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ABENO ABENO Associação Brasileira de Ensino Odontológico REVISTA DA Associação Brasileira de Ensino Odontológico Revista da Associação Brasileira de Ensino Odontológico - volume 11 - número 1 - janeiro/junho - 2011 volume 11 número 1 janeiro/junho 2011 ISSN 1679-5954 ABENO ABENO ABENO ABENO

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ABENOABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

R E V I S T A D A

Associação Brasileira de Ensino Odontológico

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volume 11número 1janeiro/junho2011

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ABENOAssociação Brasileira de Ensino Odontológico

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Presidente Maria Celeste MoritaRua Pernambuco, 540 - 1º andarClínica Odontológica da UELCEP: 86020-120Centro - Londrina - PRE-mail: [email protected]: www.abeno.org.br

apoio para esta edição:

Copyright © Associação Brasileira de Ensino Odontológico, 2005Todos os direitos reservados .Proibida a reprodução no todo ou em parte, por qualquer meio, sem autorização da ABENO .

Catalogação-na-publicação(Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo)Revista da ABENO/Associação Brasileira de Ensino Odontológico . – Vol . 1, n . 1, (jan .-dez . 2001) .– São Paulo : ABENO, 2001-SemestralISSN# 1679-5954A partir de 2005, vol . 5, n . 1 a publicação passa a ser semestral .1 . Odontologia (Periódicos) I . Associação Brasileira de Ensino Superior (São Paulo)II . ABENOCDD 617 .6BLACK D05

Associação Brasileira deEnsino Odontológico

ABENO

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Revista da ABENO • 11(1):3-4 3

Sumáriov. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011

EditorialExperiências exitosas na saúde fortalecem o ensino

Maria Celeste Morita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

anaiS da 46ª rEunião anual - 2011Comissão organizadora local . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

Programação Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

i mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PEt-Saúde e telessaúde da área de odontologia

Artigos Selecionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Resumos Selecionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81

Vídeos Selecionados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

artiGoSContribuição do PEt-Saúde para a área de odontologia da uFPr na consolidação das diretrizes Curriculares nacionais e do SuS, nos municípios de Curitiba e Colombo-Pr

Contribution of the PET-Health program to UFPR’s Dentistry area in consolidating the national curriculum guidelines and the Unified Health System (SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR

Marilene da Cruz Magalhães Buffon, Denise Siqueira de Carvalho, Edevar Daniel, Helvo Slomp Junior, Giovana Daniela Pecharki, Cristhiane Aparecida Mariot, Cássio Murilo Ferreira, Gisele Blitzkow S . dos Santos, Joelcio Santos Madureira Junior, Débora Cássia da Costa Massaro, Maria Carolina Mosimann, Rita Helena Bergami, Larissa Cristiane Geraldo, Lícia Kiyomi Kamoi Kai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Vivência da odontologia no PEt-Saúde da Família da uFal. aprendizado de ações coletivas baseado no ensino- pesquisa-extensão acadêmicos

The dentistry experience of the PET-Family Health Program at UFAL. Learning public health actions based on academic teaching-researching-extension principles

Antonio Carlos de Souza Neto, Adeane Loureiro de Almeida, Paulo Rosa dos Santos Junior, Izabel Maia Novaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricular

Professional dentistry training: students’: perception of curricular interaction

Mariana Gabriel, Elisa Emi Tanaka . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

o portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagem

The portfolio as a facilitating strategy of the teaching-learning process for dentistry training. Suitability of teaching methods using the virtual environment for learning

Myrna Maria Arcanjo Frota, Léa Maria Bezerra de Menezes, Carlos Henrique Alencar, Lidiane da Silva Jorge, Maria Eneide Leitão de Almeida . . . . . . . . . . . 23

Publicação oficial da

associação Brasileira de Ensino odontológicodirEtoria (2010 a 2014)PresidenteMaria Celeste Morita

Vice-PresidenteAdair Luiz Stephanello Busato

Secretário GeralLuiz Sérgio Carreiro

1a SecretáriaVânia Regina Camargo Fontanella

tesoureira GeralElisa Emi Tanaka Carloto

1a tesoureiraMaura Sassahara Higasi

ComiSSão dE EnSinoAna Isabel Fonseca ScavuzziCresus Vinícius Depes de GouveiaElaine Bauer VeeckJosé Ranali (Presidente)José Tadeu PinheiroMaria Ercília de AraújoMário Uriarte Neto

ConSElHo FiSCalJoão Humberto Antoniazzi (Presidente)José Galba de Menezes GomesLéo KrigerLino João da CostaOmar Zina

revista da abenoEditor CientíficoJosé Luiz Lage-Marques

Conselho EditorialCarlos de Paula Eduardo (FO-USP)Carlos Eduardo Francischone (FOB-USP)Célia Marisa Rizzatti Barbosa (UNICAMP)Cinthia Pereira M. Tabchoury (UNICAMP)Cláudio Luiz Sendyk (FO-USP)Daniela Lemos Carcereri (UFSC)Eduardo Saba Chujfi (UNICASTELO)Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni.Guarulhos)Elisa Emi Tanaka (UEL)Élito Araújo (UFSC)Euloir Passanezi (FOB-USP)Fernando Ricardo Xavier da Silveira (FO-USP)João Marcelo Ferreira de Medeiros (UNITAU)Jorge Abrão (FO-USP)José Eduardo de Oliveira Lima (FOB-USP)José Ranali (FOP-UNICAMP)Liliane Soares Yurgel (PUC-RS)Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)Luiz Carlos Pardini (FORP-USP)Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)Marco Antonio Bottino (UNESP-SJCampos)Marco Antonio Campagnoni (FOAR)Maria Ercília de Araújo (USP)Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)Maura Sassahara Higasi (UEL)Roberto Brandão Garcia (FOB-USP)Roberto Miranda Esberard (FOAR-UNESP)Rodney Garcia Rocha (FO-USP)Simone Tetu Moysés (UFPar)Sylvio Monteiro Júnior (UFSC)Vania Ditzel Westphallen (PUC-PR)

indexaçãoA Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico está indexada nas seguintes bases de dados: BBO - Bibliografia Brasileira de Odontologia;LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde.

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Revista da ABENO • 11(1):3-44

inserção do aluno de odontologia no SuS: contribuições do Pró-Saúde

Insertion of the dental student in the SUS: contributions of the Pro-Health program

Simone Dutra Lucas, Andréa Clemente Palmier, João Henrique Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna . . . . . . . . . . . . . . 29

PEt-Saúde/Vigilância - uniSC: a relação com o ensino odontológico

PET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship with dental teaching

Tassia Silvana Borges, Alexandre Daronco, Charlene do Santos Silveira, Eduardo Chaida Sonda, Beatriz Baldo Marques, Fabiana Battisti, Cristiane Pimentel Hernandes Machado, Alexandre Rauber, Marcos Moura Baptista dos Santos, Lia Gonçalves Possuelo . . . 35

integração acadêmica e multiprofissional no PEt-Saúde: Experiências e desafios

Academic and Multiprofessional Integration in the PET – Health Program: Experiences and Challenges

Tarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho, Carla Patrícia Perpétua Medeiros, Mariana Ribeiro Maia, Tatiana Carvalho Reis, Leonardo de Paula Miranda, Patrícia Ferreira Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Programa de Educação pelo trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das diretrizes Curriculares nacionais

Education Program through Health Work: training based on the assumptions of the National Curriculum Guidelines

Elisa Ribeiro de Oliveira, Lucimar Aparecida Britto Codato, Suely Tsuha Massaoka, Mariana Gabriel . . . . . 43

Pró-Saúde – odontologia/uniSC: experiências e contribuições na formação profissional

Pro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and contributions to professional training.

Micheli Chabat da Silva, Beatriz Baldo Marques, Magda de Sousa Reis, Renita Baldo Moraes . . . . . . . . . . 47

odontologia no PEt-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidade

Dentistry in the “PET-Saúde” Project: research and integration of teaching, service and community

Wanda Terezinha Garbelini Frossard, Lucimar Aparecida Britto Codato, Maura Sassahara Higasi, Márcia Maria Benevenuto de Oliveira, João Paulo Menck Sangiorgio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - lEBu”, do departamento de odontologia da universidade Estadual de maringá - Pr

Presentation of an educational video of the extension project, “diagnosis, epidemiology and treatment of oral cavity diseases - LEBU,” Department of Dentistry, State University of Maringá - PR

Wilton Mitsunari Takeshita, Lilian Cristina Vessoni Iwaki, Liogi Iwaki Filho, Mariliani Chicarelli da Silva, Neli Pieralisi, Vanessa Cristina Veltrini, Wesley Fernando Ferrari . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da uFSC

Interdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s Pro-Health program

Daniela Lemos Carcereri, Cláudio José Amante, Marynes Terezinha Reibnitz, Gianina Salton Mattevi, Grasiela Garret da Silva, Ana Clara Loch Padilha, Inês Beatriz da Silva Rath . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Programa de teleodontologia da uFmG

UFMG teledentistry program

Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto, Simone Dutra Lucas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

a percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PEt-Saúde uFmS/SESau, Campo Grande/mS, 2009

Dentistry students’ perceptions of the PET-Health UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009

Milca Lopes de Oliveira, Tenile Carvalho Coelho . . . . . 76

aPêndiCESÍndice de artigos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

Índice de resumos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134

normas para apresentação de originais . . . . . . . 136

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Revista da ABENO • 11(1):5 5

Publicação oficial da

associação Brasileira de Ensino odontológico

Editorial

Experiências exitosas na saúde fortalecem o ensino

Este número da Revista da ABENO tem um relevante significado para o ensi-no de Odontologia no país . Em cada um dos trabalhos publicados é possível

perceber o imenso movimento que faz a educação odontológica na busca de responder aos desafios de aproximar o ensino das necessidades da população brasileira .

Os artigos sistematizam os resultados dos trabalhos apresentados durante a I Mostra de Experiências Exitosas de Projetos do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), Programa de Educação pelo Tra-balho para a saúde (PET-Saúde) e do Programa Nacional de Telessaúde da area de Odontologia (Teleodontologia), em Florianópolis, durante a 46ª Reunião da ABENO entre os dias 10 e 13 de agosto de 2011 .

Tratou-se de um evento paralelo, extremamente necessário para o conheci-mento dos benefícios que foram alcançados pelas Instituições de Ensino Superior em parceria com os Serviços de Saúde, visando à qualificação profissional para o SUS . Tal entendimento é fundamental porque, além de a Mostra ter oportunizado a socialização desses resultados, havia a necessidade de identificar e pontuar o que tem dado certo, uma vez que são realizados importantes investimentos do governo federal, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde do Ministério da Saúde, em parceria com a Organização Pan Americana de Saúde .

Para esse evento foram recebidos 105 trabalhos, que incluíam artigos científi-cos, resumos expandidos e vídeos relacionados a experiências positivas vivenciadas pelos referidos Projetos . Uma comissão docente assessora avaliou os trabalhos, tendo como critério a seleção daqueles que relatavam os benefícios para a forma-ção dos alunos, o envolvimento discente, a avaliação de modificações curriculares, experiências multiprofissionais desenvolvidas e as ações voltadas para a integração ensino, serviços e comunidade .

Foram selecionados 62 trabalhos para a Mostra, cujos autores são oriundos de 25 Instituições de Ensino Superior, localizadas em 15 Unidades Federadas do Brasil . Portanto, a Mostra contou com participantes de todas as regiões do Brasil . Esse foi um grande diferencial da Mostra que conseguiu permitir o diálogo e congregar, em um mesmo espaço, sujeitos oriundos de diferentes realidades so-cioeconômicas, culturais e sanitárias do Brasil .

Além disso, a dinâmica da Mostra permitiu um contato muito próximo entre os participantes, o que favoreceu as trocas de experiências e o despertar para novas possibilidades exitosas de atuação dentro dos Projetos Pró-saúde, Pet-saúde e de Teleodontologia .

A ABENO se sente honrada por ter sediado um Evento da magnitude da I Mostra e por poder publicar o registro desse momento histórico do ensino Odon-tológico brasileiro . Agradece em especial aos formuladores de políticas públicas que acreditaram e investiram na capacidade de resposta da area . Como o leitor poderá perceber, há uma clara convergência de objetivos entre a missão da ABE-NO e os propósitos dos Projetos representados na Mostra: ambos buscam realizar ações de aprimoramento da formação profissional, que resultem em melhorias na atenção à saúde da população .

Maria Celeste Morita Presidente da ABENO

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Revista da ABENO • 11(1):6-86

46a reunião anual da associação Brasileira de Ensino odontológico

Tema central: A Formação Odontológica e o Mundo do Trabalho

Florianópolis - SC - 10 a 13 de agosto de 2011

ComiSSão orGanizadora loCal

Coordenador:Cleo Nunes de Sousa

SecretariaMaria Helena PozzobonMaria Inês Meurer

tesoureiroMauro Amaral Caldeira de Andrada

Comissão CientíficaDaniela Lemos Carcereri (Presidente)Lúcia Schaefer Ferreira de MelloCalvino Reibnitz JúniorCláudio José AmanteInês Beatriz da Silva RathMirelle Finkler

ProGramação GEral

dia 10 – Quarta-FEira

•08h30: Recepção e entrega de material

•08h30 às 18h00: “I Mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde na área de Odontologia”

•12h00 às 17h00: Apresentaçâo de Posteres

•14h00: “Avaliação do ENADE – Odontologia 2010”

Profa . Ana Isabel Fonseca Scavuzzi - UEFS/UNIME/Comissão de Ensino ABENOProfa . Claudia Maffini Griboski - Diretora da DAES/INEPProf . Leo Kriger - PUC-PR / UTP / Comissão Assessora do ENADE

•16h00: Intervalo

•16h30 às 17h30: “Processo de Acreditação de Cursos de Odontologia no MERCOSUL”

Prof . Sérgio Roberto Kieling Franco - UFRG / Presidente da Comissão Nacional de Avaliação da Educação Superior (CONAES)Profa . Maria Celeste Morita - UEL / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011Prof . Lino João da Costa - UFPB / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011Prof . Cresus Vinicius D . de Gouveia - UFF / Comissão Assessora de Odontologia ENADE 2010/2011

•17h30 às 18h30: Reunião Paralela: Encontro de Professores de Odontologia do MERCOSUL

Coordenação: Prof . Lino João da Costa - UFPB/Comissão Assessora de Odontologia ENADE

•20h00: Abertura Oficial - Solenidade e Coquetel

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Revista da ABENO • 11(1):6-8 7

dia 11 – Quinta-FEira

•08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres

•08h30: “Geração Y e a Graduação em Odontologia”

Prof . Paulo Afonso Caruso Ronca - Diretor do Instituto Esplan/SP

•10h30: Intervalo

•11h00: “Uso de Tecnologia da Informação e Comunicação: Uma Nova Área da Odontologia Aplicada ao Ensino”

Profa . Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP .

•14h00 às 15h30: “Experiências exitosas dos Projetos Pró-Saúde e PET Saúde”

•15h30: Intervalo

•16h00: “A Formação Profissional para Gestão: na Academia, na Política e na Administração”

Prof . João Carlos Caetano - Universidade Federal de Santa Catarina

•16h40: “Trabalho no Serviço Público e Formação Odontológica”

Prof . Paulo Sávio Angeiras de Góes - Coordenador do Curso de Especialização em Odontologia e Saúde Coletiva FOP-UPE

•16h30 às 17h30: Reunião Paralela: Reunião de Coordenadores de Residência em Odontologia

Coordenação: Prof . Daniel Rey de Carvalho - Diretor do Curso de Odontologia da Universidade Católica de Brasilia

dia 12 – SEXta-FEira

•08h00 às 17h00: Apresentação de Posteres 

•08h30 às 17h00: Reunião Nacional de Teleodontologia

•08h30: “Mercado de Trabalho em Odontologia – Uma Avaliação Externa”

Prof . José Pastore - Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP

•10h30: Intervalo

•11h00 às 12h00: Simpósio J&J: “Atualização e Cenário Atual do Ensino sobre o Controle Químico Diário do Biofilme”

Prof . Dr . Claudio Mendes Pannuti

•14h00: “A Residência Multiprofissional e a Inserção do Cirurgião-Dentista”

Profa . Ana Estela Haddad - Diretora de Programas - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde / USP . Profa . Jeanne Liliane Marlene Michel - Coordenadora Geral de Residencias de Saúde - CGRS/DHR/SESu/MEC

•15h00: “Saúde Bucal no Brasil: Panorama Atual e Perspectivas Futuras”

Prof . Gilberto Alfredo Pucca Junior - Coordenador Nacional de Saúde Bucal do Ministério da Saúde

•16h00: Intervalo

•16h00: “Seminário Ensinando e Aprendendo”

•16h30: “Formação para o Ensino na Saúde: Órgão de Fomento (CAPES) e a Formação Docente”

Prof . Livio Amaral - Diretor de Avaliação da CAPES

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Revista da ABENO • 11(1):6-88

Prof . Adair Luiz Stefanello Busato - Coordenador do Curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) Profa . Maria Celeste Morita - Presidente da ABENO

•18h00: Reunião da Comissão de Ensino; Reunião do Conselho Fiscal

dia 13 – SáBado

•08h30: Reunião da Diretoria e da Comissão de Ensino

•10h00: Assembléia Geral

•12h00: Encerramento

i mostra de Experiências Exitosas dos Projetos Pró-Saúde, PEt-Saúde e telessaúde da área de odontologia

Florianópolis - SC - 10 e 11 de agosto de 2011

Comissão de avaliadoresDaniela Lemos Carcereri (UFSC)Elaine Quedas Assis (UNICID e Uni . Guarulhos)Elisa Emi Tanaka (UEL)Lucimar Aparecida Britto Codato (UEL)Luiz Roberto Augusto Noro (UFRN)Maria Ercília de Araújo (USP)Maria Inês Barreiros Senna (UFMG)Maura Sassahara Higasi (UEL)

apoio

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Revista da ABENO • 11(1):9-15 9

Contribuição do PEt-Saúde para a área de odontologia da uFPr na consolidação das diretrizes Curriculares nacionais e do SuS, nos municípios de Curitiba e Colombo-PrMarilene da Cruz Magalhães Buffon*, Denise Siqueira de Carvalho**, Edevar Daniel***, Helvo Slomp Junior****, Giovana Daniela Pecharki*, Cristhiane Aparecida Mariot*****, Cássio Murilo Ferreira******, Gisele Blitzkow S . dos Santos******, Joelcio Santos Madureira Junior******, Débora Cássia da Costa Massaro*******, Maria Carolina Mosimann*******, Rita Helena Bergami*******, Larissa Cristiane Geraldo*******, Lícia Kiyomi Kamoi Kai*******

* Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Paraná

** Professora Adjunto do Departamento de Saúde Comunitária - Coordenadora do PET- Saúde Curitiba

*** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária - Coordenador dos Programas de Residência: Multiprofissional em Saúde da Família e Medicina de Família e Comunidade

**** Professor Assistente do Departamento de Saúde Comunitária - Coordenador do PET- Saúde Colombo

***** Professora Assistente do Departamento de Saúde Comunitária

****** Secretaria Municipal de Saúde de Colombo

******* Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba

rESumoO PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a

UFPR e as Secretarias Municipais de Saúde de Colom-bo e de Curitiba . Essa integração conta ainda com a participação dos Programas de Residências da UFPR: Multiprofissional em Saúde da Família e Medicina de Família e Comunidade no município de Colombo . As atividades têm por objetivo a formação de um profis-sional com visão integral do processo saúde-doença e com prática humanizada da assistência à saúde indivi-dual e coletiva . Os acadêmicos e bolsistas/voluntários do PET-Saúde, sob orientação e acompanhamento de preceptores, tutores, e residentes, participam de di-versas atividades nas USF, incluindo: participação nas reuniões de equipe, nos programas e oficinas, territo-rialização, visitas domiciliares, atenção integral às fa-mílias por meio de ações educativas, preventivas e

clínico-restauradoras, realização de atividades educa-tivas e preventivas em equipamentos sociais, como escolas, creches, abrigos e centros de convivência . Além disso, está sendo conduzida uma pesquisa em duas fases para avaliar as condições de saúde bucal de escolares e seus familiares que residem nas áreas de abrangências das USF que participam do PET-Saúde . Com relação aos resultados parciais da pesquisa, veri-ficou-se que, dos 593 escolares avaliados em Curitiba, 44,0% apresentaram alta severidade à cárie dentária . E no município de Colombo, dos 798 escolares avalia-dos, 36,6% apresentaram alta severidade à doença . Por meio do PET-Saúde, as atividades desenvolvidas possibilitam uma integração entre o ensino e o serviço, buscando sempre a disseminação do conhecimento e a formação de profissionais generalistas com capaci-dade de atender as demandas sociais .

artiGoS

SElECionadoS

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Revista da ABENO • 11(1):9-15

Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípiosdeCuritibaeColombo-PR•BuffonMCM,CarvalhoDS,DanielE,SlompJuniorH,PecharkiGD,MariotCA,FerreiraCM,

Santos GBS, Madureira Junior JS, Massaro DCC, Mosimann MC, Bergami RH, Geraldo LC, Kai LKK

10

dESCritorESSistema Único de Saúde . Saúde Bucal . Saúde da

Família .

desde 2002, encontra-se em vigência as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) dos Cursos de

Graduação em Odontologia e estas sinalizam para uma mudança paradigmática na formação de profis-sional crítico, capaz de aprender a aprender, de tra-balhar em equipe, e de levar em conta a realidade social . As DCNs definem, em relação ao perfil do for-mando egresso/profissional, que o cirurgião-dentista tenha formação generalista, humanista, crítica e re-flexiva, para atuar em todos os níveis de atenção por saúde, com base no rigor técnico e científico .

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é um programa dos Ministérios da Saúde e Educação, destinado a viabilizar o aper-feiçoamento e a especialização em serviço, bem como a iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigidos, respectivamente, aos profissionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do Sis-tema Único de Saúde – SUS .10 Este programa busca aprimorar o ensino de práticas de saúde oferecido a acadêmicos de cursos da área de saúde, incluindo a Odontologia, nas atividades desenvolvidas junto às Unidades de Saúde (U .S .) principalmente as Unida-des com Estratégia em Saúde da Família .

O PET-Saúde veio consolidar as parcerias entre a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e as Secreta-rias Municipais de Saúde dos municípios de Colombo (SMS-Colombo) e de Curitiba (SMS-Curitiba) em mar-ço de 2009, fortalecendo a proposta de inserção estu-dantes de graduação dos cursos da área de saúde o mais precocemente possível em Unidades de Saúde da Família (USF) . O Município de Colombo, encontra-se localizado na Região metropolitana de Curitiba, com área de 198,7Km2 . Possui uma população em torno de 213 .027 (Censo 2010) sendo o 8º município em popu-lação no Paraná, com Índice de Desenvolvimento Hu-mano (IDH) = 0,764 . O Município de Curitiba, capital do Estado do Paraná, ocupa uma área de 434 .967Km2 . Possui uma população em torno de 1 .851 .215 (Censo 2010), com IDH = 0,787 . Os cursos da área da saúde da Universidade Federal do Paraná já vinham de longa data desenvolvendo atividades junto às Unidades de Saúde . No entanto, foi a partir do Projeto do PET-Saúde que surgiu a iniciativa de atividades conjuntas e um movimento maior de integração interna entre os cursos de saúde da UFPR . Desde então, são desenvol-

vidas atividades pelos estudantes do curso de odonto-logia, sob a supervisão de preceptores (profissionais de saúde da rede municipal) e tutores (professores da UFPR) . As USFs dos municípios se transformaram no campo de atuação desses atores que integram o pro-grama, propiciando um rico processo de troca de sa-beres bem como a vivência na Atenção Primária .

Levando em conta os preceitos que regem o SUS (dentre eles o acesso universal e equânime ao atendi-mento, a integralidade das ações de saúde, bem como a hierarquização, a regionalização e a descentralização de serviços), estas atividades, em parceria com as Secre-tarias de Saúde dos municípios de Colombo e de Curi-tiba (SMS-Curitiba) tem por objetivo a formação de um profissional com visão integral do processo saúde-doen-ça e com prática humanizada da assistência à saúde in-dividual e coletiva . Partindo das diretrizes curriculares do curso buscou-se um eixo comum ao campo de atua-ção sendo selecionado à promoção de saúde e a preven-ção de doenças como foco de integração profissional . O programa busca também a formação de um profis-sional de saúde crítico, reflexivo, preparado para atuar em equipe e para atuar no mercado de trabalho atual .

Sob esta ótica, Merhy et al.14 (2006) afirmam que pesar de o Sistema Único de Saúde (SUS) ser amparado pela Constituição Federal e regulamentado por Leis, são grandes os obstáculos para sua consolidação, os quais se relacionam à necessidade de substituição de uma práti-ca – que, por muitas décadas, foi arraigada nos aspectos curativos, na assistência hospitalar e na super especiali-dade – por outra prática que valoriza a integralidade, o cuidado humanizado e a promoção da saúde . O princi-pal indício de que será possível implantar um novo mo-delo de atenção está na formação profissional condizen-te com as novas necessidades das práticas em saúde .

Teixeira e Paim17 (1996) expressam que, embora a formação profissional seja condicionante dos serviços de saúde, este funciona como determinante da forma-ção, o que implica a necessidade de mudanças no sis-tema de saúde e na concepção da sociedade, para que seja possível reorientar a formação . Impõe-se, portan-to, um grande desafio às instituições comprometidas com a formação de profissionais para a área da saúde, pois é preciso considerar que as ações de saúde se de-senvolvem em cenários complexos e extremamente heterogêneos, e que devem ter como foco as necessi-dades de saúde da comunidade, e, como norte, a cons-trução do SUS .7 Na busca de se favorecer a formação de sujeitos com visão ampliada de saúde, ativos e com-prometidos com a transformação da realidade, consi-

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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípiosdeCuritibaeColombo-PR•BuffonMCM,CarvalhoDS,DanielE,SlompJuniorH,PecharkiGD,MariotCA,FerreiraCM,

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derando a complexidade que a caracteriza, faz se ne-cessário introduzir novas formas de organizar e produzir o conhecimento, até então representado pela disciplinaridade, fragmentação do objeto e crescente especialização .1 Na integração PET-Saúde UFPR e o Município de Colombo, também participam as Resi-dências: Multiprofissional em Saúde da Família e a Medicina de Família e Comunidade, ambas da UFPR e tem como cenário de prática as Unidades de Saúde do Município de Colombo . Neste contexto, o trabalho em equipe multiprofissional constitui uma importante ferramenta na abordagem das múltiplas dimensões que envolvem as ações de saúde, e o desafio é produzir um novo saber, oriundo dos processos de reflexão a respeito da complexa tarefa do cuidado às necessida-des de saúde das pessoas, famílias e comunidade .13

matErial E mÉtodoSOs Programas PET-Saúde/UFPR nos municípios

de Curitiba e Colombo foram submetidos ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UFPR e aprovados sob o registro 772 .107 .09 .08 .

Nos referidos programas ocorre a inter-relação de acadêmicos das disciplinas de Saúde Coletiva do curso de Odontologia da UFPR com monitores bolsistas/vo-luntários selecionados que já realizaram essas discipli-nas . Os monitores auxiliam o preceptor e professor nas atividades previstas que serão descritas posteriormente .

Em Curitiba, os acadêmicos de Odontologia e bol-sistas/voluntários estão com atividades PET-Saúde em seis Unidades de Saúde com Estratégia em Saúde da Família do município: •USEstrela,•USTarumã,•USUmbará,•USVilaEsperança,•USLotiguaçue•USVilaLeonice.

No município de Colombo, os acadêmicos de Odontologia e bolsistas/voluntários estão com ativi-dades PET-Saúde em três Unidades de Saúde com Estratégia em Saúde da Família: •USJardimdasGraças,•USAlexandreNadolny,•USSãoDomingos.

Nestas Unidades de Saúde, os alunos também con-tam com o apoio das residentes do Programa de Re-sidência Multiprofissional em Saúde da Família e a Medicina de Família e Comunidade- UFPR que atuam

no referido município .Os acadêmicos e bolsistas/voluntários do PET-Saú-

de, juntamente com os residentes, participam das ati-vidades em todas as fases, do planejamento à avaliação . Todo material didático-pedagógico utilizado é confec-cionado pelos acadêmicos e monitores bolsistas, sob orientação e supervisão dos preceptores, tutores, mo-nitores e residentes . As atividades são desenvolvidas utilizando as instalações físicas da USF, das escolas e salões de igrejas dentro da área de abrangência da USF .

Para o planejamento das ações, os acadêmicos e bolsistas do PET-Saúde:•Observamaestruturaefuncionamentodecada

U .S . Conhecem in loco, a proposta da ESF, o pla-nejamento local, o controle social, programas desenvolvidos pela Unidade, e como ocorre a in-tegração com a comunidade;

•Participamdoprocessode territorializaçãodemicro-áreas de acordo com a programação exis-tente e do início de acompanhamento da equipe local nos trabalhos de área .

•Realizamvisitasdomiciliareseaplicamumestudode caso da família escolhida (referente à fase 2 da pesquisa PET-Saúde) com acompanhamento das equipes, fazendo correlação do estudo da família com a comunidade e a sociedade de um modo geral .

•Participamdasreuniõesdaequipe,discussãodecasos e levantamento de outros dados necessários para o estudo de caso;

•Desenvolvemoutroslevantamentosepidemioló-gicos para maior compreensão do local e suas necessidades .

•Prestamatençãointegralàsfamíliascomações:educativas, preventivas e clínico-restauradoras .

•Realizamatividadeseducativasepreventivasnasescolas, creches, abrigos e centros de convivência .

• Participamdasoficinasdosprogramas:gestantes,puericultura e hiperdia, juntamente com os residen-tes .

E para avaliar as condições de saúde bucal de esco-lares e seus familiares, residentes nas áreas de abran-gências das Unidades de Saúde que participam do PET-Saúde nos municípios de Colombo e Curitiba, está sendo realizada uma pesquisa dividida em duas fases:•1ª fase - Coleta de dados de estimativa rápida

para avaliação de severidade da doença cárie den-tária em escolares de 1º e 4º (7 a 10 anos) de es-colas municipais de Curitiba e Colombo

•2ª fase - Coleta de dados de famílias de escolares

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com alta severidade de cárie em Curitiba e Colombo .

A estimativa rápida para avaliação da severidade de doença cárie considerou os seguintes aspectos:•presençadecárieevidenteemdecíduos,•presençadecárieevidenteempermanentes,• lesõesbrancas(cárieinicial),•presençaevidentedebiofilmedental(placabac-

teriana),•presençaevidentedesangramentogengival,• fatoresretentivosdebiofilmedental(exs:raízes

residuais, cálculo, má posição dos dentes) .

E os critérios para determinação de severidade de doença cárie foram os seguintes (adaptado de Pattus-si et al., 2006; Folayan et al., 2008):•Altaseveridadedecárie:03(três)oumaislesões

cariosas, incluindo lesão branca .•Médiaseveridadedecárie:até02(duas)lesões

cariosas, incluindo lesão branca .•Baixaseveridade:nenhumacárieevidenteoule-

são branca de cárie .

rESultadoS E diSCuSSãoCom relação aos resultados parciais no que tange

à pesquisa do PET-Saúde, verificou-se que, dos 593 escolares avaliados em Curitiba, 261 (44,0%) apresen-taram alta severidade à cárie dentária . E no município de Colombo, dos 798 escolares avaliados, 292 (36,6%) apresentaram alta severidade à doença . Os dados dos escolares e familiares estão em fase de sistematização, análise e interpretação .

Os familiares dos escolares avaliados em Curitiba e Colombo e classificados com alta severidade de cárie dentária estão recebendo visitas domiciliares para avalia-ção do contexto familiar: condições de moradia, hábitos de higiene e alimentares e avaliação das condições de saúde bucal . Do início de implantação do PET-Saúde em 2009, até o momento, foram avaliadas cerca de 110 fa-mílias e os dados estão sendo sistematizados e analisados .

Na tentativa de reorganizar a atenção básica em saúde em substituição à prática assistencial vigente, voltada para a cura de doenças, e também buscando redução de custos e minimização de conflitos sociais, o Ministério da Saúde5 assumiu, em 1994, o desafio de incorporar em seus planos de ações e metas prioritá-rias o Programa Saúde da Família (PSF) . Embora ro-tulado como programa, o PSF, por suas especificida-des, foge à concepção usual dos demais programas concebidos pelo MS, pois não é uma intervenção ver-

tical e paralela às atividades dos serviços de saúde . Pelo contrário, caracteriza-se como estratégia (ESF) que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um território definido com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados .

Para que os bolsistas/voluntários do PET-Saúde e acadêmicos do curso de Odontologia possam compre-ender porque a Estratégia em Saúde da Família (ESF) incorpora e reafirma as diretrizes e os princípios básicos do SUS e se alicerça sobre três grandes pilares: a família, o território e a responsabilização, além de ser respaldado pelo trabalho em equipe; ele participa do processo de territorialização de micro-áreas de risco e realizam visitas domiciliares e aplicam um estudo de caso da família es-colhida com acompanhamento das equipes, fazendo correlação do estudo da família com a comunidade e a sociedade de um modo geral . Para a ESF, a família deve ser entendida de forma integral e em seu espaço social, abordando seu contexto sócio econômico e cultural, considerando que é nela que ocorrem interações e con-flitos que influenciam diretamente a saúde das pessoas .6

As diretrizes da Estratégia Saúde da Família tive-ram como objetivo romper com o comportamento passivo das equipes de saúde e estender as ações de saúde para toda a comunidade . Suas ações devem ser interdisciplinares . A equipe deve também se respon-sabilizar pela população adstrita em seu território, resgatando os vínculos de compromisso e de co-res-ponsabilidade entre ela e a população, reorganizando a atenção básica e garantindo a oferta de serviços dentro dos princípios de universalidade, acessibilida-de, integralidade e equidade do SUS .

O trabalho das equipes de Saúde da Família está fundamentado nos referenciais teóricos de vigilância e promoção da saúde . Assim, devem atuar a partir da oferta organizada de serviços, planejando seu proces-so de trabalho de forma não somente a atender à de-manda que vem espontaneamente aos serviços de saúde, mas, especialmente, a desenvolver ações para as pessoas que ainda não conhecem ou não frequen-tam o serviço de saúde . Para tanto, é necessário que conheçam o seu território e as pessoas moradoras nes-sa área e tenham como rotina de trabalho a realização da visita domiciliar . De acordo com Vasconcelos18,19 (2001), as equipes devem atuar na perspectiva de am-pliar e fortalecer a participação popular e o processo de desenvolvimento pessoal e interpessoal . Para isso, o trabalhador em saúde deve ter disponibilidade in-terna de se envolver na interação com os usuários e o compromisso de utilizar a comunicação como instru-

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mento terapêutico e promotor da saúde . Nesse senti-do, indivíduos e famílias devem ser assistidos antes do surgimento de problemas e agravos a sua saúde .

Por meio da integração com as Equipes de Saúde da Família (ESF), os bolsistas/voluntários do PET-Saú-de e acadêmicos foram levados a conhecer a realidade do novo modelo de assistência à saúde, participando de atividades freqüentemente realizadas com a popu-lação e promovendo novas ações de educação e pro-moção em saúde . Esta vivência propicia o aprendizado ao bolsista/voluntário tornando-o apto a trabalhar com as atividades de promoção em Saúde, regulares e de qualidade bem como procedimentos preventivos e clínicos reabilitadores prioritários junto às Unidades de Saúde da Família (USF) e suas áreas de abrangência, que se configuram como campo de atuação, sob a óti-ca a crescente importância que a estratégia de Saúde da Família assume no contexto da saúde nacional, o que justifica a necessidade de se formar profissionais com perfil e capacitados para atuar de acordo com o modelo da atenção primária em saúde .

A partir da implantação do SUS, o trabalho edu-cativo necessitou ser reestruturado de forma a contri-buir para a melhoria da qualidade de vida da popu-lação . Passou a ser pautado pelo entendimento da determinação social do processo saúde e doença, en-fatizando que as inserções dos indivíduos nos meios de produção, refletem-se nos diferentes riscos de ado-ecer e morrer; pela adoção de um processo pedagó-gico problematizador, que valorize a reflexão crítica do cotidiano e pelo reconhecimento do direito à saú-de como um valor inalienável do indivíduo .18,19 Nesse sentido, o Ministério da Saúde vem apontando a ne-cessidade de investimentos na Estratégia Saúde da Família e na educação popular em saúde como pro-posta a ser desenvolvida pelas equipes de saúde .

A educação em saúde passou a ser vista como uma importante estratégia de transformação social, devendo estar vinculada às lutas sociais mais simples e ser assumida pela equipe de saúde, reorientando as práticas de saúde e as relações que se estabelecem entre o cotidiano e o saber da saúde . Ao refletir sobre a educação do futuro, Assmann4 (1998) afirma que “educar é fazer emergir vi-vências do processo educativo” . Nesse sentido, a educação deve propiciar experiências de aprendizagem e de cria-tividade para construir conhecimentos e desenvolver habilidades para acessar fontes de informação sobre as-suntos variados . A educação em saúde deve estar voltada para entender a educação não só como melhoria peda-gógica, necessária para desenvolver a reflexão crítica, mas

voltada para o compromisso da transformação social .O Programa de Residência Multiprofissional em

Saúde da Família e o PET-SAÚDE da UFPR estão atu-ando conjuntamente em US com ESF no município de Colombo em relevantes ações em saúde . Um delas é promover atenção integral à saúde da gestante e do feto . A atividade ocorre durante a primeira consulta de pré-natal, realizada semanalmente para um grupo de três a quatro gestantes, e também por meio de oficina para as gestantes . A primeira consulta do pré-natal é realizada pela enfermeira e inclui atividades de educa-ção em saúde . Em seguida, a(o) cirurgiã(ão) dentista residente e a acadêmico(a) de Odontologia realizam: instrução de higiene bucal, orientação sobre as doenças bucais mais prevalentes, as mudanças que ocorrem na cavidade bucal da gestante e a importância da saúde bucal para a saúde da gestante e do feto, a gestante também é encaminhada para atendimento odontoló-gico, caso necessário . Já a oficina de gestantes é realiza-da mensalmente com atividades educativas da odonto-logia, enfermagem, nutrição, atenção farmacêutica e medicina . Por meio dessa experiência, verifica-se que a inserção da odontologia na equipe multiprofissional possibilita a criação do vínculo com as gestantes, favo-recendo o autocuidado, além de propiciar aos profis-sionais a troca de saberes, aspecto de suma importância para um efetivo trabalho multiprofissional . Para o aca-dêmico de Odontologia o conhecimento da relação entre as condições de vida da gestante e seus agravos à saúde bucal, bem como, da organização da atenção à saúde bucal da gestante no município de Colombo .

Outra atividade realizada em parceria entre os pro-gramas é a proposta de trabalho sobre A Educação em Saúde realizada em grupos com obesidade; pois a obe-sidade é um problema de saúde pública, devido sua alta incidência e prevalência, por isso a atenção primária à saúde deve ser resolutiva para alcançar a promoção da saúde e prevenção da obesidade e redução do peso . Este estudo é realizado na US Jardim das Graças com a equi-pe de residentes multiprofissional em Saúde da Família e o Programa de Educação Tutorial para a Saúde (PET-SAÚDE), com atividades de de educação em saúde com um grupo de crianças e adolescentes obesos identifica-dos nas consultas com a nutricionista residente . Com vistas às ações de educação em saúde multiprofissional, a equipe de saúde formou um grupo com reuniões men-sais, o qual se reúne no Centro de Convivência, próximo à U .S . para trocar experiências sobre alimentação sau-dável junto à Nutricionista residente . A Odontologia (residente e acadêmicos) abordam a prevenção de cá-

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ries e doenças periodontais, orientando sobre o uso racional do açúcar e incentivando e orientando sobre a higiene bucal . A farmacêutica aborda a medicação para perda de peso: indicações e contra-indicações . Percebe-se assim, que a educação em saúde no grupo não está somente focada na doença (obesidade), apontando como principal foco a qualidade de vida do usuário inserido no meio (família e comunidade) .

Na perspectiva da promoção da saúde, as práticas educativas assumem um novo caráter, uma vez que seu eixo norteador é o fortalecimento da capacidade de escolha dos sujeitos . No entanto, para que isso ocorra, as informações sobre saúde necessitam serem traba-lhadas de forma simples e contextualizadas, instru-mentalizando as pessoas para fazerem escolhas mais saudáveis de vida . Nesse sentido, Libâneo12 (1994), conceitua a prática educativa como o processo de pro-ver os indivíduos dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar no meio social e a transformá-lo . Para que as pessoas possam fazer escolhas mais saudáveis de vida, é necessário que haja um processo de interação entre o conteúdo teórico e a experiência de vida de cada um e o estabelecimento da confiança e da vinculação do usuário ao serviço de saúde e ao profissional . Ao desencadear um diálogo com o usuário, o trabalhador da saúde deve certificar-se de que ele entenda o conteúdo que está sendo dis-cutido ou informado, pois, caso não isso não ocorra, a sua saúde pode estar sendo colocada em risco em razão do não estabelecimento do processo comunica-tivo . Mesmo tendo sido questionadas nos últimos anos, as práticas educativas ainda seguem um modelo auto-ritário, em que os trabalhadores da saúde continuam a fazer prescrições sobre o comportamento mais ade-quado para ter saúde e a população acata sem ques-tionar ou relacionar esses conteúdos à sua realidade . Ainda hoje, vemos que as práticas educativas nos ser-viços de saúde obedecem a metodologias tradicionais e não se preocupam com a criação de vínculo entre os trabalhadores em saúde e a população .

Com a inserção do Programa foi possível o reconhe-cimento, a partir da apropriação da realidade local, da condição de vida da população e seus agravos à saúde . O estabelecimento da relação entre perfil de grupo populacional e condições de vida subjetivas, a partir do estudo de um caso familiar . A percepção da importân-cia do levantamento das necessidades das famílias como base para as ações de Promoção, Prevenção e Recupe-ração da Saúde na ESF . O estabelecimento da devida correlação entre as ações de saúde objetivando seu pla-

nejamento, execução, registro e avaliação como meios de sistematização, organização e evolução dos mesmos . A evidenciação da importância das ações de Educação em Saúde, de caráter eminentemente relacional (tec-nologias leves), desenvolvidas na ESF . A compreensão sobre o papel fundamental dos profissionais de saúde coletiva em face da sua responsabilidade, compromisso, solidariedade, habilidade técnica e capacidade de atu-ação multiprofissional voltada para uma ação conjunta e totalizadora da ESF . E o aumento no interesse para a pesquisa, por meio da análise de dados e das demandas suscitadas, para uma maior efetividade nas ações de saúde de modo geral . Bem como conhecer a rotina e os programas odontológicos desenvolvidos dentro de uma Unidade de Saúde .

Dentre os diversos espaços dos serviços de saúde, Vasconcelos18,19 (1999) destaca os de atenção primária como contexto privilegiado para desenvolvimento de práticas educativas em saúde . Considerando as espe-cificidades destes serviços que têm como base o esta-belecimento do vínculo com a comunidade adscrita e a ênfase nas ações preventivas promocionais . Nesta perspectiva a educação em saúde tem sido cada vez mais requisitada, considerando o baixo custo e as pos-sibilidades de impacto no âmbito público e coletivo .

Neste contexto as atividades desenvolvidas pelo PET-Saúde contemplam com ênfase as ações de educação em saúde por toda a equipe, pois considera estas ativi-dades imprescindíveis para que ocorram mudanças de hábitos e de comportamento que resultem na adoção de medidas preventivas aos agravos à saúde bucal, con-tribuindo com a mudança do perfil epidemiológico .

ConCluSão A vivência proporcionada pelo PET-Saúde integra-

da ao Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família tem possibilitado uma excelente ati-vidade prática propiciando a inserção dos estudantes o mais precocemente possível em USF, além de ampliar os horizontes para uma realidade no campo da saúde coletiva, bem como a relação entre equipes e profissio-nais de saúde . As atividades realizadas viabilizam expe-riências concretas pertinentes a formação do acadêmi-co de saúde trabalhando-se nos marcos de uma ética comunitária aplicada, de modo impactante, instituin-do uma ação voltada à promoção em saúde, sob a óti-ca da formação de profissionais capazes e comprome-tidos com a realidade local e social . Dessa forma, as atividades desenvolvidas possibilitam uma integração entre o ensino e o serviço, buscando sempre a dissemi-

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Contribuição do PET-saúde para a área de odontologia da UFPR na consolidação das Diretrizes Curriculares Nacionais e do SUS, nos municípiosdeCuritibaeColombo-PR•BuffonMCM,CarvalhoDS,DanielE,SlompJuniorH,PecharkiGD,MariotCA,FerreiraCM,

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nação do conhecimento e a universidade cumpre o seu papel de formar profissionais generalistas com ca-pacidade de atender as demandas sociais .

aBStraCtContribution of the PET-Health program to UFPR’s Dentistry area in consolidating the national curriculum guidelines and the Unified Health System (SUS) in the cities of Curitiba and Colombo, PR

The PET-Health program consolidates the part-nership between UFPR and the Department of Health in the cities of Colombo and Curitiba . This integration also includes the participation of UFPR Residency Programs: Multidisciplinary in Family Health and Family and Community Medicine programs in the city of Columbo . The activities are aimed at training a pro-fessional with a comprehensive approach to the health-disease process and with the ability to practice humane healthcare at the individual and collective levels . Students and monitors, under the guidance and supervision of tutors, mentors, and residents partici-pate in various activities in the USF, including: par-ticipation in group meetings, programs and work-shops, assignment of regions and home visits, and comprehensive family care through educational, pre-ventive and clinical-restorative actions, besides educa-tional and preventive activities in social facilities such as schools, daycare centers, shelters and community centers . In addition, a study is being conducted in two phases to evaluate the oral health status of the school-children and their families who reside in areas covered by the USF taking part in the PET-Health program . With respect to the partial results of the survey, it was found that 44 .0% of 593 schoolchildren in Curitiba had highly severe dental caries, and in the city of Co-lumbus, 36 .6% of 798 schoolchildren showed a high-ly severe degree of the disease . PET-Health activities enable integration between teaching and service, al-ways striving to disseminate knowledge and to train general practitioners able to meet social demands .

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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Vivência da odontologia no PEt-Saúde da Família da uFal. aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadêmicosAntonio Carlos de Souza Neto*, Adeane Loureiro de Almeida***, Paulo Rosa dos Santos Junior**, Izabel Maia Novaes****

* Cirurgião-dentista graduado pela UFAL, ex-bolsista do Programa

** Graduando de Odontologia da UFAL, atual bolsista do Programa

*** Cirurgiã-dentista graduada pela UFAL, especialista em Saúde Pública pela UGF, Preceptora do Programa

**** Mestre em Saúde Coletiva pela UFPE, Professora da Disciplina Saúde Coletiva, Tutora da Odontologia do Programa

rESumoO ensino da Odontologia contemporânea pauta-se

pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da ex-tensão . Baseando-se nesses princípios, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência prática, levando os alunos para fora dos muros da fa-culdade com a extensão, e estimulando-os também a realizar a pesquisa . Assim, o presente trabalho tem como objetivos relatar as atividades desenvolvidas se-gundo os objetivos do PET-Saúde da Família, as difi-culdades e resultados esperados das ações propostas, assim como apontar as dificuldades encontradas para o seu desenvolvimento . Desde sua implantação até os dias atuais, o PET-Saúde da Família da UFAL realiza seleções anuais de alunos, tendo como pré-requisito a aprovação na disciplina Saúde Coletiva II da grade curricular, além de capacitações teórico-práticas, segui-das do estágio propriamente dito, onde a teoria apre-endida seria aplicada à prática . Como resultados po-dem ser citados a diminuição de procedimentos curativos e aumento dos procedimentos preventivos, o incentivo à pesquisa, a apresentação de trabalhos de vivência em congressos e o despertar do interesse pela carreira acadêmica . Conclui-se que a realidade encon-trada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreen-didos quando observadas questões relacionadas à co-bertura da população, acesso aos Serviços de Saúde, precárias condições de moradia, baixos níveis de esco-laridade e de poder aquisitivo, porém conclui-se ainda

que o PET-Saúde da Família propõe mudanças nessa situação, fazendo-se presente o acolhimento humani-zado do paciente, olhar holístico do ser, tendo a saúde como multifatorial e de tratamento multidisciplinar .

dESCritorESSaúde Coletiva . Odontologia . Experiência .

o ensino da Odontologia contemporânea pauta-se pelo tripé acadêmico do ensino, da pesquisa e da

extensão . Baseando-se nesses princípios, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) busca fazer a ligação do ensino teórico com a vivência prática, levando os alunos para fora dos muros da fa-culdade com a extensão, e estimulando-os também a realizar a pesquisa . O PET-Saúde gera a integração ensino-serviço-comunidade, direcionadas para o forta-lecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde – SUS e, de acordo com seus princípios e necessidades, o Programa tem como pressuposto a edu-cação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, preceptores (profissionais dos serviços) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estratégias do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implemen-tação no país desde 2005 .1 Além disso, o próprio pro-grama leva à educação em saúde bucal, componente do processo de promoção da saúde, com características específicas, seja como prática, seja como campo de co-nhecimento .3 Baseando-se nisso, demonstrar a vivência

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Vivência da odontologia no PET-Saúde da Família da UFAL . Aprendizado de ações coletivas baseado no ensino-pesquisa-extensão acadê-micos•SouzaNetoAC,AlmeidaAL,SantosJuniorPR,NovaesIM

e os êxitos alcançados, além de todo o processo para que os mesmos ocorressem, torna-se interessante .

oBJEtiVoSAssim, o presente trabalho tem como objetivos

relatar as atividades desenvolvidas segundo os objeti-vos do PET-Saúde da Família, as dificuldades e resul-tados esperados das ações propostas, dentre elas as palestras educativas sobre assuntos ligados à qualida-de de vida, promoção da saúde e prevenção das do-enças, aplicações tópicas de flúor, ações curativas, vinculados aos objetivos do próprio PET-Saúde, assim como apontar as dificuldades encontradas para o seu desenvolvimento, possibilitando um feedback e com isso uma melhoria tanto do Programa quanto do Sis-tema Único de Saúde, garantindo assim que a univer-salidade, a equidade e a integralidade, além da parti-cipação popular, descentralização, regionalização, hierarquização, sejam apreendidas e vivenciadas .3,4,5

matEriaiS E mÉtodoSA metodologia utilizada foi a seguinte: em seu pri-

meiro ano de implantação, 2009, o PET-Saúde Odon-tologia realizou a seleção dos alunos que iriam parti-cipar, sendo necessário ter cumprido a matéria Saúde Coletiva III . Após a seleção houveram dois momentos: o embasamento teórico, a partir do levantamento de como funcionam os Serviços Públicos de Saúde na Secretaria Estadual de Saúde, e, principalmente, da Estratégia Saúde da Família no município de Maceió, capacitação em parceria com o SESC-Alagoas com o tema “Promoção da Saúde”, e multidisciplinar com alunos, preceptores e tutores das demais áreas da saú-de (medicina, enfermagem, psicologia, serviço social, nutrição e farmácia), e suas comparações com a rea-lidade, seja no que deveria ser feito, seja no que se tem sido feito para com os serviços de Atenção Básica de Saúde, demonstrando assim, as diretrizes do SUS; e em seguida, o momento prático, que se deu através da inserção dos alunos nas Unidades de Saúde da Fa-mília (USF), visita de apresentação, leitura de pron-tuários, informes e dados referentes às condições so-cioeconômicas da população, reconhecimento e mapeamento de área, confecção de mapa falante, pa-lestras educativas seguidas de escovação em grupo com as crianças que estudavam na escola e na creche adjuntas a USF, palestras preventivas sobre cuidados bucais relacionados a gravidez com as gestantes, par-ticipação das reuniões do programa HIPERDIA, rea-lizando palestras com hipertensos e diabéticos . Tam-bém houve a realização de sala de espera, avaliando

os cuidados de saúde geral e relacionando-os com a saúde bucal, dentre outras atividades, além da inser-ção em eventos do Ministério da Saúde, como o SB-Brasil 2010, tanto na calibração como no momento da pesquisa epidemiológica . Salienta-se que reuniões periódicas com todos os participantes do PET-Saúde Odontologia eram organizadas com o intuito de com-partilhar as experiências já vivenciadas, além de esti-mular a realização de uma pesquisa em cada USF .

Já no segundo ano, 2010, houve uma nova seleção de alunos, e a inclusão de duas novas USF . Paralela-mente à pesquisa que estava sendo realizada, três novas linhas de pesquisa foram instituídas para o PET-Saúde de todas as especialidades da saúde: humanização, con-trole social e mortalidade infantil, juntamente com reuniões para definir os caminhos para as linhas de pesquisas, capacitações com professores da própria Universidade, e fóruns de discussão para acompanhar e desenvolver as pesquisas . Com isso, além das palestras educativas de saúde geral e saúde bucal, também hou-veram capacitações com a linha de pesquisa escolhida, a humanização, para os profissionais da USF, para os técnicos e agentes comunitários de saúde, e para a população usuária . Essa etapa é preconizada e baseada pelo Programa Nacional de Humanização, que existe de desde 2003, e visa contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização, fortalecer iniciativas de humanização existentes, desenvolver tecnologias relacionais e de compartilhamento das práticas de gestão e de atenção, aprimorar, ofertar e divulgar estratégias e metodolo-gias de apoio a mudanças sustentáveis dos modelos de atenção e de gestão, implementar processos de acom-panhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas .5 Já em 2011, houve uma nova seleção, dando continuação às pesquisas gerais e específicas . Salienta-se também que, nesses três anos, houveram reuniões periódicas para troca de experiências, avaliação das ações realizadas nas USF, além do estímulo para que a interdisciplina-ridade e o atendimento multiprofissional aconteces-sem, fosse por ser um dos princípios do Programa, fosse pela necessidade de uma real mudança nas atitu-des dos profissionais da saúde .

rESultadoSDessa vivência, a inserção da Odontologia como par-

te integrante no cuidado integral do ser humano e tam-bém de forma coletiva, a multidisciplinaridade das es-pecialidades da saúde de forma efetiva, a saída do cirurgião-dentista do ambiente ambulatorial (tratando

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usuários individualmente em atividades curativas) para o ambiente externo da área abrangida pela USF (atin-gindo o coletivo com ações preventivas), o acontecimen-to da interdisciplinaridade com os grupos do PET-Saúde de outras áreas da saúde, tais como enfermagem, farmá-cia, serviço social, nutrição, entre outras, a execução das pesquisas específica e geral, a promoção da saúde, a prevenção de agravos como a cárie dentária e a perio-dontite, a diminuição de procedimentos curativos e aumento dos procedimentos preventivos são resultados, e por assim dizer, êxitos alcançados neste Programa . Ainda podem ser citados o estímulo à pesquisa e a par-ticipação de outros projetos de extensão, a apresentação de trabalhos de vivência em congressos e o despertar do interesse pela carreira acadêmica, além da troca de ex-periências de cunho popular, da aquisição de segurança na realização de procedimentos ambulatoriais curativos e palestras preventivas coletivas e a participação em le-vantamentos epidemiológicos, como o SBBrasil 2010 .

ConCluSãoConclui-se que, por mais que as propostas do Progra-

ma sejam voltadas para a melhoria da formação do aluno e para o estreitamento da relação entre Universidade e os Serviços de Saúde, percebe-se que a realidade encon-trada nas USF diverge dos conteúdos teóricos apreendi-dos quando observadas questões relacionadas à cober-tura da população, acesso aos Serviços de Saúde, precárias condições de moradia, baixos níveis de escola-ridade e de poder aquisitivo . Ademais, a constante falta de material para realização dos procedimentos preven-tivos e curativos . Apesar disso, ainda pode-se concluir que o PET-Saúde da Família veio fomentar a mudança dessa situação, visto que a saúde possui caráter multifatorial, sendo necessária a intervenção multiprofissional; tam-bém se faz presente o acolhimento humanizado do pa-ciente, juntamente com a mudança do olhar sobre o mesmo, passando a ser de forma generalista (olhar ho-lístico), e não específico como antes; propõe-se o empo-deramento da população, partindo do princípio do protagonismo dos sujeitos da PNH,5 tornando-a ativa nas suas decisões e na busca de solução desses problemas . Por fim, conclui-se que a finalidade maior é a melhoria no nível de qualidade de vida da população .

aBStraCtThe dentistry experience of the PET-Family Health Program at UFAL. Learning public health actions based on academic teaching-researching-extension principles

The teaching of modern dentistry is guided by the tripod of academic teaching, research and extension .

Based on these principles, the Education Program through Health Work (PET-Health) seeks to link theo-retical to practical experience, taking students beyond the walls of the college with the extension leg of the tri-pod, and also encouraging them to perform research activities . Thus, this study aimed at reporting the activities developed according to the objectives of the PET-Family Health program, and the difficulties and expected results of proposed actions, as well as identifying problems en-countered in the development of these activities . From the time it was establishment until today, UFAL PET-Family Health conducts an annual selection of students, with the prerequisite of being approved in the discipline of the Public Health II curriculum, in addition to having theoretical and practical training . This selection is fol-lowed by the internship itself, where theory is applied to practice . The results that can be underscored are the decrease in curative procedures and the increase in pre-ventive care, the encouraging of research, the presenta-tion of work experience in conventions and the awaken-ing of interest in academic pursuits . We can conclude that the reality found in Family Health Centers (USF) differs from the theoretical contents grasped when issues related to population coverage, access to health services, poor living conditions, and low schooling and purchas-ing power levels are observed . However, the study con-cludes that PET-Family Health proposes changes in this situation, by urging humanistic care of patients, and striv-ing to be holistic, thus focusing on health as multifacto-rial and multidisciplinary .

dESCriPtorSHealth . Dentistry . Experience . §

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . PET-Saúde . Brasília: Ministério da Saúde; 2011 . Atualizado em

18/05/2011; acessado em 24/06/2011 . Disponível em http://

portal .saude .gov .br/portal/saude/profissional/visualizar_

texto .cfm?idtxt= 35306;

2 . Pereira, A . C . Odontologia em Saúde Coletiva . Porto Alegre:

Artmed Editora; 2008;

3 . Pinto, V . G . Saúde Bucal Coletiva . 5ª ed . São Paulo: Editora

Santos; 2008;

4 . Secretaria de Estado de Saúde – AL . Manual de Atenção Básica

em Odontologia . Maceió: Governo do Estado de Alagoas; 2006;

5 . Política Nacional de Humanização, Brasília: Ministério da Saúde;

2003 . Acessado em 24/06/2011 . Disponível em http://portal .

saude .gov .br/portal/saude/cidadao/area .cfm?id_area= 1342 .

Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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Formação profissional em odontologia: percepção discente da interação curricularMariana Gabriel*, Elisa Emi Tanaka**

* Estudante do curso de mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina

** Coordenadora do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina/UEL

rESumoHá algum tempo se faz necessária à mudança nos

currículos de odontologia do Brasil, com um modelo de ensino voltado ao mercado de trabalho na qual o estudante tenha a excelência técnica associada a um pensamento crítico . Em 2005 ocorreu a mudança do currículo tradicional para o transdisciplinar na Uni-versidade Estadual de Londrina, orientados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2002 o qual al-meja que o estudante consiga articular conceitos e necessidades específicas de cada caso . Com o objetivo de avaliar qual a percepção discente da mudança cur-ricular ocorrida foi aplicado um questionário com questões extraídas do Exame Nacional de Desempe-nho dos Estudantes - ENADE aos estudantes do quin-to ano do Curso de Odontologia da primeira e segun-da turma do currículo transdisciplinar e a última turma do currículo tradicional (n = 148) . Os resulta-dos foram analisados e quantificados pelo software estatístico SPSS versão 15 .0 e Excel 2007 que possibi-litou cruzar os dados das três turmas e fazer uma aná-lise comparativa e nesse momento de renovação as variações entre as turmas foram pertinentes para apontar algumas mudanças ocorridas, como por exemplo, o avanço na atuação em conjunto com ou-tras áreas profissionais, maior compreensão de pro-cessos, tomada de decisão e resolução de problemas no âmbito de sua área de atuação . Esses avanços não se devem apenas a mudança metodológica, mas a uma transformação na cultura pedagógica da instituição que ainda está em fase de construção por meio de ações que visam orientar adequações necessárias para um efetivo currículo integrado .

dESCritorESEducação em Odontologia . Avaliação Educacio-

nal . Estudantes de Odontologia .

Estar em formação implica um investimento pes-soal, um trabalho livre e criativo sobre os percur-

sos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade pro-fissional .8

O modelo de ensino superior odontológico bra-sileiro é predominantemente centrado na formação técnica,9 com dificuldades para encontrar e universa-lizar soluções adequadas à realidade do país .

Sendo assim a educação superior deve assumir a formação de competências para atuar na solução dos problemas da Saúde Bucal do País .2 O objetivo é que o aluno adquira a excelência técnica associada a um pensamento crítico para saber o quê fazer, quando fazer, como fazer, onde fazer, por que e para quem fazer o que significa estabelecer um diagnóstico am-pliado da situação . Preparando o profissional para a solução dos problemas e ser ativo na construção do seu conhecimento, conduzindo, de maneira con-tínua, em direção a uma formação integral e mais humana .

Para a proposição do novo modelo de profissional a ser formado deve ser analisado o mercado de traba-lho, com suas tendências e indicações, e associar aos dados epidemiológicos atualizados, visando um pro-fissional mais completo em ações não apenas repro-duzindo técnicas consagradas da profissão, mas assi-milando as reais necessidades para desviar o foco da doença e passar para a saúde do individuo .

Vários marcos legais históricos do Brasil1 propor-cionaram transformações nas últimas décadas me-diante institucionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) o que direcionou a formação em Odontologia para a agregação de novos conhecimentos e tecnolo-

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Formaçãoprofissionalemodontologia:percepçãodiscentedainteraçãocurricular•GabrielM,TanakaEE

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gias até chegar ao modelo de ensino hoje observado .Por outro lado, somente estas medidas não ga-

rantem por si só que a Universidade se integre ao seu meio, identifique-se com seus problemas e influa para mudar a realidade social . É necessário tratar, especificamente, da questão da mudança do conte-údo e das práticas . Estas não são decorrência auto-mática de qualquer mudança metodológica, mas demandam uma transformação na cultura pedagó-gica da instituição .2

Em 2005 houve a mudança do currículo na Uni-versidade Estadual de Londrina na qual temos mó-dulos integradores das áreas de conhecimento . Não há hierarquia entre essas áreas . O trabalho baseia-se no planejamento coletivo dos programas e em evi-dências científicas educacionais, que dão suporte a essa integração .10

Essas ações foram avaliadas e propostas coletiva-mente pelos docentes de várias áreas e após sua im-plantação inicial concorreu e foi contemplado com recursos do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde)5 que tem por objetivo subsidiar os cursos que se propuse-ram a realizar mudanças curriculares, incentivando a integração ensino-serviço, visando à reorientação da formação profissional assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na atenção básica .

O objetivo desse trabalho é conhecer a percepção que o acadêmico de odontologia da UEL faz dessa mudança, ou seja, se o estudante consegue identificar esses novos conceitos, nos quais destacam a impor-tância do aluno no seu processo de aprendizagem, a responsabilidade do profissional da área de saúde com as necessidades sociais, a atuação interdisciplinar do cirurgião dentista e se as mudanças na orientação teórica, nos cenários de prática e nas orientações pe-dagógicas estão surtindo efeito em seu produto final .

mEtodoloGiaO método utilizado para esse trabalho baseou-se

em um estudo quantitativo e comparativo desenvol-

vido mediante pesquisa e um formulário aplicado aos estudantes de odontologia da primeira (turma 64 – n = 50) e segunda turma (turma 65 – n = 44) do cur-rículo transdisciplinar e a última turma (turma 63 – n = 54) do currículo tradicional da Universidade Estadual de Londrina . A participação na pesquisa foi voluntária, com obtenção do termo de Consentimen-to Livre e Esclarecido de cada sujeito .

As questões foram extraídas do questionário do ENADE, Exame Nacional de Desempenho dos Estu-dantes,3 composto por dez questões de múltiplas es-colhas com cinco alternativas, as quais abordam a percepção que o estudante faz referente à contribui-ção do curso na sua formação profissional e como a instituição formadora influenciou para o desenvolvi-mento das competências necessárias a sua formação .

Os resultados foram analisados e quantificados pelo software estatístico SPSS versão 15 .0 e Excel 2007 que possibilitou cruzar os dados das três turmas e fazer uma análise comparativa .

rESultadoS E diSCuSSãoApós realizar a tabulação dos resultados foi possível

observar as seguintes respostas das turmas avaliadas:Para a maioria dos estudantes a principal contri-

buição do curso foi à aquisição de formação profis-sional (Tabela 1) . Tendo em vista que um dos princi-pais problemas com os quais os recém-formados se deparam é a dificuldade de ingressar no mercado de trabalho de suas profissões,11 é fundamental que a Universidade norteie esse processo fornecendo sub-sídios para orientar o estudante em suas decisões por meio de indicadores e vivências práticas da profissão .

No momento atual passamos por uma desmistifi-cação do serviço público, que com a priorização das Políticas Públicas de Saúde Bucal, proporcionaram diversas possibilidades de trabalho, com vínculo pú-blico exclusivo, vínculos públicos parciais e os que não possuem vínculo empregatício com o serviço pú-blico, mas são credenciados pelo Sistema Único de Saúde – SUS .7

Ter a percepção das possibilidades de atuação pro-

tabela 1 - Média das respostas das três turmas .

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Turma 63C

85,18%A

42,59%B

42,59%B

44,44%B

46,29%B

35,18%B

40,74%B

40,74%C e D

33,33%B

44,44%

Turma 64C

90.00%A

30,00%B

44,00%B

56,00%B

52,00%B

52,00%B

40,00%C

40,00%C

64,00%C

56,00%

Turma 65C

79,54%B

50,00%B

54,54%B

38,63%B

61,36%B

54,54%B

38,63%C

38,63%C

47,72%C

47,72%

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Formaçãoprofissionalemodontologia:percepçãodiscentedainteraçãocurricular•GabrielM,TanakaEE

fissional pode contribuir positivamente na inserção no mercado de trabalho do recém-formado mesmo que sua opção seja pautada na atuação privada .

Quanto à atuação ética, com responsabilidade so-cial, para a construção de uma sociedade includente e solidária as turmas 63 e 64 acreditam que o Curso contribuiu amplamente, já à turma 65 a maioria acre-dita ter contribuído parcialmente . Se relacionarmos os inúmeros problemas de Saúde Bucal que o Brasil vive no momento atual e o papel da Universidade como instrumento de inclusão proporcionando ações coletivas de grande peso social, observamos que em-bora exista um avanço ainda estamos em déficit para um modelo social homogêneo . Essa postura mais crí-tica por parte do estudante aponta o aumento do nível de compreensão com a realidade da saúde pú-blica, certamente devido à aproximação com diferen-tes eixos de atuação do profissional da saúde que o estudante está sendo apresentado durante a sua for-mação, evidencia também a transformação na postu-ra por meio de profissionais mais comprometidos com a sociedade .

