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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Director Fernando de Sousa Director-adjunto JosØ Manuel Viegas N”1105 20 ABRIL 2001 SEMANAL 100$ - 0,5 Quem disse ? Sociedade & País PS em Movimento «A saœde Ø um negócio muito poderoso para muita gente» Manuela Arcanjo DiÆrio de Notícias 18 de Abril Alhandra Guterres apresenta Moçªo O secretÆrio-geral do PS participou na quarta-feira em Alhandra, Vila Franca de Xira, num debate com os militantes da FAUL para apresentaçªo da sua Moçªo ao próximo Congresso Nacional. Acompanhado de Edite Estrela, presidente da Federaçªo da `rea Urbana de Lisboa (FAUL), e de Maria da Luz Rosinha, António Guterres manifestou a vontade de que o próximo Congresso fosse virado para as questıes do futuro, repetindo a tese da necessidade de renovaçªo e rejuvenescimento dos órgªos dirigentes do partido. Perante uma plateia de cerca de quinhentos militantes, Guterres definiu como prioridade o combate «às resistŒncias às reformas». Referindo-se à Reforma Fiscal advertiu «ter consciŒncia que essas resistŒncias serªo muitas». Para o secretÆrio-geral, o Governo teve a coragem para avançar com a Reforma Fiscal enfrentando o sector minoritÆrio dos «grandes interesses», adiantando que esse sector «tem movido o cØu e a terra contra o Governo e o PS por causa da Reforma Fiscal» e por passarem a pagar impostos. «Todos sabemos qual Ø o poder do dinheiro, mas só havia dois caminhos: ou o Governo tinha medo e recuava, ou tinha coragem para avançar e seguir o caminho que Ø justo», salientou. Salientando que a reforma Ø uma questªo de justiça Guterres, recordou que as pessoas estªo e estiveram sempre em primeiro lugar. Dirigindo-se directamente aos trabalhadores por conta de outrem, Guterres exortou-os a pegarem nos seus recibos de vencimento do mŒs de Março e compararem-nos com os do passado mŒs de Dezembro. «Os trabalhadores por conta de outrem verificarªo que descontaram em Março uma percentagem mais pequena do seu salÆrio em termos de IRS», observou, antes de salientar que, com a Reforma Fiscal, 1,6 milhıes de portugueses se encontram isentos do pagamento de IRS. A Lei de Bases da Saœde estÆ pronta e vai seguir para audiçªo dos parceiros sociais na próxima semana, anunciou a ministra da Saœde, Manuela Arcanjo no final do debate parlamentar de quarta-feira. Na interpelaçªo ao governo sobre política de saœde, agendada pelo PSD, Manuela Arcanjo recordou as medidas jÆ tomadas pela sua equipa ministerial, salientando «a melhoria das acessibilidades», mais uma vez em relaçªo ao Programa de Promoçªo do Acesso (PPA). Para o primeiro-ministro, António Guterres que assistiu à primeira parte da interpelaçªo do PSD ao Governo, a resoluçªo dos problemas da saœde Ø complexa mas o Governo tem uma estratØgia para os solucionar, ao contrÆrio da oposiçªo. Federaçıes exigem Pacote de descentralizaçªo Os presidentes das federaçıes distritais do PS decidiram no dia 18 exigir ao Governo e ao Grupo Parlamentar socialista a rÆpida concretizaçªo do pacote de descentralizaçªo e desconcentraçªo de poderes. Esta foi a principal conclusªo de uma reuniªo que juntou a direcçªo do PS, representada por Jorge Coelho, Armando Vara, António Galamba e Fausto Correia, e os presidentes de federaçıes socialistas. Informatizaçªo da justiça Ajuda on-line O ministro António Costa afirmou, no dia 16, respondendo on line às questıes que lhe foram colocadas, que o novo Portal do MinistØrio da Justiça, em http://www.mj.gov.pt, vai «ajudar a justiça a aproximar-se das pessoas». No diÆlogo, garantiu que os tribunais estarªo informatizados em Dezembro de 2001 e os registos e notariados em Dezembro de 2002.

Quem disse - as.ps.pt · Dezembro de 2002. AC ... de objectivos ambiciosos de ... O mesmo sector que «tem movido o cØu e a terra contra o Governo e o PS por causa da reforma fiscal»

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Internet: http//www.partido-socialista.pt/partido/imprensa/as/ E-mail: [email protected] Fernando de Sousa � Director-adjunto José Manuel Viegas

Nº1105 � 20 ABRIL 2001 � SEMANAL � 100$ - 0,5

Quem disse ?

Sociedade & País PS em Movimento

«A saúde é um negóciomuito poderoso paramuita gente»

Manuela ArcanjoDiário de Notícias18 de Abril

Alhandra

GuterresapresentaMoçãoO secretário-geral do PSparticipou na quarta-feira emAlhandra, Vila Franca de Xira, numdebate com os militantes da FAULpara apresentação da sua Moçãoao próximo Congresso Nacional.Acompanhado de Edite Estrela,presidente da Federação da ÁreaUrbana de Lisboa (FAUL), e deMaria da Luz Rosinha, AntónioGuterres manifestou a vontade deque o próximo Congresso fossevirado para as questões do futuro,repetindo a tese da necessidadede renovação e rejuvenescimentodos órgãos dirigentes do partido.Perante uma plateia de cerca dequinhentos militantes, Guterresdefiniu como prioridade ocombate «às resistências àsreformas». Referindo-se àReforma Fiscal advertiu «terconsciência que essasresistências serão muitas».Para o secretário-geral, o Governoteve a coragem para avançar coma Reforma Fiscal enfrentando osector minoritário dos «grandesinteresses», adiantando que essesector «tem movido o céu e a terracontra o Governo e o PS porcausa da Reforma Fiscal» e porpassarem a pagar impostos.«Todos sabemos qual é o poderdo dinheiro, mas só havia doiscaminhos: ou o Governo tinhamedo e recuava, ou tinhacoragem para avançar e seguir ocaminho que é justo», salientou.Salientando que a reforma é umaquestão de justiça Guterres,recordou que as pessoas estãoe estiveram sempre em primeirolugar. Dirigindo-se directamenteaos trabalhadores por conta deoutrem, Guterres exortou-os apegarem nos seus recibos devencimento do mês de Março ecompararem-nos com os dopassado mês de Dezembro.«Os trabalhadores por conta deoutrem verificarão quedescontaram em Março umapercentagem mais pequena doseu salário em termos de IRS»,observou, antes de salientar que,com a Reforma Fiscal, 1,6 milhõesde portugueses se encontramisentos do pagamento de IRS.

A Lei de Bases da Saúde está pronta e vai seguirpara audição dos parceiros sociais na próximasemana, anunciou a ministra da Saúde, ManuelaArcanjo no final do debate parlamentarde quarta-feira.Na interpelação ao governo sobre política desaúde, agendada pelo PSD, Manuela Arcanjorecordou as medidas já tomadas pela sua equipaministerial, salientando «a melhoria dasacessibilidades», mais uma vez em relação aoPrograma de Promoção do Acesso (PPA).Para o primeiro-ministro, António Guterres queassistiu à primeira parte da interpelação do PSD aoGoverno, a resolução dos problemas da saúde écomplexa mas o Governo tem uma estratégia paraos solucionar, ao contrário da oposição.

Federações exigem

Pacote de descentralizaçãoOs presidentes das federações distritaisdo PS decidiram no dia 18 exigir aoGoverno e ao Grupo Parlamentarsocialista a rápida concretização dopacote de descentralização edesconcentração de poderes.Esta foi a principal conclusão de umareunião que juntou a direcção do PS,representada por Jorge Coelho,Armando Vara, António Galamba eFausto Correia, e os presidentes defederações socialistas.

Informatização da justiça

Ajuda on-lineO ministro António Costa afirmou,no dia 16, respondendo on line àsquestões que lhe foram colocadas,que o novo Portal do Ministério daJustiça, em http://www.mj.gov.pt,vai «ajudar a justiça a aproximar-sedas pessoas».No diálogo, garantiu que ostribunais estarão informatizadosem Dezembro de 2001 e osregistos e notariados emDezembro de 2002.

ACÇÃO SOCIALISTA 2 20 ABRIL 2001

A SEMANA

SEMANA

MEMÓRIAS ACÇÃO SOCIALISTA EM 1983

EDITORIAL A Direcção

A Reforma Fiscalé um símbolo de justiça

António Guterres, nas suas intervenções públicas de apresentação da sua Moção deEstratégia Global «PS � uma aposta de futuro», tem vindo a salientar a importância e anecessidade em imprimir na nossa sociedade um espírito reformista baseado na definiçãode objectivos ambiciosos de emancipação, de justiça e de solidariedade.Um exemplo mais recente desta estratégia reformista é precisamente a reforma fiscal, deimportância decisiva para a nossa vida futura. Contudo esta estratégia reformista tem-seconfrontado com a resistência do sector minoritário dos «grandes interesses».O mesmo sector que «tem movido o céu e a terra contra o Governo e o PS por causa dareforma fiscal» e por passarem a pagar impostos � é o poder do grande dinheiro contra amelhoria de vida dos portugueses, sobretudo dos que mais pagam impostos.Mas foi precisamente a pensar, exactamente, na melhoria de vida dos portugueses, dostrabalhadores por conta de outrem, das classes médias, das empresas cumpridoras queo Governo aprovou, no último Natal, a reforma fiscal.Esta Reforma Fiscal é um símbolo de justiça e de solidariedade, com a maior redução dosimpostos sobre o rendimento (para quem realmente paga os seus impostos) desde o 25de Abril.Mas para isso ser possível há agora novas regras. Com estas novas regras, muita genteque tem vindo a fugir às suas obrigações fiscais não poderá continuar a fazê-lo e terámesmo de pagar os seus impostos.Assumindo a coragem para mudar e a responsabilidade pela mudança, o Governo temafrontado, sempre que necessário, a lógica dos «lobbies» e dos interesses. Os governossocialistas têm tido a capacidade de enfrentar questões, de não as esconder e de apresentaras medidas necessárias para corrigir injustiças, mesmo que essas injustiças durem hádécadas; nunca é tarde para as corrigir.O PS há muito que considera prioritária a reforma fiscal em ligação estreita com aconsolidação das finanças públicas � de modo a que a despesa e a receita públicaconstituam factores de equidade e eficiência.Este desígnio tem vindo a ser concretizado através do combate à fraude e à evasão,reduzindo a carga fiscal para os trabalhadores por conta de outrem, as classes médias eas empresas cumpridoras, reforçando as garantias dos cidadãos e adequando a tributaçãodo rendimento das pessoas singulares e colectivas a critérios de eficiência e de justiça. Doque se trata, efectivamente, é de reforçar os critérios de rigor, de racionalidade e de confiança.

Negócio EstrangeirosPresidência portuguesa da UE em revista

Jaime Gama evocou recentemente apresidência portuguesa da UniãoEuropeia (UE) no primeiro semestre de2000 ao apresentar a súmula dostrabalhos então desenvolvidos, comchancela do Ministério dos NegóciosEstrangeiros.Numa cerimónia realizada, a 4 de Abril,nos salões do Protocolo de Estado doPalácio das Necessidades, muitoconcorrida nomeadamente por diplo-matas portugueses e estrangeiros, Gamalançou também o primeiro número darevista «Negócios Estrangeiros».O governante classificou de «feliz» adivulgação simultânea das duaspublicações, das quais a votada àpresidência da UE, com mais de 500

páginas, classificou de «importante» paraa história da diplomacia nacional.No caso da revista, lembrou que renovaintenções anteriores do Palácio dasNecessidades, agora «testemunhando opapel dos diplomatas portugueses e demuitos interessados na discussão dosgrandes temas da política externa».Jaime Gama acentuou a «plena liberdadeeditorial» que preside a esta publicaçãodo Instituto Diplomático e a colaboraçãode muitos jovens diplomatas lusos,representados de modo «heterodoxo».«A revista é um grande espaço de debatee espero que, juntamente com outras,com as quais compete, constitua umestímulo para o relacionamento dosportugueses no mundo», disse.

InternetEstado compra on-line

O Governo socialista disponibilizou paraconsulta pública na Internet, emwww.mct.pt, o relatório sobre aquisição debens por via electrónica pela administraçãopública.Até ao dia 8 de Maio, os interessadospoderão avaliar on line as opções dogoverno sobre a aquisição de bens por viaelectrónica, com base num relatórioelaborado por um grupo de trabalhopresidido por João Caupers.Os objectivos desta iniciativa são, segundoum comunicado do Ministério da Ciênciae da Tecnologia, «generalizar a compraelectrónica de bens e serviços daAdministração Pública, de forma adesburocratizar, racionalizar e maximizar apublicitação de concursos eadjudicações».Estes objectivos já tinham sido enunciadosantes (na Resolução de Conselho de

Ministros 143/2000 ou no Plano de Acçãoda Iniciativa Internet), sublinhando-se quea aquisição de bens e serviços por viaelectrónica permitiria ao Estado reduzircustos, racionalizar meios e diminuir aburocracia.Segundo o comunicado, são várias asopções que se colocam para concretizaresta «revolução digital», a começar pelaescolha da plataforma tecnológica.De acordo com o relatório, a plataformadeverá ter um carácter aberto, assegurar amanutenção de um cadastro dosfornecedores do Estado e incentivar o usode catálogos electrónicos, garantindo apossibilidade de comparar e escolher amelhor oferta.Quanto à gestão do sistema de aquisiçãoelectrónica, o relatório analisa três modelos:público, privado ou uma parceria entreambos.

MoçambiquePortugal disponível para conferência doadores

O secretário de Estado dos NegóciosEstrangeiros e Cooperação português, LuísAmado, assegurou, no dia 18, em Maputo,que Portugal está disponível para participarna nova conferência de doadores que ogoverno moçambicano tenciona realizarem Maio.«Seguramente iremos acompanhar aconferência de doadores», disse à LuísAmado que tornava assim pública aprimeira posição a nível da comunidadeinternacional para ajudar Moçambique nostrabalhos de reconstrução e reabilitaçãodas zonas afectadas pelas cheias desteano.A realização de uma nova conferência dedoadores, à semelhança da efectuada o anopassado, em Roma, foi anunciada nasemana passada pelo Conselho Coorde-

nador de Gestão de Calamidades, um órgãodo Instituto Nacional de Calamidades deMoçambique que coordena a ajudahumanitária às vítimas das cheias.Nas suas declarações, Luís Amado realçouque «Portugal, sempre que está em causaMoçambique, tem acompanhado asposições da comunidade internacional»,mas salientou ser necessário conhecer assolicitações do governo moçambicanopara avaliar as disponibilidades.«Temos neste momento algumas limitaçõesdecorrentes da forte intervenção queestamos a fazer em Timor-Leste, a queacresce a disponibilização dos 18 milhõesde dólares que agora vamos formalizar.Mas, seguramente, vamos acompanhar aconferência» sublinhou o governanteportuguês.

VAMOS VENCER A CRISEE SALVAR PORTUGAL

Esta edição do «Acção Socialista» davagrande destaque à festa comemorativado 10º aniversário do Partido Socialista,realizada no Coliseu dos Recreios.«Uma noite de festa, de juventude, deintensa emoção, um grande espectáculode fraternidade, em que, de novo, esteveem evidência o rosto humano doSocialismo Democrático». Era assimdescrita a festa que encheu por completoo Coliseu para ouvir as intervenções deTito de Morais e de Mário Soares.«Recebido com prolongados aplausos,Tito de Morais, um dos fundadores do PS,falou dos 10 anos do Partido» aproveitandopara evocar a memória de outrosfundadores e fazer um destaque dos 10principais momentos da vida do PS.Mário Soares encerrou este dia de festasocialista afirmando - «tenhamos confiançano futuro, no bom senso e no patriotismodo Povo português. Juntos vamosconseguir. Viva o PS! Viva Portugal!»

21 de Abril

Quem disse

«O que precisamos é que todos os queforem solicitados dêem um passo à frentepara servir o seu país e o PartidoSocialista»Mário Soares, durante a campanhaeleitoral no Buçaco

20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA3

TEMOS UMA POLÍTICA DE SAÚDEPARA A LEGISLATURA

POLÍTICA

SAÚDE Debate parlamentar

A Lei de Bases da Saúde estápronta e vai seguir para audiçãodos parceiros sociais na próximasemana, anunciou a ministra daSaúde, Manuela Arcanjo no final dodebate parlamentar de quarta-feira.Na interpelação ao governo sobrepolítica de saúde, agendada peloPSD, Manuela Arcanjo recordou asmedidas já tomadas pela suaequipa ministerial, salientando «amelhoria das acessibilidades»,mais uma vez em relação aoPrograma de Promoção do Acesso(PPA).Para o primeiro-ministro, AntónioGuterres que assistiu à primeiraparte da interpelação do PSD aoGoverno, a resolução dosproblemas da saúde é complexamas o Governo tem uma estratégiapara os solucionar, ao contrário daoposição.

primeiro-ministro, António Gu-terres e a ministra da Saúde,Manuela Arcanjo estiveramquarta-feira no parlamento para

discutir a política seguida pelo governo nosector. A interpelação ao governo resultoude uma iniciativa do PSD, tendo opresidente do partido, Durão Barrosoprovado, mais uma vez, a ausência deestratégia e de alternativa à política doGoverno.Reconhecendo um «maior investimento» nosector, Barroso tentou centrar as acusaçõesno primeiro-ministro, numa tentativa de oassociar, sem êxito, ao debate.Já António Guterres que assistiu, como éhábito nas interpelações da oposição sedirigem a matérias específicas de cadaministério, à primeira parte do debateafirmou que a resolução dos problemas dasaúde é complexa e garantiu que oGoverno tem uma estratégia para ossolucionar, ao contrário da oposição quenão apresenta quaisquer propostascredíveis para a saúde.Para exemplificar a complexidade dosproblemas do sector, Guterres invocou osseis anos que um médico leva para seformar. «Estes problemas não se resolvemde um dia para o outro é preciso umaestratégia e a nossa ministra da saúde temessa estratégia», afirmou, referindo-sedirectamente a Manuela Arcanjo.Ao longo de quatro horas, Manuela Arcanjoouviu as críticas dos deputados daoposição e, segundo disse, asmanifestações de apoio dos socialistas.Apesar das críticas da oposição, a ministrada Saúde pode contar sempre com o apoioda bancada socialista. Para o deputadoJoão Sobral: «A bancada assume a políticado governo e não tem qualquer dúvida».Na sua intervenção de vinte minutos,

Manuela Arcanjo apresentou provas documprimento do programa do governo ecriticou os «demagogos» e os «interessesde grupos que minam o Serviço Nacionalde Saúde (SNS) que dizem defender».Ao longo da sua intervenção ManuelaArcanjo recordou as medidas já tomadaspela sua equipa ministerial, salientando «amelhoria das acessibilidades», mais umavez em relação ao Programa de Promoçãodo Acesso (PPA).«No âmbito da melhoria do acesso, foiaperfeiçoado e dinamizado o programa depromoção do acesso e foi lançado o planointegrado de combate às listas de esperaem cirurgia, que permitiram, com o esforçodos profissionais envolvidos, obterresultados jamais alcançados», salientou.O reforço do programa de cuidadoscontinuados e de apoio domiciliário, aexpansão do sistema de telemarcação deconsultas entre centros de saúde ehospitais e o desenvolvimento doprograma de telemedicina foram outrasapostas do executivo socialista queManuela Arcanjo reiterou no Parlamento.Entre os exemplos apontados pela ministra,contou-se «a aposta em áreas estratégicase que impõem novas formas integradas deactuação política, como é o caso da novapolítica do medicamento que tem vindo aconstituir uma importante componente dareforma da saúde».A titular da pasta da saúde assegurou:«Temos uma política de saúde para alegislatura» e «a necessária reforma da

saúde está a dar os seus passos».A ministra continuou, depois, a enumeraras medidas assumidas por esta equipa,concluindo que «a defesa do SNS e a suareforma são, aparentemente comuns nosdiscursos de todos «embora os seusconteúdos sejam divergentes».Garantindo que «o Estado continuará a sera entidade reguladora, principal prestadore principal financiador», Manuela Arcanjoreconheceu, no entanto, que «o trabalhodesenvolvido até agora não resolveu todosos problemas» e que os recursos humanossão um dos principais problemas doserviço de saúde.

