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CENTRO INTEGRADO DE TECNOLOGIA E PESQUISA – CINTEP
FACULDADE NOSSA SENHORA DE LOURDES
PAULLYANA KELLY NUNES DINIZ
PSICOPEDAGOGIA EM AÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA CRECHE
JOÃO PESSOA - PB
2013
PAULLYANA KELLY NUNES DINIZ
PSICOPEDAGOGIA EM AÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA CRECHE
Monografia apresentada ao Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa – CINTEP e a Faculdade Nossa Senhora de Lourdes, em cumprimento às exigências para obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia, sob a orientação do Prof . Ms. Ricardo Fabião.
JOÃO PESSOA - PB 2013
PAULLYANA KELLY NUNES DINIZ
PSICOPEDAGOGIA EM AÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA CRECHE
Monografia apresentada ao Centro Integrado de Tecnologia e Pesquisa – CINTEP, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de Pós-Graduação em Psicopedagogia.
Aprovada em:______/___________ /_______
COMISSÃO EXAMINADORA:
__________________________________________ Orientador Prof. Ms. Ricardo Fabião
__________________________________________ Examinador I
_________________________________________
Examinador II
Dedicatória
As minhas filhas com amor: Mariana Diniz e Marina Diniz
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, pois, graças a Ele que consegui realizar mais um,
dos meus sonhos. Muito obrigada meu senhor por essa conquista.
À minha mãe Ana Lúcia e ao meu pai José Anchieta, pela vida que me deram, por
ter me educado com muito amor e carinho, se fazendo presente e me apoiando em
todas as decisões que tomei, nunca medindo esforços para me ajudar.
À minha irmã, Pautília pelo amor, carinho e apoio; pelas palavras de incentivo e por
ser meu porto seguro, meus eternos agradecimentos.
Às minhas filhas Mariana Diniz e Marina Diniz, ajudando a colorir minha vida com
tons mais alegres, me encorajando a prosseguir na caminhada, quer pacientemente
tentava compreender minhas ausências, razão da minha vida.
Ao meu querido esposo Wildemberg, meu esposo, presente que Deus me deu, que
acompanhou todo desenvolvimento deste trabalho. Obrigada meu amor pela
compreensão e paciência.
Ao nosso orientador, professor Ricardo Fabião.
Aos professores, que se dedicaram à turma durantes meses, acompanhando e
desenvolvendo um trabalho rico no decorrer da especialização.
Paullyana Kelly Nunes Diniz
“Brincar não é perder tempo, é ganhá-lo. É triste ter meninos sem escola, mas
mais triste é vê-los enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem
valor para a formação humana”.
Carlos Drummond de Andrade
DINIZ, Paullyana Kelly Nunes. PSICOPEDAGOGIA EM AÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA CRECHE. Monografia apresentada à faculdade Nossa Senhora de Lourdes. Programa de Pós-Graduação. João Pessoa-PB, 2013. 66 p.
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso teve como tema destacar a Psicopedagogia em ação: a importância do lúdico na creche, abordando a brincadeira como instrumento facilitador da aprendizagem, ressaltando o brincar como uma forma prazerosa, no qual as crianças interagem com o mundo e fazem suas próprias descobertas. A pesquisa teve como objetivo analisar a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem da Educação Infantil para desenvolvimento integral das crianças de quatro a cinco anos da Creche da Policia Militar Gloria da Cunha Lima. Como também proporcionar aos professores uma reflexão sobre a prática pedagógica dentro de uma perspectiva lúdica. A Educação infantil é uma fase fundamental para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança. Diante disso, a brincadeira e o jogo tornam-se atividades que possibilitam a aprendizagem de várias habilidades, portanto, beneficiarão o processo de ensino-aprendizagem. Nas creches e pré-escolas têm-se notado a dificuldade da oferta de brinquedos paras as crianças, além da pouca importância dada à atividade lúdica para o seu desenvolvimento. O brincar é a essência da infância e sua principal atividade, mas nem sempre as instituições desenvolvem práticas que tomam este pressuposto como orientador da organização de suas rotinas. Percebe-se que há um despreparo relativo ao conhecimento das necessidades básicas das crianças pequenas e principalmente em relação ao brincar. De acordo com os resultados obtidos, o objetivo da pesquisa foi alcançado, pois confirmou o quanto o brinquedo e o ato de brincar como atividades lúdicas são importantes na creche. Palavras-chave: Educação Infantil. Jogos e brincadeiras. Aprendizagem.
DINIZ, Paullyana Kelly Nunes. PSICOPEDAGOGIA EM AÇÃO: A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA CRECHE. Monografia apresentada à faculdade Nossa Senhora de Lourdes. Programa de Pós-Graduação. João Pessoa-PB, 2013. 66 p.
ABSTRACT
This work Completion of course had the theme to highlight early childhood education and recreational activities: the pleasure of playing in the nursery, approaching the game as a learning facilitator, emphasizing the play as a pleasant way in which children interact with the world and make their own discoveries. The research aimed to examine the importance of play in the process of teaching and learning of early childhood education for integral development of children from four to five years of Military Police Nursery Gloria da Cunha Lima. Also provide teachers with a reflection on teaching practice in a playful perspective. The Child Education is a crucial stage for the emotional and cognitive development of children. Given this, the game play and become activities that enable the learning of various skills, so enjoy the process of teaching and learning. Day care centers and preschools have been noted the difficulty of supply of toys on children, beyond the little importance given to leisure activity for their development. The play is the essence of childhood and its main activity, but not always practical develop institutions that take this assumption as the guiding organization of their routines. It is perceived that there is a lack of preparation on the knowledge of the basic needs of young children and especially in relation to play. The teacher has a vital role in stimulating the construction of knowledge through play and creating opportunities to acquire new learning. According to the results, the research objective was achieved, because it confirmed how much the toy and the act of playing as recreational activities are important in the nursery. Keywords: Early Childhood Education. Fun and games. Learning.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................10
1. A CRIANÇA E A SUA INFÂNCIA..........................................................................14
1.1 O EDUCAR E O CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL........................................18
2. A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL.................................................................20
3. HISTÓRIA DA BRINCADEIRA..............................................................................25
3.1 A BRINCADEIRA NA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL..................................29
4. O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL................................................................32
4.1 JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS.......................................................35
4.2 A CRIANÇA E O JOGO SIMBÓLICO...................................................................38
4.3 TIPOS DE JOGOS...............................................................................................40
4.4 O LUGAR DO LÚDICO NA PSICOPEDAGOGIA.................................................43
5. O CAMINHO DA PESQUISA NA CRECHE..........................................................46
5.1 PRIMEIROS PASSOS DA PESQUISA...............................................................47
5.2 INSTRUMENTO E PROCEDIMENTO.................................................................48
5.3 ANÁLISE DOS DADOS......................................................................................50
CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................59
REFERÊNCIAS..........................................................................................................61
ANEXOS....................................................................................................................65
INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos, a educação preocupa-se em contribuir para a formação
de um indivíduo crítico, responsável e atuante na sociedade, pois vivemos em uma
sociedade onde as trocas de experiências acontecem, através da leitura, da escrita,
da linguagem oral ou visual. Nesse contexto, a escola, as creches e as instituições
de educação infantil buscam conhecer e desenvolver nas crianças diversas
competências, tais como a de leitura e de escrita onde o lúdico pode influenciar de
maneira positiva neste processo de produção de conhecimento.
O tema escolhido "Psicopedagogia em ação: a importância do lúdico na creche”
foi construído a partir de experiência como professora na Educação Infantil,
percebemos que a ludicidade é imprescindível no processo educativo.
O lúdico é um instrumento facilitador da aprendizagem, ressaltando a
possibilidade de aprender brincando. Para tanto, se faz necessário oferecer à
criança oportunidades de aprendizagens convidativas e prazerosas. Diante disso,
foi realizado um estudo sobre o lúdico, que compreende os jogos, os brinquedos e
as brincadeiras, a fim de apontar a importância deles no desenvolvimento integral da
criança na Educação Infantil.
A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integra-se ao mais alto espírito de uma prática democrática enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. Sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio. (ALMEIDA, 1998, p. 57)
Desse modo, as crianças que ingressam na Educação Infantil estão em pleno
desenvolvimento mental, físico e motor e suas funções cognitivas, como
pensamento verbal, memória e percepção, estão em fase de estruturação e
dependem da articulação com os demais aspectos de desenvolvimento integral da
infância.
No processo da educação infantil o papel do professor é de suma
importância, pois é ele quem proporciona as atividades de ensino-aprendizagem
fazendo a mediação da construção do conhecimento. Quando o educador dá ênfase
às atividades lúdicas no processo de ensino-aprendizagem, percebe-se um maior
encantamento do aluno, pois se aprende brincando, com prazer e alegria. Assim, os
educadores precisam estar convencidos de que o brincar precisa ser considerado
como uma atividade relevante na sala de aula.
A maioria dos professores diz que considera valioso o brincar e que ele tem um lugar na sala de aula, mas a maioria também indica implicitamente, por suas atitudes, que este lugar não é tão importante, sendo secundário às atividades que eles dirigem e supervisionam. (MOYLES, 2002, p. 100).
É através das brincadeiras, do movimento, da interação com os objetos e no
espaço com outras crianças que ela desenvolve suas potencialidades, descobrindo
várias habilidades. A brincadeira é a essência do universo infantil e desperta o
interesse e a atenção da criança, desenvolvendo nela, dentre outros fatores, a
criatividade, a percepção de diferentes resoluções de problemas, autonomia e
criticidade, que são elementos importantes para a formação pessoal.
A pesquisa teve como objetivo analisar "Psicopedagogia em ação: a
importância do lúdico na creche” para desenvolvimento integral das crianças de
quatro a cinco anos da Creche da Policia Militar Gloria da Cunha Lima.
O brincar com objetivos pedagógicos tem caráter produtivo, pois através dele
a criança vai construindo o conhecimento do seu corpo, do seu mundo e os
conceitos que a acompanharão pelo resto de sua vida. Além disso, com as
atividades lúdicas, as crianças adquirem referências significativas que permitem o
conhecimento do "eu" e a descoberta do mundo dos outros e dos objetos. Neste
sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que:
Desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos e mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção as atividades vivenciadas naquele instante.
Deste modo, a ludicidade é uma necessidade do ser humano principalmente
na infância, na qual deve ser vivenciada, não apenas como diversão, mas com
objetivo de desenvolver as potencialidades da criança, visto que o conhecimento é
construído pelas relações inter-pessoais e trocas recíprocas que se estabelece
durante toda a formação do sujeito.
A educação lúdica está distante da concepção ingênua de passatempo, brincadeira vulgar, diversão superficial. Ela é uma ação inerente na criança, no adolescente, no jovem e no adulto e aparece sempre como uma forma transacional em direção a algum conhecimento, que se redefine na elaboração constante do pensamento individual em permutações com o pensamento coletivo (ALMEIDA, 1998, p. 13).
Portanto, a educação deve promover na criança o melhor comportamento para
atender suas diversas necessidades orgânicas e intelectuais tais como: necessidade
de saber, de explorar, de observar, de jogar e de viver.
Procurando sensibilizar os professores para a importância do lúdico no
processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil, foi tomado como universo
de pesquisa a creche da Policia Militar Gloria da Cunha Lima localizada na Rua
Inspetora Emilia de Mendonça Gomes no bairro Valentina I, na cidade de João
Pessoa/PB. A creche oferece Educação Infantil. Funciona nos turnos: manhã e
tarde, oferecendo maternal I, maternal II, Pré I e Pré II, fundada em 1993, com 94
alunos.
Sua estrutura é formada por: quatro salas de aula amplas, uma diretoria, uma
secretaria, uma sala de professores, uma cozinha, um dormitório para as crianças
menores, um gabinete médico, uma lavanderia, três banheiros para uso dos alunos,
um banheiro para uso dos funcionários, um parque, um pátio aberto, um pátio
coberto, um refeitório que é integrado com a cozinha, um ginásio e um almoxarifado.
O seu quadro de funcionários dispõe de: um diretor, um coordenador, um
assistente social, uma orientadora educacional, quatro cozinheiras, duas secretárias,
um digitador, três merendeiras, cinco auxiliares de limpeza, cinco vigilantes, um
inspetor e dois motoristas.
É nesse contexto foi realizado a pesquisa destacando a importância dos
jogos e brincadeiras para o desenvolvimento integral das crianças com idade de
quatro a cinco anos da creche da Policia Militar Gloria Cunha da Lima. Com base
nessas considerações, para nortear a pesquisa, foi considerado as seguintes
inquietações de estudo: As professoras sabem da importância dos jogos e
brincadeiras no desenvolvimento da aprendizagem na educação infantil? Quais
atividades lúdicas estão sendo aplicadas no processo de ensino-aprendizagem?
Como estão sendo desenvolvidas as atividades lúdicas no processo da construção
do conhecimento?
Como metodologia para a realização dessa pesquisa, utilizamos o estudo de
caso, pois segundo Gonçalves (2007) é um tipo de pesquisa que privilegia um caso
particular, uma unidade significativa, considerada suficiente para a análise de um
fenômeno. Para a coleta dos dados, foi feito uso da observação participante que foi
feita no ambiente escolar observando se as professoras utilizam os jogos e
brincadeiras na sua prática pedagógica. O questionário (Anexo 1), foi constituído por
6(seis) questões subjetivas, aplicadas às professoras da creche.
Além da observação e do questionário, realizamos uma intervenção com as
crianças, com o objetivo de nos apresentarmos e conhecê-las. Durante a
intervenção foi realizado diversas atividades lúdicas com a turma do pré II para
despertá-las sobre as suas brincadeiras preferidas e mostrar também que é no
prazer de brincar que a criança tem o prazer de aprender.