Em relação à organização, expressão, comunica-ção do pensamento, raciocínio lógico e análise crítica as três turmas na sua maioria acreditam que o curso contribuiu parcialmente, de acordo com uma das mudanças de paradigmas que ocorreu na organiza-ção curricular deve-se buscar estabelecer uma nova relação entre professor-aluno, em que o docente seja capaz de incluir os estudantes como componentes ativos no processo ensino-aprendizagem motivados e cientes da sua importância, buscando caminhos alter-nativos em que o professor é facilitador e mediador desse processo .6

Porém para que estas mudanças se concretizem é necessário transformações da rotina docente e por este motivo encontram-se muitas resistências por par-te dos professores, o que o causa no estudante certa insegurança em assumir a responsabilidade de sua formação .

Quanto à compreensão de processos, tomada de decisão e resolução de problemas no âmbito de sua área de atuação a maioria também respondeu que o curso contribuiu parcialmente, no entanto observa-mos maior porcentagem positiva, nessa alternativa, da turma 65, mostrando que a integração dos módu-los está cada vez mais favorecendo a resolubilidade clinica desejada capacitando o estudante a atuar com rigor técnico e cientifico associado pensamento críti-co buscando a saúde . A autoconfiança está diretamen-te relacionada ao desenvolvimento da competência

de tomada de decisão que deve ser baseada em racio-cínio lógico para construção de diagnóstico amplia-do . Saber diagnosticar favorece a tomada de decisão, pois permite uma abordagem completa da situação fazendo com que os procedimentos sejam suportados e realizados de maneira mais segura e correta .

Atuação em equipes multi, pluri e interdisciplina-res e observação, interpretação e análise de dados e informação, os estudantes da turma 63 responderam em menor quantidade que foi contemplada em rela-ção à turma 64 e 65, sendo essa proporção já espera-da, pois as turmas do currículo transdisciplinar foram contempladas com o programa de educação tutorial em saúde PET-Saúde, uma estratégia do Pró-Saúde que proporciona a aproximação e a integração ensi-no-serviço como uma forma de aprendizagem fazen-do com que o estudante conheça a organização, pla-nejamento e gestão dos serviços de saúde do município e região, além de atuar diretamente com a população em equipes multidisciplinares amplian-do seus conhecimentos e articulando com a promo-ção de saúde por meio de indicadores epidemiológi-cos de diversas áreas colhidos dentro das Unidades Básicas de Saúde que os estudantes atuam .

Essa aproximação com a epidemiologia associada à vivência das Unidades e territórios de abrangência também favoreceu a observação, interpretação, aná-lise de dados e informação, as três turmas acreditam terem sido contempladas .

Na questão da utilização de procedimentos de metodologia científica e de conhecimentos tecnoló-gicos para a prática da profissão a maioria se sente parcialmente contemplados . A mudança curricular orienta que seja elaborado um trabalho de conclusão de Curso sob orientação docente,4 objetivando esti-mular o raciocínio crítico aplicado e global desde o primeiro ano .

A Universidade busca através de projetos de ensino, extensão e iniciação cientifica recursos para propor-cionar aos estudantes melhor contato com inovações tecnológicas no exercício da profissão, no entanto a demanda de recursos algumas vezes é insuficiente .

Em relação à assimilação crítica de novos concei-tos as respostas foram menos favoráveis das turmas 64 e 65, talvez devido à dificuldade de compreender que mais do que conhecer técnicas e desenvolver habili-dades sofisticadas a graduação deve fornecer subsí-dios para se conseguir desviar o foco da doença e passar para a saúde do individuo e para isso se faz necessário saber articular conceitos das ciências bási-cas dentro da prática clínica .

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ConSidEraçõES FinaiSTendo em vista a fase de transição curricular que

o curso de odontologia da Universidade Estadual de Londrina vivência a avaliação discente é satisfatória . Os estudantes em sua maioria se sentem contempla-dos ou parcialmente contemplados aos questiona-mentos propostos durante a avaliação em relação a sua formação .

Mudanças significativas na visão discente pude-ram ser observadas, um senso mais crítico em relação à formação nas turmas do currículo transdisciplinar em comparação ao tradicional, apontando a evolução na autonomia adquirida durante a formação .

Avanços na prática da profissão demonstram que a Universidade está conseguindo avançar com a mu-dança proposta, embora existam dificuldades, os es-tudantes estão mais próximos da realidade do país e mais competentes nas suas atividades .

Esses avanços não se devem apenas a mudança me-todológica, mas a uma transformação na cultura peda-gógica da instituição que ainda está em fase de cons-trução por meio de ações que visam orientar adequações necessárias para um efetivo currículo integrado e para isso as avaliações devem continuar acontecendo .

aBStraCtProfessional dentistry training: students’ perception of curricular interaction

A change in Brazil’s Dentistry curriculum is long overdue . Its teaching model should be geared toward the job market, in which the student can associate technical expertise with critical thinking . In 2005, there was a change from the traditional Flexnerian to the transdisciplinary curriculum at the State Univer-sity of Londrina, guided by the National Curriculum Guidelines of 2002, the aim of which was to enable students to interconnect the concepts and specific needs of each case . In order to ascertain students’ perceptions of curriculum changes, a survey with questions taken from the National Survey of Student Performance (ENADE) was applied to fifth year Den-tistry students (n=148) from the first and second class of the transdisciplinary curriculum and from the last class of the traditional curriculum . The results were analyzed and quantified by SPSS version 15 .0 and Excel 2007 statistical software that allowed cross ref-erencing the data from the three classes and making a comparative analysis . At a time of renewal such as this, the variations between classes have made it pos-sible to identify some changes, such as the progress made in joint operations with different professional

areas, greater understanding of processes, profes-sional decision making and problem solving . This progress is not just a methodological change, but a transformation in the teaching culture of the institu-tion, still being constructed through actions designed to guide necessary adjustments for an effective inte-grated curriculum .

dESCriPtorSEducation, Dental . Educational Measurement .

Students, Dental . §

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Andrade SM, Soares DA, Cordoni Junior L, organizadores .

Bases da Saúde Coletiva . Londrina: Eduel, 2001 .

2 . Araujo ME Palavras e silêncios na educação superior em odon-

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o portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia. adequação de metodologias de ensino utilizando o ambiente virtual de aprendizagemMyrna Maria Arcanjo Frota*, Léa Maria Bezerra de Menezes**, Carlos Henrique Alencar***, Lidiane da Silva Jorge****, Maria Eneide Leitão de Almeida**

* Aluna do Curso de Graduação de Odontologia/FFOE/UFC

** Professora Adjunta do Curso de Odontologia/FFOE/UFC

*** Professor substituto da Faculdade de Medicina/UFC

**** Aluna do Programa de Pós-Graduação em Odontologia/UFC

rESumoA busca de conhecimento, a criatividade e a pro-

dução escrita são incentivadas quando se utiliza o portfólio como instrumento de aprendizagem . Esse trabalho tem como objetivo avaliar o portfólio como um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem para a formação em Odontologia . Trata-se de uma pesquisa descritiva e transversal, re-alizada no semestre letivo de 2010 .2 no Curso de Odontologia/UFC . Foi aplicada aos acadêmicos re-gularmente matriculados nas disciplinas de Metodo-logia Científica aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II, totalizando 60 alunos e aos 03 professores das referidas disciplinas . A coleta de dados foi feita por meio de questionários eletrônicos utilizando-se a lista de email cadastrado no ambiente virtual de aprendizagem . Para análise, as informações obtidas foram organizadas em um banco de dados no Excel e posteriormente, analisados no programa estatístico Epi-info versão 3 .5 .1 . A pesquisa foi submetida à apre-ciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº 157/10 . Analisando os questionários dos alunos, 100% avaliaram o portfólio como excelente ou bom como método de avaliação; Cerca de 98,3% dos discentes afirmaram que o portfólio é melhor em termos de aprendizagem que as provas tradicionais; e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem . Todos os professores acre-

ditam que é maior o rendimento dos alunos quando é usado o portfólio e que este facilita a aprendizagem . Concluiu-se que a utilização do portfólio é um instru-mento pedagógico válido, bem aceito pelos alunos e que pode ser empregado no ensino odontológico .

dESCritorESEnsino . Educação em Odontologia . Avaliação

Educacional .

o Pró-Saúde tem como objetivo geral contribuir para a promoção das políticas de inclusão social

e educação permanente em saúde, por meio da reo-rientação da formação profissional de trabalhadores em saúde bucal e da integração dos processos de ge-ração de conhecimentos, ensino-aprendizagem e prestação de serviços de saúde à população, com foco na atenção básica e ênfase no direito à saúde e no cuidado e proteção à vida .

A adequação das metodologias de ensino, permi-tindo melhorias no desempenho acadêmico dos alu-nos e professores, estimulando o processo de educa-ção permanente por meio de seminários e oficinas de capacitação tem sido uma proposta permanente do Projeto Pró-Saúde e especificamente, no projeto pro-posto pelo Pró-Saúde II que contemplou os cursos de Farmácia, Odontologia e Psicologia da Universidade Federal do Ceará em 2008, que possui como um dos seus objetivos específicos, estimular novas metodolo-

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gias de estudos através de mecanismos interativos de aprendizagem .

Dessa forma, destaca-se o uso dos ambientes vir-tuais de aprendizagem, pois as tecnologias de infor-mação e comunicação possuem novas maneiras de atuar no ensino, praticando a modalidade do ensino à distância, que contribui para o processo de ensino-aprendizagem e facilita a comunicação entre profes-sores e alunos . Nesse contexto, foi implementado o uso do portfólio educacional como objeto de estudo para os acadêmicos através do ambiente virtual de aprendizagem, o SOLAR desenvolvido em 2002 pelo Instituto UFC Virtual da Universidade Federal do Ce-ará e utilizado no Curso de Odontologia da Faculda-de de Farmácia, Odontologia e Enfermagem (FFOE), inicialmente, a partir de 2009 na disciplina de Saúde Coletiva II (6º semestre) e em 2010, na disciplina de Metodologia Científica Aplicada a Odontologia I (1º semestre) .

A prática de elaboração de portfólio também foi adotada na Universidade de São Paulo . Bim-Junior e Tomita (2008) concluíram que a percepção sobre o processo ensino-aprendizagem mostrou aspectos crí-ticos, éticos e cotidianos da vida acadêmica, sendo o portfólio uma maneira de problematizar diferentes eventos inerentes à formação profissional possibili-tando a compreensão que leva ao aprendizado .

Numa pesquisa desenvolvida por Tangi e Dantas da Silva (2008) no Curso de Enfermagem, Rio de Janeiro, cujo objetivo foi demonstrar as potencialida-des e dificuldades da utilização do portfólio reflexivo como instrumento de aprendizagem, apontou que um dos maiores dilemas para os estudantes foi a difi-culdade mediada pela comunicação escrita quando chamados aos relatos de suas trajetórias de vida tanto pessoais, como nas travessias de aprendizagem ao lon-go do Curso de Graduação em Enfermagem .

Pode-se entender o portfólio como instrumento facilitador da construção e reconstrução do processo ensino-aprendizagem que permite o aluno refletir sobre a realidade local, identificando os problemas e analisando-os criticamente . A busca de conhecimen-to, a criatividade e a produção escrita são incentivadas de modo que o aluno deverá trilhar seu próprio co-nhecimento acompanhado pelo professor que avalia-rá esse caminhar .

Segundo Hernández (2000), o Portfólio é o con-tinente de diferentes classes de documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, acompanhamento do processo de aprendizagem, co-nexões com outros temas fora da escola, representa-

ções visuais, dentre outros) que proporciona uma reflexão crítica do conhecimento construído, das es-tratégias utilizadas, e da disposição de quem o elabo-ra em continuar aprendendo .

Historicamente, esse instrumento vem se consti-tuindo com diversas nomenclaturas que se diferen-ciam de acordo com suas finalidades e espaços geo-gráficos . Dentre os mais correntes estão: porta-fólios, processo-fólios, diários de bordo e dossiê . Esse ins-trumento já se apresenta com algumas classificações: portfólio particular, de aprendizagem, demonstra-tivo e, recentemente, passa-se a incluir o webfólio (Alves, 2006) .

O Portfólio é esse instrumento que reflete a traje-tória desse saber construído . Também possibilita aos alunos e professores uma compreensão maior do que foi ensinado (Vieira, 2002) .

Também é muito utilizado como meio de avalia-ção, esta concentra a atenção de todos (dos alunos de um mesmo grupo, dos professores e dos orientadores) nos trabalhos importantes dos alunos . O processo es-timula o questionamento, a discussão, a suposição, a proposição, a análise e a reflexão . Fazendo com o que os alunos aprendam cada vez mais sobre os assuntos discutidos em sala de aula, e não sejam simples ouvin-tes do processo e sim, participadores ativos .

Segundo Alvarenga (2001), o Portfólio tem como maior objetivo ajudar o estudante a desenvolver a habilidade de avaliar seu próprio trabalho .

Esse trabalho tem como objetivo avaliar o portfó-lio como um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem para a formação em Odontolo-gia, assim como as facilidades e dificuldades que os alunos enfrentaram na confecção do portfólio; o grau de aceitação do portfólio em relação aos alunos e suas opiniões acerca desde método de ensino; identificar as vantagens do portfólio em relação às provas tradi-cionais e identificar as vantagens e dificuldades dos professores em avaliar o portfólio .

matErial E mÉtodoSTrata-se de uma pesquisa descritiva e transversal,

realizada em Fortaleza no semestre letivo de 2010 .2 no Curso de Odontologia/FFOE/UFC .

Foi aplicada aos acadêmicos regularmente matri-culados nas disciplinas de Metodologia Científica aplicada a Odontologia I e Saúde Coletiva II, totali-zando 60 alunos e aos 03 professores das referidas disciplinas ao final do período letivo .

A coleta de dados foi feita por meio de questioná-rios eletrônicos utilizando-se a lista de email cadastra-

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do no ambiente virtual de aprendizagem, portanto, como critério de inclusão dos estudantes e professo-res, era necessário estar matriculado no SOLAR . Como critério de exclusão dos professores, aqueles que davam aula esporadicamente nas referidas disci-plinas e não acompanhavam os alunos no SOLAR, foram excluídos .

Para avaliar a facilidade de compreensão do ins-trumento como um todo e de cada item isoladamen-te foi realizado um teste piloto para a validação dos questionários, sendo identificados 03 professores e 10 alunos para realizarem o referido teste . Esse grupo sugeriu modificações, relataram as dificuldades que tiveram, e usaram sinônimos para as palavras com possibilidade maior de incompreensão chegando-se à versão final do questionário .

Para análise estatística, as informações obtidas fo-ram digitadas e organizadas em um banco de dados no Excel e posteriormente, analisados no programa estatístico Epi-info versão 3 .5 .1 para Windows . As variáveis foram descritas com freqüência absoluta simples e por classe, juntamente com as respectivas freqüências relativas (percentuais) simples e acumu-lativas .

A pesquisa foi submetida à apreciação e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, protocolo nº 157/10 . Foi aplicado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os alunos e professores .

rESultadoSAnalisando os questionários dos alunos, 100%

avaliaram o portfólio como excelente ou bom como método de avaliação .

Dos discentes analisados, 61,7% afirmaram que tem dificuldade em confeccionar o portfólio .

Cerca de 60,3% dos alunos afirmam que a maior dificuldade em confeccionar o portfólio foi devido a necessidade de pesquisar artigos científicos e a capa-cidade de síntese .

Para 98,3% dos discentes o portfólio é melhor em termos de aprendizagem que as provas tradicionais e 88,3% se sentem motivados em realizar o portfólio em outras disciplinas .

Quando indagados se sentem seguros para estu-darem sozinhos, 46,7% dos alunos responderam que não se sentem preparados para tal; Um pouco mais da metade dos alunos (51,7%) conseguiu realizar as atividades propostas para a confecção do portfólio com facilidade .

A maioria (93,3%) dos alunos considerou que o tempo dado para a execução do portfólio foi suficien-

te e 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendizagem utilizando o portfólio facili-ta o processo de aprendizagem .

Dos professores analisados, dois destes são profes-sores de Saúde Coletiva II e um de Metodologia Cien-tífica aplicada à Odontologia I .

Todos os professores acreditam que é maior o ren-dimento dos alunos quando é usado o portfólio e que este facilita a aprendizagem tanto individual como do grupo .

Os professores analisados consideram que o tem-po dado para a execução do portfólio foi suficiente e todos eles não tiveram dificuldades em avaliar o por-tfólio .

Quando indagados se consideraram que os alunos tiveram dificuldade de confeccionar o portfólio, um professor relatou que os alunos tiveram dificuldade em realizar o portfólio e não se sente motivado em empregar esse método de ensino-aprendizagem em outras disciplinas .

diSCuSSãoSegundo Krozeta (2008), a auto-avaliação, pro-

porcionada pela construção do portfólio de ensino, pode ser utilizada como um dos instrumentos de aprendizagem e conseqüentemente mudança na for-mação profissional . Assim, é possível perceber que o elevado grau de aceitação do portfólio se dá pela pro-moção da auto-estima, da motivação, do exercício da autonomia, da responsabilidade e do compromisso do aluno diante de seus dados que essa auto-avaliação proporciona .

Entretanto, a maioria dos alunos questionados afirmou que teve dificuldades em confeccionar o Por-tfólio . Essa dificuldade está relacionada ao fato dos estudantes estarem predispostos a aulas expositivas que, segundo Lemos (2005), são apontadas como preferida pelos mesmos, que acham a posição de ou-vinte mais confortável .

O antigo modelo pedagógico era centralizado na figura do professor; por conseqüência, a interferên-cia criativa e crítica dos alunos, e até mesmo dos pro-fessores, era limitada (Freitas, 2009) . Essa problemá-tica é compreensível quando analisamos o modelo educacional presente na maioria das universidades brasileiras, modelo este ambientado em aulas expo-sitivas e sem a participação ativa dos estudantes . O Portfólio pode preencher essa lacuna, a partir de mu-danças nas metodologias de ensino, permitindo me-lhorias no desempenho acadêmico dos alunos e pro-fessores, estimulando o processo de educação

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permanente por meio de seminários e oficinas de capacitação . Essa proposta tem sido permanentemen-te encorajada pelo Projeto Pró-Saúde .

Outras dificuldades apontadas pelos estudantes tais como, a pesquisa de artigos e capacidade de sín-tese podem ser explicadas como reflexo da “educação bancária” recebida ao longo da vida em que o profes-sor é o detentor do saber e o aluno é considerado uma tabula rasa, sendo o conhecimento transmitido verticalmente e sem estímulo à outras fontes de pes-quisa . Percebeu-se que a pesquisa de artigos é uma dificuldade que os estudantes enfrentam no início de sua vida acadêmica, mas com o emprego do ambien-te virtual de aprendizagem e familiarização dos estu-dantes com as ferramentas da internet, essa dificul-dade tem sido superada; Além disso, os alunos têm a oportunidade de exercitar sua capacidade de comu-nicação escrita e se tornarem sujeitos ativos no pro-cesso de aprendizagem .

Ressalta-se a importância do estímulo à pesquisa e a capacidade de escrever e analisar o material inves-tigado que é proporcionado na confecção do portfó-lio porque são características necessárias ao estudan-te para a realização do Trabalho de Conclusão do Curso (TCC) .

O ambiente virtual de aprendizagem, o SOLAR, tem se mostrado muito bem aceito pelos alunos da UFC, quando contabilizados o número de acesso dos usuários . A aproximação do ambiente virtual de aprendizagem com novas metodologias de ensino, como o Portfólio, tem se mostrado de grande valia para facilitar o processo de ensino-aprendizagem e impulsionar a formação em Odontologia .

Entretanto, faz-se necessário descrever que o SO-LAR, apresenta uma interfase em que é possível en-contrar várias ferramentas de interação, como fórum, chat, e-mail e webconferência; ferramentas de apoio e publicação de material didático como bibliografia, material de apoio, espaço destinado ao repositório de aulas; ferramentas de portfólios individuais e de gru-po, para compartilhamento de informações . Nessa perspectiva, é importante perceber que além do es-paço destinado para abrigar o portfólio, o aluno dis-põe de mecanismo de comunicação e interação com outros alunos e professores, permitindo a troca de saberes e experiências, além da opção de poder com-partilhar sua produção escrita na área pública em que todos poderão acessar o portfólio individual . Acredi-tamos que essas facilidades proporcionadas pelo am-biente virtual também tenham motivado os alunos no processo de confecção do portfólio, pois permite a

comunicação rápida e segura das informações entre os membros participantes .

A quase totalidade dos alunos considera o Portfó-lio melhor em termos de aprendizado que as provas tradicionais e diante disso se sentem motivados em realizá-lo em outras disciplinas .

O Portfólio pode ser usado como fonte de estudo, por conter as principais dúvidas e respostas, bem como resumos de pesquisas bibliográficas realizadas (Krozeta,2008), podendo portanto, auxiliar estudan-tes que não se sentem motivados a estudarem sozinho e realizaram as atividades propostas para a confecção do portfólio com facilidade .

Torres (2008), afirma que uma das principais di-ficuldades observadas pelos alunos analisados em seu estudo foi o pouco tempo dado para a confecção do Portfólio, entretanto no presente estudo a maioria dos alunos considerou que o tempo dado para a exe-cução do portfólio foi suficiente, já que em média possuem três meses e meio para sua confecção a par-tir do início do semestre até seu término .

Há uma necessidade de mudanças na graduação do cirurgião-dentista para que seja possível formar os profissionais de forma generalista, humanista, crítica e reflexiva . Atualmente, nos cursos de gradu-ação em Odontologia os currículos possuem uma enorme carga horária, não havendo tempo para es-tudo, o que resulta no repasse de conteúdos prontos e acabados, sem espaço para argumentação e dúvi-das (Lazzarin, 2007) .

O resultado apresentado em que 100% dos alunos afirmaram que a metodologia de ensino-aprendiza-gem utilizando o portfólio facilita o processo de aprendizagem, revela que a adoção de metodologias ativas devem ser implementadas no projeto político pedagógico do referido Curso, pois têm permitido uma maior autonomia dos estudantes, interação en-tre alunos e professores e estimulado a criatividade e à pesquisa .

Um pouco menos da metade dos alunos acredita não está preparado para estudar sozinho, portanto o professor tem papel fundamental no processo de ensino-aprendizagem agindo como um catalisador ou um promotor da aprendizagem e da troca de ex-periência .

O desafio do professor é abrir e não fechar o diá-logo com seus alunos, entendendo a “Universidade” como um amplo território da multiplicidade e varie-dade de conhecimentos, para além de uma instituição da sociedade civilizatória . Nesse contexto, o portfólio permite o “feedback” do professor e o aluno se sente

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O portfólio como estratégia facilitadora do processo de ensino-aprendizagem para a formação em odontologia . Adequação de metodologias deensinoutilizandooambientevirtualdeaprendizagem•FrotaMMA,MenezesLMB,AlencarCH,JorgeLS,AlmeidaMEL

mais seguro e confiante para fazer as modificações sugeridas ou necessárias ao desenvolvimento do ma-terial produzido .

A prática do portfólio pode, ainda, proporcionar aos professores o trabalho processual, fazendo com que pratiquem o ensino de maneira significativa, isso explica o maior rendimento dos alunos e a aceitação dos professores a esse novo método de ensino-apren-dizagem na odontologia, pois quando é usado o por-tfólio a aprendizagem tanto individual como do gru-po é facilitada .

A avaliação dos alunos também se dá de forma processual e isso faz com que o portfólio seja melhor em termos de ensino-aprendizagem que as provas tradicionais .

Os professores no presente estudo não mostraram dificuldades em avaliar o portfólio, no entanto, en-tendemos que há constrições de tempo e pressões por instrumentos padronizados, mas em sua realidade cada professor pode encontrar possibilidades dentro de suas limitações e expectativas .

ConCluSõESA utilização do portfólio é um instrumento peda-

gógico válido, aceito pelos alunos e pelos professores e que pode ser facilmente empregado no ensino odontológico .

Considera-se que os benefícios alcançados com o uso do portfólio na graduação são inegáveis, pois re-flete o progresso de cada aluno na compreensão da realidade e de seu contexto de trabalho, na aquisição e organização dos conteúdos adquiridos e ao mesmo tempo, possibilita ao professor perceber os avanços e as transformações ocorridas durante a construção do conhecimento dos seus alunos ao longo das discipli-nas ou módulos ministrados .

aBStraCtThe portfolio as a facilitating strategy of the teaching-learning process for dentistry training. Suitability of teaching methods using the virtual environment for learning

The search for knowledge, creativity, and writing production are encouraged when a portfolio is used as a learning tool . This study aims to evaluate the portfolio as a facilitator of the teaching-learning proc-ess for dentistry training . A descriptive and cross-sec-tional survey was held in the second semester of 2010, in the Dentistry School at UFC . A questionnaire was applied to regularly enrolled academics in the disci-plines of Scientific Methodology applied to Dentistry

I and Public Health II, totaling 60 students and three teachers of these disciplines . Data collection was per-formed by electronic questionnaires using a list of email addresses registered at a virtual learning site . For analysis purposes, the information obtained was organized into an Excel database and later analyzed by a statistics program, Epi-info version 3 .5 .1 . The research was submitted for evaluation and was ap-proved by the Ethics Committee in Research, proto-col 157/10 . Analyzing the students questionnaires, 100% assessed the portfolio as an excellent or good evaluation method; 98 .3% of these said that the port-folio was better than traditional tests, when the focus is on learning; and 100% of the students declared that the methodology of teaching and learning using the portfolio facilitates the learning process . All the pro-fessors believe that student efficiency is greatest when the portfolio is used and that it facilitates learning . It was concluded that the portfolio is a worthy education tool that is well accepted by students and that can be used in dental education .

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inserção do aluno de odontologia no SuS: contribuições do Pró-SaúdeSimone Dutra Lucas*, Andréa Clemente Palmier**, João Henrique Lara do Amaral***, Marcos Azeredo Furquim Werneck****, Maria Inês Barreiros Senna*****

* Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutora em saúde pública

** Professora assistente da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutoranda em saúde coletiva

*** Professor adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor em saúde coletiva

**** Professor associado da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutor em odontologia social

***** Professora adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais, doutora em educação

rESumoO objetivo deste trabalho é descrever a experiência

da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG) . Em resposta às recomen-dações das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de graduação em Odontologia e do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), desde 2004, a FO-UFMG tem se mobilizado para mudar seu currículo, dando aten-ção especial à diversificação dos cenários de aprendi-zagem . Em 2007, a Disciplina de CSAS foi reformulada, permitindo a inserção dos discentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no início de sua formação profissional, quando a realidade e a prática do SUS são os objetos do ensino . Esse movimento reforçou as expectativas de que essa inserção é viável . Espera-se que as mudanças na disciplina funcionem como um projeto piloto, sub-sidiando outras iniciativas que visem uma maior apro-ximação dos estudantes à prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluídos na formação profissional .

dESCritorESCiências Sociais . Currículo . Ensino . Odontologia .

SUS .

no Brasil, o movimento de mudança na formação profissional dos cirurgiões dentistas remonta aos

anos 60 . Foram realizados três seminários sobre o en-sino odontológico na América Latina fomentados pela Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), Fundação Kellogg e Associação Latinoamericana das Faculdades de Odontologia (ALAFO) . Os seminários cumpriram seus propósitos, pois reuniram informa-ções sobre as condições do ensino e mobilizaram al-guns cursos de Odontologia no desenvolvimento de ações com o objetivo de inovar na formação dos re-cursos humanos na área da saúde .13 Nessa mesma década, e nas duas seguintes, o ensino odontológico foi marcado pelas propostas de modernização dos currículos dos cursos de graduação emanadas do Con-selho Federal de Educação (CFE) .10 Entre elas de-stacam-se: a) formação profissional para a realidade brasileira, b) perfil profissional generalista capaz de aplicar

a filosofia preventiva e social aos problemas de saúde,

c) valorização e compreensão da participação popu-lar e da abordagem multisetorial,

d) prática extramuros sob supervisão em instituições públicas com valorização da integração ensino-serviço .7

No contexto das mudanças curriculares uma es-tratégia importante foi a articulação da formação profissional com as políticas de saúde e com o sistema de atenção à saúde . Buscava-se a integração ensino-serviços o que levou à adesão de escolas de Odonto-logia brasileiras ao Programa de Inovações de Ensino

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e Serviços Odontológicos, coordenado pela OPAS e Fundação KELLOG . Esse programa financiava expe-riências docente-assistenciais na América Latina com ênfase na simplificação da Odontologia .12

No campo da atenção à saúde, nas décadas de 70 e 80, o Brasil viveu o movimento da Reforma Sanitária culminando com a criação do Sistema Único de Saú-de (SUS) que dentre as suas atribuições destaca-se o ordenamento da formação de recursos humanos para a área da saúde .3

Na educação superior, na década de 90, foi pro-mulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional que estabeleceu o princípio da flexibilização curricular em substituição à rigidez dos currículos mínimos . O processo de discussão sobre as mudanças dos currículos mínimos dos cursos de graduação foi iniciado, em dezembro de 1997, pela Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educa-ção com a abertura do edital n°4/97 para envio de proposta pelas Instituições de Ensino Superior (IES) para a elaboração das Diretrizes Curriculares Nacio-nais (DCN) .11

As DCN para os cursos de graduação em Odon-tologia, aprovadas em 2002, apontam na direção da diversificação de cenários no SUS quando recomen-dam que a formação profissional deve incluir o siste-ma de saúde do país, a atenção integral à saúde e o trabalho em equipe .4 O relatório da 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal sinaliza na mesma direção quando valoriza os convênios entre as instituições formadoras e os serviços de atenção à saúde bucal como oportunidade de aproximação dos estudantes dos modelos assistenciais e da realidade social da população .5

Um componente importante de mudança na for-mação depois da promulgação das DCN para a área da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) do Mi-nistério da Educação e Ministério da Saúde . Ele foi lançado em 2005, e tem como objetivo geral

“incentivar transformações do processo de formação, ge-

ração de conhecimentos e prestação de serviços à popula-

ção, para abordagem integral do processo de saúde/do-

ença” .6

A Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG), a partir de 2004, em resposta às DCN e em sintonia com o Pró-Saúde, tem se mobilizado para uma alteração na sua matriz curricular . A perspectiva da mudança de acor-

do com os princípios do programa está amparada na seleção da proposta do curso na sua primeira edição . Um dos objetivos propostos pela candidatura do cur-so ao Pró-Saúde é o fortalecimento e o avanço do seu processo de mudança curricular . A elaboração da nova matriz curricular tem considerado o perfil epi-demiológico da população brasileira, a produção científica sobre as iniciativas de mudança na forma-ção nas profissões da saúde, e as políticas para a edu-cação e a saúde . A necessidade de ampla participação e co-responsabilização da comunidade universitária com a mudança curricular, as experiências acumula-das pelo curso, a busca de consensos, e a mudança na formação entendida como processo em que se reconhece os limites humanos e de infra-estrutura; são os outros elementos que têm balizado as propo-sições apresentadas pelo curso .

Nesse processo tem sido dada atenção especial à estratégia da diversificação dos cenários de aprendi-zagem uma vez que estes permitem uma aproxima-ção dos estudantes das reais condições de saúde das comunidades . Os distintos cenários têm um poten-cial efeito indutor de transformação para o curso uma vez que revelam a contradição entre as condi-ções sociais e os modelos de prática com enfoque predominante nos aspectos biológicos . Favorecem o desenvolvimento de uma formação mais crítica . O Pró-Saúde dá importância aos cenários de prática, não só pelas possibilidades de transformação apre-sentadas por essa proposta como pela demanda de acesso das populações beneficiárias dos programas e iniciativas das instituições formadoras de recursos humanos para a saúde .

O cenário de prática diz respeito,

“à incorporação e à inter-relação entre métodos didáticos,

pedagógicos, áreas de prática e vivências, utilização de

tecnologias e habilidades cognitivas e psicomotoras . Inclui

também a valorização dos preceitos morais e éticos orien-

tadores de condutas individuais e coletivas . Eles se relacio-

nam também aos processos de trabalho, ao deslocamento

do sujeito e do objeto do ensino e à revisão da interpreta-

ção das questões referentes à saúde e à doença, em que se

considera sua dinâmica social” .9

Dessa forma, o espaço físico, os equipamentos so-ciais e dos serviços, e os programas são condições necessárias para o desenvolvimento do ensino e da atenção à saúde . As instituições que participam da formação – universidade e serviço – imprimem um novo significado para a natureza e os conteúdos das

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práticas . Assim, supera-se a utilização dos serviços de caráter exclusivamente instrumental, fazendo dos ce-nários externos um prolongamento do espaço insti-tucional da universidade . Trabalha-se também com a concepção de território que implica, além do compo-nente geográfico, as condições de vida da população, perfil epidemiológico, acesso aos serviços de saúde, disponibilidade de equipamentos sociais, grau de mo-bilização e organização da população, e ações de ca-ráter inter-setorial . Soma-se a essas possibilidades a formação no processo de trabalho da equipe multi-profissional . Propõe-se dessa forma responder propo-sitivamente ao alerta de que na formação de recursos humanos a incerteza, os conflitos de valor e a singu-laridade das situações reais da prática não raras vezes escapam de soluções técnicas pré-definidas .14

Fundamentalmente, a intencionalidade primeira de como e porque se compartilham os cenários de aprendizagem com o serviço é a mudança no proces-so de formação profissional . O maior ou menor su-cesso dessas iniciativas é diretamente dependente do quanto os sujeitos venham a se despir dos preconcei-tos ainda muito presentes nas relações interinstitucio-nais . Outro elemento de fundamental importância, nessa linha de trabalho, é dar oportunidade à inser-ção à prática desde o início do curso . O objetivo deve ser oferecer um significado necessário aos conteúdos curriculares tradicionalmente vinculados aos primei-ros períodos da formação .

A reformulação da Disciplina de Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS) foi uma das iniciativas do curso . Buscava-se a transformação de uma disciplina com enfoque eminentemente conceitual e fragmen-tado em sala de aula, para uma disciplina que apre-sentasse um eixo temático consistente e que envol-vesse atividades práticas de inserção do discente no SUS no começo da formação profissional . Antes des-sa mudança, os estudantes participavam de uma úni-ca visita às unidades básicas de saúde (UBS) no iní-cio das atividades clínicas do quarto período do curso . Uma segunda oportunidade de contato com o SUS, essa mais efetiva, consistia na participação dos estudantes no Estágio Supervisionado no último período da formação .

Originalmente, de 1982 até meados da década de 90, a disciplina de CSAS com conteúdos de Sociolo-gia, Antropologia e Psicologia era ministrada por professores da área de ciências humanas, a saber, as-sistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psi-cologia . Ao longo do tempo, os conteúdos foram as-sumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na

área da Saúde Coletiva; em função da escassez destes profissionais na UFMG com disponibilidade para apoiar os cursos não vinculados às ciências humanas .

A decisão pela mudança dos conteúdos caminhou na direção de oferecer subsídios na área da Saúde Coletiva como aporte teórico capaz de iluminar ex-periências de inserção à prática no SUS e na comu-nidade . A disciplina busca enfatizar os problemas de saúde da população, a organização e estrutura dispo-níveis para a superação destas questões e o processo de trabalho que caracterizam o modelo de atenção à saúde vigente . Com a proposta de mudança foram incorporados docentes com formação em Saúde Co-letiva . Há expectativa de que as alterações na discipli-na funcionem como um projeto piloto subsidiando outras iniciativas . Pretende-se uma maior aproxima-ção dos estudantes à prática profissional desde o iní-cio da formação . Esse movimento reforçou a idéia de que essas inserções são viáveis na proposta de mudan-ça curricular do curso .

O novo projeto da disciplina foi elaborado por um grupo de trabalho formado por docentes com forma-ção em saúde coletiva, sanitaristas da Prefeitura Mu-nicipal de Belo Horizonte, dentre eles os Coordena-dores de Saúde Bucal, representantes do Centro de Educação em Saúde (CES) e gerentes de UBS .

O objetivo deste trabalho é sistematizar a experi-ência da FO-UFMG com a disciplina CSAS ministrada no segundo período do Curso de Odontologia rela-tando a inserção dos estudantes no SUS .

matErial E mÉtodoSA disciplina de CSAS é obrigatória, com uma car-

ga horária de 45 horas . A equipe é composta por quatro docentes de dois departamentos da Unidade . O plano de ensino e o caderno de textos constituem o material didático disponibilizado . O plano de en-sino apresenta as atividades que serão desenvolvidas ao longo do semestre, método, critérios de avaliação, roteiros para atividades práticas e bibliografia . O caderno de textos apresenta bibliografia básica e complementar .

Os objetivos da disciplina são conhecer e discutir as concepções do processo saúde/doença em distin-tos grupos sociais e compreender os determinantes sociais de saúde . Desse modo, o eixo estruturador da disciplina é o tema processo saúde/doença . Deste tema derivam outros conteúdos correlacionados .

A aprendizagem significativa observando as con-dições da aprendizagem de adultos, a utilização de metodologias ativas e a diversificação dos cenários de

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aprendizagem podem ser consideradas característi-cas da disciplina . As atividades com a participação dos estudantes acontecem em sala de aula e os cenários são o SUS e a comunidade .

A aprendizagem significativa trata da relação en-tre a nova informação e a estrutura de conhecimento do estudante, o que ela já conhece .8 No processo tam-bém são fundamentais a diversificação dos cenários, a construção permanente das informações e a valori-zação da prática .1 Na disciplina fez-se a escolha pela problematização que consiste na aproximação crítica da realidade servindo-se dela como ocasião/desafio para a aprendizagem .

No campo das estratégias de ensino são utilizadas aulas expositivas dialogadas, estudo dirigido e de tex-tos, atividades em grupos onde participa um docente tutor, atividade interativa nos cenários de prática e socialização de produtos . O tutor é aquele que acom-panha e revê a prática discente e facilita o processo de ensino-aprendizagem, não qualquer processo, mas aquele centrado no estudante . Dele espera-se a com-petência para facilitar o processo do aprender a aprender e que tenha uma compreensão clara da prá-tica desenvolvida pelos alunos .2

Não diferentemente de outras experiências a ava-liação do processo de ensino aprendizagem é de di-fícil operacionalização . Nesse sentido, o corpo docen-te da disciplina tem trabalhado na busca de uma coerência cada vez maior entre os procedimentos de avaliação e os objetivos do ensino . Até o momento, a avaliação dos estudantes é feita no contexto de cada grupo . Eles são avaliados na produção escrita, na ha-bilidade de exposição e análise das situações observa-das, e na coerência das conclusões considerando o aporte trazido pela literatura . Na socialização dos pro-dutos em sala de aula observa-se a clareza na exposi-ção das idéias, a capacidade de síntese, e a organiza-ção lógica entre o registro das observações, a habilidade crítica e as conclusões .

A dinâmica da disciplina intercala as atividades de concentração em sala de aula com dispersão nos cenários .

Durante as atividades de concentração, em sala de aula, busca-se a motivação dos estudantes para a construção do conhecimento científico dos temas abordados considerando as experiências do cotidia-no e a prática social . É feito um levantamento das representações dos discentes sobre os conteúdos curriculares, entre eles: processo saúde-doença e o SUS . A seguir, faz-se o estudo dirigido da literatura disponível e a problematização das representações

do grupo . Artigos científicos e textos oficiais são uti-lizados nessa fase . A discussão é feita em grupos de até vinte estudantes .

O passo seguinte é a preparação dos alunos para o desenvolvimento das atividades nas UBS . Neste sen-tido, foram elaborados roteiros, previamente testa-dos, sobre cada conteúdo objeto das práticas nos ce-nários . Após cada atividade no campo de prática os estudantes elaboram uma síntese entre as impressões previamente construídas e o que foi observado nos cenários . Estimula-se, com isso, que os discentes pos-sam identificar as maiores ou menores aproximações entre as primeiras elaborações construídas pelo gru-po e a prática social vigente . Desse modo, a realidade torna-se mediadora da aprendizagem .

Tendo em vista os objetivos da disciplina traba-lham-se as seguintes temáticas: •oconceitodesaúdedosusuáriosetrabalhadores

do SUS; •oacolhimento,avisitadomiciliar,oprocessode

trabalho e a gestão local nas UBS; •osrecursosmateriaisehumanos;e• ainfra-estruturadaatençãoàsaúde.

As atividades são desenvolvidas em dez UBS loca-lizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo ges-tor local e trabalhadores . Durante as visitas domicilia-res, os alunos são acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) . As ações compreen-dem a realização de uma enquete sobre o conceito de saúde dos diferentes sujeitos, a coleta de informa-ções sobre a gestão e o processo de trabalho, o regis-tro da estrutura física, dos recursos materiais, huma-nos, a participação nas atividades de acolhimento e a realização de visitas domiciliares .

Nas UBS os estudantes são acompanhados por profissionais dos serviços . Na educação médica, a fi-gura do profissional que auxilia na formação tem recebido diferentes denominações entre elas super-visor, mentor, preceptor e tutor .2 O esforço dos auto-res culminou com uma proposta de padronização na utilização desses termos que a nosso ver não consegue responder ao perfil da atividade do profissional do serviço no caso específico da disciplina . Entretanto, oferece elementos suficientes para inicialmente situ-ar essa atuação no conjunto das ações que se espera de um preceptor, quais sejam a de dar suporte, com-partilhar experiências, reduzir a distância entre a teoria e prática favorecendo a execução das ações durante as atividades de ensino .

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rESultadoSA experiência com a disciplina tem mostrado que

apenas um número reduzido dos estudantes se con-sidera usuários dos serviços de atenção à saúde, por não compreenderem a diversidade de ações do siste-ma . Os alunos, na sua maioria, não projetam o servi-ço público como espaço preferencial para a atuação como profissionais de saúde . As informações que de-têm sobre o SUS são aquelas veiculadas pela mídia . Após o reconhecimento dos cenários de prática as impressões anteriormente registradas sobre o SUS começam a ser substituídas por percepções mais po-sitivas, e de surpresa diante do que foi observado .

A concepção de saúde como perfeito estado de equilíbrio das funções, órgãos e sistemas como nor-malidade fisiológica e mental prevalece entre os es-tudantes . A doença é percebida como um rompimen-to desse estado de equilíbrio . Os estudantes identificam diferentes percepções do processo saúde/doença en-tre os trabalhadores da UBS e usuários . O mesmo acontece entre diferentes categorias profissionais . De forma bastante particular os usuários das UBS rela-cionam a doença com a falta de condições para o trabalho . Quanto à saúde bucal os discentes se sur-preendem com o fato de algumas pessoas relatarem ausência de doença bucal mesmo entre aquelas que afirmam já ter se submetido a alguma intervenção odontológica . Esta atividade propicia reconhecer di-ferentes formulações do conceito saúde/doença nas diferentes classes sociais permitindo compreender os significados da determinação social da saúde . Busca-se que o aluno também se situe no contexto de sua origem social e reflita sobre o que tem determinado a formulação do próprio conceito de saúde/doença .

A participação no acolhimento e as visitas domi-ciliares colocam os estudantes em contato com ativi-dades extremamente importantes à percepção dos tipos de problemas e demandas da população assim como o seu enfrentamento diante da capacidade de resposta do SUS . O acolhimento desnuda a comple-xidade do acesso aos serviços de saúde, as diferentes demandas dos usuários e trás à tona a questão das condições agudas . Mostra também aspectos do pro-cesso de trabalho não reconhecidos pelo estudante permitindo o exercício da dúvida em relação aos pa-péis a serem desempenhados por diferentes profis-sionais . As visitas domiciliares, além de revelar a es-tratégia não reconhecida pela maioria dos estudantes onde profissionais do serviço se deslocam até a resi-dência das famílias, permite a constatação, in loco, das condições de vida e sua relação com as condições de

saúde . As duas experiências revelam a importância da compreensão de que, para além da biologia hu-mana, as condições de vida das pessoas, valores e há-bitos, estilos de vida e ambiente, e a organização po-lítica e social interferem diretamente na situação de saúde da população . Introduz-se, assim, um conceito absolutamente novo para os estudantes: o da deter-minação social da saúde .

diSCuSSãoO caminho metodológico proposto pela disciplina

atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha a realidade e a prática do SUS como objetos do ensino . Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia o surgimento, para o estudante, de um conceito de tra-balho que supera a ação centrada no profissional, na consulta clínica odontológica, na prescrição de medi-camentos e solicitação de exames complementares . Permite a incorporação de outros educadores, no pro-cesso de formação, como os profissionais ligados aos serviços . Possibilita, também, o desenvolvimento da capacidade crítica do estudante de Odontologia faci-litando a reformulação de conceitos e a conseqüente criação de novos conhecimentos .

Quanto aos atores do serviço de saúde, estes atri-buem importância à inserção dos futuros profissio-nais no SUS, mesmo no início do Curso de Odonto-logia quando as suas contribuições são limitadas; por compreenderem que se pode formar um profissional mais capacitado para atuar na saúde pública .

O Pró-Saúde potencializou os esforços que vi-nham sendo implementados com o objetivo de pro-mover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG . No caso específico da disciplina de CSAS houve um fortalecimento das ações e motivação dos professores com pronta resposta da parte da Coordenação de Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte . A aber-tura dos novos cenários de prática para a disciplina foi pactuada no contexto e desdobramentos do Pró-Saúde incluindo a realocação e aquisição de equipa-mentos para os cenários do Estágio Supervisionado do nono período do curso . Outro avanço importante foi a mudança da disciplina de CSAS do segundo para o primeiro período na nova matriz curricular aten-dendo à expectativa de inserção dos estudantes à prá-tica desde o início da formação . Mais imediatamente, a experiência da disciplina de CSAS servirá de parâ-metro na organização e planejamento de outros con-teúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluídos na formação profissional .

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ConCluSõESConsidera-se que a experiência da disciplina in-

corpora os três eixos do Pró-Saúde: a) orientação teórica devido ao seu referencial teó-

rico que é o processo saúde/doença; b) cenários de prática pela integração ensino-serviço

e diversificação dos cenários de aprendizagem e c) orientação pedagógica por meio da adoção de

metodologias ativas de ensino-aprendizagem e pela análise crítica da atenção primária .

aBStraCtInsertion of the dental student in the SUS: contributions of the Pro-Health program

The aim of this study was to describe the experi-ence of the Social Sciences Applied to Health (CSAS) discipline of the Dental School of the Federal Univer-sity of Minas Gerais (FO-UFMG) . In response to the National Curriculum Guidelines for the dental un-dergraduate course and the National Program of Re-orientation of Health Professional Training (Pró-Saúde), the FO-UFMG has been undergoing curriculum reform since 2004 . Special attention has been given to the range of scenarios in the teaching process . In 2007, the CSAS discipline was changed, allowing the insertion of the students into the Unified Health System (SUS) as of the beginning of their training, when reality and SUS practice are the teach-ing subjects . This movement reinforced the expecta-tion that this insertion is viable . It is hoped that the changes in the discipline will be used as a pilot project, supporting other initiatives that aim at putting stu-dents closer to professional practice and and that serve as a model in the organization and planning of other subjects related to public health, to be ultimate-ly included in professional training .

dESCriPtorS Social Sciences . Curriculum . Teaching . Dentistry .

Unified Health System (SUS) . §

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Batista N et al. O enfoque problematizador na formação de

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3 . BRASIL . Lei n . 8080 – 19 set . 1990 . Dispõe sobre as condições

para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organi-

zação e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá

outras providências . Diário Oficial, Brasília, 20 set . 1990 .

4 . BRASIL . Ministério da Educação . Conselho Nacional de Edu-

cação / Câmara de Educação . Resolução CNE/CES nº 3/2002,

de 19 de fevereiro de 2002 . Institui Diretrizes Curriculares

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DF, 19 fev . 2002 .

5 . BRASIL . Ministério da Saúde . Conselho Nacional de Saúde . 3ª

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julho a 1º de agosto de 2004 – Relatório Final . Disponível em:

http://www .saude .sc .gov .br/Eventos/ConferenciaSaudeBu-

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6 . BRASIL . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Progra-

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Brasília, DF, 2005 .

7 . Conselho Federal de Educação . Resolução no . 04, de 03 de

setembro de 1982 . Fixa os mínimos de conteúdo e duração do

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11 . Martins RO . Permanência e movimento: um olhar sobre o

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superior no contexto das políticas do MEC . Brasília, 2004 . Tese

[Doutorado em Sociologia] . Instituto de Ciências Sociais da

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12 . Mendes EV, Marcos B . Odontologia integral: bases teóricas e

suas implicações no ensino e na pesquisa odontológicas . Belo

Horizonte: PUCMG/FINEP, 1985 .

13 . Queiroz MG, Dourado LF . O ensino da odontologia no Brasil:

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internacionais da década de 1960 . Hist . cienc . saude-Mangui-

nhos 2009; 16(4) 1011-1026 .

14 . Schön DA . Educando o profissional reflexivo: um novo design

para o ensino e a aprendizagem . Porto Alegre: Artmed, 2000 .

Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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PEt-Saúde/Vigilância - uniSC: a relação com o ensino odontológicoTassia Silvana Borges*, Alexandre Daronco*, Charlene do Santos Silveira*, Eduardo Chaida Sonda*, Beatriz Baldo Marques**, Fabiana Battisti***, Cristiane Pimentel Hernandes Machado***, Alexandre Rauber****, Marcos Moura Baptista dos Santos*****, Lia Gonçalves Possuelo******

* Bolsistas do PET Saúde/Vigilância – Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

** Professora do Curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC

*** Preceptoras do PET Saúde/Vigilância –Universidade de Santa Cruz do Sul- UNISC

**** Professor do Departamento de História e Geografia- Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC

***** Coordenador do Grupo PET-Vigilância em Saúde-Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

****** Tutora Acadêmica do PET Saúde/ Vigilância – Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC

rESumoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado na Universidade de Santa Cruz do Sul, no município de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, com duas linhas de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estra-tégias de Prevenção em Tuberculose . A magnitude da tuberculose explicita a necessidade de que não so-mente o médico, mas toda a equipe de saúde, incluin-do o Cirurgião-Dentista, façam as identificações de possíveis casos de tuberculose e orientem correta-mente seus pacientes . Material e Método: Por meio de reuniões semanais os acadêmicos foram divididos em grupos e realizaram o mapeamento de casos de Tu-berculose (TB) nos anos 2000 a 2010 . Concluída esta etapa foram realizadas capacitações para as equipes das Estratégias de Saúde de Família do município e palestras nas escolas da rede púbica de ensino além de campanhas na praça, no asilo municipal e no pre-sídio regional, realizando busca de sintomáticos res-piratórios . Resultados: Foram encontrados 523 casos de TB notificados no município . Nas capacitações foram mobilizadas 142 profissionais de saúde nas ESFs do município . Discussão: A distribuição, o modo de contágio e as formas de apresentação das doenças são de grande importância para o Cirurgião Dentista,

sendo o PET Vigilância grande auxiliar na formação de tal profissional . Conclusão: Programas de ensino para saúde que orientem uma formação diferenciada vêm ao encontro das necessidades pungentes não somente da população como do Sistema de Saúde como um todo .

dESCritorESOdontologia . Vigilância . Tuberculose . Epidemio-

logia .

o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde/Vigilância - foi implantado

na Universidade de Santa Cruz do Sul-UNISC, no município de Santa Cruz do Sul-RS, com duas linhas de atenção: Atenção a Saúde do Trabalhador e Estra-tégias de Prevenção em Tuberculose . O PET-Saúde/Vigilância tem como pressuposto a educação pelo trabalho, e é destinado a fomentar grupos de apren-dizagem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde, caracterizando-se como instrumento para qualifica-ção em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes dos cursos de graduação desta área . Tal programa direciona suas atividades de acordo com as ações do Sistema Único de Saúde-SUS, tendo em pers-

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pectiva as necessidades dos serviços como fonte de produção de conhecimento e pesquisa nas institui-ções de ensino . Fazem parte do PET-Saúde/Vigilân-cia - Tuberculose, acadêmicos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia, Farmácia e Odontologia .

A tuberculose (TB) é uma doença de amplitude mundial, cujo principal agente etiológico é o Myco-bacterium tuberculosis .5 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que ocorreram em torno de 9,4 milhões de casos de TB em todo o mundo no ano de 2009 .7 A mortalidade associada a esta doença ainda registra valores muito elevados: 1,7 milhões de mortes no ano de 2009, o que representa um total de 4 .700 mortes/dia . O Brasil é um dos 22 países responsáveis por 80% dos casos de TB do mundo .3

O Estado do Rio Grande do Sul (RS) em 2009 atingiu uma taxa de incidência de 48 casos/100 .000 habitantes . A cidade de Porto Alegre é uma das capi-tais brasileiras que apresenta as maiores taxas de in-cidência, chegando a 118 casos/100 .000 habitantes . Santa Cruz do Sul é um município da região central do estado do RS e está entre os 15 municípios priori-tários para o controle da TB, onde a incidência chega a 50 casos/100 .000 habitantes, além de apresentar taxas de cura menores que as recomendadas pelo Ministério da Saúde .4

A magnitude da patologia explicita a necessidade de que não somente o médico, mas toda a equipe de saúde, incluindo o Cirurgião-Dentista, façam a iden-tificação de possíveis casos de tuberculose e orientem corretamente seus pacientes . Não obstante, o desco-nhecimento sobre a tuberculose leva o Cirurgião-Dentista a não reconhecer ou não orientar adequa-damente aqueles que atende . Tal fato advém de sua formação acadêmica, na qual tal patologia não é abor-dada . Outro ponto que merece destaque é a relevân-cia que a epidemiologia tem para profissionais de saúde, podendo auxiliar na atuação em prevenção de doenças pelo conhecimento de suas características .2

O presente artigo tem por objetivo, através de re-lato acerca das atividades realizadas por acadêmicos do PET-Saúde/Vigilância, demonstrar como tal pro-jeto pode ampliar a formação em Odontologia tanto no que tange um maior conhecimento a respeito de uma doença infecciosa de suma relevância quanto no entendimento da epidemiologia como ferramenta de prevenção e promoção de saúde .

matEriaiS E mÉtodoSRealizam-se reuniões semanais para discutir o an-

damento do trabalho e propor novas atividades den-tro do grupo PET-Saúde/Vigilância, sendo que em algumas destas é realizada divisão do grande grupo em equipes menores para executar determinadas tarefas . A primeira tarefa proposta foi o mapeamen-to de todos os casos de TB desde o ano 2000 até o ano de 2010 no município de Santa Cruz do Sul, buscando os dados no local de referência para o tra-tamento da TB e no Sistema de Informações sobre Agravo de Notificação do Ministério da Saúde (SI-NAM) . Após, realizou-se o geoprocessamento dos casos utilizando o sistema software Google Earth . Na etapa seguinte os padrões de pontos de ocorrência dos eventos foram inseridos no AutoCadMap sobre o mapa base de logradouros e bairros fornecido pela Prefeitura Municipal e posteriormente os pontos marcados foram exportados para o TerraView ver . 3 .5 .0, um Sistema de Informações Cartográficas (SIG), desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pes-quisas Espaciais (INPE) . No TerraView foram reali-zadas as análises geoespaciais e a produção dos mapas temáticos . Este projeto foi previamente submetido à apreciação e aprovação do Comitê de Ética em Pes-quisa da Universidade de Santa Cruz do Sul e apro-vado sob protocolo número 2764/10 .

Finalizada tal atividade, foram localizados os bairros do município com maior incidência de TB . Na etapa seguinte, realizaram-se capacitações para equipes das ESFs do município, abrangendo tam-bém o município de Venâncio Aires com capacitação para os Agentes de Saúde do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) . As capacitações se realizaram em dias alternados, sendo que todo o material foi confeccionado pelos acadêmicos, como slides para as apresentações, folders e cartilhas ex-plicativas para os ACS . Cada capacitação foi previa-mente agendada com as enfermeiras responsáveis pela equipe em horários adequados para as mesmas e para os acadêmicos .

Outra importante atividade desenvolvida pelo grupo foram as palestras nas escolas públicas de en-sino fundamental e médio do município com o intui-to de melhorar a qualidade de informação referente à TB entre crianças e adolescentes . Estas palestras também foram preparadas pelos próprios bolsistas e ministradas dependo da disponibilidade destes e das escolas . Para estas atividades foram disponibilizados os microscópios para visualização do Bacilo de Koch, correlacionando assuntos vistos em sala de aula com aspectos importantes sobre a tuberculose .

Foram realizadas campanhas no município no

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intuito de divulgar e conscientizar a população sobre a importância da TB e a busca pelos sintomáticos res-piratórios . Para estas atividades foram selecionados locais estratégicos, como a praça principal da cidade, o asilo municipal e o presídio regional . Nestas ocasi-ões foram distribuídos os folders explicativos da TB e feita a busca de sintomáticos respiratórios identifi-cando indivíduos com tosse persistente por mais de 3 semanas . A coleta do escarro para realização da baciloscopia foi também realizada .

rESultadoSForam encontrados nestes 10 anos 523 casos no-

tificados de TB no município, compreendendo área rural e urbana . A primeira parte do estudo conseguiu levantar dados importantes como identificação do local de maior prevalência como sendo o Presídio Regional da cidade de Santa Cruz do Sul-RS .

Munidos de informações acerca da epidemiologia da Tuberculose na cidade, os acadêmicos realizaram capacitações com as equipes de saúde . Desde o mês de março de 2011 tais capacitações são realizadas com profissionais Médicos, Odontólogos, Auxiliares de Saúde Bucal, Enfermeiras, Técnicas de Enfermagem e Agentes Comunitárias de Saúde . O PET-Saúde/Vi-gilância teve como resultado das capacitações a mo-bilização de 142 pessoas das dez ESFs do município e 88 alunos nas capacitações realizadas nas escolas .

A busca de sintomáticos respiratórios em campa-nhas na praça principal da cidade, no asilo municipal e no presídio regional foram feitas realizando-se 30 baciloscopias entre os sintomáticos respiratórios, to-das negativas . O resultado alcançado pelo PET-Saú-de/Vigilância-Tuberculose está sendo divulgado nos jornais de circulação local, em programas de televi-são, em congressos com resumos elaborados pelos acadêmicos e em produções de artigos com os resul-tados obtidos nas pesquisas .

Com as capacitações percebemos que os profissio-nais começaram a modificar a forma de ver a tuber-culose nos dias atuais . Na prática do Cirurgião- Den-tista pouco esta doença é comentada ou lembrada, o que fez os dentistas do município lançarem a propos-ta de capacitações específicas para os mesmos, trazen-do como sugestão modificar o prontuário dos pacien-tes, o qual não consta perguntas sobre os sintomas da TB . Lembramos que a TB, AIDS, Hepatite e Herpes são doenças infecto-contagiosas associadas a profissão do Cirurgião-Dentista . Por este motivo, devemos sa-ber que as medidas de controle de infecção devem ser praticadas com rigor . O risco de contrair doenças

e infecções em atendimentos odontológicos está di-retamente ligado a não observância de preocupações universais de biossegurança, temos algumas medidas a serem tomadas:•Emrelaçãoaopaciente:Anamnese.•Emrelaçãoàequipe:UsodeEquipamentode

Proteção Individual .

Estas observações foram levantadas para reafirmar a importância do Cirurgião Dentista frente a situações como estas .

diSCuSSãoO entendimento epidemiológico desenvolvido a

partir da pesquisa permite ao acadêmico compreen-der a importância de ações de prevenção,5 não so-mente sobre a doença na qual o trabalho foi pautado, mas também no que se refere a qualquer patologia . A distribuição, o modo de contágio e as formas de apresentação das doenças são de grande importância para o Cirurgião-Dentista, sendo o PET-Saúde/Vigi-lância grande auxiliar na formação de tal profissional .

As capacitações que se realizam para equipes de saúde trazem o ambiente acadêmico para próximo da realidade de trabalho que o futuro profissional irá vivenciar . Tal aproximação permite a formação de uma consciência crítica ampla, capaz de compreen-der não somente o funcionamento do atendimento no serviço de saúde, como também peculiaridades do mesmo . Dentre os aspectos que interferem no desen-volvimento das ações de controle das doenças pelas equipes de profissionais que compõem a rede básica de saúde, apontam-se a qualificação profissional . Mes-mo com a implantação da ESF, tem se observado uma inabilidade dos profissionais para abordar a proble-mática de algumas questões nos municípios brasilei-ros .1 Com programas de educação semelhantes ao PET-Saúde, tal vicissitude pode ser superada em vista do trabalho desenvolvido com as equipes de saúde e à formação de profissionais com formação mais dire-cionada às necessidades da realidade .

ConCluSõESA Odontologia está intimamente relacionada a

este tema, pois a tuberculose é uma doença presente em nosso meio, transmitida pelo ar, que tem sintomas característicos e que se tratada corretamente tem cura . A proposta que surgiu dos dentistas do municí-pio é uma prova de que cada vez mais devemos nos envolver com esta temática . O PET-Saúde/Vigilância é uma forma de integrar toda a comunidade acadê-

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mica e a rede de serviço, fazendo com que todos par-ticipem incessantemente na busca pela proteção, promoção e recuperação da saúde .

O ensino odontológico necessita de programas de educação para formação de profissionais que atuem além do simples agir em lesões bucais, é preciso uma visão ampliada do ser humano . Isto inclui a compre-ensão de algumas doenças sistêmicas como a tuber-culose e habilidade para lidar com ferramentas e dados epidemiológicos .

Por conseguinte, o PET-Saúde/Vigilância e progra-mas de ensino para saúde que orientem uma formação diferenciada vêm ao encontro das necessidades pun-gentes não somente da população como do Sistema de Saúde como um todo . Da mesma maneira, é impor-tante frisar que programas como PET-Saúde impelem o estudante a não somente resgatar seu conhecimento, como a buscar novos saberes . Embora manifestações bucais da tuberculose decorram usualmente da im-plantação do bacilo existente no escarro resultante da expulsão de bactérias pela tosse, sendo a linha media-na do dorso da língua, o palato e lábios como sítios mais prevalentes,5 tal conhecimento, embora assaz re-levante, é desconhecido para grande parcela de pro-fissionais odontólogos . Graças a pesquisa realizada, acadêmicos da área puderam não somente lapidar seu saber, como desenvolver novos conhecimentos a partir das indagações que o trabalho suscitou .

aBStraCtPET-Health/Surveillance - UNISC: Relationship with dental teaching

The Education through Health Work Program /Surveillance (PET-SAÚDE/Vigilância) was imple-mented at the University of Santa Cruz do Sul in the municipal district of Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, guided by two lines of attention: Attention to Worker’s Health and Strategies of Tuberculosis Pre-vention . The magnitude of tuberculosis clearly ex-presses the need for not only the doctor, but also the whole health team, including the Dentist, to identify possible cases of tuberculosis and guide patients cor-rectly . Method: Students got together in weekly meet-ings and were divided into groups; they performed the mapping of tuberculosis cases (TB) in the years 2000 to 2010 . Once this stage was concluded, training sessions were held for the Family Health Strategy (ESF) teams of the municipal district, and lectures

were given in the schools of the public education net-work, in addition to campaigns in the square, at the municipal asylum and in the regional prison, in search of people exhibiting symptomatic breathing . A total of 523 cases of TB were found in the municipal district, and were notified . In the training sessions, 142 ESF health professionals were engaged in the municipal district . Discussion: The distribution, the infection and the manner of presentation of diseases are of great importance for Dentists, and PET/ Surveillance is of great help in the training of a professional . Conclu-sion: Health-oriented teaching programs that guide a distinctive form of training for health professionals address the acute needs not only of the population but also of the Health System as a whole .

dESCriPtorSDentistry . Surveillance .Tuberculosis . Epidemiol-

ogy . §

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http://whqlibdoc .who .int/publica-

tions/2010/9789241564069_eng .pdf

Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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integração acadêmica e multiprofissional no PEt-Saúde: Experiências e desafiosTarcísio Angelo de Oliveira Sobrinho*, Carla Patrícia Perpétua Medeiros**, Mariana Ribeiro Maia***, Tatiana Carvalho Reis****, Leonardo de Paula Miranda*****, Patrícia Ferreira Costa******

* Acadêmico do curso de graduação de medicina da Universidade Estadual de Montes Claros, MG – UNIMONTES . Voluntário do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde

** Acadêmica do curso de graduação de medicina da UNIMONTES . Bolsista do PET-Saúde

*** Acadêmica do curso de graduação de ciências biológicas da UNIMONTES . Voluntária do PET-Saúde

**** Acadêmica do curso de graduação de enfermagem da UNIMONTES . Voluntária do PET-Saúde

***** Cirurgião-dentista da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais . Preceptor do PET-Saúde

****** Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros, Minas Gerais . Preceptora do PET-Saúde

rESumoO objetivo deste estudo foi descrever as experi-

ências da equipe de trabalho do PET-Saúde desen-volvidas na Unidade Básica de Saúde Independência I . Trata-se de um relato de experiência retrospectivo, descritivo e inovador por possibilitar transcorrer so-bre o tema da integração acadêmica e multiprofis-sional no PET-Saúde . As atividades foram desenvol-vidas pelos acadêmicos e preceptores dos cursos de ciências biológicas, educação física, enfermagem, medicina e odontologia . O trabalho multidisciplinar visou ao atendimento integral, que foi ofertado por meio de serviços de promoção da saúde e prevenção de doenças, com vistas à melhoria da qualidade de vida dos usuários . Dentre as ações realizadas, desta-cam-se a realização interdisciplinar de grupos de educação em saúde, visitas domiciliares e atendi-mento clínico . Como desafios, a equipe encontrou a incompatibilidade curricular e a falta de um pro-jeto político-pedagógico consistente que favoreça a atuação multiprofissional . Para superar essas dificul-dades, foram realizados planejamentos prévios das ações a serem desenvolvidas, assim como a corres-pondência de horários disponíveis, a fim de a equi-

pe melhor se preparar para execução das atividades, realizando a troca de experiências e compartilha-mento do conhecimento acadêmico . Conclui-se que apesar dos avanços na construção da formação mul-tiprofissional, os desafios só serão superados após plena integração entre os cursos das ciências da saú-de de modo a permitir a maior compatibilidade e flexibilidade curricular .

dESCritorES Programa Saúde da Família . Educação Superior .