Recursos humanos

A ministra da Saúde, Manuela Arcanjo,admitiu que o Estado pagou, no ano 2000,mais de 120 milhões de contos de trabalhoextraordinário, o que demonstra falta deorganização no Serviço Nacional de Saúde(SNS).«Sabe quanto é que se pagou em 2000 emtrabalho extraordinário? Mais de 120milhões de contos, o que corresponde a123,4 por cento do total dasremunerações», disse Manuela Arcanjonuma entrevista publicada na quarta-feirano Diário de Notícias e que acabou porcaracterizar o debate parlamentar dessamesma tarde.A formação de profissionais de saúde e agestão dos recursos humanos preconizadapelo governo foi a matéria que abriu

realmente o debate sobre Saúde,caracterizado até então por questões maispolítico-partidárias.Ao revelar estes números, a ministra daSaúde considera que um dos principaisproblemas do SNS é «a organização oufalta dela e os recursos humanos».

PSD tem dois pesose duas medidas

Para o coordenador da área da Saúde doGrupo Parlamentar do Partido Socialista«deram-se passos essenciais», sobretudoem medidas de gestão e organização dosserviços, e acusa o PSD de ter dois pesose duas medidas.«A Região Autónoma da Madeira tem umadívida às farmácias superior a nove milhõesde contos, com prazos de pagamento de24 meses, enquanto no continente estãoem oito. Ou há dois PSD�s ou então, comose revê o PSD nacional no da Madeira?»,questiona.Relativamente às questões de descontroloorçamental com que habitualmenteconfrontam a ministra da Saúde, ManuelaArcanjo relembra o facto de em 2000 aSaúde não ter beneficiado de nenhumorçamento rectificativo ou reforçoorçamental - pelo que «esse ano não podeser comparado com anos anteriores» -, eafirma mesmo que a «despesa (do SNS)está em desaceleração».Argumentando que «em Saúde não sefazem revoluções», a titular da pastaavança ainda que o Ministério concluiu jáuma Lei de Bases da Saúde, que deveráser presente à Assembleia até Junho.

Lei de Bases da Saúde

A Lei de Bases da Saúde está pronta e vaiseguir para audição dos parceiros sociaisna próxima semana, anunciou a ministraManuela Arcanjo.Conforme revelou, a Lei de Bases da Saúdevai contemplar «os princípios fundamentaisque regem o Serviço Nacional de Saúde(SNS)».Estes princípios vão definir o Estado comoregulador do SNS e com funções de seuprestador e financiador.O documento vai apresentar os sectoresprivado e social como «complementares»do SNS, sendo que a concorrência entresector público e privado «não é aceitável»para esta equipa ministerial, segundoManuela Arcanjo.Será, pois, num regime de «complemen-taridade» que funcionará o SNS e estessectores (privado e social).Manuela Arcanjo esclareceu que não vaiimpor aos médicos um regime deexclusividade e que esta Lei de Bases daSaúde é «muito diferente» da elaborada,mas nunca concluída, pela anterior equipaliderada por Maria de Belém Roseira.

O

ACÇÃO SOCIALISTA 4 20 ABRIL 2001

GOVERNO

PELO PAÍS Governação Aberta

AGRICULTURA

Imposto sobre consumo do vinhoestá fora de questão

Não está «em cima da mesa» em Bruxelas qualquer propostaacerca de um imposto sobre o consumo do vinho, nem talsurgirá durante a presidência sueca, garantiu, no dia 17, oministro da Agricultura no fim de uma reunião com aConfagri.Capoulas Santos reiterou ainda que se tal proposta fosseapresentada o Governo português opor-se-ia, por afectarum sector que o ministro considera «o menino de ouro» da agricultura nacional.A Confederação Nacional de Cooperativas Agrícolas (Confagri) apresentou váriosproblemas ao ministro relacionados com a política vitivinícola do Governo,nomeadamente o diferencial de preços pagos pela destilação de crise (em vigor) ea obrigatória, que o Executivo prometeu cobrir.Capoulas Santos garantiu à Confederação que proporá em Conselho de Ministrosque esse diferencial saia do Orçamento de Estado.As quotas da gestão e distribuição do leite foi outro dos temas discutidos na reuniãopedida pela Confagri, que considera penalizadoras as regras para as cooperativas,representativas cerca de 80 por cento do leite produzido em Portugal.O ministro admitiu rever a portaria que regulamenta esta matéria, no sentido defixar quotas por região.

COMUNIDADES

Donativo para famíliasdas vítimas de Castelo de Paiva

João Rui de Almeida, secretário de Estado das ComunidadesPortuguesas, deslocou-se, no dia 17, a Castelo de Paiva paraentregar às famílias das vítimas da queda da ponte de Entre-os-Rios um donativo de cerca de 6 500 contos.O donativo foi angariado durante um almoço organizado peloVirginia Portuguese Comunity Center, Manassas, e o seu valor em moeda norte-americana, 30 mil dólares, foi entregue no final do mês de Março ao secretário deEstado das Comunidades por José Morais, conselheiro comunitário e membrodaquela associação portuguesa nos Estados Unidos da América.Conforme desejo da sociedade comunitária, o cheque do montante em causa foientregue, numa cerimónia simples, à Comissão alargada que gere o fundo destinadoa apoiar os familiares das vítimas do desastre da ponte de Castelo de Paiva.A cerimónia decorreu na Câmara de Castelo de Paiva e foi seguida de uma brevevisita ao que resta da ponte de Entre-os-Rios.Uma das vertentes do Virginia Portuguese Comunity Center passa pelo apoio sociale humanitário e, ainda recentemente, protagonizou um caso de ajuda que envolveuum criança de seis anos vítima de cancro.

CULTURA

Governo vai apoiar mais o livro

O ministro da Cultura afirmou, no dia 18, em Lisboa, que oGoverno «pode e fará mais» para apoiar o sector do livro deforma directa e indirecta para que este bem cultural se torneacessível aos portugueses.José Sasportes falava num intervalo do I Congresso dosEditores Portugueses, que quarta-feira foi inaugurado naFundação Calouste Gulbenkian e que contou com apresença de 80 editoras para debater os problemas dosector.O ministro reagia desta forma a duras críticas feitas por Manuel de Brito, da comissãoorganizadora do encontro, durante a intervenção de abertura, na qual acusou oGoverno de não ter uma estratégia para o sector e de não investir nele.Classificando o discurso de abertura de Manuel de Brito como «um poucoexacerbado», o ministro da Cultura admitiu, no entanto, que há uma situação decrise «sobre certos aspectos» no sector e que as melhores formas de o incentivarsão no sentido «de o tornar mais claro».«O próprio sector está dividido», apontou José Sasportes, referindo-se à cisãoocorrida há um ano e meio, com a criação da União de Editores Portugueses (UEP),uma nova entidade que se tornou especificamente interlocutora da área editorialdo sector, enquanto a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APL) reúnetambém livreiros, distribuidores e alfarrabistas.

DEFESA

Submarinos novoscom sistema de propulsão independente

O ministro da Defesa afirmou, no dia 17, que os novossubmarinos a adquirir para a Armada deverão ser equipadosà partida com o sistema de propulsão independente AIP.Castro Caldas, que falava no final da cerimónia de posse donovo director do Instituto de Defesa Nacional (IDN), generalGarcia Leandro, disse que aquela opção � pessoal, porquea decisão passa pelo Parlamento � é a mais «acertada».O custo dessa opção, que aumenta o tempo de imersão dos submarinos, correspondea cerca de 12 por cento sobre o valor total do programa, que deverá rondar os 200milhões contos (a que acrescerão os juros a pagar em função da modalidade definanciamento escolhida).«Não faz sentido, pelo acréscimo de custos e pelas diferenças tecnológicas, compraros submarinos sem o sistema de propulsão AIP ou preparados para o instalar emdata posterior», defendeu o ministro da Defesa.Castro Caldas enalteceu depois o relatório feito pela comissão de avaliação do concurso,afirmando que é «explícito ao indicar qual dos modelos é tecnologicamente superior».Embora reconheça que o modelo de submarino alemão é superior em termostecnológicos, a comissão manifestou-se favorável à proposta do concorrente francês(DCNI) por ser a que oferece mais contrapartidas para Portugal.

ECONOMIA

Nova Portucel Reciclaadiada para 2002

O ministro da Economia garantiu, terça-feira, dia 17, que a novafábrica da Portucel Recicla será mesmo construída, embora maistarde do que o previsto, apenas em Setembro de 2002, sobpena de anulação do concurso de privatização da Gescartão.«Está a ser preparada uma nova alteração do prazo paraentrada em funcionamento da nova fábrica», revelou MárioCristina de Sousa perante a comissão Parlamentar deEconomia e Finanças.Quanto à hipótese de a construção da nova fábrica ser substituída por outros projectospara a região de Mourão, o ministro frisou que «no processo de privatização de 65por cento da Gescartão ficou claro que o adquirente teria que construir a nova fábrica,pelo que se houvesse alteração ao objecto do concurso este teria de ser anulado».No debate sobre esta questão, a pedido do Grupo Parlamentar do PCP, o ministroanunciou também que dos actuais 148 trabalhadores «só 50 a 60 poderão serutilizados pela nova fábrica, mesmo com o programa intensivo de formação, devidoàs novas tecnologias utilizadas pela futura unidade», que empregará no total cercade 98 pessoas.

JUVENTUDE E DESPORTO

Lello preparadopara «ratoeiras» e polémicas

O ministro da Juventude e Desporto, José Lello, garantiu, nodia 12, na Marinha Grande, estar «afastado de polémicas epreparado para as ratoeiras que vão surgindo» na sua área decompetência.«Vivemos um tempo interessante relativamente ao desporto. Hámuita gente que alimenta questões polémicas para depoisconfrontar o Governo com a polémica dessas mesmasquestões», denunciou o ministro.Sem concretizar, Lello disse apenas que as suas palavras eram «um recado para muitagente que fala de futebol e sobre as alegadas insuficiências da prestação fiscal dosclubes».«É uma espécie de �crime perfeito�: especula-se que os clubes são incumpridores edepois vem-se junto do Governo dizer que é ele, Governo, responsável por isso. Felizmentenão passam de atoardas.Estamos com muita calma e uma bonomia extraordinária a lidar com essas situações»,considerou.

20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA5

GOVERNO

CONSELHO DE MINISTROS Reunião de 5 de Abril

FINANÇAS

Reforma fiscalsem fim do imposto automóvel

O ministro das Finanças, Pina Moura, garantiu, no dia 16, emSilves, que a reforma da fiscalidade automóvel em estudo poruma comissão especializada não significa o fim do impostoautomóvel.«Estamos a trabalhar com a Direcção-Geral das Alfândegas eassociações do sector automóvel para estudarmos emconjunto qual o sentido da reformulação do imposto automóvel,o que não significa que o imposto vá acabar», explicou o governante que falava àmargem da inauguração das novas instalações da repartição de finanças de Silves.«Quando o projecto estiver concluído o Governo terá de decidir qual o modelo a adoptarem concreto», sublinhou.Pina Moura comentava notícias recentemente vindas a público que davam como certoo fim do imposto automóvel, assim que estivesse concluído a reforma da fiscalidadedo sector.De acordo com a Comunicação Social o processo está atrasado devido a divergênciasno seio da comissão especializada.Referindo-se às novas instalações das Finanças de Silves e da Lagoa, tambéminauguradas na segunda-feira, o ministro salientou que vão permitir um atendimentomais personalizado dos contribuintes melhorando a relação destes com a administraçãofiscal.

SAÚDE

Auditorias avaliarãoprodução dos serviços

As auditorias que os ministérios da Saúde e Finanças realizarãoa serviços públicos destinam-se a avaliar «aquilo queefectivamente os serviços podem produzir e se podem produzirmais ou não», afirmou, no dia 17, no Porto, Manuela Arcanjo.Segundo a ministra da Saúde, há serviços que têm umacapacidade instalada superior àquela que é a sua produção.«Defendo, desde o primeiro momento, o reforço do ServiçoNacional de Saúde e o princípio da complementaridade nos sectores privado e social.À luz destas posições, só poderia mandar fazer auditorias àquilo que efectivamente osserviços estão a produzir e se podem ou não produzir mais», concluiu.Manuela Arcanjo falava aos jornalistas no Instituto Português de Oncologia do Porto,onde presidiu às comemorações do 27º aniversário da instituição e empossou os novosmembros do Conselho de Administração, presidido por Ricardo da Luz.A ministra avançará, também, com auditorias no sector convencionado por forma afazer a ligação existente entre os serviços hospitalares da rede pública e os privadosque têm acordos com o Estado.No âmbito destas auditorias, foi assinado terça-feira passada um protocolo decolaboração entre as inspecções-gerais das Finanças e da Saúde.

TRABALHO E SOLIDARIEDADE

Plano contra discriminaçõessociais em Junho

O Executivo socialista vai lançar, no segundo semestre desteano, um Plano Nacional de Inclusão que tem como objectivo ocombate a todas as discriminações sociais.O anúncio foi feito, no dia 17, em Lisboa, por Paulo Pedroso,ministro do Trabalho e da Solidariedade.Paulo Pedroso disse aos jornalistas, no final de uma reuniãocom a Comissão Parlamentar de Trabalho, que este plano, queserá apresentado publicamente em Junho, tem como ambição reduzir drasticamentea pobreza.O plano de luta contra as segregações (raciais, resultantes do desemprego e da pobrezaem geral) vai dar prioridade às crianças, pois, de acordo com o ministro do Trabalho, oGoverno pretende continuar a melhorar a sua protecção.«Queremos que com este plano as pessoas em risco de exclusão deixem de o estar»,defendeu.

Reunião de 12 de Abril de 2001

O Conselho de Ministros aprovou:� Um diploma que altera o decreto-lei n.º 114/94, de 3 de Maio, que aprova o Código da Estrada;� Uma proposta de lei que altera os artigos 69º, 101º, 291º, 292º e 294º do Código Penal;� Um decreto-lei que estabelece a organização, o processo e o regime de funcionamento daComissão para Dissuasão da Toxicodependência;� Um diploma que cessa a suspensão da vigência das normas do decreto-lei n.º 273/98, de 2de Setembro, no que respeita às operações de co-incineração de resíduos industriais perigosos,incluindo a avaliação e selecção de locais para queimas e tratamento desses resíduos;� Um decreto-lei que estabelece condições especiais de protecção social para os subscritoresda Caixa Geral de Aposentações que sofram de doença do foro oncológico, de esclerosemúltipla ou de paramiloidose familiar;� Um decreto-lei que constitui a Sociedade Águas de Santo André, SA, concessionária daexploração e gestão do sistema de abastecimento de água, de saneamento e de resíduossólidos de Santo André constituído por imóveis, infra-estruturas e equipamentos cuja propriedadefoi transmitida para o Estado em 1989;� Um diploma que altera o decreto-lei que altera a lei orgânica da Provedoria de Justiça;� Um diploma que altera o decreto-lei n.º 234-B/98, de 28 de Julho (altera o regime derecrutamento do pessoal especializado da representação permanente de Portugal junto daUnião Europeia);� Um decreto-lei que procede ao ajustamento da escala indiciária da carreira de inspecção dealto nível, da Inspecção-Geral de Finanças, e atribui um suplemento de função inspectiva parao mesmo pessoal e para o pessoal dirigente de inspecção;� Um decreto-lei que visa a finalização do processo de liquidação da EPPI � Empresa Públicade Parques Industriais, EP;� Um diploma que altera parcialmente o anexo II do decreto-lei que transpõe para o direitointerno a directiva comunitária relativa ao tratamento de águas residuais urbanas;� Um decreto regulamentar que suspende parcialmente o Plano Director Municipal de Aveiro;� Um decreto regulamentar que reestrutura as carreiras de inspecção da Inspecção-Geral dasActividades Culturais;� Uma resolução que cria um grupo de trabalho para a elaboração dos projectos dos planosde prevenção dos riscos profissionais e combate à sinistralidade previstos no Acordo sobreCondições de Trabalho, Higiene e Segurança no Trabalho e Combate à Sinistralidade, celebradoem 9 de Fevereiro de 2001, entre o Governo e todos os parceiros sociais com assento naComissão Permanente de Concertação Social;� Uma resolução que aprova a aquisição, a título oneroso, de um imóvel destinado à instalaçãode um complexo museológico, de residências estudantis e de uma escola superior de pós-graduação da Universidade de Aveiro;� Uma proposta de resolução que aprova, para ratificação, o acordo relativo à aplicação provisória,entre determinados Estados-membros da União Europeia, da convenção elaborada com baseno artigo K3 do Tratado da União Europeia sobra a utilização da informática no domínio aduaneiro;� Um decreto que aprova o Protocolo de Cooperação entre a República Portuguesa e aRepública de Moçambique para instalação de centros logísticos agro-alimentares � mercadosabastecedores em Moçambique, assinado em Maputo, em 6 de Novembro de 2000;� Um decreto que aprova o protocolo de alteração ao acordo sobre a Marinha Mercanteassinado em Luanda em 28 de Abril de 1979;� Um decreto que aprova a convenção consular entre a República Portuguesa e a RepúblicaTunisina assinada em Lisboa a 10 de Maio de 2000;� Uma resolução que nomeia o embaixador Leonardo Charles de Zaffiri Duarte Mathias comoencarregado de missão junto do ministro dos Negócios Estrangeiros para a questão de Timor-Leste.

