Quebra Pedra

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  • 68 Revista Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento - Edio n 31 - julho/dezembro 2003

    Controle de qualidadede ervas medicinais

    Gabrielle MoucoAluna de graduao em Farmcia - UNIP

    [email protected]

    Maira Jardim BernardinoAluna de graduao em Farmcia - UNIP

    [email protected]

    Melnia Lopes Cornlio, Ph.DFarmacutica, Ph.D- Qumica de Produtos Naturais

    Professora Titular da Disciplina de Farmacognosia

    UNIP - Universidade Paulista-SP

    [email protected]

    Ilustraes cedidas pelos autores

    Controle de qualidade de Phyllanthus niruri L . (quebra-pedra)

    Pesquisa

    Introduo

    O controle de qualidade dadroga vegetal imprescindvel,pois muitas espcies vegetais sovendidas sem nenhuma garantiade qualidade, o que favorece des-de a venda de espcies falsificadasat o armazenamento inadequadoda droga vegetal durante a suacomercializao. A anlise aqui des-crita foi realizado com a drogavegetal adquirida e conhecida po-pularmente como quebra-pedra. Ocontrole de qualidade dessa drogavegetal foi feito a comear da suadescrio microscpica, para veri-ficar a autenticidade da espcie afim de evitar equvocos. Tambmforam realizados testes qumicospara confirmar as principais clas-ses de seus constituintes qumicosdescritos na literatura (De Souzaet. al., 2002; Duke, 2000). Os inte-resses teraputicos do Phyllanthusniruri L. provm principalmentede suas propriedades diurticaspara o combate de clculos renais.Devido a isso, esto sendo desen-volvidos vrios estudos para isolara substncia responsvel por taispropriedades, alm de elucidar amelhor maneira de tratamento(Teske et. al., 1995).

    Estudos experimentais com asfolhas e as sementes tambm tmdemonstrado a sua ao hipoglice-miante, antibacteriana e anticance-rgena. Em ensaios especiais, mos-trou-se que ativa contra o vrus dahepatite B in vivo e in vitro. Almdisso, possui a virtude de dissolver

    clculos renais, impedindo a con-trao do ureter e promovendo asua desobstruo. Desenvolve ati-vidade diurtica pela elevao dafiltrao glomerular e excreourinria dos sais de uratos (Tona et.al., 2001; Teske et. al., 1995; Ogataet. al., 1992).

    Outro estudo realizado mos-trou o efeito do Phyllanthus nirurisobre a cristalizao do oxalato declcio in vitro. Por meio desse estu-do, pde-se concluir que o extratode quebra-pedra interfere no cres-cimento e na agregao dos cristaisna urina humana, sugerindo queessa planta tem um papel potencialna preveno de clculo renal oudo desenvolvimento (Barros, 2002;Freitas et. al., 2002; Campos et. al.,1999; Dias et. al., 1995).

    Materiais e Mtodos

    1 - Dados da Amostra

    A amostra analisada foi adqui-rida em uma farmcia comercial eapresentava as folhas secas em frag-mentos de 0,5 cm a 1,0 cm.

    Apresentava uma coloraoesverdeada que indicava que aamostra havia passado por proces-so de secagem.

    2 - Controle Fsico

    Processo de Catao -Determinao da Pureza

    Esse processo visou a avaliarse a amostra apresentava material

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    estranho, partculas que no cor-respondessem droga analisada. Aquantidade de amostra analisadafoi de 25 g de material vegetal.

    3 - Descriomicroscpica

    Os fragmentos da parte da fo-lha foram submetidos a estudohistolgico, e neles foram realiza-dos cortes do tipo paradrmico etransversal

    4 - Anlise qumica

    As folhas secas foram submeti-das a processos qumicos de iden-tificao das seguintes classes deconstituintes qumicos: taninos,heterosdeos flavanodicos, hetero-sdeos saponnicos, heterosdeoantraquinnicos, alcalides e leosvolteis (Costa, 2001).