Sistema Único de Saúde .

o Programa Nacional de Reorientação da Forma-ção Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi cria-

do tendo como objetivo a integração ensino-serviço e a reorientação da formação profissional, asseguran-do uma abordagem integral do processo saúde-doen-ça com ênfase na Atenção Básica e promovendo trans-formações na prestação de serviços à população .1

Entretanto, a formação universitária ainda está centrada numa visão fragmentária no campo da dis-ciplinaridade, fator que dificulta a formação de pro-fissionais que saibam articular-se com outras áreas da

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saúde e que conheçam a realidade das comunidades atendidas pela Estratégia Saúde da Família (ESF) .2 Essa realidade direciona para a necessidade de uma reorientação curricular efetiva e integrada entre os cursos de saúde .3

Como não é possível mudar o paradigma sanitário e o sistema de saúde sem atuar na formação dos pro-fissionais, as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) dos cursos da área da saúde estão buscando formar profissionais generalistas com uma visão crítica capaz de atender as necessidades sociais de saúde .4

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) se insere como uma estratégia do Pró-Saúde, que incentiva a formação de grupos de aprendizagem tutorial no âmbito da ESF, por meio da iniciação ao trabalho multiprofissional e interdis-ciplinar dos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, constituindo-se como uma iniciativa intersetorial direcionada para o fortalecimento da integração ensino-serviço no âmbito da atenção bási-ca . Iniciativas como as do PET-Saúde buscam atender o que é preconizado tanto nas diretrizes para a for-mação dos profissionais da saúde, quanto nas diretri-zes para o exercício profissional no SUS .5

A união de profissionais de diversas áreas da saúde no trabalho em equipe é apontada como o elemento base para a consolidação da ESF, aprimorando rela-cionamentos interpessoais e articulando saberes . Essas equipes foram adotadas na ESF, justamente para que este modelo de atenção permita a articulação entre diferentes saberes na prática da assistência à saúde .6,7

No trabalho multiprofissional, ocorre a troca de experiências sob a ótica de uma abordagem integral e resolutiva, o que viabiliza o planejamento de ações de saúde mais eficazes . A construção do trabalho co-operativo apresenta-se como uma ferramenta eficaz para o fazer em grupo, porém, implica em superar muitos obstáculos .8

Como a inserção de equipes multiprofissionais na atenção primária é uma iniciativa inovadora que se configura como um desafio, estudos que discorram acerca dessa vivencia são importantes, a fim de con-tribuir na sua consolidação . Sendo assim, este estudo objetiva descrever as experiências, reflexões, desafios e contribuições da integração e atuação acadêmica e multiprofissional de uma equipe de trabalho do PET-Saúde, vivenciadas em uma unidade da ESF .

mEtodoloGiaTrata-se de um estudo descritivo do tipo relato de

experiência, o qual se configura como inovador por

possibilitar transcorrer sobre o tema da integração acadêmica e multiprofissional no PET-Saúde .

As atividades foram desenvolvidas na unidade de saúde da ESF Independência I, situada na cidade de Montes Claros, Minas Gerais, durante o período com-preendido entre Abril de 2010 e Maio de 2011, sob a coordenação de três preceptores (um dentista, uma enfermeira e uma médica, todos pertencentes à refe-rida equipe de saúde) e atuação de acadêmicos de diferentes períodos dos seguintes cursos da Universi-dade Estadual de Montes Claros - UNIMONTES: • ciênciasbiológicas,• educaçãofísica,• enfermagem,•medicinae•odontologia.

Houve ainda o envolvimento de agentes comuni-tários de saúde na realização de algumas atividades .

As ações promovidas se inseriram na própria di-nâmica de funcionamento da ESF e contemplaram um público diversificado, englobando as várias fases do ciclo de vida, a saber: • crianças,• gestantes,• adolescentes,• adultos,• idosos,•hipertensosediabéticos,• todosusuáriosadscritosnoterritóriodaunidade

de saúde abordada .

É importante ressaltar que houve a realização pré-via de grupos de discussão acerca de temas relevantes relacionados à prática, destacando-se os princípios da ESF, territorialização e andragogia, assim como ocor-reu o planejamento conjunto das atividades a serem desenvolvidas . Os grupos promovidos se embasaram na busca da vivência cotidiana do usuário e as ativida-des clínicas resgataram o conhecimento científico adquirido na academia, sempre buscando acrescen-tar mais aprendizado ao estudante, por meio de sua inserção no cenário de prática da atenção primária em saúde .

rESultadoS O trabalho multidisciplinar realizado nesse perí-

odo visou ao atendimento integral, que foi ofertado por meio de serviços de promoção da saúde e preven-ção de doenças, com vistas à melhoria da qualidade de vida dos usuários . Dentre as ações realizadas, des-

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tacam-se a realização interdisciplinar de grupos de educação em saúde, visitas domiciliares e atendimen-to clínico .

Nas atividades de educação em saúde, foi adotada a metodologia de grupos operativos, operacionaliza-da por meio de encontros com participação de um número reduzido de usuários com características em comum . Os temas abordados foram escolhidos bus-cando contemplar a demanda do território, para gru-pos pré-definidos pela unidade, tais como: •diabetes,•hipertensão,•planejamentofamiliar,• gestação,• idosose• saúdemental,comênfasenapromoçãoeprote-

ção da saúde .

Com o propósito de estreitar o vínculo entre as famílias e a equipe da ESF e do PET-Saúde, foram realizadas visitas domiciliares . Estas atividades permi-tiram a apresentação da equipe do PET-Saúde aos usuários, bem como a proposta de realização de um planejamento integrado que envolvesse a comunida-de, fortalecendo a diretriz do controle social . Exem-plo satisfatório desta atuação foi o resgate dos pacien-tes com transtorno mental, que estavam afastados da unidade e que passaram a integrar um grupo de Bem-Estar em Saúde, realizado mensalmente pela equipe .

Os discentes tiveram a oportunidade de acompa-nhar os atendimentos clínicos realizados pelos pro-fissionais da equipe, preceptores do PET-Saúde (mé-dico, odontólogo e enfermeira) . As práticas se constituíram de consultas de pré-natal, puerpério, puericultura, saúde da mulher e demanda espontâ-nea . No decorrer da realização dessas atividades, hou-ve a troca de experiências e o esclarecimento de dú-vidas . Ao auxiliar os preceptores, os estudantes tiveram a possibilidade de aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos na academia .

Como desafios, a equipe evidenciou a incompati-bilidade curricular e a falta de um projeto político-pedagógico institucional consistente que favorecesse a atuação das várias classes profissionais . Para superar essas dificuldades, foi elaborado um Planejamento Estratégico Situacional das ações a serem desenvolvi-das, englobando, inclusive, a correspondência dos horários de disponibilidade dos participantes envol-vidos no processo, a fim de garantir à equipe uma melhor preparação e execução das atividades, tendo sempre como foco uma prática transdiciplinar .

diSCuSSãoObserva-se, pela literatura, que o trabalho em

equipe é a base para ações integrais na saúde9 e con-dição necessária para atender com qualidade as ne-cessidades dos usuários de acordo com a variabilidade de situações .10

Destaca-se que tanto os grupos operativos quanto as visitas domiciliares possibilitaram o estreitamento do vínculo com os usuários . Segundo Souza et al.

(2003)11 e Teixeira et al. (2000),12 o vínculo é conse-qüência de uma relação mais próxima da população com a equipe de saúde por conseqüência das visitas domiciliares, que facilita a adesão da população ao serviço de saúde . A população sente-se melhor cuida-da, pois a equipe intervém com visão mais ampliada pelo conhecimento da população, estimulando sua autonomia e participação no tratamento, numa rela-ção de respeito e valorização das particularidades, inclusive co-responsabilizando a população pelo seu próprio bem-estar .

O acompanhamento das atividades clinicas inse-rem-se como uma das estratégias do Pró-Saúde, rela-cionada mais especificamente ao eixo cenários de prá-ticas, o PET-Saúde busca incentivar a interação ativa dos estudantes e docentes dos cursos de graduação em saúde com os profissionais dos serviços e com a população . Ou seja: induzir que a escola integre, du-rante todo o processo de ensino-aprendizagem, a orientação teórica com as práticas de atenção nos ser-viços públicos de saúde, em sintonia com as reais ne-cessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde .13

A incompatibilidade curricular e a falta de um projeto político-pedagógico para atuação das várias classes profissionais foram verificadas neste trabalho . Segundo Pedrosa et al. (2001),14 o PSF constitui-se de equipes multiprofissionais que devem atuar em uma perspectiva interdisciplinar . Os membros da equipe articulam suas práticas e saberes no enfrentamento de cada situação identificada para propor soluções conjuntamente e intervir de maneira adequada, já que todos conhecem a problemática .

ConCluSãoA experiência proporcionada pelo PET-Saúde aos

acadêmicos dos diversos cursos da área da saúde per-mite vivenciar e atuar nas unidades das ESFs, contri-buindo para a interação acadêmica e atuação trans-diciplinar e multiprofissional dos mesmos . A aquisição de novos aprendizados propiciada é extremamente relevante para uma formação diferenciada, o que tor-na o futuro profissional mais preparado para enfren-

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tar o mercado de trabalho .Nesse sentido, destaca-se que houve uma satisfa-

tória integração entre os atores durante o processo de trabalho relatado, tanto no que diz respeito à re-lação docente-discente, quanto à interação academia e serviço . Deve-se enfocar que, apesar dos avanços alcançados com a proposta de uma atuação profissio-nal diversificada e interdisciplinar, os desafios men-cionados só deverão ser superados após a plena inte-gração entre os cursos das ciências da saúde, de modo a permitir, dessa forma, uma maior flexibilidade e compatibilidade curricular .

aBStraCtAcademic and Multiprofessional Integration in the PET – Health Program: Experiences and Challenges

The purpose of this study was to describe the ex-periences of the PET – Health staff at the Indepen-dencia I Basic Health Center . It is a retrospective, de-scriptive and innovative experience-based report that makes it possible to address academic and multiprofes-sional integration in the PET – Health program . The related activities were developed by students and in-structors of Biology, Physical Education, Nursing, Medicine and Dentistry . The multidisciplinary work focused on full-time treatment offered through health promotion and diseases prevention services to in-crease the life quality of users . Among the actions per-formed, we can highlight the forming of interdisci-plinary health education groups, home visits and clinical treatment . Among the challenges, the team came up against curriculum incompatibility and lack of a consistent political-pedagogical project favoring multiprofessional performance . To overcome these difficulties, prior planning of actions to be developed and matching of schedule availability was undertaken so that the team could be better prepared to perform its activities, exchange experiences and share academ-ic knowledge . In conclusion, despite advances regard-ing the development of multiprofessional training, the challenges can only be overcome after the full integra-tion of health science courses, to promote greater cur-riculum compatibility and flexibility .

dESCriPtorSFamily Health Program . Education, Higher . Uni-

fied Health System . §

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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Programa de Educação pelo trabalho para a Saúde: formação baseada nos pressupostos das diretrizes Curriculares nacionaisElisa Ribeiro de Oliveira*, Lucimar Aparecida Britto Codato**, Suely Tsuha Massaoka**, Mariana Gabriel***

* Discente do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina

** Docentes do Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina

*** Pós-graduanda do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina

rESumoEste trabalho objetiva correlacionar os pressupos-

tos das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para o curso de Odontologia com as atividades desenvol-vidas por alunos de Odontologia, integrantes do Pro-grama de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-saúde) da Universidade Estadual de Londrina (UEL) . As DCN apontam que a formação profissional deve estar atrelada às necessidades da população, daí a necessidade da diversificação dos cenários de práticas e do fortalecimento da parceria e da interação entre ensino-serviço e comunidade . Nesta integração, os benefícios são bilaterais, pois formam-se profissionais com perfil adequado às necessidades dos serviços e o processo ensino-aprendizagem acontece nos espaços onde ocorrem as práticas de saúde, que favorecem a formação de futuros profissionais com mais conheci-mento e comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população . Neste contexto, o PET-Saúde muito contribui para esta in-tegração e, consequentemente, para a implementa-ção das DCN porque possibilita que o discente prati-que o conteúdo aprendido na graduação, por meio do trabalho em diversificados cenários de práticas, incentivando-o a pesquisar, trabalhar em equipes multiprofissionais, desenvolver a comunicação, a re-flexão, gerenciar serviços e tomar decisões, sempre contextualizadas a realidade que o aluno está inserido e vivenciando no dia-dia dos serviços de saúde .

dESCritorESEducação em Odontologia . Sistema Único de Saú-

de . Formação de Recursos Humanos .

Primeiramente, para esclarecimento, a autora principal desse estudo, graduanda em Odonto-

logia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), integrante do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-saúde) da UEL, por meio de leitu-ras visando a escolha de tema para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), identificou a relação en-tre os pressupostos das Diretrizes Curriculares Nacio-nais (DCN) com os trabalhos desenvolvidos pelo PET-Saúde que motivaram este estudo que busca correlacionar os pressupostos das DCN com as ativi-dades desenvolvidas no Pet-saúde .

Na Odontologia, o modelo de formação sempre foi voltado para a prática liberal, com ênfase na ne-cessidade de aperfeiçoamento e especialização em áreas exclusivamente técnicas .1 Porém, essa formação especialista e curativa se distancia cada vez mais do modelo assistencial de saúde vigente no país, no qual se procura a prevenção, a promoção e a assistência à saúde, sempre atreladas à realidade vivenciada pela população .2

Para o enfrentamento dessa realidade, verificou-se a necessidade de buscar melhorias na formação profissional, por meio de currículos com princípios mais integradores, baseados em temas geradores ou complexos, que funcionassem como eixos transver-sais, com o objetivo de formar cidadãos conscientes,

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ProgramadeEducaçãopeloTrabalhoparaaSaúde:formaçãobaseadanospressupostosdasDiretrizesCurricularesNacionais•OliveiraER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M

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éticos, autônomos, críticos e transformadores .3

Logo, a reestruturação do currículo odontológico é necessária para a formação de profissionais que vol-tem a sua práxis às necessidades requeridas pelo qua-dro epidemiológico, em meio à historicidade do pro-cesso saúde-doença-cuidado .4 Para tanto, é necessário repensar o processo ensino-aprendizagem, tanto sob o aspecto dos conteúdos programáticos (“o que” en-sinar) como dos processos de ensino (“como” ensi-nar) .5

É fato que uma prática educativa humanizada na área da Saúde coloca o homem como centro do pro-cesso de construção da cidadania, comprometida e integrada à realidade social e epidemiológica, às po-líticas sociais e de saúde, oportunizando a formação profissional contextualizada à realidade da popula-ção que busque a resolução e o enfrentamento das necessidades identificadas .6

Procurando atender às necessidades dos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e também à obser-vância dos seus princípios de universalidade, equida-de e integralidade, o Ministério da Educação e as Comissões de Especialistas de Ensino elaboraram as DCN, almejando auxiliar a formação acadêmica atre-lada a referenciais epidemiológicos, sociais, econômi-cos e culturais de seu meio, com o propósito de diri-gir a sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade .

Neste contexto, a implantação das DCN foi fun-damental para a reorientação da formação profissio-nal, porque apontou a necessidade dos cursos da área da saúde incorporarem aos seus projetos pedagógicos o arcabouço teórico do SUS, com valorização dos pos-tulados éticos e da cidadania, que favorecem a forma-ção profissional de acordo com referenciais nacionais e internacionais de qualidade .7

As DCN sinalizam a necessidade de maior integra-ção entre ensino e serviços de saúde e configuram-se como elemento de convergência entre os setores de saúde da educação . Nesta integração, os benefícios são bilaterais, pois formam-se profissionais com perfil adequado às necessidades dos usuários e dos serviços e o processo ensino-aprendizagem acontece nos es-paços onde ocorrem as práticas de saúde, o que favo-rece a formação de futuros profissionais mais sensí-veis, com mais conhecimento e comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população, pois o aluno tem a oportunidade de vivenciar e participar do dia-dia dos serviços .8,9,10

Neste momento, era fato que não se esperavam transformações espontâneas das Instituições de Ensi-

no Superior (IES) na direção assinalada pelo SUS, sem que houvesse estímulos adicionais que favoreces-sem avanços das IES na formação profissional que facilitassem o alcance dos objetivos propostos, em busca de uma atenção à saúde mais equânime, de qualidade, atrelada às necessidades de cada popula-ção específica .11

Para auxiliar o suprimento dessa demanda, foram lançados no Brasil o Programa Nacional de Reorien-tação da Formação Profissional em Saúde e o Progra-ma de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-saúde) que apóiam técnica e financeiramente os cursos de graduação que se dispuseram a realizar mu-danças no processo de formação profissional . Tais programas objetivam a integração ensino-serviços, contribuem para a formação profissional e favorecem a implementação das DCN .12,13,14

Neste sentido, o Pet-saúde muito tem auxiliado a formação profissional, pois nele os alunos têm a opor-tunidade de praticar o que é preconizado nas DCN: aprender a aprender, que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, favorecidos pela integração ensino servi-ços e comunidade .

Como consequência desses avanços na formação profissional, espera-se melhorias na integralidade da atenção, na qualidade e humanização do atendimen-to prestado à população .15

Importante destacar que os objetivos gerais pro-postos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais: aten-ção à saúde, tomada de decisões, comunicação, lide-rança, administração e gerenciamento e educação permanente15,16 estão sendo praticados pelos alunos do Pet- Saúde da UEL, em atividades que possibilitam aos discentes a integração com os serviços de saúde, por meio da prática e da utilização do conhecimento que vem sendo adquirido na graduação, contextuali-zado à realidade vivenciada pelos alunos nos diferen-tes espaços onde se produz saúde . Desta forma, o aluno interage com a comunidade praticando aten-ção à saúde e comunicação, participa de programas sociais, de pesquisas científicas, trabalha em equipes multiprofissionais, que incluem discentes de outros cursos da saúde e também profissionais da rede de serviços .

Neste sentido, segundo Segura et al.17 as atividades extramuros favorecem a formação profissional por meio da articulação, integração com os serviços de saúde e da inserção dos alunos na realidade contex-tual da população . Tais atividades possibilitam aos acadêmicos o conhecimento das estruturas organiza-

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ProgramadeEducaçãopeloTrabalhoparaaSaúde:formaçãobaseadanospressupostosdasDiretrizesCurricularesNacionais•OliveiraER, Codato LAB, Massaoka ST, Gabriel M

cionais, administrativas, gerenciais e funcionais dos serviços públicos de saúde; a participação no atendi-mento à população; a compreensão das políticas pú-blicas de saúde e do papel do profissional de saúde e o conhecimento dos parâmetros e instrumentos de planejamento utilizados nos projetos de saúde .17

Junior et al.18 complementam que as atividades extramurais são importantes para o processo educa-tivo, cultural e científico porque articulam ensino e pesquisa de forma indissociável e viabilizam a ação transformadora entre a universidade e a sociedade, porque favorecem a formação de um futuro profis-sional comprometido com a realidade social .

ConCluSãoAs atividades desenvolvidas pelos alunos do Pet-

saúde da UEL estão em consonância com os pressu-postos das DCN, o que aponta a relevância desse pro-jeto para a formação profissional atrelada às necessidades da população . Além disso, o PET-saúde tem favorecido a integração ensino-serviço que, além de preconizada pelas DCN, é fundamental para o desenvolvimento das competências requeridas pelas DCN .

aBStraCtEducation Program through Health Work: training based on the assumptions of the National Curriculum Guidelines

This study aims to correlate the underlying as-sumptions of the National Curriculum Guidelines (DCN) for the Dentistry Course with the activities developed by Dentistry students, members of the Education Program through Health Work (PET-Health) of the State University of Londrina . The DCN suggest that professional education should be geared to the needs of the population; hence there is a need for diversification of practical scenarios, for the strengthening of partnerships and for interaction be-tween teaching, service and community . In this inte-gration, the benefits are bilateral; professionals with a profile suited to the needs required for services are trained, and the teaching-learning process occurs in spaces where there are health practices, which favor the training of future professionals with greater knowledge and commitment to face the real health needs of the population . In this context, PET-Health has contributed to this integration and consequently to the implementation of the DCN, because it allows the student to practice the contents learned in col-lege, by working in many spaces of practice, encourag-

ing him to research, work in multidisciplinary teams, develop communication and reflection, manage serv-ices and make decisions .

dESCriPtorSDental Education . Unified Health System . Hu-

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Aceito em 25/07/2011

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Pró-Saúde – odontologia/uniSC: experiências e contribuições na formação profissionalMicheli Chabat da Silva*, Beatriz Baldo Marques**, Magda de Sousa Reis***, Renita Baldo Moraes****

* Acadêmica do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul – RS

** Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC

*** Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC

**** Professora Coordenadora do PRÓ-SAÚDE I – Odontologia/UNISC

rESumoO objetivo deste trabalho foi realizar uma pesqui-

sa com os acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), que desenvolveram alguma atividade no bairro, através do PRÓ-SAÚDE, onde foi questionado se esta atividade contribuiu para sua formação profissional . A educa-ção superior deve estar atrelada à realidade da popu-lação e a responsabilidade das ações de Promoção de Saúde deve ser integrada entre os indivíduos, comu-nidades, profissionais de saúde e instituições que prestam serviço de saúde . É de fundamental impor-tância essa integração com os serviços, pois desta for-ma se cria habilidades para trabalhar em democracia, para o desenvolvimento de uma visão crítica e de com-petências culturais . Os dados foram coletados a partir de 51 instrumentos de pesquisa aplicados . Dos acadê-micos entrevistados, 99% responderam que a motiva-ção do PRÓ-SAÚDE trouxe benefício para a sua vida . Destes, 53% apontou dimensão profissional como o benefício mais significativo, seguidos de 35,2% em termos de dimensão social, e 11,8% de destaque para a dimensão pessoal . Outro dado levantado na entre-vista com os acadêmicos foi de que 60,9% pretendem iniciar sua vida profissional preferencialmente na rede pública, 25,4% prioritariamente em consultório ou clínica privada e talvez rede pública, 11,8% somen-te em consultório ou clínica privada, e 1,9% somente na rede pública . Desta forma, reafirma-se a importân-cia do PRÓ-SAÚDE para a formação de profissionais capacitados a trabalharem na rede pública .

dESCritorESOdontologia . Odontologia Preventiva . Educação

em Odontologia . Saúde . Odontologia Comunitária .

as práticas de saúde através de ações curativas de caráter individual mostram-se cada vez mais ine-

ficazes para solução de problemas que afetam a cavi-dade bucal, como a cárie dentária e a doença perio-dontal . Formar um profissional apto a perceber suas limitações, desafios e potencialidades frente às reais necessidades da população, é o que tem motivado setores responsáveis pela formação dos profissionais de saúde bucal, Ministério da Educação, Ministério da Saúde e as instituições de educação superior, a não poupar esforços e determinar Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os Cursos de Graduação em Odontologia . Toda essa mudança é baseada na moti-vação e convicção de que o Sistema Único de Saúde (SUS) necessita de profissionais conscientes e moti-vados em seus postos de trabalho .

As DCNs instituem como perfil do egresso do cur-so de Odontologia, um profissional generalista, hu-manista, crítico e reflexivo para atuar em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico . Este profissional deverá estar capacitado a realizar atividades referentes à saúde bucal da po-pulação pautado em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e econômi-ca do seu meio, dirigindo sua atuação para a transfor-mação da realidade em benefício da realidade .

O currículo do curso de Odontologia da UNISC está organizado de tal maneira que busca a formação do acadêmico de forma integral, estimulando o com-

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Pró-Saúde–Odontologia/UNISC:experiênciasecontribuiçõesnaformaçãoprofissional•SilvaMC,MarquesBB,ReisMS,MoraesRB

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prometimento com os problemas enfrentados pela sociedade, e oportunizando ao acadêmico uma refle-xão sobre seu papel transformador frente à socieda-de . Para intensificar esta formação, após concorrer ao edital do PRO-SAUDE I, a UNISC iniciou suas ati-vidades odontológicas, no bairro Santa Vitória, no ano de 2010, quando os acadêmicos se inseriram no programa através de disciplinas, estágios curriculares e projetos de extensão .

O programa tem o objetivo de ampliar a integra-ção desde os primeiros semestres do curso, entre aca-dêmicos, professores da universidade e com os pro-fissionais que integram a rede de serviços de saúde do município de Santa Cruz do Sul, mais especifica-mente com a equipe de profissionais das Estratégias de Saúde da Família .

Este trabalho verificou, portanto, o impacto que o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde teve sobre os acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Santa Cruz do Sul .

matEriaiS E mÉtodoSO estudo realizado foi quantitativo observacional

transversal descritivo, com objetivo de investigar e descrever as experiências e contribuições do PRÓ-SAUDE na formação profissional . Os sujeitos da pes-quisa foram os estudantes do curso de Odontologia, da Universidade de Santa Cruz do Sul inseridos nas atividades desenvolvidas no bairro Santa Vitória, onde se programou ações do PRÓ-SAÚDE .

Os dados foram coletados a partir de um questio-nário com 13 questões abertas e fechadas . Estas abor-davam o semestre em que os acadêmicos estavam matriculados, o número de vezes que atuou no pro-grama, o tipo de atividade desenvolvida e se havia ouvido falar no programa antes de iniciar suas ativi-dades . Também foram abordadas questões referentes às DCNs, percepção do acadêmico em relação às ati-vidades realizadas no Programa, dimensão que o aca-dêmico sentiu maior benefício .

Participaram da pesquisa 51 acadêmicos, regular-mente matriculados no curso de Odontologia, da UNISC de Santa Cruz do Sul no RS . Estes realizaram atividades através de disciplinas, estágios curriculares ou através de projetos de extensão . A participação da pesquisa foi voluntária, com a obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido de cada sujeito, sem identificação revelada dos participantes .

Foi realizado anteriormente ao início da coleta de dados, o projeto piloto onde o instrumento de pes-

quisa foi aplicado a 10 participantes para avaliar se as perguntas foram elaboradas adequadamente . O re-torno do projeto piloto foi positivo, com todos parti-cipantes conseguindo interpretar de forma correta o questionário .

rESultadoS E diSCuSSãoO instrumento de pesquisa, respondido por 51

acadêmicos regularmente matriculados no 7° e 9° semestre do curso de Odontologia da UNISC . A ida-de dos entrevistados variou de 20 anos a 34 anos . Dos participantes, 35,2% foram realizar atividades no bair-ro através do PRÓ-SAÚDE menos de cinco vezes; 27,6% de seis a nove vezes e 37,2% dez vezes ou mais .

As atividades desenvolvidas ocorreram em sua maioria através de disciplinas curriculares (Periodon-tia e Cirurgia), seguida dos Estágios Supervisionados (Estágio Supervisionado Odontopediátrico, e Estágio Supervisionado II) e Projetos de Extensão (Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente) . Destas ativida-des, a maior parte deu-se através do atendimento clí-nico à população, seguido por visitas domiciliares e trabalhos de educação em saúde diretamente com a comunidade .

Os acadêmicos foram questionados se antes de desenvolverem as atividades através do PRÓ-SAÚDE tinham conhecimento do programa . A maioria (84,4%) já havia ouvido falar do mesmo na Universi-dade, tendo sido orientado quanto ao local, o tipo de atividade que seria realizado, o público alvo e os ob-jetivos do programa, e 15,6% nunca haviam ouvido falar do PRÓ-SAÚDE antes de iniciarem suas ativida-des .

Quando questionados sobre seu conhecimento acerca das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs): 54,9% conhecem muito pouco, 35,3% não conhecem e apenas 9,8% conhecem . Quanto à relação entre as Diretrizes Curriculares Nacionais e o Programa de Reorientação da formação Profissional: 84,4% não souberam dizer se há relação e 15,6% afirmaram ha-ver relação entre eles . Quando questionados sobre qual a relação existente, os acadêmicos citaram o en-volvimento com o ensino, comunidade e extensão, e a promoção de saúde . Além disso, houve também o relato da busca por uma aprendizagem interdiscipli-nar, formação continuada, formação de novos profis-sionais comprometidos com a saúde das pessoas, não somente bucal, mas a saúde geral da comunidade .

Nas entrevistas, 80,4% responderam que sentiram diferença em atender no bairro, frente ao Programa enquanto 19,6% (Gráfico 1) não perceberam diferen-

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Pró-Saúde–Odontologia/UNISC:experiênciasecontribuiçõesnaformaçãoprofissional•SilvaMC,MarquesBB,ReisMS,MoraesRB

ça destas atividades quando comparadas ao atendi-mento na clínica de Odontologia da Universidade . Para os que perceberam a diferença as mais citadas foram: complexidade dos casos encontrados na co-munidade, classe econômica, diferença de instrução sobre saúde dos pacientes, entre outros .

Em relação à aproximação do acadêmico com os demais profissionais de saúde, 54,9% sentiram tal aproximação com os profissionais enquanto 45,1% não perceberam sua presença . Esses profissionais es-tão vinculados com: agentes comunitários de Saúde, enfermagem, medicina, nutrição e fisioterapia .

As condições de trabalho como infraestrutura, equipamentos e materiais utilizados foram também avaliados e 27,4% dos acadêmicos responderam que local de atendimento das ações do PRÓ-SAÚDE é semelhante ao serviço público, enquanto 72,6% res-ponderam que não vêem semelhança . As principais diferenças apontadas pelos acadêmicos, é que o tem-po de atendimento para acolhimento e vínculo com os pacientes é maior no PRÓ SAÚDE e os materiais utilizados são superiores aos que encontramos nos serviços públicos de saúde .

Após a conclusão do curso, 60,9% (Gráfico 2) dos participantes pretendem iniciar com emprego prefe-rencialmente na rede pública e depois trabalhar em consultório particular ou clínica privada, 25,4% pre-tendem iniciar prioritariamente em consultório par-ticular, ou clínica privada e talvez na rede pública, 11,7% pretendem iniciar sua vida profissional somen-te em consultório particular ou clínica privada e 1,9% pretendem trabalhar somente na rede pública .

Os acadêmicos foram questionados se o desenvol-vimento dessa atividade trouxe algum benefício para a vida, 98,1% responderam sim, sendo a dimensão profissional o benefício mais percebido entre os aca-dêmicos, seguindo pelo benefício social (através do convívio com pessoas de realidade diferente) e ape-nas 1,9% responderam que não (Gráfico 3) .

De acordo com a pesquisa realizada, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde possibilita uma forma nova de atuação para os acadêmicos do curso de Odontologia, sendo um ponto positivo a divulgação e esclarecimento da Uni-versidade em relação a esse Programa . Desta forma, a maioria dos acadêmicos ao iniciar suas atividades junto à comunidade já tinha de forma clara qual seria a população atingida, as características da comunida-de em que trabalhariam, e os objetivos do Programa . Um grande número de acadêmicos percebeu diferen-ças em atender nos bairros quando comparado à clí-

nica da Universidade, mostrando desta forma que apresentam um olhar voltado para uma Odontologia comunitária, onde se tem como ênfase a atenção bá-sica, mas não se deixa de lado os conhecimentos téc-nicos e científicos .

O número de acadêmicos que pretendem iniciar suas atividades profissionais preferencialmente na rede pública vem crescendo com o passar dos anos . Esse interesse, reflexo do mercado de trabalho e de um currículo voltado para a realidade em que muitos profissionais enfrentam após a conclusão da gradua-ção, faz com que os acadêmicos busquem informa-ções para atuarem mais ligados com a comunidade,

Perceberam diferençaNão perceberam diferença

80,40%

19,60%

1,90%

11,70%

25,40%60,90%

Somente na rede públicaSomente em consultório particular ou clínica privadaPrioritariamente em consultório particular ou em clínica privada e talvez na rede públicaIniciar com emprego preferencialmente na rede pública

Trouxe benefícioNão trouxe benefício

98,10%

1,90%

Gráfico 1 - Diferença de atendimento percebida pelos acadêmicos na clínica de Odontologia/UNISC e no bair-ro onde se desenvolve ações do Pró-Saúde – Santa Cruz do Sul / RS

Gráfico 2 - Interesse de atuação dos acadêmicos após a conclusão da graduação . Santa Cruz do Sul / RS

Gráfico 3 - Benefícios percebidos pelos acadêmicos do Curso de Odontologia na atuação junto ao Pró-Saúde – Santa Cruz do Sul / RS

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Pró-Saúde–Odontologia/UNISC:experiênciasecontribuiçõesnaformaçãoprofissional•SilvaMC,MarquesBB,ReisMS,MoraesRB

50

com uma formação profissional de qualidade . Neste sentido, o PRÓ-SAÚDE vem contribuindo significati-vamente no novo olhar do acadêmico em suas atua-ções na comunidade .

Em relação aos benefícios trazidos pela realização de atividades através do PRÓ-SAÚDE, as respostas fo-ram favoráveis, comprovando o benefício para o acadê-mico, que possui a oportunidade de atuar direto com a comunidade, de forma integral, em disciplinas, está-gios e projetos . Neste momento também se pode de-senvolver poder transformador enquanto acadêmicos que se envolvem em ações sociais, não só com a saúde bucal, mas sim a saúde geral e bem estar do paciente, suprindo desta forma as necessidades da população, com escuta adequada . As visitas domiciliares possibili-tam conhecer a realidade das famílias atendidas, con-seguindo desta forma ampliar a visão geral e desenvol-ver as ações da melhor maneira possível . A comunidade é a principal beneficiada com o Programa, pois futura-mente esses acadêmicos serão os profissionais da rede, e conseqüentemente estarão capacitados a trabalhar nesse espaço, sabendo enfrentar as dificuldades encon-tradas e anseios vividos pela comunidade .

ConCluSãoRessalta-se a importância deste trabalho, pois des-

ta maneira os acadêmicos podem perceber que a saú-de pública vem crescendo a cada ano, e precisamos de profissionais capacitados para atuarem nesta área . O Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional teve uma adesão entre os acadêmicos, e a devida importância, sendo considerada uma expe-riência válida, que contribuiu de forma significante para o seu crescimento profissional e pessoal .

aBStraCtPro-Health – Dentistry/UNISC: experiences and contributions to professional training

The purpose of this paper was to conduct a survey among dentistry students of the Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) who develop any sort of activity within the PRO-HEALTH (PRÓ-SAÚDE) pro-gram . The question asked was if this activity contrib-uted to his/her professional training . Higher educa-tion must be tied to the reality of the population, and the responsability of health promotion actions must be integrated among persons, communities, health professionals and institutions that provide health services . This integration with health services is very

important, because it builds the skills needed to work democratically, and to develop a critical vision and cultural capabilities . The data was collected through 51 questionaires; 99% of the students interviewed answered that their PRO-HEALTH activities brought benefits to their life; 53% of these students pointed out the professional benefits as the most significant plus factor; 35 .2% answered that the most significant gains were the social benefits; and 11 .8% highlighted the personal benefits as most significant . Among the students interviewed, 60 .9% intend to start their pro-fessional life preferentially in public service, 25 .4% give priority to working in a private office or clinic or perhaps public service, 11 .8% intend to work only in a private office or clinic, and 1 .9% intend to work only in public services . Accordingly, we can see the impor-tance of PRO-HEALTH in training professionals skilled to work in public service .

dESCriPtorSDentistry . Preventive Dentistry . Dentistry Educa-

tion . Health . Community Dentistry . §

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . BRASIL . Ministério da Saúde . Conselho Nacional de Saúde .

3° Conferência Nacional de Saúde: Acesso e qualidade supe-

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2 . BRASIL . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Progra-

ma Nacional de Reorientação da Formação Profissional em

Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvi-

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– Brasília: Ministério da Saúde, 2007 .

3 . BRASIL . Resolução CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002:

Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Gradu-

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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odontologia no PEt-Saúde: pesquisa e integração ensino, serviço e comunidadeWanda Terezinha Garbelini Frossard*, Lucimar Aparecida Britto Codato*, Maura Sassahara Higasi*, Márcia Maria Benevenuto de Oliveira*, João Paulo Menck Sangiorgio**

* Docente e tutora do Projeto PET-saúde da Universidade Estadual de Londrina

** Pós-graduando do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da Universidade Estadual de Londrina

rESumoO objetivo deste trabalho é mostrar ações acadê-

micas assertivas fora do âmbito da academia no cur-so de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL) com a participação dos acadêmicos da área da saúde no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (Pet-saúde) . Em 2010, o pro-grama Pet-Saúde UEL aconteceu em três etapas: a territorialização da área de atuação, o estudo do re-ferencial teórico sobre a prática do aleitamento ma-terno e a participação dos estudantes na coleta de dados nacional sobre práticas alimentares no pri-meiro ano de vida . Em seguida, ocorreu a avaliação do programa e a divulgação dos trabalhos realizados em eventos científicos . Em relação ao inquérito re-alizado, verificou-se que: os índices de aleitamento materno exclusivo e aleitamento materno predomi-nante estão próximos de 50%; o consumo de alimen-tos com açúcar é elevado para a faixa etária estudada e que o uso da chupeta e da mamadeira interfere no processo da amamentação em crianças menores de seis meses de idade, favorecendo o desmame preco-ce (p = 0,00) . Além disso, concluiu-se que a partici-pação dos estudantes do curso de odontologia da UEL no Projeto Pet-saúde tem favorecido transfor-mações nos processos de geração de conhecimentos, contribuído para a prestação de serviços à população e possibilitado maior integração entre ensino-servi-ço e a comunidade .

dESCritorESEducação Superior . Educação em Odontologia .

Aleitamento Materno .

os desafios impostos pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), aprovadas em 2002, e a ne-

cessidade de avançar em relação à qualificação do egresso1 fez com que o Curso de Odontologia da Uni-versidade Estadual de Londrina (UEL) realizasse mu-danças em 2004, com a adoção de um currículo inte-grado, visando à formação ampliada do aluno, a interdisciplinaridade e a atenção integral .

É fato que a formação acadêmica para o curso de Odontologia deve estar atrelada a referenciais epide-miológicos, sociais, econômicos e culturais de seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação dessa realidade em benefício da sociedade .2,3,4

Neste sentido, o curso tem buscado a diversifica-ção de cenários de práticas por meio do fortalecimen-to da integração ensino-serviço e comunidade para avançar em relação à formação acadêmica em conso-nância com a realidade dos serviços de saúde .

Um desses cenários foi à adesão do curso de odon-tologia da UEL ao Programa de Educação pelo Tra-balho para a Saúde (Pet-Saúde), que tem facilitado o aprendizado e a iniciação ao trabalho, por meio de estágios, que favorecem a formação profissional em consonância com as necessidades da população . O Pet-saúde é financiado pelos Ministérios da Saúde e Educação e, desde seu primeiro Edital, em 2009, os cursos da área da saúde da UEL têm participado ati-vamente das atividades do referido programa .

O Programa Pet- saúde UEL, no ano de 2010 e 2011, além de buscar a formação profissional nos lo-cais onde efetivamente ocorrem as práticas de saúde,5 objetivou contribuir com a redução da morbimorta-lidade infantil por meio da ampliação da prática do aleitamento materno e da melhora da formação pro-fissional dos cincos cursos da área da saúde da UEL

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OdontologianoPET-Saúde:pesquisaeintegraçãoensino,serviçoecomunidade•FrossardWTG,CodatoLAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM

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na rede primária de atenção à saúde dos municípios de Cambé, Ibiporã e Londrina, localizados na região norte do PR .

O Objetivo deste trabalho é mostrar ações acadê-micas assertivas fora do âmbito da academia no curso de Odontologia da UEL .

mEtodoloGiaO Pet-saúde da UEL é composto por estudantes

de graduação dos cursos de enfermagem, farmácia e bioquímica, fisioterapia, medicina e odontologia, re-gularmente matriculados nas últimas séries, totalizan-do 300 estudantes . O número de estudantes do curso de odontologia que participam são 120 e desses, 43 são monitores . Além deles, compõe o grupo 60 pre-ceptores, que são profissionais pertencentes às equi-pes da Estratégia Saúde da Família (ESF) que orien-tam os alunos em suas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e 10 tutores acadêmicos, professores da UEL, que produzem ou orientam a produção de conheci-mento na área de atenção básica à saúde . O grupo Pet-saúde da UEL de Londrina, Cambé e Ibiporã é composto por 370 participantes .

Em 2010, o programa Pet-saúde da UEL aconte-ceu em três etapas: • aterritorialização,•oestudodoreferencialteóricosobreapráticado

aleitamento materno e a participação dos alunos na coleta de dados nacional sobre práticas alimen-tares no primeiro ano de vida e

• aavaliaçãodoprogramaedivulgaçãodostraba-lhos realizados em eventos científicos .

1ª faseInicialmente, a fim de conhecerem a área de

abrangência das UBS em que atuavam, os estudantes de odontologia, juntamente com preceptores e alu-nos de outros cursos da área da saúde, realizaram a territorialização da região, por meio de passeios am-bientais, conversas com agentes comunitários de saú-de e informantes chaves . Além disso, acessaram os principais sistemas de informação sobre a Atenção Básica de seu território para maior conhecimento da prevalência e incidência dos diversos agravos na re-gião de sua atuação .

2ª faseOs discentes aprofundaram-se no estudo do refe-

rencial teórico sobre as práticas do aleitamento ma-terno, foram treinados para aplicar um questionário, já validado, sobre práticas alimentares das crianças no

primeiro ano de vida, que faz parte do Projeto Ama-mentação e Municípios do Instituto de Saúde de São Paulo,6 nos municípios de Londrina, Cambé e Ibipo-rã . A participação dos alunos do curso de Odontolo-gia na pesquisa de campo ocorreu em agosto de 2010, durante a segunda etapa da campanha de vacinação contra poliomielite, em conjunto com os estudantes dos cursos de medicina, fisioterapia, enfermagem, farmacie e bioquímica . Para o cálculo das amostras nas três localidades foi considerado a prevalência da amamentação em cada município integrante do pro-jeto, o número de Postos de Vacinação e o número de crianças menores de um ano que foram vacinadas em cada UBS, tendo como base as planilhas de Cam-panhas de Vacinação do ano anterior . O instrumento para a coleta de dados foi composto por questões fechadas sobre o consumo nas últimas 24 horas de leite materno, outros tipos de leite e outros alimentos, incluindo água, chás e outros líquidos além de hábitos de sucção não nutritiva e características da população . Os sujeitos de pesquisa foram os acompanhantes das crianças menores de um ano de idade, no dia Nacio-nal de Vacinação, que concordaram em participar da mesma, após a leitura do consentimento livre-escla-recido . Este estudo recebeu parecer favorável do Co-mitê de Ética em Pesquisa .

Além disso, os discentes levantaram nas UBS em que atuavam, crianças menores de 6 meses e fizeram o monitoramento do aleitamento materno, por meio de visitas semanais às mães com o propósito de esti-mulá-las para a prática do aleitamento materno .

3ª faseNo final do ano letivo de 2010, o programa foi

avaliado pelos acadêmicos, preceptores e tutores através de um questionário com questões abertas e fechadas direcionado para cada modalidade de par-ticipante .

rESultadoS E diSCuSSãoA participação dos estudantes do curso de Odon-

tologia da UEL no Projeto Pet-saúde tem possibilitado transformações nos processos de geração de conhe-cimentos, contribuindo para a prestação de serviços à população e possibilitado maior integração entre ensino-serviço e a comunidade .

Tal integração é fundamental e indispensável para a implementação das DCN, pois para aprender saúde, como base na realidade socioeconômica, cultural e sanitária de cada território é preciso participar dos espaços onde se produz saúde .3,5,7,8 Nesse sentido, a

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OdontologianoPET-Saúde:pesquisaeintegraçãoensino,serviçoecomunidade•FrossardWTG,CodatoLAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM

realização do processo de territorialização, realizada na primeira fase do programa, foi fundamental para o conhecimento da realidade e das necessidades de cada região .

Somado a isso, o fato do processo ensino-apren-dizagem ocorrer nos espaços onde as práticas de saú-de acontecem, favorece a formação de profissionais mais sensíveis, com maior comprometimento para o enfrentamento das reais necessidades de saúde da população, pois o aluno tem a oportunidade de vi-venciar e participar do dia-dia dos serviços .2,3,5,7

Além disso, o aprendizado e o trabalho conjunto entre estudantes, preceptores e tutores de outras áre-as da saúde, têm auxiliado uma maior integração en-tre os acadêmicos dessas áreas, como mostra os resul-tados da avaliação do programa realizado pelos estudantes e preceptores (Tabela 1)

Na segunda fase do programa, os estudantes par-ticiparam da pesquisa de campo nos Postos de vaci-nação durante o Dia Nacional da Campanha de Vaci-nação e, do total da amostra estimada, realizaram 88,91%, 92,2% e 93,06% entrevistas com mães ou acompanhantes de crianças menores de um ano de idade em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamen-te, totalizando nos três municípios 2723 questionários respondidos .

Os resultados mostraram em crianças menores de seis meses de idade que o aleitamento materno ex-clusivo (AME) foi de 40,56%, 41,12% e 42,91% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente . Quan-do somado ao aleitamento materno predominante (AMP) este índice foi de 52,81%, 51,98% e 52,70% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente .

Os dados obtidos de AME e AMP, quando compa-rados ao trabalho de Vannuchi et al.9 (2005), mostram que, apesar do aumento significativo de 15% ao lon-go da última década no município de Londrina-PR,

estes dados ainda estão aquém do preconizado pela Organização Mundial da Saúde para o milênio .9

O uso da chupeta e da mamadeira, além de con-tribuir para as más oclusões na dentadura decí-dua,10,11,12,13,14 mostrou que interfere no processo da amamentação em crianças menores de seis meses de idade, favorecendo o desmame precoce nas três loca-lidades (p = 0,00) . Esses achados estão de acordo com os estudos de Cotrim et al.12 (2002), em São Paulo e Soares et al.13 (2003) no Rio de Janeiro .

O consumo de alimentos adoçados e a ingestão de refrigerantes ocorreu em 33,89%, 30,74% e 33,45% e em 8,11%, 7,26% e 10,96% em Londrina, Cambé e Ibiporã, respectivamente . Esses dados são preocupantes, uma vez que a dieta rica em sacarose, um dos responsáveis pela cárie dentária,14,15 mostra-se elevado para a faixa etária estudada .

ConCluSãoA participação de alunos do Curso de Odontolo-

gia da UEL no programa Pet-saúde mostrou-se efetiva para o processo ensino-aprendizagem, favoreceu o reconhecimento da realidade da população, possibi-litou o trabalho multiprofissional e permitiu que vi-venciassem a pesquisa .

O monitoramento das mães em aleitamento ma-terno, estimulando a prática, foi a estratégia encon-trada pelos acadêmicos do programa para contribuir com a redução da mortalidade infantil .

aBStraCtDentistry in the “PET-Saúde” Project: research and integration of teaching, service and community

The aim of this study was to show the assertive academic actions performed outside the academic scope of the dentistry course at the State University of Londrina (UEL), with the participation of health

O Pet-Saúde possibilitou:Estudantes Preceptores

CT CNT CT CNT

Aproximar-se mais à realidade dos serviços de saúde 79,9 18,4 95,8 4,2

Conhecer melhor a realidade de vida da população 84,6 12,0 87,5 1,2

Adquirir noções sobre os sistemas de informações epidemiológicas do município 78,5 14,4 72,9 27,1

Conhecer os principais indicadores de saúde criança 57,5 32,4 77,1 22,9

Conhecer as principais ações referentes à saúde da crianças desenvolvidas na rede básica de saúde 64,1 27,1 72,9 27,1

Facilidade na relação com os alunos das outras áreas da saúde 65,3 26,5 79,2 20,8

tabela 1 - Avaliação do programa Pet-Saúde pelos estudantes e preceptores participantes de Londrina, Cambe e Ibipo-rã/PR, em 2010 .

CT - Concordo totalmente / CNT - Concordo, mas não totalmente.

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OdontologianoPET-Saúde:pesquisaeintegraçãoensino,serviçoecomunidade•FrossardWTG,CodatoLAB, Higasi MS, Oliveira MMB, Sangiorgio JPM

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field students enrolled in the Tutorial Education Pro-gram (PET) promoted by the Health and Education Ministry . In 2010, the “PET-Saúde UEL” program was conducted in three stages: marking off the work area, theoretical reference study on the breastfeeding prac-tice, and participation of students in gathering na-tional data on eating habits in the first year of life . Next, the program was evaluated and the studies pre-sented in scientific events were disseminated . Regard-ing the survey, it was found that: the rates of exclusive and predominant breastfeeding are close to 50%, that the consumption of sugar-based foods is high for the age group studied, and that the use of pacifiers and bottles interferes with the process of breastfeeding in children under six months of age and favors early weaning (p =0 .00) . Furthermore, it was concluded that the participation of dentistry students in the “PET-Saúde UEL” project has promoted changes in the processes of broadening knowledge, contributing to public services and enabling greater integration between teaching, health service and community .

dESCriPtorSHigher Education . Dental Education . Breast feed-

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal - lEBu”, do departamento de odontologia da universidade Estadual de maringá - PrWilton Mitsunari Takeshita*, Lilian Cristina Vessoni Iwaki**, Liogi Iwaki Filho***, Mariliani Chicarelli da Silva**, Neli Pieralisi****, Vanessa Cristina Veltrini*****, Wesley Fernando Ferrari******

* Doutor em Radiologia Odontológica – FOSJC/UNESP/São José dos Campos . Professor Adjunto de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM e Faculdade Ingá . Maringá . Paraná . Brasil

** Doutora em Radiologia Odontológica – FOP/UNICAMP/Piracicaba . Professora Adjunto de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM . Maringá . Paraná . Brasil

*** Doutor em Diagnóstico Bucal, professor associado de Cirurgia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá

**** Mestre em Periodontia USP-Bauru, Professora Assistente de Estomatologia e Radiologia do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – UEM . Maringá . Paraná . Brasil

***** Doutora em Patologia pela FOUSP . Professora de Patologia do Departamento de Odontologia da UEM

****** Cirurgião-dentista, graduado pela Universidade Estadual de Maringá

rESumoObjetivo: divulgar o Projeto e seus serviços aos mu-

nicípios da 15ª Regional de Saúde, alertar o telespec-tador a respeito do auto-exame, mostrar ao profissio-nal da Odontologia a importância da iniciativa em se realizar biópsias e exames histopatológicos quando necessário (diante de determinados diagnósticos pre-suntivos), salientar o valor da interdisciplinaridade na Odontologia, reiterar a importância e grandiosi-dade dos resultados obtidos quando diferentes esfe-ras (Universidade e Regional de Saúde) trabalham em busca de um bem comum: a qualidade de vida do paciente . Metodologia: para a confecção do vídeo, fo-

ram gravadas imagens de palestras, do acolhimento dos pacientes na clínica odontológica, das consultas, dos exames pré-operatórios e dos procedimentos ci-rúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos profissionais da assistência social, psicologia, fonoau-diologia, pedagogia e nutrição . Imagens com o traba-lho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame foram editadas . Resultados: o trabalho resultou em um vídeo que explorou de forma educativa e dinâmica um trabalho que vem sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em parceria com a 15ª Regional de Saúde . Didaticamen-te conseguiu explicar a importância em se fazer o

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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal-LEBU”,doDepartamentodeOdontologiadaUniversidadeEstadualdeMaringá–PR•TakeshitaWM,IwakiLCV,

Iwaki Filho L, Silva MC, Pieralisi N, Veltrini VC, Ferrari WF

56

auto-exame bucal em busca de estruturas que não estejam em seu padrão normal . Conclusão: colaborou fortemente para a contemplação de um dos compro-missos do LEBU, que é entrelaçar de forma prática e real a Universidade (Departamento de Odontologia) com as necessidades da sociedade (15ª Regional de Saúde do Paraná) de forma sensível a seus problemas, colaborando na reflexão, construção e difusão dos valores da cidadania .

dESCritorESAuto-exame . Diagnóstico Precoce . Câncer Bucal .

Há muitos anos, o ensino na área da Saúde apre-senta uma série de lacunas a serem superadas

frente à desigualdade social da população, não somen-te brasileira como mundial, no qual muitos indivíduos não usufruem dos avanços tecnológicos . Sendo assim, a reforma educacional é fundamental para que ocor-ra uma aprendizagem transformadora dos envolvidos no cenário do sistema básico de saúde . Para que isso ocorra há a necessidade de mudança no perfil dos egressos que passam pelas instituições de ensino .

O curso de Odontologia da Universidade Estadu-al de Maringá, foi um dos pioneiros a inovar o seu ensino, e nos seus projetos de extensão não poderia ser diferente, onde desde 1995 foi criado um Projeto de extensão inter e multidisciplinar intitulado: ”Diag-nóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal – LEBU”, que atende pessoas porta-doras de alguma lesão em boca, desde seu diagnósti-co ao tratamento e acompanhamento . Esses pacientes o procuram espontaneamente ou são encaminhados por profissionais da saúde das Unidades Básicas de Saúde (UBS) municipais, o que o tornou referência dentro da 15ª Regional de Saúde do Paraná, compos-ta atualmente por 30 municípios .

O Projeto está organizado em ações divididas em três eixos: o primeiro é o eixo assistencial voltado para o diagnóstico e tratamento das lesões que acometem a cavidade bucal, possibilitando o levantamento dos dados epidemiológicos destas doenças . Favorece tam-bém ação de apoio psicossocial aos usuários, nos casos necessários, como de cirurgia, comunicação de resul-tados de exames histopatológicos e encaminhamen-tos sociais (benefício da prestação continuada, auxí-lio alimentação); o segundo é o eixo da prevenção que enfoca as atividades de educação e promoção comunitária, compreendendo atividades de divulga-ção, orientação e prevenção para o bem estar bucal;

por último vem o eixo da sistematização do conheci-mento, no qual, os acadêmicos dos 3º, 4º, e 5º anos do curso de graduação, residentes em Cirurgia e Trau-matologia Bucomaxilofaciais, docentes e técnicos administrativos do Departamento de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá e afins, organizam os estudos nos diversos âmbitos que esta temática pos-sibilita para publicações em revistas e/ou congressos, semanas acadêmicas, encontros, seminários e outros meios de divulgação . Existe no Projeto, uma busca constante pela construção permanente da indissocia-bilidade entre extensão, ensino e pesquisa .13

No Projeto são diagnosticados diversas lesões, que segundo a OMS (2002) podem ser subdivididas em cistos odontogênicos e não odontogênicos, tumores odontogênicos, patologias epiteliais, patologias das glândulas salivares, tumores/lesões dos tecidos mo-les, patologias ósseas, estomatodermopatologias, do-enças infecciosas, doenças inflamatórias e outras .15 Dentre as diversas lesões podemos citar o câncer bu-cal devido o seu caráter de alta morbidade .

O número de casos de câncer aumentou conside-ravelmente em todo o mundo, principalmente a par-tir do século passado, configurando-se, na atualidade, como um dos mais importantes problemas de saúde pública mundial .20 O câncer bucal possui uma predo-minância nos países em desenvolvimento, em espe-cial na classe com níveis socioeconômicos mais bai-xos, ou seja, em pacientes que possuem maiores dificuldades de acesso ao sistema privado de saúde, portanto dependentes do sistema público, no qual costuma ocorrer uma espera longa pelo atendimento, favorecendo um diagnóstico tardio, cujo tratamento é mais agressivo, com um prognóstico desfavorável, reduzindo assim sua qualidade de vida e aumentando as taxas de mortalidade . A estimativa nacional para 2010/2011 o aponta como o 7° mais incidente, mos-trando uma expectativa de 10330 casos novos em ho-mens e 3790 em mulheres .12

O quadro atual de risco do câncer bucal no Brasil e suas tendências mostram relevância no âmbito da saúde pública, e evidenciam a necessidade contínua de realizações de pesquisas sobre este tema, buscando informações de qualidade sobre sua distribuição de incidência e mortalidade, as quais são essenciais para o desenvolvimento de políticas de saúde adequadas que visem o seu controle no país .12

Além disso, o conhecimento adquirido nas últimas décadas a respeito dos fatores de risco associados à etiopatogenia do câncer vem tornando possível iden-

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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal-LEBU”,doDepartamentodeOdontologiadaUniversidadeEstadualdeMaringá–PR•TakeshitaWM,IwakiLCV,

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tificar quais os indivíduos mais susceptíveis a desenvol-ver a doença, tornando-os alvo de ações preventivas .

Stahl et al .19 (2004), relataram em seu trabalho de pesquisa que campanhas sobre câncer bucal têm con-tribuído para conscientização da população a respeito dos fatores de risco e colaboram para o aprimoramen-to do conhecimento dos profissionais de saúde, prin-cipalmente os profissionais da Odontologia, com rela-ção a esta patologia . Elango et al .8 (2011), acrescentam ainda que condutas de auto-exame de boca têm con-tribuído para diminuir a prevalência de câncer bucal .

Hertrampf et al.11 (2011), relataram em um estudo longitudinal, que a melhora do conhecimento dos Cirurgiões-dentistas a respeito dos fatores que predis-põe o câncer bucal contribui para diminuir os valores de prevalência do mesmo . Por isso, o desenvolvimen-to de um vídeo de apresentação do Projeto LEBU se fez necessário, principalmente no que concerne as ações preventivas de promoção de saúde .

Em vista disso, com finalidade de aprimorar a sis-tematização do conhecimento e a prevenção, contem-plando o segundo e terceiro eixos, foi elaborado uma apresentação em vídeo com os seguintes objetivos: divulgar o Projeto e seus serviços aos municípios da 15ª Regional de Saúde, alertar o telespectador a res-peito do auto-exame bucal, mostrar ao profissional da Odontologia a importância da iniciativa em se re-alizar biópsias e exames histopatológicos quando ne-cessário (diante de determinados diagnósticos presuntivos), salientar o valor da inter e multidisci-plinaridade na Odontologia, reiterar a importância e grandiosidade dos resultados obtidos quando dife-rentes esferas (Universidade e Regional de Saúde, por exemplo) trabalham em busca de um bem comum: a qualidade de vida do paciente .

mEtodoloGiaApós discussões com a equipe inter e multidisci-

plinar que atua no projeto, para a confecção do vídeo, foram gravadas imagens de palestras, do acolhimento dos pacientes na clínica odontológica, das consultas, dos exames pré-operatórios e dos procedimentos ci-rúrgicos, bem como dos trabalhos realizados pelos profissionais da assistência social, psicologia, fonoau-diologia, pedagogia e nutrição, já que o projeto é multidisciplinar, levando o aluno a aprender a traba-lhar em conjunto com outras áreas da saúde .

A equipe de filmagens também teve acesso a de-poimentos de pessoas vinculadas ao Projeto de dife-rentes formas, como o da coordenadora, o de uma

aluna participante durante a graduação e pós-gradu-ação e o depoimento de um paciente . As imagens com o trabalho junto à comunidade externa e com a expli-cação audiovisual do auto-exame bucal foram inseri-das . A rotina das disciplinas de Radiologia, Estomato-logia, Cirurgia e Patologia também foram apresentadas, uma vez que o projeto atua não somente de forma multidisciplinar, mas também interdisciplinar .

Todos os docentes e acadêmicos que apareceram no vídeo concordaram em ter sua imagem vinculada ao Projeto, da mesma maneira que os pacientes exibi-dos não só concordaram como estimularam a iniciativa, tendo em vista que um maior número de indivíduos terá conhecimento dos cuidados bucais a serem toma-dos no dia-a-dia e dos serviços oferecidos pelo Projeto .

rESultadoTodo e esforço empregado durante aproximada-

mente 6 meses, resultou em um vídeo que explorou de forma educativa e dinâmica um trabalho que vem sendo realizado há 15 anos pelo Projeto LEBU, em parceria com a 15ª Regional de Saúde . Didaticamente conseguiu explicar a importância para o indivíduo em realizar o auto-exame bucal em busca de estruturas que não estejam em seu padrão normal . Mostrar o esforço da equipe em manter e/ou devolver ao pacien-te a função normal do sistema estomatognático, por meio da prevenção e promoção da saúde bucal . O trabalho foi avaliado de maneira positiva . O plano de filmagens, montado a partir de um texto pré-determi-nado, facilitou as atividades . A receptividade por parte dos pacientes foi grande e enriquecedora . O apoio por parte dos acadêmicos e docentes foi crucial para o resultado final . Por fim, a parceria com o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde que disponibilizou recursos para viabilizar a realização do Projeto, possibilitando alcan-çar os objetivos pretendidos com o vídeo .

diSCuSSãoEmbora ao longo do tempo, a fim de melhorar a

qualidade e abrangência, o modelo de Saúde Pública no Brasil tenha sofrido uma série de mudanças, ainda são necessárias profundas transformações, e para que isso venha a ocorrer, é preciso haver também trans-formações no processo de formação e desenvolvimen-to dos profissionais da área da saúde, que somente ocorrerá se mudarmos a forma de como cuidar, tratar e acompanhar a saúde de nossos pacientes, consegui-do por meio de mudanças também nos modos de

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ensinar e aprender . Assim, é fundamental que os ato-res envolvidos no ensino, principalmente na área da saúde, tenham em mente que o seu papel é formar cidadãos que possam enxergar o paciente como um todo, e se preocupe não somente em tratar as doen-ças, mas principalmente em preveni-las, devendo os envolvidos com a academia, se aproximarem cada vez mais da comunidade e do serviço .

Como já mencionado, não somente em função da busca de aproximação com a comunidade, o projeto de extensão: “Diagnóstico, tratamento e epidemiolo-gia das doenças da cavidade bucal – LEBU”, desde 1995, executa diagnósticos, tratamento e/ou acom-panhamento de pessoas portadoras de alguma lesão em boca, estando dividido em três eixos:• assistencial,•prevençãoe• sistematizaçãodoconhecimento.

O eixo assistencial do Projeto contempla o diag-nóstico e tratamento do indivíduo com lesões bucais e necessita de uma equipe multidisciplinar que tra-balha de forma integrada, objetivando a eliminação da doença com manutenção da qualidade de vida do paciente . Fazem parte dessa equipe de profissionais: cirurgiões-dentistas, médicos (cirurgiões de cabeça e pescoço, oncologistas, radioterapeutas), enfermei-ros, psicólogos, fonoaudiólogos, nutricionistas, assis-tentes sociais, sem destacar nenhuma dessas figuras, que em suas áreas de competência, trabalham e coo-peram no atendimento ao paciente .2,5 Neste eixo, os acadêmicos aprendem a trabalhar em equipe e visu-alizar o paciente como um todo e não apenas uma boca a ser tratada .

Com relação ao segundo eixo do Projeto, o da prevenção, os acadêmicos desenvolvem uma visão moderna da área que é a valorização da saúde e não da doença, realizando isso por meio de ações educa-tivas, tentando mudar valores e comportamentos dos pacientes . Os participantes do Projeto têm o dever de orientar os pacientes quanto ao malefício do fumo, álcool, exposição excessiva ao sol, da importância de uma boa higiene e saúde bucal, da integridade dos dentes e aparelhos protéticos, os benefícios da ali-mentação balanceada, orientações quanto à impor-tância e técnica de auto-exame bucal a fim de se evitar o aparecimento de inúmeras doenças .17

Com relação à prevenção para a melhoria da ex-pectativa de vida da população, medidas devem ser tomadas a fim de incentivar atitudes preventivas em

relação ao câncer, como o controle do consumo de tabaco e álcool, a adoção de dieta rica em vegetais e frutas frescas, além de uma maior qualidade nos ser-viços de diagnóstico e tratamento dos pacientes com câncer bucal e de faringe .1,3,4,21 O exame clínico da boca, principalmente dos pacientes com hábitos no-civos como álcool e cigarro, deve ser sistemático e indivíduos com lesões suspeitas devem ser imediata-mente encaminhados à consulta especializada em centros de referência para realização dos procedi-mentos diagnósticos necessários . É importante tam-bém que o fumo e o álcool, que são fatores passíveis de intervenção por programas de prevenção primária que realizem ações legislativas, educativas e econômi-cas com o objetivo de reduzir o acesso ou a exposição da população a esses fatores .6,14,15,17

Segundo Eadie et al.7 (2009), três são os fatores que desestimulam o paciente a procurar auxílio e orientação profissional: • seupequenoconhecimentoarespeitodoassunto,• suapoucapercepçãodoriscoe• seumedoarespeitodosaspectosnegativosdesse

diagnóstico .

Por conseguinte, os envolvidos no Projeto, mais especificamente os acadêmicos, aprendem que todos os membros de uma equipe multiprofissional integra-da atuam não só curativamente, mas podem ressaltar os aspectos preventivos das lesões bucais; bem como, a busca de uma boca saudável pode ser favorável para o desempenho do tratamento, visto que é íntima a relação de condições inflamatórias bucais crônicas e a saúde geral .

Ainda no segundo eixo tem-se a promoção de saú-de, no qual Stahl et al.19 (2004), realizaram uma pes-quisa para avaliar resultados de campanhas de pre-venção do câncer bucal na população e nos profissionais da Odontologia . Os autores concluíram que a campanha contribuiu para a população atentar para alterações de boca e quando detectada entrar em contato com profissionais da área, haja vista que desconheciam o fato de que os Cirurgiões-dentistas são responsáveis pelo exame de câncer bucal . Além disso, a população se apresentou mais conhecedora da importância do diagnóstico precoce para um me-lhor prognóstico da doença . Com relação aos profis-sionais da Odontologia a campanha contribuiu para mudanças de rotina clínica, principalmente na dis-cussão da doença com seus pacientes no que concer-ne o diagnóstico precoce e uma atenção maior para

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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal-LEBU”,doDepartamentodeOdontologiadaUniversidadeEstadualdeMaringá–PR•TakeshitaWM,IwakiLCV,

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pequenas lesões de boca . Nesta linha de conclusão, o material em vídeo elaborado contempla algumas vertentes desse processo, apresentando o trabalho desenvolvido no Projeto pelos diferentes profissio-nais participantes e ensinado o paciente a valorizar e realizar o auto-exame bucal .

Na sistematização do conhecimento contemplan-do o terceiro eixo, trabalhos de levantamento epide-miológicos são necessários, uma vez que diferentes grupos populacionais podem apresentar diferentes prevalências para determinadas lesões .15 No trabalho de Rioboo-Crespo et al.18 (2005), estudando a preva-lência de lesões bucais em crianças, concluíram que a candidíase bucal apresentou maior prevalência, sen-do esta justificada em função da presença de um sis-tema imunológico imaturo nas crianças .

Ainda na sistematização do conhecimento, Gajen-dra et al.10 (2006) relataram em seu trabalho de pes-quisa que na formação dos profissionais da Odonto-logia existem lacunas no conhecimento de fatores de risco do câncer bucal . Cannick et al.4 (2005), avalia-ram o grau de conhecimento dos alunos de uma Fa-culdade de Odontologia do Sul da Califórnia a res-peito do câncer bucal, e observaram que apesar do aumento do nível de conhecimento dos alunos com o avanço das séries, o ensino deve dar mais ênfase também na educação a respeito do tema câncer bucal, pois os índices de mortalidade tendem a diminuir se os Cirurgiões-dentistas tiverem maior conhecimento dos fatores de prevenção e detecção precoce do cân-cer bucal . Além disso, no trabalho de Epstein et al .9 (2008) os autores relataram a importância de um tra-balho realizado com estudantes de Odontologia, em que realizaram uma campanha de uma semana para avaliação de pacientes e esclarecimentos a respeito do câncer bucal . Eles concluíram que a semana foi importante para reforçar a análise da região de cabe-ça e pescoço e tecidos moles bucais por parte dos alunos e divulgação para a comunidade a respeito do diagnóstico precoce e auto-exame . Sendo este tipo de campanha rotina para os nossos acadêmicos .