Reunião de 19 de Abril de 2001

O Conselho de Ministros aprovou:� Um decreto regulamentar das condições técnico-desportivas e de segurança dos estádios;� Uma resolução que aprova as minutas do contrato de investimento e respectivos anexos acelebrar entre o Estado Português e a Burns Philp & Co Lda, a Burns Philp Netherlands EuropeanHoldings e a Mauri Fermentos, SA para a expansão e modernização da unidade industrialexistente e o seu aumento de competitividade, com o consequente alargamento dos seusmercados potenciais;� Um diploma que introduz alterações ao decreto-lei que aprovou o regime jurídico delicenciamento das unidades privadas de diálise;� Um decreto-lei que estabelece o enquadramento e define a estrutura das carreiras deinspecção da Inspecção-Geral do Ambiente;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Naturalda Serra da Malcata;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Naturaldo Paúl da Arzila;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva NaturalParcial do Paúl do Boquilobo;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Naturaldo Estuário do Tejo;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Naturaldas Dunas de São Jacinto;� Uma resolução que determina a elaboração do Plano de Ordenamento da Reserva Naturaldas Berlengas;� Uma resolução que nomeia para presidente do Conselho de Administração do InstitutoNacional do Transporte Ferroviário (INTF) Maurício Besel Levy e para vogal do mesmo ConselhoAntónio Vasco Guimarães da Silva.

PELO PAÍS Governação Aberta

ACÇÃO SOCIALISTA 6 20 ABRIL 2001

GOVERNO

CÓDIGO DE ESTRADAMAIS RIGOROSO

EXECUTIVO CESSA SUSPENSÃO DO PROCESSO

DESTAQUE � CM Sinistralidade rodoviária

Executivo socialista decidiu, nodia 12, em reunião de Conselhode Ministros, dar luz verde aodiploma que altera o Código da

Estrada.A prevenção da sinistralidade constitui umadas principais prioridades do XIV GovernoConstitucional no domínio da segurançarodoviária.Para dar cumprimento a essa prioridade,o Governo de António Guterres pretendeaumentar a segurança rodoviária,perfilhando medidas adequadas àrealidade social, à situação das infra-estruturas e à evolução das condutas dosintervenientes no sistema de trânsito, emespecial os condutores.O diploma aprovado em Conselho deMinistros introduz diversas alterações aoCódigo da Estrada, com destaque para ocontrolo da velocidade através do cálculoda velocidade média; a punição � comocontra-ordenação leve � da condução comuma taxa de álcool no sangue superior a0,2 e inferior a 0,5 gramas por litro; o reforçodo controlo da condução sob o efeito deestupefacientes ou psicotrópicos; ocondicionamento da realização deinspecções a veículos e da renovação dotítulo de condução ao prévio cumprimentodas sanções anteriormente aplicadas; e asimplificação do regime das notificações.A influência dos especiais deveres queimperam sobre determinadas classes decondutores (de veículos de socorro ou

A equipa governativa do Partido Socialistadecidiu, também na quinta-feira, dia 12,através de uma proposta de lei, alterar osartigos 69º, 101º, 291º, 292º e 294º doCódigo Penal.Este documento, apresentar à Assembleiada República, visa alterar o Código Penal,cri-minalizando a condução sob a influênciade estupefacientes, substânciaspsicotrópicas ou produtos de efeitoanálogo, clarificando a criminalização dascondutas de violação grosseira das regrasde circulação rodoviária, através de umaenumeração de comporta-mentosespecialmente graves, e agravando amoldura penal da sanção acessória dainibição de conduzir, que passa a poderser fixada num mínimo de três meses e nummáximo de três anos (actualmente estesvalores situam-se num mínimo de um mêse num máximo de um ano).Atendendo aos especiais deveres de cui-dado que imperam sobre certas categoriasde condutores, foi igualmente estabelecidaum agravamento em um terço nos seuslimites mínimos e máximos da pena queao caso caberia, quando os crimesrelativos à segurança rodoviária sejampraticados, no exercício da respectivaactividade, por condutores de veículos desocorro e emergência, de transporteescolar, ligeiros de transporte público dealuguer, pesados de passageiros ou demercadorias, incluindo os de transporte demercadorias perigosas.

emergência, transporte escolar, ligeiros detransporte público e de aluguer, pesadosde passageiros, de mercadorias, e detransporte de substâncias perigosas) nadeterminação da medida das sanções quelhes são aplicáveis; e a possibilidade deaplicação de deveres acessórios (a

cooperação em campanhas de prevençãorodoviária e a execução de tarefas de apoioàs autoridades com competência pararegular e fiscalizar o trânsito) emacumulação com a caução de boa condutasão dois outros pontos previstos peloCódigo de Estrada revisto.

DESTAQUE � CM Co-incineração

Conselho de Ministros deu, nopassado dia 12, mais um passopara concretizar a instalação decentrais de co-incineração no

País, aprovando um decreto que cessa asmedidas suspensivas em relação a estamedida do Governo.As medidas que suspenderam a co-incineração nos concelhos de Souselas(Coimbra) e Outão (Setúbal) foramaprovadas na Assembleia da República �a primeira em 1999 e a segunda já no anopassado.Essas medidas, apoiadas por todas asforças da oposição, destinaram-se a fazertravar a intenção do Governo no sentidode instalar centrais de co-incineração emcimenteiras, enquanto não existissemsuficientes garantias médicas e científicasde que este método de queima de resíduosnão era perigoso para os cidadãos nemnefasto do ponto de vista ambiental.

Com a divulgação do último relatório dacomissão médico-científica nomeada pelaAssembleia da República, que concluiupela inexistência de riscos, o ministro doAmbiente, José Sócrates, anunciou que oGoverno iria avançar em definitivo com aco-incineração.Já em relação a Aveiro, o Conselho deMinistros aprovou o decreto que suspendeparcialmente o Plano Director Municipal dacidade, assim como a resolução queaprova, a título oneroso, de um imóveldestinado à instalação de um complexomuseológico, de residências estudantis ede uma escola superior de pós-graduaçãona universidade.O Conselho de Ministros aprovou aindauma resolução que cria um grupo detrabalho para a elaboração dos projectosdos planos de prevenção dos riscosprofissionais e combate à sinistralidade.De acordo com o comunicado oficial do

Governo, o teor da resolução correspondea medidas já previstas no acordo sobrecondições de trabalho, higiene, segurançae combate à sinistralidade celebrado emsede de Comissão Permanente deConcertação Social no passado dia 9 deFevereiro.Na reunião de quinta-feira do Conselho deMinistros, foi igualmente aprovado umprotocolo de cooperação entre Portugal eMoçambique para a instalação de centroslogísticos agro-alimentares e mercadosabastecedores neste país africano deexpressão portuguesa, assim como a umanova convenção consular entre o EstadoPortuguês e a República da Tunísia.Ainda ao nível da política diplomática, oConselho de Ministros decidiu nomear oembaixador Leonardo Duarte Mathiascomo encarregado da missão junto doMinistério dos Negócios Estrangeiros paraa questão de Timor-Leste.

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20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA7

GOVERNO

CONDIÇÕES DE SEGURANÇA REFORÇADASNOS NOVOS ESTÁDIOS

DESTAQUE � CM Desporto

Conselho de Ministros aprovou,no dia 19, um decreto regula-mentar que impõe um conjuntode normas técnicas, de segu-

rança e desportivas, medidas que seaplicarão já aos estádios do Europeu deFutebol de Portugal 2004.Em conferência de Imprensa, o ministro daJuventude e do Desporto, José Lello,adiantou que o regulamento do Executivotambém abrangerá todos os recintosdesportivos que venham a ser construídoscom uma lotação superior a 1500 pessoas.Quanto aos estádios que não farão partedo Euro-2004, o titular da pasta do Desportoreferiu que estarão sujeitos ao cumprimentodas normas do novo regulamento, sefizerem obras de remodelação.Segundo Lello, os estádios que não estãono Europeu de 2004 continuarão a ser alvo

de «inspecções periódicas por parte deentidades como o Instituto Nacional deBombeiros e o Instituto Nacional deEmergência Médica».Em relação aos recintos desportivos queserão abrangidos pelo decretoregulamentar do Governo, o ministro doDesporto sublinhou que terão deproporcionar «melhores condições desegurança, de funcionalidade e deconforto», tendo em vista «limitar o risco deacidentes e facilitar a evacuação dosocupantes, assim como a intervenção demeios de socorro».«Esses recintos desportivos seguirão oscritérios já aplicados no Europeu de Futebolrealizado na Holanda e na Bélgica no anopassado, cumprindo-se assim recomenda-ções da UEFA e do Conselho da Europa»,frisou.

Especificando esses requisitos técnicos ede segurança, José Lello adiantou queterão de ter áreas de estacionamentocompatíveis com a lotação dos recintos,bem como zonas de segurança,instalações próprias para as operações decontrolo anti-doping, para aquecimento emusculação.Outras condições definidas relacionam-secom a construção de centros de Imprensamodernos, boas vias de acesso aosrecintos desportivos, instalação de umasistema de vigilância por vídeo e com aexistência de condições de acessibilidadepara cidadãos deficientes físicos.«Para o Governo, é essencial que osrecintos desportivos em Portugal tenhamqualidade técnica, sejam seguros epossuam o indispensável conforto»,afirmou Lello.

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SEGURANÇA SOCIAL A VELOCIDADE DE CRUZEIRO

TRABALHO Pensões e formação

A Segurança Social marcha, nacontinuidade, a velocidade decruzeiro. O ministro do Trabalho eda Solidariedade garantiu, ementrevista ao «Diário de Notícias»(17 de Abril), que tenciona«prosseguir o trabalho do espíritoda Lei de Bases», reduzir a fraude ea sinistralidade laboral e travar asubsidiodependência nos estágios.

aulo Pedroso, o ministro suces-sor de Ferro Rodrigues, épartidário de uma nova fórmulade cálculo para as pensões

sem gradualismos, mas assegura que oscontribuintes que se encontrem nos dezúltimos anos de carreira tributária não serãoprejudicados.«Estamos a trabalhar numa solução querespeitará os direitos adquiridos dessaspessoas», assegurou Pedroso,ressalvando de seguida que para a restantepopulação activa haverá uma «fórmula detransição».Segundo adiantou o governante ao «DN»,a nova fórmula de cálculo será conhecidaaté Setembro próximo e, a partir domomento em que for publicada, entrará«imediatamente» em vigor para as pensõesque estão em formação.Para o ministro do Trabalho e daSolidariedade, perfilam-se dois cenáriosnesta área da Segurança Social. Um é o«alargamento progressivo», isto é,passariam a contar os melhores 11 anosdos últimos 16 e assim sucessivamente.

O outro consiste em compatibilizar logotoda a carreira. «Mas ainda não há umadecisão definitiva», esclareceu.Assumindo-se partidário da passagemimediata ao modelo em que contem osmelhores anos de toda a carreiracontributiva, Paulo Pedroso fala davantagem da «justiça», pois neste cenárionão são apenas privilegiadas as pessoasque auferiram melhores salários nosúltimos anos da vida profissional.«Esta é uma medida que não pode serpensada estaticamente», declarou oministro, apontando para a necessidade deuma abordagem dinâmica, «porque aspessoas terão oportunidade de olhar paraa Segurança Social de outra maneira,desde bastante mais cedo».Segundo o titular da pasta do Trabalho eda Solidariedade, verifica-se, actualmente,uma tendência para a diminuição decarreiras totalmente ascendentes e para

um aumento de carreiras oscilantes.«O modelo do passado, que privilegiavaapenas a contagem dos últimos anos,protegia quem tinha uma carreiratotalmente ascendente, mas desprotegiaquem tinha a carreira oscilante», explicouo governante.A nova fórmula em estudo permitirá, noentender de Paulo Pedroso, uma melhorgestão e compatibilização dos «temposbons anteriores aos 50 anos».

Fórmula não será cega

Para corrigir as eventuais «injustiças dosistema» o ministro falou em «taxas desubstituição diferenciadas para a formaçãodas pensões», por forma a proteger maisos trabalhadores com menos rendimentose deste modo evitar que a salários baixosse sigam pensões de miséria, frutos deuma «fórmula cega».

«Em contrapartida, a percentagem dosalário na pensão será mais baixa paraaqueles com rendimentos mais elevados»,acrescentou.Questionado sobre os resultados daestratégia de combate face às fraudes nosubsídio de desemprego, Paulo Pedrosofez questão de salientar que, «pela primeiravez, o cruzamento de informação entre asbases de dados do IEFP e da SegurançaSocial está a permitir apurar recebimentosindevidos», constituindo-se como uma«nova garantia» na luta contra a fraude.Na área do emprego e da formação, oministro do Trabalho afiançou que ainda esteano vai avançar a formação obrigatória parajovens entre os 16 e os 18 anos (correspon-dente a 40 por cento do horário laboral).«A partir de Setembro avançam também osestímulos às empresas que ultrapassaremo objectivo de ter mais de 10 por cento demão-de-obra em formação», referiu.Quanto aos estágios profissionais dejovens em empresas com capacidadefinanceira, Paulo Pedroso assegurou estara rever o dossier.«Os estágios profissionais têm uma boataxa de sucesso», afirmou, acrescentandoporém que foram registadas situações emque empresas com condições financeirasbeneficiam de um financiamento integralpara realização dos estágios.Classificando a situação de desnecessária,o ministro do Trabalho anunciou que, nasempresas com mais de 100 trabalhadores,a comparticipação pública nos estágiospassará dos 100 para os 50 porcento.

MARY RODRIGUES

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ACÇÃO SOCIALISTA 8 20 ABRIL 2001

PARLAMENTO

INICIATIVAS DA OPOSIÇÃOOMISSAS E CONFRANGEDORAS

DEPUTADOS DISCUTEMDIREITOS DOS MILITARES EM MAIO

DEPUTADOS OUVEMCONSTITUCIONALISTAS

PS RECONHECE JURISDIÇÃODO TPI

DEPUTADO ANTÓNIO BRAGA Ensino do português no estrangeiro

«O ano de 1996 foi omomento de viragem noreforço das políticas parao ensino do portuguêsno estrangeiro, Aafirmação além-fronteiras da língua e da

cultura portuguesas resulta de uma opçãopolítica fundamental», afirmou o deputadodo PS António Braga, no debate na AR dosprojectos de resolução do PSD e do PCP.Segundo António Braga, «pretende-sesuperar a perspectiva da língua e culturaportuguesa vista apenas enquanto factorde ligação às origens portuguesas e comoinstrumento para uma eventual situação deregresso ao país, conferindo-lhe umadimensão mais alargada que, sem negara primeira, a valorize como elemento decomunicação internacional e da expressãocultural da lusofonia».Para o deputado do PS, «a promoção doensino do português no estrangeiro conduzà necessidade de medidas articuladas emdiferentes níveis capazes de desen-

volverem em dinâmicas locais ou regionaismobilizadoras dos vários parceiros».Assim, sublinha, «essa é a principalorientação que se tem evidenciado e quedeve ter premência no futuro próximo,conforme consta no programa do actualGoverno».Por outro lado, disse, «a expansão doensino do português como línguaestrangeira tornou pertinente a criação deum sistema que certifique internacio-nalmente esta aprendizagem».Ora, afirmou, «os projectos de resoluçãoquer do PSD quer do PCP quanto àsopções políticas que sustentam quer asiniciativas em curso quer as meto-dologias são confrangedoramenteomissos».Para o deputado do PS, «recomendar acriação de um programa de promoção dalíngua portuguesa é, relativamente aoactual enquadramento, uma redundância,porquanto, para além de existir, ele jáabarca as diferentes componentes deintervenção». J. C. C. B.

PARLAMENTO Agenda

A Assembleia da República vai discutir a 3de Maio alterações à Lei de DefesaNacional que poderão eliminar algumasrestrições aos direitos cívicos dos militares.O Governo, o PCP e o CDS/PPapresentaram projectos que permitemeliminar algumas restrições aos direitosdos militares, incluindo o direito deassociação.Com as alterações, o Executivo socialistapretende ainda acabar com a garantia dosmilitares deixarem as fileiras para secandidatarem a cargos políticos, acabandopor passar à reserva mesmo sem teremsido eleitos, o que tem levado à saída demuitos pilotos da Força Aérea para aaviação comercial.Um dia antes, o Parlamento abordará aquestão da sinistralidade rodoviária.Na sessão de 2 de Maio estarão emdiscussão três projectos de lei e umprojecto de resolução do PSD, um projectode resolução do CDS-PP e uma propostade lei do Governo, iniciativas relacionadascom a questão da sinistralidade nasestradas.Na conferência de líderes da passadaterça-feira, dia 17, ficou ainda agendadopara o dia 3 de Maio um projecto deresolução do PEV sobre extracção deareias dos leitos do rios.Em 9 de Maio, a Assembleia da Repúblicarealiza, a pedido do Governo, um debate

de actualidade sobre a situação eperspectivas da política científica etecnológica nacional, que antecede arealização do Fórum Ciência Viva.Para o dia seguinte ficou marcado umagendamento potestativo do BE, aindasem tema anunciado, e a 11 de Maio serádiscutido o relatório sobre Timor-Lesteelaborado pela comissão parlamentar quevisitou recentemente o território.Entretanto, o PSD anunciou umagendamento potestativo sobre educaçãoe «ranking escolar», pretendendo fazê-locoincidir com a apresentação de umprojecto de lei sobre a mesma matéria,situação que depende da anuência, aindanão decidida, do PS.