Os encontros foram realizados no período integral (manhã e tarde). Foi
observado a rotina das crianças que começam às 07:00h da manhã com a entrada
no recinto escolar, e logo depois, às 08:00h são conduzidas para os momentos de
jogos e brincadeiras dirigidas ate às 10:00h para saída do parque, às 11:00h almoço
e em seguida todos vão para o dormitório. Às 13:30h retorno para as atividades,
tarefas escritas, 15:45h saída ao refeitório para o jantar voltando em seguida À sala
de aula para esperar os pais ou seus portadores, em quanto isso são oferecidos
para as crianças jogos de encaixe, quebra-cabeça.
1 A CRIANÇA E A SUA INFÂNCIA
Na atualidade a concepção de infância é bem diferente de alguns séculos
atrás, pois é importante mostrar que a visão que se tem da criança é algo
historicamente construído, por isso é que se pode perceber os grandes contrastes
em relação ao sentimento de infância no decorrer dos tempos. O que hoje pode
parecer uma distorção, em relação a indiferença destinada à criança pequena, há
séculos atrás era algo extremamente normal. Por maior indiferença que se cause, a
humanidade nem sempre viu a criança como um ser em particular, e por muito
tempo a tratou como um adulto em miniatura. Conforme Kishimoto (2006, p. 19):
Entre as antigas concepções, a criança, vista como homem em miniatura, revela uma visão negativa: a criança é um ser inacabado, sem nada específico e original, sem valor positivo. É contra essa visão que, que apartir do século XVIII, Rosseau, em Emílio, defende a especificidade infantil, a criança como portadora de uma natureza própria que deve ser desenvolvida.
Segundo o Dicionário Aurélio, criança é ser humano de pouca idade. No
mesmo dicionário, a infância está definida como um período de crescimento no ser
humano, que vai do nascimento até a puberdade. Na sua origem etimológica, o
termo “infância em latim é in-fans, que significa sem linguagem. O Estatuto da
Criança e do Adolescente – ECA define “a criança como a pessoa até os 12 anos de
idade incompletos” (BRASIL, 1990). Desse modo, o significado genérico da infância
está diretamente ligado às transformações sociais, culturais e econômicas da
sociedade.
A criança está inserida com maior destaque na sociedade, e a humanidade
lhe lança um novo olhar. Para entender melhor essa questão é preciso fazer um
levantamento histórico sobre o sentimento de infância, procurar definí-lo, registrar o
seu surgimento e a sua evolução. Segundo Ariès (1978, p. 99) “o sentimento de
infância não significa o mesmo que afeição pelas crianças, corresponde à
consciência da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criança do adulto, mesmo jovem”.
Nessa perspectiva o sentimento de infância é algo que caracteriza a criança,
a sua essência, é a inocência enquanto ser, o seu modo de agir e pensar, que se
diferencia do adulto, e portanto merece uma atenção especial. De acordo com Cohn
(2005, p. 33) “a diferença entre as crianças e os adultos não é quantitativa, mas
qualitativa; a criança não sabe menos, sabe outra coisa”.
Em meados do século XVII a sociedade não mantinha uma afetividade
significatica em relação a criança, devido às más condições sanitárias onde a
mortalidade infantil alcançava níveis alarmantes, por isso a criança era vista como
um ser ao qual não se tinha uma aproximação afetiva, pois a qualquer momento ela
poderia deixar de existir. Muitas não conseguiam ultrapassar o primeiro ano de vida.
O índice de natalidade também era alto, o que ocasionava uma espécie de
substituição da mortalidade. A perda era vista como algo natural que não merecia
ser lamentada por muito tempo, como pode ser constatado no comentário de Ariès
(1978, p. 22 ) “ (...) as pessoas não podiam se apegar muito a algo que era
considerado uma perda eventual (...) ” .
No período medieval a criança era vista como um ser em miniatura, assim
que pudesse realizar algumas tarefas, esta era inserida no mundo adulto, sem
nenhuma preocupação em relação à sua formação enquanto um ser específico,
sendo exposta a todo tipo de experiência.
Segundo Áries (1978), até o século XVII, a socialização da criança e a
transmissão de valores e de conhecimentos não eram assegurados pelas famílias. A
criança era afastada cedo de seus pais e passava a conviver com outros adultos,
ajudando-os em suas tarefas. A partir daí, não se distinguia mais desses. Nesse
contato, a criança passava dessa fase direto para a vida adulta.
A duração da infância não era bem definida e o termo “infância” era
empregado indiscriminadamente, sendo utilizado, inclusive, para se referir a jovens
com dezoito anos ou mais de idade. Dessa forma, a infância tinha uma longa
duração, e a criança acabava por assumir funções de responsabilidade,
ultrapassando etapas do seu desenvolvimento. Até a seu vestuário era a cópia fiel
de um adulto. Que logo depois essa situação começou a mudar, caracterizando um
marco importante no despertar do sentimento de infância.
As grandes transformações sociais ocorridas no século XVII contribuíram
decisivamente para a construção de um sentimento de infância. As mais importantes
foram as reformas religiosas católicas e protestantes, que trouxeram um novo olhar
sobre a criança e sua aprendizagem. Outro aspecto importante é a afetividade, que
ganhou mais importância no ciclo familiar.
A vida familiar ganha um caráter mais privado, e aos poucos a família assume
o papel que antes era destinado à comunidade. É importante salientar que esse
sentimento de infância e de família representa um padrão burguês, que se
transformou em universal. Segundo Kramer :
A idéia de infância (... ) aparece com a sociedade capitalista, urbano-industrial, na medida em que mudam a sua inserção e o papel social da criança na comunidade. Se, na sociedade feudal, a criança exercia um papel produtivo direto (“de adulto”) assim que ultrapassava o período de alta mortalidade, na sociedade burguesa ela passa a ser alguém que precisa de ser cuidada, escolarizada e preparada para uma função futura. Este conceito de infância é pois, determinado historicamente pela modificação das formas de organização da sociedade ( 2003, p.19 ).
Essa afetividade era demonstrada através da valorização que a educação
passou a ter. A aprendizagem que antes se dava na convivência das crianças com
os adultos em suas tarefas cotidianas, foi atruída à escola. O trabalho com fins
educativos foi substituído pela escola, que passou a ser responsável pelo processo
educativo. As crianças foram então separadas dos adultos e mantidas em escolas
até estarem “prontas” para a vida em sociedade. (ARIÈS, 1978 ).
No século XVIII, além da educação a família passou a se interessar pelas
questões relacionadas à higiene e à saúde da criança, o que levou a uma
considerável diminuição dos índices de mortalidade.
A criança sai do anonimato e lentamente ocupa um espaço de maior
destaque na sociedade. Essa evolução traz modificações profundas em relação à
educação, pois teve que procurar atender as novas demandas que foram
desencadeadas pela valorização da criança, já que a aprendizagem além da
questão religiosa passou a ser um dos pilares no atendimento à criança. Segundo
Loureiro :
Nesse período começa a existir uma preocupação em conhecer a mentalidade das crianças a fim de adaptar os métodos de educação a elas, facilitando o processo de aprendizagem. Surge uma ênfase na imagem da criança como um anjo, “testemunho da inocência batismal” e, por isso, próximo de Cristo (2005, p. 36 ).
Assim podemos perceber que essa concepção de sociedade que se tinha no
século XVII e XVIII estava sendo questionada e em particular Rousseau consegue
com muito esforço mostrar o respeito que se deve ter com a criança e
consequentemente com sua própria infância.
Através de Rousseau considerado um dos primeiros pedagogos da História, a
criança começou a ser vista de maneira diferenciada do que até então existia.
Rousseau, propôs uma educação infantil sem juízes, sem prisões e sem exércitos.
Ou seja, a criança para Rousseau era um ser ingênuo, que vem ao mundo sem
nada conhecer, sem ter nenhum tipo de sentimento, seja negativo ou positivo, seja
para o bem ou para o mal. Cabe então entender que a criança é um ser puro sem
malícia, que não pode, assim como coloca Rousseau, ser visto como um adulto em
miniatura.
A natureza quer que as crianças sejam crianças antes de serem homens. A infância tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhes são próprias; nada é menos sensato do que querer substituir essas maneiras pelas nossas, e para mim seria a mesma coisa exigir que uma criança tivesse cinco pés de altura e que tivesse juízo aos dez anos (ROUSSEAU, 1995, p. 86).
Atualmente, a criança é vista como um sujeito de direitos, situado
historicamente e que precisa ter as suas necessidades físicas, cognitivas,
psicológicas, emocionais e sociais supridas, caracterizando um atendimento integral
da criança. Ela deve ter todas as suas dimensões respeitadas. Como afirma Cohn:
Reconhecê-lo é assumir que ela não é um adulto em miniatura, ou alguém que treina para a vida adulta. É entender que, onde quer que esteja, ela interagem ativamente com os adultos e as outras crianças, com o mundo, sendo parte importante na consolidaçao dos papéis que assume e de suas relações (2005, p.28).
Assim, a concepção da criança como um ser particular, com características
bem diferentes das dos adultos, e atualmente como portador de direitos enquanto
cidadão, é que vai gerar as maiores mudanças na Educação Infantil, tornando o
atendimento às crianças de 0 a 5 anos ainda mais específico, exigindo do educador
uma postura consciente de como deve ser realizado o trabalho com as crianças
pequenas, quais as suas necessidades enquanto criança e enquanto cidadão.
1.1 O EDUCAR E O CUIDAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A educação infantil caracterizou-se, historicamente, pelo assistencialismo,
como um espaço essencialmente de cuidados com a criança. Com o passar dos
tempos, e algumas mudanças ocorridas nas tendências educacionais, passou a ser
considerada e entendida como um processo educativo:
Quando se tira da criança a possibilidade este ou aquele espaço da realidade, na verdade se está alienando-a da sua capacidade de construir seus conhecimentos. Porque o ato de conhecer é tão vital quanto comer ou dormir; e eu não poso comer por alguém (FREIRE, 1983, p. 36).
Na Educação Infantil, o ato de cuidar e educar são indissociáveis, não tem
como separar essas duas ações. O cuidar e o educar estão nas coisas mais simples
da rotina pedagógica da Educação Infantil; desde a hora em que se está trocando
uma frauda, alimentando a criança, no momento da higiene, todos esses aspectos
que parecem ser simplesmente "cuidados", eles também podem e devem ser
trabalhados dentro do aspecto educativo. Quando realizamos estas atividades é
preciso conversar com a criança a respeito da necessidade daquele procedimento e
já incentivando que ela tente fazer sozinha, para assim contribuir para a
independência da criança.
Ao contrário do que muitos ainda pensam, o cuidar e o educar não remetem
respectivamente ao assistencialismo e ao processo de ensino-aprendizagem, pois
um complementa o outro e ambos precisam estar integrados para melhor atender ao
desenvolvimento da criança na construção de sua totalidade e autonomia.
O Referencial Curricular para Educação Infantil (p. 23) nos diz que educar:
A instituição de educação infantil deve tornar acessível a todas as crianças que a freqüentam, indiscriminadamente, elementos da cultura que enriquecem o seu desenvolvimento e inserção social. Cumpre um papel socializador, propiciando o desenvolvimento da identidade das crianças, por meio de aprendizagens diversificadas, realizadas em situações de interação (BRASIL, 1998).
Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e
aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o
desenvolvimento das capacidades infantis e ao processo de ensino-aprendizagem.
A criança necessita de cuidados básicos relativos à saúde, os quais se
concretizam através de uma alimentação saudável, hábitos de higiene, exercícios e
atividades físicas, momentos de repouso, entre outras diversas situações que
exigem do professor atenção especial em relação aos cuidados com a criança. No
entanto, é imprescindível que o profissional de Educação Infantil desenvolva um
trabalho educacional que favoreça e a conduza na descoberta e construção de sua
identidade, apropriando-se de saberes necessários à constituição de sua autonomia.
A respeito do cuidar, o referencial serve de subsídio no momento em que
afirma:
O cuidado precisa considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Os procedimentos de cuidado também precisam seguir os princípios de promoção da saúde. Para se atingir os objetivos dos cuidados com a preservação da vida e com o desenvolvimento das capacidades humanas, é necessário que as atitudes e procedimentos estejam baseadas em conhecimentos específicos sobre desenvolvimento biológico, emocional, e intelectual das crianças, levando em conta diferentes realidades sócio-culturais (BRASIL, 1998, p. 25).
Cuidar significa auxiliar a criança em seus primeiros passos, descobertas, e
ajudá-la a desenvolver sua capacidade, explorando sua criatividade. Os cuidados
não dizem respeito apenas aos aspectos do corpo, mas envolvem também uma
dimensão afetiva: pois a criança precisa sentir amor em sua história e em seus
anseios.
A educação infantil é um período em que devem ser oferecidas às crianças
todas as oportunidades e as possibilidades de desenvolvimento e crescimento. É
importante enfatizar que não constitui um tempo de preparação para a escolaridade
futura. Assim, os sistemas de ensino devem articular seus projetos pedagógicos,
bem como a prática docente, de modo a articular o cuidar e o educar enquanto
passaportes para uma educação infantil voltada pra o desenvolvimento integral da
criança.
2 A EDUCAÇÃO INFANTIL NO BRASIL
A educação infantil no Brasil caracteriza-se como primeira etapa da Educação
Básica como dever do Estado e direito da criança.
Vários fatores contribuíram para isso: em primeiro lugar, observa-se avanços
nas discussões sobre o desenvolvimento infantil, aliado ao reconhecimento da
sociedade acerca do direito da criança à educação nos primeiros anos de vida. Em
segundo lugar, a ampliação do trabalho feminino nos setores médios, notadamente
por meio do movimento sindical e de mulheres, passou a exigir que instituições de
Educação Infantil fossem ampliadas para dar conta dessa nova condição social
feminina. Em terceiro lugar, o processo de democratização da sociedade e da
educação no Brasil tornou possíveis o acesso e a permanência de considerável
número de crianças de 0 a 5 anos de idade em diversas instituições educativas.