Frente a tudo o que foi exposto, para maiores es-clarecimentos, contemplando o segundo e terceiro eixos, buscou-se o desenvolvimento de um vídeo com finalidade de apresentar aos profissionais da saúde e à população, o Projeto LEBU e suas competências, sendo uma das várias ferramentas utilizadas como me-canismo de divulgação e busca por uma mudança de conduta frente a alterações bucais . O vídeo consta de depoimentos de pessoas vinculadas ao Projeto, como

o da coordenadora, o de uma aluna participante du-rante a graduação e pós-graduação e o depoimento de um paciente . Apresenta também imagens com tra-balho junto à comunidade externa e com a explicação audiovisual do auto-exame . A rotina das disciplinas de Radiologia, Estomatologia, Cirurgia e Patologia .

A produção do material envolveu seis meses de trabalho entre gravações internas (imagens clínicas), externas e a edição do vídeo, no qual foi possível per-ceber a importância da dedicação, atenção e cuidado por parte da equipe de filmagens e por parte dos participantes do Projeto, já que independente de ima-gens e pessoas, o protagonista deveria sempre ser o Projeto LEBU . Isto se refletirá diretamente no teles-pectador, motivo principal do trabalho .

ConCluSõESAssim, fica nítida a importância da parceria entre

a 15ª Regional de Saúde, as Unidades Básicas de Saúde dos municípios participantes, o Projeto LEBU, a Clíni-ca Odontológica da Universidade Estadual de Marin-gá, os acadêmicos, os docentes, os demais profissionais envolvidos, os pacientes e acima de tudo a viabilização de recursos financeiros feito pelo Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde - Pró-Saúde, sem o qual todo o trabalho acima descrito não seria possível . O material desenvolvido salienta a importância do auto-exame bucal e também divulga o Projeto, cuja busca pela preocupação com o ser huma-no como um todo . A ausência de quaisquer partes acima citadas na engrenagem formada para a realiza-ção da tarefa resultaria no desvio do objetivo ou até mesmo na impossibilidade de conclusão da mesma . Foi um trabalho que possibilita pontos positivos prin-cipalmente ao telespectador, alvo principal do traba-lho . Com isso colaborando fortemente para a contem-plação de um dos compromissos do LEBU, que é entrelaçar de forma prática e real a Universidade (De-partamento de Odontologia) com as necessidades da sociedade (15ª Regional de Saúde do Paraná) de forma sensível a seus problemas, colaborando na reflexão, construção e difusão dos valores da cidadania .

aGradECimEntoSÀ Universidade Estadual de Maringá instituição

em que foi desenvolvido o vídeo, à Imagem Vídeo produtora do vídeo, ao PRÓ-SAÚDE, aos docentes, funcionários, alunos e pacientes que tornaram esse Projeto viável .

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Apresentação de vídeo educativo do projeto de extensão: “diagnóstico, tratamento e epidemiologia das doenças da cavidade bucal-LEBU”,doDepartamentodeOdontologiadaUniversidadeEstadualdeMaringá–PR•TakeshitaWM,IwakiLCV,

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aBStraCtPresentation of an educational video of the extension project, “diagnosis, epidemiology and treatment of oral cavity diseases - LEBU,” Department of Dentistry, State University of Maringá - PR

Objective: To present the project and its services to cities in the 15th Regional Health Area, alert viewers to self-examinations, show the dental professional the importance of the initiative to perform biopsies and histopathological exams when needed (presumptive diagnosis), emphasize the value of interdisciplinarity in dentistry, reiterate the importance and impressive-ness of the results obtained when different spheres (University and Regional Health area) work in pursuit of a common good: the quality of life of patients . Meth-odology: In order to make the video, images were re-corded of lectures, the reception of patients in the dental clinic, consultations, preoperative examina-tions and surgical procedures, and the work done by professionals in social work, psychology, speech ther-apy, teaching and nutrition . Images with the outside community and the visual explanation of self-exami-nation were also included . Results: The work resulted in a video that instructionally and dynamically ex-plored the work being done by the LEBU project for the past15 years, in partnership with the 15th Region-al Health area . The video was able to render a didac-tic explanation of the importance of performing self-examination in search of structures that do not follow a normal pattern . Conclusion: The video greatly con-tributed to highlighting one of the LEBU commit-ments, which is to dovetail, in a practical and real manner, the University (Department of Dentistry) with the needs of society (15th Regional Health area of Paraná), demonstrating sensitivity to the popula-tion’s health problems by collaboration toward the reflection, construction and dissemination of citizen-ship values .

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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ram o movimento de reforma curricular . O Pró-Saúde foi fundamental para a indução desse processo de mudança em uma perspectiva interdisciplinar, trazen-do contribuições em todos os eixos .

dESCritorESFormação de Recursos Humanos . Educação em

Odontologia . Recursos Humanos em Odontologia .

na última década, a formação de profissionais de saúde tem sido reformulada com base em polí-

ticas de educação e de saúde promovidas em parceria por dois ministérios: o Ministério da Educação e Cul-tura (MEC) e o Ministério da Saúde (MS) . Essas po-líticas sinalizam na direção de uma reforma curricular imprescindível nos cursos de graduação da área da saúde .3,8

Em 2002, ocorreu a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação

rESumoNa última década, a formação de profissionais de

saúde tem sido reformulada com políticas de educa-ção e de saúde promovidas pelos Ministérios da Edu-cação e Cultura e da Saúde . Este artigo apresenta a experiência do Curso de Graduação em Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) na implantação do Programa Nacional de Reorienta-ção da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde . Como processo indutor, o programa direcionou as mudanças com vistas à integração ensino-serviço e à utilização de novas metodologias de ensino-aprendi-zagem, enfatizando a atenção básica . Na área de Odontologia, tais movimentos mostram-se necessá-rios tendo em vista que, historicamente, tanto o siste-ma formador como o mercado de trabalho foram regidos pela iniciativa privada . Na UFSC, as atividades foram estruturadas em conformidade com os três ei-xos de desenvolvimento do Programa e impulsiona-

Formação em odontologia e interdisciplinaridade: o Pró-Saúde da uFSCDaniela Lemos Carcereri*, Cláudio José Amante**, Marynes Terezinha Reibnitz***, Gianina Salton Mattevi****, Grasiela Garret da Silva*****, Ana Clara Loch Padilha******, Inês Beatriz da Silva Rath*******

* Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Tutora do PET-Saúde e da Residência Multiprofissional em Saúde da Família da Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC . Subcoordenadora do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC

** Pró-Reitor de Assuntos Estudantis da UFSC

*** Chefe do Departamento de Saúde Bucal da Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis-SC . Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde da UFSC

**** Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Odontologia da UFSC – Área de concentração Odontologia em Saúde Coletiva

***** Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFSC – Área de concentração Odontologia em Saúde Coletiva

****** Acadêmica do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC, Membro do Comitê Gestor do Pró-Saúde, Representante Discente no Colegiado do Curso

******* Coordenadora do projeto Pró-Saúde do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC

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Formaçãoemodontologiaeinterdisciplinaridade:oPró-SaúdedaUFSC•CarcereriDL,AmanteCJ,ReibnitzMT,MatteviGS,SilvaGG,Padilha ACL, Rath IBS

em Odontologia (DCN), que preconizam formação generalista que atenda às reais necessidades da popu-lação brasileira, contemplando a atuação do cirur-gião-dentista em equipes multiprofissionais e inter-disciplinares .7

As DCN assinalam que, desde a graduação, o ci-rurgião-dentista deve ser preparado para atuar em equipes de saúde, conforme as necessidades da reali-dade do sistema de saúde vigente no país .14 A aborda-gem multidisciplinar objetiva habilitar equipes de estudantes para encorajarem famílias e comunidades a aceitarem assumir responsabilidades no controle de seus problemas de saúde e no seu autocuidado, como também, para ampararem os esforços dessas comuni-dades nesse sentido . Particularmente, a Odontologia, que sempre manteve um distanciamento das demais profissões de saúde, necessitará reaproximar-se e de-senvolver oportunidades de aprendizado no que se refere a essa forma de trabalhar .10

Campos et al.9 (2009) relatam que o aprender não é passivo, mas sim ativo . Neste sentido, não há apenas uma realidade, porque cada um apreende uma situ-ação de acordo com a aptidão que tem de percebê-la e a transforma a partir do conjunto de conhecimentos antecedentes, vivências e motivação que possui para aprender determinado tema . Para isso, há que elabo-rar, transformar e integrar o novo conhecimento aos seus saberes prévios, ampliando o enfoque do sistema educacional de maneira a contemplar não somente o ensino, mas também o aprendizado do aluno .

Aproximar a formação de médicos, cirurgiões-dentistas, enfermeiros e demais profissionais de saú-de constitui um desafio no sentido de não somente direcioná-la à realidade do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também de, através desse, aproximá-la das necessidades da população do país . Para isso é impor-tante implementar transformações ideológicas, polí-ticas e pedagógicas em todas as instituições formado-ras de profissionais de saúde no Brasil .2 Na área de Odontologia, tais movimentos mostram-se necessá-rios, tendo em vista que, historicamente, tanto o sis-tema formador como o mercado de trabalho foram regidos pela iniciativa privada .

Nesse sentido, as políticas indutoras da formação em Odontologia, como o Programa Nacional de Re-orientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-saúde)6 e o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde),5 propostas em parceria pelo MEC e MS, mostram-se oportunas e necessárias . O Quadro 1, a seguir, apresenta um breve histórico de eventos marcantes para o ensino de Odontologia

no Brasil .19

Atualmente, observam-se sinais de mudança no panorama do trabalho odontológico, destacando-se a redução do exercício liberal estrito, a popularização dos sistemas de odontologia de grupo, o aumento do percentual de profissionais com vínculo público, so-bretudo com o crescimento expressivo dos postos de trabalho na rede pública de serviços de odontologia . A inclusão do cirurgião-dentista no Programa Saúde da Família (PSF) e o surgimento dos Centros de Es-pecialidades Odontológicas (CEO) na rede do SUS têm grande impacto nesses números .15

Tanto formadores como estudantes apresentam

Ano Evento

1884 Início do ensino oficial da Odontologia no Brasil

1910 Publicação do relatório de Abraham Flexner (Estados Unidos) – modelo biomédico (flexneriano)

1917 Bertrand Dawson (Inglaterra) – ações coletivas e preventivas

1940 Criação e reforma de diversos cursos da Saúde (América Latina)

1955 Reunião OPAS – redirecionar bases da formação e da produção dos serviços de saúde

1956 Criação da ABENO

1960 Críticas recorrentes ao modelo flexneriano Início do movimento da Reforma Sanitária Brasileira

1970 Expansão e interiorização dos cursos de odontologia Movimentos da Medicina Comunitária e Integração Docente-Assistencial (Ensino-Serviço)

1978 Reunião de Alma-Ata – “Saúde para Todos” e “Estra-tégia de Atenção Primária”

1980 Primeiras reformulações de currículo: atividades de extensão

1986 VIII Conferência Nacional de Saúde I Conferência Nacional de Saúde Bucal

1988 Constituição Federal – Saúde na Constituição Regulamentação do Sistema Único de Saúde

1990 Sancionada Lei Orgânica da Saúde

1993 II Conferência Nacional de Saúde Bucal

2002 Aprovação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Odontologia

2003 Criação da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde

2004 III Conferência Nacional de Saúde Bucal Criação do Fórum Nacional de Educação das Profis-sões na Área da Saúde (FNEPAS)

2005 Criação do Pró-Saúde (SGTES)

2008 Criação do PET-Saúde e UNA-SUS (SGTES)

Quadro1- Eventos históricos que marcaram o ensino da Odontologia .

Fonte: Souza (2010, p. 49)

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conceitos em construção a respeito do papel do cirur-gião-dentista na saúde coletiva . O que mostra que é imprescindível uma estreita relação entre o ensino superior e os serviços públicos de saúde, de maneira que se complementem alguns vazios na formação e na prática dos cirurgiões-dentistas na Equipe Saúde da Família (ESF) .13

Devem ser articuladas redes de aprendizado que abranjam a academia e os serviços,para alcançar o objetivo de atender as demandas prementes e melho-rar a assistência à saúde da população, mediante maior capacitação dos profissionais .9,2

O direcionamento de atividades pedagógicas para os ambientes ditos “extramuros” pode contribuir com as atividades multidisciplinares, que são pouco desen-volvidas no contexto da instituição de ensino .19

Percebe-se como um desafio à integração dos “mundos” da educação e do trabalho a superação da resistência e dos preconceitos que um nutre em rela-ção ao outro . A integração tem como objetivo funda-mental o compartilhamento de saberes entre esses dois polos durante a formação profissional, promo-vendo uma estreita relação entre teoria e prática de forma contextualizada . Para isso, deve haver reflexões e práticas, nas quais o conhecimento está associado a uma realidade específica de seu próprio espaço físi-co .2,1

A integralidade norteia a formação de um profis-sional mais justo, ético, humano, independentemen-te do mercado de trabalho em que ingressará, se pú-blico ou privado .12

O processo saúde-doença poderá ser abordado adequadamente somente quando tratado de maneira integral, pois é um fenômeno complexo e não limi-tado ao campo biológico .10 Para alcançar esse ideal é necessário ampliar a base conceitual da ação de cada profissional e, também, a conformação de equipes para a atuação multidisciplinar, buscando imprimir maior potência a cada ação . Dessa forma, segundo Souza,19 para alcançar esse objetivo é importante que os estudantes percebam, desde o início de sua forma-ção profissional, a referência e contrareferência e estejam em contato com um processo de trabalho pautado nos princípios da integralidade .

O PRÓ-SAÚDE foi elaborado com base nas DCN para a área da saúde e no Sistema Nacional da Edu-cação Superior, buscando sintonizar a formação em saúde às necessidades sociais, considerando as dimen-sões históricas, culturais e econômicas da população .6

Sua finalidade é formar profissionais com perfil adequado às necessidades sociais e isto implica fo-

mentar a capacidade de aprender a aprender, traba-lhar em equipe, comunicar-se, ter agilidade diante das situações, ter capacidade propositiva e habilidade crítica .2

Alguns fatores parecem influenciar a presença da interdisciplinaridade:18

•Complexidadedosproblemas;• compatibilidadedeparadigmas;• atitudedosujeitodeaberturaaonovo,deengaja-

mento ético e político, de valorização de outros saberes, reconhecimento da própria incompetên-cia;

•diálogo,cooperação,articulação,afinidadespes-soais, objeto e projeto comum;

• estruturainstitucionalfavorável;•desenvolvimentodecompetênciasparalidarcom

problemas novos, e com soluções por vezes par-ciais e provisórias;

• aexistênciadeequipemultiprofissional;• eprocessodeproduçãoereproduçãodoconhe-

cimento com a participação dos diversos sujeitos que produzem saberes a respeito do objeto de estudo (p . 40)

Para Demo11 (2007, p . 20),

“as medidas principais da aprendizagem devem ser o saber

pensar e o aprender a aprender, que farão da escola o

centro da mudança que levará a sociedade à era do conhe-

cimento” .

O Curso de Graduação em Odontologia da UFSC reorientou, em 2005, o seu Projeto Pedagógico,20 no qual se ressalta que o curso tem como objetivos a con-textualização, investigação e ensino dos saberes e fa-zeres da Odontologia, necessários para formar cirur-giões-dentistas habilitados para o exercício de uma profissão contemporânea, promotora de saúde e fun-damentada nos preceitos da ética, da moral, da ciên-cia, da filosofia e, principalmente, voltada para reali-dade da população brasileira . Em 2006, o Curso de Graduação em Odontologia da UFSC foi contempla-do pelo PRÓ-SAÚDE,6 o que implicou o início do processo de reforma curricular do curso no primeiro semestre de 2007 . Esse novo encaminhamento apon-tou a necessidade de utilização de novas metodologias educacionais e de reorganização da matriz curricu-lar .21

A Integração Ensino-Serviço vivenciada pelo Cur-so de Graduação em Odontologia da UFSC e pela Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis16

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(SMS) está consoante com as DCN, atendendo os demais preceitos atuais de formação profissional em saúde . Com essa finalidade, têm sido desenvolvidas novas metodologias de ensino-aprendizagem, como a utilização de abordagens que orientam a participa-ção ativa dos estudantes e propõem uma avaliação processual frente à proposta de ensino .19, 20 Este artigo apresenta a experiência do Curso de Graduação em Odontologia da UFSC na implantação do Pró-Saúde, trazendo reflexões em torno do percurso vivenciado desde a sua implantação .

um pouco da nossa história: ações do Pró-Saúde odontologia uFSC

O Pró-Saúde, na UFSC, seguiu a estrutura do Pro-grama, o qual se divide em três eixos de desenvolvi-mento .

O Eixo A – Orientação Teórica – compreende projetos de educação permanente,4 realização de ofi-cinas de capacitação para auxiliares de saúde bucal (ASB) e técnicos de saúde bucal (TSB), capacitação para os profissionais de saúde da SMS . Estão contem-plados neste eixo:• análiseediscussãodoperfilepidemiológicodo

Município de Florianópolis, contribuindo com o Plano Municipal de Saúde;

• integração/expansãodoFórumdeExperiênciasExitosas Multiprofissionais da SMS; e

•produçãodematerialdidático-pedagógico.

Esse eixo contempla ainda a produção de conhe-cimento, com criação de infraestrutura para as ativi-dades de investigação nas UBS, e o apoio a pesquisas sobre a atenção básica em parceria com o PET-Saúde .

O Eixo B – Cenário de Prática – prevê o projeto de rede de referência e contrarreferência em educa-ção em saúde e atenção odontológica e a implantação do prontuário odontológico informatizado na UFSC . Até o momento, foram realizadas: a ampliação da área física das UBS, a diversificação dos cenários de práti-ca e a construção de protocolos de atuação multipro-fissional a agravos de maior prevalência, envolvendo estudantes, professores e profissionais da SMS .

O Eixo C – de Orientação Pedagógica – envolve ações como capacitação pedagógica para integração básico/clínica e em metodologias ativas para profes-sores e profissionais que atuam nos diferentes cená-rios de prática . Para análise crítica do ensino na aten-ção básica, foi implementado um processo efetivo de participação e diálogo com as disciplinas envolvidas, bem como monitoramento e avaliação das atividades

realizadas .Os recursos financeiros aportados para o Pró-

Saúde foram alocados para a instrumentalização da rede básica; apoio às oficinas; recursos para viabiliza-ção de seminários e elaboração de material didático; apoio para infraestrutura local; editoração e impres-são gráfica de material didático e de resultados de investigação, como pôsteres, entre outros .

Espaços de integraçãoA implementação do projeto vem implicando a

construção de espaços de integração entre as diversas dimensões envolvidas no processo: • aintegraçãoensino-serviço-comunidade;• aintegraçãodoCursodeGraduaçãocomaPós-

Graduação em Odontologia e do Curso de Gra-duação em Odontologia com outros Cursos de Graduação da área da Saúde;

• aintegraçãodasdiferentesdisciplinasemclínicasintegradas de baixa, média e alta complexidade; e, por fim,

• aintegraçãododiscenteàproposta.

A integração ensino-serviço-comunidade materia-lizou-se principalmente na realização de Seminários de Integração Ensino-Serviço-Comunidade (SIESC) envolvendo a participação de docentes, profissionais técnico-administrativos, discentes e gestores da UFSC, da SMS e da Secretaria Estadual de Saúde (SES/SC), profissionais da rede (cirurgiões-dentistas, TSBs, ASBs), Coordenadores de Cursos de Odontologia de outras Instituições de Ensino Superior de Santa Ca-tarina, representantes de Conselhos Comunitários e autoridades de órgãos de representação de classe . Esses Seminários foram fundamentais para a implan-tação da reforma curricular, dando visibilidade à nova filosofia de ensino-aprendizagem e permitindo cons-truir uma compreensão sobre ela . Os Seminários fo-ram realizados com a presença de professores convi-dados para abordar diferentes temáticas . O I SIESC, realizado em novembro de 2007, contextualizou a política de formação na área da saúde no Brasil e no mundo, discutiu o conceito de saúde e o papel do SUS enquanto política pública de saúde . No II SIESC, realizado em agosto de 2008, foi debatida a temática da integralidade como eixo estruturante de diretrizes curriculares para cursos de graduação em odontolo-gia, seus desafios para o ensino e para o serviço . Atra-vés de conferências e discussões em grupos formados por integrantes do ensino e do serviço promoveu-se o encontro de saberes e práticas . O III SIESC, reali-

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zado em junho de 2011, discutiu os desafios e pers-pectivas do Pró-Saúde e abordou também a temática específica da utilização de fluoretos em Odontologia .

No que se refere à integração do Curso de Gradu-ação em Odontologia com a Pós-Graduação em Odontologia, observa-se que essa transcorre em dife-rentes cenários, contemplando o ensino, a pesquisa e a extensão . A seguir são ilustrados três exemplos:•Oprojeto“Atenção Odontológica a pacientes in-

ternados no HU/UFSC” tem como objetivo a atu-ação da odontologia em ambiente hospitalar e vem trazendo benefícios à comunidade assistida, permitindo melhor entendimento da interrela-ção entre a saúde bucal e a saúde geral, além da valorização da inserção da odontologia no am-biente hospitalar;

•oProjeto“Escola Profa. Laura Lima”, na linha programática de atenção à saúde integral da crian-ça e do adolescente, tem como áreas temáticas a Educação e a Saúde . Este projeto de extensão ca-pacita graduandos e pós-graduandos de Odonto-logia para a prática de educação comunitária em saúde, proporcionando-lhes aprendizado e tra-zendo benefícios para a comunidade;

•oprojeto“NAPADF - Núcleo de Atendimento a Pacientes com Deformidade Facial”, envolve di-ferentes especialidades da Odontologia e da Me-dicina . O Núcleo atende pacientes com deformi-dades faciais congênitas, na sua maioria crianças e adolescentes com fissura de lábio e/ou palato . O atendimento é realizado por estagiários de gra-duação e pós-graduação sob supervisão dos pro-fessores, desenvolvendo ações promotoras de saú-de, educativas, preventivas e reabilitadoras .

No que se refere à integração do Curso de Gradu-ação em Odontologia com outros Cursos de Gradua-ção da área da Saúde é preciso ressaltar que, inicial-mente, a relação serviço/ensino era mediada pelo Programa Docente Assistencial (PDA), através de convênio firmado entre UFSC e SMS desde 1989 . Pos-teriormente, com aumento do número de cursos e de estudantes, houve necessidade de ampliar essa re-lação e criou-se a Rede Docente Assistencial (RDA), que reúne representantes de todos os Cursos de Gra-duação em Saúde, o Departamento de Saúde Pública, os Cursos de Residência da UFSC e o PET-Saúde . Vi-sando a oferecer a oportunidade da vivência da mul-tiprofissionalidade, os estágios de Odontologia foram então organizados de modo que os estudantes tives-sem contato com os diferentes cursos de graduação,

em especial com os cursos de enfermagem e medici-na, também contemplados pelo edital Pró-Saúde I .

Posteriormente, os Cursos de Psicologia, Farmá-cia, Serviço Social, Nutrição e Educação Física foram contemplados pelo edital Pró-Saúde II, sendo possível ampliar essa integração . A participação da Odontolo-gia no PET-Saúde I e II configura-se numa outra opor-tunidade de formação multiprofissional . A distribui-ção dos estágios na Rede de Saúde da SMS16 está apresentada na Figura 1, evidenciando a organização na lógica da multiprofissionalidade .

No que concerne à integração das diferentes dis-ciplinas em clínicas integradas de baixa, média e alta complexidade, aponta-se que, após a realização da oficina sobre essa temática, sucedeu-se um período de diversas reuniões e intensas discussões, o qual fin-dou na organização das clínicas por complexidade . Para sua estruturação buscou-se uma organização por núcleos, envolvendo diagnóstico, procedimentos clí-nicos e especialidades . Para cada núcleo foram defi-nidas as áreas de competências, representadas por diferentes disciplinas e especialidades, de acordo com a complexidade e o desenvolvimento das habilidades dos graduandos .

Com relação à integração dos discentes à propos-ta; observa-se a participação ativa dos discentes do Curso de Odontologia nesse projeto, através de ava-liações semestrais realizadas junto à coordenação do Curso, o que contribuiu para a concretização das adaptações necessárias e para o sucesso na implanta-ção da nova proposta pedagógica . Os acadêmicos participam de todas as atividades propostas, tais como, seminários e oficinas e, através de seu site na internet, disponibilizam informações para a comunidade aca-dêmica . Ainda observa-se a adesão discente no cole-giado do Curso e no Comitê Gestor do Pró-Saúde .

reflexões sobre o percurso vividoDesde 2005, temos vivenciado um processo inten-

so de ação-reflexão-ação sobre as atividades realizadas no âmbito do Pró-Saúde/UFSC . A Figura 2 explicita a complexidade desse processo, que transcorre em diferentes tempos e espaços, reúne profissionais da educação e da saúde, busca cada vez mais a participa-ção da comunidade e compartilha distintos objetivos . Ao relacionar os conceitos bakhtinianos à realidade vivenciada durante o processo de implantação do Pró-Saúde na UFSC, apresentamos e refletimos sobre al-guns de seus inúmeros cronotopos .

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Figura 1 - Mapa de distribuição dos locais de estágio por curso . Florianópolis, SC, 2010 . Fonte:

PMF-SMS (2010)

dimensão macrocronotópica do processo de reforma curricular - Pró-Saúde

Segundo Rodrigues17 (2009), a expressão crono-topo foi cunhada pelo filósofo russo Mikhail Bakhtin, ao estudar os aspectos do tempo e do espaço a partir do romance grego . Sua origem está, portanto, ligada à teoria literária .

Ao analisar a dimensão cronotópica da escola, Rodrigues17 (2009, p .186) destaca que:

A escola é um cronotopo extremamente complexo cons-

tituído por uma multiplicidade de cronotopos, que, de um

lado, envolvem o aspecto temporal [ . . .] Por outro lado,

com relação ao aspecto espacial, a escola é um todo que,

se olhado de fora, não possibilita a visão dos pequenos

cronotopos que existem dentro dela [ . . .] Para se ver bem

(analisar) um deles, é preciso se aproximar sem perder de

vista que o espaço escolhido está inserido numa dimensão

macrocronotópica .

A gestão do Pró-Saúde requer um olhar para esses diferentes tempos-espaços, ao mesmo tempo inde-pendentes e interligados entre si . Cada ponto desta-cado na figura envolve uma equipe de pessoas com determinado ritmo de trabalho, com saberes e crenças provenientes de sua constituição pessoal e profissio-nal . É preciso saber elencar prioridades, gerir o tempo de forma a garantir que todos os pontos sigam avan-çando em suas ações, sem perder de vista a necessária

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interação para atingir os objetivos que são comuns . É sem dúvida um processo que encerra elevado grau de complexidade, pois diferentes demandas e diferentes pontos de vista se encontram e se confrontam nesses tempos-espaços de discussão/ação .

Algumas dificuldades foram transpostas como, por exemplo, agregar novos atores ao grupo gestor; outras, no entanto, ainda estão a requerer empenho constante, como a de lidar com a gestão financeira do Programa . É, portanto, tarefa para muitos e por muito tempo .

A realização dos SIESCs foi estratégica e configu-rou a oportunidade de problematizar junto aos en-volvidos o cenário atual da formação em saúde no Brasil e no mundo, deslocando assim a discussão do fórum local . Tais Seminários contribuíram para dimi-nuir as resistências à proposta de mudança curricular e, mais que isso, promoveram a integração, angarian-do adeptos tanto no ensino como no serviço .

A integração ensino-serviço-comunidade tem na RDA uma grande fortaleza . Trata-se de um espaço de articulação interinstitucional UFSC/SMS, no qual é discutida e encaminhada a operacionalização dos di-ferentes projetos propostos em parceria, voltados para potencializar a formação em saúde para o SUS .

É um espaço legalmente constituído e que conta com a legitimidade necessária para desenvolver suas ativi-dades . Através da RDA são promovidos os Seminários Pró-Saúde, nos quais cada curso pode relatar o anda-mento de seus projetos, bem como conhecer e com-partilhar a realidade de outros cursos .

O envolvimento da UFSC e, em especial, da Odon-tologia, nos projetos Pró-Saúde, PET-Saúde, Residên-cia Multiprofissional em Saúde da Família, Residência Multiprofissional em Saúde em âmbito hospitalar, UNASUS, e TELESSAÚDE facilita a nossa integração com os demais cursos de graduação da área da saúde . Todos esses projetos são de natureza multiprofissional e promovem reuniões e eventos que sinergicamente potencializam a construção da interdisciplinaridade . Este é, sem dúvida, um diferencial da UFSC na ope-racionalização do Pró-Saúde, evidenciando a vocação para o trabalho interdisciplinar .

A integração graduação e pós-graduação ocorre através do Estágio Docência e de outros estágios do currículo da graduação; atividades de pesquisa e ex-tensão como ação estratégica para preparar docentes para atuar nessa nova lógica . A atuação dos bolsistas do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI) junto

Figura 2 - Dimensão macrocronotópica do processo de reforma curricular - Pró-saúde Odontologia UFSC . Fonte: Adap-tado de Rodrigues (2009)

Tempo/espaço para Construção de Núcleos de Competências

Tempo/espaço para Integração Básico-Clínica

Tempo/espaço da Integração da Graduação e Pós Graduação

Tempo/espaço para Integração com outros cursos de Graduação

Tempo/espaço para Gestão do Processo

Tempo/espaço para Integração UFSC SMS Comunidade

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aos graduandos também proporciona um momento rico para o futuro professor do Curso de Graduação em Odontologia, que tem a oportunidade de viven-ciar o dia a dia da profissão, contribuindo para o en-frentamento das dificuldades apresentadas .

Um grande desafio está em potencializar o eixo C – orientação pedagógica . Desconstruir o paradigma cartesiano que fragmentou saberes em diferentes dis-ciplinas é uma tarefa árdua e que requer tempo e persistência . Ainda que algumas estratégias tenham sido implementadas com sucesso, como é o caso da formação das clínicas por complexidade, novas estra-tégias precisam ser formuladas .

ConSidEraçõES FinaiSEmbora tenham ocorrido movimentos significati-

vos de reflexão crítica sobre os modelos tradicionais de formação profissional nas áreas de Medicina e En-fermagem, em relação à Odontologia, existe um atra-so histórico, que vem sendo revisto através de um movimento de reaproximação das diferentes especia-lidades odontológicas e da odontologia com os de-mais cursos da área da saúde . É necessário daqui para frente reunir esforços para que possamos integrar a saúde bucal dentro do novo contexto de ação inter-disciplinar e multiprofissional, formando um profis-sional com perfil adequado às necessidades do mun-do contemporâneo . Este movimento vem sendo muito desafiador, tendo em vista a dificuldade em integrar professores com perfil especialista numa ló-gica de ensino generalista e interdisciplinar .

O percurso vivido aponta que o Pró-Saúde se mos-trou fundamental para indução desse processo de mudanças, suscitando avanços no “serviço” e no “en-sino” . Além dos recursos financeiros atrelados ao Pró-Saúde, para a realidade da UFSC, o Programa foi importante na medida em que evidenciou que tais mudanças compunham uma política pública . Nesse sentido, foi um respaldo essencial para a defesa dos princípios norteadores e, em alguma medida, contri-buiu para que o discurso da mudança não fosse per-sonificado na figura dos gestores do Programa, do Curso e/ou dos Departamentos de Ensino . Da mesma forma, o PET-Saúde trouxe a possibilidade da articu-lação da academia com o serviço, além de propiciar a aproximação dos demais cursos da área da saúde . Nesse sentido, os programas de Residência têm pro-piciado aos egressos dos cursos uma nova perspectiva de trabalho, tanto em relação à diversificação dos cenários de prática,,como no convívio profissional-academia-serviço-comunidade .

Ainda há que se trabalhar para vencer resistências, transformar o pensamento através da reflexão, da avaliação dos resultados obtidos e da implementação das reformulações necessárias para se obter um egres-so cirurgião-dentista com as características e qualida-des desejadas para o desempenho de suas funções, dentro dos princípios norteadores do SUS .

Os projetos envolvidos no Pró-Saúde e nos demais programas têm sido apresentados em diferentes even-tos científicos tais como: Reuniões da Associação Bra-sileira de Ensino Odontológico - ABENO, Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo - CIOSP, Rede Unida, ABRASCO, Sociedade Brasileira de Pes-quisa Odontológica – SBPqO, a Expo-SGTES – Tra-balho e Educação na Saúde, do MS e na Semana de Ensino Pesquisa e Extensão da UFSC – SEPEX, entre outros, dando visibilidade ao Programa e ao processo de reforma curricular da UFSC .

O Pró-Saúde no Curso de Odontologia da UFSC alavancou processos interdisciplinares já presentes na instituição desde a década de 70, os quais ocorriam de maneira isolada, a partir de iniciativas particulares de alguns docentes, sendo fundamental para a indu-ção do processo de mudança na formação em odon-tologia na UFSC, na perspectiva multiprofissional e interdisciplinar, e trazendo contribuições nos três ei-xos de desenvolvimento do Programa .

aBStraCtInterdisciplinarity and dentistry training: UFSC’s Pro-Health program

In the last decade, the training of health profession-als was restructured with education and health policies promoted in partnership by the Ministries of Education and Culture and Health . This article presents the ex-perience of the Undergraduate Dentistry Course of the Federal University of Santa Catarina (UFSC) gained in implementing the National Redirection of Vocational Training in Health - Pro-Health . As an inductive proc-ess, it led to changes, aiming at integrating learning and health service and at using new methods of teach-ing and learning, emphasizing primary care . In the field of dentistry, these movements seemed necessary, considering that, historically, both the educational sys-tem and the labor market were governed by private initiative . In UFSC, the activities were structured in accordance with the three axes of development pre-sented by the program, and drove the movement to reform the curriculum . Pro-Health was essential for inducing the process of change in an interdisciplinary perspective, offering contributions across all axes .

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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de . O compartilhamento de conhecimentos acena com a possibilidade de uma assistência mais segura e renovação e aprimoramento permanente sobre a ca-pacitação dos profissionais .5,3 Para tal, a telemática sendo definida como a “manipulação e utilização da informação pelo uso combinado de computador, seus acessórios e meios de comunicação” se destaca e se firma como um instrumento político e estratégico neste objetivo das ações de saúde . Quando esta ferra-menta é empregada a serviço da saúde ela adota o nome de e-saúde ou mais comumente telessaúde . A OMS do século XXI considera que a principal expec-tativa referente à saúde coletiva será alcançada por meio da melhoria do acesso aos recursos disponíveis . Nessa perspectiva a telessaúde se coloca imprescindí-vel e indispensável para o alcance dessa meta de abrangência da assistência à população no que se re-fere à sua saúde .

Várias são as modalidades da prática de telessaúde: telemedicina, teleenfermagem e teleodontologia . A aplicação desta prática vem sendo usada tanto como a teleeducação voltada quer seja para a educação per-manente de profissionais quanto para alunos de gra-duação, e a teleconsultoria que se refere à assistência aos trabalhadores de saúde de regiões remotas com disponibilização de laudos ou segunda opinião de especialistas locados em pólos centrais . A teleeduca-ção, no que tange às videoconferências, na gradua-ção, pode propiciar interação professor/aluno “on line” e também, através das teleconsultorias “on line” ou “off line”, recursos certamente muito úteis, tam-bém, nos estágios rural ou urbano fora dos espaços da Universidade .6 Como suporte assistencial, aproxi-ma o profissional do serviço do profissional da uni-versidade, que com isto contribui com uma assistência mais respaldada e, portanto, mais efetiva .

A proposta se coloca como relevante, pois aproxi-ma docentes de profissionais já habilitados que estão nos serviços e nem sempre têm oportunidade de atu-alizar seus conhecimentos ou mesmo ouvir uma se-

rESumoIntrodução: O programa de Teleodontologia da

Faculdade de Odontologia da UFMG teve início em 2005 com o Projeto BH Telessaúde . Atualmente o programa conta também com outros dois: um desen-volvido na Faculdade de Medicina e o outro no Hos-pital das Clínicas, ambos da UFMG . Objetivo: Aproxi-mar profissionais dos serviços de saúde e alunos do conhecimento produzido na Universidade resultan-do em aprimoramento das práticas profissionais e ao mesmo tempo diminuindo o número de encaminha-mentos de pacientes para distantes centros especiali-zados e promovendo atualização ou mesmo uma se-gunda opinião aos profissionais . Descrição da atividade: O programa conta com duas atividades: videoconfe-rências e teleconsultorias . As videoconferências do BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem du-ração de uma hora e meia . Na Faculdade de Medicina as videoconferências são quinzenais e levam uma hora . Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hos-pital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e off line . Considerações finais: O projeto de extensão apresenta um série de atividades muito relevantes por propiciar uma atualização permanente à distância através de videoconferêcias e teleconsultorias aos pro-fissionais de saúde e aos estudantes da UFMG . Entre-tanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial . A telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integra-ção dos docentes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profis-sionais da saúde .

dESCritorESTelessaúde . Odontologia . Educação .

Percebe-se no cenário atual do desenvolvimento tecnológico uma promessa explicita de impor-

tantes contribuições para os projetos da área de saú-

Programa de teleodontologia da uFmGRogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto*, Simone Dutra Lucas**

* Doutora em Dentística Restauradora, Professora da Faculdade de Odontologia da UFMG

** Doutora em Saúde Pública, Professora da Faculdade de Odontologia da UFMG

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gunda opinião quando têm dúvidas nas situações clínicas enfrentadas .4

A aproximação da universidade e sociedade tem sido cada vez mais ambicionada, pois, abre um cami-nho de mão dupla . Assim, o programa de Teleodon-tologia tem potencial para ocupar o importante papel de ligação da universidade com a sociedade, contri-buindo na melhoria da assistência prestada e direcio-nando a produção de conhecimentos para atender às reais necessidades da população .

A experiência da Faculdade de Odontologia com essa tecnologia iniciou-se em 2005 através do projeto de extensão “Telessaúde Bucal”, em parceria com a Prefeitura de Belo Horizonte .6,2 Nesse projeto são re-alizadas videoconferências mensais para as equipes de saúde bucal dos centros de saúde de Belo Hori-zonte . As videoconferências abordam temas de inte-resse dos profissionais do serviço, em função da sua necessidade de atualização, da Universidade, na bus-ca em divulgar o conhecimento nela produzido e também da coordenação de saúde bucal do municí-pio que, através do projeto, compartilha discussões de interesse geral e estabelece um caminho de trans-formação de suas práticas .

Optou-se, posteriormente, pela criação de um programa constituído de três projetos alocados, além da Prefeitura de Belo Horizonte, na Faculdade de Medicina e Hospital das Clinicas ambos da UFMG . O programa traz, além das vantagens citadas acima, projeção e visibilidade a essa tecnologia levando os diferentes setores da faculdade e dos serviços a iden-tificarem seu potencial de aplicação e aproveitamen-to em suas ações . Os projetos foram implementados de forma progressiva e contemplam e/ou devem con-templar:•Arealizaçãodevideoconferênciaseteleconsulto-

rias;•AcapacitaçãodocorpodiscentedadisciplinaEs-

tágio Supervisionado e de outras disciplinas da Faculdade de Odontologia para que possam usu-fruir de mais esse recurso;

•Aviabilizaçãodaproduçãoderecursospedagógi-cos para disponibilizar a diferentes disciplinas, projetos, profissionais, estudantes e ao público em geral, seja em processos de educação permanente seja em ações educativas e informativas;

•ConsolidarereforçarasaçõesdaLigaAcadêmicade Telessaúde da UFMG – LITEL . Essa liga con-grega estudantes das Faculdades de Medicina, Enfermagem e Odontologia, e até o momento está sediada na escola de Medicina e tem pouco im-

pacto nas demais unidades por não existir ainda nas mesmas uma adequada estrutura de suporte para as ações desenvolvidas .

Entre os objetivos do programa de teleodontolo-gia destacam-se:•Exploraratelemáticacomoinstrumentodesu-

porte assistencial e de educação permanente na Odontologia através de videoconferências e tele-consultorias;

•ForneceraosalunosdaFO/UFMG,educaçãoper-manente e supervisão à distância nas ações reali-zadas dentro e fora da Faculdade (internato/projetos);

•Fornecereducaçãopermanenteesuporteassis-tencial aos profissionais do serviço;

•CapacitardocentesediscentesdaFaculdadedeOdontologia na aplicação da telemática;

•Consolidarereforçarasaçõesda“LigaAcadêmi-ca de Telessaúde da UFMG – LITEL;

•Disponibilizarasvideoconferênciasjárealizadaspara a comunidade acadêmica;

•Apresentaroprojetoemeventoscientíficos.

matErial E mÉtodoSAté o presente momento as videoconferências da

Odontologia têm sido realizadas na Faculdade de Me-dicina da UFMG e Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte limitando o acesso aos nossos estu-dantes, professores e funcionários . As videoconferên-cias realizadas na Faculdade de Medicina contam com a participação de 50 municípios . A secretaria munici-pal de saúde de Belo Horizonte possui aproximada-mente 150 Unidades Básicas de Saúde em condições de participar das videoconferências realizadas neste município .2,1 É importante ressaltar que a disciplina Estágio Supervisionado conta com estudantes em al-gumas destas Unidades tanto do interior do Estado como em Belo Horizonte . As videoconferências são realizadas mensalmente na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na Facul-dade de Medicina com duração média de 90 e 60 minutos respectivamente . Após a exposição do do-cente abre-se a discussão com os participantes com o objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do traba-lho em saúde .7

O projeto BH Telessaúde equipou a rede assisten-cial com a tecnologia de telemática e a Rede Nacional de Telessaúde implantou nos municípios seleciona-dos, os insumos tecnológicos necessários para seu funcionamento . A Faculdade de Odontologia, através

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do presente programa organiza e subsidia as ações relacionadas à saúde bucal . Fica a cargo deste projeto a organização da seleção de conteúdos, de consulto-res, do agendamento e do fluxo de contatos para a obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda opinião tanto no sistema off line como on line . Pelo fato de não termos uma equipe de professores em esquema de plantão para o projeto são realizadas pre-dominantemente teleconsultorias off-line .

Atualmente os alunos do Estágio Supervisionado contam com aulas teóricas sobre o Teleodontologia e mecanismo de acesso à plataforma no tocante a vi-deoconferência e teleconsultoria . Pretende-se am-pliar a formação de outros discentes para o uso desta ferramenta .

Pretende-se estabelecer na Faculdade de Odonto-logia um espaço equipado com a tecnologia necessá-ria para gerar as videoconferências . Esse espaço aten-derá não só o Teleodontologia como também outros possíveis projetos que necessitarão desse suporte tec-nológico . Com a instalação dos equipamentos na Fa-culdade de Odontologia a participação dos estudan-tes de diferentes períodos do curso poderá ser ampliada tanto para disciplinas extra-muros como intra-muros . Profissionais do serviço serão também convidados a participar o que propiciará uma maior aproximação entre os mesmos e a comunidade da Faculdade de Odontologia . É importante destacar que esta já possui os insumos técnicos para viabilizar essa proposta e um técnico treinado para o projeto .

rESultadoSAs atividades da coordenadora do projeto, junto

à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, consistem da organização de videoconferências men-sais destinadas a cerca de 150 Unidades Básicas de Saúde . A partir dos temas sugeridos pelos profissio-nais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Hori-zonte ela convida um profissional, preferencialmente da UFMG, para proferir a videoconferência mensal e o acompanha no dia da sua realização . Este projeto atinge, em média, 50 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 100 profissionais por videoconferência como pode ser observado no Gráfico 1 .

As atividades desenvolvidas pela coordenadora do programa junto à Faculdade de Medicina da UFMG envolvem a organização e acompanhamento de vide-oconferências quinzenais e teleconsultorias . A partir dos temas sugeridos pelos profissionais de 50 muni-cípios participantes do projeto ela convida um profis-sional, preferencialmente da UFMG, para proferir a

videoconferência e o acompanha no dia da sua reali-zação . O número de municípios e de participantes varia em média entre 15 e 50 respectivamente como pode ser observado no Gráfico 2 .

As teleconsultorias desenvolvidadas na Faculdade de Medicina são geradas a partir de dúvidas que levam os profissionais do interior do Estado de Minas Gerais a solicitarem uma segunda opinião de especialistas . A coordenadora do projeto encaminha tais demandas para os especialistas e retorna aos solicitantes com as respostas emitidas pelos mesmos . Os temas mais de-mandados pelos profissionais são patologia e cirurgia como mostra o Gráfico 3 .

Os três teleconsultores lotados no Hospital das Clínicas estão cadastrados e respondem às dúvidas de profissionais de aproximadamente 600 municípios do Estado de Minas Gerais, diferentes daqueles alo-cados na Faculdade de Medicina . A indicação destes consultores se deu em reunião realizada com a vice-diretora da Faculdade de Odontologia juntamente com a coordenadora do projeto do Hospital das Clí-nicas e coordenadora do Teleodontologia . A indica-

Gráfico 1 - Número de Unidades de Saúde e de profis-sionais participantes das videoconferências realizadas no projeto Telessaúde Bucal da PBH em 2010 .

Gráfico 2 - Distribuição das teleconsultorias realizadas pelo Projeto de Teleodontologia na Faculdade de Medi-cina da UFMG, segundo o tema, no período de 2007 a 2009 .

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ção teve como base a quantidade de a qualidade das teleconsultorias respondidas por estes profissionais . O número de telconsultorias deste projeto, realizadas em 2009 e 2010 pode ser observado no Gráfico 4 .

diSCuSSãoPor se tratar de uma metodologia moderna de

ensino/aprendizagem é avaliado, na última video-conferência do semestre, o impacto desta tecnologia nas práticas profissionais da equipe de saúde bucal através da resposta de um questionário on-line . Inves-tiga-se se o uso da telemática contribuiu na resolução de dúvidas enfrentadas no dia a dia dos alunos e pro-fissionais .

ConCluSõESObserva-se que o projeto é muito relevante por

propiciar uma atualização ou mesmo segunda opi-nião para profissionais que muitas vezes atuam em áreas distantes da capital o que pode dificultar a par-ticipação em cursos para atualizar o conhecimento . No entanto o programa tem uma capacidade de al-cance bem maior do que a apresentada nos últimos tempos .

Finalmente, destacamos que a telemática encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e discen-tes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos serviços o que lhe confere inegável relevância social na medida em que atinge profissio-nais, estudantes e usuários dos serviços de saúde .

aBStraCtUFMG teledentistry program

Introduction: The Teledentistry program of the School of Dentistry at the Federal University of Minas Gerais (UFMG) began in 2005 with the BHTelehealth project . Besides this project, the Teledentistry pro-

gram works with two others: one developed at the School of Medicine and another at the University Hospital (UFMG) . Objectives: Provide professionals of dental health services and students with the knowl-edge produced in the University, resulting in the up-dating and improvement of professional practices, and, at the same time, decreasing the need to refer patients to distant specialized centers, and providing professionals with an updated or even second opin-ion . Description of activity: the program has two tele-health activities: videoconferences and teleconsulta-tions . The BH Telehealth’s videoconferences occur once a month and last an hour and a half . The School of Medicine’s videoconferences are held fortnightly and last one hour . Both the School of Medicine and the University Hospital hold online and offline tele-consultations . Final considerations: This extension project has a relevant set of activities, insofar as it provides ongoing distance learning through video-conferences and teleconsultations to public health professionals and UFMG students . However, the pro-gram has been used at too low a rate, considering its unlimited potential . Telematics has unquestionable social relevance since it shortens distances, encour-ages professor and student integration with public

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Datas das videoconferências

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Gráfico 4 - Número de Teleconsultorias realizadas pelo Projeto de Teleodontologia no Hospital das Clínicas no segundo semestre de 2009 e durante o ano de 2010 .

Gráfico 3 - Número de municípios e de profissionais participantes das videoconferências realizadas no Projeto Rede Nacional de Telessaúde/Faculdade de Medicina em 2010 .

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Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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a percepção de acadêmicos de odontologia sobre o PEt-Saúde uFmS/SESau, Campo Grande/mS, 2009Milca Lopes de Oliveira*, Tenile Carvalho Coelho**

* Doutora em Saúde Pública, tutora do PET-Saúde UFMS/SESAU 2009-2011

** Cirurgiã-dentista . Acadêmica PET-Saúde UFMS/ SESAU 2009-2010

rESumoIntrodução: O Programa de Educação pelo Trabalho

para a Saúde - PET-Saúde, deve estimular a formação de profissionais e docentes de elevada qualificação téc-nica, científica, tecnológica e acadêmica, bem como a atuação profissional pautada pelo espírito crítico, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão . Com o Convênio da Uni-versidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) com a Secretaria Municipal de Saúde (SESAU), criou-se o Programa com sete cursos no ano de 2009, em duas linhas de pesquisa . Objetivos: relatar a percepção de acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS sobre o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação acadê-mica . Material e Métodos: Relato de experiência tendo como fontes de dados relatórios mensais de acadêmi-cos de Odontologia do PET-Saúde 2009 e documentos de acompanhamento dos mesmos . Resultados: Dos 60 acadêmicos de sete cursos da área da Saúde, cinco cur-savam Odontologia e desses, três eram bolsistas . Cons-tata-se um impacto relevante na formação acadêmica, pois os aspectos multiprofissionalidade, integração te-oria e prática, produção de conhecimentos na área da Saúde Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos colegas e tomada de decisões, ficaram evidentes . Acredita-se que a satisfação em ser petiano tenha sido um elemen-to motivador e de sensibilização para a atuação e o aprendizado . Conclusões: Espera-se que Instituições de Ensino Superior e Secretarias de Saúde dos Municípios sejam bastante permeáveis à integração universidade-serviço-comunidade .

dESCritorESSaúde da Família . Atenção Primária à Saúde .

Aprendizagem .

o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde, é um instrumento que via-

biliza programas de especialização e aperfeiçoamen-to em serviço dos profissionais da saúde, assim como de iniciação ao trabalho, estágios e vivências, dirigi-dos aos estudantes dessa área, de acordo com as ne-cessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) . Ele deve servir como estímulo para a formação de pro-fissionais e docentes com elevada qualificação técni-ca, científica, tecnológica e acadêmica, bem como uma atuação profissional pautada pelo espírito críti-co, pela cidadania e pela função social da educação superior, orientados pelo princípio da indissociabili-dade entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, Port . Nº 1802, 2008) .

As diretrizes curriculares dos cursos da área da saúde recomendam a inserção precoce e responsável dos acadêmicos nos serviços de saúde, permitindo assim que profissionais da atenção básica orientem e supervisionem estudantes de graduação, tendo o ser-viço público de saúde como cenário de ações de aprendizagem vivenciadas na prática .

O compromisso social das instituições de ensino superior contribui para que ações voltadas ao tripé ensino-pesquisa-extensão sejam construídas em ação intersetorial, envolvendo profissionais e acadêmicos em propostas que fortaleçam a formação e ações no serviço com vistas à promoção da saúde . A inserção precoce de universitários em diferentes espaços so-ciais é necessária à formação integral e prepara-os para a atuação profissional .

Para a execução do PET-Saúde, em 2009, na Uni-versidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em Campo Grande, foi firmado Convênio com a Se-cretaria Municipal de Saúde (SESAU), para delimitar o cenário de atuação dos acadêmicos nas Unidades Básicas de Saúde da Família, dar anuência na escolha

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dos preceptores, apontar necessidades que pudessem ser inseridas na rotina dos petianos junto às equipes das unidades escolhidas como sede das ações .

Esse estudo tem por objetivo relatar a percepção de acadêmicos do curso de Odontologia da UFMS sobre o PET-Saúde 2009 e seu impacto na formação acadêmica .

matErial E mÉtodoSTrata-se de um relato de experiência tendo como

fontes de dados relatórios mensais de acadêmicos de Odontologia do PET-Saúde 2009 no Convênio UFMS/SESAU, e documentos de acompanhamento dos mesmos . Nesse estudo, os acadêmicos participan-tes do PET-Saúde 2009 UFMS/SESAU são denomina-dos petianos .

rESultadoSum pouco de histórico

Em outubro de 2008, tiveram início as atividades vinculadas ao PET-Saúde UFMS/SESAU, com a conformação de um grupo de docentes de cursos da área de saúde interessados em participar que se autodenominou Grupo de Condução do PET-Saú-de . Esses docentes se voluntariaram a estudar a Portaria Nº 1 .802/2008 – MS/MEC e deram os pri-meiros passos na divulgação, no processo seletivo dos alunos, na escolha dos preceptores, na defini-ção de tutores e temas de pesquisas a serem desen-volvidos . Duas docentes do Grupo manifestaram interesse pela tutoria e houve anuência . O Progra-ma começou a ser estruturado e as minutas dos Projetos começaram a ser desenhadas pelas tutoras de cada linha de pesquisa, sempre com a colabora-ção de professores do Grupo de Condução e por servidores da Estratégia Saúde da Família da SE-SAU, para que as ações atendessem necessidades dos serviços e dos usuários das áreas que viriam a participar dos Projetos .

O processo de seleção dos acadêmicos foi sendo estruturado (currículo e entrevista), paralelamen-te, bem como a busca de um espaço e de infra-es-trutura física que acolhesse o PET-Saúde UFMS/SESAU 2009, o qual foi instalado na Faculdade de Medicina como estratégia para sensibilização do curso de medicina . Os processos burocráticos fica-ram alocados na Pró-Reitoria de Ensino de Gradu-ação (PREG) .

Muitas reuniões se seguiram para um melhor en-tendimento do Programa com os docentes do Grupo de Condução e com a PREG . Seguiu-se a construção

do Núcleo de Excelência, da Comissão Gestora e seus respectivos Regimentos .

apresentando os preceptores e os acadêmicos

De acordo com a orientação da SESAU, os grupos PET-Saúde foram alocados no Distrito Sul, em seis unidades de saúde da Família . Por negociações com a SESAU, é no Distrito Sul que a UFMS concentra a maior parte das atividades práticas vinculadas aos di-versos cursos da saúde .

As linhas de pesquisas escolhidas foram: 1. Educação em Saúde e Controle Social; 2. Avaliação do Projeto Viver Legal .

As tutoras, respectivamente, bióloga, doutora em saúde pública e, enfermeira e doutora em saúde pú-blica .

A composição do grupo de preceptores para a primeira linha de pesquisa contava com uma assisten-te social, três enfermeiras, um médico e uma odon-tóloga . Na segunda linha de pesquisa havia dois odon-tólogos e quatro enfermeiros .

O grupo PET-Saúde foi composto por 60 acadêmi-cos e foram organizados nos grupos por ordem de classificação e com a preocupação em se conformar grupos multidisciplinares, levando-se em conta, ainda, a disponibilidade de seus horários . Os acadêmicos que cursavam Odontologia eram em número de 5, repre-sentando 8,3% do número total de participantes, e deles, três eram bolsistas . Coincidentemente, todos os acadêmicos do curso de Odontologia participaram da linha de pesquisa Educação em Saúde e Controle So-cial . Levando-se em consideração apenas esse, os aca-dêmicos representaram 16,7%, do total de 30 alunos .

atividades realizadas Os ”petianos” foram orientados, entre vários as-

pectos, a participar de projetos e iniciativas já existen-tes nos serviços de saúde, criar novas propostas de trabalho dentro das duas linhas de pesquisas e que tivessem vínculo com as prioridades das equipes de saúde da família, vivenciando uma prática interdisci-plinar e multiprofissional na perspectiva de qualificar ainda mais sua formação .

No mês de maio de 2009 houve a Aula Inaugural PET-Saúde, um evento que convidou todos os cursos da área da saúde, realizada no teatro Glauce Rocha/UFMS, para conhecerem o Programa PET-Saúde . Em agosto do mesmo ano houve o I Encontro dos grupos PET-Saúde de Mato Grosso do Sul, com a participação

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do PET-Saúde da Universidade Federal da Grande Dourados/Dourados-MS, inserido na programação da Mostra Comemorativa dos 10 anos de Saúde da Família em Campo Grande, onde os petianos pude-ram relatar as experiências vividas e também apresen-tar vários trabalhos científicos .

Como uma das primeiras atividades, foi realizada uma Oficina de sensibilização (20h), com a participa-ção de todos os alunos e preceptores, organizada pela tutora da linha de pesquisa Educação em Saúde e Controle Social para apreensão de conceitos relativos à área de educação em saúde .

Os acadêmicos eram convocados para reuniões quinzenais em horário alternativo – das 11h às 12h, ou das 17h às 19h, e até aos domingos -, o que possi-bilitou a integração dos componentes do grupo - alu-nos, tutora e preceptores . Houve diversos encontros para orientação quanto à elaboração de trabalhos científicos e apresentações em Eventos . Foram reali-zadas, ainda, as atividades inerentes à linha de pes-quisa ”Educação em Saúde e Controle Social”, como: • levantamentobibliográfico,• coletadedadose•participaçãodeaçõeseducativasdentrodasUni-

dades de Saúde da Família parceiras do Projeto .

A rotina semanal dos petianos incluía um total de 8 horas, conforme preconizado pela Port . Nº . 1 .802/2008 . Nelas estavam incluídas as atividades nas Unidades (4h) . Os alunos puderam participar das reuniões do Conselho da Unidade, verificando sua dinâmica de funcionamento; reconhecimento do ter-ritório da Unidade, identificação das ações educativas em saúde desenvolvidas pelos diversos componentes das equipes . Nas outras 4 horas complementares, fo-ram feitas atividades relacionadas à pesquisa de temas

relevantes para o andamento da referida linha de pesquisa, elaboração de relatórios e resumos para eventos científicos, dentre outros .

a percepção dos acadêmicos de odontologia

Na percepção dos petianos da Odontologia ficam evidentes potencialidades e fragilidades do Programa .

a) PotencialidadesSobre Conhecimentos adquiridos na prática

A criação do PET- Saúde foi de fundamental importância

para a saúde pública, pois mantém um vínculo dos futuros

profissionais da área da saúde com a Saúde coletiva, já que

em ambiente da sala de aula, o que realmente existe é a

teoria, deixando, na maioria das vezes, o aluno sem a real

noção do impacto e da relevância que é na prática o exer-

cício dessas ações (Acadêmico 1) .

Através do PET-Saúde, tivemos a oportunidade de conhe-

cer não só na teoria mas também na prática o funciona-

mento das unidades básicas de saúde da família(UBSF)

bem como seus deveres com a população e os direitos da

comunidade em relação aos atendimentos oferecidos

(Acadêmicos 2 e 3) .

Sobre Multiprofissionalidade

A integração dos cursos é um dos pontos mais importantes

desse projeto, sendo o multiprofissionalismo essencial

para uma verdadeira integralidade (um dos mais impor-

tantes princípios doutrinários do SUS) (Acadêmico 1) .

( . . .) estamos certos de que multidisciplinariedade torna o

trabalho muito mais produtivo (Acadêmicos 2 e 3) .

70

20

60

50

40

30

1 1

20

5 56 53 3

13

60

24

3 3

8 810

0Ed. Física Enfermagem Farmácia Fisioterapia Medicina Odontologia Psicologia Total

Nº de acadêmicosNº de acadêmicos bolsistas

Gráfico 01 - Quantitativo de alunos por curso e alunos bolsistas PET-Saúde UFMS/SESAU, Campo Grande, 2009 .

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ApercepçãodeacadêmicosdeodontologiasobreoPET-SaúdeUFMS/SESAU,CampoGrande/MS,2009•OliveiraML,CoelhoTC

A proposta de interdisciplinaridade entre os acadêmicos

de diversos cursos e entre os funcionários das UBSFs tem

sido seguida a risca, resultando em produção de conheci-

mento e experiências demonstradas em cada reunião e

propiciando a coleta de dados para a pesquisa do Contro-

le Social (Acadêmico 4) .

Orgulho em ser petiano

Sinto-me muito lisonjeada em poder fazer parte dessa pri-

meira e nova geração intitulados por nós de Petianos e

creio que esse é o primeiro passo de uma caminhada com

muitas dificuldades, porém também de grandes e impor-

tantes conquistas (Acadêmico 1) .

Sentimo-nos privilegiados por estarmos inseridos no PET-

Saúde, hoje somos uma grande família de amigos, unidos

pela mesma causa, que vem a ser o fortalecimento do nos-

so sistema único de saúde contribuindo para que o mesmo,

em sua universalidade, eqüidade, integralidade possa ca-

tivar seus usuários (Acadêmicos 2 e 3) .

Atividades vinculadas à linha de pesquisa

Outro aspecto relevante é o maior conhecimento sobre o

Controle Social e o verdadeiro papel do Conselho Gestor

na unidade, em seu poder de tornar o funcionamento da

mesma melhor em todos os sentidos, tanto organizacional,

quanto em respeito às doutrinas do SUS . Observamos tam-

bém a alienação de grande parte dos usuários sobre o

papel deste conselho e principalmente na ínfima partici-

pação nas reuniões . Sendo este um projeto árduo que o

grupo PET- Saúde deve desenvolver (esclarecer e conscien-

tizar essa comunidade sobre o seu papel dentro da unida-

de) (Acadêmico 1) .

b) Fragilidades

( . . .) a dificuldade maior em manter esse ponto (multipro-

fissionalismo) é a flexibilidade de horários, já que são cur-

sos com uma grande carga horária (Acadêmico 1) .

É difícil todos os envolvidos terem a mesma disponibili-

dade de horário para realizar as atividades devido à carga

horária dos diferentes cursos de graduação, para estarem

todos na mesma hora e no mesmo lugar, por exemplo .

Esse talvez seja o maior obstáculo que o PET-Saúde en-

frenta . Apesar disso, os acadêmicos mostram-se abertos

ao diálogo e bem flexíveis para tomadas de decisões quan-

to aos horários de reuniões e metas para cumprir (Aca-

dêmico 4) .

diSCuSSãoA inserção dos acadêmicos de Odontologia parti-

cipantes do PET-Saúde UFMS 2009 nos serviços de saúde, atuando de forma organizada e orientada por profissionais da rede, traz elementos que agrega qua-lificação na formação desses futuros profissionais, ao inseri-los precocemente em atividades, práticas e vi-vências vinculadas às políticas de saúde pública e está de acordo com os objetivos estabelecidos na Portaria Interministerial Nº 1 .802/2008 .

O PET-Saúde estabelece meios para que os acadê-micos desse curso concluam sua graduação preen-chendo uma série de requisitos, tais como formação humanista, integral, crítica e reflexiva, para atuar em diferentes níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, qualificando ainda mais a sua formação . O PET-Saúde ajudou a compreender aspectos das realidades social, cultural e econômica das áreas onde eles estavam inseridos . Os acadêmicos também foram capazes de desenvolver ações de pre-venção e promoção de saúde, em nível coletivo de forma integrada com acadêmicos de outros cursos, com benefícios mútuos .

O PET-Saúde, ainda, possibilitou o desenvolvi-mento de aspectos de liderança, comunicação, tra-balho em equipe multiprofissional ligada à Estra-tégia de Saúde da Família (ESF), de forma interdisciplinar, possibilitando encontros e apren-dizagem, evidenciando dificuldades e favorecendo a descoberta de formas de atuação com foco na promoção da saúde . Foi possível identificar nos acadêmicos participantes uma maior iniciativa, a criatividade e cidadania . Compartilhar saberes e interagir de maneira dinâmica, entendendo que todos têm papel fundamental na manutenção da saúde e defesa da vida foi, sem dúvida, um elemen-to motivador .

Buscando uma aproximação com as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) do curso de Odon-tologia o PET-Saúde permitiu, ainda, o estímulo de práticas de estudo independente, visando uma pro-gressiva autonomia intelectual e profissional levar os alunos dos cursos de graduação em saúde a aprender a aprender que engloba aprender a ser, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a conhecer, permitindo a construção de perfil acadêmico com conteúdos, competências e habilidades através de vivências na integração ensino-serviço, no conceito ampliado de saúde, nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS), dentre eles, o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem

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prejuízo dos serviços assistenciais e participação da comunidade .

Conhecer e utilizar métodos e técnicas de investi-gação e a elaboração de trabalhos acadêmicos e cien-tíficos contribuiu para planejar e administrar serviços de saúde comunitária através de atividades extra-uni-dades inseridos nas equipes da ESF com vistas à cons-trução da cidadania através de atitudes e valores cor-respondentes à ética profissional e ao compromisso com a sociedade .

ConCluSõESConsiderando as falas dos petianos constata-se um

impacto relevante na formação acadêmica, pois ten-do como cenário do PET-Saúde a Atenção Básica e como referenciais as DCNs e a portaria N° 1 .802, os aspectos multiprofissionalidade, integração teoria e prática, produção de conhecimentos na área da Saú-de Coletiva, princípios do SUS, funcionamento de uma UBSF, capacidade de diálogo, respeito aos cole-gas e tomada de decisões, ficaram evidentes .

Ficou evidenciado, também, a apreensão de as-pectos do Controle Social e sua importância para a gestão da Unidade, objeto da primeira linha de pes-quisa apresentada .

Acredita-se que a satisfação em ser petiano tenha sido um elemento motivador e de sensibilização para a atuação e o aprendizado decorrente da inserção precoce em UBSFs no processo de formação acadê-mica . Pode-se inferir que essa satisfação seja o fato de pertencer a um grupo seleto de acadêmicos dis-postos aos desafios e possibilidades que o novo pos-sa trazer .