REVISÃO DA CONSTITUIÇÃO Justiça internacional

O PS apresentou o seu projecto de revisãoconstitucional, no qual constam oreconhecimento da jurisdição do TribunalPenal Internacional (TPI) e a criação doespaço de liberdade, segurança e dejustiça.«Está em vista em tais alterações, aemergência de uma mais ampla tutelainternacional dos direitos do homem, coma instituição de um tribunal penalinternacional de carácter permanente quecomplemente as jurisdições nacionais nocombate a alguns dos mais graves crimesque afectam a humanidade», refere a notajustificativa, aludindo ao TPI, instância quepode aplicar a pena de prisão perpétua,sanção que a Constituição portuguesa nãoprevê.A mesma nota refere também outraalteração ao actual texto constitucional paraacomodar necessidades «que decorrerãoda construção do espaço de liberdade, desegurança e de justiça, prometido à Europano Tratado de Amesterdão».Neste sentido, o PS propõe que o artigo 7ºda Constituição passe a ter comoredacção: «Portugal pode, em condiçõesde reciprocidade, com respeito peloprincípio da subsidariedade e tendo emvista a realização da coesão económica esocial e de um espaço de liberdade, desegurança e de justiça, convencionar o

exercício em comum dos poderesnecessários à construção da UniãoEuropeia».Relativamente ao TPI, o PS propõe que àConstituição seja aditado um artigo, 289º-A, no qual se lê: «Portugal pode reconhecera jurisdição do Tribunal Penal Internacionalinstituído pelo Estatuto de Roma, de 18 deJulho de 1998, nas condições neleprevistas».

DEFESA Missões militares

A Assembleia da República decidiu, no dia18, ouvir constitucionalistas e especialistasem Direito Internacional sobre ascompetências dos órgãos de soberaniaquanto ao envio e acompanhamento demissões militares no estrangeiro.Jorge Miranda, Adriano Moreira, GomesCanotilho, Freitas do Amaral, ArmandoMarques Guedes, Nunes de Almeida ouBlanco de Morais poderão ser algumas daspersonalidades a ouvir, admitiu um dosdeputados no final da reunião de terça-feirada Comissão Parlamentar de Defesa.Saber se haverá necessidade de rever aConstituição ou se serão suficientesalterações na Lei de Defesa Nacional e dasForças Armadas são duas das questões emaberto e que foram levantadas com oprocesso de decisão governamental deenviar as Forças Armadas para o Kosovo.O Parlamento não tomou posição políticasobre o assunto, nem foi conhecida aposição do chefe de Estado sobre umadecisão governamental que foi apenas

sujeita a apreciação pelo Conselho Superiorde Defesa Nacional (presidido por JorgeSampaio e onde a Assembleia da Repúblicaestá representada).Jorge Sampaio alertou recentemente paraa necessidade de rever as competênciasdo chefe de Estado � e comandantesupremo das Forças Armadas � no que tocaà presença dos militares portugueses noestrangeiro.Eduardo Pereira, presidente da Comissãode Defesa, disse no final da reunião do dia17, que as audições se vão inserir no debateparlamentar em torno das respostas legaisa definir naquela matéria e que a últimarevisão constitucional (1997) deixou porclarificar.O debate, explicou o deputado socialista,visa dar «passos importantes» na clari-ficação das competências do Parlamentono que respeita ao acompanhamento dasmissões militares nacionais no estrangeiroe, ainda, na articulação dos diferentesórgãos de soberania.

20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA9

UNIÃO EUROPEIA

SEGURO QUER CRUZ VERMELHAA ASSISTIR OS REFÉNS PORTUGUESES

200 MIL CRIANÇAS VÍTIMAS DE TRABALHO FORÇADONA ÁFRICA CENTRAL E OCIDENTAL

EURODEPUTADOS SOCIALISTAS Cabinda

camarada António José Seguro,presidente da delegação dossocialistas portugueses noParlamento Europeu, dirigiuuma

carta à Cruz Vermelha Internacional,apelando ao envio de uma delegação demédicos desta organização a Cabinda a fimde averiguar as condições de saúde eprestar os necessários cuidados médicosaos sete cidadãos portugueses detidos noenclave.Na missiva, o camarada António JoséSeguro salienta as «condições físicas muitodebilitadas» em que chegou a Portugal umdos reféns libertados pela FLEC.Uma situação que faz prever, na suaopinião, «que os outros sete portuguesesnão se encontrem a viver nas melhorescondições».Neste sentido, o eurodeputado socialistaapela «ao interesse e à acção da CruzVermelha em prol da saúde destescidadãos».Juntamente com esta carta, António JoséSeguro dirigiu também um pedido formalà presidente do PE, Nicole Fontaine, paraque interceda junto da Cruz VermelhaInternacional no sentido da viabilização deuma operação humanitária deste tipo.

Conflito de Chiapas

Por outro lado, também o conflito deChiapas mereceu a atenção de AntónioJosé Seguro que salientou, numaintervenção no PE, a importância dodiálogo entre zapatistas e Governomexicano.Ao intervir na discussão de uma resolução

comum sobre a situação no México, oeurodeputado socialista sublinhou que oPE apoia o diálogo, enquanto instrumentoideal para ajudar à resolução do conflito, eque por isso «saúda e incentiva» asvontades do Presidente Vicente Fox e doszapatistas em encontrarem uma soluçãopacífica para o conflito.

Febre aftosa

O eurodeputado socialista António Campospediu à Comissão Europeia que explicassea razão pela qual mandou abater animaiscontaminados pela febre aftosa, depois deter ordenado a sua vacinação.Para o camarada António Campos, que

interveio no plenário do PE durante odebate deste tema, é importante que aComissão «diga o que pensa» sobre aquestão da vacinação dos animaisinfectados por esta doença, sobretudodepois de o Comité Veterinário da UE terafirmado que tal vacinação é segura.«Não se compreende que, por exemplo,nos casos registados nos Países baixos eno Reino Unido, a Comissão tenha tido umcomportamento díspar, ordenando avacinação dos animais, num caso, e nãotomando posição, no outro», afirmou ocamarada António Campos.O eurodeputado socialista quis ainda saber«de que lado está» o comissário DavidByrne face às repercussões desta doença,

ou seja, se do lado dos produtores,devendo, nesse caso, ordenar a vacinaçãoimediata dos animais infectados, ou se dolado da indústria alimentar, e doconsequente sacrifício da posição dosprodutores de gado em proveito dosgrandes interesses económicos.

Estatuto dos partidos políticoseuropeus

O vice-presidente do PE, Luís Marinho, é oautor do parecer da Comissão de AssuntosJurídicos do PE sobre uma proposta doConselho relativa ao estatuto efinanciamento dos partidos políticoseuropeus.No documento que já apresentou àComissão Parlamentar, o camarada LuísMarinho defende que os partidos políticoseuropeus passem a ser financiados peloorçamento geral da União, mas adianta quetal financiamento não poderá abranger«quaisquer contribuições de naturezapecuniária ou em espécie de empresaspúblicas, sociedades de capitais exclusivaou maioritariamente públicos, e deentidades concessionárias de serviçospúblicos constituídas ao abrigo do direitodos Estados-membros».O eurodeputado socialista propõe,igualmente, que os partidos políticoseuropeus sejam sancionados no caso denão cumprimento destas regras.O camarada Luís marinho sugere, porexemplo, que o financiamento de umpartido seja suspenso no caso de este,após o depósito do respectivo estatuto,«não respeitar os princípios fundamentaisda democracia, do respeito dos direitosfundamentais e do Estado de Direito».

DIREITOS HUMANOS UNICEF denuncia

elo menos 200 mil crianças daÁfrica central e ocidental sãovítimas, todos os anos, detrabalho forçado, denunciou no

dia 17, em Genebra, Lynn Geldof, porta-voz do Fundo das Nações Unidas para aInfância (UNICEF).«Segundo uma estimativa muito baixa daUNICEF, o número de crianças vítimas detráfico ronda os 200 mil no Centro e Oestedo continente africano», declarou, insistindoem que se trata de um valor mínimo.Na última noite, o MV Etireno, um barcocom 30 a 40 crianças e adolescentes abordo, atracou no porto de Cotonou, capitaldo Benim, depois de várias tentativas para

acostar noutros portos da região.A UNICEF, que suspeita de que os menoresa bordo se destinavam a trabalho forçadoem plantações de cacau e café, está atentar identificar as crianças e jovens (queviajavam sem documentos) e a determinara sua origem e destino final.«Este caso está rodeado de mistério»,comentou Lynn Geldof, reconhecendo queo tráfico de crianças «é muito difícil deidentificar no conjunto do continenteafricano».Para a UNICEF, «muitos traficantes sãomulheres que falsificam documentos decrianças que viajam consigo e fazempassar por suas filhas», explicou.

A pedido dos governos da região, aUNICEF investiga desde há três anos otrabalho forçado de crianças.Várias reuniões e conferências locais foramorganizadas sobre o tema, em particularno Benim.Em Fevereiro último, uma conferência emLibreville, capital do Gabão, apelou para oreforço das legislações nacionais contra otrabalho forçado de crianças.De salientar que em 1989, a ONU dotou-se de uma Convenção dos Direitosda Criança que foi adoptada pelos paísesmembros da organização � à excepçãodos Estados Unidos e Sudão � e proíbe,nomeadamente, o trabalho infantil forçado.

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ACÇÃO SOCIALISTA 10 20 ABRIL 2001

SOCIEDADE & PAÍS

AJUDA ON-LINE

SAMPAIO RECONDUZ E EMPOSSA MEMBROS

JUSTIÇA Informatização

ministro António Costa afirmou,no dia 16, respondendo on lineàs questões que lhe foramcolocadas, que o novo Portal do

Ministério da Justiça, em http://www.mj.gov.pt, vai «ajudar a justiça aaproximar-se das pessoas».No diálogo, garantiu que os tribunaisestarão informatizados em Dezembro de2001 e os registos e notariados emDezembro de 2002.Talvez por causa deste investimento nasnovas tecnologias, assegurou que «ajustiça é um valor ascendente» e que «valea pena investir agora».Referiu que existe um «grande esforço deformação» dos agentes judiciários,havendo 60 pessoas exclusivamenteafectas à instalação e formação nostribunais, muito embora se saiba que «nomundo de hoje a formação é contínua».Questionado como é possívelcompatibilizar a crescente informatizaçãocom o volume dos acórdãos e sentençasjudiciais, o ministro defendeu que é preciso«simplificar as formalidades da Justiça».«As novas tecnologias sublinharão asredundâncias e exigirão maiorsimplificação», disse.No diálogo on line, António Costa revelouque há uma «experiência inovadora« nosentido de preparar a criação de um«tribunal digital» que não se resume aosconflitos de consumo.A ideia � precisou � é que «todas as peças(processuais) possam circular por viadigital entre as partes e o tribunal» e aaudiência «possa ser feita emvideoconferência».Para António Costa não será apenas pararesolver conflitos de consumo e «oessencial é as partes terem e-mail paraefeitos de citação e notificação». A

experiência arrancará com a adesãovoluntária ao sistema.Questionado sobre se a entrega dostribunais tributários à Justiça é um «presenteenvenenado», o titular da pasta respondeuque «não», sendo «um processo de reforçodas garantias dos contribuintes e que carecede preparação cuidada» entre os Ministériosda Justiça e das Finanças.Falando sobre os presos preventivos e asdesigualdades que, na prática, se registamno acesso à Justiça, António Costadestacou que a reforma do apoio judiciário,cujo novo regime entrou em vigor a 1 deJaneiro, foi uma prioridade do seuministério.«Agora, só os advogados podem serdefensores oficiosos. A igualdade deoportunidades na Justiça é essencial paraque não exista uma Justiça para ricos eoutra para pobres», acentuou.

Celeridade processualé prioridade

Relativamente ao excesso de prisão

preventiva, o ministro afirmouque esta medida de coacçãopode vir a diminuir com aentrada em funcionamento daspulseiras electrónicas, masconsiderou que a «grandesolução é a celeridadeprocessual, de modo a que otempo de medidas precáriasdiminua».Instado a pronunciar-se sobrecomo é que o sistema judicialvai responder ao acréscimoinevitável de processosdecorrentes das novas medidasde segurança rodoviária,incluindo contra a condução

sob o efeito de álcool, António Costa frisouque estas «visam reforçar a eficáciadissuasora, de prevenção geral».«Se tiverem que ser aplicadas, haverácondições de as executar», garantiu.Já no final da conversa on line, econfrontado com o facto de haver políticosque guardam melhor o segredo docasamento do que o segredo de justiça, oministro limitou-se a observar: «Segredo ésegredo».

Mais de 25 gabinetesde consulta jurídica

O Ministério da Justiça espera ter afuncionar entre 25 a 30 gabinetes deconsulta jurídica até ao final do ano,segundo anunciou, no dia 17, o secretáriode Estado, Diogo Lacerda.O objectivo é «cobrir o País inteiro» e,apesar de preferir não apontar datas,afirmou que «até ao final da legislatura épossível ambicionar ter quatro ou cincodezenas» de gabinetes de consultajurídica, destinados ao atendimento de

pessoas carenciadas que necessitem deaceder à justiça.«Depois de, no ano passado, termosreconstituído a lógica do apoio judiciário,é necessário sermos agora capazes deoferecer às pessoas que não têm meioso esclarecimento, a elucidação, para que,caso tenham de ir a juízo, saibam porquêe para quê», explicou.Diogo Lacerda homologou terça-feira oprotocolo celebrado entre a Câmara deCoimbra e o Conselho Distrital da Ordemdos Advogados (OA) para a reaberturade um gabinete de consulta jurídica nacidade, que deverá ser inaugurado noprazo de um mês.O presidente do Conselho Distrital deCoimbra da OA, Ferreira da Silva, referiudurante a cerimónia que o gabinetecriado em 1991 foi perdendo capacidadede intervenção e acabou por sersuspenso em 1997, congratulando-secom o retomar do projecto, no âmbito doprotocolo celebrado no ano passadoentre o Ministério da Justiça e a Ordem.Na área do Conselho Distrital de Coimbrada OA estão já em funcionamentogabinetes de consulta jur ídica emPombal, Guarda, Covilhã e Oliveira doBairro.De acordo com Ferreira da Silva, foramtambém já celebrados protocolos com asautarquias de Seia e Castelo Branco, quedeverão ser homologados pelo Ministérioda Justiça dentro de um mês, e, «pelomenos até ao final do ano, deverão serinstalados gabinetes em Viseu, Leiria eAveiro».O Gabinete de Consulta Jurídica deCoimbra irá funcionar duas tardes porsemana, nas instalações cedidas pelaCâmara de Coimbra situadas na RuaJoão Cabreira.

SOBERANIA Conselho de Estado

Presidente da República deci-diu reconduzir os elementosque integraram o Conselho deEstado no seu primeiro man-

dato, tendo-os empossado ontem, antesde uma reunião deste órgão de consultapresidencial.Os cinco membros designados por JorgeSampaio para o Conselho de Estado sãoCarlos Carvalhas, José Manuel GalvãoTeles, Maria de Jesus Serra Lopes, VítorConstâncio e João Cravinho.Além de Sampaio, integram o Conselho deEstado, por direito próprio, o presidente daAssembleia da República, Almeida Santos,o primeiro-ministro, António Guterres, opresidente do Tribunal Constitucional,

Cardoso da Costa, e o provedor de Justiça,Nascimento Rodrigues.Os presidentes dos governos regionaisdos Açores e Madeira, Carlos César eAlberto João Jardim, e os antigosPresidentes da República eleitos,Ramalho Eanes e Mário Soares, tambémintegram o Conselho de Estado.A Assembleia da República temigualmente cinco membros eleitos:Manuel Alegre, Barbosa de Melo, JoãoSoares, Marcelo Rebelo de Sousa eGomes Canotilho.A 1 de Março na sua última reunião antesdo fim do primeiro mandato de JorgeSampaio, e por proposta do Presidenteda República, o Conselho de Estado

deliberou por unanimidade alterar o artigo13º do seu regimento. Foram aditadosquatro novos números para regular aquestão da publicidade e do segredoquanto às reuniões e deliberações doConselho e respectivas actas, as quaisnão podem ser consultadas ou divulgadasantes de passados 30 anos sobre o fimdo mandato presidencial a que respeitamas reuniões em causa.Sampaio tomou posse para um segundomandato presidencial a 9 de Março.Na reunião de ontem, o Conselhopronunciou-se sobre a recondução dosministros da República para a Madeira,Monteiro Diniz, e para os Açores, Sampaioda Nóvoa.

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20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA11

SOCIEDADE & PAÍS

CONSTÂNCIO «SATISFEITO»

ECONOMIA Orientação restritiva do OE 2001

ictor Constâncio afirmou-sesatisfeito, no dia 18, no Porto,por o orçamento para 2001 terum sentido restritivo, e não

expansionista.Este sentido «correcto» do orçamentomanifesta «uma alteração na orientaçãoglobal, no sentido positivo, da políticaorçamental para 2001», adiantou ogovernador do Banco de Portugal duranteuma sessão de divulgação do euroorganizado pelo Iapmei, na Exponor.«Recentemente, o ministro das Finançasanunciou novos cortes de despesas eespero que isso se concretize».Quanto à inflação disse que o recentecomportamento «inesperado» de algunspreços, designadamente de produtosalimentares, provocou «surpresas».Em relação à preparação para o euro, ogovernador do banco central manifestou-se optimista e satisfeito com o resultadodas sondagens, que indicam que 82 porcento das empresas já têm algumapreparação.O conselho que deixou foi o de as pessoasse prepararem em termos psicológicos,terreno em que, como disse, a transição émais difícil do que no plano físico.Quanto a consequências da moeda única,Constâncio mencionou os reflexos nospreços e nos salários.