Creches e pré-escolas buscam integrar educação e cuidados, necessários a
um período etário vulnerável como criança pequena, traduzindo, dessa forma, a
perspectiva de que tais crianças são portadoras de direitos desde que nascem.
A história da educação infantil vem acompanhada dos estudos sobre a infância e, ao longo do tempo, incorporou os estudos que reconceituaram os conceitos de infância, de criança, de educação, do cuidar, do educar, do assistir. Uma conseqüência desse processo de revisão conceitual foi a elaboração de políticas públicas especificas, para o atendimento às crianças que incorporassem direitos, expectativas e necessidades das crianças e das sociedades (ESCARIÃO, 2009, p. 48)
No período colonial, a educação das crianças se dava principalmente em
âmbitos privados, nas casas e em instituições de caridade. As crianças
abandonadas eram encaminhadas para a roda dos expostos e acolhidas por
instituições de caridade. Essas crianças eram, em sua maioria, pobres, bastardas.
Atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e segurança física. A roda
foi utilizada pelas mulheres escravizadas como meio de livrar suas crianças do
cativeiro ou pelos Senhores que pretendiam se livrar das responsabilidades da
criação dos filhos das suas escravas. Lima e Venâncio (1996, p.67) apontam ainda
as seguintes causas que levavam a procura da roda nos Séculos XVIII a XIX:
"pessoas pobres que não tinham recursos para criar seus filhos, por mulheres da
elite que não podiam assumir um filho ilegítimo ou adulterino e, também, por
senhores que abandonavam crianças escravas e alugavam suas mães como amas
de leite".
A roda tinha como característica a de deixar o expositor anônimo, já que sua
forma cilíndrica, dividida ao meio por uma divisória, se fixava no muro ou na janela
da instituição, permitia que a criança fosse depositada na parte externa. Assim, o
expositor girava a roda, puxava uma cordinha com uma sineta para avisar a vigilante
ou rodeira que uma criança havia sido abandonada.
A roda foi instituída para garantir o anonimato do expositor, evitando-se, na ausência daquela instituição e na crença de todas as épocas, o mal maior, que seria o aborto e o infanticídio. Além disso, a roda poderia servir para defender a honra das famílias cujas filhas teriam engravidado fora do casamento. Alguns autores estão convencidos de que a roda serviu também de subterfúgio para se regular o tamanho das famílias, dado que na época não haviam métodos eficazes de controle de natalidade. (MARCÍLIO,1997, p. 72).
No início do século XIX, para tentar resolver o problema da infância, surgem
iniciativas, como a criação de asilos e internatos, que eram vistos como instituições
que cuidava de crianças pobres. Estas instituições apenas encobriam o problema e
não tinham a capacidade de buscar transformações mais profundas na realidade
social dessas crianças.
O surgimento da creche nesse período nos países europeus, ao passo que no
Brasil as creches surgem no início do século XIX , inicia-se um projeto de construção
de uma nação moderna. A elite do país assimila os preceitos educacionais do
Movimento das Escolas Novas, copiando o modelo de escola da Europa e trazidas
ao Brasil pela influência européia. Surge no Brasil a idéia de “jardim-de-infância” que
foi recebida com muito entusiasmo por alguns setores sociais, mas geraram muitas
discussões, pois a elite não queria que o poder público não se responsabilizasse
pelo atendimento às crianças carentes. Com toda polêmica, em 1875 no Rio de
Janeiro e em 1877 em São Paulo, eram criados os primeiros jardins-de-infância, de
caráter privado, direcionados para crianças da classe alta, e desenvolviam uma
programação pedagógica inspirada em Froebel.
O programa educacional do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, de
1932, também aproximava as instituições ao prever o “desenvolvimento das
instituições de educação e assistência física e psíquica às crianças na idade pré-
escolar (creches, escolas maternais e jardins-de-infância) e de todas as instituições”
(Faria, 1999, p. 30). Aos poucos, a nomenclatura deixa de considerar a escola
maternal como se fosse aquela dos pobres, em oposição ao jardim-de-infância,
passando a defini-la como a instituição que atenderia a faixa etária dos 2 aos 4
anos, enquanto o jardim seria para as de 5 a 6 anos. Mais tarde, essa
especialização etária irá se incorporar aos nomes das turmas em instituições com
crianças de 0 a 6 anos (berçário, maternal, jardim, pré).
O debate à época evocava a necessidade de educar, moralizar, domesticar e
integrar os filhos de trabalhadores. Tais ideias traduziam uma concepção de infância
como um período de ingenuidade, inocência, da facilidade de modelação do caráter.
As famílias eram “ensinadas” a adquirir posturas adequadas com relação às
crianças, calcadas em valores rígidos embasados no cristianismo e nos valores
morais burgueses. Também a escola e as instituições de caridade eram
consideradas como um espaço de controle social, procurando-se evitar a vadiagem
e a delinquência infantil, com a preocupação voltada para a integridade física e
moral. Essa concepção, baseada apenas no cuidado, está vinculada à prática
assistencialista que marcou as creches nesse período e ainda se encontra presente
em muitas instituições de Educação Infantil. Tal visão compromete a perspectiva dos
direitos das crianças, pois, ao se restringir aspectos ligados aos cuidados, ficam
desviadas as dimensões da socialização, da aprendizagem, da vivência cultural,
privilegiadamente fundamentadas na diversidade.
Foram criados programas compensatórios na década de 1940 a 1960, de
prevenção à saúde e de garantia ao trabalho feminino, assim como órgãos
governamentais de implementação de políticas para essa área.
Elaborar leis que regulassem a vida e a saúde dos recém-nascidos; regulamentar o serviço das amas de leite; velar pelos menores trabalhadores e criminosos; atender às crianças pobres, doentes, defeituosas, maltratadas e moralmente abandonadas; criar maternidades, creches e jardins de infância (KRAMER, 1982, p. 52).
O período de 1970 representou avanços na perspectiva dos direitos das
crianças. Na decada de 1970, o Brasil absorve as teorias desenvolvidas na Europa,
que sustentavam que as crianças das camadas sociais mais pobres sofriam de
“privação cultural” e eram colocadas para explicar o fracasso escolar delas, esta
concepção vai direcionar por muito tempo a Educação Infantil, enraizando uma visão
assistencialista e compensatória.
Em meio á efervescência dos movimentos sociais e ao clamor pela liberdade
e garantia de direitos, que manifestações por esses direitos tomam forças. Diversos
movimentos de mulheres surgem nesse período, reivindicando não só mudanças
nas relações de trabalho, mas melhores condições de vida (saneamento básico,
transportes coletivo, habitação e educação) entre outros os movimentos populares
de luta por creches, exigindo do Estado à criação de redes públicas de Educação
Infantil.
Na década de 1980, houve muitos movimentos em torno do debate pela
Assembleia Nacional Constituinte, os movimentos sociais alcançaram maior êxito. A
partir desse período, em decorrência de longo processo de lutas e conquistas, a
infância é colocada na agenda pública, entendendo a infância como tempo de
vivência plena de direitos. Falar em direitos supõe considerar condições básicas de
exercício de uma educação de qualidade para todos nos sistemas educativos, bem
como nas instituições de Educação Infantil em parceria com outras áreas de apoio:
Saúde, Educação, Bem-estar Social, Ministério Público, conselhos tutelares. Na
perspectiva de que o Estado garanta esses direitos, a Constituição Federal de 1988
(BRASIL, 1988) traz, pela primeira vez, a expressão Educação Infantil para designar
o atendimento em creche e pré-escola como garantia constitucional do dever do
Estado.
Art. 29º – A Educação Infantil, primeira etapa da Educação Básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físicos, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família
e da comunidade.
No início da década de 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente
(BRASIL, 1990), considerado uma das leis mais avançadas do mundo no que se
refere à proteção das crianças, aponta direitos que devem ser garantidos e
respeitados por toda a sociedade.
As diretrizes gerais do MEC para a Educação Infantil estão centradas nos
seguintes eixos:
A Educação Infantil é a primeira etapa da Educação Básica e destina-se à
criança de zero a cinco anos de idade. Não constitui obrigatoriedade, mas
representa um direito a que o Estado tem obrigação de atender;
As instituições que oferecem a Educação Infantil, integrantes do Sistema de
Ensino, são as creches e pré-escolas, dividindo-se a clientela entre elas pelo critério
exclusivo da faixa etária;
A Educação Infantil é oferecida para complementar à ação da família,
proporcionar condições adequadas de desenvolvimento físico, emocional, cognitivo
e social da criança e promover a ampliação de suas experiências e conhecimentos,
estimulando seu interesse pelo processo de transformação da natureza e pela
convivência em sociedade;
As ações de educação, na creche e na pré-escola, devem ser
complementadas pelas de saúde e assistência, realizadas de forma articulada com
os setores competentes;
O currículo da Educação Infantil deve levar em conta, na sua concepção e
administração, o grau de desenvolvimento da criança, a diversidade social e cultural
das populações infantis e os conhecimentos que se pretendam universalizar;
Art.30º – A Educação Infantil será oferecida em: creche, ou entidade equivalente,
para crianças de até três anos de idade; pré-escolas, para crianças de quatro a seis
anos de idade(...).
Diante do exposto, é perceptível que estamos distantes de garantir cobertura
de atendimento em Educação Infantil para a grande maioria da população brasileira.
Adiante iremos abordar a história da brincadeira ressaltando sua utilização e
importância no ensino-aprendizagem e a brincadeira na perspectiva sociocultural,
pois favorece a interação das crianças no seu âmbito escolar.
3 HISTÓRIA DA BRINCADEIRA
Quando pensamos em infância, vem logo à lembrança dos jogos, do faz-de-
conta e de tudo aquilo que enriquece a imaginação da criança. A criança é um ser
lúdico e que brinca para interagir com as outras crianças. Porém, se observarmos a
história da brincadeira, perceberemos que nem sempre foi esse o pensamento que
norteou a sociedade, embora as crianças sempre tenham demonstrado interesse
pelo brincar. Wajskop (1999) afirma que, durante muito tempo, a infância não tinha o
seu próprio espaço social e, dessa forma, as crianças não eram vistas como seres
que necessitavam de cuidados próprios e de uma educação voltada inteiramente
para elas.
Entre os brinquedos e brincadeiras mais antigos, destacam-se as bolas e
bonecas encontradas em ruínas do Egito. Na Pérsia, também foram encontradas
exemplares de miniaturas de animais feitas em pedra de 3000 anos atrás.
Para Platão (460 a.c.), um dos filósofos mais destacados da humanidade, a
vida deveria ser vivida como um jogo. Tanto ele como Aristóteles (420 a.c.) sugeriam
que as crianças deveriam receber ferramentas de brinquedos, para entreterem-se e
prepararem assim suas mentes para as futuras atividades que, como adultos, teriam
que desenvolver. Após este período, observa-se em Roma, o jogo aliado a
instruções elementares, servindo como treinamento e exercício.
Com a chegada do Cristianismo, por meio do domínio da Igreja, apregoando o
espírito disciplinador, o jogo passa a ser visto como algo pecaminoso e proibido,
associado à prostituição e à embriaguez, sendo banido da sociedade cristã.
Segundo Kishimoto (1994, p.15), somente no Renascimento,
O aparecimento de novos ideais traz outras concepções pedagógicas que reabilitam o jogo. Durante o Renascimento o jogo deixa de ser objeto de reprovação oficial e incorpora-se no cotidiano de jovens, não como diversão, mas como tendência natural de ser humano. E é nesse contexto que surge o jogo educativo.
Somente no século XVIII, os brinquedos tornaram-se populares e deu-se
início a uma fabricação especializada.
Wajskop (1999) acrescenta ainda que, na época que antecede à sociedade
industrial, o período da infância limitava-se apenas à mais tenra idade, quando a
criança necessitava dos cuidados básicos essenciais à sua sobrevivência. Tendo
suas condições físicas garantidas, a criança passava então a dividir o mesmo
espaço social com os adultos, entre jogos e brincadeiras, sob o pretexto de uma
melhor socialização.
Durante muito tempo, a brincadeira foi vista apenas como uma recreação ou
um momento em que se livrava a criança das preocupações do mundo adulto. É
com esse pensamento que o Romantismo considera que a criança é um ser frágil e
rico em pureza, e, dessa forma, a brincadeira passa a ter o papel de resguardar a
inocência infantil. No entanto, a natureza desse pequeno ser não era prioritária, e a
sua espontaneidade era ignorada, pois não lhe era atribuída uma singularidade, ou
seja, não se respeitavam os aspectos particulares dessa fase em que se
fundamenta a base da educação humana. Segundo Wajskop (1999, p.19):
É apenas com a ruptura do pensamento romântico que a valorização da brincadeira ganha espaço na educação das crianças pequenas. Anteriormente, a brincadeira era geralmente considerada como fuga ou recreação, e a imagem social da infância não permitia a aceitação de um comportamento infantil, espontâneo, que pudesse significar algum valor em si.
Somente com o rompimento do pensamento romântico é atribuído um valor
social à brincadeira infantil. Portanto, esta passa a ser vista não somente como uma
proteção para a criança, mas também como uma forma de ser reconhecido um
espaço social.
De acordo com Kishimoto (1994, p. 16):
É com Froebel, no início do século XIX, que o jogo é entendido como objeto e ação de brincar, caracterizado pela liberdade e espontaneidade, passando a fazer parte da história da educação infantil (...) embora em sua teoria enfatiza o jogo livre como importante para o desenvolvimento infantil, introduzindo a ideia de materiais educativos.