Espera-se que o diferencial na aprendizagem e na formação desses acadêmicos sensibilize seus pa-res na busca de novos conhecimentos e de Projetos que os qualifiquem para uma atuação profissional competente e cidadã . Que esse diferencial estimule os cursos a incorporarem em disciplinas e/ou mó-dulos de maneira mais precoce a inserção dos aca-dêmicos em atividades práticas e vivências na Aten-ção Básica . Espera-se ainda que as Instituições de Ensino Superior atentem para uma maior institucio-nalização de Projetos com esse perfil, e que as Se-cretarias de Saúde dos Municípios sejam bastante permeáveis à integração universidade-serviço-comu-nidade, pois as atividades extra-muros têm o poten-cial de preparar o profissional que o Sistema de Saúde e a sociedade precisam .

aBStraCtDentistry students’ perceptions of the PET-Health UFMS/SESAU Program, Campo Grande, MS, 2009

Introduction: The PET-Health program should en-courage the training of professionals and professors that have high technical, scientific, technological and academic qualification, as well as professional perfor-mance driven by critical thinking, citizenship and the social role of higher education, guided by the prin-ciple of indivisibility of teaching, research and exten-sion . There was an agreement between the Federal University of Mato Grosso do Sul (UFMS) and the Municipal Health Department (SESAU) that led to the creation of a seven-course program in 2009, in two lines of research . Objectives: To report the percep-tion of Dentistry students from UFMS concerning the PET-Health 2009 and its impact on academic educa-tion . Material and Methods: An account of an experi-ence, supported by monthly reports by Dentistry stu-dents about the PET-Health 2009 and accompanying documents of these students as the data sources . Re-sults: There were 60 students from seven courses in the area of Health; five were attending Dentistry courses, and three were scholarship students . There was a significant impact on academic training, insofar as aspects of multiprofessional integration of theory and practice, health-based knowledge production, SUS principles, operation of a UBSF, dialogue skills, respect for colleagues and decision-making were all put into evidence . It is believed that the satisfaction of participating in the a PET program has motivated and sensitized students for work and learning . Conclu-sions: It is hoped that institutions of higher education and municipal health departments will be open to the integration of university-community-service .

dESCriPtorSFamily Health . Primary Health Care . Learning . §

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Parecer CNE/CES Nº 1 .300, de 07 de Dezembro de

2001 . Institui Diretrizez Curriculares Nacionais para o Curso

de Odontologia . Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008 .

2 . Brasil . Portaria Interministerial Nº 1802, de 26 de Agosto de

2008 . Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde - PET - Saúde . Diário Oficial da União, Brasília, DF, 2008 .

Recebido em 07/07/2011

Aceito em 25/07/2011

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ações de combate à dengue foram incluídos como prioridade no plano de ação do PSE para o primeiro semestre de 2011 . Nesse sentido, a equipe do PET-Saúde/Saúde da Família, em seguimento à realização das atividades do projeto de extensão, propôs explo-rar essa temática de maneira mais participativa, diver-sificada e divertida, com a realização de uma gincana de combate à dengue com a participação dos alunos do PSE . Dessa forma, este trabalho consiste em um relato de experiência acerca dos vários momentos vivenciados pela equipe de alunos do PET e do PSE, especificamente durante realização de umas das tare-fas dessa gincana que foi a formação de uma equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins para atuarem no combate à dengue, tornando-os atores sociais des-se processo no seu território .

oBJEtiVoSRelatar a experiência da participação dos alunos

de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde da família da UNIFOR, na formação de uma Equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins, no combate à dengue, enquanto atividade do projeto de extensão .

matEriaiS E mÉtodoSEste trabalho consiste em um relato de experiên-

cia vivenciado por uma das equipes do PET- Saúde/Saúde da Família da UNIFOR, durante a realização das atividades do projeto de extensão em relação à temática dengue . A experiência foi desenvolvida na escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati, localizada no bairro Jardim das Oliveiras, Regional VI, Fortaleza-CE, envolvendo os alunos do PSE, matriculados no Programa Mais Educação (PME) dessa escola, os quais estavam participando de uma gincana de com-bate à dengue, realizada pela equipe do PET . Entre as tarefas da gincana estava contemplada a da forma-ção de uma Equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins entre os alunos participantes . A formação des-sa equipe foi conduzida pelos participantes do PET e aconteceu durante o mês de maio de 2011 . Os en-contros foram realizados duas vezes por semana, as quartas e quintas-feiras, no turno da tarde, das 13h às 17h . A equipe do PET também contou com a parceria e o apoio dos agentes sanitaristas de saúde da área, dos monitores do PME e do PSE, assim como da pró-pria escola nesse processo de formação dos alunos para atuarem no combate à dengue . Durante a for-mação da equipe de agentes sanitaristas de saúde mirins, foram realizados os seguintes momentos sis-

a participação do PEt-Saúde/Saúde da Família na formação de uma equipe de agentes de saúde mirins para combate à dengue

Apresentador: Adriana Ferreira de MenezesAutores: Adriana Ferreira de Menezes, Lucianna

Leite PequenoInstituição: UNIFOR

introduçãoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde (PET-Saúde) consiste em uma estratégia con-junta dos Ministérios da Saúde e da Educação, desti-nado a fomentar grupos de aprendizagem tutorial em áreas estratégicas e prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2010) . O Projeto de Extensão de uma das equipes do PET-Saúde/Saúde da Família, da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), intitula-se “Implementação das atividades do Progra-ma Saúde na Escola (PSE) com os alunos do Progra-ma Mais Educação (PME), da escola Maria de Lour-des Ribeiro Jereissati, Regional VI, Fortaleza, CE” . A ideia desse projeto de extensão surgiu principalmen-te em virtude de a escola estar localizada no território de atuação da Unidade Básica de Saúde do PET e ter sido contemplada com o PSE, assim como pela carac-terística multidisciplinar da composição desta equi-pe, sendo constituída de alunos dos cursos de Enfer-magem, Nutrição, Odontologia, Medicina, Farmácia e Terapia Ocupacional, facilitando a realização das atividades previstas pelo PSE . O referido programa foi lançado em 2007 pelo Decreto Presidencial (BRA-SIL, 2007) com a finalidade de contribuir para a for-mação integral dos estudantes da rede pública por meio de ações de promoção, prevenção e atenção à saúde . O PSE, além avaliação clínica, psicossocial, nutricional, de saúde bucal e do cartão de vacinas dos escolares, aborda temáticas como: dengue, DST/Aids, drogas, entre outras pactuadas no plano de ação, conforme recomendação da coordenação na-cional do programa e necessidades identificadas a partir da entrevista com os estudantes . Em decorrên-cia da epidemia de dengue instalada no município de Fortaleza e no estado do Ceará no primeiro semes-tre de 2011, bem como por ser esta temática um dos eixos prioritários definidos pela coordenação nacio-nal do PET-Saúde, o fortalecimento e a ampliação das

rESumoS SElECionadoS

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Trabalhosselecionadosparaapresentação•IMostradeExperiênciasExitosasdosProjetosPró-Saúde,PET-SaúdeeTelessaúde da área de Odontologia

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tematizados: 1- Exposição dialogada, ministrada pela coordenadora dos agentes sanitaristas de saúde da área para os alunos do PSE sobre a importância do trabalho do Agente Sanitarista de Saúde (ASS) na comunidade, definição sobre a realização do traba-lho, dificuldades, desafios e benefícios, principalmen-te em relação à dengue . 2- Motivação e convite aos alunos do PSE para participarem da formação da equipe de Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins, com a devida autorização formal dos pais . 3- Preenchimen-to de um formulário padrão pelos participantes . Este formulário foi elaborado pela equipe do PET para identificar dados em relação à situação dos casos de dengue na rua de cada participante (numero de casos de pessoas com dengue, tipo de dengue, numero de casas com focos) servindo como um relatório sobre a dengue nessas ruas a serem visitadas posteriormente . 4- Oficina de Educação e Saúde ministrada pela equi-pe do PET com o objetivo de orientar sobre como evitar a dengue, os principais sintomas, sinas e riscos da doença, como proceder em casos suspeitos e o tratamento indicado, assim como também correlacio-nar a dengue com o lixo, associando aos aspectos de preservação do meio ambiente . 5- Oficina realizada pela equipe do PET para os participantes da gincana e para monitores do PSE para elaboração de material e atividades educativas como cartazes, panfletos, fai-xas, músicas e vídeos para serem entregues e apresen-tados durante as visitas nas casas juntamente com os agentes sanitaristas de saúde . 6- Mutirão da dengue nas ruas selecionadas de acordo com os relatórios preenchidos pelos participantes . Os alunos foram di-vididos em duplas, cada dupla, acompanhada de um agente sanitarista de saúde da área, realizou visitas às casas, observando inicialmente a metodologia de tra-balho do agente da área, objetivando a detecção dos focos nas residências e repasse das orientações sobre a dengue para as famílias, assim como também entre-ga de material educativo . 7- Encerramento das ativi-dades na escola Maria de Lourdes Ribeiro Jereissati com a presença da equipe do PET, coordenadora dos agentes sanitaristas de saúde da área, coordenador e monitores do PME e do PSE, diretora da escola e alunos participantes . Durante esse evento, houve a premiação dos alunos ganhadores da gincana, entre-ga de certificados, enfatizando a importância da atu-ação desses escolares como Agentes Sanitaristas de Saúde Mirins na comunidade, proporcionando-lhes conhecimento para atuação como multiplicadores de ações saúde, assim como os tornando corresponsáveis pela continuidade e permanência dessas ações no

combate à dengue no seu território .

rESultadoSComo resultado dessa experiência, obteve-se a

participação de todos os momentos da gincana . Ape-sar de ter sido um número pequeno de alunos, foi possível observar características importantes para o trabalho em equipe como liderança, integração, assi-duidade, coesão, proporcionando o desenvolvimento adequado das atividades previstas e facilitando o en-trosamento entre os participantes, e destes com a equipe do PET, monitores do PME e do PSE, agentes sanitaristas de saúde e, principalmente, com a comu-nidade . Houve sensibilização e envolvimento por par-te da equipe formada no que diz respeito ao quadro epidemiológico de dengue na comunidade e ao com-promisso da continuidade das ações de combate a essa doença no seu território, mesmo com o término da gincana .

ConCluSãoAcredita-se que experiências como essas possam

contribuir para reforçar a proposta do PET-Saúde/Saúde da Família quando permite o fortalecimento da proposta da educação pelo trabalho para saúde, aproximando cada vez mais esse setor da educação . A atuação da equipe multidisciplinar do PET compos-ta por alunos dos cursos de Enfermagem, Nutrição, Medicina, Farmácia, Terapia Ocupacional e Odonto-logia permitiu maior integralidade das ações desen-volvidas, inclusive inserindo o PET-Saúde/Saúde da Família em outros programas, como o PME e o PSE, exercitando a intersetorialidade, a atuação em outros espaços sociais, além da unidade de saúde como a escola e o território da própria comunidade, ajudan-do a reorientar e consolidar as práticas de saúde ba-seadas nos princípios do Sistema Único de Saúde .

dESCritorESEducação em Saúde . Relações Comunidade-Insti-

tuição . Dengue .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Portaria Interministerial 421 de 03

de Março de 2010 . Institui o Programa de Educação pelo Tra-balho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências . Bra-sília, 2010 .

2 . Brasil . Ministério da Saúde . Secretaria de atenção à Saúde . Departamento de Atenção Básica . Saúde na Escola . Série B . Textos Básicos de Saúde . Cadernos de Atenção Básica . Brasília: Ministério da Saúde, 2009 .

3 . Brasil . Gabinete da Presidência da Republica . Decreto n . 6 .286 de 05 de dezembro de 2007 . Institui o Programa Saúde na Escola-PSE e dá outras providências . Brasília, 2007 .

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Trabalhosselecionadosparaapresentação•IMostradeExperiênciasExitosasdosProjetosPró-Saúde,PET-SaúdeeTelessaúde da área de Odontologia

Percepção da necessidade de prótese por idosos durante a campanha de vacinação da gripe H1n1 no município de Pelotas: estudo exploratório

Apresentador: Analu Sparrenberger ManéaAutores: Analu Sparrenberger Manéa, Renata Zolin

Flores, Leandro Leitzke Thurow, Mariane Baltassare Laroque, Alex Ferreira Teixeira, Eduardo Dickie de Castilhos, Tania Izabel Bighetti

Instituição: Univesidade Federal de Pelotas

O aumento da expectativa de vida no Brasil e no mundo é um fenômeno bem estabelecido, de-

vido ao avanço dos estudos na área da saúde, bem como da melhora na qualidade de vida . A proporção de pessoas com 60 anos ou mais está crescendo mais rapidamente que a de qualquer outra faixa etária em todo o mundo . Em 2025, estima-se a existência de aproximadamente 1,2 bilhões de pessoas com mais de 60 anos . Nessa perspectiva, o Brasil deverá ocupar a 5ª posição entre as nações com maior contingente de idosos, com 34,4 milhões de pessoas com idade acima de 60 anos . No Rio Grande do Sul, a população com mais de 60 anos de idade representa 13% do total de 10 .914 .042 habitantes e no município de Pe-lotas 14% do total de 345 .179 habitantes . E diante deste envelhecimento da população é importante que as políticas públicas de saúde atentem para este fato . O idoso brasileiro, de um modo geral, apresen-ta muitos problemas bucais, devido à ausência de programas específicos que atendam às necessidades desta faixa etária e à herança de uma prática cirúrgi-co-restauradora e mutiladora, em que pouco se pro-duzia em termos de promoção de saúde em níveis populacionais, bem como valores culturais . Este fato se comprova pelo elevado índice de edentulismo . Através do Levantamento das Condições de Saúde Bucal da População Brasileira (SB Brasil 2003) de-monstrou-se que 66,5% da população brasileira usam prótese total superior, 42,5% usam prótese total infe-rior e 19% usam próteses parciais em uma das arcadas . A efetiva organização da Atenção Básica em Saúde nos princípios do Sistema Único de Saúde a partir da Estratégia da Saúde da Família exige o conhecimento das reais necessidades da população sob sua respon-sabilidade, o que implica na implementação de abor-dagens mais amplas e complexas do que as centradas no cuidado curativo . A Coordenação de Saúde Bucal

da Secretaria Municipal de Saúde de Pelotas, com o apoio da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Pelotas, realizou um estudo piloto com o objetivo de estimar o uso e necessidade de prótese em pessoas com 60 anos ou mais, a partir da percep-ção dos entrevistados . A perspectiva é que estes dados possam contribuir no debate para uma reorganização e dimensionamento do serviço odontológico, possi-bilitando um serviço adequado a esta faixa etária, com ações que devem incluir atividades de promoção, pre-venção, tratamento e reabilitação . O estudo, do tipo observacional transversal descritivo, foi realizado em três Unidades Básicas de Saúde (UBS) – Bom Jesus, Dunas e Sítio Floresta –, onde acadêmicos do curso de Odontologia do grupo PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) estão inseri-dos . Os acadêmicos aplicaram um questionário estru-turado aos idosos que compareceram às UBS duran-te o dia da Campanha de Vacinação contra gripe H1N1, ocorrida no dia 30/04/2011 . Os idosos acei-taram participar da pesquisa por livre vontade, me-diante autorização . O instrumento apresentava lin-guagem adequada ao perfil da comunidade . Houve treinamento dos entrevistadores, com 4 horas de du-ração . As fichas foram conferidas e numeradas, os dados digitados (dupla digitação) e tabulados . Os resultados encontrados permitem a descrição de um perfil aproximado dos idosos das áreas . Foram entre-vistados 154 idosos, sendo que 76 da UBS Bom Jesus (4,2% do total de 1 .833 da área de abrangência); 42 da UBS Sítio Floreta (7,8% do total de 537 da área de abrangência) e 35 da UBS Dunas (5,9% do total de 597 da área de abrangência) . As faixas de idade de 60 a 69 anos representaram 56,9% da amostra, de 70 a 79 anos, 34,6% e 80 anos ou mais, 8,5% . Os dados levantados mostraram que 50,3% não possuíam den-tes naturais . Utilizavam próteses parciais removíveis 17,5% da amostra, sendo apenas superior apenas in-ferior e superior e inferior, 7,1%, 8,4% e 2% respec-tivamente . A amostra do estudo foi composta por 154 idosos de um total de 48 .687 habitantes residentes em Pelotas com idades de 60 anos ou mais . Das 47 Uni-dades Básicas de Saúde existentes no município, fo-ram coletados dados em apenas três das UBS . A faixa etária predominante no estudo foi dos 60 aos 79 anos . A situação epidemiológica de saúde bucal do muni-cípio segundo dados da ampliação da amostra do SB Brasil 2003, revelou que na faixa etária de 65 a 74 anos, cada indivíduo possuía em média 22,42 dentes perdidos, sem reabilitação protética . Neste estudo, 81% dos entrevistados declararam-se edêntulos em

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pelo menos uma arcada e 75,3% usavam prótese total . Entre os edêntulos/usuários de prótese total, 24% declararam necessidade de fazer ou substituir a pró-tese . Embora com característica exploratória, os re-sultados do presente estudo indicaram a necessidade formal de procedimentos odontológicos nem sempre é percebida por idosos edêntulos, mas que a deman-da por reabilitação protética existe, merece ser inves-tigada e que sejam estabelecidos critérios para a sua oferta . Estes critérios devem considerar aspectos bio-lógicos, socioeconômicos e culturais; mas também a percepção da necessidade pelos indivíduos, visto que o sucesso do tratamento depende não só da qualida-de do serviço ofertado, como também da cooperação e conhecimento sobre as limitações e cuidados de quem vai recebê-lo . A alta prevalência de indivíduos que se declararam edêntulos pode ser considerada um problema de saúde pública, o que reforça a idéia da implantação de políticas, visando à melhoria da qualidade de vida dos idosos . Em relação à saúde bu-cal, isto pode se dar com a confecção de próteses na atenção básica, como também com a oferta de proce-dimentos especializados para casos específicos (pró-teses sobre implantes) . Isto poderia ampliar o acesso à assistência odontológica para grupos populacionais que têm como porta de entrada apenas os planos de saúde ou consultórios particulares, opções economi-camente determinadas e socialmente excludentes . Dentro deste contexto que se deve refletir sobre a necessidade de reorganização do serviço, não só de medidas reabilitadoras para sanar problemas existen-tes, mas também com ênfase em ações educativas voltadas para promoção de saúde . No mais, a incor-poração de um serviço de prótese dentária devida-mente dimensionado para a demanda existente no setor público é uma medida viável e que deveria ser encarada pelos setores responsáveis, com a perspec-tiva de melhorar a saúde bucal e o bem estar do ido-so, proporcionando adequada função mastigatória, uma aparência mais agradável, melhorando a auto-estima, a capacidade de fonação, além de contribuir para sua reinserção ao meio social .dESCritorES

Acesso aos Serviços de Saúde . Saúde Bucal . Assis-tência Odontológica para Idosos .

aGradECimEntoSAdrine Maciel da Rosa; Andressa Spohr; Aryane

Marques Menegaz; Bibiana Bauer Barcellos; Cacia Signori Caroline da Silva; Jean Wegner Machado He-verson Luiz da Costa Rebello; Luciane Missio; Mor-gana Favetti; Raquel da Silva Zuccolotto; Rocheli

Colcente; Tamara Horn; Tamiris Czervinski; Thais Marcus Carriconde Fripp; Thiago Dias Campão .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Ministério da Saúde . Projeto SB Brasil 2003: condições de saú-

de bucal da população brasileira 2002-2003: resultados princi-pais . Brasília: Ministério da Saúde; 2004 .

2 . Rosa, A .G .F ., Castellanos, R .A ., Pinto, V .G . Saúde bucal na ter-ceira idade . RGO, 41: 97-102, 1993 .

3 . Chagas, I . J .; Nascimento, A . & Silveira, M . M ., 2000 . Atenção odontológica a idosos na OCM: Uma análise epidemiológica . Revista Brasileira de Odontologia, 57: 332-335 .

4 . Opas – OMS . Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo . – Bra-sília: Organização Pan Americana da Saúde, 2005 . 60p: il .

5 . Datasus . Caderno de Informações de Saúde . Disponível em: http://tabnet .datasus .gov .br/tabdata/cadernos/rs .htm

Pró-Saúde: ação indutora de mudanças na formação e estruturação de cursos na área da saúde

Apresentador: Bárbara Morais ArantesAutores: Bárbara Morais Arantes, Vânia Cristina

Marcelo, Maria Goretti QueirozInstituição: Faculdade de Odontologia da

Universidade Federal de Goiás

introduçãoO conhecimento acadêmico não é um conjunto

isolado de informações, mas um conjunto compro-metido com uma determinada visão do mundo, que se manifesta no próprio processo de investigação do real,1 assim sendo, na formação acadêmica, o docen-te mais que passar conhecimentos específicos, deve trabalhar na perspectiva da formação do cidadão, contextualizando técnicas, conhecimentos e habili-dades, considerando os indivíduos com ética e sensi-bilidade . Estas exigências demandam novas posturas e atitudes por parte de docentes, pessoal técnico-ad-ministrativo e discentes dos cursos de graduação . Es-tes novos objetivos de formação profissional foram explicitados a partir da Lei de Diretrizes e Bases e de Diretrizes Curriculares Nacionais que substituíram as antigas grades curriculares .2 De modo geral os docen-tes da área da saúde, e particularmente os da odon-tologia, tiveram uma formação extremamente tecni-cista e pouco contato com áreas da didática, pedagogia e planejamento . A Faculdade de Odonto-logia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG) aderiu ao Programa Nacional de Reorientação da Formação do Profissional em Saúde (Pró-Saúde) em 2005 . A partir de 2006 iniciou a reestruturação de sua

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matriz curricular visando formação compatível com as exigências das Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Graduação em Odontologia (DCNO),2 ou seja, um Cirurgião-dentista com forma-ção técnico-científica, generalista, humanística, críti-ca, ética e reflexiva, além de buscar uma maior apro-ximação com a realidade da população e as necessidades dos serviços públicos de saúde . Uma análise de estudos sobre reforma curricular nos mos-tra que esse processo esbarra em dificuldades bem mais profundas que a simples mudança dos itens cur-riculares . Passa por elementos como resistência por parte do corpo docente e técnico-administrativo às mudanças, deficiência no fluxo de gestão das institui-ções, da excessiva burocratização dos processos de trabalho, nas falhas dos processos comunicacionais existentes, nos organogramas obsoletos, enfim na inadequação da estrutura administrativa .3 A experi-ência da FO/UFG apresenta-se como emblemática da realidade da maioria das Instituições de Ensino Superior (IES), que buscam alternativas para conse-guir efetivar mudanças, mas que não disponibilizam de mecanismos para fazê-las . São evidentes as dificul-dades para realizar atividades de educação perma-nente junto a docentes e pessoal Técnico-administra-tivo de modo a estimular novos olhares e possibilidades de atuação diferentes das tradicionais . Embora as instâncias superiores das Universidades estimulem as mudanças, estas na maioria dos casos não dispõem de recursos para a realização de ativida-des que atendam as especificidades de cada curso ou área do saber . Desta forma, o Pró-Saúde se constituiu em um eficiente mecanismo indutor das mudanças desejadas ao estimular a reflexão sobre a formação e as necessidades de adequação às necessidades da re-alidade, e principalmente por permitir a cada IES a utilização de recursos de modo a atender suas neces-sidades específicas . Na FO/UFG a avaliação das mo-dificações curriculares visando uma nova formação para os estudantes4 passa necessariamente pela aná-lise de aspectos estruturais e de capacitação de pesso-al . As mudanças só foram passíveis de serem efetivadas por terem acontecido, paralelamente, a adequação de aspectos estruturais de equipamentos, a reforma administrativa e o apoio na educação permanente de pessoal por intermédio das atividades desenvolvidas pela Comissão de Ensino (posteriormente denomi-nada Núcleo Docente Estruturante – NDE) . Esta aná-lise foi objeto de três trabalhos de iniciação científica, desenvolvidos de 2008 a 2011, cujo objetivo geral foi o de analisar as mudanças curriculares e estruturais

acontecidas na FO/UFG .

oBJEtiVo GEralAnalisar o papel do Pró-Saúde como estratégia

indutora das mudanças curriculares e estruturais acontecidas na FO/UFG, a partir de 2006 .

oBJEtiVoS ESPECÍFiCoSAnalisar a nova matriz observando seus avanços na

formação dos egressos; identificar as ações do Núcleo Docente Estruturante (NDE) da Faculdade de Odon-tologia da Universidade Federal de Goiás (FO/UFG) e sua influência na reestruturação da nova matriz cur-ricular da FO/UFG, bem como na educação perma-nente dos docentes; identificar a relação entre a re-forma administrativa da FO/UFG e a reestruturação curricular do curso; identificar os principais desafios encontrados durante o processo; identificar aspectos potencializadores da reforma administrativa e educa-ção permanente na mudança curricular; oferecer su-gestões que colaborem na melhoria e otimização das práticas adotadas pela administração da instituição; e subsidiar a reforma curricular da FO/UFG .

matEriaiS E mÉtodoUtilizou-se uma abordagem mista com aspectos

quantitativos e qualitativos . Como instrumental da pesquisa foi feita análise documental com levanta-mento em portarias, memórias, Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da FO/UFG, Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de Odontologia e Projeto do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde; entrevistas narrativas semi-estruturadas gravadas, transcritas e analisadas a partir da categorização referente a cada quesito proposto e/ou exigido pelas DCNO . Os dados foram examina-dos com o uso da análise de conteúdo .3 Foram sujei-tos desta pesquisa estudantes de diferentes períodos do curso, docentes e técnicos da FO/UFG . A pesqui-sa estendeu de 2008 a 2011, tendo sido aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisas da UFG em suas dife-rentes etapas (protocolos nº 132/2008, 011/2009 e 090/2010) .

rESultadoSComo principais resultados destacam-se a impor-

tância dos mecanismos de financiamento advindos do Pró-Saúde que permitiram implementar ações tais como melhoria do espaço físico, aquisição de equipa-mento, contratação de consultorias administrativas e pedagógicas, além de apoio à pesquisas e participação em eventos científicos; foi possível o registro dos pro-cessos de mudança por intermédio de relatórios, ar-tigos científicos e filmes; aconteceu a criação, elimi-

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nação e modificação de disciplinas; a transversalização de conteúdos; a mudança de enfoque em especiali-dades tradicionais da odontologia para disciplinas integradoras; a aproximação aos serviços de saúde por meio da ampliação dos cenários de práticas e da adoção de novas tecnologias de informação, permi-tindo a regulação dos pacientes e implantação do prontuário eletrônico; adoção de estratégias partici-pativas como foco central da metodologia de ensino-aprendizagem; contratação de uma empresa de con-sultoria para a reforma administrativa; criação do NDE como mecanismo de subsídios às mudanças dos processos formativos; construção participativa do novo PPC; nomeação de uma Comissão visando re-formular o Regimento Interno da FO/UFG .

ConCluSãoO currículo e o PPC apresentam características

inovadoras, mais adequadas às DCNO e aos objetivos dos eixos do Pró-Saúde, configurando evidentes avan-ços na formação dos egressos . As ações do Núcleo Docente Estruturante (NDE) puderam fortalecer as propostas de mudanças e constituíram-se em um apoio concreto aos docentes . A gestão participativa configura-se como única estratégia possível para per-mitir a noção de pertencimento capaz de dar suporte às transformações radicais . A efetivação de reformas administrativas é fator potencializador para a adequa-ção às novas necessidades de mudanças de cenários e incorporação de novas tecnologias . Os principais desafios que ainda permanecem estão associadas a questões estruturais da Universidade como a falta de pessoal técnico qualificado e à implementação das mudanças organizacionais propostas . As mudanças só foram possíveis pelo fato de a FO/UFG ter aderido ao Pró-Saúde e ter neste um forte apoio pedagógico e financeiro .

dESCritorESOrganização e Administração . Educação Supe-

rior . Currículo .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Chaves SM . A aprendizagem do estudante universitário em

saúde: descortinando práticas, buscando alternativas . In: Es-trela C . Metodologia Científica - Ciência . Ensino . Pesquisa . São Paulo: Artes Médicas; 2005 . p . 741-748 .

2 . Conselho Nacional de Educação . Câmara de Educação Supe-rior . Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia . Resolução Nº CNE/CES 3, de 19 de fevereiro de 2002 . Diário Oficial da União, Brasília, Seção 1- p10 . Brasil . (04 de março de 2002) .

3 . Backes A, Silva RPG, Rodrigues RM . Reformas curriculares no ensino de graduação em enfermagem: processos, tendências e desafios . Cienc Cuid Saude 2007; 6(2):223-230 .

4 . Anastasiou LGC, Alves LP . Processos de ensinagem na univer-sidade: pressupostos para as estratégias de trabalho em aula . Joinville: Univille; 2004 .

5 . Bardin L . Análise de conteúdo . Portugal: Edições; 1977 . 70 p .

a equipe multidisciplinar do PEt-Saúde na construção da humanização em uma unidade de Saúde da Família de maceió-al

Apresentador: Beatriz Santana de Souza LimaAutor: Beatriz Santana de Souza LimaInstituição: Universidade Federal de Alagoas

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) em Alagoas foi iniciado em

2009 com 12 grupos tutoriais tendo como matriz o campus UFAL/Maceió, tendo como objetivo a educa-ção em saúde . Em sua segunda etapa o PET-Saúde II teve como eixo central a participação popular e a humanização da atenção à saúde e combate a morta-lidade infantil . Teve como metodologia a criação de grupos multidisciplinares, com estudantes e profissio-nais de diferentes cursos trabalhando juntos em uni-dades de saúde da família do município de Maceió . A equipe multidisciplinar inserida na Unidade de Saúde Prof . Robson Cavalcante de Melo, utilizando uma metodologia própria, buscou através de oficinas, questionários e entrevistas o foco de suas ações . Ob-tiveram como resultado a necessidade de trabalhar e estimular a humanização do serviço . É importante ressaltar que todo esse processo foi uma construção coletiva de todos os funcionários da unidade de saúde e participantes do PET, para melhoria da qualidade do serviço e das relações interpessoais .

Estágios curriculares no SuS: experiências da Faculdade de odontologia da uFrGS

Apresentador: Cristine Maria WarmlingAutores: Cristine Maria Warmling, Eloá Rossoni,

Fernando Neves Hugo, Ramona Fernanda Toassi, Vânia Aita de Lemos, Sonia Maria Blauth de Slavutzky, Solange Bercht, Ângela Antunes Nunes, Arisson Rocha da Rosa

Instituição: Faculdade de Odontologia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Um dos objetivos principais das propostas de mu-dança de paradigma no ensino odontológico do

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país tem sido o de conformar o perfil profissional do cirurgião-dentista de modo a torná-lo mais ajustado às exigências ditadas pelo Sistema Único de Saúde . Mas, esse é um modelo de formação incipiente e que ainda carece de consensos em torno do modo como formar esses profissionais . O objetivo deste artigo é descrever e avaliar processos pedagógicos, técnicos e políticos produzidos no percurso de implantação dos estágios curriculares de odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontando aspectos envolvidos nas experiên-cias de reorientação da formação do cirurgião-den-tista para sua atuação no Sistema Único de Saúde . Foram analisadas produções escritas e depoimentos de docentes, documentos e relatórios institucionais e pesquisas escolares . As redes de atenção e ensino em saúde bucal encontram-se em processo de estru-turação, desafios precisam ser superados: expansão limitada da atenção primária à saúde e, consequen-temente, dos campos de estágios; necessidade de avanços nas discussões sobre o papel, atribuições e institucionalizações do preceptor/trabalhador e do tutor/docente; as incompreensões, ainda persisten-tes, a respeito dos estágios, tanto na instituição de ensino superior como na gestão e nos serviços do SUS; questões de financiamento; discurso hegemônico da clínica liberal-privatista e seus reflexos no embate constante entre tutores/preceptores e discentes; li-mites impostos pelo desenho fragmentado da rede de atenção em saúde .

Pró-Saúde e PEt-Saúde – reorientando a formação profissional na saúde

Apresentador: Daniela Jorge CorraloAutores: Daniela Jorge Corralo, Maria Salete

Sandini Linden, Miriam Lago Magro, Carla Beatrice Crivellaro Gonçalves, Lia Mara Wibelinger, Bernadete Maria Dalmolin, Mônica Krahl, Maria Lúcia Dal Magro, Evânia Luiza Araújo, Paulo do Prado Funk, Alberi Grando, Jairo Caovilla, Camila Zimmermann Rabello

Instituição: Universidade de Passo Fundo - Faculdade de Odontologia

Historicamente, os cursos da área da saúde traba-lham de forma individualizada, com foco na

especialidade e afastados das necessidades básicas de saúde da população . Os sistemas de saúde, em sua maioria, estão subordinados a um modelo de atenção

hegemônico, com o predomínio de práticas individu-alistas, curativas, centradas em doença e atendimen-tos hospitalares . As equipes de saúde, na rede pública, compõem-se, basicamente, por força da necessidade de trabalho . Este panorama tem sido discutido em diferentes instâncias (educação, saúde, sociedade) e a reorientação da formação de recursos humanos para a área da saúde se mostra fundamental para a mudança do enfoque no tratamento da saúde e para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde, cum-prindo com os seus princípios, principalmente o da integralidade, e atendendo às necessidades de saúde da população . As Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) (2001/2002) visam a mudança na formação profissional na saúde, agregando trabalho coletivo, integrando ensino-serviço e atuando em equipes des-de o início dos cursos . É proposta das DCNs (2001/2002) que os profissionais egressos dos cursos da área da saúde possuam uma formação generalista, humanista, crítica e reflexiva, atuando em todos os níveis de atenção à saúde, com base no rigor técnico e científico, pautados em princípios éticos, legais e na compreensão da realidade social, cultural e eco-nômica do seu meio, dirigindo sua atuação para a transformação da realidade em benefício da socieda-de . O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SG-TES), em parceria com a Secretaria de Educação Su-perior (SESU) e com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), do Ministério da Educação (MEC), e com o apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), tem incentivado as Instituições de Ensino Superior (IES) na consolidação desta reorientação da formação dos profissionais através de programas como o Pró-Saúde (Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde) e o PET-Saúde (Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde) . A Universi-dade de Passo Fundo (UPF) foi contemplada pelo Pró-Saúde I, em 2005/2006, estando envolvido o Cur-so de Medicina . E, em 2007/2008, foi novamente contemplada, com o Pró-Saúde II, tendo como dife-rencial a integração/participação de diversos cursos da área da saúde, estando envolvidos os cursos de Enfermagem, Odontologia, Educação Física, Farmá-cia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Psicolo-gia, Medicina Veterinária, Serviço Social e o curso de Medicina, articulados com a rede municipal de servi-ço de saúde . As metas do projeto são a integração dos cursos, a adequação das unidades de ensino-serviço e, a produção de conhecimentos . Algumas metodo-

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logias sugeridas são: a utilização de processos de aprendizado ativo (nos moldes da educação de adul-tos); aprender fazendo e com sentido crítico na aná-lise da prática clínica; e, eixo do aprendizado na pró-pria atividade dos serviços . A diversificação nos cenários de práticas, incluindo vários ambientes e níveis de atenção; a interação com a comunidade e alunos, assumindo responsabilidade crescente me-diante a evolução do aprendizado; e, a importância do trabalho conjunto das equipes multiprofissionais devem ser estimulados no processo de ensino-apren-dizagem . As ações dos cursos da área da saúde da UPF desenvolvidas na comunidade, em parceria com o serviço e visando a reorientação da formação profis-sional tem ocorrido de forma mais concreta entre os cursos das áreas da Medicina, Enfermagem, Odonto-logia e Farmácia, cursos que integram o PET-Saúde . Com o objetivo de ampliar a inserção, a experimen-tação, a vivência e o conhecimento dos acadêmicos do curso de Odontologia da Universidade de Passo Fundo (FOUPF) na rede de serviços do município de Passo Fundo-RS, além dos bolsistas acadêmicos liga-dos ao PET-Saúde, tem sido desenvolvida uma expe-riência de inserção da grade curricular (Odontologia em Saúde Coletiva/III nível) nas atividades de Uni-dades Básicas de Saúde (UBS) . Foram selecionadas quatro UBS do município, as quais possuem precep-tores das áreas da Odontologia, Medicina e Enferma-gem, sendo elas Jaboticabal, Lava-Pés, Nenê Graeff e Mattos . Noventa (90) alunos cursando Odontologia em Saúde Coletiva II, III nível, foram divididos em duplas e desenvolveram atividades nas UBS por um período de quatro semanas, em turnos diversos . As atividades foram organizadas pelos preceptores, se-guindo a lógica local do serviço (visitas domiciliares, ações coletivas, atendimento individual, preenchi-mento de prontuários e outros documentos, observa-ção da dinâmica do serviço) . Através do relato dos diferentes atores pode ser percebido que a experiên-cia tem proporcionado para preceptores, acadêmicos e professores uma nova abordagem em saúde e um desafio nas concepções de ensino e aprendizagem . As atividades desenvolvidas nas UBS pelos acadêmi-cos do curso de Odontologia está resultando em mu-danças na formação do profissional, o que pode ser percebido pelas falas dos alunos: “ . . .a gente vê mais a prática mesmo . . .” “ . . .O cuidado que devemos ter com a população em geral, o respeito e a vontade de que-rer que algo mude na vida deles . . .”, referindo-se ao ensino/aprendizagem na prática; “ . . .convivemos com médicos, enfermeiros e técnicos . . .” “ . . .Foi uma expe-

riência boa, mesmo não tendo um profissional da nossa área no local . . .”, relacionando com a experiên-cia multiprofissional; “ . . .ajuda os acadêmicos a perde-rem o medo do ‘monstro do SUS’, o qual na maioria das vezes nos é mostrado como ineficaz e até injus-to . . .”; referindo-se à inserção junto ao serviço nos primeiros semestres do currículo . “ . . .acho ruins os locais, distantes e perigosos . . .” “ . . .ficamos perto da população e da realidade em que se encontram . . .” “ . . .há muita coisa boa e os materiais não são tão ruins nos como dizem . . .”, relacionando com a realidade diferente da vivida diariamente pelo acadêmico . O maior desafio, contudo, é de que a proposta de mu-dança atue a favor da saúde da população, fortalecen-do a relação entre o processo de produção de conhe-cimento e o processo de tomada de decisão sobre políticas e programas de saúde, contribuindo para a consolidação dos princípios do SUS . Integrar ensino-serviço com foco na atenção básica é um grande de-safio para as áreas da saúde . A FOUPF está buscando quebrar paradigmas e atuar realmente inserida nas equipes multidisciplinares . Considerando que a su-peração de uma rede de serviços que trata, de manei-ra equivocada, da doença, para uma rede de Saúde, orientada para as ações de promoção, proteção e re-cuperação da saúde, depende efetivamente de recur-sos humanos capacitados para tal, o papel das IES na formação deste profissional da saúde é incontestável . O Pró-Saúde e o PET-Saúde têm se mostrado, portan-to, de absoluta relevância para a mudança nas ações de saúde no município de Passo Fundo/RS e para a reorientação da formação profissional na saúde dos cursos da UPF envolvidos .

levantamento epidemiológico das condições em saúde bucal no município de maringá-Pr

Apresentador: Flavia TanakaAutores: Flávia Tanaka, Letícia Moraes Porto

Padovez, Eraldo Schunk Silva, Cynthia Junqueira Rigolon .

Instituição: Secretaria Municipal de Saúde de Maringá, UEM, CESUMAR

A literatura científica nacional tem apresentado dados epidemiológicos sobre as condições de

saúde bucal da população com quadros altamente dinâmicos, os quais deixam transparecer a passagem de um panorama de alta prevalência da doença cárie para alguns cenários de controle dessa patologia .

A atenção odontológica inicialmente centrada no

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tratamento reabilitador de alto custo e extremamen-te limitado, passou a ser mais abrangente com a in-clusão cada vez maior de procedimentos educativos e preventivos, contribuindo para a redução dos índi-ces das doenças bucais . Alguns pesquisadores desta-caram o uso do flúor nos dentifrícios e na água de abastecimento público como responsáveis pela me-lhor condição bucal observada na atualidade .

A eficiência dos programas adotados pode ser me-dida pelos resultados dos estudos epidemiológicos, os quais contemplam dados que permitem conhecer a real condição de saúde bucal e as prioridades de uma comunidade, pois estas diferem entre si de uma região para outra dentro de um mesmo país . Sob esta ótica, o planejamento das políticas públicas deve estar pautado no conhecimento dos problemas e necessi-dades da população, direcionando melhor os recur-sos disponíveis . A Organização Mundial da Saúde recomenda que estudos desse tipo sejam realizados a cada cinco anos, com o objetivo de acompanhar e monitorar a distribuição, tendências e severidade das doenças (OMS, 1997) .

Tanaka em 2004 avaliou a prevalência de cárie dentária em escolares da rede pública de ensino da zona urbana de Maringá, a pesquisa seguiu as reco-mendações do manual do Coordenador do Projeto do SB Brasil - Condições de saúde bucal da população Brasileira (Brasil, 2004) . Foi utilizada no estudo uma amostra no total de 610 escolares de 6 e 12 anos de idade . O resultados mostraram um índice ceo-d mé-dio de 1,8 aos 6 anos e um CPO-D médio de 1,5 aos 12 anos, e estavam livres de cárie 47,7% e 50% dos escolares aos 6 e 12 anos respectivamente . Quando observado os componentes do índice de forma sepa-rada verificou-se uma participação discreta do com-ponente “P” (dente perdido), mostrando uma ten-dência positiva dos serviços odontológicos em manter os dentes decíduos e permanentes . Aos 12 anos o componente “O” (dente obturado) (1,1) se sobrepõe ao componente “C” (dente cariado) (0,4) mostrando uma situação de relativo acesso aos serviços curativos essenciais . Observou-se ainda que 21,6% e 23,7% da população de 6 e 12 anos respectivamente, concen-trava os maiores índices de cárie, confirmando assim o fenômeno de polarização da doença .

O presente estudo objetivou identificar as condi-ções de saúde bucal da população de Maringá-Paraná e subsidiar o planejamento e avaliação nessa área . Contribuindo para a estruturação de um sistema de vigilância epidemiológica em saúde bucal no referido município .

Adotou-se como referência metodológica a pro-posta da OMS e as recomendações do Projeto SB Brasil 2010 . No total, foram examinadas 898 pessoas, entre crianças (5 e 12 anos), adolescentes (15 a 19 anos), adultos (35 a 44 anos) e idosos (65 a 74 anos) para onze (11) setores censitários da cidade da Ma-ringá, anteriormente, utilizados na Pesquisa de Amos-tra por Domicílios (PNAD 2009) . O estudo foi apro-vado pelo Comitê de Ética da UEM sob número de protocolo 0278-09 . Todos os participantes da pesqui-sa assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido . Os participantes foram examinados nas escolas e residências sob luz natural com a utilização das sondas da OMS e espelhos bucais . O trabalho de campo envolveu seis profissionais e suas respectivas anotadores . A coleta de dados foi realizada entre os dias 01 de maio a 29 de setembro de 2010 . A pesqui-sa focou a produção de informações relativas aos prin-cipais agravos bucais, às condições socioeconômicas, à utilização de serviços odontológicos e morbidade bucal autoreferida e à autopercepção de saúde bucal .

Os Levantamentos Epidemiológicos nacionais realizados em 2003 e 2010 demonstraram uma me-lhora na condição bucal dos brasileiros . Para se veri-ficar a cárie dentária utilizou-se o índice CPO-D . Os resultados demonstraram na dentição decídua que o índice ceo-d foi 1,1 . Sendo o componente obturado o mais prevalente, indicando um maior acesso a ser-viços odontológicos . Apresentaram-se livres de cárie 62,2% . Na idade de 12 anos, utilizada mundialmente para avaliar o ataque de cárie logo no início da den-tição permanente identificou-se um CPO-D igual a 0,9, atingindo a meta preconizada pela OMS para 2010 . Entre os adolescentes de 15 a 19 anos a média de dentes afetados foi 2,5 . Este valor mais alto do índice CPO-D tem sido um achado comum em outros estudos no Brasil e no mundo . No que diz respeito aos adultos e idosos, apresentaram um CPO-D igual a 16,1 e 27,5, respectivamente .

As condições gengivais foram avaliadas pelo Índi-ce Periodontal Comunitário . Os resultados indicaram que o percentual de indivíduos sem nenhum proble-ma periodontal foi de

A presença de sangramento foi mais comum aos 12 anos e entre os adolescentes, sendo as formas mais graves da doença periodontal presentes nos adultos . Quanto ao uso de prótese dentária na faixa etária de 65 a 74 anos 66,7% utilizavam prótese total .

Os resultados da presente pesquisa permitem con-cluir que a para as idades de 5, 12 e 15 a 19 anos a prevalência de cárie pode ser considerada baixa . A

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meta estabelecida pela Organização Mundial da Saú-de para o ano 2010 já foi alcançada aos doze anos e está muito próxima de ser atingida aos cinco e que quando foram comparados os dados dos levantamen-tos epidemiológicos realizados em Maringá (1991, 1994 e 2003) houve acentuada redução na prevalên-cia de cárie dentária aos 5 e 12 anos de idade . Novos estudos incluindo indicadores de caráter social são relevantes para conhecer os fatores preditivos da do-ença e orientar os que decidem no campo da saúde .

dESCritorESEpidemiologia . Levantamentos em Saúde Bucal .

Cárie Dentária .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . BALDANI, M . H .; NARVAI, P . C .; ANTUNES, J . L . F . Cárie

dentária e condições sócio-econômicas no Estado do Paraná, Brasil, 1996, Cad . Saúde Pública, Rio de Janeiro, v .18, n .3, p .755-763, 2002 .

2 . BRASIL . Secretaria de Políticas de Saúde . Departamento de Atenção Básica . Área Técnica de Saúde Bucal . Projeto SB Bra-sil: condições de saúde bucal da população brasileira . Resulta-dos principais . Brasília, DF, 2004 .

3 . MEDEIROS, U . V .; WEYNE, S . C . A doença cárie dentária no Brasil e no mundo . UFES R . Odontol . Vitória, V .3, n .1, p . 88-95, 2001 .

4 . TANAKA, F . Prevalência de cárie dentária em crianças de 6 e 12 anos de idade de escolas públicas do município de Maringá – PR, Dissertação de Mestrado Universidade Estadual de Pon-ta Grossa - UEPG – PR, 2004 .

5 . WORLD HEALTH ORGANIZATION . Oral health surveys: ba-sics methods, 4 ed ., Geneva: WHO, 1997 .

o Programa de Educação pelo trabalho para Saúde (PEt-Saúde) como indutor de inovações pedagógicas: a experiência do curso de odontologia da universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia.

Apresentador: Graciela Soares FonsecaAutores: Graciela Soares Fonseca, Ana Áurea Alécio

de Oliveira RodriguesInstituição: UEFS

A evolução das práticas odontológicas e as novas concepções sobre a efetividade da atenção em

saúde bucal exigem profissionais críticos, capazes de trabalhar em equipe e de levar em conta a realidade social . A proposta é conceber cirurgiões-dentistas com perfil generalista, com sólida formação técnico-científica, humanística e ética, orientada para a pro-moção de saúde . Nesse propósito, mudanças estão

sendo instituídas no ensino superior, buscando a in-tegração com os serviços de saúde e com a comuni-dade, para favorecer o processo de ensino-aprendiza-gem . Cita-se o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, o PET-Saúde, como forte indutor de inovação pedagógica . O presente trabalho relata a experiência da Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia, salientando as mudanças geradas no Curso de Odontologia, no intuito de oferecer subsí-dios para que o programa seja implementado e aper-feiçoado em outras localidades do país . Observa-se que foram alcançados resultados significativos com a incorporação do PET-Saúde, evidenciando o poten-cial transformador, o que coopera para sua consoli-dação e expansão .

o lúdico no projeto “a universida-de a Serviço da Saúde”

Apresentador: Helena Maria Antunes PaianoAutores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane

Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise Vizzotto

Instituição: Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE

O Programa Nacional de Reorientação da Forma-ção Profissional em Saúde (Pró-Saúde) foi lan-

çado em 2005 pelo Ministério da Saúde e pelo Minis-tério da Educação . O programa visa incentivar a transformação do processo de formação, geração de conhecimento e prestação de serviços à população para uma abordagem integral do processo saúde do-ença . O eixo central é a integração ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cená-rio real de práticas, a Rede do Sistema Único de Saú-de, com ênfase na atenção básica, desde o início de sua formação . A UNIVILLE em parceria com a Secre-taria Municipal de Saúde de Joinville aprovou o seu projeto “A UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE” em 2008 . Este projeto tem como área de atuação o bairro Jardim Paraíso, cuja localização é próxima ao Campus da Universidade da Região de Joinville (UNI-VILLE) . O objetivo do projeto é proporcionar à so-ciedade profissionais habilitados para responder às necessidades da população brasileira e à operaciona-lização do Sistema Único de Saúde . Enfatizar a edu-cação em saúde capacitando a equipe de profissionais das unidades de saúde do Jardim Paraíso I e II, pro-fessores e alunos do curso de Odontologia a utilizar técnicas educacionais alternativas mais eficazes . Para atingir este objetivo torna-se necessário integrar a

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educação e a participação comunitária de forma di-nâmica, mediante estratégias ligadas ao teatro, músi-ca, feiras, dias da saúde e dinâmica de grupo . As ati-vidades de promoção e educação em saúde são desenvolvidas através dos jogos educativos, desenvol-vidos pelos alunos nas oficinas de capacitação profis-sional, supervisionados pelos professores da discipli-na de Odontologia Coletiva da UNIVILLE . O teatro é educativo por natureza . Permite ao sujeito observar-se, favorecendo o auto-conhecimento como também as relações estabelecidas na sociedade . “O teatro vem do jogo, e não deixa de ser um jogo, uma vez que envolve pessoas compartilhando uma experiência à parte da realidade, dentro de delimitações de espaço, tempo e regras” . É por meio da educação que se pro-cessa o pleno desenvolvimento humano . No contexto educacional crianças e jovens articulam o conheci-mento dos sentimentos, do corpo e da imaginação, desenvolvendo uma auto-estima positiva . (MEYER, 2002) Ao utilizar técnicas teatrais, como instrumento de informações em saúde, evita-se o caráter arbitrário, autoritário, paternalista e manipulador de valores e práticas de saúde . Esta reflexão, feita por LEME (2005), justifica a utilização do teatro como método de promoção de saúde . Sua pesquisa propõe a estru-turação de um campo teórico em Educação em Saúde realizado através do exercício da teatralidade . A uti-lização do elemento teatral como estratégia educacio-nal pode ser um recurso facilitador da compreensão de fenômenos que envolvem inter-relações pessoais e contribui para o melhor entendimento do fenôme-no educativo, promovendo sua permanente ação, significação e reconstrução coletiva . Reconhecer que a formação de profissionais em saúde abrange esferas cognitivas, afetivas e sociais é investir na diversidade e “formar, utilizando diferentes linguagens, estraté-gias e recursos . Traduz a intenção de desenvolver es-paços e cenários formativos, que valorizem os sujeitos e seus saberes prévios” RUIZ-MORENO (2005) . Du-rante três anos consecutivos, os alunos do curso de odontologia vêm desenvolvendo vários tipos de jogos educativos e outras ações através do estímulo teatral . Essas aulas são divididas em duas etapas: a primeira etapa consiste da capacitação dos graduandos de odontologia com 20 horas/aula . Esta etapa visa prin-cipalmente a socialização, a criação teatral, a utiliza-ção de exercícios e jogos teatrais baseados nos con-ceitos de Viola Spolin (2001) . Objetiva integração, socialização, e desenvolvimento de conceitos básicos, referentes ao fazer teatral; capacitação em teatro-educação, criação, desenvolvimento, e finalização dos

projetos de teatro, teatro-educação e jogos educati-vos . Todos os trabalhos são desenvolvidos direciona-dos à informação sobre questões de saúde, enfatizan-do a prevenção em saúde oral . A segunda etapa do projeto é a atuação na comunidade dos acadêmicos nas escolas do Jardim Paraíso . Nesta etapa busca-se a interação com a comunidade e a aplicação dos con-ceitos de prevenção e promoção em saúde, através dos jogos educativos previamente desenvolvidos pelos alunos . Processos de reflexão ocorrem periodicamen-te, visando a intensificação da experiência entre os graduandos e os professores responsáveis pela super-visão do estágio . Desse modo, incorpora-se ao proces-so de formação, dos alunos do curso de Odontologia, uma abordagem integral do processo saúde-doença e da promoção de saúde . Também favorece a troca de experiências entre os acadêmicos de Odontologia, os professores do curso, os professores do ensino fun-damental, e com profissionais de outras áreas de atu-ação em saúde, ampliando a abrangência do projeto e promovendo a integralidade e a interdisciplinarida-de . Busca-se, principalmente, beneficiar a formação dos profissionais de saúde que, por receber um tipo de capacitação diferenciada, amplia sua capacidade de comunicação com a comunidade, ampliando suas ações como educador e promotor de saúde . A comu-nidade também é beneficiada, pois tem acesso a am-pliar seu conhecimento do processo saúde-doença de modo natural, o que possibilita uma maior absorção da informação . Outro benefício é a humanização do profissional de saúde que, através de técnicas que incentivam a sensibilidade e o trabalho em equipe, pode experimentar ser um educador sem, entretanto, ter que se portar com o tecnicismo que socialmente sua profissão sempre impõe . Os acadêmicos aplicam e testam a efetividade do conhecimento adquirido pela comunidade antes e após participarem de cam-panhas de educação em saúde, aonde os indivíduos são abordados de forma alternativa e lúdica, propor-cionando uma ampliação de seu conhecimento em conceitos de saúde . Como resultado temos a forma-ção de cidadãos-profissionais, na área da saúde bucal, críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saú-de . Profissionais com posturas criativas de construção do conhecimento, tendo como referência as necessi-dades dos usuários, que são extremamente dinâmi-cas . É fundamental que a aprendizagem em saúde signifique mais do que uma retenção de informações . O exercício da prática de educação popular em saúde

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pressupõe abertura, disponibilidade para ouvir o ou-tro, pois, o ato participativo é humanizante . O essen-cial é ajudar o ser humano a ajudar-se, é fazê-lo agen-te de sua transformação .

dESCritorESEducação . Saúde . Profissionais de Saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Ceccim, Ricardo Burg; FERLA, Alcindo Antonio . Educação e

saúde: ensino e cidadania como travessia de fronteiras . Trab . Educ . Saúde, v . 6 n . 3, p . 443-456, nov .2008/fev .2009 .

2 . Ruiz-Moreno, L . et al.l . Jornal Vivo: relato de uma experiência de ensino-aprendizagem na área da saúde . Interface (Botuca-tu) vol .9, no . 16, Botucatu Sept ./Feb . 2005 . Disponível em: http://www .scielo .br/scielo .php?pid=S1414-32832005000100021&script=sci_arttext

3 . Meyer, Ana Maria . O teatro como um recurso psicopedagógico Alternativo para a criança na escola . UNIVERSIDADE ESTA-DUAL DE CAMPINAS, Faculdade De Educação, dissertação de mestrado, 2002 .

4 . Leme, Alexandre de Oliveira . Promoção de Saúde em cena: considerações teóricas para uma prática teatral de Educação em Saúde . Dissertação, Universidade de São Paulo . Faculdade de Saúde Pública . São Paulo; 2005 . 116 p .

5 . Spolin, Viola . Jogos Teatrais . O fichário de Viola Spolin . São Paulo: Editora Perspectiva, 2001 .

atividades desenvolvidas no projeto “a universidade a Serviço da Saúde”

Apresentador: Helena Maria Antunes PaianoAutores: Helena Maria Antunes Paiano, Eliane

Ramin, Luiz Carlos Miguel, Denise Vizzotto

Instituição: Universidade da Região de Joinville – UNIVILLE

A UNIVILLE, em parceria com a Secretaria Muni-cipal de Saúde de Joinville, aprovou o projeto “A

UNIVERSIDADE A SERVIÇO DA SAÚDE” pelo Pró-Saúde II em 2008 . Este projeto foi elaborado por uma equipe de professores dos cursos de Odontologia e Farmácia, visando a integração dos cursos no proces-so de formação dos acadêmicos . O Projeto é realizado no bairro Jardim Paraíso, localizado próximo ao Cam-pus da Universidade da Região de Joinville . O objeti-vo do projeto é incentivar a transformação do proces-so de formação, geração de conhecimento e prestação de serviços à população para uma abordagem integral do processo saúde-doença . O eixo central é a integra-ção ensino-serviço, com a conseqüente inserção dos estudantes no cenário real de práticas, a Rede do Sis-tema Único de Saúde (SUS) . Enfatizar a educação em

saúde, capacitando profissionais das unidades de saú-de, professores e alunos dos cursos envolvidos a utili-zar técnicas educacionais alternativas . Elaborar mo-delo de prática farmacêutica no âmbito da atenção básica, visando à integralidade na atenção à saúde e o desenvolvimento desta assistência, considerando as peculiaridades regionais, articulado com as demais profissões de saúde e visando o desenvolvimento do SUS . As atividades são desenvolvidas junto às unida-des básicas de saúde do Jardim Paraíso I e II, contem-plando uma comunidade com aproximadamente 10 mil pessoas . Essas duas unidades representam a sede da articulação ensino-serviço e nucleia as ações do Pró-Saúde II com abrangência no bairro . A unidade básica de saúde do Jardim Paraíso I é responsável por 960 famílias e a do Jardim Paraíso II por 965 famílias . Este bairro tem, como característica, uma população jovem: 26% na faixa etária de 0 a 9 anos, 21% de 10 a 19 anos e 20% de 20 a 29 anos, sendo que 48% da população total do bairro tem uma renda de 1 a 3 salários mínimos (IPPUJ, 2008) . A metodologia utili-zada nestes três anos de projeto: criação da Comissão Gestora Local com discussões sobre todas as ações de saúde desenvolvidas no bairro e necessidades da uni-dade básica, quanto à adequação física, visando à in-serção de estudantes no desenvolvimento das ativida-des neste local; capacitações com todos os docentes e discentes do curso de Odontologia e Farmácia sobre os objetivos do projeto; conhecimento da área de abrangência das unidades de saúde do Jardim Paraí-so I e II pelos alunos, identificando os determinantes sócio-econômicos do processo saúde-doença; realiza-ção de territorialização pelos estudantes de Farmácia e Odontologia, acompanhando a equipe de saúde da família no bairro, contribuindo para a elaboração do mapa inteligente como instrumento auxiliar para atu-ação das agentes de saúde e como auxiliar no plane-jamento anual de todas as ações da unidade de saúde; atuação dos estudantes de Odontologia e Farmácia com a equipe de saúde da unidade no trabalho de educação em saúde com os idosos, abordando temas: saúde oral, uso de medicamentos, alimentação sau-dável, adesão ao tratamento, uso racional de plantas medicinais; treinamento para as agentes comunitá-rias de saúde sobre o manejo de pacientes analfabetos ou com dificuldades cognitivas, quanto à utilização de medicamentos, realizado por alunos de Farmácia; atividade de integração, atuação prática, e capacita-ção, junto aos profissionais de saúde pelos estudantes de Odontologia e Farmácia, visando minimizar difi-culdades detectadas pelos profissionais responsáveis

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pelo setor, em relação a todo o aspecto, que circunda o trabalho com a comunidade; realização de levanta-mentos epidemiológicos de CPO-D e ceo-d (de dentes cariados, perdidos e obturados) das crianças nas es-colas do bairro Jardim Paraíso: Escola Municipal Dr . Hans Dieter Schmidt, Escola Municipal Silvio Snieci-kovski, CEI Bem-Me-Quer e CEI Paraíso da Criança pelos alunos do 30 ano de Odontologia; educação, orientação em saúde bucal e escovações supervisio-nadas para crianças de alto e baixo risco de cárie nas escolas do bairro pelos alunos do 30 e 40 ano de odon-tologia, semanalmente, no período matutino e ves-pertino; realização de visitas domiciliares à famílias em risco de adoecer na micro área 6, área de ocupa-ção, junto ao público de crianças de zero a cinco anos realizando exames, diagnóstico, tratamento destas crianças, orientação sobre saúde bucal, dieta, técnicas de escovação, uso do flúor; agendamento de ativida-des educativas com as mães desta micro-área e pes-quisa sobre o conhecimento de hábitos de higiene oral; desenvolvimento de campanhas de Promoção de Saúde Bucal (câncer bucal e outras); atendimento individual em consultório odontológico para a comu-nidade nas Unidades de Saúde do Jardim Paraíso I, II e clínicas da UNIVILLE . Com a implementação do Pró-Saúde II, busca-se intervir no processo formativo para que a graduação desloque o atual eixo da forma-ção, centrado na assistência individual, prestada em unidades especializadas, para um processo sintoniza-do com as necessidades sociais, levando em conta as dimensões históricas, econômicas e culturais da po-pulação . Desta forma pretende-se a formação de ci-dadãos-profissionais críticos e reflexivos capacitados a desenvolver suas práticas voltadas para a promoção e manutenção da saúde, constituindo-se em agentes promotores de saúde . Profissionais com posturas cria-tivas de construção do conhecimento, tendo como referência, as necessidades dos usuários, que são ex-tremamente dinâmicas .

dESCritorESEducação . Saúde . Equipe de Saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional

em Saúde – PRÓ-SAÚDE- Brasília – DF-2007

2 . Projeto Pró-Saúde II elaborado pela UNIVILLE, 2008 .

3 . Instituto de Pesquisa e Planejamento para o Desenvolvimento Sustentável de Joinville, 2008 .

4 . Projeto Político Pedagógico do Curso de Odontologia UNI-VILLE, 2002

Experiência da faculdade de odontologia da uFmG no PEt-Saúde da Família

Apresentador: João Henrique Lara do AmaralAutores: João Henrique Lara do Amaral, Andréa

Clemente Palmier, Mara Vasconcelos, Mauro Henrique Nogueira Guimarães Abreu

Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG

introduçãoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde da Família (PET-Saúde) da Universidade Fe-deral de Minas Gerais e Secretária Municipal da Saú-de de Belo Horizonte (PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH) teve início no ano de 2009, atendendo à neces-sidade de qualificar em serviço os profissionais da área da saúde, e oportunizar a formação dos estudantes de graduação pela experiência cotidiana do trabalho no Sistema Único de Saúde (SUS) . O PET-Saúde é parte do esforço institucional do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), dos Ministérios da Educação e da Saúde, que visa a reorientação da formação profissional sus-tentada pelo princípio da integralidade do cuidado segundo as necessidades da população, com ênfase na atenção primária, e na transformação do processo de produção do conhecimento . A segunda, e não menos importante referência na proposição do PET-Saúde, são as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para a formação dos profissionais da saúde . Fundamentalmente, o PET-Saúde estrutura as ações dos grupos tutoriais segundo as necessidades de saú-de e de produção de conhecimento localmente de-terminadas . São princípios do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH a formação profissional em saúde para o trabalho em equipe, a ênfase na integralidade do cui-dado, a humanização, e a valorização da pesquisa como estratégia para impulsionar o processo de en-sino-aprendizagem e avaliação . O projeto atua na perspectiva do desenvolvimento das competências gerais comuns aos profissionais da saúde como indi-cam as DCN . De forma conseqüente com esses obje-tivos os grupos tutoriais são de caráter multiprofissio-nal no que tange ao corpo de tutores e conjunto de estudantes . A composição dos grupos obedece ao cri-tério da maior diversidade de cursos entre os estudan-tes, independentemente da formação do tutor e da área de atuação profissional dos preceptores . Os gru-pos tutoriais, além da pesquisa, promovem uma gran-de variedade de ações segundo as necessidades locais,

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principalmente de promoção à saúde . Os campos de atuação do projeto PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH foram definidos por consenso entre a UFMG e a SMSA/PBH . No Curso de Odontologia da UFMG a implantação do PET-Saúde coincidiu com a mobili-zação da comunidade acadêmica para a tarefa de re-ver a matriz curricular considerando o que preconi-zam as DCN e os princípios e objetivos do Pró-Saúde .

oBJEtiVoEste trabalho visa relatar a experiência da Facul-

dade de Odontologia da UFMG (FO/UFMG) com o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, compartilhar as re-flexões dos professores tutores oriundos do curso sobre o desenvolvimento do programa, e discutir os desafios que se colocam para a formação profissional do cirurgião-dentista .

matEriaiS E mÉtodoÉ apresentado o perfil de composição e atuação

dos grupos tutoriais, da participação de docentes e estudantes da FO/UFMG, e as primeiras contribui-ções do PET-Saúde na identificação de fragilidades a serem superadas pelo currículo de graduação .

rESultadoSNa elaboração do projeto PET-Saúde/UFMG/

SMSA/PBH, participaram professores da UFMG, téc-nicos da Gerência de Assistência e do Centro de Edu-cação em Saúde da SMSA/PBH . Os 14 grupos tuto-riais estão presentes em 16 unidades de atenção primária à saúde (APS) distribuídas entre sete distri-tos sanitários do município de Belo Horizonte . Em 2011 participam do projeto 17 professores tutores, 84 profissionais preceptores, 168 estudantes bolsistas e um número variável de estudantes não bolsistas . En-tre os 14 grupos tutoriais, alguns incorporam dois professores tutores . Os grupos atuam em três campos de interesse do SUS: avaliação das Linhas de Cuidado por Ciclos de Vida - saúde da criança, da mulher e do idoso; Promoção de Modos de Vida Saudáveis e In-terface Saúde Ambiente . Os estudantes são oriundos de 11 áreas profissionais incluindo cursos da UFMG que ainda não implantaram estágio na Estratégia Saú-de da Família . Participam prioritariamente estudan-tes dos primeiros períodos dos cursos estimulando a iniciação à prática profissional desde o começo da formação, e com perfil mais receptivo ao que propõe o programa . Entre os estudantes bolsistas 14 são do Curso de Odontologia . Assim como os estudantes da FO/UFMG têm a oportunidade de participar de gru-pos sob a supervisão de tutores e preceptores das di-versas áreas da saúde, três tutores oriundos da FO/UFMG acompanham estudantes e preceptores de 11

categorias profissionais . Desde o momento de im-plantação do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH, três professores tutores da FO/UFMG desenvolvem suas ações junto à linha Interface Saúde Ambiente em duas unidades de APS . Com a Interface Saúde e Am-biente se propõe o estudo dos componentes socioam-bientais na compreensão e determinação do processo saúde doença . No primeiro ano do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH foi aprovada nos Comitês de Éti-ca em Pesquisa da UFMG e da SMSA/PBH uma pes-quisa visando conhecer as percepções sobre a relação entre saúde e ambiente de usuários, agentes comuni-tários de saúde e profissionais do serviço . Consideran-do os resultados da investigação, no ano seguinte, foi desenvolvida uma pesquisa-ação com os objetivos de avaliar os riscos ambientais à saúde de domicílios das áreas de abrangência das unidades de saúde, e de propor, de forma compartilhada com a população, ações visando à redução desses riscos . As iniciativas no campo da promoção à saúde nesses dois grupos tutoriais foram diversificas incluindo projeto de ade-quada destinação de resíduos sólidos, orientação de famílias com crianças portadoras de doenças respira-tórias crônicas, atenção à saúde de escolares incluin-do a organização do acesso à atenção odontológica, avaliação do fluxo de pacientes que recebem a vacina anti-rábica na unidade de saúde, avaliação da adesão da população à campanha de vacinação anti-rábica de cães e gatos, participação em projeto para a saúde sexual de adolescentes, e formação em primeiros so-corros para cuidadores vinculados a uma das Unida-des Municipais de Educação Infantil . Outro conjunto de ações se refere à participação dos grupos tutoriais em projetos assistenciais, campanhas de imunização e programas de educação permanente da SMSA/PBH . A maioria dessas ações continua presente no terceiro ano de vigência do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH . O planejamento nos grupos tutoriais inclui a organização de atividades de capacitação para estudantes, preceptores e tutores . Entre os temas abordados destacam-se aqueles relativos à interface saúde ambiente, metodologia científica e promoção à saúde . O PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem oportunizado uma experiência quase que totalmente nova para estudantes e professores do Curso de Odon-tologia, que é de desenvolver a formação profissional do cirurgião-dentista de forma articulada com outros profissionais da saúde, não só pelo desenho do pro-grama, mas principalmente, pelos princípios o que regem . Essa experiência não é a primeira na FO/UFMG se for considerado um projeto de ensino mul-

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tiprofissional de dimensão bastante reduzida desen-volvido no início da última década, e outros de cunho extensionista, de pouca visibilidade, em razão da fal-ta de clareza sobre o papel da extensão no processo de formação profissional . Pela distância que a FO/UFMG ainda guarda de experiência dessa natureza, o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem se tornado um espaço de formação diferenciada para estudantes e professores . Atualmente, na graduação, as oportuni-dades de integração com outras áreas estão restritas às disciplinas de Ciências Sociais Aplicadas à Saúde no 2º período do curso e de Estágio Supervisionado no 9º período . De forma positiva, o envolvimento dos estudantes do curso com as atividades dos grupos tu-toriais, e o grau de interação alcançado com repre-sentantes de outras profissões da área da saúde, leva a crer que existe um potencial de mudança a ser ex-plorado durante a graduação . Além disso, o programa tem possibilitado a formação dos professores em te-mas diversificados de caráter multiprofissional, em conteúdos pertinentes aos projetos de pesquisa e ao processo de ensino-aprendizagem e avaliação . Esses professores passam então a defender a necessidade de abertura de espaço na matriz curricular para o desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe, e percebem a importância dos programas de desenvolvimento docente como condição necessária para a tarefa de ensinar . Nota-se ainda que o PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH amplia o campo de atua-ção do cirurgião-dentista, uma vez que as necessida-des de atenção á saúde, antes cobertas por determinada área profissional, demandam a contri-buição da formação na área da Odontologia . Final-mente, PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH tem colabo-rado na identificação de conteúdos necessários à formação do cirurgião-dentista, tendo em vista prin-cipalmente o desenvolvimento de habilidades gerais comuns aos profissionais da área da saúde .

