é
importante os controles fazerem a conferência necessária no fechamento das contas de 2008.
Trazemos a seguir um exemplo de análise que os técnicos do TCE-RO realizam, inclusive com
comentário, e que poderá ser adotado pelos controles de cada município.
QUADRO DEMONSTRATIVO DA COMPOSIÇÃO FINANCEIRA DO FUNDEB
Discriminação Valor (R$)
1 - Saldo Financeiro do FUNDEB no exercício anterior 135.231,39
2 - Recebimento Efetivo do FUNDEB 7.149.034,54
3 - Aplicações Financeiras com recursos do FUNDEB 92.929,70
4 - TOTAL DAS DISPONIBILIDADES FINANCEIRAS DO FUNDEB
(item 1+2+3)
7.377.195,63
5 - DESPESAS CERTIFICADAS (PAGAS) - art. 70 e 71 da Lei Federal nº
9.394/96 (60% e 40%), inclusive restos a pagar pagos
7.375.406,80
6 - SALDO FINANCEIRO DO FUNDEB A EXISTIR ( 4 - 5 ) 1.788,83
7 - SALDO FINANCEIRO REAL DO FUNDEB (informar neste campo o
número da(s) conta(s) corrente(s) e banco(s) )
788,83
13 - RESULTADO A MENOR (item 7-6) (1.000,00) OBS: DADOS SOMENTE PARA EFEITO DE EXEMPLIFICAÇÃO.
Fonte: Demonstrativo de Aplicação da Educação e Demonstrativo da Conta Bancos, constante do balancete de dezembro/08, apenso
aos presentes autos e ainda, Conciliação Bancária.
Conta Corrente nº. 1364-1 - Banco do Brasil – Fundef 40%......................R$ 211,06 Conta Corrente nº. 20.262-2 – Banco do Brasil – Restos a Pagar 40%.... R$ 577,77
Conta Corrente nº. 1365-X – Banco do Brasil – Fundef 60%.....................R$ 0,00
190
Analisando o quadro acima (4.3.2), verifica-se que a Prefeitura, deveria ter nas contas correntes
do FUNDEB (c/c nº. 1364-1, nº. 1365-X, nº. 20262-2), na data de 31/12/08, o saldo de R$ 1.788,83 (um
mil, setecentos e oitenta e oito reais e oitenta e três centavos), no entanto, verificou-se saldo existente no
valor de R$ 788,83 (setecentos e oitenta e oito reais e oitenta e três centavos), apresentando dessa forma,
uma diferença a menor de R$ 1.000,00 (um mil reais), evidenciando desvio de recursos para pagamento
de outras despesas alheias ao FUNDEB.
Demonstração errônea das transferências intragovernamentais como receita orçamentária
O Corpo Técnico do TCE-RO vem apontando com grande incidência, nas contas das Câmaras e
dos Fundos Municipais, a demonstração errônea das transferências intragovernamentais como Receita
Orçamentária, culminando com a elaboração errônea dos Balanços Orçamentário, Financeiro e
Demonstração das Variações Patrimoniais.
A transferência entre entes da mesma esfera de governo é regulamentada pela Portaria nº
163/STN/01, que no art. 7º assim dispõe:
Art. 7o A alocação dos créditos orçamentários na lei orçamentária anual deverá ser feita diretamente à unidade
orçamentária responsável pela execução das ações correspondentes, ficando vedada a consignação de recursos a título de
transferência para unidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social.
Por sua vez, a Portaria nº 339/STN/01, especifica os procedimentos orçamentários e financeiros
para transferência de recursos entre os entes da mesma esfera de governo, assim:
1- ORÇAMENTÁRIOS
a) As despesas deverão ser empenhadas e realizadas na unidade responsável pela execução do objeto do gasto, mediante
alocação direta da dotação ou por meio de descentralização de créditos entre órgãos e/ou entidades executoras;
b) O empenho da despesa orçamentária será emitido somente pelo órgão ou entidade beneficiária da despesa, responsável
pela aplicação dos recursos, ficando eliminado o empenho na modalidade de transferências intragovernamentais.