Consideramos, então, que esse foi o primeiro passo para que a educação das
crianças fosse vista de forma diferenciada, já que se unia de certa forma, a
brincadeira à educação, ou seja, à necessidade que a criança tem de brincar
passava a ser respeitada pela sociedade e vista como uma possibilidade de educá-
la.
Com a inserção da mulher no mercado de trabalho, surgem novas questões
relacionadas ao cuidar e educar. A partir daí, apontam-se soluções educacionais
alternativas. Tratava-se, portanto, da existência de uma educação voltada para o
desenvolvimento infantil.
Ainda segundo Wajskop (1999), alguns pedagogos, como Frederich Fröebel
(1782–1852), Maria Montessori (1870–1909) e Ovide Decroly (1871–1932),
influenciados pela filosofia de sua época, romperam com a educação tradicionalista
e contribuíram para uma educação própria para as crianças pequenas. Todos eles
identificavam as crianças como seres que possuem um desenvolvimento próprio e
que precisam experimentar o mundo, por isso buscavam proporcionar-lhes uma
educação sensorial. As ideias desses pedagogos atribuíram à infância, tanto no
Brasil como nos outros países, uma categoria social distinta da dos adultos, a partir
da brincadeira.
Com a política de privação cultural do Brasil, as pré-escolas da rede pública
passam a crer que os jogos e materiais didáticos devem ser utilizados pelos
professores, com a justificativa de que, com eles, as crianças ficam aptas
cognitivamente para futuramente aprender a ler e a escrever. Sobre isso, Wajskop
(1999, p. 25) afirma ainda: “Como atividade controlada pelo professor, a brincadeira
aparecia como um elemento de sedução oferecido à criança”. Podemos
compreender, a partir dessa afirmação, que a brincadeira era somente utilizada para
garantir a transmissão do conteúdo e que, para tal fim, se tornaria um meio atrativo
para a criança. Algumas creches e pré-escolas atuais ainda encaram o lúdico dessa
forma.
No decorrer da história da brincadeira, podemos perceber que existem
barreiras em sua utilização e que ainda há muito o que se fazer pela educação para
que os professores e a escola possam compreender que a brincadeira não é apenas
um mecanismo incentivador da educação, mas também um meio de se
compreender o desenvolvimento da criança como um todo. De acordo com Horn,
Silva e Pothin (2007, p. 57):
Apesar de os professores afirmarem a importância da ludicidade, o tempo que destina para ele, em suas rotinas de sala de aula, bem como os materiais que disponibilizam às crianças são muito restrito. Parece existir uma barreira entre o aprender e o brincar, pois o ato lúdico é relegado a segundo plano dando-lhe o espaço de momento não produtivo ou como recompensa pela tarefa cumprida.
A criança deve ter liberdade de escolher o tema da brincadeira, assim como
estabelecer regras e sugerir temas a serem desenvolvidos. Dessa forma, estamos
falando da brincadeira vinculada à educação para ter sentido para as crianças,
tornando-as agentes da construção do seu próprio conhecimento.
A criança que brinca pode adentrar o mundo do trabalho pela via da representação e da experimentação; o espaço da instituição deve ser um espaço de vida e interação, e os materiais fornecidos para as crianças podem ser uma das variáveis fundamentais que auxiliam a construir e a apropriar-se do conhecimento universal (WAJSKOP, 1999, p. 27).
Nas últimas décadas, a brincadeira vem sendo discutida e referendada pela
perspectiva sociocultural, a qual estabelece que a brincadeira é uma forma da
criança conhecer a realidade interagindo com o meio em que vive e que, a partir daí,
pode-se concretizar um vínculo com a educação. Essa concepção ainda amedronta
parte dos educadores no Brasil, já que a formação a que eles tiveram acesso no
curso de magistério não os preparou para compreender a função da brincadeira para
o desenvolvimento infantil. No entanto, não podemos desistir da valorização desse
recurso pedagógico e de seu uso correto por parte dos educadores na pré-escola
atual.
Compreendida dessa forma, a brincadeira infantil passa a ter uma importância fundamental na perspectiva do trabalho pré-escolar, tendo em vista a criança como sujeito histórico e social. Se a brincadeira é, efetivamente, uma necessidade de organização infantil ao mesmo tempo que é o espaço de interação das crianças, quando estas podem estar pensando/imaginando/vivendo suas relações familiares, as relações de trabalho, a língua, a fala, o corpo, a escrita, para citar alguns dos temas mais importantes, então esta brincadeira se transforma em fator educativo se, no processo pedagógico, for utilizada pela criança para sua organização e seu trabalho (WAJSKOP, 1999, p. 36).
A brincadeira é uma experiência livre para a criança e deve ser vivenciada da
melhor forma possível, pois é por ela e através dela que a criança desperta suas
habilidades mais precisas para um bom desenvolvimento, que a conduzirá durante
toda a sua vida. Todos os educadores devem conhecer a brincadeira sob uma
perspectiva sociocultural, para, assim, compreender os benefícios que as
contribuições possibilitam à Educação Infantil.
3.1 A BRINCADEIRA NA PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL
A perspectiva sociocultural aborda a brincadeira como sendo uma atividade
que auxilia a criança a entender as experiências que os adultos vivenciam. Partindo
dela, podemos estabelecer um importante papel do brincar para a educação, pois
elas dependem, em grande parte, das relações sociais estabelecidas pelos adultos
da instituição escolar em que estão inseridas.
Para Vygotsky (1991), a brincadeira é entendida como atividade social da
criança, cuja natureza e origem específica são elementos fundamentais para a
construção da sua personalidade e compreensão da realidade na qual se insere. O
autor entende que brincar permite e favorece a criação de “zona de desenvolvimento
proximal”, que é o espaço entre o que a criança já realiza de forma independente
(nível real de desenvolvimento) e o que ela pode vir a realizar (nível potencial de
desenvolvimento) desde que tenha ajuda de outra criança mais experiente ou de um
adulto.
Segundo Vygotsky (1991,p.134):
No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade. Além de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ele fosse maior do que é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências de desenvolvimentos sob forma condensada, sendo ele mesmo uma fonte de desenvolvimento.
É, portanto, no brincar, que as crianças vivenciam desafios e
questionamentos que vão além de seu comportamento diário, levantando hipóteses
na tentativa de compreender os problemas que lhes são propostos pelas pessoas e
pela realidade com a qual interagem.
A brincadeira favorece a interação sociocultural das crianças dentro e fora da
escola, mas aqui nos deteremos no âmbito escolar, entendendo-a como facilitadora
para o ensino–aprendizagem. Como afirma Murcia (2005, p. 47):
Jogar ou brincar resulta no útil crescimento da personalidade infantil, porque, em seu contexto, tomam-se decisões, abordam-se situações problemáticas e se elaboram estratégias de ações frente a elas. A brincadeira é representação-reconstrução dos de dentro e dos de fora do grupo e obriga os participantes a procurarem soluções em função dos interesses do grupo. Todos têm de entrar em acordo com outras pessoas que experimentam e refletem diversas formas de relação emotiva, percepção e valorização das situações.
Partindo do pensamento acima citado, podemos perceber que a perspectiva
sociocultural acredita que é por meio da brincadeira e à medida que crescem que as
crianças estabelecem uma comunicação e uma socialização com os demais. É
através de atividades livres e dinâmicas, envoltas pela ludicidade, que se pode
desenvolver na criança a capacidade de cooperação.
A brincadeira infantil pode ser interpretada partindo dessa concepção, como
sendo o ofício da criança, assim como é o trabalho para o adulto, uma vez que ela
proporciona melhorias na vida da criança: o desenvolvimento da linguagem, o
desenvolvimento afetivo, o desenvolvimento físico-motor e o desenvolvimento da
moral. Portanto, podemos entendê-la como uma atividade livre, que deixa a criança
agir sem sentir-se pressionada.
Durante a brincadeira, a criança deve sentir-se à vontade para decidir o que
lhe é conveniente ou não, pois ela é o principal sujeito da ação; por isso, ao
levarmos em consideração que a brincadeira deve associar-se à educação infantil,
devemos ter a sensibilidade para compreender que a criança deve ser respeitada
acima de tudo, em todos os seus aspectos, principalmente em suas decisões.
Referindo-se à brincadeira, Wajskop (1999, p. 31) acrescenta: “A garantia do espaço
na pré-escola é a garantia de uma possibilidade de educação da criança em uma
perspectiva criadora, voluntária e consciente”.
Assim, a brincadeira infantil passa a ser o mundo da criança, pois este quase
sempre é ressignificado pelo lúdico. Wajskop (1999) considera que a cultura infantil
se baseia na cultura adulta, transformada no brincar, para uma melhor compreensão
por parte das crianças. Sob essa abordagem, a brincadeira infantil deve ocupar
maior espaço na rotina escolar, encarando a criança como um sujeito sociocultural,
agente construtor do seu próprio conhecimento. O lúdico associado às necessidades
pedagógicas da criança constitui toda a organização física e psíquica da criança. De
acordo com Horn, Silva e Pothin (2007, p. 15):
Se o brincar alcançasse um maior espaço na rotina escolar ou se a rotina se apoiasse no brincar livremente, não seria necessária uma preocupação tão exaustiva do professor no desenvolvimento da parte intelectiva. O brincar seria pano de fundo dessa rotina e isso seria suficiente e satisfatório para o desenvolvimento de qualquer atividade.
Essa perspectiva aborda a importância do adulto, seja na família, seja na
instituição escolar, como um forte elo entre as crianças e os objetos, para que elas
possam experimentar novas vivências. Ele é, então, um mediador do conhecimento
infantil, atento às questões das crianças, para ajudá-las a compreender o mundo em
que vivem. Assim, professores e pais devem ficar atentos para que a rotina das
crianças, principalmente em sala de aula, esteja associada ao lúdico e para que elas
sintam-se à vontade para brincar de forma livre e espontânea. Também devem
observar se a escola da criança disponibiliza um espaço rico em materiais variados,
os quais, muitas vezes, podem ser confeccionados e organizados em conjunto, para
que ela possa brincar como achar melhor. De acordo com Horn, Silva e Pothin
(2007, p. 15):
Cabe à escola proporcionar um ambiente que estimule o olhar curioso da criança, desenvolva um real interesse por tudo, ensinando-lhe a explorar e a experimentar novas formas de agir. Tudo isso, vivido no seu cotidiano, proporcionando-lhe o cultivo dos valores de respeito pelo outro e pelas coisas que a cercam, pode ser mais importante, no seu desenvolvimento, do que muitas horas de trabalho dirigido.
A brincadeira, de forma geral, deve ser incluída em todos os currículos das
instituições que lidam com a educação infantil, pois, sob a luz da perspectiva
sociocultural e de todos os documentos que referenciam a educação infantil, essa é
uma maneira de se fazer valer todo o potencial que o lúdico proporciona ao
desenvolvimento infantil. O professor também deve ser bem preparado em sua
formação para utilizar o lúdico diariamente com as crianças, mantendo um vínculo
entre o aprendizado e a diversão.
4 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A educação infantil é um período de fundamental importância da educação
do ser humano. Essa fase de ensino tem características e necessidades específicas,
pois é importante valorizar as vivências e o mundo da criança através de atividades
lúdicas promovendo seu desenvolvimento integral. Conforme o artigo 29 da Lei de
Diretrizes e Bases, a educação infantil “tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança até 6 anos de idade em seus aspectos físico, psicológico,
intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.
Maranhão (2007, p. 26) afirma que “a educação infantil tem demonstrado ser
uma excelente fonte de desenvolvimento cognitivo para nossas crianças”. Nesse
sentido, o lúdico vem contribuir para que o indivíduo tenha uma aprendizagem
significativa e prazerosa destacando o brincar como uma fonte de aprendizagem no
processo educacional.
A palavra lúdico origina-se da palavra latina “ludus” que significa “brincar” e
“jogos”. No dicionário Aurélio (2000, p. 433) o vocábulo lúdico significa “relativo a
jogos, brinquedos e divertimentos”. É notável a conexão do lúdico com a infância,
uma vez que o brincar é uma atividade imanente da criança.
Desse modo, de acordo com Horn (2007, p. 60) “a proposta pedagógica da
escola deve ter como objetivo central do seu trabalho, ensinar e aprender através da
ludicidade. Para a criança tudo é brincar, brincar é trabalhar, é “coisa séria”. De
acordo com Maranhão (2007, p. 30) Vygotsky compreende:
A brincadeira como uma atividade social da criança e através desta a criança adquire elementos imprescindíveis para a construção de sua personalidade e para compreender a realidade da qual faz parte. Ele apresenta a concepção da brincadeira como sendo um processo e uma atividade social infantil.
No início da vida da criança, sua ação sobre o mundo é determinada pelo
contexto social em que vive. As crianças aprendem a jogar e/ou brincar dentro de
um processo histórico construído, onde aprendem com os outros membros de sua
cultura, e suas brincadeiras são determinadas pelos hábitos, valores e conhecimento
de seu grupo social. Negrine, (1994, p. 20), em estudos realizados sobre
aprendizagem e desenvolvimento infantil, afirma que "quando a criança chega à
escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivências,
grande parte delas através da atividade lúdica".
A incorporação de atividades lúdicas no processo educativo vem facilitar a
aprendizagem do aluno ajudando-o no seu desenvolvimento pessoal, social e
cultural propiciando um conhecimento espontâneo e natural. Ao utilizar a ludicidade
no ensino, o ambiente torna-se agradável e fascinante propiciando estímulos para a
construção de conhecimentos. De acordo com Horn, Silva e Pothin (2007, p. 62):
Quando o brincar alcança um maior espaço nas atividades desenvolvidas em sala de aula ou as atividades apóiam-se no brincar livremente, torna-se pano de fundo da rotina escolar, o que é suficiente e satisfatório para o desenvolvimento de qualquer atividade e para uma aprendizagem significativa.