ConCluSãoPara docentes e estudantes da FO/UFMG os prin-

cípios e desafios formulados pelas DCN e pelo Pró-Saúde tornam-se experiências do cotidiano no PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH . O convívio durante o período da graduação com outras áreas profissionais da saúde descortina um conjunto bastante rico de alternativas de integração no trabalho em equipe, e de atividades no campo da promoção à saúde . Ao mesmo tempo em que se evidencia a distância entre estudantes e professores do curso de práticas e refle-xões já exploradas por outros profissionais, percebe-se no corpo discente abertura e disposição para de-

senvolver as habilidades necessárias que permitam a ele ocupar o lugar que lhe cabe na rede de cuidados . Quanto aos professores já integrados ao PET-Saúde, a disposição pela mudança do processo de formação profissional já antecede a experiência no projeto, o que desautoriza uma generalização para a totalidade do corpo docente . Cabe a esses professores interferir diretamente na avaliação e proposição de mudanças no curso de graduação, socializar suas experiências e a determinação de que o cirurgião-dentista seja for-mando em conformidade com os princípios do SUS . Além disso, o conhecimento compartilhado no espa-ço pedagógico do PET-Saúde/UFMG/SMSA/PBH é passível de ser transposto com adaptações para o co-tidiano da prática docente .

dESCritorESEquipe Interdisciplinar de Saúde . Educação em

Saúde . Currículo .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Educação . Conselho Nacional de Educa-

ção / Câmara de Educação . Resolução CNE/CES nº 3/2002, de 19 de fevereiro de 2002 . Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Odontologia . Brasília, DF, 19 fev . 2002 . Disponível em: < http://portal .mec .gov .br/cne/arquivos/pdf/CES032002 .pdf >  . Acesso em: 29 jan . 2008

2 . Brasil . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde: objetivos, implementação e desenvolvimento po-tencial / Ministério da Saúde, Ministério da Educação – Bra-sília: Ministério da Saúde, 2007 . 88 p .

3 . Brasil . Ministério da Educação e do Desporto, Ministério da Saúde . Portaria Interministerial nº 1 .802, de 26 de agosto de 2008 . Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde – PET-Saúde . Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 ago . 2008 . Coluna 1 . p . 27 . Disponível em: < http://www .prosaude .org/leg/pet-saude-ago2008/1-portariaINTERMINISTERIAL-1 .802-26agosto2008-PET-Sau-de .pdf > Acesso em 23 jun . 2011 .

4 . Abreu MHNG, Palmier AC, Magalhães DF, Amaral JHL, Alves CRL . A experiência do Programa de Educação pelo Trabalho em Saúde da UFMG: o caso da interface saúde/ambiente . Educação em Foco . 2009;12(13):13-27 .

integração/interação: postura crítica do estudante.

Apresentador: Joyce Cristina Chevi da RochaAutores: Joyce Cristina Chevi da Rocha, Messias

Aragão Gondim, Maria Isabel de Castro de Souza, Teresa Cristina Ávila Berlinck, Maria Eliza Barbosa Ramos

Instituição: UERJ

Tendo em vista as mudanças ocorridas no perfil da demanda das necessidades populacionais, bem

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como, no preparo e capacitação de profissionais que atendem a este cenário, o Ministério da Educação e Associações de Ensino Superiores desenvolveram um novo modelo curricular através das novas Diretrizes Curriculares Nacionais . Para implementação deste novo conceito o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação propuserem o Pró-Saúde, como mola mo-tivacional das Instituições de Ensino Superior no Bra-sil . Com intuito de contribuir para o planejamento e implantação da reforma curricular da Faculdade de Odontologia da UERJ, foi objetivo deste estudo avaliar a opinião dos alunos, a respeito de cada disciplina cursada, abordando a seguinte questão: “As estratégias utilizadas na disciplina cursada desenvolveram uma postura crítica dos alunos?” Foi realizado um questio-nário informatizado, com perguntas fechadas . O alu-no só poderia escolher uma resposta entre as opções: sempre, frequentemente, esporadicamente e nunca . As disciplinas eletivas não foram avaliadas . O número total de alunos que estudavam na FO-UERJ em 2010-1, período da avaliação, era de duzentos e doze (212) alunos . Mas somente cento e oitenta e dois (182), par-ticiparam do trabalho . Estes alunos eram do segundo ao oitavo período e, como é uma avaliação do período anterior ao que o aluno estava cursando, os alunos do primeiro período não responderam ao questionário e também não foram analisadas as disciplinas do oita-vo período . A amostra final foi composta de cento e cinqüenta estudantes (150), o que corresponde a, aproximadamente, oitenta e dois por cento (82%) do total de alunos selecionados .

Os resultados totais demonstraram uma resposta positiva, onde quarenta e seis por cento (46%) dos alunos responderam que sempre tiveram postura crí-tica, trinta e um por cento (31%) dos alunos respon-deram que freqüentemente se mostraram críticos em relação ao que foi apresentado, dezesseis por cento (16%) dos alunos disseram que esporadicamente ti-nham uma postura crítica e sete por cento (7%) dos alunos responderam que não desenvolveram postura crítica . Há a necessidade de modificações pontuais sobre essa questão, principalmente nas disciplinas que obtiveram os piores resultados entre todas, para a construção da nova grade curricular que será im-plantada .

Pode-se concluir que atualmente os jovens têm uma postura crítica, denominada até de geração Y, e que os Docentes do Curso de Odontologia da Univer-sidade do Estado do Rio de Janeiro estimulam e pro-piciam estratégias para que esta postura seja exterio-rizada .

dESCritorESOdontologia . Educação em Saúde . Prática de

Ensino-Aprendizagem

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Almeida M, Feurwerker L, Llanos M . A educação dos profis-

sionais de saúde na América Latina: teoria e prática de um movimento de mudança . São Paulo: Hucitec/ Buenos Aires: Lugar Editorial/ Londrina:Editora UEL; 1999 .

2 . Bagnato M . Inovações Pedagógicas na Educação Superior em Saúde: algumas reflexões . 2005 . Disponível < mbagnato@uni-camp .br > PRAESA-Laboratório de Estudos e Pesquisas em Práticas de Educação e Saúde . Acesso em: 13 out . 2008 .

3 . Brasil . Ministério da Saúde . Portaria 198/GM/MS . Diário Ofi-cial da União nº 32/2004, Secção I .Brasil . Ministério da Saúde . Pró-Saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde /Ministério da Saúde, Ministério da Educação . Brasília: Ministério da Saúde; 2005 . 77 p . (Série C . Projetos, Programas e Relatórios) .

4 . Brasil . Ministério da Educação . Conselho Nacional de Educa-ção . Resolução CNE/CES nº 4, de 07/11/2001 . Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina . Brasília: Câmara de Educação Superior; 2001 .

5 . Cunha MI . Inovações pedagógicas: tempos de silêncios e pos-sibilidades de mudanças . Interface Comun Saúde Educ 2003;7(13):149-52

o PEt-Saúde como instrumento de re-orientação do ensino em odontologia: a experiência da universidade Federal do Espírito Santo

Apresentador: Karina Tonini dos SantosAutores: Karina Tonini dos Santos, Caroline

Marinho Gonçalves, Raquel Baroni de Carvalho

Instituição: Universidade Federal do Espírito Santo

As Diretrizes Curriculares Nacionais e a consolida-ção do SUS levaram as instituições de ensino su-

perior em saúde no Brasil a reformular seus currículos, deixando de formar profissionais apenas tecnicistas para formar profissionais voltados também para a re-alidade social, econômica, política e cultural do Brasil . O presente trabalho tem como objetivo discutir sobre o processo de re-orientação do ensino em saúde/odontologia, relatando a experiência do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), iniciado na UFES em 2010 . O PET-Saúde foi criado pelo Ministério da Saúde em parceria com o Ministé-rio da Educação, dando a oportunidade aos acadêmi-cos a vivenciarem o trabalho multidisciplinar dentro das Unidades de Saúde . As atividades extramuros pro-piciam um maior conhecimento, por parte dos alunos,

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que experimentam a estrutura dos serviços públicos de saúde, a participação no atendimento à população, a compreensão das políticas de saúde/ saúde bucal, o papel do cirurgião-dentista no serviço público, bem como o contexto social no qual futuramente o acadê-mico poderá se inserir . O PET-Saúde oferece também um espaço de reflexão por meio das trocas de abor-dagens e experiências entre a realidade vivenciada pelos profissionais e os conhecimentos trazidos pelos alunos nos moldes acadêmicos . Conclui-se que para efetivação do SUS, os alunos dos cursos de saúde pre-cisam de uma formação mais ampla, em ambientes diferenciados, com experiências inovadoras, ativida-des coletivas e não somente a prática tradicional rea-lizada em clínica de ensino de especialidades .

Contribuições do Pró-Saúde para inovação do currículo do curso de odontologia da uFmG

Apresentador: Simone Dutra LucasAutores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique

Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna, Simone Dutra Lucas

Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG

introduçãoAs Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para

os cursos de graduação em Odontologia, aprovadas em 2002, apontam na direção da diversificação de cenários no Sistema Único de Saúde (SUS) quando recomendam que a formação profissional deve in-cluir o sistema de saúde do país, a atenção integral à saúde e o trabalho em equipe . O relatório da 3ª Con-ferência Nacional de Saúde Bucal (2004) sinaliza na mesma direção quando valoriza os convênios entre as instituições formadoras e os serviços de atenção à saúde bucal como oportunidade de aproximação dos estudantes dos modelos assistenciais e da realidade social da população . Um componente importante de mudança na formação depois da promulgação das DCN para a área da saúde é o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde) do Ministério da Educação e Ministério da Saúde . Ele foi lançado em 2005, e tem como obje-tivo geral “incentivar transformações do processo de formação, geração de conhecimentos e prestação de serviços à população, para abordagem integral do processo de saúde/doença” . A Faculdade de Odon-tologia da Universidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG), em resposta às recomendações das DCN e

do Pró-Saúde, tem se mobilizado para implementar mudanças no seu currículo de graduação com ênfase na integralidade do cuidado à saúde, a prática coti-diana, na adoção de novos cenários de aprendizagem e de métodos de ensino participativos . Neste contex-to, em 2007, a disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde (CSAS), ofertada no 2° período do curso, foi reformulada com o objetivo de propiciar a inserção dos estudantes nos serviços públicos de saúde no iní-cio da sua formação profissional, assumindo a reali-dade e a prática do SUS como objetos de ensino . Cabe ressaltar que esta nova proposta para a disciplina foi elaborada por um grupo de docentes com formação em saúde coletiva e profissionais da Secretaria de Saú-de da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte, MG .

oBJEtiVoApresentar as inovações curriculares implemen-

tadas na disciplina Ciências Sociais Aplicadas à Saúde do curso de Odontologia da UFMG .

mEtodoloGiaSão descritas as inovações curriculares destacando

os fundamentos da proposta atual quanto a objetivos de formação, conteúdos, métodos de ensino e avalia-ção .

rESultadoSOriginalmente, de 1982 até meados da década de

90, a disciplina de CSAS, com conteúdos de Sociolo-gia, Antropologia e Psicologia era ministrada por professores da área de ciências humanas, a saber, as-sistentes sociais, sociólogos e docentes da área da Psi-cologia . Ao longo do tempo, os conteúdos foram as-sumidos por uma cirurgiã-dentista com formação na área da Saúde Coletiva . A reformulação da disciplina CSAS foi uma das primeiras iniciativas do curso no âmbito do Projeto Pró-Saúde da FO-UFMG . A supe-ração do enfoque conceitual e fragmentado dos con-teúdos foi buscada com a definição de um eixo estru-turador: o processo saúde/doença . Deste tema derivam outros conteúdos correlacionados, organiza-dos em quatro módulos: 1) representação social do processo saúde doença; 2) organização da atenção primária do SUS em Belo Horizonte; 3) organização do acesso e acolhimento; 4) determinação social do processo saúde doença . Além disso, buscava-se o de-senvolvimento de atividades práticas, com a inserção dos estudantes, no começo da sua formação profis-sional, nos serviços públicos de saúde . Antes dessa mudança, os estudantes participavam de uma única visita às Unidades Básicas de Saúde (UBS) no início das atividades clínicas do quarto período do curso . Uma segunda oportunidade de contato com o SUS,

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essa mais efetiva, consistia na oferta do Estágio Super-visionado no último período da formação . A compo-sição de equipe com cinco docentes com formação em saúde coletiva foi uma decisão importante para viabilizar as mudanças . A dinâmica da disciplina in-tercala as atividades de concentração em sala de aula com dispersão nos cenários . Durante as atividades de concentração busca-se a motivação dos estudantes para a construção do conhecimento científico dos temas abordados considerando as experiências do cotidiano e a prática social . Utilizam-se distintas es-tratégias de ensino (grupos de discussão, vídeos, se-minários, apresentação de trabalhos, atividade inte-rativa nos cenários de prática e socialização de produtos) . Após cada atividade no campo de prática os estudantes elaboram uma síntese com as impres-sões previamente construídas e o que foi observado nos cenários . Estimula-se, com isso, que os discentes possam identificar as maiores ou menores aproxima-ções entre as primeiras elaborações construídas pelo grupo e a prática social vigente . Desse modo, a reali-dade torna-se mediadora da aprendizagem . As ativi-dades de dispersão são desenvolvidas em dez UBS localizadas em três Distritos Sanitários apoiadas pelo gestor local e trabalhadores . As ações compreendem a realização de uma enquete sobre o conceito de saú-de dos diferentes sujeitos (usuários e trabalhadores da UBS), a coleta de informações sobre a gestão e o processo de trabalho, o registro da estrutura física, dos recursos materiais, humanos, a participação nas atividades de acolhimento e a realização de visitas domiciliares . Durante as visitas domiciliares, os alu-nos são acompanhados pelos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) . Até o momento, a avaliação dos es-tudantes é feita no contexto de cada grupo . Eles são avaliados na produção escrita, na habilidade de ex-posição e análise das situações observadas, e na coe-rência das conclusões considerando o aporte trazido pela literatura . Na socialização dos produtos em sala de aula observa-se a clareza na exposição das idéias, a capacidade de síntese, e a organização lógica entre o registro das observações, a habilidade crítica e as conclusões . Mais recentemente, a disciplina se confi-gurou como um campo para a formação de docentes na área de saúde coletiva, com a inclusão dos alunos da pós-graduação da FO-UFMG .

ConCluSãoO caminho metodológico proposto pela CSAS

atende aos pressupostos das DCN e aos princípios do Pró-Saúde de produzir uma aprendizagem que tenha a realidade e a prática do SUS como objetos do ensi-

no . Vivenciar o processo de trabalho das UBS propicia o surgimento, para o estudante, de um conceito de trabalho que supera a ação centrada no profissional, na consulta clínica odontológica . Permite incorpora-ção de outros educadores, no processo de formação, como os profissionais ligados aos serviços . Possibilita, também, o desenvolvimento da capacidade crítica do estudante de Odontologia facilitando a reformulação de conceitos e a conseqüente criação de novos conhe-cimentos . Quanto aos atores do serviço de saúde, estes atribuem importância à inserção dos futuros profissionais no SUS, mesmo no início do Curso de Odontologia quando as suas contribuições são limi-tadas; por compreenderem que se pode formar um profissional mais capacitado para atuar na saúde pú-blica . O Pró-Saúde potencializou os esforços que vi-nham sendo implementados com o objetivo de pro-mover a mudança da matriz curricular na FO-UFMG . No caso específico da disciplina de CSAS houve um fortalecimento das ações e motivação dos professores com pronta resposta da parte da Coordenação de Saúde Bucal do Município de Belo Horizonte . A aber-tura dos novos cenários de prática para a disciplina envolveu desdobramentos no contexto do Pró-Saúde incluindo a realocação e aquisição de equipamentos para os cenários do Estágio Supervisionado do nono período do curso . Outro avanço importante foi a mu-dança da disciplina de CSAS do segundo para o pri-meiro período na nova matriz curricular atendendo à expectativa de inserção dos estudantes à prática desde o início da formação . Espera-se que as inova-ções citadas subsidiem outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos estudantes da prática profissional, e que sirva de parâmetro na organização e planejamento de outros conteúdos vinculados à saúde coletiva a serem incluí¬dos na formação pro-fissional . Considera-se que a experiência da disciplina incorpora os três eixos do Pró-Saúde: a) orientação teórica devido ao seu referencial teórico que é o pro-cesso saúde/doença; b) cenários de prática pela inte-gração ensino-serviço e diversificação dos cenários de aprendizagem e c) orientação pedagógica por meio da adoção de metodologias ativas de ensino-aprendi-zagem e pela e análise crítica da atenção primária .

dESCritorESCurrículo . Odontologia . SUS .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Batista N et al. . O enfoque problematizador na formação de

profissionais da saúde . Rev Saúde Pública 2005; 39 (2) 231-237 .

2 . Brasil . Lei n . 8080 – 19 set . 1990 . Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organi-

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zação e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências . Diário Oficial, Brasília, 20 set . 1990 .

3 . Brasil . Ministério da Saúde . Conselho Nacional de Saúde . 3ª Conferência Nacional de Saúde Bucal, Brasília, DF, de 29 de julho a 1º de agosto de 2004 – Relatório Final . Disponível em: http://www .saude .sc .gov .br/Eventos/ConferenciaSaudeBu-cal/relatorio_nacional .pdf

4 . Brasil . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde . Série C . Projetos, Programas e Relatórios . Brasília, DF, 2005 .

5 . Conselho Federal de Educação . Resolução no . 04, de 03 de setembro de 1982 . Fixa os mínimos de conteúdo e duração do curso de Odontologia . Ministério da Educação e Cultura . Di-ário Oficial, 16/09/1982

PEt-Saúde uniFor no combate à dengue através da reciclagem

Apresentador: Lucianna Leite PequenoAutores: Lucianna Leite Pequeno, Ivana dos Santos

Fonseca, Laís Aguiar de Oliveira, Natali Sales Martins, Lauana Rocha Bonfim

Instituição: UNIFOR

introduçãoA dengue é um dos principais problemas de saúde

pública no mundo . No Brasil, as condições socioam-bientais são favoráveis à expansão do Aedes aegypti . O aumento de sua ocorrência tem se tornado bastan-te preocupante para toda a sociedade, principalmen-te para as autoridades de saúde, em virtude da neces-sidade de aumento da capacidade dos serviços para atender pessoas acometidas com as formas mais gra-ves da doença (Barreto, 2008) . Deter o vetor é o úni-co método viável de intervenção no controle da den-gue, pois ainda não há vacina nem tratamento específico para combatê-la Existe um grande proble-ma no combate ao mosquito, pois sua reprodução ocorre em qualquer recipiente utilizado para arma-zenar água, como por exemplo, pneus, folhas de plan-tas, caixas d’água e garrafas, tanto em áreas sombrias como ensolaradas . Esse fator facilita a disseminação da doença (Ministério da Saúde, 2011) . A destinação final do lixo é um dos maiores problemas dos centros urbanos e a reciclagem de resíduos sólidos está entre as principais soluções para esse problema (Hisatugo, 2007) . Resíduos sólidos são problemas sanitários, am-biental, econômico e estético; são materiais hetero-gêneos (inertes, minerais e orgânicos) que vêm da ação humana e da natureza, que podem ser utilizados parcialmente, gerando proteção a saúde pública e economia de recursos naturais . Não devemos enxer-gar o lixo como algo sujo e inútil em sua totalidade .

O lixo pode ser fonte de riqueza e precisa ser separa-do para ser reciclado . Portanto, é preciso quebrar a cadeia de transmissão, eliminando o mosquito dos locais onde se reproduzem . Para a prevenção e me-didas de combate à dengue, há a necessidade de se executar medidas de controle que exigem a partici-pação e a mobilização de toda a comunidade, caso contrário, as ações isoladas poderão ser insuficientes para acabar com os focos da doença (Medronho, 2008) . Medidas educativas são necessárias na produ-ção de atitudes diferentes, modificando hábitos para contribuir para o avanço da conscientização sobre a problemática socioambiental, produzindo sujeitos atentos e participativos na melhoria da qualidade de suas vidas (Tavares, 2003) . O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) consiste em uma estratégia conjunta dos Ministérios da Saúde e da Educação, destinado a fomentar grupos de apren-dizagem tutorial em áreas estratégicas e prioritárias para o Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2010) . O Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, pre-ceptores (profissionais do serviço) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estraté-gias do Programa Nacional de Reorientação da For-mação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005 . O PET-Saúde objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabili-zando o aperfeiçoamento e a especialização em ser-viço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profis-sionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS . Em decorrência da epidemia de dengue instalada no município de Fortaleza e no estado do Ceará no primeiro semestre de 2011, bem como por ser esta temática um dos eixos prioritários definidos pela coordenação nacional do PET-Saúde, o fortalecimento e a ampliação das ações de combate à dengue foram incluídos como prioridade no plano de ação das atividades do Pet-Saúde da Universidade de Fortaleza (UNIFOR) .

oBJEtiVoRelatar a experiência dos alunos do PET-Saúde da

UNIFOR no desenvolvimento de um projeto de edu-cação em saúde para a prevenção da dengue durante o acolhimento odontológico do Centro de Saúde da Família (CSF) Edmar Fujita da Secretaria Executica Regional (SER) VI da Secretaria Municipal de Saúde de de Fortaleza, CE .

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matEriaiS E mÉtodoTrata-se de um relato de experiência, em uma CSF

de Fortaleza- Ceará, realizada durante o acolhimento em saúde bucal com usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), no período de epidemia da dengue no município de Fortaleza e foi realizado de fevereiro a abril de 2011 . A atividade educativa ocorreu semanal-mente com a participação de integrantes do PET-Saúde envolvendo alunos dos cursos de odontologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional, juntamente à equipe de saúde bucal da Prefeitura Municipal de Fortaleza, integrante de uma equipe de saúde da fa-mília do C .S .F . Edmar Fujita, que fica no bairro Boa Vista . O acolhimento odontológico divide-se em três etapas: a primeira, uma atividade de caráter educati-vo geral e/ou específico; a segunda, o exame de ne-cessidades odontológicas; e a terceira, o agendamen-to clínico para tratamento odontológico . Durante a etapa de caráter educativo, cada aluno, com a vivência de sua áreas de atuação, elaborou atividdaes de duca-çao em saúde, utilizando exposiçoes interativas, car-tazes, panfletos, sobre a temática da dengue, seus sintomas e formas de prevení-la . A seguir, falou-se sobre os cuidados com o descarte do lixo e maneiras de reaproveitá-lo, que é uma forma de prevenir a den-gue, já que o lixo pode se tornar criadouro do mos-quito transmissor da doença . Para se estimular o apro-veitamento do lixo, realizou-se uma demonstração prática de como se fabricar brinquedos e utensílios domésticos e de decoração a partir do lixo reciclável, reaproveitando materiais que seriam descartados no lixo doméstico . Os alunos utilizaram garrafas pet, cola, bandejas de isopor, papel e tesoura . Passo a pas-so, foi demonstrado como fazer porta-jóias, porta-retratos, bombonieres, lembrancinhas de aniversá-rio, etc . Depois, distribuíram-se esses mesmos materiais como base para que os usuários pudessem confeccionar seus próprios objetos .

rESultadoSDurante as atividades de ducaçao em saúde sobre

a doença dengue e a fabricação dos objetos a partir do material reciclável, os usuários do SUS participantes do acolhimento odontológico se mostraram atencio-sos e participativos, relatando experiências individuais vivenciadas sobre o tema, diferente do que normal-mente acontecia quando se fazia educação em saúde apenas com exposições orais; antes, independente do tema, os usuários se mostravam desinteressados, dis-persos e ansiosos por suas consultas clínicas . Foi tam-bém despertada a curiosidade e a empolgação na exe-cução dos utensílios, demonstrando interesse inclusive

na continuidade do projeto para reutilização de outros materiais que, normalmente, vão para o lixo .

ConCluSãoOa alunos do PET-Saúde da UNIFOR perceberam

que o trabalho multiprofissional motiva e amplia o olhar para os problemas de saúde e que se faz neces-sário que os trabalhadores da saúde atuem de forma interdisciplinar, abordando assuntos em suas ativida-des educativas que estão além de suas áreas específicas de atuação . Pôde-se notar ainda que se utilizar de mecanismos ligados a práticas cotidianas da popula-ção aproxima profissional/usuário e desperta maior interesse para educação em saúde, uma vez que exis-te a tendência de haver maior interesse dos pacientes pelo atendimento clínico, pela cura da doença, pelo remédio e não pela priorização da prevenção de pro-blemas . Essa visão mais abrangente gera possibilida-des e amplia os conhecimentos de forma dinâmica .

dESCritorESDengue . Odontologia e Educação e Saúde . Reci-

clagem .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Programa Nacional de Controle

da Dengue . Disponível em: < http://portal .saude .gov .br/sau-de/area .cfm?id_area= 920 >  . Acesso em: 13 jun . 2011 .

2 . Barreto, Maurício L .; Teixeira, Maria Glória . Dengue no Brasil: situação epidemiológica e contribuições para uma agenda de pesquisa . Estudos Avançados: São Paulo, v . 22, n . 64, 14 out . 2008 .

3 . Hisatugo, Erika; Marçal Júnior, Oswaldo . Coleta seletiva e re-ciclagem como instrumentos para conservação ambiental: um estudo de caso em Uberlândia, MG . Sociedade & Natureza (online): Uberlândia, v . 19, n . 2, 2007 .

4 . Medronho, Roberto de Andrade . Dengue no Brasil: desafios para o seu controle . Cad . Saúde Pública: Rio de Janeiro, v . 24, n . 5, maio 2008 .

5 . Tavares, Carla; Freire, Isa Maria . “Lugar do lixo é no lixo”: estudo de assimilação da informação . Ciência da Informação: Brasília, v . 32, n . 2, 2003 .

Pró-Saúde e PEt-Saúde em uma uBaSF: a percepção dos gestores e profissionais de saúde

Apresentador: Lucianna Leite PequenoAutores: Lucianna Leite Pequeno, Renata

Cavalcanti Machado Costa, Sharmênia de Araujo Soares Nuto, Ticiana Campos Damasceno, Ticiane Pedrosa de Moura

Instituição: UNIFOR

introduçãoAo considerar que a Política Nacional de Atenção

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Básica (Brasil, 2006) atribui ao Ministério da Saúde a função de articular, junto ao Ministério da Educação, estratégias de indução a mudanças curriculares nos cursos de graduação na área da saúde, visando à for-mação de profissionais com perfil adequado à Aten-ção Básica, o Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (PRÓ-Saúde) foi lançado por meio da Portaria Interministerial MS/MEC nº 2 .101, de 03 de novembro de 2005, com o objetivo principal da integração ensino-serviço, ga-rantindo a reorientação da formação profissional e assegurando uma abordagem integral do processo saúde-doença com ênfase na Atenção Básica, promo-vendo transformações na prestação de serviços à po-pulação (Brasil, 2009) . Posteriormente, como forma de fortalecimento do já existente PRÓ-Saúde, foi cria-do o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), instituído pela Portaria Intermi-nisterial MS/MEC N° 1 .802/08, de 26 de agosto de 2008, com o objetivo de formar grupos de aprendiza-gem tutorial no âmbito da Estratégia Saúde da Famí-lia, caracterizando-se como instrumento para qualifi-cação em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências dirigidos aos estudantes das graduações em saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) . Conforme a legislação vigente do Programa, o monitoramento e a avaliação dos grupos fundamen-ta-se em algumas diretrizes, incluindo a participação dos alunos em atividades de ensino, pesquisa e exten-são (Brasil, 2009) . As iniciativas do PRÓ-Saúde e PET-Saúde, assim como outras que ampliem a relação ensino-serviço, devem ser fortalecidas, uma vez que a articulação entre as Instituições de Ensino Superior (IES) e o sistema de saúde potencializa respostas às necessidades concretas da população brasileira, me-diante a formação de recursos humanos, a produção do conhecimento e a prestação dos serviços com vis-tas ao fortalecimento do SUS (Brasil, 2008) . A Uni-versidade de Fortaleza (UNIFOR), em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de Fortaleza, foi con-templada em 2008 com os programas PRÓ-Saúde e PET-Saúde, os quais possuem projetos envolvendo as Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF), da Secretaria Executiva Regional VI e dos cursos de gra-duação do Centro de Ciências da Saúde, incluindo Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional . A avaliação, como componente da produção de conhecimento em saúde tem hoje grande relevância nas iniciativas

voltadas para sua interpretação nas diversas dimen-sões do SUS . Esta deve fornecer suporte aos processos decisórios no âmbito do sistema de saúde, subsidiar a identificação de problemas e a reorientação de ações e serviços desenvolvidos, avaliar a incorporação de novas práticas sanitárias na rotina dos profissionais e mensurar o impacto das ações implementadas pelos serviços e programas sobre o estado da saúde da po-pulação (Oliveira, 2009) . Sabe-se o quanto a institu-cionalização da avaliação em saúde é necessária para o adequado acompanhamento de programas, proje-tos e ações . Neste contexto, surge a necessidade de conhecer como gestores e profissionais de saúde ava-liam a inserção dos alunos dos Projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde, bem como as atividades desenvolvidas por estes conforme objetivos dos programas .

oBJEtiVoConhecer a percepção dos gestores e profissionais

da saúde da UBASF Maria de Lourdes Ribeiro Jereis-sati acerca da inserção de alunos do PRÓ-Saúde e PET-Saúde da UNIFOR .

matEriaiS E mÉtodoRealizou-se estudo qualitativo por meio de entre-

vistas semiestruturadas, aplicadas a 19 profissionais de nível superior, previamente selecionados de forma intencional . O critério de inclusão foi o início do seu trabalho na unidade de saúde no ano anterior a 2008, de forma a garantir que todos os entrevistados esti-vessem presentes durante a inclusão dos projetos . Foram excluídos os profissionais que trabalhavam no turno noturno e os que se encontravam no período de férias ou licença maternidade durante a coleta de dados . A amostra final foi composta de 16 profissio-nais, sendo quatro cirurgiões-dentistas, quatro médi-cos, seis enfermeiros e dois gestores . A análise quali-tativa ocorreu por meio da análise de conteúdo, preconizada por Bardin (2002) . Por meio da análise de conteúdo, construíram-se quatro categorias de análise: Conhecimento sobre os projetos e seus obje-tivos; Processo de inserção dos alunos na UBASF e na comunidade; Benefícios dos projetos: realidade ou utopia; O que precisa ser aprimorado . Para a realiza-ção das entrevistas, os sujeitos foram informados quanto aos objetivos do estudo e, após os esclareci-mentos, aceitaram participar voluntariamente a par-tir da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido . A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIFOR, processo N°128/2010 .

rESultadoSA apresentação dos resultados foi possível confor-

me as categorias de análise apresentadas anterior-

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mente . Conhecimento sobre os projetos e seus obje-tivos - Quando indagados sobre a compreensão que tinham dos projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde e dos seus objetivos, a maioria dos sujeitos não apresentou consistência em sua resposta . Sobre o conhecimento acerca dos objetivos dos projetos para a UBASF, a maioria respondeu conhecer, embora também sem propriedade; outros não conheciam . Alguns dos en-trevistados mostraram-se indiferentes a implantação das ações do PRÓ-Saúde e do PET-Saúde na UBASF (25% e 12,5% respectivamente), porém a grande maioria apresentou-se de maneira positiva frente à questão, considerando excelente (PRÓ - Saúde 18,8%; PET-Saúde 37,5%) e bom (PRÓ - Saúde 56,3% e PET- Saúde 50,0%) . Processo de inserção dos alunos na UBASF e na comunidade - A ausência de integra-ção dos alunos com os demais profissionais da unida-de que não estejam desempenhando a função de preceptoria foi relatada . Este fato pode ser um dos determinantes para resistência destes profissionais em aderir às mudanças propostas pelos projetos de intervenção, principalmente aquelas relacionadas ao modelo assistencial centrado na doença . Em relação à aceitação da comunidade, a maioria dos entrevista-dos afirmou que a população tinha recebido a inser-ção dos estudantes nos serviços de forma positiva, porém houve divergência de pensamentos no que diz respeito ao entendimento de que os alunos em ques-tão faziam parte dos projetos ou se estes estiveram inseridos como estagiários do local . Benefícios do projeto: realidade ou utopia - Quando indagados so-bre os benefícios proporcionados pelos projetos, os sujeitos não discorreram muito sobre tema, restrin-gindo-se à reforma da estrutura física da unidade, à oferta de serviços assistenciais e individuais; alguns relataram desconhecimento sobre aspectos que me-lhoraram na UBASF e na comunidade . Os benefícios foram identificados pela maioria dos entrevistados, destacando-se o que mais foi relatado: maior escuta do paciente; população mais participativa e informa-da; reforma da estrutura física; aumento do número de procedimentos realizados na unidade; inclusão de novos profissionais formando a equipe ampliada de saúde; presença de atividades diferenciadas; a vinda de novas tecnologias provenientes da parceria com a IES; e a melhoria na qualidade dos serviços . No en-tanto, a contribuição oferecida pelos projetos não foi evidenciada, ou não imperceptível para todos . Quan-do perguntados diretamente sobre a percepção dos benefícios do PRÓ-Saúde para a melhoria da infraes-trutura da UBASF, a maioria dos entrevistados mos-

trou satisfação com a reforma, classificando-a como excelente (6,3%), boa (75%), regular (12%) e indi-ferente (6,3%) . Apesar disso, quando questionados sobre as principais dificuldades encontradas em de-corrência da inserção dos alunos, bem como da exe-cução das ações previstas no PRÓ-Saúde e no PET-Saúde, os entrevistados citaram principalmente a estrutura física em decorrência da indisponibilidade de salas . Outros obstáculos também foram citados, como: ausência de tempo dos profissionais da unida-de; pouca integração entre o planejamento dos cursos e projetos; insuficiente continuidade das atividades; carência de material e ausência de estacionamento para os alunos no local . No que diz respeito à melho-ria da qualificação e da educação permanente dos profissionais que atuam na UBASF, a maior parte dos entrevistados afirmou que estas têm sido proporcio-nadas pelo PRÓ-Saúde e PET-Saúde . O que precisa ser aprimorado - Os profissionais entrevistados acre-ditavam que os aspectos a serem aprimorados para melhor atender às necessidades do serviço e à forma-ção dos profissionais de saúde eram: maior divulgação dos projetos durante as rodas de gestão da unidade, de modo que os objetivos pudessem ser discutidos com todos os profissionais que atuavam na UBASF; atualização científica dos profissionais; adequação da carga horária dos profissionais para atender os alunos fora do seu horário de trabalho e treinamento envol-vendo os profissionais da unidade .

ConCluSãoNa busca pelo aumento da inserção da formação

da graduação em saúde no SUS, os projetos PRÓ-Saúde e PET-Saúde têm resultado em avanços e desa-fios . A inserção dos alunos para a adequação das di-retrizes curriculares nacionais está sendo proporcionada e fortalecida pela atuação em saúde coletiva . Em relação à percepção dos profissionais de saúde e gestores da UBASF, ainda é preciso melhorar no que diz respeito à infraestrutura para melhor aten-der a inserção dos alunos . A maioria dos entrevistados de fato não sabia o que eram esses projetos, indican-do uma possível falta de divulgação por parte dos seus integrantes e/ou pouco interesse dos profissionais que não estavam diretamente envolvidos . Embora alguns profissionais não reconhecessem a devida im-portância dos projetos para a UBASF, mais que a opor-tunidade desses profissionais estarem engajados ou desta fazer parte do PRÓ-Saúde e PET-Saúde, houve melhoria no processo de trabalho, na qualificação dos profissionais envolvidos, nos protocolos de atendi-mento e, consequentemente, na qualidade dos servi-

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ços ofertados, adequando as atividades desenvolvidas pelos projetos às necessidades da unidade .

dESCritorESProgramas Nacionais de Saúde . Avaliação de Pro-

gramas e Projetos de Saúde . Serviços de Integração Docente-Assistencial .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Secretaria de Atenção à Saúde .

Departamento de Atenção Básica . . Portaria 648/2006 . Política nacional de atenção básica . Série Pactos pela Saúde 2006; v . 4 . Brasília, 2006 .

2 . Brasil . Ministério da Saúde . Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde . Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde . Brasília, 2009 .

3 . Brasil . Ministério da Saúde .Portaria Interministerial nº 1 .802/MS/MEC . Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) . Diário Oficial da União nº 165 . Brasília, 27ago . 2008; Seção 1, p 27 .

4 . Oliveira Darmet al. . A Utilização da Informação em Saúde Pelo Enfermeiro: Cenário de Integração entra Ensino e Serviço . 61° Congresso Brasileiro de Enfermagem . Transformação Social e Sustentabilidade Ambiental; 2009 dez . p .1592-1594; Ceará, Brasil .

5 . Bardin L . Análise de Conteúdo . Lisboa: Edições 70, 2002 . 225p .

inserção do graduando do curso de odontologia no PEt Saúde da Família da universidade de Fortaleza

Apresentador: Lucianna Leite PequenoAutores: Lucianna Leite Pequeno, Mariana

Ramalho de Farias, Karol Silva de Moura, Maria Albertina Rocha Diógenes

Instituição: UNIFOR

introduçãoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde (PET-Saúde) foi instituído pela Portaria Inter-ministerial dos Ministérios da Saúde e da Educação MS/MEC Nº 1 .802, de 26 de agosto de 2 .008 e poste-riormente regulamentado pela Portaria Interministe-rial nº 421, de 03 de março de 2010 (Brasil, 2008; 2010) . O Programa tem como pressuposto a educação pelo trabalho e disponibiliza bolsas para tutores, pre-ceptores (profissionais do serviço) e estudantes de graduação da área da saúde, sendo uma das estraté-gias do Programa Nacional de Reorientação da For-mação Profissional em Saúde, o PRÓ-SAÚDE, em implementação no país desde 2005 . O PET-Saúde objetiva integrar ensino-serviço-comunidade, viabili-zando o aperfeiçoamento e a especialização em ser-viço, bem como a iniciação ao trabalho, aos estágios

e a vivências, dirigidos, respectivamente, aos profis-sionais e estudantes da área da saúde, de acordo com as necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) . Atualmente, o PET-Saúde está dividido em áreas te-máticas: PET Saúde da Família; PET Vigilância e PET Saúde Mental . A experiência apresentada por este trabalho é o PET Saúde da Família . Cada grupo PET-Saúde/Saúde da Família é formado por um tutor acadêmico, 30 estudantes e seis preceptores . Na Uni-versidade de Fortaleza (UNIFOR), o projeto ocorre pela implementação dos Sistemas Locais Saúde-Esco-la na Secretaria Executiva Regional VI do município de Fortaleza, Ceará, integrando a Estratégia de Saúde da Família com o ensino de graduação nas áreas de Ciências da Nutrição, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Odontologia e Terapia Ocupacional . O PET-Saúde/Saúde da Família da UNIFOR, inicialmente, para o ano de 2009, foi estruturado em três grupos, envol-vendo seis Centros de Saúde da Família (CSF) . Con-forme previsto em edital para o biênio 2010-2011, mais um grupo foi criado, totalizando quatro, sob a tutoria, cada um, de docentes da UNIFOR, sendo dois do curso de Odontologia, com pós-graduação em Saúde Coletiva, um do curso de Medicina com pós-graduação em Medicina de Família e Comunidade e Saúde Pública e um do curso de enfermagem, com pós-graduação em Educação em Saúde . As atividades são desenvolvidas em oito CSF, do município de For-taleza, sob preceptoria de 24 profissionais da Estraté-gia Saúde da Família e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família, sendo doze enfermeiros, seis odontólo-gos, quatro médicos, um farmacêutico e um psicólo-go, responsáveis por cerca de 120 alunos . As equipes se constituem e atuam de forma a garantir não so-mente o multiprofissionalismo, mas a interdisciplina-ridade para o desenvolvimento de ações como: inser-ção comunitária, por meio da apropriação do território e do desenvolvimento de projetos de exten-são junto à comunidade adscrita; participação no serviço de saúde, a partir da observação e copartici-pação da atenção ofertada e da construção de proto-colos que permitam a reorientação dos serviços, con-forme as necessidades da comunidade e de acordo com os princípios e diretrizes do SUS; educação per-manente e co-gestão do processo de trabalho no ter-ritório, mediante o desenvolvimento de atividades de ensino direcionadas aos alunos e profissionais do ser-viço por meio de discussões teórico-vivenciais . Os es-tudantes, sempre sob orientação dos preceptores e tutores, desenvolvem também projetos de pesquisa,

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objetivando a qualificação da atenção básica e rees-truturação das redes de atenção à saúde, conforme os ciclos de vida . Considerando a necessidade de sen-sibilização e formação de recursos humanos em saúde com perfil adequado às necessidades e às políticas do país e à urgente implementação das Diretrizes Curri-culares Nacionais dos cursos de graduação da área da saúde, surgiu o interesse em compreender como esse processo ocorre em relação aos acadêmicos do curso de Odontologia da UNIFOR .

oBJEtiVoRelatar a experiência da inserção do graduando

do curso de Odontologia nas atividades de ensino, pesquisa e extensão, do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde da Universidade de Fortaleza .

matEriaiS E mÉtodoRelato de experiência, de caráter descritivo, dos

processos de seleção e inserção, conduzidos pela co-ordenação do Programa, bem como das atividades desenvolvidas pelos alunos do curso de Odontologia no PET-Saúde/Saúde da Família da UNIFOR . A des-crição da experiência refere-se ao período de 2009 a 2011 . Para a sistematização dos dados, foram consul-tadas as fichas de cadastro do Sistema de Informação Gerencial do PET (SIGPET), os relatórios semestrais elaborados entre 2009 e 2011, os projetos de pesqui-sa registrados pelo Comitê de Ética e os projetos de extensão cadastrados na Vice-Reitoria de Extensão .

rESultadoSDurante o período analisado, participaram do

PET-Saúde/Saúde da Família cerca de 60 estudantes do curso de Odontologia da UNIFOR, abrangendo alunos matriculados do quarto ao décimo semestre . Desse total, 35 eram monitores bolsistas . Em relação aos projetos de extensão, foram desenvolvidos 37 pro-jetos, os quais abordaram diversos temas consoantes as demandas identificadas durante o diagnóstico si-tuacional da comunidade, do serviço de saúde e dos espaços sociais adscritos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011) . As atividades realizadas pelos projetos de extensão foram: educação em saúde nas escolas, creches e sala de espera das unidades de saúde; implantação da pós-consulta no ambulatório de hipertensão arterial sis-têmica e diabetes melittus; implantação da sala de espera em ambulatório de puericultura; implantação do grupo de educação em saúde para gestantes; ati-vidades educativas e lúdicas como meio de socializa-ção de idosos; divulgação e esclarecimentos sobre o SUS; promoção e prevenção de saúde para adolescen-tes; ações antitabagistas; formação de grupo de hiper-tensos e diabéticos; oficina permanente de acolhi-

mento às gestantes; como identificar, prevenir e cuidar riscos ocupacionais do agente comunitário de saúde; criação do grupo de idosos; promoção da saú-de infantil; saúde sexual e reprodutiva para adoles-centes; acolhimento e sala de espera; programa saúde na escola; capacitação dos conselheiros locais de saú-de; reestruturação do comitê territorial de prevenção e combate à violência contra a criança e o adolescen-te; nutrição e odontologia – uma prática interdiscipli-nar; prevenção de distúrbios osteomusculares relacio-nados ao trabalho; promoção e prevenção de DST/HIV/AIDS; implantação do tratamento diretamente observado (TDO) para os portadores de tuberculose; capacitação de agentes comunitários de saúde; cres-cimento e desenvolvimento infantil; aleitamento ma-terno; imunização; preenchimento do cartão vacinal; tuberculose; hanseníase; hipertensão; políticas públi-cas de saúde; estratégia de saúde da família; papel do agente comunitário de saúde; capacitação para cui-dadores de idosos (UNIFOR, 2009; 2010; 2011) . É importante ressaltar que os alunos do curso de Odon-tologia realizaram as atividades juntamente com os demais componentes do grupo, contemplando ou-tras áreas da graduação em saúde, proporcionando e fomentando assim o trabalho interdisciplinar . Quan-to às atividades de pesquisa, desenvolveram-se 53 pro-jetos de pesquisa, contemplando as seguintes temáti-cas: avaliação da inserção dos alunos da graduação na atenção básica; avaliação da qualificação da atenção básica na estratégia de saúde da família; processamen-to de dados demográficos, socioeconômicos e epide-miológicos da ficha A por micro-áreas; abordagem problematizadora de educação alimentar com grupo de adolescentes; territorialização; avaliação da gestão local sobre acolhimento, participação social e promo-ção da saúde; puericultura coletiva: atuação interdis-ciplinar de integrantes do PET-saúde; risco ocupacio-nal dos agentes comunitários de saúde; contexto das ações e estratégias dos trabalhadores de saúde na atenção à saúde da criança; atenção básica e condi-ções crônicas como eixo estruturante das redes de atenção à saúde; percepções dos usuários sobre o aco-lhimento; atenção à saúde da criança: a comunidade ampliada de pesquisa dos agentes comunitários de saúde; análise da qualidade dos registros nas fichas de investigação domiciliar de óbitos infantil e fetal; direitos humanos e violência intrafamiliar e a sua re-lação com a mortalidade materna e infantil; percep-ção de jovens sobre gravidez na adolescência; percep-ção da família sobre a influência do vínculo familiar no desenvolvimento sexual de adolescentes; atenção

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à saúde do adolescente; percepção dos usuários do CAPSad sobre a dependência de crack e outras dro-gas; perfil epidemiológico de DST encontradas na cavidade oral em profissionais do sexo; perfil do pla-nejamento familiar de pacientes de um centro de saúde da família; avaliação do processo de assistência domiciliar ao idoso; avaliação da prática de educação em saúde para adolescentes na rede básica de saúde da Regional VI (UNIFOR, 2009; 2010; 2011) . Dessa forma, foram apresentados em eventos locais e nacio-nais 171 trabalhos científicos, evidenciando o estímu-lo e a capacidade de produção científica dos partici-pantes do PET .

ConCluSãoA partir das experiências vivenciadas, concluiu-se

que o aluno do curso de Odontologia da UNIFOR, a partir da aproximação com o campo da atenção bá-sica, desenvolveu uma visão integrada e ampliada do cuidado ao usuário . O PET-Saúde/Saúde da Família UNIFOR fortalece, a partir da integração de ensino, pesquisa e extensão, os processos formativos diferen-ciados para os acadêmicos do curso de Odontologia, agregando saber e reflexão crítica sobre a realidade do território e as necessidades sociais em saúde, con-tribuindo para formação de futuros profissionais comprometidos e em busca de mudanças sociais efe-tivas .

dESCritorESEstudantes de Odontologia . Odontologia, Pesqui-

sa sobre Serviços de Saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Portaria Interministerial 1802 de

26 de Agosto de 2008 . Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde-PET SAÚDE . Brasília, 2008 .

2 . Brasil . Ministério da Saúde . Portaria Interministerial 421 de 03 de Março de 2010 . Institui o Programa de Educação pelo Tra-balho para a Saúde-PET SAÚDE e dá outras providências . Bra-sília, 2010 .

3 . Universidade de Fortaleza . Centro de Ciências da Saúde . Co-ordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde . Relatório Semestral . Fortaleza, 2009 .

4 . Universidade de Fortaleza . Centro de Ciências da Saúde . Co-ordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde . Relatório Anual . Fortaleza, 2010 .

5 . Universidade de Fortaleza . Centro de Ciências da Saúde . Co-ordenação do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde . Relatório Semestral . Fortaleza, 2011 .

a contribuição do PEt-saúde na saúde do idoso através da formação de grupos na atenção básica

Apresentador: Luiza Helainne Pinto Narciso de Souza

Autores: Luiza Helainne Pinto Narciso de Souza, Clarissiane Serafim Cardoso, Rianne Keith Bernardo da Silva, Josicléia Vieira de Abreu, Alexandre Medeiros Figueiredo

Instituição: Universidade Federal da Paraíba - UFPB

introduçãoA própria história denuncia que os idosos sempre

foram desassistidos de benefícios legais, sendo alvo de preconceito até os dias atuais, o que se torna um grande obstáculo para uma plena e sociável vivência da velhice . Os cuidados para uma pessoa idosa devem visar à manutenção de seu estado de saúde, com uma expectativa de vida ativa máxima possível, junto aos seus familiares e à comunidade, com independência funcional e autonomia . A Política de Promoção da Saúde determina o desenvolvimento de um conjunto de ações de saúde no âmbito individual e coletivo que abrangem: a promoção, a proteção, o diagnóstico, a reabilitação e manutenção da pessoa idosa . Visando atender às necessidades do Sistema Único de Saúde, as Instituições de Ensino Superior vem criando novos projetos político pedagógicos, que promovam de for-ma responsável a inserção de graduandos nas comu-nidades, a fim de que se formem profissionais com visão ética, humanista e política, visão crítica-reflexiva e criativa, cuidados à saúde centrado no sujeito do cuidado, saber e agir compartilhado em um trabalho em equipe, valorização da subjetividade por meio de uma escuta ativa e capacidade de atuação comparti-lhada e articulada . Enfim, um profissional com um novo saber fazer e saber ser em saúde . Através do Programa de Educação pelo Trabalho para Saúde – PET-Saúde, acadêmicos da Universidade Federal da Paraíba- UFPB formaram um grupo de idosos na Uni-dade de Saúde Família Timbó II, no município de João Pessoa- PB . A criação de grupos de idosos cons-titui uma forma de inclusão social e veiculação de ações em saúde . A formação deste grupo tem por objetivo proporcionar a socialização de idosos cujos vínculos sociais encontram-se fragilizados, por meio de ações que levam à promoção da saúde física, social e mental .

oBJEtiVoSO objetivo é relatar a experiência de estudantes

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do PET-Saúde da UFPB, na formação de um grupo de idosos na USF Timbó II . As principais estratégias de ação foram: o desenvolvimento de habilidades pes-soais no sentido de proporcionar-lhes autonomia; e fornecer informações que os tornassem aptos para mudanças de comportamento e atitudes produtoras de saúde .

mEtodoloGiaAdotou-se o método da problematização, no qual

os temas surgem como práticas na vida das pessoas . Com essa proposição, as práticas educativas sugeridas no grupo, deixam de ter um caráter coercitivo, para propiciar a construção de um projeto educativo pau-tado na comunicação, confiança e envolvimento das pessoas . Para isso, foram realizados encontros sema-nais com os idosos, nos quais os acadêmicos realiza-ram atividades dinâmicas, dialogaram e debateram assuntos pré-determinados pelos integrantes dos gru-pos como, por exemplo, medidas para o envelheci-mento saudável, promoção da saúde, atividade física, além de avaliação das condições físicas e psíquicas . As atividades foram desenvolvidas no segundo semestre de 2010 .

rESultadoSAtravés de atividades lúdicas como: dinâmicas,

brincadeiras, danças, alongamentos e relaxamentos, foram promovidas a socialização, a integração e a va-lorização sócio-cultural, permitindo aos mesmos, di-versão e conhecimento . Com a execução de trabalhos manuais exercitou-se a atividade motora, visual e a auto-estima dos idosos . Já através da oficina de culi-nária, estimulou-se a promoção de uma alimentação saudável . O fato dos temas relacionados à saúde terem sido sugeridos pelo próprio grupo, foi possível aten-der algumas de suas necessidades, tais como: práticas nutricionais adequadas, incontinência urinária, hi-giene bucal e cuidado com as próteses, tabagismo, lombalgias, acompanhados de exercícios relaciona-dos aos temas e relaxamentos, de modo a aproveitar o potencial de cada estudante dentro da sua área de atuação . Um dos pontos fortes da vivência foi a inser-ção da atividade de dança no grupo . A princípio os idosos rejeitaram a proposta, em especial os homens, alegando não ter mobilidade e talento para a dança, sugerindo que a dança é uma atividade para jovens . Foi enfocado sempre que a atividade seria adequada às suas limitações e que consistiria de uma atividade prazerosa e com movimentos fáceis . Outro destaque nas reuniões foram as oficinas de atividades manuais nas quais os idosos puderam produzir enfeites nata-linos para suas casas . Este tipo de atividade os fez per-

ceber as potencialidades criativas e de trabalho, gerou satisfação e permitiu trabalhar os movimentos finos e precisos das mãos e dedos . Tal trabalho possibilitou a promoção de saúde a partir da inserção de atividade física e de acordo com relatos dos integrantes do gru-po conseguiu contribuir para a melhoria do humor e auto-estima dos mesmos . É válido ressaltar a impor-tância desta ação, pela mesma ter sido desenvolvida por uma equipe multidisciplinar em saúde, composta por uma Enfermeira, uma Dentista e um Agente Co-munitário de Saúde, possibilitando diversos olhares sobre um mesmo tema, o que somado à estratégia de roda de conversa, potencializou a construção de um grupo que oferece voz e vez a todos, sem distinções, criando assim, um espaço dinâmico de cuidado e sa-ber científico e popular .

ConCluSãoConclui-se que os grupos da terceira idade são

imprescindíveis para promover o envelhecimento saudável e a inclusão social dos idosos, porquanto que, os estimulam a desenvolverem atividades que os reconhecem como seres ativos na sociedade . Para os acadêmicos esses espaços têm se tornado um cenário de ensino/aprendizagem . O grupo comunitário vol-tado para os idosos é uma forma de “escapar” dos problemas do dia-a-dia, já que alguns membros desa-bafavam sobre problemas domésticos e da própria comunidade, problemas como o uso e o tráfico de drogas . Desta forma, a equipe buscou recuperar, man-ter e promover autonomia, auto-cuidado e o bem estar da pessoa idosa . O PET- Saúde proporciona prá-ticas que se fazem importantes para complementar a formação acadêmica, tornando os futuros profissio-nais mais aptos para o trabalho, e o fato do grupo de estudantes serem de cursos distintos, contribuiu nes-se processo . Dentre todos os aprendizados, a sensibi-lidade para o cuidado com o próximo mostra-se como o desenvolvimento de maior potencial . Com o grupo de idosos da Unidade de Saúde da Família Timbó II, o olhar dos estudantes para com a terceira idade mu-dou; buscou-se compreender os conflitos e dificulda-des daquela idade; respeitando e aprendendo lições da vasta experiência de vida . Não cabe somente à família zelar pelo bem estar do idoso, é responsabili-dade da comunidade, e do Poder Público . Inserido nessa perspectiva, o trabalho no PET promove saúde e é um meio de se fazer valer a cidadania . Portanto, é na Atenção Primária que o idoso deverá encontrar apoio, para que, através de uma participação comu-nitária, possa apoderar-se de práticas que aumentem o controle sobre os determinantes da sua saúde, me-

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lhorando a sua qualidade de vida . Palavras-chave: saúde do idoso, atenção básica, saúde coletiva .

implantação da teleodontologia no amazonas

Apresentador: Marcia Gonçalves CostaAutores: Márcia G . Costa, Cleinaldo A . Costa,

Eliane Aranha, Lioney Cabral, Diego Regalado, Valber Martins

Instituição: Universidade do Estado do Amazonas

oBJEtiVoCumprir os objetivos do Organização Mundial da

Saúde (OMS) de combate às iniqüidades de saúde de indivíduos e da população . A implantação da Teleo-dontologia/ Telessaúde gradativa nos 62 municipios do Estado do Amazonas, visa ainda, valorizar a inclu-são na Constituiçào de 1988 do reconhecimento da saúde como um direito de todo cidadão e dever do Estado, assim como para a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), fundado nos objetivos de solidarie-dade e universalidade .

mEtodoloGiaA Teleodontologia, sob uma visão mais ampla, não

só se referia a intercâmbios por videoconferências, mas também incluía trocas mediadas por linhas tele-fônicas e aparelhos de fax . Na década de 1990, muitas mudanças ocorreram na velocidade e nos meios de transferir dados, o que instigou os clínicos e especia-listas a validar a Teleodontologia moderna, incitando-a a entrar com sucesso nesta nova era .

Acredita-se que a educação e assistência a distân-cia podem contribuir para a solução do problema bucal no Brasil . Tem como objetivo desenvolver as três áreas da odontologia: 1 . Cuidado especializado, através da consultoria, sem deslocamento do especia-lista e nem do paciente; 2 . Educação permanente mediada por teleconferência (rádio) ou videoconfe-rência (televisão); e 3 . Comunicação dentista-labora-tório (complicações ou estética) .

A Implantação do Teleodontologia em Parintins, município do Amazonas aconteceu através da parti-cipação das coordenadoras da Teleodonto de Univer-sidade de Odontologia de São Paulo (USP) Erika Serqueira e Dr . Rosangela Chao . e os coordenadores de Teleodonto Márcia Gonçalves Costa e alunos da Liga de Teleodonto do Pólo de Telemedicina da Ama-zônia e de Parintins (Dra . Leandra e ex-aluna Dimice atuando agora como profissional), em setembro de 2008 .

No entanto, a expansão da Teleodontologia e o

interesse por parte dos profissionais da área Odonto-lógica aqui no Amazonas, surge a partir da integração entre professores do curso de Odontologia da Uni-versidade do Estado do Amazonas e a relevância dada aos cursos ministrados aos cirurgiões-dentistas e equi-pe multidisciplinar aos profissionais moradores des-ses municípios em que a distância geográfica é um fator limitante, para realização de atendimentos es-pecializados, em janeiro de 2011 .

De acordo com a proposta do Projeto Nacional de Telessaúde, que visa a implementação da Atenção Básica, e capacitação de profissionais de saúde sobre temas relevantes a Saude da Família/Saúde Bucal reuniram-se na Escola Superior de Ciências da saúde, representantes da Saúde Bucal - SUSAM, Dra Melissa Kavati e Dr . Cassio e SEMSA, Dr . Sergio Machado, com a Coordenação do Pólo de Telemedicina, Dr . Cleinaldo Costa e Coordenadora de Teleodontologia, cirurgiã-dentista Márcia Costa para primeira reunião com a finalidade de que no dia 24 janeiro, firmassem parceria com a Telessaúde para capacitação de pro-fissionais da Odontologia e áreas afins, abordando temas relevantes promovidos pela Escola Técnica do SUS – ETSUS ., implementando as atividades do Pólo de Telemedicina da Amazônia, que é desenvolver ati-vidades também na área de Odontologia – chamada Teleodontologia .

Após março de 2011, criou-se rotina de atendi-mentos especializados através da disponibilidade do especialista em Estomatologia Lioney Cabral, promo-vendo palestras sobre Lesões cancerígenas e criando rotina de teleconsultas as quintas – feiras .

Na área de orientação a tratamento de pacientes especiais para equipe multidisciplinar, Profa Eliane Aranha realiza rotina mensal de palestras, colocando em prática a teleducação na Odontologia .

Na promoção em Saúde, a coordenação de TELE-ODONTOGIA atua na teleconsultoria e teleducação funcionando de forma sistemática para atendimento as demandas diárias .

rESultadoS alCançadoS PEla tElEodontoloGia do amazonaS•ParceriacomFaculdadeFederaldeMinasgerais

– UFMG – teleducação; 10 videoconferencias transmitidas para o Amazonas;

•12palestrasdeespecialistasemtemasnasespecia-lidades de: Dentistica, Cirurgia Buco – Maxilo – Facial, Oclusão, Saúde Coletiva, e Estomatologia .

•03teleconsultas,devidoarecenteimplantação.•parceriascomdiversosprojetostaiscomo:Univer-

sidade Cidadã e Jovem doutor, ambos de extensão

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e aprovados no MEC, no Observatório da criança e adolescentes, qu visam a formação de multipli-cadores de saúde .

•participaçãoem02duasSemanasUEAdeOdon-tologia da universidade .

•Alcancea28cirurgiões-dentistas,15auxiliaresdesaúde bucal de 26 municípios interessados e par-ticipantes nas palestras ministradas por videocon-ferências . Além de agentes comunitários de saú-de, que integram as equipes de saúde da família .

•ReconhecimentonoProgramaBrasilSorridente,em visita do Coordenador Nacional de Saúde bu-cal ao Pólo de Telemedicina da Amazônia, no dia 14 de junho .

•DivulgaçãodoTeleodontologiaeimplantaçãodoBrasil Sorridente Indígena no Amazonas na Reu-nião de parceria da Telessaúde e o Canadá, sobre saúde indígena .(16 de junho)

ConCluSão•propiciaenquantoserhumanoesocial,aforma-

ção do cidadão, do profissional e do profissional-cidadão;

•possibilitaumdiálogoabertoentreUniversidadee as Comunidades ao articular o saber popular e as práticas sociais das Comunidades como saber acadêmico e a prática social da vida universitária;

•buscaapromoçãodeaçõesdecarátermultidisci-plinar, interdisciplinar ou transdisciplinar, dentro de um processo de implantação gradativa, que resulte na integração e envolvimento com reco-nhecimento recíproco das Comunidades e a Uni-versidade .

Políticas públicas de incentivo à aproximação ensino-serviço nos cursos de saúde: a experiência da Faculdade de odontologia de ribeirão Preto-uSP

Apresentador: Maria da Gloria Chiarello de MattosAutores: Maria da Gloria Chiarello de Mattos,

Marlívia Gonçalves de Carvalho Watanabe, Janete Cinira Bregagnolo, Marisa Semprini, Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia Bava

Instituição: Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP

introduçãoDiante dos desafios enfrentados recentemente

para a consolidação do Sistema Único de Saúde- SUS e da Atenção Primária em Saúde-APS (1) como seu

eixo estruturante, conformou-se a necessidade de mudança na educação visando formar profissionais que, ao desenvolverem ações de atenção em saúde, considerem a situação clinica individual, o contexto familiar, sócio-cultural e econômico das pessoas, os recursos disponíveis no setor saúde e intersetorial, desenvolvendo o planejamento e as ações nos serviços de saúde a partir da realidade vivida e em equipe interdisciplinar . Além disso, entende-se que a rede de serviços de atenção básica deve se constituir em um campo de práticas onde os vários cursos de formação de profissionais de saúde deveriam inserir seus alu-nos .

Em 2004 a Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-Universidade de São Paulo (FORP/USP) im-plantou uma nova estrutura curricular que visava, entre outras ações, aproximar a formação profissional da realidade social e dos serviços do SUS . Para tanto, foram instituídas disciplinas com atividades desenvol-vidas junto a unidades de Saúde da Família do Distri-to Oeste do município, desde os primeiros anos do curso, com complexidade e carga horária crescentes, finalizando com 120 horas de estágio desenvolvido em 4 semanas consecutivas por estudante no último ano (2) . Tal iniciativa visa, assim, contribuir para o desenvolvimento da compreensão, por parte do estu-dante, do SUS, do trabalho em equipe multiprofissio-nal e interdisciplinar, do processo saúde-doença como resultante de determinantes biológicos e so-ciais, da integralidade da atenção como eixo nortea-dor da atenção em saúde, do processo de gestão dos serviços e da responsabilização pelo cuidado enquan-to profissional de saúde .

Ao participar do Programa Nacional de Reorien-tação da Formação Profissional em Saúde-Pró-Saúde (3), lançado em 2005 pelo Ministério da Educação- MEC e Ministério da Saúde-MS, a FORP-USP e a Se-cretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto-SMS-RP foram contempladas com recursos financeiros que permitiram adequar as unidades de saúde para que os estudantes pudessem ser incorporados às ati-vidades desenvolvidas pelas equipes . O Programa tornou-se importante impulsor para o processo de mudanças curriculares visando a aproximação com os serviços, pois em muitos locais o grande entrave tem sido a falta de infra-estrutura nas unidades de saúde para receber estudantes das diversas áreas, prin-cipalmente da Odontologia, a qual necessita de apa-ratos tecnológicos específicos para o desenvolvimen-to de parte de suas ações, principalmente cirúrgico-reabilitadoras .