Nos primeiros chamou a atenção parapreparar os «preços psicológicos», umavez que, exemplificou, uma variação de

cinco euros para 4,5 euros é apreciável.Por outro lado, «os preços dos bensdomésticos são mais baixos quando

comparados na zona euro, pelo que asempresas deverão aproveitar esta situaçãopara exportar mais», recomendou.Quanto à convergência salarial, para ogovernador do Banco Central, esta sóacontecerá se a produtividade portuguesacrescer mais do que a dos Estados maisindustrializados.Uma política salarial, nacional econsensual, é necessária para conseguiruma «contenção» nos aumentos nominaisdos salários perante o aumento dos custosna zona euro.«São necessárias medidas restritivas emoderação salarial», garantiu.Constâncio relembrou ainda que a entradano euro permitiu o acesso a dinheiro maisbarato, o que redundou na explosão doendividamento das famílias e empresas,com o daquelas a chegar aos 81 por centodo produto interno bruto (PIB) e o destas aatingir os 85 por cento do PIB.A vantagem do endividamento � cujo totalpassou de 1 460 milhões de contos em1990 para 13 900 milhões de contos em2000 � foi permitir o acesso a bensduradouros, disse.«Mas este processo tem limites» e, disseConstâncio, «já começou a fase demoderação que se acentuará em 2001».Em consequência, as empresas terão derepensar as suas estratégias.

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PROGRAMA VERÃOPARA 13 MIL TRABALHADORES

INATEL Férias

programa Turismo Social Verão2001 do Inatel tem umorçamento de 500 mil contos,mais 25 por cento que no ano

passado, devendo abranger 13 milpessoas.O coordenador da área do turismo do Inatel,Rui Calarrão, explicou que foram introduzidasalgumas alterações relativamente aoprograma de 2000, mantendo-se os destinosmas aumentando os circuitos e asmodalidades de férias.No turismo internacional, por exemplo,«mantivemos os países do ano passado,mas os associados podem optar por maismodalidades de férias, como o número dedias, e por mais circuitos, que podem incluirvárias cidades», referiu Rui Calarrão.Benidorm (Espanha), Açores e Madeira sãoalguns dos destinos mais concorridos, talcomo os EUA.Uma vertente que começa a ser muitoprocurada nos programas do Inatel são oscruzeiros.Com organização própria, ao contrário doque vinha sucedendo, as viagens

aumentaram o número de locais de partida,passando a integrar todas as capitais dedistrito.Quanto aos preços, «na maior parte doscasos estão abaixo dos praticados nomercado» referiu o coordenador da área deturismo.Acrescentou que «é difícil fazer umacomparação pois depende dascaracterísticas da modalidade escolhida»,como a inclusão de «transfer» ou o regimede alimentação.O programa Turismo Social é válido entreMaio e Outubro e oferece, na área dedestinos externos, 18 países entre os quaisItália, Áustria, Suíça, República Checa, Grécia,Turquia, Escócia, Rússia ou Finlândia, EUA,Canadá, Argentina, Tailândia ou Brasil.Aqueles destinos de férias são reforçadoscom praia, circuitos, cruzeiros fluviais oucampos de férias, a nível nacional.O Inatel informou ainda que as viagens deautocarro estão programadas para ummínimo de 30 participantes, enquanto quepara deslocações de avião os mínimos sãoestabelecidos caso a caso.

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ACÇÃO SOCIALISTA 12 20 ABRIL 2001

AUTARQUIAS

AUTARQUIAS INICIATIVAS & EVENTOS

Abrantes

Nova empresano Parque Industrial

O Parque Industrial de Abrantes vaibrevemente passar a dispor de mais umanova empresa ligada à indústriatransformadora.Chama-se Manuel O. Marques Constru-ções Metálicas, SA, e a sua principalactividade económica será a fabricação deestruturas metálicas.

Ser uma das cinco maiores empresas deestruturas metálicas da região centro e criaruma imagem de marca sólida e confianteé um dos principais objectivos destaempresa nos primeiros cinco anos deimplantação no Parque Industrial deAbrantes.A autarquia está convicta de que muitasoutras empresas se seguirão, instalando-se num Parque Industrial de excelentequalidade ao nível de infra-estruturas, defácil acesso, situado junto ao nó deAbrantes do IP6.

Albufeira

Comemorações do 25 de Abril

A Câmara Municipal de Albufeiracomemora o 25 de Abril com um conjuntode iniciativas que arrancaram já no iníciodeste mês.

No dia 18, a voz e a poesia de Manuel Freire(autor da música de «Pedra Filosofal)puderam ser apreciadas num espectáculoque teve lugar na Galeria de Arte Pintor

Samora Barros, pelas 21.30 horas.Na noite do dia 23, no auditório municipal,haverá bom cinema português, com alonga-metragem «A Sombra dos Abutres»,de Leonel Vieira.No dia do 27º aniversário da Revolução dosCravos o programa inclui diversasiniciativas que começam logo de manhãcom uma alvorada e hastear da bandeiranos Paços do Município, ao som do HinoNacional, pela Banda da SociedadeMusical e Recreio Popular de Paderne eainda uma largada de pombos.À tarde será inaugurada uma nova estruturapara a infância e juventude. Trata-se doEspaço Lúdico de Albufeira.Para a noite está programado umespectáculo com o grupo de músicapopular Real Companhia, que decorrerá noLargo Eng. Duarte Pacheco.Para encerrar os festejos, a autarquia iráoferecer a todos os munícipes umespectáculo de luz e cor, com uma sessãode fogo-de-artifício a partir da Praia dosPescadores, às 20.30 horas.

Cascais

Miradouro da Boca do Infernoreabre ao público

O município de Cascais reabriu ao públicoo Miradouro da Boca do Inferno, na Av. ReiHumberto II de Itália, em Cascais.

A reabertura teve lugar no passado dia 12,depois da conclusão as obras debeneficiação que toda a zona recebeu.O Miradouro da Boca do Inferno esteveencerrado, por questões de segurança,devido ao estado de deterioração em quese encontrava, originado pelo mau tempoe pelo impacte da força do mar no decorrerdeste Inverno.No âmbito destas obras foi reposta abalaustrada do miradouro e colocado umnovo corrimão de segurança nas escadasde acesso.

Fafe

Câmara adere à campanha«Na cidade sem o seu carro»

O município de Abrantes vai aderir àcampanha «Na cidade sem o seu carro»,promovida pelo Ministério do Ambiente, a

realizar no próximo dia 22 de Setembro.Por unanimidade foi aprovada a adesão deprincípio à campanha, ficando para dataoportuna a apresentação de u programa ecalendário para a evocação da data, quecalha a um sábado.

Pretende-se com a campanha sensibilizara população para a melhoria da mobilidadeurbana e para a diminuição da poluiçãoatmosférica e sonora.

Faro

Novo parque deestacionamento

A Câmara Municipal de Faro adjudicou aconstrução de um parque deestacionamento com capacidade para1200 viaturas na zona do ComplexoDesportivo da Penha, junto às piscinasmunicipais.

Esta nova infra-estrutura representa maisuma importante bolsa de estacionamentoda capital algarvia e terá após a sua entradaem funcionamento ligações ininterruptas,através de mini-autocarros, ao centro dacidade.

Requalificação dos espaçosdesportivos do concelho

O actual Executivo da Câmara de Faro, noâmbito da sua política de requalificaçãodos espaços desportivos do concelho,decidiu apetrechar os campos de futebolda Penha e da Horta da Areia com relvasintética.Esta opção deve-se ao facto deste tipo depiso possibilitar uma utilização bastante

mais intensiva por parte das equipas dascamadas juvenis e não profissionais quehabitualmente recorrem a estes espaçospara efectuarem os seus treinos e jogos.

Ovar

Autarquia apoia associaçõese colectividades

O Executivo da Câmara de Ovar deliberoupor unanimidade apoiar as iniciativas dasseguintes colectividades: Santa Casa daMisericórdia para a realização de umconcerto multimédia; Grupo de Folclore daCasa do Povo de Válega; Grupo deAtletismo da Barrinha para a aquisição deequipamento; Academia de Artes MariaAmélia Simões e Banda FilarmónicaOvarense.

Penha de França

Espectáculo do Corode Santo Amaro de Oeiras

O Coro de Santo Amaro de Oeiras dirigidopelo maestro César Batalha vai actuar nodia 21 de Abril, às 21.30 horas, na Igrejade Nossa Senhora da Penha de França. Aentrada é livre.Trata-se de mais uma iniciativa culturalpromovida pela Junta de Freguesia daPenha de França, no âmbito dascomemorações do 25 de Abril e do 83ºaniversário da sua criação.Fundado em 1960 pelo maestro CésarBatalha, o reportório do Coro é vasto ediversificado.Nele se incluem peças da autoria do seumaestro, cuja vasta obra de compositorvem o Coro beneficiando.O Coro de Santo Amaro de Oeiras tem noseu historial um vasto número de concertosao vivo realizados por todo o País, para osmais diversos tipos de audiências, bemcomo programas na televisão, rádio,gravações em disco, música para cinema,teatro e participações em festivais, entretantas outras actividades.A sua discografia é vasta e nela se destacao LP «Searas», poema coral sinfónico daautoria de César Batalha, acompanhandoo Coro uma orquestra de estúdio.Salientam-se também um LP de trechospopulares portugueses arranjados eharmonizados por César Batalha, «Prendade Natal», com Coro e Orquestra, e «BoaViagem», colectânea de música popular epopularizada portuguesa.Em 1980 foi-lhe atribuído o troféu do MelhorCoro do Ano pela revista «Nova Gente».Em 1981 recebeu a Medalha de MéritoArtístico da Câmara Municipal de Oeiras.Em 1984 a Casa da Imprensa de Lisboadistinguiu-o com o Prémio dePopularidade.Em 1991 foi agraciado com a Medalha deAgradecimento da Cruz VermelhaPortuguesa.Em 1997 a Ordem Soberana e Militar deMalta atribuiu-lhe o seu Diploma deAgradecimento.

20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA13

PS EM MOVIMENTO

Os socialistas açorianos vão levar uma delegação de 140 eleitos ao XII Congresso nacionaldo PS que se realiza a 4,5 e 6 de Maio.Apoiantes da moção do secretário-geral, António Guterres, - «Uma Aposta no Futuro» -os delegados do arquipélago são eleitos hoje, sexta- feira nas vários órgãos de base dopartido.Em S. Miguel serão escolhidos 52 delegados e a Terceira, segunda mais populosa ilhados Açores, elege 34.Apesar do seu apoio a António Guterres, o líder socialista dos Açores, Carlos César,desafiou esta semana as estruturas nacionais do partido a «retomaram o espíritoempreendedor» por forma a que o PS lidere um «grande movimento de reformas nopaís».Segundo Carlos César, que preside ao Governo Regional desde 1996, o PS tem decontinuar um partido com iniciativa à semelhança do que acontece nas ilhas.

passou ao ataque ao PSD, dizendo que os dirigentes do PSD assumiram no distrito deLisboa uma fasquia bem elevada, ao dizerem que «vão ganhar as câmaras todas».«Que o PSD não se esqueça na noite eleitoral daquilo que agora anda a dizer». referiuJorge Coelho.

Coelho critica agenda política

Por outro lado, Jorge Coelho criticou também a agenda política em que se deixaramenvolver o Governo, a bancada do PS e a própria oposição, e incentivou os delegadossocialistas a serem críticos no congresso.Falando num encontro de militantes socialistas de Lisboa, o secretário-coordenador doPS disse encarar com preocupação «a agenda política» do país, ao atribuir-se prioridadea questões como a pílula do dia seguinte, àsuniões de facto, à questão da paridade (pela forma como foi introduzida a sua discussão)e da liberdade religiosa.«A discussão que se faz da lei da liberdade religiosa prejudica violentamente a inserçãodo PS na sociedade portuguesa», afirmou.«Na questão da liberdade religiosa temos de ter o maior cuidado. Temos de ter posiçõescorrectas: defender um Estado laico, mas também um grande respeito pelas diferentesconfissões religiosas, e entre elas a IgrejaCatólica», sustentou Jorge Coelho.Jorge Coelho declarou depois que «não existiu nunca qualquer guerra do PS com aIgreja Católica. Mário Soares foi o grande baluarte da liberdade e foi ele quem saiu emdefesa da Igreja Católica», disse numa referência aos episódios ocorridos em Portugal,em 1975.Outra mensagem deixada pelo secretário-coordenador do PS foi a advertência aosmilitantes, de que «as eleições autárquicas não serão fáceis, nem o próximo ciclo político,até porque os indicadores económicos do país já foram melhores».«No próximo Congresso do PS, teremos de criar condições políticas para que o PS tenhamaior iniciativa», sustentou, antes de apelar a todos os futuros delegados socialistaspara que �assumam uma atitude de espíritocrítico».«Levem para o congresso aquilo que pensam do PS e do Governo. O congresso tem dereflectir o verdadeiro sentimento que os portugueses têm do PS e do Governo», afirmou.Como linha política para o PS, nos próximos anos, o secretário coordenador dos socialistasdefendeu a ideia que o partido do Governo deve privilegiar a sua base social de apoio: aclasse média e os trabalhadores por conta de outrem.«Não é mais possível andarmos a agradar a gregos e a troianos. Passados cinco anosde Governo há que compreender que as coisas mudaram», avisou, declarando, depois,que «a maioria dos portugueses não gosta de ver um partido e um Governo que nãosabe bem que interesses defende».«Nos primeiros quatro anos, houve muitos que nos sorriram, mas, por dentro, tinhamvontade de nos comer», acrescentou Jorge Coelho, depois de se referir aos sectoresque hoje se encontram contra a reforma, casos dos accionistas de «holdings» e pessoasque «não gostam de ver tributadas as suas mais-valias».Jorge Coelho entusiasmou também os militantes do PS/Lisboa, ao garantir que há umacoisa na vida que nunca fará: «Não deixarei de ser quem sou e de estar na política noestilo em que sempre estive».«Quem anda na política por convicções não pode agradar a todos», concluiu.

AÇORES 140 delegados ao Congresso

O candidato socialista à Câmara de Leiria propôs no dia 16 a criação de um metro desuperfície para a Marinha Grande e freguesias do norte do concelho, utilizando as infra-estruturas da actual linha ferroviária do Oeste.José Manuel Silva lamentou o abandono a que foram votadas as freguesias a norte deLeiria, considerando urgente a conclusão do abastecimento de água e o início das obrasde saneamento básico naquela zona do concelho.Estas freguesias, frisou, «estão prejudicadas por estarem no extremo norte do concelho».Acrescentou que são um «exemplo claro da falta de empenho» por parte do executivomunicipal, liderado por Isabel Damasceno (PSD).Numa conferência de Imprensa, o candidato defendeu a melhoria da rede de transportesmunicipais que, no seu entender, «é muito má».Uma das propostas é a criação de um metropolitano de superfície na linha ferroviária doOeste, entre Leiria, Marinha Grande e o norte do concelho.A gestão caberia à autarquia, que utilizaria meios da REFER, pagando uma verba aacordar com a empresa, explicou o candidato.Segundo José Manuel Silva, «os transportes escolares são uma área âncora de umafutura rede municipal de transportes públicos», e devem ser encarados pela autarquiacomo «um serviço social».

Fixar a população

A criação de condições para o desenvolvimento de novas indústrias e actividades decomércio e serviços nas freguesias devem ser uma das prioridades no processo derevisão do Plano Director Municipal (PDM), notou o candidato, que defendeu uma maiordescentralização do atendimento camarário através de associações de freguesias.«O nosso modelo de desenvolvimento para Leiria assenta na fixação da população nasfreguesias e não apenas no centro urbano», frisou.

Jorge Coelho manifestou no dia 17 à noiteconfiança na recandidatura e na reeleiçãode João Soares para a presidência daCâmara de Lisboa.As palavras do secretário-coordenador doPS foram proferidas perante cerca de quatrocentenas de militantes socialistas de Lisboa,entre os quais figuravam os ex-ministrosManuel Maria Carrilho, Alberto Costa e Mariade Belém.«É preciso sair daqui um grande apelo euma grande manifestação de solidariedadepara com o nosso presidente da Câmarade Lisboa e para com o nosso recandidato»João Soares, afirmou Jorge Coelho.Apesar de João Soares ter estado ausenteda reunião, Jorge Coelho reconheceu queo próximo combate eleitoral em Lisboa serádifícil, mas afirmou estar convencido que,com a ajuda dos militantes socialistas, «opresidente da Câmara será reeleito».Depois, o secretário coordenador do PS

LEIRIA PS quer metro

LISBOA Confiança na reeleição de Soares

O camarada José Joaquim Oliveira será o candidato do PS à Câmara Municipal deMoura nas eleições autárquicas de Dezembro.Militante socialista desde Setembro de 1999, José Joaquim Oliveira, de 48 anos, éengenheiro técnico agrário na Zona Agrária de Moura.O candidato é, desde Novembro de 2000, o presidente da Concelhia socialista de Moura.A candidatura foi aprovada «por unanimidade» na concelhia que dirige.Segundo o camarada José Oliveira, a candidatura conta igualmente com o apoio daFederação Regional do Baixo-Alentejo.Nas eleições de 1997, a CDU obteve três mandatos, com 46 porcento dos votos expressos, o PS também três (32,3 por cento) e o PSD um (17,7 porcento).

MOURA PS já tem candidato

No próximo dia 24 de Abril, pelas 20 horas, e a exemplo de uma prática que se tornoutradição, a Secção do PS de S. Mamede de Infesta vai comemorar o 25 de Abril, com umjantar de confraternização que terá lugar no restaurante «Novo Milénio».De salientar que este jantar comemorativo da Revolução dos Cravos vem-se distinguidoe impondo pela abertura a todos os democratas independentemente da sua coloraçãopartidária e aqui reside o seu sucesso.

SÃO MAMEDE DE INFESTA Secção comemora 25 de Abril

ACÇÃO SOCIALISTA 14 20 ABRIL 2001

PS EM MOVIMENTO

PACOTE DE DESCENTRALIZAÇÃO

126 MIL MILITANTES VÃO ELEGER 2500 DELEGADOSE O SECRETÁRIO-GERAL

REUNIÃO Federações exigem

s presidentes das federaçõesdistritais do PS decidiram no dia18 exigir ao Governo e ao GrupoParlamentar socialista a rápida

concretização do pacote dedescentralização e desconcentração depoderes.Esta foi a principal conclusão de umareunião que juntou a direcção do PS,representada por Jorge Coelho, ArmandoVara, António Galamba e Fausto Correia, eos presidentes de federações socialistas.De acordo com o coordenador socialistapara as eleições autárquicas, ArmandoVara, a reunião destinou-se a analisar oprocesso de preparação do partido paraas eleições de Dezembro e a situaçãopolítica do país.No ponto referente à situação política dopaís, Armando Vara disse ter existidounanimidade na necessidade de o grupoparlamentar do PS e o Governo«avançarem rapidamente com o pacote dadescentralização e da desconcentração».«Uma vez que a regionalização não passouem referendo, é preciso apoiar mais ointerior e aproximar o poder das pessoas»,justificou Vara.No entanto, Armando Vara fez tambémquestão de sublinhar que os presidentesdas federações socialistas entendem queeste processo de descentralização «terá deavançar sem a criação de novos cargospolíticos, através do reforço dos poderesdos governadores civis, da distritalizaçãodos serviços e do aproveitamento dasestruturas existentes nas actuaiscomissões de coordenação».