Nas instituições de ensino infantil que valoriza o lúdico no processo de
aprendizagem, o aluno sente prazer em frequentá-la e em poder aprender coisas
novas relativas a seu mundo, à linguagem escrita, aos cálculos; em aguçar a
curiosidade, a formulação de conceitos quanto à saúde, à natureza, à família. Tudo
isso de maneira envolvente, alegre, participativa e desafiadora, pois nessas
instituições “ o que mais se preserva é o respeito ao desenvolvimento da criança e a
sua condição de felicidade-poder sorrir, brincar e aproveitar nessa melhor fase de
sua vida” ( ALMEIDA, 1998, p. 72).
Ao brincar, a criança adquire maior criatividade o que a impulsiona a buscar
novos conhecimentos possibilitando uma posição ativa, indagadora e reflexiva.
Para a criança brincar é coisa séria.(..) precisamos respeitar e garantir às nossas crianças o direito de brincar, de vivenciar o seu próprio desenvolvimento. O que para nós pode ser algo sem a menor importância, no imaginário de uma criança pode ser a ponte de que ela necessita para entender o mundo que a cerca. (MARANHÃO, 2007, p.121)
As atividades lúdicas são indispensáveis para uma aprendizagem com
divertimento e prazer no ato de aprender. Diante disso, é atribuído ao docente um
importante papel para a aplicação dessas atividades, pois “o professor, ao elaborar
sua proposta de trabalho, deveria refletir sobre os objetivos que a definem, a
importância atribuída ao ato de brincar e qual o espaço reservado para essa
atividade relevante” (HORN; SILVA; POTHIN, 2007, p. 62).
O docente precisa ter atenção aos espaços criados, materiais e brincadeiras
para que promovam o desenvolvimento de habilidades e capacidades nas crianças.
O Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (BRASIL, 1998, p.19),
afirma que “compreender o caráter lúdico e expressivo das manifestações da
motricidade infantil poderá ajudar o professor a organizar melhor sua prática,
levando em conta as necessidades das crianças”.
É fundamental que o professor ofereça situações desafiadoras que motivem e
valorizem os diferentes processos de aprendizagem que podem levar ao aluno a
diferentes respostas, estimulando a criatividade e a descoberta. Não basta apenas
oferecer estímulos para que a criança se desenvolva normalmente, a eficácia da
estimulação depende também do contexto afetivo em que esse estímulo se insere, e
essa ação está diretamente ligada ao relacionamento entre o estimulador e a
criança. Nessa proposta o professor assume o papel de mediador do conhecimento
e muitas vezes também exerce o papel de observador, organizador e integrante das
atividades lúdicas nas instituições de ensino.
A criança deve gostar dos professores, não apenas porque mantém uma boa convivência com ele, mas porque descobre neles verdadeiras fontes de informações. Para atuar nessa escola é preciso ter um bom domínio do conhecimento específico, do contexto, além de gosto e paixão pelas crianças e pela convivência com elas (ALMEIDA, 1998, p. 72).
O professor deve estimular o aluno a progredir em seus conhecimentos e
habilidades por meio de propostas desafiadoras que o levem a buscar soluções por
intermédio de suas relações intrapessoais e interpessoais. Isso significa uma
educação que possibilite ao aluno, por meio de estratégias estabelecidas pelo
professor, construir o seu próprio conhecimento, com a reestruturação e
reelaboração dos significados que são transmitidos ao indivíduo pelo seu meio
sociocultural.
Portanto, educar ludicamente tem um significado profundo, pois as atividades
lúdicas proporcionam uma enorme contribuição para o desenvolvimento pleno da
criança, facilitando a construção de conhecimento no processo educativo.
4.1 JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDOS
O brincar é um meio pelo qual os indivíduos exploram uma multiplicidade de
experiências em diferentes circunstâncias, para diversas finalidades e ao mesmo
tempo, em situações educacionais, proporciona não só um meio real de
aprendizagem como permite também que adultos perceptivos e competentes
aprendam sobre as crianças e suas necessidades.
Segundo Maranhão (2007, p. 24) “precisamos entender a forma de
pensamento da criança para podermos proporcionar a ela os momentos lúdicos
necessários, as brincadeiras que as ajudarão a crescer e nos auxiliarão a
compreendê-las melhor”.
No contexto escolar isso significa professores capazes de compreender onde
as crianças estão em sua aprendizagem e desenvolvimento geral, o que, por sua
vez, dá aos educadores o ponto de partida para promover novas aprendizagens nos
domínios cognitivos e afetivos.
O Referencial curricular para educação infantil discorre sobre os jogos e
brincadeiras:
Os momentos de jogos e brincadeiras devem se constituir em atividades permanentes nas quais as crianças poderão estar em contato também com temas relacionados ao mundo social e natural. O professor poderá ensinar às crianças jogos e brincadeiras de outras épocas, propondo pesquisas junto aos familiares e outras pessoas da comunidade e/ou em livros e revistas. Para a criança é interessante conhecer as regras das brincadeiras de outros tempos, observar o que mudou em relação às atuais, saber do que eram feitos os brinquedos etc. (Brasil,1998, p. 200)
De acordo com Friedmann (1996) a brincadeira é o ato de brincar, exercendo
um comportamento espontâneo e sem regras fixas, sem ignorar a sua existência.
Nesse caso, essas regras são de uma regularidade interna da criança que são
alimentadas pelo desejo, imaginação e criação. Já o brinquedo é entendido como o
objeto de brincar e o jogo é conceituado como a brincadeira que exige regras
estruturadas, transmitidas coletivamente. Já as autoras Horn, Silva e Pothin (2007,
p. 7) afirmam que:
Quando uso a palavra brinquedo, refiro-me aos objetos e aos suportes das brincadeiras. O termo brincar representa a ação exercida pela criança sobre o brinquedo, bem como sua relação com os jogos e brincadeiras. O jogo e a brincadeira representam o divertimento, a folia, os folguedos realizados por elas.
A criança através do lúdico descobre suas emoções e a existência do outro,
suas possibilidades e limitações. A cooperação, a imaginação, a criatividade, a auto-
estima e o autocontrole são elementos que podem ser aprimorados com as
brincadeiras, os brinquedos e os jogos. Maranhão (2007, p.25) afirma que “mesmo
as brincadeiras aparentemente simples são fontes de estímulo para o cérebro das
crianças”.
O jogo tem ação relevante nas áreas de estimulação da infância e é uma das
formas mais simples da criança entrar em contato com o mundo em que vive.
Durante o jogo, a criança age dentro da zona de desenvolvimento proximal, interage
com o meio e coloca em ação as funções psicológicas superiores. Vigotsky (1984, p.
97) define a zona de desenvolvimento proximal como:
A distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
No jogo, existe a confirmação de objetos comuns, o confronto de ideias, a
busca de soluções, a competição e a cooperação entre os participantes, que têm
diferentes vivências, graus de conhecimento e desenvolvimento, historicamente
produzidos.
O jogo pode ter duas funções: a função lúdica que é prazerosa e divertida e a
função educativa que completa os alunos em seus saberes, conhecimento e
vivências. Na educação infantil o ideal é trabalhar o jogo educativo que atinja as
duas funções, para o que é necessária uma intenção pedagógica que facilite a ação
voluntária dos alunos durante o jogo.
Utilizar o jogo na educação infantil significa transportar para o campo de ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do conhecimento, introduzindo as propriedades do lúdico, do prazer, da capacidade de iniciação e ação ativa e motivadora (KISHIMOTO, 2006, p. 36).
Na brincadeira, é possível aprender, crescer e criar. O ato de brincar é a
melhor metodologia para dar à criança condições de desenvolver suas
potencialidades e caminhar, de descoberta em descoberta, criando soluções e
aprendendo a viver e a conviver com as demais crianças. De acordo com Maranhão
(2007, p. 31) isso é visto quando diz que “por meio da brincadeira a criança vai se
desenvolvendo socialmente, conhecerá as atitudes e as habilidades necessárias
para viver em seu grupo social”.
Quando brinca, a criança elabora suposições para resolver problemas e toma
atitudes que vão além de sua conduta normal de sua idade, pois busca alternativas
para modificar a realidade. É quando a criança brinca que seus sonhos e desejos
podem ser facilmente realizados, quantas vezes desejar, criando e recriando
situações que ajudam a satisfazer alguma necessidade presente no seu interior.
Brincar estimula os reflexos perceptivos, motores, intelectuais e sociais da criança e
ajudam-na a conhecer a si mesma e explorar suas próprias emoções.
O brinquedo é entendido como objeto, é suporte da brincadeira, que supõe
relação íntima com a criança, seu nível de desenvolvimento e indeterminação
quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organize sua
utilização.
O brinquedo cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança. No brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que nas atividades da vida real e também aprende a separar objeto e significado. Embora num exame superficial possa parecer que o brinquedo tem pouca semelhança com atividades psicológicas mais complexas do ser humano, uma análise mais aprofundada revela que as ações no brinquedo são subordinadas aos significados dos objetos, contribuindo claramente para o desenvolvimento da criança (OLIVEIRA, 1997, p. 67).
O brinquedo estimula a representação, a expressão de imagens que evocam
aspectos da realidade. Uma representação é algo presente no lugar de algo. O
brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que existe no
cotidiano, na natureza e construções humanas. De acordo com Almeida (1998, p.
37) “o brinquedo faz parte da vida da criança. Simboliza a relação pensamento-ação
e, sob esse ponto, constitui provavelmente a matriz de toda a atividade linguística,
ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação”.
O brinquedo é um meio concreto para se alcançar a apropriação e a
construção do conhecimento, além de desenvolver várias habilidades, tornando-se,
assim, um material pedagógico.
Na escolha do brinquedo como recurso pedagógico, o professor precisar
observar se este permite que a criança explore-o, manipule-o, criando subsídios
para a construção de sua personalidade, colocando a criança em situações que
desenvolvam as relações intra e interpessoais. Não podemos nos esquecer de que o
brinquedo deve ser atraente, ou seja, colorido, de diferentes dimensões e pesos, a
fim de estimular o surgimento da ludicidade própria do brincar e da criança. O
brinquedo pode ser um poderoso aliado no processo ensino-aprendizagem de
acordo com a maneira como é utilizado.
4.2 A CRIANÇA E O JOGO SIMBÓLICO
As relações da interação sujeito-mundo, como processo de construção do
conhecimento, não são apenas concretas, mas também simbólicas. O mundo da
criança é feito de símbolos, em que os significados são utilizados para compreender
e controlar a si mesma e a seus ambientes.
O símbolo é a representação de um objeto ou ação que está ausente. Na
brincadeira simbólica, a criança interessa-se pela realidade e a representa de forma
prazerosa. Os conteúdos representados são objetos da vida das crianças que estão
carregados de sentimentos. Segundo Kishimoto (2006, p.39).
O símbolo permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras implícitas que se materializam nos temas das brincadeiras. É importante registrar que o conteúdo do imaginário provém de experiências anteriores adquiridas pelas crianças, em diferentes contextos.
As brincadeiras simbólicas são as representações mais primitivas de
observação da atividade lúdica. Nelas, a criança reproduz um esquema sensório-
motor fora do seu contexto e na ausência de seu objeto habitual.
No plano simbólico, as crianças procuram entender o mundo dos adultos,
pois, ainda que com conteúdos diferentes, essas brincadeiras têm uma
característica comum: a atividade do ser humano e suas relações sociais e de
trabalho.
A escola deve, portanto, promover situações que possibilitem à criança
utilizar essas capacidades que favoreçam o envolvimento em brincadeiras,
principalmente aquelas que promovam a utilização do jogo simbólico. Segundo
Oliveira (1997, p. 67):
A promoção de atividades que favoreçam o envolvimento da criança em brincadeiras, principalmente aquelas que promovem a criação de situações imaginárias, tem nítida função pedagógica. A escola e, particularmente, a pré-escola poderiam se utilizar deliberadamente desse tipo de situações para atuar no processo de desenvolvimento das crianças.
O jogo simbólico é a representação corporal do imaginativo e, apesar de nele
predominar a fantasia, a atividade de movimento exercida acaba por prender a
criança à realidade. Na sua imaginação, ela pode modificar sua vontade, mas,
quando expressa corporalmente as atividades, precisa respeitar a realidade concreta
e as relações do mundo real. De acordo com Horn, Silva e Pothin (2007 apud
SANTOS, 1999, p.90):
A criança dos dois anos em diante é capaz de representar. Isso significa que adquiriu a capacidade de recordar os acontecimentos do passado e apresentá-los do seu jeito e de acordo com a sua compreensão. Para isso, ela se utiliza dos mecanismos da imitação, do jogo simbólico, dos desenhos e da linguagem, usando como pano de fundo as atividades lúdicas que são suas formas de manifestação.
Algumas características, como liberdade de regras, desenvolvimento da
imaginação e da fantasia, ausência de objetivo explícito ou consciente para a
criança, lógica própria com a realidade e assimilação da realidade ao “eu”, fazem
parte dos jogos simbólicos. Por meio desses jogos, a criança sofre modificações e, à
medida que vai progredindo em seu desenvolvimento rumo à intuição e à operação,
percebe o significado dos objetos e situações, além de utilizar o símbolo para
representá-los e dar asas à sua imaginação. Finalmente, numa tendência imitativa, a
criança busca coerência com a realidade.
Pelo jogo simbólico, a criança exercita sua capacidade de representar
simbolicamente suas habilidades motoras, já que salta, corre, gira, transporta, rola,
empurra; seus sentimentos, já que conversa, abraça e discute diferentes pontos de
vista, e seus pensamentos, com a proposição e a solução de problemas.