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Em 2008, a USP-Campus Ribeirão Preto e a SMS-RP iniciaram sua participação no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde- PET-Saúde (4), com um projeto envolvendo os cursos de Enfermagem, Far-mácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina, Nu-trição, Odontologia e Terapia Ocupacional . A primei-ra versão do projeto contou com cinco grupos tutoriais, sendo que em 2010 esse número aumentou para sete, incluindo, no total, duzentas e cinqüenta e nove pessoas, entre docentes, profissionais e estudan-tes, distribuídos em cinco unidades de ensino supe-rior e treze unidades de saúde .

oBJEtiVoNeste contexto, pretende-se descrever e analisar

a experiência proporcionada pelos Programas Pró-Saúde e PET-Saúde na formação de profissionais pela FORP-USP .

mEtodoloGiaPara a análise do impacto desses programas na

formação dos estudantes foram utilizados os relató-rios de avaliação das referidas disciplinas (2006-2009) e os relatórios semestrais do PET-Saúde (USP/SMS-Ribeirão Preto) entre 2010 e 2011 .

rESultadoSNo período de 2006 a 2009, os resultados mostra-

ram que a maioria dos estudantes relatou opiniões boas ou ótimas em relação às disciplinas desenvolvi-das junto aos serviços de saúde: atendimento das ex-pectativas (72,0 a 82,1%), compreensão do trabalho em equipe (87,4 a 91,9%), carga horária (65,8 a 82,4%), contribuição para a formação profissional (80,2 a 92,9%), articulação dos conteúdos (68,4 a 81,1%), importância do conteúdo desenvolvido (76,5 a 89,4%) e estratégias didático-pedagógicas (73,8 a 92,4%) . Houve dois aspectos em que esses valores foram menores, porém ainda representando a maio-ria: bibliografia utilizada (51,3 a 62,3%) e instalações das unidades de saúde (54,3 a 63,9%) . Entre os aspec-tos positivos apontados, destacam-se a possibilidade de compreender a Estratégia Saúde da Família (22,1%) e o trabalho em equipe (14,7%) . Quanto aos aspectos que ainda necessitam ser melhorados, gran-de parte dos estudantes não fez nenhuma indicação (50,3%), porém, ainda aparece a necessidade de me-lhorar a infra-estrutura das unidades de saúde (14,2%) . Observando-se a distribuição no decorrer dos anos, verifica-se melhora a partir de 2008, quando foram implementadas as primeiras ações do Pró-Saú-de . Em relação às contribuições para a formação, foram destacadas a interação multiprofissional (21,4%), a possibilidade de vivenciar outros aspectos

profissionais (18,7%) e experiências que extrapolam a saúde bucal (18,7%) .

Os relatórios do PET-Saúde apontam como refle-xo positivo do programa a contribuição na ampliação da cobertura de ações de promoção de saúde nas unidades, a educação permanente dos trabalhadores, a oportunidade de aproximação com a realidade dos serviços de saúde e atuação multiprofissional dos es-tudantes, a aproximação ensino-serviço, entre outros . Foram também apontados aspectos que dificultam o desenvolvimento do projeto e que merecem esforço conjunto para seu aprimoramento, como a diferença no estágio de aproximação com os serviços dos dife-rentes cursos, a dificuldade de conciliação dos horá-rios de trabalho e aulas para o desenvolvimento de atividades complementares por parte de trabalhado-res e estudantes, grade-horário dos cursos não favo-recendo atividades conjuntas, espaços físicos insufi-cientes em algumas unidades e distância da gestão no processo de integração ensino-serviço .

ConCluSãoA interação ensino/serviço na formação em

Odontologia é imprescindível, diante da atual con-juntura social, política, educacional e de mercado de trabalho . Os programas Pró-Saúde e PET-Saúde têm sido primordiais para viabilizar e motivar o desenvol-vimento das atividades de ensino-aprendizagem junto aos serviços de saúde do curso de Odontologia da FORP-USP . Tais experiências favoreceram a aproxi-mação, tanto da instituição de ensino como dos estu-dantes, com os serviços e profissionais de saúde, bem como com os demais cursos do Campus USP – Ribeirão Preto, apontando em reflexos importantes na forma-ção de um profissional de saúde melhor preparado para enfrentar a realidade dos serviços e das deman-das de saúde da população . Daí a importância da continuidade desses programas para que essas ações se consolidem dentro das instituições de ensino e dos serviços de saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Portaria GM 699 de 22 de março

de 2006 . Aprova e regulamenta o pacto pela saúde . Brasília, DF, 2006 .

2 . Watanabe, Marlivia Gonçalves de Carvalho . Mudanças curricu-lares no curso de Odontologia da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo . Um olhar para a aproximação com os serviços de saúde do Sistema Úni-co de Saúde . Ribeirão Preto: USP, 2007 . 222 p . Tese (Livre-docência) – Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007 .

3 . Brasil . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Pró-saúde: programa nacional de reorientação da formação profissional em saúde . Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2005 . 77 p . (Série

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C . Projetos, Programas e Relatórios)

4 . Brasil . Ministério da Saúde . Ministério da Educação . Portaria Interministerial nº 1 .802, de 26 de agosto de 2008 . Institui o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde - PET - Saúde . Brasília, DF, 2008 .

Programa de educação pelo trabalho para a saúde da universidade de São Paulo - campus Capital: a experiência da região do Butantã, São Paulo

Apresentador: Maria Ercilia de AraujoAutores: Maria Ercilia de Araujo, Simone Rennó

Junqueira, Fátima CorrêaInstituição: Universidade de São Paulo

introduçãoO modelo biomédico, proposto em 1910 por

Abraham Flexner, de transformar o ensino na área da saúde em um modelo científico, tem se mostrado limitado na solução dos problemas de saúde da po-pulação, desde o final do século XX . A conceituação do processo saúde-doença ampliou-se, em razão do reconhecimento do papel dos determinantes sociais da saúde (DSS), representando novo desafio para os formuladores de políticas públicas de saúde .

A vivência nos cenários de prática preconizada nos novos paradigmas da educação superior possibilita a associação entre teoria e prática na formação de pro-fissionais . Em sala de aula, os DSS podem ser mais bem compreendidos após a vivência de estudantes em territórios vinculados aos serviços de saúde . Assim, é o serviço, em sua prática concreta, que mostra que o contexto socioeconômico não é externo ou alheio à saúde, mas é intrínseco, mediador .

Considerando as necessidades de mudanças da formação profissional em saúde, foi recentemente implantado no Brasil, por parte do Ministério da Saú-de, em parceria com o Ministério da Educação, o Programa de Reorientação da Formação dos Profis-sionais de Saúde – PRÓ-SAÚDE .

Desde 2006, a Escola de Enfermagem, Faculdades de Medicina e Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) conduzem a reorientação curricular, apoiadas pelo PRÓ-SAÚDE . Esse programa tem esti-mulado discussões para que a reestruturação curricu-lar considere o contexto do trabalho como importan-te definidor do processo de formação; os cenários de prática como loci privilegiados para a geração de ques-tões norteadoras da aprendizagem e a formação em saúde norteada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) .

Entretanto, a desejada aproximação com os servi-ços de saúde necessitava de uma maior articulação, para que não fosse uma via de mão única . Uma forma de incentivar a inserção de instituições de ensino nas Unidades de Saúde (US) foi a criação, pelos Ministé-rios da Saúde e da Educação, do Programa de Edu-cação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) . Este programa é destinado a viabilizar o aperfeiçoamento dos profissionais no serviço e a iniciação de estudan-tes ao trabalho favorecendo o ensino interdisciplinar .

A articulação entre novos conceitos e práticas de saúde tem sido um dos elementos propulsores da mu-dança pretendida na formação superior e nos mode-los assistenciais . No âmbito do ensino, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde), dos Ministérios da Saúde e da Educação, dirigido aos estudantes dos cursos de graduação e preceptores dos serviços públicos, tutoriados por docentes, tem como pressuposto a educação pela vivência no ambiente de trabalho e caracteriza-se como instrumento para o fortalecimento da atenção básica .

Assim, aquelas mesmas Unidades participantes do PRÓ-SAÚDE, por meio dos Cursos de Enfermagem, Medicina, Odontologia, Fisioterapia, Fonoaudiolo-gia e Terapia Ocupacional, participam do PET-Saúde 2009-2010, com suas respectivas disciplinas vincula-das à Atenção Primária em Saúde . Os objetivos dessa proposta são: 1) aprimorar a participação dos alunos de graduação no ensino de campo das disciplinas de Atenção Primária em Saúde e a aproximação com os profissionais da rede por meio de um projeto comum; 2) fortalecer o processo de reconhecimento das ne-cessidades de saúde da população adstrita das Unida-des de Saúde; 3) vivência em atividades acadêmicas que fortalecem a compreensão do trabalho em equi-pe, da atuação generalista e das ações de promoção à saúde como eixos da Estratégia Saúde da Família; 4) realizar um inquérito domiciliar sobre necessida-des de saúde das famílias do território das US .

Este trabalho descreve as experiências vivenciadas pelos integrantes do PET-Saúde USP Capital, enquan-to estratégia de integração ensino-serviço, a fim de registrar e divulgar o trabalho articulado e, por isso, desafiador, em que diferentes áreas de formação da saúde se articularam para a concretização de um pro-jeto comum, em consonância com o SUS .

oBJEtiVoA partir de projeto comum pretendeu-se aprimo-

rar a participação de alunos no ensino de campo da saúde coletiva, fortalecer o processo de reconheci-mento de necessidades de saúde da população adstri-

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ta às UBS e promover a criação de tecnologias inter-disciplinares de atenção .

mEtodoloGiaPesquisa qualitativa com análise etnográfica sobre

os dois anos de participação do grupo no Programa . Os instrumentos de produção de informação foram a análise documental e a observação participante, a partir dos diários de campo . O PET Saúde/USP-Ca-pital se desenvolveu pela parceria entre Universidade e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo .

rESultadoS E diSCuSSãoNo período 2009-2010 congregou seis áreas pro-

fissionais da saúde em quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia de Saúde da Família . No biênio seguinte, foram dez categorias profissionais em mais duas UBS . Ao todo, já participaram 342 pes-soas, sendo 216 alunos dos cursos de medicina, enfer-magem, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupa-cional, odontologia, nutrição, educação física, farmácia e psicologia . Em 2009-2010, participaram do Programa, 96 estudantes bolsistas (medicina, odon-tologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8 tutores . Em 2010-2011 foram 120 alunos, 60 precep-tores, 10 tutores e 1 coordenador . As atividades reali-zadas foram: reconhecimento do território de abran-gência das UBS, seminários de alinhamento conceitual (estudantes, preceptores e tutores); estu-do de necessidades de saúde da população por meio de inquérito domiciliar e debates para ampliação e criação de tecnologias interdisciplinares de atenção .

Além disso, foram realizados dois Seminários de alinhamento conceitual com os temas: “Territoriali-zação e Saúde” e “Desafios da Atenção Básica no SUS e Necessidades em Saúde” . Reuniões técnicas em cada US permitiram que os alunos freqüentassem todos os serviços da US, acompanhassem o fluxo dos usuários e organizassem ações pontuais e específicas de edu-cação em saúde, de acordo com a demanda da US . A avaliação pelos graduandos indicou a valorização do trabalho em equipe, ao atuarem em conjunto com alunos e preceptores de formação profissional distin-tas . O inquérito domiciliar possuía informações sobre o modo de vida e trabalho, indicadores de saúde (ali-mentação, morbidade, deficiência, medicação) e uso dos serviços de saúde . Foram entrevistadas 1 .455 fa-mílias, num total de 5 .545 indivíduos . Foi possível caracterizar as formas de trabalhar e de viver dessas pessoas, seu ambiente domiciliar e entorno, recursos de saúde acionados, hábitos e atividades que realizam, problemas de saúde e de funcionalidade que enfren-

tam . Essas informações têm um potencial de transfor-mação da realidade epidemiológica no território e servirão para o planejamento de ações interdiscipli-nares de atenção primária em saúde .

O desafio de integrar alunos de distintos cursos de graduação aos serviços de saúde, formando ‘equi-pes PET multiprofissionais’ não foi pequeno . As difi-culdades encontradas relacionaram-se à falta de re-cursos (material de apoio, impressão de formulário), localização dos serviços (deslocamento dos alunos para as US distantes da sua unidade de ensino) e aca-dêmicas (horários incompatíveis entre estudantes e deles com a equipe das US) .

A partir de projeto comum e de seminários de alinhamento conceitual, pretendeu-se aprimorar a participação interdisciplinar de alunos no ensino de campo da saúde coletiva, fortalecer o processo de reconhecimento de necessidades de saúde da popu-lação adstrita às UBS e promover a criação de tecno-logias interdisciplinares de atenção . Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de edu-cação permanente na região onde o projeto foi de-senvolvido . O aprofundamento da integração com os serviços facilitou acolher as demandas de qualificação da Atenção Básica e aumentou a interlocução entre profissionais da rede e da Universidade, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assisten-cial do Sistema Único de Saúde em nível regional . A riqueza do debate sobre necessidades de saúde tem articulado ensino e assistência com importante pro-tagonismo de preceptores e sensibilizado futuros pro-fissionais para o trabalho na atenção básica em saúde .

Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de educação permanente na região onde o projeto foi desenvolvido . O aprofundamento da integração com os serviços facilitou acolher as de-mandas de qualificação da Atenção Básica e aumen-tou a interlocução entre profissionais da rede e da Universidade, assim como tornou o ensino mais arti-culado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde em nível regional .

ConSidEraçõES FinaiSA experiência favoreceu o ensino interdisciplinar

em saúde, ao possibilitar aos estudantes o exercício da participação em estudos da realidade de vida, tra-balho e saúde de usuários dos serviços e em propostas assistenciais compartilhadas, o que cria condições fa-voráveis para maior qualificação da atenção em saúde prestada tanto nesses serviços, que são campos de

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práticas para o projeto, como naqueles onde esses futuros profissionais vierem a se inserir . As limitações encontradas tornaram-se temas para elaboração de estratégias e/ou oportunidades para compreender a prática profissional e a necessidade da reformulação acadêmica da formação em saúde .

No âmbito do ensino, o Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) contribui para formação do futuro trabalhador e para o forta-lecimento da atenção básica . O PET Saúde/USP-Capital se desenvolveu pela parceria entre Universi-dade e Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, em Unidades Básicas de Saúde (UBS) com Estratégia de Saúde da Família . Este trabalho pretende analisar a participação no Programa . Trata-se de pesquisa-ação, que visa conhecer e intervir na realidade sobre a qual se pesquisa; com análise documental das ativi-dades realizadas (reconhecimento do território, se-minários de alinhamento conceitual; estudo de ne-cessidades de saúde da população por meio de inquérito domiciliar e debates para a criação de tec-nologias interdisciplinares de atenção) . Em 2009-2010 foram 96 estudantes (medicina, odontologia, enfermagem, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional), 48 preceptores das UBS e 8 tutores . Em 2010-2011 foram 120 alunos (agregaram-se alunos da farmácia, educação física, nutrição e psicologia), 60 preceptores, 10 tutores e 1 coordenador . Foi possível caracterizar as formas de trabalhar e de viver de qua-se 2 .000 famílias, recursos de saúde acionados, hábi-tos e atividades que realizam, problemas de saúde e de funcionalidade que enfrentam . Universidade e serviços de saúde articularam-se de maneira objetiva e construtiva, o que fortaleceu as experiências de edu-cação permanente, assim como tornou o ensino mais articulado à realidade assistencial do Sistema Único de Saúde . A riqueza do debate tem articulado ensino e assistência com importante protagonismo de pre-ceptores e sensibilizado estudantes para o trabalho na atenção básica em saúde .

dESCritorESEducação superior . Processo Saúde-Doença . Aten-

ção Primária à Saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Buss, P . M .; Pellegrini Filho, A . (2007) . A saúde e seus deter-

minantes sociais . Physis: Revista de Saúde Coletiva, 17(1), 77-93 .

2 . Hellmann, D . B . (2010) . Flexner at 100: the pyramid, a new

organizational metaphor for academic medical centers . Amer-

ican Journal of Medicine, 123(7), 571-572 .

3 . Paim, J . S . (1993) . Marco de referência para um programa de

educação continuada em Saúde Coletiva . Revista Brasileira de Educação Médica, 17, 1-44

Experiencia de consolidação do PEt Saúde da Família na uaBSF Parque atheneu – Goiânia-Go

Apresentador: Maria Goretti QueirozAutores: Maria Goretti Queiroz, Cinthia Brito

de Souza, Marinalva Pereira Carvalho, Newillames Gonçalves Nery, Renata Caixeta, Patrícia Rogana Gonçalves, Regiane Christine da Silva

Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG

introduçãoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde na Estratégia Saúde da Família (PET Saúde/SF) destina-se a fomentar grupos de aprendizagem tutorial na Estratégia Saúde da Família (ESF) (BRA-SIL, 2010) . Foi criado a partir da necessidade de es-timular o processo de integração ensino-serviço-co-munidade e a capacitação pedagógica, onde profissionais que desempenham atividades no âmbito da Atenção Básica em Saúde possam orientar estu-dantes de graduação, no serviço público de saúde . O PET Saúde/SF foi instituído, através de portaria con-junta - Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educa-ção na Saúde (SGTES/MS), Secretaria de Atenção à Saúde (SAS/MS) e Secretaria de Educação Superior (SES/MEC) e tem como pressuposto a educação pelo trabalho, objetivando qualificar, em serviço, os pro-fissionais de saúde, bem como a propiciar a iniciação ao trabalho e vivências aos acadêmicos dos cursos de graduação na área da saúde, de acordo com as de-mandas do Sistema Único de Saúde (SUS) (BRASIL, 2010) .

Atendendo ao Edital n° 18, de 16 de setembro de 2009 a Universidade Federal de Goiás (UFG) em con-junto com Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) elaborou projeto coletivo que foi aprovado em janeiro de 2010 . Esse projeto tem como objetivo pro-mover a articulação ensino-serviço-comunidade e ensino-pesquisa-extensão no âmbito da Estratégia da Saúde da Família, da SMS-Goiânia, mediante o traba-lho multi e interdisciplinar entre os cursos da área da saúde da UFG e trabalhadores do SUS para a (re) orientação da atenção básica . Esse projeto está sendo desenvolvido desde 2010, com término previsto para 2012 . Tem como eixo norteador as atividades de en-sino, pesquisa, extensão, de educação permanente e a reorientação do modelo de atenção à saúde confor-

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me demandas identificadas em oficinas locais realiza-das com as equipes de saúde da família dos Distritos Sanitários Norte, Leste e Campinas Centro . As unida-des de saúde da SMS onde estão sendo realizado o projeto são a UABSF da Vila Pedroso, Santo Hilário, Recanto das Minas Gerais, Parque Atheneu, Leste Universitário, São Judas Tadeu, Guanabara I e III .

oBJEtiVoSEste trabalho objetiva relatar a inserção das ativi-

dades do PET Saúde/SF da UFG SMS na Unidade de Atenção Básica à Saúde da Família (UABSF) Parque Atheneu, nos anos de 2010 e 2011 .

matEriaiS E mÉtodoO relato de experiência será feito a partir da per-

cepção dos integrantes do grupo . Análise dos docu-mentos oficiais e das memórias das atividades elabo-radas pelos bolsistas e preceptores do PET .

rESultadoSO Grupo Tutorial PET Saúde/SF Parque Atheneu

é composto por doze acadêmicos oriundos dos cursos de educação física, enfermagem, farmácia, medicina, nutrição e odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) bem como uma tutora da Faculdade de Odontologia/UFG, e seis preceptores - profissionais de saúde da UABSF Parque Atheneu (unidade 201), atuando em equipe multiprofissional .

A inserção do grupo PET Saúde/SF na referida unidade de saúde, ocorreu através de capacitação do grupo abordando temáticas como: PET Saúde/SF, SUS/ESF, bem como a dinâmica de funcionamento da unidade de saúde e o bairro em questão, consti-tuindo um processo formativo para os acadêmicos participantes .

Posteriormente, o grupo se reuniu para definir estratégias de apresentação do grupo PET Saúde/SF aos servidores, usuários e comunidade . Inicialmente foi proposta a construção do mural PET Saúde/SF destinado a divulgação das ações realizadas na unida-de e dos resultados obtidos, assim como a troca de informações entre os integrantes do grupo tutorial . Foi realizada uma oficina de integração com o grupo e com os servidores da unidade de saúde . Nessa ofi-cina foram identificados as necessidades e os proble-mas enfrentados pela população . Por meio da oficina foi possível identificar os problemas eram percebidos pelos diferentes profissionais da unidade, demons-trando haver uma sintonia na percepção dos mesmos sem, no entanto, haver comunicação entre os profis-sionais que ali atuavam . O fato dos problemas da re-gião ser tratados isoladamente por diferentes equipes de trabalho estabelecia dificuldades que impediam e

retardavam o desenvolvimento de ações conjuntas que determinariam melhorias significativas no am-biente de trabalho e na qualidade do atendimento prestado à população . A valorização dos profissionais de saúde e o estabelecimento de vínculos entre as diferentes equipes demonstravam que a integração entre o ensino e serviço seria um desafio, mas que poderia e merecia ser superado .

Visando identificar os problemas do bairro e as necessidades de saúde da área de abrangência foi elaborado um questionário, contendo perguntas abertas, aplicado na forma de entrevistas individual e coletiva . Foram realizadas 74 entrevistas individual-mente e 14 coletivas totalizando a participação apro-ximada de 130 pessoas . As respostas obtidas junto com as prioridades elencadas na oficina de integração ser-viram para elaborar a programação das atividades promocionais que estão sendo executadas pelo grupo Pet- Saúde Parque Atheneu .

Dessa oficina foram priorizados os equipamentos sociais onde seriam desenvolvidas as atividades de promoção da saúde no bairro . Foi criado grupo de gestante e elaborado um cronograma de educação continuada com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) . Para essa atividade os ACS identificaram os temas que deveriam ser abordados nesses encontros . Outra atividade que auxiliou estabelecer vínculo en-tre os participantes do grupo PET e desses com os usuários e os trabalhadores da unidade de saúde foi a Sala de Espera . Na sala de espera da unidade era exposto um tema sobre cuidados com a saúde, que se repetia durante toda a semana, nos períodos matuti-no e vespertino . Cada tema era preparado por um bolsista que também era responsável por confeccio-nar material educativo e o mural .

Outra forma de inserção do grupo PET Saúde/SF na comunidade local foi por meio de visitas domici-liares . Estas servem como um importante instrumen-to de educação em saúde e contribuem para a melho-ria da qualidade de vida dos indivíduos . A assistência prestada aos moradores durante as visitas promove mudanças de comportamento, essenciais à promoção da saúde .

Semestralmente é realizada uma reunião onde são apresentadas as atividades desenvolvidas pelos inte-grantes do PET e onde se estabelece as novas priori-dades . Nessas reuniões participam todos os profissio-nais dessa unidade, diretoria técnica e administrativa da unidade e do Distrito sanitário Leste, além de re-presentantes da Coordenação da Estratégia Saúde da Família – SMS .

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ConCluSão

A partir dos resultados preliminares, o grupo con-clui que a experiência pode contribuir positivamente para uma atuação profissional pautada nas reais ne-cessidades dos usuários do SUS . A atenção à saúde construída por meio da comunidade, universidade e o serviço é a forma que mais valoriza a atenção básica no modelo proposto e corresponde ao marco inicial junto ao processo de reorientação da formação pro-fissional na área da saúde .

Após um ano de atuação pode-se perceber uma maior autonomia tanto dos bolsistas, quanto dos pre-ceptores na construção das atividades propostas e na busca de soluções dos problemas encontrados .

Um desafio que ainda permanece para o grupo tutorial é a mobilização da comunidade para partici-par do planejamento das ações .

dESCritorES

Multiprofissional . Acadêmicos . Participação Co-munitária . Política de Saúde .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Secretaria de Gestão do Trabalho

e da Educação na Saúde . Portaria Conjunta No- 2, de 3 De Março De 2010 . Brasília, 2010 . Disponível em: < http://portal .saude .gov .br/portal/arquivos/pdf/edital_7_marco_de_2010 .pdf >  . Acesso em: 27 ago 2010 .

2 . Brasil . Ministério da Saúde . Gabinete do Ministro . Portaria Interministerial no- 1 .802, Diário Oficial da União . Seção 1, nº . 165, quarta-feira, 27 de agosto de 2008 . Brasília, 2008 . Dis-ponível em:  <  http://www .prosaude .org/leg/pet-saude-ago2008/1-portariaINTERMINISTERIAL-1 .802-26agos-to2008-PET- Saúde . Pdf >  . Acesso em: 27 agosto 2010 .

3 . Brasil . Ministério da Saúde . Gabinete do Ministro . Portaria conjunta nº . 3, de 30 de janeiro de 2009 . Disponível em: < http://www .prosaude .org/leg/pet-saude-jan2009/sele-cionados_PET_saude_2009 .pdf >  .

4 . Brasil . Ministério da Saúde . Portal da Saúde . PET Saúde: Pro-grama de Educação pelo Trabalho para a Saúde . Brasília, 2009 . Disponível em: < http://portal .saude .gov .br/portal/saude/profissional/area .cfm?id_area= 1597 >  .

Parceria Ensino Serviço Comunidade: um caminho com diferentes olhares

Apresentador: Maria Goretti QueirozAutores: Maria Goretti Queiroz, Tatiana Oliveira

Novais, Maria de Fátima Nunes, Jacqueline Rodrigues Lima, Veruska Prado Alexandre, Lucilene Maria Sousa, Vânia Cristina Marcelo, Simone Caetano

Instituição: Faculdade de Odontologia – UFG

introduçãoEm todas as áreas da saúde, um dos desafios a ser

enfrentado é realizar mudanças na formação . Diver-sas são as perspectivas e iniciativas de mudanças na formação dos profissionais da saúde, tanto na gradu-ação, quanto na pós-graduação e educação perma-nente, as quais incluem a reflexão e transformação da interface ensino, trabalho e realidade do Sistema Único de Saúde (SUS) . Com as propostas de mudan-ça na formação dos profissionais de Saúde, orientadas pelas Leis Diretrizes e Bases da Educação, Diretrizes Curriculares e estimuladas pelo Ministério da Saúde por meio do Programa de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), pretende-se che-gar à formação de profissionais críticos, capazes de aprender a aprender, de trabalhar em equipe, de levar em conta a realidade social para realizar uma atenção humanizada e de boa qualidade . Mudanças na uni-versidade também são necessárias para que a institui-ção esteja aberta às demandas sociais e seja capaz de produzir conhecimento relevante e útil para a cons-trução do sistema de saúde . Como a formação de profissionais de saúde está ligada à produção dos cui-dados e serviços em saúde, pretende-se, também, transformar o modelo de atenção, fortalecer a pro-moção e a prevenção, oferecer atenção integral e estimular a autonomia dos sujeitos na produção da saúde (Feuerwerker, 2005) .

Assim, refletindo sobre as relações entre o ensino, serviços de saúde e comunidade nasceu a Mostra Par-ceria Ensino–Serviço–Comunidade (MOPESCO), promovida pela Universidade Federal de Goiás, (UFG) . As Faculdades de Enfermagem, Medicina, Odontologia, Nutrição e posteriormente a de Farmá-cia da UFG estabeleceram uma agenda de trabalho orientada à formação para o SUS por meio da aber-tura de espaços para inovações, debates e reflexão . Foram identificadas algumas estratégias a serem de-senvolvidas com a finalidade de ampliação e fortale-cimento desta parceria . Neste contexto está inserida a Mostra da Parceria Ensino-Serviço-Comunidade / UFG (MOPESCO) que tem como objetivo identificar e divulgar as ações de parceria ensino-serviço-comu-nidade junto a docentes, gestores, trabalhadores, es-tudantes, comunidade e representantes dos movi-mentos sociais, atendendo aos princípios do Pró-Saúde, visando fortalecer os esforços para a reo-rientação da formação em saúde .

A MOPESCO é uma ação de extensão dos cursos participantes do Pró-Saúde I e II da UFG constituindo um espaço de troca entre o ensino, o serviço e a co-

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munidade para mostrar as práticas em saúde realiza-das no serviço com o protagonismo dos alunos e da comunidade . Ela é anualmente planejada pela Co-missão Gestora Local (CGL) e a sua coordenação é assumida por um dos cursos participantes, com o apoio dos demais .

Os objetivos da MOPESCO são: divulgar e parti-lhar as ações da parceria ensino-serviço-comunidade, buscando fortalecer a reorientação da formação em saúde e da educação permanente; criar espaços de diálogo para planejamento, acompanhamento e ava-liação das ações desenvolvidas; oportunizar a identi-ficação de espaços nos âmbitos gestão, atenção, edu-cação, organização e controle social no SUS; resgatar os conhecimentos desenvolvidos a partir das práticas dos movimentos sociais e comunidade conjugando com o saber científico e a prática da atenção à saúde dos serviços; desencadear ações de educação perma-nente para favorecer a implementação das mudanças curriculares e melhoria das práticas da atenção à saú-de no SUS, com ações de ensino-pesquisa-extensão; favorecer a convivência multiprofissional e interseto-rial .

oBJEtiVoO objetivo deste trabalho é apresentar a MOPES-

CO como estratégia pedagógica de integração entre o ensino, serviço e comunidade, por meio de um ví-deo que apresenta a IV MOPESCO realizada em no-vembro de 2010 .

mÉtodoSEssa experiência exitosa será relatada na perspec-

tiva de algumas de suas organizadoras, abordando a integração, diálogo e aproximação entre o ensino, serviço e comunidade . Para a construção do presente texto utilizou-se de análise documental dos Anais des-te evento, que estão disponíveis no sítio www .odonto .ufg .br/mopesco, além dos relatórios técnicos do Pró-saúde da Faculdade de Odontologia .

rESultadoSDesde a organização desta Mostra há a preocupa-

ção pedagógica do envolvimento da comunidade, estudantes e professores das diversas unidades acadê-micas da área da saúde, trabalhadores de saúde, par-ticipantes da Comissão de Integração Ensino Serviço, gestores das secretarias de saúde do Estado de Goiás e do Município de Goiânia . Ela acontece ao final do segundo semestre letivo . É um espaço onde é possível o diálogo entre o trabalho e a educação e são apre-sentadas experiências desenvolvidos junto aos servi-ços e comunidade, não apenas da UFG, mas de todas as pessoas sensibilizadas para a melhoria do SUS .

A MOPESCO tem como desafio a mobilização da comunidade para trazê-la para dentro da Universida-de e dos serviços de saúde de forma participativa e protagonista nas discussões sobre a formação, servi-ços de saúde, gestão e atenção à saúde . Entendendo que essas discussões devem ser necessariamente per-meadas pela cultura, educação e política .

Destaca-se ainda a consolidação da Mostra como espaço para a articulação de saberes, para a educação popular e potencializadora da re-orientação da for-mação e da atenção à saúde .

A I MOPESCO foi realizada nos dias 29,30 de no-vembro e 01 de dezembro de 2007 e representou um marco na consolidação da parceria entre as faculda-des envolvidas com o Pró-Saúde e demais parceiros internos e externos à UFG . O evento contou com uma programação intensa, com: rodas de conversa, pai-néis, pôsteres dialogados e comunicações coordena-das . E com atividades complementares, dentre elas: Cinema, Tenda Paulo Freire e a Trilha da vida entre outras . A I MOPESCA teve 900 inscrições, 80 traba-lhos inscritos e 73aprovados . Destes trabalhos, 49 fo-ram apresentados como pôsteres dialogados e 24 comunicações coordenadas .

A II MOPESCO foi realizada nos dias 17 e 18 de novembro de 2008 com o mesmo formato da I Mostra . Neste evento participaram 800 inscritos . Foram ins-critos 137 trabalhos e 105 aprovados, sendo 71 pôste-res dialogados e 34 comunicações coordenadas .

Entre os dias 23 a 25 de novembro de 2009 foi realizada a III MOPESCO com o tema SUS a nossa casa! Simultaneamente aconteceram a Tenda Paulo Freire, a Exposição de trabalhos do Programa de Edu-cação pelo trabalho para a Saúde UFG/SMS, Mesa de debate; urgência odontológica no SUS e a I PAVESCO – Mostra da produção áudio-visual do ensino-serviço e comunidade .

Já na IV MOPESCO, destacam-se: a Mostra Foto-gráfica “SUS: Diferentes olhares”; Oficinas; Painéis; II PAVESCO – Produção Audiovisual da Parceria Ensino-Serviço-Comunidade; Rodas de conversa; Tra-balhos Dialogados . As Modalidades de trabalhos são: Relato de experiência, Pesquisa, Produção Audiovi-sual (PAVESCO), Produção Literária, Produção Mu-sical, Produção Teatral, Produção de Material Educa-tivo, Produção Fotográfica) . Na IV MOPESCO, em 2010, contou com mais 1 .100 inscrições, a grande maioria de Goiânia e de cidades do interior e inscri-ções de outros estados, como Pará, São Paulo, Mato Grosso, Alagoas, Bahia, Tocantins e Distrito Federal . Neste ano (2011) a MOPESCO está na sua quinta

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edição, com o tema: “O SUS que fazemos, o SUS que queremos” .

O formato no qual a MOPESCO é construída per-mite o diálogo entre os diferentes participantes a partir de suas experiências . As oficinas são voltadas para a disseminação e ampliação do debate sobre o tema proposto . Os temas são escolhidos a partir da consulta entre os vários parceiros da Mostra . Os pai-néis permitem o dialogo a respeito de um tema a partir de pontos de vista particulares ou experiências de modo a explorar variados aspectos . Nas rodas de conversa se reúnem os convidados do ensino, serviço e comunidade que provocam e coordenam o debate com os participantes da roda . Os trabalhos seleciona-dos são reunidos por temas e distribuídos em rodas de diálogo, onde todos são apresentados e debatidos pelos próprios participantes .

ConCluSãoEsta Mostra se constitui como lugar privilegiado

onde é aguçada a percepção dos participantes acerca do cotidiano do cuidado e do ensino, e estes têm contato com experiências do próprio serviço e de outras unidades de ensino . Nesta Mostra se estimula a produção coletiva de conhecimento, estimulando o trabalho em equipe . Há a construção de espaços de cidadania, aonde profissionais do serviço e docentes, usuários e o próprio estudante vão estabelecendo seus papéis sociais na confluência de seus saberes e práti-cas, modos de ser, fazer e de ver o mundo .

O desafio da MOPESCO é conservar o seu forma-to, pois não é mais um evento científico, mas um es-paço de troca e construção de saberes alternativo e com identidade própria .

dESCritorESAcordos de cooperação para a formação . Educa-

ção continuada . Formação de recursos humanos em saúde .

rEFêrEnCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Feuerwerker, L . Modelos tecnoassistenciais, gestão e organiza-

ção do trabalho em saúde: nada é indiferente no processo de luta para a consolidação do SUS . Interface -Comunic ., Saúde . Educ ., Local, v . 9, n . 18, p . 489-506, 2005 . Disponível em: < http://www .scielo .br/pdf/icse/v9n18/a03v9n18 .pdf >  . Acesso em: 28 jan . 2007 .

2 . Brasil . Pró-Saúde . Programa Nacional de Reorientação da For-mação Profissional em Saúde . Portaria Interministerial Nº 2 .101, de 3 de Novembro de 2005 . Institui o Programa Nacio-nal de Reorientação da Formação Profissional em Saúde – Pró-Saúde - para os cursos de graduação em Medicina, Enferma-gem e Odontologia . Disponível em: < http://abennacional .org .br/direducacao/portarias/portariaprosaude21010 .pdf >  . Acesso em: 26 maio 2007 .

Educação em saúde – estratégia de cuidado integral e multiprofissional para gestantes

Apresentador: Maria Luiza Alves AraújoAutores: Maria Luiza Alves Araújo, Ariany Paula

Medeiros, Sara Zuculin, Evelin Gonçalves Souza, Paula Ferreira Barros, Talita Boaventura, Patricia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto

Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) objetiva iniciar os estudan-

tes das graduações em saúde no trabalho da Estratégia Saúde da Família, oportunizando a vivência das ações desenvolvidas na atenção básica à saúde . Dentre estas atividades, destaca-se a educação em saúde que inte-gra o saber científico com o popular . Um dos grupos prioritários que deve ser alvo da atividade de educa-ção em saúde na Estratégia Saúde da Família é o gru-po de gestantes, por se tratar de um período em que a mulher está mais susceptível a receber informações e modificar o comportamento . O objetivo deste tra-balho é expor uma experiência de cuidado integral e multiprofissional, utilizando-se a educação em saú-de como ferramenta para a adoção de novos hábitos em saúde por parte de um grupo de gestantes assisti-das por uma equipe da Estratégia Saúde da Família . O projeto foi realizado no mês de janeiro de 2011 na Equipe de Saúde da Família Independência III, loca-lizado no município de Montes Claros/MG, tendo como agentes facilitadores os acadêmicos da área da saúde da Universidade Estadual de Montes Claros, participantes do PET-Saúde, bem como os profissio-nais de saúde, que integram a equipe, sendo também preceptores do programa . O curso foi estruturado em sete oficinas, abordando temas chaves para as gestan-tes . Esse projeto foi de grande importância tanto para as gestantes, que avaliaram de forma positiva a ativi-dade, quanto para os acadêmicos, que puderam ad-quirir conhecimentos de forma crítica e multidisci-plinar .

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Saúde do trabalhador: uma experiência de educação em saúde vivenciada pelo PEt-Saúde independência iii - montes Claros/mG

Apresentador: Maria Luiza Alves AraújoAutores: Ana Cecília Versiani Duarte Pinto, Iram

Alkmim Cerqueira, Felipe Ribeiro Néri, Marisa Carvalho Martins, Patrícia Helena Costa Mendes, Ana Paula Ferreira Maciel, Mariano Fagundes Neto

Instituição: Universidade Estadual de Montes Claros

Atualmente, o Ministério da Saúde desenvolve po-líticas públicas e incentiva ações em saúde volta-

das para grupos vulneráveis, dentre estes o gênero masculino e os trabalhadores . Tais grupos procuram pouco as unidades de atenção primária à saúde fican-do mais predispostos a agravos de doenças possivel-mente evitáveis . Nesse sentido, uma importante ferra-menta utilizada na estratégia saúde da família é a educação em saúde, uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferece subsídios para a adoção de hábitos saudáveis . O pre-sente trabalho tem por objetivo descrever, através de um relato de experiência, uma atividade de educação em saúde, relacionada às Doenças Sexualmente Trans-missíveis, voltada para um grupo de homens trabalha-dores de uma empresa de construção civil . A ação foi realizada por acadêmicos e preceptores do PET-Saúde da Estratégia Saúde da Família Independência III do município de Montes Claros/MG . A atividade de edu-cação em saúde foi avaliada satisfatoriamente tanto pelos trabalhadores, que destacaram positivamente o fato de a ação ter sido desenvolvida em ambiente de trabalho, como pelos acadêmicos, que tiveram a opor-tunidade de vivenciar o trabalho em equipe e interse-torial . Pode-se concluir que a atenção à saúde do tra-balhador é uma importante estratégia para atingir a população masculina em idade produtiva, prevenindo doenças e melhorando a qualidade de vida . Além dis-so, iniciativas como o PET-Saúde estão em consonân-cia com a integralidade da assistência proposta pelo SUS, através de ações multidisciplinares que buscam a efetividade da atenção primária .

PEt Saúde/Vigilância em saúde - a análise do perfil da dengue do município de londrina como eixo estruturante do processo de formação

Apresentador: Mariana GabrielAutores: Maria Luiza Hiromi Iwakura Kasai, Maria

Angelina Zequim Neves, Leia Pereira, Thiago Henrique Martins, Mayra Frasson Paiva, José Maria Balbo, Raquel Carvalho de Sousa, Larissa Fernandes Leite, Rafael Algusto Rafaelli, Josiane Cristina Morelli, Laíssa Yumi Saita, Mariana Gabriel

Instituição: Universidade Estadual de Londrina

introduçãoO Programa de Educação pelo Trabalho para a

Saúde – PET Saúde/ Vigilância em Saúde (PET Saú-de/VS) tem como pressuposto a educação pelo tra-balho e é destinado a fomentar grupos de aprendiza-gem tutorial no âmbito da Vigilância em Saúde caracterizando-se como instrumento para qualifica-ção em serviço dos profissionais da saúde, bem como de iniciação ao trabalho e vivências direcionadas aos estudantes dos cursos de graduação na área da saúde, de acordo com as necessidades do SUS, tendo em perspectiva a inserção das necessidades dos serviços como fonte de produção de conhecimento e pesqui-sa nas instituições de ensino .

Em 2009, a Universidade Estadual de Londrina participou do programa PET Saúde com 300 acadê-micos dos cinco cursos da área da saúde do Centro de Ciências da Saúde (Enfermagem, Farmácia, Fisio-terapia, Medicina e Odontologia) . Em continuidade ao trabalho desenvolvido e certos de que experiências podem contribuir para aprendizagens plurais, extra-polando o limite instrumental/técnico/científico característico dos currículos tradicionais dos Cursos da área da Saúde, o projeto PET Saúde/VS visou es-treitar a relação entre a academia e os serviços de vi-gilância em Saúde por meio da participação dos aca-dêmicos dos cinco cursos junto às ações de COMBATE A DENGUE do município de Londrina . Em 2010 a Universidade Estadual de Londrina em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde teve aprovado projeto que objetivava aproximar os estu-dantes dos 5 cursos da área da Saúde da Universidade Estadual de Londrina com a temática Dengue .

A opção dos participantes do PET Saúde/VS foi desenvolver os projetos de pesquisa e ensino no tema DENGUE justificando-se pela necessidade de refor-

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Trabalhosselecionadosparaapresentação•IMostradeExperiênciasExitosasdosProjetosPró-Saúde,PET-SaúdeeTelessaúde da área de Odontologia

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çar o enfrentamento de possível epidemia de dengue, reduzir o número de pessoas infectadas e doentes, consequentemente a diminuição dos casos graves e até mesmo de óbitos, através do desencadeamento de ações efetivas desenvolvidas pelos diversos setores da Rede Municipal de Saúde e da Sociedade Civil Orga-nizada e, desta forma, atendendo à recomendação da Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde (Brasil, 2009) .

Das doenças re-emergentes a de maior importân-cia é a Dengue . Até 1967, a doença era considerada erradicada pela ausência do Aedes aegypti no país . A presença do Aedes aegypti foi registrada no municí-pio em 1986 e os primeiros casos da doença foram registrados em 1994 . Desde então, ocorreram episó-dios epidêmicos da doença, inclusive com casos fatais . Considerando este panorama, as ações do PET Saú-de/VS serão extremamente importantes para conso-lidar a qualificação da formação profissional e inseri-los de forma decisiva nas Políticas Nacionais de Vigilância em Saúde e redução da dengue e outras endemias .

oBJEtiVoConsolidar a formação dos estudantes dos cursos

de Odontologia, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia e Medicina com a diversificação/otimização dos es-paços para a discussão/vivência interdisciplinar e transdisciplinar, para a análise da situação de saúde na lógica da Vigilância em Saúde, bem como estimu-lar a pesquisa, fortalecer a produção científica, siste-matizando e publicando os resultados aferidos .

matEriaiS E mÉtodoApós a apropriação do conhecimento teórico,

através de estudos embasados por pesquisa bibliográ-fica, leituras, discussão de casos e momentos de dis-cussão em encontros semanais, no primeiro ano as atividades foram desenvolvidas em etapas e, como primeira ação, o reconhecimento do território, atra-vés da Territorialização, que permite conhecer de modo mais aprofundado, como vivem e como se or-ganizam social, econômica e culturalmente as pesso-as que estão nas áreas atingidas pela dengue e conhe-cer a área de atuação dos agentes de combate a dengue . Na sequência, o conhecimento das princi-pais fontes de informação da Atenção Básica, Epide-miológicas e Assistenciais mais utilizadas pelo setor de Vigilância em Saúde da SMS e Comitê de combate a dengue o que possibilitou aos estudantes realizarem o levantamento do perfil de morbimortalidade da população por diferentes regiões do município em relação a dengue . Também foram realizadas visitas de

observação e acompanhamento para compreensão do funcionamento e padrão de utilização dos serviços de atendimento a dengue pela população por dife-rentes regiões do município . A atividade final do pri-meiro ano do Projeto foi a realização de pesquisa entre os estudantes do Curso de Odontologia cujo objetivo foi avaliar o nível de conhecimento dos estu-dantes do curso de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina a respeito da dengue . Para esta pesquisa foi aplicado questionário estruturado às cin-co séries do curso de Odontologia, com 21 questões de múltipla escolha . Após devidamente informados acerca dos objetivos da pesquisa, todos os participan-tes assinaram Termo de Consentimento Livre e Escla-recido . Posteriormente, foi entregue aos estudantes o gabarito com as respostas comentadas . Nesta pes-quisa os alunos envolvidos no Projeto tiveram a opor-tunidade de cumprirem mais uma etapa que foi a tabulação, análise comparada, discussão dos resulta-dos e disseminação da informação .

rESultadoSA atividade realizada nos espaços geográficos com-

preendidos pelas áreas de abrangência das Unidades de Saúde – Territorialização - os alunos dos cursos participantes puderam reconhecer os limites espa-ciais, barreiras geográficas (antrópicas, sociais e na-turais), acesso à UBS, ocupações irregulares e áreas ambientalmente frágeis (áreas de risco ambiental) . Eles entrevistaram profissionais das Unidades de Saú-de, pacientes e moradores das áreas de abrangência onde realizaram a atividade, agentes comunitários de saúde (ACS’s) e os agentes do controle de endemias (ACE’s), buscando entender as relações entre os es-paços geográficos e os processos de saúde/doença, bem como a integração (ou não) das ações de com-bate a dengue entre os ACS’s e ACE’s . O resultado desta vivência foi apresentado na III MOSTRA CIEN-TÍFICA DO CCS/UEL, evento promovido pela Uni-versidade Estadual de Londrina/Centro de Ciências da Saúde, em dezembro de 2010 para estimular a Iniciação Científica e que foram apresentados oito painéis resultantes das experiências dos alunos: Re-conhecimento espacial e observação de fatores de risco para a dengue na área de abrangência do Centro de Saúde Anibal Siqueira Cabral - UBS Cafezal; Vigi-lância em Saúde com enfoque na educação para o trabalho; Processo de Territorialização da Área de Abrangência do Centro de Saúde Municipal Dr . Eu-gênio Molin; Territorialização da Área de Abrangên-cia da UBS Itapoã, com enfoque na Vigilância em Saúde; Reconhecimento ambiental da Área de Abran-

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gência do Centro Municipal de Saúde Dr . Ody Silvei-ra; Análise da Territorialização e da Vigilância em Saúde com enfoque no combate à Dengue na UBS Central do Município de Jataizinho; O Território como aprendizado e Estudo sobre atual situação epi-dêmica de Dengue no Território do Centro de Saúde Municipal Dr . Aroldo Marques Sardenberg - UBS Vila Brasil do Município de Londrina . A pesquisa aplicada aos estudantes do Curso de Odontologia mostrou que as questões que apresentaram o maior número de acertos foram às relacionadas ao conhecimento co-mum com média de acertos de 76,9% e questões de conhecimento específico, a média de acertos entre as séries foi de 38,0% . Os estudantes da quinta série não demonstraram conhecimento superior às outras sé-ries tanto nas questões de conhecimento comum, quanto nas de conhecimento específico . Os resulta-dos desta pesquisa foram apresentados no 24º Con-gresso Odontológico de Bauru, realizado em maio de 2011 .

ConCluSãoAs atividades realizadas até o momento objetiva-

ram mostrar o papel que o projeto PET Saúde/Vigi-lância em Saúde vem proporcionando na formação intelectual de caráter individual e coletivo de acadê-micos dos cursos envolvidos desde a inscrição do pro-jeto até o seu primeiro ano de vigência . Utilizando da síntese de relatos de experiências, buscou-se correla-cionar as horas de estudo teórico, atividades realiza-das em campo, palestras com profissionais de diferen-tes áreas da saúde, com a mudança no nível de percepção de atuação dos futuros profissionais da saúde nos diversos níveis de complexidade do SUS e também o entendimento de todo o complexo que envolve o cuidado à saúde de uma população . Inicial-mente com a proposta de elaboração de um projeto que abordasse a Vigilância em Saúde no Município de Londrina, pôde-se observar a dimensão que um único tema consegue alcançar . Abordar o tema “Den-gue” tornou-se completamente pertinente para inse-rir os alunos na lógica da Vigilância em Saúde . Com um grupo heterogêneo composto de alunos dos Cur-sos de Graduação em Enfermagem, Fisioterapia, Far-mácia, Medicina e Odontologia, Tutores e Precepto-res, desenvolveu-se o trabalho multiprofissional, interdisciplinar e transdisciplinar, com troca de expe-riências e vivências . A carência de conhecimento so-bre o assunto era algo compartilhado por todos, em mais de um aspecto da doença, seja ela no epidemio-lógico, comportamento do vírus, tratamento clínico, peculiaridades do vetor, diagnóstico precoce, conhe-

cimento de sintomatologias inicias e trabalho já rea-lizado pelo Município e Ministério da Saúde . Os re-sultados até aqui apresentados demonstram a necessidade de se fortalecer a aprendizagem voltada a Vigilância em Saúde, preparando melhor o futuro profissional .

dESCritorESDengue . Vigilância . Educação em Saúde .

BiBlioGraFia ConSultada 1 . Brasil . Ministério da Saúde . Secretaria de Vigilância em Saúde .

Departamento de Vigilância Epidemiológica . Diretrizes nacio-nais para prevenção e controle de epidemias de dengue / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, De-partamento de Vigilância Epidemiológica . – Brasília: Ministé-rio da Saúde, 2009 . 160 p . – (Série A . Normas e Manuais Téc-nicos) .

2 . Londrina . Prefeitura do Município . Secretaria Municipal de Saúde . Plano municipal de saúde de Londrina – 2008-2011 . Londrina: ASMS, 2008 .

3 . Londrina . Prefeitura do Município de Londrina . Secretaria de Planejamento . Diretoria de Planejamento . Gerência de Pesqui-sa e Informações . Perfil do Município de Londrina – 2008 . Londrina/PR: Secretaria de Planejamento, 2008 .

4 . Londrina . Secretaria Municipal de Saúde . Conselho Municipal de Saúde . Relatório Anual de Gestão da Saúde – Ano 2008 . Londrina/PR: Secretaria Municipal de Saúde, 2008 .

relato de experiência de formação do Conselho Gestor em uSF da cidade de maceió

Apresentador: Marília TenórioAutores: Marília TenórioInstituição: UFAL

Como meio de introduzir os acadêmicos de diver-sas áreas no meio do serviço público como ex-

periência profissional foi criado o Programa de Edu-cação pelo Trabalho para a Saúde - PET-Saúde que é regulamentado pela Portaria Interministerial nº 421, de 03 de março de 2010, Como uma das ações inter-setoriais direcionadas para o fortalecimento de áreas estratégicas para o Sistema Único de Saúde - SUS, de acordo com seus princípios e necessidades, o Progra-ma tem como pressuposto a educação pelo trabalho . (Ministério da Saúde,2011) . O PET- Saúde tem como objetivo além de trabalhar áreas específicas de cada curso de graduação, envolver também o aluno além de seu campo de atuação, trabalhando em conjunto com outras áreas para promover o melhor para a co-munidade em que atuam . Com este intuito foram desenvolvidos três eixos a serem trabalhados: contro-le social, humanização e mortalidade infantil .

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O tema selecionado para nossa unidade foi con-trole social e nosso intuito era o trabalho de formação do conselho gestor da Unidade Básica de Saúde Frei Damião iniciou-se juntamente com a implementação do Pet-Saúde II na unidade . Ao reunir o grupo misto, composto por acadêmicos de Odontologia e Enfer-magem e seus respectivos preceptores, foi realizado uma avaliação sobre qual dos 3 eixos citados anterior-mente melhor se encaixaria nas necessidades da uni-dade e então foi estabelecido o eixo do controle so-cial, já que o conselho gestor local há aproximadamente 8 anos, encontrava-se desativado, sendo nossa objetivo principal reativá-lo e deixá-lo em condições operantes .

A estratégia utilizada a princípio foi a realização de grupo de estudo entra as alunas, dando enfoque no tema para compreender do que se tratava e qual a melhor forma de introduzi-lo . Em seguida, realizou-se uma apresentação para todos na unidade para que pudessem de maneira geral visualizar qual seria o trabalho que o PET-Saúde pretendia executar, levan-do conhecimento amplo de controle social . A partir desta apresentação formou-se uma comissão interna para formação doconselho gestor composta por aca-dêmicos do PET, preceptores e funcionários da uni-dade que dispuseram-se a participar . Com esta comis-são foram realizadas reuniões quinzenais para trabalhar temas previamente selecionados, como controle social (conselhos e conferências), princípios do SUS, NOBS, Leis 8080 e 8142, pacto pela saúde, que foram discutidos de maneira interativas e dinâ-micas, sendo sempre realizada aplicação de questio-nários para servir de avaliação do método e direcionar os próximos encontros e a maneira de aplicar o co-nhecimento adquirido na comunidade . Encerrando este ciclo de entendimento na unidade, passou-se a trabalhar com a comunidade, convidando-os através de cartazes colocados em pontos estratégicos das micro-áreas do Frei Damião a participar de palestrar, reuniões ofertadas pelos integrantes do PET e por convidados .

relato de Experiência PEt - atividades específicas

Apresentador: Marília TenórioAutores: Marília TenórioInstituição: UFAL

Dentre as atividades de educação e promoção de saúde o nosso objetivo principal ao longo de

nossa caminhada era priorizar a atenção básicas as

crianças, desta forma a maior parte delas foram de-senvolvidas nas escolas e creches da comunidade do Frei Damião, no Benedito Bentes II .

O PET Odontologia é um dos desmembramentos do Pet geral e não diferente do contexto como um todo, tem como objetivo inserir a Odontologia dentro de um conceito mais amplo e social . Desta forma in-centivando aos acadêmico a estender sua área de atu-ação além do consultório odontológico . Uma das prioridades do Pet Odontologia consiste no incentivo a educação e promoção em saúde . A educação em saúde é um campo multifacetado, para o qual conver-gem diversas concepções, das áreas tanto da educação, quanto da saúde, as quais espelham diferentes com-preensões do mundo, demarcadas por distintas posi-ções político-filosóficas sobre o homem e a sociedade .

O nosso enfoque principal consiste em instruções sobre higiene bucal, desta forma fazíamos uso de jo-gos e músicas educativas sobre o tema para que pu-déssemos atrair a atenção das crianças, tornando o momento mais lúcido e proporcionando o aprendi-zado da mesma de forma mais interativa . Além disso orientávamos utilizando escova e macromodelo sobre o método de escovação, uso de fio dental, dentre ou-tras orientações que contribuíam para o estabeleci-mento da manutenção de boa saúde bucal . Dando continuidade a atividade, posteriormente era realiza-da a escovação supervisionada, bem como aplicação tópica de flúor e seleção de casos mais urgentes que deveriam ser encaminhados para a unidade básica de saúde Frei Damião .

Nossas atividades não ficaram restritas apenas com as crianças, foram realizadas apresentações para os agentes comunitários de saúde do PSF Frei Damião a respeito das principais doenças bucais e também de outros assuntos que não envolviam a Odontologia em si, temas estes como a anemia falciforme e outros .

Vídeo “dia-a-dia da clínica ampliada do curso de odontologia universidade Estadual de maringá-Pr”

Apresentador: Marina de Lourdes Calvo FracassoAutores: Marina de Lourdes Calvo Fracasso, Renata

Correa Pascotto, Mirian Marubayashi Hidalgo, Carina Gisele Costa Bispo, Vanessa Cristina Veltrini

Instituição: Universidade Estadual de Maringá - PR

O projeto pedagógico do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá – PR tem

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como meta a formação de um cirurgião dentista com sólida formação generalista, adequado às necessida-des de saúde da população, à política de saúde vigen-te no país e ao mercado de trabalho, contemplando 20% da sua carga horária curricular em atividades de estágio supervisionado, vinculada a uma comunidade de alto risco social . Dentre muitos projetos desenvol-vidos no curso, a integração entre as atividades do estágio supervisionado em saúde coletiva e o atendi-mento clínico intramuros possibilitou trabalhar na intervenção do processo saúde-doença de uma comu-nidade com altas demandas, na perspectiva da Clíni-ca Ampliada, permitindo a construção coletiva de um fluxograma que tornasse ágil o atendimento clínico para estes usuários . O atendimento odontológico na Clínica Ampliada é desenvolvido por equipe compos-ta por acadêmicos do 3º e 5º séries, apoiada por uma equipe multidisciplinar de docentes da área de Odon-tologia, Pós – graduandos do Mestrado em Clínica Integrada e Assistente Social . A partir do acolhimen-to o usuário segue um fluxo de atendimento, com o objetivo central para elaboração de um plano de tra-tamento individualizado, integrado e mais próximo a realidade do usuário . Posteriormente, o paciente é direcionado aos acadêmicos, para o tratamento rea-bilitador, respeitando a complexibilidade dos proce-dimentos e áreas de atuação de cada série . Dentro deste contexto, tornou-se necessário a elaboração de um portifólio de documentos específicos para a Clí-nica Ampliada, dentre eles se destaca: cartão de aten-dimento, termo de ciência, cartão de agendamento, prontuário clínico único, fichas de referência e con-tra-referência, ficha de alta e questionário de satisfa-ção do paciente . Com o objetivo da divulgação, cali-bração e treinamento de todos os envolvidos neste atendimento e a partir da necessidade de se criar um material didático mais dinâmico, interessante e signi-ficativo para as propostas da Clínica Ampliada intra-muro, o Grupo PET-Odontologia-UEM aceitou o desafio de elaborar um vídeo para melhorar o enten-dimento sobre a organização e funcionamento da clínica ampliada da UEM direcionada para os acadê-micos, docentes e agentes universitários . Conclui-se, portanto, que a documentação institucional, por meio de vídeo, das atividades desenvolvidas no âmbi-to da Clinica Ampliada, representa uma boa estraté-gia para divulgação do atendimento clínico de forma transparente, objetiva e acessível a todos os atores envolvidos no atendimento a população . Além do mais, permite a troca de experiências e saberes com outras entidades educacionais .

Portifólio de documentos da clínica ampliada do curso de odontologia da uEm

Apresentador: Mitsue Fujimaki HayacibaraAutores: Mitsue Fujimaki Hayacibara, Luciene

Silvério Padilha, Cristiane Muller Calazans, Arivaldo de Jesus Vicente, Laurindo Zanco Furquim, Vera Lúcia Pereira Correa, Raquel Sano Suga Terada

Instituição: Universidade Estadual de Maringá

introduçãoO Curso de Odontologia da UEM, desde 1992,

vem discutindo e tentando operacionalizar a propos-ta pedagógica inovadora à época, de um Currículo Integrado que visa a formação do profissional gene-ralista, voltado às necessidades da população . A per-tinência desse enfoque foi realçada pela convergência com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cur-sos de Odontologia, estabelecidas em 2002 . Vários projetos, propostas e iniciativas vem sendo executa-das ao longo dos anos e mais recentemente, em 2007, as discussões ganharam força com a criação da “Clí-nica do PSF” . Esta foi resultado das necessidades le-vantadas com as atividades de territorialização do Estágio Supervisionado, e esta clínica é hoje denomi-nada “Clínica Ampliada”, pois visa o atendimento integral das necessidades, tem o objetivo de produzir saúde e autonomia aos indivíduos e comunidade . Es-tes avanços são fruto de um trabalho coletivo de do-centes, agentes universitários e discentes que, enten-dendo a necessidade de um campo de práticas no qual o futuro profissional pudesse se espelhar cons-truíram um modelo de atendimento para as clínicas de graduação baseado nos pressupostos da clínica ampliada .

Muitas iniciativas têm propiciado o fortalecimen-to do movimento por mudanças no processo de for-mação profissional na área da saúde como o Pró-Saúde, o PET-Saúde, a Política Nacional de Humanização, Política Nacional de Educação Perma-nente em Saúde, dentre outras, e tem impulsionado este caminhar no Curso de Odontologia da UEM .

A partir de 2009, várias mudanças na rotina das clínicas de graduação vêm ocorrendo de maneira len-ta e gradativa e para tanto, uma série de documentos tem sido elaborados . Desta maneira, o objetivo deste trabalho é apresentar um portifólio de documentos da Clínica Ampliada da UEM, que tem o papel de assegurar a divulgação, entendimento, documenta-ção e motivação dos atores envolvidos na atenção

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odontológica para um cuidado resolutivo, humaniza-do e integral .

matEriaiS E mÉtodoForam consultadas as memórias das reuniões se-

manais do Colegiado Permanente de Avaliação da Clínica Ampliada (COPACA), relatórios dos eventos realizados e todos os documentos elaborados por esse grupo de trabalho . Após análise, foram selecionados os principais documentos que representassem avan-ços no processo de implementação da Clínica Am-pliada .

rESultadoSColegiado Permanente de avaliação da Clínica ampliada (CoPaCa)

O COCAPA é composto por docentes, discentes e agentes universitários e teve início em 2009, quando foram realizadas 26 reuniões . Já em 2010, ocorreram 33 reuniões . E para 2011, o grupo estabeleceu 35 en-contros . Estes tem sido o espaço para a discussão dos processos de trabalho, o momento para pensar as mudanças e é onde ocorre o fortalecimento do grupo para os avanços conseguidos na implementação da Clínica Ampliada . Portifólio de documentos

Dentre os vários documentos desenvolvidos pelo COPACA, pode-se destacar: 1- Prontuário Único do paciente, elaborado com a participação de todas as áreas da Odontologia, incluindo a odontopediatria; 2- Manual da Clínica Ampliada, primeiro material de capacitação produzido em 2010, que contém o Flu-xograma da Clínica Ampliada, a descrição da opera-cionalização do atendimento, Fases do planejamento integrado que auxilia o aluno a elaborar um plano de tratamento integrado, Critérios para a indicação de procedimentos de acordo com as séries, áreas e grau de complexidade, Fichas de referência e contra-refe-rência e Ficha de alta; 3- Instrutivo da Clínica Amplia-da, material produzido em 2011, que contem a nova ficha de avaliação do desempenho dos alunos em clínica da graduação, contemplando os propósitos de avaliação por competência, painel com as informa-ções sobre a organização do atendimento na Clínica Odontológica da UEM, questionário de satisfação do usuário pré e pós-atendimento, roteiro para seminá-rios de planejamento integrado de casos clínicos das equipes de trabalho, composição das equipes com-posta por alunos do 3º ., 4º . e 5º . anos, tutorados por mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Odontologia Integrada e orientador por docentes, Regulamento da Clínica Ampliada e informações so-bre o papel do controle social . Inicialmente a propos-

ta passou pela fase de sensibilização e informação, para num segundo momento apoiar a implementa-ção e organização, e por fim, realizar a avaliação das mudanças, tendo como meta alcançar o comprome-timento dos atores envolvidos com a Clínica Amplia-da e a autonomia dos usuários na manutenção de sua saúde . Assim, todos os documentos elaborados tem se mostrado fundamentais para apoiar este processo que está em andamento .Principais avanços

A formação do profissional de saúde passa por uma educação para além do domínio técnico-cientí-fico, mas também deve incluir práticas com relevância social, buscando a qualidade de saúde da população, tanto nos aspectos epidemiológicos do processo saú-de-doença, quanto nos aspectos de organização da gestão e estruturação do cuidado à saúde (Cecim & Feuerwerker, 2004) . A concretização da Clínica Am-pliada é cada vez mais vital para qualificar os serviços de saúde . Esta experiência tem dado subsídios para uma nova visão do cuidado integral aos alunos de graduação e pós-graduação, já que este é um dos ce-nários de práticas vivenciados durante o Curso de Odontologia .

Além disso, a Clínica Ampliada tem proporciona-do a vivência de uma gestão colegiada, no formato de roda, que se traduz pela valorização de cada ator e pelo desenvolvimento do potencial individual . Den-tre os avanços, podemos citar a maior resolutividade dos problemas, menor dificuldade nos enfrentamen-tos e conflitos e maior comprometimento e satisfação de todos neste processo de construção coletiva .

Uma tradução possível para o significado do tra-balho em Clínica Ampliada está contida no verbo tecer . Tecer, abrir, começar, costurar, pintar, unir, fiar e entrelaçar . Um novo modo de trabalhar . Uma forma diferente de tecer as sutis relações humanas, profis-sionais, de saberes, do ensino com o serviço e a co-munidade, visando uma atenção integral . Um desafio e tanto que tem sido o norte daqueles que lutam pela consolidação do SUS .

ConCluSãoAssim, conclui-se que a gestão colegiada, ou em

forma de roda, tem permitido os circuitos de troca, aprendizagem recíproca e reflexão crítica, constru-ção de novas práticas e formas de se relacionar, além de ajudar a diminuir as resistências à mudança, con-seguir o envolvimento e a inclusão de um maior nú-mero de integrantes, mantendo este processo dinâ-mico em constante aprimoramento . Além disso, a partir desta forma de gestão foi possível construir co-

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letivamente documentos que tem sido essenciais para a implementação da Clínica Ampliada e para que o processo de qualificação do cuidado ocorra de ma-neira sustentável .

dESCritorESOdontologia . Sistema Único de Saúde . Humani-

zação da Assistência .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Brasil . Ministério a Saúde . Secretaria de Atenção à Saúde . Po-

lítica Nacional de Humanização da atenção e Gestão do SUS . Clínica Ampliada e Compartilhada/Ministério da Saúde, Se-cretaria de Atenção à Saúde, Política Nacional de Humaniza-ção da Atenção e Gestão do SUS – Brasília: Ministério da Saú-de, 2009 .

2 . Cecim, RB, Feuerwerker, LCM . O Quadrilátero da Formação para a Área da Saúde: Ensino, Gestão, Atenção e Controle Social .: Rev . Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 14(1):41- 65, 2004 .