    A seguir sero apresentadas asmetodologias dos ensaios de iden-tificao das classes dos constitu-intes qumicos mencionados. Valelembrar que so testes qualitativoscom vistas a somente verificar apresena ou a ausncia do constitu-inte qumico em questo.

    4.1 - Mtodos de Identificao

    4.1.1 - Taninos

    Os taninos so substnciaspolifenlicas, polihidroxiladas, dealto peso molecular, de origens ve-getais, capazes de precipitar prote-nas, pectinas, alcalides e metaispesados em soluo aquosa (Simeset. al., 2001).

    A estrutura qumica complexana sua maioria, apresenta caracters-ticas adstringentes ao paladar e socapazes de curtir a pele dos animais,transformando-a em couro.

    Os taninos so slidos, amorfosna sua maioria, solveis em gua,lcool, glicerina e polietilenoglicol.So insolveis em solventes orgni-cos apolares.

    Classifica-se em glicos, hi-drolisveis, catequnicos ou con-densados.

    Extrao Genrica de Taninos

    Pesou-se cerca de 2g da droga(quebra-pedra) pulverizada;

    Extraram-se os taninos comcerca de 40 mL de gua destilada,deixando-a ferver durante, aproxi-madamente, 2 minutos;

    Filtrou-se em papel de filtro,procurando manter o p no fundodo recipiente;

    Repetiram-se mais duas extraes,com cerca de 10 mL de gua cada;

    Filtrou-se novamente, como in-dicado anteriormente;

    Utilizou-se o filtrado para asreaes de identificao seguintes.

    Reao com Cloreto Frrico

    Em um tubo de ensaio colo-cou-se cerca de 1,0 mL da soluoextrativa e adicionaram-se-lhe 5,0mL de gua destilada e uma gota decloreto frrico 2% (escorrendo-opela parede do tubo).

    Foi necessrio que se obser-vasse a formao de um precipita-do ou o aparecimento de colora-es: preta, verde, azul, conforme otipo de estrutura qumica.

    Reao com Soluo Aquosa deAlcalides

    Em um tubo de ensaio colo-cou-se 1,0 mL da soluo extrativa,diluda a uma proporo 1:5. Adici-onaram-se-lhe 5 gotas de cido clo-rdrico a 5% e 1 ou 2 gotas desoluo de sulfato de alcalides.

    Esperou-se para observar a for-mao de um precipitado brancoou castanho esbranquiado.

    Reao com Acetato Neutro deChumbo

    Em um tubo de ensaio colo-cou-se 1,0 mL da soluo extrativadiluda na proporo 1:5. Adicio-naram-se-lhe 1 ou 2 gotas de solu-o aquosa de acetato neutro dechumbo a 10%.

    Esperou-se para observar a for-mao de um precipitado castanhoavermelhado volumoso e denso.

    Reao com Soluo de Acetatode Cobre

    Em um tubo de ensaio colo-cou-se cerca de 1,0 mL de soluoextrativa diluda na proporo de1:5. Adicionaram-se-lhe 1 ou 2 go-tas de soluo aquosa de acetato decobre a 5%.

    Esperou-se para se observar aformao de um precipitado casta-nho avermelhado.

    Reaes Especficas deTaninos:

    Reao com Acetato dechumbo e cido Actico

    Glacial

    Em um tubo de ensaio coloca-ram-se cerca de 3 mL de soluoextrativa e adicionaram-se-lhe cer-ca de 2 ml de cido actico glaciala 10% e 3 mL da soluo de acetatode chumbo a 10%.

    Esperou-se para observar a for-mao de um precipitado castanhoavermelhado que indicasse a pre-sena de taninos glicos.

    Obs: A adio de cido acticoimpede a precipitao de taninoscatequnicos.

    Reao com Reativo deWasicky

    Eliminou-se o precipitado dareao com acetato de cobre (ante-rior) por filtrao e utilizou-se ofiltrado.