Os jogos simbólicos ou jogos faz-de-conta são as representações de papéis
sociodramáticos. Eles surgem a partir do aparecimento da representação e da
linguagem, quando a criança começa a alterar o significado de acontecimentos reais
e expressar suas fantasias com base no contexto em que vive. O faz-de-conta
permite não só a entrada no imaginário, mas a expressão de regras que são criadas
e se materializam no mundo da imaginação. O Referencial curricular para educação
infantil sobre o brincar de faz- de-conta afirma que:
Ao brincar, as crianças podem reconstruir elementos do mundo que as cerca com novos significados, tecer novas relações, desvincular-se dos significados imediatamente os conhecimentos que têm sobre si mesma, sobre as outras pessoas, sobre o mundo adulto, sobre lugares distantes ou conhecidos (Brasil, 1998, p. 171).
As ações desenvolvidas pelas crianças nessas brincadeiras geralmente
provêm do mundo social, incluindo a família e os amigos. No currículo escolar é
importante que o professor procure centralizar os pensamentos das crianças em
uma temática, para que ela imagine, crie e não fique apenas divagando nos
diferentes assuntos. Portanto, cabe ao professor auxiliar os alunos na interpretação,
na criação e na recriação dos elementos simbólicos produzidos pelos alunos.
4.3 TIPOS DE JOGOS
Na educação infantil os jogos servem como instrumentos facilitadores na
prática pedagógica dos professores. Alguns elementos são predominantes nas
brincadeiras e no cotidiano das crianças, por isso a divisão dos jogos deve ter
relação com esses elementos.
Desse modo, os jogos tradicionais refletem a manutenção da cultura infantil e
da cultura regional; os jogos de construção refletem a necessidade da criança de
materializarem sua imaginação por meio da construção dos símbolos; os jogos
motores refletem a predominância do movimento na vida das crianças; os jogos
rítmicos refletem a manifestação dos sentimentos da criança de forma expressiva e
criativa, utilizando sons e expressando-se corporalmente; os jogos perceptivos
refletem a capacidade de interpretar as impressões que os sentidos nos trazem e os
jogos de faz-de-conta onde as crianças expressam suas fantasias com base no
contexto em que vive utilizando-se do imaginário.
Os jogos tradicionais guardam elementos da produção cultural de um povo
em certo período histórico. Esses jogos assumem um contexto cultural quando
reproduzem elementos de uma cultura e possibilitam a criação e a conexão com o
meio no qual estão inseridos.
Kishimoto (1993, p. 16) afirma que o jogo tradicional:
É um tipo de jogo livre, espontâneo, no qual a criança brinca pelo prazer de o fazer. Por pertencer à categoria de experiências transmitidas espontaneamente conforme motivações internas da criança, ele tem um fim em si mesmo e preenche a dinâmica da vida social, permitindo alterações internas da criança de novos jogos.
É importante identificar a origem dos jogos tradicionais para preservarem sua
história, pois muitos guardam sua estrutura inicial e outros foram alterados.
Conforme a autora Kishimoto (1993, p. 15) “esses jogos foram transmitidos de
geração em geração através de conhecimentos empíricos e permanecem na
memória infantil. Muitos jogos preservam sua estrutura inicial, outros modificam-se,
recebendo novos conteúdos”.
Os jogos e as brincadeiras tradicionais têm a função de perpetuar a cultura
infantil, desenvolver formas de convivência social e permitir o prazer de brincar. São
exemplos de jogos tradicionais bolinhas de gude, amarelinha, passa anel, pega-
pega, entre outros.
Apesar da característica da atividade lúdica livre desses jogos, vemos sua
utilização como uma alternativa metodológica, que pode ser instrumentalizada com
fins educacionais, pois por meio desses jogos as crianças expandem sua área de
contatos, aprendem de modo acessível às vantagens e o significado das atividades
em grupo e experimentam diferentes papéis sociais.
O jogo de construção destina-se ao manuseio de materiais pelas crianças
para que criem, construam e transformem seu mundo imaginário. Nesse jogo a
criança organiza sua realidade e constrói sua própria história, expressando, assim,
os níveis de sua estruturação mental, seu desenvolvimento cognitivo e afetivo-
emocional. Segundo Kishimoto (2006, p. 40):
Os jogos de construção são considerados de grande importância por enriquecer a experiência sensorial, estimular a criatividade e desenvolver habilidades da criança. (...) Construindo, transformando e destruindo, a criança expressa seu imaginário, seus problemas e permite aos terapeutas o diagnóstico de dificuldades de adaptação bem como a educadores o estímulo da imaginação infantil e o desenvolvimento afetivo e intelectual.
Ao desenvolver jogos de construção, é importante dar à criança liberdade
para criar, mesmo quando o brinquedo a ser construído seja predeterminado pelo
professor, a fim de que ela expresse sua identidade no brinquedo. No desenvolver
desse jogo a criança adquire habilidades para medir, imaginar e planejar suas
ações, bem como compreender tarefas colocadas pelos adultos. Os jogos
construídos são geralmente confeccionados com sucata. De acordo com Machado
(1994, p. 42):
A sucata traz consigo o elemento da transformação: é algo que passa a ser usado fora do seu habitual (cabo de vassoura, sementes e caroços (...), etc.). Além disso a sucata é um brinquedo não-estruturado em que é preciso haver ação da própria criança para que a brincadeira aconteça.
São exemplos de jogos de construção bilboquê, bolinha de jornal, pé de lata,
peteca com jornal, entre outros.
O principal em um brinquedo não é sua origem, seu grau de sofisticação e a
beleza de sua aparência, mas sua capacidade de envolver a criança em uma
atividade lúdica e criativa. Conforme Weiss (1993, p. 95) “construir o próprio
brinquedo é muito mais tentador do que usar brinquedos industrializados”.
Os jogos motores têm por finalidade proporcionar à criança o prazer de
realizar determinado movimento, como, chutar uma bola, jogá-la e recuperá-la. Para
a criança, o movimento transforma-se em uma atividade lúdica devido à sua
necessidade de conhecer o mundo com o auxílio do corpo.
Nos jogos motores, os alunos utilizam recursos biológicos, psicológicos e
afetivos para construir esquemas motores que organizam os movimentos
construídos. Cada um desses movimentos- arrastar, puxar, lançar, agarrar- dá a
base para a criação dos esquemas motores. São exemplos de jogos motores
corrida do saco, pula corda, corrida de um pé só, entre outros.
Os jogos rítmicos de correr, pular, cantar, dançar e rodar são essenciais na
primeira infância e devem ser exploradas de diferentes formas, em diferentes
situações e com os mais diversificados materiais, de forma dinâmica, alegre e
criativa, para que haja novas aprendizagens.
Os jogos rítmicos são atividades de grande valor educativo e um dos meios
de a criança manifestar seus sentimentos de forma expressiva e criativa numa inter-
relação entre o corpo, o espaço e o tempo. Por meio dos jogos rítmicos a criança
tem oportunidade de se expressar livremente, sonhar, cantar, o que é importante
para seu desenvolvimento intelectual, social, espiritual e emocional.
Quando pensamos em Educação Infantil, as atividades rítmicas que
imediatamente vêm à nossa memória são os brinquedos cantados e as cantigas de
roda, pois sempre encantaram o povo e embalaram as crianças. Os brinquedos
cantados são “atividades ligadas diretamente com o ato de cantar e ao conjunto
dessas canções, a que chamamos de Cancioneiro Folclórico Infantil” (VERDERI,
1999, p. 35). Os brinquedos cantados podem abranger jogos de esconde-esconde,
palmas, fileiras, colunas e as cantigas de roda, que tem classificação diferenciada.
4.4 O LUGAR DO LÚDICO NA PSICOPEAGOGIA
A psicopedagogia nasce propondo uma visão mais ampla sobre educação e
buscando uma melhor compreensão acerca dos processos de aprendizagem,
visando o interesse, o prazer e o sucesso escolar tanto para a instituição, como para
os professores e alunos, como diz Gasparini (1997) sobre a atuação da
Psicopedagogia nas escolas:
Pensar a escola à luz da psicopedagogia significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. (GASPARINI, 1997, P.56)
No âmbito escolar é fundamental que a criança não seja vista apenas em sua
dimensão de aluno, melhor dizendo, o foco e os olhares sobre ela não devem estar
somente em seu currículo e em seu histórico escolar. Muito além disto, ao chegar a
instituição, ela trás consigo, de forma indissociável de seu ser, também uma historia
sociocultural, familiar e pessoal. Assim, no contexto educacional em que encontra-se
inserida, a criança precisa ser concebida de forma ampla, em sua totalidade. Neste
ponto faz-se importante as contribuições da psicopedagogia, como este saber que
agrega conhecimentos de diversas áreas para que possa intervir nos processos da
aprendizagem humana. Neste ponto, ao abordar-se a atuação da psicopedagogia
busca averiguar mais especificamente, o uso do lúdico como instrumento de tal
intervenção.
O brincar, as brincadeiras e os jogos, são artíficios lúdicos que possuem um
lugar de destaque na prática psicopedagógica, tanto no que envolvem os quadros
patológicos, como em circunstancias de atuações preventivas acerca da
aprendizagem.
Como estratégia para compreender os processos que podem ter ocasionado
uma patologia do aprender, Fernàndez (2001), propõe a “a hora do jogo
psicopedagógico”, alegando que este tipo de atividade possibilita o desenvolvimento
e análise dos sentidos do aprender para as crianças. Neste sentido, Pain (1986),
aponta que o jogo permite conhecermos a aptidão da criança para criar, refletir,
organizar e integrar. E que para isto, conforme a educadora, são quatro os aspectos
fundamentais da aprendizagem que podem ser extraídos da observação do jogo:
distância de objetos, função simbólica, organização e integração.
A esse respeito, Bossa (2007), assegura que:
(...) é importante que o psicopedagogo possa jogar o jogo da criança, sem, no entanto, perder de vista o seu compromisso com a aprendizagem e lembrando que toda relação dom sujeito com o mundo, depois que deixa de ser consequência de um reflexo, demanda aprendizagem.( BOSSA, 2007, P.114)
À medida que estudamos a respeito de ludicidade e educação, uma verdade
impossibilidade de desarticularmos esses dois temas, principalmente no que se
refere às vivências e aos fazeres no âmbito escolar. Como já visto, o lúdico é
essencial no cotidiano das escolas e o psicopedagogo muito pode contribuir para
esta realidade, já que ele é o profissional que deve carregar em sua formação e em
sua prática, conhecimento abrangente não só a criança e sua relação com a
aprendizagem, mas também acerca dos processos didáticos e metodológicos e
sobre toda dinâmica institucional. Como destaca Fernàndez (2001), ao falar dessas
mudanças de paradigmas acerca da educação:
Necessitamos recorrer a planos de prevenção nas escolas, batalhar para que o professor possa ensinar com prazer para que por isso seu aluno possa aprender com prazer.( FERNÀNDEZ, 2001, P.81)
Nesta linha, Bontempo (1997), aponta a função do psicopedagogo:
Trabalhar no sentido de criar um ambiente agradável e livre de tensões em sala de aula. O aluno precisa aprender a ser feliz na escola, descobrir o prazer de aprender que é permitido errar e que nos faz crescer, não ter medo de descobrir, assumir e desenvolver potencialidades. (BONTEMPO,1997, P. 9)
Pensar em educação através da ótica da psicopedagogia é pensar no ser
humano de forma ampla e particular ao mesmo tempo, em um exercício que aponta
inexoravelmente para a individualidade de cada ser. Neste sentido, no transcorrer do
presente estudo, o lúdico apresenta-se como um recurso excepcional no processo
ensino aprendizagem, instrumentalizando a criança na construção do conhecimento,
da socialização e criando meios para atender a sua própria demanda, tornando-a
capaz de pensar por conta própria e de agir com habilidade no mundo.
5 O CAMINHO DA PESQUISA NA CRECHE
Escolher caminhos nem sempre é uma tarefa fácil, mas quando se tem
objetivos claros esse ato se torna simples. A pesquisa teve como objetivo analisar a
importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem da Educação Infantil
para desenvolvimento integral das crianças de quatro a cinco anos da Creche da
Polícia Militar Glória da Cunha Lima.
Dessa forma, escolhemos fazer uma abordagem qualitativa de pesquisa que
de acordo com Ludke e André (1986), esse tipo de abordagem possibilita o
reconhecimento da realidade em estudo, visto que enfoca mais o processo do que
os produtos, com a preocupação maior de retratar o ponto de vista dos participantes,
além de ser um tipo de pesquisa rico na apreensão, percepção e descrição e
explicação dos fenômenos. Deste modo, procuramos primeiramente reconhecer a
instituição pesquisada bem como seus sujeitos envolvidos.
Também fizemos uso da observação participante como meio de coletar dados
para nossa pesquisa. Com a finalidade de conhecer melhor o objetivo de estudo, foi
utilizado como instrumento da investigação, a observação. Segundo Minayo (1994,
p. 59), “a observação se realiza através do contato direto do pesquisador com o
fenômeno observado para obter informações sobre a realidade dos autores sociais
em seus próprios contextos”.
A observação foi feita no ambiente escolar observando se as professoras
utilizam os jogos e brincadeiras na sua prática pedagógica. O questionário, foi
constituído por 6(seis) questões subjetivas, aplicadas às professoras da creche e o
desenho produzido pelas crianças de quatro a cinco anos da creche.
Procurando sensibilizar os professores para a importância do lúdico no
processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil, tomamos como universo de
pesquisa a creche da Policia Militar Gloria da Cunha Lima localizada na Rua
Inspetora Emilia de Mendonça Gomes no bairro Valentina I, na cidade de João
Pessoa/PB.
A creche oferece Educação Infantil e funciona nos turnos: manhã e tarde,
oferecendo maternal I, maternal II, Pré I e Pré II, fundada em 1993, com 94 alunos.