2- FINANCEIROS
a) As transferências financeiras para atender as despesas da execução orçamentária referida no item 1.b anterior serão
processadas por meio dos documentos financeiros usuais, sem a emissão de novo empenho;
b) Os registros contábeis das transferências financeiras concedidas e recebidas serão efetuados em contas contábeis
específicas de resultado, que representem as variações passivas e ativas financeiras correspondentes;
c) Os saldos das mencionadas contas deverão, de forma permanente, manter igualdade entre as movimentações concedidas e
recebidas nos órgãos e entidades concedentes e recebedores.
Art. 2º Os saldos das transferências financeiras concedidas e recebidas deverão ser destacados nas Demonstrações
Contábeis de cada órgão ou entidade, sendo que, em nível consolidado de cada ente, tais saldos se compensarão, tornando
nulos seus efeitos nas Demonstrações.
Em obediência ao Princípio da Unidade de Tesouraria, todas as receitas arrecadadas, inclusive as
transferências intergovernamentais (as que vêm de outras esferas de governo) devem sofrer registro na
contabilidade central do município, que contabiliza a transferência para as outras unidades como
transferência financeira, sem empenhá-la, uma vez que o órgão recebedor, que a receberá como receita
extraorçamentária, fará o empenho quando de suas despesas normais. No balanço de cada ente
certamente aparecerá para o concedente a despesa extraorçamentária, em face da transferência
concedida, e para o beneficiário a receita extraorçamentária em fase da transferência recebida. No
balanço consolidado, tais saldos se compensarão, tornando nulos seus efeitos nas Demonstrações.
É comum as câmaras municipais e os fundos mostrarem nos balanços receita orçamentária
arrecadada das transferências totais ou somente daquelas provenientes da União, demonstrando como
receita extraorçamentária somente as transferências municipais, quando o correto seria demonstrá-las na
sua totalidade como receita extraorçamentária.
Certamente, adotando o procedimento correto, seu Balanço Orçamentário registrará apenas a
despesa realizada, evidenciando um déficit, porém, tal déficit na realidade não existiu, posto que no
Balanço Financeiro toda a receita (transferências financeiras) estará registrada como receita
extraorçamentária.
191
Ausência do Relatório do Controle Interno e Certificado de Auditoria
A obrigatoriedade de acompanhar as contas o Relatório do Controle Interno e Parecer de
Auditoria, é uma exigência recente em relatórios do Tribunal para as prestações de contas dos
municípios, câmaras, fundos, autarquias, etc., apesar que a legislação do TCE-RO, mais precisamente
sua lei orgânica e regimento interno, já os exigiam, conforme transcrição do art. 9º da Lei
Complementar nº 154/96 (Lei Orgânica do TCE-RO).
Art. 9º - Integrarão a tomada ou prestação de contas, inclusive a tomada de contas especial, dentre outros elementos
estabelecidos no Regimento Interno os seguintes:
I - relatório de gestão;
II - relatório do tomador de contas, quando couber;
III - relatório e certificado de auditoria, com parecer do dirigente do órgão de controle interno, que consignará qualquer
irregularidade ou ilegalidade constatada, indicando as medidas adotadas para corrigir as faltas encontradas.(grifei).
Ressalta-se que o relatório do controle interno que acompanha as contas é um relatório específico
e deve se reportar principalmente à execução orçamentária, financeira e patrimonial do exercício
encerrado. Por sua vez, o certificado de auditoria deverá ser exarado por profissional competente (que
compõe o órgão de controle interno), adotando os padrões de parecer de auditoria recomendável pela
doutrina contábil e legislação vigente.
Cabe lembrar que o art. 49 da referida Lei Complementar diz que o Prefeito deverá emitir, sobre
as contas e o parecer do controle interno, expresso e indelegável pronunciamento, no qual atestará haver
tomado conhecimento das conclusões nele contidas.
Inobservância ao Princípio da Exclusividade na elaboração da Lei Orçamentária
Em determinadas prestações de contas tem se constatado a abertura de créditos especiais, cuja
autorização legislativa fora dada na própria lei orçamentária, infringindo o chamado Princípio da
Exclusividade, contido no art. 165, §8º da Constituição Federal. Segundo este dispositivo, a lei
orçamentária não poderá conter dispositivo estranho à fixação das despesas e previsão das receitas.
As únicas exceções são: autorização para abertura de créditos adicionais suplementares até
determinado limite e contratação de operações de crédito, ainda que por antecipação de receitas.