Ou seja, os presidentes das federações doPS estão disponíveis para abdicar dacriação do cargo de comissário regional,que constava do programa eleitoral dossocialistas nas últimas eleições legislativas.Sobre as eleições autárquicas deDezembro, Armando Vara insistiu que oobjectivo do PS «passará pela obtenção demais câmaras e mais votos» do quequalquer outra força política.Em relação aos conflitos dentro dasestruturas socialistas para a escolha doscandidatos a presidentes de câmaras emconcelhos já dominados pelo PS, o ex-ministro declarou que o critério passará porprivilegiar a hipótese de o edil cessante «tera oportunidade de se sujeitar ao julgamentodos eleitores».Na reunião, os presidentes das federaçõessocialistas decidiram organizar umaconvenção nacional de candidatos do PSa presidentes de câmaras, encontro quese deverá realizar entre o final de Setembroe o início de Outubro.Antes, entre Junho e Julho, as diversasfederações organizarão convenções decarácter distrital.

António Vitorino apresenta obrade reflexão para Congresso

António Vitorino apresentou no dia 19 emLisboa uma colectânea de textos intitulada«Novo Ciclo - A Política do Futuro», a quederam a suacontribuição quatro membros do actualGoverno socialista - AlbertoMartins, Guilherme d�Oliveira Martins,Mariano Gago e Carlos Zorrinho- uma ex-governante - Maria de BelémRoseira - e ainda João de AlmeidaSantos, José Conde Rodrigues e LeonelMoura.Embora a obra surja assumidamente emperíodo pré-congressual dos socialistasportugueses, o objectivo expresso naintrodução pelos seus promotores é «daruma resposta reflexiva às grandesquestões que se põem hoje às sociedademodernas (...) mais além da simplesconjuntura».

PS isenta Igreja Católica da leide liberdade religiosae dá liberdade de voto

A Comissão Permanente do PS decidiu nodia 17 adoptar a tese de que a lei deliberdade religiosa apenas se aplicará àsconfissões minoritárias presentes emPortugal e não à Igreja Católica.Em conferência de Imprensa no final dareunião da Comissão Permanente do PS,José Lamego sublinhou que a decisão dadirecção apenas «reconduz o partido aospropósitos iniciais do autor do projecto de

lei sobre liberdade religiosa».Segundo José Lamego, Vera Jardim,enquanto ministro da Justiça e, agora, naqualidade de deputado do PS, «tevesempre como objectivo preencher umvácuo do Direito português no que se refereàs relações entre o Estado e as confissõesminoritárias».«O projecto de lei do PS sobre liberdadereligiosa não irá usurpar ou absorverregimes de regulação que são do direitoconcordatário e, como tal, matéria detratados internacionais», sustentou odirigente socialista, deixando claro que aposição oficial do partido do Governo é ade isentar a Igreja Católica do cumprimentoda futura legislação.De acordo com o secretário nacional doPS para as Relações Internacionais, a novalei de liberdade religiosa deverá «limitar-sea regular as relações entre o Estado e asconfissões minoritárias, colmatando umalacuna jurídica importante».«Em Portugal não há qualquer questãoreligiosa com a Igreja Católica. Ainterpretação que o cardeal patriarca fezda lei de liberdade religiosa coincide coma nossa, já que também entendemos quea Concordata celebrada entre o EstadoPortuguês e o Vaticano tem um caráctervinculativo», sustentou José Lamego.Na reunião da Comissão Permanente doPS foram também analisadas questõesrelacionadas com as próximas eleiçõesautárquicas, as mais recentes medidas doGoverno de combate à sinistralidade nasestradas e o congresso do partido (entre 4e 6 de Maio em Lisboa).

CONGRESSO

processo para o XII CongressoNacional do PS arranca hoje,com o início da eleição directade 2500 delegados, afectos a

três moções globais, e do secretário-geraldo partido.Durante os três dias de votações, queterminam a 22 de Abril, uma das principaisdúvidas reside em saber se a moção deestratégia global de António Guterres,intitulada «PS: uma aposta de futuro», teráno congresso a concorrência daspropostas subscritas pelo ex-deputadoHenrique Neto e pelo militante de LisboaAntónio Brotas.Para que as moções de Henrique Neto(denominada «Portugal Primeiro») e deAntónio Brotas (sob o lema «Socialismo emDemocracia») possam ser discutidas evotadas em congresso, terão de conseguir

no mínimo o apoio de 50 dos 2500delegados a eleger nas eleições internasdo PS.Ao contrário do que aconteceu há doisanos, o XII Congresso do PS recuperou osistema de eleição de delegados criadopelo líder histórico do partido, MárioSoares, em 1981, quando defrontou acorrente do ex-Secretariado, que integravanomes como os de António Guterres, JorgeSampaio, Salgado Zenha e VítorConstâncio.Este sistema de regras, que vigorou até1992 � ou seja, até ao congresso em queos actuais primeiro-ministro e Presidenteda República disputaram a eleição dossocialistas � obriga os militantes candidatosa delegados a vincularem-se logo à partidaa apenas uma das moções globais.Por outras palavras, ao contrário do que

aconteceu em 1999 com as moções deAntónio Guterres e do vice-presidente daAssembleia da República Manuel Alegre,que foram consideradas complementares,no próximo congresso, as propostas deestratégia global para o partido terão deobter o apoio mínimo de 50 delegados eserão votadas em alternativa.No entanto, dentro de cada núcleo ousecção de base dos social istas,continuará a ser possível o aparecimentode várias l istas de candidatos adelegados concorrentes em apoio damesma moção.Além dos 2500 delegados eleitos pelasbases, importará ainda juntar mais 500 cominerência e direito a voto no congresso.Pelos estatutos do PS têm direito ainerência ao Congresso os membros doGoverno filiados no partido, os presidentes

de federações distritais, os membros dasComissão Nacional e do SecretariadoNacional, assim como dirigentes daComissão Nacional da JS e doDepartamento das Mulheres Socialistas.Já no Congresso, os três mil delegadoscom direito a voto vão eleger o presidentedo partido e a futura Comissão Nacionaldo PS, órgão constituído por 261 efectivose, pelo menos, 131 suplentes.Outra regra em vigor entre os socialistas éo respeito pela quota de 25 por centodestinada a mulheres e que se aplica tantoàs listas de candidatos a delegados aocongresso, como às eleições para órgãosinternos dois socialistas.Esta regra, aprovada no Congresso de1999, obriga a que, em cada série dequatro lugares, conste sempre o nome deuma mulher.

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A «AGENDA POLÍTICA»

ACTUALIDADE Jorge Coelho

om alguma insistência temosassistido nos últimos tempos aum interessante debate, que emsíntese, se pode caracterizar por:

Quem marca a agenda política, quem defineos temas que determinam o comportamentodas várias instituições políticas?Para alguns, o Governo e o PS andamsistematicamente a reboque das iniciativasprogramáticas de outros partidos, emparticular do Bloco de Esquerda. O últimocaso teve lugar na semana passada quandoo PS viabilizou a Lei de Bases da Famíliaapresentada pelo PP.Como é obvio, o PS, não tendo maioriaabsoluta, necessita de encontrar pontes paraoutras áreas para fazer viabilizar as suaspolíticas. Saliento, no entanto, as suaspolíticas (do PS).Do meu ponto de vista, a questão deve sercolocada de outra forma.O PS, com 115 deputados, com 44 por centodos votos nas eleições legislativas, tem aobrigação de «comandar» a designadaAgenda Política colocando nela o seuprograma, os seus compromissos ou seja,as medidas para os problemas centrais quepreocupam os portugueses.Será que é correcto, um Partido que está nopoder há quase seis anos, como algunsdizem, ser condicionado por interessesestratégicos de outros, criando assimproblemas de afirmação na sociedade?Será que esta situação é inevitável por nãohaver outros temas mais apelativos?Será que o tacticismo está a ganhar terrenoàs convicções?Vejamos três exemplos concretos que se

verificaram esta semana e que no Governo,no Parlamento e no PS não tiveram a devidarepercussão.

1- Baixaram as taxas de juro para a habitaçãoe o preço do gás. Isto vai implicar quecentenas de milhares de portugueses vãomelhorar um pouco a sua vida;Se fosse o contrário, se tivesse havido umaumento, a oposição teria colocado aquestão na «Agenda Política» e o líder do PPsalientaria os custos para a conhecida«Família Rodrigues».

2- Foi anunciado que o desemprego baixoue o emprego aumentou.Portugal consegue uma das mais baixastaxas de desemprego das últimas décadas.Se tivesse sido ao contrário, a oposiçãoesgotava o dia em conferências deImprensa para entrar nos telejornais com

frases alarmistas.

3- Nos últimos dias, foi mostrado ao país pelomeu caro amigo e camarada João Soares, ademolição do Bairro da Musgueira edemonstrado, mais uma vez, a bemsucedida política de erradicação de barracasna cidade de Lisboa.O presidente João Soares comprometeu-seneste mandato a erradicar os grandes bairrosde barracas e a realojar os milhares demoradores que aí se encontravam. Prometeue está a cumprir.Depois do Bairro do Relógio e do BairroChinês chegou agora a vez das Musgueiras.Mais de duas mil barracas vieram abaixo.Ao todo foram já construídas mais de quinzemil casas e realojadas mais de cinquenta milpessoas. Reconheçamos que é obra realojarmais de cinquenta mil pessoas.Não mereceria esta obra, que vai ao encontro

dos anseios e aspirações das pessoas quecom isso ganharam também a sua dignidadede cidadãos, um pouco mais de força,marcando assim também a «Agenda Política»global?Destes simples exemplos pode-se concluir,com facilidade, que é possível, é necessário,é urgente, o PS marcar com mais acutilânciaa «Agenda Política». Para o conseguir nãofaltam iniciativas e soluções que dão respostaa muitos problemas dos portugueses.A justiça social, a solidariedade, a equidadeno acesso às oportunidades, acompetitividade e a coesão, a saúde, e aeducação. Deve-se ainda referir a Reformada Administração Pública, a descentralizaçãoe a desconcentração.O PS tem este desafio à sua frente. OGoverno, o Grupo Parlamentar e o PS devemde forma coordenada analisar esta situaçãocom rigor. Devem tomar as medidasadequadas, corrigir o que não está bem ese isso for feito sem atirar «pedras» a alguém,então estão no bom caminho e conseguirão,estou certo, alcançar os objectivos.Mas sempre tendo em conta as ideias e asconvicções. Nunca com qualquer outro valorque não deve, nem pode, fazer parte do rumodo PS.Muito menos, conforme faz a oposição quese esgota em dar eco às manchetes dosjornais e aos títulos de abertura dostelejornais. Ao vazio da oposição, o PS temde ser capaz de contrapor as medidas quevão ao encontro das necessidades e dasaspirações dos Portugueses.

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EXECUTIVOS MAIORITÁRIOS

AUTARQUIAS José Pinto da Silva

stá na mesa de trabalhos dospartidos o estudo para altera-ção da lei eleitoral para asautarquias e foi mesmo o tema

mais saliente do primeiro-ministro na suaintervenção no Congresso da ANMP, aindaque os autarcas presentes não tenhamachado muita graça à ideia.Eu, cá por mim, aprovaria a alteraçãolegislativa que levasse à possibilidade deformação de executivos municipaismaioritários (monopartidários ou não, oumesmo não partidários).Sou de opinião que a lei eleitoral para asautarquias poderia (deveria) ser alterada dealto a baixo de forma a permitir que opartido (ou junção de partidos) ou grupode independentes vencedor (absoluto ourelativo) formasse governo municipal. Talimplicaria que deixasse de havercandidaturas para a Câmara Municipal,mas haveria como nas legislativasnacionais, listas de candidaturas à

Assembleia Municipal e ficava implícito queo cabeça de cada lista (partidária ouindependente) seria o candidato à chefiado governo municipal. O cabeça-de-listamais votada seria, logo que confirmados epublicados os resultados eleitorais,indigitado presidente da Câmara econvidado a formar executivo e programade governo que teria de ser discutido eaprovado pela Assembleia Municipal, deque dependeria e perante a qualresponderia, ficando sujeito a moções decensura ou confiança com asconsequências inerentes Como no governoda República. E poderia ser obrigado anegociar consensos para se manter.Os vereadores seriam escolhidos peloPresidente indigitado, podendo recrutá-losonde melhor entendesse, dentro ou fora daAssembleia, do seu grupo ou de fora,mantendo os equilíbrios indispensáveis àsua consolidação e manutençãoOs presidentes de Junta deixaria de ser

membros inerentes da AssembleiaMunicipal, devendo constituir-se emAssociação de Juntas, ficando, ou não, opresidente dessa associação comorepresentante de todas as juntas domunicípio no órgão legislativo municipal.Será racional pensar-se que os membrosda Assembleia Municipal manteriam oestatuto que hoje têm, isto é, não passariama políticos profissionais, como já tem sidoaventado. Reuniriam em datasdeterminadas (seis, oito, dez ou doze vezespor ano) ordinariamente e extraordina-riamente quando algo o justificasse. Olegislador encontraria a fórmula ideal e aregra poderia não ser igualmente seguidaem todos os municípios, porquanto um de150 mil habitantes teria, possivelmente, deadoptar normativos diferentes de outro de10 mil munícipes. Todo o restante articuladoda lei seria adaptado à nova situação, comopoderes dos órgãos, responsabilização doseleitos, etc.

No que às Juntas de Freguesia respeita,tudo poderia ficar como está, podendotalvez o executivo ficar dependente da eresponder perante a Assembleia deFreguesia, isto é, uma maioria naAssembleia poderia destituir a Junta, o queagora não é possível.E já agora, visto ser entendimento quasegeral que se abra o acesso a listasindependentes para os municípios, ospartidos tradicionais que se cuidem,porque pessoas conhecidas e influentes ecapazes que os partidos não souberamcaptar, poderão aparecer e, em muitoscasos, vão governar as Câmaras. Nãoacham?Isto é assunto que está na ordem do dia.As comissões políticas concelhias e distritalpartidárias têm discutido o assunto para,tiradas conclusões, darem achegas aosgrupos parlamentares? Ou espera-se para,depois, se dizer que os tipos nunca foramautarcas e que só fazem burradas?

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ACÇÃO SOCIALISTA 16 20 ABRIL 2001

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

UM TESTE DE ALCANCE MUNDIAL

AMBIENTE Mário Soares

que comanda hoje a políticados principais estados são osinteresses. Os interesseseconómicos, nem sempre

legítimos e de vistas curtas. O princípiodemocrático de que o poder político, por sera emanação do sufrágio popular, está acimado poder económico é hoje irrisório, dadasas manifestações práticas da sua contínuaderrogação, em quase todos os domíniosde actividade. Numa sociedade mundial emque o principal valor é o mercado � logo odinheiro � tudo o resto é secundário, nãosó as questões espirituais e morais, comoos próprios imperativos da sobrevivênciahumana.Vem isto a propósito da decisão escandalosado Presidente Bush de, por forma unilateral esem consulta prévia dos seus aliados, rompero chamado protocolo de Quioto, assinado em1997, visando esta coisa simples e que ficoumuito aquém das expectativas dosecologistas então reunidos: a redução dasemissões de dióxido de carbono responsáveispelo chamado «efeito de estufa», causa doaquecimento da Terra e das substanciaisalterações climáticas a que temos vindo aassistir nos últimos anos. Razão invocada porGeorge W. Bush: os interesses dos EstadosUnidos. Mas quais interesses? Os dapopulação dos Estados Unidos, dosamericanos no seu conjunto? Seguramente,não. Como disse a comissária europeia,Margot Wallström, na televisão sueca: os

interesses das companhias petrolíferas (quesubsidiaram a campanha presidencial deBush) e, porventura, dos que nelas trabalhampor poderem vir a sofrer as consequênciasde uma eventual diminuição dos lucros... Jáhá muitos anos, no princípio do séculopassado, Henri Ford proclamava: «o que ébom para a General Motors é bom para osEstados Unidos» � frase emblemática que foidepois repetida à saciedade e ridicularizadaem todo o mundo culto... Hoje, vai-se maislonge: o que é bom para as grandescompanhias multinacionais, com sede nosEstados Unidos, é bom necessariamente parao mundo. O que representa uma manifestafalsidade, mesmo para a populaçãoamericana, se considerada no seu conjunto.A desordem climática, causadora decatástrofes, pode vir a pôr em risco aexistência de cidades inteiras situadas àbeira-mar, em função do aumento das águasoceânicas provocado pelo aquecimento daTerra. O buraco do ozono é responsável pelocrescimento dos cancros e de outrasdoenças de pele nas populações maisexpostas, por exemplo em Punta Arenas, acidade mais a sul do hemisfério sul. Não setrata de meras hipóteses ou de simplespossibilidades: são conclusões irrefutáveisa que a ciência chegou. Contudo, queimportância tem isso para o Governo do paísque é o maior poluidor do planeta e que maiorvolume de emissões de dióxido de carbonoproduz? Aparentemente nenhuma, apesar de

a opinião pública americana estar advertidado perigo e de terem surgido furiososprotestos nos meios científicos eambientalistas da sociedade americana e dese terem erguido vozes tão responsáveis econhecidas como as do ex-presidente Carter,do astronauta John Glenn, do actor HarrisonFord, da cientista Jane Goodall ou dopresidente da empresa Celera Genomics,Garig Venter...Se reflectirmos bem, na base dos grandesdesafios (e preocupações) com que hoje sedefronta a humanidade, neste começo deséculo, está a nefasta concepção do primadodo lucro pelo lucro e dos interesses imediatosdos potentados, por mais ilegítimos quesejam. A desordem ecológica, que afligetantas associações ambientalistas, tem a vercom isso e só com isso. A poluição sonora,a poluição do ar que se respira, a desordemurbanística, a contaminação dos oceanostornados a lixeira da terra, a escassez da águapotável, transformada em mercadoria em vezde ser concebida como inalienável direitohumano...O tráfico de drogas � bem como de armas,incluindo as nucleares � ou o comérciohorroroso de órgãos humanos, têm naorigem a sede do lucro e o peso do dinheiro.Pense-se na lavagem do chamado «dinheirosujo» e na facilidade com que está a entrarnos fluxos financeiros que se movimentamno mundo à velocidade da luz!O que provocou a tão temida doença das

vacas loucas (BSE) � e que atinge hojetantos outros alimento de primeiranecessidade � não foi essa mesma culturado lucro pelo lucro, que levou as grandesmultinacionais agro-alimentares a utilizarfarinhas animais deterioradas para dar decomer aos herbívoros...?!A União Europeia, como sabemos, não estáisenta de responsabilidades na matéria. O«pensamento único», politicamente correcto,que prega as virtudes da chamada «novaeconomia», não insinua continuamente essamesma orientação, que conduz à«teologização do mercado» e ao dinheirocomo o valor supremo?! Contudo, emrelação à decisão de Bush, os ministros doambiente dos Quinze, reunidos em Kirune,na Suécia, reagiram bem, embora com«nuances», liderados pelo ministro holandêsJan Bronk (que também preside àConferência da ONU sobre o clima) e peloanfitrião sueco, Kjell Larsson. Decidiramenviar uma delegação a Washington com aintenção de convencer Bush a voltar atrásna decisão tomada, que, além de mais, põeem causa a segurança das negociaçõesinternacionais livremente assumidas.Veremos o que se irá passar. Se ascomunidades científica e ecológica,sobretudo nos Estados Unidos, se fizeremouvir suficientemente, nem tudo estaráperdido... Tenhamos esperança e nãodesistamos do combate.In «Expresso», 7/4/2001