3 . Hayacibara MF, Terada RSS, Takeshita WN . (org .) Manual da Clínica Ampliada do Curso de Odontologia da Universidade Estadual de Maringá: Clichetec, 2010 .

implementação do Pró-Saúde no Curso de odontologia da uEm

Apresentador: Raquel Sano Suga TeradaAutores: Raquel Sano Suga Terada, Mitsue Fujimaki

Hayacibara, Luiz Fernando Lolli, Cynthia Junqueira Rigolon, Mariliani Chicarelli da Silva, Mirian Marubayashi Hidalgo

Instituição: Universidade Estadual de Maringá

Este trabalho objetivou relatar a implantação do Pró-saúde no curso de Odontologia da Universi-

dade Estadual de Maringá (UEM) e as atividades re-alizadas até o ano 2010 . Trata-se de um estudo docu-mental retrospectivo de consulta a relatórios técnicos e financeiros das duas cartas acordos do projeto . Uma equipe de seis docentes do Departamento de Odon-tologia da UEM se encarregou de avaliar todo o ma-terial e relacionar as principais ações desenvolvidas . Neste processo, foram fundamentais as constituições de comitês gestor e de acompanhamento e a contra-tação de assessorias administrativa e pedagógica de recursos humanos . Dentre as ações, destacam-se a atuação nas atividades extramurais, a re-inserção de acadêmicos nos serviços municipais de saúde de Ma-ringá, o estabelecimento de parceria com a Secretaria de Saúde de Marialva, a criação da Clínica Ampliada em Odontologia, os fóruns para relato de experiência e avaliação, os levantamentos epidemiológicos e o projeto de heterocontrole das águas de abastecimen-to público de Maringá . Conclui-se que a implantação do Pró-Saúde serviu como marco inicial do processo

de mudança com a constituição de uma massa crítica de docentes engajados na formação dos profissionais de saúde e trabalhando de forma colegiada . Persistem como desafios a integração multiprofissional e a mu-dança do paradigma curativista para o de promoção de saúde .

inserção do aluno de odontologia no SuS: contribuições do Pró-Saúde

Apresentador: Simone Dutra LucasAutores: Andréa Clemente Palmier, João Henrique

Lara do Amaral, Marcos Azeredo Furquim Werneck, Maria Inês Barreiros Senna, Simone Dutra Lucas

Instituição: Faculdade de Odontologia da UFMG

O objetivo deste trabalho é descrever a experiên-cia da disciplina Ciências Sociais Aplicadas à

Saúde (CSAS) da Faculdade de Odontologia da Uni-versidade Federal de Minas Gerais (FO-UFMG) . Em resposta às recomendações das Diretrizes Curricula-res Nacionais para os cursos de graduação em Odon-tologia e do Programa Nacional de Reorientação da Formação Profissional em Saúde (Pró-Saúde), desde 2004, a FO-UFMG tem se mobilizado para mudar seu currí¬culo, dando atenção especial à diversificação dos cenários de aprendizagem . Em 2007, a Disciplina de CSAS foi reformulada, permitindo a inserção dos discentes no Sistema Único de Saúde (SUS) no iní¬cio de sua formação profissional, quando a realidade e a prática do SUS são os objetos do ensino . Esse movi-mento reforçou as expectativas de que essa inserção é viável . Espera-se que as mudanças na disciplina fun-cionem como um projeto piloto, subsidiando outras iniciativas que visem uma maior aproximação dos es-tudantes à prática profissional, e que sirva de parâme-tro na organização e planejamento de outros conte-údos vinculados à saúde coletiva a serem incluí¬dos na formação profissional .

Programa de teleodontologia da uFmG

Apresentador: Simone Dutra LucasAutores: Simone Dutra Lucas, Rogéli Tiburcio da

Cunha PeixotoInstituição: Faculdade de Odontologia da UFMG

introduçãoO programa de Teleodontologia da Faculdade de

Odontologia da UFMG teve início em 2005 com o

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Projeto BH Telessaúde . Atualmente o programa con-ta também com outros dois: um desenvolvido na Fa-culdade de Medicina e o outro no Hospital das Clíni-cas, ambos da UFMG .

oBJEtiVoAproximar profissionais dos serviços de saúde e

alunos do conhecimento produzido na Universidade resultando em aprimoramento das práticas profissio-nais e ao mesmo tempo diminuindo o número de encaminhamentos de pacientes para distantes cen-tros especializados e promovendo atualização ou mes-mo uma segunda opinião aos profissionais .

dESCrição da atiVidadEO programa conta com duas atividades: videocon-

ferências e teleconsultorias . As videoconferências do BH Telessaúde são realizadas mensalmente e tem du-ração de uma hora e meia . Na Faculdade de Medicina as videoconferências são quinzenais e levam uma hora . Tanto a Faculdade de Medicina quanto o Hos-pital das Clínicas realizam teleconsultorias on line e off line .

ConSidEraçõES FinaiSO projeto de extensão apresenta um série de ati-

vidades muito relevantes por propiciar uma atualiza-ção permanente à distância através de videoconferê-cias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG . Entretanto, o programa tem uma capacidade de alcance bem maior considerando seu ilimitado potencial . A telemática tem uma rele-vância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docentes e dis-centes com o serviço, amplia o conhecimento e me-lhora o desempenho dos profissionais da saúde .

Programa de teleodontologia da uFmG

Apresentador: Simone Dutra LucasAutores: Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha Peixoto,

Simone Dutra LucasInstituição: Faculdade de Odontologia da UFMG

introduçãoPercebe-se no cenário atual do desenvolvimento

da tecnologia da informação e comunicação uma pro-messa explícita de importantes contribuições para os projetos da área de saúde . O compartilhamento de conhecimentos acena com a possibilidade de uma assistência mais segura com renovação e aprimora-mento permanente sobre a capacitação dos profissio-nais . Para tal, a telemática sendo definida como a “manipulação e utilização da informação pelo uso

combinado de computador, seus acessórios e meios de comunicação” se destaca e se firma como um ins-trumento político e estratégico neste objetivo das ações de saúde . Quando esta ferramenta é emprega-da a serviço da saúde ela adota o nome de e-saúde ou, mais comumente, telessaúde . A Organização Mun-dial de Saúde (OMS) do século XXI considera que a principal expectativa referente à saúde coletiva será alcançada por meio da melhoria do acesso aos recur-sos de maior e melhor qualidade disponíveis na área de saúde para a maior parte da população . Nessa pers-pectiva, a telessaúde se coloca indispensável para o alcance dessa meta de abrangência da assistência à população no que se refere à sua saúde . Várias são as modalidades da prática de telessaúde: a telemedicina, a teleenfermagem e a teleodontologia . A aplicação desta prática vem sendo usada como teleeducação objetivando a educação permanente de profissionais que atuam nos serviços públicos e de alunos de gra-duação nas faculdades ligadas à área da saúde . Tam-bém a teleconsultoria tem sido utilizada como recur-so de assistência aos trabalhadores de saúde de regiões remotas com disponibilização de laudos ou segunda opinião de especialistas locados em pólos centrais . A teleeducação na graduação pode propiciar interação professor/aluno on line no que tange às videoconfe-rências e também, através das teleconsultorias on line ou off line, como recursos certamente muito úteis, especialmente, nos estágios rural ou urbano fora dos espaços da Universidade . Como suporte assistencial, aproxima o profissional do serviço ao conhecimento produzido na universidade, que com isto contribui com uma assistência mais respaldada e, portanto, mais efetiva . A proposta se coloca como relevante, pois aproxima docentes de profissionais já habilitados que estão nos serviços e nem sempre têm oportuni-dade de atualizar seus conhecimentos ou mesmo ou-vir uma segunda opinião quando têm dúvidas nas situações clínicas enfrentadas . A aproximação da uni-versidade e sociedade tem sido cada vez mais ambi-cionada, pois, abre um caminho de mão dupla . Assim, o programa de Teleodontologia tem potencial para ocupar o importante papel de ligação da universida-de com a sociedade, contribuindo na melhoria da assistência prestada e direcionando a produção de conhecimentos para atender às reais necessidades da população . A experiência da Faculdade de Odonto-logia com essa tecnologia iniciou-se em 2005 através do projeto de extensão “Telessaúde Bucal”, em par-ceria com a Prefeitura de Belo Horizonte . Posterior-mente, foi criado um programa constituído de três

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projetos alocados, além da Prefeitura de Belo Hori-zonte, na Faculdade de Medicina e Hospital das Cli-nicas, ambos da UFMG .

oBJEtiVoSa) realizar videoconferências e teleconsultorias;b) capacitar o corpo discente da disciplina Estágio

Supervisionado e de outras disciplinas da Facul-dade de Odontologia para que possam usufruir mais desse recurso;

c) viabilizar a produção de recursos pedagógicos a serem disponibilizados a diferentes disciplinas, projetos, profissionais, estudantes e ao público em geral, seja em processos de educação permanente, seja em ações educativas e informativas;

d) consolidar e reforçar as ações da Liga Acadêmica de Telessaúde da UFMG – LITEL . Essa liga con-grega estudantes das Faculdades de Medicina, Enfermagem e Odontologia, e até o momento, está sediada na escola de Medicina e tem pouco impacto nas demais unidades por não existir ainda nas mesmas uma adequada estrutura de suporte para as ações desenvolvidas;

e) explorar a telemática como instrumento de su-porte assistencial e de educação permanente na Odontologia através de videoconferências e tele-consultorias;

f) fornecer aos alunos da FO/UFMG, educação permanente e supervisão à distância nas ações realizadas dentro e fora da Faculdade (internato/projetos);

g) propiciar educação permanente e suporte assis-tencial aos profissionais do serviço;

h) disponibilizar as videoconferências já realizadas para a comunidade acadêmica;

i) apresentar o projeto em eventos científicos .

mEtodoloGiaParticipam das videoconferências realizadas na

Faculdade de Medicina cerca de 50 municípios do estado de Minas Gerais . Na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte há 147 Unidades Básicas de Saúde em condições de participar das videoconferên-cias realizadas neste município . É importante ressal-tar que a disciplina Estágio Supervisionado ministra-da no 9º período da FOUFMG conta com estudantes em algumas destas Unidades tanto no interior do Es-tado como em Belo Horizonte . As videoconferências são realizadas mensalmente na Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e quinzenalmente na Faculdade de Medicina com duração de 90 e 60 mi-nutos respectivamente . Após a exposição do confe-

rencista abre-se a discussão com os participantes com o objetivo de sanar dúvidas sobre o cotidiano do tra-balho em saúde . Ambas seguem um cronograma pro-posto no início de cada semestre, com temas sugeri-dos pelos participantes do programa sempre em horários pré-estabelecidos . O projeto BH Telessaúde equipou a rede assistencial com a tecnologia de tele-mática e a Rede Nacional de Telessaúde implantou nos municípios selecionados, os insumos tecnológi-cos necessários para seu funcionamento . A Faculdade de Odontologia, através do presente programa orga-niza e subsidia as ações relacionadas à saúde bucal . Fica a cargo deste projeto a organização da seleção de conteúdos para as videoconferências, de consulto-res, do agendamento e do fluxo de contatos para a obtenção de teleconsultorias e emissão de segunda opinião tanto no sistema off line como on line . Pelo fato de não termos uma equipe de professores em esquema de plantão para o projeto são realizadas pre-dominantemente teleconsultorias off-line . Atualmen-te os alunos do Estágio Supervisionado contam com aulas teóricas sobre Teleodontologia e mecanismo de acesso à plataforma no tocante a videoconferência e teleconsultoria . Busca-se ampliar a formação de ou-tros discentes para o uso desta ferramenta . Pretende-se estabelecer na Faculdade de Odontologia um es-paço equipado com a tecnologia necessária para gerar as videoconferências . Esse espaço atenderá não só o Teleodontologia como também outros possíveis projetos que necessitarão desse suporte tecnológico . Com a instalação dos equipamentos na Faculdade de Odontologia a participação dos estudantes de dife-rentes períodos do curso poderá ser ampliada tanto para disciplinas extra muros como intra muros . Pro-fissionais do serviço serão também convidados a par-ticipar o que propiciará uma maior aproximação entre os mesmos e a comunidade da Faculdade de Odontologia . As atividades da coordenação do pro-jeto, junto à Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte, consistem da organização e acompanha-mento de videoconferências mensais destinadas às Unidades Básicas de Saúde . A partir dos temas suge-ridos pelos profissionais da Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte são convidados um confe-rencista, preferencialmente da UFMG, e um profis-sional do serviço para proferir a videoconferência . Já as atividades desenvolvidas pela coordenação do pro-jeto junto à Faculdade de Medicina da UFMG envol-vem a organização e acompanhamento de videocon-ferências quinzenais e ainda das teleconsultorias . A partir dos temas sugeridos pelos profissionais dos mu-

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nicípios participantes do projeto, convida-se um mi-nistrador, preferencialmente da UFMG, para proferir a videoconferência . As teleconsultorias desenvolvidas na Faculdade de Medicina são geradas a partir de dúvidas que levam os profissionais do interior do es-tado de Minas Gerais a solicitarem uma segunda opi-nião de especialistas . A coordenação encaminha tais demandas para os especialistas e o retorno aos solici-tantes é feito com as respostas emitidas pelos consul-tores . O Hospital das Clínicas realiza teleconsultorias e conta com três teleconsultores cadastrados que res-pondem às dúvidas de profissionais de aproximada-mente 600 municípios do estado de Minas Gerais, distintos daqueles alocados na Faculdade de Medici-na .

rESultadoSNo ano de 2010, o projeto desenvolvido junto à

Prefeitura Municipal de Belo Horizonte atingiu, em média, 43 Unidades Básicas de Saúde e cerca de 120 profissionais por videoconferência . Nas videoconfe-rências da Faculdade de Medicina, o número de mu-nicípios e de participantes variou entre 15 e 50, res-pectivamente . Nas teleconsultorias realizadas junto à Faculdade de Medicina os temas mais demandados pelos profissionais foram patologia e cirurgia . O nú-mero de teleconsultorias do projeto desenvolvido junto ao Hospital das Clínicas foi de 122 e 365 em 2009 e 2010, respectivamente . Por se tratar de uma metodologia moderna de ensino/aprendizagem, a avaliação do impacto destas tecnologias nas práticas profissionais das equipes de saúde bucal são realiza-das através de um questionário on-line .

ConCluSõESO programa de extensão apresenta um série de

atividades muito relevantes por propiciar uma atuali-zação permanente à distância através de videoconfe-rêcias e teleconsultorias aos profissionais de saúde e aos estudantes da UFMG, especialmente àqueles que se encontram em áreas distantes dos grandes centros . Entretanto, o programa tem uma capacidade de al-cance bem maior considerando seu ilimitado poten-cial . Finalmente destacamos que a telemática tem uma relevância social inquestionável à medida que encurta distâncias, estimula a integração dos docen-tes e discentes com o serviço, amplia o conhecimento e melhora o desempenho dos profissionais da saúde .

dESCritorESTelessaúde . Odontologia . Educação .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Masotti AS, Jardim JJ, Oshima H, Pacheco JFM . Ensino a dis-

tância em odontologia via internet: o que está sendo produzi-

do no Brasil? Rev Odonto Ciênc . 2002 Jan ./Mar .; 17(35):96-102

2 . Cook J, Austen G, Stephens C . Videoconferencing: what are

the benefits for dental practice? Br Dental J . 2000  Jan;

188(2):67-70

3 . Moraes MAS, Cavalcanti CAT, Sá EMO, Drumond MM . Teles-saúde bucal: uma concepção diferente de teleodontologia . In: Santos AF, Souza C, Alves HJ, Santos SF, editors . Telessaúde: Um instrumento de suporte assistencial e educação permanen-te . Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006 . p . 95-128

4 . Litwin E . Educação à distância: temas para o debate de uma nova agenda educativa . Porto Alegre: Artmed Editora, 2001 .

5 . Moraes MAS, Drumond MM, Resende EJC, Santos SF, Caval-canti CAT, Sá EMO . Teleodontología: Educación permanente a distancia . Latin Am J Telehealth . 2009 Abr . 1(1): 97-104 .

o trabalho interdisciplinar: desafios e conquistas do PEt Saúde da Prainha sob o olhar da odontologia

Apresentador: Janaína EspíndolaAutores: Janaína Espíndola, Luiza Schmidt, Débora

Martini, Thaise Goronzi, Rafael Sebold, Daniela Carcereri

Instituição: UFSC

O Programa de Educação pelo Trabalho (PET – Saúde da Família), criado em 2008 através de

parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, e orientado pela regulamentação do Sistema Único de Saúde (SUS), tem como objetivo a integração entre diferentes cenários de ensino apren-dizagem, incentivando o acadêmico de graduação a conhecer o Sistema e a desenvolver ações . O Progra-ma insere estudantes em locais de atuação profissio-nal, propiciando experiência interdisciplinar voltada para o trabalho com a comunidade e incentiva a qua-lificação do profissional de saúde através do contato com a academia e da realização de pesquisas no âm-bito da atenção primária de saúde . Vem somar esfor-ços potencializando as ações do Programa Pró-saúde que visa a reorientação da formação em saúde na direção do SUS . O Centro de Saúde (CS) do bairro Prainha, em Florianópolis-SC, é cenário de prática de um Grupo Pet Saúde da Família . É composto por acadêmicos de Medicina, Psicologia, Serviço Social, Educação Física, Odontologia e Enfermagem, por preceptores que atuam como profissionais da Estra-tégia de Saúde da Família (médico, enfermeiro e ci-rurgião-dentista) e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (assistente social, psicólogo e educador físi-co) e uma professora tutora da UFSC . O presente

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trabalho apresenta o relato das ações desenvolvidas pelo grupo Pet-saúde da Família no Centro de Saúde da Prainha, envolvendo 6 cursos de graduação da área da saúde da UFSC, trabalhadores da SMS e comuni-dade, ressaltando ações pedagógico-assistenciais de-senvolvidas na área de Odontologia . O CS Prainha compreende uma construção de dois andares, pos-suindo 31 salas, sendo que 2 delas são exclusivas para atendimento odontológico . Nele atuam três equipes de saúde da família responsáveis por três áreas de abrangência (130, 131, 132) . Trata-se de uma unidade docente-assistencial onde atuam estudantes de oito diferentes cursos da área da saúde por meio das dis-ciplinas de interação Comunitária e /ou de estágios .

As atividades desenvolvidas caracterizam-se como atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão na perspec-tiva interdisciplinar, contribuindo assim para a forma-ção de profissionais com perfil adequado ao trabalho na atenção básica e comprometidos com as demandas sociais da comunidade .

Os estudantes de odontologia participam das se-guintes atividades:atividades de ensinoSão desenvolvidas no centro de saúde e na comuni-dade de acordo com os pressupostos da Estratégia Saúde da Família . Destacam-se: participação em reu-niões de planejamento (de área e gerais do CS), em grupos de atenção, acompanhamento de visitas do-miciliares, atividades coletivas em escolas e creches (epidemiológicas, educativas, preventivas e tratamen-to restaurador atraumático); oficinas de oroscopia destinadas a estudantes de medicina, participação no acolhimento, conhecimento do trabalho desenvolvi-do pelos diferentes setores do CS tais como a farmácia, a sala de vacina, marcação de consultas, a recepção, serviços da equipe de enfermagem e medicina; e o atendimento clínico odontológico .atividades de pesquisaA Odontologia participa da realização das duas pes-quisas que estão em andamento no CS Prainha . A primeira tem por objetivo conhecer a percepção dos usuários em relação à qualidade dos serviços presta-dos no CS, possibilitando a reavaliação do atendimen-to e dos serviços . A coleta de dados utilizou questio-nários com perguntas objetivas e subjetivas . As estudantes aplicaram os questionários na comunida-de auxiliadas pelos agentes comunitários de saúde . Um banco de dados foi organizado e atualmente o grupo se dedica à análise dos mesmos . A segunda pesquisa tratará da percepção dos usuários e profis-sionais de saúde sobre o processo saúde-doença .

Como metodologia serão utilizados os círculos de cultura propostos por Paulo Freire . Atualmente o grupo encontra-se em fase de capacitação para apli-cação do método .atividades de extensãoSão atividades desenvolvidas em horários distintos das atividades de ensino e que envolvem a participa-ção na comunidade . Um exemplo é o Fórum de Saú-de que tem por objetivo proporcionar uma maior articulação entre os profissionais de saúde e a comu-nidade . Mostra-se fundamental para a construção de um planejamento em saúde voltado para o atendi-mento das necessidades dos usuários . Além disso, pretende sensibilizar usuários e trabalhadores para a criação do Conselho Local de Saúde do bairro . Em agosto de 2010 foi realizado o primeiro Fórum que contou com a participação de 35 pessoas, entre pro-fissionais, moradores do bairro e estudantes PET . Percebeu-se que a participação desses nos espaços de discussão ainda é reduzida . Reafirma-se, portanto, a necessidade de divulgação sobre a importância dos espaços de controle social, considerando que a par-ticipação social dos usuários na gestão dos serviços de saúde é essencial para a qualificação do trabalho nos Centros de Saúde e para a democratização do conhecimento e construção da cidadania . Esse tra-balho foi apresentado na Semana de Pesquisa e Ex-tensão (SEPEX) da UFSC como forma de refletir sobre a temática .Programa Saúde na Escola – PSEArticula os diferentes profissionais e estudantes em torno da temática configurando-se como excelente campo para o planejamento e desenvolvimento de ações interdisciplinares .

Outras atividades como: participação em campa-nhas de vacinação, de prevenção de câncer de mama, ações relativas à saúde do idoso e saúde da mulher .

ConSidEraçõES FinaiSO PET Saúde gerou oportunidades de vinculação

entre os profissionais da saúde e os bolsistas da área de Odontologia . Possibilitou refletir sobre a realidade de ampliar o acesso dos usuários do CS Prainha à saúde e à educação e estimulou a participação social . Além disso, o fato do PET Saúde da Família da Prainha contar com a participação de profissionais que atuam no NASF, fortaleceu a construção de um trabalho integrado e voltado para a interdisciplinaridade .

Destaca-se a contribuição para ressignificação do ensino na medida em que possibilita a utilização de instrumentais teóricos e técnicos aprendidos na aca-demia e também propicia um olhar diferenciado para

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o SUS e, em especial, para a atenção primária de saú-de .

Por fim, cabe ressaltar que foram muitos os desa-fios encontrados para a atuação deste grupo PET, entre eles, a pouca disponibilidade de horários dos participantes e a formação acadêmica voltada para a especificidade . Estes aspectos dificultaram o estabe-lecimento de atividades multiprofissionais e a conso-lidação da interdisciplinaridade . Questão esta que continua sendo um dos maiores desafios do programa PET- Saúde da Família no CS Prainha .

dESCritorESFormação de Recursos Humanos . Serviços de In-

tegração Docente-Assistencial . Educação em Odon-tologia .

rEFErênCiaS BiBlioGráFiCaS 1 . Baltazar, Mariângela M . de M .; MOYSÉS, Samuel Jorge; BAS-

TOS, Carmem Célia B . C . Profissão, docente de Odontologia: o desafio da Pós-Graduação na formação de professores . Tra-balho, Educação e Saúde, Rio de Janeiro, v .8, n .2, p . 285-303, jul .-out . 2010 .

2 . Campos, Francisco Eduardo de et al. . O SUS como Escola: a responsabilidade social com a atenção à saúde da população e com a aprendizagem dos futuros profissionais de saúde . Re-vista Brasileira de Educação Médica, Rio de Janeiro, v . 33, n . 4, p .513-514, out ./dez . 2009 .

3 . Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela . Interfaces da área da Educação e da Saúde na perspectiva da formação e do tra-balho das equipes de Saúde da Família . In: MOYSÉS, Simone Tetu; KRIGER, Léo, MOYSÉS, Samuel Jorge (Orgs .) . Saúde Bucal das Famílias: Trabalhando com Evidências . São Paulo: Artes Médicas, 2008 . p . 268-276 .

4 . Morita, Maria Celeste; HADDAD, Ana Estela; ARAÚJO, Maria Ercília . Perfil atual e tendências do cirurgião-dentista brasileiro . Ma-ringá: Dental Press, 2010 . p . 17-19 . Disponível em: < http://cfo .org .br/wp-content/uploads/2010/04/PERFIL_CD_BR_web .pdf >  . Acesso em: 20 set . 2010 .

atuação do PEt-Saúde no trabalho em equipe em uma unidade de Saúde da Família

Apresentador: Rianne Keith Bernardo da SilvaAutores: Rianne Keith Bernardo da SilvaInstituição: UFPB

introduçãoDurante as atividades do PET-Saúde realizadas na

Unidade de Saúde da Família Grotão II, a qual se localiza no bairro Grotão, João Pessoa – PB, os estu-dantes deste programa tiveram a oportunidade de atuar no contexto do Hiperdia, realizando atividades semanais na USF e construindo conhecimento sobre as práticas de serviço em saúde no contexto da Aten-ção Primária . Sendo assim, a participação ativa dos

estudantes nestas atividades possibilitou que os mes-mos se tornassem sujeitos atuantes do processo de produção do cuidado juntamente com as equipes . Nos protocolos de atendimento aos usuários da aten-ção básica preconizados pelo Ministério da Saúde observa-se freqüentemente a importância da aborda-gem multiprofissional . Uma vez que a hipertensão arterial é uma doença multifatorial, que envolve orientações voltadas para vários objetivos, seu trata-mento poderá requerer o apoio dos diversos profis-sionais da saúde . No entanto, no início das nossas atividades na Unidade, percebemos a existência de problemas na organização do trabalho da equipe que se configurava como um entrave para as ações do Hiperdia . Durante estas ações, era perceptível que alguns profissionais acumulavam mais atribuições que outros, gerando uma divisão de trabalho injusta, resultando na desorganização do atendimento e in-satisfação do usuário . A partir disto, pode-se observar que, o simples fato dos profissionais atuarem em um mesmo espaço não significa que eles constituam uma equipe . Para que sejam considerados como tal, eles precisam estar organizados para atender o usuário em sua integralidade, tomando para si o dever de cuidar . Reconhecendo assim que, para contornar os obstáculos do trabalho em saúde, é importante que sejam levados em consideração as opiniões e olhares de todos os atores daquela realidade .

oBJEtiVoo presente trabalho tem por objetivo relatar a ex-

periência dos estudantes do PET-Saúde nas atividades interdisciplinares do Hiperdia na USF Grotão II e a sua atuação no contexto do trabalho em equipe, no que se refere ao planejamento de ações, organização do cuidado, divisão de tarefas e avaliação contínua do processo de trabalho . Um dos principais desafios era transformar o Hiperdia numa atividade na qual todos os profissionais da equipe e estudantes do PET-Saúde participassem de forma ativa no decorrer das ações, estando engajados e, ao mesmo tempo, comprometi-dos com a produção do cuidado, fazendo com que os mesmos se sentissem co-responsáveis pela eficácia do serviço . A intenção era que houvesse uma cooperação mútua entre os membros da equipe e estudantes do PET-Saúde, evitando assim que, alguns se sobrecarre-gassem mais que os outros – problema que contribuía para que o atendimento não fosse realizado como deveria, gerando uma demora na realização de con-sultas e entrega de medicação .

mEtodoloGia utilizadaAs atividades foram desenvolvidas durante o perí-

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fez com que os profissionais enxergassem os estudan-tes do PET-Saúde como parceiros, além de sujeitos atuantes no serviço proporcionado pela USF aos seus usuários . A atuação em atividades de cunho multidis-ciplinar possibilitou a todos os envolvidos a oportu-nidade de conhecer as contribuições especificas das diferentes áreas, essa integração garantiu a articula-ção de diversos saberes e profissionais da saúde - as-pectos fundamentais para o desenvolvimento do tra-balho em equipe numa Unidade de Saúde da Família . A cooperação mútua em torno de um objetivo cole-tivo possibilitou a criação de um ambiente de trabalho mais agradável no qual cada membro sentiu-se impor-tante para o restante do grupo e para o desenvolvi-mento das atividades na USF . Isto contribuiu para que houvesse uma maior satisfação do profissional, o que trouxe mais motivação para o trabalho e com isso, conseqüentemente, uma melhora no seu desempe-nho profissional . Ao longo das atividades, o que via-se era uma equipe inteira trabalhando com um mesmo objetivo, um colaborando com o outro e todos juntos com uma finalidade em comum: o cuidado . Ficou mais do que provado que com o trabalho em equipe sendo desempenhado de forma adequada, o que an-tes era um trabalho individualista e estressante para os profissionais, poderia se transformar em um mo-mento de promoção à saúde, com direito à satisfação profissional e sentimento de parceria entre os mem-bros da equipe .

ConCluSãoNessa perspectiva percebe-se que a relação entre

profissionais de saúde é um aspecto de relevância no processo de adesão às ações de um determinado pro-grama como o Hiperdia . Para tanto, é necessário que a equipe possua momentos destinados à reflexão e à pactuação de ações, onde cada profissional possa in-terferir/opinar no processo de planejamento de ati-vidades a serem desenvolvidas na Unidade . Daí a importância de que o profissional de saúde inserido na Estratégia de Saúde da Família possua a visão mais adequada do que é o trabalho em equipe dentro do seu contexto, a partir deste entendimento, será pos-sível a reorientação de práticas em busca de melhorias dentro no serviço prestado à comunidade . Portanto é necessário que cada membro do grupo se identifi-que com as ações desenvolvidas e visualizem a si pró-prios como seres indispensáveis para que as metas e os objetivos almejados sejam alcançados . Deve-se des-tacar que a realização de reuniões com todos os pro-fissionais da unidade é uma ferramenta de significa-tiva importância para que se possa discutir sobre

odo que vai de agosto a novembro de 2010 e contaram com a participação dos estudantes do PET-Saúde, de profissionais da Unidade, tais como a médica, a en-fermeira, a auxiliar de enfermagem e as Agentes Co-munitárias de Saúde . Como o trabalho em equipe é fundamental para que as ações em saúde presentes na Estratégia de Saúde da Família possam obter im-pacto na comunidade, de acordo com os princípios da Integralidade, Universalidade e Resolutividade preconizados pelo SUS, percebe-se a necessidade de que os profissionais entendam essa importância e que, em conjunto, busquem estratégias para desen-volver o trabalho em saúde de acordo com a realida-de da população assistida, tendo em vista as suas limi-tações, potencialidades e carências mais urgentes, possibilitando assim a promoção do cuidado de forma integral . Para obter tal êxito foi fundamental a reali-zação de reuniões de equipe, para a discussão do pa-pel de cada integrante nas atividades do Hiperdia, na tentativa de se buscar estratégias eficazes para a me-lhor organização do trabalho, proporcionando uma melhor resultado das ações inerentes ao programa . Neste sentido, o Protocolo de Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus representou um elemento nortea-dor das atitudes a serem tomadas através de seus ob-jetivos . Outro fator importante foi o planejamento de ações interdisciplinares realizado pelos estudantes do PET-Saúde junto aos profissionais de saúde, levando em consideração as atribuições de cada um . A partir das discussões e reflexões realizadas, foram feitas al-gumas pactuações importantes para que as atividades obtivessem o sucesso desejado, como, por exemplo, a divisão de tarefas entre a equipe e estudantes . Todos tiveram a oportunidade de contribuir com suas idéias e sugestões sobre o assunto caracterizando um plane-jamento baseado nos olhares de todos os profissio-nais . Após as reflexões, foram anotadas as sugestões que pareciam mais oportunas para a realidade da Unidade, fazendo-se as devidas atribuições a cada profissional no que se refere às ações do Hiperdia dali em diante .

rESultadoSA partir das mudanças e estratégias tomadas pela

equipe, constatamos que a divisão de tarefas e a coo-peração entre seus membros favoreceram a melhoria do atendimento aos pacientes hipertensos e diabéti-cos de acordo com o protocolo de Hipertensão Arte-rial Sistêmica e Diabetes Mellitus elaborado pelo Mi-nistério da Saúde . Através do diálogo e das constantes atividades desenvolvidas em grupo, aos poucos foi possível criar uma relação de companheirismo, que

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determinadas questões que levem à concretização de objetivos e metas cruciais para promover o cuidado . Como no caso do Hiperdia, por exemplo, a reunião realizada com a equipe foi fundamental para que o atendimento realizado exclusivamente naquele dia fosse reorientado, de forma que houvesse um acom-panhamento mais eficiente de cada usuário e um melhor controle da entrega de medicamentos . A par-ticipação dos estudantes do PET – Saúde foi impor-tante no sentido de contribuir em todas as etapas do processo . Desde as reflexões até a implementação das ações . Esse “botar a mão na massa” como mais um membro da equipe tem sido um diferencial em rela-ção à aprendizagem e na conquista do reconhecimen-to do trabalho .

dESCritorESSaúde da Família . Serviços de Saúde . Qualidade

da Assistência à Saúde .

Saúde dos adolescentes: relato de experiência do PEt-Saúde 2010/2011

Apresentador: Helena Maria Antunes PaianoAutores: Martha Maria Vieira Salles Artilheiro,

Selma Cristina Franco, Tatiane Karoline Gazolla, Andréia Karin Lovera, Helena Maria Antunes Paiano, Ana Carolina Rudey, Denise Vizzoto

Instituição: Universidade da Região de Joinville

O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde é um projeto político-pedagógico apoia-

do pelos Ministérios da Saúde e da Educação, Secre-taria Municipal de Saúde e UNIVILLE dentro da política de reorientação da formação de profissionais de saúde que busca a inserção dos acadêmicos de Medicina e Odontologia na rede básica junto às equi-pes de Saúde da Família, na medida em que este ce-nário propicia reflexões críticas sobre o modelo assis-tencial, as possibilidades e limites do modelo flexneriano e do uso da tecnologia, a necessidade de se atuar intersetorialmente, o trabalho em equipe multidisciplinar e multiprofissional, entre outros . Tem como proposta a saúde do adolescente, área esta cuja política municipal de atenção à saúde não está estabelecida, apesar do município de Joinville possuir uma rede básica estruturada e composta por 56 uni-dades de saúde, no âmbito municipal, não se cons-truiu, até o momento, uma política de assistência voltada para as necessidades sentidas deste grupo etá-rio . Entende-se que esta política deva ser implantada

na forma de ações programáticas organizadas a partir da rede básica e segundo os princípios do SUS, a par-tir das necessidades identificadas pelos próprios ado-lescentes . Entende-se que esta política deva ser im-plantada na forma de ações programáticas organizadas a partir da rede básica e segundo os princípios do SUS, a partir das necessidades identificadas pelos pró-prios adolescentes . Face a esta realidade, a realização de um diagnóstico das necessidades sentidas de saúde deste grupo etário, praticamente desassistido na atu-alidade na grande maioria dos municípios brasileiros, constitui etapa fundamental para subsidiar o plane-jamento de qualquer tipo de intervenção no âmbito da Saúde Pública .O objetivo é possibilitar a compre-ensão dos determinantes sociais, culturais, compor-tamentais, psicológicos e ecológicos do viver, adoecer e morrer das pessoas, dentro da organização do Sis-tema Único de Saúde (SUS) . pós o diagnóstico das necessidades de saúde dos adolescentes, com avalia-ção do perfil sócio-demográfico, da identificação das principais necessidades e/ou problemas de saúde ge-ral/bucal e acesso aos serviços de saúde, foi elaborada uma proposta de intervenção educativa, construída pelos preceptores, acadêmicos, professores das esco-las, equipes das unidades de saúde e adolescentes . As atividades foram desenvolvidas semanalmente em 4 instituições de ensino fundamental público: Rosa Ma-ria Berezoski do Jardim Paraíso I/II, Pauline Parucker do Boehmerwaldt, Ana Hilda Krischs do Dom Gregó-rio e Lacy Luíza Flores do Itinga Continental, locali-zadas na periferia de Joinville, com 2 .060 alunos, do 60 ao 90 ano . Entre as atividades realizadas, houve sensibilização para a importância das reuniões perió-dicas entre todos os participantes do PET-Saúde, pes-quisa e aprofundamento sobre os temas: saúde bucal/alimentação; sexualidade/DST/planejamento fami-liar; violência/drogas; saúde mental e hábitos saudá-veis (atividades físicas, lazer e risco de doenças crôni-cas) . A pesquisa foi aprovada no COEP 116/10 e após a autorização dos pais ou responsáveis, foram realiza-das as atividades com os adolescentes: levantamento de dados como peso, altura, pressão arterial e índice de massa corporal; distribuição aos alunos da Cader-neta do Adolescente do Ministério da Saúde com seus respectivos dados; o Inquérito Saúde dos Escolares, contendo 33 perguntas a respeito dos temas citados anteriormente . Os dados foram sistematizados no programa Epidata . Em relação aos resultados, do to-tal de 566 questionários aplicados, 254 (45%) dizem respeito a ESF do Jardim Paraíso I/II; 108 (19%) a ESF do Boehmerwaldt; 103 (18%) a ESF Dom Gregó-

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com pasta de dente após as refeições e 76% relataram escovar a língua . Apesar de 53% ter relatado que a falta do fio dental estraga os dentes, apenas 49% re-latou utilizar o mesmo . Ainda, 59% utilizam enxagüa-tório bucal e/ou bochecho com flúor e 5% utilizam outras modalidades . Também 66% da amostra relata-ram que a alimentação inadequada estraga os dentes . Assim, as ações desenvolvidas pelo PET-Saúde em 2010 propiciaram a articulação entre ensino, pesqui-sa e extensão, gerando conhecimentos com aplicabi-lidade concreta . A receptividade de todos incentivou as intervenções propostas, sendo que diretores e pro-fessores relataram melhora significativa no auto cui-dado e interesse dos alunos sobre os temas propostos . Para 2011 estão previstas atividades dinâmicas sobre promoção de saúde, além de esclarecimento de dú-vidas sobre os temas e o inquérito epidemiológico (CPO-D) aos 12 anos . Será elaborado um relatório como subsídio para uma proposta de programa no âmbito municipal contendo ações de promoção, pro-teção e recuperação da saúde do adolescente . Con-clui-se que o projeto propiciou o aprendizado inter e multidisciplinar a todos os envolvidos, incentivo a pesquisa e trabalhos científicos, mas principalmente despertar o acadêmico para uma reflexão crítica da co-responsabilidade do “fazer” saúde e da efetiva in-serção da sua práxis na Atenção Primária .

rio e 101 ou 18% a ESF do Itinga Continental . Quan-to a procura pelos serviços de saúde, a maioria (418 ou 74%) procurou o serviço . Destes, 252 procuraram serviços públicos como o posto de saúde, 87relataram a procura pelo pronto atendimento, 45 pelo pronto socorro, enquanto 66 procuraram o consultório pri-vado, 38 procuraram outros serviços não especifica-dos, enquanto 146 (26%) relataram não ter procura-do e 2, 0% não responderam . Quanto a saúde bucal, 286 ou 50% classificaram como regular e 265 (37%) como boa . Destes, 137 (24%) relataram ir ao dentista mais de 2 vezes ao ano ou de 6/6 meses e 98 (17%) procura o profissional todo mês . 10 ou 2% classifica-ram como ruim, mesmo que 106 (19%) procuram o dentista uma vez ao ano e 145 ou 26% apenas quando dói, enquanto 78 ou 14% nunca vai, 5 (1%) não res-ponderam e não foi encontrado dado para 2, 0% da amostra . Quando perguntado sobre o motivo da pro-cura, a dor foi relatada por 19% da amostra e 15% para colocar aparelho dentário . Já para restaurar/obturar, extração dentária, tratamento de canal e san-gramento de gengivas, foi de 12%, 8%, 4,% e 2% respectivamente, sendo 15% por outros motivos . Em relação ao que estraga os dentes, 81% relataram a falta de higiene e quando perguntado sobre como realiza a limpeza a maioria da amostra (97%), relatou que costuma limpar os dentes e a boca com escovação

VÍdEoS SElECionadoS

Vídeo de divulgação do Conselho local de Saúde - mandacaru/maringá-Pr

Autores: Margareth Calvo Pessutti Nunes, Andréia Medeiros Pires Maruiti, Cleide Maria Luiz Santiago, Osvaldo Fagundes Dias

Instituição: UEM - Universidade Estadual de Maringá

Os Conselhos Locais de Saúde em Maringá foram criados em 2001, com o objetivo de estarem mais

próximos das comunidades e de suas necessidades, organizando uma política municipal de saúde com legitimidade de toda a população . O Conselho Local de Saúde – Mandacaru, iniciou suas atividades neste período também, acolhendo as necessidades dos usu-ários moradores da região e trabalhadores da unida-de de saúde .

Como esta participação da comunidade na gestão

dos serviços de saúde é algo muito recente, ainda não se tem uma atuação e entendimento por parte dos conselheiros e da comunidade como um todo de qual é o papel do conselho local de saúde . Neste sentido, o objetivo da produção do vídeo sobre a atuação do conselho é de divulgar e sensibilizar a comunidade local sobre o papel deste e como podem participar na construção da política de saúde em conjunto com o órgão gestor . A partir de 2008 a UEM, Complexo de Saúde que fica geograficamente na área de abran-gência deste conselho e em especial o Departamento de Odontologia que desenvolve ações com os acadê-micos nesta área (visitas domiciliares, prevenção e orientação de higiene bucal no Centro de Educação Infantil e atendimento clínico dos casos classificados como prioridade, discussão de casos com a equipe 21 da Estratégia Saúde da Família) conquistou uma vaga no Conselho, sentindo a necessidade de divulgar as ações deste também para os acadêmicos que partici-pam de uma reunião anual do conselho . A partir des-

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suntos, incluindo: biossegurança, abordagem das crianças e seus responsáveis, pintura de rosto, desen-volvimento de músicas (paródias) e brincadeiras lú-dico-educativas, sendo ministradas por uma equipe de professores de Odontologia e Enfermagem, e por uma Psicóloga; cabendo aos participantes do Projeto o desenvolvimento de brincadeiras nos leitos com as crianças hospitalizadas, utilizando o lúdico, a brinca-deira para realizar orientações sobre saúde geral e bucal, incluindo a distribuição de kits de higiene bu-cal, seguida da escovação supervisionada . Diversos são os resultados alcançados, podendo ser considerados os seguintes aspectos: o impacto da experiência na Instituição preparando o aluno para uma atuação profissional em equipe, por integrar alunos dos cur-sos de Odontologia, Enfermagem e Fisioterapia, atu-ação esta, alicerçada em um processo de aprendizado que reforça o aspecto humanista e social da formação profissional dos discentes; o alcance social do “Mes-tres do Sorriso” que recebe diversas solicitações para a realização das atividades educativas, junto a Progra-mas de cunho social-educativo; tornado-se ainda pru-dente destacar o estímulo à pesquisa através do de-senvolvimento de Trabalhos de Pesquisas, com trabalhos enviados a Congressos e Pré-projetos elabo-rados para a realização de Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs) . Contudo, uma vez que o perfil profis-sional extrapola a formação técnico-científica e pre-ocupa-se numa visão holística com os aspectos sócio-humanos, o “Mestres do Sorriso” além do aporte de promoção em saúde, também integra estudantes, acompanhantes e pacientes hospitalizados, procu-rando minimizar as tensões inerentes ao ambiente nosocomial, totalizando atualmente cerca de 3 .000 crianças assistidas desde o início do Projeto .

ta necessidade, os representantes do conselho local no Comitê Gestor do Pró-Saúde da Odontologia, so-licitaram a produção do vídeo para divulgar este, como uma das deliberações da plenária da reunião do Conselho . Sendo aprovado pelo Comitê Gestor, foi elaborado um roteiro para produção do vídeo . Com o vídeo deseja-se realizar uma compilação do trabalho realizado pelo conselho explorando de for-ma rica, educativa e dinâmica . Deseja-se que alcance também a divulgação do conselho na sala de espera da Unidade Básica de Saúde, motivando a comunida-de a participar das reuniões e decisões de forma or-ganizada e coletiva, esclarecendo que a atuação do conselho não tem caráter individualista, mas de toda uma população adstrita, com vistas à construção de um SUS que dá certo . Além de poder utilizá-lo dida-ticamente junto aos acadêmicos de odontologia nas disciplinas que integram a Saúde Coletiva e no Estágio Supervisionado que atuam nos Equipamentos de Saú-de da região .

mestres do Sorriso

Autores: Angéllica Falcão Leite, Renata Lúcia Cruz Cabral, Valdenice de A . Menezes, Rossana Barbosa Leal, Leógenes Maia, Petrônio Martelli

Instituição: Faculdade ASCES

A verdadeira formação profissional não deve alme-jar apenas o aspecto técnico-científico, tem que

ser mais ampla, preocupando-se com aspectos sociais e humanistas, formando profissionais que não visem unicamente o “contexto curativo”, mas que vejam o paciente como um todo . Com base nessa premissa e com uma visão interdisciplinar o “Mestres do Sorriso”, Projeto de Extensão da Faculdade ASCES, integra alunos dos cursos de Odontologia, de Enfermagem e de Fisioterapia, cujo objetivo é a utilização de ativida-des lúdicas por meio de músicas educativas e de brin-cadeiras com crianças em ambiente nosocomial, vi-sando à prevenção e a promoção em saúde, realizando orientações acerca dos cuidados de higie-ne geral e bucal; além de proporcionar o sorriso e a alegria, ajudando crianças e acompanhantes a enfren-tar a tensão desencadeada pela enfermidade e inter-nação . O Projeto funciona como Atividade Comple-mentar e as visitas realizadas semanalmente na pediatria do Hospital Regional do Agreste, Caruaru-PE . Antes das atividades práticas, são realizadas aulas teóricas com os alunos-integrantes, a fim de orientá-los sobre as atividades práticas, nos mais diversos as-

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Índice de artigosv. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011

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Alencar, Carlos Henrique . . . . . . . . . . . .23Almeida, Adeane Loureiro de . . . . . . . . .16Almeida, Maria Eneide Leitão de . . . . . .23Amante, Cláudio José . . . . . . . . . . . . . . .62Amaral, João Henrique Lara do . . . . . . .29Battisti, Fabiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Bergami, Rita Helena . . . . . . . . . . . . . . . .9Borges, Tassia Silvana . . . . . . . . . . . . . . . .35Britto Codato, Lucimar Aparecida . .43, 51Buffon, Marilene da Cruz Magalhães . . . .9Carcereri, Daniela Lemos . . . . . . . . . . . .62Carvalho, Denise Siqueira de . . . . . . . . . .9Coelho, Tenile Carvalho . . . . . . . . . . . . .76Costa, Patrícia Ferreira . . . . . . . . . . . . . .39Daniel, Edevar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Daronco, Alexandre . . . . . . . . . . . . . . . . .35Ferrari, Wesley Fernando . . . . . . . . . . . .55Ferreira, Cássio Murilo . . . . . . . . . . . . . . .9Frossard, Wanda Terezinha Garbelini . .51Frota, Myrna Maria Arcanjo . . . . . . . . . .23Gabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . .19, 43Geraldo, Larissa Cristiane . . . . . . . . . . . . .9Higasi, Maura Sassahara . . . . . . . . . . . . .51Iwaki Filho, Liogi . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Iwaki, Lilian Cristina Vessoni . . . . . . . . .55

Jorge, Lidiane da Silva . . . . . . . . . . . . . . .23Kai, Lícia Kiyomi Kamoi . . . . . . . . . . . . . .9Lucas, Simone Dutra . . . . . . . . . . . . .29, 71Machado, Cristiane Pimentel

Hernandes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Madureira Junior, Joelcio Santos . . . . . . .9Maia, Mariana Ribeiro . . . . . . . . . . . . . . .39Mariot, Cristhiane Aparecida . . . . . . . . . .9Marques, Beatriz Baldo . . . . . . . . . . .35, 47Massaoka, Suely Tsuha . . . . . . . . . . . . . . .43Massaro, Débora Cássia da Costa . . . . . . .9Mattevi, Gianina Salton . . . . . . . . . . . . . .62Medeiros, Carla Patrícia Perpétua . . . . .39Menezes, Léa Maria Bezerra de . . . . . . .23Miranda, Leonardo de Paula . . . . . . . . .39Moraes, Renita Baldo . . . . . . . . . . . . . . . .47Mosimann, Maria Carolina . . . . . . . . . . . .9Novaes, Izabel Maia . . . . . . . . . . . . . . . . .16Oliveira Sobrinho, Tarcísio Angelo de . .39Oliveira, Elisa Ribeiro de . . . . . . . . . . . . .43Oliveira, Márcia Maria Benevenuto de . .51Oliveira, Milca Lopes de . . . . . . . . . . . . .76Padilha, Ana Clara Loch . . . . . . . . . . . . .62Palmier, Andréa Clemente . . . . . . . . . . .29Pecharki, Giovana Daniela . . . . . . . . . . . .9

Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro da Cunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Pieralisi, Neli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Possuelo, Lia Gonçalves . . . . . . . . . . . . . .35Rath, Inês Beatriz da Silva . . . . . . . . . . . .62Rauber, Alexandre . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Reibnitz, Marynes Terezinha . . . . . . . . . .62Reis, Magda de Sousa . . . . . . . . . . . . . . . .47Reis, Tatiana Carvalho . . . . . . . . . . . . . . .39Sangiorgio, João Paulo Menck . . . . . . . .51Santos Junior, Paulo Rosa dos . . . . . . . . .16Santos, Gisele Blitzkow S . dos . . . . . . . . . .9Santos, Marcos Moura Baptista dos . . . .35Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . . . . . .29Silva, Grasiela Garret da . . . . . . . . . . . . .62Silva, Mariliani Chicarelli da . . . . . . . . . .55Silva, Micheli Chabat da . . . . . . . . . . . . .47Silveira, Charlene do Santos . . . . . . . . . .35Slomp Junior, Helvo . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Sonda, Eduardo Chaida . . . . . . . . . . . . .35Souza Neto, Antonio Carlos de . . . . . . . .16Takeshita, Wilton Mitsunari . . . . . . . . . .55Tanaka, Elisa Emi . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19Veltrini, Vanessa Cristina . . . . . . . . . . . . .55Werneck, Marcos Azeredo Furquim . . . .29

autores

Breast feeding . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51Dental Education . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51Community Dentistry . . . . . . . . . . . . . . .47Curriculum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29Dental Education . . . . . . . . . . . . . . . .43, 62Dental Staff . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .62Dentistry . . . . . . . . . . . . . .16, 29, 35, 47, 71Dentistry Education . . . . . . . . . . . . . . . . .47Early Diagnosis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Education . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71Education, Dental . . . . . . . . . . . . . . .19, 23Education, Higher . . . . . . . . . . . . . . . . . .39

Educational Measurement . . . . . . . .19, 23Epidemiology . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Experience . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16Family Health . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9, 76Family Health Program . . . . . . . . . . . . . .39Health . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16, 47Health Systems . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Higher Education . . . . . . . . . . . . . . . . . .51Human Resources

Formation . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43, 62Learning . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76Mouth Neoplasms . . . . . . . . . . . . . . . . . .55

Oral Health . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Preventive Dentistry . . . . . . . . . . . . . . . . .47Primary Health Care . . . . . . . . . . . . . . . .76Self-Examination . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Social Sciences . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29 Students, Dental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19Surveillance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Teaching . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23, 29Telehealth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71Tuberculosis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Unified Health System . . . . . . . . . . . .39, 43Unified Health System (SUS) . . . . . . . . .29

descriptors

Aleitamento Materno . . . . . . . . . . . . . . . .51Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76Atenção Primária à

Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .76Auto-exame . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Avaliação Educacional . . . . . . . . . . . .19, 23Câncer Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .55Ciências Sociais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29Currículo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29Diagnóstico Precoce . . . . . . . . . . . . . . . .55Educação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71

Educação em Odontologia . . . . . .19, 23, 43, 47, 51, 62

Educação Superior . . . . . . . . . . . . . . .39, 51Ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .23, 29Epidemiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Estudantes de Odontologia . . . . . . . . . . .19Experiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16Formação de Recursos Humanos . . .43, 62Odontologia . . . . . . . . . . .16, 29, 35, 47, 71Odontologia Comunitária . . . . . . . . . . . .47Odontologia Preventiva . . . . . . . . . . . . . .47

Programa Saúde da Família . . . . . . . . . .39Recursos Humanos em Odontologia . . .62Saúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .47Saúde Bucal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .9Saúde Coletiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16Saúde da Família . . . . . . . . . . . . . . . . .9, 76Sistema Único de Saúde . . . . . . . . 7, 39,43SUS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .29Telessaúde . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .71Tuberculose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35Vigilância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35

descritores

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Índice de resumosv. 11, n. 1, janeiro/junho - 2011

Revista da ABENO • 11(1):134-5

aAbreu, Josicléia Vieira de . . . . . . . . . . .105Abreu, Mauro Henrique Nogueira

Guimarães . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .93Alexandre, Veruska Prado . . . . . . . . . . .114Amaral, João Henrique

Lara do . . . . . . . . . . . . . . . . . .93, 97, 123Aranha, Eliane . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Arantes, Bárbara Morais . . . . . . . . . . . . .84Araújo, Evânia Luiza . . . . . . . . . . . . . . . .87Araujo, Maria Ercilia de . . . . . . . . . . . . .110Araújo, Maria Luiza Alves . . . . . . . 116,117Artilheiro, Martha Maria Vieira

Salles . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .130

BBalbo, José Maria . . . . . . . . . . . . . . . . . .117Barros, Paula Ferreira . . . . . . . . . . . . . .116Bava, Maria do Carmo Gullaci

Guimarães Caccia . . . . . . . . . . . . . . . .108Bercht, Solange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86Berlinck, Teresa Cristina Ávila . . . . . . . .95Bighetti, Tania Izabel . . . . . . . . . . . . . . . .83Bispo, Carina Gisele Costa . . . . . . . . . . .120Boaventura, Talita . . . . . . . . . . . . . . . . .116Bonfim, Lauana Rocha . . . . . . . . . . . . . .99Bregagnolo, Janete Cinira . . . . . . . . . . .108

CCabral, Lioney . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Cabral, Renata Lúcia Cruz . . . . . . . . . .132Caetano, Simone . . . . . . . . . . . . . . . . . .114Caixeta, Renata . . . . . . . . . . . . . . . . . . .112Calazans, Cristiane Muller . . . . . . . . . . .121Caovilla, Jairo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87Carcereri, Daniela . . . . . . . . . . . . . . . . .126Cardoso, Clarissiane Serafim . . . . . . . . .105Carvalho, Marinalva Pereira . . . . . . . . .112Carvalho, Raquel Baroni de . . . . . . . . . .96Castilhos, Eduardo Dickie de . . . . . . . . .83Cerqueira, Iram Alkmim . . . . . . . . . . . .117Corralo, Daniela Jorge . . . . . . . . . . . . . . .87Corrêa, Fátima . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .110Correa, Vera Lúcia Pereira . . . . . . . . . .121Costa, Cleinaldo A . . . . . . . . . . . . . . . . .107Costa, Márcia Gonçalves . . . . . . . . . . . .107Costa, Renata Cavalcanti Machado . . . .100

dDalmolin, Bernadete Maria . . . . . . . . . . .87Damasceno, Ticiana Campos . . . . . . . .100Dias, Osvaldo Fagundes . . . . . . . . . . . . .131Diógenes, Maria Albertina Rocha . . . . .103

EEspíndola, Janaína . . . . . . . . . . . . . . . . .126

FFagundes Neto, Mariano . . . . . . . .116, 117Farias, Mariana Ramalho de . . . . . . . . .103Figueiredo, Alexandre Medeiros . . . . .105Flores, Renata Zolin . . . . . . . . . . . . . . . . .83Fonseca, Graciela Soares . . . . . . . . . . . . .90Fonseca, Ivana dos Santos . . . . . . . . . . . .99Fracasso, Marina de Lourdes Calvo . . .120Franco, Selma Cristina . . . . . . . . . . . . . .130Funk, Paulo do Prado . . . . . . . . . . . . . . .87Furquim, Laurindo Zanco . . . . . . . . . . .121

GGabriel, Mariana . . . . . . . . . . . . . . . . . .117

Gazolla, Tatiane Karoline . . . . . . . . . . .130Gonçalves, Carla Beatrice

Crivellaro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87Gonçalves, Caroline Marinho . . . . . . . . .96Gonçalves, Patrícia Rogana . . . . . . . . . .112Gondim, Messias Aragão . . . . . . . . . . . . .95Goronzi, Thaise . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126Grando, Alberi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .87

HHayacibara, Mitsue Fujimaki . . . . .121, 123Hidalgo, Mirian Marubayashi . . . .120, 123Hugo, Fernando Neves . . . . . . . . . . . . . .86

JJunqueira, Simone Rennó . . . . . . . . . . .110

KKasai, Maria Luiza Hiromi Iwakura . . .117Krahl, Mônica Krahl . . . . . . . . . . . . . . . .87

lLaroque, Mariane Baltassare . . . . . . . . . .83Leal, Rossana Barbosa . . . . . . . . . . . . . .132Leite, Angéllica Falcão . . . . . . . . . . . . . .132Leite, Larissa Fernandes . . . . . . . . . . . .117Lemos, Vânia Aita de . . . . . . . . . . . . . . . .86Lima, Beatriz Santana de Souza . . . . . . .86Lima, Jacqueline Rodrigues . . . . . . . . .114Linden, Maria Salete Sandini . . . . . . . . .87Lolli, Luiz Fernando . . . . . . . . . . . . . . .123Lovera, Andréia Karin . . . . . . . . . . . . . .130Lucas, Simone Dutra . . . . . . . .97, 123, 124

mMaciel, Ana Paula Ferreira . . . . . .116, 117Magro, Maria Lúcia Dal . . . . . . . . . . . . . .87Magro, Miriam Lago . . . . . . . . . . . . . . . .87Maia, Leógenes . . . . . . . . . . . . . . . . . . .132Manéa, Analu Sparrenberger . . . . . . . . .83Marcelo, Vânia Cristina . . . . . . . . . .84, 114Martelli, Petrônio . . . . . . . . . . . . . . . . . .132Martini, Débora . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126Martins, Marisa Carvalho . . . . . . . . . . . .117Martins, Natali Sales . . . . . . . . . . . . . . . . .99Martins, Thiago Henrique . . . . . . . . . . .117Martins, Valber . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Maruiti, Andréia Medeiros Pires . . . . . .131Mattos, Maria da Gloria

Chiarello de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .108Medeiros, Ariany Paula . . . . . . . . . . . . .116Mendes, Patricia Helena Costa . . .116, 117Menezes, Adriana Ferreira de . . . . . . . . .81Menezes, Valdenice de A . . . . . . . . . . . .132Miguel, Luiz Carlos . . . . . . . . . . . . . .90, 92Morelli, Josiane Cristina . . . . . . . . . . . .117Moura, Karol Silva de . . . . . . . . . . . . . .103Moura, Ticiane Pedrosa de . . . . . . . . . .100

nNéri, Felipe Ribeiro . . . . . . . . . . . . . . . .117Nery, Newillames Gonçalves . . . . . . . . .112Neves, Maria Angelina Zequim . . . . . . .117Novais, Tatiana Oliveira . . . . . . . . . . . . .114Nunes, Ângela Antunes . . . . . . . . . . . . . .86Nunes, Margareth Calvo Pessutti . . . . .131Nunes, Maria de Fátima . . . . . . . . . . . . .114Nuto, Sharmênia de Araujo Soares . . . .100

autores

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135Revista da ABENO • 11(1):134-5

oOliveira, Laís Aguiar de . . . . . . . . . . . . . .99

PPadilha, Luciene Silvério . . . . . . . . . . . .121Padovez, Letícia Moraes Porto . . . . . . . .88Paiano, Helena Maria

Antunes . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130Paiva, Mayra Frasson . . . . . . . . . . . . . . .117Palmier, Andréa Clemente . . . .93, 97, 123Pascotto, Renata Correa . . . . . . . . . . . .120Peixoto, Rogéli Tiburcio da Cunha . . .123Peixoto, Rogeli Tiburcio Ribeiro

da Cunha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .124Pequeno, Lucianna

Leite . . . . . . . . . . . . . . . . . 81, 99, 100,103Pereira, Leia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .117Pinto, Ana Cecília Versiani Duarte . . . .117

QQueiroz, Maria Goretti . . . . . .84, 112, 114

rRabello, Camila Zimmermann . . . . . . . .87Rafaelli, Rafael Algusto . . . . . . . . . . . . .117Ramin, Eliane . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90, 92

Ramos, Maria Eliza Barbosa . . . . . . . . . .95Regalado, Diego . . . . . . . . . . . . . . . . . . .107Rigolon, Cynthia Junqueira . . . . . . .88, 123Rocha, Joyce Cristina Chevi da . . . . . . . .95Rodrigues, Ana Áurea Alécio

de Oliveira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .90Rosa, Arisson Rocha da . . . . . . . . . . . . . .86Rossoni, Eloá . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .86Rudey, Ana Carolina . . . . . . . . . . . . . . .130

SSaita, Laíssa Yumi . . . . . . . . . . . . . . . . . .117Santiago, Cleide Maria Luiz . . . . . . . . .131Santos, Karina Tonini dos . . . . . . . . . . . .96Schmidt, Luiza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126Sebold, Rafael . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126Semprini, Marisa . . . . . . . . . . . . . . . . . .108Senna, Maria Inês Barreiros . . . . . .97, 123Silva, Eraldo Schunk . . . . . . . . . . . . . . . .88Silva, Mariliani Chicarelli da . . . . . . . . .123Silva, Regiane Christine da . . . . . . . . . .112Silva, Rianne Keith Bernardo da . .105, 128Slavutzky, Sonia Maria Blauth de . . . . . .86Sousa, Lucilene Maria . . . . . . . . . . . . . .114Sousa, Raquel Carvalho de . . . . . . . . . .117Souza, Cinthia Brito de . . . . . . . . . . . . .112Souza, Evelin Gonçalves . . . . . . . . . . . .116Souza, Luiza Helainne Pinto

Narciso de . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .105

Souza, Maria Isabel de Castro de . . . . . .95

tTanaka, Flávia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .88Teixeira, Alex Ferreira . . . . . . . . . . . . . . .83Tenório, Marília . . . . . . . . . . . . . . .119, 120Terada, Raquel Sano Suga . . . . . . .121, 123Thurow, Leandro Leitzke . . . . . . . . . . . .83Toassi, Ramona Fernanda . . . . . . . . . . . .86

VVasconcelos, Mara . . . . . . . . . . . . . . . . . .93Veltrini, Vanessa Cristina . . . . . . . . . . . .120Vicente, Arivaldo de Jesus . . . . . . . . . . .121Vizzotto, Denise . . . . . . . . . . . . . 90, 92,130

WWarmling, Cristine Maria . . . . . . . . . . . .86Watanabe, Marlívia Gonçalves

de Carvalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .108Werneck, Marcos Azeredo

Furquim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .97, 123Wibelinger, Lia Mara . . . . . . . . . . . . . . . .87

zZuculin, Sara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .116

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Revista da ABENO • 11(1):136136

normas para apresentaçãode originais

5. texto: Deverá seguir, dentro do possível, a seguinte estrutura:

a) Introdução: deve apresentar com clareza o objetivo do trabalho e sua relação com os outros trabalhos na mesma linha ou área . Extensas revisões de literatura devem ser evitadas e quando possível substituídas por referências aos trabalhos bibliográficos mais recentes, onde certos aspectos e revisões já tenham sido apresentados . Lembre-se que trabalhos e resumos de teses devem sofrer modificações de forma a se apresentarem adequadamente para a publicação na Revista, seguindo-se rigorosamente as normas aqui publicadas .

b) Material e métodos: a descrição dos métodos usados deve ser suficientemente clara para possibilitar a perfeita compreensão e repetição do trabalho, não sendo extensa . Técnicas já publicadas, a menos que tenham sido modificadas, devem ser apenas citadas (obrigatoriamente) .

c) Resultados: deverão ser apresentados com o mínimo possível de discussão ou interpretação pessoal, acompanhados de tabelas e/ou material ilustrativo adequado, quando necessário . Dados estatísticos devem ser submetidos a análises apropriadas .

d) Discussão: deve ser restrita ao significado dos dados obtidos, resultados alcançados, relação do conhecimento já existente, sendo evitadas hipóteses não fundamentadas nos resultados .

e) Conclusões: devem estar baseadas no próprio texto . f) Agradecimentos (quando houver) .

6. abstract: Resumo do texto em inglês . Sua redação deve ser paralela à do resumo em português .

7. descriptors: Versão dos descritores para o inglês . Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5) .

8. referências bibliográficas: Devem ser ordenadas alfabeticamente, numeradas e normatizadas de acordo com o Estilo Vancouver, conforme orientações publicadas no site da “National Library of Medicine” (http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html) . Para as citações no corpo do texto deve-se utilizar o sistema numérico, no qual são indicados no texto somente os números-índices na forma sobrescrita . A citação de nomes de autores só é permitida quando estritamente necessária e deve ser acompanhada de número-índice e ano de publicação entre parênteses . Todas as citações devem ser acompanhadas de sua referência bibliográfica completa e todas as referências devem estar citadas no corpo do texto . As abreviaturas dos títulos dos periódicos deverão estar de acordo com o “List of Journals Indexed in Index Medicus” (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/entrez/query.fcgi?db=journals) . A exatidão das referências bibliográficas é de responsabilidade dos autores .

Vi. Endereço - E-mail, telefone e fax de todos os autores . Obs .: Qualquer alteração de endereço, telefone ou e-mail deve ser imediatamente comunicada à Revista . §

i. missão - A Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico é uma publicação quadrimestral que tem como missão primordial contribuir para a obtenção de indicadores de qualidade do ensino Odontológico, respeitando os desejos de formação discente e capacitação docente, com vistas a assegurar o contínuo progresso da formação profissional e produzir benefícios diretamente voltados para a coletividade . Visa também produzir junto aos especialistas a reflexão e análise crítica dos assuntos da área em nível local, regional, nacional e internacional .ii. originais - Os originais deverão ser redigidos em português ou inglês e digitados na fonte Arial tamanho 12, em página tamanho A4, com espaço 1,5 e margem de 3 cm de cada um dos lados, perfazendo o total de no máximo 17 páginas, incluindo quadros, tabelas e ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc .) ou no máximo 25 .000 caracteres contando os espaços .iii. ilustrações - As ilustrações (gráficos, desenhos, esquemas, fotografias etc .) deverão ser limitadas ao mínimo indispensável, apresentadas em páginas separadas e numeradas consecutivamente em algarismos arábicos . As respectivas legendas deverão ser concisas e localizadas abaixo e precedidas da numeração correspondente . Nas tabelas e nos quadros a legenda deverá ser colocada na parte superior . As fotografias deverão ser fornecidas em mídia digital, em formato tif ou jpg, tamanho 10 x 15 cm, em no mínimo 300 dpi . Não serão aceitas fotografias em Word ou Power Point . Deverão ser indicados os locais no texto para inserção das ilustrações e de suas citações .iV. Encaminhamento de originais - Solicita-se o encaminhamento dos originais de acordo com as especificações descritas no item II para o endereço eletrônico www.abeno.org.br . A submissão “on-line” é simples e segura pelo padrão informatizado disponível no site, no ícone “Revista Online” . Somente opte pelo encaminhamento pelo correio diante da necessidade de publicação de ilustrações em formato tif/jpg e alta resolução (veja especificações no item III) . Endereço: Revista da ABENO - Associação Brasileira de Ensino Odontológico - Rua Pernambuco, 540 - 1º andar - Clínica Odontológica da UEL . CEP: 86020-120, Centro - Londrina - PR

V. a estrutura do original1. Cabeçalho: Quando os artigos forem em português,

colocar título e subtítulo em português e inglês; quando os artigos forem em inglês, colocar título e subtítulo em inglês e português . O título deve ser breve e indicativo da exata finalidade do trabalho e o subtítulo deve contemplar um aspecto importante do trabalho .

2. autores: Indicação de apenas um título universitário e/ou uma vinculação à instituição de ensino ou pesquisa que indique a sua autoridade em relação ao assunto .

3. resumo: Representa a condensação do conteúdo, expondo metodologia, resultados e conclusões, não excedendo 250 palavras e em um único parágrafo .

4. descritores: Palavras ou expressões que identifiquem o conteúdo do artigo . Para sua determinação, consultar a lista de “Descritores em Ciências da Saúde - DeCS” (http://decs.bvs.br) (no máximo 5) .