    Adicionaram-se cerca de 0,5mL de soluo de poli-metil-amino-benzaldedo. Esperou-se para ob-servar a formao de um precipita-do carmim ou rseo que indicasse apresena de tanino catequnico.

    4.1.2 Saponinas

    Saponinas so glicosdeos deesterides ou terpenos policclicos.Esse tipo de estrutura, que possuiuma parte lipoflica (triterpeno ouesteride) e outra hidroflica (a-cares), determina a propriedade dereduo da tenso superficial da

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    gua, caracterstica de suas aesdetergente e emulsificante (Simeset. al., 2001).

    Extrao Genrica dasSaponinas

    Em um aparelho de refluxocolocaram-se 90 mL de extrato aquo-so 1% da droga.

    Adicionaram-se-lhe cerca de 10mL de cido clordrico.

    Deixou-se o processo em re-fluxo por aproximadamente umahora para, em seguida, deslig-lo edeix-lo esfriar.

    Transferiu-se o lquido para umfunil de separao de 200 mL eadicionaram-se-lhe 50 mL de cloro-frmio. Repetiu-se a extrao comclorofrmio por mais duas vezes.

    Reduziu-se o volume a 75 mLem banho-maria.

    Processos Gerais deIdentificao de Saponinas

    Obs.: Para cada reao de iden-tificao, evaporou-se cerca de 5mL da fase orgnica obtida anteri-ormente.

    Reao de Rossol: No tubo deensaio onde se realizou a evapora-o de 5 mL da fase orgnica, adici-onou-se uma gota de cido sulfri-co concentrado.

    Esperou-se para observar oaparecimento de uma colorao ver-melha ou violeta que indicasse apresena da sapogenina.

    Reao de Mitchell: No tubode ensaio onde se realizou a evapo-rao de 5 mL da fase orgnica,adicionou-se uma gota de cidosulfrico concentrado e vestgiosde nitrato de prata.

    Esperou-se para observar o apa-recimento de uma colorao aver-melhada que indicasse a presenade sapogenina.

    Reao de Rosenthalen: Notubo de ensaio onde se realizou aevaporao de 5 mL da fase orgni-ca, adicionaram-se uma ou duas

    gotas de soluo de vanilina a 1%em cido clordrico.

    Esperou-se para observar oaparecimento de colorao azul quese desenvolvesse somente a quente.

    Reao com Reativo deSulfo-vanlico: No tubo de en-saio onde se realizou a evapora-o de 5 mL da fase orgnica,adicionaram-se uma ou duas go-tas de soluo de vanilina 1% emcido sulfrico.

    Esperou-se para observar oaparecimento de colorao violeta-azulada.

    Reao de Liebermann: Notubo de ensaio onde se realizoua evaporao de 5 mL da faseorgnica, dissolveu-se o resduoem 2 mL de cido actico glacial.Adicionaram-se-lhe 1 ou 2 gotasde cloreto frrico a 3%. Em se-guida, verteram-se , pela parededo tubo, 1 ou 2 mL de cidosulfrico sem agitar . Na superf-cie de contato entre os dois l-quidos, poderia formar-se umanel com colorao pardo-aver-melhada ou verde, que indicariaa presena de derivados esteroi-dais, ou com colorao azul, queindicaria a presena de deriva-dos triterpenides.

    4.1.3- Flavonides

    Os flavonides, biossintetiza-dos a partir da via dos fenilpropa-nides, constituem uma importanteclasse de polifenis, presentes comrelativa abundncia entre osmetablitos secundrios de vege-tais (Simes et. al. 2001).

    Extrao Genrica deCompostos Flavonodicos:

    Pesaram-se cerca de 2,0 g dadroga;

    Colocada em um bquer, adici-onaram-se-lhe cerca de 15 mL deetanol a 75%;

    Foi fervida por alguns minutos;Em seguida, foi esfriada e fil-

    trada em papel de filtro;

    Reservou-se esse extrato paraexecutar as reaes gerais de iden-tificao.