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A VIOLÊNCIA NA CIDADE

PERSPECTIVA Helena Roseta

ma das maiores desigualdadesda actual sociedade portu-guesa é a que se estabeleceentre urbanos e suburbanos,

entre quem habita nos centros, perto detudo, e quem tem de se deslocar váriashoras por dia para chegar ao emprego. Aforma distorcida como têm funcionado osmercados imobiliários a isso conduziu:centros em queda demográfica por vezesacelerada, como é o caso de Lisboa,arredores em crescimento descontrolado.As famílias jovens, que tanta falta fazem paraa renovação do tecido social, são expulsaspara as periferias. Ou se endividam para oresto da vida ou aceitam viver em bairrospobres e distantes, onde os problemas seacumulam e onde não há qualquerpossibilidade de proporcionar aos filhosquadros de vida harmoniosos. Cidades queenvelhecem, subúrbios cheios de jovens ede dificuldades, eis um retrato do nossodesordenamento que não pode deixar depotenciar conflitos e violência.Local de paradoxos e contradições, acidade, aparentemente, tudo oferece. Oparaíso parece estar à mão na omnipresente

publicidade e nos megacentros comerciais.Na realidade, só alguns têm poder decompra para o alcançar. Por isso a cidadeatrai e exclui ao mesmo tempo. Osentimento de frustração é maior nascamadas mais jovens, que se impacientamcom o fosso que as separa do acesso aomundo dourado do consumo. É aí quemuitas vezes nasce o germe da revolta e oinstinto da destruição.A escola não pode colmatar sozinha osdéfices de bem-estar e equilíbrio pessoalque se vivem em inúmeras famílias. Ostraumas da violência doméstica e daexclusão social, por vezes associados, sãodifíceis de curar. Se é preciso educar ascrianças, também é preciso actuar junto dasfamílias. «Passo o dia fechado na rua», diziahá tempos um miúdo, residente num dosbairros mais complicados da cidade deSetúbal. A mensagem é evidente: quandoem casa não há ninguém, a rua passa a sera casa. E é na rua que se aprendem oscódigos de grupo, as práticas de iniciaçãoque sempre incluem provas de coragemcontra o statu quo. Os bandos de jovensfazem da rua a sua escola. E aí conhecem

todos os curtos-circuitos para chegar cadavez mais longe no risco e no desafio. Odinheiro fácil é a grande tentação das vidasdifíceis. Por isso é também aqui que o tráficode droga recruta uma parte dos seusagentes. Menores, cada vez mais novos ecada vez mais violentos, difíceis de«apanhar»A cidade vai gerando, ela própria, tensõese conflitos que se transformam em factoresde violência. É uma violência o tempo quese perde no trânsito e nos transportes e omodo perigoso como se conduz. É umaviolência o nível de ruído ou a degradaçãode certos prédios, vetustos ouabandonados. É uma violência quepersistam pessoas sem casa, quando hámilhares de casas fechadas porque omercado não compensa a sua preservaçãoe utilização. É uma violência incentivar amão-de-obra imigrante, porque sai barata,mas recusar às respectivas famíliascondições de alojamento ou nem sequeras admitir na vizinhança. A lista deviolências poderia alongar-se, mas o queimporta reter é que a própria cidade temde passar a ser local de aprendizagem e

de cidadania. É disso que trata o programa«learning cities», lançado pela UNESCO.Reconheço que a expressão é difícil dereproduzir em português. Mais difícil é olharpara a cidade desse modo: como escola,ela própria, da solidariedade contra aviolência. É também disto que devemosexigir que se fale na próxima campanhaautárquica.É verdade que têm sido lançadosprogramas, a nível social e habitacional, parafazer frente a alguns destes problemas. Masfalta uma visão estratégica de conjunto. Paracombater a insegurança na cidade, épreciso mais policiamento, com certeza.Mas isso não chega. É preciso actuar nasperiferias, nas escolas, junto das famílias. Eé preciso trazer de novo os jovens para ocoração da cidade. As nossas cidades,como escreveu Teotónio Pereira, precisamde ser repovoar. É tempo de privilegiar ahabitação para as novas famílias e deconjugar a intervenção estatal, municipal eparticular com esse objectivo. Ignorar isto énão compreender onde nasce e comocresce a violência nas cidades.In «Visão»

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LIBERDADE DE EXPRESSÃO

A PRESERVAÇÃO DOS RECURSOSÉ FUNDAMENTAL PARA O FUTURO DA PESCA*

INTERVENÇÃO José Apolinário

«O peixe tornar-se-á um produto raro e de luxoantes da transformação da aquacultura e doequilíbrio do mar (...)»

Jacques Attaliin «Dicionário do Séc. XXI»

om uma Zona Económica Exclu-siva de mais de 1,7 milhões dekm2, as actividades ligadas ao marsempre foram determinantes para

Portugal e, em particular, a pesca como fontede abastecimento alimentar e como fonte derendimentos e vector de sustentabilidade paraas inúmeras comunidades piscatóriasribeirinhas espalhadas pela costa, cerca de180, só em Portugal continental.Por isso, a importância do sector das pescase da aquicultura não pode ser avaliado apenasem função das capturas da frota nacional ouda produção de aquicultura. De facto, no quese refere às capturas, estas atingiram, em1999, cerca de 210 mil toneladas, e a produçãode aquicultura 7,7 mil toneladas, valores querepresentam apenas uma pequena parte das7873 mil toneladas produzidas pela UniãoEuropeia (2,7 por cento), das quais 1334 miltoneladas provenientes da aquicultura, cercade 6,7 por cento do total da produção mundial(valores de 1998).Sobretudo importa sublinhar o impacto socialda pesca e das actividades a ela ligadas,sendo hoje comum afirmar-se que a políticade pesca é uma política de coesão social.Actualmente, é determinante a pequena pescaque representa 91 por cento do total da nossafrota, num total de 9911 embarcaçõesregistadas até aos 12 metros de comprimentode fora a fora.Dificuldades na obtenção de possibilidades depesca nos pesqueiros tradicionais do AtlânticoNorte e do Atlântico Sul determinaramreduções significativas da frota da pescalongínqua, que conta actualmente com cercade 60 embarcações, operando no quadro deacordos comunitários, ao abrigo de parceriasempresariais ou em águas internacionais. Oalargamento das Zonas EconómicasExclusivas para as 200 milhas, a partir de 1976,foi determinante para esta redução, até porquecom este alargamento 85 por cento dosrecursos haliêuticos à escala mundial deixaramde estar em zonas de pesca livre.Também, por esta razão, assume cada vezmais relevância a actividade praticada na ZonaEconómica Exclusiva nacional. Mesmo nocaso da reconversão da frota de Marrocos,nega-se que a pressão é sobre novoslicenciamentos nos recursos na nossa Zonaeconomica Exclusiva e menos sobre adeslocação para outros pesqueiros e recursosexternos.Este é, aliás, um ponto muito importante:A preservação dos recursos é fundamentalpara o futuro da pesca e dos pescadores. Jáem 1975, num encontro político-partidário aquirealizado, se defendia que a modernizaçãoimplicava menos embarcações, mais segurase eficazes, com menos tripulantes. Ao nívelcomunitário a rarefacção dos recursos levou

à adopção dos Programas de OrientaçãoPlurianuais para a Frota, estabelecendo, porEstado membro, limites para a tonelagem epotência. Há mesmo quem na OrganizaçãoMundial de Comércio, e nalguns Estados-membros, defenda pura e simplesmente o fimdas ajudas públicas à construção de novasembarcações (o novo regulamento fundoscomunitários condiciona ainda mais arenovação). Por isso, centrar o debate nonúmero de embarcações é esquecer a maioreficácia das novas embarcações e de novosequipamentos, e colocar em segundo planouma gestão sustentável dos recursos. Agestão dos recursos continua a exigirajustamentos no esforço de pesca. Éimportante sim garantir melhor retribuição peloesforço de pesca repercutindo, nospescadores, o melhor preço do peixe.Não sendo as capturas da pequena pescamuito significativas em quantidade (sendo,porém, conhecida a dificuldade de colheita dedados estatísticos neste segmento), emtermos de emprego, ela dá ocupação a cercade 63 por cento do total da populaçãomatriculada na pesca, o que lhe confere umpapel muito importante na dinamização dascomunidades da zona litoral.Este é o segmento da frota onde os equilíbriossão ainda mais frágeis, dependendo dosrecursos mais costeiros que evoluem emecossistemas mais complexos e maissusceptíveis de sofrer pressões exteriores,como a poluição, a exigir a moderação daactividade extractiva por parte de uma frotade dimensões reduzidas e com fracacapacidade de diversificação associada aempresas mais ou menos familiares e dereduzida capacidade financeira.É precisamente porque a pesca tem umestatuto particular baseado na coesãoeconómico-social que um dos objectivos doGoverno é o reforço da intervenção social,aspecto que, a nível comunitário, apresentamelhorias evidentes no âmbito do III QuadroComunitário de Apoio, que estará em vigor até2006, nomeadamente no que se refere àreconversão e mobilidade profissional,prevendo ainda a comparticipaçãocomunitária em paragens de pesca emdeterminadas situações, na qual foi possívelintegrar a paragem biológica da sardinha e aimobilização das embarcações de Marrocos.Exigindo, a melhoria da competitividade dosector, uma frota adaptada aos recursosdisponíveis, é vital a restruturação da frotaarrasto de crustáceos está praticamenterenovada, é necessário fazê-lo no cerco,embora com reduções a nível do emprego,assumindo-se que os apoios comunitários sãoindispensáveis a um sector que não se poderegular por uma simples economia demercado, dadas as envolventes sociais e asnecessidades de gestão de recursos vivos,finitos e livres, do assegurar de práticas depesca responsáveis e da manutenção dabiodiversidade e das condições dosecossistemas. Tenho dito, e aqui repito: não épossível transformar a água em peixe.A este nível, o sector deve assumir, comresponsabilidade, a necessária participação

na gestão dos recursos e, em particular, asOrganizações de Produtores que, nos últimosquatro anos e, nomeadamente, no que serefere à pesca da sardinha, desempenharamum papel activo, construtivo e eficaz.Mas não é apenas a nível da gestão dosrecursos que todos os intervenientes têm deser mais activos. A competitividade do sectorexige uma maior integração vertical daactividade, a diversificação e a valorização dosprodutos da pesca e a garantia de qualidade,num modelo de desenvolvimento sustentadoe de segurança alimentar.Considerando o peso da pequena pesca, comas fragilidades já apontadas, o papel dasAssociações e Organizações de Produtores éainda mais importante na dinamização dasactuais empresas familiares «de subsistência»,no desenvolvimento de estruturas dinâmicas,com peso negocial e capacidade deintervenção a nível do mercado, incluindo a 1ªvenda, através de contratos.Na formação, ao nivel da pequena pescaimporta dar especial atenção àprofissionalização e valorização dostrabalhadores da pesca, por forma a tornar aprofissão mais atractiva e a permitir orejuvenescimento do sector. O regime jurídicodo trabalho a bordo de embarcaçõesconstituiu um importante passo para ostrabalhadores da pesca no sentido da garantiados seus direitos, mas, a par com melhorescondições de vida e de trabalho a bordo, énecessário melhores condiçõesremuneratórias, reforçando o diálogo social.Entendo que a base remuneratória fixa se deveprogressivamente aproximar do salário mínimonacional e só a partir deste ser apurada apercentagem de pesca. É um processogradual mas incontornável.A aquicultura, apesar de ser uma actividademuito antiga no Continente, quer em água-doce (tanques) quer em água salgada(salinas), nunca contribuiu significativamentepara a produção, como forma alternativa deabastecimento alimentar (5 por cento em1999). Dominando a produção de bivalves naszonas lacunares do Algarve, a pisciculturamarinha, em especial a dourada e o robalo,têm vindo a aumentar a sua importância,denotando melhorias na qualidade da água,nas técnicas de maneio, na profilaxia sanitária,no aprovisionamento de juvenis e nas rações.Um melhor aproveitamento das boas condiçõesnaturais, que existem em Portugal, juntamentecom uma maior articulação entre os privadose a administração das pescas, autoridadesmarítimas e portuárias e estruturas doordenamento do território e conservação danatureza, bem assim com a melhoria daqualificação profissional, e a intensificaçãoponderada dos sistemas de produção poderãolevar a um crescimento rápido do sector.Na aquicultura, como na pesca e, aliás,também na industria, a melhoria dacompetitividade passa por uma maiororganização do sector centrada nos mercadose, ainda, uma diversificação da produção,melhoria da qualidade, certificação e garantiada salubridade, com consequentes vantagensa nível da valorização dos produtos.

Numa sociedade onde predomina o consumopelo impulso, dominado pelas estruturas dedistribuição alimentar, - a indústria para manterum produto de conservas «em linha», tem degarantir o crédito do mesmo - a rotulagem,que generalizaremos a partir de 2002, reforçaráa transparência e a informação ao consumidor.A diferenciação, com marcas próprias, aidentificação geográfica dos produtos, aqualidade na produção e dos produtos do marsão outros desígnios fundamentais para acompetitividade do sector.A nível da formação reconhece-se que asmaiores carências não se situam ao nível daactividade da produção, mas nos sectores ajusante e que são determinantes para amelhoria da produtividade e competitividadedo sector: manuseamento de pescado,comercialização, «marketing», técnicas depreparação de alimentos, qualidade esegurança alimentar, gestão, entre outros.Finalmente não pode deixar de ser referido opapel das instituições cientificas em geral edo IPIMAR em particular, que tem procurado,ao longo dos anos, e numa abordagemmultidisciplinar, melhorar os conhecimentosexistentes sobre os ecossistemas em geral esobre os processos que interferem naprodução da aquicultura ou determinam aabundância dos recursos. Ao nível doordenamento das pescarias foram feitasintervenções piloto, como a implementação derecifes artificias na costa algarvia, destacando-se, no que se refere à aquicultura, aimplementação de uma estação piloto deaquicultura. Determinante para odesenvolvimento e inovação é o estreitamentode ligações com o sector, que o IPIMAR temprocurado protagonizar.Aliás, em termos orçamentais, com o recursoao Orçamento de Estado e a fundoscomunitários o orçamento de investimentoanual do IPIMAR é hoje o dobro do que seregistava em 1995.

Voltando a Attali e ao seu «Dicionário doséculo XXI»:

«O Mar deverá alimentar parte importante dahumanidade. Para tal será necessárioregulamentar severamente a pesca, protegeras espécies em risco de desaparecimento edesenvolver a aquicultura».No nosso entendimento, estão criadas ascondições para que o sector evolua no sentidode objectivos que devem ser os de todos nós:o desenvolvimento sustentável do sector, aexploração responsável dos recursos, umaaquicultura compatível com o meio ambiente,a melhoria da competitividade, uma repartiçãomais equitativa dos rendimentos e a melhoriadas condições económico sociais do sector.Existe uma estratégia do desenvolvimento dosector, sopesando a gestão dos recursos comas políticas sociais, porque os pescadores eas suas famílias, as gentes do mar têm umaimportância social, cultural e política, que émuito superior ao peso económico do sector.

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*Intervenção do secretário de Estado das Pescas.Relatório final da INOFOR Matosinhos, 11 de Abril de 2001, sobrePescas e Aquicultura

ACÇÃO SOCIALISTA 18 20 ABRIL 2001

LIBERDADE RELIGIOSA: PELA IGUALDADEOU PELO PRIVILÉGIO?