A identidade dos envolvidos será mantida em sigilo.
Sua estrutura é formada por: quatro salas de aula amplas, uma diretoria, uma
secretaria, uma sala de professores, uma cozinha, um dormitório para as crianças
menores, um gabinete médico, uma lavanderia, três banheiros para uso dos alunos,
um banheiro para uso dos funcionários, um parque, um pátio aberto, um pátio
coberto, um refeitório que é integrado com a cozinha, um ginásio e um almoxarifado.
O seu quadro de funcionários dispõe de: um diretor, um coordenador, um
assistente social, uma orientadora educacional, uma psicopedagoga, quatro
cozinheiras, duas secretárias, um digitador, três merendeiras, cinco auxiliares de
limpeza, cinco vigilantes, um inspetor e dois motoristas.
Quanto às condições ambientais a creche desfruta de uma arborização. Os
ambientes pedagógicos são amplos suficiente para acomodar a todos; possuindo
uma boa iluminação e ventilação; os ambientes são cuidadosamente decorados
pelas educadoras e as atividades realizadas pelas crianças ficam todas em
exposição para que todos possam apreciar.
Todas as salas são compostas por armários de madeiras, mesas e bancos,
TV, DVD, aparelhos de som com CD e bebedouros.
É nítido o envolvimento por parte de todos os funcionários da creche com a
organização e o funcionamento dos ambientes, sua higienização, procurando
proporcionar um clima de bem estar para aqueles que dela usufruem.
Durante a intervenção realizamos diversas atividades lúdicas tais como:
jogos, músicas e contação de histórias para despertá-las o prazer de aprender.
5.1 OS PRIMEIROS PASSOS DA PESQUISA
O estudo realizado se desenvolveu em duas etapas, primeiramente, realizou-
se uma pesquisa bibliográfica, que teve como por finalidade subsidiar teoricamente
esta investigação. Consultamos vários teóricos que discute temáticas, tais como:
Kishimoto, Wajskop, Kramer entre outros.
Na segunda etapa foi realizada uma pesquisa de campo, que teve como
objetivo analisar a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem da
Educação Infantil para desenvolvimento integral das crianças de quatro a cinco anos
da Creche da Polícia Militar Glória da Cunha Lima.
Junto com a observação e o questionário, realizamos uma intervenção com
as crianças, com o objetivo de nos apresentarmos e conhecê-las. Durante a
intervenção realizamos diversas atividades lúdicas com o intuito de despertá-las
para as suas brincadeiras preferidas e mostrar também que é no prazer de brincar
que a criança tem o prazer de aprender.
Todas as professoras foram simpáticas e nos deixaram muito a vontade e
revelaram ser conscientes da necessidade dos jogos e brincadeiras para o
desenvolvimento infantil, uma vez que os mesmos desenvolvem a memória, a
criatividade e a espontaneidade da criança, como também, suas habilidades
motoras e cognitivas.
Foi constatado que as professoras da creche algumas vezes utilizam o lúdico
na sala de aula, cantando músicas e deixando as crianças livres no pátio e parque
pela manhã ou quando estão com brinquedos na sala de aula. No entanto, em
nenhum momento estas atividades faziam parte de um projeto pedagógico, pois não
eram levadas a sério pelas professoras, eram apenas passatempos, como se nos
momentos de brincadeiras não houvesse aprendizagem. Porém nas brincadeiras
livres há grandes aprendizagens, como também há espaço para criação de
situações que geram novas aprendizagens a partir da mediação do professor.
Ao serem indagadas se utilizam os jogos e brincadeiras na sua prática
pedagógica, todas responderam que utilizam frequentemente. O que nos leva a
considerar que tudo depende do conceito que se tem de lúdico, brincar, práticas
educativas e aprendizagem. Por isso, a necessidade do conhecimento teórico e da
formação contínua do professor, para que possa ampliar seus conhecimentos a
partir de sua experiência e da aquisição de novos conhecimentos.
As situações lúdicas são momentos em que se faz necessário o diálogo com
as crianças. Se esse diálogo estiver fundamentado num conhecimento teórico sobre
o desenvolvimento infantil, pode-se entrar no mundo da criança e saber o que
pensam a respeito do que reproduzem, explorar e criar situações para novas
aprendizagens.
5.2 INSTRUMENTO E PROCEDIMENTO
A partir de algumas observações e do questionário respondido pelas duas
professoras da sala do Pré II da Creche da Polícia Militar Glória da Cunha Lima, foi
possível perceber como as referidas professoras trabalham com os jogos e
brincadeiras na sua prática pedagógica.
O primeiro contato com a creche foi no dia 05 de novembro de 2012, onde foi
entregue a carta de recomendação e houve uma conversa informal com o soldado
responsável, já que, a coordenadora não se encontrava no momento.
O segundo contato foi realizado no dia 12 de novembro de 2012, onde fui
falar com a coordenadora e pegar os dados da escola. A mesma me recebeu muito
bem, e mostrou-se interessada no trabalho e se dispôs a me ajudar no que fosse
necessário. Em seguida me apresentou a creche e deixou marcada a nossa próxima
visita.
No terceiro dia 19 de novembro, foi observado a rotina das crianças que
começam às 07:00h da manhã com a entrada e permanência no pátio, às 07:15h
todos vão para sala de aula guardam seus materiais, às 07:30h café no refeitório,
08:00h jogos e brincadeiras dirigidas, às 09:00h parque, 10:00h saída do parque,
10:15h banho, às 11:00h almoço e em seguida todos vão ao banheiro escovar os
dentes, 12:00h a “hora do sono” que é realizado no dormitório. Às 13:30h saída do
dormitório, às 13:35h todos vão ao banheiro para fazer xixi, 13:40h arrumação para
o lanche, 13:45h lanche, 14:00h é realizado canções, histórias, conversa em rodinha
com as crianças, 14:45h começam as atividades, tarefas escritas, 15:45h saída para
o refeitório para o jantar e em seguida escovação, 16:10h voltam para sala de aula
para esperar os pais ou seus portadores, enquanto isso são oferecidos para as
crianças jogos de encaixe, quebra-cabeça, 16:30h saída.
No quarto encontro realizado na tarde do dia 26 de novembro de 2012, a
coordenadora me levou para a sala de aula do Pré II e apresentou às professoras.
Todas as crianças estavam sentadas em círculo no chão, pois estavam na hora da
rodinha. Fui apresentada para a turma por uma das professoras que me deixou a
vontade para realizar as atividades.
Aproveitando que todos estavam sentados iniciamos as apresentações em
seguida, falei um pouco com as crianças do que iria fazer com elas, e convidei para
que elas participassem de uma brincadeira, com o intuito de conhecer seus nomes.
Foi trabalhamos a música “Quem é você?” que tem como objetivo conhecer
os nomes de cada criança. Elas aprenderam rapidamente a música e participaram
com alegria. Após a música conversamos um pouco sobre as brincadeiras que eles
conheciam, perguntei quais as que elas mais gostavam de brincar na creche.
No segundo momento foi pedido que elas desenhassem no papel as
brincadeiras que eles mais gostavam de brincar com seus amigos, e todos correram
para sentar na cadeira para começar seus desenhos. Segundo Derdyk (1994, p. 48):
O desenho infantil é objeto de estudo por parte de psicólogos, pedagogos, artistas, educadores. Existem mil teorias e interpretações a respeito da produção gráfica infantil assim como vários enfoques possíveis quando ela é analisada. O desenho é a manifestação de uma necessidade vital da criança: agir sobre o mundo que a cerca; intercambiar, comunicar.
Em outro momento foi entregue os questionários às professoras e
conversamos a respeito do planejamento como eram utilizados a ludicidade na sala,
e elas me mostrou alguns materiais que tinham confeccionado como os álbuns
seriados que abordavam temas direcionados à família, higiene pessoal, eu e minha
casa.
5.3 ANÁLISE DOS DADOS
Com a proposta de obter uma maior elaboração das opiniões das educadoras
sobre a importância do lúdico no processo de ensino aprendizagem da Educação
Infantil para o desenvolvimento integral das crianças de quatro a cinco anos da
Creche, fizemos o uso de questionário composto por 6 (seis) questões subjetivas
que possibilita ao entrevistado responder com maior liberdade e também é uma
vantagem para o pesquisador, pois permite informações sobre um determinado
assunto.
As duas educadoras que responderam ao questionário tem entre trinta a
quarenta anos com formação superior completa em Pedagogia.
A maior preocupação em relação ao nível de formação dos docentes, e sua
influência na prática pedagógica é se esses estão preparados para exercer este
papel de fundamental importância na vida das crianças, que é o de orientá-las a
construírem um alicerce seguro para que futuramente venham ser cidadãos críticos-
reflexivos, bem resolvidos e inteiramente originais.
Para uma melhor compreensão, os questionários foram aqui transcritos na
íntegra, analisados individualmente e depois comentados, a partir da análise dos
aspectos comuns observados nas falas das educadoras.
Questionário da educadora A:
1- Para você é importante o lúdico enquanto processo educacional e construção do
conhecimento?
Sim, a criança aprende e se desenvolve observando tudo ao seu redor.
.2- Como o lúdico é trabalhado na escola?
Através de fantoche, teatro, cartazes, cantigas populares, cineminha, álbum seriado
e etc.
3- Você acha importante a relação da criança com o brinquedo? Por quê?
A relação da criança com o brinquedo é muito importante, pois a criança começa a
ter noções de cuidar, zelar e gostar.
4- Você acredita que o brinquedo e o ato de brincar seja fundamental no processo
de desenvolvimento da criança? Por quê?
Acho que o brincar desenvolve tanto o lado físico como o emocional.
5- Quais os brinquedos (brincadeiras) que as meninas mais gostam?
Elas preferem brincadeiras com bonecas, casinha na areia, danças, cantar,
adivinhações.
6- Quais os brinquedos (brincadeiras) que os meninos mais gostam?
Jogos de encaixar, adivinhações, bola, e ainda mais se for brincadeiras que
estimule o corpo, tais como corrida, esconde-esconde.
A educadora “A” mostrou ser consciente da importância do lúdico para o
desenvolvimento infantil e percebemos que ela respondeu com precisão, pois
juntamente com a instituição, considera sim a importância das atividades lúdicas,
assim como sua contribuição para o processo de ensino aprendizagem. E utiliza os
jogos e brincadeiras em suas atividades cotidianas com as crianças.
Ela utiliza o lúdico como algo necessário em suas atividades para que haja o
aprendizado através de fantoche, teatro, cartazes, cantigas populares, cineminha,
álbum seriado e etc.
Com referência à relação da criança com o brinquedo, a educadora considera
muito importante, pois a criança começa a ter noções de cuidar, zelar e gostar.
Concordamos com ela, pois se não houver a interação da criança com o brinquedo
nas escolas não terá desenvolvimento da criança e com isso não haverá a
possibilidade deste aprendizado. Portanto, se a escola escolher o lúdico como
instrumento de trabalho, tudo se tornará mais fácil. Podemos perceber isso quando
Almeida (1998, p. 37) diz que:
O brinquedo faz parte da vida da criança. Simboliza a relação pensamento-ação e, sob esse ponto, constitui provavelmente a matriz de toda a atividade lingüística, ao tornar possível o uso da fala, do pensamento e da imaginação. O mundo do brinquedo é um mundo composto, que representa o apego, a imitação, a representação e não aparece simplesmente como uma exigência indevida, mas faz parte da vontade de crescer, e se desenvolver.
A bola que é um brinquedo básico que os meninos mais gostam é
indispensável a qualquer criança que possa movimentar-se. A bola tem um poder
fantástico no inconsciente infantil. Ela não pode ser trocada por computadores ou
pela televisão. A bola chama a atenção das crianças entre outras coisas por
percorrer facilmente o trajeto, por ser colorida. Outro ponto a destacar é a sensação
provocada pela reação do impacto causado ao empregar velocidade à bola,
reforçando a auto-confiança, tão importante nessa fase.
O brinquedo junto à brincadeira implica uma relação cognitiva e representa a
potencialidade para interferir no desenvolvimento infantil. Se estes são instrumentos
importantes para o desenvolvimento da criança, é também instrumento para a
construção do conhecimento infantil. Conforme Almeida (1998, p.41):
A educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente, integrando-se ao mais alto espírito democrático enquanto investe em uma produção séria do conhecimento. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica, promovendo a interação social e tendo em vista o forte compromisso de transformação e modificação do meio.
De acordo com a fala da professora, vale ressaltar que o brinquedo (brincar)
permite ainda, aprender a lidar com as emoções. Pelo brincar, a criança equilibra as
tensões provenientes do seu mundo cultural, construindo sua individualidade, sua
marca pessoal, sua personalidade, enfim, o brinquedo e o brincar são sem dúvida,
fundamental na vida da criança para que a mesma se desenvolva de forma física,
intelectual, emocional, social, afetiva e cognitivamente.
A educadora menciona a boneca entre outros como o brinquedo que as
meninas mais gostam de brincar. Como miniaturas do ser humano, as bonecas
recebem a forma que o adulto aprecia e imagina que a criança vá gostar, mais se o
adulto as fez, é a criança que lhes dá vida e lhes atribui sentimentos projetando
nelas suas próprias emoções. Como afirma o autor Almeida (1998, p. 38):
Ao brincar com bonecas ou utensílios domésticos em miniatura, uma criança exercita a manipulação dos objetos, compondo-os e recompondo-os, designando-lhes um espaço e uma função, dramatizando com suas próprias relações e eventualmente seus conflitos. Grita com as bonecas, usando as mesmas palavras da mãe, para descarregar sentimentos de culpa; acaricia e afaga-as para exprimir suas necessidades de afeto. Pode escolher uma delas para amar ou odiar de modo especial, caso a boneca lembre o irmãozinho amado, ou do qual tem ciúme. Faz do brinquedo a representação, constituindo uma autêntica atividade do pensamento.