    Reaes Genricas deIdentificao de Flavonides

    Reao de Shinoda: Adicio-naram-se cerca de 5 mL do extratoem um tubo de ensaio que continhauma pitada de magnsio metlico.Acrescentaram-se-lhe 0,5 - 1,0 mLde cido clordrico.

    Observou-se o desenvolvimen-to de colorao rsea-avermelhadaindicaria a presena de flavonis;violeta indicaria a presena deflavanonas e laranja indicaria a pre-sena de flavonas.

    Obs.: O desenvolvimento dacor pode ocorrer imediatamente ouaps algum tempo.

    Reao com Cloreto de Alu-mnio: Sobre um papel de filtro,demarcaram-se duas reas A e B.Depositaram-se em cada uma de-las algumas gotas do extrato dadroga e esperou-se secar. Em se-guida, colocou-se em uma das re-as 1 gota de soluo de cloreto dealumnio 5% em etanol. Eliminou-se o etanol. Verificou-se o com-portamento da substncia nas duasreas frente luz ultravioleta. Ob-servou-se o aspecto fluorescenteque indicasse a presena deflavonides.

    Reao com Cloreto Frri-co: Diluiu-se o extrato com gua naproporo de 1:5, em seguida, co-locaram-se em dois tubos de ensaio5 mL do extrato diludo. Adicionou-se pela parede de um dos tubos 1gota de cloreto frrico 2%.

    Esperou-se para observar o de-senvolvimento de cor, que poderiavariar entre verde, amarelo-casta-nho e violeta, de acordo com o tipode composto flavonodico.

    Reao com Hidrxido deSdio: Diluiu-se o extrato na pro-poro de 1:5. Colocaram-se 5 mLdesse extrato diludo em um tubode ensaio e adicionaram-se-lhe 1

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    ou 2 gotas de NaOH 5%.Observou-se o desenvolvimen-

    to de colorao amarela, que variade intensidade.

    4.1.4- GlicosdeosAntraquinnicos

    So compostos naturais encon-trados sob forma glicosdica oulivres derivados do ncleo antra-cnico. Relacionam-se diretamen-te com antraquinona, uma dicetonainsaturada. Possuem ao catrticae so classificadas, como catrticoestimulante (Akisue, 2002).

    Extrao dos glicosdoesantraquinnicos

    Reao de Borntreger: Pesou-se cerca de 1g da droga, adiciona-ram-se-lhe cerca de 20 mL de etanola 75% e foi aquecida durante 2minutos em banho-maria.

    Em seguida, realizou-se a fil-trao em funil simples e adicio-naram-se ao filtrado cerca de 2mLde cido sulfrico que foi leva-do ao banho-maria durante 1 mi-nuto.

    Deixou-se o filtrado acidificadoesfriar.

    Realizou-se a extrao em umfunil de separao com 10 mL deacetato de etila, e repetiu-se a ex-trao por mais duas vezes.

    Mediram-se cerca de 5 mL dafase orgnica e adicionaram-se-lhecerca de 1 ou 2 gotas de hidrxidode amnio.

    Esperou-se para observar a for-mao de uma colorao amarela,que indicasse a presena da antra-quinona na forma reduzida, ou ver-melha, que indicasse a presena daantraquinona na forma oxidada.

    Reao com Hidrxido desdio: Pesaram-se 0,5 g de dro-ga, que foi colocada em um vidrode relgio e adicionaram-se-lhealgumas gotas de hidrxido desdio a 0,5%.

    Esperou-se para observar oaparecimento de uma coloraoamarelada, que indicasse a pre-

    sena da antraquinona na formareduzida, ou de uma coloraoavermelhada que indicasse a pre-sena da antraquinona na formaoxidada.