REFLEXÃO Jorge Lacão

s relações entre o Estado e aIgreja Católica continuam areger-se tendo como matriz aConcordata de 1940 (ainda que

alterada em 1975 no aspecto pontual masaltamente relevante do levantamento daproibição do divórcio civil de casamentoscelebrados sob forma canónica), aprovadanum tempo profundamente marcado pelocarácter «antidemocrata» e «antiliberal» doregime que a celebrou para citar palavrasinsuspeitas do Deputado Sá Carneiro, noslongínquos tempos de 1971, preconizando,já então, a revisão concordatária devido àssuas muitas disposições «obsoletas».Foi, aliás, sob o carácter autoritário do«Estado Novo» que a Constituição de 1933voltou a estabelecer oficialmente a religiãocatólica como «religião tradicional daNação Portuguesa» e o privilégio históricodas relações concordatárias com a SantaSé. Em tal contexto, em 1971, uma lei debases relativas à liberdade religiosainsistiria em consagrar o regimeconcordatário como o regime especial dasrelações entre o Estado e a IC.Em nítido contraste democrático, aConstituição de 1976 apresenta-setributária do princípio da laicidade, integrano núcleo dos direitos liberdades egarantias a liberdade de consciência, dereligião e de culto e vincula o Estado a umdever de neutralidade em domínios tãorelevantes como os da educação e cultura,assegurando que o ensino público não seráconfessional.É neste quadro que pareceu revelaractualidade a apresentação de umainiciativa de lei denominada da liberdadereligiosa. Como o título inculca, deveriatratar-se de um diploma apto a regular talregime jurídico de forma actualizada. Tantomais que os autores da iniciativa logoafirmavam, na sua justificação de motivos,que os (anteriormente citados) textoslegislativos concebidos no quadroconstitucional de um regime de governoantidemocrático, articulam umentendimento da liberdade religiosa e daseparação entre o Estado e as religiõesinconciliável quer com a Constituição quercom a doutrina católica firmada no ConcílioVaticano II, as quais são entre sicoincidentes na matéria.Como quer que seja, o processo escolhidofoi radicalmente diverso do prosseguidopor outros Estados de tradiçãoconcordatária Itália, Espanha que, emconformidade com as suas Constituiçõesdemocráticas, encetaram a revisão doregime jurídico da liberdade religiosaprecisamente pela revisão das respectivasConvenções e Acordos com a Santa Sé.Compreende-se o desígnio de Italianos eEspanhóis: evitar tanto o melindre de umarevisão eventualmente sobressaltada dasregras de relacionamento entre osrespectivos Estados e a Igreja como

impedir qualquer capitus deminutio dasoberania democrática, se colocada nasituação de legiferar com limitaçõesderivadas de relações especiais de poder.Ora, é precisamente neste ponto quecomeçam os problemas. No ponto exactoem que, com meridiana clareza, ouvimosna voz autorizada do Sr. Cardeal Patriarcaque o Parlamento não é sede própria paradefinir modos de regulação das relaçõesentre o Estado e a IC. O que,evidentemente, equivale a considerar quelei geral da República não é instrumentoidóneo para estabelecer normativosaplicáveis à Igreja.Impõe-se, por isso, perguntar: quefundamento democrático pode justificarque um órgão soberano se destitua dodever de legislar de forma geral e abstractaem domínios que ou têm natureza dedireitos, liberdades e garantias ou denormas comuns destinadas a colocar oEstado numa situação, mesmo quando decooperação, de neutralidade e de nãoingerência em relação às confissõesreligiosas e às suas práticas demissionação e de culto?A verdade é que se a Assembleia daRepública legislar de forma parcial, nãoregulará o exercício da liberdade religiosaapenas para confissões minoritárias.Restabelecerá na prática o privilégiohistórico de a IC predeterminar o quê e ditaro quando e o como das formas deregulação pública que se lhe referirem.Tudo, afinal, se voltará a passar como senas relações institucionais entre o Estado

e a IC continuassem a vigorar as regras daConstituição de 33. Mau grado aConstituição democrática e o Vaticano II!Será, aliás, elucidativa uma identificaçãosumária de algumas das matérias maissimbólicas que a IC contesta que olegislador venha a estabelecer comaplicação geral:- As disposições que regulam a assistênciareligiosa em situações especiais deconstrangimento à mobilidade daspessoas, quadro em que o Estado assumeuma dever de cooperação com vista aassegurar condições adequadas aoexercício da assistência religiosa,salvaguardando a lei que tal assistênciadeve processar-se com respeito peloprincípio da separação, visando evitar-seconfusões desnecessárias entre a naturezadas capelanias e as funções públicas;- Os direitos reconhecidos aos ministrosdo culto perante as autoridades públicas,designadamente o seu estatuto deimunidades externas bem como o regimebásico dos direitos sociais que o Estadolhes confere;- A regulação do ensino religioso nasescolas públicas, assumindo o Estado odever de respeitar os programas indicadospelas confissões religiosas bem como aindicação de confiança relativamente aosrespectivos professores, a quem paga eassegura nos seus direitos, estabelecendo-se - em atenção à liberdade de consciência- que a educação moral e religiosa temnatureza opcional e não é alternativarelativamente a disciplinas curriculares e

em atenção, no limite, ao princípioconstitucional da não confessionalidade doensino a regra de que os professoresencarregados do ensino confessional nãodevem cumular outra leccionação aosmesmos alunos (sem prejuízo dafaculdade de ministrarem, fora daacumulação, outras disciplinas para queestejam habilitados), ressalvadas noentanto, ainda aí, as situações deimpossibilidade de diversificação;- O regime dos tempos de emissãoreligiosa nos serviços públicos de televisãoe de rádio que prescreve a compatibilidadeentre o princípio da representatividade e oprincípio da tolerância.Em síntese, tendo em conta que, a par dadefinição de normas gerais, nenhumadificuldade foi levantada, por parte dolegislador, à salvaguarda dos regimesespeciais com abrigo concordatário, emface das reticências da IC permaneceincontornável a questão principal.O Parlamento do regime democrático bempoderia ter sido poupado, com prudênciae sentido de Estado, ao lamentável riscode claudicar das suas própriascompetências a benefício do primado dainfluência dos poderes ideológicos em faceda autonomia do poder político.Primeiro, se os governantes, como outrosmais avisados, tivessem procedido àrevisão do regime concordatário,conduzindo a que uma harmoniosa lei geralda liberdade religiosa, como corolário,viesse a reflectir igualdade e não dualidadede tratamentos.Segundo, se, no processo preferido,salvaguardado escrupulosamente o aindaque obsoleto regime concordatário, a leiem todo o caso estabelecesse âmbito deaplicação geral às disposições reguladorasdo exercício da liberdade religiosa que,tendo natureza universal, nada justifica quesejam aplicadas com discriminação.Ao afirmar o que venho afirmando, e emconclusão, permito-me pedir outra vez deempréstimo as palavras de Sá Carneiro nocontexto já citado: faço-o com a serenidadedecorrente da consciência de ter cumpridoum dever no caso, o dever de um legisladorque se esforça por salvaguardar o princípioda igualdade e da não discriminação comoo mais elementar dos princípios da justiça -ao abordar um assunto incómodo (...) certode que, muito mais do que as opiniões deoutrem a nosso respeito, importa o valor eo bom fundamento das nossas própriasopiniões. Importa, também, poder exprimiro inconformismo de quem acha que, na vidapolítica, pessoas de acção e com o sentidoda eficácia dos seus actos são precisastodos os dias. Mas que políticos depensamento e acção, empenhados em dartestemunho coerente, sobretudo nassituações difíceis, dos valores democráticosdo regime, são precisos muito mais.In «Público», 18/04/01

A

20 ABRIL 2001 ACÇÃO SOCIALISTA19

O D I Z E RDA POESIA

CULTURA & DESPORTO

SUGESTÃO

POEMA DA SEMANASelecção de Carlos Carranca

QUE SE PASSA Mary Rodrigues

Com fúria e raiva

Com fúria e raiva acuso o demagogoE o seu capitalismo das palavras

Pois é preciso saber que a palavra ésagrada

Que de longe muito longe um povo atrouxe

E nela pôs sua alma confiada

De longe muito longe desde o inícioO homem soube de si pela palavraE nomeou a pedra a flor a águaE tudo emergiu porque ele disse

Com fúria e raiva acuso o demagogoQue se promove à sombra da palavraE da palavra faz poder e jogoE transforma as palavras em moedaComo se fez com o trigo e com a terra

Sophia de Mello Breyner AndresenIn «O nome das coisas», Junho de 1974

I FESTIVALNACIONAL

DE ROBÓTICAO primeiro festival nacional de robóticavai decorrer em Guimarães, entre 25e 28 de Abril, visando promoverdesenvolvimentos científicos etécnicos nesta área e motivar osjovens para a aprendizagemexperimental das ciências.O Robótica 2001 está a ser organizadopelo Grupo de Robótica daUniversidade do Minho, emcolaboração com a Universidade deAveiro e o Instituto Superior Técnico.O festival terá três partes: umacompetição de robótica móvel ondecada robô tem de fazer uma provacronometrada, uma mini-conferênciaonde serão apresentados os trabalhosrealizados em Portugal na área darobótica móvel e industrial e váriasdemonstrações de robôs construídospor investigadores nacionais.A entrada é livre e a organização, queconta transformar este festival numevento anual, espera uma grandeafluência de público tanto para assistiràs competições (realizadas à noite)como para ver as demonstrações dosvários robôs.As inscrições na competição ou maisinformações sobre o festival poderãoser obtidas na Internet, emw w w. r o b o t i c a . d e i . u m i n h o . p t /robotica2001.

Pintura em Albufeira

O Auditório Municipal exibe, segunda-feira, dia 23, a partir das 21 e 30, o filme«A Sombra dos Abutres».A autarquia local convida os maispequeninos a juntar-se, no dia 25, noParque Lúdico, para um momento deentretenimento no maior espaço debrincadeiras, convívio e encontro degerações.Entre as 15 e as 18 horas haverámímica, malabar ismo, andar i lhos,escultura de balões e pintura de faces.

Fado em Almodôvar

Cidália Moreira, Carlos Matos, ManuelMartins, António Heleno, Ana Margaridae Liliana são os fadistas que actuarão,acompanhados pela guitarra de PintoVarela e a viola de António José, naNoite de Fados programada para as 21e 30 de hoje, no salão dos BVA

Concerto em Fafe

Hoje o p ian is ta Bruno Bel tho iseapresenta-se ao públ ico para umconcerto musical a decorrer no EstúdioFénix, pelas 21 e 30, no âmbito do«Raízes Ibéricas � Festival de Regiões».O programa deste recital inclui obras deFrancisco de Lacerda, Luiz Costa,Maurice Ravel e Alexandre Delgado.«O que as Mulheres Querem» (dias 21e 22) «Capitães de Abril» (dia 23) e «OGladiador» (dia 25) são as sugestõesapresentadas pelo Estúdio Fénix paraas sessões de cinema das 15 e 30 edas 21 e 30.

Abril em Guimarães

Um regresso ao PREC é a proposta doCarlos Martins Quinteto para assinalaros 25 anos de Abril. O espectáculo,marcado para o dia 24, às 21 e 30, noAuditório da Universidade do Minho, éuma rev is i tação de temas que setornaram célebres à época, da autoriade José Afonso, Sérgio Godinho e JoséMário Branco.

Dança em Faro

Hoje, às 21 e 30, não perca o «Super-Homem e Betty Bop», um espectáculode dança com Francisco Camacho eCarlota Lagido, a decorrer no auditóriodo Conservatório.No âmbito da sessão inaugural daBiblioteca Municipal António RamosRosa, a autarquia local promove, no dia23, um espectáculo teatral da autoriade Filipe Ferrer � «As Pestanas de gretaGarbo» � que também sobe ao palcodo auditório acompanhado ao pianopor Aníbal Madeira, a partir das 22horas.

Cinema em Lisboa

Um ciclo de cinema soviético,particularmente dirigido aos melómanos,mas capaz de congregar igualmente oscinéfilos, será exibido no Salão Foz, até aodia 26.Durante alguns dias, será possível ver,naquele espaço do Palácio Foz, na Praçados Restauradores, as adaptações aocinema de seis das mais notáveis óperasda história da música russa:«Khovantchina», «Boris Godunov» (deMussorgski), «A Dama de Espadas»,«Eugene Oneguin» (de Tchaikovski), «OPríncipe Igor» (de Borodine) e «KatherinaIzmailova» (de Chostakovitch).

Son cubano em Loulé

No âmbito das comemorações de mais umaniversário da Revolução dos Cravos, aCâmara Municipal promove, na próximaquarta-feira, pelas 22 horas, umespectáculo com Vitorino e os SeptetoHabanero, no Pavilhão do Nera.No dia 24, a partir das 21 e 30, o jardim daCasa Moura será palco do concerto dosThe Texabilly Rockers.

Conferência no Montijo

Mário Soares dará uma conferênciasubordinada ao tema «O 25 de Abril �Desafios e Conquistas», amanhã, às 16 e30, no auditório da Assembleia Municipal.

Poetas em Portimão

O Boa Esperança Atlético ClubePortimonense acolhe, amanhã, sábado, dia21, o III Encontro de Poetas, a partir das 21e 30.

No domingo, 23, à mesma hora e nomesmo local, poderá desfrutar de umconcerto a cargo do Grupo Coral.No dia 24 (segunda-feira), às 21 e 30, oAuditório Municipal será palco doespectáculo «Baladas Bailadas», umevento que contará com performancesvocais, bateria, piano, contrabaixo e dança.

Tasquinhas em Santo Tirso

A Praça 25 de Abril foi o local escolhidopara receber a VI Feira das Tasquinhas, quevai decorrer de 24 de Abril (a inauguraçãoestá marcada para as 18 e 30) até ao dia 1de Maio.O certame inclui, ainda, três iniciativasparalelas e complementares: um programade animação musical (diário); uma mostrade vinho verde engarrafado (diária) e umconcurso concelhio de vinho verdeengarrafado e da produção (realiza-se noúltimo dia do certame e vai estar aberto aosvitivinicultores do concelho que podem pôra concurso os seus vinhos verdes nascategorias de branco, tinto e espadeiro».

Teatro em Sintra

Arranca hoje, a IX Mostra de Teatro dasescolas de Sintra, um evento que seprolongará até ao dia 11 de Maio.O certame começará com a representaçãoda peça «Biblioteca Assombrada», a cargodos alunos do ATL � Actividades deTempos Livres da Escola Básica n.º 4 deSintra, às 11 horas.Ainda hoje, às 21 e 30, poderá apreciar apeça «As Vedetas», na Escola EB 2,3 RuyBelo, em Monte Abraão.De referir que a mostra integra a iniciativa«Sintra Teatro 2001», que engloba,igualmente, o XII Festival de Teatro deSintra» (a decorrer entre 27 de Abril e 26de Maio).

T e a t r o P o é t i c o

O D I Z E RDA POESIAcom Nuno Miguel Henriques

O Pátio das IdeiasCompanhia de Teatro Profissional

23 de Abril

Casa Municipal da CulturaCOIMBRA

ACÇÃO SOCIALISTA 20 20 ABRIL 2001

OPINIÃO DIXIT

Ficha Técnica

Acção SocialistaÓrgão Oficial do Partido SocialistaPropriedade do Partido SocialistaDirectorFernando de SousaDirector-adjuntoJosé Manuel ViegasRedacçãoJ.C. Castelo BrancoMary RodriguesColaboraçãoRui PerdigãoSecretariadoSandra AnjosPaginação electrónicaFrancisco SandovalEdição electrónicaJoaquim SoaresJosé RaimundoFrancisco Sandoval

RedacçãoAvenida das Descobertas 17Restelo - 1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Administração e ExpediçãoAvenida das Descobertas 17Restelo - 1400 LisboaTelefone 3021243 Fax 3021240Toda a colaboração deve ser enviada para oendereço referidoDepósito legal Nº 21339/88; ISSN: 0871-102XImpressão Mirandela, Artes Gráficas SARua Rodrigues Faria 103, 1300-501 LisboaDistribuição Vasp, Sociedade de Transportes eDistribuições, Lda., Complexo CREL, Bela Vista,Rua Táscoa 4º, Massamá, 2745 Queluz

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ÚLTIMA COLUNA Joel Hasse Ferreira«Temos de corrigir aquilo queestamos a fazer»Jorge CoelhoA Capital, 18 de Abril

«O PSD não tem ideias, não temuma política de saúde. O PSDpega no líder parlamentar e fazoposição com base em factos»Manuela ArcanjoDiário de Notícias, 18 de Abril

«Só não é criticado quem nadafaz»Idem, ibidem

«É uma vergonha estar-se acomprar serviços aos privadosque os hospitais podem fazer»Idem, ibidem

«Tudo isto são irregularidades, nãofalo em fraudes, que geram défice.O que se passa é uma vergonha»Idem, ibidem

«Sempre fui tratada como alguémdo PS, apesar de me consideraralinhada à esquerda no espectropolítico do partido»Idem, ibidem

BRASIL, ARGENTINA E ALCA A política argentina, a partirda chegada de DomingosCaval lo às responsabi l i -dades governamentais na

área da economia quase paralisou oMercosul e abriu um contencioso gravenão só com a banca e os operadoreseconómicos de São Paulo como comtodo o poder económico e políticobrasileiro.Entretanto, as pressões daAdministração Bush no sentido deacelerar a criação da ALCA (que visa acriação de uma zona de livre comérciodo Alaska ao Cabo Horn) criaramdificuldades suplementares no âmbitodo Mercosul. Mas há contradições debase no actual funcionamento doMercosul. Elas não radicam,contrariamente ao que disse Cavallo(hoje no poder), no facto de o Mercosulser constituído por dois países enormes(Brasil e Argentina) e dois pequenos(Uruguai e Paraguai). Reside, sim, emnosso entender, no facto de a moeda

argentina, o peso, ser convertível e terum funcionamento estreitamenteassociado ao dólar norte-americano.

2.- A reacção que as medidaseconómicas argentinas provocaram noBrasil não foram só humoríst icas(Caval lo e Marx assegurando aEconomia e as Finanças estimularamo humor brasileiro). O presidentebrasileiro Fernando Henriques Cardosoadiou a sua viagem oficial ao México eo ministro Domingos Cavallo teve quese deslocar ao Brasil a anunciar asalterações às próprias medidaseconómicas que tinha anunciado diasantes (prejudicando, entre outros, oforte sector informático brasileiro).Entretanto, a Argentina pressiona paraque o Brasil (que muito ganhou com acrise da BSE) altere as restrições quetinha estabelecido quanto àsimportações de carne argentina.

3.-Hoje, D. Caval lo tenta sair do

impasse em que a Argentina seencontrava, anunciando a ligação dopeso argentino, em simultâneo, ao euroe ao dólar americano. O que sendointeressante em termos da zona euro epermitindo uma maior flexibilidade dapolítica monetária argentina, provocouno imediato a queda brusca dediversos títulos na Bolsa de S. Paulo.

4.- Neste tempo de organização daeconomia mundial em grandes blocosregionais, aos sectores hegemonistasnorte-americanos, como nãointeressou a criação do euro, tambémnão interessa a consol idação doMercosul. O que interessaria realmenteera acelerar a criação da Associaçãode Livre Comércio Americana desde oCanadá ao extremo - Sul da AméricaLatina. Por ora, algumas resistênciassul-americanas fizeram recuar esseobjectivo, mantendo-se a data de 2005para a prevista criação da ALCA.

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