Não elaboração da Avaliação Atuarial e de sua contabilização (apontado para os RPPS’s)
É uma impropriedade que constantemente vem sendo apontada nas análises das prestações de
contas dos Institutos de Previdência Municipais, com certa gravidade, pois pode ser motivo de
reprovação de contas e outras cominações legais.
Consiste a Avaliação Atuarial em cálculos matemáticos e estatísticos, realizada anualmente por
profissionais especializados na técnica Atuarial e legalmente habilitados ou entidade legalmente
habilitada, consoante o inciso I do artigo 1º da Lei Federal nº. 9.717/98 c/c artigo 4º da Portaria MPAS
nº. 4.992/99, cuja finalidade é a organização e revisão do plano de custeio e benefícios, de modo a
garantir o seu equilíbrio financeiro e atuarial.
No momento da constituição do RPPS, é feita uma avaliação atuarial inicial. Essa informação
será utilizada pelo contador para constituir a provisão matemática atuarial.
192
Anualmente, é exigida uma nova avaliação atuarial. Com base nessa informação, a Contabilidade
atualiza a provisão matemática inicialmente constituída, complementando ou revertendo o seu saldo.
As Provisões Matemáticas ou Passivo Atuarial referem-se aos valores apropriados pelo RPPS
para fazer face à totalidade dos compromissos líquidos do plano para com seus segurados (conhecidos
como RESERVA MATEMÁTICA).
Após levantamento da situação atuarial, a contabilidade deverá efetuar a escrituração contábil do
valor pertinente ao compromisso de cobertura de benefícios ao longo dos anos, sempre deduzindo os
recursos certos de arrecadação provenientes das contribuições dos segurados e patronal, e apresentá-lo
no Balanço Patrimonial.
Eis o lançamento contábil de escrituração da Reserva Matemática, feito com base em cálculos
atuariais, utilizando as contas do Plano de Contas Único:
LANÇAMENTO CÓDIGO DA CONTA TÍTULO DA CONTA
D 5.2.3.3.1.07.30.00.00.00 Provisão Matemática Previdenciária
C 2.2.2.5.0.00.00.00.00.00 Provisões Matemáticas Previdenciárias
Esquema ref. à incorporação da Reserva Matemátiva no Patrimônio
O relatório da avaliação atuarial deverá ser encaminhado ao Tribunal de Contas tão logo seja
elaborado.
6. DEZ IRREGULARIDADES CONSIDERADAS GRAVES QUE ENSEJAM REPROVAÇÃO
DE CONTAS NO TCER
Item Irregularidades Fundamentação Legal
1
Não aplicação dos recursos mínimos na manutenção e
desenvolvimento do ensino.
Artigo 212 da CF.
2
Não aplicação dos recursos mínimos na Saúde Pública
Municipal.
Artigo 77 do ADCT da
Constituição Federal (EC
nº 29 de 13.09.00).
4
Não aplicação dos recursos mínimos do FUNDEB,
principalmente na remuneração dos profissionais do
magistério.
CF; artigo 60 do ADCT;
Lei Federal nº 11.494/07.
DEM. DAS VARIAÇÕES PATRIMONIAIS
VARIAÇÕES PASSIVAS
Independentes da Execução Orçamentária
...
Decréscimos Patrimoniais
Provisões Matemáticas Previdenciárias
Resultado (déficit)
TOTAL GERAL
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
...
Passivo Permanente
Prov. Mat. Previdenciária
...
Total Total
193
5
Repasse de recursos financeiros do Poder Executivo para o
Poder Legislativo Municipal acima do limite máximo
estabelecido em lei.
Artigo 29-A da CF.
6
Realizar ou Contratar Despesas nos últimos 8 meses de
mandato, sem saldo financeiro suficiente para suportá-las.
Artigo 42 da Lei
Complementar nº
101/2000.
7
Realizar Despesas acima da Receita Arrecadada. Art. 1º, §1º da Lei
Complementar nº
101/2000.
8
Não adequar, na forma da lei, a despesa com pessoal que
tenha ultrapassado o limite.
Art. 23 da Lei
Complementar nº
101/2000.
9 Realizar Despesas acima da Autorizada em Lei. Artigo 167, II, da CF.
10
Completa desorganização contábil, apresentada nas contas,
não refletindo a verdadeira situação orçamentária,
financeira e patrimonial.
Art. 85 da Lei nº 4.320/64.
194
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