    4.1.5 - Alcalides

    Os alcalides que contm umtomo de nitrognio em um anelheterocclico so chamados dealcalides verdadeiros e so classi-ficados de acordo com o sistemaanelar presente na molcula. Assubstncias com o tomo de nitro-gnio que no pertena a um siste-ma heterocclico so denominadosde protoalcalides.

    Compostos nitrogenados come sem anis heterocclicos, que noso derivados de aminocido, sochamados de pseudoalcalides(Simes et. al., 2001).

    Mtodos de Identificao deAlcalides

    Pesar cerca de 1g da droga emum bquer, adicionar 30 mL desoluo de HCL 1,5% e aquecer poraproximadamente 3 minutos. Emseguida, filtrar o sobrenadante emalgodo e transferir o filtrado paraum funil de separao.

    Testes de Identificao

    Alcalinizar o filtrado obtidoanteriormente com soluo deHidrxido de Amnio (NH

    4OH)

    at atingir um pH entre 9 e 10(utilizar papel tornassol para de-terminar o pH).

    Em seguida, adicionar ao filtra-do alcalinizado cerca de 15 mL deClorofrmio (CHCl

    3) e agitar para

    que os alcalides presentes passempara a poro orgnica. Colocarcinco gotas do extrato em cadacpsula de porcelana, coloc-las emuma chapa e esperar secar, apsisso, dissolver o resduo com 4 go-tas de soluo de HCl 1,5% emtodas as cpsulas e em cada umaadicionar o reagente de identifica-o de alcalides:

    Reagente de Sheibler - Adicio-

    nar algumas gotas sobre o resduo eobservar desenvolvimento de colo-rao amarelo claro.

    Reagente de Bourchardat - Adi-cionar algumas gotas sobre o res-duo e observar o desenvolvimentode colorao amarelo tijolo.

    Reagente de Bertrand - Adicio-nar algumas gotas sobre o resduo eobservar o desenvolvimento de co-lorao amarelo tijolo.

    Reagente de Mayer - Adicionaralgumas gotas sobre o resduo eobservar desenvolvimento de umprecipitado floculoso branco.

    Reagente de Dragendorff - Adi-cionar algumas sobre o resduo eobservar desenvolvimento de colo-rao amarelo tijolo.

    4.1.6 - leos volteis

    Os leos volteis so definidoscomo produtos obtidos de partes deplanta por meio da destilao porarraste com vapor dgua. So mis-turas complexas de substncias vo-lteis lipoflicas, geralmente odor-feras e lquidas (Simes et. al., 2001).

    Pesar cerca de 1 g da droga aser analisada, colocar em um gralde vidro, adicionar cerca de 1 mL deetanol absoluto e triturar. Pingaruma gota em um papel de filtro,evaporar e sentir o aroma, o qualindica a presena de leos volteis.

    5 - Resultados

    Na amostra continha fragmen-tos de folhas e caules de tamanhosque variavam de 0,1 a 1,0 cm detamanho.

    Observou-se que em 25 g daamostra que 0,75 g correspondia afragmentos de materiais estranhos planta. A Farmacopia Brasileirarecomenda que a porcentagem dematerial estranho de outra parte daplanta tenha um limite de tolernciaem torno de 10%.

    A anlise microscpica da dro-ga vegetal atravs dos corteshistolgicos e a sua descriomacroscpica foram comparadascom dados da literatura, o que per-mitiu confirmar que a droga vegetal

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    em anlise era mesmo a espciePhyllanthus niruri L (Souza, 2003).

    Nos testes realizados para iden-tificar os taninos, foi usada comodroga padro o cajueiro (Anacardiumoccidentale), droga vegetal que temcomo principais constituintes qumi-cos os taninos, e a droga em estudono indicou a presena de taninosnos testes realizados (Tabela-1).

    5.1 - Saponinas

    Para as reaes de identifica-o de heterosdeos saponnicosfoi utilizada como droga padro aquilaia (Quilaia saponaria) paracompar-la com a droga em estudo.Os resultados demonstraram que aP. niruri no possui saponinas (Ta-bela-2).