Quando as bonecas são muito perfeitas ou sofisticados, provocam admiração
e a criança, em vez de utilizá-las para a sua brincadeira de “faz-de-conta”, passa a
exibi-las. Almeida (1998, p. 37) diz que “para uma criança, quanto mais atraente ou
sofisticado for o brinquedo, mais distante estará de seu valor como instrumento de
“brincar”- quanto mais aperfeiçoados, à semelhança do real, tanto mais se desviam
da brincadeira viva”.
De acordo com a pergunta sobre a preferência dos brinquedos que os
meninos mais gostam de brincar, percebemos que o brinquedo que os meninos mais
gostam é a bola. Na verdade, a bola é o brinquedo para todas as idades. Vale pôr
um companheiro para uma criança que está só. Porque pula, rola, é um eterno
convite á ação e ao jogo.
E por fim a professora vê os brinquedos como atividades lúdicas que
desenvolve seu lado criativo e suas habilidades tornando os conteúdos escolares
mais leves e prazerosos e faz com que as crianças se sintam a vontade e nem
percebam o conteúdo repassado.
Questionário da educadora B:
1- Para você é importante o lúdico enquanto processo educacional e construção do
conhecimento?
É importante para desenvolver a inteligência da criança e sua emoções.
2- Como o lúdico é trabalhado na escola?
Fantoches, álbum seriado, cineminha, livro de pano desenvolvendo as atividades
didáticas.
3- Você acha importante a relação da criança com o brinquedo? Por quê?
Sim. Porque a criança gosta de brinquedos e objetos para brincar e criar.
4- Você acredita que o brinquedo e o ato de brincar seja fundamental no processo
de desenvolvimento da criança? Por quê?
As crianças brincando aprendem a compartilhar ideias desenvolve a imaginação e
aprendizagem.
5- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que as meninas mais gostam?
Bonecas, bambolê, brincadeiras de roda, danças, adivinhações, petecas vai e vem,
correr e pular. Competições, jogos, quebra- cabeça, carrinhos.
6- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que os meninos mais gostam?
Carrinhos, bola, bola de gude, brincadeiras de roda, danças, adivinhações, petecas,
vai e vem, correr e pular. Competições, jogos, quebra-cabeça, bambolê e
brincadeiras de encaixe.
A educadora B possui a plena consciência do valor do lúdico para uma
aprendizagem significativa. Desta forma, brincando a criança aprende de maneira
prazerosa e significativa, desenvolvendo as inteligências e suas emoções.
Vale ressaltar que é neste período (educação infantil) que a criança começa a
fazer pequenos ensaios para se descobrir e descobrir o meio em que vive, e sem o
brincar e os jogos isso não será possível. Conforme Kishimoto (2006, p. 95) “o jogo
não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar
energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e
moral”.
A professora utiliza o lúdico como algo necessário em suas atividades para
que haja o aprendizado através de fantoche, cineminha, álbum seriado, livro de pano
desenvolvendo as atividades didáticas.
Ela menciona que através do brinquedo e do ato de brincar, a criança
desenvolve a aprendizagem e compartilha ideias. Portanto, o brinquedo e seus
derivados são fundamentais e influenciáveis no processo de desenvolvimento da
criança, fatores estes que não devem ser trabalhados separadamente, pois além de
favorecer o aprendizado também possibilita a socialização entre elas.
De acordo com os brinquedos e brincadeiras que as meninas mais gostam
foram as bonecas, bambolê, brincadeiras de roda, danças, correr, pular, etc.
Percebemos que essas brincadeiras e jogos possibilitam às crianças movimentarem
seu corpo. De acordo com Almeida (1998, p. 47) “os jogos de que as crianças mais
gostam são aqueles em que seu corpo está em movimento; elas ficam contentes
quando podem movimentar-se, e é essa movimentação do corpo que torna seu
crescimento físico natural e saudável”.
As meninas preferem também bonecas macias e com flexibilidade não
valorizando tanto os detalhes da aparência. As bonecas são imprescindíveis porque
dão à criança a oportunidade de exercer poder sobre elas, de sentir-se forte e
grande como um adulto. É durante a brincadeira que o animismo entra em cena, ou
seja, a criança dá vida a todos os seus brinquedos, conversa com os mesmos, como
se estivessem vivenciando a realidade. A brincadeira é uma das necessidades
básicas para o desenvolvimento, pois, é por meio dela que procura entender o que a
cerca e a concretizar a vivência das suas fantasias. De acordo com Horn, Silva e
Pothin (2007, p.68):
Enquanto brinca, a criança transporta para a brincadeira o mundo real e vincula o brincar às regras que fazem parte do seu dia-a-dia. É comum observar-se ela representar, em suas brincadeiras, situações que presenciou em seu meio, como quando brinca com suas bonecas, assumindo o papel de mamãe e conversando com sua “filhinha”: “Vamos lá, você precisa escovar seus dentinhos, ou Já esta na hora de dormir”.
Em todas as situações, há ludicidade e desenvolvimento da coordenação dos
movimentos amplos e da sociabilidade. De acordo com as preferências dos meninos
em relação aos brinquedos e brincadeiras foram: bola de gude, carrinhos,
brincadeira de roda, danças, adivinhações, peteca, competições entre outros, são
brinquedos básicos indispensável a qualquer criança. Os carrinhos têm um poder
extraordinário no inconsciente infantil, pois através dele a criança desenvolve a sua
criatividade.
As músicas, os brinquedos da sala de aula, os jogos livres tanto utilizados
pelas professoras já são momentos de aprendizagens, porém precisam ser mais
explorados. Há também as brincadeiras de rodas, as brincadeiras de faz de conta
que basta utilizar a imaginação e a criatividade. Com referência aos jogos de faz de
conta Kishimoto (2006, p. 99) afirma que:
Nos jogos de papéis ou faz de conta, a criança é livre para escolher papéis a desempenhar e definir suas regras. Seu funcionamento é um processo que tem um fim em si mesmo. A criança brinca e tem prazer de brincar. Nesses jogos, a criança toma iniciativas, organiza ações, enfim, planeja e substitui o significado dos objetos com o objetivo de reproduzir as relações e os fenômenos observados por
ela.
Os jogos e as brincadeiras livres e dirigidas fazem parte do dia-a-dia das
creches, e, são instrumentos muito importantes para que as crianças possam
expressar diferentes sentimentos, podendo, gradativamente, aceitar a existência do
outro. Estas atividades visam melhorar a socialização entre as crianças, fazendo
com que vivenciem situações de colaboração, trabalho em equipe e respeito. Além
de proporcionarem momentos lúdicos e prazerosos, estas atividades ajudam a
construir o conhecimento, fazendo com que a criança classifique, ordene, estruture,
resolva pequenos problemas e sinta-se motivada a ultrapassar seus próprios limites.
Enquanto brinca, a criança está pensando, criando e desenvolvendo, dentre outros
fatores, o pensamento crítico.
Acreditamos que jogar pião, brincar de esconde-esconde, de amarelinha, de
pular corda, de passar anel e outras brincadeiras tradicionais devem fazer parte,
obrigatoriamente, das atividades constantes do cotidiano de uma criança.
Estimulando a construção de brinquedos criados pelas próprias crianças com
caixas, botões, sucatas, tinta, cola e outros materiais, despertando a fantasia infantil
de cada uma. Assim, de forma mágica, o brinquedo traduz o real para a realidade
infantil. Segundo Kishimoto (2006, p. 100) “os jogos de construção ganham espaço
na busca do conhecimento físico, porque desenvolvem as habilidades manuais, a
criatividade, enriquecem a experiência sensorial, além de favorecer a autonomia e a
sociabilidade”.
Brincando com outros amigos, a criança experimenta, descobre, inventa,
aprende e desenvolve habilidades. Além de estimular a curiosidade, a autoconfiança
e a autonomia, a experiência proporciona o desenvolvimento da linguagem, do
pensamento, da concentração e da atenção. Por meio dos jogos, a criança aprende
a aceitar regras, esperar sua vez, aceitar o perder da mesma forma que o ganhar,
lidar com frustrações e elevar o nível de motivação. A autora Kishimoto (2006, p. 96)
afirma que nos jogos “as crianças ficam mais motivadas a usar a inteligência, pois
querem jogar bem; sendo assim, esforçam-se para superar obstáculos, tanto
cognitivos quanto emocionais. Estando mais motivadas durante o jogo, ficam mais
ativas mentalmente”.
Por fim, pensar que, se desejamos formar seres criativos, críticos e aptos
para tomar decisões, um dos requisitos básicos é o enriquecimento do cotidiano
infantil com a inserção de brinquedos e brincadeiras. Assim, nossas crianças
realmente serão felizes.
Finalmente, o brinquedo e o ato de brincar é terapêutico e prazeroso, e o
prazer é o ponto fundamental da essência do equilíbrio humano e há nele uma
aprendizagem significativa. Pode-se dizer que a ludicidade é uma necessidade
interior, tanto da criança quanto do adulto. Por conseguinte, a necessidade de
brincar é inerente ao desenvolvimento humano como um todo. Para a criança,
brincar é viver. Esta é uma afirmativa bastante usada e, certamente, aceita. As
autoras Horn, Silva e Pothin (2007, p. 61) afirmam que:
Os educadores precisam ter clareza da metodologia de trabalho que irão desenvolver, embasando-se em parâmetros teóricos coerentes e bem definidos. Na verdade, deveria existir uma maior valorização e conscientização sobre a importância do ato de brincar em qualquer atividade programada dentro da escola.
Diante dos dados coletados a análise foi realizada por meio de duas fontes:
registro das observações, questionário com as professoras da creche Glória Cunha
Lima e os desenhos das crianças.
Diante do estudo e dos resultados da pesquisa, podemos afirmar que o
brincar não é perder tempo, é ganhá-lo, como destaca Carlos Drummond de
Andrade.
Os resultados obtidos durante a pesquisa foi satisfatório, pois foi concluído
que as atividades lúdicas estão presentes no processo de ensino-aprendizagem e
que contribuem no desenvolvimento infantil.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da pesquisa podemos destacar que o lúdico é um laboratório que
merece atenção dos pais e dos educadores, pois, é através dele que ocorrem
experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e seriedade.
Através das brincadeiras é que ocorre a descoberta de si mesmo e do outro.
Constatamos que o lúdico é um recurso pedagógico relevante no processo de
ensino-aprendizagem, porque proporciona maior interesse dos alunos pelos
conteúdos, desenvolvendo espírito critico e reflexivo, além de ser muito importante
como motivador para a compreensão e assimilação de novos conteúdos.
Concordamos que o lúdico é a grande valia para o processo de aprendizagem
Infantil, porque faz com que a criança desenvolva uma relação com o mundo sócio-
cultural do adulto, sendo o mesmo o instrumento essencial na vida da criança, pois
permite às mesmas, assimilar e recriar a sua experiência sócio-cultural. Por isso, o
professor deverá contemplar a brincadeira como princípio norteador das atividades
didático-pedagógicas, possibilitando que os conhecimentos prévios dos alunos
encontrem significado pela ludicidade presente na relação que os mesmos mantêm
com o mundo.
Vale ressaltar que os alunos do Pré II da educação infantil têm uma rica
experiência o que foi valorizada durante a execução dessa pesquisa, todavia, as
brincadeiras aplicadas contemplaram conhecimento prévio dos alunos, motivando-os
a participarem de atividades que objetivaram ampliar esses conhecimentos.
Percebemos que através do lúdico, a criança reproduz suas vivências,
emoções, transforma o subjetivo em real de acordo com seus desejos e interesses.
Nos educadores deve existir uma ação desafiadora, por se encontrarem
diretamente ligados com o educando no ambiente escolar, permitindo-lhe crescer
em suas ideias e vivências do cotidiano.
Esse estudo foi de grande, considerando que sempre pensamos como seria
uma educação de boa qualidade. Diante da pesquisa, percebemos que o lúdico é
um dos caminhos que nos leva a esse lugar – um lugar em que a educação,
independente da variedade de recursos, oportunize criar e ousar.
A falta de brincadeira pode deixar sequelas, dificuldades de aprendizagem,
relacionamentos, medos e outras ainda mais graves. Na dúvida de como lidar com
alguma dificuldade em relação ao brincar de uma criança, ou se a mesma não
brinca, é importante que se procure um profissional capacitado, como um psicólogo,
um pedagogo, um psicopedagogo para uma orientação específica.
Percebo que a arte de educar e de cuidar são características inerentes ao ser
humano, atualmente há uma preocupação em cuidar e educar as crianças desde
cedo, ela precisa de alguém que cuide e a ensine, pois ela é um ser que merece
atenção, carinho, respeito, afeto e amor. Um sujeito de direitos, situado
historicamente e que precisa ter as suas necessidades físicas, cognitivas,
psicológicas, emocionais e sociais supridas, caracterizando um atendimento integral
da criança. Ela deve ter todas as suas dimensões respeitadas.
Espera-se que esta pesquisa, além de levar os pais, professores e
profissionais da área da educação infantil a um maior aprofundamento do tema,
contribua para o desenvolvimento pessoal presente e futuro como educadora, e
principalmente como ser humano que muito aprende brincando.
REFERÊNCIAS
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ANEXOS
ANEXO A - Roteiro de Entrevista dos Professores
1- Para você é importante o lúdico enquanto processo educacional e construção do
conhecimento?
2- Como o lúdico é trabalhado na escola?
3- Você acha importante a relação da criança com o brinquedo? Por quê?
4- Você acredita que o brinquedo e o ato de brincar seja fundamental no
processo de desenvolvimento da criança? Por quê?
5- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que as meninas mais gostam?
6- Quais os brinquedos ( brincadeiras) que os meninos mais gostam?