    5.2 - Flavonides

    Para as reaes de identificaode flavonides, utilizou-se como dro-ga padro a Ginkgo (Ginkgo biloba). Os resultados das anlises mostra-ram que a espcie P. niruri apresen-tou flavonides na sua composioqumica, de acordo com que se podeobservar na tabela (Tabela-3).

    .socinniuqartnasoedsocilgedaicnsuauoaneserpadseaersadodatluseR-4alebaT

    sovitaeR sillomardnahpromiD irurinsuhtnallyhP

    regertnroB ohlemrev ohlemrevoidSedodixrdiH ohlemrev ohlemrev

    .socinnopassoedsocilgedaicnsuauoaneserpadsavitacidniseaersadsodatluseR-2alebaT

    sovitaeR airanopasaialiuQ irurinsuhtnallyhP

    lossoR + -llehctiM + -nelahtnesoR + -

    ocilnaV-ofluSovitaeR + -nnamrebeiL + -

    aneserp)+(aicnsua)-(

    .socidonavalfsoedsocilgedaicnsuauoaneserpadsavitacidniseaersadodatluseR-3alebaT

    sovitaeR abolibogkniG irurinsuhtnallyhP

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    ocirrFoterolC ODAHNATSACA-OLERAMA )lonovalf( )sanovalf(EDREV

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    mesoninatedaicnsuauoaneserpadsavitacidniseaersadsodatluseR-1alebaT irurin.P

    sovitaeR elatnediccomuidracanA irurinsuhtnallyhP

    )siareG(ocirrFoterolcmocoaeR LUZAODATIPICERP -edasouqAouloSmocoaeR

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  • Revista Biotecnologia Cincia & Desenvolvimento - Edio n 31 - julho/dezembro 2003 73

    5.3 - GlicosdeosAntraderivados

    Para os resultados das rea-es indicativas da presena ouausncia foi utilizada como drogapadro o faveiro (Dimorphandramollis ) e a droga vegetal emanlise - P. niruri apresentou,na sua composio qumica,indicativo da presena de glicos-deos antraquinnicos na formaoxidada, como podemos observarna tabela (Tabela-4).

    5.4 - Alcalides

    Para as reaes de identifica-o de alcalides, utilizou-se comodroga padro a quina (Chichonacalisaya) e a espcie P. niruri emestudo apresentou resultado posi-tivo na presena dos reativos paraalcalides, como se pode observarna tabela (Tabela-5).

    5.5 - leos Volteis

    No teste realizado para indi-car a presena ou ausncia deleos volteis, no foi possvel,por meio dele, verificar a presen-a de leos volteis na espcie emanlise - P. niruri

    6 - Discusso

    Por meio das anlises realiza-das, foi possvel identificar a dro-ga vegetal em estudo comoPhyllanthus niruri (quebra-pe-dra). Antes de se utilizar qualquerdroga no preparo de medicamen-tos, deve-se submet-la a umaanlise rigorosa. A identificao ea pureza da droga, bem como aavaliao de seus princpios ati-vos so tarefas indispensveisqueles que buscam produtos dequalidade.

    De acordo com a literatura, oPhyllanthus niruri apresenta emsua constituio substncias comoglicosdeos antraquinnicos, fla-vonides e alcalides, alm deoutras que no foram investigadas

    no presente trabalho, mas que sesabe fazem parte da constituioqumica da planta. Acredita-se quealgumas dessas substncias sejamresponsveis pelo efeito terapu-tico atribudo ao quebra-pedra,porm no se sabe ao certo qualdessas substncias especifica-mente a responsvel por tal pro-priedade. Assim, os constituin-tes ident i f i cados na an l i sefitoqumica foram suficientes paraafirmarmos que a planta utilizadaera realmente o Phyllanthusniruri, sendo identificada a drogacomo verdadeira.

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